Author Guidelines for 8 - Multimedia Signal Processing Group, IT-Lx
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MP3 Frederico Cadete (56611), César Luís (56729) e Daniel Viegas (56732) Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal E-mail: [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO O formato MP3 alterou significativamente o uso geral da música. É um caso de estudo importante desde vários pontos de vista, seja da sua definição, aspectos técnicos, adopção e efeito na indústria musical e gestão de direitos de autor. Este artigo consiste num trabalho de pesquisa sobre estes pontos, procurando fornecer uma visão abrangente sobre o codec e o seu contexto. Palavras-chave: MP3, Compressão de Áudio, Codificação Perceptual 1. INTRODUÇÃO MP3 é uma abreviatura para MPEG-1 Audio Layer 3. Tratase de um formato de codificação de áudio definido no standard MPEG-1 (publicado formalmente como a norma ISO/IEC-11172). Este standard, construído durante os anos de 1988 a 1990, tem como objectivo generalizar um esquema de codificação digital de vídeo a uma taxa de 1.5Mbit/s, compatível com o ritmo de leitura do CD. Como efeito colateral, definiu um formato de codificação de áudio que veio a alterar drasticamente a forma como a música é ouvida e vendida: o MP3. Este artigo procura dar ao leitor uma visão geral do formato MP3 abordando vários aspectos, tanto do foro técnico como do social. Numa primeira parte expõem-se as especificações técnicas do formato, assim como as vantagens e desvantagens que traz. Depois, menciona-se brevemente o assunto das patentes para a codificação e descodificação de MP3, seguindo-se um estudo do impacto do formato na sociedade. Segue-se uma análise da evolução do MP3 até aos nossos dias, bem como de formatos alternativos existentes. Por fim, e em jeito de conclusão, fala-se do futuro do formato. 2. CODIFICAÇÃO ÁUDIO EM MP3 Os principais objectivos de codificação de áudio para o standard MPEG1 foram os seguintes [1]: • Codificação de sinais de um (mono) ou dois canais (estéreo); • • • • Acesso aleatório (possibilidade de iniciar reprodução em qualquer ponto); Baixo atraso de reprodução; Bitrate de cerca de 300kbit/s ou menor; Diferentes níveis de complexidade, adaptáveis a cada aplicação. A codificação multi-canal pode ser feita de um de quatro modos [2]: • Mono – um único canal • Dual Channel – dois canais não correlacionados, como por exemplo duas versões em línguas diferentes. • Stereo – sinal áudio com dois canais estereofónicos codificados independentemente. • Joint Stereo – sinal áudio com dois canais estereofónicos, codificados explorando as redundâncias estereofónicas (especificamente, elimina a precisão estéreo acima dos 2kHz). Como forma de cumprir os dois objectivos de acesso aleatório e atraso de reprodução, o sinal áudio é dividido em frames. Cada frame poderá ser descodificada de forma independente e terá de ser precedida por um cabeçalho contendo a informação necessária à descodificação. O sinal áudio correspondente a cada frame pode ser codificado de uma de 3 formas, de complexidade crescente: as layers (camadas). As duas primeiras layers baseiam-se na codificação em frequência do sinal, dividindo-o em 32 gamas de frequência (sub-bandas) e atribuindo um coeficiente a cada uma; na Layer I, estes são computados sobre cada 384 amostras temporais, permitindo menor atraso e complexidade que a Layer II, que usa 1152 amostras. A estrutura simplificada da Layer I implica, no entanto, factores de compressão mais limitados. A Layer III, objecto deste estudo, adiciona duas características muito importantes ao nível do bitstream. • MDCT – Efectua uma transformação MDCT (Modified Discrete Cosine Transform) sobre