ciencias de la comunicación
Transcrição
ciencias de la comunicación
ALAIC - ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓn Cuerpo directivo (2005-2008) Consejo Consultivo Presidente Erick R. Torrico Villanueva (Bolivia) Ex-Presidentes Luis Aníbal Gómez (Venezuela) - 1979-1980 Jesús Martín-Barbero (Colombia) - 1981-1982 Oswaldo Capriles / Alejandro Alfonso (Venezuela) - 1982-1984 Patricia Anzola (in memoriam - Colombia) - 1984-1989 José Marques de Melo (Brasil) - 1989-1992 Enrique Sánchez Ruiz (México) - 1992-1995 Luis Peirano (Perú) - 1995-1998 Margarida Maria Krohling Kunsch (Brasil) - 1998-2005 Vice Presidentes Alfredo Alfonso (Argentina) César R. Siqueira Bolaño (Brasil) Directores Migdalia Pineda de Alcázar (Venezuela) Octavio Islas (México) Ancízar Narváez Montoya (Colombia) GRUPOS DE TRABAJO ■ GT 1 - Comunicación, Tecnología y Desarrollo Coordinador: Gustavo Cimadevilla ✉ [email protected] ■ GT 2 - Comunicación y Ciudad Coordinadora: Carla Colona ✉ [email protected] ■ GT 3 - Comunicación Política y Medios Coordinador: Andres Cañizalez ✉ [email protected] ■ GT 12 - Comunicación Organizacional y Relaciones Públicas Coordinadora: Margarida M. K.Kunsch ✉ [email protected] ■ GT 13 - Comunicación Publicitaria Coordinador: Paulo Rogério Tarsitano ✉ [email protected] ■ GT 14 - Historia de la Comunicación Coordinador: Juan Gargurevich ✉ [email protected] ■ GT 4 - Economía Política de las Comunicaciones Coordinador: César Bolaño ✉ [email protected] ■ GT 15 - Medios Comunitarios y Ciudadanía Coordinadora: Cicília M. Krohling Peruzzo ✉ [email protected] ■ GT 5 - Estudios de Recepción Coordinadora: Nilda Jacks ✉ [email protected] ■ GT 16 - Telenovela y Ficción Seriada Coordinadora: Nora Mazziotti ✉ [email protected] ■ GT 6 - Estudios sobre Periodismo Coordinador: Eduardo Meditsch ✉ [email protected] ■ GT 7 - Ética y Derecho de la Comunicación Coordinador: Ernesto Villanueva ✉ [email protected] ■ GT 8 - Folkcomunicación Coordinador: Roberto Benjamim ✉ [email protected] ■ GT 9 - Comunicación y Educación Coordinadora: Delia Crovi ✉ [email protected] ■ GT 17 - Teoría y Metodologías de la Investigación en Comunicación Coordinadora: Maria Immacolata Vassallo de Lopes ✉ [email protected] ■ GT 18 - Internet y Sociedad de la Información Coordinador: Octavio Islas ✉ [email protected] ■ GT 19 - Comunicación Intercultural Coordinador: José Luis Aguirre ✉ [email protected] ■ GT 20 - Comunicación y Estudios Socioculturales Coordinadora: Florencia Saintout ✉ [email protected] ■ GT 10 - Comunicación y Salud Coordinador: Isaac Epstein ✉ [email protected] ■ GT 21 - Medios de Comunicación, Niños y Adolescentes Coordinadora: Lucía Castellón ✉ [email protected] ■ GT 11 - Discurso y Comunicación Coordinador: Eliseo Colon ✉ [email protected] ■ GT 22 - Comunicación para el Cambio Social Coordinador: Alfonso Gumucio Dagron ✉ [email protected] revista latinoamericana de CIeNCIAS DE LA COMUNICAciÓn Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación AÑo iiI – nº 5 • 2º semestre de 2006 • ISSN 1807-3026 La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es editada por la ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación. Se trata de un periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene como objetivo principal promover la difusión, democratización y el fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional latinoamericano. Visa, también, ampliar el diálogo con la comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo integral de la sociedad en el continente. Editora: Editores adjuntos: Comité Editorial e Ejecutivo: Consejo editorial Anamaria Fadul (Brasil) Anibal Ford (Argentina) Anibal Orué Pozzo (Paraguay) Antonio Fidalgo (Portugal) Antonio Pasquali (Venezuela) Armand Mattelart (Francia) Bernard Miège (Francia) Delia Crovi Druetta (México) Doris Fagundes Haussen (Brasil) Eduardo Rebollo Iturralde (Uruguay) Eliseo Colón (Puerto Rico) Enrique Bustamante (España) Enrique Sánchez Ruiz (México) Gaetan Tremblay (Canadá) Giovanni Bechelloni (Italia) Gustavo Cimadevilla (Argentina) Héctor Schmucler (Argentina) James Lull (Estados Unidos) José Carlos Lozano (México) Jesús Martín-Barbero (Colombia) José Marques de Melo (Brasil) John Downing (Estados Unidos) Juan Gargurevich (Perú) Kaarle Nordenstreng (Finlandia) Kenton Wilkinson (Estados Unidos) Lucía Castellón (Chile) Luis Ramiro Beltrán (Bolivia) Margarida Ledo Andión (España) Maria Immacolata Vassallo de Lopes (Brasil) Martín Becerra (Argentina) Migdalia Pineda de Alcázar (Venezuela) Miquel de Moragas (España) Muniz Sodré (Brasil) Nancy Díaz Larrañaga (Argentina) Octavio Islas Carmona (México) Pedro Gilberto Gomes (Brasil) Raúl Fuentes Navarro (México) Sonia Virgínia Moreira (Brasil) Thomas Tufte (Dinamarca) Teresa Velázquez (España) Tereza Quiróz (Perú) Margarida M. Krohling Kunsch (Brasil) Alfredo Alfonso (Argentina) Erick Torrico Villanueva (Bolivia) Valério Cruz Brittos (Brasil) Jorge Villena Medrano (Bolivia) Magali Catino (Argentina) Claudia Nociolini Rebechi (Brasil) Arlindo Rebechi Jr (Brasil) Maria Cristina Gobbi (Brasil) Ancízar Narvaez Montoya (Colombia) Revisión Jorge Villena Medrano (Español) Maria Cristina Ferrari (Inglés) Arlindo Rebechi Jr (Potuguês) Diseño y Editoralización Electrónica FDesign Impresión Gráfica Neoband Dirección Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443, bloco 22, sala 30 Cidade Universitária / Butantã - São Paulo - SP Brasil - CEP 05508-900 Tel./Fax: (55-11) 3091-2949 Correo Electrónico: [email protected] Home page: www.alaic.net Ficha catalográfica elaborada por el Serviço de Biblioteca e Documentação - ECA/USP Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación / [publicação da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación]. — Ano 3, n.5 (2º sem. 2006). — São Paulo: ALAIC, 2006-208p ; 28cm Semestral ISSN 1807-3026 1. Comunicação 2. Comunicação - América Latina 3. Comunicação - Pesquisa 4. Meios de comunicação - América Latina I. Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación. CDD - 21 ed. - 302.2 302.2098 contenido Editorial ............................................................................ 7 artículos ........................................................................11 ENTREVISTA .......................................................................76 reseñas ..............................................................................84 estudios ............................................................................87 comunicaciones cientÍficas ........................................99 NOTICIAS ..........................................................................198 normas ...........................................................................203 EDITORIAL E ste número cinco da Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación contempla várias temáticas que vêm sendo pesquisadas pelos estudiosos da área. As contribuições distribuídas nas várias seções são resultantes de textos enviados espontaneamente pelos pesquisadores ou recomendados pelos coordenadores dos Grupos de Trabalho (GTs) da Alaic a partir dos congressos bianuais da entidade. Sua apreciação e aprovação coube ao Conselho Editorial, cuja participação ativa e responsável tem nos permitido manter a qualidade das edições deste periódico científico e abrir espaços para uma participação plural e democrática de diversos pesquisadores seniores e juniores do campo da Comunicação. Para a Alaic é uma grande satisfação registrar nesta edição a entrevista de Alfredo Alfonso com Héctor Schmucler, um dos precursores da entidade e um de seus primeiros gestores, que muito contribuiu para que ela propiciasse novos espaços para os estudos de Comunicação no continente. Schmucler é um pesquisador latino-americano dos mais renomados, com vasta produção intelectual e detentor de inúmeras publicações periódicas, que por sua qualidade e vigilância epistemológica tiveram um papel fundamental no pensamento comunicacional latino-americano. Na seção de artigos contamos com uma variedade temática muito rica, não só pela singularidade das reflexões, mas também pela profundidade com que ela é trabalhada. Ana Lucía Villarreal, em “Aprender a vivir y a convivir desde el silencio”, aborda o silêncio como um elemento fundamental dos processos comunicacionais com base em novos paradigma de estudos. No artigo “Visão da polidez lingüística na comunicação organizacional em situação de crise”, Elena Godoi e Anely Ribeiro exploram interdisciplinarmente os fenômenos da polidez lingüística, aplicados à comunicação, e refletem sobre a presença dos estereótipos e preconceitos no processo comunicacional intercultural. Raul Fuentes, em “La constitución científica del campo académico de la comunicación: un análisis comparativo México-Brasil”, busca compreender os processos de constituição científica do campo acadêmico da comunicação na América Latina por meio de um estudo comparativo sobre a utilização dos recursos bibliográficos utilizados em teses de pós-graduação desses dois países, entre 1996 e 2005. Com o título “Comunicación: ¿apropiación expresiva de los mundos sociales? Proposiciones para un programa de investigación sociocomunicacional”, Eduardo A. Vizer apresenta proposições, hipóteses e categorias de análises que possibilitem uma abordagem teórica para um programa de investigação sociocomunicacional, tomando como referência as proposições de Imre Lakatos. Margarethe Born Steinberger, com “El consumo de información periodística como trabajo social en la economía de las representaciones digitales”, propõe um novo conceito de “consumo” da informação como forma de trabalho simbólico social. Silvia Tabachnik, em “Anonimato, enunciación y verdad en las comunidades virtuales: cosas dichas entre lo público y lo privado”, parte de algumas considerações sobre a alteração do espaço-temporalidade, como efeito dos processos de virtualização das práticas sociais, com base em pesquisa realizada sobre as práticas conversacionais em “comunidades virtuais” de origem latino-americana. Nas comunicações científicas apresentamos vários trabalhos resultantes de pesquisas acadêmicas. Adilson Odair Citelli, em “Meios de comunicação e educação: desafios para a formação de docentes”, relata uma pesquisa-ação desenvolvida junto a professores do ensino fundamental e médio público do Estado de São Paulo, objetivando verificar como ocorre a produção, circulação e recepção do conhecimento e da informação tendo em vista as singularidades de uma sociedade complexa marcada pelos meios de comunicação. Com o estudo “Poder y comunicación: conflicto contenido. Aproximación histórica a la institucionalización de actores de la opinión pública”, Berta García Orosa descreve, com base em pesquisas realizadas, como as classes de governantes procuram controlar ou, pelo menos, ter uma presença importante no discurso dos meios de comunicação e, conseqüentemente, na opinião pública. Em “Los jóvenes ‘en’ los noticieros televisivos chilenos”, Lorena Mónica Antezana Barrios faz um estudo das leituras sociais negativas sobre a juventude e questiona como os jovens são representados pelos telejornais nacionais do Chile. Oscar Nicolás Álamo, em “Las NTIcs en Latinoamérica: influencia para un cambio de paradigma a partir de los 1980”, analisa as mudanças ocorridas com os estudos de comunicação, a partir década de 1980, com a redemocratização da maioria dos países da América Latina e da crescente inserção das novas tecnologias da informação e da comunicação. Em “Globalização e cultura popular: a construção do discurso político da mídia”, Aline Fernandes de Azevedo procura mostrar como as novas configurações da pós-modernidade atuam no campo político através do embate entre a cultura global e as culturas nacionais e regionais, em especial no caso da eleição presidencial de 2002 no Brasil. Eula Dantas Taveira Cabral, com a sua pesquisa de doutorado sobre a “A internacionalização da mídia brasileira: análise do Grupo Abril”, descreve este conglomerado brasileiro como um dos maiores grupos midiáticos da América Latina, com seus focos principais de atuação nas mídias: impressa, audiovisual e interativa. Em “Estudos de recepção e identidade cultural: abordagens brasileiras na década de 1990”, Nilda Jacks e Daiane Boelhouwer Menezes descrevem a pesquisa sobre o “estado da arte” dos estudos de recepção realizados nos programas de pós-graduação em Comunicação do Brasil, durante a década de 1990, e apresentam a análise dos trabalhos que tomam a identidade cultural como mediação nos processos de recepção. Paula Rodríguez Marino, com o texto “Exilio y desplazamientos en Invasión, Los hijos de fierro y Reflexiones de un salvaje”, traz descrições analíticas sobre as representações do exílio entre 1969 e 1978 nos filmes Invasión, de Hugo Santiago (1969), Los hijos de fierro, de Fernando Solanas (1972-1975), e Reflexiones de un salvaje, de Gerardo Vallejo (1978), sob uma perspectiva que combina a análise cinematográfica com a história sociocultural. Para tanto foram analisados: as características da cinematografia da cada um dos diretores, o uso da montagem para a criação de um espaço e tempo cinematográficos e as figurações do exilado para narrar a oposição política. Na seção de estudos temos o registro do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Famecos-PUC-RS. Nosso reconhecimento a todos que colaboraram para mais esta edição da Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. São as pessoas, os pesquisadores, instituições como a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e as empresas patrocinadoras que têm percebido a importância dessa iniciativa para o avanço dos estudos de Comunicação na América Latina. Esperamos que esta publicação possa ser sempre e cada vez mais um meio produtivo para o debate dos grandes temas históricos contemporâneos das Ciências da Comunicação. Margarida Maria Krohling Kunsch Editora EDITORIAL E ste número cinco de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación contempla varias temáticas que vienen siendo estudiadas por los estudiosos del área. Las contribuciones distribuidas en las varias secciones son resultantes de textos enviados espontáneamente por los investigadores o recomendados por los coordinadores de los Grupos de Trabajo (GTs) de la Alaic a partir de los congresos bianuales de la entidad. Su apreciación y aprobación fue realizada por el Consejo Editorial, cuya participación activa y responsable nos ha permitido mantener la calidad de las ediciones de este periódico científico y abrir espacios para una participación plural y democrática de diversos investigadores seniors y juniors del campo de la Comunicación. Para la Alaic es una gran satisfacción registrar en esta edición la entrevista de Alfredo Alfonso a Héctor Schmucler, uno de los precursores de la entidad y uno de sus primeros gestores, que contribuyó mucho para que ella propiciase nuevos espacios para los estudios de Comunicación en el continente. Schmucler es un investigador latinoamericano de los más renombrados, con una vasta producción intelectual y poseedor de un sin número de publicaciones periódicas, que por su calidad y vigilancia epistemológica tuvieron un papel fundamental en el pensamiento comunicacional latinoamericano. En la sección de artículos contamos con una variedad temática muy rica, no sólo por la singularidad de las reflexiones, sino también por la profundidad con que ella es trabajada. Ana Lucía Villarreal, en “Aprender a vivir y a convivir desde el silencio”, aborda el silencio como un elemento fundamental de los procesos comunicacionales con base en nuevos paradigma de estudios. En el artículo artigo “Visão da polidez lingüística na comunicação organizacional em situação de crise”, Elena Godoi y Anely Ribeiro explotan interdisciplinariamente los fenómenos de la clareza lingüística, aplicados a la comunicación, y reflejan sobre la presencia de los estereotipos y preconceptos en el proceso comunicacional intercultural. Raul Fuentes, en “La constitución científica del campo académico de la comunicación: un análisis comparativo México-Brasil”, busca comprender los procesos de constitución científica del campo académico de la comunicación en América Latina por medio de un estudio comparativo sobre la utilización de los recursos bibliográficos utilizados en tesis de pos-graduación de esos dos países, entre 1996 y 2005. Con el título “Comunicación: ¿apropiación expresiva de los mundos sociales? Proposiciones para un programa de investigación sociocomunicacional”, Eduardo A. Vizer presenta proposiciones, hipótesis y categorías de análisis que posibilitan un abordaje teórico para un programa de investigación sociocomunicacional, tomando como referencia las proposiciones de Imre Lakatos. Margarethe Born Steinberger, con “El consumo de información periodística como trabajo social en la economía de las representaciones digitales”, propone un nuevo concepto de “consumo” de la información como forma de trabajo simbólico social. Silvia Tabachnik, en “Anonimato, enunciación y verdad en las comunidades virtuales: cosas dichas entre lo público y lo privado”, parte de algunas consideraciones sobre la alteración del espacio-temporalidad, como efecto de los procesos de virtualización de las prácticas sociales, con base en la pesquisa realizada sobre las prácticas conversacionales en “comunidades virtuales” de origen latinoamericana. En las comunicaciones científicas presentamos varios trabajos resultantes de investigaciones académicas. Adilson Odair Citelli, en “Meios de comunicação e educação: desafios para a formação de docentes”, relata una pesquisa-acción desarrollada junto a profesores de enseñanza fundamental y media público del Estado de São Paulo, objetivando verificar como ocurre la producción, circulación y recepción del conocimiento y de la información llevando en consideración las singularidades de una sociedad compleja marcada por los medios de comunicación. Con el estudio: “Poder y comunicación: conflicto contenido. Aproximación histórica a la institucionalización de actores de la opinión pública”, Berta García Orosa describe, con base en investigaciones realizadas, cómo las clases de gobernantes procuran controlar o, pelo menos, tener una presencia importante en el discurso de los medios de comunicación y, consecuentemente, en la opinión pública. En “Los jóvenes ‘en’ los noticieros televisivos chilenos”, Lorena Mónica Antezana Barrios hace un estudio de las lecturas sociales negativas sobre la juventud y cuestiona cómo los jóvenes son representados por los telenoticiosos nacionales de Chile. Oscar Nicolás Álamo, en “Las NTIcs en Latinoamérica: influencia para un cambio de paradigma a partir de los 1980”, analiza las mudanzas ocurridas con los estudios de comunicación, a partir de la década de 1980, con la redemocratización de la mayoría de los países de América Latina y de la creciente inserción de las nuevas tecnologías de la información y de la comunicación. En “Globalização e cultura popular: a construção do discurso político da mídia”, Aline Fernandes de Azevedo procura mostrar como las nuevas configuraciones de la posmodernidad actúan en el campo político a través del embate entre la cultura global y las culturas nacionales y regionales, en especial en el caso de la elección presidencial de 2002 en el Brasil. Eula Dantas Taveira Cabral, con su investigación de doctorado sobre la “A internacionalização da mídia brasileira: análise do Grupo Abril”, describe este conglomerado brasilero como uno de los mayores grupos mediáticos de América Latina, con sus focos principales de actuación en los medios: impreso, audiovisual y interactiva. En “Estudos de recepção e identidade cultural: abordagens brasileiras na década de 1990”, Nilda Jacks y Daiane Boelhouwer Menezes describen la pesquisa sobre el “estado del arte” de los estudios de recepción realizados en los programas de posgraduación en Comunicación del Brasil, durante la década de 1990, y presentan el análisis de los trabajos que toman la identidad cultural como mediación en los procesos de recepción. Paula Rodríguez Marino, con el texto “Exilio y desplazamientos en Invasión, Los hijos de fierro y Reflexiones de un salvaje”, trae descripciones analíticas sobre las representaciones del exilio entre 1969 y 1978 en los filmes Invasión, de Hugo Santiago (1969), Los hijos de fierro, de Fernando Solanas (1972-1975), y Reflexiones de un salvaje, de Gerardo Vallejo (1978), sobre una perspectiva que combina el análisis cinematográfico con la historia sociocultural. Por tanto, fueron analizadas: las características de la cinematografía de cada uno de los directores, el uso del montaje para la creación de un espacio y tempo cinematográficos y las figuraciones del exilado para narrar la oposición política. En la sección de estudios tenemos el registro del Programa de Posgraduación en Comunicación de la Facultad de Comunicación Social de la Pontificia Universidad Católica de Rio Grande do Sul – Famecos-PUC-RS. Nuestro reconocimiento a todos los que colaboraron para más una edición de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. Son las personas, los investigadores, instituciones como la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidad de São Paulo y las empresas patrocinadoras que han percibido la importancia de esa iniciativa para el avance de los estudios de Comunicación en América Latina. Esperamos que esta publicación pueda ser siempre y cada vez más un medio productivo para el debate de los grandes temas históricos contemporáneos de las Ciencias de la Comunicación. Margarida Maria Krohling Kunsch Editora COMUNICACIÓN: ¿APROPIACIÓN EXPRESIVA DE LOS MUNDOS SOCIALES? PROPOSICIONES PARA UN PROGRAMA DE INVESTIGACIÓN SOCIOCOMUNICACIONAL Eduardo A. Vizer 12 ANONIMATO, ENUNCIACIÓN Y VERDAD EN LAS COMUNIDADES VIRTUALES. COSAS DICHAS ENTRE LO PÚBLICO Y LO PRIVADO Silvia Tabachnik 26 EL CONSUMO DE INFORMACIÓN PERIODISTICA COMO TRABAJO SOCIAL EN LA ECONOMÍA DE LAS REPRESENTACIONES DIGITALES LA CONSTITUCIÓN CIENTÍFICA DEL CAMPO ACADÉMICO DE LA COMUNICACIÓN. UN ANÁLISIS COMPARATIVO MÉXICO-BRASIL Raúl Fuentes Navarro 48 VISÃO DA POLIDEZ LINGÜÍSTICA NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL EM SITUAÇÃO DE CRISE Elena Godoi e Anely Ribeiro 56 APRENDER A VIVIR Y A CONVIVIR DESDE EL SILENCIO Ana Lucía Villarreal 66 artículos Margarethe Born Steinberger 36 COMUNICACIÓN: ¿APROPIACIÓN EXPRESIVA DE LOS MUNDOS SOCIALES? PROPOSICIONES PARA UN PROGRAMA DE INVESTIGACIÓN SOCIOCOMUNICACIONAL Eduardo A. Vizer Doctor en Sociología. Prof. Visitante CNPq. cat. 1 PPGCOM Univ. Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) Prof. Consultor e Investigador Titular (CIN cat. 1). Fac. Ciencias Sociales, Instituto Gino Germani Universidad de Buenos Aires. Coordinador del proyecto y 1er. Director de la carrera de Ciencias de la Comunicación, Universidad de Buenos Aires. Coordinador de Epistemología y Teoría del Conocimiento: Maestría en Estudios Sociales y Culturales, Univ. Nacional de La Pampa. Evaluador de Posgrados CONEAU, de la Univ. de Massachussets (UMASS). Consultorías: International Council for Canadian Studies, Human Resources Development Canada (HRDC), Canada-Fulbright Program “International Mo- 12 bility in Higher Education Program” (IMHEP), Ottawa. Secretaría de Ciencia y Tecnica de la Nación (SECYT) Plan Nacional de Ciencia y Tecnología. Ex Fulbright Fellow (EEUU), becario Internationes (Berlin), ICCS (Ottawa, Canada); y Prof. Visitante PPG en Comunicación, Unisinos, (Capes) Brazil. Miembro Internacional Board of Editors de Psychline (Chicago) y Cyberlegenda (Univ. Fiuminense, R. de Janeiro). Publ. mas relevante: “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y realidad”. (Prólogo de J. M. Barbero, Ed. La Crujía, Bs. As, 2ª. Ed. 2006, en trad. al portugués). E-mail: [email protected] resumen Este trabajo presenta un resumen de propuestas teóricas que el autor ha venido desarrollando en los últimos años, sobre todo en “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06. Versión en portugués en prensa, Ed. Sulina). El objetivo es presentar ciertas proposiciones, hipótesis y categorías de análisis tentativas que aporten a un abordaje teórico para un Programa de Investigación sociocomunicacional en el sentido de Imre Lakatos (PIC). El autor considera que las proposiciones que presenta ayudan a asumir ciertas claves conceptuales para fundamentar, demarcar temáticas y problemáticas centrales del campo, a fin de diseñar un posible “mapa de referencia” analítica para el desarrollo de investigaciones articuladas hacia una sistematización del campo comunicacional (o sociocomunicacional). Palabras claves: comunicación, sociocomunicación, Imre Lakatos abstract This work introduces a synthesis of the theoretical and strategic proposals developed by the author in recent years, particularly in “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06). The idea is to offer tentative propositions, hypothesis and attempts for analytical categories that provide conceptual elements for the construction of a socialcommunicational Research Program, as proposed by Imre Lakatos (SRP). The author considers that those propositions may help identify certain key concepts which, in turn, may be used to substantiate and outline relevant topics and issues to create an analytical “reference map” for the development of articulated research towards the constitution of a more systematic communicational (or social-communicational) field Keywords: communication, social-communication, Imre Lakatos resumo Este trabalho apresenta um resumo das propostas teóricas que o autor vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos e que, sobretudo, aparecem no livro “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06. Versão em português, Ed. Sulina, no prelo). O objetivo aqui é apresentar proposições, hipóteses e categorias de análises que possibilitem uma abordagem teórica para um Programa de Investigação sociocomunicacional, tomando como referência as proposições de Imre Lakatos (PIC). O autor considera que estas podem servir como referência ideal na construção de algumas chaves conceituais que ajudem a fundamentar, demarcar temáticas e problemáticas centrais do campo da comunicação, a fim de desenhar um possível “mapa de referência” analítico para o desenvolvimento de investigações articuladas e voltadas a uma sistematização do campo comunicacional (ou sociocomunicacional). Palavras-chave: comunicação, sociocomunicação, Imre Lakatos 13 “La división de las ciencias sociales produce y legitima saberes disciplinarios -y construye sus objetos de estudio- al costo de fragmentar la realidad. La propia “cultura disciplinaria” de los investigadores emerge de una división del trabajo intelectual y del tipo de preguntas que se hacen sobre la sociedad: las transformaciones de la economía -la tecnología y el trabajo-, la política, la cultura, las instituciones y la vida cotidiana” (Vizer. Introd. a La Trama, 2003/06) Sobre modelos y conceptos “trans”disciplinarios (o metadisciplina rios).- Hipótesis y categorías de análisis tentativas para un Programa de Investigación sociocomunicacional. Considero que las proposiciones, las hipótesis y algunos de los conceptos que se presentan a continuación, pueden aportar a un meta nivel teórico y de investigación sociocomunicaional, aplicable tanto a procesos interpersonales y grupales como al análisis institucional y macrosocial. 14 El epistemólogo húngaro Imre Lakatos propuso la fructífera tesis de que las ciencias se desarrollan siguiendo un Programa de Investigación Científica (PIC). Este ideal científico parecía muy lejano a las incertidumbres que acompañan el vasto campo de la comunicación. La in-disciplina que caracterizó a las investigaciones de la comunicación, y la consiguiente preocupación por la falta de una identidad definida y un objeto propio (paralelamente a la multiplicidad anárquica de temas, problemas, objetos y objetivos), proyectó por un lado a la comu- nicación como una perspectiva fundamental para comprender la complejidad y multidimensionalidad de los procesos sociales, pero al mismo tiempo quedó inscripta bajo una imagen difusa, inabordable en su especificidad por medio de los instrumentos teóricos y metodológicos de las ciencias sociales. Como campo anárquico de investigación, tuvo un desarrollo más institucional y universitario que definidamente epistémico, (en el sentido de construcción de conocimiento científico “fuerte”). Las políticas educativas y las estrategias interdisciplinarias que la caracterizaron no ayudaron a esclarecer una identidad propia, pero pusieron en evidencia su carácter de práctica de conocimiento exploratorio y “de frontera”. Su capacidad de crítica corrosiva tanto como de adaptación al status quo, su asociación con las tecnologías y el futuro, así como las posibilidades de construcción de dispositivos y lenguajes autoreferentes, revelaron la fortaleza de sus recursos (tanto teóricos como técnicos). Pudo así cimentar un reconocimiento a su poder simbólico y a las tecnologías mediáticas que proyectan e instalan masivamente sus imaginarios en las mentes de cientos de millones de personas en todo el globo. Pudo demostrar efectividad empírica en sus dispositivos de análisis, logró poner en un discurso reflexivo y comprensible para la gente común, tanto a los procesos objetivos como a los subjetivos, a las interpretaciones sobre el pasado, los análisis sobre el presente en constante transformación y también los imaginarios de futuro, todo esto favoreció su reconocimiento social, pero no así su legitimidad académica ni una consistencia epistemológica. Sin embargo, vale la pena intentar estrategias 1Términos teóricos como modelización; cultivo y comunicación; dispositivos técnicos y simbólicos; y una teoría sobre diferentes dominios sociales, pueden articular saberes y técnicas de intervención en instituciones y comunidades con campos de la experiencia tanto individual como social. La construcción de proposiciones teóricas junto a la práctica, aseguraría una relación sumamente fructífera con las investigaciones y las problemáticas tratadas en las teorías del capital social, la resiliencia, el desarrollo sustentable, construcción de la identidad o la ciudadanía. Todas ellas atraviesan múltiples disciplinas y “niveles” de realidad social. Y todas se hallan preocupadas en unir teoría y práctica, la investigación con la intervención social, el conocimiento de la realidad con su diagnóstico, y en asociar una ética de la participación de los agentes sociales con las necesidades y las demandas de transformación. ¿Es posible construir encuadres interdisciplinarios o aún transdisciplinarios fructíferos que reúnan las condiciones de un paradigma con suficiente rigor científico? que nos ayuden a construir ciertas claves conceptuales que ayuden a fundamentar, demarcar temáticas y problemáticas centrales del campo, y descubrir hasta que punto es posible diseñar un posible “mapa de referencia” analítica para el desarrollo de investigaciones articuladas hacia una constitución mas sistemática del campo comunicacional (o sociocomunicacional), tomando como referencia ideal las proposiciones de Lakatos. Empecemos por la noción de “lo” social: construir conocimiento sobre “la” sociedad es una abstracción. Más allá de una convención lingüística, no existe objetivamente tal cosa como la “sociedad”. Se puede convenir en un recorte de cierta “clase de hechos y procesos” observables y registrables por medio de nuestras experiencias de vida (experiencia en el sentido dado anteriormente). Podemos decir que son experiencias sociales “reales” de un primer orden, (o 1er. nivel): observables y compartibles con cualquier persona en la vida cotidiana. Pero este “1er nivel de realidad”, solo toma sentido cuando lo tratamos de entender, de interpretar. La interpretación a su vez se “construye” en dos niveles diferentes: un 2° nivel que responde a la percepción y el análisis del contexto (situacional y temporal) en que suceden los hechos (puede llamarse "análisis de situación"). Y un 3er. nivel de interpretación correspondiente a un encuadre de carácter lógico y abstracto de los hechos observados en marcos sociales y simbólicos: lingüísticos, culturales, históricos y epistemológicos. La especificidad de la experiencia científica -a diferencia de la experiencia común-, precisamente corresponde a la construcción de inferencias y encuadres abstractos de 3er. nivel, estrictamente regimentados por las teorías que se empleen y la metodología de observación y de la interpretación de los hechos. Hasta el presente, la mayoría de los encuadres teóricos legitimados por las Academias son construidos por las diferentes disciplinas. Nuestra pregunta es entonces: ¿cómo evitar los reduccionismos de éstas interpretaciones? ¿Cómo evitar el mero discurso teórico sin fundamentos sólidos al que nos han llevado infinidad de teorías? ¿Es posible construir encuadres interdisciplinarios o aún transdisciplinarios fructíferos que reúnan las condiciones de un paradigma con suficiente rigor científico? ¿Es factible reconocer ciertas categorías fundacionales de la experiencia, o sea “categorías de 1er. nivel” diferenciadas y específicas? (¿una “primeridad” en el sentido de Peirce?). Esta última es la línea de pensamiento que creo permite reconocer ciertas categorías de la experiencia social como fundamentales para construir líneas de investigación no reduccionistas sobre los procesos sociales y su imbricación íntima con la comunicación. Entiendo por “no reduccionistas”, en el sentido de incluir en el marco teórico (como proceso de modelización) la multiplicidad de relaciones y dimensiones de la existencia de un colectivo social -un grupo, una institución o una comunidad-. De modo implícito o explícito, en las ciencias sociales inevitablemente se parte de teorías (desde un 3er. nivel –una “terceridad peirceana”- implícita en el lenguaje y la interpretación). Podemos plantear también posibles estrategias de investigación intentando una fundamentación –metodológicamente fenomenológica- a partir de un 1er. nivel de la experiencia cotidiana. Sería factible así caracterizar diferentes clases de experiencias. Éstas representan modalidades específicas de relación humana en diferentes contextos, construidos como mediaciones sociosimbólicas tanto entre individuos como en poblaciones, en las comunidades y 15 sus “entornos ecológicos” (en términos mas sociológicos diríamos “modalidades de relación de los agentes sociales”, entre sí y con sus ambientes). Proposiciones centrales. (keywords: comunica ción, cultivo y apropiación; dominios sociales; relaciones, experiencias y dispositivos técnicos y simbólicos). 16 I. Los individuos y las poblaciones “construyen, modelan y cultivan sus propios ambientes” (desde la propia vivienda hasta las ecologías del entorno, sus tiempos y espacios ambientales, sus entornos socioculturales, afectivos e imaginarios). La experiencia social (y los procesos de socialización) se estructura en la forma de dispositivos de acción que estructuran relaciones técnicas, informacionales y simbólicas con el medio físico, transformando a la naturaleza y sus contextos, a las propias culturas, las formas e instituciones sociales, las tecnologías, y sus vínculos interpersonales. (Los sujetos y los colectivos sociales se “cultivan” -construyen- a sí mismos en un proceso de aprendizaje y construcción permanente de dispositivos de transformación y apropiación de los recursos propios y de los diferentes dominios ambientales de sus “mundos de la vida”). II. Si se considera a la sociedad a partir de un paradigma de construcción y reproducción permanente, se remite a un paradigma generativo, lo que permite desarrollar perspectivas inter -o trans-disciplinarias. Se puede elaborar una hipótesis general sobre la Modernidad como una construcción histórica de diferentes esferas o “dominios sociales” de la experiencia, la acción y las relaciones (tanto materiales como culturales y simbólicas). A un nivel simbólico, se manifiestan como construcciones institucionales y discursivas, constituidas a lo largo de las experiencias y de la historia de cada pueblo. III. Las “relaciones” de los agentes sociales implican procesos bidimensionales: por un lado son prácticas técnicas asociadas a la información (la te- chné), por el otro son relaciones epistémicos y expresivas: de construcción de sentido y valores (relaciones simbólicas y de comunicación). Implican procesos y prácticas “bidimensionales” de reestructuración estable de las relaciones, los vínculos y lazos sociales (in-formación y reproducción), así como también procesos y prácticas de transformación. (La comunicación –en tanto objeto de conocimiento- es una praxis de significación abierta y expresiva; en tanto campo intelectual es una “ciencia del sentido” sobre los propios procesos de formación de sentido en la vida social). IV. La comunicación es la práctica de construcción social “par excellence” que los seres humanos (y tal vez algunos animales inteligentes), realizan en forma permanente (o sea que “cultivan”) a fin de expresarse a sí mismos –y para sí mismos autoreferencialmente- en relación a sus entornos físicos, sociales y simbólicos. La expresión como una práctica de afirmación del yo ante el Otro, y de apropiación socializada del entorno a través de procesos y dispositivos cognitivos y expresivos que permitan la modelización simbólica y lingüística de los contextos y de los Otros, tanto en forma referencial como interreferencial. A este proceso –fundamentalmente inicial- podemos considerarlo como una apropiación o “cultivo” de la vida y las relaciones sociales mediante la construcción y adjudicación de sentido y de valor estratégico e integrador de las relaciones entre el ser humano y sus contextos de vida. La comunicación como proceso primario de construcción –cultivo- y apropiación social, estratégica y expresiva del ser humano como ente biológico y social en el mundo. V. En relación a los procesos específicamente sociocomunicacionales, en principio se pueden considerar tres dimensiones diferenciadas: referencial, inter-referencial y autoreferencial (Vizer, 1983). La primera como dispositivos de construcción discursiva, textual o imagética de “realidades objetales”; la segunda como construcción de relaciones mutuas La comunicación es la práctica de construcciónsocial “par excellence” que los seres humanos realizan en forma permanente (o sea que “cultivan”) a fin de expresarse a sí mismos y estratégicas de reconocimiento social y cultural entre los actores-observadores sociales que se “referencian” mutuamente entre sí (construcción de vínculo social). Finalmente la tercera como proceso de re-presentación –implícita o explícita- del sí mismo en sociedad, y como marcas del “yo” y la identidad en tanto sujeto y actor social, tanto en el lenguaje como en la acción. La construcción, la apropiación y el “cultivo” del mundo social se produce como un emergente objetivo –y siempre cambiante- de la coexistencia de las tres funciones/dimensiones en las relaciones sociales. En las relaciones mediadas por tecnologías de información y/o comunicación, lo que se modifica son los registros y los dispositivos técnicos de inter-referenciación, así como la modalidad de las relaciones de reconocimiento mutuo entre los individuos. Los medios de comunicación y las TIC’s implican así la emergencia de nuevos agenciamientos y roles sociales, surgidos de la mediatización de los procesos de interreferenciación social (públicos, usuarios, etc). te- lo hizo naufragar con los años. Los “patrones de relaciones”, de permanencias y de cambios en las instituciones y la cultura, pueden ser investigados como dispositivos de estructuración de las relaciones entre los actores sociales en las diversas organizaciones colectivas de la sociedad. Éstas últimas manifiestan y representan de modo “concreto”, procesos específicos correspondientes a los diversos dominios de realidad. Podemos considerar estas proposiciones teóricas, como aportes a un paradigma comunicacional que ayude a la construcción de modelos heurísticos útiles para explorar, describir, interpretar y modelizar en forma a la vez sistemática e histórica, patrones diversos de procesos socioculturales. Los patrones organizativos (in-formacionales), como modelos de relaciones estables, -o bien permutables y cambiantes según reglas a investigar- pueden constituirse en unidades y variables de análisis fundamentales para construir sistemáticamente un campo de investigación social transdisciplinario. Hasta cierto punto, el estructuralismo buscó algo parecido pero desde una perspectiva ahistórica que –paradójicamen- Se puede modelizar procesos sociales como conjuntos de relaciones dentro de un sistema complejo y generativo de dominios diferentes y articulados entre sí por medio de relaciones tanto técnicas (físicas) como simbólicas (de sentido, o epistémicas). En un sentido restringido, se puede concebir a) “lo social” como un conjunto de “agentes o actores sociales” (empíricamente representada por los hombres, las organizaciones, la comunidad, el Estado, etc.). b) Un segundo “dominio” (dominio de las significaciones y el sentido) representado por la cultura. Una topología que “crea espacios y regula los tiempos sociales”, y es constituida por el mundo de los objetos, los lenguajes, los símbolos y entes portadores de significado. c) Un tercer ¿Es posible así pensar diferentes clases de relaciones, dominios, topologías –convencionales?-, que establezcan distinciones, dimensiones, o bien categorías (¿universalizables?) sobre la existencia (objetivada y “real”) de: “lo” social; “la” cultura (en un sentido tanto físico material como simbólico), el individuosujeto (la intersubjetividad), la tecnología (y la ciencia), la naturaleza física, y lo “sobrenatural” (trascendente). 17 Se puede modelizar procesos sociales como conjuntos de relaciones dentro de un sistema complejo y generativo de dominios diferentes y articulados entre sí por medio de relaciones tanto técnicas como simbólicas 18 dominio sería el de las relaciones con la naturaleza física, (noción que surge recién con la ciencia moderna) como un dominio objetivado, y separado del hombre; “naturaleza” representada a través de las ciencias naturales y las tecnologías. d) Un cuarto dominio social y epistémico surge autónomamente como herencia del siglo XIX. Pasando por el romanticismo y el psicoanálisis, se ha ido consolidando la “construcción social del dominio del sujeto” como un nuevo dominio de investigación y de conocimiento: el de la psique y la (inter)subjetividad humana (Freud habló de una topología del aparato psíquico y del inconsciente, y se considera válido hablar de procesos de la “realidad subjetiva”, aunque se lo considere una ficción literaria o idealista). e) Una quinta categoría de relaciones estrictamente simbólicas y trascendentes, es la de la experiencia de lo sagrado, que a sobrevivido por milenios a través de la religión, las ceremonias, y rituales (cuya función social es estrictamente reproducir la experiencia y el sentido de lo trascendente, y en la fe sobre un mundo “otro”). f) Por último, en los siglos XIX y sobre todo el XX, las experiencias de la técnica -en especial las nuevas tecnologías- han hegemonizado y colonizado aceleradamente todos los dominios de la experien- cia. Las tecnologías de información y comunicación (TIC’s) y su articulación por un lado con las tecnologías de control y modificación del tiempo y del espacio físico, social y simbólico, y por otro lado con la biotecnología, la inteligencia artificial, la realidad virtual, los sistemas expertos, etc. Ejemplos institucionales: a) las organizaciones religiosas sobreviven al relativismo y la intrascendencia posmoderna porque brindan un tipo de experiencia trascendente (no discutiré acá si esta es vicaria o legítima). b) La familia, el parentesco, las asociaciones de pertenencia pueden ser consideradas instituciones de “construcción del dominio del sujeto” por medio del cultivo de los vínculos. c) Las instituciones y la organización de las economías tradicionales, el hábitat, el trabajo y la técnica, pueden ser consideradas como dispositivos y experiencias informacionales asociadas a la reproducción de la vida humana en relación con la apropiación del mundo físico y la naturaleza. d) Como otra dimensión fundante de la vida colectiva en sociedad, podemos mencionar las instituciones de la política, el Estado y la Ley (como el dominio de “lo” social restringido a su sentido específico, tal como es tomado como objeto de estudio por 2 “Creo que en los próximos quince años entraremos en lo que yo llamo entornos “inteligentes”. Es decir, que el Hombre ya no estará aislado de los objetos físicos, estáticos, que esperan que nos comuniquemos con ellos, porque vamos a entrar en simbiosis entre el entorno y nosotros mismos. Es decir, que la interfaz entre la biología, la mecánica y la electrónica va a ser cada día más estrecha. La palabra, el reconocimiento del rostro, de los gestos, de los signos, va a permitirnos entrar en comunicación con este entorno, ya se trate de la casa, de la oficina, del coche o de los medios de transporte, de una forma cada vez más intensa. En los próximos quince o veinte años, esta simbiosis va a modificar completamente la relación que mantenemos con nosotros mismos y con los demás”. (Jöel de Rosnay, 2002). 3 Las seis categorías -o dimensiones teóricas- se definen como variables analíticas que permiten desarrollar proyectos de investigación social en el sentido clásico. También son empleadas como un Dispositivo de investigación diagnóstica y de intervención en instituciones y comunidades, al que denominé Socioanálisis. Este Dispositivo ha sido desarrollado como instrumento metodológico de análisis e intervención social y comunicacional en nuestras Cátedras de Comunicación Comunitaria en la Universidad de Buenos Aires. (Vizer, Socioanálisis, 2004. Y en el libro citado del mismo autor). las ciencias sociales). En las conversaciones de la vida cotidiana, así como en los discursos públicos, en los mitos o en los programas de televisión o el cine, siempre encontraremos una alusión –explícita o implícita- a temas centrales y fundantes de la vida social. Ciertas ideas y ciertas palabras se hallan siempre omnipresentes en casi todos los idiomas y contextos sociales: las relaciones entre los sujetos (amor-odio-ambición-cooperación, etc.); la Ley, el poder y el control; la ubicación en el tiempo y el espacio; la técnica, el trabajo y el dinero; la vida y la naturaleza. Cuando hablamos sobre nuestra vida personal, estamos también modelizándola reflexivamente. También lo hacemos cuando hablamos de la sociedad, la cultura, la naturaleza o la religión. La característica central y obsesiva del fundamentalismo, se manifiesta en la incapacidad de aceptar “otros” modelos, valores y sentidos (las que en la cultura occidental han constituido una fuente de riqueza creativa, de transformaciones permanentes y de diversidad cultural). e) Podemos mencionar a las artes como el dominio “instituido y reconocido” de las funciones expresivas y culturales en un sentido restricto, y a la “cultura” en un sentido amplio y antropológico, como la construcción y el reconocimiento de las formas simbólicas en la vida social. f) Por último, debemos considerar el desarrollo exponencial de las nuevas tecnologías, invadiendo todos los dominios del ser y el quehacer humano. Son las tecnociencias que caracterizan a la sociedad “post”moderna como una “Cultura Tecnológica” (Vizer, 1983). Demás esta decir que cada organización/institución es en sí misma multidimensional (se autoorganiza en interfases con los diferentes dominios), al mismo tiempo que guarda una relación determinante con un tipo de dominio, y representa así una función social específica y mediadora para los individuos que acceden a ella (ya sean iglesias, la Justicia, las artes, la familia, la política, etc.). “Cultura, naturaleza, tecnología, intersubjetivi- dad, trascendencia y construcción de “lo social” se articulan entre sí en forma prácticamente indisoluble. Se instituyen como “distinciones ontológicas y cognitivas axiomáticas” establecidas por la cultura y el discurso. En este sentido, las ciencias sociales y la comunicación bien pueden definir sus objetos como el estudio de la naturaleza histórica y social de los diversos dominios de realidad. La constitución social de las diferentes “distinciones y dimensiones topológicas de las realidades humanas”. Su “(re)producción” material, tecnológica, simbólica e imaginaria, sus transformaciones históricas y “temporalidades” objetivas y subjetivas, sus respectivos dispositivos y procesos, sus formas organizativas y culturales distintivas.” (Vizer, op.cit., p.152-153, modificando el término original “ontológicas”, por topológicas) En la Introducción de “La trama (in)visible.”, presenté las fases de constitución de las ciencias en la forma de un bosquejo de epistemología histórica a partir de la Modernidad. Resumidamente, primero surge la reflexión sobre el mundo físico (y la constitución histórica de la experiencia de disociación técnica y científica entre sujeto-objeto). Esto permitió a las ciencias naturales fundar el paradigma de conocimiento científico sobre el “objeto” físico como epítome de la Naturaleza (ésta no es “natural” sino construida como concepto cultural moderno, como “modelo” de la realidad física). En base a este primer paradigma, surge luego la modelización reflexiva sobre las instituciones, el Estado y la sociedad como “objetos” de conocimiento y experiencia social (y por ende, como objeto a ser investigado, intervenido y transformado por los propios hombres, ya sea históricamente o mediante “rupturas” revolucionarias). Ya en el siglo XIX, se instala en los imaginarios occidentales la constitución y el reconocimiento social y cultural de la experiencia subjetiva (en la literatura, la historia y la psicología se “objetivi- 19 Efectivamente, todas las ciencias logran significativos avances cuando se articulan proposiciones entre sí, y en especial entre “fronteras” co-disciplinarias. 20 za” culturalmente el dominio de la subjetividad). Con la Revolución Industrial, a fines del mismo siglo y comienzos del XX, surge la constitución de lo que podemos denominar la moderna Cultura Tecnológica como paradigma de construcción de objetos materiales, con el control y la aceleración del tiempo y el espacio: la dinámica del motor, la locomoción, la comunicación como vía física y natural, como conquista sobre tiempo y espacio. Por último, con las tecnologías de información y comunicación, y su convergencia tecnológica y digital, llegamos a fines del siglo XX a la etapa actual de constitución ambigua de objetos a la vez reales y virtuales. El pensamiento científico analítico (transformado por los propios dispositivos de la tecnología en fórmulas y sistemas de información expertos), percibe la necesidad de volverse autoreflexivo y autoobjetivante. En cada una de estas etapas de formación y modelización del pensamiento sobre la realidad (natural, social, psíquica o virtual), se fueron construyendo imágenes y metáforas que las expresan y representan. En los últimos siglos la Modernidad occidental instituyó a las diferentes esferas o dominios de la experiencia que constituyen nuestras topologías -o ecologías simbólicas y formas de modelizar la realidad-. Aunque fueron construidas intuitivamente por el sentido común y la acción social en la vida cotidiana del mundo actual de las sociedades “modernizadas” por la cultura occidental. Ésta ha instituido ciertas categorías –conscientes o nocomo la urdimbre fundante, el “taken for granted” de una realidad experiencial en la que vivimos nuestros mundos de la vida. Desde una perspectiva de carácter antropológi- ca, podemos asumir una metáfora espacio-temporal que podría concebir el objeto de investigación de los procesos sociocomunicacionales como el conjunto de la totalidad de los espacios y construcciones de sentido instituidos por el hombre. Y su análisis como una “ecología social y semiótica”: de artefactos, rituales, formas, textos, símbolos, imágenes, etc. En segundo término, podemos considerar a la temporalidad histórica como una praxis, como acciones humanas instituyentes y “reproductivas” de los diferentes dominios de realidad y de las identidades particulares (de sus memorias instituidas como permanencia y/o transformación histórica). “”La reproducción sistemática de las instituciones por medio del “registro informacional”, la marca (o el “código” ?) de la relación entre los elementos y las formas culturales genera la evidencia “real, simbólica e imaginaria” (o bien la ilusión) de la permanencia, la percepción de lo “universal” y de leyes “inmutables” (específicamente en el mundo natural, pero que el idealismo proyecta al mundo social). En este sentido, la noción de identidad es crítica para centralizar y organizar la diversidad y el flujo de los elementos, los hechos y los procesos en “modelos” de relaciones estables y permanentes, tanto lógica como ontológicamente. Este proceso es propio de toda forma de vida, pero especialmente válido para investigar y entender la formación y reproducción histórica y sistemática de cualquier forma de estructura sociocultural sin perder de vista su complejidad, sus patrones organizativos, sus estructuras reproductivas, y sus procesos de cambio y transformación. La propia “temporalidad” y la historia surgen del contras- te entre los registros y la experiencia del presente y los registros (información, memoria) del pasado. Estas proposiciones son válidas y extensivas tanto para la “construcción” (de la identidad) del individuo, como para la de organizaciones, para las comunidades, la sociedad y la cultura. Pareciera que “lo social” es la acción; y la cultura, construcción de identidad y temporalidad. Identidad que otorga un sentido a la acción; y la acción, la que asegura la permanencia temporal de la identidad y la cultura”” (op. cit., p. 138). En este proceso hipercomplejo de producción y reproducción institucional, de las formas de identidad, de la acción social y de la formación de sentido... “se reconstruyen los universos reales, simbólicos e imaginarios” en que vivimos -transsubjetivamente- los seres humanos. Y estos procesos pueden abordarse como actos y como experiencias duales: de comunicación en sentido amplio, y de información en un sentido restricto. Como procesos de apropiación expresiva-comunicativa, y como apropiación técnica–informacional. En ambos sentidos como prácticas de organización sociocomunicacional de la vida social de orden transsubjetivo -e intersubjetivo-, y de los universos sociales y culturales en los que los individuos construyen sentidos y valores en el mundo. La expansión de las investigaciones a diferentes ámbitos y problemas a ser abordados por la ciencia social, puede seguir una estrategia interesante planteada por Luis Braga para los estudios de la comunicación. Ante cierta liviandad de muchas proposiciones interdisciplinarias, Braga propone investigar las interfases entre problemas y procesos definidos como sociales y problemas comunicacionales. Efectivamente, todas las ciencias logran significativos avances cuando se articulan proposiciones entre sí, y en especial entre “fronteras” co-disciplinarias. Es de esperar que la investigación sobre problemas y procesos de interfase en los dominios presentados, permita desarrollar abordajes y resultados sumamente fructíferos. Tenemos el ejemplo de los estudios ambientales, los psicosociales, y la prevención la salud entre muchos otros. La comunicación como (re)construcción de la vida social Podemos abordar el análisis de procesos sociales, institucionales y organizacionales desde la perspectiva de los actos y los dispositivos de comunicación (ya sean conversaciones, procesos mediáticos, textos, lenguajes corporales, uso de objetos y sobre todo de tecnologías, relatos o mitos) como formaciones de agentes que “cultivan colectiva y ecológicamente sus espacios ambientales” (materiales, simbólicos y aún imaginarios). La reconstrucción de la vida social implica tanto a la praxis como acción social de los individuos y los grupos, como a las condiciones y contextos configurados por las diferentes formaciones y sistemas institucionalizados. Éstos se corresponden con un orden colectivo y naturalizado de la cultura (a nivel micro y macroeconómico, micro y macro político y cultural), en el “interior” de los cuales los agentes sociales interpretan y operan técnicas y símbolos en contextos interreferenciales. Desde una visión “informacional”, las organizaciones y la estructuración de los sistemas sociales se realiza de modo equivalente a la metáfora del “código genético”, con sus lógicas internas y sus “leyes” (haciendo una reserva sobre el mero valor metafórico del concepto de código). Los dispositivos informacionales (día a día cada vez mas dependientes de la digitalización de los sistemas expertos y la convergencia de los instrumentos tecnológicos) operan como organizadores y controladores de las operaciones de regulación del funcionamiento “eficaz y eficiente” (sic), de los propios dispositivos de reproducción del sistema (como ejemplos, pensemos en como funcionan los servicios públicos, el pago de los impuestos, las cadenas productivas de producción y consumo 21 22 masivo, etc., y en la desesperación del ciudadano cuando intenta inútilmente comunicarse con un agente humano y le responde “el sistema”, con sus respuestas automáticas pregrabadas, o simplemente “se cae” y deja de funcionar). Pero desde una perspectiva ampliamente “expresiva y comunicacional”, las organizaciones y las instituciones culturales se reorganizan en forma dinámica y reflexiva por medio de las acciones y las interacciones de los individuos en tanto agentes sociales reflexivos, en tanto actores y observadores en contextos sociales y culturales reconocidos y “apropiados significativamente” por los propios individuos. La comunicación implica en este caso a los sujetos como interlocutores, las relaciones democráticas o autoritarias, simétricas o asimétricas, la presencia de actos expresivos, de la conversación, la construcción compartida (lo que no quiere decir solo armónica sino también conflictiva) en procesos de construcción de sentido y valores, de imágenes, de emociones, sentimientos, deseos y ambiciones. En fin, los procesos de la siempre presente historia de la comunicación humana en tanto procesos de auto e interreferenciación recíproca, inseparables del mundo de la vida y de la relaciones en que los individuos se constituyen y reconocen mutuamente. Desde la infancia los individuos se socializan en el arte de aprender a utilizar dispositivos técnicos y semióticos que les permitan apropiarse de los recursos y los instrumentos materiales y simbólicos a fin de cultivar -o sea construir y reproducir- los diversos entornos y dominios en los cuales habitan. Lo hacen a través de diferentes formas del trabajo (en la infancia como un aprendizaje a través del juego). La organización social y técnica del trabajo asegura la generación de los recursos necesarios para el colectivo social. Los agentes sociales se ponen en “enacción” por medio de dispositivos culturales aprendidos y reconstruidos permanentemente. Proceso que im- plica a la vez un trabajo de estructuración sobre el espacio y el tiempo: trabajo físico y también social, cultural-simbólico e imaginario. Todas las organizaciones construyen dispositivos, los que se instituyen como estructuras del sistema-organización a fin de ocupar, desarrollar y distribuir -según criterios de racionalidad y lógica imbricada en el propio sistema- a los múltiples espacios y tiempos disponibles. Esto con el fin de asegurar el acceso a los recursos para su supervivencia: prácticas instrumentales; tecnologías, objetos materiales, recursos físicos y económicos; normas y sistemas de decisión; jerarquías, valores y rutinas formales e informales; estilos de vinculación y asociación social; organización y cultivo espacial y temporal de los ambientes físicos y las prácticas culturales, simbólicas e imaginarias. Creo que se puede sostener una reflexión “ecológica”: los mundos en que los hombres viven son mundos físicos y también sociales, simbólicos e imaginarios al mismo tempo (socializados por la cultura). Desde el mundo de la naturaleza, al de las instituciones colectivas (como el Estado); el mundo de los vínculos afectivos (como la familia o los amigos); el de la cultura; el de nuestros entornos crecientemente dependientes de las tecnologías, y hasta la propia búsqueda de la trascendencia y lo sagrado (re-presentado por la simbología y las ceremonias de todas las religiones). El “mundo de la vida” es el mundo de la búsqueda permanente de sentido y de valor. Los diferentes entornos o ecologías estructuran los contextos y proporcionan los recursos necesarios, y en ellos los individuos se apropian y cultivan socialmente –y modelizan cognitivamente- sus propias “realidades”. Podemos adelantar que sería sumamente fructífero pensar e investigar todos estos procesos de interdependencia compleja, modelizándolos como interfases y mediaciones relacionantes entre los dominios del individuo, la sociedad, la naturaleza y la cultura. Interfases de articulación y mediación tanto físicas La socialización es un proceso de maduración y reafirmación de las personas y del crecimiento de la autovaloración de la identidad propia en relación al mundo social y el físico material. como sociales; lingüísticas y comunicacionales. A su vez, todas atravesadas y transformadas por la creciente “invasión” de la cultura tecnológica en la vida cotidiana, y nuestra dependencia creciente de los sistemas expertos que sostienen la infraestructura material y energética de la vida moderna (especialmente en las ciudades). Invasión que penetra y transforma desde la naturaleza a la sociedad, desde la biología y el cerebro hasta los imaginarios culturales globales. Lo que se entiende por socialización es precisamente la fijación de las experiencias en la memoria, el aprendizaje y el conocimiento adquirido a través de las experiencias de vida. La socialización es un proceso de maduración y reafirmación de las personas y del crecimiento de la autovaloración de la identidad propia en relación al mundo social y el físico material. Creo útil pensarlo como la construcción de un cultivo experiencial por medio del cual los hombres intentamos aseguramos el control (el poder) sobre nuestros mundos de la vida personales. A) Un control “técnico y operativo” sobre los dispositivos generadores de contextos físicos y materiales de nuestras condiciones de vida, y en parte también sobre nuestras condiciones sociales. Pero sobre todo precisamos de B) un “control simbólico” – o sea de sentido- sobre nuestras realidades. Precisamos tanto de certezas operativas (la techné de los griegos) como de certezas epistémicas. Necesitamos de la seguridad y el control sobre los recursos materiales indispensables para asegurar nuestra supervivencia. Y también precisamos de la seguridad simbólica de la permanencia de ciertos valores; de símbolos y de construcciones de sentido (lo que explica la permanencia de las religiones y hasta la magia en las sociedades modernas). La comunicación puede ser considerada la manifestación concreta y objetiva de los procesos de reconstrucción permanente de los diferentes contextos de realidad que cultivamos en la vida cotidiana. Cultivamos como un jardín, o un taller lleno de herramientas que utilizamos como recursos para la reconstrucción resiliente de nuestra vida cotidiana: nuestras ecologías físicas, sociales, simbólicas e imaginarias. Desde las formas culturales que damos a los objetos físicos al reconocimiento de sus formas simbólicas. Nos invade un estado de incertidumbre permanente, y algunas de las angustias de nuestro tiempo pueden plantearse como preguntas: “¿No estaremos transformándonos en meros agentes pasivos de un sistema fuera de control?” “¿No estamos perdiendo la capacidad de cultivar nuestras propias realidades, en función de los poderes económicos y tecnológicos que nos transforman en meros recursos para sus necesidades y ambiciones?” “¿No estamos acaso siendo marginados hacia el entorno -o sea la periferia- de un núcleo de poderes mundiales que desarrollan sus poderes transformando a muchos –o todos?- ¿los pueblos en agentes subalternos?” (incluyendo a los propios pueblos del mundo desarrollado). Por último, vale la pena repetir la lúcida observación del creador de la “Teoría de las Catástrofes”, R. Thom. “Los grandes progresos científicos siempre están ligados a extensiones de lo imaginario”. Para teorizar sobre el mundo es preciso que proyectemos la realidad tal y como la percibimos, en una realidad mucho más amplia, compuesta en un primer momento de reflexión por la abducción de constructos imaginarios (inconsciente, sentido, 23 significación, autoreferencia, etc.). “La ciencia, por principio, busca instaurar el orden y restaurar la identidad a través de la multiplicidad, y reencontrar la continuidad de los fenómenos a través de los desórdenes aparentes” (R. Thom, 1985). Si la comunicación es una práctica de construcción de sentido, significa que estamos a la búsqueda de un “orden de sentido” sobre las formas en que adjudicamos “sentidos” a la vida social en nuestros tiempos. Y también el sentido oculto que se esconde detrás de sus “desórdenes aparentes”; de la propia crisis de pérdida de sentido de los “grandes relatos”, de los valores tradicionales y de las incertidumbres de un futuro cada vez más incierto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24 ATLAN, H. Ruido, complejidad y significado en los sistemas cognitivos, Madrid: Frónesis, Cátedra.Un.Valencia, 1996. Revue Internationale de Systemique, vol. III, no.3,1989, TGS al día MARCUS, S. La ciencia contemporánea y la ciencia tradicional. CEA- No.1º, Bs.As., 1991. UBA: Mimeo, confer. 1990. AUERSWALD, E.H. Paradigms and Definitions, mimeo, San Francisco, MORIN, E. Sobre la Interdisciplinariedad, Boletín No. 2 del Centre 1993. International de Recherches et Etudes Transdisciplinaires (CIRET), BALANDIER, G. El Desorden, la teoría del caos y las ciencias sociales. Paris. Elogio de la fecundidad del movimiento, Barcelona: Gedisa, 1989. ________ El pensamiento complejo. Barcelona: Ed. Gedisa. 1996. BERGER, P & LUCKMANN T. La construcción social de la realidad, MORRIS, Charles. La significación y lo significativo. Estudio de las Bs.As.: Amorrortu, 1986. relaciones entre el signo y el valor. Comunicación serie B. Madrid: BERNSTEIN, R. J. Beyond objectivism and relativism. Science, Herme- Ed. Alberto Corazón., 1974. neutics and Praxis. Univ. of Pennsylvania Press, 1993. PRIGOGYNE, I. Creatividad en las Ciencias y las humanidades. Un BILBAO, C. (comp.), La ciencia del hombre en el siglo XVIII, Bs.As.: estudio en la relación entre las dos culturas, El proceso creativo Ed. Cedal, 1991. L. Gustafsson, Ministerio Educ. y Ciencia, Estocolmo 1993. BRAGA, J. Luiz. Os estudos de interface como espaço de construção do _________. Time, Dinamics and Chaos, In: CHAOS: The New Sci- Campo da Comunicação. Ponencia a GT Epistemología de Compós, ence, Nobel Conference, Minnesota. EEUU, 1993. S. Paulo, 2004. SCHNITMAN, D.F. (comp.) Nuevos Paradigmas Cultura y Subje- CHANG, Briankle G. Deconstructing Communication, Representa- tividad. Ponencias y diálogos del Encuentro Interdisciplinario del tion, Subject and Economies of Exchange. University of Minnesota mismo nombre, Bs. As. 1991. Bs.As.: Ed. Paidós, 1994. Press, l996. RODRIGUES, Adriano D. O impasse da técnica no conflito dos CIAPUSCIO, G.E. Lenguaje y Ciencia. Creación y Transmisión. Un saberes. In: Agonia do Leviatá. A crise do Estado moderno. Novo par indisoluble (mimeo), 1998. Pacto da Ciéncia - 5. Org. C. MEDINA & M.GRE’CO. ECA/USP/ FOUCAULT, M. Nietzche, Freud, Marx. Paris: Editions de Minuit, CNPq, 1996. 1965. ROSNAY de, Joël. Los saberes conectados crean un conocimiento FOUREZ, Gérard y otros. Alfabetización científica y tecnológica. Bs. superior. Entrevista Rev. Transversales, Science culture, Nueva Serie, As.: Ed. Colihue, 1997. n°1, mayo 2002 (12/05/2002) GIDDENS, A. & TURNER, J.H. La teoría social hoy. México: Alianza, VARELA, F. J. CONOCER. Las ciencias cognitivas: tendencias y 1987. perspectivas. Barcelona: Gedisa, 1990. KLIMOVSKY, G. & HIDALGO C. La epistemología de las ciencias VIZER, E.A. The Challenges of developing a Technological Culture. sociales. La Inexplicable Sociedad, Bs. As.: A-Z Ed., 1998. United Nations Department of Public Information. Nueva York LOTMAN, Iuri. La semiosfera I Semiótica de la cultura y del texto. - l987. Madrid: Trad. Telos No.37, 1994. ________, Ciencia, objeto y sentido. Sobre la “apertura” de las __________. El Modelo actor-observador y el desarrollo de una ciencias sociales. In: Pensar la ciencia I 2001-2002. Biblioteca del perspectiva comunicacional. (Compilac. Iberoamericana en Teorías Congreso de la Nación, Nº 121. de la Com.) Univ. de Guadalajara, y Asoc. Latinoamericana de ________. SOCIOANÁLISIS, metodología de investigación, análisis Investigadores de la Com. (ALAIC). México, ISBN 968-895-577-9, diagnóstico e intervención social. Redes.Com No 2. Sevilla 2005. 1994. Instituto Europeo de Comunicación y Desarrollo. __________. Drugs addiction and prevention as a complex social ________. Globalization and Cooperation. Social actors on a New problem, In: Psychline No. 1, Chicago, EEUU. l996. Technologies and Communication perspective. In: Anales del Congreso CALACS (Canadian Association for Latin and Caribbean VIZER-ORTIZ. - Educación ambiental desde el “Pensamiento Studies, Canadian Journal) 1991. Complejo”. Bs. As.: Publicación OEA y Ministerio de Educac., 1993. __________. La trama (in)visible de la vida social: comunicación, WALLERSTEIN, I. El Legado de la Sociología, la Promesa de la Cien- sentido y realidad. Buenos Aires: La Crujía, 2ª. Ed. 2003/2006. cia Social. Montreal: Discurso Presidencial, Decimocuarto Congreso __________. Ciencias sociales, Cultura y Tecnología. In: Comuni- Mundial de Sociología, 1998. cación y tecnocultura en la Sociedad de la (in)formación. Buenos Aires, _________. PRIGOGINE, I. et.al. Open the social sciences, Report en prensa. of the Gulbenkian Commission on the Restructuring of the Social __________. La complejidad de los desafíos sociales y los desafíos Sciences. Lisboa, 1995. (Versión original). de la complejidad, In: Complejidad No. 4, Bs. As. 1998. Memorias ___________. Impensar las ciencias sociales. Límites de los paradig- de Investig. No.2 (Vice Rec. Investigación y Desarrollo) Univ. del mas decimonónicos. México: Siglo XXI, 1998. Salvador, 1998. Zeitlin, I. Ideología y Teoría Sociológica. Bs. As.: Amorrortu, 1970. 25 ANONIMATO, ENUNCIACIÓN Y VERDAD EN LAS COMUNIDADES VIRTUALES. COSAS DICHAS ENTRE LO PÚBLICO Y LO PRIVADO Silvia Tabachnik De formación lingüística, ha desarrollado su trabajo en el campo de los estudios del lenguaje y de la comunicación social. Fundadora y Directora (entre 1991-2001) de la Maestría en Sociosemiótica del Centro de Estudios Avanzados (Universidad Nacional de Córdoba, Argentina), ha pu blicado sus artículos en libros y revistas internacionales. Actualmente reside en México y es profesora-investigadora en la Universidad Autónoma Metropolitana donde desarrolla su investigación sobre lenguaje, escritura y subjetividad en las comunidades virtuales. E-mail: [email protected] 26 resumen En el marco de una investigación sobre las prácticas conversacionales en “comunidades virtuales” de origen latinoamericano, este trabajo parte de algunas consideraciones sobre el trastocamiento de la espacio-temporalidad por efecto de los procesos de virtualización de las prácticas sociales. Se asiste a la emergencia de un espacio otro irreductible a la tradicional repartición de lo público y lo privado. En el contexto de estas transformaciones asume particular relevancia la reflexión sobre la trascendencia ética del acto enunciativo en las inéditas condiciones de anonimato y seudonimia instauradas por las nuevas tecnologías de comunicación. Palabras claves: nuevas tecnologías, comunidades virtuales, público y privado, anonimato . abstract In the framework of the research on conversational practices in “virtual communities” of Latin-American origin, this project finds its starting point on certain considerations on the disarrangement of the spacio-temporality resulting from the virtualization processes originated in the social practices. The other space, irreducible to the traditional distribution of the public and the private limits, arises. In this context of transformation, a reflection on the ethical transcendence of the enunciation becomes particularly relevant under the unprecedented conditions of anonymity and pseudonimity created by the new communication technologies. Keywords: new technologies, virtual communities, public and private, anonymity resumo No marco de uma pesquisa sobre as práticas conversacionais em “comunidades virtuais” de origem latino-americana, este trabalho parte de algumas considerações sobre a alteração da espaço-temporalidade, como efeito dos processos de virtualização das práticas sociais. Presenciamos a emergência de um outro espaço irredutível à tradicional divisão de público e privado. No contexto destas transformações, assume particular relevância a reflexão sobre a transcendência ética do ato enunciativo nas condições inéditas de anonimato e pseudonímia, instauradas pelas novas tecnologias da comunicação. Palavras-chave: novas tecnologias, comunidades virtuais, público e privado, anonimato 27 Anonimato, enunciación y verdad en las comunidades virtuales. Cosas dichas entre lo público y lo privado. 28 1. “Cuál será el aquí de este instante, cuál el ahora de este espacio, quién el yo de este nombre“. He aquí un recorte de una conversación que alguna vez tuvo lugar y tiempo entre los miembros de una comunidad virtual. Un diálogo incautado y disecado, guardado en una memoria sin sujeto y aun así, por su propia naturaleza técnica, disponible para ser reanimado casi indefinidamente, actualizado una y otra vez. La pregunta por el dónde y el cuándo de los acontecimientos, las experiencias, las vivencias, los encuentros, se ha tornado inquietante: el aquí -ahora de la apaciguadora fórmula de la deixis - ego, hic et nunc - se ha dislocado junto con el “yo” que la presidía. Conjunción tal vez imaginaria: Michel Serrès (1995) sostiene que no somos, ni nunca hemos sido seres del ahí; que por el contrario, lo que define y distingue la condición humana es precisamente la capacidad de salir de si mismo, ( de estar aquí y en otro lugar al mismo tiempo), de transportarse mediante la imaginación, el lenguaje, los sueños, las fantasías o la ficción. Las tecnologías de virtualización habrían amplificado y potenciado una capacidad – casi una vocación - de distancia- miento que es de por sí específica de lo humano. Lo cercano y lo lejano; el adentro y el afuera; el ahora, el antes y el después; lo presente y lo ausente son polos de un paradigma desestabilizado. Y en esta espacio-temporalidad intrínsecamente alterada, donde incluso habrá que replantearse las nociones de subjetividad e ínter subjetividad, se están reinventado otras formas del encuentro y del diálogo, otros modos de reunirse y de conversar. Nuevas y diferentes experiencias de lo individual y lo colectivo: la privación de la presencia física, no convierte de por sí a estos encuentros en simulacros huecos, ni en sustitutos necesariamente fallidos de alguna vivencia o experiencia “auténtica”: las pasiones, los conflictos, las emociones, también se gestan – según otras modalidades - en esta nueva cultura nómada instaurada por la virtualización. Para aprehender la calidad evanescente de ese “espacio” de intermitencias donde acontecen las interacciones entre los miembros de las comunidades virtuales, parece idónea - en tanto implica la consideración de vectores de dirección, velocidades y variables temporales - la noción de “espacio practicado” formulada por Michel de Certeau (1988, p.117). Concebido como “el efecto producido por las operaciones que lo orientan, lo sitúan, lo temporalizan, y lo hacen funcionar”, el espacio “practicado” es performativo, pragmático y procesual, por tanto móvil y siempre inacabado, en 1 Este trabajo es parte de una investigación sobre “Lenguaje y subjetividad en la red. Juego, escritura y conversación en las comunidades virtuales” que la autora está llevando a cabo en la Universidad Autónoma Metropolitana de México (Unidad Xochimilco). Nota bene: Dentro del vasto y heterogéneo universo de comunidades alojadas en la red, este estudio delimita su alcance solamente a aquellas cuya constitución no depende de un proyecto común, ni de una temática o consigna convocante, ni de afinidades o intereses comunes (políticos, corporativos, culturales, de género, o de cualquier otra índole). Asimismo los sujetos que participan en estas”sociedades de conversación” no se reconocen en alguna identidad colectiva prestablecida. En las clasificaciones habituales estas comunidades suelen colocarse bajo rubros de alta indefinición como “gente”, “relaciones”, “amigos”, etc. Si nos atenemos en principio a las motivaciones explícitamente declaradas por los participantes o por los administradores, o enunciadas en las designaciones de las comunidades, el objetivo perseguido no sería otro que el de “conocer gente”, dialogar, y ulteriormente establecer vínculos amistosos o afectivos a distancia mediante un intercambio discursivo que se supone y pretende, exclusivamente regulado por unas normas contractuales básicas.. 2 Es Joan Mayas i Planells (2003) quien sugiere la pertinencia del concepto de “espacio practicado”. Sostiene en este sentido que: “El ciberespacio no es una red de ordenadores, sino el resultado de la actividad social de los usuarios y usuarias de los ordenadores conectados entre sí que se reparten -desigualmente, eso sí- por todo el mundo. Por tanto, el ciberespacio es sociedad y no puede ser otra cosa que sociedad”. No es una espacialidad lisa la que habitan las comunidades virtuales; los sujetos transitan allí entre diversos lugares y diferentes modalidades de escritura dialógica. permanente tensión entre unos vectores de gestación y otros de disolución. Se constituye en la instancia misma de las prácticas simbólicas que allí se hacen efectivas y se desvanece cuando éstas se extinguen; sólo existe cuando al ser actualizado se torna socialmente significativo. En este nuevo espacio-tiempo dislocado en que se ha tornado ambigua, indecidible en ciertos casos, la distinción entre interioridad y exterioridad, (en que incluso la noción de frontera parece ya improcedente para dividir un espacio fluctuante, de formas y límites provisorios), están emergiendo nuevas modalidades de yuxtaposición, de conexión, de encadenamiento, de prolongación, de pasaje entre lo individual y lo colectivo. Así también el espacio virtual es escenario de un nuevo desplazamiento de los umbrales entre lo público, lo privado y lo íntimo. Pero esta divisoria a su vez está jerárquicamente supeditada a otra separación que la antecede - esta sí inédita y específica de las prácticas virtuales y siempre aludida en los juegos conversacionales - entre un “mundo real” o una “vida real” y un espacio otro por lo general designado mediante el deíctico “aquí”: lugar-tiempo generado en el acto mismo de la enunciación, emplazamiento virtual de una identidad comunitaria - un “nosotros” lábil - en estado de agregación y disgregación permanente. Tal vez por su propia índole espectral – ni presente ni ausente - ese espacio otro se presta para ser colmado por un trabajo colectivo de escritura que recupera diferentes imágenes del acervo utópico: la isla desierta, la casa en el árbol, la torre de marfil, la nave de los locos... variaciones sobre el motivo común del refugio, tregua en el tiempo y asilo frente a una exterioridad amenazante y conflictiva (“un lugar donde los Sueños se hacen Realidad y la Realidad es solo un Sueño” como promete el lema de una comunidad). 2. El proceso de redefiniciones prácticas de las fronteras entre público y privado suele dejar tenues marcas en la escritura conversacional: entre ellas, ciertos índices del desplazamiento a otro ámbito virtual de mayor privacidad, o vestigios de una conversación precedente no expuesta al conjunto de la comunidad. No es una espacialidad lisa la que habitan las comunidades virtuales; los sujetos transitan allí entre diversos lugares y diferentes modalidades de escritura dialógica: salas comunes para el encuentro colectivo, recintos para las confidencia y también lugares de tránsito (puentes, pasadizos. Más que de fronteras que atravesar para pasar de un espacio a otro, se trataría de un proceso de metamorfosis en doble sentido: devenir publico de lo privado, devenir privado de lo público; según una conversión no polar si no gradual, modulada por una escala de intensidades. Los reglamentos que establecen expresamente las formas legítimas de participación en las conversaciones virtuales son también reveladores de este proceso de reconfiguraciones. Enunciados como textos prescriptivos, bajo el formato genérico del contrato, constituyen un breve listado de interdicciones sobre aquello que no puede ni debe pasar por la escritura conversacional, por ejemplo: 1.- “Toda imagen o mensaje con contenido obsceno u ofensivo serán eliminado, expulsando directamente al participante que lo haya emitido”. 2.- “También serán eliminadas las paginas de publicidad incluso las de direcciones de otras comunidades, (para estas últimas tenemos un apar- 29 tado de comunidades amigas)”. 3.- “No somos una comunidad de intercambios sexuales y recordamos el punto 1 exigiendo respeto en los comentarios que se hagan en la sala. Entrad escribiendo con educación-respeto y participad de las conversaciones”. Estas tres primeras normas de exclusión de tópicos responden primordialmente a una repartición de pertinencias, contenidos, contratos, ya establecida en el universo de las comunidades virtuales. Las reglas de juego varían claramente para los diferentes tipo de comunidad y probablemente también, por lo que aquí nos interesa, las lógicas que regulan los límites entre lo público, lo privado y lo íntimo. Las primeras cláusulas deslindan interioridad de exterioridad. Las siguientes, en cambio, parecen obedecer a una regulación interna y, en tal sentido, dejan entrever ciertos criterios de privacidad y publicidad: 30 4.- “Los problemas personales entre miembros de la comunidad deben ser solucionados en privado sin involucrar a terceras personas, el discutir en general sólo trae complicaciones para el resto del grupo, NO importa quien empieza la discusión, es la discusión en si la que molesta a la mayoría, seamos adultos”. 5.