Programa Rodoviário Carioca em Ação
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Programa Rodoviário Carioca em Ação
Revista Ônibus 2 3 Revista Ônibus sumário Revista Ônibus – Ano XII – Número 63 – Fevereiro/Março de 2011 integração BU completa um ano e já tem motivos para comemorar _______10 sistema de transporte Consórcio das Empresas do Rio comemora avanços_ _________16 comunicando 16 Fetranspor faz balanço do ano e apresenta planejamento à imprensa_____________________________19 entrevista Bernardo Carvalho Setor de transportes é um dos quatro pilares para o Plano de Legado da Cidade __________________________20 inovação Nossa Senhora de Copacabana ganha BRS_________________23 corrente do bem Ação solidária nas enchetes de Teresópolis e Nova Friburgo_____26 homenagem 20 Motorista da Vila Real socorre passageiro e vira notícia _ ______29 TV UCT News inova na Comunicação do Transporte ________________30 rodoviário de talento Cobrador da Salutran é a sensação das viagens_ ____________33 qualidade Util traz de volta a figura da rodomoça___________________37 combustível Hidrelétrica apresenta Ônibus Híbrido_ ___________________38 23 veículo versátil Lanchonete em ônibus: novo uso para velhos coletivos________41 seções Editorial: José Carlos Reis Lavouras_ ______________________6 Crônica: Tânia Mara__________________________________8 Coluna UCT: Ana Rosa Bonilauri_ _______________________32 26 Série Histórica: TREL_________________________________34 Linha e Letra______________________________________42 Conheça o M2MFrota, o novo ambiente da M2M Solutions. O M2MFrota é um produto novo criado a partir das sugestões e feedback de nossos clientes e usuários. Baseado na tecnologia WEB 2.0, o M2MFrota é a evolução inteligente dos processos básicos de monitoramento por GPS. Proporciona novas formas de apresentação das informações, de índices gerenciais e operacionais, de interação com os usuários, permitindo uma tomada de decisão mais pró-ativa. Seu ambiente é modularizado e projetado para facilitar novas integrações com sistemas ERP, bilhetagem eletrônica, aplicações anti-fraude, e em especial as seguintes funcionalidades já disponíveis: Índices em tempo real: pontualidade, regularidade e eficiência da operação a cada momento. Sinótico proporcional: situação real e espaçamento exato da linha a um simples olhar. Integração com Câmeras Sectrans: imagens on-line de ônibus e terminais. Integração on-line com a Bilhetagem Eletrônica: carregamento e informações operacionais em tempo real. Solicite uma demonstração! 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Após 24 horas da decisão de se recriar a campanha, faixas e banners já estavam sendo produzi- Diretoria: Presidente: Lélis Marcos Teixeira Diretor Administrativo e Financeiro: Paulo Marcelo Tavares Ferreira Diretora de Mobilidade Urbana: Richele Cabral Diretor de Marketing e Comunicação: Edmundo Fornasari Conselho de Administração: Titulares: Presidente: José Carlos Reis Lavouras Vice-presidente: João Augusto Morais Monteiro Demais Conselheiros: Narciso Gonçalves dos Santos Generoso Ferreira das Neves Florival Alves José Carlos Cardoso Machado Marcelo Traça Gonçalves João dos Anjos Silva Soares Francisco José Gavinho Geraldo Alexandre Antunes de Andrade Amaury de Andrade Joel Fernandes Rodrigues Suplentes: Isidro Ricardo da Rocha Manuel João Pereira Manoel Luis Alves Lavouras dos, sindicatos atendiam ao apelo da Fetranspor, empresas colocavam seus coletivos à disposição. Uma corrente do bem se formou, com a pronta colaboração de todos. Na manhã do dia 14, dez dos doze postos que seriam montados já recebiam donativos. A solidariedade da população foi sem precedentes, nos mais variados pontos do país, que teve outras cidades submersas pela chuva, e até algumas prejudicadas pela longa A solidariedade da população estiagem. As empresas de ônibus foi sem precedentes, nos mais que tiveram suas atividades variados pontos do país, que teve temporariamente interrompidas ou dificultadas pelas outras cidades submersas pela enchentes fizeram enorme chuva, e até algumas prejudicadas esforço para atender, dentro pela longa estiagem. do possível, às necessidades de deslocamento da poJosé Carlos Reis Lavouras é presidente do Conselho de pulação. Alguns rodoviários Administração da Fetranspor apresentaram desempenho heróico, no cumprimento dessa missão. Cerca de 100 toneladas foram arrecadadas. Os detalhes estão nas páginas desta edição. Tudo o que a Fetranspor pode dizer é: obrigada! A Federação sente-se privilegiada pela solidariedade com que o sistema e a população receberam o apelo lançado pela campanha. Domenico Emanuelle Siqueira Lorusso Jacob Barata Filho Marco Antônio Feres de Freitas Conselho Fiscal: Efetivos: Valmir Fernandes do Amaral Luiz Ronaldo Caetano Humberto Valente Suplentes: Carlos Alberto Souza Guerreiro Jorge Luiz Loureiro Queiroz Ferreira Fábio Teixeira Alves Delegado representante / CNT Efetivo: Narciso Gonçalves dos Santos Suplente: Jacob Barata Filho Revista Ônibus Editora chefe: Tânia Mara Gouveia Leite Redação: Roselene Alves Renato Siqueira Andréa Cardoso Roberta Araujo Fred Alves Fotografia: Jorge dos Santos Revisão: Tânia Mara Patrícia Gonçalves Luiza Ribeiro Responsável comercial: Verônica Abdalla – (21) 3221-6300 Projeto gráfico: Vladimir Calado Editoração, impressão e representação comercial: www.ArquimedesEdicoes.com.br (21) 2253-3879 Distribuição: Fetranspor Rua da Assembléia 10, 39º andar – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20011-901 – Tel.: (21) 3221-6300 – Fax: (21) 2531-3711 7 Revista Ônibus crônica Tânia Mara Sem energia!!! Era uma manhã de quinta-feira, deste escaldante verão carioca, quando, ao chegar nas instalações da Fetranspor, deparei-me com um ambiente bastante fora do comum: muitos funcionários formavam grupos, pelo grande salão que reúne os ambientes dos vários setores. Outros permaneciam em seus lugares, porém sem estar trabalhando ao computador, como de costume. As janelas estavam abertas. Reinava uma certa perplexidade no ar. O motivo, logo descobri, é que havia um problema de energia elétrica, e, embora as luzes pudessem ser acesas, os equipamentos não podiam ser ligados. Ou seja: nada de computadores, aparelhos de ar-condicionado ou máquina de café funcionando, o que quase zerava nossa condição de produzir alguma coisa. Isso me levou a pensar sobre como o mundo mudou nos últimos séculos (os anos já criam muita diferença em termos de novas tecnologias) e o quanto somos dependentes dos eletroeletrônicos. É difícil imaginar como um dia houve seres humanos que levavam suas vidas normalmente, sem contar com um celular, uma TV a cabo, i-Pods, i-Pads, computadores e internet. Há apenas algumas décadas, jornalistas usavam máquinas de escrever para “bater” suas matérias em laudas impressas, cujos espaços vinham numerados, para facilitar o trabalho dos diagramadores. Ligações interurbanas precisavam ser solicitadas a telefonistas e, muitas vezes, levavam horas para se completarem. Programas de TV eram feitos sempre ao vivo, pois não havia o recurso do video-tape... E todos sobreviviam, embora hoje mal dê para acreditar nisso. Essa rapidez dos avanços tecnológicos leva nossos jovens a nos verem quase como peças vivas de museu – e não dá para culpá-los. Fatos como o da Isabela (filha da minha amiga Suzy), que consegue ter 25 mil seguidores no Twitter, se admirar com um LP e referir-se a ele como “um CDzão preto”, mostram bem isso. A questão é que uma pequena interrupção no fornecimento de energia elétrica nos faz sentir como seres jurássicos, subitamente retirados do seu tempo, cerceados no acesso aos instrumentos que nos tornam quase onipresentes, produtivos em tempo integral, profissionais ágeis e modernos, em dia com a tecnologia, enfim: praticamente transformados em peças vivas de museu. Ficar em pé, em pleno ambiente de trabalho, apenas trocando ideias, parece uma perda de tempo torturante. Por cinco minutos, chega a ser agradável, depois parece que os segundos se arrastam pesadamente, enquanto sabemos que e-mails e seus anexos se avolumam em nossas caixas de correio, e que o mundo é exibido nas páginas da internet sem que possamos acompanhá-lo. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim, mas o tema nos dá uma boa oportunidade para refletir. Isto os aparelhos não fazem por nós. Pelo menos, por enquanto. Correspondências para a coluna Cara Fetranspor devem ser encaminhadas para: Revista Ônibus – Rua da Assembleia10, 39º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20011-901 –, ou para o fax (21) 2531-3711 ou, ainda, para o e-mail: [email protected] Revista Ônibus 8 artigo Lélis Marcos Teixeira A evolução, as cidades e a mobilidade A evolução da humanidade, aos poucos, levou a mudanças na forma de distribuição das pessoas sobre o globo terrestre. Da ocupação inicial nas áreas predominantemente rurais, à medida que a atividade industrial se expandia, aumentava a migração para as cidades. O desenvolvimento ocorre com maior velocidade a partir das tecnologias e da maior rapidez de Presidente executivo da Fetranspor e vice-presidente da UITP – América Latina transmissão de informações.Assim sendo, desde o último século, o crescimento urbano se deu de forma As questões que afetam cidades de médio e grande porte em outros países não diferem muito daquelas que ocorrem no cenário nacional. A mobilidade é um fator crucial em nossas metrópoles desenfreada e, consequentemente, bastante desordenada, em especial em países jovens como o Brasil. Hoje, passada a primeira década do século por exemplo. E conseguem se aproximar bastante do XXI, a maior parte da população mundial vive nas transporte de massa em termos de capacidade. A pers- cidades, que enfrentam problemas para fazer face pectiva de realização de grandes eventos, como a Copa ao atendimento de milhões de pessoas, por meio de do Mundo, os Jogos Olímpicos e outros, previstos para serviços públicos demandados de maneira crescente. esta década, traz oportunidades para a criação de bons Os prestadores se deparam com as dificuldades de legados para as cidades-sede. acompanhar esse ritmo sem perder a qualidade, Cabe ao empresariado do setor estar preparado com o agravante de o cliente se tornar cada vez para todas as inovações que se fazem necessárias mais exigente. para que o transporte público seja a principal opção, Aqui no Brasil, 84% das pessoas moram em áreas salvando as cidades de um destino de imobilidade, urbanas. As questões que afetam cidades de médio e com todas as consequências nefastas que os conges- grande porte em outros países não diferem muito daque- tionamentos provocam: poluição ambiental e sonora, las que ocorrem no cenário nacional. A mobilidade é um deterioração dos espaços no entorno das vias, pro- fator crucial em nossas metrópoles, que se apresentam blemas respiratórios causados pela má qualidade do lentas e pesadas até mesmo em horários fora dos tra- ar, estresse, diminuição da produtividade, dificuldade dicionais picos. As soluções para esse tipo de problema de acesso aos demais serviços. precisam aliar uma política inteligente de mobilidade Utilização de modernas tecnologias, proatividade – que envolve mais do que transporte – a modernas na análise de cenários e proposição de soluções, de tecnologias. Os sistemas de BRT são alternativas que forma integrada ao poder público e à sociedade civil, vêm dando certo. Reúnem tecnologia, planejamento além de ouvir o cliente e manter um sistema de infor- urbano e política de prioridade para o coletivo, em face mações compatível com a época atual, são alguns dos do individual. São de implantação mais rápida e barata pontos em que a atenção do transportador precisa estar do que projetos baseados em transporte sobre trilhos, permanentemente focada. 