Edição n.º 70 do JA - Associação Académica da UMa

Transcrição

Edição n.º 70 do JA - Associação Académica da UMa
REVISTA DA
ASSOCIAÇÃO
ACADÉMICA DA
UNIVERSIDADE
DA MADEIRA
EDIÇÃO N.º 70
03
NESTA
EDIÇÃO
AS EMISSÕES DE
GASES DE EFEITO ESTUFA
ASSOCIADAS À PRODUÇÃO
DA REVISTA JA SÃO
NEUTRALIZADAS
PELA GRÁFICA PELO
QUE ESTA REVISTA É
CARBONFREE®.
A ABRIR COM DIOGO CRÓ
04
SALA STEVE JOBS
06
A ENTREVISTA
08
DE MOCHILA ÀS COSTAS
10
DIA DA FLORESTA INDÍGENA
12
O ENVELHECER DOS ENVELHECIDOS
14
160 ANOS DE ENGENHARIA
16
BRINQUEDOS DO PASSADO
18
EM PORTUGUÊS ESCORREITO
20
PALAVRAS E NÚMEROS
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PASSOS PROCESSUAIS DO FUNCHAL
24
PRIORIDADES EM TEMPOS DIFÍCEIS
26
JÁ CONHECES O DPES?
28
À CONVERSA COM
30
DESPORTO
32
AAUMa EM 2012
36
OS ADITIVOS ALIMENTARES
38
AFINAL NÃO HOUVE FIM DO MUNDO
40
ANIVERSÁRIO DA DUDH
42
PIÓMETRA
44
CONSUMIDOR E NÃO CONSUMISTA
46
INVERSÃO DE PAPÉIS
48
FAZ A DIFERENÇA
50
IPSIS VERBIS
52
ACABOU A PRAXE?! NÃO.
54
FOI DITO
56
PAUTA FINAL
58
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE: Associação Académica da UMa · DIRECTORA: Andreia Nascimento · EDITOR: Rúben Castro · REVISÃO: Carlos Diogo
Pereira · DESIGN GRÁFICO: Pedro Pessoa · FOTOGRAFIA E EDIÇÃO: Pedro Pessoa · CAPA: Órgão Neogótico - Colégio dos Jesuítas ·
EDIÇÃO E PUBLICIDADE: Departamento de Comunicação da AAUMa [email protected] · DISTRIBUIÇÃO: Gratuita · VERSÃO ON-LINE: www.
aauma.pt · TIRAGEM: 1000 exemplares · EXECUÇÃO GRÁFICA: Nova Gráfica, Lda. · DEPÓSITO LEGAL: 321302/10 · ISSN: 1647-8975
O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido no todo ou em parte sem autorização escrita da AAUMa. As opiniões expressas na revista são as dos autores e não necessariamente as da AAUMa. A Revista JA é escrita com a antiga ortografia, salvo algumas excepções assinaladas.
04
A ABRIR
_
Com o agravamento das dificuldades financeiras que se fazem sentir no panorama nacional
e com o número de alunos bolseiros a cair cada
vez mais, a Associação Académica da UMa sentiu a necessidade de criar mais mecanismos
para ajudar os alunos. Após a refeição social e o
lanche simples, a AAUMa cria agora, com a colaboração dos SASUMa, a Bolsa de Alimentação.
Uma bolsa que será financiada através de doações de entidades públicas e privadas. É também possível que qualquer pessoa, a título
individual, dê o seu generoso e importante contributo. Com este apoio, a AAUMa permitirá aos
estudantes uma poupança de quase duzentos
euros por semestre, que serão pagos em refeições completas diárias, na nossa Cantina Universitária. Qualquer estudante, bolseiro ou não,
que queira concorrer só tem que se deslocar ao
secretariado da AAUMa para formalizar a sua
candidatura.
A Associação Académica, que também tem como
missão a melhoria do ensino e a participação em
programas de cariz social, acredita que, através deste projecto, será possível aumentar o nível da qualidade de ensino na UMa e diminuir as
enormes dificuldades vividas pelos estudantes.
Estamos certos de que tudo faremos para que
esse seja mais um projecto de sucesso. Ajude-nos a concretizar esse objectivo.
Saudações Académicas,
_
DIOGO CRÓ
Vice-Presidente da Direcção da AAUMa
06
07
SALA
STEVE JOBS
A actualidade pós académica é caracterizada
por inúmeros jovens recém-licenciados e cheios
de talento que não encontram oportunidades
de emprego devido à conjuntura laboral actual. O Centro de Empresas e Inovação da Madeira (CEIM) desenvolveu uma forma eficaz de facultar aos jovens a possibilidade de conceberem
as suas próprias ideias, formando o seu próprio
estágio e alimentando uma experiência profissional que poderá ser uma mais-valia no presente e, quem sabe, no futuro. Tudo isto através
da Sala Steve Jobs. “Este é um espaço de trabalho cooperativo para alunos que estão a realizar
projectos no ensino universitário”. A denominação do espaço deve-se à “memória de um empreendedor que revolucionou a forma como vemos actualmente os computadores pessoais, o
cinema de animação, os telemóveis e até a publicidade digital”, assim é descrito este lugar pela
entidade promotora.
Carlos Lopes, do CEIM, explica que este lugar
oferece as condições necessárias e que os interessados só terão que definir o que é o projecto,
a data de início e a de finalização. “Se eu estiver
numa cadeira a desenvolver um projecto posso
aderir à sala, se já tiver acabado essa cadeira ou
tiver desenvolvido algo que queira dar continuidade também, desde que tenha a ver com o mundo das empresas, não é para fazer trabalhos de
casa nem investigação, mas pode ser um trabalho final de uma tese de mestrado”, explica Carlos Lopes.
A equipa da Revista JA foi ao encontro de um
dos projectos seguidor deste espaço e conver-
sou com Lígia Gonçalves, finalista do mestrado
em Engenharia Informática na UMa e utilizadora
da sala Steve Jobs. Lígia, em conjunto com o seu
grupo de trabalho, desenvolveu a aplicação móvel WALK ME, que dá informação detalhada sobre as levadas da região, uma mais-valia para os
visitantes estrangeiros na ilha. Lígia afirma que
“a experiência tem sido muito boa, começamos
com um projecto vindo de uma cadeira, depois
passamos para a prática aqui, onde temos condições excelentes. WALK ME já está disponível e
foi tudo crescendo devido ao apoio que nos têm
dado. Ajudaram-nos a desenvolver contactos
com empresas e pessoas interessadas e neste
momento já temos várias parcerias”.
A sala encontra-se no 1.º andar do Tecnopólo e
tem a capacidade de 16 lugares, sendo que serão
aceites 32 alunos por semestre devido à rotatividade do espaço. O horário de funcionamento é
entre 8h30 e as 21h30, de segunda a sexta-feira, e das 8h30 às 15h00, aos sábados. Não haverá qualquer custo de utilização, com o requisito obrigatório de desenvolverem um projecto
empresarial, que se entende por “qualquer projecto que tenha como fim último a utilização/ comercialização de um produto/serviço por parte
de uma organização ou por parte dos próprios
alunos para fins comerciais”.
Todos os interessados na utilização deste espaço deverão inscrever-se através do link http://
ceim.questionform.com/public/salastevejobs
ou no 1.º piso do Tecnopólo. Bons projectos!
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CAROLINA MARTINS
08
A ENTREVISTA
INSTRUMENTO PRIMORDIAL
DE RECOLHA DE DADOS
ANTÓNIO V. BENTO
Centro de Investigação em Educação
A entrevista, assim como o questionário, são
dois dos métodos de recolha de dados mais utilizados em Investigação. Permitem recolher informações junto dos participantes relativas aos
factos, às ideias, aos comportamentos, às preferências, aos sentimentos, às expectativas e às
atitudes.
Na perspetiva da investigação científica, a entrevista é um modo particular de comunicação
verbal, que se estabelece entre o investigador e
os participantes com o objetivo de recolher dados relativos às questões de investigação. A preparação de entrevistas segue os procedimentos
semelhantes ao dos questionários. Os tópicos
têm de ser selecionados, as questões elaboradas, os métodos de análise considerados e um
plano preparado e testado.
Este método de recolha de dados pode variar em
função de dois parâmetros: o grau de liberdade
deixado aos interlocutores e o grau de profundidade da investigação. Dum modo geral distinguem-se três tipos de entrevistas: a entrevista
estruturada, a entrevista semiestruturada e a
entrevista não estruturada.
Na entrevista estruturada, cada entrevistado
responde a uma série de perguntas preestabelecidas dentro de um conjunto limitado de categorias de respostas. As respostas são registadas de acordo com um esquema de codificação
também preestabelecido. O entrevistador controla o ritmo da entrevista utilizando o guião
como um script que deve ser seguido de forma
padronizada e sem desvios.
Dum modo geral, a entrevista estruturada utiliza-se em desenhos de investigação onde se
pretende obter informação quantificável de um
número elevado de entrevistados, com o objetivo de estabelecer frequências que permitam
um tratamento estatístico posterior. O investigador estabelece um roteiro ou guião prévio de
perguntas, não havendo liberdade de alteração
dos tópicos ou inclusão de outras questões incidentais. Assim, é indispensável garantir que o
contexto da entrevista e o teor das questões se
mantenham inalterados em relação a todos os
entrevistados.
