universidade salvador – unifacs programa de pós
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UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO ACADÊMICO EM SISTEMAS E COMPUTAÇÃO JOSÉ ROGÉRIO POGGIO MOREIRA MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA EMISSÃO DE RELATÓRIOS FINANCEIROS SALVADOR 2012 Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros JOSÉ ROGÉRIO POGGIO MOREIRA MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA EMISSÃO DE RELATÓRIOS FINANCEIROS Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Sistemas e Computação da Universidade Salvador (UNIFACS), como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Sistemas e Computação. Orientador: Prof. Dr. Paulo Caetano da Silva José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros Moreira, José Rogério Poggio. Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros. Dissertação (Mestrado) - Universidade Salvador (UNIFACS). Departamento de Sistemas e Computação. 1. 1. BPM; 2. COBIT; 3. Governança de TI; 4. Gestão de TI; 5. ITIL; 6. Relatórios Financeiros ; 7. SOA; 8. XBRL. I. Silva, Paulo Caetano (Orientador). II. Título. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros JOSÉ ROGÉRIO POGGIO MOREIRA MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA EMISSÃO DE RELATÓRIOS FINANCEIROS Dissertação de Mestrado apresentada por José Rogério Poggio Moreira ao Departamento de Informática do Curso de Mestrado em Sistemas e Computação da Universidade Salvador (UNIFACS), sob o título “Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros” elaborada sob a orientação de Paulo Caetano da Silva e aprovada pela Banca formada pelos professores: ________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Caetano da Silva Universidade Salvador - UNIFACS ________________________________________________ Prof. Dra. Judith Pavón Mendoza Universidade Salvador - UNIFACS ________________________________________________ Prof. Dr. Edson Luiz Riccio Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade/USP SALVADOR 15/08/2012 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros Dedico este trabalho a memória do meu eterno Pai Prof. Dr. José Viana Moreira, que partiu em 2010, deixando comigo a sua referência de ser humano e caráter e que me conduziu, através da sua confiança e amor, a este feito. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, a Deus por ter iluminado o meu caminho e ter me dado forças para continuar seguindo, mesmo quando as coisas me pareceram perdidas. Agradeço ao meu incondicional amigo, mestre, doutor e pai, pela motivação que por diversas vezes me fez continuar o desenvolvimento da pesquisa. Agradeço também ao meu filho e a minha esposa amada, que por várias vezes abriram mão do lazer para que eu pudesse concluir a construção deste Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros. Agradeço igualmente à minha querida mãe que mesmo nos momentos de dificuldades me deu forças para continuar com este trabalho. Gostaria, também, de aproveitar a oportunidade para fazer um agradecimento especial ao Professor Dr. Paulo Caetano da Silva que mais que um orientador, se mostrou ser um amigo que acreditou desde o inicio no potencial deste trabalho e me conduziu, muito bem, ao término desta dissertação. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros RESUMO O alinhamento e a adaptação do ambiente corporativo e de tecnologia da informação às necessidades estratégicas do negócio afetam diversas organizações, requerendo esforços elevados. Isso é ocasionado, em razão da baixa flexibilidade desse ambiente e dos sistemas de informações às mudanças que ocorrem nos requisitos e processos de negócios. Outro problema que interfere na gestão organizacional é a diversidade de formatos de dados que estão relacionados com as informações financeiras, uma vez que estas são armazenadas em sistemas computacionais heterogêneos, resultando em dificuldades para a sua extração e processamento, o que implica na necessidade de transformação desses formatos para promover a consolidação das informações em relatórios financeiros. Um ambiente estruturado de governança e gestão organizacional pode influenciar na melhoria da flexibilidade e adaptabilidade dos processos de negócios e de tecnologia da informação, incluindo os sistemas de informações. Baseado nesse contexto e com intuito de resolver esses problemas, é proposto nesta dissertação um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação, formado pela união das boas práticas de governança e gestão do COBIT, ITIL e BPM, juntamente com a arquitetura orientada a serviços (SOA) e a linguagem XBRL, para representação de informações financeiras. Este modelo está divido em 03 camadas: (i) a camada de gestão de processos de negócio; (ii) a camada de implantação da governança de TI e; (iii) a camada de implantação SOA e integração com a XBRL. Espera-se obter, como contribuições deste trabalho, uma maior facilidade de adaptação do ambiente organizacional e dos sistemas de informações às mudanças que ocorrem nos negócios, além de uma melhora na qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros. Para validar este trabalho, foi desenvolvido um exemplo de uso do modelo de governança e gestão de tecnologia da informação para emissão de relatórios financeiros, que procurou expressar a aplicabilidade e utilização do modelo proposto nesta dissertação. Palavras-chave: BPM, COBIT, Governança de TI, ITIL, SOA, SOX, XBRL. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros ABSTRACT The alignment and adaptation of the corporate and information technology environment to strategic needs of the business affect many organizations, requiring high loads. This is caused, due to the low flexibility of this environment and information systems to changes in requirements and business processes. Another problem which interferes with organizational management is the diversity of data formats that are related to financial information, since these are stored in heterogeneous computing systems, resulting in difficulties for its extraction and processing, which implies the need for transformation of these formats to promote the consolidation of information in financial reports. A structured environment of governance and management organizational can influence the improvement of flexibility and adaptability of business processes and information technology, including information systems. Based on this background and with a view to solving these problems is proposed in this thesis a model of governance and management of information technology, formed by the union of good governance and management of COBIT, ITIL and BPM along with the service-oriented architecture (SOA) and XBRL language for representation of financial information. This model is divided into 03 layers: (i) the layer of business process management, (ii) the layer of deployment of IT governance and (iii) the layer of SOA deployment and integration with XBRL. Expected obtain, as contribution of this work, ease of adaptation of the organizational environment and information systems to changes in business, and an improvement in quality and reliability of financial reporting issue. To validate this work, we developed an example of using the model of governance and management of information technology to financial reporting, which sought to express the applicability and use of the model proposed in this dissertation. Keywords: BPM, COBIT, IT Governance, ITIL, SOA, SOX, XBRL. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1.1 - Organização da Dissertação .................................................................................. 24 Figura 4.1 - Arquitetura do Modelo de Governança e Gestão de TI ........................................ 56 Figura 4.2 - Camada de Gestão de Processos de Negócios ...................................................... 58 Figura 4.3Visão Global de Processos através do Método de (HARRINGTON; ESSELING; NINWEGEN, 1997) ......................................................................................................... 61 Figura 4.4 - Visão Global dos Processos através do Método da Cadeia de Valor (PORTER, 1986) ................................................................................................................................. 62 Figura 4.5 - Camada de Implantação da Governança de TI ..................................................... 72 Figura 4.6 - Camada de Implantação SOA e Integração com a XBRL .................................... 89 Figura 4.7 - Decomposição de processos de negócios em serviços de TI ................................ 95 Figura 4.8 - Arquitetura de Integração SOA e XBRL .............................................................. 96 Figura 5.1 - Visão Global de Processos da Área Financeira ............................................. 102 Figura 5.2 - Modelo do Estado Atual do Processo de Contas a Receber ............................... 103 Figura 5.3 - Modelo do Estado Desejado do Processo de Contas a Receber ......................... 104 Figura 5.4 - Modelo de Processo de Gerenciamento de Mudanças........................................ 113 Figura 5.5 - Decomposição do processo Financeiro em serviços SOA (Web Services) ........ 123 Figura 5.6 - Cenário de emissão de relatórios financeiros com Web Services e XBRL ......... 125 Figura 6.1 - Relação entre os processos de TI, as aplicações SOA e os processos de Negócio ........................................................................................................................................ 129 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 - Definição detalhada do Modelo de Maturidade do COBIT ................................ 28 Quadro 3.1 - Comparativo dos Trabalhos Correlatos ............................................................... 53 Quadro 4.1 - Entradas e Saídas da Atividade Desenvolver Visão Global dos Processos ........ 63 Quadro 4.2 - Entradas e Saídas da Atividade Selecionar Processos ........................................ 63 Quadro 4.3 - Relação de Informações que devem ser coletadas .............................................. 65 Quadro 4.4 - Entradas e Saídas da Atividade Modelagem do Estado Atual ............................ 66 Quadro 4.5 - Comparação do desempenho das técnicas de melhoria de processo ................... 68 Quadro 4.6 - Entradas e Saídas da Atividade Modelagem do Estado Desejado ...................... 68 Quadro 4.7 - Entradas e Saídas Relacionadas com as Atividades da Fase de Implantação ..... 69 Quadro 4.8 - Entradas e Saídas Relacionadas com as Atividades da Fase de Implantação ..... 70 Quadro 4.9 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Monitorar e Controlar Processo .......................................................................................................................................... 70 Quadro 4.10 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Resultados ............. 71 Quadro 4.11 - Mapeamento das metas de negócio e TI ........................................................... 74 Quadro 4.12 - Mapeamento das metas e processos de TI ........................................................ 75 Quadro 4.13 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Definir Metas ................. 76 Quadro 4.14 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Selecionar Processos ..... 77 Quadro 4.15 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Identificar e Avaliar Riscos .......................................................................................................................................... 79 Quadro 4.16 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Avaliar Situação Atual .. 81 Quadro 4.17 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Avaliar Situação Ideal ... 82 Quadro 4.18 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Análise de GAP ............. 84 Quadro 4.19 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Definir Projetos de Melhoria .......................................................................................................................................... 86 Quadro 4.20 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Definir Projetos de Melhoria .......................................................................................................................................... 87 Quadro 4.21 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Executar Projetos de Melhoria .......................................................................................................................................... 88 Quadro 4.22 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Resultados ............. 88 Quadro 4.23 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Contexto Empresarial .......................................................................................................................................... 90 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros Quadro 4.24 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Selecionar Funcionalidade/Componentes .......................................................................................... 90 Quadro 4.25 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Gerenciar Riscos ................ 94 Quadro 4.26 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Desenvolver Solução SOA . 97 Quadro 5.1 - Mapeamento entre os processos de TI do COBIT e os controles genéricos de TI da PCAOB ...................................................................................................................... 107 Quadro 5.2 - Status de uma solicitação de mudança .............................................................. 115 Quadro 5.3 - Matriz de urgência e impacto de uma mudança. ............................................... 117 Quadro 5.4 - Descrição dos níveis de urgência ...................................................................... 117 Quadro 5.5 - Descrição dos níveis de impacto ....................................................................... 117 Quadro 5.6 – Níveis de Prioridade de uma mudança ............................................................. 118 Quadro 5.7 - Estrutura de Níveis de Autorização ................................................................... 118 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APQC American Productivity & Quality Center BACEN Banco Central Do Brasil BI Business Intelligence BPM Business Process Management BPMM Business Process Maturity Model BSC Balance Scorecard CCM Conselho De Controle De Mudanças CE Comitê De Mudanças Emergenciais CEO Chief Executive Officer CFO Chief Financial Officer CMM Capability Maturity Model For Software CMMI Capability Maturity Model Integration COBIT Control Objectives For Information And Related Technology COSO Committee Of Sponsoring Organizations CRM Customer Relationship Management ITGI IT Governance Institute ITIL Information Technology Infrastructure Library ISACA Information Systems Audit And Control Associations OGC Officer Of Government Commerce PCAOB Public Company Accounting Oversight Board José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros PCF Process Classification Framework PMI Project Management Institute RDM Requisição De Mudança RUP Rational Unified Process SEC Securities And Exchange Commission SEI Software Engineering Institute SOA Service Oriented Architecture SOX Sarbanes-Oxley TI Tecnologia De Informação USP Universidade De São Paulo XBRL Extensible Business Reporting Language José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................17 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................... 17 1.2 MOTIVAÇÃO ............................................................................................................................................ 21 1.3 OBJETIVO ................................................................................................................................................. 22 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO................................................................................................................. 23 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................................................25 2.1 2.1.1 Governança e Gestão de Tecnologia da Informação .................................................................... 25 2.1.2 COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology)......................................... 26 2.1.3 ITIL (Information Technology Infrastructure Library) ................................................................. 28 2.1.4 BPM (Business Process Management) .......................................................................................... 30 2.2 TECNOLOGIA SOA E XBRL ........................................................................................................................ 31 2.1.5 SOA (Service Oriented Architecture) ............................................................................................ 32 2.1.6 XBRL (Extensible Business Reporting Language) ......................................................................... 34 2.3 3 BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO.......................................................................................... 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 36 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................................................38 3.1 BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................................. 38 3.1.1 Governança e Gestão da Tecnologia da Informação: diferenças na Aplicação em Empresas Brasileiras .................................................................................................................................................... 38 3.1.2 Implantação da Governança de TI ................................................................................................ 39 3.1.3 Uma avaliação sobre as práticas de Gestão ................................................................................. 40 3.1.4 Método de Avaliação de Processo de Negócio habilitado por Tecnologia da Informação ........... 41 3.1.5 Uma Revisão dos Modelos de Gestão em TI e um Comparativo entre COBIT e ITIL .................. 42 3.1.6 Gerenciamento de Processos de Negócios .................................................................................... 43 3.1.7 Alinhamento dos Requisitos da Lei Sarbanes-Oxley com o RUP para o Processo de Desenvolvimento de Sistemas ...................................................................................................................... 44 3.1.8 O Impacto da Lei Sarbanes-Oxley Ato 2002 nos Sistemas de Informações das Empresas Públicas 44 3.2 TECNOLOGIA SOA E XBRL ........................................................................................................................ 45 3.2.1 XBRL e o Crescente Uso de Arquivamento Online e Pagamentos Eletrônicos ............................. 45 3.2.2 SOA na Prática – Governança de SOA ......................................................................................... 46 3.2.3 O Papel dos Processos de Negócios na Arquitetura Orientada a Serviços................................... 47 3.2.4 O Impacto da SOA nos Sistemas Empresariais e Estruturas Organizacionais e Etapas de Implantação ................................................................................................................................................. 48 3.2.5 Modelos de Governança para Arquiteturas Orientadas a Serviços .............................................. 49 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 3.2.6 Traços inovadores da TI a serviço da Controladoria.................................................................... 51 3.2.7 Uma Solução Integrada de Relatórios Automatizados da Basiléia II ........................................... 51 3.3 4 MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI ..........................................................................................55 4.1 ESTRUTURA DO MODELO ........................................................................................................................ 55 4.2 CAMADA DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS ............................................................................... 58 4.2.1 Fase de Entendimento do Negócio ................................................................................................ 59 4.2.2 Fase de Projeto.............................................................................................................................. 63 4.2.3 Fase de Implantação ..................................................................................................................... 68 4.2.4 Fase de Monitoramento e Controle ............................................................................................... 70 4.3 Fase de Identificação das Necessidades de Negócio e de TI ......................................................... 72 4.3.2 Fase de Avaliação e diagnóstico ................................................................................................... 79 4.3.3 Fase de Planejamento dos Projetos de Melhorias ........................................................................ 84 4.3.4 Fase de Execução dos Projetos de Melhoria ................................................................................. 87 CAMADA DE IMPLANTAÇÃO SOA E INTEGRAÇÃO COM A XBRL ............................................................... 89 4.4.1 Fase de Identificação das Necessidades Organizacionais ............................................................ 90 4.4.2 Fase de Implementação ................................................................................................................. 94 4.4.3 Fase de Implantação ..................................................................................................................... 97 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 98 EXEMPLO DE USO DO MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI .....................................................100 5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO EXEMPLO DE USO.......................................................................................... 100 5.2 APLICAÇÃO DA CAMADA DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS .................................................... 101 5.2.1 Fase de Entendimento do Negócio .............................................................................................. 101 5.2.2 Fase de Projeto............................................................................................................................ 102 5.2.3 Fases de Implantação e Monitoramento e Controle .................................................................... 104 5.3 APLICAÇÃO DA CAMADA DE IMPLANTAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI ................................................... 104 5.3.1 Fase de Identificação das Necessidades de Negócio e de TI ....................................................... 105 5.3.2 Fase de Avaliação e Diagnóstico ................................................................................................ 108 5.3.3 Fases de Planejamento e Execução dos Projetos de Melhorias .................................................. 119 5.4 APLICAÇÃO DA CAMADA DE IMPLANTAÇÃO SOA E INTEGRAÇÃO COM A XBRL .................................... 120 5.4.1 Fase de Identificação das Necessidades Organizacionais .......................................................... 120 5.4.2 Fase de Implementação ............................................................................................................... 121 5.4.3 Fase de Implantação ................................................................................................................... 126 5.5 6 CAMADA DE IMPLANTAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI ............................................................................. 71 4.3.1 4.4 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 126 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................128 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 128 6.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES ................................................................................................................. 130 6.3 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................................................... 131 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................................................133 José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 17 1 INTRODUÇÃO Este capítulo tem como propósito contextualizar as questões relacionadas à governança e gestão da área de tecnologia da informação nas organizações e descrever a motivação para a realização desta dissertação, juntamente com os objetivos que se pretende alcançar. Sua organização ocorre da seguinte forma: a Seção 1.1 contextualiza os problemas que serão discutidos neste trabalho e para os quais será apresentada a proposta de solução; a Seção 1.2 descreve os aspectos que motivaram a realização desta dissertação; a Seção 1.3 detalha os objetivos e; finalmente, a Seção 1.4 apresenta a estrutura organizacional deste trabalho. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nas décadas de 70 e 80, a área de tecnologia da informação (TI) das organizações era vista apenas como um provedor de tecnologia, uma área de suporte no nível operacional independente do negócio. Nesta época, as organizações não tinham credibilidade nessa área, em virtude desta não possuir planejamento estratégico e diretrizes, além do fato de não existirem práticas e padrões aceitos no mercado para o gerenciamento de projetos (GUERRA, 2007). Na década de 90, a área de tecnologia da informação começou a ser vista como provedora de serviços, realizando gerenciamento integrado de pessoas, processos, fornecedores e tecnologias relacionadas com os serviços oferecidos. Esses serviços prestados estavam orientados às necessidades dos clientes e alinhados com os objetivos definidos pela estratégia da organização. A área de TI, então, passou a trabalhar para atender as necessidades corporativas da organização (GUERRA, 2007), ao invés, de ser somente um provedor de tecnologia, independente do negócio e preocupada apenas com o apoio ao nível operacional da organização. Após esse período, conforme Pinheiro (2009), essa área deixou de ser apenas provedor de serviço e foi incluída como uma área estratégica nas organizações, i.e. uma área que além de atender aos requisitos do negócio da organização, também passou a fazer parte dos planos estratégicos da organização. Desta forma, a área de TI começou a ser vista pela alta administração das organizações como um investimento a ser gerenciado, no qual o gerente passou a ser um solucionador de problemas de negócios e não apenas um gerente técnico, tornando a tecnologia da informação um elemento essencial para alcançar os objetivos estratégicos das organizações. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 18 Um dos fatores que fizeram parte da evolução da gestão da TI foram as leis e as regulamentações que as empresas tiveram que seguir, em razão de alguns acontecimentos ocorridos entre os anos de 1975 e 2001, como a quebra do Banco Herstaff da Alemanha em 1975; a falência em meios a fraudes e lavagem de dinheiro do Bank of Credit Commerce International em 1993; a falência após 233 anos de existência do Banco Barings e; a quebra da sétima maior empresa dos EUA, Enron, que faliu em 2001, demitindo mais de 20.000 funcionários (GUERRA, 2007). Com o objetivo de evitar a repetição dos problemas relacionados às fraudes contábeis, ocorridas nesse período, foram criadas em diversos países leis e regulamentações para facilitar aos governos locais um melhor controle e monitoramento das organizações, permitindo um aumento da credibilidade das empresas e maior segurança ao mercado financeiro. Dentre elas, está a lei Sarbanes-Oxley (SOX) que foi criada em 2002, pelo congresso Americano e afetou diretamente a forma como as empresas apresentariam seus relatórios financeiros, principalmente as de capital aberto que possuíam ações na bolsa de valores americana (SARBANES-OXLEY, 2002). Com requerimentos de controles contábeis e financeiros rigorosos e com o aumento da responsabilidade dos gestores, as empresas deveriam estabelecer políticas, regras e procedimentos auditáveis para gerir e controlar seus processos, registros documentais e divulgar seus resultados. Apesar de várias leis e regulamentações contribuírem para a evolução da gestão da TI, como por exemplo, a resolução 3380 do Banco Central do Brasil (BCB, 2006), o acordo Basiléia II (BCB, 2004) e a norma ISO 27002 (ABNT, 2007), a lei Sarbanes-Oxley foi uma das que mais impactou significativamente na área de tecnologia da informação, em virtude dos relatórios financeiros (exigidos pela lei) serem gerados por meio dos sistemas de informações das organizações (GUERRA, 2007). Dessa forma, essa área passou a ter um papel de relevância nas empresas do mercado americano, que precisavam estar em consonância com essa lei, auxiliando-as na implantação dos controles de TI necessários para manter a organização em conformidade com a SOX. Dentro desse contexto, as organizações realizaram mais investimentos em tecnologia da informação e valorizaram o vínculo dessa área com os objetivos estratégicos organizacionais, tornando o desempenho da mesma um fator crítico de sucesso, além de um diferencial competitivo para o mercado (PINHEIRO, 2009). Entretanto, em razão da SOX estar relacionada com área financeira, não existe nenhuma especificação sobre quais controles específicos de TI são necessários para que uma empresa esteja em conformidade com a lei. Isto gera um problema para a área de tecnologia da informação, uma vez que a mesma é influenciada pelos impactos gerados pela lei, em virtude dos relatórios financeiros serem emitidos por meio dos sistemas de informações das José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 19 organizações. Para auxiliar no atendimento dos requisitos legais, incluindo os da SOX, segundo Guerra (2007), as empresas começaram a adotar o Control Objectives for Information and Related Technology (COBIT) (ITGI, 2007a), pelo fato do COBIT definir quais são os objetivos que os controles de TI, devem atender para satisfazer a SOX (ITGI, 2006). O COBIT é um conjunto de boas práticas estruturado através de um modelo de domínios e processos que apresenta uma estrutura lógica e gerenciável (ITGI, 2007a). As boas práticas do COBIT são fortemente focadas no controle. Essas práticas ajudam na otimização dos investimentos em tecnologia da informação, asseguram a entrega dos serviços e proveem métricas que servem de subsídio para tomar decisões. Através do COBIT, as empresas podem assegurar que a área de TI estará alinhada com as metas de negócio, que envolve leis e regulamentações, e, com isso, possa obter vantagens competitivas para a organização (ITGI, 2007a). Outra boa prática de gestão de tecnologia da informação que, combinada com o COBIT, ajuda as organizações a gerirem com eficiência seus processos de trabalho e, por consequência, a estarem em conformidade com as leis e regulamentações, é o Information Technology Infrastructure Library (ITIL) (OGC, 2007a). O ITIL é um conjunto de boas práticas sobre gerenciamento do ciclo de vida de serviços de TI (OGC, 2007a). Com ele é possível estruturar e melhorar os processos de tecnologia da informação, diferente do COBIT, cujas práticas são orientadas para a avaliação, controle e monitoramento, tendo um escopo de processos mais abrangente que o do ITIL. Através do ITIL, o profissional responsável pelos processos de TI, que antes estava relacionado com a capacidade individual de entregar o produto, passa a se relacionar com a capacidade de entender e melhorar a forma como os resultados de negócio são obtidos. Desta forma, a organização, com a aplicação do COBIT, determina os critérios e objetivos de controle a serem alcançados pelos processos de TI e, com a utilização do ITIL, a empresa define e estrutura esses processos com base nos critérios e objetivos definidos pelo COBIT. Os processos de negócios, e não somente os processos de TI, das organizações também precisam estar bem controlados e definidos, para que a empresa possa cumprir os requisitos de negócio, incluindo os requisitos legais exigidos pelas leis e regulamentações (BALDAM et al. 2010). Para que isso ocorra, surge à necessidade de utilização de outra boa prática de gestão de processos, chamada Business Process Management (BPM) (BPMN, 2006). Com o BPM, é possível não só selecionar e alinhar os processos críticos de negócio à José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 20 estratégia da organização, mas também criar um mecanismo para estruturação, avaliação, medição e controle dos processos de negócios. Embora o uso em conjunto do COBIT, ITIL e BPM possa possibilitar a criação de um ambiente corporativo e de tecnologia da informação que contribui para a gestão organizacional, os problemas relacionados com a diversidade de formato de dados dos relatórios financeiros não são resolvidos por estas práticas de