(formato pdf) da Edição nº 4116 de 07.07.2011

Transcrição

(formato pdf) da Edição nº 4116 de 07.07.2011
7 de Julho de 2011
7
Julho
2011
SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ
Director: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXXII – N.º 4116
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º D.E.
DE00192009SNC/GSCCS
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Preço 0,50 € c/ IVA
Em 16 de Julho de 2011
Nota Pastoral
Avaliar para evoluir
António Vitalino, Bispo de Beja
Estamos a chegar ao final de um ano escolar e também pastoral, alguns
alunos ainda têm algumas provas a prestar, os educadores avaliam os seus
alunos, os pastores refletem sobre a sua atividade apostólica, tendo em
conta as prioridades do seu ministério e os respetivos planos pastorais a
nível diocesano, paroquial, dos serviços e movimentos em que estão empenhados, para planificar melhor o próximo ano, ultrapassando deficiências
e potenciando o que pode fazer avançar as respetivas comunidades na
realização dos seus objetivos. O nosso novo governo optou por apresentar
o seu programa, prescindindo de avaliar os erros do passado, talvez para
não ferir ninguém e assim não criar inimigos da sua ação, que, mais que
nunca, precisa de congregar forças, para ultrapassar a crise em que estamos
imersos. É uma possibilidade, sobretudo quando se começa, mas não pode
ser a atitude de quem termina um ciclo e começa outro.
Celebram BODAS DE OURO SACERDOTAIS
os padres Alberto Batista,
Joaquim de Sousa e Luís Brenlha
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Novo bispo de Coimbra quer apoiar
jovens e famílias carenciadas
O novo bispo de Coimbra, D. Virgílio
Antunes, que foi ordenado em
Fátima, no dia 3 de Julho, quer
“gastar grande parte do tempo com
os jovens”, porque considera que é
o sector da população que se depara
com “maiores dificuldades”. Em
entrevista ao programa Ecclesia, da
RTP2, o ex-reitor do Santuário de
Fátima sublinhava que “os cursos, a
dificuldade de encontrar trabalho e
os problemas de realização” obrigavam a juventude a “adiar um
conjunto de soluções por não ter
uma vida estabilizada”.
Na diocese de Coimbra, com 220
paróquias (bem mais que as 75 de
Leiria-Fátima), o novo bispo enfrenta
o problema da escassez de clero. Que
provoca a situação “anómala” das
“muitíssimas” assembleias de domingo sem padre. D. Virgilio afirma,
também, que vai pôr em marcha um
programa de emergência social para
ajudar a minorar o sofrimento de
muitas famílias da Diocese afectadas
pelo desemprego e pela fome.
Marcello Panni em Beja
Festival Terras sem Sombra
encerra a edição de 2011
com apoteose para banda
militar e coro infantil
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O Padre Alberto Geraldes Batista,
nasceu em Valverde, concelho de
Fundão, em 22 de Abril de 1937, filho
de António José Batista e Ana de
Brito Salvado Geraldes.
Entrou no Seminário de Beja, em 29
de Setembro de 1949, onde fez os 8
anos do curso Preparatório e de
Filosofia (1949-1957).
De 1957 a 1961, estudou na Universidade Pontifícia de Comilhas
(Espanha), orientada pelos padres
Jesuítas, tendo ali obtido Licenciatura em Sagrada Teologia.
Ordenado Sacerdote, na Sé de Beja,
por D. José do Patrocínio Dias, em
16 de Julho de 1961, celebrou “Missa
Nova”, em Valverde, em 6 de Agosto.
De 1961 a 1964, esteve no Seminário
como formador, continuando como
professor, até 1969. De 1964 a 1970
foi capelão das Irmãs Oblatas do
Divino Coração na Casa de Santa
Maria.
De 1964 a 2007 foi professor do Liceu
Nacional Diogo de Gouveia e da
Escola Preparatória Mário Beirão, em
Beja, leccionando Religião e Moral,
Latim, Português, Filosofia e
Jornalismo.
De 1967 a 1988, foi pároco de S.
Matias, no concelho de Beja.
É pároco de Santa Maria da Feira,
em Beja, desde 7 de Outubro de 1973,
director do jornal da Diocese “Notícias de Beja” e director do Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais, desde 1 de Outubro de 1982.
O nosso Bispo, D. António Vitalino, preside a uma solene
concelebração eucarística, de
acção de graças, na igreja de
Santa Maria de Feira, em Beja,
às 18 horas, no dia 16 de Julho,
associando-se ao jubileu do
Pároco, Padre Alberto Batista
e seu condiscípulo Padre Joaquim de Sousa, residente em
Safara.
O Padre Joaquim Ferreira de
Sousa nasceu em Paços de
Gaiolo (Marco de Canaveses), em
09 de Janeiro de 1926.
Foram seus pais José Ferreira de
Sousa e Maria Augusta de Jesus.
Após o serviço militar e vários
anos de actividade na agricultura,
fazendo, entretanto, trabalho
pastoral como militante e dirigente da Acção Católica Rural
entrou no Seminário de Beja, em
14 de Outubro de 1949. Aqui fez
o curso Humanístico-Filosófico
(1949/1957), tendo cursado Teologia no Seminário dos Olivais
(Lisboa) durante 4 anos (19571961).
Foi pároco de Sines (1961-1973)
e Castro Verde (1973-1985). De
1985-1987 fez parte da equipa
formadora do Seminário de Beja,
como professor e director espiritual, prestando também serviço
pastoral em Selmes (Vidigueira).
De 1987 a 2007 foi pároco e Director da Casa da Divina Providência
e Maria Auxiliadora, em Safara.
Reside actualmente em Safara,
colaborando com o pároco em
algumas actividades pastorais e
ajudando os colegas do Arciprestado de Moura.
O Padre Luis Manuel Brenlha
Lopes nasceu a 16 de Setembro de
1929, no Porto. É filho de Luís
Brenlha Rodrigues e de Antónia
Lopes Espassadim.
Depois de frequentar, durante 4 anos,
a Escola Comercial Oliveira Martins, no
Porto, e trabalhar como empregado,
cerca de 5 anos, entrou no Seminário
de Beja a 29 de Setembro de 1949, onde
fez estudos preparatórios e de Filosofia.
A Teologia foi no Seminário de Cristo
Rei dos Olivais, de 1957 a 1961. Foi
ordenado Presbítero, na Sé de Beja, por
D. José do Patrocínio Dias, a 16 de
Julho de 1961. Esteve 3 anos no
Seminário de Beja, como prefeito e
professor de Matemática (1961 - 1964).
Em 10 de Outubro de 1964, tomou
posse da Paróquia de Milfontes
onde esteve até 3 de Setembro de
1966, leccionando Religião e Moral
no Instituto de Nossa Senhora de
Fátima. Voltou à cidade de Beja e
foi professor do Liceu de Beja, até
22 de Março de 1991, leccionando
Religião e Moral e Português.
Foi pároco de Nossa Senhora das
Neves, de 1980 a 1991, e de Baleizão
de 1988 a 1991. Por motivos de
saúde, voltou à terra natal, em fins
de Março de 1991, prestando
serviços na paróquia do Bonfim,
até 24 de Junho de 2000. Desde essa
data colabora com o Reitor da igreja
dos Congregados do Porto.
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RELIGIÃO
2 – Notícias de Beja
7 de Julho de 2011
Lemos para os nossos leitores (63)
XV Domingo
do Tempo Comum
Ano A
As catequeses de Bento XVI (XXXIII)
Na catequese de 1 de Setembro
de 2010, o Santo Padre, relembrando a Carta Apostólica de
João Paulo II” Mulieris dignitatem” (1988), anunciou que
passaria a falar das figuras
femininas que mais ilustraram a
história da Igreja pela santidade
da vida e pela riqueza dos seus
ensinamentos, e começou a série
por três grandes santas beneditinas da Alemanha Medieval.
Santa Hildegarda de Bingen
(1098-1179)
Hildegarda nasceu na Renânia
(Alemanha) de família piedosa. Aos
8 anos a sua formação confiada a
uma viúva consagrada, passando
a viver numa pequena comunidade
feminina instalada numa dependência do mosteiro de Santo Disibod de monges beneditinos. Tendo
tomado o hábito religioso, foi eleita
em 1136 superiora dessa comunidade, que se transferiu para um
mosteiro autónomo em Bingen.
Apesar da saúde frágil, aí faleceu
aos 81 anos.