os coeficientes de cada sub-banda. Desta forma, cada bloco temporal de sinal é dividido em 576 componentes de frequência. Ao obter-se uma maior resolução de frequência, permite-se ao 1 • • codificador maior precisão na codificação perceptual, e consequentemente maiores factores de compressão para a mesma qualidade percepcionada. Esta técnica pode produzir préecos; para evitar este artefacto, a MDCT pode ser efectuada sobre janelas de 6 ou 18 pontos (janela dinâmica). Codificação de Huffman – Os coeficientes resultantes da MDCT são codificados pelo método de Huffman, definido numa de 32 tabelas disponíveis. Codificação Mono/Stereo – opcionalmente, podese codificar os sinais (L+R) e (L-R) em vez de codificar L e R directamente. Esta aproximação explora redundâncias entre os dois canais e ganha bitrate na quantização do canal (L-R), usualmente com menor intensidade. Pode ser usado em conjunto com o modo Joint Stereo. Para todas as camadas, obtém-se compressão ao quantizar os coeficientes durante a codificação. O codificador, e consequentemente a estratégia de quantização, não são impostos pelo standard. No entanto, é severamente limitada pelo bitstream definido e recomendase o uso de codificação perceptual. 2.1. Codificação perceptual Os formatos de áudio definidos no MPEG1 foram dos primeiros a fazer uso de técnicas perceptuais de codificação de áudio. A codificação perceptual procura explorar as limitações do sistema auditivo humano. Os fenómenos auditivos explorados pelo MP3 são: • Limiar de audibilidade em silêncio – Para cada frequência, o ser humano ouve apenas sinais com amplitude acima de um determinado limiar, mesmo se não houver energia nas restantes frequências (Figura 1) • Mascaramento em frequência – Um sinal forte numa determinada frequência torna inaudíveis sinais fracos em frequências próximas (Figura 1) • Mascaramento temporal – Um sinal forte num dado instante torna inaudíveis sinais fracos em janelas temporais imediatamente anteriores (prémascaremento) ou posteriores (pós-mascaramento) (Figura 2). • Quantizar os restantes sinais com o mínimo de bits que mantenha o ruído resultante da quantificação esteja do limiar (seja inaudível); elimina precisão desnecessária. Desta forma elimina-se a informação irrelevante, construindo um sinal que é perceptivelmente idêntico ao original, mas que pode ser descrito com menos bits. Figura 1 – Limiar de audibilidade em silêncio (Threshold of hearing) e mascaramento em frequência. O sinal mascarador (masker) define um limiar de mascaramento (masking threshold). Sinais abaixo deste limiar (masked tones) podem ser descartados. (Fonte: [4]) Figura 2 – Mascaramento temporal. Um sinal pode mascarar outros imediatamente anteriores e/ou posteriores a ele mesmo. (Fonte: [5]) A Figura 3 apresenta uma arquitectura de codificador que faz uso de codificação perceptual, bem como a de um descodificador normativo. Um codificador mp3 que faça uso de codificação perceptual analisa o sinal áudio para computar um limiar de mascaramento (Figura 1), que define para cada frequência a amplitude abaixo do qual um sinal é inaudível. Este permite: • Descartar coeficientes correspondentes a sinais abaixo deste limiar; elimina coeficientes irrelevantes. 