9 Revista Ônibus integração Bilhete Único Intermunicipal completa um ano e já tem motivos para comemorar Símbolo de sucesso na parceria entre os setores público e privado, o Bilhete Único Intermunicipal (BU RJ) completou seu primeiro ano de implantação com muitas vitórias para comemorar. A primeira delas é a dos usuários: com a economia tarifária proporcionada, a possibilidade de deslocamento entre os 20 municípios integrantes do Grande Rio aumentou. As empresas de ônibus também podem celebrar, pois, em 2010, cresceu o número de passageiros pagantes em função da inclusão social possibilitada pelo novo sistema. Lançado em fevereiro do ano passado, o BU RJ tem conquistado cada vez mais a confiança do setor privado e a satisfação dos usuários. O novo formato possibilita a racionalização do sistema, promove a integração tarifária e a inclusão social, levando à ampliação da mobilidade urbana, devido à redução do custo e à integração de viagens entre todos os modais de transporte. A aceitação é tanta que, para 2011, a previsão de crescimento da sua utilização por usuários pagantes, no Rio de Janeiro, é de 12% no mínimo. O maior estímulo para este aumento da demanda é a diminuição do valor total gasto pelos usuários, que pode chegar a 75% em relação ao somatório das tarifas anteriores. Ponto positivo para o sistema que, ao possibilitar a expansão da diversidade de destinos, estimula o potencial de empregabilidade do trabalhador da Região Metropolitana do Rio. Mais chances de emprego Segundo estudo realizado no último ano pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, a economia média do cidadão chega a R$ 2,62 por dia. “O Bilhete Único me possibilitou arrumar um estágio de meio período no Rio, enquanto continuo meu curso de graduação, sem que eu precise gastar todo o meu dinheiro em passagem. Antes era in- viável, e minha busca se restringia ao entorno de onde moro”, explica Jaqueline Silva Faria, estudante de Direito na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada em Seropédica. Além disso, a inclusão da população no acesso ao transporte legalizado inibe a busca por meios não formalizados, problema há muito combatido pelas autoridades e entidades do setor. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, através do último Sistema de Indicadores de Percepção Social (SISP) sobre Mobilidade Urbana, lançado em janeiro, mostra que quase 40% das famílias brasileiras com renda de até dois salários mínimos deixariam de ir a algum lugar ou procurariam alternativas de transporte por falta de dinheiro. A diarista Margarete Oliveira da Cunha, moradora de Belford Roxo, reconhece que, antes de ter o BU RJ, optava pelo transporte irregular por conta do valor da passagem. “Sei que não é correto, mas eu só conseguia vir trabalhar se pegasse van pirata. Mesmo assim, já perdi muito trabalho quando o patrão ficava sabendo de onde eu vinha. Agora facilitou. Não preciso mais mentir sobre onde moro, nem pegar qualquer coisa para chegar ao serviço”, conta Margarete. Maior demanda O estudo do IPEA indica também que, em 2010, 20% das despesas de consumo do cidadão corresponderam a serviços de condução e que, só na região Sudeste, mais de 50% da população brasileira tem no transporte público seu principal meio de deslocamento nas cidades. Para Sérgio Lavouras, diretor da Empresa de Transportes Flores, de São de Meriti, e da Expresso Real Rio, de Seropédica, ambas do grupo JAL, o BU RJ trouxe ganho para a população e para as empresas de ônibus. “O Bilhete Único Intermunicipal tornou-se um marco importante na mobilidade urbana da população com a inclusão social. Trata-se de uma iniciativa inteligente que, de forma harmoniosa e equilibrada, conseguiu atender aos interesses da população, do governo e do setor de transportes. Os resultados podem ser traduzidos no aumento de demanda das linhas mais longas, que permitiu ao modal recuperar parte de sua perda em função do custo final dos deslocamentos. O cliente pode se deslocar da Baixada Fluminense até Copacabana pagando apenas uma tarifa de R$ 4,40”, comenta Lavouras. A redução no valor final é significativa, principalmente levando em conta que existiam 74 tarifas distintas sendo praticadas em toda a Região Metropolitana – de R$ 2,20 a R$ 13,20 –, além das variações, já previstas, nos diferentes modais. Para Lavouras, o sistema estimula a formalização dos empregos, já que gera economia aos empresários nos gastos com as passagens dos funcionários que residem em outros municípios. “O BU RJ também possibilitou a inclusão na economia formal de inúmeros trabalhadores que, por morarem mais longe, eram excluídos dos contratos com carteira assinada”, afirma. Assertiva comprovada por dados do Ministério do Trabalho, que mostram que os primeiros nove meses de 2010 representaram o melhor período em número de criação de postos de trabalhos formais já registrado, atingindo o montante de 149 mil contratações em todo o Estado do Rio. “Mudança grande e boa” Da mesma forma, o diretor executivo da Evanil Transportes e Turismo, Joel Fernandes Rodrigues, destaca as vantagens da nova bilhetagem. “A implantação do Bilhete Único Intermunicipal agregou e muito para o setor de transportes. As empresas tiveram um aumento no número de passageiros transportados e puderam garantir melhor mobilidade para a população. Também foi importante para o mercado de trabalho, pois facilitou a 11 Revista Ônibus integração contratação de pessoas que moram em locais distantes, já que o custo com Vale-Transporte diminuiu para os empregadores. O Bilhete Único foi muito bem pensado e muito bem planejado pelo governo do Estado e pela Fetranspor, que deram um verdadeiro exemplo de parceria em prol dos interesses da população”, diz Rodrigues. A diretora de Mobilidade da Fetranspor, Richele Cabral, concorda que o sistema beneficia a todos. “Foi uma mudança grande e boa. As linhas de maior distância tiveram uma recuperação com a instalação de uma única tarifa. Houve uma transformação no pensamento das empresas e do funcionamento das linhas, pois, em lugares onde há mais oferta, acabou a competitividade baseada somente no preço. Os passageiros agora optam por mais conforto, segurança, rapidez, e isso é benéfico para todos. Acho que este primeiro ano provou que o Bilhete Único é um grande sucesso, principalmente considerando a mudança social na vida das pessoas. Pesquisas como a da FGV e do IPEA comprovam que a direção que estamos tomando está correta. O subsídio governamental é uma quebra de paradigma, uma vez que a prática não é comum na América do Sul. Além disso, a decisão do governo de não aumentar a tarifa este ano, por questões sociais e políticas, é excelente”, celebra Richele. Uma parceria de bons frutos O governo estadual subsidia o benefício tarifário, concedido com a instituição do BU RJ e garantido pela Lei n° 5.628/2009, por meio de repasse dos recursos às concessionárias e permissionárias do serviço de transporte público, através do Fundo Estadual de Transportes. A Lei garante a viabilidade da redução tarifária sem comprometer a operação do sistema de condução de passageiros. Durante a comemoração do aniversário do BU RJ, realizada no mês passado na Cenwtral do Brasil, no Rio de Janeiro, o presidente da RioCard e da Fetranspor, Lélis Marcos Teixeira, ressaltou o sistema como uma política de inclusão e de valorização da cidadania. “Hoje, o empregador não segrega o seu funcionário se ele mora longe. A pesquisa do IPEA apontou que 28,9% das pessoas não têm acesso ao transporte público no país. No Rio de Janeiro essa situação foi corrigida. A Fetranspor tem orgulho de ter participado desde o início. É uma vitória da cidadania”, declarou Teixeira. Ele destacou, ainda, o fato de o Bilhete Único do Rio ser o primeiro do Brasil com caráter integralmente metropolitano. O presidente da RioCard, Lélis Teixeira, ao microfone Foto aniversario 1 ano Revista Ônibus 12 O novo sistema permite que, por uma tarifa reduzida, o passageiro viaje entre municípios atendidos pelo Bilhete Único Intermunicipal, utilizando até dois veículos de qualquer modal de transporte público, no intervalo máximo de duas horas e meia. O impacto da diminuição final de custos para o cidadão fluminense foi tão positivo que conseguiu captar o interesse da população. Houve uma explosão da demanda no início da operação. Ao completar dois meses de implantação, o BU RJ já havia conquistado e cadastrado mais de 1,8 milhão de pessoas. Neste período, os deslocamentos iniciais utilizando o sistema recémimplantado chegaram a 10 milhões, e esse número não parou de crescer ao correr do ano. Em novembro de 2010, a RioCard havia atingido 21.457.617 viagens com a nova bilhetagem. Grandes investimentos e muito trabalho A formulação e a implantação de uma política tarifária como a do Bilhete Único Intermunicipal só foram possíveis graças à parceria firmada entre a Fetranspor e o governo do Estado – união imprescindível para a viabilidade e o sucesso do sistema. Os investimentos em tecnologia para a sua instalação no Estado do Rio de Janeiro totalizaram mais de R$ 30 milhões. A quantia foi empregada na montagem da estrutura, compra de equipamentos, aquisição de softwares para a segurança operacional do sistema e o eficiente processamento das informações. Além de ter permitido a aquisição de dois mainframes da IBM, capazes de processar mais de 30 bilhões de instruções por segundo, o que garante que, somados à tecnologia de bilhetagem eletrônica da RioCard já existente, a validação da passagem seja feita em 0,6 segundo, sem falhas de processamento ou erros no cartão. Tudo isso possibilitou a implementação do novo sistema em tempo recorde. A empresa colocou à disposição sua estrutura para viabilizar a implantação e comercialização do Bilhete Único. Para isso, os esforços da RioCard na adaptação de suas áreas comercial, de atendimento e de divulgação começaram a ser concentrados a partir do segundo semestre de 2009. Foi necessário substituir os cartões Vale-Transporte convencionais e realizar um planejamento deta- Além da estrutura fixa, foram instalados 9 postos de cadastramento do BU RJ em pontos estratégicos do Rio de Janeiro e os sites do Expresso e do ValeTransporte foram reestruturados lhado de produção, logística de entrega e suporte informatizado para os usuários. Os sites do Expresso e do ValeTransporte foram reestruturados, foi incluída a opção de compra do BU RJ, e toda a organização de venda on-line da RioCard foi canalizada para a comercialização do Bilhete Único. Regras específicas de utilização do cartão foram criadas para o novo sistema. Passou a ser obrigatório inserir o CPF no cadastramento e houve a limitação de um cartão por pessoa. Com a personalização, a RioCard consegue saber quem usa o benefício, o número de usuários e viagens realizadas. As informações são disponibilizadas diariamente para o governo. A gestão operacional e a transmissão desses dados acontecem de maneira rápida e confiável, de modo a integrar todos os modais existentes. O suporte técnico é feito por uma equipe interna, que trabalha em parceria com a IBM. Redes sociais A internet provou-se um grande mecanismo de divulgação, comercialização, informação e canal de diálogo com a população. As redes sociais receberam atenção especial, com criação de perfis e comunidades no Orkut, Facebook, Twitter, Flickr, além de um exclusivo canal no YouTube. Foram realizadas campanhas in- 13 Revista Ônibus integração terativas, como concursos de fotos e vídeos, e outras ações de estímulo ao uso do transporte coletivo, que