Dotada desde muito nova de
visões místicas, passou a ditá-las
ao monge Volmar, seu conselheiro
espiritual, e mais tarde, para se
assegurar da sua autenticidade,
submeteu-as a S. Bernardo de
Calaraval, que lhes deu a sua
aprovação. Pouco depois foi o
próprio Papa Eugénio III que interveio, autorizando Hildegarda a
passar a escrito as suas visões e a
falar delas em público. Os seus
contemporâneos começaram a
tratá-la por “Profetiza Teutónica”.
Essas visões, baseadas sobretudo
no Antigo Testamento, embora
traduzidas em linguagem poética e
simbólica, eram ricas de ensinamentos teológicos. Mas, além
delas, chegaram até nós muitos
escritos, quer sobre os mistérios da
fé cristã, como os da Santíssima
Trindade, da criação e da relação
vital do homem com Deus, quer
sobre medicina, ciências naturais e
música, quer ainda centenas de
cartas. E o Santo Padre, depois de
citar várias passagens destas
cartas, terminou dizendo: «Peçamos ao Espírito Santo que suscite
na Igreja mulheres santas e corajosas como Santa Hildegarda de
Bingen, as quais, valorizando os
dons de Deus, dêem preciosa
contribuição ao crescimento espiritual das nossas comunidades».
Santa Matilde de Hackeborn
(1241?-1299)
Nasceu em 1241 ou 1242 no castelo
de Helfta, terceira filha do barão de
Hackborn. Aos 7 anos a mãe levoua ao mosteiro de Rodersdorf onde
vivia sua irmã Gertrudes. Fascinada
pelo ambiente, conseguiu que aí
estudasse, acabando de ser admitida como religiosa em 1258, quando o mosteiro já se tinha transferido
para Helfta. Aí se distinguiu pela
humildade, fervor, amabilidade e
transparência com que se relacionava com Deus, com a Santíssima Virgem e com os santos. Das
qualidades naturais, ressaltava a
sua voz suave e harmoniosa, que
lhe valeu o epíteto de “Rouxinol de
Deus”.
Favorecida pelo dom da contemplação mística, Matilde compôs
muitas orações e foi mestra atentamente escutada pelas monjas e
mesmo por pessoas que acorriam
ao mosteiro para a ouvirem e lhe
pedirem conselhos.
Santa Gertrudes, a Grande
(1256-1301)
Pouco se sabe da sua família e do
lugar onde nasceu, provavelmente
em 1256. Aos 5 anos, foi mandada
para o mosteiro de Helfte, onde teve
como mestras e grandes amigas,
Matilde de Hackeborn e sua irmã
Gertrudes. Foi uma estudante
extraordinária, aprendendo com
entusiasmo o que então se designava por artes liberais; gramática,
dialéctica, retórica, aritmética,
geometria, astronomia e música.
Aos 25 anos, tomando consciência
da frivolidade da sua vida, fez-se
religiosa e passou a viver em
grande intimidade com Deus, entregando-se às práticas penitenciais,
à oração contemplativa e aos
escritos de edificação espiritual
como forma de apostolado, nomeadamente “O Arauto do Amor Divino”, “As Revelações”, e “Os Exercícios Espirituais”
Preparou-se para morrer nas mãos
de Deus misericordioso, o que
aconteceu por volta dos 46 anos
de idade. O Santo Padre, citando
várias passagens dos seus numerosos escritos, concluiu que a vida
e os ensinamentos de Santa Gertrudes, longe de se perderem no
passado, são perfeitamente actuais.
+ Manuel Franco Falcão,
Bispo emérito de Beja
Irmã Felismina, das Oblatas do Divino Coração,
celebrou 50 anos de Profissão Religiosa
Felismina Rodrigues Pereira nasceu
em Clarines, concelho de Alcoutim,
a 9 de Agosto de 1936.
É filha de Felismina Rodrigues Palma
e de José Fernandes Pereira.
Chegou a Beja, à Casa de Santa
Maria, a 15 de Janeiro de 1959 e, a 14
de Julho do mesmo ano, tomou
hábito na Congregação das Oblatas
do Divino Coração. Fez a sua
Consagração Religiosa a 23 de
Junho de 1961, dia do Coração de
Jesus e, cinco anos depois, a 17 de
Junho de 1966, fez a Profissão
Perpétua.
Pertenceu às Comunidades do
Patronato de Santo António, em
Beja, do Jardim-de-Infância Nossa
Senhora do Carmo, em Moura, e do
Jardim-de-Infância Nossa Senhora
da Piedade, em Odemira, onde
trabalhou com crianças.
Actualmente pertence à Comunidade da Casa do Divino Coração, em
Fátima, onde faz acolhimento aos
peregrinos na Capela da Reconciliação. Fez catequese nas várias
paróquias por onde passou e participou em várias Missões Populares
por toda a Diocese de Beja.
A Irmã Felismina Rodrigues Pereira
(em religião, Irmã Espírito Santo)
celebrou, no dia 1 de Julho, na Sé de
Beja, as suas Bodas de Ouro de
profissão religiosa. Presidiu à concelebração eucarística o nosso Bispo,
D. António Vitalino.
Presentes 8 sacerdotes representantes das Congregações Religiosas
que trabalham na Diocese e muitos
fiéis, que enchiam a parte central da
Sé, contando-se, entre eles, a sua
numerosa família, vinda do Algarve
e outros lugares do País e do
Estrangeiro.
À homilia, o Senhor Bispo lembrou a
história da fundação da Congre-
gação das Oblatas do Divino Coração, por D. José do Patrocínio Dias,
e estimulou as actuais Irmãs a fomentarem o culto do Coração de Jesus e a
empenharem-se no serviço de evangelização da Diocese como determinam
os estatutos da Congregação.
Celebrando-se, neste dia, a Festa
Litúrgica do Coração de Jesus, títular
da Sé de Beja, D. António Vitalino
explicou o sentido do amor de Deus
para com a humanida de e disse que a
verdadeira devoção ao Sagrado Coração deve manifestar-se no amor ao próximo, traduzido na generosa partilha de
bens espirituais e materiais.
Ao fim do dia, as Irmãs Oblatas
ofereceram um jantar de confraternização, no Seminário, durante o
qual foi projectado um vídeo sobre a
história da Congregação, tendo a
Irmã Felismina dito algumas palavras
emocionadas a explicar como surgiu
a sua vocação e de sua Irmã Margarida (já falecida), também ela
Religiosa das Oblatas, e o que tem
sido o seu caminhar na vida religiosa
no decurso destes 50 anos.
Alberto Batista
10 de Julho de 2011
O Senhor fala-nos “de muitas e variadas formas”. - No silêncio da noite,
ou no bulício do dia; na mulher que se desfaz em lágrimas, ou na criança
que brinca -. A voz de Deus manifesta-se nos mais insignificantes
acontecimentos. Todas as coisas são imagem de Deus, se bem que
imperfeitas. Em todas elas é Cristo que opera e nelas se comunica.
Interroguemo-nos pois sobre a atenção que nos tem merecido essa voz de
Deus e, muito particularmente, a Palavra ouvida e lida na Sagrada
Escritura.
I Leitura
Is 55, 10-11
Na terceira leitura deste domingo, o Senhor vai comparar a palavra
de Deus à semente, que é lançada à terra. Mas, desde já, nesta primeira
leitura, nos é dito, pela boca do profeta, que a semente da palavra tem
em si mesma uma força divina que a torna eficaz, cheia de capacidade
para que possa produzir todo o alimento de que o homem necessita
para o seu espírito.
Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz Senhor: “Assim como a chuva e a neve que descem do céu
não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e
feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer,
assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu
efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão”.
Salmo Responsarial
Salmo 64 (65)
Refrão: A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.
II Leitura
Rom 8, 18-23
O pecado do homem faz com que toda a criação, de que o homem é a
cabeça, participe no estado de escravatura a que ele próprio se
reduziu, mas a libertação, que de Deus nos vem por Jesus Cristo, háde estender-se a todas as criaturas e fazer como que uma nova criação.
E assim todos e tudo encontrarão a unidade em Deus, pos Jesus Cristo.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm
comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. Na verdade,
as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Elas
estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por
vontade d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas
criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para
receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda
a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só
ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos
interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.
Evangelho
Mt 13, 1-23
Jesus fala em parábolas. Hoje apresenta a do semeador. A palavra de
Deus, fonte de vida, continua a ser semeada sobre a terra imensa dos
homens e produzirá muito fruto, se essa terra for capaz de a receber.
