Clinical Case Study Estudo do Caso
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Clinical Case Study Estudo do Caso
Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Myocardial Infarction in a 72-Year-Old Woman with Low LDL-C and Increased hsCRP: Implications for Statin Therapy Paul M Ridker1 Enfarte do Miocárdio numa Mulher de 72 anos com Baixo LDL-C e Elevada hsCRP: Implicações para Terapia Estatina Paul M Ridker1 Center for Cardiovascular Disease Prevention, Brigham and Women’s Hospital, Harvard Medical School, Boston, MA. Envie correspondência para o autor para: Center for Cardiovascular Disease Prevention, Brigham and Women’s Hospital, 900 Commonwealth Avenue East, Boston, MA 02215. Fax 617-734-1508; e-mail [email protected]. DESCRIÇÃO DO CASO Uma mulher branca de 72 anos se submeteu a um exame físico anual de rotina. Ela não tinha histórico de diabete, doença cardiovascular, câncer, ou condição inflamatória crônica. Ela manas mais tarde 7.4 mg/L). Com esses dados, o risco calculado de 10 anos da paciente de acordo com a Contagem de Riscos de Reynolds era de 23.2%, ou risco muito alto. fumava, tinha hipertensão, (pressão sanguí- Recomendações para terapia preventiva para nea sistólica 145 mm Hg), e estava sendo tra- essa paciente foram baseadas nas diretrizes tada com um inibidor da enzima de conversão de Framingham, portanto nenhuma interven- da angiotensina. Ela não usava outra medicação. Exame físico não foi marcante. Ela estava ção farmacológica foi fornecida. Quatro meses mais tarde a paciente foi admitida com enfarte magra com um índice de massa corpórea de agudo do miocárdio e substancial perda da 23 kg/m . função ventricular. Angiografia coronária re- 2 Avaliação laboratorial incluía colesterol total [5.59 mmol/L (216 mg/dL)], colesterol LDL (LDL-C)1 [2.69 mmol/L (104 mg/dL)], e HDLC [2.12 mmol/L (82 mg/dL)]. Seu médico considerou sua concentração de lipídeos "ótima," e o risco calculado de 10 anos de Framingham da paciente para doença cardiovascular era de velou estenoses nas artérias descendentes e circunflexas anteriores esquerdas. Ela foi tratada com stent farmacológico e lhe foi precrito sinvastatina 40 mg, aspirina, e Plavix; 30 dias depois que a terapia para redução dos lipídeos foi iniciada, LDL-C era de 2.02 mmol/L (78 mg/dL) e hsCRP era de 4.8 mg/L. 7% ou baixo risco, apesar de sua idade e do histórico de fumo. Entretanto, a paciente tinha Tanto a paciente quanto seu médico indagavam porque o enfarte do miocárdio ocorreu um histórico familiar que incluía enfarte do apesar das excelentes concentrações de lipí- miocárdio em seu pai com a idade de 58 anos deos, e ambos procuraram informação para assim como cirurgia de bypass em um irmão saber se as concentrações de LDL-C e hsCRP com a idade de 62 anos. Sua proteína C reati- alcançadas pela paciente estavam adequadas va de alta sensibilidade (hsCRP) estava au- para cuidados a longo prazo. mentada a 7.7 mg/L (valor de repetição 2 se- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico DISCUSSÃO Limitações de algoritmos tradicionais de pre- ção desempenha papéis cruciais na adesão visão de risco celular precoce que inicia a aterosclerose e na Investigadores epidemiológicos em Framingham, MA, definiram idade, hipertensão, fumo, diabete, e hiperlipidemia como os principais fatores de risco coronário. Ao longo do tempo, esses marcadores de risco foram codi- expansão e ruptura das placas aterotrombóticas por outro lado estáveis. Esse processo posterior leva à isquemia aguda e necrose, resultando em enfarto do miocárdio, derrame, ou morte vascular (1). ficados em contagens globais de previsão de Clinicamente, essa resposta inflamatória au- risco, que são frequentemente usadas por médicos de primeiros tratamentos para avaliar mentada é facilmente medida usando-se testes de alta sensibilidade para hsCRP que têm o risco cardiovascular. Grandemente com base sido liberados pela Food and Drug Adminis- nesses algoritmos de risco, diretrizes de tra- tration dos Estados Unidos para o uso na veri- tamento para prevenção do enfarte do mio- ficação do risco cardiovascular global e na cárdio, derrame, e morte cardiovascular reco- previsão do derrame. Nas diretrizes