2. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação
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2. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação
EDIÇÕES Título Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Estudo realizado no âmbito de um projecto promovido pelo IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional / CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, em parceria com a Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa Deficiente, a Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social e a Federação Portuguesa de Centros de Formação Profissional e Emprego de Pessoas com Deficiência Coordenação do Projecto Equipa responsável pelo estudo Edição Jerónimo Sousa Luís Capucha Miguel Cabrita Ana Salvado Maria Álvares Ana Lúcia Paulino Susana Santos Rita Mendes Centro de Reabilitação Profissional de Gaia Av. João Paulo II – 4410-406 Arcozelo VNG +351 227 537 700 www.crpg.pt Local e data Vila Nova de Gaia – Junho 2004 Design gráfico e maquetização Conceptprint Execução gráfica Conceptprint_223708681 ISBN 972-98266-2-5 Tiragem 3000 exemplares Dep. Legal 213224/04 Projecto apoiado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica ao QCA III - Eixo FSE UNIÃO EUROPEIA Fundo Social Europeu Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 1. Introdução A informação constante deste relatório foi recolhida, tratada e analisada no quadro de um projecto de investigação sobre os “Impactos das Intervenções do Fundo Social Europeu no Domínio das Pessoas com Deficiência em Portugal”, apoiado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica ao QCAIII – Eixo FSE. Este projecto teve como suporte institucional o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG), trabalhando em parceria alargada com o IEFP, a FENACERCI, a FORMEM e a AFID. O trabalho de pesquisa empírica e a concepção dos instrumentos que a precederam foi conduzido por uma equipa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia CIES/ISCTE, entre Julho e Dezembro de 2003, tendo em vista a produção de um relatório final de projecto que respondesse, de forma sustentada, às principais interrogações na origem do projecto. No capítulo inicial do relatório serão mapeadas as principais questões relativas ao enquadramento teórico do problema e as notas metodológicas mais relevantes no quadro da pesquisa levada a cabo. Segue-se um capítulo de enquadramento e caracterização das amostras com as quais foi possível trabalhar neste relatório: por um lado, os utentes das instituições que operam no campo da reabilitação profissional das pessoas com deficiência, inquiridos por via de um questionário; por outro lado, as organizações que responderam à solicitação de participação no estudo. Os capítulos seguintes serão integralmente dedicados à aferição e análise de impactos ao longo das dimensões e indicadores definidas no modelo teórico utilizado como instrumento de referência da pesquisa empírica. 6 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 1- Enquadramento e caracterização da amostra 1.1- Enquadramento teórico-metodológico do projecto 1.1.1- Transformações estruturais e europeização A sociedade portuguesa viveu, nas últimas décadas, e em particular desde os anos 60 do século passado, processos de acelerada e profunda mudança social em inúmeros domínios. Esta mudança foi, em muitos casos, sinónimo de desenvolvimento e modernização, descrevendo Portugal uma trajectória de convergência com os padrões sociais e económicos característicos dos países mais avançados, ou mais centrais. De facto, tais processos de mudança foram de tal modo significativos que faz sentido falar-se numa transformação estrutural (Machado e Costa, 1998: 17). Como em todos os processos de mudança social, porém, e embora sejam identificáveis momentos históricos e domínios de análise em que existem rupturas visíveis com um passado não muito distante, as dinâmicas de transformação estrutural foram graduais e gradativas, e devem por isso ser lidas tendo como referência as condições de partida a partir das quais são analisáveis. É neste sentido que Portugal pode hoje ser caracterizado como um cruzamento, muitas vezes singular, de traços mais típicos dos países mais avançados do espaço europeu e de outras características, mais próximas de espaços sócio-económicos de outras latitudes, e de modo particular do Sul da Europa e do Mediterrâneo. Um dos factores de transformação da sociedade portuguesa mais determinantes que, historicamente, podemos identificar nos decénios mais recentes reside, sem dúvida, nas dinâmicas resultantes dos processos de europeização. Europeização que se joga não apenas na adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, em meados dos Anos 80, e na crescente integração económica e política que daí adveio, mas também na crescente aproximação à Europa como padrão simbólico de referência do país. Com efeito, a União Europeia tem funcionado, nas últimas décadas, como um poderoso pólo de harmonização política para os países que dela fazem parte. Sendo provável que este enunciado tenda a ganhar ainda maior pertinência à medida que a construção europeia vai dando sucessivos passos, os efeitos dos processos de aproximação entre realidades nacionais tradicionalmente estanques, e em alguns casos muito distantes do ponto de vista geográfico, económico e social, fazem-se sentir por diferentes vias. Por um lado, através de uma dimensão mais estritamente normativa, consubstanciada quer em directivas comunitárias e em outros instrumentos jurídicos com poder de coercividade mais efectiva, quer ainda nas orientações e resoluções da chamada “soft law” - modelo privilegiado pelo método de coordenação aberta, que ganhou um protagonismo crescente em anos recentes, e em especial a partir da Cimeira de Lisboa em 2000. Por outro lado, a integração das realidades nacionais faz-se sentir também através de fluxos de transferências Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal financeiras de volume e impacto muito significativo, associados a instrumentos de regulação de banda estreita, e a partir de grandes programas comunitários com uma componente de orientação política em alguns casos muito precisa. No caso dos países do Sul da Europa, e especialmente em alguns sectores específicos de actividade, o impacto desta vertente financeira tem impactos estruturantes e de longo prazo na moldagem das realidades nacionais. De tal modo que, nos chamados “países da coesão”, nos quais Portugal se inclui de modo muito claro, estas pressões para a harmonização representam também processos de longo prazo no sentido de uma convergência real com os níveis médios de desenvolvimento e com os padrões sociais e económicos dominantes no espaço europeu. Tais impulsos para a convergência gozam, além do mais, de um enorme protagonismo nestes espaços nacionais; e, associada a essa visibilidade, de uma importância simbólica preponderante para os processos políticos e sociais internos. Neste sentido, e em virtude da centralidade de que goza nas agendas nacionais, a União Europeia (e, em particular, aquilo que é característico dos países mais desenvolvidos que a constituem), cumpre também o papel de referente simbólico incontornável da actuação política. Trata-se, no fundo, de uma função referencial, de benchmarking, que, para o nosso país como para outros que fazem ainda um esforço de convergência no plano de múltiplas vertentes do desenvolvimento económico e social, é decisiva para a aceleração e maximização do potencial de desenvolvimento das regiões da Europa cuja situação é ainda de periferia, ou de desvantagem, em tantos domínios. Os efeitos homogeneizadores da construção europeia jogam-se, por isso, em pelo menos três vertentes: harmonização ao nível da regulação, estímulo à convergência e europeização simbólica. Por esta última, entende-se aqui o processo através do qual a Europa se constitui em padrão de referência para a moldagem e legitimação dos processos políticos e sociais nas diferentes realidades nacionais. Seja através de impulsos políticos concretos; seja através da construção de agendas públicas e privadas; seja ainda através da definição de mapas simbólicos e factores de legitimidade dos processos políticos e sociais, muito para além das incidências de cada uma das primeiras. Em múltiplos campos, os últimos vinte anos da sociedade portuguesa constituem um exemplo paradigmático desta tripla dimensão dos processos de europeização. Curiosamente, e apesar daquilo a que poderíamos chamar o processo de europeização da sociedade portuguesa ser provavelmente uma das viragens históricas com maiores consequências do ponto de vista das transformações estruturais, o impacto concreto da integração europeia, seja em termos genéricos, seja em termos dos domínios específicos em que teve reflexos, está ainda pouco estudado, sobretudo se tivermos em conta o seu carácter aparentemente determinante (mas insuficientemente documentado) na configuração actual de muitos domínios da realidade social em Portugal. 7 8 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No caso da sociedade portuguesa, e como é frequente em contexto suleuropeu, para além de toda a dimensão política, cultural e simbólica, a crescente integração no espaço europeu traduz-se desde logo na importância das relações e fluxos económicos no âmbito desse espaço para a estruturação da sociedade portuguesa. Desses, os fluxos financeiros directos associados aos fundos, nomeadamente estruturais e de coesão interna da União Europeia, associados a instrumentos de política comunitária, são apenas uma parte. Mas são, para uma análise de impactos, uma parte extremamente significativa, tendo em conta não apenas os montantes em causa mas também a componente de orientação política com fins precisos que lhes está subjacente. Curiosamente, também os impactos, económicos e sobretudo sociais, destes fundos comunitários estão largamente por estudar, constatação que contrasta com os objectivos de mudança e de produção de impactos que originam e justificam a existência de fundos e programas comunitários. O presente estudo enquadra-se neste contexto e pretende constituir um contributo concreto para a medição dos impactos dos fluxos financeiros oriundos da União Europeia num domínio específico: o da reabilitação profissional das pessoas portadoras de deficiência. E fá-lo, portanto, num domínio que pode ser, a este respeito, particularmente elucidativo e interessante. Por um lado, porque a rapidez e profundidade das transformações da sociedade portuguesa nas últimas décadas conhecem nas mudanças ao nível dos padrões e níveis de protecção social, um campo privilegiado de análise, no âmbito da trajectória de desenvolvimento do Estado-providência português no quadro dos regimes de protecção social sul-europeus (Ferrera, Hemerijck e Rhodes, 2000; Silva, 2002). Por outro lado, porque mesmo pensando já no quadro desta lógica de desenvolvimento dos sistemas de protecção social em Portugal, nas quase duas décadas que se seguem à adesão à então Comunidade Europeia um dos domínios mais específicos que conheceu mais amplas transformações foi, precisamente, a protecção dos grupos mais desfavorecidos – em que as probabilidades e riscos de pobreza e de exclusão são mais vincados. Aliás, ocorreram profundas transformações nas faces da pobreza e da exclusão em Portugal, e nos modos de vida que lhes estão subjacentes (por exemplo, Capucha, 1998). Compreender estes processos específicos do caso português e as suas implicações passa, no entanto, por contextualizá-los nos traços estruturais e trajectos da protecção social à escala europeia. 1.1.2. Estado-providência e modelos de protecção social Ao longo do último século, o Estado-providência constituiu-se como uma referência histórica, não apenas na óptica dos níveis de protecção social que proporciona e como forma de a organizar, mas, mais do que isso, como todo um modelo de organização e regulação social que se estende a domínios bem mais Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal vastos que o das políticas sociais, entendidas no seu sentido estrito. Muitas vezes considerado uma realidade, e até uma marca histórica, primordialmente europeia, a verdade é que as discrepâncias entre as suas diferentes concretizações nacionais são, em muitos casos, extremamente significativas. Faz, por isso, todo o sentido pensar sempre na pluralidade de realidades que se materializam sob a designação genérica de Estado-providência - como alias, é regra na literatura especializada nestas questões. Em primeiro lugar porque, desde logo, a protecção social é um dos domínios clássicos em que os diferenciais de desenvolvimento tenderam a manifestar-se de forma muito visível, articulando-se de forma muito próxima com os padrões de desenvolvimento económico de diferentes países do espaço europeu. Mas a diversidade dos modelos de protecção social não se deve apenas a diferenciais históricos de desenvolvimento e aos seus eventuais e correlativos reflexos nos níveis de protecção social proporcionados aos cidadãos. Também diferentes opções ideológicas e tradições históricas de organização da protecção social desempenharam um papel na moldagem da arquitectura de cada um dos Estadosprovidência nacionais que ao longo do século XX foram ganhando forma no espaço europeu. Ou seja, quando procuramos compreender a diversidade de modelos de protecção social existentes, mesmo nos países mais desenvolvidos, é fundamental ter em linha de conta pelo menos dois critérios. Por um lado, critérios de volume, capacidade e intensidade de protecção: seja dos níveis de protecção proporcionados aos cidadãos, seja na cobertura de riscos sociais previstos, seja ainda nos montantes a que essa protecção corresponde. Por outro lado, critérios ideológicos, porque níveis de protecção semelhantes e riscos sociais cobertos podem ser abordados politicamente com a partir de pressupostos muito diversos e com medidas igualmente muito diferenciadas. Por último, e aqui numa lógica mais diacrónica, é também importante ter em conta a evolução histórica dos sistemas de protecção social: a sua sedimentação ou juventude, os ritmos e configurações da sua construção. Naturalmente, as consequências sociais e políticas destas divergências são apreciáveis e não se cingem a distinções técnicas ou de configuração dos aparelhos burocráticos, concebidos de formas não sobrepostas nas diferentes realidades nacionais. Antes têm como raiz primeira entendimentos, política e ideologicamente muito diferenciados: das áreas prioritárias; dos riscos específicos que são mais e menos valorizados; das soluções mais e menos apropriadas para cada um deles; dos grupos sociais que são diferentemente atingidos e de quais devem ser mais ou menos protegidos, beneficiados e prejudicados; das matrizes de política equacionadas e passadas à prática em contextos económicos por vezes muito diferenciados. Assim, os diferentes modelos, arquitecturas e configurações concretas dos Estado-providência existentes na Europa têm implicações muito distintas na óptica 9 10 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal da protecção social, quaisquer que sejam os grupos de cidadãos aos quais nos referimos para analisar este aspecto das políticas públicas. Habitualmente, são identificados na literatura especializada três ou quatro grandes modelos de Estado-providência, justamente jogando com as duas grandes ordens de critérios acima referidas. Por exemplo, e de acordo com uma das propostas mais conhecidas, a de Esping-Andersen (1990), existem três grandes tipos de Estados-providência: liberal, conservador e social-democrata. Distinção feita com base nas orientações globais subjacentes aos dispositivos de política existentes em diferentes grupos de países. Por seu turno, Maurizio Ferrera, Anton Hemerijck e Martin Rhodes (2000) identificaram quatro grandes modelos de Estado-providência: escandinavo, continental, anglo-saxónico, sul da Europa. Na prática, e porque a diferentes orientações ideológicas correspondem também, até certo ponto, diferentes graus de centralidade e valorização das políticas sociais e da protecção social, tende a haver alguma aproximação do ponto de vista do agrupamento de países entre tipologias que não seguem o mesmo critério preferencial. Interessante é verificar como as questões da igualdade de oportunidades aparecem matizadas de forma muito diferente consoante opções de política muito divergentes mas que correspondem, no essencial, à cobertura dos mesmos riscos sociais - e por vezes com níveis de protecção elevados. 1.1.3. Reabilitação profissional em Portugal, transformações do Estadoprovidência e dinâmicas de europeização A questão é justamente esta: se os riscos sociais podem ser entendidos e cobertos de formas diferentes, que implicações práticas têm estas diferenças? Pensando, por exemplo, no campo da deficiência, é possível proteger eficazmente as pessoas com deficiência garantindo-lhes benefícios sociais generosos que tendencialmente as isentem da participação do mercado de trabalho e, de modo mais genérico, nas dinâmicas de inclusão social. Esta estratégia, sendo na aparência mais protectora, é também mais propícia a situações de exclusão social, não especificamente por via da pobreza e da privação de bens materiais, mas por via do afastamento da participação em esferas fundamentais da vida social como o trabalho, uma vez que na prática aquilo que é subsidiado é também a inactividade. É também uma estratégia que marginaliza as pessoas com deficiência. Sobretudo porque, mesmo se legalmente isso pode não ser claro, o lugar simbólico naturalizado da pessoa com deficiência é fora do mercado de trabalho e, no essencial, a cargo dos benefícios públicos e das solidariedades privadas que lhe são proporcionados. Durante muitas décadas, foi num contexto ideológico marcado pela escassez dos primeiros que a problemática da pessoa com deficiência na sociedade portuguesa, redundando numa matriz passiva de assistencialismo fatalista e conformado que só em anos recentes se terá, significativamente, invertido. Pelo contrário, justamente, é possível proteger os riscos sociais associados à deficiência promovendo a participação social e a inclusão no mercado de trabalho, Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal se necessário através de medidas compensatórias e de incentivos a essa inserção. Os resultados, seja do ponto de vista da taxa de actividade, seja do ponto de vista da inserção efectiva no mundo do trabalho, são inteiramente diferentes da estratégia anterior. A orientação das políticas sociais ditas “activas” vai justamente neste sentido. Esta viragem ideológica é paralela a uma outra, que diz respeito a um conjunto de transformações estruturais nas últimas décadas em todo o campo da protecção social em Portugal e, especificamente, no campo da reabilitação profissional das pessoas com deficiência em Portugal. Neste quadro, a questão que faz sentido colocar é, justamente, quais os impactos que a europeização teve nesta área; qual a sua relação directa com as transformações entretanto ocorridas; e que transformações, em concreto, e num conjunto muito diversificado de níveis, tiveram de facto lugar.Tendo em conta que o Fundo Social Europeu desempenhou, em muitas das dinâmicas no campo da reabilitação profissional, um papel primordial, ele torna-se num elemento-chave e num fio condutor e de ancoragem de qualquer análise a este respeito. Assim, o presente projecto tem como objectivo central, a análise e medição multidimensional dos impactos directos e indirectos das iniciativas desenvolvidas no âmbito do Fundo Social Europeu, desde 1987, sobre a reabilitação das pessoas com deficiência em Portugal. Evidentemente, estes impactos são complexos e, como se refere na formulação acima utilizada, multidimensionais. É neste sentido que o modelo de análise utilizado recorre a níveis, dimensões e indicadores de aferição diversificados, recobrindo um leque muito amplo de áreas de impacto potencial. Quando falamos da reabilitação profissional das pessoas com deficiência em Portugal falamos, grosso modo, de um campo de actividade social. De um campo em que se movimentam diferentes actores sociais, individuais e colectivos, e em que há regras de estruturação interna que se prendem com as condições materiais e políticas de actuação. Estas, por seu turno, são construídas a partir, quer das dinâmicas internas à própria construção histórica das práticas de reabilitação em Portugal, quer das relações estruturais que estas mantêm com outras esferas de produção social e que têm um peso significativo na sua moldagem. É tendo em atenção a complexidade do universo da reabilitação que é possível identificar diferentes níveis de análise e as dimensões concretas em que podemos tornar mensuráveis, no concreto, os impactos das intervenções do Fundo Social Europeu. Ou seja, a partir de que referenciais é possível analisar a matização precisa das dinâmicas de transformação e permanência que o FSE induziu ao longo dos anos sobre o campo da reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Importa, a este respeito, formular desde logo uma hipótese prévia de trabalho que é necessário explicitar, visto que esta funciona de algum modo como adquirido e está, inclusivamente, implícita na própria formulação do projecto. Essa hipótese é a visão segundo a qual, à partida, se assume como sendo provável que o Fundo 11 12 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Social Europeu exerceu pressões muito significativas no sentido de produzir fortes impactos na transformação do sistema e das práticas de reabilitação profissional. Em parte, esta base de trabalho decorre de razões que foram já assumidas na apresentação do projecto – e que serão, obviamente, investigadas, exploradas e documentadas. Por outras palavras, é esperável que existam efeitos e impactos muito significativos do FSE sobre a reabilitação em Portugal. Neste sentido, e como se depreende da formulação do objectivo central que assumimos, aquilo que se procurará fazer é, justamente, investigar os impactos mesuráveis desse input de certo modo externo, pelo menos no seu impulso inicial, sobre as diferentes dimensões do sistema de reabilitação profissional, e os efeitos eventualmente observáveis para além dos esperáveis impactos directos. Outra questão que, neste âmbito, merece a pena discutir é a da hipotética internalização sistémica do impulso do Fundo Social Europeu no próprio sistema de reabilitação, como efeito plausível do seu carácter estruturante sobre todo o campo em Portugal. Esta diferença remete para uma distinção conceptual entre efeitos e impactos. Pelos primeiros, entendemos aqui diferenciais de resultados e de configurações em função de transformações ocorridas; pelos segundos, referimo-nos aos efeitos que se tornam duráveis, i.e., prolongados no tempo e inscritos na própria lógica de estruturação da realidade. No caso concreto da reabilitação profissional, parece pertinente assumir que o peso do FSE sobre o sistema de reabilitação se tornou de tal maneira determinante na moldagem e evolução deste ao longo dos últimos anos que pode fazer sentido considerar o Fundo Social Europeu como uma dinâmica de algum modo internalizada nas próprias lógicas de funcionamento do sistema. Este aspecto relaciona-se, aliás, de modo próximo com a pertinência da aferição dos impactos do FSE sobre a reabilitação em Portugal hoje, tendo já em vista uma provável transformação do quadro de fundos estruturais a partir de 2006. Em todo o caso, e na óptica que aqui nos conduzirá as interrogações a que é necessário responder são, e como acima se referia: a de saber que impactos e efeitos medir; quais são identificáveis em concreto e qual a sua extensão; e como aferir da sua relevância não apenas do ponto de vista das linhas directrizes, explícitas e implícitas, do Fundo Social Europeu, dos seus programas e orientações e respectiva regulamentação ao longo dos anos, mas de modo mais genérico, sobre as configurações institucionais e das práticas no âmbito do sistema de reabilitação em Portugal. Isto, evidentemente, admitindo que este sistema, pese embora o carácter potencialmente determinante dos efeitos do FSE, não pode ser analisado apenas por referência aos seus efeitos directos e é fundamental ter em consideração toda uma constelação complexa de actores profissionais e sociais, configurações institucionais, tradições de actuação e de relação com contextos sociais envolventes, com traços específicos que importa não perder de vista. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 1.2. -Modelo de aferição e análise de impactos do Fundo Social Europeu O percurso de pesquisa aqui sumariamente apresentado é tanto mais importante quando, numa constatação paralela ao facto de haver relativamente pouca investigação em Portugal sobre algumas das questões que se jogam em torno das problemáticas aqui afloradas, o grau de consolidação de indicadores de “performance” dos impactos directos e indirectos do FSE sobre estas áreas não é muito elevado. Ou seja, não está em causa, apenas, a inexistência de investigação empírica; o que está em causa é a própria definição de referenciais de aferição dos impactos nesta matéria. Tal realidade advém, desde logo, de uma indefinição a montante, ao nível da disponibilidade de referenciais de impactos concretos e mesuráveis, a partir das próprias entidades europeias e nacionais que definem e gerem os programas existentes. Isto é, os instrumentos existentes – como veremos – enunciam objectivos políticos e ideológicos e áreas e ópticas de intervenção prioritária, mas tendem a não apresentar um grau de sistematicidade comparável. Neste sentido, embora a definição de partida das condições de aplicação do Fundo Social Europeu incorpore, naturalmente, matrizes de aplicação e de atribuição de financiamento que dão indicações, mesmo que mais ou menos precisas, para impactos de tipos determinados, não é possível proceder a uma medição que tenha como eixo referenciais detalhados de indicadores previamente estabelecidos – porque estes, de facto, não existiam. Acresce que, quer a regulamentação do Fundo Social Europeu, quer os critérios de atribuição de fundos, quer a própria arquitectura do sistema que sustenta a sua aplicação, apresentam mudanças importantes ao longo dos mais de quinze anos de aplicação do FSE em Portugal, que percorrem três Quadros Comunitários de Apoio distintos. Enquanto no primeiro Quadro Comunitário de Apoio, os impactos sobre o sistema de reabilitação profissional português foram produzidos através dos Programas Operacionais 7 e 12 e da Iniciativa Comunitária Emprego (eixo HORIZON), no segundo QCA esses efeitos foram canalizados sobretudo por via do Subprograma INTEGRAR, tendo em tempos mais recentes o QCA III e o Programa de Iniciativa Comunitária EQUAL assumido um papel determinante. Naturalmente, estamos perante transições não apenas nominais; à arquitectura variável dos sistemas correspondem práticas e modelos de enquadramento distintos, cujas lógicas é essencial perceber. Esta realidade faz, desde logo, com que seja plausível avançar com a hipótese de trabalho segundo a qual é esperável encontrar tipos e dimensões diferentes de impactos em diferentes períodos de vigência do FSE em Portugal. Esta hipótese, aliás, é justificada também pelo aprofundamento das experiências no terreno e do próprio tempo de maturação dos impactos com o decorrer do tempo. Do ponto de vista metodológico, isto implica um necessário descentramento do presente, incorporando na análise uma visão diacrónica da evolução dos impactos do FSE 13 14 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal sobre a reabilitação profissional dos cidadãos portadores de deficiência. Daí que, em partes importantes do relatório, a lógica diacrónica centrada em unidades de periodização definidas tendo em vista a vigência dos quadros comunitários (e respectivos instrumentos) seja um enfoque analítico importante. Ainda assim, é importante uma ressalva: constituindo, é certo, uma limitação nas opções disponíveis à partida, estes elementos – e em particular a ausência de um referencial de impactos estabilizado para o período em análise – permite-nos estabelecer desde logo uma fronteira no estatuto metodológico do projecto que nos propomos realizar. Não se trata de uma avaliação dos impactos, que não é possível por não existirem referenciais de impacto previamente definidos e institucionalmente validados; o que está em causa é antes fazer uma medição desses impactos a partir de modelos de análise definidos a posteriori que são, para todos os efeitos, (re)construções dos impactos que é possível identificar, quer a partir das experiências de reabilitação no terreno, quer a partir de reflexões produzidas a partir delas, em diferentes níveis do sistema de reabilitação. Este facto, note-se, não diminui o estatuto metodológico do projecto; antes representa um desafio acrescido do ponto de vista do seu alcance epistemológico. Do ponto de vista teórico, o contributo central para a construção de um modelo de análise dos impactos das intervenções do Fundo Social Europeu sobre as pessoas com deficiência em Portugal é aquele que foi recentemente desenvolvido por Veiga, Sousa, Nunes e Fabela (2002). Esta definição de um referencial de indicadores constituiu um trabalho de construção teórica necessariamente prévio ao trabalho de pesquisa empírica, e este relatório constitui, precisamente, uma pesquisa tendo como objectivo a aplicação de um esquema global, coerente e multidimensional de medição de impactos. Naturalmente, este modelo esteve aberto a reformulações, precisões e contributos que permitiram quer aprofundar algumas das suas vertentes, quer (sobretudo) operacionalizar de modo eficaz as opções então tomadas. O modelo de análise construído por Veiga, Sousa, Nunes e Fabela (2002) para aferir os impactos do Fundo Social Europeu resulta numa bateria de indicadores construída a partir de três grandes dimensões. Esta bateria de indicadores está sistematizada numa grelha de análise que reúne um conjunto de dimensões, subdimensões, variáveis de impacto e indicadores de medição. A primeira destas dimensões refere-se fundamentalmente a uma aferição de impactos ao nível das pessoas com deficiência, i.e., as utilizadoras das práticas de reabilitação profissional proporcionadas pelas organizações que actuam em Portugal. Estes impactos são medidos ao longo de sub-dimensões como as que se referem ao desenvolvimento pessoal, o bem-estar, ou a inclusão social. A segunda dimensão prevista no modelo teórico e incluída na grelha de análise reporta-se aos impactos do FSE sobre as organizações que se dedicam à reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Nesta dimensão, são analisados impactos jurídico-normativos, económicos e financeiros, tecnológicos, organizacionais, sócio-profissionais e simbólico-culturais. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Por fim, uma terceira dimensão diz respeito ao “sistema” de reabilitação profissional. São aqui analisadas questões relativas à política e ideologia, instrumentação técnica, redes de actores e recursos, gestão e estratégia, redes e parcerias e visibilidade política e social da problemática da deficiência. 1.2.1- Notas metodológicas É este, nas suas linhas gerais, o modelo teórico que serve de base à aferição de impactos efectuada no âmbito do presente relatório. Foi para encontrar informação susceptível de responder aos indicadores a partir dele definidos que foi definida a estratégia de recolha de informação. Os dados empíricos que permitem cumprir este objectivo foram obtidos através de um processo de recolha de informação sustentado por vários instrumentos especificamente concebidos para o efeito. Antes de apresentar os diferentes instrumentos e dispositivos de recolha e tratamento da informação, importa referir que este processo, tendo em vista o objectivo analítico do projecto, se revestiu de uma assinalável complexidade. Em primeiro lugar, dadas quer as especificidades da população em causa, quer a complexidade (e riqueza) das problemáticas em questão. Em segundo lugar, tendo em conta os prazos extremamente exíguos que foram definidos para a execução de um projecto de investigação que implicava a recolha de um volume muito elevado de informação, de tipos muito diferentes e proveniente de fontes diversas e dispersas. Os limites do tempo fazem com que a informação recolhida no quadro do projecto tenha um potencial de exploração adicional muito superior àquele que foi, possível, para já, encetar. O tempo disponível entre a recolha da informação e o seu tratamento e análise e, adicionalmente, a preocupação de prolongar os tempos de resposta a alguns dos instrumentos, era, com efeito, reduzido, possibilitando níveis de tratamento dos dados que podem ser desenvolvidos a partir das bases informativas já constituídas. A preocupação central foi, nesta fase, garantir um nível de exploração da informação que garantisse a possibilidade de retirar, desde já, conclusões claras no plano dos impactos do Fundo Social Europeu nas áreas mais importantes que o modelo teórico identifica. Assim, ficam salvaguardados os objectivos centrais da pesquisa, a qualidade da análise aqui desenvolvida, e a identificação de direcções de aprofundamento e exploração do material existente. O presente relatório responde, no essencial, a estas preocupações, e com elas aos objectivos definidos à partida. Sem prejuízo desta constatação, porém, seja em termos extensivos, seja em termos de aprofundamento de temáticas já exploradas neste âmbito, há no entanto todo o interesse, do ponto de vista do conhecimento científico e, acima de tudo, de auto-reflexividade do próprio sistema, em prosseguir um trabalho adicional de potenciação das possibilidades da informação agora produzida e tornada disponível. 15 16 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Foi neste contexto de desenvolvimento do projecto que as opções metodológicas do trabalho de pesquisa e na condução de todo o projecto se revestiram de especial importância. Desde logo, só a partir de um trabalho em parceria alargada e muito próxima entre a equipa de investigação do CIES e os parceiros institucionais do projecto – a que se juntou, como veremos, um número considerável de organizações no terreno – foi possível cumprir o conjunto de objectivos definidos à partida no prazo estabelecido. Este trabalho de parceria processou-se a, pelo menos, dois níveis: a) reuniões regulares de um grupo de pilotagem (incluindo representantes, para além do CIES, do CRPG, IEFP, FENACERCI, FORMEM, AFID e IGFSE), que monitorizou o andamento dos trabalhos ao longo do tempo e que foi um interlocutor decisivo, quer em termos de discussões de carácter técnico, quer para agilizar, por exemplo, o trabalho de campo; b) sensibilização e mobilização das organizações que trabalham no terreno para participarem no processo de recolha de informação e disponibilizarem recursos técnicos e logísticos para o efeito. Quanto ao universo com o qual trabalhamos – o das organizações e beneficiários da reabilitação profissional de pessoas com deficiência -, é importante tecer algumas considerações a este respeito. Por diversas razões, que vão desde a problemática delimitação teórica e prática exacta das fronteiras da reabilitação no âmbito do trabalho das pessoas com deficiência à possibilidade de existência de práticas localizadas de reabilitação não financiadas ou não inteiramente mapeadas pelo sistema, contabilizar com exactidão, do ponto de vista quantitativo, o número de instituições em que existem programas de reabilitação profissional de pessoas com deficiência, não é uma tarefa linear. No entanto, era importante garantir uma aproximação tão grande quanto possível ao universo das organizações que operam em reabilitação profissional. Optou-se, assim, por recorrer a uma abordagem sistémica do universo de organizações, utilizando essa base de trabalho como um veículo para chegar aos utentes e técnicos. Ou seja, foi seguida uma metodologia de aproximação à empírica baseada nas coordenadas fornecidas pelas próprias entidades que enquadram do ponto de vista da gestão do sistema e das dinâmicas federativas (ou associativas de 2ª ordem). Esta estratégia permite criar condições para afirmar, com elevada margem de segurança, que a amostra que foi construída tem um grau de sobreposição muito elevado face ao universo total das instituições a trabalhar na área. Com efeito, o universo de instituições com as quais trabalhamos corresponde a uma listagem fornecida pelo IEFP, a partir da informação disponível no instituto sobre as organizações que trabalham no campo da reabilitação profissional. Isto significa que, mesmo que admitíssemos a existência de eventuais lacunas, muito pontuais, na cobertura real face ao universo de instituições, há garantias efectivas de que as entidades enquadradas no sistema através das estruturas federativas ou sinalizadas pela instituição que tutela, do ponto de vista do financiamento e gestão das políticas públicas, o sector da reabilitação profissional, estavam incluídas na Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 17 base empírica a partir da qual foram orientados os trabalhos de recolha de informação. Ficha de caracterização institucional O primeiro dos instrumentos utilizados no âmbito deste projecto foi uma ficha de caracterização construída com o objectivo de mapear alguns dados básicos relativos às instituições que operam no campo da reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Tratava-se, no essencial, de um instrumento destinado a constituir um pedido de informação centrado, do ponto de vista dos conteúdos, na recolha de informação relativa à história, dimensão, perfil organizacional e áreas de actuação das organizações em causa. Esta ficha de caracterização foi aplicada através de um procedimento de envio por via postal. Foi, no quadro deste modelo de aplicação, enviada em Julho/Agosto de 2003 a 140 instituições de todo o território nacional, uma vez que é também a esta escala que se jogam os objectivos analíticos da medição de impactos. Naturalmente, e como é também esperável e habitual em qualquer procedimento de aplicação de questionários, não foi possível obter de todas as organizações a informação pedida na ficha1. Uma vez que a resposta a este pedido de informação era um acto voluntário, como de resto sucede na maioria das situações de aplicação de questionários, existe sempre uma margem, variável, de “não respostas” à informação solicitada. No caso das aplicações por via postal, esta margem de não resposta costuma ser superior a outros modelos de aplicação deste tipo de instrumentos. Acrescendo ao facto de se ter tratado de uma aplicação por via postal, que já por si resulta em taxas de resposta mais baixas que por outras vias, é preciso ter em conta que o período de aplicação da ficha de caracterização foi em Julho/Agosto, coincidindo com o período de férias da maior parte dos técnicos das instituições, o que poderia servir (tal como foi sinalizado por muitas das organizações contactadas) como desincentivo ao envio, em prazos razoáveis, da informação pretendida. Assim sendo, a taxa de respostas, que globalmente rondou os 60%, pode ser considerada muito elevada. Constituindo um fim em si mesmo, este processo de recolha de informação, teve também um fim preparatório de fases subsequentes da recolha de informação. Nomeadamente, mapeando do ponto de vista geográfico e quantitativo as diferentes dinâmicas de intervenção em reabilitação profissional, o que permitiu definir depois o número de questionários a aplicar em cada organização (nomeadamente, no que toca ao questionário dos utentes). Questionário aos utentes Em Outubro de 2003, foi lançado um questionário aos utentes das instituições de reabilitação profissional. Este questionário foi enviado, por via postal, a todas as organizações constantes da base de dados inicial. Às instituições que haviam 1 Verificou-se, desde logo, que algumas das instituições sinalizadas não tinham, actualmente, práticas de reabilitação em volume significativo, e outras que, em resultado de processos de mudança organizacional, tinham passado a operar sob outras configurações, pelo que a ficha foi enviada para entidades que não estavam, na verdade, em condições objectivas de responder. O número avançado de 140 instituições como universo abrangido pelo envio postal já inclui, por isso, uma estimativa aproximada, corrigida do excesso de organizações que, efectivamente, não constituem não respostas, mas somente fragilidades na actualização da própria base de dados do sistema. 18 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal respondido à ficha de caracterização inicial, foi possível enviar pedidos de amostragem com base em percentagens do número de utentes então indicado; àquelas que não o fizeram, foi ainda assim, enviado um número de questionários mínimo para permitir a sua inclusão no processo de recolha de informação. Deste modo, embora não se garantissem índices de representatividade semelhantes aos das instituições acerca das quais havia dados detalhados, foi ainda assim possível garantir uma presença, mesmo que marginal, na amostra construída. Com este questionário, pretendia-se, no essencial, recolher informação relativa às dimensões do sistema de indicadores que remetiam para aspectos relacionados com as pessoas com deficiência. Nomeadamente, conhecer o perfil e percurso social, formativo e profissional dos utentes e, por outro lado, as suas percepções e opiniões sobre o seu processo de reabilitação e a importância e consequências que este teve, o sistema de reabilitação com o qual contactaram, a sua participação e inclusão social, entre outros aspectos. Essencial era também a preocupação de garantir que seria recolhida informação não apenas entre os actuais beneficiários, mas também entre antigos beneficiários entretanto já saídos da organização. Tendo em conta, por um lado, a evolução quantitativa do volume de pessoas apoiadas e, por outro, a maior dificuldade de acesso das organizações aos antigos beneficiários num curto espaço de tempo, era previsível que se pudesse gerar uma excessiva sobrerepresentação dos beneficiários actuais, razão pela qual se insistiu com as instituições para fazerem um esforço acrescido no sentido de incluir nos seus inquiridos um número substancial de ex-utentes. Globalmente, a proporção definida para a amostra pretendida rondava uma partição de 2/3 de utentes actuais, sendo o restante constituído por ex-utentes. O resultado final aproxima-se deste objectivo. Foi também pedido às instituições que escolhessem de forma aleatória, se possível, os inquiridos. Quando tal não se revelasse possível, foi pedido às instituições que assegurassem uma representação da diversidade de situações existentes no seio da instituição (sexo, idade, tipo de deficiência, sucesso ou não nos processos de integração). Desta forma, seria possível obstar a enviesamentos nas respostas obtidas. No sentido de obstar à complexidade do instrumento e, por outro lado, de lidar nesse contexto com as características particulares dos públicos destinatários e as dificuldades adicionais que estas levantariam, a opção tomada pela equipa de investigação e pelos parceiros do projecto foi no sentido de proceder a uma aplicação mediada do questionário. Isto é, a aplicação individual do questionário aos utentes foi feita pelos técnicos e formadores especializados das instituições, tendo em conta que isso facilitaria de forma decisiva os processos de comunicação e de recolha da informação pretendida2. Precedendo o lançamento deste questionário junto dos utentes, foram realizadas quatro reuniões regionais (Gaia, Coimbra, Lisboa, Beja), em finais de 2 Para além de uma inquirição piloto, ainda em fase experimental, do questionário junto de utentes do CIDEF (Lisboa), os membros da equipa de investigação procederam ainda à aplicação presencial de um número de questionários em diversas instituições de Norte a Sul do país, no sentido de controlar as condições de aplicabilidade do instrumento em diferentes públicos. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Setembro de 2003, com o intuito de explicar a técnicos e dirigentes das organizações o projecto, apresentar o questionário, recolher críticas e sugestões acerca da sua formulação e, por fim, desenvolver seminários de formação aprofundada sobre os métodos indicados para a aplicação do próprio questionário. Estas reuniões revelaram-se de grande utilidade, seja na ultimação da versão final do questionário, seja na promoção da familiaridade dos técnicos com o instrumento e disseminação do modelo de inquirição pretendido, optimizando assim as condições de aplicação do questionário junto dos utentes. Nestas reuniões de trabalho com os técnicos, foi fornecida não apenas formação aprofundada sobre a construção de cada pergunta do inquérito e o modo indicado de lhe responder, mas também indicações precisas sobre como lidar com a situação social de aplicação do questionário. Para apoiar a aplicação descentralizada do questionário, foi também concebido, discutido e melhorado nas reuniões e distribuído, juntamente com os questionários, um manual de apoio ao preenchimento. Este tipo de procedimento é comum na utilização de instrumentos de recolha de dados complexos por equipas numerosas, mas neste caso era de crucial importância. Do ponto de vista da qualidade e mesmo da validade da informação recolhida, estas sessões de formação (tratando-se de uma aplicação mediada por elementos exteriores à equipa) foram essenciais. Em todo o caso, e como acima foi dito, o complexo equilíbrio entre o controle do processo de recolha da informação e a possibilidade de contar com os saberes especializados dos técnicos e formadores na comunicação com as pessoas com deficiência era uma questão estratégica para todo o projecto de investigação. A capacidade de resposta das organizações e técnicos, seja nas reuniões, seja na recolha de informação, num tão curto espaço de tempo, foi surpreendente. No total, foi possível recolher 1978 questionários, entre actuais e antigos beneficiários, o que representa, em termos de taxa de resposta global, 65,9%. No entanto, esta taxa de resposta é diferencial. Isto é, foi proposto às organizações que cumprissem uma quota definida em função do número de utentes abrangidos, informação que tinha sido recolhida no quadro da ficha de caracterização enviada previamente3. No entanto, e para garantir a existência um número de questionários tão elevado quanto possível para posterior tratamento da informação, foi sugerido às organizações que, se assim o entendessem, poderiam exceder a sua quota. Algumas fizeram-no, outras pelo contrário não a cumpriram, por inteiro, mas por aproximação, devido ao cruzamento complexo entre celeridade dos prazos, diferentes capacidades de resposta e de volumes de recursos disponíveis. Como se esperava, houve também diferenciais de taxas de resposta entre actuais e antigos beneficiários – por questões de acessibilidade (na óptica das instituições) e de disponibilidade (na óptica dos ex-beneficiários), por exemplo. Destes 1978 questionários recebidos, 1314 eram questionários a actuais 19 3 Foram ainda enviados questionários, em quantidade marginal (10 actuais + 5 antigos beneficiários), a outras instituições que não responderam à ficha de caracterização. Esta opção foi tomada no sentido de incluir na amostra o máximo de organizações que fosse possível, tentando garantir uma representação, mesmo que mínima a quem não tinha respondido, por motivos diversos, à primeira ficha. A opção por quantidades reduzidas de questionários deveu-se ao facto de não ser possível obter informação sobre a real dimensão das organizações, ao contrário do que sucedeu com as outras. 20 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal beneficiários e 664 a antigos. Tendo em conta que foram enviados 2000 aos primeiros e 1000 aos segundos, temos taxas de resposta muito diferentes. Em todo o caso, o volume de questionários recebidos foi considerado muito satisfatório tendo em conta os objectivos numéricos que haviam sido traçados e os prazos de execução propostos. Questionário a técnicos, questionário a dirigentes, e ficha de informação financeira Poucas semanas depois de fechado o trabalho de campo relativo à aplicação do questionário dos utentes, e tal como as instituições já haviam sido informadas pelo plano de trabalhos divulgado nas reuniões de Setembro, foi enviado por via postal um questionário a técnicos e outro a dirigentes. Juntamente com estes dois instrumentos, foi ainda remetida uma ficha financeira que complementava informação das fichas de caracterização institucional. Estes questionários foram enviados, apenas, às instituições que responderam atempadamente ao pedido de dados de caracterização organizacional contidos na ficha de caracterização enviada num primeiro momento. Esta opção prendeu-se com o facto de só para essas organizações haver dados sobre o número de dirigentes, técnicos e formadores a trabalhar nas instituições. As taxas de resposta foram, surpreendentemente, bastante mais baixas do que sucedera com o questionário aos utentes. Esta surpresa deriva, aliás, em larga medida, do contraste acentuado que se estabelece entre a responsividade demonstrada no primeiro instrumento e no segundo momento de recolha de informação. O questionário aos utentes era mais complexo, mais pesado em termos numéricos, e envolvia um trabalho de campo mais demorado e difícil na recolha de informação; os instrumentos enviados neste segundo momento destinavam-se, fundamentalmente, ao autopreenchimento por parte dos profissionais envolvidos. Foram enviados 83 questionários a dirigentes, e recebidas 28 respostas em tempo útil. A taxa global de respostas foi, assim, de 33,7%. No que toca ao questionário a técnicos, foram enviados 630 questionários, e recebidos 338. A taxa de resposta foi de 53,6%. Por fim, a ficha financeira teve a seguinte taxa de resposta: 30,1% (foram enviadas 83, e recebidas 25 fichas). Estes números mostram que a taxa de respostas é mais baixa que nos utentes no caso dos técnicos, e ainda mais baixa no caso dos dirigentes e das fichas financeiras, onde encontramos já níveis de resposta abaixo do expectável. De referir ainda que mesmo estas taxas de resposta foram obtidas após insistências e sucessivos prolongamentos dos prazos de aceitação de respostas até ao limite do tempo necessário para o tratamento da informação, tendo em vista a produção de um relatório final capaz de integrar as componentes essenciais da informação provenientes destes instrumentos. Ou seja, não apenas temos taxas de resposta mais baixas, mas também maiores demoras no envio da informação e maior necessidade de insistência junto das entidades4. 4 É justo referir que o questionário aos dirigentes era de complexidade assinalável e que exigia a procura de elementos factuais que exigiam um trabalho de recolha no seio da própria instituição. Ainda assim, não é de crer que este tipo de trabalho fosse, para efeitos de comparação da responsividade demonstrada, mais pesado que a aplicação de numerosos questionários, complexos, a utentes com os perfis dos utentes das instituições. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 21 De algum modo, estes números apontam para a manutenção no sistema de reabilitação de uma tendência conhecida em sistemas deste tipo. Isto é, propensão para o fechamento e ausência de transparência quando as dinâmicas de reflexividade se aplicam a si próprios. Estas taxas de resposta revelam, aliás, algo preocupante: disponibilidade para revelar informação sobre os utentes, mesmo implicando isso um volume de trabalho extremamente pesado num curto espaço de tempo, mas uma disponibilidade decrescente para fornecer informação do mesmo tipo núcleos-chave do próprio sistema: sobre técnicos, ainda menos sobre dirigentes5 – os agentes do sistema – e sobretudo sobre as questões financeiras, onde claramente a disponibilidade se torna muito baixa. A este respeito, e apesar das sucessivas garantias de tratamento agregado e confidencial das respostas fornecidas, não apenas foram recebidas poucas respostas, como em muitos casos a informação preenchida era parcelar, incompleta e irregular. De tal modo que o cruzamento destas duas dificuldades (baixo número de respostas e informação deficitária) coloca reservas à utilização destas fichas como fonte de informação representativa do conjunto das organizações abrangidas, devendo ser utilizada com as necessárias cautelas face ao estatuto da informação. Entrevistas a actores-chave No sentido de complementar a informação estatística recolhida a partir dos questionários e fichas aplicados junto das entidades, agentes e utentes do universo da reabilitação profissional em Portugal, foram ainda realizadas entrevistas com actores-chave do sistema. Estas entrevistas foram individuais, presenciais e de tipo semi-directivo, i.e., mediante o recurso a um guião de base, mas com respostas abertas e com flexibilidade no decurso da própria entrevista para explorar direcções alternativas, quer na produção de discurso quer na condução da conversa por parte dos entrevistados – no caso, sempre um membro da equipa do CIES. O objectivo da realização destas entrevistas passava por recolher dados de índole qualitativa junto de pessoas que, pela sua posição no campo e pela perspectivação da realidade da reabilitação profissional que essa posição lhes proporciona, pudessem fornecer informação relevante para uma análise dos impactos e transformações ocorridos nos últimos anos no sector. Esta informação, para além de elementos de ordem factual, foi também uma forma privilegiada de aceder à visão que o sistema tem de si mesmo, tal como formulada por actores que ocupam posições relevantes nesse quadro. Estas entrevistas foram conduzidas junto de três tipos de actores: gestores do sistema, dirigentes federativos e de organizações e um investigador. No total, foram realizadas treze entrevistas, que tiveram lugar entre Novembro e Dezembro de 2003. Estas entrevistas distribuem-se da seguinte forma: 5 Também neste caso houve questionários recebidos já fora do tempo útil para a integração no tratamento da informação 22 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro 1.1 Número de entrevistas realizadas Gestores e dirigentes do sistema 4 Dirigentes federativos 6 3 Dirigentes de organizações 5 Investigadores 1 Total 13 Número de entrevistas por tipo de actor De salientar a disponibilidade revelada pela esmagadora maioria dos entrevistados junto de quem, salvo uma única excepção, foi possível conduzir um processo de recolha de informação agilizado e num espaço temporalmente compatível com os estreitos prazos de execução do projecto de investigação. Instrumentos de recolha de dados Enviados Recebidos Taxa de resposta (%) Ficha de caracterização 140 83 59,3 Questionário a utentes 3000 1978 65,9 Questionário a técnicos 630 338 53,6 Questionário a dirigentes 83 28 33,7 Ficha financeira 83 25 30,1 Quadro 1.2 Sumário: Taxas de resposta em tempo útil aos processos de recolha de informação Nota: São aqui contabilizados apenas os elementos informativos recebidos em tempo útil para ser integrados na análise. Significa isto que em alguns dos instrumentos poderá ainda ter havido respostas que, por serem demasiado tardias, não foram utilizadas no tratamento de dados. Assim sendo, naturalmente não são incluídas nesta contabilidade de respostas efectivas. 