A palavra vem a nós em cada celebração litúrgica, na leitura
individual da Sagrada Escritura, no eco que dentro de nós se faz
ouvir a partir das vezes em que, no passado, a escutámos, desde os
tempos, talvez distantes, da catequese ou da família onde crescemos,
e até nos acontecimentos da vida e na própria voz da criação. Tudo
nos repete a palavra de Deus
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar. Reuniu-se à
sua volta tão grande multidão que tede de subir para um barco e sentarSe, enquanto a multidão ficava na margem. Disse muitas coisas em
parábolas, nestes termos: “Saiu o semeador a semear. Quando semeava,
caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e
comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia
muita terra, e logo nasceram, porque a terra era pouco profunda; mas
depois de nascer o sol, queimaram-se e secaeam, por não terem raiz.
Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas.
Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta;
outras trinta por um. Quem tem ouvidos, oiça”.
OPINIÃO
7 de Julho de 2011
Notícias de Beja – 3
Leis e serviço à comunidade
Na anterior legislatura um deputado do PS, passados meses,
abdicou do seu mandato e deu
como razão que tinha ido para a
Assembleia para conseguir a lei
do casamento dos homossexuais.
Porque já o tinha conseguido,
não havia razão para permanecer
por ali mais tempo. Ao iniciar-se
a nova legislatura é oportuno
reflectir um pouco sobre a missão
legislativa da Assembleia da
República, o valor de quem a ela
preside, quem ocupa, ciente da
sua missão, o lugar de deputado
ou simplesmente por lá anda.
Nas eleições para este órgão da
soberania parece contar mais,
por parte dos eleitores, a preocupação pelo partido a que dão o
voto do que o juízo sobre os
candidatos propostos. E este
juízo torna-se necessário quando
se sabe que alguns deles estão lá
mais como obedientes silenciosos, que protagonistas competentes e activos. A lógica partidária, neste e noutros casos, não
é sempre clara nem limpa, ou, pelo
menos, não se percebe como tal.
Fazer as leis segundo as quais se
vai governar o país é missão da
maior importância. Feitas as leis,
a começar pela Constituição,
considerada como referência
máxima e indispensável, tudo vai
depender delas: Governo, tribunais, vida e acção das pessoas
e das instituições. O sucesso da
democracia não é apenas de
obediência ou de vitória das
maiorias partidárias, processo
importante para evitar impasses,
mas é, também, a expressão
aceitação e fidelidade a valores
indispensáveis ao respeito pela
pessoa e sua dignidade, à garantia dos direitos fundamentais,
em igualdade de condições para
todos os cidadãos, à aceitação do
bem comum, como “fim e critério
regulador da vida e actividade
política”.
Conceitos confusos como o de
“Estado social”, um exemplo bem
significativo e actual, viciam a
feitura das leis, desvirtuam a
participação do povo, servem ou
dificultam apenas a acção dos
governos, segundo a sua postura
ideológica e os interesses partidários em causa. Se os deputados são impedidos de pensar e
têm de votar por obediência
como lhes é mandado, muitos
aspectos da vida nacional serão
coados por uma lógica que não
será a do bem de todos.
Certamente que não é necessário
que todos os deputados sejam
peritos em leis, mas não se dispensa que sejam sensatos, conhecedores da realidade, corajosos para intervir para além de o
fazerem a favor da construção do
fontanário ou da localização de
um equipamento público qualquer. Para isso, que até pode ser
importante, têm instâncias próprias. A Assembleia da República
é órgão com outras funções, que
não se podem delegar em meia
dúzia de deputados inteligentes
e sabedores.
Há leis injustas, destituídas de
realismo e de ética, não orientadas
para o conjunto do país, as quais,
mesmo que tecnicamente correctas, não respondem à tarefa
legislativa. Aos candidatos a
deputados, antes das eleições,
era talvez útil a participação
obrigatória em sessões de informação e formação não partidárias, mas de ordem social e jurídica, com base no conhecimento
objectivo do país, da realidade,
necessidades e capacidades. Isto
não se faz, porque não se considera importante e, a alguns será
talvez melhor não lhe abrir os
olhos, nem lhe espicaçar a
inteligência.
Por vezes penso que a nossa
democracia está longe da maturidade, dado que ainda não se
Construir o país, pelo protesto ou em colaboração?
Agora que o governo já está em
plenas funções (de ministros e de
secretários de Estado) torna-se
urgente olhar para o futuro próximo,
mesmo que condicionados pelas
diretivas da troika económicofinanceira internacional.
Ora, se atendermos aos resultados
das últimas eleições, podemos
constatar que o memorando com a
troika foi sufragado por mais de
85% dos eleitores que votaram,
tendo os objetores do referido
acordo ficado – política, eleitoral e
(talvez) socialmente – reduzidos a
menos de quinze por cento da
expressão votante.
Entretanto, uma certa esquerda um
tanto trauliteira (aduladora de si
mesma e defensora dos seus), que,
normalmente, se entretém com
manifestações – dos seus apaniguados, sejam desempregados ou
funcionários do partido ou do
sindicato correia de transmissão da
ideologia combatente ou afins – e
de outros atos de folclore... já
avisou que virá para a rua... fazer
barulho ou afundar mais o país... à
semelhança do que está a acontecer
na Grécia de má memória. Por muito
que custe essas forças têm –
democraticamente – de respeitar
quem votou na construção do país
e de não serem veículo de destabilização para a delapidação dos
recursos com greves ou ensaios de
confronto.
= Defender todos ou deixar cair
alguns?
Mesmo que de forma incipiente, a
situação dos estaleiros navais de
VC são é como que um paradigma
da anunciada conflitualidade,
parece que vale mais lutar pela
manutenção de todos dos postos
de trabalho do que defender uns
tantos à custa do sacrifício de
outros.
Recordo, em jeito de memória, uma
situação que aconteceu, na região
de Guimarães, vai já para quase
duas décadas – isto é, por volta de
1980 e tal – um administrador
delegado para a recuperação de
uma empresa de confeções tinha de
negociar o despedimento de cerca
de dois mil trabalhadores/as – onde
se incluíam famílias inteiras – e ou
despedia o máximo e ainda salvava
a empresa ou tentava acertar com
aqueles que tinham de sair um
determinado montante e ficavam
todos a contento, embora no desemprego. Conseguido o equilíbrio
na luta, os despedidos sairam com
um razoável acordo... e a empresa
continuou. Ora a surpresa veio
depois. Após a indemnização conseguida, os despedidos sairam sem
as mãos a abanar... No entanto, nos
dias seguintes, àquele despedi-
mento colectivo, os stands de
automóveis de Braga, Guimarães,
Famalicão, Santo Tirso... ficaram
sem stokes de carros, pois a indemnização foi investida... e não foi para
pé-de-meia daquelas famílias.
É verdade: os tempos são outros,
mas, no essencial, a mentalidade
não mudou! As circunstâncias
foram sendo aferidas, as pessoas
sentem-se mais pobres economicamente, mas com ambições de
riqueza não camuflada! As vivências são diversas, mas as convergências de má governação – familiar, pessoal, grupal ou social –
continuam quase idênticas na
forma e no estilo!
= Questionar e não iludir-se
Ten sido uma prática repetida pelo
Presidente da República o apelo à
poupança e a contenção nos
gastos. Este conselho pode parecer, para alguns mais ‘democratas’,
uma espécie de miserabilismo, pois
o Estado social – esse mito sem
rosto mas com muitos tentáculos –
não pode deixar de fora os ‘mais
desfavorecidos’ – colocamos esta
expressão entre comas, pois ela tem
tanto de cómodo como de preguiçoso. Com efeito, a defesa do (dito)
Estado social tem servido mais para
alimentar preguiçosos e indolentes, para premear quem faz do
trabalho uma vergonha e da esperteza um certo modo de viver... à
custa dos outros.
Efectivamente é diferente ajudar
quem teve um insucesso na vida
ou quem faz da perna cruzada uma
profissão bem mais remunerada do
que o cumprimento do seu dever
social e familiar... trabalhando! Não
podemos continuar a patuar com a
subsidio-dependência em vez da
participação no tecido económico
do país... colaborando! Não podemos continuar a pagar esse chicoespertismo tão lusitano, a quem
engana o Estado e que vive de
expedientes sem pagamento de
impostos!
- Àqueles que vão tentar fazer da
insistente e inconsequente contestação a arma de combate, creiam que
tudo faremos para os denunciar.
- Àqueles que ofendem os outros
com a sua arrogante preguiça,
denunciaremos os estratagemas
fraudulentos.
- Àqueles que nos tentam explorar
pela esmola, faremos com que
trabalhem para merecerem o pão
justo.