publica- mendam terapia com estatina para pacientes das pela Associação Americana do Coração e com doença vascular estabelecida, diabete, e CDC em 2003, hsCRP foi recomendada como hiperlipidemia clara. Essa abordagem é insufi- adjunta para a previsão do risco global com ciente, entretanto, porque metade de todos os concentrações de hsCRP <1, 1–3, e >3 mg/L eventos de derrame e enfarte do miocárdio correspondente às categorias de risco relativo ocorre entre homens e mulheres aparentemente saudáveis com concentrações médias e mais baixo, moderado, e mais alto, respectivamente (2). até mesmo baixas de colesterol, e 20% ocorre na ausência de qualquer fator principal de risco. Como demonstrado nesse caso, enfarte do miocárdio frequentemente ocorre entre homens e mulheres aparentemente saudáveis com concentrações de LDL-C consideradas ótimas, bem abaixo do objetivo terapêutico de 3.37 mmol/L (130 mg/dL) sugerido nas atuais diretrizes de tratamento. Inflamação e pectivos realizados entre homens e mulheres aparentemente saudáveis no mundo todo, concentrações de hsCRP têm repetidamente provado servir como preditores independentes de futuros eventos vasculares, com uma magnitude de efeito comparável se não maior do que aquela associada com LDL-C (3). Visto que hsCRP tem uma meia vida longa e con- HScrp Nos 40 anos que se passaram desde o estabelecimento dos fatores principais de risco cardíaco, nossa compreensão da biologia Em mais de 20 estudos epidemiológicos pros- da aterotrombose tem avançado acentuadamente. Todos os principais compêndios agora descrevem doença da artéria coronária não apenas como um distúrbio de deposição de lipídeos mas também como um transtorno de inflamação sistêmico de baixo grau. Inflama- centrações de hsCRP não são afetadas por consumo de alimentos, amostras sanguíneas em jejum não são necessárias. Como relatado nesse artigo da Clinical Chemistry, numa avaliação abrangente de vários potenciais biomarcadores inflamatórios realizados pela American Association for Clinical Chemistry e National Academy of Clinical Biochemistry, apenas a hsCRP tinha características aceitáveis de teste para uso amplo do paciente externo. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Em cenários de salas de emergência, concen- os valores excedem 3 mg/L, medição de repe- trações elevadas de hsCRP também prevêem tição em 2 ou 3 semanas é aconselhada, e o instabilidade entre pacientes com dor no pei- valor mais baixo (em vez da média) deve ser to. Entre os pacientes com síndrome coronária usado para a previsão do risco. aguda, hsCRP elevada está intimamente associada com elevada mortalidade vascular, mesmo quando os biomarcadores de necrose miocárdica tal como troponina são negativos. hsCRP é também uma poderosa preditora de derrame, uma observação de importância clínica porque nesse cenário LDL-C é menos eficiente como um preditor de risco. Especificidade e uso clínico da HScrp Na maioria dos estudos, concentrações de hsCRP não prevêem câncer ou outras condições inflamatórias. Como tal, não há razão para se fazer uma investigação para esses diagnósticos em pacientes assintomáticos se o exame físico e outros testes de rotina estiverem normais. Embora os principais determinantes da hsCRP sejam dieta, exercício, obesidade, e CRP é um reator de fase aguda que aumenta fumo, estudos recentemente relatados da ge- durante uma infecção ou trauma sérios, e nomewide association mostraram que loci em desse modo alguns clínicos têm se preocupa- regiões cromossômicas conhecidas por terem do com relação a especificidade da hsCRP na um impacto na resistência da insulina, obesi- prática clínica. Dados de múltiplos grandes estudos demonstram, entretanto, que entre dade, trombose, e aterosclerose prematura todos impactam as concentrações de plasma indivíduos por outro lado saudáveis, concen- na hsCRP (4). trações de hsCRP permanecem estáveis por longos períodos de tempo e que as variações de ano a ano e de década em década na hsCRP mostram correlações intraclasse comparáveis com aquelas do colesterol e pressão sanguínea. Além disso, hsCRP tem provado ser específica como um preditor de eventos vasculares, diabete incidente (um distúrbio