O mapa de riscos da natureza
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O mapa de riscos da natureza
EXPEDIENTE Sumário EDITOR FUNDACIÓN MAPFRE ESTUDIOS MONTE DEL PILAR, S/N. 28023 MADRI - EL PLANTÍO (ESPANHA) TEL.: (34) 91 581 23 36. FAX: 91 581 23 55 WWW.MAPFRE.COM/ESTUDIOS [email protected] DIRETOR FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA CONSELHO DE REDAÇÃO JOSÉ ANTONIO AVENTÍN ARROYO, CARLOS CARBALLAL HERNÁNDEZ, GONZALO ITURMENDI MORALES, JOSÉ JUANATEY VIQUEIRA, MIGUEL ÁNGEL MARTINEZ, LUIS DE MINGO CACHÓN, EDUARDO PAVELEK ZAMORA, JUAN IGNACIO PERDIGUERO MARTÍN, MARÍA TERESA PISERRA DE CASTRO, EDUARDO ROMERO VILLAFRANCA Y JUAN ANTONIO VAQUERO CIDONCHA. 04 Editorial 05 Atualidades 08 Observatório de Sinistros 12 Notícias da FERMA 13 Notícias da AGERS 12 Agenda 2005 Fundación MAPFRE Foto da Capa: CONSELHO DE REDAÇÃO Inundações decor rentos dos tsunamis do final de dezembro de 2004, que deixaram o Phi Phi Resor t submer so EDITORIAL MAPFRE, S. A. CTRA. DE POZUELO, 52 28220 MAJADAHONDA (MADRI). ESPANHA TEL.: (34) 91 581 53 57 FAX: (34) 91 581 18 83 WWW.MAPFRE.COM/EDITORIAL [email protected] Crédito: Nasa ESTUDOS VERSÃO BRASILEIRA: 14 O mapa de riscos da natureza 30 Introdução aos seguros JORNALISTAS RESPONSÁVEIS TATIANA CEREZER - MTB 28.298 ANDRÉ GUERRA - MTB 33.675 CONSELHO DE REDAÇÃO de incêndios florestais e sua aplicação na Galícia (Espanha) ANTÔNIO CÁSSIO DOS SANTOS, JOSÉ BAILONE JUNIOR E DIRCEU TIEGS TRADUÇÃO 50 Denúncias por comissões contingentes. JOAQUIM PIERA COLABORADORES Quem o entende? ANA CAMILA PEREZ, JULIANA LOPES ROMÃO E SÉRGIO RATTI 53 O envelhecimento da população: PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO novo desafio para a indústria seguradora BM&W COMUNICAÇÃO PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO GARILLI DOCUMENTOS GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS NÃO É RESPENSÁVEL PELO CONTEÚDO DE NENHUM ARTIGO OU TRABALHO ASSINADO POR SEUS AUTORES. O FATO DE PUBLICÁ-LOS NÃO IMPLICA CONFORMIDADE OU IDENTIFICAÇÃO COM OS TRABALHOS EXPOSTOS. ESTÁ PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DOS TEXTOS E ILUSTRAÇÕES DESTA REVISTA SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E POR ESCRITO DOS EDITORES 64 A Governança Corporativa está mudando o papel do Gerenciamento de Riscos 67 Indicadores dos Riscos e a Segurança. Ano 200 78 RESENHA DE LIVROS Editorial De novo as na catástrofes naturais O furacão Katrina, na passagem pelos Estados nor te-americanos do Golfo do México, foi um evento singular nas contínuas catástrofes naturais que ocorrem em todos os cantos do planeta. As cerca de 3.000 mor tes e os danos de aproximadamente 100 bilhões de euros – atualmente, são as avaliações mais precisas–, colocam a ocorrência no primeiro lugar em perdas econômicas e como um dos mais graves pelos danos pessoais. indispensável a análise par ticular dos riscos naturais em cada território, com atuações eficazes que permitam reduzir sua potencial gravidade. Prevendo os possíveis danos, a proteção econômica e financeira através de fundos próprios, cober turas seguradoras ou outras alter nativas, constitui uma peça chave no gerenciamento dos riscos da natureza nos organismos públicos, par ticulares e nas empresas. Contudo, a repercussão na mídia deste desastre não deve acabar com as repetidas catástrofes derivadas da dinâmica natural manifestada em furacões e tufões, inundações, secas e incêndios florestais. A freqüência dos fenômenos que origina estes impactos coloca em questão a influência que a mudança climática possa ter sobre eles. Mas não há dúvidas sobre o aumento da exposição derivada da localização da população e atividades agrícolas e industriais em zonas de risco claramente identificadas. Diante deste panorama, o conteúdo desta edição da GR começa com um estudo dos diferentes riscos da natureza e da dimensão atual e futura que se pode esperar. À margem de iniciativas globais promovidas pelos organismos internacionais, cada vez mais é Neste mesmo âmbito, inclui-se um estudo dos incêndios florestais na Espanha e o estabelecimento da apólice de seguro cor respondente, que já está em andamento. Seguem reflexões aber tas sobre as circunstâncias e repercussões do caso requerido pelo promotor geral de Nova York, contra corretores de seguros pela cobrança de comissões contingentes. A dependência dos idosos é objeto de estudo quanto às coordenadas deste conjunto da população na Espanha, com as necessidades que se projetam em longo prazo e, na próxima edição da GR, o papel que pode exercer o seguro privado. Esta edição finaliza com os resultados de uma pesquisa realizada pela FERMA sobre as mudanças induzidas pelo governança corporativa no gerenciamento de riscos e os indicadores elaborados pela Fundación MAPFRE Estúdios em relação aos riscos e a segurança em 2004. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Atualidades Projeto de Sistema Nacional de Dependência. Espanha A Secretária de Estado de Ser viços Sociais, Famílias e Deficiência do Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais espanhol, Amparo Valcarce Garcia, apresentou as linhas mestras do projeto do Sistema Nacional de Dependência, que o gover no espanhol está preparando, no Encontro “Encr uzilhadas do Seguro e da Sociedade”, organizado pela UNESP em São Lorenzo do Escorial (Madri, Espanha), ocor rido em julho passado. A situação atual de dependentes por incapacidade física e mental associada ao envelhecimento natur al registr a um censo de 7,3 milhões de pessoas maiores de 65 anos –17% da população–, das quais 23% necessitam de algum grau de atenção para suas atividades da vida diária. As previsões para 2010 estimam que o número de pessoas maiores de 65 anos será em torno de 25% da população, de acordo com o Livro Branco da Dependência. Como conseqüência da diminuição da vitalida- de e a extensão da vida das pessoas, o peso específico deste gr upo da população seguirá cr escendo assim como as dependências sociais e, por outro lado, as necessidades sanitárias. Junto a essas necessidades de atenção, segue diminuindo a capacidade de r esposta das famílias, como vinha sendo tradicional até há alguns anos. Com base nestes dados e pela experiência de outros países, o gover no espanhol está elaborando um projeto de Lei que estabeleça as estr uturas do Sistema Nacional de Dependência, com a pr evisão de que seja promulgada em 2006. Os princípios básicos contemplam o âmbito universal das prestações, com ser viços mínimos que garantam níveis de autonomia física e mental e graus de ocupação e utilidade dos beneficiários. O sistema contempla o gerenciamento público do conjunto com a par ticipação privada na prestação de ser viços e sem definir, no momento, na modalidade de seguros de dependência. Riscos da gripe aviária em seres humanos As diversas epidemias de gripe aviária sofridas no sudeste asiático, que já causaram em torno de uma centena de mor tos humanos, aumentam a ameaça de transmissão para pessoas em outras par tes do planeta. No momento, os casos sofridos pelos seres humanos foram por transmissão de animais, mas é descar tada a via interpessoal. Devido às migrações de aves e a distribuição comercial de algumas espécies, foram detectadas as presenças de outros congêneres afetados em países de regiões muito distantes dos focos originais da Ásia. Com isto, os riscos de extensão da gripe aviária ou de outros animais de granja começam a ser considerados em alguns países. Por exemplo, o governo francês criou um comitê de gerenciamento que reúne os dez ministros com car teiras comprometidas por este risco, que estabeleceu um plano de prevenção e resposta diante da possível aparição destas infecções. Em primeiro lugar, serão estabelecidos controles sanitários em por tos e aeropor tos internacionais, seguidos de análises aleatórias em ambientes ocupados por agentes afetados ou transmissores. Entre outras medidas, se estabelecerão reservas de máscaras cirúrgicas faciais, vacinas e antivirais específicos, que possam ser distribuídos quando necessário. R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Atualidades O Gerenciamento de Risco nas grandes corporações. Estados Unidos Conforme o estudo realizado pela Miller Insurance Services sobre as 750 empresas que aparecem em Fortune, cerca de 50% consideram que o custo do seguro seguirá um caminho de redução até 2008. Estima-se que o abrandamento será mais forte nas coberturas de danos materiais e pessoais e mais suave nas de compensações a trabalhadores e responsabilidade civil de administradores e diretores. Contudo, diante desta apreciação só um terço dos pesquisados acredita que as despesas globais com seguros serão reduzidas nos três próximos anos. O montante médio de todos os custos com gerenciamento de riscos por empresa totaliza cerca de 17,2 milhões de euros por ano, dos quais as despesas em apólices de seguros supõem 49,3%. As maiores preocupações dos gerentes de riscos estão encabeçadas pelo Bom Governo Corporativo –a maioria tem em conta mudanças em suas funções pela cláusula 404 da Lei Sarbanes-Oxley–, as responsabilidades de administradores e diretores e os riscos operacionais de interrupção de redes de subministros e funções subcontratadas. Por outro lado, mais de 75% dos pesquisados se mostram satisfeitos com os serviços e condições prestadas por seus corretores e companhias de seguros. Medidas contra a lavagem de dinheiro Distintas fontes estimam que o Produto Criminal Bruto no mundo situa-se em torno de 800 bilhões de euros, o que equivale a 15% do comércio mundial em 2004. Uma parte muito considerável desta quantidade precisa ser legalizada em valores patrimoniais e saldos bancários de fluxo legal. Nessas operações de lavagem de dinheiro estão implicados, consciente ou inconscientemente, representantes de entidades financeiras, car tórios, advogados, imobiliárias e concessionárias de veículos de marcas de luxo. Os ministérios e depar ta- mentos da Fazenda, Justiça, Economia e Interior estão investindo em ações e meios que impeçam a execução dessas operações que são favorecidas nos paraísos fiscais e em zonas de grande crescimento turístico e comercial. Uma das medidas implantadas pelo Ministério da Economia espanhol obriga os profissionais, antes citados, a comunicar as operações de seus clientes que considerem suspeitas ao Serviço Executivo da Comissão de Prevenção de Lavagem de Capitais e Infrações Monetárias, SEPBLAC, que preside o Secretário de Estado de Economia. Inventário Europeu de Emissões Contaminantes. Mais de 5.000 empresas espanholas tinham como prazo final 30 de setembro para notificar suas emissões contaminantes durante 2004 ao Registro Estatal de Emissões e Fontes Contaminantes. Este registro integra-se com os do resto dos países europeus, de acordo com o estabelecido na diretriz 96/61/CE, e estará disponível na inter net no endereço: www.eper.oec.eu.int. As empresas obrigadas a comunicar esta informa- G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 ção per tencem ao setor energético, mineiro, químico, agroalimentar, papeleiro, metalúrgico e têxtil, fundamentalmente. Nas comunidades autônomas de Andaluzia, CastillaLa Mancha, Catalunha, Valência, Estremadura e País Basco, as empresas afetadas devem comunicar suas emissões ao organismo autonômico competente, enquanto que as restantes poderão fazê-lo diretamente na base de dados antes citada. Atuações principais no Gerenciamento de Riscos A Unidade de Inteligência do The Economist realizou um estudo sobre a Evolução do papel do CRO, Chief Risk Officer, no gerenciamento de riscos nas empresas. Como par te do trabalho, foi feita uma pesquisa com 137 gerentes de riscos, onde lhes questionavam pela ordem de prioridade as seguintes atuações, comparando-as com a sondagem realizada há três anos: A pesquisa, feita em outubro de 2004, foi preenchida por 200 membros dos 450 que formam a AIRMC. Os aspectos mais destacados do estudo são os seguintes: Atuação Ordem em 2005 Gar antir o cumprimento da regulamentação I n fo r m a r a o C o n s e l h o o s riscos mais significativos Gar antir a continuidade do negócio Pr opor cionar um mapa de riscos fidedigno Detectar os riscos emergentes Desenvolver um modelo de perfil de riscos Estender a cultur a do gerenciamento de riscos For mar e infor mar à força laboral Infor mar outr as entidades relacionadas Avaliar a cobertura de seguros Ordem em 2002 1 1 2 5 3 7 4 2 5 4 6 10 7 3 8 11 9 9 10 6 Campanha européia contra o ruído no trabalho A Agência Européia de Segurança e Saúde n o Tr a b a l h o e s c o l h e u c o m o l e m a “ PA R E C O M AQ U E L E R U Í D O ” . A c a m p a n h a t e v e o s e u p onto culminante na Semana da Se gu r a n ç a e S a ú d e , q u e fo i r e a l i z a d a d e 2 4 a 3 0 d e o u t u b r o. Avalia-se que um terço da população laboral européia, ou seja, mais de 60 milhões de trabalhadores estão expostos a níveis altos de r uído (mais de 87 de decibéis) durante mais de um quar to da j o r n a d a n o t r a b a l h o. A A g ê n c i a a v i s a q u e o r uído é um fator ger ador de acidentes, ocasiona estresse e graves problemas de hipacusia (surdez). G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Observatório de Sinistros Aumentam os sintomas do efeito estufa O furacão Katrina castiga aos Estados Unidos Os indícios da mudança c limática se confirmam, com as lógicas cautelas do calendário geológico ter r estr e e com a ocor rência desequilibr ada de cer tos fenômenos natur ais. Uma das causas r esponsáveis da mudança, o aquecimento da atmosfer a, a pr esenta um parâmetro evidente com o aumento de 0,6ºC na temper atur a média global dur ante o século XX; na Europa o aumento foi de 0,95ºC . O furacão Katrina, com uma força 4 na escala de Saffir-Simpson (valores de 1-5), conver teu-se no mais destruidor, em termos econômicos, de toda a história. A Organização Mundial de Meteorologia confir ma que os r egistros dos 10 anos mais quentes acontecer am a par tir de 1990, na seguinte ordem decrescente 1998, 2002, 2003, 2004, 2001, 1997, 1995, 1990, 1999, 1991 e 2000, com várias manifestações da fenômeno de “canícula” em 2003, 1998 e 2002. Os maiores efeitos foram registrados na cidade de Nova Orleans, onde a água acumulada estourou os diques de proteção da par te da cidade que se encontra abaixo do nível do mar. A água inundou durante várias semanas essa área, deixando-a inabitável, necessitando de uma reconstrução praticamente completa, que demorará mais de dois anos para ser finalizada. No meio das tarefas de recuperação, o furacão Rita provocou chuvas torrenciais, com um novo transbordamento das águas. Os efeitos imediatos do aquecimento se r ef letem nas ondas de calor, secas e inundações na década de 90 em relação à anterior na Europa. Em 2005, se produziu no sul da E u r o p a a s e c a m a i s fo r t e d e s d e a ú l t i m a mais gr ave ocor rida em 1947, e várias tormentas causaram inundações nos países eur opeus do centr o e leste. A maior contribuição do aquecimento, 80% é a t r i bu í d a à s e m i s s õ e s d e C O 2 , a c o m p a n h a d a s d e o u t r o s g a s e s c o m o o m e t a n o. Pr etende-se r eduzir essas emissões em vários pr azos de tempo com o Pr otocolo de Kioto, ao qual os Estados Unidos, r esponsável pela quar ta par te das emissões mundiais, par ece a pr oximar-se. R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Na sua passagem, em finais de agosto, pelas costas do golfo de México espalhou a destruição até causar cerca de 3.000 mor tos e vários milhões de feridos, que demorarão muito tempo em recuperar a normalidade. Os danos produzidos são estimados em 100 bilhões de euros, dos quais aproximadamente a metade está cober ta por apólices de seguros. O governo federal comprometeu 160 bilhões de euros no primeiro ano para a reconstrução da urbanização e serviços públicos de saúde e educação em Nova Orleans e em outras áreas afetadas. Entre os primeiros ensinos, a análise de catástrofes demonstrou a escassa capacidade de reação dos serviços de emergência públicos nos dias posteriores à passagem do furacão Katrina. A evacuação de Nova Orleans ordenada pelo seu prefeito foi realizada, fundamentalmente, com os meios par ticulares dos cidadãos; as pessoas sem recursos ficaram dependendo de sua sor te, ou ficaram refugiadas em grandes estruturas de estádios, aeropor tos e ginásios sem as atenções necessárias para a ocasião. Trágico incêndio florestal. Espanha A combinação, entr e outr os f ator es, da s e c a d o s o l o, d a s e l e v a d a s t e m p e r a t u r a s e o f o r t e v e n t o, p r o v o c o u u m d o s i n c ê n dios florestais mais trágicos nos últimos vinte anos, com a mor te de 11 membros d e u m g r u p o d e e x t i n ç ã o. No sábado 16 de julho, pr ovocado por um c hur r asco, te ve início um incêndio n o p a r q u e n a t u r a l d o A l t o Ta j o , n a p r o víncia de Guadalajar a (Espanha). O forte vento estendeu com r a pidez o fo go, até atingir uma abrangência inalcançável p a r a o s m e i o s d e e x t i n ç ã o. N a d i s p e r s ã o de meios ter restres, uma equipe for mada por 12 pessoas e 6 veículos foi pega pelo incêndio em um talvegue, mor rendo 11 delas. Cinco dias depois, quando o incêndio pôde ser controlado, 13.500 hectares de madeir a pínus tinham sido dev astados. Sua r ecuper ação até um estado similar ao pr eexistente lev ará de 20 a 30 anos e utilizará r ecur sos por volta de 15 milhões de euros, segundo as estimativ as de alguns especialistas. Diante da gravidade deste caso e o risco de outros incêndios catastróficos durante o verão espanhol de 2005, o Gover no estabeleceu uma série de medidas urge n t e s p a r a c o m p e n s a r a s v í t i m a s, p r e v e r a ocorrência de incêndios e dispor de m a i s e m e l h o r e s m e i o s d e e x t i n ç ã o. Novamente, for am apresentadas as deficiências de medidas preventivas básicas: l i m p e z a d o s o l o, e s t a b e l e c i m e n t o d e b a rreir as par a acabar com incêndios, vigilância etc, que evitem o início e a fácil propagação dos incêndios florestais, em sua imensa maioria causados intencionada ou negligentemente pelo homem. Continuadas pela disposição de planos de extinção e controle, com as atuações e meios apropriados, e, a posteriori, dos marcos estr uturais de recuperação dos espaços danificados e de estabelecimento das responsabilidades legais derivadas, com punições e penas de acordo com a gr avidade dos casos. As redes de crime organizado. Espanha Um relatório da Polícia Judicial espanhola indica em 2005 a presença de 542 quadrilhas organizadas para o crime nesse país. Este levantamento inclui grupos delitivos formados por mais de 10 pessoas, que se dedicam ao tráfico de drogas, seres humanos, veículos de luxo, lavagem de dinheiro, extorsão e assaltos. Essas quadrilhas estão compostas por delinqüentes de diversas nacionalidades e ligadas às redes de crime organizado internacionais. Na Europa, estima-se que estão operativos por volta de 4.000 grupos mafiosos com representação em todos os países mais povoados. No narcotráfico, a Espanha é a por ta de entrada da droga na União Européia. 