ciencias de la comunicación

Transcrição

ciencias de la comunicación
ALAIC - ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA
DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓn
Cuerpo directivo (2005-2008)
Consejo Consultivo
Presidente
Erick R. Torrico Villanueva (Bolivia)
Ex-Presidentes
Luis Aníbal Gómez (Venezuela) - 1979-1980
Jesús Martín-Barbero (Colombia) - 1981-1982
Oswaldo Capriles / Alejandro Alfonso (Venezuela) - 1982-1984
Patricia Anzola (in memoriam - Colombia) - 1984-1989
José Marques de Melo (Brasil) - 1989-1992
Enrique Sánchez Ruiz (México) - 1992-1995
Luis Peirano (Perú) - 1995-1998
Margarida Maria Krohling Kunsch (Brasil) - 1998-2005
Vice Presidentes
Alfredo Alfonso (Argentina)
César R. Siqueira Bolaño (Brasil)
Directores
Migdalia Pineda de Alcázar (Venezuela)
Octavio Islas (México)
Ancízar Narváez Montoya (Colombia)
GRUPOS DE TRABAJO
■ GT 1 - Comunicación, Tecnología y Desarrollo
Coordinador: Gustavo Cimadevilla
✉ [email protected]
■ GT 2 - Comunicación y Ciudad
Coordinadora: Carla Colona
✉ [email protected]
■ GT 3 - Comunicación Política y Medios
Coordinador: Andres Cañizalez
✉ [email protected]
■ GT 12 - Comunicación Organizacional y
Relaciones Públicas
Coordinadora: Margarida M. K.Kunsch
✉ [email protected]
■ GT 13 - Comunicación Publicitaria
Coordinador: Paulo Rogério Tarsitano
✉ [email protected]
■ GT 14 - Historia de la Comunicación
Coordinador: Juan Gargurevich
✉ [email protected]
■ GT 4 - Economía Política de las Comunicaciones Coordinador: César Bolaño
✉ [email protected]
■ GT 15 - Medios Comunitarios y Ciudadanía
Coordinadora: Cicília M. Krohling Peruzzo
✉ [email protected]
■ GT 5 - Estudios de Recepción
Coordinadora: Nilda Jacks
✉ [email protected]
■ GT 16 - Telenovela y Ficción Seriada
Coordinadora: Nora Mazziotti
✉ [email protected]
■ GT 6 - Estudios sobre Periodismo
Coordinador: Eduardo Meditsch
✉ [email protected]
■ GT 7 - Ética y Derecho de la Comunicación
Coordinador: Ernesto Villanueva
✉ [email protected]
■ GT 8 - Folkcomunicación
Coordinador: Roberto Benjamim
✉ [email protected]
■ GT 9 - Comunicación y Educación
Coordinadora: Delia Crovi
✉ [email protected]
■ GT 17 - Teoría y Metodologías de la Investigación
en Comunicación
Coordinadora: Maria Immacolata
Vassallo de Lopes
✉ [email protected]
■ GT 18 - Internet y Sociedad de la Información
Coordinador: Octavio Islas
✉ [email protected]
■ GT 19 - Comunicación Intercultural
Coordinador: José Luis Aguirre
✉ [email protected]
■ GT 20 - Comunicación y Estudios Socioculturales
Coordinadora: Florencia Saintout
✉ [email protected]
■ GT 10 - Comunicación y Salud
Coordinador: Isaac Epstein
✉ [email protected]
■ GT 21 - Medios de Comunicación, Niños y Adolescentes
Coordinadora: Lucía Castellón
✉ [email protected]
■ GT 11 - Discurso y Comunicación
Coordinador: Eliseo Colon
✉ [email protected]
■ GT 22 - Comunicación para el Cambio Social
Coordinador: Alfonso Gumucio Dagron
✉ [email protected]
revista latinoamericana de
CIeNCIAS DE LA COMUNICAciÓn
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
AÑo iiI – nº 5 • 2º semestre de 2006 • ISSN 1807-3026
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es editada por la ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de
la Comunicación. Se trata de un periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene como objetivo principal promover la
difusión, democratización y el fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional latinoamericano. Visa, también, ampliar el
diálogo con la comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo integral de la sociedad en el continente.
Editora:
Editores adjuntos: Comité Editorial
e Ejecutivo:
Consejo editorial
Anamaria Fadul (Brasil)
Anibal Ford (Argentina)
Anibal Orué Pozzo (Paraguay)
Antonio Fidalgo (Portugal)
Antonio Pasquali (Venezuela)
Armand Mattelart (Francia)
Bernard Miège (Francia)
Delia Crovi Druetta (México)
Doris Fagundes Haussen (Brasil)
Eduardo Rebollo Iturralde (Uruguay)
Eliseo Colón (Puerto Rico)
Enrique Bustamante (España)
Enrique Sánchez Ruiz (México)
Gaetan Tremblay (Canadá)
Giovanni Bechelloni (Italia)
Gustavo Cimadevilla (Argentina)
Héctor Schmucler (Argentina)
James Lull (Estados Unidos)
José Carlos Lozano (México)
Jesús Martín-Barbero (Colombia)
José Marques de Melo (Brasil)
John Downing (Estados Unidos)
Juan Gargurevich (Perú)
Kaarle Nordenstreng (Finlandia)
Kenton Wilkinson (Estados Unidos)
Lucía Castellón (Chile)
Luis Ramiro Beltrán (Bolivia)
Margarida Ledo Andión (España)
Maria Immacolata Vassallo de Lopes (Brasil)
Martín Becerra (Argentina)
Migdalia Pineda de Alcázar (Venezuela)
Miquel de Moragas (España)
Muniz Sodré (Brasil)
Nancy Díaz Larrañaga (Argentina)
Octavio Islas Carmona (México)
Pedro Gilberto Gomes (Brasil)
Raúl Fuentes Navarro (México)
Sonia Virgínia Moreira (Brasil)
Thomas Tufte (Dinamarca)
Teresa Velázquez (España)
Tereza Quiróz (Perú)
Margarida M. Krohling Kunsch (Brasil)
Alfredo Alfonso (Argentina)
Erick Torrico Villanueva (Bolivia)
Valério Cruz Brittos (Brasil)
Jorge Villena Medrano (Bolivia) Magali Catino (Argentina)
Claudia Nociolini Rebechi (Brasil)
Arlindo Rebechi Jr (Brasil)
Maria Cristina Gobbi (Brasil)
Ancízar Narvaez Montoya (Colombia)
Revisión
Jorge Villena Medrano (Español)
Maria Cristina Ferrari (Inglés)
Arlindo Rebechi Jr (Potuguês)
Diseño y Editoralización Electrónica
FDesign
Impresión
Gráfica Neoband
Dirección
Revista Latinoamericana de Ciencias
de la Comunicación
ALAIC - Asociación Latinoamericana de
Investigadores de la Comunicación
Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443, bloco 22, sala 30
Cidade Universitária / Butantã - São Paulo - SP
Brasil - CEP 05508-900
Tel./Fax: (55-11) 3091-2949
Correo Electrónico: [email protected]
Home page: www.alaic.net
Ficha catalográfica elaborada por el
Serviço de Biblioteca e Documentação - ECA/USP
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación / [publicação
da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación].
— Ano 3, n.5 (2º sem. 2006). — São Paulo: ALAIC, 2006-208p ; 28cm
Semestral
ISSN 1807-3026
1. Comunicação 2. Comunicação - América Latina 3. Comunicação
- Pesquisa 4. Meios de comunicação - América Latina I. Asociación
Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación.
CDD - 21 ed. - 302.2 302.2098
contenido
Editorial ............................................................................ 7
artículos ........................................................................11
ENTREVISTA .......................................................................76
reseñas ..............................................................................84
estudios ............................................................................87
comunicaciones cientÍficas ........................................99
NOTICIAS ..........................................................................198
normas ...........................................................................203
EDITORIAL
E
ste número cinco da Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
contempla várias temáticas que vêm sendo pesquisadas pelos estudiosos da
área. As contribuições distribuídas nas várias seções são resultantes de textos
enviados espontaneamente pelos pesquisadores ou recomendados pelos coordenadores
dos Grupos de Trabalho (GTs) da Alaic a partir dos congressos bianuais da entidade.
Sua apreciação e aprovação coube ao Conselho Editorial, cuja participação ativa e responsável tem nos permitido manter a qualidade das edições deste periódico científico e
abrir espaços para uma participação plural e democrática de diversos pesquisadores
seniores e juniores do campo da Comunicação.
Para a Alaic é uma grande satisfação registrar nesta edição a entrevista de Alfredo Alfonso com Héctor Schmucler, um dos precursores da entidade e um de seus primeiros
gestores, que muito contribuiu para que ela propiciasse novos espaços para os estudos
de Comunicação no continente. Schmucler é um pesquisador latino-americano dos
mais renomados, com vasta produção intelectual e detentor de inúmeras publicações
periódicas, que por sua qualidade e vigilância epistemológica tiveram um papel fundamental no pensamento comunicacional latino-americano.
Na seção de artigos contamos com uma variedade temática muito rica, não só pela
singularidade das reflexões, mas também pela profundidade com que ela é trabalhada.
Ana Lucía Villarreal, em “Aprender a vivir y a convivir desde el silencio”, aborda o
silêncio como um elemento fundamental dos processos comunicacionais com base em
novos paradigma de estudos.
No artigo “Visão da polidez lingüística na comunicação organizacional em situação
de crise”, Elena Godoi e Anely Ribeiro exploram interdisciplinarmente os fenômenos da
polidez lingüística, aplicados à comunicação, e refletem sobre a presença dos estereótipos e preconceitos no processo comunicacional intercultural.
Raul Fuentes, em “La constitución científica del campo académico de la comunicación: un análisis comparativo México-Brasil”, busca compreender os processos de constituição científica do campo acadêmico da comunicação na América Latina por meio de
um estudo comparativo sobre a utilização dos recursos bibliográficos utilizados em teses
de pós-graduação desses dois países, entre 1996 e 2005.
Com o título “Comunicación: ¿apropiación expresiva de los mundos sociales? Proposiciones para un programa de investigación sociocomunicacional”, Eduardo A. Vizer
apresenta proposições, hipóteses e categorias de análises que possibilitem uma abordagem teórica para um programa de investigação sociocomunicacional, tomando como
referência as proposições de Imre Lakatos.
Margarethe Born Steinberger, com “El consumo de información periodística como
trabajo social en la economía de las representaciones digitales”, propõe um novo conceito de “consumo” da informação como forma de trabalho simbólico social.
Silvia Tabachnik, em “Anonimato, enunciación y verdad en las comunidades virtuales:
cosas dichas entre lo público y lo privado”, parte de algumas considerações sobre a alteração do espaço-temporalidade, como efeito dos processos de virtualização das práticas
sociais, com base em pesquisa realizada sobre as práticas conversacionais em “comunidades virtuais” de origem latino-americana.
Nas comunicações científicas apresentamos vários trabalhos resultantes de pesquisas
acadêmicas. Adilson Odair Citelli, em “Meios de comunicação e educação: desafios para a formação de docentes”, relata uma pesquisa-ação desenvolvida junto a professores do ensino fundamental e médio público do
Estado de São Paulo, objetivando verificar como ocorre a produção, circulação e recepção do conhecimento
e da informação tendo em vista as singularidades de uma sociedade complexa marcada pelos meios de comunicação.
Com o estudo “Poder y comunicación: conflicto contenido. Aproximación histórica a la institucionalización de actores de la opinión pública”, Berta García Orosa descreve, com base em pesquisas realizadas, como
as classes de governantes procuram controlar ou, pelo menos, ter uma presença importante no discurso dos
meios de comunicação e, conseqüentemente, na opinião pública.
Em “Los jóvenes ‘en’ los noticieros televisivos chilenos”, Lorena Mónica Antezana Barrios faz um estudo das
leituras sociais negativas sobre a juventude e questiona como os jovens são representados pelos telejornais
nacionais do Chile.
Oscar Nicolás Álamo, em “Las NTIcs en Latinoamérica: influencia para un cambio de paradigma a partir
de los 1980”, analisa as mudanças ocorridas com os estudos de comunicação, a partir década de 1980, com a
redemocratização da maioria dos países da América Latina e da crescente inserção das novas tecnologias da
informação e da comunicação.
Em “Globalização e cultura popular: a construção do discurso político da mídia”, Aline Fernandes de Azevedo procura mostrar como as novas configurações da pós-modernidade atuam no campo político através do
embate entre a cultura global e as culturas nacionais e regionais, em especial no caso da eleição presidencial
de 2002 no Brasil.
Eula Dantas Taveira Cabral, com a sua pesquisa de doutorado sobre a “A internacionalização da mídia brasileira: análise do Grupo Abril”, descreve este conglomerado brasileiro como um dos maiores grupos midiáticos da América Latina, com seus focos principais de atuação nas mídias: impressa, audiovisual e interativa.
Em “Estudos de recepção e identidade cultural: abordagens brasileiras na década de 1990”, Nilda Jacks e
Daiane Boelhouwer Menezes descrevem a pesquisa sobre o “estado da arte” dos estudos de recepção realizados nos programas de pós-graduação em Comunicação do Brasil, durante a década de 1990, e apresentam a
análise dos trabalhos que tomam a identidade cultural como mediação nos processos de recepção.
Paula Rodríguez Marino, com o texto “Exilio y desplazamientos en Invasión, Los hijos de fierro y Reflexiones
de un salvaje”, traz descrições analíticas sobre as representações do exílio entre 1969 e 1978 nos filmes Invasión,
de Hugo Santiago (1969), Los hijos de fierro, de Fernando Solanas (1972-1975), e Reflexiones de un salvaje, de
Gerardo Vallejo (1978), sob uma perspectiva que combina a análise cinematográfica com a história sociocultural. Para tanto foram analisados: as características da cinematografia da cada um dos diretores, o uso da
montagem para a criação de um espaço e tempo cinematográficos e as figurações do exilado para narrar a
oposição política.
Na seção de estudos temos o registro do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Faculdade de
Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Famecos-PUC-RS.
Nosso reconhecimento a todos que colaboraram para mais esta edição da Revista Latinoamericana de
Ciencias de la Comunicación. São as pessoas, os pesquisadores, instituições como a Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo e as empresas patrocinadoras que têm percebido a importância dessa iniciativa para o avanço dos estudos de Comunicação na América Latina. Esperamos que esta publicação possa
ser sempre e cada vez mais um meio produtivo para o debate dos grandes temas históricos contemporâneos
das Ciências da Comunicação.
Margarida Maria Krohling Kunsch
Editora
EDITORIAL
E
ste número cinco de la Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
contempla varias temáticas que vienen siendo estudiadas por los estudiosos del
área. Las contribuciones distribuidas en las varias secciones son resultantes de
textos enviados espontáneamente por los investigadores o recomendados por los coordinadores de los Grupos de Trabajo (GTs) de la Alaic a partir de los congresos bianuales
de la entidad. Su apreciación y aprobación fue realizada por el Consejo Editorial, cuya
participación activa y responsable nos ha permitido mantener la calidad de las ediciones
de este periódico científico y abrir espacios para una participación plural y democrática
de diversos investigadores seniors y juniors del campo de la Comunicación.
Para la Alaic es una gran satisfacción registrar en esta edición la entrevista de Alfredo
Alfonso a Héctor Schmucler, uno de los precursores de la entidad y uno de sus primeros gestores, que contribuyó mucho para que ella propiciase nuevos espacios para los
estudios de Comunicación en el continente. Schmucler es un investigador latinoamericano de los más renombrados, con una vasta producción intelectual y poseedor de un
sin número de publicaciones periódicas, que por su calidad y vigilancia epistemológica
tuvieron un papel fundamental en el pensamiento comunicacional latinoamericano.
En la sección de artículos contamos con una variedad temática muy rica, no sólo
por la singularidad de las reflexiones, sino también por la profundidad con que ella es
trabajada.
Ana Lucía Villarreal, en “Aprender a vivir y a convivir desde el silencio”, aborda el
silencio como un elemento fundamental de los procesos comunicacionales con base en
nuevos paradigma de estudios.
En el artículo artigo “Visão da polidez lingüística na comunicação organizacional
em situação de crise”, Elena Godoi y Anely Ribeiro explotan interdisciplinariamente los
fenómenos de la clareza lingüística, aplicados a la comunicación, y reflejan sobre la presencia de los estereotipos y preconceptos en el proceso comunicacional intercultural.
Raul Fuentes, en “La constitución científica del campo académico de la comunicación:
un análisis comparativo México-Brasil”, busca comprender los procesos de constitución
científica del campo académico de la comunicación en América Latina por medio de un
estudio comparativo sobre la utilización de los recursos bibliográficos utilizados en tesis
de pos-graduación de esos dos países, entre 1996 y 2005.
Con el título “Comunicación: ¿apropiación expresiva de los mundos sociales? Proposiciones para un programa de investigación sociocomunicacional”, Eduardo A. Vizer
presenta proposiciones, hipótesis y categorías de análisis que posibilitan un abordaje
teórico para un programa de investigación sociocomunicacional, tomando como referencia las proposiciones de Imre Lakatos.
Margarethe Born Steinberger, con “El consumo de información periodística como
trabajo social en la economía de las representaciones digitales”, propone un nuevo concepto de “consumo” de la información como forma de trabajo simbólico social.
Silvia Tabachnik, en “Anonimato, enunciación y verdad en las comunidades virtuales:
cosas dichas entre lo público y lo privado”, parte de algunas consideraciones sobre la
alteración del espacio-temporalidad, como efecto de los procesos de virtualización de las
prácticas sociales, con base en la pesquisa realizada sobre las prácticas conversacionales
en “comunidades virtuales” de origen latinoamericana.
En las comunicaciones científicas presentamos varios trabajos resultantes de investigaciones académicas.
Adilson Odair Citelli, en “Meios de comunicação e educação: desafios para a formação de docentes”, relata
una pesquisa-acción desarrollada junto a profesores de enseñanza fundamental y media público del Estado de
São Paulo, objetivando verificar como ocurre la producción, circulación y recepción del conocimiento y de la
información llevando en consideración las singularidades de una sociedad compleja marcada por los medios
de comunicación.
Con el estudio: “Poder y comunicación: conflicto contenido. Aproximación histórica a la institucionalización
de actores de la opinión pública”, Berta García Orosa describe, con base en investigaciones realizadas, cómo las
clases de gobernantes procuran controlar o, pelo menos, tener una presencia importante en el discurso de los
medios de comunicación y, consecuentemente, en la opinión pública.
En “Los jóvenes ‘en’ los noticieros televisivos chilenos”, Lorena Mónica Antezana Barrios hace un estudio de
las lecturas sociales negativas sobre la juventud y cuestiona cómo los jóvenes son representados por los telenoticiosos nacionales de Chile.
Oscar Nicolás Álamo, en “Las NTIcs en Latinoamérica: influencia para un cambio de paradigma a partir de
los 1980”, analiza las mudanzas ocurridas con los estudios de comunicación, a partir de la década de 1980, con
la redemocratización de la mayoría de los países de América Latina y de la creciente inserción de las nuevas
tecnologías de la información y de la comunicación.
En “Globalização e cultura popular: a construção do discurso político da mídia”, Aline Fernandes de
Azevedo procura mostrar como las nuevas configuraciones de la posmodernidad actúan en el campo político
a través del embate entre la cultura global y las culturas nacionales y regionales, en especial en el caso de la
elección presidencial de 2002 en el Brasil.
Eula Dantas Taveira Cabral, con su investigación de doctorado sobre la “A internacionalização da mídia
brasileira: análise do Grupo Abril”, describe este conglomerado brasilero como uno de los mayores grupos
mediáticos de América Latina, con sus focos principales de actuación en los medios: impreso, audiovisual y
interactiva.
En “Estudos de recepção e identidade cultural: abordagens brasileiras na década de 1990”, Nilda Jacks y Daiane Boelhouwer Menezes describen la pesquisa sobre el “estado del arte” de los estudios de recepción realizados
en los programas de posgraduación en Comunicación del Brasil, durante la década de 1990, y presentan el
análisis de los trabajos que toman la identidad cultural como mediación en los procesos de recepción.
Paula Rodríguez Marino, con el texto “Exilio y desplazamientos en Invasión, Los hijos de fierro y Reflexiones
de un salvaje”, trae descripciones analíticas sobre las representaciones del exilio entre 1969 y 1978 en los filmes
Invasión, de Hugo Santiago (1969), Los hijos de fierro, de Fernando Solanas (1972-1975), y Reflexiones de un salvaje, de Gerardo Vallejo (1978), sobre una perspectiva que combina el análisis cinematográfico con la historia
sociocultural. Por tanto, fueron analizadas: las características de la cinematografía de cada uno de los directores,
el uso del montaje para la creación de un espacio y tempo cinematográficos y las figuraciones del exilado para
narrar la oposición política.
En la sección de estudios tenemos el registro del Programa de Posgraduación en Comunicación de la Facultad de Comunicación Social de la Pontificia Universidad Católica de Rio Grande do Sul – Famecos-PUC-RS.
Nuestro reconocimiento a todos los que colaboraron para más una edición de la Revista Latinoamericana de
Ciencias de la Comunicación. Son las personas, los investigadores, instituciones como la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidad de São Paulo y las empresas patrocinadoras que han percibido la importancia
de esa iniciativa para el avance de los estudios de Comunicación en América Latina. Esperamos que esta publicación pueda ser siempre y cada vez más un medio productivo para el debate de los grandes temas históricos
contemporáneos de las Ciencias de la Comunicación.
Margarida Maria Krohling Kunsch
Editora
COMUNICACIÓN: ¿APROPIACIÓN EXPRESIVA DE LOS MUNDOS SOCIALES?
PROPOSICIONES PARA UN PROGRAMA DE INVESTIGACIÓN SOCIOCOMUNICACIONAL
Eduardo A. Vizer 12
ANONIMATO, ENUNCIACIÓN Y VERDAD
EN LAS COMUNIDADES VIRTUALES. COSAS
DICHAS ENTRE LO PÚBLICO Y LO PRIVADO
Silvia Tabachnik 26
EL CONSUMO DE INFORMACIÓN PERIODISTICA COMO TRABAJO
SOCIAL EN LA ECONOMÍA DE LAS REPRESENTACIONES DIGITALES
LA CONSTITUCIÓN CIENTÍFICA DEL CAMPO ACADÉMICO DE
LA COMUNICACIÓN. UN ANÁLISIS COMPARATIVO MÉXICO-BRASIL
Raúl Fuentes Navarro 48
VISÃO DA POLIDEZ LINGÜÍSTICA NA COMUNICAÇÃO
ORGANIZACIONAL EM SITUAÇÃO DE CRISE
Elena Godoi e Anely Ribeiro 56
APRENDER A VIVIR Y A CONVIVIR DESDE EL SILENCIO
Ana Lucía Villarreal 66
artículos
Margarethe Born Steinberger 36
COMUNICACIÓN: ¿APROPIACIÓN
EXPRESIVA DE LOS MUNDOS SOCIALES?
PROPOSICIONES PARA UN PROGRAMA DE
INVESTIGACIÓN SOCIOCOMUNICACIONAL
Eduardo A. Vizer
Doctor en Sociología. Prof. Visitante CNPq. cat. 1 PPGCOM Univ. Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) Prof.
Consultor e Investigador Titular (CIN cat. 1). Fac. Ciencias Sociales, Instituto Gino Germani Universidad de
Buenos Aires. Coordinador del proyecto y 1er. Director
de la carrera de Ciencias de la Comunicación, Universidad de Buenos Aires. Coordinador de Epistemología y
Teoría del Conocimiento: Maestría en Estudios Sociales
y Culturales, Univ. Nacional de La Pampa. Evaluador
de Posgrados CONEAU, de la Univ. de Massachussets
(UMASS). Consultorías: International Council for Canadian Studies, Human Resources Development Canada
(HRDC), Canada-Fulbright Program “International Mo-
12
bility in Higher Education Program” (IMHEP), Ottawa.
Secretaría de Ciencia y Tecnica de la Nación (SECYT)
Plan Nacional de Ciencia y Tecnología. Ex Fulbright
Fellow (EEUU), becario Internationes (Berlin), ICCS (Ottawa, Canada); y Prof. Visitante PPG en Comunicación,
Unisinos, (Capes) Brazil. Miembro Internacional Board
of Editors de Psychline (Chicago) y Cyberlegenda (Univ.
Fiuminense, R. de Janeiro). Publ. mas relevante: “La
trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido
y realidad”. (Prólogo de J. M. Barbero, Ed. La Crujía, Bs.
As, 2ª. Ed. 2006, en trad. al portugués).
E-mail: [email protected]
resumen
Este trabajo presenta un resumen de propuestas teóricas que el autor ha venido desarrollando
en los últimos años, sobre todo en “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido
y realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06. Versión en portugués en prensa, Ed. Sulina). El objetivo
es presentar ciertas proposiciones, hipótesis y categorías de análisis tentativas que aporten a un
abordaje teórico para un Programa de Investigación sociocomunicacional en el sentido de Imre
Lakatos (PIC). El autor considera que las proposiciones que presenta ayudan a asumir ciertas claves
conceptuales para fundamentar, demarcar temáticas y problemáticas centrales del campo, a fin de
diseñar un posible “mapa de referencia” analítica para el desarrollo de investigaciones articuladas
hacia una sistematización del campo comunicacional (o sociocomunicacional).
Palabras claves: comunicación, sociocomunicación, Imre Lakatos
abstract
This work introduces a synthesis of the theoretical and strategic proposals developed by the author
in recent years, particularly in “La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y
realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06). The idea is to offer tentative propositions, hypothesis and
attempts for analytical categories that provide conceptual elements for the construction of a socialcommunicational Research Program, as proposed by Imre Lakatos (SRP). The author considers
that those propositions may help identify certain key concepts which, in turn, may be used to
substantiate and outline relevant topics and issues to create an analytical “reference map” for the
development of articulated research towards the constitution of a more systematic communicational (or social-communicational) field
Keywords: communication, social-communication, Imre Lakatos
resumo
Este trabalho apresenta um resumo das propostas teóricas que o autor vem desenvolvendo ao
longo dos últimos anos e que, sobretudo, aparecem no livro “La trama (in)visible de la vida social:
comunicación, sentido y realidad” (La Crujía, Bs. As. 2003/06. Versão em português, Ed. Sulina, no
prelo). O objetivo aqui é apresentar proposições, hipóteses e categorias de análises que possibilitem
uma abordagem teórica para um Programa de Investigação sociocomunicacional, tomando como
referência as proposições de Imre Lakatos (PIC). O autor considera que estas podem servir como
referência ideal na construção de algumas chaves conceituais que ajudem a fundamentar, demarcar temáticas e problemáticas centrais do campo da comunicação, a fim de desenhar um possível
“mapa de referência” analítico para o desenvolvimento de investigações articuladas e voltadas a
uma sistematização do campo comunicacional (ou sociocomunicacional).
Palavras-chave: comunicação, sociocomunicação, Imre Lakatos
13
“La división de las ciencias sociales produce y
legitima saberes disciplinarios -y construye sus
objetos de estudio- al costo de fragmentar la realidad. La propia “cultura disciplinaria” de los investigadores emerge de una división del trabajo
intelectual y del tipo de preguntas que se hacen
sobre la sociedad: las transformaciones de la economía -la tecnología y el trabajo-, la política,
la cultura, las instituciones y la vida cotidiana”
(Vizer. Introd. a La Trama, 2003/06)
Sobre modelos y conceptos
“trans”disci­plinarios (o metadisciplina­
rios).- Hipótesis y categorías de análisis
tentativas para un Programa de
Investigación sociocomunicacional.
Considero que las proposiciones, las hipótesis y
algunos de los conceptos que se presentan a continuación, pueden aportar a un meta nivel teórico y
de investigación sociocomunicaional, aplicable tanto a procesos interpersonales y grupales como al
análisis institucional y macrosocial.
14
El epistemólogo húngaro Imre Lakatos propuso
la fructífera tesis de que las ciencias se desarrollan
siguiendo un Programa de Investigación Científica
(PIC). Este ideal científico parecía muy lejano a las
incertidumbres que acompañan el vasto campo de
la comunicación. La in-disciplina que caracterizó a
las investigaciones de la comunicación, y la consiguiente preocupación por la falta de una identidad
definida y un objeto propio (paralelamente a la
multiplicidad anárquica de temas, problemas, objetos y objetivos), proyectó por un lado a la comu-
nicación como una perspectiva fundamental para
comprender la complejidad y multidimensionalidad de los procesos sociales, pero al mismo tiempo
quedó inscripta bajo una imagen difusa, inabordable en su especificidad por medio de los instrumentos teóricos y metodológicos de las ciencias
sociales. Como campo anárquico de investigación,
tuvo un desarrollo más institucional y universitario que definidamente epistémico, (en el sentido
de construcción de conocimiento científico “fuerte”). Las políticas educativas y las estrategias interdisciplinarias que la caracterizaron no ayudaron a
esclarecer una identidad propia, pero pusieron en
evidencia su carácter de práctica de conocimiento
exploratorio y “de frontera”. Su capacidad de crítica corrosiva tanto como de adaptación al status
quo, su asociación con las tecnologías y el futuro,
así como las posibilidades de construcción de dispositivos y lenguajes autoreferentes, revelaron la
fortaleza de sus recursos (tanto teóricos como técnicos). Pudo así cimentar un reconocimiento a su
poder simbólico y a las tecnologías mediáticas que
proyectan e instalan masivamente sus imaginarios
en las mentes de cientos de millones de personas en
todo el globo. Pudo demostrar efectividad empírica en sus dispositivos de análisis, logró poner en
un discurso reflexivo y comprensible para la gente
común, tanto a los procesos objetivos como a los
subjetivos, a las interpretaciones sobre el pasado,
los análisis sobre el presente en constante transformación y también los imaginarios de futuro, todo
esto favoreció su reconocimiento social, pero no
así su legitimidad académica ni una consistencia
epistemológica.
Sin embargo, vale la pena intentar estrategias
1Términos teóricos como modelización; cultivo y comunicación; dispositivos técnicos y simbólicos; y una teoría sobre diferentes dominios sociales,
pueden articular saberes y técnicas de intervención en instituciones y comunidades con campos de la experiencia tanto individual como social. La
construcción de proposiciones teóricas junto a la práctica, aseguraría una relación sumamente fructífera con las investigaciones y las problemáticas tratadas en las teorías del capital social, la resiliencia, el desarrollo sustentable, construcción de la identidad o la ciudadanía. Todas
ellas atraviesan múltiples disciplinas y “niveles” de realidad social. Y todas se hallan preocupadas en unir teoría y práctica, la investigación con
la intervención social, el conocimiento de la realidad con su diagnóstico, y en asociar una ética de la participación de los agentes sociales con
las necesidades y las demandas de transformación.
¿Es posible construir encuadres interdisciplinarios o aún
transdisciplinarios fructíferos que reúnan las condiciones de
un paradigma con suficiente rigor científico?
que nos ayuden a construir ciertas claves conceptuales que ayuden a fundamentar, demarcar
temáticas y problemáticas centrales del campo, y
descubrir hasta que punto es posible diseñar un
posible “mapa de referencia” analítica para el desarrollo de investigaciones articuladas hacia una
constitución mas sistemática del campo comunicacional (o sociocomunicacional), tomando como
referencia ideal las proposiciones de Lakatos. Empecemos por la noción de “lo” social: construir
conocimiento sobre “la” sociedad es una abstracción. Más allá de una convención lingüística, no
existe objetivamente tal cosa como la “sociedad”.
Se puede convenir en un recorte de cierta “clase
de hechos y procesos” observables y registrables
por medio de nuestras experiencias de vida (experiencia en el sentido dado anteriormente). Podemos decir que son experiencias sociales “reales”
de un primer orden, (o 1er. nivel): observables y
compartibles con cualquier persona en la vida cotidiana. Pero este “1er nivel de realidad”, solo toma
sentido cuando lo tratamos de entender, de interpretar. La interpretación a su vez se “construye” en
dos niveles diferentes: un 2° nivel que responde a
la percepción y el análisis del contexto (situacional y temporal) en que suceden los hechos (puede
llamarse "análisis de situación"). Y un 3er. nivel de
interpretación correspondiente a un encuadre de
carácter lógico y abstracto de los hechos observados en marcos sociales y simbólicos: lingüísticos,
culturales, históricos y epistemológicos. La especificidad de la experiencia científica -a diferencia de
la experiencia común-, precisamente corresponde
a la construcción de inferencias y encuadres abstractos de 3er. nivel, estrictamente regimentados
por las teorías que se empleen y la metodología de
observación y de la interpretación de los hechos.
Hasta el presente, la mayoría de los encuadres teóricos legitimados por las Academias son construidos
por las diferentes disciplinas. Nuestra pregunta es
entonces: ¿cómo evitar los reduccionismos de éstas interpretaciones? ¿Cómo evitar el mero discurso teórico sin fundamentos sólidos al que nos han
llevado infinidad de teorías? ¿Es posible construir
encuadres interdisciplinarios o aún transdisciplinarios fructíferos que reúnan las condiciones de
un paradigma con suficiente rigor científico? ¿Es
factible reconocer ciertas categorías fundacionales
de la experiencia, o sea “categorías de 1er. nivel”
diferenciadas y específicas? (¿una “primeridad” en
el sentido de Peirce?).
Esta última es la línea de pensamiento que creo
permite reconocer ciertas categorías de la experiencia social como fundamentales para construir
líneas de investigación no reduccionistas sobre los
procesos sociales y su imbricación íntima con la
comunicación. Entiendo por “no reduccionistas”,
en el sentido de incluir en el marco teórico (como
proceso de modelización) la multiplicidad de relaciones y dimensiones de la existencia de un colectivo social -un grupo, una institución o una comunidad-. De modo implícito o explícito, en las ciencias
sociales inevitablemente se parte de teorías (desde
un 3er. nivel –una “terceridad peirceana”- implícita en el lenguaje y la interpretación). Podemos
plantear también posibles estrategias de investigación intentando una fundamentación –metodológicamente fenomenológica- a partir de un 1er.
nivel de la experiencia cotidiana. Sería factible así
caracterizar diferentes clases de experiencias. Éstas representan modalidades específicas de relación
humana en diferentes contextos, construidos como
mediaciones sociosimbólicas tanto entre individuos como en poblaciones, en las comunidades y
15
sus “entornos ecológicos” (en términos mas sociológicos diríamos “modalidades de relación de los
agentes sociales”, entre sí y con sus ambientes).
Proposiciones centrales. (keywords: comunica­
ción, cultivo y apropiación; dominios sociales; relaciones, experiencias y dispositivos técnicos y simbólicos).
16
I. Los individuos y las poblaciones “construyen,
modelan y cultivan sus propios ambientes” (desde la
propia vivienda hasta las ecologías del entorno, sus
tiempos y espacios ambientales, sus entornos socioculturales, afectivos e imaginarios). La experiencia
social (y los procesos de socialización) se estructura
en la forma de dispositivos de acción que estructuran relaciones técnicas, informacionales y simbólicas
con el medio físico, transformando a la naturaleza
y sus contextos, a las propias culturas, las formas e
instituciones sociales, las tecnologías, y sus vínculos
interpersonales. (Los sujetos y los colectivos sociales
se “cultivan” -construyen- a sí mismos en un proceso
de aprendizaje y construcción permanente de dispositivos de transformación y apropiación de los recursos propios y de los diferentes dominios ambientales
de sus “mundos de la vida”).
II. Si se considera a la sociedad a partir de un paradigma de construcción y reproducción permanente,
se remite a un paradigma generativo, lo que permite
desarrollar perspectivas inter -o trans-disciplinarias. Se puede elaborar una hipótesis general sobre
la Modernidad como una construcción histórica de
diferentes esferas o “dominios sociales” de la experiencia, la acción y las relaciones (tanto materiales
como culturales y simbólicas). A un nivel simbólico,
se manifiestan como construcciones institucionales y
discursivas, constituidas a lo largo de las experiencias y de la historia de cada pueblo.
III. Las “relaciones” de los agentes sociales implican procesos bidimensionales: por un lado son
prácticas técnicas asociadas a la información (la te-
chné), por el otro son relaciones epistémicos y expresivas: de construcción de sentido y valores (relaciones
simbólicas y de comunicación). Implican procesos y
prácticas “bidimensionales” de reestructuración estable de las relaciones, los vínculos y lazos sociales
(in-formación y reproducción), así como también
procesos y prácticas de transformación. (La comunicación –en tanto objeto de conocimiento- es una
praxis de significación abierta y expresiva; en tanto
campo intelectual es una “ciencia del sentido” sobre
los propios procesos de formación de sentido en la
vida social).
IV. La comunicación es la práctica de construcción social “par excellence” que los seres humanos
(y tal vez algunos animales inteligentes), realizan
en forma permanente (o sea que “cultivan”) a fin
de expresarse a sí mismos –y para sí mismos autoreferencialmente- en relación a sus entornos físicos, sociales y simbólicos. La expresión como una
práctica de afirmación del yo ante el Otro, y de
apropiación socializada del entorno a través de
procesos y dispositivos cognitivos y expresivos que
permitan la modelización simbólica y lingüística de los contextos y de los Otros, tanto en forma
referencial como interreferencial. A este proceso
–fundamentalmente inicial- podemos considerarlo como una apropiación o “cultivo” de la vida y
las relaciones sociales mediante la construcción y
adjudicación de sentido y de valor estratégico e integrador de las relaciones entre el ser humano y sus
contextos de vida. La comunicación como proceso
primario de construcción –cultivo- y apropiación
social, estratégica y expresiva del ser humano como
ente biológico y social en el mundo.
V. En relación a los procesos específicamente sociocomunicacionales, en principio se pueden considerar tres dimensiones diferenciadas: referencial, inter-referencial y autoreferencial (Vizer, 1983). La
primera como dispositivos de construcción discursiva, textual o imagética de “realidades objetales”; la
segunda como construcción de relaciones mutuas
La comunicación es la práctica de construcciónsocial
“par excellence” que los seres humanos realizan en forma permanente
(o sea que “cultivan”) a fin de expresarse a sí mismos
y estratégicas de reconocimiento social y cultural
entre los actores-observadores sociales que se “referencian” mutuamente entre sí (construcción de vínculo social). Finalmente la tercera como proceso de
re-presentación –implícita o explícita- del sí mismo
en sociedad, y como marcas del “yo” y la identidad
en tanto sujeto y actor social, tanto en el lenguaje
como en la acción. La construcción, la apropiación
y el “cultivo” del mundo social se produce como un
emergente objetivo –y siempre cambiante- de la coexistencia de las tres funciones/dimensiones en las
relaciones sociales. En las relaciones mediadas por
tecnologías de información y/o comunicación, lo que
se modifica son los registros y los dispositivos técnicos de inter-referenciación, así como la modalidad
de las relaciones de reconocimiento mutuo entre los
individuos. Los medios de comunicación y las TIC’s
implican así la emergencia de nuevos agenciamientos y roles sociales, surgidos de la mediatización de
los procesos de interreferenciación social (públicos,
usuarios, etc).
te- lo hizo naufragar con los años. Los “patrones
de relaciones”, de permanencias y de cambios en
las instituciones y la cultura, pueden ser investigados como dispositivos de estructuración de las
relaciones entre los actores sociales en las diversas organizaciones colectivas de la sociedad. Éstas últimas manifiestan y representan de modo
“concreto”, procesos específicos correspondientes a los diversos dominios de realidad.
Podemos considerar estas proposiciones teóricas, como aportes a un paradigma comunicacional que ayude a la construcción de modelos
heurísticos útiles para explorar, describir, interpretar y modelizar en forma a la vez sistemática
e histórica, patrones diversos de procesos socioculturales. Los patrones organizativos (in-formacionales), como modelos de relaciones estables, -o
bien permutables y cambiantes según reglas a investigar- pueden constituirse en unidades y variables de análisis fundamentales para construir
sistemáticamente un campo de investigación
social transdisciplinario. Hasta cierto punto, el
estructuralismo buscó algo parecido pero desde
una perspectiva ahistórica que –paradójicamen-
Se puede modelizar procesos sociales como conjuntos de relaciones dentro de un sistema complejo y generativo de dominios diferentes y articulados entre sí por medio de relaciones tanto técnicas
(físicas) como simbólicas (de sentido, o epistémicas). En un sentido restringido, se puede concebir
a) “lo social” como un conjunto de “agentes o actores sociales” (empíricamente representada por
los hombres, las organizaciones, la comunidad, el
Estado, etc.). b) Un segundo “dominio” (dominio
de las significaciones y el sentido) representado
por la cultura. Una topología que “crea espacios
y regula los tiempos sociales”, y es constituida por
el mundo de los objetos, los lenguajes, los símbolos y entes portadores de significado. c) Un tercer
¿Es posible así pensar diferentes clases de relaciones, dominios, topologías –convencionales?-,
que establezcan distinciones, dimensiones, o bien
categorías (¿universalizables?) sobre la existencia
(objetivada y “real”) de:
“lo” social; “la” cultura (en un sentido tanto
físico material como simbólico), el individuosujeto (la intersubjetividad), la tecnología (y la
ciencia), la naturaleza física, y lo “sobrenatural”
(trascendente).
17
Se puede modelizar procesos sociales como conjuntos de
relaciones dentro de un sistema complejo y generativo de dominios
diferentes y articulados entre sí por medio de relaciones
tanto técnicas como simbólicas
18
dominio sería el de las relaciones con la naturaleza
física, (noción que surge recién con la ciencia moderna) como un dominio objetivado, y separado
del hombre; “naturaleza” representada a través
de las ciencias naturales y las tecnologías. d) Un
cuarto dominio social y epistémico surge autónomamente como herencia del siglo XIX. Pasando
por el romanticismo y el psicoanálisis, se ha ido
consolidando la “construcción social del dominio
del sujeto” como un nuevo dominio de investigación y de conocimiento: el de la psique y la
(inter)subjetividad humana (Freud habló de una
topología del aparato psíquico y del inconsciente,
y se considera válido hablar de procesos de la “realidad subjetiva”, aunque se lo considere una ficción
literaria o idealista). e) Una quinta categoría de relaciones estrictamente simbólicas y trascendentes,
es la de la experiencia de lo sagrado, que a sobrevivido por milenios a través de la religión, las ceremonias, y rituales (cuya función social es estrictamente reproducir la experiencia y el sentido de
lo trascendente, y en la fe sobre un mundo “otro”).
f) Por último, en los siglos XIX y sobre todo el XX,
las experiencias de la técnica -en especial las nuevas tecnologías- han hegemonizado y colonizado
aceleradamente todos los dominios de la experien-
cia. Las tecnologías de información y comunicación (TIC’s) y su articulación por un lado con las
tecnologías de control y modificación del tiempo
y del espacio físico, social y simbólico, y por otro
lado con la biotecnología, la inteligencia artificial,
la realidad virtual, los sistemas expertos, etc.
Ejemplos institucionales: a) las organizaciones
religiosas sobreviven al relativismo y la intrascendencia posmoderna porque brindan un tipo de
experiencia trascendente (no discutiré acá si esta es
vicaria o legítima). b) La familia, el parentesco, las
asociaciones de pertenencia pueden ser consideradas instituciones de “construcción del dominio
del sujeto” por medio del cultivo de los vínculos. c)
Las instituciones y la organización de las economías tradicionales, el hábitat, el trabajo y la técnica, pueden ser consideradas como dispositivos
y experiencias informacionales asociadas a la reproducción de la vida humana en relación con la
apropiación del mundo físico y la naturaleza. d)
Como otra dimensión fundante de la vida colectiva
en sociedad, podemos mencionar las instituciones
de la política, el Estado y la Ley (como el dominio
de “lo” social restringido a su sentido específico,
tal como es tomado como objeto de estudio por
2 “Creo que en los próximos quince años entraremos en lo que yo llamo entornos “inteligentes”. Es decir, que el Hombre ya no estará aislado
de los objetos físicos, estáticos, que esperan que nos comuniquemos con ellos, porque vamos a entrar en simbiosis entre el entorno y nosotros
mismos. Es decir, que la interfaz entre la biología, la mecánica y la electrónica va a ser cada día más estrecha. La palabra, el reconocimiento del
rostro, de los gestos, de los signos, va a permitirnos entrar en comunicación con este entorno, ya se trate de la casa, de la oficina, del coche o de
los medios de transporte, de una forma cada vez más intensa. En los próximos quince o veinte años, esta simbiosis va a modificar completamente la relación que mantenemos con nosotros mismos y con los demás”. (Jöel de Rosnay, 2002).
3 Las seis categorías -o dimensiones teóricas- se definen como variables analíticas que permiten desarrollar proyectos de investigación social en
el sentido clásico. También son empleadas como un Dispositivo de investigación diagnóstica y de intervención en instituciones y comunidades, al que denominé Socioanálisis. Este Dispositivo ha sido desarrollado como instrumento metodológico de análisis e intervención social
y comunicacional en nuestras Cátedras de Comunicación Comunitaria en la Universidad de Buenos Aires. (Vizer, Socioanálisis, 2004. Y en el
libro citado del mismo autor).
las ciencias sociales). En las conversaciones de la
vida cotidiana, así como en los discursos públicos,
en los mitos o en los programas de televisión o el
cine, siempre encontraremos una alusión –explícita o implícita- a temas centrales y fundantes de la
vida social. Ciertas ideas y ciertas palabras se hallan
siempre omnipresentes en casi todos los idiomas y
contextos sociales: las relaciones entre los sujetos
(amor-odio-ambición-cooperación, etc.); la Ley,
el poder y el control; la ubicación en el tiempo y
el espacio; la técnica, el trabajo y el dinero; la vida
y la naturaleza. Cuando hablamos sobre nuestra
vida personal, estamos también modelizándola
reflexivamente. También lo hacemos cuando hablamos de la sociedad, la cultura, la naturaleza o
la religión. La característica central y obsesiva del
fundamentalismo, se manifiesta en la incapacidad
de aceptar “otros” modelos, valores y sentidos (las
que en la cultura occidental han constituido una
fuente de riqueza creativa, de transformaciones
permanentes y de diversidad cultural).
e) Podemos mencionar a las artes como el dominio “instituido y reconocido” de las funciones
expresivas y culturales en un sentido restricto, y a
la “cultura” en un sentido amplio y antropológico,
como la construcción y el reconocimiento de las
formas simbólicas en la vida social. f) Por último,
debemos considerar el desarrollo exponencial de las
nuevas tecnologías, invadiendo todos los dominios
del ser y el quehacer humano. Son las tecnociencias que caracterizan a la sociedad “post”moderna
como una “Cultura Tecnológica” (Vizer, 1983). Demás esta decir que cada organización/institución es
en sí misma multidimensional (se autoorganiza en
interfases con los diferentes dominios), al mismo
tiempo que guarda una relación determinante con
un tipo de dominio, y representa así una función
social específica y mediadora para los individuos
que acceden a ella (ya sean iglesias, la Justicia, las
artes, la familia, la política, etc.).
“Cultura, naturaleza, tecnología, intersubjetivi-
dad, trascendencia y construcción de “lo social”
se articulan entre sí en forma prácticamente indisoluble. Se instituyen como “distinciones ontológicas y cognitivas axiomáticas” establecidas
por la cultura y el discurso. En este sentido, las
ciencias sociales y la comunicación bien pueden
definir sus objetos como el estudio de la naturaleza histórica y social de los diversos dominios
de realidad. La constitución social de las diferentes “distinciones y dimensiones topológicas de las realidades humanas”. Su “(re)producción” material, tecnológica, simbólica e
imaginaria, sus transformaciones históricas y
“temporalidades” objetivas y subjetivas, sus respectivos dispositivos y procesos, sus formas organizativas y culturales distintivas.” (Vizer, op.cit.,
p.152-153, modificando el término original
“ontológicas”, por topológicas)
En la Introducción de “La trama (in)visible.”,
presenté las fases de constitución de las ciencias en
la forma de un bosquejo de epistemología histórica a partir de la Modernidad. Resumidamente,
primero surge la reflexión sobre el mundo físico
(y la constitución histórica de la experiencia de
disociación técnica y científica entre sujeto-objeto). Esto permitió a las ciencias naturales fundar
el paradigma de conocimiento científico sobre
el “objeto” físico como epítome de la Naturaleza
(ésta no es “natural” sino construida como concepto cultural moderno, como “modelo” de la
realidad física). En base a este primer paradigma,
surge luego la modelización reflexiva sobre las instituciones, el Estado y la sociedad como “objetos”
de conocimiento y experiencia social (y por ende,
como objeto a ser investigado, intervenido y transformado por los propios hombres, ya sea históricamente o mediante “rupturas” revolucionarias).
Ya en el siglo XIX, se instala en los imaginarios
occidentales la constitución y el reconocimiento
social y cultural de la experiencia subjetiva (en la
literatura, la historia y la psicología se “objetivi-
19
Efectivamente, todas las ciencias logran significativos
avances cuando se articulan proposiciones entre sí, y en
especial entre “fronteras” co-disciplinarias.
20
za” culturalmente el dominio de la subjetividad).
Con la Revolución Industrial, a fines del mismo
siglo y comienzos del XX, surge la constitución de
lo que podemos denominar la moderna Cultura
Tecnológica como paradigma de construcción de
objetos materiales, con el control y la aceleración
del tiempo y el espacio: la dinámica del motor, la
locomoción, la comunicación como vía física y
natural, como conquista sobre tiempo y espacio.
Por último, con las tecnologías de información y
comunicación, y su convergencia tecnológica y digital, llegamos a fines del siglo XX a la etapa actual
de constitución ambigua de objetos a la vez reales y virtuales. El pensamiento científico analítico
(transformado por los propios dispositivos de la
tecnología en fórmulas y sistemas de información
expertos), percibe la necesidad de volverse autoreflexivo y autoobjetivante. En cada una de estas
etapas de formación y modelización del pensamiento sobre la realidad (natural, social, psíquica
o virtual), se fueron construyendo imágenes y metáforas que las expresan y representan.
En los últimos siglos la Modernidad occidental
instituyó a las diferentes esferas o dominios de la
experiencia que constituyen nuestras topologías
-o ecologías simbólicas y formas de modelizar la
realidad-. Aunque fueron construidas intuitivamente por el sentido común y la acción social en la
vida cotidiana del mundo actual de las sociedades
“modernizadas” por la cultura occidental. Ésta ha
instituido ciertas categorías –conscientes o nocomo la urdimbre fundante, el “taken for granted”
de una realidad experiencial en la que vivimos
nuestros mundos de la vida.
Desde una perspectiva de carácter antropológi-
ca, podemos asumir una metáfora espacio-temporal que podría concebir el objeto de investigación
de los procesos sociocomunicacionales como el
conjunto de la totalidad de los espacios y construcciones de sentido instituidos por el hombre.
Y su análisis como una “ecología social y semiótica”: de artefactos, rituales, formas, textos, símbolos, imágenes, etc. En segundo término, podemos
considerar a la temporalidad histórica como una
praxis, como acciones humanas instituyentes y
“reproductivas” de los diferentes dominios de realidad y de las identidades particulares (de sus memorias instituidas como permanencia y/o transformación histórica).
“”La reproducción sistemática de las instituciones por medio del “registro informacional”, la
marca (o el “código” ?) de la relación entre los
elementos y las formas culturales genera la evidencia “real, simbólica e imaginaria” (o bien la
ilusión) de la permanencia, la percepción de lo
“universal” y de leyes “inmutables” (específicamente en el mundo natural, pero que el idealismo proyecta al mundo social). En este sentido,
la noción de identidad es crítica para centralizar y organizar la diversidad y el flujo de los
elementos, los hechos y los procesos en “modelos” de relaciones estables y permanentes, tanto
lógica como ontológicamente. Este proceso es
propio de toda forma de vida, pero especialmente válido para investigar y entender la formación y reproducción histórica y sistemática de
cualquier forma de estructura sociocultural sin
perder de vista su complejidad, sus patrones organizativos, sus estructuras reproductivas, y sus
procesos de cambio y transformación. La propia
“temporalidad” y la historia surgen del contras-
te entre los registros y la experiencia del presente
y los registros (información, memoria) del pasado. Estas proposiciones son válidas y extensivas
tanto para la “construcción” (de la identidad)
del individuo, como para la de organizaciones,
para las comunidades, la sociedad y la cultura.
Pareciera que “lo social” es la acción; y la cultura, construcción de identidad y temporalidad.
Identidad que otorga un sentido a la acción; y la
acción, la que asegura la permanencia temporal
de la identidad y la cultura”” (op. cit., p. 138).
En este proceso hipercomplejo de producción
y reproducción institucional, de las formas de
identidad, de la acción social y de la formación
de sentido... “se reconstruyen los universos reales,
simbólicos e imaginarios” en que vivimos -transsubjetivamente- los seres humanos. Y estos procesos pueden abordarse como actos y como experiencias duales: de comunicación en sentido amplio,
y de información en un sentido restricto. Como
procesos de apropiación expresiva-comunicativa, y
como apropiación técnica–informacional. En ambos
sentidos como prácticas de organización sociocomunicacional de la vida social de orden transsubjetivo -e intersubjetivo-, y de los universos sociales
y culturales en los que los individuos construyen
sentidos y valores en el mundo.
La expansión de las investigaciones a diferentes
ámbitos y problemas a ser abordados por la ciencia
social, puede seguir una estrategia interesante planteada por Luis Braga para los estudios de la comunicación. Ante cierta liviandad de muchas proposiciones interdisciplinarias, Braga propone investigar
las interfases entre problemas y procesos definidos
como sociales y problemas comunicacionales. Efectivamente, todas las ciencias logran significativos
avances cuando se articulan proposiciones entre sí,
y en especial entre “fronteras” co-disciplinarias. Es
de esperar que la investigación sobre problemas y
procesos de interfase en los dominios presentados,
permita desarrollar abordajes y resultados sumamente fructíferos. Tenemos el ejemplo de los estudios ambientales, los psicosociales, y la prevención
la salud entre muchos otros.
La comunicación como (re)construcción
de la vida social
Podemos abordar el análisis de procesos sociales,
institucionales y organizacionales desde la perspectiva de los actos y los dispositivos de comunicación (ya sean conversaciones, procesos mediáticos,
textos, lenguajes corporales, uso de objetos y sobre
todo de tecnologías, relatos o mitos) como formaciones de agentes que “cultivan colectiva y ecológicamente sus espacios ambientales” (materiales,
simbólicos y aún imaginarios). La reconstrucción
de la vida social implica tanto a la praxis como acción social de los individuos y los grupos, como a
las condiciones y contextos configurados por las
diferentes formaciones y sistemas institucionalizados. Éstos se corresponden con un orden colectivo
y naturalizado de la cultura (a nivel micro y macroeconómico, micro y macro político y cultural),
en el “interior” de los cuales los agentes sociales interpretan y operan técnicas y símbolos en contextos interreferenciales. Desde una visión “informacional”, las organizaciones y la estructuración de
los sistemas sociales se realiza de modo equivalente
a la metáfora del “código genético”, con sus lógicas
internas y sus “leyes” (haciendo una reserva sobre
el mero valor metafórico del concepto de código).
Los dispositivos informacionales (día a día cada
vez mas dependientes de la digitalización de los
sistemas expertos y la convergencia de los instrumentos tecnológicos) operan como organizadores
y controladores de las operaciones de regulación
del funcionamiento “eficaz y eficiente” (sic), de los
propios dispositivos de reproducción del sistema
(como ejemplos, pensemos en como funcionan
los servicios públicos, el pago de los impuestos,
las cadenas productivas de producción y consumo
21
22
masivo, etc., y en la desesperación del ciudadano
cuando intenta inútilmente comunicarse con un
agente humano y le responde “el sistema”, con sus
respuestas automáticas pregrabadas, o simplemente “se cae” y deja de funcionar).
Pero desde una perspectiva ampliamente “expresiva y comunicacional”, las organizaciones y las
instituciones culturales se reorganizan en forma
dinámica y reflexiva por medio de las acciones y
las interacciones de los individuos en tanto agentes sociales reflexivos, en tanto actores y observadores en contextos sociales y culturales reconocidos
y “apropiados significativamente” por los propios
individuos. La comunicación implica en este caso
a los sujetos como interlocutores, las relaciones democráticas o autoritarias, simétricas o asimétricas,
la presencia de actos expresivos, de la conversación, la construcción compartida (lo que no quiere decir solo armónica sino también conflictiva)
en procesos de construcción de sentido y valores,
de imágenes, de emociones, sentimientos, deseos
y ambiciones. En fin, los procesos de la siempre
presente historia de la comunicación humana en
tanto procesos de auto e interreferenciación recíproca, inseparables del mundo de la vida y de la
relaciones en que los individuos se constituyen y
reconocen mutuamente.
Desde la infancia los individuos se socializan
en el arte de aprender a utilizar dispositivos técnicos y semióticos que les permitan apropiarse
de los recursos y los instrumentos materiales y
simbólicos a fin de cultivar -o sea construir y
reproducir- los diversos entornos y dominios en
los cuales habitan. Lo hacen a través de diferentes formas del trabajo (en la infancia como un
aprendizaje a través del juego). La organización
social y técnica del trabajo asegura la generación
de los recursos necesarios para el colectivo social.
Los agentes sociales se ponen en “enacción” por
medio de dispositivos culturales aprendidos y reconstruidos permanentemente. Proceso que im-
plica a la vez un trabajo de estructuración sobre el
espacio y el tiempo: trabajo físico y también social,
cultural-simbólico e imaginario. Todas las organizaciones construyen dispositivos, los que se instituyen como estructuras del sistema-organización a
fin de ocupar, desarrollar y distribuir -según criterios de racionalidad y lógica imbricada en el propio sistema- a los múltiples espacios y tiempos
disponibles. Esto con el fin de asegurar el acceso a los recursos para su supervivencia: prácticas
instrumentales; tecnologías, objetos materiales,
recursos físicos y económicos; normas y sistemas
de decisión; jerarquías, valores y rutinas formales
e informales; estilos de vinculación y asociación
social; organización y cultivo espacial y temporal
de los ambientes físicos y las prácticas culturales,
simbólicas e imaginarias.
Creo que se puede sostener una reflexión “ecológica”: los mundos en que los hombres viven son
mundos físicos y también sociales, simbólicos e
imaginarios al mismo tempo (socializados por la
cultura). Desde el mundo de la naturaleza, al de las
instituciones colectivas (como el Estado); el mundo de los vínculos afectivos (como la familia o los
amigos); el de la cultura; el de nuestros entornos
crecientemente dependientes de las tecnologías, y
hasta la propia búsqueda de la trascendencia y lo
sagrado (re-presentado por la simbología y las ceremonias de todas las religiones). El “mundo de la
vida” es el mundo de la búsqueda permanente de
sentido y de valor. Los diferentes entornos o ecologías estructuran los contextos y proporcionan
los recursos necesarios, y en ellos los individuos se
apropian y cultivan socialmente –y modelizan cognitivamente- sus propias “realidades”. Podemos
adelantar que sería sumamente fructífero pensar
e investigar todos estos procesos de interdependencia compleja, modelizándolos como interfases
y mediaciones relacionantes entre los dominios del
individuo, la sociedad, la naturaleza y la cultura. Interfases de articulación y mediación tanto físicas
La socialización es un proceso de maduración y reafirmación
de las personas y del crecimiento de la autovaloración de la identidad
propia en relación al mundo social y el físico material.
como sociales; lingüísticas y comunicacionales. A
su vez, todas atravesadas y transformadas por la
creciente “invasión” de la cultura tecnológica en la
vida cotidiana, y nuestra dependencia creciente de
los sistemas expertos que sostienen la infraestructura material y energética de la vida moderna (especialmente en las ciudades). Invasión que penetra y transforma desde la naturaleza a la sociedad,
desde la biología y el cerebro hasta los imaginarios
culturales globales.
Lo que se entiende por socialización es precisamente la fijación de las experiencias en la memoria, el aprendizaje y el conocimiento adquirido a
través de las experiencias de vida. La socialización
es un proceso de maduración y reafirmación de
las personas y del crecimiento de la autovaloración de la identidad propia en relación al mundo
social y el físico material. Creo útil pensarlo como
la construcción de un cultivo experiencial por medio del cual los hombres intentamos aseguramos
el control (el poder) sobre nuestros mundos de la
vida personales. A) Un control “técnico y operativo” sobre los dispositivos generadores de contextos físicos y materiales de nuestras condiciones
de vida, y en parte también sobre nuestras condiciones sociales. Pero sobre todo precisamos de B)
un “control simbólico” – o sea de sentido- sobre
nuestras realidades. Precisamos tanto de certezas
operativas (la techné de los griegos) como de certezas epistémicas. Necesitamos de la seguridad y el
control sobre los recursos materiales indispensables para asegurar nuestra supervivencia. Y también precisamos de la seguridad simbólica de la
permanencia de ciertos valores; de símbolos y de
construcciones de sentido (lo que explica la permanencia de las religiones y hasta la magia en las
sociedades modernas). La comunicación puede ser
considerada la manifestación concreta y objetiva
de los procesos de reconstrucción permanente de
los diferentes contextos de realidad que cultivamos
en la vida cotidiana. Cultivamos como un jardín,
o un taller lleno de herramientas que utilizamos
como recursos para la reconstrucción resiliente de
nuestra vida cotidiana: nuestras ecologías físicas,
sociales, simbólicas e imaginarias. Desde las formas culturales que damos a los objetos físicos al
reconocimiento de sus formas simbólicas.
Nos invade un estado de incertidumbre permanente, y algunas de las angustias de nuestro
tiempo pueden plantearse como preguntas: “¿No
estaremos transformándonos en meros agentes
pasivos de un sistema fuera de control?” “¿No estamos perdiendo la capacidad de cultivar nuestras propias realidades, en función de los poderes
económicos y tecnológicos que nos transforman
en meros recursos para sus necesidades y ambiciones?” “¿No estamos acaso siendo marginados
hacia el entorno -o sea la periferia- de un núcleo
de poderes mundiales que desarrollan sus poderes
transformando a muchos –o todos?- ¿los pueblos
en agentes subalternos?” (incluyendo a los propios
pueblos del mundo desarrollado).
Por último, vale la pena repetir la lúcida observación del creador de la “Teoría de las Catástrofes”,
R. Thom. “Los grandes progresos científicos siempre
están ligados a extensiones de lo imaginario”. Para
teorizar sobre el mundo es preciso que proyectemos la realidad tal y como la percibimos, en una
realidad mucho más amplia, compuesta en un
primer momento de reflexión por la abducción
de constructos imaginarios (inconsciente, sentido,
23
significación, autoreferencia, etc.). “La ciencia, por
principio, busca instaurar el orden y restaurar la
identidad a través de la multiplicidad, y reencontrar
la continuidad de los fenómenos a través de los desórdenes aparentes” (R. Thom, 1985). Si la comunicación es una práctica de construcción de sentido,
significa que estamos a la búsqueda de un “orden
de sentido” sobre las formas en que adjudicamos
“sentidos” a la vida social en nuestros tiempos. Y
también el sentido oculto que se esconde detrás
de sus “desórdenes aparentes”; de la propia crisis
de pérdida de sentido de los “grandes relatos”, de
los valores tradicionales y de las incertidumbres
de un futuro cada vez más incierto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
24
ATLAN, H. Ruido, complejidad y significado en los sistemas cognitivos,
Madrid: Frónesis, Cátedra.Un.Valencia, 1996.
Revue Internationale de Systemique, vol. III, no.3,1989, TGS al día
MARCUS, S. La ciencia contemporánea y la ciencia tradicional. CEA-
No.1º, Bs.As., 1991.
UBA: Mimeo, confer. 1990.
AUERSWALD, E.H. Paradigms and Definitions, mimeo, San Francisco,
MORIN, E. Sobre la Interdisciplinariedad, Boletín No. 2 del Centre
1993.
International de Recherches et Etudes Transdisciplinaires (CIRET),
BALANDIER, G. El Desorden, la teoría del caos y las ciencias sociales.
Paris.
Elogio de la fecundidad del movimiento, Barcelona: Gedisa, 1989.
________ El pensamiento complejo. Barcelona: Ed. Gedisa. 1996.
BERGER, P & LUCKMANN T. La construcción social de la realidad,
MORRIS, Charles. La significación y lo significativo. Estudio de las
Bs.As.: Amorrortu, 1986.
relaciones entre el signo y el valor. Comunicación serie B. Madrid:
BERNSTEIN, R. J. Beyond objectivism and relativism. Science, Herme-
Ed. Alberto Corazón., 1974.
neutics and Praxis. Univ. of Pennsylvania Press, 1993.
PRIGOGYNE, I. Creatividad en las Ciencias y las humanidades. Un
BILBAO, C. (comp.), La ciencia del hombre en el siglo XVIII, Bs.As.:
estudio en la relación entre las dos culturas, El proceso creativo Ed.
Cedal, 1991.
L. Gustafsson, Ministerio Educ. y Ciencia, Estocolmo 1993.
BRAGA, J. Luiz. Os estudos de interface como espaço de construção do
_________. Time, Dinamics and Chaos, In: CHAOS: The New Sci-
Campo da Comunicação. Ponencia a GT Epistemología de Compós,
ence, Nobel Conference, Minnesota. EEUU, 1993.
S. Paulo, 2004.
SCHNITMAN, D.F. (comp.) Nuevos Paradigmas Cultura y Subje-
CHANG, Briankle G. Deconstructing Communication, Representa-
tividad. Ponencias y diálogos del Encuentro Interdisciplinario del
tion, Subject and Economies of Exchange. University of Minnesota
mismo nombre, Bs. As. 1991. Bs.As.: Ed. Paidós, 1994.
Press, l996.
RODRIGUES, Adriano D. O impasse da técnica no conflito dos
CIAPUSCIO, G.E. Lenguaje y Ciencia. Creación y Transmisión. Un
saberes. In: Agonia do Leviatá. A crise do Estado moderno. Novo
par indisoluble (mimeo), 1998.
Pacto da Ciéncia - 5. Org. C. MEDINA & M.GRE’CO. ECA/USP/
FOUCAULT, M. Nietzche, Freud, Marx. Paris: Editions de Minuit,
CNPq, 1996.
1965.
ROSNAY de, Joël. Los saberes conectados crean un conocimiento
FOUREZ, Gérard y otros. Alfabetización científica y tecnológica. Bs.
superior. Entrevista Rev. Transversales, Science culture, Nueva Serie,
As.: Ed. Colihue, 1997.
n°1, mayo 2002 (12/05/2002)
GIDDENS, A. & TURNER, J.H. La teoría social hoy. México: Alianza,
VARELA, F. J. CONOCER. Las ciencias cognitivas: tendencias y
1987.
perspectivas. Barcelona: Gedisa, 1990.
KLIMOVSKY, G. & HIDALGO C. La epistemología de las ciencias
VIZER, E.A. The Challenges of developing a Technological Culture.
sociales. La Inexplicable Sociedad, Bs. As.: A-Z Ed., 1998.
United Nations Department of Public Information. Nueva York
LOTMAN, Iuri. La semiosfera I Semiótica de la cultura y del texto.
- l987. Madrid: Trad. Telos No.37, 1994.
________, Ciencia, objeto y sentido. Sobre la “apertura” de las
__________. El Modelo actor-observador y el desarrollo de una
ciencias sociales. In: Pensar la ciencia I 2001-2002. Biblioteca del
perspectiva comunicacional. (Compilac. Iberoamericana en Teorías
Congreso de la Nación, Nº 121.
de la Com.) Univ. de Guadalajara, y Asoc. Latinoamericana de
________. SOCIOANÁLISIS, metodología de investigación, análisis
Investigadores de la Com. (ALAIC). México, ISBN 968-895-577-9,
diagnóstico e intervención social. Redes.Com No 2. Sevilla 2005.
1994.
Instituto Europeo de Comunicación y Desarrollo.
__________. Drugs addiction and prevention as a complex social
________. Globalization and Cooperation. Social actors on a New
problem, In: Psychline No. 1, Chicago, EEUU. l996.
Technologies and Communication perspective. In: Anales del
Congreso CALACS (Canadian Association for Latin and Caribbean
VIZER-ORTIZ. - Educación ambiental desde el “Pensamiento
Studies, Canadian Journal) 1991.
Complejo”. Bs. As.: Publicación OEA y Ministerio de Educac., 1993.
__________. La trama (in)visible de la vida social: comunicación,
WALLERSTEIN, I. El Legado de la Sociología, la Promesa de la Cien-
sentido y realidad. Buenos Aires: La Crujía, 2ª. Ed. 2003/2006.
cia Social. Montreal: Discurso Presidencial, Decimocuarto Congreso
__________. Ciencias sociales, Cultura y Tecnología. In: Comuni-
Mundial de Sociolo­gía, 1998.
cación y tecnocultura en la Sociedad de la (in)formación. Buenos Aires,
_________. PRIGOGINE, I. et.al. Open the social sciences, Report
en prensa.
of the Gulbenkian Commission on the Restructuring of the Social
__________. La complejidad de los desafíos sociales y los desafíos
Sciences. Lisboa, 1995. (Versión original).
de la complejidad, In: Complejidad No. 4, Bs. As. 1998. Memorias
___________. Impensar las ciencias sociales. Límites de los paradig-
de Investig. No.2 (Vice Rec. Investigación y Desarrollo) Univ. del
mas decimonónicos. México: Siglo XXI, 1998.
Salvador, 1998.
Zeitlin, I. Ideología y Teoría Sociológica. Bs. As.: Amorrortu, 1970.
25
ANONIMATO, ENUNCIACIÓN Y VERDAD
EN LAS COMUNIDADES VIRTUALES. COSAS
DICHAS ENTRE LO PÚBLICO Y LO PRIVADO
Silvia Tabachnik
De formación lingüística, ha desarrollado su trabajo
en el campo de los estudios del lenguaje y de la comunicación social.
Fundadora y Directora (entre 1991-2001) de la Maestría
en Sociosemiótica del Centro de Estudios Avanzados
(Universidad Nacional de Córdoba, Argentina), ha pu­
blicado sus artículos en libros y revistas internacionales.
Actualmente reside en México y es profesora-investigadora en la Universidad Autónoma Metropolitana donde
desarrolla su investigación sobre lenguaje, escritura y
subjetividad en las comunidades virtuales.
E-mail: [email protected]
26
resumen
En el marco de una investigación sobre las prácticas conversacionales en “comunidades virtuales” de origen latinoamericano, este trabajo parte de algunas consideraciones sobre el trastocamiento de la espacio-temporalidad por efecto de los procesos de virtualización de las prácticas
sociales. Se asiste a la emergencia de un espacio otro irreductible a la tradicional repartición de
lo público y lo privado. En el contexto de estas transformaciones asume particular relevancia
la reflexión sobre la trascendencia ética del acto enunciativo en las inéditas condiciones de
anonimato y seudonimia instauradas por las nuevas tecnologías de comunicación.
Palabras claves: nuevas tecnologías, comunidades virtuales, público y privado, anonimato .
abstract
In the framework of the research on conversational practices in “virtual communities” of
Latin-American origin, this project finds its starting point on certain considerations on the
disarrangement of the spacio-temporality resulting from the virtualization processes originated in the social practices. The other space, irreducible to the traditional distribution of the
public and the private limits, arises. In this context of transformation, a reflection on the ethical transcendence of the enunciation becomes particularly relevant under the unprecedented
conditions of anonymity and pseudonimity created by the new communication technologies.
Keywords: new technologies, virtual communities, public and private, anonymity
resumo
No marco de uma pesquisa sobre as práticas conversacionais em “comunidades virtuais” de
origem latino-americana, este trabalho parte de algumas considerações sobre a alteração
da espaço-temporalidade, como efeito dos processos de virtualização das práticas sociais.
Presenciamos a emergência de um outro espaço irredutível à tradicional divisão de público e
privado. No contexto destas transformações, assume particular relevância a reflexão sobre a
transcendência ética do ato enunciativo nas condições inéditas de anonimato e pseudonímia,
instauradas pelas novas tecnologias da comunicação.
Palavras-chave: novas tecnologias, comunidades virtuais, público e privado,
anonimato
27
Anonimato, enunciación y verdad en las
comunidades virtuales. Cosas dichas entre lo
público y lo privado. 28
1. “Cuál será el aquí de este instante, cuál el ahora de este espacio, quién el yo de este nombre“. He
aquí un recorte de una conversación que alguna
vez tuvo lugar y tiempo entre los miembros de una
comunidad virtual. Un diálogo incautado y disecado, guardado en una memoria sin sujeto y aun
así, por su propia naturaleza técnica, disponible
para ser reanimado casi indefinidamente, actualizado una y otra vez.
La pregunta por el dónde y el cuándo de los acontecimientos, las experiencias, las vivencias, los encuentros, se ha tornado inquietante: el aquí -ahora
de la apaciguadora fórmula de la deixis - ego, hic
et nunc - se ha dislocado junto con el “yo” que la
presidía.
Conjunción tal vez imaginaria: Michel Serrès
(1995) sostiene que no somos, ni nunca hemos
sido seres del ahí; que por el contrario, lo que define y distingue la condición humana es precisamente la capacidad de salir de si mismo, ( de estar
aquí y en otro lugar al mismo tiempo), de transportarse mediante la imaginación, el lenguaje, los
sueños, las fantasías o la ficción. Las tecnologías de
virtualización habrían amplificado y potenciado
una capacidad – casi una vocación - de distancia-
miento que es de por sí específica de lo humano.
Lo cercano y lo lejano; el adentro y el afuera; el
ahora, el antes y el después; lo presente y lo ausente son polos de un paradigma desestabilizado.
Y en esta espacio-temporalidad intrínsecamente
alterada, donde incluso habrá que replantearse las
nociones de subjetividad e ínter subjetividad, se
están reinventado otras formas del encuentro y del
diálogo, otros modos de reunirse y de conversar.
Nuevas y diferentes experiencias de lo individual
y lo colectivo: la privación de la presencia física, no
convierte de por sí a estos encuentros en simulacros
huecos, ni en sustitutos necesariamente fallidos de
alguna vivencia o experiencia “auténtica”: las pasiones, los conflictos, las emociones, también se
gestan – según otras modalidades - en esta nueva
cultura nómada instaurada por la virtualización.
Para aprehender la calidad evanescente de ese
“espacio” de intermitencias donde acontecen las
interacciones entre los miembros de las comunidades virtuales, parece idónea - en tanto implica
la consideración de vectores de dirección, velocidades y variables temporales - la noción de “espacio practicado” formulada por Michel de Certeau
(1988, p.117). Concebido como “el efecto producido por las operaciones que lo orientan, lo sitúan,
lo temporalizan, y lo hacen funcionar”, el espacio
“practicado” es performativo, pragmático y procesual, por tanto móvil y siempre inacabado, en
1 Este trabajo es parte de una investigación sobre “Lenguaje y subjetividad en la red. Juego, escritura y conversación en las comunidades virtuales”
que la autora está llevando a cabo en la Universidad Autónoma Metropolitana de México (Unidad Xochimilco).
Nota bene: Dentro del vasto y heterogéneo universo de comunidades alojadas en la red, este estudio delimita su alcance solamente a aquellas cuya
constitución no depende de un proyecto común, ni de una temática o consigna convocante, ni de afinidades o intereses comunes (políticos, corporativos, culturales, de género, o de cualquier otra índole). Asimismo los sujetos que participan en estas”sociedades de conversación” no se reconocen
en alguna identidad colectiva prestablecida. En las clasificaciones habituales estas comunidades suelen colocarse bajo rubros de alta indefinición
como “gente”, “relaciones”, “amigos”, etc. Si nos atenemos en principio a las motivaciones
explícitamente declaradas por los participantes o por los administradores, o enunciadas en las designaciones de las comunidades, el objetivo
perseguido no sería otro que el de “conocer gente”, dialogar, y ulteriormente establecer vínculos amistosos o afectivos a distancia mediante un
intercambio discursivo que se supone y pretende, exclusivamente regulado por unas normas contractuales básicas..
2 Es Joan Mayas i Planells (2003) quien sugiere la pertinencia del concepto de “espacio practicado”. Sostiene en este sentido que:
“El ciberespacio no es una red de ordenadores, sino el resultado de la actividad social de los usuarios y usuarias de los ordenadores conectados
entre sí que se reparten -desigualmente, eso sí- por todo el mundo. Por tanto, el ciberespacio es sociedad y no puede ser
otra cosa que sociedad”.
No es una espacialidad lisa la que habitan las comunidades
virtuales; los sujetos transitan allí entre diversos lugares y
diferentes modalidades de escritura dialógica.
permanente tensión entre unos vectores de gestación y otros de disolución. Se constituye en la instancia misma de las prácticas simbólicas que allí
se hacen efectivas y se desvanece cuando éstas se
extinguen; sólo existe cuando al ser actualizado se
torna socialmente significativo.
En este nuevo espacio-tiempo dislocado en que
se ha tornado ambigua, indecidible en ciertos casos, la distinción entre interioridad y exterioridad,
(en que incluso la noción de frontera parece ya
improcedente para dividir un espacio fluctuante,
de formas y límites provisorios), están emergiendo nuevas modalidades de yuxtaposición, de conexión, de encadenamiento, de prolongación, de
pasaje entre lo individual y lo colectivo. Así también el espacio virtual es escenario de un nuevo
desplazamiento de los umbrales entre lo público,
lo privado y lo íntimo. Pero esta divisoria a su vez
está jerárquicamente supeditada a otra separación
que la antecede - esta sí inédita y específica de las
prácticas virtuales y siempre aludida en los juegos
conversacionales - entre un “mundo real” o una
“vida real” y un espacio otro por lo general designado mediante el deíctico “aquí”: lugar-tiempo
generado en el acto mismo de la enunciación, emplazamiento virtual de una identidad comunitaria
- un “nosotros” lábil - en estado de agregación y
disgregación permanente.
Tal vez por su propia índole espectral – ni presente ni ausente - ese espacio otro se presta para ser
colmado por un trabajo colectivo de escritura que
recupera diferentes imágenes del acervo utópico:
la isla desierta, la casa en el árbol, la torre de marfil, la nave de los locos... variaciones sobre el motivo común del refugio, tregua en el tiempo y asilo
frente a una exterioridad amenazante y conflictiva
(“un lugar donde los Sueños se hacen Realidad y la
Realidad es solo un Sueño” como promete el lema
de una comunidad).
2. El proceso de redefiniciones prácticas de las
fronteras entre público y privado suele dejar tenues marcas en la escritura conversacional: entre
ellas, ciertos índices del desplazamiento a otro
ámbito virtual de mayor privacidad, o vestigios
de una conversación precedente no expuesta al
conjunto de la comunidad. No es una espacialidad lisa la que habitan las comunidades virtuales;
los sujetos transitan allí entre diversos lugares y
diferentes modalidades de escritura dialógica: salas comunes para el encuentro colectivo, recintos
para las confidencia y también lugares de tránsito
(puentes, pasadizos.
Más que de fronteras que atravesar para pasar
de un espacio a otro, se trataría de un proceso de
metamorfosis en doble sentido: devenir publico de
lo privado, devenir privado de lo público; según una
conversión no polar si no gradual, modulada por
una escala de intensidades.
Los reglamentos que establecen expresamente
las formas legítimas de participación en las conversaciones virtuales son también reveladores de este
proceso de reconfiguraciones. Enunciados como
textos prescriptivos, bajo el formato genérico del
contrato, constituyen un breve listado de interdicciones sobre aquello que no puede ni debe pasar
por la escritura conversacional, por ejemplo:
1.- “Toda imagen o mensaje con contenido obsceno u ofensivo serán eliminado, expulsando directamente al participante que lo haya emitido”.
2.- “También serán eliminadas las paginas de
publicidad incluso las de direcciones de otras comunidades, (para estas últimas tenemos un apar-
29
tado de comunidades amigas)”.
3.- “No somos una comunidad de intercambios
sexuales y recordamos el punto 1 exigiendo respeto en los comentarios que se hagan en la sala.
Entrad escribiendo con educación-respeto y participad de las conversaciones”.
Estas tres primeras normas de exclusión de tópicos responden primordialmente a una repartición
de pertinencias, contenidos, contratos, ya establecida en el universo de las comunidades virtuales.