governança e gestão. Isso ocorre, em razão dos dados estarem localizados em diversos sistemas de informações, o que resulta em dificuldade de extração, necessidade de transformação e processamento dos dados, para promover a consolidação das informações no relatório financeiro. Isso aumenta significativamente: (i) o tempo de emissão dos relatórios financeiros, devido aos esforços de transformação de dados; (ii) o custo proveniente da realização desses esforços e; (iii) o risco de erros acontecerem, diminuindo, com isso, a confiabilidade dos relatórios e gerando, consequentemente, impactos negativos para o negócio. Esses problemas, relacionados com a diversidade de formato de dados das informações financeiras, podem resultar em relatórios financeiros incompletos ou sem a precisão necessária para proporcionar a transparência exigida por leis e regulamentações, além de não permitir a realização de análises financeiras acuradas, ocasionando, desta forma, insegurança ao mercado e falta de aderência aos requisitos legais. Na tentativa de solucionar essas questões foi desenvolvida a tecnologia Extensible Business Reporting Language (XBRL), que é um padrão internacional adotado por empresas da área pública e privada e que contribui para integrar informações financeiras distribuídas em diferentes formatos de dados (SILVA, 2003). A Arquitetura Orientada a Serviços (ERL, 2009) ou SOA (acrônimo em inglês para Service Oriented Architecture), fornece aos sistemas de informações e processos de negócios uma melhor de adaptação às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, incluindo os legais e regulamentares. Dentro do contexto deste trabalho, o uso de SOA tem como objetivo criar serviços SOA (serviços implementados em um ambiente que possui a arquitetura orientada a serviço) que irão automatizar os processos de negócios relacionados com a área financeira e contábil, da organização, fazendo com que estas aplicações estejam mais flexíveis às mudanças e alinhadas com os processos de negócios que promovem a emissão de relatórios financeiros. Isso poderá promover uma melhora na aderência às leis, como a SOX, e outras regulamentações. A utilização da XBRL e SOA pode contribuir para melhorar os problemas relacionados com a diversidade de formato dos dados das informações financeiras e, José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 21 adicionalmente, a melhorar os problemas relacionados com a capacidade de adaptação dos sistemas de informações às mudanças que ocorrem nos processos de negócios. A partir dos problemas discutidos nesta seção, da análise das boas práticas e tecnologias apresentadas e após a análise dos trabalhos correlatos, não foi identificado na literatura acadêmica um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação que unisse boas práticas de governança, gestão e tecnologias aceitas e usadas pelo mercado de TI e que resolvessem os problemas relatados nesta seção. Dessa forma, é identificada a necessidade de se propor um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação para emissão de relatórios financeiros que integre essas boas práticas e tecnologias (COBIT, ITIL, BPM, SOA e XBRL) com o objetivo de contribuir para a criação de um ambiente corporativo e de TI adaptável, além de proporcionar uma maior flexibilidade dos sistemas de informações e uma maior qualidade e confiabilidade na emissão dos relatórios financeiros. No restante desta dissertação, o modelo proposto será referenciado como modelo de governança e gestão de TI. 1.2 MOTIVAÇÃO A motivação para o desenvolvimento deste trabalho foi a constatação, após a revisão bibliográfica, da ausência de um modelo de governança e gestão de tecnologia da informação que possibilite a criação de um ambiente corporativo e de TI gerenciável e adaptável as mudanças nos requisitos de negócios e que proporcione a resolução dos problemas relacionados com a baixa de flexibilidade dos sistemas e a diversidade de formato de dados das informações financeiras. Em virtude disso, foram utilizadas para a definição do modelo proposto as práticas de gestão do COBIT, ITIL e BPM unidas às tecnologias SOA e XBRL. A utilização do BPM no modelo proposto foi motivada pela necessidade de estruturar e gerenciar os processos de negócios, para que uma organização possa atender a diferentes requisitos. Outro aspecto que motivou a sua utilização, foi que o valor atribuído a uma empresa é diretamente afetado pela forma como ela tem seus processos de negócios gerenciados e pelo direcionamento dos seus esforços para adequar-se às leis e regulamentações (requisitos de negócio) pertinentes à sua área de atuação (BALDAM et al. 2010). Igualmente motivador, é a importância que os processos de negócio, quando estruturados, definidos e gerenciados têm para o sucesso da implementação da SOA em uma organização (JR; KINDER; GRAHAN, 2005) (MARZULLO, 2009). A decisão de adotar o BPM deve-se ao fato de que diversas pesquisas de mercado têm o apontado como meio para solucionar ou contribuir para a resolução de diversos problemas organizacionais, em razão da sua capacidade para selecionar e alinhar os processos críticos de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 22 negócio à estratégia da organização, além de facilitar a união da gestão de negócios com a gestão da tecnologia da informação, possibilitando a otimização dos resultados da organização (BALDAM et al. 2010). O fator que motivou a inclusão do COBIT e do ITIL no modelo, para implantar a governança de TI nas organizações, foi a possibilidade de criar um ambiente de TI que esteja alinhado com os objetivos estratégicos da organização, facilitando uma melhor adequação às modificações impostas pelos requisitos de negócio (ITGI, 2008). A utilização do COBIT e o ITIL considerou que as suas boas práticas representam um consenso entre os especialistas de governança e gestão de TI e de que ambos já estão consolidados no mercado, sendo referências de governança e gestão de TI (ITGI, 2007a) (ITGI, 2008) (VAN GREMBERGEM; DE HAES, 2009). A utilização da XBRL e da SOA no modelo proposto, surge da dificuldade que as empresas têm para gerar relatórios financeiros precisos e confiáveis (BIANCOLINO; CRITOFOLI, 2008), uma vez que geralmente as informações se encontram em diferentes formatos de dados e sistemas de informações da organização, além da falta de flexibilidade que muitas vezes esses sistemas têm para se adaptarem às modificações e alterações que ocorrem nos requisitos de negócio aos quais as organizações estão vinculadas. A XBRL foi adotada em razão de ser um padrão internacional de facto, desenvolvido exclusivamente para a área contábil e financeira e que foca na emissão de relatórios (CRUZ et al. 2008). Outro fator que contribuiu para sua adoção foi o fato da sua utilização resultar nos seguintes benefícios (HRMC, 2009): (i) menor possibilidade de erro; (ii) maior qualidade dos dados recebidos; (iii) facilidade de manipulação de dados nos sistemas de informações; (iv) aumento da confiabilidade e segurança dos relatórios financeiros e; (v) melhoria na comunicação e transferência de dados entre diferentes departamentos e escritórios das empresas. A SOA foi adotada em razão da sua capacidade de adaptar facilmente os serviços construídos às mudanças que ocorrem nos processos de negócio da organização, além do maior alinhamento desses serviços com os processos de negócio, permitindo que o processo evolua sem gerar impactos negativos nos sistemas. 1.3 OBJETIVO O objetivo desta dissertação é propor um modelo de governança e gestão de TI para a emissão de relatórios financeiros. Com a finalidade de atingir este objetivo são almejadas as seguintes metas: José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 23 (i) Desenvolver o modelo de gestão de processos de negócios, através da utilização das práticas do BPM, para proporcionar um ambiente corporativo e de TI gerenciável e adaptável às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio. (ii) Desenvolver o modelo de governança de TI, através da utilização do COBIT e do ITIL, para proporcionar um ambiente corporativo e de TI gerenciável e adaptável às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio; (iii) Desenvolver o modelo de implantação e integração da SOA, através de Web Services, com a XBRL; (iv) Realizar um exemplo de uso para validar o modelo proposto. Neste exemplo de uso, além da demonstração de utilização das camadas de gestão de processos de negócios e implantação SOA e integração com a XBRL, será estruturado, através do modelo de governança de TI, um processo de gestão de mudanças através das boas práticas do COBIT e do ITIL. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Este trabalho está organizado em seis capítulos, conforme pode ser visualizado na Figura 1.1. A seguir, são apresentadas as descrições de cada capítulo presente neste documento: Primeiro Capítulo – Introdução: este capítulo contextualiza e descreve os motivos para a realização desta dissertação, juntamente com o objetivo geral e objetivos específicos que o trabalho pretende alcançar; Segundo Capítulo – Fundamentação Teórica: o segundo capítulo discute conceitos e definições sobre Governança e Gestão de TI, COBIT, ITIL, BPM, SOA e XBRL; Terceiro Capítulo – Revisão Bibliográfica: o terceiro capítulo da dissertação discute os trabalhos correlatos, relacionados com o modelo de governança e gestão de TI proposto; Quarto Capítulo – Modelo de Governança e Gestão de TI: este capítulo apresenta o modelo de governança e gestão de TI, através da utilização do COBIT, ITIL, BPM, SOA e XBRL; Quinto Capítulo – Exemplo de Uso: no quinto capítulo um exemplo de uso do modelo proposto é apresentado; José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 24 Sexto Capítulo – Conclusão: o sexto capítulo discute as considerações finais sobre o modelo apresentado, uma descrição das principais contribuições realizadas, as publicações realizadas e as sugestões para pesquisas futuras. Figura 1.1 - Organização da Dissertação Fonte: Autor deste trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 25 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo discute práticas de governança e gestão de TI e as tecnologias que serão utilizadas no modelo proposto neste trabalho. São vistos os principais conceitos sobre governança e gestão de TI, incluindo as suas diferenças, além dos conceitos relacionados com o COBIT, ITIL, BPM, SOA e XBRL. O restante deste capítulo esta organizado em 03 Seções. Inicialmente, na Seção 2.1, são discutidos: (i) os conceitos, desafios e áreas de foco da governança de TI e as diferenças entre governança e gestão de TI; (ii) os aspectos relacionados com o modelo de governança e controle de TI do COBIT; (iii) o ITIL juntamente com as suas áreas de gerenciamento e; (iv) os conceitos e definições sobre o gerenciamento de processos de negócios, através das boas práticas de BPM. Já a Seção 2.2 discute a arquitetura orientada a serviço e os aspectos da XBRL. Finalmente na Seção 2.3 são feitas a conclusão e considerações finais deste capítulo. 2.1 BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO Esta seção discute as práticas de governança e gestão de TI do COBIT, ITIL e BPM. Estas práticas estão relacionadas com a criação de um ambiente corporativo e de TI gerenciável e receptivo às mudanças que ocorrem em requisitos de negócio, incluindo leis e regulamentações. 2.1.1 Governança e Gestão de Tecnologia da Informação O ITGI (2007a) define governança de tecnologia da informação como uma responsabilidade da alta administração, sendo parte integrante da governança corporativa, consistindo-se de estruturas de lideranças e processos organizacionais que asseguram que a organização de TI sustenta e estende as estratégias e objetivos de negócio da empresa. Segundo o ITGI (2007a), a governança de tecnologia da informação se baseia em 05 áreas, permitindo à administração executiva dirigir e governar a área de TI na empresa. Essas cinco áreas são: (i) alinhamento estratégico; (ii) entrega de valor; (iii) gerenciamento de riscos; (iv) gerenciamento de recursos e; (v) medição de desempenho. Através da implementação, destas cinco áreas, a governança oferece alguns benefícios como: (i) serviços mais confiáveis; (ii) maior transparência em relação às atividades, gastos e valor agregado pela TI; (iii) receptividade da área de TI para os negócios e confiança da alta administração, em razão do alinhamento estratégico entre a área tecnologia da informação e José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 26 de negócio; (iv) maior retorno sobre o investimento, a partir de um adequado planejamento estratégico e; (v) um melhor gerenciamento de riscos. De acordo com Guerra (2007), a diferença entre governança e gestão de tecnologia da informação é um assunto que deve ser esclarecido. A governança não deve ser considerada como um tipo de gestão de TI, uma vez que ela objetiva tratar os aspectos estratégicos dessa área (avaliação das necessidades das partes interessadas, alinhamento estratégico, direcionamento para tomada de decisões e medição do desempenho das operações de negócio e das conformidades legais e regulamentárias), já a gestão está voltada para os aspectos táticos e operacionais (gerência de operações, gerência de serviços de TI) e está voltada para atividades do cotidiano das empresas (ASSIS, 2011). Para (PINHEIRO, 2009), a execução de um modelo de governança de tecnologia da informação procura alinhar os objetivos dessa área com os de negócio. Para isto, utilizam-se metas organizacionais como entrada para gerar as metas e métricas necessárias ao gerenciamento eficiente da área de tecnologia da informação. Já a gestão objetiva o gerenciamento das operações e o fornecimento de serviços e produtos. 2.1.2 COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology) O COBIT, em sua versão 4.1, fornece um conjunto de boas práticas para governança e gestão de TI que são baseadas em padrões da indústria (ITGI, 2007a). Uma vez implementado, o COBIT pode assegurar que a área de TI estará alinhada com as metas de negócio da empresa e poderá ser mais bem utilizada para obter vantagens nos negócios da organização. Recentemente (Abril de 2012) o COBIT teve a sua versão 5.0 publicada. Apesar disso, esta dissertação está baseada na sua versão 4.1. A decisão de utilizar a publicação anterior foi tomada, em razão das práticas advindas dessa versão, já estarem consolidadas e maduras no mercado, em virtude da sua ampla utilização nas empresas, o que resulta não só em embasamento teórico, mas também prático. Além disso, a versão recente ainda não possui várias publicações que complementam o seu uso, como é o caso do guia básico Enabling Information e das guias avançadas do COBIT 5 para: (i) Assurance; (ii) Risk; (iii) Information Security e; (iv) Assessment Programme. Todas em estágio de desenvolvimento (ITGI, 2012). O COBIT foi desenvolvido a partir da premissa de que a área de TI precisa fornecer funcionalidades e informações que a organização necessita para atingir seus objetivos. O COBIT divide a área de TI em 34 processos, dentro de 04 domínios (Planejamento e Organização, Aquisição e Implementação, Entrega e Suporte, Monitoramento e Avaliação) e promove objetivos de controles para cada um destes processos. Com isso esse modelo permite José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 27 avaliar o grau de confiança, qualidade e segurança necessárias para as necessidades das corporações, promovendo 07 critérios de informação (Efetividade e Eficácia, Eficiência, Disponibilidade, Integridade, Confidencialidade, Confiabilidade e Conformidade) que podem ser usados para genericamente definir o que o negócio requer da área de TI. Cada processo do COBIT, conforme o ITGI (2007a) tem 06 requisitos de controle genérico que são comuns para todos os seus processos. Eles podem ser analisados em conjunto com os objetivos de controle específicos de cada processo de TI. Os requisitos de controle genérico sugerem que cada processo: (i) tenha um responsável; (ii) seja repetível; (iii) possua metas e objetivos; (iv) tenha funções e responsabilidades definidas; (v) tenha seu desempenho medido e; (vi) tenha políticas, planos e procedimentos. As práticas de controle são recursos que estendem a capacidade do COBIT, fornecendo ao usuário um nível adicional de detalhes. Os processos de TI do COBIT, os requisitos de negócio e os objetivos de controle definem o que precisa ser feito para implantar uma estrutura de controle efetiva. As práticas de controle traduzem os objetivos de controle do COBIT em práticas detalhadas, implementáveis e fornecem uma argumentação de negócio para a implementação dos objetivos de controle, a partir de uma perspectiva de valor e risco. As práticas de controle são mecanismos chaves que suportam a realização dos objetivos de controle e a prevenção, detecção e correção de eventos não desejados. Estes objetivos de controle podem ser alcançados, através do uso responsável dos recursos, gerenciamento de riscos apropriado e alinhamento da TI com o negócio. As diretrizes de gerenciamento do COBIT possibilitam aos administradores da organização lidar de forma eficiente com as necessidades e requisitos da governança de TI. Os principais componentes das diretrizes de gerenciamento segundo o ITGI (2007a) são: (i) entradas e saídas de processos; (ii) atividades dos processos e gráficos RACI (Responsible, Accountable, Consulted and Informed); (iii) objetivos de negócio, TI, processos e atividades; (iv) métricas de TI, processos e atividades e; (v) modelo de maturidade, conforme mostra o Quadro 2.1. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 28 Quadro 2.1 - Definição detalhada do Modelo de Maturidade do COBIT MODELO DE MATURIDADE GENÉRICO + Risco - Risco - Qualidade + Qualidade Nível 0 - Inexistente Falta completa de qualquer processo identificável. Não existe a consciência da necessidade de controles. A organização reconhece que existem questões que precisão ser tratadas. Não existem, no entanto processos padronizados. Usa-se uma abordagem Nível 1 - Inicial reativa quando os problemas aparecem. Os processos não são padronizados, sendo informais e irregulares. Os processos já seguem procedimentos similares e são seguidos por diferentes pessoas que executam a mesma tarefa. Não existe treinamento formal ou Nível 2 - Repetível comunicação dos procedimentos padrões e a responsabilidade é individual. Existe um alto grau de confiança no conhecimento dos indivíduos, desta forma os erros são prováveis. Os procedimentos são padronizados, documentados, e comunicados através de treinamento. Ainda é possível acontecer desvios, mas Nível 3 - Definido não mais com frequência. Os procedimentos não são sofisticados, mas existe formalização das práticas existentes. É possível monitorar e medir a conformidade com os procedimentos e tomar ação onde os processos aparentam não estar funcionando corretamente. Os Nível 4 - Gerenciado processos estão sobre aperfeiçoamento constante e fornecem boas práticas. Ferramentas de automação são usadas de forma limitada e fragmentada. Já se pode tirar lições aprendidas do processo. Os processos foram refinados no nível das melhores práticas, baseados em resultados de aperfeiçoamento contínuo e modelagem de maturidade com outras empresas. A TI é usada de Nível 5 - Otimizado forma integrada para automatizar fluxos de trabalho, fornecendo ferramentas para aperfeiçoar a qualidade e eficiência, e fazendo com que a empresa se adapte rapidamente. Fonte: Adaptado de (ITGI, 2007a) 2.1.3 ITIL (Information Technology Infrastructure Library) Criar um ambiente corporativo e de TI gerenciável, requer mais do que bons controles financeiros, registros documentais e medições (GUERRA, 2007). Requer também uma boa avaliação da infraestrutura de TI, suas operações e pessoal. Consequentemente, a utilização de um conjunto de boas práticas, como as do ITIL, é preciso para fornecer a estruturação aos processos (PINHEIRO, 2009). De acordo com a OGC (2005) o ITIL (Information Technology Infrastructure Library) é um conjunto de melhores práticas (e não uma metodologia) para o gerenciamento de serviços de TI. Atualmente, em sua terceira versão o ITIL abrange todo o ciclo de vida de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 29 serviços de TI e está focado no negócio e integrado com outras boas práticas como, por exemplo, o COBIT. Os benefícios esperados pela adoção das boas práticas ITIL são (OGC, 2007a): (i) um melhor alinhamento dos serviços de TI com as estratégias de negócio; (ii) uma melhor comunicação entre a área de TI e o negócio; (iii) uma maior transparência dos custos de TI; (iv) um aumento da qualidade do serviço; (v) uma redução dos riscos operacionais; (vi) uma maior satisfação do cliente e; (vii) um maior retorno sobre o investimento realizado; Um serviço de TI possui as seguintes características: (i) a intangibilidade, pois os serviços não podem ser vistos, sentidos ou ouvidos; (ii) a perecebilidade, pois serviços não podem ser estocados para vendas e usos futuros e; (iii) a indivisibilidade, que significa que o serviço e seu prestador não podem ser separados e que o serviço é produzido e consumido ao mesmo tempo (OGC, 2007a). Todo serviço também possui uma utilidade e uma garantia que podem ser entendidas respectivamente como, a funcionalidade oferecida pelo serviço para atender uma necessidade particular do cliente e a promessa de que o serviço irá atender os requisitos acordados. Além disso, um serviço possui 02 ativos que compõe a sua entrega, são eles: (i) as capacidades, que são as habilidades que uma organização, pessoa, processo, aplicação, item de configuração ou serviço de TI têm e; (ii) os recursos, que consiste em toda infraestrutura de TI, pessoas, capital ou qualquer outra coisa que ajude na entrega do serviço de TI. De acordo com a OGC (2007a), para entregar valor ao cliente um serviço deve: (i) aumentar o desempenho do cliente; (ii) diminuir a variação do desempenho do cliente; (iii) reduzir os riscos e custos dos ativos dos clientes e; (iv) reduzir as limitações do negócio do cliente. O ITIL, conforme a OGC (2007a), define que o gerenciamento de serviços de TI como um conjunto de habilidades organizacionais especializadas para prover valor aos clientes em forma de serviços e um processo seria definido como uma série conectada de ações executadas por pessoas com objetivo de atingir um resultado. O ITIL em sua terceira versão possui no núcleo de sua estrutura cinco grandes áreas de gerenciamento: (i) estratégia do serviço; (ii) desenho (projeto) de serviços; (iii) transição de serviços; (iv) operação de serviços e; (v) melhoria continua de serviços. É importante ressaltar, que diferente do COBIT, que determina os critérios e objetivos de controle a serem alcançados pelos processos de TI, o ITIL define e estrutura na prática esses processos de TI com base nos critérios e objetivos definidos pelo COBIT. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 30 2.1.4 BPM (Business Process Management) Para que as empresas tenham um ambiente corporativo e de TI mais eficientes, tornase relevante uma boa estrutura de gerenciamento dos processos de negócio. Segundo Paim, Caulliraux, Cardoso e Clemente (2009), o BPM promove a união da gestão de negócios com a tecnologia da informação, focando na otimização dos resultados das organizações através da melhoria dos processos de negócios. Já para Zairi (1997), o BPM está concentrado nos principais aspectos das operações empresariais que influenciarão em grande proporção o valor adicionado. W.M.P. (2003), define BPM como processos empresariais que usam métodos, técnicas e software para projetar, ordenar, controlar e analisar processos estritamente operacionais que envolvem pessoas, organizações, aplicações, documentos e outras fontes de informação. Com o BPM é possível não só selecionar e alinhar os processos críticos de negócio à estratégia da organização, mas também criar um mecanismo para estruturação, avaliação, medição e controle dos processos de negócios. De acordo com o BPMN (2006), o BPM envolve a descoberta, projeto, entrega e controle de processos de negócios. Conforme o BPMN (2006) existem algumas definições relevantes e que estão relacionadas ao BPM, são elas: (i) Atividade: é o trabalho que uma organização executa através de um processo. Pode ser atômica ou não atômica em razão da sua abrangência. São atividades: processos, subprocessos e tarefas; (ii) Tarefa: é uma atividade atômica que é incluída em um processo e usada quando a atividade no processo não será mais refinada em subprocessos. Geralmente, é executada por um único usuário final; (iii) Subprocesso: é um processo que está incluso dentro de outro processo; (iv) Processo: é um encadeamento de atividades executadas dentro de uma organização que transformam entradas em saídas. Segundo Baldam et al. (2010), diversas pesquisas de mercado têm apontado o BPM como forma de resolver ou contribuir para a resolução de diversos problemas organizacionais, aumentando, com isso, o interesse das empresas em adotá-lo. Isto, em razão da sua capacidade para selecionar e alinhar os processos críticos de negócio à estratégia da organização, estruturar, avaliar, medir e controlar os processos de negócios, além de unir a gestão de negócios com tecnologia da informação, possibilitando a otimização dos resultados da organização. Dentre os motivos que fizeram com que as empresas aumentassem o interesse José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 31 pelo BPM pode-se destacar o aumento das exigências por mais transparência nas transações realizadas pelas organizações, principalmente as que têm capital aberto e que devem estar submetidas a exigências legais e regulamentárias como, por exemplo, as exigências da SOX. Diversos autores (DANVERPORT, 2005; SIQUEIRA, 2006; LEAL, 2006) que reconhecem que as áreas de tecnologia da informação e de negócio são unidas pelos processos, discutem sobre a enorme rigidez que os sistemas de informações possuem em relação aos processos de negócio. Esta questão possui relevância quando ocorrem necessidades de melhoria e adaptação dos sistemas de informações aos processos de negócios. Isso fica evidenciado quando os sistemas de informações que gerenciam os processos de negócios se encontram totalmente inflexíveis ou o retorno sobre o investimento para realizar as melhorias ou adaptações, devido a estas inflexibilidades, excedem os possíveis benefícios. Isto ressalta a importância da integração dos sistemas de informações com os processos de negócios e de como estes sistemas devem estar flexíveis para suportar as mudanças nos processos, além de promover a agilidade, controle e monitoramento do negócio. Como em todo projeto realizado dentro de uma organização existem fatores críticos e decisivos para a implantação do BPM, dentre eles pode-se destacar: (i) as estratégias para tratar o gerenciamento de mudanças; (ii) o alinhamento das estratégias da organização com as iniciativas do BPM; (iii) o apoio da alta administração da empresa; (iv) a capacitação de todos os envolvidos e; (v) a percepção de que todos os processos são dinâmicos e devem se adaptar continuamente as mudanças ocorridas no mercado (BALDAM et al. 2010) . Atualmente, o valor atribuído a uma empresa é diretamente afetado pela forma como ela é gerenciada. Outro aspecto que também influencia o valor de uma organização é o direcionamento dos seus esforços para adequar-se às leis e regulamentações pertinentes à sua área de atuação. É relevante observar que um gerenciamento ruim ou inadequado leva a perdas de mercado, sanções financeiras e até criminais. Entretanto, para gerenciar de forma satisfatória e eficiente, as empresas devem adotar as boas práticas de gestão, baseadas nas experiências, políticas e processos relacionados com a sua área de atuação. Neste contexto, o BPM como uma boa prática de gestão de processos de negócio possibilita que as organizações atendam aos diferentes requisitos de negócios, incluindo os legais e regulamentários, uma vez que os processos de negócios devem ser modelados e adequados às necessidades do negócio da organização. 2.2 TECNOLOGIA SOA E XBRL Esta seção discute as tecnologias SOA e XBRL. Estas tecnologias são responsáveis pela proposição, no modelo de governança e gestão desta dissertação, da flexibilização dos José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 32 sistemas de informações para atender a possíveis mudanças que ocorrem nos processos de negócio e para a melhoria da qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros. 2.1.5 SOA (Service Oriented Architecture) A Arquitetura Orientada a Serviços ou SOA é uma arquitetura de software que permite disponibilizar as funcionalidades implementadas pelas aplicações em forma de serviço, que é um software baseado na arquitetura de sistemas distribuídos que aceita requisições e devolve respostas. A SOA possibilita a conexão entre os serviços criados, através do barramento de serviços ou ESB (acrônimo em inglês para Enterprise Service Bus) (MARZULLO, 2009), que tem como meta disponibilizar os contratos de serviços, os quais servem para especificar a forma de comunicação entre as aplicações de software. A SOA possibilita automatizar os processos de negócios, relacionados com a área financeira e contábil da organização, através da criação de sistemas de informações (aplicações SOA). Esses sistemas, devido à flexibilidade, interoperabilidade e em razão do alinhamento com os processos de negócios, necessários às aplicações SOA, permitem melhorar significativamente a implantação de melhorias nos processos de negócio, em virtude da facilidade de alteração e modificação desses sistemas. A SOA não é um projeto para modelar um novo sistema, mas uma mudança da estrutura de um ambiente de desenvolvimento e de manutenção de software. Não existe uma ferramenta ou um framework SOA pré-definido, o ambiente SOA deve ser construído de acordo com as características da organização, através de uma abordagem incremental e iterativa (MARZULLO, 2009). Na estrutura SOA é importante que se encontre a abordagem correta de governança, necessária à sua implantação. Deve existir uma equipe central responsável por determinar os aspectos gerais de SOA na corporação. Por outro lado, um dos elementos chaves para o seu sucesso é a descentralização, a delegação de atribuições e responsabilidades. Portanto, é importante encontrar o equilíbrio entre a centralização e a descentralização. A arquitetura SOA auxilia na redução da distância conceitual entre as áreas de negócio e de TI das corporações. O objetivo dessa abordagem (SOA) é estruturar os sistemas distribuídos baseado na abstração das regras e das funções do negócio. Essa abstração garante que os sistemas de informações, apesar de possuírem características técnicas, sejam projetados para que as pessoas das áreas de negócios possam entendê-los, gerando também José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 33 através da flexibilidade e conectividade, inerentes das aplicações SOA, uma melhor adaptação dos serviços às mudanças nos requisitos que o negócio exigir. Conceitos como escalabilidade e flexibilidade ganham força na arquitetura SOA, que permite seus usos na implementação e no crescimento dos sistemas das organizações. A forma de garantir a flexibilidade nos sistemas corporativos é suportar a heterogeneidade, descentralização e até mesmo a tolerância às falhas (JOSUTTIS, 2007). Os aspectos da escalabilidade e o acoplamento fraco influenciam diretamente na questão da tolerância a falhas. Quanto menor o acoplamento, menor a dependência entre os sistemas e, assim, menores consequências terão em outros sistemas as ocorrências de falhas. É comum encontrar na literatura a ideia imprecisa de que SOA e Web Services são sinônimos. SOA é um paradigma, uma arquitetura, enquanto os Web Services são componentes da arquitetura SOA (JOSUTTIS, 2007). Um Web Service representa a materialização da ideia de um serviço que é disponibilizado na Web. Esses serviços Web representam a lógica de negócio que permite que clientes enviem requisições e recebam as respostas vindas do serviço Web (MARZULLO, 2009). Um Web Service provê uma infraestrutura desacoplada de plataforma, o que facilita o seu desenvolvimento e integração com diferentes tecnologias. Por possuírem uma estrutura interna fracamente acoplada, os Web Services permitem que o serviço mude sem afetar a sua utilização pelo cliente, construindo dessa forma sistemas modularizados e que atingem níveis mais adequados de integração (MARZULLO, 2009). Os Web Services devem ser vistos, segundo Marzullo (2009), como uma convergência de algumas tecnologias como HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) (W3C, 2009), XML (eXtensible Markup Language) (W3C, 2008), SOAP (Simple Object Access Protocol) (W3C, 2007a), WSDL (Web Service Description Language) (W3C, 2007b) e UDDI (Universal Description, Discovery and Integration) (OASIS, 2004). Uma tecnologia relevante para integração dos Web Services com a linguagem XBRL, que será descrita na seção 2.6, é o protocolo SOAP. O SOAP é uma especificação para a troca de informações estruturadas em ambientes distribuídos, que tem como principal objetivo garantir a interoperabilidade entre diferentes sistemas através da utilização de XML e do protocolo HTTP. A linguagem XML é usada para a criação das mensagens que serão trocadas entre as aplicações distribuídas. O protocolo HTTP atua como meio de transmissão dessas mensagens, além de prover uma estrutura de chamadas de procedimentos remotos como padrão de interoperabilidade. As mensagens ou arquivos SOAP, responsáveis por empacotar o José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 34 conteúdo das solicitações e respostas clientes, possuem em sua composição 04 elementos, o Envelope, o Header, o Body e o Fault (MARZULLO, 2009): O elemento Envelope é um componente obrigatório na estrutura das mensagens SOAP. Ele define a raiz da mensagem SOAP e determina como o documento XML, referente ao conteúdo da solicitação, é transformado em uma mensagem SOAP e como a mesma, deve ser traduzida pelos Web Services no serviço (MARZULLO, 2009). O elemento Header é um componente opcional das mensagens SOAP que, quando presente, deve aparecer logo após o elemento Envelope. O Header deve conter informações especificas da mensagem SOAP, geralmente informações sobre o Web Service que irá receber a mensagem, como por exemplo, informações de segurança. O elemento Body é um elemento obrigatório que armazena o documento a ser transmitido (o documento XML, que contem o conteúdo da mensagem SOAP) e, opcionalmente, a definição de falhas (relacionada com o elemento Fault) que possam ocorrer. O elemento Fault é o componente da estrutura das mensagens SOAP que é responsável por capturar os erros ocorridos nos Web Services e, opcionalmente, definir códigos e mensagens de erros que possam ocorrer na transmissão e recepção dos documentos. Caso esteja presente na estrutura das mensagens SOAP, o elemento Fault deve estar dentro do elemento Body e deve ser único (MARZULLO, 2009). O processo de transformação do documento XML, que contém o conteúdo da solicitação, em uma mensagem SOAP (MARZULLO, 2009), consiste nos seguintes passos: (i) primeiro ocorre o empacotamento do documento XML (conteúdo da mensagem SOAP) no Body; (ii) em seguida ocorre o empacotamento do elemento Body dentro do elemento Envelope; (iii) opcionalmente é anexado o elemento Header na mensagem; (iv) opcionalmente, é anexado o elemento de bloco de Falhas (Fault) na mensagem; (v) por fim, a mensagem SOAP é transmitida. 2.1.6 XBRL (Extensible Business Reporting Language) Com o objetivo de melhorar a qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros, a linguagem XBRL (Extensible Business Reporting Language) fornece a estrutura necessária para realizar o intercâmbio de dados e informações financeiras de maneira padronizada entre os diversos sistemas de informações existentes. Através da sua estrutura, a XBRL contribui para a resolução dos problemas relacionados à diversidade de formato de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 35 dados das informações financeiras, em virtude dessas informações estarem localizadas em diversos sistemas e formatos de dados diferentes, o que resulta em muita manipulação de dados, para promover a consolidação dessas informações no relatório financeiro (SILVA, 2003). A XBRL é uma linguagem baseada em XML (Extensible Markup Language) que foi desenvolvida para representação e intercâmbio de informações financeiras. Seguindo essa mesma opinião, está Riccio, Silva e Sakata (2005) que complementam afirmando que a XBRL proporciona a estruturação de dados para relatórios financeiros, realizando o intercâmbio automatizado desses relatórios entre os sistemas de informações independentes. Dessa forma, a XBRL torna-se um padrão para representar e intercambiar relatórios de informação financeira, incluindo demonstrações contábeis, informações para agências governamentais reguladoras e para investidores. A XBRL em razão de ser uma linguagem baseada na XML possibilita a criação de um vocabulário padrão para intercâmbio de relatórios de informações financeiras, fazendo com que as empresas possam criar diversos tipos de relatórios financeiros para, por exemplo: (i) demonstrações financeiras; (ii) órgãos fiscalizadores e reguladores; (iii) riscos e; (iv) linhas de crédito (SILVA, 2003). É importante ressaltar, que a XBRL permite que as empresas codifiquem suas demonstrações financeiras de acordo com as exigências e regulamentações impostas por órgãos reguladores e leis, assegurando, dessa forma que as informações financeiras prestadas e atestadas pelos CFO (Chief Financial Officer) sejam precisas e confiáveis. Segundo Silva (2003), o funcionamento da XBRL é constituído por 03 tipos de documentos XML, que, por sua vez, formam a representação de um relatório financeiro. São eles: (i) um documento XML Schema (W3C, 2004) contendo a definição dos elementos usados no documento de instância XBRL; (ii) cinco documentos de Linkbase, baseados em XLink (W3C, 2001), expressando os relacionamentos entre os elementos definidos no documento anterior e; (iii) o documento de instância XBRL, o relatório propriamente dito, que contém os fatos financeiros com os dados a serem relatados. Os linkbases e documento XML Schema formam a taxonomia do relatório financeiro e o documento de instância XBRL, informa os dados a partir da taxonomia, é o relatório em si. O processo de emissão de um relatório financeiro através da XBRL compreende em: (i) definir ou selecionar a taxonomia, que deve atender as necessidades da empresa e/ou dos órgãos reguladores, para os quais a empresa irá fornecer as informações financeiras; (ii) definir as instâncias do documento XBRL, compondo-a com os dados que foram extraídos José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 36 das suas bases de dados. Neste contexto, dois aspectos merecem destaque. O primeiro se refere ao aspecto da criação de uma taxonomia, que deve levar em consideração quais fatos financeiros se deseja expressar e a hierarquia entre estes fatos. O segundo diz respeito à criação do documento XBRL que pode capturar os fatos financeiros de um banco de dados e deve ser validado pela taxonomia criada, ou seja, deve estar de acordo com o que foi definido na taxonomia; (iii) disponibilizar o documento de instância XBRL ou intercambiar entre sistemas e bases de dados. Podem também ser utilizados recursos como as folhas de estilos XSLT (W3C, 2011) ou uma extensão da especificação XBRL 2.1 (XBRL, 2003), chamada de iXBRL (IXBRL, 2010) para apresentar o relatório XBRL em outros formatos (e.g. HTML e PDF), de forma que sua leitura seja mais aprazível ao usuário do que a instância XBRL. 2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo foram descritas as definições e conceitos relacionados com o modelo de governança e gestão de TI proposto neste trabalho. Foram discutidos conceitos relacionados com governança e gestão de TI, juntamente com as práticas do COBIT, ITIL e BPM e das tecnologias SOA e XBRL, para a criação de um ambiente corporativo e de TI gerenciável e que se adapte facilmente às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócios, além de contribuir para melhorar a flexibilidade dos sistemas de informações e aumentar a confiabilidade e a qualidade dos relatórios financeiros. Com o uso do COBIT, espera-se assegurar que a área de TI possa estar alinhada com as metas de negócio da empresa. O uso do ITIL traduz os objetivos de controle do COBIT em processos de TI estruturados e alinhados com o negócio. Mas, para deixar o ambiente organizacional das empresas mais eficiente, torna-se relevante ter uma estrutura de gerenciamento dos processos de negócio, como a fornecida pelo BPM, que possibilite não só selecionar e alinhar os processos críticos de negócio à estratégia da organização, mas também criar um mecanismo para estruturação, avaliação, medição e controle dos processos de negócios. A XBRL, utilizada no modelo proposto, fornece a estrutura necessária para realizar o intercâmbio de dados e informações financeiras de maneira padronizada entre os diversos sistemas de informações existentes, contribuindo, dessa forma, para facilitar a interoperabilidade desses dados entre os sistemas de informação e proporcionando uma melhor gestão desses sistemas e das informações financeiras. Já a SOA possibilita a criação de serviços (aplicações) que irão automatizar os processos de negócios, possibilitando que aplicações de software sejam mais flexíveis, conectáveis e alinhadas com os processos de negócios, melhorando a implantação de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 37 melhorias nesses processos e facilitando a alteração e modificação dos sistemas de informações, o que é importante para fornecer agilidade para as organizações se adaptarem às mudanças que acontecem nos requisitos de negócio das empresas. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 38 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo discute os trabalhos relacionados com esta dissertação. Na pesquisa bibliográfica realizada, para este trabalho, não foi encontrado um modelo de governança e gestão de TI que reunisse as práticas do COBIT, ITIL e BPM, juntamente com as tecnologias SOA e XBRL (contempladas no modelo proposto) e que tivesse como objetivo a resolução dos problemas discutidos no Capítulo 01. No entanto, foram identificadas propostas que reúnem algumas das boas práticas de governança e gestão e das tecnologias tratadas no modelo proposto. Este capítulo está organizado da seguinte maneira: inicialmente, a Seção 3.1 apresenta uma análise dos trabalhos correlatos, relacionados com as boas práticas de governança e gestão de TI; a Seção 3.2 discute os trabalhos correlatos que estão relacionados com as tecnologias SOA e XBRL; finalmente, a Seção 3.3 trás as considerações finais deste capítulo. 3.1 BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Esta seção discute os trabalhos relacionados com as práticas de governança e gestão de TI do COBIT, ITIL e BPM. Esses trabalhos discutem e avaliam a utilização dessas práticas para obtenção de benefícios nos ambientes organizacionais das empresas. 3.1.1 Governança e Gestão da Tecnologia da Informação: diferenças na Aplicação em Empresas Brasileiras O trabalho de (ASSIS, 2011) discute como a governança da tecnologia da informação tem atraído interesse crescente nas organizações e no meio acadêmico, refletindo a importância e a evolução da tecnologia da informação na sociedade moderna. Nesse trabalho, a autora afirma que a governança de TI relaciona-se com a qualidade das decisões e ambiciona assegurar que as expectativas das empresas para a tecnologia da informação sejam realizadas, viabilizando a medição do desempenho, a gestão dos recursos e o controle dos riscos. (ASSIS, 2011) afirma que freqüentemente (e não adequadamente), a governança da tecnologia da informação é considerada como um tipo especial de gestão. Esse trabalho mostra como a governança da tecnologia da informação extrapola o gerenciamento e está relacionada com os assuntos estratégicos. A autora conclui que a governança de TI tem como objetivo realizar o alinhamento estratégico da TI com o negócio, orientando as tomadas de decisão, além de se preocupar com a estruturação (organização) da área de TI, viabilizando a sua coordenação corporativa, José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 39 enquanto que a gestão de TI se preocupa com a eficiência operacional, provisionando serviços e produtos de tecnologia da informação. Assis (2011) ainda afirma, que a gestão se preocupa com a implementação das decisões tomadas pela área de TI. É considerado, pela autora, que o COBIT é uma referência na área de governança, sendo o ITIL voltado para a gestão. No entanto, apesar desse trabalho contribuir para o direcionamento do uso das boas práticas de governança e gestão de TI, ele não cobriu os aspectos relacionados com o uso e integração das práticas de governança e gestão do COBIT e do ITIL. 3.1.2 Implantação da Governança de TI Fernandes e Abreu (2012) discutem o conceito de governança de TI, procurando mostrar como é relevante para a empresa, dependente de tecnologia da informação para operar o negócio, obter o alinhamento estratégico entre o negócio e a área de tecnologia da informação. Além disso, os autores afirmam a importância que a área de TI tem para gerar valor para o negócio das organizações. O trabalho de (FERNANDES; ABREU, 2012) resulta na construção de um modelo genérico de implementação da governança de tecnologia da informação, abrangendo o alinhamento estratégico da área de TI ao negócio, a elaboração do portfolio de TI, as operações e serviços de TI, o relacionamento com usuários, clientes e fornecedores e, por fim, a gestão de desempenho da tecnologia da informação. Nesse trabalho, os autores discutem os conceitos e definições, objetivos, benefícios e aplicabilidade (quando aplicar) de diversas práticas de governança e gestão de TI e negócios como o COBIT, ITIL e BPM, juntamente com a governança SOA. Apesar disso, o modelo proposto por (FERNANDES; ABREU, 2012) foca na utilização dos conceitos e processos de tecnologia da informação do COBIT e do ITIL, além dos conceitos de Val IT (ITGI, 2007a), ISO 27002 e BSC. Esse trabalho contribuiu para validar a utilização do COBIT e do ITIL na construção do modelo de governança e gestão de TI proposto nesta dissertação, além de mostrar que a governança está relacionada com as boas práticas do BPM e com a arquitetura orientada a serviços. Apesar de utilizar os conceitos e processos do COBIT e do ITIL para subsidiar a construção do seu modelo, (FERNANDES; ABREU, 2012) não demonstraram como de fato ocorre a integração entre essas duas práticas, nem como a estruturação dos processos de tecnologia da informação, através do COBIT e do ITIL, são relevantes para dar o suporte necessário aos serviços SOA providos pela organização. Ainda foi possível perceber a falta de detalhamento sobre como as metas de negócio e de tecnologia da informação do COBIT José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 40 poderiam contribuir para a realização do alinhamento estratégico entre o negócio e a área de TI das organizações. Com relação ao uso do BPM e da SOA, os autores não demonstraram como ocorre a integração da gestão de processos de negócio, através do BPM, com a arquitetura orientada a serviços, limitando-se a apenas descrever seus conceitos e definições, objetivos, benefícios e momentos de aplicação. Percebeu-se também a ausência de um exemplo de uso que retratasse a aplicabilidade do seu modelo reunindo pelo menos as boas práticas do COBIT, ITIL, uma vez que estas subsidiaram a construção do seu modelo. 3.1.3 Uma avaliação sobre as práticas de Gestão Bertz (2011), afirma que o gerenciamento de TI é fortemente influenciado pelas estruturas de processo do COBIT, ITIL e CMMI. Segundo o autor estas estruturas têm uma influência profunda na indústria mundial de TI, servindo como frameworks de TI (estruturas de processos de TI), que são frequentemente utilizados como critérios para a concessão de contratos e avaliação de maturidade, risco e desempenho. No entanto, segundo o autor, estas estruturas seriam incompatíveis com princípios de processos de negócios. Bertz (2011) afirma que há uma extensa literatura associada com Business Process Management (BPM), que inclui como estabelecer e melhorar, formalmente processos de negócios. O autor ainda ressalta que as literaturas estão muito alinhadas com as preocupações de desempenho geral da gestão empresarial. Desta forma, o autor procura analisar a definição de processo, para fins operacionais do COBIT, ITIL e CMMI. De acordo com Bertz (2011), os conceitos de BPM podem ser aplicados ao ITIL, COBIT e CMMI, pois, segundo o autor, todos usam o termo processo, e são comumente referidos como frameworks de processos. Bertz (2011) conclui a sua avaliação, afirmando que o COBIT, ITIL e CMMI fornecem uma deficiente mensuração dos processos e promove a falta de gerenciamento de demandas, além de causarem confusão nas nomenclaturas dos termos. O autor, então, sugere que eles deveriam ser re-projetados para serem mais consistente com a abordagem BPM. Segundo Bertz (2011), isso os tornaria mais simples e mais poderosos, além de mais fácil de implementar, o que, por sua vez poderia levar ao melhor o desempenho da TI. Esse trabalho apresenta uma visão crítica, porém equivocada, do COBIT e do ITIL, pois apesar do COBIT e do ITIL tratarem de processos, ambos são voltados para área de TI, possuindo particularidades diferentes dos processos de negócio. O ITIL é um conjunto de boas práticas voltado para a gestão de TI, mais especificamente gestão de serviços de TI, sendo indicado para estruturar e melhorar os processos de TI, diferente do COBIT, que é José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 41 voltado para avaliação, controle e monitoramento (ITGI, 2008) (PINHEIRO, 2009, 2010). O COBIT é uma referência para governança de TI e possui componentes que fornecem entradas e saídas para os processos, modelo de maturidade e metas e métricas de TI, processos e atividades (ITGI, 2007a) (ITGI, 2008). Quando utilizados em conjunto, o COBIT e o ITIL não permitem que os processos de TI tenham uma medição ruim ou tenha as demandas mal gerenciadas, além dos seus termos estarem bem alinhados, uma vez que ambos se complementam (MOREIRA, 2009) (PINHEIRO, 2009). Esse trabalho, também não discutiu as questões relacionadas com a implantação da governança e gestão de TI através do COBIT e do ITIL, uma vez que não é comprovado que implantação das práticas reflete em maus resultados. 3.1.4 Método de Avaliação de Processo de Negócio habilitado por Tecnologia da Informação Motivado pela crescente integração entre a tecnologia da informação (TI) e os processos de negócio das organizações públicas e privadas, (ROSA, 2010) desenvolveu um método com potencial de avaliar o desempenho e a maturidade dos processos de negócio habilitados por tecnologia da informação. De acordo com o autor, um processo de negócio é habilitado por tecnologias da informação, quando a operação da empresa se vê impedida de cumprir sua finalidade na ausência ou na falha dos recursos tecnológicos que a sustentem. O método de avaliação proposto por (ROSA, 2010) propõe melhorar o relacionamento da TI com o negócio, de tal forma que as iniciativas de negócio sejam alavancadas pelos recursos de TI. Em razão disso, o autor examinou o nível de contribuição que o COBIT e o ITIL oferecem ao cumprimento desse objetivo. O BPM também foi analisado pelo autor, em virtude do mesmo possuir um modelo próprio de avaliação de processos de negócio. O autor relatou que o método de avaliação de processos de negócio proposto difere do COBIT e do ITIL, no que diz respeito aos processos alvo. Enquanto esses focam na área de TI, o método proposto visa os processos de negócio. Ao término desse trabalho, (ROSA, 2010), concluiu que a aplicação do método revelou resultados que denotam sua adequação ao propósito de avaliar processos de negócio habilitados por TI. Embora (ROSA, 2010) tenha utilizado o COBIT, ITIL e BPM em seu trabalho, esse não discutiu como essas práticas podem ser aplicadas nas empresas, nem como a sua união pode resultar em um ambiente corporativo e de TI mais gerenciável e adaptável as mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio. Apesar disso, esse trabalho contribuiu para mostrar a importância que estas práticas têm para estreitar o relacionamento da área de TI com a área de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 42 negócio das organizações, corroborando, desta forma, para a utilização dessas práticas na construção do modelo proposto nesta dissertação. 3.1.5 Uma Revisão dos Modelos de Gestão em TI e um Comparativo entre COBIT e ITIL O trabalho de (MORAES; MARIANO, 2008) apresentou uma análise de um conjunto de metodologias de gestão, com o objetivo de identificar as características mais relevantes de cada uma. Os autores se propuseram a analisar práticas de gestão de TI que permitem gerenciar com qualidade empresas em ambientes empresariais em rápida transformação e que possuem características peculiares, como grandes e rápidos avanços tecnológicos e alto nível de investimentos. O trabalho analisou o BSC (Balanced Scorecard), COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology), ITIL (Information Technology Infrastructure Library), PMBOK (Project Management Body Of Knowledge), o CMMI (Capability Maturity Model Integration) e a norma ISO/IEC 20000. A partir desse trabalho, os autores concluíram que os gestores podem avaliar a adequação destas práticas aos diversos contextos empresariais. Isso foi possível, a partir de uma análise do contexto atual da empresa, níveis de investimento, necessidade de retorno, índices de crescimento e importância estratégica da área de TI para o negócio. Já o trabalho de (SORTICA; CLEMENTI; CARVALHO, 2004) teve como objetivo estudar as metodologias de gestão da tecnologia da informação (TI) mais utilizadas pelas empresas. O trabalho buscou identificar as semelhanças e diferenças destas metodologias e como elas podem ajudar a aumentar o grau de controle e automação dos processos corporativos, relacionando a TI aos processos de gestão estratégica e administrativa de uma organização. Nesse trabalho, os autores apresentaram o conceito de governança de TI, juntamente com os aspectos implementados pelo COBIT e pelo ITIL no suporte a esta definição. Os autores concluíram que existem duas abordagens que visam resolver o problema da implantação de processos de TI em uma organização. São elas a: abordagem procedimental e a abordagem ferramental. Na abordagem procedimental, os processos de TI necessários para suportar o negócio devem ser selecionados a partir do pressuposto da existência de um plano estratégico vigente que guie os objetivos da organização. Dessa forma, a partir dos processos é possível chegar à definição dos sistemas e da infraestrutura de suporte ao negócio, minimizando o risco de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 43 desvios entre o negócio e os processos de TI. Já abordagem ferramental, segundo os autores, utiliza as opções de ferramentas de sistema de informações para definir os processos de TI, neste caso, a visão top-down do modelo empresarial da organização não é considerada, aumentando os riscos de desvios entre o modelo de negócio da empresa e seus processos de TI. Apesar do trabalho de (SORTICA; CLEMENTI; CARVALHO, 2004) ter contribuído para relatar a importância que o alinhamento estratégico entre a TI e o negócio tem para as organizações, além de mostrar a relevância que as duas práticas (COBIT e ITIL) possuem para a estruturação dos processos de TI e a implementação da governança e gestão de TI nas empresas, e do trabalho de (MORAES; MARIANO, 2008) ter descrito o COBIT e o ITIL, ambos não detalham nem demonstram como de fato ocorre os a implementação e integração do COBIT e do ITIL. 3.1.6 Gerenciamento de Processos de Negócios O trabalho de (BALDAM et al. 2010) teve como objetivo descrever as boas práticas do BPM, contribuindo para sua implantação em um ambiente corporativo. Para isso, os autores criaram um modelo de ciclo de vida para implantação e manutenção do gerenciamento de processos, utilizando BPM, nas empresas. O ciclo de vida definido pelos autores é composto por 04 fases: planejamento do BPM; modelagem e otimização de processos; execução de processos e; controle e analise de dados. Dentre os benefícios gerados pelo modelo proposto pelos autores estão: (i) criar metas de melhoria; (ii) eliminar retrabalhos; (iii) alinhar as atividades à estratégia da organização; (iv) padronizar tarefas e; (v) melhorar informações para os sistemas de informações presentes nas empresas. Koster, Iacob e Pires (2009) afirmam, em seu trabalho que o número de produtos de BPM disponíveis no mercado tem aumentado substancialmente nos últimos anos, de modo que a escolha entre esses produtos tornaram-se uma tarefa difícil para os potenciais utilizadores de BPM. Desta forma, esse trabalho define um framework para a avaliação de produtos de BPM, e discute como ele foi aplicado no desenvolvimento de um método de avaliação desses produtos. O framework foi desenvolvido com base no ciclo de vida de BPM definido pelos autores. A pesquisa de (KOSTER; IACOB; PIRES, 2009) conclui, que embora o método tenha-se mostrado adequado para a tarefa de avaliação, a comparação de produtos, utilizando este método pode necessitar de um grande dispêndio de tempo, dependendo da experiência do avaliador com os produtos BPM. Os autores constataram que o uso mais adequado para o José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 44 framework, seria os cenários onde cada fornecedor atua como avaliador do seu produto, enquanto um observador neutro realiza a classificação do produto. Isso resulta em uma análise objetiva de todos os critérios relevantes do framework. Embora o trabalho de (BALDAM et al. 2010) tenha embasado a construção da camada de gestão de processos de negócios, utilizada nesta dissertação, e o trabalho de (KOSTER; IACOB; PIRES, 2009) tenham mostrado a relevância e o crescimento do BPM ao longo dos anos, esses trabalhos não discutiram a integração dos processos de negócios estruturados, através das boas práticas de gerenciamento de processos do BPM, com as aplicações SOA, nem tratou dos aspectos relacionados com os processos de TI do COBIT e do ITIL, que suportam os serviços SOA. 3.1.7 Alinhamento dos Requisitos da Lei Sarbanes-Oxley com o RUP para o Processo de Desenvolvimento de Sistemas Nesse trabalho, (YOSHIDA, 2007) teve como objetivo, propor um guia para o alinhamento do processo de desenvolvimento de sistemas de informações, utilizando RUP (Rational Unified Process) (Shuja e Krebs, 2008), COSO (Committee of Sponsoring Organizations) (ITGI, 2007a), COBIT e CMMI (Capability Maturity Model Integration) (CMMI, 2006), com a lei Sarbanes-Oxley, focando nas seções 302 e 404. Seu propósito foi fornecer condições à área de desenvolvimento de sistemas, para que os requisitos exigidos pela lei Sarbanes-Oxley fossem devidamente atendidos. Yoshida (2007) procurou mostrar que os sistemas de informações precisam refletir os pontos de controle que são necessários para que os processos de negócios satisfaçam os objetivos estratégicos da organização. No entanto, o autor não trabalha questões relacionadas com a emissão dos relatórios financeiros, como por exemplo, a diversidade de formato de dados que as informações financeiras possuem e a flexibilidade que os sistemas de informações devem possuir. Outro aspecto não discutido pelo autor é a necessidade de o ambiente corporativo e de TI serem apropriados para deixar a organização mais aderente às leis e regulamentações, pois somente sistemas de informações não garantem, por si só, a aderência às leis e regulamentações. 3.1.8 O Impacto da Lei Sarbanes-Oxley Ato 2002 nos Sistemas de Informações das Empresas Públicas Nesse trabalho, (HOLMES; NEUBECKER, 2006) ressaltam o impacto que a lei Sarbanes-Oxley (SOX) teve sobre as grandes e pequenas empresas. Os autores mostram que a José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 45 lei foi criada para proteger os investidores, melhorar a precisão e a confiança das informações corporativas, além de fazer com que os executivos sejam responsáveis por estabelecer, avaliar e monitorar a eficácia dos controles internos relacionados aos relatórios financeiros, punindo rigorosamente os executivos responsáveis por fraudar tais informações. No entanto, tais informações passam pela contabilidade das empresas e pelos sistemas de informação que apóiam as atividades de contabilidade. Dessa forma, o trabalho de (HOLMES; NEUBECKER, 2006) destaca elementos que impactam nos sistemas de informação das empresas que devem estar em conformidade com a SOX. Holmes e Neubecker (2006) propõe o uso do COBIT, ITIL e XBRL, como uma forma das empresas construírem sistemas de informações em conformidade com a lei. No entanto, a proposta dos autores não discute como realizar a integração do COBIT com o ITIL, nem mostra como o uso deles impacta na conformidade dos sistemas de informações. Outra lacuna deixada por esse trabalho, foi não tratar dos aspectos relacionados com a flexibilidade dos sistemas que devem se adaptar às mudanças que ocorrem nos requisitos legais, que podem ou não estar associados à SOX. Esta flexibilidade pode ser proporcionada com a orientação a serviço, oriunda da SOA, em conjunto com um bom gerenciamento de processos de negócios, obtido com o uso das práticas do BPM. 3.2 TECNOLOGIA SOA E XBRL Esta seção discute os trabalhos relacionados com as tecnologias SOA e XBRL. Esses trabalhos estão associados à flexibilidade dos sistemas de informações e à emissão de relatórios financeiros. 3.2.1 XBRL e o Crescente Uso de Arquivamento Online e Pagamentos Eletrônicos Ascenção e Souza (2006) afirmam que a tecnologia da informação tem evoluído em uma velocidade difícil de ser acompanhada e a pressão competitiva tem forçado inovações dentro das organizações. O trabalho de (ASCENÇÃO; SOUZA, 2006) teve como objetivo demonstrar que para uma empresa ser competitiva, no mundo globalizado, deve adotar uma nova postura e aderir a novas tecnologias, entre elas a XBRL, para permitir uma maior flexibilidade, agilidade e eficiência aos gestores, que passam a avaliar melhor as diversas decisões a serem tomadas. Para isso, os autores discutiram os motivos que levam a adoção da XBRL, a sua forma de funcionamento e os benefícios gerados pela adoção dessa linguagem para a emissão de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 46 relatórios financeiros. Os autores concluem afirmando que a XBRL facilita a construção e divulgação de relatórios financeiros, melhorando o trabalho da área contábil das organizações. Já o trabalho de (HMRC, 2009) destaca que a implementação da XBRL para o arquivamento online está em curso, através de um subgrupo técnico do XBRL International (XBRL, 2011), para desenvolver soluções que permitam que as contas e os cálculos dos impostos das empresas sejam arquivados online, no formato XBRL. O autor afirma que existem vários benefícios ainda não quantificados que justificam a implementação da XBRL para realizar arquivamento online e pagamento eletrônico. Os benefícios são difíceis de serem quantificados, no entanto, o autor espera que os benefícios sejam superiores aos custos, fornecendo, desta forma, um benefício real para as empresas. De acordo com HRMC (2009), os beneficios incluem: (i) menor possibilidade de erro; (ii) transmissão de dados mais rápida; (iii) reconhecimento imediato dos dados recebidos; (iv) facilidade de uso; (v) aumento da confiabilidade e segurança para pagamentos eletrônicos e; (vi) melhoria na comunicação e transferência de dados entre diferentes departamentos e escritórios das empresas. No entanto, apesar do trabalho de (ASCENÇÃO; SOUZA, 2006) ter mostrado a relevância da XBRL para a construção e divulgação dos relatórios financeiros e o trabalho de (HMRC, 2009) tenha embasado a decisão sobre a utilização da XBRL, esses trabalhos não cobrem os aspectos relacionados com a flexibilidade e o alinhamento com os processos de negócios, relacionados com os relatórios financeiros, que os sistemas de informações, que utilizam a XBRL, devem ter para comportar as modificações que ocorrem nos requisitos dos relatórios financeiros, e.g. os legais e regulamentares aos quais as empresas encontram-se vinculadas. 3.2.2 SOA na Prática – Governança de SOA O trabalho de (MARZULLO, 2009), relata que a governança SOA representa um subconjunto de elementos que compõe a governança de TI e tem como objetivo regulamentar a gestão de processos e atividades que compõem o ciclo de vida de soluções orientadas a serviço, por meio da definição de regras, políticas, ações e mapas de responsabilidades dentro da organização. De acordo com o autor, a governança SOA destaca-se como uma técnica para ajudar a organização a implementar mecanismos de controle mais eficientes e seguros, focando no desenvolvimento de soluções orientadas a serviços. Marzullo (2009) destaca que deve ser considerada a criação do centro de competência SOA, que tem como objetivo ajudar na realização do trabalho de infraestrutura, arquitetura e processos. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 47 Conforme o autor, entre as atividades do ciclo de vida de governança SOA, as que merecem um destaque são: (i) as atividades de definição da estratégia, que tem como objetivo estabelecer a direção estratégica, identificando e priorizando os processos de negócios e recursos de TI que serão usados na construção de serviços; (ii) a gerência de mudanças e controle de versões, que tem como meta gerenciar as mudanças e versões dos serviços permitindo, com isso, a evolução dos mesmos de maneira mais controlada; e (iii) a atividade de segurança, que devido aos elevados níveis de vulnerabilidades que as arquiteturas orientadas a serviço possuem, visa garantir níveis de segurança satisfatórios dentro do contexto dos negócios que são sensíveis a ameaças. Esse trabalho fundamentou a importância da governança de TI para a governança SOA e foi utilizado na construção da solução proposta nesta dissertação, embora o autor não tenha discutido a relevância do COBIT que, como modelo de referência para implantação da governança de TI, ajuda a governança SOA a implementar mecanismos de controle mais eficientes e seguros sobre os processos de TI, que apoiam o desenvolvimento e fornecimento das aplicações orientadas a serviço, como é o caso dos processos de gerenciamento de níveis de serviço, mudanças, configuração, aquisição e manutenção de sistemas. 