O SOLDADO QUE ASSUSTOU A MORTE
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O SOLDADO QUE ASSUSTOU A MORTE
Guia para o professor Projeto de leitura O SOLDADO QUE ASSUSTOU A MORTE Texto e ilustrações: FÁBIO SOMBRA A OBRA Indicação de leitura: leitor em processo (entre 9 e 10 anos) Resumo: este livro é um livro composto de duas partes. Na primeira, o violeiro e pesquisador da cultura popular brasileira, Fábio Sombra, se baseia em um conto de fadas russo para narrar a história de um homem que consegue enganar a morte, porém seus atos provocam efeito contrário ao que esperava. Narrada na forma de literatura de cordel, as estrofes são compostas por sextilhas, e cada verso possui métrica de sete sílabas. Na segunda parte do livro, a história é reescrita em forma de teatro e mantém as rimas e a característica do cordel. É um livro “dois em um”, perfeito para ensinar – brincando – literatura popular às crianças. Formato: 23x16 cm - 48 páginas ISBN 978-85-617-3054-3 Eixos temáticos: folclore, cultura popular, literatura de cordel, justiça, teatro, lendas Interdisciplinaridade: língua portuguesa, arte, geografia POR QUE LER Porque o conhecimento das tradições de um povo é fundamental para a compreensão de seus valores e costumes. A literatura de cordel, categoria à qual pertence este livro, é uma narrativa popular em versos muito conhecida, em especial, no Nordeste brasileiro. Forte representação da cultura popular daquela região e da tradição oral brasileira, que se espalha por todo o país com a migração interna, a origem da literatura de cordel está relacionada ao improviso poético dos cantadores de viola, conhecidos como repentistas. Além disso, é importante ter em mente a forte influência da literatura de cordel na obra de escritores brasileiros consagrados como Ariano Suassuna, José Lins do Rego, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto. O livro também traz o reconto, de um jeito bem brasileiro, de um conto da tradição oral russa. Esse país que, por muitas décadas se fechou na então chamada Cortina de Ferro para o mundo, tem uma cultura e tradições extremamente ricas. Vem da Rússia, por exemplo, a história que encanta gerações: Baba Yaga. Estrutura da obra O livro vem dividido em duas partes distintas, mas que interagem entre si. Na primeira parte, apresenta a história de O soldado que assustou a morte, de tradição oral russa, recontada de um jeito bem brasileiro, por meio das sextilhas tradicionais da poesia de cordel. Na segunda parte, o autor escolheu apenas os trechos iniciais da história para adaptá-la a uma encenação teatral, preservando as rimas e cadência típicas dos cordelistas. Principais conceitos lCultura popular lFolclore lÉtica lLiteratura de cordel lJustiça lTeatro lLendas ANTES DE LER O encanto por uma boa história independe de idade, não é mesmo? E a curiosidade pelo desconhecido também. A história O soldado que assustou a morte vem da tradição oral russa. O que conhecemos sobre esse país tão distante e tão diferente? Lembre sempre que as sugestões a seguir representam apenas um ponto de partida para seu trabalho. Use CONECTE-SE Livros dialogam com outros livros, com filmes, com a internet, com a televisão, enfim, com as mais diversas formas de manifestações artísticas. Abaixo você encontrará apenas algumas sugestões para servir de ponto de partida à sua pesquisa mais ampla e adequada ao grupo com o qual está trabalhando. Literatura Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, é, como o próprio título diz, um dicionário onde se pode encontrar inúmeras informações coletadas pelo folclorista ao longo de seus anos de pesquisa sobre a cultura brasileira. Contos de Fadas Russos, vol 1, de Alexandr Afanasiev, Ed.Landy. O primeiro volume de uma série de três sobre os contos populares russos. A Lição do Passarinho, recontado por Tatiana Belinky, ilustrações de Maurício Veneza. Baseada na versão do escritor russo S. Marshak, Tatiana Belinky reconta com muita poesia a história de um passarinho que quase vira comida nas mãos de um caçador. Conheça os outros livros da série “Contos de fadas em cordel”: João e o Pé de Feijão em Cordel, de César Obeid, ilustrações de Eduardo Ver (Mundo Mirim, 2010) – César Obeid busca no conto do folclore inglês, João e o pé de feijão, tema para sua literatura de cordel, que aborda . O Patinho Feio em Cordel, de César Obeid, ilustrações de Eduardo Ver (Mundo Mirim, 2010) – a obra reconta o clássico de Hans Christian Andersen, tratando do tema do preconceito e da busca de identidade. O Rouxinol e o imperador, de Nireuda