"AMAR OS AMIGOS, DESARMAR OS INIMIGOS". É
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"AMAR OS AMIGOS, DESARMAR OS INIMIGOS". É
"A , " MAR OS AMIGOS DESARMAR OS INIMIGOS . É com esta inspiração, vinda da frase de Henfil, que me empenho pela vitória do SIM no referendo do próximo domingo, 23 de outubro. Armas de fogo não podem ser consideradas como um objeto qualquer. São feitas para intimidar, ferir, matar. Pessoa armada, sem ser autoridade pública de segurança ou ter amparo legal para tal, é, em primeiro lugar, inimiga de si mesma. E está em permanente confronto com a humanidade. Portador de arma destreinado corre enorme risco de ser baleado. Ter arma em casa é a típica proteção que desprotege. E, ao contrário do que se propala, atrai o bandido, que vai em busca de dólares, jóias e...pistolas. O fator surpresa sempre lhe favorece, inclusive ao invadir uma residência. Segundo dados da ONU, o Brasil é campeão mundial em mortes por armas de fogo. Nossa população corresponde a 2,5% da população do planeta e respondemos por 11% dessas mortes. A campanha do desarmamento, iniciada em 2004, retirou de circulação aproximadamente meio milhão de armas. Resultado: os homicídios cometidos com armas de fogo (os que mais crescem em nosso país) caíram 8,2%. No Japão as armas são proibidas e as taxas de homicídios por arma de fogo são as mais baixas do mundo. Quanto menos armas, menos vidas perdidas. A campanha do NÃO tenta tirar o debate do campo racional e estatístico e levá-lo para o campo emocional, explorando o compreensível sentimento do medo. Afirmo que, se no lugar das milhares de vidas que já foram preservadas tivéssemos apenas uma morte a menos, já teria valido toda a campanha pelo SIM e pelo Estatuto. O voto SIM é o voto pela vida, contra o lucro com a morte. A frente parlamentar que defende o NÃO possui muitos membros com um passado estreito com a ditadura militar, inclusive ocupando cargos importantes nos órgãos de repressão. Mas a propaganda na televisão e rádio fala em garantia de direitos e utiliza imagens dos estudantes na época do regime autoritário. Não é cabível clamar por democracia e liberdade quem sempre defendeu a tortura como instrumento de ação do poder público. Nós, que votamos no SIM e que lutamos contra a ditadura e seus fortes resquícios, queremos que o direito maior do ser humano seja garantido: A VIDA A maior parte dos homicídios por arma de fogo ocorridos no Brasil é praticada por pessoas sem antecedentes criminais. O que move esses assassinatos não é a legítima defesa e sim motivos fúteis. Dados do SUS indicam que 40% das mulheres que morreram vítimas de armas de fogo na última década foram assassinadas pelo companheiro íntimo. Em São Paulo, 52% dos homicídios por arma de fogo ocorreram por motivos banais. Quantas mortes poderão ser evitadas com a redução da circulação de armas na sociedade? A campanha do NÃO afirma que as maiores ditaduras do mundo fizeram campanhas de desarmamento antes de se consolidarem. A história não confirma: em 11 de novembro de 1938, Hitler proibiu que judeus alemães comprassem armas e determinou o confisco das que eles tivessem em toda a Alemanha. O desarmamento ocorreu dentro de uma política amplamente favorável ao uso de armas pelos "cidadãos alemães de bem". As armas de fogo eram consideradas um direito dos cidadãos alemães, ordeiros e cumpridores da lei. Foram proibidas para os "bandidos comunistas e capitalistas judeus". Hitler e sua política se aproximam muito da concepção de sociedade, defesa social e luta de classes do lobby da bala e das armas. Proibir o comércio de armas e munições para indivíduos não resolve o problema da violência no País, é claro. É apenas um pequeno, um mínimo passo nesse caminho. Reforçará a autoridade da população em exigir políticas de segurança pública conseqüentes, com reforma profunda das polícias, mais presença das Forças Armadas no combate ao contrabando de armas, programas sociais e educação para a PAZ. Ao afirmamos, com o SIM, que o monopólio da coerção, da força, pertence ao Estado, estaremos proclamando nossa convicção cidadã e Republicana, oposta ao individualismo neoliberal. A barbárie do cada um por si, com sua proteção armada, só é boa e viável para os ricos, que não precisam do poder público para se defender. Por um Brasil mais solidário, justo e fraterno, dizemos SIM! Chico Alencar Deputado federal - Psol/RJ www.chicoalencar.com.br