caracterizado por aterotrombose prematura ), e morte cardiovascular. Como resultado, concentrações de hsCRP são um forte preditor da Mais relevante ao caso que nós descrevemos, concentrações de hsCRP prevêem risco vascular até mesmo quando as concentrações de colesterol estão baixas. Em um estudo prospectivo de coorte de 28 000 mulheres inicialmente saudáveis, sobrevivência livre de eventos cardíacos era pior entre aquelas com elevada hsCRP e baixa LDL-C do que entre aquelas com baixa hsCRP e elevada LDL-C (5). mortalidade total. As contagens de riscos de reynolds Para melhorar a acurácia previsiva das medi- Reconhecendo a necessidade de avançar além ções da hsCRP, a American Heart Associa- dos tradicionais marcadores de riscos, investi- tion/Diretrizes do CDC sugerem que as concentrações sejam medidas duas vezes e um Reynolds mediram um painel de 34 supostos valor médio seja usado para previsão, uma recomendação também feita para o colesterol. Na prátcia, esse protocolo é desnecessário para a maioria dos pacientes, para os quais uma única avaliação é suficiente, particularmente se o teste inicial for <3 mg/L. Quando gadores apoiados pela Fundação Donald W. determinantes comportamentais, ambientais e bioquímicos de risco vascular no Estudo da Saúde das Mulheres e usaram esses dados para derivar e validar uma nova contagem global de previsão de riscos (6). Uma questão central no desenvolvimento da Contagem de Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Riscos de Reynolds era derivar o modelo de aqueles sem um histórico familiar, relativa- previsão mais parcimonioso de uma maneira mente pouco se ganha usando-se o algoritmo estatisticamente não tendenciosa. Desse mo- de Reynolds em vez do algoritmo de Framin- do, embora múltiplos biomarcadores tais co- gham. mo fibrinogênio, homocisteína, apolipoproteínas A-I e B, clearance da creatinina, hemoglobina A1c, e molécula de adesão intercelular 1eram todos preditores independentes de risco vascular futuro nessa avaliação, apenas 2 novos biomarcadores —hsCRP (repre- Terapia com estatina e o conceito de duplos objetivos tanto para o ldl-c atingido quanto para a HScrp atingida As intervenções mais importantes para redução do risco vascular são dieta, exercício, e sentando risco inflamatório ) e histórico dos parar de fumar. Todas essas intervenções não pais de enfarte do miocárdio antes dos 60 anos (representando risco genético )— de- mas também confirmaram reduzir o risco vas- monstraram melhorar a avaliação total do risco. Quando comparada com a Contagem de Riscos de Framingham, a Contagem de Riscos de Reynolds reclassificou entre 20% e 30% daqueles com "risco intermediário" em categorias clinicamente relevantes de riscos mais baixos ou mais altos e o fez com aprimorada acurácia. Embora a discriminação estivesse apenas marginalmente melhor quando hsCRP e histórico dos pais foram acrescentados aos tradicionais fatores de risco, outros parâmetros do modelo global se encaixam assim como calibração, e reclassificação realmente melhoraram substancialmente. Uma comparável Contagem de Riscos de Reynolds para homens foi recentemente desenvolvida. A Contagem de Riscos de Reynolds tanto para os homens quanto para as mulheres pode ser gratuitamente acessada em www.ReynoldsRiskScore.org. Como demonstrado nesse caso que nós descrevemos, conhecimento do risco genético e inflamatório — os 2 parâmetros que a Contagem de Riscos de Reynolds acrescenta às tra- apenas reduzem as concentrações de hsCRP cular. Uma meta principal da previsão global de risco com a Contagem de Riscos de Framingham ou a Contagem de Riscos de Reynolds é motivar os indivíduos a mudarem seus estilos de vida antes do começo da doença vascular. Infelizmente, dieta, exercício, e parar de fumar são intervenções necessárias contudo insuficientes para redução do risco em muitos pacientes, e terapias farmacológicas são necessárias. Para quase todos os casos, a primeira intervenção farmacológica a ser considerada é o tratamento com estatinas, agentes que provaram reduzir o risco vascular de 20% a 25% quando dadas àqueles com hiperlipidemia, doença vascular, ou diabete. Estatinas são altamente eficazes, e paradoxos descobertos em testes