Portugal não merece ser hipotecado por atitudes irresponsáveis de
‘políticos’ sem sentido dos outros,
sejam ou não da sua ideologia!
A. Sílvio Couto
debruçou a sério para reflectir e
tirar consequências sobre a importância decisiva da função
legislativa. Nem tudo é evidente
quando se trata de encontrar os
melhores caminhos para servir o
país. Por isso tem de haver
debate e diálogo, confronto de
ideias e de propostas. Mas é
estranho ouvir-se criticar na
oposição o que se defendia no
governo, e fazerem-se de antemão
ameaças de não colaboração,
sempre que se pense correrem
risco alguns interesses partidários e corporativos. O país tem
de estar acima de tudo isto. E
estará, por certo, quando o exercício da democracia, exercido por
pessoas livres e responsáveis,
não sujeitar o país aos interesses
de partidos e de grupos, antes o
sirvam, sempre e acima de tudo.
Aos cidadãos pede-se, desde já,
uma atenção crítica. O pano já
correu e o palco está cheio de
figurantes.
António Marcelino,
Bispo emérito de Aveiro
Exemplos que
denunciam vida
Jovens e adultos desdobram-se
em iniciativas de voluntariado
construtivo a favor de países
pobres e por si incapazes de
encontrar solução para os seus
muitos problemas. É natural que
os países de expressão e língua
portuguesa sejam os mais propícios a interessar este voluntariado. O caso da Guiné é
expressivo, porque também este
país é complexo na sua estrutura
humana e pobre de pessoas e
meios.Para além dos gestos mais
visíveis que a comunicação
social noticia, sou testemunha
de outros bem mais simples, que
se tornaram contagiantes. Grupos que na sua reunião mensal
deitam em bolsa confidencial o
seu contributo para a Guiné.
Outros que se deixaram contagiar por alguém que vive esta
paixão, e agora as pessoas
passaram a sentir-se incomodadas com roupa a mais nos
seus armários e com as despesas supérfluas. Uma hospedeira de bordo, acordada para
estas necessidades, pede uma
viagem mensal para sítio menos
agradável, para poder levar
coisas necessárias a instituições pobres, que só são ricas
na disponibilidade de servir e
repartir por muitos.Porque havemos de esperar para poder
fazer coisas grandes, se podemos, desde já, tornar grandes
todas as coisas pequenas que
estão ao nosso alcance?
A.M.
ACTUALIDADE
4 – Notícias de Beja
7 de Julho de 2011
Bodas de Ouro Sacerdotais
O nosso testemunho
Cinquenta anos decorridos sobre
o dia em que, na Catedral de Beja, o
Bispo da Diocese, D. José do
Patrocínio Dias, nos impôs as mãos
e nos consagrou para o serviço de
Deus e da Igreja na Planície Heróica, é tempo de pararmos para
pensar, para rezar, para agradecer,
para pedir perdão, para recordar e
para reprogamar a vida.
Ocorrem-nos ao pensamento, antes
de mais, na celebração das nossas
Bodas de Ouro Sacerdotais, aqueles momentos indescritíveis, de
emoções fortes, de profunda vivência espiritual, de compromisso
total com Cristo, Sumo e Eterno
Sacerdotal, vividas em 16 de Julho
de 1961.
Eram 10 horas da manhã, quando
nos apresentámos na Sé, de capa,
batina e faixa preta, como era
tradição no dia das ordenações
presbiterais. Celebrava-se a festa
litúrgica de Nossa Senhora do
Carmo e também do diácono-mártir,
de Beja, S. Sesinando, pelo que, no
momento adequado, fomos revestidos com paramentos vermelhos. Éramos quatro: Alberto
Geraldes Batista, Joaquim Ferreira
de Sousa, Luís Manuel Brenlha
Lopes e Rui António Carvalho
Ribeiro, este último falecido em 8
de Agosto de 2007, que foi pároco
de Cercal do Alentejo de 1961 a
2005.
Entrámos no Seminário de Beja, para
iniciar a nossa caminhada sacerdotal, em 29 de Setembro de 1949.
Éramos, nesse dia 25.
Em Beja, fizemos parte do nosso
precurso - 8 anos de formação
espiritual e académica, em clima de
grande exigência disciplinar, com
silêncio imposto e religiosamente
consentido em todo o dia, excepto
nos actos comunitários - capela,
aulas e recreio - num ambiente
tranquilo de sã camaradagem,
conduzidos por formadores e
professores de personalidade forte,
comprovado saber e vida espiritual
exemplar. Apraz-nos recordar
algumas figuras ilustres que nos
impressionaram e moldaram a
nossa personalidade: Monsenhor
Francisco Torrão, Cónego Nazário
Correia, Cónego José Gonçalves,
Cónego José Anjos Brandão, Cónego António Ângelo Rainho, Padre
Artur Pires, Padre Bento Pires,
Padre João António Almeida, Padre
Virgílio Abrantes Ferreira, Cónego
Gaudêncio Fernandes, Padre Manuel Alves e Padre José Pires
Soares.
Em 1957, voámos para outras paragens (Seminário dos Olivais e
Universidade de Comilhas). Completado o curso de Teologia, voltámos a Beja e assumimos, após a
ordenação, responsabilidades
pastorais: Beja (Seminário, Liceu,
Santa Maria), Sines, Cercal do
Alentejo, Castro Verde, S. Matias,
Selmes, Safara, Nossa Senhora das
Neves, Baleizão... párocos, professores, assistentes religiosos de
movimentos apostólicos, operários
1949 - Primeiro ano de
Seminário
1957 - Oitavo ano de Seminário
1 de Janeiro de 1961
- Ordenação de Sub-Diáconos, no Paço Episcopal
Alberto Geraldes Batista
Joaquim Ferreira de Sousa
Luís Manuel Brenlha Lopes
Sacerdotes de Cristo ao serviço da Diocese de Beja
da Vinha do Senhor, onde o nosso
Bispo nos colocou, lugares que
sempre aceitámos com total disponibilidade e missões que procurámos
desempenhar com alegria, sentido de
responsabilidade e com alguma
criatividade pastoral, conscientes de
que o Espírito Santo estava a actuar
nas nossas vidas e através do nosso
ministério sacerdotal.
Em meio século no palco deste
mundo, escrutinados por muita
gente, certamente foram detectados
comportamentos incorrectos na
nossa vida pessoal e na nossa
actuação pastoral. Também nós, os
padres, fazemos parte da Igreja de
santos pecadores. Pelas nossas
fraquezas, pelas nossas palavras e
atitudes menos dignas, que possam
ter ofendido aqueles que se cruzaram connosco, nestes 50 anos
de presbíteros, aqui fica a expressão
do nosso pesar e um sincero
pedido de desculpa a todos.
Mas este é particularmente o
momento de dar graças a Deus por
tudo o que de bom e belo Ele fez em
nós e por nós, apesar dos nossos
fracassos e das nossas limitações,
na Igreja e na Diocese de Beja.
Agradecemos ao Senhor a vida que
nos deu, os nossos pais e a nossa
família, que despertaram em nós a
vocação sacerdotal e a ajudaram a
consolidar com o exemplo das suas
próprias vidas, impregnadas de
espírito cristão, famílias onde se
rezava, onde se trabalhava duramente para ganhar o pão de cada
dia, onde se vivia a sério, no dia a
dia o amor de Deus e o amor ao
próximo.
Damos graças a Deus pelos nossos
paroquianos que connosco trabalharam com dedicação e generosidade na dilatação do Reino de
Deus, e nos ajudaram a viver com
dignidade o nosso ministério sacerdotal; pelos alunos (milhares de
alunos) que encontrámos nos Estabelecimentos de Ensino, a quem
ajudámos a crescer ministrando-lhes doutrinação intelectual e
moral, rasgando-lhes horizontes de
esperança para a vida.
Uma palavra especial de sentida
gratidão ao Bispo que nos fez
Padres, D. José do Patrocínio Dias,
um gigante no pensamento, na vida
espiritual e na acção apostólica que
nos acompanhou com muito carinho nos três primeiros anos de
sacerdócio, antes de partir para o
Pai, em 24 de Outubro de 1965.
O nosso cordial reconhecimento ao
nosso Bispo actual, D. António
Vitalino, e a D. Manuel Falcão,
Bispo emérito, pela compreensão
que sempre nos têm manifestado,
desculpando as nossas falhas e
incentivando-nos com a sua palavra amiga e oportuna , com a sua
vida de oração e com o seu zelo
apostólico a trabalhar sempre mais
e melhor na evangelização do povo
alentejano.