Na entrevista semiestruturada, as questões e a
ordem de apresentação são predeterminadas,
seguindo a sequência do guião e as questões são
abertas. Este tipo de entrevista situa-se entre
a estruturada ou padronizada e a não estruturada ou livre. Não limita os respondentes a um
conjunto de respostas predeterminadas (como
acontece na entrevista estruturada).
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Por outro lado, a entrevista não estruturada ou
não uniformizada é aquela em que a formulação
e a sequência das questões não é predeterminada, mas deixada à discrição do entrevistador. Em
princípio, não tem um guião e implica o respeito
absoluto pela visão do entrevistado. Não há muito diálogo pois o entrevistador ouve muito mais
do que fala.
Há um outro tipo de entrevistas denominado de
entrevista de grupo ou grupo focal (em Inglês –
focus group). É uma técnica de recolha de dados
cujo objetivo principal é estimular os participantes a discutirem sobre um assunto de interesse comum, apresentando-se como um debate
aberto sobre o tema. Os participantes são escolhidos a partir de um determinado grupo cujas
ideias e opiniões são do interesse da investigação. A discussão em grupo faz-se em reuniões
com um pequeno número de informantes ou seja
de 6 a 8 participantes.
Sugestões de leitura:
Moreira, C. (2007). Teorias e práticas de investigação. Lisboa:
Universidade Técnica de Lisboa (pp. 203-221).
Bogdan, R. & Biklen, S. (1991). Investigação qualitativa em
Educação: Introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora (pp. 172-175).
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
DE MOCHILA
ÀS COSTAS
ANDORRA
Ao entrar no Ensino Secundário, surgiu a
oportunidade de fazer uma viagem com as
escolas secundárias Francisco e Franco e
Jaime Moniz. Nela faríamos um curso de esqui/snowboard, durante uma semana, em
Andorra.
Localizado na cordilheira pirenaica, entre o
nordeste de Espanha e o sudoeste de França, o Principado de Andorra é o sítio ideal
para visitar e/ou fazer férias no Inverno. É conhecido principalmente pela neve nas suas
maiores altitudes. Nas montanhas existem
inúmeras instâncias de esqui e snowboard.
É um sítio pequeno, calmo, com pouca movimentação, mas muito acolhedor. A língua oficial é o Catalão, contudo, devido à imigração,
falam-se também Castelhano, Português e
Francês.
À viagem Madeira-Lisboa seguiram-se dois
dias de autocarro para atravessar Portugal
continental e Espanha. Ao chegar a Andorra,
parámos na cidade, Andorra la Vella (Andorra-a-Velha), capital do país, para almoçar e
visitar. É um sítio com muitas lojas, em especial, de souvenirs.
Após o almoço, seguimos até Pas de la Casa
– a estância onde permaneceríamos durante
uma semana. Lá, acordávamos todos os dias
às oito horas e tínhamos aulas com um instrutor entre as nove horas e o meio-dia. Seguia-se uma paragem para almoço, até às
duas e, das duas e meia às cinco horas, tínhamos aulas com os professores que tinham ido
connosco.
Com um feedback muito positivo, posso dizer que foi uma óptima experiência. Não só
aprendi a esquiar e fiz novas amizades, como
também tive a oportunidade de conhecer
uma nova cultura, um país diferente. Uma experiência que aconselho vivamente.
_
SARA MELIM
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_
DIREÇÃO REGIONAL
DE FLORESTAS E CONSERVAÇÃO
DA NATUREZA
DIA DA FLORESTA
INDÍGENA DA MADEIRA
A 23 de novembro assinalou-se no território português o Dia da Floresta Autóctone. Na Madeira, como o termo não é utilizado com muita frequência, preferimos utilizar a designação de Dia
da Floresta Indígena da Madeira, pretendendo
destacar a Floresta Natural Madeirense aquela que foi encontrada pelos portugueses quando
cá chegaram e designaram de “arvoredo”, desde o mar até à serra e por tal facto designaram a
maior ilha a mais verde… de Madeira.
Esta data em novembro pretende sensibilizar a
população em geral para as especificidades da
floresta indígena (ou autóctone) de cada região
de Portugal: as espécies existentes e que constituem cada floresta, diferentes umas das outras,
devido a diversos fatores como os edáficos (solo),
os climáticos, a resistência a pragas, a doenças
aos períodos prolongados de seca, aos períodos
de chuvas intensas. Também tem como objetivo
divulgar a importância de cada floresta natural
no nosso quotidiano. Por exemplo esta época é
apropriada para iniciar as plantações, as sementeiras, devido à ocorrência das primeiras chuvas
depois de uma época mais seca como o verão.
A Direção Regional de Florestas e Conservação
da Natureza tem promovido nas instituições da
RAM a realização de diferentes ações e atividades, dando a conhecer junto à população escolar e em geral, o gosto pela observação, pelo conhecimento, pela interpretação das paisagens
que tanto encantam todos os que nos visitam. A
Floresta Indígena da Madeira, segundo o 1.º Inventário Florestal, ocupa atualmente cerca de
16 143 hectares, em que 15 868 hectares são de
Floresta Laurissilva, de um total de 34 224 hectares de área florestal.
A Nossa Floresta, segundo o atual modelo de fitossociologia (apresentado por estudiosos ma-
deirenses e estrangeiros de diferentes instituições científicas de renome europeias),
caracteriza-se por diferentes comunidades vegetais que constituem ecossistemas florestais como o Zambujal (litoral sul), Laurissilva do
Barbusano (de mais baixa altitude tanto na encosta sul como a norte), Laurissilva do Til e do
Vinhático (numa maior altitude e no interior da
ilha e menos acessível ao Homem, portanto a
mais bem preservada e com maior extensão do
Arquipélago e da Macaronésia) e o Urzal de Altitude (montanhas da Madeira), tendo este estudo contribuído para a interpretação da paisagem
madeirense e do conceito da existência de Florestas Indígenas do… mar à serra!
É importante que a população tenha consciência na participação de todos, fundamental para
que a floresta indígena esteja cada vez mais
protegida. Possamos contribuir para a preservação e expansão das nossas espécies indígenas que são muito importantes na segurança
de toda a população, na biodiversidade, na proteção do solo, na manutenção do regime hídrico, no abastecimento de energia, na economia
e, de um modo geral, no ambiente que nos rodeia, que acolhe os visitantes e em que vivemos.
Assim bastará germinar e plantar atitudes (conheça, semeie, plante, percorra as veredas e levadas, deixe a floresta limpa) de modo que a floresta madeirense retome cada vez mais o lugar
que já ocupou no passado e constitua um espaço
de salvaguarda da biodiversidade do Arquipélago e da Macaronésia.
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
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Findou 2012, ano aprovado pelo Parlamento Europeu como o Ano do Envelhecimento Activo e Solidariedade entre
Gerações. Teve como intuito gerar a reflexão e a realização de
campanhas de sensibilização e de
apelo à tomada de acções políticas
relativas ao fenómeno do envelhecimento da população europeia.
O envelhecimento é um processo inato e
gradual, de carácter universal. Não depende
da aceitação ou arbítrio do indivíduo e é marcado
pelo declínio das funções celulares e da capacidade operativa. Tal é visível nas experiências do
quotidiano num determinado contexto que deixam de ser reconhecidas ou praticadas com a
mesma qualidade que noutras fases da vida.
Para a Organização Mundial de Saúde envelhecimento activo é o “processo de optimização de
oportunidades para a saúde, participação e segurança, no sentido de aumentar a qualidade de
vida durante o envelhecimento.” Assim, surge
para a terceira idade como forma de combate ao
sedentarismo e às patologias associadas, muito
propícias na velhice.
Estrategicamente pretende-se a promoção social de actividades físicas e intelectuais regula-
O ENVELHECER
DOS ENVELHECIDOS
res, simplificando a rotina e a adaptação aos desafios que são propostos aos idosos. Muitos vêm
a quebrar as convenções tradicionais de que a
velhice torna-se plenamente dependente de terceiros e tem uma qualidade de vida reduzida.
O Instituto Nacional de Estatística revela que o
crescimento populacional português aumentou
1.9% desde 2001, bem como a tendência de envelhecimento demográfico, como resultado do
declínio da fecundidade e do aumento da longevidade. Entre 2001 e 2011, verificou-se uma diminuição da população jovem (entre 0 e 14 anos
de idade) e da população jovem em idade activa (entre 15 e 24 anos) de 5.1% e 22.5%, respectivamente. Já a população adulta cresceu 5.3%
e a população idosa (65 anos ou mais) aumentou
cerca de 19.4%.
Com o aumento do número de idosos torna-se
necessário estabelecerem-se etapas e meios
que visem considerar as suas necessidades e
prioridades.
O Plano Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, subscrevendo os princípios realçados pela
15
ONU na defesa da independência, participação,
auto-realização e integridade do idoso, promove um envelhecimento activo, uma adequação de
cuidados de saúde às necessidades próprias do
idoso e o desenvolvimento de ambientes favoráveis à sua autonomia e independência.