importantes sugerem que esses agentes podem fazer mais do que reduzir o colesterol. Por exemplo, a magnitude do benefício da terapia com estatina não está intimamente correlacionada com concentrações de LDL-C, e as estatinas produzem efeitos benéficos dentro de semanas do início da terapia, bem antes que a redução dos lipí- dicionais covariáveis de Framingham — po- deos possa impactar a morfologia das placas. dem mudar a previsão de risco para pacientes selecionados. Para indivíduos que carecem de hidroxi-3-metil-glutaril-CoA redutase, uma resposta imune inata aumentada ou para Além de serem potentes inibidores da via 3as estatinas reduzem a adesão das células inflamatórias e o recrutamento de monócitos a Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico nível endotelial, alteram a migração do mús- que a terapia estatina reduz hsCRP mas que culo liso no desenvolvimento das placas, e entre indivíduos saudáveis, pacientes com do- favoravelmente impactam vários mediadores ença coronária estável, e aqueles com síndro- de estabilidade das placas, todas as funções me coronária aguda, a magnitude do benefí- consideradas como sendo antiinflamatórias cio associado com a terapia da estatina se (7). correlaciona em parte com as concentrações Todas as estatinas reduzem as concentrações atingidas de hsCRP. de hsCRP de um jeito amplamente indepen- Tanto no teste PROVE IT-TIMI 22 quanto no dente da redução do LDL-C, embora em uma de A até Z (Fig. 1), os pacientes que atingi- base da população estatinas mais eficazes ram concentrações de hsCRP <2 mg/L depois derivam benefício da redução mais agressiva de terem iniciado a terapia estatina tiveram do LDL-C assim como da redução mais agressiva da hsCRP. Vários testes clínicos in- melhores resultados clínicos se comparados com pacientes que não fizeram, independente cluindo CARE (Colesterol e Eventos Recorren- da resposta do LDL-C tes), AFCAPS/TexCAPS (Força Aéra /Estudo de testes, melhores resultados clínicos surgiram Prevenção da Aterosclerose Coronária do Te- entre aqueles que atingiram os duplos objeti- xas ), PROVE IT–TIMI 22 (Avaliação Pravastati- vos do LDL-C <1.81 mmol/L (70 mg/dL) e na ou Atorvastatina e Terapia de Infecção – Trombólise no Enfarte do Miocárdio 22), A até hsCRP <2 mg/L. Nessa base, médicos frequentemente aumentam a dose de estatina Z (Aggrastat até Zocor), e REVERSÃO (Rever- (ou mudam para uma estatina mais potente ) são da Aterosclerose com Diminuição Agres- para atingir esses duplos objetivos de redução siva dos Lipídeos ) têm mostrado não apenas inflamatória e dos lipídeos. (8)(9). Em ambos os Figura 1. Taxas de enfarte recorrente do miocárdio (MI) ou morte cardiovascular seguindo a iniciação da terapia estatina de acordo com as concentrações atingidas de LDL-C <1.81 mmol/L (70 mg/dL) e concentração atingida de hsCRP <2 mg/L no teste PROVE IT–TIMI 22 (Avaliação Pravastatina ou Atorvastatina e Terapia de Infecção – Trombólise no Enfarte do Miocárdio 22) (esquerdo) e no teste de A até Z (Aggrastat até Zocor) (direito). Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Recurrent MI or death – MI recorrente ou morte Follow-up (days) – acompanhamento (dias) Dados dessas referências (8) (esquerdo) e (9) (direito). O teste jupiter e suas implicações para paci- do com seus Dados e Junta Monitoradora de entes com baixas concentrações de colesterol Segurança porque o uso da rosuvastatina en- e elevadas concentrações de tre pacientes com baixo LDL-C/alta hsCRP HScrp Apesar dos dados demonstrarem que indivíduos com baixo LDL-C mas elevada hsCRP estejam em alto risco, tratar tais indivíduos com terapia estatina tem permanecido incerto até agora. Numa análise geradora de hipótese do teste AFCAPS/TexCAPS publicada em 2001, lovastatina foi considerada beneficiar aqueles com baixo LDL-C e alta hsCRP, ao passo que nenhum benefício foi observado nos pacientes com baixo LDL-C e baixa hsCRP (10). Nessa base, a justificativa para o Uso de estatinas na Prevenção: um Teste de Intervenção Avaliando o teste Rosuvastatina (JUPITER) foi criado para avaliar diretamente se rosuvastatina 20 mg diariamente diminuiria eventos cardiovasculares entre homens e mulheres aparentemente saudáveis com