- “Todos tenemos nuestros problemas en la vida real, nuestros altos y bajos, días buenos y días malos, la comunidad y la sala de chat no es para contagiar a los demás nuestros malos momentos ni nuestras frustraciones ni nada por el estilo. La comunidad somos todos, no vengáis aquí a dejar lo malo de vosotros, dejad lo bueno, sino, ofendéis al resto de participantes”. Surge de estos severos enunciados una visión utópica del colectivo como un espacio de plena armonía, y consenso absoluto (casi según el modelo de un régimen totalitario) sustentada tal vez por lo que Richard Sennet (1975, p.57) definía como el “mito de la pureza comunitaria”: “(...) el sentimiento de una identidad común es una falsificación de la experiencia. La gente habla acerca de comprensión mutua y de los vínculos comunes que la unen, pero las imágenes no corresponden certeramente a sus verdaderas relaciones. Pero la mentira que han formado como su imagen común es una falsedad utilizable- un mito – para el grupo (...) las personas trazan un retrato de quiénes son, que las aglutina como si fueran una sola, como una colección definida de deseos, antipatía y metas”. Así, la imagen de la comunidad se depura de todo factor de eventual diferenciación o confrontación. Sennett pensaba que “la cualidad de ser de otra forma del prójimo”, suele generar angustia e incluso temor en los sujetos, por lo cual, resulta mucho más reconfortante confirmar las similitudes que reconocer las diferencias entre uno y el mundo. Esto explica en parte una aparente contradicción entre el objetivo comunitario explícito de comunicarse y trabar amistad con personas de lugares distantes y de culturas diferentes y las prácticas efectivas de interacción donde se sugiere más bien la tendencia – si no a la cancelación – a la neutralización de los indicios de diversidad (culturales, regionales, dialectales, etc.). La misma lógica que sostiene la cualidad universal de los “sentimientos humanos” favorecería una suspensión imaginaria de las diferencias. En las normativas de las comunidades virtuales puede percibirse la discordancia entre una imagen disfórica de lo público social (como exterioridad antagónica) y otra imagen en cambio idílica de lo público comunitario (como interioridad apaciguada). El rechazo por la discusión trasciende cualquier tipo de consideración respecto del motivo o el tema específico de la disidencia, o de su mayor o menor relevancia. Sin embargo, basta una exploración no demasiado minuciosa por el universo de las comunidades virtuales, para advertir que éstas constituyen un espacio extrañamente propicio para el estallido periódico de insólitas controversias a partir de minúsculos malentendidos (frecuentes por que el medio los favorece), deducciones erróneas, ínfimas sospechas, agravios inadvertidos, etc. Estas comunidades, en efecto, parecen adolecer de cierta fragilidad intrínseca, como si estuvieran siempre acechadas por la amenaza de una ruptura que desembocaría en la suspensión o en la definitiva extinción del colectivo. Imagen insidiosa de pérdida o de cesación del vínculo que podría atribuirse tal vez a la arbitrariedad que está en el origen de estos colectivos de identidad inventada y, en segundo lugar, a su carácter abierto que permite el libre acceso y la incorporación permanente de nuevos miembros con los efectos desequilibrantes que ello supone. Por lo que concierne a la última cláusula de la normativa antes citada, que excluye los problemas personales de la conversación comunitaria, podría pensarse que esta norma apunta a evitar los contenidos y la clase de vínculos tradicionalmente asignados al espacio íntimo. Dibuja también en el reverso la figura idealizada de los moradores comunitarios como espíritus diáfanos, seres límbicos felizmente aligerados de todos los pesares de esa otra escena llamada la “vida real”. 3. Un fantasma ronda las comunidades virtuales: es la política más que la pornografía - el objeto interdicto por excelencia. Probablemente la exclusión de todo tipo de “polémicas, pleitos y debates” apunta particularmente a impedir la intromisión de lo político, percibido como un factor de discordia y disolución que se infiltraría de manera encubierta y por vías insospechadas. La discusión política sería la escena ominosa de la vida comunitaria: la catástrofe temida... y aparentemente inevitable en la medida en que resulta efectivamente inimaginable una práctica conversacional sin tópicos predefinidos, que logre omitir por completo toda referencia a la actualidad en su dimensión pública, como representación colectiva de por sí nece- sariamente presente y entretejida en las pláticas y en las vivencias de los sujetos en su vida cotidiana. El ideal imaginado por las normativas comunitarias sería el de una palabra intercambiada fuera del tiempo de la vida social, sin más acontecimientos que aquellos que se generan entre los muros virtuales del impasible espacio comunitario. Se evidencia así una suerte de tensión paradójica entre, por un lado la declarada voluntad de apertura y de libre acceso (que es uno de los rasgos distintivos de este tipo de comunidades) y, por el Los reglamentos que establecen expresamente las formas legítimas de participación en las conversaciones virtuales son también reveladores de este proceso de reconfiguraciones. otro, la expresa exclusión de los tópicos y géneros clásicos de la esfera pública: la política, la argumentación, la polémica. Como ya se ha sugerido, estas restricciones tienen también como efecto la tendencial marginación de los acontecimientos de actualidad- tanto locales como internacionales que de todos modos, suelen filtrarse en la extraña cotidianeidad destemporalizada – también deshistorizada - de las conversaciones virtuales. En cambio, el calendario comunitario asigna particular relevancia a las celebraciones de la vida familiar y privada: los cumpleaños de los “miembros activos”, por ejemplo, son ocasión de escrupulosos y entusiastas rituales de salutación, apelando a todas los recursos visuales y sonoros que ofrece la tecnología tal vez para compensar la ausencia del cuerpo, del contacto y por tanto de las expresiones físicas de afecto. También son ocasión de festejo el día de la Madre, del Padre, del Amigo, de San Valentín y, naturalmente, el día de Muertos, las Pascuas, la Navidad, las celebraciones de Año Nuevo, el día de Reyes, etc. 31 A través de este calendario se puede entrever la particular composición de esta franja ambigua – ni pública ni privada - donde “tendría lugar” la experiencia y el vínculo comunitarios. Entre las conmemoraciones comunitarias internas o “privadas” parecen tener particular relevancia aquellas que conciernen a la identidad misma del colectivo y por tanto a una presunta instancia En el contexto de estas mutaciones de lo público y lo privado en las prácticas de las comunidades virtuales resulta decisiva la incidencia de un singular régimen de anonimato. 32 fundacional. La institución de un mito identitario o, para recuperar el concepto acuñado por Hobsbawn (2002), el trabajo de “invención de una tradición”, implica en estas comunidades - por lo general de poca antigüedad y por tanta breve historia – la recuperación retrospectiva de pequeños episodios “inaugurales”, el establecimiento de cronologías, el reconocimiento y la legitimación de los fundadores, la evocación de los miembros ausentes, la compilación de una suerte de anecdotario: en suma, una serie de estrategias identitarias orientadas a establecer la Memoria o el Archivo de la comunidad. 4. En el contexto de estas mutaciones de lo público y lo privado en las prácticas de las comunidades virtuales resulta decisiva la incidencia de un singular régimen de anonimato, tal vez no homologable con las formas establecidas de borramien3 Aquí no haremos referencia al carácter relativo y parcial del anonimato en Internet. Ya se sabe que no existe el anonimato absoluto y que los datos de los internautas pueden ser rastreados por diversos métodos. Estos aspectos están claramente expuestos en Mayans i Planells, J. ( 2000), pero en este trabajo abordamos otro orden de consideraciones. to o enmascaramiento del nombre propio en la escritura. En principio porque en estas comunidades la adopción de uno o varios seudónimos es - si no obligatoria - cuando menos de orden contractual y, además, porque se trata de una condición recíproca y general entre los participantes del juego conversacional. Esta es, evidentemente, otra variable que problematiza la polaridad de lo público y lo privado porque hace surgir el interrogante sobre los efectos de la sustracción del nombre propio en la instancia de apropiación de la palabra. Un enunciado sin firma o bajo seudónimo, aun cuando circule en un espacio colectivo de libre acceso, – como lo son las comunidades que aquí se analizan – pierde su calidad pública y probablemente su fuerza perlocutiva, pero no por ello pasa a inscribirse en la esfera de lo privado: lo que ocurre es que no se ajusta a los términos de esa oposición binaria. Pero es fundamental considerar que la adopción de seudónimos es condición básica del juego, casi un requisito, y que por tanto se trata de un uso lúdico del anonimato. El vacío que libra el nombre propio suele ser ocupado por otra u otras voces, “personajes” con diferentes grados de estabilidad y de consistencia ficcional, cuya proximidad o distancia respecto del sujeto que los pone en la escena del discurso resulta indiscernible para los otros participantes en el juego, aún más para un eventual observador e incluso para el sujeto mismo. Depende del “material” imaginario que se juega y se invierte en la auto-asignación de seudónimos. Si la pregunta por el quién de la enunciación no suele ser por lo general de respuesta inmediata ni unívoca, en estos juegos de escritura se torna particularmente complicada porque la interacción se desarrolla sobre la base de una incertidumbre refrendada por el colectivo y que impregna todos los actos de habla. Entre el anonimato y la seudonimia se instituye un dispositivo de enunciación complejo puesto que si la auto-atribución de otro nombre ofrece la opción de otra modalidad de decir a través de la representación de un personaje fantaseado (o varios) esto no implica la completa cancelación de ese otro sujeto que escribiría “en nombre propio” y cuyos eventuales deslizamientos al lugar de la enunciación no son del orden de lo empíricamente observable. No se trata precisamente de un desdoblamiento, sino más bien de un proceso de devenir-otro(s) en el acto de la escritura, movimiento que supone, más que la conversión entre dos polos, una tensión dialógica y dispersiva que atraviesa los enunciados. Los aspectos señalados cobran una incidencia decisiva cuando se considera las dimensiones ética y política necesariamente involucradas en estas prácticas (como en todo ejercicio público de apropiación e intercambio de la palabra). El pacto lúdico, que contempla el uso legítimo de la seudonimia, tiene sensibles efectos a nivel de la “condición de sinceridad “de los actos de habla (Searle, 1980), pero en razón del contrato lúdico y de las operaciones admitidas de ficcionalización este “infortunio” no implica de por sí – aunque pueda dar lugar a ello - un salvoconducto para la mentira, el engaño, la impostura o el fraude”. Las conversaciones en las comunidades virtuales pertenecerían de manera preponderante al campo de las experiencias lúdicas con el lenguaje, ocasiones donde las personas se reúnen “simplemente para hablar, para jugar con las palabras” y el diálogo transcurre en un estado de “divagación mental, de bricolage imaginario”, según un régimen de “semificción” similar al que caracteriza para Duvignaud (1982, p. 28 - 29) la modalidad enunciativa de las conversaciones “errantes”. 5. Ahora bien, cuando por diversas razones la conversación asume un giro reflexivo, la cuestión del anonimato y la seudonimia puede convertirse en un tópico conflictivo que haga visibles las implicaciones éticas y políticas que el contexto lúdico tiende a opacar. Las controversias en relación con los usos legítimos o espurios del anonimato, su alcance, sus límites, reinstauran en un nuevo campo problemático la clásica disyuntiva ética entre responsabilidad y libertad. Para concluir dando lugar a algunas de las voces anónimas que alimentan la corriente conversacional, citaré algunos fragmentos de una discusión sobre el uso de seudónimos, probablemente ya suprimida del espacio virtual. Los dichos y los entredichos, los malentendidos y las fabulaciones, los argumentos y las fantasías, que nutren esta polémica constituyen, un material testimonial de gran interés para captar, entre otros aspectos, las auto-representaciones de los moradores de la red sobre su excéntrica e inusitada condición en el espacio virtual: Apertura: “El acto con el cual un usuario de la red elige su propio seudónimo es un acto de libertad: así él puede afirmar la voluntad de asociar su pensamiento a un signo libremente elegido. Es un acto de libertad y de manera alguna un abjuración de la propia identidad. Se trata de valorar las palabras escritas y su significado, no el nombre de quien las escribe”. Primera réplica: “Uno piensa que se elige un seudónimo para huir de las propias responsabilidad y en cambio no hay mejor manera de decir: soy justamente yo quien hizo esto. Incluso con el nombre que me elegí. Por mi cuenta. Además imagino que mi nickname es un nombre de batalla: me siento ya un guerrillero... con el peso de un alter ego que Por supuesto, ese “otro sujeto” de enunciación tampoco 5 Se ha alterado el idioma original en que esa discusión se produjo. coincide con la figura de un autor, un locutor empírico o un Los nombres propios no se consignan, y los seudónimos han sido “emisor del mensaje” expresamente cancelados 33 me desafía a luchar por lo que creo. No es represión ni proyección. Y tampoco es poca cosa”. Segunda réplica: “Una persona aparece en Internet (...) sin su nombre propio por diversos motivos: para disfrutar de un período de “exposición protegida”, por instinto de defensa frente a una comunidad ya desarrollada y cuyos mecanismos de “recepción social” no conoce bien; porque es un acto de libertad que se burla de lo absoluto (...); porque le gusta verse también desde afuera: la ficción de constituirse al menos inconscientemente en otro de sí y de enriquecer la experiencia con un elemento de juego fundamental para la existencia; porque su nombre le da asco; porque no tiene un nombre o porque ya no se lo acuerda...” 34 Tercera réplica: “¿Aceptarías un cheque firmado por un nickname? ¿Tomarías en serio una solicitada contra la tortura, la pena de muerte, etc., firmada por un nickname? Mientras la red continué con la práctica de la seudonímia, seguirá siendo un jardín de infantes y no habrá polémica ni efectividad en la polis. Sigan divirtiéndose”. Cuarta réplica: “Nuestra presencia permite cumplir actos lingüísticos... Son cosas hechas con las palabras. Promesas, insultos, órdenes, etc. En la red, y en general en la escritura, es necesario un vínculo para unir el nombre con la persona que garantiza la factibilidad de un acto lingüístico”. Quinta réplica: “Si todos nosotros somos personajes, si en la interacción vivimos detrás de máscaras, si el nombre nos lo impone el poder, los padres faltos de fantasía, la tradición histórica... etc. son todas cuestiones interesantes. (Pero aquí. Yo estoy considerando el nombre como una posibilidad de acción y no como una castración o una impostura o una institución sin fundamento). Gracias a su nombre el ser humano tiene la posibilidad de cumplir acciones en el lenguaje. El nombre es presencia simbólica del sujeto ético en la escritura. Para mí estas son cosas importantes, que permitirían por ejemplo que la red se convirtiese en un lugar políticamente importante...” Sexta réplica: “Usted considera que en esta situación alguien pueda asumir actitudes irresponsables. Y es verdad. Este es el riesgo de la libertad. Entonces Ud. propone ligar a la persona con su identidad “real”. Es decir, reconstruir ese mismo “control social” que vivimos en la vida cotidiana...” Séptima réplica: “En el lenguaje hablado, en la interacción, nuestros compromisos, nuestras declaraciones de amor, nuestros reclamos de justicia y todos los otros actos lingüísticos están garantizados por nuestra presencia. Pero en la escritura, sobretodo en la red, un medio que permite mil enmascaramiento y proliferaciones de identidades ficcionales, el nombre propio puede ser un medio maravilloso para dar peso ético y político a nuestras palabras, para convertirlas de simples enunciados en auténticos actos de lenguaje...” Ultima intervención: “...El nombre a veces es un peso... ¿mi respuesta hubiera sido diferente si la hubiese escrito con mi nombre propio y no bajo seudónimo? No lo sé, de verdad, no lo sé... “ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE CERTEAU. La invención de lo cotidiano, México: Universidad net/archivo/articulo.php?art=28 Iberoamericana, 1999. _____________. El ciberespacio, un nuevo espacio público para el de- DUVIGNAUD, J. El juego del juego, Santa Fe de Bogotá: Fondo de sarrollo de la identidad local. Conferencia inaugural del III Encuentro Cultura Económica, 2ª ed., 1982. de Telecentros y Redes de Telecentros, Peñafiel, Valladolid, octubre de HOBSBAWM, E. La invención de la tradición, Barcelona: Editorial 2003. Disponible en el ARCHIVO del Observatorio para la CiberSo- Crítica, 2002 ciedad en http://www.cibersociedad.net/archivo/articulo.php?art=158 LEVY, P. ¿Qué es lo virtual?, Barcelona: Paidós, 1999. SEARLE, J. Actos de habla, Madrid: Visor, 1980. MAYANS I PLANELLS, J. Anonimato: el tesoro del internauta. In: Re- SENNETT, R. Vida urbana e identidad personal, Barcelona: Ed. vista iWorld (Octubre, 2000), pp. 52-59. Disponible en el ARCHIVO Península, 1975. del Observatorio para la CiberSociedad en http://www.cibersociedad. SERRES, M. Atlas, Madrid: Cátedra, 1995. 35 EL CONSUMO DE INFORMACIÓN PERIODISTICA COMO TRABAJO SOCIAL EN LA ECONOMÍA DE LAS REPRESENTACIONES DIGITALES 1 Margarethe Born Steinberger Profesora Asociada de Ciencias Sociales Aplicadas, Doctora en Comunicación y Semiótica (PUC/SP) con Mestrado en Linguística (PUC-Rio de Janeiro). Membro del Consejo de Catedra Unesco/ Metodista de Comunicación Regional en America Latina, pesquisadora asociada al Observatorio Brasileiro de Mídia, vinculado a Media Watch Global. Fundadora del Programa de posgraduación en Comunicación Periodística de la Pontificia Universidad Católica de São Paulo (PUC/SP). Corresponsal de Folha de S.Paulo en Berlin, profesora de Comunicación, Periodismo y Linguística de Freie Universität Berlin. Se dedica a la investigación teórica de discursos sociales en los medios de comunicación. E-mail: [email protected] 36 S Nueva versión de “Economía de las representaciónes y el periodista como consumidor de información”, trabajo presentado en el III Seminario de la ALAIC – ECA/USP 2005, Grupo de trabajo “Como democratizar los medios digitales”. La primera versión fue discutida en La Plata, Argentina, durante el congreso de la Asociación de Investigadores de la Comunicación en América Latina (ALAIC), Grupo de trabajo “Economía política de la comunicación”, 2004. RESUMEN Este texto propone un nuevo concepto de “consumo” de la información como una forma de trabajo simbólico social. Basado en una teoría del valor informacional – la economía de las representaciones de Steinberger (1998b);(2005), aborda el efecto social del consumo de bienes simbólicos (Bourdieu), tomando como campo de investigación los discursos noticiosos. Asume que el valor de un hecho periodístico se relaciona tanto con sus condiciones de producción, como con los modos como es consumido y como circula en sociedad. La discusión revela que, en el mundo de nuevas tecnologías, la historia y la memoria de los acontecimientos reproduzen de modo autoreflexo la propia historia de los modos de atribuir valor y consumir información periodística. Palabras claveS: economía política, información, representaciones, periodismo. ABSTRACT In this text we explain how journalistic information can be received and consumed as a product of social symbolic achievement. With general theoretical support of a - political economy of social representations presented in Steinberger (1998b) and (2005), the paper investigates how Bourdieu’s concept of symbolic merchandise applies in social processes of reception and consuming journalistic information. Assuming that news values depend on their particular conditions of production, reception and diffusion, the final discussion points out that, in the new media convergence framework, the narrative and memory of journalistic facts depend, in an auto-reflexive way, on how they are socially consumed and to what exchange value system they are taken as reference. Key words: political economy; information; representations; journalism. RESUMO Este texto propõe um novo conceito de “consumo” da informação como forma de trabalho simbólico social. Baseado numa teoria do valor informacional – a economia das representações de Steinberger (1998b);(2005), aborda o efeito social do consumo de bens simbólicos (conceito de Bourdieu), tomando como campo de investigação os discursos noticiosos. Assume que o valor de um fato jornalístico relaciona-se tanto a suas condições de produção, como a suas condições de consumo e de circulação em sociedade. A discussão teórica revela que, no mundo das novas tecnologias, a história e a memória dos acontecimentos tende a reproduzir auto-reflexivamente a história dos modos de atribuir valor à informação jornalística e seus modos sociais de consumo. Palavras-chave: economia política, informação, representações, jornalismo. 37 38 1. Valor de la información periodística en el mercado de bienes simbólicos La información periodística tiene un valor simbólico desproporcionadamente alto con relación a su valor de mercado. El sentido común dice que la información televisiva y radiofónica es “gratuita”, que los periódicos y revistas cuestan muy poco y que se puede tener acceso a la Internet sin costo alguno. El valor de mercado de la información sería irrisorio también porque hay poca demanda para una imensa oferta. Bourdieu (1997) ya mostró que no funciona exactamente así, que existe un costo de la información que es asumido, por ejemplo, por los anunciantes, por el Estado o inclusive por la propia sociedad. Esto depende de las políticas de comunicación adoptadas y del sistema implantado: público, privado, estatal, o una combinación mixta. Talvez el ciudadano común reconozca algún valor en la información periodística cuando, antes de salir de casa bien temprano, escucha en la radio que los trenes están parados, o que los conductores de autobuses están en huelga. Con esto se ahorra el tener que salir de casa, lo cual tiene un valor. El llamado “periodismo de servicio” en general es más fácilmente identificado con la información de utilidad pública y, por tanto, su valor se hace más evidente para aquellos que la consumen. No obstante, se ha investigado muy poco sobre ese valor simbólico de la información periodística. Ahora las nuevas tecnologias obligan a una nueva mirada sobre lo que pasa con el consumo de información mismo en los medios tradicionales. Cuando el consumidor ve un noticiario en la televisión, la información que “consume” no se agota allí. La misma información producirá dividendos de sociabilidad si la utilizar en conversaciones con vecinos y amigos; dividendos económicos si la utilizar como ejemplo ilustrativo en clases, conferencias, artículos, libros y otras producciones intelectuales; dividendos políticos si la utiliza para reforzar nuestra candidatura a un cargo público; dividen- dos sociales si sirve para alertar a otros telespectadores sobre un problema grave de la comunidad; dividendos institucionales si se observa una mejoría en la imagen de esta o aquella corporación. La lista es interminable. La información periodística sigue el parámetro de la información cultural en general, esto es, no se agota en el consumo o, como diría Marx, en su valor de uso. Al ser consumida genera un valor de cambio, o sea, al ser convertida en otro tipo de bien que también esté sujeto al cambio (por ejemplo, producción intelectual), nuevamente se transforma en mercancía. Incluso si no pudiéramos establecer una relación directa entre una información singular y el uso que le demos, la misma continuará valiendo, sólo que de modo más difuso. Esto se debe a que, por lo general, no consumimos la información periodística con una intencionalidad previa, no tenemos una percepción funcional o instrumental de los noticiarios. Esa percepción cuando existe, si acaso, es asociada a fines de entretenimiento. No es por casualidad que los telediarios se encuentran cada vez más asociados al entretenimiento, show y sensacionalismo. ¿Por qué buscamos portales de notícias o leemos periódicos? ¿Por qué vemos los telediarios? ¿Por qué escuchamos boletines informativos en la radio? Identificar el entretenimiento como respuesta es una posibilidad, si admitimos que el mismo tiene un costo que también genera dividendos. ¿Usted se divirtió? Sí. Y la respuesta se agota ahí, como si el tiempo de la diversión no dejase vestigio. El tiempo gastado con el noticiario no tiene un valor prefijado, su valor parece ser estipulado libremente por cada consumidor. ¿Cuántas veces soñamos con las imágenes que vimos en la pantalla poco antes de dormir? Esta es una pregunta provocadora, para hacer pensar sobre los vestigios que el consumo deja en nosotros, inclusive de modo involuntario. Entonces, además de que el consumo de noticias generalmente no se encuentra vinculado a una intención, tampoco es Ahora las nuevas tecnologias obligan a una nueva mirada sobre lo que pasa con el consumo de información mismo en los medios tradicionales. identificado como un acto de voluntad. Está claro que podemos buscar el ordenador para saber el resultado del juego de fútbol que no pudimos ver, pero no siempre es así. Si fuera calculado en términos de las imágenes que deposita en nuestra memoria, de las imágenes que permite evocar, de razonamientos, correlaciones e imaginaciones que permite construir, el valor simbólico de la información periodística, por consiguiente, sería mucho mayor del que comúnmente suponemos. En fin, en el caso de las noticias, al contrario del sentido común, el consumo no agota la mercancía. En la economía política marxista, el valor de cambio de una mercancía está determinado por el tiempo de trabajo necesario para producir dicha mercancía, independientemente de quien la produzca y en cuales circunstancias. El concepto de trabajo vinculado a la determinación del valor de cambio es un “trabajo general, abstracto e igual”, “borra la individualidad de los trabajadores” e ignora las diferencias cualitativas entre “extraer oro, retirar el hierro de la mina, cultivar el trigo o tejer la seda” (Marx, 1989, p. 37). Marx admite que existen trabajos cualitativamente más complejos, pero todos deben poder ser proporcionalmente reconvertidos al valor del trabajo más simple, el trabajo manual: “El trabajo que crea el valor de cambio es igualmente indiferente a la forma particular del propio trabajo”. La única diferencia que admite entre valores de cambio de grandezas diferentes es, por tanto, cuantitativa. En Steinberger (2005) mostramos que “los parámetros que orientan la diferenciación entre hecho y noticia se encuentran directamente asociados a sistemas de relevancia y pertinencia socialmente determinados”. Así, en ese texto postulamos dos tipos de lógica para entender los medios: la lógica marxista y la lógica neoliberal. Para la primera, “es la sobrevivencia material del hombre la que da la última palabra en un mundo estructurado por los deseos”. Para la segunda, los deseos son fabricados y los signos pierden la “necesidad de contacto con aquello que representan”. En la concepción liberal, “el periodismo es visto como actividad productora de información en un sistema de compra-venta de informaciones regulado por el mercado”. El proceso de transformación de la información en noticia (o en información periodística) posee tres componentes básicos: la fuerza de trabajo del periodista (potenciada por la tecnología), la materia prima informacional y la inversión de las empresas de comunicación. “La garantía liberal del equilibrio entre los factores de producción proviene de la concepción de la economía como sistema de interacciones regulado por inclinaciones subjetivas individuales” (Steinberger, 1998, p. 38). O sea, el volumen de oferta de información correspondería al volumen de las necesidades del consumidor. Existe lo que llamamos “laissez-faire informacional”. En la concepción marxista, las inclinaciones subjetivas del individuo se someten al determinismo de la armazón social. Así: La economía de las representaciones es el sistema de referencias que orienta los principios de relevancia y pertinencia responsables por la constitución de la propia materia prima informacional (a partir de categorías de construcción social del conocimiento) y por su potencialidad de transformación en noticia (a partir de necesidades sociales y no individuales). (Steinberger, op. cit.) 39 40 Si la transformación de la información en noticia responde a las necesidades sociales, la atribución de valor al noticiario “como entretenimiento” no es tan libre como parece. En el texto citado, el concepto de capital informacional está basado “en la concepción de la información como medio de generar otras formas de capital”, pudiendo ser usado como referencia de valor de uso o de valor de cambio. Como referencia de valor de cambio, el capital informacional puede, por ejemplo, transformarse en capital financiero cuando se tiene una información privilegiada sobre el valor de una acción del mercado. Como referencia de valor de uso, el capital informacional es convertido en entretenimiento, utilidad pública. A pesar de esto vimos que ese valor de uso puede ser reconvertido en valor de cambio, o sea, en trabajo. el hecho de que el trabajador se relacione con el producto de su trabajo como un objeto ajeno (el trabajo se convierte en objeto que se materializa como mercancía), con el poder que le es independiente establece una relación de extrañamiento, de pérdida del objeto creado. El proceso de constitución del mundo objetivo es, al mismo tiempo, un proceso de alienación. En el proceso de constitución del mundo objetivo, se produce un mundo no natural y hace surgir una segunda naturaleza, una naturaleza social “en la cual emerge el cambio” (Marx, op. cit., p. 102-103) 2. Trabajo como referencia de valor en el capitalismo informacional También en Steinberger (2005, capítulo VI, p.183-206) presentamos un modelo más amplio de nuevos parámetros de evaluación de la calidad de la información periodística en el ámbito del capitalismo informacional. Analizamos algunas transformaciones más significativas en los procesos de producción, circulación y consumo de la información periodística a partir de la expansión de las nuevas tecnologías que dominaron las últimas décadas del siglo XX. En un mercado inundado de información, el trabajo del periodista y el valor en trabajo de la mercancía que produce –la noticia- pierden valor. La diferencia entre el costo de producción del bien para el trabajador y el costo de consumo (cuánto el bien producido costaría para él en el mercado) disminuye si el salario bajase, pero no disminuye si el número de profesionales en el mercado fuera reducido. En ese contexto, se hace necesario crear nuevas formas de distinguir y atribuir valor a la información. “Del punto de vista de la producción, el valor de la información ya no se mide por el acceso (…), sino por la confiabilidad”. Y: “La información de mayor credibilidad es aquella que tiene el certificado de garantía de sus fuentes. Lo más importante no es lo que se informa, sino quien informa”. Evaluar la información periodística requiere, por tanto, evaluar sus fuentes. Steinberger (2007d) presenta discusión más amplia del tema. Por ejemplo, el uso de filtros sociales restrictivos al acceso, que crean diferencia entre categorías de consumidores (como es el caso de la TV por cable), la adopción de nuevos criterios de credibilidad de las fuentes de información, etc. Pero evaluar la información periodística requiere “colocarse fuera del sistema que codifica y estructura esa misma información”, esto es, mantenerse fuera del sistema que “mediatiza” el pensamiento. El problema no es específico de la información periodística. Existe más información circulando en el mundo de la que las sociedades pueden consumir. ¿Si usted fuera dueño de la Time Warner, qué estrategias implementaría para mantener el valor de su producto? Primero, tornaría su producto más atractivo para una grupo mayor de consumidores; segundo, invertiría en educación para ampliar el número de consumidores potenciales; tercero, invertiría en ciencia y tecnología para baratear la producción y la distribución; cuarto, invertiría en procedimientos para generar más informaciones nuevas; quinto, trataría de inhibir a los otros productores de información. En el contexto de las nuevas relaciones entre capital y trabajo, el trabajo como referencia material de evaluación de la producción periodística necesita ser redimensionado. El acceso de las fuentes al espacio público de los medios se realiza a través de procedimientos variables. A los medios llegan tanto los especialistas que construyeron su competencia durante años de trabajo, como los avatares de lo imprevisto, seleccionados al acaso o por vías espurias y que, de un día para otro, pasan a gozar de la credibilidad que los propios medios les fabrican. El valor de cambio de la información periodística se ve afectado por la “volatilidad informacional”, concepto presentado en Steinberger [1998b], oriundo del mercado de capitales que, por analogía, se aplicó al campo de la producción periodística. Esto se refiere a las prácticas de desprendimiento de la noticia con relación al hecho, basadas en la explotación sensacionalista de hechos comunes convirtiéndolos en meganoticias para aumentar la plusvalía. Se trata de una forma de capital informacional ficticio o volátil, con base precaria en la realidad material. Requiere más imaginación que investigación periodística. El valor de cambio de la información periodística también puede no depender de un valor negociado con los patrocinadores, tomando como referencia la calidad del producto periodístico (telediario, programa de entrevistas, boletín de noticias, etc). También puede no depender de una negociación sobre el valor de cambio, solamente a partir del valor de uso que la información tendrá ante el público que la consume. La mercancía, en ese caso, deja de ser la información para convertirse en la audiencia que consume la información. El valor de una audiencia como mercancía se mide por la calidad/cantidad de información que puede tener valor durante un período de tiempo determinado para esa audiencia. Entiéndase valor de uso como capacidad de absorción de la información por el público, capacidad de fruición, o más genéricamente, capacidad de uso de la información por el público – ya sea para transformarla en conocimiento o capital cognitivo (uso formativo, educacional), ya sea para transformarla en capital de servicio (uso pragmático), o para convertirla en capital de sociabilidad (uso como pretexto para entablar conversación o aproximación social). En el contexto de las nuevas relaciones entre capital y trabajo, el trabajo como referencia material de evaluación de la producción periodística necesita ser redimensionado. En el tiempo total de recepción – período en que el usuario está conectado a un portal- se pueden distinguir dos fases: el tiempo en que el consumidor está decidiendo si la información tendrá o no potencial de valor de uso (que aún se llama zapping para la TV), y el tiempo en que el consumidor ya tomó su decisión. La información periodística pasa entonces a recibir una evaluación indirecta de cualidad, en la cual es más importante la creación de hábitos de consumo por sítios eligidos como de preferencia. Con las nuevas tecnologias, los horarios para consumo son irrelevantes. Desde luego, el hábito de consumo está vinculado a la calidad del conteúdo, aunque no necesariamente. Antes de la Internet, el consumo podría relacionarse a la calidad de la programación, sino también a la franja de horario más disponible (horario noble nocturno) y a la vinculación del producto periodístico a otro producto de gran demanda por parte de público (telenovela, por ejemplo). Un gran avanzo àquel tiempo fueron equipos de televisión con recurso de ventana secundaria en la pantalla principal, para acompañar dos programaciones simultáneamente. El acceso simultaneo es un desafío cognitivo también para 41 los nuevos medios frente a nuestros limites mentales de procesamiento de las informaciónes. No resulta difícil inferir que el valor de cambio de la información periodística deja de ser hoy la referencia para el proceso de creación de la plusvalía en los mercados de información midiática. Existe una correlación entre el valor de cambio de la información y la parcela de publicidad que cada tipo de medios –digital, televisivo, impreso, radiofónico- acapara. En ese sentido, es más probable que en la radio –medio que proporcionalmente detenta la menor parcela del presupuesto disponible de anunciantes en Brasil - la información periodística aún encuentre su valor de cambio como referencia. 42 3. Reconversión del valor de cambio de la información en valor de uso La sustitución de la información por la audiencia como referencia de valor de cambio en la industria periodística ha generado algunas consecuencias teóricas. La audiencia sólo puede ser pensada como valor de cambio, no tiene valor de uso separado de su valor de cambio. A menos que se pueda sugerir un valor de uso para un producto periodístico más experimental, por ejemplo, como los periódicos-laboratorio practicados en escuelas de Periodismo. Aun así, es una situación en que el valor de uso no “expresa ninguna relación real de producción” (Marx, 1989, p. 35). En el primer modelo que presentamos en Steinberger (1998b), la información periodística tenía un modo de existencia de doble faceta: como valor de cambio en la relación con los anunciantes, y como valor de uso en la relación con lo público. Ahora, con las nuevas tecnologias, buena parte de la información periodística sufre una reducción sustancial de su valor material de cambio y asume apenas un valor de uso por parte de los consumidores. Se trata de un valor de uso con otra naturaleza, vinculado a capitales simbólicos –el capital cognitivo, el capital de servicio y el capital de so- ciabilidad, como hemos visto en la sección 1 . Nos estamos refiriendo a un valor de uso establecido en el mundo de los bienes materiales que, en el plano simbólico, se reconvierte en valor de cambio. La base de la reconversión es el presupuesto de que tales capitales también se producen en una relación de cambio –ahora de bienes simbólicos y no materiales. Tememos aquí un ejemplo de como se transportan valores de cambio del mundo de la vida (Lebenswelt), esto es, del mundo de los bienes materiales, hacia el mundo de las representaciones, o sea, el mundo de los bienes simbólicos. La historia de ese proceso comienza cuando la información periodística pierde su valor de cambio por una mercancía de otra naturaleza –la instancia que era responsable por su valor de uso-, que fue la audiencia (TV). La historia prosigue con la constatación de que el valor de uso de la información periodística fue preservado en un mundo fuera de las relaciones de producción. ¿Qué mundo es ese? Es el mundo de las representaciones, el mundo de los valores simbólicos, donde también existen valores de cambio y valores de uso, aunque en otro plano. La historia llega a la constatación de que hay valores de uso que se convierten en valores de cambio simbólico y que tales valores se encuentran, al final, en la base psíquica de nuestras necesidades, de nuestros deseos. En este mundo de intercambios simbólicos, la información puede convertirse en confort, en alegría, placer, seguridad –valores de otro orden que, en las clases burguesas (que ya dominan medios de producción de bienes materiales) alcanzan el status de valores de primera necesidad. Tales valores no son simplemente de uso subjetivo: son valores de cambio porque están vinculados a imágenes en que conforto, alegría, placer y seguridad son cambiados por prestigio social. Tales imágenes son clusters de escenas, esquemas, atmósferas que, en último análisis, sirven para vender un estilo de vida (lifestyle) cuya calidad está compuesta por bienes materiales: carros, casas, cigarros, bebidas, incluso marcas de margarinas para el desayuno. Hoy las elites consumen más bienes simbólicos que bienes materiales. Los bienes materiales son simples representaciones de estados emocionales a los cuales se vinculan a través de asociaciones simbólicas. El consumo de bienes materiales no sólo satisface necesidades materiales (valor de uso), sino que se impone como valor de cambio: de un lado, representaciones positivas, de otro, nuevas recompensas en imagen, prestigio, status –valores que atraen capitales nada simbólicos a partir, por ejemplo, del acceso a círculos sociales restringidos. Los capitales cognitivos, de servicio y de sociabilidad se inscriben en una economía política de las representaciones. Son representaciones del mundo (cognitivo), representaciones de caminos y estrategias para la vida cotidiana (servicio) y representaciones de comportamientos en las relaciones humanas (sociabilidad). Así: “En tanto valor de uso, la mercancía ejerce una acción causal. El trigo, por ejemplo, funciona como alimento (…) Esta acción de la mercancía, que apenas la transforma en valor de uso, puede ser considerada su servicio, el servicio que ella presta como valor de uso”. (Marx, 1989, p. 44) Por otro lado, la categoría trabajo, que en la teoría marxista sirve para medir el valor de cambio de la mercancía, se reinserta aquí en dos momentos. En primer lugar, en el proceso de construcción de las representaciones, que son el producto de un trabajo del imaginario social sobre la base de un bien informacional tipificado (construcción de un lugar simbólico). En segundo lugar, en el proceso de reconversión de las representaciones que aterrizan en bienes materiales tipificados a través de operaciones comerciales de compra-venta (relleno temporal del lugar simbólico construido). El valor de cambio de la mercancía simbólica – las representaciones- es establecido en un primer momento par la conversión de una representación en otra representación; y en un segundo momento para la arremetida de la representación en un bien material tipificado. Este último también se inscribe en una economía de las representaciones en la medida en que un bien material tipificado tiene también una poderosa carga de embestida simbólica. 4. Consumo de información como trabajo social ¿Cómo el trabajo se manifiesta en el valor de cambio de los bienes simbólicos? ¿Podemos aquí continuar adaptando la teoría marxista al espacio de las representaciones y adoptar una concepción cuantitativa de trabajo medido por tiempo? Según Marx [op.cit.], “el tiempo de trabajo materializado en los valores de uso de las mercancías es también la sustancia que las convierte en valores de cambio, por lo tanto, en mercancías (…)”. Y también: “Todos los valores de uso son equivalentes en la medida en que contengan igual tiempo de trabajo empleado, materializado.” (1989, p. 44) La medición del trabajo como criterio para establecer valores de cambio entre bienes simbólicos se realiza a través de la evaluación del grado de autonomía de las representaciones: mientras más mediaciones, más trabajo invertido en la construcción de las representaciones, mayor su valor de cambio; mientras menos mediaciones, menos trabajo simbólico, menor valor de cambio. Ya no se trata de las horas de trabajo necesarias para producir un bien, sino del trabajo necesario para consumirlo. Sabemos que el consumo de los bienes simbólicos requiere la mediación de códigos específicos que terminen por revelar al usufructuario cuál es su valor de uso (en la teoría marxista, el valor de uso establece su vinculación final con la naturaleza, la vida material, al paso que el valor de cambio es estrictamente social). 43 ¿Una información periodística que se revele hermética, oscura, incomprensible a primera vista podrá tener mayor valor de cambio que otra que sea leída sin dificultad? No, al contrario. En una obra de arte, la transparencia y la obviedad son defectos. En una información periodística, sin embargo, es la medida de su claridad, precisión, economía, la que la hará más fácilmente consumible. Por tanto, mientras menos trabajo sea necesario para su interpretación (consumo simbólico), mayor será su valor de cambio en el mercado periodístico, su poder de repase de un vehículo a otro, Toda recepción es una forma de consumo generada en el ámbito de una división de trabajo entre productor y consumidor.. 44 de un medio a otro. Su valor de cambio aumenta en igual medida que su actualidad y su grado de novedad para el sistema de referencia vigente ante sus consumidores. Mientras mayor es la autonomía interpretativa de una información periodística, mayor es su valor de cambio. Y al contrario, mientras más claves de interpretación requiera, mientras más alusiones, asociaciones, intertextos evoque, menor será su valor de cambio. Lo simbólico es la resultante de la síntesis de operaciones más simples y más cercanas de la base material. El lenguaje más cercano de su base material es aquel que usa expresiones literales, que escapa de las mediaciones metafóricas y se concentra en las metáforas ya cristalizadas en literalidades. La carga de negociación de sentidos es menor, predominan los sentidos de anuencia. La construcción de las significaciones es una forma de trabajo simbólico. En el plano individual, la conversión de lo vivido en experiencia (conocimiento acumulado) se da a través del trabajo. En el plano colectivo, el trabajo sobre lo vivido genera sistemas de referencia que se explicitan en leyes, reglas, normas, instituciones, his- toria, o que permanecen implícitos en habitus, doxa, mitología, memoria social. Toda relación de cambio, expresa Marx, implica una división del trabajo. La actividad social es un campo de trabajo a ser distribuido entre diferentes agentes que actúan unos sobre otros, generando relaciones y emociones. No existe la recepción pasiva, toda recepción tiene lugar en una relación de cambio, y en la perspectiva de la división social del trabajo. El trabajo es la principal riqueza, aunque para que se configure una relación de trabajo se haga necesaria la sustancia sobre la cual este opera. El trabajo es forma, es la subsunción de lo vivido a las categorías de la conciencia (en el plano individual) y a las categorías de consenso (en el plano social). Los medios periodísticos son un repositorio histórico-social de categorías de consenso. Toda recepción es una forma de consumo generada en el ámbito de una división de trabajo entre productor y consumidor. El consumo de la información periodística es, por tanto, una manifestación de trabajo social en el plano simbólico. La configuración y el cambio de representaciones son una proyección de la configuración y del intercambio de informaciones del plano material. El trabajo de consumo ejecutado por la audiencia o por el público de los medios periodísticos es un trabajo simbólico. Ya el consumo de la propia audiencia en el ámbito de las relaciones capitalistas de cambio no es trabajo simbólico. El valor de cambio de una audiencia, sin embargo, es medido a través de su perfil cualitativo y cuantitativo (incluyendo la medición del tiempo) –que, en última instancia, es el resultado de un trabajo social conjunto realizado en el plano simbólico. Al inicio de este artículo dijimos que el valor de una audiencia como mercancía se mide por la cualidad/cantidad de información que puede tener valor de uso durante un período de tiempo determinado para esa audiencia. Ahora podemos decirlo de otro modo: el valor de cambio de los accesos digitales es medido por la soma del trabajo social que cada consumidor realiza en el plano simbólico. Mientras menos sea el trabajo social, menos serán los filtros y mediaciones simbólicas, y mayor el valor de cambio. Mientras más trabajo social, al contrario, menor valor de cambio. Esa es la lógica que explicaba la alta rentabilidad de programas de auditorio y talk-shows en la televisión (audiencia con alto valor de cambio) y la baja rentabilidad de programas dedicados, por ejemplo, a la cultura erudita (audiencia con bajo valor de cambio). La WebTV trujo la microfísica del poder (Foucault) y un nuevo modo de división del trabajo simbólico en las comunicaciones. Ahora el avance de las tecnologías de la comunicación posibilitó una nueva forma de pensar la geopolítica de la información –la división de los espacios de poder en el ámbito de la industria cultural, esto es, poderes de la producción, distribución y consumo de productos simbólicos, como revela Steinberger (2003). En ese contexto, se crean capas de audiencia potencial que sobrepasan las fronteras nacionales. ¿Qué trabajo dividen? El trabajo simbólico (sociocognitivo), basado en la capacidad de operar niveles complejos de mediación para convertir la información en conocimiento. No obstante, se trata de mucho más que esto. El principal trabajo simbólico que dividen es la construcción de un habitus político, concepto presentado en Bourdieu (1992) que se aplica à la división de poder sobre los medios de conversión de la información en conocimiento. La división del trabajo simbólico se traduce, al fin y al cabo, en una división de poder. Si, como expresó Marx, no existe intercambio sin división de trabajo, parece aceptable pensar que el mundo material y el mundo simbólico son espacios de poder sujetos a una división DE trabajo en el plano material, producida POR el propio trabajo en el plano simbólico. Cf.discusión de las implicaciónes, por ejemplo, en Steinberger (2007a); (2007c). Resultan aún tradicionales en esa dimensión los modos generales de división colectiva del poder y de las competencias para atribuir usos a informaciones. Como parte de las necesidades humanas de sociabilidad, las decisiones de consumo informacional dependen más que siempre de valores (consensuales) de cambio. 5. Los medios como referencia de calidad y atribución de valor a su propio producto (reflexividad) Si la aparición de las nuevas tecnologías condujo la producción periodística al abaratamiento en escala, también hizo con que grandes almacenamientos, abarrotados de información con actualización continua, estuviesen disponibles. Esto es una ventaja relativa, si se considera el hecho de que la información periodística es un producto altamente perecible, en función de su compromiso con lo nuevo. ¿Pero qué novedad es esa, renovable de hora en hora, con alucinante velocidad? (cf. Steinberger (2001, p. 175-5) sobre la hibridación cultural como efecto forzado de una demanda por lo nuevo). La desconfianza de lo nuevo es un primer paso para romper la circularidad epistemológica de los medios. La conquista de la libertad comienza por el desprecio de la jerarquización arbitraria que despeja los “principales sucesos del día”. En el sistema de percepción periodística del mundo, el almacenamiento del capital informacional solo interesa al consumidor a cortísimo plazo, a excepción de contenidos específicos – de ciencia, comportamiento, educación y salud, relacionados con lo que los periodistas llaman de “textos fríos”, menos suscetibles a criterios de actualidad, tales como resultados de investigaciones científicas, descubrimientos y avances tecnológicos, cuestiones ecológicas, etc. Ya en las áreas de economía, deporte, política nacional e internacional, donde se asume un timing de los hechos mucho más acelerado, el valor informacional se 45 46 deprecia muy rápido. Los contenidos culturales, que generalmente acompañan el lanzamiento de productos y donde se trabaja con una agenda más previsible, quedan a medio camino. La presión del tiempo de almacenamiento tiende a ser, a pesar de esto, cada vez más irrelevante en ciertos tipos de periodismo que parecen fabricar acontecimientos. En lugar de andar tras los acontecimientos o desarrollar competencia para preverlos, el periodismo digital puede presentar formas de rarefacción noticiosa. Para los conteúdos políticos, la producción de informaciones a gran escala trujo sus consecuencias. En el afán de ganar mercados cada vez mayores para conseguir filtrar la zafra noticiosa, los conglomerados tradicionales optavan por un periodismo políticamente indiferenciado, “pluralista y apartidario”, como defiendía Folha de S. Paulo, de manera que satisfaga los gustos y tonalidades de cualquier segmento del público. “Estar de manos atadas ante el lector” significa “estar de manos atadas ante el mercado”, ofrecer al consumidor (y al mercado) la información que este desea/espera o, por lo menos, que reconozca como deseable. Hoy ja se producen contenidos digitales ideologicamente más segmentados Si, como decía Marx, en la era industrial el valor del trabajador disminuye a medida que produce bienes, en la era informacional el valor del periodista no disminuye a medida que un mayor número de información es lanzada en el circuito de los medios de comunicación. De hecho, ahora la medición de la calidad ja no se encuentra basada en costos de producción de la información ni en su rareza. Se trata de situar clusters de información en segmentos de interés muy precisos que apunten relaciónes relevantes entre reds informacionales. Se trata ahora de un trabajo social de decìdir qué es una nueva información (o nuevo empleo para la vieja información), cuándo y para quién. Otro criterio para atribución de calidad à la información estuvo basado en el (falso) reconocimiento de que determinados géneros son automáticamente mejores que otros. Según tal concepción, el periodismo investigativo y los grandes reportajes se erigen en baluartes de calidad. Ahora los ambientes digitales son campo y no vitrina de investigaciónes periodísticas. Un tercer criterio identificaba la calidad informacional con artificios gráficos y estilísticos invertidos en el embalaje del producto. Ese criterio ja no se confunde con el primero, cuando la inversión estética en el embalaje es menos costosa que la inversión directa en la diversidad del contenido informacional. Huvo además un cuarto criterio, que condenaba a priori todo y cualquier tipo de reciclaje (por ejemplo, adaptación y traducción de los medios extranjeros). Tal procedimiento, por tradición muy utilizado en los medios brasileños, es esencial en espacios digitales. Un quinto criterio, que valorava la independencia de los temas frente al agenda-setting masificado sigue muy importante, así como la capacidad de agregar valor a la información, a través de contenidos interpretativos, críticos y de opinión. Los blogs revelan modos individuales y creativos de apropriación y uso de la información. Esos son criterios que se establecen en la lógica interna a los propios medios. Sabemos que el flujo de información mantenió siempre una relación arbitraria con el flujo de los hechos, o sea, para rellenar el tiempo de las radios y televisiones, o las páginas de revistas y periódicos, no es necesario esperar a que ocurran nuevos acontecimientos en el mundo de los hechos. Con sus espacios infinitos y sin limitaciónes temporales, las midias digitales no se lanzaron sin embargo a una arbitrariedad más radical. Eso porque las demandas de sociabilidad exigen grados mínimos de convergencia temática. El producto mediático, que tenia un límite físico preestablecido en páginas o en minutos, con las nuevas tecnologias pasa a tener la pantalla como limite fisico y el tiempo (de comprensión y interpretación) por parte del consumidor como limite cognitivo. La creación de eses límites no parte del hecho obvio de que, en el vasto mundo en que vivimos, siempre estará aconteciendo algún nuevo hecho. Si así fuera, el costo de la producción sería inaccesible a cualquier empresa del mundo. Los límites físicos de la producción mediática fueron establecidos a partir de criterios de conveniencia (costo), y no de la determinación exterior del volumen de sucesos. Ahora, hay también el limite cognitivo del volumen de accesos que un sólo consumidor pueda aguantar. Los medios pueden adoptar por lo menos tres modos diferentes de lidiar con tales límites: primero, engendrar una red capaz de recoger informaciones más relevantes para cada consumidor; segundo, desarrollar recursos de manipulación capaces de fabricar una información desvincula- da de los hechos y más basada en entretenimiento; tercero, invertir en su imagen ante el público, llevándo el consumidor no sólo a “olvidar” sus propios límites de interes y relevancia, como a adoptar como suyos los intereses del veículo al cual se fideliza. Aunque sin un planeamiento evidente, la inversión de los medios ha recaído en la tercera opción, invirtiendo en su propia imagen – en la Web, la TV, la prensa o la radio. La convergencia creciente de los medios hace más fuerte la tendencia de los géneros periodísticos a convertirse en autorreflejos, al referirse cada vez más al mundo creado por los propios medios, sus personajes, focos y encuadramientos. También por esas vías, los medios tienden a convertirse en referencia de su propio valor – limitando cada vez más la libertad del consumidor reconocer sus propias necesidades y buscarlas como fuentes de valores (independientes) de uso informacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURDIEU, Pierre. A Economia das trocas simbólicas, São Paulo: Cortez Ed., 2005, 312p. Perspectiva, 1992. _____________. El Periodista como consumidor de información en _____________. A Televisão, Rio de Janeiro: Zahar, 1997. la economía de las representaciónes digitales, Revista Internacional FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso, São Paulo: Loyola, 1996. de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação MARX. Karl. Contribuição para a crítica da economia política, São (EPTIC On Line), v. VIII, jun-ago, 2006. Paulo: Mandacaru, 1989. _____________.Discours des médias et formation de l’opinion pub- STEINBERGER, Margarethe. Desmidiatizar o pensamento: economia lique brésilienne au sujet des affaires étrangères, trabalho apresentado das representações e subdesenvolvimento informacional. São Paulo no Colóquio Brasil-França Groupe de recherche sur les enjeux de la em Perspectiva, Comunicação & Informação, revista da Fundação communication (GRESEC), Université de Grenoble-Echirolles, 2007. Seade vol. 12/n..4 out-dez, 1998, pp. 36-45. _____________. Cognição social e o valor da informação de domínio _____________. A ética do jornalismo latino-americano na geo- público na economia de representações interculturais, trabalho política da pós-modernidade, In: DOWBOR, L. Ianni, O. RESENDE, apresentado no Congresso da Associação Nacional de Programas P. & SILVA, H. (orgs.) Desafios da comunicação, São Paulo:Vozes, 2001 de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS), Univ. Tuiuti do pp.179-188. Paraná, Curitiba, junho 2007. _____________. Economia das representações e valor da informação _____________. Mercados de opinião pública numa economia jornalística: consumo como trabalho. Disponible en: http://www.eca. das representações digitais, trabalho apresentado no I Colóquio usp.br/arquivos/ensaio4_c.htm>. Acceso en: 2004. Bi-nacional Brasil-Argentina no Congresso da Socidedade Brasileira _____________. Discursos geopolíticos da mídia: jornalismo e imag- de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Univ. inário internacional na América Latina, São Paulo: Fapesp /Educ/ Católica, Santos, agosto 2007. 47 LA CONSTITUCIÓN CIENTÍFICA DEL CAMPO ACADÉMICO DE LA COMUNICACIÓN. UN ANÁLISIS COMPARATIVO MÉXICO-BRASIL Raúl Fuentes Navarro Es mexicano, licenciado y maestro en comunicación, doctor en ciencias sociales. Miembro del Sistema Nacional de Investigadores (nivel III) y de la Academia Mexicana de Ciencias. Coordinador del doctorado en estudios científico-sociales del ITESO. Ha participado activamente durante más de veinticinco años en organizaciones académicas mexicanas y latinoamericanas del campo de la comunicación, su especialidad como docente son las teorías de la comunicación y como investigador los procesos de institucionalización del campo académico. Su libro más reciente es Instituciones y redes académicas para el estudio de la comunicación en América Latina (ITESO, 2006). 48 E-mail: [email protected] RESUMEN En este artículo se presentan y ponen en discusión las premisas y propósitos de un proyecto de investigación que, a partir de la infraestructura ya instalada en cuanto a documentación académica, pretende aportar algunos avances en la comprensión de los procesos de constitución científica del campo académico de la comunicación en América Latina mediante un análisis comparativo de los usos de los recursos bibliográficos en las tesis de postgrado en comunicación producidas en México y en Brasil entre 1996 y 2005. Palabras claves: Campo académico, institucionalización, programas de postgrado, México, Brasil. ABSTRACT This article introduces and discusses the assumptions and aims of a research project carried out by the author. The project, based on established academic documentation in Mexico and Brazil, seeks to contribute to the understanding of the processes of scientific constitution of the academic field in Latin America, by conducting comparative analysis of the use of bibliographic resources in graduate dissertations in the field of Communications produced in Mexico and Brazil between 1996 and 2005. Keywords: Academic field, institutionalization, graduate programs, Mexico, Brazil. RESUMO Este artigo discute as premissas e os propósitos de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo autor. Com base em documentação acadêmica, este projeto busca comprender os processos de constituição científica do campo acadêmico da comunicação na América Latina por meio de um estudo comparativo sobre a utilização dos recursos bibliográficos utilizados em teses de pós-graduação de México e Brasil, entre 1996 e 2005. Palavras-chave: Campo acadêmico, institucionalização, programas de pós-graduação, México, Brasil 49 La constitución científica del campo académico de la Comunicación. Un análisis comparativo México-Brasil. Desde muy diversos ángulos, el análisis de las condiciones, de las orientaciones y de las tendencias del campo académico de la Comunicación ha acompañado constantemente el desarrollo de la producción científica de este campo, tanto en América Latina como en otras regiones del mundo. Pareciera que la investigación quedara incompleta o no tuviera el suficiente fundamento si no estuviera acompañada por la meta-investigación, la investigación sobre la investigación. Algunos académicos hemos dedicado una porción considerable de nuestro esfuerzo, a lo largo de los años, a trabajar ese plano, o más precisamente, las articulaciones entre la investigación y la meta-investigación de la comunicación (León, 2006). 50 En el más reciente Congreso de la ALAIC, realizado en São Leopoldo, RS, Brasil, en julio de 2006, intenté sintetizar al inicio de mi ponencia en el GT de Teorías y Metodologías de Investigación de la Comunicación (Fuentes, 2006), el sentido de mi propia perspectiva sobre el fortalecimiento de las acciones auto-reflexivas en este campo: No puede quedar duda, hoy en día, de que una recuperación histórica de la investigación latinoamericana sobre la comunicación (Fuentes, 1999), una discusión productiva de sus condiciones (Fuentes, 1998b; 2002) y de las perspectivas con las que pueden enfrentarse los retos que imponen las transformaciones económicas, políticas y culturales globales en proceso, requieren el desarrollo de acciones estratégicas de diversos tipos y niveles, que comienzan por un aspecto básico, infraestructural de la investigación: los sistemas y servicios de documentación (Fuentes, 1992). En otros textos (Fuentes, 2004a; 2005), han quedado suficientemente expuestas mis propuestas de trabajo sobre la documentación de la investigación mexicana sobre la comunicación, y los productos principales de una trayectoria ya larga en este plano (Fuentes, 1988; 1996; 2003), incluyendo el proyecto del que surgió la biblioteca virtual ccdoc [http://ccdoc.iteso.mx], disponible en Internet desde octubre de 2003 (Fuentes, 2004b). En este artículo se trata de difundir y poner en discusión las premisas y propósitos de un proyecto de investigación que, a partir de la infraestructura ya instalada en cuanto a documentación académica, pretende aportar algunos avances en la comprensión de los procesos de constitución científica del campo académico de la comunicación en América Latina mediante un análisis comparativo de los usos de los recursos bibliográficos en las tesis de postgrado en comunicación producidas en México y en Brasil entre 1996 y 2005. El más amplio y sistemático esfuerzo antecedente es el proyecto realizado a partir de 1988 por académicos mexicanos y brasileños convocados respectivamente por el Consejo Nacional para la Enseñanza y la Investigación de las Ciencias de la Comunicación (CONEICC) y la Sociedad Brasileña de Estudios Interdisciplinarios de la Comunicación (INTERCOM). El proyecto emprendido entonces, a iniciativa de José Marques de Melo, Es- 2 Los principales recursos de documentación electrónica dis1 En Estados Unidos la producción de análisis de este tipo es ponibles para este proyecto son, para México, la biblioteca virtual permanente. Ejemplos recientes, publicados en el Journal of Com- ccdoc [http://ccdoc.iteso.mx], y para Brasil, el portal de la produc- munication, son los de Anderson & Baym (2004), Bryant & Miron ción científica en comunicación (en lengua portuguesa) PORTCOM (2004), Berger (2005), Lauf (2005), Walther, Gay & Hancock (2005) [http://www.portcom.intercom.org.br], así como los diversos o los discursos presidenciales de Putnam (2001), Bryant (2004) y proyectos que impulsa la INTERCOM en el área de documentación Donsbach (2006), entre muchos otros. (Ferreira, 2001; Noronha e Ferreira, 2000). El análisis comparativo puede ayudar a dimensionar y a interpretar con mayor precisión las condiciones generales de desarrollo de especialidades y vínculos del campo. tudio comparativo de los sistemas de comunicación en Brasil y en México, involucró a diez investigadores de cada país y generó tres coloquios binacionales entre 1988 y 1992, donde se avanzó de muchas maneras en la colaboración y el intercambio de saberes, el reconocimiento de las similitudes y diferencias en los sistemas de comunicación y en su estudio entre ambos países, el ejercicio de la investigación comparada y el establecimiento de vínculos personales e institucionales que han incrementado sustancialmente los contactos entre académicos brasileños y mexicanos, en uno y otro país, y en los foros internacionales, como el de la Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC), cuya reconstitución en 1989 fue promovida conjuntamente por brasileños y mexicanos. Como parte de ese proyecto, Raúl Fuentes Navarro y María Immacolata Vassallo de Lopes analizamos los “subsistemas” de investigación de la comunicación de los respectivos países, a partir en primer término de una recuperación sistemática de los estudios realizados como investigación sobre la investigación, y una descripción del “trayecto histórico y el estado actual de la práctica social de la investigación de la comunicación”, que dio pie a varias publicaciones, especialmente en el caso mexicano el libro La comunidad desapercibida. Investigación e investigadores de la comunicación en México (Fuentes, 1991) y un artículo con un primer análisis comparativo con Brasil, que se publicó en ambos países (Fuentes, 1994a y 1994b). La colaboración académica iniciada entonces, ha continuado en los años subsiguientes, incluyendo la edición de un libro coordinado conjuntamente (Vassallo y Fuentes, comps. 2001), sobre la Comunicación, campo y objeto de estudio. La convergencia de intereses académicos y las múltiples relaciones construidas y mantenidas durante más de tres lustros entre investigadores mexicanos y brasileños de la comunicación permiten sostener por una parte la pertinencia, y por otra la viabilidad, de un nuevo análisis comparativo (y en varios sentidos colaborativo) sobre la constitución científica del campo académico de la Comunicación en México y en Brasil. Porque es indudable el crecimiento institucional de los estudios universitarios sobre la comunicación en ambos países (cada uno con más de 300 programas de licenciatura-bacharelado y más de 30 de postgrado en el área), pero también la creciente necesidad de cuestionar los fundamentos teóricometodológicos y epistemológicos sobre los que se han desarrollado esos programas. Al igual que en México y en cualquier otro lugar donde se cultive, el desarrollo del campo académico de la comunicación en Brasil sigue una ruta curiosa, en la que persiste, hasta hoy, una visión que privilegia la práctica, las habilidades y las técnicas, y que considera a la comunicación, indirectamente, como no disciplinaria. Es como si el pregrado en comunicación se localizara entre las ciencias sociales aplicadas y el postgrado dentro de las ciencias humanas y sociales (Capparelli y Stumpf, 2001, p. 65). En el contexto de la reestructuración de las instancias de producción académica, en el mundo y en los países latinoamericanos, tanto en lo que respecta a las condiciones de la investigación científica como en cuanto a las de la educación superior (y su articulación más directa: la formación de investigadores en los postgrados), sujetas a una doble dinámica de cambio (por un lado el merca- 51 52 do y por otro las políticas públicas), que exige mayor eficiencia y productividad, es indispensable el auto-reconocimiento de las “fortalezas” y “debilidades” de los campos especializados, para dar mayor sustento y solidez a la evaluación y para contar con mejores recursos intelectuales para la toma de decisiones de reorientación o reforzamiento de tendencias. De ahí la conveniencia de considerar articuladamente las dimensiones de institucionalización, profesionalización y legitimación del campo académico (Fuentes, 1998a), lo cual implica, en otros términos, su “identidad”: Esa cuestión de la identidad o la autonomía de la comunicación en cuanto campo –o sobre sus interfaces con otras disciplinas- es siempre actual, en un área considerada nueva y multidisciplinaria. Hay quien propone que no se considere a la comunicación como una ciencia o una disciplina, dado que no tiene principios explicativos propios, siguiendo modelos teóricos prestados de otras disciplinas. Hay también aquellos que aceptan la existencia de una disciplina llamada comunicación, si bien señalan su ausencia de autonomía como campo de conocimiento (Capparelli y Stumpf, 2001, p. 63-64). el mejor parámetro para el reconocimiento propuesto de las tendencias epistemológicas, teóricas y metodológicas articuladas con esa estructura. El objetivo general del proyecto, que tiene un plazo de realización de tres años (2005-2008) y apoyo del Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACyT) es “analizar comparativamente la constitución de redes científicas y núcleos de especialización, mediante la identificación de convergencias temático-referenciales y teórico-metodológicas en las tesis de postgrado, en el contexto de los procesos de institucionalización, profesionalización y legitimación del campo académico de la Comunicación en México y en Brasil. Se ha elegido centrar el análisis en las tesis de postgrado, a partir del supuesto de que en ellas se explicitan las fuentes bibliográficas y los procedimientos metódicos de una manera más rigurosa 3 Si bien el debate sobre la legitimidad intelectual de los estudios sobre la comunicación, que expresa en buena medida la lucha por la legitimación de ciertas perspectivas y la consecuente deslegitimación de otras en función de un poder diferencialmente construido y distribuido, ha tenido como escenario principal al sistema académico estadounidense, sus manifestaciones en otros espacios geopolíticos son también muy pertinentes. En América Latina esta Por ello también es clara, dentro de ese contexto, la conveniencia de sustentar en el análisis empírico sistemático las condiciones y tendencias de desarrollo sobre los campos académicos, que como espacios sociales para múltiples prácticas y proyectos divergentes, suelen estar más determinados por factores de poder extra-académico que por la propia racionalidad académica y científica (Bourdieu, 1988; 2000). Igualmente, el análisis comparativo puede ayudar a dimensionar y a interpretar con mayor precisión las condiciones generales de desarrollo de especialidades y vínculos del campo. En el caso de los estudios sobre la comunicación, la estructura institucional brasileña, más avanzada que la mexicana pero de condiciones comparables en el ámbito latinoamericano, es probablemente problematización tiene múltiples, aunque insuficientes, desarrollos. Quizá el esfuerzo más sistemático en la región se esté realizando en Brasil, en correspondencia con los procesos de crecimiento, fortalecimiento y acreditación de los programas de posgrado. Una muestra de ello puede encontrarse en el libro Epistemologia da Comunicação, coordinado por Vassallo de Lopes (2003a) a partir de un seminario convocado por la Asoci 4 Es decir, de los productos formales de investigación sustentados para la obtención de los grados académicos de Maestría (Mestrado) y Doctorado (Doutorado) en programas de Comunicación. Desde aquí son necesarias las aclaraciones comparativas entre México y Brasil, pues la institucionalidad brasileña distingue los posgrados (Pós-graduação) Stricto sensu (orientados a la formación científica) de los posgrados Lato sensu (para la especialización profesional). Se trabajará con los primeros. Asímismo, los productos, que en México se reconocen como “tesis” indistintamente en las maestrías y los doctorados, en Brasil son denominados “teses” de doctorado y “dissertações” de maestría (inversamente a los usos terminológicos anglosajones). ación Nacional de Programas de Posgrado en Comunicación (COMPÓS) y la ECA de la Universidad de São Paulo. que en otros productos de la investigación académica, además de que representan la instancia fundamental de objetivación de los procesos de reproducción y renovación de un campo académico. No obstante, la información generada en el análisis de las tesis deberá ser “cruzada” con información proveniente de análisis de otras fuentes (libros, revistas, programas) para poder ser debidamente interpretada y contextualizada, sobre todo en la fase comparativa internacional. Será especialmente interesante observar las correspondencias que pueda haber entre la definición institucional de las especialidades de investigación y la referencia a “cuerpos” de conocimiento objetivados bibliográficamente (y a través de esta objetivación, a distinciones epistemológicas, teóricas y metodológicas). De esta manera, hipotéticamente, podrá disponerse de mejores elementos de reconocimiento de las pautas concretas de constitución “disciplinaria” o “transdisciplinaria” de los estudios sobre la comunicación en estos países. Para el análisis específico de la constitución de redes científicas y núcleos de especialización, mediante la identificación de convergencias temático-referenciales y teórico-metodológicas en las tesis de postgrado, se recurrirá a un acercamiento basado en la bibliometría (Pritchard, 1969), el análisis de citas (Borgman, 1989) y el análisis de redes científicas (Palonen & Lehtinen, 2001), es decir, las técnicas de investigación, de base cuantitativa, internacionalmente empleadas para objetivar los procesos de constitución de comunidades y especialidades científicas, por la “disciplina” llamada Cienciometría (Callon et al, 1995) o más en general, por los especialistas en Bibliotecología o Ciencias de la Información (Gorbea, 2005). 5 En Brasil son claramente distinguibles los programas de posgrado en Comunicación por su adscripción institucional. En México esto En Brasil se han avanzado proyectos de investigación de esta naturaleza sobre el campo de la Comunicación, cuyos planteamientos y resultados habrá que aprovechar: por ejemplo, Ilce Cavalcanti (1989), Samile Vanz (2002) y Liziane Soares (2004) han realizado análisis bibliométricos y de citas en tesis de maestría de tres universidades brasileñas, y con una cobertura más amplia, Stumpf Los debates sobre la identidad científica y académica de los estudios sobre la comunicación y sobre las condiciones concretas (aunque cambiantes) de su institucionalización deberán continuar y ampliarse en América Latina. y Capparelli (1998; 2000) realizaron un recuento de tesis y disertaciones producidas en Brasil entre 1992 y 1996. Maria Immacolata Vassallo de Lopes (2003b) publicó también un recuento sistemático de las tesis y disertaciones presentadas en la ECAUSP entre 1972 y 2002. Y con el propósito explícito de “producir indicadores sobre uno de los aspectos más relevantes de la institucionalización de un campo de estudio … el uso efectivo de su producción bibliográfica … y la circulación de la misma al interior de los programas de postgrado”, el Núcleo de Investigación del Mercado de Trabajo en Comunicaciones y Artes (NUPEM) de la Universidad de São Paulo, ha realizado análisis bibliométricos y de citas en las tesis y disertaciones de 14 universidades brasileñas (Vassallo de Lopes e Romancini, 2004). En México se registra solamente la tesis de maestría de Gabriela de la Torre (2003), donde realiza un primer acercamiento a los vínculos que permiten identificar, en las tesis presentadas en tres universidades, los indicadores de procesos de reproducción del campo académico. es válido para las maestrías, pero no para los doctorados, pues la formación de este nivel se lleva a cabo en programas más genéricos (Ciencias Sociales, Educación, Ciencias Políticas), que incluyen áreas de especialidad o de “concentración” en Comunicación. Los debates sobre la identidad científica y académica de los estudios sobre la comunicación y sobre 53 54 las condiciones concretas (aunque cambiantes) de su institucionalización deberán continuar y ampliarse en América Latina, y es imperativo que esos debates cuenten en su base con los insumos de información más sistemáticos y actualizados que sea posible. El lugar estratégico de los programas de postgrado en la consolidación científica del campo académico es, al mismo tiempo, un referente central y un escenario privilegiado para invertir en él los mejores recursos científicos generados por el propio campo. Por ello será deseable que los resultados del proyecto comparativo que se presenta en este artículo, puedan ser discutidos y asimilados conforme se vayan produciendo, pues será así, y no de otra manera, que las redes científicas identificadas y analizadas se fortalezcan. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, Sueli Mara S.P. Diagnóstico da informação brasileira ANDERSON, James A; BAYM, Geoffrey. Philosophies and Philo- na área de Comunicação. Palestra apresentada no XI ENDOCOM sophic Issues in Communication, 1995-2004. Journal of Communica- – Encontro Nacional de Bibliotecas e Centros de Informação: Campo tion, Vol. 54, No. 4, p.589-615, 2004. Grande, MS, 2001. BERGER, Charles R. Interpersonal communication: theoretical FUENTES NAVARRO, Raúl. La investigación de comunicación en perspectives, future prospects. journal of communication, Vol. 55, No. México, sistematización documental 1956-1986. México: Ediciones de 3, p.415-447, 2005. Comunicación, 1998. BORGMAN, Christine L. Bibliometrics and Scholarly Communica- _____________. La comunidad desapercibida. Investigación e investi- tion. Communication Research, Vol. 16, No. 5,1989. gadores de la comunicación en México. Guadalajara: ITESO, 1991. BOURDIEU, Pierre. Homo Academicus. California: Stanford Univer- _____________. Diez propuestas para una estrategia latinoameri- sity Press, 1988. cana de investigación de la comunicación. Ponencia presentada en _____________. Los usos sociales de la ciencia. Buenos Aires: Nueva el I Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación Visión, 2000. ALAIC (Embu Guaçu, SP, Brasil). Publicada en J.M. DE MELO (Co- BRYANT, Jennings. Critical communication challenges for the New ord.), Comunicación latinoamericana: desafíos de la investigación para Century. Journal of Communication, Vol. 54, No. 3. p.389-401, 2004. el siglo XXI. São Paulo: ALAIC, p.109-120, 1992. BRYANT, Jennings; MIRON, Dorina. Theory and Research in Mass _____________. La institucionalización del campo académico de la Communication. Journal of Communication, Vol. 54, No.4 (decem- comunicación en México y en Brasil: un primer acercamiento com- ber), p.662-704, 2004. parativo en Intercom, revista brasileira de comunicação Vol XVII No 1, CALLON, Michel; COURTIAL, Jean-Pierre; PENAN, Hervé. São Paulo: INTERCOM, p.10-32, 1994a. Cienciometría. El estudio cuantitativo de la actividad científica: de la _____________. La institucionalización del campo académico de la bibliometría a la vigilancia tecnológica. Gijón: Trea, 1995. comunicación en México y en Brasil: un primer acercamiento com- CAPPARELI, Sérgio; STUMPF, da Regina C. El campo académico de parativo. en Anuario CONEICC de Investigación de la Comunicación la comunicación, revisitado, en VASSALLO DE LOPES y FUENTES No I. México: Consejo Nacional para la Enseñanza y la Investigación NAVARRO (comps.): Comunicación, campo y objeto de estudio. de las Ciencias de la Comunicación, p.101-127, 1994b. Perspectivas reflexivas latinoamericanas. Guadalajara: ITESO/ U.A. de _____________. La investigación de la comunicación en México, siste- Aguascalientes/ U. de Colima/ U. de Guadalajara. p.59-73, 2001. matización documental 1986-1994. Guadalajara: ITESO/ Universidad CAVALCANTI, Ilse G.M. Padrões de citação em comunicação, análise de Guadalajara, 1996. das dissertações apresentadas a ECO/UFRJ. Dissertação de Mestrado. _____________. La emergencia de un campo académico: continuidad UFRJ/ECO: Rio de Janeiro,1989. utópica y estructuración científica de la investigación de la comunicación DE LA TORRE ESCOTO, Gabriela. La reproducción del campo en México. Guadalajara: ITESO/ Universidad de Guadalajara, 1998a. académico de la comunicación en México. Un análisis de las tesis _____________. Fundamentos teórico-metodológicos de la perspec- de maestría en comunicación (1996-2000). Tesis de Maestría en tiva sociocultural para el estudio de la comunicación. Recife, Brasil: Comunicación con especialidad en difusión de la ciencia y la cultura. IV Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación Guadalajara: ITESO, 2003. ALAIC, 1998b. _____________. La investigación de la comunicación en América NOROÑA, Daysy Pires; FERREIRA, Sueli Mara S.P. Teses e Diserta- Latina: condiciones y perspectivas para el siglo XXI. Ponencia en el ções Eletrônicas; proposta de uma metodologia para disponibilização Seminario Internacional <Tendencias y Retos de la Investigación en de texto integral na Internet. Manaus: IX Endocom, 2000. Comunicación en América Latina>, FELAFACS/Pontificia Universi- JALONEN, Tuire; LEHTINEN, Erno. Exploring invisible scientific dad Católica del Perú (Lima, Perú). Publicada en Diálogos de la Co- communities: Studying networking relations within an educational municación No 56. Lima: FELAFACS, octubre 1999. p.52-68, 1999. research community. A Finnish case. Higher Education, Vol. 42, _____________. Investigación y postgrados en comunicación en p.493-513, 2001. México: los desafíos del siglo XXI. Santa Cruz de la Sierra, Bolivia: PRITCHARD, Alan. Statistical bibliography or bibliometrics. Journal VI Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación of Documentation, Vol. 25, No. 4, 1969. ALAIC, 2002. PUTNAM, Linda L. Shifting voices, oppositional discourse, and new _____________. La investigación académica sobre comunicación en visions for communication studies. Journal of Communication, New México, sistematización documental 1995-2001. Guadalajara: ITESO, York, Vol. 51, No. 1, p.38-51, 2001. 