Transferir este ficheiro PDF - Revista Portuguesa de Farmacoterapia
Transcrição
Transferir este ficheiro PDF - Revista Portuguesa de Farmacoterapia
ARTIGO DE REVISÃO FORMAS SÓLIDAS ALTERNATIVAS PARA ADMINISTRAÇÃO ORAL EM PEDIATRIA Joana Marto Mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas Ana Salgado Mestre em Farmacotecnia Avançada António J. Almeida Professor catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Research Institute for Medicines and Pharmaceutical Sciences (iMed.UL), Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e-mail: [email protected] Resumo 22 Apesar do elevado número de medicamentos no mercado, poucos são os especificamente indicados para a população pediátrica. Uma das alternativas a que se recorre é a prescrição de especialidades farmacêuticas com dosagens e/ou formas farmacêuticas inadequadas aos doentes pediátricos. Por conseguinte, a prescrição de medicamentos em regime off-label e a preparação de medicamentos manipulados têm vindo a assumir um papel de destaque neste tipo de terapêutica, como forma de colmatar lacunas existentes. Perante este cenário, torna-se necessário o desenvolvimento de medicamentos adequados para crianças, pelo que a escolha da forma farmacêutica deve ser feita de acordo com as subpopulações pediátricas às quais se destina, uma vez que estão em causa não só a adesão à terapêutica, mas principalmente a segurança do medicamento. Da investigação realizada pela indústria farmacêutica têm resultado formas farmacêuticas inovadoras, designadamente liofilizados orais, sistemas orodispersíveis, sistemas multiparticulares obtidos por microencapsulação, minicomprimidos, películas bucais e respectivos derivados. Registam-se também novos dispositivos de administração e acondicionamento primário que facilitam a administração pediátrica. O presente artigo faz uma mini-revisão crítica dos sistemas terapêuticos mais recentes para administração oral de medicamentos em pediatria, assim como dos principais aspectos inovadores de que se revestem. Palavras-chave: Pediatria, adesão ao medicamento, administração oral de medicamentos, formas de dosagem, indústria farmacêutica, tecnologia farmacêutica. Abstract Despite the high number of medicines on the market, few are specifically indicated for the paediatric population. This problem has usually been solved through the prescription of dosage forms that are often inadequate or contain inadequate doses for paediatric patients. Consequently, the prescription of off-label medicines and the preparation of compounded drugs have taken a prominent role in paediatrics as a way to fill the existent gaps. Thus the development of appropriate medicines for children is of the utmost importance, so the choice of the dosage form is made according to the needs of the paediatric subpopulations to which they are intended, since their aim is not only the compliance but mainly the safety of prescribed medicine. Surveys carried out by the pharmaceutical industry show innovative dosage forms, such as orodispersible systems, oral lyophilisates, multi-particulate systems obtained by microencapsulation, minitablets, oromucosal preparations and their derivatives. Novel administration and primary container-closure systems in order to facilitate the paediatric administration have also been licensed. This article is a critical review of the most recent therapeutic systems for oral administration of medicines in children, as well as of the main innovative issues therein involved. Keywords: Pediatrics, oral administration, patient compliance, dosage forms, drug industry, pharmaceutical technology. Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 ARTIGO DE REVISÃO 1. Introdução A maioria das especialidades farmacêuticas é, de um modo geral, inadequada para os doentes pediátricos, seja no que se refere à forma farmacêutica seja no que concerne à dosagem1. Estas apresentam-se frequentemente com dosagens excessivas e sob formas farmacêuticas sólidas unitárias, nomeadamente comprimidos e cápsulas, o que dificulta a sua administração, dadas as dificuldades de deglutição de produtos sólidos nos grupos etários mais jovens1. O recurso aos medicamentos manipulados assume frequentemente um papel preponderante na terapêutica pediátrica, visto constituir uma alternativa às especialidades farmacêuticas desenvolvidas para o adulto1. Embora este tipo de medicamentos possibilite a adaptação para administração pediátrica, o ideal seria determinar a dose através de resultados obtidos em ensaios clínicos, em vez do respectivo cálculo baseado na idade, superfície corporal e dose utilizada no adulto, que constitui prática comum, embora pouco rigorosa2-3. No entanto, e dado que as dimensões, a forma, a cor e o sabor da medicação são condicionantes da adesão, é essencial promover o desenvolvimento de formas farmacêuticas que incrementem a adesão à terapêutica farmacológica e garantam a segurança. Deste modo, para obter o máximo de sucesso na terapêutica é necessário certificarmo-nos de que a forma farmacêutica escolhida é a mais apropriada para a subpopulação pediátrica à qual se destina o medicamento. 