cebela 1998 - Roberto Amaral
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cebela 1998 - Roberto Amaral
cebela 1998 FHC: Os Paulistas no Poder Amaral, Roberto (coord.), Niterói, RJ: Casa Jorge Editorial, 1995. S aba-se lá se por coincidência ou por intenção, o livro FHC: Os Paulistas no Poder, coordenado por Roberto Amaral e editado pela Casa Jorge Editorial, chega às livrarias no aniversário de primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso. O livro conta com a colaboração de seis autores, todos eles dirigentes de partidos de esquerda: Roberto Amaral (PSB), José Antonio Segatto (PPS), Marco Aurélio Garcia (PT), Vivaldo Barbosa (PDT), Luis Fernandes (PCdoB); além de um artigo de Ru· bem Barbosa Filho (PSDB). Coletâneas são, em geral, desiguais. E essa não foge à regra, pelo menos no que diz respeito ao formato das obras. Os textos dos quatro primeiros articulistas são exem· pios de ensaismo militante: trabalhos escritos à maneira dos documentos partidários, com preocupações táticas para a ação par· tldária. Os trabalhos de Luis Fernandes e Rubem Barbosa Filho têm um travo mais acadêmico; o primeiro é um representante tipico da moderna ciência política, enquanto o segundo é um exemplar raro do ensarsmo poHtlco brasileiro, diga-se de passagem, modelo em processo de extinção no pais. A principal critica dos quatro primeiros autores ao governo FHC refere-se a sua· Identificação com o modelo neolit:Ã!ral. O argumento é simples: a) a politicaneoliberal vem sendo implantada pelos gpvernos conservadores nos Estados UniCios, Europa e América Latina desde o começo dos anos 80; b) tal política tem aumentado o desemprego e a pobreza, e aprofundado a desigualdade social nos parses em que ela é implementada; c) FHC, por assumir o recel· tuário neolíberal, fará um governo cujas conseqüências inevitavelmente serão b. Supondo que as premissas a e b estejam corretas, resta discutir se o governo FHC de fato vem fazendo um governo neoliberal. Nossos articulistas parecem não ter muita dúvida: ·o programa do governo é, na essência e na vida prática, francamente neollberal" (Roberto Amaral); "Mesmo Indisposto com o epíteto neoliberal, FHC propôs e tenta agora implementar as receitas econômicas seguidas por México, Argentina e Chile"(Marco Aurélio Garcia); "As eleições de 1989 representam o triunfo do neoliberalismo no Brasil" (Vivaldo Barbosa). Quanto à identificação presidencial com a política neoliberal, exige-se pelo menos cuidado. Se a reforma do capítulo econômico da Constítuição de 1988 aponta na direçãodaabertura econômica do pais, a política zlguezagueante com relação aos Impostos de importação e a baixa velocidade do programa de privatizações apontam em outra direção. A proposta de reforma da previdência apresentada pelo governo está longe do projeto de capitallzaçãÕlhciWidual, tal como o chileno, defendido pelos liberais ortodoxos. Roberto Campos, este sim llbe· rista de quatre>oostados, ao comentar a obsessão da esquerda com o neoliberalismo de FHC, disse que tal postura era "como atribuir atletismo a uma tartaruga". O artigo de Rubem Barbosa Filho, cujo título dá nome à coletânea, trabalha erQ_ outro registro. Na sua visão, FHC representa o fim de um ciclo varguista e maqulaveliano, em que se imputava ao Estado e à política a responsabilidade pela redenção ou cons- 218 trução da sociedade brasileira. Recusando o rótulo de neoliberal para FHC- ·o programa de Fernando Henrique reserva ao Estado responsabilidades que não autorizam sua classificação como neoliberar-, credita ao seu projeto uma posição próxima do liberalismo social de matriz ralwsiana e bobbiana: •o projeto de Fernando Henrique, embora contemple ações emergenciais contra a miséria e a exclusão social, supõe o desenvolvimento do mercado como a principal agência de socialização e de incorporação social, principalmente através da geração de empregos•. O trabalho de Lufs Fernandes foge do debate acerca do caráter doutrinário da campanha e do governo FHC, presentes nos outros artigos, concentrando-se em uma análise dos resultados eleitorais. Fernandes agrega os dados eleitorais das eleições de 1989, 1990 e 1994 em três blocos: esquerda, centro e direita. A partir dal procura apontar os posslveis reallnhamentos do sistema partidário brasileiro. Na opinião do autor: "quebra da polaridade esquerda X direita; esvaziamento da direita e do centro Comunlcoçóo&po/ítlco 'puros'; enfraquecimento e recomposiÇão da esquerda: estes são os principais eixos do realinhamento polftico-ideológico verifi· cados entre as disputas presidenciais de 1989 e 1994". Não fosse por sua qualidade, a leitura do artigo de Luís Fernandes valeria a pena pela quantidade de dados recolhidos. E o que é mais raro, mesmo os não especialistas conseguirão lê-lo sem dificuldades, pois os gráfiCOS e tabelas são apresentados de forma simples. Livros como FHC: Os Paulistas no Poder, escritos "à quente•, têm virtudes e defeitos. A principal virtude desta obra é apresentar versões à esquerda a respeito da campanha de 1994 e do governo Fernando Henrique. Sem contar que esse é o primeiro livro que se dedica integralmente ao tema. Já o principal defeito é o sabor datado de algumas observações, sobretudo as referentes à política econômica. Pena não termos projeto parecido de articulistas identificados com a direita brasileira. Afinal, o que será que os (neo) liberais estão pensando do governo FHC? Jairo Marconl Nico/su L'lntelligence collective: pour une anthropologie do cyberespace de Pierre Lévy, Paris: La Découverte, 1994. 224 p. 150 F. de que se situa no cruzamento de varias correntes de pensamento até antagônicas: em primeiro lugar, a do ultra-llberalísmo, Num mundo no qual crescem a cada dia que vê nas novas técnicas a fonte d&Q!"Q· as desig4aldades, as exclusões, os conflitos gressos renovados; a seguira dos polrucos, de identidade, a concentração dos poderes, pela qual as promessas de transformação no qual os poHticos em geral prometem lisocial pela técnica e substituida por projetos mitar a reprodução destas Injustiças, uma • potfticos ‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘maiscuriosanova miragem aparece no horizonte: aS' mente, a de alguns intelectuais que tem em •auto-estradas da informação" (infovias). comum uma representação antropológica Esta expressão designa tanto os objêtos do humano como uma determinação da técnicos diversos (multimídias, redoo, unitécnica. versos "virtuais") quanto o discurso de O trabalho de Pierre Lévy situa-se • acompanhamento desta slntese de mateaparentemente neste conjunto de "discurriais. Este discurso, que e, por enquanto, a sos de acompanhamento• que se constrói única realidade destas famosas auto-estrasob nossos olhos e que promete, como das, deve sem dúvida seu sucesso ao fato contrapartida ao abandono de nossos atuais Miragens da tecnologia