Longobardi (Mundo Mirim 2011) – baseado no conto tradicional chinês sobre a justiça. A Bela e a Fera em cordel, de Clara Rosa Cruz Gomes, ilustrações de Eduardo Ver (Mundo Mirim, 2011) – a autora faz um reconto em cordel da história de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, que aborda o amor sem preconceitos. Cinema Anastásia, (1997, EUA) – Baseado na história real da princesa Anastásia Romanova, o filme de animação se passa na Rússia, em tempos de revolução, e mostra um pouco da paisagem e da cultura daquele país. Internet www.jangadabrasil.com.br/index.asp – Desde 22 de agosto de 1998, Jangada Brasil está na internet com o objetivo promover o estudo, o registro e a divulgação da cultura popular brasileira e suas mais diversas formas de expressão. www.ablc.com.br/ – site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Traz a história da literatura de cordel, diversos exemplos da produção dos cordelistas brasileiros, curiosidade etc. www.projetospedagogicosdinamicos.com/cordel.htm – site que traz diversas sugestões de projetos pedagógicos utilizando a literatura de cordel como base. pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_R%C3%BAssia – verbete da Wikipédia em português com curiosidades sobre a rica cultura russa. sua criatividade e a curiosidade de seus alunos para descobrir outros focos de interesse que poderão provocar o desejo pela leitura dessa história. Com a ajuda de um mapa-múndi, procure com seus alunos onde fica situada a Rússia. Façam juntos pesquisas sobre o clima, a cultura, a história e até mesmo o alfabeto usado pelos russos, uma versão modificada do alfabeto cirílico. A história menciona um czar. O que é um czar? Pesquise um pouco da história russa, em especial o período anterior à Revolução Russa de 1917, que levou à queda da família imperial daquele país. Selecione alguns exemplares de livretos de cordel. Eles são facilmente encontrados em feiras e centros de tradição nordestina, espalhados por todo o Brasil e também em sebos ou livrarias especializadas. Apresente os livretos aos seus alunos, explicando que eles eram vendidos em feiras. Você pode, por exemplo, esticar um barbante na sala de aula e pendurar os livretos com pregadores de roupa, simulando uma feira tradicional do interior do Nordeste. Levante as seguintes questões: como um vendedor de folhetos faz para tornar atrativa a sua história? Quais são os recursos que ele usa? Como fica a sua voz e o seu corpo no momento em que recita os seus versos? Agora é só fazer com que os alunos produzam as suas sextilhas e as recitem com muita energia para dar vida aos versos. Deixe que seus alunos explorem os livretos, e já comece a apontar a eles a técnica da xilogravura, que geralmente acompanha a literatura de cordel. DURANTE A LEITURA A literatura de cordel está intimamente ligada aos repentistas e violeiros que cantavam de improviso, normalmente numa espécie de disputa poética. Por isso, esta é uma história para ser lida em voz alta, respeitando o ritmo e a cadência provocados pelo texto. Comece lendo apenas a primeira parte do livro: a que traz a narrativa poética da história. Por ser uma história longa, você pode fazer a leitura em duas ou mais aulas (dependendo da faixa etária de sua turma), por exemplo, tomando o cuidado, é claro, de parar num momento de tensão da narrativa, para deixar no ar o desejo pela sequência da história: na página 15, por exemplo, ou na página 28. Após a primeira leitura, tire as possíveis dúvidas que tenham. Divida a turma pelo número de estrofes da história, de modo que cada aluno possa ler uma parte em voz alta. Reserve ainda um momento para realizar a leitura do texto teatral. Peça voluntários para a leitura das falas dos personagens. A isso chamamos de leitura teatral. Como ler as ilustrações A literatura de cordel está intimamente ligada a uma técnica de impressão chamada xilogravura, uma antiga técnica de impressão. A xilogravura chegou ao Brasil pelas mãos dos europeus, e, em terras brasileiras, ganhou força na literatura de cordel. A técnica consiste basicamente do entalhe da imagem em um bloco de madeira, fazendo dele uma espécie de carimbo (matriz). Exiba para seus alunos xilogravuras de livretos de cordel. Ainda que o autor não tenha usado a técnica da xilogravura, já que ele optou por fazer as ilustrações em tinta negra e as coloriu digitalmente, no computador, ele usou um estilo de traço que faz uma referência à xilogravura tradicional do cordel brasileiro. Como a história é um reconto de um conto popular russo, Fábio Sombra foi pesquisar em