78% do haxixe, cultivado no nor te da África, circula ilegalmente pelas redes espanholas, onde se descobre e captura em torno de um terço do total e a outra par te é consumida localmente. As vias de distribuição da cocaína, produzida fundamentalmente na América do Sul, estão mais diver sificadas. Avalia-se que em torno de 40% do total mundial trafega pela Espanha para fornecer o consumo local e o de outros países da União Européia. R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Observatório de Sinistros Primeiras condenações judiciais pelas fraudes corporativas. Espanha Os pr ocessos judiciais desencadeados nos Estados Unidos contra altos executivos, acusados de fr audes contr a gr andes cor por ações, começam a conhecer as primeir as sentenças. Em um deles, Daniel Bayly, executivo da banca Mer r yl Lynch, foi sentenciado a 30 meses de prisão e a indenizar em 260.000 euros ao fundo de afetados do caso Enron. Em 1999, Daniel Bayly, segundo a acusação, ocultou um empréstimo de 5,8 milhões de euros à Enron com a venda de três embarcações de ger ação elétrica à própria Mer ril Lynch, o que teria ocasionado perdas contábeis par a os investidor es da Enron de 1,2 milhões de euros. Delinqüência na internet O Centro de Reclamações de Delitos na Inter net, situado nos Estados Unidos, recebeu 125.000 denúncias em 2003. Obv i a m e n t e o, p o r s e r a s e d e d o i n s t i t u t o e a maior implantação da inter net, o maior númer o de denúncias ocor r eu no país norte-americano, com a di visão descrita a bai x o. Q u a l s e r á a d i m e n s ã o r e a l d o p r o b l e ma na atualidade? Percentual de casos denunciados Pais 1 Estados Unidos 76,4 % 2 Canadá 3,3 % 3 Nigéria 2,9 % 4 Itália 2,5 % 5 Espanha 2,4 % 6 Romênia 1,5 % 7 Alemanha 1,3 % 8 Grã Bretanha 1,3 % 9 África do Sul 1,1 % 10 Holanda 0,9 % N o m e s m o a n o, a s f r a u d e s c o m c a r t õ e s eletrônicos de crédito custaram às companhias emissoras cerca de 1 bilhão de e u r o s . Po r o u t r o l a d o, f o r a m d e t e c t a d a s cerca de 15.000 páginas web que em diferentes graus se encontram vinculadas às operações fraudulentas: venda de cópias pir atas, por nogr afia infantil, falsificação de títulos univer sitários, extremismo ter rorista. 10 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Avalanche trágica em uma peregrinação. Iraque E m 3 1 d e a g o s t o, u m a a v a l a n c h e e m u m a romaria de peregrinos xiitas em Bagdá p r ov o cou a mor te de mais de mil pessoas, esmagadas pela multidão ou afogadas no r i o T í g r i s. A t r a g é d i a o c o r r e u q u a n d o u m a par te da coluna de peregrinos encontrav a-se sobr e uma ponte e foi espalhado um r umor que entre eles se encontrava um g r u p o d e t e r r o r i s t a s s u i c i d a s. A tentativa desordenada de escapar da ár ea desencadeou a av alanc he da multidão que se atropelou, pisoteou e chegou a romper a grade de proteção com a cons e q ü e n t e q u e d a n o l e i t o d o r i o. A tensa situação que vive o Iraque, com a p r e s e n ç a m i l i t a r d o s E s t a d o s U n i d o s, G r ã B r e t a n h a e o u t r o s p a í s e s, f a v o r e c e a s r e ações violentas de gr upos de resistência e sua incidência em gr andes concentr ações da massa, como a que acontecia nesse m o m e n t o. A d e s m e d i d a p e r c e p ç ã o e s e n sibilidade ao risco é um fator de aumento das conseqüências possíveis que tem que s e t e r e m c o n t a n e s s a s s i t u a ç õ e s. Custos econômicos dos atentados de 11 de março. Madri (Espanha) A repercussão econômica dos atentados ter r oristas provocados em Madri (Espanha) em 11 de março de 2004 atinge 211 milhões de euros, confor me um estudo r ealizado pela Uni ver sidade Complutense de Madri. teriais por impor tação de 2 milhões de eur os, que não estav am se gur ados. O custo principal é o destinado par a indenizar as vítimas –192 mor tos e 1.009 com lesões de distinto gr au– com uma cifr a de 134 milhões de eur os. O custo a pr oximado dos danos materiais é de 29 milhões de eur os. O Consór cio de Compensação de Segur os encar r e gou-se das indenizações deriv adas da existência de deter minadas apólices de seguros, no v alor de 40 milhões de eur os. A empr esa estatal, que ger enciav a o tr anspor te fer roviário na data em que ocor r er am os atentados, teve que supor tar danos maR e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 11 Notícias da FERMA NOVOS CARGAS DIRETIVOS Federação de Associações Européias de Gerenciamento de Riscos O Comitê da Diretoria da FERMA ocor rido e m E v i a n ( Fr a n ç a ) , e m 2 4 d e m a i o, r e n o v o u o s c a r g o s d e P r e s i d e n t e e Vi c e - p r e s i d e n t e d a Fe d e r a ç ã o. M a r i e - G e m m a D e q u a e , p r e s i d e n t a d a B e rlim - Associação Belga de Gerenciamento d e R i s c o - fo i e l e i t a a n o v a p r e s i d e n t a d o comitê. O mandato terá duração de dois anos e teve início em outubro durante o Fór um bienal da FERMA, em Lisboa, Dequae substitui Thier r y van Santem, que dur ante quatro anos ocupou o cargo de Presidente da FERMA e recebeu o agradecimento do Comitê da Diretoria pelas t a r e f a s r e a l i z a d a s n e s s e p e r í o d o. principal é conhecer as expectativas das associações nacionais que a compõem e marcou como objetivo estender o gerenciamento de riscos a todos os países da Europa, incluindo os países do leste da Europa, e colaborar com as autoridades e u r o p é i a s. FERMA FEDERAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES EUROPÉIAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS Rua de la Presse, 4 B-1000 Bruxelas (Bélgica) Tel.: (32) 322 227 11 44 Fax: (32) 322 227 11 48 e-mail: [email protected] www.ferma-asso.org Na sua primeira inter venção depois da e l e i ç ã o, D e q u a e m a n i f e s t o u q u e a q u e s t ã o Agenda da Fundação Título Data Local Lic. Segundo Ciclo Atuariais Programas à distância em Seguros out 05 - jun 06 Madri XI Máster presencial em Prevenção de Riscos no Trabalho out 05 - set 06 Madri Máster “e-learning” em Prevenção de Riscos no Trabalho 4 edições À distancia MBA Executive out 05 - jun 06 Madri Master “e-learning” em Prevenção de Riscos no Trabalho 4 edições À distância Mais informação em: FUNDACIÓN MAPFRE ESTUDIOS. Monte del Pilar, s/n. 28023 MADRI-EL PLANTÍO (Espanha). Telefones: (34) 91 581 23 36 - 53. Fax: (34) 91 307 66 42. www.mapfre.com/estudios • e-mail: [email protected] 12 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Notícias da AGERS NOVA DIRETORIA DA AGERS A A Associação Espanhola de Gerenciamento de Riscos e Seguros, AGERS, comunica que depois da celebração de sua Assembléia Geral, em 16 de Junho e a reunião da Diretoria, em dia 28 do mesmo mês, a Diretoria da Associação está composta a partir de agora pelas seguintes pessoas: PRESIDENTE: JULIO SÁEZ CASTILLO – Dir etor da Di visão de Ger enciamento de Riscos e Se gur os do EL CORTE INGLÉS. VICE-PRESIDENTE I: EDUARDO ROMERO VILLAFRANCA – Consultor da KR CB. VICE-PRESIDENTE II: MIGUEL ÁNGEL MACÍAS PÉREZ – Dir etor de Se gur os FCC . SECRETÁRIO GERAL: GONZALO ITURMENDI MORALES – Advo g ado – B UFETE ITURMENDI. VICE-SECRETÁRIO GERAL: ROGELIO BAUTISTA GUARDEÑO – Ger ente de riscos da ABENGOA. TESOUREIRO J O S É LU I S S Á N C H E Z B E L DA – C o n s e l h e i r o Dele g ado da ASEVASA. INTERVENTOR–CONTADOR: GONZALO AGUILAR FERNÁNDEZ – Conselheir o D e l e g a d o d a C H E L E N TA N C o r r e t o r a d e Se gur os e Resse gur os. G O N Z A LO F E R N Á N D E Z I S L A – A s s e s s o r d e Riscos e Estr atégia Empr esarial. JOSÉ LUIS SOLÍS CÉSPEDES – Sócio da ERNST & YOUNG Ser viços Cor por ati vos. JOSÉ MANUEL SANZ ALTOZANO – Subdir etor da Risk Mana gement de MARSH. MARIANO BLANCO GEMA – Diretor Programas de Fidelização da AIG EUR OPE. PEDRO TOMEY GÓMEZ – Dir etor de Relações Institucionais da AON GIL E CARVAJAL R OBERTO REVENGA PENEBLAS – Sócio Dir etor da AVALORA Ser viços Periciais. VICENTE MARTÍN MARTÍN – Gestor Adjunto de Riscos e Se gur os de ENDESA. D. Mercedes Prieto Pérez seguirá desempenhando a Gerência Executiva da Associação. FELIPE GANGOITI LAGUNO – Conselheiro Dele g ado da CRAWFORD & COMPANY. VOGAIS: ANDRÉS ELÓSEGUI ICHASO – Dir etor Ger al da BMS Descontaminação e Recuper ação. AURELIO LÓPEZ-BARAJAS DE LA PUERTA – Diretor de Riscos e Seguros do Grupo ALTADIS. C É S A R R O D R Í G U E Z PA L AC I O S – D i r e t o r d e Riscos e Seguros EMEA da CEMEX Espanha. ENRIQ UE ZÁRRAGA ARANCETA – Dir etor Ger al Adjunto de WILLIS Ibéria. FERNANDO PÉREZ VILA – Ger ente de Riscos do GRUPO LECHE PASCUAL. FRANCISCO MARTÍNEZ GAR CÍA – Dir etor da FUNDACIÓN MAPFRE ESTUDIOS. AGERS ASSOCIAÇÃO ESPANHOLA DE GERÊNCIA DE RISCOS Príncipe de Vergara, 86 1ª esc., 2.° esq. 28006 Madri Tel.: (34) 91 562 84 25 Fax: (34) 91 561 06 05 e-mail:gerencia@ager s.es www.agers.es 13 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 13 Estudos O mapa de riscos da natureza JOSÉ CARLOS NÁJERA HERRANZ MAPFRE EMPRESAS. DIVISÃO DE GRANDES RISCOS Independente dos danos produzidos em 2005, incluindo o furacão Katrina, pendente de avaliação, o ano 2004 foi o mais custoso em vidas humanas e perdas econômicas da história, como conseqüência das catástrofes geradas pelos fenômenos naturais. Fatos como os ocorridos em dezembro no já tristemente famoso maremoto da Indonésia, onde em um único evento houve o maior número de vítimas desde 1970 igualando em perdas humanas às inundações de Bangladesh (300.000 mor tos e desaparecidos), conver teu em notícia durante meses os eventos catastróficos derivados de fenômenos naturais. Fenômenos como esse fizeram com que a sociedade se familiarizasse durante semanas com informações sobre esses tipos de catástrofes e suas conseqüências, publicando-se dezenas de ar tigos e gerando-se foros de discussão e debate sobre como a Sociedade pode afrontar esses eventos. Em primeiro lugar e par a entender cor r etamente o nível de interação entre o ser humano e os riscos que lhe envolvem, é preciso ser ciente de nossa insignificância espacial e temporal, frente ao mundo em que vivemos e ao poder da Natur eza. Atualmente, ha bitam a Ter r a cerca de 6,3 bilhões de pessoas, com uma divisão absolutamente desigual da superfície ter restre habitável, tanto no que se refere à concentração humana, como ao progresso e desenvolvimento. Estima-se que a história da Ter r a atinge os 4,5 bilhões de anos. A última e mais recente Era geológica abrange os últimos 65 milhões de anos. Os continentes adquirem, paulatinamente, os aspectos e situações atuais, ainda que, a princípio, o oceano era mais estreito e 14 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Figura 1 uma cifra aproximada de 450.000 elos. FIGURA 2 o que agora é a península indiana encontrava-se “viajando” do sudeste da África até sua localização atual. Par a os paleontólogos, o ponto de início da história da humanidade começou com a aparição dos primatas, coincidindo com o início dessa Era. O quater nário é o período que começou há 1,64 milhões de anos, e compreende até nossos dias. O quater nário divide-se em plistoceno, a primeira e mais cumprida par te do período, que inclui os períodos glaciais, e a época recente pós-glacial. Também chamada holoceno, que chega até nossos dias. O plistoceno é chamado às vezes “a Er a do Homem”, porque os seres humanos evoluíram nesse período. No seguinte período, o holoceno, os seres humanos for am capazes de desenvolver uma vida organizada em gr upos sociais, à qual chamamos civilização. O último ancestral comum entre o ser humano e o c himpanzé, nosso primo mais próximo, existiu somente há seis ou sete milhões de anos. Os dados pesquisados até agora situam em 50 mil anos a etapa em que habita a Ter ra o “Homo sapiens”, espécie a qual per tencemos, os seres humanos moder nos. Gr aficamente, se quiser mos completar uma cadeia que representasse a história da Ter ra com elos equivalentes à etapa em que o homem a habita como tal, necessitaríamos de Através do rastro que deixaram os fenômenos naturais ao longo da história, através dos sedimentos que foram depositados, as rocas, os r elevos etc, for am r econstr uídos fenômenos naturais que ocor reram. Através dos estudos geológicos e geomorfológicos foram reconhecidas características do relevo que devem ter sido produzidas por fenômenos verdadeir amente catastróficos, ainda não obser v ados pelo homem. Contudo, com exceção da queda de gr andes meteoritos na superfície ter restre ou glaciações, o restante dos outros processos foram suficientemente obser v ados par a se ter um conhecimento deles. Os especialistas que estudam estes temas estão convencidos que os fenômenos catastróficos maiores se produzem há milhares e inclusive milhões de anos. A história da Ter ra deu, por tanto, suficientemente de si mesma par a que se tenham produzido numerosos eventos deste tipo. O mundo em que habitamos está exposto aos perigos natur ais e a Natur eza demonstr ou que atua e golpeia de for ma feroz. Adquirir esta consciência é fundamental para afrontar estes eventos e ser capaz, na medida de nossas possibilidades, prever seu efeito e mitigar suas conseqüências. CATÁSTROFES NATURAIS Os eventos naturais se conver tem em catástrofes quando os seres humanos ou propriedades são afetados. Um terremoto no deserto de Gobi não seria qualificado de Catástrofe Natural se não tiver efeito, como é previsível, em vidas humanas ou propriedades. Contudo, esse mesmo perigo natural que é o terreG e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 15 Estudos Riscos da Natureza são as seguintes: • Aumento da população mundial: 6,3 bilhões de habitantes no planeta Tabela 1 Maiores Catástrofes Naturais 2004 • Elevada concentração de pessoas e bens: megacidades. • Urbanização e industrialização de zonas perigosas e altamente expostas. moto pode conver ter-se rapidamente em uma catástrofe em uma região que esteja densamente povoada e pouco preparada. As chaves para o aumento que estão sofrendo os Tabela 2 Desastres Naturais. Década 1994-2003. 16 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 • Crescente vulnerabilidade das sociedades moder nas, com suas novas tecnologias e for mas de construção. • Mudanças globais em condições meio-ambientais, mudança climática etc A tabela 1 reflete as Catástrofes Naturais. Segundo fontes da Swiss Re, e publicados na sua Revista SIGMA, no ano 2004, o número de vitimas fatais foi de mais de 300.000 com perdas econômicas de mais de 100 bilhões de euros, das quais 46 bilhões foram indenizadas pela indústria seguradora. Tabela 3 Catástrofes Naturais. 2004 Em resumo, uma área altamente povoada e pouco preparada submetida a perigos naturais provoca enormes conseqüências do ponto de vista de perdas humanas, um moderado custo em perdas materiais e uma grande repercussão na sociedade diante da pobre contribuição das empresas seguradoras. Os dados da ONU, obtidos até 2003, conforme se refletem na Tabela 2, indicam que as perdas por Riscos da Natureza mais caras para a sociedade a par tir de 1994 são as derivadas de Inundações, que representam 55% do total dos afetados, seguidas das Secas (37%) e das Tormentas (19%). Contudo, em vítimas mor tais e no mesmo período, o Risco da Natureza mais custoso é o terremoto e o tsunami com 30%, seguido das inundações (30%) e secas e furacões (19% cada um). A ONU avalia que na última década, mor reram610.000 pessoas e 2,7 bilhões foram afetadas por fenômenos da natureza, o dobro que na década anterior, com um custo econômico de 506 bilhões de euros. De todas elas, 90% das catástrofes e 50% das vítimas ocorreram na Ásia. Na tabela 3, é apresentado um resumo dos grandes sinistros por causas da natureza durante o ano 2004, por categorias. Claramente o impacto do terremoto de Indonésia marca a estatística que se refere a cifras de vítimas. Das 332 catástrofes que ocorreram ao longo do ano, 116 foram catástrofes naturais. Os 36,5 bilhões de euros suportados pela indústria seguradora constituem o recorde na história, que situam em 18,4 bilhões de euros as perdas anuais. Na tabela 4, pode observar-se uma classificação dos cinco sinistros segurados mais custosos em 2004 frente aos danos totais e vítimas causadas. Enquanto que na tabela 5 são apresentados os cinco maiores sinistros em 2004, por número de vítimas sofridas. Na tabela 6, mostra-se os cinco sinistros mais custosos para a indústria seguradora. Igualmente, na tabela 7, aparecem as cinco catástrofes naturais com maior número de vítimas. A referência à situação espanhola pode observar-se no livro publicado pelo Consórcio de Compensação de Seguros sobre “Perdas por Terremotos e Inundações na Espanha” durante o período 1987-2004, no qual se estabelece, além disso, a previsão de perdas para os próximos 30 anos. Foi avaliado que no período compreendido entre o ano 1987 e 2001, as perdas econômicas por terremotos na Espanha atingem 203 milhões de euros e por inundações 11,921 bilhões de euros. Assim mesmo, se estabelece que para os próximos 40 anos, estas perdas serão de 2,096 bilhões de euros por terremotos e 25,722 bilhões por inundações. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 17 Estudos Tabela 4 Catástrofes Naturais mais caras para o seguro. 2004 (custos em milhões de euros) Tabela 5 Catástrofes Naturais com mais vítimas. 