obtiveram grande aceitação e participação dos usuários. A parcela da população que não possui acesso à internet não foi esquecida. Foram abertos nove postos de cadastramento, em pontos estratégicos da cidade, para atendê-los. Além disso, a RioCard criou uma rede de 13 lojas próprias, 300 postos de recarga e implantou estandes de informações e cadastramento do BU RJ na Região Metropolitana (em terminais rodoviários, estações de trem e metrô). Já a CRR (Central de Relacionamento RioCard) foi reorganizada para atender com eficiência à demanda crescente, que aumentou 26% já nos três primeiros meses após o lançamento. Atualmente, 88% das ligações recebidas pelo Call Center são para suporte. Para que a parceria e o sistema continuem sendo um sucesso, Richele Cabral, diretora de Mobilidade da Fetranspor, indica o que deve ser feito daqui para a frente. “Para o futuro é preciso complementar com investimentos em infraestrutura. Assim será possível juntar as melhorias no setor e a rapidez dos serviços ofertados à política tarifária já implementada”, diz. Seguindo esta linha, com constantes ajustes, tanto através de investimentos, novas parcerias, quanto no que diz respeito aos aprimoramentos dos modais existentes, o Bilhete Único Intermunicipal acumulará aniversários e ainda mais motivos de celebração no futuro. Municípios abrangidos pelo Bilhete Único Intermunicipal • • • • • • • • • • Revista Ônibus 14 Belford Roxo Duque de Caxias Guapimirim Itaboraí Itaguaí Japeri Magé Maricá Mesquita Rio de Janeiro • • • • • • • • • • Nilópolis Niterói Nova Iguaçu Paracambi Queimados São Gonçalo São João de Meriti Seropédica Tanguá Mangaratiba Bilhete Único Carioca entra em Operação Irmão caçula do novo modelo de bilhetagem eletrônica implantado no Rio de Janeiro, o Bilhete Único Carioca (BUC) é outra vertente do plano de reestruturação do sistema de transporte público. A união de forças dos empresários do setor, com o objetivo de ampliar a utilização do ônibus pela população, estimulando a economia, a melhora do serviço e aumentando a qualidade de vida no município, proporcionou o seu surgimento. O BUC foi implementado em novembro de 2010, em tempo recorde, sob o lema “Pague um, leve dois” – slogan da campanha de lançamento do produto na cidade. Voltado para a integração das linhas de ônibus municipais, o sistema é diferente do BU RJ, pois a redução tarifária do Bilhete Único Carioca não é subsidiada pelo governo municipal, sendo o valor integralmente repassado aos empresários de ônibus, o que requer esforço e envolvimento dos mesmos. É necessária a racionalização do sistema para não haver perda de receita. O BUC possibilita a utilização de até dois ônibus dentro do Rio, no prazo de duas horas após o Campanha do Bilhete Único produzida pela DPZ para o Rio Ônibus e veiculada em várias mídias e mbarque, a O BUC possibilita a utilização de um custo de R$ 2,40, o qual até dois ônibus dentro do Rio, é debitado de no prazo de duas horas após forma integral logo na primeio embarque, a um custo de R$ ra viagem. Esta reorganização 2,40, o qual é debitado de forma aumenta signiintegral logo na primeira viagem ficativamente a mobilidade do usuário e é também uma iniciativa para preparar a cidade para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Pretende-se, no futuro, estender esse benefício a outros modais. O BUC divide a cidade em cinco regiões de integração. Para isso houve a licitação das linhas, gerando quatro consórcios vencedores (Internorte, Intersul, Transcarioca e Santa Cruz), que passaram a operar o sistema de ônibus do Rio. “Agora é importante a racionalização, colocando mais coletivos onde eles são escassos e menos onde há grande quantidade. Só assim será possível que aconteça, futuramente, a implantação dos BRTs (corredores expressos de ônibus) e a ampliação do sistema”, explica Richele Cabral, diretora de Mobilidade da Fetranspor. 15 Revista Ônibus sistema de transporte Três meses depois Consórcio das Empresas do Rio comemora avanços Três meses depois da implantação do novo sistema de transportes da cidade do Rio de Janeiro, que dividiu as empresas de ônibus em consórcios e a cidade em regiões, já é possível perceber algumas melhorias, tanto para as empresas como para os usuários. Foram formados quatro consórcios, com a participação de 41 empresas de ônibus do Rio de Janeiro, e a cidade foi segmentada em cinco regiões, para a operação do transporte público. A mudança mais visível para os usuários foi o novo layout dos ônibus, identificados agora por consórcio e por região. Com o novo sistema, foi criado também o Bilhete Único municipal, que permite que os usuários embarquem em dois ônibus no período de até duas horas, pagando uma tarifa única. As empresas assumiram o compromisso de aumentar os investimentos em novas tecnologias – como câmeras de vídeo, para garantir mais segurança aos clientes, e GPS, visando a assegurar maior mobilidade –, de respeitar as normas de acessibilidade, além de contribuir para a manuten- Revista Ônibus 16 “A mudança mais visível para os usuários foi o novo layout dos ônibus, identificados agora por consórcio e por região” ção dos terminais rodoviários. Responsabilizaram-se, também, pela participação de motoristas e cobradores no Programa Rodoviário Carioca em Ação. E o que já foi realizado até agora? O Programa Rodoviário Carioca em Ação está a pleno vapor. Grande parte dos motoristas já participou do curso, assistindo a aulas sobre Direção Defensiva, Primeiros Socorros e Relações Humanas, e os cobradores também estão frequentando as lições desses dois últimos módulos. Em breve, ambas as categorias profissionais iniciarão as aulas de inglês e espanhol, para se prepararem Clientes se adaptaram rapidamente ao novo layout da frota para os dois grandes eventos que a cidade do Rio de Janeiro vai sediar: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Outra novidade que está sendo implantada é o primeiro corredor BRS (Bus Rapid Service) da Zona Sul do Rio de Janeiro. O trajeto abrange a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, do Posto 6 ao Leme, passando pela Avenida Princesa Isabel. Em pouco tempo, novos corredores BRS serão instalados (leia mais sobre o assunto na matéria da página 23) Na opinião do presidente do Consórcio Transcarioca, Avelino Antunes, a implantação do novo sistema exigiu grande esforço comum pela integração das empresas, contudo, superado de forma satisfatória com o apoio do Rio Ônibus. Até a mudança da pintura dos ônibus foi bem recebida pela população, segundo Antunes. “Como as empresas, de um modo geral, já operavam mais de uma linha com veículos de mesmas cores e características, os passageiros já estavam habituados a se guiar pelo número da linha e pelas informações fixadas no visor dos coletivos. O fato do processo de pintura da frota ter sido gradual também facilitou a adaptação dos passageiros”, destacou. Para Antunes, o principal benefício observado na operação foi, sem dúvida, a implementação do Bilhete Único, pois representou Avelino Antunes, presidente do Consórcio Carioca: “a criação do Bilhete Único foi apenas o primeiro passo de uma reestruturação completa na malha de transportes coletivos do município” “Os passageiros já estavam habituados a se guiar pelo número da linha” A linha 217 agora faz parte do Consórcio Intersul de Transportes um enorme avanço no sistema de transportes da cidade do Rio de Janeiro, favorecendo milhões de usuários. Ele lembra que a criação do Bilhete Único foi apenas o primeiro passo de uma reestruturação completa na malha de transportes coletivos do município. Revela, também, que as próximas ações do consórcio serão a conclusão das obras dos corredores de ônibus e a implantação do BRS, mas que, na verdade, todas essas medidas visam à completa reorganização do sistema de transportes do município do Rio. “Os corredores garantirão vias exclusivas para os coletivos, pontos de embarque e desembarque mais confortáveis e seguros, além de veículos com maior frequência e velocidade. Os benefícios destas novas medidas alcançam até mesmo aqueles que não utilizam o transporte público, pois ainda representam a racionalização dos sistemas de transportes, diminuindo o fluxo de veículos nas ruas, melhorando o trânsito e a qualidade de vida da população de nossa cidade“, destacou. Já o presidente do Consórcio Internorte e diretor da Viação Nos- 17 Revista Ônibus sistema de transporte acredita que ainda é cedo para avaliar os benefícios a adaptação à nova deste sistema, mas afirma que o resulfilosofia de trabalho” tado mais positivo deverá ser a redusa Senhora de Lourdes, Humberto ção do tempo de viagem, graças Valente, acredita que, no caso das ao fortalecimento do sistema de empresas de ônibus, a maior di- Bilhete Único, à implantação dos ficuldade foi a adaptação à nova BRSs que acontecerá em breve e, filosofia de trabalho proposta pelo mais adiante, com os BRTs. “Imsistema de consórcio, em que a re- plantando os BRSs e BRTs haverá lação com o poder público passa a consequente racionalização do a ser em conjunto e não indivi- sistema de transporte e, com o dualmente, por empresa. Valente Bilhete Único Carioca expandido “A maior dificuldade foi aos demais modais, uma maior e melhor mobilidade nos deslocamentos dos usuários”, concluiu. É realmente isso que todos – empresas participantes do consórcio, população e poder público – esperam do novo sistema: melhor mobilidade urbana e, portanto, melhor qualidade de vida para a população da cidade do Rio de Janeiro. Humberto Valente, presidente do Consórcio Internorte: “para a população, o resultado mais positivo será a redução do tempo de viagem” Revista Ônibus 18 comunicando Fetranspor faz balanço do ano e apresenta planejamento à imprensa Em encontro realizado no último dia 19, no Hotel Marriott, a Fetranspor reuniu jornalistas da grande mídia e da imprensa especializada para apresentar um balanço das ações realizadas em 2010 e o planejamento para este ano. Dentre as principais conquistas de 2010, o presidente executivo da Fetranspor, Lélis Teixeira, ressaltou o papel fundamental da instituição na concepção dos bilhetes únicos intermunicipal e da cidade do Rio de Janeiro, além da atuação da Universidade Corporativa do Transporte, que leva educação aos diversos níveis da cadeia produtiva do setor. “No caso do Bilhete Único, existe um conceito social muito amplo, pois tínhamos 74 tipos de tarifa em todo o Estado, o que onerava muito os passageiros e inviabilizava a formulação de uma política tarifária equilibrada. Com a adoção do benefício novos empregos foram gerados”. Outro assunto abordado foi o novo modelo de transporte por ônibus utilizado na capital que, em função das licitações, reconfigurou as linhas do município e, com os compromissos assumidos pelas operadoras, em breve, tornará o Rio de Janeiro uma referência em termos de mobilidade. “Foram firmados diversos compromissos no processo de licitação, como a adoção de GPS e câmeras de vídeo nos ônibus, maior acessibilidade e melhoria nas condições de uso dos terminais. Além disso, é preciso ampliar as informações do sistema ao usuário e adaptar a frota para garantir acessibilidade. Todas essas medidas beneficiarão e muito aquele que utilizar o serviço na cidade do Rio”. Dentre os projetos da Federação para 2011 estão a racionalização da quantidade de veículos em circulação na Zona Sul, com a implantação dos BRSs (Bus Rapid Service), e a continuidade do suporte que vem sendo dado nos projetos de BRTs (Bus Rapid Transit) a serem implementados no Rio. “Inicialmente, estaremos inaugurando essas faixas no bairro de Copacabana. É o início do processo de racionalização do sistema