Envelhecer activamente não só depende da execução destas medidas, mas também da força de
vontade e optimismo pessoais. A composição familiar e a convivência com terceiros são aspectos fundamentais na motivação para que o amanhã de cada um continue ou se torne auspicioso.
Enfrente este estado de diferenciação com renovação e reforce a sua auto-estima. Envelhecer é
um fenómeno aliado ao ganho de maior sabedoria. Aprenda a aceitar que envelhecer não implica perder qualidade de vida, persista em planos
de acompanhamento físico e intelectual e acima
de tudo, fale com pessoas que lhe transmitem
bem-estar, confiança e energia.
_
MARTIM SANTOS
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17
160 ANOS
A VALORIZAR
A ENGENHARIA
PORTUGUESA
A OET - Ordem dos Engenheiros Técnicos comemorou no passado dia 29 de Setembro os
160 anos de existência de Engenheiros Técnicos na engenharia portuguesa, numa cerimónia
que decorreu na Casa da Música, no Porto, e que
foi presidida pelo Bastonário da Ordem, o Engenheiro Técnico Civil Augusto Ferreira Guedes.
Foram realçados os 13 anos da organização dos
Engenheiros Técnicos portugueses como Associação de Direito Público, sendo ainda assinalada a redenominação do primeiro ano desta organização com a designação de Ordem.
Do programa fez parte o lançamento do livro
História da Engenharia Portuguesa – os Engenheiros Técnicos, da autoria do Engenheiro Técnico
Augusto Ferreira Guedes e de outros dirigentes da Ordem, que tenta ser um contributo sério
para se perceber, sem dogmas, a formação de
engenheiros em Portugal nos últimos 200 anos.
Outro dos grandes momentos havidos foi a entrega de Certificados de Engenheiro Técnico Especialista e de Engenheiro Técnico Sénior aos
membros da Ordem que receberam estes títulos
profissionais. Fez-se, igualmente, a entrega de
medalhas de mérito aos Engenheiros Técnicos
Torcato David, Arménio Gameiro Costa, João
Sequeira e Alberto Mesquita (este último com
particular relevância, uma vez que a cerimónia decorreu na Casa da Música, pelo facto de
a obra ter sido efectuada pela sua empresa) e a
título póstumo ao Engenheiro Técnico António
Rodrigues Gameiro. No âmbito desta comemoração foi ainda lançado o livro Manual de Boas
Práticas da Construção da autoria dos Engenheiros Técnicos José Delgado e José Gandra
do Amaral. Foi realçada a existência de mais
de 4.000 membros da OET licenciados pós-Bolonha, para além de mais de 21.000 membros
com formação de bacharelato dos quais, prosseguindo a sua formação académica, muitos
vieram a obter licenciaturas, mestrados e doutoramentos. De seguida houve um jantar comemorativo da efeméride na Fundação Cupertino
de Miranda.
_
ORDEM DOS ENGENHEIROS TÉCNICOS
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BRINQUEDOS DO PASSADO
Quantos de nós se lembram daquele brinquedo
especial recebido num aniversário distante?
A imagem imediata que criamos quando pensamos nos brinquedos do passado passa, com certeza, pelas bonecas (entre elas, a famosa Barbie)
pelos bebés chorões, pelos soldadinhos de plástico, pelos carros de brincar, pelos ioiôs. Muitos
recordam as enormes caixas que continham jogos de tabuleiro, muitos dos quais da marca Ma-
A maior parte da comunidade estudantil que actualmente se encontra no Ensino Superior nasceu ou viveu a sua infância nas décadas de
1980 e 1990.
Deu-se na década de 80 a grande expansão da Playmobil (que na altura era vendida com o nome de Famobil) e da Lego,
o aparecimento do Cubo de Rubik (ou
Cubo Mágico), dos famosos Aquaplay.
Tetris, fez concorrência a jogos e brinquedos de
linha mais tradicional como o Diablo (inspirado
no ioiô chinês, conhecido na Europa desde o século XIX) e os Traga-bolas (jogo de tabuleiro de
atenção e rapidez que consistia em fazer mover um hipopótamo colorido, caçando bolas
da sua cor, antes que os três adversários
em jogo o fizessem).
Foram nestes anos que o computador
presas multinacionais, de universidades e de centros de investigação. Ao contrário do que ocorreu
com grande parte dos brinquedos que lhe antecederam que, na melhor das hipóteses, se transformaram em meros bibelots e recordações, esses
jogos cresceram com os seus fãs e deram lugar
as formas mais adequadas aos adultos.
Aquilo que somos devemo-lo, em parte, aos
brinquedos com os quais aprendemos. Ao enca-
jora, como Sabichão, Mikado, Jogo da Glória e Monopólio, ou até os habituais conjuntos de xadrez
e de damas. Há também quem tenha lançado piões ou tivesse disputado um jogo com berlindes ou papagaios de papel lançados ao vento.
Tal como noutras partes da Europa, pertencem
à memória colectiva das gerações jovens portuguesa os tradicionais carrinhos-sabão que, na
Madeira eram frequentemente feitos de vime e
de canas.
Já os anos 1990 trouxeram, sobretudo, os brinquedos tecnológicos especialmente concebidos
para as crianças, sendo essa a primeira geração
que, ainda na infância, teve o primeiro contacto
com o mundo electrónico e digital especialmente adaptado ao desenvolvimento.
Quem não se lembra do Tamagotchi, o percursor de todas as mascotes digitais que existem actualmente? Furby foi o robot que se
tornou um must-have da altura e, tal como o
passou a ser uma realidade comum na casa de
muitas famílias e, como ele, surgiram avôs dos
modernos jogos virtuais. Pac-Man e Space Invaders (criados por volta de 1980, chegaram aos
computadores por esta altura), Prince of Persia
(que evoluiu para uma triologia de belíssimos
gráficos e níveis que exigem crescente astúcia
e rapidez), Doom e todo um mundo da MS-DOS
passou a fazer parte do nosso dia-a-dia.
Muitos desses jogos virtuais saíram de em-
rarmos o futuro é reconfortante perceber que
tivemos uma infância preenchida e que, nesse passado, estamos ligados de alguma forma,
nem que seja por meros objectos que nos correlacionam no tempo.
_
ARIANA RAMOS
20
21
EM
PORTUGUÊS
ESCORREITO
Há cerca
Acerca
58%
21%
A fim de
43%
Afim de
57%
Á cerca
14%
CERTO VERSUS ERRADO
À cerca
7%
_
HELENA REBELO
Afin de
0%
A fin de
0%
Docente da UMa
Muitos dos problemas linguísticos que ocorrem
na escrita prendem-se com detalhes reveladores de falta de atenção e de revisão. É fundamental pensar sobre o que se escreve. Se houver um trabalho de reflexão, sobretudo posterior
ao acto de escrever, o erro será mais raro. Uma
estratégia, bem simples, para o evitar é apontar
o termo que causa hesitações, deixa dúvidas e
substituí-lo por outro (ou outros) que se sabe ser
adequado. De seguida, a consulta de dicionários,
gramáticas, prontuários ou outros instrumentos
linguísticos que anulem a hesitação e a dúvida
é imprescindível. Reflectir sobre os usos que se
fazem da língua ajudará a evitar inúmeros erros.
A
……………………… de dois meses, eles foram pais
pela primeira vez.
Preencher o espaço com a forma certa: Acerca /
Á cerca / À cerca / Há cerca.
Solução: Há cerca de dois meses, eles foram
pais pela primeira vez.
Explicação: Há quem confunda “acerca de” com
“há cerca de” por se pronunciarem da mesma maneira, mas o sentido, entre outros factores, deveria permitir fazer a diferença porque
não significam o mesmo. Enquanto “acerca de”
corresponde a “sobre; a respeito de” (Ele está
a falar acerca do (sobre o) acidente de carro.),
“cerca” – em “há cerca de” – equivale a “quase;
aproximadamente; à volta de” (Há cerca de (quase) dez anos, teve um impressionante acidente
de carro.). Pensando um pouco, não há confusão
possível.
B
Procura bem, …………............. encontrares o que
perdeste.
Preencher o espaço com a forma certa: afin de /
afim de/ a fim de / a fin de.
Solução: Procura bem, a fim de encontrares o
que perdeste.
Explicação: Frequentemente, hesita-se ao escrever “a fim de”, uma locução sinónima de
“para”. Há uma tendência para fundir, aglutinar, os dois primeiros elementos. As razões serão diversas. Além da confusão com o adjectivo
“afim” (“com afinidades”: O Português e o Castelhano são línguas afins.), poderá haver uma influência do Francês (“afin de”). Em Português,
ao escrever “a fim de” com o sentido de “para”,
não é possível enganar-se.
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
22
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PALAVRAS
E NÚMEROS
1997
55%
86.500
Foi o ano de reintrodução das
propinas nas Universidades
portuguesas. Segundo um estudo da Universidade Católica as «instituições do Ensino
Superior passaram a ter fontes acrescidas de receita e,
por isso, aumentaram o número de vagas», provocando «um
aumento do número de inscritos». O estudo da Católica revela ainda que «à medida que
os estudantes foram sendo colocados no mercado de trabalho» houve um decréscimo da
despesa do Estado.