Finalmente, uma saudação amistosa
e o nosso muito obrigado aos
colegas sacerdotes da Diocese de
Beja com os quais temos partilhado
alegrias e tristezas nestes 50 anos
de ministério, pelo seu aconselhamento em momentos de dúvidas
espirituais e pastorais e pelo seu
trabalho apostólico e empenhado,
na Igreja Diocesana, que a todos
interpela e estimula à perseverança
cristã no mundo laicisado e hedonista em que vivemos.
Celebradas as Bodas de Ouro
Sacerdotais, a vida vai continuar,
até um dia, até que Deus queira.
Contamos com a graça de Deus, até
ao final da nossa caminhada terrestre, como tem acontecido até
hoje. Contamos também com a
vossa amizade, a vossa colaboração e, sobretudo, a vossa oração,
paroquianos e amigos.
Que, ao chegar a hora de partir para
a Eternidade, possamos dizer como
Maria, a Mãe da Igreja, a Mãe de
todos os Sacerdotes: “A minha
alma glorifica o Senhor, porque fez
em mim maravilhas, santo é o Seu
nome”.
Ou, como S. Paulo: “Combati o bom
combate, terminei a minha missão,
só me resta receber a recompensa
que Ele, Cristo, supremo juiz, reserva aos que o amam”.
Nesta hora de celebração e de
júbilo, cada um de nós repete, no
recôndito do seu coração, com a
mesma frescura e alegria de há 50
anos, as palavras do salmista: “Vós
sois, Senhor, a minha herança,
tendes na mão o meu destino”.
Vinde, Senhor Jesus! Amén! Aleluia!
16 de Julho de 1961 - Ordenação Sacerdotal na Sé
de Beja, por D. José do Patrocínio Dias
Entrámos no Seminário de Beja, em 29 de Setembro de 1949. Éramos 25.
DIOCESE
7 de Julho de 2011
Notícias de Beja – 5
Nota Pastoral
Avaliar para evoluir
Estamos a chegar ao final de um
ano escolar e também pastoral,
alguns alunos ainda têm algumas
provas a prestar, os educadores
avaliam os seus alunos, os pastores
refletem sobre a sua atividade
apostólica, tendo em conta as
prioridades do seu ministério e os
respetivos planos pastorais a nível
diocesano, paroquial, dos serviços
e movimentos em que estão empenhados, para planificar melhor o
próximo ano, ultrapassando deficiências e potenciando o que pode
fazer avançar as respetivas comunidades na realização dos seus
objetivos. O nosso novo governo
optou por apresentar o seu programa, prescindindo de avaliar os
erros do passado, talvez para não
ferir ninguém e assim não criar
inimigos da sua ação, que, mais que
nunca, precisa de congregar forças,
para ultrapassar a crise em que
estamos imersos. É uma possibilidade, sobretudo quando se começa, mas não pode ser a atitude
de quem termina um ciclo e começa
outro.
Porque me parece que entre nós o
hábito de avaliar, para corrigir e
evoluir, ainda é muito deficiente,
improvisamos e desperdiçamos
tempo e recursos em diversões e
rotinas, permito-me deixar aqui
alguns pensamentos sobre os
benefícios da avaliação, tendo em
conta principalmente a missão da
Igreja.
Em primeiro lugar, reafirmo a necessidade da avaliação para poder
evoluir, progredir, aperfeiçoar as
nossas atividades e também as
nossas vidas pessoais. Sempre os
movimentos de espiritualidade
deram grande ênfase ao discernimento, ao exame de consciência,
à revisão de vida, à confissão dos
pecados e à reconciliação. Quem
descura estes meios, facilmente cai
na anarquia pessoal, na dispersão
das atividades e no stress.
Em segundo lugar, é preciso não
esquecer que só avalia quem tem
objetivos, ideais, planos de vida e
de ação. Por isso é impensável
qualquer atividade sem definição
de objetivos, com etapas, metas
intermédias, programas e calendarização, tendo em conta os recursos
disponíveis e otimizando-os. Por
vezes podemos cair num certo
idealismo utópico ou ter em conta
apenas os melhores, esquecendo
as possibilidades da maioria dos
nossos colaboradores e as nossas
próprias.
Em terceiro lugar, não podemos
esquecer de nos avaliarmos a nós
próprios, com potencialidades
adormecidas, fraquezas cometidas
e omissões habituais. É frequente
apontarmos as causas dos males e
deficiências para os outros, sejam
eles alunos, trabalhadores, comunidades ou colaboradores, pondonos de parte. Constato que entre
nós é habitual a estagnação e até
retrocesso por falta de chefias e
corpos intermédios, motivados e
eficientes. E não me excluo, como
bispo da diocese. Por isso é importante que a avaliação comece por
nós mesmos e envolva os mais
diretos colaboradores.
É precisamente este processo que
está em curso na Igreja em Portugal,
repensar juntos a pastoral, em fase
bastante adiantada e que nas
recentes jornadas dos bispos em
Fátima, em meados de Junho, teve
a ajuda da Santa Sé na pessoa do
Presidente do recém-criado Conselho Pontifício para a nova evangelização, D. Rino Fisichella, assim
como os contributos de todas as
dioceses, serviços e movimentos
da Igreja em Portugal e também as
orientações para o próximo Sínodo
dos Bispos, que irá realizar-se em
Roma, em Outubro de 2012.
Mas é preciso que também a nível
local, nas dioceses e nos seus
serviços apostólicos isso se faça.
Por isso quero estimular todos os
meus colaboradores a dedicar
algum tempo e recursos a este
processo de avaliação, tendo em
conta a sua área de intervenção, o
plano diocesano de pastoral e as
reflexões da Conferência episcopal.
Na semana passada corri a diocese,
para participar nas reuniões do clero
nos seis arciprestados, reuni também com os professores de educação moral e religiosa e vou continuar a reunir com outros serviços e
movimentos. Tenho notado um
certo cansaço, cujas causas são
múltiplas, desde a mutação cultural
à falta de recursos pessoais e
materiais. Mais necessária se torna
a definição de prioridades, para
otimizar os nossos recursos e
potencialidades. E tenho a impressão que perdemos muito tempo
e energias em ações e distrações,
que poderíamos confiar a outros ou
pôr de parte.
As dificuldades e obstáculos são
uma realidade e tornar-se-ão maiores, se continuarmos com as mesmas atividades e rotinas. Converter-se-ão, pelo contrário, em aliadas
do nosso apostolado, se descobrirmos nelas o lado positivo e
soubermos aproveitá-lo no sentido
da finalidade da missão que nos
está confiada. Apenas um exemplo.
Os professores de educação moral
e religiosa defrontam-se com a
indiferença perante os valores
morais e religiosos, na escola e nas
famílias, e a fuga a tudo que exige
esforço e tempo. Precisamente aqui
está a importância da sua ação. Por
isso terão de pensar como contrariar
essa tendência, não com discursos
moralistas, mas com testemunhos
de boas práticas, que fazem pensar
as famílias, os alunos e o ambiente
escolar, descobrindo a mais valia
para todos de uma educação com
princípios, com valores, com identidade moral, religiosa e humana.
Um aluno com identidade é causa
de satisfação, alegria e proveito
para todos. Abrindo bem os olhos
e refletindo sobre as causas e
consequências de determinadas
vidas, comportamentos e ideologias, descobriremos fortes incentivos para a melhoria da nossa ação.
Até para a semana, se Deus quiser.
Fica sempre um pouco de perfume
Nas mãos que foram consagradas
Nas mãos que são abençoadas
Ser ministro do altar
É sublime vocação
Que o Senhor concedeu
Ao Senhor Dom Manuel Falcão.
Foi com amor infinito
Que um dia o seduziu
E de graça e justiça
O seu ser lhe revestiu.
Uma porção do Seu Povo
Confiou ao seu cuidado
Para o apascentar
Com alimento sagrado.
Da Diocese de Lisboa
Para Beja um dia veio
Onde com tanto esmero
Exerceu o pastoreio.
Com seu exemplo e palavra
Foi apontando caminhos
Que a firmeza e a prudência
Envolviam em carinhos.
Partilhamos a alegria
Da sua nobre missão
Neste dia aniversário
Da sua ordenação.
