Programa Rodoviário Carioca em Ação

Transcrição

Programa Rodoviário Carioca em Ação
Revista Ônibus
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3
Revista Ônibus
sumário
Revista Ônibus – Ano XII – Número 63 – Fevereiro/Março de 2011
integração
BU completa um ano e já tem motivos para comemorar _______10
sistema de transporte
Consórcio das Empresas do Rio comemora avanços_ _________16
comunicando
16
Fetranspor faz balanço do ano e apresenta
planejamento à imprensa_____________________________19
entrevista Bernardo Carvalho
Setor de transportes é um dos quatro pilares para
o Plano de Legado da Cidade __________________________20
inovação
Nossa Senhora de Copacabana ganha BRS_________________23
corrente do bem
Ação solidária nas enchetes de Teresópolis e Nova Friburgo_____26
homenagem
20
Motorista da Vila Real socorre passageiro e vira notícia _ ______29
TV UCT
News inova na Comunicação do Transporte ________________30
rodoviário de talento
Cobrador da Salutran é a sensação das viagens_ ____________33
qualidade
Util traz de volta a figura da rodomoça___________________37
combustível
Hidrelétrica apresenta Ônibus Híbrido_ ___________________38
23
veículo versátil
Lanchonete em ônibus: novo uso para velhos coletivos________41
seções
Editorial: José Carlos Reis Lavouras_ ______________________6
Crônica: Tânia Mara__________________________________8
Coluna UCT: Ana Rosa Bonilauri_ _______________________32
26
Série Histórica: TREL_________________________________34
Linha e Letra______________________________________42
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Revista Ônibus
editorial José Carlos Reis Lavouras
Corrente do bem
Durante as chuvas do ano passado, quando os
moradores do Morro do Bumba foram vítimas de desabamentos, com muitas mortes e destruição de grande
número de casas, o sistema de transporte por ônibus
deste Estado criou uma campanha, iniciada na própria
região de Niterói, pelo Setrerj. A Fetranspor prontificouse a aumentar sua abrangência, mobilizando os demais
sindicatos na coleta de donativos e na realização de
suas próprias contribuições. Foram utilizados ônibus
para funcionar como postos de coleta. O nome “Parada
Solidária” fixou-se como uma marca.
Nas chuvas da primeira quinzena de janeiro deste
ano, rapidamente o esquema utilizado em 2010 voltou
a funcionar. Após 24 horas da decisão de se recriar a
campanha, faixas e banners já estavam sendo produzi-
Diretoria:
Presidente:
Lélis Marcos Teixeira
Diretor Administrativo e Financeiro:
Paulo Marcelo Tavares Ferreira
Diretora de Mobilidade Urbana:
Richele Cabral
Diretor de Marketing
e Comunicação:
Edmundo Fornasari
Conselho de Administração:
Titulares:
Presidente:
José Carlos Reis Lavouras
Vice-presidente:
João Augusto Morais Monteiro
Demais Conselheiros:
Narciso Gonçalves dos Santos
Generoso Ferreira das Neves
Florival Alves
José Carlos Cardoso Machado
Marcelo Traça Gonçalves
João dos Anjos Silva Soares
Francisco José Gavinho Geraldo
Alexandre Antunes de Andrade
Amaury de Andrade
Joel Fernandes Rodrigues
Suplentes:
Isidro Ricardo da Rocha
Manuel João Pereira
Manoel Luis Alves Lavouras
dos, sindicatos atendiam ao apelo da Fetranspor,
empresas colocavam seus coletivos à disposição.
Uma corrente do bem se formou, com a pronta
colaboração de todos.
Na manhã do dia 14, dez dos doze postos
que seriam montados já recebiam donativos.
A solidariedade da população foi sem
precedentes, nos mais variados
pontos do país, que teve outras cidades submersas
pela chuva, e até algumas
prejudicadas pela longa
A solidariedade da população
estiagem.
As empresas de ônibus
foi sem precedentes, nos mais
que tiveram suas atividades
variados pontos do país, que teve
temporariamente interrompidas ou dificultadas pelas
outras cidades submersas pela
enchentes fizeram enorme
chuva, e até algumas prejudicadas
esforço para atender, dentro
pela longa estiagem.
do possível, às necessidades de deslocamento da poJosé Carlos Reis Lavouras
é presidente do Conselho de
pulação. Alguns rodoviários
Administração da Fetranspor
apresentaram desempenho
heróico, no cumprimento
dessa missão.
Cerca de 100 toneladas foram arrecadadas. Os
detalhes estão nas páginas desta edição.
Tudo o que a Fetranspor pode dizer é: obrigada!
A Federação sente-se privilegiada pela solidariedade
com que o sistema e a população receberam o apelo
lançado pela campanha.
Domenico Emanuelle Siqueira Lorusso
Jacob Barata Filho
Marco Antônio Feres de Freitas
Conselho Fiscal:
Efetivos:
Valmir Fernandes do Amaral
Luiz Ronaldo Caetano
Humberto Valente
Suplentes:
Carlos Alberto Souza Guerreiro
Jorge Luiz Loureiro Queiroz Ferreira
Fábio Teixeira Alves
Delegado representante / CNT
Efetivo: Narciso Gonçalves dos Santos
Suplente: Jacob Barata Filho
Revista Ônibus
Editora chefe:
Tânia Mara Gouveia Leite
Redação:
Roselene Alves
Renato Siqueira
Andréa Cardoso
Roberta Araujo
Fred Alves
Fotografia:
Jorge dos Santos
Revisão:
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Patrícia Gonçalves
Luiza Ribeiro
Responsável comercial:
Verônica Abdalla – (21) 3221-6300
Projeto gráfico:
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Editoração, impressão e
representação comercial:
www.ArquimedesEdicoes.com.br
(21) 2253-3879
Distribuição:
Fetranspor
Rua da Assembléia 10, 39º andar – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20011-901 – Tel.: (21) 3221-6300 – Fax: (21) 2531-3711
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Revista Ônibus
crônica Tânia Mara
Sem energia!!!
Era uma manhã de quinta-feira, deste escaldante verão
carioca, quando, ao chegar nas instalações da Fetranspor,
deparei-me com um ambiente bastante fora do comum: muitos
funcionários formavam grupos, pelo grande salão que reúne
os ambientes dos vários setores. Outros permaneciam em seus
lugares, porém sem estar trabalhando ao computador, como
de costume. As janelas estavam abertas. Reinava uma certa
perplexidade no ar. O motivo, logo descobri, é que havia um
problema de energia elétrica, e, embora as luzes pudessem ser
acesas, os equipamentos não podiam ser ligados. Ou seja: nada
de computadores, aparelhos de ar-condicionado ou máquina
de café funcionando, o que quase zerava nossa condição de
produzir alguma coisa.
Isso me levou a pensar sobre como o mundo mudou nos
últimos séculos (os anos já criam muita diferença em termos
de novas tecnologias) e o quanto somos dependentes dos
eletroeletrônicos. É difícil imaginar como um dia houve seres
humanos que levavam suas vidas normalmente, sem contar
com um celular, uma TV a cabo, i-Pods, i-Pads, computadores
e internet. Há apenas algumas décadas, jornalistas usavam
máquinas de escrever para “bater” suas matérias em laudas
impressas, cujos espaços vinham numerados, para facilitar o
trabalho dos diagramadores. Ligações interurbanas precisavam ser solicitadas a telefonistas e, muitas vezes, levavam
horas para se completarem. Programas de TV eram feitos
sempre ao vivo, pois não havia o recurso do video-tape...
E todos sobreviviam, embora hoje mal dê para acreditar
nisso. Essa rapidez dos avanços tecnológicos leva nossos
jovens a nos verem quase como peças vivas de museu – e
não dá para culpá-los. Fatos como o da Isabela (filha da
minha amiga Suzy), que consegue ter 25 mil seguidores no
Twitter, se admirar com um LP e referir-se a ele como “um
CDzão preto”, mostram bem isso.
A questão é que uma pequena interrupção no fornecimento de energia elétrica nos faz sentir como seres
jurássicos, subitamente retirados do seu tempo, cerceados
no acesso aos instrumentos que nos tornam quase onipresentes, produtivos em tempo integral, profissionais ágeis e
modernos, em dia com a tecnologia, enfim: praticamente
transformados em peças vivas de museu. Ficar em pé, em
pleno ambiente de trabalho, apenas trocando ideias, parece
uma perda de tempo torturante. Por cinco minutos, chega
a ser agradável, depois parece que os segundos se arrastam pesadamente, enquanto sabemos que e-mails e seus
anexos se avolumam em nossas caixas de correio, e que o
mundo é exibido nas páginas da internet sem que possamos
acompanhá-lo.
Não sei até que ponto isso é bom ou ruim, mas o tema
nos dá uma boa oportunidade para refletir. Isto os aparelhos
não fazem por nós. Pelo menos, por enquanto.
Correspondências para a coluna Cara Fetranspor devem ser encaminhadas para:
Revista Ônibus – Rua da Assembleia10, 39º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20011-901 –,
ou para o fax (21) 2531-3711 ou, ainda, para o e-mail: [email protected]
Revista Ônibus
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artigo Lélis Marcos Teixeira
A evolução, as cidades
e a mobilidade
A evolução da humanidade, aos poucos,
levou a mudanças na forma de distribuição das
pessoas sobre o globo terrestre. Da ocupação
inicial nas áreas predominantemente rurais, à
medida que a atividade industrial se expandia,
aumentava a migração para as cidades. O
desenvolvimento ocorre com maior velocidade
a partir das tecnologias e da maior rapidez de
Presidente
executivo da
Fetranspor e
vice-presidente
da UITP –
América Latina
transmissão de informações.Assim sendo, desde
o último século, o crescimento urbano se deu de forma
As questões que afetam
cidades de médio e grande
porte em outros países não
diferem muito daquelas que
ocorrem no cenário nacional. A
mobilidade é um fator crucial
em nossas metrópoles
desenfreada e, consequentemente, bastante desordenada, em especial em países jovens como o Brasil.
Hoje, passada a primeira década do século
por exemplo. E conseguem se aproximar bastante do
XXI, a maior parte da população mundial vive nas
transporte de massa em termos de capacidade. A pers-
cidades, que enfrentam problemas para fazer face
pectiva de realização de grandes eventos, como a Copa
ao atendimento de milhões de pessoas, por meio de
do Mundo, os Jogos Olímpicos e outros, previstos para
serviços públicos demandados de maneira crescente.
esta década, traz oportunidades para a criação de bons
Os prestadores se deparam com as dificuldades de
legados para as cidades-sede.
acompanhar esse ritmo sem perder a qualidade,
Cabe ao empresariado do setor estar preparado
com o agravante de o cliente se tornar cada vez
para todas as inovações que se fazem necessárias
mais exigente.
para que o transporte público seja a principal opção,
Aqui no Brasil, 84% das pessoas moram em áreas
salvando as cidades de um destino de imobilidade,
urbanas. As questões que afetam cidades de médio e
com todas as consequências nefastas que os conges-
grande porte em outros países não diferem muito daque-
tionamentos provocam: poluição ambiental e sonora,
las que ocorrem no cenário nacional. A mobilidade é um
deterioração dos espaços no entorno das vias, pro-
fator crucial em nossas metrópoles, que se apresentam
blemas respiratórios causados pela má qualidade do
lentas e pesadas até mesmo em horários fora dos tra-
ar, estresse, diminuição da produtividade, dificuldade
dicionais picos. As soluções para esse tipo de problema
de acesso aos demais serviços. precisam aliar uma política inteligente de mobilidade
Utilização de modernas tecnologias, proatividade
– que envolve mais do que transporte – a modernas
na análise de cenários e proposição de soluções, de
tecnologias. Os sistemas de BRT são alternativas que
forma integrada ao poder público e à sociedade civil,
vêm dando certo. Reúnem tecnologia, planejamento
além de ouvir o cliente e manter um sistema de infor-
urbano e política de prioridade para o coletivo, em face
mações compatível com a época atual, são alguns dos
do individual. São de implantação mais rápida e barata
pontos em que a atenção do transportador precisa estar
do que projetos baseados em transporte sobre trilhos,
permanentemente focada.