Portugal continua a ter a segunda pior taxa da União Europeia de conclusão do Ensino
Secundário, entre os 20 e os 24
anos. Neste grupo etário apenas 55% acabaram este nível
de ensino, contra uma média
europeia de 78,6%.
Mais os de 86.500 estudantes,
das universidades e politécnicos públicos e privados, pediram, este ano lectivo, bolsa de estudo para continuarem
os estudos. Até Maio, os alunos
podem apresentar candidatura
a uma bolsa de estudo. No entanto, todos os estudantes que
apresentaram a sua candidatura desde o final de Setembro
não vão receber o valor deste
apoio na sua totalidade, recebendo uma bolsa com um valor proporcional ao mês do ano
lectivo.
_
In Canal Superior
de 4 de Dezembro de 2012.
_
In Público
de 2 de Dezembro de 2012.
_
In Diário Económico
de 26 de Novembro de 2012.
1.
2.
24
REDESCOBRIR
A MADEIRA
_
OS PASSOS
PROCESSIONAIS
DO FUNCHAL
E O COLÉGIO
DOS JESUÍTAS
As procissões, antigamente, eram verdadeiros
cortejos festivos, onde se faziam representar
as principais entidades locais e as confrarias,
representando determinadas profissões, que
apresentavam danças e faziam desfilar carros
alegóricos. As mais antigas referências datam
dos finais do século XV, em que D. João II enviou para o Funchal a articulação da procissão do Corpus Christi de Lisboa, com a ordem
por que se deveriam organizar as várias profissões e as danças que então eram costume
apresentarem-se.
Poucas referências concretas chegaram aos
nossos dias dessas procissões, salvo na Ribeira Brava, onde se mantém a Dança das Espadas, que se fazia na procissão de São Pedro e
que tudo leva a crer que tivesse sido uma dança dos ferreiros, de que existem referências
no continente. No Funchal, entretanto, subsistiu uma imagem de São Jorge, também padroeiro dos ferreiros, em tamanho natural e que,
pelos séculos XVIII e XIX, desfilava a cavalo em
determinadas procissões. Sendo propriedade da Câmara Municipal do Funchal, por certo,
teria pertencido a uma das confrarias com representação camarária.
Parecem ter sido os padres do Colégio dos Jesuítas que lançaram a ideia da montagem de
passos processionais no Funchal. Nos inícios
do século XVII, quando foram canonizados, a
12 de março de 1622, Santo Inácio de Loiola e
São Francisco Xavier, os padres do Colégio fizeram uma série de festas, que envolveram
procissões, representações teatrais e jogos
florais, altura em que foram montados vários
passos processionais, um dos quais, junto do
largo do Pelourinho. Ora acontece que o passo
que ainda ali subsiste apresenta as armas de
fé dos jesuítas, embora tal representação não
fosse exclusiva dos mesmos.
Dos 13 passos processionais que teriam existido no Funchal (somente existem o do largo do
Pelourinho que pode datar assim de 1622, mas
que teve depois obras por 1700) e o da rua de
1.b
3.
destaque as duas pinturas.
Existem referências de ter existido outro passo no Jardim Pequeno, espaço que se situava na atual avenida Arriaga, abaixo do Jardim
Municipal. A informação da sua existência é
dos finais do século XIX e, tendo a área sofrido inúmeras alterações, o passo não subsistiu. Dos restantes 11, nem informações temos
de onde se localizavam.
_
RUI CARITA
Professor Catedrático da UMa e Historiador
Santa Maria. No primeiros, nas obras de reabilitação de 1989, foi encontrado ainda no seu
interior um outro arco, sinal de, pelo menos,
uma outra campanha de obras.
A mesma situação se passa com o passo da
rua de Santa Maria Maior, datado de 1733,
mas cuja pintura interior apresenta, pelo menos, duas campanhas e, provavelmente, ambas posteriores à data inscrita na cantaria. Na
opção de reabilitação, aliás, colocaram-se em
1. Passo da rua de Santa Maria
2. Procissão dos Passos de 1887
3. Passo do Largo do Pelourinho
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
27
26
O custo de vida tem vindo a aumentar muito. Os
rendimentos não aumentam na mesma proporção e frequência com que o fazem as despesas e
cabe a cada um de nós estabelecer prioridades,
de forma a minorar as necessidades pelas quais
venhamos a passar.
Há instituições que se disponibilizam a ajudar
quem precisa de reorganizar as suas contas, dando formação, mostrando onde se pode poupar e
como devem ser estabelecidas prioridades.
Os cuidados médicos são, para muitos, despesas
pontuais. Mas há gastos quotidianos que são incontornáveis. Quase metade do ordenado do cidadão português é gasta nas despesas diárias:
água, electricidade, gás (para quem o usa), produtos de higiene pessoal e para a casa, transporte e, claro, alimentação.
E os custos da renda ou da mensalidade do empréstimo da casa? Neste ponto temos que reflectir bem. Fará sentido adquirir casa própria nos
dias que correm?
Pensará o leitor que faz todo o sentido, especialmente quando se pretende criar uma família e estabelecer o lar. Além disso, é certo que os bens
imóveis podem ser uma mais-valia em muitos
sentidos. Mas esses objectivos de vida devem ser
realistas, acima de tudo. Antes de se contraírem
empréstimos bancários para aquisição de uma
casa própria, é necessária ponderação e muita
cautela. Vejam-se os exemplos dos portugueses
que acreditavam poderem pagar as suas casas e
que se viram desempregados ou numa situação
financeira inferior à que tinham, acabando desesperados e impotentes com a execução de penhoras. Vêem-se obrigados, em muitos casos, a dependerem de terceiros para se sustentarem e aos
seus, vivendo numa realidade em que tudo o que
haviam construído não mais foi do que um castelo de cartas.
A maior das despesas comuns de um indivíduo
é a alimentação. Claro que sem comer, nada podemos fazer e aqui chegamos ao objectivo deste texto.
A Universidade da Madeira tem, imensos estudantes a quem as dificuldades bateram à porta. À
semelhança de outras instituições de Ensino Superior, a UMa perdeu muitos estudantes e, dos
que ficam, cada vez mais optam por reduzir ao
máximo o custo que estudar acarreta, para manterem vivo o sonho da graduação superior. Isso
faz com que nas nossas turmas hajam colegas
que para pouparem não comem algo mais substancial, ou mesmo algo de todo.
A Associação Académica da UMa, em estreita
colaboração com a Acção Social da Universidade, tem-se desdobrado em medidas de apoio aos
seus estudantes. Aos projectos que foram desenvolvidos na óptica da procura de melhores condições aos estudantes da UMa, foram conseguidos
dois especialmente importantes neste ano lectivo: a refeição simples a preço ainda mais económico do que o que é praticado pela Acção Social e,
no começo deste ano de 2013, o lanche simples.
A Direcção da AAUMa está agora a desenvolver
esforços para a criação de bolsas de alimentação, que permitirão a muitos comerem sem que
sintam nisso uma preocupação constante.
A Revista JA e toda a AAUMa, sua instituição-mãe, esperam que estas medidas permitam o
sucesso dos nossos estudantes mas nesta luta,
não basta o nosso empenho. Também precisamos do vosso!
_
CARLOS DIOGO PEREIRA
PRIORIDADES EM
TEMPOS DIFÍCEIS
29
28
JÁ
CONHECES
O DPES?
O Departamento da Pastoral do Ensino Superior
(DPES) surgiu em 2008 e nada mais é do que um
meio através do qual os estudantes se podem encontrar consigo, com os outros e com Deus. «É a
expressão de solicitude da Igreja para com o meio
universitário e do ensino superior em geral».
Várias actividades têm vindo a ser desenvolvidas
com o objectivo de se dar a conhecer e também
com vista a «promover e dinamizar, na variedade
das suas expressões, tudo o que serve à realização do diálogo e da síntese entre a fé e a cultura».
Um dos projectos mais recentes do DPES foi a
criação de um grupo de voluntariado. Esta ideia
partiu da realidade socioeconómica que nos
apela para uma maior proximidade com populações carenciadas nas quais a dimensão humana
possa ser promovida, desenvolvida e mantida.
A simplicidade do gesto de um estudante pode
constituir o resgate humano e afectivo de muitos. A este grupo demos o nome TRANSFORMA-TE e usamos o símbolo de uma borboleta como
logótipo, por ser um ser vivo que passa por todo
um processo de transformação do ovo ao adulto.
A borboleta remete-nos também para um novo
começar: sair de nós mesmos e irmos ao encontro das necessidades dos outros.
Este grupo actua visitando mensalmente uma
instituição (lares de idosos e instituições de
apoio à primeira infância). Em cada visita são realizadas diversas actividades. Actualmente contamos com cerca de trinta voluntários mas continuamos abertos a novas inscrições.