6 Estes dirigentes são também dirigentes de organizações de reabilitação profissional TRATAMENTO DE DADOS TIPO DE INFORMAÇÃO TIPO DE AMOSTRAGEM MODELO DE APLICAÇÃO PERÍODO DE APLICAÇÃO ÂMBITO E OBJECTIVO Quantitativa Técnicas estatísticas uni e multivariadas Técnicas estatísticas uni e multivariadas Ao universo de instituições; quotas por instituição Envio postal – Aplicação individual adaptada e monitorizada por técnicos; Manual de apoio e sessões de trabalho/formação Quantitativa Ao universo Envio postal – autopreenchimento por representante da instituição Outubro 2003 – Novembro 2003 Recolha de informação junto dos utentes (formação, percurso, participação, percepções) Inquérito às organizações sobre coordenadas do seu perfil e actividade Julho 2003 - Agosto 2003 QUESTIONÁRIOS AOS UTENTES FICHA CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL Sumário: Instrumentos e modelos de recolha e tratamento da informação Quadro 1.3 Técnicas estatísticas uni e multivariadas Quantitativa Ao universo Envio postal – autopreenchimento por representante da instituição Técnicas estatísticas uni e multivariadas Quantitativa Ao universo Envio postal – autopreenchimento Técnicas estatísticas uni e multivariadas Quantitativa Ao universo Envio postal – autopreenchimento por representante da instituição FICHA CARACTERIZAÇÃO QUESTIONÁRIO A QUESTIONÁRIO A FINANCEIRA DIRIGENTES TÉCNICOS Recolha de informação Recolha de informação Aprofundamento da junto dos dirigentes informação financeira junto dos utentes sobre actividades e contida na ficha de (formação, percurso) organização caracterização institucional Novembro 2003 – Novembro 2003 – Novembro 2003 – Dezembro 2003 Dezembro 2003 Dezembro 2003 Informação de base sobre o sistema (legislação, programas, regulamentos) Julho 2003 – Dezembro 2003 RECOLHA E ANÁLISE DOCUMENTAL Qualitativa (discurso entrevistas) Análise de conteúdo qualitativa Selecção de informantes privilegiados Análise de conteúdo qualitativa Selecção de documentos-chave para o sistema Qualitativa (textos) Quantitativa (dados) Entrevista individual e Recolha de presencial por documentos chave membros da equipa para a estruturação do sistema Novembro 2003 – Dezembro 2003 ENTREVISTAS A ACTORES CHAVE Entrevista semidirectiva 23 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 24 1.3.-Dados de caracterização 1.3.1- Dados de caracterização geral Neste capítulo vão ser apresentados os dados que caracterizam os utentes do sistema de reabilitação profissional de pessoas com deficiência. O quadro 1.4 mostra a distribuição dos tipos de deficiência dos indivíduos que nos responderam7. Assim, pode-se concluir que 48,8% dos indivíduos têm uma deficiência mental, 12,9% têm uma deficiência motora. Os terceiros e quartos valores mais expressivos referem-se ou a ‘outro tipo de deficiência’ que não foi identificada (9,9%) ou a indivíduos que não sabem o tipo de deficiência que têm (6,1%), o que perfaz um total de 16% que ou não sabe responder ou tem um tipo de deficiência que não sabe identificar8. Tipo de deficiência (dados nacionais) Geral % Antigos % Actuais % Motora 12,9 17,3 10,7 Física 57,2 Visual 4,0 4,0 3,9 Sensorial 22,2 Auditiva 6,6 7,8 6,0 De linguagem 2,7 1,9 3,1 Mental 48,0 49,9 47,1 Psíquica 12,9 Paralisia cerebral 3,5 4,2 3,1 Mistas 2,6 Multideficiência 6,3 5,1 6,8 Outro tipo 9,9 6,1 11,9 Não sabe 6,1 3,7 7,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos 1888 643 1245 Tipos de deficiência Quadro 1.4 Tipo de deficiência do próprio 7 Fonte: Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, 1996, SNR Da comparação entre o universo da deficiência e a amostra inquirida revela-se uma estrutura do tipo de deficiência bastante diferenciada. Assim, entre os utentes há muito mais indivíduos com deficiências psíquicas, mistas ou de outro tipo, havendo por outro lado menos beneficiários com deficiências sensoriais e físicas. A estrutura etária da amostra ajuda a explicar esta divergência, cuja razão de fundo se encontra, porém, na orientação do sistema, que tende a acolher principalmente aquelas pessoas mais dificilmente enquadráveis nos sistemas de política e em instituições correntes. Já assim tinha sido com a escola, instituição que excluíra as pessoas com deficiência mental e cuja função foi substituída pelo movimento associativo, facto que parece perpetuar na etapa da preparação para a vida adulta. No entanto, os dois universos não são totalmente comparáveis por serem usadas tabelas de categorização diferentes e de no sistema não haver pessoas idosas, onde os deficientes físicos tenderiam a ganhar um peso muito relevante. Note-se a propósito dos tipos de deficiência que há mais homens com deficiências motoras e paralisia cerebral, e mais mulheres com deficiência visual e auditiva, como se pode observar no Anexo 7. 8 Para que tal comparação seja possível, a título metodológico, é importante mencionar que as diversas deficiências foram retrabalhadas para que se estabelecesse uma correspondência directa. Assim, as deficiências psíquicas incluem todos os indivíduos com deficiências intelectuais, doentes mentais, e pessoas com deficiências gnósticas e práxicas. Define-se como deficiência sensorial todas as deficiências da visão, da audição e da fala. As deficiências físicas, correspondem a todas as deficiências dos órgãos internos, mecânica e motora dos órgãos internos. As deficiências mistas agregam as deficiências que se manifestem no plano psíquico, sensorial e físico, incluindo a paralisia cerebral. A categoria ‘nenhuma em especial’ refere-se a todas as outras deficiências não incluídas nas categorias anteriores. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 1.3.2-Caracterização do tipo de deficiência Cerca de 25% das deficiências são causadas durante a gravidez e parto, o que revela que, se tivesse havido um maior acompanhamento médico durante a gestação e parto, boa parte das deficiências poderiam ter sido evitadas. Geral % Antigos % Actuais % Hereditariedade 18,9 19,4 18,7 Gravidez 15,7 17,7 14,8 Parto 9,3 9,0 9,5 Doença comum 10,2 14,2 8,4 Doença profissional 0,2 0,5 0,0 Acidente de trânsito 7,0 8,0 6,4 Acidente trabalho 0,6 0,9 0,5 Acidente doméstico 0,8 1,4 0,6 Outros acidentes 2,1 2,8 1,7 Guerra 0,2 0,2 0,2 Senilidade 0,5 0,2 0,6 Outra 4,7 5,0 4,5 Não sabe 29,8 20,6 34,2 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1309 423 886 Causas da deficiência Quadro 1.5 Causa da deficiência do próprio Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A hereditariedade e as doenças comuns são ainda indicadas como as principais causas de deficiência, tendo os acidentes de trânsito valores também expressivos. De notar a proporção de inquiridos que não sabem a causa da deficiência (cerca de 30%), que representa um valor bastante elevado, revelando-se aqui um domínio importante de trabalho sobre o auto conhecimento dos sujeitos da reabilitação. 25 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 26 Tipo de deficiência / Causas 1 2 3 4 5 6 7 8 Hereditariedade 9,7 46,6 12,5 29,9 0,0 7,3 13,5 9,6 Gravidez 6,0 0,0 21,9 22,7 13,6 19,5 16,2 16,8 Parto 9,7 5,2 3,1 7,0 52,5 12,2 14,9 4,0 Doença comum 19,4 25,9 33,3 3,9 6,8 2,4 8,1 10,4 Doença profissional 0,0 0,0 1,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 Acidente de trânsito 29,5 1,7 0,0 1,1 3,4 2,4 10,8 6,4 Acidente trabalho 3,2 0,0 0,0 0,0 0,4 0,0 1,4 0,0 Acidente doméstico 1,8 0,0 1,0 0,4 1,7 0,0 0,0 2,4 Outros acidentes 5,5 0,0 2,1 1,1 1,7 2,4 2,7 1,6 Guerra 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,4 0,0 Senilidade 0,5 1,7 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 2,4 Outra 6,9 6,9 1,0 3,0 5,1 9,8 5,4 9,6 Não sabe 6,9 12,1 22,9 30,1 15,3 43,9 21,7 36,8 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos 217 58 96 542 59 41 74 125 Quadro 1.6 Tipo de deficiência por causa da Relativamente às causas das deficiências, pode-se observar que as deficiências motoras têm como principal causa os acidentes de trânsito, as deficiências visuais e auditivas e as doenças comuns. As deficiências mentais têm como principais causas os factores hereditários e a gravidez, a paralisia cerebral é causada sobretudo no momento do parto. A maior parte dos indivíduos com deficiências de linguagem não sabem a causa da sua deficiência. Por último, dentro dos casos de multideficiência, os maiores níveis de resposta são o desconhecimento da causa e entre os que sabem, factores hereditários, gravidez e o parto. Estas causas das deficiências são apresentadas como as principais, quer pelos antigos quer pelos actuais beneficiários (Anexo 13). Na lógica de análises anteriores, segue-se a comparação das causas de cada tipo de deficiência dos beneficiários com a população deficiente nacional. Pela visão comparada dos dois últimos quadros, pode observar-se em relação mesma (geral) Legenda: 1- Motora 2- Visual 3- Auditiva 4- Mental 5- Paralisia Cerebral 6- Linguagem 7- Multideficiência 8- Outro Tipo Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipos de deficiência/ Psíquica Causas da deficiência % Sensorial Física % % Mista % Outro tipo % 27 Quadro 1.7 Tipo de deficiência por causa da mesma (população nacional com Hereditariedade 14,4 12,1 11,4 9,2 5,7 Gravidez 14,4 4,6 2,4 4,8 1,2 Parto 11,5 4,7 3,6 13,0 3,2 Doença comum 25,9 33,3 46,0 34,1 17,4 Doença profissional 1,2 2,1 2,5 1,7 2,0 Acidente de trânsito 2,5 2,1 4,3 0,6 2,6 Acidente trabalho 1,1 3,7 4,4 2,2 0,8 Acidente doméstico 2,2 3,6 3,3 1,3 1,9 Outros acidentes 2,1 2,7 1,9 1,2 3,0 Guerra 1,3 2,2 1,1 1,9 2,4 Senilidade 4,6 13,9 4,8 7,7 28,8 Outra 19,0 15,2 14,3 22,2 31,1 Fonte: Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, 1996, SNR às deficiências psíquicas na população deficiente a nível nacional que há, proporcionalmente, mais casos que têm como causa o factor hereditário, a gravidez e a doença profissional. Já nas deficiências sensoriais observa-se que em todas as categorias relativas às causas, existe uma maior proporção face aos indivíduos que estão no sistema. Já quanto aos casos dos deficientes sensoriais observa-se que em todas elas existe um maior peso face aos indivíduos que compõem a nossa amostra. No que se refere aos casos das deficiências físicas, face aos deficientes portugueses, registam-se mais pessoas a apresentar a hereditariedade, a gravidez e a doença comum como principal causa da sua deficiência na nossa amostra. Nas deficiências mistas, as causas hereditariedade, doença profissional e senilidade estão sobre-representadas na amostra inquirida, pois em termos médios as percentagens nestas categorias são superiores na população dos utentes em relação à nacional. Por último, em ‘outro tipo de deficiências’, há uma sobre-representação do parto, acidente de trabalho. deficiência) 28 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Grau de deficiência Geral % Antigos % Actuais % Sem grau atribuído 25,4 31,6 22,1 Inferior a 30% 3,1 2,7 3,4 De 30% a 59% 6,9 8,1 6,2 De 60% a 80% 16,9 26,4 11,8 Superior a 80% 9,3 9,1 9,4 Não sabe 38,5 22,0 47,1 Total 100 100 100 Total de indivíduos 1175 405 770 Quadro 1.8 Grau da deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto ao grau de deficiência atribuído, a categoria que mais frequentada é o desconhecimento, o que, de algum modo, indicia uma lacuna de informação. No entanto, é nos graus mais elevados de deficiência – mais de 60% de incapacidade – que se situam a maioria dos indivíduos que souberam responder a esta questão. Note-se ainda que são os antigos beneficiários do sistema que têm graus de incapacidade mais elevados. O quadro que se segue (Quadro 1.9) refere-se aos níveis de escolaridade atingidos segundo os graus de incapacidade atribuídos. O que se pode interpretar nos seus valores é que são precisamente os indivíduos com graus de incapacidade mais elevados que têm maiores níveis de escolaridade, sendo esta tendência mais marcada nos actuais beneficiários do sistema de reabilitação. Já tínhamos visto que a escolaridade média é superior entre os inquiridos com deficiências motoras, visuais, e auditivas e vemos agora também que o reconhecimento do grau de incapacidade é maior entre estes, como se pode observar no quadro 1.10. 2,0 2,0 8,6 20,2 42,9 20,7 1,0 25,0 16,3 22,5 22,5 11,3 2,5 0,0 8,3 25,0 30,6 25,0 5,6 0,0 8,1 24,9 36,0 12,5 1,3 0,3 Sei ler e escrever Completei o 4º ano Completei o 6º ano Acabei o ensino básico Acabei o ensino secundário 297 36 Sem grau atribuído 80 198 109 169 100 0,6 0,0 100 3,6 0,6 1,8 17,8 40,2 21,9 6,5 7,1 1,8 3,7 17,4 27,5 19,3 8,3 3,7 18,3 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Total de indivíduos (%) 100 100 Total 100 0,0 0,0 0,0 0,7 Não sei/não respondo 100 2,5 0,0 0,0 2,4 Outra situação Curso médio superior + 80% <30% 25 100 0,0 0,0 0,0 4,0 36,0 28,0 24,0 4,0 4,0 47 100 0,0 0,0 0,0 4,3 10,6 23,4 23,4 8,5 29,8 30% a 59% 60% a 80% 30% a 59% 5,6 <30% 13,8 Sem grau atribuído Antigos % Geral % Nenhum Tipos de deficiência Grau de deficiência Grau de deficiência por níveis de escolaridade Quadro 1.9 91 100 0,0 2,2 0,0 20,9 46,2 19,8 6,6 2,2 2,2 60% a 80% 72 100 0,0 2,8 0,0 15,3 23,6 22,2 5,6 2,8 27,8 + 80% 128 100 0,8 0,8 0,0 0,8 5,5 30,5 28,9 10,2 22,7 Sem grau atribuído 11 100 0,0 0,0 0,0 9,1 0,0 36,4 27,3 18,2 9,1 <30% 33 100 0,0 0,0 0,0 0,0 12,1 21,2 21,2 27,3 18,2 30% a 59% Actuais % 107 100 0,0 2,8 1,9 20,6 40,2 20,6 10,3 1,9 1,9 60% a 80% 37 100 0,0 0,0 10,8 21,6 35,1 13,5 13,5 5,4 0,0 + 80% Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 29 18,2 6,6 10,6 0,5 11,1 7,8 100 198 2,5 61,7 2,5 6,2 4,9 3,7 100 81 0,0 70,3 0,0 0,0 2,7 10,8 100 37 1,7 68,5 2,7 3,0 6,0 14,9 100 298 Mental Paralisia cerebral De linguagem Multideficiência Outro tipo Total (%) Total de indivíduos 109 100 0,0 4,6 0,0 4,6 18,3 7,3 34,9 30,3 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Auditiva 4,5 1,3 Visual 2,5 13,5 3,4 Motora Sem grau atribuído <30% 60% a 80% + 80% Sem grau atribuído <30% 27,3 9,1 0,0 54,5 0,0 0,0 0,0 5,9 100 11 3,9 0,8 3,1 75,0 2,3 3,1 6,3 5,5 100 128 33 100 11,8 6,1 6,1 0,0 48,5 3,0 0,0 30,3 107 100 1,9 4,7 0,0 13,1 7,5 21,5 4,7 46,7 37 100 0,0 5,4 0,0 8,1 5,4 2,7 35,1 43,2 170 100 20,9 5,9 2,9 2,9 63,5 0,6 1,8 2,9 26 100 11,5 3,8 0,0 0,0 76,9 0,0 0,0 7,7 48 100 2,1 4,2 6,3 4,2 70,8 2,1 4,2 6,3 30% a 59% + 80% 30% a 59% 60% a 80% 30% a 59% 2,7 <30% 44,4 Sem grau atribuído 16,0 Tipos de deficiência Grau de deficiência Actuais % Antigos % Geral % Grau de deficiência atribuido por tipos de deficiência Quadro 1.10 91 100 6,6 18,7 1,1 7,7 5,5 14,3 4,4 41,8 60% a 80% 72 100 0,0 4,2 0,0 2,8 25,0 9,7 34,7 23,6 + 80% 30 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Figura 1.1 Sexo dos indivíduos 31 9 100 80 60 56,8 57,8 56,2 43,2 43,8 42,2 40 20 0 Masculino Feminino Geral Antigos Actuais Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Como se pode observar no gráfico anterior, a amostra da população de beneficiários do sistema de formação/reabilitação profissional, quer no geral, quer os antigos ou actuais clientes do sistema de formação/reabilitação profissional, é composta por mais homens que mulheres. Figura 1.2 Sexo dos indivíduos em Portugal 100 80 60 48,3 51,7 40 20 Masculino Feminino 0 Fonte: Censos 2001, INE Na população portuguesa há ligeiramente mais mulheres que homens. Por outro lado, e de acordo com o Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens (SNR, 1996), o número de pessoas com alguma deficiência por 1000 habitantes é superior nas mulheres. No entanto, sucede o inverso nos grupos etários mais jovens (até aos 25-34 anos) (SNR, 1996:75). Figura 1.3 Pessoas com alguma deficiência, por cada mil pessoas, em Portugal 100 80 60 43,08 48,5 40 20 0 Masculino Feminino Fonte: Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens (SNR, 1996) Uma primeira conclusão possível de retirar desta informação, é a de que as mulheres com deficiência sofrem de uma dupla desvantagem, por serem deficientes e por terem uma menor cobertura por parte das instituições e, paralelamente, por parte dos programas co-financiados pelo FSE. 9 Total de indivíduos considerados em relação ao “geral”: 1959; em relação aos “antigos”: 664; em relação aos “actuais”: 1295. 32 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tendo em conta a estrutura etária da nossa amostra, verificamos que segue o padrão da masculinização da deficiência nos escalões etários mais jovens. Geral % Antigos % Actuais % Dos 15 aos 20 anos 34,0 8,2 47,1 Dos 21 aos 25 anos 23,9 27,4 22,1 Dos 26 aos 30 anos 19,4 30,0 14,0 Dos 31 aos 35 anos 10,9 17,2 7,7 Dos 36 aos 40 anos 6,4 8,9 5,1 Dos 41 aos 45 anos 3,1 4,8 2,1 Dos 46 aos 50 anos 1,5 1,8 1,4 Dos 51 aos 55 anos 0,6 1,1 0,4 Dos 56 aos 60 anos 0,2 0,3 0,2 Mais de 61 anos 0,1 0,3 0,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1965 661 1304 Grupos etários Quadro 1.11 Idade dos indivíduos Font: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Com efeito, quanto à idade, podemos detectar que, de entre todos aqueles que nos responderam, há quase 60 % de indivíduos com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, isto é, trata-se de uma população bastante jovem, como aliás se compreende tendo em conta que se trata de um sistema de formação com forte componente de formação inicial. Quadro 1.12 Geral % Concelhos Antigos % Actuais % Naturalidade Residência Naturalidade Residência Naturalidade Residência Grande Porto 13,9 17,8 17,3 21,6 12,2 15,8 Grande Lisboa 17,3 16,8 15,3 14,6 18,4 18,0 Interior norte e centro 6,7 7,6 5,5 6,4 7,2 8,2 Litoral norte e centro 42,9 35,6 43,7 35,3 42,5 35,7 Alentejo 15,0 17,5 13,9 17,2 15,5 17,7 Algarve 4,2 4,8 4,2 4,9 4,2 4,7 Total 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1772 1943 595 657 1177 1286 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Regiões de naturalidade/residência Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 33 Em relação à distribuição geográfica dos indivíduos que compõem a amostra, podemos constatar que há uma maior concentração populacional na região litoral norte e centro, quer se considere esta a região de naturalidade, quer residencial. No mesmo sentido, também o ser-se antigo ou actual cliente do sistema parece não fazer diferir a distribuição dos locais de origem ou de residência dos indivíduos. No que respeita à mobilidade geográfica, apesar de haver ligeiras alterações percentuais ao se compararem regiões de residência e naturalidade do quadro 1.2, podemos observar que é no Grande Porto, nas regiões do Alentejo, Interior Norte e Centro e Algarve que há maior diferença entre indivíduos a viver aí. 10 Figura 1.4 Nascimentos fora de Portugal 100 80 60 56,8 39,3 40 20 55,1 50,9 43,2 26,2 18,7 31,0 África América 9,8 Europa 0 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Em relação aos indivíduos que nasceram fora de Portugal, podemos constatar que estes correspondem a cerca de 9% do total de respondentes, também em cada um dos três grupos – geral, actuais e antigos. Cerca de 1/2 destes nasceram no continente africano em qualquer um dos conjuntos em causa. Países % África 55.3 América 14.3 Europa 30.5 Total 100.0 Quadro 1.13 Nascimentos fora de Portugal Fonte: Censos 2001, INE Se comparamos os nascimentos fora de Portugal dos indivíduos ligados ao sistema de reabilitação com os da população em geral podemos observar que a distribuição é semelhante, com variações pouco significativas. 10 Total de indivíduos considerados em relação ao “geral”: 168; em relação aos “antigos”: 61 e em relação aos “actuais”: 107. 34 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Geral % Antigos % Actuais % Nenhum 8,2 10,9 6,8 Sei ler e escrever 7,4 12,3 4,9 Completei o 4º ano 20,3 25,0 18,0 Completei o 6º ano 31,2 24,1 34,9 Acabei o ensino básico 22,9 17,6 25,7 Acabei o ensino secundário 6,1 7,0 5,6 Curso médio ou superior 0,6 1,2 0,2 Outra situação 3,0 1,8 3,6 Não sei/não respondo 0,3 0,2 0,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1962 660 1302 Escolaridade atingida Quadro 1.14 Escolaridade Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 No que respeita à análise da escolaridade alcançada pelos utentes do sistema de reabilitação profissional, pode-se concluir que a maior parte concluiu o 4º, o 6º ou o 9º ano – ensino básico. No entanto, é ainda de considerar a existência de 15,6% de indivíduos que não obtiveram qualquer grau de escolaridade, ou por outro lado, os 6,1% de indivíduos mais escolarizados que concluíram o ensino secundário ou mesmo os 0,6% que concluíram um curso médio ou superior. Comparando os dados do quadro 1.9 com os deste último, observa-se que no nível menos qualificado, não obtenção de um grau de ensino há, proporcionalmente, o mesmo número de indivíduos entre as pessoas com deficiência ligadas ao sistema e a população nacional. Já em relação aos indivíduos que completaram o 4º ou o 6º ano, se observa que a nossa população apresenta, face à média nacional, menos indivíduos com o 4º ano e mais com o 6º (há mais do dobro dos indivíduos com o 6º ano nos indivíduos ligados ao sistema de reabilitação). Em relação à conclusão do 9º ano, há também o dobro de utentes do sistema com esta escolaridade face à estrutura percentual da população portuguesa. No entanto, para cima do 9º ano, podem-se observar sempre mais 10% de indivíduos na população portuguesa a terem completado o 9º, 12º ano ou um curso médio ou superior. Comparando os actuais e os antigos beneficiários, observa-se que são os primeiros que na sua maioria são mais escolarizados, com percentagens mais expressivas a corresponderem a níveis de escolaridade diferentes, tendo os actuais beneficiários uma menor frequência nos dois escalões referentes à não obtenção de nenhum grau de ensino e uma maior concentração de indivíduos que disseram ter completado o 6ª ou o 9ª ano. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 35 No entanto os antigos clientes da reabilitação/formação profissional apresentam um maior número de indivíduos que frequentam ou concluíram níveis de escolaridade mais elevados, como o ensino secundário ou o ensino superior. A diferença entre estes dois grupos é no ensino secundário de 2,6% e no ensino superior de 1%. Estas percentagens são no entanto residuais, e podem estar relacionadas com percursos ainda incompletos por parte dos actuais beneficiários mais novos. 15-20 % 21-25 % 26-30 % 31-35 % 36-40 % 41-45 % 46-50 % 51-55 % 56-60 % +60 % Quadro 1.15 Nenhum 3,0 6,9 11,6 16,9 16,0 8,3 10,0 0,0 0,0 0,0 idade dos indivíduos Sei ler e escrever 5,0 6,9 8,7 10,8 10,4 10,0 10,0 0,0 25,0 50,0 Completei o 4º ano 23,8 17,6 17,9 19,7 20,8 16,7 23,3 16,7 25,0 50,0 Completei o 6º ano 44,0 26,8 22,4 25,4 23,2 25,0 26,7 16,7 0,0 0,0 21,0 32,0 22,1 17,4 13,6 20,0 16,7 41,7 25,0 0,0 Acabei o ensino secundário 0,2 5,2 14,5 8,0 8,0 10,0 13,3 8,3 25,0 0,0 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 1,9 1,6 5,0 0,0 16,7 0,0 0,0 Outra situação 2,7 4,3 2,6 0,0 6,4 5,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Não sei 0,3 0,4 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 663 466 380 213 125 60 30 12 4 2 Escalões etários Escolaridade atingida Acabei o ensino básico Fonte:Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro anterior apresenta a distribuição dos indivíduos segundo a escolaridade que concluíram e a idade que têm. É de realçar que, muitas vezes, a própria instrumentação técnica e as metodologias presentes incorporam a ideia de percursos escolares mais prolongados para a obtenção dos mesmos níveis de ensino por parte de pessoas com certos tipos de deficiência, em relação à população escolar sem deficiência. Assim, na amostra desta pesquisa, a maior parte dos indivíduos com idades compreendidas entre os 15 e 20 anos completaram o 6º ano. Já os indivíduos que compõem o escalão etário imediatamente a seguir – utentes com 21 a 25 anos – apresentam uma maior escolarização, uma vez que, apesar de terem uma menor representação na obtenção do 6º ano (26%), apresentam uma maior na conclusão do ensino básico (32,2%). Nos indivíduos dos 26 aos 30 anos verifica-se novamente um aumento da escolaridade atingida, uma vez que a maioria dos indivíduos se Escolaridade por (geral) 36 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal distribui entre a obtenção do 4º ano até ao ensino secundário (14,5%). É entre os indivíduos que têm entre 31 e 40 anos que aparece, embora com valores percentuais muito reduzidos, a posse de um diploma correspondente a um curso médio superior. Se, por um lado, à medida que os indivíduos vão tendo mais idade a escolaridade vai aumentando, como se poderá verificar com mais pormenor na observação da sua relação entre a conclusão do ensino secundário e do curso médio superior com os grupos etários, paralelamente, pode notar-se outra tendência, correspondente à não obtenção de grau de escolaridade. Aí observa-se que são os mais novos que mais têm um grau de habilitações, uma vez que é entre os indivíduos mais velhos que se verifica uma maior concentração na não aquisição de um grau de escolaridade e/ou no saber apenas ler e escrever. Estes dados podem indiciar a existência de duas tendências contraditórias: uma que se refere, como é normal, ao aumento da escolaridade à medida que a idade vai aumentando e outra que detecta a prevalência de um ‘lastro’de indivíduos mais velhos sem escolaridade. Também neste aspecto se pode vislumbrar uma correlação com os programas co-financiados pelo FSE. Estas duas leituras podem ser observadas mais pormenorizadamente e com mais destaque nos quadros 1.16 e 1.17, onde se tornam mais evidentes. Relativamente à comparação dos níveis de escolaridade atingidos por cada grupo etário na população nacional com os que se acabaram de referir, pode-se observar que no primeiro intervalo etário há mais indivíduos com deficiência nos três primeiros níveis de ensino, o que indica que a população deficiente ainda é menos escolarizada, apesar de se notarem progressos. No entanto, esta diferença pode ficar a dever-se ao facto de os indivíduos deficientes ligados ao sistema de reabilitação estarem no ensino durante mais anos, o que faz com que os mais novos, face à população normal, apresentem valores de menor escolarização. Escalões etários/ 15-20 % 21-25 % 26-30 % 31-35 % 36-40 % 41-45 % 46-50 % 51-55 % 56-60 % +60 % Nenhum 2,4 2,0 2,0 2,3 2,4 2,6 3,0 3,8 8,2 40,6 1º Ciclo 10,3 11,2 16,6 27,0 39,7 49,3 64,6 67,4 66,5 44,8 2º Ciclo 28,8 30,9 33,1 31,6 24,5 18,1 9,3 7,7 6,8 3,7 3º Ciclo 38,8 20,1 13,1 10,5 10,1 10,0 8,2 7,9 7,2 4,0 Secundário 19,5 33,4 29,4 23,0 18,7 15,6 10,3 8,7 6,8 3,7 Médio e superior 0,2 2,4 5,9 5,6 4,7 3,3 4,7 4,4 4,6 1,9 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Escolaridade Fonte: Censos 2001, IEN Quadro 1.16 Níveis de escolaridade por grupos etários Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 37 Pode ainda observar-se que na categoria referente a nenhum nível de ensino, há em todas as idades mais pessoas com deficiência, o que denuncia que esta população, face à norma nacional, apresenta valores mais altos de analfabetismo e infra-escolaridade. No entanto, é ainda de ressalvar, que há uma sobre representação dos utentes com o 9º ano, com idades compreendidas entre os 21 e os 59 anos, face à população nacional. Apenas o esforço do sistema de reabilitação permite, naturalmente, explicar esta realidade, elevando os níveis de instrução de população tradicionalmente pouco ou nada escolarizada. Conclui-se que, se por um lado a população com deficiência do sistema de reabilitação está em situação de desvantagem face à nacional, por outro, em certos grupos etários e graus de escolaridade, esta situação é atenuada. Escalões etários 15-20 % 21-25 % 26-30 % 31-35 % 36-40 % 41-45 % 46-50 % 51-55 % 56-60 % +60 % Nenhum 5,7 6,7 13,1 16,8 10,2 9,4 25,0 0,0 0,0 0,0 Sei ler e escrever 15,1 12,3 10,6 13,3 16,9 6,3 8,3 0,0 50,0 50,0 Completei o 4º ano 52,8 26,8 19,7 21,2 23,7 12,5 16,7 28,6 50,0 50,0 Completei o 6º ano 24,5 30,2 22,2 21,2 16,9 28,1 25,0 14,3 0,0 0,0 Acabei o ensino básico 1,9 18,4 22,7 13,3 16,9 25,0 16,7 28,6 0,0 0,0 Acabei o ensino secundário 0,0 2,2 10,6 10,6 8,5 9,4 8,3 0,0 0,0 0,0 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 3,5 0,0 6,3 0,0 28,6 0,0 0,0 Outra situação 0,0 3,4 0,5 0,0 6,8 3,1 0,0 0,0 0,0 0,0 Não sei 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 53 179 198 113 59 32 12 7 2 2 Escolaridade Quadro 1.17 Escolaridade por idade dos indivíduos Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Assim, os indivíduos que já não estão formalmente ligados ao sistema de formação e reabilitação são os que apresentam os valores