Arquivo - Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos
Transcrição
Arquivo - Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS Carotenoides da microalga Spirulina platensis: obtenção e avaliação da atividade antioxidante TÁCILA ALCÂNTARA MENDONÇA SALVADOR-BA 2014 TÁCILA ALCÂNTARA MENDONÇA Carotenoides da microalga Spirulina platensis: obtenção e avaliação da atividade antioxidante Orientador (a): Profa Drª. Itaciara Larroza Nunes Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Mestre. SALVADOR-BA 2014 Sistema de Bibliotecas - UFBA Mendonça, Tácila Alcântara Carotenóides da microalga Spirulina platensis: obtenção e avaliação da atividade antioxidante / Tácila Alcântara Mendonça. – 2014. 98 f.: il. Anexos Orientador: Profª. Drª. Itaciara Larroza Nunes Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. Salvador, 2014. 1. Óleo de palma. 2. Atividade oxidante. 3. Planejamento experimental. I. Nunes, Itaciara Larroza. II. Universidade Federal da Bahia. III. Faculdade de Farmácia. V. Título. CDD –641.338.51 CDU – 665.353.4 AGRADECIMENTOS À Deus por sua infinita misericórdia e por prover mais essa vitória em minha vida. À minha mãe Ivonelia, pelo amor, pelo carinho, pela luta incansável, enorme apoio, compreensão nos momentos de ausência e incentivo para que eu conseguisse superar as dificuldades. Ao meu pai Pedro, pelo cuidado, pela confiança e constante preocupação. Ao meu irmão Mateus pelo esforço incondicional para me ajudar de alguma forma, torcer e vibrar com minhas conquistas. Ao meu namorado Daniel pelo amor, carinho, amizade, e compreensão nos momentos de ausência, por estar sempre me apoiando nos momentos difíceis e comemorando com minhas vitórias. À minha orientadora Itaciara Larroza Nunes, por ter me orientado desde a iniciação científica, por acreditar no meu potencial, pelo incentivo, respeito e dedicação. Aos amigos Márcia, Ícaro, Luciana e Luís pela presença, pela amizade, pelas conversas e auxílio na execução deste trabalho e pela paciência durante os dias no laboratório, obrigada pela convivência, carinho e respeito. As bolsistas de iniciação científica Débora, Amanda e Tayane pela grande contribuição ao trabalho, dedicação e amizade. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por proporcionar o desenvolvimento deste trabalho devido ao financiamento do projeto de pesquisa e bolsa de mestrado. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelo auxílio dissertação. Enfim, a todos que de alguma forma, colaboram para que meu trabalho tenha sido realizado com sucesso e a minha jornada completa. SUMÁRIO Lista de Figuras..................................................................................................................... I Lista de Tabelas..................................................................................................................... II RESUMO.............................................................................................................................. III ABSTRACT.......................................................................................................................... IV 1. Introdução Geral ............................................................................................................. 11 Referências.......................................................................................................................... 12 2. Objetivos............................................................................................................................ 14 2.1. Objetivo geral.............................................................................................................. 14 2.2. Objetivos específicos................................................................................................... 14 CAPÍTULO I........................................................................................................................ 15 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................... 15 1. Microalgas......................................................................................................................... 16 2. Spirulina platensis: caraterísticas e aspectos nutricionais............................................. 17 3. Carotenoides...................................................................................................................... 19 3.1. Carotenoides em microalgas........................................................................................ 22 3.2. Técnicas de extração/obtenção de carotenoides.......................................................... 24 3.3. Separação, identificação e quantificação de carotenoides.......................................... 30 3.4. Métodos para avaliar a atividade antioxidante............................................................ 32 3.4.1. Determinação da atividade DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil)....................... 32 3.4.2. Oxidação acelerada em Rancimat ..................................................................... 35 4. Referências........................................................................................................................ 37 CAPÍTULO II....................................................................................................................... 47 CAROTENOIDES DA MICROALGA SPIRULINA PLATENSIS: OBTENÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE........................................................... 47 RESUMO…………………………………………………………………………………… 48 ABSTRACT........................................................................................................................... 49 1. Introdução........................................................................................................................ 50 2. Materiais e Métodos......................................................................................................... 52 2.1. Amostras...................................................................................................................... 52 2.2. Extração de carotenoides………………………………………………………......... 53 2.2.1. Método convencional......................................................................................... 53 2.2.2. Planejamento experimental................................................................................ 53 2.3. Análise de carotenoides por CLAE……………………….…………........................ 54 2.4. Determinação da atividade antioxidante através do método DPPH............................ 55 2.5. Oxidação acelerada em Rancimat………………………………………………...... 55 2.6. Análise estatística……………………………………………………………….….. 56 3. Resultados e Discussão..................................................................................................... 57 3.1. Obtenção de carotenoides.......................................................................................... 57 3.2. Atividade antioxidante............................................................................................... 62 3.3. Oxidação acelerada em Rancimat............................................................................. 63 4. Agradecimentos................................................................................................................ 66 5. Referências…………………………………………………………………………….... 66 Conclusão Geral.................................................................................................................... 71 ANEXOS................................................................................................................................ 72 Lista de Figuras Capítulo I FIGURA 1. Gênero Spirulina vista ao microscópio (40x)............................................ 18 FIGURA 2. Estrutura química de alguns carotenoides.................................................. 20 FIGURA 3. Mecanismo de clivagem do β-caroteno...................................................... 22 FIGURA 4. Estrutura do DPPH e sua redução por um antioxidante............................. 33 FIGURA 5. Representação esquemática do funcionamento do Rancimat..................... 35 Capítulo II FIGURA 1. Gráfico de Pareto dos efeitos principais verificados no planejamento experimental fatorial completo. Número de extrações (B); tempo de extração (C); razão massa:volume x tempo de extração (A x C); tempo de extração x temperatura de extração (C x D); razão massa:volume x número de extrações x tempo de extração (A x B x C); razão massa:volume x número de extrações x temperatura de extração (A x B x D)...................................................................................................................... 59 FIGURA 2. Análise de carotenoides por CLAE em (A) extração convencional e (B) condição ótima do planejamento experimental. Picos 1-7 representam: 1) luteína; 2) zeaxantina; 3) -caroteno 5,6-epóxido; 4) criptoxantina; 5) all-trans--caroteno; 6) all-trans--caroteno; 7) 9-cis--caroteno………………………………….................... 61 I Lista de Tabelas Capítulo II TABELA 1. Valores reais e codificados do planejamento experimental fatorial completo, tendo como resposta a concentração média de carotenoides totais e percentual de extração…………........................................................................................................... 57 TABELA 2. Atividade antioxidante (%) dos extratos de carotenoides obtidos da microalga Spirulina platensis.………………….................................................................. 63 TABELA 3. Oxidação acelerada em Rancimat do óleo de palma refinado sem antioxidante e adicionado de antioxidantes (TBHQ e extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis).……………………………………………….................... 64 II RESUMO A Spirulina platensis é uma microalga que tem sido alvo de estudos científicos devido à divulgação de informações sobre a sua aplicabilidade ecológica, econômica e nutricional. O objetivo desse trabalho foi obter carotenoides a partir da microalga Spirulina platensis utilizando planejamento experimental e comparar com o método de extração convencional, bem como avaliar a atividade antioxidante dos extratos obtidos. Para tal foi desenvolvido um planejamento experimental fatorial completo (24) e utilizado como controle o extrato obtido por método de extração convencional. Os extratos obtidos (extração convencional e condição ótima do planejamento experimental) foram analisados e caracterizados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), a atividade antioxidante dos mesmos foi determinada pelo método DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) e o efeito antioxidante do extrato obtido na condição ótima do planejamento e do terc-butil-hidroquinona (TBHQ) sobre a oxidação lipídica de óleo de palma refinado foi avaliado através de oxidação acelerada em Rancimat. Análise de variância (ANOVA) foi utilizada para analisar os efeitos e interações entre as variáveis independentes do planejamento experimental (p < 0,05). Os resultados da atividade antioxidante pelo método DPPH e Rancimat foram analisados pelo teste de aleatorização de Wilcoxon e Kruskal-Wallis respectivamente, (p < 0,05). O conteúdo de carotenoides obtido através da extração convencional foi de 272,26 ± 8,52 g/g e utilizando razão massa:volume de 0,5:15 (g/ml), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC (condição ótima do planejamento) foi de 250,71 ± 4,34 g/g, sendo esse total correspondente a 92,08% do teor obtido no método convencional, e apresentou vantagens a utilização de solvente Generally Recognized As Safe (GRAS), menor tempo total de análise e menor gasto de solvente. A separação por CLAE mostrou que o all-trans--caroteno foi o principal carotenoide encontrado nesta microalga (140,05 g/g extração convencional e 105,20 g/g condição ótima). Os extratos de carotenoides apresentaram uma percentagem de inibição do radical DPPH de 53,73 ± 0,44% (extração convencional) e 45,06 ± 0,34% (condição ótima do planejamento), não diferindo estatisticamente. Os tempos de indução das amostras de óleo de palma refinado submetidas à oxidação acelerada em Rancimat variaram de 7,86 ± 0,42 h a 9,00 ± 0,02 h para os óleos de palma sem acréscimo de antioxidante, de 14,15 ± 0,05 h a 14,85 ± 0,46 h, para os óleos com TBHQ e de 10,43 ± 0,30 h a 14,33 ± 0,52 h para os óleos adicionados do extrato de carotenoides obtido a partir da microalga na condição ótima do planejamento, não sendo verificada diferença estatística entre os resultados obtidos para as amostras com TBHQ e com o extrato de carotenoides. Os resultados sugerem, portanto, que o extrato de carotenoides tem potencial para uso como antioxidante natural em óleo de palma refinado. Palavras-chave: -caroteno, planejamento experimental, atividade antioxidante, óleo de palma refinado, oxidação acelerada. III ABSTRACT Spirulina platensis is a microalga which has been the subject of scientific studies due to the disclosure of information about their ecological, economic and nutritional applicability. The aim of this study was to obtain carotenoids from Spirulina platensis using experimental design and compare with the traditional extraction method, as well as evaluating the antioxidant activity of the extracts. To this we developed a full factorial experimental design (24) and used as the control extract obtained by traditional extraction method. The extracts (traditional extraction and optimum condition of the experimental design) were analyzed and characterized by High-Performance Liquid Chromatography (HPLC), the antioxidant activity has been assessed by the DPPH method (2,2-diphenyl-1picrylhydrazyl) and the antioxidant effect of the extract obtained from the optimum condition of the experimental design and terc-butyl hydroquinone (TBHQ) on lipid oxidation refined palm oil was evaluated by Rancimat accelerated oxidation. Analysis of variance (ANOVA) was used to analyze the effects and interactions between the independent variables of the experimental design (p < 0.05). The results of antioxidant activity by DPPH and Rancimat method were analyzed by randomization Wilcoxon and Kruskal-Wallis test, respectively, (p < 0.05). The content of carotenoids obtained by traditional extraction was 272.26 ± 8.52 g/g using mass:volume ratio 0.5:15 (g/mL), 5 extractions 30 min. and 35 ºC (optimum condition experimental design) was 250.71 ± 4.34 g/g, with this total corresponding to 92.08% of the levels obtained in the traditional method and presenting the advantages of using Generally Recognized As Safe (GRAS) solvent, lower total analysis time and solvent consumption. Separation by HPLC showed that all-trans--carotene was the major carotenoid found in this microalga (140.05 g/g traditional extraction and 105.20 g/g optimum condition). The extracts of carotenoids showed a percentage inhibition of DPPH radical of 53.73 ± 0.44% (traditional extraction) and 45.06 ± 0.34% (optimum condition experimental design) did not differ statistically. The induction times of samples of refined palm oil subjected to accelerated Rancimat oxidation ranged from 7.86 ± 0.42 h 9.00 ± 0.02 h for oil palm without adding antioxidant, 14.15 ± 0.05 h 14.85 ± 0.46 h for oil with TBHQ and 10.43 ± 0.30 h 14.33 ± 0.52 h for oils added extract of carotenoids obtained from microalgae in optimum condition experimental design, not being verified statistical difference between the results obtained for samples with TBHQ and extract carotenoids. The results therefore suggest that the extract of carotenoids has potential for use as a natural antioxidant in refined palm oil. Keywords: -carotene, experimental design, antioxidant activity, refined palm oil, accelerated oxidation. IV 1. Introdução Geral Há um grande interesse pela utilização de microalgas em processos biotecnológicos, principalmente pela identificação de substâncias sintetizadas por estes organismos, que podem ter aplicabilidade comercial na nutrição, saúde humana e animal, como também no tratamento de águas residuais, produção de energia e obtenção de compostos de interesse para as indústrias alimentares, química, cosmética e farmacêutica, entre outras (WANG et al. 2007; SILVA, 2008; AMBROSI et al. 2008; CHU et al. 2010). A Spirulina platensis é uma cianobactéria composta por diferentes compostos, tais como, ficocianinas, carotenoides, ácidos fenólicos e ácidos graxos polinsaturados (GIREESH et al. 2001; COLLA et al. 2007; SILVA, 2008; MALA et al. 2010; CHU et al. 2010). Pode apresentar em sua biomassa o pigmento -caroteno em níveis de 0,5 a 1-2 g kg-1 de matéria seca (GIREESH et al. 2001; CHRISTAKI et al. 2013). Como os carotenoides, em especial o -caroteno, apresentam poder corante e propriedades funcionais importantes para os organismos vivos, como atividade de próvitamina A e atividade antioxidante, sendo que a Spirulina platensis apresenta-se como uma fonte alternativa para a produção desse pigmento em escala comercial e industrial, à medida que o uso de corantes naturais em alimentos vem se tornando uma tendência atual, devido à demanda dos consumidores por produtos naturais que tragam benefícios à saúde (HAJIMAHMOODI et al. 2010; SOUZA et al. 2011; MENDONÇA et al. 2012; MENDONÇA et al. 2013). Vários métodos estão sendo desenvolvidos para a extração de carotenoides em microalgas. A extração por solventes orgânicos é uma técnica que tem sido utilizada, todavia é considerada trabalhosa e pode apresentar riscos para a saúde, uma vez que, muitos são considerados tóxicos. Apesar disso, é uma técnica vantatosa, pois apresenta baixo custo e facilidade de operação, pode ser adaptada para atender as necessidades de extração, como também é um método bem estabelecido na indústria de alimentos (GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Para a obtenção de compostos naturais que se apresentem seguros para a utilização na indústria de alimentos e para o meio ambiente, se faz necessária à seleção e escolha de solventes orgânicos considerados seguros (Generally Recognized As Safe - GRAS) (HERRERO et al. 2005; HERRERO et al. 2006; SANTOYO et al. 2006; MENDIOLA et al. 2007). Após a extração, os carotenoides são separados e quantificados na maior parte dos estudos através da cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), sendo utilizadas 11 principalmente colunas de fase reversa (C18 e C30) (NUNES & MERCANDANTE, 2006; MEZZOMO, 2012). Com a divulgação de estudos científicos revelando que os compostos produzidos por microalgas (compostos fenólicos, carotenoides, dentre outros) apresentam atividade antioxidante, e pelo fato de serem consideradas fontes naturais, estes microrganismos tem sido cada vez mais estudados e pesquisados (HAJIMAHMOODI et al. 2010; SOUZA et al. 2011; MENDONÇA et al. 2012; MENDONÇA et al. 2013). Sendo assim, avaliar a atividade antioxidante das substâncias presentes na Spirulina platensis e determinar a oxidação acelerada em Rancimat torna-se importante, uma vez que pode auxiliar na divulgação e consolidação das informações a respeito dos efeitos benéficos destes compostos, como também demonstrar que a biomassa dessa microalga tem grande potencial econômico, nutricional e aplicabilidade na indústria de alimentos (HAJIMAHMOODI et al. 2010; SOUZA et al. 2011). Referências: AMBROSI, M. A.; REINEHR, C. O.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M. Propriedades de saúde da microalga Spirulina. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 29, n. 2, p. 115-123, 2008. CHRISTAKI, E.; BONOS, E.; GIANNENASA, I.; FLOROU-PANERIA, P. Functional properties of carotenoids originating from algae. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 93, n. 1, p. 511, jan., 2013. CHU, W.-L.; LIM, Y.-W; RADHAKRISHNAN, A. K.; LIM, P.-E. Protective effect of aqueous extract from Spirulina platensis against cell death induced by free radicals. BioMed Central Complementary and Alternative Medicine, v. 10, n. 53, p. 3-8, 2010. COLLA, L. M.; REINEHR, C. O.; REICHERT, C.; COSTA, J. A. V. Production of biomass and nutraceutical compounds by Spirulina platensis under different temperature and nitrogen regimes. Bioresource Technology, v. 98, p. 1489–1493, 2007. GIL-CHÁVEZ, G. J.; VILLA, J. A.; AYALA-ZAVALA, F.; HERDIA, J. B.; SEPULVEDA, D.; YAHIA, E. M.; GONZÁLEZ-AGUILAR, G. A. Technologies for extraction and production of bioactive compounds to be used as nutraceuticals and food ingredients: an overview. Comprehensive Review s in Food Sciende and Food Safety, v. 12, p. 5-23, 2013. GIREESH, T.; JAYADEEP, A.; RAJASEKHARAN, K. N.; MENON, V. P.; VAIRAMANY, M.; TANG, G.; NAIR, P. P.; SUDHAKARAN, P. R. Production of deuterated β-carotene by metabolic labeling of Spirulina platensis. Biotechnology Letters, v. 23, p. 447-449, 2001. HAJIMAHMOODI, M., FARAMARZI, M. A., MOHAMMADI, N., SOLTANI, N., OVEISI, M. R., NAFISSI VARCHEH, N. Evaluation of antioxidant properties and total phenolic contents of some strains of microalgae. Journal Applied Phycology, v. 22, p. 43-50, 2010. 12 HERRERO, M.; MARTÍN-ÁLVAREZ, P. J.; SEÑORÁNS, F. J.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Optimization of accelerated solvent extraction of antioxidants from Spirulina platensis microalga. Food Chemistry, v. 93, p. 417-423, 2005. HERRERO, M.; JAIME, L.; MARTÍN-ÁLVAREZ, P. J.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Optimization of the extraction of antioxidants from Dunaliella salina microalga by pressurized liquids. Journal of Agricultural Food Chemistry, v. 54, p. 5597−5603, 2006. MALA, R.; KARTHIK, V.; SAKTHISELVAN, S.; SARAVANABABU, S. Milking of Spirulina platensis for the production of carotenoids by aqueous two phase bioreactor systems. International. Journal Chemical Sciences, v. 8, n. 5, p. 84-91, 2010. MENDIOLA, J. A.; JAIME, L.; SANTOYO, S.; REGLERO, G.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E.; SEÑORÁNS, F. J. Screening of functional compounds in supercritical fluid extracts from Spirulina platensis. Food Chemistry, v. 102, p. 1357-1367, 2007. MENDONÇA, T. A.; DRUZIAN, J. I.; NUNES, I. L. Prospecção tecnológica da utilização da Spirulina platensis. Cadernos de Prospecção Tecnológica, v. 5, n. 1, p. 44-52, 2012. MENDONÇA, T. A.; CAZUMBÁ, Í; LIMA, A. B.; NUNES, I. L. Prospecção tecnológica da utilização de microalgas em processo de extração de carotenoides voltados para insumos na nutrição humana e animal. Revista GEINTEC, v. 3, n. 4, p. 193-204, 2013. MEZZOMO, N. Extração e encapsulamento de compostos com importância tecnológica e biológica proveniente do resíduo de processamento de camarão. 2012. 216 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos, Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. NUNES, I. L.; MERCADANTE, A. Z. Vantagens e desvantagens das colunas C18 e C30 para a separação de carotenoides por CLAE. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 42, n. 4, p. 540-546, 2006. SANTOYO, S.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E.; SEÑORÁNS, F. J. Functional characterization of pressurized liquid extracts of Spirulina platensis. European Food Research and Technology, v. 224, p. 75-81, 2006. SILVA, L. A. Estudo do processo biotecnológico de produção, extração e recuperação do pigmento ficocianina da Spirulina platensis. 2008. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), Programa de Pós-Graduação em Processos Biotecnológicos, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. SOUZA, M. M.; PRIETTO, L.; RIBEIRO, A. C.; SOUZA, T. D.; BADIALE-FURLONG, E. Assessment of the antifungal activity of Spirulina platensis phenolic extract against Aspergillus flavus. Revista Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1050-1058, 2011. WANG, L.; PAN, B.; SHENG, J.; XU, J.; HU, Q. Antioxidant activity of Spirulina platensis extracts by supercritical carbon dioxide extraction. Food Chemistry, v. 105, p. 36-41, 2007. 13 2. Objetivos 2.1. Objetivo geral Obter carotenoides da microalga Spirulina platensis utilizando planejamento experimental e comparar com o método de extração convencional, bem como avaliar a atividade antioxidante dos extratos obtidos. 2.2. Objetivos específicos Extrair os carotenoides da microalga Spirulina platensis utilizando metodologia convencional; Estabelecer método para a extração de carotenoides a partir da microalga Spirulina platensis através de planejamento experimental fatorial completo (24); Utilizar o método estabelecido para a obtenção de extrato rico em carotenoides a partir da microalga Spirulina platensis; Caracterizar os extratos obtidos quanto ao conteúdo e perfil de carotenoides por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), respectivamente; Caracterizar os extratos de carotenoides obtidos com relação à atividade antioxidante através do método DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil); Avaliar o efeito antioxidante do extrato de carotenoides obtido a partir da condição ótima do planejamento experimental e do antioxidante sintético terc-butilhidroquinona (TBHQ) na oxidação lipídica do óleo de palma refinado através da oxidação acelerada em Rancimat. 