9
Revista Ônibus
integração
Bilhete Único Intermunicipal
completa um ano e já tem motivos
para comemorar
Símbolo de sucesso na parceria entre os setores público e
privado, o Bilhete Único Intermunicipal (BU RJ) completou seu
primeiro ano de implantação com
muitas vitórias para comemorar.
A primeira delas é a dos usuários:
com a economia tarifária proporcionada, a possibilidade de deslocamento entre os 20 municípios
integrantes do Grande Rio aumentou. As empresas de ônibus
também podem celebrar, pois, em
2010, cresceu o número de passageiros pagantes em função da
inclusão social possibilitada pelo
novo sistema.
Lançado em fevereiro do ano
passado, o BU RJ tem conquistado
cada vez mais a confiança do setor
privado e a satisfação dos usuários.
O novo formato possibilita a racionalização do sistema, promove
a integração tarifária e a inclusão
social, levando à ampliação da mobilidade urbana, devido à redução
do custo e à integração de viagens
entre todos os modais de transporte. A aceitação é tanta que, para
2011, a previsão de crescimento
da sua utilização por usuários pagantes, no Rio de Janeiro, é de 12%
no mínimo. O maior estímulo para
este aumento da demanda é a diminuição do valor total gasto pelos
usuários, que pode chegar a 75%
em relação ao somatório das tarifas anteriores. Ponto positivo para
o sistema que, ao possibilitar a expansão da diversidade de destinos,
estimula o potencial de empregabilidade do trabalhador da Região
Metropolitana do Rio.
Mais chances
de emprego
Segundo estudo realizado no
último ano pela FGV – Fundação
Getúlio Vargas, a economia média
do cidadão chega a R$ 2,62 por
dia. “O Bilhete Único me possibilitou arrumar um estágio de meio
período no Rio, enquanto continuo
meu curso de graduação, sem que
eu precise gastar todo o meu dinheiro em passagem. Antes era in-
viável, e minha busca se restringia
ao entorno de onde moro”, explica
Jaqueline Silva Faria, estudante de
Direito na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, localizada
em Seropédica.
Além disso, a inclusão da população no acesso ao transporte
legalizado inibe a busca por meios
não formalizados, problema há
muito combatido pelas autoridades e entidades do setor. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, através do último Sistema de
Indicadores de Percepção Social
(SISP) sobre Mobilidade Urbana,
lançado em janeiro, mostra que
quase 40% das famílias brasileiras com renda de até dois salários
mínimos deixariam de ir a algum
lugar ou procurariam alternativas
de transporte por falta de dinheiro.
A diarista Margarete Oliveira da
Cunha, moradora de Belford Roxo,
reconhece que, antes de ter o BU
RJ, optava pelo transporte irregular por conta do valor da passagem. “Sei que não é correto, mas
eu só conseguia vir trabalhar se
pegasse van pirata. Mesmo assim,
já perdi muito trabalho quando o
patrão ficava sabendo de onde eu
vinha. Agora facilitou. Não preciso
mais mentir sobre onde moro, nem
pegar qualquer coisa para chegar
ao serviço”, conta Margarete.
Maior demanda
O estudo do IPEA indica também que, em 2010, 20% das
despesas de consumo do cidadão
corresponderam a serviços de condução e que, só na região Sudeste,
mais de 50% da população brasileira tem no transporte público seu
principal meio de deslocamento
nas cidades. Para Sérgio Lavouras,
diretor da Empresa de Transportes Flores, de São de Meriti, e da
Expresso Real Rio, de Seropédica,
ambas do grupo JAL, o BU RJ trouxe ganho para a população e para
as empresas de ônibus.
“O Bilhete Único Intermunicipal tornou-se um marco importante na mobilidade urbana da
população com a inclusão social.
Trata-se de uma iniciativa inteligente que, de forma harmoniosa
e equilibrada, conseguiu atender
aos interesses da população, do
governo e do setor de transportes. Os resultados podem ser
traduzidos no aumento de demanda das linhas mais longas,
que permitiu ao modal recuperar
parte de sua perda em função do
custo final dos deslocamentos. O
cliente pode se deslocar da Baixada Fluminense até Copacabana pagando apenas uma tarifa
de R$ 4,40”, comenta Lavouras.
A redução no valor final é significativa, principalmente levando
em conta que existiam 74 tarifas
distintas sendo praticadas em
toda a Região Metropolitana –
de R$ 2,20 a R$ 13,20 –, além
das variações, já previstas, nos
diferentes modais.
Para Lavouras, o sistema estimula
a formalização dos empregos, já que
gera economia aos empresários nos
gastos com as passagens dos funcionários que residem em outros municípios. “O BU RJ também possibilitou
a inclusão na economia formal de
inúmeros trabalhadores que, por morarem mais longe, eram excluídos dos
contratos com carteira assinada”, afirma. Assertiva comprovada por dados
do Ministério do Trabalho, que mostram que os primeiros nove meses de
2010 representaram o melhor período
em número de criação de postos de
trabalhos formais já registrado, atingindo o montante de 149 mil contratações em todo o Estado do Rio.
“Mudança grande e boa”
Da mesma forma, o diretor executivo
da Evanil Transportes e Turismo, Joel Fernandes Rodrigues, destaca as vantagens
da nova bilhetagem. “A implantação do
Bilhete Único Intermunicipal agregou e
muito para o setor de transportes. As empresas tiveram um aumento no número
de passageiros transportados e puderam garantir melhor mobilidade para a
população. Também foi importante para
o mercado de trabalho, pois facilitou a
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Revista Ônibus
integração
contratação de pessoas que moram
em locais distantes, já que o custo
com Vale-Transporte diminuiu para
os empregadores. O Bilhete Único
foi muito bem pensado e muito bem
planejado pelo governo do Estado e
pela Fetranspor, que deram um verdadeiro exemplo de parceria em prol
dos interesses da população”, diz
Rodrigues.
A diretora de Mobilidade da
Fetranspor, Richele Cabral, concorda que o sistema beneficia a todos.
“Foi uma mudança grande e boa.
As linhas de maior distância tiveram
uma recuperação com a instalação
de uma única tarifa. Houve uma
transformação no pensamento das
empresas e do funcionamento das
linhas, pois, em lugares onde há
mais oferta, acabou a competitividade baseada somente no preço.
Os passageiros agora optam por
mais conforto, segurança, rapidez,
e isso é benéfico para todos. Acho
que este primeiro ano provou que
o Bilhete Único é um grande sucesso, principalmente considerando a
mudança social na vida das pessoas. Pesquisas como a da FGV e
do IPEA comprovam que a direção
que estamos tomando está correta.
O subsídio governamental é uma
quebra de paradigma, uma vez que
a prática não é comum na América do Sul. Além disso, a decisão do
governo de não aumentar a tarifa
este ano, por questões sociais e políticas, é excelente”, celebra Richele.
Uma parceria de bons frutos
O governo estadual subsidia
o benefício tarifário, concedido
com a instituição do BU RJ e garantido pela Lei n° 5.628/2009,
por meio de repasse dos recursos às concessionárias e permissionárias do serviço de transporte público, através do Fundo
Estadual de Transportes. A Lei
garante a viabilidade da redução tarifária sem comprometer a
operação do sistema de condução de passageiros.
Durante a comemoração do
aniversário do BU RJ, realizada no
mês passado na Cenwtral do Brasil, no Rio de Janeiro, o presidente
da RioCard e da Fetranspor, Lélis
Marcos Teixeira, ressaltou o sistema como uma política de inclusão
e de valorização da cidadania.
“Hoje, o empregador não segrega o seu funcionário se ele
mora longe. A pesquisa do
IPEA apontou que 28,9%
das pessoas não têm acesso ao transporte público no
país. No Rio de Janeiro essa
situação foi corrigida. A Fetranspor tem orgulho de ter
participado desde o início. É
uma vitória da cidadania”,
declarou Teixeira. Ele destacou, ainda, o fato de o Bilhete Único do Rio ser o primeiro do Brasil com caráter
integralmente metropolitano.
O presidente da RioCard,
Lélis Teixeira, ao microfone
Foto aniversario 1 ano
Revista Ônibus
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O novo sistema permite que,
por uma tarifa reduzida, o passageiro viaje entre municípios
atendidos pelo Bilhete Único
Intermunicipal, utilizando até
dois veículos de qualquer modal
de transporte público, no intervalo máximo de duas horas e
meia. O impacto da diminuição
final de custos para o cidadão
fluminense foi tão positivo que
conseguiu captar o interesse da
população. Houve uma explosão
da demanda no início da operação. Ao completar dois meses
de implantação, o BU RJ já havia
conquistado e cadastrado mais
de 1,8 milhão de pessoas. Neste
período, os deslocamentos iniciais utilizando o sistema recémimplantado chegaram a 10 milhões, e esse número não parou
de crescer ao correr do ano. Em
novembro de 2010, a RioCard
havia atingido 21.457.617 viagens com a nova bilhetagem.
Grandes investimentos
e muito trabalho
A formulação e a implantação
de uma política tarifária como a
do Bilhete Único Intermunicipal só
foram possíveis graças à parceria
firmada entre a Fetranspor e o governo do Estado – união imprescindível para a viabilidade e o sucesso
do sistema. Os investimentos em
tecnologia para a sua instalação no
Estado do Rio de Janeiro totalizaram mais de R$ 30 milhões. A quantia foi empregada na montagem da
estrutura, compra de equipamentos, aquisição de softwares para a
segurança operacional do sistema
e o eficiente processamento das
informações. Além de ter permitido
a aquisição de dois mainframes da
IBM, capazes de processar mais de
30 bilhões de instruções por segundo, o que garante que, somados à
tecnologia de bilhetagem eletrônica da RioCard já existente, a validação da passagem seja feita em
0,6 segundo, sem falhas de processamento ou erros no cartão. Tudo
isso possibilitou a implementação
do novo sistema em tempo recorde.
A empresa colocou à disposição sua estrutura para viabilizar a
implantação e comercialização do
Bilhete Único. Para isso, os esforços da RioCard na adaptação de
suas áreas comercial, de atendimento e de divulgação começaram a ser concentrados a partir do
segundo semestre de 2009. Foi
necessário substituir os cartões
Vale-Transporte convencionais e
realizar um planejamento deta-
Além da estrutura fixa,
foram instalados 9 postos de
cadastramento do BU RJ em pontos
estratégicos do Rio de Janeiro e
os sites do Expresso e do ValeTransporte foram reestruturados
lhado de produção, logística de
entrega e suporte informatizado
para os usuários.
Os sites do Expresso e do ValeTransporte foram reestruturados,
foi incluída a opção de compra
do BU RJ, e toda a organização
de venda on-line da RioCard foi
canalizada para a comercialização
do Bilhete Único. Regras específicas de utilização do cartão foram
criadas para o novo sistema. Passou a ser obrigatório inserir o CPF
no cadastramento e houve a limitação de um cartão por pessoa.
Com a personalização, a RioCard
consegue saber quem usa o benefício, o número de usuários e viagens realizadas. As informações
são disponibilizadas diariamente
para o governo. A gestão operacional e a transmissão desses dados acontecem de maneira rápida
e confiável, de modo a integrar
todos os modais existentes. O
suporte técnico é feito por uma
equipe interna, que trabalha em
parceria com a IBM.
Redes sociais
A internet provou-se um grande mecanismo de divulgação, comercialização, informação e canal
de diálogo com a população. As
redes sociais receberam atenção
especial, com criação de perfis e
comunidades no Orkut, Facebook,
Twitter, Flickr, além de
um exclusivo canal no
YouTube. Foram realizadas campanhas in-
13
Revista Ônibus
integração
terativas, como concursos de fotos
e vídeos, e outras ações de estímulo ao uso do transporte coletivo,
que obtiveram grande aceitação e
participação dos usuários.
A parcela da população que
não possui acesso à internet não
foi esquecida. Foram abertos nove
postos de cadastramento, em
pontos estratégicos da cidade,
para atendê-los. Além disso, a RioCard criou uma rede de 13 lojas
próprias, 300 postos de recarga
e implantou estandes de informações e cadastramento do BU
RJ na Região Metropolitana (em
terminais rodoviários, estações de
trem e metrô). Já a CRR (Central
de Relacionamento RioCard) foi
reorganizada para atender com
eficiência à demanda crescente,
que aumentou 26% já nos três
primeiros meses após o lançamento. Atualmente, 88% das ligações
recebidas pelo Call Center são
para suporte.