concentrações de LDL-C <3.37 mmol/L (130 mg/dL) que estavam em elevado risco devido a hsCRP 2 mg/L. estava associado com uma redução de 44% no ponto final do teste primário (P < 0.00001), uma redução de 54% no enfarte do miocárdio (P = 0.0002), uma redução de 48% no derrame (P = 0.002), uma redução de 47% na hospitalização para angina instável ou revascularização arterial (P < 0.00001) e uma redução de 20% na mortalidade (P = 0.02) (Fig. 2) (11). Uma redução de 37% no ponto final primário foi observada entre aqueles com elevadas concentrações de hsCRP e nenhum outro fator de risco importante que não fosse a idade (P = 0.015). Esses efeitos estavam presentes embora o LDL-C mediano na entrada do estudo fosse 2.8 mmol/L (108 mg/dL) e o HDL-C mediano fosse 1.27 mmol/L (49 mg/dL). Com relação ao custo- benefício, o número necessário para tratar no JUPITER era de 25, um valor um tanto superior àquele observado nos testes primários de prevenção usando-se a terapia estatina entre pacientes Como recentemente relatado, o teste JUPITER hiperlipidêmicos. da paciente 17 802 foi interrompido de acor- Figura 2. Rosuvastatina comparada com placebo na redução de eventos cardiovasculares entre homens e mulheres aparentemente saudáveis com LDL-C <3.37 mmol/L (130 mg/dL) e hsCRP 2 mg/L: O teste JUPITER. Dados da referência (11). Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Primary Endpoint – ponto final primário Placebo – placebo Rosuvastatin – rosuvastatina Cumulative incidence – incidência cumulativa Number at risk – número em risco Folow-up (years) – acompanhamento (anos) Revascularization or Hospitalization for Unstable Angina – revascularização ou hospitalização para angina instável Myocardial Infarctation, Stroke, Cardiovascular Death – enfarte do miocárdio, derrame, morte cardiovascular All-case Mortality – mortalidade de todos os casos JUPITER também fornece dados para grupos preliminares também confirmam que homens previamente subestudados incluindo mulhe- e mulheres aparentemente saudáveis que res e pacientes minoritários. Com relação ao atingem baixa concentração de LDL-C [<3.37 caso que nós relatamos, a rosuvastatina re- mmol/L (<70 mg/dL)] e de hsCRP (<2 mg/L) duziu as taxas de enfarte do miocárdio, der- obtêm o maior benefício da terapia estatina, rame, revascularização, e morte cardiovascu- apoiando a hipótese do duplo ojetivo. Desse lar 46% entre mulheres (P < 0.001). Análises modo, JUPITER fornece evidência adicional de Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico que hsCRP, como uma indicadora da intensi- do screening e estratégia de prevenção testa- dade da inflamação subjacente, pode servir dos no JUPITER poderiam prevenir mais que não apenas como uma ferramenta prognóstica 50 000 eventos vasculares anualmente só nos mas também como uma medida do sucesso Estados Unidos. do tratamento da terapia com estatina. Acompanhamento do caso A paciente descrita teria se qualificado para o JUPITER; se ela tivesse sido inscrita e designada para rosuvastatina 20 mg diariamenre, ela teria tido um risco mais baixo de quase 50% de sofrer enfarte do miocárdio. Nesse caso, o uso da Contagem de Riscos de Reynolds em vez da Contagem de Riscos de Framingham teria levado a iniciação precoce de terapia preventiva. Tem sido estimado que a aplicação Após o enfarte, a paciente começou com sinvastatina 40 mg, mas essa escolha foi insuficiente para atingir os duplos objetivos de LDLC <1.81 mmol/L (70 mg/dL) e hsCRP <2 mg/L. A medicação da paciente foi desse modo trocada para uma estatina mais potente em uma dose mais alta. Ela também entrou em um programa de reabilitação cardíaca, começou um regime diário de exercícios, e mais importante parou com seu perpétuo hábito de fumar. PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS Mais de 50% daqueles que desenvolvem eventos coronários não tem nenhum ou apenas um dos tradicionais fatores de risco. Quando a hsCRP e histórico familiar de doença cardiovascular são acrescentados à Contagem de Riscos de Framingham, os pacientes são classificados com maior acurácia nas categorias de risco. O maior benefício da terapia estatina, tanto para a prevenção primária quanto para a secundária, é