14 CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15 1. Microalgas Microalgas são microrganismos que crescem geralmente em meio líquido, se multiplicam rapidamente e são capazes de realizar fotossíntese oxigênica, produzindo biomassa rica em compostos biologicamente ativos, como por exemplo, proteínas, ácidos graxos insaturados, vitaminas e pigmentos. Por apresentarem tais características são considerados os sistemas biológicos mais eficientes (pois armazenam energia solar convertendo-a em energia biológica) e com enorme potencial de aproveitamento, seja como fonte de alimento ou de compostos químicos de interesse (SILVA, 2008; SOUZA, 2012; BARROS, 2010; MAGRO, 2010; SCHMITZ et al. 2012). O termo microalgas refere-se a microrganismos algais que contém clorofila (em especial a clorofila a, pigmento considerado mais importante para a fotossíntese, visto que apresenta papel central para a captação de energia luminosa) e outros pigmentos fotossintéticos (luteína, -caroteno, ficocianina, aloficocianina, dentre outros). São encontrados em todos os ecossitemas da terra e podem ser cultivadas em ambientes inaptos e em condições de “estresse” (calor, seca, frio, salinidade, foto-oxidação, anaerobiose, pressão osmótica e exposição à radiação ultravioleta), uma vez que, requerem suprimentos nutricionais relativamente simples (BARROS, 2010). Todavia, quando cultivadas com substratos de interesse podem produzir biomassa de valor para a indústria de alimentos e para processos biotecnólogicos (GUEDES et al. 2011). O interesse em estudar microalgas iniciou-se por volta de 1890, com o cultivo de culturas puras de Chlorella vulgaris (MATSUDO, 2006; MAGRO, 2010; JACOME, 2010). Entretanto, alguns registros históricos informam que a coleta e o cultivo de microlgas para utilização humana são realizados deste a pré-história por povos antigos do Lago Texcoco (México), nativos do Lago Chade (África) e Ásia que consumiam os produtos feitos com a biomassa da Spirulina spp. e do gênero Nostoc respectivamente (DERNER et al. 2006; LÉON, 2010; BARROS, 2010; MAGRO, 2010; MENDONÇA et al. 2012). A partir da década de 50, devido à procura de novas fontes de proteínas para alimentação humana, verificou-se um maior interesse em cultivar estes microrganismos em larga escala, sendo estudados principalmente os gêneros Chlorella e Scenedesmus. A partir de então, bases de cultivo foram estabelecidas em diversos países como, por exemplo, Japão, Estados Unidos, Alemanha dentre outros. Somente na década de 60 inicia-se a produção de microalgas em escala comercial com a produção de Chlorella principalmente, e na década seguinte de Spirulina (MATSUDO, 2006; MAGRO, 2010; JACOME, 2010; SOUZA, 2012). 16 No Brasil, as pequisas com microalgas difundiram-se nos anos 80 através de parcerias entre pesquisadores e universidades de vários estados e entre as instiuições pioneiras destacase a Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente os principais centros de pesquisa com microalgas centram-se nas regiões Sudeste e Sul do país e estes estão voltados principalmente para cultivo em nível experimental. A exemplo disso, têm-se a Universidade Federal do Rio Grande (RS) que realiza pesquisas com a microalga Spirulina platensis acerca do cultivo e aproveitamento da biomassa para diversos fins (BARROS, 2010; MENDONÇA et al. 2012). Com a divulgação de estudos científicos demonstrando que os compostos bioativos produzidos por antimicrobiana, microalgas antifúngica, desempenham atividade citotóxica propriedades e antioxidante, de antiinflamatória, inibição enzimática (HAJIMAHMOODI et al. 2010), como também potencial econômico e ecológico, inúmeras indústrias foram instaladas para a produção de biomassa em escala comercial, sendo os gêneros Spirulina e Dunaliella as mais cultivadas. Desde então, os estudos com microalgas tem se expandido em vários países (WALTER, 2011). 2. Spirulina platensis: características e aspectos nutricionais O gênero bacteriano Spirulina, também denominado de Arthrospira, faz parte do reino Bactéria, divisão Cianobactéria, classe Cyanophyceae e família Oscillatoriaceae. As espécies mais importantes desse gênero são a Spirulina platensis, Spirulina fusiformes e Spirulina máxima (MARTÍNEZ, 2010; FERREIRA, 2011; WALTER, 2011). A Spirulina platensis (FIGURA 1) é uma cianobactéria filamentosa de cor verdeazulada, encontrada em locais como solos, pântanos, lagos alcalinos e águas salobras, marinhas e doces. Converte os nutrientes em matéria celular e libera oxigênio, através da fotossíntese (COSTA et al. 2003; BERTOLIN et al. 2005; DERNER et al. 2006; AMBROSI et al. 2008). Souza (2012) informa que esta microalga descende dos primeiros seres fotossintetizantes do planeta e apresenta os maiores índices de produção de biomassa. 17 FIGURA 2. Gênero Spirulina vista ao microscópio (40x). Fonte: SILVA, 2008. Considerada de fácil cultivo em larga escala, a Spirulina platensis é caracterizada por cadeias de células cilíndricas que estão dispostas de maneira helicoidal, e podem variar de tamanho e morfologia de acordo com as condições de cultivo, todavia podem atingir até 1 mm de comprimento e 1 a 12 µm de diâmetro (JACOME, 2010; LÉON, 2010; MAGRO, 2010; MARTÍNEZ, 2010; MOREIRA, 2010; FERREIRA, 2011; SOUZA, 2012). Esta microalga é composta por cerca de 60-70% de proteína e aminoácidos específicos, (ESTRADA et al. 2001; COLLA et al. 2004; AMBROSI et al. 2008; WALTER 2011) sendo os não essenciais alanina, arginina, ácido aspártico, cistina, ácido glutâmico, glicina, histidina, prolina, serina e tirosina e os essenciais isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina e valina (AMBROSI et al. 2008). É constituída também por carboidratos, minerais (ferro, cálcio, fósforo, magnésio, zinco, cobre, cromo, manganês, o sódio e o potássio), vitaminas (biotina, ácido fólico, inositol, vitamina E, B12 (ESTRADA et al. 2001), B6, B3, B2, B1 e ácido pantotênico (WANG et al. 2007; AMBROSI et al. 2008), compostos fenólicos (ácido caféico, clorogênico, salicílico, sináptico e trans-cinâmico) (ESTRADA et al. 2001; COLLA et al. 2007a), pigmentos fotossintéticos como clorofila a, luteína, -caroteno, ficocianina, aloficocianina, dentre outros (ESTRADA et al. 2001; WANG et al. 2007; SILVA, 2008; MALA et al. 2010; MOHAMMED & MOHD, 2011) e ácidos graxos como ácido γlinolênico, -linolênico e o araquidônico (COSTA et al. 2003; COLLA et al. 2004; COLLA et al. 2007a; WANG et al. 2007; SILVA, 2008; CHU et al. 2010). Apresenta envoltório celular constituído por polissacarídeos, açúcares simples e proteínas ao invés de celulose sendo, por isso facilmente digerida e absorvida pelo corpo humano, com assimilação entre 85 a 95%. Do ponto de vista nutricional, essa característica é de grande relevância, uma vez que permite o consumo in natura e sem necessidade de 18 processos de cocção ou outro tipo de tratamento, além de permitir a preservação da integridade dos componentes presentes na mesma (principalmente vitaminas e ácidos graxos polinsaturados) (RODRIGUES, 2008; MAGRO, 2010; MARTÍNEZ, 2010; MOREIRA, 2010; BARROS, 2010). Trabalhos científicos vêm documentando que esta microalga não apresenta nenhuma toxicidade, por isso, ela é classificada pelo FDA (Food and Drug Administration, 2003) como GRAS (Generally Recognized As Safe), o que garante seu uso seguro e nutritivo na alimentação humana ou animal. Estudos ‘in vitro’ e ‘in vivo’ mostram que as propriedades nutricionais da microalga Spirulina platensis têm sido relacionadas com possíveis propriedades terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de problemas de saúde como diabetes, artrite, anemia, desnutrição, obesidade, tensão pré-menstrual, doenças cardiovasculares, câncer, entre outros (ESTRADA et al. 2001; WANG et al. 2007; AMBROSI et al. 2008). Por esta razão esta microalga tem sido adicionada em produtos farmacêuticos e alimentares sendo comercializada principalmente como alimento funcional, nutracêutico e/ou suplemento alimentar (ESTRADA et al. 2001; COLLA et al. 2004; HERRERO et al. 2005; COLLA et al. 2007a; ABD EL-BAKY et al. 2007; WANG et al. 2007; AMBROSI et al. 2008; CHU et al. 2010; AZEREDO, 2012; MENDONÇA et al. 2012). 3. Carotenoides Os carotenoides são classificados como tetraterpenos, formado por 40 átomos de carbono, constituído de oito unidades isoprenoides de cinco carbonos (C5), possui uma longa cadeia de hidrocarbonetos poliênicos que pode conter de 9 a 15 ligações conjugadas (FIGURA 2). A estrutura linear e simétrica destes possibilita diversas modificações como: ciclização, hidrogenação, desidrogenação, migração de duplas ligações, encurtamento ou alongamento da cadeia, rearranjo, isomerização, introdução de funções oxigenadas (álcoois, fenóis, aldeídos, cetonas, ésteres e ácidos carboxílicos) ou a combinação destes processos, o que resulta em uma diversidade de estruturas (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999; FRASER & BRAMLEY, 2004; RODRIGUEZ-AMAYA & KIMURA, 2004; OLIVEIRA 2005; AMBRÓSIO et al. 2006; MORAIS, 2006; CERQUEIRA et al. 2007; UENOJO et al. 2007; BARBOSA FILHO et al. 2008; OLIVEIRA, 2010). 19 FIGURA 2. Estrutura química de alguns carotenoides. Fonte: BARBOSA FILHO et al. 2008. Esses pigmentos naturais são responsáveis pelas colorações amarela, laranja e vermelha. Na natureza estão principalmente na forma trans e divididos em duas classes: os carotenos, que são hidrocarbonetos terpênicos (-caroteno, -caroteno, licopeno, dentre outros) e as xantofilas, que são hidrocarbonetos terpênicos com oxigênio na cadeia, (luteína, zeaxantina, criptoxantina, dentre outros). São biossintetizados por plantas, algas, bactérias, fungos, leveduras e insetos (CERQUEIRA et al. 2007; BARBOSA FILHO et al. 2008; PIRES et al. 2008; VALDUGA et al. 2009; DUARTE, 2010; TAKAICHI, 2011; CHRISTAKI et al. 2013). Por causa da propriedade de síntese por esses seres vivos, este pigmento está distribuído amplamente na natureza em frutas, flores, sementes, raízes, plantas dentre outros, tendo sido identificados mais de 600 compostos em diversos organismos. Somente 20 carotenoides, provenientes da dieta, são encontrados em tecidos humanos, visto que os humanos são incapazes de biossintetizar estes pigmentos. Entre os principais incluem-se o caroteno, licopeno e as xantofilas, astaxantina, cantaxantina, luteína e zeaxantina (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999; RODRIGUEZ-AMAYA & KIMURA, 2004; OLIVEIRA, 2005; AMBRÓSIO et al. 2006; MORAIS, 2006; CERQUEIRA et al. 2007; BARBOSA 20 FILHO et al. 2008; PIRES et al. 2008; VALDUGA et al. 2009; DUARTE, 2010; TAKAICHI, 2011; CHRISTAKI et al. 2013). Os carotenoides são considerados compostos apolares ou lipofílicos, por isso são encontrados em tecido adiposo, lipoproteínas e membranas celulares. São insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos como acetona, éter de petróleo, éter etílico, clorofórmio e acetato de etila (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999; MORAIS, 2006; CERQUEIRA et al. 2007; OLIVEIRA, 2010). Cerqueira et al. (2007) relataram que a cadeia de hidrocarbonetos, como também as características estruturais deste composto influenciam em suas características químicas, localização e orientação no interior da bicamada lipídica como também em ambientes biológicos. A estrutura química altamente insaturada dos carotenoides os torna propensos à isomerização e oxidação. Agentes como calor, ácidos, luz, oxigênio e enzimas como, por exemplo, as lipoxigenases, promovem a isomerização dos mesmos da forma trans para a forma cis, ocasionando perdas de coloração e de atividade biológica. A degradação oxidativa é considerada a principal causa de perda dos carotenoides, podendo ocorrer de duas formas: reação com oxigênio na presença de luz, enzimas e metais e co-oxidação com hidroperóxidos lipídicos (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999; RODRIGUEZ-AMAYA & KIMURA, 2004; AMBRÓSIO et al. 2006; MORAIS, 2006; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al. 2007a; OLIVEIRA, 2010). Além do poder corante, os carotenoides apresentam propriedades funcionais que formam a base de diversas funções e ações em organismos vivos, visto que alguns possuem atividade de pró-vitamina A, além de apresentar a capacidade de sequestrar espécies reativas de oxigênio, como o radical peroxil (ROO●) e o oxigênio singlete (1O2), estabilizando o elétron desemparelhado do radical por ressonância, atuando dessa forma, como um composto capaz de inibir a oxidação de biomoléculas e protegendo os sistemas biológicos contra o dano oxidativo, que poderia levar à inativação enzimática, mutação, ruptura da membrana, aumento na aterogenicidade e morte celular (CANELA et al. 2002; CERQUEIRA et al. 2007; CONTADO et al. 2010; SOUZA, 2012). A propriedade antioxidante apresentada pelos carotenoides está relacionada principalmente a estruturas destas substâncias que é composta por ligações duplas conjugadas, característica que permite que estes compostos atuem na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, câncer, doenças degenerativas, dentre outras. A ordem crescente de capacidade para sequestrar o oxigênio singlete por parte dos carotenos e xantofilas é: 21 licopeno, astaxantina, cantaxantina, β-caroteno, bixina, luteína e crocina (DI MASCIO et al. 1989; AMBRÓSIO et al. 2006; MORAIS, 2006; CERQUEIRA et al. 2007; OLIVEIRA, 2010). Cerca de 50 carotenoides apresentam atividade de pró-vitamina A, mas esta função está limitada a aqueles que possuem um anel -ionona não substituído em pelo menos uma das suas extremidades e uma cadeia poliênica com no mínimo 11 carbonos, tais como: caroteno, -caroteno, e -criptoxantina, entre outros. Todavia, dentre os isômeros presentes entre os carotenoides o mais importante é o -caroteno, pois é o único carotenoide que apresenta dois radicais -ionona, que ao romper-se forma duas moléculas de pró-vitamina A (FIGURA 3), além disso, é o pigmento mais abundante nos alimentos e o mais interessante economicamente (KIMURA & RODRIGUEZ-AMAYA, 2002; FRASER & BRAMLEY, 2004; AMBRÓSIO et al. 2006; MORAIS, 2006; OLIVEIRA, 2010; AISSA, 2010; RODRIGUEZ-AMAYA, 2010). FIGURA 3. Mecanismo de clivagem do β-caroteno. Fonte: Adaptada de AMBRÓSIO et al. 2006. 3.1. Carotenoides em microalgas Os carotenoides biossintetizados por estes microrganismos, como também por plantas, bactérias, fungos, leveduras dentre outros, desempenham várias funções impotantes, tais como, atuam como pigmento acessório na captura da energia solar, protegem o aparelho fotossintético contra danos de foto-oxidação e contra tensões ambientais e de cultivo (PIRES et al. 2008; GUEDES et al. 2011). 22 Neste aspecto, as microalgas tem sido foco de estudos e utilizadas para a produção de carotenoides por rota biotecnológica com a finalidade de otimizar a bioprodução de carotenoides, em especial o -caroteno. De acordo com os estudos realizados por Derner et al. (2006), Silva (2008) e Valduga et al. (2009) existem algumas vantagens na produção de pigmentos por microalgas, quando comparado com os similares de vegetais e animais, as quais incluem a simplidade nas técnicas de cultivo (fator que possibilita o cultivo contínuo), utilização de substratos de baixo custo, pequeno espaço para produção e a rápida taxa de crescimento. Todavia, a biossíntese de carotenoides através de microalgas pode variar de acordo com as condições do meio de cultivo, fatores ambientais e luminosidade. Certas espécies de microalgas quando cultivadas em meios adequados, podem duplicar a sua biomassa diariamente, alcançando produtividades de 30 a 50 g/m2dia em massa seca (PIRES et al. 2008; VALDUGA et al. 2009; DUARTE, 2010). Outra vantagem em se propor o cultivo destes micro-organismos deve-se ao fato de serem considerados os sistemas biológicos de maior eficiência na captura de energia solar para a produção de biomassa rica em compostos bioativos. Além disso, não apresentam vasos de transporte e órgão de reprodução, características que as tornam de grande relevância e com enorme potencial de aproveitamento em estudos e pesquisas científicas, como também para a exploração de pigmentos naturais ou de compostos químicos de interesse em larga escala, visto que a biomassa produzida por estes micro-organismos apresentam aplicabilidade em diversos setores industriais (DERNER et al. 2006; SOUZA, 2012; BARROS, 2010; DUARTE, 2010; MAGRO, 2010; FERREIRA, 2011; SCHMITZ et al. 2012). Os microrganismos mais utilizados para a produção de carotenoides atualmente são as leveduras (Rhodotorula, Phaffia rhodozyma, Sporobolomyces), fungos (Blakeslea trispora) e microalgas (Dunaliella salina e Heamatococcus pluvialis), sendo a astaxantina, -caroteno, cantaxantina, toruleno e licopeno os carotenoides mais investigados (VALDUGA et al. 2009). Christaki et al. (2013) relataram que as cepas das microalgas Spirulina spp. e Chlorella spp., também podem ser utilizadas para a produção comercial de carotenoides, visto que podem alcançar níveis desses pigmentos em torno de 1-2g Kg-1 de matéria seca. O carotenoide tipicamente presente em microalgas é o β-caroteno sendo geralmente encontrado numa fração inferior a 1% da massa seca, mas pode ser acumulado em até aproximadamente 10% em espécies halotolerantes, como por exemplo, as do gênero Dunaliella. Esta é considerada uma das microalgas mais bem sucedidas em escala comercial, 23 já que pode ser cultivada em altas e baixas temperaturas, alta salinidade e vários tipos de água (DERNER et al. 2006; GUEDES et al. 2011; AZEREDO, 2012). Segundo Gireesh et al. (2001) a Spirulina platensis pode alcançar uma quantidade de -caroteno de aproximadamente de 0,5 g Kg-1 de massa seca, o que a torna viável como fonte deste pigmento. Dessa forma, além de apresentar propriedade nutricional e terapêutica (AMBROSI et al. 2008), esta microalga pode ser considerada mais uma fonte alternativa para a produção em escala comercial do pigmento -caroteno (SILVA, 2008). Em prospecção tecnológica de patentes, realizada em 2012 e 2013, pode-se verificar que as algas (54%) são os principais microrganismos utilizados em processos tecnológicos relacionados à obteção de carotenoides e que o -caroteno (32%) foi o principal pigmento de interesse nesses processos. Além disso, o Brasil não possui pedidos de patentes referentes a esta tecnologia tanto na base nacional (Intituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI) como européia (European Patent Office - ESPACENET). Cabe ressaltar que as poucas patentes brasileiras depositadas (4) e patente concendida (1) no INPI utilizando a microalga Spirulina platansis voltam-se principalmente para atividades de cultivo (3), obtenção de outro pigmento (ficocianina) (1) e produção de produtos cosméticos contendo extrato microalgal (1) (MENDONÇA et al. 2012; MENDONÇA et al. 2013). 3.2. Técnicas de extração/obtenção de carotenoides A análise de carotenoides envolve uma série de etapas, como tomada da amostra, extração, saponificação, análise cromatográfica, identificação e quantificação (NUNES, 2005; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al. 2007b). Porém, devido à grande diversidade de carotenoides presentes nas diferentes matérias-primas, não existe um método simples que possa ser aplicado para todas as amostras. O processo de extração de carotenoides em microalgas dependerá de fatores como: componente bioquímico extraído, matriz utilizada para obtenção do pigmento e das condições de cultivo das mesmas (AZEREDO, 2012; MEZZOMO, 2012). Normalmente para atender às especificações da produção comercial de carotenoides em grande escala, utiliza-se o hexano para a extração de β-caroteno de algas, visto que este solvente apresenta baixa polaridade e os carotenos são melhor extraídos de suas matrizes com o uso de solventes apolares (MEZZOMO, 2012; CHRISTAKI et al. 2013). Vários métodos têm sido desenvolvidos para a extração de carotenoides em microalgas, tais como: técnicas com extração por solventes (SE), como também a utilização 24 de óleos vegetais, métodos de ultrassom, extração com fluído supercrítico e extração com fluído subcrítico dentre estes últimos, o método de extração com líquido pressurizado (PLE) e extração acelerada com solventes (ASE) (MENDIOLA et al. 2008; CHRISTAKI et al. 2013; MEZZOMO, 2012; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). A extração por solventes é um método bastante utilizado para se obter compostos bioativos (carotenoides, compostos fenólicos, flavonoides, dentre outros compostos antioxidantes) das mais variadas matérias-primas, tais como sedimentos, solos, polímeros, bactérias, fungos, algas, microalgas e, mais comumente de, plantas/vegetais. Nesta técnica, a matéria prima é exposta a diferentes solventes orgânicos, o que permite a obtenção de compostos de interesse como também de outros agentes, como por exemplo, aromas e corantes (GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Muitos autores consideram esta metodologia trabalhosa (ISHIDA & CHAPMAN, 2009; STRATI & OREOPOULOU, 2011; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Apesar desta desvantagem esta técnica apresenta vantagens em comparação com outros métodos de extração, devido ao baixo custo de processamento, facilidade de operação e por ser um método bem estabelecido na indústria de alimentos para a extração de carotenoides. Por este motivo, é uma técnica que pode ser modificada para atender os propósitos de extração, ou melhorada através da associação de outras técnicas como o uso de soxhlet, ultrassom, microondas e fluido supercrítico, entre outros, a fim de obter melhores rendimentos (STRATI & OREOPOULOU, 2011; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Os solventes orgânicos mais utilizados para a extração de carotenoides por esta técnica são acetona, hexano, álcool benzílico, acetato de etila, isopropanol, metanol, clorofórmio, benzeno, diclorometano, éter de petroléo e etanol, contudo o uso destes, bem como as concentrações depende do tipo de alimento e onde os mesmos serão empregados (STRATI & OREOPOULOU, 2011; MEZZOMO, 2012; CHRISTAKI et al. 2013; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). A utilização de solventes polares miscíveis em água como acetona, metanol e etanol, tem se mostrado efetivo na extração de carotenoides em tecidos que contenham água, entretanto o uso de solventes apolares não é recomendado em tecidos com esta característica, já que a penetração deste tipo de solvente na parte hidrofóbica que envolve os pigmentos é limitada (DELGADO-VARGAS et al. 2000; MEZZOMO, 2012). Verifica-se também que o emprego de solventes orgânicos quando utilizado em sua temperatura de ebulição, pode alcançar mais facilmente os espaços em que estão presentes os solutos, visto que a tensão superficial e viscosidade do solvente apresentam-se reduzidas 25 quando comparadas a temperaturas inferiores (KOPAS & WARTHESEN, 1995; DE SIO et al. 2001; MARKOM et al. 2007; MEZZOMO, 2012). Todavia, o uso de altas temperaturas pode resultar na degradação dos pigmentos, além de ocasionar quantidades residuais de solvente reduzindo seu potencial de aplicação na indústria de alimentos (BABU et al. 2008). Dessa forma, o precessso de evaporação/recuperação de solventes é uma etapa de fundamental importância quando se aplica solventes orgânicos no processo de extração de carotenoides, devido a fatores de segurança operacional, ambiental e econômico (ISHIDA & CHAPMAN, 2009; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Ao estudarem a biocompatibilidade e toxidade de alguns solventes orgânicos (polares e apolares) no processo de extração de -caroteno a partir da microalga Dunaliella salina, Mojaat et al. (2008) verificaram que a capacidade de extração do solvente utilizado, depende da sua afinidade com o produto extraído e com a concentração incorporada deste solvente na membrana celular. Sendo assim, a seleção dos solventes orgânicos a serem utilizados no processo de extração de carotenoides é de fundamental importância, quando a questão é a segurança dos produtos finais para o uso alimentar, visto que grande parte dos solventes utilizados apresentam efeitos adversos sobre a saúde humana devido a sua toxicidade, como também oferecem riscos ao ambiente. Dessa forma, é necessário buscar alternativas seguras para a extração de carotenoides com a utilização de solventes considerados GRAS (STRATI & OREOPOULOU, 2011; GIL-CHÁVEZ et al. 2013). Ao estudarem o processo de mistura de solvente orgânicos (etanol, hexano e acetona) para otimizar o processo de extração de licopeno a partir de tomate e produtos derivados de tomate, Periago et al. (2004), verificaram que os tipos de solventes utilizados para o processo de extração apresentaram diferentes quantidades de licopeno (0,65 a 4,72 mg/100g no tomate cru; 1,06 a 14,71 mg/100g no molho de tomate; e 11,47 a 53,90 mg/100g no extrato de tomate), que aumentaram em função do tratamento térmico, e que a escolha do solvente depende da natureza da matriz a ser analisada. Kaur et al. (2008) ao avaliarem o efeito das condições de extração de licopeno a partir de resíduos de pele de tomate desidratadas utilizando planejamento experimental com cinco variáveis independentes: razão massa:volume (1:20, 1:30, 1:40. 