2. Especificidade Farmacoterapêutica do Doente Pediátrico A população pediátrica caracteriza-se pela sua heterogeneidade, com diferenças a nível fisiológico e psicológico, em constante evolução, incluindo os indivíduos entre os zero e os 18 anos, sendo possível distinguir diferentes subpopulações consoante a idade (Tabela 1)2,4. A estratificação etária é imprescindível para o delineamento de uma investigação clínica, tanto no desenvolvimento farmacêutico como nos estudos clínicos, sendo fundamental ter em consideração o desenvolvimento biológico e farmacológico da criança na análise dos resultados obtidos, na medida em que este influencia o efeito dos medicamentos e a respectiva biodisponibilidade2,4-6. Dado o reduzido número de medicamentos aprovados especificamente para pediatria, é actualmente comum a prescrição de medicamentos em regime off-label7-9. Esta designação refere-se a medicamentos prescritos de forma diferente da indicada no resumo das características do medicamento ou no folheto informativo10. Não resultando de estudos específicos para a administração pediátrica, esta prática pode comprometer a eficácia e segurança da terapêu- tica, originando erros de medicação e/ou provocando reacções adversas, designadamente os erros de posologia11-13. Outros tipos de riscos são-lhe também inerentes, como a ineficácia devida à subdosagem e a escolha inapropriada da forma farmaceutica14,15. 3. O Mercado de Especialidades Farmacêuticas para Uso Pediátrico De acordo com a Organização Mundial da Saúde uma das causas das lacunas na terapêutica pediátrica é o facto de muitos dos medicamentos disponíveis não serem desenvolvidos em formas farmacêuticas adequadas para crianças16. Constata-se assim um aparente desinteresse da indústria farmacêutica pelo desenvolvimento de formulações adequadas às necessidades da terapêutica Tabela 1 - Classificação da população pediátrica por idades Subpopulações pediátricas Recém-nascido Idade Pré-termo: <37 semanas de gestação Termo: 0 a 27 dias Lactentes e bebés 28 dias - 23 meses Crianças 2 - 11 anos Adolescentes 12 - 16 a 18 anos (consoante a região) 14 Fonte: EMEA pediátrica, contribuindo para tal uma combinação de diversos factores, de entre os quais se destaca a dificuldade em amortizar os custos inerentes aos estudos de investigação e desenvolvimento17. Estima-se que nos Estados Unidos cerca de 80 por cento dos medicamentos aprovados para o uso em adultos pela Food and Drug Administration (FDA) não foram testados para administração pediátrica18,19. Perante este cenário foi criada regulamentação que incentivou a realização de ensaios clínicos pediátricos e conduziu a um maior número de medicamentos aprovados com indicação pediátrica7. Na Europa o cenário é muito semelhante, pois cerca de 75 por cento dos medicamentos prescritos em pediatria foram desenvolvidos para adultos e não foram sujeitos a estudos específicos para utilização pediátrica, constituindo um problema de saúde pública passível de afecRev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 23 ARTIGO DE REVISÃO 24 tar 75 milhões de crianças europeias1,7,10,18,20. Relativamente ao mercado internacional das especialidades farmacêuticas, verifica-se que há alguma versatilidade de formas farmacêuticas/dosagens, que se adaptam às diversas subpopulações pediátricas21. Em Portugal, porém, as formas farmacêuticas orais líquidas representam a maioria das especialidades aprovadas para pediatria. Quanto às formas farmacêuticas sólidas orais inovadoras, verifica-se que não existe grande diversidade, havendo um total de 31 substâncias activas aprovadas para a população pediátrica em apenas seis formas farmacêuticas (comprimidos dispersíveis ou para mastigar, liofilizados orais, comprimidos orodispersíveis, pastilhas, comprimidos bucais e granulados de libertação modificada), como pode ser observado na Figura 122. A variedade de especialidades farmacêuticas existentes no mercado nacional e internacional deve ser utilizada em proveito dos doentes. A decisão da prescrição deve ser racional, optando por medicamentos que melhor se adaptem às subpopulações pediátricas, tendo em conta os excipientes utilizados e a forma farmacêutica21. As iniciativas europeias para a remoção dos obstáculos à produção deste tipo de medicamentos levaram à criação, pela Comissão Europeia, de incentivos como a prorrogação dos períodos de protecção de patentes, para a indústria farmacêutica que queira investir na produção de medicamentos para pediatria7,23-25. 4. Problemas de Formulação em Pediatria Sendo necessário desenvolver medicamentos em que seja possível variar a quantidade a administrar, garantindo o cumprimento do regime terapêutico e considerando a dimensão dos cuidados de saúde pediátricos, não se espera que os problemas de formulação inerentes venham todos a ser resolvidos pela indústria farmacêutica25-27. A solução frequentemente escolhida passa pela manipulação galénica, visto que a preparação de fórmulas magistrais ou oficinais é a resposta mais rápida ao vazio terapêutico existente (Figura 2)8,11,26. As estratégias de formulação magistral mais comuns incluem o fraccionamento de formas farmacêuticas sólidas e preparação de papéis medicamentosos, a preparação de formulações líquidas orais a partir de especialidades farmacêuticas, devidamente suportadas por