2003. SOARES, Liziane do Espírito Santo. Pesquisa em comunicação social: _____________. La documentación académica y la producción de um inventário das teses e dissertações defendidas no programa de conocimiento en Ciencias de la Comunicación. Ponencia presentada pós-graduação da FAMECOS/PUCRS. Dissertação de mestrado em en el VII Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comuni- Comunicação Social, PUCRS, 2004. cación ALAIC, (La Plata, Argentina). Publicada en Revista Latino- STUMPF, Ida; CAPPARELLI, Sérgio (orgs). Teses e dissertações em americana de Ciencias de la Comunicación No. 2, São Paulo: ALAIC, Comunicação no Brasil (1992-1996): resumos. Porto Alegre: PPG- 2005. p.64-74, 2004a. COM/UFRGS, 1998. _____________. Una biblioteca virtual sobre la investigación de STUMPF, Ida; CAPPARELLI, Sérgio. Produção discente dos pro- la comunicación en México, en Telos, cuadernos de comunicación, gramas de pós-graduação em Comunicação (1992-1996). Revista de tecnología y sociedad No. 61. Madrid: Fundación Telefónica, octubre- Biblioteconomia & Comunicação, v. 8, Porto Alegre, p.241-250, 2000. diciembre de 2004. p.12-13, 2004b. VANZ, Samile Andréa de Souza. A produção discente em comunica- _____________. Mediaciones académicas para la circulación del ção no Brasil: análise das citações das dissertações defendidas no PP- conocimiento: el problema de las categorías de clasificación. São GCOM-UFRGS. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Paulo, Brasil: III Seminario Internacional Latinoamericano de Investig- 25, Salvador. Anais... Rio de Janeiro: INTERCOM, 2002. 1 CD-ROM. ación de la Comunicación ALAIC 2005. VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata; FUENTES NAVARRO, _____________. Las dimensiones cognoscitiva y organizacional Raúl (comps.). Comunicación, campo y objeto de estudio. Perspectivas en la estructuración del campo académico de la comunicación. São reflexivas latinoamericanas. Guadalajara: ITESO/ U.A. de Aguascali- Leopoldo, RS, Brasil: VIII Congreso Latinoamericano de Investigadores entes/ U. de Colima/ U. de Guadalajara, 2001. de la Comunicación ALAIC, 2006. VASSALLO DE LOPES Maria Immacolata (Org.). Epistemologia da GORBEA, PORTAL Salvador. El modelo matemático de Lotka: su comunicação. São Paulo: Loyola, 2003a. aplicación a la producción científica latinoamericana en ciencias biblio- VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata. Diversidade & interdisci- tecológica y de la información. México: UNAM, Centro Universitario plinaridade. Teses e dissertações: Ciências da Comunicação – ECA- de Investigaciones Bibliotecológicas, 2005. USP: 1972 – 2002. São Paulo: ECA-USP, NUPEM, 2003b. LAUF, Edmund. National Diversity of Major International Journals in VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata e Richard ROMANCINI. the Field of Communication. Journal of Communication, Vol. 55, No. Indicadores bibliométricos da área de comunicação no Brasil (2001- 1, p.139-151, 2005 . 2003), relatorio de pesquisa. São Paulo: ECA-USP, NUPEM, 2004 . LEÓN DUARTE, Gustavo A. Características estructurales de la pro- WALTHER, Joseph B; GAY, Gery; HANCOCK; Jeffrey T. How do ducción ALAIC. Una aproximación al conocimiento comunicativo communication and Technology Researchers Study the Internet?. del GT-17”, en Comunicación y Sociedad No 6 (nueva época), Guada- Journal of Communication, New York, Vol. 55, No. 3, p.632-657, 2005. lajara: DECS Universidad de Guadalajara, p.131-158, 2006. 55 VISÃO DA POLIDEZ LINGÜÍSTICA NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL EM SITUAÇÃO DE CRISE Elena Godoi Professora de graduação e pós-graduação no Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Paraná – UFPR. Doutora em Ciências Lingüísticas e Pós-Doutorado - Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Publicações em eventos internacionais e nacionais e revistas, como Alaic e Abrapcorp. Líder do Grupo de Pesquisa (UFPR/ CNPq) “Linguagem e Cultura”. E-mail: [email protected]. Anely Ribeiro 56 Professora no Departamento de Comunicação Social, Relações Públicas – UFPR. Doutoranda em Letras, concentração: Estudos Lingüísticos – UFPR. Mestre em Ciências da Comunicação, Escola de Comunicações e Artes – USP. Publicações em eventos nacionais e internacionais, como Intercom, Alaic e Abrapcorp. Membro do Grupo de Pesquisa “Linguagem e Cultura” (UFPR/CNPq). E-mail: [email protected]. RESUMO O artigo explora, de modo interdisciplinar, os fenômenos da polidez lingüística, aplicados aos estudos da comunicação (organizacional) em situações de crise. A comunicação verbal oral é evidenciada no contexto específico, em situações que, além de gerar conflitos e mal-entendidos, levam a catástrofes e perdas humanas. A nossa reflexão envolve a presença dos estereótipos e preconceitos no processo comunicacional intercultural. Palavras-chave: comunicação organizacional, estereótipos, preconceitos, polidez lingüística, crise. ABSTRACT Adopting an interdisciplinary approach, this article analyzes linguistic politeness phenomena applied to (organizational) communications research in times of crisis. The verbal communication is explored within a specific context of situations where it generates not only conflicts and misunderstandings, but also catastrophe and loss of life. Elements such as stereotypes and prejudices in the process of the intercultural communication are also discussed. Keywords: organizational communication, stereotype, prejudice, linguistic politeness, crisis. RESUMEN El presente artículo analiza, interdisciplinariamente, los fenómenos de la lingüística depurada, aplicados a los estudios de la comunicación organizacional en situaciones de crisis. La comunicación verbal oral se encuentra evidenciada en un contexto específico, en situaciones que, además de generar conflictos y malentendidos, llevan a catástrofes y pérdida de vidas humanas. Nuestra reflexión discute la presencia de los estereotipos y prejuícios en el proceso comunicacional intercultural. Palabras claveS: comunicación organizacional, esterepotipos, prejuícios, lingüística depurada, crisis. 57 58 1 Introdução A comunicação verbal humana da interação social de pessoa a pessoa e/ou entre grupos, tendo como propósito o entendimento entre os interlocutores envolvidos. O processo da comunicação tanto no contexto organizacional como na relação face a face pressupõe que os interlocutores compartilhem, pelo menos em parte, suas visões de mundo, significados comuns, ou ao menos, semelhantes, e sempre negociáveis, conforme as variações contextuais em que ocorrem as interações. Nesse sentido, quando se trata da comunicação verbal oral há uma forte atuação dos marcadores conversacionais que ajudam a identificar e determinar nos enunciados as afirmações, pedidos, ordens, hesitações, dúvidas, pausas, ritmo e tonalidade, entre outros. No entanto, as expressões orais que são utilizadas, principalmente, em contextos organizacionais interculturais precisam se ater aos diferentes aspectos socioculturais, estruturas e estilos variáveis. Caso contrário podem surgir mal-entendidos, conflitos, crises devido à acentuação maior da presença dos estereótipos e preconceitos. Exploramos e sugerimos, nesse artigo, que os estudos da polidez lingüística no âmbito da comunicação organizacional e nas relações cotidianas face a face sejam analisados, visto que em qualquer contexto tratase da imagem pública que está em jogo diante das narrativas discursivas. 2. Comunicação organizacional em contextos de crise Antes de tratarmos das bases teórico-metodológicas na análise de polidez lingüística em situação de crise da companhia colombiana Avianca e outras situações cotidianas, nos detemos aqui nos aspectos conceituais envolvidos sobre a comunicação e o fenômeno das crises. O processo de comunicação, que nem sempre é fácil e tranqüilo, é testado fortemente nos contextos de crise quando um alto nível de incerteza e surpresa ocorre, simultaneamente, principalmente, devido às falhas que surgem na organização e processamento da informação, ponto básico na geração da interação comunicativa. De acordo com Corrado (1994, p. 182) “em meio a uma crise, surgem a fadiga, a ansiedade e outras formas de tensão emocional que complicam a situação. A capacidade crítica fica embotada...”. O autor argumenta que as informações transmitidas prontamente acabam com os boatos e acalmam os nervos, pois indica que alguém está cuidando do problema. Sabemos, no entanto, que nem sempre os procedimentos comunicacionais são acionados plenamente por todos os membros da organização que possam estar envolvidos em situações de crise, mesmo que haja um plano preventivo de crise. Os fatores lingüísticos interculturais e emocionais são relevantes nesse processo. O que é uma crise? Na literatura sobre comunicação em crises, há vários autores que conceituam, caracterizam e tipificam o fenômeno crise. Segundo Villafañe (2000, p. 294) “uma crise é um acontecimento aleatório, não desejado, porém bastante freqüente do que em princípio poderíamos esperar, sobretudo se este não se circunscreve à categoria exclusiva de catástrofe” (tradução nossa). Para Corrado (1994, p. 187) “uma crise pode ser um acidente ou uma emergência que apresente uma ameaça à sobrevivência da organização”. O autor entende o “acidente” como um acontecimento desastroso e dramático, nesse caso pode ser um vazamento tóxico, explosão ou queda de um avião. A ‘emergência’ é caracterizada como menos dramática, mas também pode ter conseqüências traumáticas, tais como fuga de funcionários com valores monetários, ação trabalhista, alteração radical no mercado, dentre outras. Na literatura sobre relações públicas, o assunto da crise é tratado com relevância pelos especialistas, os quais, em geral, defendem uma ação estratégica pró-ativa e não ações de ‘apagadores de incêndios’. Conforme Kunsch (2003, p. 115) “uma das questões fundamentais a considerar é a necessidade de um trabalho preventivo em relação à crise. Isto é, o planejamento para as crises tem de fazer parte da gestão organizacional estratégica”. A autora defende que em relação às crises é preciso “pensar estrategicamente, a partir de dados de pesquisa, como as organizações devem se relacionar com os públicos e com a mídia...” (Ibidem, p. 117). Reforçamos esse posicionamento de que a pesquisa prévia possibilita uma visão mais acurada das áreas com vulnerabilidades e preparar, além das fontes de informações necessárias, a realização de um censo de crises, com dossiê analítico e possíveis ações, baseadas nas orientações e diretrizes de um ‘comitê de crises’, com atuação permanente. Uma das atividades de maior importância ao comitê de crises é exercitar, de modo simulado, a linguagem em uso (oral e escrita) que faz parte dos cenários e intermediação com os públicos estratégicos à organização durante as fases de instalação e duração da crise, como também a fase que segue após a crise. Acentuamos que a crise “é um evento ou uma série de eventos extraordinários que adversamente afeta a integridade do produto; a reputação ou estabilidade financeira da organização; ou a saúde e bem estar dos empregados, da comunidade ou dos públicos em geral”, conforme afirmam Wilcox et al. (2003, p. 180) (tradução nossa). Os autores advertem que nem sempre as crises são inesperadas, mas consideram premente a realização do planejamento de crises, no qual é imprescindível dizer como se comunicar e como a organização irá se posicionar e responder às crises. Quando pensamos em classificar os tipos de crises, colocamo-nos diante da importância de entendermos e identificarmos a natureza em que a crise pode ocorrer tanto na vida organizacional como na vida cotidiana, nos relacionamentos interpessoais. Villafañe (2000, p. 298-302) descreve a morfologia de crise, a partir de tríplice perspectiva: ‘fenomenológica’ – que explica como se vive e se percebe a crise; ‘taxonômica’ – que se refere aos critérios de classificação das crises; e ‘seqüencial’ que leva em conta o conflito no desenvolvimento temporal. Esse autor propõe um conjunto das características comuns em qualquer crise: (a) perda da confiança no interior da organização e em seu entorno; (b) investigações exaustivas, por parte dos meios de comunicação, visto que o ‘conflito’ é um fator de seleção noticiosa; (c) incerteza dos clientes da organização, podendo ter perdas ou alterações comerciais; (d) popularidade imediata das vítimas, inclusive daquelas que ainda são duvidosas; e (e) intervenção dos poderes públicos através de inspeções ou investigações, por exemplo. Do ponto de vista do grupo corporativo, em relação à comunicação, Villafañe (2000) destaca que a organização se converte em objeto de foco midiático e, com isso, todas as suas atuações sofrem um efeito de ampliação diante da opinião pública. É o caso dos grupos e líderes de opinião que exercem pressão, aumentando mais o clima de tensão. Também a organização aparece como oposta à sociedade, diante dos possíveis efeitos causados pela crise. O papel dos dirigentes da organização é colocado em questionamento e sua capacidade de liderança, tanto interna, quanto externamente, pode sofrer depreciação. No tocante à tipologia de crises, Villafañe (2000) caracteriza:- as catástrofes (caráter aleatório); - as frustrações funcionais graves (defeitos que podem ocasionar riscos às pessoas); - a crise de honorabilidade (casos de suborno e corrupção administrativa); - ameaças econômica e financeira (de mercado, inspeção fiscal, etc) e – crises internas (conflitos de trabalho, mudanças bruscas, baixa competitividade, etc). Pelo critério ‘seqüencial’, a crise pode desenvolver-se na fase aguda – caracterizada pela pressão dos meios de comunicação e a espetacularização da informação; na fase crônica – a organização enfrenta conseqüências jurídicas e administrativas e na fase de recuperação – que pode levar muito tempo no restabelecimento do equilíbrio geral. Em 59 60 relação ao critério funcional, as ações que devem ser executadas para gerenciar a crise envolvem as etapas de ‘identificação’, o ‘enfrentamento da crise’, sua ‘resolução’ e o ‘pós-crise’. Já para Lerbinger (1997), a tipologia das crises agrupa três grandes categorias: - crises do mundo físico – envolvendo as crises naturais e as crises tecnológicas; - as crises do clima humano – que comportam as crises de confrontação e de malevolência, e por último, as crises de fracasso gerencial – que aglutinam as crises de decepção e de conduta gerencial. Diante do exposto até aqui, fica claro que há mais espaço para pesquisa que possa especificar o fenômeno da crise e do conflito com foco no contexto organizacional. É importante enfatizar que, no gerenciamento pró-ativo de crises e conflitos, uma atenção especial recai sobre os profissionais e as atividades de relações públicas e das diversas áreas da comunicação organizacional, como também sobre o papel ético das narrativas e suas implicações devido ao uso específico da linguagem em consonância com as ações organizacionais perante a opinião pública. Na próxima seção analisamos o fenômeno da polidez lingüística no contexto de uma crise ocorrida em uma companhia de aviação. 3. Uso da linguagem, polidez e crise No dia 25 de janeiro de 1990, um avião, vôo 052, da companhia colombiana Avianca, se dirigia de Bogotá a Nova York, com escala em Medellín, onde fora abastecido. O aeroporto JFK estava enfrentando um mau tempo, congestionado e tendo que desviar vários vôos para outros aeroportos. Ao se aproximar do aeroporto, o vôo 052 foi avisado da situação e a torre de controle orientou os pilotos ficarem à espera da liberação de uma pista, “dando voltinhas” em um espaço sobre o mar ao sul de Nova York. O relatório oficial afirma que, durante 1 hora e 17 minutos, a torre liberou a aproximação à pista e novamente colocou o vôo 052 à espera 3 vezes. Enquanto isso, o combustível do avião da Avianca começou a alcançar os níveis perigosamente baixos. Durante o terceiro período de espera, o co-piloto colombiano pediu a prioridade para a liberação da pista “repetidamente”, avisando que não teria combustível para se manter no ar por mais de 5 minutos. A caixa-preta do avião, que acabou caindo em um subúrbio ao sul de Nova York com 73 vítimas fatais, e as gravações dos controladores de vôo da torre, revelam que durante os últimos 30 minutos anteriores à tragédia, em pelo menos 20 ocasiões esta podia ter sido evitada, pois o oficial colombiano repetia e voltava a repetir que o avião estava ficando sem combustível. Foi feita a investigação de praxe. O relatório da National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos, Accident Investigation Report NTSB/AAR-61/04, determinou que “houve falha da tripulação para planejar e manejar adequadamente sua carga de combustível” e “uma falha da tripulação de comunicar uma situação de emergência com o combustível ao controle de tráfico aéreo antes que se esgotassem as reservas” (tradução de todos os fragmentos citados e grifos são nossos). A empresa colombiana Avianca exigiu a segunda investigação. O segundo relatório é ainda mais surpreendente. Eis alguns trechos: “houve importantes... fatores culturais próprios dos latino-americanos... (que)... têm uma idéia estranha sobre a estrutura dos mandos, mais que respeitosa da lei e da ordem, é submissa... e irresponsável... (Os latino-americanos) não chegam a compreender que às vezes as emoções são indispensáveis, freqüentemente só há tempo para gritar: “Me ouve? Não temos combustível para chegar!!!” Esse segundo relatório do NTSB reconhece que os pilotos colombianos insistiam “avisando que tinham pouco combustível..., mas de uma maneira e com um tom de voz tão calmo,... de uma forma tão educada e respeitosa... que ninguém nem em terra, nem no ar chegou a se dar conta de que estavam caindo”. O relatório sugere também que As expressões orais que são utilizadas, principalmente, em contextos organizacionais interculturais precisam se ater aos diferentes aspectos socioculturais, estruturas e estilos variáveis. sejam elaboradas as normas internacionais unificadas para os avisos de emergência com o “estado de combustível”. Ou seja, segundo o relatório, o acidente, a tragédia ocorreu porque aos olhos e ouvidos dos controladores de vôo americanos, os pilotos colombianos eram corteses demais! Vale lembrar que nas interações marítimas e aéreas internacionais se procura a interação verbal mais determinada possível, além do que essa interação acontece obrigatoriamente em inglês. No caso que nos interessa, apesar de a interação ter ocorrido em inglês, os pilotos colombianos demonstraram o comportamento lingüístico próprio da cultura colombiana. Essas interações específicas marítimas e aéreas são baseadas nos pedidos e ordens, mais especificamente. É uma convenção e uma necessidade. Portanto, tal comportamento não se consideraria como descortês nessa situação particular. Uma das idéias centrais da Pragmática Lingüística é que, para interpretar um enunciado (ou um discurso, ou um texto), os interlocutores têm uma série de expectativas que permitem que eles consigam decifrar os significados transmitidos intencionalmente nas trocas verbais. O interessante é que algumas dessas expectativas pouco ou nada têm a ver com a informação (no sentido mais estrito), mas antes com a maneira de como se realiza a ação lingüística para manter – boas – relações entre os interlocutores. A própria Psicologia nos ensina que o ser humano é um ser que vive em grupo e que se, por alguma razão, rompe as relações com outros membros do grupo, podendo ficar à margem desse grupo, da comunidade em que vive, o que, em última instância, pode se tornar mortal para o indivíduo. É por isso, então, que nas trocas lingüísticas, a informação sobre as relações entre os interlocutores ocupa mais espaço do que a informação estrita sobre os fatos. Entretanto, a estrutura dessas relações depende justamente da comunidade à qual os interlocutores pertencem. Em outras palavras, as relações entre os membros de um grupo e as ações lingüísticas entre eles são culturalmente dependentes. Assim, quando tratamos da cortesia lingüística, não pensamos naquela “cortesia” no sentido cotidiano, mas na eficácia das relações interpessoais através da linguagem. Dizer a verdade, por exemplo, que é uma norma de eficácia informativa contida no Princípio de Cooperação de Grice (1975), pode ser descortês em determinadas circunstâncias. Em 1973, R. Lakoff reinterpreta o Princípio de Cooperação griceano da seguinte maneira: 1 – seja claro; 2 – seja cortês: (a) não faça imposições; (b) dê opções e (c) faça com que seu interlocutor se sinta bem. Existem várias teorias sobre a cortesia lingüística. A mais difundida e a mais trabalhada pelos lingüistas com as mais diferentes línguas do mundo é a Teoria da Polidez de P. Brown e S. Levinson exposta em seu livro de 1987, que já se tornou clássico, Politeness: some universals in language use. Nesse livro, a cortesia, ou polidez, é vista como um dos elementos essenciais da vida social humana e, portanto, como uma condição necessária para uma cooperação lingüística eficaz. Vários estudos empíricos e experimentais interlingüísticos e interculturais baseados nessa teoria mostram que ela dá conta dos dados reais. A idéia de polidez, em Brown e Levinson, se baseia em duas noções: (a) a noção de que a comunicação é uma atividade racional que tem algum objetivo, e (b) a noção de que cada indivíduo deseja preservar a sua face ou imagem pública. Essa 61 imagem pública (face) consiste em dois tipos de desejo: (a) o desejo de auto-afirmação, de não querer receber imposições, ter liberdade de ação: face negativa, e (b) o desejo de ser aprovado, aceito, apreciado pelo(s) parceiro(s) da atividade comunicativa: face positiva. A imagem pública nunca está estável e fica constantemente ameaçada pelos atos lingüísticos. Três fatores sociais estabelecem o nível da polidez, os “jogos” dos dois tipos de desejo e a conseqüente situação da face: (a) o poder relativo do ouvinte As imagens sociais se constroem de forma diferente em íntima conexão com as diferenças de uso das categorias pragmáticas e as regras de cortesia. 62 sobre o falante e vice-versa: o status; (b) a distância social entre os dois, e (c) o grau de imposição do próprio ato comunicativo. O status é a hierarquia, é o poder que um falante tem sobre o outro. Por exemplo, entre dois colegas de classe o status pode (ou não) ser igual, enquanto que a distância entre esses e um professor varia de acordo com o grau de intimidade que esse professor permite, pois seu status, por definição é superior. Em uma empresa, essas relações são ainda mais claras, entre colegas de um mesmo setor e um superior. Já a distância social, a familiaridade diz respeito ao conhecimento mútuo entre os falantes. Brown e Levinson (1987) distinguem uma série de estratégias usadas pelos falantes para atenuar – ou não - as ações ameaçadoras, o grau de imposição. Essas estratégias vão desde a estratégia de evitar as ações impositivas completamente até realizá-las de diferentes maneiras, atendendo à imagem positiva ou negativa do interlocutor e, de passagem, envolvendo a sua própria. Quanto mais indireto é o ato comunicativo, menos ameaçador ele é, pois permite mais espaço para a negociação. As estratégias incluem vários recursos lexicais, gramaticais e discursivos e também a entonação e as formas de tratamento, que entram em jogo de maneiras diferentes em diferentes línguas e culturas. Frazer (1980, p. 343-344) formula a seguinte definição de cortesia: “Dada a noção do contrato conversacional, podemos dizer que um enunciado é cortês no sentido de que o falante, na opinião do ouvinte, não violou os direitos e obrigações vigentes naquele momento” (tradução nossa). No caso do vôo 052, o que está em jogo é a cortesia relacionada com os pedidos. Haverkate (1994, p. 148) distingue entre os pedidos impositivos e não impositivos, com base na intenção do falante. “O falante impositivo procura conseguir que o ouvinte realize o ato de pedido, em primeiro lugar, em benefício do próprio falante. Exemplos prototípicos dessa classe são: a súplica, a imploração e a ordem. O falante não impositivo, pelo contrário, procura conseguir que o ouvinte realize o ato de pedido, em primeiro lugar, em benefício de si próprio”. A essa classe pertencem o conselho, a recomendação e a instrução. Também afirma Haverkate (1994, p. 152) que: “Os falantes que não têm poder, (...) não utilizam geralmente variantes não corteses; para eles, a imploração é a manifestação impositiva mais apropriada, pois, à diferença do mandato, oferece a oportunidade de não insistir sem prejudicar sua própria imagem nem a do interlocutor, no caso de que este não esteja disposto a cumprir seu desejo”. Como nos interessam os atos impositivos que são a base da interação entre a cabine do piloto e a torre, vale à pena recorrer às características das circunstâncias em que funcionam os pedidos do tipo ordem: “1 – o falante se encontra em uma posição de poder em relação ao ouvinte, seja de poder físi- co, como no caso de um atentado, seja de poder social, como no caso quando ocupa uma posição institucionalmente superior; 2 – o falante está emocionado ou contrariado com o comportamento do ouvinte; 3 – há circunstâncias externas quanto à relação de interação que requerem que o ouvinte reaja imediatamente ao pedido.” (Haverkate, 1994, p. 150). E aqui entra uma importantíssima “exceção”, se quisermos chamar assim: “Se você quiser que seu interlocutor realize uma ação determinada em seu (= teu) próprio benefício, dirija-se a ele em primeira instância, fazendo um pedido (imploração), independentemente (grifo nosso) do fato de que tenha ou não poder ou autoridade sobre ele.” (Haverkate, 1994, p. 150). Justamente o que não aconteceu naquele fatídico vôo. No caso do vôo 052, parece que os pilotos colombianos seguiram as três estratégias básicas de cortesia formuladas por Lakoff (1973, p. 293298) que já mencionamos acima: (a) não imponha tua vontade ao interlocutor; (b) indique opções; (c) faça com que teu interlocutor se sinta bem; seja amável. O falante que respeita e segue as fórmulas (a) e (b) indica a seu interlocutor que está ciente de poder ameaçar sua liberdade de ação. Assim, esse falante evita impor sua vontade e acaba expressando antes um pedido polido e não uma ordem. As estratégias (a) e (b) de Lakoff correspondem, assim, à cortesia negativa de Brown & Levinson. A terceira fórmula, por sua vez, corresponde à cortesia positiva, pois sua função é prevenir que o interlocutor se sinta ameaçado e mostrar que ele é apreciado e respeitado pelo falante. Sabemos que o conceito de comportamento cortês é relativo, pois pertence a diferentes tradições culturais. Assim, a cortesia nunca se concretiza de maneira unívoca. As estratégias de cortesia foca- lizam um ou outro aspecto da imagem social do outro. Além disso, essas estratégias são convencionalmente reguladas. A incidência de uma ou outra estratégia e o peso relativo delas podem variar, dependendo do tipo do contexto e também da cultura. Decorre disso que os procedimentos específicos que constroem e conceituam a imagem social não são constantes. Assim, as imagens sociais se constroem de forma diferente em íntima conexão com as diferenças de uso das categorias pragmáticas e as regras de cortesia, mas as razões que subjazem a essas diferenças transcendem o âmbito do lingüístico e têm a sua base em determinadas características significativas da estrutura social. Kerbrat-Orecchioni (2004, p. 49) chama de acortesia o fenômeno da ausência “normal” dos marcadores de cortesia, que, em termos da teoria de Brown e Levinson é a estratégia on-record, ou seja, quando o falante não usa nenhum tipo de atenuante e a ordem ou o pedido se expressam diretamente. Entretanto, a tripulação do vôo 052, apesar do uso da convenção on-record, que é uma característica das trocas verbais entre a torre de controle e a cabine de piloto um avião, se colocou na situação [- Poder, + Distância] e não, como seria esperado, convencionado [= Poder, = Distância]. Em outras palavras, em uma situação de extrema emergência, os pilotos colombianos se posicionaram como hierarquicamente inferiores, pedindo a permissão de pouso em vez de exigi-la. Foram amáveis e não-impositivos. Wierzbicka (1991) observa que, devido às estratégias diferentes de polidez, a expressão de solidariedade prevalece também nas comunidades latino-americanas, contrastando com a norte-americana. A variação cultural que afeta a comunicação inclui fatores como a percepção, os valores e motivos das ações, os frames cognitivos, que guiam os comportamentos comunicacionais, o processamento da informação e os padrões de ação e podem gerar conflitos interculturais quando não são compartilhados pelos interlocutores. 63 Os frames e as imagens divergentes que os interlocutores teriam sobre os assuntos em pauta e do ‘eu’ em relação ao ‘outro’ freqüentemente quebram o processo comunicativo, reafirmando polarização e divergência entre si. Considerando que o conflito se caracteriza por interação, interdependência e incompatibilidade de metas, uma negociação na fase inicial é capaz de prevenir uma crise. O caso do acidente do avião da Avianca levanta ainda o problema do etnocentrismo em geral e do anglocentrismo, em particular. Nas palavras de Bargiela et al (http://www.shu.ac.uk/wpw/politeness/): 64 “Os falantes britânicos e americanos do inglês deveriam se questionar se as estratégias envolvidas na polidez são interpretadas pelos outros da mesma maneira, e nós argumentamos que o não-questionamento é uma forma de etnocentrismo (...) Sugerimos que é necessário um bom entendimento e respeito pelas funções de formalidade e deferência em outras línguas. Os falantes de inglês que são mais sensíveis quanto à sua cultura e às dos outros podem querer argumentar que existe uma forma específica de etnocentrismo associada com sua própria língua, ou seja, o anglocentrismo, que pode ser definido grosso modo como potencialmente discriminatório, pois assume uma superioridade auto-evidente de todas as coisas britânicas ou americanas.” (Tradução nossa). Falando sobre a interação verbal em outras culturas, significantemente diferentes da britânica e da americana (como a chinesa, a espanhola, etc.), alguns lingüistas propõem uma conceitualização mais sofisticada da “face” (Gu, 1990; HernandezFlores, 1999; De Kadt, 1998). O status, como um valor fundamental nas sociedades de culturas tão diferentes como a russa, mexicana, zulu, etc., requer o uso de uma “cortesia” normativa, que prevalece sobre a “cortesia” estratégica ou volitiva, que é uma norma nas sociedades do Norte da Europa e na América do Norte (Rathmayr, 1999; Garcia, 1996; De Kadt, 1998). É curioso que, quando se fala em erros e malentendidos pragmáticos, normalmente se entende que tais erros afetam a imagem social do interlocutor até o ponto de criar o incômodo e/ou agredir. Se o falante não chega a ser consciente do erro cometido, sofrerá, em muitos casos, a reação negativa por parte do interlocutor, que reagirá de maneira mais ou menos explícita ao que considera uma prática lingüística agressiva ou inoportuna. No caso do acidente do vôo 052 aconteceu exatamente o contrário. O exposto nos leva a refletir – cada vez mais – sobre a inter-relação entre os conteúdos específicos de imagem social do indivíduo e do grupo, identidade, ideologia, poder, papeis sociais e situacionais e a cortesia verbal como prática social. Temos que refletir sobre a importância do chamado macro-contexto, isto é, o contexto como conhecimento compartilhado e em consenso com as normas sociais, que interage com a situação de fala (Bravo, 1998, 1999). Nesse sentido, a rigidez dos três fatores propostos por Brown e Levinson (1987): poder relativo dos participantes, distância e grau de imposição dos participantes teria que ser melhor examinada e avaliada para uma interpretação realista da cortesia como produto da “experiência cultural” dos atores sociais (Boretti e Rigatuso, 2004). A interdependência entre os fatores lingüísticos e socioculturais mostra que a própria noção de “cortesia” também é socioculturalmente construída. 4. Conclusões finais Do ponto de vista da comunicação organi zacional intercultural em situações de crise, as contribuições das teorias de polidez lingüística com base no poder relativo do ouvinte sobre o fa lante, a distância social entre os dois e o grau de imposição podem ser aplicados, desde que sejam revistos com a visão teórico-crítica. Enfatizamos, portanto, que nossa reflexão também permeia os aspectos da interculturalidade no que diz respeito a ações do comitê de crises, em específico, aos treinamentos aplicados em geral ao staff e aos demais membros dos níveis hierárquicos intermediários e inferiores do contexto organizacional. Entretanto, faz-se necessário questionar: a) existem propostas de ações em desenvolver simulações e preparo psicolingüístico na execução de ordens, pedidos e solicitações, tendo em vista situações de crise a todos os membros da organização?; (b) além do preparo com o treinamento para atender a mídia, nacional e/ou internacional, quais as estratégias da polidez lingüística teriam que ser utilizadas na comunicação oral com diversos públicos diante da crise? É relevante que os procedimentos da construção discursiva frente aos contextos de crise das organizações sejam revistos com a incorporação das noções teóricas da polidez lingüística na interlocução entre os falantes organizacionais e os públicos estratégicos (stakeholders) ao nível intercultural. Os assuntos neste artigo servem para análises das situações atuais da crise aérea, envolvendo o povo brasileiro e as organizações, com reflexos na imagem internacional do Brasil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Accident Investigation Report NTSP/AAR-91/04 GRICE, P. Logic and conversation. In: COLE, P. and MORGAN, J. BARGIELA, N. et al. Linguistic Politeness and Context. Working Papers (eds.) Syntax and Semantics 9. Pragmatics. New York, Academic Press, on the Web, vol.3. Disponível em: < http://www.shu.ac.uk/wpw/polite- p. 113-27, 1975. ness/>. Acesso em: 12 nov. 2005. GU, Y. Politeness in modern Chinese. Journal of Pragmatics, 14, p. BORETTI, S.& E.M.Rigatuso. La investigación de la cortesía en el 237-57, 1990. español de la Argentina. In: Bravo, D. & A.Briz (eds.) Pragmática HAVERKATE, H. La cortesía verbal. Madrid: Gredos, 1994. sociocultural. Barcelona: Ariel, 2004. HERNÁNDEZ-FLORES, N. Politeness ideology in Spanish colloquial BRAVO, D. La atribución de significados socials en el discurso habla- conversation: the case of advice. Pragmatics, v. 9, n.1, p. 37-49, 1999. do: perspectives extrapersonales e interpersonales. Actas del I Simposio KERBRAT-ORECCHIONI, C. ¿Es universal la cortesía? In: Bravo, D & Internacional de Análisis del Discurso, II, p. 1501-1514, 1998. A.Briz (eds.) Pragmática sociocultural. Barcelona: Ariel, 2004. ________. Imagen positiva vs. imagen negativa? Pragmática sociocul- KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações tural y componentes de face. Oralia, 2, p. 155-184, 1999. públicas na comunicação integrada. 4. ed. rev.,atual. e ampl. São Paulo: BROWN, P. & S. Levinson. Politeness. Cambridge Univ.Press, 1987. Summus, 2003. CORRADO, Frank. M. A força da comunicação: quem não se comuni- LAKOFF, R. The logic of politeness; or minding your p’s and q’s’. ca... São Paulo: Moakron Books, 1994. Papers from tge 9th Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society, CVR transcript Avianca Flight052. Disponível em: <web.inter.nl.net/ p. 292-305, 1973. users/H.Ranter/cvr/cvr_av052.htm>. Acesso em: 12 nov. 2005 LERBINGER, Otto. The crises manager: facing risk and responsibility. De KADT, E. The concept of face and its applicability to the Zulu Mahwah: Erlbaun Associates, 1997. language. Journal of Pragmatics, v. 29, p. 173-191, 1998. RATMAYR, R. Métadiscours et réalité linguistique: l’exemple de la FÉLIX-BRASDEFER, J.C. Indirectness & Politeness in Mexican politesse russe. Pragmatics, v. 9, n.1, p. 75-95, 1999. requests. In: Selected Proceedings of the 7th Hispanic Linguistic Sympo- VILLAFAÑE, Justo. Imagen positiva: gestión estratégica de la imagen sium. Somerville, p. 66-78, 2005. de las empresas. Madrid: Ediciones Pirámide, 2000. FRAZER, B. Conversational mitigation. Journal of Pragmatics, IV-A, p. WIERZBICKA, A. Cross-Cultural Pragmatics. Berlin, Mouton de 341-350, 1980. Gruyter, 1991. GARCIA, C. Reprimanding and responding to a reprimand: a case WILCOX, Dennis L; CAMERON, Glen T.; AULT, H. Phillip; AGEE, study of Peruvian Spanish speakers. Journal of Pragmatics, v. 19, p. Warren K. Public relations: strategies and tactics. 70ª ed. New York: A 663-97, 1996. and B, 2003. 65 APRENDER A VIVIR Y A CONVIVIR DESDE EL SILENCIO Ana Lucía Villarreal Profesora y investigadora en la escuela de Ciencias de la Comunicación Colectiva e Instituto de Investigación en Educación, Universidad de Costa Rica. Email: [email protected]. 66 RESUMEN En este ensayo abordo el silencio como un elemento fundamental de los procesos comunicacionales y por tanto de la vida. Documento cómo diferentes autoras y autores abordan el silencio. Visibilizo cómo las relaciones e interconexiones son un hilo conductor de las nuevas ciencias; planteo la conspiración del silencio; abordo la íntima relación entre “silencio y poder”. Es un trabajo exploratorio sobre el silencio, porque es un tema poco abordado, tanto en la comunicación como en otras disciplinas. Además, porque este artículo es construido en el marco de los paradigmas emergentes. Palabras claves: Silencio, Genero, Nuevos Paradigmas, Educación ABSTRACT This essay inquires into the silence as an essential element in the communicational processes and, therefore, also in life. It researches into how authors have approached the silence and how relationships and interconnections constitute the thread of the new sciences; it considers the silence conspiracy and delves into the intimate relationship between “silence and power”. This essay is an exploratory study on silence, a theme seldom discussed, whether by communications and or by other disciplines. This work is structured on emerging paradigms. Keywords: communication, silence, power RESUMO Neste ensaio abordo o silêncio como um elemento fundamental dos processos comunicacionais e, portanto, da vida. Descrevo como diferentes autoras e autores abordam o silêncio. Esclareço como as relações e interconexões são um elo das novas ciências; enfoco a conspiração do silêncio; abordo ainda a íntima relação entre “silêncio e poder”. É um trabalho exploratório sobre o silêncio, pois trata-se de um tema pouco abordado, tanto na comunicação como em outras disciplinas. Além disso, este trabalho é construído à partir de novos paradigmas. Palavras-chave: Silêncio, Gênero, Novos Paradigmas, Educação 67 1. Introducción: Al descubrir que la intracomunicación, silencio en este texto, es la base de todos los procesos de comunicación que como seres humanos desarrollamos (McEntee, 1996), me atrevo a abordar el tema con el propósito de realizar un aporte que nos brinde elementos para mejorar como personas y para enriquecer nuestra práctica profesional. Percibo la comunicación como todo tipo de relaciones que establecemos las personas, con sí mismas y con las otras personas con quienes convivimos. Relaciones que van más allá de los roles que tradicionalmente se asignan a quienes participan en procesos comunicativos: emisores, perceptores o receptores. Al plantear la comunicación como relaciones, visualizo a las personas como interlocutoras, o sea en relaciones de equidad, no en relaciones de poder. 68 2. El silencio según varias autoras y autores: A lo largo de diferentes lecturas que versan sobre los paradigmas emergentes, nueva ciencia, me encuentro con diferentes palabras y conceptos que las autoras y autores utilizan y con los cuales de alguna forma se refieren al silencio, o más bien a diferentes tipos de silencio. Los menciono con el propósito de aportar luz sobre un tema que es poco desarrollado como parte de los procesos vitales y como parte de recuperar la comunicación como un fenómeno básicamente humano. Inicio este recorrido con Emilia Macaya, ya que es ella quien plantea cómo las mujeres, enfrentadas al silencio impuesto por el patriarcado, podemos transformar este silencio de sumisión en silencio liberador, por medio del monólogo interior. Luego amplío con otros aportes que desde diferentes miradas enriquecen y redondean al “silencio” como proceso fundamental de la comunicación humana. Monólogo interior: (Emilia Macaya). La autora lo plantea como técnica literaria del fluir de la conciencia, en la cual se instaura la i-logicidad y el fluir de lo reprimido y es una forma subversiva del silencio. El ritmo interno del recuerdo –como evocación de su experiencia vital femenina frente a un medio adverso- es el mecanismo por el cual se implanta la presencia del monólogo interior, recurso que tiene su raíz y su razón de ser en el silencio de la “voz” y la afirmación de la escritura (Macaya, 1992, p. 136). Ritmo interno que se instaura asociado a la mujer y en consonancia, igualmente, con el ritmo de la naturaleza. El silencio como sumisión cede su espacio al silencio como rebelión, para transformarse en silencio liberador y autoafirmativo. La autodefinición femenina asociada al discurso liberador producido como monólogo interior desde el silencio, logra destruir finalmente el proceso ideológico sostenido por siglos de cultura patriarcal. Frente a la ideologización aniquilante, el silencio femenino se instaura como vehículo de autodescubrimiento, para que así la mujer pueda re-crearse y aceptarse en cuerpo, mente y condición concretas (Macaya, 1992, p. 144). Comunicación intrapersonal (Hielen McEntee) “Es comunicación con uno mismo. En este nivel de comunicación, la persona recibe las señales que representan las propias sensaciones o sentimientos”. Esta autora afirma que “la comunicación intrapersonal es la base de todos los demás niveles de comunicación” (McEntee, 1996, p. 133). Comunicar consigo mismo: (Jacques Salomé, 1990, p. 34) “… la primera etapa (para mejorar mi comunicación con otra persona), jamás concluida… consistirá en reconocer lo que yo expe- Al plantear la comunicación como relaciones, visualizo a las personas como interlocutoras, o sea en relaciones de equidad, no en relaciones de poder. rimento, lo que yo siento en el momento en que lo vivo: gusto o disgusto, tristeza, enfado o alegría, felicidad, amor o desesperanza”. Reflexión (Humberto Maturana) Para este autor la reflexión nos hace conscientes de nuestros conocimientos y de nuestros deseos, nos hace responsables porque nos hace conscientes de las consecuencias de nuestros actos y actuamos según nuestro deseo o no deseo de esas consecuencias, y nos hace libres porque nos hace conscientes de nuestra responsabilidad y podemos actuar según si queremos o no queremos vivir las consecuencias de nuestro actuar responsable (Maturana y Varela, 1998, p. 32). “… la operación de reflexión consiste en que pongamos en el espacio de las emociones los fundamentos de nuestras certidumbres exponiéndolos a nuestros deseos, de manera que podamos retenerlos o desecharlos dándonos cuenta de ello.” (Maturana, 1998, p. 58). Maturana (citado por Capra: 1985, p. 300) plantea que la autoconciencia y el despliegue de nuestro mundo interior e ideas y conceptos, son inaccesibles a explicaciones en términos de física y química y que sólo podemos conocer la consciencia humana a través del lenguaje y de todo el contexto social en el que éste está inmerso. En la Teoría de Santiago Maturana dice que “el lenguaje emerge cuando hay comunicación sobre la comunicación (Capra, 1985, p. 297) o sea cuando hacemos consciente el proceso de comunicación, cuando hacemos conscientes nuestros pensamientos sobre nuestros pensamientos, po- pularmente se puede resumir en “pensar antes de pensar”. Propiocepción del pensamiento (David Bohm, 2001, p. 122) Propiocepción o “percepción de uno mismo”. El autor también define el concepto como “autopercepción del pensamiento”, “autoconciencia del pensamiento” o “pensamiento consciente de sí mismo en acción”. Autococimiento (Ramón Gallegos, 1999) En este autor percibo el silencio como el acto de estudiarnos a nosotros mismos y como elemento fundamental para lograr la mente científica. “Un factor importante de la nueva ciencia es que está totalmente relacionada con el autoconocimiento; la educación holista se basa en el principio de que sólo podemos conocer adecuadamente el orden universal si este conocimiento está articulado con el de uno mismo… lo cual lleva un aprendizaje de la nueva ciencia en un contexto de responsabilidad y creatividad al servicio del bienestar humano común” (p. 126 – 127). Autoobservarnos: conocer nuestra racionalidad (Edgar Morín) Plantea que comenzamos a ser verdaderamente racionales cuando reconocemos la racionalización incluida en nuestra racionalidad y cuando reconocemos nuestros propios mitos, entre ellos el mito de nuestra razón todopoderosa y el del progreso garantizado. Para Morín (1999, p. 25) la verdadera racionalidad no es sólo teórica y crítica, sino también autocrítica. Esta afirmación se puede acercar a 69 la propuesta de Maturana y Varela de “saber que sabemos y alumbrar nuestro propio mundo” y la propuesta de Bohm de la “suspensión de las creencias y la propiocepción de los pensamientos”. Morín plantea autoobservarnos y concebirnos. Es preciso aprender a ser coherentes, lo mos la creatividad y la solución de los problemas. Aquietarse, mirar y escuchar activa la inteligencia no conceptual que anida dentro de ti”. Observar y Saber-hacer: (Paulo Freire) desarrolla el silencio en la Pedagogía de la autonomía, la cual funda en la ética, en el respeto a la dignidad y a la propia autonomía del educando. cual implica la coherencia entre el “saber-hacer y el saber-ser pedagógicos”. En ese sentido este autor (1999, p. 14) retoma la necesidad de introducir y desarrollar en la educación el estudio de las características cerebrales, mentales y culturales del conocimiento humano. Este conocimiento nos permitirá valorar y respetar la unidad y diversidad de todo lo que es humano, ya que nos permitirá saber cómo aprenden las diferentes personas, aspectos en los cuales encontraremos unidad y diversidad de los seres humanos. 70 Edgar Morín (1999, pp. 35 - 38) reconoce que un problema universal al que está enfrentada la educación del futuro es a la reforma de la forma de pensar. Propone que la educación debe favorecer la aptitud natural de la mente para hacer y resolver preguntas esenciales y correlativamente estimular el empleo total de la inteligencia general (opera y organiza la movilización de los conocimientos de conjunto en cada caso particular), para lo cual se necesita la curiosidad, facultad más expandida y más viva en la infancia y en la adolescencia. Quietud interna: (Eckhart Tolle, 2003, pp. 7 - 9) “Escuchar el silencio despierta la dimensión de quietud dentro de ti, porque sólo la quietud te permite ser consciente del silencio… Observa que en el momento de darte cuenta del silencio que te rodea, no estás pensando. Eres consciente, pero no piensas… La verdadera inteligencia actúa silenciosamente. Es en la quietud donde encontra- “Quien observa lo hace desde un cierto punto de vista, lo que no sitúa al observador en el error. El error en verdad no es tener un cierto punto de vista, sino hacerlo absoluto y desconocer que aun desde el acierto de su punto de vista es posible que la razón ética no esté siempre con él” (2004, p. 16). Saber-hacer: Es preciso aprender a ser coherentes, lo cual implica la coherencia entre el “saber-hacer y el saber-ser pedagógicos”. Freire nos advierte sobre la necesidad de asumir una postura vigilante contra todas las prácticas deshumanizantes. Para eso el saber-hacer de la autorreflexión crítica y el saber-ser de la sabiduría, ejercitados permanentemente, pueden ayudarnos a hacer la necesaria lectura crítica de las verdaderas causas de la degradación humana y de la razón de ser del discurso fatalista de la globalizacón (Edina Castro, en Freire, 2004, p. 13) Inteligencia intrapersonal (Hugo Assmann, 2002, p. 111). Definida por el autor como los “estados internos”, la autorreflexión, la metacognición (pensar sobre el pensar) y la conciencia de “situarse” en el tiempo y en el espacio. Conciencia: Capra (1998, p. 296) dice que la conciencia la entiende como la capacidad especial de autoconocimiento. Y, que consciencia es esencialmente un fenómeno social, lo cual desprende de su raíz latina: con-scire: saber juntos. Concepto que amplía retomando la “conciencia reflexiva” de Maturana y Varela en la propuesta de ambos de la Teoría de Santiago sobre la cognición y que dicen que “al saber que sabemos, nos damos a luz a nosotros mismos”. Desde una educación para la vida (biopedagogía) debemos facilitar espacios y tiempos en los cuales las personas que participan en estos procesos puedan practicar los diferentes tipos de silencios, con el propósito de que cada quien pueda fortalecer su autonomía personal. Uno de los desafíos más difíciles será el modificar nuestro pensamiento de manera que enfrente la complejidad creciente, la rapidez de los cambios y lo imprevisible que caracterizan nuestro mundo (Federico Mayor, En: Morín, 1999, p. 11). En el mismo sentido, Edgar Morín (1999, p. 62) plantea pasar de una forma de pensar fragmentada, a un pensamiento policéntrico: - capaz de apuntar a un universalismo no abstracto sino consciente de la unidad/diversidad de la condición humana. - Alimentado de las culturas del mundo. - Para la identidad y la conciencia terrenal. Por ejemplo, el autor citado, afirma que la incapacidad de organizar el saber disperso y compartimentado conduce a la atrofia de la disposición mental natural para contextualizar y globalizar. Esto significa que no hemos desarrollado la capacidad de establecer relaciones. Lo que me lleva a plantear como un reto de la educación del futuro el desarrollar la capacidad de pensar sistémicamente, lo que también nos llevará a percibirnos como seres interdependientes; que significa que las acciones de cada quien afectan a los otros seres del planeta, el cual es un sistema. Como pude observar, estos conceptos abordan diferentes niveles de silencio, todos los cuales son necesarios en la vida de las personas y describen diferentes niveles de comunicación con sí misma, con sí mismo, que cada persona puede establecer. Desde el darse cuenta de sus monólogos interiores, que se pueden dar desde las regañadas y repetición de ideas; pasando por la reflexión y propiocepción del pensamiento, que implica un nivel consciente de intracomunicación; hasta llegar a la quietud interna, como una forma de silencio total, o sea que ya no se da un conversarse, sino que pasa de las palabras –forma de comunicación del consciente- a un estado de percepción de sensaciones y símbolos, que corresponde al nivel inconsciente; hasta la quietud total que es una manifestación de la comunión y el fluir con el universo. 3. Relaciones, interconexiones…. De los elementos aportados por la teoría de sistemas, la física cuántica, la ecología profunda, la Psicología Gestalt, la cibernética (elaboradas en los paradigmas emergentes), retomo la importancia de las relaciones, interconexiones entre los seres vivos; el establecimiento de redes, desde la comunicación vista como relaciones y conexiones, entre seres autónomos y a la vez interdependientes. Surgiendo así la danza de la vida, una red de redes donde no hay jerarquías, no hay relaciones/ comunicaciones de poder entre emisores y receptores, sino relaciones/diálogos entre personas interlocutoras, todas y cada una fundamental para que exista y se autoorganice constante, armoniosa y colaborativamente la danza del amor. “En la naturaleza no hay ni un “arriba” ni un “abajo” ni se dan jerarquías. Sólo hay redes dentro de redes” (Capra, 1998, p. 55). Seres vivos, totalidades integradas, cuyas propiedades esenciales surgen de las interacciones e 71 El silencio tiene diferentes significados según sea el tipo de relaciones que establecemos las personas, para construirnos como seres autónomos e interdependientes el silencio como opción y no obligado, es una herramienta. interdependencia de sus partes: relaciones, interconexiones, interdependencias… Por ello y con base en estos y otros aportes de los paradigmas emergentes propongo –en el proceso de elaboración de una propuesta de biopedagogía- recuperar, reconstruir la comunicación y el lenguaje como nacieron: para establecer relaciones de cooperación entre seres vivos, construyendo relaciones compasivas para transformar las relaciones autodestructivas, características de la sociedad actual. 72 4. La conspiración del silencio: ¿Por qué estudiar el silencio es una conspiración, entendiendo el silencio como la comunicación del inconsciente y la intracomunicación? Porque el silencio ha sido mantenido en silencio (valga la redundancia) por el patriarcado, porque “… ese otro Yo que pertenece al inconsciente expresa una realidad distinta de la realidad consciente, puesto que remite a las zonas de lo reprimido, a la vez que se manifiesta mediante un lenguaje propio, el cual funciona además de acuerdo a leyes específicas.” (Macaya, 1992, p. 8). Si queremos ser plenamente humanos y vivir de tal manera que nuestras relaciones también generen humanidad es necesario un aprendizaje para la vida, un aprendizaje que nos haga reconciliarnos con la humanidad, con la naturaleza y con el cosmos. De ahí la necesidad de una pedagogía del aprendizaje, un germinar de humanidad. (Jon Bakkerud, en: Prado y Gutiérrez, 2004). Esta autora plantea la idea de que lo que se ha dejado a un lado puede ser aún más importante que todo lo demás, precisamente por las razones que mediaron para marginarlo, en nuestro caso el silencio es percibido en la sociedad como lo femenino, como el comportamiento de las personas sumisas, por ello es descalificado. Estos aportes concuerdan con Pearce (1994), quien afirma que en el nuevo paradigma la comunicación pasa a primer plano, sí a primer plano pero como un proceso de relaciones entre seres vivos autónomos e interdependientes, que emplean el lenguaje para construir sus mundos, para darse a luz sus mundos, no para representarlos. Macaya aporta otro elemento: la asociación entre lo inconsciente y lo materno, propuesta por Julia Kristeva. “El inconsciente humano contiene toda la forma vital y funcional hereditaria de la serie de los antepasados, de suerte que en el niño (y en la niña) está presente una funcionalidad psíquica adecuada ya antes de cualquier conciencia” (Toni Wolf, En: Enigmas y misterios del mundo, 2005, pp. 291 - 292). 1 Biopedagogía es la ciencia que se dedica a desarrollar procesos de aprendizaje para vivir. Su objetivo es la promoción del aprendizaje en vistas a la autoorganización de la información como aspecto fundamental del desarrollo de los seres humanos (Prado y Gutiérrez, 2004). Según este concepto existe una serie de iconos cuyo contenido y significado son universales, que condicionan el carácter de aquellos individuos que se sitúan bajo su dominio antes incluso de que se llegue a desarrollar en ellos conciencia alguna. Este conjunto de imágenes simbólicas fue lo que Jung denominó inconsciente colectivo. De esta forma, Carl Gustav Jung reafirmaba el principio de que cada persona es un mundo, pero también el de que sobre la conciencia humana incide de un modo muy directo la dimensión espiritual de cada individuo, y ésta se ha de comprender desde la vinculación que cada uno de nosotros tenemos con nuestros semejantes, con el medio que habitamos y con el cosmos. 5. Silencio y poder: “Las interacciones recurrentes en el amor amplían y estabilizan la convivencia; las interacciones recurrentes en la agresión interfieren y rompen la convivencia. Maturana, 1998, p. 23. El silencio tiene diferentes significados según sea el tipo de relaciones que establecemos las personas, para construirnos como seres autónomos e interdependientes el silencio como opción y no obligado, es una herramienta. a) Silencio como negación de derecho a expresarse: silencio impuesto Cuando el silencio se da en relaciones de poder características de la sociedad patriarcal (dominación/subordinación) se torna como la negación del derecho a expresar lo que se siente o como el apoderarse del derecho del otro o la otra a expresarse. En este caso es cuando es necesario romper el silencio, de parte de la persona subordinada, para 2 Assmann (2002, 102) expresa que considera un deber el grito ético que denuncie enérgicamente la lógica de la exclusión y la asombrosa insensibilidad generalizada en relación con la misma. lo cual debe haber iniciado un proceso de silencio interno –monólogo interior- que le permita saber que sabe que se le está quitando un derecho y tome la decisión de transformar esta situación. Este tipo de relaciones se dan entre personas no autónomas y dependientes o independientes. Maturana califica este tipo de relaciones como jerárquicas y no sociales: “Relaciones humanas que no están fundadas en el amor –digo yo- no son relaciones sociales.” (Maturana, 1998, p. 27). Un ejemplo de este tipo de silencio es la no existencia de las mujeres en el lenguaje y la violencia por omisión que ello implica para la mitad de la población. b) Silencio voluntario Cuando las relaciones que se dan entre personas son de cooperación, apoyo, solidaridad, amor; el silencio o los silencios que se presenten corresponden a acuerdos tácitos que hacen que no sea necesario hablar para sentirse comunicadas, en relación. Por ello afirmo que silencio voluntario se da en relaciones simétricas. Este tipo de relaciones son calificadas por Maturana como sociales. “… sólo son sociales las relaciones que se fundan en la aceptación del otro como un legítimo otro en la convivencia, y que tal aceptación es lo que constituye una conducta de respeto” (Maturana, 1998, p. 24). 6. Conclusiones o ¿puntos de partida? Los conceptos del silencio mencionados nos llevan a replantearnos como personas y como profesionales de la comunicación, roles que no podemos separar. Ello por cuanto McEntee nos dice que la comunicación intrapersonal es la base de todos los demás procesos de comunicación, Macaya nos remite al monólogo interior como una herramienta empleada por las mujeres para retomar su voz, a 73 través de la afirmación de la escritura; Salomé afirma que para mejorar mi comunicación con otras personas debo reconocer lo que yo experimento; Maturana argumenta que la reflexión nos hace responsables al hacernos conscientes de las consecuencias de nuestros actos; coincidiendo con Bohm, Gallegos y Assmann en lo que este último llama la metacognición. Propuestas todas que, de una u otra forma, abogan por la urgencia de reformar la forma de pensar, de percibir, planteada por Morín y con la de Freire de ser coherentes entre el pensar y el hacer. Autoras y autores confluyen en la necesidad de que los seres humanos nos demos cuenta que no todas las puertas se abren para afuera, en que debemos abrir la puerta hacia dentro: hacia nuestro interior. En que debemos asumir nuestra responsabilidad, individual y colectiva, en la construcción de la vida. Ello implica también el dejar de asumirnos como víctimas o victimarios, para asumirnos como actoras y actores de la vida. Nos llaman a vivir conscientemente, o sea a que como personas aprendamos a vivir y a convivir. 74 Como comunicadoras y comunicadores lo anterior nos remite a interrogantes como: - ¿Qué nos implica asumir que la intracomunicación es la base de todos los demás procesos de comunicación? - ¿Cómo desarrollar o facilitar procesos de comunicación que integren la comunicación intrapersonal? - ¿Cómo desarrollar procesos de comunicación entre personas interlocutoras, superando así los roles de emisores y receptores o perceptores? - ¿Qué aportes le podemos hacer a la sociedad actual tan falta de diálogo, de relaciones de cooperación y no de competencia? - ¿Cómo percibirnos como interlocutoras o interlocutores? - ¿Cómo transformarnos de ser productoras y productores de mensajes (aislados, fragmentados unos de otros), a ser facilitadoras y facilitadores de procesos de comunicación: diálogos, conversaciones, negociaciones; que promuevan el establecimiento de redes, de relaciones; tanto mentales como humanas? Todo lo anterior nos plantea el reto a adentrarnos en el silencio, conocerlo y empezar a observarlo y practicarlo en nuestras vidas y relaciones, así como en nuestra práctica profesional; para enriquecerla y ampliarla a espacios que no hemos considerado nos atañen, pero que constituyen uno de los fundamentos de la comunicación. Proceso pendiente de coconstrucción de conocimiento, que nos involucra como sociedad y que podemos asumir como el reto del siglo XXI para nuestra profesión. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSMANN, Hugo. Placer y ternura en la educación. Hacia una socie- _____________; y PORKSEN, Bernhard. Del ser al hacer. Orígenes de dad aprendiente. Madrid: Narcea S.A. de Ediciones, 2002. la Biología del conocer. Chile: J.C. Sáez, 2004. BRIGGS, John y PEAT, David. Las siete leyes del caos. Las ventajas de _____________. VERDEN-ZOLLER. Amor y juego. Fundamentos una vida caótica. Barcelona: Grijalbo, 1999. olvidados de lo humano. Desde el patriarcado a la democracia. Chile: BOHM, David. Sobre el diálogo. Barcelona: Editorial Kairos, 2001. Editorial Instituto de Terapia Cognitiva, 1993. BOOKSPAN. Enigmas y misterios del mundo. U.S.A.: Credimar, 2005. MCENTEE, Hielen. Comunicación oral para el liderazgo en el mundo FREIRE, Paulo. Pedagogía de la autonomía. Saberes necesarios para la moderno. México: McGRAW- HILL, 1996. práctica educativa. México: Siglo Veintiuno Editores, 2004. MORÍN, Edgar. Los siete saberes necesarios para la educación del futuro. FRITJOF, Capra. La trama de la vida. Una nueva perspectiva de los México: Ediciones UNESCO, 1999. sistemas vivos. Barcelona: Editorial Anagrama, 1998. PEARCE, W Barnett. Nuevos modelos y metáforas comunicacionales: GALLEGOS, Ramón. Educación holista. Pedagogía del amor universal. el pasaje de la teoría a la praxis, del objetivismo al construccionismo México: Editorial Pax, 1999. social y de la representación a la reflexividad. In: FRIED SCHITMAN, MACAYA, Emilia. Cuando estalla el silencio. Para una lectura femenina Dora. Nuevos paradigmas, cultura y subjetividad. Argentina: Paidós, de textos hispánicos. San José, Costa Rica: Editorial de la Universidad 1994. de Costa Rica, 1992. PRADO, Cruz; GUTIÉRREZ, Francisco. Germinando humanidad. MATURANA, Humberto. Emociones y lenguaje en educación y política. Pedagogía del aprendizaje. Guatemala: Save the Children-Noruega, Colombia: Dolmen Ediciones y TM Editores, 1998. 2004. _____________; y VARELA, Francisco. De máquinas y seres vivos. SALOMÉ, Jacques y GALLAND, Sylvie. Si me escuchara, me en- Autopoiesis: la organización de lo vivo. Chile: Editorial Universitaria, tendería. España: Editorial Sal Térrea, 1996. 1998. TOLLE, Eckhart. El silencio habla. España: Gaia Ediciones, 2003. 75 entrevista MIRADAS CRÍTICAS DE UM PRODUCTOR DE IDEAS Entrevista a Héctor Schmucler Por Alfredo Alfonso Alfredo Alfonso es Primer Vicepresidente de ALAIC. Es profesor ordinario de las Universidades Nacionales de Quilmes y La Plata, Argentina, en donde se desempeña como profesor de grado y posgrado. Desde 2004 es vicedecano de Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Quilmes. Es investigador categoría I del Sistema Nacional de Investigadores. Ha publicado los libros Imágenes de la crisis en Argentina y La investigación periodística en la Argentina, este último en colaboración con Martín Becerra. Héctor Naum Schmucler es profesor emérito de la Universidad Nacional de Córdoba, Argentina, donde fue profesor titular durante 10 años. Fue profesor de las universidades de Buenos Aires, La Plata y 76 de la Universidad Autónoma Metropolitana de México. Es autor de varios libros, entre los que se destacan Memoria de la Comunicación y América Latina en la encrucijada telemática, en colaboración con Armand Mattelart, y de numerosos artículos referentes al campo de la comunicación publicados en revistas especializadas de Argentina, América Latina, Inglaterra, Canadá, España y Holanda. En los últimos años, colaboró de manera habitual con las revistas Punto de Vista y Telos, entre otras. Fue co-fundador y secretario de redacción de la revista Pasado y Presente y fundador y director de las revistas Los libros, Comunicación y Cultura y Controversia. Sus investigaciones recientes se han orientado a la problemática de la memoria colectiva. Actualmente coordina el Programa de Estudios de la Memoria en el Centro de Estudios Avanzados de la Universidad Nacional de Córdoba en donde también dirige la Especialización en Comunicación, Medios y Prácticas educativas. BAJADA La vasta producción intelectual de Héctor Schmucler está marcada por su carácter de propiciador de espacios de condensación intelectual claves en América Latina. Publicaciones periódicas que por su calidad y vigilancia epistemológica tuvieron un devenir fundamental en el pensamiento comunicacional latinoamericano. ¿Cómo fue tu vinculación con Pancho Aricó y con Oscar del Barco, miembros emblemáticos de Pasado y Presente? H.S.: - Pasado y Presente fue posterior a nuestra militancia. Nos conocimos en distintas circunstancias. La propia revista es un derivado de nuestra visión de la militancia y las ideas que conformaban esa militancia dentro de partidos marxistas. ¿Cómo se deciden, desde el interior de Argentina y con las dificultades que conlleva, a instalar un proyecto de estas características? H.S.: - Básicamente tengo un par de recuerdos firmes. Nosotros éramos estudiosos del marxismo y fuimos muy influidos en la época, a fines de los ’50 y comienzos de los ’60, por cierta apertura que se daba en algunos países europeos con respecto al marxismo, particularmente Italia. Italia, que venía desde el pensamiento gramsciano. Hay que recordar que el nombre de la revista, Pasado y Presente, evoca al concepto de Pasado y Presente de Gramsci, y las discusiones que en ese momento estaban vigentes. En un señalamiento cronológico, el gran cambio que significó la denuncia o el reconocimiento del totalitarismo estalinista por el propio Partido Comunista de la Unión Soviética fue una revelación para quienes en mayor o menor grado no estábamos exentos de dogmatismo o teníamos referencias más o menos ciegas. Esto nos pone de manifiesto algo que quizás sentíamos pero que no lo terminábamos de edificar. Lo cierto es que este hecho abre un nuevo camino de revisión dentro del marxismo y donde se destaca, desde nuestra mirada, el pensamiento italiano. Fue hace más de cuarenta años, hasta la primera mitad de los ’60. Nosotros pensábamos desde el marxismo en ruptura con el esquema soviético. Un elemento que nos aportaba teóricamente una gran fuerza y una gran amplitud de miradas era lo que proponían los filósofos italianos, los estudios sobre estética italiana, etc. Esto lo asumimos con un enfoque de tipo Gramsciano. A Gramsci lo habíamos conocido y ahora se incorporaba ya en una idea de ruptura de los cánones cerrados que, desde el punto de vista del pensamiento y desde lo político, eran muy improductivos porque llevaban a la clausura de la imposibilidad de la revolución. El otro elemento fue la revolución cubana. Por lo menos desde el espacio imaginario. Era una posibilidad en ese momento. Lo veíamos como poner la voluntad al servicio revolucionario. Subrayo voluntad porque rompía los cánones ideológicos de la filosofía 77 Un elemento que nos aportaba teóricamente una gran fuerza y una gran amplitud de miradas era lo que proponían los filósofos italianos, los estudios sobre estética italiana. 78 de la historia, que era una interpretación del marxismo, por lo cual los cambios se producían casi naturalmente. Pero acá hay otro aspecto, había voluntad y proyecto. Y nuestro proyecto pesó. Por un lado, aperturas ideológicas y por otra lado una vivencia de una práctica posible. En Pasado y Presente hacíamos una crítica a las instituciones partidarias consolidadas. No sólo permitía pensar sino que también permitía intervenir. Se nos abrieron muchos caminos. Nos empezaron a interesar muchas más cosas más allá de lo propiamente político, por eso Pasado y Presente lo hicimos porque éramos cinco o seis personas interesadas en esto y fuimos acompañados por otras personas y muchos estudiantes. Pero también nos abrió la mirada a zonas que estaban de hecho censuradas para un enfoque marxista ortodoxo. El campo de la literatura, el campo de la antropología, el campo del psicoanálisis. Se suele recordar que el primer articulo sobre Lacan lo escribió Oscar Massota en Pasado y Presente lo cual era totalmente desorbitado para los cánones tradicionales de lo que era una revista que se definía marxista. Creo que eso fue también el impacto que tuvo la revista desde Córdoba hacia el resto de Argentina y América Latina. Fue un hecho de importancia para cierto recambio del pensamiento marxista. ¿Era parte de la política editorial la convocatoria a investigadores con otras improntas? H.S.: - Era un objetivo estratégico. Apuntábamos a pensar cómo el marxismo podía comprender esto. No era simplemente una especie de coquetería intelectual. Pensábamos que todo podía ser pensado desde esta mirada del marxismo. Queríamos transformar el dogmatismo que dominaba el pensamiento marxista. ¿Y cuál es tu proceso posterior? H.S.: - Hay un corte en mi biografía. Pasado y Presente dura tres años. Hay que decir que en nuestra mirada de la realidad estaba la revolución cubana pero no así la resistencia peronista o la nueva inserción política de distintos sectores. No estaba en nuestro horizonte o, al menos, no éramos concientes. Tampoco era muy claro para nosotros los procesos en América Latina aunque sí los procesos revolucionarios, como la revolución cubana. Hay un momento importante políticamente que es nuestro apoyo a lo que fue la experiencia de la guerrilla guevarista de Salta, en Argentina. Es un punto importante. Nosotros allí hacemos como una especie de logística intelectual. Nuestro grupo fue el primer contacto. No sólo era una intervención de ideas sino que también reúne una intervención en la práctica. H.S.: - Cuando a nosotros nos expulsan del PC, luego del primer numero de Pasado y Presente, con nosotros se va un contingente muy grande de la juventud universitaria comunista que en aquel momento tenía un peso discreto dentro de la universidad de Córdoba. En nuestra voluntad hay una línea. Un apoyo crítico del foco guerrillero de Salta pero desde adentro. Éramos participes. Sin voluntad de formar un núcleo directivo de nada. La revista dura hasta 1967. Era un fenómeno de época y luego queda cada uno marcando su camino y, por ejemplo, Aricó queda haciendo los Cuadernos de Pasado y Presente, con una impronta va- entrevista Los Libros nace como un proyecto de revista en donde estábamos influidos del auge del estructuralismo de Lacan, Althusser, Barthes. liosísima en América Latina. ¿Cómo se visualizaba la repercusión de la revista en el trabajo editorial de ustedes en Pasado y Presente? H.S.: - Sobre muchas de esta repercusiones nos fuimos enterando después. Íbamos a Perú y había gente que había reunido un grupo a partir de estas ideas. En México también nos enteramos de lectores que nosotros ignorábamos. Fuimos muy solicitados por grupos diversos que se imaginaban también o tenían posiciones distintas al dogma marxista del PC. En ese sentido quedó en la memoria. Nos han seguido escribiendo. No éramos plenamente concientes en ese momento. Tampoco teníamos ninguna voluntad de acumulación de poder y cada uno fue siendo su camino no demasiado alejado del resto pero con matices. En el año 1966 me fui a Francia, a trabajar con Roland Barthes durante tres años. Ahí conocí el estructuralismo. Luego desarrollo intereses por los temas de la comunicación masiva justamente porque Roland Barthes y el equipo que trabajaba con él se habían empezado a interesar en esto. Editaban la revista Communications, etc. Seguía con mi preocupación estético-literaria y regreso a comienzos de 1969 y me quedo a vivir en Buenos Aires. Y por razones casi fortuitas me invitan a dar un curso de Semiología en la actual Facultad de Periodismo y Comunicación Social de la Universidad Nacional de La Plata. Fue el primer lugar de Argentina en donde se genera una cátedra de semiología. Más adelante este trabajo va a desembocar en otra revista que fue Comunicación y Cultura. Antes de Comunicación y cultura desarrollas una interesante experiencia en la revista Los Libros. H.S.: - La primera actividad que hago acá cuando regreso de Francia fue pensar Los Libros, bastante influida por la revista francesa La quincena literaria. Encontré el apoyo de la editorial Galerna y pocos meses después de regresar y en el medio de un gran debate de ideas en Argentina. Los Libros nace como un proyecto de revista en donde estábamos influidos del auge del estructuralismo de Lacan, Althusser, Barthes. La idea de la revista era hacer una revisión de las publicaciones que aparecían en Argentina con una mirada sobre esas publicaciones desde la óptica de intelectuales que estuvieran a la vanguardia y que participaran de estos nuevos pensamientos. Por eso la revisa Los Libros, mientras estuvo bajo mi dirección a partir de 1969, agrupa a una cantidad notable de gente que todavía no era del todo notable, pero que estaba en la línea de búsqueda de nuevas perspectivas intelectuales. Entonces era incesante. Si uno revisa los números de Los Libros son todos los que ahora están en los institutos de investigaciones o en funciones de dirección intelectual o política. Así se dio. Desde los ya conocidos como Aricó, estaban Eliseo Verón, Oscar Massota, Germán García, Ricardo Piglia, Beatriz Sarlo, Carlos Altamirano, te diría que todos los que en su momento tenían un peso en la literatura de las Ciencias Sociales. La revista dio cuenta de ciertos movimientos en el campo de estudios de psicología y del psicoanálisis. Era una revista incómoda. Tratábamos de poner bajo crítica, qué había de actual y avanzado dentro del espíritu que nos definía como de izquierda, sin que 79 El pensamiento más avanzado de lingüística y psicología correspondía también a este nuevo mundo que uno quería ayudar a construir. 80 ese fuera el eje. El pensamiento más avanzado de lingüística y psicología correspondía también a este nuevo mundo que uno quería ayudar a construir. Tanto que la revista por su propio peso y por el peso exterior se va politizando. La propia revista lo dice y hay claramente un deslizamiento a un mayor interés por la actualidad política. Manteniéndose en la zona de notas críticas de libros pero con mayor énfasis en esto y con toma de posiciones en algunos casos que han quedado para la historia. Hay algunos números que son realmente de interés como para dar cuenta de momentos y hay algunos que llegaron a tener cierto peso. En aquel entonces reunió debates como el del caso Padilla en Cuba. Importante en el sentido internacional porque eso fue una toma de posición de intelectuales en el mundo que estaban o no de acuerdo. Nosotros tuvimos nuestra propia iniciativa. En ese sentido reunía un espectro muy amplio que tenía como base la selección de colaboradores que era aquellos que miraban los fenómenos más actuales de la cultura del pensamiento. La literatura que trabajábamos era la literatura europea continental: italiana, francesa. Fueron años de gran apertura, como una viñeta de lo que pasó en ese momento. Fue un momento de fuerte movilización cultural en Argentina, que también empieza a ser político. La revista Primera Plana, para poner un ejemplo, que se publicó desde mediados de los ’60, generó un gran impacto. Jamás había salido un semanario de este tipo con tanta influencia sobre lo que se leía en Argentina. Tenía la audacia de poner escritores en tapa. Era un hecho inimaginable en esa época. Ahora como todo está mediatizado es simple. Eran propuestas. Primera Plana también tuvo que ver con el boom de la literatura latinoamericana. Era un órgano de influencia. Estaba también el Instituto Di Tella, con toda la explosión de vanguardia de los sentidos plásticos, teatrales, etc. Y que rápidamente es cruzado por lo político. Todo estaba en ebullición. Aquí y en América Latina. Si uno pasa por el ’68 en el resto del mundo era la situación de la inminencia de la transformación político-cultural de todo. Esa era la vivencia. Ahí hay que instalar la importancia y la circulación que tuvo inicialmente la revista Los Libros. ¿Se leía en Latinoamérica? H.S.: -En el sector de lo nuevo en la literatura y de las nuevas formas políticas no tradicionales tenía circularidad, aunque nunca tuvo grandes tirajes. Pero todos los que estaban en el escenario principal en ese momento leían la revista. Era un referente. O colaboraban o eran criticados. Dentro del stablishment cultural tenía su importancia, como el Di Tella y su relativa influencia en América Latina. Y mientras yo estaba en Los Libros, se reengancha Pasado y Presente, sobre todo Pancho Aricó con su experiencia editorial de los Cuadernos. Es convocado a un proyecto editorial que no duró mucho tiempo que se llamaba Signos. Y tuvo su importancia porque fue la base de la fundación de Siglo XXI Argentina. Signos, junto con el Fondo de los Cuadernos de Pasado y Presente y otra gente se fusionan para dar lugar a Siglo XXI Argentina. Y esta editorial cumplió un papel muy relevante en la discusión de ideas de la época y en todo el proceso de entrevista En esos tiempos, los años ’70, lo conocí a Armand Mattelart. Y la idea de estudiar el fenómeno de la comunicación y la cultura masiva tenía como principal objetivo la trasformación de la sociedad, visto políticamente. apertura política que se desarrolla en los ’70. En mi caso, me desempeñé como gerente editorial de Siglo XXI y publicamos “Para leer al Pato Donald”, con prólogo mío. También se editaron títulos como el Manual de Martha Harnecker que difundió el althuserianismo en América Latina o los trabajos de Paulo Freire, verdaderos best sellers del conocimiento social latinoamericano. Esto define un clima no repetido, donde lo intelectual y lo político se confunde en una trama novedosa. El inseparable vínculo de la Comunicación / Cultura municación y Cultura, están inspirados en una especie de semiótica. Las primeras publicaciones de Mattelart estaban muy implicadas de la semiótica francesa, pensamiento que se leía y reivindicaba como revolucionario. Nosotros la utilizábamos porque sentíamos que estábamos desmoronando los edificios ideológicos del enemigo. Ahí residía la utilidad. Una mirada científica más cauta o más alejada se podía conformar con la pura construcción de un objeto teórico. Pero para nosotros si no servía se ponía en discusión su virtud conceptual. Justamente sobre este tema, lle- En esos tiempos, los años ’70, lo conocí a Armand Mattelart. Y la idea de estudiar el fenómeno de la comunicación y la cultura masiva tenía como principal objetivo la trasformación de la sociedad, visto políticamente. Fue una expresión de eso. Teníamos intereses en la intervención política. Había una construcción en la acción y el proyecto inmediato de cambio de sociedad, que era ineludible. Vivíamos una época “alrededor de la revolución” y ahí había una marca. Nuestros primeros trabajos, que después lo llevamos a Co- gamos a Comunicación y Cultura, que se termina constituyendo en una publicación nómada a consecuencia de los golpes militares en Chile, inicialmente, y en Argentina después, cuando finalmente se cias de revistas que ahora circulan en América Latina es que tenía un proyecto. Las otras revistas son expresión de instituciones donde se mezclan distintos temas. No es malo, porque es representativo de estas instituciones académicas. Pero la diferencia sustancial es que el proyecto de Comunicación y Cultura existía en la medida que la selección de artículos no tenían nada que ver con una especie de representatividad de las distintas instituciones latinoamericanas. La elección era mucho más puntual. El criterio de adjudicar la posibilidad de publicación era si respondía a los objetivos o no. Era una revista, dicho en el mejor sentido, tendenciosa. En Comunicación y Cultura no se publicaba a Everett Rogers o otro funcionalista. Se planteaba una mirada crítica y se propiciaba el enfrentamiento de ideas. edita en México. Y la constituye en la revista latinoamericana del Las personas que integraban campo de la comunicación más la revista sorprenden desde su emblemática, por el contexto y por referencia actual. Figuras como las dificultades de producción. Jesús Martín-Barbero, Armand Mattelart, Nicolás Casullo, Carmen H.S.: - No se ha repetido la experiencia porque la historia cambió en América Latina. La diferencia fundamental, con otras experien- de la Peza, Jorge González…la sensación es que se producía una condensación muy significativa de voluntades de intervención… 81 Vivimos una época de cierto conformismo que curiosamente está vinculado a cierta abundancia. Escribir un artículo hace treinta años era un acto gratuito, no tenía trascendencia económica. 82 H.S.: - Si uno tuviera que hacer un reconocimiento a Comunicación y Cultura sería que claramente recortaba una posición en los estudios del campo de la comunicación. Una posición de orden política revolucionara, sin que la volviera panfletaria. Siempre pensábamos desde el rigor y el estudio, pero manteniendo una línea. Era parte de una disputa que se empezaba a generar en América Latina también muy novedosa. Desde los años cincuenta hasta los primeros setenta la hegemonía del pensamiento, de lo poco que se conocía en esos años, era derivado de la bibliografía básica norteamericana, a partir de razones muy aplicables. La escasez de publicaciones de América Latina es derivada de un clima político, de una manera de encarar el destino de la historia latinoamericana. Estados Unidos crea un proyecto dominante en amplios sectores, y las carreras de comunicación nacieron como parte de un proyecto de desarrollo específico, etc. Comunicación y Cultura fue la primera experiencia de producción intelectual y política desde una producción independiente. Fue el germen y un lugar de encuentro de investi- gadores claramente definido. Hoy algunos hablan de una escuela crítica latinoamericana. Aunque no estoy de acuerdo con la definición, entiendo que este tipo de espacio es el que se aglutinó en la revista. ¿Cómo ves el presente de las publicaciones latinoamericanas? H.S.: - Tal vez hoy estemos viviendo un exceso de institucionalización. Tanto al sacar una revista como al sacar un libro. Se produce una inflación. En general es saber que los artículos que se publican no buscan provocar. Porque lo más frecuente es que se diluya en el mar de publicaciones. Nosotros no podíamos pensar en un subsidio, pero los artículos eran más leídos. Los esfuerzos por publicar, que se convertían en logros, tenían su reconocimiento. Actualmente hay también un modelo de estructura académica que exige que haya más revistas porque la gente tiene que publicar para su evaluación curricular. Donde se exige el número, no la calidad. Eso hace que sea indiferente. Porque es más fácil. Cumple más funciones administrativo-académicas que pro- yectos político-culturales. Y son intercambiables. Me gusta más la intensidad del pensamiento que trata de contrastarse. Quizás hoy publicar es necesario, pero le quita pasión. Creo que es un clima, no es culpa de la revista. No se debe desgajar el fenómeno revista del fenómeno general que estructura la sociedad en su conjunto y el orden académico actual. Vivimos una época de cierto conformismo que curiosamente está vinculado a cierta abundancia. Escribir un artículo hace treinta años era un acto gratuito, no tenía trascendencia económica. No había curriculums actualizados ni informes académicos para que te categoricen y en esto también hay abundancia. Hoy la pasión margina. Es una suerte de exotización del debate, cuando en realidad es parte constitutiva de las herramientas intelectuales para comprender mejor el mundo. Este barniz de lo políticamente correcto no ha colaborado nada, es contranatura. Cuando te hablo de chatura, me refiero a la repetición de lo mismo. Yo prefiero los errores o las equivocaciones audaces de una repetición del sentido común, porque no se crea nada. Anúncio CPFL ■ INTERNET Y LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN. UNA MIRADA DESDE LA PERIFERIA, Octavio islas (coord.), 290p., 2005. Debemos ver al cosmos como lenguaje. El universo de los signos está de pantalla entre nosotros y la realidad ¿Qué conocemos entonces? En no pocas ocasiones, al especular sobre el futuro, la ciencia ficción ha contribuido a definir el sendero por el cual las ciencias y las tecnologías exploran posibles respuestas a muchas de nuestras interrogantes. La transición hacia la Sociedad de la Información demanda un análisis que rebasa los aspectos relativos a su posible desarrollo y la aceleración de las comunicaciones, porque trasciende el tema de nuestra identidad. Para entender mejor este proceso, varios expertos en el tema presentan este trabajo que fue coordinado por Octavio Islas Editora: CIESPAL, Equador. ■ MÍDIA, INTERCULTURALIDADE E MIGRAÇÕES CONTEMPORÂNEAS, Denise Cogo, 244p., 2006. O livro traz os resultados de uma pesquisa concluída em 2004 pelo grupo de pesquisa Mídia e Multiculturalismo do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Vale do Rio Doce dos Sinos (UNISINOS), sediado em São Leopoldo, RS, Brasil (www.midiamigra.com.br). A pesquisa teve como objeto de estudo as estratégias de midiatização das migrações contemporâneas em uma amostra de 1.868 textos midiáticos publicados entre julho de 2001 e julho de 2003 de dez jornais brasileiros e uma revista de circulação nacional. Na perspectiva da pluralização dos imaginários midiáticos relacionados a uma matriz de europeidade, a obra busca, dentre outros objetivos, resgatar os processos 84 de disputa por espaços para as vozes dos imigrantes, seja a partir da intervenção de grupos, redes e organizações de imigrantes nas mídias massivas impressas, televisas e na internet, seja através da produção de mídias próprias que constroem e dão visibilidade pública a demandas relacionadas à cidadania das migrações no contexto brasileiro. Editora: E-Papers/CSEM, Rio de Janeiro/Brasília, Brasil. ■ TEORIA DO JORNALISMO, José Marques de Melo, 280 p., 2006. O campo do Jornalismo enfrenta múltiplas turbulências nesta passagem de século. Mudanças tecnológicas, trabalhistas e geopolíticas atropelam os processos de produção noticiosa. Profissionais, empresários e educadores procuram soluções consensuais para corresponder às novas demandas do mercado e da sociedade. De que maneira os programas universitários podem criar uma consciência coletiva, capaz de nutrir a profissão jornalística de conceitos, valores e utopias que a renovem, oxigenem, fortaleçam? Sistematizando evidências sobre a riqueza do pensamento jornalístico brasileiro, o Prof. Marques de Melo pretende aproximar os futuros profissionais da realidade nacional, de modo a suscitar sua compreensão e atualização. Editora: Paulus, São Paulo, SP, Brasil. ReseÑas ■ RECEPÇÃO MEDIÁTICA E ESPAÇO PÚBLICO: NOVOS OLHARES. Mauro Wilton de Sousa (org.), 246p., 2006. Entender as relações das pessoas com as diferentes mídias tem sido um desafio para os pesquisadores e estudiosos da comunicação. Tal desafio é ainda maior hoje, quando se expandem as tecnologias agora apoiadas no digital e na internet. Esse é campo acadêmico de estudos voltados à recepção mediática, tanto quanto ao que se denomina de espaço público mediático. Na presente coletânea são apresentados textos de pesquisadores universitários que mostram caminhos de orientação para melhor se compreender como acontece a relação entre as práticas de vida cotidiana e as novas mediações tecnológicas , ou seja, como as mídias, especialmente as de massa, participam do estar junto social, no espaço público. Os textos foram publicados inicialmente na Revista Novos Olhares, do Grupo de Estudos sobre Práticas de Recepção Mediática da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Editora: Paulinas/Sepac, São Paulo, SP, Brasil. ■A SOCIEDADE ENFRENTA SUA MÍDIA – DISPOSITIVOS SOCIAIS DE CRÍTICA MIDIÁTICA, José Luiz Braga, 352p., 2006. Quem estudou ou leu algo sobre Teoria da Comunicação já deve ter se deparado com o seu clássico modelo originário: um emissor que envia uma mensagem por um meio de comunicação a um receptor. Mas será que, ao se estudar a fundo os processos atuais de comunicação, é possível verificar a existência de um terceiro componente desse sistema? Na obra “A sociedade enfrenta sua mídia – Dispositivos sociais de crítica midiática”, o autor, José Luiz Braga, propõe justamente uma nova visão que não se resume ao modelo unidirecional, responsável pela crença no dualismo entre mídia e sociedade, dualismo que é tão mais danoso na medida em que enfatiza a polaridade entre emissor (ativo) e receptor (passivo). O autor propõe a atividade de resposta como um novo dispositivo que completa o conjunto de processos de midiatização social. Segundo Braga, o novo sistema corresponde a atividades de resposta produtiva e direcionadora da sociedade em interação com os produtos midiáticos. Editora: Paulus, São Paulo, SP, Brasil. ■ COMUNICACIÓN EDUCATIVA E INFORMACIÓN PÚBLICA SOBRE DESASTRES EN AMÉRICA LATINA: NOTAS PARA REFLEXIONAR, Luis Ramiro Beltrán S., 134p., 2005. Documento de trabajo presentado por su autor en la Reunión Técnica Regional “Estrategia de Comunicación e Información Pública para la Redución de Riesgos y Desastres”, que tuvo lugar en Antigua (Guatemala) del 24 al 26 de agosto de 2004, promovida y realizada por la Estrategia Internacional para la Reducción de Desastres (EIRD-ONU), La Organización Panamericana de la Salud (OPS/OMS), la Federación Internacional de la Cruz Roja y Media Luna Roja y Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO). Editora: Oficina de la UNESCO para América Central, San José, Costa Rica. 85 ■ COMUNICACIÓN Y SOCIEDAD, NUEVA ÉPOCA, núm. 6, julio-diciembre, 195p., 2006. Este número de Comunicación y Sociedad cubre un vasto territorio, tanto conceptual como empírico y aun geográfico. Hay en él un amplio derrotero por diversos medios, campos y aspectos en el estudio de la comunicación pública, social, interpersonal e intercultural. La revista intenta constituir un equilibrio entre la filosofia, la teoría y la especulación ensayística y el análisis empírico, ya sea de naturaleza más descriptiva o de corte más interpretativo o explicativo. Editora: Departamento de Estudios de la Comunicación Social, Universidad de Guadalajara, México. ■ PERIODISTAS Y MAGNATES: ESTRUCTURA Y CONCENTRACIÓN DE LAS INDUSTRIAS CULTURALES EN AMÉRICA LATINA, Guillermo Mastrini y Martín Becerra, 329p., 2006. El presente libro sintetiza los resultados de la primera investigación sobre la estructura y sobre los indicadores de concentración de las industrias culturales y las telecomunicaciones en Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, México, Perú, Uruguay y Venezuela. El desarrollo de este estudio, que organizó el Instituto Prensa y Sociedad (IpyS), ha contado con la participación de un destacado grupo de periodistas y académicos en la recopilación de datos y en la discusión de los informes parciales de cada país. Estos resultados contribuyen al necesario debate sobre el pluralismo y la diversidad de opiniones en los países latinoamericanos en un contexto inédito de diseminación de infraestructuras de información y comunicación. 86 Editora: Instituto Prensa y Sociedad (IpyS)/Prometeo libros, Buenos Aires, Argentina. ■ EL IMAGINARIO. CIVILIZACIÓN Y CULTURA DEL SIGLO XXI, Miguel Rojas Mix, 550p., 2006. Rojas Mix parece no temerle a la polisemia de la palabra imaginario, hablada antes por Lacan, Sartre, Castroriadis y Baszko, entre otros. Tampoco le preocupa que mientras unos piensan en figuras visuales, otros asocian el imaginario a la imaginación, y terceros usan –y abusan– el término para hablar de una especie de constelación de sentidos que articula narrativas, ideologías, gestualidades, estilos, incluso prácticas. El autor se inscribe en la primera de esas acepciones: caracteriza al imaginario como “un encadenamiento de imágenes con vínculo temático o problemático recibidas a través de diversos medios audiovisuales, que el individuo interioriza como referente o el estudioso reconoce como conjunto”. Denomina imaginario tanto a ese objeto como a la metodología que propone para su análisis, superadora de la historia del arte. Como método, el Imaginario no busca la belleza o la cualificación estética, sino “el sentido, el fin o el propósito de la imagen”. Por momentos la propuesta suena ampulosa, al tratar de fundar un nuevo campo. Pero vale el señalamiento de la transición cultural/epistemológica –una suerte de giro pictórico– y los apuntes para construir un método de análisis en la nueva civilización de la imagen. Editora: Prometeo, Buenos Aires, Argentina. estudios Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Faculdade de Comunicação Social – FAMECOS Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – PPGCOM Cláudia Peixoto de Moura – coordenadora do Departamento Ciências da Comunicação Possui graduação em Comunicação Social – habilitações em Relações Públicas (1984), Jornalismo (1980), Publicidade e Propaganda (1979), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Tem especialização nas três áreas indicadas anteriormente, além de mestrado em Sociologia - área da Sociedade Industrial, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação e pós-graduação. Tem experiência em Comunicação, com ênfase nas questões direcionadas ao Ensino de Comunicação e à Pesquisa em Relações Públicas. Cleusa Maria Andrade Scroferneker Possui graduação em Comunicação Social (1973), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, graduação em Geografia - Licenciatura (1973) e Bacharelato (1976) - pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestrado em Planejamento Urbano e Regional, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983) e doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação e pós-graduação. Tem experiência em Comunicação, com ênfase nas questões direcionadas à Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Roberto Porto Simões Possui graduação em Psicologia (1964), mestrado em Psicologia Organizacional (1974) e doutorado em Educação (1993), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação e pósgraduação. Tem experiência em Comunicação, com ênfase nas questões direcionadas à Informação e Relações Públicas. 87 COMUNICAÇÃO E PODER NAS ORGANIZAÇÕES: contribuições do núcleo de pesquisa A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS possui um Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação Social, vinculado à Faculdade de Comunicação Social – FAMECOS, sediada em Porto Alegre. Teve seu início em 1994, com o Curso de Mestrado considerado pioneiro na área no sul do Brasil. No segundo semestre deste mesmo ano foi implantado o Curso de Mestrado em Ciências da Comunicação, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, localizado em São Leopoldo, cidade próxima à capital gaúcha. Em 1995, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS criou o Curso de Mestrado em Comunicação e Informação, no campus de Porto Alegre. Atualmente, o Rio Grande do Sul conta com mais um curso na área, já que a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM lançou em 2006 o seu Mestrado em Comunicação. A trajetória do Programa de Pós-Graduação da PUCRS, com a indicação dos estudos em Comunicação e Poder nas Organizações, e as suas contribuições serão abordados a seguir, possibilitando o registro da observação dos três docentes responsáveis por este núcleo de pesquisa. A trajetória do Programa de Pós-Graduação da PUCRS 88 O projeto inicial da PUCRS foi implantado com uma área de concentração denominada COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA, que integrava os estudos de docentes e discentes em três linhas: a) Cultura e Tecnologia das Mídias; b) Linguagens Semióticas da Comunicação; e c) Comunicação, Linguagem e Poder nas Organizações. Portanto, já se apresentava uma linha de pesquisa voltada à comunicação nas organizações. No decorrer de 1995, as linhas de pesquisa foram reformuladas, passando a vigorar: a) Comunicação, Cultura e Tecnologia; b) Linguagens e Produção de Sentido na Comunicação; e c) Comunicação, Linguagem e Poder nas Organizações, que foi conservada. Um ano mais tarde, houve uma modificação e duas áreas de concentração surgiram. Uma foi denominada CULTURA, MÍDIA E TECNOLOGIA, com as respectivas linhas de pesquisa: a) Comunicação e Tecnologia das Mídias; b) Comunicação e Cultura Contemporânea. Outra foi definida como COMUNICAÇÃO E AS ORGANIZAÇÕES, com a linha de pesquisa Comunicação e Poder nas Organizações. Com a implantação do Curso de Doutorado, em 1999, ocorreu uma reestruturação no Programa de Pós-Graduação. A área de concentração passou a ser COMUNICAÇÃO, CULTURA E TECNOLOGIA, apresentando duas Linhas de Pesquisa: a) Comunicação e Tecnologias do Imaginário; b) Comunicação e Práticas Sociopolíticas – que englobou os estudos de Comunicação e Poder nas Organizações, devido ao foco no processo organizacional e nas relações de poder em visão macro e micro. Em 2003, houve uma adequação nas linhas de pesquisa, que atualmente são identificadas como: a) Cultura Midiática e Tecnologias do Imaginário; b) Práticas Sociopolíticas nas Mídias e Comunicação nas Organizações - contendo os estudos de Comunicação e Poder nas Organizações. Até dezembro de 2006, ocorreram 202 defesas de dissertações de mestrado no Programa, sendo que destas, 45 são focadas nas temáticas Relações Públicas e Comunicação Organizacional. No mesmo período, 57 teses de doutorado foram defendidas, sendo 09 com foco nas temáticas em questão. Os gráficos a seguir representam os dados do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS. estudios Dissertações PPGCOM (1997 a dezembro/2006) 15,79% 22,28% 84,21% 77,72% 45 dissertações de CO e RP 9 teses de CO e RP 157 dissertações de outros temas 48 teses de outros temas Total: 202 dissertações do PPGCOM Total: 57 teses do PPGCOM Fonte: Programa de Pós Graduação em Comunicação Social-Famecos/PUCRS. Abril, 2007 Os estudos em Comunicação e Poder nas Organizações: A ênfase nos estudos de Comunicação e Poder nas Organizações foi mantida, desde 1994, no Programa de Pós-Graduação, conforme observado anteriormente, constituindo-se como um Núcleo de Pesquisa. Os professores envolvidos são: Dra. Cláudia Peixoto de Moura, Dra. Cleusa Maria Andrade Scroferneker e Dr. Roberto Porto Simões, este último com mais de 13 anos dedicados às orientações de dissertações e teses na área. Os resultados da produção acadêmica desenvolvida no período são relevantes, uma vez que poucos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu se dedicam a esta temática no Brasil. Portanto, o registro da produção acadêmica torna-se importante, pois possibilita a divulgação de estudos com esta ênfase. Para a elaboração deste texto, foram adotados os seguintes procedimentos: 4 Levantamento de informações na documentação do PPGCOM 4 Leitura dos resumos e introdução das teses e dissertações do núcleo 4 Categorização do material, envolvendo as tendências das pesquisas desenvolvidas no Núcleo. Para tanto, foram determinados os seguintes aspectos: Temas definidos, Tendências de análise, Técnicas de pesquisa, Interfaces com outras áreas, Formação Acadêmica dos alunos. A apresentação dos resultados será realizada considerando as defesas de dissertações e teses ocorridas, de acordo com as orientações dos três docentes do Núcleo. A análise da produção acadêmica revela que no início apenas o prof. Dr. Roberto Porto Simões era responsável pelas orientações dos trabalhos. Com o retorno das professoras Cláudia Peixoto de Moura e Cleusa Maria Andrade Scroferneker, após a conclusão de seus doutorados na Universidade de São Paulo, a área se fortaleceu e o grupo formado pelos três docentes caracterizou os três enfoques do Núcleo: Teoria em Relações Públicas, Pesquisa em Relações Públicas, e Comunicação Organizacional. Embora ocorra o fenômeno da diversidade nos títulos e conteúdos dos trabalhos orientados, a área está sendo sedimentada através das propostas teóricas defendidas no Programa. 89 A caminho de uma teoria em Relações Públicas O Núcleo é caracterizado pela diversidade de enfoques conforme as óticas de seus pesquisadores. O desafio foi realizar pesquisas voltadas para o conhecimento referente à ciência particular de Relações Públicas. As pesquisas específicas nesta área ficaram subordinadas à quantidade de candidatos e de seus interesses por este tema. Assim, no decorrer de mais de dez anos, foram qualificados três doutores e trinta e dois mestres, no enfoque direcionado a uma teoria em Relações Públicas, com a orientação de Roberto Porto Simões. Em 2007, deverão defender seus trabalhos mais dois doutores e dois mestres. O desejo sempre foi de realizar a pesquisa pura sobre Relações Públicas. O compromisso científico com o tema deve-se à premissa de que a teoria e as práticas desta área do conhecimento só poderão se desenvolver se tiver uma comunidade de pesquisadores identificados com ela e envidando esforços para o seu desenvolvimento como uma ciência aplicada. Para isto, torna-se necessário abordar o assunto de 90 forma explicitada nos títulos e nos conteúdos da documentação, utilizando o método e registrando os achados da pesquisa. A epistemologia, orientadora das pesquisas, tem sido a de Karl Popper, buscando falsear as proposições já existentes, jamais acatando-as sem qualquer crítica. A ciência avança pela critica obstinada dos conhecimentos existentes e pela apresentação de novos conhecimentos de maneira que possam ser testados por outros cientistas. Para ser uma ciência particular, Relações Públicas precisa se qualificar, indo ao encontro dos princípios básicos da ciência maior. Os métodos de pesquisa utilizados têm sido variados, de acordo com os dois níveis do programa, ou seja, mestrado e doutorado. O método empírico busca uma hipótese para a futura tese, pelo menos de um estudo de caso. Quer concordando ou discordando, há uma tentativa de falseamento, na qual os autores produzem ciência com métodos científicos. Dos trinta e nove trabalhos científicos orientados no Programa de Pós Graduação, há 23 de conteúdo essencialmente teóricos e treze de ótica aplicada. As teses e as dissertações, a seguir apresentadas, seguem uma ordem cronológica, iniciando com as mais recentes defesas. As teses orientadas foram: 2 As bases de Relações Públicas na Teoria dos Jogos e da Cooperação - Ana D’Amico (2007) - busca fundamentar a teoria e a prática de Relações Públicas na teoria dos Jogos. Do ponto de vista conceitual, Teoria dos Jogos pode ser entendida como a teoria das interações estratégicas e das escolhas. 2 O processo de Relações Públicas na sociedade do conhecimento: uma releitura da teoria das Relações Públicas sob o enfoque da micropolítica face à era virtual - Lana D’Ávila Campanela (2007) - o objetivo é identificar como o ensino de Relações Públicas é realizado. A preocupação da pesquisa é identificar que teorias estão sendo usadas e se de fato há um estudo de teoria de Relações Públicas, um paradigma teórico. 2 Comunicação como instrumento de poder para efetividade da estratégia - Ricardo Minotto (2005) - aborda a comunicação como instrumento deliberado de poder para a composição, decomposição e recomposição da comunicação e poder no âmbito das organizações, utilizando o estruturalismo como paradigma científico. Os seus principais componentes estão analisados na sua individualidade, bem como, integrados, com a possibilidade de seu alinhamento às estratégias. 2 Relações Públicas e a perspectiva sistêmica de mediação no gerenciamento de conflitos e crises - Cíntia da Silva Carvalho (2004) - tem como objetivos identificar a perspectiva sistêmica de mediação no gerenciamento de conflitos e crises organizacionais e apresentar a orientação paradigmática dos estudios profissionais de Relações Públicas (na realidade investigada) na condução destes processos. 2 Modos de percepção de Relações Públicas. O significado do conceito público - Ana Maria Walker Roig Steffen (2003) - explana sobre o estilo de pensamento da comunidade científica de Relações Públicas, mediante a revisão do conceito público, inserido nessa área do conhecimento. As seguintes dissertações foram orientadas com o enfoque em questão: 2 A estética em Relações Públicas - Nadege Lomando (2007) - visa abordar os aspectos Éticos na atividade de Relações Públicas, complementando a estrutura teórica desta área do conhecimento. 2 Ouvidoria como instrumento de Relações Públicas - Rosélia Cilene Araújo Vianna (2007) - referese aos estudos da Ouvidoria e seu papel como instrumento de Relações Públicas, segundo a estrutura da teoria da função organizacional política, enquadrando Ouvidoria com uma aplicação técnica desta teoria. 2 A contribuição da psicologia social para a teoria e prática da atividade de Relações Públicas Eliane Benjamin Rivoire (2006) - o objetivo é identificar a contribuição da Psicologia Social por meio da teoria da atitude, para o ensino e para a prática da atividade de Relações Públicas. Busca, ainda, a definição de Psicologia Social e atitude. 2 Comunicação em Relações Públicas: o discurso da atividade na geração de mitos - Tatiane Maary Baniski (2006) - tem como objetivo a identificação de como ocorre a utilização dos mitos na atividade de Relações Públicas, se estão relacionados à questão da narração. 2 O conceito stakeholder e seu papel na teoria e na prática de Relações Públicas - Marley de Almeida Tavares Rodrigues (2005) - o constructo stakeholder mereceu atenção total face a sua relevância em Relações Públicas. A questão central está relacionada à identificação de como os profissionais e professores de Relações Públicas utilizam este termo em suas atividades, focando a teoria de públicos e a prática de comunicação na atividade. 2 A análise de conjuntura em Relações Públicas: contribuições para o diagnóstico da relação poder/comunicação no sistema organização-públicos - Ana Karin Nunes (2005) - analisar a conjuntura tornou-se uma prática comum entre aqueles que buscam compreender os atores, os interesses e as relações de poder implicados em determinados sistema político. Partindo dessa perspectiva, o objetivo foi criar um referencial teórico metodológico para a aplicação desta análise, à luz da atividade de Relações Públicas. 2 Comunicação, poder na empresa familiar - Ana Lúcia D’Amico (2004) - investiga a empresa familiar e a família, tendo como inquietude a necessidade de perceber de que maneira o processo de comunicação e as variáveis de poder influenciam o processo de relacionamento entre os sistemas familiar e empresarial. 2 Relações Públicas no processo de legitimação do sistema de crédito cooperativo - José Fernando Fonseca da Silveira (2004) - tem como proposta verificar como a comunicação contribui para o processo de legitimação do sistema de crédito cooperativo. Buscou identificar as formas simbólicas, por meio da legitimação, como modo de operação da ideologia, utilizando as estratégias de construção simbólica, racionalização, universalização e narrativização. 2 Relações Públicas na Comunicação Integrada ao Marketing - Sandro Luís Kirst (2003) – o desenvolvimento dos meios de comunicação, das tecnologias de informação, da facilidade de acesso a estes, e do mix de marketing utilizado para o relacionamento com os clientes, têm exposto o público à imensidão de mensagens, conteúdos e estratégias. Há uma discussão de sua eficácia enquanto meio de efetiva comunicação e gestão de relacionamento da organização. 91 2 A responsabilidade social como estratégia da atividade de Relações Públicas - Marislei da Silveira Ribeiro (2003) - visa identificar a política de responsabilidade social, sua natureza e características, além de sua utilização como instrumento de Relações Públicas. 2 A teoria e o ensino de Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social - FAMECOS e na Faculdade de Línguas e Literatura Estrangeira de UDINE – Itália - Lana D’Ávila Campanella (2003) - apresenta um estudo comparativo da teoria e do ensino de Relações Públicas no Brasil e na Itália, verificando quais as aproximações e os distanciamentos existentes entre as duas instituições. Por meio de um resgate histórico, a evolução da atividade de Relações Públicas é contextualizada pelas definições, objetivos e práticas mais adotadas nos dois países, sendo apresentado um panorama do ensino universitário brasileiro e italiano, e uma pesquisa aplicada junto a alunos e docentes. 2 A atividade de Relações Públicas sob enfoque ecológico - Ediene Amaral Ferreira (2002) - utilizase de premissas da ecologia para verificar as inter-relações estabelecidas entre as organizações, seus pú- 92 blicos e a sociedade. A proposta do enfoque ecológico para a atividade de Relações Públicas prevê que fenômenos como a interdependência, a cooperação, o equilíbrio, a interação, a adaptação e a qualidade de vida dos seres humanos deverão estar sempre presentes na gestão da atividade. 2 A propaganda institucional como formadora de atitudes - Susana Gib Azevedo (2001) - o objetivo é verificar a influência da propaganda institucional na formação de atitudes. Também verifica se a força persuasiva do discurso da propaganda institucional é determinante e suficiente na formação de atitudes de jovens adultos. 2 Autoconhecimento como habilidade profissional para Relações Públicas: um enfoque da Gestal-terapia - Loeci Maria Pagano Galli (2001) - fundamentada na abordagem gestáltica, busca certificar sobre a relevância da aquisição do autoconhecimento pelos profissionais de Relações Públicas. A possibilidade desse profissional compreender seus condicionamentos, sentimentos e percepções, pode contribuir efetivamente para que desenvolva habilidade no relacionamento interpessoal e conseqüente flexibilidade de comportamento na orientação de públicos internos e externos. 2 O exercício de poder e Relações Públicas em organização hoteleira - Abdon Barreto Filho (2001) - compreende um estudo visando identificar a dinâmica do exercício de poder, interna e externamente, em organizações hoteleiras brasileiras, controladas por grupo familiar sem vínculos com redes internacionais. 2 O uso dos conceitos propaganda institucional e publicidade institucional na atividade de Relações Públicas - Gabriela Gonçalves (2001) - tem por objetivo compreender o emprego dos conceitos propaganda institucional e publicidades institucional na esfera de Relações Públicas. Além disto, detectar como profissionais e professores manejam esse conceitos em suas atividades. 2 Relações Públicas e o exercício do poder em organização pública - Ênio José Barbosa de Leon (2000) - descreve o exercício do poder em cenário organizacional e destaca sua relevância para facilitar a situação dos mais diversos profissionais. A partir da relevância dos estudos das organizações no contexto sócio-econômico das sociedades foi feita a ancoragem dos aspectos mais significativos que caracterizam este tipo de empreendimento. 2 Comunicação e mediação das ONGS: uma leitura a partir do canal comunitário de Porto Alegre Henrique Wendhausen (2000) - visou compreender a dinâmica de comunicação e mediação das ONGS. Aponta a necessidade de aprofundar pesquisas para que a atividade de Relações Públicas corresponda e atenda a comunicação das ONGS, conforme seu próprio universo valorativo e suas especificidades. 2 Atuação extra-acadêmica do profissional de Relações Públicas contribuindo para a formação do estudios aluno - Ana Luísa Baseggio (2000) - trata da docência no Curso de Relações Públicas. Aborda a questão do ser docente (formação pedagógica, prática docente e papel do professor universitário) assim como o papel da Universidade, em sua função educadora, formadora de pessoas e cidadãos. 2 O ensino da disciplina teoria da opinião pública no contexto de aprendizagem da atividade de Relações Públicas - Glafira Bartz (2000) – o objetivo é compreender o fenômeno Opinião Pública e seu ensino no contexto da atividade de Relações Públicas, proporcionando um referencial teórico à comunidade da área. 2 Relações Públicas como gestora do processo de comunicação e poder em microempresas - Leila Blauth Prompt (1999) - busca identificar o nível de compreensão do microempresário sobre o tema. Estuda o papel da atividade de Relações Públicas na gestão deste processo. 2 A construção/reconstrução da base teórica da área de Relações Públicas: a busca da formação de profissionais/professores prático-reflexivos - Cíntia da Silva Carvalho (1999) - analisa, criticamente, a postura acadêmico-profissional da atividade de Relações Públicas, visando propor pontos de reflexão. Dos resultados encontrados, emergiu a necessidade de despertar a consciência de reflexão sobre as ações, os pensamentos, os sentimentos e o comportamento dos profissionais/professores da área de Relações Públicas, para permitir a criação e evolução da produção do conhecimento. 2 O papel de Relações Públicas na esfera das microempresas - Maria Teresa Tellez (1999) - visou desvelar como Relações Públicas podem ser utilizadas neste tipo de organização, analisando a tipologia dos negócios, os tipos de públicos e os instrumentos utilizados pelas microempresas. 2 O espetáculo futebolístico sua organização e cultura - Léa Denise Marcello Senger Jacobus (1999) - tem por finalidade verificar o espetáculo futebolístico esportivo sob o enfoque organizacional, cultural e comunicacional. Apresenta uma análise do futebol e de suas múltiplas dimensões, procurando identificar fatores que o diferenciam das demais estruturas organizacionais. 2 A contribuição da atividade de Relações Públicas para a institucionalização de uma universidade comunitária - Mônica Elisa Dias Pons (1999) - caracteriza a influência da atividade de Relações Públicas como variável no processo de institucionalização da universidade na comunidade. 2 Distanciamento e aproximações dos termos consultor e assessor de Relações Públicas - Marisa de Carvalho Soares (1998) - trata dos designativos e significados dos termos Consultor e Assessor de Relações Públicas. Explana sobre as aplicações dos designativos, buscando clarificar o sentido de ambos e a sua utilização pela comunidade de Relações Públicas. 2 Estratégia empresarial como expressão comunicativa - Belkis Conceição Pacheco dos Santos (1997) - discute as estratégias empresariais com expressões comunicativas, focalizando a relação que se estabelece entre a empresa e o meio. Leva em conta as concepções administrativas que regem a atuação empresarial, desde o início do século até os dias atuais, e as divisões desta evolução. 2 A adesão dos funcionários ao objetivo organizacional por um programa de Relações Públicas - Ana Maria Walker Roig Steffen (1997) - tem por finalidade a compreensão da sistemática dos programas de Relações Públicas concebidos e implantados sob o enfoque da função organizacional política. A qualidade no relacionamento e o processo de modificação das atitudes dos funcionários perante os clientes possibilitaram, além de caracterizar esse processo de engajamento, sugerir outros procedimentos para otimizar os resultados de programas a serem implantados em situações semelhantes. 2 Projeto experimental como instrumento de motivação no processo ensino-aprendizagem - Hélio Leonhardt (1997) – verifica se o Projeto Experimenta em Publicidade/Propaganda é uma disciplina motivadora no processo ensino-aprendizagem da área. Parte do princípio de que este projeto é o mo- 93 mento em que os alunos colocam em prática todo o aprendizado adquirido ao longo do curso, tornando-se motivados a interagirem, por uma dinâmica de grupo que busca transformar a sala de aula em uma equipe de trabalho altamente competitiva. 2 A utilização da informação automatizada em bases de dados na comunicação organizacional Dina Lessa Bandeira (1997) - o objetivo é verificar as formas de utilização da informação automatizada em bases de dados, no processo de comunicação organizacional, observando as estratégias de promoção. 2 As variáveis comunicacionais no telemarketing de um jornal - Eloísa Maria Peiruque Hexsel (1997) - tem como seu principal foco as variáveis comunicacionais que influenciam o processo de telemarketing de um jornal de circulação nacional. 2 Impacto das novas tecnologias de comunicação nas organizações - Ilana Trombka (1997) - o objetivo principal, traçado e definido como parâmetro de trabalho foi analisar o impacto das novas tecnologias na comunicação organizacional. 2 A empresa familiar e o exercício de poder - Silvana Padilha Flores (1997) - teve a finalidade de evidenciar as características do poder exercido numa empresa familiar e destacar sua relevância no contexto organizacional para facilitar a atuação dos mais diversos profissionais. 2 O trabalhador e a subjetividade na organização: do desejo eclipsado ao desejo instrumentalizado - Roberta Fischer Regner (1997) - aborda o papel da subjetividade no universo do trabalho, analisando, através de depoimento dos trabalhadores de uma empresa siderúrgica, a relação que os mesmos estabelecem com a empresa. Também verifica como estes se inserem nas relações sociais e afetivas na organização. As perspectivas da Pesquisa em Relações Públicas: 94 Nas dissertações de mestrado e teses de doutorado, sob orientação de Cláudia Peixoto de Moura, é possível identificar a produção acadêmica gerada pelos alunos no enfoque da pesquisa em Relações Públicas. A maior parte dos trabalhos tem como fundamentação teórica a literatura de Relações Públicas, seguida de procedimentos característicos da pesquisa empírica. Foram cinco teses de doutoramento defendidas, com os temas definidos abaixo, em ordem cronológica: 2 Gestão da Comunicação na Esfera Pública Municipal: estudo das mediações de Relações Públicas nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul – Nelson Costa Fossatti (2004) - abordando a questão da função política em ambientes participativos; 2 Uma Modelagem Matemática da Informação em Relações Públicas: aplicação na rede de comunicação do campus Zona Norte, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Iára Pereira Cláudio (2004) - com simulação computacional em processos comunicativos; 2 O Relacionamento com Públicos como Estratégia de Comunicação nas Organizações – Gerson José Bonfadini (2007) - envolvendo Relações Públicas e Marketing de Relacionamento; 2 O Planejamento da Comunicação Interna em Redes de Intranet: um estudo em uma universidade comunitária no Rio Grande do Sul – Mônica Elisa Dias Pons (2007) - apresentando a proposta de um modelo para as práticas comunicacionais no âmbito interno de uma organização; 2 A Agenda Setting e a Comunicação nas Organizações: um encontro possível – Valéria Deluca estudios Soares (2007) - explorando o fluxo de informação e a geração de conhecimento em um portal corporativo. Há uma tese de doutorado a ser apresentada até final de dezembro, que versa sobre o Diagnóstico em Relações Públicas, de Ana Luisa Baseggio. Quanto às dissertações de mestrado, ocorreram nove defesas, com os seguintes temas: 2 Comunicação Educativa via Rádio: uma alternativa para as Relações Públicas – Antônio Luís Piccoli (2001) - elencando aspectos educativos formais e informais e as características do meio como uma possibilidade do desenvolvimento da cidadania; 2 Enfoques Teóricos Predominantes em Relações Públicas: um estudo das monografias de conclusão de curso da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA – Gustavo Eugênio Hasse Becker (2003) - identificando as abordagens existentes nos trabalhos de graduação da área de Relações Públicas; 2 Comunicação e Poder no Trabalho Voluntário: uma visão sobre o AFS Intercultura Brasil – Alice Utida Ferreira (2003) - com considerações sobre os relacionamentos estabelecidos entre os voluntários de uma organização sem fins lucrativos; 2 O Processo de Comunicação no Planejamento Estratégico: estudo de caso Hospital São Lucas da PUCRS – Regina Antunes Lopes (2003) - examinando as fases do processo estratégico e comunicacional em uma organização hospitalar; 2 Fluxos de Informação X Relações de Poder: uma análise nos laboratórios experimentais do Curso de Comunicação do Centro Universitário FEEVALE – Valéria Deluca Soares (2004) - verificando o processo comunicacional e a ação organizacional em um ambiente onde há o exercício de poder; 2 Pesquisa em Comunicação Social: um inventário das teses e dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação da FAMECOS/PUCRS – Liziane do Espírito Santo Soares (2004) - com a classificação dos referenciais teórico-metodológicos da produção acadêmica dos alunos do Programa; 2 Relações Públicas Internacionais: o caminho das organizações brasileiras na internet – Vagner de Carvalho Silva (2006) - apresentando aspectos da comunicação internacional, das relações internacionais e das relações públicas, com a observação de sites de organizações na internet; 2 A Comunicação no Poder Judiciário: um estudo do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – Ana Geni dos Santos Heinrich (2006) - considerando os fundamentos teóricos das áreas de Comunicação Social e do Direito para a análise; 2 O Grupo Focal como Técnica de Pesquisa no Diagnóstico de Relações Públicas – Carla Lemos da Silva (2007) - com uma retrospectiva histórica da pesquisa em comunicação e em Relações Públicas, priorizando a investigação de cunho qualitativo. Igualmente, há uma dissertação de mestrado a ser defendida até o final do ano, abordando o tema Interação e relacionamento com públicos na internet, de Carla Schneider. Outro aspecto considerado foi a tendência das análises desenvolvidas nas teses e dissertações. As abordagens adotadas foram Funcionalista, Estruturalista, Dialética e da Complexidade. É preciso salientar que estas abordagens foram indicadas com base nas opções teórico-metodológicas utilizadas nos trabalhos. Já as técnicas de pesquisa devidamente explicitadas e mais usadas nas teses e dissertações foram: Pesquisa qualitativa, Entrevista despadronizada/semi-estruturada/por pautas/em profundidade, Estudo de caso, Pesquisa quantitativa (análise estatística), e Questionário. Entretanto, alguns trabalhos também adotaram Pesquisa documental, Análise de conteúdo, Análise textual, Observação participante, Grupo focal, Teste de modelos propostos/simulação, Pesquisa exploratória. As interfaces com outras áreas do conhecimento revelaram que a Educação e a Administração são as 95 mais identificadas nas teses e nas dissertações. Porém, foram reconhecidas ainda interfaces da Comunicação com as áreas de Informática, Matemática, Direito e Psicologia. Em relação à formação acadêmica dos alunos, as áreas de Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas e em Jornalismo, além da Administração foram as mais observadas. Também foram indicadas as áreas de Comunicação Social – habilitação em Publicidade/Propaganda, Matemática e Artes Plásticas. Merece registro o Grupo de Pesquisa vinculado à Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que desde 2002 está certificado. Os professores Roberto Porto Simões e Cláudia Peixoto de Moura pertencem ao ‘Grupo de Pesquisa Ensino e Prática de Relações Públicas’, alicerçado na premissa de que a atividade é a gestão de relacionamentos. Visa atingir suas metas por meio de uma série de subprojetos realizados periodicamente. Seu objetivo é: apropriar-se da definição e dos princípios para a área de Relações Públicas; caracterizar o papel da informação como matéria-prima da atividade e concretizar a definição operacional da atividade. Além disso, preocupa-se com o ensino e o currículo para a formação acadêmica em Relações Públicas. Tendências para os estudos de Comunicação Organizacional 96 O Núcleo tem se caracterizado pela diversidade não só temática como também paradigmática. Em relação aos temas, com ênfase em comunicação organizacional, sob a orientação de Cleusa Maria Andrade Scroferneker, têm predominado aqueles que envolvem a comunicação e suas interfaces com programas de qualidade total e programas de treinamento, conflitos na esfera organizacional, comunicação e universidade, assessoria de comunicação na esfera pública, comunicação interna e intranet. Notadamente, tais temas têm merecido discussões teóricas exaustivas respaldadas por estratégias de estudo de caso. Destacam-se igualmente, temas de cunho mais teórico-reflexivo sobre imagem-conceito, poder e subjetividade. Do ponto de vista paradigmático, constata-se uma tendência pelo Paradigma da Complexidade de Edgar Morin. Acredita-se que essa tendência sinaliza as possibilidades de novas (re) leituras do fenômeno comunicacional das organizações, que é ainda marcado pelo viés funcionalista. Essas (re) leituras admitem a organização como “um conceito crucial, o nó que liga a idéia de interrelação à idéia de sistema [...] A organização liga, transforma, produz, mantém. Liga e transforma os elementos num sistema, produz e mantém esse sistema” (MORIN, 1977, p.125). Por sua vez, implica igualmente em compreender a comunicação sob diferentes perspectivas, na ótica da complexidade. De acordo com Morin (2006, p. 13), A um primeiro olhar, a complexidade é um tecido (complexus: o que é tecido junto) de constituintes heterogêneas, inseparavelmente associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Num segundo momento, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomênico. O paradigma complexo, portanto “resultará de um conjunto de novas concepções, de novas visões, de novas descobertas e de novas reflexões que vão se acordar, se reunir” (MORIN, 2006, p.77). Assim, das quatro dissertações defendidas entre 2001 e 2004 e das seis teses defendidas entre 2002 e 2007, seis estiveram ancoradas pelo Paradigma da Complexidade. Nos demais trabalhos, as opções recaíram sobre os Paradigmas Funcionalista, Estrutural-Funcionalista e Dialético. As dissertações de mestrado elaboradas e seus autores são: estudios 2 Mediação de conflitos na esfera da organização: um estudo de caso - Renata Bidone de Azevedo e Souza (2001) 2 Comunicar é preciso: um estudo de caso sobre a Pró-Reitoria de Extensão da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Sandra Becker (2003) 2 Comunicação e Estruturas Organizacionais: O caso da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Paulo Nardi (2004) 2 Comunicação Organizacional: a teia do discurso, do poder e da subjetividade na produção de espaços micropolíticos de satisfação e produtividade - Sara Maria Silveira Hauber (2004) E as teses de doutorado desenvolvidas, bem como seus autores são: 2 A Comunicação para a Qualidade: o comportamento discursivo das organizações - Marcelo Schenk Azambuja (2002) 2 As Assessorias de Comunicação Social na Esfera Pública Estadual: Práticas profissionais e contribuição para o processo comunicacional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - Ana Maria Córdova Wels (2004) 2 Imagem-Conceito: anterior à comunicação um lugar de significação - Rudimar Baldissera (2004) 2 Estratégias Comunicacionais da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga e Grupo Gerdau: Um Novo Olhar - Helaine Abreu Rosa (2004) 2 Estratégias Comunicacionais do Programa de Treinamento “O Caminho do Bom ao Melhor”. Uma análise sob a perspectiva da complexidade - Renata Bidone de Azevedo e Souza (2007) 2 Intranet: compondo a rede autopoiética da organização complexa - Jane Rech (2007) É importante registrar que as opções paradigmáticas são feitas pelos alunos de acordo com as suas percepções do objeto em estudo. Acredita-se, contudo, ser importante registrar que essa tendência pelo Paradigma da Complexidade tem revelado um novo perfil de pesquisador em comunicação organizacional, cujas características fundamentais são a inquietude frente ao lugar atribuído à comunicação nos ambientes organizacionais e a compreensão das inúmeras possibilidades do pensamento complexo, que incluem os “[...] os princípios de disjunção, de conjunção e de implicação”. (ibidem) Talvez a grande contribuição do pensamento complexo “[...] é dar a cada um, um memento, um lembrete, avisando: Não esqueça que a realidade é mutante, não esqueça que o novo pode surgir e, de todo modo, vais surgir” (MORIN, 2006, p.83). No que tange às técnicas de pesquisa têm predominado a estratégia de estudo de caso, definido por Yin (2001, 33) “[...] como um método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados”, sendo portanto, “[...] uma estratégia de pesquisa abrangente”.Torna-se a opção indicada quando o pesquisador “[...] tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos inseridos em algum contexto da vida real” (ibidem, p.19). Em relação às demais técnicas têm igualmente predominado o compartilhamento de pesquisas qualitativas e quantitativas desenvolvidas mediante entrevistas padronizadas e em profundidade, observação participante e questionário com análise estatística buscando suporte interpretativo nas análises de conteúdo e de discurso. O predomínio por tais procedimentos metodológicos, está relacionado diretamente, às opções paradigmáticas dos orientandos. As áreas de Comunicação Social (Relações Públicas e Jornalismo) Administração e Psicologia se constituem na principal formação dos orientandos que têm buscado o Programa de Pós-Graduação 97 em Comunicação Social, com interesse específico em comunicação organizacional, o que de certa forma revela as interfaces mais significativas com a referida ênfase. Outras áreas, como Artes Plásticas, Ciências Contábeis, Economia e Geografia também compõem a formação dos orientandos. Acredita-se que a pluralidade das áreas reforça a convicção de que a comunicação organizacional tende a ser tornar em dos espaços de pesquisa dos mais promissores, especialmente nos Programas de Pós-Graduação. O Grupo de Estudos Avançados em Comunicação Organizacional – GEACOR – é um grupo de pesquisa junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que mantém uma revista eletrônica, pioneira no Brasil sobre a área, reunindo os trabalhos apresentados no GT Comunicação Organizacional, do Seminário Internacional de Comunicação. O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da PUCRS, de dois em dois anos. A partir do corrente ano (2007), a Revista passará a ser semestral, recebendo textos para publicação, além daqueles selecionados para o GT. Considerações sobre o Núcleo Comunicação e Poder nas Organizações: 98 Os avanços nos estudos em Comunicação e Poder nas Organizações podem ser observados em alguns espaços. Tanto os docentes como os discentes vinculados ao Núcleo têm participado de eventos nacionais e internacionais com artigos científicos. Os eventos que merecem destaque são organizados pelas entidades: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM, Rede Alfredo de Carvalho – REDE ALCAR, Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas – ABRAPCORP, Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación – ALAIC, Federação Lusófona de Ciências da Comunicação – LUSOCOM, Asociación de Investigadores en Relaciones Públicas – AIRP. Além destes, há o Seminário Internacional da Comunicação, uma promoção do próprio Programa da PUCRS, que possui dois espaços: GT de Relações Públicas e GT de Comunicação Organizacional, nos quais alunos e egressos de Pós-Graduação de várias instituições de ensino debatem assuntos pertinentes às temáticas. Outra promoção da PUCRS é um evento intitulado Debates no Pós, que congrega alunos de graduação e pós-graduação em uma ação conjunta, para discutir diversas questões da área da Comunicação, contando com palestrantes convidados e professores do Programa. A publicação de obras, artigos científicos em periódicos nacionais e estrangeiros é resultado do esforço do grupo de docentes e discentes do Núcleo, que conta também com a participação de Bolsistas de Iniciação Científica, vinculados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, e à própria PUCRS. Com base nos registros feitos anteriormente, ao longo do texto, é possível afirmar que o Núcleo Comunicação e Poder nas Organizações, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – PUCRS, tem um papel importante na formação e produção acadêmica na área, em termos de Rio Grande do Sul e Brasil. Referências bibliográficas MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006. YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MEIOS DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO: DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO DE DOCENTES Adilson Odair Citelli 100 PODER Y COMUNICACIÓN: CONFLICTO CONTENIDO. APROXIMACIÓN HISTÓRICA A LA INSTITUCIONALIZACIÓN DE ACTORES DE LA OPINIÓN PÚBLICA Berta García Orosa 114 EXILIO Y DESPLAZAMIENTOS EN INVASIÓN, LOS HIJOS DE FIERRO Y REFLEXIONES DE UN SALVAJE Paula Rodríguez Marino 124 Eula Dantas Taveira Cabral 142 LOS JÓVENES “EN” LOS NOTICIEROS TELEVISIVOS CHILENOS Lorena Mónica Antezana Barrios 154 ESTUDOS DE RECEPÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL: ABORDAGENS BRASILEIRAS na década de 90 Nilda Jacks e Daiane Boelhouwer Menezes 164 LAS NTICS EN LATINOAMÉRICA. INFLUENCIA PARA UN CAMBIO DE PARADIGMA A PARTIR DE LOS 80 Oscar Nicolás Alamo 176 GLOBALIZAÇÃO E CULTURA POPULAR: A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO POLÍTICO DA MÍDIA Aline Fernandes de Azevedo 188 COMUNICACIONES CIENTÍFICAS INTERNACIONALIZAÇÃO DA MÍDIA BRASILEIRA: ANÁLISE DO GRUPO ABRIL MEIOS DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO: DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO DE DOCENTES Adilson Odair Citelli Em 1995 fez a livre-docência na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, com tese referente à inter-relação Comunicação e Educação. Nesta mesma instituição é professor dos programas de graduação e pós-graduação. Autor, entre outros livros, de Comunicação e Educação. A linguagem em movimento, pela editora Senac. E-mail: [email protected] 100 resumo Este trabalho resulta de um projeto de pesquisa-ação desenvolvido junto a professores do ensino fundamental e médio público do Estado de São Paulo. Tem por objetivo evidenciar a necessidade de aproximar a educação da comunicação, propondo, para tanto, reorientar os processos formadores dos docentes. A perspectiva central do projeto é a de verificar como ocorre a produção, circulação e recepção do conhecimento e da informação tendo em vista as singularidades de uma sociedade complexa marcada pelos meios de comunicação. Palavras-chave: Comunicação, Educação, Formação docente, Produção do conhecimento. ABSTRACT This work introduces the outcome of a research-action project developed with elementary and middle public school teachers in the State of São Paulo. Its ultimate goal is to evidence the need for a closer relationship between education and communication. For that reason, it propounds a new approach to teachers’ education. The project centers on ascertaining how generation, dissemination and reception of knowledge and information take place, taking into account the peculiarities of a complex society, highly influenced by the media. Keywords: Communication, Education, Teacher’s education, Knowledge generation. RESUMEN Este trabajo es el resultado de un proyecto de investigación-acción desarrollado junto a profesores de la enseñanza fundamental y media pública del Estado de São Paulo. Tiene por objetivo evidenciar la necesidad de aproximar la educación de la comunicación, proponiendo, para eso, reorientar los procesos formadores de los docentes. La perspectiva central del proyecto es la de verificar como ocurre la producción, circulación y recepción del conocimiento y de la información llevando en consideración las singularidades de una sociedad compleja marcada por los medios de comunicación. Palabras claves: Comunicación, Educación, Formación docente, Producción de conocimiento. 101 102 Fixando conceitos Há estudiosos que falam na existência de um novo campo de reflexão e trabalho chamado de educomunicação e na necessidade de se formar educomunicadores. O termo, conquanto, não seja recente, Mário Kaplun já o utilizava nos anos 80, foi ampliando e reformulando seguindo novas direções e ganhando espaços em diferentes instituições de ensino e pesquisa. O Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes, a revista Comunicação e Educação, publicada pelo Departamento de Comunicações e Artes daquela escola, têm desempenhado importante papel na discussão, implantação e difusão do conceito de educomunicação (Citelli, 2000; Soares, 1999). O interesse, no momento, é menos o de historiar a palavra e mais o de incorporá-la à economia interna desta reflexão visto que, ao mesmo tempo, estamos recuperando-a do conjunto de projetos realizados pelos professores para o projeto EducomTV (levado a termo junto a professores da rede pública do Estado de São Paulo e voltado a melhor prepará-los para o trabalho com a imagem em sala de aula) e indicando os contornos de novas possibilidades profissionais capazes de orientar as atividades daqueles dedicados à educação nos espaços formais ou informais como a televisão e o rádio ou à comunicação responsável, eticamente orientada e no interior da qual se juntam ao entretenimento e à informação as dinâmicas educativas. Falar em novas possibilidades profissionais significa, aqui, estar atento aos requisitos de uma sociedade que passou a construir o conhecimento em rede: nas tessituras, no compartilhamento, na teia sustentada fortemente pelos dispositivos técnicos e tecnológicos. Conquanto as redes possam 1 Coordenado pelo prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares e realizado pelo Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP. Foram sub-coordenadores do projeto os profs.drs. Adilson Odair Citelli, Cristina Costa e Marília Franco. ser interpessoais, e elas certamente têm enorme importância por se oporem, muitas vezes, ao discurso oficial, caso típico da chamada “rádio-peão” usada pelos metalúrgicos do ABC Paulista durante suas greves nos anos 80, com a finalidade de divulgar no “boca a boca” notícias obstadas pela grande media, ou das conexões entre grupos para manterem os fluxos informativos bloqueados pela censura no período da ditadura militar no Brasil, chamamos atenção, neste ponto, para redes apoiadas em meios técnicos e tecnológicos. O educomunicador não é, portanto, apenas um agente que liga interfaces, senão um poderoso elemento de transformações, com conhecimentos recolhidos nos estudos da educação e da comunicação, e que nasce em decorrência dos imperativos de uma nova ordem histórica, social, cultural e econômica. O despeito de a comunicação e a educação possuírem áreas próprias de trabalho, metodologias e objetos de pesquisa falamos na criação de um outro espaço de intervenção social e de um novo agente de formação que pode atuar em lugares consagrados como a sala de aula ou nos descentramentos possibilitados pela elaboração de softwares educativos, na formatação de programas de educação à distância, na discussão da telenovela, na montagem de programas de rádio, na redação do texto jornalístico, etc. Ou seja, o educomunicador não é apenas o professor que labora na escola, podendo ser o jornalista, o realizador de um programa de educação à distância, o idealizador de um software interativo que permita acesso a temas de interesse tópico ou transversal. A exemplo do dramaturgo que recupera a magnitude de Os sertões, de Euclides da Cunha, a história da ocupação da terra no Brasil – para lembrar o trabalho de José Celso Martinez Correa, no teatro Oficina, relendo para o século XXI, o drama canudense. Em sua coluna na Folha de S. Paulo, (27/1/2003), Gilberto Dimenstein apontava a existência da perspectiva educomunicadora no trabalho do Doutor Entendemos que o recorte de formação do educomunicador recupera e otimiza procedimentos dialógicos, interativos e de aprofundamento da cidadania democrática e participativa. Dráuzio Varela. E dizia estar usando o conceito, “que começa a circular no meio acadêmico” por reconhecer no médico alguém que havia conseguido conciliar conhecimento científico qualificado e mecanismos de divulgação científica através dos meios de comunicação. Discussões como prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, males do fumo, cuidados com a saúde, ganharam o tom didático que só alguém com domínio da linguagem jornalística, radiofônica ou televisiva poderia fazê-lo. Como se vê, o conceito de educomunicador é menos termo de recorde burocrático para ocupar espaço no enorme guarda-roupa do conhecimento fragmentário, e mais revelador de um designativo que provoca por ser descentrado e envolver sujeitos que atentos aos problemas da educação, tendo ciência dos mecanismos didático-pedagógicos e dos próprios formadores não perdem de perspectiva as possibilidades facultadas pela comunicação (e seus dispositivos) e pelas novas tecnologias. Tal consciência pode ser encontrada em vários dos materiais enviados pelos professores para o EducomTV e refletidos na proposição dos objetivos gerais como os do projeto Educomunicação, uma questão de princípios: “atrair os professores para a prática da educomunicação fazendo dele um agente participativo; sensibilizar os professores para a construção de conhecimentos com base na interação educomunicativa” Entendemos que o recorte de formação do educomunicador recupera e otimiza procedimentos dialógicos, interativos e de aprofundamento da cidadania democrática e participativa. Numa sínte- se, a comunicação educativa ou educomunicação pode ser pensada em torno dos seguintes eixos: -Trata-se de um campo de reflexão decorrente dos novos modos de organizar o conhecimento e a informação, onde termos como educação e comunicação tornam-se convergentes em amplo sentido, não apenas na perspectiva interpessoal, mas também naquela mediada pelas novas tecnologias; -Considere-se que tal campo possui dimensão teórico-prática, conforme sucintamente mostrado até aqui; -Um destes aspectos teórico-práticos indica que para se levar os meios de comunicação e as novas tecnologias para escola é preciso definir objetivos e planejar ações comunicativo-educacionais. Deste modo, parece pouco produtivo trabalhar com vídeo, jornal ou televisão na sala de aula como manifestações de circunstância ou apoios técnicos impostos à dinâmica escolar, porque é preciso ‘modernizar o discurso pedagógico’. Trazer os meios para a escola significa incorporar uma nova maneira de organizar a sociedade e reconhecer outra dinâmica da cultura, agora marcada por forte urbanização e distintas relações com o tempo e o espaço. Vale dizer, falamos numa quase redução do conceito de instância pública ao de meios de comunicação. Respeitados tais pressupostos compreendemos que a entrada da comunicação e das novas tecno- 3 A expressão instância pública pode ser lida como sinônimo de esfera pública e associa-se quase diretamente a Jürgen Habermas. Em The scructural transformation of the publicsphere (1989) - o texto original Strukturwandel der Offentlichkeit é de 1962-, o alemão 2 Responsáveis: Carla Gonçcalves Boscato de Castro e José Luiz de fixou o termo que seria, posteriormente, retrabalhado em diferentes Oliveira. DE.Sertãozinho direções por vários autores. 103 logias na escola é não só um direito, mas um dever para com a cidadania. No caso específico do trabalho com as novas tecnologias da comunicação e da informação alguns avanços estão ocorrendo. Leda Maria Rangearo e Vânia Quintão Carneiro (2000) mostram como programas de trabalho podem ser desenvolvidos neste campo e apontam suas áreas de abrangência junto ao ensino fundamental e É preciso considerar, ainda, que se as práticas educacionais requisitam o exercício de procedimentos comunicativos marcados pela intencionalidade, os próprios processos comunicativos podem estar cifrados por um conjunto de elementos educativos. 104 médio: no cotidiano escolar (contribui para o tratamento dos conteúdos, malgrado eventuais problemas de erros, superficialidades, linearidades. Assim pode-se conceder à leitura crítica, corrigindo, acertando, verificando alcances e limites); na educação e na comunicação (as tecnologias, neste caso, ganham novas funções e interações - não tecnicistas, evidentemente. Permitem saber como ocorrem os fluxos de comunicação. Como circulam seus conteúdos); confronto de informações (através da diversidade de veículos e linguagens é possível verificar como circulam as informações, o que permite mecanismos de comparação entre visões e conceitos que orientam as informações); criar “A própria tecnologia educacional é também uma experiência significativa que transforma professores e alunos de consumidores em produtores, desmistificando-as: do cartaz ao livro e ao jornal da escola; das experiências com o uso conjugado da Internet com o rádio; da rádio à tv da escola; da criação do site da escola na Internet (...) e tantas outras tecnologias que podem ser incorporadas ao ambiente escolar e, mais precisamente, ao proces- so de ensino-aprendizagem.” (Rangearo e Carneiro, 2000, p.95). Por último, é possível dizer que a comunicação educativa, educomunicação, comunicação e educação são termos que a rigor, designam aquele campo teórico-prático cuja abrangência pode ser alcançada em torno de quatro variáveis fundamentais. Educação para a comunicação “constituída pelas reflexões em torno da relação entre os pólos vivos do processo de comunicação (estudos de recepção), assim como, no campo pedagógico, pelos programas de formação de receptores autônomos e críticos frente aos meios”; mediação tecnológica na educação, os procedimentos e as reflexões em torno da presença e dos múltiplos usos das tecnologias da informação na educação; gestão comunicativa, ações voltadas para o planejamento, execução e avaliação de planos, programas e projetos de intervenção social no espaço da inter-relação comunicação / cultura / educação; reflexão Epistemológica, conjunto de estudos sobre a natureza da inter-relação comunicação-educação. Educomunicação e formação docente A despeito dos deslocamentos ocorridos na esfera pública e o espaço que nela ganham os meios de comunicação, instituições como as escolas continuam jogando papel de extrema relevância na constituição de ordens de valores, de representações sociais, de estratégias formadoras de sujeitos. O mister educativo formal prossegue exibindo a característica de facultar trocas entre professores e alunos, ativando mecanismos de comunicação de caráter interpessoal e intersubjetivo. Manifestação ilustrativa deste processo pode ser encontrada na preocupação com que os educadores selecionam conteúdos a serem ministrados, ajustam sistemas retóricos, progridem em conceitos, mas também alcançam os planos 4 Esquema proposto por Ismar Oliveira Soares (1999). dos afetos, da compreensão, do entendimento das diferenças e dificuldades que marcam o universo dos alunos. São preliminares para que o ensinar e aprender, em sua necessária dialética, se produza e os propósitos pedagógicos consigam efetivação. Reconheça-se, portanto, que rompidos os liames do entendimento frustram-se as possibilidades que ensejam em sua plenitude o termo educação. Formulado o problema por outro viés: fazer educativo e realização comunicativa vinculados que estão pelos pressupostos dialógicos - reconhecido o conceito na plenitude tensa que o enseja- prendem-se como ao corpo a pele. É preciso considerar, ainda, que se as práticas educacionais requisitam o exercício de procedimentos comunicativos marcados pela intencionalidade, os próprios processos comunicativos podem estar cifrados por um conjunto de elementos educativos - em qualquer dos sentidos que a expressão venha a ser utilizada. Interessa-nos, pois, acentuar esta dialética recuperando um dos seus elementos, o afeito à escola e aos educadores que laboram nos ambientes educativos formais, instância última abrangida pelo EducomTV. E reforçar a idéia de que a sala de aula e a formação dos professores recebem influxo, em muitos momentos sob mecanismos informais, da nova esfera pública midiática. Esta “ensina” hábitos, costumes, comportamentos, valores, com acentos diferenciados, como se fossem palimpsestos que cheios de luz num certo momento vão se apagando em outros, destacando ou arrefecendo formas de construção da cidadania. De todo modo, à comunicação mediada pelos veículos não faltam trânsitos educadores. E mesmo a comunicação interpessoal gerada na relação aluno-professor em sala de aula encontra-se marcada por substratos direta ou indiretamente recolhidos dos novos constituidores de cultura que são as mídias. Por este ângulo, é procedente afirmar que sob o título de entretenimento, informação ou educação os docentes (e seus discentes) encontram-se diante de produtividades formativas cuja extensão, intensidade e dimensões de incorporação manifestam força nem sempre reconhecidas no plano aparente. Vale dizer, a apreensão das dinâmicas sociais, no volume facultado pelos dispositivos técnicos, alcançam os ambientes educativos de maneira definitiva e com eles estão em diálogo mais ou menos visível, revelando-se plenamente ou mantendo-se numa espécie de zona subterrânea. A questão está em saber quais são as tendências dominantes no jogo de força que pode opor ambientes educativos e dinâmicos sociais. A partir de outra chave, mas com preocupações semelhantes às expostas, podemos dizer que um pensador como John Dewey –para não ficarmos nos referindo apenas a nomes contemporâneos que têm se dedicado a trabalhar o conhecimento em seus circuitos e redes - afinal a roda não foi inventada nos últimos trinta anos- não apenas insistia no fato de que a escola deveria manter fluxos entre a vida social, o cotidiano e as formulações teóricas, como também caberia aos educadores abrir campo dialógico com os meios da comunicação. Sob a ótica de John Dewey, estaria no centro do trabalho pedagógico a incorporação de materiais diversos que permitem compreender de modo amplo a sociedade na qual os alunos (e docentes) vivem. O learning by doing, a estratégia do aprender fazendo, diz respeito a uma perspectiva progressista que busca colocar em sintonia fina dinâmicas sociais e ambientes educativos. 6 Talvez o principal representante da escola ativa e progressista, 5 O diálogo não é apenas técnica de linguagem que consiste nos Dewey pugnava pela adequação da escola à vida real, daí as preocu- turnos entre interlocutores ou simples ajuste idealizado entre falas, pações que exibia no sentido de buscar interações entre dinâmicas mas, sobretudo, interlocução, trocas de argumentos e pontos de sociais e ambientes escolares/educativos. É conhecido o combate vista aos quais podem ocorrer estratégias de maior ou menor densi- deste inovador americano à escola como mosteiro, onde se ensina- dade argumentativa. vam três erres: reading, riting, rithmetic. 105 106 Compreende-se, conforme os projetos dos cursistas do EducomTV, o fato de muitos deles voltarem-se para os meios de comunicação com o intuito de incorporá-los às atividades escolares. Daí lermos, nas propostas que nos foram encaminhadas, tópicos como “estimular os professores para a utilização do audiovisual no processo ensinoaprendizagem”, “desenvolver projetos educomunicativos com o intuito de ampliar a pesquisa e o debate sobre comunicação”, “introduzir na escola discussão sobre a leitura e uso das mídias”. Se a relação mídia / escola está colocada na agenda dos educadores, evidentemente que a compreensão mais ampla do problema requisita o aporte dos estudos comunicacionais, tendo em vista sejam questões específicas geradas pelas mensagens midiáticas sejam as implicações no plano dos processos. Trata-se de um leque de abrangência que vai da definição ou resolução dos desafios operacionais impostos pelo funcionamento das novas tecnologias - gravação de programas de rádio e televisão, acesso à internet, etc - passando pelo trabalho de reconhecimento das múltiplas “alfabetizações” midiáticas -leitura atenta das formas, estratégias de composição, circunstâncias de linguagem, implicações para a ordem dos sentidos-, chegando aos temas mais gerais envolvendo meios de comunicação e construção da sociedade democrática. E os educadores, conquanto reconheçam a presença daquela agenda, sabem, também, que precisam de formação para realizar melhor o seu mister. Ou, como se reflete em pesquisa que estamos realizando junto a docentes do ensino publico fundamental e médio na cidade de São Paulo, para o CNPq: Você gostaria de realizar algum curso destinado 7 Citelli, Adilson. Linguagens da comunicação e desafios educacionais. Limites e possibilidades para a ação dos professores do ensino fundamental e médio. Trabalho em andamento para o CNPq, envolvendo docentes de escolas públicas estaduais e municipais da cidade de São Paulo. à formação para o trabalho com os meios de comunicação na sala de aula? Nº Nº Sim 177 97,79 Não 4 2,21 O número de educadores que pedem cursos de formação para trabalhar com meios de comunicação na escola mostra a existência de disposição favorável para a ampliação do campo de conhecimento e a busca de inovações quanto à teoria e às práticas pedagógicas. O que se reconhece, a rigor, não é tão somente a presença de novas tecnologias ou imperativos comunicacionais que requisitariam acerto de passo da sala de aula com demandas modernizantes autojustificadas, mas a verificação de que existem novos modos de ver, sentir e aprender facultados por dispositivos que transcendem aquilo que clássica e tradicionalmente é feito pela escola. A docência no contexto da renovação tecno-científica Como outros assalariados, o professor também dispõe de sua força de trabalho. E o faz nas condições especificas de quem opera no terreno dos bens simbólicos, cujos trânsitos requisitam níveis de interação social tanto para as aproximações e diálogos com os alunos como para incluir um contínuo refazer-se, resultado das mudanças geradas em diferentes âmbitos da cultura, da sociedade, dos imperativos tecnológicos. Aceitar esta premissa, no caso dos professores, é condição preliminar para que possa ocorrer a superação daquela variável alienante que muitas vezes acompanha o próprio o conceito de trabalho. Pela óptica gramsciana podemos considerar os docentes como intelectuais mediadores-simbólicos capazes de identificar problemas e provocar inovações nos ambientes em que atuam. Afastamo-nos, nesta medida, de uma visão corrente – de fácil verificação em muitas licenciaturas, nos chamados cursos de reciclagem / treinamento e mesmo em programas oficiais autonomeados de formação permanente –que tratam os professores como técnicos de disciplinas ou áreas do conhecimento, cujo oficio se basta no domínio de conteúdos, presos à jaula de ferro –a metáfora é de Max Weber – da racionalidade instrumental. Deste círculo vicioso esperamos tenha se afastado o EducomTV. É preciso considerar que os requisitos de novos modelos formadores para o magistério não decorrem apenas de mudanças nas definições dos papeis sociais da educação, dos lineamentos diferenciados que circundam o conhecimento, na crise de formatos enciclopédicos e iluministas que presidem projetos escolares. O problema torna-se mais complicado pelo fato de as lógicas orientadoras do capital e a expansão das novas tecnologias da comunicação haverem redesenhado modelos de gerenciamento e práticas profissionais em diferentes ramos de atividades, também no que se refere à educação. Tal movimento tem colocado sob suspeição o próprio conceito de instituição, ao qual se associa de forma direta a escola. Alguns autores, Marilena Chauí entre eles, vêm trabalhando com o entendimento de que a idéia e a pratica institucional, conforme elaborada a partir do século XVIII, está sendo substituída pela de organização. Esse último termo expressaria melhor as formas e os sentidos das novas orientações político-administrativas –calcadas numa relação entre competência técnica e racionalidade do sistema – praticadas pelas dinâmicas do capital rearranjado segundo os interesses dos mercados e postos em prática através das corporações transnacionais. No interior deste movimento, a idéia clássica das instituições como formações sociais, dotadas de caráter legislador, ético e pedagógico perde vitalidade e ao que parece vai se transformando em algo nostálgico. Os novos parâmetros orientadores das organizações não viriam mais do reconhecimento de objetivos comuns à vida associada, mas dos imperativos empresariais, dos caminhos seguidos pela mercadoria, pelas andanças e deslocamentos do capital. O que se pede, agora, é reengenharia funcional, pragmatismo, redução de custos, flexibilização de normas e direitos que segmentos assalariados conquistaram num longo processo de lutas sociais. A busca da racionalidade do sistema, construção retórica sob a qual pode, inclusive, estar abrigada desde uma operação de publicismo, passando por formas pretextuais, manipulatórias, É preciso considerar que os requisitos de novos modelos formadores para o magistério não decorrem apenas de mudanças nas definições dos papeis sociais da educação. até a mais óbvia caricatura –o caso do escândalo de empresas como a ENRON, nos Estados Unidos, funciona como exemplo paradigmático – impôsse a valores universais que incluíam solidariedade, justiça, compromissos éticos, etc. Entende-se, portanto, o fato de instituições como a escola, herdeiras do ideário iluminista, logo, pelo menos em tese, preocupadas em formar cidadãos, iniciarem ou já desenvolverem modelos gerenciais firmados na chamada qualidade total, com padrões ditados pelo referencial ISO, para ficarmos em indicadores exemplares de um conjunto de medidas consideradas modernizadoras e que poderiam ser substanciadas no principio geral tecnocrático da busca de eficácia e eficiência requisitada pela nova ordem econômica, mas apresentada, genericamente, como respondendo a certa racionalidade que objetiva melhoria de fluxos e otimização de resultados. E isto pode ser verificado tanto na rede privada como na pública, malgrado as formas e ritmos diferenciados de implementação. Cabe observar que conquanto tratemos a escola como instituição é necessário não perder de vista os envolvimentos e conseqüências da crescente reorientação pelo qual passam. A tradução deste 107 deslocamento pode ser encontrada quer em uma instrumentalidade da razão quer em procedimentos reguladores que dificilmente poderão produzir conhecimento emancipatório. A despeito deste quadro, mas no interior dele, é que se procede à formação dos professores, entendida em sua dimensão inicial ou mesmo con- Agencias educativas não podem, como visto, ter seus limites funcionais determinados pelo conceito de organização. 108 tinuada. E, aqui, colocam-se, pelo menos como indicadores para a discussão, duas instâncias: uma referente a este quadro de passagem entre os marcos institucionais e os organizacionais e outro atinente ao assunto que nos tem ocupado centralmente envolvendo as relações escola e media. O grande desafio passa a ser aquele de ao mesmo tempo estreitar de maneira produtiva os diálogos entre salas de aulas e dispositivos comunicacionais e não confundir instituições educativas com organizações, no sentido em que o termo foi previamente qualificado. Usamos as expressões estreitar e maneira produtiva visto tratar-se, em última análise, de agir sobre linguagens que já habitam o universo de alunos, professores, funcionários e equipes técnicas das escolas. A televisão, o rádio, o jornal, a internet se encontram há muito nas salas de aula, malgrado sob uma não presença dos suportes. O fato de uma unidade escolar não possuir aparelho de televisão –o que é cada vez mais raro – não impede que os temas por ela postos em circulação cheguem às aula, aos pátios, às conversas nos corredores. O que circula nos meios já é objeto de reconhecimento social, correndo o risco de ser, pura e simplesmente, validado como expressão única da verdade e da realidade. Desta sorte, ao trazer as linguagens midiáticas para a sala de aula não se está, de maneira liminar, legitimando-as. Chamamos atenção para este ponto porque é constante o seu retorno quando são discutidas as relações escolameios de comunicação / novas tecnologias. Parece inócuo, portanto, imaginar que uma instituição tenha maior ou menor capacidade de legitimar algo que já foi socialmente reconhecido. Ademais, agencias educativas não podem, como visto, ter seus limites funcionais determinados pelo conceito de organização –ainda que, repetimos, o processo esteja em marcha. Pelo menos a formação dos professores requisita matéria e dinâmicas distintas daquelas que alcançam o vendedor do supermercado, da agência de automóveis, dos especuladores bancários, dos aplicadores nos mercados de capitais. O docente não possui cliente, freguês, mesmo porque o aluno não é comprador, consumidor –pelo menos na situação específica de sala de aula. Conhecimento inovador, consciência crítica, abertura do espírito, ativação da sensibilidade, recolha de informações relevantes, construção de projetos, amadurecimento intelectual; sendo termos que circulam no universo vocabular da escola não precisam estar, e geralmente não estão, na gôndola do Wal Mart, no balcão do McDonald’s, nas operações especulativas, no caixa do banco, nas fábricas de automóveis. Fixados estes pontos, retomemos o problema da formação do professor em sua dupla chave: inicial, aquela resultante dos cursos de licenciatura, e a em serviço, também chamada de permanente ou continuada e que deverá prolongar-se por toda vida. Tais etapas, infelizmente, não têm sido articuladas como partes de um processo, senão enquanto momentos distintos capazes ou não de encontraremse nalgum ponto da vida profissional do docente. Daí a compreensão corrente segundo a qual o enunciado foi formado é mais importante do que estou sendo formado. Ou ainda, a verificação de que o simples anúncio fui formado em/por é suficiente para perpetuar diferenciais futuros. Quanto a esta descontinuidade, verifica-se o outro lado da moeda, e que leva muitos docentes a aceitarem cursos de reciclagem ou de treinamento – espécie de verniz que joga com enunciado estou sendo formado – como sinônimos de formação permanente. Convém lembrar, neste aspecto, que o EducomTV criou alternativas novas enquanto programa de médio prazo e que incluía a interlocução entre cursistas / tutores / coordenadores, utilizando, para tanto, metodologia ao mesmo tempo capaz de propor reflexões / ações e recriação de alternativas teórico-práticas impostas pela dinâmica das atividades. O movimento de criar e recriar resultou das próprias indagações e desafios sugeridos pela dinâmica do trabalho. Vários projetos que lemos para elaborar o presente texto apontam a necessidade de “promover um ambiente educomunicacional na escola em que professores e alunos possam adquirir competências necessárias para o seu crescimento pessoal e manifestação de sua criatividade”. Como se vê programas de treinamento já não se ajustam mais aos objetivos de muitos professores. É claro que a fase inicial possui enorme importância sob o ângulo da aquisição de conceitos, sistematização de idéias, estimulo à pesquisa, envolvimento intelectual e afetivo com o conhecimento. Trata-se de um espaço e um tempo de formação onde, sobretudo, o aprender a aprender, a percepção dos sentidos que orientam as mudanças, a aceitação da incerteza como parte do processo de aquisição do conhecimento, tem ou deveria ter lugar de centralidade. É aqui onde se afirma a criticidade para os próprios impasses colocados pela profissão, com suas riquezas e misérias, estímulos e arrefecimentos. De toda sorte, revela-se imperioso trabalhar o conhecimento como amplo processo que não se dá em linha reta e tampouco possui circunscrição temporal. Por esta vertente, cabe à fase inicial fixar as bases da consciência crítico-transitiva (Freire, 2001) que reconhece o mundo em sua dimensão movente, posto num quadro sóciotécnico de saberes circulantes, fluidos, interdependentes, em que sujeitos convergem para resolver os múltiplos desafios a eles colocados. De algum modo, as redes colaborativas tornam os que dela participam ao mesmo tempo mais humildes e instigantes, mais cientes dos seus limites e possibilidades. A idéia da transitividade do conhecimento, acentuada como marca importante da formação inicial, funciona como terra a ser adubada e semeada para que possa germinar a dialética entre o fui formado e o sendo formado. O problema seria o de verificar se as graduações e suas licenciaturas cumprem o que delas esperase. No atinente a um ensino sintonizado com os problemas postos à luz pelas demandas da sociedade do conhecimento, das novas tecnologias e da comunicação. Nesta linha geral a que temos chamado de educomunicação, a resposta é negativa. Por isso, é necessário insistir no caráter de mão dupla que deve reger as relações entre fase inicial e continuada, traduzindo tal afirmativa no suposto de que é parte do investimento universitário a abertura para a formação permanente dos professores em serviço no ensino fundamental e médio, ao mesmo tempo em que estes podem realimentar, com a concretude dos seus desafios teórico-práticos, o sistema de ensino superior em que ocorre a formação inicial para o magistério. Consideremos mais de perto a questão da formação continuada do educador em serviço, visto que alguns autores entendem ser ela tão ou mais importante do que a formação inicial para garantir a qualidade de ensino. Pensamo-la como requisito imposto pelas mudanças que singularizam os diversos âmbitos das sociedades contemporâneas, a natureza mesma do fazer educativo, as estratégicas e mecanismos que organizam o exercício profissional dos professores, assim como a necessidade de se enfrentar os problemas vinculados ao que Projeto: Novos desafios tecnológicos à comunidade> DE. Mogi das Cruzes. Responsáveis. Benedito de Oliveira e Maria do Carmo Como querem Ken Gannicott e David Thorsby, em Educational dos Santos Maekawa. Quality and Effective Schooling.(1994). 109 Deseja-se ampliar o entendimento da formação permanente como instância que não pode ser contida no limite da revisão de conteúdos, de estratégias pedagógicas, de tópicos culturais. 110 já chamamos de alfabetização mediática. Tal problema possui, contudo, complexidade e não se esgota apenas na constatação da necessidade de trabalhar o conhecimento numa perspectiva não linear e fechada no tempo. Em estudo interessante, pelo que sugere para ser pensado em termos mais amplos envolvendo a formação continuada, Bartlett, L, Knigth J e Lingard B. (1992) discutem como foi implantado o programa de formação permanente na Austrália. Nele podem ser encontrados pressupostos presentes em outras políticas neoliberais e cuja formatação foi guiada por quatro grandes vertentes: neocorporativismo do estado, racionalismo econômico, gerenciamento e teoria do capital humano. O neocorporativismo do estado representa, a rigor, um tipo de pacto entre objetivos do próprio estado, do setor privado e dos sindicatos. Isto é, um conjunto de forças que possui hegemonia setorial e promove o ajuste entre interesses e discursos com a finalidade de levar a termo os projetos e programas de formação nos diferentes âmbitos profissionais. Sob algumas circunstâncias o estado induz, estimula ou gerencia projetos desta natureza. Há vários deles em andamento no Brasil, nascidos de iniciativas que estão em nível municipal, estadual ou federal, assim como de empresas e organizações sindicais. No caso do magistério tem sido comum os professores realizarem cursos de formação dos quais pouco ou nada participam no sentido da ideação e formatação. O racionalismo econômico retoma um tema que se espalhou pelas diferentes regiões do mundo globalizado: trata-se de trabalhar com os princípios da eficácia e da eficiência segundo linhas de força que obedecem, sobretudo, à lógica acumulativa e distributiva fixada por políticas públicas que nem sempre priorizam rubricas sociais. Instala-se, neste caso um pragmatismo no campo da formação continuada, quase sempre tomada como sinônimo de treinamento, capacitação, etc. O gerenciamento diz respeito ao conceito de organização, também dentro das lógicas administrativas vindas do setor privado e que lançaram âncoras, também, no setor público alcançado aos próprios ambientes educacionais. Por último, o discurso sobre o chamado capital humano. A sociedade complexa passou a demandar mão-de-obra qualificada, gente com bom nível de escolaridade e domínio dos dispositivos tecnológicos, razão pela qual os recursos devem ser carreados, essencialmente, para setores de qualificação profissional e da rede educadora. Sem o acúmulo deste capital humano em permanente formação, os projetos de desenvolvimento social e nacional ficariam comprometidos. Para os críticos da teoria do capital humano, o que nela se promove é a disponibilidade e um exército de reserva titulado e disputando exíguo mercado de trabalho, para sorte dos empregadores. O amálgama orientador das políticas de formação permanente na Austrália, aplicadas também no campo educacional, poderia, em suas linhas básicas, ser aproximada do caso brasileiro. Percebe-se, pelo simples elenco dos quatro pontos, que neles existem problemas a serem contornados caso o objetivo seja ligar formação continuada e consciência crítico-transitiva. Está em jogo, portanto, mais do que preparar mão-de-obra com melhor qualificação para as escolas (ou para o mercado), trata-se, antes de tudo, de estabelecer projetos de formação voltados ao aprender a pensar, a interpretar e agir segundo propósitos educacionais compromissados com as mudanças sociais e a fle- xibilidade para se refazer percursos pedagógicos, rearranjando planejamentos, investindo na maior sintonia entre as realidades docentes, das salas de aula e os imperativos tecnológicos e comunicacionais que marcam a vida contemporânea. Neste aspecto, um dos desafios postos à educação permanente é o de organizar o próprio conhecimento segundo dinâmicas que incluam a recuperação dos sentidos solidários e de responsabilidade social capazes de presidir o mister dos educadores, trabalhando a consciência ecológica, ética, solidária, democrática, cidadã, de compreensão mútua – forma através da qual Edgard Morin (2000) vê a possibilidade de se enfrentar a discriminação e a violência. No interior desta perspectiva integradora e participativa, onde a formação é parte de um processo que se faz e refaz, lemos proposições dos participantes do EducomTV no sentido de abrir “espaços para o encontro entre professores, coordenadores e articuladores visando a elaborar projeto político pedagógico coletivo, entre a Divisão Regional de Ensino e unidades escolares, do qual participem os educomunicadores, incentivando o envolvimento de toda a comunidade educacional da região na construção de fazeres pedagógicos que contemplem as multimídias e preparem os jovens para a sociedade da informação”10. Feita a ressalva, entendemos que os projetos de formação continuada do educador em serviço voltado às relações com as novas tecnologias e os meios de comunicação – muitos deles produtores de mensagens rápidas e descartáveis – precisam ser orientados de maneira a não se perder de perspectiva os processos de longa duração. Haja vista o ritmo com que sistemas surgem e não são modificados – integrando-se alguns, caindo na obsolescência outros, aprendendo eles próprios a se reconstituir segundo novas possibilidades técnicas e exigências sociais, a exemplo do rádio, da 10 Projetos: Educomunicação e formação de professores DE. Guaratinguetá. Responsáveis: Diva Maria Bergamasco Zaccaro e Ângela Rosa G.F. de Castro. televisão, do computador, das convergências entre suportes, da digitalização de circuitos –, todos eles passando por mudanças internas e na relação entre si, criando demandas para produtos diferenciados e que mal lançados no mercado já se vêm condenados ao quartinho das quinquilharias. Ademais, as mensagens midiáticas costumam vir recobertas de uma aura que possui curtíssimos momentos de esplendor. Neste quadro, o conceito de formação continuada registra, no sentido integral do termo, a idéia de uma reflexão intensa e permanente sobre as mensagens geradas pelas mídias. Com isto deseja-se ampliar o entendimento da formação permanente como instância que não pode ser contida no limite da revisão de conteúdos, de estratégias pedagógicas, de tópicos culturais, mas, sobretudo como descoberta das linguagens e procedimentos teóricos capazes de sustentar os movimentos de atualização e inovação buscados pelos profissionais educadores. Formação permanente, no sentido em que a estamos trabalhando, com vistas à sociedade do conhecimento, e à dimensão educomunicadora, não é conceito que se restrinja aos cursos de atualização profissional ministrados por especialistas ou assessores encarregados de apenas transmitir saberes acumulados e que serão, provavelmente, reproduzidos pelos cursistas, sem que daí possam ser recolhidas as teorias subjacentes às praticas profissionais implementadas. Afinal, verbos como refazer, reorientar e superar só podem ser conjugados caso as teorias que os sustém sejam reveladas e apreendidas. Formação continuada é, portanto, uma ação com distintas variáveis e múltiplos agentes. No caso do magistério diz respeito a realidades espaciais: a escola, a sala de aula; a procedimentos; ambientes virtuais ou presenciais; a inquietudes individuais e coletivas: sujeitos querem se transformar e exercitar práticas diferenciadas; à contribuição dos discursos provocadores: o especialista, o pesquisador com novas sugestões de trabalho e 111 que, eventualmente, é o professor de uma unidade educativa que reúne seus pares para avançar no debate de alguma questão; a demandas culturais amplas que interliguem os/as docentes em torno de grupos de estudos, da ativação de núcleos de interesses, que podem estar na música, no cinema, na televisão. Neste caso, o que resulta dos círculos culturais diz respeito, num primeiro momento, ao crescimento individual e do grupo, sem a imperiosa relação ou aplicação imediata a conteúdos e disciplinas escolares. Trata-se, portanto, de concepção que não se perde no canto de sereia do pragmatismo e do imediatismo, mas se (re)posiciona para unir mentes e corações empenhados em conjugar verbos como mudar e transformar. 112 Conclusão O conjunto de projetos apresentado pelos participantes do EducomTV evidenciou a existência de uma preocupação importante envolvendo o problema da formação continuada tendo em vista as singularidades de um tempo marcado pelos meios de comunicação. Procuramos destacar a questão tendo em vista certos parâmetros educomunicadores. A idéia-chave em torno da qual refletimos prende-se ao pressuposto da existência de um tempo e um mundo marcado, fundamentalmente, pela revolução técnico-científica, com suas conquistas e mazelas, em que as videotecnologias, os sistemas informacionais e a sociedade em rede jogam papel central nos conceitos e estratégias educadoras. Neste contexto, passaram a existir requisitos novos para o mister docente, muitos deles ignorados ou desconhecidos nos cursos de graduação e formação inicial dos professores. Daí as solicitações para a criação de novas alternativas visando a mais bem preparar os docentes em exercício profissional. Buscamos, através da recuperação das falas dos participantes do EducomTV, situar projetos que não apenas entenderam a extensão do problema enfrentado pelo magistério do ensino fundamental e médio, como se propuseram a apresentar alternativas capazes de orientar perspectivas educadoras que ao mesmo tempo implicassem mudanças no fazer didático-pedagógico e na própria relação com o conhecimento. Dos projetos lidos é possível deduzir que os docentes não apenas querem transformar a experiência educativa, ampliando espaços de trabalho e buscando alternativas para tornar a sua atividade socialmente reconhecida, mas, sobretudo, desejam, neste processo, transformar-se. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Citelli, Adilson. Comunicação e educação. A linguagem em movi- Terra, 2003. mento. São Paulo: Senac, 2000. Bartlett, L., Knigth, J. e Lingard, B.. Restructuring teacher CITelli, Adilson. Comunicação e educação: aproximações. In: education in Australia. British Journal of sociology of education, v.13, BACCEGA, Maria Aparecida. (Org). Gestão de processos comunica- n.1, p.19-36, 1992. cionais. São Paulo: Atlas, 2002. BUCKINGHAM, David. Media education. Literacy, learning and Freire, Paulo. Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez / contemporany culture. London: Polity, 2003. Instituto Paulo Freire, 2001. CARNEIRO, Vânia Quintão, RANGEARO, Leda Maria. TV na Escola Gannicott, Ken, Thorsby, David. Educational Quality and e os desafios de hoje. Brasília: Ministério da Educação, 2000. Effective Schooling. Paris: Unesco, 1994. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2v. São Paulo: Paz e Terra, Habermas, Jurgens. The scructural transformation of the public- 1999. sphere. Cambridge: MIT Press, 1989. CITelli, Adilson. (Org.) Outras linguagens na escola. São Paulo: ILLERA, J.Rodrigues. Educación y comunicación. Barcelona: Paidós, Cortez, 2000. 1988. IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional. Formar-se PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissião docente para a mudança e a incerteza. 2ed. São Paulo: Cortez, 2001. e formação. Perspectivas sociológicas. Lisboa: Publicações Dom JACQUINOT, Geneviéve. (Org.). Les jeunes et les media: perspectives Quixote, 1993. de la recherche dans le monde. Paris: Hartmattan, 2002. SILVERSTONE, Roger. Por quê estudar a mídia? São Paulo: Loyola, MORIN, Edgard. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio 2002. de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. Soares, Ismar de Oliveira. Comunicação/educação. A emergência MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São de um novo campo e perfil de seus profissionais. Revista Brasileira de Paulo: Cortez / Unesco, 2000. Comunicação. Arte e Educação. n.2. Brasília: Senado Federal, 1999. 113 PODER Y COMUNICACIÓN: CONFLICTO CONTENIDO. APROXIMACIÓN HISTÓRICA A LA INSTITUCIONALIZACIÓN DE ACTORES DE LA OPINIÓN PÚBLICA Berta García Orosa Doctora en Ciencias de la Comunicación por la Universidad de Santiago de Compostela; Licenciada en Ciencias de la Información y Licenciada en Ciencias Política y de la Administración. Actualmente es profesora de la Facultad de Ciencias de la Comunicación de la USC. Fruto de su actividad investigadora surgieron diversas publicaciones, participaciones en proyectos de investigación y en congresos científicos internacionales. Entre sus últimos trabajos están “Los altavoces de la actualidad. Radiografía de los gabinetes de comunicación” (Editorial Netbiblo, A Coruña, 2005) y el capítulo de libro “Gabinetes on line y redes sociales virtuales” disponible en www.ub.es/demopode/libro1 114 año 2005 (en colaboración con José L. Capón). E-mail: [email protected] resumen Desde el inicio de la Historia el poder ha intentado controlar o, al menos, tener presencia importante en el discurso de los medios de comunicación. Durante las últimas décadas tres evoluciones marcaron esta tendencia: el incremento de la información y de su valor; la difuminación del poder y el cambio de las estrategias para tener presencia en los medios de comunicación y, por ende, en la opinión pública (no sólo a través del control de la propiedad de los medios, de los contenidos difundidos sino a través del control o influencia en las fuentes de información). Los datos aquí recogidos realizan una breve incursión por los tres apartados. Son los resultados de una investigación concluida pero que está siendo ampliada en estos momentos a otros ámbitos –España y Unión Europea, en un primer momento- por la autora del artículo. Palabras claveS: gabinete de comunicación, comunicación organizacional, prensa, medios de comunicación, periodismo. ABSTRACT From the beginnings of History, the ruling entities have tried to control or, at least, be part of, the discourse of mass media. During the last decades three developments have evidenced this tendency, namely: the increase of information and its value; the fading of power, and the change of strategies for a broader presence in mass media and, consequently, in public opinion (not only through control of the property of the media or the broadcasted contents, but also by controlling or influencing the information sources). The data collected constitute a brief review of those three issues. The paper introduces the outcome of a concluded research project, which is currently being taken further – in Spain and European Union as a first stage – by the author. Keywords: communication office, organizational communication, press, mass media, journalism resumO Desde o começo da história, as classes de governantes tinham tentado controlar ou, pelo menos, ter uma presença importante no discurso de meios de comunicação. Durante as últimas décadas três evoluções marcaram esta tendência: o aumento da informação e de seu valor; os jogos do poder e a mudança das estratégias para ter a presença em meios de comunicação e, conseqüentemente, na opinião pública (não somente com o controle da propriedade dos meios ou dos índices transmitidos, mas também controlando ou influenciando as fontes de informação). Os dados coletados aqui constituem uma revisão breve ao longo destes três pontos. Este artigo apresenta um resultado de uma pesquisa concluída, embora outros espaços - Espanha e União Européia num primeiro momento - estejam sob o estudo pela autora no momento. Palavras-chave: Comunicação organizacional, imprensa, meios de comunicação, jornalismo. 115 1. Introducción. La agenda mediática no coincide con el universo cotidiano de individuo o colectivo alguno del planeta. Solamente unos pequeños ámbitos, actores y actividades aparecen reflejados en las páginas y los sonidos e imágenes transmitidos a través de los medios de comunicación. De este modo, el mundo se nos muestra como la luna: con una cara siempre oculta y la otra, a veces, opaca o semiopaca. ¿Qué ocurre? ¿Qué pasa con los medios de comunicación? ¿Qué transmiten a la opinión pública? Y, sobre todo, ¿qué parte de “realidad” ignoran? Tradicionalmente las investigaciones sobre medios de comunicación han versado sobre dos aspectos fundamentales: los temas y las audiencias (recepción, consecuencias…). Sin embargo, uno de los grandes olvidados es el tema de las fuentes, especialmente desde el momento en el que éstas se institucionalizan y emprenden flujos de comunicación continuos con los diversos sistemas mediáticos con el fin de afianzar un puesto continuo en la agenda mediática. en la sociedad; y un tercero (P3), que se preocupa de la creación y procesamiento de la información en los gabinetes. Los medios de comunicación, de esta forma, son básicamente distribuidores de una información que está producida en su mayor parte en otro lugar: los gabinetes que son los que les conceden su contenido y su valor. ¿Quién produce la información? ¿Quién y cómo provoca que circule? Los poderes públicos se encuentran en uno de los primeros lugares. Veamos detenidamente cada una de estas ideas: 1) la relación tradicional del poder con los medios de comunicación; 2) el cambio de contexto social y el valor añadido de la información: la Sociedad de la Información; 3) las estrategias de influencia: los gabinetes de comunicación. 2. Relación tradicional del poder con los medios de comunicación Desde el inicio de la Historia del Periodismo, los sectores más poderosos e influyentes de la sociedad de cada momento intentan controlar e influir en los contenidos que circulan en los periódicos. 116 Dos hipótesis marcan el punto de partida: por un lado, la relevancia de la influencia que los medios de comunicación ejercen en la sociedad en general y concretamente como conformadores de la opinión pública. En segundo lugar, el hecho de que los gabinetes de comunicación son el origen real de la mayoría de los contenidos que difundirán posteriormente los medios. Es decir, esos fantasmas que denominamos gabinetes de comunicación están detrás de la conformación de parte de ese ‘poder’ o influencia en la sociedad. Por lo tanto, estamos hablando de tres flujos de información: un primero (P1), que consiste en la relación de los gabinetes de comunicación con la agenda mediática; un segundo (P2), que atiende a la repercusión de los medios de comunicación “Impresas o manuscritas, las noticias, como más tarde los periódicos, despertaron enseguida los temores y las desconfianzas de los gobernantes que procuraron reprimirlas. Sobre todo los papas, empeñados en una lucha encarnizada contra la reforma, quisieron imponer silencio a los informadores.” También Richelieu comprendió la utilidad de la prensa para actuar sobre la opinión pública; cuando la Gazette penetra en el siglo XVII en otros países, ciertos gobiernos intentaron prohibirla, pero Renaudot les aconsejó que renunciaran a ello ya que `es una mercancía cuyo comercio no se ha podido jamás prohibir, y que es de la naturaleza de los torrentes, que engrosan cuando se les opone resis WEIL, Georges, El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994. ¿Qué ocurre? ¿Qué pasa con los medios de comunicación? ¿Qué transmiten a la opinión pública? Y, sobre todo, ¿qué parte de “realidad” ignoran? tencia`. En Inglaterra Carlos I (s. XVII) se esforzó por reprimir las `hojas de noticias` impresas y en 1632 la Cámara Estrellada por queja del embajador de España prohibió estas hojas. También en Alemania en el siglo XVII la prensa fue sometida `a la censura puntillosa de los tiranuelos eclesiásticos o laicos y a las ciudades imperiales`. Ya en el siglo XVIII, los últimos años de Guillermo III de Inglaterra y la época de la reina Ana señalaron la formación de los grandes partidos whigs y los tories que se disputaron al poder (y con frecuencia son los periodistas los que reciben los golpes en esta batalla: la multa, el picot, el látigo o la prisión). Sin embargo, pronto se descubre la importancia de la favorable opinión pública y la persecución se transforma en beneplácito e intercambio de intereses. Los jefes de los partidos comprenden pronto las ventajas de tener al lado a los publicistas; los inspiran, les pagan y alguno incluso les agasaja con las mayores consideraciones. Es la época en la que algunos hombres `de talento` se consagran a los periódicos y elevan la dignidad de la profesión; es la época en la que viven Defoe, Addison y Swift según relata Georges Weil. En síntesis, vemos como a lo largo de la Historia los poderes –fundamentalmente el político y el económico- intentaron controlar la información de una u otra forma y para ello recurrieron a las fuentes `por ser en buena medida las que gobiernan todo el proceso de la información`. Los gabinetes de comunicación aparecen cuando, por factores diversos, esa canalización de la información se realiza mediante instituciones estables, y dejan, por tanto, de ser manifestaciones puntuales o restringidas a sectores concretos de la sociedad para generalizarse y estabilizarse hasta el punto de ser un fenómeno totalmente implantado e irreversible ya en la sociedad. La proliferación continuada durante las últimas décadas de este tipo de oficinas forma parte de lo que los expertos denominan `fenómeno de los nuevos emisores` y surge a partir de cambios estructurales (magnitud de las entidades o modificaciones legales, por ejemplo) en momentos diferentes según cada país o situación. Actualmente nos encontramos en un momento de grandes transformaciones que han potenciado la relevancia de la información como veremos a continuación. 3. El cambio de contexto social y el valor añadido de la información: la Sociedad de la Información. Siglo XXI. Nos situamos en un momento de cambios importantes en las estructuras de los sistemas económico, político, social, cultural y, por supuesto, comunicativo. “Las transformaciones históricas en curso no se limitan al ámbito tecnológico y económico: afectan también a la cultura, a la comunicación y a las instituciones políticas, en un sistema interdependiente de relaciones sociales” 4 RAMÍREZ, Txema, La influencia de los gabinetes de prensa. Las 2 WEIL, Georges, El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994. rutinas periodísticas al servicio del poder, In: Telos. Cuadernos de 3 RAMÍREZ, Txema, La influencia de los gabinetes de prensa. Las comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40. rutinas periodísticas al servicio del poder, In: Telos. Cuadernos de Diciembre-febrero 1995. comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40. 5 BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel, Local y global, Madrid: Taurus, Diciembre-febrero 1995. 1997. 117 Actualmente nos encontramos en un momento de grandes transformaciones que han potenciado la relevancia de la información como veremos a continuación. 118 Las transformaciones que están sufriendo las diferentes sociedades en mayor o menor medida implican una revolución tan importante como la Revolución Industrial y señalan el inicio de una nueva etapa, denominada Sociedad de la Información. No es este el lugar ni el momento adecuado para desarrollar una historia y un análisis crítico sobre esta etapa sino únicamente para resaltar la gran importancia adquirida durante estas décadas por la información y, sobre todo, el intento de conseguir que la tecnología sea accesible y cambie la vida cotidiana de la mayoría de las personas. En este contexto social el poder, especialmente el poder político, continúa con su estrategia de tener presencia en la opinión pública. Para conseguir este objetivo utiliza los dos medios tradicionales (control sobre la propiedad y control a través de las políticas de comunicación) y un instrumento nuevo: el control de las fuentes de información, es decir, la entrada en las rutinas productivas de los medios con armas puramente periodísticas. De este modo, el poder político crea sus propios gabinetes de comunicación y se convierte en fuente de referencia y con credibilidad para la entrada continua en los medios de comunicación. No obstante, desde nuestro punto de vista, la función de la comunicación organizacional o institucional en el caso de los medios administrativos o políticos difiere bastante de la actividad desarrollada en otros 6 Diferentes términos fueron utilizados por distintos autores y etapas de la investigación para hacer referencia al mismo concepto: ámbitos de la vida. A continuación señalamos alguna de estas peculiaridades. Características de la comunicación organizacional política En primer lugar debemos de hacer una diferenciación importante sobre qué actor de la política estamos hablando ya que la comunicación será diferente si estamos haciendo referencia a un partido político o, por el contrario, estamos teniendo como objeto de nuestro discurso a una administración pública. En este caso, la comunicación tendrá como objetivo fundamental identificar y desarrollar al máximo las relaciones con los ciudadanos, con vista al refuerzo del conocimiento que estos tienen de la Administración Pública y buscar el consenso sobre su gestión. Dentro de la Administración Pública, Black resume las funciones del gabinete en dos: dar habitualmente información sobre los planes y los logros de la institución y educar a los ciudadanos sobre la legislación, disposición y todos los asuntos que afectan a la vida diaria de los ciudadanos. En un sistema democrático, en principio, los gabinetes de comunicación forman parte de la evolución registrada durante las últimas décadas en la relación entre la administración y los ciudadanos (mayor complejidad de la administración, mayor apertura y paso del administrado al ciudadano/cliente). Uno de los mayores riesgos de la comunicación en este campo es el de transformar la comunicación en simple propaganda, lo que ocurriría en los sistemas políticos ´tercera onda`(Alvin Toffler), ´sociedad postcivilizada o sociedad tecnológica` (Kenneth Boulding), ´sociedad postindustrial´(Daniel 7 MARTINEZ BARGUEÑO, M. Información administrativa un Bell), ´sociedad poscapitalista`( Peter Druker), ´era derecho constitucional, In: AAVV, Información institucional. Prim- postmoderna`(Amitai Etzioni), `sociedad programada` (Alain eros encuentros, Valencia: Ed. Generalitat Valenciana, 1985. Touraine), ´sistema-mundo`(Inmanuel Wallerstein), ´sociedad red` 8 BLACK, Sam, Las relaciones públicas. Un factor clave de gestión, (Manuel Castells), entre otros. Barcelona: Ed. Hispano, 1991. totalitarios, dónde los gabinetes de comunicación se convierten en un instrumento muy valorado por las élites poderosas del régimen. Entre los dos extremos, existe una amplia gama de comunicación institucional. Frente a esta, la comunicación empresarial será, por su parte, la que actúa dentro de una empresa, es decir, las unidades de producción privadas básicas en una economía capitalista o mixta que contrata trabajo y compra otros factores con el fin de hacer y vender mercancías. Dentro de este sector, la comunicación organizacional se caracteriza por la ausencia de obligatoriedad legal y por la búsqueda de los fines propios del sector: la productividad y la rentabilidad. En el medio de las dos están los partidos políticos en tercer sector, definido éste como el constituido por aquellas organizaciones privadas de carácter voluntario sin ánimo de lucro que, surgidas de la libre iniciativa ciudadana y regidas de forma autónoma, buscan responsablemente mediante el desarrollo de actividades del interés general alcanzar el incremento de los niveles de calidad de vida a través de un progreso social solidario, en cooperación con otras instancias públicas o privadas, beneficiándose, en su caso, de un tratamiento fiscal específico, derivado del reconocimiento de su labor altruísta10. Tienen una función principal que es la de la conexión entre el electorado/ciudadano y las instituciones. La comunicación de los partidos políticos hacia sus electores se realiza en una gran parte a través de los medios de comunicación. Esta relación constituye uno de los ámbitos de mayor producción investigadora de las últimas décadas, sobre todo, en el subsector de los efectos de la información (más que de la producción y difusión de la misma) hasta el punto de que algunos 9 SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, William D., Economía, Madrid: Ed. McGraw-Hill, 1995. 10 CABRA DE LUNA, Miguel Angel, El tercer sector, In: CARPIO, Maximino (ed.), El sector no lucrativo en España, Madrid: Pirámide, 1999. autores señalan la aparición de un nuevo poder en la política norteamericana: los asesores de comunicación, que son permanentes mientras que los candidatos elegidos son efímeros. La segunda gran diferenciación que trazamos se refiere al tipo de institucionalización de la comunicación, es decir, si se habla de una comunicación institucional realizada desde dentro de la propia institución –gabinete de comunicación- o si se realiza desde fuera de la entidad –asesoría externa de comunicación-. En el primero de los casos es un departamento interno a la entidad el que, imbricado en la estructura y en el funcionamiento de esta, se encarga de elaborar e ejecutar la política comunicativa. En el segundo de los casos, es una empresa externa a la que la entidad contrata de forma continuada o periódica para que se responsabilice de planificar y ejecutar un plan de comunicación o alguna de sus funciones. Los objetivos y las funciones son similares en ambos casos pero la dinámica de trabajo y las ventajas e inconvenientes planteadas son diferentes. Veamos cada uno de ellos. 4. Las estrategias de influencia: asesorías y gabinetes de comunicación. Una asesoría de comunicación es una empresa privada que, con los recursos técnicos y humanos adecuados, tiene como principal función profesional el prestar servicios a terceros en materia de comunicación. Desde el punto de vista de la práctica podemos fácilmente encontrar autodefiniciones de las propias asesorías de comunicación que incluyen, siempre, la necesidad de la comunicación y la relación directa, guiada y positiva con los clientes/públicos (recordando que siempre se comunica), la variedad de servicios y la adaptabilidad a las necesidades propias de la empresa que va a contratar, además de la profesionalidad y especialización de sus profesionales. Las asesorías, empresas privadas especializadas en la comunicación, nacen, en algunos casos, del 119 120 reciclaje de las antiguas agencias de relaciones públicas y, en otros, de la iniciativa de los propios profesionales de la comunicación. Podríamos establecer, con un criterio únicamente analítico, tres fases en la evolución de las asesorías de comunicación. Una primera, después de la Segunda Guerra Mundial cuando el boom de la imagen y de la presencia positiva en la opinión pública promocionan la aparición de estas primeras empresas. Una segunda que abarcaría desde los años 60 hasta 199511 en la que las asesorías sufren un proceso de internacionalización y profesionalización. Y, finalmente, la época actual en muchos países con una importante presencia de las asesorías de comunicación pero en la que éstas adolecen, en general, de especialización, ya que ofrecen una variedad inmensa de servicios realizados siempre por los mismos recursos humanos. Según el servicio que prestan a la entidad podríamos dividirlas en: actos puntuales y asesorías permanentes. En el primero de los casos estarían aquellas contratadas para llevar a cabo la comunicación en actividades puntuales (congreso, feria o, uno de los casos típicos, la comunicación de un partido político en un proceso electoral). En el segundo de los casos ubicaremos aquellas asesorías que mantienen una relación continua con su/s cliente/s con el fin de conseguir una buena política comunicativa. Según el nivel de especialización las asesorías se pueden clasificar en especializadas o no especializadas. En este caso, como su propio nombre indica la diferencia es el ofrecimiento de un único servicio de comunicación o de una batería de ellos. La tendencia durante los últimos años en mercados que empiezan a estar saturados de asesorías de comunicación es a la diferenciación y el posicionamiento en el mercado a través de la primera. Por otra parte, el gabinete de comunicación es el departamento de la entidad –empresa o institución- encargado de la planificación, implementación y evaluación de la política comunicativa de la entidad. A pesar de que la mayoría de los autores sitúan el origen de los gabinetes de comunicación a inicios del siglo pasado, los comienzos no están perfectamente delimitados, ya que la comunicación es una función intrínseca a cualquier organización. Cualquier entidad comunica por el simple hecho de estar en unas coordenadas espacio-temporales y desarrollar una determinada actividad pero se trata de que esa comunicación esté controlada y sea positiva para la organización. Con este fin se crean los gabinetes de comunicación. Las denominaciones y definiciones se modificaron, sobre todo, en las últimas décadas, con la consolidación de departamentos estables dedicados exclusivamente a la formalización e institucionalización de los diferentes procesos de comunicación que realiza una empresa o una institución a lo largo de su vida. Los cambios terminológicos responden a modificaciones reales de las funciones (o a la potenciación de unas sobre otras), a las transformaciones sobre las características de los departamentos, al contexto lingüístico en el que se realizan o a la perspectiva desde la que el autor o la escuela se acercan al ámbito de la comunicación organizacional. En principio, el término ‘gabinete’ proviene del diminutivo del francés medieval ‘gabinet’, actual ‘cabinet’ (de ‘cabin’, cuarto pequeño de origen incierta), significando ‘alojamiento íntimo’12. Termi- 12 COROMINES, J. Diccionario crítico etimológico de la lengua castellana, Madrid: Gredos, 1976. 13 En castellano los diccionarios no recogen la acepción de gabinete de comunciación con la excepción del Diccionario del español actual ( SECO, M.; ANDRÉS, O.; RAMOS, G. Diccionario del español actual, Madrid, Aguilar, 1999) que si fornece una definición de gabinete 11 Son únicamente fechas orientativas que dependen de cada país y relacionada con la comunicación: “2. Oficina de un organismo cada circunstancia. encargada de atender determinados asuntos” nológicamente su uso para designar a los gabinetes de comunicación es probablemente una extensión metonímica para indicar la sala de trabajo13. Desde la teoría de la comunicación, las definiciones fueron diversas, pero todas ponen su énfasis en las características de organismo estable y de fuente/origen de información muy relevante. Por ejemplo: En un organismo público, en los partidos políticos y en las instituciones con proyección social, oficina encargada de la actividad periodística cuya función es mantener contacto con los periodistas, informándoles sobre las actividades de su dependencia y recogiendo cuantas noticias sobre éstas y sus dirigentes se publiquen en la prensa14 Txema Ramírez15 resalta que es el punto de partida la información y afirma que ‘se entiende por gabinetes de prensa aquellas fuentes activas, organizadas y habitualmente estables de información que cubren las necesidades informativas de aquellas organizaciones del ámbito cultural, social, político y económico que aspiran a tener influencia ante la opinión pública’. Según el mismo explica se le concede la categoría de fuente informativa, activas (pueden tomar la iniciativa), organizadas (tienen un lugar determinado al que el periodista puede dirigirse) y estables (aunque reconoce que también existen gabinetes de comunicación concretos). Otras definiciones más concretas, reducen el ámbito de actuación del gabinete de comunicación, como la que afirma que Gabinete de prensa es un departamento dirigido generalmente por periodistas dedicados a la difusión y recopilación de informaciones referentes a la institución o empresa de la que son portavoces circunstanciales, para lo cual utilizan principalmente una serie de técnicas de informar y reaccionar como son la nota o la rueda de prensa16 Últimamente se abandonó la denominación de gabinete de prensa y se empezó a hablar de gabinetes de comunicación como el lugar “donde se gestiona toda la información que cada empresa e Cualquier entidad comunica por el simple hecho de estar en unas coordenadas espacio-temporales y desarrollar una determinada actividad pero se trata de que esa comunicación esté controlada y sea positiva para la organización. institución produce, día a día, traduciéndose en Comunicación externa e interna al ser contestada por los ciudadanos, empleados, accionistas (...)”17. El uso del término ‘oficina’ o ‘gabinete’ de prensa se generalizó, en un principio, entre aquellas fuentes informativas que decidían dotarse de una mínima infraestructura para atender a los medios de difusión y, pese a que el término prensa no es incorrecto, la denominación de ‘gabinete’ o ‘departamento de comunicación’ capta mejor la globalidad del fenómeno, a que además de prensa, están la radio y la televisión18 y teóricamente los medios electrónicos. Joan Ferrer19 define, en un sentido amplio, el gabinete de comunicación como `el encargado de la planificación de las Relaciones Públicas o de la Comunicación en la Empresa`. Desde esta perspectiva, consideramos el gabine- 16 DEL RIO, Miguel (ed.), Gabinetes de prensa: la comunicación en las instituciones y en las empresas, els autors, S.L., cop. 2001. 17 MARTÍN, Fernando, Comunicación empresarial e institucional, 14 RAMÍREZ,Txema, Gabinetes de comunicación. Funciones, disfun- Madrid: Editorial Universitas, 1999. ciones e incidencia, Barcelona: Bosch, 1995. 18 RAMÍREZ, Txema, Gabinetes de comunicación. Funciones, dis- 15 WESTPHALEN, M.H.; PIÑUEL, J.L., La decisión de comunica- funciones e incidencia, Barcelona: Bosch, 1999. ción: prácticas profesionales, diccionario técnico, Madrid: Ediciones 19 FERRER, Joan, La comunicación interna y externa en la empresa, del Prado, 1993. S.L., 2000. 121 te de comunicación como aquel que cumpla los siguientes requisitos: 1. Departamento diferenciado dentro de la entidad (con recursos humanos y materiales propios, funciones delimitadas y presencia en el organigrama o en el plan de actuación de la entidad con objetivos y actividad propios). Los gabinetes de comunicación política deberán manifestarse ante la opinión pública y profesionalizar y delimitar sus funciones dentro del sistema comunicativo. 2. Imbricado en la entidad (formal o consuetudinariamente). 3. Carácter estable y organizados20. 4. Con personal encargado de la denominada comunicación interna y externa, siendo fuente de comunicación activa. 5. Con infraestructura y personal propios. 122 5. El caso de Galicia. Ficha técnica Los datos presentados a continuación son un pequeño resumen de una investigación más extensa realizada a través de casi 800 encuestas a los representantes e instituciones más significativas de los diversos sectores de la sociedad gallega y de 14 entrevistas en profundidad a directores de comunicación de los gabinetes más relevantes de la comunidad. La delimitación de la muestra estuvo impuesta por una comunidad autónoma con características propias como es Galicia y a la época actual. Una vez realizado el trabajo de campo, los análisis estadísticos pertinentes y la confrontación necesaria con la bibliografía existente sobre el tema consideramos que el poder político, también en la actualidad, ha sido uno de los primeros sectores que conocieron no sólo la necesidad de estar en la opinión pública para perpetuar su poder sino también el carácter imprescindible de tener una presencia favorable cualitativamente y las estrategias necesarias para alcanzarla, en este caso, los gabinetes de comunicación. El valor de la información y de la presencia positiva en los medios de comunicación es diferente según el sector social al que hagamos referencia. Mientras las empresas persiguen intereses económicos21 , las administraciones públicas de países como España cumplen con la obligatoriedad de transparencia y comunicación hacia los ciudadanos22. La comunicación organizacional fue asumida como un valor estratégico y político (el primer sector supera en 37 puntos al segundo y en 55 al tercero). Dentro del poder político, los gabinetes de comunicación nacen como una consecuencia más de la reestructuración de la Administración Pública a partir de la llegada de la democracia, vinculados al poder político y con escasos pero profesionales medios humanos y una buena infraestructura, orientados fundamentalmente a la transmisión de información con los medios de comunicación. Como novedad más resaltable está la aparición de las nuevas tecnologías de la información como elemento fundamental en el trabajo del gabinete de comunicación. Por lo tanto, podemos concluir que: 1. La dispersión del poder en las sociedades modernas incita a la creación de diferentes instituciones que planifican, implementan y evalúan las políticas públicas. 2. La creciente necesidad de las instituciones y de los actores políticos de tener una presencia y 21 Trabajamos siempre con tres sectores: a) el primero se corresponde con las administraciones públicas; b) el segundo son las empresas privadas; c) el tercero son las entidades no públicas sin ánimo de lucro. 20 Además estarían aquellos eventuales u organizados con motivo 22 En el caso español la Constitución de 1978 reconoce el derecho de un acontecimiento o actividad determinada, normalmente con de los ciudadanos al acceso a la información administrativa y la apoyo de empresas externas. obligación de transparencia por parte de los poderes públicos. una presencia positiva en la opinión pública –desde el inicio de los tiempos intentaron controlar a los medios de difusión-. 3. La comunicación organizacional como uno de los instrumentos utilizados para conseguir presencia en la opinión pública. Los gabinetes de comunicación se convirtieron durante las últimas décadas en uno de los principales nodos informacionales relativamente institucionalizados en las actuales sociedades. Esta afirmación es especialmente válida para las organizaciones sociales articuladas en red en continuo flujo informativo. Además suponen uno de los más relevantes decidores de la agenda mediática del territorio en el que desempeñan su actividad. Los gabinetes de comunicación, igualmente, empiezan a ocupar los primeros puestos de los ranking de las empresas del sector de la comunicación y a funcio- nar como instrumentos de las estructuras y los actores de sectores hegemónicos para mantener su status quo a través de una favorable opinión pública. En definitiva, la comunicación organizacional en política es un sector todavía incipiente, en proceso de definición y expansión en Galicia que deberá enfrentarse en los próximos años, además de las características propias del ámbito, a las cuestiones como la globalización, la concentración de medios, la falta de reglamentación, la legislación y el código ético. Del mismo modo que pasaron del desconocimiento, la desconfianza, la mezcla y la relación profesional con los medios de comunicación, los gabinetes de comunicación política deberán manifestarse ante la opinión pública y profesionalizar y delimitar sus funciones dentro del sistema comunicativo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLACK, Sam. Las relaciones públicas. Un factor clave de gestión, MARTINEZ BARGUEÑO, M. Información administrativa un dere- Barcelona: Ed. Hispano, 1991. cho constitucional, In: AAVV, Información institucional. Primeros BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y global, Madrid: Taurus, encuentros, Valencia: Ed. Generalitat Valenciana, 1985. 1997. MATTELART, A.; STOURDZE, Y. Tecnología, cultura y comunicación, CABRA DE LUNA, Miguel Angel. El tercer sector, In: CARPIO, Barcelona: Mitre 1984, entre otros. Maximino (ed.), El sector no lucrativo en España, Madrid: Pirámide, RAMÍREZ, Txema. La influencia de los gabinetes de prensa. Las 1999. rutinas periodísticas al servicio del poder In: Telos. Cuadernos CASTELLS, Manuel. La Galaxia Internet, Barcelona: Plaza&Janes, de comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40. 2001. Diciembre-febrero, 1995 COROMINES, J. Diccionario crítico etimológico de la lengua castel- ______________. Gabinetes de comunicación. Funciones, disfuncio- lana, Madrid: Gredos, 1976. nes e incidencia, Barcelona: Bosch, 1995. DEL RIO, Miguel (ed.). Gabinetes de prensa: la comunicacion en las SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, William D. Economía, Madrid: instituciones y en las empresas, els autors, S.L., cop. 2001. Ed. McGraw-Hill, 1995. FERRER, Joan. La comunicación interna y externa en la empresa, S.L., SECO, M.,ANDRÉS, O.; RAMOS, G. Diccionario del español actual, 2000. Madrid: Aguilar, 1999. FOUCAULT, Michel. Estrategias de poder: obras esenciales, Barce- TREJO DELABRE, Raul. La nueva alfombra mágica, Madrid: Fun- lona: Paidós, 2000. desco, 1996. GARCÍA OROSA, Berta. Los altavoces de la actualidad. Radiografía WEIL, Georges. El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994 de los gabinetes de comunicación, A Coruña: Netbiblio, 2005. WESTPHALEN, M.H.; PIÑUEL, J.L. La decisión de comunicación: MARTÍN, Fernando, Comunicación empresarial e institucional, prácticas profesionales, diccionario técnico, Madrid: Ediciones del Madrid: Editorial Universitas, 1999 Prado, 1993. 123 EXILIO Y DESPLAZAMIENTOS EN INVASIÓN, LOS HIJOS DE FIERRO Y REFLEXIONES DE UN SALVAJE Paula Rodríguez Marino Instituto Gino Germani / Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires. E-mail: [email protected] 124 1 Este trabajo se inserta en la tesis de Doctorado en Ciencias Sociales “Figuras del destierro. Narraciones del exilio en el cine argentino (19781987)” que se encuentra en curso y de la beca doctoral de investigación UBACyT integrada al Proyecto SO 35 2004-2007 “Cuerpo y sensibilidad en la década de setenta” financianciado por la misma entidad y dirigido por la Dra. Mirta Varela en el Instituto de Investigaciones Gino Germani, Facultad de Ciencias Sociales, UBA. resumen Este trabajo intenta desembrozar las representaciones del exilio entre 1969 y 1978 en los filmes Invasión de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro de Fernando Solanas (1972-75) y Reflexiones de un salvaje de Gerardo Vallejo (1978) a través de una perspectiva que combina el análisis cinematográfico con la historia socio-cultural. El análisis está orientado a reflexionar sobre las cercanías y distancias de filmes y períodos tan disímiles que permiten teorizar sobre el desplazamiento (a veces no forzado) y el exilio político que deviene en destierro. Este objetivo intentamos alcanzarlo a través de los siguientes los ejes: las características de la cinematográfica de cada uno de los directores, el uso del montaje para la creación de un espacio y tiempo cinematográficos y las figuraciones del exiliado para narrar la oposición política. Palabras claveS: desplazamientos, cine argentino, militancia, montaje, modernización ABSTRACT This work is an attempt at unraveling the representations of exile between 1969 and 1978 featured in the film productions Invasión by Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro by Fernando Solanas (1972-75) and Reflexiones de un salvaje by Gerardo Vallejo (1978) through a perspective which connects cinematographic analysis to sociocultural history. The analysis is oriented to inquire on the similarities and differences of such dissimilar films and historical moments, which enable the formulation of theories about the displacement (voluntary, at times) and the political banishment transformed into exile. To achieve this objective, the following issues are analyzed: the cinematography profile of each of the filmmakers, the resource to editing in order to create filmic space and time, and the representations of the exiled narrating their political opposition. Keywords: displacements, Argentine cinema, militancy, editing, modernization resumO Este trabalho pretende discutir as representações do exílio entre 1969 e 1978 nos filmes Invasión, de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro, de Fernando Solanas (1972-75) e Reflexiones de un salvaje, de Gerardo Vallejo (1978), sob uma perspectiva que combina a análise cinematográfica com a história sócio-cultural. A análise reflete sobre as diferenças e similitudes dos filmes e períodos tão distintos que permitem teorizar sobre o deslocamento (às vezes não forçado) e o exílio político que lá ocorre. Para alcançar o objetivo, foram analisados: as características da cinematografia da cada um dos diretores, o uso da montagem para a criação de um espaço e tempo cinematográficos e as figurações do exilado para narrar a oposição política. Palavras-chave: deslocamento, cinema argentino, militância, montagem, modernização 125 Introducción Analizaremos las representaciones del exilio entre 1969 y 1978 a través de tres filmes y los vincularemos con el periodo histórico en el cual estos filmes se inscriben. Abordaremos esas representaciones del exilio y de los exiliados en los filmes Invasión de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro de Fernando Solanas (1972-75) y Reflexiones de un salvaje de Gerardo Vallejo (1978). Los ejes del análisis son: las características de la cinematográfica de cada uno de los directores, el uso del montaje para la creación de un espacio y tiempo cinematográficos y las figuraciones del exiliado para narrar la oposición política. 126 La elección de filmes tan variados tiene por objetivo ofrecer una periodización del cambio en las representaciones del exilio en relación a los acontecimientos políticos, a partir de diferentes estrategias representacionales que dependen de las trayectorias cinematográficas de Hugo Santiago, Gerardo Vallejo y Fernando Solanas. Las tres formas de concebir el cine de estos directores están en consonancia con tres posiciones sobre la relación entre arte y política y entre cine y es- tética. Invasión se anticipa a exilios posteriores: al de 1971 durante el Onganiato, al de 1974 y al posterior desde 1976. A pesar de que este filme no incluye al exilio en su argumento, el exilio es parte del tema porque en el final se hace visible que el exilio sería inevitable como parte del “destino” de la lucha armada. En cambio, en Los hijos de Fierro y en Reflexiones de un salvaje el exilio es parte del tema y del argumento. Podemos concebir a Invasión como la puesta en escena y escenificación del inicio de la lucha armada; a Los hijos de Fierro como un momento intermedio entre la agudización de la militarización de las organizaciones políticas de izquierda y el triunfo del peronismo en 1973. Finalmente, Reflexiones de un salvaje es la representación de la represión brutal del Estado iniciada por las acciones de la organización para-militar Triple AAA e intensificada, tanto en sistematicidad como en extensión, por la dictadura militar (1976-1983). Al mismo tiempo, haremos referencia a otros filmes de los mismos directores que funcionarán como marco de referencia. 1 La concepción del montaje como aspecto técnico del cine es siempre problemática porque supone una dicotomía entre especifidad del cine y el discurso fílmico como una más de otras formas significantes o de discursos en el proceso de producción de sentido a través de signos. Por otra parte, el planteo de “lo específico” del cine para diferenciarlo de otros medios (televisión, video, radio) y de las artes (pintura, teatro y literatura) conlleva el supuesto de que se trata de un efecto físico basado en el orden empírico y finalmente, retorna al trabajo en el laboratorio cinematográfico, la edición como equivalente del montaje y como espacio de decisión central sobre la narración. Ver Sánchez –Biosca (1996, p. 18; 35) 2 La ausencia del exilio en el argumento pero su presencia en el tema es lo que caracteriza, por ejemplo, a Las tres A son las tres armas realizada por el grupo Cine de la Base. En otros filmes de los integrantes de este mismo grupo, el exilio no aparece como condición vital debido a que su interpelación ideológica y posición política les impide autodefinirse de esta forma. En la producción de Cine de la Base entre 1971 y 1976 el exilio aparece fuera del espacio narrativo. La transformación de esta estrategia, sin embargo, puede verse en las producciones realizadas individualmente por sus ex integrantes. 3 Se ha señalado que en el cine de Hugo Santiago y en especial en Invasión no puede hablarse de “puesta en escena” porque se trataría de un “cine puro” donde la forma y el tema son indisociables. Cf. Kang (1993). El cine puro supone organización de forma y ritmo evitando la representación (Russo, 2003, p. 217). Por el contrario, creemos que Santiago se inspira en la ontología de la imagen de Bazin que no elimina la representación sino que hace presente la cualidad de la imagen y de algo a través de esta. El cine de Vallejo, a diferencia del de Solanas y el de Santiago, no siempre responde a la noción de “puesta en escena” entendida como la disposición al interior del plano y que invisibilizaría el trabajo de montaje característico del cine clásico (entre las décadas de ’30 a ’50 en Hollywood) (Sánchez-Biosca, 1996 45; 100). Ahora, si tomamos la otra acepción de la puesta en escena como creación de un universo autoral y poético y un procedimiento formal desligado de los aspectos meramente técnicos, encontramos el uso de la puesta en escena en la filmografía de los tres directores. 1. CINEMATOGRAFÍAS Y TRADICIONES El cine de Hugo Santiago Hugo Santiago, cuyo nombre es Hugo Muchnik, viaja a París en 1959 becado por el Fondo Nacional de las Artes, estudia en La Sorbona y trabaja como asistente de dirección de Robert Bresson. Santiago no fue perseguido y su exilio no fue político, emigró a París en 1966 para instalarse, definitivamente, luego del golpe de Onganía lo que impide el rodaje de un filme sobre tango con guión de Olga Orozco. Su filmografía, de clara influencia borgeana, no ha tenido éxito masivo en la Argentina. Santiago ha sido definido como un cineasta que ofrece un tratamiento visual que reintegra la complejidad a lo real, un cineasta de los márgenes que crea a partir de los planos y del encuadre lo que no puede ser visto (Oubiña, 2002). En parte, esto responde a una tradición cinematográfica que conecta el cine con la literatura como ejercicio de escritura, con la música como concepción del tiempo por ejemplo sus “filmes- música” y hasta con el teatro como disposición de un espacio opaco (Idem) en sus “filmes teatrales”. Hugo Santiago no pertenece a la generación del “nuevo cine argentino”, como David José Kohon o Manuel Antín. En todo caso, comparte la sensibilidad de una época y de un modo de producir y de pensar en la Argentina durante los años ’60. El primer largometraje de Hugo Santiago Invasión 4 La relación entre cine y literatura es una de las marcas más reconocidas en ese “nuevo cine argentino” de los años ’60. Entre sus preocupaciones temáticas se destacan el enfrentamiento generacional y la masificación de la vida urbana. Muchos de esos filmes se caracterizan por un tratamiento intimista así como por la influencia del psicoanálisis. De todas formas, el cine de la “generación del ’60” tampoco conforma un movimiento, sino de un conjunto de filmes heterogéneos reconocidos como tales en virtud del contraste con las producciones más comerciales de los grandes estudios de los años ’50. (1969) demuestra estas preocupaciones, así como la visión del director sobre la historia argentina vista como tragedia. No solo desde la óptica de Hugo Santiago sino también a partir del guión de Jorge Luis Borges y Adolfo Bioy Casares. Invasión se estrena en París y se suscita una polémica entre intelectuales, funcionarios y la crítica cinematográfica argentinos y franceses a favor de este filme oponiéndolo a La hora de los hornos. Santiago viaja a la Argentina entre 1969 y 1971 para escribir junto con Borges y Bioy Casares el Santiago ha sido definido como un cineasta que ofrece un tratamiento visual que reintegra la complejidad a lo real. guión de Los otros y en 1974 es presentado en el Festival de Cannes dentro de la selección oficial francesa. En esta oportunidad el debate perjudicó la exhibición de Los otros pero aparece, nuevamente, una discusión sobre la “identidad nacional” y sus representaciones legitimadas a través del cine de Santiago. Recién más de veinte años después ese filme será concebido como la puesta en escena de la anticipación de la lucha armada y del terrorismo de Estado. Las veredas de Saturno es la continuación que Santiago establece para Invasión: luego del enfrentamiento entre liberales, conservadores y peronistas sobreviene la migración de los artistas desde los ’60 y de los militantes peronistas luego del ’76. En Invasión el exilio está fuera de campo, parte de un futuro insinuado, en el filme Los otros, Santiago liga la visión del exilio a la tradición del letrado decimonónico: los jóvenes ya no son militantes que defienden la ciudad sino aquellos que se trasladan a París para vivir la cultura. Santiago remite en cada uno de estos filmes a la emigración intelectual y al exilio político y los retoma a ambos en Las veredas de Saturno. La presencia de estas dos vivencias e interpretaciones es el tema de este 127 último filme, la matriz cultural que en la historia de las producciones nacionales solapa migración intelectual y viajes iniciáticos con exilio político. La cinematografía de Santiago es una reflexión sobre las condiciones de la vida en los márgenes, muy distante del destierro (una pena política impuesta y legalizada) y de los desplazamiento forzados para salvar la propia vida y estigmatizados en este período bajo las figuras de la huida y de la fuga. Santiago forma parte de la tradición de los intelectuales críticos argentinos, en ocasiones, distante y crítica de la de los intelectuales transformados en militantes, se trata de dos variantes diferentes de la noción de “compromiso” social. La retrospectiva completa de los filmes de Hugo Santiago que se realizó en el IV Festival de Cine Independiente de Buenos Aires (BAFICI) del año 2002 revalorizó la posición de Santiago dentro del campo de los realizadores argentinos notables, distanciándolo así de la imagen de director lateral dentro del conjunto de cineastas reconocidos. También posibilitó una lectura complejizada y menos esquemática de Invasión y su visión lúcida sobre la militancia política y el exilio. 128 El cine de Gerardo Vallejo Vallejo se formó como director de cine en el Instituto de Cinematografía de la Universidad Nacional del Litoral y debió exiliarse por motivos políticos en 1974 después de sufrir un atentado de la TripleA (Alianza Anticomunista Argentina). Este director se integró a Cine Liberación en 1967, un año después de su creación, participando de la filmación de La hora de los hornos. La inserción de Vallejo en los festivales del nuevo cine latinoamericano no es tan diferente a la de Solanas, par5 La retrospectiva generó varios artículos en los diarios masivos (Clarín, 2 de diciembre de 2002) en los que se destaca el “exilio” en la trayectoria de Santiago y se lo sitúa como el retorno de un autor casi desconocido en su propia tierra. En cambio, en 1986 Invasión fue estrenada casi sin repercusión fuera de un pequeño grupo que ya conocía al director o a su obra. ticipa en el festival de Mérida (Venezuela) en 1968 y en el festival de Viña del Mar, al año siguiente, con su segundo cortometraje Olla popular pero los aspectos estéticos y formales del cine de Vallejo muestran, hasta finales de la década de 1970, un vínculo más intenso con el llamado cine militante que en el caso de Solanas, marca que está más allá de su formación como documentalista. Este director primero se exilió en Panamá donde filmó Compadre vamos p’adelante (1975) que tiene al General Torrijos como protagonista y unos especiales sobre la dictadura militar argentina iniciada en 1976 para la RAI. En España en 1977 realizó Reflexiones de un salvaje que tiene como escenario el pueblo natal de su abuelo que emigró a la Argentina. Otros filmes en los que participó Vallejo, ya como integrante del grupo Cine Liberación, fueron producidos y filmados en el exilio junto con Solanas y Getino: Perón: la revolución justicialista y Perón: Actualización política y doctrinaria para la toma del poder (1971), los dos “documentos históricos y políticos” del líder en el exilio (Getino, 2002: 49) que fueron realizados junto con el Movimiento Nacional Justicialista para la campaña presidencial de 1973. En el caso de la filmografía de Vallejo podemos diferenciar, al menos, tres períodos: sus primeras producciones vinculadas a la escuela documentalista de Santa Fe, creada y dirigida por Fernando Birri. Esos cortometrajes son: Las cosas ciertas (1965) y Olla popular (1968) en esta primera etapa la producción fílmica de Vallejo navega entre un “cine de autor” y el de “intervención política” entendida como lucha por la descolonización cultural. El segundo período, que ubicamos desde El camino hacia la muerte del viejo Reales (1968-71) hasta Reflexiones de un salvaje (1978), es el más controvertido porque al mismo tiempo que se intensifica la perspectiva del cine de autor continúa el cine de denuncia. En este momento el cine Vallejo siguió los manifiestos utilizados en La hora de los hornos (1968) y notamos cómo la filmografía de Vallejo imbrica siempre el documental y la ficción. de descolonización cultural cede parcialmente su primacía ante el cine de autor, ejemplo de esto es Reflexiones de un salvaje (1978). Es este rasgo del segundo momento el que posibilita las marcas de un cine más clásico en el período siguiente. Los últimos filmes de Vallejo, el tercer período, están marcados por algunas otras constantes del cine argentino posdictatorial: la nostalgia, lo ominoso, los diálogos pretendidamente naturalistas y una estructura de montaje más clásica con flashbacks y raccontos. Nos referimos a El rigor del destino (1985) y a Con el alma (1993-4). La filmografía de Vallejo durante estos períodos incluye documentales y filmes de ficción, ya en los años ’80 el director retoma la tradición de la escuela de Santa Fe y del “tercer cine” en los documentales posteriores. Desde su primer largometraje de Vallejo El camino hacia la muerte del viejo Reales, de tono testimonial, según Vallejo, “buscaba expresar el motor político” (Vallejo, 1984) a partir de las condiciones materiales de existencia del movimiento de zafreros tucumanos. Vallejo siguió los manifiestos utilizados en La hora de los hornos (1968) y notamos cómo la filmografía de Vallejo imbrica siempre el documental y la ficción. En ese sentido, consideramos que no es exclusivo de la narración sobre la vida de los trabajadores azucareros del noroeste 6 El camino hacia la muerte… que inaugura la disputa de esos circuitos también fue un filme marcado por el exilio porque sólo pudo ser terminado en Roma en 1971 y por la censura de la Ley 18.019 sancionada durante la dictadura de Onganía y recién derogada en 1984. El filme también fue prohibido por el gobierno militar en 1972 y un año después fue autorizada su difusión durante la gestión de Octavio Getino en el Ente de Calificación Cinematográfica junto con otras películas censuradas, entre ellas, Alianza para el progreso de Jorge Ludueña, La hora de los hornos, Operación Masacre de Jorge Cedrón y Los traidores de Raymundo Gleyzer. sino que Vallejo reelabora esta estrategia cinematográfica en Reflexiones de un salvaje. Birri, es una de las referencias intertextuales ineludibles. El cine de Fernando Solanas Solanas se exilia en junio de 1976, unos meses después de haber terminado Los hijos de Fierro y finalmente Bertrand Tavernier y otros directores de cine lo ayudan a instalarse en París. Para Solanas y Vallejo como para la mayoría de los exiliados políticos el lugar de residencia es incierto en la partida y parece coyuntural. Al igual que Gerardo Vallejo, Solanas se inicia como cortometrajista con Seguir andando (1962) – aunque a diferencia de este no tiene educación formal en cine. Su formación teatral es visible a través del trabajo sobre la noción de puesta en escena y también lo es su conocimiento musical en la composición de la banda sonora y en la estructura coral de algunos filmes. En 1963 realiza Reflexión ciudadana una crónica del acceso de Illia al poder sobre textos de Enrique Wernicke y hasta 1968 trabaja como cineasta publicitario. La hora de los hornos fue el primer filme de Cine Liberación y dirigido por Solanas junto con Octavio Getino que fue estrenado internacionalmente en el Festival de Pesaro en junio de 1968. Luego, Getino y Solanas realizaron en conjunto Perón: actualización política y doctrinaria para la toma del poder y Perón: la revolución justicialista, ambas finalizadas en 1971 y filmadas en el exilio de Perón en España. Los tres filmes circularon clandestinamente debido a la prohibición del peronismo y a la represión hacia los grupos revolucionarios. Hay una transición en la cinematografía de Sola- 129 nas entre La hora de los hornos y Los hijos de Fierro y se trata de dos periodos distintos de la producción de Cine Liberación. El segundo filme pertenece al momento que este grupo reconocía en 1972 en la revista Cine y Liberación como “el repliegue (‘táctico’) del régimen” encabezado por Lanusse y que tenía como objetivos políticos ocupar espacios institucionales que la dictadura cediera y concentrarse en la lucha por el poder. Por esto, Los hijos de Fierro (Solanas) como El familiar (Getino) están asociados más a la idea de un “tercer cine” de ‘descolonización cultural’ que al cine militante (Stam, 2001, p. 121). El Grupo Cine Liberación había formado parte de un sector de la izquierda peronista que se integró al gobierno peronista de Cámpora y que criticó la lucha armada en el marco de un régimen democrático. Los hijos de Fierro, incluso, se aleja también de los postulados de un “tercer cine” aproximándose al cine de autor (Tal, 2004). 130 Solanas declaró: “Había concebido Los hijos de Fierro para coronar dieciocho años de resistencia y antes de poder concluirlo, nuevamente venía a ser perseguido por razones políticas” (Monteagudo, 1993: 32) Esos objetivos: recuperar la segunda resistencia peronista, el reclamo por la proscripción y 7 La noción de “cine militante” como categoría de un tipo de “tercer cine” (el cine de la liberación) fue trabajada por Solanas y Getino (1973, p. 121-2): “En un trabajo anterior, definíamos tres tipos de criticar al Onganiato pudieron ser cumplidos en el filme con el apoyo que Solanas recibió del INCAA para la realización de Los Hijos de Fierro durante el gobierno peronista de 1973. Solanas había sido amenazado de muerte luego que el Grupo Cine Liberación (Solanas, Vallejo y Getino) se había declarado contra la violencia política de las organizaciones revolucionarias incluidas las del peronismo (Tal, 2004). El filme, producido por Edgardo Pallero, fue posproducido en 1976 en Francia, donde Solanas pasó la mayor parte de su exilio. Los hijos de Fierro sólo pudo ser estrenado en la Argentina en 1984, aunque en 1973 fue declarado de “interés especial” por el Instituto Nacional de Cine. El problema del exilio argentino es retomado por Solanas casi diez años después de Los hijos de Fierro en el filme Tangos. El exilio de Gardel realizado en Francia y estrenado en la Argentina en 1986. La continuación de este filme es Sur – estrenado en 1988- también realizado con apoyo del Instituto Nacional de Cinematografía y el Centro Nacional de Cine de París. Esos dos filmes se acercan más a una búsqueda de la temporalidad, del montaje metafórico y marcada por la puesta en escena y por un “esculpido del tiempo”. Sin embargo, en Los hijos de Fierro y en La hora de los hornos es el montaje emotivo o el metafórico el que se fortalece como estrategia enunciativa cine: el primer cine o cine abiertamente comercial vinculado al modelo americano, el segundo cine, o “cine de autor”, una variante del primer cine, y sujeto como aquél a los “poseedores del cine” o al cine de la plusvalía; y el “tercer cine”, o cine de la liberación. Estas notas tienden a desarrollar aquel trabajo particularizando en el estudio de una de las categorías del “tercer cine”, su categoría más avanzada: el cine militante. El “tercer cine”, ‘aquel que reconoce en la lucha antiimperialista de los pueblos del Tercer Mundo y de sus equivalentes en el seno de las metrópolis la más gigantesca manifestación cultural, científica y artística de nuestro tiempo’ (…) Porque la responsabilidad que cabe a quienes abordan el cine mili- Si el cine de Santiago establece una relación privilegiada con el teatro, la literatura y la música, Solanas agrega a esta trilogía las artes plásticas y la historieta. En este filme Solanas desarrolla la grotética (Monteagudo, 1993, p. 52) una fusión de grotesco y patético, como ya lo había hecho con la tanguedia – tango y tragedia- en Tangos. El exilio de Gardel. La grotética y la comedia dell’arte apa- tante es mucho mayor que la que correspondía a los realizadores del “tercer cine” (…) En suma, la responsabilidad es mayor porque lo 8 El rodaje debe ser finalizado en 1974 en la clandestinidad, cuando que se intenta explícitamente es la construcción de un cine militante la Triple A ya había asesinado a Julio Troxler, sobreviviente de la ma- revolucionario (tanto para lo estratégico como para lo táctico)...”. sacre de José León Suárez y que en el filme interpreta al Hijo Mayor. recen también en los filmes que realizó luego en la década de noventa, sin embargo, la crítica cinematográfica consideró que Solanas regresó al documental en sus filmes más recientes. Dos tradiciones y dos caminos Si bien la de Hugo Santiago es una filmografía que en los márgenes puede encuadrarse entre los directores de cine argentinos que adhieren a un proyecto de modernización de la Argentina dentro de una política de internacionalización que permitiese incrementar los vínculos del país con otros países, incluso, más allá de América del Sur (Lusnich, 2006). Esta perspectiva, en términos socio-políticos, estuvo marcada por las lecturas que el populismo reformista y el desarrollismo hicieron luego desde la Revolución Libertadora sobre las consecuencias de las políticas socio-económicas del peronismo y su integración o la continuidad de la proscripción en el sistema político de partidos (Cavarozzi, 2002: 15-16). Desde el punto de vista cultural y artístico los directores de la “Generación del ’60”, el “Grupo de los Cinco” y otros directores situados en los márgenes de estos dos grupos- por ejemplo: Edgardo Cozarinsky y Hugo Santiago- sostenían una propuesta basada en la experimentación y en la recuperación de las nociones de “autor” y de una “política de autor”. Esta propuesta modernizadora en el cine puede concebirse también como parte del efecto de radicalización del arte y de una visión de la política durante la década del sesenta. A pesar de que no hay homogeneidad entre los directores de cine, y otros artistas, que comenzaron sus a darse a conocer durante los años sesenta el programa modernizador que apunta a la internacionalización, 9 Cf. Lusnich, A. L. op. cit. acorde al desarrollismo cristalizado en el gobierno de Frondizi y que se caracterizó por una actitud centrífuga (Lusnich, op.cit.) en reacción al populismo vuelto sobre sí mismo del primer y del segundo gobierno peronista. Para Solanas y Vallejo como para la mayoría de los exiliados políticos el lugar de residencia es incierto en la partida y parece coyuntural. La ruptura del montaje analítico del cine clásico y la introspección de la Generación del ’60 y de otros directores como Hugo Santiago o Edgardo Cozarinsky se combinaban con el compromiso político y el rechazo al cine industrializado10. En el caso de Santiago, el cuestionamiento del cine clásico se evidencia en el uso de las elipsis, del silencio y el quiebre del eje espacio-temporal (Sánchez-Biosca, 1996); en cuanto a las modalidades de producción y distribución y exhibición también se mantiene al margen del circuito masivo. Por el contrario, Solanas y Getino – junto con otros exponentes del cine de intervención política argentino, como Cine de la Base- se oponían a esos proyectos modernizadores y propugnaban por otro, de tipo regionalizado que acompañó a la radicalización política de los sectores de la izquierda peronista y marxista, luego del fracaso del gobierno de Frondizi. Las estrategias discursivas de Cine Liberación, como de Cine de la Base, estuvieron marcadas por la noción de “velo ideológico”,“deformación” de la conciencia o “distorsión” provocada por la actuación de la ideología burguesa sobre las condiciones materiales de producción realmente . 10 El quiebre del cine clásico centrado en la estructura de géneros narrativos, en la invisibilización del montaje y en las fórmulas para orientar la cadena de eventos había sido cuestionado con mayor sistematicidad en el cine argentino desde 1956 y esta tendencia se intensificó hacia 1958 acompañando los debates sobre el sistema político de partidos tradicionales y la posibilidad de integración del peronismo. Esa tendencia retomada y agudizada por la “Generación del ‘60” está permeada por el descreimiento del sistema representativo frente a la posibilidad de un modelo participativo con base en el corporativismo (Cavarozzi, 2002); (Ciria, 1990) 131 132 existentes (Marx, 1958) y por ello, el tema y el tratamiento están consonancia con la “denuncia” del colonialismo – en el primer caso- o con la exposición de las contradicciones del capitalismo – en el segundo. En ambos grupos se trata de impulsar la experimentación como estrategia artística y, al mismo tiempo de la radicalización política que subsume el cine a la política (cine como arma para la revolución, el cine de “contrainformación” de Cine de la Base y el cine anticolonialista de Cine Liberación, dos casos de un cine de intervención política). Se trata del privilegio de la política sobre la producción cultural. El proyecto al que respondía Cine Liberación era el de la nacionalización frente al proyecto modernizador derrotado (Lusnich, op.cit.). Para los dos tipos de cine de intervención política las prácticas de producción, distribución y recepción estaban alejadas de los circuitos del cine industrial y debían responder en la instancia de recepción a “quitar el velo de la ideología de la conciencia” y a motivar a la discusión sobre las condiciones socio-económicas (Marx, op.cit.). La posición Cine Liberación entre 1971 y 1973 se modifica porque el tipo de intervención depende de las posibilidades de retorno de Perón y del fin de la proscripción del peronismo, en este sentido, se diferencia de la interpretación de la coyuntura política realizada por el PRT-ERP y su impacto en Cine de la Base. Mientras que este grupo privilegia la lucha antiimperialista y clasista identificada con la autodenominada Revolución Argentina, Cine Liberación al integrarse al gobierno de Perón en 1973 y reconocer su carácter democrático se aleja de las organizaciones que se transforman en clandestinas. En el caso del peronismo de Montoneros ese pasaje se producirá recién en 1974 y provocará distanciamientos con otros grupos y organizaciones dentro del peronismo, entre ellos, con Cine Liberación. Por eso la filmografía de este grupo se individualiza hasta que vuelven reunirse en 1972 (González y Solanas, 1989, p. 74). El revisionismo histórico y las teorías de la liberación del Tercer Mundo impactan en El familiar o en Los hijos de Fierro. En definitiva, Cine Liberación – como Cine de la Base desde otra perspectiva- propulsaba un modelo que, desde el punto de vista del sistema político, acentuaba la participación. Si comparamos esta posición de Cine Liberación con la de Santiago, en su cinematografía hay una defensa de la modalidad representativa del sistema democrático frente al tipo de participación que propulsaban las corrientes populistas. Estas diferencias se fundamentaban en las discusiones sobre la viabilidad y las ventajas del sistema democrático y dividieron a la vida cultural bajo el régimen de gobierno del “Estado BurocráticoAutoritario” hasta 1973 (O’ Donnell, 1982, 1987; Ciria, 1990, p. 170). La posición de este director, como la de los de la Generación del ’60, se caracteriza por una actitud centrífuga e internacionalizadora frente a la actitud centrípeta y a la concepción del arte que privilegia “lo regional/nacional” del cine político de la década del setenta (Lusnich, op.cit.). No obstante este regionalismo o nacionalismo se transformaron en variantes de la internacionalización (Giunta, 1999) y el grupo Cine Liberación no está exento de esa paradoja. Las estructuras narrativas, las elecciones formales y estéticas de Invasión, Los hijos de Fierro y Reflexiones de un salvaje pueden inscribirse en un cuadro mayor de referencias que opera con las dicotomías modernas: “regionalismo” / “nacionalismo” / “internacionalización”, “centro”/ “periferia” y “desarrollismo” / “populismo”. La dictadura instaurada en 1976 se autorrepresentaba como el ordenamiento frente al caos y se diferenció de la dictadura anterior porque ya no concebía a los regímenes dictatoriales como un tránsito profesionalizante y tecnocrático hacia el establecimiento de un régimen democrático (restringido). La estructura del autodenominado “Proceso de Reorganización Nacional” requería de un diseño capilar de la toma de decisiones y Solanas y Vallejo comparten con el nuevo Cine Latinoamericano de fines de los años ’60 el espíritu de la denuncia, la influencia del realismo social, el teatro épico brechtiano y el montaje soviético de los años ’20. de la distribución del poder que era coincidente con las necesidades de implementación del tipo de política represiva. En contraste con la centralización del poder, la eliminación de la estructura federal y el fortalecimiento del Estado central de la dictadura de Onganía, el Proceso de Reorganización Nacional puede ser caracterizado como un régimen neoconservador antes que como una reedición del Estado Burocrático- Autoritario11 porque no pretendía simplemente reordenar la sociedad sino transformar sus bases y modificar la estructura socio-económica instaurando un nuevo orden social, trastocando “de raíz” a la sociedad argentina. (Novaro y Palermo, 2003), a diferencia de la “Revolución Argentina” que enfrentaba a la sociedad argentina con un “bloqueo tradicionalista” (Cavarozzi, 2002), periodo durante el cual se realizó Invasión. Los dos caminos son diferentes tradiciones y posiciones ideológicas, políticas y estéticas: la unidad entre política y arte, donde el primer término soporta al segundo, es el postulado de Cine Liberación, mientras que Santiago sostiene una forma de politización del arte basado en el reclamo por la autonomía relativa de la esfera de la cultura. Las dos tradiciones comparten la insistencia en el reconocimiento de un cine autor aunque Solanas y Vallejo se distancian en su cercanía al cine de descolonización cultural y de denuncia en el que converge la mayor parte de las cinematografías nacionales del Tercer Mundo entre 1959 y 1971. La internacionalización también acerca a los tres directores, en el caso de Santiago se lograría a través de la universalidad de la cultura argentina y en el de Vallejo y Solanas por medio de la regionalización de una cultura nacional. Solanas y Vallejo comparten con el Nuevo Cine Latinoamericano de fines de los años ’60 el espíritu de la denuncia, la influencia del realismo social, el teatro épico brechtiano y el montaje soviético de los años ’20, así como el quiebre del Modo de Representación Institucional (Burch, 1995), el uso del cine como arma política y la búsqueda de la identidad nacional que se reflejase en su cine (Stam, 2001, p. 120-1). Si Solanas parece encuadrarse más en el diálogo entre el “tercer cine”, el arte popular y la nouvelle vague, Vallejo, en cambio, se ubica más cerca del neorrealismo y de los principios del primer cine soviético. Un acontecimiento resume estas dos posiciones y tradiciones: por la selección de los cronistas franceses se exhibe completa La hora de los hornos en la VIII Semana de la Crítica del Festival de Cannes en mayo de 1969, con el apoyo de los periodistas especializados del diario La Nación, La Razón y La Prensa el gobierno argentino protesta y reclama la sustitución del filme de Solanas y Getino por Invasión para representar a la Argentina (Mestman, 2001). En octubre de ese mismo año el filme fue estrenado en un cine porteño. La interpretación que en ese momento se realiza sobre Invasión y su representación de la coyuntura política y social no fue considerada contraria al gobierno porque se lo asociaba a una crítica al peronismo y a la lucha armada. Este festival fue casi simultáneo al “Cordobazo” y el Instituto de Cinematografía no había enviado un filme en representación oficial. Las 11 O’ Donnell en su libro El Estado burocrático autoritario 19661973 (1982) utiliza este término para designar a la “Revolución Argentina” y luego en otros trabajos posteriores, por ejemplo Contrapuntos. Ensayos escogidos sobre autoritarismo y democratización (1997), lo extiende como modelo de interpretación para la última dictadura militar. 133 reacciones de la prensa y del gobierno argentino corresponden a los lineamientos de la Doctrina de Seguridad Nacional, desde esta visión, el enemigo interno debía ser eliminado también cuando se encontraba en el exterior. La nueva lectura del filme de Santiago como anticipación histórica será posible luego de la última dictadura. A pesar de que no hubo encuentros de Solanas y Vallejo con Santiago, sin embargo, una aproximación furtiva entre sus filmes es forzada por la historia aunque sus caminos están destinados a mantenerse siempre separados. 2. INVASIÓN: LA ANTESALA DE LA PARTIDA 134 Invasión (1969), es un filme que funciona como antesala del exilio y con una visión del exilio que media entre la salida del país por desacuerdos políticos, a la manera de Cortázar, y el exilio político debido a la persecución. Lo que Santiago considera como peligro exterior es la invasión, el triunfo de otras fuerzas políticas. El director intuye que la continuación de la lucha armada iba a ser la represión y el exilio pero ese exilio que describe es de otras organizaciones político-militares, muy diferentes a las de 1969. La lucha en el filme es entre conservadores, liberales, populistas y tecnócratas y no entre marxistas y peronistas de izquierda contra liberales, conservadores y tecnócratas. Invasión puede ser interpretado como un antecedente de un filme posterior de Hugo Santiago Las veredas de Saturno. Se ha señalado con frecuencia que en el final de Invasión, los jóvenes que se arman para defender a la ciudad son una “premonición” del exilio, uno de los desenlaces posibles que tuvo la acción armada para los “jóvenes militantes”. En Invasión, la partida, nunca aparece en la pantalla. A la seguridad del destino, Invasión, opone la partida. Este filme también se define la persecución como un problema identitario: el proyecto tecno- crático y autoritario de los hombres de gabardina contra el proyecto tradicional de los seguidores de Don Porfirio, un líder tradicional. Lo interesante del filme es que, a pesar de cierto esquematismo en la representación de los invasores, los jóvenes que se alían a Don Porfirio no se igualan, necesariamente, a fuerzas del conservadurismo12. El antiperonismo no era un bloque unificado que pudiera eliminar las distancias entre la izquierda y liberales. “Perón volcó en las calles céntricas de Buenos Aires un sedimento social que nadie habría reconocido. Parecía una invasión de gentes de otro país…” (Terán, 1993: 43) la cita de Martínez de Estrada ilumina el desembarco de los invasores en el filme de Santiago. No en vano Santiago elige situar la acción en 1957, año electoral en el que los votos en blanco revelan que el peronismo no era solamente un fenómeno de liderazgo carismático o de un Estado clientelista. Invasión se sitúa un año después de los fusilamientos de José León Suárez, también en el momento en el que aparecen las lecturas sobre la resistencia peronista y la creencia en el ‘giro a la izquierda del peronismo’ (Terán, 1993, p. 47). La visión de la historia de Hugo Santiago es deudora de Borges – como su guión escrito en colaboración con éste y Bioy Casares – y de Sur, el origen y la oposición al revisionismo histórico. La simultaneidad entre pasado y presente se evidencia en el filme posterior Las veredas de Saturno de Hugo Santiago (1986). En Invasión el pasado es una especie de eterno presente: el sitio de la ciudad es el acorralamiento de una concepción de país que la guerrilla urbana intenta defender. En ambos casos, el desierto y el país invadido son narraciones de la cultura política y de los quiebres institucionales en la política argentina en 1955 y 12 A partir de 1956 aparecen relecturas del peronismo que tratan de explicar el carácter de un movimiento de masas en continuidad con factores de la cultura y la historia política argentina (Terán, 1993, p. 42-3; 49; 52). Santiago a través del conservadurismo incorpora las tensiones entre liberales y desarrollistas al espacio narrativo. en 1966. Si Los hijos de Fierro es un filme deudor de las consecuencias de la llamada “Revolución Libertadora” (1955-58) Invasión, también lo es, así como de la dictadura de Onganía. El espacio representacional conformado por el conjunto de los filmes de Santiago, como los filmes de Solanas o de Vallejo, es parte de un síntoma de las condiciones de representación que definen al espacio cultural en la Argentina (Jameson, 1995). Los designios del tiempo y las trampas del espacio La asociación del exilio con las figuras errantes es un tópico recurrente en la literatura argentina13, así como su asimilación con diferentes tipos de viajes. Se trata de diferentes estrategias de concebir al exilio como desplazamiento. Parte de esta noción del sentido existencial del “exilio”en este filme, lo lleva a transponerse, más bien, con la noción de fuera del centro. En Invasión si hay un desplazamiento es del centro, una equiparación entre márgenes y exilio existencial. En todo caso, el exilio político aparece en Invasión fuera de campo de la escena final. La marca de autor de Santiago es la del exilio como condición, símbolo de la ausencia. El montaje fragmentado, plagado de elipsis en el film de Santiago ocultan parte de una historia que se adivina a partir de rastros, esos mismos que dejan los militantes en sus incontables desplazamientos por la ciudad. Aunque estén allí, son figuras fantasmales, maquínicas que entran y salen de las coordenadas determinadas en el mapa de la ciudad de Aquilea para las acciones político-militares. Aquilea, la ciudad imaginaria de Invasión, le permite situarse por fuera del tiempo, como si toda la historia fuese mera recurrencia porque el inicio del enfrentamiento no tiene fin y la derrota es sabida. La ciudad en Invasión es la metonimia del país y el “estado sitio” es la analogía de una concepción política centrípeta. Dentro de un espacio territorial se extienden las persecuciones como relaciones de exclusión política. La exclusión del territorio nacional (Aquilea): los seguidores de Don Porfirio que van a la zona norte (con sus fábricas y depósitos) y al sur de la ciudad, el descampado, son la exclusión de la cultura y de los proyectos políticos. Lo visible de la ausencia El tiempo que no transcurre en Invasión es el de las tomas fragmentarias y el permanente reencuadre de los defensores de la ciudad (en picado y contrapicado). Santiago no ahorra en los fundidos en Invasión como tampoco lo hacen Vallejo o Solanas con objetivos muy diferentes pero en definitiva para quebrar el relato y producir una narración fragmentada. Los desplazamientos en Invasión aparecen por corte, por su ausencia, a través de la ubicación de un sonido o de un cuerpo en una esquina del cuadro. Santiago, desocupa el cuadro, lo vacía y se nutre de los sonidos y de los lugares que habitan “fuera del cuadro”. Las historias de las tres generaciones (la de Don Porfirio, la de Herrera y la de Irene) se intercalan sin yuxtaponerse pero sin desconectarse del todo, no se trata de una narración en temporalidades diferentes sino en espacios distintos, marcada por el raccord, el fundido a negro y los planos contrapuestos. La generación de los más jóvenes, la de Irene, continúa “fuera de campo” en la historia posterior a 1957. 13 Los desplazamientos y el desarraigo constituyen un tópico recurrente en la historia cultural argentina, presente en obras literarias muy diferentes como las de Héctor Tizón, Juan Gelman y Daniel Moyano. También, los desplazamientos - forzados y por decisiónson un tópico en producciones disímiles como las de Adolfo Aristarain, Edgardo Cozarinsky y Alejandro Agresti. En el cine de Hugo Santiago se destaca la noción de puesta en escena combinada con el uso del “valor desocupado”, vaciando el cuadro fílmico para generar una ciudad presente por su au- 135 sencia. Los desplazamientos de los milicianos se narran a través del falso raccord, en lugar de los planos-secuencia. 3. LOS HIJOS DE FIERRO: UN FILME ENTRE LOS EXILIOS Y EL DESTIERRO 136 Los hijos de Fierro comenzó como un filme sobre la proscripción, el exilio de Perón y la resistencia peronista pero se transformó en la antesala del exilio de los militantes peronistas. A diferencia de La hora de los hornos no se trata de un “filmeacto” 14sino de un filme que se ubica entre el segundo y el “tercer cine”. Consideramos que, junto con Los hijos de Fierro, otras producciones de Solanas como Perón… pertenecen a los filmes de Solanas que encuadramos en la noción de “cineensayo” (González y Solanas, 1989). Los hijos de Fierro es un filme sobre el destierro, la figura que en la historia política argentina desde el siglo XIX ha marcado el tipo de resolución del conflicto y la constitución del oponente como enemigo a ser proscripto. Es, también, un filme entre dos exilios por las marcas de la producción cinematográfica y también porque es en el nivel de la historia el destierro como procedimiento político que marca el “destino”15 nacional desde Martín Fierro a Perón. Desde los años transición democrática – como desde la actualidad- Fierro es también Troxler y su historia “Julio me dice que no puede ir por el trabajo, que era lo único que tenía. Ya le habían aconsejado que se fuera del país (…) Era consciente de lo que se estaba viviendo. Sabía que López Rega había proyectado a Isabelita y al Consejo de Seguridad las diapositivas de los ‘principales cabecillas de la subversión’, ‘de la guerrilla’, etc. Y en las primeras diapositivas que surgieron en esa reunión, estaba él. El, que por supuesto no estaba en nada. Estaba en la lucha por ganarse la vida (…) Aquello de que ‘de aquí sólo me sacarán muerto’…” (Solanas y González, 1989, p. 53)16 Solanas admite que en el personaje y en la figura de Troxler “hay un poco de eso, mezcla de fatalismo y de resistencia del macho militante. En septiembre del ’74, filmando escenas de Los hijos de Fierro en el sur [de la provincia de Buenos Aires], era imposible dejar de pensar en todo eso. Estábamos trabajando sin Julio, que como dije, no había podido venir. Y el último día en el medio del campo haciendo las tomas, prendo la radio del coche y escuchamos con Juan Carlos Desanzo, que era nuestro fotógrafo, la noticia. Fue un viernes, en que hablaba Isabel Perón en la Plaza. Julio Troxler había sido asesinado en una callejuela de Barracas. Yo estaba filmándolo a él, con un doble. Unos gauchos, unos campesinos, de la estancia de la familia Montoreano, llevaban sus ropas y los tomábamos 14 Según Solanas y Getino el filme-acto consistía en provocar el compromiso del espectador interrumpiendo la proyección, hablando sobre la significación del acto (el espacio de la liberación del hombre que asiste al filme), distribuyendo volantes y abriendo un espacio de discusión luego de filme e incluso, recomendando que la reactualización de datos o inclusión de otros testimonios en el filme de acuerdo a los objetivos de la proyección en cada lugar y de cada organización (1973, p. 42). 15 La noción de “destino” es uno de los motivos en el cine de Solanas, así como lo es la concepción de la historia en tiempos largos, de tal forma que, destino e historia se funden en un futuro nacional signado por la tradición. Nos referimos a este proyecto de lectura del pasado, presente y futuro, que ha sido llamado “nacional y popular”, en Los hijos de Fierro pero también en Tangos. El exilio de Gardel, en Sur y en La nube. Esta identificación entre destino e historia había sido encarnada en La hora de los hornos y en la “descolonización del cineasta y del cine” como acciones simultáneas para la “revolución de las conciencias” en la lucha por la liberación de América Latina (Solanas y Getino, 1973, p. 54). 16 La noción de “destino” es uno de los motivos en el cine de Solanas, así como lo es la concepción de la historia en tiempos largos, de tal forma que, destino e historia se funden en un futuro nacional signado por la tradición. Nos referimos a este proyecto de lectura del pasado, presente y futuro, que ha sido llamado “nacional y popular”, en Los hijos de Fierro pero también en Tangos. El exilio de Gardel, en Sur y en La nube. Esta identificación entre destino e historia había sido encarnada en La hora de los hornos y en la “descolonización del cineasta y del cine” como acciones simultáneas para la “revolución de las conciencias” en la lucha por la liberación de América Latina (Solanas y Getino, 1973, p. 54). De todas formas, es necesario ser cuidadoso con las equiparaciones e influencias entre el cine revolucionario ruso (Eisenstein o Vertov) y el nuevo cine latinoamericano. a distancia. Esta es la historia que yo vi de Julio, un hombre puro. Le dediqué la película Los hijos de Fierro” (Solanas, 1989, p. 52-3). El clima emocional en actos El montaje que utiliza Solanas para lograrlo es cercano al “montaje de atracciones” de Eisenstein (1999), desliga una secuencia o escena de la narrativa pero con un efecto temático final común, no simplemente como construcción de los planos del montaje sino como una ‘composición armónica’ (Eisenstein, 2003, p. 174) En lugar de presentar estas secuencias como interrupciones, la fragmentariedad del filme los incluye como consecuencias de la trama (por ejemplo: el cuerpo de Troxler como emblema de la resistencia peronista y de la memoria obrera). Al mismo tiempo, el montaje del filme puede entenderse como de “asociación por tipo de combinación emotiva” (Eisenstein, 1999, p. 59) en el que la “variante composicional común” (idem) se opone a la puesta en escena propia de la comedia dell’arte. No obstante, Solanas mismo reivindica en numerosas entrevistas la noción de “puesta en escena”. Esta puede ser parte de una contradicción entre el cine de Solanas y la tradición del cine revolucionario ruso pero hay que precisar la concepción de “encuadre” de Solanas. En todo caso, la invariante que acerca el cine de Solanas al de Eisenstein es la estructura en actos (además de la interpenetración en la filmografía de Solanas entre cine, teatro y música) que se pegan y se perforan por efecto de la repetición como en El acorazado Potemkin17. Lo que prima allí es una línea temática y estilística que se expande más allá del filme hasta recubrirlo como totalidad para destacar el destino público e histórico (Eisenstein, 1999, p. 154). Es en este aspecto en Los hijos de Fierro el montaje y la estructura narrativa logran organicidad temática y emocional porque la atracción se fundamenta en la reacción del espectador (Eisenstein, 2003, p. 173) El elemento siempre ausente en este filme de Solanas, como en Sur o en Tangos…, es la transición al opuesto, la organicidad y la estructura operística del cine de Solanas impiden la presencia del contrapunto. La inclusión de escenas documentales del Cordobazo en el filme de ficción sostiene la tesis de organicicidad y de totalidad de la historia nacional, que en la visión de Solanas sólo puede ser contra-historia popular o memoria popular, marcada por un realismo poético. Sin embargo, se aleja a la proposición de una antítesis. Es cierto que a través del montaje utilizado por Solanas resulta que no hay contradicción entre mito e historia (Tal, 2004). De todas formas, es necesario ser cuidadoso con las equiparaciones e influencias entre el cine revolucionario ruso (Eisenstein o Vertov) y el nuevo cine latinoamericano, sobre todo con el “tercer cine” y con el cine ligado al peronismo (Tal, 2004) 17 Tal (2004) señala que el grupo Cine Liberación se acerca al montaje épico que Eisenstein despreciaba por descriptivo y contrario a la dialéctica del montaje dramático. Las relaciones intertextuales que intentamos establecer entre el primer cine soviético, Los hijos de Fierro y Reflexiones de un salvaje no implican que la tradición de Eisenstein haya sido tomada como referencia única por los directores y resaltamos que las relaciones entre estos son complejas y contradictorias. Solanas, en particular, retoma lo que pueden considerarse los primeros desarrollos de Eisenstein sobre el montaje de atracciones que luego revisaría para postular el montaje intelectual y el de atracción intelectual (SánchezBiosca, 1996, p. 114) El aspecto en común entre Cine Liberación y la propuesta de Eisenstein es que éste último sobre niega la posibilidad del cine como retrato de una “realidad” exterior, por el contrario, la especificidad y la importancia del cine derivan de la interpretación de “lo real” que pueda constituirse. 137 porque no hay en la filmografía de Solanas transiciones al opuesto a través del ritmo, lo que Eisenstein (1999, p. 154) consideraba que era la puesta en imagen del principio dialéctico de la contradicción de la contradicción. 4. REFLEXIONES DE UN SALVAJE: EL EXILIO POLÍTICO 138 Estamos frente a la intersección entre la representación del exilio y el cine militante. Este filme es parte del movimiento final de los directores que formaron parte del nuevo cine latinoamericano y la antesala del “cine en democracia”. Vallejo combina las comparaciones entre Europa y América Latina en tres secuencias: la de los niños del pueblo que se manifiestan para tener alguna educación formal, el diálogo entre Don Quijote y Martín Fierro y los republicanos asesinados. La rememoración de la Guerra Civil española en el filme funciona como analogía para poner en escena a la represión estatal en la Argentina, que a través de ese recurso no se limita a 1976 sino que se extiende desde mediados del siglo XX en adelante. Si Santiago elige para su filme la Revolución Libertadora y Solanas ata esa etapa con el tercer gobierno peronista, a Vallejo le interesa la lucha antifascista y la república socialista del ’36. Allí está el pasado de los inmigrantes españoles en la Argentina y también un lectura del presente, en el ’78 poco queda de esos anhelos. La analogía le sirve también a Vallejo para combinar su afán documental con la ficción: coloca su propio testimonio en cámara a través de la voz de otros, los viejos republicanos relatan la persecución política, la analogía se logra por la fragmentación de la narración y las entrevistas intercaladas, así como por medio de las recreaciones teatralizadas del pasado español y de la infancia del director en Tucumán. El salvaje es el americano desterrado en Europa pero también es el español que se escapa a las montañas persegui- do por los soldados franquistas y que es confinado a una vida de ermitaño. Reflexiones de un salvaje como Los hijos de Fierro es un filme del exilio y no sólo sobre el exilio. La diferencia está en las razones de la expulsión: en Los hijos de Fierro es la imposibilidad de Fierro de regresar al territorio nacional por la proscripción, en Reflexiones de un salvaje porque hacerlo es poner en riesgo la propia vida, el filme y la integridad física de Vallejo. En este filme aparecen algunos de los motivos del cine de Vallejo: la vida rural, la relación intergeneracional entre varones de una misma familia y la relación tierra-territorio-provincia. Son marcas de su cine desde Ollas populares, pasando por El camino hacia la muerte del viejo Reales hasta El rigor del destino y Con el alma. La tierra es en el cine de Vallejo la historia de los ancestros que en nada se parece a la visión de la historia grandilocuente de Solanas, la tierra para Vallejo cuenta el sufrimiento como lo hizo en El camino hacia la muerte…La concepción de la historia en Reflexiones de un salvaje indaga en las simetrías entre dos continentes pero es una historia regionalizada, la historia de Tucumán es la historia de la Argentina y la del pueblo Cespedosa de Tormes es la de España. En Reflexiones de un salvaje la historia es desgarro y está signada por la pobreza sin la percepción más combativa y dulcificada de Solanas. Fragmentos, llanuras y racionalización del pasado El ritmo del filme es el del recorrido de Vallejo por el pueblo y por el campo. Es alterado, solo por momentos, tanto Vallejo como Solanas, interrumpen el tono del filme para incluir un elemento que domina el clima emocional (el fuego de la fundición o el asesinato de un campesino español). Para escenificar el exilio y su vínculo con la tortura y la muerte, Vallejo provoca la irrupción del tono dominante del filme y crea un conflicto entre los principios rítmicos y tonales (Eisenstein, 1999, p. 78) Un recurso semejante utiliza Vallejo al alternar las escenas del asesinato del campesino español con las de un matadero de cerdos, retomando la secuencia de la masacre zarista que tiene como continuación la del matadero en La huelga de Eisenstein (1925)18. Eisenstein afirmaba que en ese filme lo destacable para representar el orden colectivo era la composición y la estructura del filme como sensación de unidad sin interrupciones (1999, p. 60) porque para Eisenstein la metaforicidad no está en el montaje (en la yuxtaposición) sino en los trozos de montaje representacional. Esta es la distancia que se establece entre el uso del montaje antieisensteiniano en Invasión y el impacto de los principios formales y estéticos del cine ruso revolucionario en Reflexiones de un salvaje y, en menor medida, en Los hijos de Fierro. En el filme de Vallejo la asociación entre la matanza de trabajadores y el matadero es temática y rítmica, involucrando aspectos formales y estéticos. Los hijos de Fierro y Reflexiones de un salvaje a través de este tipo de montaje crean un espacio singular, un comentario del cineasta19. A pesar de estas cercanías, las disimilitudes entre Vallejo y Solanas son notorias, en Los hijos de Fierro no hay la transición al opuesto a través del ritmo (la contradicción de la contradicción) que proponía Eisenstein (op.cit., p. 222) y que Vallejo ejercita como alternancia entre ritmos morosos del recuerdo de provincia (tiempo de la historia) y el tiempo real (del relato) de las entrevistas en el pueblo de su abuelo en España. Los tiempos morosos en Reflexiones de un salvaje, como si el montaje fuese una forma de hacer infinito un filme, se combinan en paralelo con las entrevistas a los habitantes del pueblo español. Las preguntas por el pasado nos llevan al pasado y Vallejo que recorre el llano nos devuelve al presente, frente a las temporalidades alteradas20 de Los hijos de Fierro y de Reflexiones de un salvaje, Invasión presenta un tiempo aplanado como un presente eterno en el que, sin embargo, el futuro puede anticiparse. Vallejo niega esa posibilidad, el pasado es análogo al presente pero tampoco un retorno como para Los hijos de Fierro. Dos analogías del cuerpo diferentes en Vallejo y Solanas y dos analogías sobre la relación entre el pasado y el presente. Tal vez, porque en 1973 y hasta 1975 Solanas está más interesado en diferenciarse de la cinematografía de Cine de la Base y de su explicación del presente21. CONCLUSIONES 139 El cine de los Vallejo y Solanas y el de Santiago son muy distantes porque éste no exalta el pasado, como en los filmes de Solanas, sino los vestigios de la memoria. Si para Vallejo lo inevitable de la reiteración del pasado son las condiciones sociales de producción, para Santiago lo es la cultura política 18 El découpage de la última secuencia de La huelga a la que remite esta secuencia del filme de Vallejo se encuentra en Eisenstein (2003, p. 175-6). 19 A través del “montaje de atracciones” se arrancan fragmentos para provocar un choque emotivo en el espectador (Einsenstein, op.cit.) 20 El tiempo es quebrado a través de elipsis, raccontos o ralentíes. La presencia de temporalidades alteradas a través de saltos vertiginosos en la cadena de eventos y la construcción de escenas a partir del encuadre antes que del montaje tradicional tienen antecedentes en algunos directores de la “generación del ‘60” de la cual Solanas y Vallejo como integrantes de “Cine Liberación” pretenden diferenciarse. Retornamos, así al quiebre de lo que Burch (1995) llama el “Modo de Representación Institucional” (M.R.I.). 21 Cine Liberación, junto a otros directores, se unió en 1973 al Sindicato de Luz y Fuerza para formar el “Frente de Liberación del Cine Liberación” y presentó proyecto para el desarrollo de la industria cinematográfica al Instituto Nacional de Cine dirigido por Mario Soffici. Por contraposición, antes del pasaje a la clandestinidad en 1973, Cine de la Base explicita en Los traidores (1971) sus críticas hacia la burocracia sindical y a las masas obreras que la obedecía por lo que se consideraba corporativismo. Cine Liberación había participado hacia fines de los años sesenta de la Agrupación Peronista de Trabajadores del Cine. 140 y para Solanas la historia es recurrencia. La concepción estética y política de los tres directores y de las dos posiciones se traduce en el montaje porque para Solanas y Vallejo el montaje está formado por los cortes abruptos y la reiteración de la imagen mientras que Santiago combina los fundidos a negro con la repetición de sonidos. El montaje fragmentario y el valor de la puesta en escena de Invasión, vagamente recuerdan a Solanas, que, de todas formas, se reconoce por la exageración de las presencias en el cuadro, al igual que Vallejo. Sin embargo, tanto para Solanas como para Santiago la cultura parece ser la determinación primaria mientras que Vallejo se remite a las condiciones materiales, al menos, en Reflexiones de un salvaje. Es un indicio de las diferencia que podemos encontrar entre dos directores de una misma filiación política, que formaron parte de un mismo ideario cinematográfico-político y que, sin embargo, no están las contradicciones internas. Invasión es el espacio mítico de una tragedia e indica las potencialidades y los límites de la concepción épica de la política en un proyecto revolucionario, Los hijos de Fierro es la ilusión de una victoria que desde la narración de Reflexiones de un salvaje es la del fracaso de un proyecto político, sin embargo, lo que parece no advertirse en Los hijos de Fierro es que hacía tiempo que estaba quebrado. Esas dos posiciones parecen encontrarse en algunos tópicos pero para separarse y así, también, se remarcan las distancias entre los tres directores. La insistencia del tópico de los límites y de la exclusión en Invasión aparece territorializado al igual que en Los hijos de Fierro aunque sobre este eje las representaciones sean opuestas. Buenos Aires no es metáfora de la nación para Santiago sino que los límites geográficos y los mapas de la ciudad en Invasión marcan la oposición al latinoamericanismo que sostienen Solanas y Vallejo. Para Santiago el espacio está recortado y no hay ni siquiera hay allí una visión grandilocuente de la pampa que para Solanas es un espacio de destierro pero también de refugio y salvación. Ante la porteñización de la historia de estas dos posiciones que, sin embargo, son opuestas, Vallejo responde con el regionalismo de las provincias del norte y a través de la espacialización del exilio, la analogía con el exilio republicano español, logra internacionalizar al último exilio argentino. Ese exilio tampoco es el que comienza en la última secuencia de Invasión ni el que continúa con la escena de la tortura y la liberación del Hijo Menor en Los hijos de Fierro, son las figuras de tres tipos de exiliados y su relación con los períodos que sellaron la partida. El exilio político no es repetición de la historia sino una marca de un pasado común. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURCH, Noël. El tragaluz del infinito (Contribución a la genealogía del lución. Aproximación a las teorías y prácticas del cine político en América lenguaje cinematográfico). Madrid: Cátedra, 1995. Latina (1967-1977). Buenos Aires: Museo del Cine Pablo C. Duckós CAVAROZZI, Marcelo. Autoritarismo y democracia. Buenos Aires: Hicken- Grupo Editor Altamira, 2002. Eudeba, 2002. JAMESON, Frederic. La estética geopolítica. Barcelona: Paidós, 1995. CIRIA, Alberto. Treinta años de política y cultura. Recuerdos y ensayos. KANG, Jung Ha. La forma es el mensaje. A propósito de Invasión de Buenos Aires: Ediciones de la Flor, 1990. Hugo Santiago In: GONZÁLEZ, Horacio (Comp.). Decorados. Apuntes EISENSTEIN, Sergei. La forma del cine. México: Siglo XXI Editores, para una historia social del cine argentino. Buenos Aires: Edición Manuel 1999. Suárez, 1993. ___________. El sentido del cine. México: Siglo XXI Editores, 2003. LUSNICH, Ana Laura. La polaridad universalismo regionalismo en el GETINO, Octavio y VELLEGGIA, Susana, Historias del cine de la revo- cine argentino de los años sesenta y setenta, documento del Proyecto UBACyT Potencia y alcances de la dicotomía Civilización y Barbarie en SÁNCHEZ-BIOSCA, Vicente. El montaje cinematográfico. Teoría y el cine argentino y latinoamericano (1956-1983), Buenos Aires: SECyT, análisis. Barcelona: Paidós, 1996. mimeo, 2006. SOLANAS, Fernando y GONZÁLEZ, Horacio. La mirada. Reflexio- MARX, Karl. La ideología alemana. Montevideo: Ed. Pueblos Unidos, nes sobre cine y cultura. Buenos Aires: Punto Sur, 1989. 1958. ___________, y GETINO, Octavio. Cine, cultura y descolonización. MESTMAN, Mariano. Postales del cine militante argentino en el Buenos Aires: Siglo XXI, 1973. mundo. In: Kilómetro 111, septiembre, N° 2. Buenos Aires: Santiago STAM, Robert. Teorías del cine. Una introducción. Barcelona: Arcos Editor, 2001. Paidós, 2001. MONTEAGUDO, Luciano. Fernando Solanas. Colección Los direc- TAL, Tzvi. Influencias estéticas de Eisenstein y Vertov sobre el cine tores de cine argentino. Centro Editor de América Latina (CEAL), militante argentino: Los traidores y Los hijos de Fierro. Disponible Buenos Aires, 1993. en: www.avizora.com/publicaciones/cine/textos/influencia_eisen- NOVARO, Marcos; PALERMO, Vicente. La dictadura militar stein_cine militante_argentino_0035. htm. Acceso en 17 de agosto 1976/1983. Del golpe de Estado a la Restauración democrática. Colec de 2004. ción Historia argentina, Tomo 9. Buenos Aires: Paidós, 2003. TERÁN, Oscar. Nuestros años sesentas. La formación de la nueva OUBIÑA, David. En los confines del planeta, In: OUBIÑA, David izquierda intelectual argentina 1959-1966. Buenos Aires: El Cielo (comp.) El cine de Hugo Santiago. Buenos Aires: Ediciones Nuevos por Asalto, 1993. Tiempos, 2002. VALLEJO, Gerardo. Los caminos del cine. Buenos Aires: El Cid RUSSO, Eduardo A. Diccionario de cine. Buenos Aires: Paidós, 2003. Editor, 1984. FICHAS FILMOGRÁFICAS Título original: Invasión. Dirección: Hugo Santiago. Guión: Jorge Luis anando Solanas. Producción: Edgardo Pallero/ Argentina, Alemania, Borges y Hugo Santiago. Argumento: Jorge Luis Borges y Adolfo Bioy Francia. Fotografía: Juan Carlos Desanzo. Música: Alfredo Zitar- Casares. Producción: Hugo Santiago. Asistente de Dirección: Esteban rosa y Roberto Lar. Sonido: Abelardo Kuschnir. Montaje: Luis César H Etcheverri. Fotografía: Ricardo Aronovich y Adelqui Camusso. D’Angiolillo. Años de producción: 1971-75. Año de estreno: en Fran- Cámara: Enrique Filipelli. Música: Edgardo Cantón con milonga de cia: 1978; en Argentina: 12 de abril de 1984. Intérpretes: Julio Troxler Aníbal Troilo y Jorge Luis Borges interpretada por Ubaldo de Lío (Hijo Mayor), Martiniano Martínez (Picardía), José Almejeiras (Hijo y Roberto Villanueva. Sonido: Edgardo Cantón. Escenografía: Leal Menor), Arturo Maly (Capitán Cruz), Aldo Barbero (voz en off), Rey. Vestuario: Julia Malfetani. Montaje: Oscar Montauti. Año de Fernando Vegal (voz en off).y Dalmiro Sáenz (voz en off). Formato: 35 producción: 1969. Año de estreno: 16 de octubre de 1969; 1986; 2002. mm. Tipo: blanco y negro. Duración: 125 min. Intérpretes: Olga Zubarry (Irene), Lautaro Murúa (Julián Herrera), Título original: Reflexiones de un salvaje. Dirección: Gerardo Vallejo. Juan Carlos Paz (Don Porfirio), Roberto Villanueva (Silva), Martín Guión: Gerardo Vallejo. Productor: Gerardo Vallejo. Producción: Adjemián (Irala), Aldo Mayo (Jefe del grupo invasor), Juan Carlos Argentina, España, México. Fotografía: Gerardo Vallejo. Editor: José Galván (Jefe de otro grupo invasor), Lito Cruz (Jefe del grupo sur). Salcedo. Música: Chango Farías Gómez. Año de producción: 1978. Formato: 35 mm. Tipo: blanco y negro. Duración: 125 min. Año de estreno: 1984 Título original: Los hijos de Fierro (Le fils de fer). Dirección: de Fer- Formato: 35 mm. Tipo: color. Duración: 90 min. 141 INTERNACIONALIZAÇÃO DA MÍDIA BRASILEIRA: ANÁLISE DO GRUPO ABRIL Eula Dantas Taveira Cabral Doutora e Mestre em Comunicação Social pela UMESP. É jornalista, professora e pesquisadora universitária. É editora do Informativo Eletrônico “Sete Pontos” (www.comunicacao.pro.br/setepontos). Participa dos Grupos de Pesquisa registrados no CNPq: Centro de Pesquisas e Produção em Comunicação e Emergência – EMERGE (UFF) e Núcleo de Pesquisa sobre Mídia Regional e Global (UMESP). Email: [email protected] 142 RESUMO O artigo analisa o processo de internacionalização da mídia brasileira, fazendo um estudo de caso do Grupo Abril, um dos maiores grupos midiáticos da América Latina que tem como focos principais de atuação as mídias: impressa, audiovisual e interativa. Consiste no resumo da tese da autora defendida em abril de 2005. A partir do método qualitativo, faz-se um estudo de caso, chegando às seguintes conclusões: O Grupo Abril é um grupo de mídia atípico, com características internacionais (conteúdos e proprietários estrangeiros); seu processo de internacionalização se dá “de fora para dentro” e “de dentro para fora”; com a crise econômica no setor midiático brasileiro, reorienta sua estratégia, concentrando seus investimentos no Brasil. Palavras-chave: internacionalização da mídia; grupos de mídia; mídia brasileira; Grupo Abril. ABSTRACT The article analyzes the internationalization process of the Brazilian media, focusing on a case study carried out at Grupo Abril, one of the largest media conglomerates in Latin America, operating mainly on the printed, interactive and audiovisual media. The article introduces a summary of the thesis by the author presented in April, 2005. The case study, based on the qualitative method, led to the following conclusions: as a media Group, Abril is atypical, with its own international characteristics (foreign contents and owners); its process of internationalization occurs “from the outside towards the inside” and “from the inside towards the outside”. In the midst of the economic crisis in the Brazilian media sector, Grupo Abril reorients its strategy, concentrating its investments domestically. Keywords: media internationalization; media groups; Brazilian media; Grupo Abril. RESUMEN El artículo analiza el proceso de la internacionalización de los medios brasileños, con un Estudio de Caso del Grupo Abril, uno de los grupos mediáticos más grandes de América Latina que tiene como focos principales de actuación los medios: impreso, audio-visual e interactivo. Con base en el método cualitativo, hace un estudio de caso descriptivo, llegando a las siguientes conclusiones: El Grupo Abril es un grupo de medios atípico, con características internacionales (contenidos y propietarios extranjeros); su proceso de internacionalización es realizado “desde afuera hacia adentro” y “desde adentro hacia afuera”; con la crisis económica en el sector mediático brasileño, reorienta su estrategia, concentrando sus inversiones en Brasil. Palabras claves: internacionalización de los medios; grupos de medios; medios brasileños; Grupo Abril. 143 144 Conhecer as estratégias da mídia brasileira fazse necessário para entender seu desenvolvimento e, até mesmo, poderio. No caso do processo de internacionalização, parte-se do estudo de um dos mais importantes grupos multimídia nacionais, o Grupo Abril, com atuação em diferentes mídias: impressa, audiovisual e interativa. O conceito de internacionalização é baseado em Joseph Man Chan (1994), que o definiu como o processo pelo qual a propriedade, estrutura, produção, distribuição ou o conteúdo da mídia de um país é influenciado por interesses, cultura e mercados da mídia estrangeira. É examinado tanto da perspectiva do país que importa quanto do que exporta, enfatizando que é diferente do imperialismo da mídia, uma vez que este é apenas uma forma de internacionalização. O objetivo da pesquisa é analisar o processo de internacionalização da mídia brasileira, fazendo um estudo de caso do Grupo Abril a partir de seu surgimento em 1950 até 2004. Além disso: verificar como os grupos de mídia brasileiros se transformaram em conglomerados; analisar o surgimento, trajetória e o processo de internacionalização do Grupo Abril; trabalhar com os aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e legais que influenciam a mídia e as transformações ocorridas no campo midiático a partir dos anos 90: concentração, diversificação, globalização e desregulamentação, além do entendimento dos fluxos e contra-fluxos. A escolha do Grupo Abril justifica-se porque é o único grupo midiático brasileiro que surge com características internacionais, com conteúdos e proprietários estrangeiros, diferenciando-se assim dos demais. É o primeiro grupo a criar uma empresa de mídia no exterior e o primeiro a receber capital estrangeiro. 1. Comunicação internacional No mundo globalizado, falar em comunicação internacional e sua relação com os grupos de mídia é algo bem interessante e bastante desafiador para os investigadores da área, principalmente porque hoje, com tantas mudanças no cenário global com as novas tecnologias mais as transformações ocorridas na política e na economia, torna-se necessário fazer e manter seus estudos. De acordo com Robert Fortner (1993), uma das melhores definições que se pode dar à comunicação internacional é a “comunicação transnacional com fluxos de informações entre fronteiras”. Dessa forma, percebe-se que ela ultrapassa os limites territoriais entre os países, onde os mais desenvolvidos podem enviar informações para os que estão em desenvolvimento (fluxos) ou vice versa (contra-fluxos). Seu objetivo, conforme Marcial Murciano (1992), visa conhecer as múltiplas funções dos meios de comunicação de massa: políticas, econômicas e culturais no marco internacional. Na área de comunicação internacional é fundamental entender os fluxos comunicacionais. Pois, o fluxo internacional de informação é o movimento de mensagens por limites nacionais entre dois ou mais sistemas nacionais e culturais. Para Hamid Mowlana (1986), deve combinar a dimensão nacional com a internacional, pois é um termo usado para descrever um campo de investigação e pesquisa que consiste na transferência de mensagens na forma de informação e dados por indivíduos, grupos, governos e tecnologias, como também o estudo das instituições responsáveis pela promoção e inibição de tais mensagens entre nações, povos e culturas. O estudo dos fluxos comunicacionais requer uma análise dos canais e instituições de comunicação, sendo que o mais importante é que deve envolver o exame de significados mutuamente compartilhados que tornam a comunicação possível. Além disso, incluir tanto o conteúdo, volume e direção de informação como também os fatores econômicos, políticos, culturais, jurídicos e tecnológicos responsáveis por sua implementação e difusão. O fluxo internacional de informação é o movimento de mensagens por limites nacionais entre dois ou mais sistemas nacionais e culturais. No Brasil, o assunto é bastante trabalhado quando se trata das telenovelas da Rede Globo e a internacionalização dos grupos de mídia. No caso, a preocupação dos pesquisadores brasileiros é com o contra-fluxo - o envio de produções de um país em desenvolvimento para os desenvolvidos. A mídia latino-americana passou a dominar seu terreno, enviando produções próprias para os países desenvolvidos que por muito tempo dominaram os países em desenvolvimento. Anamaria Fadul (1998b) verificou que, com o desenvolvimento das novas tecnologias de informação, radiodifusão e telecomunicação, os estudos dos fluxos comunicacionais internacionais levam em consideração os efeitos e tendências da Organização Mundial do Comércio. Assim, os principais problemas estão relacionados com os fluxos de notícias e programas e o seu aceleramento com as novas tecnologias de informação que vão além das fronteiras de cada país. Além disso, com o processo de desregulamentação e privatização dos meios de comunicação de “massa” e das telecomunicações e “as mudanças na economia mundial, nas relações internacionais e nas tecnologias de informação, radiodifusão e telecomunicação.” (Fadul, 1998b, p.79). Para entender as tendências dos grupos de mídia e as transformações ocorridas nos anos 90, do século passado, analisou-se como eles surgiram e se desenvolveram, a partir dos estudos de John Thompson (1995), levando em consideração os processos de concentração, diversificação, globalização e desregulamentação. Assim, a partir da análise do poderio dos grupos e as transformações ocorridas na mídia, verificouse que o processo de internacionalização passou a ser visto estrategicamente pelos conglomerados de comunicação. No caso do Brasil, de acordo com os estudos de Anamaria Fadul (1998a), o grupo Diários e Emissoras Associadas, de Assis Chateaubriand, foi o primeiro a tentar entrar em outros países. Porém, somente na década de 70, com a Rede Globo vendendo telenovelas para a América Latina, Europa e depois para o restante do mundo, é que se tem a mais clara estratégia de internacionalização. Dessa forma, percebeu-se que, a partir de estratégias globais, os grupos midiáticos passaram a dominar políticas e povos em todos os lugares, atingindo, com uma diversidade de conteúdos, uma grande audiência. Além disso, verificou-se que hoje dificilmente se defrontam diante de obstáculos que possam impedir sua expansão e conquista de novos territórios. De acordo com a revista Variety, de setembro de 2003, percebe-se que dos 50 maiores grupos do Planeta, apenas um é da América Latina: o grupo mexicano Televisa, que ocupa o 39º lugar no ranking. A Rede Globo que em 1998 ocupava o 12º lugar, desta vez nem aparece. Dentre os 10 primeiros, apenas dois não têm sede nos Estados Unidos: o grupo japonês Sony (sexto do ranking) e o alemão Bertelsmann (sétimo), sendo que a Vivendi (terceiro) tem sede nos Estados Unidos e na França. Dentre os maiores conglomerados, verificou-se que seis têm parceria com o Grupo Abril. São eles: Time Warner, Walt Disney, News Corporations, Vivendi Universal, Viacom e Bertelsmann. A Time Warner, considerada o maior grupo de mídia do Planeta, através de sua empresa Time Inc., 1 O levantamento e análise dos conglomerados que têm parceria com o Grupo Abril foram feitos a partir dos dados de parceria disponibilizados pelo grupo em seu site – www.abril.com.br - no período de dezembro de 2000 a março de 2005. 145 146 tornou-se parceira do Grupo Abril na revista Estilo. Revista do segmento feminino que foi criada em 1994, nos Estados Unidos, voltando-se para mulheres modernas e inteligentes que se preocupam com informação, beleza, moda e que querem conhecer o estilo de vida de celebridades. Com o conglomerado Walt Disney, a parceria iniciou em 1950, com a revista O Pato Donald. Hoje, também publica as revistas quinzenais Mickey e Zé Carioca; e as revistas mensais Tio Patinhas e Superalmanaque. Em setembro de 2004 lançou as revistas quinzenais Margarida, Minnie, Pateta e Peninha. No caso do grupo multimídia News Corporation, a partir da FOX, até dezembro de 2004, a parceria se dava na revista em quadrinhos Os Simpsons. Já com a Viacom, desde 1990 é parceira do Grupo Abril através da primeira TV segmentada brasileira, MTV, sendo que desde 2005 vêm investindo na MTV 2, emissora que terá 12 horas diárias de programação - com músicas, especiais e documentários - voltada para o público de 25 a 40 anos, mais adulto do que o da MTV - 15 a 29 anos. Com o conglomerado Vivendi Universal, um dos maiores do mundo, dividia as Editoras Ática e Scipione. Hoje, a parceria com o Grupo Abril se dá apenas com a revista, mensal, de atividades Pinte Legal com o Pica-Pau, direcionada a um público de 0 a 5 anos. Já em relação ao grupo alemão Bertelsmann, através da empresa Gruner und Jahr, desde 1987, a parceria se dá com a revista Superinteressante. 2. Panorama da mídia brasileira Para entender o surgimento e o desenvolvimento dos grupos de mídia brasileiros, fez-se necessário conhecer as leis do país, pois elas conduzem da melhor maneira possível o destino da nação. Sendo assim, para entender a situação social do país e sua relação com a comunicação, verificaram-se as sete Constituições (1824; 1891; 1934; 1937; 1946; 1967; 1988) do Brasil. Delas, a única que não toca no campo comunicacional é a primeira, a Imperial, de 1824. Porém, dentre as demais, a que mais aborda sobre comunicação é a atual, de 1988, sendo que tem muitas alterações, completando a abordagem a partir de Decretos e emendas constitucionais. A regulamentação da entrada do capital estrangeiro foi feita em 20 de dezembro de 2002 pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que decretou e sancionou a Lei 10.610, liberando a entrada de 30% de capital estrangeiro. Nela, criou, também, obrigações para as empresas de radiodifusão, como o dever de apresentar aos órgãos de registro civil e comercial, até o último dia útil de cada ano, declaração de seu capital social, sendo que o Poder Executivo será o responsável para requisitar das empresas e dos órgãos registradores as informações e documentos necessários para a verificação do atendimento às regras de participação societária. Mesmo com a nova Lei aprovada e a entrada do capital estrangeiro garantida, verificou-se que pouco foi mudado no cenário midiático brasileiro. Desde a liberação do capital estrangeiro, em 2002, até hoje, detecta-se que o único grupo que se tem notícia que fez uma parceria legal com estrangeiros foi o Grupo Abril. Uma parceria de R$150 milhões, o equivalente a 13,8% de seu capital, não atingindo os 30% da estimativa feita pelo governo, com a administradora americana de fundos Capital International. Dos demais, não há registro. 3. Origens e parcerias do Grupo Abril no Brasil O Grupo Abril é considerado um dos maiores grupos de mídia da América Latina. Seus focos principais de atuação são: mídia impressa, audiovisual e interativa. Com seis mil funcionários, em 2003, a receita líquida foi de R$ 1.862 bilhão. O nome Abril foi escolhido por que nesse mês é primavera na Europa, usando o símbolo de uma árvore que simboliza fertilidade, esperança e otimismo. De acordo com informações do Grupo, o registro de sua história se dá em julho 1950 com o lançamento da revista O Pato Donald. Porém, de acordo com os documentos registrados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) e pesquisados no Departamento de Documentação da Editora Abril (Dedoc), a Editora apareceu em 1947. O consultor do Projeto Memória da Abril, Glauco Carneiro (1986), descreveu em seu texto “Abril e Nova Cultura: fazendo a cabeça do país” que Victor Civita preferiu fazer parte de uma editora, pois, como ainda não era naturalizado no Brasil, investiria na gráfica. Conforme o Contrato de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, registrado no dia 16 de dezembro de 1947, a Editora Abril Ltda teve como primeiros sócios os italianos Enrico Frisoni, Piero Kern, Marcello Frisoni e Enrico Rimini, este denominado como primeiro gerente. Ou seja, a Editora Abril foi constituída em 1947 por quatro italianos que, de acordo com Roberto Civita (2005), eram amigos de seu tio, César Civita. Diante disso, não se deve ignorar nesta história que os fundadores da Editora Abril eram estrangeiros. Algo proibido na Constituição de 1946, Art.160, que não permitia a propriedade de empresas jornalísticas a estrangeiros. Entretanto, isso foi ignorado no registro da Junta Comercial do Estado de São Paulo. Conforme Mário Sérgio Conti (1999), Victor era sócio minoritário da empresa, cujo capital era resultado da venda da parte da empresa americana de embalagens e da herança recebida de sua esposa. A maioria do capital era de seu irmão César. Já de acordo com Roberto Civita (2005), a editora que lançou em 1950 O Pato Donald era de Victor Civita, de seu irmão César Civita e de seu sócio Gordiano Rossi, um mineiro que era filho de italianos. Roberto Toledo (2000) registra que com US$ 500 mil, próprios, mais empréstimos, entraram como sócios no empreendimento o grupo Smith de Vasconcelos e Gordiano Rossi. Assim, no dia 12 de julho de 1950, saiu o primeiro número de O Pato Donald, cujo contrato para editá-lo no Brasil foi cedido por César Civita que tinha licença da Disney para a América do Sul. Mas, conforme o documento “Instrumento Particular de Cessão de Quotas e Alteração de Con- Desde a liberação do capital estrangeiro, em 2002, até hoje, detecta-se que o único grupo que se tem notícia que fez uma parceria legal com estrangeiros foi o grupo Abril. trato Social” assinado e datado em 25 de setembro de 1963, a entrada oficial de Victor Civita na Editora Abril Ltda deu-se em 1963. A justificativa para a entrada tardia se dá devido à demora da naturalização de Civita no Brasil. Isso, no entanto, não impediu seus investimentos na Editora. Em 1982, já com um império montado no Brasil, há um impasse entre Roberto e Richard Civita, herdeiros de Victor Civita, levando à divisão do conglomerado. Na divisão dos bens de Victor Civita, as revistas foram dadas a Roberto e os fascículos e livros, além da parte não-editorial do grupo, como hotéis e frigoríficos ao filho mais novo, Richard. O Grupo Abril – tal como se conhece atualmente – é formado pelas empresas de Roberto Civita, o herdeiro mais velho, que diversificou as atividades do Grupo. Em relação aos parceiros internacionais, verificouse que o Grupo Abril, desde sua fundação em 1950 no Brasil, faz parcerias internacionais. A primeira delas foi (e continua até hoje) com o conglomerado Walt Disney. De acordo com informações divulgadas em seu site, tem parceiros internacionais nas áreas impressa e televisiva. O Grupo também tem parce O grupo Smith de Vasconcelos era de propriedade da família da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. 147 148 ria na Gráfica de Recife com a canadense Quebecor, uma das maiores empresas gráficas do mundo; e teve até março de 2004 parceria nas editoras Ática e Scipione com a Vivendi Universal Publishing. Hoje a parceria com a Vivendi se dá apenas na revista de atividades Pinte Legal com o Pica-Pau. As parcerias que o Grupo Abril faz são resultados de contratos específicos, sendo a maioria licenciamentos, tendo cada um suas peculiaridades. Conforme o fundador da Redibra e ex-presidente da Walt Disney no Brasil, Elcan Diesendruck (2000, p.12), o licenciamento “é o mecanismo legal/comercial pelo qual o detentor, criador ou autor de uma marca, patente ou obra de arte, autoriza ou cede o direito de sua utilização, reprodução e exploração, comercial ou não, através de condições e licenças específicas”. De acordo com o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita (2005), foram feitas licenças com as grandes editoras por que a Abril não tinha know how nem gente treinada para fazer coisas novas na empresa. Ou seja, o Grupo Abril investiu nas licenças por que considerava a possibilidade de seus funcionários aprenderem a trabalhar com a mesma eficiência de seus parceiros na produção e venda das revistas. Hoje, como adquiriu o know how, o licenciamento já não é mais tão importante quanto no início. Assim, como esclareceu o diretor da Secretaria Editorial e Institucional, Sidnei Basile, o Grupo, com a experiência adquirida, no caso das revistas, além dos royalties que paga, publica menos de 20% de conteúdo internacional que recebe da proprietária da marca. Na área eletrônica, seus parceiros possibilitam 3 A Quebecor Recife ficou responsável por rodar todas as revistas da Editora Abril, distribuídas nas Regiões Norte e Nordeste. 4 O Grupo Abril adquiriu os 50% restantes que estavam em poder da Vivendi Universal Publishing, passando a controlar 100% das ações. também o know how, além de programações diferenciadas como é o caso da MTV que é vista pela empresa como um modelo de negócios bem-sucedido, voltado para um público jovem. Já a TVA, como TV por assinatura, além de levar aos assinantes conteúdos bem segmentados, conseguiu conquistar dois grandes parceiros: JP Morgan e Falcon. As parcerias internacionais do Grupo Abril na área impressa se dividem nos segmentos infanto-juvenil, feminino, alto consumo, turismo e tecnologia, masculina e jovem. Elas são feitas a partir de licenças concedidas ao Grupo brasileiro para usar a “fórmula” do parceiro que criou o produto original. Com a abertura do capital estrangeiro para a mídia brasileira, em 2002, o Grupo Abril, em 2004, se associou aos fundos de investimento em empresas de capital privado (private equity) da Capital International, Inc., resultando num aumento de capital de R$ 150 milhões, correspondente a 13,8% do capital. De acordo com o conglomerado, a entrada dos recursos possibilitou a recomposição do capital de giro e o abatimento da dívida. Diante disso, o Grupo Abril já está planejando uma futura abertura de capital no mercado. A negociação entre o Grupo Abril e o Capital International, Inc. vinha sendo feita desde 2003, pois, com as reestruturações feitas no Grupo e com a constituição da holding Abril S.A., em 2001, controladora das participações societárias do Grupo Abril, foi possível organizar as contas. 4. Produtos e empresas do conglomerado O Grupo Abril iniciou suas atividades no Brasil em 1950 com a Editora Abril e com a Sociedade Anônima Impressora Brasileira. A Editora Abril, de acordo com o Portfólio do Grupo Abril 09/2004, tem 150 títulos com uma circulação de 179 milhões de exemplares para 26 milhões de 5 Diesendruck ocupou o cargo de Presidente da Walt Disney no Brasil até 1997. 7 A definição dos segmentos é resultado de análises em todas as 6 Porcentagens sobre o preço de um produto. classificações que o Grupo deu às suas publicações nos últimos anos. Em relação aos parceiros internacionais, verificouse que o grupo abril, desde sua fundação em 19 0 no Brasil, faz parcerias internacionais. a primeira delas foi (e continua até hoje) com o conglomerado Walt Disney. leitores, detendo 64% do mercado editorial brasileiro de revistas. Registra-se ainda que seis das dez revistas mais lidas do país são do conglomerado: Veja, Escola, Superinteressante, Cláudia, Caras e Nova, sendo que Veja é considerada a quarta maior revista semanal de informação do mundo e a maior fora dos Estados Unidos. O diferencial da Editora Abril, em relação aos concorrentes, é que ela produz, imprime e entrega seus produtos na mão do leitor. Seu parque gráfico é considerado o maior e mais moderno da América Latina. A distribuição é feita pela Distribuidora Nacional de Publicações. Esse investimento do Grupo é considerado um dos mais importantes, pois as revistas representam mais de 70% das atividades do conglomerado. De acordo com o presidente da Abril, Roberto Civita (2002), “a Abril não teria dívida nenhuma se tivesse se atido ao setor de revistas, sempre rentável”. Com a diversificação das atividades e investimentos, pode-se classificar o grupo midiático em mídia impressa, audiovisual e interativa. No caso da mídia impressa, classifica-se em revistas, séries e obras de referência. Na audiovisual, com disco, CD, vídeo e televisão segmentada. Na interativa, verifica-se, por parte do Grupo, o acompanhamento das novas tecnologias e do boom da internet, a partir dos anos 90. 5. Exportação de conteúdos e formatos do Grupo Abril Com a diversificação das atividades e sucesso editorial das publicações, o Grupo Abril passou a investir no exterior. Sua ida oficial se deu em 1980 quando foi fundada a primeira sucursal do Gru- po: Abril Morumbi, em Portugal. De acordo com Glauco Carneiro (1986, p.14), Victor Civita pensava além: “trabalhar duro para exercer um papel renovador, não somente no panorama editorial (...), influenciando hábitos da nação, aguçando curiosidade, avivando seus interesses, aprofundando sua cultura e lhe dando verdadeira dimensão do seu papel no mundo”. Porém, a influência de César Civita nos negócios brasileiros e o sucesso editorial do Grupo Abril, desde 1950, levaram o conglomerado a ser alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito, em 1966, criada para investigar a mídia brasileira. A acusação foi que desde o seu início teve a participação de capitais estrangeiros. Algo constatado em sua história, pois, César Civita, irmão de Victor, que tinha uma editora na Argentina, investira no Brasil, ajudando seu irmão a construir um império de revistas no país. Mas, como a acusação se voltou mais para o apoio recebido do Grupo Time-Life, publicou o livro branco “O que é a Abril”, conseguindo “provar” que não tinha nenhum envolvimento com o grupo norte-americano, como a TV Globo que teve total apoio do Grupo Time-Life e saiu ilesa do processo. Assim, mostrou aos parlamentares que era “tipicamente” brasileiro, anulando qualquer suspeita de recebimento de capital estrangeiro. Como o resultado da CPI não foi favorável para os concorrentes brasileiros, que esperavam que o Grupo Abril fosse punido pelo governo, passaram a acusar o conglomerado dos Civita nas páginas dos jornais e revistas da época. Entretanto, com o parecer favorável do governo brasileiro, ignorou a concorrência e continuou suas atividades edito- 149 riais e empresariais no Brasil. Pois, mesmo obtendo ajuda do irmão César, dono da Editorial Abril na Argentina, é fato que em todos os documentos publicados na Junta Comercial do Estado de São Paulo não há registros sobre isso. Além disso, como argumentaram, César foi vítima de perseguições da máfia Argentina e não tinha tantos recursos para influenciar diretamente na transformação do Grupo no Brasil e, posteriormente, na América Latina. Nesse caso, chamam a atenção para o Hoje a presença do grupo abril no exterior só é possível pelas assinaturas internacionais em 73 países, sendo que todas as revistas são editadas no idioma português (do Brasil). 150 fato que se deve levar em consideração que Victor Civita fez boas parcerias internas, licenciamentos estrangeiros e aproveitou todas as oportunidades que foram dadas à Abril no mercado nacional: criação de editora, gráfica e distribuidora etc. Diante de perdas, vitórias e desafios, verificou-se que a maior estratégia de crescimento do Grupo Abril, até 2004, foi conquistar o território nacional com produtos que tivessem características globais, possibilitando sua entrada em qualquer país da América Latina e Europa. Isso foi detectado, principalmente, com as revistas Disney. No início, apenas traduzia para o português as histórias e as distribuía no Brasil, consistindo num processo de fluxo de comunicação. A partir da década de 70 passou a produzir e a criar histórias com personagens da Disney, constituindo em 1989 a Abril Jovem, e a comercializar a produção em espanhol na América Latina. Estratégia também utilizada na Espanha e em Portugal (com o idioma português). Assim, iniciou o processo de internacionalização “de dentro para fora”, o contra-fluxo. Os licenciamentos são contratos que não envolvem investimentos no capital do licenciado. A entrada oficial em Portugal acabou sendo bem aceita pelo mercado local, levando o Grupo Abril a investir em revistas para públicos diversificados. Porém, como exigia um conhecimento mais apurado da realidade do país, em 1988, se associou a um grupo local, o Controljornal, criando uma nova editora, passando a editar a revista Exame. Parceria essa que deu certo e levou o Grupo Abril, em 1996, a associar todos os negócios da área editorial, que tinha em Portugal, ao Controljornal e, juntos, se tornaram a maior editora de Portugal com revistas em vários segmentos. Em 1999, o novo grupo midiático é procurado pelo grupo suíço Edipresse que também se torna um dos parceiros, resultando em 1/3 de ações para cada sócio. Essa parceria foi interessante para o Grupo Abril, pois, lhe ajudou a pagar algumas dívidas no Brasil. Porém, com a crise no mercado português, em 2001, e com os prejuízos que vinham sendo causados pela TV por assinatura no Brasil e com a desvalorização do Real, em 2002 vendeu sua parte no negócio, se retirando de Portugal e licenciando seus títulos. O segundo passo oficial dado pelo Grupo Abril foi a criação da Editorial Primavera na Espanha, com base na aposta em sua experiência com revistas em quadrinhos. Chegou no lugar, publicou revistas Disney, mas, não obteve aceitação do público. O erro foi descoberto mais tarde: as crianças espanholas não gostavam do tipo de publicação que estava sendo colocada no mercado. Ou seja, não levaram em consideração a cultura do país e não tinham um sócio local que pudesse lhe dar as diretrizes corretas, baseadas na realidade espanhola. Assim, três anos depois, em 1992, teve que sair do país, evitando mais prejuízos, pois, no Brasil, os negócios também não estavam bem financeiramente. Um ano antes de sair da Espanha, em 1991, mesmo com problemas, passou a investir na Argentina. Mas, os investimentos não deram certo. Em 2000 teve que sair do país por que a máfia de distribuidores não aceitava que fossem vendidas assinaturas no país. Com mais um erro cometido por não conhecer as estratégias comerciais do país, a Abril vendeu a Editorial Primavera para o Grupo Perfil que se tornou seu sócio na Editora Caras do Brasil. No período de 1990 a 1996 passou a atuar na Colômbia através da Editorial Cinco que era de Carlos Civita, primo de Roberto. Apesar de o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, afirmar que seus negócios eram apenas de licenciamentos dos títulos que têm no Brasil, conforme o site da Associação Nacional de Meios de Comunicação, a Editorial Cinco foi criada pela Editora Abril com operações em toda a América Latina. Dessa forma, de acordo com os dados fornecidos pelo setor jurídico do Grupo e enviados pela Diretoria de Relações Institucionais, as atividades com a Editorial Cinco foram encerradas em 1996. Porém, mesmo com esta informação, é fato que ainda são publicados e vendidos os títulos da Editora Abril, como Boa Forma, conhecida como En Forma em espanhol. A atividade feita na Colômbia, apesar de não ter sido bem explicada por Roberto Civita, e nem pelo consultor editorial do Grupo, Thomaz Corrêa, mostra que a estratégia feita no país vizinho não pretendia seguir a terceira tendência das transformações da mídia: globalização da comunicação, pois, não é bem explicada e nem bem acompanhada pelo principal interessado: o Grupo Abril. Dessa forma, percebeu-se que no processo de internacionalização “de dentro para fora” do Grupo não incluía esse investimento. De acordo com o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, o processo de internacionalização do Grupo consistiu basicamente em trazer o mundo para dentro do Brasil e não de sair. Para Civita, eles trouxeram o mundo para dentro do Brasil, adaptando os produtos ao mercado e à cultura brasileira. A saída não representou muito, pois, só foram bem sucedidos em Portugal. Tentaram a Argentina e Espanha, mas não conseguiram êxito, pois não se organizaram estrategicamente. Com a entrada de capital estrangeiro e a reformulação de suas estratégias em investir mais no mercado interno, o Grupo Abril acredita que irá crescer e expandir suas atividades nos mercados interativo e audiovisual. A TVA, por exemplo, apesar de ter dado muitos prejuízos para o Grupo, hoje vem dando bons resultados e, conforme o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, promete ser melhor ainda quando a TV digital for adotada no país. No campo editorial, mantém 10 parcerias internacionais com grupos que lhe deram know how e, dessa forma, acreditam que dificilmente continuarão seguindo no processo de internacionalização “de fora para dentro” com as publicações. Na estratégia do Grupo hoje não está a sua internacionalização. Porém, como tem grandes empresas, produtos de qualidade e atividades diversificadas, com reconhecimento na América Latina, pode voltar a investir em outros mercados, mas, isso não em curto prazo. Pois, a meta hoje é dobrar o negócio internamente. Fazer revistas de qualidade que vendam bastante e com um preço acessível, pois, o grande problema do grupo é a situação econômica do país, onde os brasileiros não têm condições de comprar revista, pois afeta seus custos mensais. Hoje a presença do Grupo Abril no exterior só é possível pelas assinaturas internacionais em 73 países, sendo que todas as revistas são editadas no idioma português (do Brasil). Além disso, através do Conteúdo Expresso, empresa do conglomerado que terceiriza a venda de fotos, histórias e reportagens para outros grupos: uma espécie de agência de notícias ligada ao Departamento de Documentação do Grupo. Assim, embora o Grupo Abril tenha começado suas atividades, em 1950, partindo do processo de internacionalização de “fora para dentro” e três décadas depois, 1980, ingressando no processo de 151 internacionalização de “dentro para fora”, não é possível fazer previsões sobre suas estratégias no campo internacional. No momento, percebe-se que está se organizando financeiramente para se estabilizar e duplicar seus rendimentos no Brasil. Dessa forma, é provável que dê continuidade à sua trajetória e mantenha-se como o maior grupo editorial da América Latina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 152 BASILE, Sidnei. Estratégias do Grupo Abril. Entrevista concedida a mento, um negócio de 112 bilhões de dólares. São Paulo: Nobel, 2000. Eula D. T. Cabral em 26 jan. 2005. FADUL, Anamaria. A internacionalização dos grupos de mídia CABRAL, Eula D. T. A Internacionalização da mídia brasileira: no Brasil nos anos 90. Comunicação e Sociedade (UMESP), São estudo de caso do Grupo Abril. Tese (Doutorado em Comunicação Bernardo do Campo, n.29, p. 67-76, 1998a. Social), Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do FADUL, Anamaria. A internacionalização da mídia brasileira. Campo, 2005. Comunicação e Sociedade (UMESP), São Bernardo do Campo, n.30, CARNEIRO, Glauco. Fazendo a cabeça do país: introdução à história p. 67 – 91, 1998b. das Editoras Abril e Nova Cultural e seu papel na difusão de inova- FORTNER, Robert. International Communication: History, Conflict, ções dentro da sociedade brasileira. São Paulo: Dedoc, 1986. and Control of the Global Metropolis. Belmont, CA: Wadsworth CHAN, Joseph Man. Media internationalization in China: processes Publishing Co., Inc., 1993. and tensions. Journal of Communication, v.44, n. 3, p. 70-88, 1994. MOWLANA, Hamid. Global information and world communication: CIVITA, Roberto. Internacionalização do Grupo Abril. Entrevista new frontiers in international relations. Nova York: Longman, 1986. concedida a Eula D.T. Cabral em 11 fev.2005. MURCIANO, Marcial. Estructura y dinámica de la comunicación CONTI, Mário Sérgio. Notícias do planalto: a imprensa e Fernando internacional. Barcelona: Bosch Casa Editorial, 1992. Collor. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social CORRÊA, Thomaz Souto. Internacionalização do Grupo Abril. crítica na era dos meios de comunicação. Petrópolis: Vozes, 1995. Entrevista concedida a Eula D. T. Cabral em 11 fev.2005. TOLEDO, Roberto Pompeu de. O resolvedor de problemas. Abril: os DIESENDRUCK, Elcan. Com licença: compreenda melhor o Licencia- primeiros 50 anos. Edição especial, 2000. IV Seminario Latinoamericano de Investigación de la Comunicación Tema central “URGENCIAS LATINOAMERICANAS EN INVESTIGACIÓN COMUNICACIONAL: PERSPECTIVAS CRÍTICO EPISTEMOLÓGICAS“ La Paz, Bolívia 8 al 10 de noviembre de 2007 Inscripción Online: www.alaic.net Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación Universidad Andina Simón Bolívar (UASB) LOS JÓVENES “EN” LOS NOTICIEROS TELEVISIVOS CHILENOS Lorena Mónica Antezana Barrios Doctora en Ciencias Sociales (Información y Comunicación), Universidad Católica de Lovaina. Magíster en Comunicación Social, Diplomada en Periodismo Cultural y Crítica Especializada, Licenciada en Comunicación Social, Título de Periodista de la Universidad de Chile. Profesora y Directora de Postgrado del Instituto de la Comunicación e Imagen, Profesora en Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Chile. E-mail: [email protected] 154 RESUMEN Mucho se habla de la juventud actual, su individualismo, desapego a las problemáticas sociales – salvo el movimiento de los secundarios del primer semestre-, de su bajo interés por la política, de la hiper valoración del ocio y el hedonismo. Se les asocia a violencia, delincuencia y adicción entre otras, pero también –aunque en situaciones muy específicas- con triunfos y éxito sobre todo en el plano deportivo, ¿de dónde surgen estas lecturas sociales?, ¿son efectivamente representativas de toda población juvenil del país, o responden a una simplificación y reducción desmedida de la complejidad constitutiva del sujeto joven? Lo que nos lleva a la pregunta eje de este artículo ¿cómo están siendo representados los jóvenes por los noticieros televisivos nacionales? Palabras claves: Televisión, noticiero, jóvenes. ABSTRACT Much has been said about today’s youth, its individualism and indifference to social issues – an exception was the high school students uprising occurred during the first semesterits low interest in politics, the overestimation of leisure time and hedonism. Yet, youth is not only associated to violence, crime and addiction, among other social misbehaviors, but also to triumphs and success (albeit in very specific situations), above all, in sports. Where do these interpretations stem from? Are they truly representative of the country’s entire youth, or do they represent an excessive simplification and reduction of the young individual’s complex constitution? All those questions lead to the main issue debated in this article: How are young people interpreted by national TV newscasts? Keywords: Television, TV newscast, young people RESUMO Atualmente, muito se fala da juventude, seu individualismo e sua indiferença aos problema sociais - exceção ao movimento dos estudantes secundários no primeiro semestre de 2006 -, de seu baixo interesse pela política, de sua valorização ao ócio e ao hedonismo. Ainda que o jovem seja associado à violencia, delinqüência e às drogas, ele também pode ser asociado – embora em situações bastante específicas – com triunfos e êxitos, tal como acontece no esporte. De onde surgem tais leituras sociais? São representativas de toda uma população de jovens do país, ou correspondem a uma simplificação e redução sem propósitos da complexidade constitutiva do sujeito jovem? O que nos leva à pergunta-chave deste artigo: como os jovens são representados pelos telejornais nacionais? Palavras-chave: Televisão, telejornalismo, jovens 155 Los medios, y en particular la televisión, se convierten en espacios clave de reconstrucción de imaginarios sociales en distintas temáticas y de mediación entre los ciudadanos y las autoridades. En Chile, según el informe del PNUD (PNUD, 2002), “La televisión transforma el espacio público. Esta afirmación refleja una evidencia en tanto alude al acceso masivo de los chilenos. Casi todos los hogares urbanos tienen televisor y a lo menos ocho de cada diez chilenos lo encienden todos los días. Puede afirmarse, además, la relevancia de la televisión como fuente principal de información, tanto para noticias sobre la ciudad (78%) como de Chile (85%) y el mundo (79%)”. (PNUD, 2002, p.110) 156 El mismo informe indica que “de manera similar a las ideologías políticas de antaño, ahora la televisión parece brindar a los chilenos las claves de interpretación con las cuales ver y leer sus vivencias”. (PNUD, 2002, p.114), sobre todo el noticiario, el cual de acuerdo a las distintas encuestas realizadas durante los últimos diez años es uno de los programas más vistos por los chilenos (le siguen las telenovelas) y además es visto en familia. El noticiero televisivo entonces “se proyecta como vehículo de aprendizaje que enseña a la familia a ‘vivir socialmente’ según las exigencias de los tiempos modernos, ayudando a comprender los cambios, introduciendo nuevos códigos y brindando información útil para manejarlos y asimilarlos” (Winocur, R. 2002, p.68). Los noticieros televisivos construyen una puesta en escena discursiva de los fenómenos que son lo cotidiano de la información. Los enunciados son elaborados a partir de elecciones que conducen a una forma verbal y visual que da sentido y produce representaciones colectivas que permiten que podamos inteligibilizar el mundo. El sentido no 1 Estudios del Consejo Nacional de Televisión y de la Secretaría de Comunicación y Cultura. está nunca dado por adelantado, es construido por la acción de lenguaje del hombre en situación de intercambio social, además no es nunca aprensible más que a través de las formas. Toda forma reenvía al sentido y todo sentido reenvía a las formas en una relación de solidaridad recíproca. Siguiendo a Ricoeur, toda sociedad se construye a través de puestas en escena donde encuentra su lugar y su sentido, y son esas puestas en escena las que permiten rearmar los acontecimientos según las modalidades narrativas que autorizan a esa sociedad a apropiárselas. Relatos que dan un sentido al tiempo, que en televisión implican una organización significante de materiales diversos (linguísticos, gráficos, icónicos), con sus propias particularidades. Los vínculos entre espacio público, medios y reconocimiento no son en absoluto “naturales”. Bien que estructurales, estos lazos toman formas muy variables, determinadas a la vez por las diversas configuraciones históricas del espacio público, y por la evolución propia de los modos de reconocimiento social.(GENARD, J-L., 1996, p.15) El reconocimiento constituye el proceso por el cual la identidad es reparada y actualizada. En una perspectiva goffmaniana, es necesario considerar tres momentos de reconocimiento ligados a los diferentes polos identitarios: 1. La auto- percepción (yo me re-conozco) 2. La representación (yo me dejo, yo me hago reconocer). 3. La designación (soy conocido, soy reconocido) Es un juego de la construcción de las imágenes, donde impresión y expresión se enlazan en un movimiento incesante y dinámico. Los fenómenos de reconocimiento están presentes en toda interacción social, por lo tanto en los medias. .(Klein, A., Marion, P., 1996, p.46). Los medios, y en particular la televisión, se convierten en espacios clave de reconstrucción de imaginarios sociales en distintas temáticas y de mediación entre los ciudadanos y las autoridades. En este sentido la esfera pública está construida por relatos que se cruzan y que configuran un relato común. Siguiendo a Lits, “Un relato, debe ser entendido como un texto, entidad abstracta, donde se toma en cuenta la refiguración individual y colectiva, creadora de identidad dentro de un anclaje social fuerte. Ricoeur consagra lo esencial de su obra a relatos de ficción (literatura, historia) no tomando en cuenta los relatos ordinarios pero, hoy en día, siguiendo a De Certeau, la construcción de nuestra relación con los otros y el mundo se basa más (cuantitativamente) en los mensajes mediáticos que en los mitos, leyendas o la literatura. El polo mediático es central en el sistema social y ese polo está esencialmente construido según una lógica narrativa, en su producción y su recepción” (Lits, M., 1997, p.44). El modelo narrativo se impone como una estructura de escritura de las informaciones pero también interviene en la forma en que los receptores consumen las secuencias construidas. La secuencia de información ha sido montada, construida a través de un encadenamiento de planos seleccionados, vestidas por un fondo musical y será recibida también como un relato. El presente artículo, a partir de una investigación realizada sobre el noticiero televisivo, analiza un corpus de programas televisivos del género Telediario Nacional, centrándose en la estructura temática del mismo, el tipo de relato que cons- truye y focalizando la atención en la forma en que están siendo representados los jóvenes en él. Se analizó una semana reconstituida de los dos canales con más altos índices de audiencia: Televisión Nacional de Chile (TVN) y Televisión de la Universidad Católica de Chile -UC13- (marzo – mayo 2006), contando con un corpus final de 14 emisiones (siete de cada canal). La organización de los noticieros A nivel general los noticieros televisivos abordados presentan una estructura temática bastante similar, divida en tres segmentos de los cuales el más importante –de acuerdo a los datos de consumoes el primero, en el que se posicionan las noticias referidas a ámbitos policial, catástrofes y hechos insólitos. La categoría periodística más utilizada es la informativa, salvo en algunos reportajes que aparecen en la sección de “Crónica” de TVN y de “Reporteros” en Teletrece. Se registran diferencias en cuanto a los enunciadores y presentadores ancla de los noticieros. En TVN nos encontramos con una dupla periodística que se alterna la presentación de las notas de manera bastante equilibrada, a nivel temático sólo cuentan con un presentador especializado para la sección de deportes. En Teletrece en cambio un presentador ancla preside el noticiario, reconociéndose varios presentadores temáticos. Una de las secciones destacadas es “Reporteros” además del bloque deportivo. Los enunciadores privilegiados en TVN son los actores corporativos, mientras 2 “Recepción cualitativa del telediario nacional por parte de los jóvenes”. Investigación financiada por la Universidad Diego 3 En el artículo se utilizan indistintamente los nombres del noti- Portales. Concurso: propuesta UDP Facultad 2005. Resol. VRA ciario y del canal, a saber: “24 Horas Central” de TVN y “Teletrece” N° 301/ 2005. de UC13. 157 Los noticieros televisivos nacionales representan al joven llevándolo a extremos opuestos, caracterizándolos de manera excesivamente positiva y excesivamente negativa. que no se evidencia una preferencia mayor en Teletrece, salvo las notas deportivas donde prevalecen los enunciadores testigo. Observando con mayor detalle la estructura general del noticiero, en 24 Horas Central, con un promedio cercano a las 15 notas diarias, logramos diferenciar tres bloques marcados por la tematización, la duración de las notas y el rating. En el primer tercio se ubican preferentemente las notas policiales y los hechos que marcaron pauta durante el día. La suma de tiempo de estas notas supera claramente a las del segundo bloque, no así al último tercio donde nos encontramos principalmente con crónicas y notas deportivas. Directamente proporcional a la cantidad de tiempo de las notas se presentan los puntos de rating, es decir su pick se encuentra en el principio o en el final del noticiero, nunca en el centro de éste. 158 En Teletrece observamos un promedio de 20 notas por día y una distribución temporal homogénea. Al igual que en 24 Horas, Teletrece ubica las noticias policiales en el primer bloque, sin embargo, también demuestra una tendencia hacia las noticias relativas a temas de desastres y tragedias en el primer lapso de emisión. En cuanto a rating encontramos patrones variados y no se identifica una curva en particular, el promedio de rating es claramente menor al de 24 Horas Central y sólo supera significativamente al noticiero de TVN el día sábado en su bloque deportivo. En la categoría periodística de las notas, TVN registra un cambio en la categoría periodística hacia un punto de vista informativo – interpretativo, en las notas referidas a temas de sociedad donde se rompe la consecución de notas infor- mativas por una crónica que no obedece a un hecho desarrollado en el transcurso del día. Por otra parte, estas crónicas generalmente superan en cantidad de tiempo a las notas informativas, encontrando excepciones sólo en algunas notas informativas emitidas en el primer tercio del noticiero. Los otros cambios en el formato se pueden ubicar en los bloques tanto nacionales como internacionales, que corresponden a un compacto de noticias breves generalmente emitidas en el tercio central del noticiero. En este mismo punto en UC13, nos encontramos casi exclusivamente con características informativas, por sobre la interpretación o la opinión. Del mismo modo el formato de éstas es principalmente informativo, variando a estilo reportaje en la sección “Reporteros”, donde se intenta profundizar en temas cotidianos de interés público, preferentemente en situaciones sociales amenazantes que pudieran servir de advertencia y prevención al televidente. Sólo identificamos comentarios e interpretación en los segmentos deportivos. Los presentadores ancla en “24 Horas Central” de lunes a viernes son una pareja de periodistas jóvenes, con gran trayectoria y reconocidos por ésto, ellos comparten de manera simétrica el protagonismo de la conducción, el fin de semana, de manera un poco más informal un periodista en solitario se hace cargo de la conducción. Además, observamos conductores deportivos que acompañan al (los) conductor (es) ancla para presentar las noticias de este género. En las notas informativas deportivas, resalta la figura de un periodista temático que sólo se dedica a trabajar este tipo de contingencias. Su rol es interpretativo. En “Teletrece” el presentador ancla de la semana es un periodista de perfil directo e inquisitivo, acompañado por una periodista joven que se hace cargo de presentar las notas del segmento “reporteros”, además cuenta con un periodista de reconocida trayectoria encargado de la sección deportiva y también con un periodista de fin de semana, distinto a la conducción habitual, como presentador ancla el fin de semana. A su vez identificamos preferentemente la presencia de personajes mediáticos ligados a la política y la religión y en menor medida a deportistas destacados. Con respecto a los enunciadores presentes en las notas, en TVN observamos una tendencia hacia los actores corporativos por sobre expertos o testigos (excluyendo las noticias deportivas) lo que representa una inclinación por un discurso a través de personajes que representen bajo sus comentarios a instituciones, agrupaciones o entidades públicas y privadas. En las noticias policiales además de los actores corporativos destacamos la existencia de testigos como principales enunciadores, lo que podría representar una cierta intención por informar ambas versiones de la noticia a través de un actor participante, involucrado casual o intencionalmente en el acontecimiento y a su vez la de un actor corporativo que comente y/o explique el suceso o los antecedentes del caso, desde una palestra oficial, como vendrían siendo carabineros, policías o fiscales involucrados. Los enunciadores en UC13 no presentan patrones reiterativos en las notas informativas y varían aleatoriamente según la noticia, exceptuando las 4 Son Enunciadores los sujetos responsables de la enunciación y se distinguen: (a) Periodista Temático: periodista que se hace cargo notas informativas deportivas, donde principalmente encontramos enunciadores testigo. En tanto, dentro de los reportajes observamos una clara propensión por incluir una gran variedad de enunciadores. Características del relato mediático: policial y deportivo En el análisis de las notas que registran mayor presencia de jóvenes, es decir las de índole policial y deportivo, a nivel general, la estructura de las noticias que abordan temáticas policiales es fundamentalmente narrativa en ambos noticieros televisivos. El enunciador –utilizando estrategias distintas- plantea el tema que es desarrollado en la nota, en ésta encontramos un inicio, desarrollo - climax y fin y además observamos una moraleja o lección, en algunos casos explícita (enunciada por presentadores o enunciadores secundarios) y en otros implícita. En la presentación de la nota se observa la utilización de técnicas provenientes de los registros ficcionales: recreación, dramatización, repetición, incorporación de música, y otras. A nivel específico, en “24 Horas Central”, observamos una construcción narrativa más interpretativa, el presentador asume un rol fundamental en la enunciación de las notas, otorgando un espacio a la reflexión e invitando al análisis de los factores que podrían estar a la base de las conductas de los jóvenes. En su discurso encontramos una intención por comprender pero no justificar estos actos, donde generalmente se apunta a la presunción de la vulnerabilidad y a las dificultades que impone la sociedad para que los jóvenes se integren. El cierre en tanto enmarca la difícil situación del círculo de la delincuencia. de una sección específica dentro del noticiario. Ej. Deportes, Reporteros, etc (b) Periodista: encargado de la nota; (c) Testigo: Habla desde sí mismo: opina, testifica, etc. (d) Experto: Habla desde un saber profesional o experiencial; (e) Actor Corporativo: Habla representando a otra instancia. Ej: Ministerio, Gobierno, Directo, etc. Por el contrario, en “Teletrece” observamos una construcción narrativa más informativa, estructurándose el relato en dos ejes: el primero focaliza 159 su atención en castigar a los protagonistas de los hechos violentos y criticar a las autoridades que sólo ahora deciden actuar. El segundo, demuestra empatía con la causa castigadora, con esto destaca el rol del noticiero como principal aliado de la justicia y de quiénes ansían ver a los responsables castigados. No identificamos reflexiones ni una conclusión al cierre de la presentación. % Notas con presencia de jóvenes 82 71 29 18 TVN UC13 Jóvene En cuanto a la enunciación de la moraleja o lección de la noticia, si bien TVN realiza este ejercicio a través de sus presentadores, quiénes pretenden dejar un espacio a la reflexión, UC13 lo hace por medio de diferentes enunciadores dentro de la nota, que destacan la responsabilidad de los adultos sobre el actuar de los jóvenes, en particular menores de edad. 160 Muchas de las noticias deportivas también asumen esta estructura, el registro es también el drama pero ligado a la figura de un héroe y no de una víctima o victimario como en el caso de un relato policial. Este héroe es individualizado a diferencia del personaje del relato policial, y la moraleja más que una lección es un estímulo a la imitación de la conducta. Estos personajes son un ejemplo a seguir al contrario de los que aparecen vinculados a temáticas policiales. Encontramos estas mismas características en las notas que abordan temáticas sociales: crónicas y reportajes, también presentan moralejas y se esgrimen estrategias persuasivas basadas en la movilización de sentimientos: ira, dolor, júbilo, desazón, indignación, etc. Cada vez con mayor frecuencia se observa la utilización de elementos ficcionales en la presentación de las notas: música de fondo, sonido ambiente, impostación de la voz en off para darle dramatismo al relato, recreación de escenas, dramatización y otras. Otros Gráfico nº 1 Espacio otorgado a los jóvenes De acuerdo a nuestro análisis ambos noticieros presentan similitudes en cuanto al espacio que le otorgan al sujeto joven. El porcentaje de notas con presencia de jóvenes es levemente superior en TVN. (Gráfico 1) En ambos noticieros la concentración de notas con presencia de jóvenes se identifica claramente en los temas deportivos y policiales. Existe una diferencia notoria en TVN pues la tendencia es a relacionar a los jóvenes más con temas deportivos que policiales, mientras que en UC13 la dinámica es completamente opuesta. La alta presencia de jóvenes en las notas deportivas, se explica entendiendo que éstos son los principales protagonistas de la actividad, dadas las exigencias físicas que acarrea la alta competencia. Sin embargo, debemos hacer hincapié en la cantidad de notas con presencia de jóvenes en los temas policiales que, por lo general, están ligados a actos de violencia y delincuencia, lo que demuestra una clara tendencia a relacionar al sujeto joven con estas tematizaciones. (Gráfico2) De la misma forma encontramos una notoria similitud dentro de las características de la presentación del joven vinculado al deporte, ya que la mayoría de las notas están focalizadas en el sujeto joven- individual a través de arquetipos relativos al esfuerzo, el triunfo y el éxito personal. En consecuencia estas notas generalmente se refieren a Tematización % 45 40 36 28 TVN Policial 27 Deportivo 24 Otros TVN UC13 Gráfico nº 2 deportistas destacados que sobresalen a través de sus talentos. En notas policiales, identificamos al joven como víctima y victimario. Si bien, no en todas las notas el joven es el autor de los crímenes o delitos, el hecho de que sea víctima también lo relaciona con la violencia puesto que se presenta inmerso en ella. Por ende siempre que él o los jóvenes están dentro de una nota policial son presentados ya sea como actor material de los hechos delictivos o como víctimas de una situación de violencia. Debemos destacar que las notas policiales con presencia de jóvenes en ambos canales, corresponden generalmente a notas con los índices de rating más altos dentro de la emisión. Representación de los jóvenes Los noticieros televisivos nacionales representan al joven llevándolo a extremos opuestos, caracterizándolos de manera excesivamente positiva y excesivamente negativa, lo que simplifica la complejidad constitutiva de este sujeto. Esto se observa por medio de los arquetipos más reiterados reconocidos en las notas con presencia de jóvenes. Es decir joven exitoso, talentoso, campeón, ídolo, héroe, versus joven vulnerable, vicioso, violento, delincuente. De esta manera, si el joven no es reconocido públicamente por sus talentos individuales como sujeto destacado en la disciplina que le compete, inmediatamente (saltando términos medios) se le reconoce como un joven carente de propósitos, habilidades y voluntad, como un individuo susceptible representado por la delincuencia y el riesgo social. Esta polarización estereotipa al individuo estudiado en el joven bueno-exitoso y en el joven malo-delincuente. Tanto en 24 Horas Central (TVN), como en Teletrece, del total de notas con presencia juvenil un alto porcentaje se focalizó en el sujeto individual joven Las notas deportivas se refieren principalmente a campeones nacionales o futbolistas destacados donde sus designaciones visuales son vinculadas al esfuerzo y al triunfo, se les muestra recibiendo premios o desarrollando con éxito su disciplina, metiendo goles y celebrando. Las designaciones verbales en tanto, generalmente apuntan a adjetivos positivos que los acercan a la categoría de ídolos o héroes nacionales, campeones, talentosos, ejemplos. Además se refieren a ellos con sobrenombres que recalcan sus capacidades y que tienden a generar una cierta relación de afecto y empatía con la audiencia. Muy por el contrario, en las notas policiales los jóvenes se ven envueltos en situaciones delictivas como víctimas y principalmente como victimarios, lo que deviene en arquetipos como, antisociales, peligrosos y segregados. Prácticamente en todas las notas hay hechos de violencia, lo que implica una asociación con la agresividad. Sólo en algunos casos existen designaciones verbales que se refieren a la vulnerabilidad social de estos, sin embargo, las principales designaciones van de la mano con frases relativas a la violencia. En el aspecto visual por lo general no vemos acciones explícitas de sangre, no obstante, siempre se busca mostrar al sujeto mientras el periodista describe verbalmente los cargos o hechos que se le imputan. 161 Tipo de presencia jóvenes (%) 52 40 44 41 16 7 Focalizada Implícita Desplazamiento TVN UC13 Gráfico nº 3 Solo observamos una nota centrada en el sujetoindividual fuera de los tópicos deportivos y policiales, donde se expone la creación de una nueva tecnología por parte de estudiantes universitarios. Los posibles arquetipos sugieren adjetivos como jóvenes estudiosos, brillantes o esforzados lo que a su vez vuelve, al igual que en las notas deportivas, a exhibir positivamente al joven a través de sus logros, descubrimientos y triunfos por medio de sus talentos, es decir sobresaliendo por medio de sus éxitos personales. (Gráfico 3) 162 Cuando nos referimos a las notas (focalizadas) sujeto-masivas, los jóvenes son mostrados como una amenaza, enmarcados también por hechos de violencia. Si bien no se habla de asesinatos ni crímenes mayores, se hace referencia al actuar irracional y antisocial de la masa especialmente en protestas y en barras bravas. En cuanto a las notas con presencia implícita, o sea donde el joven se advierte parcialmente en la nota, existe una situación completamente opuesta a la exposición focalizada ya que en este caso prácticamente la totalidad de las notas evidencian una presentación colectiva. De esta forma el grupo se transforma en un factor fundamental, ya no se habla de un joven o jóvenes sino de una turba que actúa en forma colectiva, bajo el adjetivo de manifestantes, encapuchados o barristas. Aquí no vemos al sujeto joven como tal si no hacemos un esfuerzo por reconocer a los personajes dentro de los grupos, sin embargo, al observar atentamente, los integrantes de estas muchedumbres por lo general son jóvenes actuando agresivamente. Si en las notas focalizadas los jóvenes en el segmento deportivo eran principalmente considerados ídolos o estrellas, en las notas con presencia implícita la tematización es policial por cuanto se emiten notas relativas a las barras y su mala conducta. Los arquetipos posibles apuntan a la delincuencia y la violencia. Las notas de desplazamiento no pertenecen a ninguna tematización en particular, no obstante, sistemáticamente muestran al joven como víctima dentro de los diferentes tópicos noticiosos. En consecuencia observamos que en la mayoría de estas notas, el desplazamiento se realiza desde el joven víctima –socialmente vulnerable- hacia las diferentes amenazas del medio, o bien desde los peligros de la sociedad actual, hacia un joven víctima de éstos. En síntesis, resaltamos la presencia de jóvenes principalmente en temas policiales y deportivos, lo que conlleva en el primer caso, a una vinculación con la violencia, la delincuencia, la agresividad y la vulnerabilidad social como víctimas y victimarios, tanto en notas focalizadas como implícitas. Por el contrario, en las notas deportivas, vinculamos a los jóvenes con el esfuerzo, el triunfo y especialmente con el éxito personal, a través de arquetipos tales como héroes, ídolos o talentosos. Estas notas son preferentemente focalizadas y se centran absolutamente en el individuo. 5 Se refiere a los “hinchas” o fans deportivos, que se organizan en grupos para apoyar a sus equipos en los eventos deportivos. A modo de cierre empleada en la presentación de otras temáticas. A partir de los resultados de la investigación podemos afirmar: • Los noticieros televisivos nacionales presentan una estructura temática similar, posicionando en primer lugar las noticias de índole policial, las que además son ubicadas en el segmento de más alta audiencia. • En los noticieros televisivos nacionales los jóvenes están prácticamente ausentes y cuando aparecen lo hacen mayoritariamente en notas que abordan temáticas deportivas y policiales. • Los noticieros televisivos nacionales construyen de manera narrativa las noticias policiales y deportivas incorporando moralejas de naturaleza implícita o explícita. Este tipo de estructura es cada vez más utilizada en el noticiero y empieza a ser • Los noticieros televisivos nacionales simplifican y reducen al sujeto juvenil posicionándolo en dos categorías opuestas: (1) representan al joven como sujeto individual asociado a arquetipos positivos y relacionado con noticias de índole deportivo. (2) representan al joven como sujeto colectivo asociado a arquetipos negativos y relacionado con noticias de índole policial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Consejo Nacional De Televisión Estudio Estadístico de televisión Recherches en Communication. N° 7, 1997. Abierta. Departamento de Supervisión (2000-2004). LOCHARD, Guy. Dispositifs télévisuels et enjeux sociocognitifs. In: ______________. Estudios de audiencia y Consumo televisivo 1999 Penser la televisión. Actes du colloque de Cerisy sous la direction de – 2002. Consumo y valoración de noticieros. Departamento de Jêrome Bourdon et Francois Jost. NATHAN. 1998. Estudios, 2003. LOCHARD, Guy .Soulages, J.C. La communication télévisuelle. Paris: CHARAUDEAU, Patrick. La télévision peut-elle expliquer ? Dans Armánd Colin, 1998. “Penser la télévision. Actes du colloque de Cerisy”. Sous la direction MARION, Philippe. Le Sport Entre Récits Et Médias. Le Récit Media- de Jërome Bourdon et François Jost. NATHAN. Institut national de tique Comme Modèle D’interpretation. In: Tribunes de presse, Etudes l’audiovisuel, 1988. sur la construction journalistique du sport, sous la direction de Gérad ______________. Le discours d’information médiatique. La construc- Derèze. Editions Academia – Bruylant S.A., 1996. tion du miroir social. NATHAN, 1997a. ______________. Au seuil du JT. In: Penser la televisión. Actes du ______________. Les conditions d’une typologie des genres télévisuels colloque de Cerisy, sous la direction de Jêrome Bourdon et Francois d’information. Dans Reseaux N° 81. CNET, 1997b. Jost. NATHAN, 1998. GENARD, Jean-Louis. Espace Public, Medias, Effets Et Strategies De PNUD. Desarrollo Humano en Chile. Nosotros los chilenos: un desafío Reconnaissance. In : Revista Recherches en Communication Nro 6. cultural. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo, 2002. Université Catholique de Louvain. Département de communication, RICOEUR, Paul. Temps et récit 1. L’intrigue et le récit historique. Edi- 1996. tions du Seuil, février, 1983. JAMET, Claude; JANNET, Anne-Marie. La mise en scène de SOULAGES, Jean-Claude. Les Mises En Scène Visuelles De l’information. Paris: L’Harmattan, 1999. L’information . Etude comparée France, Espagne, Etas-Unis.. NA- JOST, Francois. Quand y a-t-il énonciation télévisuelle? In: Penser la THAN. Collection Médias – Recherches. 1999. televisión. Actes du colloque de Cerisy, sous la direction de Jêrome SUNKEL, G., Geoffroy, E. Concentración económica de los medios de Bourdon et Francois Jost. NATHAN. 1998. comunicación. Santiago de Chile: LOM Ediciones, 2001. KLEIN, Annabelle ; MARION , Philippe. Reconocimiento e Identidad VERON, Eliseo. Il est là, je le vois, il me parle. In: Communications N° Frente Al Espacio Mediático. In: Revista Recherches en Communication 38. Paris: Ed. Du Seuil, 1981-1982. Nro 6, 1996. WINOCUR, Rosalía. Ciudadanos mediáticos. La construcción de lo LITS, Marc. Le récit médiatique:un oxymore programmatique? In: público en la radio. Editorial Gedisa S.A. 2002. 163 ESTUDOS DE RECEPÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL: ABORDAGENS BRASILEIRAS NA DÉCADA DE 901 Nilda Jacks É professora do PPGCOM/UFRGS, pesquisadora do CNPq e autora dos livros “Mídia Nativa. Indústria Cultural e cultura regional” e “Querência. Cultura regional como mediação simbólica. Um estudo de recepção”, ambos pela Editora da UFRGS. É co-autora de “Hermanos, pero no mucho. El periodismo narra la paradoja de la fraternidad y rivalidad entre Brasil e Argentina. Buenos Aires. La Crujía Ediciones, 2004 e Comunicação e Recepção. São Paulo. Hacker Editores, 2005. Fez pós- doutorado, em 2006, com Jesus Martin- Barbero/ Universidad Nacional de Colombia. E-mail: [email protected] Daiane Boelhouwer Menezes 164 Mestranda em Ciências Sociais na PUCRS e bolsista do CNPq, graduada em Comunicação / Jornalismo na UFRGS e ex-bolsista de Iniciação Científica / CNPq do Núcleo de Pesquisa Cultura e Recepção Midiática da UFRGS (http://www.ufrgs.br/midiatica/). E-mail: [email protected] 1 Texto apresentado no GT Estudios de Recepción/ ALAIC 2006, coordenado pela Profa. Veneza Ronsini, à qual agradecemos as críticas que geraram esta outra versão. RESUMO Este texto remete-se a uma pesquisa que analisou o estado da arte dos estudos de recepção realizados nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação do Brasil, durante a década de 1990. O objetivo, aqui, é apresentar uma análise dos trabalhos que tomam a identidade cultural como mediação nos processos de recepção. Verificou-se que todos utilizam a perspectiva teórica latino-americana, têm as mediações como foco de análise e concluem que as identidades culturais não foram profundamente abaladas pelos meios de comunicação, porque estes fazem parte da cultura e da construção das identidades. Palavras-chave: recepção; identidade cultural; pesquisa ABSTRACT This paper deals with research analyzing the state of the art of the reception studies carried out in the Post-Graduate Courses in Communication in Brazil during the 1990s. The purpose of this work is to provide an analysis of the research projects conducted on the cultural identity as mediation in the reception processes. It was established that all of the projects adopt the Latin American theoretical perspective, where mediations constitute the focus of the analysis, whose conclusion point to the fact that the cultural identities have not been significantly affected by the media, as these are part of the culture and the construction of the identities. Keywords: reception studies; cultural identity; research. RESUMEN Este texto se refiere a una investigación sobre el estado del arte de los estudios de recepción desarrollados en los postgrados en comunicación brasileros, durante la década de 1990. El objetivo, aquí, es presentar un análisis de los trabajos que capturan la identidad cultural como mediación en los procesos de recepción. Fue verificado que todos utilizan la perspectiva teórica latinoamericana, tienen las mediaciones como foco del análisis y concluye que las identidades culturales no habían sido cambiadas profundamente por los medios de comunicación, por que estos son parte de la cultura y de la construcción de las identidades. Palabras claveS: recepción; identidad cultural; investigación. 165 166 Na década de 90 foram realizadas 1769 pesquisas, entre teses e dissertações, nos 11 Programas de Pós-Graduação em Comunicação, então existentes no Brasil. Deste total, apenas 45 possuem como objeto de estudo a relação das pessoas com os meios de comunicação, os chamados estudos de recepção. Dentre eles, cinco trabalharam a identidade cultural como foco para entender a relação entre receptores e meios, todas classificadas como de abordagem sociocultural, a qual abarca uma visão ampla e complexa do processo de recepção, levando em consideração múltiplas relações. Mais do que o estudo do fenômeno em si, os trabalhos que utilizam esta abordagem pretendem problematizar e pesquisar, do ponto de vista teórico ou empírico, sua inserção social e cultural (Escosteguy, 2004). Os trabalhos aqui analisados são do período entre 1993 a 1997, sendo uma tese (Jacks, 1993), a primeira defendida, e os demais dissertações, quatro delas versando sobre televisão (Jacks, 1993; Ronsini, 1993; Brittos, 1996; Vilar, 1995) e uma sobre rádio (Silva Neto, 1997). Estes cinco trabalhos adotam a teoria das mediações, embora um não o explicite, mas todos têm Jesús Martín-Barbero como autor fundamental, três deles referindo-se basicamente a “De los medios a las mediaciones” (1987). Guillermo Orozco Gómez aparece como autor principal em dois trabalhos, baseados em sua publicação “Recepción televisiva: tres aproximaciones y uma razón para su estudio” (1991), em seguida aparece Néstor García Cancli- ni. As tendências disciplinares de quatro trabalhos que exploram a interdisciplinaridade ou a multidisciplinaridade são a Antropologia, a Sociologia e a História, em geral no âmbito dos estudos culturais. Apesar destas adoções, nenhum declara suas premissas epistemológicas, embora dois refiramse à crise dos paradigmas que definiram a comunicação de modo determinista, e à busca de novos paradigmas, que concebam a comunicação como um processo dialógico. Isto implica dizer que a comunicação não é unívoca e direta, mas um processo de mão dupla, resultante da negociação dos sentidos, uma vez que diversas mediações intervêm no processo. Sobre o receptor, todos têm como premissa a reinterpretação e reelaboração das mensagens, segundo sua vivência cotidiana e seus valores, sua identidade cultural e características como idade, sexo, escolaridade, religião, etnia, grupo social, etc. Quatro trabalhos enfatizam, ainda, a recepção como âmbito de produção de sentido, superando a supremacia dos meios e deslocando para o receptor a capacidade de dar significação para os conteúdos midiáticos. Outra noção recorrente é que o processo de recepção não se restringe ao momento de assistir à televisão, começando bem antes e terminando bem depois deste ato. No que diz respeito ao emissor, nem todos os trabalhos o tomam em conta para explicitar as premissas que regem seu papel no processo de comunicação, configurando-se como uma tendência 1 Não foram considerados 1990 e 91, pois a divulgação dos resumos começou a partir de 92. Ver Capparelli e Stumpf (1998, 2001). 2 No final da década os Programas somavam 20 e em 2006 somavam 27. 3 Utiliza-se como base a classificação proposta por Escosteguy (2004), que analisou o mesmo corpus com outros propósitos e identificou abordagens “sócio-culturais”, “comportamentais” e “outras”. A abordagem comportamental é caracterizada como o estudo dos diferentes impactos derivados dos meios, isto é, o produto midiático é considerado um estímulo que provoca diversas reações nos públicos. Aí se encontram aqueles estudos de formação de opinião, efeitos cognitivos, usos e gratificações, e outras investigações de caráter psicológico. Na categoria outras estão reunidas pesquisas de orientações diversas - o receptor idealizado sob o ponto de vista do emissor, do discurso, da teoria literária, da semiótica, etc. 4 Publicada em 1999 pela Editora da Universidade/ UFRGS com o título: Querência. Cultura regional como mediação simbólica. Um estudo de recepção. 5 Nesta década os estudos sobre televisão totalizaram 135, sendo que de recepção foram 20. 6 Os estudos sobre rádio totalizaram 58, sendo nove dedicados à recepção. Sobre o receptor, todos têm como premissa a reinterpretação e reelaboração das mensagens, segundo sua vivência cotidiana e seus valores, sua identidade cultural e características como idade, sexo, escolaridade, religião, etnia, grupo social, etc. desta década, a qual centrou fortemente a análise no pólo da recepção, possivelmente como uma estratégia para romper com os determinismos teóricos que precederam os estudos de recepção. Os que o fazem partem de situações empíricas relacionadas a seus objetos. Quanto aos meios, de modo geral, são apontados como responsáveis por alterações nas formas de usufruir o dia-a-dia, pela instauração de novas sociabilidades, temporalidades e configurações sociais, assim como promotores de novas práticas, linguagens e estéticas. A televisão, especificamente, é vista como uma instituição social e um agente mediador entre a sociedade e o receptor, como reprodutora da realidade, que compete com outras instituições sociais e/ou com o próprio real, fazendo emergir, desta forma, as contradições que envolvem o papel e as funções deste meio na sociedade contemporânea. Em outras palavras, alguns trabalhos destacam que a televisão é uma das mediadoras, em si mesma, da apropriação dos significados pelos receptores, podendo mascarar e negar conflitos, numa tentativa de unificação de seu discurso. Quanto às mensagens, dois trabalhos afirmam genericamente seu caráter polissêmico e outro, referindo-se especificamente à imagem televisiva, parte da premissa de que mais que os outros códigos, sua interpretação é fonte de incertezas, pois sua atuação nos mundos do imaginário e dos símbolos é de difícil apreensão. Sobre os gêneros da programação, outro elemento importante na análise do processo de recepção, apenas um trabalho expõe suas premissas, embora três deles trabalhem com gêneros muito específicos, o que demandaria considerações a respeito. Nesse único trabalho, é afirmado que a telenovela sempre carrega a marca do eixo produtor, mesmo quando o enfoque privilegia outros universos culturais, e que ela se constitui em expressão nacional pela identificação com a cultura brasileira. Os dois outros apenas destacam os aspectos econômicos que envolvem a concepção da telenovela como um produto cultural industrializado, os quais determinariam todo o processo de produção, não tomando em conta, portanto, tudo que diz respeito à gramática do gênero e suas implicações na relação com os receptores. Finalmente, sobre os meios de comunicação e a construção de identidades, apenas três pesquisas apresentam suas premissas a respeito: uma afirma que a televisão brasileira é um importante agente integrador da cultura nacional e, em alguns casos, da cultura regional, como no caso gaúcho. Outro trabalho parte da premissa de que os meios atuam decisivamente na constituição das identidades porque – nas palavras do autor – transmitem cultura, o que não implica na total destruição das culturas populares e locais. Um terceiro, tratando do rádio, afirma que este não opera somente alterando as ordens contratuais tradicionais ou desenraizando culturas e identidades, mas promove também a manutenção dos antigos contratos, ainda que com marcas de hibridização cultural. De forma ampla e genérica, estes foram os pressupostos que nortearam as pesquisas realizadas na década de 90, ao tomarem a identidade cultural como mediação básica na relação entre meios e audiências, o que mostra que nem todos os âmbitos, elementos e processos foram considerados na formulação da pesquisa. 167 Sobre objetos, problemas e técnicas. Os objetos de estudo e suas formulações nas duas pesquisas que trabalharam com telenovela foram: o estudo da relação entre identidade regional gaúcha – entre famílias de três estratos sociais vivendo em uma cidade média – com o processo de recepção de uma telenovela de cunho regional, e a relação das práticas produtivas e culturais de mulheres de uma comunidade rural pertencente ao mesmo município com a recepção da mesma telenovela (Pedra sobre Pedra). O primeiro quis investigar como aquela identidade articula Nesta década, os trabalhos que analisaram a relação entre identidade cultural e os meios tiveram sua origem em duas regiões eqüidistantes do eixo rio – São Paulo. 168 as apropriações e interpretações de certos valores veiculados pelas telenovelas, e o segundo como a cultura camponesa, altamente vinculada as suas práticas produtivas e sua forma de ganhar a vida, faz a mediação na recepção da telenovela. Um terceiro trabalho também abordou a mediação da identidade cultural gaúcha explorando, neste caso, a recepção de televisão a cabo por famílias de um município de porte médio de outra zona, aparentemente menos afeita ao gauchismo. O objetivo era verificar como os traços desta formação identitária, somada à identidade local, interferem no relacionamento do receptor com este meio de caráter global. Outra pesquisa explorou a mediação da identidade cultural no processo receptivo de um grupo de pessoas de uma cidade do interior do nordeste, a partir do lugar que a TV ocupa em seu cotidiano. O problema enfrentado foi saber como a TV constrói a trama identitária da audiência no jogo que estabelece com outros elementos culturais. O trabalho que estuda a recepção de um Para um estudo comparativo ver Jacks e Ronsini (1995). programa de rádio analisou de que modo ouvintes de uma cidade nordestina realizam seus percursos, estratégias e manobras com vistas à construção e/ ou negociação de sentido para o que é ouvido em uma determinada emissora, a partir da identidade local. Ou seja, nesta década, os trabalhos que analisaram a relação entre identidade cultural e os meios tiveram sua origem em duas regiões eqüidistantes do eixo Rio – São Paulo, reconhecido pólo cultural do país. Possivelmente traduziram preocupações de zonas periféricas quanto às transformações de suas identidades frente às ações dos meios massivos. No que diz respeito às hipóteses, dois trabalhos (Brittos, 1996; Jacks, 1993) propõem que as mediações do contexto cultural são responsáveis por uma recepção diferenciada, tanto do ponto de vista da proposta do emissor, quanto dos diferentes âmbitos a que pertencem os receptores, e outro (Ronsini, 1993) que as práticas produtivas e culturais do meio rural são fundamentais no processo de recepção, ainda que os meios tendam a homogeneizar as diferenças culturais, estimulando a rejeição ou afirmação daquele modo de vida. Estes três trabalhos vislumbram que a mediação da identidade cultural é importante porque garante, no caso da recepção de telenovela, uma negociação de sentidos em relação aos referentes da cultura nacional e no caso da TV a cabo, a respeito da cultura globalizada. No trabalho sobre rádio, o autor acredita que é a partir da dimensão imaginária por ele aguçada, que afirma sua participação no processo de intervenção sobre as formas de sociabilidade. Quanto aos procedimentos e técnicas de pesquisa, todos os cinco trabalhos utilizaram a entrevista como uma das técnicas de levantamento de dados, sendo que quatro complementaram as entrevistas com observações etnográficas. Além disso, para uma primeira aproximação, um deles utilizou questionários e outro, formulários. Ou seja, o conjunto de trabalhos demonstrou um esforço na combinação de técnicas e procedimentos para complementação dos dados. Entretanto, nenhum utilizou estratégias e técnicas para analisar as falas dos entrevistados, usadas na maior parte das vezes como ilustração. Quanto à análise do gênero midiático, só as pesquisas sobre a recepção da telenovela e do programa radiofônico a empreenderam. Os tipos de análises realizadas sobre a telenovela foram: “análise cultural”, que se propõe a verificar os valores culturais roteirizados pela telenovela e análise de conteúdo axiológico, trabalhando com a revelação de valores ligados aos temas mulher urbana e rural, cidade e campo, buscando entender a proposta da mensagem a partir de categorias que são relevantes para o receptor. O trabalho sobre rádio procurou sua configuração estética e os elementos que concorrem para a formação dos “contratos de leitura”, permitindo o estabelecimento de uma base de reconhecimento e identificação por parte da audiência. Com relação às amostras, a tese sobre recepção de telenovela no contexto gaúcho estudou 12 famílias de diferentes estratos sociais, sendo que a primeira fase é constituída de 46 pessoas e a segunda por uma pessoa de cada família, representando diferentes papéis familiares. A dissertação que estudou a recepção da mesma telenovela trabalhou com oito mulheres camponesas de diferentes idades. A amostra do trabalho sobre TV a cabo foi composta por seis famílias gaúchas escolhidas a partir do perfil dos assinantes, realizado pela operadora do canal, sendo que na primeira etapa foram entrevistadas 11 pessoas da comunidade para levantar os traços da cultura local. A pesquisa sobre televisão aberta trabalhou cerca de 200 pessoas (algumas participaram dos serviços de alto-falante e da chegada do rádio, outras acompanharam a chegada da TV, além de repentistas que trabalhavam na emissora de rádio e alunos de 1º e 2º graus de escolas públicas e privadas). A amostra do trabalho sobre rádio, por sua vez, foi composta por várias pessoas da comunidade estudada, de diferentes níveis sócio-econômicos e de instrução, e por trabalhadores da rádio que transmite o programa analisado. Pode-se observar, em alguns casos, a falta de critérios definidos para a composição da amostra e em outros a ausência de apresentação de sua composição. Sobre os resultados alcançados A tese sobre a relação entre identidade gaúcha e a recepção de telenovela traz como uma das conclusões a idéia de que estudar os processos de recepção é nada mais do que estudar identidades, e que a importância da identidade cultural no conjunto das mediações que intervêm no processo de recepção depende de como ela estrutura-se e estrutura o cotidiano da audiência. Afirma, ainda, que a identidade regional gaúcha configura-se uma situação específica, porque é fortemente institucionalizada e com certo grau de homogeneidade entre os diferentes componentes da amostra (estratificada em classes, idades e gêneros). A autora constata que os modos e hábitos de ver televisão, sua importância e as interpretações dadas aos conteúdos variam de acordo com características socioeconômicas, etárias e sexuais, mas que algumas semelhanças ultrapassam estas condições, como a preferência pela RBS TV (afiliada da Rede Globo), que relativiza o discurso da emissora carioca e fortalece a identidade regional. Aponta ainda que a “roda de chimarrão” durante a recepção da telenovela é uma “mediação situacional simbólica”, na qual está presente parte da memória coletiva gaúcha, conectando, desta forma, televisão e identidade, ao modo como propõe Martin-Barbero ao 8 Lauro Zavala (1992) diz que “si partimos del supuesto de que todo estudio de carácter general acerca de la comunicación social es, de maneira necesaria, un estudio sobre las diferencias sociales, ello nos lleva a pensar en los estudios sobre la comunicación como el espacio discursivo donde se reflexiona sobre las distintas formas del diálogo cultural.” 9 Bebida de origem indígena tomada coletiva e ritualmente no sul da América Latina. 169 170 afirmar que a memória articula as práticas culturais cotidianas. A dissertação que trata da relação entre práticas produtivas e culturais de mulheres camponesas com a recepção de telenovela, tem como conclusões que os “filtros” mais importantes na seleção dos conteúdos da teledramaturgia são: o espaço doméstico-produtivo, porque a família controla questões como consumo, comportamento dos filhos, etc., e é também o grupo de trabalho; a religiosidade, porque os princípios cristãos fazem parte de sua educação; os laços comunitários, porque certos padrões de comportamento são mantidos, dentre outras razões, por causa da vigilância exercida pela comunidade; e a idade, porque as mais velhas vêem na televisão a possibilidade de evasão de um cotidiano pouco prazeroso, enquanto que as jovens, um modelo de comportamento que pode ser adaptado às situações vividas por elas. O trabalho extenuante, a dependência econômica em relação à família e o lazer da comunidade, organizado para os homens, fazem com que a televisão exerça impacto na vida das mulheres. A TV e a telenovela reforçam a imagem do urbano que as receptoras possuem, em função do seu contato com a cidade; no caso das representações televisivas do rural, estas às vezes se diferenciam das representações das mulheres. A pesquisa sobre a mediação da identidade cultural local-regional na recepção de TV a cabo verificou que, nesse caso, a recepção não se dá em família, mas de forma fragmentada, segmentada e individual. A identidade cultural local é um referente relevante na escolha da programação, independente de sexo e idade, no entanto, alguns de seus aspectos não se efetivam como práticas cotidianas, embora estejam presentes no imaginário desta sociedade, assim como a cultura regional gaúcha, que também é mais presente como representação do que como prática. As identidades locais e regionais impedem a homogeneização cultural, apesar de revelarem-se híbridas em função de seus processos de renovação. Mesmo veiculando padrões mundializados, a televisão a cabo também é utilizada para fins de reterritorialização, através da procura por informações locais. Conclui, ainda, que a TV a cabo é vista como um mecanismo que veicula informações diferenciadas e propicia liberdade de opções, e que essa nova tecnologia não implica uma nova forma de produção televisiva. A dissertação sobre o lugar da televisão no cotidiano de uma comunidade de nordestinos traz como conclusões que a cidade estudada possui uma cultura local densa e pujante, que atravessa todos os estratos sociais e todas as idades, para a qual o rádio em muito contribui. A ação da televisão seria, inclusive, circunstancial ao peso do rádio, que teve papel relevante no reforço e sustentação da identidade local, através do incessante trabalho com a música, a linguagem, oralidade e tradições regionais, e da dinamização de cruzamentos culturais. Conclui, também, que a falta de lazer noturno nas cidades pequenas e médias do nordeste faz com que a TV domine o horário nobre, chegando a normatizar a vida das pessoas (como o horário do jantar ou de encontros), mas, durante o dia, o rádio, inserido na dinâmica cultural do lugar, “filtra o regional”. Assim, a formação da opinião pública desta comunidade se dá em função das emissoras locais, justamente porque refletem a problemática da comunidade. A televisão, apesar de hegemônica, não possui um papel desestruturador da cultura regional e local por causa da exuberância manifesta na ambiência regional e da mediação do rádio. Sua incorporação ao dia-a-dia da comunidade produz um fenômeno de natureza híbrida, uma fusão dos elementos televisivos e regionais que resulta em “mestiçagens culturais”. E, por fim, no trabalho sobre a recepção do rádio, o autor conclui que ela é definida em três momentos: na estruturação dos programas, em que as músicas são escolhidas através do “diálogo” entre emissores e receptores; na recepção em si, da qual os indivíduos participam da escuta à sua maneira, em grupo ou individualmente; e depois da audição, nas atividades e discussões que se seguem à transmissão, onde o sentido do programa será interpretado, vivido e modificado. Segundo o autor, a tecnologia radiofônica serve tanto à mudança quanto à manutenção e reestruturação de alguns contratos sociais, pois percebeu que a cidade analisada está inserida na realidade global e exibe marcas de transformação identitária, com ingredientes que procedem tanto da região quanto de universos estrangeiros (o que não significa perda de identidade), observáveis nas vestimentas, arquitetura, comida, músicas e até em feiras que deixam transparecer uma hibridização através da mistura dos produtos artesanais com produtos tecnológicos. Entretanto, a radiodifusão ainda convive com os alto-falantes, que desfrutam de muita legitimidade na cidade, constituindo, inclusive, uma espécie de norte das formas de negociação e consumo do programa radiofônico analisado, o qual tem contribuído para a manutenção / restauração dos laços de vizinhança e da convivência familiar. Considerações Finais De uma maneira geral, os trabalhos concluem que as identidades culturais não foram profundamente abaladas em função dos meios de comunicação, porque estes, à sua maneira, fazem parte da cultura e da construção ou reforço das identidades contemporâneas, provocando, no máximo, um processo de hibridização da cultura local ou regional com a “cultura global” ou de outras nacionalidades. A identidade cultural é, também, um importante fator mediador na relação das pessoas com os meios de comunicação, garantindo processos de negociação com os conteúdos massivos provenientes de outras realidades e contextos culturais. Ou seja, as identidades culturais e os meios de comunicação estabelecem um jogo complexo e dialético na constituição das subjetividades contemporâneas. O fato de quase todas as conclusões reafirmarem alguns dos pressupostos adotados – como criticam alguns analistas – pouco compromete os resultados deste conjunto de pesquisas, uma vez que cada uma delas revelou empiricamente de que maneira cada particular identidade cultural medeia a relação dos públicos estudados com os Os trabalhos concluem que as identidades culturais não foram profundamente abaladas em função dos meios de comunicação. meios. Considerando o estágio do conhecimento sobre estas relações, na época de sua produção, este limite deve ser relevado, pois apresenta, descreve e analisa um fenômeno quase desconhecido de então. Isto, entretanto, não os livra de críticas, pois apresentam outras limitações ao não obedecerem integralmente aos critérios de cientificidade que fundam a pesquisa contemporânea, garantindo a legitimidade de seus protocolos10, como a verificação, duplicação, transparência e falseabilidade (Appadurai, 2006, p.9-12), tidos por muitos analistas, inclusive, como elementos éticos da pesquisa. Segundo Appadurai (Idem, p.11) “todos estos criterios fueron elaborados con la intención de eliminar la técnica del virtuoso, la intuición aleatoria, la epifanía del generalista y otras fuentes privadas de fiabilidad”. Apesar de nenhuma das pesquisas analisadas apresentarem-se infalíveis sob o ponto de vista de 10 Os mais frágeis apresentam falta de premissas sobre elementos importantes relacionados ao objeto de estudo, a derivação para aspectos secundários dos objetos em questão, conclusões baseadas em indícios fracos, além das já comentadas faltas de critérios para formar as amostras, de clareza sobre sua composição, de explicitação das técnicas de pesquisa utilizadas, de tratamento adequado aos dados coletados nas entrevistas e dos conteúdos dos programas analisados. 171 A identidade cultural é, também, um importante fator mediador na relação das pessoas com os meios de comunicação, garantindo processos de negociação com os conteúdos massivos provenientes de outras realidades e contextos culturais. 172 todos os critérios de cientificidade apresentados acima, encontram-se, neste conjunto, trabalhos que primam por procedimentos sistemáticos que lhes garantam o reconhecimento como trabalhos acadêmicos, especialmente porque buscam conhecer fenômenos novos e produzir novos conhecimentos. Diz Appadurai (Idem, p.9), entretanto, que não se trata de qualquer conhecimento, mas daqueles que cumprem com certos critérios, como surgir de algum entendimento claro sobre conhecimentos já existentes e relevantes. Neste sentido, parte dos trabalhos não dialoga com os resultados já obtidos pelos pares, portanto não promove o debate necessário para a consolidação do conhecimento e desenvolvimento do campo como um todo. Alguns deles sequer fazem o levantamento dos trabalhos existentes na própria área de comunicação, deixando de cumprir preceitos básicos do protocolo de pesquisa: revisão da literatura, citações estratégicas e definição apropriada de conhecimentos anteriores, normalmente disciplinares (Appadurai, 2006, p.10). O que redime os trabalhos é que, do ponto de vista da novidade, ainda seguindo Appadurai, agregam algo interessante ao campo, tributário de uma tradição que negava o envolvimento dos meios na manutenção e fortalecimento das identidades. As fragilidades encontradas, por outro lado, são constitutivas do campo que está em construção no diálogo com as demais ciências sociais e humanas, e elas refletem o estágio do conhecimento nesta área, o que implica na formação ainda deficitária de seus pesquisadores (González, 2001-2002). Isto demanda um esforço de seus agentes na superação das dificuldades e na conscientização de que o próximo passo na agenda de pesquisa é o fortalecimento dos procedimentos metodológicos, mais do que simplesmente propor o enfrentamento de problemas empíricos, os quais dependem deste acerto de contas, o qual passa também pela teoria. Tomando em consideração estas peculiaridades do campo, pode-se dizer que ainda assim houve avanços proporcionados por alguns trabalhos. Em termos teórico-metodológicos, por exemplo, foi aliado o modelo das multimediações, proposto por Guillermo Orozco, ao modelo teórico desenvolvido por Jesús Martín-Barbero, conhecido como teoria das mediações, com o objetivo de tornar operacionais alguns conceitos propostos pelo último. De maneira geral, os trabalhos subseqüentes seguiram de perto esta estratégia, uma vez que os modelos adotados mostravam-se compatíveis para analisar as identidades e suas relações com os meios. Neste contexto, e verificando as especificidades de cada trabalho, a dissertação que tratou dos aspectos rurais11 da identidade gaúcha avançou no sentido de estudar a relação entre cultura de massa e cultura popular camponesa, relação pouco estudada até então, propondo o entendimento do mundo do trabalho conjugado ao doméstico, como uma mediação indispensável para entender as práticas culturais de famílias de agricultores. A dissertação que estudou a recepção de televisão a cabo entre famílias gaúchas, levantou informações qualitativas sobre esta relação, pois até então só 11 O atual estágio de homogeneidade da cultura massiva aliada aos processos de êxodo rural, entre outros elementos, leva muitos autores a afirmar que não é mais possível separar os âmbitos rurais e urbanos. havia sido pesquisada quantitativamente ou com corte comportamental (Areu, 1993), além de chegar à análise da mediação da identidade cultural regional como fator importante desta relação, que coloca em contato referentes culturais globais e locais. A hibridização destes referentes culturais é fator que não anula a matriz cultural em que se firma a identidade local e regional. Com relação às novas hipóteses12 deixadas por este corpus de estudos, considerando a situação do campo na década de 90, sobretudo nos primeiros anos, os pesquisadores ousaram levantar a polêmica sobre a atividade dos meios de comunicação na construção, manutenção ou ativação das identidades sociais, culturais e locais. Também desconfiaram e apostaram que o fortalecimento destas identidades pode tornar as audiências mais preparadas para negociarem os conteúdos nacionais e transnacionais incorporados ao seu dia-a-dia. Defendiam, com isto, que a memória coletiva, interagindo com o presente, como já havia sugerido Martín-Barbero, reconstrói as identidades culturais em qualquer âmbito, levando a superar dificuldades comunitárias e sociais, mesmo frente às mudanças intensas, em que o passado perde força e o presente passa a ser cada vez mais uma referência impositiva. Appadurai (2001, p.23) vai mais longe quando afirma que os meios, para além das identidades baseadas no passado, ativam a imaginação coletiva, criando “comunidades de sentimento”, as quais projetam e constroem sonhos e desejos, que extrapolam o nível da subjetividade individual, e muitas vezes levam à ação. Estas comunidades são “capaces de pasar de la imaginación compartida a la acción colectiva” (Idem, p. 24). As telenovelas que tratam de questões regionais também inspiraram hipóteses, pois ao representar a identidade transformada daqueles que migra12 As hipóteses levantadas especulam sobre o nível de informação, de formação cultural e de mobilização social das audiências e sua relação com o nível de influência da televisão, ou seja, quanto menor o primeiro maior o segundo. ram para a cidade ou representar valores e modos de vida que persistem no imaginário do país, conectam com experiências dos que ficaram e dos que saíram em busca de novos horizontes, brindando-os com a possibilidade do sentimento de pertencimento. Jesús Martín-Barbero já tratava desta questão no final da década de 80, e Appadurai, pensando hoje nos que migraram em todo o mundo, diz que “las imágines, guiones, modelos y narraciones (tanto reales como fictícios) que provienen de los medios masivos de comunicación son lo que estabelece la diferencia entre la migración en la actualidade y en el pasado. Aquellos que quieren irse, aquellos que ya lo han hecho, aquellos que desean volver, así como también, por último, aquellos que escogen quedarse, rara vez formulan sus planes fuera de la esfera de la radio o la televisión, los casetes o los vídeos, la prensa escrita o el telefono” (Idem, p.22). Este balanço dos estudos sobre o papel das identidades como mediadoras dos processos de recepção, por um lado, e sobre o papel dos meios na construção das identidades contemporâneas, por outro lado, mostra que esta é uma relação intrínseca e complexa, na qual os receptores têm presença ativa, embora ainda subordinada à agenda dos meios. Como cidadãos, entretanto, têm outros espaços institucionais – escola, partido, associações, família, etc. – onde exercem sua autonomia e participação, como os próprios estudos de recepção deixam transparecer, embora não os explore totalmente (Escosteguy e Jacks, 2004). É preciso enfatizar que o desenvolvimento dos estudos de recepção está reflexivamente vinculado a essa atmosfera sociopolítica da contemporaneidade e, por sua vez, à construção de identidade, como já foi dito acima, como também às suas políticas, no sentido proposto por Stuart Hall (1996), que as identifica como uma política de representação. Ou seja, um envolvimento dos sujeitos que até então poderiam estar localizados “nas margens”, para reclamar alguma forma de representação. 173 Para Neusa Guareschi (2003, p.131) políticas de identidade são “um modo de compreender ações coletivas e individualizadas de uma forma que problematize as experiências de vida das pessoas socialmente excluídas”, reconhecendo que a construção de identidades se dá mediante a produção de sentidos, isto é, pode ser entendida como um processo discursivo, cultural e social (Escosteguy e Jacks, 2004). Entende-se que as políticas de reconhecimento ou de identidade não têm obrigatoriamente que repercutir de imediato na esfera pública, ou seja, não necessariamente objetivam alcançar respostas imediatas no meio social, como aponta Appadurai (2001). Os estudos de recepção, portanto, por sua capacidade de dar voz aos sujeitos, são um espaço privilegiado para analisar os relatos emergentes de novas políticas de identidade na sociedade da informação e da comunicação, como já apontamos em outro lugar (Escosteguy e Jacks, 2004), onde os dados empíricos trazidos pelas pesquisas analisadas deixam ver os posicionamentos, as atitudes, os comportamentos que dão conta desta tática desenvolvida pelos grupos estudados, recurso último de quem não tem acesso às instâncias participativas e decisórias. Os discursos produzidos pelos estudos de recepção, através das falas dos entrevistados, traduzem seu contexto sociopolíticocultural e indicam as relações que estabelecem com outros contextos, marcando identificações e divergências culturais. Em outras palavras, constituem políticas de reconhecimento desenvolvidas no âmbito das táticas cotidianas, como diria Michel de Certeau, as quais estão articuladas com o debate das políticas de identidade em dimensão sociológica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPADURAI, Arjun. La globalización y la imaginación en la investiga- 174 ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. e JACKS, Nilda. Políticas de ción. Disponível em:<http://www.cholonautas.edu.pe/modulo/uplo- identidade e estudos de recepção: relatos de jovens e mulheres. In: ad/globalizacion%20e%20imaginacion.pdf.> Acesso em: 3 abr.2006. DUARTE, Maria Beatriz B.; MEDEIROS, João Luiz (org.). Mosaicos de APPADURAI, Arjun. La modernidad desbordada. Dimensiones cultu- identidades. Curitiba: Juruá, 2004. rales de la globalización. Buenos Aires: Fondo de cultura econômica / JACKS, Nilda. A recepção na querência: estudo da audiência e da iden- Ediciones Trilce, 2001. tidade cultural gaúcha como mediação simbólica. Tese (Doutorado). AREU, Graciela Inês Presas. O novo telespectador. Dissertação (Mes- Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São trado). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, Paulo, 1993. São Paulo,1993. GONZÁLEZ, Jorge. Cibercultura y políticas culturales. Gaceta, Bogo- BRITTOS, Valério Cruz. Recepção e TV a cabo: a mediação da tá, n. 48, Enero 2001- Deciembre 2002. identidade cultural pelotense. Dissertação (Mestrado). Faculdade de GUARESCHI, Neusa et all. O cotidiano de meninos e meninas na Comunicação Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande favela: problematizando as Políticas de Identidade. In: GUARESCHI, do Sul, Porto Alegre, 1996. N. e Bruschi, M. (orgs). Psicologia social nos estudos culturais. CAPPARELLI, Sérgio & STUMPFF, Ida Regina C.. Teses e Disserta- Petrópolis: Vozes, 2003. ções em Comunicação no Brasil. 1992 - 1996. Resumos. Porto Alegre: HALL, Stuart. New ethnicities. In: MORLEY, David e CHEN, Kuan- Gráfica UFRGS, 1998. Hsing (orgs.). Stuart Hall - Critical dialogues in cultural studies. ________. Teses e Dissertações em Comunicação no Brasil. 1997 - 1999. London / New York: Routledge, 1996. Resumos. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2001. JACKS, Nilda; RONSINI, Veneza. Mediação na recepção: estudo com- ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. Notas para um estado da arte sobre os parativo entre receptor urbano e rural. In: A encenação dos sentidos. estudos brasileiros de recepção nos anos 90. In: MACHADO, J.; LEMOS, Mídia, cultura e política. Rio de Janeiro: COMPÓS / Diadorim, 1995. A.; SÁ, S. (orgs.). Mídia.Br. Porto Alegre: Sulina, 2004. OROZCO, Guillermo. Recepción televisiva: tres aproximaciones y uma razón para su estúdio. Cuadernos de comunicación y practicas SILVA NETO, Casimiro. No ar, o som das águas! Projeto radiofônico, sociales, México, n.2, 1991. da gênese à recepção. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicação, MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. México: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997. Gustavo Gilli, 1987. VILAR, Lúcio. TV e janelas da vida cotidiana. Dissertação (Mestrado). RONSINI, Veneza. Cotidiano rural e recepção da televisão: o caso Três Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Barras. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes, Paulo, 1995. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993. ZAVALA, Lauro. Aproximaciones recientes al estudio de la identidad SAINTOUT, Florencia. Los estudios de recepción en America Latina. cultural y los procesos de recepción. In: Generación de conocimientos y La Plata Ediciones de Periodismo y Comunicación, Universidad Nacio- formación de comunicadores. México: CONEICC / FELAFACS, 1992. nal de La Plata, n.12, 1998. 175 LAS NTICS EN LATINOAMÉRICA. INFLUENCIA PARA UN CAMBIO DE PARADIGMA A PARTIR DE LOS 80 Oscar Nicolás Alamo Ingeniero en Sistemas de Información. Especialista en Investigación de la Comunicación. Docente de grado y postgrado. Responsable de la Cátedra de Comunicación y Desarrollo Tecnológico. Licenciatura en Ciencias de la Comunicación. IAPCS. Universidad Nacional de Villa María. Investigador en el área de Comunicación, Antropología, Sociología, Ciencias Políticas. Secretaría de Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva del Ministerio de Educación de la Nación. Miembro de la Red de Investigadores de Universidades Nacionales en el Marco del Plan Fénix – Economías Regionales. Por la FCE - Universidad Nacional de Córdoba. Tutor en el Programa de Tutorías de Equipos de Investigación. Agencia Córdoba 176 Ciencia SE. Gobierno de la Provincia de Córdoba. E-mail: [email protected] RESUMEN Se puede inscribir a los ochenta como una década bisagra en relación a su desarrollo disciplinar y su coyuntura histórica en el campo de la comunicación. Con el comienzo de mencionada década, signada por el retorno a los regímenes democráticos en el ámbito de toda Latinoamérica, se produce, en relación a los estudios de comunicación, una importante sucesión de revisiones históricas, junto a la reformulación de teorías y la instauración de nuevos conceptos dotados de una mayor especificidad, confrontando a modelos teóricos de décadas anteriores. La línea de desarrollo, centra su origen en el análisis de los distintos desplazamientos conceptuales y resignificación propuestas, a partir de la irrupción de conceptos tales como identidad, subjetividad, recepción, tecnologías y consumo, junto a su correspondiente instrumentación social a través de los distintos medios y modelos de comunicación, fundamentalmente a partir de la creciente inserción de las NTICs. Palabras claves: Tecnología, Recepción, Epistemología. ABSTRACT One may define the 1980s as a decade of change in terms of discipline development and historical conjuncture in the field of communication. Characterized by the return of democratic regimes throughout Latin America, the first part of the decade sees an important amount of historical revision, as well as the reformulation of theories and the restoration of new concepts provided with greater specification in the field of communication studies, defying the theoretical models that had prevailed in the previous decades. The line of development finds its origin in the analysis of different conceptual displacements and proposed resignifications, taking as a starting point the irruption of concepts such as identity, subjectivity, reception, technologies and consumption, along with social instrumentation across the different media and models of communication, essentially with the increasing insertion of the NTICs. Keywords: technology, reception, epistemology RESUMO Pode-se definir os anos 80 como uma década de mudanças em relação ao seu desenvolvimento disciplinar e sua conjuntura histórica no campo da comunicação. No começo desta década, marcada pela volta aos regimes democráticos no âmbito de toda América Latina, produz-se, em relação aos estudos de comunicação, uma importante sucessão de revisões históricas, junto à reformulação de teorias e a instauração de novos conceitos dotados de uma maior especificidade, confrontando os modelos teóricos de décadas anteriores. A linha de desenvolvimento centra sua origem na análise nos diferentes deslocamentos conceituais e resignificações propostas, a partir da irrupção de conceitos tais como identidade, subjetividade, recepção, tecnologias e consumo, junto a sua correspondente instrumentalização social por meio dos diferentes meios e modelos de comunicação, fundamentalmente a partir da crescente inserção das NTICs. Palavras-chave: tecnologia, recepção, epistemologia. 177 178 Introducción Se puede inscribir a los ochenta como una década bisagra en relación a su desarrollo disciplinar y su coyuntura histórica en el campo de la comunicación. Depositaria de una instancia caracterizada por la autonomización de la disciplina (60-70) se conformaba el espacio de saberes. Luego, se da lugar a la institucionalización de los saberes (80), momento en cual se produce una suerte de explosión en el estudio de la comunicación y el análisis de la cultura. A posteriori, hacia fines de los 80, será distintiva en relación a su marcada tendencia en pos de la profesionalización de las prácticas (fines 80 y los 90). Con el comienzo de mencionada década, signada por el retorno a los regímenes democráticos en el ámbito de toda Latinoamérica, se produce, en relación a los estudios de comunicación, una importante sucesión de revisiones históricas, junto a la reformulación de teorías y la instauración de nuevos conceptos dotados de una mayor especificidad, confrontando a modelos teóricos de décadas anteriores. A partir del vacío intelectual producido por las políticas impuestas por las dictaduras militares (en la década anterior) se comienza a vislumbrar, en cuanto a la producción de numerosos autores latinoamericanos identificados con la línea de pensamiento de los Estudios de la Cultura, la necesidad de intentar proveer de sentido a partir del contexto propuesto por esta nueva instancia socio-política. Instancia que será asumida desde una óptica revisionista, instalando un profundo cuestionamiento a los discursos de los 60-70 (antecesores a las dictaduras). En realidad, se comenzaba a criticar (ajusticiar) el discurso del “modelo marxista”. A mediados de los 80 comienza una especie de investigación cultural que no será todavía de “consumos culturales” sino más bien de “identidades culturales”, es el origen de una importante sucesión de investigaciones en las cuales prevalecen las diferencias por sobre las desigualdades, las iden- tidades por sobre las clases. Es el momento en el cual comenzarán las investigaciones sobre mujeres, rock, privacidad, cotidianidad, entre otras; es decir que de alguna manera se repliega el “espacio público” como ámbito de análisis. Dicho esto, el presente trabajo tiene por objeto mostrar la particular evolución en el campo de la comunicación y su relación con el cambio de paradigma propuesto por algunos autores identificados con los Estudios de Cultura en Latinoamérica. La línea de desarrollo planteada, centra su origen en el análisis de los distintos desplazamientos conceptuales y resignificación propuestas, a partir de la irrupción de conceptos tales como identidad, subjetividad, recepción, tecnologías y consumo, junto a su correspondiente instrumentación social a través de los distintos medios y modelos de comunicación, fundamentalmente a partir de la creciente inserción de las denominadas nuevas tecnologías de información y comunicación (NTICs). Desarrollo La inspiración teórica en los 80, por parte de algunos académicos que propiciaron la expansión de los Estudios de Cultura en Latinoamérica, una vez confrontando “el devaluado enfoque teórico preexistente”, queda expuesta en la necesidad teorizar para dar respuesta (entre otros); ante el auge que adquiere la particular evolución de la tecnología como soporte de la comunicación (en su más amplio sentido) y sus “correspondientes teorías” inherentes a los efectos en los cambios sociales. Con relación a la insipiente institucionalización de la investigación en el campo de la comunicación, se adoptaron posturas que dejaron entrever vacíos parciales, en términos de construcción del objeto teórico. Posiciones que de alguna manera desestimaron los enunciados formulados por Schmucler al formular que “Situación histórica y método son coordenadas a tener necesariamente en cuenta para encarar el objeto [...] Se trata de saber Con relación a la insipiente institucionalización de la investigación en el campo de la comunicación, se adoptaron posturas que dejaron entrever vacíos parciales, en términos de construcción del objeto teórico. si por un lado va la historia (la política, la ideología) y por otro los métodos (la ciencia). [...] Sólo es ‘científico’, elaborador de una verdad, un método que surja de una situación histórico-política determinada y que verifique sus conclusiones en una práctica social acorde con las proposiciones histórico-políticas en las que se pretende inscribirlas” (Schmucler. 1997, p. 133). En este nuevo comenzar, se argumentará principalmente en la necesidad de superar el concepto de “clase” para comprender otras “identidades”. No de aquellas que se construyen por su posición respecto a la propiedad o en los medios de producción; sino que particularmente se enfatizó en la crisis misma del concepto. Calificado de excluyente al momento de analizar las distintas problemáticas que atañe a grupos étnicos, de géneros, de adolescentes, entre otros; en cuanto a la reconfiguración dinámica de subjetividades y la construcción de espacios sociales propios. Se induce por entonces a trocar la horizontalidad de las clases por la verticalidad de la masa. Abierta la puerta y superada la “clase”, por extensión; serán también interpelados los conceptos de super-supra estructura, alienación, revolución; en definitiva se apuntó (con cierto éxito) hacia a la matriz teórica del marxismo. Promediando los 80 y luego de superada la cen- tralidad que ocuparan a fines de los 60 y principio de los 70, las investigaciones sobre medios masivos de comunicación y la incursión relativista de los estudios de sistemas significantes basados en la lingüística dentro del campo de la semiología, se intentará reubicar la posición del “sujeto” y su participación en la línea de los denominados estudios de recepción. Por entonces, se comienza a avizorar una señal de cierta asunción “light” del creciente peso de los medios, por la que se adopta a partir de la noción de receptor activo una especie de conformismo populista, según el cual poco importa qué es lo que se propala, dado que el receptor siempre decodificaría a “su” manera. Tópico fundamental en la asunción de los llamados “estudios culturales”. Más aún, la multiplicidad contingente de los massmedia, propuesta desde la Industria Cultural -en cuanto a la diversa producción de bienes simbólicos y las consecuentes prácticas sociales, acompañadas por la creciente inserción de las NTICs - fue una característica distintiva a partir de estos años, que se extenderá desde entonces y hasta nuestros días; “la recepción y el consumo de productos culturales”. Particularmente, las prácticas comunicativas (periodísticas) se definirán y estructuran en re- 1 Cabe recordar que en no pocos casos, la metodología utilizada para los análisis semióticos de la época, constituyeron a los mismos en un fin en si mismo, donde su sólo presencia daba por justificada la investigación. Al invocar su situación “científica” encontraba un objeto válido en los mensajes lanzados por distintos medios, donde se instala para descubrir los mecanismos estructurales que determinan su significación y por ende la ideología que comprometen. Recordar al respecto los cruces Schmucler – Verón (1974). 2 Follari, R.: “Comunicología latinoamericana: disciplina a la búsqueda de objeto”, en Fundamentos de Humanidades. Nº 1. UNSL. 2000. 3 El individuo consumidor ocupa un lugar central en la concepción neoliberal. No se trata de cualquier consumidor, sino de un consumidor “soberano” en cuanto a sus elecciones, en un contexto de libre mercado. Instancia que pautará la concepción neopopulista de algunas teorías de la recepción. 179 180 lación directa con las necesidades de producción planteadas por el mercado de la información, lo que conllevó a instrumentar cierta profesionalización por fuera de la academia. Es decir, el control del mercado, demandará producciones que muden desde el ejercicio disperso de vocaciones individuales a la profesionalización programada empresarial e institucional. De este modo, las “ciencias de la comunicación” surgen desde necesidades operativas provenientes del auge tecno-mediático, y por ello hacen un camino inverso, desde la definición de la profesión y su rol social, hacia la constitución posterior y correlativa de un discurso académico sistemático en los ámbitos académicos. Esto no es un dato menor en cuanto a los problemas de conformación teórica en la disciplina, dado que en realidad el interés prioritario nunca ha sido el propiamente científico, a la vez que el recorte mismo del objeto de análisis surge no desde lo que sería un “Objeto Teórico”, sino a partir del “Objeto Real” (Bourdie, 1975. Op.cit.). De esta manera, se pasó de “los medios”, en relación a la influencia del poder y manipulación ejercida por la sobredimensionada percepción acerca de los medios de comunicación masiva, a “las mediaciones”, o bien de los medios a la cultura, en alusión a la obra de Martín-Barbero (1987). También se conceptualiza el paso de “lo mecánico” a “lo fluido”, para resignificar la evolución inherente a la alienación propuesta por los medios masivos, hacia una visión de la recepción en términos de producción. Una “revalorización del sujeto”, situación marcada por la evolución de un receptor sujeto alienado, objeto de la manipulación, hacia un sujeto activo que produce, se apropia y transforma los mensajes; los resignifica y genera nuevos usos. “La rehabilitación de los placeres ligados al consumo de medios, al ascenso de las visiones neoliberales, a la aceleración de la circulación mundial de bienes culturales” (Mattelart-Neveu, 1997, p.16). La magnificación de la actividad de la recepción como instancia de resignificación y apropiación selectiva de los sectores subalternos, permite igualar cultura popular con cultura masiva, ya que lo masivo aparece como una forma negociada de reconocimiento de lo popular. Evidencia de ello es el análisis de las telenovelas, uno de los motivos de indagación fundamentales de la obra de Jesús Martín-Barbero, como género que reactualiza uno de los formatos más antiguos de la cultura popular: el folletín. Cierta influencia gramsciana sobre la construcción de la hegemonía preside estas lecturas. Sin embargo, se desdibuja la fuerza de los medios y su capacidad de modelar sensibilidades y gustos, de anclar sentidos y de orientar deseos, en dirección al consumo. El fecundo y vasto concepto frankfurtiano de “industria cultural”, que subrayaba estos procesos, es obliterado frente a la recientemente descubierta capacidad de los receptores para resignificar, resemantizar, y apropiarse con sentido crítico de los mensajes mediáticos. Se produce así una suerte de corrimiento de carácter epistemológico, de un lado los medios y lo mecánico. Es decir, cierta concepción acerca: del poder de los medios, de la manipulación y de la alineación. Del otro lado, las mediaciones o el paradigma de lo fluido: una concepción de la recepción-producción, de resignificación, una mirada de los medios pero desde la cultura. En consecuencia, el objeto de estudio ya no estará centrado en los medios, los emisores y sus mensajes, sino en investigar sobre la recepción, en las condiciones que construyeron a determinado receptor, sus conocimientos, competencias y experiencias. En relación a la investigación, “estamos ante la conformación de nuevo mapa nocturno, una especie de ir a tientas” [...] “se pierde Follari, Roberto. La moldura en espejo: encrucijadas epistemológicas de las Ciencias de la Comunicación. En Tram(p)as de la Papalini, Vanina. Estudios culturales, o la medida de lo convenien- Comunicación. UNLP. 2003. te. 2003. el objeto y se gana el proceso”, según enunciara Martín-Barbero (1987). Según lo enunciado, se puede interpretar que no hay demasiadas certezas sobre el “que hacer” y donde “perder el objeto” significa exactamente eso, no se alude a un alejamiento, ninguna distancia desde la cual objetivar, sino a una suerte de internalización del mismo, a un acompañamiento evolutivo en la dinámica de los procesos, que no permite su focalización atemporal, que en no pocos casos redundara en una sumatoria de análisis discretos. Situación, que de una manera implícita (o explícita), conllevará la dinámica y vertiginosa modalidad de consumo que propondrán principalmente los avances tecnológicos en materia de información y comunicación. Esta nueva centralidad propuesta desde la recepción y su consecuente creación y resignificación de los mensajes, en no pocos casos asumió el carácter esencialista, a la vez que perdió de vista el desarrollo paralelo de una industria cultural productora de bienes y servicios, particularmente relacionado con producción de herramientas comunicacionales, consecuente con los dispositivos de dominación en su estrategia de concentración de capital y poder. En tal sentido, A. Mattelart tomará posición al inducir un línea tendiente a “tomar ciertos cuidados”, de no interpretar erróneamente la problemática del consumo de los medios de comunicación. De la tentación de apoderarse de esta renovación conceptual con el fin de respaldar las tesis que minimizarían el papel estratégico que desempeñan los medios de comunicación en la reproducción de las relaciones sociales. También se torna importante destacar la fuerte limitación que ha mostrado el cambio de paradigma, operado por algunos referentes de los estudios de cultura en su versión latinoamericana, y que viene dada por la “reducción”, constituida a través de la construcción de un “fantasma polémico”, con el objeto de alivianar los recursos teóricos pro- puestos a la hora de confrontar con determinado modelo. Se hace por demás llamativo, al analizar algunas observaciones críticas que se plantearan; por ejemplo, en el caso de Martín-Barbero; donde no aparecen los referentes que encarnan las posiciones a contrastar. En estas condiciones las discusiones teóricas se abrevian, se debate con lo que dicen los “Frankfurtianos” o “los de Frankfurt”. Este Se puede inscribir a los ochenta como una década bisagra en relación a su desarrollo disciplinar y su coyuntura histórica en el campo de la comunicación. llamado a la simplificación, podría haber realizado al menos un aporte intelectual-histórico enriquecedor, siempre y cuando se pudiera identificar la interacción con algún investigador latinoamericano de los 60 y los 70 que fuera adscrito a la Escuela de Frankfurt. ¿Se conoce alguno? No. “Construido junto a las cuestiones surgidas de la inmediatez del acontecimiento, enigmas más que problemas, llamado a la toma de posición total y definitiva más que al análisis necesariamente parcial y reversible, el protocolo científico no tiene para esto la bella claridad del discurso del sentido común al que no le es difícil ser simple ya que comienza siempre por simplificar” (Bourdieu, 1984, p.209). No obstante, algunos autores reconocerán con admirable honestidad intelectual tal situación: “Venimos de un obstinado fracaso: definir la comunicación. En consecuencia, siempre resulta problemático establecer el campo específico en donde se incluyen los hechos que nos proponemos analizar. Por supuesto que existen definiciones. Pero normalmente debemos acudir a generalidades tan vastas que abarcan el universo de lo posible: todo es comunicación. El concepto de comunicación, carga la culpa del racionalismo que intenta formu- 181 ¿cómo puede el estudioso despegarse de toda valorización positiva residual cuando “la relación” entre reputación y objeto de análisis es directamente proporcional? 182 lar leyes únicas para explicar el funcionamiento de fenómenos plurales. [...] Todo se comunica, quiere decir, estrictamente, que todo se autorregula, que todo tiende a un fin”. Lo que comenzara como “proyecto o programa de investigación”, “mapa nocturno”, o un “andar a tientas”, se convirtió en el corto plazo, en una acelerada sucesión de producciones teóricas. No obstante, las distintas problemáticas puestas en tensión, no eran patrimonio exclusivo de éste “nuevo campo” de la comunicación, por entonces, convergían cuestionamientos a todo el espectro de las ciencias sociales. Ya, hacia finales de los 80 comienza a cobrar notoriedad el particular abrazo que algunos autores en Latinoamérica entrecruzan en dirección de las causas posmodernas en el campo de las ciencias sociales, en particular la comunicación. Este nuevo contexto teórico - intelectual, tenderá a consolidar el pensamiento débil adjudicado al ideario posmoderno, desde donde se comenzara a “simbolizar el prefijo posmo”; entendido como una suerte de seudo superación dialéctica del mundo, que va más allá de la modernidad; convirtiéndose en una nueva síntesis. “’Posmo’ refiere a diversas situaciones, a veces se le adjudica a lo superficial, a lo poco profundo, a veces se le adjudica al individualismo, a veces se le adjudica a la resurrección del enunciado, a aspectos estéticos determinados en los que predomina el significante. En general, a todo aquello que esté vinculado más a lo comunitario que a lo social, a aspectos estéticos sobredeterminados que no tienen mayor significado que el significante, a todo aquello que esté vinculado más a la apariencia más que a lo esencial, al individuo más que a la sociedad, a la estética, a la función poética de los mensajes, más que a la referencial”. Es decir, se trata de propugnar el repliegue del afán moderno con el objeto de obtener, mediante la discusión argumentativa, un acuerdo parcialmente duradero en relación a cómo funciona la realidad. Esta idea relativista o comunitaria de la sociedad es la que introduce el análisis fragmentario de las partes más que del todo. Particularmente, en los estudios sociales y de cultura se instaura una progresiva tendencia a analizar cada parte como un todo, una tribu, un movimiento social, una comunidad de significados y allí es donde efectivamente se produce la fragmentación, la desarticulación, propiciando un espacio en el cual la práctica tiende a ser absoluta. Tal situación, redundará en un vertiginoso crecimiento de un mercado de base tecnológica para dotar de bienes y servicios propios para cada una de las cuantiosas área de consumo que se generan a partir de éste industrioso contexto. Es decir, en la dinámica de las prácticas, la concepción “posmo” se encarga de relativizar todo fundamento racional de las elecciones, no necesita de una escala de valores jerarquizada, más bien se ajusta a la revalorización de los usos y gratificaciones, situación ante la cual se legitima y revaloriza en el propicio espacio que le propone la cultura de masas; allí donde no se exigen fundamentos permanentes. Así, de una manera un tanto débil, algunos autores latinoamericanos consagraron para sí, una suerte de arrogante y exclusiva apropiación del “duro presente heredado”, y sus reformulaciones teóricas se concentraron en desarrollar las poten- Schmucler, Héctor. Comunicación y Cultura. Nº 12. México. 1984. cación II”. UBA. (2003). Mangone, Carlos. Apuntes de cátedra “Teorías de la Comuni- cialidades del “puro presente”. Para lo cual, inevitablemente, se debía dejar atrás los ideales constituidos en más de doscientos años de modernidad. Así, como señala Jameson, para poder debatir si los Estudios Culturales son “una celebración posmoderna del desdibujamiento de las fronteras entre lo alto y lo bajo, del pluralismo de los microgrupos y del reemplazo de la política ideológica por la imagen y la cultura mediáticas, sería necesario volver a evaluar la relación tradicional que el movimiento de los Estudios Culturales estableció con el marxismo ...” [...] “Sería muy importante comprender verdaderamente estas cuestiones, en la medida en que, en los Estados Unidos, los Estudios Culturales pueden ser entendidos como un ‘sustituto’ del marxismo, o como un desarrollo de éste ...” (Jameson F., Zizek S., Grüner E. 1998, p. 91). En la versión de Estudios Culturales Latinoamericanos, tiende a agravarse este panorama general. No obstante lo enunciado, es preciso prestar especial atención y ser cuidadosos al momento de formular conclusiones ante la tensión desarrollada. No necesariamente se debe caer en la trampa de la dualidad confrontativa. Más bien, es preciso encontrar un espacio de reflexión que proponga cierto rigor epistemológico, con el objeto de reclamar la formulación de una teoría específica sobre el posmodernismo. “En ningún caso se puede asumir que pueda hablarse de la cuestión sin tematizarla expresamente, y dar cuenta de sus determinaciones en detalle. No parece ser ésta la situación cuando pensamos en los Estudios Culturales Latinoamericano. [...] La oposición simple y maniquea entre una modernidad buena y una posmodernización perversa, no solamente no hace justicia al hecho histórico de que la modernidad es fuerte corresponsable de su propio colapso [...] sino que se presupone que sería factible restituir los estilos culturales del pasado, y también que ello sería sólo una cuestión de voluntad y decisión por parte de los actores so- ciales. [...] Pero la idea de que desde los Estudios Culturales puede darse suficientemente cuenta de cualquier problemática ligada a lo social, lleva a creer que acerca de lo posmoderno, basta referir exclusivamente a la dimensión cultural” (Follari, 2002, p.93-94). Algunas posiciones En particular y avanzando en la construcción de Martín-Barbero (junto al desarrollo tecnológico de los distintos soportes comunicacionales), este autor enunciará: “La investigación sobre las tecnologías de información y comunicación tiene un capitulo central en el estudio de sus efectos sobre la cultura. Pero desde el concepto del efecto, las relaciones entre tecnología y cultura nos devuelven a la vieja concepción: toda la actividad de un lado (lo plural - la tecnología) y mera pasividad del otro (lo idéntico - la cultura)”. [...] “Pensar las tecnologías desde las diferencia cultural no tiene nada que ver con la añoranza o el desasosiego frente a la complejidad tecnológica o la abstracción massmediática”. [...] “Pero el rediseño es posible, si no como estrategia al menos como táctica, [...] La clave está en tomar el original importado como energía, como potencial a desarrollar a partir de los requerimientos de la propia cultura” (MartínBarbero, 1987, p.244-255). Pero los requerimientos de las propias culturas, en su mayor medida, fueron superadas en su voluntad-involuntad, a la vez que han tenido que contener cuasi “naturalmente” a la subordinación de las prácticas de consumo de bienes simbólicos, estructurada con tendencia individualista propia de la fragmentación operada, propiciando la exportación de tradiciones hacia otros centros de consumo, mercantilizando y relocalizando espacios culturales. El desarrollo económico, político y social a partir de las distintas herramientas tecno-comunicativas, han pasado por encima de estrategias y tácticas, fundamentalmente por las marcadas ausencias 183 184 dentro de los eco-sistemas educativos formales, y su relación con la instrumentación de políticas de información y comunicación. A su vez, el rediseño no fue posible, en realidad se moldea y se constituye un “nuevo diseño”, consistente en abandonar (expulsar) la historicidad, junto con la estructura propia del cúmulo de elaboraciones intelectuales; para situarlo en un plano que reduce el análisis de la dimensión política como constitutiva de los fenómenos micro, acompañado de cierta indefinición ideológica. Por otra parte, el original importado solo ha servido para garantizar la internalización en las sociedades globalizadas del paradigma tecnoeconómico (más que tecno-comunicativo) que promueve, desigualdad, exclusión y dependencia. Acompañada intelectualmente por la producción de algunos autores que hicieron del pretendido y entusiasta espacio de apertura, un facsímil de entretejidos sociales atomizados dentro de la lógica de consumo propuesta por el mercado, incluso con actitudes que convalidaron la mutación: “acción” en “retórica”. Precisamente, ante la ausencia de una vigilancia epistemológica consistente, el campo se ha visto fuertemente condicionado a la hora de formular teorías alternativas a la internalización del consumo como elemento constitutivo en la dinámica de configuración del espacio social. Configuración que en no pocos casos ha sido acompañado implícitamente y/o explícitamente por el análisis de distintos autores que auguran alternativas comunicacionales para reconfigurar el imaginario social. Quizás, basados en un promocionado optimismo pragmático y seudo progresista, intentando encontrar refugio en la oportuna coexistencia de espacios culturalmente diversos (híbridos). O tal vez, por el deslumbramiento tecnológico que se extiende inconmensurablemente a los planos económico-sociales, tratando de encontrar (justificar) soportes comunicacionales alternativos, con el objeto de dar respuestas a la marcada ausencia de políticas culturales. La configuración identitaria, las relaciones intersubjetivas y la producción de sentido, han dado cabida a desarrollos que se justifican solamente por ubicarse en la inexistente independencia propuesta por la recepción. Emisión, mensajes, recepción y retroalimentación son partes de un todo que necesariamente deben estudiarse desde posiciones críticas concretas, tanto ideológicas como epistemológicas. Proponer el sólo estudio de la configuración de identidades a partir de la incidencia de los medios de comunicación, no se convierte en otra cosa que suscribir implícitamente cierto acuerdo con ambos extremos a los cuales se intenta distanciar y diferenciar. Por lo que cabe formular un par de cuestiones mínimas que ponen en evidencia lo lábil de algunas posiciones: ¿Cómo se constituye una mirada crítica hacia el technology massmedia system, parado desde la recepción, si la recepción es parte del mismo sistema?, o también, ¿cómo puede el estudioso despegarse de toda valorización positiva residual cuando “la relación” entre reputación y objeto de análisis es directamente proporcional? Para dar respuesta a esas cuestiones veamos a dos autores emblemáticos del campo, que ha la fecha forman parte de cuantiosas citas y referencias. En relación con la primera pregunta, el caso de Martín-Barbero queda en evidencia: “Estoy pensando en la cantidad de spots publicitarios en los que la magia tecnológica es capaz de volver encantadoras las tareas más humillantes y más rutinarias de la vida cotidiana...”