1:50 e 1:60 g/ml), número de extrações (1, 2, 3, 4 e 5), temperatura (20, 30, 40, 50 e 60ºC), tamanho de partícula (0,05, 0,15, 0,25, 0,35 e 0,43 mm) e tempo (4, 8, 12, 16 e 20 minutos), verificaram que a concentração de licopeno variou de 0,64 a 1,98 mg/100g e que a quantidade máxima de 26 licopeno (1,98 mg/100g) foi obtida com 4 extrações de 8 minutos, a 50ºC, com um tamanho de partícula de 0,15 mm e razão massa:volume de 1:30 g/ml. A extração de carotenoides a partir de resíduos de tomate foi avaliada por Strati & Oreopoulou (2011) com o intuito de verificar a influência das condições de extração (tipo de solvente, tempo de extração, temperatura e número de extração) para obter rendimento máximo de carotenoides. A concentração de carotenoides diminuiu com o tempo de extração, isto é, inicialmente é maior depois decai, pois atinge a concentração de equilíbrio para a solubilização do licopeno no solvente de extração sendo menor em etanol (0,38 mg L-1) e alta em lactato de etilo (12,52 mg L-1) quando comparado com os demais solventes utilizados (hexano - 1,99 mg L-1; acetona - 2,23 mg L-1 e acetato de etila 2,82 mg L-1), portanto um tempo de 30 minutos foi suficiente para cada etapa de extração. Além disso, o aumento da temperatura (até 70ºC) influenciou no maior rendimento de carotenoides (202,73 a 243,00 para lactato de etilo; de 31,46 a 46,21 para acetato de etila; de 25,22 a 34,45 para hexano e de 6,10 a 17,57 para etanol) e o tipo de solvente (polar e apolar) utilizado, interferiu no processo de extração de carotenoide. Obtenção de cristais de licopeno com 98% de pureza na forma de cristais a partir de descarte de tomate foi reportada por Nunes & Mercadante (2004), utilizando as seguintes etapas: 1) retirada de água do tomate com 4 extrações de 30 minutos, cada uma com 30 ml de etanol; 2) extração dos carotenoides através de 4 extrações de 120 minutos com acetato de etila e relação massa:volume de 1;0,7 g/ml e 3) purificação do licopeno através de duas cristalizações com diclorematano/etanol a quente. O teor médio de licopeno obtido foi de 59,20 ± 21,80 µg/g. O emprego de óleos vegetais como extrator de carotenoides apresenta vantagens, como: efeito protetor contra a ação do oxigênio, uso de uma fonte lipídica quando aplicados posteriormente nos alimentos e a não necessidade de eliminação do solvente, pois o produto obtido é uma mistura de óleo/extrato de carotenoides. Assim, não apresenta inconvenientes de degradação térmica dos extratos (MEYERS & BLIGH, 1981; CHEN & MEYERS, 1982; SHAHIDI & SYNOWIECKI, 1991; CHEN et al. 1998; KRICHNAVARUK et al. 2008; NEGRO & GARRIDO-FERNÁNDEZ, 2000; MEZZOMO, 2012). A desvantagem desta técnica relaciona-se com a utilização de equipamentos que requer controle de temperatura e pressão, visto que estes fatores podem influenciar na oxidação/degradação do óleo vegetal a ser utilizado no processo de extração, como também do componente que está sendo extraído (KRICHNAVARUK et al. 2008). 27 Kang & Sim (2008) ao estudarem o processo para a extração direta de astaxantina a partir da microalga Haematococcus spp., utilizando óleos vegetais, obtiveram recuperações entre 87,5 a 93,9%. Krichnavaruk et al. (2008) encontraram rendimento de 36,4%, na extração de astaxantina de Hematococcus pluvialis utilizando o óleo de soja como co-solvente da extração supercrítica com dióxido de carbono. O método de ultrassom consiste na transmissão de ondas sonoras na matéria, criando ciclos de expansão e compressão na mesma. As ondas ultrassônicas são transmitidas numa frequência superior à da capacidade humana, estando acima de 20 kHz e quando aplicadas no meio desencadeiam um série de bolhas ou cativações que, por sua vez transmitem energia cinética para a superfície celular, promovendo o rompimento celular, devido à dilatação e hidratação do material. A utilização desta técnica é promissora, por não depender de aquecimento, não gerar danos aos compostos que são termo sensíveis, além de ser um procedimento rápido e fácil de ser realizado, já que não necessita de equipamentos especiais (ALISSANDRAKIS et al. 2003; AZEREDO, 2012; MEZZOMO, 2012). Macías-Sánchez et al. (2009) utilizando técnicas de ultrassom assistido, com N,N’dimetilformina e metanol e extração supercrítica com dióxido de carbono para a extração de carotenoides e clorofila da microalga Dunaliella salina, verificaram que houve maior rendimento de extração quando foi utilizado o método de ultrassom com dimetilformina (27,7 g/mg - carotenoides e 3,1 g/mg - clorofila), do que com metanol (14,1 g/mg carotenoides e 3,5 g/mg - clorofila). Todavia houve maior seletividade dos pigmentos quando foi utilizada a tecnologia supercrítica (15 g/mg - carotenoides e 0,3 g/mg clorofila). No estudo de Dey & Rathod (2013), utilizando a técnica de ultrassom assitido para a extração de -caroteno da microalga Spirulina platensis com diferentes solventes (hexano, nheptano e éter dietílico), foi verificado que a escolha do solvente para o processo de extração é muito importante para a eficiência da análise. Dessa forma, apesar do éter dietílico apresentar o maior rendimento de extração (1,2 mg/g) este não foi selecionado, visto que, por possuir baixo ponto de ebulição (34ºC), é muito volátil, produz vapores prejudiciais a saúde e sob aquecimento aumenta o risco de explosão. Assim, o n-heptano mostrou-se como o melhor solvente de extração, devido a sua solubilidade em água (0,0003 % w/w), como também por ser um solvente hidrofóbico e, portanto mais seletivo para a extração do -caroteno, apesar do rendimento ser mais baixo (1,0 mg/g), em comparação ao éter dietílico. 28 O método de extração com fluído supercrítico baseia-se no princípio de que qualquer substância submetida a altas temperaturas e pressões acima do ponto crítico, pode tornar-se um fluído supercrítico e apresentar propriedades físico-químicas intermediárias entre um gás e líquido (LANÇAS, 2002; AZEREDO, 2012; MEZZOMO, 2012). Segundo Christaki et al. (2013) e Mezzomo (2012) esta técnica também vem ganhando destaque, pois trata-se de um processo livre de resíduos tóxicos, sem pós-processamento, impede a degradação térmica dos extratos, e previne reações de oxidação (ocasionadas pela ausência de luz e oxigênio). Dessa forma pode se tornar uma técnica alternativa para a extração de carotenoides. Para otimizar a extração de carotenoides da microalga Spirulina maxima utilizando essa técnica, Careri et al. (2001) verificaram que este procedimento é mais eficaz e vantajoso quando comparado com a extração utilizando solventes orgânicos, visto que a extração com fluído supercrítico obteve rendimento similar (118,0 mg/g para -caroteno, 7,5 mg/g para criptoxantina e 48,0 mg/g para zeaxantina) ao encontrado na extração com solventes orgânicos (120,0 mg/g para -caroteno, 8,0 mg/g para -criptoxantina e 50,0 mg/g para zeaxantina). Montero et al. (2005), ao proporem a extração de -caroteno da cianobactéria Synechococcus sp., através da extração com fluído supercrítico, verificaram que interações entre o método de extração e a matriz do pigmento podem representar problemas principalmente no rendimento dos pigmentos de interesse (2,1 mg/g). Dessa forma, antes da análise é preciso selecionar as condições de operação do equipamento, para que haja eficiência no processo de extração. Outra técnica que vem se destacando é o método de extração com fluído subcrítico associados com os métodos de extração com líquido pressurizado (PLE) e/ou extração acelerada com solventes (ASE). Este método é considerado um processo automatizado de extração de compostos orgânicos e tem sido utilizado, tanto para a análise de substâncias sólidas como de semi-sólidas. Difere do processo tradicional de extração porque faz uso de solvente em elevada temperatura e pressão, além disso, é uma técnica que apresenta tempo de análise reduzido e menor gasto de solventes (LANÇAS, 2002; ABAD, 2006). Herrero et al. (2004) e Herrero et al. (2005), a fim de determinarem a atividade antioxidante dos extratos obtidos da Spirulina platensis, utilizando PLE e otimização de extração por ASE com diferentes solventes, verificaram que o etanol proporciona maior eficiência no processo de extração, por apresentar maiores rendimentos (121,7 a 270,1 mg em massa seca quando utilizado temperaturas de 115-170ºC e 9-15 minutos e 6,88 a 19,62% nas 29 temperaturas de 60, 115 e 170ºC e 3, 9 e 15 minutos, respectivamente), além de ser mais vantanjoso em relação aos demais solventes, por ser considerado como GRAS e, portanto, de utilização mais segura na indústria de alimentos. Ao proporem a otimização de extração de antioxidantes da microalga Dunaliella salina por PLE com diferentes solventes, Herrero et al. (2006) também concluiram que o etanol foi o solvente que apresentou melhor rendimento (17,1 a 34,6% utilizando temperaturas de 40, 100 e 160ºC), quando comparado com os extratos obtidos com água e hexano (1,3 a 9,2% e 12,2 a 17,6 %, respectivamente). Sendo também mais vantajoso em relação aos demais solventes pela condição GRAS que apresenta. De acordo com Christaki et al. (2013), mesmo com as diversas técnicas existentes, ainda é um desafio criar métodos mais eficientes para a extração de carotenoides. 3.3. Separação, identificação e quantificação de carotenoides As principais técnicas de determinação de carotenoides são executadas principalmente por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e cromatografia líquida acoplada com espectrometria de massas, sendo utilizadas para este fim principalmente colunas de fase reversa (C18 e C30) (NUNES & MERCANDANTE, 2006; MEZZOMO, 2012). Sander et al. (1994) e Nunes & Mercadante (2006), informam que melhores separações de carotenos e isômeros são demostradas em colunas C18 poliméricas do que com monoméricas. Contudo, não proporcionam boa separação de isômeros geométricos (cis ou trans) de carotenoides apolares e de luteína e zeaxantina. Em contrapartida, a coluna C30 possibilita a separação de maior número de isômeros, como também é a única capaz de separar isômeros de carotenoides não-simétricos, como 13-cis-,13’-cis-, 9-cis- e 9’-cis-luteína. Também, apresenta resolução superior entre carotenoides com polaridade análoga quando comparada com a C18. Dessa forma, a C30 é selecionada quando o objetivo é fazer a separação de isômeros geométricos para o estudo do perfil de carotenoides (SCHIEBER & CARLE, 2005; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al. 2007b). Na fase móvel, sistemas de eluições isocráticas e por gradiente, tem sido empregados, mas geralmente os métodos com gradiente apresentam melhores resultados quando comparado aos do tipo isocrático, pois possibilitam a separação de um maior número de compostos. Todavia apresenta como inconveniente maior tempo de análise, visto que há a necessidade de reequilibrar a coluna após cada injeção. Na tentativa de reduzir os efeitos de grupos ácidos da coluna, que atuam como interferentes na estabilidade dos carotenoides, 30 modificadores como a trietilamina tem sido adicionados à fase móvel (MELÉNDEZMARTÍNEZ et al. 2007b; PROVESI, 2010; MEZZOMO, 2012). Assim, é necessário selecionar a coluna e fase móvel de maneira adequada para proporcionar o sucesso da separação e recuperação dos carotenoides. Cabe ressaltar, que os espectros de absorção dos carotenoides são extremamente dependentes do solvente utilizado para análise, uma vez que durante o procedimento podem ser utilizados solventes em eluição isocrática ou por gradiente, fator que pode interferir na ordem de eluição dos carotenoides analisados (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999). Os detectores mais utilizados para separação de carotenoides são o ultravioleta-visível (UV-Vis) e o de arranjo de diodos (DAD) e quando as matrizes são muito complexas acoplase a esta técnica um espectro de massas. A identificação dos carotenoides também pode ser feita através da comparação das características dos espectros, ordem de eluição, cocromatografia com padrões comerciais e/ou produzidos em laboratório (RODRIGUEZAMAYA, 1999). Nota-se que os estudos científicos voltados para a determinação de carotenoides da microalga Spirulina, empregam as mais diversas condições cromatográficas para análise, fatores que dificultam a reprodutibilidade dos experimentos e a comparação dos resultados. São utilizados injetores manuais e automáticos com injeções entre 10 e 20 L, colunas cromatográficas C18 e C30 de diferentes marcas (ex: R-Sil C18, ODS Hypersil, Spherisorb ODS 2, Novapack C18, Chromosil C18, XTERRA C18, Spherisorb S5 ODS2, Pronto SIL C30 e YMC C30) e tamanho de partículas (3 a 5 m), a depender do objetivo do estudo (OLAIZOLA & DUERR, 1990; CARERI et al. 1999a; CARERI et al. 1999b; CARERI et al. 2001; JAIME et al. 2005; ABD EL-BAKY et al. 2007; WANG et al. 2008; LEEMA et al. 2010; ALENCAR et al. 2011; YU et al. 2012). Os detectores mais utilizados nesses trabalhos são o DAD e o UV-Vis, sendo empregadas fases móveis com as mais variadas composições [metanol:tetrahidrofurano, metanol:acetonitrila, acetonitrila:metanol (acetato de amônio):diclorometano, metanol (acetato de amônio), metanol:éter tert metil butílico:água (com ou sem acetato de amônio), metanol:água, acetonitrila (trietilamina):metanol (acetato de amônio)] e proporções de solventes com eluições do tipo isocráticas ou por gradiente (OLAIZOLA & DUERR, 1990; CARERI et al. 1999a; CARERI et al. 1999b; CARERI et al. 2001; JAIME et al. 2005; ABD EL-BAKY et al. 2007; WANG et al. 2008; LEEMA et al. 2010; ALENCAR et al. 2011; YU et al. 2012). 31 No intuito de identificar os carotenoides analisados, os autores comparam as características dos picos das amostras com os padrões comerciais (OLAIZOLA & DUERR, 1990; CARERI et al. 2001; JAIME et al. 2005; ABD EL-BAKY et al. 2007; WANG et al. 2008; LEEMA et al. 2010; ALENCAR et al. 2011) e/ou padrões produzidos em laboratório (NUNES & MERCADANTE, 2004; NUNES, 2005; YU et al. 2012) como também a associação da CLAE a um espectro de massas (CARERI et al. 1999a; CARERI et al. 1999b), ou a comparação dos espectros UV-Vis com os dados disponíveis na literatura (JAIME et al. 2005). 3.4. Métodos para avaliar a atividade antioxidante A maioria dos efeitos benéficos dos componentes das microalgas é resultante de sua atividade antioxidante, sendo propostos vários métodos para avaliar tais propriedades, que diferem em relação ao mecanismo de reação adotado em ensaios químicos, e às espécies alvo, em ensaios biológicos. Não obstante a diversidade de métodos para avaliar a capacidade antioxidante, não existe um procedimento metodológico universal. Este fato impõe a necessidade de avaliar a capacidade antioxidante por diferentes ensaios, com fundamentos e mecanismos de ação diferentes para uma mesma fonte (ALVES et al. 2010; SOUZA et al. 2011; SOUZA, 2012). Os métodos utilizados, para avaliar a atividade antioxidante se baseiam na capacidade dos antioxidantes sequestrar radicais. Geralmente são analisadas pelo emprego de métodos espectrofotométricos: DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) e ABTS (2,2´-azino-bis-3- etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) (CZERNIAKA et al. 2008). A escolha por estes métodos baseia-se no fato destes serem considerados mais práticos, rápidos e sensíveis, sendo por isso, amplamente empregados (BRAND-WILLIAMS et al. 1995; RE et al. 1999). Outra maneira de se avaliar a atividade antioxidante é através da análise do teor de ácidos voláteis por condutimetria. Esta análise baseia-se no registo das variações da condutividade da água destilada, na qual se faz a coleta dos ácidos de baixo peso molecular, que são obtidos normalmente após iniciação forçada da oxidação a uma temperatura e corrente de ar selecionada para análise (SILVA et al. 1999). 3.4.1. Determinação da atividade DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) O ensaio do DPPH consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical 2,2difenil-1-picril-hidrazil, de coloração púrpura, que absorve em um comprimento de onda de 32 515 nm. Por ação de um antioxidante ou uma espécie radicalar (R), o DPPH é reduzido formando 2,2-difenilpicril-hidrazina (DPPH-H), de coloração amarela, com consequente desaparecimento da banda de absorção, sendo a mesma monitorada pelo decréscimo da absorbância (FIGURA 4) (MOLYNEUX, 2004; RAMADAN, 2010). FIGURA 4. Estrutura do DPPH e sua redução por um antioxidante. Fonte: RAMADAN, 2010. A partir dos resultados obtidos, determina-se a porcentagem de atividade antioxidante (quantidade de DPPH reduzido pelo antioxidante) ou sequestradora de radicais e/ou a porcentagem de DPPH remanescente no meio reacional, sendo que a quantidade de antioxidante necessária para decrescer a concentração inicial de DPPH em 50% é denominada concentração eficiente (CE50), também chamada de concentração inibitória (CI50). Quanto maior for o consumo de DPPH por uma amostra, menor será a sua CE50 e maior a sua atividade antioxidante (SOUZA, 2012). Herrero et al. (2004) ao determinarem os compostos antioxidantes da Spirulina platensis, utilizando PLE com diferentes solventes, verificaram que o os extratos obtidos com etanol possuiam boa atividade antioxidante, com valores de CE50 de 63,9-100,1g/ml quando comparados com os obtidos pelo hexano (47,3-86,9 g/ml) e éter de petróleo (52,6-95,6 g/ml), como também é um solvente considerado GRAS, apresentando-se mais vantajoso para os processos de extração. No estudo realizado por Herrero et al. (2005) para determinar a atividade antioxidante de extratos obtidos da Spirulina platensis, utilizando extração por ASE, foram encontrados valores de CE50, de 83,2-100,5 g/ml para os extratos obtidos com etanol, 70,5-110,3 g/ml para os extratos de hexano e de 67,9-117,9 g/ml para os extratos de éter de petróleo. Estes autores concluíram que a polaridade dos solventes utilizados no processo de extração influencia diretamente nos resultados de CE50 e que o etanol apresenta boa atividade antioxidante quando comparado aos demais solventes, além disso, possui a vantagem de ser considerado GRAS. 33 Ao otimizarem a extração de antioxidantes da microalga Dunaliella salina através da extração por PLE, Herrero et al. (2006) verificaram que os extratos obtidos com hexano apresentaram as melhores atividades antioxidantes (0,749-1,118 g TEAC.g-1), quando comparados com os extratos dos demais solventes (0,165-0,353 g TEAC.g-1 para o etanol, 0,0107-1,118 g TEAC.g-1 para água), todavia concluíram que o etanol é o solvente apropriado para o processo de extração em matrizes alimentícias por ser considerado GRAS. Mendiola et al. (2007) ao avaliarem a atividade antioxidante dos compostos funcionais da Spirulina platensis obtidos por fluído supercrítico, encontraram valores de CE50, estimado pela inibição do DPPH de até 297,8 g/ml, comparados aos obtidos pelo ácido ascórbico (4,4 µg/ml) e do antioxidante sintético - BHT (14,4 µg/ml). Por apresentar tal característica, esta microalga é vista com grande potencial para a obtenção de antioxidantes naturais. Ao estudarem o efeito da temperatura e concentração de nitrogênio no meio de cultivo sobre o potencial antioxidante da Spirulina platensis, Colla et al. (2007b) concluíram que quando esta microalga é cultivada a uma temperatura de 35ºC e com concentrações de nitrato de sódio de 1,8 g.L-1 e 2,5 g.L-1, o potencial antioxidante dos extratos fenólicos obtidos foram de 29 e 35%, respectivamente. Dessa forma, as condições de cultivo nas quais as microalgas são submetidas podem influenciar na concentração destes compostos na biomassa das mesmas. Em estudo para determinar a atividade antioxidante in vitro de extratos fenólicos das microalgas Spirulina platensis e Chlorella sp., Souza (2012) verificou que a Spirulina platensis apresentou maior conteúdo de compostos fenólicos (1,1 mgGAE/gmassa comparação com a Chlorella sp. (0,65 mgGAE/gmassa seca), seca) em como também maior capacidade sequestrante de radicais livres, inativando 53,5% do DPPH reativo em 180 minutos (CE50 de 70 µgácido gálico/mL), além disso limitou o escurecimento enzimático ocasionado pela peroxidase em 55%. Cabe ressaltar que a maior parte dos estudos científicos (HERRERO et al. 2004; HERRERO et al. 2005; HERRERO et al. 2006; SANTOYO et al. 2006; MENDIOLA et al. 2007), não especifica qual o componente da microalga está sendo analisado, refere-se apenas a avaliação dos extratos antioxidantes de maneira geral, podendo compreender tanto os carotenoides como os compostos fenólicos, já que estes apresentam importante ação antioxidante para os organismos vivos. A não especificação dos compostos a serem analisados dificulta, portanto a reprodução dos métodos para um componente específico. 34 3.4.2 Oxidação acelerada em Rancimat O Rancimat é o método padrão utilizado para medir a estabilidade oxidativa de óleos vegetais e gorduras, este se baseia na decomposição térmica dos componentes da amostra. Os produtos formados nesta decomposição são arrastados por um fluxo de ar de uma célula de medição abastecida com água destilada e o tempo de indução determinado pela medida da condutividade. Apresenta-se como um método vantajoso quando comparado com os demais testes que são realizados à temperatura ambiente, já que estes são considerados tediosos e demandam tempo de análise (FIGURA 5) (SILVA et al. 1999; COOPIN & PIKE, 2001; OETTERER et al. 2006; FARHOOSH, 2007; WANG, 2010; SANTOS, 2010). De acordo com Antolovich et al. (2002), os testes de oxidação acelerada em Rancimat, também são utilizados para avaliar a eficácia antioxidante de compostos que apresentam este potencial, uma vez que os resultados quantificados através da medição do tempo de indução de uma amostra (controle e/ou adicionada de antioxidantes) além de informar a respeito do menor e/ou maior tempo de indução obtido, podem indicar sobre potencial antioxidante da amostra. FIGURA 5. Representação esquemática do funcionamento do Rancimat (METROHM, 2009). Com o objetivo de retardar os processos oxidativos, provenientes das reações de oxidação lipídica (aparecimento de sabores e odores estranhos), alguns compostos antioxidantes são adicionados aos óleos vegetais. Estas substâncias podem ser sintéticas tais como: butil hidroxianisol (BHA), butil hidroxitolueno (BHT), propil galato (PG) e terc-butil hidroquinona (TBHQ) ou naturais como: pigmentos, vitamina E, flavonoides, ácido ascórbico, fenois, ácidos fenólicos, fosfolipídios, aminoácidos, ácidos fítico e esterois, que 35 são substâncias encontradas largamente na natureza (RAMALHO & JORGE, 2006; CASTELO-BRANCO & TORRES, 2011; MACHADO, 2011). Dos antioxidantes sintéticos mais utilizados na indústria de alimentos, em óleos e gorduras, estão o BHA, BHT, PG e TBHQ. Estes antioxidantes possuem uma estrutura fenólica que doa um próton a um radical livre, regenerando, a molécula do acilglicerol e interrompendo o mecanismo de oxidação por radicais livres. O TBHQ é mais utilizado para retardar a oxidação de óleos, pois resiste ao calor, não altera o sabor ou o cheiro do material e pode ser utilizado em menor concentração (RAMALHO & JORGE, 2006). No Brasil, o uso deste antioxidante é controlado pelo Ministério da Saúde, sendo a concentração máxima permitida em óleos e gorduras igual a 200 mg Kg-1 (BRASIL, 2005). Todavia nos últimos anos o emprego de antioxidantes sintéticos na indústria de alimentos tem sido alvo de questionamentos devido aos efeitos negativos que os mesmos podem representar para a saúde. Dessa forma, diante do interesse do consumidor por produtos naturais e seguros para a saúde, pesquisas estão voltadas para a busca de compostos naturais que apresentem esta propriedade funcional, como alternativa para prevenir a deterioração oxidativa de alimentos e diminuir o uso de antioxidantes sintéticos (ÖZCAN & ARSLAN, 2011; MALHEIRO et al. 2013; TAGHVAEI et al. 2014). Souza (2012) ao estudar a atividade antioxidante in vitro de extratos fenólicos das microalgas Spirulina platensis e Chlorella sp., verificou que os extratos fenólicos obtidos da Spirulina platensis quando adicionados em óleo de oliva, inibiu a peroxidação lipídica em 46% após 14 dias e 31% após 21 dias de armazenamento. Observa-se que está técnica é válida para a análise da oxidação lipídica em alimentos, todavia é considerada tediosa e demanda tempo para a realização do procedimento. Caso fosse utilizado o ensaio acelerado de oxidação, estes resultados poderiam ser obtidos com um menor tempo de análise e maior reprodutibilidade (WANG et al. 2010). Nos estudos de Zeb & Murcovic (2010, 2011, 2013a, 2013b), ao utilizarem o Rancimat para analisar a estabilidade oxidativa de óleos vegetais (óleo de milho, canola, girassol, triacilglicerois e azeite de oliva) e adicionados de -caroteno (300 g/g) verificaram que a concentração deste diminuiu em função do tempo de aquecimento sendo degradado nas primeiras horas (3-5 horas) de tratamento térmico. Verificaram também, que os óleos vegetais utilizados nos experimentos foram mais estáveis durante o tratamento térmico, na presença de -caroteno, quando o mesmo apresentava em sua composição outras substâncias, tais como: 36 tocoferóis, ácido oleico, compostos fenólicos, dentre outras, visto que podem atuar sinergicamente com este pigmento retardando a oxidação lipídica. 