Para que a parceria e o sistema continuem sendo um sucesso,
Richele Cabral, diretora de Mobilidade da Fetranspor, indica o que
deve ser feito daqui para a frente.
“Para o futuro é preciso complementar com investimentos em infraestrutura. Assim será possível juntar
as melhorias no setor e a rapidez dos
serviços ofertados à política tarifária
já implementada”, diz. Seguindo
esta linha, com constantes ajustes, tanto através de investimentos,
novas parcerias, quanto no que diz
respeito aos aprimoramentos dos
modais existentes, o Bilhete Único
Intermunicipal acumulará aniversários e ainda mais motivos de celebração no futuro.
Municípios abrangidos pelo
Bilhete Único Intermunicipal
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Revista Ônibus
14
Belford Roxo
Duque de Caxias
Guapimirim
Itaboraí
Itaguaí
Japeri
Magé
Maricá
Mesquita
Rio de Janeiro
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Nilópolis
Niterói
Nova Iguaçu
Paracambi
Queimados
São Gonçalo
São João de Meriti
Seropédica
Tanguá
Mangaratiba
Bilhete Único Carioca
entra em Operação
Irmão caçula do novo modelo
de bilhetagem eletrônica implantado no Rio de Janeiro, o Bilhete
Único Carioca (BUC) é outra vertente do plano de reestruturação
do sistema de transporte público.
A união de forças dos empresários do setor, com o objetivo de
ampliar a utilização do ônibus
pela população, estimulando a
economia, a melhora do serviço e
aumentando a qualidade de vida
no município, proporcionou o seu
surgimento. O BUC foi implementado em novembro de 2010, em
tempo recorde, sob o lema “Pague um, leve dois” – slogan da
campanha de lançamento do produto na cidade.
Voltado para a integração
das linhas de ônibus municipais,
o sistema é diferente do BU RJ,
pois a redução tarifária do Bilhete
Único Carioca não é subsidiada
pelo governo municipal, sendo
o valor integralmente repassado aos empresários de ônibus,
o que requer esforço e envolvimento dos mesmos. É necessária
a racionalização do sistema para
não haver perda de receita. O
BUC possibilita a utilização de
até dois ônibus dentro do Rio,
no prazo de duas horas após o
Campanha do Bilhete Único produzida pela DPZ
para o Rio Ônibus e veiculada em várias mídias
e­ mbarque,
a
O BUC possibilita a utilização de
um custo de
R$ 2,40, o qual
até dois ônibus dentro do Rio,
é debitado de
no prazo de duas horas após
forma integral
logo na primeio embarque, a um custo de R$
ra viagem. Esta
reorganização
2,40, o qual é debitado de forma
aumenta signiintegral logo na primeira viagem
ficativamente
a mobilidade
do usuário e é
também uma iniciativa para preparar a cidade para a Copa do
Mundo de 2014 e as Olimpíadas
de 2016. Pretende-se, no futuro,
estender esse benefício a outros
modais.
O BUC divide a cidade em
cinco regiões de integração. Para
isso houve a licitação das linhas,
gerando quatro consórcios vencedores (Internorte, Intersul,
Transcarioca e Santa Cruz), que
passaram a operar o sistema de
ônibus do Rio. “Agora é importante a racionalização, colocando mais coletivos onde eles são
escassos e menos onde há grande quantidade. Só assim será
possível que aconteça, futuramente, a implantação dos BRTs
(corredores expressos de ônibus)
e a ampliação do sistema”, explica Richele Cabral, diretora de
Mobilidade da Fetranspor.
15 Revista Ônibus
sistema de transporte
Três meses depois Consórcio
das Empresas do Rio
comemora avanços
Três meses depois da implantação do novo sistema de transportes da cidade do Rio de Janeiro, que dividiu as empresas de
ônibus em consórcios e a cidade
em regiões, já é possível perceber algumas melhorias, tanto
para as empresas como para os
usuários. Foram formados quatro
consórcios, com a participação
de 41 empresas de ônibus do
Rio de Janeiro, e a cidade foi
segmentada em cinco regiões,
para a operação do transporte
público.
A mudança mais visível para
os usuários foi o novo layout dos
ônibus, identificados agora por
consórcio e por região. Com o
novo sistema, foi criado também
o Bilhete Único municipal, que
permite que os usuários embarquem em dois ônibus no período de até duas horas, pagando
uma tarifa única. As empresas
assumiram o compromisso de
aumentar os investimentos em
novas tecnologias – como câmeras de vídeo, para garantir
mais segurança aos clientes, e
GPS, visando a assegurar maior
mobilidade –, de respeitar as
normas de acessibilidade, além
de contribuir para a manuten-
Revista Ônibus
16
“A mudança mais visível para os usuários foi o
novo layout dos ônibus, identificados agora por
consórcio e por região”
ção dos terminais rodoviários.
Responsabilizaram-se, também,
pela participação de motoristas
e cobradores no Programa Rodoviário Carioca em Ação.
E o que já foi realizado até
agora? O Programa Rodoviário
Carioca em Ação está a pleno vapor. Grande parte dos motoristas
já participou do curso, assistindo
a aulas sobre Direção Defensiva,
Primeiros Socorros e Relações Humanas, e os cobradores também
estão frequentando as lições desses dois últimos módulos. Em breve, ambas as categorias profissionais iniciarão as aulas de inglês
e espanhol, para se prepararem
Clientes se
adaptaram
rapidamente
ao novo
layout
da frota
para os dois grandes eventos que
a cidade do Rio de Janeiro vai sediar: a Copa do Mundo de 2014 e
as Olimpíadas de 2016.
Outra novidade que está sendo implantada é o primeiro corredor BRS (Bus Rapid Service) da
Zona Sul do Rio de Janeiro. O trajeto abrange a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, do Posto 6
ao Leme, passando pela Avenida
Princesa Isabel. Em pouco tempo,
novos corredores BRS serão instalados (leia mais sobre o assunto
na matéria da página 23)
Na opinião do presidente do
Consórcio Transcarioca, Avelino
Antunes, a implantação do novo
sistema exigiu grande esforço comum pela integração das empresas, contudo, superado de forma
satisfatória com o apoio do Rio
Ônibus. Até a mudança da pintura dos ônibus foi bem recebida
pela população, segundo Antunes.
“Como as empresas, de um modo
geral, já operavam mais de uma
linha com veículos de mesmas
cores e características, os passageiros já estavam habituados a se
guiar pelo número da linha e pelas
informações fixadas no visor dos
coletivos. O fato do
processo de pintura da frota ter sido
gradual também facilitou a adaptação
dos passageiros”,
destacou.
Para Antunes, o
principal benefício
observado na operação foi, sem dúvida,
a implementação
do Bilhete Único,
pois
representou
Avelino Antunes,
presidente do
Consórcio Carioca:
“a criação do Bilhete
Único foi apenas o
primeiro passo de
uma reestruturação
completa na malha
de transportes
coletivos do
município”
“Os passageiros já estavam
habituados a se guiar pelo
número da linha”
A linha 217
agora faz
parte do
Consórcio
Intersul de
Transportes
um enorme avanço no sistema de
transportes da cidade do Rio de
Janeiro, favorecendo milhões de
usuários. Ele lembra que a criação do Bilhete Único foi apenas
o primeiro passo de uma reestruturação completa na malha de
transportes coletivos do município.
Revela, também, que as próximas
ações do consórcio serão a conclusão das obras dos corredores de
ônibus e a implantação do BRS,
mas que, na verdade, todas essas
medidas visam à completa reorganização do sistema de transportes
do município do Rio. “Os corredores garantirão vias exclusivas para
os coletivos, pontos de embarque
e desembarque mais confortáveis
e seguros, além de veículos com
maior frequência e velocidade. Os
benefícios destas novas medidas
alcançam até mesmo aqueles que
não utilizam o transporte público,
pois ainda representam a racionalização dos sistemas de transportes, diminuindo o fluxo de veículos
nas ruas, melhorando o trânsito e
a qualidade de vida da população
de nossa cidade“, destacou.
Já o presidente do Consórcio
Internorte e diretor da Viação Nos-
17
Revista Ônibus
sistema de transporte
acredita que ainda
é cedo para avaliar os benefícios
a adaptação à nova
deste sistema, mas
afirma que o resulfilosofia de trabalho”
tado mais positivo
deverá ser a redusa Senhora de Lourdes, Humberto ção do tempo de viagem, graças
Valente, acredita que, no caso das ao fortalecimento do sistema de
empresas de ônibus, a maior di- Bilhete Único, à implantação dos
ficuldade foi a adaptação à nova BRSs que acontecerá em breve e,
filosofia de trabalho proposta pelo mais adiante, com os BRTs. “Imsistema de consórcio, em que a re- plantando os BRSs e BRTs haverá
lação com o poder público passa a consequente racionalização do
a ser em conjunto e não indivi- sistema de transporte e, com o
dualmente, por empresa. Valente Bilhete Único Carioca expandido
“A maior dificuldade foi
aos demais modais, uma maior e
melhor mobilidade nos deslocamentos dos usuários”, concluiu.
É realmente isso que todos
– empresas participantes do
consórcio, população e poder
público – esperam do novo sistema: melhor mobilidade urbana
e, portanto, melhor qualidade de
vida para a população da cidade
do Rio de Janeiro.
Humberto Valente,
presidente do Consórcio
Internorte: “para a
população, o resultado mais
positivo será a redução do
tempo de viagem”
Revista Ônibus
18
comunicando
Fetranspor faz balanço
do ano e apresenta
planejamento à imprensa
Em encontro realizado no último
dia 19, no Hotel Marriott, a Fetranspor reuniu jornalistas da grande mídia e da imprensa especializada para
apresentar um balanço das ações
realizadas em 2010 e o planejamento
para este ano.
Dentre as principais conquistas de
2010, o presidente executivo da Fetranspor, Lélis Teixeira, ressaltou o papel
fundamental da instituição na concepção dos bilhetes únicos intermunicipal
e da cidade do Rio de Janeiro, além da
atuação da Universidade Corporativa
do Transporte, que leva educação aos
diversos níveis da cadeia produtiva do
setor. “No caso do Bilhete Único, existe
um conceito social muito amplo, pois
tínhamos 74 tipos de tarifa em todo o
Estado, o que onerava muito os passageiros e inviabilizava a formulação de
uma política tarifária equilibrada. Com
a adoção do benefício novos empregos
foram gerados”.
Outro assunto abordado foi o novo
modelo de transporte por ônibus utilizado na capital que, em função das licitações, reconfigurou as linhas do município
e, com os compromissos assumidos pelas
operadoras, em breve, tornará o Rio de
Janeiro uma referência em termos de
mobilidade. “Foram firmados diversos
compromissos no processo de licitação,
como a adoção de GPS e câmeras de
vídeo nos ônibus, maior acessibilidade
e melhoria nas condições de uso dos
terminais. Além disso, é preciso ampliar
as informações do sistema ao usuário e
adaptar a frota para garantir acessibilidade. Todas essas medidas beneficiarão
e muito aquele que utilizar o serviço na
cidade do Rio”.
Dentre os projetos da Federação
para 2011 estão a racionalização da
quantidade de veículos em circulação
na Zona Sul, com a implantação dos
BRSs (Bus Rapid Service), e a continuidade do suporte que vem sendo
dado nos projetos de BRTs (Bus Rapid
Transit) a serem implementados no Rio.
“Inicialmente, estaremos inaugurando
essas faixas no bairro de Copacabana.
É o início do processo de racionalização
do sistema numa área que realmente
precisava de prioridade”.
Também foram apresentadas as ações
ambientais, de responsabilidade social
e de relacionamento com o cliente, nas
quais a Fetranspor está envolvida, como
os testes com combustíveis alternativos,
a parceria com o Instituto Ethos e todo
o trabalho da central de relacionamento,
que gerencia a demanda por informações
sobre linhas e trajetos das empresas filiadas. “Com as inúmeras ações desenvolvidas no ano passado, tenho a certeza de
que este ano, com o apoio da equipe da
Federação – que possui talento, espírito
de criatividade e inovação –, realizaremos
verdadeiros marcos em prol do transporte
coletivo no Rio de Janeiro”.