. Proponer y dar por sentada esta afirmación, podría constituirse en una verdadera apología tecnomedíatica, en relación a que los medios vienen a Lawrence Grossberg. Identidad y Estudios Culturales: ¿no hay nada más que eso?. En Cuestiones de Identidad Cultural. Amorrortu editores. 2003. Martín-Barbero, Jesús. Secularización, desencanto, y reencantamiento massmediático. Diálogos de la Comunicación N° 30, Lima. 1995 cumplir una función de reencantamiento concordante con el ideario postmoderno, a cumplir una función consolatoria, otorgando aquí el autor una especie de bienvenida a esa función consolatoria de los medios masivos. O para ser más concreto, y para que no queden dudas: “Los medios han entrado así a hacer parte decisiva de los nuevos modos de percibirnos como latinoamericanos. Lo que significa que en ellos no sólo se reproduce la ideología, también se hace y rehace la cultura de las mayorías, no sólo se comercializan unos formatos sino que se recrean las narrativas en las que se entrelaza el imaginario mercantil con la memoria colectiva...”10. Es decir, los medios y sus tecnologías subyacentes, no se constituyen para mostrarnos (en el más acabado sentido mercantilista) que la vida es inducida de determinada manera humillante. Tampoco se le adjudicaría un papel engañoso, en realidad diríamos, están para hacernos un favor, para que la vida tenga la magia que no tiene, para retomar una memoria colectiva (cosificada por los medios), para volver a construir los mitos. Y atención, no mito en el sentido propuesto por AdornoHorkheimer11, tampoco en el sentido formulado por Barthes12, sino mito en el sentido de un pensamiento mágico. En relación a la segunda incógnita planteada, se hace evidente la postura adoptada por García Canclini, al momento de proponer “lo que se debería hacer”, en una línea de pensamiento que convalida tanto por omisión como por expresión, situaciones propias de su particular dinámica de construcción ciudadana en términos 10 Martín-Barbero, Jesús. Comunicación y Solidaridad en Tiempos de Globalización. Ponencia en el 1er Encuentro Continental de Comunicadores Católicos convocado por el DECOS- CELAM y OCIC-AL, UCLAP y UNDA-AL, Medellín, abril de 1999 11 Recordemos que “el iluminismo experimenta un horror mítico por el mito”. Adorno-Horkheimer. 1947. 12 “Ha de ser rotundamente establecido desde el principio, que el mito es un sistema de comunicación, es mensaje”. Barthes, R. 1957. de consumo. “Necesitamos repensar las políticas y las forma de participación, lo que significa ser ciudadanos y consumidores. El centro de esta reformulación se halla en el intento de reconcebir la esfera pública. Ni subordinada al Estado, ni disuelta en la sociedad civil, se constituye una y otra vez en la tensión entre ambos. [...] El futuro de la multiculturalidad y de la participación competitiva de las industrias latinoamericanas (materiales y simbólicas) en el mercado mundial depende de cómo combinemos esta doble visión de lo público”. [...] “Para esto, se requiere que las políticas culturales, los partidos que critican al neoliberalismo, y los movimientos sociales, superen la concepción gutemberguiana de la cultura y elaboren estrategias consistentes de actuación en los medios” (García Canclini, 1995, p.190). La sistemática destrucción del discurso propiciado por una modalidad reflejo-perceptiva que propone la concepción liberal sobre los massmedia, ha subsumido la categoría ciudadanía en relación a un intencionado consumo. Al repensar la esfera pública, lo que en realidad se está diciendo, apunta a una reformulación dinámica en la dimensión del estado, situándolo entre márgenes difusos e inacabados. Pero además, la idea de competitividad de las industrias culturales latinoamericanas, se remite a comprometer políticas tendientes a generar nuevos espacios de disputa, en realidad a concentrar esfuerzos para sostener una participación dentro de un mercado globalizado que ya ha fijado las reglas. Por otra parte, la secuencia donde se equiparan categorías del orden de: políticas culturales, partidos no críticos y movimientos sociales (en todas sus versiones), reunidos en pos de una expansión tautológica, inevitablemente desembocan en una vacuidad expresa. Al tiempo en que la consecuente naturalización del consumo simbólico han superado largamente la centralidad gutemberguiana. 185 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 186 BOURDIEU, Pierre. El oficio de sociólogo. Buenos Aires: Siglo XXI, JAMESON Frederic. Posmodernismo o la lógica cultural del capital- 1975. ismo avanzado. Buenos Aires: Paidos, 1995. __________. Homo academicvs. Les Editions de Minuit, 1984. __________. ZIZEK Slavoj, GRÜNER Eduardo. Estudios culturales. CASTELLS, Manuel. La era de la información. La sociedad de red: Reflexiones sobre el multiculturalismo. Buenos Aires: Paidos, 1998. economía, sociedad y cultura. Barcelona: Alianza, 1997. MATTELART, Armand y MATTELAT, Michèle. Historia de las GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. México: Grijalbo, teorías de la comunicación. Buenos Aires: Paidos, 1997. 1989. __________. y Neveu Éric. Introducción a los estudios culturales. __________. Consumidores y Ciudadanos. México: Grijalbo, 1995. Buenos Aires: Paidos, 1997. FOLLARI, Roberto A. Teorías débiles. Para una crítica de la decon- __________. Historia de la sociedad de la información. Buenos Aires: strucción y de los estudios culturales. Argentina: Homo Sapiens Paidos, 2003. Ediciones, 2002). __________. y SCHMUCLER, Héctor. América Latina en la encruci- GIDDENS, Anthony. Un mundo desbocado. Los efectos de la global- jada telemática. Buenos Aires: Paidos, 1983. ización en nuestras vidas. Buenos Aires: Taurus, 1999. MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Santafé HERMAN, Edward S. y MC CHESNEY, Robert. Los medios globales. de Bogotá: Convenio Andrés Bello, 2003. Los nuevos misioneros del capitalismo corporativo. Madrid: Cát- SCHMUCLER, Héctor. Memorias de la comunicación. Buenos Aires: edra, 1999. Biblos, 1997. REVISTA LATINOAMERICANA DE boletín de Suscripción CIENCIAS DE LA COMUNICACIÓN Deseo suscribirme a partir del próximo número a Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, mediante: ❑ Depósito bancario ❑ Autorización para débito en mi tarjeta VISA Por importe de Nombre y apellido Dirección Ciudad C.P. País Teléfono Firma: Fecha: / / Complete este boletín, recórtelo y envíelo por e-mail, correo o fax a esta dirección: ALAIC - Asociación Latinoamericana de los Investigadores de la Comunicación Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues 443, Bloco 22, sala 30 Cidade Universitária / Butantã São Paulo - SP - Brasil Cep: 05508-900 Correo Electrónico: [email protected] - Home page: www.alaic.net Suscripción anual: 25 US$ Forma de pago: Depósito Bancario Para depósito en nuestra cuenta corriente, al cambio del día Los brasileros pueden efectuar el pago de su suscripción a través de depósito bancario en nuestra cuenta corriente. Basta enviarnos el comprobante de depósito con el valor de cambio del día, para nuestra secretaría. Tel/Fax: (55 11) 3091-2949 Banco do Brasil Número do Banco - 001 Endereço: Av. Professor Luciano Gualberto 594, Cidade Universitária São Paulo - Brasil. Número da Agencia: 3559-9 / Universidade de São Paulo Número da Conta Corrente: 6.983-3 187 Forma de pago: VisaNet Es posible cobrar las suscripciones a través de pagos con VISA, no importando se está en territorio nacional o no. El procedimiento a ser adoptado será llenar la autorización para débito e enviarla via fax para Fax: (55-11) 3091-2949 FORMULARIO PARA AUTORIZACIÓN PARA DÉBITO EN TARJETA DE CRÉDITO - VISA Nombre Domicilio particular Teléfono: Fax: Correo electrónico: ❑ Autorizo el débito de US$________ (________ ______dólares) de mi tarjeta de crédito VISA número ____________________________________________________________________ validade _______________para pagamento de la suscripción de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. Firmar aqui: ____________________________________________________________________________ GLOBALIZAÇÃO E CULTURA POPULAR: A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO POLÍTICO DA MÍDIA Aline Fernandes de Azevedo Graduada pela UNESP – Universidade Estadual Paulista - em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo. Ë mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, na linha de pesquisa Epistemologia, Teorias e Metodologia da Comunicação, sob a Orientação da Prof. Dra. Maria Aparecida Baccega. E-mail:[email protected] 188 1 Este trabalho faz parte de reflexões mais amplas abordadas em minha dissertação de mestrado e foi redigido para ser apre- sentado no GT3 – Comunicação Política e Meios do Congresso ALAIC 2004. RESUMOResumo Este trabalho visa mostrar como as novas configurações da pós-modernidade atuam no campo político através do embate entre a cultura global e as culturas nacionais e regionais, em especial no caso da eleição presidencial de 2002 no Brasil. Para tanto, serão analisadas as revistas semanais Veja e Época, tendo em vista os preceitos de Michel Foucault, procurando entender o discurso como local de exercício de poder. Além disso, o artigo pretende abordar as várias faces do campo da comunicação, dando origem a uma pesquisa que leva em conta a característica interdisciplinar de seu objeto. Palavras-chave: Jornalismo; política; pós-modernidade. ABSTRACT The focus of my research is to establish how postmodern configurations act on politics through the impact of global culture on national and local and regional cultures, particularly under the 2002 Brazilian Presidential campaign. The analysis of the weekly news magazines “Veja” and “Época” incorporate Michel Foucault’s concepts, in an attempt to understand the discourse as the realm of power in action. In addition, the present article explores the different facets of the communications field, taking into account the object’s interdisciplinarity. Keywords: Journalism; Politics; Postmodernity RESUMEN Esto artículo se propone evidenciar cómo las nuevas configuraciones de la pos-modernidad actúan en el campo político través del embate entre la cultura global y las culturas nacionales y regionales, en especial en el caso de la elección presidencial de 2002 en el Brasil. Por eso, van a ser estudiadas las revistas semanales Veja y Época, teniendo como referencia los preceptos de Michel Foucault, procurando entender el discurso como local de ejercicio de poder. Además, el artículo pretende abordar los diversos rostros del campo de la comunicación, dando origen a una investigación que lleva en consideración la característica interdisciplinar de su objeto. Palabras claves: Periodismo; Política; Posmodernidad 189 1. Campo da comunicação: orientações nos estudos de mídia e política 190 Antes de iniciar a apresentação de minhas idéias, gostaria de lembrar que o campo (Bourdieu, 1983) da comunicação, assim como os demais campos científicos de que temos notícias, só pode ser estudado através da linguagem, do campo simbólico como gênese de tudo e de todas as coisas. É segundo este olhar que guiamos nossas reflexões, tendo como ponto de partida a afirmação de que só podemos ser através de signos, pois é pela linguagem que nosso pensamento se organiza e somente através dela deixamos o “caos” (Gomes, 2003) para nos estabelecer no simbólico, no lugar onde as coisas têm nomes. É desta maneira que entendemos que “nosso acesso ao real é sempre mediado, dado numa outra dimensão que não a dele, dado na ordem simbólica” (Gomes, 2003, p.31). Desse pressuposto é que iremos abordar no presente trabalho o papel da mídia como mediação, em especial de duas das revistas semanais de grande destaque no Brasil, no âmbito da eleição presidencial de 2002. Para tanto, devemos colocar primeiramente alguns elementos que dirigem esta reflexão e lembrar que a formulação das idéias e conceitos sobre as relações entre mídia, política e cultura apresentadas nesse trabalho encontra-se ainda em construção, embora a temática já tenha sido abordada brilhantemente por Albino Rubim, Antônio Fausto Neto e Eliseo Verón, dentre outros pesquisadores. Desta maneira, parece-me indispensável iniciar esta reflexão pelas relações entre mídia e política, considerando o período eleitoral como bastante significativo para o entendimento das novas configurações sociais na atualidade. É dessa forma que as eleições aparecem como um procedimento imprescindível da consolidação política, especialmente no que se refere à democracia. Dotada de uma legitimidade que se forja no procedimento do ritual, as eleições marcam as mutações sociais e culturais de uma era em que a mídia assume papel central, tal como conceitua Rubim (2002, p.40): “No mundo contemporâneo, o surgimento e desenvolvimento de uma nova modalidade de comunicação, aqui nomeada de midiática, e a conformação de uma sociedade estruturada e ambientada pela mídia recolocam em intensa evidência a temática do relacionamento entre política e comunicação, e, em especial, da interação entre mídia e eleições (...)”. A Idade Mídia de que fala Rubim nos dá uma margem consolidada do papel dos meios de comunicação na atualidade, assim como nos coloca frente ao objeto da comunicação como multifacetado, exigindo um estudo inter e transdisciplinar que dê conta de suas complexidades. Complexidades que se constroem na pós-modernidade como a era de mudança, da realidade vista segundo a óptica do global: “(...) somos desafiados a pensar o mundo como uma sociedade global (...)” (Ianni, 2000, p.147). Sociedade regida pelo signo da mutação, da velocidade e do instantâneo, da construção de uma nova interpretação da realidade local, regional e nacional em oposição à aldeia global. Logicamente não encontramos aqui o espaço adequado para entrar na discussão epistêmica do campo científico e sua necessidade de “abrir as ciências sociais” tal como nos propõe Immanuel Wallerstein (1996), tarefa que me parece primordial e necessária. Porém convém esclarecer que a presente reflexão deve partir dos conceitos de pluridisciplinaridade oriundos dessa linha de pensamento, o que poderá resultar de uma análise árdua e laboriosa, porém possível de pensar a problemática entre mídia e política no cenário nacional em sua totalidade. Da mesma maneira, a utilização do discurso da mídia como objeto de análise dá plena possibilidade à nossa pesquisa de partir da materialidade dos enunciados observados nas revistas e encontrar, nessa materialidade, vestígios de um confronto de forças que está muito além do enunciado, que centra seus embates nos domínios da sociedade pós-moderna e sua problemática social, cultural, política e econômica. Além disso, partindo da premissa de que os meios de comunicação não podem mais ser concebidos como manipuladores e nem o receptor pode mais ser entendido como passivo e passível de quaisquer tipos de influências, tentamos em nosso estudo abordar a mídia como um instrumento cotidiano na vida das pessoas, cuja introdução se iniciou durante o século passado por meio das evoluções tecnológicas e que faz parte integral dos conflitos que regem esse cotidiano, desde o consumo de determinado alimento até a formação cultural, política e, por que não arriscar, ideológica do homem contemporâneo. 2. Discurso e política: margens teóricas “(...) Eu não queria ter de entrar nesta ordem arriscada do discurso; não queria ter de me haver com o que tem de categórico e decisivo; gostaria que fosse ao meu redor como uma transparência calma, profunda, indefinidamente aberta, em que os outros respondessem à minha expectativa, e de onde as verdades se elevassem, uma a uma; eu não teria senão de me deixar levar, nela e por ela, como um destroço feliz (...)” (Foucault, 1996, p.7) Quando partimos na aventura de tentar explicar os acontecimentos ao nosso redor, especialmente os que envolvem o jornalismo e a política, entramos de antemão no mundo da linguagem e de seus princípios, do discurso e do simbólico. E não há como entender o discurso jornalístico sem falar de luta, embate pela manutenção do poder estabelecido, institucionalização e cotidiano. Como nos ensina Foucault, o discurso é o local onde se travam as lutas pela manutenção do poder. Não é ambiente de neutralidade ou transparência, visto que se exerce dentro dos limites de um sistema de dominação, mas lugar de visibilidade, de exercício do poder. É desta forma que podemos concordar com as idéias de Rubim quando diz que as eleições de 2002 no Brasil “foram vividas sob o signo da visibilidade” (Rubim, 2003, p.46). As sór- Dotada de uma legitimidade que se forja no procedimento do ritual, as eleições marcam as mutações sociais e culturais de uma era em que a mídia assume papel central. didas investidas da mídia tão abertas e espantosas que observamos em períodos eleitorais passados, em especial em 1989, foram substituídas pela visibilidade e pelo (utópico) desejo de imparcialidade. É certo, porém, que essa visibilidade como palavra de ordem durante a cobertura eleitoral para a presidência da república não privilegiou abertamente nenhum candidato, como alguns são tentados a afirmar. Tomar isso como certo seria cair em um simplismo redutor. Devemos observar que a interdição da mídia se deu em outro nível, no campo do dizível, estabelecendo os temas que deveriam ser tratados pelos candidatos, restringindo o dizível à confirmação do compromisso pela ordem econômica neoliberal estabelecida e enfatizando as problemáticas relacionadas aos apelos econômicos e ao desemprego, impondo, desta maneira, uma vontade de verdade tal qual nos ensina Foucault, pois “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa” (Foucault, 1996, p.9). E é justamente partindo da obra “A ordem do discurso” (Foucault, 1996) que podemos encontrar vestígios preciosos de como Foucault entende o discurso e seus mecanismos de funcionamento, 191 Os critérios de noticiabilidade (...) atuam claramente como procedimentos de interdição discursiva, assumindo assim papel de regulador do discurso para a manutenção da ordem social. 192 definições que nos ajudam a compreender o fenômeno de visibilidade adotado pela mídia durante a corrida presidencial. Discurso visto como método de exclusão enquanto mantedora e mantida por sociedades de discurso. Discurso que deriva da prática social, do outro, do apontamento histórico e da vontade de verdade. Vontade essa que não corresponde a uma realidade exterior única e indiscutível, mas que provém da maneira pela qual alguns querem que o discurso seja proferido. Que controla e é controlada, ao mesmo tempo, pelos mecanismos de coerção social. Vontade de verdade que mantém as bases sociais e equilibra as disputas de poder. Vontade que se esconde na utopia da verdade única e nas sombras da moralidade. É bem certo que essa vontade de verdade exerce um controle externo sobre o discurso e que esse controle está ligado exatamente pelo mesmo ponto que liga o discurso e a sociedade. E é certo também que ela não é o único mecanismo de coerção discursiva, pois podemos verificar controles internos ao discurso que cumprem o mesmo papel: delimitar a linguagem, indicar o enunciatário, excluir os que não poderiam ou deveriam entender a mensagem, incluir somente os que socialmente interessam. É desta forma e através dessas estruturas lingüísticas e disciplinares que o discurso se vale como poderosa ferramenta de controle social. E no discurso jornalístico não poderia ser diferente. Os critérios de noticiabilidade adotados pela maioria das empresas midiáticas, a agenda pública dos meios, a preocupação com os níveis de audiência e outros mecanismos de construção dos enunciados jornalísticos atuam claramente como procedimentos de interdição discursiva, assumindo assim papel de regulador do discurso para a manutenção da ordem social. Bourdieu chamou o conjunto desses procedimentos implícitos que guiam o trabalho cotidiano de ‘habitus’, ou seja, o conjunto de aquisições duráveis concebidas durante a trajetória social singular de cada indivíduo. Foucault faz a mesma referência quando diz que “essa vontade de verdade, como os outros sistemas de exclusão, apóia-se sobre um suporte institucional” (Foucault, 1996, p.17). 3. Discurso da “mentira”: a visibilidade e os limites do dizível. Em meio a muitos exemplares das revistas Veja publicados durante a eleição presidencial de 2002, alguns se mostram bastante pertinentes serem colocados aqui, para que nossas reflexões sobre o discurso possam ser esclarecidas. Certamente uma das publicações que mais chama a atenção é o exemplar de 02 de outubro de 2002, com matéria de capa dedicada à mentira. Em grandes letras amarelas com um belo fundo vermelho, a manchete diz: “Mentira! Um levantamento mostra que as pessoas ouvem duzentas mentiras por dia. A mentira é um apaziguador social e sem ela a vida seria um inferno. Por que os políticos exageram seus poderes e fazem promessas que não irão cumprir”. Para efetuar uma breve leitura, vamos nos ater ao discurso verbal utilizado pela revista, em especial à chamada de capa e ao editorial intitulado “O teste da realidade”. Assim, diante dos enunciados observados, podemos notar que a postura de Veja favorece a imagem pública de José Serra, então candidato do PSDB e sucessor natural de Fernando Henrique Cardoso. Em meio a outras demonstrações da mídia, os adjetivos empregados no editorial para construir a imagem de Serra, tais como político obstinado ou demolidor de obstáculos, nos revelam o vetor de significação que perpassa todo o discurso da revista durante a corrida presidencial, ou seja, a competência política do candidato. Em outras palavras, há um deslocamento de sentido, como diria Foucault, introduzido pela mediação simbólica e que coloca instantaneamente e implicitamente o nome de Serra quando se fala de competência, constrangendo, de certa maneira, as bases do que se entende como o ‘saber’ dos candidatos. Essas bases, que se colocam como conseqüência de um processo histórico social em que a mídia assume papel central, definem as qualificações para se tornar um bom político. Os candidatos são, desta maneira, levados a demonstrar qualidades centradas no sentido administrativo de gestão em detrimento dos ideais de liberdade para o progresso da Nação (calcados principalmente no período de repressão e ditadura, época em que o então candidato do PT iniciou sua carreira política nos sonhos de igualdade social). Assim, a mídia define os ideais da nova política, reafirmando a imagem de Lula como candidato despreparado em prol do saber/fazer de José Serra, definindo o maior desafio de Duda Mendonça: transformar Lula em candidato moderado, apaziguador e negociador. Da mesma maneira, Ciro Gomes é tratado como explosivo, como podemos notar em “(...) O Ciro Gomes da campanha é o Ciro que os íntimos conhecem, uma pessoa que não leva desaforo para casa” e Anthony Garotinho tem seu vetor discursivo centrado no sentido de um bom argumentador porém passível de falsa legitimidade: “A campanha de Garotinho não escondeu a alma leve, bem-humorada do candidato – nem seu poder de comunicação”. Já Lula, além de tido como candidato despreparado academicamente, teve seu vetor discursivo calcado na idéia da mentira: “No caso de Luís Inácio Lula da Silva, a questão continua um mistério. Lula, radical no passado, reapareceu conciliador e moderado”. Em todos os casos, a revista atua desqualificando os candidatos, com exceção de José Serra, e margeando as definições de uma nova política em que o papel do administrador prevalece, refletindo um imaginário em que a gestão e a auto-regulação são características essenciais para o progresso. Desta maneira e tendo descoberto o vetor de significação, parece-me pertinente colocar que a palavra “mentira” observada na capa da publicação desloca seu sentido para a figura de Lula, enquanto a pequena chamada à esquerda no alto da capa refere-se a Collor, político conhecido pela decepção nacional que desencadeou seu impeachment em 1992. Acaso ou não, o que a materialidade desse enunciado nos revela é a idéia da existência de um Lula radical e militante, que compartilharia falsamente da ideologia globalista do progresso tecnológico e da livre-concorrência econômica com o intuito de atingir a vitória em seu quarto embate eleitoral. Em continuidade e ainda refletindo intervenções na produção do discurso, a edição da semana seguinte de Veja datada de 09 de outubro confirma a ideologia citada anteriormente. “Os grandes desafios” selecionados pela revista em sua matéria de capa como “os cinco maiores problemas do país” podem nos dar uma exemplificação da interdição executada a partir do que é permitido dizer, da delimitação da agenda pública dos meios no foco dos problemas econômicos, em especial no que se refere ao desemprego, como atesta Rubim: “Em suma, a mídia, através de sua atuação, buscou delimitar a agenda pública de debate político, estigmatizando qualquer posição de questionamento mais radical de aspectos do modelo econômico, tomados desse modo como acima do embate eleitoral, além de buscar comprometer os candidatos com temas que consideravam inquestionáveis nessa agenda.” (Rubim, 2003, p.46) A revista coloca os principais problemas do país como: crescimento econômico, reforma tributá- 193 ria, taxa de juros, previdência e desemprego, limitando assim os assuntos que podem ou devem ser tratados pelos presidenciáveis e mascarando uma ideologia vigente que impõe o global, a tecnologia e o neoliberalismo. Desta maneira, crescimento econômico está fortemente vinculado ao problema do desemprego e da taxa de juros, que por sua vez se refere à tão comentada estabilidade mone- Entendemos que o processo de globalização causa estranheza, perturbação e ameaça a identidade própria de determinada sociedade devido às novas formas de pensar o espaço e o tempo. 194 tária. É como se tudo fosse possível de reformas (como a previdência ou os impostos), menos a ordem social estabelecida que prevê o pensamento neoliberal como condutor econômico e o fim da inflação e do desemprego como desejo máximo de uma sociedade saudável. Resumidamente, a agenda pública selecionada pela mídia na cobertura da eleição presidencial de 2002 impõe limites bastante rígidos da visibilidade que marcou o período, delimitando as margens do dizível e servindo como instrumento de intervenção para a manutenção do poder político estabelecido. Além disso, pensando a linguagem e o discurso também como criadores de realidade e não somente como mecanismos de reflexo do exterior, “não apenas designativa, mas produtora de realidade” (Sodré, 2003, p.22), temos a possibilidade de entender a mídia como portadores materiais de uma ideologia globalista, que tem como objetivo maior fomentar uma realidade tecnológica, colocando a globalização como único paradigma possível, o capitalismo como sistema de produção infindável e a exclusão social como conseqüência outra livre de suas origens primeiras. E é justamente diante das limitações temáticas impostas pela mídia que as alternativas para a construção do discurso político dos candidatos se faz em torno de interpretações dessa realidade global. Discursos políticos que diferem em reles pontos, normalmente centralizados na técnica e métodos de realização das políticas públicas, e que convergem em igualdade para o mesmo paradigma dominante do progresso tecnológico e do mercado. Assim, diante do termo globalização como palavra de ordem, não se pode reconhecer de antemão os conflitos e antagonismos que suas significações carrega. Isso porque, quando um grupo obtém a aceitação da sociedade de determinada ideologia, está obtendo o aval para dirigir o sentido dos acontecimentos em uma direção que se pretende comum a todos, universal, verdadeira. A totalidade e universalidade ilusória não permitem que se veja os outros sentidos provenientes da semântica do termo globalização. Calcados na abstração da sociedade globalizada de mercado, os discursos das elites neoliberais reafirmados nos discursos da mídia esquecem, ou fingem esquecer, da existência de culturas outras, locais ou nacionais. É exatamente dessa maneira que a tecnologia e o mercado deixam de ser significações para se converterem em valores, fortemente enraizados e estigmatizados na sociedade contemporânea. “A globalização é experimentada, portanto, como destino social” (Sodré, 2003, p.36). 4. Cultura nacional e contra-discurso: o popular como alternativa “Seria impróprio falar de uma ‘cultura-mundo’, cujo nível hierárquico estaria situado acima das culturas nacionais ou locais. O processo de mundialização é um fenômeno social total que para existir deve localizar-se, enraizar-se nas práticas cotidianas dos homens” (Ortiz, 1995, p.41). Mas como explicar a vitória de Lula nas urnas quando o candidato que melhor interpretava a ideologia globalista mundialmente vigente era justamente seu opositor e sucessor de FHC, José Serra? Se os discursos de Veja procurava desqualificar Lula, como compreender a eleição de um homem de origens populares para o cargo mais significativo da política brasileira? Ao colocar estas questões, precisamos antes entender alguns pontos que ajudaram a definir a corrida presidencial. Apesar da perfeita sintonia entre o candidato José Serra e a interpretação neoliberal e global da realidade, o candidato herdou de FHC também uma situação de crise econômica, desemprego e problema social. Já Lula criou em sua campanha uma imagem que propiciava a possibilidade de mudança do cenário social, tão esquecido pelo governo anterior. O slogan de José Serra “continuidade sem continuísmo” tentava reverter o quadro justamente nesses parâmetros, reafirmando o discurso da exclusão social, da fome e da miséria como suportes fundamentais na decisão política da população. Uma importante visão que orienta esse trabalho parte da premissa que entende a sociedade global como identidade outra imposta à cultura local e nacional que, redefinindo as configurações e produzindo mudanças cotidianas (no sentido de estar no mundo, trabalhar, comer, vestir, etc.), debilita as fronteiras do local e do nacional, causando uma instabilidade inerente. Nestes parâmetros, entendemos que o processo de globalização causa estranheza, perturbação e ameaça a identidade própria de determinada sociedade devido às novas formas de pensar o espaço e o tempo. Essas ameaças são facilmente traduzidas nos excessos vislumbrados nas minorias das facções terroristas que subsistem à lógica globalista. Porém, não se pode confundir a “regressão aos particularismos e aos fundamentalismos racistas e xenófobos, que, embora motivados em grande parte pela mesma globalização, acabam sendo a forma mais extrema da negação do outro” (Martín-Barbero, 2003, p.59), com os fenômenos culturais latino-americanos, compostos de uma formação sócio-histórica que contempla a diversidade cultural. Isso porque a globalização comunicativa não pode ser pensada como simples processo de homogeneização, mas como mudança no sentido da diversidade. Desta forma e com o intuito de sobreviver nesta nova lógica cultural, as sociedades locais procuram fazer um exercício de reconhecimento de suas diferenças, para que sua identidade não se perca na do outro. É exatamente o que menciona Stuart Hall quando coloca que “o primeiro efeito tem sido o de contestar os contornos estabelecidos da identidade nacional e o de expor seu fechamento às pressões da diferença, da alteridade e da diversidade cultural” (Hall, 2003, p.84), estabelecendo a impossibilidade de, em tempos globais, ter-se um sentimento de identidade coerente e integral. Logicamente não me parece possível comparar os fenômenos observados em sociedades de culturas locais e nacionais diversificadas, tais como as da América Latina, com os excessos terroristas que abalam algumas nações mundiais. A singularidade da formação cultural latino-americana, sempre repleta de diferenças e heterogeneidades, permite que a cultura hegemônica difundida via globalização se enraíze, aos poucos, no modo de vida dessas sociedades, produzindo novas culturas que não cessam de se modificar, num constante fluxo cultural: “(...) Outro efeito desse processo foi o de ter provocado um alargamento do campo das identidades e uma proliferação de novas posições-deidentidade, juntamente com um aumento de polarização entre elas. Esses processos constituem a segunda e a terceira conseqüências possíveis da globalização, anteriormente referidas – a possibilidade de que a globalização possa levar a um fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades. (...)” (Hall, 2003, p.84). Porém não se pode dizer que essas novas formações culturais derivam de um processo passivo, 195 Devemos compreender o discurso jornalístico como mediação e não como único determinante ideológico, pois eles se referem muito mais à manutenção da ordem estabelecida socialmente do que a algum tipo de mudança dessa ordem preestabelecida. sem lutas e embates. Essa é uma primeira impressão dada pelo fato desse processo dialético ser da ordem do imaginário, donde reside a ideologia (ou vontade de verdade) e sua capacidade intermitente de se automascarar, de transfigurar-se, como nos ensina Foucault: “(...) só aparece aos nossos olhos uma vontade que seria riqueza, fecundidade, força doce e insidiosamente universal. E ignoramos, em contrapartida, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria destinada a excluir todos aqueles que, ponto por ponto, em nossa história, procuraram contornar essa vontade de verdade e recolocá-la em questão contra a verdade (...)” (Foucault, 1996, p.20). 196 Diante da compreensão da impossibilidade do surgimento ‘natural’ de novas culturas sem a intervenção do embate entre os poderes globais e locais, podemos desenvolver as noções que colaboram para entender o desfecho da corrida presidencial de 2002. Nesses parâmetros, não se pode atribuir a vitória do candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, a uma hipotética manipulação exercida pela mídia, ou à onipotência decisiva do marketing político, e sim a um conjunto de elementos que convergem numa única direção: a do embate entre cultura global e culturas locais e a do surgimento de novas formas culturais. É dessa maneira que as culturas locais e nacionais interpretam o discurso de Lula sobre o ‘homem popular’ para definir o embate eleitoral, criando, de certo modo, um contra-discurso que prevê a heterogeneidade e reafirmação da identidade do homem brasileiro. Criando uma imagem congruente com as raízes do Brasil e de seus problemas sociais, Lula caminhou com tranqüilidade rumo à presidência, enquanto o candidato do PSDB, José Serra, tentava construir uma identidade outra que pudesse se adequar a essa nova interpretação da realidade, baseada sempre na reafirmação do sentido do ‘homem popular’. É exatamente isso que observamos nas matérias da revista Época datada de 7 de outubro de 2002, em especial nas fotos das páginas 38 e 39, que tentam redefinir o perfil de Serra, cuja legenda diz: “Trajetória. Serra seguiu uma trilha tortuosa até o segundo turno. Tímido, nunca se mostrou à vontade no corpo-a-corpo com os eleitores, mas se esforçou: andou de metrô, tocou berrante, tomou água-decoco e se arriscou na percussão.” Algumas páginas adiante, uma grande foto de Lula atua emocionando os leitores ao focalizar a simplicidade das raízes brasileiras: forno à lenha, panela grande, e o candidato em sua intimidade. Na legenda, os seguintes dizeres: “Janeiro. Às vésperas de iniciar sua quarta campanha à presidência, Lula prepara um coelho em seu sítio, em São Bernardo do Campo”. Mídia e cultura: considerações finais Tentamos demonstrar, no decorrer desse trabalho, que as relações entre mídia e política não podem ser dadas simplesmente com a afirmação da manipulação dos meios e da passividade do eleitorado. Isso porque estas relações encontram-se profundamente enraizadas em outros territórios, da cultura e da linguagem, que reafirmam nosso objeto de estudo como multifacetado. As causas da vitória do candidato do PT nas eleições presiden- ciais de 2002 podem ser descritas por um conjunto de fatores em que a mídia tem papel central, não somente pela sua possibilidade de limitar o dizível e beneficiar a imagem de determinado candidato, mas por sua atuação em uma realidade global que aos poucos está sendo construída. Pensar os procedimentos de controles dos discursos jornalísticos observados nas revistas como suficientes para decisão eleitoral não é, nesta nova era da globalização em que vivemos atualmente, colocar a problemática da maneira mais adequada. Devemos compreender o discurso jornalístico como mediação e não como único determinante ideológico, pois eles se referem muito mais à manutenção da ordem estabelecida socialmente do que a algum tipo de mudança dessa ordem preestabelecida. Em suma, as novas realidades culturais construídas pela dialética entre o global e o local contribuíram em muito para a vitória de um homem de raízes populares na corrida presidencial de 2002 no Brasil. A necessidade de reafirmação de uma identidade nacional proporcionou a Lula uma perfeita adequação de sua imagem a um sentimento quase perdido do sentido de ser brasileiro, traduzindo sua eleição nas urnas. Isso nos proporciona um entendimento primordial do novo paradigma em que o campo epistemológico da comunicação deve ser pensado: não mais como manipulação tal qual nos remetia a escola de Frankfurt, mas como globalização, como nos ensina brilhantemente Octavio Ianni. Globalização vista como local de embate, de lutas pela manutenção do poder. Globalização como vontade de verdade, que assim sendo, mascara o que se poderia chamar de verdade outra. Globalização como imaginário, tal como nos mostra Castoriadis, que não é ditado pelos fatores reais mas é antes o próprio imaginário que confere a esses fatores reais tal importância e tal lugar no universo, na sociedade. Imaginário este conduzido pelo simbólico e pelo discurso, sempre para a manutenção de dada ordem social. 197 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS FILHO, Clóvis de (org.). Comunicação na polis: ensaios mação cultural. In: MORAES, Denis (org.). Por uma outra comunica- sobre mídia e política. Petrópolis: Vozes, 2002. ção. Rio de Janeiro: Record, 2003. BOURDIEU, Pierre. O campo científico. São Paulo: Ática, 1983. MORAES, Denis (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. São Record, 2003. Paulo: Paz e Terra, 1986. ORTIZ, R. Mundialización y cultura. Buenos Aires: Alianza, 1995. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996. RUBIM, Antonio Albino Canelas. Eleições e (Idade) mídia. In: BAR- GOMES, Mayra Rodrigues. Poder no jornalismo. São Paulo: Hacker, ROS FILHO, Clóvis de (org.) Comunicação na polis: ensaios sobre 2003. mídia e política, Petrópolis: Vozes, 2002. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de RUBIM, Antonio Albino Canelas. Lula presidente: televisão e política Janeiro: DP&A, 2003. na campanha eleitoral. São Paulo: Hacker, 2003. IANNI, Octavio. Globalização: novo paradigma das ciências sociais. WALLERSTEIN, Immanuel. Para abrir as ciências sociais. Lisboa: Revista Estudos Avançados, São Paulo: IEA-USP, v.8, n.21, 2000. Europa-América, 1996. MARTÌN-BARBERO, Jesus. Globalização comunicacional e transfor- Ibercom de Sevilha representou fortalecimento da comunidade iberoamericana de ciências da comunicação n com – Barcelona) demonstrou Comunicación (Aseic). vontade política no sentido de O primeiro evento – III Con- fortalecer o legado comuni- gresso Ibérico – reuniu acadêmi- cacional hispano-luso-ameri- cos de Portugal e Espanha para cano como espaço intercultural debater o tema “comunicação capaz de promover o diálogo e desenvolvimento cultural na com a comunidade anglofona A Cidade de Sevilha, Espanha, Península Ibérica na sociedade da que praticamente monopoliza serviu como cenário de acontec- informação”. O segundo evento a nossa área do conhecimento. imentos que convergem para a – IX Congresso Ibero-americano A comissão gestora inclui, entre constituição de uma comunidade de Comunicação – congregou outros, figuras de relevo como ibero-americana de ciências da estudiosos hispânicos e lusófonos Enrique Bustamente (Madrid) comunicação, semente plantada da Europa e da América para e Margarita Ledo (Galicia), bem há 20 anos, em São Paulo, pelo dialogar sobre “o espaço ibero- como lideranças emergentes fundador da Intercom, Prof. Dr. americano de comunicação na como Joaquin Sierra (Sevilha) e José Marques de Melo. era digital”. O terceiro evento Josep Maria Blanco Pont (Bar- Quatro eventos, na semana de – I Encontro Nacional de Econo- celona). 14 a 18 de novembro de 2006, mia Política da Comunicação – Em seu discurso de abertura promovidos pela Faculdade de agregou pesquisadores espanhóis do IX Ibercom, o catedrático Comunicação da Universidade interessados no “pensamento espanhol Enrique Bustamante de Sevilha, contaram com o crítico sobre comunicação e cul- (Universidade Complutense de respaldo de três associações in- tura”. O quarto evento, realizada Madrid) focalizou o estreita- ternacionais de pesquisadores da na cidade de Cadiz, mesclou os mento dos espaços acadêmicos comunicação: Associação Ibero- participantes dos três eventos sintonizados com as tradições americana de Comunicação anteriores para debater o estado ibéricas, no campo da comuni- (Assibercom), União Latina de atual da liberdade de imprensa no cação e da cultura. Sua expec- Economia Política da Informação mundo contemporâneo. tativa é a de que a Assibercom (Fonte: JBCC - Ano 2, nº. 42, São Paulo – SP – Brasil - novembro de 2006) 198 Española de Investigación de la e da Comunicação (Ulepicc) e O fato simbolicamente mais se transforme, gradativamente, Asociación Latinoamericana de importante desses encontros foi em instituição vocacionada para Investigadores de la Comuni- a criação da Aseic, com a presença a otimização de energias no cación (Alaic) e três associações e o respaldo das mais represen- campo comunicacional, neutrali- nacionais: a brasileira Sociedade tativas micro-comunidades que zando a atomização de projetos Brasileira de Estudos Interdisci- constituem o Estado Espanhol: e a dispersão de eventos. Por isso plinares da Comunicação (Inter- Madrid, Catalunha, Galicia, Pais mesmo, homenageou o Prof. José com), a portuguesa Associação Basco, Navarra, Sevilha, Valen- Marques de Melo, chamando-o Portuguesa de Ciências da Co- cia, Canárias, Málaga etc. Eleito de “visionário” que há duas déca- municação (Sopcom) e a espan- presidente da comissão gestora das teve a sensibilidade de per- hola, recém fundada, Asociación da Aseic, Miguel de Moragas (In- ceber essa tendência geopolítica, NOTicias plantando a semente de uma e Francisco Sierra, sem esquecer comunidade ibero-americana de o português Luis Humberto ciências da comunicação. Lem- Marcos. Fundada Associação de Pesquisadores em Cibercultura n brou que, mesmo constituindo Tais registros confirmaram um espaço integrado por mais de a premissa do conferencista meio bilhão de falantes e produz- inaugural do IX Ibercom, que A Associação Brasileira de Pes- indo conhecimento relevante no enaltecera o protagonismo insti- quisadores em Cibercultura com- campo comunicacional, a Penín- tucionalizador do Prof. Marques pletou no dia 27 de outubro seu sula Ibérica e a América Luso- de Melo. O boliviano Luis Ramiro primeiro mês de existência. A en- Hispânica permanecem isolados Beltrán atribui ao presidente da tidade foi fundada em São Paulo no circuito acadêmico interna- Intercom o mérito de haver res- durante I Simpósio Nacional de cional. Romper taticamente esse gatado a memória da diáspora Pesquisadores em Comunicação imobilismo constitui o nosso latino-americana que, nos idos e Cibercultura, organizado pelo maior desafio nesta conjuntura de 60-70, irrompeu no pan- Centro Interdisciplinar de Pes- de globalização acelerada. orama mundial das ciências da quisas em Comunicação e Ciber- O p i o n e i r i s m o do Pro f . comunicação, sendo hoje rev- cultura (CENCIB) do Programa Marques de Melo foi novamente erenciada mundialmente como de Estudos Pós-Graduados em reiterado no jantar comemora- uma corrente do pensamento Comunicação e Semiótica da tivo dos 20 anos dos Ibercom, crítico que nunca renunciou ao Pontifícia Universidade Católica na noite de 16 de novembro, na pragmatismo utópico. de São Paulo (PUC-SP). (Fonte: EPNOTICIAS, terceira fase, Ano 2, nº 36, Sergipe/Brasil – novembro de 2006) Taberna del Alabadero. Nessa Durante a assembléia geral da Segundo Eugênio Trivinho, ocasião, o secretário-executivo Assibercom, realizada na tarde membro da Associação, a insti- da Assibercom, Luis Humberto de 17 de novembro, foi acolhida tuição será constituída de uma Marco, lhe fez entrega de um tro- a proposta da Universidade de instância executiva, formada féu, pelas iniciativas promovidas Guadalajara (México) no sentido pelos cargos de Presidência, Vice- no “adiantado da hora”, como de sediar, em novembro de 2007, Presidência e Secretaria Geral, e descrito nos versos dos poetas o X Congresso Ibero-Americano uma instância deliberativa, com- Carlos Drummond de Andrade de Comunicação. Tendo como posta por um Conselho Científico (brasileiro) e Manuel Freire tema motivador “Comunicar Consultivo. “Nos próximos me- (português). Foram menciona- a identidade iberoamericana ses, os pesquisadores definirão, dos também os demais artífices no contexto da globalização”, o além do modus operandi entre as dessa emergente comunidade evento será realizado sob a co- instâncias, as metas institucionais intercultural: as brasileiras Maria ordenação do Prof. Dr. Enrique da Associação, seus objetivos pro- Immacolata Vassalo de Lopes e Sanchez Ruiz. gramáticos, os níveis educaciona- Margarida M. Krohling Kunsch, a chilena Lucia Castellon, o argen- u is a que se vinculam, os estatutos, as providências jurídicas seqüen- tino Alfredo Alfonso, além dos ciais e a relação com as políticas espanhóis Manuel Pares i Maicas públicas (federais e estaduais) concernentes, entre outras ex- 199 igências relevantes”, comentou (UFRJ) – rosapedro@globo. o pesquisador em nota pública à com; Comunidade Cientifica. Veja a seguir os pesquisadores que compõem a entidade: Adriana Amaral (UTP) – [email protected]; Alex Primo (UFRGS) – alex. [email protected]; A n d r é L e m o s ( U F BA ) – [email protected]; investigaciones y experiencias Simone Pereira de Sá (UFF) – [email protected]; Theóphilos Rifiotis (UFSC) – [email protected]; Vinícius Andrade Pereira (UERJ - ESPM) – vinianp@ Yara Rondon Guasque Araujo (UDESC) – [email protected]. Eugênio Trivinho (PUC-SP) – [email protected]; Fernanda Bruno (UFRJ) – [email protected]; 200 Facultades de Comunicación • Dar a conocer experiencias que vinculen el tercer sector con la comunicación social. • Impulsar la discusión en para el ejercicio de la comunicación representan las nuevas tecnologías. u UCS) – [email protected]; – [email protected]; realizadas en el ámbito de las torno a los nuevos desafíos que yahoo.com; Diana Domingues (UTP Erick Felinto de Oliveira (UERJ) • Facilitar el intercambio de VIII Congreso de Redcom “La comunicación y la información de cara al siglo XXI” n Los días 21, 22 y 23 de Sep- • Promover la reflexión con respecto a las demandas que los nuevos públicos realizan a los medios de comunicación y a las instituciones sociales, y su incidencia en la formación de los comunicadores. Francisco Coelho dos Santos tiembre se realizó de 2006 en • Generar un espacio de dis- (UFMG) – [email protected]. la Universidad Nacional de La cusión sobre el rol de la ética en br; Rioja (Argentina) el VIII Con- el ejercicio de la comunicación greso de la Red de Facultades social. Henrique Antoun (UFRJ) – [email protected]; de Periodismo y Comunicación Social (REDCOM), que tuvo Los núcleos temáticos y las como finalidad, la reflexión y el Mesas de Trabajo fueron las Lucrécia D´Alessio Ferrara intercambio de docentes, alum- siguientes: (PUC-SP) – ldferrara@hotmail. nos, profesionales, académicos e com; instituciones que se desempeñan Juremir Machado da Silva (PUC-RS) – [email protected]; Marco Silva (UERJ - UNESA) – [email protected]; Maria Cristina Franco Ferraz (UFF) – mcfferraz@hotmail. com; Othon Jambeiro (UFBA) – [email protected]; Rogério da Costa (PUC-SP) – [email protected]; Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro y/o se dedican a investigar en el campo de la comunicación. Entre los principales objetivos del Congreso se planteó: • Promover el debate sobre las principales problemáticas que 1. Formación de comunicadores Mesa 1: Panorama de estudios de postrado en Comunicación. Tendencias. - Características de la enseñanza de la Comunicación y el Periodismo. preocupan a la comunicación - Nuevos aportes. Panorama actual, como así también conocer de la enseñanza de postrado. las propuestas de solución que Perspectivas pudieran existir. - El desarrollo profesional: es- NOTicias pecialidades, competencias y formación continua. Experiencias. Mesa 2: La investigación en Comunicación. - Tendencias y desafíos del estudio de las audiencias y medios de comunicación. - Convergencia de medios de comunicación y el futuro de los nuevos medios. 2. Educación y comunicación Mesa 3: Imagen y diseño en la comunicación educativa - Aplicaciones y alternativas del diseño comunicacional. gias publicitarias - Ciberespacio y globalización publicitaria. 4. La comunicación y su relación con el tercer sector nicación y las organizaciones de mentos provocados pelos fatos la sociedad civil do que por estes, propriamente - Incidencia informativa de ditos. A Sociedade Brasileira de las organizaciones sociales en el Estudos Interdisciplinares da Co- contexto mediático. municação (Intercom) colocou - Participación ciudadana y medios de comunicación. Mesa 8: El periodismo social. Recursos y desafíos riodismo social. Proyectos y cativos. experiencias. Intercom 2006 discute relações entre estado e comunicação n da Comunicação o debate acerca das múltiplas interfaces existentes no espaço entre o Estado e a Comunicação. promovido pela Intercom, entre os dias 4 e 9 de setembro de 2006, o Congresso Intercom reuniu algumas das mais importantes Luiz Alberto de Farias referências nacionais e inter- (Doutor em Comunicação e Cultura pela USP; Professor da ECA-USP e da Cásper Líbero) nacionais ligadas ao campo da dinámica educativa. Tecnología e innovación educativa. Congresso Brasileiro de Ciências Brasília (UnB) em seu campus, e u comunicación en la enseñanza la integración de los medios a la como pano de fundo do XXIX Realizado pela Universidade de Mesa 4: Uso de los medios de - Proyectos pedagógicos para ceito de que a mídia tem se esmerado na busca dos senti- contextos informativos y/o edu- de enseñanza-aprendizaje. Marilena Chauí reforça o con- Mesa 7: Los medios de comu- - Temas y propuestas de pe- tico de los medios en el proceso encaixam-se também as ações comunicacionais de oposição. - La lectura de la imagen en - Modalidades del uso didác- consideração que nesse processo Comunicação. De acordo com a Em tempos de superexposição coordenadora local do congresso midiática do Poder Público, a Co- Dra. Nélia Del Bianco “o congres- municação torna-se elemento- so da Intercom é mais do que um Mesa 5: La Comunicación chave nas relações com a opinião espaço de discussão acadêmica Institucional y las nuevas tec- pública. De um lado a mídia que sobre o campo da comunicação. nologías se tornou implacável acompan- É também um momento para hante de todas as ações públicas, se conhecer pesquisadores, pro- de outro os governos e os setores fessores e estudantes de todo o públicos que vêm aprimorando Brasil”. 3. Comunicación e información frente a las nuevas tecnologías - Cultura organizacional y cambios tecnológicos y culturales. - Las nuevas estrategias empresarias en el horizonte digital. Mesa 6: La Comunicación Publicitaria en la era digital - Nuevas tecnologías y estrate- a sua forma de relacionar-se com os diversos públicos, seja em O evento foi iniciado pelo períodos eleitorais, seja em perío- Colóquio Internacional que dos de gestão, levando-se em reuniu Brasil e França, trazendo 201 202 à tona assuntos ligadas ao tema ambiente, culturas urbanas, ci- municação o tema central nos central do congresso. O já tradi- dadania, turismo e hospitalidade, debates de pesquisadores em cional Ciclo de Estudos Inter- ficção seriada, folkcomunicação, nível de iniciação científica até disciplinares da Comunicação, fotografia, jornalismo, políticas o pós-doutorado. O fato de o uma das bases referenciais do e estratégias, produção editorial, congresso ter sido realizado congresso também trouxe nomes publicidade e propaganda, rádio, em Brasília deu ainda maior expoentes da pesquisa em comu- relações públicas e comunicação destaque às imbricações entre nicação, tanto do Brasil quanto organizacional, semiótica, tecno- a comunicação e as questões de outros países. Uma das car- logia da informação, teorias da ligadas ao Estado. A agenda, acterísticas marcantes do evento comunicação, todas diretamente assim, teve como ponto alto os também é a realização simultânea ligadas à comunicação. diversos pontos que traziam ao de atividades que tragam temas Também compôs a programa- congresso a oportunidade de interdisciplinares, como – edi- ção a tradicional Exposição da os pesquisadores dialogarem de tores, informação etc. Pesquisa Experimental em Co- forma proativa sobre os diver- Em se tratando de um evento municação (Expocom), em sua sos lados de ação em relação à científico, o Congresso Inter- 13 edição, com milhares de comunicação: a formação dos com traz dezenove Núcleos de trabalhos de estudantes de todo o estudantes, o encaminhamento Pesquisa, formados por pesqui- país, permitindo a integração do das pesquisas, a ação do Estado, sadores das diversas sub-áreas que é feito nos diversos espaços a posição da mídia, a atuação das que compõem o campo, com a de pesquisa do Brasil. organizações e da sociedade de a apresentação de trabalhos basea- O evento reuniu cerca de cinco dos em pesquisas de audiovisual, mil pessoas, vindas das cinco educação, esporte, ciência e meio- regiões do país, fazendo da co- maneira geral. u normas Normas de publicação para a Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación FORMATAÇÃO Norma geral Os textos de artigos, entrevistas, estudos e comunicações científicas deverão ter uma extensão máxima de 9 páginas no tamanho INSTRUÇÕES GERAIS DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), com margens laterais de 3 cm, digitados A Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación é um em fonte Times New Roman de corpo 12, com espaçamento simples periódico científico semestral, de alcance internacional, que tem o entre as linhas, alinhamento justificado e recuo de 1 cm no início dos objetivo principal de promover a difusão, democratização e o forta- parágrafos. Na prática, o tamanho máximo dos textos corresponde a lecimento da escola do pensamento comunicacional latino-america- cerca de 33.000 caracteres (com espaços) ou 5000 palavras, incluindo no. Além disso, visa também ampliar o diálogo com a comunidade título, as notas de pé de página, resumos, palavras-chave, textos, re- acadêmica mundial e contribuir para o desenvolvimento integral da ferências bibliográficas e anexos. sociedade no continente. Primeira página Conteúdo editorial Os artigos submetidos à revista podem pertencer a qualquer uma das categorias listadas a seguir: 2 Comunicações científicas: descrição de pesquisas, metodologia, análise de resultados e conclusões. 2 Artigos: reflexões de pesquisadores latino-americanos, artigos especiais, análises, reflexões e conclusões sobre temas acadêmicos ou profissionais. Os artigos publicados devem referir-se à área de Ciências da Comunicação. 2 Entrevistas: discussões com personalidades de interesse para a pesquisa em comunicação. 2 Estudos: programa - informação sobre as diferentes áreas de Na primeira página devem constar: 2 Título: deve ser integralmente em caixa alta com no máximo 100 caracteres (com espaços), digitado em fonte Times New Roman de corpo 14 com espaçamento simples entre as linhas, alinhamento justificado e sem recuo de parágrafo. Os títulos, em nenhuma hipótese, devem conter notas de pé de página, nem ser submetidos à negrito, itálico e sublinhado. 2 Identificação dos autores: abaixo do título, o(s) nome(s) e sobrenome(s) do(s) autor(es) devem ser em caixa alta (apenas para as iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times New Roman de corpo 12, com espaçamento simples entre as linhas, alinhamento justificado e sem recuo. Do(s) sobrenome(s) do(s) pesquisa. Projeto - abstracts sobre diferentes projetos de pesquisa. autor(es) deve(m) sair nota(s) de pé de página (de no máximo 400 Avaliação caracteres com espaços) com breve apresentação do autor (titulação Os trabalhos serão submetidos a julgamento. A avaliação será reali- acadêmica, instituição onde atua e principais publicações) junto de zada por especialistas do tema, membros do Conselho Editorial ou do seu e-mail, telefone e endereço postal. Em mais nenhum outro lugar Conselho de Honra. Os trabalhos poderão ser aceitos integralmente, do texto deve constar os nome(s) e sobrenome(s) do(s) autor(es). aceitos sob ressalvas ou recusados. Em caso da necessidade de modifi- 2 Resumos: abaixo da identificação do(s) autor(es), devem-se cações para sua eventual aceitação, serão enviados a seus autores para conter resumos (em espanhol, português e inglês) com no máximo eventuais correções. Se estes os modificarem de uma forma aceitável 750 caracteres (com espaços), acompanhados de, no máximo, 4 pala- para os critérios do Conselho Editorial, serão considerados finaliza- vras-chave nas mesmas três línguas. dos e a data de aceitação passará a ser a da finalização. Citações, notas de pé de página e referências bibliográficas Submissão de artigos 2 Citações: A submissão de um trabalho implica que ele não tenha sido publi- Para a citação maior de 3 linhas (fonte Times New Roman de corpo cado, nem esteja em processo de revisão e nem será enviado a outra 12, em itálico, com espaçamento simples entre as linhas, alinhamen- revista até receber um eventual julgamento negativo da arbitragem to justificado), não se deve deixá-la entre aspas e deve-se retirá-la do pertinente. corpo do texto e colocá-la em destaque, deixando-a, integralmente, O envio dos originais implica na aceitação do seguinte ponto: o co- com recuo à esquerda de 1 cm. pyright do artigo, incluindo os direitos de reprodução total ou parcial Para citação menor de 3 linhas, deve-se deixá-la entre aspas no do mesmo em qualquer formato, estarão reservados exclusivamente a próprio corpo do texto, sem itálico, seguindo a norma geral do texto. Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación. Somente serão publicadas as produções redigidas segundo as normas presentes e que tenham sido aprovadas pelo conselho editorial. A Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación recebe Ambas as citações devem ser seguidas das indicações das referências bibliográficas, as quais devem estar entre parênteses com o sobrenome do autor (caixa alta para iniciais e caixa baixa para o restante), ano da publicação e número de página. artigos para a publicação nos períodos de suas chamadas de trabalho, Exemplos para as indicações bibliográficas em ambas as citações: a serem divulgadas com antecedência por diversos meios eletrônicos. no caso de uma página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); no caso Mais informações: [email protected]. de duas páginas a serem citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); no caso 203 várias publicações de um mesmo autor publicadas em mesmo ano: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17). 2 Notas: as notas de pé de página devem ser numeradas auto- ses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12. 2 Teses e dissertações (SOBRENOME, Nome. Título em itálico: subtítulo normal. Ano do depósito. Número total de páginas ou vo- maticamente sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) e destinam-se lumes. Tipo de trabalho - locação: [Trabalho de Conclusão do Curso para informações explicativas ou esclarecimentos adicionais que não (Graduação em...) (Especialização em...) / Dissertação (Mestrado podem ser incluídos no corpo do texto. Recomenda-se que as notas em...) / Tese (Doutorado em...) - Faculdade de... / Instituto de...], sejam breves. Universidade, Cidade da defesa, ano da defesa.): 2 Referências bibliográficas: as referências bibliográficas com- CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise pletas devem ser arroladas em ordem alfabética ao final do texto, con- nos meios de subsistencia do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado forme a normatização e os exemplos abaixo: 2 Livros: ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartografo: travesías latinoamericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de Cultura Economica, 2002. MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo- em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954. 2 Artigos de internet (SOBRENOME, Nome. Título em itálico: subtítulo normal. Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia seguido do mês abreviado. Ano. ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponível em: < http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acesso em: 3 jan. 2007. rias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Edições Loyola, 2000. LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000. Os subtítulos devem ser devem ser em caixa alta (apenas para as iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times 2 Capítulos de livros: New Roman de corpo 12, negrito, com espaçamento simples entre as ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-es- linhas, alinhamento justificado, sem recuo e numerados pelo sistema tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, numérico arábico (1, 2,...). A seguir, um exemplo de como numerar 1993. p.9-45. um capítulo e seus respectivos itens ou subtítulos: ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael (ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University Press, 1997. p.59-61. 204 Subtítulos no corpo do texto 2 Artigos de periódico científico (SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico em itálico (abreviado ou não), cidade da publicação, v. seguido do número do ano ou volume, n. seguido 1. Comunicação de massa 1.1. Teorias da comunicação 1.1.1. As trocas e os fluxos 1.1.2. Indústria cultural 1.2. Ideologia e poder na comunicação 2. Cotidiano e movimento intersubjetivo do número do fascículo, página inicial-final, mês abreviado, ano da Figuras (fotos, mapas, diagramas, quadros, publicação.): organogramas, infográficos etc.) MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa- Devem estar digitalizadas em boa qualidade para impressão (reco- cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la menda-se 300 dpi e formatos de arquivos gráficos: GIF, JPG ou TIF) e Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004. numeradas. Em arquivo separado do texto principal, devem constar 2 Artigos publicados em imprensa (SOBRENOME, Nome. Tí- as legendas correspondentes e as respectivas indicações de inserção tulo do artigo. Nome do jornal ou revista, cidade de publicação, dia se- no trabalho. Tabelas e quadros gerados e formatados dentro do Word guido do mês abreviado. Ano. Número ou Título do Caderno, Seção podem estar no próprio corpo do texto principal. É importante sa- ou Suplemento, página inicial-final.): lientar que como a revista é impressa em branco e preto, não se devem VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço em dois me- conter figuras coloridas. normas Normas para colaboraciones de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación recibe artículos para publicación en los periodos de sus llamadas de trabajo, a ser divulgadas con antecedencia por diversos medios electrónicos. Más informaciones: [email protected]. INSTRUCCIONES GENERALES La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es un FORMATO Norma general periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene Los textos de artículos, entrevistas, estudios y comunicaciones el objetivo principal de promover la difusión, democratización y el científicas deberán tener una extensión máxima de 9 páginas en el fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional lati- tamaño DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), con márgenes laterales de 3 noamericano. Así como, procura también ampliar el diálogo con la cms, digitados en tipo Times New Roman de cuerpo 12, con espacia- comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo inte- miento simples entre las líneas, alineamiento justificado y tabulación gral de la sociedad en el continente. de 1 cm al inicio de los párrafos. De hecho, el tamaño máximo de Contenido editorial los textos corresponde a cerca de 33.000 caracteres (con espacios) o Los artículos sometidos a la revista pueden pertenecer la cualquier una de las categorías listadas a continuación: 2 Comunicaciones científicas: descripción de investigaciones, metodología, análisis de resultados y conclusiones. 5000 palabras, incluyendo título, notas de pié de página, resúmenes, palabras-clave, textos, referencias bibliográficas y anexos. Primera página En la primera página deben constar: 2 Artículos: reflexiones de investigadores latinoamericanos, artí- 2• Título: debe ser integralmente en mayúsculas con un máximo culos especiales, análisis, reflexiones y conclusiones sobre temas aca- de 100 caracteres (con espacios), escrito en tipo Times New Roman démicos o profesionales. Los artículos publicados deben referirse al de cuerpo 14 con espacio simple entre las líneas, alineamiento justi- área de Ciencias de la Comunicación. ficado y sin tabulación de párrafo. Los títulos, en ninguna hipótesis, 2 Entrevistas: discusiones con personalidades de interés para la investigación en comunicación. deben contener notas de pié de página, ni en negrito, itálico o subrayado. 2 Estudios: programa: información sobre las diferentes áreas de 2• Identificación de los autores: debajo del título, el(los) investigación. Proyecto: abstracts sobre diferentes proyectos de inves- nombre(s) y apellido(s) de(los) autor(es) deben estar en mayúsculas tigación. (solamente las iniciales) y minúsculas (para el resto), escritos en tipo Evaluación Times New Roman de cuerpo 12, con espacio simple entre las líneas, Los trabajos serán sometidos a juzgamiento. La evaluación será alineamiento justificado y sin tabulación. Del apellido(s) del (de los) realizada por especialistas del tema, miembros del Consejo Editorial o autor(es) debe(n) salir nota(s) de pié de página (con un máximo de el Consejo de Honra. Los trabajos podrán ser aceptados integralmen- 400 caracteres con espacio) con una breve presentación del autor (ti- te, aceptados con cuestionamientos o recusados. En caso de la nece- tulación académica, institución donde actúa y principales publicacio- sidad de modificaciones para su eventual aceptación, serán enviados nes) junto de su e-mail, teléfono y dirección postal. En ningún otro a sus autores para eventuales correcciones. Si estos los modificasen lugar del texto debe constar el (los) nombre(s) y apellido(s) del (de de una forma aceptable para los criterios del Consejo Editorial, serán los) autor(es). considerados finalizados y la fecha de aceptación pasará a ser la de la 2• Resúmenes: debajo de la identificación del (de los) autor(es), finalización. deben encontrarse los resúmenes (en español, portugués e inglés) con Sumisión de artículos un máximo de 750 caracteres (con espacios), acompañados de, un La sumisión de un trabajo implica que el no haya sido publicado, ni que se encuentre en proceso de revisión y ni que sea enviado a otra revista hasta recibir un eventual juzgamiento negativo del arbitraje pertinente. máximo, de 4 palabras-clave en los mismos tres idiomas. Citaciones, notas de pié de página y referencias bibliográficas 2• Citaciones: para la citación mayor de 3 líneas (tipo Times New Roman de cuerpo 12, en itálico, con espacio simples entre las líneas, El envío de los originales implica en la aceptación del siguiente alineamiento justificado), no se debe dejar entre comillas y se la debe punto: el copyright del artículo, incluyendo los derechos de repro- retirar del cuerpo del texto y colocarla en destaque, dejándola, inte- ducción total o parcial del mismo en cualquier formato, estarán re- gralmente, con tabulación a la izquierda de 1 cm. servados exclusivamente a la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. Solamente serán publicadas las producciones escritas según las normas presentes y que hayan sido aprobadas por el Consejo Editorial. Para una citación menor de 3 líneas, se la debe dejar entre comillas en el mismo cuerpo del texto, sin itálico, siguiendo la norma general del texto. Ambas citaciones deben ser seguidas de las indicaciones de las referencias bibliográficas, las cuales deben estar entre paréntesis con 205 el apellido del autor (mayúsculas para iniciales y minúsculas para el día seguido del mes abreviado. Año. Número o Título del Cuaderno, restante), año de la publicación y número de página. Sección o Suplemento, página inicial-final): Ejemplos para las indicaciones bibliográficas en ambas citaciones: en el caso de una página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); en el ses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12. caso de dos páginas a ser citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); en el caso 2 Tesis y disertaciones (APELLIDO, Nombre. Título en itáli- de varias publicaciones de un mismo autor publicadas en el mismo co: subtítulo normal. Año del depósito. Número total de páginas o año: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17). volúmenes. Tipo de trabajo - locación: [Trabajo de Conclusión del 2 Notas: las notas de pié de página deben ser enumeradas auto- Curso (Graduación en...) (Especialización en...) / Disertación (Maes- máticamente en sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) y se destinan tría en...) / Tesis (Doctorado en...) - Facultad de... / Instituto de...], para informaciones explicativas o esclarecimientos adicionales que Universidad, Ciudad de la defensa, año de la defensa.): no pueden ser incluidos en el cuerpo del texto. Se recomienda que las notas sean breves. 2 Referencias bibliográficas: las referencias bibliográficas completas deben ser organizadas en orden alfabético al final del texto, conforme la norma y los ejemplos a continuación: CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doctorado en Sociología) – Facultad de Filosofía, Letras y Ciencias Humanas, Universidad de São Paulo, São Paulo, 1954. 2 Artículos de internet (APELLIDO, Nombre. Título en itálico: 2 Libros: subtítulo normal. Disponible en: <dirección electrónica>. Acceso en: ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª día seguido del mes abreviado. Año. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa- ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponible en: < http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acceso en: 3 mericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de enero 2007. Cultura Económica, 2002. Subtítulos en el cuerpo del texto MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo- Los subtítulos deben ser en mayúsculas (apenas para las iniciales) y rias da comunicación. Traducción de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: minúsculas (para el restante), digitados en tipo Times New Roman de Ediciones Loyola, 2000. cuerpo 12, negrito, con espacio simples entre las líneas, alineamien- LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 2 Capítulos de libros: ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo y barbárie. In:___. Mal-es- 206 VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço en dois me- to justificado, sin tabulación y enumerados por el sistema numérico arábico (1, 2,...). A continuación, un ejemplo de como enumerar un capítulo y sus respectivos ítems o subtítulos: 1. Comunicación de masas tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1.1. Teorías de la comunicación 1993. p.9-45. 1.1.1. Los intercambios y los flujos ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael (ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University Press, 1997. p.59-61. 2 Artículos de periódico científico (APELLIDO, Nombre. Título del artículo. Título del periódico en itálico (abreviado o no), ciudad de 1.1.2. Industria cultural 1.2. Ideología y poder en la comunicación 2. Cotidiano y movimiento intersubjetivo Figuras (fotos, mapas, diagramas, cuadros, organigramas, infográficos etc.) la publicación, v. seguido del número del año o volumen, n. seguido Deben estar digitalizadas en buena calidad para impresión (se re- del número del fascículo, página inicial-final, mes abreviado, año de comienda 300 dpi y formatos de archivos gráficos: GIF, JPG o TIF) y la publicación): enumeradas. En archivo separado del texto principal, deben constar MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa- las leyendas correspondientes y las respectivas indicaciones de inser- cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la ción en el trabajo. Tablas y cuadros creados y formateados dentro del Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004. Word pueden estar en el mismo cuerpo del texto principal. Es impor- 2 Artículos publicados en la prensa (APELLIDO, Nombre. Título del artículo. Nombre del periódico o revista, ciudad de publicación, tante destacar que como la revista es impresa en blanco y negro, no se debe incluir figuras a colores. RULES Rules for sending articles to the Latin American Communication Sciences Journal FORMAT General guidelines Articles, interviews, studies and scientific papers shall not exceed nine DIN A4(21.0cm x 29.7cm) typed pages, 3 cm side margins, in GENERAL INSTRUCTIONS 12. point Times New Roman, single spaced, justified text, 1 cm pa- The Latin American Journal for the Communications Sciences is an ragraph indent left. Maximum size of the work is approx. 33,000 cha- international bi-annual scientific publication, whose major goal is to racters (including spaces) or 5,000 words, including title, footnotes, promote the dissemination, democratization and the strengthening abstract, key-words, texts, references and appendices. of the Latin American communicational school of thinking. In addi- Title Page tion, the Journal also seeks to foster the dialog within the academic community worldwide and to foster the development of the Latin The title page should include: 2 Title: in capital letters, max. 100 characters (including spaces), American society. in 14-pt. Times New Roman, single-spaced, non-indented, justified Editorial scope text. Under no circumstances shall the titles contain footnotes, be un- The articles submitted to the Journal may pertain to any of the categories listed below: 2 Scientific communications: description of research projects, methodology, analysis of results and conclusions. derlined or in italics. 2 Author’s identification: below the title: the author’s full name shall appear in 12-pt Times New Roman, capitals for initials only, single-spaced, justified text. The author’s last name shall refer to a foot- 2 Articles: views of Latin American researchers, special articles, note (maximum 400 characters including spaces) including a brief analysis, commentary and conclusions on academic or professional to- presentation of the author (highest academic degree, affiliation, and pics. The articles published should be pertinent to the Communications main publications), e-mail address, telephone number and mailing Sciences. address. Nowhere else shall the name of the author(s) appear. 2 Interviews: discussions with prominent researchers in the communications community. 2 Studies: programs – information on different research areas. Pro- Abstract: after the identification of the author(s), an abstract (in Spanish, Portuguese and English) not exceeding 750 characters (including spaces), shall appear containing a minimum of four key- jects – abstracts on various research projects. words in each of the languages specified. Evaluation Quotations, footnotes and references The materials submitted will be forwarded to an evaluation by 2 Quotations: quotations longer than 3 typed lines (12-pt. Ti- specialists, members of the Editorial Board or the Honorary Council. mes New Roman, italic, single spaced, justified), shall appear without Manuscripts may be fully accepted, accepted subject to certain changes, quotation marks in a free-standing block of text, indented 1 cm from or rejected. Materials conditioned to changes for publication will be the left margin. forwarded to the respective authors for the required corrections. Should these changes meet the criteria established by the Editorial Board, the work is considered accepted for publication and the acceptance date will Quotations under 3 typed lines shall be included within the body of the text, in the same point type. In both cases, the quotations are to be followed by bibliographical that of the final version. references, between parenthesis, including the author’s last name (ca- Submission of manuscripts pital letters for initials only), year of publication and page number. Papers submitted shall be unpublished and may not be under edi- Examples of bibliographical references in both cases: when quoting ting process; likewise, the papers shall not be under consideration by one page: (Andrade, 1987, p.153); when quoting two pages: (Andrade, another publication until rejected following the evaluation procedu- 1987, p.167-8); for several publications be the same author, published re. Submission of originals implies the acceptance of the following: in the same year: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17). copyright: Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación 2 Notes: footnotes are to be indicated by consecutively-generated becomes the sole holder of the right to reproduce the article, in its en- Arabic numbers (1, 2, 3, …) and are designed to provide explanatory tirety or in part. The Journal will only publish works submitted according to the guidelines laid down in this document and approved by the Editorial Council. Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación encourages submission of articles within the established deadlines, posted in advance on the electronic media; for further information, please contact: [email protected] information or additional elucidation not included in the text. These notes should be brief. 2 References: complete bibliographical references are to be listed in alphabetical order at the end of the text, according to the following guidelines and examples: 2 References to an entire book: Rouanet, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2nd ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 207 MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa- pages or volumes. Type of work – field: [Graduation Project (Gradua- mericanas de la comunicación en la cultura. México, D.F.: Fondo de tion in …) (Specialization in …) / Dissertação (Master’s degree in …) Cultura Econômica, 2002. / (Doctoral thesis in …) – School of … / Institute for …], University, MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teorias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Edições Loyola, 2000. LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 2 References to a chapter in a book: ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2nd ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p.9-45. ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael (ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University Press, 1997. p.59-61. 2 Reference to an article in a journal: (LAST NAME, Surname. Article title. Name of the Journal in italic (acronyms allowed), place CANDIDO, Antonio, Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954. 2 Reference to an internet source: (LAST NAME, Surname. Title in italic: subtitle, normal. Available at :< electronic address>. Access on: day, followed by month, abbreviated. Year. ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Available at: http:// www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16. Access on: 3 jan.2007. Subtitles within the text Subtitles initials are to typed in capital letters (initials only), 12-pt Times New Roman, single spaced, justified, non-indented and using Arabic numbers (1, 2, …). Please refer to the following example: of publication, v. followed by the number of the year or volume, n. 1. Mass media followed by the number of the issue, initial and final pages, month, 1.1. Comunication theory year of publication.): 1.1.1. Exchange and flow MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espacios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, Jul-Dec, 2004. 2 Reference to a newspaper or a periodical: (LAST NAME, Surname. Article title. Name of the newspaper or magazine, place of publication, day and month abbreviated. Year. Number or Name of Supplement, Section or Annex, initial and final pages.): VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobre 2.87%, maior avanço em dois meses. Folha de S.Paulo. São Paulo, 14.fev.2007. Folha Dinheiro, p.12. 208 City of dissertation defense, year of defense.): 2 Reference to thesis and dissertations: (LAST NAME, Surname. Title in italic: subtitle, regular. Year of registration. Total number of 1.1.2. The cultural industry 1.2. Ideology and power in communication 2. Daily life and the inter-subjective movement Figures [photographs, maps, diagrams, tables, organization charts, info graphs, etc.] Electronic copies of photographs should be provided, where possible, in GIF, JPG or TIF format (minimum accepted resolution 300dpi), and numbered. In a separate file, authors are to provide corresponding brief explanations of figures to be inserted. Tables and graphics generated and formatted by Word may be inserted in the text. As this is a back and white publication, color illustrations will not appear.