4. Referências ABAD, F. C.; Determinação de multirresíduo de pesticidas em pesticidas em cenouras utilizando extração com líquido pressurizado e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. 2006. 106 f. Dissertação (Mestrado em Química), Programa de Pós-Graduação em Química, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. ABD EL-BAKY, H. H.; EL BAZ, F.K.; EL-BAROTY, G. S. Enhancement of antioxidant production in Spirulina plantensis under oxidative stress. American-Eurasian Journal of Scientific Research, v. 2, n. 2, p. 170-179, 2007. AISSA, A. F. Avaliação da atividade antimultagênica do beta-caroteno microencapsulado em células de rato tratados com o antitumoral doxorrubicina empregando os ensaios de micronúcleo e cometa. 2010. 44 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Toxicológicas), Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, Ribeirão Preto, 2010. ALENCAR, D. B.; PIRES-CAVALCANTE, K. M. S.; SABOYA, J. P. S.; SOUSA, M. B.; FARIAS, W. R. L.; SAKER-SAMPAIO, S. Teores de -caroteno em suplementos e biomassa de Spirulina. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 2, p. 386-391, mar./abr., 2011. ALISSANDRAKIS, E.; DAFERERA, D.; TARANTILIS, P. A.; POLISSIOU, M.; HARIZANIS, P. C. Ultrasound-assisted extraction of volatile compounds from citrus flowers and citrus honey. Food Chemistry, v. 82, p. 575-582, 2003. ALVES, C. Q.; DAVID, J. M.; DAVID, J. P.; BAHIA, M. V.; AGUIAR, R. M. Métodos para determinação de atividade antioxidante in vitro em substratos orgânicos. Química Nova, v. 33, n. 10, p. 2202-2210, 2010. AMBROSI, M. A.; REINEHR, C. O.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M. Propriedades de saúde da microalga Spirulina. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 29, n. 2, p. 115-123, 2008. AMBRÓSIO, C. L. B.; CAMPOS, F. A. C. S.; FARO, Z. P. de. Carotenoides como alternativa contra hipovitaminose A. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 2, p. 233-243, mar./abr., 2006. ANTOLOVICH, M.; PRENZLER, P. D.; PATSALIDES, E.; MCDONALD, S.; ROBARDS, K. Methods for testing antioxidant activity. Analyst, v. 127, p. 183-198, 2002. AZEREDO, V. B. S. Produção de biodiesel a partir do cultivo de microalgas: estimativa de custos e perspectivas para o Brasil, 2012. 171 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético), Programa de Pós-Graduação em Planejamento Energético, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. BABU, C. M. Enzymatic isolation of carotenoid-protein complex from shrimp head waste and its use as a source of carotenoids. LWT- Food Science and Technology, v. 41, p. 227–235, 2008. 37 BARBOSA-FILHO, J. M.; ALENCAR, A. A.; NUNES, X. P.; TOMAZ, A. C. A.; SENA-FILHO, J. G.; ATHAYDE-FILHO, P. F.; SILVA, M. S.; SOUZA, M. F.V.; CUNHA, E.V. L. da. Sources of alpha-, beta-, gamma-, delta- and epsilon-carotenes: A twentieth century review. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 18, n. 1, p. 135-154, jan./mar., 2008. BARROS, K. K. S. Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina platensis) para alimentação humana. 2010. 110 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2010. BERTOLIN, T. B. P.; COSTA, J. A. V.; BERTOLIN, T. E.; COLLA, L. M.; HEMKEMEIER, M. Cultivo da cianobactéria Spirulina platensis a partir de efluente sintético de suíno. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n. 1, p. 118-125, 2005. BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C.Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm-Wiss Technology, v. 28, p. 25-30, 1995. BRASIL. Resolução RDC nº 23, de 15 de fevereiro de 2005 Aprova “Regulamento Técnico que aprova o uso de aditivos alimentares, estabelecendo suas funções e seus limites máximos para a categoria de alimentos óleos e gorduras - subcategoria creme vegetal e margarinas”, http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/aditivos.htm, acessada em Outubro 2013. CANELA, A. P. R. F.; ROSA, P. T. V.; MARQUES, M. O. M.; MEIRELES, M. A. A. Supercritical fluid extraction of fatty acids and carotenoids from the microalgae Spirulina maxima. Industrial & Engineering Chemistry Resesearch, v. 41, p. 3012-3018, 2002. CARERI, M.; ELVIRI, L.; MANGIA, A. Liquid chromatography-electrospray mass spectrometry of -carotene and xanthophylls: Validation of the analytical method. Journal of Chromatography A, n. 854, p. 233-244, 1999a; CARERI, M.; LOMBARDI, P.; MUCCHINO, C.; CANTONI, E. Use of eluent modifiers for liquid chromatography particle-beam electron-capture negative-ion mass spectrometry of carotenoids. Rapid Communications in Mass Spectrometry, n. 13, p. 118–124, 1999b; CARERI, M.; FURLATTINI, L.; MANGIA, A.; MUSCI, M.; ANKLAM, E.; THEOBALD, A.; HOLST, C.V. Supercritical fluid extraction for liquid chromatographic determination of carotenoids in Spirulina Pacifica algae: a chemometric approach. Journal of Chromatography A, v. 912, p. 61–71, 2001. CASTELO-BRANCO, V. N.; TORRES, A. G. Capacidade antioxidante total de óleos vegetais comestíveis: determinantes químicos e sua relação com a qualidade dos óleos. Revista de Nutrição, v. 24, p. 173-187, fev. 2011. CERQUEIRA, F. M.; MEDEIROS, M. H. G.; AUGUSTO, O. Antioxidantes dietéticos: controvérsias e perspectivas. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 441-449, 2007. CHRISTAKI, E.; BONOS, E.; GIANNENASA, I.; FLOROU-PANERIA, P. Functional properties of carotenoids originating from algae. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 93, n. 1, p. 511, jan., 2013. CHEN, H.M.; MEYERS, S. Ensilage treatment of crawfish waste for improvement of astaxanthin pigment extraction. Journal of Food Science, v. 48, p. 1516 -1520, 1555, 1982. 38 CHEN, C. LIAU, W.; TSAI, G. Antibacterial effects of N-Sulfonated and N-Sulfobenzoyl chitosan and application to oyster preservation. Journal of Food Protection, v. 61, p. 1124 -1128, 1998. CHU, W.-L.; LIM, Y.-W; RADHAKRISHNAN, A. K.; LIM, P.-E. Protective effect of aqueous extract from Spirulina platensis against cell death induced by free radicals. BioMed Central Complementary and Alternative Medicine, v. 10, n. 53, p. 3-8, 2010. COLLA, L. M.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V. Fatty acids profile of Spirulina platensis grown under different temperatures and nitrogen concentrations. Zeitschrift Naturforsch, v. 59c, p. 55-59, 2004. COLLA, L. M.; REINEHR, C. O.; REICHERT, C.; COSTA, J. A. V. Production of biomass and nutraceutical compounds by Spirulina platensis under different temperature and nitrogen regimes. Bioresource Technology, v. 98, p. 1489-1493, 2007a. COLLA, L. M.; FURLONG, E. B.; COSTA, J. A. V. Antioxidant properties of Spirulina (Arthospira) platensis cultivated under different temperatures and Nitrogen Regimes. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 50, n. 1, p. 161-167, 2007b. COPPIN, E. A.; PIKE, O. A. Oil Stability index correlated with sensory determination of oxidative stability in light-exposed soybean oil. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 78, p. 1318, 2001. CONTADO, E. W. N. F.; PATTO, L. S.; ROCHA, D. A.; ABREU, C. M. P.; CORRÊA, A. D.; SANTOS, C. D. Estudo dos métodos de extração de carotenoides em cenoura por fluído supercrítico (EFS) e convencional. Revista Ciência e Agrotecnologia, v. 34, Edição Especial, p. 1617-1623, 2010. COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M.; DUARTE FILHO, P. Spirulina platensis growth in open raceway ponds using fresh water supplemented with carbon, nitrogen and metal ions. Zeitschrift Naturforsch., v. 58, p. 76-80, 2003. CZERNIAKA, A. S.; DIANOCZKIB, C.; RECSEGB, K.; KARLOVITS, G. O.; SZŁYKA, E. Determination of antioxidant capacities of vegetable oils by ferric-ion spectrophotometric methods. Talanta, v. 76, p. 899-905, 2008. DELGADO-VARGAS, F.; JIMÉNEZ, A. R..; PAREDES-LÓPEZ, O. Natural pigments: Carotenoids, anthocyanins, and betalains - Characteristics, biosynthesis, processing, and stability. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 40, p. 173-289, 2000. DERNER, R. B.; OHSE, S.; VILLELA, M.; CARVALHO, S. M. de; FETT, R. Microalgas, produtos e aplicações. Ciência Rural, v. 36, n. 6, p.1959-1967, 2006. DE SIO, F.; SERVILLO, L. LOIUDUCE, R., LARATTA, B.; ASTALDO, D. A. Chromatographic procedure for the determination of carotenoids and chlorophylls in vegetable products. Acta Allimentaria, v. 30, p. 395-405, 2001. DEY, S.; RATHOD, V. K. Ultrasound assisted extraction of -carotene from Spirulina platensis. Ultrasonics Sonochemistry, v. 20, n.1, p. 271-276, 2013. DI MASCIO, P.; KAISER, S.; SIES, H. Lycopene as the most efficient biological carotenoid singlet oxygen quencher. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 274, p. 532-538, 1989. 39 DUARTE, D. R. S. Alimentos funcionais com microalgas: nova fonte de pigmentos, antioxidantes e ácidos gordos ómega 3. 2010. 101 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Humana e Animal), Departamento de Biologia Animal, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010. ESTRADA, J. E. P.; BESCÓS, P. B.; FRESNO, A. M. V. del. Antioxidant activity of different fractions of Spirulina platensis protean extract. IL Farmaco, v. 56, p. 497-500, 2001. FARHOOSH, R. The Effect of operational parameters of the rancimat method on the determination of the oxidative stability measures and shelf-Life prediction of soybean oil. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 84, p. 205-209, 2007. FDA Food and Drug Administration (2003). Disponível em: http://www.fda.gov/Food/FoodIngredientsPackaging/GenerallyRecognizedasSafeGRAS/GRASListing s/ucm153674.htm. Acesso: 28 nov. 2012. FERREIRA, L. S. Utilização do dióxido de carbono proveniente de fermentação alcoólica no cultivo de Spirulina (Arthrospira) platensis utilizando simultaneamente nitrato de sódio e sulfato de amônio como fontes de nitrogênio. 2011. 144 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. FRASER, P. D.; BRAMLEY, P. M. The biosynthesis and nutritional uses of carotenoids. Progress in Lipid Research, v. 43, p. 228-265, 2004. GIL-CHÁVEZ, G. J.; VILLA, J. A.; AYALA-ZAVALA, F.; HERDIA, J. B.; SEPULVEDA, D.; YAHIA, E. M.; GONZÁLEZ-AGUILAR, G. A. Technologies for extraction and production of bioactive compounds to be used as nutraceuticals and food ingredients: an overview. Comprehensive Review s in Food Sciende and Food Safety, v. 12, p. 5-23, 2013. GIREESH, T.; JAYADEEP, A.; RAJASEKHARAN, K. N.; MENON, V. P.; VAIRAMANY, M.; TANG, G.; NAIR, P. P.; SUDHAKARAN, P. R. Production of deuterated β-carotene by metabolic labeling of Spirulina platensis. Biotechnology Letters, v. 23, p. 447–449, 2001. GUEDES, A. C.; AMARO, H. M.; MALCATA, F. X. Microalgae as sources of carotenoids. Marine Drugs, v. 9, p. 625-644, 2011. HAJIMAHMOODI, M., FARAMARZI, M. A., MOHAMMADI, N., SOLTANI, N., OVEISI, M. R., NAFISSI VARCHEH, N. Evaluation of antioxidant properties and total phenolic contents of some strains of microalgae. Journal Applied Phycology, v. 22, p. 43–50, 2010. HERRERO, M.; IBÁÑEZ, E; SEÑORÁNS, F. J.; CIFUENTES, A. Pressurized liquid extracts from Spirulina platensis microalga: Determination of their antioxidant activity and preliminary analysis by micellar electrokinetic chromatography. Journal of Chromatography A, v. 1047, p. 195–203, 2004. HERRERO, M.; MARTÍN-ÁLVAREZ, P. J.; SEÑORÁNS, F. J.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Optimization of accelerated solvent extraction of antioxidants from Spirulina platensis microalga. Food Chemistry, v. 93, p. 417-423, 2005. HERRERO, M.; JAIME, L.; MARTÍN-ÁLVAREZ, P. J.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Optimization of the extraction of antioxidants from Dunaliella salina microalga by pressurized liquids. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p. 5597−5603, 2006. 40 ISHIDA, B. K; CHAPMAN, M. H. carotenoid extraction from plants using a novel environmentally friendly solvent. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, p. 1051-1059, 2009. JACOME, A. L. M. Estudo das condições ambientais no cultivo de Arthrospira (Spirulina) platensis em fotobiorreator tubular por processo descontínuo alimentado com ureia como fonte de nitrogênio. 2010. 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de PósGraduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. JAIME, L.; MENDIOLA, J.; HERRERO, M; SOLER- RIVAS, C.; SANTOYO, S.; SENORANS, F. J.; CIFUENTES, A.; IBÁNEZ, E. Separation and characterization of antioxidants from Spirulina platensis microalga combining pressurized liquid extraction, TLC, and HPLC-DAD. Journal of Separation Science, v. 28, p. 2111 – 2119, 2005. KANG, C. D.; SIM, S. J. Direct extraction of astaxanthin from Haematococcus culture using vegetable oils. Biotechnol Letters, v. 30, p. 441-444, 2008. KAUR, D.; WANI, A. A.; OBEROI, D. P. S.; SOGI, D. S. Effect of extraction conditions on lycopene extractions from tomato processing waste skin using response surface methodology. Food Chemistry, v. 108, p. 711-718, 2008. KIMURA, M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. A scheme for obtaining standards and HPLC quantification of leafy vegetable carotenoids, Food Chemisty, v. 78, p. 389-398, 2002. KOPAS, L. M.; WARTHESEN, J. J. Carotenoid photostability in raw spinach and carrots during cold storage. Journal of Food Science. v. 60, p. 773-776, 1995. KRICHNAVARUK, S.; SHOTIPRUK, A.; GOTO, M.; PAVASANT, P. Supercritical carbon dioxide extraction of astaxanthin from Haematococcus pluvialis with vegetable oils as co-solvent. Bioresource Technology, v. 99, n. 13, set., p. 5556-5560, 2008. LANÇAS, F. M. Extração com fluído supercrítico: Quo Vadis? Revista Analytica, n. 2, p. 30-37, nov., 2002. LEEMA, J. T. M.; KIRUBAGARAN, R.; VINITHKUMAR, N. V.; DHEENAN, P. S.; KARTHIKAYULU, S. High value pigment production from Arthrospira (Spirulina) platensis cultured in seawater. Bioresource Technology, n. 101, p. 9221-9227, 2010. LÉON, I. A. A. Estudo do cultivo de Spirulina platensis por processo contínuo com uréia como fonte de nitrogênio. 2010. 98 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MACHADO, B. A. S. Desenvolvimento e caracterização de filmes flexíveis de amido de mandioca com nanocelulose de coco. 2012. 163 f. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos), PósGraduação em Ciência de Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, 2011. MACÍAS-SÁNCHEZ, M. D.; MANTELL, C.; RODRÍGUEZ, M.; LA OSSA, E. M.; LUBIAN, L. M.; MONTERO, O. Comparison of supercritical fluid and ultrasound-assisted extraction of carotenoids and chlorophylla from Dunaliella salina. Talanta, v. 77, n. 3, p. 948-952, 2009. MAGRO, C. D. Remoção de cromo VI e DQO de meio de cultivo adicionado de efluente com elevada concentração de cromo a partir da microalga Spirulina platensis. 2010. 87 f. Trabalho de 41 Conclusão de Curso (Curso em Bacharelado em Engenharia Ambiental), Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2010. MALA, R.; KARTHIK, V.; SAKTHISELVAN, S.; SARAVANABABU, S. Milking of Spirulina platensis for the production of carotenoids by aqueous two phase bioreactor systems. International. Journal of Chemical Sciences, v. 8, n. 5, p. 84-91, 2010. MALHEIRO, R.; RODRIGUES, N.; MANZKE, G.; BENTO, A.; PEREIRA, J. A.; CASAL, S. The use of olive leaves and tea extracts as effective antioxidants against the oxidation of soybean oil under microwave heating. Industrial Crops and Products, v. 44, p. 37-43, 2013. MARKOM, M.; HASAN, M.; DAUD, W. R. W.; SINGH, H.; JAHIM, J. M. Extraction of hydrolysable tannins from Phyllanthus niruri Linn: Effects of solvents and extraction methods. Separation and Purification Technology. v. 52, p. 487-496, 2007. MARTÍNEZ, L. C. C. Cultivo descontínuo alimentado de Arthrospira (Spirulina) em fotobiorreator tubular utilizando nitrato de amônio como fonte de nitrogênio. 2010. 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MATSUDO, M. C. Cultivo de Spirulina platensis por processo descontínuo alimentado repetitivo utilizando ureia como fonte de nitrogênio. 2006. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. MELÉNDEZ-MARTÍNEZ, A. J.; VICARIO, I. M.; HEREDIA, F. J. Pigmentos carotenoides: consideraciones estructurales y fisicoquímicas. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v. 57, p. 109-117, 2007a. MELÉNDEZ-MARTÍNEZ, A. J.; VICARIO, I. M.; HEREDIA, F. J. Review: analysis of carotenoids in orange juice. Journal of Food Composition and Analysis, v. 20, n. 7, p. 638-649, 2007b. MENDIOLA, J. A.; JAIME, L.; SANTOYO, S.; REGLERO, G.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E.; SEÑORÁNS, F. J. Screening of functional compounds in supercritical fluid extracts from Spirulina platensis. Food Chemistry, v. 102, p. 1357-1367, 2007. MENDIOLA, J. A.; RODRÍGUEZ-MEIZOSO, I.; SEÑORÁNS, F. J.; REGLERO, G.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Antioxidants in plant foods and microalgae extracted using compressed fluids. Electronic Journal of Environmental, Agricultural and Food Chemistry, v. 7, n. 8, 2008. MENDONÇA, T. A.; DRUZIAN, J. I.; NUNES, I. L. Prospecção tecnológica da utilização da Spirulina platensis. Cadernos de Prospecção Tecnológica, v. 5, n. 1, p. 44-52, 2012. MENDONÇA, T. A.; CAZUMBÁ, Í; LIMA, A. B.; NUNES, I. L. Prospecção tecnológica da utilização de microalgas em processo de extração de carotenoides voltados para insumos na nutrição humana e animal. Revista GEINTEC, v. 3, n. 4, p. 193-204, 2013. METRHOM AG. 743 Rancimat Manual. Switzerland, 2009. MEYERS, S. P.; BLIGH, D. Characterization of astaxanthin pigments from heat-processed crawfish waste. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 29, n. 3, p. 505-508, 1981. 42 MEZZOMO, N. Extração e encapsulamento de compostos com importância tecnológica e biológica proveniente do resíduo de processamento de camarão. 2012. 216 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos, Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. MOHAMMED, M. K.; MOHD, M. K. Production of carotenoids (antioxidants/colourant) in Spirulina platensis in response to indole acetic acid (IAA). International Journal of Engineering Science and Technology, v. 3, n. 6, p. 4973-4979, 2011. MOLYNEUX, P. The use of the stable free radical diphenylpicryl-hydrazyl (DPPH) for estimating antioxidant activity. Songklanakarin Journal of Science and Technology, v. 26, n. 2, p. 211-219, 2004. MONTERO, O.; MACÍAS-SÁNCHEZ, M. D.; LAMA, C. M.; LUBÍAN, L. M.; MANTELL, C.; RODRÍGUEZ, M., DE LA OSSA, E. M. Supercritical CO2 extraction of -Carotene from a marine strain of the cyanobacterium Synechococcus species. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 9701-9707, 2005. MOJAAT, M.; FOUCAULT, A.; PRUVOST, J.; LEGRAND, J. Optimal selection of organic solvents for biocompatible extraction of -carotene from Dunaliella salina. Journal of Biotechnology, v. 133, p. 433-441, 2008. MORAIS, F. L. Carotenoides: características biológicas e químicas. Especialização (Especialista em Qualidade de Alimentos). 2006. 60 f. Pós-graduação latu senso em Qualidade de Alimentos, Centro de Excelência em Turismo, Universidade de Brasília, MOREIRA, L. M. Efeito de diferentes concentrações de Spirulina nos perfis bioquímico, hematológico e nutricional de ratos Wistar nutridos e desnutridos. 2010. 105 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, Escola de Química de Alimentos, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2010. NEGRO, J. J.; GARRIDO-FERNANDEZ, J. Astaxanthin is the major catotenoid in tissues of white storks (Ciconia ciconia) feeding on introduced crayfish (Procambarus clarku). Comparative Biochemistry and Physiology part B, v. 126, n. 3, p. 347 -352, 2000. NUNES, I. L.; MERCADANTE, A. Z. Obtenção de cristais de licopeno a partir de descarte de tomate. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 24, p. 440-447, 2004. NUNES, I. L. Estudos de purificação, estabilidade oxidativa, encapsulamento e aplicação do licopeno como protetor da degradação de vitaminas em leite. 2005. 113 f. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos), Faculdade de Engenharia de Alimentos, Departamento de Ciência de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. NUNES, I. L.; MERCADANTE, A. Z. Vantagens e desvantagens das colunas C18 e C30 para a separação de carotenoides por CLAE. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 42, n. 4, p. 540-546, 2006. OLAIZOLAL, M.; DUERR, E. O. Effects of light intensity and quality on the growth rate and photosynthetic pigment content of Spirulina platensis. Journal of Applied Phycology, n. 2, p. 97104, 1990; 43 OLIVEIRA, J, S. Caracterização, extração e purificação por cromatografia de compostos de urucum (Bixa orellana L.). 2005. 192 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química), Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Centro Tecnológico, Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. OLIVEIRA, C. G. Extração e caracterização do betacaroteno produzido por Rhodotorula glutinis tendo como substrato o suco de caju. 2010. 32 f. Trabalho Final de curso (Curso em Bacharelado em Engenharia Química), Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2010. OETTERER, M.; REGITANO-D’ARCE, M. A. B.; SPOTO, M. H. F. Fundamentos de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Barueri: Manole, 2006. ÖZCAN, M. M.; ARSLAN, D. Antioxidant effect of essencial oils of rosemary, clove and cinnamon on hazelnut and poppy oils. Food Chemistry, v. 129, p. 171-174, 2011. PERIAGO, M. J.; RINCÓN, F.; AGÜERA, M. D.; ROS, G. Mixture Approach for optimizing lycopene extraction from tomato and tomato Products. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 52, p. 5796-5802, 2004. PIRES, K. M. S.; ALENCAR, D. B. de; SOUSA, M. B. de; SAMPAIO, A. H.; SAKER-SAMPAIO, S. Teores de α-caroteno e β-caroteno em macroalgas marinhas desidratadas. Revista de Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 39, n. 2, p. 257-262, abr./ jun., 2008. PROVESI, J. G. Estabilidade e efeitos do processamento e estocagem sobre os carotenoides em purês de abóbora. 2010. 123 f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos), Programa de PósGraduação em Ciência dos Alimentos, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. RAMADAN, M. F. Rapid antiradical method for screening deep fried oils. Journal für Verbraucherschutz und Lebensmittelsicherheit, v. 5, p. 47-50, 2010. RAMALHO, V. C.; JORGE, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Química Nova, vol. 29, p. 755-760, 2006. RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M. AND RICE-EVANS, C. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology & Medicine, v. 26, p. 1231-1237, 1999. RODRIGUES, M. S. Avaliação do cultivo de Spirulina platensis utilizando simultaneamente nitrato de potássio e cloreto de amônio como fonte de nitrogênio. 2008. 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia BioquímicoFarmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. A guide to carotenoid analysis in food. Washington, DC: International Life Sciences Institute Press, 1999, p.64. RODRIGUEZ-AMAYA, D. B; KIMURA, M. Harvest plus handbook for carotenoid analysis. Washington, DC e Cali: International Food Policy Research Institute e International Center for Tropical Agriculture, 2004, p.58. 