Nesta segunda edição do encontro
estiveram presentes aproximadamente
30 profissionais de imprensa, inclusive
jornalistas da mídia especializada.
Lélis Teixeira fala
para jornalistas e
ressalta papel da
Fetranspor
na concepção do
Bilhete Único
19
Revista Ônibus
entrevista Bernardo Carvalho
Diretor do Instituto 2014/2016 diz que
transportes é um dos quatro pilares
para o Plano de Legado da Cidade
Repórter: Fred Alves
Bernardo Carvalho
A agenda do publicitário Bernardo Carvalho tem estado
cheia, desde que assumiu a presidência do Instituto Rio
2014/2016, em setembro de 2010. A entidade é responsável
por coordenar a execução e monitorar a aplicação de recursos
de todos os empreendimentos municipais voltados para a Copa
do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Os projetos previstos vão da revitalização da Zona Portuária, no Centro do Rio, até a implantação de um novo sistema
intermodal e de quatro corredores BRTs, com novas linhas de
transporte de ônibus expresso. Para este ano, o orçamento
coordenado pelo Instituto é de R$ 2,62 bilhões, destinados a
intervenções nas áreas de transporte, meio ambiente, infraestrutura urbana e desenvolvimento social.
Entre tantos desafios e compromissos, o presidente Bernardo
Carvalho abriu um espaço para conversar com a Revista Ônibus.
R.Ô.: Quais as obrigações assumidas pelo Rio,
perante o Comitê Olímpico Internacional, como
cidade-sede?
Revista Ônibus
20
Revista Ônibus: Quais os desafios a serem
B.C.: A Prefeitura trabalha de forma integrada com
superados na estruturação de uma cidade como
os governos estadual e federal e o Comitê Rio 2016. Mas
o Rio de Janeiro, para a realização de eventos
definiu algumas responsabilidades e metas específicas,
do porte dos que acontecerão?
como antecipar as transformações urbanas, ambientais
Bernardo Carvalho: Preparar a cidade para
e sociais necessárias na cidade; cumprir as obrigações
receber o maior evento esportivo do planeta inclui
nos prazos e orçamentos definidos; promover a cidade
desafios em diversas áreas, como transporte, acomo-
nacional e internacionalmente e atrair novos investimen-
dações, acessibilidade, meio ambiente etc. Mas, desde
tos; e promover a participação da sociedade no processo
o início, a Prefeitura partiu do princípio de que os Jogos
de construção e implementação do Plano de Legado.
Olímpicos devem servir à cidade. Mais do que organizar
Para agilizar a execução dos processos, a Prefeitura
o evento em si, o objetivo é tornar o Rio de Janeiro
criou o Instituto Rio 2014/2016. A entidade coordena a
um lugar melhor para seus moradores, com mudanças
execução e monitora a aplicação de recursos de todos
estruturais de transporte, infraestrutura urbana, meio
os projetos municipais para a Copa do Mundo e os
ambiente e desenvolvimento social.
Jogos Olímpicos.
R.Ô.: Quais as maiores exigências da Fifa
e do COI a serem atendidas? Como é pretendido superá-las?
Com isto, haverá um aumento do uso de transportes de
alta capacidade – de 16% para 50%.
Um dos principais projetos de infraestrutura urbana
B.C.: A cidade precisa estar preparada para
é o Porto Maravilha, que vai revitalizar completamente
atender às necessidades de atletas, comissões
a Região Portuária. Mas a requalificação urbana, com
técnicas, turistas, espectadores e de todas as de-
acessibilidade garantida, acontecerá nas quatro regiões
mais pessoas envolvidas em eventos de tão grande
olímpicas – Copacabana, Deodoro, Barra da Tijuca e
porte. Para superar esse desafio, é preciso trabalhar
Maracanã – e seus arredores, beneficiando um total de
com dedicação, profissionalismo e muito planeja-
2 milhões de moradores.
mento. A Fifa e o COI têm exigências específicas
Na área de meio ambiente, o projeto prevê a recu-
em diversas áreas e fazem um acompanhamento
peração dos sistemas lagunares, a garantia de acesso a
constante do trabalho. Nessas visitas regulares, a
saneamento para 700 mil pessoas, a duplicação da rede
Prefeitura apresenta seus projetos e avanços. E, até
de ciclovias e a redução da emissão de gases de efeito
agora, as entidades se mostraram
bem satisfeitas.
R.Ô.: A Prefeitura do Rio vem
divulgando amplamente que os
Jogos (2014 – 2016) vão integrar
e beneficiar toda a cidade. Como
isto ocorrerá? Quais transformações são previstas no Rio?
estufa em 16%.
No setor de transportes, o
objetivo é implantar um
novo sistema intermodal, com
integração entre os corredores
expressos (BRTs), trens,
barcas e metrô
B.C.: A Prefeitura dividiu o
Plano de Legado da Cidade em
O projeto de desenvolvimento social
vai muito além dos eventos esportivos. Já
estão em andamento projetos como o Morar Carioca, de urbanização e integração
dos serviços públicos nas comunidades da
cidade; o Rio Criança Global, de universalização do ensino da língua inglesa na rede
municipal; e o Rio em Forma Olímpico, de
fomento à prática esportiva e à atividade
física em áreas públicas.
quatro áreas: transporte, infraestrutura urbana, meio
ambiente e desenvolvimento social. Estes são os
pilares do trabalho de preparação para os grandes
eventos esportivos.
R.Ô.: Quais as fontes de financiamento utilizadas para a realização dos eventos?
B. C: – A Prefeitura vem fazendo parcerias para
No setor de transportes, o objetivo é implantar
diminuir a utilização de verbas públicas nos projetos
um novo sistema intermodal, com integração entre
para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. As obras
os corredores expressos (BRTs), trens, barcas e metrô.
de revitalização do Porto e a construção da Vila Olímpica,
entrevista Bernardo Carvalho
por exemplo, serão feitas através de
PPP (Parceria Público-Privada). Para
2011, o investimento da Prefeitura em
projetos ligados aos Jogos Olímpicos
será de R$ 2,6 bilhões.
R.Ô.: Para a realização e eficiência de eventos como esses,
a área de transporte público é
peça-chave. Quais transformações, melhorias ou investimentos o setor pode esperar? Quais
serão os legados da Copa e das
Olimpíadas para a cidade no
Bernardo Carvalho durante o 14°
Etransport, em novembro de 2010
setor de transportes?
B.C.: O setor de transportes é um
dos quatro pilares do Plano de Legado
da Cidade. Com a integração entre os corredores
Tom Jobim, passando por diversos bairros da Zona Norte,
expressos (BRTs), trens, barcas e metrô, haverá um
e diminuirá pela metade o tempo gasto no trajeto.
aumento do uso de transportes de alta capacidade de
A TransOeste ligará a Barra da Tijuca a Santa Cruz,
16% para 50%. Ainda serão implantadas quatro linhas
incluindo o túnel da Grota Funda e a duplicação da Aveni-
de BRT – corredores de ônibus expressos e articulados,
da das Américas, e terá ligação com a linha 4 do metrô. A
de alta capacidade de transporte –, formando um anel
TransOlímpica ligará o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro,
de alta performance na cidade.
contemplando a construção de seis faixas para automóveis.
A TransBrasil será uma via ao longo da Avenida Brasil,
R.Ô.: Como está o andamento das obras
ligando o centro da cidade a Deodoro.
dos quatro BRTs que fazem parte do pacote
viário previsto para a preparação da cidade
para os Jogos Olímpicos de 2016?
B.C.: As obras da TransOeste começaram em agosto de 2010. A TransCarioca está em fase de licitação.
R.Ô.: Quais são os prazos destas obras?
B.C.: A TransOeste deverá estar pronta em 2012; a
TransCarioca, em 2013; e a TransBrasil, em 2014. A previsão
é que a obra da TransOlímpica termine em 2015.
Os projetos básicos da TransOlímpica e da TransBrasil
estão sendo finalizados.
R.Ô.: Como está, de uma maneira geral, o cronograma das obras para os eventos?
R.Ô.: Descreva, por favor, os BRTs previs-
B.C.: Um dos compromissos da Prefeitura é cumprir as
tos e como eles beneficiarão as regiões de
obrigações nos prazos. Algumas obras, como a construção
abrangência?
da Vila dos Atletas, começaram antes mesmo do prazo
B.C.: Os BRTs são corredores de ônibus expressos
definido inicialmente. Em visita recente ao Rio, represen-
e articulados, de alta capacidade de transporte. Quatro
tantes do COI elogiaram o trabalho de organização do
linhas serão implantadas na cidade. A TransCarioca
Rio de Janeiro e afirmaram que todas as ações ocorrem
ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional
dentro do previsto.
Revista Ônibus
22
inovação
Nossa Senhora de Copacabana
ganha
BRS
O primeiro BRS
(Bus Rapid Service)
da Zona Sul do Rio
aumenta a velocidade
dos ônibus e o número
de passageiros
por viagem
O ano de 2011 começou com
novidades no transporte por ônibus na cidade do Rio de Janeiro.
No dia 19 de fevereiro, a Prefeitura do Rio implantou o primeiro
corredor BRS (Bus Rapid Service) da Zona Sul, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. O
corredor vai do Posto 6 ao Leme,
passando pela Avenida Princesa
Isabel, em Copacabana.
Com o BRS em funcionamento, duas das quatro faixas são
exclusivas aos ônibus, e as linhas
estão divididas em BRS 1, BRS 2 e
BRS 3. As linhas regulares, oriundas de vários bairros da cidade,
que passavam na avenida sofreram alteração em seus itinerários.
Na verdade, houve uma divisão:
algumas mantiveram o seu trajeto original, passando no corredor e seguindo até o seu destino
final; e outras fazem somente
parte do itinerário antigo, não
entrando no corredor e fazendo
retornos predeterminados.
Os veículos que trafegam pelo
corredor estão identificados com
adesivos no vidro da frente, informando a qual BRS pertencem. São
15 pontos de parada sinalizados
por BRS 1, BRS 2 ou BRS 3, e os
motoristas foram treinados a não
parar fora deles. Em cada um, o passageiro pode conferir, além dos números BRS, uma lista com o número,
a origem e o destino das linhas de
ônibus, bem como um mapa com a
localização de todos os pontos.
Com o BRS em funcionamento, duas
das quatro faixas são exclusivas para os
ônibus, e as linhas estão divididas em
BRS 1, BRS 2 e BRS 3
Vantagens
Com os ônibus trafegando
nessa via exclusiva, a frota que
opera na Nossa Senhora de Copacabana foi reduzida em 20%,
e o carioca já pode atravessar o
bairro em um tempo 40% menor.
A expectativa é que a velocidade
dos coletivos, antes de 13 km/h, se
mantenha em 24 km/h. Nos BRTs,
onde os ônibus transitam em cor-
23
Revista Ônibus
inovação
A população
recebeu
explicações
sobre o novo
sistema
redores exclusivos, a velocidade média é
de aproximadamente 30 km/h. O número
de viagens, além disso, na Avenida Nossa
Senhora de Copacabana, passa de 419
para 320 por hora, o que significa uma diminuição de 24%. Por outro lado, a quantidade de passageiros por viagem aumenta 30%, de 23 para 30, e os ônibus
passam a parar em menos pontos.
Carros particulares, táxis e caminhões
circulam, agora, nas duas faixas à esquerda
e só podem ocupar a faixa do BRS para dobrar
à direita ou para entrar nas garagens ou centros
comerciais. Quem rodar mais de uma quadra
pela faixa do BRS será multado pela fiscalização eletrônica da Prefeitura e por agentes de
trânsito da Guarda Municipal. Adicionalmente,
estacionar à esquerda nos dias úteis só depois
de 21h, táxis só podem embarcar ou desembarcar passageiros na calçada da esquerda, e
carga e descarga, só em ruas transversais, em
pontos específicos.
Conceito & Divulgação
O conceito de BRS – sigla inglesa para designar serviço de ônibus rápido – inclui,
além da implantação de faixas exclusivas para ônibus, a otimização da oferta (através da redução da frota de ônibus no eixo do corredor), o aumento da ocupação dos
veículos, o escalonamento dos pontos de parada, bem como o controle (por câmeras)
de acesso dos veículos particulares.