atingido usando-se tanto o LDL-C quanto a hsCRP como metas alvo para terapia. Pacientes com baixo LDL-C e alta hsCRP estão em um risco mais alto de futuros eventos coronários do que aqueles com alto LDL- e baixa hsCRP. Agradecimentos Contribuições dos Autores: Todos os autores confirmaram que contribuíram para o centeúdo inte- lectual desse paper e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Na submissão do manuscrito, todos os autores completaram o formulário de Revelações de Potenciais Conflitos de Interesse. Potenciais Conflitos de Interesse: Emprego ou Liderança: Nada a declarar. Consultor ou Papel Consultivo: P.M Ridker recebeu honorários de consulta e/ou honorários de palestras de Astra-Zeneca, Novartis, Merck-Schering Plough, Roche, Sanofi-Aventis, ISIS, e Vascular Biogenics. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Posse dos Valores: Nada a declarar. Honorários: Nada a declarar. Fundo de Pesquisas: P.M Ridker recebeu uma subvenção para pesquisa iniciada por investigador do National Heart Lung and Blood Institute, the National Cancer Institute, the Donald W Reynolds Foundation, the Leducq Foundation, Astra-Zeneca, Novartis, Merck, Abbott, Roche, e Sanofi-Aventis. Testemunho Hábil: Nada a declarar. Outras Revelações: P.M Ridker está listado como coinventor nas patentes mantidas pelo Brigham e Hospital das Mulheres que se relacionam com o uso de biomarcadores inflamatórios no diagnóstico e tratamento da doença cardiovascular e diabete. Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras não desempenharam papel algum no design do estudo, escolha dos pacientes inscritos, revisão e interpretação dos dados, preparação ou aprovação do manuscrito. Notas de rodapé 1 Abreviações não padronizadas: LDL-C, colesterol LDL ; hsCRP, proteína C reativa de alta sensibili- dade; JUPITER, Justificativa para o Uso de estatinas na Prevenção: um Teste de Intervenção Avaliando a Rosuvastatina. Referências 1. Hansson GK, Libby P. The immune response in atherosclerosis: a double-edged sword. Nat Rev Immunology 2006;6:508-519. 2. Pearson TA, Mensah GA, Alexander RW, Anderson JL, Cannon RO, 3rd, Criqui M, et al. Markers of inflammation and cardiovascular disease: application to clinical and public health practice. A statement for healthcare professionals from the Centers for Disease Control and Prevention and the American Heart Association. Circulation 2003;107:499-511. 3. Ridker PM. C-reactive protein and the prediction of cardiovascular events among those at intermediate risk: moving an inflammatory hypothesis toward consensus. J Am Coll Cardiol 2007;49:2129-2138. 4. Ridker PM, Pare G, Parker A, Zee RY, Danik JS, Buring JE, et al. Loci related to metabolicsyndrome pathways including LEPR, HNF1A, IL6R, and GCKR associate with plasma C-reactive protein: the Women’s Genome Health Study. Am J Hum Genet 2008;82:1185-1192. 5. Ridker PM, Rifai N, Rose L, Buring JE, Cook NR. Comparison of C-reactive protein and low-density lipoprotein cholesterol levels in the prediction of first cardiovascular events. N Engl J Med 2002;347:1557-1565. 6. Ridker PM, Buring JE, Rifai N, Cook NR. Development and validation of improved algorithms for the assessment of global cardiovascular risk in women: the Reynolds Risk Score. JAMA 2007;297:611-619. 7. Davignon J. Beneficial cardiovascular pleiotropic effects of statins. Circulation 2004;109(23 Suppl 1):III-39-III-43. 8. Ridker PM, Cannon CP, Morrow D, Rifai N, Rose LM, McCabe CH, et al. C-reactive protein levels and outcomes after statin therapy. N Engl J Med 2005;352:20-28. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico 9. Morrow DA, de Lemos JA, Sabatine MS, Wiviott SD, Blazing MA, Shui A, et al. Clinical relevance of C-reactive protein during follow-up of patients with acute coronary syndromes in the Aggrastat-to-Zocor Trial. Circulation 2006;114:281-288. 10. Ridker PM, Rifai N, Clearfield M, Downs JR, Weis SE, Miles JS, Gotto AM, Jr. Measurement of Creactive protein for the targeting of statin therapy in the primary prevention of acute coronary events. N Engl J Med 2001;344:1959-1965. 