44 RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Quantitative analysis, in vitro assessment of bioavailability and antioxidant activity of food carotenoids - A review. Journal of Food Composition and Analysis, v. 23, p. 726-740, 2010. SANDER, L. C.; SHARPLESS, K. E.; CRAFT, N. E.; WISE, S. A. Development of engineered stationary phases for the separation of carotenoid isomers. Analytical Chemistry, v. 66, n. 10, p. 1667-1674, 1994. SANTOS, A. G. D. Avaliação da estabilidade térmica e oxidativa do biodiesel de algodão, girassol, dendê e sebo bovino. 2010, 183 f. Dissertação (Mestrado em Química), Programa de Pósgraduação em Química, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, 2010. SANTOYO, S.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E.; SEÑORÁNS, F. J. Functional characterization of pressurized liquid extracts of Spirulina platensis. European Food Research and Technology, v. 224, p. 75-81, 2006. SCHIEBER, A.; CARLE, R. Occurrence of carotenoids cis-isomers in food: technological, analytical, and nutritional implications. Trends in Food Science & Technology, v. 16, n. 9, p. 416-422, 2005. SCHMITZ, R.; DAL MAGRO, C.; COLLA, L. M. Aplicações ambientais de microalgas. Revista CIATEC – UPF, v.4, n. 1, p.48-60, 2012. SHAHIDI, F.; SYNOWIECKI, J. Isolation and characterization of nutrients and value-added products from snow crab (Chinoecetes opilio) and Shrimp (Pandalus borealis) processing discards. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 39, n. 9, p. 1527-1532, 1991. SILVA, F. A. M.; M. BORGES, F. M.; FERREIRA, M. A. Métodos para avaliação do grau de oxidação lipídica e da capacidade antioxidante. Química Nova, v. 22, n. 1, 1999. SILVA, L. A. Estudo do processo biotecnológico de produção, extração e recuperação do pigmento ficocianina da Spirulina platensis. 2008. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), Programa de Pós-Graduação em Processos Biotecnológicos, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. SOUZA, M. M.; PRIETTO, L.; RIBEIRO, A. C.; SOUZA, T. D.; BADIALE-FURLONG, E. Assessment of the antifungal activity of Spirulina platensis phenolic extract against Aspergillus flavus. Revista Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1050-1058, 2011. SOUZA, M. M. Potencial antifúngico e antioxidante dos extratos fenólicos de Chlorella sp. e Spirulina platensis e a capacidade desta de inibir a síntese de aflatoxinas. 2012. 165 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, Escola de Química de Alimentos, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2012. STRATI, I. F.; OREOPOULOU, V. Effect of extraction parameters on the carotenoid recovery from tomate waste. International Journal of Food Science & Technology, v. 46, p. 23-29, 2011. TAGHVAEI, M.; JAFARI, S. M.; MAHOONAK, A. S.; NIKOO, A. M.; RAHMANIAN, N.; HAJITABAR, J.; MESHGINFAR, N. The effect of natural antioxidants extracted from plant and animal 45 resources on the oxidative stability of soybean oil. LWT - Food Science and Technology. v. 56, p. 124-130, 2014. TAKAICHI, S. Carotenoids in algae: distributions, biosyntheses and functions. Marine Drugs, v. 9, p. 1101-1118, 2011. UENOJO, M.; MARÓSTICA JUNIOR, M. R.; PASTORE, G. M. Carotenoides: propriedades, aplicações e biotransformação para formação de compostos de aroma. Química Nova, v. 30, n. 3, p. 616-622, 2007. VALDUGA, E.; TATSCH, P. O.; TIGGEMANN, L.; TREICHEL, H.; TONIAZZO, G.; ZENI, J.; DI LUCCIO, M.; FÚRIGO JÚNIOR, A. Produção de carotenoides: microrganismos como fonte de pigmentos naturais. Química Nova, v. 32, n. 9, p. 2429-2436, 2009. WALTER, A. Estudo do processo biotecnológico para obtenção de ficocianina a partir da microalga Spirulina platensis sob diferentes condições de cultivo. 2011. 133 f. Dissertação (Mestrado em Processos Biotecnológicos) Programa de Pós-Graduação em Processos Biotecnológicos, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. WANG, L.; PAN, B.; SHENG, J.; XU, J.; HU, Q. Antioxidant activity of Spirulina platensis extracts by supercritical carbon dioxide extraction. Food Chemistry, v. 105, p. 36-41, 2007. WANG, J.; WANG, Y.; WANG, Z.; LI L.; QIN, J.; LAI, W.; FU, Y.; SUTER, P. M,; RUSSELL, R. M,; GRUSAK, M. A,; TANG, G.; YIN, S.Vitamin A equivalence of spirulina -carotene in Chinese adults as assessed by using a stable-isotope reference method. American Journal of Clinical Nutrition, n. 87, p. 1730-1737, 2008. WANG, Y.; ZHAO, M.; TANG, S.; SONG, K.; HAN, X.; OU, S. Evaluation of the Oxidative Stability of Diacylglycerol-Enriched Soybean Oil and Palm Olein Under Rancimat-Accelerated Oxidation Conditions. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 87, p. 483-491, 2010. YU, B.; WANG, J.; SUTER, P. M.; RUSSELL, R. M.; GRUSAK, M. A.; WANG, Y.; WANG, Z.; YIN, S.; TANG, G. Spirulina is an effective dietary source of zeaxanthin to humans. British Journal of Nutritionn, v. 108, p. 611-619, 2012. ZEB, A.; MURKOVIC, M. Characterization of the effects of β-carotene on the thermal oxidation of triacylglycerols using HPLC-ESI-MS. European Journal of Lipid Science and Technology, v. 112, p. 1218-1228, 2010. ZEB, A.; MURKOVIC, M. Carotenoids and triacylglycerols interactions during thermal oxidation of refined olive oil. Food Chemistry, v. 127, p. 1584-1593, 2011. ZEB, A.; MURKOCIC, M. Pro-oxidant effects of -carotene during thermal oxidation, of edible oils. Journal of the American Oil Chemistry Society, v. 90, p. 881-889, 2013a. ZEB, A.; MURKOCIC, M. Determination of thermal oxidation and oxidation products of -carotene in corn oil triacylglycerols. Food Research International, v. l50, p. 534-544, 2013b. 46 CAPÍTULO II Carotenoides da Microalga Spirulina platensis: Obtenção e Avaliação da Atividade Antioxidante Artigo em fase de tradução para submissão à Revista Journal of Agricultural and Food Chemistry 47 RESUMO O objetivo deste trabalho foi obter carotenoides a partir da microalga Spirulina platensis utilizando um planejamento experimental fatorial completo e comparar com o método de extração convencional, bem como avaliar a atividade antioxidante dos extratos. Verificou-se que o conteúdo de carotenoides obtido através da extração convencional foi de 272,26 ± 8,52 g/g e utilizando razão massa:volume de 0,5:15 (g/mL), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC (condição ótima do planejamento) foi de 250,71 ± 4,34 g/g, apresentando como vantagens a utilização de solvente Generally Recognized As Safe (GRAS), menor tempo total de análise e menor gasto de solvente. A separação por CLAE mostrou que o all-trans-caroteno foi o principal carotenoide encontrado nesta microalga. Os extratos de carotenoides apresentaram uma porcentagem de inibição do radical DPPH de 53,73 ± 0,44% (extração convencional) e de 45,06 ± 0,34% (condição ótima do planejamento). Os resultados da oxidação acelerada em Rancimat sugerem que o extrato de carotenoides obtido na condição ótima do planejamento experimental tem potencial para uso como antioxidante natural em óleo de palma refinado. PALAVRAS-CHAVE: extração; planejamento experimental; atividade antioxidante; óleo de palma refinado; Rancimat. 48 ABSTRACT The aims of this study were to obtain carotenoids of Spirulina platensis using experimental design and compare with the traditional extraction method, as well as evaluating the antioxidant activity of the extracts. The results showed that content of carotenoids obtained by traditional extraction method was 272.26 g/g and using 0.5:15 g/mL, 5 extractions, 30 min. and 35ºC (optimum condition in the experimental design) was 250.71 g/g presented as advantages of lower total analysis time and lower expense of solvents GRAS. The separation by HPLC showed that the all-trans--carotene was principal carotenoid this microalga. The extracts of carotenoids obtained presented percent inhibition the DPPH the 53.43% (traditional extraction method) and 45.06% (optimum condition in the experimental design). The results of test Rancimat suggest that the extract added refined palm oil can be used as a natural antioxidant. KEYWORDS: extraction; experimental design; antioxidant activity; refined palm oil; Rancimat. 49 1. Introdução Há um grande interesse pela utilização de microalgas em processos biotecnológicos, principalmente pela identificação de substâncias sintetizadas por estes organismos, que podem ter aplicabilidade comercial na nutrição, saúde humana e animal, como também na indústria de alimentos à medida que o uso de corantes naturais em alimentos vem se tornando uma tendência atual, devido à demanda dos consumidores por produtos naturais que tragam benefícios à saúde.1-5 A Spirulina platensis é uma cianobactéria filamentosa de cor verde-azulada, composta por diferentes compostos, tais como, ficocianinas, carotenoides, compostos fenólicos e ácidos graxos polinsaturados. Tem sido investigada por apresentar propriedades medicinais, nutricionais e terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de problemas de saúde1,4,6-8 e também por apresentar em sua biomassa o pigmento -caroteno em níveis de 0,5 a 1-2 g kg-1 de matéria seca.8,9 Como os carotenoides, em especial o -caroteno, é um composto de grande interesse para a indústria de alimentos, por apresentar poder corante e propriedades funcionais que formam a base de diversas funções e ações em organismos vivos, como atividade de próvitamina A, propriedade antioxidante10-13 e utilidade na conservação de alimentos, por retardar os processos de oxidação lipídica,6,11-14 a Spirulina platensis apresenta-se como uma fonte alternativa para a produção deste pigmento em escala comercial e industrial. Alterações decorrentes da oxidação lipídica são indesejáveis nos alimentos, visto que esta reação reduz a qualidade e o valor nutricional dos mesmos. Os produtos formados por este processo podem ser perigosos para a saúde, uma vez que estão associados ao envelhecimento, doenças cardíacas e câncer.15,16 Assim, a adição de antioxidantes sintéticos ou naturais nos alimentos, se faz necessária para retardar a oxidação de lipídios presentes na composição dos mesmos. 50 Antioxidantes sintéticos tais como: butil hidroxianisol (BHA), butil hidroxitolueno (BHT) e terc-butil hidroquinona (TBHQ) são bastante utilizados na indústria de alimentos para retardar os processos oxidativos provenientes das reações de oxidação lipídica, principalmente de óleos e gorduras. Todavia, o emprego destes, tem sido alvo de questionamentos devido aos efeitos negativos que os mesmos podem representar para a saúde humana. Por este motivo, pesquisas estão sendo realizadas com o intuito de encontrar compostos naturais que possam substituir os antioxidantes sintéticos.17-21 Pensando na obtenção de compostos naturais que se apresentem seguros para a utilização na indústria de alimentos, saúde humana e para o meio ambiente, vários métodos estão sendo desenvolvidos para a obtenção de carotenoides a partir de microalgas.1-4,8,22-24 Dentre estes métodos, destaca-se a extração por solventes orgânicos (SE), que tem sido uma técnica bastante utilizada para a obtenção de diversos compostos bioativos (carotenoides, compostos fenólicos, flavonoides, dentre outros compostos antioxidantes) das mais variadas matérias-primas.25 Apesar de ser considerada uma técnica trabalhosa e utilizar solventes orgânicos no processo de extração, que por sua vez, podem apresentar riscos para a saúde humana por serem considerados tóxicos, apresenta vantagens como: baixo custo e facilidade de operação, além disso, pode ser adaptada para atender as necessidades de extração, como também é um método bem estabelecido na indústria de alimentos.25 Sendo assim, quando a questão é a segurança dos produtos finais para o uso alimentar, à seleção e a escolha dos solventes orgânicos a serem utilizados nos processos de extração de carotenoides, é de fundamental importância. Dessa forma, devem-se buscar sempre alternativas seguras, para a extração destes compostos, dando preferência, principalmente aqueles solventes considerados seguros (Generally Recognized As Safe - GRAS).1,3,4,7 51 Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho foi estudar a obtenção de carotenoides a partir da microalga Spirulina platensis utilizando um planejamento experimental e comparar com o método de extração convencional, bem como avaliar a atividade antioxidante dos extratos obtidos. Para tal foi desenvolvido um planejamento experimental fatorial completo (24), com pontos centrais, considerando quatro fatores (razão massa:volume, número, tempo e temperatura de extração). Os extratos obtidos (extração convencional e condição ótima do planejamento experimental) foram analisados e caracterizados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), a atividade antioxidante dos mesmos foi determinada pelo método DPPH e o efeito antioxidante do extrato obtido na condição ótima do planejamento e do TBHQ sobre a oxidação lipídica de óleo de palma refinado foi avaliado através da oxidação acelerada em Rancimat. 2. Materiais e Métodos 2.1. Amostra A microalga utilizada no presente estudo foi à Spirulina platensis LEB 18, (Arthrospira LEB 18) isolada da Lagoa Mangueira no Sul do Brasil e cultivada em uma planta piloto localizada no município de Santa Vitória do Palmar/RS (entre latitudes de 32º32’ 05”S e 33º31’57”S).26 As amostras foram fornecidas pelo Laboratório de Engenharia Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) na forma seca (50ºC por 4 h em secador de bandeja) e embalada a vácuo em sacos plásticos. Imediatamente após o recebimento, a biomassa da Spirulina platensis foi liofilizada (Terroni LS 3000, Terroni, São Carlos, São Paulo, Brasil) por 24h. Em seguida, as amostras foram armazenadas em frascos âmbar, fechados em atmosfera inerte (nitrogênio), e mantidas em refrigeração (5ºC) até o momento das análises. 52 2.2. Extração de carotenoides 2.2.1. Método convencional A extração quantitativa de carotenoides a partir de 0,5 g da microalga foi realizada segundo Rodriguez-Amaya (1999)27, utilizando-se acetona. Em seguida o extrato foi submetido à saponificação com KOH 10% em metanol por uma noite a temperatura ambiente. Após lavagem com água para a remoção do álcali, o extrato de carotenoides obtido foi transferido para éter de petróleo (30-70ºC) e quantificado em espectrofotômetro UV-Vis Lambda 25 (Perkin Elmer, Ayer Rajah Crescent, Singapore) através de leitura da absorbância no comprimento de onda máximo de absorção do -caroteno (450 nm) em éter de petróleo, e a concentração calculada considerando uma absortividade (A1%1cm) de 259228. 2.2.2. Planejamento experimental Foi utilizado um planejamento fatorial completo (24), com pontos centrais para estudar o efeito simultâneo de quatro variáveis (relação massa: volume, número de extrações, tempo de extração e temperatura de extração) na extração de carotenoides da microalga Spirulina platensis (Tabela 1), totalizando 19 experimentos (16 pontos do planejamento experimental fatorial completo e 3 pontos centrais). Para a extração dos carotenoides da Spirulina platensis 0,5 g da microalga foi homogeneizada em uma incubadora de bancada tipo shaker (Model CT 712, Cientec, São Paulo, Brasil), considerando extração e saponificação simultâneas com etanol. Após a remoção do álcali, a concentração de carotenoides foi mensurada utilizando um espectrofotômetro UV-Vis de acordo com o método descrito no item 2.2.1. Os experimentos foram realizados em triplicata. A inter-relação entre as variáveis independentes foi estabelecida utilizando o modelo linear expresso pela equação 1: Y = b0 + b1X1 + b2X2 + b3X3 + b4X4 + b12X1X2 + b13X1X3 + b14X1X4 + b23X2X3 + b24X2X4 + b34X3X4 +b1234X1X2X3X4 (1) 53 onde Y é a resposta prevista, X1, X 2, X3 e X4 são as variáveis independentes, b0 é a média global das observações , b1, b2, b3 e b4 são os efeitos lineares, b12, b13, b14, b23, b24, b34, e b1234 são as interações entre as variáveis independentes. 2.3. Análise de carotenoides por CLAE Os extratos de carotenoides obtidos pelo método convencional de extração e condição ótima do planejamento experimental foram inicialmente concentrados em rota evaporador (Rotavapor R II, Büchi Labortechnik AG, Flawil, Switzerland) (T < 35°C), submetidos à secagem com nitrogênio e armazenados em freezer antes da quantificação em CLAE (Agillent, Waldbronn, Germany), equipado com degasser, sistema quaternário de bombas e detector UV-Vis. Os carotenoides foram separados em coluna de fase reversa C30 250 × 4,6 mm, 3 μm (YMC), utilizando como fase móvel água:metanol:éter tert metil-butílico (MTBE) (J. T. Baker-Mallinckrodt) em gradiente de 5:90:5 para 0:95:5 em 12 min., para 0:89:11 em 25 min., para 0:75:25 em 40 min. e para 0:50:50 até o final da corrida (60 min.), fluxo de 1 mL/min. e temperatura da coluna mantida a 33 °C.29 Os padrões de carotenoides foram adquiridos da Sigma-Aldrich. Para a quantificação, curvas de calibração foram construídas com all-trans--caroteno (5-50 μg/mL), all-trans-α-caroteno (2-25 μg/mL), luteína (1-65 μg/mL), criptoxantina (4-100 μg/mL), e zeaxantina (1-40 μg/mL). Os limites de quantificação (LOQ) e detecção (LOD) foram 10,89 × 10−2 μg/g e 6,53 × 10−2 μg/g para all-trans-caroteno e 9-cis--caroteno; 1,15 × 10−2 μg/g e 6,9 × 10−3 μg/g para luteína; 3,51 × 10−2 μg/g e 2,11 × 10−2 μg/g para criptoxantina; 1,59 × 10−2 μg/g e 9,56 × 10−2 μg/g para zeaxantina; 3,28 × 10−2 μg/g e 1,97 × 10−2 μg/g para all-trans--caroteno; e 7,43 × 10−2 μg/g e 4,46 × 10−2 μg/g para o -caroteno 5,6-epóxido, respectivamente. 54 2.4. Determinação da atividade antioxidante pelo método DPPH A atividade antioxidante dos extratos obtidos pelo método de extração convencional e condição ótima do planejamento experimental foram mensurados com o uso do radical livre DPPH de acordo com a metodologia proposta por Brand-Williams.30 Para isso foi preparada uma solução de DPPH (20,0 mg) em metanol (50 mL) e esta armazenada a 4ºC. Para a realização das medições da atividade antioxidante esta solução foi diluída na proporção de 1:10 em metanol. Alíquotas de 1 mL dos extratos de carotenoides foram adicionados a 3,0 mL de solução de DPPH para obter volume final de 4 mL. A solução ficou em repouso por 30min. em temperatura ambiente no escuro, e a leitura da absorbância da mistura foi realizada em espectrofotômetro UV-Vis Lambda 25 (Perkin Elmer, Ayer Rajah Crescent, Singapore) no comprimento de onda de 515 nm. As análises foram realizadas em triplicata. Os resultados foram expressos como a concentração de antioxidante requerida para decrescer a concentração inicial de DPPH em 50% (EC50). O percentual de inibição (%) do DPPH foi calculada de acordo com a equação 2: % de Inibição = [(Acontrole - Ateste)/Acontrole)] x 100 (2) onde: Acontrole é a absorbância do controle (solução de DPPH sem amostra) e Ateste é a absorbância da amostra com a solução de DPPH. 2.5. Oxidação acelerada em Rancimat O efeito antioxidante do extrato de carotenoides obtido da microalga Spirulina platensis (condição ótima do planejamento experimental) e do antioxidante sintético TBHQ, foi avaliado através do método de oxidação acelerada em Rancimat modelo 743 (Methrom, AG, Herisau, Switzerland). As amostras de óleo de palma refinado, doadas pela Agropalma S/A, (Companhia Refinadora da Amazônia, Belém/Pará, Brasil), foram submetidas à determinação espectrofotométrica de carotenoides totais antes da adição do extrato de 55 carotenoides obtido da microalga conforme método descrito no item 2.2.1. Foram analisados três lotes de óleo de palma refinado sem antioxidantes e adicionados de antioxidante sintético (200 mg kg−1 TBHQ) e natural [extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis obtidos da condição ótima do planejamento experimental (222,52 ± 12,10 mg kg−1)]. O TBHQ foi adicionado às amostras de óleo de palma refinado e estas foram aquecidas a 35ºC em banho-maria por 5 min. para dissolução completa do mesmo. O extrato de carotenoides, previamente concentrado em rota evaporador ( 5 mL), foi adicionado às amostras de óleo de palma refinado e estas levadas ao aquecimento por 5 min. a 35ºC para homogeneização, sendo posteriormente submetidas à secagem com nitrogênio por 10 min. para a completa remoção do solvente. Uma quantidade de 3,0 g de amostra foi cuidadosamente pesada diretamente nos tubos de reação do equipamento, e submetida à análise a uma temperatura de 120ºC e fluxo de ar de 20 L/h. O processo de oxidação foi registrado automaticamente pela mensuração da mudança na condutividade da água destilada e o tempo de indução (TI) expresso em horas (h). Cada lote foi analisado em triplicata. 2.6. Análise estatística Os dados da extração de carotenoides da microalga Spirulina platensis, obtidos através do planejamento experimental fatorial completo (24) foram analisados pelo programa Statistica 7.0 e Análise de Variância (ANOVA) foi utilizada para analisar os efeitos e interações entre as variáveis independentes do planejamento experimental, considerado um nível de confiança de 95% (p < 0,05) para o modelo estatístico. Os resultados da determinação da atividade antioxidante pelo método DPPH e da oxidação acelerada em Rancimat foram analisados pelo teste de aleatorização Wilcoxon e Kruskall-Wallis, respectivamente, considerando uma significância estatística de 95% (p < 0,05). 56 3. Resultados e Discussão 3.1. Obtenção de carotenoides Os parâmetros analisados e as respostas obtidas no planejamento experimental fatorial completo (24) estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Valores reais e codificados do planejamento experimental fatorial completo, tendo como resposta a concentração média de carotenoides totais e o percentual de extração. variáveis independentes ensaios variáveis dependentes relação massa:volume (g/mL) nº de extrações tempo temperatura carotenoides totais (g/g) extração (%)a (min) (ºC) 1 - (0,5:10) - (4) - (20) - (30) 227,48 83,55 2 + (0,5:20) - (4) - (20) - (30) 204,93 75,27 3 - (0,5:10) + (6) - (20) - (30) 231,64 85,08 4 + (0,5:20) + (6) - (20) - (30) 221,25 81,26 5 - (0,5:10) - (4) + (40) - (30) 240,34 88,28 6 + (0,5:20) - (4) + (40) - (30) 233,54 85,78 7 - (0,5:10) + (6) + (40) - (30) 220,76 81,08 8 + (0,5:20) + (6) + (40) - (30) 256,15 94,08 9 - (0,5:10) - (4) - (20) + (40) 199,83 73,40 10 + (0,5:20) - (4) - (20) + (40) 216,74 79,61 11 - (0,5:10) + (6) - (20) + (40) 233,95 85,93 12 + (0,5:20) + (6) - (20) + (40) 214,97 78,96 13 - (0,5:10) - (4) + (40) + (40) 239,90 88,12 14 + (0,5:20) - (4) + (40) + (40) 247,04 90,74 15 - (0,5:10) + (6) + (40) + (40) 239,54 87,98 16 + (0,5:20) + (6) + (40) + (40) 257,44 94,56 17 (C) 0 (0,5:15) 0 (5) 0 (30) 0 (35) 245,83 90,29 18 (C) 0 (0,5:15) 0 (5) 0 (30) 0 (35) 252,16 92,62 19 (C) 0 (0,5:15) 0 (5) 0 (30) 0 (35) 254,15 93,35 R2 = 0,7545. a Porcentagem calculada em relação a extração convencional de carotenoides (272,26 ± 8,52 g/g). Verificou-se que o total de carotenoides obtido pelo método de extração convencional foi de 272,26 ± 8,52 g/g (Tabela 1). Em relação aos dados do planejamento experimental 57 nota-se que os melhores resultados em termos de rendimento de extração foram obtidos nos experimentos 8 (256,15 µg/g; razão massa:volume 0,5:20 (g/mL), 6 extrações de 40 min. e temperatura de 30ºC), 16 (257,44 µg/g; razão massa:volume 0,5:20 (g/mL), 6 extrações de 40 min. e temperatura de 40ºC) e pontos centrais (250,71 µg/g valor médio dos 3 pontos centrais, razão massa:volume 0,5:15 (g/mL), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC ). Consequentemente foi escolhida como condição ótima a região dos pontos centrais, em que foi utilizada razão massa:volume 0,5:15 (g/mL), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC, uma vez que o percentual de extração de carotenoides foi de 92,08% para essa condição em relação ao teor obtido no método de extração convencional, o que representou uma diferença de 2,00 e 2,50% para os pontos 8 e 16, respectivamente, além das vantagens de menor tempo total de análise, menor gasto de solvente e utilização de etanol, considerado GRAS e portanto seguro para a utilização e aplicação na indústria de alimentos.1-4 Cabe esclarecer que o objetivo deste estudo foi obter a maior quantidade de carotenoides com o menor gasto de solvente e menor tempo de análise. Deste modo, em nenhum momento foi feita a extração exaustiva de carotenoides para o método de extração proposto pelo planejamento experimental, assim como reportado no estudo de Nunes & Mercadante (2004) para obtenção de licopeno.31 Vale salientar que o método proposto para a extração de carotenoides da microalga Spirulina platensis a partir do planejamento experimental quando comparado com a extração convencional (em torno de 20 h) apresentou menor tempo total de análise (em torno de 5 h), lembrando que este tempo total gasto foi decorrente de 2,5 h para extração, 1,5 h para lavagem dos extratos já que estes foram preparados em triplicata e 1 h para a quantificação em espectrofotômetro (considerando o tempo inicial de estabilização do equipamento). Dessa forma, pensando no menor tempo de análise e no uso de solvente considerado GRAS para a obtenção dos carotenoides, este método pode ser considerado viável para 58 aplicação em escala industrial, visto que a técnica com o uso de solventes para a extração de carotenoides é bem estabelecida na indústria de alimentos.32 Análise de Variância (ANOVA) foi utilizada para estimar a significância estatística dos efeitos e interações das variáveis independentes do planejamento experimental (Figura 1). Os resultados mostraram que as variáveis: número de extrações (B), tempo de extração (C) e as interações entre as variáveis: razão massa:volume x tempo de extração (A x C); tempo de extração x temperatura de extração (C x D); razão massa:volume x número de extrações x tempo de extração (A x B x C); razão massa:volume x número de extrações x temperatura de extração (A x B x D), apresentaram efeito significativo na resposta (p < 0,05) do planejamento experimental proposto. Verificou-se que todas as variáveis apresentaram efeito positivo na resposta, exceto, a interação entre as variáveis A x B x D. 8,65 C 4,17 AxC -3,74 AxBxD 3,60 AxBxC 3,10 B 2,49 CxD 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Efeitos Figura 1. Gráfico de Pareto dos efeitos principais verificados no planejamento experimental fatorial completo. Número de extrações (B); tempo de extração (C); razão massa:volume x tempo de extração (A x C); tempo de extração x temperatura de extração (C x D); razão massa:volume x número de extrações x tempo de extração (A x B x C); razão massa:volume x número de extrações x temperatura de extração (A x B x D). 