Para divulgar o novo serviço (informações sobre os locais dos pontos, itinerário, frequência dos horários, identificação visual) e esclarecer a população a respeito das linhas e
seus itinerários (retornos), o Rio Ônibus, com fez uma campanha, através de parceria com
a Universidade Corporativa do Transporte, que produziu material didático e formou multiplicadores, além de ministrar treinamento a motoristas e equipes operacionais das empresas, visando ao início da operação. No dia da inauguração do BRS foram distribuídos,
para a população, folhetos informando sobre as mudanças e os novos pontos. Da mesma
forma, todo um trabalho estrutural – que incluiu organização e identificação visual do corredor nos pontos e nos ônibus (GPS, TV, câmera interna, cartazes, busdoor), padronização
da cabine (guarita) e a criação de um novo ícone para o ponto de ônibus – foi realizado.
Revista Ônibus
24
O carioca já pode atravessar o bairro de
Copacabana em um tempo 40% menor
Mais corredores
No início de março será a vez da Rua Barata Ribeiro/
Raul Pompeia, também em Copacabana, ganhar seu BRS.
O objetivo é implantar uma faixa preferencial entre os bairros Jardim Botânico e Botafogo ainda no primeiro semestre
deste ano. E, na segunda metade de 2011, a meta é levar
o projeto para a Zona Norte da cidade, implantando a faixa
na Radial Oeste, Vinte e Quatro de Maio, Marechal Rondon,
Vinte e Oito de Setembro e Teodoro da Silva. Ao todo, a
previsão é que 22 BRSs sejam implantados na cidade do
Rio de Janeiro.
Amplo material
informativo foi
produzido e
distribuído para a
população e mídia
cariocas
Dicas
É proibido no corredor
• Atividade de carga e descarga, que passa a ser feita nas ruas transversais.
• Embarque/desembarque de passageiros de táxi.
• Transitar pelas faixas exclusivas, por mais de um quarteirão, com acesso à direita.*
*Gera apenas uma infração por período
É permitido no corredor
• Embarque/desembarque dos ônibus.
• Acesso às garagens dos edifícios residenciais ou comerciais a partir de pontos determinados
e sinalizados.
• Dobrar à direita desde que entre, obrigatoriamente, na primeira rua transversal que dê mão.
Haverá pontos determinados e sinalizados para isto.
• Automóveis poderão circular e estacionar à noite e em fins de semana.
25
Revista Ônibus
corrente do bem
Ação Solidária
nas Enchentes
de Teresópolis e Nova Friburgo
Fetranspor mobiliza setor de transporte por ônibus e age
rapidamente em prol das vítimas da Região Serrana
Fetranspor e
sindicatos montaram
12 postos de coleta,
sendo 9 funcionando
em ônibus
Revista Ônibus
26
Em janeiro deste ano, o Brasil
e o mundo acompanharam mais
uma tragédia de grandes proporções. Desta vez, infelizmente, o
alvo foi a Região Serrana do Rio,
quando as fortes chuvas dos dias
11 e 12 ceifaram a vida de mais
de oitocentas pessoas, resultando
na maior catástrofe natural do país.
Logo que a notícia foi difundida nos
principais meios de comunicação, a
Fetranspor e seus sindicatos filiados
tomaram a iniciativa de mobilizar,
rapidamente, a campanha Parada
Solidária. O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de ajudar as
vítimas. Da mesma maneira que foi
feito no ano passado, numa oca-
sião semelhante, que ocorreu no
Morro do Bumba, em Niterói.
Contando com o apoio dos sindicatos e das empresas de ônibus,
foi possível montar 12 postos de
coleta, sendo nove funcionando em
ônibus, que ficaram espalhados em
diversos pontos da cidade, e duas
em terminais rodoviários e uma na
sede do sindicato das empresas de
ônibus de Petrópolis (Setranspetro).
Desta forma, mais uma vez, o setor
de transporte por ônibus provou a
sua solidariedade. A campanha Parada Solidária conseguiu arrecadar
mais de 100 toneladas de donativos – entre roupas, alimentos, água
mineral e colchões – aos desabrigados da Região Serrana.
As doações vieram
de toda parte, das empresas de ônibus, dos
sindicatos e, principalmente, da população. E
foram entregues à Cruz
Vermelha e, em seguida, encaminhadas aos
depósitos centrais, próximos das áreas mais
afetadas pela tragédia.
Enquanto empresas cediam ônibus para ajudar na coleta de dona-
tivos, outras ofereciam passagens
gratuitas para muitos voluntários
se deslocarem até as regiões atingidas pela enchente, possibilitando a entrega das doações.
Os locais de atuação foram o
Largo da Carioca e a Cinelândia
(ambos no Centro do Rio), Ilha do
Governador, Ipanema, Duque de
Caxias, Piabetá, Magé e Belford
Roxo. Os pontos escolhidos para
receber contribuições foram os de
grande movimentação: praças públicas, imediações de supermercados e centros comerciais. A Parada
Solidária atraiu a participação do
comércio local, no entorno dos
pontos de coletas. Algumas lojas e
empresas, além de fazer doações,
disponibilizaram funcionários para
ajudar no recebimento dos donativos. As igrejas próximas também
destinaram suas doações à campanha da Fetranspor.
Durante os oitos dias da campanha, que iniciou em 14 de janeiro
e foi concluída no dia 21, equipes
terceirizadas, através da parceria
com a Fluxxo Comunicação, recolheram, organizaram e quantificaram as doações recebidas nos
ônibus. A Fluxxo direcionou nove
promotores, para prestar esclareci-
mentos sobre a campanha à população, e mais 24 supervisores para
administrar a coleta.
Além de receber um número
elevado de donativos, a Parada
Solidária conquistou voluntários
de algumas entidades, como profissionais da Guarda Nacional de
Teresópolis, a tradicional Banda de
Ipanema e um grupo de escoteiros
da Ilha do Governador. Moradores
dos bairros que sediaram a campanha manifestaram interesse em
colaborar. Muitos passavam para
deixar suas contribuições e perguntavam se podiam ficar algumas
horas, ou mesmo um dia no ônibus,
para ajudar a organizar e descarregar as doações na Cruz Vermelha.
Autoridades também deram o
máximo de apoio à Parada Solidária. Em Magé, por exemplo, o secretário de Ação Social, Jorge Cosam,
colocou o carro de som da prefeitura e a rádio local à disposição para
divulgar a campanha. A Parada
Solidária também movimentou as
redes sociais da Fetranspor. A população, sensibilizada com os moradores da Região Serrana do Rio,
fez uma grande divulgação sobre o
trabalho realizado pela Fetranspor,
em parceria com os sindicatos e
empresas filiadas, através da web.
Durante o período da campanha,
o número de mensagens postadas
nas redes sociais cresceu cerca de
71% – um total de 211 cliques em
apenas oito dias. Em função disso,
a quantidade de visitas ao site teve
pico de quase 4 mil acessos somente no primeiro dia da campanha.
Pela primeira vez, em 12 meses, o
percentual de visitantes foi 255%
maior que o mesmo período do
ano anterior.
Parada Solidária conseguiu
arrecadar mais de 100
toneladas de alimentos
Campanha é aquecida pela mobilização virtual
Os cliques levaram a grandes
picos de visitas no site - tivemos
4 mil visitas só no dia 14, quando
a média é de 1.800 visitas/dia.
27 Revista Ônibus
corrente do bem
Empresas de ônibus ajudam seus
colaboradores a superar trauma
Com o propósito de ajudar
seus colaboradores a reconstruírem o futuro, as empresas de
ônibus da Região Serrana vêm
cumprindo um importante papel
na vida deles, já que boa parte perdeu tudo. A Friburgo Auto
Ônibus perdeu um de seus trabalhadores. E teve muita dificuldade para encontrar cerca de 90,
que ficaram isolados nas regiões
atingidas, devido à queda de barreiras. Já a Auto Viação 1001, em
Nova Friburgo, embora não tenha
tido vítimas em seu corpo funcional, vem prestando solidariedade aos desabrigados, fazendo o
translado dos donativos enviados
pela população, da Rodoviária
Novo Rio até Friburgo.
Um dos diretores da Petro Ita
(Petrópolis), Augusto César da Rocha, no dia seguinte ao temporal,
deslocou um ônibus para que ele
e os funcionários pudessem ir até
o Vale do Cuiabá, local mais atingido em Petrópolis, para ajudar
os desabrigados a encontrar seus
pertences e familiares. Em seguida,
ele próprio conduziu uma campanha para arrecadar donativos e os
Revista Ônibus
28
entregou pessoalmente. “Quanto
aos nossos colaboradores atingidos pelas chuvas, estamos estudando a melhor forma de ajudálos. Já distribuímos cestas básicas,
mas não descartamos a possibilidade de encontrar um local digno
para os que perderam suas casas.
Estamos dispostos a ajudá-los no
que for preciso”, esclareceu.
A Autobus, situada em Petrópolis, arrecadou aproximadamente
1 tonelada de donativos para distribuir aos funcionários atingidos
pelas fortes chuvas. Segundo a
gerente de RH da empresa, Tânia
Isidoro, além dos colaboradores, a
Autobus está ajudando seus parentes. “Tivemos 16 funcionários
que perderam tudo. E muitos estão
abrigando outras famílias. Então, ao
tomar a iniciativa de ajudá-los, não
ignoramos as outras pessoas que
estão morando com eles. Além dos
donativos, estamos providenciando
um suporte para aluguel, móveis e
eletrodomésticos, para que possam
reconstruir suas vidas”.
Já a Viação Teresópolis criou 11
ações para ajudar cada funcionário
afetado pela chuva. A empresa ar-
recadou e distribuiu cestas básicas,
roupas e uniformes. Dos 20 profissionais atingidos, metade perdeu tudo e
a outra, quase tudo. “Nos primeiros
dias após a enchente, muitos funcionários não conseguiram se deslocar.
Tivemos de buscá-los, de ir atrás
deles. Mas foi muito difícil ouvi-los.
A cada relato chorávamos juntos.
Foi muito difícil. Além dos donativos
recebidos, a partir deste mês, vamos
doar uma ajuda financeira. Estamos
fazendo de tudo para que eles consigam se reerguer”, disse Maria Helena Domingues, gerente de RH da
Viação Teresópolis.
A Viação Dedo de Deus teve
70 funcionários atingidos. Além de
cestas básicas, a empresa cedeu um
espaço para abrigar os colaboradores que perderam suas casas. “Não
podíamos deixá-los abandonados
em abrigos. Preferimos acompanhar de perto para que pudéssemos ajudá-los da melhor maneira.
Então, decidimos ceder um espaço
para abrigá-los. Alguns já conseguiram encontrar um local para morar.
Outros ainda continuam conosco”,
explicou a gerente administrativa
da empresa, Michely Arbex.
homenagem
Motorista da Vila Real
socorre
passageiro
Mais do que um motorista, um cidadão. Sérgio dos Santos Rita, condutor há
12 anos da mesma empresa (Vila Real),
atualmente na linha 362 (Honório – Praça XV), está levando para o seu dia a dia
de trabalho todos os conhecimentos adquiridos no curso do Programa Motorista
Cidadão, concluído em 2006, na primeira
turma. Tudo e um pouco mais.
No dia 17 de novembro, Sérgio fazia normalmente sua rotina de trabalho,
quando se deparou com uma situação de
emergência: o cliente Severino Francisco
do Nascimento, de 66 anos, não estava
se sentindo bem. Preocupado com a situação do passageiro, Sérgio tomou uma
decisão crucial para a vida de Severino.
“Estava na seletiva, na altura da Penha,
quando começaram a dizer que o idoso
estava enfartando. Saí do meu itinerário e
corri para o Hospital Geral de Bonsucesso,
torcendo para dar tempo” – conta o motorista, lembrando que o trânsito estava
ruim neste dia.
e vira notícia
Presidente da
Fetranspor e
secretário de
Transportes
entregam placa
de homenagem a
Sérgio Rita
Entretanto, graças à presença de um
jornalista do jornal O Globo, esse não foi
apenas mais um dia de trabalho comum
e uma ação natural de um ser humano
que tem, dentre seus princípios e valores
de vida, a ajuda ao próximo. O repórter
Marcelo Piu filmou toda a ação de Sérgio
e o entrevistou enquanto ele socorria o
passageiro idoso. “O que eu posso fazer
eu faço, pois acho que a vida humana está
Motorista da Autobus salva
50 pessoas em Petrópolis
Colocando em risco sua própria vida, o motorista Heleno Dias, da Transportadora
Autobus, conseguiu salvar 50 pessoas, em Petrópolis. No dia 11 de janeiro, por volta
das 2h30, Heleno saiu do ponto final, no Vale do Cuiabá, para cumprir a última
viagem da noite. No caminho, foi surpreendido por galhos quebrados na estrada. Ao
descer para liberar o caminho, Heleno percebeu a tromba d´água que se aproximava.