2004 18 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Tabela 6 Cinco catástrofes Naturais mais caras para o seguro a partir de 1970 Tabela 7 Cinco catástrofes Naturais com mais vítimas a partir de 1978 PERIGOS NATURAIS. CLASSIFICAÇÕES Na análise dos riscos da Natureza, em primeiro lugar devem ser definidos quais são os perigos que os constituem e classificá-los. Para deter minar cor retamente os parâmetros pelos que se avalia um Risco, devem considerar-se os seguintes conceitos: Periculosidade (Aspecto científico): Fator exter no do Risco, representado pela potencial, ocor rência de um sucesso de origem natural ou ger ado pela atividade humana, que pode manifestar-se em um lug ar específico, com uma intensidade e duração deter minada. Vulnerabilidade (Aspecto de engenharia): Fator interno de risco de um sujeito, objeto ou sistema, exposto a uma ameaça ou perigo, que corresponde a sua disposição intrínseca a ser danificado. Custo (Aspecto econômico). Materialização econômica do dano provocado pela ocor rência de um evento. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 19 Estudos FIGURA 3 • ASTRONÔMICOS Meteoritos, hiperatividade solar Os fenômenos endógenos e exógenos modificam diariamente a superfície ter restre com velocidades que a olho nu parecem insignificantes. A erosão das rocas pelos rios, o vento, os gelos, as ondas ou os numerosos sismos que ocorrem cada dia, as erupções vulcânicas (uma ou duas ao mês) ou a queda diária na Ter ra de material cósmico, originam mudanças per manentes que, contudo, não são perceptíveis de um dia para outro. Os perigos da Natureza classificam-se da seguinte for ma: • GEOLÓGICOS - Inter nos: Ter remotos, Vulcões - Exter nos Deslizamento do ter reno, subsidência, falhas ativas, argilas expansivas, materiais geológicos (minerais radiativos, asbestos,...), erosão • HIDROLÓGICOS - Continentais: Inundações - Oceânicos: Riscos costeiros • METEREOLÓGICOS - Água: Chuvas, granizo, seca - Vento: Tor nados, ciclones, vendavais, - Temperatura: Ondas de frio e calor - Tér micos: Riscos de incêndios 20 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 No entanto, de for ma esporádica, estes fenômenos se a pr esentam com velocidades ou ma gnitudes extr aor dinárias, pr oduzindo-se sismos de grande magnitude, er upções vulcânicas que projetam toneladas de materiais, rios que transbordam, desmoronamentos colossais e ondas marinhas que elevam o litoral até mais de 30 metros. Estes fenômenos são obser vados e estudados há muitos anos, de tal maneira que conhecemos o mecanismo de sua for mação, porém, lamentavelmente, ainda não somos capazes de predizer sua ocor rência (inferência do lugar e tempo possível onde pode pr oduzir-se um evento destas características). 1. Terremotos Os ter remotos são tremores provocados pelo movimento de grandes fragmentos da cor tiça ter restre. Cada dia, ocor re um grande número d e s i s m o s e m t o d o o m u n d o, a i n d a q u e a maioria deles de pequena magnitude. Ainda que a magnitude do terremoto marque a diferença na dimensão de suas conseqüências, um fator impor tante é sua profundidade. Tabela 8 Fatores de classificação Se a magnitude for muito grande, mas o movimento sísmico for muito profundo, os danos podem ser pequenos. Assim mesmo, a magnitude depende da proximidade do epicentro a um núcleo muito povoado e do tipo de solo. O solo brando amplifica o movimento. Para ter uma aproximação à equivalência do poder destrutivo de um terremoto, foi apresentada nesta tabela a equivalência aproximada em toneladas de dinamite e os exemplos de danos que causaria. Quando uma falha se desliza, provocando um terremoto, ondas sísmicas se propagam em todas as direções, causando vibrações, primeiro de freqüência muito alta (ondas de cor po e transversais) e logo de baixa freqüência (ondas superficiais). Como conseqüência, os edifícios também vibram. Se estas construções não puderem segurar as vibrações, sofrem danos. As ondas compressionais e transversais, de alta freqüência são mais danosas para estruturas de pouca altura e as superficiais (baixa freqüência), o são para edifícios e estruturas de grande altura. As ondas de baixa freqüência têm uma maior amplitude, por isto for am produzidos danos em edifícios altos a gr andes distâncias do foco do ter remoto. Outro efeito dos ter remotos pode radicar na ruptura de superfície, que muda de poucos centímetros até vários km e com danos que podem causar às estruturas cíveis como pontes, estradas, condutores de água e de gás etc. Em alguns terremotos, pode produzir-se o fenômeno da liquação, em solos compostos normalmente por areias e lamas que perdem temporariamente a coesão, e começam compor tar-se como fluidos viscosos e não como sólidos. Outro efeito radica nos deslizamentos de grandes blocos de roca. As principais zonas de risco estão representadas no gráfico 1, coincidentes com a união das placas tectônicas mais dinâmicas da Terra. Concretamente, há três zonas ao longo do globo ter restre onde o risco de grandes terremotos é elevado. Sismos tão destr utivos como o de Lisboa em 1755 podem sacudir a Península Ibérica a cada mil anos. Este ter remoto atingiu 8,7 graus na G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 21 Estudos Tabela 9. Escala Richter e equivalência GRÁFICO 1 Principais falhas e zonas de riscos escala Richter, sacudindo a terra durante 120 segundos e duas réplicas posteriores, destruindo a maioria de edifícios de Lisboa, depois arrasada pelas chamas, e matando 50.000 dos seus 230.000 habitantes. Na cidade de Sevilha, 85% dos edifícios sofreram danos e o posterior tsunami provocou mais de mil mor tos nas costas de Cadiz e Huelva. 22 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 O cenário geológico é a falha Açores – Gibraltar, onde a placa tectônica africana se choca com a euro-asiática, a qual empurra a primeira delas deslocando-a 4 mm por ano em direção Noroeste. Contudo, esta vasta região não está muito bem definida geologicamente. A questão da pr edição de ter r emotos é con- trover sa. Uma boa par te da comunidade científica, na sua maioria geólogos, são bastante céticos com este tema e opinam que a única “pr edição” é uma boa ordenação territorial e um bom desenho anti-sísmico. Os Estados Unidos e o Canadá trabalham em um projeto de pr edição de ter r emotos que, com décimos de segundo de aviso, per mitiriam mitigar os efeitos catastróficos desligando plantas de gás, eletricidade etc. Sua denominação é Projeto Netuno e consiste na instalação de 30 laboratórios submarinos ligados com mais de 3.000 km de cabos de fibra ótica ao redor da Placa de Juan de Fuca. 2. Tsunamis O início da formação de um maremoto ou tsunami (onda de por to) radica em um movimento brusco do fundo de um oceano ou aqüífero, provocando ondas em todas direções a par tir dele. Em qualquer caso, estes eventos chegam a produzir um grande movimento de uma coluna de água de milhões de toneladas de peso, em sentido ver tical ascendente. As ondas resultantes se deslocam com uma velocidade de mais de 700 km/h e podem estender-se até os confins da bacia oceânica, a milhares de quilômetros. A velocidade dos tsunamis aumenta com a profundidade do oceano. A altura das ondas é insignificante, 1,5 m. Contudo, quando a onda se aproxima à costa, onde diminui a profundidade, a velocidade se reduz e a onda cresce em altur a, atingindo de 40 a 60 metros, ondas que se produzem em série, com inter valos variáveis de minutos a horas e cuja intensidade diminui gr adativ amente. Os tsunamis só são r epentinos em casos excepcionais. É comum que antes da chegada dos tsunamis à costa, aconteça um retrocesso do mar. Em 26 de dezembro de 2004 um ter remoto de magnitude 9 na escala de Richter, sacudiu o fundo do mar fr ente às costas de Sumatr a, gerando um tsunami que em poucas horas se estendeu até 4.500 km no Oceano Índico e c he g ando às costas da Somália, a mais de 6 . 5 0 0 km, com um r esultado em tor no de 300.000 mor tos e desaparecidos e deixando a uma população de 1,5 milhões de habitantes sem moradias. Tabela 10 Tsunamis. Essências e classificação G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 23 Estudos O piso oceânico ergueu-se até 10 metros pelo deslizamento br usco da placa índica abaixo da Bir mânia, estendendo-se primeiro ao longo de 500 km e, posterior mente, ao longo de 1.200 km. A melhor proteção é a infor mação à população sobre medidas de atuação no caso desse tipo de evento e por uma boa dotação de sistemas de alar me, procedendo a práticas regulares de medidas de evacuação e proteção. A instalação de um sistema de alar me e evacuação seria r elativ amente econômica. Está em análise a instalação de um sistema de alar me de tsunami em todo o Oceano Índico, similar aos que dispõem nestes momentos o Japão ou os Estados Unidos na sua costa ocidental e Havaí, com uma vasta rede de estações sismográficas com infor mação imediata por rádio e TV em caso de perigo de tsunami. A educação e pr evenção cidadã são fundamentais para mitigar os efeitos deste fenômeno e para que se adotem as medidas adequadas ante um anúncio de ocor rência de um evento assim: - evacuação imediata da praia – busca de alturas > a 3º ou 4º andar – evitar rotas ao nível do mar. A Europa está desenhando a criação de um mapa mundial de tsunamis para predizer sua aparição: Mawwave, baseado na obser vação dos satélites ERS da Agência Especial Européia. Tabela 11 Vulcões. Zonas de risco e efeitos principais. 24 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 3. Erupções vulcânicas As er upções vulcânicas são muito freqüentes em determinadas zonas de atividade endógena da Ter ra. Estima-se que se produz, em média, duas er upções mensais, ainda que em poucos casos resultam catastróficas. Contudo, as er upções vulcânicas obser vadas pelo homem não refletem os processos vulcânicos de maior magnitude que ocor rer am na história da geologia. São bem conhecidos os vulcões ativos dos continentes e ilhas oceânicas, ainda que talvez nem todos os que potencialmente podem voltar a manifestar movimentos. O Vesúvio entrou em er upção no ano 79, depois de 800 anos de tranqüilidade. O Lamington em Nova Guiné não se considerava vulcão e deu mostras de vida em 1951. A recente evolução sísmica na ilha de Tenerife (no ar quipélago das Canárias, na Espanha) desper tou a intranqüilidade sobre a possível atividade do vulcão Teide. No último ano, aumentou a atividade sísmica. Só em 2004 foram registrados mais de 190 fenômenos de pequena ma gnitude (em 1998 for am r e gistr ados 30). Assim mesmo, foi registrado um aumento de gases magmáticos ao longo da dorsal noroeste do Teide. Estes fenômenos são conseqüência dos movimentos do magma, a 12 km de profundidade, porém seu possível desencadeamento em uma erupção não é mais que uma hipótese. Há 2.000 anos este vulcão sofreu uma erupção explosiva. 4. Queda de meteoritos Está sendo reconhecido o efeito destes elementos na história geológica da Terra. Há mais de 3,5 milhões de anos, nosso planeta devia apresentar um aspecto similar à superfície lunar e de outros planetas de nosso sistema solar, cheio de crateras pelo impacto de meteoritos. O fato de que no passado geológico tenha sido demonstrada a produção de impactos colossais, induz a pensar que possa voltar a ocorrer. A freqüência de queda de meteoritos é alta, porém ao fazer contato com a atmosfera a grande maioria deles passa ao estado de fusão. Atualmente, os astrônomos estão aptos a detectar estes fenômenos com semanas de antecedência. GRÁFICO 2 Meteoritos. Essência e efeitos principais 5. Furacões, ciclones e tufões Os furacões podem atingir velocidades de vento de até 250-350 km/h. Com velocidades inferiores a 180 km/h, trata-se de uma tormenta tropical. São muito comuns no sul e sudeste asiáticos, nas costas da Índia, Bangladesh, Paquistão, Indochina, assim como no Golfo de México e no Caribe. O furacão Ivan, desenvolvido em 2/9/04 como uma intensa tormenta tropical, evoluiu para um furacão no dia seguinte, com velocidades de ventos superiores a 118 km/h, atingindo a categoria 1 a 4 e 5 na escala de Saffir-Simpson, chegando a velocidades de 250 km/h. Ivan manteve sua intensidade durante 12 horas, descendo logo à Categoria 2 e, de novo, à categoria 4 até 16 de setembro: ou seja, em torno de 200 horas e chegando em três ocasiões à categoria 5 durante algumas horas, com velocidades de 330 km/h. O risco de ciclones tropicais foi reduzido nos últimos 20 anos de forma considerável graças ao estudo permanente que fazem da atmosfera os satélites artificiais. Observa-se o nascimento, evolução, velocidade, tamanho e direção, podendo tomar as medidas de precaução que reduzem ao mínimo as vítimas. 6. Inundações As inundações mais comuns são as causadas pelos transbordamentos dos rios. Os núcleos de populaG e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 25 Estudos Tabela 12 Furacões. Ciclones, Tufão e Tornados. Essência e efeitos principais ção cresceram em suas margens e ainda que na segunda metade do século passado os riscos tenham diminuído pela tomada de consciência, a maior presença humana em zonas inundáveis faz aumentar o risco, assim como as modificações na superfície terrestre, destruição de vegetação, erosão de solos e outras. A mão do homem favorece os efeitos das inundações ao substituir as barreiras naturais como florestas e represas por construções como estradas, moradias etc. O risco por inundação de rios é mais fácil de se evitar ou mitigar. É mais simples delimi26 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 tar a superfície que cobre um rio durante suas cheias anuais e as extraordinárias, geralmente produzidas uma vez a cada 15 ou 30 anos. A Espanha é um país cheio de torrentes, leitos secos e a água se concentra em poucas horas. É nestas situações que somam-se 95% das vítimas por inundações. A primeira conclusão da comissão do Senado que trabalhou de 1996 a 1998, depois da tragédia no camping de Biescas, foi a necessidade de realizar mapas de risco. Ainda, na atualidade, a grande maioria dos municípios da Espanha carece destes mapas. GERENCIAMENTO DE RISCOS DA NATUREZA O Gerenciamento de Riscos é realmente uma estratégia e deve ser o resultado de um compor tamento interdisciplinar, multisetorial e representar uma atitude e um valor ou princípio para uma Sociedade. Deve constituir um processo eficiente de planejamento, organização, direção e controle, direcionado à redução de riscos, ao gerenciamento de desastr es e à r ecuper ação diante de eventos já ocor ridos. O processo de ger enciamento dos riscos da natureza se resume aos seguintes passos: 1. Análise do Risco • Avaliação da Vulner abilidade das constr uções • Av aliação da Periculosidade da zona • Combinação dos itens anteriores para elabor ar um cenário de Risco 2. Estimativa de Danos 3. Elaboração de mapas de riscos 4. Redução de Riscos • Prevenção • Mitigação 5. Gestão de Catástrofes Na avaliação da Periculosidade se deter minam as diferentes áreas de um ter ritório em função da mesma probabilidade de ocor rência de um evento. São indicados em um mapa os diferentes valores de intensidade. Na avaliação de Vulnerabilidade são identificados os bens expostos, classificando-os confor me a classe de vulnerabilidade: idade, altura, situação geográfica etc. Para a Avaliação de Danos gradua-se o seu alcance e se estabelece um valor a cada edifício. Configurando as matrizes dos danos, em função de Vulnerabilidade / Grau de Dano / Intensidade. Quanto à Redução de Riscos por Prevenção, entende-se as ações direcionadas a eliminar o risco, seja evitando a ocor rência do evento ou impedindo os danos através, por exemplo, de evitar ou limitar a exposição do sujeito à ameaça. Nos Riscos Natur ais, a prevenção é altamente custosa e pouco viável. Passa por incluir o conceito prevenção como uma variável a mais na tomada de decisões. A Mitigação diz respeito a recolhe as ações direcionadas a reduzir os efeitos gerados pela ocorrência de um evento. Sob o conceito de Gestão de Desastr es, entendemos como enfrentar da melhor maneira o i m p a c t o d o s d e s a s t r e s e s e u s e f e i t o s. Abr ange também a execução daquelas ações necessárias para uma opor tuna resposta como evacuação, atenção aos afetados e redução de perdas nas propriedades. MAPAS DE RISCOS NATURAIS Dadas as características de ocor rência e desenvolvimento dos fenômenos da natureza de nível catastrófico e seus efeitos em extensas zonas geográficas, resulta fundamental a disposição de mapas de riscos, que graficamente facilitem a análise e atuações que serão precisas para minimizar os efeitos negativos que se possam derivar. 1. Classificação. A cartografia do risco Baseia-se na delimitação de zonas (zoneamento) indicando a possibilidade de que uma série de setores ou elementos de uma sociedade seG e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 27 Estudos jam afetados, por um evento natural de tipo extremo, sendo distinguidos os tipos seguintes: • Car tografia de Periculosidade: zoneamento em função da fr eqüência e intensidade de ocor rência de um deter minado evento. • Utilização de meios disponíveis nos processos operativos de inter venção frente à ocorrência de desastres naturais. Durante a conferência organizada pelo Consórcio de Compensação de Seguros sobre “Terremotos, tsunamis e inundações: Experiência espanhola”, o Diretor Geral do Instituto Geológico e Mineiro da Espanha (IGME), anunciou duas questões impor tantes: por um lado o início do Plano Prigeo, consistente na elaboração de cartografia de periculosidade 1:50.000 e 1:10.000 em um plano de 10 anos e, por outro, o início da criação de uma rede coordenada de sistemas de alerta, dirigido na Presidência do Governo. - Car tografia de avaliação de danos: 3. Cartografia de planos especiais • Acumulação de infor mação sobre os desastres e suas características, para a revisão do Planejamento. • Plano Especial de incêndios Florestais Ele é um dos riscos ao qual se prestou maior atenção. A maioria das Comunidades Autônomas espanholas já dispõe de Planos Especiais. Eles apresentam critérios de zoneamento de riscos muito abrangentes e pouco definidos. Estabelece-se a necessidade de elaborar cartografia de gerenciamento de emergências: prever vítimas de evacuação, os lugares seguros e os equipamentos e subministros necessários. • Car tografia de Vulnerabilidade: zoneamento em função da maior ou menor fragilidade dos elementos da sociedade frente à ocor rência. - Car tografia de gerenciamento de emergências: 2. Escalas Cartográficas • De Reconhecimento (escala ≤ 1 : 400.000): Primeir a aproximação ao estudo dos riscos em um ter ritório de grande extensão. Os documentos mais freqüentes nesta escala costumam ser os mapas de periculosidade. Desenvolve um papel impor tante ao ofer ecer uma primeira visão geral da situação dos riscos no ter ritório. • De Semidetalhe (1 : 400.000 < E ≤ 1 : 50.000): Ela é quem oferece uma maior quantidade de documentos, com grande disper são na Espanha entre Organismos estatais, Comunidades Autônomas, entidades locais e outros. Sua difusão e utilização são bastante escassas. • De detalhe ( E > 1 : 50.000): Ela é a matéria pendente. Existe um escasso nível de desenvolvimento nos estudos de risco da pers28 pectiva conceitual, carência de meios e informação geográfica de precisão desde o ponto de vista técnico e falta de obrigatoriedade na relação de planos de emergência municipal de uma óptica normativa. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 • Plano Especial de Inundações: Apresenta um esquema de zoneamento muito detalhado e ambicioso. Só Valência e o País Basco dispõem de planos homologados. Em relação à periculosidade, estabelece uma tipologia que inclui precipitações “in situ”, avenidas e ruptura e falhas em infra-estruturas hidráulicas. São estabelecidos três tipos de zonas de inundação: Inundável por avenidas de retor no de 50 anos: freqüente. Entre 50 e 100 anos: ocasional. Entre 100 e 500 anos: excepcional. • Plano Especial de Risco sísmico: Ele é planejado sob a hipótese de ocor rência de ter remotos de intensidade igual ou superior a VI para um período de retor no de 500 anos. Só Catalunha e Aragão estão elaborando. Refere-se aos mapas de periculosidade do IGN e, à vulnerabilidade, em função das constr uções cuja destr uição pode causar vítimas, inter romper ser viços ou causar efeitos catastróficos associados. • Plano Especial de Riscos Vulcânicos: Sistemas de previsão e identificação de atividade vulcânica que tratam superficialmente o aspecto do zoneamento. Só se trabalha neste Plano na zona das Canárias. 4. Âmbito segurador. Atlas e programas de Riscos da Natureza Além desses, algumas comunidades já elabor ar am, por conta própria, planos específicos par a outros tipos de riscos natur ais de gr and e i n c i d ê n c i a n o s e u t e r r i t ó r i o : n e v a d a s, av alanches e pr aias. Ta n t o a Swiss Re q ua nto a M ünic h Re d ispõem de sites com ser viços de infor mações muito completos sobre perigos natur ais. Swiss Re: CatNet site: www.swissre.com Münich Re: Nathan site: www.munichre.com N a E s p a n h a , ex i s t e u m g r a n d e n ú m e r o d e publicações e organismos que estudam e se dedicam a estes fenômenos: o IGME (Instituto Geológico e Mineir o da Espanha), o IGN (Instituto Geográfico Nacional). CONCLUSÃO O poder e a imprevisibilidade dos fenômenos da natureza indicam a necessidade de adotar medidas globais de prevenção. O sucesso frente a eventos que não podemos eliminar sua ocorrência é a conscientização da Sociedade na hora de afrontar seus efeitos e paliar suas conseqüências. A adoção de um papel ativo frente ao risco demanda, por um lado, uma informação cada vez mais completa e, por outro, a necessidade de respostas públicas de proteção. Naquela manhã de dezembro em uma praia de Phuket, os mais de 100 turistas que atenderam às adver tências da pequena Tilly Smith, a menina britânica de 10 anos que ao ver que o mar retrocedia centenas de metros afastando-se da praia, gritou avisando da chegada de um tsunami, nunca esquecerão que salvaram a vida graças à sor te de terem a encontrado naquele lugar, naquele instante e justamente algumas semanas depois de que Tilly houvesse estudado na escola os efeitos dos maremotos. Paradoxalmente, este sucesso nos mostra a principal conclusão de prevenção diante das Catástrofes Naturais: a prevenção através da conscientização e a informação. E para terminar, essa conscientização deve ser extensiva aos dirigentes da Sociedade, com objetivo de que dediquem seus máximos esforços em Planejar e desenvolver as medidas adequadas de Prevenção e Atuação em caso de Sinistros Naturais. Do ponto de vista segurador, cabe destacar o papel ativo de organismos como o Consórcio de Compensação de Seguros www.consorseguros.es e de empresas como Mapfre Re www.mapfrere.com no estudo e avanço do conhecimento e informação dos Riscos da Natureza. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 29 Estudos Introdução aos seguros de incêndios florestais e sua aplicação na Galícia. Espanha (*) JUAN PICOS MARTÍN E ENRIQUE VALERO GUTIÉRREZ DEL OLMO. UNIVERSIDADE DE VIGO “E aquele que queira, se não atingir, pelo menos vislumbrar a meta proposta, calce antes de tudo as botas de montanhas, que em nossos trabalhos muitas vezes avalia-se o rendimento final mais que pelos custos de escritório, pela conta do sapateiro”. O verão de 2005 foi um dos piores na última década quanto à incidência e à repercussão social dos incêndios florestais. Segundo a tabela 1, na Espanha foram até 11 de setembro, mais de 150.000 hectares, dos quais mais de 65.000 estavam arborizados, num total de 36 grandes incêndios (de mais de 500 hectares). Ainda que, aparentemente não pareça um bom momento para escrever sobre seguros de incêndios florestais, são estes os motivos nos quais técnicos e administradores deveriam, depois das opor tunas reflexões e estudos, propor medidas que permitam enfrentar as causas, conseqüências e danos desses eventos. O objeto deste ar tigo é mostrar ao leitor a necessidade e opor tunidade de desenvolvimento do seguro florestal, assim como avançar nos supostos técnicos que poderiam fazê-lo possível. ANTECENDENTES A história do Seguro Florestal na Espanha é tão longa quanto sem resultados, já que embora existam referências que remetam a princípios do século, nunca foi instr umentado um sistema de seguro dos produtos e investimentos florestais. Até mesmo, a Lei 81/1968, de 5 de dezembro, sobre incêndios florestais, recomendou expressamente ao Ministério da Fa- zenda, a administração do Fundo de Compensação de Incêndios Florestais, através do qual se abonasse, tanto uma indenização proporcionada às perdas causadas por um incêndio quanto ao valor das despesas produzidas na extinção, regulamentar mente reconhecidos, e as obrigações resultantes dos acidentes que possam padecer as pessoas que colabor em nela. Este mandato considerava-se “uma transcendental novidade, que resulta na obri- (*) O presente artigo está baseado na Tese Doutoral “OS SEGUROS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS: ANTECEDENTES E ESTUDO DE VIABILIDADE DE SUA APLICAÇÃO NA GALÍCIA”, defendida pelo autor em 16 de setembro de 2004 no Departamento de Engenharia dos Recursos Naturais e Meio Ambiente da Universidade de Vigo. A tese foi realizada sob a Direção do Dr. Engenheiro de Montanhas D. Enrique Valero Gutiérrez del Olmo, Professor Titular do citado Departamento, Diretor do Grupo de Pesquisa AF4 A tese contou, além disso, com a distinção por parte da Fundacion MAPFRE Estúdios de uma “Bolsa Risco e Seguro”, na sua convocação 2001-2002. 30 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 gatoriedade enquanto falte um verdadeiro seguro florestal” ao que inclusive sugeria que no futuro deveriam “afiliar-se obrigatoriamente todos os proprietários de ter renos florestais”. Desde o início da implantação dos segur os agrários, foi consider ada a possibilidade de estabelecer cober tur as específicas par a os interesses que pudessem ser afetados por incêndios flor estais. Contudo, as impor tantes propostas e iniciativas neste sentido não tiver am um r ef lexo equi v alente em a plicações práticas. A falta de controle sobre este tipo de sinistro e o caráter obrigatório e nacional (que incluía uma grande heterogeneidade tanto das massas florestais, quanto das causas e tipologias dos incêndios florestais) são determinantes na hor a de explicar o fr acasso das tentativas, mesmo pela via legal, da criação de um sistema de seguros florestais. A exceção desta nor ma foi realizada por iniciativas como as das Sociedades de Seguros Mútuos contra incêndios de Florestas em Guipúzkoa e Vizcaya, que com caráter voluntário e âmbito reduzido e homogêneo, funcionaram respectivamente desde os anos 20 e 40. O fracasso na implantação de linhas de crédito florestal e outras fontes de financiamento da atividade silvícola pode ser imputado, em alguma medida, à inexistência do seguro florestal, especialmente o seguro de incêndios florestais. Atualmente, diver sos fator es do tipo sócioeconômico, o aumento do investimento nas propriedades flor estais, o incontrolável aumento da demanda de madeira, a impor tância que a produção florestal adquiriu em um entor no de abandono de outras atividades agropecuárias, a concor rência de processos como a “cer tificação da gestão florestal sustentável”, ou o denominado “Protocolo de Kyoto”, entre outros, podem favorecer o desenvolvimento de um sistema segurador em um marco de eficácia dos meios de prevenção e extinção. Tabela 1 Histórico de incêndios florestais de primeiro de janeiro a 11 de setembro. Espanha Entre em contato com a revista Envie suas sugestões, idéias, dúvidas ou críticas para: [email protected] G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 31 Estudos Impulsionados por esta situação, nos últimos anos ocorreram movimentos indicadores de um renascer do interesse pelo seguro florestal. Entre eles, cabe destacar que a Agrupação Espanhola de Entidades Seguradoras dos Seguros Agrários Combinados (AGROSEGURO) manteve nas duas últimas campanhas uma linha de seguros para os reflorestamentos realizados sobre ter ras agrícolas; que algumas empresas proprietárias de ativos florestais tenham contratado apólices de seguro relacionadas com os incêndios; ou que gr upos de proprietários de montanhas tenham se interessado pela possibilidade de assegurar seus investimentos. O QUE DEVE GARANTIR O SEGURO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS? Um incêndio florestal, pela sua própria natur eza e pelos próprios meios que se empr eg am no seu combate, pr ovoca uma gr ande d i v e r s i d a d e d e d a n o s. E m p r i m e i r o l u g a r, cabe citar os danos pessoais que podem sofr er os efetivos mobilizados par a sua extinção (de desgr açada atualidade nesse verão na Espanha) ou as pessoas que possam encontr ar-se na área afetada ou suas proximidades. Em segundo lugar, cabe citar os danos e pr ejuízos de tipo meio-ambiental que os incêndios f lor estais podem causar (dos mais tangíveis, exemplo per da de solo por erosão ao de mais difícil avaliação, exemplo mudança na paisagem). Junto aos danos pessoais e meio-ambientais, existe uma longa série de danos materiais (que podem compreender desde veículos, imóveis, até infr a-estr utur as, g ado etc.), assim como lucros cessantes das distintas atividades econ ô m i c a s a f e t a d a s. A l é m d i s s o, n a m a i o r i a das zonas arborizadas o incêndio provoca a cor tada antecipada, a mor te de ár vores, ou uma deterioração dos produtos de madeira, e se são plantações jovens, a perda do investimento é total. Os danos de tipo pessoal têm suas cober turas regulares estabelecidas a par tir da aprovação da lei 81/68 pelo Fundo de Compensação de Incêndios Florestais, que até mesmo nos casos mais graves são complementadas por disposições excepcionais¹. Em relação às perdas em ativos e investimentos florestais, é preciso ter-se em conta que o ser humano só protege o que estima possuir algum valor. Conseqüentemente, não se deve consider ar segur ar contr a o fogo mais que flor estas produtiv as. Neste último caso, porém, sempr e que de alguma maneir a o proprietário seja indenizado, circunstância que, infelizmente, são raras as vezes que ocor re. Como em qualquer ramo do seguro, um risco para poder ser segurado, tem que reunir uma série de condições que se podem sintetizar assim: 1. Possível, incer to e aleatório ou que dependa do azar. Não se podem considerar aleatórios “stricto sensu” fenômenos, como os incêndios, nos quais a intencionalidade pode ser um impor tante componente. Contudo, consider ados todos os possíveis segur ados de uma zona florestal que o incêndio pode afetar a um ou outro, ou em que gr au o faça pode assimilar-se à aleatoriedade de outro tipo de se gur os de pr oblemática similar, acidente, roubo, vida. 2. Que sua realização produza uma necessidade patrimonial. Neste caso, o incêndio ocasionaria perdas de investimento ou de valor das existências de madeira ao proprietário. ¹ Ver Real Decreto-Lei 11/2005, de 22 de julho, pelo que se aprovam medidas urgentes em matéria de incêndios florestais. 32 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 3. Que ameacem por igual a todos os elementos do coletivo segurável. Apesar de que o risco de incêndio varia geograficamente em função de parâmetros geográficos, sociológicos ou climáticos. 4. Que seja lícito e não produza lucro ao segurado. Tanto o modelo de seguro florestal a ser desenvolvido quanto à seleção de riscos deve fazer especial incidência em evitar circunstâncias que possam supor que o segurado possa obter vantagens ou lucro pela realização do risco. 5. Que seja suscetível de tratamento estatístico, o que se traduz na necessidade de dispor de informação que inclua dados de um coletivo suficientemente extenso, assim como de uma experiência que compreenda um número de anos igualmente suficiente. 6. Individuais. O risco a ser cober to deve estar perfeitamente determinado, mediante a clara delimitação de um duplo aspecto: os bens cober tos, concretizados ou pela referência direta a eles (numeração), ou pela menção à sua situação, característica, tipos de objetos, cober tos e excluídos etc, e os riscos garantidos, o que se concretiza também duplamente: relação de riscos incluídos e relação de riscos excluídos. 7. Freqüência e Intensidade. Os riscos que o segurador se disponha a cobrir devem apresentar uma regularidade no seu compor tamento, tanto à freqüência com que se apresentam, quanto à intensidade de dano econômico que causam em sua ocorrência. Este compor tamento tem que se adaptar a uma determinada “Lei de regularidade estatística”, que permita seu tratamento atuarial. Os riscos “esporádicos” e os “catastróficos ou extraordinários” requerem um tratamento muito especial. 8. Acumulação. É preciso a agrupação em uma só car teira da mais extensa massa de riscos possível, não só porque o maior volume de ne- gócio permite realizar melhor a compensação, entre toda a massa de expostos ao risco, dos sinistros que ocor r am, mas também por que quanto maior o número de riscos cober tos, menores serão as divergências que se produzem entre as probabilidades teóricas de sofrer incêndios florestais e o número efetivo de sinistros ocor ridos. Além disso, o segurador deve cobrir riscos florestais adequadamente espalhados no território, eliminando, no que seja possível, os perigos de “acúmulos”, que se apresentam quando um só evento (por exemplo, um grande incêndio) pode afetar vários bens, aparentemente distintos e independentes. Um sinistro com acúmulo pode produzir perdas que superem as previsões máximas dos seguradores. 9. Homogeneidade Qualitativa e Quantitativa. Um dos princípios fundamentais da técnica seguradora exige que os riscos que se cobram sejam homogêneos quantitativa e qualitativamente, com o objetivo de permitir uma adequada compensação entre os riscos que se agr upam. Os riscos assumidos devem ser de um mesmo tipo ou classe, concretamente do tipo a que cor responde o modelo estatístico que se pretende aplicar. A compensação está prevista par a riscos da mesma natureza já que o segurador não pode pr ever em quais dos riscos de sua car teir a acontecerá o sinistro. Se afetar a um risco quantitativamente elevado, pode produzir um desequilíbrio econômico, e se afetasse a um pequeno existiria um desvio positivo. O segurador não deve depender desta possibilidade, e recomenda-se procurar a homogeneidade de sua car teira quanto a somas seguradas, com o propósito de dotá-la da necessária estabilidade. Para isto, se vê obrigado a fixar um limite máximo de responsabilidade avaliado de acordo com suas próprias possibilidades técnicas e com sua capacidade financeira, não aceitando riscos que lhe superem, ou cedendo no resseguro os excessos sobre sua própria capacidade. . G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 33 Estudos Esta é a razão fundamental pela qual uma das chaves da efetiva implantação de um seguro florestal é a cor reta definição do tipo de explor ação flor estal a ser segur ada, a fixação do limite máximo segurável e da cor reta disper sam dos riscos no ter ritório. CÁLCULO DO PRÊMIO PURO OU DE RISCO NO SEGURO DE INCÊNCIOS FLORESTAIS O prêmio puro ou prêmio de risco é o que avalia o custo esperado correspondente ao risco cober to, sem considerar gastos de administração, comissões, car regamento de segur ança etc. Para avaliá-los, necessitamos estimar a freqüência da sinistralidade q e o custo médio do sinistro m. O prêmio de risco é então q x m. É impor tante que os dois componentes (freqüência de sinistralidade e custo do sinistro) sejam considerados de maneira separada. Este enfoque é, no fundo, uma assunção implícita de que a ocor rência de um sinistro e sua quantia são independentes. Geralmente, só em circunstâncias excepcionais é recomendável utilizar o “indicador de sinistralidade” como medida adequada do prêmio de risco. Já que alguns fatores afetam de maneira diferente à freqüência de sinistralidade e ao custo do sinistro. Como exemplo, cabe citar que a inflação afetará o custo do sinistro, mas dificilmente afeta a freqüência de sinistralidade; o que a obrigação para o segurado de execução de silvicultura preventiva pode ter um escasso efeito na freqüência da sinistralidade do seguro de incêndios florestais², porém pode ter um considerável efeito na magnitude e custo médio do sinistro; o que a intro- dução de medidas restritivas na normativa referente às permissões de queimadas pode propiciar uma diminuição na freqüência da sinistralidade, embora tem um limitado efeito no custo médio do sinistro. Além disso, o efeito da introdução de uma franquia ou de um resseguro de excessos de perdas só pode ser avaliado se é conhecida com exatidão a distribuição de custos do sinistro. A freqüência de sinistralidade; exposição ao risco Constantemente é difícil definir a freqüência de sinistralidade mais adequada para um deter minado tipo de seguro. No caso do seguro contr a incêndios flor estais, que unidade de exposição ao risco deveríamos usar? Deveríamos usar o número de sinistros por proprietário e ano? Deveríamos usar o número de sinistros por hectare³ e ano? Ou o número de sinistros por hectare arborizado e ano? Ou o número de sinistros por metro cúbico de madeira de existências? Em qualquer dos casos, o numerador está constituído pelo número de sinistros. Será o cálculo do denominador (a medida da exposição ao risco) o causador do problema. Na maior par te dos casos, costuma ocor rer que a unidade de exposição ao risco utilizada é a possível, por exemplo, pela disp o n i b i l i d a d e d e d a d o s, o u é m a i s p r á t i c o, diante de outr as consider ações de caráter técnico 4 . O Custo do Sinistro A distribuição estatística da variável custo do sinistro é a combinação de outras duas variáveis: ² Na realidade, não é tão simples este exemplo, já que a magnitude do evento daninho (incêndio) traria com ele novos proprietários afetados, ou seja, «mais sinistros» com o mesmo evento daninho. ³ Ou qualquer de seus múltiplos, por exemplo, 100 ha, 1.000 ha ou 10.000 ha. 4. Por exemplo, no seguro do automóvel a medida de exposição ao risco normalmente usada é o veículo-ano na frente de quilômetros percorridos, que deveriam ser teoricamente a medida de exposição ao risco, mas que em muitas ocasiões resulta ser não utilizável. 34 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Custo do sinistro = Superfície do sinistro x custo por hectare a) Distribuição da super fície afetada pelo incêndio e proprietário: A efeitos da aplicação de um seguro de incêndios florestais, o mais adequado seria considerar que se existem prop r i e t ár ios d i s ti ntos o u i ncê n d ios d i s ti ntos constituem sinistros distintos. A distribuição da superfície do sinistro terá como limite superior o total da propriedade segurada. Contudo, é freqüente que na s condições de uma apólice se estabeleçam para o custo de sinistros limites inferiores (franquia) ou limites superiores (acumulação de riscos). b) Distribuição da indenização por hectare a ser paga pelo segurador. É evidente que a modalidade do seguro de incêndios (ou seja, qual é o interesse segurado) será determinante para o cálculo do custo do sinistro. Para isto, e sendo conseqüentes com a finalidade do seguro e o agente que o contratará (proprietário ou arrendatário florestal) deve estudar-se a viabilidade de realizar a cobertura de algum ou vários dentre os seguintes valores: o custo de reposição, a perda de valor da madeira, a perda no investimento, ou o valor combinado. Custo de Reposição O se guro cobr irá o cus to de recons tr uç ão, reparação ou de reposição de bens dani f i c a d o s, n o l u g a r d o s i n i s t r o, c o m i n c l u s ã o daquelas despesas de transpor te ordinário, licenças, permissões administrativas, hono rários prof issionais necessários, e aquela s o u t r a s d e s p e s a s q u e i n c i d a m o b r i g ato r ia mente nesse custo. Perda s do valor total ou parcial de existên cia s de madeira s É necessário, no ca so de eleger esta forma de indenização, e, por tanto, referir o custo do sinistro ao valor da madeira antes do incêndio e ao salvamento, ter-se em conta a s seguintes considerações: a) A distribuição do custo do sinistro possui uma altíssima variabilidade, ou seja, em c ondições de contrat ações da apólice sem enviesamento par ticular, a car teira seria manifestamente heterogênea. Esta heterogeneidade será oca sionada entre outros fatores pela idade ou o a intensidade do incêndio. b) E xistem dif iculdades na hora de f ixar de for ma simples o preço objeti vo da madeira queimada em pé, sendo f unção das carac te rística s de cada campo e cada incêndio. c) Esse valor não permanece constante de pois do incêndio, pois diminui com o tempo transcorrido a par tir dele. d) O p r e ç o d a m a d e i r a , e m a l g u n s c a s o s, pode sofrer variações muito for tes podendo ser problemático. Independentemente das ra zões objetivas de ti p o e s t atí s tico, e x i s te m p o d eros a s ra zõ e s operativa s para não afrontar neste momento a cober tura do valor madeira. Sem a consideração do modo como serão avaliados o capital segurado e a indenização, é fácil supor que na maior par te dos casos o proprietário f icaria descontente em ca so de si nistro e teria queinter vir no processo de venda da madeira afetada. Devido a que o mercado de madeira em pés é um mercado dif ícil, onde inter vêem nume rosos f atore s, e, p or t anto, p o uco tran spa rente. Na opinião de quem contrata, é mais sensato que o proprietário mantenha um d o m í n i o to t a l s o b r e a m a d e i r a , d e p o i s d o s i n i s tro e s e j a o e n c a r re g ad o d e ve n d ê - l a da forma que considere mais opor tuna. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 35 Estudos A Perda do Investimento Como já foi visto, outro valor de interesse do segur ado pode ser o investimento r ealizado nas ter ras até o momento do incêndio. O caso mais significativo é o de massas não comer ciais no momento do incêndio. Neste caso, a indenização deveria ser igual ao custo de reflorestamento e silvicultura com seus interesses acumulados. É preciso ter-se em conta que a intensidade do investimento, uma vez que super ado um deter minado limite, não tem necessariamente que rever ter em uma melhora do rendimento econômico do reflorestamento. É possível realizar trabalhos desnecessários ou inadequados, sem que fosse lógico que estes investimentos pudessem ser r ecuper ados em caso de incêndio florestal. Por isto, e, além disso, com a finalidade de manter a distribuição estatística do custo do sinistro, sob controle, reduzindo no que for possível a categoria de variação, é recomendável estabelecer os programas de investimentos mínimos “normais” em reflorestamento com cada uma das espécies. O Valor Combinado O seguro a valor combinado, também conhecido como apólice taxada ou apólice estimada é aquele em que, tendo em vista as dificuldades de avaliação dos bens a serem segurados, as par tes fixam de comum acordo, no momento da contratação, o valor a ser designado a estes bens. Dado que o segur ador expr essamente aceita a avaliação realizada, na prática, esta for ma de contratação supõe o acordo de não aplicação da regra proporcional. Em função do tipo de iniciativ a segur ador a que se pretenda realizar, será preciso optar por um destes modelos ou uma combinação deles, tendo em conta as vantagens e incon36 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 venientes de cada um. Se estiver sendo pensado um seguro de incêndios destinado a pequenos proprietários privados de ter ras, deveria optar-se por um modelo de reposição da massa afetada. Isto é, o se gur o cobriria o custo de reconstr ução, reparação ou de reposição do bem danificado, em base ao capital acordado, em lugar do sinistro, com inclusão daquelas despesas de tr anspor te ordinário, per missões administr ativas, honorários profissionais necessários e outras despesas que incidam obrig atória e le g almente nesse custo. O S I N C Ê N D I O S F L O R E S TA I S N A GALÍCIA (ESPANHA) A Galícia produz aproximadamente a metade da madeir a que é cor tada na Espanha. Esta produção ocor re, exclusivamente, em propriedades privadas (98% de sua superfície florestal está nas mãos de mais de 600.000 proprietários par ticulares e 2.800 comunidades de ter ras). O aproveitamento e a transfor mação dos recur sos florestais galegos significam mais de 3% do PIB galego e emprega direta ou indir etamente a pr oximadamente 50.000 pessoas. A impor tância da produção florestal no contexto das produções primárias galegas conver te esta comunidade autônoma em um dos lugares onde o seguro florestal poderia ter um papel relevante. O Noroeste espanhol (Galícia, Astúrias, Cantábria, Leão e oeste da província de Zamora) e o Nor te de Por tugal são as regiões da Europa com maior densidade de focos ou pontos de ignição e têm uma tipologia de incêndios diametr almente oposta à do resto da Península Ibérica. Nestas zonas, os incêndios são geralmente de pouca extensão, porém muito numerosos (Figura 1). O número de incêndios na Galícia aumenta de Nordeste a Sudoeste, mantendo uma relação FIGURA 1. Espanha nº de incêndios >= 1 ha. período 1991-2002 alta com a maior densidade e disper são da população, a fr agmentação da propriedade, as explorações agrárias e a convivência conjunta de usos ou interesses opostos do solo. Além disso, a superfície afetada pela unidade de superfície aumenta na região de Nor te a Sul. Apesar disto, esse crescimento geral se incrementa em zonas poucos povoadas, com predomínio das pequenas montanhas rasas, com mais presença de pacuária extensiva, nos terras vicinais e nos territórios mais acidentados. Uma das características mais destacadas dos incêndios na Galícia é sua elevada intencionalidade. Como exemplo, no ano 1996, 86,57% dos incêndios registrados na Galícia foram intencionados, frente a 65,62% da média espanhola, isto é, que 80,71% dos incêndios intencionais produzidos na Espanha são localizados na Comunidade galega. Como pode ser visto na Figura 2, as décadas de 70 e 80 foram caracterizadas por enormes oscilações entre distintos anos com pontos superiores a 100.000 ha (e inclusive a 200.000 ha em 1989). A par tir da constituição do ser viço de defesa contra incêndios florestais (SDCIF) em 1990 é percebida uma marcada redução dos máximos, ainda que os mínimos tenham mantido proximadamente nos mesmos valores. A evolução do número de incêndios anuais registrados nos últimos 40 anos é quase exponencial (Figur a 3) nas décadas de 60 e 70, um período de estabilidade na década de 80, outra marcada tendência de incremento exponencial na década de 90 e uma br usca mudança de tendência nos finais dos 90 e anos posteriores. Tem que se ter em conta, contudo, que seria pr eciso r ealizar uma r e visão mais detalhada dos dados para evitar o efeito da aplicação de diferentes metodologias e critérios estatísticos em distintas frações do período estudado. Não é descar tado que o impressionante aumento que tr ansmitem as cifras disponíveis pudesse ser em par te causado por um aumento na capacidade de detecção e r egistro. Da mesma maneir a, que mudanças radicais de tendência pudessem estar originadas por uma mudança nos critérios de denominação e classificação de princípios, fogos e incêndios. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 37 Estudos Tabela 2 Distribuição por casualidade de incêndios florestais na Galícia (19912002) 38 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 FIGURA 2 Galícia: evolução da superfície queimada e a superfície arborizada queimada FIGURA 3 Galícia: evolução da superfície queimada e a superfície arborizada queimada G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 39 Estudos FIGURA 4 Galícia: superfície média por incêndio FIGURA 5 Galícia: superfície arborizada média afetada por incêndio 40 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 A diminuição da superfície queimada, o aumento do número de incêndios registrados indefectivelmente origina uma impor tantíssima diminuição da superfície queimada por incêndio de valores médios entre 20 e 30 hectares até mesmo valores inferiores a 3 ha. Sobre os mais de 90.000 incêndios registr ados entre 1991 e 1999 só 1,32% foram maiores de 25 hectares. Se nos referimos à porcentagem da superfície arborizada (Figur a 6) no total da superfície afetada por incêndios, é apreciável o decrescimo do começo das estatísticas até metade da década de 90. A par tir desse momento, nos últimos anos, aprecia-se um aumento gradativo da porcentagem arborizada, que chega em tor no de 30% nos dados de 2002 e 2003, e os supera em 2005. Algumas fontes (DXMIF 2003) afir mam que a porcentagem de áreas arborizadas queimadas aumenta devido a existências nas montanhas e a superfície arborizada também aumentou significativamente. Contudo, o fato é que nos últimos anos deter minadas zonas tradicionalmente não atingidas pelos incêndios e, portanto, arborizadas estão sendo afetadas pelas chamas (Ourense 2002, Lugo 2003, Ourense 2005). Sem dúvida, a climatologia é uma variável básica do sistema (Vázquez 1998, Lorenzo 1995, 1996, 1997) até o ponto de seu compor tamento deter minar a realidade dos incêndios florestais. Em relação à distribuição temporária dos incêndios, é possível deter minar alguns períodos em que o número de incêndios é extremamente alto. Estes números máximas de incêndios têm, obviamente, uma estreita relação com as variáveis climatológicas, porém, além disso, estão muito influenciadas por várias práticas r elacionadas com os incêndios florestais (queimadas para pasto na primavera etc) A r edução da superfície média arborizada é outra das variáveis que apresentou uma evolução mais favorável, passando de gr andes mudanças anuais e números máximos próxiFIGURA 6 Galícia: porcentagem média de superfície arborizada na superfície queimada G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 41 Estudos FIGURA 7 Galícia: índice eficácia mos à valores inferiores a 2 hectares desde 1991. Tendo em conta, além disso, o fracionamento da propriedade florestal galega (80% das par celas têm menos de 0,5 hectar es), isto supõe, teoricamente, que a disper são dos sinistros (coincidência dos eventos daninhos –incêndios– e dos bens segurados) pode ser alta e que o custo do sinistro estará relativamente delimitado. As estatísticas do Ministério de Meio Ambiente definem o Índice de eficácia como o inver so da superfície arborizada atingida por incêndio indicada em por centa gem. Assim av aliado, este índice premia fundamentalmente a salvaguarda da superfície arborizada nos incêndios florestais. Como pode apreciar-se na figura 9 o incremento deste índice desde início do Serviço de Defesa Contra Incêndios Florestais na Galícia é mais que evidente. Confor me os próprios registros da Junta de Galícia, em 57,48% dos casos os meios ter restres chegaram antes de 15 minutos e em 84,22% dos incêndios antes de 30 minutos. Contudo, nos últimos anos são apreciados algumas variações acentuadas atingindo em 2005 o mínimo desde a criação do SDCIF. 42 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 O MODELO DE SEGURO E O PRÊMIO PURO PARA OS INCÊNDIOS FLORESTAIS NA GALÍCIA Como já foi visto, par a avaliá-lo, precisamos estimar a freqüência “q” e o custo médio do sinistro “m”. O prêmio do risco é então q x m. Infelizmente, os dados obtidos nos registros atuais não per mitem encontrar uma distribuição de probabilidade aplicável com caráter geral ao ajustamento de modelos para a distribuição do custo de um sinistro. E como já foi visto, às vezes, é difícil eleger a medida de freqüência mais adequada para um deter minado tipo de seguro. Por outro lado, na maior par te dos casos, costuma ocor rer que a unidade de exposição ao risco utilizada “é a que resulta possível”, por exemplo, pela disponibilidade de dados, ou é mais prática “acima de outras considerações de caráter técnico”, (Hossack et al. 2001). No estudo que ser viu de base para este ar tigo (Picos 2003), for am empr e g ados como unidade de exposição as seguintes: mados / hectares arborizados, Medidas ambas em cada município 5 Os parâmetros estatísticos, cor respondentes a essa variável na Galícia são: • hectares arborizados afetados por hectares arborizados existentes e ano. • hectares totais afetados por hectares arborizados existentes e ano. A par tir destes meios podem ser obtidas boas estimativ as da fr eqüência de sinistr alidade utilizando métodos aproximados. A cada hectare arborizado do território foi dado, como freqüência de sua sinistralidade o indicador: Número anual de hectares arborizados quei- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Na seqüência, sob a for ma de conclusão, são expostos de maneira resumida alguns dos resultados e recomendações apresentadas pelo trabalho que ser vem de base para o presente ar tigo: Desde o início da implantação dos segur os agrários, foi consider ada a possibilidade de estabelecer cober tur as específicas par a os interesses que pudessem ser afetados por incêndios flor estais. Contudo, as impor tantes propostas e iniciativas neste sentido não tiver am um r ef lexo equi v alente em a plicações Um prêmio de risco baseado na sinistralidade obser vada de uma car teira muito heterogênea pode resultar inadequada se, como é provável, a estrutura da car teira é modificada. Para reduzir esse perigo, as apólices nor malmente são agrupadas em diferentes estratos, conforme os fatores de risco utilizados. A tal efeito, se avaliam as freqüências de sinistralidade e os prêmios dos diferentes grupos de risco. Esta aproximação ao problema é denominada tarifação por grupos. Neste caso devido à informação disponível o único agr upamento possível é o de prefeituras ou o conjunto delas. Nas figuras 8 e 9, são apresentados os valores de “risco municipal” para cada uma das prefeituras da Galícia e o gráfico acumulado de hectares para cada valor de risco municipal. práticas. A falta de controle sobr e este tipo de sinistro e o caráter obrigatório e nacional (que incluía uma grande heterogeneidade tanto das massas florestais, quanto das causas e tipologias dos incêndios florestais) são determinantes na hor a de explicar o fr acasso das tentativas, inclusive pela via legal, da criação de um sistema de seguros florestais. O fracasso na implantação de linhas de crédito florestal e outras fontes de financiamento da atividade silvícola pode ser atribuído, até cer to ponto, a inexistência do seguro florestal, especialmente o seguro de incêndios florestais. 