numa área que realmente precisava de prioridade”. Também foram apresentadas as ações ambientais, de responsabilidade social e de relacionamento com o cliente, nas quais a Fetranspor está envolvida, como os testes com combustíveis alternativos, a parceria com o Instituto Ethos e todo o trabalho da central de relacionamento, que gerencia a demanda por informações sobre linhas e trajetos das empresas filiadas. “Com as inúmeras ações desenvolvidas no ano passado, tenho a certeza de que este ano, com o apoio da equipe da Federação – que possui talento, espírito de criatividade e inovação –, realizaremos verdadeiros marcos em prol do transporte coletivo no Rio de Janeiro”. Nesta segunda edição do encontro estiveram presentes aproximadamente 30 profissionais de imprensa, inclusive jornalistas da mídia especializada. Lélis Teixeira fala para jornalistas e ressalta papel da Fetranspor na concepção do Bilhete Único 19 Revista Ônibus entrevista Bernardo Carvalho Diretor do Instituto 2014/2016 diz que transportes é um dos quatro pilares para o Plano de Legado da Cidade Repórter: Fred Alves Bernardo Carvalho A agenda do publicitário Bernardo Carvalho tem estado cheia, desde que assumiu a presidência do Instituto Rio 2014/2016, em setembro de 2010. A entidade é responsável por coordenar a execução e monitorar a aplicação de recursos de todos os empreendimentos municipais voltados para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Os projetos previstos vão da revitalização da Zona Portuária, no Centro do Rio, até a implantação de um novo sistema intermodal e de quatro corredores BRTs, com novas linhas de transporte de ônibus expresso. Para este ano, o orçamento coordenado pelo Instituto é de R$ 2,62 bilhões, destinados a intervenções nas áreas de transporte, meio ambiente, infraestrutura urbana e desenvolvimento social. Entre tantos desafios e compromissos, o presidente Bernardo Carvalho abriu um espaço para conversar com a Revista Ônibus. R.Ô.: Quais as obrigações assumidas pelo Rio, perante o Comitê Olímpico Internacional, como cidade-sede? Revista Ônibus 20 Revista Ônibus: Quais os desafios a serem B.C.: A Prefeitura trabalha de forma integrada com superados na estruturação de uma cidade como os governos estadual e federal e o Comitê Rio 2016. Mas o Rio de Janeiro, para a realização de eventos definiu algumas responsabilidades e metas específicas, do porte dos que acontecerão? como antecipar as transformações urbanas, ambientais Bernardo Carvalho: Preparar a cidade para e sociais necessárias na cidade; cumprir as obrigações receber o maior evento esportivo do planeta inclui nos prazos e orçamentos definidos; promover a cidade desafios em diversas áreas, como transporte, acomo- nacional e internacionalmente e atrair novos investimen- dações, acessibilidade, meio ambiente etc. Mas, desde tos; e promover a participação da sociedade no processo o início, a Prefeitura partiu do princípio de que os Jogos de construção e implementação do Plano de Legado. Olímpicos devem servir à cidade. Mais do que organizar Para agilizar a execução dos processos, a Prefeitura o evento em si, o objetivo é tornar o Rio de Janeiro criou o Instituto Rio 2014/2016. A entidade coordena a um lugar melhor para seus moradores, com mudanças execução e monitora a aplicação de recursos de todos estruturais de transporte, infraestrutura urbana, meio os projetos municipais para a Copa do Mundo e os ambiente e desenvolvimento social. Jogos Olímpicos. R.Ô.: Quais as maiores exigências da Fifa e do COI a serem atendidas? Como é pretendido superá-las? Com isto, haverá um aumento do uso de transportes de alta capacidade – de 16% para 50%. Um dos principais projetos de infraestrutura urbana B.C.: A cidade precisa estar preparada para é o Porto Maravilha, que vai revitalizar completamente atender às necessidades de atletas, comissões a Região Portuária. Mas a requalificação urbana, com técnicas, turistas, espectadores e de todas as de- acessibilidade garantida, acontecerá nas quatro regiões mais pessoas envolvidas em eventos de tão grande olímpicas – Copacabana, Deodoro, Barra da Tijuca e porte. Para superar esse desafio, é preciso trabalhar Maracanã – e seus arredores, beneficiando um total de com dedicação, profissionalismo e muito planeja- 2 milhões de moradores. mento. A Fifa e o COI têm exigências específicas Na área de meio ambiente, o projeto prevê a recu- em diversas áreas e fazem um acompanhamento peração dos sistemas lagunares, a garantia de acesso a constante do trabalho. Nessas visitas regulares, a saneamento para 700 mil pessoas, a duplicação da rede Prefeitura apresenta seus projetos e avanços. E, até de ciclovias e a redução da emissão de gases de efeito agora, as entidades se mostraram bem satisfeitas. R.Ô.: A Prefeitura do Rio vem divulgando amplamente que os Jogos (2014 – 2016) vão integrar e beneficiar toda a cidade. Como isto ocorrerá? Quais transformações são previstas no Rio? estufa em 16%. No setor de transportes, o objetivo é implantar um novo sistema intermodal, com integração entre os corredores expressos (BRTs), trens, barcas e metrô B.C.: A Prefeitura dividiu o Plano de Legado da Cidade em O projeto de desenvolvimento social vai muito além dos eventos esportivos. Já estão em andamento projetos como o Morar Carioca, de urbanização e integração dos serviços públicos nas comunidades da cidade; o Rio Criança Global, de universalização do ensino da língua inglesa na rede municipal; e o Rio em Forma Olímpico, de fomento à prática esportiva e à atividade física em áreas públicas. quatro áreas: transporte, infraestrutura urbana, meio ambiente e desenvolvimento social. Estes são os pilares do trabalho de preparação para os grandes eventos esportivos. R.Ô.: Quais as fontes de financiamento utilizadas para a realização dos eventos? B. C: – A Prefeitura vem fazendo parcerias para No setor de transportes, o objetivo é implantar diminuir a utilização de verbas públicas nos projetos um novo sistema intermodal, com integração entre para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. As obras os corredores expressos (BRTs), trens, barcas e metrô. de revitalização do Porto e a construção da Vila Olímpica, entrevista Bernardo Carvalho por exemplo, serão feitas através de PPP (Parceria Público-Privada). Para 2011, o investimento da Prefeitura em projetos ligados aos Jogos Olímpicos será de R$ 2,6 bilhões. R.Ô.: Para a realização e eficiência de eventos como esses, a área de transporte público é peça-chave. Quais transformações, melhorias ou investimentos o setor pode esperar? Quais serão os legados da Copa e das Olimpíadas para a cidade no Bernardo Carvalho durante o 14° Etransport, em novembro de 2010 setor de transportes? B.C.: O setor de transportes é um dos quatro pilares do Plano de Legado da Cidade. Com a integração entre os corredores Tom Jobim, passando por diversos bairros da Zona Norte, expressos (BRTs), trens, barcas e metrô, haverá um e diminuirá pela metade o tempo gasto no trajeto. aumento do uso de transportes de alta capacidade de A TransOeste ligará a Barra da Tijuca a Santa Cruz, 16% para 50%. Ainda serão implantadas quatro linhas incluindo o túnel da Grota Funda e a duplicação da Aveni- de BRT – corredores de ônibus expressos e articulados, da das Américas, e terá ligação com a linha 4 do metrô. A de alta capacidade de transporte –, formando um anel TransOlímpica ligará o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, de alta performance na cidade. contemplando a construção de seis faixas para automóveis. A TransBrasil será uma via ao longo da Avenida Brasil, R.Ô.: Como está o andamento das obras ligando o centro da cidade a Deodoro. dos quatro BRTs que fazem parte do pacote viário previsto para a preparação da cidade para os Jogos Olímpicos de 2016? B.C.: As obras da TransOeste começaram em agosto de 2010. A TransCarioca está em fase de licitação. R.Ô.: Quais são os prazos destas obras? B.C.: A TransOeste deverá estar pronta em 2012; a TransCarioca, em 2013; e a TransBrasil, em 2014. A previsão é que a obra da TransOlímpica termine em 2015. Os projetos básicos da TransOlímpica e da TransBrasil estão sendo finalizados. R.Ô.: Como está, de uma maneira geral, o cronograma das obras para os eventos? R.Ô.: Descreva, por favor, os BRTs previs- B.C.: Um dos compromissos da Prefeitura é cumprir as tos e como eles beneficiarão as regiões de obrigações nos prazos. Algumas obras, como a construção abrangência? da Vila dos Atletas, começaram antes mesmo do prazo B.C.: Os BRTs são corredores de ônibus expressos definido inicialmente. Em visita recente ao Rio, represen- e articulados, de alta capacidade de transporte. Quatro tantes do COI elogiaram o trabalho de organização do linhas serão implantadas na cidade. A TransCarioca Rio de Janeiro e afirmaram que todas as ações ocorrem ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional dentro do previsto. Revista Ônibus 22 inovação Nossa Senhora de Copacabana ganha BRS O primeiro BRS (Bus Rapid Service) da Zona Sul do Rio aumenta a velocidade dos ônibus e o número de passageiros por viagem O ano de 2011 começou com novidades no transporte por ônibus na cidade do Rio de Janeiro. No dia 19 de fevereiro, a Prefeitura do Rio implantou o primeiro corredor BRS (Bus Rapid Service) da Zona Sul, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. O corredor vai do Posto 6 ao Leme, passando pela Avenida Princesa Isabel, em Copacabana. Com o BRS em funcionamento, duas das quatro faixas são exclusivas aos ônibus, e as linhas estão divididas em BRS 1, BRS 2 e BRS 3. As linhas regulares, oriundas de vários bairros da cidade, que passavam na avenida sofreram alteração em seus itinerários. Na verdade, houve uma divisão: algumas mantiveram o seu trajeto original, passando no corredor e seguindo até o seu destino final; e outras fazem somente parte do itinerário antigo, não entrando no corredor e fazendo retornos predeterminados. Os veículos que trafegam pelo corredor estão identificados com adesivos no vidro da frente, informando a qual BRS pertencem. São 15 pontos de parada sinalizados por BRS 1, BRS 2 ou BRS 3, e os motoristas foram treinados a não parar fora deles. Em cada um, o passageiro pode conferir, além dos números BRS, uma lista com o número, a origem e o destino das linhas de ônibus, bem como um mapa com a localização de todos os pontos. Com o BRS em funcionamento, duas das quatro faixas são exclusivas para os ônibus, e as linhas estão divididas em BRS 1, BRS 2 e BRS 3 Vantagens Com os ônibus trafegando nessa via exclusiva, a frota que opera na Nossa Senhora de Copacabana foi reduzida em 20%, e o carioca já pode atravessar o bairro em um tempo 40% menor. A expectativa é que a velocidade dos coletivos, antes de 13 km/h, se mantenha em 24 km/h. Nos BRTs, onde os ônibus transitam em cor- 23 Revista Ônibus inovação A população recebeu explicações sobre o novo sistema redores exclusivos, a velocidade média é de aproximadamente 30 km/h. O número de viagens, além disso, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, passa de 419 para 320 por hora, o que significa uma diminuição de 24%. Por outro lado, a quantidade de passageiros por viagem aumenta 30%, de 23 para 30, e os ônibus passam a parar em menos pontos. Carros particulares, táxis e caminhões circulam, agora, nas duas faixas à esquerda e só podem ocupar a faixa do BRS para dobrar à direita ou para entrar nas garagens ou centros comerciais. Quem rodar mais de uma quadra pela faixa do BRS será multado pela fiscalização eletrônica da Prefeitura e por agentes de trânsito da Guarda Municipal. Adicionalmente, estacionar à esquerda nos dias úteis só depois de 21h, táxis só