† António Vitalino, Bispo de Beja
Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica em Julho
Como é já tradição, o Secretariado Nacional de Liturgia
vai realizar o 37.º Encontro Nacional de Pastoral Litútgica
nos dias 25 a 29 de Julho de 2011. Salienta a informação
do Secretariado: “Os participantes deste Encontro
Nacional enriquecem a Igreja com o contributo do seu
estudo e da sua oração. Este Encontro é dedicado à
temática da “Liturgia. A Oração Cristã”. A Liturgia é a
oração cristã. Celebrar é rezar com Cristo e com a Igreja:
“Qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo
sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, acção sagrada
D. Manuel Falcão - SACERDOTE, há 60 anos
por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no
mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra acção da
Igreja” (SC 7). Por motivos de obras no Centro Pastoral
Paulo VI, as actividades realizam-se na igreja da Santíssima
Trindade. A temática e as actividades do programa são de
acordo com o espaço sagradi, aproveitado também para
escola de oração. Os ensaios para as celebrações integram
a música e outros ministérios litúrgicos. Um Encontro de
características especiais porque num lugar único. Mais
informações em http://www.liturgia.pt/.
Seis décadas a servir
Ao Senhor da grande messe
Receba os parabéns
Que de todos nós merece.
Beja, 29/062011
Os amigos de todos os dias
PATRIMÓNIO
6 – Notícias de Beja
7 de Julho de 2011
PEDRA ANGULAR
PÁGINA DO DEPARTAMENTO
DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA
Marcello Panni em Beja
Festival Terras sem Sombra encerra a edição de 2011
com apoteose para banda militar e coro infantil
A Praça da República – a “Praça
Grande” de Beja, traçada no tempo
em que D. Manuel ainda era duque
desta cidade – acolhe o concerto de
encerramento do Festival Terras sem
Sombra 2011, tendo como enquadramento a igreja da Misericórdia, uma
obra-prima do Renascimento português. Promovida pelo Departamento
do Património da Diocese, pelo
Município de Beja e pela Turismo
do Alentejo, a iniciativa realiza-se a 9
de Julho, pelas 22 horas, e é de
acesso livre.
Intitulado En Plein Air, o espectáculo
traz ao Alentejo o famoso maestro e
compositor italiano Marcello Panni
para dirigir um programa pouco
comum: a estreia, em Portugal e
Espanha, da sua Missa Brevis do
próprio Panni, uma referência essencial da música contemporânea; e a
célebre Symphonie funèbre et triomphale, de Hector Berlioz, homenagem aos mártires da Revolução de
1830. Música sacra e música cívica
andam assim, lado a lado, sem
contradições.
A presença do tenor Carlos Guilherme, voz maior do panorama operático internacional, da Banda
Sinfónica da GNR, conhecida pela
sua excelência artística, e do Coro
Infantil do Instituto Gregoriano de
Lisboa, um dos melhores do país,
fazem deste concerto a apoteose
adequada a um festival que tem
ajudado a relançar a música erudita
fora dos grandes centros. Uma
opção com bons resultados, a
julgar pela adesão entusiástica do
público e pelo acolhimento da
crítica da especialidade.
Marcello Panni,
mestre de mestres
Natural de Roma (1940), estudou no
Conservatório de Santa Cecília,
aperfeiçoando-se em Composição
na Academia do mesmo nome, com
Goffredo Petrassi, e em Direcção de
Orquestra no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris,
com Manuel Rosenthal. Fez a
estreia em 1969, na Bienal de
Veneza, com um concerto dedicado
a Petrassi. A partir de então desenvolveu em simultâneo as carreiras
de compositor e director. No que
toca à actividade criativa, destacouse cedo por peças de marcado
carácter vanguardista, como Prétexte (1964), Empedokles-Lied
(1965), Arpège (1967), D’Ailleurs
(1967) e Patience (1968).
Em 1971 fundou o Ensemble TeatroMusica, com o qual realizou digressões por toda a Europa, executando
e gravando obras de Schnebel,
Cage, Pennisi, Berio, Bussotti,
Clementi, Donatoni, Feldman, e viu
com a Orquestra Metropolitana de
Lisboa, dirigida por Michael Zilm.
Tem também executado obras de
compositores portugueses contemporâneos, tais como as Cançõezinhas da Tila, de Lopes-Graça, a
Pequena Cantata de Nata,l de
Sérgio Azevedo, e a Petite Messe
Naïve de Eurico Carrapatoso.
Neste momento, prepara a estreia
de duas obras de Sérgio Azevedo e
Nuno da Rocha. Formado por
Henrique Piloto, o Coro foi dirigido
por Armando Possante e é actualmente da responsabilidade de Filipa
Palhares.
Maestro Marcello Panni
Tenor Carlos Guilherme
representada a sua Klangfarbenspiel na Piccola Scala de Milão
(1972); seguiu-se La partenza
dell’argonauta, de Savinio, no
Maggio Musicale Fiorentino
(1976). A partir de finais dos anos
70 foi convidado regular das principais instituições musicais italianas e dos mais destacados teatros
líricos internacionais, como a Opéra
de Paris, a Metropolitan Opera House de Nova Iorque, o Bolchoi de
Moscovo e a Staatsoper de Viena.
Em 1994 foi nomeado director
artístico da Orquestra dos Pomeriggi Musicali de Milão e director
musical da Ópera de Bona. Três
anos depois assumiu o cargo de
director musical da Opéra e da
Orquestra Filarmónica de Nice. De
1999 a 2004 foi director artístico da
Academia Filarmónica Romana. No
Outono de 2000 deixou Nice para
retomar o cargo de consultor artístico do Teatro San Carlo de Napoli,
onde permaneceu durante duas
temporadas. Em 2003 ingressou na
Academia de Santa Cecília de Roma.
Entre 2007 e 2009 retomou a direcção artística da Academia Filarmónica Romana e, em 2009, assumiu
as funções de director artístico e
maestro principal da Orquestra
Sinfónica “Tito Schipa”, de Lecce.
Gravou numerosos discos com
obras contemporâneas e algumas
óperas, entre as quais Il Flaminio
de Pergolesi, com Daniela Dessì e a
Orquestra do San Carlo de Nápoles, La Fille du régiment, de
Donizetti, com Edita Gruberova e a
Orquestra Sinfónica da Rádio da
Baviera, Omaggio a Verdi, com
Fabio Armiliato e a Orquestra
Filarmónica de Nice, Semiramide de
Rossini, com Edita Gruberova,
Bernadette Manca di Nissa e Diego
Florez, e a Orquestra Sinfónica da
Salvaguarda da
biodiversidade na Reserva
dos Colmeais (Beringel)
Rádio de Viena.
Um elenco de primeira
ordem
Carlos Guilherme (n. Lourenço
Marques, Moçambique). Estudou
com John Labarge no Conservatório Regional do Algarve e foi
cantor residente do Teatro Nacional de São Carlos de 1980 a 1992. O
seu repertório inclui 37 papéis
principais em 73 óperas, recitais e
concertos por todo o País sendo
de realçar a sua colaboração com o
Círculo Portuense de Ópera e a
Fundação Calouste Gulbenkian. A
partir de 1987 foi convidado a cantar
noutros países, tais como os Estados Unidos da América, Brasil,
Moçambique, Bélgica, França e
Israel. Gravou em CD A Canção
Portuguesa, com Armando Vidal, e
está de momento a gravar um CD
com árias de ópera acompanhado
pela Orquestra do Norte. Além das
principais orquestras portuguesas,
colaborou com a Orquestra de
Câmara de Pádua, do Comunal de
Bolonha, Filarmónica de Moscovo
e Sinfónicas de Budapeste, de S.
Francisco, de Israel, de Pequim e
de Xangai.
Em Abril de 2001 estreou-se em
Itália no Teatro Rossini. Voltou a
Itália em 2005 para cantar nos
teatros comunais de Ferrara e de
Modena Em 2003 actuou em Coimbra com o tenor José Carreras.
Aperfeiçoou a sua técnica vocal
com Marimì del Pozo, Gino Becchi,
Campogalliano, Claude Thiolass e
Regina Resnik. Venceu o prémio
“Tomás Alcaide”.
A Banda da Guarda Municipal,
fundada em 1838, passou a denominar-se, com a implantação da
República, em 1910, Banda de
Música da Guarda Nacional Repu-
blicana. A elevada especialização
dos seus componentes e o seu
amplo e valioso arquivo conferemlhe um elevado nível artístico, cuja
projecção internacional tem contribuído para dignificar Portugal nos
principais círculos musicais.
Em 2005 recebeu o Prémio “Amália”,
na categoria de Música Clássica. O
Presidente da República, Dr. Jorge
Sampaio, conferiu-lhe em 2006 o
título de membro honorário da
Ordem do Infante D. Henrique. O
capitão João Afonso Cerqueira é o
actual maestro da Banda Sinfónica
da GNR, tendo a coadjuvá-lo o
Sargento-chefe Armindo Pereira
Luís.