Correu para as casas próximas e tratou de levar todas as pessoas que pôde para o
ônibus. Em seguida, conduziu-as para um ponto mais alto. O veículo ainda está preso no local, mas as pessoas foram salvas e resgatadas. Esta e outras histórias estão
na edição especial do Relatório Fetranspor número 1003 e no canal News da TV UC.
em primeiro lugar”, disse ao repórter, que
publicou o vídeo da entrevista no site do
Globo Online.
Esta atitude do motorista fez a diferença entre a vida e a morte para o passageiro
e resultou na indicação de Sérgio para o
Prêmio Faz a Diferença, do O Globo, que
escolheu as pessoas ou instituições que
mais se destacaram, em 2010, em iniciativas como esta. Ele não ganhou o Prêmio,
mas ganhou o que considera mais importante. “Salvei uma vida, isso é que vale”. O
condutor foi homenageado pela Fetranspor, durante a última formatura do ano de
2010 do Programa Rodoviário Cidadão, no
dia 15 de dezembro, com um placa.
Motorista Cidadão desde o lançamento do Programa pelo Rio Ônibus, Sérgio
acredita que o curso tem grande valia para
mudar a imagem que os passageiros têm
dos condutores e da própria postura deles
ao volante: “O curso muda o profissional.
Você passa a ter um diferencial; os passageiros te olham diferente por causa disso
e confiam no seu trabalho”.
29 Revista Ônibus
TV UCT
News inova na
Comunicação do Transporte
Canal de notícias já tem mais de 6 mil exibições
Lançado em agosto de 2010,
o Canal News, produzido pela
TV UCT para a programação
institucional da FETRANSPOR,
apresenta assuntos atuais, de
interesse de todas as pessoas do
setor de transporte de passageiros do Rio de Janeiro, bem como
da população em geral, especialmente do usuário de ônibus. Os
programas são semanais, e os
temas, tratados de forma dinâmica e interativa.
Em seis meses de existência
(até janeiro de 2011), já foram
ao ar 20 programas, que somam
mais de 6 mil visualizações. Dentre
aqueles já apresentados e disponíveis na página http://www.tvuct.
com.br/, o “Itinerário do Medo”
foi o mais assistido, com 764 exibições. Com exceção, é claro, das
edições especiais do 14º Etransport (Congresso sobre Transporte
de Passageiros) – evento realizado
em novembro passado pela Fetranspor, na Marina da Glória –,
que juntas tiveram cerca de 3 mil
exibições.
Especiais de sucesso
Dos cinco programas especiais do Etransport, o segundo,
que apresenta uma evolução do
Revista Ônibus
30
Congresso ao longo de todas as
suas edições, bem como o surgimento da FetransRio (Feira Rio
Transportes) e sua importância
para o setor de transporte de passageiros no cenário latino-americano, teve 1.654 visualizações e é
o mais assistido do Canal News e
“O News é um programa
jornalístico que transmite um
panorama dos fatos ocorridos
no setor de transportes. E
ainda reflete o posicionamento
deste segmento diante dos
desafios de contribuir para a
construção de uma sociedade
justa e humana”
Roberta Araujo
de toda a TV UCT até o momento.
Em seguida, está outro especial
do Etransport, desta vez mostrando um resumo das primeiras
atividades do Congresso, que
reuniu representantes de diversas
instituições para tratar do tema
Mobilidade Inteligente e da Feira.
“Temos um campo
enorme a ser explorado,
mas é preciso
planejamento. Além disso,
estamos num setor muito
amplo, no qual nem
todos dispõem de uma
ferramenta tão bacana
quanto a web TV”
Renato Siqueira
Mas, o destaque do News
continua sendo o “Itinerário do
Medo”, apresentado pelos jornalistas Renato Siqueira e Roberta
Araújo. Trata-se de uma retrospectiva da tragédia ocorrida na
Região Metropolitana do Rio de
Janeiro, na semana de 23 a 29
de novembro passado, quando
34 ônibus foram incendiados, restringindo o direito de ir e vir dos
cidadãos. No programa, dois motoristas revelam o que sentiram
durante as ações dos bandidos,
e o presidente do Consórcio Internorte, Humberto Valente, apresenta um balanço do prejuízo na
sua região de atuação. Há também dicas de como as empresas
podem ajudar os motoristas na
superação do trauma causado
pelos ataques. E ainda uma análise do setor e dos clientes sobre o
fato dos coletivos serem, constantemente, alvos de violência.
Superando expectativas
Para a Comunicação da Fetranspor, o Canal News tem ultrapassado as expectativas. “As
primeiras edições, mesmo com
poucas imagens de apoio, foram
bastante elogiadas. Aos poucos, as ideias foram surgindo,
e a equipe técnica foi deixando
a gente bem à vontade, o que
fez com que o programa fosse
evoluindo, até que conseguimos
fazer uma série especial sobre o
Etransport – amplamente divulgada e assistida por muitas pessoas –, além do programa sobre
a onda de violência contra os
ônibus, no final do mês de novembro (o “Itinerário do Medo”),
13 canais na programação
A TV UCT possui 13 canais na sua programação: “Finanças Pessoais” (estreou no dia 4
de fevereiro passado); “A Hora do Especialista”;
“Ciclo de Palestras UCT”; “Cultura”; “Eventos”;
“Fetranspor”; “Fique Ligado”; “Rodoviário Cidadão”; “News”; “Panorama UCT”; “Profissional em
Foco”; “RioCard”; e “Etransport 2010”. Este último veicula cinco programas especiais produzidos
durante o evento, disponibiliza algumas palestras
e painéis, bem como as solenidades de abertura e
encerramento do Congresso. Para conferir os canais
e programas da TV UCT, acesse www.tvuct.com.br.
que rendeu muitos elogios a
toda a equipe”, lembra Renato
Siqueira. “O News é um programa jornalístico que transmite um
panorama dos fatos ocorridos
no setor de transportes. E ainda
reflete o posicionamento deste
segmento diante dos desafios de
contribuir para a construção de
uma sociedade justa e humana,
promovendo um transporte por
ônibus mais inclusivo e eficiente”, completa Roberta Araújo.
A ideia do News partiu do presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, que percebia a falta de um programa de notícias exclusivamente
voltado para o setor de transportes e viu na TV UCT a melhor mídia
para a sua veiculação. Na opinião
de Roberta, “o News tem muito a
colaborar para o avanço e a disseminação dos diversos esforços
da Fetranspor e do poder público
em prol da mobilidade urbana”. A
equipe responsável pela produção
pretende ampliá-lo ainda mais.
“Temos um campo enorme a ser
explorado, mas
é preciso planejamento e mais
pessoas para a
equipe. Além disso, estamos num
setor muito amplo, no qual nem
todos dispõem de uma ferramenta tão bacana quanto a web TV”,
afirma Renato.
Para a gerente de Comunicação da Fetranspor, Tânia Mara
Leite, o News representa um
grande desafio e proporciona
uma integração ainda maior com
os diversos setores da Fetranspor,
seus sindicatos e demais agentes do transporte. “Nossa equipe
de jornalistas é toda advinda da
mídia impressa. Estamos aprendendo a cada dia mais com esse
novo canal e ampliando nossa
área de ação dentro do setor. É
uma experiência muito bem-vinda,
queremos contribuir muito e cada
vez melhor. Agradecemos à equipe
técnica da TV e à sua diretora, Ana
Rosa Bonilauri, que têm sido ótimos parceiros”, registra.
31
Revista Ônibus
educação corporativa
Programa Rodoviário
Carioca em Ação
Vou contar para vocês um pouco do nosso dia a dia. São as rotineiras
preparações para a realização de cursos e programas, projetos de cursos, gravações
na TV UCT, roteiros de programas, contatos com professores, especialistas em
educação de adultos, interessados, e assim por diante…
Ana Rosa
Chopard
Bonilauri,
diretora da UCT
A rotina de um lugar como a Universidade
Corporativa não tem espaço para a monotonia.
É um ambiente de muito trabalho, onde diversos
profissionais se envolvem perseguindo os mesmos
objetivos. Embalados por novos projetos educacionais, que dão o tom da consistência e da dinâmica da
nossa Fetranspor, vamos lutando em compasso com
as estratégias de gestão e contingências de nossos
principais stakeholders. De um lado, sindicatos,
consórcios e empresas; de outro, o poder público em
suas várias representações.
Há momentos de tensão, como quando um grande
programa precisa ser estruturado – os conteúdos, os
professores envolvidos, o material do aluno, o projeto
pedagógico das aulas e o material do professor. E,
depois de tudo isto, as ferramentas de avaliação dos
alunos, o cuidado com a logística e com os ambientes
onde ocorrerão as aulas.
Um exemplo desse trabalho está relatado a seguir.
Trata-se de projeto de capacitação associado às metas
definidas no Edital de Licitação do Município do Rio de
Janeiro para as empresas vencedoras da concorrência.
Assim, nessa dinâmica, vamos apoiando intensamente os novos consórcios responsáveis pela prestação
de serviços de transporte por ônibus no município. E
nossa tarefa não é pequena! Vejam os números:
• 3 cursos diferentes para motoristas: Relações Interpessoais; Primeiros Socorros; e Direção Defensiva.
• 2 cursos para cobradores: Relações Interpessoais
e Primeiros Socorros.
• Inglês e Espanhol – em formação coloquial básica
– para todo mundo! Cobradores e motoristas!
• Vejam os montantes e somem, entre motoristas e
cobradores, 25 mil profissionais!
Multipliquem os 5 cursos para motoristas mais os 4
para cobradores. Descontem quem cursou pelo menos 1
ou 2 deles – especialmente o motorista que já participou
do Programa Motorista Cidadão e da Resolução 168.
Fizemos essa conta e ela informa:
• 55.504 aulas de inglês e espanhol;
• 47.128 cursos dos demais temas para motoristas
e cobradores. Ou seja: 511.040 horas/aula.
E isso tudo está programado para acontecer até
maio desse ano, de acordo com um processo que teve
início no final de novembro último!
Um bom desafio e, ao mesmo tempo, uma grande
realização! Toda uma equipe e muitos parceiros –
dentre os quais destacamos o Sest Senat, liderado
pelo sindicato RioÔnibus – tecendo, pouco a pouco,
a rede de um atendimento diferenciado à população,
voltado para uma cidade que se lança num movimento
de recuperação urbana e de cidadania acelerado!!!
Revista Ônibus
32
rodoviário de talento
Cobrador da Salutran é a sensação
das viagens na Baixada Fluminense
Flávio Dias imita 30 personalidades, mas é
na voz do comunicador Silvio Santos que
garante a felicidade dos passageiros
Ele é a sensação das viagens da
Salutran Serviço de Auto Transportes,
empresa que opera na Baixada Fluminense. Quando os clientes o avistam,
começa a animação: “Olha, é o ônibus
do Silvio Santos”. É assim que, carinhosamente, o cobrador Flávio Dias da
Silva, é identificado pelos passageiros.
Tudo por causa de seu dom de imitar.
“Para mim, é um prazer receber esta
homenagem dos clientes da Salutran.
É uma troca sincera. Eles me motivam
a continuar trabalhando com bom humor e, ao mesmo tempo, acabo sendo
um motivo de diversão para eles. Sinto
que minhas imitações garantem uma
viagem feliz para todos”, diz, contente.
Apesar de imitar cerca de 30 personalidades, é na voz do comunicador Silvio
Santos que Flávio mais arranca gargalhadas. “Se eu estiver num lugar e não imitar
o Silvio Santos, com certeza, não há apresentação. Ele é o carro-chefe das minhas
imitações. É um prazer imitá-lo, porque é
um homem que venceu na vida. E isto me
inspira”, afirma.