podem embarcar ou desembarcar passageiros na calçada da esquerda, e carga e descarga, só em ruas transversais, em pontos específicos. Conceito & Divulgação O conceito de BRS – sigla inglesa para designar serviço de ônibus rápido – inclui, além da implantação de faixas exclusivas para ônibus, a otimização da oferta (através da redução da frota de ônibus no eixo do corredor), o aumento da ocupação dos veículos, o escalonamento dos pontos de parada, bem como o controle (por câmeras) de acesso dos veículos particulares. Para divulgar o novo serviço (informações sobre os locais dos pontos, itinerário, frequência dos horários, identificação visual) e esclarecer a população a respeito das linhas e seus itinerários (retornos), o Rio Ônibus, com fez uma campanha, através de parceria com a Universidade Corporativa do Transporte, que produziu material didático e formou multiplicadores, além de ministrar treinamento a motoristas e equipes operacionais das empresas, visando ao início da operação. No dia da inauguração do BRS foram distribuídos, para a população, folhetos informando sobre as mudanças e os novos pontos. Da mesma forma, todo um trabalho estrutural – que incluiu organização e identificação visual do corredor nos pontos e nos ônibus (GPS, TV, câmera interna, cartazes, busdoor), padronização da cabine (guarita) e a criação de um novo ícone para o ponto de ônibus – foi realizado. Revista Ônibus 24 O carioca já pode atravessar o bairro de Copacabana em um tempo 40% menor Mais corredores No início de março será a vez da Rua Barata Ribeiro/ Raul Pompeia, também em Copacabana, ganhar seu BRS. O objetivo é implantar uma faixa preferencial entre os bairros Jardim Botânico e Botafogo ainda no primeiro semestre deste ano. E, na segunda metade de 2011, a meta é levar o projeto para a Zona Norte da cidade, implantando a faixa na Radial Oeste, Vinte e Quatro de Maio, Marechal Rondon, Vinte e Oito de Setembro e Teodoro da Silva. Ao todo, a previsão é que 22 BRSs sejam implantados na cidade do Rio de Janeiro. Amplo material informativo foi produzido e distribuído para a população e mídia cariocas Dicas É proibido no corredor • Atividade de carga e descarga, que passa a ser feita nas ruas transversais. • Embarque/desembarque de passageiros de táxi. • Transitar pelas faixas exclusivas, por mais de um quarteirão, com acesso à direita.* *Gera apenas uma infração por período É permitido no corredor • Embarque/desembarque dos ônibus. • Acesso às garagens dos edifícios residenciais ou comerciais a partir de pontos determinados e sinalizados. • Dobrar à direita desde que entre, obrigatoriamente, na primeira rua transversal que dê mão. Haverá pontos determinados e sinalizados para isto. • Automóveis poderão circular e estacionar à noite e em fins de semana. 25 Revista Ônibus corrente do bem Ação Solidária nas Enchentes de Teresópolis e Nova Friburgo Fetranspor mobiliza setor de transporte por ônibus e age rapidamente em prol das vítimas da Região Serrana Fetranspor e sindicatos montaram 12 postos de coleta, sendo 9 funcionando em ônibus Revista Ônibus 26 Em janeiro deste ano, o Brasil e o mundo acompanharam mais uma tragédia de grandes proporções. Desta vez, infelizmente, o alvo foi a Região Serrana do Rio, quando as fortes chuvas dos dias 11 e 12 ceifaram a vida de mais de oitocentas pessoas, resultando na maior catástrofe natural do país. Logo que a notícia foi difundida nos principais meios de comunicação, a Fetranspor e seus sindicatos filiados tomaram a iniciativa de mobilizar, rapidamente, a campanha Parada Solidária. O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de ajudar as vítimas. Da mesma maneira que foi feito no ano passado, numa oca- sião semelhante, que ocorreu no Morro do Bumba, em Niterói. Contando com o apoio dos sindicatos e das empresas de ônibus, foi possível montar 12 postos de coleta, sendo nove funcionando em ônibus, que ficaram espalhados em diversos pontos da cidade, e duas em terminais rodoviários e uma na sede do sindicato das empresas de ônibus de Petrópolis (Setranspetro). Desta forma, mais uma vez, o setor de transporte por ônibus provou a sua solidariedade. A campanha Parada Solidária conseguiu arrecadar mais de 100 toneladas de donativos – entre roupas, alimentos, água mineral e colchões – aos desabrigados da Região Serrana. As doações vieram de toda parte, das empresas de ônibus, dos sindicatos e, principalmente, da população. E foram entregues à Cruz Vermelha e, em seguida, encaminhadas aos depósitos centrais, próximos das áreas mais afetadas pela tragédia. Enquanto empresas cediam ônibus para ajudar na coleta de dona- tivos, outras ofereciam passagens gratuitas para muitos voluntários se deslocarem até as regiões atingidas pela enchente, possibilitando a entrega das doações. Os locais de atuação foram o Largo da Carioca e a Cinelândia (ambos no Centro do Rio), Ilha do Governador, Ipanema, Duque de Caxias, Piabetá, Magé e Belford Roxo. Os pontos escolhidos para receber contribuições foram os de grande movimentação: praças públicas, imediações de supermercados e centros comerciais. A Parada Solidária atraiu a participação do comércio local, no entorno dos pontos de coletas. Algumas lojas e empresas, além de fazer doações, disponibilizaram funcionários para ajudar no recebimento dos donativos. As igrejas próximas também destinaram suas doações à campanha da Fetranspor. Durante os oitos dias da campanha, que iniciou em 14 de janeiro e foi concluída no dia 21, equipes terceirizadas, através da parceria com a Fluxxo Comunicação, recolheram, organizaram e quantificaram as doações recebidas nos ônibus. A Fluxxo direcionou nove promotores, para prestar esclareci- mentos sobre a campanha à população, e mais 24 supervisores para administrar a coleta. Além de receber um número elevado de donativos, a Parada Solidária conquistou voluntários de algumas entidades, como profissionais da Guarda Nacional de Teresópolis, a tradicional Banda de Ipanema e um grupo de escoteiros da Ilha do Governador. Moradores dos bairros que sediaram a campanha manifestaram interesse em colaborar. Muitos passavam para deixar suas contribuições e perguntavam se podiam ficar algumas horas, ou mesmo um dia no ônibus, para ajudar a organizar e descarregar as doações na Cruz Vermelha. Autoridades também deram o máximo de apoio à Parada Solidária. Em Magé, por exemplo, o secretário de Ação Social, Jorge Cosam, colocou o carro de som da prefeitura e a rádio local à disposição para divulgar a campanha. A Parada Solidária também movimentou as redes sociais da Fetranspor. A população, sensibilizada com os moradores da Região Serrana do Rio, fez uma grande divulgação sobre o trabalho realizado pela Fetranspor, em parceria com os sindicatos e empresas filiadas, através da web. Durante o período da campanha, o número de mensagens postadas nas redes sociais cresceu cerca de 71% – um total de 211 cliques em apenas oito dias. Em função disso, a quantidade de visitas ao site teve pico de quase 4 mil acessos somente no primeiro dia da campanha. Pela primeira vez, em 12 meses, o percentual de visitantes foi 255% maior que o mesmo período do ano anterior. Parada Solidária conseguiu arrecadar mais de 100 toneladas de alimentos Campanha é aquecida pela mobilização virtual Os cliques levaram a grandes picos de visitas no site - tivemos 4 mil visitas só no dia 14, quando a média é de 1.800 visitas/dia. 27 Revista Ônibus corrente do bem Empresas de ônibus ajudam seus colaboradores a superar trauma Com o propósito de ajudar seus colaboradores a reconstruírem o futuro, as empresas de ônibus da Região Serrana vêm cumprindo um importante papel na vida deles, já que boa parte perdeu tudo. A Friburgo Auto Ônibus perdeu um de seus trabalhadores. E teve muita dificuldade para encontrar cerca de 90, que ficaram isolados nas regiões atingidas, devido à queda de barreiras. Já a Auto Viação 1001, em Nova Friburgo, embora não tenha tido vítimas em seu corpo funcional, vem prestando solidariedade aos desabrigados, fazendo o translado dos donativos enviados pela população, da Rodoviária Novo Rio até Friburgo. Um dos diretores da Petro Ita (Petrópolis), Augusto César da Rocha, no dia seguinte ao temporal, deslocou um ônibus para que ele e os funcionários pudessem ir até o Vale do Cuiabá, local mais atingido em Petrópolis, para ajudar os desabrigados a encontrar seus pertences e familiares. Em seguida, ele próprio conduziu uma campanha para arrecadar donativos e os Revista Ônibus 28 entregou pessoalmente. “Quanto aos nossos colaboradores atingidos pelas chuvas, estamos estudando a melhor forma de ajudálos. Já distribuímos cestas básicas, mas não descartamos a possibilidade de encontrar um local digno para os que perderam suas casas. Estamos dispostos a ajudá-los no que for preciso”, esclareceu. A Autobus, situada em Petrópolis, arrecadou aproximadamente 1 tonelada de donativos para distribuir aos funcionários atingidos pelas fortes chuvas. Segundo a gerente de RH da empresa, Tânia Isidoro, além dos colaboradores, a Autobus está ajudando seus parentes. “Tivemos 16 funcionários que perderam tudo. E muitos estão abrigando outras famílias. Então, ao tomar a iniciativa de ajudá-los, não ignoramos as outras pessoas que estão morando com eles. Além dos donativos, estamos providenciando um suporte para aluguel, móveis e eletrodomésticos, para que possam reconstruir suas vidas”. Já a Viação Teresópolis criou 11 ações para ajudar cada funcionário afetado pela chuva. A empresa ar- recadou e distribuiu cestas básicas, roupas e uniformes. Dos 20 profissionais atingidos, metade perdeu tudo e a outra, quase tudo. “Nos primeiros dias após a enchente, muitos funcionários não conseguiram se deslocar. Tivemos de buscá-los, de ir atrás deles. Mas foi muito difícil ouvi-los. A cada relato chorávamos juntos. Foi muito difícil. Além dos donativos recebidos, a partir deste mês, vamos doar uma ajuda financeira. Estamos fazendo de tudo para que eles consigam se reerguer”, disse Maria Helena Domingues, gerente de RH da Viação Teresópolis. A Viação Dedo de Deus teve 70 funcionários atingidos. Além de cestas básicas, a empresa cedeu um espaço para abrigar os colaboradores que perderam suas casas. “Não podíamos deixá-los abandonados em abrigos. Preferimos acompanhar de perto para que pudéssemos ajudá-los da melhor maneira. Então, decidimos ceder um espaço para abrigá-los. Alguns já conseguiram encontrar um local para morar. Outros ainda continuam conosco”, explicou a gerente administrativa da empresa, Michely Arbex. homenagem Motorista da Vila Real socorre passageiro Mais do que um motorista, um cidadão. Sérgio dos Santos Rita, condutor há 12 anos da mesma empresa (Vila Real), atualmente na linha 362 (Honório – Praça XV), está levando para o seu dia a dia de trabalho todos os conhecimentos adquiridos no curso do Programa Motorista Cidadão, concluído em 2006, na primeira turma. Tudo e um pouco mais. No dia 17 de novembro, Sérgio fazia normalmente sua rotina de trabalho, quando se deparou com uma situação de emergência: o cliente Severino Francisco do Nascimento, de 66 anos, não estava se sentindo bem. Preocupado com a situação do passageiro, Sérgio tomou uma decisão crucial para a vida de Severino. “Estava na seletiva, na altura da Penha, quando começaram a dizer que o idoso estava enfartando. Saí do meu itinerário e corri para o Hospital Geral de Bonsucesso, torcendo para dar tempo” – conta o motorista, lembrando que o trânsito estava ruim neste dia. e vira notícia Presidente da Fetranspor e secretário de Transportes entregam placa de homenagem a Sérgio Rita Entretanto, graças à presença de um jornalista do jornal O Globo, esse não foi apenas