59 O modelo proposto com base na concentração total de carotenoides (Tabela 1) explica 75,45% da variância dos dados experimentais (R2 = 0,7545), sendo assim, este pode ser explicado considerando apenas as variáveis que apresentaram efeito significativo na resposta (p < 0,05) (B, C, A x C, C x D, A x B x C e A x B x D). O modelo linear proposto pode ser verificado na equação 3: Y=231,54 + 4,12(B) + 11,49(C) + 5,54(AC) + 3,31(CD) + 4,79(ABC) – 4,97(ABD) (3) Esta falta de ajuste pode ser explicada considerando que a concentração de carotenoides na microalga não depende apenas da presença ou ausência do pigmento em sua biomassa, mas também das condições de cultivo, intensidade da luz e de fatores ambientais que induzem o crescimento da microalga. A composição dos extratos de carotenoides obtidos pelo método convencional de extração (Figura 2A) e condição ótima do planejamento experimental (Figura 2B) analisados por CLAE são mostrados na Figura 2. 60 Figura 2. Análise de carotenoides por CLAE em (A) extração convencional e (B) condição ótima do planejamento experimental. Picos 1-7 representam: 1) luteína; 2) zeaxantina; 3) -caroteno 5,6-epóxido; 4) criptoxantina; 5) all-trans--caroteno; 6) all-trans--caroteno; 7) 9-cis--caroteno. Observou-se que os cromatogramas dos extratos de carotenoides da microalga Spirulina platensis obtidos através do método de extração convencional e condição ótima do planejamento experimental apresentaram composição similar. Os pigmentos identificados em ambos os cromatogramas foram: luteína, zeaxantina, -carotene 5,6-epóxido, criptoxantina, all-trans--caroteno, all-trans--caroteno e 9-cis--caroteno. Os picos 1, 2 e 5 não foram quantificados porque estavam abaixo do limite de quantificação (Figura 2). 61 Verifica-se que em ambos os cromatogramas o pigmento all-trans--caroteno2,33,34 foi o principal carotenoide desta microalga, contribuindo com 140,05 e 105,20 g/g do total do conteúdo de carotenoides, para a extração convencional e condição ótima do planejamento experimental, respectivamente. O conteúdo de all-trans--caroteno obtido através do método de extração convencional, foi similiar ao apresentado no estudo de Gireesh et al. (2001)9, sobre a produção de deutérios de -caroteno a partir do cultivo da microalga Spirulina platensis com água enriquerida com deutério (D2O), em que o rendimento deste pigmento ficou em torno de 140,00-175,00 g/g. Como demostrado por outros autores 8,9 o -caroteno obtido de microalgas vem se destacando e ganhando importância em escala comercial e biotecnológica, visto que estes microrganismos apresentam características como: simples estrutura celular, rápida taxa de crescimento, vivem em condições adversas (alta temperatura, alta salinidade, frio, anaerobiose, foto-oxidação, pressão osmótica, exposição à radiação ultravioleta dentre outros), podem ser encontrados nos mais variados ecossistemas aquáticos e terrestres, como também, devido ao envolvimento deste pigmento na saúde humana (ação de pró-vitamina A e atividade antioxidante )3,14 e do interesse da indústria de alimentos, uma vez que estes podem ser usados como corantes e conservantes em alimentos4,8. 3.2. Atividade antioxidante Os resultados da determinação da atividade antioxidante utilizando o método do radical DPPH estão apresentados na Tabela 2. 62 Tabela 2. Atividade antioxidante (%) dos extratos de carotenoides obtidos da microalga Spirulina platensis. Extratos Tempo extração convencional 30 min. 53,73 ± 0,44a condição ótima Letras iguais não diferem estatisticamente (p < 0,05). 45,06 ± 0,34a Observa-se que os percentuais de inibição do radical DPPH foram de 53,73 e 45,06% para os extratos de carotenoides obtidos pelo método de extração convencional e condição ótima do planejamento, respectivamente. Estes resultados foram similares e não diferiram estatisticamente (p < 0,05). Também foram similares aos resultados do estudo de Santoyo et al. (2006)1, em que foram encontrados percentuais de inibição de DPPH de 46,00-67,00% e 50,00-59,00% para os extratos antioxidantes da microalga Spirulina platensis obtidos com éter de petróleo e etanol, respectivamente, por extração com líquido pressurizado (PLE). Os resultados da presente investigação sugerem que os compostos antioxidantes obtidos a partir da microalga Spirulina platensis apresentam propriedades antioxidantes, dessa forma, esta microalga pode ser considerada uma fonte promissora para a obtenção de antioxidantes naturais e com aplicabilidade funcional na indústria de alimentos, no que diz respeito ao desenvolvimento e fabricação de alimentos "saudáveis".25 3.3. Oxidação acelerada em Rancimat As amostras de óleo de palma refinado adicionadas de TBHQ e do extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis foram mais estáveis ao processo de oxidação acelerada e apresentaram diferença estatística significativa em relação ao controle (óleo de palma refinado sem adição de antioxidantes) (p < 0,05) (Tabela 3). O óleo de palma refinado foi utilizado nesse estudo, devido a sua aplicabilidade na indústria de alimentos em processos de fritura e outros processamentos térmicos.17,35,36 O 63 tempo de indução do óleo de palma refinado sem antioxidante foi próximo ao encontrado por Anwar (2003)37 que relata o valor de 10,83 h para óleo de palma refinado, branqueado e desodorizado (RBD), ao estudar a relação entre a utilização do equipamento Rancimat e o Método do Oxigênio Ativo (AOM), no processo de oxidação lipídica de óleos e gorduras. Tabela 3. Oxidação acelerada em Rancimat do óleo de palma refinado sem antioxidante e adicionado de antioxidantes (TBHQ e extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis). lote 1 óleo de palma refinado lote 2 lote 3 tempo de indução (h) Controle 9,00 ± 0,02a 7,86 ± 0,42a 8,44 ± 0,32a antioxidante I1 14,85 ± 0,46b 14,30 ± 0,46b 14,15 ± 0,05b antioxidante II1 13,07 ± 0,24b 14,33 ± 0,52b 10,43 ± 0,30b 1 Antioxidante I - TBHQ, antioxidante II - extrato de carotenoides. Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma linha ou coluna, não apresentam diferenças significativas (p < 0,05). O óleo de palma adicionado com TBHQ apresentou maior estabilidade à oxidação quando comparado às amostras controle e aquelas adicionadas com o extrato de carotenoides, entretanto não apresentou diferença estatística em relação às últimas (p < 0,05). Estes resultados estão de acordo com os estudos que relatam que o TBHQ é o antioxidante sintético mais utilizado para retardar a oxidação de óleos vegetais e outros produtos, pois resiste ao calor, não altera o sabor ou o cheiro do material e pode ser utilizado em menor concentração.16,20,21,38 Entretanto, foi verificado também que o óleo de palma refinado adicionado com o extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis apresentou efeito protetor similar ao óleo de palma refinado adicionado com o antioxidante sintético TBHQ (Tabela 3). Os resultados sugerem, portanto, que o referido extrato de carotenoides pode ser utilizado como um antioxidante natural para prevenir a oxidação lipídica de óleo de palma refinado, estando de acordo com o estudo de Kajimoto et al. (1996)39, em que a adição do -caroteno aos óleos de oliva e de baleia, proporcionou efeito protetor na oxidação lipídica dos mesmos. 64 Associando estas informações as propriedades biológicas que o -caroteno apresenta para a saúde humana, como também, por se tratar do pigmento mais interessante economicamente, devido a sua aplicabilidade na indústria de alimentos, o extrato de carotenoides obtido desta microalga pode ser considerado um antioxidante natural capaz de substituir o antioxidante sintético para aumentar a vida de prateleira de óleos vegetais. Zeb et al.12,13,40,41ao estudarem o efeito da adição de -caroteno na estabilidade oxidativa de diferentes óleos vegetais (óleo de milho, canola, girassol, triacilglicerois e azeite de oliva) verificaram que este pigmento é degradado nas primeiras horas (3-5 horas) de tratamento térmico. Estes autores observaram também, que os óleos vegetais utilizados nestes experimentos apresentaram maior estabilidade durante o tratamento térmico, na presença de -caroteno, quando o mesmo continha em sua composição outras substâncias, tais como: tocoferóis, ácido oleico, compostos fenólicos, dentre outras, visto que podem atuar sinergicamente com este pigmento retardando a oxidação lipídica. Cabe esclarecer que os óleos vegetais utilizados nestes estudos apresentam em sua composição, ácidos graxos de cadeia insaturada, portanto mais susceptíveis a oxidação e degradação dos seus constituintes, o que promove um maior consumo de -caroteno pela amostra. Como o óleo de palma refinado é rico em ácido palmítico e oleico, tal característica pode ter influenciado também no maior tempo de indução e, portanto conferindo maior estabilidade oxidativa às amostras utilizadas no presente trabalho.37 Em conclusão, verificou-se que o conteúdo de carotenoides obtido utilizando a condição ótima do planejamento experimental (razão massa:volume de 0,5:15 (g/mL), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC) foi de 250,71 ± 4,34 g/g, sendo esse total correspondente a 92,08% do teor obtido no método convencional, e apresentando como vantagens a utilização de solvente GRAS, menor tempo total de análise e menor gasto de solvente. O all-trans--caroteno foi o principal carotenoide encontrado na biomassa desta 65 microalga, independente do método de extração utilizado, dessa forma a obtenção de carotenoides com o uso de solvente GRAS mostra-se viável para aplicação em escala industrial. Os extratos de carotenoides obtidos pelo método de extração convencional e condição ótima do planejamento experimental apresentaram potencial antioxidante e os resultados da oxidação acelerada em Rancimat sugerem que o extrato de carotenoides adicionado ao óleo de palma refinado pode ser usado como um antioxidante natural para retardar a oxidação lipídica. 4. Agradecimentos Os autores agradem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento do projeto Rede Nanobiotec AUX-PE-NANOBIOTEC 769/2009 e pela bolsa de mestrado. 5. Referências (1) Santoyo, S.; Cifuentes, A.; Ibáñez, E.; Señoráns, F. J. Functional characterization of pressurized liquid extracts of Spirulina platensis. Eur. Food Res. Technol. 2006, 224, 75-81. (2) Herrero, M.; Ibáñez, E; Señoráns, F. J.; Cifuentes, A. Pressurized liquid extracts from Spirulina platensis microalga: Determination of their antioxidant activity and preliminary analysis by micellar electrokinetic chromatography. J. Chromatogr. A 2004, 1047, 195-203. (3) Herrero, M.; Martín-Álvarez, P. J.; Señoráns, F. J.; Cifuentes, A.; Ibáñez, E. Optimization of accelerated solvent extraction of antioxidants from Spirulina platensis microalga. Food Chem. 2005, 93, 417-423. (4) Herrero, M.; Jaime, L.; Martín-Álvarez, P. J.; Cifuentes, A.; Ibáñez, E. Optimization of the extraction of antioxidants from Dunaliella salina microalga by pressurized liquids. J. Agric. Food Chem. 2006, 54, 5597-5603. 66 (5) Pokorný, J. Are natural antioxidants better - and safer - than synthetic antioxidants? Eur. J. Lipid. Sci. Technol. 2007, 109, 629-642. (6) Estrada, J. E. P.; Bescós, P. B.; Fresno, A. M. V. del. Antioxidant activity of different fractions of Spirulina platensis protean extract. Farmaco 2001, 56, 497-500. (7) Mendiola, J. A.; Jaime, L.; Santoyo, S.; Reglero, G.; Cifuentes, A.; Ibáñez, E.; Señoráns, F. J. Screening of functional compounds in supercritical fluid extracts from Spirulina platensis. Food Chem. 2007, 102, 1357-1367. (8) Christaki, E.; Bonos, E.; Giannenasa, I.; Florou-Paneria, P. Functional properties of carotenoids originating from algae. J. Sci. Food Agric. 2013, 93, 5-11. (9) Gireesh, T.; Jayadeep, A.; Rajasekharan, K. N.; Menon, V. P.; Vairamany, M.; Tang, G.; Nair, P. P.; Sudhakaran, P. R. Production of deuterated β-carotene by metabolic labeling of Spirulina platensis. Biotechnol. Lett. 2001, 23, 447-449. (10) Vanishlieva, N. V.; Raneva, V. G.; Marinova, E. M. -carotene in sunflower oil oxidation. Grasas Aceites 2001, 52, 10-16. (11) Jaime, L.; Mendiola, J. A.; Ibáñez, E.; Mantin-Álvarez, P.; Cifuentes, A.; Reglero, G.; Señoráns, F. J. -Carotene isomer composition of sub- and supercritical carbon dioxide extracts. Antioxidant activity measurement. J. Agric. Food Chem. 2007, 55, 10585-10590. (12) Zeb, A.; Murkocic, M. Pro-oxidant effects of -carotene during thermal oxidation, of edible oils. J. Am. Oil Chem. Soc. 2013, 90, 881-889. (13) Zeb, A.; Murkocic, M. Determination of thermal oxidation and oxidation products of carotene in corn oil triacylglycerols. Food Res. Int. 2013, l50, 534-544. (14) Pereira, M. C.; Steffens, R. S.; Jablonski, A.; Hertz, P. F.; Rios, A. de O.; Vizzotto, M.; Flôres, S. H. Characterization and antioxidant potential of Brazilian fruits from the Myrtaceae family. J. Agric. Food Chem. 2012, 60, 3061-3067. 67 (15) Schroeder, M. T.; Becker, E. M.; Skibsted, L. H. Molecular mechanism of antioxidant synergism of tocotrienols and carotenoids in palm oil. J. Agric. Food Agric. 2006, 54, 34453453. (16) Malheiro, R.; Rodrigues, N.; Manzke, G.; Bento, A.; Pereira, J. A.; Casal, S. The use of olive leaves and tea extracts as effective antioxidants against the oxidation of soybean oil under microwave heating. Ind. Crop. Prod. 2013, 44, 37-43. (17) Che Man, Y. B.; Jaswir, I. Effect of rosemary and sage extracts on frying performance of refined, bleached and deodorized (RBD) palm olein during deep-fat frying. Food Chem. 2000, 69, 301-307. (18) Suja, K. P.; Abraham, J. T.; Thamizh, S. N.; Jayaleksmy, A. Arumughan, C. Antioxidant efficacy of sesame cake extract in vegetable oil protection. Food Chem. 2004, 84, 393-400. (19) Özcan, M. M.; Arslan, D. Antioxidant effect of essential oils of rosemary, clove and cinnamon on hazelnut and poppy oils. Food Chem. 2011, 129, 171-174. (20) Martínez, M. L.; Penci, M. C.; Ixtaina, V.; Ribotta, P. D.; Maestri, D. Effect of natural and synthetic antioxidants on the oxidative stability of walnut oil under different storage conditions. LWT - Food Sci. Technol. 2013, 51, 44-50. (21) Taghvaei, M.; Jafari, S. M.; Mahoonak, A. S.; Nikoo, A. M.; Rahmanian, N.; Hajitabar, J.; Meshginfar, N. The effect of natural antioxidants extracted from plant and animal resources on the oxidative stability of soybean oil. LWT - Food Sci. Technol. 2014, 56, 124130. (22) Kang, C. D.; Sim, S. J. Direct extraction of astaxanthin from Haematococcus culture using vegetable oils. Biotechnol. Lett. 2008, 30, 441-444. (23) Dey, S.; Rathod, V. K. Ultrasound assisted extraction of -carotene from Spirulina platensis. Ultrason. Sonochem. 2013, 20, 271-276. 68 (24) Montero, O.; Macías-Sánchez, M. D.; Lama, C. M.; Lubían, L. M.; Mantell, C.; Rodríguez, M., De La Ossa, E. M. Supercritical CO2 extraction of -Carotene from a marine strain of the cyanobacterium Synechococcus species. J. Agric. Food Chem. 2005, 53, 97019707. (25) Gil-Chávez, G. J.; Villa, J. A.; Ayala-Zavala, F.; Heredia, J. B.; Sepulveda, D.; Yahia, E. M.; González-Aguilar, G. A. Technologies for extraction and production of bioactive compounds to be used as nutraceuticals and food ingredients: an overview. Compr. Rev. Food Sci. Food Safety 2013, 12, 5-23. (26) Morais, M.G.; Reichert, C.C.; Dalcanton, F.; Durante, A.J.; Marins, L.F.; Costa, J.A.V. Isolation and characterization of a new Arthrospira strain. Z. Naturforsch 2008, 63c, 144-150. (27) Rodriguez-Amaya, D. B. A guide to carotenoid analysis in food. Washington, DC: International Life Sciences Institute Press, 1999. (28) Davies, B. H. Carotenoids. In Chemistry and Biochemistry of Plant Pigments; Goodw in, T. W., Ed.; Academic Press: London, 1976; pp 38-165. (29) Zanatta, C. F.; Mercadante, A. Z. Carotenoid composition from the Brazilian tropical fruit camu-camu (Myrciaria dubia). Food Chem. 2007, 101, 1526-1532. (30) Brand-Willians, W.; Cuvelier, M. E.; Berset, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm. Wiss. Technol. 1995, 28, 25-30. (31) Nunes, I. L.; Mercadante, A. Z. Obtenção de cristais de licopeno a partir de descarte de tomate. Ciên, Tecnol. Aliment. 2004, 24, 440-447. (32) Strati, I. F.; Oreopoulou, V. Effect of extraction parameters on the carotenoid recovery from tomato waste. Int. J. Food Sci. Technol. 2011, 46, 23-29. (33) Tanaka, Y.; Matsuguchi, H.; Katayama, T.; Comparative biochemistry of carotenoids in algae - IV. Mem. Fac. Fish., Kagoshima Univ. 1974, 23, 111-115. 69 (34) Ranga Rao, A.; Raghunath Reddy, R. L.; Baskaran, V.; Sarada, R.; Ravishankar, G. A. Characterization of microalgal carotenoids by mass spectrometry and their bioavailability and antioxidant properties elucidated in rat model. J. Agric. Food Chem. 2010, 58, 8553-8559. (35) Jaswir, I.; Che Man, Y. B. Use of natural antioxidants in refined palm oil during repeated deep-fat frying. Food Chem. 2000, 69, 301-307. (36) Lee, J.; Lee, S.; Lee, H.; Park, K.; Choe, E. Spinach (Spinacia oleracea) powder as a natural food-grade antioxidant in deep-fat-fried products. J. Agric. Food Chem. 2002, 50, 5664-5669. (37) Anwar, F.; Bhanger, M. I.; Kazi, T. G. Relationship between rancimat and active oxygen method values at varying temperatures for several oils and fats. J. Am. Oil Chem. Soc. 2003, 80, 151-155. (38) Eskandani, M.; Hamishehkar, H.; Dolatabadi, J. E. N. Cytotoxicity and DNA damage properties of tert-butylhydroquinone (TBHQ) food additive. Food Chem. 2013, 153, 315-320. (39) Kajimoto, G.; Yamagughi, M.; Nakamura, M. Oxidative stability test phloxine and βcarotene rancimat method. Nippon Shokuhin Kagaku Kaishi, 1996, 43, 1054-1058. (40) Zeb, A.; Murkovic, M. Characterization of the effects of β-carotene on the thermal oxidation of triacylglycerols using HPLC-ESI-MS. Eur. J. Lipid Sci. Technol. 2010, 112, 1218-1228. (41) Zeb, A.; Murkovic, M. Carotenoids and triacylglycerols interactions during thermal oxidation of refined olive oil. Food Chem. 2011, 127, 1584-1593. 70 Conclusão Geral O conteúdo de carotenoides obtido utilizando a condição ótima do planejamento experimental (razão massa:volume de 0,5:15 (g/ml), 5 extrações de 30 min. e temperatura de 35ºC) foi de 250,71 ± 4,34 g/g, sendo esse total correspondente a 92,08% do teor obtido no método convencional, e apresentando como vantagens a utilização de solvente GRAS, menor tempo total de análise e menor gasto de solvente. O planejamento experimental realizado mostrou que as variáveis, número de extrações, tempo de extração e as interações entre as variáveis: razão massa: volume x tempo de extração, tempo de extração x temperatura de extração, razão massa: volume x número de extrações x tempo de extração e razão massa:volume x número de extrações x temperatura de extração foram os fatores que apresentaram efeito significativo na resposta. Todas as variáveis apresentaram efeito positivo na resposta, exceto, a interação entre as variáveis A x B x D. Os pigmentos identificados por CLAE foram: luteína, zeaxantina, -caroteno 5,6epóxido, criptoxantina, all-trans--caroteno, all-trans--caroteno e 9-cis--caroteno. O alltrans--caroteno foi o principal carotenoide encontrado na biomassa desta microalga, contribuindo com 140,05 e 105,20 g/g do total do conteúdo de carotenoides, para a extração convencional e condição ótima do planejamento experimental, respectivamente. Os extratos de carotenoides obtidos pelo método de extração convencional e condição ótima do planejamento experimental apresentaram uma percentagem de inibição do radical DPPH de 53,73 ± 0,44 e 45,06 ± 0,34%, respectivamente. Os resultados da oxidação acelerada em Rancimat sugerem que o extrato de carotenoides adicionado ao óleo de palma refinado pode ser usado como um antioxidante natural para retardar a oxidação lipídica. 71 ANEXOS Anexo 1. Dados de ANOVA e efeitos obtidos do planejamento experimental para extração de carotenoides da microalga Spirulina platensis. Tabela 1. Dados de ANOVA do planejamento experimental para extração de carotenoides da microalga Spirulina platensis. Fonte de Variação Soma Quadrática Grau de liberdade Média Quadrática Fcalculado Ftab(95%) Fcalc/Ftab Regressão 11441,34 6 1906,89 22,53 2,31 9,75 Resíduo 3723,68 44 84,63 Total 15165,03 50 Tabela 2. Efeitos para as variáveis obtidas pelo tratamento estatístico para a microalga Spirulina platensis. Efeitos p-valora B 8,2350 0,0033 C 22,9883 0,0000 AxC 11,0800 0,0001 CxD 6,6175 0,0165 AxBxC 9,5858 0,0007 AxBxD -9,9358 0,0005 Interações R2 = 0,7545. a Significativo ao nível de confiança 95% (p < 0,05). 72 Anexo 2. Curvas de calibração utilizadas para quantificação dos carotenoides. 2.1. Curva de calibração para luteína R=0,9993; y= 6.383.618,1283x - 2.440.624,8516 2.2. Curva de calibração para zeaxantina. R=0,9996; y= 5.320.319,3243x + 3.054.303,8507 73 2.3. Curva de calibração para criptoxantina. R=0,9911; y= 3.961.828,7494x + 8.874.416,3654 2.4. Curva de Calibração para all-trans--caroteno. R=0,9998; y= 4.702.876,6974x - 2.046.377,6207 74 2.5. Curva de calibração para all-trans--caroteno. R=0,9934; y= 2.966.829,6227x - 4.962.250,0373 75 Anexo 3. Tabelas do teste de aleatorização utilizando os testes de Wilcoxon e Kruskal-Wallis, para DPPH e Rancimat. Tabela 3. Resumo da porcentagem de redução de DPPH após 30 minutos de análise para os extratos de carotenoides da microalga Spirulina platensis. Tratamento Min. Media Max. Desv. Pad. Extração Convencional 53,47 55,01 56,55 2,1779 Condição Ótima 43,03 44,44 45,85 1,9940 Tabela 4. Resumo do tempo de indução do óleo de palma refinado sem antioxidante e adicionado com TBHQ e extrato de carotenoides da microalga Spirulina platensis. Tratamento Min. Mediana Media Max. Desv. Pad. Sem antioxidante 7,74 8,60 8,45 9,02 0,6525 Com TBHQ 14,15 14,47 14,38 14,51 0,1973 Extrato carotenoides Spirulina 10,39 13,31 12,81 14,74 2,2171 76 Anexo 4. Prospecções tecnológicas sobre a microalga Spirulina platensis. 77 44 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA DA UTILIZAÇÃO DA Spirulina platensis Tácila Alcântara Mendonça*1; Janice Izabel Druzian2; Itaciara Larroza Nunes3 1 Faculdade de Farmácia, Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Universidade Federal da Bahia – UFBA – Salvador/BA – Brasil ([email protected]). 