Fora do ofício de cobrador, Flávio se
apresenta em confraternizações, casamentos, aniversários, e outros eventos.
Seu repertório é vasto e inclui o ex-presidente Lula, Netinho, Romário, Clodovil,
Ronaldinho (Fenômeno), Pelé e muito
mais. As mais recentes imitações são do
Charles Henrique, do “Pânico na TV”, e
do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Dono de uma voz com um grave bem
afinado, Flávio também trabalha como
locutor. Outra inclinação é o teatro. Fez
curso de roteiro para teatro e, com a paixão pela expressão artística e um gesto de
humanismo, conseguiu uma receita para
salvar vidas. Ministrou cursos de teatro
nas comunidades próximas à sua moradia, com o objetivo de resgatar jovens das
drogas. “Foi um projeto social que me
causou plena satisfação. Alguns jovens se
distanciaram das drogas e ganharam vida
nova. Infelizmente, não consegui apoio,
patrocínio, e não pude dar continuidade
ao projeto”, explica.
A força para continuar buscando
seus sonhos está na família. “Minha esposa e meus filhos estão sempre comigo.
Quando estou no palco preparado para
uma imitação, eles estão nos bastidores. Fazem minha maquiagem, ajeitam
a roupa e me doam o amor necessário
para eu seguir adiante”. Ele sonha em
se apresentar num programa humorístico: “Quero ser convidado profissionalmente para me apresentar numa televisão. Então, tomei a decisão de divulgar
o que faço. Vou postar no YouTube a
apresentação que fiz na 14ª edição do
Etransport, incluindo a entrevista que
concedi, no dia, à TV Fala Baixada”. Ele
Flávio: personagem Tião Galinha
foi a primeira inspiração
se refere ao show que fez durante a solenidade de entrega do Prêmio Alberto
Moreira, aos 15 melhores rodoviários
do Estado do Rio, em novembro último.
A descoberta do dom de imitar se
deu há quase 17 anos, ao conhecer o
personagem Tião Galinha, do ator Osmar
Prado, na novela “Renascer”, da Rede
Globo. “Comecei a imitá-lo e não parei
mais. A partir daí, virei o foco principal
nos eventos familiares.”.
Os próximos projetos de Flávio
voltados para um repertório de stand-up
comedy (comédia feita em pé) e em dois
novos personagens, de sua autoria. Um
deles é o Doentino de Souza, “um senhor
que não pensa senão em doença. Quero
chamar a atenção dos idosos para o melhor da vida, usando a comédia”, planeja.
33
Revista Ônibus
série histórica
TREL comemora 35 anos valorizando
cada vez mais as pessoas
Empresa investe na saúde dos colaboradores, na aproximação
com as famílias e no crescimento profissional
Há 35 anos nascia, em Duque de Caxias, uma empresa de
ônibus que vem escrevendo seu
nome, na história do transporte
coletivo de passageiros, como
uma instituição preocupada
com a qualidade do serviço que
presta à população, e focada,
principalmente, no bem-estar
das pessoas, sejam elas seus
funcionários, clientes ou a população que vive ao seu redor:
Revista Ônibus
34
a Transturismo Rei, mais conhecida como TREL.
Manuel Alves Lavouras, fundador da TREL, nascido em 1931,
em Valongo (Portugal), no Conselho de Valpaços, sonhava em
tentar a vida no Brasil, e alcançou esta realização aos 22 anos.
Chegando aqui, trabalhou como
carregador de caminhão e, só
mais tarde, se aproximou do setor
de transportes, atuando como co-
brador e motorista. Aí começou a
desenvolver outro desejo: ter sua
própria lotação. Como disposição
para o trabalho, talento e espírito
empreendedor não lhe faltavam,
rapidamente atingiu mais este
objetivo e, a partir de então, não
parou mais de crescer.
Junto com seus irmãos, que
também moravam no Brasil, adquiriu a empresa de Turismo Santa
Bárbara, a Auto Viação Três Amigos
e, posteriormente, a Turismo Três
Amigos. Sua trajetória como empresário de transportes foi tão bem
sucedida que velozmente ampliou
sua participação no setor, comprando a Viação Auto Luxo, a Viação
Parada Angélica, a Junel Transportes e Turismo Ltda e a Trel Táxi
Rei Ltda. Em 1975, fundou a Trel –
Transturismo Rei Ltda, que operava
linhas municipais e intermunicipais,
ligando o Rio de Janeiro a Caxias.
Na época da fusão do Estado da
Guanabara com o Rio de Janeiro,
a TREL teve de repassar para outra empresa todas as linhas que
ligavam Caxias ao Rio de Janeiro,
ficando somente com aquelas que
atuavam dentro de Caxias.
Desde a fundação da Trel, Manuel Alves Lavouras soube, com
grande talento, administrar sua
empresa e expandi-la, sempre com
o apoio de sua esposa, Arminda Lavouras, e de seu cunhado, Antonio
Alves dos Santos, que direta ou indiretamente sempre participaram da
administração da empresa. Quando
faleceu, em 1996, deixou para seus
três filhos – Manuel Luis, Márcio e
Armando – uma empresa sólida e
organizada. Até hoje é lembrado,
pelos funcionários da empresa e
por seus familiares, como uma pessoa de bom coração, justa, solidária
e que sabia, como poucos, valorizar as pessoas. Profissionalmente,
deixou como lembrança a imagem
de um empresário muito talentoso,
honesto e empreendedor. Em 1998,
seus filhos adquiriram novamente
as linhas que haviam sido repassadas anteriormente, dobrando o
número de veículos.
Hoje, a Trel é uma das maiores
empresas do município de Duque
de Caxias. Seu sucesso pode ser
atribuído ao talento do Sr. Manuel
e, principalmente, às lições que ele
se preocupou em deixar para seus
filhos. Atualmente, a empresa opera em 38 linhas, sendo 32 intermunicipais e seis municipais, com uma
frota de 364 veículos, gerando mil
empregos diretos.
Responsabilidade Social
Os filhos Manoel Luis, Márcio e
Armando se preocupam não apenas em manter o patrimônio físico
deixado pelo pai, mas, sobretudo,
buscam uma administração pautada pela preocupação com as pessoas. Por isso, a Trel investe tanto
na saúde de seus colaboradores,
na aproximação de suas famílias,
no crescimento e treinamento
profissional. Alguns benefícios
oferecidos pela empresa aos seus
funcionários são cabeleireiro, manicure, médico, convênios com ótica, papelaria, farmácia, escolinha
Hoje, a Trel é uma das
maiores empresas do
município de Duque
de Caxias
de futebol, além de uma área de
lazer com campo de futebol e da
realização de eventos, como festa
de confraternização anual, do Dia
das Mães, em homenagem ao Dia
das Crianças etc. – todas com a
participação das famílias dos colaboradores. A opinião deles também é muito valiosa para a Trel,
que realiza regularmente pesquisas de opinião para conhecer
o nível de satisfação da equipe,
bem como distribui exemplares
do jornal corporativo da empresa,
a fim de que seus colaboradores
e familiares tomem conhecimento
do que está acontecendo no ambiente de trabalho.
35 Revista Ônibus
série histórica
A preocupação com a evolução profissional é um capítulo à parte. A Trel oferece a seus
funcionários aulas do Telecurso
de Ensino Fundamental e Médio
na sua própria sede, de modo a
incentivá-los a concluir os estudos. Realiza também aulas do
Programa Rodoviário Cidadão,
para motoristas, e da Resolução
168. Os condutores de ônibus
da empresa participam, ainda, do Programa Acidente Zero
(PAZ), cujo objetivo é reconhecer
e premiar aqueles profissionais
que não se envolvem em acidentes. Se é verdade que a empresa
tem grande preocupação com os
motoristas, também não esquece os demais colaboradores, de
todos os setores. Anualmente,
todos os funcionários, sem exceção, participam de reciclagem
profissional, que inclui palestras educativas, permitindo uma
atualização e evolução a cada
dia. Em 2006, a Trel também iniciou a implantação do Programa
de Qualidade, incentivando a
busca de novos conhecimentos e a troca de experiências com profissionais do setor. Portanto, é
uma empresa que incentiva a evolução de seus
colaboradores e oferece
oportunidades reais de
ascensão profissional.
Em 2010, a empresa
ampliou sua área total de
37 mil m2 para 45 mil m2 e
renovou sua frota com 80
ônibus novos, todos equipados com ar-condicionado e adaptados às normas
atuais de acessibilidade.
Revista Ônibus
36
Sintonizada com o presente e o futuro, a
Trel não esquece a lição do grande mestre
e fundador, Manuel Lavouras: as pessoas
sempre em primeiro lugar
Neste ano, estão sendo realizadas
novas obras nos setores de Administração e Manutenção, com o
objetivo de melhorar a operação e
o atendimento aos clientes.
Para a empresa, Responsabilidade Social é assunto muito sério. Há vários anos, a Trel
procura contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da
população de Duque de Caxias.
Recentemente, está desenvolvendo um programa permanente de Responsabilidade Social,
ajudando famílias carentes do
município de Duque de Caxias e
cidades vizinhas. Contribui ainda com instituições filantrópicas
e participa de ações antidrogas
e antialcoolismo. As grandes
tragédias naturais que aconteceram na Região Serrana do Rio
de Janeiro, no início deste ano,
também sensibilizaram funcionários e diretores da TREL, que
se uniram para ajudar a amenizar a dor das vítimas.
Assim é a TREL, uma empresa sintonizada com o presente e
o futuro, mas que não esquece a
maior lição deixada pelo seu grande mestre e fundador, Manuel
Lavouras, a qual continua sendo
seguida e compartilhada por seus
filhos: tecnologia, modernização
da frota e eficiência da operação
são importantes, mas as pessoas
são mais importantes ainda, porque afinal são elas que fazem a
grande diferença.
qualidade
Util traz de volta a
figura da
rodomoça
Famosas nos anos 1970, comissárias de bordo
voltam em linhas de longa distância
Nos anos 1970 apareceu, no
setor rodoviário, a figura da comissária de bordo – apelidada
pela mídia de “rodomoça”. Algum tempo depois, essa função
foi extinta e, por mais de 30 anos,
não se ouviu falar dela. Agora a
Util volta com as rodomoças em
uma de suas linhas (Rio x Brasília), para oferecer um diferencial
nas viagens de longa distância.
Segundo o gerente de Marketing da Util, Luiz Carlos Jardim,
no final de 2010, foram planejadas ações estratégicas para
2011. “Pensamos em oferecer
um diferencial que tornasse uma
viagem longa para Brasília (cerca
de 17 horas do Rio de Janeiro)
mais agradável e atraente”, explica. Para ele, essa é uma das
formas mais inteligentes do ônibus concorrer com o avião em
trechos de longa distância. O
serviço de comissário de bordo
está em fase de testes, e estudos
estão sendo feitos para implantá-lo em mais linhas de ônibus
da empresa, também com percursos longos.
No momento são cinco
profissionais, sendo quatro
homens e uma mulher, com
experiência em viagens e perfil
de guia de turismo. Os comissários atuam entretendo, apoiando e ajudando os clientes durante todo o trajeto, informando
sobre os pontos turísticos por
onde passam e orientando sobre as paradas. “Os nossos
clientes têm gostado e apoiado
a novidade, o que, segundo eles,
torna a viagem menos cansativa
e aparentemente mais rápida”,
conta Jardim sobre o feedback
que já obteve.
O trabalho do comissário
de bordo acontece toda terça
e quarta-feira, às 20h30, começando com o embarque, na
Rodoviária Novo Rio, nos ônibus de modelo Animal Planet
– zebra e onça –, que além de
um visual diferente e atraente,
possuem poltronas mais confortáveis, TV-DVD, vista superior,
ar-condicionado e muito mais.
Tudo para oferecer o melhor a
seus clientes.
37 Revista Ônibus
combustível
Hidrelétrica apresenta
Ônibus Híbrido
Novo veículo será movido a etanol e deve ser o meio de
transporte oficial das delegações da Copa de 2014
Um pedido do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
motivou os engenheiros da usina de Itaipu a produzir o primeiro ônibus híbrido a etanol
do país. O objetivo é fazer com
que esse tipo de veículo seja
o principal meio de transporte
nos dois grandes eventos esportivos que serão realizados
em cidades brasileiras – a Copa
do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A apresentação
do protótipo ocorreu em Foz do
Iguaçu, durante a Reunião de
Cúpula do Mercosul, no mês de
dezembro.