estudos de estabilidade físico-química e microbiológica e a diluição das formas líquidas injectáveis15. No entanto, esta opção só deve ser tomada quando não existam alternativas e, considerando que muitos medicamentos estão aprovados para pediatria noutros países, a sua importação é preferível ao risco normalmente associado à utilização de medicamentos maniRev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 Figura 1 - Prevalência no mercado português de especiali- dades farmacêuticas sólidas orais apropriadas para a população pediátrica, expressa em número de substâncias activas >15 anos >12 anos Aripiprazol Fentanilo Domperidona Desloratadina Ebastina Flurbiprofeno >6 anos Oxicodona Loperamida Tramadol Amoxicilina + Ác. Clavulâncio >5 anos Tirotricina Tetracaína/Benzocaína Dextrometorfano Clorohexidina Álcool diclorobenzílico + Amilmetacresol/Benzidamina Desloratadina >2 anos Desmopressina Loperamida Risperidona Loratadina Topiramato Lamotrigina >6 anos Paracetamol Montelucaste Ondansetrom 22 Fonte: Infomed, INFARMED pulados11,12,26. Por outro lado, as crianças toleram mal administrações frequentes, geralmente desconfortáveis e por vezes dolorosas, as preparações com um gosto ou cor desagradável levam à rejeição do medicamento e as formas farmacêuticas orais sólidas podem constituir um obstáculo, especialmente para bebés e crianças até aos seis anos, incapazes de as deglutir (Tabela 2) 5,27-29. Por isso, a preparação de formas farmacêuticas líquidas orais constitui uma alternativa viável e frequentemente adoptada, embora possa apresentar problemas relacionados com a estabilidade do medicamento e, sobretudo, com a sua palatibilidade30. A adição de edulcorantes e aromatizantes para mascarar o sabor amargo dos fármacos é por vezes insuficiente para certas substâncias activas muito amargas, formuladas em preparações líquidas ou pastilhas, pelo que poderá ser necessário utilizar outros processos, como a microencapsulação5,31. Como geralmente as crianças aderem mais facilmente aos medicamentos coloridos, deve, por outro lado, tomar-se em consideração que os corantes com autorização para uso pediátrico são limitados5. São frequentes os casos de hipersensibilidade e de reacções adversas em pediatria associadas ao uso de excipientes comuns como os corantes, os edulcorantes e os conservantes antimicrobianos5,32. Dada a importância do sabor do medicamento na adesão à terapêutica, é crucial avaliá-lo no desenvolvimento da formulação33,34. Pelo facto de a população pediátrica abranger diferentes faixas etárias, o arsenal terapêutico requer ARTIGO DE REVISÃO uma grande variedade de formas farmacêuticas, com dosagens e concentrações adaptáveis às diferentes idades e que permitam administrações mais simples e seguras (Tabela 3)5,34. A capacidade de adaptação às diferentes formas farmacêuticas varia com a idade, desenvolvimento físico, cronicidade da patologia, além do desenvolvimento psicológico e hábitos socio- culturais. Embora existam outras vias de administração que constituem alternativas correntes, é importante salientar que a via de administração preferida em pediatria continua a ser a via oral, devendo a tecnologia farmacêutica evoluir no sentido da criação ou adaptação de formas sólidas aos doentes pediátricos. Têm sido desenvolvidos e licenciados vários sistemas Figura 2 - Opções disponíveis para a administração oral de medicamentos em crianças com dificuldade em deglutir comprimidos e cápsulas Medicamento comercializado com aprovação para uso pediátrico? Não Sim FF líquida disponível Medicamento comercializado Uso aprovado FF líquida não disponível FF líquida disponível Manipulação de uma FF sólida ou injectável ou da própria substância activa para a obtenção de FF líquida Medicamento comercializado Uso off-label 25 Medicamento Manipulado FF – forma farmacêutica. 12 Adaptada, com a devida autorização, de Standing and Tuleu . Tabela 2 - Administração de formas farmacêuticas orais na população pediátrica Recém-nascido (Pré-termo) Recém-nascido (Termo)(0d-28d) Lactentes e bebés (1m-2a) Crianças (Pré-escolar) (2-5a) Solução/Gotas 2 4 5 5 4 4 Emulsões/Suspensões 2 3 4 5 4 4 F.F. efervescentes 2 4 5 5 4 4 Pós/Multipartículas 1 2 2 4 4 5 Comprimidos 1 1 1 3 4 5 Cápsulas 1 1 1 2 4 5 F.F. orodispersíveis 1 2 3 4 5 5 Pastilhas 1 1 1 3 5 5 Forma farmacêutica Crianças (Escolar) (6-11a) Adolescentes (12a-16/18a) 1 – não aplicável; 2 – aplicável com problemas; 3 – provavelmente aplicável, mas não é o mais adequado; 4 – boa aplicabilidade; 5 - a melhor; F.F. – Formas Farmacêuticas; d – dias; m – mês; a – anos. 14 Fonte: EMEA Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 ARTIGO DE REVISÃO e formas farmacêuticas alternativas de aplicação directa em pediatria, sendo alguns já comercializados em Portugal (Tabela 4). Tabela 3 - Principais requisitos das formas farmacêuticas para administração pediátrica10,14 • Administração simples, fácil e segura. • Utilização de excipientes não tóxicos para pediatria. • Características organolépticas agradáveis. • Boa biodisponibilidade. • Impacto mínimo na qualidade de vida do doente • Estável e de preparação fácil. • A mesma forma farmacêutica deverá preencher todo o grupo etário. • Permitir o menor número possível de tomas diárias. • Viabilidade comercial e económica. 