2 • • Figura 3 – Arquitectura-tipo de codificador e descodificador MP3. Todos os blocos excepto os de MDCT e codificação Huffman são partilhados pelas 3 camadas. É importante notar que o codificador não é definido na norma. (Fonte: [6]) Ruído de quantização – O ruído de quantização introduzido no codificador é muito diferente do ruído presente nos meios de armazenamento e comunicação anteriores. Trata-se de um ruído nãobranco, pois é diferente para cada componente de frequência, e variante no tempo, pois é diferente em cada frame. Perda de largura de banda – Ao não conseguir cumprir a bitrate pedida, um codificador pode apagar componentes de frequência, normalmente as correspondentes às frequências mais elevadas. De novo, o erro introduzido é variante no tempo (diferente em cada frame). Em geral, as perdas de qualidade introduzidas são perceptivelmente diferentes das presentes em métodos de armazenamento analógicos, como vinil ou fita magnética, e até no CD áudio. Este facto levou a uma baixa adopção do formato por audiófilos; no entanto, foi provado que novas gerações de ouvintes acabam por preferir o ruído do MP3, possivelmente por uma questão de hábito [8]. 2.2. Qualidade do MP3 A codificação de um sinal MP3 pode implicar perdas de qualidade perceptíveis, especialmente quando se codifica para bitrates baixas [1]. Verificam-se: • Pré-ecos – O ruído de quantização é imposto sobre um coeficiente de componente de frequência. No domínio do tempo, este erro está espalhado sobre todo o frame em causa. Assim, e especialmente no caso de transições temporais súbitas (um som de castanholas, por exemplo), pode-se ouvir ruído significativo mesmo antes do evento que o causa (Figura 4). Como forma de evitar este efeito, a MDCT pode utilizar janelas de 6 ou de 18 pontos. A janela de 6 pontos sacrifica resolução de frequência para ganhar resolução temporal e deve ser utilizada quando o modelo perceptual detecta a possibilidade de pré-eco. O pós-eco, artifício análogo, é normalmente inaudível devido ao pósmascaramento. 3. PATENTES Várias empresas têm criado patentes relativas à codificação e descodificação de MP3 um pouco por todo o mundo [10], o que tem criado incerteza acerca de quais devem ser licenciadas para criar software relacionado com MP3 nos países que permitem patentes de software. Por exemplo, nos EUA existem várias patentes com diferentes datas de expiração e pertencentes a diferentes empresas [11]. No entanto, os donos das patentes decidiram permitir a criação de descodificadores não licenciados, desde que sejam grátis ou open source, o que permitiu o desenvolvimento de muitos descodificadores livres. Em suma, a quantidade de patentes conflituosas de diversas empresas e a ambiguidade das respostas legais em relação a descodificadores e codificadores não licenciados faz com que o estatuto legal do MP3 seja muito pouco claro. 4. IMPACTO DO MP3 A aparição do formato MP3 e a sua popularização teve efeitos profundos na sociedade: 4.1. Comodidade Figura 4 – Pré-eco. Uma transição abrupta pode provocar ruído de quantização espalhado por toda a janela temporal descrita pelos coeficientes MDCT. O formato MP3 permitiu uma comodidade e flexibilidade sem precedente no armazenamento e organização de música para o utilizador comum. Com efeito, permite guardar música em ficheiros de tamanho relativamente reduzido (poucos Mb por música), o que facilita grandemente a produção de cópias de segurança numa grande variedade de formatos. 3 Para além disso, o facto de ser um formato digital permite uma duração de vida teoricamente infinita: ao invés dos formatos analógicos, não há degradação dos dados devido a sucessivas audições e/ou cópias. Em termos de flexibilidade são de realçar dois aspectos: a possibilidade de “saltar” para qualquer faixa ou ponto da faixa, já existente no CD mas ausente nas cassetes e difícil nos discos de vinil, é um aspecto muito importante para muitos utilizadores. Para além disso a divisão das faixas em ficheiros pequenos facilitou como nunca antes a personalização de compilações e listas de reprodução. Finalmente, em conjunto com a democratização da Internet, o formato MP3 permite a pequenos artistas sem recursos divulgar o seu trabalho a uma base de potenciais ouvintes muito vasta [12]. 