Um outro projecto que o DPES fez também nascer, há relativamente pouco tempo, foram os
campos de estudo. Estes, para além do tempo dedicado exclusivamente ao estudo, propor-
cionam-nos grandes momentos de diversão, de
aprendizagem e de reflexão, sendo que todos regressamos de lá muito mais ricos interiormente. Os campos de estudo dão-nos espaço para
pensar em pequenas coisas tão importantes, às
quais, devido à rotina, nem sempre damos valor. O último campo de estudo realizado decorreu entre 23 e 25 de Novembro, no Terreiro da
Luta, e teve como tema “É o Tempo que Dedicas
à Tua Rosa que a Torna tão Importante.”
O DPES é também responsável pelo Coro Universitário da Madeira (C.U.M.). Este actua em
diversas eucaristias, casamentos, baptismos
e, como tem vindo a ser habitual, na missa do
Corte das Fitas e nas missas do Parto de algumas paróquias. Os valores recolhidos nas suas
diversas actuações são direccionados para
um fundo de solidariedade com o objectivo de
apoiar estudantes carenciados.
Para nós, fazer parte destes grupos tem sido
uma experiência muito positiva e tem-nos ajudado a crescer não só ao nível pessoal mas também espiritualmente.
Caso queiras integrar algum destes grupos ou
até mesmo conhecer melhor o DPES procura-nos na nossa página do facebook ou vem ter
connosco no piso 0 na sala da pastoral (ao lado
do gabinete de apoio ao estudante) do Campus
da Penteada. Se decidires juntar-te a nós é com
enorme alegria que te acolhemos!
_
BERTA MENDONÇA E MAFALDA FREITAS
Estudantes do 3.º ano de Enfermagem
30
À CONVERSA
COM...
_
Susana Gonzaga
Professora auxiliar
convidada da UMa
Antes de mais sou designer. Nunca sei responder
quando me perguntam “do quê?”, porque para
mim o design é um modo de ver o mundo. Um
modo de estar crítico, atento e responsável. O ensino é a área da minha vida profissional à qual dedico mais tempo, e que cedo percebi que gostaria
de o fazer. Queria ajudar a abrir portas, janelas ou
frinchas para que os outros conseguissem ver o
mundo ao contrário, longe das trivialidades, com
respostas inéditas, surpreendentes para eles
próprios e para o mundo. É esta responsabilidade que ainda sinto no meu papel de professora de
Design.
Nasci no Porto, mas cresci entre Lisboa e Porto.
Licenciei-me em Design de Interiores pela ESAD
de Matosinhos, mas quando entrei não era essa
a minha vontade. Sempre achei que gostaria de
trabalhar em design gráfico. No primeiro ano de
curso descobri a tridimensionalidade. Encontrei
as suas potencialidades infinitas e desenhar logótipos ou cartazes deixou de ser o que eu queria fazer da vida.
Esta minha natureza errante e curiosa reflete-se
na variedade de áreas em que já participei. Desde desenhar máquinas industriais, projectar um
Kart, com dois prémios de design arrecadados, já
trabalhei também como consultora externa para
o Centro Português de Design e para empresas
tão diversas como a Silampos ou Antarte.
O design não se refere apenas à produção de artefactos industriais ou de interiores. É uma atividade com forte intervenção e participação social, cultural ou geradora de novos serviços, mas
é também investigação. Esta forma sistémica de
interpretar a disciplina levou-me a reconstruir e
levantar toda a história ligada à industria dos motociclos desenhados e produzidos em Portugal.
Foram 50 anos de produção retratados sobre o
ponto de vista de como a forma, a tipologia e o impacto simbólico e social de exemplos como a Casal Boss ou a V5 da Zundapp deixaram no imaginário português. Atrevi-me a deixar os amigos e a
família e fui viver para Itália, durante 4 anos, para
aprender outros modus operandi, outras culturas e trazer comigo uma bagagem cheia de experiências que me fizeram perceber melhor o meu
país e a minha forma de estar no mundo.
32
Apesar do desporto regional andar pelas ruas da
amargura, a AAUMa continua a oferecer aos seus
associados e restante comunidade académica alternativas às faltas de apoio para a actividade recreativa e de lazer. Passeios a pé, Kart Cup e o já
famoso Troféu do Reitor preencheram o primeiro
semestre deste ano lectivo e apesar do mau tempo ter ameaçado várias vezes as nossas actividades, adiando uma levada e vários jogos do torneio
de Futsal deste ano, a verdade é que conseguimos concretizá-las.
Num ano em que os desportos de aventura e as
actividades na natureza parecem ser apostas turísticas, a AAUMa continua a organizar os passeios a pé um pouco por toda a ilha. Apesar de
uma parte significativa dos interessados em participar nas levadas seja alunos ERASMUS, temos
notado também algum interesse por parte de
toda a comunidade académica: professores, investigadores, alunos, familiares e amigos, todos
LEVADAS,
KART E FUTSAL
A FECHAR
2012
têm participado nestas verdadeiras aventuras
no coração da Madeira. O grau de satisfação dos
participantes empolga-nos e fazem-nos acreditar que a aposta nos guias experimentados (antigos alunos) e na estrutura de suporte à logística
de cada evento é uma mais-valia para o sucesso
dos passeios a pé deste ano.
Depois de atingir os 60 participantes na primeira levada que ligou os picos mais altos da ilha da
Madeira, Dezembro trouxe-nos um sempre muito apetecido passeio até ao Caldeirão Verde. Infelizmente, pelo adiamento para 8 de Dezembro por
razões atmosféricas, esta levada acabou por não
ser tão procurada como a anterior. Mesmo assim,
mais de 30 elementos fizeram-se à estrada e des-
33
frutaram ao máximo das paisagens lindas que a
floresta Laurissilva nos oferece. Estão prometidas mais 3 levadas para este ano sendo a próxima já no próximo mês de Fevereiro. Mais informações em http://levadas.aauma.pt.
Paralelamente a estes eventos na natureza, a
AAUMa Kart Cup fez subir a adrenalina onde a
luta e a competição motivam cada vez mais a nossa academia. Este ano, 23 inscrições permitiram
bater o recorde de participação nas provas de
Kart da AAUMa. Uma tarde animada no Faial proporcionou a todos momentos de convívio, competição e de muita emoção no kartódromo local. Estreantes, ‘campeões’, alunos, ‘jogadores da bola’,
ERASMUS e pilotos femininos abrilhantaram
uma tarde que prometia chuva mas que acabou
por deixar os condutores secos… Para a história
fica o triunfo (finalmente) de Pedro Correia que
perseguia este feito há já alguns anos à frente de
René Mihelic, conhecido jogador do CD Nacional. 34
O IV Troféu do Reitor é sem dúvida o ícone do desporto universitário madeirense. Um torneio que
começou por ser um evento de pouco mais de um
mês passou este ano para uma liga de 18 equipas que tem entusiasmado meia universidade e
que promete animar o Campus Universitário até
Maio… Este é realmente o desafio deste ano. 168
jogos entre Campeonato e Taça levarão centenas
de estudantes, familiares e amigos ao recinto polidesportivo descoberto da Quinta de São Roque.
Após um terço da competição, os candidatos e
eternos favoritos ao título CD Foguetes de Cana
(alunos e ex-alunos de Educação Física) seguem
um percurso imaculado. No entanto, no caminho
para a vitória, UMa Poison (outra turma de Educação Física e Desporto) e Amigos do Juvenal (veteranos ex-alunos da UMa) acompanham os detentores do troféu sem derrotas. Num torneio
bastante equilibrado, o espírito académico é vivido como nunca onde as bancadas têm cada vez
mais gente e onde a diversão, entretenimento
e puro prazer de jogar Futsal está presente em
cada ‘noitada’ futebolística.
Todas as informações complementares encontram-se disponíveis em http://reitor.aauma.pt e
www.facebook.com/aauma.
_
ARLINDO SILVA, DIRECTOR
2012, UM
GRANDE
ANO PARA
A AAUMa!
1.
3.
6.
7.
9.
8.
4.
10.
11.
2.
5.
12.
6 e 7. Inauguração da Gaudeamus do Colégio dos Jesuítas.
8 e 9. Feira da Saúde.
1 e 2 - UMajuda, EB1 / PE do Lugar da Serra
10. FATUM, Sarau ao Colégio dos Jesuítas.
3 e 4 Pátio dos Estudantes.
11. Levadas, Pico do Areeiro ao Pico Ruivo.
5. Doutorecos, atelier de férias da AAUMa.
12. Kart Cup 2012.
38
Deparamo-nos com certos alimentos cada vez
mais apelativos e atrativos ao olhar dos seus
possíveis consumidores. Todas estas características e a sua conservação duradoura devem-se à utilização de aditivos alimentares.
Inerente à legislação europeia, a utilização destes aditivos nos géneros alimentícios não pode
constituir um perigo para a saúde do consumidor nas doses estabelecidas, nem provocar diminuição do valor nutritivo destes alimentos.
A segurança da utilização dos aditivos alimentares baseia-se na avaliação toxicológica, no conhecimento dos níveis de consumo e nas disposições regulamentares que estabelecem a sua
utilização, pelo que, antes de ser autorizado o
uso de determinado aditivo, este é objeto de estudos toxicológicos prévios e onde é determinada a dose diária admissível (DDA).
Assim, os aditivos utilizados nas condições fixadas e consumidos em quantidades inferiores à
DDA, não constituem risco para a saúde.