11. Ridker PM, Danielson E, Fonseca FAH, Genest J, Gotto AM, Kastelein JJP, . On behalf of the JUPITER Trial Study Groupet al. Rosuvastatin to prevent vascular events in men and women with elevated C-reactive protein. N Engl J Med 2008;359:2195-2207. Comentário Ernst J. Schaefer Lipid Metabolism Laboratory, Human Nutrition Research Center on Aging at Tufts University, Tufts University School of Medicine, Boston, MA. Envie correspondência para o autor para: Lipid Metabolism Laboratory, Tufts University, 711 Washington Street, Boston, MA 02111. E-mail [email protected]. CRP é uma proteína de fase aguda que é pro- mg/L foram randomizados para rosuvastati- duzida principalmente no fígado mas pode também ser produzida nas placas ateroscleró- na 20 mg/dia ou placebo. O teste foi interrompido cedo em favor da rosuvastatina e ticas. CRP é uma proteína pentamérica agluti- demonstrou reduções significativas na doença nadora dependente do cálcio que ativa o sis- cardíaca, derrame, e mortalidade total associ- tema de complemento, induz a transmissão ada com o tratamento rosuvastatina. da molécula de adesão, aumenta a fagocitose dos macrófagos, e pode também desempenhar um papel direto na patogênese da aterosclerose. A paciente do caso descrito aqui era uma mulher de 72 anos com um histórico de hipertensão e fumo de cigarro, assim como um histórico familiar positivo de doença cardíaca Testes sensíveis e reproduzíves da hsCRP es- prematura. Ela tinha um índice de massa cor- tão agora disponíveis. Elevada hsCRP é um pórea de 23 kg/m2, e seus valores laboratori- preditor independente da doença cardiovascular (CVD), e concentrações de hsCRP são ais eram: LDL-C 69 mmol/L (104 mg/dL), HDL-C 2.12 mmol/L (82 mg/dL), e hsCRP 7.7 frequentemente elevadas em pacientes diabé- e ticos e obesos. hsCRP está agora incorporada dos lipídeos, 4 meses após seu exame a paci- às contagens de risco da CVD tanto para os ente sofreu um enfarte do miocárdio e foi do- homens quanto para as mulheres. Estatinas cumentado ter significativa doença cardíaca inibem a produção de colesterol, e o tratamento com estatinas, especialmente rosuvas- coronária requerendo angioplastia e colocação de stent. Ridker fez disso um caso convincen- tatina e atorvastatina, tem mostrado reduzir as te para o uso da hsCRP na estratificação do concentrações de LDL-C e hsCRP. No recente risco da paciente e seleção por estilo de vida teste JUPITER, 17 802 indivíduos (homens com agressivo e modificação do fator de risco e mais de 50 anos e mulheres com mais de 60) terapia com estatina para a prevenção da CVD com concentrações de LDL-C <3.37 mmol/L em pessoas de meia idade e idosas. (130 mg/dL) e concentrações de hsCRP >2 7.2 mg/L. Apesar dos excelentes valores Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Agradecimentos Contribuições dos Autores: Todos os autores confirmaram que eles contribuíram para o conteúdo intelectual desse paper e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Na submissão do manuscrito, todos os autores completaram o formulário de Revelações de Potenciais Conflitos de Interesse. Potenciais Conflitos de Interesse: Emprego ou Liderança: Nada a declarar. Consultor ou Papel Consultivo: E.J. Schaefer recebeu honorários de consulta e/ou honorários de palestras da Abbott, AstraZeneca, Boston Heart Laboratory, Merck, Merck Schering, Pfizer, Roche, Schering, e Unilever. Posse dos Valores: Nada a declarar. Honorários: Nada a declarar. Fundo de Pesquisas: E.J. Schaefer recebeu uma subvenção para pesquisa iniciada por investigador do National Heart Lung and Blood Institute, e do Departamento Americano de Serviço de Pesquisas da Agricultura assim como da Abbott, AstraZeneca, Merck-Schering, Novartis, Pfizer, Roche, Schering, e Unilever. Testemunho Hábil: Nada a declarar. Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras não desempenharam papel algum no design do estudo, escolha dos pacientes inscritos, revisão e interpretação dos dados, preparação ou aprovação do manuscrito. Comentário Eric Yang and Christie M. Ballantynea Section of Atherosclerosis and Vascular Medicine, Department of Medicine, Baylor College of Medicine; Center for Cardiovascular Disease Prevention, Methodist DeBakey Heart Center, Houston, TX. aEnvie correspondência para esse autor para: Department of Medicine, Baylor College of Medicine, 6565 Fannin, M.S. A601, Houston, TX 77030. Fax 713-798-3057; e-mail [email protected]. As diretrizes do Painel III de Tratamento de mingham, o médico estava correto em classi- Adultos coloca a mulher de 72 anos na cate- ficar a paciente como tendo "baixo" risco car- goria de múltiplos fatores de risco (idade, hi- diovascular (<10% por 10 anos), e com uma pertensão, fumo, histórico familiar) e desse concentração modo recomendam calcular seu risco de 10 mmol/L, ela portanto não seria considerada anos. Usando a Contagem de Riscos de Fra- para tratamento farmacológico. de colesterol LDL de 2.67 Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Por que essa estratégia falhou para essa paciente? Primeiro, o modelo Framingham deixa de in- nesses fatores de risco e achados cluir componentes de risco genétido e infla- LLA, o clínico poderia justificar começar a usar matório. O risco da paciente como calculado na paciente a terapia com estatina juntamente com a Contagem de Riscos de Reynolds, que com mudanças terapêuticas do estilo de vida, iclui proteína C reativa de alta sensibilidade incluindo parar de fumar. A atual abordagem (hs-CRP) e histórico familiar, é de 23.2% por de se calcular o risco de 10 anos com uma 10 anos, que está na categoria de alto risco; equação não é usada frequentemente na prá- ela portanto estaria apta a terapia com estati- tica clínica. Finalmente, uma nova abordagem na. seria incorporar os achados de JUPITER à prática. Antes de dizer aos homens com mais de Segundo, a definição de risco intermediário, que é atualmente de 10%–20%, deveria ser diminuída para 5%–20%. A maioria das mulheres têm um risco <10% . Estatinas têm sido eficazes nesse limite, e testes tais como medição da hs-CRP ou imagem melhoram a estratificação do risco na categoria de 5%–20%. Alternativamente, uma abordagem mais simples seria contar os tradicionais fatores de risco, especialmente hipertensão, assim como idade, fumo, e histórico familiar. Com base ASCOT- 50 anos ou às mulheres com mais de 60 que eles não se beneficiariam com a terapia estatina, um médico poderia medir a hs-CRP. Se a concentração de hs-CRP for 2 mg/L, então a terapia estatina poderia ser oferecida com base na evidência do JUPITER, no qual a terapia estatina de alta eficácia que reduziu o colesterol LDL em aproximadamente 50% e CRP em 37% reduziu os eventos hs- em quase 50%. Agradecimentos Agradecimentos dos Autores: Todos os autores contribuíram para o conteúdo intelectual desse pa- per e satisfizeram os 3 seguintes requisitos: (a) contribuições significantes para a concepção e design, aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; (b) rascunhando ou revisando o artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprovação final do artigo publicado. Revelações dos Autores de Potenciais Conflitos de Interesse: Na submissão do manuscrito, todos os autores completaram o formulário de Revelações de Potenciais Conflitos de Interesse. Potenciais Conflitos de Interesse: Emprego ou Liderança: Nada a declarar. Consultor ou Papel Consultivo: C.M. Ballantyne, Abbott Laboratories, AstraZeneca, Atherogenics, GlaxoSmithKline, Merck, Merck/Schering-Plough, Novartis, Pfizer, Sanofi-Synthelabo, ScheringPlough, e Takeda. Posse dos Valores: Nada a declarar. Honorários: C.M. Ballantyne, Abbott Laboratories, AstraZeneca, Atherogenics, GlaxoSmithKline, Merck, Merck/Schering-Plough, Novartis, Pfizer, Sanofi-Synthelabo, Schering-Plough, e Takeda. Fundo de Pesquisa: C.M. Ballantyne, Abbott Laboratories, AstraZeneca, GlaxoSmithKline, Merck, Pfizer, Sanofi-Synthelabo, Schering-Plough, e Takeda. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Testemunho Hábil: Nada a declarar. Papel do Patrocinador: As organizações patrocinadoras desempenharam um papel direto na aprovação final do manuscrito. “This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2009; 55:2 369-374, by permission of AACC. Original copyright © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.” “Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2009; 55:2 369-374, por permissão da AACC. Cópia original © 2008 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”