mais um dia de trabalho comum e uma ação natural de um ser humano que tem, dentre seus princípios e valores de vida, a ajuda ao próximo. O repórter Marcelo Piu filmou toda a ação de Sérgio e o entrevistou enquanto ele socorria o passageiro idoso. “O que eu posso fazer eu faço, pois acho que a vida humana está Motorista da Autobus salva 50 pessoas em Petrópolis Colocando em risco sua própria vida, o motorista Heleno Dias, da Transportadora Autobus, conseguiu salvar 50 pessoas, em Petrópolis. No dia 11 de janeiro, por volta das 2h30, Heleno saiu do ponto final, no Vale do Cuiabá, para cumprir a última viagem da noite. No caminho, foi surpreendido por galhos quebrados na estrada. Ao descer para liberar o caminho, Heleno percebeu a tromba d´água que se aproximava. Correu para as casas próximas e tratou de levar todas as pessoas que pôde para o ônibus. Em seguida, conduziu-as para um ponto mais alto. O veículo ainda está preso no local, mas as pessoas foram salvas e resgatadas. Esta e outras histórias estão na edição especial do Relatório Fetranspor número 1003 e no canal News da TV UC. em primeiro lugar”, disse ao repórter, que publicou o vídeo da entrevista no site do Globo Online. Esta atitude do motorista fez a diferença entre a vida e a morte para o passageiro e resultou na indicação de Sérgio para o Prêmio Faz a Diferença, do O Globo, que escolheu as pessoas ou instituições que mais se destacaram, em 2010, em iniciativas como esta. Ele não ganhou o Prêmio, mas ganhou o que considera mais importante. “Salvei uma vida, isso é que vale”. O condutor foi homenageado pela Fetranspor, durante a última formatura do ano de 2010 do Programa Rodoviário Cidadão, no dia 15 de dezembro, com um placa. Motorista Cidadão desde o lançamento do Programa pelo Rio Ônibus, Sérgio acredita que o curso tem grande valia para mudar a imagem que os passageiros têm dos condutores e da própria postura deles ao volante: “O curso muda o profissional. Você passa a ter um diferencial; os passageiros te olham diferente por causa disso e confiam no seu trabalho”. 29 Revista Ônibus TV UCT News inova na Comunicação do Transporte Canal de notícias já tem mais de 6 mil exibições Lançado em agosto de 2010, o Canal News, produzido pela TV UCT para a programação institucional da FETRANSPOR, apresenta assuntos atuais, de interesse de todas as pessoas do setor de transporte de passageiros do Rio de Janeiro, bem como da população em geral, especialmente do usuário de ônibus. Os programas são semanais, e os temas, tratados de forma dinâmica e interativa. Em seis meses de existência (até janeiro de 2011), já foram ao ar 20 programas, que somam mais de 6 mil visualizações. Dentre aqueles já apresentados e disponíveis na página http://www.tvuct. com.br/, o “Itinerário do Medo” foi o mais assistido, com 764 exibições. Com exceção, é claro, das edições especiais do 14º Etransport (Congresso sobre Transporte de Passageiros) – evento realizado em novembro passado pela Fetranspor, na Marina da Glória –, que juntas tiveram cerca de 3 mil exibições. Especiais de sucesso Dos cinco programas especiais do Etransport, o segundo, que apresenta uma evolução do Revista Ônibus 30 Congresso ao longo de todas as suas edições, bem como o surgimento da FetransRio (Feira Rio Transportes) e sua importância para o setor de transporte de passageiros no cenário latino-americano, teve 1.654 visualizações e é o mais assistido do Canal News e “O News é um programa jornalístico que transmite um panorama dos fatos ocorridos no setor de transportes. E ainda reflete o posicionamento deste segmento diante dos desafios de contribuir para a construção de uma sociedade justa e humana” Roberta Araujo de toda a TV UCT até o momento. Em seguida, está outro especial do Etransport, desta vez mostrando um resumo das primeiras atividades do Congresso, que reuniu representantes de diversas instituições para tratar do tema Mobilidade Inteligente e da Feira. “Temos um campo enorme a ser explorado, mas é preciso planejamento. Além disso, estamos num setor muito amplo, no qual nem todos dispõem de uma ferramenta tão bacana quanto a web TV” Renato Siqueira Mas, o destaque do News continua sendo o “Itinerário do Medo”, apresentado pelos jornalistas Renato Siqueira e Roberta Araújo. Trata-se de uma retrospectiva da tragédia ocorrida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na semana de 23 a 29 de novembro passado, quando 34 ônibus foram incendiados, restringindo o direito de ir e vir dos cidadãos. No programa, dois motoristas revelam o que sentiram durante as ações dos bandidos, e o presidente do Consórcio Internorte, Humberto Valente, apresenta um balanço do prejuízo na sua região de atuação. Há também dicas de como as empresas podem ajudar os motoristas na superação do trauma causado pelos ataques. E ainda uma análise do setor e dos clientes sobre o fato dos coletivos serem, constantemente, alvos de violência. Superando expectativas Para a Comunicação da Fetranspor, o Canal News tem ultrapassado as expectativas. “As primeiras edições, mesmo com poucas imagens de apoio, foram bastante elogiadas. Aos poucos, as ideias foram surgindo, e a equipe técnica foi deixando a gente bem à vontade, o que fez com que o programa fosse evoluindo, até que conseguimos fazer uma série especial sobre o Etransport – amplamente divulgada e assistida por muitas pessoas –, além do programa sobre a onda de violência contra os ônibus, no final do mês de novembro (o “Itinerário do Medo”), 13 canais na programação A TV UCT possui 13 canais na sua programação: “Finanças Pessoais” (estreou no dia 4 de fevereiro passado); “A Hora do Especialista”; “Ciclo de Palestras UCT”; “Cultura”; “Eventos”; “Fetranspor”; “Fique Ligado”; “Rodoviário Cidadão”; “News”; “Panorama UCT”; “Profissional em Foco”; “RioCard”; e “Etransport 2010”. Este último veicula cinco programas especiais produzidos durante o evento, disponibiliza algumas palestras e painéis, bem como as solenidades de abertura e encerramento do Congresso. Para conferir os canais e programas da TV UCT, acesse www.tvuct.com.br. que rendeu muitos elogios a toda a equipe”, lembra Renato Siqueira. “O News é um programa jornalístico que transmite um panorama dos fatos ocorridos no setor de transportes. E ainda reflete o posicionamento deste segmento diante dos desafios de contribuir para a construção de uma sociedade justa e humana, promovendo um transporte por ônibus mais inclusivo e eficiente”, completa Roberta Araújo. A ideia do News partiu do presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, que percebia a falta de um programa de notícias exclusivamente voltado para o setor de transportes e viu na TV UCT a melhor mídia para a sua veiculação. Na opinião de Roberta, “o News tem muito a colaborar para o avanço e a disseminação dos diversos esforços da Fetranspor e do poder público em prol da mobilidade urbana”. A equipe responsável pela produção pretende ampliá-lo ainda mais. “Temos um campo enorme a ser explorado, mas é preciso planejamento e mais pessoas para a equipe. Além disso, estamos num setor muito amplo, no qual nem todos dispõem de uma ferramenta tão bacana quanto a web TV”, afirma Renato. Para a gerente de Comunicação da Fetranspor, Tânia Mara Leite, o News representa um grande desafio e proporciona uma integração ainda maior com os diversos setores da Fetranspor, seus sindicatos e demais agentes do transporte. “Nossa equipe de jornalistas é toda advinda da mídia impressa. Estamos aprendendo a cada dia mais com esse novo canal e ampliando nossa área de ação dentro do setor. É uma experiência muito bem-vinda, queremos contribuir muito e cada vez melhor. Agradecemos à equipe técnica da TV e à sua diretora, Ana Rosa Bonilauri, que têm sido ótimos parceiros”, registra. 31 Revista Ônibus educação corporativa Programa Rodoviário Carioca em Ação Vou contar para vocês um pouco do nosso dia a dia. São as rotineiras preparações para a realização de cursos e programas, projetos de cursos, gravações na TV UCT, roteiros de programas, contatos com professores, especialistas em educação de adultos, interessados, e assim por diante… Ana Rosa Chopard Bonilauri, diretora da UCT A rotina de um lugar como a Universidade Corporativa não tem espaço para a monotonia. É um ambiente de muito trabalho, onde diversos profissionais se envolvem perseguindo os mesmos objetivos. Embalados por novos projetos educacionais, que dão o tom da consistência e da dinâmica da nossa Fetranspor, vamos lutando em compasso com as estratégias de gestão e contingências de nossos principais stakeholders. De um lado, sindicatos, consórcios e empresas; de outro, o poder público em suas várias representações. Há momentos de tensão, como quando um grande programa precisa ser estruturado – os conteúdos, os professores envolvidos, o material do aluno, o projeto pedagógico das aulas e o material do professor. E, depois de tudo isto, as ferramentas de avaliação dos alunos, o cuidado com a logística e com os ambientes onde ocorrerão as aulas. Um exemplo desse trabalho está relatado a seguir. Trata-se de projeto de capacitação associado às metas definidas no Edital de Licitação do Município do Rio de Janeiro para as empresas vencedoras da concorrência. Assim, nessa dinâmica, vamos apoiando intensamente os novos consórcios responsáveis pela prestação de serviços de transporte por ônibus no município. E nossa tarefa não é pequena! Vejam os números: • 3 cursos diferentes para motoristas: Relações Interpessoais; Primeiros Socorros; e Direção Defensiva. • 2 cursos para cobradores: Relações Interpessoais e Primeiros Socorros. • Inglês e Espanhol – em formação coloquial básica – para todo mundo! Cobradores e motoristas! • Vejam os montantes e somem, entre motoristas e cobradores, 25 mil profissionais! Multipliquem os 5 cursos para motoristas mais os 4 para cobradores. Descontem quem cursou pelo menos 1 ou 2 deles – especialmente o motorista que já participou do Programa Motorista Cidadão e da Resolução 168. Fizemos essa conta e ela informa: • 55.504 aulas de inglês e espanhol; • 47.128 cursos dos demais temas para motoristas e cobradores. Ou seja: 511.040 horas/aula. E isso tudo está programado para acontecer até maio desse ano, de acordo com um processo que teve início no final de novembro último! Um bom desafio e, ao mesmo tempo, uma grande realização! Toda uma equipe e muitos parceiros – dentre os quais destacamos o Sest Senat, liderado pelo sindicato RioÔnibus – tecendo, pouco a pouco, a rede de um atendimento diferenciado à população, voltado para uma cidade que se lança num movimento de recuperação urbana e de cidadania acelerado!!! Revista Ônibus 32 rodoviário de talento Cobrador da Salutran é a sensação das viagens na Baixada Fluminense Flávio Dias imita 30 personalidades, mas é na voz do comunicador Silvio Santos que garante a felicidade dos passageiros Ele é a sensação das viagens da Salutran Serviço de Auto Transportes, empresa que opera na Baixada Fluminense. Quando os clientes o avistam, começa a animação: “Olha, é o ônibus do Silvio Santos”. É assim que, carinhosamente, o cobrador Flávio Dias da Silva, é identificado pelos passageiros. Tudo por causa de seu dom de imitar. “Para mim, é um prazer receber esta homenagem dos clientes da Salutran. É uma troca sincera. Eles me motivam a continuar trabalhando com bom humor e, ao mesmo tempo, acabo sendo um motivo de diversão para eles. Sinto que minhas imitações garantem uma viagem feliz para todos”, diz, contente. Apesar de imitar cerca de 30 personalidades, é na voz do comunicador Silvio Santos que Flávio mais arranca gargalhadas. “Se eu estiver num lugar e não imitar o Silvio Santos, com certeza, não há