4.2 Distribuição de música na Internet A adopção por parte dos consumidores da música digital, principalmente em formato MP3, abriu as portas a uma nova forma de distribuição: as lojas de música online. As primeiras lojas que abriram encontraram várias dificuldades [13]: houve resistência inicial dos consumidores, principalmente devido a preços muito elevados (a The Store, da Sony, que abriu em 2000, alugava as músicas por $3,50 cada), e as grandes companhias de música não queriam licenciar os seus catálogos a outras empresas (caso das lojas MP3.com, Cductive e eMusic). Porém, com o passar dos anos, a venda de música tem vindo a aumentar devido a ofertas mais atractivas, como a iTunes Store da Apple (actualmente líder de mercado), e devido à introdução no mercado de leitores de áudio digitais portáteis a preços acessíveis. Hoje em dia, a venda de música online tem uma fatia de mercado de 20% [14], e tem aumentado consistentemente (Figura 5). pessoal, a pirataria de música explodiu em termos de volume e alcance da população geral. O problema não era novo, pois já havia pirataria, embora em menor escala, com a cópia de cassetes e CDs [15], mas o aparecimento do MP3, combinado com o aumento das taxas de transferência na Internet, fez com que a partilha ilegal de música fosse muito mais fácil e barata que anteriormente. Os principais veículos para a troca de ficheiros protegidos eram e são as redes peer-to-peer, tendo sido o Napster o primeiro grande programa de partilha de música. De facto, o Napster foi responsável por grande parte das trocas de música ilegal no fim dos anos 90 [16]. Com o fecho do Napster, imposto judicialmente pelas editoras de música, surgiram vários programas semelhantes, como o Kazaa e o Imesh. Hoje em dia existem muitas e variadas implementações de redes peer-to-peer, como o Emule e o Bittorrent, que alargaram a partilha de ficheiros ilegais a filmes, jogos e e-books. A indústria musical usou várias estratégias para tentar travar a pirataria: as grandes plataformas de peer-topeer foram atacadas em tribunal, várias companhias introduziram DRM (Digital Rights Management) nas músicas vendidas online, e houve extensas campanhas antipirataria (como se pode constatar reproduzindo grande parte dos DVDs comerciais). No entanto, as medidas tiveram muito pouco efeito e, hoje em dia, estima-se que 95% de toda a música transferida na internet seja ilegal [17], e as grandes companhias de música têm vindo a culpar a pirataria pelas fortes quebras de rendimentos na indústria musical. Embora as empresas produtoras de música condenem unanimemente a partilha ilegal de música, tem havido muito debate sobre os aspectos positivos da pirataria, como a maior exposição de artistas menores e a possibilidade de ouvir antes de comprar, havendo até estudos que defendam que os piratas são os maiores compradores de música legal [18]. 4.4. Leitores de MP3 Figura 5 – Rendimentos da venda de música digital (Fonte: [14]) Leitores de áudio portáteis existem desde o aparecimento de suportes de armazenamento que o permitam, como as cassetes e os CDs. No entanto, só com a miniaturização dos dispositivos electrónicos e a proliferação da música digital se conseguiu atingir a meta simbólica do leitor que cabe em qualquer bolso. Hoje em dia, os outros tipos de leitores portáteis desapareceram quase completamente, sendo o leitor de MP3 praticamente omnipresente. De facto, preços acessíveis aliados à comodidade inerente ao formato abriram novos mercados aos leitores portáteis de áudio, antes quase exclusivamente usados por adolescentes. 