2 3 Faculdade de Farmácia, Departamento de Análises Bromatológicas, Universidade Federal da Bahia - UFBA – Salvador/BA – Brasil. Escola de Nutrição, Departamento de Ciência dos Alimentos, Universidade Federal da Bahia UFBA, Salvador/BA – Brasil. RESUMO A Spirulina platensis é uma cianobactéria de cor verde-azulada, fonte de nutrientes com aplicabilidade ecológica, econômica e nutricional. O objetivo deste trabalho foi analisar as potencialidades e evolução tecnológica, através dos depósitos de patentes em relação à utilização da microalga Spirulina platensis, nos setores industriais. A pesquisa foi realizada a partir de palavras chaves sobre o tema, nos bancos de dados de patentes do INPI, Espacent e WIPO. Verificou-se 207 patentes a respeito desta tecnologia, sendo que o cultivo da microalga (29,5%), indústria farmacêutica (18,9%), indústria de alimentos (15,5%) e área médica (14,0%) são os principais setores de sua utilização. Os principais países detentores de pedidos de patentes são República de Móldova (74), Rússia (30), Japão (23) e Coréia (21). O Brasil possui somente 4 depósitos de patentes e 1 concedida, sendo necessários mais incentivos para aumentar o seu cenário inovativo. Palavras Chave: Spirulina platensis, tendências tecnológicas, prospecção, patentes. ABSTRACT Spirulina platensis is a blue-green cyanobacterium, nutrient source with applicability ecological, economic, and nutritional. The aim of this study was to analyze the potential and technological evolution, through patent applications on the use of Spirulina platensis, in the industrial sectors. The survey was conducted from key words on the subject in the database of the INPI, European Office, the Spacenet and WIPO. There are 207 patents regarding this technology, and the cultivation of microalgae (29.5%), pharmaceutical industry (18.9%), food industry (15.5%) and medical (14.0%) are the main sectors of use. The main countries of patent holders are the Republic of Moldova (74), Russia (30), Japan (23) and Korea (21). Brazil has only 4 patent applications and 1 granted, requiring greater incentives aimed at increasing the innovative scenario of the country. Key words: Spirulina platensis, technological trends, prospecting, patents. Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 45 Área tecnológica: Tecnologia de alimentos, produtos naturais. INTRODUÇÃO Microalgas são microrganismos que crescem geralmente em meio líquido, se multiplicam rapidamente e são capazes de realizar fotossíntese oxigênica, produzindo biomassa rica em compostos biologicamente ativos. Algumas espécies de microalgas são cultivadas comercialmente como as espécies dos gêneros Chlorella, Dunaliella salina, Haematococcus pluvialis (Chlorophyceae) e Arthrospira (Spirulina) (Cyanophyceae) (DERNER et al., 2006), devido à aplicabilidade na indústria de alimentos (COLLA et al., 2004; AMBROSI et al., 2008; SILVA, 2008; CHU et al., 2010), e para a produção de aditivos naturais, tais como -caroteno e astaxantina (DERNER et al., 2006; GUEDES et al., 2011). A Spirulina platensis é uma cianobactéria filamentosa de cor verde-azulada, encontrada em locais como solos, pântanos, lagos alcalinos e águas salobras, marinhas e doces. Através da fotossíntese converte os nutrientes em matéria celular e libera oxigênio (COSTA et al., 2003; BERTOLIN et al., 2005; DERNER et al., 2006; AMBROSI et al., 2008). Esta microalga é composta por cerca de 6070% de proteína, e aminoácidos específicos (ESTRADA et al., 2001; COLLA et al., 2004; AMBROSI et al., 2008) (os não essenciais - alanina, arginina, ácido aspártico, cistina, ácido glutâmico, glicina, histidina, prolina, serina e tirosina e os essenciais - isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina e valina) (AMBROSI et al., 2008). É constituída também por carboibratos, minerais (ferro, cálcio, fósforo, magnésio, zinco, cobre, cromo, manganês, o sódio e o potássio), vitaminas (biotina, ácido fólico, inositol, vitamina E, B12 (ESTRADA et al., 2001), B6, B3, B2, B1 e ácido pantotênico) (WANG et al., 2007; AMBROSI et al., 2008), compostos fenólicos (ácido caféico, clorogênico, salicílico, sináptico e trans-cinâmico) (ESTRADA et al., 2001; COLLA et al., 2007;), pigmentos fotossintéticos como clorofila a, luteína, -caroteno, ficocianina, aloficocianina, dentre outros (ESTRADA et al., 2001; WANG et al., 2007; SILVA, 2008; MALA et al., 2010; MOHAMMED & MOHD, 2011), e ácidos graxos como ácido gama-linolênico, -linolênico, e o araquidônico (COSTA et al. 2003; COLLA et al., 2004; COLLA et al., 2007; WANG et al., 2007; SILVA, 2008; CHU et al., 2010). Estudos ‘in vitro’ e ‘in vivo’ mostram que as propriedades nutricionais da microalga Spirulina platensis têm sido relacionadas com possíveis propriedades terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de problemas de saúde como diabetes, artrite, anemia, desnutrição, obesidade, tensão pré-menstrual, doenças cardiovasculares, câncer, entre outros. Por esta razão tem sido adicionada em produtos farmacêuticos, alimentares e comercializada principalmete como alimento funcional, nutracêutico e/ou suplemento alimentar, devido ao seu elevado conteúdo de proteínas, ácido gamalinolênico, vitaminas e minerais que podem melhorar a qualidade nutricional das preparações (ESTRADA et al., 2001; COLLA et al., 2004; HERRERO et al., 2005; COLLA et al., 2007;ABD EL-BAKY et al., 2007; WANG et al., 2007; AMBROSI et al., 2008; CHU et al., 2010). Nos últimos anos verifica-se o crescente interesse pela utilização de microalgas em estudos e processos biotecnológicos, devido à aplicabilidade econômica, ecológica e nutricional, principalmente pela identificação de substâncias sintetizadas por estes organismos, que podem ter aplicabilidade comercial na nutrição, saúde humana e animal, como também no tratamento de águas residuais, produção de energia e obtenção de compostos de interesse para as indústrias alimentares, química, cosmética e farmacêutica, entre outras (COSTA et al., 2003; DERNER et al., 2006; DAOCadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 46 LUN & ZU-CHENG, 2006; WANG et al., 2007; SILVA, 2008; AMBROSI et al., 2008; CHU et al., 2010). Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de prospecção tecnológica para avaliar o panorama mundial da utilização da Spirulina platensis, relacionando os documentos de patentes depositados sobre a utilização e aplicação da microalga, bem como estabelecer quais países são os principais detentores desta tecnologia. METODOLOGIA OU ESCOPO Essa prospecção tecnológica foi realizada entre os meses de agosto e setembro de 2012, tendo como base os pedidos de patentes depositados no European Patent Office (Espacenet), na World Intellectual Property Organization (WIPO) e no Banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) do Brasil. O foco da pesquisa foi a microalga Spirulina platensis e sua utilização e aplicação nos diversos setores industriais. Para a obtenção dos dados foi elaborada uma estratégia de busca levando em consideração palavras-chave como o nome científico da migroalga (Spirulina platensis, Arthrospira platensis e Spirulina spp,) acrescida de alguns substantivos de interesse: alimento (food), suplemento (supplement), cultivo (cultivation), biomassa (biomass), obtenção (obtaining), composição (composition), cosmético (cosmetic), partículas (particles) e cápsulas (capsule), termos estes que poderiam representar a forma como esta microalga poderia ser encontrada nos documentos de patentes. Foi utilizada a pesquisa avançada (Advanced Search) e os campos de pesquisa “título” e “resumo” nos bancos de patentes durante o levantamento de dados. Foram excluídos documentos pertencentes à mesma família de patentes. A prospecção tecnológica foi realizada por meio de coleta, tratamento e análise das informações extraídas dos documentos de patentes encontrados. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado deste estudo revelou um universo total de 313 documentos de patentes referente à tecnologia de interesse, entretanto isso não representa o valor total de invenções protegidas, visto que uma patente pode ser depositada mais de uma vez em diferentes países devido ao direito da territorialidade. Após a análise das informações extraídas dos documentos da tecnologia de interesse, 206 patentes foram incluídas no universo de dados dessa pesquisa. Foram encontradas 188 patentes na base européia - Espacenet (no campo título e resumo), 13 na WIPO (no campo folha de rosto) e 05 na base do INPI (no campo resumo, com palavras-chave em inglês). Alguns relatos informam que o uso da Spirulina platensis na dieta humana está presente desde a pré-história, sendo consumida, por exemplo, entre os povos antigos do Lago Texcoco (México) e nativos do Lago Chade (África) (COSTA et al., 2007; COSTA & MORAIS, 2011). Entre os anos de 1964 e 1965 pesquisadores franceses iniciaram os primeiros estudos a respeito da microalga, devido às atividades de campo realizadas no Lago Texcoco no México (LEONARD, 1966). Todavia, somente a partir da década de 1970 verificou-se um maior interesse a respeito desta Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 47 matéria-prima, devido à publicação de estudos revelando as suas propriedades nutricionais, medicinais e terapêuticas (CHAMORRO et al., 1996; AMBROSI et al., 2008). Na Figura 1 é demonstrada a evolução anual de depósitos de patentes relacionados à utilização da Spirulina platensis, nos diversos setores industriais (cultivo, medicina, farmacêuticas, alimentos, dentre outros) entre 1971 a 2011. Entre os anos de 1975 a 1986 têm-se depósitos de pedidos voltados à tecnologia básica de obtenção da microalga, refletindo possivelmente os resultados dos estudos que associam a mesma a diversos fins comerciais, na alimentação humana e animal, no tratamento de águas residuais, produção de energia e, principalmente, na produção de compostos biologicamente ativos de interesse para as indústrias alimentares, química, cosmética e farmacêutica, dentre outras (COSTA et al., 2003; KEPEKÇI & SAYGIDEGER, 2012). Todavia, entre os anos de 2005 e 2007 há maior presença de pedidos de patentes (22), este resultado possivelmente pode estar associado a um maior investimento financeiro em Ciência e Tecnologia (C&T) por parte dos países investidores, na intenção de proporcionar maiores avanços na área de pesquisa e de desenvolvimento da tecnologia de interesse. Vale ressaltar que essa ação é positiva, pois permitirá o desenvolvimento de novos processos tecnológicos, como impulsionará a pesquisa e o desenvolvimento científico a respeito da utilização da microalga em diferentes seguimentos industriais. 25 20 15 10 5 0 Figura 1: Evolução anual de depósitos de patentes da microalga Spirulina platensis entre 1971 e 2011. Fonte: Autoria própria, 2012. Na Figura 2 verifica-se a distribuição de patentes de acordo a área de aplicação no setor industrial. Nota-se que as formas de cultivo da microalga (29,5%), indústria farmacêutica (18,9%), indústria de alimentos (15,5%) e área médica (14,0%) são os principais setores de utilização da microalga. Verifica-se que apenas 4,8% destinam-se às atividades voltadas para a biotecnologia. Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 48 O grande interesse pela forma de cultivar a microalga deve-se à possibilidade de modificar e criar meios de cultivo com diferentes substratos, a fim de proporcionar a produção de uma biomassa rica em determinados nutrientes como, por exemplo, proteínas, ácidos graxos polinsaturados, vitaminas, dentre outros, matéria-prima que poderá ter aplicabilidade nos diversos setores industriais (LÉON, 2010; BERTOLIN et al., 2005). Biotecnologia 5% Medicina Cosméticos Veterinária 3% 4% Alimentação de animais 8% Agricultura 1% Cultivo 30% Área Médica 14% Indústria de Alimentos 16% Indústria Farmacêutica 19% Figura 2: Distribuição de patentes de acordo área de aplicação. Fonte: Autoria própria, 2012. O interesse das indústrias farmacêuticas, de alimentos e área médica deve-se aos estudos ‘in vitro’ e ‘in vivo’ que revelam que a microalga Spirulina platensis apresenta propriedades nutricionais que estão relacionadas com possíveis ações terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de problemas de saúde (ESTRADA et al., 2001; COLLA et al., 2004; HERRERO et al., 2005; COLLA et al., 2007; ABD EL-BAKY et al., 2007; WANG et al., 2007; AMBROSI et al., 2008; CHU et al., 2010). Além disso, estes setores industriais são os principais responsáveis pelo investimento financeiro em pesquisas voltadas para ciência e tecnologia de novos produtos, uma vez que isso pode se traduzir em fins comerciais e lucrativos para o país financiador, já que uma patente pode ser depositada em diferentes países, com o objetivo de garantir o direito de exclusividade aos depositantes nos mercados considerados mais relevantes, garantindo assim o direito territorial da patente. Os principais países detentores de pedidos de patentes utilizando a Spirulina platensis (Figura 3) são República de Moldova (74), Rússia (30), Japão (23) e Coréia (21). O Brasil apresenta apenas 4 depósitos de pedidos de patentes e 1 uma patente concedida a respeito desta tecnologia, sendo 4 desses depósitos realizados por universidades (Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio Grande e Universidade Federal do Paraná) e 1 por empresa privada nacional. As patentes brasileiras (Tabela 1) depositadas no INPI tiveram o estado de São Paulo (3) como o maior detentor das titularidades, e os pedidos de patentes estão voltados principalmente para atividades de cultivo, sobretudo para a produção de compostos específicos (como ácidos graxos, biopolímeros, proteínas, dentre outros). Cabe ressaltar que os principais centros de estudos e as Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 49 melhores condições de cultivo em nível experimental da Spirulina platensis encontram-se na região Sudeste e Sul do país, devido principalmente à infra-estrutura montada e dedicada exclusivamente para a realização de pesquisas, aperfeiçoamento e desenvolvimento de técnicas acerca do cultivo, da produção e utilização da biomassa microalgal. Nota-se que no Brasil ainda existem poucos pedidos de patentes referentes a esta tecnologia e este resultado pode estar associado à falta de uma tradição local sobre o assunto, imaturidade do sistema de inovação, assim como a poucos incentivos do mercado brasileiro, universidades e políticas governamentais mais elaboradas capazes de promover e permitir o avanço e desenvolvimento de novas tecnologias. 80 74 70 60 50 40 30 30 23 21 20 18 2 2 2 2 1 1 Suécia Georgia Ucrânia França Taiwan México Itália 1 1 1 EP 3 Alemanha 3 Reino Unido 5 EUA 5 Lituânia 11 10 Brasil Coréia Romênia China Japão Rússia Rep. Moldova 0 Figura 3: Patentes depositadas por país no INPI, Espacenet e WIPO. Sendo MD (República de Móldova), JP (Japão), RU (Rússia), RO (Romênia),CN (China), KR (Coréia), BR (Brasil), US (Estados Unidos), LT (Lituânia), SE (Suécia),GE (Georgia), UA (Ucrânia), FR (França), TW (Taiwan), MX (México), IT (Itália), GB (Reino Unido), DE (Alemanha), ES (Espanha). Fonte: Autoria própria, 2012 Tabela 1: Documentos de patentes no Brasil até setembro de 2012, sobre a microalga Spirulina platensis. Data de Título da Patente Estado Depósito/ Item Número Concessão 1 PI90032918 Processo de obtenção de um meio de cultura para a produção de Spirulina spp SP 2 PI08012709 Processo para produção de biomassa e proteínas por microalgas SP Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 04/07/1990 23/01/2001 08/01/2008 50 3 PI08017026 Obtenção do extrato de ficocianina a partir de Spirulina sp. RS 12/02/2008 4 PI08051232 Método de aproveitamento de dióxido de carbono e seu uso no cultivo de microorganismos fotossintetizantes SP 19/11/2008 5 PI004637-2 Produtos cosméticos contendo extratos e componente microalgais e proceso para a produção dos mesmos PR 12/11/2010 Fonte: Autoria própria, 2012. Numa tentativa de modificar este cenário, existem grupos científicos trabalhando com a Spirulina platensis, a exemplo, temos a Rede de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande/RS (FURG) - REDE NANOBIOTEC (que reúne parcerias com universidades nacionais, internacionais, empresas nacionais, governamentais e não-governamentais), cujo objetivo é proporcionar a formação de uma massa crítica de recursos humanos bem como estimular o desenvolvimento de produtos de alta tecnologia a fim de difundir o tema nanofotobiotecnologia no país. Com esse estímulo e parcerias espera-se que o país desperte o interesse sobre o campo de inovações e invista financeiramente na geração de novas tecnologias. CONCLUSÃO OU COMENTÁRIOS FINAIS A microalga Spirulina platensis apresenta-se em potencial de crescimento para a produção de novas tecnologias, devido à aplicabilidade econômica (taxa de crescimento rápido), ecológica (cultivo simples sem degradação do meio ambiente) e nutricional (devido às substâncias que são sintetizadas pela mesma), o que representa potencial de utilização nas diversas áreas da tecnologia industrial. As patentes depositadas nos bancos de dados estão voltadas principalmente para as áreas de cultivo, indústria farmacêutica, indústria de alimentos e médica. O Brasil apresenta poucas patentes depositadas e São Paulo é o principal estado detentor desta tecnologia. O fato de não existirem muitas patentes depositadas no Brasil pode estar relacionada à falta de cultura local a respeito do tema, bem como a falta de interesse do mercado brasileiro e incentivos que poderiam aumentar o cenário de inovações voltadas para a origem de novas tecnologias. Para que haja o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil se faz necessária a difusão de informações a respeito do tema, como a combinação de políticas governamentais e estratégias empresariais mais efetivas a fim de possibilitar a criação de um ambiente propício para impulsionar a realização de atividades voltadas para a geração de inovações tecnológicas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CAPES pelo financiamento concedido ao projeto Rede Nanofotobiotec Rede integradora de nanotecnologia e biotecnologia microalgal para o desenvolvimento científico/tecnológico e formação de recursos humanos (AUX-PE-NANOBIOTEC 769/2009). REFERÊNCIAS Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 51 ABD EL-BAKY, H. H.; EL BAZ, F. K.; EL-BAROTY, G. S. Enhancement of antioxidant production in Spirulina plantensis under oxidative stress. American-Eurasian Journal of Scientific Research, v. 2, n. 2, p. 170-179, 2007. AMBROSI, M. A.; REINEHR, C. O.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M. Propriedades de saúde da microalga Spirulina. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 29, n. 2, p. 115-123, 2008. BERTOLIN, T. B. P.; COSTA, J. A. V.; BERTOLIN, T. E.; COLLA, L. M.; HEMKEMEIER, M. Cultivo da cianobactéria Spirulina platensis a partir de efluente sintético de suíno. Ciência e Agrotecnologia, Lavras,RS, v. 29, n. 1, p. 118-125, 2005. CHAMORRO, G., SALAZAR, M., FAVILA, L., and BOURGES, H. Farmacología y toxicología del alga Spirulina. Rev Invest Clin., n. 48, p. 389-399, 1996. CHU, W.-L.; LIM, Y.-W; RADHAKRISHNAN, A. K.; LIM, P.-E. Protective effect of aqueous extract from Spirulina platensis against cell death induced by free radicals. BCM Complementary and Alternative Medicine, v. 10, n. 53, p.1472-6882, 2010. COLLA, L. M.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V. Fatty acids profile of Spirulina platensis grown under different temperatures and nitrogen concentrations. Z. Naturforsch, n. 59, 55-59, 2004. COLLA, L. M.; REINEHR, C. O.; REICHERT, C.; COSTA, J. A. V. Production of biomass and nutraceutical compounds by Spirulina platensis under different temperature and nitrogen regimes. Bioresource Technology, n. 98, p. 1489–1493, 2007. COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M.; DUARTE FILHO, P. Spirulina platensis Growth in Open Raceway Ponds Using Fresh Water Supplemented with Carbon, Nitrogen and Metal Ions. Z. Naturforsch, n. 58, p. 76-80, 2003. COSTA, J. A. V.; MORAIS, M. G. The role of biochemical engineering in the production of biofuels from microalgae. Bioresource Technology, n. 102, p. 2–9, 2011. DAO-LUN, F.; ZU-CHENG, W. Culture of Spirulina platensis in human urine for biomass production and O2 evolution. Journal of Zhejiang University Science B, v. 7, n. 1, p. 34-37, 2006. DERNER, R. B.; OHSE, S.; VILLELA, M.; CARVALHO, S. M. de; FETT, R. Microalgas, produtos e aplicações. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 36, n. 6, p.1959-1967, 2006. ESTRADA, J. E. P.; BESCÓS, P. B.; FRESNO, A. M. V. del. Antioxidant activity of different fractions of Spirulina platensis protean extract. Il Farmaco, n. 56, p. 497-500, 2001. GUEDES, A. C.; AMARO, H. M.; MALCATA, F. X. Microalgae as sources of carotenoids. Marine Drugs, n. 9, p. 625-644, 2011. HERRERO, M.; ÁLVAREZ, P. J. M.; SEÑORÁNS, F. J.; CIFUENTES, A.; IBÁÑEZ, E. Optimization of accelerated solvent extraction of antioxidants from Spirulina platensis microalga. Food Chemistry, n. 93, p. 417–423, 2005. KEPEKÇI, R. A.; SAYGIDEGER, S. D. Enhancement of phenolic compound production in Spirulina platensis by two-step batch mode cultivation. J Appl Phycol, n. 24, p. 897–905, 2012. Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 52 LÉON, I. A. A. Estudo do cultivo de Spirulina platensis por processo contínuo com uréia como fonte de nitrogênio. 2010. 98f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico - Farmacêutica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. LÉONARD, J. The 1964-65 Belgian Trans-Saharan Expedition. Nature, n. 209, p. 126-128, 1966. MALA, R.; KARTHIK, V.; SAKTHISELVAN, S.; SARAVANABABU, S. Milking of Spirulina platensis for the production of carotenoids by aqueous two phase bioreactor.systems. Int. J. Chem. Sci., v. 8, n. 5, p. 84-91, 2010. MOHAMMED, M. K.; MOHD, M. K. Production of carotenoids (antioxidants/ colourant) in Spirulina platensis in response to indole acetic acid (IAA). International Journal of Engineering Science and Technology, v. 3, n. 6, p. 4973-4979, 2011. SILVA, L. A. Estudo do processo biotecnológico de produção, extração e recuperação do pigmento ficocianina da Spirulina platensis. 2008. 87f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Programa de Pós-Graduação em Processos Biotecnológicos, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2008. WANG, L.; PAN, B.; SHENG, J.; XU, J.; HU, Q. Antioxidant activity of Spirulina platensis extracts by supercritical carbon dioxide extraction. Food Chemistry, n. 105, 36–41, 2007. Cadernos de Prospecção - ISSN 1983-1358 (print) 2317-0026 (online), 2012. vol.5, n.1, p.44-52 D.O.I.: 10.9771/S.CPROSP.2012.005.005 PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA DA UTILIZAÇÃO DE MICROALGAS EM PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE CAROTENOIDES VOLTADOS PARA INSUMOS NA NUTRIÇÃO HUMANA E ANIMAL TECHNOLOGICAL FORECASTING OF THE USE IN PROCESS OF MICROALGAE EXTRACTION OF CAROTENOIDS AIMED FOR SUPPLIES IN NUTRITION AND FEED Tácila Alcântara Mendonça1; Ícaro Cazumbá2; Alberto O. Lima3; Itaciara Larroza Nunes4 1 Universidade Federal da Bahia – UFBA – Salvador/BA – Brasil [email protected] 2 Universidade Federal da Bahia – UFBA – Salvador/BA – Brasil [email protected] 3 Universidade Federal de Bahia – UFBA – Salvador/BA – Brasil [email protected] 4 Universidade Federal da Bahia – UFBA – Salvador/BA – Brasil [email protected] Resumo Microalgas atualmente apresentam grande potencial de utilização nos setores industriais devido à capacidade destes em produzir biomassa rica em compostos biologicamente ativos como carotenoides. Diante dessa situação, o presente estudo objetivou realizar um estudo de prospecção tecnológica para coletar informações a respeito de técnicas de extração de carotenoides em microalgas. Para a realização da busca de patentes, utilizou-se a base de dados do European Patent Office (Espacenet). Ao avaliar o cenário verificou-se que o Japão (23) foi o país com o maior número de documentos de patentes e que o Brasil não possui nenhum documento de patente a respeito desta tecnologia. A partir da década de 80 verifica-se uma maior presença de pedidos de patentes (3 a 8). As principais áreas de aplicação dos documentos de patentes são: extração (44), cultivo (23) e biotecnologia (14). As algas (54%) são os principais microrganismos envolvidos nos processos de extração de carotenoides e que os principais pigmentos pesquisados em tais processos são o -caroteno (32%) e astaxantina (10%), sendo a microalga Dunaliella sp (22) a mais utilizada. Nota-se, portanto que o Brasil precisa de políticas mais eficazes e investimentos financeiros para modificar este cenário. Palavras-chave: Algas, tendências tecnológicas, prospecção, patentes. Abstract Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 193 Microalgae currently have great potential for use in industry due to their ability to produce biomass rich in biologically active compounds such as carotenoids. Given this situation, this study aimed to perform a study of technology foresight to collect information about techniques for extracting carotenoids in microalgae. To perform the patent search, we used the database of the European Patent Office (Espacenet). When evaluating the scenario was found that to Japan (23) was the country with the largest number of patent documents and that Brazil has no patent document regarding this technology. From the 80's there is a greater presence of patent applications (3-8). The main areas of application of patent documents are extracted (44), culture (23) and biotechnology (14). Algae (54%) are the main microorganism involved in the processes of extraction of carotenoids and that the main pigments such processes are researched in the -carotene (32%) and astaxanthin (10%) being the microalga Dunaliella sp (22) the most used. Note, therefore that Brazil needs more effective policies and investments to change this scenario. Key-words: Algae, technological trends, prospecting, patents. 