apresentação. Ele é o carro-chefe das minhas imitações. É um prazer imitá-lo, porque é um homem que venceu na vida. E isto me inspira”, afirma. Fora do ofício de cobrador, Flávio se apresenta em confraternizações, casamentos, aniversários, e outros eventos. Seu repertório é vasto e inclui o ex-presidente Lula, Netinho, Romário, Clodovil, Ronaldinho (Fenômeno), Pelé e muito mais. As mais recentes imitações são do Charles Henrique, do “Pânico na TV”, e do jornalista Paulo Henrique Amorim. Dono de uma voz com um grave bem afinado, Flávio também trabalha como locutor. Outra inclinação é o teatro. Fez curso de roteiro para teatro e, com a paixão pela expressão artística e um gesto de humanismo, conseguiu uma receita para salvar vidas. Ministrou cursos de teatro nas comunidades próximas à sua moradia, com o objetivo de resgatar jovens das drogas. “Foi um projeto social que me causou plena satisfação. Alguns jovens se distanciaram das drogas e ganharam vida nova. Infelizmente, não consegui apoio, patrocínio, e não pude dar continuidade ao projeto”, explica. A força para continuar buscando seus sonhos está na família. “Minha esposa e meus filhos estão sempre comigo. Quando estou no palco preparado para uma imitação, eles estão nos bastidores. Fazem minha maquiagem, ajeitam a roupa e me doam o amor necessário para eu seguir adiante”. Ele sonha em se apresentar num programa humorístico: “Quero ser convidado profissionalmente para me apresentar numa televisão. Então, tomei a decisão de divulgar o que faço. Vou postar no YouTube a apresentação que fiz na 14ª edição do Etransport, incluindo a entrevista que concedi, no dia, à TV Fala Baixada”. Ele Flávio: personagem Tião Galinha foi a primeira inspiração se refere ao show que fez durante a solenidade de entrega do Prêmio Alberto Moreira, aos 15 melhores rodoviários do Estado do Rio, em novembro último. A descoberta do dom de imitar se deu há quase 17 anos, ao conhecer o personagem Tião Galinha, do ator Osmar Prado, na novela “Renascer”, da Rede Globo. “Comecei a imitá-lo e não parei mais. A partir daí, virei o foco principal nos eventos familiares.”. Os próximos projetos de Flávio voltados para um repertório de stand-up comedy (comédia feita em pé) e em dois novos personagens, de sua autoria. Um deles é o Doentino de Souza, “um senhor que não pensa senão em doença. Quero chamar a atenção dos idosos para o melhor da vida, usando a comédia”, planeja. 33 Revista Ônibus série histórica TREL comemora 35 anos valorizando cada vez mais as pessoas Empresa investe na saúde dos colaboradores, na aproximação com as famílias e no crescimento profissional Há 35 anos nascia, em Duque de Caxias, uma empresa de ônibus que vem escrevendo seu nome, na história do transporte coletivo de passageiros, como uma instituição preocupada com a qualidade do serviço que presta à população, e focada, principalmente, no bem-estar das pessoas, sejam elas seus funcionários, clientes ou a população que vive ao seu redor: Revista Ônibus 34 a Transturismo Rei, mais conhecida como TREL. Manuel Alves Lavouras, fundador da TREL, nascido em 1931, em Valongo (Portugal), no Conselho de Valpaços, sonhava em tentar a vida no Brasil, e alcançou esta realização aos 22 anos. Chegando aqui, trabalhou como carregador de caminhão e, só mais tarde, se aproximou do setor de transportes, atuando como co- brador e motorista. Aí começou a desenvolver outro desejo: ter sua própria lotação. Como disposição para o trabalho, talento e espírito empreendedor não lhe faltavam, rapidamente atingiu mais este objetivo e, a partir de então, não parou mais de crescer. Junto com seus irmãos, que também moravam no Brasil, adquiriu a empresa de Turismo Santa Bárbara, a Auto Viação Três Amigos e, posteriormente, a Turismo Três Amigos. Sua trajetória como empresário de transportes foi tão bem sucedida que velozmente ampliou sua participação no setor, comprando a Viação Auto Luxo, a Viação Parada Angélica, a Junel Transportes e Turismo Ltda e a Trel Táxi Rei Ltda. Em 1975, fundou a Trel – Transturismo Rei Ltda, que operava linhas municipais e intermunicipais, ligando o Rio de Janeiro a Caxias. Na época da fusão do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro, a TREL teve de repassar para outra empresa todas as linhas que ligavam Caxias ao Rio de Janeiro, ficando somente com aquelas que atuavam dentro de Caxias. Desde a fundação da Trel, Manuel Alves Lavouras soube, com grande talento, administrar sua empresa e expandi-la, sempre com o apoio de sua esposa, Arminda Lavouras, e de seu cunhado, Antonio Alves dos Santos, que direta ou indiretamente sempre participaram da administração da empresa. Quando faleceu, em 1996, deixou para seus três filhos – Manuel Luis, Márcio e Armando – uma empresa sólida e organizada. Até hoje é lembrado, pelos funcionários da empresa e por seus familiares, como uma pessoa de bom coração, justa, solidária e que sabia, como poucos, valorizar as pessoas. Profissionalmente, deixou como lembrança a imagem de um empresário muito talentoso, honesto e empreendedor. Em 1998, seus filhos adquiriram novamente as linhas que haviam sido repassadas anteriormente, dobrando o número de veículos. Hoje, a Trel é uma das maiores empresas do município de Duque de Caxias. Seu sucesso pode ser atribuído ao talento do Sr. Manuel e, principalmente, às lições que ele se preocupou em deixar para seus filhos. Atualmente, a empresa opera em 38 linhas, sendo 32 intermunicipais e seis municipais, com uma frota de 364 veículos, gerando mil empregos diretos. Responsabilidade Social Os filhos Manoel Luis, Márcio e Armando se preocupam não apenas em manter o patrimônio físico deixado pelo pai, mas, sobretudo, buscam uma administração pautada pela preocupação com as pessoas. Por isso, a Trel investe tanto na saúde de seus colaboradores, na aproximação de suas famílias, no crescimento e treinamento profissional. Alguns benefícios oferecidos pela empresa aos seus funcionários são cabeleireiro, manicure, médico, convênios com ótica, papelaria, farmácia, escolinha Hoje, a Trel é uma das maiores empresas do município de Duque de Caxias de futebol, além de uma área de lazer com campo de futebol e da realização de eventos, como festa de confraternização anual, do Dia das Mães, em homenagem ao Dia das Crianças etc. – todas com a participação das famílias dos colaboradores. A opinião deles também é muito valiosa para a Trel, que realiza regularmente pesquisas de opinião para conhecer o nível de satisfação da equipe, bem como distribui exemplares do jornal corporativo da empresa, a fim de que seus colaboradores e familiares tomem conhecimento do que está acontecendo no ambiente de trabalho. 35 Revista Ônibus série histórica A preocupação com a evolução profissional é um capítulo à parte. A Trel oferece a seus funcionários aulas do Telecurso de Ensino Fundamental e Médio na sua própria sede, de modo a incentivá-los a concluir os estudos. Realiza também aulas do Programa Rodoviário Cidadão, para motoristas, e da Resolução 168. Os condutores de ônibus da empresa participam, ainda, do Programa Acidente Zero (PAZ), cujo objetivo é reconhecer e premiar aqueles profissionais que não se envolvem em acidentes. Se é verdade que a empresa tem grande preocupação com os motoristas, também não esquece os demais colaboradores, de todos os setores. Anualmente, todos os funcionários, sem exceção, participam de reciclagem profissional, que inclui palestras educativas, permitindo uma atualização e evolução a cada dia. Em 2006, a Trel também iniciou a implantação do Programa de Qualidade, incentivando a busca de novos conhecimentos e a troca de experiências com profissionais do setor. Portanto, é uma empresa que incentiva a evolução de seus colaboradores e oferece oportunidades reais de ascensão profissional. Em 2010, a empresa ampliou sua área total de 37 mil m2 para 45 mil m2 e renovou sua frota com 80 ônibus novos, todos equipados com ar-condicionado e adaptados às normas atuais de acessibilidade. Revista Ônibus 36 Sintonizada com o presente e o futuro, a Trel não esquece a lição do grande mestre e fundador, Manuel Lavouras: as pessoas sempre em primeiro lugar Neste ano, estão sendo realizadas novas obras nos setores de Administração e Manutenção, com o objetivo de melhorar a operação e o atendimento aos clientes. Para a empresa, Responsabilidade Social é assunto muito sério. Há vários anos, a Trel procura contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da população de Duque de Caxias. Recentemente, está desenvolvendo um programa permanente de Responsabilidade Social, ajudando famílias carentes do município de Duque de Caxias e cidades vizinhas. Contribui ainda com instituições filantrópicas e participa de ações antidrogas e antialcoolismo. As grandes tragédias naturais que aconteceram na Região Serrana do Rio de Janeiro, no início deste ano, também sensibilizaram funcionários e diretores da TREL, que se uniram para ajudar a amenizar a dor das vítimas. Assim é a TREL, uma empresa sintonizada com o presente e o futuro, mas que não esquece a maior lição deixada pelo seu grande mestre e fundador, Manuel Lavouras, a qual continua sendo seguida e compartilhada por seus filhos: tecnologia, modernização da frota e eficiência da operação são importantes, mas as pessoas são mais importantes ainda, porque afinal são elas que fazem a grande diferença. qualidade Util traz de volta a figura da rodomoça Famosas nos anos 1970, comissárias de bordo voltam em linhas de longa distância Nos anos 1970 apareceu, no setor rodoviário, a figura da comissária de bordo – apelidada pela mídia de “rodomoça”. Algum tempo depois, essa função foi extinta e, por mais de 30 anos, não se ouviu falar dela. Agora a Util volta com as rodomoças em uma de suas linhas (Rio x Brasília), para oferecer um diferencial nas viagens de longa distância. Segundo o gerente de Marketing da Util, Luiz Carlos Jardim, no final de 2010, foram planejadas ações estratégicas para 2011. “Pensamos em oferecer um diferencial que tornasse uma viagem longa para Brasília (cerca de 17 horas do Rio de Janeiro) mais agradável e atraente”, explica. Para ele, essa é uma das formas mais inteligentes do ônibus concorrer com o avião em trechos de longa distância. O serviço de comissário de bordo está em fase de testes, e estudos estão sendo feitos para implantá-lo em mais linhas de ônibus da empresa, também com percursos longos. No momento são cinco profissionais, sendo quatro homens e uma mulher, com experiência em viagens e perfil de guia de turismo. Os comissários atuam entretendo, apoiando e ajudando os clientes durante todo o trajeto, informando sobre os pontos turísticos por onde passam e orientando sobre as paradas. “Os nossos clientes têm gostado e apoiado a novidade, o que, segundo eles, torna a viagem menos cansativa e aparentemente mais rápida”, conta Jardim sobre o feedback que já obteve. O trabalho do comissário de bordo acontece toda terça e quarta-feira, às 20h30, começando com o embarque, na Rodoviária Novo Rio, nos ônibus de modelo Animal Planet – zebra e onça –, que além de um visual diferente e atraente, possuem poltronas mais confortáveis, TV-DVD, vista superior, ar-condicionado e muito mais. Tudo para oferecer o melhor a seus clientes. 