Assim como outros modelos de veículos híbridos, esse
evidencia a proposta de operar
comercialmente com baixa ou
nenhuma emissão de dióxido de
carbono, ou seja, 100% ambientalmente limpo. Isto ocorre porque a queima do CO2, no funcionamento do motor com etanol,
é compensada pela absorção do
gás presente na produção da
cana-de-açúcar. “No balanço, a
emissão é zero”, afirma o enge-
Revista Ônibus
38
nheiro responsável pelo projeto
– Celso Novais.
O veículo foi idealizado há
aproximadamente um ano e
ganhou força na 10ª edição do
Challenge Bibendum, realizada
no Rio de Janeiro, nos meses de
maio e junho. Na oportunidade, o
diretor técnico de Itaipu, Antonio
Cardoso, reuniu-se com parceiros
da indústria automotiva para acelerar o projeto do ônibus.
Dentre as participantes dessa iniciativa estão: a Mascarello,
responsável pela carroceria; a
Weg, fabricante de motores; a
gaúcha Euroar, de aparelhos de
ar-condicionado para ônibus;
a Eletra Industrial, de São Bernardo do Campo (SP), que faz a
integração e montagem do veículo; além das montadoras Tutto
Trasporti e Mitsubishi, instalada
em Catalão (GO).
Novo veículo emite
praticamente 0%
de dióxido de
carbono
Parceria viabiliza
o projeto
Para conceber o projeto em
tempo recorde foi necessário
trabalhar em diversas frentes e
estabelecer parcerias. Cada em-
presa foi responsável por um componente específico para a concepção do veículo. A Eletra coordenou
as principais etapas do trabalho,
desde os acertos contratuais até
a entrega do ônibus para Itaipu.
A Mitsubishi Motors do Brasil forneceu o motor a combustão V6,
com tecnologia flexfuel. O veículo
usa exclusivamente o etanol, combustível renovável, proveniente de
biomassa que captura dióxido de
carbono durante o crescimento da
planta (cana-de-açúcar).
Os ajustes necessários foram
feitos pela Magnet Marelli, empresa encarregada do sistema de injeção eletrônica dos motores Mitsubishi com tecnologia flexfuel.
O gerador elétrico foi cedido
pela WEG Equipamentos Elétricos,
que contribuiu, também, com o motor elétrico refrigerado a água e o
inversor de tração equipado com excedente para recarregar as
frenagem regenerativa, equipa- baterias.
mentos especialmente desenvolNas frenagens, o motor
vidos para esta aplicação e vitais elétrico se transforma em um
para o bom funcionamento do gerador, e parte da energia civeículo.
A Mascarello,
fabricante da carO ônibus também pode
roceria, utilizou a
configuração inser operado a eletricidade
terna de ônibus
ou somente com a energia
urbano low entry.
Privilegiou o congerada pelo motor a
forto e a segurança
dos usuários, além
combustão e o elétrico
da adequação para
receber todos os
equipamentos elétricos e mecânicos necessários a nética do veículo é recuperada
um veículo híbrido.
para recarregar as baterias. A
O chassi fornecido pela Tutto combinação das duas formas
Trasporti faz o papel de estrutu- de recarga contribui para a auração do veículo, oferecendo co- tonomia do OEHE, dependendo
modidade aos usuários a partir do perfil topográfico e da forma
da suspensão pneumática, que de condução do veículo.
pode ser rebaixada para melhoEste ônibus também pode
rar o acesso dos passageiros ao ser operado no modo purameninterior do ônibus.
te elétrico – a tração é alimentada somente pelas baterias,
desde que estejam devidamenMotorização e geração
te carregadas em uma tomada
de energia
convencional 220 V. Neste caso,
Durante a aceleração, o sis- o veículo tem autonomia máxitema eletrônico de controle au- ma de até 60km.
toriza o motor elétrico de tração
Em condições de emergência,
a utilizar a energia proveniente o ônibus foi projetado para funciodo gerador elétrico e das bate- nar somente com a energia proverias, para colocar o veículo em niente do grupo gerador composto
movimento.
pelo motor a combustão e o eléQuando o ônibus estiver pa- trico. No entanto, nestas situações,
rado, em descidas ou velocidade o desempenho será limitado em
constante, o gerador não forne- função da potência disponível. O
ce energia para o sistema de ônibus híbrido poderá atender à
tração, pois este identifica uma demanda do transporte de forma
condição de baixa requisição limpa, oferecendo alto nível de
de carga e direciona a energia tecnologia embarcada.
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combustível
“Vamos levar de dois a três
meses até finalizarmos todos os
passos e colocarmos o ônibus
em operação comercial”
Celso Novais é engenheiro e coordenador do
projeto Veículo Elétrico (VE), da Assessoria de
Mobilidade Elétrica Sustentável
Bate-papo: Celso Novais
Revista Ônibus: A usina tem interesse em
aproveitar a gama de parceiros e ampliar a
produção desses veículos?
Celso Novais: A primeira etapa foi concluída
com êxito, atendendo ao objetivo de mostrar a viabilidade técnica desta alternativa, ou seja, um veículo
com a cara do Brasil, permitindo combinar o álcool
com a eficiência dos veículos elétricos.
Agora, com tranquilidade, estamos trabalhando
na etapa dois: otimização, testes e tunning do ônibus
híbrido a etanol. Somente depois desta fase o protótipo será liberado para sua aplicação na usina, em
caráter operacional e diário.
R.Ô.: Após a operação na cúpula do
Mercosul, o veículo será utilizado de forma comercial por alguma empresa ou pelo
poder público?
C.N.: A Itaipu tinha uma missão: concluir um protótipo de ônibus híbrido a etanol, com segurança e
confiabilidade, para que fosse usado durante a Reunião de Cúpula do Mercosul.
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Vamos levar de dois a três meses até finalizarmos todos os passos e colocarmos o ônibus em operação comercial.
R.Ô.: Não foi curto o período para idealizar
e conceber um produto confiável? O veículo
foi testado durante quanto tempo até ser colocado em circulação?
C.N.: Um protótipo de ônibus híbrido a etanol, entre
a fase de projeto e conclusão para início dos testes, demanda aproximadamente 18 meses de trabalho. A parte
mais crítica é a integração dos componentes de diversos
fornecedores, o que chamamos de ajuste fino do veículo.
Na primeira fase, nós envolvemos mais de 30
profissionais, trabalhando 24h/24h, para atender aos
prazos. Já nesta segunda etapa, a equipe é composta por quatro funcionários da Itaipu e mais quatro
das empresas envolvidas no desenvolvimento. Esta
etapa consiste em ajustar o projeto para atender
com eficiência às necessidades de utilização interna,
dentro da Itaipu Binacional, para o deslocamento de
visitantes e funcionários.
veículo versátil
Lanchonete em ônibus:
novo uso para velhos coletivos
O sonho de levar uma vida longe do
estresse da rotina de trabalho levou o
empresário Alexandre Senna a criar um
novo empreendimento. A realização
chegou a bordo de um ônibus Volvo B
58, 1996, que anteriormente cumpria
seu destino de coletivo em Curitiba. Ou
seja, um ex-ligerinho – currículo respeitável para qualquer ônibus que se preze.
Com uma grande loja de artesanato
em Nova Iguaçu, Alexandre cansou de
sua rotina. Antigo plantador de soja, viu
seu primeiro negócio ruir, após o pacote
econômico do governo Collor, e mudou
de rumo: da agricultura para o artesanato. Obteve sucesso com a produção
de peças em MDF e tornou sua loja um
ponto conhecido. Passou, então, a sonhar
em adquirir um ônibus e transformá-lo,
usando o know how de artesão, em uma
moto home. A ideia era sair com a família,
parando ora numa cidade, ora em outra,
e mudar novamente o rumo de sua vida.
pacidade para preparar 7kg de carne em
14 minutos. Senna importou a máquina
por 25 mil dólares e, feitas as alterações
necessárias, estacionou seu novo empreendimento na principal praça de Guapimirim, onde trabalha com o auxílio da
mulher, Cláudia, e da filha, Martha.
Frota de lanchonetes
Se depender do empresário, que
já tem outro ônibus, dois anos mais
novo, para transformar em lanchonete,
em breve o Estado do Rio de Janeiro
vai ter um enxame de Vespas. Ele quer,
em seis anos, chegar a 80 lanchonetes.
Os locais escolhidos incluem Itaboraí e
Piabetá. Guapimirim servirá de treinamento para os profissionais que irão
trabalhar nas outras unidades.
O interior da Vespa conta com um
potente aparelho de ar-condicionado,
tem tudo o que uma lanchonete comum necessita para funcionar e reflete a preocupação com a higiene. A
repórter precisou colocar uma touca
de proteção para entrar na cozinha,
e pôde ver de perto a organização e
limpeza reinantes no ambiente.
Morador do Caleme, em Teresópolis,
bairro profundamente atingido pelas
enchentes de janeiro na região serrana fluminense, Senna providencia sua
mudança para Guapimirim, enquanto
sonha com o sucesso de seu empreendimento, que pretende transformar em
franquia. A Revista Ônibus deseja uma
boa viagem, pelo caminho do sucesso, a
bordo de coletivos que se aposentaram
do transporte público, mas podem continuar servindo à população.
Vocês devem estar se perguntando:
mas por que o nome Vespa? Não há
resposta lógica. Senna gostou e pronto.
Entre o ideal e o possível
A preocupação com o impacto que
essa opção poderia ter na vida financeira
dos Senna acabou levando-o à adaptação
não só do ônibus, mas também do sonho:
a moto home cedeu lugar à mais nova
lanchonete da pacata cidade de Guapimirim, na Baixada Fluminense, ao pé da serra de Teresópolis. Com um letreiro (a vista
do ônibus) piscando o nome “A Vespa”,
a lanchonete é especializada em frango
à la broesner, modalidade que conheceu
em suas viagens ao exterior. O segredo é
a máquina utilizada para a fritura, com ca-
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linha & letra
“A vida que corre nos ônibus”
Publicação da Fetranspor mostra importância
do ônibus na vida das pessoas
O livro revela a participação dos ônibus na vida cotidiana do carioca –
na alegria pagã do carnaval, na fé das manifestações religiosas, na paixão
inexplicável pelo futebol, na esperança que se renova a cada ano novo,
nos ensinamentos da educação, na sabedoria dos idosos, nas manobras
desafiadoras do surfe, no triunfo do vestibular, na tradição das festas juninas, no exercício da democracia nas eleições, e na superação de limites
imposta pelo esporte. São 12 capítulos permeados com fotos de Marian
Fichtner; trechos de músicas de Chico Buarque, Martinho da Vila, Lulu
Santos, Roberto e Erasmo Carlos, entre outros artistas consagrados; e
frases de escritores e jornalistas, como Nelson Rodrigues, Heywood Braun
e Hippolyte Jean Giraudoux. As imagens são flagrantes de cariocas de todas as idades vivendo ocasiões importantes do calendário popular. O livro
mostra, através de fotos belíssimas, como o ônibus é parte integrante da
vida das pessoas e de seus sonhos.
“Passageiro do fim do dia”
De Rubens Figueiredo, Companhia das
Letras, 197 páginas
A história se passa dentro de um ônibus, ao entardecer de uma sextafeira, durante o trajeto entre a casa de Pedro e de sua namorada, Rosane.
Pedro tem 30 anos e é dono de um sebo modesto em sociedade com o
amigo Julio. A viagem de ônibus se arrasta em um congestionamento interminável, quando Pedro divaga sobre a realidade que o cerca e os problemas contemporâneos, como a violência, a pobreza e o desemprego.
Ao mesmo tempo em que se envolve com seus pensamentos, o rapaz se
dedica a ouvir música com fones de ouvido e à leitura da obra de Charles
Darwin. Também observa as reações das pessoas dentro e fora do ônibus
e as consequências do trânsito caótico. Em meio a tudo isso, o leitor é
conduzido para dentro da história de Pedro, Rosane e de sua mãe viúva,
levando-o a refletir sobre a sua.
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