26 5. Formas Farmacêuticas Alternativas para Administração Oral 5.1. Formas Farmacêuticas que Actuam por Dispersão na Cavidade Bucal A utilização de formas farmacêuticas que actuam por desagregação, dispersão ou dissolução na cavidade bucal, não necessitando de líquidos para a administração ou deglutição, não constitui uma novidade tecnológica. Formas tradicionais actualmente em desuso, tais como biscoitos, chocolates e gelados medicamentosos, cumpriram em tempos essa função e suscitam ainda algum interesse esporádico35,36. Apesar da sua fraca divulgação – actualmente limitadas à formulação magistral –, estas formas poderão constituir alternativas viáveis para a administração de antipiréticos, antibióticos e vitaminas, entre outros, visto que as características organolépticas apelativas fazem delas formas farmacêuticas úteis para administração pediátrica36,37. 5.1.1. Pastilhas Embora há muito conhecidas, as pastilhas estão entre as formas farmacêuticas alternativas mais promissoras em pediatria e adaptam-se particularmente à população com mais de seis anos (Tabela 2). Permitem a formulação de fármacos com acção local e sistémica, incluindo anestésicos, antibióticos, antitússicos, corticosteróides, descongestionantes, entre outros38-40. Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 Segundo a sua composição dividem-se em pastilhas duras e pastilhas moles e ambos os tipos contêm geralmente um excipiente aromatizado e açucarado e destinam-se a desagregarem lentamente, de modo a exercerem geralmente uma acção local na cavidade bucal ou na garganta. As pastilhas duras podem ainda apresentar-se com aplicador bucal integrado (formando o que vulgarmente se designa por «chupa-chupa»), enquanto as pastilhas moles, também denominadas gomas orais, podem apresentar variadíssimas formas adaptadas à população pediátrica. Apresentam uma taxa de adesão muito elevada, devido não só à sua forma atractiva e fácil administração, mas também por serem aromatizadas, mascarando eficazmente o sabor desagradável do fármaco38-40. Possuem ainda a vantagem de proporcionar libertação prolongada do fármaco na cavidade bucal. No entanto, sendo uma forma farmacêutica muito atractiva, existe o risco de a criança confundir o medicamento com uma guloseima. 5.1.2. Comprimidos Orodispersíveis Actualmente, esta forma farmacêutica constitui uma alternativa excelente para pediatria, uma vez que os comprimidos orodispersíveis não necessitam de água para serem deglutidos e têm a propriedade única de se desintegrarem e/ou dissolverem rapidamente (menos de 60 segundos), libertando o fármaco na cavidade bucal, podendo ser obtidos a partir de diferentes processos tecnológicos que passamos a resumir41-47. 5.1.2.1. Tecnologias Shearform® e Ceform® Em 1988, o pediatra Richard Fuisz41 apresentou a ideia da utilização do algodão doce medicamentoso, em cujas fibras se encontra incorporado o fármaco. Teoricamente, trata-se de uma forma de grande aplicabilidade em pediatria, que assegura que a medicação remanescente na cavidade bucal seja deglutida e não expelida, sendo rapidamente dissolvida e absorvida, além de mascarar o sabor amargo dos medicamentos e proporcionar uma administração muito fácil. No entanto, devido ao elevado volume que ocupa e à fragilidade no acondicionamento, o algodão doce medicamentoso não apresenta viabilidade para utilização de rotina. Deste modo, foram desenvolvidas tecnologias alternativas (Shearform® e Ceform®; Fuisz Technologies, Ltd., Estados Unidos) que evoluíram para um produto compacto e manuseável que adiante se descreve (Figura 3)42,43. 5.1.2.2. Tecnologia FlashDose® A tecnologia FlashDose® (Fuisz Technologies, Ltd., Estados Unidos) associa as tecnologias Shearform® ARTIGO DE REVISÃO Tabela 4 - Formas farmacêuticas sólidas orais apropriadas para a população pediátrica, por tecnologia de produção e por substância activa Operação Tecnologia Forma Farmacêutica* Substância Activa Álcool diclorobenzílico + Benzidamina Dosagem Indicação Pediátrica (faixa etária) 1,2 mg + 3 mg >6 anos 0,25 mg + 1,5 mg + 400 U >10 anos Comprimido bucal Cloreto de dequalínio + Benzocaína + Tripsina Comprimido dispersível Comprimido dispersível ou para mastigar Amoxicilina + Ac. Clavulanico Lamotrigina Aripiprazol 5; 10; 15 875 mg + 125 mg >12 anos >2 anos 2; 5; 25; 50; 100; 200 mg 30 mg >15 anos Clássica Comprimido orodispersível Compressão Comprimido para chupar com aplicador integrado Desloratadina 2,5; 5 mg >6 anos Domperidona 10 mg >12 anos Oxicodona 4,5; 9; 18 mg >12 anos Risperidona 0,5; 1; 2; 3; 4 mg >5 anos Tramadol 50 mg >12 anos Fentanilo 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,2; 1,6 mg; Loperamida 2 mg + 125 mg >16 anos >12 anos Comprimido para mastigar FlashTab QuickSolv Granulação Clássica Montelucaste 4; 5 mg 2-5 e 6-14 anos Comprimido dispersível Paracetamol 125; 250 mg 6 meses a 15 anos Comprimido orodispersível Risperidona 0,5; 1; 2; 3; 4 mg >5 anos Granulado de libertação modificada Ácido valpróico Granulado Encapsulação Clássica Cápsula 4 mg 6 meses a 5 anos Topiramato 15 mg >2 anos 0,6 mg + 1,2 mg >6 anos 5 mg + 5 mg >6 anos Cloro-hexidina + Benzocaína Clássica Pastilha Crianças* Montelucaste