Las reglas de juego varían claramente para los diferentes tipo de comunidad y probablemente también, por lo que aquí nos interesa, las lógicas que
regulan los límites entre lo público, lo privado y lo
íntimo. Las primeras cláusulas deslindan interioridad de exterioridad. Las siguientes, en cambio,
parecen obedecer a una regulación interna y, en tal
sentido, dejan entrever ciertos criterios de privacidad y publicidad:
30
4.- “Los problemas personales entre miembros
de la comunidad deben ser solucionados en privado sin involucrar a terceras personas, el discutir en
general sólo trae complicaciones para el resto del
grupo, NO importa quien empieza la discusión, es
la discusión en si la que molesta a la mayoría, seamos adultos”.
5.- “Todos tenemos nuestros problemas en la
vida real, nuestros altos y bajos, días buenos y días
malos, la comunidad y la sala de chat no es para
contagiar a los demás nuestros malos momentos
ni nuestras frustraciones ni nada por el estilo. La
comunidad somos todos, no vengáis aquí a dejar
lo malo de vosotros, dejad lo bueno, sino, ofendéis
al resto de participantes”.
Surge de estos severos enunciados una visión
utópica del colectivo como un espacio de plena
armonía, y consenso absoluto (casi según el modelo de un régimen totalitario) sustentada tal vez
por lo que Richard Sennet (1975, p.57) definía
como el “mito de la pureza comunitaria”: “(...) el
sentimiento de una identidad común es una falsificación de la experiencia. La gente habla acerca
de comprensión mutua y de los vínculos comunes
que la unen, pero las imágenes no corresponden
certeramente a sus verdaderas relaciones. Pero la
mentira que han formado como su imagen común es una falsedad utilizable- un mito – para el
grupo (...) las personas trazan un retrato de quiénes son, que las aglutina como si fueran una sola,
como una colección definida de deseos, antipatía
y metas”. Así, la imagen de la comunidad se depura de todo factor de eventual diferenciación o
confrontación. Sennett pensaba que “la cualidad
de ser de otra forma del prójimo”, suele generar
angustia e incluso temor en los sujetos, por lo cual,
resulta mucho más reconfortante confirmar las similitudes que reconocer las diferencias entre uno
y el mundo. Esto explica en parte una aparente
contradicción entre el objetivo comunitario explícito de comunicarse y trabar amistad con personas
de lugares distantes y de culturas diferentes y las
prácticas efectivas de interacción donde se sugiere
más bien la tendencia – si no a la cancelación – a la
neutralización de los indicios de diversidad (culturales, regionales, dialectales, etc.).
La misma lógica que sostiene la cualidad universal de los “sentimientos humanos” favorecería una
suspensión imaginaria de las diferencias.
En las normativas de las comunidades virtuales
puede percibirse la discordancia entre una imagen
disfórica de lo público social (como exterioridad
antagónica) y otra imagen en cambio idílica de
lo público comunitario (como interioridad apaciguada). El rechazo por la discusión trasciende
cualquier tipo de consideración respecto del motivo o el tema específico de la disidencia, o de su
mayor o menor relevancia. Sin embargo, basta una
exploración no demasiado minuciosa por el universo de las comunidades virtuales, para advertir
que éstas constituyen un espacio extrañamente
propicio para el estallido periódico de insólitas
controversias a partir de minúsculos malentendidos (frecuentes por que el medio los favorece),
deducciones erróneas, ínfimas sospechas, agravios
inadvertidos, etc.
Estas comunidades, en efecto, parecen adolecer
de cierta fragilidad intrínseca, como si estuvieran
siempre acechadas por la amenaza de una ruptura
que desembocaría en la suspensión o en la definitiva extinción del colectivo. Imagen insidiosa de
pérdida o de cesación del vínculo que podría atribuirse tal vez a la arbitrariedad que está en el origen de estos colectivos de identidad inventada y, en
segundo lugar, a su carácter abierto que permite
el libre acceso y la incorporación permanente de
nuevos miembros con los efectos desequilibrantes
que ello supone.
Por lo que concierne a la última cláusula de la
normativa antes citada, que excluye los “problemas personales” de la conversación comunitaria,
podría pensarse que esta norma apunta a evitar los
contenidos y la clase de vínculos tradicionalmente
asignados al espacio íntimo. Dibuja también en el
reverso la figura idealizada de los moradores comunitarios como espíritus diáfanos, seres límbicos felizmente aligerados de todos los pesares de
esa otra escena llamada la “vida real”.
3. Un fantasma ronda las comunidades virtuales:
es la política – más que la pornografía - el objeto
interdicto por excelencia. Probablemente la exclusión de todo tipo de “polémicas, pleitos y debates”
apunta particularmente a impedir la intromisión
de lo político, percibido como un factor de discordia y disolución que se infiltraría de manera encubierta y por vías insospechadas. La discusión política sería la escena ominosa de la vida comunitaria:
la catástrofe temida... y aparentemente inevitable
en la medida en que resulta efectivamente inimaginable una práctica conversacional sin tópicos
predefinidos, que logre omitir por completo toda
referencia a la actualidad – en su dimensión pública, como representación colectiva – de por sí nece-
sariamente presente y entretejida en las pláticas y
en las vivencias de los sujetos en su vida cotidiana.
El ideal imaginado por las normativas comunitarias sería el de una palabra intercambiada fuera del
tiempo de la vida social, sin más acontecimientos
que aquellos que se generan entre los muros virtuales del impasible espacio comunitario.
Se evidencia así una suerte de tensión paradójica entre, por un lado la declarada voluntad de
apertura y de libre acceso (que es uno de los rasgos
distintivos de este tipo de comunidades) y, por el
Los reglamentos que establecen
expresamente las formas legítimas de
participación en las conversaciones virtuales
son también reveladores de este
proceso de reconfiguraciones.
otro, la expresa exclusión de los tópicos y géneros
clásicos de la esfera pública: la política, la argumentación, la polémica. Como ya se ha sugerido,
estas restricciones tienen también como efecto la
tendencial marginación de los acontecimientos de
actualidad- tanto locales como internacionales que de todos modos, suelen filtrarse en la extraña
cotidianeidad destemporalizada – también deshistorizada - de las conversaciones virtuales.
En cambio, el calendario comunitario asigna particular relevancia a las celebraciones de la
vida familiar y privada: los cumpleaños de los
“miembros activos”, por ejemplo, son ocasión de
escrupulosos y entusiastas rituales de salutación,
apelando a todas los recursos visuales y sonoros
que ofrece la tecnología tal vez para compensar
la ausencia del cuerpo, del contacto y por tanto
de las expresiones físicas de afecto. También son
ocasión de festejo el día de la Madre, del Padre, del
Amigo, de San Valentín y, naturalmente, el día de
Muertos, las Pascuas, la Navidad, las celebraciones
de Año Nuevo, el día de Reyes, etc.
31
A través de este calendario se puede entrever
la particular composición de esta franja ambigua
– ni pública ni privada - donde “tendría lugar” la
experiencia y el vínculo comunitarios.
Entre las conmemoraciones comunitarias internas o “privadas” parecen tener particular relevancia aquellas que conciernen a la identidad misma
del colectivo y por tanto a una presunta instancia
En el contexto de estas mutaciones
de lo público y lo privado en las
prácticas de las comunidades virtuales
resulta decisiva la incidencia de un
singular régimen de anonimato.
32
fundacional. La institución de un mito identitario
o, para recuperar el concepto acuñado por Hobsbawn (2002), el trabajo de “invención de una
tradición”, implica en estas comunidades - por
lo general de poca antigüedad y por tanta breve
historia – la recuperación retrospectiva de pequeños episodios “inaugurales”, el establecimiento de
cronologías, el reconocimiento y la legitimación
de los fundadores, la evocación de los miembros
ausentes, la compilación de una suerte de anecdotario: en suma, una serie de estrategias identitarias
orientadas a establecer la Memoria o el Archivo de
la comunidad.
4. En el contexto de estas mutaciones de lo público y lo privado en las prácticas de las comunidades virtuales resulta decisiva la incidencia de un
singular régimen de anonimato, tal vez no homologable con las formas establecidas de borramien3 Aquí no haremos referencia al carácter relativo y parcial del anonimato en Internet. Ya se sabe que no existe el anonimato absoluto y
que los datos de los internautas pueden ser rastreados por diversos
métodos. Estos aspectos están claramente expuestos en Mayans i
Planells, J. ( 2000), pero en este trabajo abordamos otro orden
de consideraciones.
to o enmascaramiento del nombre propio en la
escritura. En principio porque en estas comunidades la adopción de uno o varios seudónimos es
- si no obligatoria - cuando menos de orden contractual y, además, porque se trata de una condición recíproca y general entre los participantes
del juego conversacional. Esta es, evidentemente,
otra variable que problematiza la polaridad de lo
público y lo privado porque hace surgir el interrogante sobre los efectos de la sustracción del
nombre propio en la instancia de apropiación de
la palabra. Un enunciado sin firma o bajo seudónimo, aun cuando circule en un espacio colectivo
de libre acceso, – como lo son las comunidades
que aquí se analizan – pierde su calidad pública y
probablemente su fuerza perlocutiva, pero no por
ello pasa a inscribirse en la esfera de lo privado: lo
que ocurre es que no se ajusta a los términos de
esa oposición binaria.
Pero es fundamental considerar que la adopción
de seudónimos es condición básica del juego, casi
un requisito, y que por tanto se trata de un uso
lúdico del anonimato. El vacío que libra el nombre
propio suele ser ocupado por otra u otras voces,
“personajes” con diferentes grados de estabilidad
y de consistencia ficcional, cuya proximidad o
distancia respecto del sujeto que los pone en la
escena del discurso resulta indiscernible para los
otros participantes en el juego, aún más para un
eventual observador e incluso para el sujeto mismo. Depende del “material” imaginario que se
juega y se invierte en la auto-asignación de seudónimos.
Si la pregunta por el quién de la enunciación no
suele ser por lo general de respuesta inmediata ni
unívoca, en estos juegos de escritura se torna particularmente complicada porque la interacción
se desarrolla sobre la base de una incertidumbre
refrendada por el colectivo y que impregna todos
los actos de habla. Entre el anonimato y la seudonimia se instituye un dispositivo de enunciación
complejo puesto que si la auto-atribución de otro
nombre ofrece la opción de otra modalidad de
decir a través de la representación de un personaje
fantaseado (o varios) esto no implica la completa
cancelación de ese otro sujeto que escribiría “en
nombre propio” y cuyos eventuales deslizamientos al lugar de la enunciación no son del orden de
lo empíricamente observable. No se trata precisamente de un desdoblamiento, sino más bien de
un proceso de devenir-otro(s) en el acto de la escritura, movimiento que supone, más que la conversión entre dos polos, una tensión dialógica y
dispersiva que atraviesa los enunciados.
Los aspectos señalados cobran una incidencia
decisiva cuando se considera las dimensiones
ética y política necesariamente involucradas en
estas prácticas (como en todo ejercicio público
de apropiación e intercambio de la palabra). El
pacto lúdico, que contempla el uso legítimo de
la seudonimia, tiene sensibles efectos a nivel de
la “condición de sinceridad “de los actos de habla
(Searle, 1980), pero en razón del contrato lúdico
y de las operaciones admitidas de ficcionalización
este “infortunio” no implica de por sí – aunque
pueda dar lugar a ello - un salvoconducto para la
mentira, el engaño, la impostura o el fraude”. Las
conversaciones en las comunidades virtuales pertenecerían de manera preponderante al campo de
las experiencias lúdicas con el lenguaje, ocasiones
donde las personas se reúnen “simplemente para
hablar, para jugar con las palabras” y el diálogo
transcurre en un estado de “divagación mental,
de bricolage imaginario”, según un régimen de
“semificción” similar al que caracteriza para Duvignaud (1982, p. 28 - 29) la modalidad enunciativa de las conversaciones “errantes”.
5. Ahora bien, cuando por diversas razones la
conversación asume un giro reflexivo, la cuestión
del anonimato y la seudonimia puede convertirse
en un tópico conflictivo que haga visibles las implicaciones éticas y políticas que el contexto lúdico tiende a opacar. Las controversias en relación
con los usos legítimos o espurios del anonimato,
su alcance, sus límites, reinstauran en un nuevo
campo problemático la clásica disyuntiva ética
entre responsabilidad y libertad.
Para concluir dando lugar a algunas de las voces anónimas que alimentan la corriente conversacional, citaré algunos fragmentos de una discusión sobre el uso de seudónimos, probablemente
ya suprimida del espacio virtual. Los dichos y los
entredichos, los malentendidos y las fabulaciones,
los argumentos y las fantasías, que nutren esta
polémica constituyen, un material testimonial de
gran interés para captar, entre otros aspectos, las
auto-representaciones de los moradores de la red
sobre su excéntrica e inusitada condición en el
espacio virtual:
Apertura:
“El acto con el cual un usuario de la red elige
su propio seudónimo es un acto de libertad: así
él puede afirmar la voluntad de asociar su pensamiento a un signo libremente elegido. Es un acto
de libertad y de manera alguna un abjuración de
la propia identidad. Se trata de valorar las palabras escritas y su significado, no el nombre de
quien las escribe”.
Primera réplica:
“Uno piensa que se elige un seudónimo para
huir de las propias responsabilidad y en cambio
no hay mejor manera de decir: soy justamente yo
quien hizo esto. Incluso con el nombre que me
elegí. Por mi cuenta. Además imagino que mi
nickname es un nombre de batalla: me siento ya
un guerrillero... con el peso de un alter ego que
Por supuesto, ese “otro sujeto” de enunciación tampoco
5 Se ha alterado el idioma original en que esa discusión se produjo.
coincide con la figura de un autor, un locutor empírico o un
Los nombres propios no se consignan, y los seudónimos han sido
“emisor del mensaje”
expresamente cancelados
33
me desafía a luchar por lo que creo. No es represión ni proyección. Y tampoco es poca cosa”.
Segunda réplica:
“Una persona aparece en Internet (...) sin su
nombre propio por diversos motivos: para disfrutar de un período de “exposición protegida”,
por instinto de defensa frente a una comunidad
ya desarrollada y cuyos mecanismos de “recepción social” no conoce bien; porque es un acto de
libertad que se burla de lo absoluto (...); porque
le gusta verse también desde afuera: la ficción de
constituirse al menos inconscientemente en otro
de sí y de enriquecer la experiencia con un elemento de juego fundamental para la existencia;
porque su nombre le da asco; porque no tiene un
nombre o porque ya no se lo acuerda...”
34
Tercera réplica:
“¿Aceptarías un cheque firmado por un nickname? ¿Tomarías en serio una solicitada contra
la tortura, la pena de muerte, etc., firmada por un
nickname? Mientras la red continué con la práctica de la seudonímia, seguirá siendo un jardín de
infantes y no habrá polémica ni efectividad en la
polis. Sigan divirtiéndose”.
Cuarta réplica:
“Nuestra presencia permite cumplir actos lingüísticos... Son cosas hechas con las palabras.
Promesas, insultos, órdenes, etc. En la red, y en
general en la escritura, es necesario un vínculo
para unir el nombre con la persona que garantiza
la factibilidad de un acto lingüístico”.
Quinta réplica:
“Si todos nosotros somos personajes, si en
la interacción vivimos detrás de máscaras, si el
nombre nos lo impone el poder, los padres faltos
de fantasía, la tradición histórica... etc. son todas
cuestiones interesantes. (Pero aquí. Yo estoy considerando el nombre como una posibilidad de
acción y no como una castración o una impostura o una institución sin fundamento). Gracias
a su nombre el ser humano tiene la posibilidad
de cumplir acciones en el lenguaje. El nombre es
presencia simbólica del sujeto ético en la escritura. Para mí estas son cosas importantes, que permitirían por ejemplo que la red se convirtiese en
un lugar políticamente importante...”
Sexta réplica:
“Usted considera que en esta situación alguien
pueda asumir actitudes irresponsables. Y es verdad. Este es el riesgo de la libertad. Entonces Ud.
propone ligar a la persona con su identidad “real”.
Es decir, reconstruir ese mismo “control social”
que vivimos en la vida cotidiana...”
Séptima réplica:
“En el lenguaje hablado, en la interacción,
nuestros compromisos, nuestras declaraciones
de amor, nuestros reclamos de justicia y todos los
otros actos lingüísticos están garantizados por
nuestra presencia. Pero en la escritura, sobretodo
en la red, un medio que permite mil enmascaramiento y proliferaciones de identidades ficcionales, el nombre propio puede ser un medio maravilloso para dar peso ético y político a nuestras
palabras, para convertirlas de simples enunciados
en auténticos actos de lenguaje...”
Ultima intervención:
“...El nombre a veces es un peso... ¿mi respuesta
hubiera sido diferente si la hubiese escrito con mi
nombre propio y no bajo seudónimo? No lo sé,
de verdad, no lo sé... “
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE CERTEAU. La invención de lo cotidiano, México: Universidad
net/archivo/articulo.php?art=28
Iberoamericana, 1999.
_____________. El ciberespacio, un nuevo espacio público para el de-
DUVIGNAUD, J. El juego del juego, Santa Fe de Bogotá: Fondo de
sarrollo de la identidad local. Conferencia inaugural del III Encuentro
Cultura Económica, 2ª ed., 1982.
de Telecentros y Redes de Telecentros, Peñafiel, Valladolid, octubre de
HOBSBAWM, E. La invención de la tradición, Barcelona: Editorial
2003. Disponible en el ARCHIVO del Observatorio para la CiberSo-
Crítica, 2002
ciedad en http://www.cibersociedad.net/archivo/articulo.php?art=158
LEVY, P. ¿Qué es lo virtual?, Barcelona: Paidós, 1999.
SEARLE, J. Actos de habla, Madrid: Visor, 1980.
MAYANS I PLANELLS, J. Anonimato: el tesoro del internauta. In: Re-
SENNETT, R. Vida urbana e identidad personal, Barcelona: Ed.
vista iWorld (Octubre, 2000), pp. 52-59. Disponible en el ARCHIVO
Península, 1975.
del Observatorio para la CiberSociedad en http://www.cibersociedad.
SERRES, M. Atlas, Madrid: Cátedra, 1995.
35
EL CONSUMO DE INFORMACIÓN
PERIODISTICA COMO TRABAJO
SOCIAL EN LA ECONOMÍA DE LAS
REPRESENTACIONES DIGITALES
1
Margarethe Born Steinberger
Profesora Asociada de Ciencias Sociales Aplicadas,
Doctora en Comunicación y Semiótica (PUC/SP) con
Mestrado en Linguística (PUC-Rio de Janeiro). Membro
del Consejo de Catedra Unesco/ Metodista de Comunicación Regional en America Latina, pesquisadora
asociada al Observatorio Brasileiro de Mídia, vinculado a Media Watch Global. Fundadora del Programa
de posgraduación en Comunicación Periodística de la
Pontificia Universidad Católica de São Paulo (PUC/SP).
Corresponsal de Folha de S.Paulo en Berlin, profesora
de Comunicación, Periodismo y Linguística de Freie
Universität Berlin. Se dedica a la investigación teórica
de discursos sociales en los medios de comunicación.
E-mail: [email protected]
36
S
Nueva versión de “Economía de las representaciónes y el periodista como consumidor de información”, trabajo presentado en el III Seminario de la ALAIC – ECA/USP 2005, Grupo de trabajo “Como democratizar los medios digitales”. La primera versión fue discutida en La
Plata, Argentina, durante el congreso de la Asociación de Investigadores de la Comunicación en América Latina (ALAIC), Grupo de trabajo
“Economía política de la comunicación”, 2004.
RESUMEN
Este texto propone un nuevo concepto de “consumo” de la información como una forma de trabajo simbólico social. Basado en una teoría del valor informacional – la economía de las representaciones de Steinberger (1998b);(2005), aborda el efecto social del consumo de bienes simbólicos
(Bourdieu), tomando como campo de investigación los discursos noticiosos. Asume que el valor
de un hecho periodístico se relaciona tanto con sus condiciones de producción, como con los
modos como es consumido y como circula en sociedad. La discusión revela que, en el mundo de
nuevas tecnologías, la historia y la memoria de los acontecimientos reproduzen de modo autoreflexo la propia historia de los modos de atribuir valor y consumir información periodística.
Palabras claveS: economía política, información, representaciones, periodismo.
ABSTRACT
In this text we explain how journalistic information can be received and consumed as a product of social symbolic achievement. With general theoretical support of a - political economy
of social representations presented in Steinberger (1998b) and (2005), the paper investigates
how Bourdieu’s concept of symbolic merchandise applies in social processes of reception and
consuming journalistic information. Assuming that news values depend on their particular
conditions of production, reception and diffusion, the final discussion points out that, in the
new media convergence framework, the narrative and memory of journalistic facts depend, in
an auto-reflexive way, on how they are socially consumed and to what exchange value system
they are taken as reference.
Key words: political economy; information; representations; journalism.
RESUMO
Este texto propõe um novo conceito de “consumo” da informação como forma de trabalho
simbólico social. Baseado numa teoria do valor informacional – a economia das representações de
Steinberger (1998b);(2005), aborda o efeito social do consumo de bens simbólicos (conceito de
Bourdieu), tomando como campo de investigação os discursos noticiosos. Assume que o valor
de um fato jornalístico relaciona-se tanto a suas condições de produção, como a suas condições
de consumo e de circulação em sociedade. A discussão teórica revela que, no mundo das novas
tecnologias, a história e a memória dos acontecimentos tende a reproduzir auto-reflexivamente a
história dos modos de atribuir valor à informação jornalística e seus modos sociais de consumo.
Palavras-chave: economia política, informação, representações, jornalismo.
37
38
1. Valor de la información periodística en el
mercado de bienes simbólicos
La información periodística tiene un valor simbólico desproporcionadamente alto con relación a
su valor de mercado. El sentido común dice que la
información televisiva y radiofónica es “gratuita”,
que los periódicos y revistas cuestan muy poco y
que se puede tener acceso a la Internet sin costo alguno. El valor de mercado de la información sería
irrisorio también porque hay poca demanda para
una imensa oferta.
Bourdieu (1997) ya mostró que no funciona
exactamente así, que existe un costo de la información que es asumido, por ejemplo, por los anunciantes, por el Estado o inclusive por la propia
sociedad. Esto depende de las políticas de comunicación adoptadas y del sistema implantado: público, privado, estatal, o una combinación mixta.
Talvez el ciudadano común reconozca algún valor en la información periodística cuando, antes
de salir de casa bien temprano, escucha en la radio
que los trenes están parados, o que los conductores de autobuses están en huelga. Con esto se ahorra el tener que salir de casa, lo cual tiene un valor.
El llamado “periodismo de servicio” en general es
más fácilmente identificado con la información de
utilidad pública y, por tanto, su valor se hace más
evidente para aquellos que la consumen.
No obstante, se ha investigado muy poco sobre
ese valor simbólico de la información periodística.
Ahora las nuevas tecnologias obligan a una nueva
mirada sobre lo que pasa con el consumo de información mismo en los medios tradicionales. Cuando el consumidor ve un noticiario en la televisión,
la información que “consume” no se agota allí. La
misma información producirá dividendos de sociabilidad si la utilizar en conversaciones con vecinos y amigos; dividendos económicos si la utilizar
como ejemplo ilustrativo en clases, conferencias,
artículos, libros y otras producciones intelectuales; dividendos políticos si la utiliza para reforzar
nuestra candidatura a un cargo público; dividen-
dos sociales si sirve para alertar a otros telespectadores sobre un problema grave de la comunidad;
dividendos institucionales si se observa una mejoría en la imagen de esta o aquella corporación.
La lista es interminable. La información periodística sigue el parámetro de la información cultural en general, esto es, no se agota en el consumo o, como diría Marx, en su valor de uso. Al ser
consumida genera un valor de cambio, o sea, al ser
convertida en otro tipo de bien que también esté
sujeto al cambio (por ejemplo, producción intelectual), nuevamente se transforma en mercancía.
Incluso si no pudiéramos establecer una relación directa entre una información singular y el
uso que le demos, la misma continuará valiendo,
sólo que de modo más difuso. Esto se debe a que,
por lo general, no consumimos la información
periodística con una intencionalidad previa, no
tenemos una percepción funcional o instrumental
de los noticiarios. Esa percepción cuando existe, si
acaso, es asociada a fines de entretenimiento. No
es por casualidad que los telediarios se encuentran cada vez más asociados al entretenimiento,
show y sensacionalismo.
¿Por qué buscamos portales de notícias o leemos
periódicos? ¿Por qué vemos los telediarios? ¿Por
qué escuchamos boletines informativos en la radio? Identificar el entretenimiento como respuesta es una posibilidad, si admitimos que el mismo
tiene un costo que también genera dividendos.
¿Usted se divirtió? Sí. Y la respuesta se agota ahí,
como si el tiempo de la diversión no dejase vestigio. El tiempo gastado con el noticiario no tiene
un valor prefijado, su valor parece ser estipulado
libremente por cada consumidor.
¿Cuántas veces soñamos con las imágenes que
vimos en la pantalla poco antes de dormir? Esta es
una pregunta provocadora, para hacer pensar sobre los vestigios que el consumo deja en nosotros,
inclusive de modo involuntario. Entonces, además
de que el consumo de noticias generalmente no se
encuentra vinculado a una intención, tampoco es
Ahora las nuevas tecnologias obligan a una nueva
mirada sobre lo que pasa con el consumo de información
mismo en los medios tradicionales.
identificado como un acto de voluntad. Está claro
que podemos buscar el ordenador para saber el
resultado del juego de fútbol que no pudimos ver,
pero no siempre es así.
Si fuera calculado en términos de las imágenes
que deposita en nuestra memoria, de las imágenes que permite evocar, de razonamientos, correlaciones e imaginaciones que permite construir,
el valor simbólico de la información periodística,
por consiguiente, sería mucho mayor del que comúnmente suponemos. En fin, en el caso de las
noticias, al contrario del sentido común, el consumo no agota la mercancía.
En la economía política marxista, el valor de
cambio de una mercancía está determinado por el
tiempo de trabajo necesario para producir dicha
mercancía, independientemente de quien la produzca y en cuales circunstancias. El concepto de
trabajo vinculado a la determinación del valor de
cambio es un “trabajo general, abstracto e igual”,
“borra la individualidad de los trabajadores” e ignora las diferencias cualitativas entre “extraer oro,
retirar el hierro de la mina, cultivar el trigo o tejer
la seda” (Marx, 1989, p. 37).
Marx admite que existen trabajos cualitativamente más complejos, pero todos deben poder
ser proporcionalmente reconvertidos al valor del
trabajo más simple, el trabajo manual: “El trabajo que crea el valor de cambio es igualmente indiferente a la forma particular del propio trabajo”. La única diferencia que admite entre valores
de cambio de grandezas diferentes es, por tanto,
cuantitativa.
En Steinberger (2005) mostramos que “los parámetros que orientan la diferenciación entre hecho
y noticia se encuentran directamente asociados a
sistemas de relevancia y pertinencia socialmente
determinados”. Así, en ese texto postulamos dos
tipos de lógica para entender los medios: la lógica
marxista y la lógica neoliberal. Para la primera, “es
la sobrevivencia material del hombre la que da la
última palabra en un mundo estructurado por los
deseos”. Para la segunda, los deseos son fabricados
y los signos pierden la “necesidad de contacto con
aquello que representan”.
En la concepción liberal, “el periodismo es visto
como actividad productora de información en un
sistema de compra-venta de informaciones regulado por el mercado”. El proceso de transformación
de la información en noticia (o en información
periodística) posee tres componentes básicos: la
fuerza de trabajo del periodista (potenciada por
la tecnología), la materia prima informacional y
la inversión de las empresas de comunicación.
“La garantía liberal del equilibrio entre los factores de producción proviene de la concepción
de la economía como sistema de interacciones
regulado por inclinaciones subjetivas individuales” (Steinberger, 1998, p. 38). O sea, el volumen
de oferta de información correspondería al volumen de las necesidades del consumidor. Existe lo
que llamamos “laissez-faire informacional”. En la
concepción marxista, las inclinaciones subjetivas
del individuo se someten al determinismo de la
armazón social. Así:
La economía de las representaciones es el sistema de referencias que orienta los principios
de relevancia y pertinencia responsables por la
constitución de la propia materia prima informacional (a partir de categorías de construcción
social del conocimiento) y por su potencialidad
de transformación en noticia (a partir de necesidades sociales y no individuales). (Steinberger,
op. cit.)
39
40
Si la transformación de la información en noticia responde a las necesidades sociales, la atribución de valor al noticiario “como entretenimiento”
no es tan libre como parece. En el texto citado, el
concepto de capital informacional está basado “en
la concepción de la información como medio de
generar otras formas de capital”, pudiendo ser usado como referencia de valor de uso o de valor de
cambio.
Como referencia de valor de cambio, el capital
informacional puede, por ejemplo, transformarse
en capital financiero cuando se tiene una información privilegiada sobre el valor de una acción del
mercado. Como referencia de valor de uso, el capital informacional es convertido en entretenimiento, utilidad pública. A pesar de esto vimos que ese
valor de uso puede ser reconvertido en valor de
cambio, o sea, en trabajo.
el hecho de que el trabajador se relacione con el
producto de su trabajo como un objeto ajeno (el
trabajo se convierte en objeto que se materializa
como mercancía), con el poder que le es independiente establece una relación de extrañamiento, de pérdida del objeto creado. El proceso
de constitución del mundo objetivo es, al mismo
tiempo, un proceso de alienación.
En el proceso de constitución del mundo objetivo, se produce un mundo no natural y hace
surgir una segunda naturaleza, una naturaleza
social “en la cual emerge el cambio” (Marx, op.
cit., p. 102-103)
2. Trabajo como referencia de valor en el
capitalismo informacional
También en Steinberger (2005, capítulo VI,
p.183-206) presentamos un modelo más amplio
de nuevos parámetros de evaluación de la calidad
de la información periodística en el ámbito del
capitalismo informacional. Analizamos algunas
transformaciones más significativas en los procesos de producción, circulación y consumo de la información periodística a partir de la expansión de
las nuevas tecnologías que dominaron las últimas
décadas del siglo XX.
En un mercado inundado de información, el
trabajo del periodista y el valor en trabajo de la
mercancía que produce –la noticia- pierden valor.
La diferencia entre el costo de producción del bien
para el trabajador y el costo de consumo (cuánto
el bien producido costaría para él en el mercado)
disminuye si el salario bajase, pero no disminuye
si el número de profesionales en el mercado fuera
reducido.
En ese contexto, se hace necesario crear nuevas
formas de distinguir y atribuir valor a la información. “Del punto de vista de la producción, el valor
de la información ya no se mide por el acceso (…),
sino por la confiabilidad”. Y: “La información de
mayor credibilidad es aquella que tiene el certificado de garantía de sus fuentes. Lo más importante no es lo que se informa, sino quien informa”.
Evaluar la información periodística requiere, por
tanto, evaluar sus fuentes. Steinberger (2007d)
presenta discusión más amplia del tema.
Por ejemplo, el uso de filtros sociales restrictivos al acceso, que crean diferencia entre categorías
de consumidores (como es el caso de la TV por
cable), la adopción de nuevos criterios de credibilidad de las fuentes de información, etc. Pero
evaluar la información periodística requiere “colocarse fuera del sistema que codifica y estructura
esa misma información”, esto es, mantenerse fuera
del sistema que “mediatiza” el pensamiento.
El problema no es específico de la información
periodística. Existe más información circulando en
el mundo de la que las sociedades pueden consumir. ¿Si usted fuera dueño de la Time Warner, qué
estrategias implementaría para mantener el valor
de su producto? Primero, tornaría su producto más
atractivo para una grupo mayor de consumidores;
segundo, invertiría en educación para ampliar el
número de consumidores potenciales; tercero,
invertiría en ciencia y tecnología para baratear la
producción y la distribución; cuarto, invertiría en
procedimientos para generar más informaciones
nuevas; quinto, trataría de inhibir a los otros productores de información.
En el contexto de las nuevas relaciones entre
capital y trabajo, el trabajo como referencia material de evaluación de la producción periodística necesita ser redimensionado. El acceso de las
fuentes al espacio público de los medios se realiza
a través de procedimientos variables. A los medios
llegan tanto los especialistas que construyeron su
competencia durante años de trabajo, como los
avatares de lo imprevisto, seleccionados al acaso o
por vías espurias y que, de un día para otro, pasan
a gozar de la credibilidad que los propios medios
les fabrican.
El valor de cambio de la información periodística se ve afectado por la “volatilidad informacional”, concepto presentado en Steinberger [1998b],
oriundo del mercado de capitales que, por analogía, se aplicó al campo de la producción periodística. Esto se refiere a las prácticas de desprendimiento de la noticia con relación al hecho, basadas en
la explotación sensacionalista de hechos comunes
convirtiéndolos en meganoticias para aumentar la
plusvalía. Se trata de una forma de capital informacional ficticio o volátil, con base precaria en la
realidad material. Requiere más imaginación que
investigación periodística.
El valor de cambio de la información periodística también puede no depender de un valor negociado con los patrocinadores, tomando como
referencia la calidad del producto periodístico
(telediario, programa de entrevistas, boletín de
noticias, etc). También puede no depender de una
negociación sobre el valor de cambio, solamente a
partir del valor de uso que la información tendrá
ante el público que la consume. La mercancía, en
ese caso, deja de ser la información para convertirse en la audiencia que consume la información.
El valor de una audiencia como mercancía se
mide por la calidad/cantidad de información que
puede tener valor durante un período de tiempo
determinado para esa audiencia. Entiéndase valor
de uso como capacidad de absorción de la información por el público, capacidad de fruición, o más
genéricamente, capacidad de uso de la información por el público – ya sea para transformarla en
conocimiento o capital cognitivo (uso formativo,
educacional), ya sea para transformarla en capital
de servicio (uso pragmático), o para convertirla en
capital de sociabilidad (uso como pretexto para
entablar conversación o aproximación social).
En el contexto de las nuevas relaciones entre
capital y trabajo, el trabajo como referencia
material de evaluación de la producción
periodística necesita ser redimensionado.
En el tiempo total de recepción – período en que
el usuario está conectado a un portal- se pueden
distinguir dos fases: el tiempo en que el consumidor está decidiendo si la información tendrá o no
potencial de valor de uso (que aún se llama zapping para la TV), y el tiempo en que el consumidor
ya tomó su decisión. La información periodística
pasa entonces a recibir una evaluación indirecta de
cualidad, en la cual es más importante la creación
de hábitos de consumo por sítios eligidos como de
preferencia. Con las nuevas tecnologias, los horarios para consumo son irrelevantes.
Desde luego, el hábito de consumo está vinculado a la calidad del conteúdo, aunque no necesariamente. Antes de la Internet, el consumo podría
relacionarse a la calidad de la programación, sino
también a la franja de horario más disponible
(horario noble nocturno) y a la vinculación del
producto periodístico a otro producto de gran
demanda por parte de público (telenovela, por
ejemplo). Un gran avanzo àquel tiempo fueron
equipos de televisión con recurso de ventana secundaria en la pantalla principal, para acompañar
dos programaciones simultáneamente. El acceso
simultaneo es un desafío cognitivo también para
41
los nuevos medios frente a nuestros limites mentales de procesamiento de las informaciónes.
No resulta difícil inferir que el valor de cambio
de la información periodística deja de ser hoy la
referencia para el proceso de creación de la plusvalía en los mercados de información midiática.
Existe una correlación entre el valor de cambio de
la información y la parcela de publicidad que cada
tipo de medios –digital, televisivo, impreso, radiofónico- acapara. En ese sentido, es más probable
que en la radio –medio que proporcionalmente
detenta la menor parcela del presupuesto disponible de anunciantes en Brasil - la información
periodística aún encuentre su valor de cambio
como referencia.
42
3. Reconversión del valor de cambio
de la información en valor de uso
La sustitución de la información por la audiencia como referencia de valor de cambio en la
industria periodística ha generado algunas consecuencias teóricas. La audiencia sólo puede ser
pensada como valor de cambio, no tiene valor de
uso separado de su valor de cambio. A menos que
se pueda sugerir un valor de uso para un producto
periodístico más experimental, por ejemplo, como
los periódicos-laboratorio practicados en escuelas
de Periodismo. Aun así, es una situación en que el
valor de uso no “expresa ninguna relación real de
producción” (Marx, 1989, p. 35).
En el primer modelo que presentamos en Steinberger (1998b), la información periodística tenía
un modo de existencia de doble faceta: como valor de cambio en la relación con los anunciantes,
y como valor de uso en la relación con lo público.
Ahora, con las nuevas tecnologias, buena parte de
la información periodística sufre una reducción
sustancial de su valor material de cambio y asume
apenas un valor de uso por parte de los consumidores. Se trata de un valor de uso con otra naturaleza, vinculado a capitales simbólicos –el capital
cognitivo, el capital de servicio y el capital de so-
ciabilidad, como hemos visto en la sección 1 .
Nos estamos refiriendo a un valor de uso establecido en el mundo de los bienes materiales que, en
el plano simbólico, se reconvierte en valor de cambio. La base de la reconversión es el presupuesto
de que tales capitales también se producen en una
relación de cambio –ahora de bienes simbólicos y
no materiales. Tememos aquí un ejemplo de como
se transportan valores de cambio del mundo de la
vida (Lebenswelt), esto es, del mundo de los bienes materiales, hacia el mundo de las representaciones, o sea, el mundo de los bienes simbólicos.
La historia de ese proceso comienza cuando la información periodística pierde su valor de cambio
por una mercancía de otra naturaleza –la instancia
que era responsable por su valor de uso-, que fue
la audiencia (TV).
La historia prosigue con la constatación de que
el valor de uso de la información periodística fue
preservado en un mundo fuera de las relaciones
de producción. ¿Qué mundo es ese? Es el mundo de las representaciones, el mundo de los valores simbólicos, donde también existen valores de
cambio y valores de uso, aunque en otro plano. La
historia llega a la constatación de que hay valores de uso que se convierten en valores de cambio
simbólico y que tales valores se encuentran, al final, en la base psíquica de nuestras necesidades, de
nuestros deseos.
En este mundo de intercambios simbólicos, la
información puede convertirse en confort, en alegría, placer, seguridad –valores de otro orden que,
en las clases burguesas (que ya dominan medios
de producción de bienes materiales) alcanzan el
status de valores de primera necesidad.
Tales valores no son simplemente de uso subjetivo: son valores de cambio porque están vinculados a imágenes en que conforto, alegría, placer
y seguridad son cambiados por prestigio social.
Tales imágenes son clusters de escenas, esquemas,
atmósferas que, en último análisis, sirven para
vender un estilo de vida (lifestyle) cuya calidad está
compuesta por bienes materiales: carros, casas,
cigarros, bebidas, incluso marcas de margarinas
para el desayuno.
Hoy las elites consumen más bienes simbólicos
que bienes materiales. Los bienes materiales son
simples representaciones de estados emocionales
a los cuales se vinculan a través de asociaciones
simbólicas. El consumo de bienes materiales no
sólo satisface necesidades materiales (valor de
uso), sino que se impone como valor de cambio:
de un lado, representaciones positivas, de otro,
nuevas recompensas en imagen, prestigio, status
–valores que atraen capitales nada simbólicos a
partir, por ejemplo, del acceso a círculos sociales
restringidos.
Los capitales cognitivos, de servicio y de sociabilidad se inscriben en una economía política de las
representaciones. Son representaciones del mundo (cognitivo), representaciones de caminos y estrategias para la vida cotidiana (servicio) y representaciones de comportamientos en las relaciones
humanas (sociabilidad). Así:
“En tanto valor de uso, la mercancía ejerce una
acción causal. El trigo, por ejemplo, funciona
como alimento (…) Esta acción de la mercancía, que apenas la transforma en valor de uso,
puede ser considerada su servicio, el servicio
que ella presta como valor de uso”. (Marx,
1989, p. 44)
Por otro lado, la categoría trabajo, que en la
teoría marxista sirve para medir el valor de cambio
de la mercancía, se reinserta aquí en dos momentos. En primer lugar, en el proceso de construcción
de las representaciones, que son el producto de un
trabajo del imaginario social sobre la base de un
bien informacional tipificado (construcción de un
lugar simbólico). En segundo lugar, en el proceso
de reconversión de las representaciones que aterrizan en bienes materiales tipificados a través de
operaciones comerciales de compra-venta (relleno
temporal del lugar simbólico construido).
El valor de cambio de la mercancía simbólica –
las representaciones- es establecido en un primer
momento par la conversión de una representación en otra representación; y en un segundo
momento para la arremetida de la representación
en un bien material tipificado. Este último también se inscribe en una economía de las representaciones en la medida en que un bien material
tipificado tiene también una poderosa carga de
embestida simbólica.
4. Consumo de información como
trabajo social
¿Cómo el trabajo se manifiesta en el valor de
cambio de los bienes simbólicos? ¿Podemos aquí
continuar adaptando la teoría marxista al espacio
de las representaciones y adoptar una concepción
cuantitativa de trabajo medido por tiempo? Según
Marx [op.cit.], “el tiempo de trabajo materializado
en los valores de uso de las mercancías es también
la sustancia que las convierte en valores de cambio, por lo tanto, en mercancías (…)”. Y también:
“Todos los valores de uso son equivalentes en la
medida en que contengan igual tiempo de trabajo
empleado, materializado.” (1989, p. 44)
La medición del trabajo como criterio para establecer valores de cambio entre bienes simbólicos se realiza a través de la evaluación del grado de
autonomía de las representaciones: mientras más
mediaciones, más trabajo invertido en la construcción de las representaciones, mayor su valor
de cambio; mientras menos mediaciones, menos
trabajo simbólico, menor valor de cambio.
Ya no se trata de las horas de trabajo necesarias
para producir un bien, sino del trabajo necesario
para consumirlo. Sabemos que el consumo de los
bienes simbólicos requiere la mediación de códigos específicos que terminen por revelar al usufructuario cuál es su valor de uso (en la teoría
marxista, el valor de uso establece su vinculación
final con la naturaleza, la vida material, al paso que
el valor de cambio es estrictamente social).
43
¿Una información periodística que se revele hermética, oscura, incomprensible a primera vista podrá tener mayor valor de cambio que otra que sea
leída sin dificultad? No, al contrario. En una obra
de arte, la transparencia y la obviedad son defectos. En una información periodística, sin embargo,
es la medida de su claridad, precisión, economía,
la que la hará más fácilmente consumible.
Por tanto, mientras menos trabajo sea necesario
para su interpretación (consumo simbólico), mayor será su valor de cambio en el mercado periodístico, su poder de repase de un vehículo a otro,
Toda recepción es una forma de consumo
generada en el ámbito de una división
de trabajo entre productor y consumidor..
44
de un medio a otro. Su valor de cambio aumenta
en igual medida que su actualidad y su grado de
novedad para el sistema de referencia vigente ante
sus consumidores.
Mientras mayor es la autonomía interpretativa
de una información periodística, mayor es su valor
de cambio. Y al contrario, mientras más claves de
interpretación requiera, mientras más alusiones,
asociaciones, intertextos evoque, menor será su
valor de cambio. Lo simbólico es la resultante de
la síntesis de operaciones más simples y más cercanas de la base material. El lenguaje más cercano
de su base material es aquel que usa expresiones literales, que escapa de las mediaciones metafóricas
y se concentra en las metáforas ya cristalizadas en
literalidades. La carga de negociación de sentidos
es menor, predominan los sentidos de anuencia.
La construcción de las significaciones es una
forma de trabajo simbólico. En el plano individual, la conversión de lo vivido en experiencia
(conocimiento acumulado) se da a través del
trabajo. En el plano colectivo, el trabajo sobre lo
vivido genera sistemas de referencia que se explicitan en leyes, reglas, normas, instituciones, his-
toria, o que permanecen implícitos en habitus,
doxa, mitología, memoria social.
Toda relación de cambio, expresa Marx, implica
una división del trabajo. La actividad social es un
campo de trabajo a ser distribuido entre diferentes agentes que actúan unos sobre otros, generando relaciones y emociones. No existe la recepción
pasiva, toda recepción tiene lugar en una relación
de cambio, y en la perspectiva de la división social
del trabajo.
El trabajo es la principal riqueza, aunque para
que se configure una relación de trabajo se haga
necesaria la sustancia sobre la cual este opera. El
trabajo es forma, es la subsunción de lo vivido a las
categorías de la conciencia (en el plano individual)
y a las categorías de consenso (en el plano social).
Los medios periodísticos son un repositorio histórico-social de categorías de consenso.
Toda recepción es una forma de consumo generada en el ámbito de una división de trabajo
entre productor y consumidor. El consumo de la
información periodística es, por tanto, una manifestación de trabajo social en el plano simbólico.
La configuración y el cambio de representaciones
son una proyección de la configuración y del intercambio de informaciones del plano material.
El trabajo de consumo ejecutado por la audiencia o por el público de los medios periodísticos es
un trabajo simbólico. Ya el consumo de la propia
audiencia en el ámbito de las relaciones capitalistas de cambio no es trabajo simbólico. El valor de
cambio de una audiencia, sin embargo, es medido
a través de su perfil cualitativo y cuantitativo (incluyendo la medición del tiempo) –que, en última
instancia, es el resultado de un trabajo social conjunto realizado en el plano simbólico.
Al inicio de este artículo dijimos que el valor
de una audiencia como mercancía se mide por
la cualidad/cantidad de información que puede
tener valor de uso durante un período de tiempo
determinado para esa audiencia. Ahora podemos
decirlo de otro modo: el valor de cambio de los
accesos digitales es medido por la soma del trabajo social que cada consumidor realiza en el plano
simbólico.
Mientras menos sea el trabajo social, menos serán los filtros y mediaciones simbólicas, y mayor
el valor de cambio. Mientras más trabajo social, al
contrario, menor valor de cambio. Esa es la lógica
que explicaba la alta rentabilidad de programas de
auditorio y talk-shows en la televisión (audiencia
con alto valor de cambio) y la baja rentabilidad
de programas dedicados, por ejemplo, a la cultura
erudita (audiencia con bajo valor de cambio). La
WebTV trujo la microfísica del poder (Foucault) y
un nuevo modo de división del trabajo simbólico
en las comunicaciones.
Ahora el avance de las tecnologías de la comunicación posibilitó una nueva forma de pensar la
geopolítica de la información –la división de los
espacios de poder en el ámbito de la industria cultural, esto es, poderes de la producción, distribución y consumo de productos simbólicos, como
revela Steinberger (2003). En ese contexto, se crean
capas de audiencia potencial que sobrepasan las
fronteras nacionales. ¿Qué trabajo dividen? El trabajo simbólico (sociocognitivo), basado en la capacidad de operar niveles complejos de mediación
para convertir la información en conocimiento.
No obstante, se trata de mucho más que esto. El
principal trabajo simbólico que dividen es la construcción de un habitus político, concepto presentado en Bourdieu (1992) que se aplica à la división de poder sobre los medios de conversión de
la información en conocimiento. La división del
trabajo simbólico se traduce, al fin y al cabo, en
una división de poder. Si, como expresó Marx, no
existe intercambio sin división de trabajo, parece
aceptable pensar que el mundo material y el mundo simbólico son espacios de poder sujetos a una
división DE trabajo en el plano material, producida POR el propio trabajo en el plano simbólico.
Cf.discusión de las implicaciónes, por ejemplo, en
Steinberger (2007a); (2007c).
Resultan aún tradicionales en esa dimensión los
modos generales de división colectiva del poder y
de las competencias para atribuir usos a informaciones. Como parte de las necesidades humanas de
sociabilidad, las decisiones de consumo informacional dependen más que siempre de valores (consensuales) de cambio.
5. Los medios como referencia de
calidad y atribución de valor a su propio
producto (reflexividad)
Si la aparición de las nuevas tecnologías condujo la producción periodística al abaratamiento en
escala, también hizo con que grandes almacenamientos, abarrotados de información con actualización continua, estuviesen disponibles. Esto es
una ventaja relativa, si se considera el hecho de
que la información periodística es un producto altamente perecible, en función de su compromiso
con lo nuevo.
¿Pero qué novedad es esa, renovable de hora
en hora, con alucinante velocidad? (cf. Steinberger (2001, p. 175-5) sobre la hibridación cultural como efecto forzado de una demanda por lo
nuevo). La desconfianza de lo nuevo es un primer
paso para romper la circularidad epistemológica
de los medios. La conquista de la libertad comienza por el desprecio de la jerarquización arbitraria
que despeja los “principales sucesos del día”.
En el sistema de percepción periodística del
mundo, el almacenamiento del capital informacional solo interesa al consumidor a cortísimo
plazo, a excepción de contenidos específicos – de
ciencia, comportamiento, educación y salud, relacionados con lo que los periodistas llaman de
“textos fríos”, menos suscetibles a criterios de actualidad, tales como resultados de investigaciones
científicas, descubrimientos y avances tecnológicos, cuestiones ecológicas, etc. Ya en las áreas de
economía, deporte, política nacional e internacional, donde se asume un timing de los hechos
mucho más acelerado, el valor informacional se
45
46
deprecia muy rápido.
Los contenidos culturales, que generalmente
acompañan el lanzamiento de productos y donde
se trabaja con una agenda más previsible, quedan
a medio camino. La presión del tiempo de almacenamiento tiende a ser, a pesar de esto, cada vez
más irrelevante en ciertos tipos de periodismo
que parecen fabricar acontecimientos. En lugar
de andar tras los acontecimientos o desarrollar
competencia para preverlos, el periodismo digital
puede presentar formas de rarefacción noticiosa.
Para los conteúdos políticos, la producción
de informaciones a gran escala trujo sus consecuencias. En el afán de ganar mercados cada vez
mayores para conseguir filtrar la zafra noticiosa,
los conglomerados tradicionales optavan por un
periodismo políticamente indiferenciado, “pluralista y apartidario”, como defiendía Folha de S.
Paulo, de manera que satisfaga los gustos y tonalidades de cualquier segmento del público. “Estar
de manos atadas ante el lector” significa “estar de
manos atadas ante el mercado”, ofrecer al consumidor (y al mercado) la información que este desea/espera o, por lo menos, que reconozca como
deseable. Hoy ja se producen contenidos digitales
ideologicamente más segmentados
Si, como decía Marx, en la era industrial el valor del trabajador disminuye a medida que produce bienes, en la era informacional el valor del
periodista no disminuye a medida que un mayor
número de información es lanzada en el circuito
de los medios de comunicación. De hecho, ahora
la medición de la calidad ja no se encuentra basada en costos de producción de la información
ni en su rareza. Se trata de situar clusters de información en segmentos de interés muy precisos
que apunten relaciónes relevantes entre reds informacionales. Se trata ahora de un trabajo social de decìdir qué es una nueva información (o
nuevo empleo para la vieja información), cuándo
y para quién.
Otro criterio para atribución de calidad à la
información estuvo basado en el (falso) reconocimiento de que determinados géneros son automáticamente mejores que otros. Según tal concepción, el periodismo investigativo y los grandes
reportajes se erigen en baluartes de calidad. Ahora los ambientes digitales son campo y no vitrina
de investigaciónes periodísticas.
Un tercer criterio identificaba la calidad informacional con artificios gráficos y estilísticos invertidos en el embalaje del producto. Ese criterio
ja no se confunde con el primero, cuando la inversión estética en el embalaje es menos costosa
que la inversión directa en la diversidad del contenido informacional.
Huvo además un cuarto criterio, que condenaba a priori todo y cualquier tipo de reciclaje (por
ejemplo, adaptación y traducción de los medios
extranjeros). Tal procedimiento, por tradición
muy utilizado en los medios brasileños, es esencial en espacios digitales. Un quinto criterio, que
valorava la independencia de los temas frente al
agenda-setting masificado sigue muy importante,
así como la capacidad de agregar valor a la información, a través de contenidos interpretativos,
críticos y de opinión. Los blogs revelan modos
individuales y creativos de apropriación y uso de
la información.
Esos son criterios que se establecen en la lógica interna a los propios medios. Sabemos que
el flujo de información mantenió siempre una
relación arbitraria con el flujo de los hechos, o
sea, para rellenar el tiempo de las radios y televisiones, o las páginas de revistas y periódicos, no
es necesario esperar a que ocurran nuevos acontecimientos en el mundo de los hechos. Con sus
espacios infinitos y sin limitaciónes temporales,
las midias digitales no se lanzaron sin embargo a
una arbitrariedad más radical. Eso porque las demandas de sociabilidad exigen grados mínimos
de convergencia temática.
El producto mediático, que tenia un límite físico preestablecido en páginas o en minutos, con las
nuevas tecnologias pasa a tener la pantalla como
limite fisico y el tiempo (de comprensión y interpretación) por parte del consumidor como limite
cognitivo. La creación de eses límites no parte del
hecho obvio de que, en el vasto mundo en que vivimos, siempre estará aconteciendo algún nuevo
hecho. Si así fuera, el costo de la producción sería
inaccesible a cualquier empresa del mundo. Los
límites físicos de la producción mediática fueron
establecidos a partir de criterios de conveniencia (costo), y no de la determinación exterior del
volumen de sucesos. Ahora, hay también el limite cognitivo del volumen de accesos que un sólo
consumidor pueda aguantar.
Los medios pueden adoptar por lo menos tres
modos diferentes de lidiar con tales límites: primero, engendrar una red capaz de recoger informaciones más relevantes para cada consumidor;
segundo, desarrollar recursos de manipulación
capaces de fabricar una información desvincula-
da de los hechos y más basada en entretenimiento; tercero, invertir en su imagen ante el público,
llevándo el consumidor no sólo a “olvidar” sus
propios límites de interes y relevancia, como a
adoptar como suyos los intereses del veículo al
cual se fideliza.
Aunque sin un planeamiento evidente, la inversión de los medios ha recaído en la tercera
opción, invirtiendo en su propia imagen – en la
Web, la TV, la prensa o la radio. La convergencia
creciente de los medios hace más fuerte la tendencia de los géneros periodísticos a convertirse
en autorreflejos, al referirse cada vez más al mundo creado por los propios medios, sus personajes,
focos y encuadramientos. También por esas vías,
los medios tienden a convertirse en referencia
de su propio valor – limitando cada vez más la
libertad del consumidor reconocer sus propias
necesidades y buscarlas como fuentes de valores
(independientes) de uso informacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, Pierre. A Economia das trocas simbólicas, São Paulo:
Cortez Ed., 2005, 312p.
Perspectiva, 1992.
_____________. El Periodista como consumidor de información en
_____________. A Televisão, Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
la economía de las representaciónes digitales, Revista Internacional
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso, São Paulo: Loyola, 1996.
de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação
MARX. Karl. Contribuição para a crítica da economia política, São
(EPTIC On Line), v. VIII, jun-ago, 2006.
Paulo: Mandacaru, 1989.
_____________.Discours des médias et formation de l’opinion pub-
STEINBERGER, Margarethe. Desmidiatizar o pensamento: economia
lique brésilienne au sujet des affaires étrangères, trabalho apresentado
das representações e subdesenvolvimento informacional. São Paulo
no Colóquio Brasil-França Groupe de recherche sur les enjeux de la
em Perspectiva, Comunicação & Informação, revista da Fundação
communication (GRESEC), Université de Grenoble-Echirolles, 2007.
Seade vol. 12/n..4 out-dez, 1998, pp. 36-45.
_____________. Cognição social e o valor da informação de domínio
_____________. A ética do jornalismo latino-americano na geo-
público na economia de representações interculturais, trabalho
política da pós-modernidade, In: DOWBOR, L. Ianni, O. RESENDE,
apresentado no Congresso da Associação Nacional de Programas
P. & SILVA, H. (orgs.) Desafios da comunicação, São Paulo:Vozes, 2001
de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS), Univ. Tuiuti do
pp.179-188.
Paraná, Curitiba, junho 2007.
_____________. Economia das representações e valor da informação
_____________. Mercados de opinião pública numa economia
jornalística: consumo como trabalho. Disponible en: http://www.eca.
das representações digitais, trabalho apresentado no I Colóquio
usp.br/arquivos/ensaio4_c.htm>. Acceso en: 2004.
Bi-nacional Brasil-Argentina no Congresso da Socidedade Brasileira
_____________. Discursos geopolíticos da mídia: jornalismo e imag-
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Univ.
inário internacional na América Latina, São Paulo: Fapesp /Educ/
Católica, Santos, agosto 2007.
47
LA CONSTITUCIÓN CIENTÍFICA DEL CAMPO
ACADÉMICO DE LA COMUNICACIÓN. UN
ANÁLISIS COMPARATIVO MÉXICO-BRASIL
Raúl Fuentes Navarro
Es mexicano, licenciado y maestro en comunicación,
doctor en ciencias sociales. Miembro del Sistema
Nacional de Investigadores (nivel III) y de la Academia
Mexicana de Ciencias. Coordinador del doctorado en
estudios científico-sociales del ITESO. Ha participado
activamente durante más de veinticinco años en organizaciones académicas mexicanas y latinoamericanas
del campo de la comunicación, su especialidad como
docente son las teorías de la comunicación y como
investigador los procesos de institucionalización del
campo académico. Su libro más reciente es Instituciones
y redes académicas para el estudio de la comunicación
en América Latina (ITESO, 2006).
48
E-mail: [email protected]
RESUMEN
En este artículo se presentan y ponen en discusión las premisas y propósitos de un proyecto
de investigación que, a partir de la infraestructura ya instalada en cuanto a documentación
académica, pretende aportar algunos avances en la comprensión de los procesos de constitución científica del campo académico de la comunicación en América Latina mediante un
análisis comparativo de los usos de los recursos bibliográficos en las tesis de postgrado en
comunicación producidas en México y en Brasil entre 1996 y 2005.
Palabras claves: Campo académico, institucionalización, programas de postgrado, México, Brasil.
ABSTRACT
This article introduces and discusses the assumptions and aims of a research project carried
out by the author. The project, based on established academic documentation in Mexico
and Brazil, seeks to contribute to the understanding of the processes of scientific constitution of the academic field in Latin America, by conducting comparative analysis of the use
of bibliographic resources in graduate dissertations in the field of Communications produced in Mexico and Brazil between 1996 and 2005.
Keywords: Academic field, institutionalization, graduate programs, Mexico, Brazil.
RESUMO
Este artigo discute as premissas e os propósitos de um projeto de pesquisa desenvolvido
pelo autor. Com base em documentação acadêmica, este projeto busca comprender os processos de constituição científica do campo acadêmico da comunicação na América Latina
por meio de um estudo comparativo sobre a utilização dos recursos bibliográficos utilizados
em teses de pós-graduação de México e Brasil, entre 1996 e 2005.
Palavras-chave: Campo acadêmico, institucionalização, programas de pós-graduação,
México, Brasil
49
La constitución científica del campo
académico de la Comunicación. Un análisis
comparativo México-Brasil.
Desde muy diversos ángulos, el análisis de las
condiciones, de las orientaciones y de las tendencias del campo académico de la Comunicación
ha acompañado constantemente el desarrollo de
la producción científica de este campo, tanto en
América Latina como en otras regiones del mundo. Pareciera que la investigación quedara incompleta o no tuviera el suficiente fundamento si no
estuviera acompañada por la meta-investigación,
la investigación sobre la investigación. Algunos
académicos hemos dedicado una porción considerable de nuestro esfuerzo, a lo largo de los años,
a trabajar ese plano, o más precisamente, las articulaciones entre la investigación y la meta-investigación de la comunicación (León, 2006).
50
En el más reciente Congreso de la ALAIC, realizado en São Leopoldo, RS, Brasil, en julio de 2006,
intenté sintetizar al inicio de mi ponencia en el GT
de Teorías y Metodologías de Investigación de la
Comunicación (Fuentes, 2006), el sentido de mi
propia perspectiva sobre el fortalecimiento de las
acciones auto-reflexivas en este campo:
No puede quedar duda, hoy en día, de que una
recuperación histórica de la investigación latinoamericana sobre la comunicación (Fuentes, 1999),
una discusión productiva de sus condiciones
(Fuentes, 1998b; 2002) y de las perspectivas con
las que pueden enfrentarse los retos que imponen
las transformaciones económicas, políticas y culturales globales en proceso, requieren el desarrollo
de acciones estratégicas de diversos tipos y niveles,
que comienzan por un aspecto básico, infraestructural de la investigación: los sistemas y servicios de
documentación (Fuentes, 1992).
En otros textos (Fuentes, 2004a; 2005), han quedado suficientemente expuestas mis propuestas de
trabajo sobre la documentación de la investigación mexicana sobre la comunicación, y los productos principales de una trayectoria ya larga en
este plano (Fuentes, 1988; 1996; 2003), incluyendo
el proyecto del que surgió la biblioteca virtual ccdoc [http://ccdoc.iteso.mx], disponible en Internet
desde octubre de 2003 (Fuentes, 2004b). En este
artículo se trata de difundir y poner en discusión
las premisas y propósitos de un proyecto de investigación que, a partir de la infraestructura ya
instalada en cuanto a documentación académica,
pretende aportar algunos avances en la comprensión de los procesos de constitución científica del
campo académico de la comunicación en América Latina mediante un análisis comparativo de los
usos de los recursos bibliográficos en las tesis de
postgrado en comunicación producidas en México y en Brasil entre 1996 y 2005.
El más amplio y sistemático esfuerzo antecedente es el proyecto realizado a partir de 1988 por
académicos mexicanos y brasileños convocados
respectivamente por el Consejo Nacional para la
Enseñanza y la Investigación de las Ciencias de la
Comunicación (CONEICC) y la Sociedad Brasileña de Estudios Interdisciplinarios de la Comunicación (INTERCOM). El proyecto emprendido
entonces, a iniciativa de José Marques de Melo, Es-
2 Los principales recursos de documentación electrónica dis1 En Estados Unidos la producción de análisis de este tipo es
ponibles para este proyecto son, para México, la biblioteca virtual
permanente. Ejemplos recientes, publicados en el Journal of Com-
ccdoc [http://ccdoc.iteso.mx], y para Brasil, el portal de la produc-
munication, son los de Anderson & Baym (2004), Bryant & Miron
ción científica en comunicación (en lengua portuguesa) PORTCOM
(2004), Berger (2005), Lauf (2005), Walther, Gay & Hancock (2005)
[http://www.portcom.intercom.org.br], así como los diversos
o los discursos presidenciales de Putnam (2001), Bryant (2004) y
proyectos que impulsa la INTERCOM en el área de documentación
Donsbach (2006), entre muchos otros.
(Ferreira, 2001; Noronha e Ferreira, 2000).
El análisis comparativo puede ayudar a dimensionar y a
interpretar con mayor precisión las condiciones generales de
desarrollo de especialidades y vínculos del campo.
tudio comparativo de los sistemas de comunicación
en Brasil y en México, involucró a diez investigadores de cada país y generó tres coloquios binacionales entre 1988 y 1992, donde se avanzó de muchas maneras en la colaboración y el intercambio
de saberes, el reconocimiento de las similitudes y
diferencias en los sistemas de comunicación y en
su estudio entre ambos países, el ejercicio de la
investigación comparada y el establecimiento de
vínculos personales e institucionales que han incrementado sustancialmente los contactos entre
académicos brasileños y mexicanos, en uno y otro
país, y en los foros internacionales, como el de la
Asociación Latinoamericana de Investigadores de
la Comunicación (ALAIC), cuya reconstitución
en 1989 fue promovida conjuntamente por brasileños y mexicanos.
Como parte de ese proyecto, Raúl Fuentes Navarro y María Immacolata Vassallo de Lopes analizamos los “subsistemas” de investigación de la
comunicación de los respectivos países, a partir
en primer término de una recuperación sistemática de los estudios realizados como investigación
sobre la investigación, y una descripción del “trayecto histórico y el estado actual de la práctica social de la investigación de la comunicación”, que
dio pie a varias publicaciones, especialmente en el
caso mexicano el libro La comunidad desapercibida. Investigación e investigadores de la comunicación en México (Fuentes, 1991) y un artículo con
un primer análisis comparativo con Brasil, que se
publicó en ambos países (Fuentes, 1994a y 1994b).
La colaboración académica iniciada entonces, ha
continuado en los años subsiguientes, incluyendo
la edición de un libro coordinado conjuntamente
(Vassallo y Fuentes, comps. 2001), sobre la Comunicación, campo y objeto de estudio.
La convergencia de intereses académicos y las
múltiples relaciones construidas y mantenidas
durante más de tres lustros entre investigadores
mexicanos y brasileños de la comunicación permiten sostener por una parte la pertinencia, y por
otra la viabilidad, de un nuevo análisis comparativo (y en varios sentidos colaborativo) sobre la
constitución científica del campo académico de
la Comunicación en México y en Brasil. Porque
es indudable el crecimiento institucional de los
estudios universitarios sobre la comunicación en
ambos países (cada uno con más de 300 programas de licenciatura-bacharelado y más de 30 de
postgrado en el área), pero también la creciente
necesidad de cuestionar los fundamentos teóricometodológicos y epistemológicos sobre los que se
han desarrollado esos programas. Al igual que en
México y en cualquier otro lugar donde se cultive,
el desarrollo del campo académico de la comunicación en Brasil sigue una ruta curiosa, en la
que persiste, hasta hoy, una visión que privilegia
la práctica, las habilidades y las técnicas, y que
considera a la comunicación, indirectamente,
como no disciplinaria. Es como si el pregrado en
comunicación se localizara entre las ciencias sociales aplicadas y el postgrado dentro de las ciencias humanas y sociales (Capparelli y Stumpf,
2001, p. 65).
En el contexto de la reestructuración de las instancias de producción académica, en el mundo
y en los países latinoamericanos, tanto en lo que
respecta a las condiciones de la investigación científica como en cuanto a las de la educación superior (y su articulación más directa: la formación
de investigadores en los postgrados), sujetas a una
doble dinámica de cambio (por un lado el merca-
51
52
do y por otro las políticas públicas), que exige mayor eficiencia y productividad, es indispensable el
auto-reconocimiento de las “fortalezas” y “debilidades” de los campos especializados, para dar mayor sustento y solidez a la evaluación y para contar
con mejores recursos intelectuales para la toma de
decisiones de reorientación o reforzamiento de
tendencias. De ahí la conveniencia de considerar
articuladamente las dimensiones de institucionalización, profesionalización y legitimación del
campo académico (Fuentes, 1998a), lo cual implica, en otros términos, su “identidad”:
Esa cuestión de la identidad o la autonomía de la
comunicación en cuanto campo –o sobre sus interfaces con otras disciplinas- es siempre actual,
en un área considerada nueva y multidisciplinaria. Hay quien propone que no se considere a
la comunicación como una ciencia o una disciplina, dado que no tiene principios explicativos
propios, siguiendo modelos teóricos prestados
de otras disciplinas. Hay también aquellos que
aceptan la existencia de una disciplina llamada
comunicación, si bien señalan su ausencia de
autonomía como campo de conocimiento (Capparelli y Stumpf, 2001, p. 63-64).
el mejor parámetro para el reconocimiento propuesto de las tendencias epistemológicas, teóricas
y metodológicas articuladas con esa estructura.
El objetivo general del proyecto, que tiene un
plazo de realización de tres años (2005-2008) y
apoyo del Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACyT) es “analizar comparativamente
la constitución de redes científicas y núcleos de
especialización, mediante la identificación de convergencias temático-referenciales y teórico-metodológicas en las tesis de postgrado, en el contexto
de los procesos de institucionalización, profesionalización y legitimación del campo académico de
la Comunicación en México y en Brasil.
Se ha elegido centrar el análisis en las tesis de
postgrado, a partir del supuesto de que en ellas
se explicitan las fuentes bibliográficas y los procedimientos metódicos de una manera más rigurosa
3 Si bien el debate sobre la legitimidad intelectual de los estudios
sobre la comunicación, que expresa en buena medida la lucha por
la legitimación de ciertas perspectivas y la consecuente deslegitimación de otras en función de un poder diferencialmente construido y distribuido, ha tenido como escenario principal al sistema
académico estadounidense, sus manifestaciones en otros espacios
geopolíticos son también muy pertinentes. En América Latina esta
Por ello también es clara, dentro de ese contexto,
la conveniencia de sustentar en el análisis empírico sistemático las condiciones y tendencias de desarrollo sobre los campos académicos, que como
espacios sociales para múltiples prácticas y proyectos divergentes, suelen estar más determinados
por factores de poder extra-académico que por la
propia racionalidad académica y científica (Bourdieu, 1988; 2000). Igualmente, el análisis comparativo puede ayudar a dimensionar y a interpretar
con mayor precisión las condiciones generales de
desarrollo de especialidades y vínculos del campo.
En el caso de los estudios sobre la comunicación,
la estructura institucional brasileña, más avanzada
que la mexicana pero de condiciones comparables
en el ámbito latinoamericano, es probablemente
problematización tiene múltiples, aunque insuficientes, desarrollos.
Quizá el esfuerzo más sistemático en la región se esté realizando
en Brasil, en correspondencia con los procesos de crecimiento,
fortalecimiento y acreditación de los programas de posgrado. Una
muestra de ello puede encontrarse en el libro Epistemologia da
Comunicação, coordinado por Vassallo de Lopes (2003a) a partir de
un seminario convocado por la Asoci
4 Es decir, de los productos formales de investigación sustentados
para la obtención de los grados académicos de Maestría (Mestrado)
y Doctorado (Doutorado) en programas de Comunicación. Desde
aquí son necesarias las aclaraciones comparativas entre México y
Brasil, pues la institucionalidad brasileña distingue los posgrados
(Pós-graduação) Stricto sensu (orientados a la formación científica) de los posgrados Lato sensu (para la especialización profesional). Se trabajará con los primeros. Asímismo, los productos, que en
México se reconocen como “tesis” indistintamente en las maestrías
y los doctorados, en Brasil son denominados “teses” de doctorado y
“dissertações” de maestría (inversamente a los usos terminológicos
anglosajones). ación Nacional de Programas de Posgrado en Comunicación (COMPÓS) y la ECA de la Universidad de São Paulo.
que en otros productos de la investigación académica, además de que representan la instancia fundamental de objetivación de los procesos de reproducción y renovación de un campo académico. No
obstante, la información generada en el análisis
de las tesis deberá ser “cruzada” con información
proveniente de análisis de otras fuentes (libros, revistas, programas) para poder ser debidamente interpretada y contextualizada, sobre todo en la fase
comparativa internacional. Será especialmente
interesante observar las correspondencias que
pueda haber entre la definición institucional de
las especialidades de investigación y la referencia a
“cuerpos” de conocimiento objetivados bibliográficamente (y a través de esta objetivación, a distinciones epistemológicas, teóricas y metodológicas).
De esta manera, hipotéticamente, podrá disponerse de mejores elementos de reconocimiento de las
pautas concretas de constitución “disciplinaria” o
“transdisciplinaria” de los estudios sobre la comunicación en estos países.
Para el análisis específico de la constitución de
redes científicas y núcleos de especialización, mediante la identificación de convergencias temático-referenciales y teórico-metodológicas en las
tesis de postgrado, se recurrirá a un acercamiento basado en la bibliometría (Pritchard, 1969), el
análisis de citas (Borgman, 1989) y el análisis de
redes científicas (Palonen & Lehtinen, 2001), es
decir, las técnicas de investigación, de base cuantitativa, internacionalmente empleadas para objetivar los procesos de constitución de comunidades
y especialidades científicas, por la “disciplina” llamada Cienciometría (Callon et al, 1995) o más en
general, por los especialistas en Bibliotecología o
Ciencias de la Información (Gorbea, 2005).
5 En Brasil son claramente distinguibles los programas de posgrado
en Comunicación por su adscripción institucional. En México esto
En Brasil se han avanzado proyectos de investigación de esta naturaleza sobre el campo de la
Comunicación, cuyos planteamientos y resultados
habrá que aprovechar: por ejemplo, Ilce Cavalcanti (1989), Samile Vanz (2002) y Liziane Soares
(2004) han realizado análisis bibliométricos y de
citas en tesis de maestría de tres universidades brasileñas, y con una cobertura más amplia, Stumpf
Los debates sobre la identidad científica y
académica de los estudios sobre la comunicación
y sobre las condiciones concretas (aunque
cambiantes) de su institucionalización deberán
continuar y ampliarse en América Latina.
y Capparelli (1998; 2000) realizaron un recuento
de tesis y disertaciones producidas en Brasil entre
1992 y 1996. Maria Immacolata Vassallo de Lopes
(2003b) publicó también un recuento sistemático
de las tesis y disertaciones presentadas en la ECAUSP entre 1972 y 2002. Y con el propósito explícito de “producir indicadores sobre uno de los
aspectos más relevantes de la institucionalización
de un campo de estudio … el uso efectivo de su
producción bibliográfica … y la circulación de la
misma al interior de los programas de postgrado”,
el Núcleo de Investigación del Mercado de Trabajo
en Comunicaciones y Artes (NUPEM) de la Universidad de São Paulo, ha realizado análisis bibliométricos y de citas en las tesis y disertaciones de 14
universidades brasileñas (Vassallo de Lopes e Romancini, 2004). En México se registra solamente
la tesis de maestría de Gabriela de la Torre (2003),
donde realiza un primer acercamiento a los vínculos que permiten identificar, en las tesis presentadas en tres universidades, los indicadores de procesos de reproducción del campo académico.
es válido para las maestrías, pero no para los doctorados, pues la
formación de este nivel se lleva a cabo en programas más genéricos
(Ciencias Sociales, Educación, Ciencias Políticas), que incluyen áreas
de especialidad o de “concentración” en Comunicación.
Los debates sobre la identidad científica y académica de los estudios sobre la comunicación y sobre
53
54
las condiciones concretas (aunque cambiantes) de
su institucionalización deberán continuar y ampliarse en América Latina, y es imperativo que esos
debates cuenten en su base con los insumos de información más sistemáticos y actualizados que sea
posible. El lugar estratégico de los programas de
postgrado en la consolidación científica del campo académico es, al mismo tiempo, un referente
central y un escenario privilegiado para invertir en
él los mejores recursos científicos generados por el
propio campo. Por ello será deseable que los resultados del proyecto comparativo que se presenta en
este artículo, puedan ser discutidos y asimilados
conforme se vayan produciendo, pues será así, y
no de otra manera, que las redes científicas identificadas y analizadas se fortalezcan.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Sueli Mara S.P. Diagnóstico da informação brasileira
ANDERSON, James A; BAYM, Geoffrey. Philosophies and Philo-
na área de Comunicação. Palestra apresentada no XI ENDOCOM
sophic Issues in Communication, 1995-2004. Journal of Communica-
– Encontro Nacional de Bibliotecas e Centros de Informação: Campo
tion, Vol. 54, No. 4, p.589-615, 2004.
Grande, MS, 2001.
BERGER, Charles R. Interpersonal communication: theoretical
FUENTES NAVARRO, Raúl. La investigación de comunicación en
perspectives, future prospects. journal of communication, Vol. 55, No.
México, sistematización documental 1956-1986. México: Ediciones de
3, p.415-447, 2005.
Comunicación, 1998.
BORGMAN, Christine L. Bibliometrics and Scholarly Communica-
_____________. La comunidad desapercibida. Investigación e investi-
tion. Communication Research, Vol. 16, No. 5,1989.
gadores de la comunicación en México. Guadalajara: ITESO, 1991.
BOURDIEU, Pierre. Homo Academicus. California: Stanford Univer-
_____________. Diez propuestas para una estrategia latinoameri-
sity Press, 1988.
cana de investigación de la comunicación. Ponencia presentada en
_____________. Los usos sociales de la ciencia. Buenos Aires: Nueva
el I Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación
Visión, 2000.
ALAIC (Embu Guaçu, SP, Brasil). Publicada en J.M. DE MELO (Co-
BRYANT, Jennings. Critical communication challenges for the New
ord.), Comunicación latinoa­mericana: desafíos de la investigación para
Century. Journal of Communication, Vol. 54, No. 3. p.389-401, 2004.
el siglo XXI. São Paulo: ALAIC, p.109-120, 1992.
BRYANT, Jennings; MIRON, Dorina. Theory and Research in Mass
_____________. La institucionalización del campo académico de la
Communication. Journal of Communication, Vol. 54, No.4 (decem-
comunicación en México y en Brasil: un primer acercamiento com-
ber), p.662-704, 2004.
parativo en Intercom, revista brasileira de comunicação Vol XVII No 1,
CALLON, Michel; COURTIAL, Jean-Pierre; PENAN, Hervé.
São Paulo: INTERCOM, p.10-32, 1994a.
Cienciometría. El estudio cuantitativo de la actividad científica: de la
_____________. La institucionalización del campo académico de la
bibliometría a la vigilancia tecnológica. Gijón: Trea, 1995.
comunicación en México y en Brasil: un primer acercamiento com-
CAPPARELI, Sérgio; STUMPF, da Regina C. El campo académico de
parativo. en Anuario CONEICC de Investigación de la Comunicación
la comunicación, revisitado, en VASSALLO DE LOPES y FUENTES
No I. México: Consejo Nacional para la Enseñanza y la Investigación
NAVARRO (comps.): Comunicación, campo y objeto de estudio.
de las Ciencias de la Comunicación, p.101-127, 1994b.
Perspectivas reflexivas latinoamericanas. Guadalajara: ITESO/ U.A. de
_____________. La investigación de la comunicación en México, siste-
Aguascalientes/ U. de Colima/ U. de Guadalajara. p.59-73, 2001.
matización documental 1986-1994. Guadalajara: ITESO/ Universidad
CAVALCANTI, Ilse G.M. Padrões de citação em comunicação, análise
de Guadalajara, 1996.
das dissertações apresentadas a ECO/UFRJ. Dissertação de Mestrado.
_____________. La emergencia de un campo académico: continuidad
UFRJ/ECO: Rio de Janeiro,1989.
utópica y estructuración científica de la investigación de la comunicación
DE LA TORRE ESCOTO, Gabriela. La reproducción del campo
en México. Guadalajara: ITESO/ Universidad de Guadalajara, 1998a.
académico de la comunicación en México. Un análisis de las tesis
_____________. Fundamentos teórico-metodológicos de la perspec-
de maestría en comunicación (1996-2000). Tesis de Maestría en
tiva sociocultural para el estudio de la comunicación. Recife, Brasil:
Comunicación con especialidad en difusión de la ciencia y la cultura.
IV Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación
Guadalajara: ITESO, 2003.
ALAIC, 1998b.
_____________. La investigación de la comunicación en América
NOROÑA, Daysy Pires; FERREIRA, Sueli Mara S.P. Teses e Diserta-
Latina: condiciones y perspectivas para el siglo XXI. Ponencia en el
ções Eletrônicas; proposta de uma metodologia para disponibilização
Seminario Internacional <Tendencias y Retos de la Investigación en
de texto integral na Internet. Manaus: IX Endocom, 2000.
Comunicación en América Latina>, FELAFACS/Pontificia Universi-
JALONEN, Tuire; LEHTINEN, Erno. Exploring invisible scientific
dad Católica del Perú (Lima, Perú). Publicada en Diálogos de la Co-
communities: Studying networking relations within an educational
municación No 56. Lima: FELAFACS, octubre 1999. p.52-68, 1999.
research community. A Finnish case. Higher Education, Vol. 42,
_____________. Investigación y postgrados en comunicación en
p.493-513, 2001.
México: los desafíos del siglo XXI. Santa Cruz de la Sierra, Bolivia:
PRITCHARD, Alan. Statistical bibliography or bibliometrics. Journal
VI Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación
of Documentation, Vol. 25, No. 4, 1969.
ALAIC, 2002.
PUTNAM, Linda L. Shifting voices, oppositional discourse, and new
_____________. La investigación académica sobre comunicación en
visions for communication studies. Journal of Communication, New
México, sistematización documental 1995-2001. Guadalajara: ITESO,
York, Vol. 51, No. 1, p.38-51, 2001.
2003.
SOARES, Liziane do Espírito Santo. Pesquisa em comunicação social:
_____________. La documentación académica y la producción de
um inventário das teses e dissertações defendidas no programa de
conocimiento en Ciencias de la Comunicación. Ponencia presentada
pós-graduação da FAMECOS/PUCRS. Dissertação de mestrado em
en el VII Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comuni-
Comunicação Social, PUCRS, 2004.
cación ALAIC, (La Plata, Argentina). Publicada en Revista Latino-
STUMPF, Ida; CAPPARELLI, Sérgio (orgs). Teses e dissertações em
americana de Ciencias de la Comunicación No. 2, São Paulo: ALAIC,
Comunicação no Brasil (1992-1996): resumos. Porto Alegre: PPG-
2005. p.64-74, 2004a.
COM/UFRGS, 1998.
_____________. Una biblioteca virtual sobre la investigación de
STUMPF, Ida; CAPPARELLI, Sérgio. Produção discente dos pro-
la comunicación en México, en Telos, cuadernos de comunicación,
gramas de pós-graduação em Comunicação (1992-1996). Revista de
tecnología y sociedad No. 61. Madrid: Fundación Telefónica, octubre-
Biblioteconomia & Comunicação, v. 8, Porto Alegre, p.241-250, 2000.
diciembre de 2004. p.12-13, 2004b.
VANZ, Samile Andréa de Souza. A produção discente em comunica-
_____________. Mediaciones académicas para la circulación del
ção no Brasil: análise das citações das dissertações defendidas no PP-
conocimiento: el problema de las categorías de clasificación. São
GCOM-UFRGS. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,
Paulo, Brasil: III Seminario Internacional Latinoamericano de Investig-
25, Salvador. Anais... Rio de Janeiro: INTERCOM, 2002. 1 CD-ROM.
ación de la Comunicación ALAIC 2005.
VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata; FUENTES NAVARRO,
_____________. Las dimensiones cognoscitiva y organizacional
Raúl (comps.). Comunicación, campo y objeto de estudio. Perspectivas
en la estructuración del campo académico de la comunicación. São
reflexivas latinoamericanas. Guadalajara: ITESO/ U.A. de Aguascali-
Leopoldo, RS, Brasil: VIII Congreso Latinoamericano de Investigadores
entes/ U. de Colima/ U. de Guadalajara, 2001.
de la Comunicación ALAIC, 2006.
VASSALLO DE LOPES Maria Immacolata (Org.). Epistemologia da
GORBEA, PORTAL Salvador. El modelo matemático de Lotka: su
comuni­cação. São Paulo: Loyola, 2003a.
aplicación a la producción científica latinoamericana en ciencias biblio-
VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata. Diversidade & interdisci-
tecológica y de la información. México: UNAM, Centro Universitario
plinaridade. Teses e dissertações: Ciências da Comunicação – ECA-
de Investigaciones Bibliotecológicas, 2005.
USP: 1972 – 2002. São Paulo: ECA-USP, NUPEM, 2003b.
LAUF, Edmund. National Diversity of Major International Journals in
VASSALLO DE LOPES, Maria Immacolata e Richard ROMANCINI.
the Field of Communication. Journal of Communication, Vol. 55, No.
Indicadores bibliométricos da área de comunicação no Brasil (2001-
1, p.139-151, 2005 .
2003), relatorio de pesquisa. São Paulo: ECA-USP, NUPEM, 2004 .
LEÓN DUARTE, Gustavo A. Características estructurales de la pro-
WALTHER, Joseph B; GAY, Gery; HANCOCK; Jeffrey T. How do
ducción ALAIC. Una aproximación al conocimiento comunicativo
communication and Technology Researchers Study the Internet?.
del GT-17”, en Comunicación y Sociedad No 6 (nueva época), Guada-
Journal of Communication, New York, Vol. 55, No. 3, p.632-657, 2005.
lajara: DECS Universidad de Guadalajara, p.131-158, 2006.
55
VISÃO DA POLIDEZ LINGÜÍSTICA
NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
EM SITUAÇÃO DE CRISE
Elena Godoi
Professora de graduação e pós-graduação no
Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da
Universidade Federal do Paraná – UFPR. Doutora em
Ciências Lingüísticas e Pós-Doutorado - Universidade
Estadual de Campinas – UNICAMP. Publicações em
eventos internacionais e nacionais e revistas, como
Alaic e Abrapcorp. Líder do Grupo de Pesquisa (UFPR/
CNPq) “Linguagem e Cultura”.
E-mail: [email protected].
Anely Ribeiro
56
Professora no Departamento de Comunicação
Social, Relações Públicas – UFPR. Doutoranda em Letras,
concentração: Estudos Lingüísticos – UFPR. Mestre em
Ciências da Comunicação, Escola de Comunicações e
Artes – USP. Publicações em eventos nacionais e internacionais, como Intercom, Alaic e Abrapcorp. Membro do
Grupo de Pesquisa “Linguagem e Cultura”
(UFPR/CNPq).
E-mail: [email protected].
RESUMO
O artigo explora, de modo interdisciplinar, os fenômenos da polidez lingüística, aplicados aos
estudos da comunicação (organizacional) em situações de crise. A comunicação verbal oral é
evidenciada no contexto específico, em situações que, além de gerar conflitos e mal-entendidos,
levam a catástrofes e perdas humanas. A nossa reflexão envolve a presença dos estereótipos e
preconceitos no processo comunicacional intercultural.
Palavras-chave: comunicação organizacional, estereótipos, preconceitos, polidez
lingüística, crise.
ABSTRACT
Adopting an interdisciplinary approach, this article analyzes linguistic politeness phenomena
applied to (organizational) communications research in times of crisis. The verbal communication is explored within a specific context of situations where it generates not only conflicts
and misunderstandings, but also catastrophe and loss of life. Elements such as stereotypes and
prejudices in the process of the intercultural communication are also discussed.
Keywords: organizational communication, stereotype, prejudice, linguistic politeness,
crisis.
RESUMEN
El presente artículo analiza, interdisciplinariamente, los fenómenos de la lingüística depurada,
aplicados a los estudios de la comunicación organizacional en situaciones de crisis. La comunicación verbal oral se encuentra evidenciada en un contexto específico, en situaciones que,
además de generar conflictos y malentendidos, llevan a catástrofes y pérdida de vidas humanas.
Nuestra reflexión discute la presencia de los estereotipos y prejuícios en el proceso comunicacional intercultural.
Palabras claveS: comunicación organizacional, esterepotipos, prejuícios, lingüística
depurada, crisis.
57
58
1 Introdução
A comunicação verbal humana da interação social de pessoa a pessoa e/ou entre grupos, tendo
como propósito o entendimento entre os interlocutores envolvidos. O processo da comunicação
tanto no contexto organizacional como na relação face a face pressupõe que os interlocutores
compartilhem, pelo menos em parte, suas visões
de mundo, significados comuns, ou ao menos, semelhantes, e sempre negociáveis, conforme as variações contextuais em que ocorrem as interações.
Nesse sentido, quando se trata da comunicação
verbal oral há uma forte atuação dos marcadores
conversacionais que ajudam a identificar e determinar nos enunciados as afirmações, pedidos, ordens, hesitações, dúvidas, pausas, ritmo e tonalidade, entre outros.
No entanto, as expressões orais que são utilizadas, principalmente, em contextos organizacionais
interculturais precisam se ater aos diferentes aspectos socioculturais, estruturas e estilos variáveis.
Caso contrário podem surgir mal-entendidos,
conflitos, crises devido à acentuação maior da presença dos estereótipos e preconceitos. Exploramos
e sugerimos, nesse artigo, que os estudos da polidez lingüística no âmbito da comunicação organizacional e nas relações cotidianas face a face sejam
analisados, visto que em qualquer contexto tratase da imagem pública que está em jogo diante das
narrativas discursivas.
2. Comunicação organizacional em
contextos de crise
Antes de tratarmos das bases teórico-metodológicas na análise de polidez lingüística em situação
de crise da companhia colombiana Avianca e
outras situações cotidianas, nos detemos aqui nos
aspectos conceituais envolvidos sobre a comunicação e o fenômeno das crises.
O processo de comunicação, que nem sempre é
fácil e tranqüilo, é testado fortemente nos contextos de crise quando um alto nível de incerteza e
surpresa ocorre, simultaneamente, principalmente, devido às falhas que surgem na organização e
processamento da informação, ponto básico na
geração da interação comunicativa. De acordo
com Corrado (1994, p. 182) “em meio a uma crise, surgem a fadiga, a ansiedade e outras formas
de tensão emocional que complicam a situação.
A capacidade crítica fica embotada...”. O autor argumenta que as informações transmitidas prontamente acabam com os boatos e acalmam os
nervos, pois indica que alguém está cuidando do
problema. Sabemos, no entanto, que nem sempre
os procedimentos comunicacionais são acionados
plenamente por todos os membros da organização
que possam estar envolvidos em situações de crise,
mesmo que haja um plano preventivo de crise. Os
fatores lingüísticos interculturais e emocionais são
relevantes nesse processo.
O que é uma crise? Na literatura sobre comunicação em crises, há vários autores que conceituam, caracterizam e tipificam o fenômeno crise.
Segundo Villafañe (2000, p. 294) “uma crise é um
acontecimento aleatório, não desejado, porém
bastante freqüente do que em princípio poderíamos esperar, sobretudo se este não se circunscreve
à categoria exclusiva de catástrofe” (tradução nossa). Para Corrado (1994, p. 187) “uma crise pode
ser um acidente ou uma emergência que apresente
uma ameaça à sobrevivência da organização”. O
autor entende o “acidente” como um acontecimento desastroso e dramático, nesse caso pode ser
um vazamento tóxico, explosão ou queda de um
avião. A ‘emergência’ é caracterizada como menos
dramática, mas também pode ter conseqüências
traumáticas, tais como fuga de funcionários com
valores monetários, ação trabalhista, alteração radical no mercado, dentre outras.
Na literatura sobre relações públicas, o assunto
da crise é tratado com relevância pelos especialistas, os quais, em geral, defendem uma ação estratégica pró-ativa e não ações de ‘apagadores de
incêndios’. Conforme Kunsch (2003, p. 115) “uma
das questões fundamentais a considerar é a necessidade de um trabalho preventivo em relação
à crise. Isto é, o planejamento para as crises tem de
fazer parte da gestão organizacional estratégica”. A
autora defende que em relação às crises é preciso “pensar estrategicamente, a partir de dados de
pesquisa, como as organizações devem se relacionar com os públicos e com a mídia...” (Ibidem, p.
117). Reforçamos esse posicionamento de que a
pesquisa prévia possibilita uma visão mais acurada das áreas com vulnerabilidades e preparar, além
das fontes de informações necessárias, a realização
de um censo de crises, com dossiê analítico e possíveis ações, baseadas nas orientações e diretrizes
de um ‘comitê de crises’, com atuação permanente. Uma das atividades de maior importância ao
comitê de crises é exercitar, de modo simulado, a
linguagem em uso (oral e escrita) que faz parte dos
cenários e intermediação com os públicos estratégicos à organização durante as fases de instalação
e duração da crise, como também a fase que segue
após a crise.
Acentuamos que a crise “é um evento ou uma
série de eventos extraordinários que adversamente
afeta a integridade do produto; a reputação ou estabilidade financeira da organização; ou a saúde e
bem estar dos empregados, da comunidade ou dos
públicos em geral”, conforme afirmam Wilcox et
al. (2003, p. 180) (tradução nossa). Os autores advertem que nem sempre as crises são inesperadas,
mas consideram premente a realização do planejamento de crises, no qual é imprescindível dizer
como se comunicar e como a organização irá se
posicionar e responder às crises.
Quando pensamos em classificar os tipos de
crises, colocamo-nos diante da importância de
entendermos e identificarmos a natureza em que
a crise pode ocorrer tanto na vida organizacional
como na vida cotidiana, nos relacionamentos interpessoais. Villafañe (2000, p. 298-302) descreve a
morfologia de crise, a partir de tríplice perspectiva: ‘fenomenológica’ – que explica como se vive e
se percebe a crise; ‘taxonômica’ – que se refere aos
critérios de classificação das crises; e ‘seqüencial’ que leva em conta o conflito no desenvolvimento
temporal. Esse autor propõe um conjunto das características comuns em qualquer crise: (a) perda
da confiança no interior da organização e em seu
entorno; (b) investigações exaustivas, por parte
dos meios de comunicação, visto que o ‘conflito’
é um fator de seleção noticiosa; (c) incerteza dos
clientes da organização, podendo ter perdas ou
alterações comerciais; (d) popularidade imediata
das vítimas, inclusive daquelas que ainda são duvidosas; e (e) intervenção dos poderes públicos através de inspeções ou investigações, por exemplo.
Do ponto de vista do grupo corporativo, em relação à comunicação, Villafañe (2000) destaca que
a organização se converte em objeto de foco midiático e, com isso, todas as suas atuações sofrem
um efeito de ampliação diante da opinião pública.
É o caso dos grupos e líderes de opinião que exercem pressão, aumentando mais o clima de tensão.
Também a organização aparece como oposta à
sociedade, diante dos possíveis efeitos causados
pela crise. O papel dos dirigentes da organização
é colocado em questionamento e sua capacidade
de liderança, tanto interna, quanto externamente,
pode sofrer depreciação. No tocante à tipologia de
crises, Villafañe (2000) caracteriza:- as catástrofes
(caráter aleatório); - as frustrações funcionais
graves (defeitos que podem ocasionar riscos às
pessoas); - a crise de honorabilidade (casos de
suborno e corrupção administrativa); - ameaças
econômica e financeira (de mercado, inspeção fiscal, etc) e – crises internas (conflitos de trabalho,
mudanças bruscas, baixa competitividade, etc).
Pelo critério ‘seqüencial’, a crise pode desenvolver-se na fase aguda – caracterizada pela pressão
dos meios de comunicação e a espetacularização
da informação; na fase crônica – a organização
enfrenta conseqüências jurídicas e administrativas
e na fase de recuperação – que pode levar muito
tempo no restabelecimento do equilíbrio geral. Em
59
60
relação ao critério funcional, as ações que devem
ser executadas para gerenciar a crise envolvem as
etapas de ‘identificação’, o ‘enfrentamento da crise’, sua ‘resolução’ e o ‘pós-crise’. Já para Lerbinger
(1997), a tipologia das crises agrupa três grandes
categorias: - crises do mundo físico – envolvendo
as crises naturais e as crises tecnológicas; - as crises do clima humano – que comportam as crises
de confrontação e de malevolência, e por último,
as crises de fracasso gerencial – que aglutinam as
crises de decepção e de conduta gerencial.
Diante do exposto até aqui, fica claro que há
mais espaço para pesquisa que possa especificar o
fenômeno da crise e do conflito com foco no contexto organizacional. É importante enfatizar que,
no gerenciamento pró-ativo de crises e conflitos,
uma atenção especial recai sobre os profissionais
e as atividades de relações públicas e das diversas
áreas da comunicação organizacional, como também sobre o papel ético das narrativas e suas implicações devido ao uso específico da linguagem
em consonância com as ações organizacionais
perante a opinião pública. Na próxima seção analisamos o fenômeno da polidez lingüística no contexto de uma crise ocorrida em uma companhia
de aviação.
3. Uso da linguagem, polidez e crise
No dia 25 de janeiro de 1990, um avião, vôo
052, da companhia colombiana Avianca, se dirigia
de Bogotá a Nova York, com escala em Medellín,
onde fora abastecido. O aeroporto JFK estava enfrentando um mau tempo, congestionado e tendo
que desviar vários vôos para outros aeroportos. Ao
se aproximar do aeroporto, o vôo 052 foi avisado
da situação e a torre de controle orientou os pilotos ficarem à espera da liberação de uma pista,
“dando voltinhas” em um espaço sobre o mar ao
sul de Nova York. O relatório oficial afirma que,
durante 1 hora e 17 minutos, a torre liberou a
aproximação à pista e novamente colocou o vôo
052 à espera 3 vezes. Enquanto isso, o combustível
do avião da Avianca começou a alcançar os níveis
perigosamente baixos. Durante o terceiro período
de espera, o co-piloto colombiano pediu a prioridade para a liberação da pista “repetidamente”,
avisando que não teria combustível para se manter
no ar por mais de 5 minutos.
A caixa-preta do avião, que acabou caindo em
um subúrbio ao sul de Nova York com 73 vítimas
fatais, e as gravações dos controladores de vôo da
torre, revelam que durante os últimos 30 minutos
anteriores à tragédia, em pelo menos 20 ocasiões
esta podia ter sido evitada, pois o oficial colombiano repetia e voltava a repetir que o avião estava
ficando sem combustível.
Foi feita a investigação de praxe. O relatório da
National Transportation Safety Board (NTSB) dos
Estados Unidos, Accident Investigation Report
NTSB/AAR-61/04, determinou que “houve falha
da tripulação para planejar e manejar adequadamente sua carga de combustível” e “uma falha da
tripulação de comunicar uma situação de emergência com o combustível ao controle de tráfico aéreo
antes que se esgotassem as reservas” (tradução de
todos os fragmentos citados e grifos são nossos).
A empresa colombiana Avianca exigiu a segunda investigação. O segundo relatório é ainda mais
surpreendente. Eis alguns trechos: “houve importantes... fatores culturais próprios dos latino-americanos... (que)... têm uma idéia estranha sobre a
estrutura dos mandos, mais que respeitosa da lei e
da ordem, é submissa... e irresponsável... (Os latino-americanos) não chegam a compreender que
às vezes as emoções são indispensáveis, freqüentemente só há tempo para gritar: “Me ouve? Não
temos combustível para chegar!!!”
Esse segundo relatório do NTSB reconhece que
os pilotos colombianos insistiam “avisando que
tinham pouco combustível..., mas de uma maneira e com um tom de voz tão calmo,... de uma forma
tão educada e respeitosa... que ninguém nem em
terra, nem no ar chegou a se dar conta de que estavam caindo”. O relatório sugere também que
As expressões orais que são utilizadas, principalmente,
em contextos organizacionais interculturais precisam se ater aos
diferentes aspectos socioculturais, estruturas e estilos variáveis.
sejam elaboradas as normas internacionais unificadas para os avisos de emergência com o “estado de combustível”. Ou seja, segundo o relatório,
o acidente, a tragédia ocorreu porque aos olhos e
ouvidos dos controladores de vôo americanos, os
pilotos colombianos eram corteses demais!
Vale lembrar que nas interações marítimas e
aéreas internacionais se procura a interação verbal mais determinada possível, além do que essa
interação acontece obrigatoriamente em inglês.
No caso que nos interessa, apesar de a interação
ter ocorrido em inglês, os pilotos colombianos
demonstraram o comportamento lingüístico próprio da cultura colombiana. Essas interações específicas marítimas e aéreas são baseadas nos pedidos
e ordens, mais especificamente. É uma convenção
e uma necessidade. Portanto, tal comportamento
não se consideraria como descortês nessa situação
particular.
Uma das idéias centrais da Pragmática Lingüística é que, para interpretar um enunciado (ou
um discurso, ou um texto), os interlocutores têm
uma série de expectativas que permitem que eles
consigam decifrar os significados transmitidos intencionalmente nas trocas verbais. O interessante
é que algumas dessas expectativas pouco ou nada
têm a ver com a informação (no sentido mais estrito), mas antes com a maneira de como se realiza
a ação lingüística para manter – boas – relações
entre os interlocutores. A própria Psicologia nos
ensina que o ser humano é um ser que vive em
grupo e que se, por alguma razão, rompe as relações com outros membros do grupo, podendo
ficar à margem desse grupo, da comunidade em
que vive, o que, em última instância, pode se tornar
mortal para o indivíduo. É por isso, então, que nas
trocas lingüísticas, a informação sobre as relações
entre os interlocutores ocupa mais espaço do que
a informação estrita sobre os fatos. Entretanto, a
estrutura dessas relações depende justamente da
comunidade à qual os interlocutores pertencem.
Em outras palavras, as relações entre os membros
de um grupo e as ações lingüísticas entre eles são
culturalmente dependentes.
Assim, quando tratamos da cortesia lingüística,
não pensamos naquela “cortesia” no sentido cotidiano, mas na eficácia das relações interpessoais
através da linguagem. Dizer a verdade, por exemplo, que é uma norma de eficácia informativa contida no Princípio de Cooperação de Grice (1975),
pode ser descortês em determinadas circunstâncias. Em 1973, R. Lakoff reinterpreta o Princípio
de Cooperação griceano da seguinte maneira: 1 –
seja claro; 2 – seja cortês: (a) não faça imposições;
(b) dê opções e (c) faça com que seu interlocutor
se sinta bem.
Existem várias teorias sobre a cortesia lingüística. A mais difundida e a mais trabalhada pelos
lingüistas com as mais diferentes línguas do mundo é a Teoria da Polidez de P. Brown e S. Levinson exposta em seu livro de 1987, que já se tornou
clássico, Politeness: some universals in language use.
Nesse livro, a cortesia, ou polidez, é vista como um
dos elementos essenciais da vida social humana
e, portanto, como uma condição necessária para
uma cooperação lingüística eficaz. Vários estudos empíricos e experimentais interlingüísticos e
interculturais baseados nessa teoria mostram que
ela dá conta dos dados reais.
A idéia de polidez, em Brown e Levinson, se baseia em duas noções: (a) a noção de que a comunicação é uma atividade racional que tem algum
objetivo, e (b) a noção de que cada indivíduo deseja preservar a sua face ou imagem pública. Essa
61
imagem pública (face) consiste em dois tipos de
desejo: (a) o desejo de auto-afirmação, de não
querer receber imposições, ter liberdade de ação:
face negativa, e (b) o desejo de ser aprovado, aceito, apreciado pelo(s) parceiro(s) da atividade comunicativa: face positiva.
A imagem pública nunca está estável e fica constantemente ameaçada pelos atos lingüísticos. Três
fatores sociais estabelecem o nível da polidez, os
“jogos” dos dois tipos de desejo e a conseqüente
situação da face: (a) o poder relativo do ouvinte
As imagens sociais se constroem
de forma diferente em íntima conexão
com as diferenças de uso das categorias
pragmáticas e as regras de cortesia.
62
sobre o falante e vice-versa: o status; (b) a distância
social entre os dois, e (c) o grau de imposição do
próprio ato comunicativo.
O status é a hierarquia, é o poder que um falante tem sobre o outro. Por exemplo, entre dois
colegas de classe o status pode (ou não) ser igual,
enquanto que a distância entre esses e um professor varia de acordo com o grau de intimidade
que esse professor permite, pois seu status, por
definição é superior. Em uma empresa, essas relações são ainda mais claras, entre colegas de um
mesmo setor e um superior. Já a distância social, a
familiaridade diz respeito ao conhecimento mútuo entre os falantes.
Brown e Levinson (1987) distinguem uma série
de estratégias usadas pelos falantes para atenuar
– ou não - as ações ameaçadoras, o grau de imposição. Essas estratégias vão desde a estratégia
de evitar as ações impositivas completamente até
realizá-las de diferentes maneiras, atendendo à
imagem positiva ou negativa do interlocutor e, de
passagem, envolvendo a sua própria. Quanto mais
indireto é o ato comunicativo, menos ameaçador
ele é, pois permite mais espaço para a negociação.
As estratégias incluem vários recursos lexicais,
gramaticais e discursivos e também a entonação e
as formas de tratamento, que entram em jogo de
maneiras diferentes em diferentes línguas e culturas. Frazer (1980, p. 343-344) formula a seguinte
definição de cortesia: “Dada a noção do contrato
conversacional, podemos dizer que um enunciado
é cortês no sentido de que o falante, na opinião do
ouvinte, não violou os direitos e obrigações vigentes naquele momento” (tradução nossa). No caso
do vôo 052, o que está em jogo é a cortesia relacionada com os pedidos.
Haverkate (1994, p. 148) distingue entre os pedidos impositivos e não impositivos, com base na
intenção do falante. “O falante impositivo procura
conseguir que o ouvinte realize o ato de pedido, em
primeiro lugar, em benefício do próprio falante.
Exemplos prototípicos dessa classe são: a súplica,
a imploração e a ordem. O falante não impositivo,
pelo contrário, procura conseguir que o ouvinte
realize o ato de pedido, em primeiro lugar, em benefício de si próprio”. A essa classe pertencem o
conselho, a recomendação e a instrução. Também
afirma Haverkate (1994, p. 152) que:
“Os falantes que não têm poder, (...) não utilizam geralmente variantes não corteses; para
eles, a imploração é a manifestação impositiva
mais apropriada, pois, à diferença do mandato,
oferece a oportunidade de não insistir sem prejudicar sua própria imagem nem a do interlocutor, no caso de que este não esteja disposto a
cumprir seu desejo”.
Como nos interessam os atos impositivos que
são a base da interação entre a cabine do piloto e
a torre, vale à pena recorrer às características das
circunstâncias em que funcionam os pedidos do
tipo ordem:
“1 – o falante se encontra em uma posição de
poder em relação ao ouvinte, seja de poder físi-
co, como no caso de um atentado, seja de poder
social, como no caso quando ocupa uma posição
institucionalmente superior; 2 – o falante está
emocionado ou contrariado com o comportamento do ouvinte; 3 – há circunstâncias externas quanto à relação de interação que requerem
que o ouvinte reaja imediatamente ao pedido.”
(Haverkate, 1994, p. 150).
E aqui entra uma importantíssima “exceção”, se
quisermos chamar assim:
“Se você quiser que seu interlocutor realize uma
ação determinada em seu (= teu) próprio benefício, dirija-se a ele em primeira instância, fazendo
um pedido (imploração), independentemente
(grifo nosso) do fato de que tenha ou não poder ou
autoridade sobre ele.” (Haverkate, 1994, p. 150).
Justamente o que não aconteceu naquele fatídico vôo. No caso do vôo 052, parece que os pilotos
colombianos seguiram as três estratégias básicas
de cortesia formuladas por Lakoff (1973, p. 293298) que já mencionamos acima: (a) não imponha
tua vontade ao interlocutor; (b) indique opções;
(c) faça com que teu interlocutor se sinta bem; seja
amável.
O falante que respeita e segue as fórmulas (a)
e (b) indica a seu interlocutor que está ciente de
poder ameaçar sua liberdade de ação. Assim, esse
falante evita impor sua vontade e acaba expressando antes um pedido polido e não uma ordem.
As estratégias (a) e (b) de Lakoff correspondem,
assim, à cortesia negativa de Brown & Levinson.
A terceira fórmula, por sua vez, corresponde à
cortesia positiva, pois sua função é prevenir que o
interlocutor se sinta ameaçado e mostrar que ele é
apreciado e respeitado pelo falante.
Sabemos que o conceito de comportamento cortês é relativo, pois pertence a diferentes tradições
culturais. Assim, a cortesia nunca se concretiza de
maneira unívoca. As estratégias de cortesia foca-
lizam um ou outro aspecto da imagem social do
outro. Além disso, essas estratégias são convencionalmente reguladas. A incidência de uma ou outra
estratégia e o peso relativo delas podem variar, dependendo do tipo do contexto e também da cultura. Decorre disso que os procedimentos específicos
que constroem e conceituam a imagem social não
são constantes. Assim, as imagens sociais se constroem de forma diferente em íntima conexão com
as diferenças de uso das categorias pragmáticas e
as regras de cortesia, mas as razões que subjazem a
essas diferenças transcendem o âmbito do lingüístico e têm a sua base em determinadas características significativas da estrutura social.
Kerbrat-Orecchioni (2004, p. 49) chama de
acortesia o fenômeno da ausência “normal” dos
marcadores de cortesia, que, em termos da teoria de Brown e Levinson é a estratégia on-record,
ou seja, quando o falante não usa nenhum tipo
de atenuante e a ordem ou o pedido se expressam diretamente. Entretanto, a tripulação do vôo
052, apesar do uso da convenção on-record, que é
uma característica das trocas verbais entre a torre de controle e a cabine de piloto um avião, se
colocou na situação [- Poder, + Distância] e não,
como seria esperado, convencionado [= Poder, =
Distância]. Em outras palavras, em uma situação
de extrema emergência, os pilotos colombianos se
posicionaram como hierarquicamente inferiores,
pedindo a permissão de pouso em vez de exigi-la.
Foram amáveis e não-impositivos.
Wierzbicka (1991) observa que, devido às estratégias diferentes de polidez, a expressão de
solidariedade prevalece também nas comunidades latino-americanas, contrastando com a
norte-americana. A variação cultural que afeta a
comunicação inclui fatores como a percepção, os
valores e motivos das ações, os frames cognitivos,
que guiam os comportamentos comunicacionais,
o processamento da informação e os padrões de
ação e podem gerar conflitos interculturais quando não são compartilhados pelos interlocutores.
63
Os frames e as imagens divergentes que os interlocutores teriam sobre os assuntos em pauta e do ‘eu’
em relação ao ‘outro’ freqüentemente quebram o
processo comunicativo, reafirmando polarização
e divergência entre si. Considerando que o conflito se caracteriza por interação, interdependência
e incompatibilidade de metas, uma negociação na
fase inicial é capaz de prevenir uma crise. O caso
do acidente do avião da Avianca levanta ainda o
problema do etnocentrismo em geral e do anglocentrismo, em particular. Nas palavras de Bargiela
et al (http://www.shu.ac.uk/wpw/politeness/):
64
“Os falantes britânicos e americanos do inglês
deveriam se questionar se as estratégias envolvidas na polidez são interpretadas pelos outros
da mesma maneira, e nós argumentamos que
o não-questionamento é uma forma de etnocentrismo (...) Sugerimos que é necessário um
bom entendimento e respeito pelas funções de
formalidade e deferência em outras línguas. Os
falantes de inglês que são mais sensíveis quanto à sua cultura e às dos outros podem querer
argumentar que existe uma forma específica de
etnocentrismo associada com sua própria língua, ou seja, o ‘anglocentrismo’, que pode ser
definido ‘grosso modo’ como potencialmente
discriminatório, pois assume uma superioridade auto-evidente de todas as coisas britânicas ou
americanas.” (Tradução nossa).
Falando sobre a interação verbal em outras culturas, significantemente diferentes da britânica e
da americana (como a chinesa, a espanhola, etc.),
alguns lingüistas propõem uma conceitualização
mais sofisticada da “face” (Gu, 1990; HernandezFlores, 1999; De Kadt, 1998). O status, como um
valor fundamental nas sociedades de culturas
tão diferentes como a russa, mexicana, zulu, etc.,
requer o uso de uma “cortesia” normativa, que
prevalece sobre a “cortesia” estratégica ou volitiva, que é uma norma nas sociedades do Norte da
Europa e na América do Norte (Rathmayr, 1999;
Garcia, 1996; De Kadt, 1998).
É curioso que, quando se fala em erros e malentendidos pragmáticos, normalmente se entende que tais erros afetam a imagem social do interlocutor até o ponto de criar o incômodo e/ou
agredir. Se o falante não chega a ser consciente do
erro cometido, sofrerá, em muitos casos, a reação
negativa por parte do interlocutor, que reagirá de
maneira mais ou menos explícita ao que considera
uma prática lingüística agressiva ou inoportuna.
No caso do acidente do vôo 052 aconteceu exatamente o contrário.
O exposto nos leva a refletir – cada vez mais
– sobre a inter-relação entre os conteúdos específicos de imagem social do indivíduo e do grupo,
identidade, ideologia, poder, papeis sociais e situacionais e a cortesia verbal como prática social.
Temos que refletir sobre a importância do chamado macro-contexto, isto é, o contexto como conhecimento compartilhado e em consenso com as
normas sociais, que interage com a situação de
fala (Bravo, 1998, 1999). Nesse sentido, a rigidez
dos três fatores propostos por Brown e Levinson
(1987): poder relativo dos participantes, distância e grau de imposição dos participantes teria
que ser melhor examinada e avaliada para uma
interpretação realista da cortesia como produto
da “experiência cultural” dos atores sociais (Boretti e Rigatuso, 2004). A interdependência entre
os fatores lingüísticos e socioculturais mostra que
a própria noção de “cortesia” também é socioculturalmente construída.
4. Conclusões finais
Do ponto de vista da comunicação organi­
zacional intercultural em situações de crise, as
contribuições das teorias de polidez lingüística
com base no poder relativo do ouvinte sobre o fa­
lante, a distância social entre os dois e o grau de
imposição podem ser aplicados, desde que sejam
revistos com a visão teórico-crítica. Enfatizamos,
portanto, que nossa reflexão também permeia os
aspectos da interculturalidade no que diz respeito
a ações do comitê de crises, em específico, aos treinamentos aplicados em geral ao staff e aos demais
membros dos níveis hierárquicos intermediários e
inferiores do contexto organizacional. Entretanto,
faz-se necessário questionar: a) existem propostas
de ações em desenvolver simulações e preparo psicolingüístico na execução de ordens, pedidos e solicitações, tendo em vista situações de crise a todos
os membros da organização?; (b) além do preparo
com o treinamento para atender a mídia, nacional
e/ou internacional, quais as estratégias da polidez
lingüística teriam que ser utilizadas na comunicação oral com diversos públicos diante da crise?
É relevante que os procedimentos da construção
discursiva frente aos contextos de crise das organizações sejam revistos com a incorporação das
noções teóricas da polidez lingüística na interlocução entre os falantes organizacionais e os públicos estratégicos (stakeholders) ao nível intercultural. Os assuntos neste artigo servem para análises
das situações atuais da crise aérea, envolvendo o
povo brasileiro e as organizações, com reflexos na
imagem internacional do Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Accident Investigation Report NTSP/AAR-91/04
GRICE, P. Logic and conversation. In: COLE, P. and MORGAN, J.
BARGIELA, N. et al. Linguistic Politeness and Context. Working Papers
(eds.) Syntax and Semantics 9. Pragmatics. New York, Academic Press,
on the Web, vol.3. Disponível em: < http://www.shu.ac.uk/wpw/polite-
p. 113-27, 1975.
ness/>. Acesso em: 12 nov. 2005.
GU, Y. Politeness in modern Chinese. Journal of Pragmatics, 14, p.
BORETTI, S.& E.M.Rigatuso. La investigación de la cortesía en el
237-57, 1990.
español de la Argentina. In: Bravo, D. & A.Briz (eds.) Pragmática
HAVERKATE, H. La cortesía verbal. Madrid: Gredos, 1994.
sociocultural. Barcelona: Ariel, 2004.
HERNÁNDEZ-FLORES, N. Politeness ideology in Spanish colloquial
BRAVO, D. La atribución de significados socials en el discurso habla-
conversation: the case of advice. Pragmatics, v. 9, n.1, p. 37-49, 1999.
do: perspectives extrapersonales e interpersonales. Actas del I Simposio
KERBRAT-ORECCHIONI, C. ¿Es universal la cortesía? In: Bravo, D &
Internacional de Análisis del Discurso, II, p. 1501-1514, 1998.
A.Briz (eds.) Pragmática sociocultural. Barcelona: Ariel, 2004.
________. Imagen positiva vs. imagen negativa? Pragmática sociocul-
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações
tural y componentes de face. Oralia, 2, p. 155-184, 1999.
públicas na comunicação integrada. 4. ed. rev.,atual. e ampl. São Paulo:
BROWN, P. & S. Levinson. Politeness. Cambridge Univ.Press, 1987.
Summus, 2003.
CORRADO, Frank. M. A força da comunicação: quem não se comuni-
LAKOFF, R. The logic of politeness; or minding your p’s and q’s’.
ca... São Paulo: Moakron Books, 1994.
Papers from tge 9th Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society,
CVR transcript Avianca Flight052. Disponível em: <web.inter.nl.net/
p. 292-305, 1973.
users/H.Ranter/cvr/cvr_av052.htm>. Acesso em: 12 nov. 2005
LERBINGER, Otto. The crises manager: facing risk and responsibility.
De KADT, E. The concept of face and its applicability to the Zulu
Mahwah: Erlbaun Associates, 1997.
language. Journal of Pragmatics, v. 29, p. 173-191, 1998.
RATMAYR, R. Métadiscours et réalité linguistique: l’exemple de la
FÉLIX-BRASDEFER, J.C. Indirectness & Politeness in Mexican
politesse russe. Pragmatics, v. 9, n.1, p. 75-95, 1999.
requests. In: Selected Proceedings of the 7th Hispanic Linguistic Sympo-
VILLAFAÑE, Justo. Imagen positiva: gestión estratégica de la imagen
sium. Somerville, p. 66-78, 2005.
de las empresas. Madrid: Ediciones Pirámide, 2000.
FRAZER, B. Conversational mitigation. Journal of Pragmatics, IV-A, p.
WIERZBICKA, A. Cross-Cultural Pragmatics. Berlin, Mouton de
341-350, 1980.
Gruyter, 1991.
GARCIA, C. Reprimanding and responding to a reprimand: a case
WILCOX, Dennis L; CAMERON, Glen T.; AULT, H. Phillip; AGEE,
study of Peruvian Spanish speakers. Journal of Pragmatics, v. 19, p.
Warren K. Public relations: strategies and tactics. 70ª ed. New York: A
663-97, 1996.
and B, 2003.
65
APRENDER A VIVIR Y A CONVIVIR
DESDE EL SILENCIO
Ana Lucía Villarreal
Profesora y investigadora en la escuela de
Ciencias de la Comunicación Colectiva e Instituto de Investigación en Educación, Universidad de Costa Rica.
Email: [email protected].
66
RESUMEN
En este ensayo abordo el silencio como un elemento fundamental de los procesos comunicacionales y por tanto de la vida. Documento cómo diferentes autoras y autores abordan el silencio.
Visibilizo cómo las relaciones e interconexiones son un hilo conductor de las nuevas ciencias;
planteo la conspiración del silencio; abordo la íntima relación entre “silencio y poder”. Es un
trabajo exploratorio sobre el silencio, porque es un tema poco abordado, tanto en la comunicación como en otras disciplinas. Además, porque este artículo es construido en el marco de los
paradigmas emergentes.
Palabras claves: Silencio, Genero, Nuevos Paradigmas, Educación
ABSTRACT
This essay inquires into the silence as an essential element in the communicational processes
and, therefore, also in life. It researches into how authors have approached the silence and how
relationships and interconnections constitute the thread of the new sciences; it considers the
silence conspiracy and delves into the intimate relationship between “silence and power”. This
essay is an exploratory study on silence, a theme seldom discussed, whether by communications
and or by other disciplines. This work is structured on emerging paradigms.
Keywords: communication, silence, power
RESUMO
Neste ensaio abordo o silêncio como um elemento fundamental dos processos comunicacionais
e, portanto, da vida. Descrevo como diferentes autoras e autores abordam o silêncio. Esclareço
como as relações e interconexões são um elo das novas ciências; enfoco a conspiração do silêncio; abordo ainda a íntima relação entre “silêncio e poder”. É um trabalho exploratório sobre
o silêncio, pois trata-se de um tema pouco abordado, tanto na comunicação como em outras
disciplinas. Além disso, este trabalho é construído à partir de novos paradigmas.
Palavras-chave: Silêncio, Gênero, Novos Paradigmas, Educação
67
1. Introducción:
Al descubrir que la intracomunicación, silencio en este texto, es la base de todos los procesos
de comunicación que como seres humanos desarrollamos (McEntee, 1996), me atrevo a abordar
el tema con el propósito de realizar un aporte
que nos brinde elementos para mejorar como
personas y para enriquecer nuestra práctica profesional.
Percibo la comunicación como todo tipo de relaciones que establecemos las personas, con sí mismas y con las otras personas con quienes convivimos. Relaciones que van más allá de los roles que
tradicionalmente se asignan a quienes participan
en procesos comunicativos: emisores, perceptores
o receptores. Al plantear la comunicación como
relaciones, visualizo a las personas como interlocutoras, o sea en relaciones de equidad, no en relaciones de poder.
68
2. El silencio según varias autoras y autores:
A lo largo de diferentes lecturas que versan sobre los paradigmas emergentes, nueva ciencia, me
encuentro con diferentes palabras y conceptos que
las autoras y autores utilizan y con los cuales de
alguna forma se refieren al silencio, o más bien
a diferentes tipos de silencio. Los menciono con
el propósito de aportar luz sobre un tema que es
poco desarrollado como parte de los procesos vitales y como parte de recuperar la comunicación
como un fenómeno básicamente humano.
Inicio este recorrido con Emilia Macaya, ya que
es ella quien plantea cómo las mujeres, enfrentadas al silencio impuesto por el patriarcado, podemos transformar este silencio de sumisión en
silencio liberador, por medio del monólogo interior. Luego amplío con otros aportes que desde
diferentes miradas enriquecen y redondean al “silencio” como proceso fundamental de la comunicación humana.
Monólogo interior: (Emilia Macaya). La autora lo plantea como técnica literaria del fluir de la
conciencia, en la cual se instaura la i-logicidad y
el fluir de lo reprimido y es una forma subversiva
del silencio.
El ritmo interno del recuerdo –como evocación
de su experiencia vital femenina frente a un medio
adverso- es el mecanismo por el cual se implanta la
presencia del monólogo interior, recurso que tiene
su raíz y su razón de ser en el silencio de la “voz”
y la afirmación de la escritura (Macaya, 1992, p.
136). Ritmo interno que se instaura asociado a la
mujer y en consonancia, igualmente, con el ritmo
de la naturaleza.
El silencio como sumisión cede su espacio al silencio como rebelión, para transformarse en silencio liberador y autoafirmativo.
La autodefinición femenina asociada al discurso liberador producido como monólogo interior
desde el silencio, logra destruir finalmente el proceso ideológico sostenido por siglos de cultura
patriarcal. Frente a la ideologización aniquilante,
el silencio femenino se instaura como vehículo de
autodescubrimiento, para que así la mujer pueda
re-crearse y aceptarse en cuerpo, mente y condición concretas (Macaya, 1992, p. 144).
Comunicación intrapersonal (Hielen McEntee)
“Es comunicación con uno mismo. En este nivel
de comunicación, la persona recibe las señales que
representan las propias sensaciones o sentimientos”. Esta autora afirma que “la comunicación intrapersonal es la base de todos los demás niveles de
comunicación” (McEntee, 1996, p. 133).
Comunicar consigo mismo: (Jacques Salomé,
1990, p. 34) “… la primera etapa (para mejorar
mi comunicación con otra persona), jamás concluida… consistirá en reconocer lo que yo expe-
Al plantear la comunicación como relaciones, visualizo
a las personas como interlocutoras, o sea en relaciones
de equidad, no en relaciones de poder.
rimento, lo que yo siento en el momento en que
lo vivo: gusto o disgusto, tristeza, enfado o alegría,
felicidad, amor o desesperanza”.
Reflexión (Humberto Maturana) Para este autor la reflexión nos hace conscientes de nuestros
conocimientos y de nuestros deseos, nos hace
responsables porque nos hace conscientes de las
consecuencias de nuestros actos y actuamos según
nuestro deseo o no deseo de esas consecuencias,
y nos hace libres porque nos hace conscientes de
nuestra responsabilidad y podemos actuar según
si queremos o no queremos vivir las consecuencias
de nuestro actuar responsable (Maturana y Varela,
1998, p. 32).
“… la operación de reflexión consiste en que
pongamos en el espacio de las emociones los
fundamentos de nuestras certidumbres exponiéndolos a nuestros deseos, de manera que podamos retenerlos o desecharlos dándonos cuenta
de ello.” (Maturana, 1998, p. 58).
Maturana (citado por Capra: 1985, p. 300)
plantea que la autoconciencia y el despliegue de
nuestro mundo interior e ideas y conceptos, son
inaccesibles a explicaciones en términos de física
y química y que sólo podemos conocer la consciencia humana a través del lenguaje y de todo el
contexto social en el que éste está inmerso.
En la Teoría de Santiago Maturana dice que “el
lenguaje emerge cuando hay comunicación sobre la comunicación (Capra, 1985, p. 297) o sea
cuando hacemos consciente el proceso de comunicación, cuando hacemos conscientes nuestros
pensamientos sobre nuestros pensamientos, po-
pularmente se puede resumir en “pensar antes de
pensar”.
Propiocepción del pensamiento (David Bohm,
2001, p. 122) Propiocepción o “percepción de uno
mismo”. El autor también define el concepto como
“autopercepción del pensamiento”, “autoconciencia del pensamiento” o “pensamiento consciente
de sí mismo en acción”.
Autococimiento (Ramón Gallegos, 1999) En
este autor percibo el silencio como el acto de estudiarnos a nosotros mismos y como elemento fundamental para lograr la mente científica.
“Un factor importante de la nueva ciencia es
que está totalmente relacionada con el autoconocimiento; la educación holista se basa en el
principio de que sólo podemos conocer adecuadamente el orden universal si este conocimiento
está articulado con el de uno mismo… lo cual
lleva un aprendizaje de la nueva ciencia en un
contexto de responsabilidad y creatividad al
servicio del bienestar humano común” (p. 126
– 127).
Autoobservarnos: conocer nuestra racionalidad
(Edgar Morín) Plantea que comenzamos a ser verdaderamente racionales cuando reconocemos la
racionalización incluida en nuestra racionalidad y
cuando reconocemos nuestros propios mitos, entre ellos el mito de nuestra razón todopoderosa y
el del progreso garantizado.
Para Morín (1999, p. 25) la verdadera racionalidad no es sólo teórica y crítica, sino también
autocrítica. Esta afirmación se puede acercar a
69
la propuesta de Maturana y Varela de “saber que
sabemos y alumbrar nuestro propio mundo” y la
propuesta de Bohm de la “suspensión de las creencias y la propiocepción de los pensamientos”. Morín plantea autoobservarnos y concebirnos.
Es preciso aprender a ser coherentes, lo
mos la creatividad y la solución de los problemas.
Aquietarse, mirar y escuchar activa la inteligencia
no conceptual que anida dentro de ti”.
Observar y Saber-hacer: (Paulo Freire) desarrolla el silencio en la Pedagogía de la autonomía, la
cual funda en la ética, en el respeto a la dignidad y
a la propia autonomía del educando.
cual implica la coherencia entre el
“saber-hacer y el saber-ser pedagógicos”.
En ese sentido este autor (1999, p. 14) retoma
la necesidad de introducir y desarrollar en la educación el estudio de las características cerebrales,
mentales y culturales del conocimiento humano.
Este conocimiento nos permitirá valorar y respetar
la unidad y diversidad de todo lo que es humano,
ya que nos permitirá saber cómo aprenden las diferentes personas, aspectos en los cuales encontraremos unidad y diversidad de los seres humanos.
70
Edgar Morín (1999, pp. 35 - 38) reconoce que
un problema universal al que está enfrentada la
educación del futuro es a la reforma de la forma de
pensar. Propone que la educación debe favorecer
la aptitud natural de la mente para hacer y resolver
preguntas esenciales y correlativamente estimular
el empleo total de la inteligencia general (opera y
organiza la movilización de los conocimientos de
conjunto en cada caso particular), para lo cual se
necesita la curiosidad, facultad más expandida y
más viva en la infancia y en la adolescencia.
Quietud interna: (Eckhart Tolle, 2003, pp. 7
- 9) “Escuchar el silencio despierta la dimensión
de quietud dentro de ti, porque sólo la quietud
te permite ser consciente del silencio… Observa
que en el momento de darte cuenta del silencio
que te rodea, no estás pensando. Eres consciente,
pero no piensas… La verdadera inteligencia actúa
silenciosamente. Es en la quietud donde encontra-
“Quien observa lo hace desde un cierto punto de
vista, lo que no sitúa al observador en el error.
El error en verdad no es tener un cierto punto
de vista, sino hacerlo absoluto y desconocer que
aun desde el acierto de su punto de vista es posible que la razón ética no esté siempre con él”
(2004, p. 16).
Saber-hacer: Es preciso aprender a ser coherentes, lo cual implica la coherencia entre el “saber-hacer y el saber-ser pedagógicos”. Freire nos advierte
sobre la necesidad de asumir una postura vigilante
contra todas las prácticas deshumanizantes. Para
eso el saber-hacer de la autorreflexión crítica y el
saber-ser de la sabiduría, ejercitados permanentemente, pueden ayudarnos a hacer la necesaria
lectura crítica de las verdaderas causas de la degradación humana y de la razón de ser del discurso
fatalista de la globalizacón (Edina Castro, en Freire, 2004, p. 13)
Inteligencia intrapersonal (Hugo Assmann,
2002, p. 111). Definida por el autor como los “estados internos”, la autorreflexión, la metacognición
(pensar sobre el pensar) y la conciencia de “situarse” en el tiempo y en el espacio.
Conciencia: Capra (1998, p. 296) dice que la
conciencia la entiende como la capacidad especial
de autoconocimiento. Y, que consciencia es esencialmente un fenómeno social, lo cual desprende
de su raíz latina: con-scire: saber juntos. Concepto
que amplía retomando la “conciencia reflexiva” de
Maturana y Varela en la propuesta de ambos de la
Teoría de Santiago sobre la cognición y que dicen
que “al saber que sabemos, nos damos a luz a nosotros mismos”.
Desde una educación para la vida (biopedagogía) debemos facilitar espacios y tiempos en los
cuales las personas que participan en estos procesos puedan practicar los diferentes tipos de silencios, con el propósito de que cada quien pueda
fortalecer su autonomía personal.
Uno de los desafíos más difíciles será el modificar nuestro pensamiento de manera que enfrente
la complejidad creciente, la rapidez de los cambios
y lo imprevisible que caracterizan nuestro mundo
(Federico Mayor, En: Morín, 1999, p. 11).
En el mismo sentido, Edgar Morín (1999, p. 62)
plantea pasar de una forma de pensar fragmentada, a un pensamiento policéntrico:
- capaz de apuntar a un universalismo no abstracto sino consciente de la unidad/diversidad de
la condición humana.
- Alimentado de las culturas del mundo.
- Para la identidad y la conciencia terrenal.
Por ejemplo, el autor citado, afirma que la incapacidad de organizar el saber disperso y compartimentado conduce a la atrofia de la disposición
mental natural para contextualizar y globalizar.
Esto significa que no hemos desarrollado la capacidad de establecer relaciones.
Lo que me lleva a plantear como un reto de la
educación del futuro el desarrollar la capacidad de
pensar sistémicamente, lo que también nos llevará a percibirnos como seres interdependientes; que
significa que las acciones de cada quien afectan a
los otros seres del planeta, el cual es un sistema.
Como pude observar, estos conceptos abordan
diferentes niveles de silencio, todos los cuales son
necesarios en la vida de las personas y describen
diferentes niveles de comunicación con sí misma,
con sí mismo, que cada persona puede establecer. Desde el darse cuenta de sus monólogos interiores, que se pueden dar desde las regañadas
y repetición de ideas; pasando por la reflexión y
propiocepción del pensamiento, que implica un
nivel consciente de intracomunicación; hasta llegar a la quietud interna, como una forma de silencio total, o sea que ya no se da un conversarse,
sino que pasa de las palabras –forma de comunicación del consciente- a un estado de percepción
de sensaciones y símbolos, que corresponde al
nivel inconsciente; hasta la quietud total que es
una manifestación de la comunión y el fluir con
el universo.
3. Relaciones, interconexiones….
De los elementos aportados por la teoría de sistemas, la física cuántica, la ecología profunda, la
Psicología Gestalt, la cibernética (elaboradas en los
paradigmas emergentes), retomo la importancia
de las relaciones, interconexiones entre los seres
vivos; el establecimiento de redes, desde la comunicación vista como relaciones y conexiones, entre
seres autónomos y a la vez interdependientes.
Surgiendo así la danza de la vida, una red de
redes donde no hay jerarquías, no hay relaciones/
comunicaciones de poder entre emisores y receptores, sino relaciones/diálogos entre personas interlocutoras, todas y cada una fundamental para
que exista y se autoorganice constante, armoniosa
y colaborativamente la danza del amor.
“En la naturaleza no hay ni un “arriba” ni un
“abajo” ni se dan jerarquías. Sólo hay redes dentro de redes” (Capra, 1998, p. 55).
Seres vivos, totalidades integradas, cuyas propiedades esenciales surgen de las interacciones e
71
El silencio tiene diferentes significados según sea el tipo de
relaciones que establecemos las personas, para construirnos como
seres autónomos e interdependientes el silencio como
opción y no obligado, es una herramienta.
interdependencia de sus partes: relaciones, interconexiones, interdependencias…
Por ello y con base en estos y otros aportes de
los paradigmas emergentes propongo –en el proceso de elaboración de una propuesta de biopedagogía- recuperar, reconstruir la comunicación
y el lenguaje como nacieron: para establecer relaciones de cooperación entre seres vivos, construyendo relaciones compasivas para transformar
las relaciones autodestructivas, características de
la sociedad actual.
72
4. La conspiración del silencio:
¿Por qué estudiar el silencio es una conspiración,
entendiendo el silencio como la comunicación del
inconsciente y la intracomunicación?
Porque el silencio ha sido mantenido en silencio
(valga la redundancia) por el patriarcado, porque
“… ese otro Yo que pertenece al inconsciente expresa una realidad distinta de la realidad consciente, puesto que remite a las zonas de lo reprimido,
a la vez que se manifiesta mediante un lenguaje
propio, el cual funciona además de acuerdo a leyes
específicas.” (Macaya, 1992, p. 8).
Si queremos ser plenamente humanos y vivir
de tal manera que nuestras relaciones también
generen humanidad es necesario un aprendizaje para la vida, un aprendizaje que nos haga
reconciliarnos con la humanidad, con la naturaleza y con el cosmos. De ahí la necesidad de
una pedagogía del aprendizaje, un germinar de
humanidad. (Jon Bakkerud, en: Prado y Gutiérrez, 2004).
Esta autora plantea la idea de que lo que se ha
dejado a un lado puede ser aún más importante
que todo lo demás, precisamente por las razones
que mediaron para marginarlo, en nuestro caso
el silencio es percibido en la sociedad como lo femenino, como el comportamiento de las personas
sumisas, por ello es descalificado.
Estos aportes concuerdan con Pearce (1994),
quien afirma que en el nuevo paradigma la comunicación pasa a primer plano, sí a primer plano
pero como un proceso de relaciones entre seres vivos autónomos e interdependientes, que emplean
el lenguaje para construir sus mundos, para darse
a luz sus mundos, no para representarlos.
Macaya aporta otro elemento: la asociación entre lo inconsciente y lo materno, propuesta por
Julia Kristeva. “El inconsciente humano contiene
toda la forma vital y funcional hereditaria de la
serie de los antepasados, de suerte que en el niño
(y en la niña) está presente una funcionalidad psíquica adecuada ya antes de cualquier conciencia”
(Toni Wolf, En: Enigmas y misterios del mundo,
2005, pp. 291 - 292).
1 Biopedagogía es la ciencia que se dedica a desarrollar procesos de
aprendizaje para vivir. Su objetivo es la promoción del aprendizaje
en vistas a la autoorganización de la información como aspecto
fundamental del desarrollo de los seres humanos (Prado y Gutiérrez,
2004).
Según este concepto existe una serie de iconos
cuyo contenido y significado son universales, que
condicionan el carácter de aquellos individuos que
se sitúan bajo su dominio antes incluso de que se
llegue a desarrollar en ellos conciencia alguna. Este
conjunto de imágenes simbólicas fue lo que Jung
denominó inconsciente colectivo.
De esta forma, Carl Gustav Jung reafirmaba el
principio de que cada persona es un mundo, pero
también el de que sobre la conciencia humana incide de un modo muy directo la dimensión espiritual de cada individuo, y ésta se ha de comprender
desde la vinculación que cada uno de nosotros tenemos con nuestros semejantes, con el medio que
habitamos y con el cosmos.
5. Silencio y poder:
“Las interacciones recurrentes en el amor
amplían y estabilizan la convivencia;
las interacciones recurrentes en la agresión
interfieren y rompen la convivencia.
Maturana, 1998, p. 23.
El silencio tiene diferentes significados según sea
el tipo de relaciones que establecemos las personas, para construirnos como seres autónomos e
interdependientes el silencio como opción y no
obligado, es una herramienta.
a) Silencio como negación de derecho a expresarse: silencio impuesto
Cuando el silencio se da en relaciones de poder
características de la sociedad patriarcal (dominación/subordinación) se torna como la negación
del derecho a expresar lo que se siente o como
el apoderarse del derecho del otro o la otra a expresarse.
En este caso es cuando es necesario romper el
silencio, de parte de la persona subordinada, para
2 Assmann (2002, 102) expresa que considera un deber el grito ético
que denuncie enérgicamente la lógica de la exclusión y la asombrosa
insensibilidad generalizada en relación con la misma.
lo cual debe haber iniciado un proceso de silencio
interno –monólogo interior- que le permita saber
que sabe que se le está quitando un derecho y tome
la decisión de transformar esta situación. Este tipo
de relaciones se dan entre personas no autónomas
y dependientes o independientes.
Maturana califica este tipo de relaciones como
jerárquicas y no sociales: “Relaciones humanas
que no están fundadas en el amor –digo yo- no
son relaciones sociales.” (Maturana, 1998, p. 27).
Un ejemplo de este tipo de silencio es la no existencia de las mujeres en el lenguaje y la violencia
por omisión que ello implica para la mitad de la
población.
b) Silencio voluntario
Cuando las relaciones que se dan entre personas son de cooperación, apoyo, solidaridad, amor;
el silencio o los silencios que se presenten corresponden a acuerdos tácitos que hacen que no sea
necesario hablar para sentirse comunicadas, en
relación. Por ello afirmo que silencio voluntario se
da en relaciones simétricas.
Este tipo de relaciones son calificadas por Maturana como sociales. “… sólo son sociales las relaciones que se fundan en la aceptación del otro
como un legítimo otro en la convivencia, y que tal
aceptación es lo que constituye una conducta de
respeto” (Maturana, 1998, p. 24).
6. Conclusiones o ¿puntos de partida?
Los conceptos del silencio mencionados nos llevan a replantearnos como personas y como profesionales de la comunicación, roles que no podemos
separar. Ello por cuanto McEntee nos dice que la
comunicación intrapersonal es la base de todos los
demás procesos de comunicación, Macaya nos remite al monólogo interior como una herramienta
empleada por las mujeres para retomar su voz, a
73
través de la afirmación de la escritura; Salomé afirma que para mejorar mi comunicación con otras
personas debo reconocer lo que yo experimento;
Maturana argumenta que la reflexión nos hace
responsables al hacernos conscientes de las consecuencias de nuestros actos; coincidiendo con
Bohm, Gallegos y Assmann en lo que este último
llama la metacognición. Propuestas todas que, de
una u otra forma, abogan por la urgencia de reformar la forma de pensar, de percibir, planteada
por Morín y con la de Freire de ser coherentes
entre el pensar y el hacer.
Autoras y autores confluyen en la necesidad de
que los seres humanos nos demos cuenta que no
todas las puertas se abren para afuera, en que debemos abrir la puerta hacia dentro: hacia nuestro
interior. En que debemos asumir nuestra responsabilidad, individual y colectiva, en la construcción de la vida. Ello implica también el dejar
de asumirnos como víctimas o victimarios, para
asumirnos como actoras y actores de la vida. Nos
llaman a vivir conscientemente, o sea a que como
personas aprendamos a vivir y a convivir.
74
Como comunicadoras y comunicadores lo anterior nos remite a interrogantes como:
- ¿Qué nos implica asumir que la intracomunicación es la base de todos los demás procesos de
comunicación?
- ¿Cómo desarrollar o facilitar procesos de comunicación que integren la comunicación intrapersonal?
- ¿Cómo desarrollar procesos de comunicación
entre personas interlocutoras, superando así los
roles de emisores y receptores o perceptores?
- ¿Qué aportes le podemos hacer a la sociedad
actual tan falta de diálogo, de relaciones de cooperación y no de competencia?
- ¿Cómo percibirnos como interlocutoras o interlocutores?
- ¿Cómo transformarnos de ser productoras y
productores de mensajes (aislados, fragmentados
unos de otros), a ser facilitadoras y facilitadores
de procesos de comunicación: diálogos, conversaciones, negociaciones; que promuevan el establecimiento de redes, de relaciones; tanto mentales como humanas?
Todo lo anterior nos plantea el reto a adentrarnos en el silencio, conocerlo y empezar a observarlo y practicarlo en nuestras vidas y relaciones,
así como en nuestra práctica profesional; para
enriquecerla y ampliarla a espacios que no hemos considerado nos atañen, pero que constituyen uno de los fundamentos de la comunicación.
Proceso pendiente de coconstrucción de conocimiento, que nos involucra como sociedad y que
podemos asumir como el reto del siglo XXI para
nuestra profesión.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSMANN, Hugo. Placer y ternura en la educación. Hacia una socie-
_____________; y PORKSEN, Bernhard. Del ser al hacer. Orígenes de
dad aprendiente. Madrid: Narcea S.A. de Ediciones, 2002.
la Biología del conocer. Chile: J.C. Sáez, 2004.
BRIGGS, John y PEAT, David. Las siete leyes del caos. Las ventajas de
_____________. VERDEN-ZOLLER. Amor y juego. Fundamentos
una vida caótica. Barcelona: Grijalbo, 1999.
olvidados de lo humano. Desde el patriarcado a la democracia. Chile:
BOHM, David. Sobre el diálogo. Barcelona: Editorial Kairos, 2001.
Editorial Instituto de Terapia Cognitiva, 1993.
BOOKSPAN. Enigmas y misterios del mundo. U.S.A.: Credimar, 2005.
MCENTEE, Hielen. Comunicación oral para el liderazgo en el mundo
FREIRE, Paulo. Pedagogía de la autonomía. Saberes necesarios para la
moderno. México: McGRAW- HILL, 1996.
práctica educativa. México: Siglo Veintiuno Editores, 2004.
MORÍN, Edgar. Los siete saberes necesarios para la educación del futuro.
FRITJOF, Capra. La trama de la vida. Una nueva perspectiva de los
México: Ediciones UNESCO, 1999.
sistemas vivos. Barcelona: Editorial Anagrama, 1998.
PEARCE, W Barnett. Nuevos modelos y metáforas comunicacionales:
GALLEGOS, Ramón. Educación holista. Pedagogía del amor universal.
el pasaje de la teoría a la praxis, del objetivismo al construccionismo
México: Editorial Pax, 1999.
social y de la representación a la reflexividad. In: FRIED SCHITMAN,
MACAYA, Emilia. Cuando estalla el silencio. Para una lectura femenina
Dora. Nuevos paradigmas, cultura y subjetividad. Argentina: Paidós,
de textos hispánicos. San José, Costa Rica: Editorial de la Universidad
1994.
de Costa Rica, 1992.
PRADO, Cruz; GUTIÉRREZ, Francisco. Germinando humanidad.
MATURANA, Humberto. Emociones y lenguaje en educación y política.
Pedagogía del aprendizaje. Guatemala: Save the Children-Noruega,
Colombia: Dolmen Ediciones y TM Editores, 1998.
2004.
_____________; y VARELA, Francisco. De máquinas y seres vivos.
SALOMÉ, Jacques y GALLAND, Sylvie. Si me escuchara, me en-
Autopoiesis: la organización de lo vivo. Chile: Editorial Universitaria,
tendería. España: Editorial Sal Térrea, 1996.
1998.
TOLLE, Eckhart. El silencio habla. España: Gaia Ediciones, 2003.
75
entrevista
MIRADAS CRÍTICAS DE UM
PRODUCTOR DE IDEAS
Entrevista a Héctor Schmucler
Por Alfredo Alfonso
Alfredo Alfonso es Primer Vicepresidente de ALAIC. Es profesor ordinario
de las Universidades Nacionales de Quilmes y La Plata, Argentina, en donde se
desempeña como profesor de grado y posgrado. Desde 2004 es vicedecano de
Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Quilmes. Es investigador
categoría I del Sistema Nacional de Investigadores. Ha publicado los libros
Imágenes de la crisis en Argentina y La investigación periodística en la
Argentina, este último en colaboración con Martín Becerra.
Héctor Naum Schmucler es profesor emérito de la Universidad
Nacional de Córdoba, Argentina, donde fue profesor titular durante
10 años. Fue profesor de las universidades de Buenos Aires, La Plata y
76
de la Universidad Autónoma Metropolitana de México.
Es autor de varios libros, entre los que se destacan Memoria de la
Comunicación y América Latina en la encrucijada telemática, en colaboración con Armand Mattelart, y de numerosos artículos referentes al campo de la comunicación publicados en revistas especializadas
de Argentina, América Latina, Inglaterra, Canadá, España y Holanda.
En los últimos años, colaboró de manera habitual con las revistas
Punto de Vista y Telos, entre otras. Fue co-fundador y secretario de
redacción de la revista Pasado y Presente y fundador y director de las
revistas Los libros, Comunicación y Cultura y Controversia.
Sus investigaciones recientes se han orientado a la problemática de
la memoria colectiva. Actualmente coordina el Programa de Estudios
de la Memoria en el Centro de Estudios Avanzados de la Universidad
Nacional de Córdoba en donde también dirige la Especialización en
Comunicación, Medios y Prácticas educativas.
BAJADA
La vasta producción intelectual de Héctor Schmucler está
marcada por su carácter de propiciador de espacios de condensación
intelectual claves en América Latina. Publicaciones periódicas que por
su calidad y vigilancia epistemológica tuvieron un devenir fundamental
en el pensamiento comunicacional latinoamericano.
¿Cómo fue tu vinculación con
Pancho Aricó y con Oscar del Barco, miembros emblemáticos de
Pasado y Presente?
H.S.: - Pasado y Presente fue
posterior a nuestra militancia.
Nos conocimos en distintas circunstancias. La propia revista es
un derivado de nuestra visión de
la militancia y las ideas que conformaban esa militancia dentro
de partidos marxistas.
¿Cómo se deciden, desde el interior de Argentina y con las dificultades que conlleva, a instalar un
proyecto de estas características?
H.S.: - Básicamente tengo un
par de recuerdos firmes. Nosotros
éramos estudiosos del marxismo
y fuimos muy influidos en la época, a fines de los ’50 y comienzos
de los ’60, por cierta apertura que
se daba en algunos países europeos con respecto al marxismo,
particularmente Italia. Italia, que
venía desde el pensamiento gramsciano. Hay que recordar que
el nombre de la revista, Pasado y
Presente, evoca al concepto de Pasado y Presente de Gramsci, y las
discusiones que en ese momento
estaban vigentes. En un señalamiento cronológico, el gran cambio que significó la denuncia o el
reconocimiento del totalitarismo
estalinista por el propio Partido
Comunista de la Unión Soviética
fue una revelación para quienes
en mayor o menor grado no estábamos exentos de dogmatismo o
teníamos referencias más o menos
ciegas. Esto nos pone de manifiesto algo que quizás sentíamos pero
que no lo terminábamos de edificar. Lo cierto es que este hecho
abre un nuevo camino de revisión
dentro del marxismo y donde se
destaca, desde nuestra mirada, el
pensamiento italiano. Fue hace
más de cuarenta años, hasta la primera mitad de los ’60. Nosotros
pensábamos desde el marxismo
en ruptura con el esquema soviético. Un elemento que nos aportaba teóricamente una gran fuerza y
una gran amplitud de miradas era
lo que proponían los filósofos italianos, los estudios sobre estética
italiana, etc.
Esto lo asumimos con un enfoque de tipo Gramsciano. A
Gramsci lo habíamos conocido y
ahora se incorporaba ya en una
idea de ruptura de los cánones
cerrados que, desde el punto de
vista del pensamiento y desde lo
político, eran muy improductivos
porque llevaban a la clausura de
la imposibilidad de la revolución.
El otro elemento fue la revolución cubana. Por lo menos desde
el espacio imaginario. Era una
posibilidad en ese momento. Lo
veíamos como poner la voluntad
al servicio revolucionario. Subrayo voluntad porque rompía los
cánones ideológicos de la filosofía
77
Un elemento que nos aportaba teóricamente una gran
fuerza y una gran amplitud de miradas era lo que proponían
los filósofos italianos, los estudios sobre estética italiana.
78
de la historia, que era una interpretación del marxismo, por lo
cual los cambios se producían casi
naturalmente. Pero acá hay otro
aspecto, había voluntad y proyecto. Y nuestro proyecto pesó.
Por un lado, aperturas ideológicas y por otra lado una vivencia de
una práctica posible. En Pasado y
Presente hacíamos una crítica a las
instituciones partidarias consolidadas. No sólo permitía pensar
sino que también permitía intervenir. Se nos abrieron muchos caminos. Nos empezaron a interesar
muchas más cosas más allá de lo
propiamente político, por eso Pasado y Presente lo hicimos porque
éramos cinco o seis personas interesadas en esto y fuimos acompañados por otras personas y muchos estudiantes. Pero también
nos abrió la mirada a zonas que
estaban de hecho censuradas para
un enfoque marxista ortodoxo. El
campo de la literatura, el campo
de la antropología, el campo del
psicoanálisis. Se suele recordar que
el primer articulo sobre Lacan lo
escribió Oscar Massota en Pasado
y Presente lo cual era totalmente
desorbitado para los cánones tradicionales de lo que era una revista que se definía marxista. Creo
que eso fue también el impacto
que tuvo la revista desde Córdoba hacia el resto de Argentina y
América Latina. Fue un hecho de
importancia para cierto recambio
del pensamiento marxista.
¿Era parte de la política editorial la
convocatoria a investigadores con
otras improntas?
H.S.: - Era un objetivo estratégico. Apuntábamos a pensar cómo
el marxismo podía comprender
esto. No era simplemente una
especie de coquetería intelectual.
Pensábamos que todo podía ser
pensado desde esta mirada del
marxismo. Queríamos transformar el dogmatismo que dominaba el pensamiento marxista.
¿Y cuál es tu proceso posterior?
H.S.: - Hay un corte en mi biografía. Pasado y Presente dura tres
años. Hay que decir que en nuestra mirada de la realidad estaba
la revolución cubana pero no así
la resistencia peronista o la nueva inserción política de distintos
sectores. No estaba en nuestro
horizonte o, al menos, no éramos
concientes. Tampoco era muy
claro para nosotros los procesos
en América Latina aunque sí los
procesos revolucionarios, como la
revolución cubana. Hay un momento importante políticamente
que es nuestro apoyo a lo que fue
la experiencia de la guerrilla guevarista de Salta, en Argentina. Es
un punto importante. Nosotros
allí hacemos como una especie de
logística intelectual. Nuestro grupo fue el primer contacto.
No sólo era una intervención de
ideas sino que también reúne una
intervención en la práctica.
H.S.: - Cuando a nosotros nos
expulsan del PC, luego del primer numero de Pasado y Presente, con nosotros se va un contingente muy grande de la juventud
universitaria comunista que en
aquel momento tenía un peso
discreto dentro de la universidad
de Córdoba. En nuestra voluntad
hay una línea. Un apoyo crítico
del foco guerrillero de Salta pero
desde adentro. Éramos participes. Sin voluntad de formar un
núcleo directivo de nada. La revista dura hasta 1967. Era un fenómeno de época y luego queda
cada uno marcando su camino
y, por ejemplo, Aricó queda haciendo los Cuadernos de Pasado
y Presente, con una impronta va-
entrevista
Los Libros nace como un proyecto de revista en
donde estábamos influidos del auge del estructuralismo
de Lacan, Althusser, Barthes.
liosísima en América Latina.
¿Cómo se visualizaba la repercusión de la revista en el trabajo
editorial de ustedes en Pasado y
Presente?
H.S.: - Sobre muchas de esta
repercusiones nos fuimos enterando después. Íbamos a Perú y
había gente que había reunido un
grupo a partir de estas ideas. En
México también nos enteramos
de lectores que nosotros ignorábamos. Fuimos muy solicitados
por grupos diversos que se imaginaban también o tenían posiciones distintas al dogma marxista
del PC. En ese sentido quedó en
la memoria. Nos han seguido escribiendo. No éramos plenamente concientes en ese momento.
Tampoco teníamos ninguna voluntad de acumulación de poder
y cada uno fue siendo su camino
no demasiado alejado del resto
pero con matices. En el año 1966
me fui a Francia, a trabajar con
Roland Barthes durante tres años.
Ahí conocí el estructuralismo.
Luego desarrollo intereses por los
temas de la comunicación masiva
justamente porque Roland Barthes y el equipo que trabajaba con
él se habían empezado a interesar
en esto. Editaban la revista Communications, etc.
Seguía con mi preocupación
estético-literaria y regreso a comienzos de 1969 y me quedo a vivir en Buenos Aires. Y por razones
casi fortuitas me invitan a dar un
curso de Semiología en la actual
Facultad de Periodismo y Comunicación Social de la Universidad
Nacional de La Plata. Fue el primer lugar de Argentina en donde
se genera una cátedra de semiología. Más adelante este trabajo va
a desembocar en otra revista que
fue Comunicación y Cultura.
Antes de Comunicación y cultura
desarrollas una interesante experiencia en la revista Los Libros.
H.S.: - La primera actividad que
hago acá cuando regreso de Francia fue pensar Los Libros, bastante influida por la revista francesa
La quincena literaria. Encontré el
apoyo de la editorial Galerna y
pocos meses después de regresar y
en el medio de un gran debate de
ideas en Argentina.
Los Libros nace como un proyecto de revista en donde estábamos
influidos del auge del estructuralismo de Lacan, Althusser, Barthes.
La idea de la revista era hacer una
revisión de las publicaciones que
aparecían en Argentina con una
mirada sobre esas publicaciones
desde la óptica de intelectuales
que estuvieran a la vanguardia y
que participaran de estos nuevos
pensamientos. Por eso la revisa
Los Libros, mientras estuvo bajo
mi dirección a partir de 1969,
agrupa a una cantidad notable de
gente que todavía no era del todo
notable, pero que estaba en la línea de búsqueda de nuevas perspectivas intelectuales. Entonces
era incesante. Si uno revisa los números de Los Libros son todos los
que ahora están en los institutos
de investigaciones o en funciones
de dirección intelectual o política.
Así se dio. Desde los ya conocidos
como Aricó, estaban Eliseo Verón,
Oscar Massota, Germán García,
Ricardo Piglia, Beatriz Sarlo, Carlos Altamirano, te diría que todos
los que en su momento tenían un
peso en la literatura de las Ciencias Sociales.
La revista dio cuenta de ciertos
movimientos en el campo de estudios de psicología y del psicoanálisis. Era una revista incómoda.
Tratábamos de poner bajo crítica,
qué había de actual y avanzado
dentro del espíritu que nos definía como de izquierda, sin que
79
El pensamiento más avanzado de lingüística y
psicología correspondía también a este nuevo mundo
que uno quería ayudar a construir.
80
ese fuera el eje. El pensamiento
más avanzado de lingüística y
psicología correspondía también
a este nuevo mundo que uno
quería ayudar a construir. Tanto
que la revista por su propio peso
y por el peso exterior se va politizando. La propia revista lo dice y
hay claramente un deslizamiento
a un mayor interés por la actualidad política.
Manteniéndose en la zona de
notas críticas de libros pero con
mayor énfasis en esto y con toma
de posiciones en algunos casos
que han quedado para la historia.
Hay algunos números que son
realmente de interés como para
dar cuenta de momentos y hay
algunos que llegaron a tener cierto peso. En aquel entonces reunió
debates como el del caso Padilla
en Cuba. Importante en el sentido internacional porque eso fue
una toma de posición de intelectuales en el mundo que estaban o
no de acuerdo. Nosotros tuvimos
nuestra propia iniciativa. En ese
sentido reunía un espectro muy
amplio que tenía como base la selección de colaboradores que era
aquellos que miraban los fenómenos más actuales de la cultura
del pensamiento.
La literatura que trabajábamos
era la literatura europea continental: italiana, francesa. Fueron
años de gran apertura, como
una viñeta de lo que pasó en ese
momento. Fue un momento de
fuerte movilización cultural en
Argentina, que también empieza
a ser político. La revista Primera
Plana, para poner un ejemplo,
que se publicó desde mediados
de los ’60, generó un gran impacto. Jamás había salido un semanario de este tipo con tanta
influencia sobre lo que se leía en
Argentina. Tenía la audacia de
poner escritores en tapa. Era un
hecho inimaginable en esa época.
Ahora como todo está mediatizado es simple. Eran propuestas.
Primera Plana también tuvo que
ver con el boom de la literatura
latinoamericana. Era un órgano
de influencia. Estaba también
el Instituto Di Tella, con toda la
explosión de vanguardia de los
sentidos plásticos, teatrales, etc. Y
que rápidamente es cruzado por
lo político. Todo estaba en ebullición. Aquí y en América Latina.
Si uno pasa por el ’68 en el resto
del mundo era la situación de la
inminencia de la transformación
político-cultural de todo. Esa era
la vivencia. Ahí hay que instalar
la importancia y la circulación
que tuvo inicialmente la revista
Los Libros.
¿Se leía en Latinoamérica?
H.S.: -En el sector de lo nuevo
en la literatura y de las nuevas
formas políticas no tradicionales
tenía circularidad, aunque nunca
tuvo grandes tirajes. Pero todos
los que estaban en el escenario
principal en ese momento leían
la revista. Era un referente. O colaboraban o eran criticados. Dentro del stablishment cultural tenía
su importancia, como el Di Tella
y su relativa influencia en América Latina.
Y mientras yo estaba en Los
Libros, se reengancha Pasado y
Presente, sobre todo Pancho Aricó con su experiencia editorial
de los Cuadernos. Es convocado
a un proyecto editorial que no
duró mucho tiempo que se llamaba Signos. Y tuvo su importancia
porque fue la base de la fundación
de Siglo XXI Argentina. Signos,
junto con el Fondo de los Cuadernos de Pasado y Presente y otra
gente se fusionan para dar lugar
a Siglo XXI Argentina. Y esta editorial cumplió un papel muy relevante en la discusión de ideas de
la época y en todo el proceso de
entrevista
En esos tiempos, los años ’70, lo conocí a Armand Mattelart. Y la idea de
estudiar el fenómeno de la comunicación y la cultura masiva tenía como
principal objetivo la trasformación de la sociedad, visto políticamente.
apertura política que se desarrolla
en los ’70. En mi caso, me desempeñé como gerente editorial de
Siglo XXI y publicamos “Para leer
al Pato Donald”, con prólogo mío.
También se editaron títulos como
el Manual de Martha Harnecker
que difundió el althuserianismo
en América Latina o los trabajos
de Paulo Freire, verdaderos best
sellers del conocimiento social
latinoamericano. Esto define un
clima no repetido, donde lo intelectual y lo político se confunde
en una trama novedosa.
El inseparable vínculo de la
Comunicación / Cultura
municación y Cultura, están inspirados en una especie de semiótica.
Las primeras publicaciones de
Mattelart estaban muy implicadas
de la semiótica francesa, pensamiento que se leía y reivindicaba
como revolucionario. Nosotros la
utilizábamos porque sentíamos
que estábamos desmoronando
los edificios ideológicos del enemigo. Ahí residía la utilidad. Una
mirada científica más cauta o más
alejada se podía conformar con la
pura construcción de un objeto
teórico. Pero para nosotros si no
servía se ponía en discusión su
virtud conceptual.
Justamente sobre este tema, lle-
En esos tiempos, los años ’70,
lo conocí a Armand Mattelart. Y
la idea de estudiar el fenómeno de
la comunicación y la cultura masiva tenía como principal objetivo
la trasformación de la sociedad,
visto políticamente. Fue una expresión de eso. Teníamos intereses
en la intervención política. Había
una construcción en la acción y
el proyecto inmediato de cambio
de sociedad, que era ineludible.
Vivíamos una época “alrededor
de la revolución” y ahí había una
marca. Nuestros primeros trabajos, que después lo llevamos a Co-
gamos a Comunicación y Cultura,
que se termina constituyendo en
una publicación nómada a consecuencia de los golpes militares en
Chile, inicialmente, y en Argentina
después, cuando finalmente se
cias de revistas que ahora circulan
en América Latina es que tenía un
proyecto. Las otras revistas son
expresión de instituciones donde
se mezclan distintos temas. No es
malo, porque es representativo de
estas instituciones académicas.
Pero la diferencia sustancial es
que el proyecto de Comunicación
y Cultura existía en la medida que
la selección de artículos no tenían
nada que ver con una especie de
representatividad de las distintas instituciones latinoamericanas. La elección era mucho más
puntual. El criterio de adjudicar
la posibilidad de publicación era
si respondía a los objetivos o no.
Era una revista, dicho en el mejor
sentido, tendenciosa. En Comunicación y Cultura no se publicaba
a Everett Rogers o otro funcionalista. Se planteaba una mirada
crítica y se propiciaba el enfrentamiento de ideas.
edita en México. Y la constituye
en la revista latinoamericana del
Las personas que integraban
campo de la comunicación más
la revista sorprenden desde su
emblemática, por el contexto y por
referencia actual. Figuras como
las dificultades de producción.
Jesús Martín-Barbero, Armand
Mattelart, Nicolás Casullo, Carmen
H.S.: - No se ha repetido la experiencia porque la historia cambió
en América Latina. La diferencia
fundamental, con otras experien-
de la Peza, Jorge González…la
sensación es que se producía una
condensación muy significativa de
voluntades de intervención…
81
Vivimos una época de cierto conformismo que curiosamente está
vinculado a cierta abundancia. Escribir un artículo hace treinta
años era un acto gratuito, no tenía trascendencia económica.
82
H.S.: - Si uno tuviera que hacer un reconocimiento a Comunicación y Cultura sería que claramente recortaba una posición
en los estudios del campo de la
comunicación. Una posición de
orden política revolucionara, sin
que la volviera panfletaria. Siempre pensábamos desde el rigor
y el estudio, pero manteniendo
una línea. Era parte de una disputa que se empezaba a generar
en América Latina también muy
novedosa. Desde los años cincuenta hasta los primeros setenta
la hegemonía del pensamiento,
de lo poco que se conocía en esos
años, era derivado de la bibliografía básica norteamericana, a
partir de razones muy aplicables.
La escasez de publicaciones de
América Latina es derivada de un
clima político, de una manera de
encarar el destino de la historia
latinoamericana. Estados Unidos
crea un proyecto dominante en
amplios sectores, y las carreras
de comunicación nacieron como
parte de un proyecto de desarrollo específico, etc. Comunicación
y Cultura fue la primera experiencia de producción intelectual
y política desde una producción
independiente. Fue el germen y
un lugar de encuentro de investi-
gadores claramente definido. Hoy
algunos hablan de una escuela
crítica latinoamericana. Aunque
no estoy de acuerdo con la definición, entiendo que este tipo de
espacio es el que se aglutinó en la
revista.
¿Cómo ves el presente de las publicaciones latinoamericanas?
H.S.: - Tal vez hoy estemos viviendo un exceso de institucionalización. Tanto al sacar una
revista como al sacar un libro. Se
produce una inflación. En general es saber que los artículos que
se publican no buscan provocar.
Porque lo más frecuente es que se
diluya en el mar de publicaciones.
Nosotros no podíamos pensar en
un subsidio, pero los artículos
eran más leídos. Los esfuerzos
por publicar, que se convertían en
logros, tenían su reconocimiento. Actualmente hay también un
modelo de estructura académica
que exige que haya más revistas
porque la gente tiene que publicar para su evaluación curricular. Donde se exige el número,
no la calidad. Eso hace que sea
indiferente. Porque es más fácil.
Cumple más funciones administrativo-académicas que pro-
yectos político-culturales. Y son
intercambiables. Me gusta más la
intensidad del pensamiento que
trata de contrastarse. Quizás hoy
publicar es necesario, pero le quita pasión. Creo que es un clima,
no es culpa de la revista. No se
debe desgajar el fenómeno revista
del fenómeno general que estructura la sociedad en su conjunto y
el orden académico actual.
Vivimos una época de cierto
conformismo que curiosamente está vinculado a cierta abundancia. Escribir un artículo hace
treinta años era un acto gratuito,
no tenía trascendencia económica. No había curriculums actualizados ni informes académicos
para que te categoricen y en esto
también hay abundancia. Hoy la
pasión margina. Es una suerte de
exotización del debate, cuando
en realidad es parte constitutiva
de las herramientas intelectuales
para comprender mejor el mundo. Este barniz de lo políticamente correcto no ha colaborado
nada, es contranatura. Cuando te
hablo de chatura, me refiero a la
repetición de lo mismo. Yo prefiero los errores o las equivocaciones audaces de una repetición
del sentido común, porque no se
crea nada.
Anúncio
CPFL
■ INTERNET
Y LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN.
UNA MIRADA DESDE LA PERIFERIA, Octavio islas (coord.),
290p., 2005.
Debemos ver al cosmos como lenguaje. El universo de los signos está de
pantalla entre nosotros y la realidad ¿Qué conocemos entonces? En no pocas
ocasiones, al especular sobre el futuro, la ciencia ficción ha contribuido a definir
el sendero por el cual las ciencias y las tecnologías exploran posibles respuestas
a muchas de nuestras interrogantes. La transición hacia la Sociedad de la
Información demanda un análisis que rebasa los aspectos relativos a su posible
desarrollo y la aceleración de las comunicaciones, porque trasciende el tema de
nuestra identidad. Para entender mejor este proceso, varios expertos en el tema
presentan este trabajo que fue coordinado por Octavio Islas
Editora: CIESPAL, Equador.
■ MÍDIA,
INTERCULTURALIDADE E MIGRAÇÕES
CONTEMPORÂNEAS, Denise Cogo, 244p., 2006.
O livro traz os resultados de uma pesquisa concluída em 2004 pelo grupo de
pesquisa Mídia e Multiculturalismo do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Comunicação da Universidade Vale do Rio Doce dos Sinos (UNISINOS), sediado
em São Leopoldo, RS, Brasil (www.midiamigra.com.br). A pesquisa teve como
objeto de estudo as estratégias de midiatização das migrações contemporâneas em
uma amostra de 1.868 textos midiáticos publicados entre julho de 2001 e julho de
2003 de dez jornais brasileiros e uma revista de circulação nacional.
Na perspectiva da pluralização dos imaginários midiáticos relacionados a uma
matriz de europeidade, a obra busca, dentre outros objetivos, resgatar os processos
84
de disputa por espaços para as vozes dos imigrantes, seja a partir da intervenção de grupos, redes
e organizações de imigrantes nas mídias massivas impressas, televisas e na internet, seja através da
produção de mídias próprias que constroem e dão visibilidade pública a demandas relacionadas à
cidadania das migrações no contexto brasileiro.
Editora: E-Papers/CSEM, Rio de Janeiro/Brasília, Brasil.
■ TEORIA
DO JORNALISMO, José Marques de Melo,
280 p., 2006.
O campo do Jornalismo enfrenta múltiplas turbulências nesta passagem de
século. Mudanças tecnológicas, trabalhistas e geopolíticas atropelam os processos
de produção noticiosa. Profissionais, empresários e educadores procuram
soluções consensuais para corresponder às novas demandas do mercado e
da sociedade. De que maneira os programas universitários podem criar uma
consciência coletiva, capaz de nutrir a profissão jornalística de conceitos, valores
e utopias que a renovem, oxigenem, fortaleçam? Sistematizando evidências
sobre a riqueza do pensamento jornalístico brasileiro, o Prof. Marques de Melo
pretende aproximar os futuros profissionais da realidade nacional, de modo a
suscitar sua compreensão e atualização.
Editora: Paulus, São Paulo, SP, Brasil.
ReseÑas
■ RECEPÇÃO
MEDIÁTICA E ESPAÇO PÚBLICO: NOVOS OLHARES.
Mauro Wilton de Sousa (org.), 246p., 2006.
Entender as relações das pessoas com as diferentes mídias tem sido um desafio
para os pesquisadores e estudiosos da comunicação. Tal desafio é ainda maior hoje,
quando se expandem as tecnologias agora apoiadas no digital e na internet. Esse é
campo acadêmico de estudos voltados à recepção mediática, tanto quanto ao que
se denomina de espaço público mediático. Na presente coletânea são apresentados
textos de pesquisadores universitários que mostram caminhos de orientação para
melhor se compreender como acontece a relação entre as práticas de vida cotidiana
e as novas mediações tecnológicas , ou seja, como as mídias, especialmente as
de massa, participam do estar junto social, no espaço público. Os textos foram
publicados inicialmente na Revista Novos Olhares, do Grupo de Estudos sobre Práticas de
Recepção Mediática da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Editora: Paulinas/Sepac, São Paulo, SP, Brasil.
■A
SOCIEDADE ENFRENTA SUA MÍDIA – DISPOSITIVOS SOCIAIS
DE CRÍTICA MIDIÁTICA, José Luiz Braga, 352p., 2006.
Quem estudou ou leu algo sobre Teoria da Comunicação já deve ter se deparado
com o seu clássico modelo originário: um emissor que envia uma mensagem por
um meio de comunicação a um receptor. Mas será que, ao se estudar a fundo os
processos atuais de comunicação, é possível verificar a existência de um terceiro
componente desse sistema? Na obra “A sociedade enfrenta sua mídia – Dispositivos
sociais de crítica midiática”, o autor, José Luiz Braga, propõe justamente uma
nova visão que não se resume ao modelo unidirecional, responsável pela crença
no dualismo entre mídia e sociedade, dualismo que é tão mais danoso na medida
em que enfatiza a polaridade entre emissor (ativo) e receptor (passivo). O autor
propõe a atividade de resposta como um novo dispositivo que completa o conjunto
de processos de midiatização social. Segundo Braga, o novo sistema corresponde a atividades de
resposta produtiva e direcionadora da sociedade em interação com os produtos midiáticos.
Editora: Paulus, São Paulo, SP, Brasil.
■ COMUNICACIÓN
EDUCATIVA E INFORMACIÓN PÚBLICA SOBRE
DESASTRES EN AMÉRICA LATINA: NOTAS PARA REFLEXIONAR,
Luis Ramiro Beltrán S., 134p., 2005.
Documento de trabajo presentado por su autor en la Reunión Técnica Regional
“Estrategia de Comunicación e Información Pública para la Redución de Riesgos
y Desastres”, que tuvo lugar en Antigua (Guatemala) del 24 al 26 de agosto de
2004, promovida y realizada por la Estrategia Internacional para la Reducción de
Desastres (EIRD-ONU), La Organización Panamericana de la Salud (OPS/OMS),
la Federación Internacional de la Cruz Roja y Media Luna Roja y Organización de
las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO).
Editora: Oficina de la UNESCO para América Central, San José, Costa Rica.
85
■ COMUNICACIÓN
Y SOCIEDAD, NUEVA ÉPOCA, núm. 6,
julio-diciembre, 195p., 2006.
Este número de Comunicación y Sociedad cubre un vasto territorio,
tanto conceptual como empírico y aun geográfico. Hay en él un amplio
derrotero por diversos medios, campos y aspectos en el estudio de la
comunicación pública, social, interpersonal e intercultural. La revista
intenta constituir un equilibrio entre la filosofia, la teoría y la especulación
ensayística y el análisis empírico, ya sea de naturaleza más descriptiva o de
corte más interpretativo o explicativo.
Editora: Departamento de Estudios de la Comunicación Social,
Universidad de Guadalajara, México.
■ PERIODISTAS
Y MAGNATES: ESTRUCTURA Y CONCENTRACIÓN
DE LAS INDUSTRIAS CULTURALES EN AMÉRICA LATINA, Guillermo
Mastrini y Martín Becerra, 329p., 2006.
El presente libro sintetiza los resultados de la primera investigación sobre la
estructura y sobre los indicadores de concentración de las industrias culturales y las
telecomunicaciones en Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, México,
Perú, Uruguay y Venezuela. El desarrollo de este estudio, que organizó el Instituto
Prensa y Sociedad (IpyS), ha contado con la participación de un destacado grupo de
periodistas y académicos en la recopilación de datos y en la discusión de los informes
parciales de cada país. Estos resultados contribuyen al necesario debate sobre el
pluralismo y la diversidad de opiniones en los países latinoamericanos en un contexto
inédito de diseminación de infraestructuras de información y comunicación.
86
Editora: Instituto Prensa y Sociedad (IpyS)/Prometeo libros, Buenos Aires, Argentina.
■ EL
IMAGINARIO. CIVILIZACIÓN Y CULTURA DEL SIGLO XXI,
Miguel Rojas Mix, 550p., 2006.
Rojas Mix parece no temerle a la polisemia de la palabra imaginario, hablada antes
por Lacan, Sartre, Castroriadis y Baszko, entre otros. Tampoco le preocupa que
mientras unos piensan en figuras visuales, otros asocian el imaginario a la imaginación,
y terceros usan –y abusan– el término para hablar de una especie de constelación de
sentidos que articula narrativas, ideologías, gestualidades, estilos, incluso prácticas.
El autor se inscribe en la primera de esas acepciones: caracteriza al imaginario como
“un encadenamiento de imágenes con vínculo temático o problemático recibidas a
través de diversos medios audiovisuales, que el individuo interioriza como referente o
el estudioso reconoce como conjunto”. Denomina imaginario tanto a ese objeto como
a la metodología que propone para su análisis, superadora de la historia del arte. Como método, el
Imaginario no busca la belleza o la cualificación estética, sino “el sentido, el fin o el propósito de la imagen”.
Por momentos la propuesta suena ampulosa, al tratar de fundar un nuevo campo. Pero vale el señalamiento
de la transición cultural/epistemológica –una suerte de giro pictórico– y los apuntes para construir un
método de análisis en la nueva civilización de la imagen.
Editora: Prometeo, Buenos Aires, Argentina.
estudios
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
Faculdade de Comunicação Social – FAMECOS
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – PPGCOM
Cláudia Peixoto de Moura – coordenadora do Departamento
Ciências da Comunicação
Possui graduação em Comunicação Social – habilitações em Relações Públicas (1984), Jornalismo (1980), Publicidade e Propaganda (1979), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Tem especialização nas
três áreas indicadas anteriormente, além de mestrado em Sociologia - área da
Sociedade Industrial, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (1990) e doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de
São Paulo (2000). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação e pós-graduação. Tem
experiência em Comunicação, com ênfase nas questões direcionadas ao Ensino de Comunicação e à Pesquisa em Relações Públicas.
Cleusa Maria Andrade Scroferneker
Possui graduação em Comunicação Social (1973), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, graduação em Geografia - Licenciatura
(1973) e Bacharelato (1976) - pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, mestrado em Planejamento Urbano e Regional, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983) e doutorado em Ciências da Comunicação,
pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professora titular da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação
e pós-graduação. Tem experiência em Comunicação, com ênfase nas questões
direcionadas à Comunicação Organizacional e Relações Públicas.
Roberto Porto Simões
Possui graduação em Psicologia (1964), mestrado em Psicologia Organizacional (1974) e doutorado em Educação (1993), pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em nível de graduação e pósgraduação. Tem experiência em Comunicação, com ênfase nas questões direcionadas à Informação e Relações Públicas.
87
COMUNICAÇÃO E PODER NAS ORGANIZAÇÕES:
contribuições do núcleo de pesquisa
A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS possui um Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação Social, vinculado à Faculdade de Comunicação Social – FAMECOS, sediada em Porto Alegre. Teve seu início em 1994, com o Curso de Mestrado considerado pioneiro
na área no sul do Brasil. No segundo semestre deste mesmo ano foi implantado o Curso de Mestrado
em Ciências da Comunicação, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, localizado em
São Leopoldo, cidade próxima à capital gaúcha. Em 1995, a Universidade Federal do Rio Grande do
Sul – UFRGS criou o Curso de Mestrado em Comunicação e Informação, no campus de Porto Alegre.
Atualmente, o Rio Grande do Sul conta com mais um curso na área, já que a Universidade Federal de
Santa Maria – UFSM lançou em 2006 o seu Mestrado em Comunicação. A trajetória do Programa de
Pós-Graduação da PUCRS, com a indicação dos estudos em Comunicação e Poder nas Organizações, e
as suas contribuições serão abordados a seguir, possibilitando o registro da observação dos três docentes
responsáveis por este núcleo de pesquisa.
A trajetória do Programa de Pós-Graduação da PUCRS
88
O projeto inicial da PUCRS foi implantado com uma área de concentração denominada COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA, que integrava os estudos de docentes e discentes em três
linhas: a) Cultura e Tecnologia das Mídias; b) Linguagens Semióticas da Comunicação; e c) Comunicação, Linguagem e Poder nas Organizações. Portanto, já se apresentava uma linha de pesquisa voltada à comunicação nas organizações. No decorrer de 1995, as linhas de pesquisa foram reformuladas,
passando a vigorar: a) Comunicação, Cultura e Tecnologia; b) Linguagens e Produção de Sentido na
Comunicação; e c) Comunicação, Linguagem e Poder nas Organizações, que foi conservada.
Um ano mais tarde, houve uma modificação e duas áreas de concentração surgiram. Uma foi denominada CULTURA, MÍDIA E TECNOLOGIA, com as respectivas linhas de pesquisa: a) Comunicação
e Tecnologia das Mídias; b) Comunicação e Cultura Contemporânea. Outra foi definida como COMUNICAÇÃO E AS ORGANIZAÇÕES, com a linha de pesquisa Comunicação e Poder nas Organizações.
Com a implantação do Curso de Doutorado, em 1999, ocorreu uma reestruturação no Programa de
Pós-Graduação. A área de concentração passou a ser COMUNICAÇÃO, CULTURA E TECNOLOGIA,
apresentando duas Linhas de Pesquisa: a) Comunicação e Tecnologias do Imaginário; b) Comunicação
e Práticas Sociopolíticas – que englobou os estudos de Comunicação e Poder nas Organizações, devido
ao foco no processo organizacional e nas relações de poder em visão macro e micro. Em 2003, houve
uma adequação nas linhas de pesquisa, que atualmente são identificadas como: a) Cultura Midiática
e Tecnologias do Imaginário; b) Práticas Sociopolíticas nas Mídias e Comunicação nas Organizações
- contendo os estudos de Comunicação e Poder nas Organizações.
Até dezembro de 2006, ocorreram 202 defesas de dissertações de mestrado no Programa, sendo que
destas, 45 são focadas nas temáticas Relações Públicas e Comunicação Organizacional. No mesmo período, 57 teses de doutorado foram defendidas, sendo 09 com foco nas temáticas em questão. Os gráficos
a seguir representam os dados do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS.
estudios
Dissertações PPGCOM (1997 a dezembro/2006)
15,79%
22,28%
84,21%
77,72%
45 dissertações de CO e RP
9 teses de CO e RP
157 dissertações de outros temas
48 teses de outros temas
Total: 202 dissertações do PPGCOM
Total: 57 teses do PPGCOM
Fonte: Programa de Pós Graduação em Comunicação Social-Famecos/PUCRS. Abril, 2007
Os estudos em Comunicação e Poder nas Organizações:
A ênfase nos estudos de Comunicação e Poder nas Organizações foi mantida, desde 1994, no Programa de Pós-Graduação, conforme observado anteriormente, constituindo-se como um Núcleo de
Pesquisa. Os professores envolvidos são: Dra. Cláudia Peixoto de Moura, Dra. Cleusa Maria Andrade
Scroferneker e Dr. Roberto Porto Simões, este último com mais de 13 anos dedicados às orientações de
dissertações e teses na área.
Os resultados da produção acadêmica desenvolvida no período são relevantes, uma vez que poucos
Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu se dedicam a esta temática no Brasil. Portanto, o registro da
produção acadêmica torna-se importante, pois possibilita a divulgação de estudos com esta ênfase. Para
a elaboração deste texto, foram adotados os seguintes procedimentos:
4 Levantamento de informações na documentação do PPGCOM
4 Leitura dos resumos e introdução das teses e dissertações do núcleo
4 Categorização do material, envolvendo as tendências das pesquisas desenvolvidas no Núcleo.
Para tanto, foram determinados os seguintes aspectos: Temas definidos, Tendências de análise, Técnicas
de pesquisa, Interfaces com outras áreas, Formação Acadêmica dos alunos.
A apresentação dos resultados será realizada considerando as defesas de dissertações e teses ocorridas,
de acordo com as orientações dos três docentes do Núcleo. A análise da produção acadêmica revela
que no início apenas o prof. Dr. Roberto Porto Simões era responsável pelas orientações dos trabalhos.
Com o retorno das professoras Cláudia Peixoto de Moura e Cleusa Maria Andrade Scroferneker, após
a conclusão de seus doutorados na Universidade de São Paulo, a área se fortaleceu e o grupo formado
pelos três docentes caracterizou os três enfoques do Núcleo: Teoria em Relações Públicas, Pesquisa em
Relações Públicas, e Comunicação Organizacional. Embora ocorra o fenômeno da diversidade nos títulos e conteúdos dos trabalhos orientados, a área está sendo sedimentada através das propostas teóricas
defendidas no Programa.
89
A caminho de uma teoria em Relações Públicas
O Núcleo é caracterizado pela diversidade de enfoques conforme as óticas de seus pesquisadores. O
desafio foi realizar pesquisas voltadas para o conhecimento referente à ciência particular de Relações
Públicas. As pesquisas específicas nesta área ficaram subordinadas à quantidade de candidatos e de seus
interesses por este tema. Assim, no decorrer de mais de dez anos, foram qualificados três doutores e
trinta e dois mestres, no enfoque direcionado a uma teoria em Relações Públicas, com a orientação de
Roberto Porto Simões. Em 2007, deverão defender seus trabalhos mais dois doutores e dois mestres.
O desejo sempre foi de realizar a pesquisa pura sobre Relações Públicas. O compromisso científico
com o tema deve-se à premissa de que a teoria e as práticas desta área do conhecimento só poderão se
desenvolver se tiver uma comunidade de pesquisadores identificados com ela e envidando esforços para
o seu desenvolvimento como uma ciência aplicada. Para isto, torna-se necessário abordar o assunto de
90
forma explicitada nos títulos e nos conteúdos da documentação, utilizando o método e registrando os
achados da pesquisa.
A epistemologia, orientadora das pesquisas, tem sido a de Karl Popper, buscando falsear as proposições já existentes, jamais acatando-as sem qualquer crítica. A ciência avança pela critica obstinada
dos conhecimentos existentes e pela apresentação de novos conhecimentos de maneira que possam ser
testados por outros cientistas. Para ser uma ciência particular, Relações Públicas precisa se qualificar,
indo ao encontro dos princípios básicos da ciência maior.
Os métodos de pesquisa utilizados têm sido variados, de acordo com os dois níveis do programa, ou
seja, mestrado e doutorado. O método empírico busca uma hipótese para a futura tese, pelo menos de
um estudo de caso. Quer concordando ou discordando, há uma tentativa de falseamento, na qual os
autores produzem ciência com métodos científicos.
Dos trinta e nove trabalhos científicos orientados no Programa de Pós Graduação, há 23 de conteúdo
essencialmente teóricos e treze de ótica aplicada. As teses e as dissertações, a seguir apresentadas, seguem uma ordem cronológica, iniciando com as mais recentes defesas.
As teses orientadas foram:
2 As bases de Relações Públicas na Teoria dos Jogos e da Cooperação - Ana D’Amico (2007) - busca
fundamentar a teoria e a prática de Relações Públicas na teoria dos Jogos. Do ponto de vista conceitual,
Teoria dos Jogos pode ser entendida como a teoria das interações estratégicas e das escolhas.
2 O processo de Relações Públicas na sociedade do conhecimento: uma releitura da teoria das Relações Públicas sob o enfoque da micropolítica face à era virtual - Lana D’Ávila Campanela (2007) - o
objetivo é identificar como o ensino de Relações Públicas é realizado. A preocupação da pesquisa é
identificar que teorias estão sendo usadas e se de fato há um estudo de teoria de Relações Públicas, um
paradigma teórico.
2 Comunicação como instrumento de poder para efetividade da estratégia - Ricardo Minotto (2005)
- aborda a comunicação como instrumento deliberado de poder para a composição, decomposição e
recomposição da comunicação e poder no âmbito das organizações, utilizando o estruturalismo como
paradigma científico. Os seus principais componentes estão analisados na sua individualidade, bem
como, integrados, com a possibilidade de seu alinhamento às estratégias.
2 Relações Públicas e a perspectiva sistêmica de mediação no gerenciamento de conflitos e crises
- Cíntia da Silva Carvalho (2004) - tem como objetivos identificar a perspectiva sistêmica de mediação
no gerenciamento de conflitos e crises organizacionais e apresentar a orientação paradigmática dos
estudios
profissionais de Relações Públicas (na realidade investigada) na condução destes processos.
2 Modos de percepção de Relações Públicas. O significado do conceito público - Ana Maria Walker
Roig Steffen (2003) - explana sobre o estilo de pensamento da comunidade científica de Relações Públicas, mediante a revisão do conceito público, inserido nessa área do conhecimento.
As seguintes dissertações foram orientadas com o enfoque em questão:
2 A estética em Relações Públicas - Nadege Lomando (2007) - visa abordar os aspectos Éticos na
atividade de Relações Públicas, complementando a estrutura teórica desta área do conhecimento.
2 Ouvidoria como instrumento de Relações Públicas - Rosélia Cilene Araújo Vianna (2007) - referese aos estudos da Ouvidoria e seu papel como instrumento de Relações Públicas, segundo a estrutura
da teoria da função organizacional política, enquadrando Ouvidoria com uma aplicação técnica desta
teoria.
2 A contribuição da psicologia social para a teoria e prática da atividade de Relações Públicas Eliane Benjamin Rivoire (2006) - o objetivo é identificar a contribuição da Psicologia Social por meio
da teoria da atitude, para o ensino e para a prática da atividade de Relações Públicas. Busca, ainda, a
definição de Psicologia Social e atitude.
2 Comunicação em Relações Públicas: o discurso da atividade na geração de mitos - Tatiane Maary
Baniski (2006) - tem como objetivo a identificação de como ocorre a utilização dos mitos na atividade
de Relações Públicas, se estão relacionados à questão da narração.
2 O conceito stakeholder e seu papel na teoria e na prática de Relações Públicas - Marley de Almeida
Tavares Rodrigues (2005) - o constructo stakeholder mereceu atenção total face a sua relevância em Relações Públicas. A questão central está relacionada à identificação de como os profissionais e professores
de Relações Públicas utilizam este termo em suas atividades, focando a teoria de públicos e a prática de
comunicação na atividade.
2 A análise de conjuntura em Relações Públicas: contribuições para o diagnóstico da relação poder/comunicação no sistema organização-públicos - Ana Karin Nunes (2005) - analisar a conjuntura
tornou-se uma prática comum entre aqueles que buscam compreender os atores, os interesses e as relações de poder implicados em determinados sistema político. Partindo dessa perspectiva, o objetivo foi
criar um referencial teórico metodológico para a aplicação desta análise, à luz da atividade de Relações
Públicas.
2 Comunicação, poder na empresa familiar - Ana Lúcia D’Amico (2004) - investiga a empresa
familiar e a família, tendo como inquietude a necessidade de perceber de que maneira o processo de
comunicação e as variáveis de poder influenciam o processo de relacionamento entre os sistemas familiar e empresarial.
2 Relações Públicas no processo de legitimação do sistema de crédito cooperativo - José Fernando
Fonseca da Silveira (2004) - tem como proposta verificar como a comunicação contribui para o processo de legitimação do sistema de crédito cooperativo. Buscou identificar as formas simbólicas, por meio
da legitimação, como modo de operação da ideologia, utilizando as estratégias de construção simbólica,
racionalização, universalização e narrativização.
2 Relações Públicas na Comunicação Integrada ao Marketing - Sandro Luís Kirst (2003) – o desenvolvimento dos meios de comunicação, das tecnologias de informação, da facilidade de acesso a estes, e
do mix de marketing utilizado para o relacionamento com os clientes, têm exposto o público à imensidão de mensagens, conteúdos e estratégias. Há uma discussão de sua eficácia enquanto meio de efetiva
comunicação e gestão de relacionamento da organização.
91
2 A responsabilidade social como estratégia da atividade de Relações Públicas - Marislei da Silveira
Ribeiro (2003) - visa identificar a política de responsabilidade social, sua natureza e características, além
de sua utilização como instrumento de Relações Públicas.
2 A teoria e o ensino de Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social - FAMECOS e na
Faculdade de Línguas e Literatura Estrangeira de UDINE – Itália - Lana D’Ávila Campanella (2003)
- apresenta um estudo comparativo da teoria e do ensino de Relações Públicas no Brasil e na Itália,
verificando quais as aproximações e os distanciamentos existentes entre as duas instituições. Por meio
de um resgate histórico, a evolução da atividade de Relações Públicas é contextualizada pelas definições,
objetivos e práticas mais adotadas nos dois países, sendo apresentado um panorama do ensino universitário brasileiro e italiano, e uma pesquisa aplicada junto a alunos e docentes.
2 A atividade de Relações Públicas sob enfoque ecológico - Ediene Amaral Ferreira (2002) - utilizase de premissas da ecologia para verificar as inter-relações estabelecidas entre as organizações, seus pú-
92
blicos e a sociedade. A proposta do enfoque ecológico para a atividade de Relações Públicas prevê que
fenômenos como a interdependência, a cooperação, o equilíbrio, a interação, a adaptação e a qualidade
de vida dos seres humanos deverão estar sempre presentes na gestão da atividade.
2 A propaganda institucional como formadora de atitudes - Susana Gib Azevedo (2001) - o objetivo
é verificar a influência da propaganda institucional na formação de atitudes. Também verifica se a força
persuasiva do discurso da propaganda institucional é determinante e suficiente na formação de atitudes
de jovens adultos.
2 Autoconhecimento como habilidade profissional para Relações Públicas: um enfoque da Gestal-terapia - Loeci Maria Pagano Galli (2001) - fundamentada na abordagem gestáltica, busca certificar sobre a relevância da aquisição do autoconhecimento pelos profissionais de Relações Públicas. A
possibilidade desse profissional compreender seus condicionamentos, sentimentos e percepções, pode
contribuir efetivamente para que desenvolva habilidade no relacionamento interpessoal e conseqüente
flexibilidade de comportamento na orientação de públicos internos e externos.
2 O exercício de poder e Relações Públicas em organização hoteleira - Abdon Barreto Filho (2001)
- compreende um estudo visando identificar a dinâmica do exercício de poder, interna e externamente,
em organizações hoteleiras brasileiras, controladas por grupo familiar sem vínculos com redes internacionais.
2 O uso dos conceitos propaganda institucional e publicidade institucional na atividade de Relações
Públicas - Gabriela Gonçalves (2001) - tem por objetivo compreender o emprego dos conceitos propaganda institucional e publicidades institucional na esfera de Relações Públicas. Além disto, detectar
como profissionais e professores manejam esse conceitos em suas atividades.
2 Relações Públicas e o exercício do poder em organização pública - Ênio José Barbosa de Leon
(2000) - descreve o exercício do poder em cenário organizacional e destaca sua relevância para facilitar a situação dos mais diversos profissionais. A partir da relevância dos estudos das organizações no
contexto sócio-econômico das sociedades foi feita a ancoragem dos aspectos mais significativos que
caracterizam este tipo de empreendimento.
2 Comunicação e mediação das ONGS: uma leitura a partir do canal comunitário de Porto Alegre Henrique Wendhausen (2000) - visou compreender a dinâmica de comunicação e mediação das ONGS.
Aponta a necessidade de aprofundar pesquisas para que a atividade de Relações Públicas corresponda e
atenda a comunicação das ONGS, conforme seu próprio universo valorativo e suas especificidades.
2 Atuação extra-acadêmica do profissional de Relações Públicas contribuindo para a formação do
estudios
aluno - Ana Luísa Baseggio (2000) - trata da docência no Curso de Relações Públicas. Aborda a questão
do ser docente (formação pedagógica, prática docente e papel do professor universitário) assim como o
papel da Universidade, em sua função educadora, formadora de pessoas e cidadãos.
2 O ensino da disciplina teoria da opinião pública no contexto de aprendizagem da atividade de
Relações Públicas - Glafira Bartz (2000) – o objetivo é compreender o fenômeno Opinião Pública e
seu ensino no contexto da atividade de Relações Públicas, proporcionando um referencial teórico à
comunidade da área.
2 Relações Públicas como gestora do processo de comunicação e poder em microempresas - Leila
Blauth Prompt (1999) - busca identificar o nível de compreensão do microempresário sobre o tema.
Estuda o papel da atividade de Relações Públicas na gestão deste processo.
2 A construção/reconstrução da base teórica da área de Relações Públicas: a busca da formação de
profissionais/professores prático-reflexivos - Cíntia da Silva Carvalho (1999) - analisa, criticamente, a
postura acadêmico-profissional da atividade de Relações Públicas, visando propor pontos de reflexão.
Dos resultados encontrados, emergiu a necessidade de despertar a consciência de reflexão sobre as
ações, os pensamentos, os sentimentos e o comportamento dos profissionais/professores da área de
Relações Públicas, para permitir a criação e evolução da produção do conhecimento.
2 O papel de Relações Públicas na esfera das microempresas - Maria Teresa Tellez (1999) - visou
desvelar como Relações Públicas podem ser utilizadas neste tipo de organização, analisando a tipologia
dos negócios, os tipos de públicos e os instrumentos utilizados pelas microempresas.
2 O espetáculo futebolístico sua organização e cultura - Léa Denise Marcello Senger Jacobus (1999)
- tem por finalidade verificar o espetáculo futebolístico esportivo sob o enfoque organizacional, cultural e comunicacional. Apresenta uma análise do futebol e de suas múltiplas dimensões, procurando
identificar fatores que o diferenciam das demais estruturas organizacionais.
2 A contribuição da atividade de Relações Públicas para a institucionalização de uma universidade
comunitária - Mônica Elisa Dias Pons (1999) - caracteriza a influência da atividade de Relações Públicas como variável no processo de institucionalização da universidade na comunidade.
2 Distanciamento e aproximações dos termos consultor e assessor de Relações Públicas - Marisa
de Carvalho Soares (1998) - trata dos designativos e significados dos termos Consultor e Assessor de
Relações Públicas. Explana sobre as aplicações dos designativos, buscando clarificar o sentido de ambos
e a sua utilização pela comunidade de Relações Públicas.
2 Estratégia empresarial como expressão comunicativa - Belkis Conceição Pacheco dos Santos
(1997) - discute as estratégias empresariais com expressões comunicativas, focalizando a relação que se
estabelece entre a empresa e o meio. Leva em conta as concepções administrativas que regem a atuação
empresarial, desde o início do século até os dias atuais, e as divisões desta evolução.
2 A adesão dos funcionários ao objetivo organizacional por um programa de Relações Públicas
- Ana Maria Walker Roig Steffen (1997) - tem por finalidade a compreensão da sistemática dos programas de Relações Públicas concebidos e implantados sob o enfoque da função organizacional política.
A qualidade no relacionamento e o processo de modificação das atitudes dos funcionários perante os
clientes possibilitaram, além de caracterizar esse processo de engajamento, sugerir outros procedimentos para otimizar os resultados de programas a serem implantados em situações semelhantes.
2 Projeto experimental como instrumento de motivação no processo ensino-aprendizagem - Hélio
Leonhardt (1997) – verifica se o Projeto Experimenta em Publicidade/Propaganda é uma disciplina
motivadora no processo ensino-aprendizagem da área. Parte do princípio de que este projeto é o mo-
93
mento em que os alunos colocam em prática todo o aprendizado adquirido ao longo do curso, tornando-se motivados a interagirem, por uma dinâmica de grupo que busca transformar a sala de aula em
uma equipe de trabalho altamente competitiva.
2 A utilização da informação automatizada em bases de dados na comunicação organizacional Dina Lessa Bandeira (1997) - o objetivo é verificar as formas de utilização da informação automatizada
em bases de dados, no processo de comunicação organizacional, observando as estratégias de promoção.
2 As variáveis comunicacionais no telemarketing de um jornal - Eloísa Maria Peiruque Hexsel
(1997) - tem como seu principal foco as variáveis comunicacionais que influenciam o processo de
telemarketing de um jornal de circulação nacional.
2 Impacto das novas tecnologias de comunicação nas organizações - Ilana Trombka (1997) - o
objetivo principal, traçado e definido como parâmetro de trabalho foi analisar o impacto das novas
tecnologias na comunicação organizacional.
2 A empresa familiar e o exercício de poder - Silvana Padilha Flores (1997) - teve a finalidade de
evidenciar as características do poder exercido numa empresa familiar e destacar sua relevância no
contexto organizacional para facilitar a atuação dos mais diversos profissionais.
2 O trabalhador e a subjetividade na organização: do desejo eclipsado ao desejo instrumentalizado
- Roberta Fischer Regner (1997) - aborda o papel da subjetividade no universo do trabalho, analisando, através de depoimento dos trabalhadores de uma empresa siderúrgica, a relação que os mesmos
estabelecem com a empresa. Também verifica como estes se inserem nas relações sociais e afetivas na
organização.
As perspectivas da Pesquisa em Relações Públicas:
94
Nas dissertações de mestrado e teses de doutorado, sob orientação de Cláudia Peixoto de Moura, é
possível identificar a produção acadêmica gerada pelos alunos no enfoque da pesquisa em Relações Públicas. A maior parte dos trabalhos tem como fundamentação teórica a literatura de Relações Públicas,
seguida de procedimentos característicos da pesquisa empírica.
Foram cinco teses de doutoramento defendidas, com os temas definidos abaixo, em ordem cronológica:
2 Gestão da Comunicação na Esfera Pública Municipal: estudo das mediações de Relações Públicas
nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul – Nelson Costa Fossatti (2004) - abordando a questão
da função política em ambientes participativos;
2 Uma Modelagem Matemática da Informação em Relações Públicas: aplicação na rede de comunicação do campus Zona Norte, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Iára Pereira
Cláudio (2004) - com simulação computacional em processos comunicativos;
2 O Relacionamento com Públicos como Estratégia de Comunicação nas Organizações – Gerson
José Bonfadini (2007) - envolvendo Relações Públicas e Marketing de Relacionamento;
2 O Planejamento da Comunicação Interna em Redes de Intranet: um estudo em uma universidade
comunitária no Rio Grande do Sul – Mônica Elisa Dias Pons (2007) - apresentando a proposta de um
modelo para as práticas comunicacionais no âmbito interno de uma organização;
2 A Agenda Setting e a Comunicação nas Organizações: um encontro possível – Valéria Deluca
estudios
Soares (2007) - explorando o fluxo de informação e a geração de conhecimento em um portal corporativo.
Há uma tese de doutorado a ser apresentada até final de dezembro, que versa sobre o Diagnóstico em
Relações Públicas, de Ana Luisa Baseggio.
Quanto às dissertações de mestrado, ocorreram nove defesas, com os seguintes temas:
2 Comunicação Educativa via Rádio: uma alternativa para as Relações Públicas – Antônio Luís Piccoli (2001) - elencando aspectos educativos formais e informais e as características do meio como uma
possibilidade do desenvolvimento da cidadania;
2 Enfoques Teóricos Predominantes em Relações Públicas: um estudo das monografias de conclusão de curso da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA – Gustavo Eugênio Hasse Becker (2003)
- identificando as abordagens existentes nos trabalhos de graduação da área de Relações Públicas;
2 Comunicação e Poder no Trabalho Voluntário: uma visão sobre o AFS Intercultura Brasil – Alice
Utida Ferreira (2003) - com considerações sobre os relacionamentos estabelecidos entre os voluntários
de uma organização sem fins lucrativos;
2 O Processo de Comunicação no Planejamento Estratégico: estudo de caso Hospital São Lucas da
PUCRS – Regina Antunes Lopes (2003) - examinando as fases do processo estratégico e comunicacional em uma organização hospitalar;
2 Fluxos de Informação X Relações de Poder: uma análise nos laboratórios experimentais do Curso
de Comunicação do Centro Universitário FEEVALE – Valéria Deluca Soares (2004) - verificando o processo comunicacional e a ação organizacional em um ambiente onde há o exercício de poder;
2 Pesquisa em Comunicação Social: um inventário das teses e dissertações defendidas no Programa
de Pós-Graduação da FAMECOS/PUCRS – Liziane do Espírito Santo Soares (2004) - com a classificação dos referenciais teórico-metodológicos da produção acadêmica dos alunos do Programa;
2 Relações Públicas Internacionais: o caminho das organizações brasileiras na internet – Vagner de
Carvalho Silva (2006) - apresentando aspectos da comunicação internacional, das relações internacionais e das relações públicas, com a observação de sites de organizações na internet;
2 A Comunicação no Poder Judiciário: um estudo do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
– Ana Geni dos Santos Heinrich (2006) - considerando os fundamentos teóricos das áreas de Comunicação Social e do Direito para a análise;
2 O Grupo Focal como Técnica de Pesquisa no Diagnóstico de Relações Públicas – Carla Lemos da
Silva (2007) - com uma retrospectiva histórica da pesquisa em comunicação e em Relações Públicas,
priorizando a investigação de cunho qualitativo.
Igualmente, há uma dissertação de mestrado a ser defendida até o final do ano, abordando o tema
Interação e relacionamento com públicos na internet, de Carla Schneider.
Outro aspecto considerado foi a tendência das análises desenvolvidas nas teses e dissertações. As
abordagens adotadas foram Funcionalista, Estruturalista, Dialética e da Complexidade. É preciso salientar que estas abordagens foram indicadas com base nas opções teórico-metodológicas utilizadas
nos trabalhos. Já as técnicas de pesquisa devidamente explicitadas e mais usadas nas teses e dissertações
foram: Pesquisa qualitativa, Entrevista despadronizada/semi-estruturada/por pautas/em profundidade,
Estudo de caso, Pesquisa quantitativa (análise estatística), e Questionário. Entretanto, alguns trabalhos
também adotaram Pesquisa documental, Análise de conteúdo, Análise textual, Observação participante, Grupo focal, Teste de modelos propostos/simulação, Pesquisa exploratória.
As interfaces com outras áreas do conhecimento revelaram que a Educação e a Administração são as
95
mais identificadas nas teses e nas dissertações. Porém, foram reconhecidas ainda interfaces da Comunicação com as áreas de Informática, Matemática, Direito e Psicologia. Em relação à formação acadêmica
dos alunos, as áreas de Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas e em Jornalismo,
além da Administração foram as mais observadas. Também foram indicadas as áreas de Comunicação
Social – habilitação em Publicidade/Propaganda, Matemática e Artes Plásticas.
Merece registro o Grupo de Pesquisa vinculado à Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que desde 2002 está certificado. Os professores Roberto Porto
Simões e Cláudia Peixoto de Moura pertencem ao ‘Grupo de Pesquisa Ensino e Prática de Relações
Públicas’, alicerçado na premissa de que a atividade é a gestão de relacionamentos. Visa atingir suas
metas por meio de uma série de subprojetos realizados periodicamente. Seu objetivo é: apropriar-se da
definição e dos princípios para a área de Relações Públicas; caracterizar o papel da informação como
matéria-prima da atividade e concretizar a definição operacional da atividade. Além disso, preocupa-se
com o ensino e o currículo para a formação acadêmica em Relações Públicas.
Tendências para os estudos de Comunicação Organizacional
96
O Núcleo tem se caracterizado pela diversidade não só temática como também paradigmática. Em
relação aos temas, com ênfase em comunicação organizacional, sob a orientação de Cleusa Maria Andrade Scroferneker, têm predominado aqueles que envolvem a comunicação e suas interfaces com
programas de qualidade total e programas de treinamento, conflitos na esfera organizacional, comunicação e universidade, assessoria de comunicação na esfera pública, comunicação interna e intranet.
Notadamente, tais temas têm merecido discussões teóricas exaustivas respaldadas por estratégias de estudo de caso. Destacam-se igualmente, temas de cunho mais teórico-reflexivo sobre imagem-conceito,
poder e subjetividade. Do ponto de vista paradigmático, constata-se uma tendência pelo Paradigma da
Complexidade de Edgar Morin. Acredita-se que essa tendência sinaliza as possibilidades de novas (re)
leituras do fenômeno comunicacional das organizações, que é ainda marcado pelo viés funcionalista.
Essas (re) leituras admitem a organização como “um conceito crucial, o nó que liga a idéia de interrelação à idéia de sistema [...] A organização liga, transforma, produz, mantém. Liga e transforma os
elementos num sistema, produz e mantém esse sistema” (MORIN, 1977, p.125). Por sua vez, implica
igualmente em compreender a comunicação sob diferentes perspectivas, na ótica da complexidade.
De acordo com Morin (2006, p. 13),
A um primeiro olhar, a complexidade é um tecido (complexus: o que é tecido junto) de constituintes
heterogêneas, inseparavelmente associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Num segundo
momento, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações,
determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomênico.
O paradigma complexo, portanto “resultará de um conjunto de novas concepções, de novas visões, de
novas descobertas e de novas reflexões que vão se acordar, se reunir” (MORIN, 2006, p.77).
Assim, das quatro dissertações defendidas entre 2001 e 2004 e das seis teses defendidas entre 2002
e 2007, seis estiveram ancoradas pelo Paradigma da Complexidade. Nos demais trabalhos, as opções
recaíram sobre os Paradigmas Funcionalista, Estrutural-Funcionalista e Dialético.
As dissertações de mestrado elaboradas e seus autores são:
estudios
2 Mediação de conflitos na esfera da organização: um estudo de caso - Renata Bidone de Azevedo
e Souza (2001)
2 Comunicar é preciso: um estudo de caso sobre a Pró-Reitoria de Extensão da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Sandra Becker (2003)
2 Comunicação e Estruturas Organizacionais: O caso da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul - Paulo Nardi (2004)
2 Comunicação Organizacional: a teia do discurso, do poder e da subjetividade na produção de
espaços micropolíticos de satisfação e produtividade - Sara Maria Silveira Hauber (2004)
E as teses de doutorado desenvolvidas, bem como seus autores são:
2 A Comunicação para a Qualidade: o comportamento discursivo das organizações - Marcelo
Schenk Azambuja (2002)
2 As Assessorias de Comunicação Social na Esfera Pública Estadual: Práticas profissionais e contribuição para o processo comunicacional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - Ana Maria
Córdova Wels (2004)
2 Imagem-Conceito: anterior à comunicação um lugar de significação - Rudimar Baldissera
(2004)
2 Estratégias Comunicacionais da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga e Grupo Gerdau:
Um Novo Olhar - Helaine Abreu Rosa (2004)
2 Estratégias Comunicacionais do Programa de Treinamento “O Caminho do Bom ao Melhor”.
Uma análise sob a perspectiva da complexidade - Renata Bidone de Azevedo e Souza (2007)
2 Intranet: compondo a rede autopoiética da organização complexa - Jane Rech (2007)
É importante registrar que as opções paradigmáticas são feitas pelos alunos de acordo com as suas
percepções do objeto em estudo. Acredita-se, contudo, ser importante registrar que essa tendência pelo
Paradigma da Complexidade tem revelado um novo perfil de pesquisador em comunicação organizacional, cujas características fundamentais são a inquietude frente ao lugar atribuído à comunicação nos
ambientes organizacionais e a compreensão das inúmeras possibilidades do pensamento complexo,
que incluem os “[...] os princípios de disjunção, de conjunção e de implicação”. (ibidem) Talvez a grande
contribuição do pensamento complexo “[...] é dar a cada um, um memento, um lembrete, avisando:
Não esqueça que a realidade é mutante, não esqueça que o novo pode surgir e, de todo modo, vais
surgir” (MORIN, 2006, p.83).
No que tange às técnicas de pesquisa têm predominado a estratégia de estudo de caso, definido por
Yin (2001, 33) “[...] como um método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando
abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados”, sendo portanto, “[...] uma estratégia de
pesquisa abrangente”.Torna-se a opção indicada quando o pesquisador “[...] tem pouco controle sobre
os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos inseridos em algum contexto da vida real” (ibidem, p.19).
Em relação às demais técnicas têm igualmente predominado o compartilhamento de pesquisas qualitativas e quantitativas desenvolvidas mediante entrevistas padronizadas e em profundidade, observação participante e questionário com análise estatística buscando suporte interpretativo nas análises
de conteúdo e de discurso. O predomínio por tais procedimentos metodológicos, está relacionado diretamente, às opções paradigmáticas dos orientandos.
As áreas de Comunicação Social (Relações Públicas e Jornalismo) Administração e Psicologia se
constituem na principal formação dos orientandos que têm buscado o Programa de Pós-Graduação
97
em Comunicação Social, com interesse específico em comunicação organizacional, o que de certa forma revela as interfaces mais significativas com a referida ênfase. Outras áreas, como Artes Plásticas,
Ciências Contábeis, Economia e Geografia também compõem a formação dos orientandos. Acredita-se
que a pluralidade das áreas reforça a convicção de que a comunicação organizacional tende a ser tornar
em dos espaços de pesquisa dos mais promissores, especialmente nos Programas de Pós-Graduação.
O Grupo de Estudos Avançados em Comunicação Organizacional – GEACOR – é um grupo de
pesquisa junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que mantém uma revista eletrônica, pioneira no Brasil sobre a área, reunindo os trabalhos apresentados no GT
Comunicação Organizacional, do Seminário Internacional de Comunicação. O evento é realizado pelo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da PUCRS, de dois em dois anos. A partir do
corrente ano (2007), a Revista passará a ser semestral, recebendo textos para publicação, além daqueles
selecionados para o GT.
Considerações sobre o Núcleo Comunicação e Poder nas Organizações:
98
Os avanços nos estudos em Comunicação e Poder nas Organizações podem ser observados em alguns espaços. Tanto os docentes como os discentes vinculados ao Núcleo têm participado de eventos
nacionais e internacionais com artigos científicos. Os eventos que merecem destaque são organizados
pelas entidades: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM,
Rede Alfredo de Carvalho – REDE ALCAR, Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação
Organizacional e de Relações Públicas – ABRAPCORP, Asociación Latinoamericana de Investigadores
de la Comunicación – ALAIC, Federação Lusófona de Ciências da Comunicação – LUSOCOM, Asociación de Investigadores en Relaciones Públicas – AIRP.
Além destes, há o Seminário Internacional da Comunicação, uma promoção do próprio Programa
da PUCRS, que possui dois espaços: GT de Relações Públicas e GT de Comunicação Organizacional,
nos quais alunos e egressos de Pós-Graduação de várias instituições de ensino debatem assuntos pertinentes às temáticas. Outra promoção da PUCRS é um evento intitulado Debates no Pós, que congrega
alunos de graduação e pós-graduação em uma ação conjunta, para discutir diversas questões da área da
Comunicação, contando com palestrantes convidados e professores do Programa.
A publicação de obras, artigos científicos em periódicos nacionais e estrangeiros é resultado do esforço do grupo de docentes e discentes do Núcleo, que conta também com a participação de Bolsistas
de Iniciação Científica, vinculados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
– FAPERGS, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, e à própria
PUCRS. Com base nos registros feitos anteriormente, ao longo do texto, é possível afirmar que o Núcleo Comunicação e Poder nas Organizações, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
– PUCRS, tem um papel importante na formação e produção acadêmica na área, em termos de Rio
Grande do Sul e Brasil.
Referências bibliográficas
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.
YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MEIOS DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO: DESAFIOS
PARA A FORMAÇÃO DE DOCENTES
Adilson Odair Citelli 100
PODER Y COMUNICACIÓN: CONFLICTO CONTENIDO.
APROXIMACIÓN HISTÓRICA A LA INSTITUCIONALIZACIÓN DE
ACTORES DE LA OPINIÓN PÚBLICA
Berta García Orosa 114
EXILIO Y DESPLAZAMIENTOS EN INVASIÓN, LOS HIJOS
DE FIERRO Y REFLEXIONES DE UN SALVAJE
Paula Rodríguez Marino 124
Eula Dantas Taveira Cabral 142
LOS JÓVENES “EN” LOS NOTICIEROS TELEVISIVOS CHILENOS
Lorena Mónica Antezana Barrios 154
ESTUDOS DE RECEPÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL:
ABORDAGENS BRASILEIRAS na década de 90
Nilda Jacks e Daiane Boelhouwer Menezes 164
LAS NTICS EN LATINOAMÉRICA. INFLUENCIA PARA UN
CAMBIO DE PARADIGMA A PARTIR DE LOS 80
Oscar Nicolás Alamo 176
GLOBALIZAÇÃO E CULTURA POPULAR: A CONSTRUÇÃO
DO DISCURSO POLÍTICO DA MÍDIA
Aline Fernandes de Azevedo 188
COMUNICACIONES CIENTÍFICAS
INTERNACIONALIZAÇÃO DA MÍDIA BRASILEIRA: ANÁLISE DO GRUPO ABRIL
MEIOS DE COMUNICAÇÃO
E EDUCAÇÃO: DESAFIOS PARA A
FORMAÇÃO DE DOCENTES
Adilson Odair Citelli
Em 1995 fez a livre-docência na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, com tese
referente à inter-relação Comunicação e Educação.
Nesta mesma instituição é professor dos programas de
graduação e pós-graduação. Autor, entre outros livros,
de Comunicação e Educação. A linguagem em movimento, pela editora Senac.
E-mail: [email protected]
100
resumo
Este trabalho resulta de um projeto de pesquisa-ação desenvolvido junto a professores do ensino
fundamental e médio público do Estado de São Paulo. Tem por objetivo evidenciar a necessidade
de aproximar a educação da comunicação, propondo, para tanto, reorientar os processos formadores dos docentes. A perspectiva central do projeto é a de verificar como ocorre a produção,
circulação e recepção do conhecimento e da informação tendo em vista as singularidades de uma
sociedade complexa marcada pelos meios de comunicação.
Palavras-chave: Comunicação, Educação, Formação docente, Produção do conhecimento.
ABSTRACT
This work introduces the outcome of a research-action project developed with elementary and
middle public school teachers in the State of São Paulo. Its ultimate goal is to evidence the need
for a closer relationship between education and communication. For that reason, it propounds
a new approach to teachers’ education. The project centers on ascertaining how generation,
dissemination and reception of knowledge and information take place, taking into account the
peculiarities of a complex society, highly influenced by the media.
Keywords: Communication, Education, Teacher’s education, Knowledge generation.
RESUMEN
Este trabajo es el resultado de un proyecto de investigación-acción desarrollado junto a profesores de la enseñanza fundamental y media pública del Estado de São Paulo. Tiene por objetivo
evidenciar la necesidad de aproximar la educación de la comunicación, proponiendo, para eso,
reorientar los procesos formadores de los docentes. La perspectiva central del proyecto es la de
verificar como ocurre la producción, circulación y recepción del conocimiento y de la información llevando en consideración las singularidades de una sociedad compleja marcada por los
medios de comunicación.
Palabras claves: Comunicación, Educación, Formación docente, Producción de conocimiento.
101
102
Fixando conceitos
Há estudiosos que falam na existência de um
novo campo de reflexão e trabalho chamado de
educomunicação e na necessidade de se formar
educomunicadores. O termo, conquanto, não seja
recente, Mário Kaplun já o utilizava nos anos 80,
foi ampliando e reformulando seguindo novas
direções e ganhando espaços em diferentes instituições de ensino e pesquisa. O Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações
e Artes, a revista Comunicação e Educação, publicada pelo Departamento de Comunicações e
Artes daquela escola, têm desempenhado importante papel na discussão, implantação e difusão
do conceito de educomunicação (Citelli, 2000;
Soares, 1999).
O interesse, no momento, é menos o de historiar a palavra e mais o de incorporá-la à economia
interna desta reflexão visto que, ao mesmo tempo,
estamos recuperando-a do conjunto de projetos
realizados pelos professores para o projeto EducomTV (levado a termo junto a professores da
rede pública do Estado de São Paulo e voltado a
melhor prepará-los para o trabalho com a imagem
em sala de aula) e indicando os contornos de novas possibilidades profissionais capazes de orientar
as atividades daqueles dedicados à educação nos
espaços formais ou informais como a televisão e
o rádio ou à comunicação responsável, eticamente
orientada e no interior da qual se juntam ao entretenimento e à informação as dinâmicas educativas. Falar em novas possibilidades profissionais
significa, aqui, estar atento aos requisitos de uma
sociedade que passou a construir o conhecimento
em rede: nas tessituras, no compartilhamento, na
teia sustentada fortemente pelos dispositivos técnicos e tecnológicos. Conquanto as redes possam
1 Coordenado pelo prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares e realizado
pelo Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP. Foram
sub-coordenadores do projeto os profs.drs. Adilson Odair Citelli,
Cristina Costa e Marília Franco.
ser interpessoais, e elas certamente têm enorme
importância por se oporem, muitas vezes, ao discurso oficial, caso típico da chamada “rádio-peão”
usada pelos metalúrgicos do ABC Paulista durante suas greves nos anos 80, com a finalidade de
divulgar no “boca a boca” notícias obstadas pela
grande media, ou das conexões entre grupos para
manterem os fluxos informativos bloqueados pela
censura no período da ditadura militar no Brasil,
chamamos atenção, neste ponto, para redes apoiadas em meios técnicos e tecnológicos.
O educomunicador não é, portanto, apenas um
agente que liga interfaces, senão um poderoso elemento de transformações, com conhecimentos
recolhidos nos estudos da educação e da comunicação, e que nasce em decorrência dos imperativos de uma nova ordem histórica, social, cultural
e econômica.
O despeito de a comunicação e a educação possuírem áreas próprias de trabalho, metodologias
e objetos de pesquisa falamos na criação de um
outro espaço de intervenção social e de um novo
agente de formação que pode atuar em lugares
consagrados como a sala de aula ou nos descentramentos possibilitados pela elaboração de softwares educativos, na formatação de programas de
educação à distância, na discussão da telenovela,
na montagem de programas de rádio, na redação
do texto jornalístico, etc. Ou seja, o educomunicador não é apenas o professor que labora na escola, podendo ser o jornalista, o realizador de um
programa de educação à distância, o idealizador
de um software interativo que permita acesso a temas de interesse tópico ou transversal. A exemplo
do dramaturgo que recupera a magnitude de Os
sertões, de Euclides da Cunha, a história da ocupação da terra no Brasil – para lembrar o trabalho
de José Celso Martinez Correa, no teatro Oficina,
relendo para o século XXI, o drama canudense.
Em sua coluna na Folha de S. Paulo, (27/1/2003),
Gilberto Dimenstein apontava a existência da perspectiva educomunicadora no trabalho do Doutor
Entendemos que o recorte de formação do educomunicador
recupera e otimiza procedimentos dialógicos, interativos e de
aprofundamento da cidadania democrática e participativa.
Dráuzio Varela. E dizia estar usando o conceito,
“que começa a circular no meio acadêmico” por
reconhecer no médico alguém que havia conseguido conciliar conhecimento científico qualificado e mecanismos de divulgação científica através dos meios de comunicação. Discussões como
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,
males do fumo, cuidados com a saúde, ganharam
o tom didático que só alguém com domínio da
linguagem jornalística, radiofônica ou televisiva
poderia fazê-lo.
Como se vê, o conceito de educomunicador é
menos termo de recorde burocrático para ocupar
espaço no enorme guarda-roupa do conhecimento
fragmentário, e mais revelador de um designativo
que provoca por ser descentrado e envolver sujeitos que atentos aos problemas da educação, tendo
ciência dos mecanismos didático-pedagógicos e
dos próprios formadores não perdem de perspectiva as possibilidades facultadas pela comunicação
(e seus dispositivos) e pelas novas tecnologias. Tal
consciência pode ser encontrada em vários dos
materiais enviados pelos professores para o EducomTV e refletidos na proposição dos objetivos
gerais como os do projeto Educomunicação, uma
questão de princípios: “atrair os professores para
a prática da educomunicação fazendo dele um
agente participativo; sensibilizar os professores
para a construção de conhecimentos com base na
interação educomunicativa”
Entendemos que o recorte de formação do educomunicador recupera e otimiza procedimentos
dialógicos, interativos e de aprofundamento da cidadania democrática e participativa. Numa sínte-
se, a comunicação educativa ou educomunicação
pode ser pensada em torno dos seguintes eixos:
-Trata-se de um campo de reflexão decorrente
dos novos modos de organizar o conhecimento
e a informação, onde termos como educação e
comunicação tornam-se convergentes em amplo
sentido, não apenas na perspectiva interpessoal,
mas também naquela mediada pelas novas tecnologias;
-Considere-se que tal campo possui dimensão
teórico-prática, conforme sucintamente mostrado
até aqui;
-Um destes aspectos teórico-práticos indica que
para se levar os meios de comunicação e as novas
tecnologias para escola é preciso definir objetivos
e planejar ações comunicativo-educacionais. Deste modo, parece pouco produtivo trabalhar com
vídeo, jornal ou televisão na sala de aula como
manifestações de circunstância ou apoios técnicos impostos à dinâmica escolar, porque é preciso ‘modernizar o discurso pedagógico’. Trazer
os meios para a escola significa incorporar uma
nova maneira de organizar a sociedade e reconhecer outra dinâmica da cultura, agora marcada
por forte urbanização e distintas relações com o
tempo e o espaço. Vale dizer, falamos numa quase
redução do conceito de instância pública ao de
meios de comunicação.
Respeitados tais pressupostos compreendemos
que a entrada da comunicação e das novas tecno-
3 A expressão instância pública pode ser lida como sinônimo de
esfera pública e associa-se quase diretamente a Jürgen Habermas.
Em The scructural transformation of the publicsphere (1989) - o
texto original Strukturwandel der Offentlichkeit é de 1962-, o alemão
2 Responsáveis: Carla Gonçcalves Boscato de Castro e José Luiz de
fixou o termo que seria, posteriormente, retrabalhado em diferentes
Oliveira. DE.Sertãozinho
direções por vários autores.
103
logias na escola é não só um direito, mas um dever
para com a cidadania. No caso específico do trabalho com as novas tecnologias da comunicação e da
informação alguns avanços estão ocorrendo. Leda
Maria Rangearo e Vânia Quintão Carneiro (2000)
mostram como programas de trabalho podem ser
desenvolvidos neste campo e apontam suas áreas
de abrangência junto ao ensino fundamental e
É preciso considerar, ainda, que se as práticas
educacionais requisitam o exercício de
procedimentos comunicativos marcados pela
intencionalidade, os próprios processos
comunicativos podem estar cifrados por um
conjunto de elementos educativos.
104
médio: no cotidiano escolar (contribui para o tratamento dos conteúdos, malgrado eventuais problemas de erros, superficialidades, linearidades.
Assim pode-se conceder à leitura crítica, corrigindo, acertando, verificando alcances e limites); na
educação e na comunicação (as tecnologias, neste caso, ganham novas funções e interações - não
tecnicistas, evidentemente. Permitem saber como
ocorrem os fluxos de comunicação. Como circulam seus conteúdos); confronto de informações
(através da diversidade de veículos e linguagens é
possível verificar como circulam as informações,
o que permite mecanismos de comparação entre
visões e conceitos que orientam as informações);
criar “A própria tecnologia educacional é também
uma experiência significativa que transforma professores e alunos de consumidores em produtores,
desmistificando-as: do cartaz ao livro e ao jornal
da escola; das experiências com o uso conjugado
da Internet com o rádio; da rádio à tv da escola; da
criação do site da escola na Internet (...) e tantas
outras tecnologias que podem ser incorporadas ao
ambiente escolar e, mais precisamente, ao proces-
so de ensino-aprendizagem.” (Rangearo e Carneiro, 2000, p.95).
Por último, é possível dizer que a comunicação
educativa, educomunicação, comunicação e educação são termos que a rigor, designam aquele
campo teórico-prático cuja abrangência pode ser
alcançada em torno de quatro variáveis fundamentais.
Educação para a comunicação “constituída pelas reflexões em torno da relação entre os pólos
vivos do processo de comunicação (estudos de recepção), assim como, no campo pedagógico, pelos
programas de formação de receptores autônomos
e críticos frente aos meios”; mediação tecnológica
na educação, os procedimentos e as reflexões em
torno da presença e dos múltiplos usos das tecnologias da informação na educação; gestão comunicativa, ações voltadas para o planejamento, execução e avaliação de planos, programas e projetos
de intervenção social no espaço da inter-relação
comunicação / cultura / educação; reflexão Epistemológica, conjunto de estudos sobre a natureza
da inter-relação comunicação-educação.
Educomunicação e formação docente
A despeito dos deslocamentos ocorridos na
esfera pública e o espaço que nela ganham os
meios de comunicação, instituições como as escolas continuam jogando papel de extrema relevância na constituição de ordens de valores, de
representações sociais, de estratégias formadoras
de sujeitos. O mister educativo formal prossegue
exibindo a característica de facultar trocas entre
professores e alunos, ativando mecanismos de
comunicação de caráter interpessoal e intersubjetivo. Manifestação ilustrativa deste processo
pode ser encontrada na preocupação com que os
educadores selecionam conteúdos a serem ministrados, ajustam sistemas retóricos, progridem
em conceitos, mas também alcançam os planos
4 Esquema proposto por Ismar Oliveira Soares (1999).
dos afetos, da compreensão, do entendimento das
diferenças e dificuldades que marcam o universo
dos alunos. São preliminares para que o ensinar e
aprender, em sua necessária dialética, se produza
e os propósitos pedagógicos consigam efetivação.
Reconheça-se, portanto, que rompidos os liames
do entendimento frustram-se as possibilidades
que ensejam em sua plenitude o termo educação.
Formulado o problema por outro viés: fazer educativo e realização comunicativa vinculados que
estão pelos pressupostos dialógicos - reconhecido
o conceito na plenitude tensa que o enseja- prendem-se como ao corpo a pele.
É preciso considerar, ainda, que se as práticas
educacionais requisitam o exercício de procedimentos comunicativos marcados pela intencionalidade, os próprios processos comunicativos
podem estar cifrados por um conjunto de elementos educativos - em qualquer dos sentidos que a
expressão venha a ser utilizada. Interessa-nos,
pois, acentuar esta dialética recuperando um dos
seus elementos, o afeito à escola e aos educadores
que laboram nos ambientes educativos formais,
instância última abrangida pelo EducomTV. E reforçar a idéia de que a sala de aula e a formação
dos professores recebem influxo, em muitos momentos sob mecanismos informais, da nova esfera
pública midiática. Esta “ensina” hábitos, costumes,
comportamentos, valores, com acentos diferenciados, como se fossem palimpsestos que cheios
de luz num certo momento vão se apagando em
outros, destacando ou arrefecendo formas de
construção da cidadania. De todo modo, à comunicação mediada pelos veículos não faltam trânsitos educadores. E mesmo a comunicação interpessoal gerada na relação aluno-professor em sala
de aula encontra-se marcada por substratos direta
ou indiretamente recolhidos dos novos constituidores de cultura que são as mídias. Por este ângulo,
é procedente afirmar que sob o título de entretenimento, informação ou educação os docentes (e
seus discentes) encontram-se diante de produtividades formativas cuja extensão, intensidade e dimensões de incorporação manifestam força nem
sempre reconhecidas no plano aparente. Vale dizer, a apreensão das dinâmicas sociais, no volume
facultado pelos dispositivos técnicos, alcançam os
ambientes educativos de maneira definitiva e com
eles estão em diálogo mais ou menos visível, revelando-se plenamente ou mantendo-se numa espécie de zona subterrânea. A questão está em saber
quais são as tendências dominantes no jogo de
força que pode opor ambientes educativos e dinâmicos sociais.
A partir de outra chave, mas com preocupações
semelhantes às expostas, podemos dizer que um
pensador como John Dewey –para não ficarmos
nos referindo apenas a nomes contemporâneos
que têm se dedicado a trabalhar o conhecimento
em seus circuitos e redes - afinal a roda não foi
inventada nos últimos trinta anos- não apenas
insistia no fato de que a escola deveria manter
fluxos entre a vida social, o cotidiano e as formulações teóricas, como também caberia aos educadores abrir campo dialógico com os meios da
comunicação. Sob a ótica de John Dewey, estaria
no centro do trabalho pedagógico a incorporação
de materiais diversos que permitem compreender
de modo amplo a sociedade na qual os alunos (e
docentes) vivem. O learning by doing, a estratégia
do aprender fazendo, diz respeito a uma perspectiva progressista que busca colocar em sintonia
fina dinâmicas sociais e ambientes educativos.
6 Talvez o principal representante da escola ativa e progressista,
5 O diálogo não é apenas técnica de linguagem que consiste nos
Dewey pugnava pela adequação da escola à vida real, daí as preocu-
turnos entre interlocutores ou simples ajuste idealizado entre falas,
pações que exibia no sentido de buscar interações entre dinâmicas
mas, sobretudo, interlocução, trocas de argumentos e pontos de
sociais e ambientes escolares/educativos. É conhecido o combate
vista aos quais podem ocorrer estratégias de maior ou menor densi-
deste inovador americano à escola como mosteiro, onde se ensina-
dade argumentativa.
vam três erres: reading, riting, rithmetic.
105
106
Compreende-se, conforme os projetos dos cursistas do EducomTV, o fato de muitos deles voltarem-se para os meios de comunicação com o intuito de incorporá-los às atividades escolares. Daí
lermos, nas propostas que nos foram encaminhadas, tópicos como “estimular os professores para
a utilização do audiovisual no processo ensinoaprendizagem”, “desenvolver projetos educomunicativos com o intuito de ampliar a pesquisa e o
debate sobre comunicação”, “introduzir na escola
discussão sobre a leitura e uso das mídias”.
Se a relação mídia / escola está colocada na agenda dos educadores, evidentemente que a compreensão mais ampla do problema requisita o aporte
dos estudos comunicacionais, tendo em vista sejam questões específicas geradas pelas mensagens
midiáticas sejam as implicações no plano dos
processos. Trata-se de um leque de abrangência
que vai da definição ou resolução dos desafios
operacionais impostos pelo funcionamento das
novas tecnologias - gravação de programas de rádio e televisão, acesso à internet, etc - passando
pelo trabalho de reconhecimento das múltiplas
“alfabetizações” midiáticas -leitura atenta das
formas, estratégias de composição, circunstâncias
de linguagem, implicações para a ordem dos sentidos-, chegando aos temas mais gerais envolvendo meios de comunicação e construção da sociedade democrática. E os educadores, conquanto
reconheçam a presença daquela agenda, sabem,
também, que precisam de formação para realizar
melhor o seu mister. Ou, como se reflete em pesquisa que estamos realizando junto a docentes do
ensino publico fundamental e médio na cidade
de São Paulo, para o CNPq:
Você gostaria de realizar algum curso destinado
7 Citelli, Adilson. Linguagens da comunicação e desafios educacionais.
Limites e possibilidades para a ação dos professores do ensino fundamental e médio. Trabalho em andamento para o CNPq, envolvendo
docentes de escolas públicas estaduais e municipais da cidade de
São Paulo.
à formação para o trabalho com os meios de comunicação na sala de aula?
Nº
Nº
Sim
177
97,79
Não
4
2,21
O número de educadores que pedem cursos de
formação para trabalhar com meios de comunicação na escola mostra a existência de disposição
favorável para a ampliação do campo de conhecimento e a busca de inovações quanto à teoria e às
práticas pedagógicas. O que se reconhece, a rigor,
não é tão somente a presença de novas tecnologias
ou imperativos comunicacionais que requisitariam acerto de passo da sala de aula com demandas modernizantes autojustificadas, mas a verificação de que existem novos modos de ver, sentir
e aprender facultados por dispositivos que transcendem aquilo que clássica e tradicionalmente é
feito pela escola.
A docência no contexto da renovação
tecno-científica
Como outros assalariados, o professor também
dispõe de sua força de trabalho. E o faz nas condições especificas de quem opera no terreno dos
bens simbólicos, cujos trânsitos requisitam níveis
de interação social tanto para as aproximações
e diálogos com os alunos como para incluir um
contínuo refazer-se, resultado das mudanças geradas em diferentes âmbitos da cultura, da sociedade, dos imperativos tecnológicos. Aceitar esta
premissa, no caso dos professores, é condição
preliminar para que possa ocorrer a superação
daquela variável alienante que muitas vezes acompanha o próprio o conceito de trabalho. Pela óptica gramsciana podemos considerar os docentes
como intelectuais mediadores-simbólicos capazes
de identificar problemas e provocar inovações nos
ambientes em que atuam. Afastamo-nos, nesta medida, de uma visão corrente – de fácil verificação
em muitas licenciaturas, nos chamados cursos de
reciclagem / treinamento e mesmo em programas
oficiais autonomeados de formação permanente
–que tratam os professores como técnicos de disciplinas ou áreas do conhecimento, cujo oficio se
basta no domínio de conteúdos, presos à jaula de
ferro –a metáfora é de Max Weber – da racionalidade instrumental. Deste círculo vicioso esperamos tenha se afastado o EducomTV.
É preciso considerar que os requisitos de novos
modelos formadores para o magistério não decorrem apenas de mudanças nas definições dos
papeis sociais da educação, dos lineamentos diferenciados que circundam o conhecimento, na
crise de formatos enciclopédicos e iluministas que
presidem projetos escolares. O problema torna-se
mais complicado pelo fato de as lógicas orientadoras do capital e a expansão das novas tecnologias
da comunicação haverem redesenhado modelos
de gerenciamento e práticas profissionais em diferentes ramos de atividades, também no que se
refere à educação. Tal movimento tem colocado
sob suspeição o próprio conceito de instituição, ao
qual se associa de forma direta a escola.
Alguns autores, Marilena Chauí entre eles, vêm
trabalhando com o entendimento de que a idéia
e a pratica institucional, conforme elaborada a
partir do século XVIII, está sendo substituída pela
de organização. Esse último termo expressaria
melhor as formas e os sentidos das novas orientações político-administrativas –calcadas numa
relação entre competência técnica e racionalidade
do sistema – praticadas pelas dinâmicas do capital
rearranjado segundo os interesses dos mercados e
postos em prática através das corporações transnacionais.
No interior deste movimento, a idéia clássica das
instituições como formações sociais, dotadas de
caráter legislador, ético e pedagógico perde vitalidade e ao que parece vai se transformando em algo
nostálgico. Os novos parâmetros orientadores das
organizações não viriam mais do reconhecimento de objetivos comuns à vida associada, mas dos
imperativos empresariais, dos caminhos seguidos
pela mercadoria, pelas andanças e deslocamentos
do capital. O que se pede, agora, é reengenharia
funcional, pragmatismo, redução de custos, flexibilização de normas e direitos que segmentos assalariados conquistaram num longo processo de
lutas sociais. A busca da racionalidade do sistema,
construção retórica sob a qual pode, inclusive, estar abrigada desde uma operação de publicismo,
passando por formas pretextuais, manipulatórias,
É preciso considerar que os requisitos de novos
modelos formadores para o magistério não
decorrem apenas de mudanças nas definições
dos papeis sociais da educação.
até a mais óbvia caricatura –o caso do escândalo
de empresas como a ENRON, nos Estados Unidos,
funciona como exemplo paradigmático – impôsse a valores universais que incluíam solidariedade,
justiça, compromissos éticos, etc.
Entende-se, portanto, o fato de instituições como
a escola, herdeiras do ideário iluminista, logo, pelo
menos em tese, preocupadas em formar cidadãos,
iniciarem ou já desenvolverem modelos gerenciais
firmados na chamada qualidade total, com padrões ditados pelo referencial ISO, para ficarmos
em indicadores exemplares de um conjunto de
medidas consideradas modernizadoras e que poderiam ser substanciadas no principio geral tecnocrático da busca de eficácia e eficiência requisitada
pela nova ordem econômica, mas apresentada, genericamente, como respondendo a certa racionalidade que objetiva melhoria de fluxos e otimização
de resultados. E isto pode ser verificado tanto na
rede privada como na pública, malgrado as formas
e ritmos diferenciados de implementação.
Cabe observar que conquanto tratemos a escola
como instituição é necessário não perder de vista os envolvimentos e conseqüências da crescente
reorientação pelo qual passam. A tradução deste
107
deslocamento pode ser encontrada quer em uma
instrumentalidade da razão quer em procedimentos reguladores que dificilmente poderão produzir
conhecimento emancipatório.
A despeito deste quadro, mas no interior dele,
é que se procede à formação dos professores, entendida em sua dimensão inicial ou mesmo con-
Agencias educativas não podem, como
visto, ter seus limites funcionais determinados
pelo conceito de organização.
108
tinuada. E, aqui, colocam-se, pelo menos como
indicadores para a discussão, duas instâncias:
uma referente a este quadro de passagem entre os
marcos institucionais e os organizacionais e outro
atinente ao assunto que nos tem ocupado centralmente envolvendo as relações escola e media.
O grande desafio passa a ser aquele de ao mesmo
tempo estreitar de maneira produtiva os diálogos
entre salas de aulas e dispositivos comunicacionais
e não confundir instituições educativas com organizações, no sentido em que o termo foi previamente qualificado. Usamos as expressões estreitar
e maneira produtiva visto tratar-se, em última
análise, de agir sobre linguagens que já habitam
o universo de alunos, professores, funcionários e
equipes técnicas das escolas. A televisão, o rádio, o
jornal, a internet se encontram há muito nas salas
de aula, malgrado sob uma não presença dos suportes. O fato de uma unidade escolar não possuir
aparelho de televisão –o que é cada vez mais raro
– não impede que os temas por ela postos em circulação cheguem às aula, aos pátios, às conversas
nos corredores.
O que circula nos meios já é objeto de reconhecimento social, correndo o risco de ser, pura e
simplesmente, validado como expressão única da
verdade e da realidade. Desta sorte, ao trazer as linguagens midiáticas para a sala de aula não se está,
de maneira liminar, legitimando-as. Chamamos
atenção para este ponto porque é constante o seu
retorno quando são discutidas as relações escolameios de comunicação / novas tecnologias. Parece
inócuo, portanto, imaginar que uma instituição
tenha maior ou menor capacidade de legitimar
algo que já foi socialmente reconhecido.
Ademais, agencias educativas não podem, como
visto, ter seus limites funcionais determinados
pelo conceito de organização –ainda que, repetimos, o processo esteja em marcha. Pelo menos a
formação dos professores requisita matéria e dinâmicas distintas daquelas que alcançam o vendedor
do supermercado, da agência de automóveis, dos
especuladores bancários, dos aplicadores nos mercados de capitais. O docente não possui cliente,
freguês, mesmo porque o aluno não é comprador,
consumidor –pelo menos na situação específica
de sala de aula. Conhecimento inovador, consciência crítica, abertura do espírito, ativação da
sensibilidade, recolha de informações relevantes,
construção de projetos, amadurecimento intelectual; sendo termos que circulam no universo vocabular da escola não precisam estar, e geralmente
não estão, na gôndola do Wal Mart, no balcão do
McDonald’s, nas operações especulativas, no caixa
do banco, nas fábricas de automóveis.
Fixados estes pontos, retomemos o problema da
formação do professor em sua dupla chave: inicial,
aquela resultante dos cursos de licenciatura, e a em
serviço, também chamada de permanente ou continuada e que deverá prolongar-se por toda vida.
Tais etapas, infelizmente, não têm sido articuladas
como partes de um processo, senão enquanto momentos distintos capazes ou não de encontraremse nalgum ponto da vida profissional do docente. Daí a compreensão corrente segundo a qual o
enunciado foi formado é mais importante do que
estou sendo formado. Ou ainda, a verificação de
que o simples anúncio fui formado em/por é suficiente para perpetuar diferenciais futuros.
Quanto a esta descontinuidade, verifica-se o
outro lado da moeda, e que leva muitos docentes a
aceitarem cursos de reciclagem ou de treinamento – espécie de verniz que joga com enunciado
estou sendo formado – como sinônimos de formação permanente. Convém lembrar, neste aspecto, que o EducomTV criou alternativas novas
enquanto programa de médio prazo e que incluía
a interlocução entre cursistas / tutores / coordenadores, utilizando, para tanto, metodologia ao
mesmo tempo capaz de propor reflexões / ações
e recriação de alternativas teórico-práticas impostas pela dinâmica das atividades. O movimento de
criar e recriar resultou das próprias indagações e
desafios sugeridos pela dinâmica do trabalho. Vários projetos que lemos para elaborar o presente
texto apontam a necessidade de “promover um
ambiente educomunicacional na escola em que
professores e alunos possam adquirir competências necessárias para o seu crescimento pessoal e
manifestação de sua criatividade”. Como se vê
programas de treinamento já não se ajustam mais
aos objetivos de muitos professores.
É claro que a fase inicial possui enorme importância sob o ângulo da aquisição de conceitos, sistematização de idéias, estimulo à pesquisa, envolvimento intelectual e afetivo com o conhecimento.
Trata-se de um espaço e um tempo de formação
onde, sobretudo, o aprender a aprender, a percepção dos sentidos que orientam as mudanças,
a aceitação da incerteza como parte do processo
de aquisição do conhecimento, tem ou deveria ter
lugar de centralidade. É aqui onde se afirma a criticidade para os próprios impasses colocados pela
profissão, com suas riquezas e misérias, estímulos e
arrefecimentos. De toda sorte, revela-se imperioso
trabalhar o conhecimento como amplo processo
que não se dá em linha reta e tampouco possui circunscrição temporal. Por esta vertente, cabe à fase
inicial fixar as bases da consciência crítico-transitiva (Freire, 2001) que reconhece o mundo em
sua dimensão movente, posto num quadro sóciotécnico de saberes circulantes, fluidos, interdependentes, em que sujeitos convergem para resolver
os múltiplos desafios a eles colocados. De algum
modo, as redes colaborativas tornam os que dela
participam ao mesmo tempo mais humildes e instigantes, mais cientes dos seus limites e possibilidades. A idéia da transitividade do conhecimento,
acentuada como marca importante da formação
inicial, funciona como terra a ser adubada e semeada para que possa germinar a dialética entre o
fui formado e o sendo formado.
O problema seria o de verificar se as graduações
e suas licenciaturas cumprem o que delas esperase. No atinente a um ensino sintonizado com os
problemas postos à luz pelas demandas da sociedade do conhecimento, das novas tecnologias e da
comunicação. Nesta linha geral a que temos chamado de educomunicação, a resposta é negativa.
Por isso, é necessário insistir no caráter de mão
dupla que deve reger as relações entre fase inicial
e continuada, traduzindo tal afirmativa no suposto de que é parte do investimento universitário a
abertura para a formação permanente dos professores em serviço no ensino fundamental e médio,
ao mesmo tempo em que estes podem realimentar,
com a concretude dos seus desafios teórico-práticos, o sistema de ensino superior em que ocorre a
formação inicial para o magistério.
Consideremos mais de perto a questão da formação continuada do educador em serviço, visto
que alguns autores entendem ser ela tão ou mais
importante do que a formação inicial para garantir
a qualidade de ensino. Pensamo-la como requisito imposto pelas mudanças que singularizam os
diversos âmbitos das sociedades contemporâneas,
a natureza mesma do fazer educativo, as estratégicas e mecanismos que organizam o exercício profissional dos professores, assim como a necessidade de se enfrentar os problemas vinculados ao que
Projeto: Novos desafios tecnológicos à comunidade> DE. Mogi
das Cruzes. Responsáveis. Benedito de Oliveira e Maria do Carmo
Como querem Ken Gannicott e David Thorsby, em Educational
dos Santos Maekawa.
Quality and Effective Schooling.(1994).
109
Deseja-se ampliar o entendimento da formação permanente
como instância que não pode ser contida no limite da revisão de
conteúdos, de estratégias pedagógicas, de tópicos culturais.
110
já chamamos de alfabetização mediática.
Tal problema possui, contudo, complexidade
e não se esgota apenas na constatação da necessidade de trabalhar o conhecimento numa perspectiva não linear e fechada no tempo. Em estudo
interessante, pelo que sugere para ser pensado em
termos mais amplos envolvendo a formação continuada, Bartlett, L, Knigth J e Lingard B. (1992)
discutem como foi implantado o programa de
formação permanente na Austrália. Nele podem
ser encontrados pressupostos presentes em outras
políticas neoliberais e cuja formatação foi guiada
por quatro grandes vertentes: neocorporativismo
do estado, racionalismo econômico, gerenciamento e teoria do capital humano.
O neocorporativismo do estado representa, a rigor, um tipo de pacto entre objetivos do próprio
estado, do setor privado e dos sindicatos. Isto é,
um conjunto de forças que possui hegemonia setorial e promove o ajuste entre interesses e discursos com a finalidade de levar a termo os projetos
e programas de formação nos diferentes âmbitos
profissionais. Sob algumas circunstâncias o estado induz, estimula ou gerencia projetos desta natureza. Há vários deles em andamento no Brasil,
nascidos de iniciativas que estão em nível municipal, estadual ou federal, assim como de empresas e
organizações sindicais. No caso do magistério tem
sido comum os professores realizarem cursos de
formação dos quais pouco ou nada participam no
sentido da ideação e formatação.
O racionalismo econômico retoma um tema
que se espalhou pelas diferentes regiões do mundo
globalizado: trata-se de trabalhar com os princípios da eficácia e da eficiência segundo linhas de
força que obedecem, sobretudo, à lógica acumulativa e distributiva fixada por políticas públicas que
nem sempre priorizam rubricas sociais. Instala-se,
neste caso um pragmatismo no campo da formação continuada, quase sempre tomada como
sinônimo de treinamento, capacitação, etc.
O gerenciamento diz respeito ao conceito de
organização, também dentro das lógicas administrativas vindas do setor privado e que lançaram
âncoras, também, no setor público alcançado aos
próprios ambientes educacionais.
Por último, o discurso sobre o chamado capital humano. A sociedade complexa passou a demandar mão-de-obra qualificada, gente com bom
nível de escolaridade e domínio dos dispositivos
tecnológicos, razão pela qual os recursos devem
ser carreados, essencialmente, para setores de qualificação profissional e da rede educadora. Sem o
acúmulo deste capital humano em permanente
formação, os projetos de desenvolvimento social e
nacional ficariam comprometidos. Para os críticos
da teoria do capital humano, o que nela se promove é a disponibilidade e um exército de reserva
titulado e disputando exíguo mercado de trabalho,
para sorte dos empregadores.
O amálgama orientador das políticas de formação permanente na Austrália, aplicadas também
no campo educacional, poderia, em suas linhas
básicas, ser aproximada do caso brasileiro. Percebe-se, pelo simples elenco dos quatro pontos, que
neles existem problemas a serem contornados caso
o objetivo seja ligar formação continuada e consciência crítico-transitiva. Está em jogo, portanto,
mais do que preparar mão-de-obra com melhor
qualificação para as escolas (ou para o mercado),
trata-se, antes de tudo, de estabelecer projetos de
formação voltados ao aprender a pensar, a interpretar e agir segundo propósitos educacionais
compromissados com as mudanças sociais e a fle-
xibilidade para se refazer percursos pedagógicos,
rearranjando planejamentos, investindo na maior
sintonia entre as realidades docentes, das salas de
aula e os imperativos tecnológicos e comunicacionais que marcam a vida contemporânea. Neste
aspecto, um dos desafios postos à educação permanente é o de organizar o próprio conhecimento segundo dinâmicas que incluam a recuperação
dos sentidos solidários e de responsabilidade social capazes de presidir o mister dos educadores,
trabalhando a consciência ecológica, ética, solidária, democrática, cidadã, de compreensão mútua
– forma através da qual Edgard Morin (2000) vê
a possibilidade de se enfrentar a discriminação e a
violência. No interior desta perspectiva integradora e participativa, onde a formação é parte de um
processo que se faz e refaz, lemos proposições dos
participantes do EducomTV no sentido de abrir
“espaços para o encontro entre professores, coordenadores e articuladores visando a elaborar projeto político pedagógico coletivo, entre a Divisão
Regional de Ensino e unidades escolares, do qual
participem os educomunicadores, incentivando o
envolvimento de toda a comunidade educacional
da região na construção de fazeres pedagógicos
que contemplem as multimídias e preparem os
jovens para a sociedade da informação”10.
Feita a ressalva, entendemos que os projetos de
formação continuada do educador em serviço
voltado às relações com as novas tecnologias e os
meios de comunicação – muitos deles produtores de mensagens rápidas e descartáveis – precisam ser orientados de maneira a não se perder de
perspectiva os processos de longa duração. Haja
vista o ritmo com que sistemas surgem e não são
modificados – integrando-se alguns, caindo na
obsolescência outros, aprendendo eles próprios a
se reconstituir segundo novas possibilidades técnicas e exigências sociais, a exemplo do rádio, da
10 Projetos: Educomunicação e formação de professores DE. Guaratinguetá. Responsáveis: Diva Maria Bergamasco Zaccaro e Ângela
Rosa G.F. de Castro.
televisão, do computador, das convergências entre
suportes, da digitalização de circuitos –, todos eles
passando por mudanças internas e na relação entre
si, criando demandas para produtos diferenciados
e que mal lançados no mercado já se vêm condenados ao quartinho das quinquilharias. Ademais,
as mensagens midiáticas costumam vir recobertas
de uma aura que possui curtíssimos momentos de
esplendor. Neste quadro, o conceito de formação
continuada registra, no sentido integral do termo,
a idéia de uma reflexão intensa e permanente sobre as mensagens geradas pelas mídias.
Com isto deseja-se ampliar o entendimento da
formação permanente como instância que não
pode ser contida no limite da revisão de conteúdos,
de estratégias pedagógicas, de tópicos culturais,
mas, sobretudo como descoberta das linguagens
e procedimentos teóricos capazes de sustentar os
movimentos de atualização e inovação buscados
pelos profissionais educadores.
Formação permanente, no sentido em que a
estamos trabalhando, com vistas à sociedade do
conhecimento, e à dimensão educomunicadora,
não é conceito que se restrinja aos cursos de atualização profissional ministrados por especialistas
ou assessores encarregados de apenas transmitir
saberes acumulados e que serão, provavelmente,
reproduzidos pelos cursistas, sem que daí possam
ser recolhidas as teorias subjacentes às praticas
profissionais implementadas. Afinal, verbos como
refazer, reorientar e superar só podem ser conjugados caso as teorias que os sustém sejam reveladas e apreendidas.
Formação continuada é, portanto, uma ação
com distintas variáveis e múltiplos agentes. No
caso do magistério diz respeito a realidades espaciais: a escola, a sala de aula; a procedimentos;
ambientes virtuais ou presenciais; a inquietudes
individuais e coletivas: sujeitos querem se transformar e exercitar práticas diferenciadas; à contribuição dos discursos provocadores: o especialista,
o pesquisador com novas sugestões de trabalho e
111
que, eventualmente, é o professor de uma unidade educativa que reúne seus pares para avançar no
debate de alguma questão; a demandas culturais
amplas que interliguem os/as docentes em torno
de grupos de estudos, da ativação de núcleos de
interesses, que podem estar na música, no cinema,
na televisão. Neste caso, o que resulta dos círculos
culturais diz respeito, num primeiro momento, ao
crescimento individual e do grupo, sem a imperiosa relação ou aplicação imediata a conteúdos e
disciplinas escolares. Trata-se, portanto, de concepção que não se perde no canto de sereia do pragmatismo e do imediatismo, mas se (re)posiciona
para unir mentes e corações empenhados em conjugar verbos como mudar e transformar.
112
Conclusão
O conjunto de projetos apresentado pelos participantes do EducomTV evidenciou a existência
de uma preocupação importante envolvendo o
problema da formação continuada tendo em vista as singularidades de um tempo marcado pelos
meios de comunicação. Procuramos destacar a
questão tendo em vista certos parâmetros educomunicadores. A idéia-chave em torno da qual refletimos prende-se ao pressuposto da existência de
um tempo e um mundo marcado, fundamentalmente, pela revolução técnico-científica, com suas
conquistas e mazelas, em que as videotecnologias,
os sistemas informacionais e a sociedade em rede
jogam papel central nos conceitos e estratégias
educadoras. Neste contexto, passaram a existir requisitos novos para o mister docente, muitos deles
ignorados ou desconhecidos nos cursos de graduação e formação inicial dos professores. Daí as
solicitações para a criação de novas alternativas visando a mais bem preparar os docentes em exercício profissional. Buscamos, através da recuperação
das falas dos participantes do EducomTV, situar
projetos que não apenas entenderam a extensão
do problema enfrentado pelo magistério do ensino fundamental e médio, como se propuseram
a apresentar alternativas capazes de orientar perspectivas educadoras que ao mesmo tempo implicassem mudanças no fazer didático-pedagógico e
na própria relação com o conhecimento. Dos projetos lidos é possível deduzir que os docentes não
apenas querem transformar a experiência educativa, ampliando espaços de trabalho e buscando alternativas para tornar a sua atividade socialmente
reconhecida, mas, sobretudo, desejam, neste processo, transformar-se.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e
Citelli, Adilson. Comunicação e educação. A linguagem em movi-
Terra, 2003.
mento. São Paulo: Senac, 2000.
Bartlett, L., Knigth, J. e Lingard, B.. Restructuring teacher
CITelli, Adilson. Comunicação e educação: aproximações. In:
education in Australia. British Journal of sociology of education, v.13,
BACCEGA, Maria Aparecida. (Org). Gestão de processos comunica-
n.1, p.19-36, 1992.
cionais. São Paulo: Atlas, 2002.
BUCKINGHAM, David. Media education. Literacy, learning and
Freire, Paulo. Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez /
contemporany culture. London: Polity, 2003.
Instituto Paulo Freire, 2001.
CARNEIRO, Vânia Quintão, RANGEARO, Leda Maria. TV na Escola
Gannicott, Ken, Thorsby, David. Educational Quality and
e os desafios de hoje. Brasília: Ministério da Educação, 2000.
Effective Schooling. Paris: Unesco, 1994.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2v. São Paulo: Paz e Terra,
Habermas, Jurgens. The scructural transformation of the public-
1999.
sphere. Cambridge: MIT Press, 1989.
CITelli, Adilson. (Org.) Outras linguagens na escola. São Paulo:
ILLERA, J.Rodrigues. Educación y comunicación. Barcelona: Paidós,
Cortez, 2000.
1988.
IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional. Formar-se
PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissião docente
para a mudança e a incerteza. 2ed. São Paulo: Cortez, 2001.
e formação. Perspectivas sociológicas. Lisboa: Publicações Dom
JACQUINOT, Geneviéve. (Org.). Les jeunes et les media: perspectives
Quixote, 1993.
de la recherche dans le monde. Paris: Hartmattan, 2002.
SILVERSTONE, Roger. Por quê estudar a mídia? São Paulo: Loyola,
MORIN, Edgard. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio
2002.
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
Soares, Ismar de Oliveira. Comunicação/educação. A emergência
MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São
de um novo campo e perfil de seus profissionais. Revista Brasileira de
Paulo: Cortez / Unesco, 2000.
Comunicação. Arte e Educação. n.2. Brasília: Senado Federal, 1999.
113
PODER Y COMUNICACIÓN: CONFLICTO
CONTENIDO. APROXIMACIÓN HISTÓRICA
A LA INSTITUCIONALIZACIÓN DE ACTORES
DE LA OPINIÓN PÚBLICA
Berta García Orosa
Doctora en Ciencias de la Comunicación por la
Universidad de Santiago de Compostela; Licenciada
en Ciencias de la Información y Licenciada en Ciencias
Política y de la Administración. Actualmente es profesora de la Facultad de Ciencias de la Comunicación de
la USC. Fruto de su actividad investigadora surgieron
diversas publicaciones, participaciones en proyectos
de investigación y en congresos científicos internacionales. Entre sus últimos trabajos están “Los altavoces
de la actualidad. Radiografía de los gabinetes de
comunicación” (Editorial Netbiblo, A Coruña, 2005) y
el capítulo de libro “Gabinetes on line y redes sociales
virtuales” disponible en www.ub.es/demopode/libro1
114
año 2005 (en colaboración con José L. Capón).
E-mail: [email protected]
resumen
Desde el inicio de la Historia el poder ha intentado controlar o, al menos, tener presencia importante
en el discurso de los medios de comunicación. Durante las últimas décadas tres evoluciones marcaron esta tendencia: el incremento de la información y de su valor; la difuminación del poder y
el cambio de las estrategias para tener presencia en los medios de comunicación y, por ende,
en la opinión pública (no sólo a través del control de la propiedad de los medios, de los contenidos difundidos sino a través del control o influencia en las fuentes de información). Los datos aquí
recogidos realizan una breve incursión por los tres apartados. Son los resultados de una investigación
concluida pero que está siendo ampliada en estos momentos a otros ámbitos –España y Unión Europea, en un primer momento- por la autora del artículo.
Palabras claveS: gabinete de comunicación, comunicación organizacional, prensa, medios de
comunicación, periodismo.
ABSTRACT
From the beginnings of History, the ruling entities have tried to control or, at least, be part of, the
discourse of mass media. During the last decades three developments have evidenced this tendency,
namely: the increase of information and its value; the fading of power, and the change of strategies
for a broader presence in mass media and, consequently, in public opinion (not only through control
of the property of the media or the broadcasted contents, but also by controlling or influencing the
information sources). The data collected constitute a brief review of those three issues. The paper
introduces the outcome of a concluded research project, which is currently being taken further – in
Spain and European Union as a first stage – by the author.
Keywords: communication office, organizational communication, press, mass media, journalism
resumO
Desde o começo da história, as classes de governantes tinham tentado controlar ou, pelo menos, ter
uma presença importante no discurso de meios de comunicação. Durante as últimas décadas três
evoluções marcaram esta tendência: o aumento da informação e de seu valor; os jogos do poder e
a mudança das estratégias para ter a presença em meios de comunicação e, conseqüentemente, na
opinião pública (não somente com o controle da propriedade dos meios ou dos índices transmitidos, mas também controlando ou influenciando as fontes de informação). Os dados coletados aqui
constituem uma revisão breve ao longo destes três pontos. Este artigo apresenta um resultado de
uma pesquisa concluída, embora outros espaços - Espanha e União Européia num primeiro momento - estejam sob o estudo pela autora no momento.
Palavras-chave: Comunicação organizacional, imprensa, meios de comunicação, jornalismo.
115
1. Introducción.
La agenda mediática no coincide con el universo
cotidiano de individuo o colectivo alguno del planeta. Solamente unos pequeños ámbitos, actores
y actividades aparecen reflejados en las páginas y
los sonidos e imágenes transmitidos a través de los
medios de comunicación. De este modo, el mundo
se nos muestra como la luna: con una cara siempre
oculta y la otra, a veces, opaca o semiopaca.
¿Qué ocurre? ¿Qué pasa con los medios de comunicación? ¿Qué transmiten a la opinión pública? Y,
sobre todo, ¿qué parte de “realidad” ignoran?
Tradicionalmente las investigaciones sobre medios de comunicación han versado sobre dos aspectos fundamentales: los temas y las audiencias
(recepción, consecuencias…). Sin embargo, uno
de los grandes olvidados es el tema de las fuentes,
especialmente desde el momento en el que éstas se
institucionalizan y emprenden flujos de comunicación continuos con los diversos sistemas mediáticos con el fin de afianzar un puesto continuo en
la agenda mediática.
en la sociedad; y un tercero (P3), que se preocupa
de la creación y procesamiento de la información
en los gabinetes. Los medios de comunicación, de
esta forma, son básicamente distribuidores de una
información que está producida en su mayor parte en otro lugar: los gabinetes que son los que les
conceden su contenido y su valor.
¿Quién produce la información? ¿Quién y cómo
provoca que circule? Los poderes públicos se encuentran en uno de los primeros lugares. Veamos
detenidamente cada una de estas ideas: 1) la relación tradicional del poder con los medios de comunicación; 2) el cambio de contexto social y el
valor añadido de la información: la Sociedad de
la Información; 3) las estrategias de influencia: los
gabinetes de comunicación.
2. Relación tradicional del poder con los
medios de comunicación
Desde el inicio de la Historia del Periodismo, los
sectores más poderosos e influyentes de la sociedad de cada momento intentan controlar e influir
en los contenidos que circulan en los periódicos.
116
Dos hipótesis marcan el punto de partida: por
un lado, la relevancia de la influencia que los medios de comunicación ejercen en la sociedad en
general y concretamente como conformadores de
la opinión pública. En segundo lugar, el hecho de
que los gabinetes de comunicación son el origen
real de la mayoría de los contenidos que difundirán posteriormente los medios. Es decir, esos fantasmas que denominamos gabinetes de comunicación están detrás de la conformación de parte de
ese ‘poder’ o influencia en la sociedad.
Por lo tanto, estamos hablando de tres flujos de
información: un primero (P1), que consiste en la
relación de los gabinetes de comunicación con la
agenda mediática; un segundo (P2), que atiende
a la repercusión de los medios de comunicación
“Impresas o manuscritas, las noticias, como
más tarde los periódicos, despertaron enseguida
los temores y las desconfianzas de los gobernantes
que procuraron reprimirlas. Sobre todo los papas,
empeñados en una lucha encarnizada contra la reforma, quisieron imponer silencio a los informadores.”
También Richelieu comprendió la utilidad de la
prensa para actuar sobre la opinión pública; cuando la Gazette penetra en el siglo XVII en otros países, ciertos gobiernos intentaron prohibirla, pero
Renaudot les aconsejó que renunciaran a ello ya
que `es una mercancía cuyo comercio no se ha podido jamás prohibir, y que es de la naturaleza de los
torrentes, que engrosan cuando se les opone resis WEIL, Georges, El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994.
¿Qué ocurre? ¿Qué pasa con los medios de comunicación?
¿Qué transmiten a la opinión pública?
Y, sobre todo, ¿qué parte de “realidad” ignoran?
tencia`. En Inglaterra Carlos I (s. XVII) se esforzó
por reprimir las `hojas de noticias` impresas y en
1632 la Cámara Estrellada por queja del embajador de España prohibió estas hojas. También en
Alemania en el siglo XVII la prensa fue sometida `a
la censura puntillosa de los tiranuelos eclesiásticos
o laicos y a las ciudades imperiales`.
Ya en el siglo XVIII, los últimos años de Guillermo III de Inglaterra y la época de la reina Ana
señalaron la formación de los grandes partidos
whigs y los tories que se disputaron al poder (y con
frecuencia son los periodistas los que reciben los
golpes en esta batalla: la multa, el picot, el látigo
o la prisión). Sin embargo, pronto se descubre la
importancia de la favorable opinión pública y la
persecución se transforma en beneplácito e intercambio de intereses. Los jefes de los partidos comprenden pronto las ventajas de tener al lado a los
publicistas; los inspiran, les pagan y alguno incluso
les agasaja con las mayores consideraciones. Es la
época en la que algunos hombres `de talento` se
consagran a los periódicos y elevan la dignidad
de la profesión; es la época en la que viven Defoe,
Addison y Swift según relata Georges Weil.
En síntesis, vemos como a lo largo de la Historia los poderes –fundamentalmente el político y el
económico- intentaron controlar la información
de una u otra forma y para ello recurrieron a las
fuentes `por ser en buena medida las que gobiernan todo el proceso de la información`. Los gabinetes de comunicación aparecen cuando, por factores diversos, esa canalización de la información
se realiza mediante instituciones estables, y dejan,
por tanto, de ser manifestaciones puntuales o restringidas a sectores concretos de la sociedad para
generalizarse y estabilizarse hasta el punto de ser
un fenómeno totalmente implantado e irreversible ya en la sociedad.
La proliferación continuada durante las últimas décadas de este tipo de oficinas forma parte
de lo que los expertos denominan `fenómeno de
los nuevos emisores` y surge a partir de cambios
estructurales (magnitud de las entidades o modificaciones legales, por ejemplo) en momentos diferentes según cada país o situación.
Actualmente nos encontramos en un momento
de grandes transformaciones que han potenciado
la relevancia de la información como veremos a
continuación.
3. El cambio de contexto social y el valor
añadido de la información: la Sociedad
de la Información.
Siglo XXI. Nos situamos en un momento de
cambios importantes en las estructuras de los sistemas económico, político, social, cultural y, por
supuesto, comunicativo.
“Las transformaciones históricas en curso no se
limitan al ámbito tecnológico y económico: afectan también a la cultura, a la comunicación y a las
instituciones políticas, en un sistema interdependiente de relaciones sociales”
4 RAMÍREZ, Txema, La influencia de los gabinetes de prensa. Las
2 WEIL, Georges, El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994.
rutinas periodísticas al servicio del poder, In: Telos. Cuadernos de
3 RAMÍREZ, Txema, La influencia de los gabinetes de prensa. Las
comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40.
rutinas periodísticas al servicio del poder, In: Telos. Cuadernos de
Diciembre-febrero 1995.
comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40.
5 BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel, Local y global, Madrid: Taurus,
Diciembre-febrero 1995.
1997.
117
Actualmente nos encontramos en un momento de grandes
transformaciones que han potenciado la relevancia de la información
como veremos a continuación.
118
Las transformaciones que están sufriendo las
diferentes sociedades en mayor o menor medida
implican una revolución tan importante como la
Revolución Industrial y señalan el inicio de una
nueva etapa, denominada Sociedad de la Información. No es este el lugar ni el momento adecuado
para desarrollar una historia y un análisis crítico
sobre esta etapa sino únicamente para resaltar la
gran importancia adquirida durante estas décadas
por la información y, sobre todo, el intento de conseguir que la tecnología sea accesible y cambie la
vida cotidiana de la mayoría de las personas.
En este contexto social el poder, especialmente el
poder político, continúa con su estrategia de tener
presencia en la opinión pública. Para conseguir
este objetivo utiliza los dos medios tradicionales
(control sobre la propiedad y control a través de
las políticas de comunicación) y un instrumento
nuevo: el control de las fuentes de información, es
decir, la entrada en las rutinas productivas de los
medios con armas puramente periodísticas. De
este modo, el poder político crea sus propios gabinetes de comunicación y se convierte en fuente de
referencia y con credibilidad para la entrada continua en los medios de comunicación. No obstante, desde nuestro punto de vista, la función de la
comunicación organizacional o institucional en el
caso de los medios administrativos o políticos difiere bastante de la actividad desarrollada en otros
6 Diferentes términos fueron utilizados por distintos autores y
etapas de la investigación para hacer referencia al mismo concepto:
ámbitos de la vida. A continuación señalamos alguna de estas peculiaridades.
Características de la comunicación
organizacional política
En primer lugar debemos de hacer una diferenciación importante sobre qué actor de la política
estamos hablando ya que la comunicación será
diferente si estamos haciendo referencia a un partido político o, por el contrario, estamos teniendo
como objeto de nuestro discurso a una administración pública. En este caso, la comunicación
tendrá como objetivo fundamental identificar y
desarrollar al máximo las relaciones con los ciudadanos, con vista al refuerzo del conocimiento que
estos tienen de la Administración Pública y buscar
el consenso sobre su gestión. Dentro de la Administración Pública, Black resume las funciones del
gabinete en dos: dar habitualmente información
sobre los planes y los logros de la institución y
educar a los ciudadanos sobre la legislación, disposición y todos los asuntos que afectan a la vida
diaria de los ciudadanos. En un sistema democrático, en principio, los gabinetes de comunicación
forman parte de la evolución registrada durante
las últimas décadas en la relación entre la administración y los ciudadanos (mayor complejidad de
la administración, mayor apertura y paso del administrado al ciudadano/cliente). Uno de los mayores riesgos de la comunicación en este campo es
el de transformar la comunicación en simple propaganda, lo que ocurriría en los sistemas políticos
´tercera onda`(Alvin Toffler), ´sociedad postcivilizada o sociedad
tecnológica` (Kenneth Boulding), ´sociedad postindustrial´(Daniel
7 MARTINEZ BARGUEÑO, M. Información administrativa un
Bell), ´sociedad poscapitalista`( Peter Druker), ´era
derecho constitucional, In: AAVV, Información institucional. Prim-
postmoderna`(Amitai Etzioni), `sociedad programada` (Alain
eros encuentros, Valencia: Ed. Generalitat Valenciana, 1985.
Touraine), ´sistema-mundo`(Inmanuel Wallerstein), ´sociedad red`
8 BLACK, Sam, Las relaciones públicas. Un factor clave de gestión,
(Manuel Castells), entre otros.
Barcelona: Ed. Hispano, 1991.
totalitarios, dónde los gabinetes de comunicación
se convierten en un instrumento muy valorado
por las élites poderosas del régimen. Entre los dos
extremos, existe una amplia gama de comunicación institucional.
Frente a esta, la comunicación empresarial será,
por su parte, la que actúa dentro de una empresa,
es decir, las unidades de producción privadas básicas en una economía capitalista o mixta que contrata trabajo y compra otros factores con el fin de
hacer y vender mercancías. Dentro de este sector,
la comunicación organizacional se caracteriza por
la ausencia de obligatoriedad legal y por la búsqueda de los fines propios del sector: la productividad y la rentabilidad.
En el medio de las dos están los partidos políticos en tercer sector, definido éste como el constituido por aquellas organizaciones privadas de carácter voluntario sin ánimo de lucro que, surgidas
de la libre iniciativa ciudadana y regidas de forma
autónoma, buscan responsablemente mediante el
desarrollo de actividades del interés general alcanzar el incremento de los niveles de calidad de vida
a través de un progreso social solidario, en cooperación con otras instancias públicas o privadas,
beneficiándose, en su caso, de un tratamiento fiscal específico, derivado del reconocimiento de su
labor altruísta10. Tienen una función principal que
es la de la conexión entre el electorado/ciudadano
y las instituciones. La comunicación de los partidos políticos hacia sus electores se realiza en una
gran parte a través de los medios de comunicación. Esta relación constituye uno de los ámbitos
de mayor producción investigadora de las últimas
décadas, sobre todo, en el subsector de los efectos
de la información (más que de la producción y difusión de la misma) hasta el punto de que algunos
9 SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, William D., Economía,
Madrid: Ed. McGraw-Hill, 1995.
10 CABRA DE LUNA, Miguel Angel, El tercer sector, In: CARPIO,
Maximino (ed.), El sector no lucrativo en España, Madrid: Pirámide,
1999.
autores señalan la aparición de un nuevo poder en
la política norteamericana: los asesores de comunicación, que son permanentes mientras que los
candidatos elegidos son efímeros.
La segunda gran diferenciación que trazamos
se refiere al tipo de institucionalización de la comunicación, es decir, si se habla de una comunicación institucional realizada desde dentro de la
propia institución –gabinete de comunicación- o
si se realiza desde fuera de la entidad –asesoría
externa de comunicación-. En el primero de los
casos es un departamento interno a la entidad el
que, imbricado en la estructura y en el funcionamiento de esta, se encarga de elaborar e ejecutar la
política comunicativa. En el segundo de los casos,
es una empresa externa a la que la entidad contrata de forma continuada o periódica para que
se responsabilice de planificar y ejecutar un plan
de comunicación o alguna de sus funciones. Los
objetivos y las funciones son similares en ambos
casos pero la dinámica de trabajo y las ventajas e
inconvenientes planteadas son diferentes. Veamos
cada uno de ellos.
4. Las estrategias de influencia: asesorías y
gabinetes de comunicación.
Una asesoría de comunicación es una empresa
privada que, con los recursos técnicos y humanos
adecuados, tiene como principal función profesional el prestar servicios a terceros en materia de comunicación. Desde el punto de vista de la práctica
podemos fácilmente encontrar autodefiniciones
de las propias asesorías de comunicación que incluyen, siempre, la necesidad de la comunicación y
la relación directa, guiada y positiva con los clientes/públicos (recordando que siempre se comunica), la variedad de servicios y la adaptabilidad a las
necesidades propias de la empresa que va a contratar, además de la profesionalidad y especialización
de sus profesionales.
Las asesorías, empresas privadas especializadas
en la comunicación, nacen, en algunos casos, del
119
120
reciclaje de las antiguas agencias de relaciones
públicas y, en otros, de la iniciativa de los propios
profesionales de la comunicación. Podríamos establecer, con un criterio únicamente analítico, tres
fases en la evolución de las asesorías de comunicación. Una primera, después de la Segunda Guerra Mundial cuando el boom de la imagen y de la
presencia positiva en la opinión pública promocionan la aparición de estas primeras empresas.
Una segunda que abarcaría desde los años 60 hasta
199511 en la que las asesorías sufren un proceso de
internacionalización y profesionalización. Y, finalmente, la época actual en muchos países con una
importante presencia de las asesorías de comunicación pero en la que éstas adolecen, en general,
de especialización, ya que ofrecen una variedad
inmensa de servicios realizados siempre por los
mismos recursos humanos.
Según el servicio que prestan a la entidad podríamos dividirlas en: actos puntuales y asesorías
permanentes. En el primero de los casos estarían
aquellas contratadas para llevar a cabo la comunicación en actividades puntuales (congreso, feria o, uno de los casos típicos, la comunicación de
un partido político en un proceso electoral). En
el segundo de los casos ubicaremos aquellas asesorías que mantienen una relación continua con
su/s cliente/s con el fin de conseguir una buena
política comunicativa.
Según el nivel de especialización las asesorías
se pueden clasificar en especializadas o no especializadas. En este caso, como su propio nombre
indica la diferencia es el ofrecimiento de un único servicio de comunicación o de una batería de
ellos. La tendencia durante los últimos años en
mercados que empiezan a estar saturados de asesorías de comunicación es a la diferenciación y
el posicionamiento en el mercado a través de la
primera.
Por otra parte, el gabinete de comunicación es
el departamento de la entidad –empresa o institución- encargado de la planificación, implementación y evaluación de la política comunicativa de
la entidad.
A pesar de que la mayoría de los autores sitúan el
origen de los gabinetes de comunicación a inicios
del siglo pasado, los comienzos no están perfectamente delimitados, ya que la comunicación es
una función intrínseca a cualquier organización.
Cualquier entidad comunica por el simple hecho
de estar en unas coordenadas espacio-temporales
y desarrollar una determinada actividad pero se
trata de que esa comunicación esté controlada y
sea positiva para la organización. Con este fin se
crean los gabinetes de comunicación.
Las denominaciones y definiciones se modificaron, sobre todo, en las últimas décadas, con
la consolidación de departamentos estables dedicados exclusivamente a la formalización e institucionalización de los diferentes procesos de
comunicación que realiza una empresa o una institución a lo largo de su vida. Los cambios terminológicos responden a modificaciones reales de
las funciones (o a la potenciación de unas sobre
otras), a las transformaciones sobre las características de los departamentos, al contexto lingüístico
en el que se realizan o a la perspectiva desde la
que el autor o la escuela se acercan al ámbito de la
comunicación organizacional.
En principio, el término ‘gabinete’ proviene del
diminutivo del francés medieval ‘gabinet’, actual
‘cabinet’ (de ‘cabin’, cuarto pequeño de origen incierta), significando ‘alojamiento íntimo’12. Termi-
12 COROMINES, J. Diccionario crítico etimológico de la lengua
castellana, Madrid: Gredos, 1976.
13 En castellano los diccionarios no recogen la acepción de gabinete
de comunciación con la excepción del Diccionario del español actual
( SECO, M.; ANDRÉS, O.; RAMOS, G. Diccionario del español actual,
Madrid, Aguilar, 1999) que si fornece una definición de gabinete
11 Son únicamente fechas orientativas que dependen de cada país y
relacionada con la comunicación: “2. Oficina de un organismo
cada circunstancia.
encargada de atender determinados asuntos”
nológicamente su uso para designar a los gabinetes
de comunicación es probablemente una extensión
metonímica para indicar la sala de trabajo13.
Desde la teoría de la comunicación, las definiciones fueron diversas, pero todas ponen su énfasis en las características de organismo estable y
de fuente/origen de información muy relevante.
Por ejemplo:
En un organismo público, en los partidos políticos y en las instituciones con proyección social,
oficina encargada de la actividad periodística cuya
función es mantener contacto con los periodistas,
informándoles sobre las actividades de su dependencia y recogiendo cuantas noticias sobre éstas y
sus dirigentes se publiquen en la prensa14
Txema Ramírez15 resalta que es el punto de
partida la información y afirma que ‘se entiende
por gabinetes de prensa aquellas fuentes activas,
organizadas y habitualmente estables de información que cubren las necesidades informativas
de aquellas organizaciones del ámbito cultural,
social, político y económico que aspiran a tener
influencia ante la opinión pública’. Según el mismo explica se le concede la categoría de fuente
informativa, activas (pueden tomar la iniciativa),
organizadas (tienen un lugar determinado al que
el periodista puede dirigirse) y estables (aunque
reconoce que también existen gabinetes de comunicación concretos).
Otras definiciones más concretas, reducen el
ámbito de actuación del gabinete de comunicación, como la que afirma que
Gabinete de prensa es un departamento dirigido
generalmente por periodistas dedicados a la difusión y recopilación de informaciones referentes a
la institución o empresa de la que son portavoces
circunstanciales, para lo cual utilizan principalmente una serie de técnicas de informar y reaccionar como son la nota o la rueda de prensa16
Últimamente se abandonó la denominación de
gabinete de prensa y se empezó a hablar de gabinetes de comunicación como el lugar “donde se
gestiona toda la información que cada empresa e
Cualquier entidad comunica por el simple hecho
de estar en unas coordenadas espacio-temporales
y desarrollar una determinada actividad pero se
trata de que esa comunicación esté controlada
y sea positiva para la organización.
institución produce, día a día, traduciéndose en
Comunicación externa e interna al ser contestada
por los ciudadanos, empleados, accionistas (...)”17.
El uso del término ‘oficina’ o ‘gabinete’ de prensa se generalizó, en un principio, entre aquellas
fuentes informativas que decidían dotarse de una
mínima infraestructura para atender a los medios
de difusión y, pese a que el término prensa no es
incorrecto, la denominación de ‘gabinete’ o ‘departamento de comunicación’ capta mejor la globalidad del fenómeno, a que además de prensa, están
la radio y la televisión18 y teóricamente los medios
electrónicos.
Joan Ferrer19 define, en un sentido amplio, el
gabinete de comunicación como `el encargado de
la planificación de las Relaciones Públicas o de la
Comunicación en la Empresa`.
Desde esta perspectiva, consideramos el gabine-
16 DEL RIO, Miguel (ed.), Gabinetes de prensa: la comunicación en
las instituciones y en las empresas, els autors, S.L., cop. 2001.
17 MARTÍN, Fernando, Comunicación empresarial e institucional,
14 RAMÍREZ,Txema, Gabinetes de comunicación. Funciones, disfun-
Madrid: Editorial Universitas, 1999.
ciones e incidencia, Barcelona: Bosch, 1995.
18 RAMÍREZ, Txema, Gabinetes de comunicación. Funciones, dis-
15 WESTPHALEN, M.H.; PIÑUEL, J.L., La decisión de comunica-
funciones e incidencia, Barcelona: Bosch, 1999.
ción: prácticas profesionales, diccionario técnico, Madrid: Ediciones
19 FERRER, Joan, La comunicación interna y externa en la empresa,
del Prado, 1993.
S.L., 2000.
121
te de comunicación como aquel que cumpla los
siguientes requisitos:
1. Departamento diferenciado dentro de la entidad (con recursos humanos y materiales propios,
funciones delimitadas y presencia en el organigrama o en el plan de actuación de la entidad con objetivos y actividad propios).
Los gabinetes de comunicación política deberán manifestarse ante la opinión pública y
profesionalizar y delimitar sus funciones
dentro del sistema comunicativo.
2. Imbricado en la entidad (formal o consuetudinariamente).
3. Carácter estable y organizados20.
4. Con personal encargado de la denominada
comunicación interna y externa, siendo fuente de
comunicación activa.
5. Con infraestructura y personal propios.
122
5. El caso de Galicia.
Ficha técnica
Los datos presentados a continuación son un
pequeño resumen de una investigación más
exten­sa realizada a través de casi 800 encuestas a
los re­pre­sentantes e instituciones más significativas de los diversos sectores de la sociedad gallega
y de 14 entrevistas en profundidad a directores
de comunicación de los gabinetes más relevantes
de la comunidad. La delimitación de la muestra
estuvo impuesta por una comunidad autónoma
con características propias como es Galicia y a la
época actual.
Una vez realizado el trabajo de campo, los análisis estadísticos pertinentes y la confrontación necesaria con la bibliografía existente sobre el tema
consideramos que el poder político, también en la
actualidad, ha sido uno de los primeros sectores
que conocieron no sólo la necesidad de estar en
la opinión pública para perpetuar su poder sino
también el carácter imprescindible de tener una
presencia favorable cualitativamente y las estrategias necesarias para alcanzarla, en este caso, los
gabinetes de comunicación.
El valor de la información y de la presencia positiva en los medios de comunicación es diferente
según el sector social al que hagamos referencia.
Mientras las empresas persiguen intereses económicos21 , las administraciones públicas de países
como España cumplen con la obligatoriedad de
transparencia y comunicación hacia los ciudadanos22. La comunicación organizacional fue asumida como un valor estratégico y político (el primer
sector supera en 37 puntos al segundo y en 55 al
tercero). Dentro del poder político, los gabinetes
de comunicación nacen como una consecuencia
más de la reestructuración de la Administración
Pública a partir de la llegada de la democracia,
vinculados al poder político y con escasos pero
profesionales medios humanos y una buena infraestructura, orientados fundamentalmente a la
transmisión de información con los medios de
comunicación. Como novedad más resaltable está
la aparición de las nuevas tecnologías de la información como elemento fundamental en el trabajo
del gabinete de comunicación.
Por lo tanto, podemos concluir que:
1. La dispersión del poder en las sociedades modernas incita a la creación de diferentes instituciones que planifican, implementan y evalúan las
políticas públicas.
2. La creciente necesidad de las instituciones y
de los actores políticos de tener una presencia y
21 Trabajamos siempre con tres sectores: a) el primero se corresponde con las administraciones públicas; b) el segundo son las
empresas privadas; c) el tercero son las entidades no públicas sin
ánimo de lucro.
20 Además estarían aquellos eventuales u organizados con motivo
22 En el caso español la Constitución de 1978 reconoce el derecho
de un acontecimiento o actividad determinada, normalmente con
de los ciudadanos al acceso a la información administrativa y la
apoyo de empresas externas.
obligación de transparencia por parte de los poderes públicos.
una presencia positiva en la opinión pública –desde el inicio de los tiempos intentaron controlar a
los medios de difusión-.
3. La comunicación organizacional como uno
de los instrumentos utilizados para conseguir
presencia en la opinión pública. Los gabinetes de
comunicación se convirtieron durante las últimas
décadas en uno de los principales nodos informacionales relativamente institucionalizados en
las actuales sociedades. Esta afirmación es especialmente válida para las organizaciones sociales
articuladas en red en continuo flujo informativo.
Además suponen uno de los más relevantes decidores de la agenda mediática del territorio en el
que desempeñan su actividad. Los gabinetes de
comunicación, igualmente, empiezan a ocupar
los primeros puestos de los ranking de las empresas del sector de la comunicación y a funcio-
nar como instrumentos de las estructuras y los
actores de sectores hegemónicos para mantener
su status quo a través de una favorable opinión
pública.
En definitiva, la comunicación organizacional
en política es un sector todavía incipiente, en
proceso de definición y expansión en Galicia que
deberá enfrentarse en los próximos años, además
de las características propias del ámbito, a las
cuestiones como la globalización, la concentración de medios, la falta de reglamentación, la legislación y el código ético. Del mismo modo que
pasaron del desconocimiento, la desconfianza, la
mezcla y la relación profesional con los medios
de comunicación, los gabinetes de comunicación
política deberán manifestarse ante la opinión pública y profesionalizar y delimitar sus funciones
dentro del sistema comunicativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLACK, Sam. Las relaciones públicas. Un factor clave de gestión,
MARTINEZ BARGUEÑO, M. Información administrativa un dere-
Barcelona: Ed. Hispano, 1991.
cho constitucional, In: AAVV, Información institucional. Primeros
BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y global, Madrid: Taurus,
encuentros, Valencia: Ed. Generalitat Valenciana, 1985.
1997.
MATTELART, A.; STOURDZE, Y. Tecnología, cultura y comunicación,
CABRA DE LUNA, Miguel Angel. El tercer sector, In: CARPIO,
Barcelona: Mitre 1984, entre otros.
Maximino (ed.), El sector no lucrativo en España, Madrid: Pirámide,
RAMÍREZ, Txema. La influencia de los gabinetes de prensa. Las
1999.
rutinas periodísticas al servicio del poder In: Telos. Cuadernos
CASTELLS, Manuel. La Galaxia Internet, Barcelona: Plaza&Janes,
de comunicación, tecnología y sociedad, Madrid: Fundesco, nº 40.
2001.
Diciembre-febrero, 1995
COROMINES, J. Diccionario crítico etimológico de la lengua castel-
______________. Gabinetes de comunicación. Funciones, disfuncio-
lana, Madrid: Gredos, 1976.
nes e incidencia, Barcelona: Bosch, 1995.
DEL RIO, Miguel (ed.). Gabinetes de prensa: la comunicacion en las
SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, William D. Economía, Madrid:
instituciones y en las empresas, els autors, S.L., cop. 2001.
Ed. McGraw-Hill, 1995.
FERRER, Joan. La comunicación interna y externa en la empresa, S.L.,
SECO, M.,ANDRÉS, O.; RAMOS, G. Diccionario del español actual,
2000.
Madrid: Aguilar, 1999.
FOUCAULT, Michel. Estrategias de poder: obras esenciales, Barce-
TREJO DELABRE, Raul. La nueva alfombra mágica, Madrid: Fun-
lona: Paidós, 2000.
desco, 1996.
GARCÍA OROSA, Berta. Los altavoces de la actualidad. Radiografía
WEIL, Georges. El periódico, México: Editorial Lumisa, 1994
de los gabinetes de comunicación, A Coruña: Netbiblio, 2005.
WESTPHALEN, M.H.; PIÑUEL, J.L. La decisión de comunicación:
MARTÍN, Fernando, Comunicación empresarial e institucional,
prácticas profesionales, diccionario técnico, Madrid: Ediciones del
Madrid: Editorial Universitas, 1999
Prado, 1993.
123
EXILIO Y DESPLAZAMIENTOS EN
INVASIÓN, LOS HIJOS DE FIERRO Y
REFLEXIONES DE UN SALVAJE
Paula Rodríguez Marino
Instituto Gino Germani / Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires.
E-mail: [email protected]
124
1 Este trabajo se inserta en la tesis de Doctorado en Ciencias Sociales “Figuras del destierro. Narraciones del exilio en el cine argentino (19781987)” que se encuentra en curso y de la beca doctoral de investigación UBACyT integrada al Proyecto SO 35 2004-2007 “Cuerpo y sensibilidad en la década de setenta” financianciado por la misma entidad y dirigido por la Dra. Mirta Varela en el Instituto de Investigaciones Gino
Germani, Facultad de Ciencias Sociales, UBA.
resumen
Este trabajo intenta desembrozar las representaciones del exilio entre 1969 y 1978 en los filmes
Invasión de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro de Fernando Solanas (1972-75) y Reflexiones de un salvaje de Gerardo Vallejo (1978) a través de una perspectiva que combina el análisis
cinematográfico con la historia socio-cultural. El análisis está orientado a reflexionar sobre las
cercanías y distancias de filmes y períodos tan disímiles que permiten teorizar sobre el desplazamiento (a veces no forzado) y el exilio político que deviene en destierro. Este objetivo intentamos alcanzarlo a través de los siguientes los ejes: las características de la cinematográfica de cada
uno de los directores, el uso del montaje para la creación de un espacio y tiempo cinematográficos y las figuraciones del exiliado para narrar la oposición política.
Palabras claveS: desplazamientos, cine argentino, militancia, montaje, modernización
ABSTRACT
This work is an attempt at unraveling the representations of exile between 1969 and 1978 featured in the film productions Invasión by Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro by Fernando
Solanas (1972-75) and Reflexiones de un salvaje by Gerardo Vallejo (1978) through a perspective
which connects cinematographic analysis to sociocultural history. The analysis is oriented to inquire on the similarities and differences of such dissimilar films and historical moments, which
enable the formulation of theories about the displacement (voluntary, at times) and the political
banishment transformed into exile. To achieve this objective, the following issues are analyzed:
the cinematography profile of each of the filmmakers, the resource to editing in order to create
filmic space and time, and the representations of the exiled narrating their political opposition.
Keywords: displacements, Argentine cinema, militancy, editing, modernization
resumO
Este trabalho pretende discutir as representações do exílio entre 1969 e 1978 nos filmes Invasión,
de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro, de Fernando Solanas (1972-75) e Reflexiones de
un salvaje, de Gerardo Vallejo (1978), sob uma perspectiva que combina a análise cinematográfica com a história sócio-cultural. A análise reflete sobre as diferenças e similitudes dos filmes
e períodos tão distintos que permitem teorizar sobre o deslocamento (às vezes não forçado) e
o exílio político que lá ocorre. Para alcançar o objetivo, foram analisados: as características da
cinematografia da cada um dos diretores, o uso da montagem para a criação de um espaço e
tempo cinematográficos e as figurações do exilado para narrar a oposição política.
Palavras-chave: deslocamento, cinema argentino, militância, montagem, modernização
125
Introducción
Analizaremos las representaciones del exilio
entre 1969 y 1978 a través de tres filmes y los
vincularemos con el periodo histórico en el cual
estos filmes se inscriben. Abordaremos esas representaciones del exilio y de los exiliados en los
filmes Invasión de Hugo Santiago (1969), Los hijos de Fierro de Fernando Solanas (1972-75) y Reflexiones de un salvaje de Gerardo Vallejo (1978).
Los ejes del análisis son: las características de la
cinematográfica de cada uno de los directores, el
uso del montaje para la creación de un espacio
y tiempo cinematográficos y las figuraciones del
exiliado para narrar la oposición política.
126
La elección de filmes tan variados tiene por objetivo ofrecer una periodización del cambio en
las representaciones del exilio en relación a los
acontecimientos políticos, a partir de diferentes
estrategias representacionales que dependen de
las trayectorias cinematográficas de Hugo Santiago, Gerardo Vallejo y Fernando Solanas. Las
tres formas de concebir el cine de estos directores
están en consonancia con tres posiciones sobre
la relación entre arte y política y entre cine y es-
tética. Invasión se anticipa a exilios posteriores:
al de 1971 durante el Onganiato, al de 1974 y al
posterior desde 1976. A pesar de que este filme
no incluye al exilio en su argumento, el exilio es
parte del tema porque en el final se hace visible
que el exilio sería inevitable como parte del “destino” de la lucha armada. En cambio, en Los hijos
de Fierro y en Reflexiones de un salvaje el exilio es
parte del tema y del argumento.
Podemos concebir a Invasión como la puesta
en escena y escenificación del inicio de la lucha
armada; a Los hijos de Fierro como un momento
intermedio entre la agudización de la militarización de las organizaciones políticas de izquierda
y el triunfo del peronismo en 1973. Finalmente,
Reflexiones de un salvaje es la representación de la
represión brutal del Estado iniciada por las acciones de la organización para-militar Triple AAA
e intensificada, tanto en sistematicidad como en
extensión, por la dictadura militar (1976-1983).
Al mismo tiempo, haremos referencia a otros
filmes de los mismos directores que funcionarán
como marco de referencia.
1 La concepción del montaje como aspecto técnico del cine es siempre problemática porque supone una dicotomía entre especifidad del cine
y el discurso fílmico como una más de otras formas significantes o de discursos en el proceso de producción de sentido a través de signos. Por
otra parte, el planteo de “lo específico” del cine para diferenciarlo de otros medios (televisión, video, radio) y de las artes (pintura, teatro y
literatura) conlleva el supuesto de que se trata de un efecto físico basado en el orden empírico y finalmente, retorna al trabajo en el laboratorio
cinematográfico, la edición como equivalente del montaje y como espacio de decisión central sobre la narración. Ver Sánchez –Biosca (1996,
p. 18; 35)
2 La ausencia del exilio en el argumento pero su presencia en el tema es lo que caracteriza, por ejemplo, a Las tres A son las tres armas realizada
por el grupo Cine de la Base. En otros filmes de los integrantes de este mismo grupo, el exilio no aparece como condición vital debido a que
su interpelación ideológica y posición política les impide autodefinirse de esta forma. En la producción de Cine de la Base entre 1971 y 1976
el exilio aparece fuera del espacio narrativo. La transformación de esta estrategia, sin embargo, puede verse en las producciones realizadas
individualmente por sus ex integrantes.
3 Se ha señalado que en el cine de Hugo Santiago y en especial en Invasión no puede hablarse de “puesta en escena” porque se trataría de un
“cine puro” donde la forma y el tema son indisociables. Cf. Kang (1993). El cine puro supone organización de forma y ritmo evitando la
representación (Russo, 2003, p. 217). Por el contrario, creemos que Santiago se inspira en la ontología de la imagen de Bazin que no elimina
la representación sino que hace presente la cualidad de la imagen y de algo a través de esta. El cine de Vallejo, a diferencia del de Solanas y el
de Santiago, no siempre responde a la noción de “puesta en escena” entendida como la disposición al interior del plano y que invisibilizaría
el trabajo de montaje característico del cine clásico (entre las décadas de ’30 a ’50 en Hollywood) (Sánchez-Biosca, 1996 45; 100). Ahora, si
tomamos la otra acepción de la puesta en escena como creación de un universo autoral y poético y un procedimiento formal desligado de los
aspectos meramente técnicos, encontramos el uso de la puesta en escena en la filmografía de los tres directores.
1. CINEMATOGRAFÍAS Y TRADICIONES
El cine de Hugo Santiago
Hugo Santiago, cuyo nombre es Hugo Muchnik, viaja a París en 1959 becado por el Fondo
Nacional de las Artes, estudia en La Sorbona y
trabaja como asistente de dirección de Robert
Bresson. Santiago no fue perseguido y su exilio
no fue político, emigró a París en 1966 para instalarse, definitivamente, luego del golpe de Onganía lo que impide el rodaje de un filme sobre
tango con guión de Olga Orozco.
Su filmografía, de clara influencia borgeana, no
ha tenido éxito masivo en la Argentina. Santiago
ha sido definido como un cineasta que ofrece un
tratamiento visual que reintegra la complejidad a
lo real, un cineasta de los márgenes que crea a partir de los planos y del encuadre lo que no puede
ser visto (Oubiña, 2002). En parte, esto responde
a una tradición cinematográfica que conecta el
cine con la literatura como ejercicio de escritura,
con la música como concepción del tiempo por
ejemplo sus “filmes- música” y hasta con el teatro
como disposición de un espacio opaco (Idem) en
sus “filmes teatrales”.
Hugo Santiago no pertenece a la generación del
“nuevo cine argentino”, como David José Kohon
o Manuel Antín. En todo caso, comparte la sensibilidad de una época y de un modo de producir
y de pensar en la Argentina durante los años ’60.
El primer largometraje de Hugo Santiago Invasión
4 La relación entre cine y literatura es una de las marcas más
reconocidas en ese “nuevo cine argentino” de los años ’60. Entre sus
preocupaciones temáticas se destacan el enfrentamiento generacional y la masificación de la vida urbana. Muchos de esos filmes se
caracterizan por un tratamiento intimista así como por la influencia
del psicoanálisis. De todas formas, el cine de la “generación del ’60”
tampoco conforma un movimiento, sino de un conjunto de filmes
heterogéneos reconocidos como tales en virtud del contraste con
las producciones más comerciales de los grandes estudios de los
años ’50.
(1969) demuestra estas preocupaciones, así como
la visión del director sobre la historia argentina
vista como tragedia. No solo desde la óptica de
Hugo Santiago sino también a partir del guión de
Jorge Luis Borges y Adolfo Bioy Casares.
Invasión se estrena en París y se suscita una polémica entre intelectuales, funcionarios y la crítica cinematográfica argentinos y franceses a favor
de este filme oponiéndolo a La hora de los hornos.
Santiago viaja a la Argentina entre 1969 y 1971
para escribir junto con Borges y Bioy Casares el
Santiago ha sido definido como un
cineasta que ofrece un tratamiento visual
que reintegra la complejidad a lo real.
guión de Los otros y en 1974 es presentado en el
Festival de Cannes dentro de la selección oficial
francesa. En esta oportunidad el debate perjudicó
la exhibición de Los otros pero aparece, nuevamente, una discusión sobre la “identidad nacional” y
sus representaciones legitimadas a través del cine
de Santiago. Recién más de veinte años después ese
filme será concebido como la puesta en escena de
la anticipación de la lucha armada y del terrorismo
de Estado. Las veredas de Saturno es la continuación que Santiago establece para Invasión: luego
del enfrentamiento entre liberales, conservadores
y peronistas sobreviene la migración de los artistas
desde los ’60 y de los militantes peronistas luego
del ’76. En Invasión el exilio está fuera de campo,
parte de un futuro insinuado, en el filme Los otros,
Santiago liga la visión del exilio a la tradición del
letrado decimonónico: los jóvenes ya no son militantes que defienden la ciudad sino aquellos que
se trasladan a París para vivir la cultura. Santiago
remite en cada uno de estos filmes a la emigración
intelectual y al exilio político y los retoma a ambos
en Las veredas de Saturno. La presencia de estas
dos vivencias e interpretaciones es el tema de este
127
último filme, la matriz cultural que en la historia
de las producciones nacionales solapa migración
intelectual y viajes iniciáticos con exilio político.
La cinematografía de Santiago es una reflexión
sobre las condiciones de la vida en los márgenes,
muy distante del destierro (una pena política impuesta y legalizada) y de los desplazamiento forzados para salvar la propia vida y estigmatizados en
este período bajo las figuras de la huida y de la fuga.
Santiago forma parte de la tradición de los intelectuales críticos argentinos, en ocasiones, distante y
crítica de la de los intelectuales transformados en
militantes, se trata de dos variantes diferentes de la
noción de “compromiso” social.
La retrospectiva completa de los filmes de Hugo
Santiago que se realizó en el IV Festival de Cine
Independiente de Buenos Aires (BAFICI) del año
2002 revalorizó la posición de Santiago dentro
del campo de los realizadores argentinos notables,
distanciándolo así de la imagen de director lateral dentro del conjunto de cineastas reconocidos.
También posibilitó una lectura complejizada y
menos esquemática de Invasión y su visión lúcida
sobre la militancia política y el exilio.
128
El cine de Gerardo Vallejo
Vallejo se formó como director de cine en el
Instituto de Cinematografía de la Universidad
Nacional del Litoral y debió exiliarse por motivos
políticos en 1974 después de sufrir un atentado
de la TripleA (Alianza Anticomunista Argentina).
Este director se integró a Cine Liberación en 1967,
un año después de su creación, participando de la
filmación de La hora de los hornos. La inserción
de Vallejo en los festivales del nuevo cine latinoamericano no es tan diferente a la de Solanas, par5 La retrospectiva generó varios artículos en los diarios masivos
(Clarín, 2 de diciembre de 2002) en los que se destaca el “exilio” en
la trayectoria de Santiago y se lo sitúa como el retorno de un autor
casi desconocido en su propia tierra. En cambio, en 1986 Invasión
fue estrenada casi sin repercusión fuera de un pequeño grupo que
ya conocía al director o a su obra.
ticipa en el festival de Mérida (Venezuela) en 1968
y en el festival de Viña del Mar, al año siguiente,
con su segundo cortometraje Olla popular pero
los aspectos estéticos y formales del cine de Vallejo
muestran, hasta finales de la década de 1970, un
vínculo más intenso con el llamado cine militante
que en el caso de Solanas, marca que está más allá
de su formación como documentalista.
Este director primero se exilió en Panamá donde
filmó Compadre vamos p’adelante (1975) que tiene al General Torrijos como protagonista y unos
especiales sobre la dictadura militar argentina
iniciada en 1976 para la RAI. En España en 1977
realizó Reflexiones de un salvaje que tiene como
escenario el pueblo natal de su abuelo que emigró
a la Argentina. Otros filmes en los que participó
Vallejo, ya como integrante del grupo Cine Liberación, fueron producidos y filmados en el exilio
junto con Solanas y Getino: Perón: la revolución
justicialista y Perón: Actualización política y doctrinaria para la toma del poder (1971), los dos “documentos históricos y políticos” del líder en el exilio (Getino, 2002: 49) que fueron realizados junto
con el Movimiento Nacional Justicialista para la
campaña presidencial de 1973.
En el caso de la filmografía de Vallejo podemos
diferenciar, al menos, tres períodos: sus primeras
producciones vinculadas a la escuela documentalista de Santa Fe, creada y dirigida por Fernando Birri. Esos cortometrajes son: Las cosas ciertas
(1965) y Olla popular (1968) en esta primera etapa la producción fílmica de Vallejo navega entre
un “cine de autor” y el de “intervención política”
entendida como lucha por la descolonización cultural. El segundo período, que ubicamos desde El
camino hacia la muerte del viejo Reales (1968-71)
hasta Reflexiones de un salvaje (1978), es el más
controvertido porque al mismo tiempo que se
intensifica la perspectiva del cine de autor continúa el cine de denuncia. En este momento el cine
Vallejo siguió los manifiestos utilizados en La hora de los
hornos (1968) y notamos cómo la filmografía de Vallejo imbrica
siempre el documental y la ficción.
de descolonización cultural cede parcialmente su
primacía ante el cine de autor, ejemplo de esto es
Reflexiones de un salvaje (1978). Es este rasgo del
segundo momento el que posibilita las marcas de
un cine más clásico en el período siguiente. Los
últimos filmes de Vallejo, el tercer período, están
marcados por algunas otras constantes del cine
argentino posdictatorial: la nostalgia, lo ominoso,
los diálogos pretendidamente naturalistas y una
estructura de montaje más clásica con flashbacks y raccontos. Nos referimos a El rigor del destino
(1985) y a Con el alma (1993-4). La filmografía de
Vallejo durante estos períodos incluye documentales y filmes de ficción, ya en los años ’80 el director retoma la tradición de la escuela de Santa Fe y
del “tercer cine” en los documentales posteriores.
Desde su primer largometraje de Vallejo El camino hacia la muerte del viejo Reales, de tono testimonial, según Vallejo, “buscaba expresar el motor
político” (Vallejo, 1984) a partir de las condiciones
materiales de existencia del movimiento de zafreros tucumanos. Vallejo siguió los manifiestos utilizados en La hora de los hornos (1968) y notamos
cómo la filmografía de Vallejo imbrica siempre el
documental y la ficción. En ese sentido, consideramos que no es exclusivo de la narración sobre
la vida de los trabajadores azucareros del noroeste
6 El camino hacia la muerte… que inaugura la disputa de esos circuitos también fue un filme marcado por el exilio porque sólo pudo
ser terminado en Roma en 1971 y por la censura de la Ley 18.019
sancionada durante la dictadura de Onganía y recién derogada en
1984. El filme también fue prohibido por el gobierno militar en 1972
y un año después fue autorizada su difusión durante la gestión de
Octavio Getino en el Ente de Calificación Cinematográfica junto con
otras películas censuradas, entre ellas, Alianza para el progreso de Jorge
Ludueña, La hora de los hornos, Operación Masacre de Jorge Cedrón y
Los traidores de Raymundo Gleyzer.
sino que Vallejo reelabora esta estrategia cinematográfica en Reflexiones de un salvaje. Birri, es una
de las referencias intertextuales ineludibles.
El cine de Fernando Solanas
Solanas se exilia en junio de 1976, unos meses
después de haber terminado Los hijos de Fierro y finalmente Bertrand Tavernier y otros directores de
cine lo ayudan a instalarse en París. Para Solanas y
Vallejo como para la mayoría de los exiliados políticos el lugar de residencia es incierto en la partida
y parece coyuntural.
Al igual que Gerardo Vallejo, Solanas se inicia
como cortometrajista con Seguir andando (1962)
– aunque a diferencia de este no tiene educación
formal en cine. Su formación teatral es visible
a través del trabajo sobre la noción de puesta en
escena y también lo es su conocimiento musical
en la composición de la banda sonora y en la estructura coral de algunos filmes. En 1963 realiza
Reflexión ciudadana una crónica del acceso de Illia
al poder sobre textos de Enrique Wernicke y hasta
1968 trabaja como cineasta publicitario.
La hora de los hornos fue el primer filme de Cine
Liberación y dirigido por Solanas junto con Octavio Getino que fue estrenado internacionalmente
en el Festival de Pesaro en junio de 1968. Luego,
Getino y Solanas realizaron en conjunto Perón: actualización política y doctrinaria para la toma del
poder y Perón: la revolución justicialista, ambas finalizadas en 1971 y filmadas en el exilio de Perón
en España. Los tres filmes circularon clandestinamente debido a la prohibición del peronismo y a la
represión hacia los grupos revolucionarios.
Hay una transición en la cinematografía de Sola-
129
nas entre La hora de los hornos y Los hijos de Fierro y
se trata de dos periodos distintos de la producción
de Cine Liberación. El segundo filme pertenece al
momento que este grupo reconocía en 1972 en la
revista Cine y Liberación como “el repliegue (‘táctico’) del régimen” encabezado por Lanusse y que
tenía como objetivos políticos ocupar espacios
institucionales que la dictadura cediera y concentrarse en la lucha por el poder. Por esto, Los hijos de
Fierro (Solanas) como El familiar (Getino) están
asociados más a la idea de un “tercer cine” de ‘descolonización cultural’ que al cine militante (Stam,
2001, p. 121). El Grupo Cine Liberación había formado parte de un sector de la izquierda peronista
que se integró al gobierno peronista de Cámpora y
que criticó la lucha armada en el marco de un régimen democrático. Los hijos de Fierro, incluso, se
aleja también de los postulados de un “tercer cine”
aproximándose al cine de autor (Tal, 2004).
130
Solanas declaró: “Había concebido Los hijos de
Fierro para coronar dieciocho años de resistencia y
antes de poder concluirlo, nuevamente venía a ser
perseguido por razones políticas” (Monteagudo,
1993: 32) Esos objetivos: recuperar la segunda resistencia peronista, el reclamo por la proscripción y
7 La noción de “cine militante” como categoría de un tipo de “tercer
cine” (el cine de la liberación) fue trabajada por Solanas y Getino
(1973, p. 121-2): “En un trabajo anterior, definíamos tres tipos de
criticar al Onganiato pudieron ser cumplidos en el
filme con el apoyo que Solanas recibió del INCAA
para la realización de Los Hijos de Fierro durante
el gobierno peronista de 1973. Solanas había sido
amenazado de muerte luego que el Grupo Cine
Liberación (Solanas, Vallejo y Getino) se había declarado contra la violencia política de las organizaciones revolucionarias incluidas las del peronismo
(Tal, 2004). El filme, producido por Edgardo Pallero, fue posproducido en 1976 en Francia, donde
Solanas pasó la mayor parte de su exilio. Los hijos
de Fierro sólo pudo ser estrenado en la Argentina
en 1984, aunque en 1973 fue declarado de “interés
especial” por el Instituto Nacional de Cine.
El problema del exilio argentino es retomado
por Solanas casi diez años después de Los hijos de
Fierro en el filme Tangos. El exilio de Gardel realizado en Francia y estrenado en la Argentina en 1986.
La continuación de este filme es Sur – estrenado en
1988- también realizado con apoyo del Instituto
Nacional de Cinematografía y el Centro Nacional
de Cine de París. Esos dos filmes se acercan más
a una búsqueda de la temporalidad, del montaje metafórico y marcada por la puesta en escena
y por un “esculpido del tiempo”. Sin embargo, en
Los hijos de Fierro y en La hora de los hornos es el
montaje emotivo o el metafórico el que se fortalece como estrategia enunciativa
cine: el primer cine o cine abiertamente comercial vinculado al
modelo americano, el segundo cine, o “cine de autor”, una variante
del primer cine, y sujeto como aquél a los “poseedores del cine”
o al cine de la plusvalía; y el “tercer cine”, o cine de la liberación.
Estas notas tienden a desarrollar aquel trabajo particularizando
en el estudio de una de las categorías del “tercer cine”, su categoría
más avanzada: el cine militante. El “tercer cine”, ‘aquel que reconoce
en la lucha antiimperialista de los pueblos del Tercer Mundo y de
sus equivalentes en el seno de las metrópolis la más gigantesca
manifestación cultural, científica y artística de nuestro tiempo’ (…)
Porque la responsabilidad que cabe a quienes abordan el cine mili-
Si el cine de Santiago establece una relación
privilegiada con el teatro, la literatura y la música, Solanas agrega a esta trilogía las artes plásticas
y la historieta. En este filme Solanas desarrolla la
grotética (Monteagudo, 1993, p. 52) una fusión de
grotesco y patético, como ya lo había hecho con la
tanguedia – tango y tragedia- en Tangos. El exilio
de Gardel. La grotética y la comedia dell’arte apa-
tante es mucho mayor que la que correspondía a los realizadores del
“tercer cine” (…) En suma, la responsabilidad es mayor porque lo
8 El rodaje debe ser finalizado en 1974 en la clandestinidad, cuando
que se intenta explícitamente es la construcción de un cine militante
la Triple A ya había asesinado a Julio Troxler, sobreviviente de la ma-
revolucionario (tanto para lo estratégico como para lo táctico)...”.
sacre de José León Suárez y que en el filme interpreta al Hijo Mayor.
recen también en los filmes que realizó luego en la
década de noventa, sin embargo, la crítica cinematográfica consideró que Solanas regresó al documental en sus filmes más recientes.
Dos tradiciones y dos caminos
Si bien la de Hugo Santiago es una filmografía
que en los márgenes puede encuadrarse entre los
directores de cine argentinos que adhieren a un
proyecto de modernización de la Argentina dentro de una política de internacionalización que
permitiese incrementar los vínculos del país con
otros países, incluso, más allá de América del Sur
(Lusnich, 2006). Esta perspectiva, en términos socio-políticos, estuvo marcada por las lecturas que
el populismo reformista y el desarrollismo hicieron luego desde la Revolución Libertadora sobre
las consecuencias de las políticas socio-económicas del peronismo y su integración o la continuidad de la proscripción en el sistema político de
partidos (Cavarozzi, 2002: 15-16). Desde el punto de vista cultural y artístico los directores de la
“Generación del ’60”, el “Grupo de los Cinco” y
otros directores situados en los márgenes de estos
dos grupos- por ejemplo: Edgardo Cozarinsky y
Hugo Santiago- sostenían una propuesta basada
en la experimentación y en la recuperación de las
nociones de “autor” y de una “política de autor”.
Esta propuesta modernizadora en el cine puede
concebirse también como parte del efecto de radicalización del arte y de una visión de la política
durante la década del sesenta. A pesar de que no
hay homogeneidad entre los directores de cine, y
otros artistas, que comenzaron sus a darse a conocer durante los años sesenta el programa modernizador que apunta a la internacionalización,
9 Cf. Lusnich, A. L. op. cit.
acorde al desarrollismo cristalizado en el gobierno
de Frondizi y que se caracterizó por una actitud
centrífuga (Lusnich, op.cit.) en reacción al populismo vuelto sobre sí mismo del primer y del segundo gobierno peronista.
Para Solanas y Vallejo como para la mayoría de
los exiliados políticos el lugar de residencia es
incierto en la partida y parece coyuntural.
La ruptura del montaje analítico del cine clásico
y la introspección de la Generación del ’60 y de
otros directores como Hugo Santiago o Edgardo
Cozarinsky se combinaban con el compromiso
político y el rechazo al cine industrializado10. En
el caso de Santiago, el cuestionamiento del cine
clásico se evidencia en el uso de las elipsis, del silencio y el quiebre del eje espacio-temporal (Sánchez-Biosca, 1996); en cuanto a las modalidades de
producción y distribución y exhibición también se
mantiene al margen del circuito masivo.
Por el contrario, Solanas y Getino – junto con
otros exponentes del cine de intervención política
argentino, como Cine de la Base- se oponían a esos
proyectos modernizadores y propugnaban por
otro, de tipo regionalizado que acompañó a la radicalización política de los sectores de la izquierda
peronista y marxista, luego del fracaso del gobierno de Frondizi. Las estrategias discursivas de Cine
Liberación, como de Cine de la Base, estuvieron
marcadas por la noción de “velo ideológico”,“deformación” de la conciencia o “distorsión” provocada
por la actuación de la ideología burguesa sobre las
condiciones materiales de producción realmente
.
10 El quiebre del cine clásico centrado en la estructura de géneros narrativos, en la invisibilización del montaje y en las fórmulas para orientar
la cadena de eventos había sido cuestionado con mayor sistematicidad en el cine argentino desde 1956 y esta tendencia se intensificó hacia
1958 acompañando los debates sobre el sistema político de partidos tradicionales y la posibilidad de integración del peronismo. Esa tendencia
retomada y agudizada por la “Generación del ‘60” está permeada por el descreimiento del sistema representativo frente a la posibilidad de un
modelo participativo con base en el corporativismo (Cavarozzi, 2002); (Ciria, 1990)
131
132
existentes (Marx, 1958) y por ello, el tema y el tratamiento están consonancia con la “denuncia” del
colonialismo – en el primer caso- o con la exposición de las contradicciones del capitalismo – en
el segundo. En ambos grupos se trata de impulsar
la experimentación como estrategia artística y, al
mismo tiempo de la radicalización política que
subsume el cine a la política (cine como arma para
la revolución, el cine de “contrainformación” de
Cine de la Base y el cine anticolonialista de Cine Liberación, dos casos de un cine de intervención política). Se trata del privilegio de la política sobre la
producción cultural. El proyecto al que respondía
Cine Liberación era el de la nacionalización frente al proyecto modernizador derrotado (Lusnich,
op.cit.). Para los dos tipos de cine de intervención
política las prácticas de producción, distribución
y recepción estaban alejadas de los circuitos del
cine industrial y debían responder en la instancia de recepción a “quitar el velo de la ideología
de la conciencia” y a motivar a la discusión sobre
las condiciones socio-económicas (Marx, op.cit.).
La posición Cine Liberación entre 1971 y 1973 se
modifica porque el tipo de intervención depende
de las posibilidades de retorno de Perón y del fin
de la proscripción del peronismo, en este sentido,
se diferencia de la interpretación de la coyuntura
política realizada por el PRT-ERP y su impacto en
Cine de la Base. Mientras que este grupo privilegia
la lucha antiimperialista y clasista identificada con
la autodenominada Revolución Argentina, Cine
Liberación al integrarse al gobierno de Perón en
1973 y reconocer su carácter democrático se aleja
de las organizaciones que se transforman en clandestinas. En el caso del peronismo de Montoneros
ese pasaje se producirá recién en 1974 y provocará
distanciamientos con otros grupos y organizaciones dentro del peronismo, entre ellos, con Cine
Liberación. Por eso la filmografía de este grupo se
individualiza hasta que vuelven reunirse en 1972
(González y Solanas, 1989, p. 74). El revisionismo
histórico y las teorías de la liberación del Tercer
Mundo impactan en El familiar o en Los hijos de
Fierro. En definitiva, Cine Liberación – como Cine
de la Base desde otra perspectiva- propulsaba un
modelo que, desde el punto de vista del sistema
político, acentuaba la participación.
Si comparamos esta posición de Cine Liberación con la de Santiago, en su cinematografía hay
una defensa de la modalidad representativa del
sistema democrático frente al tipo de participación que propulsaban las corrientes populistas.
Estas diferencias se fundamentaban en las discusiones sobre la viabilidad y las ventajas del sistema
democrático y dividieron a la vida cultural bajo
el régimen de gobierno del “Estado BurocráticoAutoritario” hasta 1973 (O’ Donnell, 1982, 1987;
Ciria, 1990, p. 170). La posición de este director,
como la de los de la Generación del ’60, se caracteriza por una actitud centrífuga e internacionalizadora frente a la actitud centrípeta y a la concepción del arte que privilegia “lo regional/nacional”
del cine político de la década del setenta (Lusnich,
op.cit.). No obstante este regionalismo o nacionalismo se transformaron en variantes de la internacionalización (Giunta, 1999) y el grupo Cine
Liberación no está exento de esa paradoja. Las
estructuras narrativas, las elecciones formales y
estéticas de Invasión, Los hijos de Fierro y Reflexiones de un salvaje pueden inscribirse en un cuadro
mayor de referencias que opera con las dicotomías modernas: “regionalismo” / “nacionalismo”
/ “internacionalización”, “centro”/ “periferia” y
“desarrollismo” / “populismo”.
La dictadura instaurada en 1976 se autorrepresentaba como el ordenamiento frente al caos y se
diferenció de la dictadura anterior porque ya no
concebía a los regímenes dictatoriales como un
tránsito profesionalizante y tecnocrático hacia
el establecimiento de un régimen democrático
(restringido). La estructura del autodenominado
“Proceso de Reorganización Nacional” requería
de un diseño capilar de la toma de decisiones y
Solanas y Vallejo comparten con el nuevo Cine Latinoamericano de fines
de los años ’60 el espíritu de la denuncia, la influencia del realismo social,
el teatro épico brechtiano y el montaje soviético de los años ’20.
de la distribución del poder que era coincidente
con las necesidades de implementación del tipo
de política represiva. En contraste con la centralización del poder, la eliminación de la estructura
federal y el fortalecimiento del Estado central de
la dictadura de Onganía, el Proceso de Reorganización Nacional puede ser caracterizado como
un régimen neoconservador antes que como una
reedición del Estado Burocrático- Autoritario11
porque no pretendía simplemente reordenar la
sociedad sino transformar sus bases y modificar la
estructura socio-económica instaurando un nuevo orden social, trastocando “de raíz” a la sociedad
argentina. (Novaro y Palermo, 2003), a diferencia
de la “Revolución Argentina” que enfrentaba a la
sociedad argentina con un “bloqueo tradicionalista” (Cavarozzi, 2002), periodo durante el cual se
realizó Invasión.
Los dos caminos son diferentes tradiciones y
posiciones ideológicas, políticas y estéticas: la unidad entre política y arte, donde el primer término
soporta al segundo, es el postulado de Cine Liberación, mientras que Santiago sostiene una forma
de politización del arte basado en el reclamo por
la autonomía relativa de la esfera de la cultura.
Las dos tradiciones comparten la insistencia en el
reconocimiento de un cine autor aunque Solanas
y Vallejo se distancian en su cercanía al cine de
descolonización cultural y de denuncia en el que
converge la mayor parte de las cinematografías nacionales del Tercer Mundo entre 1959 y 1971. La
internacionalización también acerca a los tres directores, en el caso de Santiago se lograría a través
de la universalidad de la cultura argentina y en el
de Vallejo y Solanas por medio de la regionalización de una cultura nacional.
Solanas y Vallejo comparten con el Nuevo Cine
Latinoamericano de fines de los años ’60 el espíritu de la denuncia, la influencia del realismo social,
el teatro épico brechtiano y el montaje soviético
de los años ’20, así como el quiebre del Modo de
Representación Institucional (Burch, 1995), el uso
del cine como arma política y la búsqueda de la
identidad nacional que se reflejase en su cine (Stam,
2001, p. 120-1). Si Solanas parece encuadrarse más
en el diálogo entre el “tercer cine”, el arte popular y
la nouvelle vague, Vallejo, en cambio, se ubica más
cerca del neorrealismo y de los principios del primer cine soviético.
Un acontecimiento resume estas dos posiciones
y tradiciones: por la selección de los cronistas franceses se exhibe completa La hora de los hornos en
la VIII Semana de la Crítica del Festival de Cannes
en mayo de 1969, con el apoyo de los periodistas
especializados del diario La Nación, La Razón y La
Prensa el gobierno argentino protesta y reclama la
sustitución del filme de Solanas y Getino por Invasión para representar a la Argentina (Mestman,
2001). En octubre de ese mismo año el filme fue
estrenado en un cine porteño. La interpretación
que en ese momento se realiza sobre Invasión y su
representación de la coyuntura política y social no
fue considerada contraria al gobierno porque se
lo asociaba a una crítica al peronismo y a la lucha
armada. Este festival fue casi simultáneo al “Cordobazo” y el Instituto de Cinematografía no había enviado un filme en representación oficial. Las
11 O’ Donnell en su libro El Estado burocrático autoritario 19661973 (1982) utiliza este término para designar a la “Revolución
Argentina” y luego en otros trabajos posteriores, por ejemplo Contrapuntos. Ensayos escogidos sobre autoritarismo y democratización
(1997), lo extiende como modelo de interpretación para la última
dictadura militar.
133
reacciones de la prensa y del gobierno argentino
corresponden a los lineamientos de la Doctrina de
Seguridad Nacional, desde esta visión, el enemigo interno debía ser eliminado también cuando
se encontraba en el exterior. La nueva lectura del
filme de Santiago como anticipación histórica será
posible luego de la última dictadura.
A pesar de que no hubo encuentros de Solanas
y Vallejo con Santiago, sin embargo, una aproximación furtiva entre sus filmes es forzada por la
historia aunque sus caminos están destinados a
mantenerse siempre separados.
2. INVASIÓN: LA ANTESALA
DE LA PARTIDA
134
Invasión (1969), es un filme que funciona como
antesala del exilio y con una visión del exilio que
media entre la salida del país por desacuerdos políticos, a la manera de Cortázar, y el exilio político
debido a la persecución. Lo que Santiago considera como peligro exterior es la invasión, el triunfo
de otras fuerzas políticas. El director intuye que la
continuación de la lucha armada iba a ser la represión y el exilio pero ese exilio que describe es de
otras organizaciones político-militares, muy diferentes a las de 1969. La lucha en el filme es entre
conservadores, liberales, populistas y tecnócratas y
no entre marxistas y peronistas de izquierda contra liberales, conservadores y tecnócratas. Invasión
puede ser interpretado como un antecedente de
un filme posterior de Hugo Santiago Las veredas
de Saturno. Se ha señalado con frecuencia que en
el final de Invasión, los jóvenes que se arman para
defender a la ciudad son una “premonición” del
exilio, uno de los desenlaces posibles que tuvo la
acción armada para los “jóvenes militantes”. En Invasión, la partida, nunca aparece en la pantalla. A la
seguridad del destino, Invasión, opone la partida.
Este filme también se define la persecución
como un problema identitario: el proyecto tecno-
crático y autoritario de los hombres de gabardina
contra el proyecto tradicional de los seguidores
de Don Porfirio, un líder tradicional. Lo interesante del filme es que, a pesar de cierto esquematismo en la representación de los invasores, los
jóvenes que se alían a Don Porfirio no se igualan,
necesariamente, a fuerzas del conservadurismo12.
El antiperonismo no era un bloque unificado que
pudiera eliminar las distancias entre la izquierda
y liberales. “Perón volcó en las calles céntricas de
Buenos Aires un sedimento social que nadie habría reconocido. Parecía una invasión de gentes
de otro país…” (Terán, 1993: 43) la cita de Martínez de Estrada ilumina el desembarco de los invasores en el filme de Santiago. No en vano Santiago
elige situar la acción en 1957, año electoral en el
que los votos en blanco revelan que el peronismo no era solamente un fenómeno de liderazgo
carismático o de un Estado clientelista. Invasión
se sitúa un año después de los fusilamientos de
José León Suárez, también en el momento en el
que aparecen las lecturas sobre la resistencia peronista y la creencia en el ‘giro a la izquierda del
peronismo’ (Terán, 1993, p. 47). La visión de la
historia de Hugo Santiago es deudora de Borges
– como su guión escrito en colaboración con éste
y Bioy Casares – y de Sur, el origen y la oposición
al revisionismo histórico.
La simultaneidad entre pasado y presente se evidencia en el filme posterior Las veredas de Saturno
de Hugo Santiago (1986). En Invasión el pasado es
una especie de eterno presente: el sitio de la ciudad es el acorralamiento de una concepción de
país que la guerrilla urbana intenta defender. En
ambos casos, el desierto y el país invadido son narraciones de la cultura política y de los quiebres
institucionales en la política argentina en 1955 y
12 A partir de 1956 aparecen relecturas del peronismo que tratan de
explicar el carácter de un movimiento de masas en continuidad con
factores de la cultura y la historia política argentina (Terán, 1993,
p. 42-3; 49; 52). Santiago a través del conservadurismo incorpora
las tensiones entre liberales y desarrollistas al espacio narrativo.
en 1966. Si Los hijos de Fierro es un filme deudor
de las consecuencias de la llamada “Revolución Libertadora” (1955-58) Invasión, también lo es, así
como de la dictadura de Onganía.
El espacio representacional conformado por el
conjunto de los filmes de Santiago, como los filmes
de Solanas o de Vallejo, es parte de un síntoma de
las condiciones de representación que definen al
espacio cultural en la Argentina (Jameson, 1995).
Los designios del tiempo y las
trampas del espacio
La asociación del exilio con las figuras errantes
es un tópico recurrente en la literatura argentina13, así como su asimilación con diferentes tipos de viajes. Se trata de diferentes estrategias de
concebir al exilio como desplazamiento. Parte de
esta noción del sentido existencial del “exilio”en
este filme, lo lleva a transponerse, más bien, con
la noción de fuera del centro. En Invasión si hay
un desplazamiento es del centro, una equiparación entre márgenes y exilio existencial. En todo
caso, el exilio político aparece en Invasión fuera
de campo de la escena final. La marca de autor de
Santiago es la del exilio como condición, símbolo
de la ausencia. El montaje fragmentado, plagado
de elipsis en el film de Santiago ocultan parte de
una historia que se adivina a partir de rastros, esos
mismos que dejan los militantes en sus incontables desplazamientos por la ciudad. Aunque estén
allí, son figuras fantasmales, maquínicas que entran y salen de las coordenadas determinadas en
el mapa de la ciudad de Aquilea para las acciones
político-militares.
Aquilea, la ciudad imaginaria de Invasión, le permite situarse por fuera del tiempo, como si toda la
historia fuese mera recurrencia porque el inicio del
enfrentamiento no tiene fin y la derrota es sabida.
La ciudad en Invasión es la metonimia del país y
el “estado sitio” es la analogía de una concepción
política centrípeta.
Dentro de un espacio territorial se extienden las
persecuciones como relaciones de exclusión política. La exclusión del territorio nacional (Aquilea):
los seguidores de Don Porfirio que van a la zona
norte (con sus fábricas y depósitos) y al sur de la
ciudad, el descampado, son la exclusión de la cultura y de los proyectos políticos.
Lo visible de la ausencia
El tiempo que no transcurre en Invasión es el
de las tomas fragmentarias y el permanente reencuadre de los defensores de la ciudad (en picado
y contrapicado). Santiago no ahorra en los fundidos en Invasión como tampoco lo hacen Vallejo
o Solanas con objetivos muy diferentes pero en
definitiva para quebrar el relato y producir una
narración fragmentada. Los desplazamientos en
Invasión aparecen por corte, por su ausencia, a
través de la ubicación de un sonido o de un cuerpo en una esquina del cuadro. Santiago, desocupa el cuadro, lo vacía y se nutre de los sonidos y
de los lugares que habitan “fuera del cuadro”. Las
historias de las tres generaciones (la de Don Porfirio, la de Herrera y la de Irene) se intercalan sin
yuxtaponerse pero sin desconectarse del todo, no
se trata de una narración en temporalidades diferentes sino en espacios distintos, marcada por
el raccord, el fundido a negro y los planos contrapuestos. La generación de los más jóvenes, la de
Irene, continúa “fuera de campo” en la historia
posterior a 1957.
13 Los desplazamientos y el desarraigo constituyen un tópico recurrente en la historia cultural argentina, presente en obras literarias
muy diferentes como las de Héctor Tizón, Juan Gelman y Daniel
Moyano. También, los desplazamientos - forzados y por decisiónson un tópico en producciones disímiles como las de Adolfo Aristarain, Edgardo Cozarinsky y Alejandro Agresti.
En el cine de Hugo Santiago se destaca la noción de puesta en escena combinada con el uso
del “valor desocupado”, vaciando el cuadro fílmico para generar una ciudad presente por su au-
135
sencia. Los desplazamientos de los milicianos se
narran a través del falso raccord, en lugar de los
planos-secuencia.
3. LOS HIJOS DE FIERRO: UN FILME
ENTRE LOS EXILIOS Y EL DESTIERRO
136
Los hijos de Fierro comenzó como un filme sobre la proscripción, el exilio de Perón y la resistencia peronista pero se transformó en la antesala
del exilio de los militantes peronistas. A diferencia
de La hora de los hornos no se trata de un “filmeacto” 14sino de un filme que se ubica entre el segundo y el “tercer cine”. Consideramos que, junto con Los hijos de Fierro, otras producciones de
Solanas como Perón… pertenecen a los filmes de
Solanas que encuadramos en la noción de “cineensayo” (González y Solanas, 1989). Los hijos de
Fierro es un filme sobre el destierro, la figura que
en la historia política argentina desde el siglo XIX
ha marcado el tipo de resolución del conflicto y
la constitución del oponente como enemigo a ser
proscripto. Es, también, un filme entre dos exilios
por las marcas de la producción cinematográfica
y también porque es en el nivel de la historia el
destierro como procedimiento político que marca el “destino”15 nacional desde Martín Fierro a
Perón. Desde los años transición democrática
– como desde la actualidad- Fierro es también
Troxler y su historia “Julio me dice que no puede ir por el trabajo, que era lo único que tenía.
Ya le habían aconsejado que se fuera del país (…)
Era consciente de lo que se estaba viviendo. Sabía
que López Rega había proyectado a Isabelita y al
Consejo de Seguridad las diapositivas de los ‘principales cabecillas de la subversión’, ‘de la guerrilla’,
etc. Y en las primeras diapositivas que surgieron
en esa reunión, estaba él. El, que por supuesto no
estaba en nada. Estaba en la lucha por ganarse la
vida (…) Aquello de que ‘de aquí sólo me sacarán
muerto’…” (Solanas y González, 1989, p. 53)16
Solanas admite que en el personaje y en la figura
de Troxler “hay un poco de eso, mezcla de fatalismo y de resistencia del macho militante. En septiembre del ’74, filmando escenas de Los hijos de
Fierro en el sur [de la provincia de Buenos Aires],
era imposible dejar de pensar en todo eso. Estábamos trabajando sin Julio, que como dije, no había
podido venir. Y el último día en el medio del campo haciendo las tomas, prendo la radio del coche
y escuchamos con Juan Carlos Desanzo, que era
nuestro fotógrafo, la noticia. Fue un viernes, en
que hablaba Isabel Perón en la Plaza. Julio Troxler
había sido asesinado en una callejuela de Barracas.
Yo estaba filmándolo a él, con un doble. Unos gauchos, unos campesinos, de la estancia de la familia
Montoreano, llevaban sus ropas y los tomábamos
14 Según Solanas y Getino el filme-acto consistía en provocar el compromiso del espectador interrumpiendo la proyección, hablando sobre
la significación del acto (el espacio de la liberación del hombre que asiste al filme), distribuyendo volantes y abriendo un espacio de discusión
luego de filme e incluso, recomendando que la reactualización de datos o inclusión de otros testimonios en el filme de acuerdo a los objetivos
de la proyección en cada lugar y de cada organización (1973, p. 42).
15 La noción de “destino” es uno de los motivos en el cine de Solanas, así como lo es la concepción de la historia en tiempos largos, de tal forma
que, destino e historia se funden en un futuro nacional signado por la tradición. Nos referimos a este proyecto de lectura del pasado, presente
y futuro, que ha sido llamado “nacional y popular”, en Los hijos de Fierro pero también en Tangos. El exilio de Gardel, en Sur y en La nube. Esta
identificación entre destino e historia había sido encarnada en La hora de los hornos y en la “descolonización del cineasta y del cine” como acciones simultáneas para la “revolución de las conciencias” en la lucha por la liberación de América Latina (Solanas y Getino, 1973, p. 54).
16 La noción de “destino” es uno de los motivos en el cine de Solanas, así como lo es la concepción de la historia en tiempos largos, de tal
forma que, destino e historia se funden en un futuro nacional signado por la tradición. Nos referimos a este proyecto de lectura del pasado,
presente y futuro, que ha sido llamado “nacional y popular”, en Los hijos de Fierro pero también en Tangos. El exilio de Gardel, en Sur y en
La nube. Esta identificación entre destino e historia había sido encarnada en La hora de los hornos y en la “descolonización del cineasta y del
cine” como acciones simultáneas para la “revolución de las conciencias” en la lucha por la liberación de América Latina (Solanas y Getino,
1973, p. 54).
De todas formas, es necesario ser cuidadoso con las
equiparaciones e influencias entre el cine revolucionario ruso
(Eisenstein o Vertov) y el nuevo cine latinoamericano.
a distancia. Esta es la historia que yo vi de Julio, un
hombre puro. Le dediqué la película Los hijos de
Fierro” (Solanas, 1989, p. 52-3).
El clima emocional en actos
El montaje que utiliza Solanas para lograrlo es
cercano al “montaje de atracciones” de Eisenstein
(1999), desliga una secuencia o escena de la narrativa pero con un efecto temático final común, no
simplemente como construcción de los planos del
montaje sino como una ‘composición armónica’
(Eisenstein, 2003, p. 174) En lugar de presentar estas secuencias como interrupciones, la fragmentariedad del filme los incluye como consecuencias de
la trama (por ejemplo: el cuerpo de Troxler como
emblema de la resistencia peronista y de la memoria obrera). Al mismo tiempo, el montaje del filme
puede entenderse como de “asociación por tipo de
combinación emotiva” (Eisenstein, 1999, p. 59) en
el que la “variante composicional común” (idem)
se opone a la puesta en escena propia de la comedia
dell’arte. No obstante, Solanas mismo reivindica
en numerosas entrevistas la noción de “puesta en
escena”. Esta puede ser parte de una contradicción
entre el cine de Solanas y la tradición del cine revolucionario ruso pero hay que precisar la concepción de “encuadre” de Solanas. En todo caso,
la invariante que acerca el cine de Solanas al de
Eisenstein es la estructura en actos (además de la
interpenetración en la filmografía de Solanas entre
cine, teatro y música) que se pegan y se perforan
por efecto de la repetición como en El acorazado
Potemkin17. Lo que prima allí es una línea temática
y estilística que se expande más allá del filme hasta
recubrirlo como totalidad para destacar el destino
público e histórico (Eisenstein, 1999, p. 154). Es en
este aspecto en Los hijos de Fierro el montaje y la
estructura narrativa logran organicidad temática
y emocional porque la atracción se fundamenta
en la reacción del espectador (Eisenstein, 2003, p.
173) El elemento siempre ausente en este filme de
Solanas, como en Sur o en Tangos…, es la transición al opuesto, la organicidad y la estructura operística del cine de Solanas impiden la presencia del
contrapunto. La inclusión de escenas documentales del Cordobazo en el filme de ficción sostiene la
tesis de organicicidad y de totalidad de la historia
nacional, que en la visión de Solanas sólo puede
ser contra-historia popular o memoria popular,
marcada por un realismo poético. Sin embargo,
se aleja a la proposición de una antítesis. Es cierto que a través del montaje utilizado por Solanas
resulta que no hay contradicción entre mito e historia (Tal, 2004).
De todas formas, es necesario ser cuidadoso con
las equiparaciones e influencias entre el cine revolucionario ruso (Eisenstein o Vertov) y el nuevo
cine latinoamericano, sobre todo con el “tercer
cine” y con el cine ligado al peronismo (Tal, 2004)
17 Tal (2004) señala que el grupo Cine Liberación se acerca al montaje épico que Eisenstein despreciaba por descriptivo y contrario a la dialéctica del montaje dramático. Las relaciones intertextuales que intentamos establecer entre el primer cine soviético, Los hijos de Fierro y Reflexiones de un salvaje no implican que la tradición de Eisenstein haya sido tomada como referencia única por los directores y resaltamos que
las relaciones entre estos son complejas y contradictorias. Solanas, en particular, retoma lo que pueden considerarse los primeros desarrollos
de Eisenstein sobre el montaje de atracciones que luego revisaría para postular el montaje intelectual y el de atracción intelectual (SánchezBiosca, 1996, p. 114) El aspecto en común entre Cine Liberación y la propuesta de Eisenstein es que éste último sobre niega la posibilidad del
cine como retrato de una “realidad” exterior, por el contrario, la especificidad y la importancia del cine derivan de la interpretación de “lo
real” que pueda constituirse.
137
porque no hay en la filmografía de Solanas transiciones al opuesto a través del ritmo, lo que Eisenstein (1999, p. 154) consideraba que era la puesta
en imagen del principio dialéctico de la contradicción de la contradicción.
4. REFLEXIONES DE UN SALVAJE:
EL EXILIO POLÍTICO
138
Estamos frente a la intersección entre la representación del exilio y el cine militante. Este filme
es parte del movimiento final de los directores que
formaron parte del nuevo cine latinoamericano y la
antesala del “cine en democracia”. Vallejo combina
las comparaciones entre Europa y América Latina
en tres secuencias: la de los niños del pueblo que se
manifiestan para tener alguna educación formal,
el diálogo entre Don Quijote y Martín Fierro y los
republicanos asesinados. La rememoración de la
Guerra Civil española en el filme funciona como
analogía para poner en escena a la represión estatal
en la Argentina, que a través de ese recurso no se
limita a 1976 sino que se extiende desde mediados
del siglo XX en adelante. Si Santiago elige para su
filme la Revolución Libertadora y Solanas ata esa
etapa con el tercer gobierno peronista, a Vallejo le
interesa la lucha antifascista y la república socialista del ’36. Allí está el pasado de los inmigrantes
españoles en la Argentina y también un lectura del
presente, en el ’78 poco queda de esos anhelos.
La analogía le sirve también a Vallejo para
combinar su afán documental con la ficción: coloca su propio testimonio en cámara a través de
la voz de otros, los viejos republicanos relatan la
persecución política, la analogía se logra por la
fragmentación de la narración y las entrevistas
intercaladas, así como por medio de las recreaciones teatralizadas del pasado español y de la
infancia del director en Tucumán. El salvaje es el
americano desterrado en Europa pero también es
el español que se escapa a las montañas persegui-
do por los soldados franquistas y que es confinado a una vida de ermitaño.
Reflexiones de un salvaje como Los hijos de Fierro
es un filme del exilio y no sólo sobre el exilio. La
diferencia está en las razones de la expulsión: en
Los hijos de Fierro es la imposibilidad de Fierro de
regresar al territorio nacional por la proscripción,
en Reflexiones de un salvaje porque hacerlo es poner en riesgo la propia vida, el filme y la integridad
física de Vallejo.
En este filme aparecen algunos de los motivos
del cine de Vallejo: la vida rural, la relación intergeneracional entre varones de una misma familia
y la relación tierra-territorio-provincia. Son marcas de su cine desde Ollas populares, pasando por
El camino hacia la muerte del viejo Reales hasta El
rigor del destino y Con el alma. La tierra es en el
cine de Vallejo la historia de los ancestros que en
nada se parece a la visión de la historia grandilocuente de Solanas, la tierra para Vallejo cuenta el
sufrimiento como lo hizo en El camino hacia la
muerte…La concepción de la historia en Reflexiones de un salvaje indaga en las simetrías entre dos
continentes pero es una historia regionalizada, la
historia de Tucumán es la historia de la Argentina
y la del pueblo Cespedosa de Tormes es la de España. En Reflexiones de un salvaje la historia es desgarro y está signada por la pobreza sin la percepción
más combativa y dulcificada de Solanas.
Fragmentos, llanuras y
racionalización del pasado
El ritmo del filme es el del recorrido de Vallejo
por el pueblo y por el campo. Es alterado, solo
por momentos, tanto Vallejo como Solanas, interrumpen el tono del filme para incluir un elemento que domina el clima emocional (el fuego
de la fundición o el asesinato de un campesino
español). Para escenificar el exilio y su vínculo con la tortura y la muerte, Vallejo provoca la
irrupción del tono dominante del filme y crea un
conflicto entre los principios rítmicos y tonales
(Eisenstein, 1999, p. 78)
Un recurso semejante utiliza Vallejo al alternar
las escenas del asesinato del campesino español
con las de un matadero de cerdos, retomando la secuencia de la masacre zarista que tiene como continuación la del matadero en La huelga de Eisenstein (1925)18. Eisenstein afirmaba que en ese filme
lo destacable para representar el orden colectivo
era la composición y la estructura del filme como
sensación de unidad sin interrupciones (1999, p.
60) porque para Eisenstein la metaforicidad no
está en el montaje (en la yuxtaposición) sino en
los trozos de montaje representacional. Esta es la
distancia que se establece entre el uso del montaje
antieisensteiniano en Invasión y el impacto de los
principios formales y estéticos del cine ruso revolucionario en Reflexiones de un salvaje y, en menor
medida, en Los hijos de Fierro. En el filme de Vallejo la asociación entre la matanza de trabajadores
y el matadero es temática y rítmica, involucrando
aspectos formales y estéticos. Los hijos de Fierro y
Reflexiones de un salvaje a través de este tipo de
montaje crean un espacio singular, un comentario
del cineasta19. A pesar de estas cercanías, las disimilitudes entre Vallejo y Solanas son notorias, en
Los hijos de Fierro no hay la transición al opuesto
a través del ritmo (la contradicción de la contradicción) que proponía Eisenstein (op.cit., p. 222) y
que Vallejo ejercita como alternancia entre ritmos
morosos del recuerdo de provincia (tiempo de la
historia) y el tiempo real (del relato) de las entrevistas en el pueblo de su abuelo en España.
Los tiempos morosos en Reflexiones de un salvaje, como si el montaje fuese una forma de hacer
infinito un filme, se combinan en paralelo con las
entrevistas a los habitantes del pueblo español. Las
preguntas por el pasado nos llevan al pasado y Vallejo que recorre el llano nos devuelve al presente,
frente a las temporalidades alteradas20 de Los hijos
de Fierro y de Reflexiones de un salvaje, Invasión
presenta un tiempo aplanado como un presente eterno en el que, sin embargo, el futuro puede
anticiparse. Vallejo niega esa posibilidad, el pasado
es análogo al presente pero tampoco un retorno
como para Los hijos de Fierro. Dos analogías del
cuerpo diferentes en Vallejo y Solanas y dos analogías sobre la relación entre el pasado y el presente.
Tal vez, porque en 1973 y hasta 1975 Solanas está
más interesado en diferenciarse de la cinematografía de Cine de la Base y de su explicación del
presente21.
CONCLUSIONES
139
El cine de los Vallejo y Solanas y el de Santiago
son muy distantes porque éste no exalta el pasado,
como en los filmes de Solanas, sino los vestigios de
la memoria. Si para Vallejo lo inevitable de la reiteración del pasado son las condiciones sociales de
producción, para Santiago lo es la cultura política
18 El découpage de la última secuencia de La huelga a la que remite esta secuencia del filme de Vallejo se encuentra en Eisenstein (2003, p. 175-6).
19 A través del “montaje de atracciones” se arrancan fragmentos para provocar un choque emotivo en el espectador (Einsenstein, op.cit.)
20 El tiempo es quebrado a través de elipsis, raccontos o ralentíes. La presencia de temporalidades alteradas a través de saltos vertiginosos
en la cadena de eventos y la construcción de escenas a partir del encuadre antes que del montaje tradicional tienen antecedentes en algunos
directores de la “generación del ‘60” de la cual Solanas y Vallejo como integrantes de “Cine Liberación” pretenden diferenciarse. Retornamos,
así al quiebre de lo que Burch (1995) llama el “Modo de Representación Institucional” (M.R.I.).
21 Cine Liberación, junto a otros directores, se unió en 1973 al Sindicato de Luz y Fuerza para formar el “Frente de Liberación del Cine
Liberación” y presentó proyecto para el desarrollo de la industria cinematográfica al Instituto Nacional de Cine dirigido por Mario Soffici. Por
contraposición, antes del pasaje a la clandestinidad en 1973, Cine de la Base explicita en Los traidores (1971) sus críticas hacia la burocracia
sindical y a las masas obreras que la obedecía por lo que se consideraba corporativismo. Cine Liberación había participado hacia fines de los
años sesenta de la Agrupación Peronista de Trabajadores del Cine.
140
y para Solanas la historia es recurrencia.
La concepción estética y política de los tres directores y de las dos posiciones se traduce en el
montaje porque para Solanas y Vallejo el montaje
está formado por los cortes abruptos y la reiteración de la imagen mientras que Santiago combina los fundidos a negro con la repetición de
sonidos. El montaje fragmentario y el valor de la
puesta en escena de Invasión, vagamente recuerdan a Solanas, que, de todas formas, se reconoce
por la exageración de las presencias en el cuadro,
al igual que Vallejo. Sin embargo, tanto para Solanas como para Santiago la cultura parece ser la
determinación primaria mientras que Vallejo se
remite a las condiciones materiales, al menos, en
Reflexiones de un salvaje. Es un indicio de las diferencia que podemos encontrar entre dos directores de una misma filiación política, que formaron
parte de un mismo ideario cinematográfico-político y que, sin embargo, no están las contradicciones internas. Invasión es el espacio mítico de
una tragedia e indica las potencialidades y los
límites de la concepción épica de la política en
un proyecto revolucionario, Los hijos de Fierro es
la ilusión de una victoria que desde la narración
de Reflexiones de un salvaje es la del fracaso de
un proyecto político, sin embargo, lo que parece
no advertirse en Los hijos de Fierro es que hacía
tiempo que estaba quebrado.
Esas dos posiciones parecen encontrarse en algunos tópicos pero para separarse y así, también,
se remarcan las distancias entre los tres directores. La insistencia del tópico de los límites y de la
exclusión en Invasión aparece territorializado al
igual que en Los hijos de Fierro aunque sobre este
eje las representaciones sean opuestas. Buenos
Aires no es metáfora de la nación para Santiago
sino que los límites geográficos y los mapas de la
ciudad en Invasión marcan la oposición al latinoamericanismo que sostienen Solanas y Vallejo.
Para Santiago el espacio está recortado y no hay
ni siquiera hay allí una visión grandilocuente de
la pampa que para Solanas es un espacio de destierro pero también de refugio y salvación. Ante
la porteñización de la historia de estas dos posiciones que, sin embargo, son opuestas, Vallejo
responde con el regionalismo de las provincias
del norte y a través de la espacialización del exilio, la analogía con el exilio republicano español,
logra internacionalizar al último exilio argentino. Ese exilio tampoco es el que comienza en la
última secuencia de Invasión ni el que continúa
con la escena de la tortura y la liberación del Hijo
Menor en Los hijos de Fierro, son las figuras de
tres tipos de exiliados y su relación con los períodos que sellaron la partida. El exilio político no
es repetición de la historia sino una marca de un
pasado común.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURCH, Noël. El tragaluz del infinito (Contribución a la genealogía del
lución. Aproximación a las teorías y prácticas del cine político en América
lenguaje cinematográfico). Madrid: Cátedra, 1995.
Latina (1967-1977). Buenos Aires: Museo del Cine Pablo C. Duckós
CAVAROZZI, Marcelo. Autoritarismo y democracia. Buenos Aires:
Hicken- Grupo Editor Altamira, 2002.
Eudeba, 2002.
JAMESON, Frederic. La estética geopolítica. Barcelona: Paidós, 1995.
CIRIA, Alberto. Treinta años de política y cultura. Recuerdos y ensayos.
KANG, Jung Ha. La forma es el mensaje. A propósito de Invasión de
Buenos Aires: Ediciones de la Flor, 1990.
Hugo Santiago In: GONZÁLEZ, Horacio (Comp.). Decorados. Apuntes
EISENSTEIN, Sergei. La forma del cine. México: Siglo XXI Editores,
para una historia social del cine argentino. Buenos Aires: Edición Manuel
1999.
Suárez, 1993.
___________. El sentido del cine. México: Siglo XXI Editores, 2003.
LUSNICH, Ana Laura. La polaridad universalismo regionalismo en el
GETINO, Octavio y VELLEGGIA, Susana, Historias del cine de la revo-
cine argentino de los años sesenta y setenta, documento del Proyecto
UBACyT Potencia y alcances de la dicotomía Civilización y Barbarie en
SÁNCHEZ-BIOSCA, Vicente. El montaje cinematográfico. Teoría y
el cine argentino y latinoamericano (1956-1983), Buenos Aires: SECyT,
análisis. Barcelona: Paidós, 1996.
mimeo, 2006.
SOLANAS, Fernando y GONZÁLEZ, Horacio. La mirada. Reflexio-
MARX, Karl. La ideología alemana. Montevideo: Ed. Pueblos Unidos,
nes sobre cine y cultura. Buenos Aires: Punto Sur, 1989.
1958.
___________, y GETINO, Octavio. Cine, cultura y descolonización.
MESTMAN, Mariano. Postales del cine militante argentino en el
Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.
mundo. In: Kilómetro 111, septiembre, N° 2. Buenos Aires: Santiago
STAM, Robert. Teorías del cine. Una introducción. Barcelona:
Arcos Editor, 2001.
Paidós, 2001.
MONTEAGUDO, Luciano. Fernando Solanas. Colección Los direc-
TAL, Tzvi. Influencias estéticas de Eisenstein y Vertov sobre el cine
tores de cine argentino. Centro Editor de América Latina (CEAL),
militante argentino: Los traidores y Los hijos de Fierro. Disponible
Buenos Aires, 1993.
en: www.avizora.com/publicaciones/cine/textos/influencia_eisen-
NOVARO, Marcos; PALERMO, Vicente. La dictadura militar
stein_cine militante_argentino_0035. htm. Acceso en 17 de agosto
1976/1983. Del golpe de Estado a la Restauración democrática. Colec­
de 2004.
ción Historia argentina, Tomo 9. Buenos Aires: Paidós, 2003.
TERÁN, Oscar. Nuestros años sesentas. La formación de la nueva
OUBIÑA, David. En los confines del planeta, In: OUBIÑA, David
izquierda intelectual argentina 1959-1966. Buenos Aires: El Cielo
(comp.) El cine de Hugo Santiago. Buenos Aires: Ediciones Nuevos
por Asalto, 1993.
Tiempos, 2002.
VALLEJO, Gerardo. Los caminos del cine. Buenos Aires: El Cid
RUSSO, Eduardo A. Diccionario de cine. Buenos Aires: Paidós, 2003.
Editor, 1984.
FICHAS FILMOGRÁFICAS
Título original: Invasión. Dirección: Hugo Santiago. Guión: Jorge Luis
anando Solanas. Producción: Edgardo Pallero/ Argentina, Alemania,
Borges y Hugo Santiago. Argumento: Jorge Luis Borges y Adolfo Bioy
Francia. Fotografía: Juan Carlos Desanzo. Música: Alfredo Zitar-
Casares. Producción: Hugo Santiago. Asistente de Dirección: Esteban
rosa y Roberto Lar. Sonido: Abelardo Kuschnir. Montaje: Luis César
H Etcheverri. Fotografía: Ricardo Aronovich y Adelqui Camusso.
D’Angiolillo. Años de producción: 1971-75. Año de estreno: en Fran-
Cámara: Enrique Filipelli. Música: Edgardo Cantón con milonga de
cia: 1978; en Argentina: 12 de abril de 1984. Intérpretes: Julio Troxler
Aníbal Troilo y Jorge Luis Borges interpretada por Ubaldo de Lío
(Hijo Mayor), Martiniano Martínez (Picardía), José Almejeiras (Hijo
y Roberto Villanueva. Sonido: Edgardo Cantón. Escenografía: Leal
Menor), Arturo Maly (Capitán Cruz), Aldo Barbero (voz en off),
Rey. Vestuario: Julia Malfetani. Montaje: Oscar Montauti. Año de
Fernando Vegal (voz en off).y Dalmiro Sáenz (voz en off). Formato: 35
producción: 1969. Año de estreno: 16 de octubre de 1969; 1986; 2002.
mm. Tipo: blanco y negro. Duración: 125 min.
Intérpretes: Olga Zubarry (Irene), Lautaro Murúa (Julián Herrera),
Título original: Reflexiones de un salvaje. Dirección: Gerardo Vallejo.
Juan Carlos Paz (Don Porfirio), Roberto Villanueva (Silva), Martín
Guión: Gerardo Vallejo. Productor: Gerardo Vallejo. Producción:
Adjemián (Irala), Aldo Mayo (Jefe del grupo invasor), Juan Carlos
Argentina, España, México. Fotografía: Gerardo Vallejo. Editor: José
Galván (Jefe de otro grupo invasor), Lito Cruz (Jefe del grupo sur).
Salcedo. Música: Chango Farías Gómez. Año de producción: 1978.
Formato: 35 mm. Tipo: blanco y negro. Duración: 125 min.
Año de estreno: 1984
Título original: Los hijos de Fierro (Le fils de fer). Dirección: de Fer-
Formato: 35 mm. Tipo: color. Duración: 90 min.
141
INTERNACIONALIZAÇÃO DA
MÍDIA BRASILEIRA: ANÁLISE
DO GRUPO ABRIL
Eula Dantas Taveira Cabral
Doutora e Mestre em Comunicação Social pela
UMESP. É jornalista, professora e pesquisadora universitária. É editora do Informativo Eletrônico “Sete Pontos”
(www.comunicacao.pro.br/setepontos). Participa dos
Grupos de Pesquisa registrados no CNPq: Centro de
Pesquisas e Produção em Comunicação e Emergência
– EMERGE (UFF) e Núcleo de Pesquisa sobre Mídia Regional e Global (UMESP).
Email: [email protected]
142
RESUMO
O artigo analisa o processo de internacionalização da mídia brasileira, fazendo um estudo de
caso do Grupo Abril, um dos maiores grupos midiáticos da América Latina que tem como focos principais de atuação as mídias: impressa, audiovisual e interativa. Consiste no resumo da
tese da autora defendida em abril de 2005. A partir do método qualitativo, faz-se um estudo
de caso, chegando às seguintes conclusões: O Grupo Abril é um grupo de mídia atípico, com
características internacionais (conteúdos e proprietários estrangeiros); seu processo de internacionalização se dá “de fora para dentro” e “de dentro para fora”; com a crise econômica no
setor midiático brasileiro, reorienta sua estratégia, concentrando seus investimentos no Brasil.
Palavras-chave: internacionalização da mídia; grupos de mídia; mídia brasileira; Grupo Abril.
ABSTRACT
The article analyzes the internationalization process of the Brazilian media, focusing on a case
study carried out at Grupo Abril, one of the largest media conglomerates in Latin America,
operating mainly on the printed, interactive and audiovisual media. The article introduces
a summary of the thesis by the author presented in April, 2005. The case study, based on the
qualitative method, led to the following conclusions: as a media Group, Abril is atypical, with
its own international characteristics (foreign contents and owners); its process of internationalization occurs “from the outside towards the inside” and “from the inside towards the outside”. In the midst of the economic crisis in the Brazilian media sector, Grupo Abril reorients
its strategy, concentrating its investments domestically.
Keywords: media internationalization; media groups; Brazilian media; Grupo Abril.
RESUMEN
El artículo analiza el proceso de la internacionalización de los medios brasileños, con un Estudio de Caso del Grupo Abril, uno de los grupos mediáticos más grandes de América Latina
que tiene como focos principales de actuación los medios: impreso, audio-visual e interactivo.
Con base en el método cualitativo, hace un estudio de caso descriptivo, llegando a las siguientes conclusiones: El Grupo Abril es un grupo de medios atípico, con características internacionales (contenidos y propietarios extranjeros); su proceso de internacionalización es realizado
“desde afuera hacia adentro” y “desde adentro hacia afuera”; con la crisis económica en el
sector mediático brasileño, reorienta su estrategia, concentrando sus inversiones en Brasil.
Palabras claves: internacionalización de los medios; grupos de medios; medios brasileños;
Grupo Abril.
143
144
Conhecer as estratégias da mídia brasileira fazse necessário para entender seu desenvolvimento
e, até mesmo, poderio. No caso do processo de internacionalização, parte-se do estudo de um dos
mais importantes grupos multimídia nacionais, o
Grupo Abril, com atuação em diferentes mídias:
impressa, audiovisual e interativa. O conceito de
internacionalização é baseado em Joseph Man
Chan (1994), que o definiu como o processo pelo
qual a propriedade, estrutura, produção, distribuição ou o conteúdo da mídia de um país é influenciado por interesses, cultura e mercados da
mídia estrangeira. É examinado tanto da perspectiva do país que importa quanto do que exporta,
enfatizando que é diferente do imperialismo da
mídia, uma vez que este é apenas uma forma de
internacionalização.
O objetivo da pesquisa é analisar o processo de
internacionalização da mídia brasileira, fazendo
um estudo de caso do Grupo Abril a partir de seu
surgimento em 1950 até 2004. Além disso: verificar
como os grupos de mídia brasileiros se transformaram em conglomerados; analisar o surgimento,
trajetória e o processo de internacionalização do
Grupo Abril; trabalhar com os aspectos políticos,
econômicos, tecnológicos e legais que influenciam
a mídia e as transformações ocorridas no campo
midiático a partir dos anos 90: concentração, diversificação, globalização e desregulamentação,
além do entendimento dos fluxos e contra-fluxos.
A escolha do Grupo Abril justifica-se porque é
o único grupo midiático brasileiro que surge com
características internacionais, com conteúdos e
proprietários estrangeiros, diferenciando-se assim
dos demais. É o primeiro grupo a criar uma empresa de mídia no exterior e o primeiro a receber
capital estrangeiro.
1. Comunicação internacional
No mundo globalizado, falar em comunicação
internacional e sua relação com os grupos de mídia
é algo bem interessante e bastante desafiador para
os investigadores da área, principalmente porque
hoje, com tantas mudanças no cenário global com
as novas tecnologias mais as transformações ocorridas na política e na economia, torna-se necessário fazer e manter seus estudos.
De acordo com Robert Fortner (1993), uma das
melhores definições que se pode dar à comunicação internacional é a “comunicação transnacional com fluxos de informações entre fronteiras”.
Dessa forma, percebe-se que ela ultrapassa os limites territoriais entre os países, onde os mais desenvolvidos podem enviar informações para os que
estão em desenvolvimento (fluxos) ou vice versa
(contra-fluxos). Seu objetivo, conforme Marcial Murciano (1992), visa conhecer as múltiplas
funções dos meios de comunicação de massa: políticas, econômicas e culturais no marco internacional.
Na área de comunicação internacional é fundamental entender os fluxos comunicacionais. Pois,
o fluxo internacional de informação é o movimento de mensagens por limites nacionais entre
dois ou mais sistemas nacionais e culturais. Para
Hamid Mowlana (1986), deve combinar a dimensão nacional com a internacional, pois é um
termo usado para descrever um campo de investigação e pesquisa que consiste na transferência de
mensagens na forma de informação e dados por
indivíduos, grupos, governos e tecnologias, como
também o estudo das instituições responsáveis
pela promoção e inibição de tais mensagens entre
nações, povos e culturas.
O estudo dos fluxos comunicacionais requer
uma análise dos canais e instituições de comunicação, sendo que o mais importante é que deve
envolver o exame de significados mutuamente
compartilhados que tornam a comunicação possível. Além disso, incluir tanto o conteúdo, volume
e direção de informação como também os fatores
econômicos, políticos, culturais, jurídicos e tecnológicos responsáveis por sua implementação e
difusão.
O fluxo internacional de informação é o movimento
de mensagens por limites nacionais entre dois ou
mais sistemas nacionais e culturais.
No Brasil, o assunto é bastante trabalhado quando se trata das telenovelas da Rede Globo e a internacionalização dos grupos de mídia. No caso, a
preocupação dos pesquisadores brasileiros é com
o contra-fluxo - o envio de produções de um país
em desenvolvimento para os desenvolvidos.
A mídia latino-americana passou a dominar seu
terreno, enviando produções próprias para os países desenvolvidos que por muito tempo dominaram os países em desenvolvimento. Anamaria Fadul (1998b) verificou que, com o desenvolvimento
das novas tecnologias de informação, radiodifusão
e telecomunicação, os estudos dos fluxos comunicacionais internacionais levam em consideração
os efeitos e tendências da Organização Mundial do
Comércio. Assim, os principais problemas estão relacionados com os fluxos de notícias e programas
e o seu aceleramento com as novas tecnologias de
informação que vão além das fronteiras de cada
país. Além disso, com o processo de desregulamentação e privatização dos meios de comunicação de
“massa” e das telecomunicações e “as mudanças na
economia mundial, nas relações internacionais e
nas tecnologias de informação, radiodifusão e telecomunicação.” (Fadul, 1998b, p.79).
Para entender as tendências dos grupos de mídia e as transformações ocorridas nos anos 90, do
século passado, analisou-se como eles surgiram
e se desenvolveram, a partir dos estudos de John
Thompson (1995), levando em consideração os
processos de concentração, diversificação, globalização e desregulamentação.
Assim, a partir da análise do poderio dos grupos
e as transformações ocorridas na mídia, verificouse que o processo de internacionalização passou a
ser visto estrategicamente pelos conglomerados de
comunicação. No caso do Brasil, de acordo com
os estudos de Anamaria Fadul (1998a), o grupo
Diários e Emissoras Associadas, de Assis Chateaubriand, foi o primeiro a tentar entrar em outros
países. Porém, somente na década de 70, com a
Rede Globo vendendo telenovelas para a América
Latina, Europa e depois para o restante do mundo,
é que se tem a mais clara estratégia de internacionalização.
Dessa forma, percebeu-se que, a partir de estratégias globais, os grupos midiáticos passaram
a dominar políticas e povos em todos os lugares,
atingindo, com uma diversidade de conteúdos,
uma grande audiência. Além disso, verificou-se
que hoje dificilmente se defrontam diante de obstáculos que possam impedir sua expansão e conquista de novos territórios.
De acordo com a revista Variety, de setembro
de 2003, percebe-se que dos 50 maiores grupos
do Planeta, apenas um é da América Latina: o
grupo mexicano Televisa, que ocupa o 39º lugar
no ranking. A Rede Globo que em 1998 ocupava
o 12º lugar, desta vez nem aparece. Dentre os 10
primeiros, apenas dois não têm sede nos Estados
Unidos: o grupo japonês Sony (sexto do ranking)
e o alemão Bertelsmann (sétimo), sendo que a Vivendi (terceiro) tem sede nos Estados Unidos e na
França.
Dentre os maiores conglomerados, verificou-se
que seis têm parceria com o Grupo Abril. São eles:
Time Warner, Walt Disney, News Corporations, Vivendi Universal, Viacom e Bertelsmann.
A Time Warner, considerada o maior grupo de
mídia do Planeta, através de sua empresa Time Inc.,
1 O levantamento e análise dos conglomerados que têm parceria
com o Grupo Abril foram feitos a partir dos dados de parceria
disponibilizados pelo grupo em seu site – www.abril.com.br - no
período de dezembro de 2000 a março de 2005.
145
146
tornou-se parceira do Grupo Abril na revista Estilo. Revista do segmento feminino que foi criada
em 1994, nos Estados Unidos, voltando-se para
mulheres modernas e inteligentes que se preocupam com informação, beleza, moda e que querem
conhecer o estilo de vida de celebridades.
Com o conglomerado Walt Disney, a parceria
iniciou em 1950, com a revista O Pato Donald.
Hoje, também publica as revistas quinzenais
Mickey e Zé Carioca; e as revistas mensais Tio Patinhas e Superalmanaque. Em setembro de 2004
lançou as revistas quinzenais Margarida, Minnie,
Pateta e Peninha.
No caso do grupo multimídia News Corporation, a partir da FOX, até dezembro de 2004,
a parceria se dava na revista em quadrinhos Os
Simpsons. Já com a Viacom, desde 1990 é parceira
do Grupo Abril através da primeira TV segmentada brasileira, MTV, sendo que desde 2005 vêm
investindo na MTV 2, emissora que terá 12 horas
diárias de programação - com músicas, especiais
e documentários - voltada para o público de 25
a 40 anos, mais adulto do que o da MTV - 15 a
29 anos.
Com o conglomerado Vivendi Universal, um
dos maiores do mundo, dividia as Editoras Ática
e Scipione. Hoje, a parceria com o Grupo Abril
se dá apenas com a revista, mensal, de atividades
Pinte Legal com o Pica-Pau, direcionada a um público de 0 a 5 anos. Já em relação ao grupo alemão
Bertelsmann, através da empresa Gruner und
Jahr, desde 1987, a parceria se dá com a revista
Superinteressante.
2. Panorama da mídia brasileira
Para entender o surgimento e o desenvolvimento dos grupos de mídia brasileiros, fez-se necessário conhecer as leis do país, pois elas conduzem
da melhor maneira possível o destino da nação.
Sendo assim, para entender a situação social do
país e sua relação com a comunicação, verificaram-se as sete Constituições (1824; 1891; 1934;
1937; 1946; 1967; 1988) do Brasil. Delas, a única
que não toca no campo comunicacional é a primeira, a Imperial, de 1824. Porém, dentre as demais, a que mais aborda sobre comunicação é a
atual, de 1988, sendo que tem muitas alterações,
completando a abordagem a partir de Decretos e
emendas constitucionais.
A regulamentação da entrada do capital estrangeiro foi feita em 20 de dezembro de 2002 pelo
Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que decretou e sancionou a Lei 10.610, liberando a entrada de 30% de capital estrangeiro.
Nela, criou, também, obrigações para as empresas
de radiodifusão, como o dever de apresentar aos
órgãos de registro civil e comercial, até o último
dia útil de cada ano, declaração de seu capital social, sendo que o Poder Executivo será o responsável para requisitar das empresas e dos órgãos
registradores as informações e documentos necessários para a verificação do atendimento às regras
de participação societária.
Mesmo com a nova Lei aprovada e a entrada
do capital estrangeiro garantida, verificou-se que
pouco foi mudado no cenário midiático brasileiro. Desde a liberação do capital estrangeiro, em
2002, até hoje, detecta-se que o único grupo que se
tem notícia que fez uma parceria legal com estrangeiros foi o Grupo Abril. Uma parceria de R$150
milhões, o equivalente a 13,8% de seu capital, não
atingindo os 30% da estimativa feita pelo governo,
com a administradora americana de fundos Capital International. Dos demais, não há registro.
3. Origens e parcerias do
Grupo Abril no Brasil
O Grupo Abril é considerado um dos maiores
grupos de mídia da América Latina. Seus focos
principais de atuação são: mídia impressa, audiovisual e interativa. Com seis mil funcionários,
em 2003, a receita líquida foi de R$ 1.862 bilhão.
O nome Abril foi escolhido por que nesse mês é
primavera na Europa, usando o símbolo de uma
árvore que simboliza fertilidade, esperança e otimismo.
De acordo com informações do Grupo, o registro de sua história se dá em julho 1950 com o
lançamento da revista O Pato Donald. Porém, de
acordo com os documentos registrados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) e
pesquisados no Departamento de Documentação
da Editora Abril (Dedoc), a Editora apareceu em
1947. O consultor do Projeto Memória da Abril,
Glauco Carneiro (1986), descreveu em seu texto
“Abril e Nova Cultura: fazendo a cabeça do país”
que Victor Civita preferiu fazer parte de uma editora, pois, como ainda não era naturalizado no
Brasil, investiria na gráfica.
Conforme o Contrato de Sociedade por Quotas
de Responsabilidade Limitada, registrado no dia
16 de dezembro de 1947, a Editora Abril Ltda teve
como primeiros sócios os italianos Enrico Frisoni, Piero Kern, Marcello Frisoni e Enrico Rimini,
este denominado como primeiro gerente. Ou seja,
a Editora Abril foi constituída em 1947 por quatro italianos que, de acordo com Roberto Civita
(2005), eram amigos de seu tio, César Civita.
Diante disso, não se deve ignorar nesta história
que os fundadores da Editora Abril eram estrangeiros. Algo proibido na Constituição de 1946,
Art.160, que não permitia a propriedade de empresas jornalísticas a estrangeiros. Entretanto, isso
foi ignorado no registro da Junta Comercial do
Estado de São Paulo.
Conforme Mário Sérgio Conti (1999), Victor
era sócio minoritário da empresa, cujo capital era
resultado da venda da parte da empresa americana
de embalagens e da herança recebida de sua esposa.
A maioria do capital era de seu irmão César. Já de
acordo com Roberto Civita (2005), a editora que
lançou em 1950 O Pato Donald era de Victor Civita, de seu irmão César Civita e de seu sócio Gordiano Rossi, um mineiro que era filho de italianos.
Roberto Toledo (2000) registra que com US$ 500
mil, próprios, mais empréstimos, entraram como
sócios no empreendimento o grupo Smith de Vasconcelos e Gordiano Rossi. Assim, no dia 12 de
julho de 1950, saiu o primeiro número de O Pato
Donald, cujo contrato para editá-lo no Brasil foi
cedido por César Civita que tinha licença da Disney para a América do Sul.
Mas, conforme o documento “Instrumento Particular de Cessão de Quotas e Alteração de Con-
Desde a liberação do capital estrangeiro,
em 2002, até hoje, detecta-se que o único
grupo que se tem notícia que fez uma parceria
legal com estrangeiros foi o grupo Abril.
trato Social” assinado e datado em 25 de setembro
de 1963, a entrada oficial de Victor Civita na Editora Abril Ltda deu-se em 1963. A justificativa para
a entrada tardia se dá devido à demora da naturalização de Civita no Brasil. Isso, no entanto, não
impediu seus investimentos na Editora.
Em 1982, já com um império montado no Brasil, há um impasse entre Roberto e Richard Civita,
herdeiros de Victor Civita, levando à divisão do
conglomerado. Na divisão dos bens de Victor Civita, as revistas foram dadas a Roberto e os fascículos e livros, além da parte não-editorial do grupo, como hotéis e frigoríficos ao filho mais novo,
Richard. O Grupo Abril – tal como se conhece
atualmente – é formado pelas empresas de Roberto Civita, o herdeiro mais velho, que diversificou
as atividades do Grupo.
Em relação aos parceiros internacionais, verificouse que o Grupo Abril, desde sua fundação em 1950
no Brasil, faz parcerias internacionais. A primeira
delas foi (e continua até hoje) com o conglomerado
Walt Disney. De acordo com informações divulgadas
em seu site, tem parceiros internacionais nas áreas
impressa e televisiva. O Grupo também tem parce O grupo Smith de Vasconcelos era de propriedade da família da
ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.
147
148
ria na Gráfica de Recife com a canadense Quebecor,
uma das maiores empresas gráficas do mundo; e
teve até março de 2004 parceria nas editoras Ática e
Scipione com a Vivendi Universal Publishing. Hoje
a parceria com a Vivendi se dá apenas na revista de
atividades Pinte Legal com o Pica-Pau.
As parcerias que o Grupo Abril faz são resultados
de contratos específicos, sendo a maioria licenciamentos, tendo cada um suas peculiaridades. Conforme o fundador da Redibra e ex-presidente da
Walt Disney no Brasil, Elcan Diesendruck (2000,
p.12), o licenciamento “é o mecanismo legal/comercial pelo qual o detentor, criador ou autor de
uma marca, patente ou obra de arte, autoriza ou
cede o direito de sua utilização, reprodução e exploração, comercial ou não, através de condições e
licenças específicas”.
De acordo com o presidente do Grupo Abril,
Roberto Civita (2005), foram feitas licenças com
as grandes editoras por que a Abril não tinha know
how nem gente treinada para fazer coisas novas
na empresa. Ou seja, o Grupo Abril investiu nas
licenças por que considerava a possibilidade de
seus funcionários aprenderem a trabalhar com a
mesma eficiência de seus parceiros na produção e
venda das revistas. Hoje, como adquiriu o know
how, o licenciamento já não é mais tão importante
quanto no início. Assim, como esclareceu o diretor
da Secretaria Editorial e Institucional, Sidnei Basile, o Grupo, com a experiência adquirida, no caso
das revistas, além dos royalties que paga, publica
menos de 20% de conteúdo internacional que recebe da proprietária da marca.
Na área eletrônica, seus parceiros possibilitam
3 A Quebecor Recife ficou responsável por rodar todas as revistas
da Editora Abril, distribuídas nas Regiões Norte e Nordeste.
4 O Grupo Abril adquiriu os 50% restantes que estavam em
poder da Vivendi Universal Publishing, passando a controlar 100%
das ações.
também o know how, além de programações diferenciadas como é o caso da MTV que é vista pela
empresa como um modelo de negócios bem-sucedido, voltado para um público jovem. Já a TVA,
como TV por assinatura, além de levar aos assinantes conteúdos bem segmentados, conseguiu
conquistar dois grandes parceiros: JP Morgan
e Falcon. As parcerias internacionais do Grupo
Abril na área impressa se dividem nos segmentos
infanto-juvenil, feminino, alto consumo, turismo
e tecnologia, masculina e jovem. Elas são feitas a
partir de licenças concedidas ao Grupo brasileiro
para usar a “fórmula” do parceiro que criou o produto original.
Com a abertura do capital estrangeiro para a mídia brasileira, em 2002, o Grupo Abril, em 2004, se
associou aos fundos de investimento em empresas
de capital privado (private equity) da Capital International, Inc., resultando num aumento de capital
de R$ 150 milhões, correspondente a 13,8% do capital. De acordo com o conglomerado, a entrada
dos recursos possibilitou a recomposição do capital
de giro e o abatimento da dívida. Diante disso, o
Grupo Abril já está planejando uma futura abertura de capital no mercado.
A negociação entre o Grupo Abril e o Capital International, Inc. vinha sendo feita desde 2003, pois,
com as reestruturações feitas no Grupo e com a constituição da holding Abril S.A., em 2001, controladora
das participações societárias do Grupo Abril, foi possível organizar as contas.
4. Produtos e empresas do conglomerado
O Grupo Abril iniciou suas atividades no Brasil em 1950 com a Editora Abril e com a Sociedade Anônima Impressora Brasileira. A Editora
Abril, de acordo com o Portfólio do Grupo Abril
09/2004, tem 150 títulos com uma circulação de
179 milhões de exemplares para 26 milhões de
5 Diesendruck ocupou o cargo de Presidente da Walt Disney no
Brasil até 1997.
7 A definição dos segmentos é resultado de análises em todas as
6 Porcentagens sobre o preço de um produto.
classificações que o Grupo deu às suas publicações nos últimos anos.
Em relação aos parceiros internacionais, verificouse
que o grupo abril, desde sua fundação em 19 0 no Brasil, faz
parcerias internacionais. a primeira delas foi (e continua
até hoje) com o conglomerado Walt Disney.
leitores, detendo 64% do mercado editorial brasileiro de revistas. Registra-se ainda que seis das
dez revistas mais lidas do país são do conglomerado: Veja, Escola, Superinteressante, Cláudia, Caras e Nova, sendo que Veja é considerada a quarta
maior revista semanal de informação do mundo e
a maior fora dos Estados Unidos.
O diferencial da Editora Abril, em relação aos
concorrentes, é que ela produz, imprime e entrega
seus produtos na mão do leitor. Seu parque gráfico
é considerado o maior e mais moderno da América Latina. A distribuição é feita pela Distribuidora
Nacional de Publicações. Esse investimento do Grupo é considerado um dos mais importantes, pois
as revistas representam mais de 70% das atividades
do conglomerado. De acordo com o presidente da
Abril, Roberto Civita (2002), “a Abril não teria dívida nenhuma se tivesse se atido ao setor de revistas,
sempre rentável”.
Com a diversificação das atividades e investimentos, pode-se classificar o grupo midiático em
mídia impressa, audiovisual e interativa. No caso
da mídia impressa, classifica-se em revistas, séries
e obras de referência. Na audiovisual, com disco,
CD, vídeo e televisão segmentada. Na interativa,
verifica-se, por parte do Grupo, o acompanhamento das novas tecnologias e do boom da internet, a partir dos anos 90.
5. Exportação de conteúdos e formatos
do Grupo Abril
Com a diversificação das atividades e sucesso
editorial das publicações, o Grupo Abril passou a
investir no exterior. Sua ida oficial se deu em 1980
quando foi fundada a primeira sucursal do Gru-
po: Abril Morumbi, em Portugal. De acordo com
Glauco Carneiro (1986, p.14), Victor Civita pensava além: “trabalhar duro para exercer um papel
renovador, não somente no panorama editorial
(...), influenciando hábitos da nação, aguçando curiosidade, avivando seus interesses, aprofundando
sua cultura e lhe dando verdadeira dimensão do
seu papel no mundo”.
Porém, a influência de César Civita nos negócios brasileiros e o sucesso editorial do Grupo
Abril, desde 1950, levaram o conglomerado a ser
alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito, em
1966, criada para investigar a mídia brasileira. A
acusação foi que desde o seu início teve a participação de capitais estrangeiros. Algo constatado
em sua história, pois, César Civita, irmão de Victor, que tinha uma editora na Argentina, investira no Brasil, ajudando seu irmão a construir um
império de revistas no país. Mas, como a acusação
se voltou mais para o apoio recebido do Grupo
Time-Life, publicou o livro branco “O que é a
Abril”, conseguindo “provar” que não tinha nenhum envolvimento com o grupo norte-americano, como a TV Globo que teve total apoio do
Grupo Time-Life e saiu ilesa do processo. Assim,
mostrou aos parlamentares que era “tipicamente”
brasileiro, anulando qualquer suspeita de recebimento de capital estrangeiro.
Como o resultado da CPI não foi favorável para
os concorrentes brasileiros, que esperavam que o
Grupo Abril fosse punido pelo governo, passaram
a acusar o conglomerado dos Civita nas páginas
dos jornais e revistas da época. Entretanto, com o
parecer favorável do governo brasileiro, ignorou a
concorrência e continuou suas atividades edito-
149
riais e empresariais no Brasil. Pois, mesmo obtendo ajuda do irmão César, dono da Editorial Abril
na Argentina, é fato que em todos os documentos
publicados na Junta Comercial do Estado de São
Paulo não há registros sobre isso. Além disso, como
argumentaram, César foi vítima de perseguições
da máfia Argentina e não tinha tantos recursos
para influenciar diretamente na transformação
do Grupo no Brasil e, posteriormente, na América Latina. Nesse caso, chamam a atenção para o
Hoje a presença do grupo abril no exterior só é
possível pelas assinaturas internacionais em
73 países, sendo que todas as revistas são
editadas no idioma português (do Brasil).
150
fato que se deve levar em consideração que Victor
Civita fez boas parcerias internas, licenciamentos
estrangeiros e aproveitou todas as oportunidades
que foram dadas à Abril no mercado nacional:
criação de editora, gráfica e distribuidora etc.
Diante de perdas, vitórias e desafios, verificou-se
que a maior estratégia de crescimento do Grupo
Abril, até 2004, foi conquistar o território nacional com produtos que tivessem características globais, possibilitando sua entrada em qualquer país
da América Latina e Europa. Isso foi detectado,
principalmente, com as revistas Disney. No início,
apenas traduzia para o português as histórias e as
distribuía no Brasil, consistindo num processo de
fluxo de comunicação. A partir da década de 70
passou a produzir e a criar histórias com personagens da Disney, constituindo em 1989 a Abril
Jovem, e a comercializar a produção em espanhol
na América Latina. Estratégia também utilizada na
Espanha e em Portugal (com o idioma português).
Assim, iniciou o processo de internacionalização
“de dentro para fora”, o contra-fluxo.
Os licenciamentos são contratos que não envolvem investimentos
no capital do licenciado.
A entrada oficial em Portugal acabou sendo
bem aceita pelo mercado local, levando o Grupo
Abril a investir em revistas para públicos diversificados. Porém, como exigia um conhecimento mais apurado da realidade do país, em 1988,
se associou a um grupo local, o Controljornal,
criando uma nova editora, passando a editar a
revista Exame. Parceria essa que deu certo e levou o Grupo Abril, em 1996, a associar todos os
negócios da área editorial, que tinha em Portugal,
ao Controljornal e, juntos, se tornaram a maior
editora de Portugal com revistas em vários segmentos. Em 1999, o novo grupo midiático é procurado pelo grupo suíço Edipresse que também
se torna um dos parceiros, resultando em 1/3 de
ações para cada sócio. Essa parceria foi interessante para o Grupo Abril, pois, lhe ajudou a pagar
algumas dívidas no Brasil. Porém, com a crise no
mercado português, em 2001, e com os prejuízos
que vinham sendo causados pela TV por assinatura no Brasil e com a desvalorização do Real, em
2002 vendeu sua parte no negócio, se retirando
de Portugal e licenciando seus títulos.
O segundo passo oficial dado pelo Grupo Abril
foi a criação da Editorial Primavera na Espanha,
com base na aposta em sua experiência com revistas em quadrinhos. Chegou no lugar, publicou
revistas Disney, mas, não obteve aceitação do público. O erro foi descoberto mais tarde: as crianças
espanholas não gostavam do tipo de publicação
que estava sendo colocada no mercado. Ou seja,
não levaram em consideração a cultura do país e
não tinham um sócio local que pudesse lhe dar
as diretrizes corretas, baseadas na realidade espanhola. Assim, três anos depois, em 1992, teve
que sair do país, evitando mais prejuízos, pois, no
Brasil, os negócios também não estavam bem financeiramente.
Um ano antes de sair da Espanha, em 1991,
mesmo com problemas, passou a investir na Argentina. Mas, os investimentos não deram certo.
Em 2000 teve que sair do país por que a máfia de
distribuidores não aceitava que fossem vendidas
assinaturas no país. Com mais um erro cometido por não conhecer as estratégias comerciais do
país, a Abril vendeu a Editorial Primavera para o
Grupo Perfil que se tornou seu sócio na Editora
Caras do Brasil.
No período de 1990 a 1996 passou a atuar na
Colômbia através da Editorial Cinco que era de
Carlos Civita, primo de Roberto. Apesar de o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, afirmar
que seus negócios eram apenas de licenciamentos
dos títulos que têm no Brasil, conforme o site da
Associação Nacional de Meios de Comunicação,
a Editorial Cinco foi criada pela Editora Abril
com operações em toda a América Latina. Dessa
forma, de acordo com os dados fornecidos pelo
setor jurídico do Grupo e enviados pela Diretoria de Relações Institucionais, as atividades com
a Editorial Cinco foram encerradas em 1996. Porém, mesmo com esta informação, é fato que ainda são publicados e vendidos os títulos da Editora Abril, como Boa Forma, conhecida como En
Forma em espanhol.
A atividade feita na Colômbia, apesar de não
ter sido bem explicada por Roberto Civita, e
nem pelo consultor editorial do Grupo, Thomaz
Corrêa, mostra que a estratégia feita no país vizinho não pretendia seguir a terceira tendência
das transformações da mídia: globalização da
comunicação, pois, não é bem explicada e nem
bem acompanhada pelo principal interessado: o
Grupo Abril. Dessa forma, percebeu-se que no
processo de internacionalização “de dentro para
fora” do Grupo não incluía esse investimento.
De acordo com o presidente do Grupo Abril,
Roberto Civita, o processo de internacionalização
do Grupo consistiu basicamente em trazer o mundo para dentro do Brasil e não de sair. Para Civita,
eles trouxeram o mundo para dentro do Brasil,
adaptando os produtos ao mercado e à cultura
brasileira. A saída não representou muito, pois,
só foram bem sucedidos em Portugal. Tentaram a
Argentina e Espanha, mas não conseguiram êxito,
pois não se organizaram estrategicamente.
Com a entrada de capital estrangeiro e a reformulação de suas estratégias em investir mais no
mercado interno, o Grupo Abril acredita que irá
crescer e expandir suas atividades nos mercados
interativo e audiovisual. A TVA, por exemplo,
apesar de ter dado muitos prejuízos para o Grupo, hoje vem dando bons resultados e, conforme
o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita,
promete ser melhor ainda quando a TV digital
for adotada no país.
No campo editorial, mantém 10 parcerias internacionais com grupos que lhe deram know how
e, dessa forma, acreditam que dificilmente continuarão seguindo no processo de internacionalização “de fora para dentro” com as publicações.
Na estratégia do Grupo hoje não está a sua
internacionalização. Porém, como tem grandes
empresas, produtos de qualidade e atividades
diversificadas, com reconhecimento na América
Latina, pode voltar a investir em outros mercados, mas, isso não em curto prazo. Pois, a meta
hoje é dobrar o negócio internamente. Fazer revistas de qualidade que vendam bastante e com
um preço acessível, pois, o grande problema do
grupo é a situação econômica do país, onde os
brasileiros não têm condições de comprar revista, pois afeta seus custos mensais.
Hoje a presença do Grupo Abril no exterior só
é possível pelas assinaturas internacionais em 73
países, sendo que todas as revistas são editadas no
idioma português (do Brasil). Além disso, através
do Conteúdo Expresso, empresa do conglomerado que terceiriza a venda de fotos, histórias e
reportagens para outros grupos: uma espécie de
agência de notícias ligada ao Departamento de
Documentação do Grupo.
Assim, embora o Grupo Abril tenha começado
suas atividades, em 1950, partindo do processo de
internacionalização de “fora para dentro” e três
décadas depois, 1980, ingressando no processo de
151
internacionalização de “dentro para fora”, não é
possível fazer previsões sobre suas estratégias no
campo internacional. No momento, percebe-se
que está se organizando financeiramente para se
estabilizar e duplicar seus rendimentos no Brasil.
Dessa forma, é provável que dê continuidade à
sua trajetória e mantenha-se como o maior grupo editorial da América Latina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
152
BASILE, Sidnei. Estratégias do Grupo Abril. Entrevista concedida a
mento, um negócio de 112 bilhões de dólares. São Paulo: Nobel, 2000.
Eula D. T. Cabral em 26 jan. 2005.
FADUL, Anamaria. A internacionalização dos grupos de mídia
CABRAL, Eula D. T. A Internacionalização da mídia brasileira:
no Brasil nos anos 90. Comunicação e Sociedade (UMESP), São
estudo de caso do Grupo Abril. Tese (Doutorado em Comunicação
Bernardo do Campo, n.29, p. 67-76, 1998a.
Social), Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do
FADUL, Anamaria. A internacionalização da mídia brasileira.
Campo, 2005.
Comunicação e Sociedade (UMESP), São Bernardo do Campo, n.30,
CARNEIRO, Glauco. Fazendo a cabeça do país: introdução à história
p. 67 – 91, 1998b.
das Editoras Abril e Nova Cultural e seu papel na difusão de inova-
FORTNER, Robert. International Communication: History, Conflict,
ções dentro da sociedade brasileira. São Paulo: Dedoc, 1986.
and Control of the Global Metropolis. Belmont, CA: Wadsworth
CHAN, Joseph Man. Media internationalization in China: processes
Publishing Co., Inc., 1993.
and tensions. Journal of Communication, v.44, n. 3, p. 70-88, 1994.
MOWLANA, Hamid. Global information and world communication:
CIVITA, Roberto. Internacionalização do Grupo Abril. Entrevista
new frontiers in international relations. Nova York: Longman, 1986.
concedida a Eula D.T. Cabral em 11 fev.2005.
MURCIANO, Marcial. Estructura y dinámica de la comunicación
CONTI, Mário Sérgio. Notícias do planalto: a imprensa e Fernando
internacional. Barcelona: Bosch Casa Editorial, 1992.
Collor. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social
CORRÊA, Thomaz Souto. Internacionalização do Grupo Abril.
crítica na era dos meios de comunicação. Petrópolis: Vozes, 1995.
Entrevista concedida a Eula D. T. Cabral em 11 fev.2005.
TOLEDO, Roberto Pompeu de. O resolvedor de problemas. Abril: os
DIESENDRUCK, Elcan. Com licença: compreenda melhor o Licencia-
primeiros 50 anos. Edição especial, 2000.
IV Seminario Latinoamericano
de Investigación de la
Comunicación
Tema central
“URGENCIAS LATINOAMERICANAS
EN INVESTIGACIÓN COMUNICACIONAL:
PERSPECTIVAS CRÍTICO EPISTEMOLÓGICAS“
La Paz, Bolívia
8 al 10 de noviembre de 2007
Inscripción Online: www.alaic.net
Asociación Latinoamericana de
Investigadores de la Comunicación
Universidad Andina Simón
Bolívar (UASB)
LOS JÓVENES “EN” LOS NOTICIEROS
TELEVISIVOS CHILENOS
Lorena Mónica Antezana Barrios
Doctora en Ciencias Sociales (Información y Comunicación), Universidad Católica de Lovaina. Magíster en
Comunicación Social, Diplomada en Periodismo Cultural
y Crítica Especializada, Licenciada en Comunicación
Social, Título de Periodista de la Universidad de Chile.
Profesora y Directora de Postgrado del Instituto de la
Comunicación e Imagen, Profesora en Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Chile.
E-mail: [email protected]
154
RESUMEN
Mucho se habla de la juventud actual, su individualismo, desapego a las problemáticas sociales – salvo el movimiento de los secundarios del primer semestre-, de su bajo interés por la
política, de la hiper valoración del ocio y el hedonismo. Se les asocia a violencia, delincuencia
y adicción entre otras, pero también –aunque en situaciones muy específicas- con triunfos y
éxito sobre todo en el plano deportivo, ¿de dónde surgen estas lecturas sociales?, ¿son efectivamente representativas de toda población juvenil del país, o responden a una simplificación
y reducción desmedida de la complejidad constitutiva del sujeto joven? Lo que nos lleva a la
pregunta eje de este artículo ¿cómo están siendo representados los jóvenes por los noticieros
televisivos nacionales?
Palabras claves: Televisión, noticiero, jóvenes.
ABSTRACT
Much has been said about today’s youth, its individualism and indifference to social issues
– an exception was the high school students uprising occurred during the first semesterits low interest in politics, the overestimation of leisure time and hedonism. Yet, youth is
not only associated to violence, crime and addiction, among other social misbehaviors,
but also to triumphs and success (albeit in very specific situations), above all, in sports.
Where do these interpretations stem from? Are they truly representative of the country’s
entire youth, or do they represent an excessive simplification and reduction of the young
individual’s complex constitution? All those questions lead to the main issue debated in
this article: How are young people interpreted by national TV newscasts?
Keywords: Television, TV newscast, young people
RESUMO
Atualmente, muito se fala da juventude, seu individualismo e sua indiferença aos problema sociais - exceção ao movimento dos estudantes secundários no primeiro semestre de
2006 -, de seu baixo interesse pela política, de sua valorização ao ócio e ao hedonismo.
Ainda que o jovem seja associado à violencia, delinqüência e às drogas, ele também pode
ser asociado – embora em situações bastante específicas – com triunfos e êxitos, tal como
acontece no esporte. De onde surgem tais leituras sociais? São representativas de toda uma
população de jovens do país, ou correspondem a uma simplificação e redução sem propósitos da complexidade constitutiva do sujeito jovem? O que nos leva à pergunta-chave
deste artigo: como os jovens são representados pelos telejornais nacionais?
Palavras-chave: Televisão, telejornalismo, jovens
155
Los medios, y en particular la televisión, se convierten en espacios clave de reconstrucción de
imaginarios sociales en distintas temáticas y de
mediación entre los ciudadanos y las autoridades.
En Chile, según el informe del PNUD (PNUD,
2002), “La televisión transforma el espacio público. Esta afirmación refleja una evidencia en tanto
alude al acceso masivo de los chilenos. Casi todos
los hogares urbanos tienen televisor y a lo menos
ocho de cada diez chilenos lo encienden todos los
días. Puede afirmarse, además, la relevancia de la
televisión como fuente principal de información,
tanto para noticias sobre la ciudad (78%) como
de Chile (85%) y el mundo (79%)”. (PNUD,
2002, p.110)
156
El mismo informe indica que “de manera similar
a las ideologías políticas de antaño, ahora la televisión parece brindar a los chilenos las claves de interpretación con las cuales ver y leer sus vivencias”.
(PNUD, 2002, p.114), sobre todo el noticiario, el
cual de acuerdo a las distintas encuestas realizadas durante los últimos diez años es uno de los
programas más vistos por los chilenos (le siguen
las telenovelas) y además es visto en familia. El noticiero televisivo entonces “se proyecta como vehículo de aprendizaje que enseña a la familia a ‘vivir
socialmente’ según las exigencias de los tiempos
modernos, ayudando a comprender los cambios,
introduciendo nuevos códigos y brindando información útil para manejarlos y asimilarlos” (Winocur, R. 2002, p.68).
Los noticieros televisivos construyen una puesta
en escena discursiva de los fenómenos que son lo
cotidiano de la información. Los enunciados son
elaborados a partir de elecciones que conducen a
una forma verbal y visual que da sentido y produce representaciones colectivas que permiten que
podamos inteligibilizar el mundo. El sentido no
1 Estudios del Consejo Nacional de Televisión y de la Secretaría de
Comunicación y Cultura.
está nunca dado por adelantado, es construido por
la acción de lenguaje del hombre en situación de
intercambio social, además no es nunca aprensible
más que a través de las formas. Toda forma reenvía
al sentido y todo sentido reenvía a las formas en
una relación de solidaridad recíproca.
Siguiendo a Ricoeur, toda sociedad se construye a través de puestas en escena donde encuentra
su lugar y su sentido, y son esas puestas en escena las que permiten rearmar los acontecimientos
según las modalidades narrativas que autorizan a
esa sociedad a apropiárselas. Relatos que dan un
sentido al tiempo, que en televisión implican una
organización significante de materiales diversos
(linguísticos, gráficos, icónicos), con sus propias
particularidades.
Los vínculos entre espacio público, medios y reconocimiento no son en absoluto “naturales”. Bien
que estructurales, estos lazos toman formas muy
variables, determinadas a la vez por las diversas
configuraciones históricas del espacio público, y
por la evolución propia de los modos de reconocimiento social.(GENARD, J-L., 1996, p.15) El reconocimiento constituye el proceso por el cual la
identidad es reparada y actualizada.
En una perspectiva goffmaniana, es necesario
considerar tres momentos de reconocimiento ligados a los diferentes polos identitarios:
1. La auto- percepción (yo me re-conozco)
2. La representación (yo me dejo, yo me hago reconocer).
3. La designación (soy conocido, soy reconocido)
Es un juego de la construcción de las imágenes,
donde impresión y expresión se enlazan en un
movimiento incesante y dinámico. Los fenómenos
de reconocimiento están presentes en toda interacción social, por lo tanto en los medias. .(Klein,
A., Marion, P., 1996, p.46).
Los medios, y en particular la televisión, se convierten
en espacios clave de reconstrucción de imaginarios sociales en distintas
temáticas y de mediación entre los ciudadanos y las autoridades.
En este sentido la esfera pública está construida
por relatos que se cruzan y que configuran un relato común. Siguiendo a Lits, “Un relato, debe ser
entendido como un texto, entidad abstracta, donde se toma en cuenta la refiguración individual y
colectiva, creadora de identidad dentro de un anclaje social fuerte. Ricoeur consagra lo esencial de
su obra a relatos de ficción (literatura, historia) no
tomando en cuenta los relatos ordinarios pero, hoy
en día, siguiendo a De Certeau, la construcción de
nuestra relación con los otros y el mundo se basa
más (cuantitativamente) en los mensajes mediáticos que en los mitos, leyendas o la literatura. El
polo mediático es central en el sistema social y ese
polo está esencialmente construido según una lógica narrativa, en su producción y su recepción”
(Lits, M., 1997, p.44).
El modelo narrativo se impone como una estructura de escritura de las informaciones pero
también interviene en la forma en que los receptores consumen las secuencias construidas. La
secuencia de información ha sido montada, construida a través de un encadenamiento de planos
seleccionados, vestidas por un fondo musical y
será recibida también como un relato.
El presente artículo, a partir de una investigación realizada sobre el noticiero televisivo, analiza un corpus de programas televisivos del género
Telediario Nacional, centrándose en la estructura
temática del mismo, el tipo de relato que cons-
truye y focalizando la atención en la forma en
que están siendo representados los jóvenes en él.
Se analizó una semana reconstituida de los dos
canales con más altos índices de audiencia: Televisión Nacional de Chile (TVN)­ y Televisión de
la Universidad Católica de Chile -UC13- (marzo
– mayo 2006), contando con un corpus final de
14 emisiones (siete de cada canal).
La organización de los noticieros
A nivel general los noticieros televisivos abordados presentan una estructura temática bastante similar, divida en tres segmentos de los cuales el más
importante –de acuerdo a los datos de consumoes el primero, en el que se posicionan las noticias
referidas a ámbitos policial, catástrofes y hechos
insólitos. La categoría periodística más utilizada
es la informativa, salvo en algunos reportajes que
aparecen en la sección de “Crónica” de TVN y de
“Reporteros” en Teletrece.
Se registran diferencias en cuanto a los enunciadores y presentadores ancla de los noticieros. En
TVN nos encontramos con una dupla periodística que se alterna la presentación de las notas de
manera bastante equilibrada, a nivel temático sólo
cuentan con un presentador especializado para la
sección de deportes. En Teletrece en cambio un
presentador ancla preside el noticiario, reconociéndose varios presentadores temáticos. Una de
las secciones destacadas es “Reporteros” además
del bloque deportivo. Los enunciadores privilegiados en TVN son los actores corporativos, mientras
2 “Recepción cualitativa del telediario nacional por parte de los
jóvenes”. Investigación financiada por la Universidad Diego
3 En el artículo se utilizan indistintamente los nombres del noti-
Portales. Concurso: propuesta UDP Facultad 2005. Resol. VRA
ciario y del canal, a saber: “24 Horas Central” de TVN y “Teletrece”
N° 301/ 2005.
de UC13.
157
Los noticieros televisivos nacionales representan al joven
llevándolo a extremos opuestos, caracterizándolos de manera
excesivamente positiva y excesivamente negativa.
que no se evidencia una preferencia mayor en Teletrece, salvo las notas deportivas donde prevalecen los enunciadores testigo.
Observando con mayor detalle la estructura general del noticiero, en 24 Horas Central, con un
promedio cercano a las 15 notas diarias, logramos
diferenciar tres bloques marcados por la tematización, la duración de las notas y el rating. En el
primer tercio se ubican preferentemente las notas
policiales y los hechos que marcaron pauta durante el día. La suma de tiempo de estas notas supera
claramente a las del segundo bloque, no así al último tercio donde nos encontramos principalmente con crónicas y notas deportivas. Directamente
proporcional a la cantidad de tiempo de las notas
se presentan los puntos de rating, es decir su pick
se encuentra en el principio o en el final del noticiero, nunca en el centro de éste.
158
En Teletrece observamos un promedio de 20
notas por día y una distribución temporal homogénea. Al igual que en 24 Horas, Teletrece ubica
las noticias policiales en el primer bloque, sin embargo, también demuestra una tendencia hacia las
noticias relativas a temas de desastres y tragedias
en el primer lapso de emisión. En cuanto a rating
encontramos patrones variados y no se identifica
una curva en particular, el promedio de rating es
claramente menor al de 24 Horas Central y sólo
supera significativamente al noticiero de TVN el
día sábado en su bloque deportivo.
En la categoría periodística de las notas, TVN
registra un cambio en la categoría periodística
hacia un punto de vista informativo – interpretativo, en las notas referidas a temas de sociedad
donde se rompe la consecución de notas infor-
mativas por una crónica que no obedece a un
hecho desarrollado en el transcurso del día. Por
otra parte, estas crónicas generalmente superan
en cantidad de tiempo a las notas informativas,
encontrando excepciones sólo en algunas notas
informativas emitidas en el primer tercio del noticiero. Los otros cambios en el formato se pueden ubicar en los bloques tanto nacionales como
internacionales, que corresponden a un compacto de noticias breves generalmente emitidas en el
tercio central del noticiero.
En este mismo punto en UC13, nos encontramos casi exclusivamente con características informativas, por sobre la interpretación o la opinión.
Del mismo modo el formato de éstas es principalmente informativo, variando a estilo reportaje en
la sección “Reporteros”, donde se intenta profundizar en temas cotidianos de interés público, preferentemente en situaciones sociales amenazantes
que pudieran servir de advertencia y prevención al
televidente. Sólo identificamos comentarios e interpretación en los segmentos deportivos.
Los presentadores ancla en “24 Horas Central”
de lunes a viernes son una pareja de periodistas
jóvenes, con gran trayectoria y reconocidos por
ésto, ellos comparten de manera simétrica el protagonismo de la conducción, el fin de semana, de
manera un poco más informal un periodista en
solitario se hace cargo de la conducción. Además,
observamos conductores deportivos que acompañan al (los) conductor (es) ancla para presentar las
noticias de este género. En las notas informativas
deportivas, resalta la figura de un periodista temático que sólo se dedica a trabajar este tipo de contingencias. Su rol es interpretativo.
En “Teletrece” el presentador ancla de la semana es un periodista de perfil directo e inquisitivo,
acompañado por una periodista joven que se hace
cargo de presentar las notas del segmento “reporteros”, además cuenta con un periodista de reconocida trayectoria encargado de la sección deportiva y también con un periodista de fin de semana,
distinto a la conducción habitual, como presentador ancla el fin de semana. A su vez identificamos
preferentemente la presencia de personajes mediáticos ligados a la política y la religión y en menor
medida a deportistas destacados.
Con respecto a los enunciadores presentes en
las notas, en TVN observamos una tendencia hacia los actores corporativos por sobre expertos o
testigos (excluyendo las noticias deportivas) lo
que representa una inclinación por un discurso a
través de personajes que representen bajo sus comentarios a instituciones, agrupaciones o entidades públicas y privadas. En las noticias policiales
además de los actores corporativos destacamos la
existencia de testigos como principales enunciadores, lo que podría representar una cierta intención por informar ambas versiones de la noticia
a través de un actor participante, involucrado casual o intencionalmente en el acontecimiento y
a su vez la de un actor corporativo que comente
y/o explique el suceso o los antecedentes del caso,
desde una palestra oficial, como vendrían siendo
carabineros, policías o fiscales involucrados.
Los enunciadores en UC13 no presentan patrones reiterativos en las notas informativas y varían
aleatoriamente según la noticia, exceptuando las
4 Son Enunciadores los sujetos responsables de la enunciación y se
distinguen: (a) Periodista Temático: periodista que se hace cargo
notas informativas deportivas, donde principalmente encontramos enunciadores testigo. En
tanto, dentro de los reportajes observamos una
clara propensión por incluir una gran variedad
de enunciadores.
Características del relato mediático:
policial y deportivo
En el análisis de las notas que registran mayor
presencia de jóvenes, es decir las de índole policial y deportivo, a nivel general, la estructura de
las noticias que abordan temáticas policiales es
fundamentalmente narrativa en ambos noticieros
televisivos. El enunciador –utilizando estrategias
distintas- plantea el tema que es desarrollado en
la nota, en ésta encontramos un inicio, desarrollo
- climax y fin y además observamos una moraleja
o lección, en algunos casos explícita (enunciada
por presentadores o enunciadores secundarios) y
en otros implícita. En la presentación de la nota se
observa la utilización de técnicas provenientes de
los registros ficcionales: recreación, dramatización,
repetición, incorporación de música, y otras.
A nivel específico, en “24 Horas Central”, observamos una construcción narrativa más interpretativa, el presentador asume un rol fundamental en
la enunciación de las notas, otorgando un espacio
a la reflexión e invitando al análisis de los factores
que podrían estar a la base de las conductas de los
jóvenes. En su discurso encontramos una intención por comprender pero no justificar estos actos,
donde generalmente se apunta a la presunción de
la vulnerabilidad y a las dificultades que impone la
sociedad para que los jóvenes se integren. El cierre
en tanto enmarca la difícil situación del círculo de
la delincuencia.
de una sección específica dentro del noticiario. Ej. Deportes, Reporteros, etc (b) Periodista: encargado de la nota; (c) Testigo: Habla
desde sí mismo: opina, testifica, etc. (d) Experto: Habla desde un
saber profesional o experiencial; (e) Actor Corporativo: Habla representando a otra instancia. Ej: Ministerio, Gobierno, Directo, etc.
Por el contrario, en “Teletrece” observamos una
construcción narrativa más informativa, estructurándose el relato en dos ejes: el primero focaliza
159
su atención en castigar a los protagonistas de los
hechos violentos y criticar a las autoridades que
sólo ahora deciden actuar. El segundo, demuestra
empatía con la causa castigadora, con esto destaca el rol del noticiero como principal aliado de la
justicia y de quiénes ansían ver a los responsables
castigados. No identificamos reflexiones ni una
conclusión al cierre de la presentación.
% Notas con presencia de jóvenes
82
71
29
18
TVN
UC13
Jóvene
En cuanto a la enunciación de la moraleja
o lección de la noticia, si bien TVN realiza este
ejercicio a través de sus presentadores, quiénes
pretenden dejar un espacio a la reflexión, UC13
lo hace por medio de diferentes enunciadores
dentro de la nota, que destacan la responsabilidad de los adultos sobre el actuar de los jóvenes,
en particular menores de edad.
160
Muchas de las noticias deportivas también
asumen esta estructura, el registro es también el
drama pero ligado a la figura de un héroe y no
de una víctima o victimario como en el caso de
un relato policial. Este héroe es individualizado
a diferencia del personaje del relato policial, y la
moraleja más que una lección es un estímulo a
la imitación de la conducta. Estos personajes son
un ejemplo a seguir al contrario de los que aparecen vinculados a temáticas policiales.
Encontramos estas mismas características en
las notas que abordan temáticas sociales: crónicas y reportajes, también presentan moralejas y
se esgrimen estrategias persuasivas basadas en la
movilización de sentimientos: ira, dolor, júbilo,
desazón, indignación, etc.
Cada vez con mayor frecuencia se observa la
utilización de elementos ficcionales en la presentación de las notas: música de fondo, sonido
ambiente, impostación de la voz en off para darle
dramatismo al relato, recreación de escenas, dramatización y otras.
Otros
Gráfico nº 1
Espacio otorgado a los jóvenes
De acuerdo a nuestro análisis ambos noticieros
presentan similitudes en cuanto al espacio que
le otorgan al sujeto joven. El porcentaje de notas
con presencia de jóvenes es levemente superior en
TVN. (Gráfico 1)
En ambos noticieros la concentración de notas
con presencia de jóvenes se identifica claramente
en los temas deportivos y policiales. Existe una
diferencia notoria en TVN pues la tendencia es a
relacionar a los jóvenes más con temas deportivos
que policiales, mientras que en UC13 la dinámica
es completamente opuesta. La alta presencia de jóvenes en las notas deportivas, se explica entendiendo que éstos son los principales protagonistas de la
actividad, dadas las exigencias físicas que acarrea
la alta competencia. Sin embargo, debemos hacer
hincapié en la cantidad de notas con presencia de
jóvenes en los temas policiales que, por lo general,
están ligados a actos de violencia y delincuencia, lo
que demuestra una clara tendencia a relacionar al
sujeto joven con estas tematizaciones. (Gráfico2)
De la misma forma encontramos una notoria
similitud dentro de las características de la presentación del joven vinculado al deporte, ya que la
mayoría de las notas están focalizadas en el sujeto
joven- individual a través de arquetipos relativos
al esfuerzo, el triunfo y el éxito personal. En consecuencia estas notas generalmente se refieren a
Tematización %
45
40
36
28
TVN Policial
27
Deportivo
24
Otros
TVN
UC13
Gráfico nº 2
deportistas destacados que sobresalen a través de
sus talentos.
En notas policiales, identificamos al joven como
víctima y victimario. Si bien, no en todas las notas
el joven es el autor de los crímenes o delitos, el hecho de que sea víctima también lo relaciona con la
violencia puesto que se presenta inmerso en ella.
Por ende siempre que él o los jóvenes están dentro
de una nota policial son presentados ya sea como
actor material de los hechos delictivos o como víctimas de una situación de violencia.
Debemos destacar que las notas policiales con
presencia de jóvenes en ambos canales, corresponden generalmente a notas con los índices de rating
más altos dentro de la emisión.
Representación de los jóvenes
Los noticieros televisivos nacionales representan
al joven llevándolo a extremos opuestos, caracterizándolos de manera excesivamente positiva y
excesivamente negativa, lo que simplifica la complejidad constitutiva de este sujeto.
Esto se observa por medio de los arquetipos más
reiterados reconocidos en las notas con presencia de jóvenes. Es decir joven exitoso, talentoso,
campeón, ídolo, héroe, versus joven vulnerable,
vicioso, violento, delincuente. De esta manera, si
el joven no es reconocido públicamente por sus
talentos individuales como sujeto destacado en la
disciplina que le compete, inmediatamente (saltando términos medios) se le reconoce como un
joven carente de propósitos, habilidades y voluntad, como un individuo susceptible representado
por la delincuencia y el riesgo social. Esta polarización estereotipa al individuo estudiado en el joven
bueno-exitoso y en el joven malo-delincuente.
Tanto en 24 Horas Central (TVN), como en
Teletrece, del total de notas con presencia juvenil
un alto porcentaje se focalizó en el sujeto individual joven Las notas deportivas se refieren principalmente a campeones nacionales o futbolistas
destacados donde sus designaciones visuales son
vinculadas al esfuerzo y al triunfo, se les muestra
recibiendo premios o desarrollando con éxito su
disciplina, metiendo goles y celebrando. Las designaciones verbales en tanto, generalmente apuntan
a adjetivos positivos que los acercan a la categoría de ídolos o héroes nacionales, campeones, talentosos, ejemplos. Además se refieren a ellos con
sobrenombres que recalcan sus capacidades y que
tienden a generar una cierta relación de afecto y
empatía con la audiencia.
Muy por el contrario, en las notas policiales los
jóvenes se ven envueltos en situaciones delictivas
como víctimas y principalmente como victimarios,
lo que deviene en arquetipos como, antisociales,
peligrosos y segregados. Prácticamente en todas
las notas hay hechos de violencia, lo que implica
una asociación con la agresividad. Sólo en algunos
casos existen designaciones verbales que se refieren a la vulnerabilidad social de estos, sin embargo, las principales designaciones van de la mano
con frases relativas a la violencia. En el aspecto visual por lo general no vemos acciones explícitas de
sangre, no obstante, siempre se busca mostrar al
sujeto mientras el periodista describe verbalmente
los cargos o hechos que se le imputan.
161
Tipo de presencia jóvenes (%)
52
40
44
41
16
7
Focalizada
Implícita
Desplazamiento
TVN
UC13
Gráfico nº 3
Solo observamos una nota centrada en el sujetoindividual fuera de los tópicos deportivos y policiales, donde se expone la creación de una nueva
tecnología por parte de estudiantes universitarios.
Los posibles arquetipos sugieren adjetivos como
jóvenes estudiosos, brillantes o esforzados lo que a
su vez vuelve, al igual que en las notas deportivas,
a exhibir positivamente al joven a través de sus logros, descubrimientos y triunfos por medio de sus
talentos, es decir sobresaliendo por medio de sus
éxitos personales. (Gráfico 3)
162
Cuando nos referimos a las notas (focalizadas)
sujeto-masivas, los jóvenes son mostrados como
una amenaza, enmarcados también por hechos
de violencia. Si bien no se habla de asesinatos ni
crímenes mayores, se hace referencia al actuar
irracional y antisocial de la masa especialmente en
protestas y en barras bravas.
En cuanto a las notas con presencia implícita,
o sea donde el joven se advierte parcialmente
en la nota, existe una situación completamente opuesta a la exposición focalizada ya que en
este caso prácticamente la totalidad de las notas
evidencian una presentación colectiva. De esta
forma el grupo se transforma en un factor fundamental, ya no se habla de un joven o jóvenes
sino de una turba que actúa en forma colectiva,
bajo el adjetivo de manifestantes, encapuchados
o barristas. Aquí no vemos al sujeto joven como
tal si no hacemos un esfuerzo por reconocer a los
personajes dentro de los grupos, sin embargo, al
observar atentamente, los integrantes de estas
muchedumbres por lo general son jóvenes actuando agresivamente.
Si en las notas focalizadas los jóvenes en el segmento deportivo eran principalmente considerados ídolos o estrellas, en las notas con presencia
implícita la tematización es policial por cuanto se
emiten notas relativas a las barras y su mala conducta. Los arquetipos posibles apuntan a la delincuencia y la violencia.
Las notas de desplazamiento no pertenecen a
ninguna tematización en particular, no obstante,
sistemáticamente muestran al joven como víctima dentro de los diferentes tópicos noticiosos.
En consecuencia observamos que en la mayoría
de estas notas, el desplazamiento se realiza desde
el joven víctima –socialmente vulnerable- hacia
las diferentes amenazas del medio, o bien desde
los peligros de la sociedad actual, hacia un joven
víctima de éstos.
En síntesis, resaltamos la presencia de jóvenes
principalmente en temas policiales y deportivos, lo
que conlleva en el primer caso, a una vinculación
con la violencia, la delincuencia, la agresividad y la
vulnerabilidad social como víctimas y victimarios,
tanto en notas focalizadas como implícitas. Por el
contrario, en las notas deportivas, vinculamos a
los jóvenes con el esfuerzo, el triunfo y especialmente con el éxito personal, a través de arquetipos
tales como héroes, ídolos o talentosos. Estas notas
son preferentemente focalizadas y se centran absolutamente en el individuo.
5 Se refiere a los “hinchas” o fans deportivos, que se organizan en
grupos para apoyar a sus equipos en los eventos deportivos.
A modo de cierre
empleada en la presentación de otras temáticas.
A partir de los resultados de la investigación podemos afirmar:
• Los noticieros televisivos nacionales presentan una estructura temática similar, posicionando en primer lugar las noticias de índole policial,
las que además son ubicadas en el segmento de
más alta audiencia.
• En los noticieros televisivos nacionales los
jóvenes están prácticamente ausentes y cuando
aparecen lo hacen mayoritariamente en notas
que abordan temáticas deportivas y policiales.
• Los noticieros televisivos nacionales construyen de manera narrativa las noticias policiales y
deportivas incorporando moralejas de naturaleza
implícita o explícita. Este tipo de estructura es cada
vez más utilizada en el noticiero y empieza a ser
• Los noticieros televisivos nacionales simplifican y reducen al sujeto juvenil posicionándolo en
dos categorías opuestas: (1) representan al joven
como sujeto individual asociado a arquetipos
positivos y relacionado con noticias de índole
deportivo. (2) representan al joven como sujeto
colectivo asociado a arquetipos negativos y relacionado con noticias de índole policial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Consejo Nacional De Televisión Estudio Estadístico de televisión
Recherches en Communication. N° 7, 1997.
Abierta. Departamento de Supervisión (2000-2004).
LOCHARD, Guy. Dispositifs télévisuels et enjeux sociocognitifs. In:
______________. Estudios de audiencia y Consumo televisivo 1999
Penser la televisión. Actes du colloque de Cerisy sous la direction de
– 2002. Consumo y valoración de noticieros. Departamento de
Jêrome Bourdon et Francois Jost. NATHAN. 1998.
Estudios, 2003.
LOCHARD, Guy .Soulages, J.C. La communication télévisuelle. Paris:
CHARAUDEAU, Patrick. La télévision peut-elle expliquer ? Dans
Armánd Colin, 1998.
“Penser la télévision. Actes du colloque de Cerisy”. Sous la direction
MARION, Philippe. Le Sport Entre Récits Et Médias. Le Récit Media-
de Jërome Bourdon et François Jost. NATHAN. Institut national de
tique Comme Modèle D’interpretation. In: Tribunes de presse, Etudes
l’audiovisuel, 1988.
sur la construction journalistique du sport, sous la direction de Gérad
______________. Le discours d’information médiatique. La construc-
Derèze. Editions Academia – Bruylant S.A., 1996.
tion du miroir social. NATHAN, 1997a.
______________. Au seuil du JT. In: Penser la televisión. Actes du
______________. Les conditions d’une typologie des genres télévisuels
colloque de Cerisy, sous la direction de Jêrome Bourdon et Francois
d’information. Dans Reseaux N° 81. CNET, 1997b.
Jost. NATHAN, 1998.
GENARD, Jean-Louis. Espace Public, Medias, Effets Et Strategies De
PNUD. Desarrollo Humano en Chile. Nosotros los chilenos: un desafío
Reconnaissance. In : Revista Recherches en Communication Nro 6.
cultural. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo, 2002.
Université Catholique de Louvain. Département de communication,
RICOEUR, Paul. Temps et récit 1. L’intrigue et le récit historique. Edi-
1996.
tions du Seuil, février, 1983.
JAMET, Claude; JANNET, Anne-Marie. La mise en scène de
SOULAGES, Jean-Claude. Les Mises En Scène Visuelles De
l’information. Paris: L’Harmattan, 1999.
L’information . Etude comparée France, Espagne, Etas-Unis.. NA-
JOST, Francois. Quand y a-t-il énonciation télévisuelle? In: Penser la
THAN. Collection Médias – Recherches. 1999.
televisión. Actes du colloque de Cerisy, sous la direction de Jêrome
SUNKEL, G., Geoffroy, E. Concentración económica de los medios de
Bourdon et Francois Jost. NATHAN. 1998.
comunicación. Santiago de Chile: LOM Ediciones, 2001.
KLEIN, Annabelle ; MARION , Philippe. Reconocimiento e Identidad
VERON, Eliseo. Il est là, je le vois, il me parle. In: Communications N°
Frente Al Espacio Mediático. In: Revista Recherches en Communication
38. Paris: Ed. Du Seuil, 1981-1982.
Nro 6, 1996.
WINOCUR, Rosalía. Ciudadanos mediáticos. La construcción de lo
LITS, Marc. Le récit médiatique:un oxymore programmatique? In:
público en la radio. Editorial Gedisa S.A. 2002.
163
ESTUDOS DE RECEPÇÃO E IDENTIDADE
CULTURAL: ABORDAGENS BRASILEIRAS
NA DÉCADA DE 901
Nilda Jacks
É professora do PPGCOM/UFRGS, pesquisadora do
CNPq e autora dos livros “Mídia Nativa. Indústria Cultural e cultura regional” e “Querência. Cultura regional
como mediação simbólica. Um estudo de recepção”,
ambos pela Editora da UFRGS. É co-autora de “Hermanos, pero no mucho. El periodismo narra la paradoja
de la fraternidad y rivalidad entre Brasil e Argentina.
Buenos Aires. La Crujía Ediciones, 2004 e Comunicação e Recepção. São Paulo. Hacker Editores, 2005. Fez
pós- doutorado, em 2006, com Jesus Martin- Barbero/
Universidad Nacional de Colombia.
E-mail: [email protected]
Daiane Boelhouwer Menezes
164
Mestranda em Ciências Sociais na PUCRS e bolsista
do CNPq, graduada em Comunicação / Jornalismo na
UFRGS e ex-bolsista de Iniciação Científica / CNPq do
Núcleo de Pesquisa Cultura e Recepção Midiática da
UFRGS (http://www.ufrgs.br/midiatica/).
E-mail: [email protected]
1 Texto apresentado no GT Estudios de Recepción/ ALAIC 2006, coordenado pela Profa. Veneza Ronsini, à qual agradecemos as críticas que
geraram esta outra versão.
RESUMO
Este texto remete-se a uma pesquisa que analisou o estado da arte dos estudos de recepção
realizados nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação do Brasil, durante a década
de 1990. O objetivo, aqui, é apresentar uma análise dos trabalhos que tomam a identidade
cultural como mediação nos processos de recepção. Verificou-se que todos utilizam a perspectiva teórica latino-americana, têm as mediações como foco de análise e concluem que
as identidades culturais não foram profundamente abaladas pelos meios de comunicação,
porque estes fazem parte da cultura e da construção das identidades.
Palavras-chave: recepção; identidade cultural; pesquisa
ABSTRACT
This paper deals with research analyzing the state of the art of the reception studies
carried out in the Post-Graduate Courses in Communication in Brazil during the 1990s.
The purpose of this work is to provide an analysis of the research projects conducted on
the cultural identity as mediation in the reception processes. It was established that all of
the projects adopt the Latin American theoretical perspective, where mediations constitute the focus of the analysis, whose conclusion point to the fact that the cultural identities
have not been significantly affected by the media, as these are part of the culture and the
construction of the identities.
Keywords: reception studies; cultural identity; research.
RESUMEN
Este texto se refiere a una investigación sobre el estado del arte de los estudios de recepción
desarrollados en los postgrados en comunicación brasileros, durante la década de 1990.
El objetivo, aquí, es presentar un análisis de los trabajos que capturan la identidad cultural
como mediación en los procesos de recepción. Fue verificado que todos utilizan la perspectiva teórica latinoamericana, tienen las mediaciones como foco del análisis y concluye
que las identidades culturales no habían sido cambiadas profundamente por los medios
de comunicación, por que estos son parte de la cultura y de la construcción de las
identidades.
Palabras claveS: recepción; identidad cultural; investigación.
165
166
Na década de 90 foram realizadas 1769 pesquisas, entre teses e dissertações, nos 11 Programas
de Pós-Graduação em Comunicação, então existentes no Brasil. Deste total, apenas 45 possuem
como objeto de estudo a relação das pessoas com
os meios de comunicação, os chamados estudos de
recepção. Dentre eles, cinco trabalharam a identidade cultural como foco para entender a relação
entre receptores e meios, todas classificadas como
de abordagem sociocultural, a qual abarca uma
visão ampla e complexa do processo de recepção,
levando em consideração múltiplas relações. Mais
do que o estudo do fenômeno em si, os trabalhos
que utilizam esta abordagem pretendem problematizar e pesquisar, do ponto de vista teórico ou
empírico, sua inserção social e cultural (Escosteguy, 2004). Os trabalhos aqui analisados são do
período entre 1993 a 1997, sendo uma tese (Jacks,
1993), a primeira defendida, e os demais dissertações, quatro delas versando sobre televisão (Jacks, 1993; Ronsini, 1993; Brittos, 1996; Vilar, 1995)
e uma sobre rádio (Silva Neto, 1997). Estes cinco
trabalhos adotam a teoria das mediações, embora um não o explicite, mas todos têm Jesús Martín-Barbero como autor fundamental, três deles
referindo-se basicamente a “De los medios a las
mediaciones” (1987). Guillermo Orozco Gómez
aparece como autor principal em dois trabalhos,
baseados em sua publicação “Recepción televisiva:
tres aproximaciones y uma razón para su estudio”
(1991), em seguida aparece Néstor García Cancli-
ni. As tendências disciplinares de quatro trabalhos
que exploram a interdisciplinaridade ou a multidisciplinaridade são a Antropologia, a Sociologia e
a História, em geral no âmbito dos estudos culturais. Apesar destas adoções, nenhum declara suas
premissas epistemológicas, embora dois refiramse à crise dos paradigmas que definiram a comunicação de modo determinista, e à busca de novos
paradigmas, que concebam a comunicação como
um processo dialógico. Isto implica dizer que a comunicação não é unívoca e direta, mas um processo de mão dupla, resultante da negociação dos
sentidos, uma vez que diversas mediações intervêm no processo.
Sobre o receptor, todos têm como premissa a
reinterpretação e reelaboração das mensagens,
segundo sua vivência cotidiana e seus valores, sua
identidade cultural e características como idade,
sexo, escolaridade, religião, etnia, grupo social,
etc. Quatro trabalhos enfatizam, ainda, a recepção
como âmbito de produção de sentido, superando a supremacia dos meios e deslocando para o
receptor a capacidade de dar significação para os
conteúdos midiáticos. Outra noção recorrente
é que o processo de recepção não se restringe ao
momento de assistir à televisão, começando bem
antes e terminando bem depois deste ato.
No que diz respeito ao emissor, nem todos os
trabalhos o tomam em conta para explicitar as
premissas que regem seu papel no processo de comunicação, configurando-se como uma tendência
1 Não foram considerados 1990 e 91, pois a divulgação dos resumos começou a partir de 92. Ver Capparelli e Stumpf (1998, 2001).
2 No final da década os Programas somavam 20 e em 2006 somavam 27.
3 Utiliza-se como base a classificação proposta por Escosteguy (2004), que analisou o mesmo corpus com outros propósitos e identificou abordagens “sócio-culturais”, “comportamentais” e “outras”. A abordagem comportamental é caracterizada como o estudo dos diferentes impactos
derivados dos meios, isto é, o produto midiático é considerado um estímulo que provoca diversas reações nos públicos. Aí se encontram
aqueles estudos de formação de opinião, efeitos cognitivos, usos e gratificações, e outras investigações de caráter psicológico. Na categoria
outras estão reunidas pesquisas de orientações diversas - o receptor idealizado sob o ponto de vista do emissor, do discurso, da teoria literária,
da semiótica, etc.
4 Publicada em 1999 pela Editora da Universidade/ UFRGS com o título: Querência. Cultura regional como mediação simbólica. Um estudo
de recepção.
5 Nesta década os estudos sobre televisão totalizaram 135, sendo que de recepção foram 20.
6 Os estudos sobre rádio totalizaram 58, sendo nove dedicados à recepção.
Sobre o receptor, todos têm como premissa a reinterpretação e
reelaboração das mensagens, segundo sua vivência cotidiana e seus
valores, sua identidade cultural e características como idade,
sexo, escolaridade, religião, etnia, grupo social, etc.
desta década, a qual centrou fortemente a análise
no pólo da recepção, possivelmente como uma estratégia para romper com os determinismos teóricos que precederam os estudos de recepção. Os
que o fazem partem de situações empíricas relacionadas a seus objetos.
Quanto aos meios, de modo geral, são apontados como responsáveis por alterações nas formas
de usufruir o dia-a-dia, pela instauração de novas
sociabilidades, temporalidades e configurações
sociais, assim como promotores de novas práticas, linguagens e estéticas. A televisão, especificamente, é vista como uma instituição social e um
agente mediador entre a sociedade e o receptor,
como reprodutora da realidade, que compete com
outras instituições sociais e/ou com o próprio
real, fazendo emergir, desta forma, as contradições
que envolvem o papel e as funções deste meio na
sociedade contemporânea. Em outras palavras,
alguns trabalhos destacam que a televisão é uma
das mediadoras, em si mesma, da apropriação dos
significados pelos receptores, podendo mascarar e
negar conflitos, numa tentativa de unificação de
seu discurso.
Quanto às mensagens, dois trabalhos afirmam
genericamente seu caráter polissêmico e outro,
referindo-se especificamente à imagem televisiva,
parte da premissa de que mais que os outros códigos, sua interpretação é fonte de incertezas, pois
sua atuação nos mundos do imaginário e dos símbolos é de difícil apreensão. Sobre os gêneros da
programação, outro elemento importante na análise do processo de recepção, apenas um trabalho
expõe suas premissas, embora três deles trabalhem
com gêneros muito específicos, o que demandaria
considerações a respeito. Nesse único trabalho, é
afirmado que a telenovela sempre carrega a marca do eixo produtor, mesmo quando o enfoque
privilegia outros universos culturais, e que ela se
constitui em expressão nacional pela identificação
com a cultura brasileira. Os dois outros apenas
destacam os aspectos econômicos que envolvem
a concepção da telenovela como um produto
cultural industrializado, os quais determinariam
todo o processo de produção, não tomando em
conta, portanto, tudo que diz respeito à gramática
do gênero e suas implicações na relação com os
receptores. Finalmente, sobre os meios de comunicação e a construção de identidades, apenas três
pesquisas apresentam suas premissas a respeito:
uma afirma que a televisão brasileira é um importante agente integrador da cultura nacional e, em
alguns casos, da cultura regional, como no caso
gaúcho. Outro trabalho parte da premissa de que
os meios atuam decisivamente na constituição
das identidades porque – nas palavras do autor
– transmitem cultura, o que não implica na total
destruição das culturas populares e locais. Um terceiro, tratando do rádio, afirma que este não opera somente alterando as ordens contratuais tradicionais ou desenraizando culturas e identidades,
mas promove também a manutenção dos antigos
contratos, ainda que com marcas de hibridização
cultural. De forma ampla e genérica, estes foram
os pressupostos que nortearam as pesquisas realizadas na década de 90, ao tomarem a identidade
cultural como mediação básica na relação entre
meios e audiências, o que mostra que nem todos
os âmbitos, elementos e processos foram considerados na formulação da pesquisa.
167
Sobre objetos, problemas e técnicas.
Os objetos de estudo e suas formulações nas
duas pesquisas que trabalharam com telenovela
foram: o estudo da relação entre identidade regional gaúcha – entre famílias de três estratos sociais
vivendo em uma cidade média – com o processo
de recepção de uma telenovela de cunho regional,
e a relação das práticas produtivas e culturais de
mulheres de uma comunidade rural pertencente
ao mesmo município com a recepção da mesma telenovela (Pedra sobre Pedra). O primeiro
quis investigar como aquela identidade articula
Nesta década, os trabalhos que analisaram a
relação entre identidade cultural e os
meios tiveram sua origem em duas regiões
eqüidistantes do eixo rio – São Paulo.
168
as apropriações e interpretações de certos valores
veiculados pelas telenovelas, e o segundo como a
cultura camponesa, altamente vinculada as suas
práticas produtivas e sua forma de ganhar a vida,
faz a mediação na recepção da telenovela. Um terceiro trabalho também abordou a mediação da
identidade cultural gaúcha explorando, neste caso,
a recepção de televisão a cabo por famílias de um
município de porte médio de outra zona, aparentemente menos afeita ao gauchismo. O objetivo
era verificar como os traços desta formação identitária, somada à identidade local, interferem no
relacionamento do receptor com este meio de caráter global. Outra pesquisa explorou a mediação
da identidade cultural no processo receptivo de
um grupo de pessoas de uma cidade do interior
do nordeste, a partir do lugar que a TV ocupa em
seu cotidiano. O problema enfrentado foi saber
como a TV constrói a trama identitária da audiência no jogo que estabelece com outros elementos
culturais. O trabalho que estuda a recepção de um
Para um estudo comparativo ver Jacks e Ronsini (1995).
programa de rádio analisou de que modo ouvintes
de uma cidade nordestina realizam seus percursos,
estratégias e manobras com vistas à construção e/
ou negociação de sentido para o que é ouvido em
uma determinada emissora, a partir da identidade local. Ou seja, nesta década, os trabalhos que
analisaram a relação entre identidade cultural e os
meios tiveram sua origem em duas regiões eqüidistantes do eixo Rio – São Paulo, reconhecido
pólo cultural do país. Possivelmente traduziram
preocupações de zonas periféricas quanto às transformações de suas identidades frente às ações dos
meios massivos.
No que diz respeito às hipóteses, dois trabalhos (Brittos, 1996; Jacks, 1993) propõem que as
mediações do contexto cultural são responsáveis
por uma recepção diferenciada, tanto do ponto
de vista da proposta do emissor, quanto dos diferentes âmbitos a que pertencem os receptores, e
outro (Ronsini, 1993) que as práticas produtivas e
culturais do meio rural são fundamentais no processo de recepção, ainda que os meios tendam a
homogeneizar as diferenças culturais, estimulando a rejeição ou afirmação daquele modo de vida.
Estes três trabalhos vislumbram que a mediação
da identidade cultural é importante porque garante, no caso da recepção de telenovela, uma negociação de sentidos em relação aos referentes da
cultura nacional e no caso da TV a cabo, a respeito
da cultura globalizada. No trabalho sobre rádio, o
autor acredita que é a partir da dimensão imaginária por ele aguçada, que afirma sua participação
no processo de intervenção sobre as formas de sociabilidade.
Quanto aos procedimentos e técnicas de pesquisa, todos os cinco trabalhos utilizaram a entrevista
como uma das técnicas de levantamento de dados, sendo que quatro complementaram as entrevistas com observações etnográficas. Além disso,
para uma primeira aproximação, um deles utilizou questionários e outro, formulários. Ou seja,
o conjunto de trabalhos demonstrou um esforço
na combinação de técnicas e procedimentos para
complementação dos dados. Entretanto, nenhum
utilizou estratégias e técnicas para analisar as falas
dos entrevistados, usadas na maior parte das vezes
como ilustração.
Quanto à análise do gênero midiático, só as
pesquisas sobre a recepção da telenovela e do programa radiofônico a empreenderam. Os tipos de
análises realizadas sobre a telenovela foram: “análise cultural”, que se propõe a verificar os valores
culturais roteirizados pela telenovela e análise de
conteúdo axiológico, trabalhando com a revelação
de valores ligados aos temas mulher urbana e
rural, cidade e campo, buscando entender a proposta da mensagem a partir de categorias que são
relevantes para o receptor. O trabalho sobre rádio
procurou sua configuração estética e os elementos
que concorrem para a formação dos “contratos
de leitura”, permitindo o estabelecimento de uma
base de reconhecimento e identificação por parte
da audiência.
Com relação às amostras, a tese sobre recepção
de telenovela no contexto gaúcho estudou 12 famílias de diferentes estratos sociais, sendo que a
primeira fase é constituída de 46 pessoas e a segunda por uma pessoa de cada família, representando diferentes papéis familiares. A dissertação
que estudou a recepção da mesma telenovela
trabalhou com oito mulheres camponesas de diferentes idades. A amostra do trabalho sobre TV
a cabo foi composta por seis famílias gaúchas escolhidas a partir do perfil dos assinantes, realizado
pela operadora do canal, sendo que na primeira
etapa foram entrevistadas 11 pessoas da comunidade para levantar os traços da cultura local. A
pesquisa sobre televisão aberta trabalhou cerca de
200 pessoas (algumas participaram dos serviços de
alto-falante e da chegada do rádio, outras acompanharam a chegada da TV, além de repentistas
que trabalhavam na emissora de rádio e alunos
de 1º e 2º graus de escolas públicas e privadas). A
amostra do trabalho sobre rádio, por sua vez, foi
composta por várias pessoas da comunidade estudada, de diferentes níveis sócio-econômicos e de
instrução, e por trabalhadores da rádio que transmite o programa analisado. Pode-se observar, em
alguns casos, a falta de critérios definidos para a
composição da amostra e em outros a ausência de
apresentação de sua composição.
Sobre os resultados alcançados
A tese sobre a relação entre identidade gaúcha e
a recepção de telenovela traz como uma das conclusões a idéia de que estudar os processos de recepção é nada mais do que estudar identidades,
e que a importância da identidade cultural no
conjunto das mediações que intervêm no processo de recepção depende de como ela estrutura-se
e estrutura o cotidiano da audiência. Afirma, ainda, que a identidade regional gaúcha configura-se
uma situação específica, porque é fortemente institucionalizada e com certo grau de homogeneidade
entre os diferentes componentes da amostra (estratificada em classes, idades e gêneros). A autora
constata que os modos e hábitos de ver televisão,
sua importância e as interpretações dadas aos conteúdos variam de acordo com características socioeconômicas, etárias e sexuais, mas que algumas
semelhanças ultrapassam estas condições, como
a preferência pela RBS TV (afiliada da Rede Globo), que relativiza o discurso da emissora carioca e
fortalece a identidade regional. Aponta ainda que
a “roda de chimarrão” durante a recepção da telenovela é uma “mediação situacional simbólica”,
na qual está presente parte da memória coletiva
gaúcha, conectando, desta forma, televisão e identidade, ao modo como propõe Martin-Barbero ao
8 Lauro Zavala (1992) diz que “si partimos del supuesto de que todo
estudio de carácter general acerca de la comunicación social es, de
maneira necesaria, un estudio sobre las diferencias sociales, ello
nos lleva a pensar en los estudios sobre la comunicación como el
espacio discursivo donde se reflexiona sobre las distintas formas del
diálogo cultural.”
9 Bebida de origem indígena tomada coletiva e ritualmente no sul
da América Latina.
169
170
afirmar que a memória articula as práticas culturais cotidianas.
A dissertação que trata da relação entre práticas produtivas e culturais de mulheres camponesas com a recepção de telenovela, tem como
conclusões que os “filtros” mais importantes na
seleção dos conteúdos da teledramaturgia são: o
espaço doméstico-produtivo, porque a família
controla questões como consumo, comportamento dos filhos, etc., e é também o grupo de trabalho;
a religiosidade, porque os princípios cristãos fazem parte de sua educação; os laços comunitários,
porque certos padrões de comportamento são
mantidos, dentre outras razões, por causa da vigilância exercida pela comunidade; e a idade, porque
as mais velhas vêem na televisão a possibilidade de
evasão de um cotidiano pouco prazeroso, enquanto que as jovens, um modelo de comportamento
que pode ser adaptado às situações vividas por
elas. O trabalho extenuante, a dependência econômica em relação à família e o lazer da comunidade,
organizado para os homens, fazem com que a televisão exerça impacto na vida das mulheres. A TV
e a telenovela reforçam a imagem do urbano que
as receptoras possuem, em função do seu contato
com a cidade; no caso das representações televisivas do rural, estas às vezes se diferenciam das representações das mulheres.
A pesquisa sobre a mediação da identidade cultural local-regional na recepção de TV a cabo verificou que, nesse caso, a recepção não se dá em
família, mas de forma fragmentada, segmentada
e individual. A identidade cultural local é um referente relevante na escolha da programação, independente de sexo e idade, no entanto, alguns de
seus aspectos não se efetivam como práticas cotidianas, embora estejam presentes no imaginário
desta sociedade, assim como a cultura regional
gaúcha, que também é mais presente como representação do que como prática. As identidades
locais e regionais impedem a homogeneização
cultural, apesar de revelarem-se híbridas em
função de seus processos de renovação. Mesmo
veiculando padrões mundializados, a televisão a
cabo também é utilizada para fins de reterritorialização, através da procura por informações locais. Conclui, ainda, que a TV a cabo é vista como
um mecanismo que veicula informações diferenciadas e propicia liberdade de opções, e que essa
nova tecnologia não implica uma nova forma de
produção televisiva.
A dissertação sobre o lugar da televisão no cotidiano de uma comunidade de nordestinos traz
como conclusões que a cidade estudada possui
uma cultura local densa e pujante, que atravessa
todos os estratos sociais e todas as idades, para a
qual o rádio em muito contribui. A ação da televisão seria, inclusive, circunstancial ao peso do
rádio, que teve papel relevante no reforço e sustentação da identidade local, através do incessante
trabalho com a música, a linguagem, oralidade e
tradições regionais, e da dinamização de cruzamentos culturais. Conclui, também, que a falta
de lazer noturno nas cidades pequenas e médias
do nordeste faz com que a TV domine o horário
nobre, chegando a normatizar a vida das pessoas
(como o horário do jantar ou de encontros), mas,
durante o dia, o rádio, inserido na dinâmica cultural do lugar, “filtra o regional”. Assim, a formação
da opinião pública desta comunidade se dá em
função das emissoras locais, justamente porque refletem a problemática da comunidade. A televisão,
apesar de hegemônica, não possui um papel desestruturador da cultura regional e local por causa da
exuberância manifesta na ambiência regional e da
mediação do rádio. Sua incorporação ao dia-a-dia
da comunidade produz um fenômeno de natureza
híbrida, uma fusão dos elementos televisivos e regionais que resulta em “mestiçagens culturais”.
E, por fim, no trabalho sobre a recepção do
rádio, o autor conclui que ela é definida em três
momentos: na estruturação dos programas, em
que as músicas são escolhidas através do “diálogo”
entre emissores e receptores; na recepção em si,
da qual os indivíduos participam da escuta à sua
maneira, em grupo ou individualmente; e depois
da audição, nas atividades e discussões que se seguem à transmissão, onde o sentido do programa
será interpretado, vivido e modificado. Segundo
o autor, a tecnologia radiofônica serve tanto à
mudança quanto à manutenção e reestruturação
de alguns contratos sociais, pois percebeu que a
cidade analisada está inserida na realidade global e exibe marcas de transformação identitária,
com ingredientes que procedem tanto da região
quanto de universos estrangeiros (o que não significa perda de identidade), observáveis nas vestimentas, arquitetura, comida, músicas e até em
feiras que deixam transparecer uma hibridização
através da mistura dos produtos artesanais com
produtos tecnológicos. Entretanto, a radiodifusão
ainda convive com os alto-falantes, que desfrutam de muita legitimidade na cidade, constituindo, inclusive, uma espécie de norte das formas de
negociação e consumo do programa radiofônico
analisado, o qual tem contribuído para a manutenção / restauração dos laços de vizinhança e da
convivência familiar.
Considerações Finais
De uma maneira geral, os trabalhos concluem
que as identidades culturais não foram profundamente abaladas em função dos meios de comunicação, porque estes, à sua maneira, fazem parte
da cultura e da construção ou reforço das identidades contemporâneas, provocando, no máximo, um processo de hibridização da cultura local
ou regional com a “cultura global” ou de outras
nacionalidades. A identidade cultural é, também,
um importante fator mediador na relação das
pessoas com os meios de comunicação, garantindo processos de negociação com os conteúdos
massivos provenientes de outras realidades e contextos culturais. Ou seja, as identidades culturais
e os meios de comunicação estabelecem um jogo
complexo e dialético na constituição das subjetividades contemporâneas.
O fato de quase todas as conclusões reafirmarem alguns dos pressupostos adotados – como
criticam alguns analistas – pouco compromete os
resultados deste conjunto de pesquisas, uma vez
que cada uma delas revelou empiricamente de
que maneira cada particular identidade cultural
medeia a relação dos públicos estudados com os
Os trabalhos concluem que as identidades
culturais não foram profundamente abaladas
em função dos meios de comunicação.
meios. Considerando o estágio do conhecimento
sobre estas relações, na época de sua produção,
este limite deve ser relevado, pois apresenta, descreve e analisa um fenômeno quase desconhecido
de então.
Isto, entretanto, não os livra de críticas, pois
apresentam outras limitações ao não obedecerem
integralmente aos critérios de cientificidade que
fundam a pesquisa contemporânea, garantindo a
legitimidade de seus protocolos10, como a verificação, duplicação, transparência e falseabilidade
(Appadurai, 2006, p.9-12), tidos por muitos analistas, inclusive, como elementos éticos da pesquisa. Segundo Appadurai (Idem, p.11) “todos estos
criterios fueron elaborados con la intención de
eliminar la técnica del virtuoso, la intuición aleatoria, la epifanía del generalista y otras fuentes privadas de fiabilidad”.
Apesar de nenhuma das pesquisas analisadas
apresentarem-se infalíveis sob o ponto de vista de
10 Os mais frágeis apresentam falta de premissas sobre elementos
importantes relacionados ao objeto de estudo, a derivação para
aspectos secundários dos objetos em questão, conclusões baseadas
em indícios fracos, além das já comentadas faltas de critérios para
formar as amostras, de clareza sobre sua composição, de explicitação das técnicas de pesquisa utilizadas, de tratamento adequado
aos dados coletados nas entrevistas e dos conteúdos dos programas
analisados.
171
A identidade cultural é, também, um importante fator mediador
na relação das pessoas com os meios de comunicação, garantindo
processos de negociação com os conteúdos massivos
provenientes de outras realidades e contextos culturais.
172
todos os critérios de cientificidade apresentados
acima, encontram-se, neste conjunto, trabalhos
que primam por procedimentos sistemáticos que
lhes garantam o reconhecimento como trabalhos
acadêmicos, especialmente porque buscam conhecer fenômenos novos e produzir novos conhecimentos. Diz Appadurai (Idem, p.9), entretanto,
que não se trata de qualquer conhecimento, mas
daqueles que cumprem com certos critérios, como
surgir de algum entendimento claro sobre conhecimentos já existentes e relevantes.
Neste sentido, parte dos trabalhos não dialoga
com os resultados já obtidos pelos pares, portanto
não promove o debate necessário para a consolidação do conhecimento e desenvolvimento do
campo como um todo. Alguns deles sequer fazem
o levantamento dos trabalhos existentes na própria área de comunicação, deixando de cumprir
preceitos básicos do protocolo de pesquisa: revisão da literatura, citações estratégicas e definição
apropriada de conhecimentos anteriores, normalmente disciplinares (Appadurai, 2006, p.10). O
que redime os trabalhos é que, do ponto de vista
da novidade, ainda seguindo Appadurai, agregam
algo interessante ao campo, tributário de uma tradição que negava o envolvimento dos meios na
manutenção e fortalecimento das identidades.
As fragilidades encontradas, por outro lado, são
constitutivas do campo que está em construção no
diálogo com as demais ciências sociais e humanas,
e elas refletem o estágio do conhecimento nesta
área, o que implica na formação ainda deficitária
de seus pesquisadores (González, 2001-2002). Isto
demanda um esforço de seus agentes na superação
das dificuldades e na conscientização de que o
próximo passo na agenda de pesquisa é o fortalecimento dos procedimentos metodológicos, mais
do que simplesmente propor o enfrentamento de
problemas empíricos, os quais dependem deste
acerto de contas, o qual passa também pela teoria.
Tomando em consideração estas peculiaridades
do campo, pode-se dizer que ainda assim houve
avanços proporcionados por alguns trabalhos. Em
termos teórico-metodológicos, por exemplo, foi
aliado o modelo das multimediações, proposto
por Guillermo Orozco, ao modelo teórico desenvolvido por Jesús Martín-Barbero, conhecido
como teoria das mediações, com o objetivo de tornar operacionais alguns conceitos propostos pelo
último. De maneira geral, os trabalhos subseqüentes seguiram de perto esta estratégia, uma vez que
os modelos adotados mostravam-se compatíveis
para analisar as identidades e suas relações com os
meios.
Neste contexto, e verificando as especificidades
de cada trabalho, a dissertação que tratou dos aspectos rurais11 da identidade gaúcha avançou no
sentido de estudar a relação entre cultura de massa e cultura popular camponesa, relação pouco
estudada até então, propondo o entendimento
do mundo do trabalho conjugado ao doméstico,
como uma mediação indispensável para entender
as práticas culturais de famílias de agricultores. A
dissertação que estudou a recepção de televisão a
cabo entre famílias gaúchas, levantou informações
qualitativas sobre esta relação, pois até então só
11 O atual estágio de homogeneidade da cultura massiva aliada
aos processos de êxodo rural, entre outros elementos, leva muitos
autores a afirmar que não é mais possível separar os âmbitos rurais
e urbanos.
havia sido pesquisada quantitativamente ou com
corte comportamental (Areu, 1993), além de chegar à análise da mediação da identidade cultural
regional como fator importante desta relação, que
coloca em contato referentes culturais globais e
locais. A hibridização destes referentes culturais é
fator que não anula a matriz cultural em que se
firma a identidade local e regional.
Com relação às novas hipóteses12 deixadas por
este corpus de estudos, considerando a situação do
campo na década de 90, sobretudo nos primeiros
anos, os pesquisadores ousaram levantar a polêmica sobre a atividade dos meios de comunicação
na construção, manutenção ou ativação das identidades sociais, culturais e locais. Também desconfiaram e apostaram que o fortalecimento destas
identidades pode tornar as audiências mais preparadas para negociarem os conteúdos nacionais
e transnacionais incorporados ao seu dia-a-dia.
Defendiam, com isto, que a memória coletiva, interagindo com o presente, como já havia sugerido
Martín-Barbero, reconstrói as identidades culturais em qualquer âmbito, levando a superar dificuldades comunitárias e sociais, mesmo frente às
mudanças intensas, em que o passado perde força e
o presente passa a ser cada vez mais uma referência
impositiva. Appadurai (2001, p.23) vai mais longe
quando afirma que os meios, para além das identidades baseadas no passado, ativam a imaginação
coletiva, criando “comunidades de sentimento”, as
quais projetam e constroem sonhos e desejos, que
extrapolam o nível da subjetividade individual, e
muitas vezes levam à ação. Estas comunidades são
“capaces de pasar de la imaginación compartida a
la acción colectiva” (Idem, p. 24).
As telenovelas que tratam de questões regionais
também inspiraram hipóteses, pois ao representar
a identidade transformada daqueles que migra12 As hipóteses levantadas especulam sobre o nível de informação,
de formação cultural e de mobilização social das audiências e sua relação com o nível de influência da televisão, ou seja, quanto menor o
primeiro maior o segundo.
ram para a cidade ou representar valores e modos
de vida que persistem no imaginário do país, conectam com experiências dos que ficaram e dos
que saíram em busca de novos horizontes, brindando-os com a possibilidade do sentimento de
pertencimento. Jesús Martín-Barbero já tratava
desta questão no final da década de 80, e Appadurai, pensando hoje nos que migraram em todo o
mundo, diz que “las imágines, guiones, modelos y
narraciones (tanto reales como fictícios) que provienen de los medios masivos de comunicación
son lo que estabelece la diferencia entre la migración en la actualidade y en el pasado. Aquellos que
quieren irse, aquellos que ya lo han hecho, aquellos
que desean volver, así como también, por último,
aquellos que escogen quedarse, rara vez formulan
sus planes fuera de la esfera de la radio o la televisión, los casetes o los vídeos, la prensa escrita o el
telefono” (Idem, p.22).
Este balanço dos estudos sobre o papel das identidades como mediadoras dos processos de recepção, por um lado, e sobre o papel dos meios na
construção das identidades contemporâneas, por
outro lado, mostra que esta é uma relação intrínseca e complexa, na qual os receptores têm presença ativa, embora ainda subordinada à agenda
dos meios. Como cidadãos, entretanto, têm outros
espaços institucionais – escola, partido, associações, família, etc. – onde exercem sua autonomia e participação, como os próprios estudos de
recepção deixam transparecer, embora não os explore totalmente (Escosteguy e Jacks, 2004). É preciso enfatizar que o desenvolvimento dos estudos
de recepção está reflexivamente vinculado a essa
atmosfera sociopolítica da contemporaneidade
e, por sua vez, à construção de identidade, como
já foi dito acima, como também às suas políticas,
no sentido proposto por Stuart Hall (1996), que
as identifica como uma política de representação.
Ou seja, um envolvimento dos sujeitos que até então poderiam estar localizados “nas margens”, para
reclamar alguma forma de representação.
173
Para Neusa Guareschi (2003, p.131) políticas
de identidade são “um modo de compreender
ações coletivas e individualizadas de uma forma
que problematize as experiências de vida das pessoas socialmente excluídas”, reconhecendo que
a construção de identidades se dá mediante a
produção de sentidos, isto é, pode ser entendida
como um processo discursivo, cultural e social
(Escosteguy e Jacks, 2004). Entende-se que as políticas de reconhecimento ou de identidade não
têm obrigatoriamente que repercutir de imediato na esfera pública, ou seja, não necessariamente
objetivam alcançar respostas imediatas no meio
social, como aponta Appadurai (2001). Os estudos de recepção, portanto, por sua capacidade de
dar voz aos sujeitos, são um espaço privilegiado
para analisar os relatos emergentes de novas políticas de identidade na sociedade da informação
e da comunicação, como já apontamos em outro
lugar (Escosteguy e Jacks, 2004), onde os dados
empíricos trazidos pelas pesquisas analisadas
deixam ver os posicionamentos, as atitudes, os
comportamentos que dão conta desta tática desenvolvida pelos grupos estudados, recurso último
de quem não tem acesso às instâncias participativas e decisórias. Os discursos produzidos pelos
estudos de recepção, através das falas dos entrevistados, traduzem seu contexto sociopolíticocultural e indicam as relações que estabelecem
com outros contextos, marcando identificações e
divergências culturais. Em outras palavras, constituem políticas de reconhecimento desenvolvidas no âmbito das táticas cotidianas, como diria
Michel de Certeau, as quais estão articuladas com
o debate das políticas de identidade em dimensão
sociológica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPADURAI, Arjun. La globalización y la imaginación en la investiga-
174
ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. e JACKS, Nilda. Políticas de
ción. Disponível em:<http://www.cholonautas.edu.pe/modulo/uplo-
identidade e estudos de recepção: relatos de jovens e mulheres. In:
ad/globalizacion%20e%20imaginacion.pdf.> Acesso em: 3 abr.2006.
DUARTE, Maria Beatriz B.; MEDEIROS, João Luiz (org.). Mosaicos de
APPADURAI, Arjun. La modernidad desbordada. Dimensiones cultu-
identidades. Curitiba: Juruá, 2004.
rales de la globalización. Buenos Aires: Fondo de cultura econômica /
JACKS, Nilda. A recepção na querência: estudo da audiência e da iden-
Ediciones Trilce, 2001.
tidade cultural gaúcha como mediação simbólica. Tese (Doutorado).
AREU, Graciela Inês Presas. O novo telespectador. Dissertação (Mes-
Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São
trado). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo,
Paulo, 1993.
São Paulo,1993.
GONZÁLEZ, Jorge. Cibercultura y políticas culturales. Gaceta, Bogo-
BRITTOS, Valério Cruz. Recepção e TV a cabo: a mediação da
tá, n. 48, Enero 2001- Deciembre 2002.
identidade cultural pelotense. Dissertação (Mestrado). Faculdade de
GUARESCHI, Neusa et all. O cotidiano de meninos e meninas na
Comunicação Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
favela: problematizando as Políticas de Identidade. In: GUARESCHI,
do Sul, Porto Alegre, 1996.
N. e Bruschi, M. (orgs). Psicologia social nos estudos culturais.
CAPPARELLI, Sérgio & STUMPFF, Ida Regina C.. Teses e Disserta-
Petrópolis: Vozes, 2003.
ções em Comunicação no Brasil. 1992 - 1996. Resumos. Porto Alegre:
HALL, Stuart. New ethnicities. In: MORLEY, David e CHEN, Kuan-
Gráfica UFRGS, 1998.
Hsing (orgs.). Stuart Hall - Critical dialogues in cultural studies.
________. Teses e Dissertações em Comunicação no Brasil. 1997 - 1999.
London / New York: Routledge, 1996.
Resumos. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2001.
JACKS, Nilda; RONSINI, Veneza. Mediação na recepção: estudo com-
ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. Notas para um estado da arte sobre os
parativo entre receptor urbano e rural. In: A encenação dos sentidos.
estudos brasileiros de recepção nos anos 90. In: MACHADO, J.; LEMOS,
Mídia, cultura e política. Rio de Janeiro: COMPÓS / Diadorim, 1995.
A.; SÁ, S. (orgs.). Mídia.Br. Porto Alegre: Sulina, 2004.
OROZCO, Guillermo. Recepción televisiva: tres aproximaciones y
uma razón para su estúdio. Cuadernos de comunicación y practicas
SILVA NETO, Casimiro. No ar, o som das águas! Projeto radiofônico,
sociales, México, n.2, 1991.
da gênese à recepção. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicação,
MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. México:
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997.
Gustavo Gilli, 1987.
VILAR, Lúcio. TV e janelas da vida cotidiana. Dissertação (Mestrado).
RONSINI, Veneza. Cotidiano rural e recepção da televisão: o caso Três
Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São
Barras. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes,
Paulo, 1995.
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.
ZAVALA, Lauro. Aproximaciones recientes al estudio de la identidad
SAINTOUT, Florencia. Los estudios de recepción en America Latina.
cultural y los procesos de recepción. In: Generación de conocimientos y
La Plata Ediciones de Periodismo y Comunicación, Universidad Nacio-
formación de comunicadores. México: CONEICC / FELAFACS, 1992.
nal de La Plata, n.12, 1998.
175
LAS NTICS EN LATINOAMÉRICA.
INFLUENCIA PARA UN CAMBIO DE
PARADIGMA A PARTIR DE LOS 80
Oscar Nicolás Alamo
Ingeniero en Sistemas de Información. Especialista en
Investigación de la Comunicación. Docente de grado y
postgrado. Responsable de la Cátedra de Comunicación
y Desarrollo Tecnológico. Licenciatura en Ciencias de
la Comunicación. IAPCS. Universidad Nacional de Villa
María. Investigador en el área de Comunicación, Antropología, Sociología, Ciencias Políticas. Secretaría de
Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva del Ministerio de Educación de la Nación. Miembro de la Red de
Investigadores de Universidades Nacionales en el Marco
del Plan Fénix – Economías Regionales. Por la FCE - Universidad Nacional de Córdoba. Tutor en el Programa de
Tutorías de Equipos de Investigación. Agencia Córdoba
176
Ciencia SE. Gobierno de la Provincia de Córdoba.
E-mail: [email protected]
RESUMEN
Se puede inscribir a los ochenta como una década bisagra en relación a su desarrollo disciplinar y su coyuntura histórica en el campo de la comunicación. Con el comienzo de mencionada
década, signada por el retorno a los regímenes democráticos en el ámbito de toda Latinoamérica,
se produce, en relación a los estudios de comunicación, una importante sucesión de revisiones
históricas, junto a la reformulación de teorías y la instauración de nuevos conceptos dotados de
una mayor especificidad, confrontando a modelos teóricos de décadas anteriores. La línea de
desarrollo, centra su origen en el análisis de los distintos desplazamientos conceptuales y resignificación propuestas, a partir de la irrupción de conceptos tales como identidad, subjetividad,
recepción, tecnologías y consumo, junto a su correspondiente instrumentación social a través
de los distintos medios y modelos de comunicación, fundamentalmente a partir de la creciente
inserción de las NTICs.
Palabras claves: Tecnología, Recepción, Epistemología.
ABSTRACT
One may define the 1980s as a decade of change in terms of discipline development and historical
conjuncture in the field of communication. Characterized by the return of democratic regimes
throughout Latin America, the first part of the decade sees an important amount of historical
revision, as well as the reformulation of theories and the restoration of new concepts provided
with greater specification in the field of communication studies, defying the theoretical models
that had prevailed in the previous decades. The line of development finds its origin in the analysis
of different conceptual displacements and proposed resignifications, taking as a starting point
the irruption of concepts such as identity, subjectivity, reception, technologies and consumption,
along with social instrumentation across the different media and models of communication,
essentially with the increasing insertion of the NTICs.
Keywords: technology, reception, epistemology
RESUMO
Pode-se definir os anos 80 como uma década de mudanças em relação ao seu desenvolvimento disciplinar e sua conjuntura histórica no campo da comunicação. No começo desta década,
marcada pela volta aos regimes democráticos no âmbito de toda América Latina, produz-se, em
relação aos estudos de comunicação, uma importante sucessão de revisões históricas, junto à
reformulação de teorias e a instauração de novos conceitos dotados de uma maior especificidade,
confrontando os modelos teóricos de décadas anteriores. A linha de desenvolvimento centra sua
origem na análise nos diferentes deslocamentos conceituais e resignificações propostas, a partir
da irrupção de conceitos tais como identidade, subjetividade, recepção, tecnologias e consumo,
junto a sua correspondente instrumentalização social por meio dos diferentes meios e modelos de
comunicação, fundamentalmente a partir da crescente inserção das NTICs.
Palavras-chave: tecnologia, recepção, epistemologia.
177
178
Introducción
Se puede inscribir a los ochenta como una década bisagra en relación a su desarrollo disciplinar y
su coyuntura histórica en el campo de la comunicación. Depositaria de una instancia caracterizada
por la autonomización de la disciplina (60-70) se
conformaba el espacio de saberes.
Luego, se da lugar a la institucionalización de
los saberes (80), momento en cual se produce una
suerte de explosión en el estudio de la comunicación y el análisis de la cultura. A posteriori, hacia
fines de los 80, será distintiva en relación a su marcada tendencia en pos de la profesionalización de
las prácticas (fines 80 y los 90).
Con el comienzo de mencionada década, signada por el retorno a los regímenes democráticos en
el ámbito de toda Latinoamérica, se produce, en
relación a los estudios de comunicación, una importante sucesión de revisiones históricas, junto
a la reformulación de teorías y la instauración de
nuevos conceptos dotados de una mayor especificidad, confrontando a modelos teóricos de décadas anteriores.
A partir del vacío intelectual producido por las
políticas impuestas por las dictaduras militares (en
la década anterior) se comienza a vislumbrar, en
cuanto a la producción de numerosos autores latinoamericanos identificados con la línea de pensamiento de los Estudios de la Cultura, la necesidad
de intentar proveer de sentido a partir del contexto
propuesto por esta nueva instancia socio-política.
Instancia que será asumida desde una óptica
revisionista, instalando un profundo cuestionamiento a los discursos de los 60-70 (antecesores a
las dictaduras). En realidad, se comenzaba a criticar (ajusticiar) el discurso del “modelo marxista”.
A mediados de los 80 comienza una especie de
investigación cultural que no será todavía de “consumos culturales” sino más bien de “identidades
culturales”, es el origen de una importante sucesión de investigaciones en las cuales prevalecen las
diferencias por sobre las desigualdades, las iden-
tidades por sobre las clases. Es el momento en el
cual comenzarán las investigaciones sobre mujeres, rock, privacidad, cotidianidad, entre otras; es
decir que de alguna manera se repliega el “espacio
público” como ámbito de análisis.
Dicho esto, el presente trabajo tiene por objeto
mostrar la particular evolución en el campo de
la comunicación y su relación con el cambio de
paradigma propuesto por algunos autores identificados con los Estudios de Cultura en Latinoamérica.
La línea de desarrollo planteada, centra su origen en el análisis de los distintos desplazamientos
conceptuales y resignificación propuestas, a partir
de la irrupción de conceptos tales como identidad,
subjetividad, recepción, tecnologías y consumo,
junto a su correspondiente instrumentación social
a través de los distintos medios y modelos de comunicación, fundamentalmente a partir de la creciente inserción de las denominadas nuevas tecnologías de información y comunicación (NTICs).
Desarrollo
La inspiración teórica en los 80, por parte de algunos académicos que propiciaron la expansión
de los Estudios de Cultura en Latinoamérica, una
vez confrontando “el devaluado enfoque teórico
preexistente”, queda expuesta en la necesidad teorizar para dar respuesta (entre otros); ante el auge
que adquiere la particular evolución de la tecnología como soporte de la comunicación (en su más
amplio sentido) y sus “correspondientes teorías”
inherentes a los efectos en los cambios sociales.
Con relación a la insipiente institucionalización
de la investigación en el campo de la comunicación, se adoptaron posturas que dejaron entrever
vacíos parciales, en términos de construcción del
objeto teórico. Posiciones que de alguna manera
desestimaron los enunciados formulados por Schmucler al formular que “Situación histórica y método son coordenadas a tener necesariamente en
cuenta para encarar el objeto [...] Se trata de saber
Con relación a la insipiente institucionalización de la
investigación en el campo de la comunicación, se adoptaron posturas
que dejaron entrever vacíos parciales, en términos de
construcción del objeto teórico.
si por un lado va la historia (la política, la ideología) y por otro los métodos (la ciencia). [...] Sólo es
‘científico’, elaborador de una verdad, un método
que surja de una situación histórico-política determinada y que verifique sus conclusiones en una
práctica social acorde con las proposiciones histórico-políticas en las que se pretende inscribirlas”
(Schmucler. 1997, p. 133).
En este nuevo comenzar, se argumentará principalmente en la necesidad de superar el concepto
de “clase” para comprender otras “identidades”.
No de aquellas que se construyen por su posición
respecto a la propiedad o en los medios de producción; sino que particularmente se enfatizó en
la crisis misma del concepto. Calificado de excluyente al momento de analizar las distintas problemáticas que atañe a grupos étnicos, de géneros, de
adolescentes, entre otros; en cuanto a la reconfiguración dinámica de subjetividades y la construcción de espacios sociales propios. Se induce por
entonces a trocar la horizontalidad de las clases
por la verticalidad de la masa.
Abierta la puerta y superada la “clase”, por extensión; serán también interpelados los conceptos
de super-supra estructura, alienación, revolución;
en definitiva se apuntó (con cierto éxito) hacia a la
matriz teórica del marxismo.
Promediando los 80 y luego de superada la cen-
tralidad que ocuparan a fines de los 60 y principio
de los 70, las investigaciones sobre medios masivos de comunicación y la incursión relativista de
los estudios de sistemas significantes basados en la
lingüística dentro del campo de la semiología, se
intentará reubicar la posición del “sujeto” y su participación en la línea de los denominados estudios
de recepción.
Por entonces, se comienza a avizorar una señal
de cierta asunción “light” del creciente peso de los
medios, por la que se adopta a partir de la noción
de receptor activo una especie de conformismo
populista, según el cual poco importa qué es lo
que se propala, dado que el receptor siempre decodificaría a “su” manera. Tópico fundamental en
la asunción de los llamados “estudios culturales”.
Más aún, la multiplicidad contingente de los
massmedia, propuesta desde la Industria Cultural -en cuanto a la diversa producción de bienes
simbólicos y las consecuentes prácticas sociales,
acompañadas por la creciente inserción de las
NTICs - fue una característica distintiva a partir
de estos años, que se extenderá desde entonces y
hasta nuestros días; “la recepción y el consumo de
productos culturales”.
Particularmente, las prácticas comunicativas
(periodísticas) se definirán y estructuran en re-
1 Cabe recordar que en no pocos casos, la metodología utilizada para los análisis semióticos de la época, constituyeron a los mismos en un fin
en si mismo, donde su sólo presencia daba por justificada la investigación. Al invocar su situación “científica” encontraba un objeto válido en
los mensajes lanzados por distintos medios, donde se instala para descubrir los mecanismos estructurales que determinan su significación y
por ende la ideología que comprometen. Recordar al respecto los cruces Schmucler – Verón (1974).
2 Follari, R.: “Comunicología latinoamericana: disciplina a la búsqueda de objeto”, en Fundamentos de Humanidades. Nº 1. UNSL. 2000.
3 El individuo consumidor ocupa un lugar central en la concepción neoliberal. No se trata de cualquier consumidor, sino de un consumidor
“soberano” en cuanto a sus elecciones, en un contexto de libre mercado. Instancia que pautará la concepción neopopulista de algunas teorías
de la recepción.
179
180
lación directa con las necesidades de producción
planteadas por el mercado de la información, lo
que conllevó a instrumentar cierta profesionalización por fuera de la academia. Es decir, el control del mercado, demandará producciones que
muden desde el ejercicio disperso de vocaciones
individuales a la profesionalización programada
empresarial e institucional.
De este modo, las “ciencias de la comunicación”
surgen desde necesidades operativas provenientes
del auge tecno-mediático, y por ello hacen un camino inverso, desde la definición de la profesión y
su rol social, hacia la constitución posterior y correlativa de un discurso académico sistemático en
los ámbitos académicos. Esto no es un dato menor en cuanto a los problemas de conformación
teórica en la disciplina, dado que en realidad el
interés prioritario nunca ha sido el propiamente
científico, a la vez que el recorte mismo del objeto
de análisis surge no desde lo que sería un “Objeto
Teórico”, sino a partir del “Objeto Real” (Bourdie,
1975. Op.cit.).
De esta manera, se pasó de “los medios”, en relación a la influencia del poder y manipulación ejercida por la sobredimensionada percepción acerca de los medios de comunicación masiva, a “las
mediaciones”, o bien de los medios a la cultura, en
alusión a la obra de Martín-Barbero (1987).
También se conceptualiza el paso de “lo mecánico” a “lo fluido”, para resignificar la evolución
inherente a la alienación propuesta por los medios
masivos, hacia una visión de la recepción en términos de producción.
Una “revalorización del sujeto”, situación marcada por la evolución de un receptor sujeto alienado, objeto de la manipulación, hacia un sujeto
activo que produce, se apropia y transforma los
mensajes; los resignifica y genera nuevos usos. “La
rehabilitación de los placeres ligados al consumo
de medios, al ascenso de las visiones neoliberales, a
la aceleración de la circulación mundial de bienes
culturales” (Mattelart-Neveu, 1997, p.16).
La magnificación de la actividad de la recepción
como instancia de resignificación y apropiación
selectiva de los sectores subalternos, permite igualar cultura popular con cultura masiva, ya que lo
masivo aparece como una forma negociada de reconocimiento de lo popular. Evidencia de ello es
el análisis de las telenovelas, uno de los motivos
de indagación fundamentales de la obra de Jesús
Martín-Barbero, como género que reactualiza uno
de los formatos más antiguos de la cultura popular: el folletín. Cierta influencia gramsciana sobre
la construcción de la hegemonía preside estas lecturas. Sin embargo, se desdibuja la fuerza de los
medios y su capacidad de modelar sensibilidades y
gustos, de anclar sentidos y de orientar deseos, en
dirección al consumo. El fecundo y vasto concepto
frankfurtiano de “industria cultural”, que subrayaba estos procesos, es obliterado frente a la recientemente descubierta capacidad de los receptores
para resignificar, resemantizar, y apropiarse con
sentido crítico de los mensajes mediáticos.
Se produce así una suerte de corrimiento de carácter epistemológico, de un lado los medios y lo
mecánico. Es decir, cierta concepción acerca: del
poder de los medios, de la manipulación y de la
alineación. Del otro lado, las mediaciones o el paradigma de lo fluido: una concepción de la recepción-producción, de resignificación, una mirada
de los medios pero desde la cultura.
En consecuencia, el objeto de estudio ya no estará centrado en los medios, los emisores y sus
mensajes, sino en investigar sobre la recepción,
en las condiciones que construyeron a determinado receptor, sus conocimientos, competencias
y experiencias. En relación a la investigación, “estamos ante la conformación de nuevo mapa nocturno, una especie de ir a tientas” [...] “se pierde
Follari, Roberto. La moldura en espejo: encrucijadas epistemológicas de las Ciencias de la Comunicación. En Tram(p)as de la
Papalini, Vanina. Estudios culturales, o la medida de lo convenien-
Comunicación. UNLP. 2003.
te. 2003.
el objeto y se gana el proceso”, según enunciara
Martín-Barbero (1987).
Según lo enunciado, se puede interpretar que
no hay demasiadas certezas sobre el “que hacer”
y donde “perder el objeto” significa exactamente
eso, no se alude a un alejamiento, ninguna distancia desde la cual objetivar, sino a una suerte de
internalización del mismo, a un acompañamiento
evolutivo en la dinámica de los procesos, que no
permite su focalización atemporal, que en no pocos casos redundara en una sumatoria de análisis
discretos. Situación, que de una manera implícita
(o explícita), conllevará la dinámica y vertiginosa
modalidad de consumo que propondrán principalmente los avances tecnológicos en materia de
información y comunicación.
Esta nueva centralidad propuesta desde la recepción y su consecuente creación y resignificación de los mensajes, en no pocos casos asumió el
carácter esencialista, a la vez que perdió de vista
el desarrollo paralelo de una industria cultural
productora de bienes y servicios, particularmente
relacionado con producción de herramientas comunicacionales, consecuente con los dispositivos
de dominación en su estrategia de concentración
de capital y poder.
En tal sentido, A. Mattelart tomará posición al
inducir un línea tendiente a “tomar ciertos cuidados”, de no interpretar erróneamente la problemática del consumo de los medios de comunicación.
De la tentación de apoderarse de esta renovación
conceptual con el fin de respaldar las tesis que minimizarían el papel estratégico que desempeñan
los medios de comunicación en la reproducción
de las relaciones sociales.
También se torna importante destacar la fuerte
limitación que ha mostrado el cambio de paradigma, operado por algunos referentes de los estudios
de cultura en su versión latinoamericana, y que
viene dada por la “reducción”, constituida a través
de la construcción de un “fantasma polémico”, con
el objeto de alivianar los recursos teóricos pro-
puestos a la hora de confrontar con determinado
modelo. Se hace por demás llamativo, al analizar
algunas observaciones críticas que se plantearan;
por ejemplo, en el caso de Martín-Barbero; donde
no aparecen los referentes que encarnan las posiciones a contrastar. En estas condiciones las discusiones teóricas se abrevian, se debate con lo que dicen los “Frankfurtianos” o “los de Frankfurt”. Este
Se puede inscribir a los ochenta como una
década bisagra en relación a su desarrollo
disciplinar y su coyuntura histórica en
el campo de la comunicación.
llamado a la simplificación, podría haber realizado
al menos un aporte intelectual-histórico enriquecedor, siempre y cuando se pudiera identificar la
interacción con algún investigador latinoamericano de los 60 y los 70 que fuera adscrito a la Escuela
de Frankfurt. ¿Se conoce alguno? No.
“Construido junto a las cuestiones surgidas de
la inmediatez del acontecimiento, enigmas más
que problemas, llamado a la toma de posición total y definitiva más que al análisis necesariamente parcial y reversible, el protocolo científico no
tiene para esto la bella claridad del discurso del
sentido común al que no le es difícil ser simple
ya que comienza siempre por simplificar” (Bourdieu, 1984, p.209).
No obstante, algunos autores reconocerán con
admirable honestidad intelectual tal situación:
“Venimos de un obstinado fracaso: definir la comunicación. En consecuencia, siempre resulta problemático establecer el campo específico en donde
se incluyen los hechos que nos proponemos analizar. Por supuesto que existen definiciones. Pero
normalmente debemos acudir a generalidades tan
vastas que abarcan el universo de lo posible: todo
es comunicación. El concepto de comunicación,
carga la culpa del racionalismo que intenta formu-
181
¿cómo puede el estudioso despegarse de toda valorización
positiva residual cuando “la relación” entre reputación y objeto
de análisis es directamente proporcional?
182
lar leyes únicas para explicar el funcionamiento de
fenómenos plurales. [...] Todo se comunica, quiere
decir, estrictamente, que todo se autorregula, que
todo tiende a un fin”.
Lo que comenzara como “proyecto o programa
de investigación”, “mapa nocturno”, o un “andar
a tientas”, se convirtió en el corto plazo, en una
acelerada sucesión de producciones teóricas. No
obstante, las distintas problemáticas puestas en
tensión, no eran patrimonio exclusivo de éste
“nuevo campo” de la comunicación, por entonces,
convergían cuestionamientos a todo el espectro de
las ciencias sociales.
Ya, hacia finales de los 80 comienza a cobrar notoriedad el particular abrazo que algunos autores
en Latinoamérica entrecruzan en dirección de las
causas posmodernas en el campo de las ciencias
sociales, en particular la comunicación.
Este nuevo contexto teórico - intelectual, tenderá a consolidar el pensamiento débil adjudicado al
ideario posmoderno, desde donde se comenzara
a “simbolizar el prefijo posmo”; entendido como
una suerte de seudo superación dialéctica del
mundo, que va más allá de la modernidad; convirtiéndose en una nueva síntesis. “’Posmo’ refiere
a diversas situaciones, a veces se le adjudica a lo
superficial, a lo poco profundo, a veces se le adjudica al individualismo, a veces se le adjudica a
la resurrección del enunciado, a aspectos estéticos
determinados en los que predomina el significante. En general, a todo aquello que esté vinculado
más a lo comunitario que a lo social, a aspectos
estéticos sobredeterminados que no tienen mayor
significado que el significante, a todo aquello que
esté vinculado más a la apariencia más que a lo
esencial, al individuo más que a la sociedad, a la
estética, a la función poética de los mensajes, más
que a la referencial”.
Es decir, se trata de propugnar el repliegue del
afán moderno con el objeto de obtener, mediante
la discusión argumentativa, un acuerdo parcialmente duradero en relación a cómo funciona la
realidad. Esta idea relativista o comunitaria de la
sociedad es la que introduce el análisis fragmentario de las partes más que del todo.
Particularmente, en los estudios sociales y de
cultura se instaura una progresiva tendencia a
analizar cada parte como un todo, una tribu, un
movimiento social, una comunidad de significados y allí es donde efectivamente se produce la
fragmentación, la desarticulación, propiciando un
espacio en el cual la práctica tiende a ser absoluta.
Tal situación, redundará en un vertiginoso crecimiento de un mercado de base tecnológica para
dotar de bienes y servicios propios para cada una
de las cuantiosas área de consumo que se generan
a partir de éste industrioso contexto.
Es decir, en la dinámica de las prácticas, la concepción “posmo” se encarga de relativizar todo
fundamento racional de las elecciones, no necesita
de una escala de valores jerarquizada, más bien se
ajusta a la revalorización de los usos y gratificaciones, situación ante la cual se legitima y revaloriza
en el propicio espacio que le propone la cultura de
masas; allí donde no se exigen fundamentos permanentes.
Así, de una manera un tanto débil, algunos autores latinoamericanos consagraron para sí, una
suerte de arrogante y exclusiva apropiación del
“duro presente heredado”, y sus reformulaciones
teóricas se concentraron en desarrollar las poten-
Schmucler, Héctor. Comunicación y Cultura. Nº 12. México. 1984.
cación II”. UBA. (2003).
Mangone, Carlos. Apuntes de cátedra “Teorías de la Comuni-
cialidades del “puro presente”. Para lo cual, inevitablemente, se debía dejar atrás los ideales constituidos en más de doscientos años de modernidad.
Así, como señala Jameson, para poder debatir
si los Estudios Culturales son “una celebración
posmoderna del desdibujamiento de las fronteras entre lo alto y lo bajo, del pluralismo de los
microgrupos y del reemplazo de la política ideológica por la imagen y la cultura mediáticas, sería
necesario volver a evaluar la relación tradicional
que el movimiento de los Estudios Culturales
estableció con el marxismo ...” [...] “Sería muy
importante comprender verdaderamente estas
cuestiones, en la medida en que, en los Estados
Unidos, los Estudios Culturales pueden ser entendidos como un ‘sustituto’ del marxismo, o
como un desarrollo de éste ...” (Jameson F., Zizek
S., Grüner E. 1998, p. 91). En la versión de Estudios Culturales Latinoamericanos, tiende a agravarse este panorama general.
No obstante lo enunciado, es preciso prestar especial atención y ser cuidadosos al momento de
formular conclusiones ante la tensión desarrollada. No necesariamente se debe caer en la trampa
de la dualidad confrontativa. Más bien, es preciso
encontrar un espacio de reflexión que proponga
cierto rigor epistemológico, con el objeto de reclamar la formulación de una teoría específica sobre
el posmodernismo.
“En ningún caso se puede asumir que pueda hablarse de la cuestión sin tematizarla expresamente,
y dar cuenta de sus determinaciones en detalle. No
parece ser ésta la situación cuando pensamos en
los Estudios Culturales Latinoamericano. [...] La
oposición simple y maniquea entre una modernidad buena y una posmodernización perversa,
no solamente no hace justicia al hecho histórico
de que la modernidad es fuerte corresponsable de
su propio colapso [...] sino que se presupone que
sería factible restituir los estilos culturales del pasado, y también que ello sería sólo una cuestión
de voluntad y decisión por parte de los actores so-
ciales. [...] Pero la idea de que desde los Estudios
Culturales puede darse suficientemente cuenta de
cualquier problemática ligada a lo social, lleva a
creer que acerca de lo posmoderno, basta referir
exclusivamente a la dimensión cultural” (Follari,
2002, p.93-94).
Algunas posiciones
En particular y avanzando en la construcción de
Martín-Barbero (junto al desarrollo tecnológico
de los distintos soportes comunicacionales), este
autor enunciará: “La investigación sobre las tecnologías de información y comunicación tiene un
capitulo central en el estudio de sus efectos sobre
la cultura. Pero desde el concepto del efecto, las relaciones entre tecnología y cultura nos devuelven
a la vieja concepción: toda la actividad de un lado
(lo plural - la tecnología) y mera pasividad del otro
(lo idéntico - la cultura)”. [...] “Pensar las tecnologías desde las diferencia cultural no tiene nada
que ver con la añoranza o el desasosiego frente a
la complejidad tecnológica o la abstracción massmediática”. [...] “Pero el rediseño es posible, si no
como estrategia al menos como táctica, [...] La
clave está en tomar el original importado como
energía, como potencial a desarrollar a partir de
los requerimientos de la propia cultura” (MartínBarbero, 1987, p.244-255).
Pero los requerimientos de las propias culturas, en su mayor medida, fueron superadas en su
voluntad-involuntad, a la vez que han tenido que
contener cuasi “naturalmente” a la subordinación
de las prácticas de consumo de bienes simbólicos,
estructurada con tendencia individualista propia
de la fragmentación operada, propiciando la exportación de tradiciones hacia otros centros de
consumo, mercantilizando y relocalizando espacios culturales.
El desarrollo económico, político y social a partir
de las distintas herramientas tecno-comunicativas,
han pasado por encima de estrategias y tácticas,
fundamentalmente por las marcadas ausencias
183
184
dentro de los eco-sistemas educativos formales, y
su relación con la instrumentación de políticas de
información y comunicación.
A su vez, el rediseño no fue posible, en realidad se
moldea y se constituye un “nuevo diseño”, consistente en abandonar (expulsar) la historicidad, junto con la estructura propia del cúmulo de elaboraciones intelectuales; para situarlo en un plano que
reduce el análisis de la dimensión política como
constitutiva de los fenómenos micro, acompañado
de cierta indefinición ideológica.
Por otra parte, el original importado solo ha
servido para garantizar la internalización en las
sociedades globalizadas del paradigma tecnoeconómico (más que tecno-comunicativo) que
promueve, desigualdad, exclusión y dependencia.
Acompañada intelectualmente por la producción
de algunos autores que hicieron del pretendido y
entusiasta espacio de apertura, un facsímil de entretejidos sociales atomizados dentro de la lógica
de consumo propuesta por el mercado, incluso
con actitudes que convalidaron la mutación: “acción” en “retórica”.
Precisamente, ante la ausencia de una vigilancia
epistemológica consistente, el campo se ha visto
fuertemente condicionado a la hora de formular
teorías alternativas a la internalización del consumo como elemento constitutivo en la dinámica de
configuración del espacio social.
Configuración que en no pocos casos ha sido
acompañado implícitamente y/o explícitamente
por el análisis de distintos autores que auguran alternativas comunicacionales para reconfigurar el
imaginario social. Quizás, basados en un promocionado optimismo pragmático y seudo progresista, intentando encontrar refugio en la oportuna
coexistencia de espacios culturalmente diversos
(híbridos). O tal vez, por el deslumbramiento tecnológico que se extiende inconmensurablemente
a los planos económico-sociales, tratando de encontrar (justificar) soportes comunicacionales
alternativos, con el objeto de dar respuestas a la
marcada ausencia de políticas culturales.
La configuración identitaria, las relaciones intersubjetivas y la producción de sentido, han dado
cabida a desarrollos que se justifican solamente
por ubicarse en la inexistente independencia propuesta por la recepción. Emisión, mensajes, recepción y retroalimentación son partes de un todo
que necesariamente deben estudiarse desde posiciones críticas concretas, tanto ideológicas como
epistemológicas.
Proponer el sólo estudio de la configuración de
identidades a partir de la incidencia de los medios
de comunicación, no se convierte en otra cosa que
suscribir implícitamente cierto acuerdo con ambos extremos a los cuales se intenta distanciar y
diferenciar.
Por lo que cabe formular un par de cuestiones
mínimas que ponen en evidencia lo lábil de algunas posiciones: ¿Cómo se constituye una mirada
crítica hacia el technology massmedia system, parado desde la recepción, si la recepción es parte
del mismo sistema?, o también, ¿cómo puede el
estudioso despegarse de toda valorización positiva residual cuando “la relación” entre reputación y
objeto de análisis es directamente proporcional?
Para dar respuesta a esas cuestiones veamos a
dos autores emblemáticos del campo, que ha la fecha forman parte de cuantiosas citas y referencias.
En relación con la primera pregunta, el caso de
Martín-Barbero queda en evidencia: “Estoy pensando en la cantidad de spots publicitarios en los
que la magia tecnológica es capaz de volver encantadoras las tareas más humillantes y más rutinarias
de la vida cotidiana...”.
Proponer y dar por sentada esta afirmación, podría constituirse en una verdadera apología tecnomedíatica, en relación a que los medios vienen a
Lawrence Grossberg. Identidad y Estudios Culturales: ¿no hay
nada más que eso?. En Cuestiones de Identidad Cultural. Amorrortu
editores. 2003.
Martín-Barbero, Jesús. Secularización, desencanto, y reencantamiento massmediático. Diálogos de la Comunicación N° 30, Lima.
1995
cumplir una función de reencantamiento concordante con el ideario postmoderno, a cumplir una
función consolatoria, otorgando aquí el autor una
especie de bienvenida a esa función consolatoria
de los medios masivos.
O para ser más concreto, y para que no queden
dudas: “Los medios han entrado así a hacer parte decisiva de los nuevos modos de percibirnos
como latinoamericanos. Lo que significa que en
ellos no sólo se reproduce la ideología, también se
hace y rehace la cultura de las mayorías, no sólo se
comercializan unos formatos sino que se recrean
las narrativas en las que se entrelaza el imaginario
mercantil con la memoria colectiva...”10.
Es decir, los medios y sus tecnologías subyacentes, no se constituyen para mostrarnos (en el
más acabado sentido mercantilista) que la vida
es inducida de determinada manera humillante.
Tampoco se le adjudicaría un papel engañoso, en
realidad diríamos, están para hacernos un favor,
para que la vida tenga la magia que no tiene, para
retomar una memoria colectiva (cosificada por los
medios), para volver a construir los mitos. Y atención, no mito en el sentido propuesto por AdornoHorkheimer11, tampoco en el sentido formulado
por Barthes12, sino mito en el sentido de un pensamiento mágico.
En relación a la segunda incógnita planteada,
se hace evidente la postura adoptada por García Canclini, al momento de proponer “lo que
se debería hacer”, en una línea de pensamiento
que convalida tanto por omisión como por expresión, situaciones propias de su particular dinámica de construcción ciudadana en términos
10 Martín-Barbero, Jesús. Comunicación y Solidaridad en Tiempos
de Globalización. Ponencia en el 1er Encuentro Continental de
Comunicadores Católicos convocado por el DECOS- CELAM y
OCIC-AL, UCLAP y UNDA-AL, Medellín, abril de 1999
11 Recordemos que “el iluminismo experimenta un horror mítico
por el mito”. Adorno-Horkheimer. 1947.
12 “Ha de ser rotundamente establecido desde el principio, que el
mito es un sistema de comunicación, es mensaje”. Barthes, R. 1957.
de consumo. “Necesitamos repensar las políticas
y las forma de participación, lo que significa ser
ciudadanos y consumidores. El centro de esta reformulación se halla en el intento de reconcebir
la esfera pública. Ni subordinada al Estado, ni
disuelta en la sociedad civil, se constituye una y
otra vez en la tensión entre ambos. [...] El futuro de la multiculturalidad y de la participación
competitiva de las industrias latinoamericanas
(materiales y simbólicas) en el mercado mundial
depende de cómo combinemos esta doble visión
de lo público”. [...] “Para esto, se requiere que las
políticas culturales, los partidos que critican al
neoliberalismo, y los movimientos sociales, superen la concepción gutemberguiana de la cultura y
elaboren estrategias consistentes de actuación en
los medios” (García Canclini, 1995, p.190).
La sistemática destrucción del discurso propiciado por una modalidad reflejo-perceptiva que
propone la concepción liberal sobre los massmedia, ha subsumido la categoría ciudadanía en relación a un intencionado consumo. Al repensar la
esfera pública, lo que en realidad se está diciendo, apunta a una reformulación dinámica en la
dimensión del estado, situándolo entre márgenes
difusos e inacabados.
Pero además, la idea de competitividad de las
industrias culturales latinoamericanas, se remite a comprometer políticas tendientes a generar
nuevos espacios de disputa, en realidad a concentrar esfuerzos para sostener una participación
dentro de un mercado globalizado que ya ha fijado las reglas.
Por otra parte, la secuencia donde se equiparan
categorías del orden de: políticas culturales, partidos no críticos y movimientos sociales (en todas
sus versiones), reunidos en pos de una expansión
tautológica, inevitablemente desembocan en una
vacuidad expresa. Al tiempo en que la consecuente
naturalización del consumo simbólico han superado largamente la centralidad gutemberguiana.
185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
186
BOURDIEU, Pierre. El oficio de sociólogo. Buenos Aires: Siglo XXI,
JAMESON Frederic. Posmodernismo o la lógica cultural del capital-
1975.
ismo avanzado. Buenos Aires: Paidos, 1995.
__________. Homo academicvs. Les Editions de Minuit, 1984.
__________. ZIZEK Slavoj, GRÜNER Eduardo. Estudios culturales.
CASTELLS, Manuel. La era de la información. La sociedad de red:
Reflexiones sobre el multiculturalismo. Buenos Aires: Paidos, 1998.
economía, sociedad y cultura. Barcelona: Alianza, 1997.
MATTELART, Armand y MATTELAT, Michèle. Historia de las
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. México: Grijalbo,
teorías de la comunicación. Buenos Aires: Paidos, 1997.
1989.
__________. y Neveu Éric. Introducción a los estudios culturales.
__________. Consumidores y Ciudadanos. México: Grijalbo, 1995.
Buenos Aires: Paidos, 1997.
FOLLARI, Roberto A. Teorías débiles. Para una crítica de la decon-
__________. Historia de la sociedad de la información. Buenos Aires:
strucción y de los estudios culturales. Argentina: Homo Sapiens
Paidos, 2003.
Ediciones, 2002).
__________. y SCHMUCLER, Héctor. América Latina en la encruci-
GIDDENS, Anthony. Un mundo desbocado. Los efectos de la global-
jada telemática. Buenos Aires: Paidos, 1983.
ización en nuestras vidas. Buenos Aires: Taurus, 1999.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Santafé
HERMAN, Edward S. y MC CHESNEY, Robert. Los medios globales.
de Bogotá: Convenio Andrés Bello, 2003.
Los nuevos misioneros del capitalismo corporativo. Madrid: Cát-
SCHMUCLER, Héctor. Memorias de la comunicación. Buenos Aires:
edra, 1999.
Biblos, 1997.
REVISTA LATINOAMERICANA DE
boletín de Suscripción
CIENCIAS
DE LA
COMUNICACIÓN
Deseo suscribirme a partir del próximo número a Revista
Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, mediante:
❑ Depósito bancario ❑ Autorización para débito en mi tarjeta VISA
Por importe de
Nombre y apellido
Dirección
Ciudad C.P.
País
Teléfono
Firma:
Fecha:
/
/
Complete este boletín, recórtelo y envíelo por e-mail, correo o fax a esta dirección:
ALAIC - Asociación Latinoamericana de los Investigadores de la Comunicación
Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues 443, Bloco 22, sala 30
Cidade Universitária / Butantã São Paulo - SP - Brasil Cep: 05508-900
Correo Electrónico: [email protected] - Home page: www.alaic.net
Suscripción anual: 25 US$
Forma de pago: Depósito Bancario
Para depósito en nuestra cuenta corriente, al cambio del día Los brasileros
pueden efectuar el pago de su suscripción a través de depósito bancario en
nuestra cuenta corriente. Basta enviarnos el comprobante de depósito con
el valor de cambio del día, para nuestra secretaría. Tel/Fax: (55 11) 3091-2949
Banco do Brasil Número do Banco - 001
Endereço: Av. Professor Luciano Gualberto 594, Cidade Universitária
São Paulo - Brasil. Número da Agencia: 3559-9 / Universidade de São Paulo
Número da Conta Corrente: 6.983-3
187
Forma de pago: VisaNet
Es posible cobrar las suscripciones a través de pagos con VISA, no
importando se está en territorio nacional o no. El procedimiento a
ser adoptado será llenar la autorización para débito e enviarla via fax
para Fax: (55-11) 3091-2949
FORMULARIO PARA AUTORIZACIÓN PARA DÉBITO EN TARJETA DE CRÉDITO - VISA
Nombre
Domicilio particular
Teléfono:
Fax:
Correo electrónico:
❑ Autorizo el débito de US$________ (________ ______dólares) de mi tarjeta de crédito VISA
número ____________________________________________________________________
validade _______________para pagamento de la suscripción de la Revista Latinoamericana de
Ciencias de la Comunicación.
Firmar aqui:
____________________________________________________________________________
GLOBALIZAÇÃO E CULTURA POPULAR:
A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO
POLÍTICO DA MÍDIA
Aline Fernandes de Azevedo
Graduada pela UNESP – Universidade Estadual Paulista - em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo. Ë mestre em Ciências da Comunicação pela Escola
de Comunicações e Artes da USP, na linha de pesquisa
Epistemologia, Teorias e Metodologia da Comunicação,
sob a Orientação da Prof. Dra. Maria Aparecida Baccega.
E-mail:[email protected]
188
1 Este trabalho faz parte de reflexões mais amplas abordadas em minha dissertação de mestrado e foi redigido para ser apre-
sentado no GT3 – Comunicação Política e Meios do Congresso ALAIC 2004.
RESUMOResumo
Este trabalho visa mostrar como as novas configurações da pós-modernidade atuam no
campo político através do embate entre a cultura global e as culturas nacionais e regionais,
em especial no caso da eleição presidencial de 2002 no Brasil. Para tanto, serão analisadas
as revistas semanais Veja e Época, tendo em vista os preceitos de Michel Foucault, procurando entender o discurso como local de exercício de poder. Além disso, o artigo pretende
abordar as várias faces do campo da comunicação, dando origem a uma pesquisa que leva
em conta a característica interdisciplinar de seu objeto.
Palavras-chave: Jornalismo; política; pós-modernidade.
ABSTRACT
The focus of my research is to establish how postmodern configurations act on politics
through the impact of global culture on national and local and regional cultures, particularly under the 2002 Brazilian Presidential campaign. The analysis of the weekly news
magazines “Veja” and “Época” incorporate Michel Foucault’s concepts, in an attempt to
understand the discourse as the realm of power in action. In addition, the present article
explores the different facets of the communications field, taking into account the object’s
interdisciplinarity.
Keywords: Journalism; Politics; Postmodernity
RESUMEN
Esto artículo se propone evidenciar cómo las nuevas configuraciones de la pos-modernidad actúan en el campo político través del embate entre la cultura global y las culturas nacionales y regionales, en especial en el caso de la elección presidencial de 2002 en el Brasil.
Por eso, van a ser estudiadas las revistas semanales Veja y Época, teniendo como referencia
los preceptos de Michel Foucault, procurando entender el discurso como local de ejercicio
de poder. Además, el artículo pretende abordar los diversos rostros del campo de la comunicación, dando origen a una investigación que lleva en consideración la característica
interdisciplinar de su objeto.
Palabras claves: Periodismo; Política; Posmodernidad
189
1. Campo da comunicação: orientações nos
estudos de mídia e política
190
Antes de iniciar a apresentação de minhas idéias,
gostaria de lembrar que o campo (Bourdieu, 1983)
da comunicação, assim como os demais campos
científicos de que temos notícias, só pode ser estudado através da linguagem, do campo simbólico
como gênese de tudo e de todas as coisas. É segundo este olhar que guiamos nossas reflexões, tendo como ponto de partida a afirmação de que só
podemos ser através de signos, pois é pela linguagem que nosso pensamento se organiza e somente
através dela deixamos o “caos” (Gomes, 2003) para
nos estabelecer no simbólico, no lugar onde as coisas têm nomes. É desta maneira que entendemos
que “nosso acesso ao real é sempre mediado, dado
numa outra dimensão que não a dele, dado na ordem simbólica” (Gomes, 2003, p.31).
Desse pressuposto é que iremos abordar no presente trabalho o papel da mídia como mediação,
em especial de duas das revistas semanais de
grande destaque no Brasil, no âmbito da eleição
presidencial de 2002. Para tanto, devemos colocar
primeiramente alguns elementos que dirigem esta
reflexão e lembrar que a formulação das idéias e
conceitos sobre as relações entre mídia, política e
cultura apresentadas nesse trabalho encontra-se
ainda em construção, embora a temática já tenha
sido abordada brilhantemente por Albino Rubim,
Antônio Fausto Neto e Eliseo Verón, dentre outros
pesquisadores.
Desta maneira, parece-me indispensável iniciar
esta reflexão pelas relações entre mídia e política,
considerando o período eleitoral como bastante
significativo para o entendimento das novas configurações sociais na atualidade. É dessa forma
que as eleições aparecem como um procedimento
imprescindível da consolidação política, especialmente no que se refere à democracia. Dotada de
uma legitimidade que se forja no procedimento
do ritual, as eleições marcam as mutações sociais e
culturais de uma era em que a mídia assume papel
central, tal como conceitua Rubim (2002, p.40):
“No mundo contemporâneo, o surgimento e
desenvolvimento de uma nova modalidade de
comunicação, aqui nomeada de midiática, e a
conformação de uma sociedade estruturada e
ambientada pela mídia recolocam em intensa
evidência a temática do relacionamento entre
política e comunicação, e, em especial, da interação entre mídia e eleições (...)”.
A Idade Mídia de que fala Rubim nos dá uma
margem consolidada do papel dos meios de comunicação na atualidade, assim como nos coloca
frente ao objeto da comunicação como multifacetado, exigindo um estudo inter e transdisciplinar
que dê conta de suas complexidades. Complexidades que se constroem na pós-modernidade
como a era de mudança, da realidade vista segundo a óptica do global: “(...) somos desafiados
a pensar o mundo como uma sociedade global
(...)” (Ianni, 2000, p.147). Sociedade regida pelo
signo da mutação, da velocidade e do instantâneo, da construção de uma nova interpretação da
realidade local, regional e nacional em oposição à
aldeia global.
Logicamente não encontramos aqui o espaço
adequado para entrar na discussão epistêmica do
campo científico e sua necessidade de “abrir as
ciências sociais” tal como nos propõe Immanuel
Wallerstein (1996), tarefa que me parece primordial e necessária. Porém convém esclarecer que a
presente reflexão deve partir dos conceitos de pluridisciplinaridade oriundos dessa linha de pensamento, o que poderá resultar de uma análise árdua
e laboriosa, porém possível de pensar a problemática entre mídia e política no cenário nacional em
sua totalidade.
Da mesma maneira, a utilização do discurso da
mídia como objeto de análise dá plena possibilidade à nossa pesquisa de partir da materialidade dos
enunciados observados nas revistas e encontrar,
nessa materialidade, vestígios de um confronto
de forças que está muito além do enunciado, que
centra seus embates nos domínios da sociedade
pós-moderna e sua problemática social, cultural,
política e econômica. Além disso, partindo da premissa de que os meios de comunicação não podem
mais ser concebidos como manipuladores e nem o
receptor pode mais ser entendido como passivo e
passível de quaisquer tipos de influências, tentamos em nosso estudo abordar a mídia como um
instrumento cotidiano na vida das pessoas, cuja
introdução se iniciou durante o século passado
por meio das evoluções tecnológicas e que faz parte integral dos conflitos que regem esse cotidiano,
desde o consumo de determinado alimento até a
formação cultural, política e, por que não arriscar,
ideológica do homem contemporâneo.
2. Discurso e política: margens teóricas
“(...) Eu não queria ter de entrar nesta ordem
arriscada do discurso; não queria ter de me haver com o que tem de categórico e decisivo; gostaria que fosse ao meu redor como uma transparência calma, profunda, indefinidamente
aberta, em que os outros respondessem à minha
expectativa, e de onde as verdades se elevassem,
uma a uma; eu não teria senão de me deixar
levar, nela e por ela, como um destroço feliz (...)”
(Foucault, 1996, p.7)
Quando partimos na aventura de tentar explicar
os acontecimentos ao nosso redor, especialmente
os que envolvem o jornalismo e a política, entramos de antemão no mundo da linguagem e de
seus princípios, do discurso e do simbólico. E não
há como entender o discurso jornalístico sem falar
de luta, embate pela manutenção do poder estabelecido, institucionalização e cotidiano.
Como nos ensina Foucault, o discurso é o local
onde se travam as lutas pela manutenção do poder.
Não é ambiente de neutralidade ou transparência,
visto que se exerce dentro dos limites de um sistema de dominação, mas lugar de visibilidade, de
exercício do poder. É desta forma que podemos
concordar com as idéias de Rubim quando diz que
as eleições de 2002 no Brasil “foram vividas sob o
signo da visibilidade” (Rubim, 2003, p.46). As sór-
Dotada de uma legitimidade que se forja no
procedimento do ritual, as eleições marcam as
mutações sociais e culturais de uma era em que
a mídia assume papel central.
didas investidas da mídia tão abertas e espantosas
que observamos em períodos eleitorais passados,
em especial em 1989, foram substituídas pela visibilidade e pelo (utópico) desejo de imparcialidade.
É certo, porém, que essa visibilidade como palavra
de ordem durante a cobertura eleitoral para a presidência da república não privilegiou abertamente
nenhum candidato, como alguns são tentados a
afirmar. Tomar isso como certo seria cair em um
simplismo redutor. Devemos observar que a interdição da mídia se deu em outro nível, no campo
do dizível, estabelecendo os temas que deveriam
ser tratados pelos candidatos, restringindo o dizível à confirmação do compromisso pela ordem
econômica neoliberal estabelecida e enfatizando as
problemáticas relacionadas aos apelos econômicos
e ao desemprego, impondo, desta maneira, uma
vontade de verdade tal qual nos ensina Foucault,
pois “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer
tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer
circunstância, que qualquer um, enfim, não pode
falar de qualquer coisa” (Foucault, 1996, p.9).
E é justamente partindo da obra “A ordem do
discurso” (Foucault, 1996) que podemos encontrar vestígios preciosos de como Foucault entende
o discurso e seus mecanismos de funcionamento,
191
Os critérios de noticiabilidade (...) atuam claramente como
procedimentos de interdição discursiva, assumindo assim papel de
regulador do discurso para a manutenção da ordem social.
192
definições que nos ajudam a compreender o fenômeno de visibilidade adotado pela mídia durante
a corrida presidencial. Discurso visto como método de exclusão enquanto mantedora e mantida
por sociedades de discurso. Discurso que deriva da
prática social, do outro, do apontamento histórico e da vontade de verdade. Vontade essa que não
corresponde a uma realidade exterior única e indiscutível, mas que provém da maneira pela qual
alguns querem que o discurso seja proferido. Que
controla e é controlada, ao mesmo tempo, pelos
mecanismos de coerção social. Vontade de verdade que mantém as bases sociais e equilibra as disputas de poder. Vontade que se esconde na utopia
da verdade única e nas sombras da moralidade.
É bem certo que essa vontade de verdade exerce
um controle externo sobre o discurso e que esse
controle está ligado exatamente pelo mesmo ponto que liga o discurso e a sociedade. E é certo também que ela não é o único mecanismo de coerção
discursiva, pois podemos verificar controles internos ao discurso que cumprem o mesmo papel:
delimitar a linguagem, indicar o enunciatário, excluir os que não poderiam ou deveriam entender a
mensagem, incluir somente os que socialmente interessam. É desta forma e através dessas estruturas
lingüísticas e disciplinares que o discurso se vale
como poderosa ferramenta de controle social.
E no discurso jornalístico não poderia ser diferente. Os critérios de noticiabilidade adotados
pela maioria das empresas midiáticas, a agenda
pública dos meios, a preocupação com os níveis de
audiência e outros mecanismos de construção dos
enunciados jornalísticos atuam claramente como
procedimentos de interdição discursiva, assumindo assim papel de regulador do discurso para a
manutenção da ordem social. Bourdieu chamou
o conjunto desses procedimentos implícitos que
guiam o trabalho cotidiano de ‘habitus’, ou seja,
o conjunto de aquisições duráveis concebidas durante a trajetória social singular de cada indivíduo.
Foucault faz a mesma referência quando diz que
“essa vontade de verdade, como os outros sistemas
de exclusão, apóia-se sobre um suporte institucional” (Foucault, 1996, p.17).
3. Discurso da “mentira”: a visibilidade
e os limites do dizível.
Em meio a muitos exemplares das revistas Veja
publicados durante a eleição presidencial de 2002,
alguns se mostram bastante pertinentes serem
colocados aqui, para que nossas reflexões sobre
o discurso possam ser esclarecidas. Certamente
uma das publicações que mais chama a atenção é
o exemplar de 02 de outubro de 2002, com matéria de capa dedicada à mentira. Em grandes letras
amarelas com um belo fundo vermelho, a manchete diz: “Mentira! Um levantamento mostra que as
pessoas ouvem duzentas mentiras por dia. A mentira é um apaziguador social e sem ela a vida seria
um inferno. Por que os políticos exageram seus
poderes e fazem promessas que não irão cumprir”.
Para efetuar uma breve leitura, vamos nos ater ao
discurso verbal utilizado pela revista, em especial à
chamada de capa e ao editorial intitulado “O teste
da realidade”.
Assim, diante dos enunciados observados, podemos notar que a postura de Veja favorece a imagem
pública de José Serra, então candidato do PSDB e
sucessor natural de Fernando Henrique Cardoso.
Em meio a outras demonstrações da mídia, os
adjetivos empregados no editorial para construir
a imagem de Serra, tais como político obstinado
ou demolidor de obstáculos, nos revelam o vetor
de significação que perpassa todo o discurso da
revista durante a corrida presidencial, ou seja, a
competência política do candidato. Em outras palavras, há um deslocamento de sentido, como diria
Foucault, introduzido pela mediação simbólica e
que coloca instantaneamente e implicitamente
o nome de Serra quando se fala de competência,
constrangendo, de certa maneira, as bases do que
se entende como o ‘saber’ dos candidatos. Essas
bases, que se colocam como conseqüência de um
processo histórico social em que a mídia assume
papel central, definem as qualificações para se
tornar um bom político. Os candidatos são, desta
maneira, levados a demonstrar qualidades centradas no sentido administrativo de gestão em detrimento dos ideais de liberdade para o progresso da
Nação (calcados principalmente no período de
repressão e ditadura, época em que o então candidato do PT iniciou sua carreira política nos sonhos de igualdade social). Assim, a mídia define os
ideais da nova política, reafirmando a imagem de
Lula como candidato despreparado em prol do saber/fazer de José Serra, definindo o maior desafio
de Duda Mendonça: transformar Lula em candidato moderado, apaziguador e negociador.
Da mesma maneira, Ciro Gomes é tratado como
explosivo, como podemos notar em “(...) O Ciro
Gomes da campanha é o Ciro que os íntimos conhecem, uma pessoa que não leva desaforo para
casa” e Anthony Garotinho tem seu vetor discursivo centrado no sentido de um bom argumentador
porém passível de falsa legitimidade: “A campanha
de Garotinho não escondeu a alma leve, bem-humorada do candidato – nem seu poder de comunicação”. Já Lula, além de tido como candidato
despreparado academicamente, teve seu vetor discursivo calcado na idéia da mentira: “No caso de
Luís Inácio Lula da Silva, a questão continua um
mistério. Lula, radical no passado, reapareceu conciliador e moderado”. Em todos os casos, a revista
atua desqualificando os candidatos, com exceção
de José Serra, e margeando as definições de uma
nova política em que o papel do administrador
prevalece, refletindo um imaginário em que a gestão e a auto-regulação são características essenciais
para o progresso.
Desta maneira e tendo descoberto o vetor de significação, parece-me pertinente colocar
que a palavra “mentira” observada na capa da
publicação desloca seu sentido para a figura de
Lula, enquanto a pequena chamada à esquerda no
alto da capa refere-se a Collor, político conhecido
pela decepção nacional que desencadeou seu impeachment em 1992. Acaso ou não, o que a materialidade desse enunciado nos revela é a idéia
da existência de um Lula radical e militante, que
compartilharia falsamente da ideologia globalista
do progresso tecnológico e da livre-concorrência
econômica com o intuito de atingir a vitória em
seu quarto embate eleitoral.
Em continuidade e ainda refletindo intervenções
na produção do discurso, a edição da semana seguinte de Veja datada de 09 de outubro confirma
a ideologia citada anteriormente. “Os grandes desafios” selecionados pela revista em sua matéria de
capa como “os cinco maiores problemas do país”
podem nos dar uma exemplificação da interdição
executada a partir do que é permitido dizer, da
delimitação da agenda pública dos meios no foco
dos problemas econômicos, em especial no que se
refere ao desemprego, como atesta Rubim:
“Em suma, a mídia, através de sua atuação,
buscou delimitar a agenda pública de debate
político, estigmatizando qualquer posição de
questionamento mais radical de aspectos do
modelo econômico, tomados desse modo como
acima do embate eleitoral, além de buscar comprometer os candidatos com temas que consideravam inquestionáveis nessa agenda.” (Rubim,
2003, p.46)
A revista coloca os principais problemas do país
como: crescimento econômico, reforma tributá-
193
ria, taxa de juros, previdência e desemprego, limitando assim os assuntos que podem ou devem ser
tratados pelos presidenciáveis e mascarando uma
ideologia vigente que impõe o global, a tecnologia
e o neoliberalismo. Desta maneira, crescimento
econômico está fortemente vinculado ao problema do desemprego e da taxa de juros, que por sua
vez se refere à tão comentada estabilidade mone-
Entendemos que o processo de globalização
causa estranheza, perturbação e ameaça a identidade própria de determinada sociedade devido
às novas formas de pensar o espaço e o tempo.
194
tária. É como se tudo fosse possível de reformas
(como a previdência ou os impostos), menos a ordem social estabelecida que prevê o pensamento
neoliberal como condutor econômico e o fim da
inflação e do desemprego como desejo máximo de
uma sociedade saudável.
Resumidamente, a agenda pública selecionada
pela mídia na cobertura da eleição presidencial
de 2002 impõe limites bastante rígidos da visibilidade que marcou o período, delimitando as margens do dizível e servindo como instrumento de
intervenção para a manutenção do poder político
estabelecido. Além disso, pensando a linguagem e
o discurso também como criadores de realidade e
não somente como mecanismos de reflexo do exterior, “não apenas designativa, mas produtora de
realidade” (Sodré, 2003, p.22), temos a possibilidade de entender a mídia como portadores materiais
de uma ideologia globalista, que tem como objetivo maior fomentar uma realidade tecnológica,
colocando a globalização como único paradigma
possível, o capitalismo como sistema de produção
infindável e a exclusão social como conseqüência
outra livre de suas origens primeiras. E é justamente diante das limitações temáticas impostas
pela mídia que as alternativas para a construção
do discurso político dos candidatos se faz em torno de interpretações dessa realidade global. Discursos políticos que diferem em reles pontos, normalmente centralizados na técnica e métodos de
realização das políticas públicas, e que convergem
em igualdade para o mesmo paradigma dominante do progresso tecnológico e do mercado.
Assim, diante do termo globalização como palavra de ordem, não se pode reconhecer de antemão
os conflitos e antagonismos que suas significações
carrega. Isso porque, quando um grupo obtém a
aceitação da sociedade de determinada ideologia, está obtendo o aval para dirigir o sentido dos
acontecimentos em uma direção que se pretende
comum a todos, universal, verdadeira. A totalidade e universalidade ilusória não permitem que se
veja os outros sentidos provenientes da semântica
do termo globalização. Calcados na abstração da
sociedade globalizada de mercado, os discursos
das elites neoliberais reafirmados nos discursos da
mídia esquecem, ou fingem esquecer, da existência de culturas outras, locais ou nacionais. É exatamente dessa maneira que a tecnologia e o mercado
deixam de ser significações para se converterem
em valores, fortemente enraizados e estigmatizados na sociedade contemporânea. “A globalização
é experimentada, portanto, como destino social”
(Sodré, 2003, p.36).
4. Cultura nacional e contra-discurso: o
popular como alternativa
“Seria impróprio falar de uma ‘cultura-mundo’,
cujo nível hierárquico estaria situado acima das
culturas nacionais ou locais. O processo de mundialização é um fenômeno social total que para
existir deve localizar-se, enraizar-se nas práticas
cotidianas dos homens” (Ortiz, 1995, p.41).
Mas como explicar a vitória de Lula nas urnas
quando o candidato que melhor interpretava a
ideologia globalista mundialmente vigente era
justamente seu opositor e sucessor de FHC, José
Serra? Se os discursos de Veja procurava desqualificar Lula, como compreender a eleição de um
homem de origens populares para o cargo mais
significativo da política brasileira?
Ao colocar estas questões, precisamos antes
entender alguns pontos que ajudaram a definir a
corrida presidencial. Apesar da perfeita sintonia
entre o candidato José Serra e a interpretação neoliberal e global da realidade, o candidato herdou
de FHC também uma situação de crise econômica, desemprego e problema social. Já Lula criou
em sua campanha uma imagem que propiciava a
possibilidade de mudança do cenário social, tão
esquecido pelo governo anterior. O slogan de José
Serra “continuidade sem continuísmo” tentava reverter o quadro justamente nesses parâmetros, reafirmando o discurso da exclusão social, da fome
e da miséria como suportes fundamentais na decisão política da população.
Uma importante visão que orienta esse trabalho
parte da premissa que entende a sociedade global
como identidade outra imposta à cultura local e
nacional que, redefinindo as configurações e produzindo mudanças cotidianas (no sentido de estar
no mundo, trabalhar, comer, vestir, etc.), debilita as fronteiras do local e do nacional, causando
uma instabilidade inerente. Nestes parâmetros,
entendemos que o processo de globalização causa estranheza, perturbação e ameaça a identidade
própria de determinada sociedade devido às novas formas de pensar o espaço e o tempo. Essas
ameaças são facilmente traduzidas nos excessos
vislumbrados nas minorias das facções terroristas
que subsistem à lógica globalista. Porém, não se
pode confundir a “regressão aos particularismos e
aos fundamentalismos racistas e xenófobos, que,
embora motivados em grande parte pela mesma
globalização, acabam sendo a forma mais extrema da negação do outro” (Martín-Barbero, 2003,
p.59), com os fenômenos culturais latino-americanos, compostos de uma formação sócio-histórica
que contempla a diversidade cultural. Isso porque
a globalização comunicativa não pode ser pensada
como simples processo de homogeneização, mas
como mudança no sentido da diversidade.
Desta forma e com o intuito de sobreviver nesta
nova lógica cultural, as sociedades locais procuram fazer um exercício de reconhecimento de suas
diferenças, para que sua identidade não se perca
na do outro. É exatamente o que menciona Stuart
Hall quando coloca que “o primeiro efeito tem
sido o de contestar os contornos estabelecidos da
identidade nacional e o de expor seu fechamento
às pressões da diferença, da alteridade e da diversidade cultural” (Hall, 2003, p.84), estabelecendo a
impossibilidade de, em tempos globais, ter-se um
sentimento de identidade coerente e integral.
Logicamente não me parece possível comparar
os fenômenos observados em sociedades de culturas locais e nacionais diversificadas, tais como
as da América Latina, com os excessos terroristas
que abalam algumas nações mundiais. A singularidade da formação cultural latino-americana,
sempre repleta de diferenças e heterogeneidades,
permite que a cultura hegemônica difundida via
globalização se enraíze, aos poucos, no modo de
vida dessas sociedades, produzindo novas culturas que não cessam de se modificar, num constante fluxo cultural:
“(...) Outro efeito desse processo foi o de ter provocado um alargamento do campo das identidades e uma proliferação de novas posições-deidentidade, juntamente com um aumento de
polarização entre elas. Esses processos constituem a segunda e a terceira conseqüências possíveis da globalização, anteriormente referidas
– a possibilidade de que a globalização possa
levar a um fortalecimento de identidades locais
ou à produção de novas identidades. (...)” (Hall,
2003, p.84).
Porém não se pode dizer que essas novas formações culturais derivam de um processo passivo,
195
Devemos compreender o discurso jornalístico como mediação e não como
único determinante ideológico, pois eles se referem muito mais
à manutenção da ordem estabelecida socialmente do que a algum
tipo de mudança dessa ordem preestabelecida.
sem lutas e embates. Essa é uma primeira impressão dada pelo fato desse processo dialético ser da
ordem do imaginário, donde reside a ideologia (ou
vontade de verdade) e sua capacidade intermitente
de se automascarar, de transfigurar-se, como nos
ensina Foucault:
“(...) só aparece aos nossos olhos uma vontade
que seria riqueza, fecundidade, força doce e insidiosamente universal. E ignoramos, em contrapartida, a vontade de verdade, como prodigiosa
maquinaria destinada a excluir todos aqueles
que, ponto por ponto, em nossa história, procuraram contornar essa vontade de verdade e
recolocá-la em questão contra a verdade (...)”
(Foucault, 1996, p.20).
196
Diante da compreensão da impossibilidade do
surgimento ‘natural’ de novas culturas sem a intervenção do embate entre os poderes globais e
locais, podemos desenvolver as noções que colaboram para entender o desfecho da corrida presidencial de 2002. Nesses parâmetros, não se pode
atribuir a vitória do candidato do PT, Luis Inácio
Lula da Silva, a uma hipotética manipulação exercida pela mídia, ou à onipotência decisiva do marketing político, e sim a um conjunto de elementos
que convergem numa única direção: a do embate
entre cultura global e culturas locais e a do surgimento de novas formas culturais.
É dessa maneira que as culturas locais e nacionais interpretam o discurso de Lula sobre o
‘homem popular’ para definir o embate eleitoral, criando, de certo modo, um contra-discurso
que prevê a heterogeneidade e reafirmação da
identidade do homem brasileiro. Criando uma
imagem congruente com as raízes do Brasil e de
seus problemas sociais, Lula caminhou com tranqüilidade rumo à presidência, enquanto o candidato do PSDB, José Serra, tentava construir uma
identidade outra que pudesse se adequar a essa
nova interpretação da realidade, baseada sempre
na reafirmação do sentido do ‘homem popular’. É
exatamente isso que observamos nas matérias da
revista Época datada de 7 de outubro de 2002, em
especial nas fotos das páginas 38 e 39, que tentam
redefinir o perfil de Serra, cuja legenda diz: “Trajetória. Serra seguiu uma trilha tortuosa até o segundo turno. Tímido, nunca se mostrou à vontade no
corpo-a-corpo com os eleitores, mas se esforçou:
andou de metrô, tocou berrante, tomou água-decoco e se arriscou na percussão.” Algumas páginas
adiante, uma grande foto de Lula atua emocionando os leitores ao focalizar a simplicidade das raízes
brasileiras: forno à lenha, panela grande, e o candidato em sua intimidade. Na legenda, os seguintes
dizeres: “Janeiro. Às vésperas de iniciar sua quarta
campanha à presidência, Lula prepara um coelho
em seu sítio, em São Bernardo do Campo”.
Mídia e cultura: considerações finais
Tentamos demonstrar, no decorrer desse trabalho, que as relações entre mídia e política não podem ser dadas simplesmente com a afirmação da
manipulação dos meios e da passividade do eleitorado. Isso porque estas relações encontram-se
profundamente enraizadas em outros territórios,
da cultura e da linguagem, que reafirmam nosso
objeto de estudo como multifacetado. As causas da
vitória do candidato do PT nas eleições presiden-
ciais de 2002 podem ser descritas por um conjunto
de fatores em que a mídia tem papel central, não
somente pela sua possibilidade de limitar o dizível
e beneficiar a imagem de determinado candidato,
mas por sua atuação em uma realidade global que
aos poucos está sendo construída.
Pensar os procedimentos de controles dos discursos jornalísticos observados nas revistas como
suficientes para decisão eleitoral não é, nesta nova
era da globalização em que vivemos atualmente,
colocar a problemática da maneira mais adequada. Devemos compreender o discurso jornalístico
como mediação e não como único determinante
ideológico, pois eles se referem muito mais à manutenção da ordem estabelecida socialmente do
que a algum tipo de mudança dessa ordem preestabelecida.
Em suma, as novas realidades culturais construídas pela dialética entre o global e o local contribuíram em muito para a vitória de um homem de raízes populares na corrida presidencial de 2002 no
Brasil. A necessidade de reafirmação de uma identidade nacional proporcionou a Lula uma perfeita
adequação de sua imagem a um sentimento quase
perdido do sentido de ser brasileiro, traduzindo
sua eleição nas urnas. Isso nos proporciona um
entendimento primordial do novo paradigma
em que o campo epistemológico da comunicação
deve ser pensado: não mais como manipulação tal
qual nos remetia a escola de Frankfurt, mas como
globalização, como nos ensina brilhantemente
Octavio Ianni. Globalização vista como local de
embate, de lutas pela manutenção do poder. Globalização como vontade de verdade, que assim
sendo, mascara o que se poderia chamar de verdade outra. Globalização como imaginário, tal como
nos mostra Castoriadis, que não é ditado pelos fatores reais mas é antes o próprio imaginário que
confere a esses fatores reais tal importância e tal
lugar no universo, na sociedade. Imaginário este
conduzido pelo simbólico e pelo discurso, sempre
para a manutenção de dada ordem social.
197
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS FILHO, Clóvis de (org.). Comunicação na polis: ensaios
mação cultural. In: MORAES, Denis (org.). Por uma outra comunica-
sobre mídia e política. Petrópolis: Vozes, 2002.
ção. Rio de Janeiro: Record, 2003.
BOURDIEU, Pierre. O campo científico. São Paulo: Ática, 1983.
MORAES, Denis (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro:
CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. São
Record, 2003.
Paulo: Paz e Terra, 1986.
ORTIZ, R. Mundialización y cultura. Buenos Aires: Alianza, 1995.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
RUBIM, Antonio Albino Canelas. Eleições e (Idade) mídia. In: BAR-
GOMES, Mayra Rodrigues. Poder no jornalismo. São Paulo: Hacker,
ROS FILHO, Clóvis de (org.) Comunicação na polis: ensaios sobre
2003.
mídia e política, Petrópolis: Vozes, 2002.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de
RUBIM, Antonio Albino Canelas. Lula presidente: televisão e política
Janeiro: DP&A, 2003.
na campanha eleitoral. São Paulo: Hacker, 2003.
IANNI, Octavio. Globalização: novo paradigma das ciências sociais.
WALLERSTEIN, Immanuel. Para abrir as ciências sociais. Lisboa:
Revista Estudos Avançados, São Paulo: IEA-USP, v.8, n.21, 2000.
Europa-América, 1996.
MARTÌN-BARBERO, Jesus. Globalização comunicacional e transfor-
Ibercom de Sevilha
representou fortalecimento da comunidade iberoamericana de ciências da
comunicação
n
com – Barcelona) demonstrou
Comunicación (Aseic).
vontade política no sentido de
O primeiro evento – III Con-
fortalecer o legado comuni-
gresso Ibérico – reuniu acadêmi-
cacional hispano-luso-ameri-
cos de Portugal e Espanha para
cano como espaço intercultural
debater o tema “comunicação
capaz de promover o diálogo
e desenvolvimento cultural na
com a comunidade anglofona
A Cidade de Sevilha, Espanha,
Península Ibérica na sociedade da
que praticamente monopoliza
serviu como cenário de acontec-
informação”. O segundo evento
a nossa área do conhecimento.
imentos que convergem para a
– IX Congresso Ibero-americano
A comissão gestora inclui, entre
constituição de uma comunidade
de Comunicação – congregou
outros, figuras de relevo como
ibero-americana de ciências da
estudiosos hispânicos e lusófonos
Enrique Bustamente (Madrid)
comunicação, semente plantada
da Europa e da América para
e Margarita Ledo (Galicia), bem
há 20 anos, em São Paulo, pelo
dialogar sobre “o espaço ibero-
como lideranças emergentes
fundador da Intercom, Prof. Dr.
americano de comunicação na
como Joaquin Sierra (Sevilha) e
José Marques de Melo.
era digital”. O terceiro evento
Josep Maria Blanco Pont (Bar-
Quatro eventos, na semana de
– I Encontro Nacional de Econo-
celona).
14 a 18 de novembro de 2006,
mia Política da Comunicação –
Em seu discurso de abertura
promovidos pela Faculdade de
agregou pesquisadores espanhóis
do IX Ibercom, o catedrático
Comunicação da Universidade
interessados no “pensamento
espanhol Enrique Bustamante
de Sevilha, contaram com o
crítico sobre comunicação e cul-
(Universidade Complutense de
respaldo de três associações in-
tura”. O quarto evento, realizada
Madrid) focalizou o estreita-
ternacionais de pesquisadores da
na cidade de Cadiz, mesclou os
mento dos espaços acadêmicos
comunicação: Associação Ibero-
participantes dos três eventos
sintonizados com as tradições
americana de Comunicação
anteriores para debater o estado
ibéricas, no campo da comuni-
(Assibercom), União Latina de
atual da liberdade de imprensa no
cação e da cultura. Sua expec-
Economia Política da Informação
mundo contemporâneo.
tativa é a de que a Assibercom
(Fonte: JBCC - Ano 2, nº. 42, São Paulo – SP –
Brasil - novembro de 2006)
198
Española de Investigación de la
e da Comunicação (Ulepicc) e
O fato simbolicamente mais
se transforme, gradativamente,
Asociación Latinoamericana de
importante desses encontros foi
em instituição vocacionada para
Investigadores de la Comuni-
a criação da Aseic, com a presença
a otimização de energias no
cación (Alaic) e três associações
e o respaldo das mais represen-
campo comunicacional, neutrali-
nacionais: a brasileira Sociedade
tativas micro-comunidades que
zando a atomização de projetos
Brasileira de Estudos Interdisci-
constituem o Estado Espanhol:
e a dispersão de eventos. Por isso
plinares da Comunicação (Inter-
Madrid, Catalunha, Galicia, Pais
mesmo, homenageou o Prof. José
com), a portuguesa Associação
Basco, Navarra, Sevilha, Valen-
Marques de Melo, chamando-o
Portuguesa de Ciências da Co-
cia, Canárias, Málaga etc. Eleito
de “visionário” que há duas déca-
municação (Sopcom) e a espan-
presidente da comissão gestora
das teve a sensibilidade de per-
hola, recém fundada, Asociación
da Aseic, Miguel de Moragas (In-
ceber essa tendência geopolítica,
NOTicias
plantando a semente de uma
e Francisco Sierra, sem esquecer
comunidade ibero-americana de
o português Luis Humberto
ciências da comunicação. Lem-
Marcos.
Fundada Associação
de Pesquisadores em
Cibercultura
n
brou que, mesmo constituindo
Tais registros confirmaram
um espaço integrado por mais de
a premissa do conferencista
meio bilhão de falantes e produz-
inaugural do IX Ibercom, que
A Associação Brasileira de Pes-
indo conhecimento relevante no
enaltecera o protagonismo insti-
quisadores em Cibercultura com-
campo comunicacional, a Penín-
tucionalizador do Prof. Marques
pletou no dia 27 de outubro seu
sula Ibérica e a América Luso-
de Melo. O boliviano Luis Ramiro
primeiro mês de existência. A en-
Hispânica permanecem isolados
Beltrán atribui ao presidente da
tidade foi fundada em São Paulo
no circuito acadêmico interna-
Intercom o mérito de haver res-
durante I Simpósio Nacional de
cional. Romper taticamente esse
gatado a memória da diáspora
Pesquisadores em Comunicação
imobilismo constitui o nosso
latino-americana que, nos idos
e Cibercultura, organizado pelo
maior desafio nesta conjuntura
de 60-70, irrompeu no pan-
Centro Interdisciplinar de Pes-
de globalização acelerada.
orama mundial das ciências da
quisas em Comunicação e Ciber-
O p i o n e i r i s m o do Pro f .
comunicação, sendo hoje rev-
cultura (CENCIB) do Programa
Marques de Melo foi novamente
erenciada mundialmente como
de Estudos Pós-Graduados em
reiterado no jantar comemora-
uma corrente do pensamento
Comunicação e Semiótica da
tivo dos 20 anos dos Ibercom,
crítico que nunca renunciou ao
Pontifícia Universidade Católica
na noite de 16 de novembro, na
pragmatismo utópico.
de São Paulo (PUC-SP).
(Fonte: EPNOTICIAS, terceira fase, Ano 2, nº 36,
Sergipe/Brasil – novembro de 2006)
Taberna del Alabadero. Nessa
Durante a assembléia geral da
Segundo Eugênio Trivinho,
ocasião, o secretário-executivo
Assibercom, realizada na tarde
membro da Associação, a insti-
da Assibercom, Luis Humberto
de 17 de novembro, foi acolhida
tuição será constituída de uma
Marco, lhe fez entrega de um tro-
a proposta da Universidade de
instância executiva, formada
féu, pelas iniciativas promovidas
Guadalajara (México) no sentido
pelos cargos de Presidência, Vice-
no “adiantado da hora”, como
de sediar, em novembro de 2007,
Presidência e Secretaria Geral, e
descrito nos versos dos poetas
o X Congresso Ibero-Americano
uma instância deliberativa, com-
Carlos Drummond de Andrade
de Comunicação. Tendo como
posta por um Conselho Científico
(brasileiro) e Manuel Freire
tema motivador “Comunicar
Consultivo. “Nos próximos me-
(português). Foram menciona-
a identidade iberoamericana
ses, os pesquisadores definirão,
dos também os demais artífices
no contexto da globalização”, o
além do modus operandi entre as
dessa emergente comunidade
evento será realizado sob a co-
instâncias, as metas institucionais
intercultural: as brasileiras Maria
ordenação do Prof. Dr. Enrique
da Associação, seus objetivos pro-
Immacolata Vassalo de Lopes e
Sanchez Ruiz.
gramáticos, os níveis educaciona-
Margarida M. Krohling Kunsch, a
chilena Lucia Castellon, o argen-
u
is a que se vinculam, os estatutos,
as providências jurídicas seqüen-
tino Alfredo Alfonso, além dos
ciais e a relação com as políticas
espanhóis Manuel Pares i Maicas
públicas (federais e estaduais)
concernentes, entre outras ex-
199
igências relevantes”, comentou
(UFRJ) – rosapedro@globo.
o pesquisador em nota pública à
com;
Comunidade Cientifica.
Veja a seguir os pesquisadores
que compõem a entidade:
Adriana Amaral (UTP) – [email protected];
Alex Primo (UFRGS) – alex.
[email protected];
A n d r é L e m o s ( U F BA ) –
[email protected];
investigaciones y experiencias
Simone Pereira de Sá (UFF)
– [email protected];
Theóphilos Rifiotis (UFSC)
– [email protected];
Vinícius Andrade Pereira
(UERJ - ESPM) – vinianp@
Yara Rondon Guasque Araujo
(UDESC) – [email protected].
Eugênio Trivinho (PUC-SP)
– [email protected];
Fernanda Bruno (UFRJ) – [email protected];
200
Facultades de Comunicación
• Dar a conocer experiencias
que vinculen el tercer sector con
la comunicación social.
• Impulsar la discusión en
para el ejercicio de la comunicación representan las nuevas
tecnologías.
u
UCS) – [email protected];
– [email protected];
realizadas en el ámbito de las
torno a los nuevos desafíos que
yahoo.com;
Diana Domingues (UTP Erick Felinto de Oliveira (UERJ)
• Facilitar el intercambio de
VIII Congreso de
Redcom “La comunicación
y la información de cara
al siglo XXI”
n
Los días 21, 22 y 23 de Sep-
• Promover la reflexión con
respecto a las demandas que
los nuevos públicos realizan a
los medios de comunicación y
a las instituciones sociales, y su
incidencia en la formación de los
comunicadores.
Francisco Coelho dos Santos
tiembre se realizó de 2006 en
• Generar un espacio de dis-
(UFMG) – [email protected].
la Universidad Nacional de La
cusión sobre el rol de la ética en
br;
Rioja (Argentina) el VIII Con-
el ejercicio de la comunicación
greso de la Red de Facultades
social.
Henrique Antoun (UFRJ) –
[email protected];
de Periodismo y Comunicación
Social (REDCOM), que tuvo
Los núcleos temáticos y las
como finalidad, la reflexión y el
Mesas de Trabajo fueron las
Lucrécia D´Alessio Ferrara
intercambio de docentes, alum-
siguientes:
(PUC-SP) – ldferrara@hotmail.
nos, profesionales, académicos e
com;
instituciones que se desempeñan
Juremir Machado da Silva
(PUC-RS) – [email protected];
Marco Silva (UERJ - UNESA)
– [email protected];
Maria Cristina Franco Ferraz
(UFF) – mcfferraz@hotmail.
com;
Othon Jambeiro (UFBA) –
[email protected];
Rogério da Costa (PUC-SP)
– [email protected];
Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro
y/o se dedican a investigar en el
campo de la comunicación.
Entre los principales objetivos
del Congreso se planteó:
• Promover el debate sobre las
principales problemáticas que
1. Formación de comunicadores
Mesa 1: Panorama de estudios
de postrado en Comunicación.
Tendencias.
- Características de la enseñanza de la Comunicación y el
Periodismo.
preocupan a la comunicación
- Nuevos aportes. Panorama
actual, como así también conocer
de la enseñanza de postrado.
las propuestas de solución que
Perspectivas
pudieran existir.
- El desarrollo profesional: es-
NOTicias
pecialidades, competencias y formación continua. Experiencias.
Mesa 2: La investigación en
Comunicación.
- Tendencias y desafíos del estudio de las audiencias y medios
de comunicación.
- Convergencia de medios de
comunicación y el futuro de los
nuevos medios.
2. Educación y comunicación
Mesa 3: Imagen y diseño en la
comunicación educativa
- Aplicaciones y alternativas del
diseño comunicacional.
gias publicitarias
- Ciberespacio y globalización
publicitaria.
4. La comunicación y su relación con el tercer sector
nicación y las organizaciones de
mentos provocados pelos fatos
la sociedad civil
do que por estes, propriamente
- Incidencia informativa de
ditos. A Sociedade Brasileira de
las organizaciones sociales en el
Estudos Interdisciplinares da Co-
contexto mediático.
municação (Intercom) colocou
- Participación ciudadana y
medios de comunicación.
Mesa 8: El periodismo social.
Recursos y desafíos
riodismo social. Proyectos y
cativos.
experiencias.
Intercom 2006
discute relações entre
estado e comunicação
n
da Comunicação o debate acerca
das múltiplas interfaces existentes no espaço entre o Estado
e a Comunicação.
promovido pela Intercom, entre
os dias 4 e 9 de setembro de 2006,
o Congresso Intercom reuniu
algumas das mais importantes
Luiz Alberto de Farias
referências nacionais e inter-
(Doutor em Comunicação e Cultura pela USP;
Professor da ECA-USP e da Cásper Líbero)
nacionais ligadas ao campo da
dinámica educativa. Tecnología e
innovación educativa.
Congresso Brasileiro de Ciências
Brasília (UnB) em seu campus, e
u
comunicación en la enseñanza
la integración de los medios a la
como pano de fundo do XXIX
Realizado pela Universidade de
Mesa 4: Uso de los medios de
- Proyectos pedagógicos para
ceito de que a mídia tem se
esmerado na busca dos senti-
contextos informativos y/o edu-
de enseñanza-aprendizaje.
Marilena Chauí reforça o con-
Mesa 7: Los medios de comu-
- Temas y propuestas de pe-
tico de los medios en el proceso
encaixam-se também as ações
comunicacionais de oposição.
- La lectura de la imagen en
- Modalidades del uso didác-
consideração que nesse processo
Comunicação. De acordo com a
Em tempos de superexposição
coordenadora local do congresso
midiática do Poder Público, a Co-
Dra. Nélia Del Bianco “o congres-
municação torna-se elemento-
so da Intercom é mais do que um
Mesa 5: La Comunicación
chave nas relações com a opinião
espaço de discussão acadêmica
Institucional y las nuevas tec-
pública. De um lado a mídia que
sobre o campo da comunicação.
nologías
se tornou implacável acompan-
É também um momento para
hante de todas as ações públicas,
se conhecer pesquisadores, pro-
de outro os governos e os setores
fessores e estudantes de todo o
públicos que vêm aprimorando
Brasil”.
3. Comunicación e información
frente a las nuevas tecnologías
- Cultura organizacional y cambios tecnológicos y culturales.
- Las nuevas estrategias empresarias en el horizonte digital.
Mesa 6: La Comunicación Publicitaria en la era digital
- Nuevas tecnologías y estrate-
a sua forma de relacionar-se com
os diversos públicos, seja em
O evento foi iniciado pelo
períodos eleitorais, seja em perío-
Colóquio Internacional que
dos de gestão, levando-se em
reuniu Brasil e França, trazendo
201
202
à tona assuntos ligadas ao tema
ambiente, culturas urbanas, ci-
municação o tema central nos
central do congresso. O já tradi-
dadania, turismo e hospitalidade,
debates de pesquisadores em
cional Ciclo de Estudos Inter-
ficção seriada, folkcomunicação,
nível de iniciação científica até
disciplinares da Comunicação,
fotografia, jornalismo, políticas
o pós-doutorado. O fato de o
uma das bases referenciais do
e estratégias, produção editorial,
congresso ter sido realizado
congresso também trouxe nomes
publicidade e propaganda, rádio,
em Brasília deu ainda maior
expoentes da pesquisa em comu-
relações públicas e comunicação
destaque às imbricações entre
nicação, tanto do Brasil quanto
organizacional, semiótica, tecno-
a comunicação e as questões
de outros países. Uma das car-
logia da informação, teorias da
ligadas ao Estado. A agenda,
acterísticas marcantes do evento
comunicação, todas diretamente
assim, teve como ponto alto os
também é a realização simultânea
ligadas à comunicação.
diversos pontos que traziam ao
de atividades que tragam temas
Também compôs a programa-
congresso a oportunidade de
interdisciplinares, como – edi-
ção a tradicional Exposição da
os pesquisadores dialogarem de
tores, informação etc.
Pesquisa Experimental em Co-
forma proativa sobre os diver-
Em se tratando de um evento
municação (Expocom), em sua
sos lados de ação em relação à
científico, o Congresso Inter-
13 edição, com milhares de
comunicação: a formação dos
com traz dezenove Núcleos de
trabalhos de estudantes de todo o
estudantes, o encaminhamento
Pesquisa, formados por pesqui-
país, permitindo a integração do
das pesquisas, a ação do Estado,
sadores das diversas sub-áreas
que é feito nos diversos espaços
a posição da mídia, a atuação das
que compõem o campo, com a
de pesquisa do Brasil.
organizações e da sociedade de
a
apresentação de trabalhos basea-
O evento reuniu cerca de cinco
dos em pesquisas de audiovisual,
mil pessoas, vindas das cinco
educação, esporte, ciência e meio-
regiões do país, fazendo da co-
maneira geral.
u
normas
Normas de publicação para a
Revista Latinoamericana
de Ciencias de la Comunicación
FORMATAÇÃO
Norma geral
Os textos de artigos, entrevistas, estudos e comunicações científicas deverão ter uma extensão máxima de 9 páginas no tamanho
INSTRUÇÕES GERAIS
DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), com margens laterais de 3 cm, digitados
A Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación é um
em fonte Times New Roman de corpo 12, com espaçamento simples
periódico científico semestral, de alcance internacional, que tem o
entre as linhas, alinhamento justificado e recuo de 1 cm no início dos
objetivo principal de promover a difusão, democratização e o forta-
parágrafos. Na prática, o tamanho máximo dos textos corresponde a
lecimento da escola do pensamento comunicacional latino-america-
cerca de 33.000 caracteres (com espaços) ou 5000 palavras, incluindo
no. Além disso, visa também ampliar o diálogo com a comunidade
título, as notas de pé de página, resumos, palavras-chave, textos, re-
acadêmica mundial e contribuir para o desenvolvimento integral da
ferências bibliográficas e anexos.
sociedade no continente.
Primeira página
Conteúdo editorial
Os artigos submetidos à revista podem pertencer a qualquer uma
das categorias listadas a seguir:
2 Comunicações científicas: descrição de pesquisas, metodologia, análise de resultados e conclusões.
2 Artigos: reflexões de pesquisadores latino-americanos, artigos
especiais, análises, reflexões e conclusões sobre temas acadêmicos ou
profissionais. Os artigos publicados devem referir-se à área de Ciências da Comunicação.
2 Entrevistas: discussões com personalidades de interesse para a pesquisa em comunicação.
2 Estudos: programa - informação sobre as diferentes áreas de
Na primeira página devem constar:
2 Título: deve ser integralmente em caixa alta com no máximo
100 caracteres (com espaços), digitado em fonte Times New Roman
de corpo 14 com espaçamento simples entre as linhas, alinhamento
justificado e sem recuo de parágrafo. Os títulos, em nenhuma hipótese, devem conter notas de pé de página, nem ser submetidos à negrito,
itálico e sublinhado.
2 Identificação dos autores: abaixo do título, o(s) nome(s) e
sobrenome(s) do(s) autor(es) devem ser em caixa alta (apenas para
as iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times
New Roman de corpo 12, com espaçamento simples entre as linhas,
ali­nhamento justificado e sem recuo. Do(s) sobrenome(s) do(s)
pesquisa. Projeto - abstracts sobre diferentes projetos de pesquisa.
autor(es) deve(m) sair nota(s) de pé de página (de no máximo 400
Avaliação
caracteres com espaços) com breve apresentação do autor (titulação
Os trabalhos serão submetidos a julgamento. A avaliação será reali-
acadêmica, instituição onde atua e principais publicações) junto de
zada por especialistas do tema, membros do Conselho Editorial ou do
seu e-mail, telefone e endereço postal. Em mais nenhum outro lugar
Conselho de Honra. Os trabalhos poderão ser aceitos integralmente,
do texto deve constar os nome(s) e sobrenome(s) do(s) autor(es).
aceitos sob ressalvas ou recusados. Em caso da necessidade de modifi-
2 Resumos: abaixo da identificação do(s) autor(es), devem-se
cações para sua eventual aceitação, serão enviados a seus autores para
conter resumos (em espanhol, português e inglês) com no máximo
eventuais correções. Se estes os modificarem de uma forma aceitável
750 caracteres (com espaços), acompanhados de, no máximo, 4 pala-
para os critérios do Conselho Editorial, serão considerados finaliza-
vras-chave nas mesmas três línguas.
dos e a data de aceitação passará a ser a da finalização.
Citações, notas de pé de página e referências bibliográficas
Submissão de artigos
2 Citações:
A submissão de um trabalho implica que ele não tenha sido publi-
Para a citação maior de 3 linhas (fonte Times New Roman de corpo
cado, nem esteja em processo de revisão e nem será enviado a outra
12, em itálico, com espaçamento simples entre as linhas, alinhamen-
revista até receber um eventual julgamento negativo da arbitragem
to justificado), não se deve deixá-la entre aspas e deve-se retirá-la do
pertinente.
corpo do texto e colocá-la em destaque, deixando-a, integralmente,
O envio dos originais implica na aceitação do seguinte ponto: o co-
com recuo à esquerda de 1 cm.
pyright do artigo, incluindo os direitos de reprodução total ou parcial
Para citação menor de 3 linhas, deve-se deixá-la entre aspas no
do mesmo em qualquer formato, estarão reservados exclusivamente a
próprio corpo do texto, sem itálico, seguindo a norma geral do texto.
Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación.
Somente serão publicadas as produções redigidas segundo as normas presentes e que tenham sido aprovadas pelo conselho editorial.
A Revista Latinoamericana de Ciências de la Comunicación recebe
Ambas as citações devem ser seguidas das indicações das referências bibliográficas, as quais devem estar entre parênteses com o sobrenome do autor (caixa alta para iniciais e caixa baixa para o restante),
ano da publicação e número de página.
artigos para a publicação nos períodos de suas chamadas de trabalho,
Exemplos para as indicações bibliográficas em ambas as citações:
a serem divulgadas com antecedência por diversos meios eletrônicos.
no caso de uma página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); no caso
Mais informações: [email protected].
de duas páginas a serem citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); no caso
203
várias publicações de um mesmo autor publicadas em mesmo ano:
(Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
2 Notas: as notas de pé de página devem ser numeradas auto-
ses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12.
2 Teses e dissertações (SOBRENOME, Nome. Título em itálico:
subtítulo normal. Ano do depósito. Número total de páginas ou vo-
maticamente sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) e destinam-se
lumes. Tipo de trabalho - locação: [Trabalho de Conclusão do Curso
para informações explicativas ou esclarecimentos adicionais que não
(Graduação em...) (Especialização em...) / Dissertação (Mestrado
podem ser incluídos no corpo do texto. Recomenda-se que as notas
em...) / Tese (Doutorado em...) - Faculdade de... / Instituto de...],
sejam breves.
Universidade, Cidade da defesa, ano da defesa.):
2 Referências bibliográficas: as referências bibliográficas com-
CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
pletas devem ser arroladas em ordem alfabética ao final do texto, con-
nos meios de subsistencia do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado
forme a normatização e os exemplos abaixo:
2 Livros:
ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartografo: travesías latinoamericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de
Cultura Economica, 2002.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo-
em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Artigos de internet (SOBRENOME, Nome. Título em itálico:
subtítulo normal. Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em:
dia seguido do mês abreviado. Ano.
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponível em: <
http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acesso em: 3
jan. 2007.
rias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
Edições Loyola, 2000.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
Os subtítulos devem ser devem ser em caixa alta (apenas para as
iniciais) e caixa baixa (para o restante), digitados em fonte Times
2 Capítulos de livros:
New Roman de corpo 12, negrito, com espaçamento simples entre as
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-es-
linhas, alinhamento justificado, sem recuo e numerados pelo sistema
tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
numérico arábico (1, 2,...). A seguir, um exemplo de como numerar
1993. p.9-45.
um capítulo e seus respectivos itens ou subtítulos:
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
Press, 1997. p.59-61.
204
Subtítulos no corpo do texto
2 Artigos de periódico científico (SOBRENOME, Nome. Título
do artigo. Título do periódico em itálico (abreviado ou não), cidade
da publicação, v. seguido do número do ano ou volume, n. seguido
1. Comunicação de massa
1.1. Teorias da comunicação
1.1.1. As trocas e os fluxos
1.1.2. Indústria cultural
1.2. Ideologia e poder na comunicação
2. Cotidiano e movimento intersubjetivo
do número do fascículo, página inicial-final, mês abreviado, ano da
Figuras (fotos, mapas, diagramas, quadros,
publicação.):
organogramas, infográficos etc.)
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa-
Devem estar digitalizadas em boa qualidade para impressão (reco-
cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
menda-se 300 dpi e formatos de arquivos gráficos: GIF, JPG ou TIF) e
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004.
numeradas. Em arquivo separado do texto principal, devem constar
2 Artigos publicados em imprensa (SOBRENOME, Nome. Tí-
as legendas correspondentes e as respectivas indicações de inserção
tulo do artigo. Nome do jornal ou revista, cidade de publicação, dia se-
no trabalho. Tabelas e quadros gerados e formatados dentro do Word
guido do mês abreviado. Ano. Número ou Título do Caderno, Seção
podem estar no próprio corpo do texto principal. É importante sa-
ou Suplemento, página inicial-final.):
lientar que como a revista é impressa em branco e preto, não se devem
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço em dois me-
conter figuras coloridas.
normas
Normas para colaboraciones de
la Revista Latinoamericana
de Ciencias de la Comunicación
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación recibe
artículos para publicación en los periodos de sus llamadas de trabajo,
a ser divulgadas con antecedencia por diversos medios electrónicos.
Más informaciones: [email protected].
INSTRUCCIONES GENERALES
La Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación es un
FORMATO
Norma general
periódico científico semestral, de alcance internacional, que tiene
Los textos de artículos, entrevistas, estudios y comunicaciones
el objetivo principal de promover la difusión, democratización y el
científicas deberán tener una extensión máxima de 9 páginas en el
fortalecimiento de la escuela del pensamiento comunicacional lati-
tamaño DIN A4 (21,0 cm x 29,7 cm), con márgenes laterales de 3
noamericano. Así como, procura también ampliar el diálogo con la
cms, digitados en tipo Times New Roman de cuerpo 12, con espacia-
comunidad académica mundial y contribuir para el desarrollo inte-
miento simples entre las líneas, alineamiento justificado y tabulación
gral de la sociedad en el continente.
de 1 cm al inicio de los párrafos. De hecho, el tamaño máximo de
Contenido editorial
los textos corresponde a cerca de 33.000 caracteres (con espacios) o
Los artículos sometidos a la revista pueden pertenecer la cualquier
una de las categorías listadas a continuación:
2 Comunicaciones científicas: descripción de investigaciones,
metodología, análisis de resultados y conclusiones.
5000 palabras, incluyendo título, notas de pié de página, resúmenes,
palabras-clave, textos, referencias bibliográficas y anexos.
Primera página
En la primera página deben constar:
2 Artículos: reflexiones de investigadores latinoamericanos, artí-
2• Título: debe ser integralmente en mayúsculas con un máximo
culos especiales, análisis, reflexiones y conclusiones sobre temas aca-
de 100 caracteres (con espacios), escrito en tipo Times New Roman
démicos o profesionales. Los artículos publicados deben referirse al
de cuerpo 14 con espacio simple entre las líneas, alineamiento justi-
área de Ciencias de la Comunicación.
ficado y sin tabulación de párrafo. Los títulos, en ninguna hipótesis,
2 Entrevistas: discusiones con personalidades de interés para la investigación en comunicación.
deben contener notas de pié de página, ni en negrito, itálico o subrayado.
2 Estudios: programa: información sobre las diferentes áreas de
2• Identificación de los autores: debajo del título, el(los)
investigación. Proyecto: abstracts sobre diferentes proyectos de inves-
nombre(s) y apellido(s) de(los) autor(es) deben estar en mayúsculas
tigación.
(solamente las iniciales) y minúsculas (para el resto), escritos en tipo
Evaluación
Times New Roman de cuerpo 12, con espacio simple entre las líneas,
Los trabajos serán sometidos a juzgamiento. La evaluación será
alineamiento justificado y sin tabulación. Del apellido(s) del (de los)
realizada por especialistas del tema, miembros del Consejo Editorial o
autor(es) debe(n) salir nota(s) de pié de página (con un máximo de
el Consejo de Honra. Los trabajos podrán ser aceptados integralmen-
400 caracteres con espacio) con una breve presentación del autor (ti-
te, aceptados con cuestionamientos o recusados. En caso de la nece-
tulación académica, institución donde actúa y principales publicacio-
sidad de modificaciones para su eventual aceptación, serán enviados
nes) junto de su e-mail, teléfono y dirección postal. En ningún otro
a sus autores para eventuales correcciones. Si estos los modificasen
lugar del texto debe constar el (los) nombre(s) y apellido(s) del (de
de una forma aceptable para los criterios del Consejo Editorial, serán
los) autor(es).
considerados finalizados y la fecha de aceptación pasará a ser la de la
2• Resúmenes: debajo de la identificación del (de los) autor(es),
finalización.
deben encontrarse los resúmenes (en español, portugués e inglés) con
Sumisión de artículos
un máximo de 750 caracteres (con espacios), acompañados de, un
La sumisión de un trabajo implica que el no haya sido publicado,
ni que se encuentre en proceso de revisión y ni que sea enviado a otra
revista hasta recibir un eventual juzgamiento negativo del arbitraje
pertinente.
máximo, de 4 palabras-clave en los mismos tres idiomas.
Citaciones, notas de pié de página y referencias bibliográficas
2• Citaciones: para la citación mayor de 3 líneas (tipo Times New
Roman de cuerpo 12, en itálico, con espacio simples entre las líneas,
El envío de los originales implica en la aceptación del siguiente
alineamiento justificado), no se debe dejar entre comillas y se la debe
punto: el copyright del artículo, incluyendo los derechos de repro-
retirar del cuerpo del texto y colocarla en destaque, dejándola, inte-
ducción total o parcial del mismo en cualquier formato, estarán re-
gralmente, con tabulación a la izquierda de 1 cm.
servados exclusivamente a la Revista Latinoamericana de Ciencias de
la Comunicación.
Solamente serán publicadas las producciones escritas según las
normas presentes y que hayan sido aprobadas por el Consejo Editorial.
Para una citación menor de 3 líneas, se la debe dejar entre comillas
en el mismo cuerpo del texto, sin itálico, siguiendo la norma general
del texto.
Ambas citaciones deben ser seguidas de las indicaciones de las
referencias bibliográficas, las cuales deben estar entre paréntesis con
205
el apellido del autor (mayúsculas para iniciales y minúsculas para el
día seguido del mes abreviado. Año. Número o Título del Cuaderno,
restante), año de la publicación y número de página.
Sección o Suplemento, página inicial-final):
Ejemplos para las indicaciones bibliográficas en ambas citaciones:
en el caso de una página a ser citada: (Andrade, 1987, p.153); en el
ses. Folha de S. Paulo. São Paulo, 14 fev. 2007. Folha Dinheiro, p.12.
caso de dos páginas a ser citadas: (Andrade, 1987, p.167-8); en el caso
2 Tesis y disertaciones (APELLIDO, Nombre. Título en itáli-
de varias publicaciones de un mismo autor publicadas en el mismo
co: subtítulo normal. Año del depósito. Número total de páginas o
año: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
volúmenes. Tipo de trabajo - locación: [Trabajo de Conclusión del
2 Notas: las notas de pié de página deben ser enumeradas auto-
Curso (Graduación en...) (Especialización en...) / Disertación (Maes-
máticamente en sistema numérico arábico (1, 2, 3, ...) y se destinan
tría en...) / Tesis (Doctorado en...) - Facultad de... / Instituto de...],
para informaciones explicativas o esclarecimientos adicionales que
Universidad, Ciudad de la defensa, año de la defensa.):
no pueden ser incluidos en el cuerpo del texto. Se recomienda que
las notas sean breves.
2 Referencias bibliográficas: las referencias bibliográficas completas deben ser organizadas en orden alfabético al final del texto,
conforme la norma y los ejemplos a continuación:
CANDIDO, Antonio. Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doctorado
en Sociología) – Facultad de Filosofía, Letras y Ciencias Humanas,
Universidad de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Artículos de internet (APELLIDO, Nombre. Título en itálico:
2 Libros:
subtítulo normal. Disponible en: <dirección electrónica>. Acceso en:
ROUANET, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2ª
día seguido del mes abreviado. Año.
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa-
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Disponible en: <
http://www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16>. Acceso en: 3
mericanas de la comunicación en la cultura. Mexico, D.F.: Fondo de
enero 2007.
Cultura Económica, 2002.
Subtítulos en el cuerpo del texto
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teo-
Los subtítulos deben ser en mayúsculas (apenas para las iniciales) y
rias da comunicación. Traducción de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
minúsculas (para el restante), digitados en tipo Times New Roman de
Ediciones Loyola, 2000.
cuerpo 12, negrito, con espacio simples entre las líneas, alineamien-
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
2 Capítulos de libros:
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo y barbárie. In:___. Mal-es-
206
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobe 2,87%, maior avanço en dois me-
to justificado, sin tabulación y enumerados por el sistema numérico
arábico (1, 2,...). A continuación, un ejemplo de como enumerar un
capítulo y sus respectivos ítems o subtítulos:
1. Comunicación de masas
tar na modernidade: ensaios. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1.1. Teorías de la comunicación
1993. p.9-45.
1.1.1. Los intercambios y los flujos
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
Press, 1997. p.59-61.
2 Artículos de periódico científico (APELLIDO, Nombre. Título
del artículo. Título del periódico en itálico (abreviado o no), ciudad de
1.1.2. Industria cultural
1.2. Ideología y poder en la comunicación
2. Cotidiano y movimiento intersubjetivo
Figuras (fotos, mapas, diagramas, cuadros,
organigramas, infográficos etc.)
la publicación, v. seguido del número del año o volumen, n. seguido
Deben estar digitalizadas en buena calidad para impresión (se re-
del número del fascículo, página inicial-final, mes abreviado, año de
comienda 300 dpi y formatos de archivos gráficos: GIF, JPG o TIF) y
la publicación):
enumeradas. En archivo separado del texto principal, deben constar
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espa-
las leyendas correspondientes y las respectivas indicaciones de inser-
cios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
ción en el trabajo. Tablas y cuadros creados y formateados dentro del
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, jul-dez, 2004.
Word pueden estar en el mismo cuerpo del texto principal. Es impor-
2 Artículos publicados en la prensa (APELLIDO, Nombre. Título del artículo. Nombre del periódico o revista, ciudad de publicación,
tante destacar que como la revista es impresa en blanco y negro, no se
debe incluir figuras a colores.
RULES
Rules for sending articles to the
Latin American Communication
Sciences Journal
FORMAT
General guidelines
Articles, interviews, studies and scientific papers shall not exceed
nine DIN A4(21.0cm x 29.7cm) typed pages, 3 cm side margins, in
GENERAL INSTRUCTIONS
12. point Times New Roman, single spaced, justified text, 1 cm pa-
The Latin American Journal for the Communications Sciences is an
ragraph indent left. Maximum size of the work is approx. 33,000 cha-
international bi-annual scientific publication, whose major goal is to
racters (including spaces) or 5,000 words, including title, footnotes,
promote the dissemination, democratization and the strengthening
abstract, key-words, texts, references and appendices.
of the Latin American communicational school of thinking. In addi-
Title Page
tion, the Journal also seeks to foster the dialog within the academic
community worldwide and to foster the development of the Latin
The title page should include:
2 Title: in capital letters, max. 100 characters (including spaces),
American society.
in 14-pt. Times New Roman, single-spaced, non-indented, justified
Editorial scope
text. Under no circumstances shall the titles contain footnotes, be un-
The articles submitted to the Journal may pertain to any of the categories listed below:
2 Scientific communications: description of research projects, methodology, analysis of results and conclusions.
derlined or in italics.
2 Author’s identification: below the title: the author’s full name
shall appear in 12-pt Times New Roman, capitals for initials only, single-spaced, justified text. The author’s last name shall refer to a foot-
2 Articles: views of Latin American researchers, special articles,
note (maximum 400 characters including spaces) including a brief
analysis, commentary and conclusions on academic or professional to-
presentation of the author (highest academic degree, affiliation, and
pics. The articles published should be pertinent to the Communications
main publications), e-mail address, telephone number and mailing
Sciences.
address. Nowhere else shall the name of the author(s) appear.
2 Interviews: discussions with prominent researchers in the communications community.
2 Studies: programs – information on different research areas. Pro-
Abstract: after the identification of the author(s), an abstract
(in Spanish, Portuguese and English) not exceeding 750 characters
(including spaces), shall appear containing a minimum of four key-
jects – abstracts on various research projects.
words in each of the languages specified.
Evaluation
Quotations, footnotes and references
The materials submitted will be forwarded to an evaluation by
2 Quotations: quotations longer than 3 typed lines (12-pt. Ti-
specialists, members of the Editorial Board or the Honorary Council.
mes New Roman, italic, single spaced, justified), shall appear without
Manuscripts may be fully accepted, accepted subject to certain changes,
quotation marks in a free-standing block of text, indented 1 cm from
or rejected. Materials conditioned to changes for publication will be
the left margin.
forwarded to the respective authors for the required corrections. Should
these changes meet the criteria established by the Editorial Board, the
work is considered accepted for publication and the acceptance date will
Quotations under 3 typed lines shall be included within the body
of the text, in the same point type.
In both cases, the quotations are to be followed by bibliographical
that of the final version.
references, between parenthesis, including the author’s last name (ca-
Submission of manuscripts
pital letters for initials only), year of publication and page number.
Papers submitted shall be unpublished and may not be under edi-
Examples of bibliographical references in both cases: when quoting
ting process; likewise, the papers shall not be under consideration by
one page: (Andrade, 1987, p.153); when quoting two pages: (Andrade,
another publication until rejected following the evaluation procedu-
1987, p.167-8); for several publications be the same author, published
re. Submission of originals implies the acceptance of the following:
in the same year: (Candido, 1999a, p.198), (Candido, 1999b, p.17).
copyright: Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
2 Notes: footnotes are to be indicated by consecutively-generated
becomes the sole holder of the right to reproduce the article, in its en-
Arabic numbers (1, 2, 3, …) and are designed to provide explanatory
tirety or in part.
The Journal will only publish works submitted according to the
guidelines laid down in this document and approved by the Editorial
Council.
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación encourages
submission of articles within the established deadlines, posted in advance on the electronic media; for further information, please contact:
[email protected]
information or additional elucidation not included in the text. These
notes should be brief.
2 References: complete bibliographical references are to be listed
in alphabetical order at the end of the text, according to the following
guidelines and examples:
2 References to an entire book:
Rouanet, Sérgio Paulo. Mal-estar na modernidade: ensaios. 2nd ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
207
MARTÍN-BARBERO, Jesus. Oficio de cartógrafo: travesías latinoa-
pages or volumes. Type of work – field: [Graduation Project (Gradua-
mericanas de la comunicación en la cultura. México, D.F.: Fondo de
tion in …) (Specialization in …) / Dissertação (Master’s degree in …)
Cultura Econômica, 2002.
/ (Doctoral thesis in …) – School of … / Institute for …], University,
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das teorias da comunicação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
Edições Loyola, 2000.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
2 References to a chapter in a book:
ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo e barbárie. In:___. Mal-estar
na modernidade: ensaios. 2nd ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1993. p.9-45.
ROCHA, Glauber. An esthetic of hunger. In: MARTIN, Michael
(ed.). New Latin American cinema. Detroit: Wayne State University
Press, 1997. p.59-61.
2 Reference to an article in a journal: (LAST NAME, Surname.
Article title. Name of the Journal in italic (acronyms allowed), place
CANDIDO, Antonio, Parceiros do rio bonito: estudo sobre a crise
nos meios de subsistência do caipira paulista. 226 f. Tese (Doutorado
em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1954.
2 Reference to an internet source: (LAST NAME, Surname. Title
in italic: subtitle, normal. Available at :< electronic address>. Access
on: day, followed by month, abbreviated. Year.
ECO, Umberto. Para una guerrilla semiológica. Available at: http://
www.nombrefalso.com.ar/apunte.php?id=16. Access on: 3 jan.2007.
Subtitles within the text
Subtitles initials are to typed in capital letters (initials only), 12-pt
Times New Roman, single spaced, justified, non-indented and using
Arabic numbers (1, 2, …). Please refer to the following example:
of publication, v. followed by the number of the year or volume, n.
1. Mass media
followed by the number of the issue, initial and final pages, month,
1.1. Comunication theory
year of publication.):
1.1.1. Exchange and flow
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Razón técnica y razón política: espacios / tiempos no pensados. Rev. Latinoamericana de Ciencias de la
Comunicación, São Paulo, v.1, n.1, p.22-37, Jul-Dec, 2004.
2 Reference to a newspaper or a periodical: (LAST NAME,
Surname. Article title. Name of the newspaper or magazine, place of
publication, day and month abbreviated. Year. Number or Name of
Supplement, Section or Annex, initial and final pages.):
VIEIRA, Fabricio. Bovespa sobre 2.87%, maior avanço em dois meses. Folha de S.Paulo. São Paulo, 14.fev.2007. Folha Dinheiro, p.12.
208
City of dissertation defense, year of defense.):
2 Reference to thesis and dissertations: (LAST NAME, Surname.
Title in italic: subtitle, regular. Year of registration. Total number of
1.1.2. The cultural industry
1.2. Ideology and power in communication
2. Daily life and the inter-subjective movement
Figures [photographs, maps, diagrams, tables,
organization charts, info graphs, etc.]
Electronic copies of photographs should be provided, where possible, in GIF, JPG or TIF format (minimum accepted resolution 300dpi),
and numbered. In a separate file, authors are to provide corresponding brief explanations of figures to be inserted. Tables and graphics
generated and formatted by Word may be inserted in the text. As this
is a back and white publication, color illustrations will not appear.