O Coro Infantil do Instituto Gregoriano de Lisboa foi criado com o
objectivo de permitir aos alunos
mais jovens desta escola uma
primeira abordagem ao canto e ao
repertório coral. Pertencem ao coro
os alunos dos primeiros três graus
do curso básico do Instituto Gregoriano. Tem interpretado, entre outras
obras, Stabat Mater de Pergolesi,
Messe Basse de Fauré, Ceremony
of Carols de Benjamin Britten, e,
em 2008, a 3.ª Sinfonia de Mahler,
O dia 10 vai ser dedicado a uma
jornada de preservação da biodiversidade, organizada com com o
Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e a Quercus, que terá por patrono o maestro
Marcello Panni e decorrerá num
sítio de notável interesse natural: a
Reserva dos Colmeais, em Beringel.
Esta é constituída por uma pequena
área de azinhal, uma área maior de
olival tradicional com árvores
centenárias e uma área de prados
húmidos na vizinhança de uma
pequena linha de água.
A riqueza de habitats e o facto de
não haver mobilização de solos nem
aplicação de herbicidas permite
que existam aqui espécies raras,
entre elas a Linaria ricardoi, um
endemismo da região de Beja, a
Cynara tournefortii, a Echium
boissieri, cujos talos podem atingir
quase 3 m de altura, a Adonnis
annua sppp annua e a Linaria
hirta. No contexto regional encontra-se igualmente aqui o maior
número de orquídeas, com 11
espécies assinaladas Ao nível da
fauna, a área é rica em invertebrados e regista uma densa população da cigarra verde.
Banda Sinfónica da GNR
SOCIEDADE
7 de Julho de 2011
Tempo de férias, crise
económica e pobres
Com os meses de Julho e Agosto chega a quadra mais escolhida
para tomar férias. É um costume que, respeitado, se torna salutar
porque beneficia o corpo e o espírito dos seres humanos.
É um bem tal, no meio da azáfama quotidiana, que a libertação da
“ditadura” do dia a dia, para descansar mais e melhor, para usufruir
do tempo de lazer e para cuidar da vida cultural e espiritual, até
parece irreal.
Em princípio cada um deve ter as suas férias, como tempo de
renovação e de revigoramento. Com elas vem o bem para cada um,
para a família, para a profissão e mesmo para a própria sociedade.
Férias, em tempo de crise, dura crise, hão-de manifestar a quadra em
que as vivemos. Mesmo em tempo de crise que se tomem dias de
férias, segundo a capacidade de cada um. Permitir-me-eis, prezados
leitores, que recomende a todos os mais favorecidos de meios que
não ofendam os mais humildes com gastos excessivos. Peço-lhes
que reservem alguns dos seus bens para doar às obras de
beneficência da sua zona. Deste modo, sereis solidários com os
pobres e tereis férias com a consciência mais tranquila.
Agora que muitos partem para férias não deixeis de cuidar em
contribuir para garantir a continuação da ajuda aos mais
desfavorecidos. Vós sabeis o que deveis fazer para as férias de cada
um não agravarem as carências dos pobres.
Há poucos dias um digno lutador das causas sindicais manifestou a
sua preocupação porque a Igreja se estava a deixar enredar nas
questões assistenciais imediatas e a esquecer-se da luta pela
afirmação dos princípios e critérios cristãos, isto é, pela proposta da
doutrina social da Igreja. Ao ter conhecimento desta tomada de
posição, compreendi as razões que motivaram tal atitude, mas
pareceu-me que era uma visão incompleta da doutrina da Igreja. Se
é certo que é uma riqueza a doutrina social da Igreja, que todo o
cristão deve conhecer, também é certo que no Evangelho está
insistentemente a proposta de atender, sem demora, quem sofre por
falta de água, por falta de alimento e por tantos males imediatos. O
ferido pelos ladrões e salteadores da parábola do Bom Samaritana,
que jazia à beira do caminho só foi socorrido e salvo por um. Muitos
passaram por lá mas não se importaram com aquela desgraça,
certamente filosofando segundo os seus interesses. Jesus insiste,
tive sede e fome e atendeste às minhas carências, salvando a minha
vida.
Para percebermos a força do Evangelho lembremos o que se passa,
ainda hoje, em bastantes zonas da África onde morrem todos os
dias bastantes crianças e adultos por falta de água e de alimento.
Se não se atende à necessidade imediata de água, alimento,
medicamento…que vale fazer marchas concorridas com slogans
repetidos vezes sem fim, pela verdade e pela justiça, se entretanto
se deixa morrer os que têm fome e sede, isto é, uma necessidade
imediata.
Muitas vezes é assim que se passam as coisas. Belos discursos.
Imponentes marchas, sem se reparar que as necessidades das
pessoas também são imediatas e que a melhoria prometida e não
chegada não cura qualquer dos agonizantes.
É do Evangelho a necessidade da ajuda imediata, como daquela
mais morosa e que exige mais meios estratégicos, porque mais
profunda e exigente.
Concluindo estas linhas este é tempo de férias. Que elas respeitem
o tempo de crise que fere tanta gente com as suas exigências. Que
não se olhe só para si, para cada um de nós, mas que olhemos para
todos que nos cercam e que chegue até eles a nossa atitude solidária.
Toda a humanidade, bem formada, se mostrou ao longo da história
compassiva para com os pobres e os que sofrem. Entremos nesse
número de benfeitores da humanidade.
João Alves, Bispo emérito de Coimbra
Senhora, 55 anos,
oferece-se para
auxiliar de geriatria e
serviços
domésticos
Telef.: 967 016 123
Leia, assine e
divulgue
“Notícias
de Beja”
o jornal
da Diocese
Escola Superior
de Educação de
Beja celebrou
25 anos
Notícias de Beja – 7
Dr. Rui Miguel Conduto
CARDIOLOGISTA
CONSULTAS:
Sábados
Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175
Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486
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Herdeira da antiga Escola do Magistério Primário, a Escola Superior de Educação de Beja
(ESEB) está a celebrar os seus 25
anos de existência. A efeméride
foi comemorada numa sessão
solene no Auditório do IPB na
manhã do passado dia 14 de
Junho. O Coro das alunas do 1º
ano do Educação Básica abriu a
cerimónia entoando o tradicional
Hino Universitário. Tomou depois
a palavra o Presidente do Instituto Politécnico de Beja, Prof.
Vito Carioca, seguindo-se o actual Director da ESEB, Prof. Jorge
Raposo, que fez um resumo da
história da instituição, que começou a funcionar com 25 alunos
nas instalações da Antiga Escola
do Magistério Primário e foi a
primeira das 4 escolas superiores
que hoje integram o IPB, passando por diversas fases de
crescimento, e que já formou
milhares de alunos.
O convidado especial para esta
sessão foi o Prof. David Justino,
antigo Ministro de Educação e
actualmente professor na Universidade Nova de Lisboa, reconhecido especialista em questões
de educação, e que falou do
Ensino Superior em Portugal.
Segundo afirmou, há em Portugal
5 000 cursos! “Algo está mal. É
melhor ter menos mas com mais
qualidade”, afirmou, sustentando
que “há um excesso de oferta. É
preciso racionalizá-la (diminuila)”. Segundo David Justino, no
futuro “não é necessário fechar
Escolas, mas sim sacrificar alguns cursos”.
A sessão prosseguiu ainda com
testemunhos de antigos alunos
formados nesta Escola, terminando com um almoço de convívio. Parabéns à ESE de Beja por
este feliz aniversário e que continue a cumprir bem a sua missão!
António Cartageno
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ÚLTIMA PÁGINA
7 de Julho de 2011
Sociedade sem Deus
cai na escravidão
Deste
Mundo
e do
Outro
Aulas começam até 15 de
Setembro, no ano lectivo
2011-2012
O bispo de Leiria-Fátima afirmou, há dias, que o Santuário tem a
missão de responder à crise de Deus na cultura ocidental,
alertando que “onde Deus desaparece do horizonte da vida, o
homem cai na escravidão da idolatria”.
“Hoje, o apelo de Fátima chama-nos a proclamar e a aprofundar
o primado de Deus face à cultura pós-moderna nas diversas formas
de niilismo, de ateísmo prático, de indiferença religiosa de muitos
que vivem como se Deus não existisse, de eclipse cultural do
sentido da presença de Deus”, destacou D. António Marto, na
abertura do simpósio «Adorar Deus em espírito e verdade».