Contudo, é recomendado que antes de adquirir um produto alimentar habitue-se a ler aten-
OS ADITIVOS
ALIMENTARES
OU SEJA...
OS E`S
tamente o seu rótulo e também tenha sempre
em atenção a quem se destinam estes produtos,
pois crianças, grávidas e idosos são particularmente sensíveis a determinados aditivos.
De um ponto de vista prático, e para não ultrapassar a DDA, é assim prudente que, opte por
não consumir em grandes quantidades nem com
muita frequência aqueles alimentos que contenham o mesmo aditivo – leia o rótulo!
Contudo... a escolha de produtos alimentares
simples, frescos e da época é sempre uma excelente opção!
_
BRUNO SOUSA
Nutricionista
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
41
AFINAL NÃO HOUVE
O FIM DO MUNDO...
Nunca antes na História, uma data foi tão significativa para gerações e culturas. A previsão
do fim do Mundo a 21 de Dezembro resultou da
descoberta de uma inscrição num monumento em pedra trabalhada, encontrada nas ruínas
de uma cidade Maia. Esta apresentava uma data
relevante do calendário Maia, pois punha fim ao
seu longo calendário de 5125 anos, não havendo
registos do que aconteceria depois desta data.
Desde então, e com a proximidade do final de
2012, o fenómeno ganhou destaque nos meios
de comunicação social.
Os Maias foram dos povos mais antigos da América Central e destacavam-se pela sua inteligência e domínio das ciências, das artes e do registo
escrito. Segundo explicam os cientistas, a data
apontada indica somente o fim de um ciclo do calendário Maia e não a destruição do Mundo, sen-
do comparável ao Bug do Milénio que marcou a
passagem para o ano 2000.
O Bug do Milénio, no final do século XX, não passou de um erro nos sistemas informáticos. Levou à especulação de que, com a passagem para
o novo milénio, haveria uma paragem do sistema económico mundial. Embora tivesse provocado uma onda de pânico alargada, o Bug do Milénio foi algo inofensivo.
A ideia do fim do Mundo aparece também associada às tradições religiosas que incluem os relatos proféticos do Livro do Apocalipse, na Bíblia.
À parte as profecias sobre o fim do Mundo, todos sabemos que a passagem de ano é também sinónimo e alvo de algumas superstições.
Como tal, passo a descrever algumas tradições
diferentes, muitas delas insólitas, um pouco
por todo o Mundo. Na América do Sul, é costu-
me por esta altura do ano os comerciantes exporem nas montras um verdadeiro arco-íris de
roupa interior. Isto porque há a crença de que é
pronúncio de sorte usar uma peça de roupa interior colorida na noite da passagem de ano. Assim, o vermelho e o rosa atraem paixão, o amarelo dinheiro e por fim o azul saúde. Na Irlanda,
dita a tradição que na noite da passagem de ano,
as mulheres que colocarem rebentos de visco
debaixo da almofada encontrarão o homem da
sua vida. Os Espanhóis, por sua vez, ao bater da
meia-noite começam a comer 12 bagos de uvas.
A cada badalada comem um bago. Se terminarem todas as uvas ao mesmo tempo em que o relógio parar de badalar, têm a certeza de ter sorte
e prosperidade no novo ano que vai entrar.
Também o beijo da meia-noite, tal como o fogo
de artifício encerram em si superstições an-
tigas. Associada ao beijo da meia-noite está a
crença de que a primeira pessoa que encontrarmos e beijarmos na noite da passagem de ano,
marcará o tom da nossa vida o ano todo. O fogo
de artifício, quanto mais colorido e ruidoso, mais
eficaz se revela no afastamento de maus espíritos e do azar.
Concluímos com a certeza de que todas as crenças e superstições encerram em si algum fundo
de verdade e que, embora cada um seja livre nas
suas crenças e formas de pensamento, há que
reconhecer que essas são fortemente determinadas pela influência cultural e social do meio
onde nascemos e nos desenvolvemos.
_
RUI SANTOS
1.
42
43
Human Rights
ANIVERSÁRIO DOS
DIREITOS HUMANOS
A 10 de Dezembro comemorou-se o aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Marcando o início de um ano que prevê acções que muitos duvidam terem em conta
muitos dos direitos fundamentais do cidadão, a
equipa da JA resolveu relevar a evolução deste
documento.
Em 1948 foi aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o primeiro documento que
reconhece (através de um preâmbulo e trinta artigos) os direitos e as liberdades fundamentais,
como inalienáveis e inerentes a todos os membros da família humana. Tal documento é conhecido como Declaração Universal dos Direitos do
Homem (DUDH).
Nasceu no pós-2.ª Guerra Mundial e dos bombardeamentos de Hiroshima e de Nagasaki, que
destruíram completamente essas cidades japonesas. Nesse período, milhões de pessoas ino-
centes foram mortas e vítimas de crueldades e o
ser humano provou-se capaz de actos desumanos e bárbaros.
Fruto da esperança, foi redigida com o intuito de consciencializar o Homem, de evitar guerras e discriminação, de promover a democracia,
de declarar, internacionalmente, a igualdade e
a fraternidade entre os povos e indivíduos. Serviu-lhe de base todo o conjunto de direitos civis
conseguidos do liberalismo inglês e, claro, da
Revolução Francesa.
A carta de princípios que apela à paz, à liberdade e à justiça no mundo é, hoje, seguida por vários e está traduzida em 389 línguas diferentes.
É importante clarificar que este documento não
representa obrigatoriedade legal. Como disse José Saramago, no discurso de aceitação do
Prémio Nobel da Literatura, em 1998, “…não cria
obrigações legais aos Estados, salvo se as res-
pectivas Constituições estabelecem que os direitos fundamentais e as liberdades nelas reconhecidos serão interpretados de acordo com
a declaração. Todos sabemos, porém, que esse
reconhecimento formal pode acabar por ser
desvirtuado ou mesmo denegado na acção política, na gestão económica e na realidade social.”
Tomemos como exemplo Portugal. A Assembleia da República concordou seguir-se pelo
documento e, no entanto, são múltiplos os casos que aparecem, diariamente, nas notícias de
maus tratos e de violações domésticas, de problemas sociais gerados por dogmas políticos,
religiosos e outros. A própria crise gerou-se da
corrupção e é inerente e causadora de famílias à
fome e do fim de várias instituições e empresas.
Após quase sete décadas é possível afirmar que a
declaração surtiu efeito, mas não universalmente. Contudo, é importante referir que a declara-
ção é fundamental para a evolução, para a esperança em novos futuros, onde a universalidade
dos direitos deixe de ser uma utopia. É necessário reflectirmos e acreditarmos que pode realmente existir um mundo sem guerras, descriminação, desigualdade, escravatura e tortura.
É a partir das partes que constituímos um todo.
_
SARA MELIM
1.
Eleanor Roosevelt e a Declaração dos Direitos
Humanos pela ONU em Espanhol
44
ÚTERO COM PIÓMETRA
OVÁRIO
CERVIX
VAGINA ABERTA
ÚTERO NORMAL
PIÓMETRA
A piómetra é uma infecção uterina que ocorre
mais frequentemente em fêmeas adultas, com
mais de seis anos, não esterilizadas.
A progesterona é a hormona feminina responsável pela manutenção da gestação. No entanto, todas as fêmeas, gestantes ou não, estão expostas a grandes concentrações dessa hormona
nos 45 a 75 dias após o cio. A progesterona aumenta o risco de infecção bacteriana em úteros
não gestantes. As bactérias estão normalmente
na vagina, mas podem migrar até ao útero causando a infecção.
Existem dois tipos de piómetra, a aberta e a fechada. A piómetra aberta caracteriza-se pela
presença de corrimento vaginal purulento ou
sanguinolento, com muito mau odor. Na piómetra fechada não há evidência de corrimento vaginal, sendo mais difícil a identificação, por par-
te dos donos, do problema numa fase precoce.
Isto pode pôr em risco a vida do animal.
Os sinais clínicos mais comuns são anorexia,
vómito, letargia, febre, aumento da ingestão de
água (polidipsia), aumento da produção de urina (poliúria) e corrimento vaginal. Sem tratamento, estes sinais evoluem para desidratação
severa, colapso e morte. A administração da pílula às fêmeas não esterilizadas aumenta o risco de piómetra.
O tratamento de eleição é a remoção cirúrgica do útero e dos ovários, ovariohisterectomia.
A prevenção pode e deve ser feita através da
esterilização o mais cedo possível na vida do
animal.
_
EQUIPA VETERINÁRIA DA SPAD-FUNCHAL
46
Havia a sociedade de consumo
Mas eles perguntavam
E o homem? É só o que consome? (...)
Havia o verbo ser e o verbo ter
havia o não haver e o haver demais.
Mas eles perguntavam: E viver?
É só este não ser para ter mais?
Manuel Alegre
SER CONSUMIDOR
E NÃO CONSUMISTA
47
“SOU” INDEPENDENTEMENTE DE “TER”!
“Sou consumidor ou consumista?” Eis a questão.
Todos nós somos consumidores. Precisamos adquirir bens, mercadorias e serviços de forma a
garantir o nosso bem-estar e satisfação pessoal.