extremos mais elevados, ou seja, os que têm idades superiores a 26 anos são os que têm uma escolaridade mais elevada – conclusão do ensino secundário ou de um curso médio superior e do ensino secundário – e, paralelamente, os que têm uma maior concentração entre a conclusão do 4º ano e o ensino básico, havendo até muitos que não obtiveram qualquer diploma escolar. (antigos) 38 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Escalões etários 15-20 % 21-25 % 26-30 % 31-35 % 36-40 Nenhum 2,8 7,0 9,9 Sei ler e escrever 4,1 3,5 Completei o 4º ano 21,3 Completei o 6º ano % 41-45 % 46-50 % 51-55 % 56-60 % 17,0 21,2 7,1 0,0 0,0 0,0 6,6 8,0 4,5 14,3 11,1 0,0 0,0 11,8 15,9 18,0 18,2 21,4 27,8 0,0 0,0 45,7 24,7 22,5 30,0 28,8 21,4 27,8 20,0 0,0 Acabei o ensino básico 22,6 40,4 21,4 22,0 10,6 14,3 16,7 60,0 0,0 Acabei o ensino secundário 0,2 7,0 18,7 5,0 7,6 10,7 16,7 20,0 50,0 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 3,6 0,0 0,0 50,0 Outra situação 3,0 4,9 4,9 0,0 6,1 7,1 0,0 0,0 0,0 Não sei 0,3 0,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 610 287 182 100 66 28 18 5 2 Escolaridade Quadro 1.18 Escolaridade por idade dos indivíduos (actuais) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Pelo contrário, a população de actuais beneficiários apresenta uma maior concentração na obtenção do 6º ano de escolaridade e conclusão do ensino básico. Mais uma vez, são os mais velhos, e entre os 26 e 30 anos, que têm níveis de escolaridade mais elevados, o que poderá estar directamente relacionado com os anos de permanência no sistema escolar e de formação, como se poderá observar no quadro referentes aos anos de frequência de escolar. No quadro seguinte pode observar-se os níveis de escolaridade da população portuguesa. Escolaridade % Nenhum 14,2 1º Ciclo 35,0 2º Ciclo 12,5 3º Ciclo 10,8 Secundário 15,8 Médio e superior 11,7 Total 100 Fonte: Censos 2001, INE Quadro 1.19 Níveis de escolaridade nacional Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 39 Quadro 1.20 Geral % Sexo/ Actuais % Antigos % Escolaridade por sexo dos indivíduos Mas. % Fem. % Diferença % Mas. % Fem. % Diferença % Mas. % Fem. % Diferença % Nenhum 9,4 6,5 2,9 8,4 4,6 3,8 11,3 10,4 0,9 Sei ler e escrever 7,1 7,6 -0,5 4,6 5,2 -0,6 12,0 12,6 -0,6 Completei o 4º ano 21,6 18,9 2,7 18,6 17,4 1,2 27,2 21,9 5,3 Completei o 6º ano 31,1 31,3 -0,2 34,3 35,3 -1 24,9 23,0 1,9 Acabei o ensino básico 21,6 24,9 -3,3 23,9 28,2 -4,3 17,3 18,0 -0,7 Acabei o ensino secundário 5,1 7,4 -2,3 5,4 5,9 -0,5 4,5 10,4 -5,9 Curso médio superior 0,5 0,6 -0,1 0,4 0,0 0,4 0,8 1,8 -1 Outra situação 3,2 2,9 0,3 3,9 3,4 0,5 1,8 1,8 0 Não sei/não respondo 0,5 0,0 0,5 0,6 0,0 3,8 0,3 0,0 0,9 Total (%) 100 100 100 100 100 100 Total 1107 841 725 563 382 278 Escolaridade atingida Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ao analisar as escolaridades atingidas por sexo, pode-se observar que as mulheres são mais escolarizadas que os homens, sendo a diferença entre sexos mais expressiva na finalização do 6º e 9º anos. O facto de as mulheres serem mais escolarizadas que os homens é comum aos antigos ou actuais formandos do sistema de reabilitação profissional, sendo de reter que, dos actuais clientes deste sistema, se verificou que, em comparação com os homens, mais 5,9% de mulheres completaram o ensino secundário. Estes dados mostram que o sistema de formação e reabilitação está a cumprir um dos pressupostos do FSE, ou seja promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, neste caso na obtenção de níveis de ensino. Estes dados vão de encontro às tendências observadas nos escalões mais jovens da população portuguesa. As diferenças entre os níveis de escolaridade, por sexo, da população portuguesa revelam que há mais mulheres apenas nos dois primeiros níveis de ensino, que são também os mais baixos, embora também se possa observar que há mais mulheres a frequentar níveis superiores de ensino - ou seja um padrão dual de escolarização. Com este dados podemos concluir que o sistema de reabilitação promove um igual acesso a oportunidades de frequentar o ensino escolar a homens e a mulheres. Quanto aos anos de permanência no sistema, pode-se concluir que na sua maioria, os indivíduos que responderam a este questionário frequentaram o sistema escolar durante 6 a 15 anos, o que para as escolaridades obtidas, que em (actuais) 40 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal média se situam entre o 4º e o 6º ano, significa um ligeiro acréscimo face a percursos escolares sem repetições. Anos de frequência da escola Quadro 1.21 Geral Anos de frequência de escola % Nenhum 1,3 1 a 5 anos 7,9 6 a 10 anos 61,7 11 a 15 anos 25,2 16 a 20 anos 3,8 21 a 25 anos 0,3 Total (%) 100 Total 1753 (geral) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Esta concentração nas categorias que compreendem 6 a 15 anos de frequência da escola não distinguem antigos dos actuais utentes do sistema de reabilitação e formação, como se pode consultar no Anexo 1. Quadro 1.22 11-15 16-20 21-25 anos anos anos % % % Total % 5,1 0,0 0,0 100 118 65,6 4,8 1,6 0,0 100 125 18,3 74,2 7,2 0,3 0,0 100 349 0,0 1,1 82,9 15,6 0,2 0,2 100 550 Acabei o ensino básico 0,0 0,5 43,7 52,3 3,3 0,2 100 419 Acabei o ensino secundário 0,0 0,0 0,9 68,4 29,9 0,9 100 117 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 18,2 63,6 18,2 100 11 Não frequentou escola % 1-5 anos % 6-10 anos % Nenhum 16,9 25,4 52,5 Sei ler e escrever 1,6 26,4 Completei o 4º ano 0,0 Completei o 6º ano Escalões etários/ Escolaridade atingida Total Escolaridade dos indivíduos por anos de frequência do sistema Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quando procuramos saber, em média, quantos anos os beneficiários levaram a concluir cada nível de ensino, um primeiro dado a reter é que mais de metade dos utentes que não obteve qualquer grau de escolaridade frequentou o sistema até 10 anos. Por outro lado, apesar de 16,9% não ter frequentado a escola, a taxa de cobertura escolar é muito elevada. escolar (geral) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 41 Analisando cada grau de escolaridade, pode-se observar que para a conclusão do 4º e 6º ano, a maioria dos indivíduos leva até 10 anos; para concluir o ensino básico mais de 80% precisa de 6 a 15 anos. Os níveis mais elevados, como a obtenção do ensino secundário ou mesmo um curso médio ou superior, levam, para a maior parte dos indivíduos, entre 11 a 25 anos a concluir. Ou seja, os graus de escolaridade declarados são obtidos após percursos escolares mais longos que o mínimo necessário. No contexto desta população, porém, o que merece realce é o facto de ser possível, ainda assim, obtê-los. Por outro lado, o facto de serem necessários mais anos para a conclusão de níveis de ensino mais elevados, pode explicar em parte o facto de serem os indivíduos mais velhos os mais escolarizados, pois são os que têm uma idade que lhes permita ter um percurso escolar mais longo. Isto é verdade para antigos e actuais beneficiários (ver Quadro Anexo 2). Geral % Antigos % Actuais % Ensino regular 35,0 36,6 34,2 Ensino regular com apoios educativos 33,3 25,4 37,1 Ensino recorrente 2,9 4,0 2,4 Ensino especial 13,9 20,1 10,9 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) 0,9 1,1 0,8 Outra situação 0,9 0,7 0,9 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos 5,1 2,5 1,2 Ensino regular e ensino especial 3,7 2,9 2,8 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial 2,8 2,0 6,4 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial 1,6 4,7 3,2 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1722 552 1169 Formas de ensino Quadro 1.23 Via através da qual obteve o grau Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto às vias através das quais os indivíduos obtiveram o nível de escolaridade que atingiram, podemos verificar que, de um modo geral, o ensino regular e o ensino regular com apoios educativos, foram os mais frequentados, reunindo pelo menos 60% dos indivíduos dos dois grupos em análise. A juventude da amostra explicará provavelmente estes dados. de escolaridade 42 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Sublinha-se ainda o facto de, para 20% dos antigos beneficiários do sistema, o ensino especial ter sido uma forma de obter um grau de escolaridade, enquanto que para os actuais, este esquema de ensino ter sido referido apenas por 10% dos inquiridos. Paralelamente, verifica-se que se 1/4 dos antigos utentes disseram ter frequentado o ensino regular com apoios educativos, 37,1% dos actuais, nesta mesma categoria responderam também o ter feito. Assim, pode-se observar que há diferenças entre estes dois grupos: dos que já não estão ligados ao sistema há sensivelmente o mesmo número de indivíduos a obter a sua escolaridade através do ensino regular com apoios educativos e do ensino especial; e entre os actuais tal não se observa, uma vez que há menos indivíduos a afirmar ter frequentado o ensino especial. Multi Outro Tipo de deficiência / Motora Visual Auditiva Mental Paralisia Linguagem cerebral deficiência tipo % % % % % % % % Vias de Ensino Ensino regular 66,4 42,0 15,2 26,6 19,3 15,9 20,0 58,3 Ensino regular c/ apoios educativos 18,4 30,4 27,7 38,8 42,1 45,5 32,4 22,6 Ensino recorrente 4,1 2,9 2,7 2,8 3,5 2,3 1,0 3,6 Ensino especial 3,7 11,6 25,0 11,6 15,8 11,4 23,8 4,8 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) 0,9 0,0 1,8 0,6 1,8 4,5 1,9 0,0 Outra situação 1,4 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 4,8 0,6 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos 0,5 0,0 2,7 2,6 0,0 0,0 1,9 1,2 Ensino regular e ensino especial 0,0 4,3 13,4 1,9 7,0 4,5 4,8 0,6 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial 2,3 1,4 5,4 4,9 5,3 13,6 7,6 6,5 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial 2,3 7,2 6,3 4,4 5,3 2,3 1,9 1,8 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 217 69 112 778 57 44 105 168 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 1.24 Via através da qual obteve o grau de escolaridade por tipo de deficiência (geral) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Através deste quadro pretende-se identificar quais são as vias de ensino mais frequentadas pelos indivíduos com os vários tipos de deficiências. Assim, podemos perceber se na correlação entre as duas variáveis existe alguma regularidade. Podemos observar, de facto, que são os indivíduos com deficiências motoras os que mais frequentam o ensino regular. Numa análise mais detalhada, observa-se que os deficientes motores frequentam a escola através do ensino regular e os deficientes visuais, mentais, com paralisia cerebral, multideficientes, ou com outro tipo de deficiência não explicitada, frequentam sobretudo o ensino regular, com ou sem apoios educativos. Aliás, a recorrência ao ensino regular com apoios educativos é transversal a quase todos os tipos de deficiência, sendo de longe maioritária na linguagem e paralisia cerebral. É ainda de salientar que o ensino especial tem uma maior presença de indivíduos cujas deficiências são do foro auditivo ou multidificientes, onde ultrapassa os 20%. Os indivíduos mais velhos que, como vimos, são menos escolarizados, obtiveram a sua escolaridade principalmente através das vias de ensino regular ou foram excluídos da escola. Numa geração intermédia, o ensino especial ganha peso e os mais novos têm acesso ao ensino regular com ou sem apoios educativos, mas já melhor preparada para os acolher. É ainda de salientar que vários indivíduos disseram ter frequentado mais de uma via de ensino ao longo da vida, apresentado várias combinações possíveis. Comparando os actuais com os antigos frequentadores do sistema de reabilitação/formação, podemos também concluir que nos dois grupos são os indivíduos mais velhos os que mais frequentaram o ensino regular e os mais novos o ensino regular com apoios educativos. Na frequência do ensino especial há uma distribuição ligeiramente diferente, pois há mais antigos a ter frequentado esta via de ensino. 43 44 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Multi Outro Tipo de deficiência / Motora Visual Auditiva Mental Paralisia Linguagem cerebral deficiência tipo % % % % % % % % Escolaridade (completo) Nenhum 1,6 2,7 1,6 13,7 6,1 9,8 7,7 2,2 ler e escrever 3,7 2,7 0,0 11,2 1,5 2,0 9,8 3,2 4º ano 9,9 12,0 16,6 25,2 15,2 11,8 17,9 17,7 45,1 18,8 40,3 6º ano 32,1 25,3 13,6 32,3 24,2 ensino básico 38,7 33,3 32,0 12,5 45,5 27,5 33,3 28,0 ensino secundário 10,7 28,8 1,4 4,5 3,9 7,7 4,3 Médio/ Superior 0,4 2,7 0,8 0,1 1,5 0,0 0,9 1,6 Outra situação 2,9 2,7 7,2 3,2 1,5 0,0 3,4 2,7 Não sei/não respondo 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,9 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 243 75 125 902 66 51 117 186 18,7 Quadro 1.25 Tipo de deficiência por escolaridade (geral) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Em relação ao tipo de deficiência por escolaridade, pode-se observar que são os indivíduos com deficiências sensoriais que têm níveis de escolaridade mais elevados. Repare-se que no quadro 1.22 é nas colunas referentes às deficiências visuais e auditivas que se pode encontrar um maior número de indivíduos com escolaridades compreendidas entre o 6º ano e a conclusão de um curso médio ou superior. Em oposição, os indivíduos menos escolarizados possuem, mais frequentemente, uma deficiência do foro mental. Comparando os níveis de escolaridade referentes à amostra com os da população nacional com deficiência, verifica-se que, apesar da tipologia de deficiência não ser coincidente com a utilizada nesta pesquisa, pode-se fazer uma agregação para permitir a comparabilidade, visto ser de extrema importância perceber se a população que frequenta o sistema segue a tendência da população nacional com deficiência, ou se , pelo contrário, tem especificidades que conduzam a medidas particulares de actuação. Ainda a título de explicação metodológica, a agregação das deficiências do Quadro 1.25 foi feita segundo os mesmos critérios que os explicitados nos resultados globais do Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens (1996).11 11 As deficiências psíquicas incluem todos os indivíduos com deficiências intelectuais, doentes mentais, e pessoas com deficiências gnósticas e práxicas. A categoria ‘nenhuma em especial’ refere-se a todas as outras deficiências não incluídas nas categorias anteriores. Define-se como deficiência sensorial todas as deficiências da visão, da audição e da fala. As deficiências físicas, correspondem a todas as deficiências dos órgãos internos, mecânica e motora dos órgãos internos. As deficiências mistas agregam as deficiências que se manifestem no plano psíquico, sensorial e físico, incluindo a paralisia cerebral. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Psíquicas % Sensoriais % Físicas % Mistas % Nenhuma em Especial % Nenhum 44,00 39,89 32,79 47,37 45,25 Completei o 4º ano 37,45 43,21 47,86 34,31 35,52 Completei o 6º ano 8,53 5,05 5,52 2,09 5,31 Acabei o ensino básico 5,04 8,31 13,36 1,28 7,95 Acabei o ensino secundário 1,32 4,51 8,33 0,02 5,76 Curso médio superior 1,45 4,68 6,69 0,31 5,8 Total 100 100 100 100 100 Tipo de deficiência Escolaridade Quadro 1.26 Níveis de escolaridade da população portuguesa com deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Feitas as devidas ressalvas metodológicas, da comparação do Quadro 1.26 com o anterior pode-se observar que na população nacional deficiente há mais pessoas sem nenhuma escolaridade ou com o 4º ano completo. No entanto, nos níveis compreendidos entre o 6º e o 12º ano há, proporcionalmente também, mais casos na nossa amostra. Os possuidores de um curso médio ou superior entre a população portuguesa de pessoas com deficiência estão melhor representadas. Daqui se pode concluir que os utentes do sistema de reabilitação são mais escolarizados em média que os indivíduos com deficiência em Portugal, podendose supor que a maior proporção de pessoas com os níveis médios revelam eficácia do sistema. Quem não o frequentou, ou parece não necessitar, e menos casos obtém pelos seus próprios meios escolaridade superior, ou não conseguem obter níveis mínimos. Multi Outro Tipo de deficiência Motora Visual Auditiva Mental Paralisia Linguagem cerebral deficiência tipo % % % % % % % % Escolaridade Nenhum 0,9 0,0 4,0 19,4 7,4 16,7 0,0 0,0 Sei ler e escrever 6,3 3,8 0,0 19,4 3,7 0,0 15,2 2,6 Completei o 4º ano 12,6 7,7 16,0 31,0 22,2 8,3 30,3 31,6 Completei o 6º ano 30,6 11,5 16,0 21,9 25,9 58,3 24,2 26,3 Acabei o ensino básico 36,0 38,5 30,0 4,7 33,3 16,7 15,2 28,9 Acabei o ensino secundário 10,8 30,8 24,0 1,6 3,7 0,0 9,1 5,3 Curso médio superior 0,9 7,7 2,0 0,3 3,7 0,0 3,0 2,6 Outra situação 1,8 0,0 8,0 1,3 0,0 0,3 2,6 2,6 Não sei/não respondo 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 111 26 50 319 27 12 33 38 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 1.27 Grau escolaridade por tipo de deficiência (antigos) 45 46 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de deficiência Escolaridade Paralisia Multi Outro Motora Visual Auditiva Mental cerebral Linguagem deficiência tipo % % % % % % % % Quadro 1.28 Grau escolaridade por tipo de deficiência (actuais) Nenhum 2,3 4,1 0,0 10,6 5,1 7,7 10,7 2,7 Sei ler e escrever 1,5 2,0 0,0 6,7 0,0 2,6 7,1 3,4 Completei o 4º ano 7,6 14,3 16,0 22,0 10,3 12,8 13,1 14,2 Completei o 6º ano 33,3 32,7 12,0 37,9 23,1 41,0 16,7 43,9 Acabei o ensino básico 40,9 30,6 33,3 16,8 53,8 30,8 40,5 27,7 Acabei o ensino secundário 10,6 12,2 32,0 1,4 5,1 5,1 7,1 4,1 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 0,0 5,1 0,0 0,0 1,4 Outra situação 3,8 4,1 6,7 4,3 0,0 2,6 3,6 2,7 Não sei/não respondo 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 2,7 0,0 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Total 132 49 75 583 39 39 84 148 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Em relação à análise comparada entre antigos e actuais e numa óptica de fazer uma abordagem mais pormenorizada, pode-se observar que há grandes diferenças entre grupos, sobretudo no que diz respeito às deficiências auditivas, mentais e paralisia cerebral. Por exemplo, no que se refere à primeira, observa-se que os actuais utentes com deficiência auditiva são mais escolarizados que os antigos, sendo que 65,3% dos actuais deficientes auditivos completaram o 9º ou 12º ano face a 56% dos antigos, que concluíram o mesmo nível de ensino. Já relativamente aos deficientes mentais, podemos verificar que a maioria dos antigos tem até ao 6º ano de escolaridade e de entre os actuais a maioria apresenta uma escolaridade até ao 9º ano, um aumento importante dos níveis de escolaridade. Estes dados para além de virem confirmar ideias já avançadas anteriormente, reforçam a imagem do sistema de reabilitação em Portugal dando um importante contributo para o aumento da escolaridade desta população. Um outro elemento importante para caracterizar a nossa amostra refere-se à origem da deficiência. Geral % Antigos % Actuais % Congénita 57,2 57,2 57,2 Adquirida 30,8 33,3 29,6 Não sabe 12,0 9,5 13,2 Total (%) 100 100 100 Total 1664 535 1129 Origem da deficiência Quadro 1.29 Origem da deficiência do próprio Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 47 No quadro 1.29 pode observar-se que a cerca de 60% dos indivíduos refere que a origem da sua deficiência é congénita, sendo ainda de realçar que há um elevado número de pessoas que não sabem responder a esta questão, o que é um dado importante do ponto de vista do auto-conhecimento. No cruzamento dos tipos de deficiência pelas origens da mesma (Quadro 1.30), revela-se que as deficiências motoras são as únicas que maioritariamente foram adquiridas. Em todas as outras, a deficiência congénita é maioritária, com especial relevo para a deficiência mental (74%). As origens das deficiências dos actuais e antigos utentes do sistema têm uma distribuição semelhante. Congénita % Adquirida % Não sabe % Total Total de indivíduos considerados Motora 31,1 64,4 2,6 100 235 Visual 63,5 35,1 1,4 100 74 Origem da deficiência/ Tipo de deficiência Quadro 1.30 Tipo de deficiência por origem da mesma (geral) Auditiva 57,5 35,8 6,7 100 120 Mental 74,0 16,5 9,5 100 765 Paralisia cerebral 50,8 46,0 3,2 100 63 De linguagem 53,1 24,5 22,4 100 49 Multideficiência 60,0 32,6 7,4 100 95 Outro tipo 46,1 50,9 3,0 100 165 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Geral % Antigos % Actuais % 0 anos 68,0 67,5 68,3 Entre os 1 e os 10 anos 16,0 15,3 16,4 Entre os 11 e os 20 anos 8,8 9,8 8,3 Entre os 21 e os30 anos 5,0 5,0 5,0 Entre os 31 e os 40 anos 1,6 2,0 1,4 Entre os 41 e os 50 anos 0,6 0,4 0,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1438 498 940 Idade agregada Quadro 1.31 Idade de aquisição da deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 48 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os dados relativos à idade em que a deficiência foi adquirida coadunam-se com a conclusão de que a maioria das deficiências tem uma origem congénita. Contudo, não deixam também de revelar que, apesar disso, a deficiência pode surgir em qualquer momento da vida. Tendo em conta que a amostra é relativamente jovem, este quadro revela que em nenhuma idade se está isento da aquisição de deficiências, colocando como desafio ao sistema estar preparado para acolher indivíduos de todas as idades. Quadro 1.32 1-10 anos % 11-20 anos % 21-30 anos % 31-40 anos % 41-50 anos % Total (%) Total Tipo de deficiência 0 anos % Motora 31,3 23,8 23,3 15,4 5,7 0,4 100 227 Visual 51,4 20,8 11,1 9,7 4,2 2,8 100 72 Auditiva 61,5 33,9 3,7 0,0 0,9 0,0 100 109 Mental 84,7 9,2 4,2 1,7 0,1 0,0 100 692 Paralisia cerebral 76,8 17,9 3,6 1,8 0,0 0,0 100 56 De linguagem 71,1 26,3 2,6 0,0 0,0 0,0 100 38 Multideficiência 67,4 19,1 3,4 4,5 1,1 4,5 100 89 Outro tipo 55,9 14,7 18,2 9,1 1,4 0,7 100 143 Idade Tipo de deficiência por idade em que esta foi adquirida (geral) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro 1.32 revela que as deficiências que mais são adquiridas ao longo da vida são as visuais e as motoras com especial relevo para as últimas12 1.3.3-Situação Familiar Figura 1.5 Estado civil dos inquiridos 100 91,6 89,3 90 84,7 80 Solteiro/a 70 Casado/a/União de facto 60 Separado/a 50 Viúvo/a 40 30 20 10 11,8 8,0 6 3 2,4 0,4 0,5 2,1 0,3 0 Geral Antigos Actuais Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 12 Os mesmos dados se podem encontrar quer nos actuais como nos antigos utentes do sistema, como se poderá observar no Anexo 4.8. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que diz respeito ao estado civil, como se pode observar na figura anterior, estamos perante uma população maioritariamente solteira, em particular no caso dos actuais utentes. Entre os que já não estão formalmente ligados ao sistema encontram-se um maior número de pessoas casadas. Não será alheio a esta diferença o facto de os utentes actuais serem bastante mais novos que os antigos e serem estes últimos os que, estando mais vezes a exercer uma actividade remunerada, vêem aumentadas as possibilidades de constituição da família própria. Isto é, para além dos inevitáveis efeitos de idade, estes dados podem apontar para maiores índices de autonomia destas pessoas. No que se refere à distribuição etária por estado civil dos indivíduos que compõem a nossa amostra, nele se pode confirmar que, no geral, tal como seria de esperar, os indivíduos solteiros têm idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos e a maioria dos casados idades entre os 21 e os 35 anos, enquanto os divorciados ou separados estão maioritariamente entre os 26 e os 45 anos.13 É ainda curioso observar que apesar das diferenças já referidas, as separações/divórcios e as situações de viuvez apresentam valores que, apesar de diferentes, são bastante parecidos aos da população portuguesa. Centrando-nos apenas na população casada, podemos afirmar que a maioria dos indivíduos casados o são com pessoas não deficientes (70%). É entre os casados que não estão formalmente ligados ao sistema que encontramos o maior número de cônjuges com deficiência (42,4%) como se pode consultar no Anexo 5. Nos cônjuges que têm alguma deficiência, as deficiências auditivas e mentais são as que reúnem maior número (vide Anexo 5). Contudo, será necessário não esquecer que os indivíduos casados são apenas cerca de 7% da população que nos respondeu. Relativamente aos agregados familiares a que pertencem, a maioria dos utentes tem um agregado familiar de estrutura simples com núcleo conjugal (63,8%). Há ainda um número considerável de famílias monoparentais (10%), existindo entre estas uma maior representação da monoparentalidade feminina. Note-se que 16,9% dos indivíduos vive só com a mãe ou com a mãe e irmãos ou irmãs. Comparando os grupos de actuais e antigos, verifica-se que, apesar de semelhantes, as estruturas familiares não são exactamente iguais. Assim, os actuais, talvez por serem também mais novos, são mais os que vivem com os pais e com irmãos que os antigos, sendo estes últimos os que apresentam valores mais elevados na situação de isolados. Em comparação dos dados do inquérito com os censos da população portuguesa, podemos observar que na primeira há mais solteiros nas categorias etárias mais novas e, curiosamente, mais casados entre os 15 e os 35 anos. Ou seja, os indivíduos beneficiários do sistema, apesar de se casarem menos, casam-se mais cedo que os indivíduos das mesmas idades na população portuguesa. No próximo quadro, estão presentes as relações entre o estado civil e o tipo de deficiência, pois quis saber-se se este influiria no estado civil. 13 49 Os viúvos estão mais concentrados no escalão etário dos 41 aos 45 anos, mas por serem só 7, em termos absolutos, não há muitas conclusões a retirar deste dado. 50 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Casado/a/ Estado civil Solteiro/a União de Separado/a Viúvo/a Total de indivíduos % facto % % % Total % Motora 78,9 14,0 5,0 2,1 100 242 Visual 74,7 18,7 5,3 1,3 100 75 Auditiva 77,6 16,8 5,6 0,0 100 125 Mental 94,4 4,5 1,1 0,0 100 897 Paralisia cerebral 95,5 4,5 0,0 0,0 100 66 De linguagem 99,2 5,9 2,0 0,0 100 51 Multideficiência 89,7 7,7 2,6 0,0 100 117 Outro tipo 87,7 9,1 3,2 0,0 100 187 Tipo de deficiência Quadro 1.33 Tipo de deficiência por estado civil (geral) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Da análise do quadro pode-se concluir que apesar da grande maioria dos indivíduos serem solteiros, como já sabíamos, os que mais se casam são os portadores de uma deficiência motora, visual ou auditiva. Esta mesma tendência é verificada na análise dos quadros do anexo 8, que se referem ao estado civil por tipo de deficiência dos actuais e antigos utentes. Pessoas com quem vive actualmente Geral Antigos Actuais % % % Quadro 1.34 Tipos de agregado doméstico 14 Agregados domésticos sem núcleo ou estrutura conjugal Sozinho 3,6 5,2 2,8 Com o pai 2,2 3,0 1,8 Com a mãe 7,8 10,3 6,5 Com a mãe e irmãos ou irmãs 9,1 6,8 10,4 Com outros não familiares 9,7 13,3 7,8 Casados com ou sem filhos 7,3 6,2 7,8 Com o pai e com a mãe 20,8 22,8 19,7 Com o pai, a mãe e com irmãos ou irmãs 35,7 29,4 39,1 Com o pai, a mãe e com irmãos e avós 1,9 1,2 2,2 Com o pai, a mãe e com irmãos ou irmãs e outros familiares 1,9 1,8 1,9 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1611 562 1049 Agregados domésticos de famílias simples com núcleo conjugal Agregados domésticos de famílias complexas Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 14 Os tipos de agregados seguem a tipologia adoptada em Portugal que Modernidade? (1998). Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 51 Como é facto bem concreto, as trajectórias de qualificação e profissionais são fortemente influenciadas pelo suporte de estratégia de funcionalização proporcionado pelas famílias. Interessa, assim, verificar com quem vive actualmente os beneficiários inquiridos. Os dados obtidos juntos dos utentes do sistema indicam que a maioria dos beneficiários vivem num agregado doméstico simples com núcleo conjugal (63,8%), principalmente com o pai, com a mãe com ou sem irmãos (56,5%). O quadro 1.35 evidencia que de um modo geral o nível de instrução dos inquiridos é superior ao dos adultos. Embora de uma forma mais atenuada, as pessoas com deficiência acompanham assim uma tendência geral de elevação intergeracional dos níveis médios de escolaridade, o que representa uma verdadeira ruptura em relação à “condenação“ a que estas populações estavam sujeitas num passado recente. Geral % Quadro 1.35 Actuais % Antigos % Nível de escolaridade dos adultos por quem Nível de escolaridade Adulto 1 Adulto 2 Próprio Adulto 1 Adulto 2 Próprio Adulto 1 Adulto 2 Próprio Nenhum 10,3 10,4 8,2 12,1 12,8 10,9 9,4 9,1 6,8 Sei ler e escrever 13,6 15,7 7,4 5,9 4,5 12,3 8,9 8,7 4,9 Completei o 4º ano 46,5 41,3 20,3 16,1 18,9 25,0 12,3 14,1 18,0 Completei o 6º ano 7,0 7,8 31,2 47,7 43,6 24,1 45,9 40,2 34,9 Acabei o ensino básico 4,7 3,8 22,9 5,9 7,0 17,6 7,6 8,1 25,7 Acabei o ensino secundário 2,8 2,2 6,1 4,2 2,9 7,0 4,9 4,3 5,6 Curso médio superior 3,4 3,1 0,6 2,2 1,4 1,2 3,1 2,6 0,2 Mestrado ou doutoramento 0,2 0,2 0,0 2,4 2,7 0,0 3,9 3,3 0,0 Outra situação 0,3 0,6 3,0 0,5 0,2 1,8 0,1 0,6 3,6 Não sei/não respondo 11,1 15,1 0,3 3,9 6,0 0,2 3,8 9,4 0,3 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1754 1545 1962 589 514 660 1165 1031 1302 foi educado15 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 No entanto, apesar de os próprios terem, frequentemente, uma escolaridade mais elevada do que a dos adultos por quem são ou foram educados, nos graus de instrução mais elevados a relação inverte-se. Relativamente às profissões desempenhadas, não se verifica uma grande diferença entre as actividades que o próprio desempenha e as que os adultos 15 Comparação com o próprio. 52 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal exercem ou exerceram (excepto no grupo dos operários, artífices e artesãos não qualificados onde se concentram a maioria das actividades profissionais dos utentes que nos responderam e compõem esta amostra). Ou seja, o adulto um, está de um modo geral mais concentrado no pessoal dos serviços, qualificado ou não e nos trabalhadores não qualificados da construção e indústria. Já o adulto dois exerce mais uma actividade que, ou se insere no pessoal não qualificado dos serviços, ou desempenha tarefas domésticas. No entanto, pode-se observar que os antigos frequentadores do sistema têm maior representação nas profissões ligeiramente mais qualificadas, como se pode observar no quadro que se segue, o que em parte se explica pelo investimento num percurso formativo por patamares de qualificação sucessiva, e aponta para a eficácia do sistema de formação. Relativamente à situação perante a profissão, o que o quadro 1.37 nos indica é que a geração anterior de beneficiários inquiridos é, fundamentalmente, composta por trabalhadores por conta de outrem, embora os trabalhadores por conta própria tenham um peso muito maior do que entre os actuais beneficiários, nos quais esta situação é residual. 527 1298 1628 Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 100 18,6 100 9,2 0,0 100 12,0 Trabalhadores não qualificados da agricultura, pescas e afins 15,6 1,5 Total 13,6 Pessoal não qualificado dos serviços 6,7 0,0 7,2 Operários da industria não qualificados 28,1 9,9 33,6 5,3 Operários, artífices e artesãos não qualificados 8,5 0,0 20,1 9,3 0,2 Agricultores, pescadores e afins qualificados 9,1 14,8 Doméstica 19,8 Pessoal qualificado dos serviços 3,5 3,2 0,0 4,2 Pessoal administrativo qualificado 3,0 4,7 5,4 Técnicos e profissionais de nível intermédio 5,1 3,2 20,4 1,6 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 0,0 Próprio 1,5 Adulto 2 Geral % Trabalhadores não qualificados da construção e indústria 0,9 Adulto 1 Quadros superiores da administração pública Grupos profissionais Profissão dos adultos por quem foi educado Quadro 1.36 526 100 8,2 18,1 12,5 12,5 9,1 5,9 0,2 21,9 4,2 5,1 1,0 1,3 Adulto 1 424 100 38,6 3,1 8,5 14,9 7,1 7,8 0,0 9,9 3,1 2,6 2,8 1,7 Adulto 2 Antigos % 456 100 0,0 0,0 18,4 0,0 1,5 25,4 9,2 21,1 15,6 3,3 5,5 0,0 Próprio 100 874 1102 31,1 5,5 9,5 15,9 6,5 11,0 0,0 100 9,9 21,5 11,8 14,1 6,4 5,1 0,2 8,7 3,8 4,2 18,8 3,2 3,4 1,4 Adulto 2 5,5 1,9 0,7 Adulto 1 Actuais % 1243 100 0,0 0,0 19,7 0,0 1,4 45,1 4,2 14,1 9,9 2,8 2,8 0,0 Próprio Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 54 Actuais % Antigos % Geral % Adulto 1 Adulto 2 Adulto 1 Adulto 2 Adulto 1 Adulto 2 Situação na profissão 3,3 3,4 2,5 17,0 19,6 15,1 18,4 68,2 67,6 59,8 77,4 72,0 6,2 10,3 11,0 17,3 4,0 7,1 0,2 0,0 0,4 0,0 0,1 0,0, 100 100 100 100 100 100 1393 864 447 271 946 593 Patrão 3,6 2,8 4,0 Trabalhador por conta própria 15,7 18,8 Trabalhador por conta de outrem 74,2 Outra situação Não sei Total Total de indivíduos Quadro 1.37 Situação perante a profissão dos adultos por quem foi educado Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Visão de Síntese A figura 1.6 reflecte a associação existente entre o ser-se ou não um actual utente do sistema, a situação face à formação e à profissão, a escolaridade atingida e o tipo de deficiência dos indivíduos inquiridos16. 1,5 Figura 1.6 s/esc Análise de correspondências múltiplas 1,0 mental 6º ano Frequento programa reabilitação 0,5 Exerço uma profissão ou trabalho sim 0,0 não não X Tipo de deficiência X actuais sim Escolaridade antigos X Antigo/actual utente -0,5 Paralisia cerebral -1,0 visual motora 16 12º ano -1,5 +12º ano auditiva -2,0 -1,0 -0.5 0,0 0,5 1,0 1,5 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Pode-se observar que há uma maior associação entre beneficiários menos escolarizados – que ou não têm nenhum nível de escolaridade completo ou têm até ao 6º ano – e as deficiências mentais. Por outro lado, os indivíduos mais escolarizados – 12º ano ou mais - associam-se com as deficiências sensoriais e com a paralisia cerebral. Por este tipo de análise estatística ser mais complexo que a apresentada até aqui, necessita de mais cuidados na sua interpretação, porém a que aqui se irá fazer será apenas uma descrição do resultado deste tipo de exame estatístico. A distribuição de todas as variáveis envolvidas num espaço topológico faz-se pela existência de maior ou menor associação entre elas, podendo assim traduzir conjuntos que se agrupam, indicando a aproximação das características de indivíduos específicos. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 55 Observa-se também que os actuais frequentadores do sistema se associam, mais frequentemente, a acções de formação de reabilitação e ao não exercício de actividade profissional. Já os antigos utentes associam-se mais com a não frequência de acções e com a actividade profissional, como aliás seria de esperar, uma vez que para frequentar o sistema, não se deve estar a desenvolver outra actividade, e quando se sai dele, na maior parte dos casos entra-se no mercado de trabalho. 2- Impactos no Sistema 2.1- Política e Ideologia A reabilitação profissional das pessoas com deficiência é uma problemática que se pode considerar relativamente recente, sobretudo em Portugal. Até à Revolução de Abril a deficiência era considerada, em termos genéricos, uma fatalidade. Quem nascia com deficiência era, de algum modo, posto à margem por partilhar de uma condição inescapável, e nesse contexto as lógicas de apoio, quando existiam, tinham como base ideológica primordial a caridade e o assistencialismo. O Estado tinha uma actuação residual neste domínio – como, de resto, face a outros grupos especialmente desfavorecidos –, assumindo as redes familiares e sociais, bem como a frágil sociedade civil17, e a Igreja (esta numa lógica igualmente caritativa) um papel preponderante na assistência às pessoas com deficiência. A excepção ao paradigma da intervenção pública residual, típica dos Estadosprovidência tardiamente desenvolvidos da Europa do Sul, eram as pessoas que adquiriam uma deficiência através de acidentes de trabalho. Numa situação também ela característica dos padrões de cobertura da protecção social fortemente dualizados em contextos dominados por políticas sociais de orientação conservadora (de que o Estado Novo em Portugal foi um exemplo vincado), só os trabalhadores integrados de forma mais consistente no mercado de trabalho tinham direito a lógicas de “seguro social”. Eram, igualmente, considerados “inválidos”, mas tinham apesar de tudo garantias de protecção pública enquanto “insiders” da força de trabalho. A guerra colonial (1961-1975) veio conferir uma nova visibilidade às questões da deficiência, e em particular da deficiência física adquirida. Esta visibilidade traria consequências logo após o 25 de Abril. 1974-1985 Com efeito, não é por acaso que o domínio da deficiência, e em particular da deficiência física conhece avanços logo em 1974, com a fundação da ADFA. Tal como também não é por acaso que é através da iniciativa da sociedade civil que em Portugal se avança e consagra institucionalmente a cobertura dos riscos sociais que o Estado não assumira e que antes eram problemáticos. A fundação da ADFA é, aliás, apenas uma das primeiras manifestações da explosão da iniciativa da sociedade civil no campo da deficiência, e em particular através dos movimentos cooperativo e associativo. 17 Como os Inválidos do Comércio, o próprio nome encerra toda uma ideologia a respeito da deficiência 56 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O conjunto de dinâmicas muitas vezes referido no discurso dos agentes, como o chamado “movimento das CERCI’s” representou a criação, em finais da década de 70, de dezenas de instituições nascidas da sociedade civil, sob a forma de cooperativas. Este dinamismo, raro em termos sectoriais na sociedade portuguesa, deu um impulso fortíssimo para o crescimento da protecção social e educação das pessoas com deficiência, e foi determinante para o surgimento e configuração de um sistema até então inexistente. É igualmente no período pós-25 de Abril que são criados o SNR (Secretariado Nacional de Reabilitação) e o IEFP (1977 e 1978, respectivamente). Esta dinâmica estatal na protecção das questões da deficiência no pós-25 de Abril é paralela a toda uma lógica de avanços nos direitos sociais nos anos que se seguem ao 25 de Abril. Em todo o caso, é interessante que estes marcos institucionais surjam três e quatro anos depois da Revolução, quando noutras áreas (por exemplo, direitos laborais) houve avanços bem mais céleres. Pode-se colocar a hipótese interpretativa segundo a qual o Estado português vem, de algum modo, responder à força da dinâmica da sociedade civil neste campo – a sociedade civil como indutora da inovação e do crescimento do Estado em riscos sociais a descoberto. Neste período, o Ministério do Trabalho, através do IEFP, recém-criado, e do seu “Serviço de Reabilitação e Emprego de Deficientes”, assegurava a colaboração com as instituições privadas de solidariedade social, no apoio técnico e financeiro para a instalação de oficinas, aquisição de equipamentos, regulamento de vencimentos a monitores de reabilitação profissional e participação nas acções de formação. Era também competência do Ministério a colocação dos jovens em mercado de emprego, a criação de unidades de formação profissional e emprego protegido e a prestação de apoios financeiros e técnicos às organizações que criassem centros de emprego protegido. O Estado, na ausência de uma tradição própria de intervenção e de estruturas que, no terreno, tivessem capacidade real de intervenção, opta pelo estímulo à protecção social por via da sociedade civil. Em Dezembro de 1983 é publicado um memorando que dá conta das actividades do Secretariado Nacional de Reabilitação e que faz um retrato das necessidades mais prementes das pessoas com deficiência, entre as quais se incluem, a necessidade de maior apoio às pessoas com deficiência e de tomar medidas legislativas que clarificassem o papel de cada actor institucional no processo de reabilitação. Neste âmbito foi revista, por exemplo, a Tabela Nacional de Incapacidades. Neste memorando fala-se, por exemplo, de apoio económico e social, serviços de apoio domiciliário, pensões de invalidez e reabilitação e prevenção de acidentes. O curioso é verificar como não é neste documento feita referência à empregabilidade das pessoas com deficiência e à sua inclusão nos domínios da vida social que remetem para a actividade e o emprego. Ou melhor, estas dimensões são tidas em conta mas justamente no sentido contrário, i.e., impedir o afastamento de pessoas dessas esferas por via da incapacidade e da deficiência Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal adquiridas por via de doenças e acidentes de trabalho. A deficiência é, pois, vista como objecto de protecção e como um risco social a ser coberto pelo Estado, mas ainda não como uma condição inteiramente reversível; e as pessoas com deficiência como pessoas com direito a ser protegidas e assistidas, mas não com direito à inclusão na esfera da actividade plena como as pessoas sem deficiência. Mesmo a questão da reabilitação, conceito por definição associado a uma noção de possibilidade de “reverter” a situação de deficiência, e apesar do nome do SNR, aparece mapeada entre outras prioridades. Nos documentos deste período, é também interessante verificar como tende a haver algum centramento do sistema nas crianças e jovens (os adultos sobretudo na óptica preventiva aos que não possuem deficiência). Mais uma vez, esta orientação remete para um paralelismo da actuação do Estado para os nichos de actuação em que a sociedade civil mais se movimenta (por exemplo, com as CERCI’s). 1986-1994 Mais tarde, a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia marcará uma viragem nas políticas de reabilitação em Portugal. Mas a influência internacional é, ainda que em grau incomparável, anterior. Por exemplo, é de salientar, em relação a este período, a importância de alguns documentos internacionais e europeus, tais como: a “Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Handicaps” da OMS (Organização Mundial de Saúde) originalmente datada de 1976 e traduzida para português em 1989 pelo SNR; a resolução 37/52 das Nações Unidas de 1982 e a Recomendação (86/379/CEE) da comissão ao conselho sobre o emprego de deficientes na comunidade, em 1986. A classificação internacional das deficiências, incapacidades e desvantagens (handicaps) tem como ponto de partida a definição de saúde da mesma organização. Doença situação deficiência incapacidade exteriorizada objectivada desvantagem (handicap) socializada intrínseca A deficiência é entendida como “qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica”(SNR, 1989:35). Assim, a deficiência representa um desvio do padrão biomédico do indivíduo. Nesta óptica a deficiência é geradora de incapacidades que podem resultar num ou vários handicaps ou desvantagens, “no domínio da saúde, desvantagem representa um impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma deficiência ou de uma incapacidade, que lhe limita ou lhe impede o desempenho 57 58 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal de uma actividade considerada normal para esse indivíduo, tendo em atenção a idade, o sexo e os factores sócio-culturais.” (idem:37) Neste sentido, a pessoa com deficiência, pelas desvantagens inerentes à sua deficiência, deve ser reabilitada em termos profissionais e sociais para que possa ser inserida a nível profissional e social segundo as suas capacidades. Estamos assim, presente uma ruptura ideológica ao nível do conceito de deficiência. A inserção da pessoa com deficiência deixa de ser encarada como uma impossibilidade. As desvantagens devem ser compensadas através de um processo de reabilitação que lhe permita a inserção apesar das suas incapacidades. O programa mundial de acção relativo às pessoas deficientes (resolução 37/52) tem como principal objectivo estimular a efectivação de medidas que permitam a “total participação” das pessoas com deficiência na vida social. De acordo com o programa os governos devem assegurar a responsabilidade primária, cabendo às instituições os serviços complementares. É no contexto da recomendação (86/379/CEE) que surge a componente de auxílio financeiro FSE e os Estados-membros são convidados a “explorar plenamente todas as possibilidades dos fundos estruturais e das iniciativas comunitárias”. A recomendação convida os Estados-membros a adoptarem um conjunto de medidas com vista à igualdade de direitos e oportunidades de emprego e formação profissional, incluindo formação inicial, primeiro emprego, reabilitação e reinserção. É proposto um conjunto de medidas relativos à vida profissional, como a criação de emprego em mercado normal de trabalho e emprego protegido, transição e readaptação ao trabalho e contactos com entidades patronais e organizações de trabalhadores. A partir de 1987, as unidades de formação pré-profissional existentes foram sendo convertidas em unidades de formação profissional, tendo por base o novo programa de formação profissional. Esta evolução remete, desde logo, para a evolução geracional do sistema (inicialmente muito orientado para os escalões etários mais jovens), e para a emergência de preocupações com a formação profissional, já no quadro da adesão europeia. No decurso deste processo, são publicadas em 1989, a Primeira Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (lei 9/89) e o Decreto-Lei 247/89, relativo à formação profissional e emprego. A Lei de Bases tem como base princípios de universalidade, globalidade, integração, participação, informação, solidariedade e equiparação de oportunidades. A reabilitação é entendida como um processo global e contínuo de conservação, desenvolvimento ou restabelecimento de aptidões e capacidades para o exercício de uma actividade normal. O Estado deve assumir-se como garante da prossecução da política de reabilitação em colaboração com as famílias e as organizações, cabendo-lhe a coordenação e articulação do sistema. O objectivo final da política de reabilitação é assegurar às pessoas com deficiência, qualquer que seja a respectiva origem e a natureza, a plena Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal participação na vida económica e social e a maior independência possível. O Decreto-Lei nº 247/89, de 5 de Agosto define os programas de desenvolvimento pessoal, profissional e emprego, bem como os apoios específicos a atribuir no âmbito de cada programa. São alvos de apoios, os seguintes programas: a) Preparação pré-profissional; b) Orientação profissional; c) Formação profissional; d) Readaptação ao trabalho; e) Emprego em mercado normal de trabalho; f ) Emprego protegido; g) Instalação por conta própria. O apoio é dirigido às pessoas com deficiência, organismos do sector privado, cooperativo e público empresarial (no que se refere à atribuição do prémio de mérito), bem como às autarquias e outros organismos públicos que não façam parte da administração central. As modalidades de apoio podem ser de natureza técnica e financeira. Neste diploma é feita uma definição de pessoa deficiente, como aquela que “pelas suas limitações físicas ou mentais, tem dificuldade em obter ou sustentar um emprego adequado à sua idade, habilitações ou experiência profissional”. Como se pode constatar, o conceito de deficiência é o proposto pela OMS, na sua relação entre deficiência, incapacidade e,“handicap”, acentuando a importância da formação profissional como forma de combater as desigualdades de acesso ao emprego. O Decreto-Lei nº 401/91 de 16 de Outubro consagra a formação profissional como um processo contínuo e polivalente que deve funcionar em ligação com os contextos de trabalho e a sua evolução. A ligação entre o contexto da formação e de trabalho deverá ser fomentada através da formação em alternância, pelo sistema de unidades capitalizáveis, estágios profissionais, criação de Univa’s e pelo programa emprego-formação na sua articulação com os centros de emprego. Entre os direitos dos formandos consagra-se a escolha da formação que mais se enquadra aos seus objectivos, o acesso à informação e orientação profissional, o reconhecimento e valorização da formação e a certificação da formação adquirida. No campo da reabilitação surge o grande objectivo de melhorar a qualidade dos desempenhos do sistema de reabilitação e integração sócio-profissional das pessoas com deficiência, pelo que tem particular importância o desenvolvimento de projectos inovadores ao nível das metodologias, equipamentos e serviços, capacidades técnicas, modelos de intervenção e produção de conhecimentos. Existindo já experiências nas principais áreas de intervenção, a prioridade era atribuída à melhoria da qualidade das intervenções e amadurecimento das entidades do sistema. A nível político nacional, as Grande Opções do Plano para o ano de 1992, incluem no capítulo destinado à Segurança Social, um parágrafo onde se define 59 60 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal que se deverão promover medidas globais e integradas que permitam às pessoas com deficiência permanecer no meio onde vivem, criando condições para a vida comunitária e recorrendo ao apoio proporcionado pela família e vizinhança. Como se pode constatar e apesar de ter sido identificado em 1988 o problema da falta de articulação ao nível das entidades do Estado na política de reabilitação, o problema continua a recair em exclusivo sobre o Ministério da Segurança Social. Ainda nesse ano, a nível europeu é publicado pelo Conselho da Europa, o documento “Uma política coerente para a reabilitação das pessoas com deficiência”. Esta recomendação tem como novidade a importância dada ao meio físico e social na problemática da reabilitação, “é à sociedade que compete adaptar-se às necessidades específicas das pessoas com deficiência”. Este documento marca uma nova ruptura ideológica. O Plano de Desenvolvimento Regional de 1993 faz algumas referências à situação das pessoas com deficiência, nomeadamente no que diz respeito aos baixos níveis de emprego. Apesar disso, a questão da integração das pessoas com deficiência não faz parte de nenhum dos quatro objectivos estratégicos expostos, supondo-se contudo que estejam integrados nas medidas gerais de promoção dos níveis de emprego e de redução do nível e tempo de desemprego. No capítulo IV do documento, onde se descreve a contribuição das Intervenções Operacionais para os domínios políticos do FSE, é tratada a questão da igualdade de oportunidade para todos, onde esta é articulada com a Intervenção Operacional (IO) Formação, Emprego e Desenvolvimento Social. No desenvolvimento das linhas estratégicas em que assenta a IO explica-se que a actuação facilitadora da inserção social dos sectores expostos ao desemprego de longa duração, onde se incluem as acções relativas às pessoas com deficiência, têm uma leitura transversal, articulando-se fortemente com os outros domínios da intervenção estrutural (educação, ciência, sociedade da informação e economia) e com os programas regionais. A Carta Social Europeia foi ratificada pelo governo português em 1991, estando centrada no essencial para as questões do emprego. No Artigo 15º pode ler-se: “Com vista a assegurar o exercício efectivo do direito das pessoas física ou mentalmente diminuídas à formação profissional e à readaptação profissional e social, as partes contratantes comprometem-se a: - Tomar medidas apropriadas para pôr à disposição dos interessados meios de formação profissional, incluindo, se for caso disso, instituições especializadas de carácter público ou privado; - Tomar medidas apropriadas para a colocação das pessoas fisicamente diminuídas, nomeadamente através de serviços especializados de colocação, de possibilidades de emprego protegido e de medidas adequadas a encorajar entidades patronais a empregar pessoas fisicamente diminuídas.” Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Esta disposição vem assim dar cumprimento ao Artigo 71º da Constituição da República Portuguesa, que determina a igualdade de direitos e deveres da pessoa com deficiência e que obriga o Estado a realizar uma política nacional de prevenção, tratamento, reabilitação e integração das pessoas com deficiência, promovendo a tolerância social e a solidariedade geral e apoiando as associações de deficientes. Assim se estabelece uma imposição constitucional, que resulta numa responsabilidade formal do Estado de proporcionar meios que vão desde a prevenção e reabilitação médico funcional, eliminação de barreiras físicas e sociais (incluindo recreação e tempos livres) até ao ensino apoiado, reabilitação profissional, inserção profissional e formas alternativas de emprego. Em Novembro de 1993 a comissão publica o Livro Verde sobre Política Social Europeia. Expunham-se os desafios da Europa Social e as possíveis respostas, carecendo, contudo, de referências ao caso das pessoas com deficiência. Seguiu-se, em 1994 o Livro Branco sobre Política Social Europeia, um passo à frente para a União, que definia os princípios e os objectivos para o futuro, em matéria de política social. Definia-se ser necessário desenvolver um “modelo social europeu” que proporcionasse a todos “a combinação única de bem-estar económico, coesão social e alta qualidade de vida” (CEE; 1995:4). O Livro Branco dava prioridade à política de emprego e ao processo de integração social. Relativamente às pessoas com deficiência salientava-se a necessidade de introduzir nas políticas e práticas da união o direito à igualdade de oportunidades. Para o efeito, fixaram-se 3 objectivos: a instituição do Fórum Europeu das Pessoas com Deficiência, resultado do programa HELIOS; a elaboração de um instrumento adequado para reforçar as Normas das Nações Unidas para a Igualdade de Oportunidades; a redacção de um Guia de Boas Práticas em matéria de emprego, dirigida aos empregadores. Surgem em contexto europeu, portanto, elementos que serão determinantes na orientação ideológica da política de reabilitação em anos recentes, e, nomeadamente, no contexto da nova geração de políticas sociais activas, na segunda metade dos anos 90: a “igualdade de oportunidades” face a outros grupos (e não apenas protecção) e o “emprego” (e não apenas assistência). A nível nacional, a publicação das “Linhas estratégicas para reforçar o grau de coordenação no sistema de reabilitação” da responsabilidade do Secretariado Nacional de Reabilitação, é publicada em 1994, na transição para o segundo quadro comunitário de apoio. Tal como o anterior documento do SNR chama a atenção para os seguintes aspectos: - Articulação entre políticas, crítica à coordenação entre políticas dos vários ministérios e secretarias de estado envolvidas (Emprego e Segurança Social, Saúde, Educação, Obras Públicas, Transportes, Comércio e Turismo, Planeamento e Administração do Território, Justiça, Administração Interna, Instituto Português da Juventude). 61 62 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal - Enfoque à importância da coordenação entre a Educação, Emprego e Segurança Social e Saúde. - Criação de eixos de intervenção para corrigir a situação. - Parecer quanto à importância do reforço dos instrumentos de natureza legislativa; - Dar cumprimento ao previsto no despacho conjunto, D.R., II Série, 20 de Dezembro de 1993 que regulamenta o Plano Nacional de Acção para a Reabilitação até ao ano 2000. A implementação de todas estas acções no que diz respeito à prioridade, duração e custos estava por definir. A nível europeu, é publicada em 1996, uma resolução do Conselho das Comunidades Europeias, relativa à igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência, onde se reafirma o empenhamento na supressão dos obstáculos à integração das pessoas com deficiência e de todos os tipos de discriminação negativa baseada unicamente numa deficiência. Esta resolução dá conta, por um lado, da maior relevância dada ao emprego e à cooperação entre Estados-membros e entre parceiros sociais, e por outro, de uma nova dinâmica de criação de novas associações entre colectividades, ONG’s e parceiros sociais. É também dado destaque à criação do Fórum Europeu das Pessoas com Deficiência. Em termos concretos, esta resolução deu origem a novas dotações do FSE e ao estabelecimento de directrizes, que a seguir são explicitadas: Directriz 1 Incremento da participação das pessoas com deficiência na sociedade -Respeito da autonomia e da independência - Passagem para um modelo que conceptualize os cidadãos com deficiência enquanto cidadãos capazes e responsáveis, com opções de vida. -Reajustamento dos sistemas de Educação e de Formação para facilitar a participação. - Acelerar a integração de crianças com deficiência nos estabelecimentos de ensino comuns, garantindo a continuidade entre ensino “geral” e “especial”. Incrementar medidas activas de emprego no mercado aberto e assistido (experiências inovadoras, teletrabalho, actividade por conta própria, ILE’s, etc.) Aplicação de técnicas de informação e comunicação. - Reajustamento das prestações sociais e outras medidas de assistência para facilitar a participação. - Reformulação das medidas para que não contribuam para o isolamento das pessoas. Aproximação das estratégias em matéria de saúde global, reabilitação e prevenção. Promoção e apoio da readaptação com base na comunidade. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal - Adopção de uma perspectiva centrada no cliente e concepção e funcionamento dos serviços de assistência - Melhoria da concepção e prestação de serviços, tendo em consideração as pessoas com deficiência na concepção e revisão dos sistemas. - Integração - Dar prioridade à prestação de serviços e assistência em estruturas integradas na comunidade. - Garantir a continuidade da prestação de serviços - Garantir a coordenação da concepção e da prestação de serviços, definição das atribuições e âmbitos de competência, criação de grupos de coordenação interministerial. - Garantir o princípio da Participação - Promover e facilitar o desenvolvimento e a consulta de ONG’s que representem as pessoas com deficiência. Promoção da plena associação das ONG’s à administração local, organizações empresariais, etc. Directriz 2 Supressão das barreiras à participação - Análise dos problemas de acessibilidade na perspectiva do princípio da igualdade de oportunidades e do direito à participação - Supressão dos obstáculos arquitectónicos, de comunicação e transportes existentes e a criar. Directriz 3 Abrir as diversas esferas da sociedade - Garantir a igualdade de direitos civis das pessoas com deficiência Reconhecimento da igualdade de direitos civis das pessoas com deficiência. Concepção da exclusão em termos de discriminação, com medidas e soluções antidiscriminatórias adequadas. - Promoção do emprego das pessoas com deficiência como elemento essencial da sua integração - Aplicação de estratégias concertadas a nível da educação, formação, emprego, não-discriminação, assistência social, serviços sociais, habitação, saúde, etc. Desenvolvimento e promoção dos conceito de “emprego assistido”. Directriz 4 Formação da opinião pública em favor da igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência - Sensibilização e educação - Desenvolver estratégias capazes de influenciar comportamentos sociais fundamentais (campanhas de sensibilização e informação). Focalizar a atenção nas capacidades e não nas incapacidades. Em 1998, é publicado um relatório da Comissão Europeia, onde se faz um balanço das políticas dos Estados-membros, relativas à igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência. Este relatório invoca a comunicação de Julho de 1996 e a resolução de Dezembro de 1996. A integração, por oposição à adaptação é a chave para as políticas de reabilitação. 63 64 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No campo da reabilitação profissional em Portugal estava previsto, à data do documento, a elaboração de um plano a médio prazo coerente e integrado, especificando as actividades de reabilitação a desenvolver. Prevê o incentivo e apoio a ONG’s para dotações técnicas e financeiras que permitam o alargamento de actividades, promoção da qualidade do seu funcionamento e de uma maior participação na elaboração e coordenação da política de reabilitação. Este documento não chegou a entrar em vigor do ponto de vista político. Pela mesma altura, as questões da deficiência surgem já claramente inseridas nas políticas de emprego. Exemplo disto são as medidas do Mercado Social de Emprego que são aplicáveis a pessoas com deficiência, e a outros grupos desfavorecidos, ou a presença desta questão no Plano Nacional de Emprego. A Intervenção Operacional Formação, Emprego e Desenvolvimento Social, desenvolve as suas linhas estratégicas no sentido de facilitar a inserção social dos sectores expostos ao desemprego de longa duração, onde se incluem as acções relativas às pessoas com deficiência. A intervenção é entendida numa óptica transversal, articulando-se fortemente com os outros domínios de intervenção estrutural (educação, ciência, sociedade da informação e economia) e com os programas regionais. Estamos assim perante uma prática de “mainstreaming”, em que a política de reabilitação é entendida como parte integrante das intervenções das várias políticas sectoriais. É de realçar também, a interligação com a Estratégia Europeia de Emprego, nos domínios do acesso e/ou regresso ao mercado de trabalho, a fim de promover um mercado de trabalho aberto a todos, desenvolvendo práticas de integração no local de trabalho e a formação profissional contínua. As mudanças no plano ideológico, ocorridas nos últimos anos, são o fio condutor de um novo conceito de deficiência, centrado na óptica das oportunidades. Pessoas com Deficiência: a óptica das oportunidades Diferença Discriminação Universalidade dos direitos Acessibilidades Desigualdade Igualdade de oportunidades Seguindo esta óptica de análise “se a política tiver como centro o valor da universalidade dos direitos, então o enfoque será colocado na promoção das acessibilidades a todos os níveis da organização social, e assim, permitir-se-á a promoção da igualdade de oportunidades, valor fundamental das democracias modernas. É, assim, não apenas a pessoas com deficiência, mas toda a sociedade que sai beneficiada com a ideia das acessibilidades universais.” (Capucha, 2003:10) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Esta mudança ao nível do conceito de deficiência tem impactos directos na nova Lei de Bases, apresentada na Assembleia da República em 11 de Fevereiro de 2004. A nova lei, denominada, Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência, acentua a importância da igualdade de oportunidades e da participação activa das pessoas com deficiência nas mais diversas áreas da sociedade, com o objectivo de promover uma maior autonomia e a defesa e reivindicação dos seus direitos de cidadania. Pela primeira vez a reabilitação está associada à habilitação vincando a ideia de que o problema está na desigualdade de acessos e não nas incapacidades inerentes à deficiência. A necessidade de uma participação mais activa, não é apenas sentida pelo sistema de reabilitação, mas também pelas próprias pessoas com deficiência que se organizam através de grupos de auto-representação. O grupo de auto-representação da FENACERCI, é o exemplo mais premente desta necessidade. As suas reivindicações expostas no documento “O que esperamos do ano europeu das pessoas com deficiência”, vão no sentido de uma maior participação das pessoas com deficiência nas instituições, de forma a defenderem os seus direitos e de uma maior autonomia junto da família. “A família é importante, mas há outras coisas que temos de ser nós a resolver. Preocupa-nos muito quando os nossos pais morrerem com o que vai acontecer no futuro. Queríamos ter um futuro a dois, mas vai ser difícil por causa dos nossos pais. É bom ter iniciativa e não estar sempre à espera que alguém nos mande fazer as coisas.” O ano 2003 foi consagrado como o Ano Europeu das pessoas com deficiência, tendo como principal objectivo fazer avançar o programa político de promoção da integração das pessoas com deficiência. Os objectivos direccionaram-se para a transformação das representações simbólico-culturais sobre a deficiência e as medidas são, na sua maioria, de informação e sensibilização e de reforço do intercâmbio de experiências e cooperação entre todas as partes interessadas. É criado um comité de representantes dos Estados-membros para acompanhar a iniciativa,estando previsto para o final de 2004 um relatório de avaliação da iniciativa. Na sequência desta iniciativa o Conselho produziu uma resolução sobre o acesso das pessoas com deficiência aos equipamentos e actividades culturais, sobre a igualdade em matéria de educação e formação e sobre “e Acessibilidade”. Tendo como base os documentos de trabalho: eInclusão - explorando as potencialidades da Sociedade da Informação para a inclusão social e o Plano de acção e Europa 2002, os Estados-membros são instigados a suprimir as barreiras técnicas para as pessoas com deficiência no acesso às TIC’s. Devem ser exploradas a fundo as potencialidades da sociedade da informação, promover uma abordagem mais coordenada, criar um portal sobre as questões da “eAcessibilidade”, e apoiar a participação das pessoas com deficiência em programas e projectos tecnológicos e em todas as outras áreas fundamentais. No plano nacional é criado o “Programa Nacional para a participação dos cidadãos com necessidades especiais na Sociedade da Informação”. Em termos de 65 66 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal acção o programa contempla nove prioridades: acessibilidade, ajudas técnicas, legislação, regulamentação e normalização, ciência, inovação e redes de conhecimento, educação, trabalho, acções de sensibilização, cooperação com empresas e cooperação internacional. Não se conhecem ainda resultados práticos do programa. 2.2- Rede de Actores O sistema pode ser definido como um conjunto de actores e de recursos. Ao longo do tempo, verifica-se que algumas das dinâmicas que atingiram o sistema, e que foram claramente impulsionadas pelo Fundo Social Europeu, resultaram no surgimento de um conjunto de novos actores, de novos recursos e de uma nova dinâmica nas relações entre actores. Neste ponto irá procurar-se identificar, por um lado, as competências de alguns dos actores institucionais com intervenção na área da reabilitação e, por outro, as relações entre eles e a sua evolução. Porém, não se pretende listar exaustivamente todos os intervenientes, mas apresentar aqueles que mais relevância têm tido na definição, aplicação e avaliação das políticas de reabilitação18. Podem distinguir-se as entidades com responsabilidades no sistema entre privados e públicos, que desenvolvem a sua actuação a nível europeu, nacional, regional e local. A nível europeu, apesar da questão da integração das pessoas com deficiência ser transversal, a política de reabilitação profissional encontra-se sediada, basicamente, na Direcção-Geral do Emprego e dos Assuntos Sociais. A este nível, existem também diversas associações e federações, de que a “CEEH- Confédération Européenne pour l’Emploi des Handicapés” ou a “Rehabilitation International” são alguns exemplos. Estas servem como grupos de pressão junto das estruturas europeias. Pontualmente, vão sendo criadas outras estruturas de participação das organizações, famílias e pessoas com deficiência de dimensão europeia, essencialmente ligadas às diversas iniciativas comunitárias. No domínio público nacional, a primeira estrutura com competências específicas no âmbito da Reabilitação Profissional foi criada em 1966. Designada por Serviço de Reabilitação Profissional, tinha como função “assegurar a recuperação e readaptação profissional a trabalhadores vítimas de uma diminuição física”. Após a sua extinção em 1969 e, depois de várias reestruturações, com o Dec-lei 346/77 de 20 Agosto, nasce o Secretariado Nacional da Reabilitação. O SNR tinha o estatuto de pessoa colectiva de direito público, inicialmente sob a tutela da Presidência do Conselho de Ministros, e posteriormente do Ministro da Solidariedade e Segurança Social, delegada ao Secretário de Estado da Inserção Social. Este incluía na sua estrutura o Conselho Nacional de Reabilitação (CNR)19 um órgão de consulta que integra na sua composição os serviços públicos (tendo representantes de vários ministérios) parceiros sociais e representantes das organizações e federações e das famílias das pessoas com deficiência, de sindicatos e dos membros com assento no Conselho Económico e Social (CES). O CNR serve 18 No final deste capítulo é possível encontrar um quadro que resume os principais actores actuais e as suas funções. 19 Actualmente designado por Conselho Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (CNRIPD). Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal de apoio e estrutura de participação na definição da política de reabilitação e integração das pessoas com deficiência, reunindo ordinariamente uma vez por trimestre. Em 1996 o Conselho Nacional é autonomizado, na mesma altura em que o SNR para a ser designado por SNRIPD. Gozando de autonomia administrativa e património próprio, o SNRIPD é tutelado pelo Ministro da Segurança Social e do Trabalho, que delegou funções no Secretário de Estado do Trabalho. Como órgão de coordenação, planeamento e desenvolvimento da política nacional de prevenção, reabilitação e integração das pessoas com deficiência, tem como principais atribuições, assegurar a complementaridade e a coordenação das entidades públicas e privadas, servindo de dinamizador do diálogo social e da cooperação com as ONG’s. Compete-lhe, ainda, propor e apoiar medidas legislativas e emitir pareceres sobre os principais projectos de diplomas legais, bem como colaborar e incentivar a investigação, a inovação e coordenar acções de informação, sensibilização e formação em reabilitação. O SNRIPD assume também um papel de interlocutor privilegiado nas relações de cooperação ao nível Internacional com as diversas instâncias internacionais e europeias. Actualmente, pese embora se tenha verificado uma reorganização da estrutura e uma mudança de designações, as atribuições do SNRIPD são, basicamente, as mesmas20. Um dos principais, senão o principal actor com competências na execução da política nacional de reabilitação é o IEFP. Este, criado em 1979, desde logo assumiu responsabilidades nas áreas da formação profissional, do emprego e da reabilitação profissional. Em 1985 são atribuídas novas funções ao IEFP, passando a ser, através do Serviço de Reabilitação e Emprego de Deficientes21, o organismo máximo responsável pela execução da política global a nível da reabilitação e integração profissional das pessoas com deficiência. Cabe, assim, ao IEFP a tutela do sistema de reabilitação nacional, coordenando a actividade dos vários intervenientes, através das suas estruturas centrais, regionais e locais. Desta forma, revela-se a intenção de desenvolver uma política de reabilitação nacional enquadrada na política geral de formação profissional e emprego, correspondendo a uma opção pelo “mainstreaming”. A entrada na UE e o início do apoio do Fundo Social Europeu fez surgir novos actores nacionais. Tendo como entidade tutelar o Ministério do Trabalho, foi criado um novo serviço - o Departamento para os Assuntos do Fundo Social Europeu (DAFSE). Este era dotado de autonomia administrativa, competindo-lhe o apoio técnico à gestão financeira das intervenções operacionais do Fundo Social Europeu (FSE), recorrendo para tal à figura do Gestor, um responsável pelo programa que se ocupa da gestão técnica, administrativa e financeira de um Programa ou Subprograma. Assim, era responsabilidade do DAFSE assegurar as tarefas relativas à gestão financeira do FSE, contribuir para a definição das linhas gerais de orientação da gestão do FSE e das respectivas intervenções operacionais, procedendo ao acompanhamento e controlo das acções apoiadas. Em 2000 é criado o Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu (IGFSE) que, sob a mesma 20 67 O facto do SNRIPD ser tutelado actualmente pelo Secretário de Estado do Trabalho é, de alguma forma, um aspecto controverso. Como refere um dirigente do sistema: “O Secretariado foi criado no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros exactamente para ser assumido como de responsabilidade transversal pelos vários ministérios. Até que depois o Primeiro-Ministro delegou no Ministro do Trabalho e este no Secretário de Estado e isto passou a ser uma coisa da Segurança Social, o que está mal, porque a Segurança Social é um dos sectores com responsabilidade sobre a política de reabilitação. Quando se apresentam as GOP (Grandes Opções do Plano), todos os Ministérios devem ter escrita a sua responsabilidade na área da integração das pessoas com deficiência, e deixar de existir uma política assistencialista para passar a haver exercício pleno de direitos”. 21 Depois de ter mudado de designação para Direcção dos Serviços de Reabilitação, em 1997, esta foi extinta, dando origem à Direcção de Serviços de Inserção, que, na óptica do “mainstreaming”, tem a seu cargo a inserção profissional de grupos com baixos índices de empregabilidade. 68 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal tutela, passa a ser o responsável pela gestão, coordenação e controlo financeiro das intervenções do FSE. A gestão e acompanhamento dos Programas Operacionais (PO) dos Quadros Comunitários de Apoio (QCA) tem vindo, desde o primeiro QCA, a ser desenvolvida com base nos serviços do IEFP, competindo aos centros de emprego a responsabilidade de emitir pareceres sobre a capacidade das entidades para desenvolver acções de formação profissional no âmbito da reabilitação e de acompanhar continuamente a execução da formação, enviando registos às estruturas regionais e nacionais. Com o QCAII foram introduzidos alguns ajustamentos e novos instrumentos de gestão, de que se destaca a figura do programa quadro. Persistindo a tutela do IEFP, as funções de gestão são, numa segunda fase de execução, transferidas para um organismo paralelo - o gabinete de gestão do INTEGRAR - com as competências até então atribuídas ao DAFSE. Também este QCA, e mais especificamente, o Subprograma INTEGRAR, possuía uma estrutura técnica multivalente, apoiando-se ao nível regional e local, nos Centros Regionais da Segurança Social (CRSS’s). Com o terceiro QCA inflecte-se a estratégia apresentando-se um novo modelo organizativo da estrutura orgânica de gestão, acompanhamento, avaliação e controlo, consagrado no Decreto-Lei nº 54-A/2000 de 7 de Abril. Neste novo modelo cada intervenção operacional regional do QCA abrange e integra intervenções dos diferentes ministérios nas regiões, dando a responsabilidade da gestão aos serviços regionais da administração, com o objectivo de desconcentrar e descentralizar, aumentando, assim, o grau de responsabilização da coordenação regional. Todas estas alterações têm vindo no sentido de descentralizar e fortalecer a dimensão regional e local. No sector público estes níveis são cobertos pela acção das estruturas do IEFP, através dos centros regionais e, a nível local, através dos centros de emprego e dos centros de gestão directa e participada. A nível privado, os centros de formação e reabilitação, têm vindo a ganhar importância como estruturas de apoio à acção estatal. Fundamentalmente, as instituições e organismos vocacionados para a reabilitação profissional são IPSS’s e ONG’s, portanto, sem fins lucrativos, como as CERCI e as APPACDM’s, que actuam no campo da reabilitação desde logo após o 25 de Abril. Estas estruturas locais não se ocupam apenas da execução de medidas definidas a níveis superiores, mas estão também implicadas na própria definição das políticas a implementar, conforme o que tem vindo a ser recomendado sistematicamente pelas instâncias europeias. A FENACERCI - Federação Nacional de CERCI, e a FORMEM - Federação de Instituições de Reabilitação e Formação, representam as instituições e, de modo indirecto, as pessoas com deficiência no Conselho Nacional de Reabilitação e noutras organizações e confederações a nível europeu, integrando estas associações no processo de decisão política. A FORMEM Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal é inclusivamente um membro co-fundador da CEEH - Conféderation Européenne pour l’’Emploi des Handycapés. Existem outras associações de nível nacional que representam os interesses de pessoas com deficiência, de forma directa. É o caso da ACAPO, associação das pessoas cegas ou a APS para os surdos. Figura 2.1 Sistema de Reabilitação Nacional Parceiros Sociais e Civis Governo: MESS/MTS/MSST CNRIPD Federações e Uniões SNRIPD DGEFP (extinta) IEFP IGFSE Gestores PO’s e PIC’s Delegações Regionais/ Centros de Emprego IPSS/ ONG’s CERCI’s APPACDM’s Centros de Gestão Directa Centros de Gestão Participada Para além de cada actor institucional é importante ter em conta a estruturação das relações entre eles. Vejamos como se foram estruturando essas relações. Partindo da necessidade de alargar o âmbito do apoio às pessoas com deficiência, surge, em 1979, a primeira resposta estruturada para a formação e o emprego de pessoas com deficiência, através do Despacho Normativo nº 388/79 de 31 de Dezembro, que enuncia o esquema normativo de preparação pré-profissional e de aprendizagem. Nesta concepção, a pré-profissional é considerada como parte integrante do processo educativo e por isso da responsabilidade do Ministério da Educação. Ao Ministério dos Assuntos Sociais cabia, então, a prestação de cuidados médicos e paramédicos, serviços de apoio à família e integração em lares. Datam desta altura as primeiras colaborações com entidades privadas da área da educação. Mais recentemente mas ainda no período pré-adesão, o Ministério do Trabalho começa a assegurar a colaboração com instituições privadas de solidariedade social no apoio técnico e financeiro para a instalação de oficinas, aquisição de PO’ desconcentradas de Lisboa e Vale do Tejo Centros de Formação/Reabilitação 69 70 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal equipamentos, regulamento de vencimentos a monitores de reabilitação profissional e participação nas acções de formação. Era também competência do Ministério, através do IEFP, a colocação dos jovens no mercado de emprego, a criação de unidades de formação profissional e emprego protegido e a prestação de apoios financeiros e técnicos às organizações que criassem centros de emprego protegido. Em 1987 o IEFP, com o apoio do PODAEEF, um programa operacional vocacionado para o apoio ao desenvolvimento das estruturas de emprego e formação, colabora na construção de 16 centros de reabilitação. Paralelamente aos primeiros financiamentos do FSE, o “Plano Orientador da Política de Reabilitação” (CNR), de 1988, assume um papel decisivo no arranque e estruturação do sistema. Para além de dados de diagnóstico esta primeira intervenção apresenta linhas de acção, como a melhoria das respostas regulares (através do IEFP e do Ministério da Educação) e a criação de novas respostas que se direcciona, essencialmente, em termos de criação/ adaptação de estruturas e alterações à legislação. Datam dessa altura as primeiras experiências de parceria entre o IEFP, Centros de Reabilitação e outras entidades com actuação no apoio às pessoas com deficiência. Nas acções de formação desenvolvidas com o apoio do IEFP, verifica-se um aumento do número de entidades e pessoas abrangidas. Os valores iniciais, referentes a 1988, demonstram a insuficiência da oferta inicial mas que atinge em 1990 valores já consideráveis. Quadro 2.1 ANOS Nº Entidades População Abrangida 1988 33 784 para pessoas com deficiência - 1989 50 2150 IEFP * 69 3136 Acções de formação profissional 1990 ** Fonte: Plano Orientador da Política de Reabilitação - Avaliação 1988-1990 (SNR, 1990) * Inclui centros de gestão directa, participada e instituições ** Até Novembro desse ano Aproveitando o impulso de adesão e os apoios comunitários, em 1990 o número de entidades no campo da reabilitação profissional já ascende a 152, das quais, 96 eram apoiadas no âmbito de programas desenvolvidos pelo IEFP e 69 desenvolviam acções de formação profissional. A necessidade de clarificar as competências e os papéis de cada entidade e serviços levou à publicação, em 16 de Outubro de 1991, do Dec-lei n.º 405/91 que regula a formação profissional inserida no mercado de emprego. Estipulava-se que a recém criada Direcção-Geral do Emprego e Formação teria competências no âmbito da realização de estudos, propostas e pareceres que enquadrassem a formulação da política de emprego e formação profissional, ficando o IEFP com a responsabilidade das actividades de operacionalização e execução das medidas Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 71 (gestão dos centros de formação e coordenação dos centros de gestão participada, concepção de meios pedagógicos, etc...). Incentivava-se a criação de parcerias, atribuindo aos parceiros sociais as mesmas condições de acesso à criação de centros de gestão participada. Neste documento clarificam-se também algumas questões, permitindo uma maior descentralização da acção, nomeadamente definindo-se os conteúdos e a forma dos “contratos de formação”. Em 1994 o tipo de entidades que beneficiaram do apoio do IEFP para a prossecução das suas actividades de apoio era já esmagadoramente privado, tendo esse tipo de instituições abrangido quase 80% do total de beneficiários. Nº de pessoas abrangidas % IEFP 39 0,7 Centros de Gestão Directa do IEFP 414 7,2 Centros de Gestão Participada do IEFP 378 6,6 Outras entidades públicas 384 6,7 Outras entidades privadas 4.517 78,8 Total 5.732 100 Tipo de entidade Quadro 2.2 Pessoas abrangidas em 1994 por Fonte: IEFP- Pedido de pagamento de Saldo 1995 Em 1995 existia apenas um Centro de Gestão Directa (Alcoitão/Ranholas) e um Centro de Gestão Participada (CEFPI), enquanto já existia uma rede de centros ou unidades de reabilitação apoiadas em 295 ONG’s, entre sedes e delegações. Persiste o apoio à criação de estruturas, tendo sido criados mais 23 centros de reabilitação e 54 núcleos de formação profissional. Pela mesma altura, a avaliação do HORIZON revela a existência de um conjunto de organizações e associações já com elevada experiência técnica na intervenção junto das pessoas com deficiência, contrastando com um rede de apoio às pessoas desfavorecidas ainda muito incipiente. A nível das estruturas o investimento continuou e, durante o ano de 1999, foram credenciadas mais 25 entidades de reabilitação, 20 entidades como centros de recursos locais e 6 como recursos especializados que numa fase experimental constituíram parcerias técnicas com 11 Centros de Emprego. Desde essa data o número de estruturas parece não ter variado muito. Em 1995 é atribuído o estatuto de Centro de Gestão Participada ao Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, aumentando para duas as estruturas deste género. Chegamos assim a 2000 com o mesmo número de Centros de Gestão Directa (1), dois de Gestão Participada, enquanto o número de entidades privadas, entre centros e núcleos com ligação ao IEFP aumenta para 127. tipo de entidade 72 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro 2.3 1989 1994 2000 Centros de Gestão Directa 1 3 1 programas de formação Centros de Gestão Participada 1 2 2 profissional Outras entidades privadas 48 92 127 Entidades promotoras de Acordo IEFP Total 4 50 97 134 Fonte: DSR, 1994, (balanço da actuação do IEFP); Relatório do grupo tarefa, 2002 Assim, conclui-se que as intervenções do Fundo Social Europeu orientaram-se, desde o primeiro momento para o fortalecimento de uma rede tutelada e coordenada a nível central, assente na potenciação dos recursos de base local, as organizações. Por seu turno, as organizações parecem ter aproveitado bem a abertura do sistema, tendo através dos recursos disponibilizados, desenvolvido competências que as tornam um actor privilegiado. Esta intenção é também assumida pela tutela, de acordo com um balanço da actuação no âmbito da Reabilitação Profissional da Direcção de Serviços de Reabilitação, publicado em 1994: “…Tem sido opção, politicamente assumida, não criar estruturas de gestão directa do IEFP, mas antes apoiar técnica e financeiramente entidades privadas que assegurem e disponibilizem as respostas necessárias e suficientes à satisfação das necessidades decorrentes do processo de reabilitação profissional”. Actualmente a actuação do IEFP no âmbito da reabilitação profissional, centra-se muito fortemente na cooperação com entidades privadas. Seguindo as orientações do PNE, com o objectivo de criar uma Rede de Recursos Locais Especializados, o IEFP adoptou uma estratégia assente na constituição de duas redes complementares de apoio à actuação dos Centros de Emprego (CE). Estes passam a apoiar-se no Centros de Recursos Locais, instituições da área da reabilitação, com intervenção na mesma área geográfica do Centro de Emprego, que, quando solicitado, darão apoio técnico para as questões da reabilitação, e nos Centros Especializados, entidades de âmbito Regional ou Nacional, que prestam uma intervenção especializada em determinadas tipologias de deficiência. Os Centros de Recursos Locais visam prestar apoio ao CE, fundamentalmente na avaliação/orientação profissional das pessoas com deficiência mental e no apoio à colocação e acompanhamento pós-colocação das pessoas abrangidas Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal pelo CE da sua área geográfica. Visto que a rede de instituições de reabilitação nacional se baseia em pequenas unidades, com elevada competência técnica e elevado grau de entrosamento no tecido local, parece fazer todo o sentido envolvê-las na colaboração com as estruturas regulares. Os Centros Especializados, dado o seu âmbito geográfico mais abrangente e competências especializadas (em especial deficiências sensoriais e/ou motoras) intervirão em acções de avaliação/orientação profissional e no suporte técnico a questões relativas ao apoio às empresas no processo de integração/adaptação do posto de trabalho, emitindo pareceres especializados na questão das ajudas técnicas. Estes Centros Especializados actuarão como suporte de segunda linha, quando a equipa dos Centros de Recursos Local não consiga dar uma resposta. Em 2001 existiam 67 Centros de Recursos Locais e 6 Centros de Recursos Especializados. Actualmente existem já 74 Centros de Recursos Locais certificados e aumentou para 9 o número de centros Centros de Recursos Especializados. Figura 2.2 Distribuição geográfica dos CRL e CRE 25 22 20 20 15 14 12 Centros de Recursos locais 10 Centros de Recursos Especializados 6 5 5 2 1 1 0 Norte Centro LVT Alentejo Algarve Fonte: IEFP, 2004 Ao longo de todo este período que procede da integração na Comunidade, seguindo as orientações e aproveitando os recursos comunitários, torna-se clara a intenção de se criar um sistema de reabilitação aberto à comunidade, em que a rede de recursos é gerida por actores locais e regionais, suportada num sistema em que as estruturas do governo central, de forma participada e aberta, estabelecem uma política integrada de reabilitação profissional. 