Cidade inteligente? Melhor com cidadãos inteligentes

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Cidade inteligente? Melhor com cidadãos inteligentes
Cidade inteligente? Melhor com cidadãos inteligentes
Apesar da complexa conjuntura dos últimos anos, a cidade inteligente, ainda que com
dificuldades, é cada vez mais uma realidade presente. Basta sair nas ruas para ver
que muitas das grandes prefeituras lançaram e implementaram parte dos conceitos
“smart” ou estão construindo plataformas tecnológicas para colocar em prática este
novo paradigma: a cidade inteligente.
No entanto, ainda falta um longo caminho a percorrer. Durante os próximos anos
aumentará de forma significativa o grau de sensoriamento e monitoramento dos
serviços urbanos mais relevantes. Estima-se que em 2020 haverá cinquenta bilhões
de dispositivos conectados1. Isto permitirá que o cidadão faça uso mais racional e
inteligente dos serviços públicos e que desfrute de um serviço inteligente a um custo
mais eficiente, graças, por exemplo, às novas formas de pagamento de
estacionamento regulado, ou o pagamento do transporte urbano em função do tráfego
e ocupação, ou o uso dos pontos de reciclagem da cidade.
O êxito ou fracasso de colocar em prática conceitos realmente “smart” dependem de
dar ou não ao cidadão a possibilidade de fazer parte deste sensoriamento e ter
participação ativa em sua cidade - e que esta cumpra com o conceito aristotélico de
que cada indivíduo é uma peça necessária e insubstituível. Em outras palavras, o
cidadão é um canal extremamente relevante de geração inteligente que, aliás, possui
um critério de “atuações cidadãs”.
Esta pessoa, a qual poderia denominar de “cidadão inteligente”, deve ter ao seu
alcance tanto os meios tecnológicos como os incentivos suficientes para que tome
consciência de seu papel, transformando-se e convertendo-se em uma peça
fundamental no Estado e na qualidade de sua cidade.
Para promover esta consciência “smart”, o cidadão inteligente deve perceber um
incentivo que reforce e promova essa atitude responsável e colaborativa que todo
cidadão deveria desempenhar, cada vez que interaja com a cidade inteligente. Seja
quando reporta incidências para melhorar a convivência, quando vai a um ponto de
reciclagem, quando aluga uma bicicleta pelo celular ou quando se serve dos
mecanismos de e-gov.
Ainda que haja early adopters que desfrutam de forma pessoal da utilização de novas
tecnologias, é necessário mostrar os benefícios de ser um “cidadão inteligente” e que
se entenda o verdadeiro benefício de usar ferramentas de e-gov, aluguel de bicicletas,
ou ainda a velocidade e efetividade na realização de processos, através de descontos
ou bonificações no pagamento de impostos ou taxas municipais.
Da mesma forma, o aporte deste valor pelo cidadão deve ser reconhecido e valorizado
pelo conjunto da sociedade. Mesmo que já existam experiências como os cartões
1
Fonte: Primeiro informe everismart em: http://www.theconnectivist.com/2014/05/infographic-thegrowth-of-the-internet-of-things/
cidadãos inteligentes ou certos “apps” para informar e atuar em atividades com
prefeituras, ainda devem ser estabelecidas pautas para que o cidadão inteligente
receba, de maneira integral e em função da utilidade e valor que geram suas
contribuições à Smart City, um reconhecimento social e econômico. Recompensandoos através de pontos cumulativos que, no futuro, possa trocar por descontos em
serviços públicos ou impostos municipais.
Assim, este cidadão entrará no potente círculo virtuoso da cidade inteligente,
tornando-se uma peça fundamental, como prescritor dos benefícios da cidade
inteligente e, principalmente, um modelo a ser seguido pelos demais cidadãos e o que
se espera ser. O cidadão passa de ser meramente um consumidor de serviços a um
prosumer. Entrará em um grupo seleto de cidadãos inteligentes que todos os demais
esperaram ser. Certamente, ser um “smart citizen” será a forma mais inteligente de ser
cidadão.
Pablo Carbajo Ordoñez
Diretor da everismart – Infraestruturas e Serviços Inteligentes e Sustentáveis (IS2)