O que distingue um consumidor de um consumista é a forma como lida com a compulsão de comprar. O consumismo é, por isso, caracterizado por
um consumo exagerado e inconsciente. O consumista procura satisfazer a necessidade constante de ter. Nesta situação, deixa de ser importante
quem é (que valores possui) e passa a ser fundamental o que tem. Por isso, a partir do momento em que o consumo ultrapassa as necessidades
existentes, o indivíduo pode tornar-se escravo do
seu próprio consumo. Precisa ter aquele carro,
aquele I-pad, aquelas roupas de marca... sendo
que o que tem o define.
O consumismo pode decorrer de diversos fatores: culturais, sociais e pessoais.
Os fatores culturais influenciam os valores, as
percepções e os comportamentos de uma determinada sociedade. Após a revolução industrial e
com o boom das novas tecnologias, os produtos
passaram a estar disponíveis de forma mais fácil
para satisfazer as necessidades do consumidor.
Aos poucos, os produtos e serviços passaram a
criar necessidades. O marketing foi um grande
impulsionador, edificando-se então uma “sociedade de consumo”.
Nesta sociedade, o consumo é, muitas vezes,
motivado por factores pessoais como distúrbios
emocionais e psicológicos, baixa autoconfiança e
necessidade de aceitação. Criou-se a ilusão que
consumir sem limites é sinónimo de bem-estar
e de civilização. Esqueceu-se, todavia, as verda-
deiras razões que levam os indivíduos a consumir
compulsivamente, tais como um possível vazio
sentido e uma procura pelo prazer decorrente da
aquisição de bens. O consumista, no ato de comprar, não o faz de forma racional, pois não avalia a necessidade da compra nem os benefícios da
mesma. Desenvolve, sim, uma relação afetiva e
de identificação com os produtos que adquire, e
normalmente fá-lo de forma compulsiva, o que
acarreta consequências, como o endividamento,
levando o indivíduo a uma fragilidade emocional
mais acentuada, associada a desgaste nas relações pessoais e profissionais. O primeiro passo
para a alteração deste comportamento, passa
pela consciencialização do problema, o que nem
sempre é fácil, por ser muitas vezes inconsciente.
O facto de, em certos momentos, comprarmos
produtos de que não necessitamos, não nos faz
obrigatoriamente consumistas, desde que não
sacrifiquemos a nossa vida no consumo, nem o
utilizemos como uma via de bem-estar.
Por tudo isto, importa que nos foquemos no ser,
que pode conviver com o ter, mas não como um caminho para a construção da felicidade. O ser passa
por nos conhecermos profundamente, avaliarmos
os recursos pessoais de que dispomos para alcançar os nossos objetivos, e construirmos dia a após
dia o nosso bem estar, independente da envolvente
e do que temos ou deixamos de ter!
_
SERVIÇO DE CONSULTA PSICOLÓGICA
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.
48
DE PAPÉIS
49
A ideia de que a mulher deve ficar em casa com
as lides domésticas, cuidar dos filhos e a cozinhar para o marido, enquanto este vai trabalhar,
remonta, numa perspectiva histórica, às famílias
europeias no período antecedente à Revolução Industrial. O homem era considerado a cabeça da
família, enquanto a mulher e as crianças constituíam uma propriedade a ser transferida.
Com o passar do tempo, os papéis desempenhados tanto pela mulher como o homem começam a
inverter-se. Os movimentos sufragistas iniciados
no fim do século XIX no Reino Unido tiveram eco
por todo o mundo. Em Portugal foram importantes nos anos de 1910, com a República, e nos anos
de 1970, com o regime democrático, culminado
com a governação de Maria de Lurdes Pintassilgo.
Durante as guerras mundiais, muitas mulheres
foram empregadas na indústria, no comércio e
nos serviços públicos, substituindo os homens
alistados nas forças armadas, de forma a assegurem o seu sustento e das suas famílias. Essa
independência financeira e o novo papel social da
mulher dela resultante levaram à modelação da
sociedade ocidental.
Actualmente, mulher já não está disposta a passar o dia em casa a realizar tarefas domésticas,
como cozinhar, cuidar do lar, lavar e costurar, tarefas estas consideradas como exclusivamente femininas. Nem tão-pouco se pode dar a esse
luxo. O homem já se sente obrigado a participar
nestas tarefas, se não mesmo a realizá-las no lugar da esposa, ou mesmo, se não tiver outra hipótese, por viver sozinho. Muitas vezes verifica-se a
existência de pais que ficam em casa a cuidar dos
filhos enquanto a mãe vai trabalhar.
Devido a esta crescente inversão de papéis, alguns profissionais de saúde, no contexto da psicologia, apontam a necessidade da existência de
uma comunicação aberta entre os casais, visto
que, não só alguns homens não estão familiarizados com o novo papel da esposa, como também
esta pode não estar acostumada ao facto de que
o marido participa também nas tarefas domésticas acima referidas.
Acusam ainda muitos especialistas, que a mudança radical no funcionamento de um casal
pode levar à desorientação dos filhos. Por falta
de tempo de qualidade a criança é privada da referência educativa que tiveram dos pais as gerações anteriores.
Outro exemplo deste acontecimento é o crescente
desejo dos homens em terem filhos, desejo esse
que decresce nas mulheres, que acabam por engendrar desculpas para adiar a maternidade.
A mudança, muitas vezes forçada, dos papéis desempenhados tanto pelo homem como pela mulher, a nível familiar e profissional, pode também
acarretar modificações nos seus papéis sociais.
A mulher começa também a interessar-se por temas que ainda hoje são considerados ‘temas de
homens’ e vice-versa! Por exemplo, já ninguém
fica espantado quando passa na rua e ouve uma
mulher falar de futebol ou rugby ou mesmo por ir
assistir a um jogo ao estádio. Por outro lado, são
cada vez mais os homens a discutirem receitas de
culinária ou moda com alguém e muitos não perdem um episódio de novela – especialmente se as
actrizes foram bonitas.
_
JOANA FRANÇA
50
1.
2.
3
6.
51
7.
5.
A SUA ASSINATURA
FAZ A DIFERENÇA
41.116 assinaturas saíram de Portugal em dezembro em direção à Bielorrússia, à China, ao Irão, à
República Dominicana e ao Sudão. Os cinco países
referidos são os de origem dos cinco casos que fazem parte da ‘Maratona de Cartas 2012’, o maior
evento de direitos humanos do mundo, promovido anualmente pela Amnistia Internacional. O objetivo é, numa mesma altura, pessoas de todo o
mundo fazerem pressão sobre as mesmas autoridades para resolverem determinadas violações
de direitos humanos. Até final de fevereiro ainda
vai a tempo de fazer parte desta “avalanche” mundial de cartas que exigem o cumprimento dos direitos humanos. Tudo o que tem de fazer é assinar
os apelos que encontra em www.amnistia-internacional.pt/liberdade. Uma simples assinatura faz
toda a diferença!
Que o diga o ativista indiano Kartam Joga, que a
8 de janeiro deste ano foi libertado, depois de estar mais de dois anos preso por defender os direitos dos povos indígenas da região central da Índia, chamados “Adivasi”. O ativista documentou e
apresentou em tribunal provas de mais de 500 assassinatos ilegais e extrajudiciais, violações e outros abusos sexuais, aldeias e casas incendiadas e
o desalojamento de milhares de indígenas. Tudo o
que queria era o fim da impunidade que é comum
no país quando são cometidas violações dos direitos dos povos indígenas. A detenção ocorreu em
setembro de 2010 e no ano seguinte o seu caso
fez parte da ‘Maratona de Cartas’. A “avalanche”
de petições enviadas em seu nome ajudaram-no a
manter a esperança de ser libertado, quando corria o risco de ser condenado à morte. E a libertação aconteceu.
Infelizmente outros ativistas continuam em risco
e precisam da nossa ajuda. É o caso dos jovens do
grupo Girifna, que no Sudão denunciam as violações de direitos humanos cometidas pelo regime
do presidente Omar al-Bashir e por isso têm sido
detidos, torturados e vítimas de agressões sexuais. Ainda Narges Mohammadi, uma ativista dos
direitos humanos que, pelo seu trabalho, foi condenada a seis anos de prisão, no Irão. Também em
4.
detenção está Gao Zhisheng, um dos mais respeitados advogados da China, defensor dos direitos humanos, que em 2006 fez uma greve de fome
para chamar a atenção para a perseguição de ativistas pelas autoridades chinesas. Foi condenado
a três anos de prisão. Na europeia Bielorrússia o
também proeminente ativista Ales Bialiatski está
preso por não ter parado o trabalho do Centro de
Direitos Humanos Viasna, extinto em 2003. Por último é preciso não esquecer Juan Almonte Herrera, da República Dominicana, que foi levado pela
polícia em 2009 e nunca mais foi visto. Acredita-se que não terá resistido à tortura que lhe foi infligida. Pertencia ao Comité Dominicano de Direitos Humanos.
Cinco casos que representam bem as muitas ameaças que, em alguns países do mundo, persistem
para quem ousa fazer mais pelos direitos humanos. Temos de ser nós a fazer alguma coisa e a
nossa assinatura pode fazer toda a diferença. Saibam mais sobre os casos e assinem em www.amnistia-internacional.pt/liberdade.