73 Gestor do EQUAL IGFSE Gestor POEFDS CNR IEFP SNRIPD Actor Refª Legislação Tem como principal função a gestão técnica, administrativa e financeira do PIC EQUAL. Aplica os princípios das parcerias de desenvolvimento de projectos, das parcerias transnacionais, do “empowerment”, da inovação e da disseminação de boas práticas e recursos técnico pedagógicos Assegurar a gestão, a coordenação e o controlo financeiro das intervenções apoiadas pelo FSE, incluindo a acção do POEFDS e dos programas desconcentrados Dar resposta aos importantes e decisivos desafios que se colocam na sociedade portuguesa, no âmbito das políticas de emprego, formação e coesão social. No eixo 5 inclui as medidas específicas e gerais para a área da reabilitação Órgão de consulta que integra na sua composição os serviços públicos (tendo representantes de vários ministérios) parceiros sociais e representantes das organizações e federações e das famílias das pessoas com deficiência, de sindicatos e dos membros com assento no CES O IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional é um organismo público sob a tutela do Ministério da Segurança Social e do Trabalho, ao qual compete a execução das políticas de emprego e formação profissional, definidas e aprovadas pelo governo. Cabe ao IEFP a tutela do sistema de reabilitação nacional, coordenando a actividade dos vários intervenientes, através das suas estruturas centrais, regionais e locais Criado em 2000. Artigo 46º do Decreto-Lei n.º54 -A/2000 de 7 de Abril Criado em 2000 pelo Decreto - Lei n.º 45A/2000, de 22 de Março Criado em 1999 Criado em 1996 pelo Decreto-Lei nº 35/96 de 2 de Maio Criado em 1979 pelo Decreto-Lei n.º 519 A2/79 de 29 de Dezembro Criado em 1977 pelo Decreto-Lei nº 346/77 de 20 de Agosto NÍVEL NACIONAL Planeamento, coordenação, desenvolvimento e execução da política nacional de prevenção, reabilitação, inserção e integração das pessoas com deficiência Principais objectivos Sistema de Reabilitação Socio-Profissional-Principais Actores Quadro 2.4 Pela primeira vez não se estrutura um programa nesta área através da distinção entre pessoas com deficiência e outros grupos Inserido/Integrado no Eixo 1 do PDR - Elevar o Nível de Qualificação dos Portugueses, Promover o Emprego e a Coesão Social, o POEFDS, em conjunto com as Medidas Desconcentradas representa um importante e decisivo apoio para o desenvolvimento das políticas activas de emprego no período de programação 2000/2006 A reforma dos Fundos Estruturais e muito particularmente do Fundo Social Europeu (FSE) e as novas exigências comunitárias, levantam um grande desafio, que consiste em elevar os níveis de eficácia e eficiência relativos ao desempenho das autoridades nacionais designadas para a gestão do FSE Entidade tutelada pelo Ministro da Segurança Social e do Trabalho. Reúne ordinariamente uma vez por trimestre. Serve de apoio e estrutura de participação na definição da política de reabilitação e integração das pessoas com deficiência Os Serviços Centrais estão sediados em Lisboa, e as 5 Delegações Regionais, distribuídas pelo País de acordo com as regiões estabelecidas para as Comissões de Coordenação Regional, enquadram 86 Centros de Emprego, 31 Centros de Formação Profissional de Gestão Directa, 1 Centro de Reabilitação Regional e 7 Centros de Apoio à Criação de Empresas. Em 1997 o Serviço de Reabilitação de Deficientes mudou de designação e de competências, passando a designar-se por Serviços de Inserção Em 1996, o Dec-lei 35/96 cria o Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD) e autonomiza o Conselho Nacional de Reabilitação, colocando-o sob a dependência directa do Ministro da tutela. Observações 74 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Centros de Formação de Gestão Participada Promover cursos de formação profissional, desde que estejam inscritos no Centro de Emprego da sua área de residência, que podem, nos casos em que se justifique conferir uma equivalência escolar. São centros em que o IEFP se limita a participar nas decisões, mas não tem o poder da decisão total A partir do PNE, e tal como nos Centros de Emprego, são responsáveis pelo emprego das pessoas com deficiência na lógica do “mainstreaming”. A partir do PNE, e tal como nos centros de emprego, são responsáveis pelo emprego das pessoas com deficiência na lógica do “mainstreaming”. 31 Centros de Formação Profissional de Gestão Directa, que estão divididos por 5 Delegações Regionais: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Centros de Reabilitação de Gestão Participada Promover cursos de formação profissional, desde que estejam inscritos no Centro de Emprego da sua área de residência, que podem, nos casos em que se justifique conferir uma equivalência escolar. São centros em que as tomadas de decisão são da inteira responsabilidade do IEFP Existem 2 centros de gestão participada, CEFPI e CRPG CRPG – Passou a ser um centro de gestão participada em 1991 Geridos pelo IEFP prestam serviços especializados na área da reabilitação sócio-profissional. São centros em que o IEFP se limita a participar nas decisões, mas não tem o poder da decisão total Centro de Reabilitação de Gestão Directa Centros de Formação de Gestão Directa Existe apenas um Centro de Gestão Directa (Alcoitão/ Ranholas) Núcleo de Ranholas, em Dezembro de 1981 Núcleo de Alcoitão em 1987 Geridos pelo IEFP prestam serviços especializados na área da reabilitação sócio-profissional. São centros em que as tomadas de decisão são da inteira responsabilidade do IEFP Centros de Emprego 86 Centros de Emprego, que estão divididos por 5 Delegações Regionais: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. A partir da aprovação do PNE passaram a ser os primeiros responsáveis pelo emprego das pessoas com deficiência na lógica do “mainstreaming”. Devem–se constituir como mediadores e facilitadores das respostas de formação e emprego de todas as pessoas com dificuldades de acesso ao mercado de emprego e como catalisadores a nível local, das várias respostas locais, regionais e nacionais existentes NÍVEL LOCAL Decreto-Lei n.º 519 A2/79, de 29 de Dezembro Aplicar e coordenar as acções sob tutela do IEFP, a nível regional Delegações Regionais IEFP Criado em 1989 Desenvolver os recursos humanos, nomeadamente ao nível da educação, formação profissional e a promoção do emprego NÍVEL REGIONAL APS – 1958 APPC - 1960 APD – 1972 APECDA – 1973 ADFA – 1974 Observações Gestores PO’s Regionais Têm como objectivo defender os interesses dos seus associados, bem como fazer valer os seus direitos FENACERCI – 1985 AFID - criada a 14 de Março de 1985 e declarada IPSS nº75/86 em 21 de Abril de 1988 no D.R. nº 93 III Série São estruturas representativas dos respectivos sectores que têm como objectivo fundamental promover a criação de condições que pela via do reforço das organizações associadas, defendam os interesses e direitos dos cidadãos com deficiência Federações das Associações de Reabilitação Associações de Representantes Refª Legislação Principais objectivos Actor Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 75 Centros Especializados Centros de Recursos Local Centros e Núcleos de Reabilitação Profissional Entidade de reabilitação de âmbito regional ou nacional que prestará uma intervenção supletiva mais especializada e em determinadas tipologias de deficiência (deficiências sensoriais e deficiência motora) no âmbito da avaliação/orientação profissional, constituindo-se enquanto suporte técnico de segunda linha para as questões da reabilitação de que podem ser exemplo, o apoio às empresas no âmbito do processo de integração/adaptação do posto de trabalho, quando a equipa dos centros de recursos local não possua aptidão técnica para propiciar a resposta, ou para um parecer especializado relativo a uma solicitação de uma ajuda técnica. Intervém na área geográfica do CT/E e que servirá de suporte técnico de primeira linha para as questões da reabilitação, essencialmente a avaliação/orientação profissional das pessoas com deficiência mental e do apoio à colocação e acompanhamento póscolocação de todas as pessoas com deficiência abrangidas pelo CT/E e mediante a sua solicitação Promover cursos de formação profissional para pessoas com deficiência e a sua integração no mercado de trabalho Criados em 1998 com o PNE Criados em 1998 com o PNE 2 2 127 20 12 6 74 Alentejo Algarve Total 5 1 9 Alentejo Algarve Total 1 Centro Lisboa – VT 2 Norte De 2002 para 2003 não aumentou o número de Centros Especializados que se distribuem da seguinte forma: 22 Lisboa – VT 14 Centro Norte Em 2002 existiam 67 Centros de Recursos Local. Presentemente existem 74 que se distribuem da seguinte forma: Fonte: DSR, 1994, (balanço da actuação do IEFP); Relatório do grupo tarefa, 2002 134 97 92 1 4 50 48 Outras entidades privadas 3 2000 Total 1 Centros de Gestão Participada 1994 Acordo IEFP 1 Centros de Gestão Directa 1989 Evolução das Entidades promotoras de programas de formação profissional e emprego 76 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 77 2.3- Programas de intervenção A Contribuição da União Europeia e, mais concretamente, do Fundo Social Europeu para o sistema nacional de reabilitação profissional tem a sua face mais visível nos Programas Operacionais (PO) e Iniciativas Comunitárias (IC) desenvolvidas, nas quais se concretizam as orientações associadas a investimentos financeiros elevados. Neste ponto do presente relatório procurar-se-á apresentar os Programas Operacionais e as principais Iniciativas Comunitárias vocacionadas para a área da reabilitação sócio-profissional, procurando, simultaneamente, fazer um pouco da história desse percurso, que é também a história da reabilitação profissional das pessoas com deficiência em Portugal. Para já, importa esclarecer o que são os Programas Operacionais e as Iniciativas Comunitárias22. Os Programas Operacionais baseiam-se numa estratégia nacional e são resultado da negociação dos governos dos Estados-membros com a Comissão Europeia. Cada Estado membro apresenta a sua proposta (Plano de Desenvolvimento Regional), em função do qual se negoceia o Quadro Comunitário de Apoio (QCA), os PO’s que o compõem e as respectivas dotações financeiras. Os programas Operacionais são o principal instrumento de acção do FSE em Portugal e o principal motor das transformações económicas, organizacionais, políticas e sociais ocorridas desde o 25 de Abril no panorama da reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Com efeito, uma primeira imagem dos impactos do Fundo Social Europeu para a promoção da reabilitação das pessoas com deficiência em Portugal é visível na multiplicação de pessoas apoiadas pelos diferentes PO’s, no âmbito do seu processo de inserção/reinserção. Enquanto em 1988 eram abrangidas por algum tipo de apoio apenas 784 pessoas, durante a vigência do primeiro quadro comunitário de apoio esse número aumenta para 4452 pessoas e, depois de uma ligeira diminuição média, em parte ligada à elevação dos patamares de exigência da qualidade durante o QCAII, no último QCA atinge os 5137 beneficiários. Figura 2.3 Beneficiários de apoios do QCA na reabilitação sócio-profissional 1988/02 Nº de pessoas abrangidas 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 1988 QCAI QCAII QCAIII Períodos Fonte:POR (1990); DGEFP (1995); Quaternaire/ CIES, Avaliação intercalar POEFDS (2003) Nota: à excepção do valor de 1988, todos os outros são média/ano 22 No final deste capítulo é possível encontrar um quadro que pretende resumir alguma informação aqui desenvolvida. 78 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Para além dos Quadros Comunitários de Apoio, cujo objectivo é apoiar os esforços dos Estados-membros para a convergência económica e social com as regiões mais desenvolvidas da Europa, existem ainda as Iniciativas Comunitárias (IC) na área do emprego. Estas são instrumentos financeiros específicos da política social que a Comissão propõe aos Estados-membros a fim de apoiar medidas que possam ajudar a solucionar problemas com impacto a nível europeu. Revestem-se de características especiais que lhes emprestam um carácter específico, comparativamente a outras medidas financiadas pelo FSE, nos QCA. Existem quatro aspectos-chave característicos das IC. Têm um carácter transnacional, ou seja, apesar de se poderem revestir de formas distintas, adaptadas à realidade de cada país, os projectos implicam a cooperação com parceiros de outros Estados-membros; promovem a inovação e a difusão fomentando a troca de experiências entre Estados membros; e partem sempre de uma abordagem da base para o topo (bottom-up), cabendo às organizações directamente envolvidas na implementação dos projectos todas as decisões quanto à forma de intervenção, desde que partilhando os objectivos definidos para a IC. Deste modo, as IC pretendem ter um efeito catalizador sobre a inovação à escala comunitária, favorecendo a transferência de conhecimentos e a difusão de boas práticas entre promotores de Estados-membros. Por isso o seu impacto não deve ser avaliado em termos de criação de empregos ou de número de beneficiários mas em termos de apropriação de novas competências técnicas e de métodos inovadores23. Claramente seguindo as indicações do “Programa Mundial de Acção Relativo às Pessoas com Deficiência” das Nações Unidas (resol. 37/52 de 3 de Dezembro de 1982), surge em Abril de 1988, a primeira iniciativa comunitária com aplicação em Portugal no âmbito do segundo programa de acção comunitário a favor das pessoas com deficiência - o HELIOS.24 Com o objectivo de aproximar os sistemas de reabilitação entre os Estadosmembros, estabelece-se, enquanto grandes objectivos do HELIOS, o desenvolvimento da troca de experiências entre estes, através de actividades de intercâmbio, alargando, deste modo, a cooperação entre organizações não governamentais. Na primeira decisão, estabelece-se o período de 1988 a 1991 para desenvolvimento desse programa. Para além das acções relacionadas com a troca de experiências, o programa HÉLIOS promoveu a criação, por decisão do Conselho Europeu, de estruturas a nível comunitário. É o caso do Comité Consultivo do HELIOS, composto por representantes governamentais dos Estados-membros e do grupo de ligação, juntando aos membros do Comité Consultivo as presenças de representantes das famílias, das organizações, das entidades patronais e trabalhadores (nomeados pela comissão por proposta das associações, de preferência com vocação comunitária), 23 No caso português o HORIZON foi um exemplo paradigmático de como uma IC pode ter efeitos estruturantes no domínio das práticas e processos de intervenção de todo o sistema institucional de reabilitação sócioprofissional. 24 Programa HELIOS- Decisão (88/231/CEE)-(18/04/88). Foi através do Hélios que foi desenvolvido o PRO’OESTE- o primeiro programa integrado a nível nacional (Cação, 1992). Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal que têm assim oportunidade de se pronunciar sobre as decisões, ante o Comité Consultivo. Um dos grandes impactos desta primeira iniciativa comunitária foi, precisamente, a aproximação das organizações e representantes das pessoas com deficiência e das instâncias europeias, que desde esta primeira experiência possuem estruturas de participação ao nível europeu (Comissão Europeia, 1992). Outro dos impactos do HELIOS foi ter permitido o contacto e a troca de experiências entre organizações de outros países, isto numa altura em que o sistema de reabilitação português ainda dava os primeiros passos, podendo ter orientado opções então tomadas e contribuindo para desenhar um sistema de reabilitação aberto, com elevada tradição na cooperação transnacional e que em muitos aspectos é referência do melhor que se faz em toda a Europa. O ano de 1990 marca a entrada em vigor do 1º Quadro Comunitário de Apoio, operacionalizado em 14 programas, dois dos quais centrados no apoio das pessoas com deficiência. Institui-se o Programa Operacional 7, de formação profissional e apoio ao emprego de adultos com deficiência desempregados e o Programa Operacional 12, também de formação profissional e apoio ao emprego, mas de jovens deficientes desempregados. Portugal foi, neste período, o único país europeu com programas inseridos no QCA, vocacionados para o apoio das pessoas com deficiência. O IEFP é a entidade interlocutora do programa, sendo responsável pelo apoio técnico e pedagógico das organizações promotoras dos programas. Neste primeiro quadro verifica-se uma concentração do apoio na região de Lisboa e Vale do Tejo. A obrigatoriedade das candidaturas serem apresentadas no Centro de Emprego da sede da entidade resultou num enviezamento devido ao facto de ser nessa região que se concentravam o maior número de entidades, ou sedes de entidades, com competências na área da reabilitação sócio-profissional. Apesar disso, verifica-se que nos primeiros anos de aplicação deste quadro se procurou diversificar o apoio a nível geográfico. Figura 2.4 Entidades envolvidas na formação profissional-área de reabilitação-por região Formação Profissional 35 Entidaades 30 25 20 15 10 5 0 Norte 1989 1990 Centro Lisboa 1991(previ.) Fonte: POR (1990); DGEFP (1995); Quaternaire/ CIES, Avaliação intercalar POEFDS (2003) Nota: à excepção do valor de 1988, todos os outros são média/ano Alentejo Algarve 79 80 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Aprovado em Outubro de 1989, o QCAI coincidiu com a reforma dos fundos estruturais, tendo implicado algumas alterações relativamente ao regime anterior. Por um lado, procurou-se reduzir os trâmites burocráticos, nomeadamente, na supressão da necessidade do “acordo de cooperação” entre a gestão e os promotores e, por outro lado, procurou-se flexibilizar a estrutura, reduzindo-se os prazos de avaliação das candidaturas e criando o período de candidatura aberta, permitindo assim que estas fossem apresentadas e avaliadas em qualquer momento. Os requisitos para candidatura diziam respeito à idoneidade e capacidade material das instituições candidatas, incluindo já terem desenvolvido acções de formação profissional, terem aplicado correctamente quaisquer apoios anteriormente concedidos e não terem dívidas à Fazenda Nacional, Segurança Social, IEFP e outras entidades. (IEFP, 1993) Data deste primeiro programa operacional a existência de exigências25 relativas à organização técnico-burocrática das organizações do sistema de reabilitação nacional, o que resultou não só no desenvolvimento de um sistema de reabilitação com elevadas competências para apresentação de candidaturas mais completas e bem estruturadas, aumentando as possibilidades de captação de recursos, como na implementação de normas e indicadores que permitem uma melhor e mais transparente gestão das actividades, melhorando o serviço prestado. Neste primeiro quadro verificou-se, em alguns casos, que os dados da capacidade financeira da entidade tornavam questionável o sucesso na concretização dos objectivos. Contra-argumentou-se com a possibilidade de crédito em instituições bancárias, mas verificou-se, por vezes, existirem problemas de capacidade de fazer face aos compromissos assumidos, em especial com os formandos, situação considerada, por lei, inadmissível. (Tomás, 1995) Apesar de, como nos mostram as taxas de desistência dos projectos nos quadros de apoio seguintes, esta situação ter sido, de alguma forma, ultrapassada, as entrevistas revelam a preocupação de dirigentes do sistema com a existência de um número de organizações que não possuem a capacidade financeira para sobreviverem sem qualquer apoio do Estado ou da UE. Este facto deriva de estarmos perante um sistema em que a promoção das acções é levada a cabo por organizações sem fins lucrativos e sem capacidade de investimento. Um dos impactos do primeiro Quadro Comunitário de Apoio foi ter contribuído para a definição de um sistema de reabilitação orientado para a formação profissional. Foram muitas as entidades que, durante os primeiros anos de implementação do QCAI, procederam à alteração dos seus estatutos de forma a incluírem formação profissional entre os objectivos a que se propunham. De acordo com dados da FENACERCI, de 1989 a 1993, 50% das CERCI’s passaram a incluir a formação profissional entre os objectivos propostos. Em 1991 é lançado o programa de Iniciativa Comunitária HORIZON. Esta foi, provavelmente, a mais completa e estruturada intervenção no que respeita ao 25 Entre as quais a organização de dossiers de candidatura, alteração e de saldo, com base nos quais, juntamente com os “relatórios de visita” dos Serviços e Delegações Regionais (acompanhamento técnico-pedagógico das acções de formação) e dos Centros de Emprego (“acompanhamento factual”), a DSR procedia ao acompanhamento e avaliação das acções. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal apoio às pessoas com deficiência até então lançada. Para tal foi em muito responsável a experiência e conhecimento do terreno possuídos pela unidade de gestão (o Coordenador Nacional era simultaneamente Director dos Serviços de Reabilitação do IEFP e do Secretariado Nacional da Reabilitação). Esta é também a primeira experiência de uma iniciativa comunitária de apoio a outros grupos excluídos ou em risco de exclusão. Pela primeira vez são integrados numa única iniciativa, vários grupos de pessoas com desvantagens face ao mercado de emprego. O HORIZON em Portugal teve o efeito de ser alargado a grupos cuja decisão inicial da comissão não previa, entre as pessoas desfavorecidas (desempregados de longa duração, mulheres em “desemprego camuflado”, mulheres responsáveis por famílias monoparentais e “comunidades em exclusão social”). Assim, desenvolvia-se em 2 subprogramas: o subprograma pessoas desfavorecidas e o subprograma pessoas com deficiência. Tendo incorporado a experiência decorrente do PO7, PO12 e do HELIOS, existia já ideia das principais fragilidades do sistema e problemas da integração das pessoas com deficiência. A negativa (auto) imagem das pessoas com deficiência, resultando numa escassez da iniciativa individual para a criação de emprego e de empresas e num fraco poder reivindicativo, aliada a fragilidades das condições básicas de empregabilidade, revelava um conjunto de problemas relativos às competências pessoais e profissionais dos destinatários que a falta e pouca diversificação da oferta educativa e de formação profissional direccionada (adaptada ao mercado e às características do formando) e as insuficientes metodologias e mecanismos de avaliação/colocação e acompanhamento profissional, transformavam em dificuldades do tecido institucional em responder às necessidades sentidas (CIES, 1995). Todas estas questões, num contexto de incerteza relativamente aos impactos provocados pela evolução tecnológica desenhavam um quadro a necessitar de uma intervenção abrangente. O programa HORIZON teve a particularidade de se ter desenvolvido numa lógica de gestão integrada de recursos e oportunidades, tendo estabelecido uma grande complementaridade com o HELIOS, o PO7 e o PO12 e, menos evidente mas também existente, com o TIDE (Technology Iniciative for Disable and Elderly People). Através do HORIZON surgiu a oportunidade de financiamento para acções do HELIOS, em particular do sistema HANDYNET, que tinha um orçamento muito reduzido26. Os requisitos das entidades candidatas ao HORIZON eram idênticos aos do PO7 e 12. Sendo uma iniciativa comunitária, era ainda necessário que as acções apoiadas fossem inovadoras e que possuíssem um carácter transnacional, incluindo intercâmbio de experiências e importação de “Know-how”. Os projectos HORIZON foram, na sua maioria, desenvolvidos por escolas, CERCI’s, centros de investigação e associações, que assim, já assumidamente faziam parte da rede de actores. O IEFP foi responsável por apenas 6,3% dos projectos. 26 81 Eram muitas as acções elegíveis que reforçavam as empreendidas no âmbito do HELIOS. (15, no geral e 3 do sistema handynet). 