Álcool diclorobenzílico + Amilmetacresol Moldagem 50; 100; 250; 500; 750; 1000 mg Dextrometorfano Flurbiprofeno Iodeto de tibezónio 10 mg >6 anos 8,75 mg >12 anos 5 mg >6 anos Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 27 ARTIGO DE REVISÃO Operação Moldagem Tecnologia Forma Farmacêutica* Clássica Pastilha Substância Activa Dosagem Tetracaína + Cloro-hexidina 0,2 mg + 3 mg Tirotricina Tirotricina + Benzocaína Desmopressina Clássica Liofilizado oral Liofilização Comprimido orodispersível* 6 anos >6 anos 1,05 mg + 2,5 mg >6 anos 0,06; 0,12; 0,24 mg >5 anos Desloratadina 5 mg >12 anos Domperidona 10 mg >12 anos Ebastina 10 mg >12 anos Loratadina 10 mg >2 anos Ondansetrom 4; 8 mg >6 meses 2 mg >5 anos Liofilizado oral Zydis 1 mg Indicação Pediátrica (faixa etária) Loperamida * A informação que consta desta tabela está de acordo com os RCM dos medicamentos, tendo sido detectadas várias incoerências, nomeadamente na classificação das formas farmacêuticas e na identificação da faixa etária dos doentes pediátricos. 22 Fonte: Infomed, INFARMED . 28 Figura 3 - Diagrama de fluxo da tecnologia FlashDose® que associa as técnicas Shearform® e Ceform®42,43 Sacarídeos Tensioactivos Fármaco Misturador de baixa velocidade Pré-Mistura Aquecimento Força centrífuga Produção da matriz fibrosa Misturador de alta velocidade ShearForm® CeForm® Cristalização parcial Microgotículas (100 e 600 m) Pulverização com etanol e sua evaporação Comprimido orodispersível Compressão das micropartículas Produto coeso mas friável Cristalização parcial Flash Dose® e Ceform® e origina comprimidos que se dissolvem instantaneamente na cavidade bucal por serem muito porosos e permitirem uma rápida dissolução dos açúcares que os constituem42-44. A tecnologia Shearform® produz uma matriz fibrosa resultante da mistura de sacarídeos (sacarose, dextrose) com tensioactivos e com Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 o fármaco. Após fusão, esta mistura é transformada, com o auxílio da força centrífuga, num longo fio que solidifica instantaneamente à temperatura ambiente. Através da técnica Ceform®, a matriz fibrosa obtida é colocada num misturador de alta velocidade, originando microgotículas. Segue-se a cristalização parcial através da pulverização das partículas com etanol e posterior evaporação, originando um produto friável que é sujeito a compressão originando comprimidos orodispersíveis42,43. 5.1.2.3. Tecnologia Wowtab® A tecnologia Wowtab® (Yamanouchi Pharma Technologies, Estados Unidos) envolve uma técnica clássica de compressão associada a uma composição rica em sacarídeos pouco compressíveis (manitol, glicose, etc.) que origina comprimidos com tempos de desagregação muito curtos (um a 40 segundos) na mucosa oral46. 5.1.2.4. Tecnologia EFVDAS® O Effervescent Drug Absorption System (EFVDAS®; Elan Corporation, Irlanda) consiste na produção de grânulos efervescentes cuja composição é modificada de modo a poderem ser dispersos e desagregados em água quente ou mesmo à temperatura de ebulição. Nos Estados Unidos encontram-se comercializadas fórmulas contendo ibuprofeno, paracetamol, cimetidina e naproxeno46,47. ARTIGO DE REVISÃO 5.1.2.5. Tecnologia FastMelt® A tecnologia FastMelt® (Elan Corporation, Irlanda) dá origem a comprimidos muito porosos e com uma matriz microfina. Uma vez na cavidade bucal, a matriz absorve rapidamente os líquidos presentes, onde se desagrega e dissolve rapidamente (15 a 30 segundos), formando uma solução que pode ser facilmente deglutida45,46. Apresenta ainda a vantagem de permitir a absorção bucal das substâncias activas, de que resulta um rápido efeito do medicamento. 5.1.3. Liofilizados Orais A tecnologia Zydis® (R.P. Scherer, Reino Unido) baseia-se no processo de liofilização e origina os liofilizados orais. Uma quantidade de solução/suspensão do fármaco, equivalente a um comprimido, é colocada em blister aberto e liofilizado, adquirindo a forma do alvéolo. Esta tecnologia permitiu introduzir no mercado a primeira forma farmacêutica sólida orodispersível que dispensa a utilização de líquido para a administração e apresenta desintegração instantânea do medicamento na cavidade bucal (inferior a três segundos)42-47. Estão descritos e comercializados medicamentos produzidos pelas tecnologias Lyoc® (Farmalyoc, França) e Quicksolv® (Janssen Pharmaceuticals, Estados Unidos), também baseadas no processo de liofilização45,46. 5.1.4. Película Bucal ou Película Orodispersível As películas bucais foram introduzidas no mercado em 2001 com a designação Thin-Strips® (Listerine PocketPaks, Pfizer)21. Têm a particularidade de se dissolverem rápida e facilmente em contacto na cavidade oral, libertando os fármacos incorporados21,34,44,48. São formas farmacêuticas de dimensão reduzida (2 a 10 cm2), apresentando uma espessura entre 20 e 500 µm e formas variadas (rectangular, circular, etc.). O processo de produção envolve a preparação de uma solução do fármaco e dos excipientes, que é espalhada sobre uma película inerte, sendo posteriormente seca e recortada com a forma adequada44. 