* Por favor informe-nos da sua participação na Maratona de
Cartas para o email [email protected]
_
LEGENDAS
1. Selos que representam a imagem da Maratona de Cartas da
Amnistia Internacional.
2. O defensor de direitos humanos da Bielorrússia, Ales Bialiatski.
3. A defensora de direitos humanos iraniana Narges Mohammadi.
4. O chinês defensor dos direitos humanos Gao Zhisheng.
5. Juan Almonte Herrera, da República Dominicana, que desapareceu em 2009.
6. A estudante e ativista Safia Ishaag, do grupo Girifna.
7. Rudwan Dawod, ativista do Girifna.
_
AMNISTIA INTERNACIONAL PORTUGAL
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao abrigo
do Acordo Ortográfico de 1990.
“Dada a situação das famílias
e a baixa qualificação dos
portugueses, antes de alterar
a repartição das despesas
da Educação deve haver uma
reflexão profunda de modo a
que não haja retrocessos na
convergência do nível educacional
nacional com os dos nossos
parceiros europeus. Diversas
componentes que, por vezes,
são esquecidas” quando se fala
dos “custos e benefícios da
educação”.”
_
Declarações de Pedro Telhado
Pereira, professor da UMa, ao
jornal Público de 2 de Dezembro
de 2012.
IPSIS
VERBIS
“Hasta el curso pasado uno de
cada tres alumnos pedía una beca
para estudiar en la universidad,
pero este curso ya son un 45% los
universitarios que han solicitado
alguna ayuda económica a la
Administración. Según fuentes
de la Universitat de València, son
un 45% el número de alumnos
que han pedido beca. Y el
problema es que con la actual
crisis económica muchos de los
alumnos no pueden afrontar el
pago de la matrícula.”
_
Ezequiel Moltó em reportagem
para o El País de 11 de
Dezembro de 2012.
“Queremos dar um sinal muito
claro desde já de que é preciso
racionalizar ofertas, estabelecer
cooperações entre universidades,
coordenação nas ofertas e na
utilização dos recursos entre
instituições de ensino superior (…)
A fusão da Universidade Técnica
e da Universidade Clássica foi
iniciativa delas próprias, iniciativa
que o Governo acompanhou e
ajudou a concretizar. Essa é a
nossa posição em geral. Damos
sinais, apontamos caminhos
que cabem ao Governo fazê-lo,
mas é importante que sejam as
instituições de ensino superior a
tomar a iniciativa”.
_
Declarações do Ministro Nuno
Crato ao jornal Público de 12 de
Dezembro de 2012.
54
55
ACABOU A PRAXE?! NÃO.
A época da recepção ao Caloiro terminou começando, desde já, a época dos Finalistas, o Caruncho 2013. Na UMa, as coisas foram decorrendo
dentro da normalidade com muitos elementos
praxistas a idealizar, a preparar e a organizar
actividades diversas. Como em qualquer actividade, na Praxe existem regras definidas e sanções para quem as quebra ou as tenta contornar
mas, ao contrário do que acontece em muitas
outras Academias portuguesas, estas punições
não são do conhecimento público.
Ao longo dos anos estas questões, sensíveis por
sinal, foram sendo informadas única e exclusivamente a quem de direito. Hoje, mais do que
para tranquilizar pessoas externas à Praxe, no
sentido em que comprovam que há quem esteja atento, fiscalize e impeça os abusos. Estas informações, sendo públicas, testemunham que a
Praxe é tratada de forma mais aberta e transparente fazendo com que se viva, em diálogo, com
quem a rege, fiscaliza e exerce.
Todos os anos somos confrontados com notícias de que praxistas foram proibidos de trajar ou foram banidos da Praxe. Notícias mais
graves davam conta de praxistas que estariam,
agora, a responder por abusos em tribunal ou
na própria Academia podendo incorrer em penas de prisão ou de expulsão da universidade
portuguesa.
Na Madeira são poucos os abusos registados.
Aqueles que ocorrem resultam na aplicação
imediata da punição ou, em casos mais gravosos, na perda de fitas e, por conseguinte, retrocesso na hierarquia da Praxe e/ou na proibição
absoluta de praxar e de participar em cerimónias praxistas, mesmo quando se tratam de estudantes finalistas à beira do Corte das Fitas.
Engane-se aquele que pensa que os abusos registados referem-se apenas a praxistas e trajados. Estes podem ser perpetrados por bichos
ou caloiros entre si, contra praxistas ou contra
o património da Universidade. Nos casos mais
graves os caloiros, após serem praxados e baptizados, podem tornar-se, mesmo que forçadamente, anti-praxes.
A praxe da Universidade da Madeira é regulada e
regulamentada pelo Conselho de Veteranos, actualmente com 20 membros dos mais diversos
cursos e liderado por uma mulher. Este ano, e
apesar das faltas abusivas terem sido em menor número, foram registadas e punidas algumas faltas muito abusivas ao documento que regulamenta a Praxe sem que ocorressem actos
de violência.
No arquivo fica o registo de diversos caloiros que
passam a anti-praxes sem hipótese de recurso,
diversos caloiros e praxistas que, no próximo
ano lectivo, estão limitados ou proibidos de praxar, praxistas que perdem fitas e retrocedem na
hierarquia da praxe e inúmeros castigos de apli-
cação imediata. Foram 58 os casos assinalados,
estando pendente, à hora do fecho desta reportagem, outros 6.
A Praxe é para todos mas nem todos estão para
a Praxe. Como em tudo o que nos rodeia, existem regras e formas de trabalhar. Quem não as
respeita não as consegue ensinar e acaba por,
num momento de menor clareza de espírito,
prejudicar alguém ou alguma coisa. Os números são claros. Agora resta fazê-los diminuir e
desejar que o Caruncho e o Corte das Fitas decorram dentro da normalidade, com muitos caloiros a passarem a marroncos e com muitos
finalistas que sejam, em simultâneo e cumulativamente, finalistas e praxistas. Ser só finalista não basta para participar nesta cerimónia
académica. Mas essa guerra e esses números
ainda vêm longe.
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SOFIA JESUS
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DINARTE VASCONCELOS
Eng. Electrónica e Telec.
“Maior compreensão dos
professores para com os
alunos.”
DIOGO CRÓ
Engenharia Informática
“Maior componente prática da UC.”
PEDRO IDEIA
Bioquímica
“Uma segunda cadeira
de Biotecnologia.”
MICAELA FERREIRA
Estudos Ingleses
e Relações Empresariais
“Restauração das cadeiras existentes relacionadas com as áreas de gestão e de economia.”
QUE SUGESTÃO DAVAS
À UMa PARA MELHORAR O
TEU CURSO?
CATARINA REBOLO
Ciências da Educação
“Tornar o curso mais prático a nível de estágio.”
EDNA GÓIS
Engenharia Informática
“Não haver notas mínimas
em frequências.”
RODOLFO RODRIGUES
Eng. Electrónica e Telec.
“Garantir o mesmo grau de exigência em todas as cadeiras.”
EVA ALVES
Educação Básica
“Maior duração das
aulas práticas.”
LÍDIA VIVEIROS
Economia
“Reduzir o intervalo de
tempo entre cadeiras.”
VÍTOR CAMACHO
Engenharia Informática
“Distribuição racional dos
ECTS pelas cadeiras.”
CATARINA SOUSA
C.E.T. Guias da Natureza
“Nenhuma. Estou contente
com o meu curso.”
PRISCILA PAIVA
Ciências da Cultura
“Criação de novos mestrados,
nomeadamente em Jornalismo, Português, História e Turismo.”
_
JORGE ALVES
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PAUTA FINAL
CONSELHO GERAL
Parece que nem toda a campanha da lista A foi em
vão, baseada em acusações, em mentiras ou em
ilusões. O preponente da lista irá, de acordo com
uma das suas promessas eleitorais, abandonar
a Instituição. Nem tudo está perdido. Será que é
desta vez que ele consegue que o aceitem?
MANUTENÇÃO
A falta de verbas, aliada ao desgaste dos edifícios,
torna a manutenção da Universidade uma tarefa
herculana. A equipa que garante a manutenção dos
nossos espaços merece o reconhecimento de todos
os utentes que, diariamente, utilizam os edifícios.
Cabe a todos auxiliarmos nessa tarefa.
GABINETE DE IMAGEM E RELAÇÕES PÚBLICAS
Há vida além da Revista de Imprensa e da elaboração
de capas de dissertações. Afinal, a boa imagem
começa de dentro para fora e o trabalho, nesse
sentido, é praticamente nulo. Falta comunicação
de quem deveria gerir a comunicação institucional
que, pelos vistos, não sabe o que faz.
BIBLIOTECA
O barulho na biblioteca impede que qualquer utente
possa utilizá-la para o seu verdadeiro propósito.
Existindo outras bibliotecas na região, que não
passam pelo mesmo problema, indagamos se a
culpa será só dos utilizadores.
EXCELENTE
MUITO BOM
PÉSSIMO
PÉSSIMO
MECENAS:
APOIOS: