A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing
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A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing
A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos Marcelle Abrão de Carvalho – [email protected] Master em Arquitetura Instituto de Pós Graduação IPOG Belo Horizonte, MG, 18 de junho de 2012 Resumo O artigo apresenta os resultados obtidos a partir do estudo referente à influência da vitrine e do visual merchandising para o consumidor. Foram analisadas algumas lojas no Brasil e na Europa, no período de 2010 a 2011, onde foram feitos registros fotográficos. Em 2012, através da pesquisa realizada anteriormente, foram feitas análises técnicas explicando como determinados materiais foram expostos e como foram utilizados os espaços de cada vitrine. Os resultados encontrados indicam que a sociedade atual é extremamente consumista e busca constantemente a inovação, para isso, uma estratégia de marketing começa no interior de uma empresa, contando com a qualidade da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento para tentar atrair a atenção do consumidor. Concluiu-se que a vitrine e o visual merchandising são muito importantes para as lojas porque atraem e criam uma identidade, fazendo assim um clima agradável e comercial. Palavras-chave: Vitrine. Visual Merchandising. Consumismo. 1. Introdução A sociedade atual é extremamente consumista e busca constantemente a inovação, para isso, uma estratégia de marketing começa no interior de uma empresa, contando com a qualidade da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento para tentar atrair a atenção do consumidor. O consumo deixa de ser escolha pessoal e no entender de Baudrillard: As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação possui em primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. A escolha fundamental, inconsciente e automática do consumidor é aceitar o estilo de vida de determinada sociedade particular (portanto deixa de ser escolha!) – acabando igualmente por ser desmentida a teoria da autonomia e da soberania do consumidor (BAUDRILLARD, 1995, p 70). A vitrine e o visual merchandising são muito importantes porque atraem e criam uma identidade, fazendo assim um clima agradável e comercial. De acordo com Demetresco (2000), a vitrine é uma manifestação discursiva que não se restringe apenas à comunicação; abrange também uma construção textual de um mundo no qual o produto passa a existir por se colocar em relação com os que o percebem. Constrói-se, pois, uma encenação geradora de A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 significação em que a vitrine é um espaço que significa e que se faz por esse seu peculiar modo de existência. As vitrines são muito utilizadas como estratégias de venda e de acordo com Gusmão: As vitrines têm um potencial tão grande e uma participação tão importante nas vendas do comércio varejista que estudos estimam que mais de cinquenta por cento das vendas realizadas tem como efetivador a vitrine. Portanto, essas técnicas de marketing são muito utilizadas em pontos de venda de várias empresas brasileiras (GUSMÃO, 2009). Exposto num espaço comercial, rodeado de um cenário inusitado, o produto entra na vida dos consumidores que investem nele determinados valores. Por traz dos espetáculos que as vitrines constroem, não só para o olho, mas também para o imaginário, está um amplo estudo da percepção desse olhar. Muitas vezes a intenção é exibir a marca, como uma espécie de etiqueta social. O visual merchandising é uma atividade responsável pela atração, envolvimento e motivação do cliente para fazer uma determinada compra. O consumo de mercadorias é cada vez mais estimulado e exacerbado na sociedade, uma vez que não se realiza somente pela compra de mercadorias, mas também por meio da aquisição de valores simbólicos que acompanham o produto adquirido. O consumismo deixa de ser uma escolha pessoal e passa a ser uma escolha de um grupo. Os consumidores não têm o poder de escolha que se imagina que tenham, pois, como querem estar relacionados a grupos sociais, devem consumir certos produtos apontados pelas campanhas publicitárias, que possibilitarão ao indivíduo a conquista de determinados valores, nos grupos sociais aos quais pertençam ou pretendam pertencer. As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação possui em primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. Assim, idealizou-se uma pesquisa referente à influência da vitrine e do visual merchandising para o consumidor. Para a execução desta pesquisa, foram registradas pessoalmente no anos de 2010 e 2011, a área interna e externa de algumas lojas . Estes foram analisados através dos registros de como determinados materiais foram expostos e como foram utilizados o espaços de cada vitrine. 2. A vitrine A vitrine corresponde a uma das etapas de um departamento de marketing de uma empresa e tem como objetivo atrair o cliente para o interior da loja. O produto, na vitrine, atribuído num A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 universo que passa a ser a sua nova moradia, apresenta-se aproximando dos olhos dos consumidores. Exposto num espaço comercial, o produto entra no mundo dos consumidores, que, enquanto observadores, investem nele determinados valores. Através de uma vitrine bem planejada, o consumidor pode identificar a imagem da loja e se identificar ou não com a mesma. Ressalta-se que o varejista deve se preocupar com alguns aspectos relacionados às vitrines, como, quantidade, tamanho, formato, cores, temas, produtos expostos e a frequência de vezes em que elas são renovadas e no entender de Parente: As vitrines procuram não só apresentar uma amostra representativa do tipo de produtos que a loja oferece, mas também estimular que os consumidores entrem na loja (PARENTE, 2000, p 53). A vitrine é uma mídia de informação, pois apresenta um produto para a venda por meio de um diálogo entre o tridimensional, o visual e o sensível articulador de várias relações entre a empresa e o comprador. A leitura de uma vitrine sugere um modo de vida, um uso diferenciado de um produto ou uma nova possibilidade de ver um artigo usual. Para captar o olhar de um consumidor, o produto em exposição precisa ser atraente e manipular o olhar desse espectador. A vitrine envolve o produto apresentado e destaca as suas qualidades criando um determinado cenário responsável em atrair e seduzir o olhar na sua apresentação. Toda mercadoria merece estar bem exposta e qualquer espaço físico comercial pode servir para uma montagem. Sendo assim, as vitrines são imagens comerciais que se espalham pelas feiras mundiais, pelas ruas e pelas galerias, provocando sensações, criando laços, atraindo pessoas com um único motivo: vender o que o homem precisa ou é levado a precisar em seu viver social. As vitrines propõem ou impõem um modo de vida tendo com base referencial os valores culturais de determinada sociedade. A vitrine é uma maneira de manipular o observador e levá-lo à compra. Ao vê-la, ele sonha em possuir os objetos expostos em sua estruturação e ao ter seus produtos adquiridos pelo consumidor ela lhe proporciona um efeito de bem-estar e de satisfação. De acordo com Moles: Criar uma atmosfera de festa, a festa da aquisição, e simulando oferecer generosamente, como brinde, iluminação, cores, claridade, sorrisos em suma, um acesso total ao objeto que o homem da rua ou ainda mais a mulher pode manipular à vontade (MOLES, 1998, p 34). A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 3. O visual merchandising O visual merchandising é responsável pelo layout interno no espaço físico da loja, dando uma cara mais moderna e sofisticada. O produto é todo coordenado ditando proposta de looks nos armários e mesas comerciais bem potentes para venda. Todo armário oferece proposta do que vestir numa determinada ocasião, e é coordenado de acordo com cores e tendências. Segundo o POPAI (Point-Of-Purchase Advertising Institute), 71% das decisões de compra dos consumidores, são feitas no ponto de venda, número que mostra claramente o quanto o visual merchandising pode ser importante no momento da visita do cliente a um espaço comercial. Uma vez dentro de um negócio, a ideia é que o consumidor permaneça no espaço o maior tempo possível, para que conheça as mercadorias e produtos gerando compra e renda para o negócio. Expor os produtos de maneira adequada, harmônica e de fácil acesso não só induz a compra como cria toda a ambientação de caráter estético ao negócio. O visual merchandising atua no ponto de venda, no exato momento em que o cliente fica frente a frente com o produto. É uma prática que envolve variadas ações dentro do espaço comercial e que inclui não só a produção da vitrine, mas a do mobiliário e de toda a comunicação visual da loja, tais como o atendimento, os objetos e a iluminação. O visual merchandising é fundamental para qualquer estabelecimento comercial, pois fortalece a imagem de marca da loja e é capaz de aumentar consideravelmente as vendas. Seja por meio de vitrines impactantes que atraem o público, incentivando-o a entrarem na loja, ou através de um layout especial com determinados recursos, que orientam a circulação do consumidor pelo interior do estabelecimento, estimulando-o a passar mais tempo, o visual merchandising pode tornar a experiência de compra inesquecível. Os lojistas perceberam a necessidade de oferecer aos clientes a mesma experiência no interior de seus estabelecimentos, de acordo com Morgan: O design de loja se tornou fundamental para alcançar o sucesso. Atualmente, muitas marcas dedicam tanto tempo e investimento nos projetos de suas lojas quanto em suas coleções. O design de lojas reúne todos os aspectos do visual merchandising: vitrines e interiores, instalações, mobiliário, acessórios e iluminação. Visual merchandisers, arquitetos e design de interiores sempre trabalharam lado a lado na criação de ambientes comerciais inspiradores e capazes de motivar as vendas. Afinal, de nada adianta um arquiteto projetar um interior de uma loja sem antes compreender as necessidades do visual merchandiser. Um bom projeto deve exibir os produtos da melhor maneira possível. As circulações, a iluminação e a sinalização são os principais elementos que precisam ser avaliados antes da definição de expositores e acessórios (MORGAN, 2011, p 24). A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 4. Análises de vitrines As técnicas visuais devem ser pensadas em opções somatórias, uma construção fazendo com que os resultados sejam uma possibilidade de compreensão e expressão. As sutilezas e a distribuição dos elementos devem compreender uma clareza e num reforço de informação, ou seja, em um processo de interpretação de comunicação visual cada fator é muito importante. A seguir será mostrada a análise de algumas vitrines escolhidas em locais registrados pessoalmente em viagens realizadas em 2010 e 2011, onde foi possível fazer um estudo de cada uma delas, exemplificando os diversos tipos e maneiras de organizar uma vitrine para melhor exposição de seus produtos. Iniciando a análise das vitrines, nada menos que citar algumas das diversas vitrines que podemos encontrar nas ruas venezianas. O Carnaval de Veneza, na Itália, surgiu a partir da tradição do século XVII, onde a nobreza se disfarçava para sair e misturar-se com o povo. Desde então as máscaras são o elemento mais importante deste carnaval. A festa carnavalesca de Veneza tem duração de 10 dias. Durante as noites realizam-se bailes em salões e são usados trajes característicos do século XVIII. Representando tais trajes carnavalescos tradicionais na cultura de Veneza, a loja Maschera Nobile, trabalha com máscaras no estilo veneziano de diversos tipos tais como: máscaras nobres, caretas brancas com roupa de seda negra, chapéu de três pontas, entre outras. Figura 1 – Maschera Nobile, Veneza, Itália Fonte: Arquivo Pessoal (2010) A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 A empresa expõe na vitrine grandes quantidades de produtos, sem distingui-los em cor, forma ou modelos. O cliente no momento em que se depara com esse tipo de vitrine, pelo motivo de receber uma gama de modelos em sua frente, resulta em um desconforto fazendo com que o mesmo perca o foco principal no produto, que acabará não contemplando os objetivos da empresa, ou seja, vender a partir da amostra do produto. A falta de conhecimento por parte dos empresários ou funcionários acaba procedendo a uma dificuldade comunicacional entre emissor e receptor, causando uma grande poluição e confusão aos olhos de quem vê. As lojas deveriam ter certo cuidado em uma melhor distribuição em seus produtos, para que possam remeter uma curiosidade e aconchego maior aos clientes, fazendo com que ele entre na loja e compre o produto. Em seguida, foram analisadas duas vitrines de conceituadas lojas em Zurique, na Suíça. A primeira vitrine analisada foi à vitrine da loja Louis Vuitton, que é uma empresa especializada na produção de bolsas e malas de viagens, feitas em couro e lona, bem como na sua comercialização. A empresa produz e vende também vestuário, sapatos, relógios, joias, acessórios, óculos de sol e livros. A segunda vitrine analisada foi à vitrine da loja de Giorgio Armani pertencente a um dos mais conceituados estilistas italianos e que atualmente, é considerado o designer de moda independente mais bem sucedido do mundo. O estilista estabeleceu um novo padrão na moda feminina. Inspirou sua linha feminina em trajes comumente masculinos, no entanto, desenvolvendo acabamentos, tecidos e corte que privilegiavam as formas femininas. As duas lojas concorrem com empresas como: Versace, Gucci, Chanel, Prada, Dolce & Gabbana, Christian Dior, Calvin Klein, Yves Saint Laurent e outras marcas de luxo. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 Figuras 2 e 3 – Louis Vuitton e Giorgio Armani, Zurique, Suíça Fonte: Arquivo Pessoal (2010) Em ambas as lojas foram encontradas semelhanças na organização das vitrines que utilizam de uma boa distribuição e escolhas de produtos a serem expostos. Com poucos produtos, e estes representativos e sugestivos; e com alguns simples elementos, estes sabendo deixar as vitrines atrativas e elegantes, assim conseguiram chamar a atenção dos clientes convidando-os para visitar as lojas. Através da distribuição dos elementos, as vitrines conseguiram ser ousadas e souberam explorar bem a escolha dos produtos, aproveitando bem suas qualidades e tendências. Na sequência das análises, está a vitrine da confeitaria parisiense Ladurée. A Ladurée é uma luxuosa doceria e pâtisserie localizada em Paris, na França. A história da Ladurée iniciou, em 1862, quando Louis-Ernest Ladurée abriu uma padaria na Rue Royale, em Paris. Em 1871, seu negócio foi queimado e no lugar, monsieur Ladurée resolveu montar uma pâtisserie com teto pintado por Jules Chéret, com querubins vestidos de doceiros, que se tornou uma das marcas da estética Ladurée. Alguns anos mais tarde, com os cafés virando moda na Cidadeluz, e para não perder os clientes de seu negócio, a esposa de Louis-Ernest, Jeanne Souchard, teve a ideia de unir os conceitos de café com o de pâtisserie, criando assim uma casa de chá, onde as mulheres também poderiam circular livremente, o que era proibido nos cafés. Figuras 4 e 5 – Ladurée, Paris, França Fonte: Arquivo Pessoal (2011) A partir daí a casa ganhou fama, passando a ser uma referência em Paris. A Ladurée se tornou A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 ainda mais famosa na década de 1930, ao modificar a receita original do famoso doce conhecido como macaron, criada no século 16. O que o chef pâtissier da família fez foi inserir um cremoso e delicioso ganache no interior do docinho. Atualmente, o macaron da Ladurée com seu exterior crocante e recheio que derrete na boca, apresenta mais de 30 sabores, alguns dos quais preparados de acordo com a fruta da estação. As vitrines de suas lojas são estruturadas para dar visibilidade aos doces em especial. A imagem formada pelos figurantes está relacionada com os efeitos obtidos pela atmosfera de compra desenvolvida pela Ladurée, obtida através de um ponto de venda luxuoso que permite a visualização do produto pela vitrine, incentivando a entrada do cliente para dentro do estabelecimento com a proposta de consumir o produto. Continuando as análises executadas, estão as vitrines das lojas Swarovski e Guerlain, localizadas em Paris, na França. A primeira vitrine, que pertence à loja Swarovski, representa o nome dado aos cristais mais conhecidos no mundo da moda por sua delicadeza, precisão e aparência luminescente. Tais cristais são produzidos pela companhia Swarovski AG que é a detentora da marca. A instituição Swarovski tem uma variedade de itens exclusivos com design lapidado. São objetos de decoração e joias de cristais que fazem sucesso pela sua elegância e glamour. A segunda vitrine, pertence à loja Guerlain, que é a empresa do perfume francês mais antigo do mundo. Possui uma fiel e tradicional clientela que não abre mão da marca no ramo de perfumes. A empresa se destaca pelo compromisso com a qualidade e a certeza de possuir bons produtos. A Guerlain também se destaca pelo compromisso de oferecer produtos personalizados individualmente para cada cliente. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 Figuras 6 e 7 – Swarovski e Guerlain, Paris, França Fonte: Arquivo Pessoal (2011) Em ambas as lojas foram encontradas semelhanças na organização das vitrines através da elevação dos produtos expostos por meio de suportes, sendo estes, entendidos como qualquer elemento que existe para sustentar algo, o que engloba um amplo campo de elementos relacionados com a promoção visual. De acordo com Blessa (2005), colocar os produtos diretamente no piso da vitrine transmite uma sutil sensação de falta de cuidado e desmerecimento quanto à qualidade do produto. Para isso, basta pensar, por exemplo, no aspecto de uma vitrine quando uma peça é colocada no chão. Assim, toda vitrine deve ter suportes adequados para seus produtos. Estes suportes devem ser substituídos com alguma frequência, pois os mesmos causam monotonia à exposição quando utilizados por grandes períodos. 4. Análises de visual merchandising A seguir será mostrada a análise de alguns interiores de lojas exemplificando o visual merchandising de cada uma. Em alguns exemplos, foram escolhidos locais registrados pessoalmente em viagens realizadas em 2010 e 2011, onde foi possível fazer um estudo de cada uma delas, exemplificando os diversos tipos e maneiras de organizar uma loja para melhor exposição de seus produtos. Em outro caso específico, foi realizada a visita, porém não foram efetuados registros fotográficos, portanto os mesmos foram anexados conforme pesquisa efetuada em arquivos eletrônicos. Iniciando a análise de alguns visuais merchandisings encontrados em interiores de espaços comerciais, segue uma das lojas da empresa Havaianas. O Espaço Havaianas é uma loja caracterizada como “concept store” ou lojas conceito, que são exclusivas de uma marca. Elas funcionam como uma espécie de showroom, onde o usuário tem a chance de conhecer os benefícios dos produtos expostos. Por isso, a interatividade é o seu principal chamariz. Há ainda aquelas que vão além e proporcionam personalização, permitindo que o consumidor saia com um produto com a sua cara, procurando vender um estilo de vida. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 Figuras 8 e 9 – Espaço Havainas, São Paulo, SP Fonte: Arquivo Eletrônico (2012) No exemplo acima, está à loja da empresa Havaianas, localizada na Rua Oscar Freire, em São Paulo, SP. Inaugurada em janeiro de 2009, a loja possui 300 metros quadrados e apresenta momentos históricos da marca. No site oficial da empresa, Carla Schmitzberger, diretora da unidade de negócios de sandálias da Alpargatas relata que: O projeto tem como objetivo proporcionar às pessoas uma experiência única e gostosa com a marca Havaianas. A ideia é de um ambiente que represente bem a sensação que se tem ao usar um par de Havaianas: liberdade, alto astral, colorido, simplicidade e conforto. O design de loja se tornou fundamental para alcançar o sucesso (SCHMITZBERGER, 2009). O espaço é o único lugar no mundo onde é possível encontrar todos os produtos da marca. São mais de 350 sandálias diferentes, além da coleção de bolsas e também toalhas, chaveiros, pins e meias. Uma barraca de feira foi montada para fazer uma homenagem à origem simples da marca. Além disso, o cliente pode escolher solas, tiras e pins e montar um par de sandálias personalizado, que passa a integrar um catálogo virtual da loja. Em seguida, foi analisado o visual merchandising da doceria Ladurée, que já fora citada no exemplo do item anterior, que é uma luxuosa pâtisserie localizada em Paris, na França. Muitos designers famosos são chamados para criar embalagens exclusivas e artes das caixinhas para guardar o tão precioso doce, chamado macaron. O design externo e interno do ambiente é obtido através de muito requinte, sofisticação, organização, qualidade e um visual merchandising exemplar. O décor das lojas é inspirado nas tradicionais casas de chá do século XIX, com lustres de cristais e espelhos. A decoração homenageia a sofisticação francesa e a vitrine exibe orgulhosamente as deliciosas delicadezas que a tornam um verdadeiro clássico. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 Figuras 10 e 11 – Ladurée, Paris, França Fonte: Arquivo Pessoal (2011) A loja conseguiu harmonizar a França do século XVI com a modernidade dos dias atuais. É um lugar único e que te faz sentir parte de algo maior. Os detalhes dos espelhos, as cadeiras trabalhadas e o ar polido dos funcionários fazem parte do cenário ideal. A organização e beleza dos doces os tornam objetos de desejo para o consumo. As diversas cores e exatos locais de instalações dos famosos macarons chamam a atenção de todo e qualquer consumidor que adentre a loja. Finalizando as análises, foi verificado o visual merchandising de algumas lojas existentes no interior da Disneyland, localizada em Marne-la-Vallée, a 32 km de Paris, na França. A Disneyland Resort Paris ou Eurodisney é um monumento e complexo turístico da The Walt Disney Company. O resort consiste em dois parques temáticos e foram inaugurados em 1992. A marca Disney é o sinônimo da realização de um sonho que encanta não só as crianças, mas sim, qualquer pessoa de todas as idades. O resort é composto por várias lojas onde é possível encontrar pelúcias, brinquedos, doces, roupas, fantasias, acessórios, entre outros. Figuras 12 e 13 – Disney, Paris, França Fonte: Arquivo Pessoal (2011) As lojas da Disney utilizam o layout conhecido como fluxo livre. Seus variados tipos de produtos estão dispostos de forma que permitam um fluxo dos clientes no interior das lojas, deixando-os a vontade para escolher as infinitas mercadorias existentes, mantendo sempre A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 uma impecável organização, onde tudo está sempre separado por temas, cores, idades e tamanhos, estimulando o passeio pela loja e as compras por impulso. 5. Conclusão Concluiu-se que a vitrine e o visual merchandising são muito importantes porque atraem e criam uma identidade para a loja, fazendo com que a mesma possua um clima agradável e comercial. A vitrine de uma empresa pode estimular o consumidor através dos sentidos e principalmente através da visão, podendo levá-lo a aceitar a oferta através da emoção e efetivar uma compra por impulso. A vitrine permite mostrar os produtos de formas diferentes e os faz interagir com os clientes que poderão ser potenciais compradores, expondo conceitos que vão além do produto. Já o visual merchandising pode ser usado como uma oportunidade de criar uma diferenciação e destaque com relação aos concorrentes. Bom gosto, requinte, sofisticação, simplicidade, criatividade e o uso de elementos estáticos são características que compõe o conceito da comunicação visual tanto de uma vitrine, quanto de um visual merchandising. Toda empresa deve adotar estratégias de varejo para se comunicar com o seu público, pois diante da concorrência entre as lojas, os empresários devem estar atentos com a criação de medidas de comunicação com o cliente alvo. Assim, é necessário possuir um amplo conhecimento das tendências de consumo e utilizar os elementos visuais, os conceitos e as linguagens certas que possam contribuir na decisão da compra. Referências BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70, 1995. BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto de Venda. São Paulo: Atlas, 2005. DEMETRESCO, Sylvia. Vitrina Construção de Encenações. São Paulo: SENAC, 2000. GUSMÃO, Liz. Vitrinismo - saiba o que é vitrinismo - técnicas de venda. Disponível em: <http://www.artigonal.com/marketing-e-publicidade-artigos/vitrinismo-saiba-o-que-e vitrinismo-tecnicas-de-vendas-1094352.html/> Acesso em: 18 Abril 2012. MOLES, Abraham. O Kitsch. São Paulo: Perspectiva, 1998. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 MORGAN, Tony. Visual Merchandising Vitrines e Interiores Comerciais. São Paulo: Gustavo Gili, 2011. PARENTE, Juraci. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. SCHMITZBERGER, Carla. Valor Econômico. São Paulo: Carreiras, 2009. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval_de_Veneza/> Acesso em: 24 Abril 2012. <http://www.carnevale.venezia.it//> Acesso em: 24 Abril 2012. <http://br.havaianas.com/pt-BR/> Acesso em: 05 Maio 2012. <http://www.laduree.fr/> Acesso em: 05 Maio 2012. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Swarovski/> Acesso em: 09 Maio 2012. <http://www.disneylandparis.com/i/> Acesso em: 10 Maio 2012.