4.3. Pirataria Com o aparecimento do MP3, o primeiro formato de compressão de áudio facilmente utilizável num computador 4 5. EVOLUÇÃO DO MP3 Apesar do formato clássico mp3 continuar a ser o mais popular actualmente, algumas evoluções a partir deste surgiram entretanto, embora não com muito sucesso. O mp3PRO é um codec que visa em especial apresentar uma melhor qualidade para bitrates mais baixos, tipicamente abaixo dos 128kbps. Abaixo deste bitrate o formato MP3 não consegue codificar toda a banda de frequências e vai ignorar as bandas mais elevadas. Como resultado a música perde muita qualidade e para bitrates muito baixos o resultado pode ser muito mau. Por sua vez o mp3PRO ao fazer uso da tecnologia Replicação da Banda Espectral (em inglês Spectral Band Replication – SBR) apesar de não codificar as bandas mais elevadas, esta tecnologia vai permitir reconstruí-las transpondo as harmónicas de frequências mais baixas [19]. Uma das razões porque este codec não se tornou popular foi o facto de apesar dos clássicos leitores de mp3 conseguirem ler os ficheiros neste novo formato (pois há compatibilidade directa) estes não conseguem no entanto tirar proveito desta inovação e só uma empresa comercializou leitores portáteis que suportavam plenamente este formato (a RCA), mas devido ao muito pouco sucesso deixou de os produzir [20]. O MP3 Surround é uma outra evolução do MP3, sendo que esta tem como objectivo enaltecer a qualidade do som, estendendo a codificação a 5 canais (surround) em vez de apenas 2. Esta tecnologia foi, tal como o MP3, desenvolvida no Fraunhofer Institute e apresenta também compatibilidade directa [21]. Apesar do medíocre sucesso que esta tecnologia teve, sempre causou mais impacto que o mp3PRO, pois embora os ficheiros sejam cerca de 10% maiores, para bit rates elevados a qualidade é superior. A Playstation 3, ao suportar este formato em 2008, proporcionou-lhe grande parte do seu reduzido sucesso [22]. a ser desenvolvido e em 1999 é constituído MPEG-4 (parte 3). Foi inicialmente desenvolvido com o objectivo de constituir o melhor codec de alta qualidade para múltiplos canais sem quaisquer restrições de compatibilidade, nomeadamente ao MPEG-1. É portanto visto como o principal sucessor do MP3 [23]. O esquema básico de funcionamento do AAC é semelhante ao do MP3, só que dispõe de algumas ferramentas adicionais e outras melhoradas, que permitem melhorar a eficiência. (Figura 6). • • • • • As principais vantagens sobre o MP3 são [24]: Codificação para 48 canais no máximo (o MP3 só suporta 2) Frequências de amostragem dos 8kHz aos 96kHz (o mp3 só suporta de 16kHz – 48kHz) Modos de codificação como o joint stereo podem ser usados em simultâneo para bandas diferentes (no MP3 só um pode ser usado de cada vez) Melhor tratamento das frequências acima dos 16kHz (o MP3 não possui factor de escala nestas bandas) O uso de tecnologias como Noise Shaping, Perceptual Noise Substitution e Backwards Prediction, entre outras, contribui para uma melhor eficiência na codificação. 6. FORMATOS ALTERNATIVOS Como se tem vindo a referir, o MP3 perde muita qualidade para débitos inferiores a 128kbps, pois não foi especialmente desenvolvido para tal. O facto de ser um codec que não é livre é também um grande obstáculo para as grandes empresas. Os formatos seguintes são por estes motivos os principais formatos alternativos. 