5.2. Granulados ou Formas Multiparticulares As formas multiparticulares, como os granulados, podem ser fraccionadas em doses unitárias (em saquetas ou cápsulas), podendo posteriormente ser adicionadas aos alimentos, suspensas num líquido ou administradas por uma sonda de alimentação, após abertura das saquetas ou descondicionamento das cápsulas21,34. Quanto às apresentações disponíveis no mercado internacional, destacam-se os sistemas Parvulet®, Vismon® e SIP®, consideradas formas alternativas e práticas de administração oral49-53. 5.2.1. Tecnologia Parvulet® A tecnologia Parvulet® (Egalet, Ltd., Dinamarca) distingue-se pelo seu modo de apresentação e utilização. O medicamento é apresentado já acondicionado numa colher de dispensa, que contém a dose de fármaco a administrar e que está coberta por uma película que tem que ser retirada antes da administração. Adiciona-se água através de um doseador fornecido com a embalagem do medicamento e, após alguns segundos, o conteúdo da colher forma um gel pronto a ser administrado49. 5.2.2. Tecnologia Vismon® A tecnologia Vismon® (Losan Pharma, Alemanha) baseia-se na aplicação de um revestimento coloidal sobre a superfície das formas farmacêuticas orais sólidas imediatamente antes da administração. Esta camada hidrocolóide facilita a deglutição, quer dos comprimidos quer das multipartículas, sem a necessidade de adição de água, dado que, quando em contacto com a saliva, origina uma pasta viscosa ou uma superfície não aderente nos comprimidos, que podem assim ser facilmente deglutidos50. 5.2.3. Tecnologia SIP® O sistema Sip® ou Dose Sipping Technology (DST®; Grünenthal, Alemanha) destina-se a corrigir a baixa adesão ao tratamento com antibióticos, devido sobretudo ao sabor amargo destas substâncias quando formuladas em preparações líquida51,52. Trata-se de uma palhinha transparente que contém a substância activa formulada na forma de grânulos destituídos de sabor. Esta palhinha é introduzida numa bebida que veiculará o medicamento. O dispositivo apresenta ainda um «controlador» móvel constituído por um material permeável aos líquidos e que serve de filtro52. 5.2.4. Tecnologias Multiflash® e Flashtab® Trata-se de sistemas multiparticulares desenvolvidos pela Prographarm (França), constituídos por microgrânulos revestidos. O sistema Multiflash® desintegra-se rapidamente, necessitando de reduzida quantidade de líquido para ser administrado e apresentando ainda a vantagem de não aderir à mucosa oral46. Por seu lado, a tecnologia Flastab® envolve a produção de grânulos, que posteriormente são submetidas a um processo de compressão, dando origem a comprimidos orodispersíveis42,44-47. 5.3. Minicomprimidos Os minicomprimidos são formas farmacêuticas inovadoras adaptadas aos doentes mais jovens (entre os dois e os seis anos) que apresentam um diâmetro Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 29 ARTIGO DE REVISÃO entre 2 e 5 mm, o que facilita a administração e permite uma dosagem flexível. Podem ser tratados como sistemas multiparticulares, podendo ser acondicionadas em cápsulas ou em saquetas e posteriormente adicionados aos alimentos, ou suspensos extemporaneamente em líquidos21,34,53. 6. Dispositivos Alternativos de Acondicionamento Primário e de Dispensa 30 Uma das alternativas a que se pode recorrer para facilitar a administração do medicamento é a utilização de sistemas de acondicionamento primário que se adaptem à anatomia e necessidades das crianças. É o caso do Children’s Perfect Measure® (Johnson & Johnson, Estados Unidos), que consiste numa simples colher de plástico pré-cheia com uma preparação líquida para administração oral. Permite assim administrar a dose exacta, de um modo prático e isento de erros de dosagem54. De modo semelhante, a tecnologia Parvulet®, anteriormente descrita, também se apresenta como um acondicionamento primário alternativo, dado que se trata de uma colher de plástico pré-cheia com uma dose exacta a administrar49. Outra forma de acondicionamento primário adequado a crianças mais jovens e usado no tratamento local de afecções da cavidade bucal é o sistema Mykundex® (Bioglan, Austrália), em forma de chupeta, contendo uma suspensão de nistatina para o tratamento de candidíase55. O sistema Medibottle® (The Medicine Bottle Company, Inc., Estados Unidos) constitui outra alternativa excelente para os bebés, tratando-se de um biberão ao qual se adapta uma seringa que permite administrar de modo exacto e sem resistência formas farmacêuticas líquidas orais56,57. Finalmente, o sistema Sip® é também um sistema de dispensa prometedor, devido à facilidade de manuseamento, à forma atractiva e ao rigor posológico, tornando-se promissor na terapêutica em pediatria51,52. 