livros russos, para encontrar as referências para os cenários e para os trajes dos personagens. Um fato curioso que o autor descobriu foi que, nos séculos XVIII e XIX, diversos contos populares russos foram ilustrados localmente com gravuras entalhadas em madeira (xilogravuras) de um jeito muito parecido com os livretos de cordéis brasileiros. Na Rússia, essa técnica é chamada de luboks. Pesquise com seus alunos referências (roupas, sapatos, chapéus, castelos) em livros ou na internet que mostrem possíveis inspirações do autor ao ilustrar este livro. DEPOIS DE LER O soldado que assustou a morte é apenas uma das muitas histórias da tradição oral russa que, como é característico dos contos de fada, abordam temas sensíveis à sociedade, como a relação entre os seres humanos, a honestidade, o respeito, a inevitabilidade da morte etc. Será que conhecemos outros contos da tradição oral russa? Proponha a seus alunos uma pesquisa sobre esses contos. Que outras histórias russas influenciaram o folclore brasileiro? Uma marca importante do personagem é a dubiedade de seus atos, que misturam bondade, humor, esperteza e oportunismo. Peça para as crianças apontarem quando surge um ou outro traço, ou até mesmo quando eles se misturam. Por exemplo, quando o soldado joga cartas ou quando engana a morte, ele foi somente esperto ou também oportunista? Outras atitudes tomadas pelo soldado ao longo da história podem servir de base para temas a serem levantados na roda. Sua sensibilidade e conhecimento prévio sobre a turma serão o guia para escolher sobre o que debater. Um dos traços do protagonista desta história é ter um “bom coração”. Ele não se importa em compartilhar com os outros o pouco que tem. Sente-se com sua turma numa roda e levante o debate sobre as atitudes tomadas pelo soldado, em especial no terceiro caso (páginas 8 e 9). O que eles fariam no lugar do soldado? Dariam ao velhinho o seu único biscoito? Deixe que seus alunos expressem suas opiniões. Verá que serão diferentes entre si e refletirão o sentimento de cada criança da turma. O mais importante nesse momento é ter em mente seu papel de mediador do debate. Não há resposta certa ou errada, há, sim, opiniões diversas. Provoque cada um a falar sobre o que pensa, desenvolvendo argumentos consistentes. E no caso do jogo de cartas com os ogros? O soldado foi honesto ao exigir o uso de seu baralho, sabendo que estava enfeitiçado? (páginas 16 a 19) Novamente deixe o debate correr livremente. A segunda parte do livro traz a história em texto teatral de cordel. Entretanto, você e sua turma notarão que o texto teatral termina no momento da história em que nosso herói casa com a filha do czar. Que tal então completar a história para ser encenada por inteiro? Não esqueça que é importante manter o ritmo, a cadência e as rimas do texto inicial. Depois, proponha a seus alunos a encenação da peça. Como são poucos os personagens, a turma pode ser dividida entre elenco, equipe de cenografia, equipe de figurino etc. Convidem pais, professores e amigos para assistirem à encenação. ASSUNTO PUXA ASSUNTO O autor Fábio Sombra poderia ter escolhido qualquer outra forma narrativa para recontar essa história da tradição oral russa, mas preferiu a narrativa de cordel, tão cheia de brasilidade. Pesquise com seus alunos um pouco mais sobre a literatura de cordel e sobre os principais cordelistas brasileiros. Façam um mapeamento das regiões do Brasil onde essa manifestação cultural tem maior força. Diferente do tipo de ilustração usada pelo autor Fábio Sombra, os livretos de cordel são normalmente ilustrados por xilogravuras. Você sabe como é feito o processo de impressão dessas imagens? E quem são os grandes nomes brasileiros da arte da xilogravura? Você sabia que existe uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel? SOBRE O AUTOR DO TEXTO E DAS IMAGENS Escritor e violeiro, o carioca Fábio Sombra é apaixonado por literatura de cordel e já escreveu diversos livros rimados. Há algum tempo começou a pesquisar sobre os contos de fada da Rússia e de outros países do Leste Europeu, e descobriu histórias interessantíssimas. Fábio Sombra também ilustra histórias suas e de outros escritores. Blog: www.violeiro.blogspot.com.br ELABORADO POR SANDRA PINA – escritora, jornalista e tradutora, é especialista em literatura infantojuvenil, com mais de vinte livros publicados. Carioca, ministra oficinas sobre literatura e integra a Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (Aeilij). Site: www.sandrapina.com.br
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