3.2.3 O Papel dos Processos de Negócios na Arquitetura Orientada a Serviços O trabalho de (AALST; LEYMANN; REISIG, 2007) mostrou que a arquitetura orientada a serviço é um paradigma para a concepção e implementação de parcerias de negócios (dentro e fora das fronteiras organizacionais), sendo objeto de interesse para fornecedores de software e pesquisadores. Nesse paradigma, ressaltam os autores, a funcionalidade oferecida por aplicativos de negócios é encapsulada dentro de serviços web que podem ser invocados por aplicações ou outros serviços, através de uma pilha de padrões da internet, incluindo o HTTP, XML, SOAP, WSDL, e UDDI. Os autores também explanam que uma vez implantados, os serviços web, fornecidos pelas várias organizações existentes, podem ser interligados, a fim de implementar colaborações de negócios, criando, com isso, os serviços web compostos. Nesse trabalho, (AALST; LEYMANN; REISIG, 2007) afirmam que os serviços web são compostos para apoiar e dar mais flexibilidade aos processos de negócio, deixando-os mais adaptáveis as mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, concluindo que a relação entre gestão de processos de negócio e arquiteturas orientadas a serviço é altamente relevante. No entanto, o trabalho não cobriu os aspectos relacionados com as boas práticas de gerenciamento de processos de negócio, associadas com o BPM, nem abordou, mesmo sem José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 48 possuir este propósito, os aspectos relacionados com a governança de TI, uma vez que esta engloba a governança SOA. 3.2.4 O Impacto da SOA nos Sistemas Empresariais e Estruturas Organizacionais e Etapas de Implantação O trabalho de (BIEBERSTEIN et al. 2005) afirma que com a economia global em ritmo acelerado uma empresa deve ser flexível e ágil para atender a mudanças relacionadas com as suas necessidades e operar em um ambiente variável. Para isso os autores mostram que é necessário alinhar as necessidades empresariais com a tecnologia de informação, através da arquitetura orientada a serviços (SOA). No entanto, para ser eficaz, o paradigma SOA também precisa romper as barreiras relacionadas com as práticas comportamentais da organização. Dessa forma, os autores mostram os desafios corporativos da SOA (e.g. mudanças culturais), bem como a necessidade de redesenhar os modelos organizacionais existentes, otimizando, a força de trabalho e a interação dos processos de negócios entre departamentos para alavancar os novos sistemas de TI. Bieberstein et al. (2005) concluiram que para a organização obter o valor da SOA, é essencial uma transformação organizacional e cultural. No entanto, embora essa mudança esteja sempre acompanhada pela incerteza, segundo os autores, os potenciais benefícios (flexibilidade e agilidade para atender as mudanças) superam os riscos (incertezas). Brauer e Kline (2005) afirmam que as organizações variam enormemente em seu propósito, escopo, tamanho e estrutura. No entanto, um estudo cuidadoso de suas necessidades de tecnologia de informação, levou a identificar um amplo conjunto de preocupações comuns. Segundo os autores, uma empresa dedica quase 80% do seu orçamento em manutenção de sistemas existentes. A principal razão para este alto custo é a natureza inflexível de aplicativos que são projetados. Os autores ainda mostraram que executivos de empresas exigem cada vez mais aplicações de TI adaptáveis. De acordo com Brauer e Kline (2005), pesquisas comprovaram que quase 90% das empresas mundiais citam velocidade, flexibilidade e adaptabilidade como uma prioridade. Dessa forma, os autores concluiram que o ideal para atender esses requisitos de negócio (as preocupações e exigencias comuns) é o que denominaram de Empresa Adaptativa (EA). A EA é uma visão organizacional em que os negócios e a TI estão sincronizados para capitalizar a mudança. Ser uma EA ajuda a reduzir custos de TI, deixando a TI mais flexível para entregar o que o negócio realmente precisa: simplicidade, agilidade e valor. De acordo com os autores, a EA permite alcançar um forte acoplamento entre negócios e TI, permitindo José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 49 que a empresa responda de forma rápida e fácil à mudança, ajudando a maximizar o retorno, mitigar riscos, melhorar o desempenho e aumentar a agilidade. O trabalho de (WALDMAN, 2009) teve como objetivo, descrever um roteiro para realizar a implementação de SOA em corporações de médio e grande porte. Para isso o autor, sugere que a implantação deva ser feita em etapas, iniciando, primeiramente, por um único sistema que seja pequeno e simples. A partir do sucesso desta primeira etapa, segundo Waldman (2009), repete-se o mesmo processo para outros sistemas, até que se tenha realizado para toda a organização. Caso a avaliação da primeira implementação não seja satisfatória, devem-se realizar novas tentativas até que a organização esteja familiarizada e confiante com o novo conceito (SOA) e, com isso, possa avançar para outros sistemas. Embora o trabalho de (BIEBERSTEIN et al. 2005) tenha ressaltado a importância da SOA para dar agilidade e flexibilidade às organizações e o trabalho de (BRAUER; KLINE, 2005) ter comprovado a necessidade, que as empresas têm, de possuir um ambiente de TI veloz, flexivel e adaptavel, além do trabalho de (WALDMAN, 2009) que contribuiu, através do seu roteiro de implementação, para a construção do modelo de implantação SOA desta dissertação, os trabalhos não aprofundaram a discussão a respeito dos aspectos referentes ao alinhamento das aplicações SOA com os processos de negócios e não discutiram a relação da SOA com a governança de TI, utilizando o COBIT e o ITIL. 3.2.5 Modelos de Governança para Arquiteturas Orientadas a Serviços O trabalho de (NIEMANN et al. 2008) afirma que nos últimos anos, a arquitetura orientada a serviços (SOA), juntamente com os sistemas de informações, construídos a partir desta, tem sido cada vez mais reconhecida como uma alternativa aos sistemas de informações comuns (sistemas desenvolvidos através de uma arquitetura tradicional). Os autores descrevem que a SOA proporciona um meio flexível de mapear processos de negócios para servicos de TI, apesar de grandes sistemas de TI exigirem uma governança de TI. No contexto da SOA, a governança representa um novo desafio. Atualmente existe uma série de abordagens diferentes para frameworks de governança SOA, que diferem amplamente em escopo e capacidade. Segundo os autores, a maioria desses frameworks são orientados a produtos e, consequentemente, desenvolvidos pela própria indústria de software (e.g. HP, IBM, Microsoft). Niemann et al. (2008) concluem apresentando uma abordagem para um modelo genérico de governança SOA. Este modelo integra um ciclo de controle eficiente com um conceito de modelo de maturidade em SOA. Os autores relatam que o modelo genérico de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 50 governança SOA se baseia nas boas práticas do COBIT, e que este fornece um conjunto comum de métricas de TI. Conforme Niemann et al. (2008), esse modelo representa uma abordagem fundamental e genérica para a governança SOA. Hojaji e Shirazi (2010) em seu trabalho, afirma que a governança de SOA é essencial para perceber os benefícios da arquitetura orientada a serviços (SOA), pois sem uma governança SOA eficaz, as organizações enfrentam desafios significativos, incluindo: (i) dificuldades na concepção de estruturas eficazes de decisão; (ii) falta de financiamento para o serviço SOA; (iii) falta de processos de governança consistentes e; (iv) falta de alinhamento entre área de TI e de negócios. De acordo com os autores, estudos realizados nos frameworks de governança SOA existentes, revelam que essas estruturas não documentam completamente os processos de governança SOA, juntamente com os procedimentos. Esses frameworks também não são expressivos o suficiente para cobrir todos os elementos importantes de uma governança SOA. Desta forma o trabalho de (HOJAJI; SHIRAZI, 2010) apresentou um framework de governança SOA que possui um ciclo de vida formado pelas boas práticas de governança do COBIT, juntamente com atividades de gerenciamento de serviços. De acordo com Hojaji e Shirazi (2010), o COBIT foi utilizado, em razão da sua estrutura de governança de TI madura e eficiente, que também aborda a avalição de processos de TI, e que pode ser utilizada para descrever os processos, metas e objetivos de controle das atividades da área de TI. Já o trabalho de (OTT et al. 2010) afirma que a falta de mecanismos de governança é frequentemente visto como o principal motivo para falhas de projetos SOA. Nesse trabalho, os autores apresentam elementos que podem orientar as organizações na implementação de uma abordagem de governança para SOA. Para isso, (OTT et al. 2010) apresentam um mapeamento das práticas de governança de TI, do COBIT e ITIL, para o domínio da SOA. Nesse trabalho, (OTT et al. 2010) focaram nas alterações que são necessárias às abordagens de governança de TI do COBIT e do ITIL, com a finalidade de maximizar o potencial de negócios da arquitetura orientada a serviços. O trabalho possibilita às organizações compararem o seu próprio modelo de governança de TI, com os papéis e atividades, alinhando-os à abordagem de SOA. Isso permite identificar divergências e pontos fracos na abordagem de governança de TI e adequá-las a orientação a serviços. No entanto, os trabalhos de (NIEMANN et al. 2008), (HOJAJI; SHIRAZI, 2010) e (OTT et al. 2010) não preenchem os aspectos referentes: (i) ao alinhamento que as aplicações SOA devem ter com os processos de negócios; (ii) a importância que o gerenciamento de processos de negócios tem para os projetos SOA, além de não discutir profundamente a José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 51 relação da SOA com as práticas de governança e gestão de TI do COBIT e do ITIL respectivamente. 3.2.6 Traços inovadores da TI a serviço da Controladoria Os autores (BIANCOLINO; CRITOFOLI, 2008) relataram que a complexidade dos processos empresariais contemporâneos ligados à área de contabilidade e tecnologia da informação, indica que o mercado acionário, os departamentos de controladoria e os órgãos reguladores, como a US-SEC (ITGI, 2006) e o Banco Central, vêm gradativamente demandando e, conseqüentemente, orientando as empresas a adotarem uma nova dinâmica operacional-tecnológica que seja capaz de atender com rigor à demanda informacional das organizações. Ao mesmo tempo, a diversidade de aplicativos e itens relacionados à infraestrutura operacional de TI esta cada vez maior, levando a um entrave para se obter uma maior eficácia informacional nesta área devido à sua complexidade. Desta forma, os autores realizaram uma análise das tecnologias SOA e XBRL, que constituem um importante recurso que pode ser utilizado pelas controladorias, com a finalidade de prover uma solução de TI que proporcionasse um canal entre as demandas do negócio e os órgãos reguladores. Através da análise realizada, os autores concluíram que a SOA é um facilitador do desenvolvimento de sistemas de informações corporativos como serviços de negócios modulares que podem ser integrados e reutilizados facilmente, criando uma infraestrutura de TI flexível e adaptável. Já a análise realizada sobre a tecnologia XBRL demonstrou a importância que essa linguagem tem para a área financeira, em razão da facilidade oferecida para compartilhar e buscar informações financeiras no âmbito dos sistemas de informações das organizações. No entanto, apesar dos autores ressaltarem a importância dessas tecnologias para a área contábil e para emissão dos relatórios financeiros, para que o desenvolvimento dos sistemas de informações, por meio da SOA e do XBRL, obtenha êxito, também é necessário que haja a estruturação dos processos de negócio, os quais serão automatizados por meio da SOA. Além disso, é relevante que a empresa possua uma estrutura de governança de TI para assegurar que os processos de TI estejam definidos e controlados, para, com isso, prover o suporte necessário aos serviços SOA que serão construídos. 3.2.7 Uma Solução Integrada de Relatórios Automatizados da Basiléia II Nesse trabalho (GLUCHOWSKI; PASTWA, 2006) propuseram investigar formas de realizar o intercâmbio de dados financeiros e de negócios. Os autores afirmam que geralmente José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 52 o processo de emissão de relatórios financeiros é caracterizado pelo uso de diferentes formatos de dados e que os mesmos representam a saída de diversos sistemas de informações, sendo necessária a transformação dos dados de um formato para outro. Os autores enfatizam que essa manipulação pode gerar perdas, corrupção e incompatibilidade dos dados, o que pode ocasionar impactos negativos para o negócio da organização. Os autores discutiram questões relacionadas com o intercâmbio de informações financeiras, de forma confiável e rápida, através das tecnologias SOA, com Web Services, e XBRL, que juntas mostraram contribuir para eliminar problemas relacionados à emissão de relatórios financeiros, deixando também, com isso, os processos de negócio e os sistemas, mais flexíveis. Gluchowski e Pastwa (2006) apresentaram uma proposta de como desenvolver sistemas de informações financeiras, através da SOA com Web Services e XBRL, e discutiram os benefícios que os serviços SOA trariam para a emissão de relatórios financeiros. No entanto, não foram discutidos os aspectos relacionados com a organização dos processos de negócios, os quais devem estar, antes de qualquer sistema de informação ser desenvolvido, bem estabelecidos, estruturados e operando eficientemente, para que, dessa forma, os serviços desenvolvidos, através da união da SOA, com Web Services, e da XBRL, tragam os benefícios esperados para o negócio da organização. 3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo discutiu os trabalhos relacionados com esta dissertação, avaliando os benefícios e as deficiências identificadas, no que se refere ao seu propósito. O Quadro 3.1 apresenta uma comparação dos trabalhos correlatos, no que se refere à aplicação de modelos de governança e gestão de TI e uso das tecnologias SOA e XBRL. É possível verificar, por meio da análise dos trabalhos da Seção 3.1 que, embora, existam trabalhos que abordem as práticas de governança e gestão do COBIT, ITIL e BPM, nenhum deles demonstrou como essas práticas podem ser aplicadas nas empresas, nem como a sua união pode resultar em um ambiente corporativo e de TI gerenciável e adaptável às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, incluído os requisitos legais. Também é possível constatar, analisando os trabalhos da Seção 3.2 que, apesar de existirem trabalhos relacionados com a SOA e XBRL, possibilitando, com isso, uma maior flexibilidade dos sistemas de informações e relatórios financeiros confiáveis e de qualidade, nenhum deles cobriu os aspectos relacionados ao alinhamento das aplicações SOA com os processos de negócios, utilizando as práticas do BPM, além de não discutir a relação da SOA com as práticas de governança e gestão de TI do COBIT e do ITIL respectivamente. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 53 Quadro 3.1 - Comparativo dos Trabalhos Correlatos PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI COBIT ITIL BPM TRABALHOS SOA XBRL Orientação a Serviços e Sistemas Flexíveis Qualidade e Confiabilidade dos Relatórios Financeiros. - - SIM - - - - Governança de TI Gestão dos Processos de TI (ASSIS, 2011) SIM SIM (FERNANDES e ABREU, 2012) (BERTZ, 2011) SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM - - SIM SIM - - - - SIM - - - - SIM - - - - - (ROSA, 2010) (SORTICA, CLEMENTI E CARVALHO, 2004) (MORAES E MARIANO, 2008) (BALDAM et al. 2010) (KOSTER, IACOB E PIRES, 2009) Gestão dos Processos de Negócios TECNOLOGIAS SIM SIM SIM (YOSHIDA, 2007) SIM (HOLMES E NEUBECKER, 2006) SIM SIM - - SIM (ASCENÇÃO & SOUZA, 2006) - - - - SIM (HMRC, 2009) - - - - SIM (MARZULLO, 2009) - - - SIM - (AALST, LEYMANN E REISIG, 2007) - - - SIM - (BIEBERSTEIN et al. 2005) - - - SIM - (BRAUER E KLINE, 2005) - - - SIM - (WALDMAN, 2009) - - - SIM - (NIEMANN et al. 2008) SIM - - SIM - (HOJAJI E SHIRAZI, 2010) SIM - - SIM - (OTT, KORTHAUS, BÖHMANN, ROSEMANN E KRCMAR, 2010) SIM SIM - SIM - (BIANCOLINO & CRITOFOLI, 2008) - - - SIM SIM (GLUCHOWSKI & PASTWA, 2006) - - - SIM SIM Fonte: Autor deste Trabalho Fica evidente, por meio da análise do Quadro 3.1, a necessidade de um modelo, que use em conjunto as boas práticas de governança e gestão de TI do COBIT, ITIL e BPM, juntamente com as tecnologias SOA e XBRL, uma vez que não foi encontrado nas literaturas pesquisadas, um trabalho semelhante ou igual ao proposto nesta dissertação. Ressalta-se, que a utilização em conjunto, dessas práticas e tecnologias, representa o diferencial, em termos de benefícios e contribuições para José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 54 resoluções de problemas, que o modelo propõe trazer para as organizações, uma vez que através delas, pode ser possível construir um ambiente organizacional (corporativo e de TI) mais gerenciável e adaptável às mudanças que ocorrem no negócio da organização, além de proporcionar uma maior capacidade de adaptação dos sistemas de informações aos processos de negócios e uma maior qualidade e confiabilidade na emissão de relatórios financeiros. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 55 4 MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI Este capítulo apresenta o modelo de governança e gestão de TI, formado a partir da utilização do COBIT, ITIL, BPM, SOA e XBRL. Este modelo está divido em 03 camadas: (i) a camada de gestão de processos de negócio; (ii) a camada de implantação da governança de TI e; (iii) a camada de implantação SOA e integração com a XBRL. Através do modelo, espera-se obter uma maior facilidade de adaptação do ambiente corporativo e de TI das empresas, às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, além de aumentar a flexibilidade dos sistemas de informações e melhorar a qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros. Inicialmente, a Seção 4.1 apresenta o modelo de governança e gestão de TI, juntamente com os elementos que compõem a sua estrutura. Na Seção 4.2, são discutidos os aspectos relacionados com a camada de gestão de processos de negócios do modelo. A Seção 4.3, descreve a camada relacionada com a implantação da governança de TI. A Seção 4.4, apresenta a camada relacionada com a implantação SOA e integração com a XBRL. Finalmente, na Seção 4.5 são feitas a conclusão e considerações finais deste capítulo. 4.1 ESTRUTURA DO MODELO O modelo de governança e gestão de TI, proposto neste trabalho, foi construído a partir da análise das boas práticas e tecnologias apresentadas no Capítulo 02. Sua arquitetura foi elaborada com o propósito de solucionar os problemas discutidos no Capítulo 01. Para proporcionar um melhor entendimento, visualização e agrupamento das práticas e tecnologias envolvidas, uma vez que elas possuem finalidades diferentes, o modelo de governança e gestão de TI proposto está dividido em três camadas, conforme pode ser visto na Figura 4.1. Com o objetivo de manter a organização e o entendimento do modelo, cada camada é composta por fases. As fases, por sua vez, possuem atividades, que podem se subdividir em tarefas. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 56 Figura 4.1 - Arquitetura do Modelo de Governança e Gestão de TI Fonte: Autor deste Trabalho É importante ressaltar, que a sequência de execução das camadas do modelo proposto foi definida com o pressuposto de que a empresa precisa ter, antes de desenvolver os serviços SOA, os processos de negócios definidos e alinhados com a estratégia da organização e os processos de TI estruturados e alinhados com as metas de negócio. A ordem de implantação das camadas se justifica, pois são os processos de negócios que originarão as funcionalidades e as informações, que serão automatizadas e armazenadas através dos serviços SOA. Se os processos não funcionam, em razão da sua desestruturação, falta de amadurecimento ou ineficiência, não existe razão para uma empresa, com esses processos, adotar uma arquitetura SOA para o desenvolvimento e manutenção de sistemas de informações. A arquitetura SOA não melhorará o desempenho dos processos de negócios desestruturados, uma vez que são eles que originam os fluxos e informações para os serviços SOA. Outro aspecto que justifica a sequência de execução estabelecida para o modelo proposto, refere-se à construção de serviços SOA. Para isto, é necessário que a empresa possua uma estrutura de processos de TI que mantenha o desenvolvimento e a evolução dos serviços, de maneira que gerem os resultados esperados pela empresa. Embora o modelo proposto estabeleça uma ordem de implantação das camadas, essas podem ser executadas independentemente umas da outras. Isso é importante, pois nem todas José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 57 as empresas possuem a necessidade de implantar todas as camadas, em virtude, por exemplo, delas já possuírem a sua estrutura de gerenciamento de processos de negócios ou de TI. Assim, as empresas que estiverem nesse contexto, poderão utilizar as camadas do modelo como referência para amadurecer suas práticas e desenvolver novas iniciativas. Os principais objetivos das três camadas que compõe o modelo proposto são: (i) Camada de Gestão de Processos de Negócios: esta camada propõe-se a gerir os processos de negócio, para que sejam executados com eficiência. Para isto, são discutidos os aspectos relacionados com o planejamento, identificação, seleção, avaliação, otimização e controle dos processos de negócios da organização, baseado nas prioridades estratégicas da empresa. Nesta camada, é discutido todo o ciclo de vida de gestão de processos de negócios, adotado para que os processos de negócios da organização possam evoluir e se tornar maduros ao longo do tempo. As boas práticas do BPM são usadas para a criação de um ambiente corporativo e de TI eficiente; (ii) Camada de Implantação da Governança de TI: o objetivo desta camada é permitir a implantação da governança de TI nas organizações. Para isto, são discutidos os aspectos do gerenciamento de processos de TI que possibilita, às empresas, implantarem de forma eficiente a governança de TI. As práticas do COBIT e do ITIL são utilizadas para identificar as metas de negócio e de TI, selecionar os processos de TI, realizar análises e diagnósticos e implementar os processos e as melhorias projetadas para eles. Assim como a camada de processos de negócio, esta também contribui para a criação do ambiente corporativo e de TI gerenciável, adaptável e eficiente; (iii) Camada de Implantação SOA e Integração com a XBRL: esta camada tem como objetivo permitir a implementação da SOA, integrando seus serviços web com a linguagem XBRL, possibilitando, desta forma, maior flexibilidade para adaptação dos sistemas aos processos de negócio e para a emissão com qualidade e confiabilidade dos relatórios financeiros. As seções seguintes discutem cada uma das camadas do modelo de governança e gestão de TI proposto nesta dissertação. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 58 4.2 CAMADA DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS Esta camada é responsável pela gestão de processos de negócios, utilizando as boas práticas do BPM. Para isso, foi construído um modelo de gestão de processos de negócio. Este modelo de gestão de processos de negócios é baseado no modelo proposto por (BALDAM et al. 2010) , possuindo 04 fases (Entendimento do Negócio, Projeto, Implantação e Monitoramento e Controle) que abrangem todo o ciclo de vida de gestão de processo de negócio, conforme ilustra a Figura 4.2. Este modelo foi construído, considerando não só os aspectos internos (necessidades organizacionais de cada empresa), mas também os externos, relacionados com a maturidade e eficiência dos processos das empresas concorrentes, juntamente com referências de estruturação de processos de negócio, como, por exemplo, o Process Classification Framework (PCF) (APQC, 2012) que será utilizado no exemplo de uso do modelo de governança e gestão de TI, desta dissertação (capítulo 05). Isto permite projetar um determinado processo ou grupo de processos, de acordo com as necessidades da empresa, sem deixar de considerar a realidade encontrada em outras corporações, do mesmo segmento, e referências de estruturação, de processos de negócios, reconhecidas pelo mercado (e.g. PCF). Figura 4.2 - Camada de Gestão de Processos de Negócios Fonte: Autor deste Trabalho Para que uma organização gerencie os processos de negócios, através das boas práticas do BPM, é necessário que exista uma infraestrutura aprorpiada. Essa infraestrutura deve ser composta de uma estrutura física, composta por equipamentos e softwares que atendam as necessidades da equipe de gestão, além de um ambiente que permita armazenar e publicar os documentos relacionados com os processos da organização. Também é necessária uma José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 59 estruturação na gestão de pessoas. Esta estrutura é genérica, e foi criada para possibilitar a sua adaptação, de acordo com as necessidades da empresa, embora se sugira a formação de 03 equipes distintas. A equipe relacionada com: (i) a gestão de processos de negócio, que pertencem à estrutura organizacional e permanentemente cuida da coordenação das ações relacionadas com o gerenciamento de processos de negócios, que são realizadas na empresa; (ii) o projeto e implantação de processos. Essa equipe representa um conjunto multidisciplinar que atua temporariamente em um processo específico, repassando-o para os usuários finais (pessoas que executam o processo no cotidiano), após à sua implantação; (iii) a avaliação dos processos de negócios, implantados e melhorados. Essa equipe é responsável pelas avaliações e homologações dos resultados, relacionado com os processos implantados e melhorados. Outro item importante relacionado com a infraestrutura é a concepção da política de gestão de processos da organização. Esta política fornece as diretrizes de como a empresa realiza o gerenciamento dos seus processos, através do BPM, mantendo o foco e o alinhamento com a estratégia da organização. Na definição da política, é possível descrever como o BPM é conduzido pela organização, como os processos são escolhidos, modelados, otimizados, implantados e monitorados. A implantação do BPM deve ser formalizada e seus propósitos divulgados para toda organização. 4.2.1 Fase de Entendimento do Negócio Esta fase tem dois objetivos: (i) o primeiro é proporcionar uma visão holística e o alinhamento dos processos de negócio à estratégia da organização, através do desenvolvimento da visão global dos processos; (ii) o segundo é selecionar os processos de negócios críticos para a organização, para que os mesmos possam ser, posteriormente, avaliados e melhorados. As principais atividades desta fase são: (i) desenvolver a visão global dos processos e; (ii) selecionar processos. Estas atividades serão descritas a seguir. (i) Desenvolver Visão Global dos Processos Esta atividade permite que a empresa tenha uma visão geral dos relacionamentos entre processos. Esta atividade é relevante para que a empresa tenha uma melhor compreensão do funcionamento e do relacionamento que existe entre os processos, desde o nível estratégico até o nível operacional, adquirindo, desta forma, a compreensão de como a empresa funciona José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 60 e possibilitando um aperfeiçoamento nos projetos de modelagem e estudos de processos. O desenvolvimento da visão global dos processos deve ser realizado antes de iniciar um projeto de inclusão das práticas de BPM. Através da visão global dos processos, a empresa melhora a visão holística das atividades, a compreensão de como as atividades exercidas no processo impactam à organização e de como as pessoas se relacionam com os processos. Esta visão global deve levar em consideração a opinião da alta administração da empresa (opinião mais holística) e dos funcionários (opinião mais específica, focada nos problemas do cotidiano das atividades realizadas). É importante ressaltar, que a visão global dos processos não precisa ser totalmente realizada em um primeiro momento. Isso se aplica, para os casos em que a empresa possui muitos processos, resultando em uma construção complexa e demorada da visão global de processos. A construção da visão global de processos, neste modelo, resulta em um diagrama de processos, que deve modelar os principais processos, subprocessos e seus relacionamentos, abstraindo os detalhes relacionados às atividades, tarefas, fluxos de dados. Este diagrama apresenta os processos e subprocessos da organização em uma determinada ordem, conforme ilustra a Figura 4.3. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para criar a visão global de processos dentro de uma organização. Dentre elas, está a proposta por (HARRINGTON; ESSELING; NINWEGEN, 1997), que pode ser visualizada pelo exemplo ilustrado na Figura 4.3. Essa técnica permite uma fácil construção e compreensão da visão global de processos, além de possibilitar a indexação dos subprocessos, criando referências que poderão ser documentadas posteriormente. A visão global de processos também pode ser construída, utilizando a técnica da cadeia de valor (LEAL, 2006). Essa técnica permite a organização decompor suas atividades estratégicas em diversos níveis de detalhes, mostrando os seus relacionamentos e permitindo, dessa forma, que a empresa tenha uma melhor visualização dos processos que são necessários para entregar seus serviços aos clientes, sejam eles internos ou externos à organização. A utilização da técnica da cadeia de valor está voltada para processos estratégicos, embora possa ser utilizada em processos de suporte. Já a técnica de (HARRINGTON; ESSELING; NINWEGEN, 1997) pode ser utilizada, quando a empresa necessitar de uma abordagem que proporcione uma facilidade de construção e entendimento. A Figura 4.4 ilustra um exemplo do método da cadeia de valor. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.1. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 61 Figura 4.3Visão Global de Processos através do Método de (HARRINGTON; ESSELING; NINWEGEN, 1997) Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 62 Figura 4.4 - Visão Global dos Processos através do Método da Cadeia de Valor (PORTER, 1986) Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 63 Quadro 4.1 - Entradas e Saídas da Atividade Desenvolver Visão Global dos Processos Entradas da Atividade Entrevistas com os diretores e Saídas da Atividade Diagrama da Visão Global de Processos. funcionários da empresa. Qualquer documento da empresa que proporcionem uma visão da estrutura de processos de negócios da organização. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Selecionar Processos Esta atividade busca selecionar os principais processos da empresa, identificando em quais processos (estratégico, gerencial ou operacional) a organização é mais forte e/ou mais fraca, quais os pontos fracos, quais ameaças e oportunidades que se apresentam, quais indicadores são utilizados para medir o sucesso do processo e quais as metas definidas para os processos não estão sendo alcançadas. Outro aspecto importante desta atividade é a identificação dos processos candidatos à otimização (e.g. melhoria contínua, redesenho ou inovação). É importante observar, que alguns processos, e não necessariamente processos com problemas (e.g. de qualidade, custo e prazo) podem ser otimizados para que a empresa obtenha maior eficiência. Ainda nesta atividade, deve ser realizada a classificação por ordem de priorização dos processos de negócio da organização, dando atenção aos processos que necessitam de soluções imediatas, e.g. devido a novas regulamentações ou problemas na qualidade. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.2. Quadro 4.2 - Entradas e Saídas da Atividade Selecionar Processos Entradas da Atividade Planejamento Estratégico. Saídas da Atividade Processos Críticos Selecionados. Leis e Regulamentações. Oportunidades e Ameaças. Ambiente Externo (e.g. concorrência) Fonte: Autor deste Trabalho 4.2.2 Fase de Projeto Esta fase da camada de gestão de processos de negócios visa realizar o estudo da situação atual dos processos e propor melhorias para os processos selecionados, na fase José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 64 anterior, como candidatos à otimização. Esta fase é formada por duas atividades: (i) a modelagem do estado atual do processo e; (ii) a modelagem do estado desejado do processo. Estas atividades são realizadas de maneira sequencial, sendo que a primeira é a modelagem do estado atual. Posteriormente deve ser realizada a modelagem do estado desejado. Antes de iniciar o projeto de modelagem, é importante analisar a visão global dos processos para que a empresa consiga definir o número de subprocessos relacionados com o processo que será modelado e, com isso, consiga estimar o esforço e os recursos que serão necessários para realizar a modelagem. (i) Modelar Estado Atual O objetivo desta atividade é procurar entender o processo existente e identificar suas falhas para eliminar erros anteriormente cometidos, evitando que sejam repetidos. Além disso, é possível também identificar as atividades dos processos de negócios que necessitam de melhorias. A modelagem do estado atual envolve as seguintes tarefas: (a) planejar a modelagem; (b) coletar informações sobre o processo, identificando possíveis melhorias; (c) modelar o processo; (d) validar o modelo proposto para o processo e ajustá-lo, caso seja necessário, ao processo que se encontra em execução. Estas tarefas são discutidas a seguir: (a) Planejar a modelagem Esta tarefa consiste na: (i) compreensão dos propósitos, métricas, prazos, custo, riscos, artefatos entregáveis e alinhamento do processo à estratégia da organização; (ii) definição da documentação que deverá ser produzida e consultada para obter informações a respeito do processo; (iii) estabelecimento dos membros (incluindo os usuários) que formaram a equipe de modelagem e; (iv) definição da infraestrutura física e de software necessária para realização da modelagem. Um aspecto relevante de a atividade modelar o estado atual, é que ela contribui para que os usuários do processo não rejeitem as mudanças propostas pela atividade de modelagem do estado desejado, em virtude desses usuários poderem constatar que o processo realmente precisa de melhorias. (b) Coletar informações Esta tarefa tem como objetivo, realizar o levantamento de dados com os usuários do processo e especialistas do negócio, para obter informações relevantes a respeito do processo e que servirão para diagnosticar o estado atual do processo, além de permitir a identificação de melhorias. Essas informações podem ser coletadas, por exemplo, através da utilização de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 65 entrevistas. Em uma modelagem existem algumas informações, relacionadas com os processos selecionados, que devem ser coletadas. Estas informações podem ser vistas no Quadro 4.3. Quadro 4.3 - Relação de Informações que devem ser coletadas Dados normalmente coletados em modelagem Atividade Comportamento Recurso Relação entre atividade Agente Exemplos de dados coletados que dependem do objetivo da modelagem Custo por atividade Tempo da atividade Competências necessárias Sistemas em uso na atividade Unidade organizacional relacionada Itens de controle necessários para compor indicadores Leis, normas, regulamentos, aplicáveis Novos conceitos, siglas, termos adotados no processo Desvios de processo Posicionamento no Diagrama Global de Processos Informação Entidade de informação Evento Validação Procedimento de modelagem Fonte: Lin, Yang e Pai (2002) Ressalta-se, que essas informações também devem estar presentes na documentação final emitida na atividade de modelagem do estado atual. (c) Modelar o processo Esta tarefa consiste na construção do modelo gráfico e descritivo do processo, com base nas informações obtidas na coleta de dados. É necessária a utilização de ferramentas de modelagem de processos para facilitar a atividade de modelagem e documentação, além de possibilitar uma melhor visualização do processo modelado. É sugerido o uso do BPMN (Business Process Management Notation) (BPMN, 2006) que é um método para representação de processos de negócios, independente de fornecedor, mantido pela OMG (Object Management Group). A decisão de utilizá-la foi devido ao fato deste método prover uma notação gráfica simples e intuitiva, mas que também permite especificar processos de negócios complexos. (d) Validar e ajustar o processo Esta tarefa consiste em verificar se o modelo construído para o processo modelado, na atividade modelagem do estado atual, encontra-se de acordo com o processo que está em José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 66 execução na organização. Nesta tarefa também são feitos os ajustes necessários, em casos de discrepâncias entre o modelo construído e o processo que se encontra em execução. Espera-se obter, na etapa de modelagem do estado atual, os seguintes resultados: (i) o modelo do estado atual do processo que está sendo trabalhado e; (ii) a documentação do processo, incluindo: (a) as métricas, o desempenho, os prazos e os artefatos entregáveis, do atual processo; (b) o que precisa melhorar no atual processo; e (c) quais os itens mais relevantes que podem ter suas melhorias implementadas mais rapidamente. A relação entre as entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.4. Quadro 4.4 - Entradas e Saídas da Atividade Modelagem do Estado Atual Entradas da Atividade Diagrama da Visão Global dos Processos. Saídas da Atividade Modelo que representa o estado atual do processo. Documentação relacionada com o processo modelado, incluindo: (a) as informações que estão relacionadas no Quadro 4.3; (b) as métricas, o Processos Críticos Selecionados. desempenho, os prazos e os artefatos entregáveis, do atual processo; (c) o que precisa melhorar no atual processo; (d) quais os itens mais relevantes que podem ter suas melhorias implementadas rapidamente. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Modelar Estado Desejado A modelagem do estado desejado tem como objetivo propor melhorias no processo que está sob análise. Essas melhorias são projetadas, considerando as necessidades encontradas na atividade anterior. Para isso, esta atividade, da fase de projeto, envolve as tarefas: (i) selecionar as técnicas de melhoria; (ii) modelar processo e; (iii) simular e validar o modelo proposto. Dentre as técnicas de melhoria que podem ser utilizadas estão: a. Melhoria contínua: que busca estabelecer continuamente objetivos e identificar oportunidades de melhoria, através de análises críticas realizadas sobre dados do processo, relatórios de auditorias e outras fontes (Barbará et al. 2006); José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 67 b. FAST (Fast Analysis Solution Technique): que permite melhorar rapidamente um processo (em 90 dias), dando retornos imediatos à organização (HARRINGTON; ESSELING; NIMWEGEN, 1997); c. Benchmarking: que permite definir, entender e evoluir criativamente os processos, por meio do estudo de como as outras organizações desempenham as mesmas atividades (LUIS; ROSENFELD, 2006). d. Redesenho: que procura refinar o processo atual. Esta técnica é aplicável a processos que não estão produzindo bons resultados (HARRINGTON; ESSELING; E NIMWEGEN, 1997) e; e. Inovação: que consiste em uma abordagem severa de melhoria de processos, proporcionando uma visão totalmente nova do processo atual (HAMMER; CHAMPY, 1994). Cada uma das técnicas apresentadas resulta em melhorias e reduções de custo, tempo e taxa de erros para o processo. A definição de qual técnica ou combinação de técnicas deve ser utilizada, dependerá das necessidades da organização e da importância do processo para o negócio. Desta forma, cada organização, a partir da análise realizada no processo, tomando como base a importância do mesmo para o negócio e fatores como o tempo de execução e o custo do processo, além da competitividade que o negócio exige, devem escolher e realizar as associações de técnicas necessárias para alcançar o resultado almejado para o processo. O Quadro 4.5 apresenta um estudo comparativo de melhorias (em relação ao processo atual), proporcionados pelas técnicas (BARBARÁ et al. 2006) (HARRINGTON; ESSELING; NIMWEGEN, 1997) (LUIS; ROSENFELD, 2006) (HAMMER; CHAMPY, 1994). Nesta atividade (modelar estado desejado), deve ser realizada a modelagem do processo que deve ser melhorado, juntamente com simulações para comprovar a eficiência do modelo de processo proposto. Espera-se obter como resultado desta atividade: (i) o modelo do estado desejado do processo e a documentação do processo, incluindo os dados das simulações feitas que comprovem a eficiência do processo melhorado; (ii) o relatório com os requisitos que precisam ser atendidos, para que o processo modelado funcione adequadamente e; (iii) o plano de treinamento e capacitação dos usuários, para que o processo funcione com a configuração modelada. A relação contendo as entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.6. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 68 Quadro 4.5 - Comparação do desempenho das técnicas de melhoria de processo Melhorias e Reduções de custo, tempo de ciclo e taxa de erro Técnica de otimização Melhoria Contínua FAST Benchmarking Redesenho Inovação 5% a 10% 5% a 15% 20% a 50% 30% a 60% 60% a 90% (custo e tempo) / 40% a 70% (taxa de erros) Fonte: Baldam et al. (2010) Quadro 4.6 - Entradas e Saídas da Atividade Modelagem do Estado Desejado Entradas da Atividade Modelo que representa o estado atual do processo. Saídas da Atividade Modelo que representa o estado desejado do processo. Documentação relacionada com o processo modelado, incluindo: (a) as informações que estão relacionadas no Quadro 4.3; (b) as métricas, o desempenho, os prazos e os artefatos entregáveis, do atual processo; (c) o que precisa melhorar no atual processo; (d) quais os itens mais relevantes que podem ter suas melhorias Documentação relacionada com o processo otimizado, incluindo os dados das simulações feitas que comprovem a eficiência do processo melhorado. implementadas rapidamente. Relatório com os requisitos que precisam ser atendidos para que o processo funcione adequadamente. Plano de Treinamento e Capacitação dos Usuários. Fonte: Autor deste Trabalho 4.2.3 Fase de Implantação Esta fase é responsável pela implantação dos processos que foram modelados na fase de projeto. As atividades que compõem esta fase são: (i) treinar e capacitar os usuários e; (ii) implantar processo. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 69 (i) Treinar e capacitar os usuários Esta atividade tem como objetivo fornecer os treinamentos e documentos (manuais) necessários para que o processo seja executado com eficiência, pelos seus usuários, e se traduza nos benefícios projetados. Esta atividade também engloba a divulgação do novo processo dentro da organização, para que toda a empresa fique ciente do funcionamento do processo. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.7. Quadro 4.7 - Entradas e Saídas Relacionadas com as Atividades da Fase de Implantação Entradas da Atividade Modelo que representa o estado desejado do processo. Saídas da Atividade Treinamentos dos Usuários Documentação relacionada com o processo otimizado, incluindo os dados das simulações feitas que comprovem a Plano de Divulgação do Novo Processo. eficiência do processo melhorado. Relatório com os requisitos que precisam ser atendidos para que o processo funcione adequadamente. Plano de Treinamento e Capacitação dos Usuários. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Implantar processo A implantação coloca em prática o que foi definido na fase de projeto. É uma fase crítica, pois é nela que o processo será executado pelos usuários, cujos impactos negativos e positivos, provenientes das mudanças realizadas, serão avaliados no ambiente de operação da organização. A implantação do processo pode ser tratada como um projeto em particular, podendo ser gerenciada, através das boas práticas do Project Management Institute (PMI) (PMI, 2008). As implantações dos processos podem exigir a criação de subprojetos para configuração, personalização ou criação de sistemas de informações específicos, para o processo em implantação, apesar da execução de um processo não exigir obrigatoriamente esses sistemas, embora a sua utilização favoreça o desempenho e produtividade do processo. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.8. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 70 Quadro 4.8 - Entradas e Saídas Relacionadas com as Atividades da Fase de Implantação Entradas da Atividade Modelo que representa o estado desejado do processo. Saídas da Atividade Processo implantado e em execução. Documentação relacionada com o processo otimizado. Relatório com os requisitos que precisam ser atendidos para que o processo funcione adequadamente. Plano de Treinamento e Capacitação dos Usuários. Treinamentos dos Usuários. Fonte: Autor deste Trabalho 4.2.4 Fase de Monitoramento e Controle Esta fase se propõe a realizar o monitoramento, controle e avaliação dos resultados dos processos que estão implantados. A partir dos resultados obtidos e após sua devida análise, esta fase pode fazer com que ocorram ajustes na visão global dos processos e nos processos que já foram implantados, fornecendo uma realimentação para as fases de entendimento do negócio e projeto (Figura 4.2). As atividades que compõem esta fase são: (i) monitorar e controlar o processo e; (ii) avaliar os resultados. (i) Monitorar e controlar o processo Esta atividade realiza o constante monitoramento e controle dos processos que foram implantados, proporcionando aos tomadores de decisão uma maior segurança em relação à correção de possíveis desvios de metas, que podem ocorrer durante a execução do processo. A relação contendo as entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.9. Quadro 4.9 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Monitorar e Controlar Processo Entradas da Atividade Processo implantado e em execução. Saídas da Atividade Monitoramento e controle dos processos implantados. Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 71 (ii) Avaliar os resultados Esta atividade foca na avaliação dos resultados obtidos com o monitoramento e controle dos processos em execução. A partir das avaliações realizadas é possível fornecer aos tomadores de decisões, informações sobre o comportamento dos processos, que possibilitam analisar se esses processos estão conforme o esperado e se atendem as estratégias da organização. Técnicas como, por exemplo, o BSC (Balance Scorecard) (KAPLAN; NORTON, 1997) oferecem uma visão do desempenho geral e mostra se a organização esta na direção desejada ou se ajustes nas metas, processos ou até mesmo na estratégia são necessários. A relação contendo as entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.10. Quadro 4.10 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Resultados Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relatório contendo as informações sobre o Processo implantado e em execução. comportamento dos processos, que permitem o acompanhamento dos processos que estão em execução. Fonte: Autor deste Trabalho 4.3 CAMADA DE IMPLANTAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI Esta camada aborda os aspectos relacionados com o gerenciamento de processos de TI e a implantação da governança de tecnologia da informação. Para isso, é proposto um modelo de implantação da governança TI que utiliza as boas práticas do COBIT e do ITIL. A Figura 4.5 ilustra a organização desta camada. As fases que a compõe são: (i) Identificação das Necessidades de Negócio e de TI: tem como objetivo identificar as necessidades de negócio e de TI e selecionar os processos que devem ser reorganizados dentro da organização, baseado nas prioridades de negócio e riscos de TI na empresa; (ii) Avaliação e Diagnóstico: fornece a solução para as necessidades da área TI, com base nos processos críticos selecionados através das metas de TI e das metas de negócio; (iii) Planejamento dos Projetos de Melhorias: visa organizar e definir os projetos que devem estar alinhados com o negócio da organização, para implementação da governança de TI, com base nas melhorias propostas pela fase de avaliação e diagnóstico; José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 72 (iv) Execução dos Projetos de Melhorias: se propõe a executar os projetos de melhoria que foram criados na fase anterior e a avaliar os resultados da implantação da governança de TI. Inicialmente, para que os objetivos das duas primeiras fases sejam alcançados, o modelo de implantação da TI utiliza o COBIT. O ITIL será inicialmente utilizado na atividade de análise de GAP (que será explicada mais adiante no texto) que pertence à fase de avaliação e diagnóstico da camada de implantação da governança de TI. Posteriormente, nas fases de planejamento e execução, o ITIL será usado para realizar as definições dos projetos de melhorias e implementar esses processos. No entanto, nas fases de planejamento e execução dos projetos de melhorias, o COBIT, também, deverá ser utilizado como referência, para abordar as questões relacionadas com os objetivos e práticas de controle associadas aos processos de TI, que fazem parte dos projetos de melhoria. A Figura 4.5 ilustra a estrutura da camada de implantação da governança de TI. Figura 4.5 - Camada de Implantação da Governança de TI Fonte: Autor deste Trabalho 4.3.1 Fase de Identificação das Necessidades de Negócio e de TI Nesta fase é realizada a identificação das metas da área de TI e das metas de negócio, obtidas, através da análise do planejamento estratégico da empresa em conjunto com outros documentos como, por exemplo, o Balance Scoredcard (BSC) (KAPLAN; NORTON, 1997). É relevante ressaltar que as atividades relacionadas com a obtenção do planejamento estratégico e do BSC da empresa se encontram fora do escopo do modelo proposto neste José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 73 trabalho. Nesta fase acontece a seleção dos processos de TI, levando em consideração a área de atuação da empresa e avaliação dos riscos de tecnologia da informação. É importante que a área de TI tenha o apoio da alta administração da empresa, em razão dos conflitos de interesses e falta de compreensão das metas que podem ocorrer. Esta fase é composta por 03 atividades, que serão vistas em detalhes nas subseções seguintes. (i) Definir Metas Esta atividade compreende a identificação das metas de negócio e das metas de tecnologia da informação. As metas de TI são selecionadas a partir das metas de negócio, que satisfazem a estratégia corporativa da empresa. Com isso, as metas de tecnologia da informação, tornam-se parte de uma estratégia da área de TI que esta alinhada com a estratégia corporativa para satisfazer os objetivos de negócio da empresa. O COBIT é usado nesta atividade para fazer o mapeamento entre as metas de negócio corporativas da organização (resultado do planejamento estratégico e da utilização de técnicas como, por exemplo, o BSC) e as metas de negócio propostas pelo próprio COBIT (ITGI, 2007a), além de promover o mapeamento das metas de negócio com as metas de TI e os seus processos. Os Quadros 4.11 e 4.12 mostram os documentos que mapeiam as metas de negócio do COBIT (que representam o que o negócio espera da tecnologia da informação) e as metas de TI (que representam os objetivos que a área de tecnologia da informação deve satisfazer para suportar as metas de negócio), além dos respectivos processos relacionados com as metas de tecnologia da informação. É possível observar, no Quadro 4.11 que para cada meta de negócio existe uma de tecnologia da informação associada. Por exemplo, a meta de negócio 01 (Prover um retorno de investimento adequado para os investimentos de TI relacionados aos negócios), está associada à meta de tecnologia da informação de número 24. Já o Quadro 4.12, apresenta a descrição da meta 24 (Aprimorar a eficiência dos custos de TI e sua contribuição para lucratividade do negócio), relacionando os processos de TI que contribuem para a realização da mesma. É importante ressaltar que, segundo Pinheiro (2009), as metas de negócio não representam todas as possibilidades de metas, mas sim as mais relevantes que podem impactar na área de tecnologia da informação de uma organização. Nesta atividade, é importante entender o relacionamento que existe entre as metas de negócio e as metas de TI. Pois, somente assim será possível descrever como a área de tecnologia da informação irá contribuir para: (i) entregar mais valor para o negócio da empresa; (ii) deixar os atuais processos de negócio eficientes; (iii) dar suporte para novos processos de negócio; (iv) permitir que a empresa se torne mais eficiente (v) gerenciar melhor José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 74 os riscos e; (vi) estar em conformidade com exigências legais e conformidades regulatórias, além de conseguir o alinhamento estratégico entre o negócio e a TI. As tarefas para execução desta atividade são: (i) analisar o plano estratégico da organização, juntamente com os documentos derivados, e.g. o BSC da empresa; (ii) identificar as metas de negócio voltadas para TI a partir da derivação feita no planejamento estratégico e BSC da organização e; (iii) identificar as metas de TI relacionadas com as metas de negócio. Quadro 4.11 - Mapeamento das metas de negócio e TI Fonte: ITGI (2007a) José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 75 Quadro 4.12 - Mapeamento das metas e processos de TI Fonte: ITGI (2007a) José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 76 Ao final desta atividade, deverá ser gerado um documento contendo uma lista dos documentos analisados, as metas de negócio identificadas a partir da análise dos documentos fornecidos e as metas de TI que contribuirão para agregar mais valor para o negócio. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.13. Quadro 4.13 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Definir Metas Entradas da Atividade Saídas da Atividade Plano Estratégico Lista dos documentos analisados. Mapa Estratégico (BSC) Metas de Negócios. Outros documentos que possam ajudar na identificação das metas. Metas de TI. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Selecionar Processos Esta atividade tem como objetivo, selecionar os processos de TI críticos para o negócio da organização, dentre os processos que se relacionam com as metas de TI encontradas na atividade anterior. As metas de TI selecionadas devem fazer parte de uma estratégia de TI que, por sua vez, deve estar alinhada com a estratégia corporativa para satisfazer os objetivos de negócio da empresa. Após identificar as metas de TI que satisfazem as metas de negócio, é possível identificar os processos associados, que vão garantir que a meta de TI seja satisfeita. Nesta etapa, deve-se selecionar somente os processos que estão relacionados com o negócio da organização e que têm relação direta com as metas de TI identificadas. Com isso, fica evidente que não é preciso implantar ou melhorar todos os processos que se relacionam com uma determinada meta de TI para que a mesma seja satisfeita. Após a seleção dos processos que devem ser melhorados ou implantados dentro da organização, é necessário selecionar os indicadores de objetivos, medidas de resultado, recursos de TI afetados, além dos objetivos de controle necessários para satisfazer cada um dos processos selecionados. É importante observar, que os indicadores de objetivos e medidas de resultado fazem parte das métricas de TI, processos e atividades. Ao final desta atividade a empresa deve ter documentado todos os processos selecionados, juntamente com seus respectivos objetivos de controle. Também devem ser documentados os recursos de TI afetados pelo processo, juntamente com os indicadores selecionados. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 77 Outras informações que também podem ser registradas, são as relacionadas com as entradas, que são importantes para que os processos sejam iniciados, e saídas que os respectivos processos irão gerar. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.14. Quadro 4.14 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Selecionar Processos Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relação dos processos selecionados, Metas de Negócios. juntamente com os seus objetivos de controle. Metas de TI. Recursos de TI que são afetados por cada processo selecionado. Entradas e Saídas geradas por cada processo selecionado. Fonte: Autor deste Trabalho (iii) Identificar e Avaliar Riscos Esta atividade tem como principal objetivo a identificação de riscos de tecnologia da informação, relacionados com a empresa, que podem afetar a implantação da governança de TI. Para isso, é necessário entender como a administração da empresa trata dos assuntos referentes a riscos para identificar o perfil de tratamento de risco da empresa, pois isso pode variar em cada empresa, indo de perfis mais cautelosos até perfis mais agressivos. Sendo assim, avaliar documentações relacionadas a incidentes e a política de gerenciamento de riscos podem ajudar na identificação do perfil de riscos da empresa. Uma vez identificado este perfil, os riscos relacionados com as metas de negócio e com as metas e processos de TI precisam ser encontrados. Deve-se analisar e documentar todas as ameaças e vulnerabilidades relevantes, além de seus respectivos impactos sobre os serviços que são entregues pela área de TI da empresa e que têm relações com as metas de negócios e com as metas e processos de TI que foram selecionados (ITGI, 2007b). Essa análise das ameaças e vulnerabilidades deve levar em conta: (i) o relacionamento da área de TI para com os serviços providos, com fornecedores e contratos; (ii) as habilidades e capacidades operacionais de TI; (iii) o histórico de incidentes e; (iv) a complexidade do ambiente de TI da organização, referentes aos serviços e recursos críticos. Para isso, devem ser avaliados alguns documentos, e.g. o plano de continuidade de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 78 serviços de TI, as análises de impactos realizadas, a política de gerenciamento de riscos da empresa, os planos de gerenciamento de risco dos principais projetos da empresa, os acordos de níveis de serviço, se estiverem documentados, ou qualquer outra documentação, associada aos projetos, processos e serviços de TI, relacionados com o negócio da empresa, que permita a identificação de vulnerabilidades, ameaças e riscos que sejam relevantes. Após identificar os riscos relacionados com os serviços entregues, pela organização de TI da empresa, e que tem relação com as metas de negócio e com as metas e os processos de TI selecionados, deve-se identificar e relacionar os riscos referentes à implantação da governança de TI, no que se refere aos novos desenvolvimentos e atividades executadas na implantação da governança de TI. Esta análise e identificação de riscos devem considerar: (i) a capacidade da empresa em efetuar as mudanças necessárias para perceber os benefícios da implantação da governança de TI; (ii) a metodologia de gerenciamento de projeto utilizada; (iii) o orçamento destinado à implantação e; (iv) a adequação das metodologias e práticas de gerenciamento de risco, caso seja necessário. Após os riscos terem sido identificados, deve-se definir como os mesmos serão tratados. Esta definição deve considerar o plano de gerenciamento de riscos, que definirá como os riscos, relacionados com a implantação da governança de TI, serão gerenciados. Deve-se documentar como será realizado o gerenciamento de riscos e registrar todos os riscos identificados durante esta atividade e no decorrer da implantação. As tarefas para concluir com êxito esta atividade são: (i) identificar o perfil de tratamento de risco da empresa; (ii) definir o plano de gerenciamento de riscos; (iii) identificar os riscos relacionados com os serviços de TI entregues pela área de TI da empresa, e que tem relação com as metas de negócio e com as metas de TI e processos selecionados; (iv) identificar os riscos que estão relacionados com os novos desenvolvimentos e atividades que serão executadas na implantação de governança de TI; e (v) definir o tratamento que vai ser dado aos riscos encontrados. Este tratamento deve estar de acordo com o plano de gerenciamento de riscos criado para a implantação da governança de TI. Para finalizar a fase de identificação das necessidades de negócio e de TI, é necessário definir o plano de implantação da governança de TI, que contém a estrutura organizacional da equipe de implantação, juntamente com seus papéis e responsabilidades. É importante criar uma equipe multidisciplinar, com pessoas que tenham expertise na área do negócio e na área de TI e que promovam a implantação da governança de TI com eficiência. No plano de implantação se faz necessário definir o prazo estimado para a sua conclusão, seus marcos, José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 79 objetivos e entregas. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.15. Quadro 4.15 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Identificar e Avaliar Riscos Entradas da Atividade Saídas da Atividade Plano de Implantação da Governança de TI (relaciona-se com todo o processo de Metas de Negócio. implantação da governança de TI e não somente com esta atividade). Metas de TI. Plano de Gerenciamento de Riscos. Processos Selecionados. Lista de Riscos. Política de Gerenciamento de Risco da Empresa. Plano de Resposta a Riscos. Relatório contendo todas as ameaças e Plano de Gerenciamento de riscos dos vulnerabilidades, juntamente com os seus projetos da empresa. respectivos impactos nos serviços de TI da empresa. Plano de Continuidade de Serviços de TI. Documentos relacionados com os últimos incidentes de serviços de TI. Fonte: Autor deste Trabalho 4.3.2 Fase de Avaliação e diagnóstico Esta fase tem como principal objetivo, avaliar e diagnosticar as necessidades da área de TI, com base nos processos críticos que foram selecionados através das metas de TI e das metas de negócio. Isto é realizado para entender a situação atual e quais os objetivos futuros que a organização deseja para esses processos, considerando a distância entre o estado atual e o estado desejado e as prioridades do negócio. Está fase está divida em 03 atividades que serão vistas a seguir. (i) Avaliar situação atual Esta atividade tem como objetivo, avaliar a maturidade atual dos processos que foram selecionados na fase de identificação e análise das necessidades de negócio e de TI (Seção 4.3.1). Ela é responsável pelo entendimento de como esses processos, estão sendo executados e gerenciados dentro da empresa. O COBIT é usado nesta atividade, por meio do seu modelo José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 80 de maturidade. Através desse modelo de maturidade, é possível medir o estágio atual dos processos selecionados e estabelecer uma visão de possíveis melhorias para esses processos. Esta atividade identifica o estágio atual dos processos selecionados. Uma prática adotada para realizar essa identificação é confrontar os requisitos do nível de maturidade que se está avaliando, com os objetivos de controles (relevantes para tais requisitos) que estão implementados no processo sob avaliação. A utilização dessa prática é mais comum a partir do nível 03 de maturidade (discutido na Seção 2.2), quando o processo já se encontra definido e documentado. Para realizar esta atividade, é importante ter o conhecimento das práticas de controle que estão associadas ao objetivo de controle do processo, com a finalidade de comprovar se o objetivo de controle especificado possui os atributos necessários para estar implantado. De um modo geral, documentos comprobatórios como a descrição do processo avaliado, padrões e procedimentos adotados, por este processo, e especificações técnicas, serão solicitados pelo avaliador, para determinar se o processo está suportando os objetivos de controle e as práticas de controle associadas ao mesmo. Caso o processo não satisfaça todos os requisitos do nível de maturidade, o processo deve receber a nota do nível de maturidade inferior. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.16. (ii) Definir Situação Ideal Esta atividade tem como principal objetivo, estabelecer o nível de maturidade ideal para os processos críticos que foram selecionados na fase de identificação e análise das necessidades de negócio e de TI, da camada de implantação da governança de TI, visando a melhoria e evolução dos processos selecionados. Essa definição, do nível de maturidade ideal, deve ser feita, levando em consideração a importância do processo de TI para o negócio e para a área de TI da empresa e as entradas e saídas obtidas e geradas pelo processo analisado. Pode-se também, realizar um benchmarking para analisar os níveis de maturidade atual do processo, que está sendo analisado, nas empresas que atuam no mesmo segmento de mercado, para que a empresa tenha um comparativo externo, para fins de análises e tomada de decisões. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 81 Quadro 4.16 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Avaliar Situação Atual Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relatório contendo o nível de maturidade atual dos processos selecionados, Metas de Negócio. juntamente com as informações que, depois de compiladas, comprovam esse nível. Metas de TI. Processos Selecionados. Documentação dos processos. Fonte: Autor deste Trabalho Algumas vezes, um processo pode apresentar um alto nível de maturidade e estar com um desempenho ruim (PINHEIRO, 2009). Nesses casos, antes de sugerir um aumento do nível de maturidade a fim de melhorar o desempenho do processo avaliado, é importante analisar as entradas (documentos, relatórios etc.) do processo, para ter a certeza de que o problema está no processo em análise. É preciso constatar, se o problema é no processo ou na entrada que o processo está recebendo, ou seja, o problema pode estar em outros processos que geram como saídas, informações de baixa qualidade, ou nas informações que a empresa (negócio) passa para o processo em análise. Outro aspecto relevante, antes de definir o nível de maturidade ideal para um determinado processo, é que em algumas vezes o processo não precisa estar em um nível superior de maturidade para todos os serviços fornecidos, mas apenas para alguns serviços. Um exemplo disso pode ser visto no processo DS5 do COBIT (ITGI, 2007a), que trata da segurança nos sistemas de informações. É possível que sistemas críticos, para o negócio da empresa, precisem estar em um nível de maturidade elevado, mas por outro lado, sistemas mais simples, e que servem de apoio, talvez não precisem estar em níveis de maturidade tão elevados. Sendo assim, um processo que às vezes possui uma maturidade baixa deve ser apenas melhorado para atender as necessidades dos serviços críticos para o negócio. É importante observar também, que para o processo passar do nível de maturidade 02, por exemplo, para o nível 05, todas as exigências pertencentes aos níveis de maturidade 03 e 04, além das exigências propostas pelo nível 05 devem ser atendidas. Outro fator que deve ser considerado, quando se estiver definindo o nível de maturidade desejado, é o benefício que este novo nível vai gerar para a empresa, pois nem sempre um determinado nível de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 82 maturidade se traduz em benefícios para a organização. O custo para uma empresa aumentar o seu nível de maturidade, e se manter nele, é alto, portanto, deve-se observar se o retorno que a empresa vai obter compensa o custo que ela vai ter. Uma das formas de se verificar isso é analisando o nível de risco que a empresa pode ter em um determinado processo, e isso vai variar de acordo com a importância que o processo de TI tem para o negócio da empresa. As tarefas necessárias para encontrar o nível de maturidade ideal de um determinado processo de TI são: (i) analisar a importância do processo de TI para o negócio da empresa, identificando o nível de risco que a empresa pode ter no processo que esta sendo analisado; (ii) analisar o desempenho do processo em relação a sua maturidade atual, verificando as entradas e saídas do processo; (iii) verificar se o processo precisa ser melhorado de maneira geral ou apenas para determinados tipos de serviços e; (iv) analisar o nível de maturidade atual do processo em relação ao nível de maturidade do mesmo processo em empresas que atuam no mesmo segmento de mercado. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.17. Quadro 4.17 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Avaliar Situação Ideal Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relatório contendo o nível de maturidade Ideal dos processos selecionados, Processos Selecionados. juntamente com as informações que, depois de compiladas, comprovam esse nível. Entradas e Saídas de cada processo. Pesquisa de Benchmarking. Relatório contendo o nível de maturidade atual dos processos selecionados, juntamente com as informações que, depois de compiladas, comprovam esse nível. Fonte: Autor deste Trabalho (iii) Analisar o GAP Esta atividade tem como principal objetivo, analisar o nível de maturidade atual dos processos selecionados em relação ao nível de maturidade ideal, traduzindo em oportunidades José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 83 de melhorias, para os processos, a diferença (GAP) que existe entre os dois níveis de maturidade. Para isso, deve-se determinar para cada um dos processos analisados, a causa dos problemas, os riscos existentes, as questões comuns relacionadas e as boas práticas e padrões que podem estar contribuindo para eliminar a diferença existente entre o nível de maturidade atual e o ideal para um determinado processo de TI. Para assegurar que esta atividade será realizada de maneira eficiente, os gestores dos processos devem estar envolvidos e, caso seja necessário, deve-se contratar especialistas em governança de TI para ajudar nesta tarefa. Deve-se levar em consideração que todos os riscos relacionados com os processos de TI selecionados, que não puderem ser mitigados, devem ser formalmente informados para que sejam aceitos. Para realizar esta atividade, precisa-se analisar toda a documentação produzida até o momento, focando nas documentações que tratam dos riscos, seleção de metas e processos. O principal objetivo desta atividade é selecionar todos os objetivos de controle necessários para estar satisfazendo o nível de maturidade ideal para o processo, juntamente com as suas práticas de controle relacionadas. Devem-se analisar quais objetivos de controle, relacionados com o nível de maturidade ideal do processo, são necessários para que se obtenha um controle eficaz do processo, satisfazendo, com isso, o nível de maturidade desejado. Para isso, deve se utilizar as práticas de controle do COBIT, que determinam o que deve ser feito para alcançar os objetivos de controle, identificando os riscos que podem ser mitigados e os benefícios que podem ser alcançados com a implantação dos objetivos de controle (ITGI, 2007c). Mas, para executar o que as práticas de controle sugerem, é necessário utilizar uma estrutura que permita reorganizar os processos, para obter os benefícios e mitigar os riscos encontrados nas práticas de controle do COBIT. Essa estrutura é fornecida pelo ITIL, que define como a área de TI deve fazer o que as práticas de controle sugerem para alcançar os objetivos de controle, fornecendo, assim, o controle necessário para a execução eficiente do processo. As tarefas para executar com êxito esta atividade são: (i) identificar os objetivos de controle necessários para satisfazer o nível de maturidade desejado; (ii) identificar as práticas de controle necessárias para se alcançar os objetivos de controle; (iii) identificar os padrões ou melhores práticas que serão adotados para realizar as práticas de controle (no caso deste trabalho será adotado o ITIL); (iv) identificar os riscos que podem ser mitigados e os que vão ser aceitos; e (v) identificar os benefícios a serem obtidos com a implantação da melhoria nos processos. Deve ser feito um registro com todas as melhorias encontradas, seus benefícios para o negócio e para a TI, e os riscos que a empresa pode mitigar, implantando essas melhorias. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.18. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 84 Quadro 4.18 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade de Análise de GAP Entradas da Atividade Saídas da Atividade Objetivos de Controles, que são necessários Processos Selecionados. para satisfazer o nível de maturidade ideal de cada processo. Entradas, Saídas e Recursos Afetados de Práticas de Controles necessárias para cada processo. alcançar os objetivos de controle. Padrões e boas práticas que podem ser Metas de negócios e de TI. utilizados para satisfazer as práticas de controle. Relatório contendo o nível de maturidade atual dos processos selecionados. Riscos que podem ser mitigados, com a implantação do processo no nível de maturidade ideal, e os que vão ser aceitos. Relatório contendo o nível de maturidade Benefícios obtidos com a implantação do Ideal. processo no nível de maturidade ideal. Lista de Riscos Fonte: Autor deste Trabalho 4.3.3 Fase de Planejamento dos Projetos de Melhorias Esta fase se propõe a planejar os projetos de melhorias dos processos de TI, que estão alinhados com o negócio da empresa, para implantar a governança de TI com base nas melhorias propostas pela atividade de análise de GAP, realizada na fase de avaliação e diagnóstico, na Seção 4.3.2. Essas melhorias são projetadas e executadas através das boas práticas do ITIL, levando em consideração os objetivos e práticas de controle do COBIT. Esta fase é composta por 02 atividades: (i) definir projetos de melhorias e; (ii) desenvolver plano de ação. Estas atividades serão descritas em detalhes nas subseções seguintes. (i) Definir Projetos de Melhoria Esta atividade visa transformar as melhorias, propostas na fase de avaliação e diagnóstico, discutida na Seção 4.3.2, em projetos que serão posteriormente executados. Essas melhorias são o conjunto dos objetivos de controle, práticas de controle e melhores práticas do ITIL que foram relacionadas na fase de avaliação e diagnóstico, para atingir o nível de maturidade desejado pela organização, considerando os riscos e benefícios provenientes da implantação dos projetos de melhoria. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 85 Uma vez que, todas as oportunidades de melhoria, associadas com os processos de TI, estiverem relacionadas, as mesmas devem ser traduzidas em projetos de melhorias (ITGI, 2007b). Para isso, é relevante agrupar as melhorias, tomando como base os processos de TI, aos quais essas melhorias pertencem, definindo assim os projetos de melhoria de cada processo. Uma vez que os projetos de melhorias estejam definidos, é importante analisar quais trarão os maiores benefícios para a empresa e que serão mais fáceis de executar. Desta forma, deve-se analisar os benefícios e a facilidade de implantação de cada melhoria relacionada com o projeto, levando em consideração o custo, o esforço, os recursos necessários, e os riscos relacionados. Caso o projeto apresente uma difícil execução, o mesmo pode ser dividido em projetos menores para facilitar a implantação das melhorias. A importância que o processo tem para o negócio da organização também deve ser considerada como critério de análise. Com isso, pode-se definir o nível de impacto dos projetos e, consequentemente, a prioridade que deve ser atribuída ao mesmo. É relevante observar que um projeto de melhoria, deve possuir uma prioridade associada e esta precisa ser baseada na análise feita nos aspectos relacionados com o custo, prazo, importância do projeto para o negócio e benefícios que serão gerados. Após esta análise, os projetos aprovados seguirão para a próxima atividade. Os projetos que não forem aprovados, para serem executados, devem ter todas as suas informações, incluindo as da sua reprovação, registradas para servir como uma base de dados de oportunidades futuras e para poderem ser analisadas no momento em que a empresa achar conveniente. Em toda a fase de planejamento dos projetos de melhorias, pode-se utilizar as melhores práticas de gerenciamento de projetos sugeridas pelo PMI, para se obter um melhor resultado nos projetos realizados. Devem-se registrar as informações da análise realizada em cada melhoria (estimativas, riscos, benefícios etc.), além das informações pertinentes aos projetos que não forem aprovados. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.19. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 86 Quadro 4.19 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Definir Projetos de Melhoria Entradas da Atividade Objetivos de Controles, que são necessários para satisfazer o nível de maturidade ideal de cada processo. Saídas da Atividade Documento da análise das melhorias propostas agrupadas por processo de TI. Práticas de Controles necessárias para Documento contendo o registro dos alcançar os objetivos de controle. projetos não aprovados. Padrões e boas práticas que podem ser Relação dos projetos aprovados, utilizados para satisfazer as práticas de juntamente com as suas prioridades de controle. execução. Riscos que podem ser mitigados, com a implantação do processo no nível de maturidade ideal, e os que vão ser aceitos. Benefícios obtidos com a implantação do processo no nível de maturidade ideal. Relação das melhorias que poderão ser implantadas. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Desenvolver Plano de Ação Esta atividade define a sequência na qual os projetos aprovados serão executados. Essa sequência pode ser definida levando em consideração a prioridade que cada projeto obteve na atividade anterior. Outro fator relevante nesta atividade é a importância que as métricas de processo e de atividades têm para assegurar que as melhorias, relacionadas com o processo, estão atingindo os seus objetivos. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.20. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 87 Quadro 4.20 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Definir Projetos de Melhoria Entradas da Atividade Documento da análise das melhorias propostas agrupadas por processo de TI. Documento contendo o registro dos projetos não aprovados. Saídas da Atividade Plano de Execução dos projetos. Relação de Métricas de processo e atividade de cada processo que terá suas melhorias implantadas. Relação dos projetos aprovados juntamente com as suas prioridades de execução. Fonte: Autor deste Trabalho 4.3.4 Fase de Execução dos Projetos de Melhoria Esta fase se propõe a realizar a implementação dos projetos de melhoria, utilizando para isso as boas práticas do ITIL e as considerações das práticas de controle do COBIT. Além disso, esta fase também visa avaliar os resultados obtidos com a implantação da governança de TI. Nesta fase, pode-se utilizar as boas práticas de gerenciamento de projetos do PMI, para assegurar que os resultados desejados para os negócios sejam obtidos, através da execução dos projetos de melhoria. Esta fase é composta por 02 atividades, executar projetos de melhoria e avaliar resultados. Estas atividades serão descritas em detalhes nas seções seguintes. (i) Executar Projetos de Melhoria Esta atividade consiste na execução dos projetos de melhoria que foram aprovados na fase de planejamento dos projetos de melhoria, Seção 4.3.3, de acordo com a sequência definida pela priorização de projetos. Toda a implementação dos projetos de melhoria deve utilizar as boas práticas do ITIL, para que os processos que estão sendo melhorados ou implantados sejam reorganizados ou estruturados de maneira eficiente. Esta atividade também é responsável por adquirir e/ou desenvolver, testar e executar soluções de software que melhor satisfazem aos objetivos dos projetos de melhorias, para que no final os objetivos da implantação da governança de TI sejam alcançados. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.21. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 88 Quadro 4.21 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Executar Projetos de Melhoria Entradas da Atividade Saídas da Atividade Implantação das melhorias relacionadas Plano de Execução dos projetos. com cada um dos processos que estão associadas aos projetos. Relação de Métricas de processo e atividade de cada processo que terá suas melhorias implantadas. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Avaliar Resultados Esta atividade se propõe a avaliar e registrar as experiências e os resultados obtidos com a implantação da governança de TI. Esta atividade permite que a organização avalie o que a implantação da governança de TI proporcionou, comparado com as expectativas dos envolvidos. Essa avaliação pode ser feita através de workshops, pesquisas de satisfação e entrevistas (ITGI, 2007b). Através desta avaliação é possível identificar novas necessidades de governança de TI para a organização, fornecendo, desta forma, a realimentação para a fase de identificação das necessidades de negócio e de TI (Figura 4.5) (Seção 4.3.1). É relevante também registrar e compartilhar as lições aprendidas, pois, elas contêm informações importantes que podem ser usadas não só pela equipe de implantação, como também pelos envolvidos em futuros projetos de melhoria de processos, dentro da organização. Desta forma, as tarefas para conclusão desta atividade são: (i) realizar avaliações de satisfação, entrevistas e workshops; (ii) comparar e relatar os resultados obtidos frente ao que foi inicialmente proposto e; (iii) promover um brainstorming (PINHEIRO, 2009) com todos os envolvidos na implantação da governança de TI para registrar as lições aprendidas. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.22. Quadro 4.22 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Resultados Entradas da Atividade Relação de Métricas de processo e atividade de cada processo que terá suas melhorias implantadas. Saídas da Atividade Relatórios das Pesquisas de Satisfação. Registro de Lições Aprendidas Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 89 4.4 CAMADA DE IMPLANTAÇÃO SOA E INTEGRAÇÃO COM A XBRL Nesta camada é discutida a implantação SOA, incluindo o gerenciamento de riscos e a sua integração, através de Web Services, com a XBRL, para a emissão de relatórios financeiros. Para isso, é proposto um modelo de implantação e integração da SOA com a XBRL, que através de serviços web, se propõe a prover sistemas de informações mais flexíveis, interoperáveis e alinhados com os processos de negócios, fornecendo uma maior facilidade de adaptação às mudanças que ocorrem no negócio da organização, além de fornecer a integração desses serviços com a XBRL. O modelo de implantação SOA e integração com a XBRL, considera que as seguintes ações devem ser seguidas para que a empresa alcance um desempenho satisfatório: (i) iniciar a implementação SOA por um único sistema, pequeno e simples, de preferência um sistema que proporcione uma boa migração; (ii) repetir o mesmo processo para outros sistemas, até que se tenha realizado para toda a organização; e (iii) realizar composições de serviços ao invés do desenvolvimento de novos sistemas de informações. A Figura 4.6 ilustra a organização da camada de implantação SOA e integração com a XBRL. Suas fases serão discutidas nas seções seguintes. Figura 4.6 - Camada de Implantação SOA e Integração com a XBRL Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 90 4.4.1 Fase de Identificação das Necessidades Organizacionais Esta fase tem como objetivo, avaliar o contexto atual da organização, além de identificar os elementos que se transformarão em serviços SOA e prover o gerenciamento de riscos. Para isso, esta fase contém as seguintes atividades: (i) Avaliar contexto empresarial Esta atividade tem como objetivo a avaliação do cenário atual da empresa, analisando os seguintes elementos: (a) os processos de negócios, que já devem estar estruturados e definidos; (b) os sistemas de informações, que automatizam os processos de negócios e dos quais serão extraídas as funcionalidades que serão transformadas em serviços e; (c) o modelo de governança de TI, existente ou definido na Seção 4.2.1, necessário para estruturar e controlar os processos de TI, que permitirá o uso adequado de recursos para o desenvolvimento e manutenção das soluções orientadas a serviço. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.23. Quadro 4.23 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Avaliar Contexto Empresarial Entradas da Atividade Processos de Negócios da Organização. Saídas da Atividade Relatório de Análise do Cenário Atual da Empresa. Sistemas de Informações da Organização. Modelo de Governança de TI da Organização. Fonte: Autor deste Trabalho (ii) Selecionar Funcionalidades / Componentes A execução desta atividade produz a seleção de componentes ou funcionalidades dos sistemas de informações que se transformarão em serviços. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.24. Quadro 4.24 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Selecionar Funcionalidade/Componentes Entradas da Atividade Processos de Negócios. Saídas da Atividade Relação dos componentes e/ou funcionalidades que se transformarão em serviços. Sistemas de Informações. Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 91 (iii) Gerenciar riscos Esta atividade tem com objetivo, realizar o gerenciamento de risco na implementação SOA. Esta atividade se divide em duas tarefas: (a) identificar e avaliar riscos na implementação SOA e; (b) controlar riscos na implementação SOA. Essas tarefas são detalhadas a seguir: a) Identificar e Avaliar Riscos na Implementação da SOA Esta tarefa identifica e avalia os riscos que estão associados à implementação SOA. O processo de adoção da SOA está suscetível a algumas ocorrências (riscos) que podem ser decisivas para sua concepção e devem ser identificadas, pois podem inviabilizar ou paralisar a implementação da SOA nas organizações. Uma vez que o perfil de tratamento de riscos da empresa já foi definido na fase de identificação das necessidades de negócio e de TI (Seção 4.3.1), os riscos relacionados com a implementação SOA devem ser identificados. A identificação de riscos no processo de implementação SOA deve avaliar: (i) se a equipe técnica da empresa tem o entendimento do que é a arquitetura orientada a serviço e tem capacidade técnica para a sua adoção; (ii) as funcionalidades que serão transformados em serviços SOA; (iii) a capacidade da empresa em efetuar as mudanças necessárias para perceber os benefícios da implementação SOA; (iv) a existência de governança de TI e apoio da alta administração; (v) a metodologia de gerenciamento de processos de negócios utilizada e se existe processos de negócios bem estruturados e eficientes; (vi) o orçamento destinado a adoção da SOA; (vii) a adequação das metodologias e práticas de gerenciamento de risco. Uma vez identificados os riscos, deve-se definir como eles serão tratados. Algumas situações e questões remetem à importância da empresa realizar a identificação de riscos, contribuindo para o registro e possível mitigação ou eliminação do risco (MOREIRA; VIVONE; SILVA, 2011): A falta de compreensão, por parte das empresas, do que é essa arquitetura e de como realmente adotá-la, pode resultar em risco para implementação da SOA. É importante observar que quando a área de TI desenvolve um sistema para atender uma necessidade específica da área de negócios, ela o faz de maneira satisfatória, em menores prazos e com custos de desenvolvimento mais baixos, quando comparado com os modelos de desenvolvimento não orientados a serviços. Mas, por trabalhar José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 92 com sistemas distribuídos, reusabilidade e acoplamento fraco, a SOA é inicialmente mais demorada e mais cara, podendo inviabilizar a sua implementação; Iniciar a adoção da SOA sem ter os processos de negócios da empresa mapeados e bem definidos, representa um grande risco para organização e, provavelmente, levará a um final de insucesso. Nesse cenário, o nível de esforço requerido pode aumentar em relação às vantagens, que serão obtidas com processo de implementação SOA, especialmente se a falha ocorrer em razão dos processos de negócios serem complexos, e envolverem várias áreas da organização; Ainda na fase inicial, a escolha das funcionalidades dos sistemas e processos de negócio, que se transformarão em serviços (aplicações SOA), é fundamental para a sequência do processo, pois uma escolha errada pode ocasionar problemas de reutilização e manutenção dos futuros serviços, representando um risco para as etapas posteriores do processo de implementação SOA. Essa escolha procura identificar redundâncias e inconsistências de negócios que existem nos sistemas, para que isso não seja incorporado nos serviços. As funcionalidades mais solicitadas pelas aplicações da organização devem ser as primeiras a serem transformadas em serviços no novo ambiente; Para desenvolver um projeto, empregando a SOA como estratégia, é necessário incorporar, desde o seu início, um modelo de governança que ofereça consistência no desenvolvimento das aplicações. Caso o modelo de governança não seja estabelecido de forma integral, há risco da implementação SOA não ter sucesso ou consumir muitos recursos. Isso porque, a adoção da SOA em uma empresa pode criar níveis de complexidade maiores do que a organização está acostumada a lidar; No aspecto relacionado com o comprometimento de todos os setores da organização, existe um grande risco de insucesso, caso não haja o comprometimento da alta administração (Chief Executive Officer e Chief Information Officer) das empresas. O suporte desses profissionais deve ocorrer no aporte financeiro e de recursos, no apoio à mudança de cultura, junto aos demais funcionários e na garantia da continuidade do processo ao longo dos anos; Um situação que pode representar um risco para a adoção da SOA, esta associada à descrição e a prototipação do software na etapa inicial do processo de implementação. Quando esta prototipação é realizada de maneira superficial, o modelo poderá não José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 93 descrever todos os componentes básicos da estrutura do software e, com isso, não identificar todas as funcionalidades que serão geradas, quando os processos de negócios forem automatizados, resultando em possíveis problemas no processo de implementação; A instalação de uma infraestrutura de Web Services ajuda inicialmente, mas não garante a escalabilidade. Para que a empresa tenha uma arquitetura SOA implementada, todos os seus 05 componentes básicos (serviços, infraestrutura, políticas, processos e pessoas) devem estar em pleno funcionamento. Sem esses componentes a implementação corre risco de insucesso (MARZULLO, 2009); Não encontrar o equilíbrio correto entre a centralização e a descentralização é uma possibilidade de risco dessa nova abordagem. Se a organização utilizar uma estrutura muito centralizada, o processo de implementação SOA tende a se tornar muito lento, o que pode tornar o negócio da empresa ineficiente e em desvantagem em relação aos concorrentes de mercado. Caso a tendência seja a descentralização exagerada, os fundamentos da arquitetura SOA tendem a desaparecer e toda sua implementação é colocada em risco. Deve-se documentar como será realizado o gerenciamento de riscos e registrar todos os riscos identificados durante esta atividade e no decorrer da implementação SOA. Os passos para executar com êxito esta tarefa são: (i) identificar os riscos relacionados com os serviços oferecidos pela empresa; (ii) identificar os riscos que estão relacionados com os novos desenvolvimentos e atividades que serão realizadas na implantação da SOA e; (iii) definir o tratamento que vai ser dado aos riscos encontrados. b) Controlar Riscos na Implementação da SOA Esta tarefa tem como objetivo fornecer o subsídio necessário para que a empresa realize o controle de riscos na implementação SOA. A implementação da governança de TI, por meio da utilização das boas práticas do COBIT e do ITIL, e de um bom gerenciamento de processos de negócios, através da utilização das boas práticas do BPM, ajuda a entender, estruturar, manter e evoluir os processos (de TI e de negócios), além de garantir um comprometimento da alta administração (MOREIRA; VIVONE; SILVA, 2011). O uso dessas boas práticas contribui para o controle dos riscos e ameaças que podem surgir na implementação da SOA. Por isso, a necessidade de criar um ambiente corporativo e de TI através delas. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 94 As empresas que desejam evitar e controlar os diversos fatores (organizacionais ou técnicos) que geram riscos ao processo de adoção da SOA, devem ter um entendimento singular sobre os seus processos de negócio e de TI e devem possuir o apoio integral da alta administração, garantindo, com isso, o suporte de todos os departamentos que estão envolvidos na iniciativa (MOREIRA; VIVONE; SILVA, 2011). A empresa também deve promover e divulgar todas as informações necessárias para que o processo de implantação SOA transcorra de uma maneira aceitável (MOREIRA; VIVONE; SILVA, 2011). As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.25. Quadro 4.25 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Gerenciar Riscos Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relatório de Análise do Cenário Atual da Plano de Gerenciamento de Riscos da Empresa. Implantação da SOA. Relação dos componentes e/ou funcionalidades que se transformarão em Lista de Riscos. serviços. Plano de Resposta a Riscos. Fonte: Autor deste Trabalho 4.4.2 Fase de Implementação Esta fase se propõe a desenvolver a solução SOA que atenderá e estará de acordo com as necessidades da organização. Para isso, esta fase contém a seguinte atividade: (i) Desenvolver solução SOA e Integrar com a XBRL Esta atividade está relacionada com a implementação de um ciclo de vida para o desenvolvimento de softwares, composto pelas atividades de levantamento de requisitos, análise, projeto, implementação e teste dos serviços. É relevante ressaltar, que na análise e projeto, sejam considerados os aspectos relacionados com o reuso e integração dos serviços que irão compor a solução SOA para o negócio. Para realizar a decomposição dos processos de negócios em serviços de TI, este trabalho irá adotar a abordagem top-down (MARZULLO, 2009), conforme mostra a Figura 4.7. De acordo com esta abordagem, um processo de negócio pode se decompor em vários subprocessos, que por sua vez se desdobram em atividades, que se dividem em tarefas. Estas tarefas são automatizadas e transformadas em serviços web, que são agrupados em módulos que uma vez integrados formam o sistema de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 95 informação que automatiza todo o processo de negócio. Nesta atividade ocorre a integração dos serviços web com a tecnologia XBRL, que será descrita como se segue. Figura 4.7 - Decomposição de processos de negócios em serviços de TI Fonte: Adaptado de Marzullo (2009) Os Web Services representam uma forma de implementar serviços em um arquitetura orientada a serviços e proveem uma infraestrutura independente de plataforma, facilitando o desenvolvimento e integração de diferentes tecnologias. Esta atividade, também tem como objetivo, integrar os Web Services com a linguagem XBRL. Para isso, é apresentado um modelo arquitetural que ilustra esta integração. O modelo arquitetural de integração pode ser visto na Figura 4.8, que mostra como pode acontecer a integração entre a XBRL e os Web Services. É possível observar no modelo arquitetural que o uso de Web Services serve tanto para formatar os dados com XBRL, quanto para consolidá-los em relatórios financeiros. Inicialmente, é necessário transformar em serviços web as funcionalidades dos sistemas que são responsáveis pelas informações que constarão nos relatórios financeiros que serão emitidos. Isso deve ocorrer, para que os Web José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 96 Services consigam extrair os dados dos sistemas, colocando-os no formato XBRL para, posteriormente, através da consolidação destes dados, seja possível criar o relatório financeiro, realizando, desta forma, a integração entre as duas tecnologias. Uma questão a ser considerada, neste modelo arquitetural, é que os processos de negócios são os elementos do modelo arquitetural que direcionam, através das leis e regulamentações a que estão vinculados, as necessidades dos documentos XBRL que, por sua vez, serão construídos pela organização, através dos seus Web Services. Figura 4.8 - Arquitetura de Integração SOA e XBRL Fonte: Autor deste Trabalho A integração da XBRL com os Web Services ocorre, quando o documento de instância XBRL é empacotado dentro da mensagem SOAP que será transmitida. Isto acontece após a definição ou seleção da taxonomia XBRL e a posterior criação do documento de instância XBRL, de acordo com as necessidades da organização. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 97 É importante ressaltar, que a taxonomia definida deve servir como padrão, pois o documento XBRL deverá ser validado, através dela, durante a sua criação e após o desempacotamento da mensagem SOAP, com o seu recebimento (e.g. pelo órgão regulador ou matriz da empresa) para processamento. As entradas e saídas relacionadas com esta atividade estão dispostas no Quadro 4.26. Quadro 4.26 - Entradas e Saídas Relacionadas com a Atividade Desenvolver Solução SOA Entradas da Atividade Saídas da Atividade Relatório de Análise do Cenário Atual da Serviços Web desenvolvidos e integrados Empresa. com a XBRL. Relação dos componentes e/ou funcionalidades que se transformarão em serviços. Fonte: Autor deste Trabalho 4.4.3 Fase de Implantação Esta fase visa implantar a solução SOA, desenvolvida na fase de implementação desta camada. Esta fase contém a atividade: implantar solução SOA, que é responsável por colocar em operação os serviços desenvolvidos na fase anterior. Caso a primeira tentativa de implantação da SOA não seja satisfatória, a empresa deve realizar, uma análise dos motivos que levaram ao insucesso, para que os erros cometidos ou riscos que se concretizaram, durante a tentativa de implantação, possam ser devidamente corrigidos ou eliminados. Posteriormente, quando a organização estiver mais familiarizada e confiante com o conceito (SOA), novas tentativas poderão ser executadas. Existe também a possibilidade do insucesso (da implantação SOA) estar relacionado a outros fatores, negligenciados na identificação e analise de riscos (Seção 4.4.1. item (iii)), neste caso a equipe responsável pela implantação SOA deve realizar uma avaliação crítica para identificar quais fatores levaram a implementação SOA a um desfecho negativo. Após o sucesso da primeira implantação, a organização deverá estender a sua implementação para outros sistemas. No entanto, até o final da implantação SOA, os sistemas de informações (Sistemas legados) e as aplicações SOA irão existir de maneira concomitante. Durante o processo de adoção da SOA, as políticas de governança da área de TI e de processos de negócio devem estar totalmente implantadas. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 98 Com o amadurecimento da organização, no que se refere ao uso da SOA, espera-se que os novos projetos se tornem mais rápidos de serem implantados, menos custosos e com menos problemas de implantação, pois, quanto maior for o nível de reutilização, menor será o esforço de desenvolvimento e a chance de ocorrência de problemas. Quando todos os sistemas se encontrarem orientados a serviço, a organização deve possuir um cenário estabilizado e os serviços devem se encontrar no repositório de serviços da empresa, não existindo a presença de serviços duplicados. Neste contexto, é importante que qualquer novo serviço siga o processo de desenvolvimento e as políticas organizacionais direcionadas para a SOA. A utilização dos serviços, disponibilizados pela empresa, também deve ser feita por meio do repositório de serviços e com um contrato formal de prestação de serviços (WALDMAN, 2009). 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo apresentou o modelo de governança e gestão de TI. O modelo se divide em 03 camadas e proporciona a criação de um ambiente corporativo e de TI gerenciável e que se adequa as mudanças que ocorrem nos requisitos de negócios da organização, incluindo os requisitos legais e regulamentares. Além disso, o modelo proposto contribui para dar mais flexibilidade aos sistemas de informações e mais qualidade e confiabilidade à emissão dos relatórios financeiros. A camada de gestão de processos de negócios mostrou como planejar, avaliar, otimizar e controlar os processos de negócios da organização, através da utilização das boas práticas do BPM. Na camada de implantação da governança de TI foi mostrado como implantar a governança da área de TI, baseada nas prioridades do negócio e riscos de TI, utilizando para isso as boas práticas do COBIT e do ITIL. Nesta camada são utilizadas técnicas para selecionar, analisar e implementar os processos de TI de uma organização. A camada de gestão de processos de negócios e a camada de implantação da governança de TI contribuem para a criação do ambiente corporativo e de TI de uma organização. O COBIT, como modelo de governança de TI, permite medir, controlar e avaliar todos os processos de TI que, por sua vez, suportam os objetivos de negócio da organização, contribuindo para que a estratégia da empresa seja alcançada. Já o ITIL contribui, através das suas práticas, para projetar e estruturar processos de maneira adaptável, deixando-os mais eficientes e controlados dentro da organização. Dessa forma, pode se observar os efeitos benéficos que a implantação da governança de TI poderá fornecer para a organização. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 99 Na camada de implantação SOA e integração com a XBRL foram discutidos os aspectos relacionados com a identificação e controle de riscos na implementação da arquitetura orientada a serviços. Nesta camada foi apresentado um modelo para implantação da SOA e integração com a tecnologia XBRL, através de Web Services, possibilitando o provimento de sistemas de informações mais flexíveis, interoperáveis e alinhados com os processos de negócios, além de melhorar a qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros. Com a utilização da XBRL, este modelo contribui para a diminuição da necessidade de transformação de formato de dados financeiros e para a diminuição do custo de extração de dados de relatórios financeiros. O risco de erros e, consequentemente, aumento da confiabilidade das informações financeiras também são alcançados, em razão da diminuição da necessidade de esforços para transformar e extrair dados de diferentes formatos. Com a utilização da SOA, o modelo consegue prover aos sistemas de informações mais flexibilidade às mudanças que ocorrem no negócio da organização. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 100 5 EXEMPLO DE USO DO MODELO DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI Este capítulo discute a aplicação do modelo de governança e gestão de TI dentro de uma organização. O objetivo deste capítulo é avaliar o modelo proposto e demonstrar, por meio de um exemplo de uso, as principais ideias e contribuições discutidas no Capítulo 04. Devido a complexidade do modelo e às restrições de tempo impostas em um projeto de mestrado, não foi possível realizar um estudo de caso prático de aplicação do modelo, nem contemplar, em detalhes, todas as fases e atividades do modelo proposto nesta dissertação. Desta forma, apenas algumas fases das 03 camadas do modelo foram selecionadas para serem vistas em detalhes neste exemplo de uso. Na camada de gestão de processos de negócios, apenas as fases de entendimento do negócio e projeto foram selecionadas, uma vez que estas representam a parte estratégica da camada e permitem a modelagem e otimização dos processos de negócios. Já na camada de implantação da governança de TI foram selecionadas as fases de identificação das necessidades de negócio e de TI e avaliação e diagnóstico. Estas fases foram escolhidas, em razão delas objetivarem o alinhamento estratégico entre a TI e o negócio, além da avaliação e definição dos critérios necessários à estruturação dos processos. A camada de implantação SOA e integração com a XBRL, por sua vez, teve apenas a fase de desenvolvimento da solução SOA e integração com a XBRL selecionada, uma vez que é nesta fase que ocorre a integração dos web services com a XBRL. Este capítulo está organizado da seguinte maneira: inicialmente, a Seção 5.1 contextualiza o cenário da empresa utilizada no exemplo de uso; a Seção 5.2 aplica a camada de gestão de processos de negócios; a Seção 5.3 discute a implantação da camada de implantação da governança de TI; já a Seção 5.4 aplica a camada de implantação SOA e integração com a XBRL; finalmente, a Seção 5.5 descreve a conclusão e considerações finais deste capítulo. 5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO EXEMPLO DE USO A seguir é apresentado um exemplo de uso do modelo de governança e gestão de TI em uma empresa fictícia que atua na área industrial e que deve estar aderente aos requisitos da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). A SOX foi escolhida, para ser utilizada neste estudo, por ser uma referência legal e regulamentária da área financeira americana, além de ter influenciado e servido de base para a criação de diversas outras regulamentações (que têm os mesmos princípios e objetivos da SOX) como, por exemplo, a Japanese Internal Control Report System (JSOX) no Japão (JSOX, 2005) e a Loi de sécurité financière (LSF) na França (LSF, 2003). José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 101 Para exemplificar o uso do modelo, será simulada a sua implantação para solucionar os problemas que refletem o contexto atual da empresa fictícia. Os problemas são: (i) Baixa flexibilidade dos sistemas, em razão da reduzida capacidade das aplicações serem adaptadas as alterações que ocorrem em requisitos legais; (ii) Falta de controle de mudanças, principalmente sobre os sistemas de informações; (iii) Ausência de processos de negócios e de TI definidos, institucionalizados e gerenciados; (iv) Dificuldade de consolidação dos dados financeiros, em virtude da diversidade de sistemas de informações presentes na matriz e filiais da empresa; (v) Baixa aderência à SOX, devido a falta de um adequado ambiente corporativo e de TI e, consequentemente, de um processo de controle de mudanças. O restante deste capítulo descreverá a aplicação de cada camada do modelo, com o objetivo de demonstrar como esse modelo poderia ser aplicado em uma situação real. 5.2 APLICAÇÃO DA CAMADA DE GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS A partir do entendimento dos problemas elencados na Seção 5.1 e da necessidade de solucioná-los, é possível iniciar a execução das fases e atividades desta camada, com o objetivo de resolver o problema relacionado com a falta de processos de negócios estruturados e controlados, para proporcionar uma diminuição dos riscos na implantação SOA. Antes de iniciar a execução do modelo de gestão de processos de negócios, através das práticas de BPM, deve-se realizar uma análise da infraestrutura da empresa com a finalidade de avaliar a estrutura física, de software e pessoal. 5.2.1 Fase de Entendimento do Negócio Deve-se realizar uma avaliação dos atuais processos de negócios para identificar se eles contribuem para alcançar as metas da organização, que tinha como um de seus objetivos estar em conformidade com a SOX. Com isto, é possível ter uma visão global dos processos da organização e selecionar um processo para ser otimizado. Desenvolver Visão Global dos Processos Em razão da importância da área financeira para a conformidade com a SOX, a visão global deve ser construída apenas com os processos da área financeira da empresa. Pode-se utilizar a técnica de (HARRINGTON; ESSELING; NINWEGEN, 1997) para construir a visão global dos processos (Seção 4.2.1). A escolha dessa técnica se baseou apenas no José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 102 princípio da facilidade de visualização e construção de diagramas que a técnica possui (Seção 4.2.1), uma vez que somente a área financeira seria contemplada. A Figura 5.1 ilustra uma visão global dos processos da área financeira, é possível identificar os subprocessos que compõem o processo gerenciar recursos financeiros. Figura 5.1 - Visão Global de Processos da Área Financeira Fonte: Autor deste Trabalho Selecionar Processos De uma forma geral, os processos da área financeira precisariam estar formalmente estruturados (com fluxo definido, testado e institucionalizado, além de estarem devidamente documentados) para proporcionarem uma redução de custo e prazo de realização das suas atividades, resultando, com isso, em um aumento da qualidade. A estruturação pode ser feita a partir do processo de contas a receber, pois, dentre os processos da área financeira, este é o processo que trabalha diretamente com a receita da empresa. Uma falha neste processo pode resultar em perdas financeira para empresa, o que se traduz em uma ameaça para os negócios. 5.2.2 Fase de Projeto Uma vez construída a visão global dos processos e selecionado o processo a ser otimizado, pode-se iniciar a modelagem do estado atual e desejado do processo de contas a receber, priorizado na fase de entendimento do negócio (Seção 5.2.1). Modelagem do Estado Atual Para mapear o processo atual, deve-se analisar o modelo da visão global dos processos. Mas, uma vez que o processo não está formalmente estruturado, definido e documentado, essa análise fica limitada, não sendo possível estendê-la para outros José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 103 documentos relacionados com a sua especificação e funcionamento. Como a empresa possui infraestrutura física, ferramentas e pessoal para executar esta atividade, a tarefa de planejamento da modelagem definirá, apenas, que será necessário documentar as atividades do processo, juntamente com suas deficiências. Um mapeamento do processo deve considerar a informação obtida com todos os usuários envolvidos no processo de otimização e identificar aspectos do processo atual como, por exemplo, se o processo: (i) possui uma atividade responsável por estabelecer as políticas de como o processamento das contas a receber deve ser realizado; (ii) considera uma avaliação de risco e solvência dos clientes para o fornecimento de crédito; (iii) possui um controle eficaz sobre as cobranças das contas que estão inadimplentes; e (iv) contém uma atividade formal para enviar as contas recebidas para o registros de vendas, pois a sua ausência pode gerar inconsistências nos relatórios produzidos pela empresa. A construção do modelo do estado atual pode ser feita através do método BPMN (Seção 4.2.2). O modelo deve ser devidamente validado com todos os envolvidos na estruturação do processo e, caso seja necessário, deve-se realizar os ajustes provenientes da validação. Após isso, o processo deve ser documentado. A simulação do modelo do processo atual pode ser visualizada na Figura 5.2. Nela é possível observar as 03 atividades que compõe processo que está em execução. Figura 5.2 - Modelo do Estado Atual do Processo de Contas a Receber Fonte: Autor deste Trabalho Modelagem do Estado Desejado Uma vez que o modelo atual do processo tenha sido definido e documentado, esta atividade transforma as deficiências do processo atual em melhorias no novo processo. Para isso, pode-se realizar um redesenho do processo, baseado no framework de benchmarking do Process Classification Framework (PCF) da American Productivity & Quality Center (APQC) (APQC, 2012). A combinação do redesenho com o benchmarking promovem um refinamento no processo atual, sem deixar de observar o padrão de referencia do PCF, que permite (através do estudo de como as outras organizações desempenham as mesmas atividades) evoluir e deixar mais competitivo o processo a ser melhorado. O diagrama do modelo do estado desejado deve ser construído usando o método BPMN (Seção 4.4.2) e pode José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 104 ser visualizado na Figura 5.3. O novo processo estará reestruturado, contemplando novas atividades. Estas novas atividades, juntamente com o fluxo delas, devem ser criadas para corrigir as deficiências encontradas na atividade anterior (modelar estado atual). Figura 5.3 - Modelo do Estado Desejado do Processo de Contas a Receber Fonte: Autor deste Trabalho 5.2.3 Fases de Implantação e Monitoramento e Controle Ao final da fase de projeto, pode-se perceber alguns benefícios da otimização e se iniciar treinamentos sobre o processo aos usuários em conjunto com sua implantação. Após a implantação do processo, deve-se realizar o monitoramento e controle do mesmo, além da avaliação dos resultados, visando proporcionar aos tomadores de decisões, as informações sobre o comportamento deste processo, possibilitando corrigir tempestivamente qualquer desvio que ocorra, mantendo o processo dentro dos limites esperados. 5.3 APLICAÇÃO DA CAMADA DE IMPLANTAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI Uma vez, que a camada de processos de negócios tenha sido executada e o processo priorizado já se encontra estruturado, definido e sendo gerenciado, é possível iniciar a implantação da governança de TI. A implantação desta camada é importante, pois os processos de TI serão responsáveis pelo suporte dos serviços SOA que serão desenvolvidos e integrados na camada de implantação SOA e integração com a XBRL. O uso desta camada visa implantar a governança de TI, juntamente com um processo de gerenciamento de mudanças que melhore o controle sobre as alterações relacionadas com os sistemas de informações e principalmente com os serviços que a organização passará a desenvolver para deixar os seus sistemas mais flexíveis às modificações que ocorrem nos processos de negócios. Apesar disso, deve-se analisar se o processo de gerenciamento de José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 105 mudanças na organização é prioritário em relação a outros. Essa avaliação é necessária, pois podem existir outros processos de TI que precisem de melhorias ou, em outro cenário, a empresa pode ter a necessidade de implantar outros processos de TI que resultem em melhorias mais significativas do que as melhorias geradas pela otimização do processo de gerenciamento de mudanças. 5.3.1 Fase de Identificação das Necessidades de Negócio e de TI Os dados obtidos nesta fase representam as informações relacionadas com a definição das metas de negócio e de TI, seleção dos processos de TI e identificação e avaliação dos riscos relacionados com a implantação da governança de TI. Deve-se ressaltar a importância que o apoio da alta administração da empresa e de todos os seus envolvidos têm na implantação da governança de TI. A empresa deve identificar positivamente os benefícios que a implantação da governança de TI trará para a organização. Possíveis pontos falhos e benefícios esperados, após uma avaliação realizada na empresa, podem ser identificados nos itens a seguir. (i) Pontos Falhos o Falta de controle sobre as mudanças realizadas; o Falta de processos de TI padronizados; o Falta de aderência para leis e regulamentos. (ii) Benefícios da Implantação da governança de TI o Maior controle sobre as mudanças que serão realizadas; o Melhor desempenho dos serviços o Serviços mais confiáveis; o Processos de TI padronizados; o Maior aderência às leis e regulamentos. Definir Metas As metas de negócio e de TI devem ser selecionadas, considerando o cenário atual da organização e a análise do planejamento e mapa estratégico (por exemplo, gerado a partir do BSC) da empresa. Também deve ser observado, o princípio de que somente as metas de negócio e de TI mais importantes (considerando o planejamento e mapa estratégico) devem ser selecionadas. As descrições de algumas metas, que se relacionam com o cenário descrito na contextualização (Seção 5.1), estão dispostas nos itens a seguir: José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 106 (i) Meta de Negócio: garantir conformidade com leis, regulamentos e contratos; (ii) Meta de TI: garantir o mínimo de impacto no negócio, quando um evento de interrupção ou mudança no serviço de TI acontecer; (iii) Meta de TI: manter a integridade da informação e infraestrutura de processamento. Selecionar Processos Em razão de a empresa precisar estar em conformidade com a SOX, é necessário observar alguns aspectos relacionados com a lei. O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) (ITGI, 2006), que atua em conjunto com a Securities and Exchange Commission (SEC) (ITGI, 2006) e tem o encargo de supervisionar, regulamentar, inspecionar e disciplinar as empresas de auditoria externa, em seus papéis de auditores de organizações de capital aberto, identificou e definiu 04 controles genéricos de TI. Esses controles definidos pelo PCAOB estão diretamente relacionados aos serviços de TI, que formam a base das operações de negócio realizadas pelas empresas. Dessa forma, esses controles estão embutidos nos processos de TI da empresa que, por sua vez, proveem um ambiente de operação confiável e promovem um suporte efetivo à operação e aos controles de aplicação da empresa. Os 04 controles definidos pela PCAOB, conforme o ITGI (2006) são: (i) Controle sobre o desenvolvimento de sistemas: tem como principal objetivo controlar a aquisição e implementação de novas aplicações e manutenção de aplicações existentes; (ii) Controle sobre as mudanças ocorridas em sistemas: objetiva controlar as mudanças necessárias ao processo de desenvolvimento e manutenção de aplicações; (iii) Controle sobre as operações em computadores: tem como objetivo controlar toda a definição, aquisição, operação, configuração, integração e manutenção da infraestrutura de TI da organização, abrangendo o gerenciamento de níveis de serviço, operações, serviços de terceiros, disponibilidade, configuração, incidentes e problemas; (iv) Controle sobre o acesso a dados e sistemas: promove o acesso seguro a programas e dados que estão expostos nas redes internas e externas da empresa. Uma vez bem implementado, este controle provê um razoável nível de segurança para empresa, José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 107 impedindo acessos não autorizados, softwares maliciosos e outras tentativas de intrusão. Esses controles estão alinhados com 12 processos de TI do COBIT, para satisfazer a conformidade com a SOX (ITGI, 2006). Um mapeamento desses controles com os processos do COBIT pode ser visto no Quadro 5.1. Quadro 5.1 - Mapeamento entre os processos de TI do COBIT e os controles genéricos de TI da PCAOB MAPEAMENTO DO PCAOB E COBIT Aquisição e manutenção de sistemas aplicativos Aquisição e manutenção da arquitetura tecnológica Acesso a dados e Sistemas Operações em Computadores Mudanças em Sistemas AI2 AI3 Permitir a operação e o uso AI4 Instalação e homologação de soluções e mudanças AI7 Gerenciamento de Mudanças AI6 Definir e gerenciar níveis de serviço Gerenciar serviços de terceiros DS1 DS2 DS5 Assegurar a segurança dos sistemas Gerenciamento de configurações Gerenciamento de Problemas e Incidentes Gerenciamento de Dados Controles Gerais de TI da PCAOB Desenvolvimento de Sistemas Processos de TI do COBIT Código do Processo do COBIT COBIT DS9 DS8, DS10 DS11 DS12, Gerenciamento Físico de Ambientes DS13 e Operações Fonte: Adaptado do ITGI (2006) É importante observar, que não é necessário à implementação de todos os 12 processos do COBIT para satisfazer a lei. Pode-se apenas, optar pela implantação dos processos que se José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 108 adéquam ao seu contexto ou momento. Por outro lado, apesar de haver referência a 12 processos de TI do COBIT, caso haja necessidade, outros poderão ser implementados, para melhor satisfazer as exigências da Lei (ITGI, 2006). A partir da análise das metas de negócio e das metas de TI, deve-se selecionar o processo ou os processos que devem ser revistos. Neste exemplo de uso, optou-se pelo processo de gerenciamento de mudanças. A escolha reside no fato desse processo ser um importante para o negócio e para a área de TI das organizações, sendo relevante para que a empresa se mantenha em conformidade com a SOX. Identificar e Avaliar Riscos Esta atividade se propõe a identificar o perfil de risco da empresa, juntamente com alguns riscos relacionados com os serviços entregues pela organização e com a estruturação do processo de gerenciamento de mudanças. Segue abaixo a descrição de um possível perfil de risco, juntamente com os riscos que podem ser identificados. o Perfil de Risco: como se trata de um exemplo de uso, decidiu-se atribuir à empresa um perfil de risco moderado. Em um cenário real, isso pode ser constatado pela análise da política de gerenciamento de riscos da empresa, entrevistas com a alta administração e pelo histórico de incidentes que podem ser causados na sua maioria por mudanças mal controladas. o Principais riscos identificados, considerando o processo de gerenciamento de mudanças: Falta de controles sobre as mudanças; Falta de padronização do processo de gerenciamento de mudanças; Indisponibilidade dos sistemas de informações; Prejuízos financeiros e efeitos colaterais não intencionais e; Falta de aderência à leis e regulamentações. 5.3.2 Fase de Avaliação e Diagnóstico De posse das metas de negócio e de TI, processos de TI e riscos que foram identificados, pode-se iniciar a avaliação e diagnóstico do processo de gerenciamento de mudanças que foi selecionado na fase de identificação das necessidades de negócio e de TI (Seção 5.3.1). José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 109 Avaliação da Situação Atual Em razão da falta de definição de um processo de mudança na organização e de acordo com o modelo de maturidade do COBIT, considera-se que o atual processo de gerenciamento de mudanças possui o nível de maturidade 01 e, consequentemente, baixo desempenho. Avaliação da Situação Ideal Uma análise da importância do processo de gerenciamento de mudanças, para a empresa tratada neste exemplo de uso, permite observar que o mau gerenciamento das mudanças pode causar interrupções no seu ambiente operacional e, consequentemente, nos sistemas de informações da empresa, tornando-se importante para o negócio possuir um processo estruturado e institucionalizado. Ao analisar o processo de gerenciamento de mudanças, sob a ótica da SOX, é possível identificar sua importância, pois ele assegura que qualquer mudança nos sistemas de informações seja analisada, autorizada e testada antes de ir para o ambiente de produção, garantindo, com isso, a integridade da informação e permitindo criar trilhas de auditorias, as quais podem usadas, por exemplo, para investigações contra crimes financeiros, caso alguma alteração mal intencionada tenha sido feita. Para definir o nível de maturidade ideal para o processo de mudanças, devem ser feitos estudos comparativos (benchmarking) em empresas do mesmo porte e segmento de mercado, com o objetivo de obter o nível de maturidade do processo de gerenciamento de mudanças em empresas de características semelhantes. Sugere-se que o estudo seja realizado em 05 empresas que tenham um controle de mudanças definido e eficiente que, de acordo com o modelo do COBIT, representa o nível 03 de maturidade. Para manter a competitividade com seus concorrentes, transparência e eficiência dos controles financeiros da empresa, o ideal é que a empresa obtenha este mesmo nível de maturidade. Outro aspecto que reforça o resultado do estudo comparativo é a importância que o processo tem para o negócio da organização e os riscos (identificados na seção 5.3.1) aos quais a empresa está suscetível sem a implementação de um controle de mudanças. Desta forma, para que a empresa tenha um processo de gerenciamento de mudanças, definido e documentado, controlado e institucionalizado, mitigando ou eliminando, com isso, os riscos identificados e melhorando os resultados no negócio, incluindo o aumento de aderência à SOX, a empresa deve possuir o nível 03 de maturidade, como sua situação ideal. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 110 Análise de GAP Esta atividade realiza uma análise entre a maturidade atual e a desejada, traduzindo em oportunidade de melhorias a diferença existente entre os dois níveis de maturidade. Esta atividade possibilita a integração do COBIT com o ITIL para promover melhorias no processo de gerenciamento de mudanças. Com o objetivo de melhorar o controle das mudanças da organização, foi proposto um modelo de processo de gerenciamento de mudanças, baseado nas melhores práticas do COBIT e do ITIL. Este processo terá como o objetivo assegurar que as mudanças (reativas ou proativas) sejam registradas, avaliadas, autorizadas, priorizadas, planejadas, testadas, implementadas, documentadas e revisadas de maneira controlada, minimizando, com isso, os riscos e os impactos no negócio e assegurando o sucesso da mudança. O modelo de processo de gerenciamento de mudanças proposto deve responder as requisições de modificações que ocorrem nos requisitos de negócio, enquanto maximiza o valor e reduz os incidentes e interrupções dos serviços SOA que serão construídos, alinhandoos às necessidades do negócio. Este processo atende as alterações que acontecem durante o ciclo de vida do serviço. Um aspecto importante, que deve estar incorporado na empresa, se relaciona com a definição clara de alguns termos que irão fazer parte do cotidiano da instituição, após a implantação do processo. Estes termos são: a) Mudança de serviço: é uma mudança em um serviço existente ou introdução de um novo serviço. Pode ser entendida também como uma adição, modificação ou remoção de um serviço autorizado, planejado ou suportado ou em algum componente de serviço e sua documentação; b) Requisição de mudança (RDM): é uma comunicação formal que busca a alteração em um ou mais serviços; c) Comitê consultivo de mudanças (CCM): no processo de gerenciamento de mudanças é importante a criação do comitê consultivo de mudanças (CCM), que é formado por uma equipe multidisciplinar composta por: usuários, analistas, programadores, consultores, especialistas no negócio e por gerentes de projetos. Este comitê é criado com a finalidade de auxiliar a avaliação e aprovação das mudanças. O comitê deve possuir autoridade para aprovar mudanças significativas durante o ciclo de vida do serviço ou projetos que envolvam o desenvolvimento e manutenção de serviços; José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 111 d) Programação de mudanças: consiste no agendamento detalhado das mudanças que serão realizadas. Esta programação deve ser devidamente acordada com a área de negócios afetada; e) Modelo de mudanças: define as etapas, juntamente com sua ordem cronológica de execução, que devem ser realizadas para aplicar a mudança. Deve conter, entre outros, as responsabilidades de quem irá realizar a mudança, as etapas que serão executadas, a ordem cronológica de execução das etapas, prazos, os procedimentos para tratar as reclamações e o nome de quem requisitou a mudança; f) Plano de retrocesso: consiste no plano que restaura para a situação imediatamente anterior a da mudança que foi realizada no serviço. É muito importante que toda mudança aprovada tenha um plano de retrocesso. Com a finalidade de definir os critérios e objetivos de controle do processo de gerenciamento de mudanças, foram extraídos do COBIT os objetivos e práticas de controle, para proporcionar o atendimento ao nível maturidade 03. Esses objetivos e práticas representam o que o processo de gerenciamento de mudanças deve possuir para realizar, de forma eficiente, o controle das alterações realizadas nos serviços SOA da organização. Os objetivos e práticas de controle, recomendados pelo COBIT, que foram selecionados para estruturar o processo de gerenciamento de mudanças são: a) Padrões e procedimentos de mudanças: este objetivo de controle estabelece um procedimento formal de gerenciamento de mudanças para controlar de maneira unificada todas as solicitações de mudança. As práticas de controle associadas são: o Desenvolver, documentar e homologar uma estrutura de gerenciamento de mudanças que especifica a política e o processo de mudanças e inclui: Papéis e responsabilidades; Priorização e classificação de todas as mudanças baseado no risco para o negócio; Avaliação do impacto da realização e não realização da mudança e; Registrar todas as mudanças que forem solicitadas; b) Avaliação de impacto, priorização e autorização de mudanças: este objetivo de controle avalia todas as solicitações de mudança de modo estruturado para José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 112 determinar o impacto no negócio e no serviço, assegurando que as mudanças sejam categorizadas, priorizadas e autorizadas. As práticas de controle associadas são: o Desenvolver um processo de mudanças que permita que aos gestores dos processos de negócio e de TI possam solicitar mudanças para os serviços disponibilizados para empresa; o Desenvolver controles para assegurar que todas as mudanças que surgirem, sejam solicitadas através processo de gerenciamento de mudanças; o Priorizar todas as mudanças; o Analisar todas as solicitações de maneira estruturada e assegurar que essa avaliação levou em conta o impacto na TI e no negócio; c) Rastreamento da mudança pelo status e relatórios: este objetivo de controle visa estabelecer um sistema de rastreamento, por meio de relatórios, para documentar e comunicar o status das mudanças. As práticas de controle associadas são: o Atribuir um status para todas as mudanças; o Permitir que os solicitantes e todos os envolvidos possam rastrear as requisições de mudança pelo seu status; d) Encerramento e documentação das mudanças: este objetivo de controle, sempre que mudanças forem implantadas, atualiza o sistema e a documentação. As práticas de controle associadas são: o Assegurar que a documentação esteja de acordo com o processo de gerenciamento de mudanças e seja parte integral do mesmo. (i) Processo de Gerenciamento de Mudanças Para facilitar o controle sobre as mudanças que ocorrerão nos serviços SOA, que serão desenvolvidos pela organização, foi proposto um modelo de processo de gerenciamento de mudanças, que consolida as boas práticas do COBIT e do ITIL. Este modelo foi estruturado com base nas boas práticas do ITIL, de forma a satisfazer os objetivos e práticas de controle do COBIT, provendo, desta forma, um controle eficiente sobre as mudanças que serão realizadas nos serviços SOA da organização. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 113 O modelo de processo proposto para gerenciar as mudanças nos serviços SOA procura garantir que as requisições de mudanças sejam processadas de modo padronizado, e passem por um processo de avaliação de impacto e aprovação, além de fazer com que todos os envolvidos com o serviço sempre estejam bem informados. Com a utilização deste processo é esperado mitigar os riscos da implantação das mudanças, minimizar interrupções nos serviços, evitar mudanças não autorizadas e balancear necessidades e impactos. O gerenciamento de mudanças engloba as solicitações de melhoria, os consertos de defeitos, as mudança de requisitos e as ações corretivas. O controle das mudanças é feito através das requisições de mudanças, que devem ser devidamente registradas. As requisições de mudanças são documentos usados para documentar e controlar qualquer tipo de alteração realizada nos serviços da empresa. A vantagem de se utilizar requisições, é que elas fornecem um registro das decisões e, devido ao seu processo de avaliação, garante que os impactos das mudanças sejam entendidos. É importante ressaltar, que as requisições de mudanças relacionadas com os serviços que já possuem uma versão estável, deverão obrigatoriamente passar por um processo formal de gerenciamento de mudanças. A Figura 5.4 mostra o modelo de processo de gerenciamento de mudanças proposto, incluindo suas respectivas atividades (MOREIRA; SILVA, 2012). Figura 5.4 - Modelo de Processo de Gerenciamento de Mudanças Fonte: Autor deste Trabalho As atividades necessárias, ilustradas na Figura 5.4, para executar o processo de gerenciamento de mudanças são (MOREIRA; SILVA, 2012): (i) Registrar requisição de mudança: esta atividade tem como objetivo realizar o registro da mudança, incluindo todas as informações necessárias para identificação, aceite e posterior avaliação. As informações necessárias para uma requisição de mudança são: José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 114 ◦ número de identificação; ◦ descrição dos itens que devem ser mudados; ◦ razões da mudança; ◦ efeitos da não implementação da mudança; ◦ dados de identificação do solicitante; ◦ versão atual do item que pode estar sendo mudado; ◦ data da submissão; ◦ prioridade da mudança; ◦ avaliação de impacto; ◦ riscos envolvidos; ◦ retorno esperado; ◦ recomendações do CCM (quando apropriado); ◦ assinatura de autorização com data e hora; ◦ agendamento da implementação; ◦ relacionamentos entre mudanças; ◦ o responsável e os detalhes da criação da solução, testes e implantação da mudança; ◦ plano de retrocesso; ◦ data da revisão juntamente com os resultados; ◦ status da mudança e o relatório de progresso relacionado com o status da requisição de mudança. É importante ressaltar que toda requisição de mudança deve possuir um status. Este status mostra o andamento da solicitação dentro do processo de gerenciamento de mudanças. Os status sugeridos para uma requisição de mudança podem ser vistos através do Quadro 5.2. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 115 Quadro 5.2 - Status de uma solicitação de mudança Código Status Descrição 01 Nova 02 Aceita 03 Rejeitada A requisição de mudança não possui informações suficientes. 04 Duplicada A requisição de mudança é uma duplicata de outra já existente. 05 Autorizada A requisição de mudança foi autorizada para ser implementada. A requisição de mudança foi especificada e submetida. A requisição de mudança foi aceita e passará pelas outras etapas do processo de gerenciamento de mudanças. 06 Não Autorizada A implementação da requisição de mudança não foi autorizada. 07 Em andamento A requisição de mudança está sendo implementada. 08 Implementada 09 Em Teste 10 Reprovada 11 Aprovada A mudança está pronta para ser implantada. 12 Revisada A mudança foi revisada. 13 Fechada 14 Cancelada 15 Reaberta A requisição de mudança foi implementada e está pronta para ser testada. A requisição de mudança está sendo testada. O teste comprovou que a implementação realizada continha defeitos e a mudança não poderia ser implantada. A mudança foi revisada, atingiu o retorno esperado pela área de negócio e usuários dos serviços e encontra-se fechada. A mudança foi rejeitada, não autorizada ou estava duplicada, portanto foi cancelada. A mudança foi revisada, mas não atingiu o retorno esperado pela área de negócio e usuários e foi novamente aberta. Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 116 (ii) Revisar Requisição de Mudança: esta atividade tem como objetivo aceitar ou rejeitar as solicitações de mudanças que foram registradas na atividade anterior (registrar requisição de mudança). Para isso, realiza-se um filtro que avalia se a requisição de mudança se encontra sem ambiguidades, ilógica ou se a mesma é desnecessária ou impraticável, motivos que podem levar a sua rejeição. Quando a rejeição acontece, a solicitação retorna para o seu solicitante (junto com a sua documentação, incluindo os motivos da rejeição), que tem a oportunidade de rever ou justificar a requisição; (iii) Analisar e avaliar a mudança: esta atividade consiste em analisar e avaliar os impactos causados por uma mudança. É necessário realizar uma análise de riscos para identificar fatores que possam impedir a entrega do serviço ou corromper o negócio, impactando, desta forma, os objetivos estratégicos da organização. Esta análise de riscos é necessária para que ações corretas sejam tomadas tempestivamente e da melhor maneira possível. Ainda nesta atividade, é necessário estabelecer a priorização das mudanças, através da matriz de urgência e impacto, considerando os riscos, os custos e os benefícios das mudanças. Esta priorização se faz necessária para determinar a importância de uma mudança em relação às outras. Inicialmente, o solicitante sugere o impacto e urgência da mudança, mas é responsabilidade do gerenciamento de mudanças estabelecer a prioridade final, após considerar as prioridades das outras mudanças que estão sendo processadas. Os Quadros 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 mostram sugestões de como estabelecer a prioridade de uma mudança. O Quadro 5.3 apresenta a matriz de urgência e impacto. Através desta matriz, é possível estabelecer o nível de prioridade da mudança. Os Quadros 5.4 e 5.5 estabelecem as definições dos níveis de impacto e urgência que devem sempre considerar a análise de risco, custo e benefício da mudança. O Quadro 5.6 mostra os níveis de prioridade com as suas respectivas descrições. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 117 Quadro 5.3 - Matriz de urgência e impacto de uma mudança. Impacto Urgência Alto Médio Baixo Alta 01 02 03 Média 02 03 04 Baixa 03 04 04 Níveis de Prioridade Fonte: Autor deste Trabalho Quadro 5.4 - Descrição dos níveis de urgência Nível de Urgência Alta Descrição A mudança deve ser realizada em caráter de urgência. Média A mudança não pode esperar muito. Baixa A mudança pode esperar. Fonte: Autor deste Trabalho Quadro 5.5 - Descrição dos níveis de impacto Nível de Impacto Alto Médio Baixo Descrição A mudança acarreta perdas severa nos serviços da organização e afeta muitos usuários ou unidades; A mudança causa um impacto significativo (mas não severo como o nível alto), e não pode demorar muito para ser implementada; A mudança é justificada e necessária, mas pode esperar. Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 118 Quadro 5.6 – Níveis de Prioridade de uma mudança Nível 01 Prioridades das Mudanças Imediata: acarreta perdas severas nos serviços da organização, afetando, com isso, muitos usuários ou unidades da empresa; 02 Alta: afeta com severidade alguns ou muitos usuários do serviço, mas não acarreta as perdas que a prioridade imediata causa; 03 Média: possui um impacto significativo para os serviços e não pode demorar muito para ser implementada; 04 Baixa: a mudança é justificada e necessária, mas pode esperar. Fonte: Autor deste Trabalho (iv) Autorizar Mudança: esta atividade tem como objetivo realizar a autorização da mudança. Esta autorização deve ser fornecida por uma das autoridades relacionadas no Quadro 5.7. Caso seja autorizada, a mudança é encaminhada para a equipe de desenvolvimento ou manutenção, para a sua devida implementação. Quadro 5.7 - Estrutura de Níveis de Autorização Autoridade Prioridade Diretoria de TI (Considerando o CCM) Gerente de Projetos de Sistemas (Considerando o CCM) (v) Imediata Alta Comitê Consultivo de Mudanças Média Líder do Projeto Baixa Coordenar a implementação da mudança: tem como objetivo coordenar as atividades de criação da solução SOA (incluindo o plano de retrocesso), execução dos testes (que toda mudança deve passar antes de ser implantada) e implantação da mudança. Esta atividade deve garantir que a mudança seja testada. É José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 119 importante que haja um plano de retrocesso, para permitir o retorno ao estágio imediatamente anterior ao da implantação da mudança, nas situações em que a implantação da mudança cause uma não conformidade. (vi) Revisar e encerrar a mudança: esta atividade tem como objetivo revisar todas as mudanças implantadas, após um determinado período, para ver se as mudanças atingiram os resultados desejados e se a área de negócio e os usuários estão satisfeitos. Caso a mudança não tenha atingido seu objetivo, deve-se decidir quais procedimentos devem ser realizados para que o resultado esperado pelo solicitante da mudança seja alcançado, o que pode envolver retornar ao inicio do fluxo. Caso contrário, a mudança é formalmente encerrada. Esta revisão deve objetivar a satisfação dos usuários. Desta forma, com a implantação deste processo de gerenciamento de mudanças, a empresa poderá mitigar os riscos relacionados com: (i) os controles insuficientes sobre mudanças; (ii) a falta de padronização do processo de gerenciamento de mudanças; (iii) a realização de mudanças não autorizadas; (iv) a redução da indisponibilidade dos sistemas de informações e futuros serviços SOA; (v) os efeitos colaterais não intencionais; (vi) a falta de aderência à leis e regulamentações; e (vii) baixo desempenho do processo. Além disso, a empresa ainda obterá os seguintes benefícios: (i) gerenciamento de mudanças sendo realizado de maneira padronizada, eficaz e eficiente; (ii) mudanças sendo autorizadas e revisadas de forma consistente e coordenada; (iii) sistemas de informações e serviços SOA mais confiáveis; e (iv) maior aderência a leis e regulamentações, uma vez que o processo estará bem definido; 5.3.3 Fases de Planejamento e Execução dos Projetos de Melhorias Ao final da análise de GAP, é possível visualizar como o trabalho do COBIT junto com o ITIL acontece e perceber os benefícios que asseguram que as futuras mudanças sejam registradas e controladas, em razão da estruturação feita no processo. Deve haver a criação do projeto de implantação das melhorias, encontradas na fase de avaliação e diagnóstico (Seção 5.3.2), que estavam relacionadas com o processo de gerenciamento de mudanças, uma vez que o mesmo foi devidamente selecionado e aprovado para ser executado. O projeto de melhorias deve contemplar as métricas de processo e atividades que se relacionam com o gerenciamento de mudanças. As principais metricas relacionadas são: (i) a quantidade de paradas ou erros em dados, devido a especificações inadequadas ou avaliações José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 120 de impacto incompletas; (ii) a quantidade de retrabalho de desenvolvimento ou manutenção causado por especificações de mudança inadequadas; e (iii) o percentual de mudanças que seguem o processo formal de controle de mudanças. O projeto pode ser desenvolvido através das boas práticas do PMI e deve ter todas as suas lições aprendidas registradas e compartilhadas. Deve-se, também, registrar os resultados da avaliação da implantação da governança de TI. 5.4 APLICAÇÃO DA CAMADA DE IMPLANTAÇÃO SOA E INTEGRAÇÃO COM A XBRL Com o ambiente corporativo e de TI preparados para comportar a criação de serviços baseados em um ambiente SOA, problemas como: (i) falta de controle de mudanças; (ii) falta de processos de negócios e TI definidos, institucionalizados e sendo gerenciados; (iii) a pouca aderência às leis e regulamentações devem estar resolvidos. Mas, é necessário resolver outros dois problemas: (i) a falta de flexibilidade dos sistemas para atender com agilidade alterações que ocorrem nos processos de negócios; e (ii) a dificuldade de consolidação dos dados financeiros, em razão da diversidade de formatos dos sistemas de informações das filiais da empresa. Para solucionar estes problemas, deve ser implementada a camada de implantação SOA e integração com a XBRL (Seção 4.4). 5.4.1 Fase de Identificação das Necessidades Organizacionais Esta fase realiza uma análise do atual cenário da empresa, observando os aspectos relacionados com os processos de negócios, estruturas de governança e sistemas de informações presentes na organização. Além disso, é realizada a identificação e avaliação dos riscos inerentes à implantação da arquitetura orientada a serviços. Avaliar contexto empresarial Esta atividade consiste em avaliar o ambiente organizacional da empresa para identificar se ela possui uma estrutura de gerenciamento de processos de negócios e de governança de TI adequadas à implantação SOA. Uma estrutura de gerenciamento de processos de negócios e de governança de TI deve permitir a estruturação e institucionalização dos processos e a replicação de boas práticas em todos os processos críticos da organização. A avaliação deve identificar os sistemas de informações que não acomodam facilmente, ou de forma eficiente, as modificações que ocorrem nos processos de negócios. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 121 Selecionar Funcionalidades / Componentes Devido ao tamanho do processo modelado na camada de processos de negócios, não é possível contemplar, nesta dissertação, todo o processo financeiro da empresa, mas apenas uma amostra que permita avaliar a eficácia da aplicabilidade desta camada do modelo de governança e gestão de TI. Por isso, a partir de uma abordagem top-down, foram selecionadas 04 funcionalidades associadas às tarefas da atividade “manter dados dos clientes” e 02 relacionadas com as tarefas da atividade “emitir e transmitir relatórios” que pertencem ao subprocesso “contas a receber” que, por sua vez, faz parte do processo “gerenciar recursos financeiros”. Gerenciar Riscos Uma vez que o perfil de risco tenha sido definido, na atividade identificar e avaliar riscos (Seção 5.3.1) da camada de implantação da governança de TI, esta atividade deve realizar a identificação dos riscos relacionados com a implantação SOA. Com as camadas de gestão de processos de negócio e implantação da governança de TI implantadas, considera-se que a empresa possui uma estrutura de governança de TI com o apoio da alta administração, assim como um modelo de gerenciamento de processos de negócios que estruturou o processo de contas a receber, criando assim um ambiente propício para a implantação SOA. 5.4.2 Fase de Implementação A solução SOA proposta para este exemplo de uso, considera os aspectos de reuso e integração dos serviços, sendo baseada no processo de desenvolvimento de software RUP (YOSHIDA, 2007) para executar as atividades de levantamento de requisitos, análise e projeto, implementação e teste para desenvolvimentos dos serviços. A decomposição do processo de negócio de contas a receber em serviços Web, considerou a abordagem top-down (descrita na seção 4.4.2). Para exemplificar a transformação do processo de negócio em serviços SOA, foi criado um exemplo de como a atividade de desenvolvimento da solução deve ser conduzida na empresa. A Figura 5.5 mostra a decomposição parcial do processo de negócio financeiro em serviços Web. É possível observar a transformação em Web Services das tarefas que compõem as atividades “manter dados dos clientes” e “emitir e transmitir relatórios”, que pertencem ao subprocesso “contas a receber”, que faz parte do processo “gerenciar recursos financeiros”. Através desta decomposição, é possível transformar os processos de negócios José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 122 em tarefas para, posteriormente, desenvolver a solução orientada a serviço, automatizando a execução as suas tarefas e atividades. É importante ressaltar, que a automatização completa de um processo ou subprocesso como, por exemplo, o de “contas a receber” é resultado de uma composição de serviços que agrupa serviços em módulos, criando funcionalidades semanticamente equivalentes às atividades que compõe o processo de negócio. Após isso, esses módulos são orquestrados de acordo com as regras de negócio e fluxo de execução do processo (MARZULLO, 2009). Uma composição de serviços web, utilizando a técnica de orquestração deve refletir um ambiente de colaboração, entre os serviços web, que seja dinâmico, flexível e adaptável as constantes mudanças que ocorrem nos processos de negócio. Para implementar a orquestração de serviços web, pode ser utilizada a linguagem WS-BPEL - Web Services Business Process Execution Language que é a principal tecnologia utilizada para expressar a lógica da composição dos Web Services (ERL, 2009). José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 123 Figura 5.5 - Decomposição do processo Financeiro em serviços SOA (Web Services) Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 124 Como forma de mostrar a integração dos Web Services com a linguagem XBRL, foi identificado um cenário que ilustra esse processo de integração. Esse cenário de integração da XBRL com a SOA, que pode ser visualizado na Figura 5.6, é composto por 03 filiais da empresa, que possuem sistemas de informações distintos. Esses sistemas foram construídos com as linguagens de programação .NET, PHP e Delphi e utilizam os banco de dados SQL Server, MySQL e Firebird respectivamente. Esses sistemas enviam suas informações financeiras no formato XBRL, através de Web Services, à sua matriz que, por sua vez, consolida essas informações em um relatório financeiro integrado para enviá-lo, posteriormente, aos órgãos reguladores. O sistema de informações da matriz da empresa foi desenvolvido com a linguagem de programação Java, utilizando o banco de dados Oracle. Nesse contexto, a integração da XBRL com os Web Services pode ocorrer em três momentos distintos. O primeiro momento ocorre na criação do documento XBRL, quando os Web Services acessam as bases de dados heterogêneas para extrair os dados e os adequar ao formato XBRL, de acordo com as regras definidas na taxonomia, para gerar o relatório financeiro. O segundo momento ocorre quando as filiais da empresa utilizam os Web Services para enviar à sua matriz o documento XBRL que representa o relatório financeiro de um determinado mês ou ano, para que esses sejam integrados em um único relatório. O terceiro momento ocorre, quando a matriz da empresa disponibiliza um Web Service para consolidar as informações que estão no formato XBRL, e que foram obtidas com as filiais, enviando, posteriormente o documento XBRL, que representa o relatório financeiro integrado de um determinado mês ou ano, aos órgãos reguladores. Ao observar o cenário ilustrado na Figura 5.6, juntamente com os processos de contas a receber e de gerenciamento de mudanças, estruturados e definidos nas camadas anteriores, é possível perceber que qualquer alteração, que viesse a ser realizada em um regulamento ou lei, como a SOX, poderia resultar na criação ou alteração de um conceito financeiro, originando a necessidade de realizar mudanças no processo de negócio e na taxonomia XBRL, afetando, com isso, os sistemas de informações da empresa. Dessa forma, caso o cenário de alteração em alguma lei ou regulamento se tornasse realidade, o processo “contas a receber” se adaptaria melhor a implementação da mudança, em razão da facilidade de identificar as atividades, tarefas e papéis que seriam afetados pela alteração. Já as mudanças, na taxonomia e sistemas de informações, seriam devidamente analisadas, autorizadas e coordenadas, através do processo de gerenciamento de mudanças, que proveria, com isso, o suporte necessário para a evolução segura dos serviços SOA que, por sua vez, automatizaria o processo de negócio da organização. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 125 Figura 5.6 - Cenário de emissão de relatórios financeiros com Web Services e XBRL Fonte: Autor deste Trabalho José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 126 5.4.3 Fase de Implantação Esta atividade tem o propósito de disponibilizar os serviços desenvolvidos no ambiente de produção da empresa. A implantação dos serviços deve considerar toda a montagem e configuração da infraestrutura tecnológica necessária para o ambiente SOA. Com relação a publicações dos serviços, alguns cuidados devem ser tomados. Estes cuidados relacionam-se com políticas de segurança e interação dos serviços web. 5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capitulo foi apresentado um exemplo de aplicação do modelo de governança e gestão de TI. A partir das informações relacionadas com a empresa, contextualizada na seção 5.1, foi possível, através da camada de gestão de processos de negócios, identificar como elaborar a visão global dos processos da área financeira e estruturar o processo de contas a receber, de maneira que se possa reduzir o custo e tempo de execução do processo e aumentar a qualidade dos resultados gerados por ele. A aderência da área financeira à SOX também poderá ser melhorada, uma vez que as principais exigências da lei decorrem sobre esta área. A implantação da camada de gestão de processos de negócio deverá diminuir os riscos relacionados com a implantação da SOA, uma vez que os processos de negócios estarão estruturados. A camada de implantação da governança de TI priorizou a estruturação do processo de gerenciamento de mudanças, com o objetivo de melhorar o controle sobre as alterações dos sistemas de informações e principalmente nos serviços que a organização passará a desenvolver. Esta estruturação promove um processo de gerenciamento de mudanças eficaz e eficiente, além de fazer com que as mudanças sejam aprovadas e revisadas de forma consistente e coordenada. Outro aspecto positivo da estruturação é o provimento de sistemas de informações e serviços SOA mais confiáveis, uma vez que o processo de gerenciamento de mudanças está estruturado e definido. Uma maior aderência a leis e regulamentos, incluindo a SOX, também pode ser alcançada, em razão do processo de gerenciamento de mudanças estar alinhado com os controles definidos pela PCAOB, para satisfazer as exigências da SOX (Seção 5.3.1). Desta forma, a camada de implantação da governança de TI, através da integração do COBIT com o ITIL, possibilita realizar o alinhamento estratégico entre a área de TI e o negócio, minimizar os riscos inerentes da falta de controles sobre as mudanças e da falta de padronização do processo de gerenciamento de mudanças, proporcionando um ambiente José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 127 corporativo e de TI, mais gerenciável e adaptável às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio. A camada de implantação da governança de TI ainda possibilita mitigar os riscos relacionados com a realização de mudanças não autorizadas, proporcionando uma redução da indisponibilidade dos sistemas de informações e futuros serviços SOA, uma vez que as mudanças terão o seu impacto sobre o negócio devidamente analisado e passarão a serem testadas antes de serem incorporadas nos sistemas ou serviços SOA. Além disso, a estruturação do processo de gestão de mudanças consegue diminuir os impactos negativos não intencionais e aumenta a aderência à leis e regulamentações. A camada implantação da SOA e integração com a XBRL mostrou, através da implantação da SOA e integração dos seus serviços com a XBRL, que é possível resolver o problema da falta de flexibilidade dos sistemas e da dificuldade de consolidação dos dados financeiros, frente a diversidade de sistemas de informações presentes nas filiais da empresa. Desta forma é possível avaliar, através do exemplo de uso, que o modelo de governança e gestão de TI poderá contribuir para criar um ambiente corporativo e de TI gerenciável e que se adapte mais facilmente as mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, além de proporcionar sistemas de informações mais flexíveis e relatórios financeiros mais confiáveis e de mais qualidade. O capítulo seguinte apresenta as conclusões obtidas com este trabalho de mestrado, bem como as considerações finais acerca desta dissertação e indicações de trabalho futuros. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 128 6 CONCLUSÃO Este capítulo descreve as considerações finais sobre este trabalho, suas principais contribuições e possibilidades de trabalhos futuros. Ele está organizado da seguinte maneira: inicialmente, a Seção 6.1 descreve as considerações finais sobre o trabalho; a Seção 6.2 detalha as contribuições do modelo de governança e gestão de TI proposto nesta dissertação; a Seção 6.3 apresenta as possibilidades de trabalhos futuros. 6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta dissertação apresentou um modelo de governança e gestão de TI. O modelo foi construído a partir da utilização das boas práticas do BPM, COBIT e ITIL, juntamente com as tecnologias SOA e XBRL. O modelo de governança e gestão de TI proposto, apresentado no Capítulo 04, é composto por 03 camadas: (i) a camada de gestão de processos de negócios; (ii) a camada de implantação da governança de TI; e (iii) a camada implantação SOA e integração com a XBRL. A camada de gestão de processos de negócios e a camada de implantação da governança de TI possibilitam criar um ambiente corporativo e de TI gerenciável e que se adapte mais facilmente as mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, incluindo os requisitos legais. Estas camadas também fornecem a base para a implantação da SOA nas organizações. A camada de implantação SOA e integração com a XBRL, poderá proporcionar para as organizações mais flexibilidade aos sistemas de informações e, consequentemente, aos serviços providos pelas empresas. A união da SOA, por meio de Web Services, com XBRL deve proporcionar uma melhora na confiabilidade e qualidade dos relatórios financeiros emitidos pelas organizações, bem como uma melhor adaptação dos relatórios financeiros às mudanças legais e regulamentares relativas às sua publicação. Isso é possível, através da diminuição da necessidade de transformação de formato de dados financeiros e da diminuição do custo de extração em virtude da utilização da XBRL. O modelo proposto neste trabalho utiliza as boas práticas de governança em tecnologia da informação aceitas pelo mercado e academia, além de tecnologias para a elaboração de relatórios financeiros e desenvolvimento de sistemas de informação. A Figura 6.1 mostra a relação entre os processos de TI (estruturados e definidos através das boas práticas do COBIT e do ITIL), as aplicações SOA (desenvolvidas através de Web Services e XBRL) e os processos de negócios (estruturados e mantidos através das boas práticas do BPM) para o cumprimento das estratégias empresariais. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 129 Figura 6.1 - Relação entre os processos de TI, as aplicações SOA e os processos de Negócio Fonte: Autor deste Trabalho O BPM ajuda a definir, estruturar e gerenciar os processos de negócios presentes na organização. Com a utilização das práticas do BPM a organização consegue gerenciar com mais eficiência os processos de negócios, mitigando ou eliminando os riscos relacionados com a falta de mapeamento desses processos, que nesse caso pode ocasionar a diminuição das vantagens que serão obtidas com a implementação da SOA, em razão dos processos de negócios serem complexos, e envolverem diversos setores da organização. O COBIT e o ITIL, juntos, estruturam e melhoram os processos de TI que apoiam os sistemas de informações, os quais automatizam os processos de negócio da empresa, para alcançar a sua estratégia. O processo de TI de gerenciamento de mudanças é um exemplo de suporte dado pelos processos de TI às aplicações SOA. Uma vez, estruturado e definido, por meio das práticas do COBIT e do ITIL, o processo de gerenciamento de mudanças deve apoiar as aplicações SOA, no que diz respeito às mudanças originadas pelas alterações e modificações nos requisitos legais, impostos pelas leis e regulamentações, às quais as organizações estejam vinculadas. O COBIT que atua como um modelo de governança de TI e, com isso, engloba a governança de SOA ajuda a intensificar o controle sobre os processos que suportam o desenvolvimento e fornecimento das aplicações orientadas a serviço, como é o caso dos processos de gerenciamento de níveis de serviço, mudanças, configuração, aquisição e manutenção de sistemas. O ITIL contribui para o gerenciamento dos níveis de serviço, dos serviços, que serão utilizados ou oferecidos pela organização, minimizando o risco do não cumprimento do que foi previamente acordado (OGC, 2007c). O ITIL também fornece uma contribuição, através do gerenciamento de configuração e mudanças, para os serviços que já estão em produção, pois através desses gerenciamentos, é possível estabelecer um maior controle sobre as mudanças que poderão ocorrer nos serviços, evitando, com isso, riscos e problemas advindos de alterações não autorizadas e/ou realizadas em algum serviço que esteja sendo consumido (OGC, 2007d). Algumas dificuldades de implementação do modelo de governança e gestão de TI podem ser identificadas neste trabalho. Dentre elas estão: (i) a falta de visão holística da alta José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 130 administração das empresas para enxergar o relacionamento das áreas trabalhadas nesta dissertação (Gestão de Processos de Negócios, Governança de TI, Arquitetura Orientada a Serviços e XBRL) e consequentemente os benefícios da utilização em conjunto das boas práticas e tecnologias descritas no modelo proposto; (ii) a ausência de equipes com o conhecimento necessário para atuar na implantação das camadas do modelo e; (iii) a resistência que os funcionários das organizações possuem as mudanças de cultura como, por exemplo, sair de um ambiente pouco estruturado para um estruturado e controlado. 6.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES Com o desenvolvimento deste trabalho, após a realização da revisão bibliográfica e escrita de artigos, entende-se que as principais contribuições obtidas com a criação do modelo de governança e gestão de TI são: (i) Definição de um modelo de gestão de processos de negócios, utilizando as boas práticas do BPM; (ii) Definição de um modelo de implantação da governança de TI, utilizando as boas práticas de mercado do COBIT e do ITIL; (iii) Definição de um modelo para implantação da arquitetura orientada a serviços integrada com a tecnologia XBRL, para a emissão com maior eficiência de relatórios financeiros flexíveis; (iv) Definição de um modelo gerenciamento para controle de mudanças em aplicações orientadas a serviço; (v) Definição de uma abordagem de controle de riscos na implementação da arquitetura orientada a serviços, utilizando as práticas do COBIT e do ITIL. A partir destas contribuições, espera-se alcançar os seguintes benefícios: (i) Uma maior facilidade de alinhar e adaptar o ambiente corporativo e de TI da empresa às mudanças que ocorrem nos requisitos de negócio, incluindo às leis e regulamentações; (ii) O aumento da flexibilidade dos sistemas de informações e; (iii) Uma melhora na qualidade e confiabilidade da emissão dos relatórios financeiros. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 131 Durante o desenvolvimento deste trabalho, artigos científicos foram submetidos para diferentes eventos, com o objetivo de validar na comunidade acadêmica as contribuições deste trabalho. Desta forma, as ideias propostas puderam ser avaliadas pela comunidade científica, contribuindo para o desenvolvimento da dissertação. Tais publicações são listadas a seguir: (i) 8º Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação – FEA/USP – 2011 - Controle de Riscos na Implementação da Arquitetura Orientada a Serviços Utilizando COBIT, ITIL e ISO 27002; (ii) 9º Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação FEA/USP – 2012 - Gerenciamento de Mudanças na Arquitetura Orientada a Serviços Utilizando COBIT, ITIL e ISO 27002; (iii) Journal of Information Systems and Technology Management - FEA/USP (Submetido) – 2012 - Modelo de Gestão de TI para Emissão de Relatórios Financeiros e Conformidades Legais e Regulamentárias; 6.3 TRABALHOS FUTUROS Com a conclusão deste trabalho, percebeu-se que alguns pontos ainda encontram-se abertos, os quais podem ser analisados com o intuito de ampliar o conjunto de contribuições disponibilizadas para a comunidade científica. Desta forma, algumas indicações de trabalhos futuros, são listadas a seguir: (i) Planejamento Estratégico: nas pesquisas realizadas, percebeu-se a possibilidade de incluir no modelo o planejamento estratégico, juntamente com o Balanced ScoreCard (BSC), no modelo de gestão de TI, criando, para isso, uma camada para gestão estratégica; (ii) Criação de Metodologia: durante a construção do modelo, foi observada a necessidade de criação de uma metodologia para registrar de forma padronizada todas as informações relacionadas com a execução das tarefas e atividades incluídas nas camadas do modelo, permitindo, desta forma, a documentação de forma unívoca do modelo de governança e gestão de TI. Estudos já estão sendo conduzidos para a realização desta metodologia. (iii) Inclusão das Práticas do COBIT 5.0: Devido à recente (04/2012) publicação da quinta versão do COBIT, foi identificada a necessidade de incorporar futuramente as suas práticas ao modelo de governança e gestão de TI. José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 132 (iv) Sistemas de Informações Empresariais: durante a realização deste trabalho, percebeu-se a possibilidade de adaptar o modelo de governança e gestão de TI ao desenvolvimento de sistemas de informações empresarias, também denominados como sistemas de Business Intelligence (BI). Estes sistemas trariam uma melhor análise do desempenho dos processos e, consequentemente, da estratégia da empresa, uma vez que estes processos estariam alinhados com os indicadores obtidos através dos mapas estratégicos gerados a partir do planejamento estratégico e do BSC. Estudos devem ser conduzidos para definir a melhor forma do modelo de governança e gestão de TI adequar-se ao desenvolvimento desses sistemas de BI; José Rogério Poggio Moreira Modelo de Governança e Gestão de Tecnologia da Informação para Emissão de Relatórios Financeiros 133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AALST, W.M.P. van der; LEYMANN, F; REISIG, W. The Role of Business Processes in Service Oriented Architectures. 2007. Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0CGoQFj AD&url=http%3A%2F%2Fciteseerx.ist.psu.edu%2Fviewdoc%2Fdownload%3Fdoi%3D10.1. 1.82.458%26rep%3Drep1%26type%3Dpdf&ei=SwvOT4SSDYmy8QSVrajtCg&usg=AFQjC NHdeBUv_1qbcIF0wYLHoiMdte013A&sig2=5ZSNVyr7KPB8cUEhN9TJtg>. Acesso em: 23 mar. 2012. ABNT. NBR ISO/IEC 27002: Tecnologia da informação — Técnicas de segurança — Código de prática para a gestão da segurança da informação. São Paulo: ABNT, 2007. APQC. Process Classification Framework. 2012. 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