7. Conclusões Apesar dos poucos incentivos para o desenvolvimento de medicamentos para pediatria, é necessário desenvolver e/ou adaptar medicamentos para estes doentes, melhorando assim a situação europeia de relativa pobreza no que respeita ao arsenal terapêutico para uso pediátrico. Na última década tem-se verificado um interesse crescente por parte das autoridades regulamentares, dos cientistas e da própria indústria farmacêutica no desenvolvimento deste tipo de medicamentos, designadamente através de formas farmaRev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 cêuticas sólidas orais. No entanto, esta continua a ser uma tarefa que envolve decisões científicas, por vezes difíceis, acerca da selecção da dose, da forma farmacêutica, da palatabilidade do medicamento, as quais nem sempre dependem apenas das características físico-químicas da substância activa. Relativamente a este aspecto, embora alguns autores defendam a necessidade da existência de empresas dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento de medicamentos pediátricos, as tecnologias aqui descritas demonstram que a indústria farmacêutica tem procurado solucionar estes problemas. Estes esforços culminaram nos vários sistemas e formas farmacêuticas alternativas apresentadas, sendo directamente aplicáveis aos doentes pediátricos ou necessitando apenas de ligeiras adaptações. No entanto, relativamente a outros países, a aplicação destas novas tecnologias em Portugal tem sido feita a um ritmo muito lento, sendo o arsenal terapêutico ainda muito pobre. A evolução e inovação contínuas a que temos assistido, particularmente na investigação pluridisciplinar em tecnologia farmacêutica, fazem prever o aparecimento a médio prazo de formas farmacêuticas alternativas, novas tecnologias de produção e novos excipientes para pediatria, enriquecendo assim o arsenal terapêutico pediátrico. Referências Bibliográficas 1. Pinto S, Barbosa CM. Medicamentos manipulados em pediatria – estado actual e perspectivas futuras. Arq Med. 2008;22:75-84. 2. Committee for Medicinal Products for Human Use. Note for guidance on clinical investigation of medicinal products in the paediatric population. (CPMP/ICH/2711/99). Londres: EMEA; 2001. 3. Johnson TN. The problems in scaling adult drug doses to children. Arch Dis Child. 2008;93:207-211. 4. Committee for Medicinal Products for Human Use. Reflection paper: formulations of choice for the paediatric population. (EMEA/CHMP/PEG/194810/2005). Londres: EMEA; 2006. 5. Rakhmanina NY, van den Anker JN. Developmental pharmacology issues: nonates, infants, and children. In: Mulberg EA, Silber SA, van den Anker JN. Pediatric Drug Development: Concepts and Applications. Nova Jérsia: Wiley-Brackwell; 2009. p. 231-242. 6. Schirm E, Tobi H, de Vries TW, Choonara I, De Jong-van den Berg LTW. Lack of appropriate formulations of medicines for children in the community. Acta Pædiatr. 2003;92:1486-1489. 7. Duarte D, Fonseca H. Melhores medicamentos em pediatria. Acta Pediatr Port. 2008;39:17-22. 8. Nunn AJ. Paediatric drug formulation. Eur J Hosp Pharm. 2003;9:13-6. 9. Mühlbauer B, Janhsen K, Pichler J, Schoettler P. Off-label use of prescription drugs in childhood and adolescence – an analysis of prescription patterns in Germany. Dtsch Arztebl Int. ARTIGO DE REVISÃO 2009;106:25-31. 10. Carvalho PRA, Carvalho CG, Alievi PT, Martinbiancho J, Trotta E. Identificação de medicamentos «não apropriados para crianças» em prescrições de unidade de tratamento intensivo pediátrica. J Pediatr (Rio J). 2003;79:397-402. 11. Conroy S. Extemporaneous (magistral) preparation of oral medicines for children in European hospitals. Acta Pediatric. 2003;92:408-410. 12. Standing J, Tuleu C. Paediatric formulations - getting to the heart of the problem. Int J Pharm. 2005;300:55-66. 13. World Health Organization. Promoting safety of medicines for children. Genebra, Suíça: WHO; 2007. 14. European Agency for the Evaluation of Medicinal Products. Paediatric team scientific advice, paediatrics & orphan drugs sector. Londres: EMEA; 2007. 15. Turner S, Longworth A, Nunn AJ, Choonara I. Unlicensed and off-label drug use in paediatric wards: prospective study. Br Med J. 1998;316:313-5. 16. World Health Organization. Essential medicines for children. Genebra, Suíça: WHO; 2009. 17. Shirkey H. Editorial comment: therapeutic orphans. Pediatr. 1999;104:583-584. 18. Bouayad S. Paediatrics - the need for paediatric clinical trials: the current position. Eur J Hosp Pharm Pract. 2003;4:20-21. 19. US Food and Drug Administration. Drug Research and Children. Estados Unidos: FDA; 2003. 20. European Agency for the Evaluation of Medicinal Products. The European paediatric initiative: history of the paediatric regulation. EMEA/17967/04. Londres: EMEA; 2007. 21. Strickley RG, Iwata Q, Wu S, Dahl TC. Pediatric drugs – a review of commercially available oral formulations. J Pharm Sci. 2008;97:1731-1774. 22. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. – INFARMED. INFOMED. Disponível em http://www.infarmed.pt/infomed/inicio.php [acedido em Abril de 2011]. 23. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. – INFARMED. Nota Informativa – Submissão de informação sobre ensaios em pediatria e usos em pediatria, de acordo com o Regulamento n.º 1901/2006, de 12 de Dezembro de 2006 (Regulamento pediátrico). Lisboa: INFARMED; 2006. 24. Regulamento (CE) n.º 1901/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Dezembro de 2006, relativo a medicamentos de uso pediátrico e que altera o Regulamento (CEE) n.º 1768/92, a Directiva 2001/20/CE, a Directiva 2001/83/CE e o Regulamento (CE) n.º 726/2004. Jornal Oficial da União Europeia; 2006. L 378/1. 25. Nunn AJ. Making medicines that children can take. Arch Dis Child. 2003;88:369-71. 26. Nahata MC, Allen LV. Extemporaneous drug formulations. Clin Ther. 2008;30:2112-2119. 27. Ramalhinho IMPS. Adesão à terapêutica farmacológica. Rev Port Farm. 1995;45:141-146. 