5 Por isso foi denominado risco municipal G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 43 Estudos FIGURA 8 Conselhos de Galicia. Risco Municipal 19902001 FIGURA 9 Distribuição de hectares aborizados pela classe R1 44 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Atualmente, o aumento do investimento priv ado nas ter r as, unido à aplicação das medidas f lor estais da Política Agrária Comum Eur opéia incr ementar am o v alor do imobilizado florestal até cifr as sem compar ação em épocas anteriores. O marco jurídico atual é suficiente, ainda que manifestamente subutilizado, para a implantação do seguro florestal. Este tr abalho evidenciou que atualmente as metodologias estatísticas e os meios disponíveis (por exemplo, Sistema de Infor mação Geográfica) são suficientes para acometer os cálculos necessários da freqüência de sinistralidade e do custo do sinistro para a implantação de um seguro de incêndios florestais. Contudo, é preciso uma melhoria na obtenção e tratamento dos dados dos incêndios florestais, de forma que para sua análise possam ser utilizadas as metodologias expostas neste trabalho. Desta maneira, poderiam desenvolver-se eficazmente métodos de simulação estatística para os sinistros. Destaca-se que se emprega a palavra sinistro por contraposição a incêndio. Isto implica que se devem incluir na base estatística adequada os incêndios individualizados (não por conselhos ou paróquias), porém, além disso, dados das propriedades (teóricos segur ados) afetados pelos mesmos. O desenvolvimento desta linha estaria, naturalmente, condicionado pela disponibilidade estatística dos dados necessários. A Galícia, pela impor tância do seu setor florestal, as car acterísticas de sua propriedade e dos incêndios florestais que nela se produzem, é uma das comunidades autônomas onde o seguro florestal pode ter maior impor tância. Nesta região, a criação do Ser viço de Defesa Contra Incêndios Florestais resultou numa significativa redução da superfície de terra queimada na Galícia. Contudo, é preocupante o alto número de incêndios e o componente de intencionalidade que os provoca. O problema dos incêndios florestais, longe de desaparecer e apesar de manter-se sob controle, segue existindo e segue demandando recur sos e ações de caráter global que contribuam com mais soluções. As avaliações realizadas e as prescrições que for am detalhadas ao longo de todo o estudo indicam clar amente que a viabilidade da implantação de um sistema de seguros florestais na Galícia vem mais condicionada pela distribuição do custo médio que pela freqüência de sinistralidade. Por isso, o desenho do modelo de seguro e o de critérios de seleção e vigilância de riscos deveria ser a chave do sucesso de iniciativas seguradoras. O prêmio do risco, avaliado sobre os hectares arborizados afetados sobre os hectares arborizados existentes entre 1991 e 2002, tem um valor médio de 0,47% com valores máximos de 6,3, 90% dos hectares têm um r < 1% e 75% têm um r < 0,55% Embor a o estabelecimento de um seguro de primeiro risco possa ser muito interessante na Galícia, onde o regime de minifúndio impõe que os proprietários florestais possuam numerosos motes e parcelas florestais, não se propõe sua aplicação na primeira fase de implantação dos seguros florestais. Não obstante, não é disparatado que uma vez assentado o sistema pode ser uma cober tura a ser oferecida pelos potenciais seguradores. Tendo-se em conta o anterior, for am desenvolvidas, no tr anscur so do pr esente tr a balho, as linhas mestr as de um modelo de segur o f lor estal par a sua implantação na Comunidade Autônoma da Galícia. Neste sistema, a soma segur ada cor r esponderá ao custo de reposição da superfície arborizada (custo do r eflor estamento). Estabelece-se o G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 45 Estudos questionário como documento cr ucial par a o funcionamento do se gur o e com o objeti vo de obter o prêmio mais baixo possível, for am minimizadas todas as despesas de deslocamento, inspeção e perícia. Deveria estabelecer-se uma fr anquia, com o objetivo de suprimir ou limitar as despesas de administração, já que está demonstrando que são precisamente os sinistros menores os que exigem, pela sua quantidade e especiais características, maiores despesas administrativas. Além disso, é positivo fazer par ticipar no risco ao segurado, visando empregar a devida diligência. Um dos segredos do sucesso de um sistema de seguros florestais é conseguir um equilibro entr e o gr au de contr atação que existe nas diferentes comarcas, com a finalidade de evitar excessivas acumulações de risco. Não se recomenda a implantação de um sistema de bonificação por não sinistr alidade já que no caso dos seguros florestais não reduz muito a heterogeneidade, pois o segur ador não acabará conseguindo um sistema de prêmios plenamente ajustado à estr utura dos riscos. É cer to que com esses sistemas não se desestimulará a declar ação de pequenos sinistros, porém isto pode ser atingido estabelecendo as opor tunas franquias. Como foi ar gumentado ao longo do estudo, será preciso, pelo menos na primeira fase do seguro, tomar como referência para o cálculo da taxa e o prêmio o risco municipal. Por isso, o segur o foi desenhado de maneir a que se aplique uma taxa de prêmio unitário para cada ter ritório municipal. Por isto, deve existir um equilibro entre o grau de contratação que há nas diferentes comarcas, com o fim de evitar excessivas acumulações de risco. Ao utilizar-se o risco municipal deveria obri46 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 gar-se o segur ado a incluir na apólice todas as parcelas florestais seguráveis que possua no mesmo ter mo municipal. Além disso, deveriam estabelecer-se bonificações para localizações de menor risco e práticas adequadas. De for ma complementar, devem estabelecerse deter minadas exclusões para localizações de maior risco e práticas não adequadas. Na opinião de quem escr e ve, com base em adequados estudos científicos e técnicos, com a par ticipação dos a gentes econômicos da produção florestal e o apoio das administrações públicas envolvidas, seria possível assentar as bases que pudessem per mitir que o segur o de incêndios e outr os instr umentos seguradores e financeiros na atividade florestal ocupem o lugar que merecem e que em outros setores contam com uma notável tradição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIROT, Y. e GOLLIER, Ch. (2001): Risk Assesment, management and Sharing in For estr y, with Special Emphasis on Wind Stor ms. Em: Inter national Symposium on The Economics of Natur al Hazards in Forestr y. Annual Meeting of IUFRO Managerial Economics group ( 4 . 0 4 . 0 2 ) . a n d M . S. E . A c c o u n t i n g g r o u p (4.13.00). Dirección Xeral de Montes e Industrias Forestais, (2001). 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(2003): “Los seguros de Incêndios Forestales: Antecedentes y estudio de Viabilidad de su aplicación a Galicia” defendida 16/09/03. Depar tamento de Ingeniería de los Recur sos Natur ales y Medio Ambiente de la Univer sidad de Vigo. Dir. Dr. Enrique Valero Gutiér r ez del Olmo. Beca Riesgo y Se gur o “convocatoria 2001-2002. Fundación MAPFRE Estudios”. VÉLEZ, R. [Coord.] (2000): La defensa contra Incendios For estales. Fundamentos y Experiencias. McGraw Hill, 780 p. VÉLEZ, R. (1990): Los incendios for estales em España. Ecolo gía, Fuer a de serie nº 1. ICONA Instituto para la Conser vación de la Naturaleza, Madrid, pp. 213-221. VILLALÓN, J.G. (1997): Operaciones de Seguros Clásicas y Moder nas. Ediciones Pirámide. 374 pp. VON GADOW, K. (2000): Evaluating Risk in Forest Planning Models. Silva Fennica (34). (2). pp. 181-191. Xunta de Galicia (1992): Plan Forestal de Galicia. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 47 Estudos 48 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 49 Estudos Denúncias por comissões contingentes. Quem o entende? FRANÇOIS SETTEMBRINO FERMA, FEDERATION OF EUROPEAN RISK MANAGEMENT ASSOCIATIONS Poucas vezes a atualidade foi tão fecunda em temas de seguros e corretores como quando o senhor Spitzer começou a disparar com todos seus efetivos. Não custa nada voltar a alguns aspectos desta inesperada crise: ao invés de encontrar soluções razoáveis, se tem a impressão de que estamos, às vezes, no centro de uma caça às bruxas sem saber muito bem quem são os caçadores e quem são os caçados, se as seguradoras, os corretores ou os segurados. A cruzada empreendida pelo senhor Spitzer assustou a mais de um. Tem como verdadeiro objetivo uma renovação estritamente ”ética” de tudo o que afeta, mais ou menos diretamente aos seguros, resseguros e, sobretudo, aos intermediários? Então, por que um enfoque distinto dos cor retores (sobretudo os gr andes, começando pela Mar sh) e algumas seguradoras como Chubb e General Rinsurance Cor p., enquanto a AIG recebe as mais duras críticas? Por que as tomadas de posição televisadas e os grandes julgamentos sumaríssimos antes de qualquer processo? Nunca, nenhuma profissão tinha sido apontada desta maneir a. Isto não quer dizer que devamos omitir alguns abusos, nem que não seja preciso abandonar ou corrigir cer tas práticas, porém... A r aiva do senhor Spitzer talvez proceda do fato de que quem acusa já estava há anos sobre a mesa. Também deva-se ao fato de que as respostas que se deram em um passado relativamente próximo foram tudo, menos satisfatórias: vocês se lembrarão com cer teza de que algumas das grandes corretoras tinham aceita50 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 do diminuir sua remuner ação, porém só aos clientes que o solicitaram. Por outro lado, temos a cer teza de que o senhor Spitzer e seus acólitos não sentiram a necessidade de fazer-se conhecer e de cuidar sobretudo de sua própria imagem e fazer publicidade deles mesmos? Além disso, seus ataques tiveram um efeito contagioso que faria rir se não se tratasse de problemas tão graves, pois a cruzada se espalhou rapidamente a outros estados além de Nova York, que é a fachada do senhor Spitzer. Afinal de contas, graças a ele vamos começar a ver claramente por todas par tes, não só nos Estados Unidos senão também no mundo todo. Pelos demais, só se contemplam as práticas dos corretores, ainda que também as práticas contábeis e financeiras de algumas seguradoras. Inclusive, ainda que as seguradoras estejam atrasadas em relação aos novos imperativos de transparência, em vez de colocá-las nos holofotes, não teria sido o mais adequado ajudá-las a modernizar-se? Diz-se que a Basiléia II contribuirá para que seja assim, impondo uma nova dinâmica de transparência. Vamos ver. O segundo efeito per verso de toda esta confusão foi envenenar as relações entre fornecedores e clientes e submeter os Gerentes de Riscos e suas associações a uma dura prova. Nos encontramos no início de um processo de reflexão que, se feito de for ma er rada, poderia acabar em incompreensões e inimizades totalmente indesejáveis. Tratemos, pois, de ver um pouco mais claro: • Parece que alguns Gerentes de Riscos estão questionados pela sua alta diretoria. Esta, que planeja a gr ande altur a sobr e os riscos e a maneira de tratá-los e segurá-los, exige chateada saber quem enganou a sua organização. Este cenário só acontece nas empresas nas quais o Gerente de Riscos, que com freqüência não é mais do que um gestor de seguros mais ou menos evoluído desenvolve-se a uma grande distância dessa alta diretoria. Se as explicações que dão não se consideram satisfatórias, sua situação cor re grave perigo. Porém se é eliminado, corre-se o risco de perder uma experiência em um campo em que a experiência não se adquir e nunca nos livros, senão através de uma larga prática. • Outros Gerentes de Riscos em melhor situação falaram há tempos com sua Diretoria Geral sobre os problemas laterais, e juntos puderam organizar a manobra. Se o por vir apresenta-se difícil, juntos seguirão encontrando mais facilmente o modo de resolver as dificuldades. • As empresas mais bem prepar adas são as poucas que têm a v antagem de um CR O ou Chief Risk Officer (conselheiro delegado de riscos) e algumas delas inclusive já resolveram o problema, sem esperar o ‘caçador’ Spitzer. Em princípio, par a estas empr esas as “fees”, ”commissions” e outros emolumentos não têm segredos, senão que os usam ou os ignoram conforme a conveniência com seus interesses. • Por outra par te, a nova presidenta da RIMS convida todos os Gerentes de Riscos a mobilizar-se para realizar uma profunda reforma das práticas atuais. Os Gerentes de Riscos da primeira linha deverão a todo custo subir de categoria para que a alta diretoria se preocupe de verdade com o problema. Se, ao mesmo tempo, as empresas comparecem à suas feder ações profissionais, têm a opor tunidade de aproximar-se mais de uma boa solução, graças a um diálogo no mais alto nível entre autoridades, seguradoras e cor redores. Porém ainda há mais, por que uma par te das dificuldades procede das atitudes das próprias seguradoras por um lado e clientes por outro, pois terão que saber navegar entre as duas águas. Nem todos têm a categoria dos gr andes broker s, pois suas práticas são menos dominantes e seu pequeno tamanho lhes dá mais flexibilidade. • Todos os cor r etor es estão de acordo em condenar severamente os truques do mercado, tal como são praticados por alguns. Trata-se de autênticas fraudes e essas práticas devem ser dester radas para sempre. A questão que se expõe é como pudemos chegar nessa situação: uma manobra fraudulenta só pode proceder de um acordo entre várias pessoas, entre as quais será muito difícil saber quem começou e quem não teve outr a solução por sofrer a pressão dos outros. • Pelo contrário, a questão das diferentes comissões aparece claramente como mais complexa. Deve dividir-se em duas par tes: uma que r epr esenta a compensação pela tar ef a que realizam os cor retores por conta das segur ador as, e essa par te se pode fixar sim gr ande dificuldade. Basta um pouco de lucidez para saber distinguir o que é um ser viço do que não é, para estabelecer quem é o último beneficiário desse ser viço e para imputar seu custo a quem cor responda. Pelo resto, as outr as quantidades sejam quais for em sua for ma e sua quantidade, são, com freqüência, G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 51 Estudos idéia das próprias, segur ador as e sabemos que sua capacidade de invenção não tem lim i t e s. Pa r a a t i n g i r u m v o l u m e d e p r ê m i o s fixados sucederão via gens sur pr esa ao ext e r i o r e p r e s e n t e s e m fo r m a d e a p a r e l h o s eletrônicos de todo tipo. E, par a ter minar, complementos em for ma de comissões contingentes adicionais. • O n d e c o m e ç a e o n d e t e r m i n a o a bu s o ? Como as seguradoras, sobretudo as que fizeram questão de não trabalhar mais que através de inter mediários, têm interesse em fidelizar seus cor r etor es e como o melhor meio para isto é o incentivo de mais ganhos a partir de um cer to volume de prêmios, sem dúvida não deixarão de fazê-lo. Contudo, sempre encontrariam outro meio de chegar aos mesmos r esultados. Os cor r etor es só tem como tr a balho se a pr oveitar de um sistema que lhes é alheio, já que foi inventado pelos desenhistas dos seguros. Sem pensar que os corretores sejam “santos”, é muito possível que tenham exager ado um pouco se mostr ando mais gulosos que o nor mal ou colocando preço a sua lealdade. • Em todos os casos e em todo o mundo, todos os inter mediários, independente de seu tamanho, prometem a mais completa transparência. Porém outro efeito per ver so da atual situação é que alguns gr andes cor retores já anunciaram que cer tos ser viços que inclusive estav am dispostos a pr estar grátis deverão ser pagos no futur o. Até estão dispostos a deixar de tr atar com os que não estejam de acordo ou inclusive com aqueles que não os consider em r entáveis. São esper adas algumas discussões e muita bar g anha. De veria ser promulgada uma lei que proibisse qualquer tipo de discriminação neste campo? • Enquanto isso, nossos amigos americanos se viram com outro problema de consciência. As empresas às quais se destinam os fundos 52 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 propostos pelos cor retores ao senhor Spitzer como compensação honrosa, que já foram pagas como os fundos de reser va, irão manifestar-se r ec lamando sua ”dívida”, ou calarão reser vando-se para, se a coisa fracassa, a pr esentar o caso diante dos tribunais, ou não r eclamarão nada? Esta questão afeta a c lientes de todo o mundo, ou seja, também aos não americanos. Se for evidente que não r ec lamar seria um compor tamento de tolo, como se apresenta a questão? Por exemplo, a Mar sh irá propor uma restituição a cada cliente avaliada segundo a fór mula aprovada pelo senhor Spitzer durante um período de quatro anos. Aceitar essa solução supõe r enunciar ao recur so, não só quanto às comissões em litígio, senão também em r elação a outr as possíveis malver sações. Rechaçá-las equivale a eleger entr e uma indenização gar antida e os r esultados sempr e pr oblemáticos de um processo judicial separ ado. Acho que alguns perderão o sono por mais de uma noite. • As organizações estr angeir as de gerenciamento de risco, que como a RIMS aceitar am como membros algumas segur ador as, cor r etores e consultorias estão per plexos. A quem acudir ou como atacar o problema sem deixar alguns descontentes? Estamos em uma situação parecida a da UNICE que, sendo uma associação patr onal, dificilmente pode adotar uma atitude de defesa de sua empr esa que com cer teza não agr adaria aos pr estador es de ser viços, entr e os quais há entidades tão poderosas como bancos e companhias de seguro. Aqui temos outr a prov a de que o risco está em todas par tes e que nenhuma solução será neutra, já que afeta a todos e cada um. Se o futuro equilíbrio produz-se pela boa vontade de todos, muito melhor. Se forem para novas disputas, todos perderão. É isso o que desejava o senhor Spitzer? O envelhecimento da população: novo desafio para a indústria seguradora. Parte I SONIA DE PAZ COBO. JUAN MANUEL LÓPEZ ZAFRA EDUARDO SÁNCHEZ DELGADO. UNIVERSIDADE PONTIFÍCIA DE SALAMANCA UNIVERSIDADE COMPLUTENSE DE MADRI MAPFRE CAJA SALUD O envelhecimento das sociedades economicamente evoluídas reflete-se em um incremento significativo da população maior de 65 anos, e entre as características destas populações destaca-se o fato de seu elevado grau de dependência; podemos