37 Revista Ônibus combustível Hidrelétrica apresenta Ônibus Híbrido Novo veículo será movido a etanol e deve ser o meio de transporte oficial das delegações da Copa de 2014 Um pedido do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva motivou os engenheiros da usina de Itaipu a produzir o primeiro ônibus híbrido a etanol do país. O objetivo é fazer com que esse tipo de veículo seja o principal meio de transporte nos dois grandes eventos esportivos que serão realizados em cidades brasileiras – a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A apresentação do protótipo ocorreu em Foz do Iguaçu, durante a Reunião de Cúpula do Mercosul, no mês de dezembro. Assim como outros modelos de veículos híbridos, esse evidencia a proposta de operar comercialmente com baixa ou nenhuma emissão de dióxido de carbono, ou seja, 100% ambientalmente limpo. Isto ocorre porque a queima do CO2, no funcionamento do motor com etanol, é compensada pela absorção do gás presente na produção da cana-de-açúcar. “No balanço, a emissão é zero”, afirma o enge- Revista Ônibus 38 nheiro responsável pelo projeto – Celso Novais. O veículo foi idealizado há aproximadamente um ano e ganhou força na 10ª edição do Challenge Bibendum, realizada no Rio de Janeiro, nos meses de maio e junho. Na oportunidade, o diretor técnico de Itaipu, Antonio Cardoso, reuniu-se com parceiros da indústria automotiva para acelerar o projeto do ônibus. Dentre as participantes dessa iniciativa estão: a Mascarello, responsável pela carroceria; a Weg, fabricante de motores; a gaúcha Euroar, de aparelhos de ar-condicionado para ônibus; a Eletra Industrial, de São Bernardo do Campo (SP), que faz a integração e montagem do veículo; além das montadoras Tutto Trasporti e Mitsubishi, instalada em Catalão (GO). Novo veículo emite praticamente 0% de dióxido de carbono Parceria viabiliza o projeto Para conceber o projeto em tempo recorde foi necessário trabalhar em diversas frentes e estabelecer parcerias. Cada em- presa foi responsável por um componente específico para a concepção do veículo. A Eletra coordenou as principais etapas do trabalho, desde os acertos contratuais até a entrega do ônibus para Itaipu. A Mitsubishi Motors do Brasil forneceu o motor a combustão V6, com tecnologia flexfuel. O veículo usa exclusivamente o etanol, combustível renovável, proveniente de biomassa que captura dióxido de carbono durante o crescimento da planta (cana-de-açúcar). Os ajustes necessários foram feitos pela Magnet Marelli, empresa encarregada do sistema de injeção eletrônica dos motores Mitsubishi com tecnologia flexfuel. O gerador elétrico foi cedido pela WEG Equipamentos Elétricos, que contribuiu, também, com o motor elétrico refrigerado a água e o inversor de tração equipado com excedente para recarregar as frenagem regenerativa, equipa- baterias. mentos especialmente desenvolNas frenagens, o motor vidos para esta aplicação e vitais elétrico se transforma em um para o bom funcionamento do gerador, e parte da energia civeículo. A Mascarello, fabricante da carO ônibus também pode roceria, utilizou a configuração inser operado a eletricidade terna de ônibus ou somente com a energia urbano low entry. Privilegiou o congerada pelo motor a forto e a segurança dos usuários, além combustão e o elétrico da adequação para receber todos os equipamentos elétricos e mecânicos necessários a nética do veículo é recuperada um veículo híbrido. para recarregar as baterias. A O chassi fornecido pela Tutto combinação das duas formas Trasporti faz o papel de estrutu- de recarga contribui para a auração do veículo, oferecendo co- tonomia do OEHE, dependendo modidade aos usuários a partir do perfil topográfico e da forma da suspensão pneumática, que de condução do veículo. pode ser rebaixada para melhoEste ônibus também pode rar o acesso dos passageiros ao ser operado no modo purameninterior do ônibus. te elétrico – a tração é alimentada somente pelas baterias, desde que estejam devidamenMotorização e geração te carregadas em uma tomada de energia convencional 220 V. Neste caso, Durante a aceleração, o sis- o veículo tem autonomia máxitema eletrônico de controle au- ma de até 60km. toriza o motor elétrico de tração Em condições de emergência, a utilizar a energia proveniente o ônibus foi projetado para funciodo gerador elétrico e das bate- nar somente com a energia proverias, para colocar o veículo em niente do grupo gerador composto movimento. pelo motor a combustão e o eléQuando o ônibus estiver pa- trico. No entanto, nestas situações, rado, em descidas ou velocidade o desempenho será limitado em constante, o gerador não forne- função da potência disponível. O ce energia para o sistema de ônibus híbrido poderá atender à tração, pois este identifica uma demanda do transporte de forma condição de baixa requisição limpa, oferecendo alto nível de de carga e direciona a energia tecnologia embarcada. 39 Revista Ônibus combustível “Vamos levar de dois a três meses até finalizarmos todos os passos e colocarmos o ônibus em operação comercial” Celso Novais é engenheiro e coordenador do projeto Veículo Elétrico (VE), da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável Bate-papo: Celso Novais Revista Ônibus: A usina tem interesse em aproveitar a gama de parceiros e ampliar a produção desses veículos? Celso Novais: A primeira etapa foi concluída com êxito, atendendo ao objetivo de mostrar a viabilidade técnica desta alternativa, ou seja, um veículo com a cara do Brasil, permitindo combinar o álcool com a eficiência dos veículos elétricos. Agora, com tranquilidade, estamos trabalhando na etapa dois: otimização, testes e tunning do ônibus híbrido a etanol. Somente depois desta fase o protótipo será liberado para sua aplicação na usina, em caráter operacional e diário. R.Ô.: Após a operação na cúpula do Mercosul, o veículo será utilizado de forma comercial por alguma empresa ou pelo poder público? C.N.: A Itaipu tinha uma missão: concluir um protótipo de ônibus híbrido a etanol, com segurança e confiabilidade, para que fosse usado durante a Reunião de Cúpula do Mercosul. Revista Ônibus 40 Vamos levar de dois a três meses até finalizarmos todos os passos e colocarmos o ônibus em operação comercial. R.Ô.: Não foi curto o período para idealizar e conceber um produto confiável? O veículo foi testado durante quanto tempo até ser colocado em circulação? C.N.: Um protótipo de ônibus híbrido a etanol, entre a fase de projeto e conclusão para início dos testes, demanda aproximadamente 18 meses de trabalho. A parte mais crítica é a integração dos componentes de diversos fornecedores, o que chamamos de ajuste fino do veículo. Na primeira fase, nós envolvemos mais de 30 profissionais, trabalhando 24h/24h, para atender aos prazos. Já nesta segunda etapa, a equipe é composta por quatro funcionários da Itaipu e mais quatro das empresas envolvidas no desenvolvimento. Esta etapa consiste em ajustar o projeto para atender com eficiência às necessidades de utilização interna, dentro da Itaipu Binacional, para o deslocamento de visitantes e funcionários. veículo versátil Lanchonete em ônibus: novo uso para velhos coletivos O sonho de levar uma vida longe do estresse da rotina de trabalho levou o empresário Alexandre Senna a criar um novo empreendimento. A realização chegou a bordo de um ônibus Volvo B 58, 1996, que anteriormente cumpria seu destino de coletivo em Curitiba. Ou seja, um ex-ligerinho – currículo respeitável para qualquer ônibus que se preze. Com uma grande loja de artesanato em Nova Iguaçu, Alexandre cansou de sua rotina. Antigo plantador de soja, viu seu primeiro negócio ruir, após o pacote econômico do governo Collor, e mudou de rumo: da agricultura para o artesanato. Obteve sucesso com a produção de peças em MDF e tornou sua loja um ponto conhecido. Passou, então, a sonhar em adquirir um ônibus e transformá-lo, usando o know how de artesão, em uma moto home. A ideia era sair com a família, parando ora numa cidade, ora em outra, e mudar novamente o rumo de sua vida. pacidade para preparar 7kg de carne em 14 minutos. Senna importou a máquina por 25 mil dólares e, feitas as alterações necessárias, estacionou seu novo empreendimento na principal praça de Guapimirim, onde trabalha com o auxílio da mulher, Cláudia, e da filha, Martha. Frota de lanchonetes Se depender do empresário, que já tem outro ônibus, dois anos mais novo, para transformar em lanchonete, em breve o Estado do Rio de Janeiro vai ter um enxame de Vespas. Ele quer, em seis anos, chegar a 80 lanchonetes. Os locais escolhidos incluem Itaboraí e Piabetá. Guapimirim servirá de treinamento para os profissionais que irão trabalhar nas outras unidades. O interior da Vespa conta com um potente aparelho de ar-condicionado, tem tudo o que uma lanchonete comum necessita para funcionar e reflete a preocupação com a higiene. A repórter precisou colocar uma touca de proteção para entrar na cozinha, e pôde ver de perto a organização e limpeza reinantes no ambiente. Morador do Caleme, em Teresópolis, bairro profundamente atingido pelas enchentes de janeiro na região serrana fluminense, Senna providencia sua mudança para Guapimirim, enquanto sonha com o sucesso de seu empreendimento, que pretende transformar em franquia. A Revista Ônibus deseja uma boa viagem, pelo caminho do sucesso, a bordo de coletivos que se aposentaram do transporte público, mas podem continuar servindo à população. Vocês devem estar se perguntando: mas por que o nome Vespa? Não há resposta lógica. Senna gostou e pronto. Entre o ideal e o possível A preocupação com o impacto que essa opção poderia ter na vida financeira dos Senna acabou levando-o à adaptação não só do ônibus, mas também do sonho: a moto home cedeu lugar à mais nova lanchonete da pacata cidade de Guapimirim, na Baixada Fluminense, ao pé da serra de Teresópolis. Com um letreiro (a vista do ônibus) piscando o nome “A Vespa”, a lanchonete é especializada em frango à la broesner, modalidade que conheceu em suas viagens ao exterior. O segredo é a máquina utilizada para a fritura, com ca- 41 Revista Ônibus linha & letra “A vida que corre nos ônibus” Publicação da Fetranspor mostra importância do ônibus na vida das pessoas O livro revela a participação dos ônibus na vida cotidiana do carioca – na alegria pagã do carnaval, na fé das manifestações religiosas, na paixão inexplicável pelo futebol, na esperança que se renova a cada ano novo, nos ensinamentos da educação, na sabedoria dos idosos, nas manobras desafiadoras do surfe, no triunfo do vestibular, na tradição das festas juninas, no exercício da democracia nas eleições, e na superação de limites imposta pelo esporte. São 12 capítulos permeados com fotos de Marian Fichtner; trechos de músicas de Chico Buarque, Martinho da Vila, Lulu Santos, Roberto e Erasmo Carlos, entre outros artistas consagrados; e frases de escritores e jornalistas, como Nelson Rodrigues, Heywood Braun e Hippolyte Jean Giraudoux. As imagens são flagrantes de cariocas de todas as idades vivendo ocasiões importantes do calendário popular. O livro mostra, através de fotos belíssimas, como o ônibus é parte integrante da vida das pessoas e de seus sonhos. “Passageiro do fim do dia” De Rubens Figueiredo, Companhia das Letras, 197 páginas A história se passa dentro de um ônibus, ao entardecer de uma sextafeira, durante o trajeto entre a casa de Pedro e de sua namorada, Rosane. Pedro tem 30 anos e é dono de um sebo modesto em sociedade com o amigo Julio. A viagem de ônibus se arrasta em um congestionamento interminável, quando Pedro divaga sobre a realidade que o cerca e os problemas contemporâneos, como a violência, a pobreza e o desemprego. Ao mesmo tempo em que se envolve com seus pensamentos, o rapaz se dedica a ouvir música com fones de ouvido e à leitura da obra de Charles Darwin. Também observa as reações das pessoas dentro e fora do ônibus e as consequências do trânsito caótico. Em meio a tudo isso, o leitor é conduzido para dentro da história de Pedro, Rosane e de sua mãe viúva, levando-o a refletir sobre a sua. Revista Ônibus 42 43 Revista Ônibus Revista Ônibus 44