6.1. AAC O AAC foi desenvolvido no Fraunhofer Institute em conjunto com outras companhias e foi constituído em 1997 como MPEG-2 (parte 7), 4 anos depois da norma ISO do MPEG-1 ter sido publicada. Desde então tem continuado Figura 6 – Diagrama de blocos do MPEG-2 AAC 5 6.2. Ogg Vorbis Ogg é um projecto da fundação Xiph.Org de compressão/descompressão de dados, open source e totalmente livre de licenças e patentes. No que respeita ao áudio, o formato tem como nome Vorbis. Este codec começou a ser desenvolvido após o anúncio em 1998 por parte do Instituto Fraunhofer de que iria começar a cobrar direitos pelo uso da patente MP3. Em meados de 2002 foi lançada a primeira versão [25]. Apesar de se tratar de um codec livre, as versões Vorbis sempre apresentaram uma boa relação de qualidade/eficiência, sendo que actualmente, com os constantes melhoramentos, este rácio já é mais favorável ao formato Vorbis que a qualquer outro codec, nomeadamente ao formato AAC que se lhe segue mas francamente distanciado [26] [27]. O esquema de funcionamento deste codificador é algo diferente dos anteriores. Depois de realizada a MDCT, o sinal é decomposto em 2 componentes a fim de calcular o erro a introduzir (Figura 7). Depois de cada bloco de dados ser comprimido, vai dar origem a um pacote de bits. Estes pacotes têm informação de sincronismo associada, para que durante a junção de todos a fim de obter o ficheiro final, a sequência não seja trocada. As principais características específicas do formato Ogg Vorbis são: • Codificação de débito variável (Variable Bit Rate, VBR) • Frequências de amostragem dos 8kHz aos 48kHz. • Janelas de resolução no tempo e na frequência extremamente flexíveis desde 32 até 8192 amostras. Figura 7 – Diagrama de blocos do formato Ogg Vorbis. Devido à sua grande qualidade de codificação comparativamente aos principais codecs existentes (Figura 8) e ao facto de ser totalmente livre de royalties, este codec tem-se vindo a tornar cada vez mais popular, sendo que o seu maior feito seja possivelmente na indústria dos videojogos, onde vários jogos famosos o adoptaram como formato de áudio. Figura 8 – Comparativo de qualidade entre vários codecs. Foram utilizados os seguintes codificadores: OggEnc 1.0.2, LAME MP3 Encoder 3.96.1, WMA 9.1 e Apple iTunes 7.0.1 (AAC). 7. FUTURO DO MP3 O MP3 é um enorme caso de sucesso, e constituiu uma enorme revolução. Possibilitou às pessoas ter uma vasta colecção de música quer nos computadores pessoais quer posteriormente na palma das suas mãos. Inicialmente desenvolvido na perspectiva de que nunca iria ter sucesso devido à sua grande complexidade, passados poucos anos não só já era uma tecnologia perfeitamente plausível de ser usada, como se enquadrou perfeitamente no contexto social, com o crescimento da internet. Com o passar do tempo foram surgindo novos codecs que melhoraram alguns aspectos em que o MP3 não é tão eficaz. Contudo, o MP3 mostrou-se sempre muito robusto e mesmo à data presente ainda não existe nenhum outro codec que constitua uma alternativa superior ao ponto de fazer com que os consumidores mudem de formato. Uma das principais limitações do MP3 é a fraca qualidade para débitos baixos, mas com a evolução do espaço de armazenamento e da velocidade de internet a necessidade de economizar espaço foi diminuindo progressivamente. Como para débitos elevados as qualidades dos vários codecs disponíveis são semelhantes para a grande maioria dos utilizadores, estes não terão razões para mudar [28]. Apesar de todas as empresas discográficas e grande parte dos artistas estarem contra o uso do MP3, nunca o puderam proibir. As formas de limitar a distribuição de músicas até à data presente também nunca surtiram efeitos. Formas de protecção de música como os DRMs nunca resultaram pois são dispendiosos, diminuem a comodidade de uso pelos consumidores e não são infalíveis [29]. A Apple, que desenvolveu o iPod, vende também música através da principal e destacadíssima loja de música online 6 iTunes, mas a indústria discográfica também não vê com bons olhos esta alternativa, pois continua-se no domínio