Este é um evento de caráter teológico-pastoral que aborda temas
como “a questão de Deus na cultura contemporânea” ou o
“aprofundamento da atitude crente”.
O bispo de Leiria-Fátima alertou para os “ídolos fabricados por
cada um ou pela cultura dominante que vêm ocupar o lugar próprio
de Deus como mostraram os regimes totalitários e como mostram
as várias formas de niilismo, hedonismo e relativismo atuais”.
“O desafio é pois ajudar a descobrir a beleza, o encanto e o
gosto de Deus, no seu amor trinitário universal, que foram dados
a conhecer e experimentar, por graça extraordinária, aos
pastorinhos e que constituíam o cerne da sua adoração e os
abriu à universalidade do amor”, acrescentou.
Esta iniciativa, que decorreu na igreja da Santíssima Trindade,
foi organizada pelo Santuário de Fátima no âmbito do programa
de atividades relacionadas com a comemoração do centenário
das aparições de Nossa Senhora, que acontece em 2017.
O simpósio pretendeu, segundo o reitor do Santuário, padre
Carlos Cabecinhas, “aprofundar o específico da adoração cristã,
que é sempre a adoração à Santíssima Trindade e adoração em
espírito e verdade”.
“Julgo que a mensagem de Fátima nos pode ajudar a descobrir a
adoração como horizonte bem mais vasto da nossa vivência
cristã, não desvalorizando em nada a importância da adoração
eucarística”, afirmou.
Para José Eduardo Borges de Pinho, membro da comissão
organizadora, “a palavra ‘adoração’, no sentido cristão do termo,
não está na ordem do dia, ainda que haja nos últimos anos
esforços no sentido de reavivar nos fiéis uma ou outra prática
tradicional nesse sentido, como a adoração ao Santíssimo
Sacramento”.
Em declarações à sala de imprensa do Santuário, este professor
catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica
Portuguesa disse acreditar que “está em causa o acolhimento do
verdadeiro amor de Deus, na perceção humilde e agradecida do
seu Mistério de Amor como sentido último”.
De acordo com a organização do evento, cerca de 380
participantes puderam contar com um plano de trabalhos
diversificado, destacando-se as “reflexões teológicas e pastorais,
intervenções de caráter mais testemunhal ou apresentações de
expressões culturais do tema”.
Neste Simpósio apresentou uma comunicação o Padre João Paulo
Quelhas, Reitor do Seminário de Beja.
No despacho assinado pelo novo
ministro da Educação e Ciência,
Nuno Crato, ficou definido que o
ensino básico e secundário terá de
começar as aulas entre 8 e 15 de
Setembro. O primeiro período
termina a 16 de Dezembro. O segundo vaide 3 de Janeiro a 23 de
Março de 2012. O terceiro tem
início a 10 de Abril e para o 6.º (que
passa a acabar como os restantes
anos que têm exames), o 9.º, o 11.º
e o 12.º termina a 8 de Junho. Já
para do 1.º ao 8.º ano (excepto o
6.º) e para o 10.º, as aulas são
concluídas a 15 de Junho. Há que
contabilizar ainda a pausa de três
dias no Carnaval: de 20 a 22 de
Fevereiro.
O despacho ainda faz uma referência às provas de aferição, ainda
que, no programa do Governo, uma
das medidas será que estas passem a exames nacionais.
As miniférias do Carnaval são
iguais no caso do pré-escolar, no
entanto, o termo das actividades
será a 6 de Julho. As interrupções
das actividades educativas no
Natal e na Páscoa nestes estabelecimentos “devem corresponder a
um período de cinco dias úteis,
seguidos ou interpolados”, entre
os dias 19 e 30 de Dezembro e entre
26 de Março e 9 de Abril de 2012.
Portugueses confiam
na igreja
Um estudo realizado pelo grupo
GFK para determinar os níveis de
confiança que os cidadãos têm em
relação a 20 profissões e organizações profissionais, foi há dias
divulgado e mostrou que os portugueses continuam a confiar nos
bombeiros, nos professores e nos
carteiros mas desconfiam cada vez
mais de advogados e políticos.
Este estudo foi feito em 19 países,
a grande parte da Europa, e mostrou
que Portugal acredita mais nos
professores e nos militares do que
a média europeia, e é também dos
que mais confia nas organizações
de defesa do meio ambiente (79
pontos dados por Portugal, contra
os 67 da média dos países
europeus).
Já os advogados e juízes merecem
muito menos credibilidade para os
portugueses do que para os restantes europeus participantes no
estudo (36 pontos contra 52 em
relação a advogados, e 44 contra
63 em relação a juízes). Portugal é
também dos que menos confia nos
políticos, sendo neste caso os
Estados Unidos o campeão da
confiança.
Quanto à confiança depositada na
Igreja Catílica essa continua alta,
sendo que 69 por cento dos ouvidos no referido estudo diz confiar
nessa Instituição.
Um anterior estudo mostrou que a
confiança depositada na Igreja
Católica recebe um índice de confiança de 70 por cento dos portugueses e 63% consideram que
Deus é «extremamente importante»
nas suas vidas.
Na altura alguns meios de comunicação social estranharam os resultados desse estudo, promovido
pelo Instituto de Ciências Sociais
– sob coordenação dos professores
Manuel Vilaverde Cabral e Jorge
Vala – integrado numa investigação
da Fundação Europeia para o
Estudo dos Valores, sobre os
valores e comportamentos dos
portugueses. Mas o certo é que o
recente estudo do grupo GFK veio
confirmar a confiança que os portugueses continuam a depositar na
Igreja Católica.
Pelo que se vê, nem os muito
falados escândalos de pedofilia
abalaram essa confiança, que não
é só dos praticantes mas também
de muitas outras pessoas.
Ventura Pinho
44 milhões de refugiados
A Santa Sé deixou um alerta em favor
dos 44 milhões de refugiados em
todo o mundo, particularmente pelas
crianças que vivem em campos,
“muitas das quais não conhecem
outra realidade”.
Em declarações à Rádio Vaticano, o
presidente do Conselho Pontifício
para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Antonio Maria Vegliò, destacou em particular a situação na República Democrática do Congo, referindo que na parte leste do país há
“mais de um milhão e setecentos mil
deslocados, por causa da guerra”.
No Dia Mundial do Refugiado, o
arcebispo italiano referiu que nos
últimos 12 anos mais de 5,5 milhões
de pessoas “morreram como consequência das contínuas violências
militares”.
O responsável da Santa Sé recordou
ainda a situação no Darfur, região
ocidental do Sudão, falando em
“milhares de pessoas que vivem em
campos de refugiados”.
Segundo um relatório do ACNUR
(Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados), hoje
publicado, o número de refugiados,
requerentes de asilo e deslocados não
para de aumentar no mundo e chegou
a 44 milhões de pessoas em 2010.
80% destas pessoas encontram-se
hoje nos países em desenvolvimento
e mais de um quarto da população
de refugiados - cerca de 16 milhões
em todo o mundo - encontra-se em
três países: Paquistão, Irão e Síria.
Bento XVI evocou a celebração do
dia dos refugiados, pedindo aos
líderes políticos para garantirem uma
estadia com dignidade aos que “são
perseguidos e forçados a fugir dos
seus países”.
O Papa falava na pequena república
de São Marino, vizinha da Itália, que
nos últimos meses recebeu muitas
pessoas vindas da Tunísia e da Líbia.
“No ano em que se comemora o 60.º
aniversário da Convenção Internacional que protege todos os que são
perseguidos e forçados a fugir dos
seus países, convido todas as
autoridades civis e todas as pessoas
de boa vontade a garantirem o
acolhimento e condições de vida
dignas aos refugiados para que
possam regressar à pátria livremente
e em segurança”, apelou
Bom humor
- Pai, chamaram-me “mafioso” na
escola.
- Não te preocupes, filho. Amanhã
já trato disso.
- Está bem, pai.Mas faz com que
pareça um acidente.
*
O pai para a filha solteira:
- Quando é que tu pensas em casar,
Felismina?
- Sempre, meu paim todos os dias,
a cada momento...
*
Arte de enriquecer:
- Senhora, senhora, tenha compaixão! Sou o autor deste livro
“Trinta maneiras de enriquecer”.
Compre!
- Se é o autor, porque anda a pedir?
- É uma das trinta maneiras aconselhadas no livro.
*
O João lamentava-se com a
namorada:
- Meti uma ferradura de cavalo na
mochila para me dar sorte no exame
e, afinal, chumbei.
- Ora deixa cá ver! Afinal, não é uma
ferradura de cavalo, mas de burro.
A.B.