1. Introdução Nos dias atuais, as microalgas vêm ganhando grande espaço dentro do panorama das pesquisas mundiais, visto que são microrganismos que apresentam taxa de crescimento rápido, possuem cultivo simples e são capazes de produzir biomassa rica em compostos biologicamente ativos como, por exemplo, vitaminas, proteínas, ácidos graxos insaturados, dentre outros e de interesse para as indústrias alimentares, química, cosmética e farmacêutica (COSTA et al., 2003; DERNER et al., 2006; DAO-LUN & ZU-CHENG, 2006; WANG et al., 2007; SILVA, 2008; AMBROSI et al., 2008; CHU et al., 2010). Uma das mais antigas utilidades das microalgas é na alimentação humana, uma vez que, desde a idade antiga, povos antigos do Lago Texcoco (México), nativos do Lago Chade (África) e Ásia já consumiam os produtos feitos com a biomassa da Spirulina spp e outras microalgas do gênero Nostoc, sendo as mesmas empregadas principalmente para o suprimento de proteínas (DERNER et al., 2006; LÉON, 2010; BARROS, 2010; MAGRO, 2010; MENDONÇA et al., 2012). Algumas espécies de microalgas são cultivadas comercialmente, devido à aplicabilidade na indústria de alimentos, pois são empregadas para a produção de aditivos naturais, tais como caroteno e a astaxantina, dentre as principais microalgas temos as dos gêneros Chlorella, Dunaliella salina, Haematococcus pluvialis e Arthrospira (Spirulina) (DERNER et al., 2006; COLLA et al., 2004; AMBROSI et al., 2008; SILVA, 2008; CHU et al., 2010; GUEDES et al., 2011). O interesse na produção de carotenoides a partir de microalgas deve-se ao fato deste pigmento representar um tema de importância científica e comercial. Como estes pigmentos são sintetizados por microalgas, estes microrganismos têm sido visto com grande potencial para a Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 194 produção dos mesmos, uma vez que são considerados recursos renováveis e com aplicabilidade nutricional, econômica e nutricional (ARMSTRONG et al., 1997; MENDONÇA et al., 2012). A biossíntese de carotenoides através de microalgas pode variar de acordo com as condições do meio de cultivo, fatores ambientais e luminosidade. Certas espécies de microalgas quando cultivadas em meios adequados, podem duplicar a sua biomassa diariamente, alcançando produtividades de 30 a 50 g/m2dia em massa seca (PIRES et al., 2008; VALDUGA et al., 2009; DUARTE, 2010). Sendo assim com os avanços e investimentos financeiros para a produção de novas tecnologias, torna-se necessário o conhecimento do panorama de documentos de patentes que se voltam para os processos de extração de carotenoides em microalgas. Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de prospecção tecnológica no intuito de coletar informações a respeito de técnicas de extração de carotenoides em microalgas, relacionando com os documentos de patentes depositados, bem como estabelecer quais os países detentores desta tecnologia. 2. Metodologia Essa prospecção tecnológica foi realizada entre os meses de fevereiro e março de 2013, tendo como base os pedidos de patentes depositados no European Patent Office (Espacenet). A pesquisa foi centralizada neste escritório, uma vez que, esta é uma base de dados gratuita e que compila um acervo de patentes depositadas em mais de 90 países. O foco da pesquisa foi o levantamento de dados a respeito de técnicas de extração de carotenoides em microalgas. Para a obtenção dos dados foi elaborada uma estratégia de busca levando-se em consideração palavras-chave como: extraction and caroten* e caroten* and alga* associados com classificação internacional (C12P23/00), correspondente ao preparo de compostos contendo átomos de carbono ligados por ligações duplas conjugadas. Foi utilizada a pesquisa avançada (Advanced Search) e os campos de pesquisa “título” e “resumo” durante o levantamento de dados. Foram excluídos documentos pertencentes às mesmas famílias. A prospecção tecnológica foi realizada por meio de coleta, tratamento e análise das informações extraídas dos documentos de patentes encontrados. 3. Resultados e discussão Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 195 O resultado deste estudo revelou um universo total de 95 documentos de patentes referente à tecnologia de interesse, entretanto isso não representa o valor total de invenções protegidas, visto que uma patente pode ser depositada mais de uma vez em diferentes países devido ao direito da territorialidade, dessa forma após o tratamento e análise das informações extraídas dos documentos da tecnologia de interesse 81 patentes foram incluídas no universo de dados dessa pesquisa. Derner et al., (2006), relata que o interesse pelo cultivo de algas transcende a escala acadêmico-científica, uma vez que, os princípios ativos resultantes de sua exploração (proteínas, vitaminas, ácidos graxos insaturados, pigmentos, dentre outros) é hoje algo de grande interesse no âmbito da atividade industrial em alguns países, principalmente por representar interesse comercial. A Figura 1 mostra os principais países detentores de pedidos de patentes, utilizando microalgas. Verifica-se claramente que o Japão (JP) apresenta uma expressiva liderança nos pedidos (23), seguido dos Estados Unidos da América (US), com 16, sendo a China (CN) e Organização Europeia de Patentes (EP), com 8 e 7, respectivamente. SE CA RU IT EA PT IL FR IN KR ES DE UA AU EP CN US JP 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 7 8 16 23 0 5 10 15 20 25 Figura 1. Patentes depositadas por país no Espacenet. Sendo JP (Japão), US (Estados Unidos da América), CN (China), EP (Organização Europeia de Patentes), AU (Austrália), UA (Ucrânia), DE (Alemanha), ES (Espanha), KR (Coréia), IN (Índia), FR (França), IL (Israel), PT (Portugal), EA (Emirados Árabes Unidos), IT (Itália), RU (Rússia), CA (Canadá), SE (Suécia). Fonte: Autoria própria (2012). Este cenário reflete a forte tradição nipônica e sua relação com o uso de recursos marinhos em diversos âmbitos. Magro (2010) cita que as bases para implantar processos tecnológicos voltados para cultivos de algas foram estabelecidas principalmente nas décadas de 50 e 60 em diversos países como Japão, Estados Unidos, Alemanha e Israel. Todavia o Japão foi o país pioneiro Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 196 na produção de microalgas em escala comercial, principalmente de Chlorella (MATSUDO, 2006; MAGRO, 2010; JACOME, 2010; SOUZA, 2012). Sendo assim, o grande número de documentos de patentes pelo Japão, reflete o interesse deste em utilizar os recursos naturais disponíveis, como o investimento financeiro, acadêmico e tecnólogico de muitos anos e pelo fato de que isso pode se traduzir em fins comerciais e lucrativos para o país financiador, visto que uma patente pode ser depositada em diferentes países, principalmente aqueles considerados mais relevantes, no intuito de garantir proteção à tecnologia que foi produzida e o direito de exclusividade aos depositantes (MENDONÇA et al., 2012). Nota-se que no Brasil não tem pedidos de patentes referentes a esta tecnologia. Mendonça et al., 2012 nos informa que esta situação pode ser resultado da falta de tradição local em relação ao assunto, a imaturidade do sistema de inovação, bem como poucos incentivos do mercado brasileiro em pesquisas nas universidades e políticas governamentais que permitam o avanço e desenvolvimento de novas tecnologias. Na Figura 2 é demonstrada a evolução anual de depósitos de patentes relacionados à extração de carotenoides em algas, nos setores industriais (extração, cultivo e biotecnologia) entre os anos de 1958 a 2012. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 0 Figura 2. Evolução anual de depósitos de patentes entre os anos 1958 a 2012. Fonte: Autoria própria (2012). Observa-se que entre o final da década de 50 e 70 existem poucos depósitos de patentes, isto possivelmente deve-se ao período de investimentos para o aprimoramento de técnicas para o cultivo, uma vez que foi neste período que ocorreram as bases de implantação de processos tecnológicos neste aspecto, como também, o início de estudos acadêmicos e científicos voltados Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 197 para investigar as características e potencial econômico das microalgas (LEONARD, 1966; CHAMORRO et al., 1996; AMBROSI et al., 2008; MAGRO, 2010). Contudo, a partir da década de 80 verifica-se uma maior presença de pedidos de patentes (3 a 8) em relação aos anos anteriores. Isto pode ser resultado da divulgação de estudos científicos demonstrando que os compostos bioativos presente nas microalgas desempenham atividade antioxidante, antiinflamatória, antimicrobiana, antifúngica, citotóxica e propriedades de inibição enzimática (ESTRADA et al., 2001; HAJIMAHMOODI et al., 2010; CHU et al., 2010; SOUZA, 2012), como aplicabilidade em processos tecnológicos, e a um maior investimento financeiro em Ciência e Tecnologia (C&T) por parte dos países investidores, na intenção de proporcionar maiores avanços em pesquisa e desenvolvimento na tecnologia de interesse (MENDONÇA et al., 2012). A Figura 3 mostra a distribuição de patentes de acordo à área de aplicação no setor industrial. Nota-se que os documentos de patentes estão voltados para as tecnologias empregadas para o processo de extração (44), seguido das técnicas de cultivo (23) e processos biotecnológicos (14). Biotecnologia 14 Cultivo 23 Extração 44 0 10 20 30 40 50 Figura 3. Distribuição de patentes de acordo área de aplicação. Fonte: Autoria própria (2012) De acordo Mendonça et al., (2012), Léon (2010) e Bertolin et al., (2005) o interesse pelos processos de cultivo deve-se a possibilidade de produzir meios de cultivo com diferentes substratos e características, no intuito de proporcionar biomassa rica em determinados nutrientes, ou seja, produzir matéria-prima que poder apresentar aplicabilidade nos diversos setores industriais. Devido ao interesse em se produzir tecnologias com características renováveis a tendência é que esta situação se modifique e volte-se principalmente para investimentos que abranjam os processos biotecnológicos. Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 198 Verifica-se (Figura 4) que as algas (54%), bactérias (17%) e fungos (10%) são os principais microrganismos mais utilizados para os processos tecnológicos relacionados à obtenção de carotenoides. Nota-se também que -caroteno (32%) e astaxantina (10%) são os principais pigmentos de interesse em processos tecnológicos. Algas 6% Bactérias 13% 10% 54% Fungos 17% Demais Carotenoides 10% 32% b-caroteno 58% Fungos e Algas Astaxantina Outros Figura 4. Microrganismos e carotenoides de interesse em processos tecnológicos. Fonte: Autoria própria (2012) O interesse pela utilização de algas em processos tecnológicos deve-se ao fato destes microrganismos serem considerados os sistemas biológicos de maior eficiência na captura de energia solar para a produção de biomassa rica em compostos bioativos, como também por apresentar rápida taxa de crescimento, cultivo simples sem prejuízos ao meio ambiente (fator que possibilita o cultivo contínuo), utilização de substratos de baixo custo e pequeno espaço para produção (DERNER et al., 2006; SILVA, 2008; VALDUGA et al., 2009; BARROS, 2010; DUARTE, 2010; MAGRO, 2010; FERREIRA, 2011; SCHMITZ et al., 2012; SOUZA, 2012). Tais características revelam que estes microrganismos apresentam grande potencial de aproveitamento em estudos e pesquisas científicas, como também para a exploração de pigmentos naturais ou de compostos químicos de interesse em larga escala, uma vez que a biomassa produzida pode ser utilizada em diversos setores industriais (FERREIRA, 2011; SCHMITZ et al., 2012; SOUZA, 2012). O grande interesse pelos pigmentos -caroteno e astaxantina, deve-se ao fato destes serem utilizados na indústria de alimentos como aditivos naturais (MENDONÇA et al. 2012; GUEDES et al., 2011; CHU et al., 2010; AMBROSI et al., 2008; DERNER et al., 2006; COLLA et al., 2004). Além disso, a utilização de pigmentos/corantes naturais em alimentos vem se tornando uma Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 199 tendência atual, principalmente pelas crescentes exigências dos consumidores frente à busca de produtos naturais e que tragam benefícios à saúde (SILVA, 2008). A figura 5 mostra as principais microalgas utilizadas nos processos de extração de carotenoides. 50 47 45 40 35 30 25 22 20 15 10 6 6 Chrorella sp Haematoococcus sp 5 0 Dunaliella sp Outros Figura 5. Microalgas utilizadas nos processos de extração de carotenoides. Fonte: Autoria Própria (2012). Nota-se que a Dunaliella sp (22) é a principal microalga utilizada nos processos de extração de carotenoides nos documentos de patentes. Isto pode ser explicado pelo fato desta poder acumular em até aproximadamente 10% -caroteno em sua biomassa, como também por ser considerada uma das microalgas mais bem sucedidas em escala comercial, já que pode ser cultivada em altas e baixas temperaturas, alta salinidade e vários tipos de água (DERNER et al., 2006; GUEDES et al., 2011; AZEREDO, 2012). Cabe ressaltar que a produção de carotenoides por microalgas é viável, visto que estes pigmentos são produzidos naturalmente pelas mesmas, pois estes pigmentos desempenham várias funções impotantes para as mesmas, tais como, atuam como pigmento acessório na captura da energia solar, protege o aparelho fotossintético contra danos de fotooxidação e contra tensões ambientais e de cultivo (PIRES et al., 2008; GUEDES et al., 2011). A produção de algas está inserida no campo da aquicultura, sendo considerada uma commoditie pela sua própria natureza produtiva de biomassa e princípios ativos derivados, por isso também foi feita uma pesquisa com os códigos da classificação internacional de patentes na Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 200 tentativa de buscar um maior número de documentos depositados. A Figura 6 mostra o número de patentes por códigos e suas respectivas definições. 160 140 140 120 100 80 60 40 20 29 25 24 19 15 15 15 12 10 10 9 9 8 8 7 6 6 6 6 6 0 Figura 6. Distribuição das patentes relacionadas produção e extração de algas por códigos da classificação internacional. C12P23/00: Preparação de compostos contendo átomos de carbono ligados por ligações duplas conjugadas; C12N1/12: Processos de preparação ou de isolamento (meio de cultura) utilizando algas unicelulares; C12R1/89: Processos utilizando microrganismos (algas); C07C403/24: Compostos acíclicos ou carbocíclico com cadeias laterais substituídas por seis membros não-aromáticos; C09B61/00: Corantes de origem natural preparado a partir de fontes naturais; A23K1/16: Ração para animais suplementada com esteroides, enzimas e hormônios; A23L1/30: Ração para animais contendo aditivos; C12R1/645: Processos utilizando microrganismos (fungos); C12N1/14: Processos de preparação ou isolamento (meio de cultura) utilizando fungos; A23L1/275: Ração para animais com adição de corantes ou pigmentos; C12R1/01: Processos utilizando microrganismos (bactérias e actinobactéria); C07C403/00: Derivados de ciclo-hexano ou ciclohexano com anéis beta-ionona; B01D11/02: Métodos de extração com solvente de sólidos; C12N15/09: Mutação ou engenharia genética utilizando a tecnologia de DNA recombinante; C12N1/02: Separação dos microrganismos de sues meios de cultura; A61K9/48: Preparações medicinais em forma de capsulas; C12M1/33: Aparelho para cultivo de microrganismos para a produção de biomassa (desintegração); B01D11/04: Métodos de extração com solvente de soluções que são liquidas; C12M1/12: Aparelho para cultivo de microrganismos para a produção de biomassa (esterilização, filtração e diálise); C12P7/64: Preparação de oxigênio contendo compostos orgânicos (gorduras e óleos gordos); A61P39/06: Ciência médica ou veterinária agentes captadores de radicais livres ou antioxidantes. Fonte: Autoria Própria (2012). Nota-se que o código internacional de patente (CIP) mais empregado nos documentos de patentes é o CP12P23/00 que se refere à preparação de compostos contendo átomos de carbono ligados por duplas ligações conjugadas como, por exemplo, carotenoides. 4. Conclusões Percebe-se que o Japão é o país com maior número de documentos de patentes, isso significa interesse deste país em proteger a tecnologia de interesse e garantir direito de exclusividade aos depositantes. Nota-se que o Brasil não apresenta patentes depositadas sobre esta Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 201 tecnologia e isto pode estar associado à falta de cultura local a respeito do tema, e a falta de interesse do mercado brasileiro e incentivos financeiros que poderiam contribuir para a mudança deste cenário. O “input” evolutivo no depósito anual de patentes é percebido a partir da década de 80. As principais áreas de aplicação dos documentos de patentes são: extração, cultivo e biotecnologia respectivamente. Todavia esta situação tende a modificar devido ao interesse na produção de tecnologias com recursos biológicos e com grande potencial de crescimento, como é o caso da utilização de microalgas. Esse emprego é devido principalmente à capacidade que estes microrganismos têm em converter energia solar em biomassa rica em compostos de interesse nos diversos setores industriais e tecnológicos. Verifica-se que o Brasil por ser um país emergente, precisa estar à frente do seu tempo do ponto de vista competitivo e comparativo em questões biotecnológicas e macroeconômicas, dessa forma é preciso que haja a difusão de informações sobre a produção de tecnologias e a combinação de políticas mais efetivas para possibilitar a criação de um ambiente propício para impulsionar a realização de atividades voltadas para este fim. Referências AMBROSI, M. A.; REINEHR, C. O.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M. Propriedades de saúde da microalga Spirulina. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 29, n. 2, p. 115123, 2008. ARMSTRONG, G.A. Genetics of eubacterial carotenoid biosynthesis, a colourful tale. Annu. Rev. Microbiol., n. 51, p. 629–659, 1997. AZEREDO, V. B. S. Produção de biodiesel a partir do cultivo de microalgas: estimativa de custos e perspectivas para o Brasil. 2012. 171 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético), Programa de Pós-Graduação em Planejamento Energético, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. BARROS, K. K. S. Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina platensis) para alimentação humana. 2010. 110 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2010. BERTOLIN, T. B. P.; COSTA, J. A. V.; BERTOLIN, T. E.; COLLA, L. M.; HEMKEMEIER, M. Cultivo da cianobactéria Spirulina platensis a partir de efluente sintético de suíno. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 1, p. 118-125, 2005. Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 202 CHAMORRO, G.; SALAZAR, M.; FAVILA, L.; BOURGES, H. Farmacología y toxicología del alga Spirulina. Revista de Investisgatión Clínica, n. 48, p. 389-399, 1996. CHU, W.-L.; LIM, Y.-W; RADHAKRISHNAN, A. K.; LIM, P.-E. Protective effect of aqueous extract from Spirulina platensis against cell death induced by free radicals. BCM Complementary and Alternative Medicine, v. 10, n. 53, p. 3-8, 2010. COLLA, L. M.; BERTOLIN, T. E.; COSTA, J. A. V. Fatty acids profile of Spirulina platensis grown under different temperatures and nitrogen concentrations. Z. Naturforsch, n. 59c, p. 55-59, 2004. COSTA, J. A. V.; COLLA, L. M.; DUARTE FILHO, P. Spirulina platensis Growth in Open Raceway Ponds Using Fresh Water Supplemented with Carbon, Nitrogen and Metal Ions. Zeitschrift Naturforsch, v. 58, p. 76-80, 2003. DAO-LUN, F.; ZU-CHENG, W. Culture of Spirulina platensis in human urine for biomass production and O2 evolution. Journal of Zhejiang University Science B, v. 7, n. 1, p. 34-37, 2006. DERNER, R. B.; OHSE, S.; VILLELA, M.; CARVALHO, S. M. de; FETT, R. Microalgas, produtos e aplicações. Ciência Rural, v. 36, n. 6, p.1959-1967, 2006. DUARTE, D. R. S. Alimentos funcionais com microalgas: nova fonte de pigmentos, antioxidantes e ácidos gordos ómega 3. 2010. 101 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Humana e Animal), Departamento de Biologia Animal, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010. ESTRADA, J. E. P.; BESCÓS, P. B.; FRESNO, A. M. V. del. Antioxidant activity of different fractions of Spirulina platensis protean extract. IL Farmaco, v. 56, p. 497-500, 2001. FERREIRA, L. S. Utilização do dióxido de carbono proveniente de fermentação alcoólica no cultivo de Spirulina (Arthrospira) platensis utilizando simultaneamente nitrato de sódio e sulfato de amônio como fontes de nitrogênio. 2011. 144 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas), Programa de PósGraduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. GUEDES, A. C.; AMARO, H. M.; MALCATA, F. X. Microalgae as sources of carotenoids. Marine Drugs, n. 9, p. 625-644, 2011. HAJIMAHMOODI, M., FARAMARZI, M. A., MOHAMMADI, N., SOLTANI, N., OVEISI, M. R., NAFISSI VARCHEH, N. Evaluation of antioxidant properties and total phenolic contents of some strains of microalgae. Journal Applied Phycology, v. 22, p. 43–50, 2010. JACOME, A. L. M. Estudo das condições ambientais no cultivo de Arthrospira (Spirulina) platensis em fotobiorreator tubular por processo descontínuo alimentado com ureia como fonte de nitrogênio. 2010. 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. LÉON, I. A. A. Estudo do cultivo de Spirulina platensis por processo contínuo com uréia como fonte de nitrogênio. 2010. 98 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) Programa de Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 203 Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. LÉONARD, J. The 1964-65 Belgian Trans-Saharan Expedition. Nature, n. 209, p. 126-128, 1966. MAGRO, C. D. Remoção de cromo VI e DQO de meio de cultivo adicionado de efluente com elevada concentração de cromo a partir da microalga Spirulina platensis. 2010. 87f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso em Bacharelado em Engenharia Ambiental), Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo. MATSUDO, M. C. Cultivo de Spirulina platensis por processo descontínuo alimentado repetitivo utilizando ureia como fonte de nitrogênio. 2006. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas), Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, Área de Tecnologia de Fermentações, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. MENDONÇA, T. A.; DRUZIAN, I. J.; NUNES, I. L. Prospecção tecnológica da utilização da Spirulina platensis. Cadernos de Prospecção Tecnológica, n.1, v.5, p.44-52, 2012. PIRES, K. M. S.; ALENCAR, D. B. de; SOUSA, M. B. de; SAMPAIO, A. H.; SAKER-SAMPAIO, S. Teores de α-caroteno e β-caroteno em macroalgas marinhas desidratadas. Revista de Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 39, n. 2, p. 257-262, abr./ jun., 2008. SCHMITZ, R.; DAL MAGRO, C.; COLLA, L. M. Aplicações ambientais de microalgas. Revista CIATEC – UPF, v.4, n. 1, p.48-60, 2012. SILVA, L. A. Estudo do processo biotecnológico de produção, extração e recuperação do pigmento ficocianina da Spirulina platensis. 2008. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Programa de Pós-Graduação em Processos Biotecnológicos, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. SOUZA, M. M. Potencial antifúngico e antioxidante dos extratos fenólicos de Chlorella sp. e Spirulina platensis e a capacidade desta de inibir a síntese de aflatoxinas. 2012. 165 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos), Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, Escola de Química de Alimentos, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2012. VALDUGA, E.; TATSCH, P. O.; TIGGEMANN, L.; TREICHEL, H.; TONIAZZO, G.; ZENI, J.; DI LUCCIO, M.; FÚRIGO JÚNIOR, A. Produção de carotenoides: microrganismos como fonte de pigmentos naturais. Química Nova, v. 32, n. 9, p. 2429-2436, 2009. WANG, L.; PAN, B.; SHENG, J.; XU, J.; HU, Q. Antioxidant activity of Spirulina platensis extracts by supercritical carbon dioxide extraction. Food Chemistry, v. 105, p. 36–41, 2007. Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 4/ p.193-204 D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300040016 204