digital (logo passível de ser pirateado) e não quer por outro lado entregar o monopólio deste comércio à Apple [30]. Não havendo portanto nenhum grande entrave ao uso do MP3, e também devido à inexistência de uma alternativa francamente melhor que torne o formato obsoleto, prevê-se que o MP3 continue durante os próximos anos a ser o codec de áudio de eleição [29]. REFERÊNCIAS [1] PHADE Software, “The MPEG FAQ”, [Online] http://www.faqs.org/faqs/mpeg-faq/part1/ as of May 2009. [2] Karlheinz Brandenburg, “MP3 and AAC explained”, AES 17th International Conference on High Quality Audio Coding [3] Peter Noll, “MPEG Digital Audio Coding Standards.”, 2000, CRC Press LLC. <http://www.engnetbase.com>. [4] Edward Chow, “Audio Processing”, May 2009 [Online], http://cs.uccs.edu/~cs525/audio/audio.html. [5] Eric Cheng, “Analysis of Dinamic Shaping on Unaccompanied Bach, May 2009 [Online], http://wwwscf.usc.edu/~ise575/b/projects/cheng/ [6] “MPEG Digital Audio Coding”, in IEEE Signal Processing Magazin, September 1997. [7] Nick Spence, “Computer Generation Prefers MP3 fidelity to CD”, [Online] in Computer Dealer News, 3/5/2009, http://www.itbusiness.ca/it/client/en/cdn/News.asp?id=52299 [8] iPod generation prefer MP3 fidelity to CD, http://www.itbusiness.ca/it/client/en/cdn/News.asp?id= 52299 [9] MPEG-FAQ: Multimedia Compression, http://www.faqs.org/faqs/mpeg-faq/part1/ [10] MP3, http://en.wikipedia.org/wiki/MP3 [11] A Big List of MP3 patents (and supposed expiration dates), http://www.tunequest.org/a-big-list-of-mp3patents/20070226/ [12] Beating the record labels: small-time artists get a fair shot on the Internet, http://tech.blorge.com/Structure:%20/2008/12/30/beatin g-the-record-labels-small-time-artists-get-a-fair-shoton-the-internet/ [13] Online music store, http://en.wikipedia.org/wiki/Online_music_store [14] Digital Music Report 2009, IFPI, http://www.ifpi.org/content/library/DMR2009.pdf [15] The History of Recorded Music – Piracy, http://www.computerdjsummit.com/members/document s/piracy.html [16] Peer-to-Peer – History and Future, http://wiki.mediaculture.org.au/index.php/Copyrighted_Music_Piracy [17] Shocking: 95 Percent Music Downloads Still Illegal, http://www.tomsguide.com/us/mp3-downloads-musicpiracy-ifpi,news-3315.html [18] Study: P2P users buy more music, http://arstechnica.com/old/content/2006/03/6418.ars [19] Mp3PRO Basics: Technology, http://www.mp3prozone.com/basics.htm [20] mp3PROhttp://en.wikipedia.org/wiki/Mp3_pro [21] About MP3 Surround, http://www.all4mp3.com/Learn_mp3_surround_1.aspx [22] MP3 Surround, http://en.wikipedia.org/wiki/Mp3_surround [23] Introduction to Digital Audio Coding and Standards, M. Bosi, R. E. Goldberg, The Springer International Series in Engineering and Computer Science, 2003, pp. 333-334. [24] Advanced Audio Coding, http://en.wikipedia.org/wiki/Advanced_Audio_Coding [25] Ogg/Vorbis in Embedded Systems, E. Montnémery, J. Sandvall, 2004, pp. 3, 7. [26] "MP3, WMA, AAC, OGG qualité à 96 kbps (évaluation) - Traitement Audio - Video & Son FORUM HardWare.fr". http://forum.hardware.fr/hardwarefr/VideoSon/MP3WMA-AAC-OGG-qualite-kbps-evaluation-sujet84950-1.htm, 2008-01-12. [27] "MPC vs VORBIS vs MP3 vs AAC at 180 kbit/s Hydrogenaudio Forums". http://www.hydrogenaudio.org/forums/index.php?show topic=36465, 2008-01-12. [28] MP3 – Passado, presente e futuro, http://palcoprincipal.sapo.pt/artigos/Artigo/mp3_passad o_presente_e_futuro [29] Pundits at summit ponder MP3’s future, http://news.cnet.com/Pundits-at-summit-ponder-MP3sfuture/2100-1023_3-227223.html [30] Who’s Killing MP3 and ITunes?, http://www.wired.com/entertainment/music/commentar y/listeningpost/2007/01/72412 7
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