28. Worthen DB. Compounding in history: pediatric considera- tions. Int J Pharm Comp. 2001;5:30-31. 29. Barros CMT, Almeida AJ. Extemporaneous formulations of oral paediatric medicines in portuguese hospitals. Eur J Hosp Pharm Pract. 2008;14:26-32. 30. Matsui D. Assessing the palatability of medications in children. Paed Perinat Ther. 2007;8:55-60. 31. American Academy of Pediatrics - Committee on Drugs. «Inactive» ingredients in pharmaceutical products: update. Pediatrics. 1997;99:268-278. 32. Hempenstall J, Tuleu C. Meeting commentary – Formulating better medicines for children. Int J Pharm. 2009;379:143-145. 33. Cram A, Breitkreutzb J, Desset-Brèthesc S, Nunn T, Tuleu C, Challenges of developing palatable oral paediatric formulations - On behalf of the European Paediatric Formulation Initiative (EuPFI). Int J Pharm. 2008;365:1-3. 34. Bartholomaeus J. Opportunities and limitations of novel oral dosage forms. In: APV Seminars. Meeting: the needs of paediatric and geriatric patients in pharmaceutical development. 2005 29-30 Set; Heidelberg; 2005. 35. Prista LN, Alves AC, Morgado R. Técnica Farmacêutica e Farmácia Galénica. Vol. I. 4.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 1992. p. 865-866. 36. Ghaffari R, Oldroyd JR. Ice cream-type pharmaceutical formulation and process for preparing the same. WO Patent/2000/061110; 2005. 37. Rousseau JAL. Forme médicamenteuse d’une composition de matières comestible contenant un diméthylpolysiloxane fluide. EP Patent 0068566 A1; 1982. p. 1-10. 38. Prista LN, Alves AC, Morgado R, Lobo JS. Tecnologia Farmacêutica. Volume I. 6.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 2003. p. 514-534. 39. Allen LV. Formulation of Specialty Tablets for Slow Oral Dissolution. In: Augsburger LL, Hoag SW. Pharmaceutical Dosage Forms: Tablets. Vol. 2: Rational Design and Formulation. 3.rd ed. Nova Iorque: Informa Healthcare; 2008. p. 361-381. 40. Allen LV. The Art, Science and Technology of Pharmaceutical Compounding. Washington: American Pharmaceutical Association; 1998. 41. Fuisz RC. Rapidly dissoluble medicinal dosage unit and method of manufacture. US Patent 4855326; 1989. 42. Shukla D, Chakraborty S, Singh S, Mishra B. Mouth dissolving tablets I: an overview of formulation technology. Sci Pharm. 2009;77:309-326. 43. Sharma S. Orodispersable tablet: a review. Pharm Rev. 2008;6. Disponível em http://www.pharmainfo.net/reviews/orodispersable-tablet-review. 44. Hirani JJ, Rathod DA, Vadalia KR. Orally disintegrating tablets: a review. Trop J Pharm Res. 2009;8:161-172. 45. Fu T, Yang S, Jeong SH, Kimura S, Park K. Orally fast disintegrating tablets: developments, technologies, taste-masking and clinical studies. Crit Rev Ther Drug Carr Sys. 2004;21:433-475. 46. Verma RK, Garg S. Current status of drug delivery technologies and future directions. Pharm Technol On-Line. 2001;25:1-14. Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 31 ARTIGO DE REVISÃO 47. Sastry SV, Nyshadham JR, Fix JA. Recent technological advances in oral drug delivery – a review. PSTT. 2000;3:138-145. 48. Volmer U, Galfetti P. RapidFilm®: oral thin films (OTF) as an innovative drug delivery system and dosage form. Drug Delivery Report Spring/Summer. 2006;18-21. 49. Parvulet® Technology. Egalet®. Disponível em http://www. egalet.com/index.dsp?area=31 [acedido em Fevereiro de 2011]. 50. Vismon® technology. Egalet®. Disponível em http://www.losan-pharma.de/index.php?id=42 [acedido em Fevereiro de 2011]. 51. Desset-Brèthes S. Patient centricity: Minitablets (granules), an innovative dosage form for children. In: European Paediatric Formulation Initiative. EuPFI Conference – Formulating better medicines for children. Londres; 2009. 52. Krüger-Hellwing A. Brief portrait of SIP®-Technology – antibiotic in a drinking straw. Grünenthal GMBH. 2006. Disponível em http://www.gruenenthal.com/cw/en_EN/html/cw_en_en_ press.jhtml;jsessionid=DD305EDC1E9634E21809A0BF96194D FB.drp2?CatId=cw_en_en_press_b_04f [acedido em Janeiro de 2011]. 53. Ziegler IM. Dose Sipping Technology – A Novel Dosage Form for the Administration of Drugs. In: Rathbone MJ, Hadgraft J, Roberts MS, Lane M. Modified-Released Drug Delivery Technology. 2.nd ed. Estados Unidos: Informa Health Care USA Inc.; 2008. p. 217-230. 32 Rev Port Farmacoter | 2011;3:154-164 54. Benadryl® - Children’s products. Estados Unidos: McNeil Consumer Healthcare Division of McNeil-PPC; 2005. Disponível em http://www.benadryl.com/#/Childrens_Products/PerfectMeasures [acedido em Março de 2011]. 55. Giacoia GP. Paediatric Formulation Initiative. In: National Institute of Child Health and Human Development/National Institutes of Health. Institute of Medicine of the National Academies Forum on Drug Discovery, Development, and Translation. 2006 Jun 13; Washington. Washington, NICHD/NIH; 2006. 56. Medibottle®. Estados Unidos. Disponível em http://www. medibottle.com/home.html [acedido em Fevereiro de 2011]. 57. Purswani MU, Radhakrishnan J, Irfan KR, Walter-Glickman C, Hagmann S, Neugebauer R. Infant acceptance of a bitter-tasting liquid medication: a randomized controlled trial comparing the Rx Medibottle with an oral syringe. Arch Pediatr Adolesc Med. 2009;163:186-188.