Gazeta das Caldas - João Martins Pereira

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18 Março 2016
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O abandono dos Pavilhões, segundo
o olhar de Martins Pereira
Natacha Narciso
“desMemória”, de João Martins Pereira, abriu portas ao público a 11 de Março no Museu
do Ciclismo. A mostra reúne imagens da degradação em que se encontra o interior dos
Pavilhões do Parque, causada sobretudo pelos materiais ali abandonados. Dezenas de
amigos, conhecidos e responsáveis políticos assistiram à inauguração desta mostra, feita
em parceria com a Gazeta das Caldas.
Natacha Narciso
[email protected]
“Gostaria que estas imagens nos
fizessem pensar”. Palavras do fotógrafo João Martins Pereira que
pertence à geração de caldenses
“que deve ter sido a última a usar
os Pavilhões na sua plenitude”. E
por isso foi com tristeza que constatou o estado de degradação naqueles edifícios, após ter tido autorização da autarquia para registar
o interior.
“Eu e a minha irmã estudámos
nos Pavilhões e a minha mãe
também chegou a lá trabalhar”,
afirmou o autor, acrescentando
que grande parte dos caldenses
têm boas memórias ligadas à vivência daquele espaço.
As imagens de João Martins
Pereira foram captadas de forma
artística e há rigor nas composições fotográficas que mostram
entulho, equipamentos devolutos,
sapatos velhos, paredes grafitadas e buracos no soalho de espaços onde já decorreram aulas ou se
treinou basquetebol.
O que mais o chocou neste seu trabalho de encomenda documental?
“O abandono geral…”, disse o
autor à Gazeta das Caldas durante a sessão inaugural. E há coisas
que foram incompreensivelmente depositados nos pavilhões, tais
como equipamentos médicos avariados ou imprestáveis. “Mas porque é que foram deixados naquele espaço e em que condições?”,
“O que mais me chocou foi o estado de abandono geral destes interiores”, disse o fotógrafo
questionou o autor. Há fotos de
centenas de fichas clínicas, centenas de fichas de avaliação de alunos e toneladas de raios X. Sem
esquecer que ali jazem lâmpadas
fluorescentes e extintores, sem
que se saiba ao certo há quantos
anos foram abandonados naquele espaço.
Para José Luís de Almeida Silva,
director da Gazeta das Caldas, as
fotografias de João Martins Pereira
“têm muita força”. Por isso, gostava que estas imagens - referentes a um património local e que
tem estado ao abandono há muitos anos - pudessem ser novamente vistas quando os Pavilhões estiverem recuperados.
Para o presidente da câmara,
Tinta Ferreira “desMemória” sur-
giu “num momento em que estamos a tentar virar uma página difícil deste património”. Na
sua opinião, “é muito importante o registo da degradação para
que não se esqueça o estado a
que este chegou”. Para o edil há
da parte do fotógrafo, nas imagens, “uma expressão de dor
pela constatação da degradação
patrimonial”. Por ter estudado
entre o 7º e o 11º ano no então liceu que funcionava nos Pavilhões,
Tinta Ferreira afirmou que ali viveu
“o melhor período” da sua vida.
Tinta Ferreira acrescentou ainda que as novas gerações conhecem os Pavilhões do ponto de vista patrimonial, mas não das suas
vivências.
Tinta Ferreira referiu ainda que a
autarquia tem insistido para que o
CHO retire tudo o que se encontra
nos pavilhões. O edil considera que
estava mais do que visto que a administração central nada iria fazer
pela recuperação daquele património. “Estamos a adjudicar um
projecto e no caso de não haver
um investidor para um hotel, então teremos que pensar num plano B, para salvar os pavilhões”.
Como tal, considera que o registo feito agora por João Martins
Pereira “era fundamental” e que
se justifica voltar a revê-las quando
o espaço for requalificado.
“desMemória”, que conta ainda
com um texto de apoio de João
Bonifácio Serra, vai estar patente até 27 de Março no Museu do
Ciclismo.