definir esta situação como a necessidade de ajuda ou assistência que requer uma pessoa para a realização de suas atividades mais habituais ou comuns. O desenvolvimento econômico dos países ocidentais durante os últimos trinta anos do século passado, acompanhado de importantes melhoras sanitárias com o conseqüente aumento na expectativa de vida e a progressiva incorporação da mulher no mercado de trabalho, junto com outra série de questões que posteriormente desenvolveremos, permitiram a prolongação da vida de nossos idosos, com a aparição de um problema característico da era pós-industrial na qual nos encontramos. Na primeira parte do presente artigo, reuniremos os dados mais relevantes do envelhecimento da população, com especial referência à espanhola, e sua repercussão sobre a dependência futura, para assim destacar suas implicações no sistema econômico, político e social. Na segunda parte, depois de comentar brevemente as iniciativas internacionais existentes na atualidade e as opções que dispõem na Espanha, dos marcos institucional e privado, apresentaremos um possível modelo atuarial de um seguro de dependência, assim como uma introdução às bases técnicas desse seguro. Todos conhecem o progressivo envelhecimento a que está submetida à população espanhola, sem dúvida uma das mais rápidas e importantes dos países de nosso entorno, segundo se indica na Eurostat (2005). É importante destacar como até há relativamente pouco tempo a Espanha tinha uma das populações mais jovens da Europa, como pode ver-se na figura 1. É inter essante obser v ar como, em somente sessenta anos, a Espanha passou a ter um pouco mais de 25% de menores de 15 anos, a menos de 15% em 2000, enquanto que o resto dos países analisados mantiveram cifras ao redor de 20%, de forma bastante estável. G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 53 Estudos Como pode obser v ar-se na seguinte Tabela 1, o gr upo de 65 ou mais anos não parou de aumentar em ter mos absolutos durante o século passado, e o fez, além disso, a um ritmo muito superior ao do conjunto da população. Na figura 1, obser vamos como, enquanto nos distintos gr upos de idade a população multiplicou-se desde 1900, o gr upo for mado pelas pessoas de 65 ou mais anos foi aumentando em quase sete vezes desde então. Na figura 4, entretanto, obser vamos o mapa ter ritorial dos dois principais gr upos de idade com efeitos do presente trabalho, e como o gr upo de m a i o r e s d e 6 5 fo i g a n h a n d o e m p r e s e n ç a desde 1900 de for ma significativa. O envelhecimento da população espanhola foi motivado pela ocor rência de vários fator es, dos quais podemos destacar os seguintes: a. O aumento importantíssimo da esperança de vida dos espanhóis, como se pode observar na figura 4. b. A significativa diminuição da fecundidade, FIGURA 1 Grupos de idade (Em porcetagem em relação ao total da população) da Espanha, França, Bélgica e Reino Unido desde 1950 54 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 car acterística de uma tr ansição demo gráfica tardia na Espanha, porém que destaca por sua r apidez em executar-se. Em r elação a isso, há distintos motivos, que f azem com que tenha e voluído em tal sentido descendente de maneira tão impor tante; por um lado está a incor por ação da mulher no mercado de tr a balho; por outr o também pode mos destacar o aumento de idade na hor a de casar-se. c. Não se pode evitar a impor tante diminuição da mor talidade produzida dur ante o século passado em toda a Europa, em especial na Espanha, onde a pr oporção de pessoas que chegam à velhice em cada uma das sucessiv as ger ações é a maior : ao começar o século XX, a Espanha tinha ao nascer uma esper ança de vida inferior aos trinta e cinco anos, a mais baixa de toda a Europa, se não levar mos em conta a Rússia. Quase um século mais tarde, situa-se como o país com uma das maior es esper anças de vida no conjunto mundial, em tor no dos oitenta anos. Tabela 1 População por grandes grupos de idade. Espanha 1900-2001 Figura 2 Fatores de aumento dos distintos grupos de idade da população espanhola de 1990 (Base: 1990, Fator 1) G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 55 Estudos FIGURA 3 Evolução da estrutura demográfica por grupos de idade 1990 – 2031 FIGURA 4 Evolução da esperança de vida ao nascer, 1900-2020 O Relatório das Nações Unidas sobre o Envelhecimento da População Mundial (1950-2050) ad56 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 ver te que as mudanças demográficas do presente e futuras são extraordinárias e intensas. A totalidade da sociedade se verá reestruturada, já que as exigências sociais e econômicas obrigarão as pessoas a encontrarem novas formas de viver, de trabalhar e de atender às outras pessoas. Provavelmente já não se repetirão as sociedades com pirâmides demográficas onde muitos jovens estão na base e poucos idosos no topo. O envelhecimento atual da população não tem precedentes na história da humanidade; na tabela 2 podemos obser var por outro lado como as diferenças são notáveis segundo as distintas regiões do mundo, com cifras que superavam, já em 1990, 10 por cento da população para o grupo de maiores de 65 anos, tanto na Europa quanto na América do Nor te. O aumento da porcentagem das pessoas de idade (60 anos ou mais) vai acompanhado da diminuição da porcentagem de crianças e adolescentes (menores de 15 anos). Assim, se estima que, em 2050, pela primeira vez na história da humanidade, a quantidade de idosos no mundo superará a quantidade de jovens. O aumento constante dos grupos de idade mais avançada nas populações, tanto em cifras absolutas quanto relativas, em relação à população em idade ativa, terá conseqüências diretas nas relações dentro da família, a igualdade entre as gerações, os estilos de vida e a solidariedade fa- miliar, base de nossa sociedade. Também tem e terá conseqüências e repercussões em todos os âmbitos da vida diária de homens e mulheres. Na economia, o envelhecimento da população afetará o crescimento econômico, a poupança, os investimentos e o consumo, os mercados de trabalho, as aposentadorias, os impostos e a transferência de capital e propriedades, assim como a assistência prestada por uma geração a outra. O envelhecimento da população seguirá afetando a saúde e a atenção média, a composição e organização da família, a moradia e as migrações. No documento elaborado pelas Nações Unidas em 2002 citado anteriormente, foi estabelecida uma série de elementos chaves a ter-se em conta para estabelecer as características da evolução demográfica mundial e suas conseqüências, das quais assinalamos as mais interessantes na seqüência. • A tendência ao envelhecimento da população é irreversível e é improvável que os jovens voltem a representar altas percentagens. • O aumento da população de pessoas idosas é o resultado de uma transição demográfica durante a qual diminuíram a fecundidade e a mor talidade. Tabela 2 Porcentagem de maiores de 65, 75 e 80 anos por regiões do Mundo em 1990 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 57 Estudos • N a d a t a d e e l a b o r a ç ã o d o d o c u m e n t o, em 2002, estima-se que er am 6 2 9 m i lh õ e s as pessoas de 60 anos ou mais. Es p e r a - s e que esta cifra aumente a quase 2 bilhões em 2050, quando pela primeir a vez na his tória, a população de pessoas idosas superará à de crianças e adolescentes (0 a 14 anos). • As populações de idosos no mundo estão crescendo 2% ao ano, um ritmo consideravelmente mais alto que o resto da população. É previsto que a população idosa seguirá crescendo com mais r apidez que qualquer outro gr upo pelo menos dur ante os próximos 25 anos. A taxa de cr escimento do númer o de pessoas de 60 anos ou mais atingirá 2,8% anual entre 2025 e 2030. Este rápido crescimento requererá ajustes econômicos e sociais de grande alcance na maioria dos países. Na figur a 5, confor me Rodríguez Castedo e FIGURA 5 Evolução da população idosa na espanha (19002050); cifras agregadas, em milhões 58 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 outros (2005), recolhe-se à evolução da população espanhola de mais de 65 anos. Segundo os dados de Sancho Castiello (2005), podemos assinalar que no último século a população espanhola duplicou seus efetivos, ao mesmo tempo em que o número de pessoas idosas cresceu quase sete vezes e os octogenários multiplicaram-se por treze. Os octogenários são agor a 3,8% da população (22,5% dos maiores). Em 2050 estima-se que sejam já 10% de toda a população espanhola, quase um de cada três idosos. Na sua relação com a Europa, e tal como se pode obser var na figura 6, atualmente a Espanha apr esenta uma das por centagens de população de pessoas idosas mais alta, e a pr ojeção par a 2020 estima que aumentará esta porcentagem, embora não será tão significativa como em países como a Finlândia. A SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA Entre os temas que atualmente monopolizam a atenção da opinião pública na Espanha, situa-se o envelhecimento da população, ou mais concretamente, a futura qualidade de vida de nossos idosos. A atenção das necessidades das pessoas dependentes é um dos grandes desafios da política social em todos os países desenvolvidos, porém como veremos na seqüênciaem uma breve exposição dos principais modelos desenvolvidos no marco internacional não só oferece-se este serviço dos organismos públicos, senão a iniciativa privada, a par tir do setor segurador, tem um impor tante trabalho pela frente, criando produtos e serviços de cober tura frente a este risco. Embora existam distintas definições que reúnem adequadamente a situação de dependência, todas elas com o denominador comum de necessidade de ajuda ou assistência impor tante para as atividades da vida cotidiana, admitese como referência desta situação a dada pelo Conselho de Europa que assinala que é “aque- le estado em que se encontr am as pessoas que, por razões relacionadas com a falta ou a perda de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de assistência e/ou ajudas impor tantes a fim de realizar os atos correntes da vida diária e, de modo par ticular, os referentes ao cuidado pessoal”. Desta definição podemos destacar três aspectos de vital impor tância; o primeiro seria a existência de uma limitação física, psíquica ou intelectual que deixa diminuídas determinadas capacidades das pessoas. O segundo fato destacável é a incapacidade da pessoa para realizar por si mesma as atividades da vida diária, que na seqüência definiremos de maneira mais exaustiva, e o terceiro e último é a necessidade de uma assistência por par te de uma terceira pessoa. Ainda que existam múltiplas formas de definir e classificar estas atividades, segundos os autores, é comum diferenciá-las entre atividades básicas e instrumentais. Assim, costuma distinguir-se entre as seguintes: FIGURA 6 População de 65 anos e mais, em tanto por cento do total. Previsões nacionais. União Européia 2000-2020) G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 59 Estudos - Atividades básicas da vida diária (ABVD). São as atividades necessárias para poder subsistir de maneira independente: mudar as posições do corpo, levantar-se e deitar-se; deslocar-se dentro do lar, assear-se, controlar as necessidades; vestirse, desvestir-se e ajeitar-se, comer e beber. Entre os aspectos determinantes da dependência, podemos destacar os seguintes: - Atividades instr umentais da vida diária (AIVD). São atividades mais complexas que as anteriores e sua realização requer um maior nível de autonomia pessoal. São as tarefas seguintes: se locomover sem meio de transpor te; encar r egar-se das compr as; encar r egar-se das comidas; encarregar-se da limpeza e passar a roupa; encar regar-se do bem-estar dos outros membros da família. • Econômicos - Prosperidade social. - Melhora da qualidade de vida da terceira idade. - Melhora do nível educativo e da formação. Junto a estas atividades, o Livro Branco da Dependência (Rodríguez Castedo e outros, 2005) adiciona a necessidade de considerar também aquelas englobadas dentro do grupo de ”aprender, aplicar conhecimentos e desenvolver tarefas”, que seriam, entre outras, as relativas a reconhecer pessoas e objetos e orientar-se, entender e executar ordens e/ou tarefas simples, todas elas copiladas na Pesquisa sobre Incapacidade, Deficiências e Estado de Saúde². Como se despr ende das conc lusões que se encontr am em Rodriguez Castedo e outr os (2005), estima-se em cerca de um milhão, as pessoas que se encontr am em uma situação severa ou total para realizar alguma das nove atividades básicas da vida diária, e ainda que a dependência se reflita em toda a estr utura de idades da população, a evidência empírica mostra a estreita relação existente entre dependência e idade, já que o número de indivíduos com limitações em sua capacidade funcional aumenta confor me se consideram gr upos de população de maior idade, sendo perto dos 80 anos que se pr oduz um aumento significativo nas taxas de prevalência, ou seja, da entrada em situação de dependência como pode obser var-se nas figuras 7 e 8. Embora a necessidade de assistência ou cuidados derivada das situações de dependência sempre existiu, atualmente nos encontramos com a coincidência de algumas mudanças significativas na estrutura social da família e de hábitos nos cuidados de nossos idosos, já que no passado era muito habitual que a mulher da família cuidasse dos idosos, porém devido a sua incorporação ao mundo do trabalho, fora do lar já não pode realizar esta impor tante tarefa. Por tanto, é o atual processo de envelhecimento da população o que acentua este problema de maneira alarmante, junto com os hábitos de cuidado, melhora da qualidade de vida, e outros fatores que na seqüência detalharemos com mais profundidade: • Demográficos - Envelhecimento demográfico. - Aumento da expectativa de vida. • Sócio-culturais - Incorporação da mulher ao mundo do trabalho. - Diminuição do núcleo familiar. - Aumento da mobilidade geográfica. Porém, além disso, a evolução da população dependente da Espanha estará determinada pelo processo de envelhecimento demográfico, que como já demonstramos na primeira parte deste trabalho, é um dos mais importantes no contexto internacional, uma vez que o processo não é linear mas está condicionado pela estrutura da população. Na seqüência, reuniremos a evolução prevista do número de pessoas depen- ² Pesquisa sobre Incapacidades, Deficiências e Estado de Saúde. INE, IMSERSO e FUNDACION ONCE, 2001 60 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 dentes na Espanha, para as atividades da vida diária por graus de necessidades, que se deduz das projeções realizadas em Rodríguez Castedo e outros (2005). As necessidades requeridas pelas pessoas dependentes podem classificar-se, atendendo segundo quem as presta, em atenção infor mal (a rece FIGURA 7 Pe ssoas com incapacidades severa e total para alguma ABVD FIGURA 8 Pessoas com incapacidades severa e total para alguma AIVD G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s - 3 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 61 Estudos Documento bida por par te de pessoal não especializado, habitualmente familiares ou amigos, em seu próprio domicílio, na maioria dos casos sem material de apoio) e atenção formal (assistência domiciliar, com cuidados sanitários elementares, a tele assis- tência domiciliar, serviços de dia, ou serviços residenciais). Deste modo serão as companhias seguradoras que devem elaborar os produtos que melhor se acomodem às necessidades demandadas pelas pessoas dependentes. CONCLUSÕES vens de nosso entorno a um dos mais envelhecidos, e com maior esperança de vida ao nascer. A situação apresenta uma série de riscos e problemas que a sociedade deve enfrentar. O incremento da proporção de pessoas idosas é um fato a que deve responder a sociedade em seu conjunto. O aumento da esperança de vida, devido a múltiplos fatores, provoca um incremento enorme no número e proporção de dependentes. O Setor segurador é par te diretamente implicada na questão, como destacaremos na segunda par te do presente ar tigo. Como já tratamos de destacar ao longo das páginas precedentes, o envelhecimento demográfico existente em nossas sociedades evoluídas é um elemento novo e a humanidade não enfrentava até há pouco tempo. A Espanha, atualmente uma das dez principais economias do mundo, não é uma exceção, senão, pelo contrário, o paradigma. Com uma transição demográfica tardia, porém muito rápida, esse estado passou em cinqüenta anos de ser um dos países mais jo- FIGURA 5 Evolução da população idosa na espanha (19002050); cifras agregadas, em milhões 62 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRÉ, A; PÉREZ, J. (1995): “Envejecimiento demográfico en España”, en Las Actividades Económicas de las Per sonas Mayores, Banco Central Hispano, Madri, pp. 33-60. R O DR ÍGUEZ C AST EDO, A, y OT R O S (2 0 0 5 ): Atención a las Per sonas en Situación de Dependencia en España. Libro Blanco. Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales. EUROSTAT (2005): The social situation in the Eurpean Union 2004. Comisión Europea. Cópia em http://www.epp.eurostat.cec.eu.int/por tal INE (2004): Censos de Población y Viviendas 2001. Resultados definitivos. http://www.ine.es SANCHO CASTIELLO, M (2001): Los mayor es em España. Infor me 2000. IMSERSO, Madri. Cópia em www.imser somayor es.cisc.es/estadisticas/ infor memayores/ PÉREZ DÍAZ, J. (1.998): “La demografía y el envejecimiento de las poblaciones”, en A.S. STAAB y L.C. HODGES (Ed.) Enfermería Gerontológica. McGraw Hill, México D.F., pp. 451-463. SANCHO CASTIELLO, M (2005): Los mayor es em España. Infor me 2004. IMSERSO, Madrid. Cópia em www.imser somayor es.cisc.es/estadisticas/ infor memayores/ R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 63 Documento A Governança Corporativa está mudando o papel do Gerenciamento de Riscos FERMA FEDERATION OF EUROPEAN RISK MANAGEMENT ASSOCIATIONS Os sistemas de Gover nansa Cor porativa estão r eestr utur ando gr adativ amente o ger enciamento de risco, é o que indica uma pesquisa infor mal feita entre os membros da Federação Européia de Associações de Gerenciamento de Riscos (FERMA). A ima gem muda entr e um país e outro, porém muitos profissionais do risco estão assumindo responsabilidades mais abrangentes na empresa. Segundo Antônio Borges, presidente do Instituto Europeu de Ger enciamento de Riscos e um dos oradores no Fór um FERMA de Lisboa, que aconteceu de 2 a 5 de outubro, os gerentes de riscos membros da FERMA verão refletidos o impacto do gover no cor por ativo na sua profissão. Uma pesquisa infor mal prévia ao Fór um realizada entre os membros da FERMA indica que estão cr escendo as r esponsabilidades par a alguns gerentes de risco, especialmente quando as empresas implementaram um Gerenciamento de Riscos Empresariais (ERM, enter prise risk management). Outros, contudo, viram reforçados seus papéis de simples especialistas em se gur os, e a penas experimentar am uma pequena mudança. O sistema europeu de Gover nança Cor porativa 64 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 pode ser regulamentar (casos da França ou a Alemanha), ou consistir em um simples código de boa prática (no Reino Unido, na Espanha e na Holanda). As companhias com pr esença nos Estados Unidos estão também afetadas pela Lei Sarbanes-Oxley. • O impacto das medidas de gover nança corpor ati v a no ger enciamento de riscos muda confor me os países Na França, segundo comenta Thier r y van Santen, pr esidente da FERMA, existe uma cr escente divisão dos profissionais do gerenciamento de riscos entr e os que tr abalham em empresas que estão realizando gerenciamento de riscos empresariais e aqueles cujas empresas não o fazem. “Alguns gerentes de riscos estão sendo deslocados por recém-chegados (porém com mais autoridade e poder) e voltando só à compra de seguros”. Para os gerentes de riscos alemães, a lei de gover no cor por ati vo fez seu tr a balho mais for malista e estr uturado. ”O risco tem que ser mais clar amente definido de alguma maneir a for mal já que a necessidade de segurá-lo é mais óbvia”. Na Suíça, a função de alguns gerentes de riscos não mudará, dependerá de quem esteja na diretoria da governança corporativa. Quando se verem afetados isto poderá manifestar-se relacionando o gerenciamento de riscos com o governo corporativo e informando à organização. No Reino Unido, a repercussão nos membros da AIRMIC muda, sendo maior par a aqueles que estão envolvidos nos processos de implantação da gover nança cor porativa. A mudança não é dramática na Holanda, porém alguns gerentes de riscos viram-se envolvidos nos projetos de gerenciamento de riscos empresariais ou até foram responsabilizados pelos mesmos. A maioria são ainda gerentes de seguros com responsabilidade parcial no gerenciamento de riscos empresariais. Uma resposta similar chega da Suécia, onde o governo corporativo é par te do trabalho de alguns gerentes de riscos enquanto que a outros não lhes afetou. Na Itália, só poucos gerentes de riscos foram afetados, com um alcance limitado. • Estão sendo envolvidos os gerentes de riscos não seguráveis como riscos de regulamentação, de sistemas de informação, de redes de subministros ou de reputação? Pode afir mar-se com caráter geral que os gerentes de riscos estão se vendo cada vez mais envolvidos na gestão de riscos não seguráveis, par ticularmente como par te do gerenciamento de riscos empresarial. Os planos de continuidade de negócio e os riscos das redes de subministros são os citados com mais freqüência. Novamente, é uma mudança considerável. Os implicados no gerenciamento de riscos empr esariais estão tr abalhando dur amente no tema, porém isto afeta de 20% a 25% dos membros (França). Para aqueles que já têm em vigor uma estrutura de gerência de riscos empresariais, isto formará par te natural de seu mapa de riscos (Suécia). Na Alemanha, o processo de ger enciamento de riscos já inclui os riscos não seguráveis, porém de for ma separada da função de compra de seguros. A maior par te destas chaves está r elacionada com os planos de continuidade de negócio e uma aproximação mais estr utur ada ao tema. Na maioria dos casos são controles de oper ações e seguros que acometem este assunto (Holanda). De pende da empr esa. O ger ente de riscos pode ver-se envolvido nos riscos das r edes de subministr os, ambientais, de r e putação etc. (Suíça). Definitiv amente lhes afeta muitíssimo o que se r efer e às r edes de subministros, algumas ár eas de r e gulamentação e r e putação, porém r ar amente os sistemas de infor mações (Reino Unido). Os membros da associação italiana de gerenciamento de riscos tr atam quase exclusiv amente com os riscos seguráveis. • Qual é a linha habitual de repor te de riscos à Diretoria? A maioria de r elatórios de riscos a efeitos d e gov e r na nç a c o r p o r a t i v a sã o r e a liz a d o s atr avés do Dir etor Financeir o, ainda que na Fr a n ç a a f i g u r a d o D i r e t o r d e R i s c o s e s t á e m e r g i n d o. O u t r a s l i n h a s d e r e p o r t e i n c luem a secr etaria ger al, a assessoria jurídica ou tesour aria. • Quais são as preocupações atuais sobre gover nança cor porativa e controle de riscos entre os membros das associações? R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 65 Documento O gover nança cor porativa e as demandas de sistemas de controle interno estão criando vários desafios para o gerenciamento de riscos, como: Apresentação efetiva ao mercado de riscos de Conselheiros e Diretores (Reino Unido). Solvência 2 e Basiléia (Alemanha e Itália). Análise do governança corporativa em relação à responsabilidade social corporativa e como organizar melhor uma estrutura de efetivo controle interno (Suécia). • Como identificar quem tem a responsabilidade de dirigir os elementos do gerenciamento de riscos dentro do governança corporativa? Se for o auditor, existe um potencial conflito de interesses. Se forem vários acionistas, então, os gerentes de riscos podem ver-se envolvidos em menor ou maior grau dependendo da cultura da organização (Suíça). As mudanças legislativas estão gerando uma crescente influência dos acionistas e do comitê de super visão (Holanda). É preciso destacar a relação entre responsabilidade social e responsabilidade empresarial 66 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 e sua não segur abilidade (“no começo foi a exclusão...”) (Alemanha). Está sendo implantado o ger enciamento de riscos empresariais, maiores controles com a Sabranes-Oxley Act e o repor te do Conselho, mais a nova organização (França). • Em ger al, que novos riscos estão pr eocupando os seus membros? Os riscos de regulamentação, a legislação européia e o ger enciamento da r eputação são novos riscos mais comumente mencionados entre os membros das associações da FERMA: Os políticos e de reputação (Itália). Regulação, suplantação de identidade, uso de veículos como lugar de trabalho (Reino Unido). Gerenciamento de crise (Suécia). Confor midade e regulação (Suíça). Ter rorismo, diretriz da União Européia sobre cor regedoria e refor mas da lei de contrato de seguro (Alemanha). Principalmente riscos estratégicos, de reputação e de cumprimento (França). Novas leis e diretrizes européias e seu impacto nas leis nacionais (Holanda). A Governança Corporativa está mudando o papel do Gerenciamento de Riscos FUNDACIÓN MAPFRE ESTUDIOS INSTITUTO DE SEGURANÇA INTEGRAL Como em anos anteriores, o Instituto de Segurança Integral da Fundación MAPFRE Estudios apresenta os indicadores dos Riscos e a Segurança na Espanha, resultantes em 2004, que reúne os aspectos mais destacados da importância dos riscos e as atuações de segurança. Assim mesmo, se incorporam os indicadores mais significativos europeus e mundiais, com o fim de permitir a comparação com os valores resultantes na Espanha. 1. ASPECTOS GERAIS DA SEGURANÇA Os aspectos incluídos referem-se à contribuição de recur sos das empresas ao conjunto das atuações de Segurança. 1.1 Orçamento de Segurança Ano 1996 1999 2002 Porcentagem frente ao volume de negócios 0,58 0,75 0,71 Fonte: pesquisa sobre Organização e Gerenciamento da Segurança na Empresa. Fundación MAPFRE Estudios. Instituto de Segurança Integral. 1.2 Perda econômica média por acidente As perdas incluem danos pessoais e materiais tanto diretos quanto indiretos: Ano 1996 1999 2002 Euros / acidente 1.983 2.476 2.480 Fonte: pesquisa sobre Organização e Gerenciamento da Segurança na Empresa. Fundación MAPFRE Estudios. Instituto de Segurança Integral. 1.3 Contribuição à Segurança por trabalhador Os aspectos incluídos referem-se à contribuição de recursos das empresas ao conjunto das atuações de Segurança. Ano 1996 1999 2002 Euros/trabalhador 613 817 978 Fuente: encuesta sobre Organización y Gestión de la Seguridad en la Empresa. Fundación MAPFRE Estudios. Instituto de Seguridad Integral. 1.4 Trabalhadores do Departamento de Segurança em relação aos Empregados total da empresa Os aspectos incluídos referem-se à contribuição de recursos das empresas ao conjunto das atuações de Segurança. Ano Um técnico do Departamento de segurança por cada 1996 1996 1996 321 Trabalhadores 267 Trabalhadores 156 Trabalhadores Fonte: pesquisa sobre Organização e Gerenciamento da Segurança na Empresa. Fundación MAPFRE Estudios. Instituto de Segurança Integral. R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 67 Documento 1.5 Tempo dedicado à formação em Segurança por trabalhador a) Trabalhadores/Empregados registrados no Depar tamento de Segurança Ano 1996 1999 2002 Horas ao ano de for mação em Segurança por trabalhador 55,9 51,5 34,1 Ano 1996 1999 2002 Horas ao ano de for mação em Segurança por trabalhador 11,3 8,6 7,4 b) Trabalhadores/Empregados em geral Fonte: pesquisa sobre Organização e Gerenciamento da Segurança na Empresa. Fundación MAPFRE Estúdios. Instituto de Segurança Integral. 2. RISCOS NO TRABALHO Os aspectos incluídos referem-se à contribuição de recur sos das empresas ao conjunto das atuações de Segurança. 2.1 Valores absolutos 2.1.1 Acidentes no trabalho com licença médica. Tabela 1 Tabela 1 68 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 2.1.2. Doenças profissionais com licença médica. Tabela 2 TABELA 2 2.2. Indicadores estatísticos 2.2.1. Índices de freqüência dos acidentes de trabalho. Tabela 3 Número de acidentes acontecidos durante a jor nada de trabalho com licença médica por cada milhão de horas trabalhadas. TABELA 3 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 69 Documento 2.2.2. Índices de freqüência de acidentes de trabalho mortais. Tabela 4 Número de acidentes acontecidos durante a jor nada de trabalho com licença médica por cada milhão de horas trabalhadas. Tabela 4 2.2.3. Índices de gravidade dos acidentes de trabalho. Tabela 5 Número de dias perdidos (não trabalhados) por licença médica devido a acidentes no trabalho, por cada mil horas trabalhadas. Tabela 5 70 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 2.2.4. Índices de incidência dos acidentes de trabalho. Tabela 6 Número de acidentes de trabalho com licença médica, por cada mil trabalhadores. TABELA 6 2.2.5. Índices de incidência de acidentes de trabalho mortais. Tabela 7 Número de acidentes de trabalho mor tais, por cada cem mil trabalhadores. TABELA 7 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 71 Documento 2.2.6. Duração média das licenças médicas por acidentes de trabalho. Tabela 8 Número de dias (úteis) de licença médica por cada acidente de trabalho e doença profissional. Tabela 8 3. RISCOS DE INCÊNDIO 3.1. Valores absolutos 3.1.1. Vítimas mortais em incêndios. Tabela 9 Número de vítimas tais em incêndios; último ano com dados disponíveis: 1999. Tabela 9 72 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 3.2. Indicadores estatísticos 3.2.1. Índice de mortalidade por incêndio. Tabela 10 Número de vítimas por incêndio, por milhão de habitantes. TABELA 10 3.2.2. Danos materiais por incêndio Estimativa média anual: 0,12% PIB. Fonte: World Fire Statistics Centre. The Geneva Association. Genebra (2000). 4. RISCOS DE INVASÃO E ROUBO 4.1. Valores absolutos 4.1.1. Delitos efetuados contra a propriedade. Tabelas 11.1, 1997 a 1999, e 11.2, 2000 a 2004 TABELA 11.1 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 73 Documento A par tir de 2000 mudaram a tipologia de delitos, com as seguintes cifras: Tabela 11.2 4.1.2. Vítimas mortais por atos mal intencionados (homicídios e assassinatos). Tabela 12 Tabela 12 74 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 4.2. Indicadores estatísticos 4.2.1. Índice de mortalidade por atos mal intencionados. Tabela 13 TABELA 13 4.2.2. Taxa de delitos. Tabela 14 Número de delitos por cada 1.000 habitantes. TABELA 14 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 75 Resenhas Documento 5. RISCOS DA CIRCULAÇÃO VIÁRIA 5.1. Valores absolutos 5.1.1. Número de vítimas em acidentes de circulação. Tabela 15 Tabela 15 5.1.2. Número de acidentes de circulação com vítimas. Tabela 16 Tabela 16 76 R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 5.2. Indicadores estatísticos 5.2.1. Índice de mortalidade por acidentes de circulação. Tabela 17 TABELA 17 BIBLIOGRAFIA • Anuário estatístico (vários anos). Diretoria Geral de Trânsito. Ministério do Interior. • Anuário estatístico (vários anos). INE. Ministério de Economia e Fazenda. • Anuário de estatísticas laborais e de assuntos sociais (vários anos). Subsecr etaria de Trabalho e Assuntos Sociais. Secretaria Geral Técnica. Ministério de Tr abalho e Assuntos Sociais. • Pesquisa sobre a organização e gerenciamento da Segurança na empresa 1996, 1999 e 2002. Cader nos da Fundacion MAPFRE Estudios nº 40, 57 e 82. Instituto de Segurança Integral. Fundacion MAPFRE Estudios, 1997 e 2000. • «Infor me sobre gr andes riscos industriais. Ano 2003». ICEA. OR GANISMOS E INSTITUÇÕES CON INFORMAÇÃO DISPONÍVEL NA INTERNET • Instituto Nacional de Estatística www.ine.es • Ministério de Tr abalho e Assuntos Sociais www.mtas.es • Ministério do Interior www.mir.es • Diretoria Geral de Trânsito www.dgt.es • Consorcio de Compensação de Seguros www. consor seguros.es • ICEA www.icea.es • Agência Européia de Segur ança e Higiene www.osha.eu.int R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 77 Resenhas Evaluación preliminar de los impactos em España por efecto del cambio climático E studo de nível científico das estimativas de impacto sócio-econômico dos transtornos sobre a temperatura média e as precipitações de água de chuva ocasionadas pela mudança climática. Considerando distintos cenários de aumento de temperatura e precipitações junto com outros aspectos, foram construídos os modelos territoriais de repercussão social e econômica. A estrutura do estudo, uma vez apresentada a evolução do clima na Espanha no passado, no presente e na hipótese do futuro, analisa os impactos sobre o meio (ecossistemas), a biodiversidaGrafi 4 de, os co recursos hídricos e edáficos, os riscos Principais de inundação e incêndios florestais e a reperpreocupações em cussão emde setores matéria riscos como o florestal, agrário, (horizonte turístico e segurador, para finalmente tratar o temporal 5 anos) impacto sobre a saúde humana. Avaliação preliminar dos impactos na Espanha pelo efeito da mudança climática. Ministério do Meio Ambiente. Univer sidade de CastillaLa Mancha. Centro de Publicações. Ministério do Meio Ambiente, Madri (Espanha), 2005, 822 páginas. Paseo de la Castellana, 67 28046 Madri Espanha Natural Disaster Hotsports. A Global Risk Analysis R esultado de um dos projetos promovidos pelo Banco Mundial para a análise global dos riscos da natureza. As séries estatísticas recolhidas serviram para confeccionar os mapas geográficos dos riscos de ciclones, secas, inundações, terremotos, erupções vulcânicas e desabamento de terras. A publicação recolhe o estudo detalhado de vários desastres naturais concretos, com informações e critérios de análise para seu melhor conhecimento e gerenciamento. O projeto está orientado à redução dos danos humanos, sociais e econômicos no mundo todo e, particularmente, nos países em vias de desenvolvimento. R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5 Grandes desastres naturais. Uma análise de riscos global T he Wor ld Bank T he Inter nacional Bank for Recostr uction and De velopment, Washington (Estados Unidos), 2005, 132 páginas 1818 H. Str eet. DC 20433. Washington (Estados Unidos). Pensions at a Glance. Public Policies Across OECD Countries R elatório comparativo de informações básicas e indicadores das políticas públicas de sistemas de aposentadorias nos países membros da OCDE. O conteúdo baseia-se fundamentalmente nas taxas de contribuição, limites de prestações e sistemas de atualizações do custo de vida, entre outros.A primeira parte apresenta os fundamentos técnicos dos sistemas de aposentadorias nos países membros, com anotação das diferenças mais destacadas. Na segunda, são explicadas situações dos modelos vigentes nos trinta países pertencentes à OCDE. Panorama das Aposentadorias. Políticas públicas em países da OCDE Emílio Chuvieco e Maria Mar tín Organisation for Economic Cooper ation and Development. Paris (Fr ança), 2005, 202 páginas. Rue André-Pascal 75775 Paris Cedex 16 (França) El seguro de riesgos catastróficos: reaseguro tradicional y transferencia alternativa de riesgos O comportamento errante dos riscos catastróficos, com grandes períodos de recorrência e uma potencialidade de perda de difícil delimitação, exige instrumentos seguradores apropriados, o que se reflete tanto no gerenciamento dos riscos, quanto na capacidade financeira, aparte de outras especificidades de tipo técnico, atuarial, contábil e de gerência da sinistralidade. O resseguro internacional foi durante muito tempo, e continuará sendo pelo menos no futuro próximo, o recurso utilizado pelo seguro direto para ceder parte de seus riscos e se proteger de alterações graves da sinistralidade. Nesta rigorosa e bem estruturada obra, o Doutor Alcântara coloca à disposição do leitor as chaves para entender estes processos e vicissitudes experimentados pelo mercado de resseguros no tratamento dos riscos catastróficos. O seguro de riscos catastróficos: resseguro tradicional e transferência alter nativa de riscos Fr ancisco Alcântar a Gr ados Fundación MAPFRE Estudios. Madri (Espanha), 2005 Monte de El Pilar, s/ n. Ctr a. de El Plantio 28023 Madri (Espanha) R e v i s t a G e r ê n c i a d e R i s c o s - 2 º Tr i m e s t r e d e 2 0 0 5