82 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Figura 2.5 Número de entidades apoiadas no âmbito do programa HORIZON Entidades apoiadas - Horizon 120 Entidades 100 80 60 40 20 0 1991 1992 1993 Anos Fonte: CIES/ CIDEC- 1995 Num contexto em que estas instituições são as que existem em maior número, não surpreende que a grande maioria dos projectos HORIZON tenham sido promovidos por CERCI’s e APPACDM’s (44,4%) ou outras Associações e IPSS’s (23%). Para além de um número reduzido de programas promovidos por hospitais, centros de reabilitação (10, 3%) e organismos do Estado (10,3%), ressalta a falta de participação, enquanto promotores de projectos, dos sindicatos e empresas (2,4%) e das instituições de base, com apenas 3,2% de autarquias a desenvolverem projectos no âmbito desta iniciativa. O tipo de medidas implementadas apontam claramente para a intenção de valorizar e fortalecer o sistema de reabilitação nacional. São tomadas opções de fundo, relativas à forma do sistema, nomeadamente, introduzindo a questão das ajudas técnicas, da ergonomia e da linguagem gestual entre as medidas propostas. São apoiadas muitas medidas de formação dos técnicos e concedidos os meios para desenvolver metodologias inovadoras orientadas para a empregabilidade, em grande parte resultado do HELIOS. É através do HORIZON que é feito o primeiro inquérito extensivo às pessoas com deficiência (Quanti) e que ainda hoje, quase 10 anos depois, continua a ser utilizado para traçar o retrato da população portuguesa com deficiência. Pode-se, então, dizer que o HORIZON possuía uma forte componente estruturante, que não se resumia à Medida 4, de componente FEDER, mas que atravessava todo o programa, surgindo como uma opção de fundo. Assim, verificou-se existir uma forte articulação entre as medidas implementadas e as principais áreas problemáticas para a integração sócio-profissional das pessoas com deficiência, sendo que ficaram de fora algumas questões, também problemáticas, tais como a promoção e controlo da qualidade do emprego (níveis de remuneração, condições físicas e sociais, perspectivas de carreira, etc..), a instituição de um sistema de certificação profissional e estudos no plano legislativo, tendo-se, ainda, verificado uma cobertura muito diferenciada do território nacional. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Regiões Entidades % total Quadro 2.5 Nº entidades envolvidas em Norte Interior 0,8% Norte Litoral 5,6% Grande Porto 15,1% Centro Interior 2,4% LVT 50,3% Alentejo 3,2% Algarve 3,2% projectos HORIZON por região Fonte: Relatório de avaliação I-do programa aos projectos- CIES, CIDEC, 1995 A iniciativa HORIZON não só representou um grande impulso ao sistema de reabilitação profissional, na óptica das organizações que trabalham com pessoas com deficiência, por via do seu desenho técnico e das exigências técnicopedagógicas, como também, por via da dimensão, do número de projectos postos em marcha. Assim, especificamente vocacionados para a acção junto das pessoas com deficiência, contabilizaram-se mais de 100 projectos, tendo uma taxa de desistência muito baixa, o que, de alguma forma, exprime a capacidade das instituições para cumprirem os objectivos a que se tinham proposto. Caracterização Medida 1 Medida 2 Quadro 2.6 Beneficiários HORIZON por Doença Mental 327 Todas as Deficiências 498 Multideficiência 76 Deficiência Orgânica 7 Deficiência Visual 64 Deficiência Auditiva 67 Deficiência Motora 476 Deficiência Mental 1513 Pessoal Técnico não docente 528 263 Pessoal docente 143 140 Total 3699 403 Fonte: CIES/CIDEC- 1995 medida e tipo de deficiência 83 84 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quanto à distribuição dos beneficiários por tipo de deficiência, a deficiência mental é, claramente a mais abrangida. Este facto deriva de ser este o tipo de beneficiários mais numeroso no sistema de reabilitação, que teve o início do seu desenvolvimento associado ao apoio a pessoas com esta deficiência e que são também aquelas que necessitam mais de apoio especial. Em 1993 acordou-se a criação de uma Comissão com o objectivo de elaborar e acompanhar a execução do Plano Nacional de Acção da Reabilitação (até ao ano 2000), que visaria a programação no período de 1994 a 1999 e incorporaria os compromissos e orientações do Plano Nacional de Emprego, entretanto aprovado. Esse plano assentou num diagnóstico completo mas não chegou a ser implementado, apesar de muitas das recomendações nele sugeridas terem integrado acções subsequentes. Procurando enquadrar, a nível nacional, as orientações para o novo período de programação, ainda em 1993 é publicado o Despacho Normativo nº 140/93, que visa regulamentar a promoção, organização e funcionamento da formação profissional especial, atribuindo ao IEFP a concepção de apoios técnicos e financeiros a entidades privadas com competências na área da reabilitação nacional (MESS, 1993). As entidades promotoras eram associações, cooperativas e outras organizações com intervenção junto de grupos sociais com problemas específicos, organizações ou grupos de acção social e autarquias locais. Incorporando a metodologia então desenvolvida com o HORIZON, o grupo de destinatários era já bastante alargado, incluindo não só pessoas com deficiência, como também pessoas pertencentes a grupos sociais desfavorecidos, vulneráveis e marginalizados (desempregados, minorias étnicas, toxicodependentes, etc...) ou pessoas que, não pertencendo a grupos sociais desfavorecidos se encontrassem em situações particularmente graves. Os objectivos da Formação Profissional Especial eram, além de proporcionar o acesso à qualificação, promovendo hábitos e condições de formação contínua, contribuindo para a integração económica e social das pessoas abrangidas, estimular a iniciativa e a solidariedade para a solução de problemas de índole pessoal, familiar ou social, congregando as entidades do próprio meio ou outras que, de algum modo, pudessem dar o seu contributo. É a partir deste período que se revela uma maior atenção à promoção da iniciativa local para a intervenção junto das populações, tanto nos textos nacionais, como nas orientações internacionais (Artigo, nº 1). No seguimento do Livro Branco sobre o Crescimento, Competitividade e Emprego é lançada a Iniciativa Comunitária Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, integrando três eixos interligados: Emprego NOW, Emprego HORIZON (procedentes do anterior período de programação mas integradas) e os novos eixos YOUTHSTART e INTEGRA. É decidido um prolongamento da execução das acções do HORIZON até Junho de 1995, que tinha, no início desse ano, recebido um reforço financeiro. Assim, através do Eixo HORIZON, procura-se melhorar as Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal perspectivas de emprego das pessoas com deficiência e através do eixo INTEGRA a melhoria no acesso e a ascensão no mercado de trabalho de grupos vulneráveis em situação de ou risco de exclusão. A maioria dos projectos do eixo HORIZON orientou-se para os mesmos públicos-alvo que caracterizaram o primeiro HORIZON, verificando-se uma persistência de uma elevada percentagem de pessoas com deficiência mental. A grande diferença relativamente à primeira geração reside num menor peso dos técnicos do sistema (que eram, no HORIZON I, maioritários). Público-alvo % de projectos Quadro 2.7 Público-alvo do eixo HORIZON Pessoas com deficiência mental 20% Pessoas com deficiência física 18% Pessoas com deficiência sensorial 14% Pessoas com doença mental 8% Formadores, conselheiros, trabalhadores sociais 14% Outros beneficiários intermédios (instituições/empresas) 9% Outras tipologias de públicos 17% Fonte: Reportório de Projectos “emprego”, Gicea, 2000 Desta forma, a segunda geração de projectos HORIZON não se distingue da primeira, podendo mesmo dizer-se que, apesar da reprogramação e face aos resultados da primeira fase do programa, se mantiveram as mesmas orientações, já explicitadas anteriormente. Nesta iniciativa foram definidas três fases de candidatura ao Programa. A primeira em 1995, a segunda em 1997 e a última em 1999. O eixo HORIZON foi o que concentrou o maior número de projectos, tendo sido desenvolvidos, no conjunto das três fases de candidatura 73 projectos. Os projectos inseridos neste eixo também se caracterizaram por ser um pouco mais extensos do que os dos restantes, desenvolvendo-se, em média, ao longo de quase três anos. A natureza inovadora e experimental dos projectos e a especificidade dos grupos - alvo foram as explicações avançadas pela gestão para esta maior duração destes projectos. A Iniciativa Comunitária Emprego-Adapt procurou contribuir para a efectivação do Plano Nacional de Emprego. No seu eixo HORIZON, os projectos enquadravam-se nas orientações definidas no Pilar I, desenvolvimento da empregabilidade, e, em parte, para o Pilar II, ao nível da criação de actividades económicas voltadas para a economia social. O ano de 1994 marca a entrada no II Quadro Comunitário de Apoio. Relativamente ao QCA anterior, são implementados mais 2 PO’s, aumentado a estrutura para 16 Programas Operacionais. 85 86 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A intervenção junto das pessoas com deficiência estava inserida no eixo 3, dirigido à melhoria da qualidade de vida e à coesão económica e social, que absorveu 10,4% do financiamento total FSE do QCAII. Este eixo concretizou-se através do Programa Operacional Saúde e Integração Social, dispersando-se por dois programas com vocações distintas: o Subprograma Saúde e o Subprograma INTEGRAR. O Subprograma INTEGRAR dirigia-se à integração económica e social de grupos com dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, incluindo as pessoas com deficiência, tendo absorvido 9% do total do investimento do FSE no QCAII. Neste campo, desenvolvem-se articulações entre os investimentos (financiados pelo FEDER) destinados aos grupos sociais desfavorecidos e a política de formação (passando também pela orientação, aconselhamento e pré- formação). No âmbito da Medida 3 foram, em 1998, aprovadas 137 candidaturas, abrangendo um total de 8479 beneficiários, dos quais, mais de metade (4051) na área de Lisboa e Vale do Tejo. Tal como nas intervenções anteriores, persiste no Subprograma INTEGRAR a concentração na região de Lisboa, que é, no entanto, bastante inferior à registada no QCA I e na IC HORIZON e que é desvalorizada no relatório final da iniciativa, referindo-se resultar de uma maior densidade populacional e da maior dimensão das instituições nessa região, já que apenas 34,8% dos projectos foram desenvolvidos nessa região. Destaca-se também o elevado número de projectos desenvolvidos no Centro, região onde se concentra o maior número de instituições de reabilitação profissional de pessoas com deficiência. Figura 2.6 Projectos INTEGRAR por região Alentejo 9% Algarve 5% Norte 19% Centro 33% LVT 34% Fonte:INTEGRAR: Resumo do relatório de 1998 Tal como já foi dito, o INTEGRAR adoptou uma estrutura de decisão, coordenação e controlo um pouco distinta da anterior. De início, a gestão do programa coube ao IEFP, mas por volta de 1997 as funções de gestão foram atribuídas a um gestor autónomo que se encarregou do acompanhamento dos projectos. Estes podiam ser desenvolvidos por centros de formação, orientação e emprego, ONG’s, parceiros sociais, autarquias locais, escolas profissionais e universidades, associações de desenvolvimento local, empresas, organizações Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal responsáveis pela manutenção da igualdade de oportunidades e instituições particulares de solidariedade social. Alarga-se o leque de entidades passíveis de se candidatarem a apoios, de forma a incluir todos os que se mostrem interessados27. Com uma estrutura formal bastante semelhante à do Programa HORIZON, o Subprograma INTEGRAR desenvolveu-se através de 4 medidas FSE e uma medida FEDER. A Medida 1, “Apoio ao Desenvolvimento Social”, dirigia-se a comunidades económica e/ou socialmente desfavorecidas, nomeadamente inseridas em bairros urbanos degradados ou zonas rurais deprimidas. É na Medida 3 que se define como prioridade a “Integração Económica e Social das Pessoas com Deficiência”. A Medida 5, a componente FEDER, vocacionada para a construção e adaptação de infra-estruturas e equipamento, permitiu a criação de 31 Centros de Formação e Reabilitação Profissional com capacidade para 4418 formandos, sendo que em Março de 1999, data do relatório final da Intervenção Operacional INTEGRAR, se encontravam a usufruir desta valência 3596 pessoas. Assim como nos quadros de apoio anteriores e nas diferentes IC, no INTEGRAR foram também as CERCI’s (28%) e as APPACDM’s (13,6%) que desenvolveram mais projectos. Destacam-se também 25,6% de projectos que foram desenvolvidos por outras associações sem fins lucrativos e 4 hospitais psiquiátricos, estes tendo abrangido 25% dos doentes mentais beneficiários desta medida. Este é um período de elevado investimento nas questões sociais e de grande actividade por parte das instituições e organizações vocacionadas para o apoio a grupos desfavorecidos. O quadro seguinte traça um quadro geral da evolução verificada em Portugal no período de programação do QCA II. TOTAL HOMENS MULHERES PT EU PT EU PT EU Tx de emprego total (1999)28 67,4 62,2 75,8 71,6 59,4 52,9 Tx crescimento do emprego (1999) 1,8 1,4 Tx de desemprego (1999) 29 4,5 9,2 3,9 7,9 5,2 10,9 1,7 4,4 1,5 3,7 2,0 5,4 11,5 42,3 22,0 17,0 40,0 8,1 Tx DLD (1999) 30 Tx sucesso escolar (1999) 31 Pobreza (1996) 32 33 FSE em % políticas de emprego activas Total de financiamento do FSE 00-06 4370,0 57013,0 Objectivo 1 (M euros) 4370,0 32047,5 FSE (obj. 1) em % total obj. 1 Objectivo 3 EQUAL Fonte: O FSE em Portugal- 1998 22,1 22,7 0 24965,6 107 2847 87 27 O que se pode interpretar como um piscar de olho às empresas e organizações privadas sem tradição na área da reabilitação profissional. Este carácter mais abrangente seria, inclusivamente, sublinhado no QCAIII, com o incentivo à criação de parcerias que envolvam empresas e outras organizações de diferentes áreas. Quadro 2.8 Alguns Indicadores relativos ao emprego e desemprego em Portugal 28 Pessoas empregadas em % da população activa no mesmo escalão etário (15-64). 29 Total de desempregados em % da população activa. 30 Desempregados (>12 meses) em % da população activa. 31 % da pop. (15-64) que concluiu pelo menos o ensino secundário. 32 % da pop. Com <60% do rendimento médio (EU- 13 excl. S e SF) (ESTAT ). 33 Contribuição média anual do FSE em % das despesas públicas com políticas de emprego activas (OCDE). 88 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Como se pode verificar pela leitura do quadro anterior, no final do período de programação referente ao QCAII, Portugal, em parte beneficiando de um período económico favorável, e noutra parte como resultado de uma focalização na resolução das questões do emprego, conseguiu ultrapassar a média da união europeia no que respeita à taxa de emprego total, tendo uma taxa de crescimento do emprego superior à média comunitária. Com uma percentagem de FSE gasta na promoção de políticas de emprego activas muito superior à média europeia, a taxa de desemprego de longa duração manteve-se em níveis mais baixos do que a média comunitária, mas, ainda assim, com mais elevados níveis de pobreza, tendo como referência o ano de 1996. Apesar dos avanços registados neste período, o 12º relatório anual sobre os fundos estruturais (Comissão Europeia, 2000) considerou que os programas do QCAII atingiram os seus objectivos financeiros mas que a incidência sobre públicos mais vulneráveis continuou a ser relativa (maioria de jovens, desempregados qualificados e homens). O Plano de Desenvolvimento Regional em 1999 marca o início das negociações para a entrada no quadro comunitário actual. Neste período é dada prioridade, no que diz respeito à distribuição dos fundos estruturais, ao estímulo da coesão económica e social, com particular atenção à criação de empregos. A estratégia definida para este programa operacional baseia-se no aumento da articulação interdepartamental na luta pela empregabilidade e aumento da adaptabilidade, no desenvolvimento de instrumentos de apoio às empresas, focalização na criação de emprego, modernização da administração pública, reforço dos serviços públicos de emprego e formação e no desenvolvimento de uma abordagem dual no combate à exclusão social. Na senda do que tinham vindo a ser as orientações anteriores, o QCA III persiste na lógica da desconcentração, procurando o fortalecimento dos serviços e instituições da base local, sublinhando a necessidade de as envolver e responsabilizar pela estratégia a implementar nos seus territórios de actuação. Assim, a execução do QCAIII realiza-se através de 19 PO (7 regionais e 12 pluriregionais). O Eixo 1 foi desenvolvido através do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social - POEFDS, representando cerca de 35% do FSE. A questão da deficiência é integrada no Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), que se apresenta como a linha estratégica de actuação facilitadora da inserção social dos sectores expostos ao desemprego de longa duração. O Eixo 5, destina-se a incentivar iniciativas integradas de desenvolvimento social em espaços locais deprimidos e deficitários do ponto de vista do dinamismo social, integrando instrumentos diversos de formação e promoção da inserção social e profissional de grupos particularmente desfavorecidos do ponto de vista do acesso ao mercado de trabalho, incluindo os instrumentos de formação especial e do mercado social de emprego (empresas de Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal inserção; escolas-oficina). Os grupos-alvo são as pessoas com deficiência, extoxicodependentes e desempregados de longa duração (DLD). Este apoio é complementado com o apoio à construção de recuperação de equipamentos sociais em zonas de elevada carência, com privilégio para os equipamentos integrados. Ao contrário do que seria de esperar e ao que sucede no Plano Nacional de Emprego em 199834, no POEFDS ainda não se desenvolve plenamente a noção de “mainstreaming”, já que persiste a existência de medidas específicas vocacionadas para as pessoas com deficiência (Medida 5.2). Esta lógica apenas integrou o desenho das intervenções do FSE com a Iniciativa EQUAL. Para a gestão deste programa foi realizado um contrato-programa entre o gestor do POEFDS, do PORLVT35 e o IEFP, que atribui a este último as funções de gestão global do programa, incluindo a região de LVT, que, já não fazendo parte das regiões do objectivo 1, não estava incluída no POEFDS. Assim, o IEFP retoma as funções de gestão, designando este programa de ‘Constelação’. Fora do contratoprograma com o IEFP apenas ficaram as acções-tipo 5.2.3.3, as ‘novas oportunidades, aplicando-se o sistema de gestão directa. Os critérios de selecção são os mesmos que assistiam ao INTEGRAR, tendo como beneficiário final o IEFP. É aqui que se estabelece a grande diferença em relação ao segundo QCA. Há um contrato-programa com o IEFP, através do qual a gestão delega funções na entidade que tutela o sector, em vez de a substituir, como tinha sucedido com o INTEGRAR. Em Outubro de 2003, foi realizada a avaliação intercalar do POEFDS (CIES, 2003) e que demonstra já uma transformação relativamente ao PO anterior. Verificou-se, relativamente ao tipo de beneficiários um peso muito significativo das deficiências intelectuais (58,3%), que, nas visitas realizadas a promotores, se constatou serem, sobretudo jovens considerados com ‘necessidades educativas especiais’, em parte frequentando o ensino regular. De acordo com o relatório,“Ficou ainda a impressão de que, neste caso, os conceitos de deficiência e de desfavorecimento acabam por estar bastante próximos”. Este facto pode apontar para uma abertura das instituições a outros beneficiários36. A Iniciativa Comunitária que corresponde ao período de programação do QCAIII designou-se por EQUAL, tendo sido aprovada em Outubro de 1999. Como é característica das IC também esta visa apoiar o desenvolvimento de experiências inovadoras, de carácter experimental, assentando na acção de parceiros de desenvolvimento, na cooperação transnacional e na transferibilidade e incorporação de práticas e produtos. Apesar da prioridade dada à descentralização e reforço da actuação das ONG’s, que passa também pelo reforço dos sistemas de validação de competências formais e informais, o EQUAL visa também desenvolver abordagens integradas de orientação-formação-inserção ao nível dos sistemas regulares de formação e emprego. 34 89 Com o PNE em 1998 foram criadas as majorações (ver capítulo seguinte). 35 Programa Operacional Lisboa e Vale do Tejo. 36 Este facto pode estar relacionado com a centralidade dada ao grau de empregabilidade, levando as instituições a terem em conta este elemento na selecção dos formandos. 90 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Nos domínios temáticos, a Iniciativa EQUAL funciona através de projectos integrados, designados Parcerias de Desenvolvimento (PD) que podem assumir um carácter geográfico em que são reunidos os agentes ou interesses em causa num determinado território geográfico. Os PD sectoriais funcionarão em sectores económicos específicos, nos quais os parceiros em causa reconhecem a necessidade de lutar em parceria contra as desigualdades e a discriminação. A importância atribuída à cooperação no quadro da parceria de desenvolvimento, traduz-se na definição de um período - a acção 1 - destinado ao respectivo estabelecimento e à “concepção” das intervenções. É com a Iniciativa EQUAL que a lógica de “mainstreaming” que tem vindo a impor-se a nível nacional, finalmente integra as intervenções do Fundo Social Europeu. Neste programa, já não existe uma medida especificamente destinada às pessoas com deficiência, já que não é o público-alvo que distingue entre medidas, mas sim as prioridades definidas para o projecto. Este incentivo ao “mainstreaming” passa também pela prioridade concedida aos projectos que desenvolvam acções que incluam mais do que um público-alvo. Grande parte dos projectos para pessoas com deficiência foram inseridos na prioridade 1, na tipologia 1.1.1, tendo desenvolvido percursos integrados de orientação-formação-inserção. Estes têm como objectivo, através da promoção em termos de marketing social e profissional, a igualdade de acesso ao emprego e a qualificação profissional. Assim, a iniciativa orienta-se para a eliminação de “handycaps”, em particular aquele que advém das erróneas apreciações sobre a capacidade de trabalho das pessoas com deficiência. No Eixo 2, espírito empresarial, a medida 2.2.1- “Qualificação das organizações e dos profissionais da economia social”, tem como um dos destinatários as organizações que trabalham na reabilitação profissional de pessoas com deficiência, e o Eixo 3, adaptabilidade, através da medida 3.2.2 “Modernização e inovação organizacional”, pode também vir a ter um impacto positivo nas organizações de pessoas com deficiência, sem que este possa, desde já, ser quantificado. A grande novidade relativamente às iniciativas anteriores é que muitos promotores passaram a actuar para públicos diversos, frequentemente com recurso às TIC’s, em vez da tradicional representação de públicos e especialização em pessoas com deficiência. Estão actualmente em desenvolvimento 13 projectos EQUAL dirigidos a pessoas com deficiência, implementados por parcerias de desenvolvimento que integram 94 entidades (7 entidades por parceria, em média). Analisando transversalmente estas intervenções verifica-se a existência de uma grande complementaridade entre as Iniciativas Comunitárias e os programas operacionais, com estes últimos a desenvolverem-se na senda das metodologias desenvolvidas experimentalmente nas IC’s. Outra das conclusões é a adopção, ainda que tímida, da lógica de “mainstreaming” que, como vimos, marcou o desenvolvimento também da rede de actores. Esta irá também afectar o tipo de metodologias e medidas desenvolvidas, como veremos no próximo capítulo. PO Saúde e Integração SocialSubprograma INTEGRAR HORIZON II POEFDS IC HELIOS I QCA I IC HORIZON IC HELIOS II QCA II IC Emprego- ADAPT QCAIII IC Equal 1988-1991 1989-1993 1991-1995 1993-1996 1994-1999 1995-1999 2000-2006 2000-2006 PO7/PO12 Programa Iniciativa Período Subprograma Quadro síntese dos Programas Operacionais e Principais Iniciativas Comunitárias Quadro 2.9 Tipologia 3.2.2 - Modernização e inovação organizacionais Tipologia 2.2.1 - Qualificação das organizações e profissionais da Economia Social Tipologia 1.1.1 - Percursos integrados de orientaçãoformação- inserção Medida 5.6 - Desenvolver a rede de equipamentos e serviços de promoção do desenvolvimento social Medida 5.4 - Promoção da Inserção no âmbito dos instrumentos do Mercado Social de Emprego Medida 5.2 - Potenciar a empregabilidade e incentivar a inserção económica e social das pessoas com deficiência Medida 5 - FEDER Medida 3 - Integração Económica e Social de Pessoas com Deficiência Mental Seguimento das acções postas em prática durante do HELIO S Medida 4 - FEDER Medida 2 - Formação/ informação Medida 1- Desenvolvimento e apoio às estruturas e acções de orientação/formação e integração sócio- profissional Formação e emprego de jovens com deficiência Formação e emprego de adultos com deficiência Handynet, etc... Medidas Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 91 92 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 2.4- Tipo de medidas apoiadas O período de pré-adesão caracterizou-se por uma insuficiência e falta de diversificação das medidas facilitadoras do acesso e manutenção do emprego, que apenas existiam para a criação e manutenção de postos de trabalho no sector do artesanato e para instalação por conta própria. Existia um elevado número de situações de invalidez precoce resultantes da inexistência de serviços de reabilitação profissional e legislação adequada. Surge, então, no Programa Orientador da Reabilitação (POR), ainda em 1988, pela primeira vez, a intenção de estimular o emprego de pessoas com deficiência através da criação de incentivos à contratação em sectores competitivos do mercado e da instituição de um estatuto jurídico definido para o emprego protegido (Conselho de Ministros, 1988). O apoio às pessoas com deficiência era estendido às várias fases da formação profissional, apoiando-se acções de preparação pré-profissional, orientação, formação e readaptação profissional. Este não se resumia à formação profissional, sendo apoiadas modalidades de emprego (emprego protegido, instalação por conta própria e em mercado normal) e incentivos aos empregadores de pessoas com deficiência. O apoio ao emprego em mercado normal de trabalho abrangia subsídios de compensação, adaptação, eliminação de barreiras e acolhimento. A nível das estruturas o POR representou um acréscimo de mais 51 centros de formação profissional e emprego protegido, tendo sido implementadas mais 16 unidades de formação e criadas duas unidades específicas de avaliação e orientação profissional. A criação de enclaves e centros de emprego protegido foi contemplada, tendo sido, até 1991, criados mais centros, elevando para 30 o total destas estruturas. 1992 1993 Quadro 2.10 Medidas de apoio ao emprego MNT: 1992/1993 -Trabalhadores por conta própria 145 263 - Trabalhadores por conta de outrem 372 778 Emprego protegido 1065 1133 Fonte: DSR/IEFP - Relatório de aplicação da Carta Social Europeia - 1993 O objectivo de dotar os centros de emprego da capacidade para atender as pessoas com deficiência levou à reconversão deste tipo de estruturas, aumentando para 68 o número das que procuravam dar resposta às solicitações desta população e dando origem à formação dos técnicos desses centros para adquirirem competências para o atendimento a esta população. A estratégia parecia, assim, passar pelo apoio às pessoas com deficiência, sempre que possível, nas estruturas regulares dos centros de emprego, mas contemplando Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal também alternativas para aqueles que, por via da sua deficiência, não pudessem ser abrangidos pelo sistema regular. Assim, a formação profissional e o emprego protegido eram os dois tipos de resposta para os problemas de emprego das pessoas com deficiência, sendo as medidas de apoio ao emprego em mercado normal da competência dos serviços regulares dos centros de emprego. Até 1990, o quadro de apoio do IEFP à formação profissional especificamente destinada a pessoas com deficiência tinha vindo a ser desenvolvida em duas vertentes: a preparação pré-profissional (iniciação ao trabalho e instrução geral e prática) e a formação profissional. A avaliação das medidas de preparação pré-profissional pôs a descoberto o seu desfasamento relativamente ao quadro de necessidades no domínio da promoção da integração profissional e resultou no iniciar de um processo de reconversão das estruturas de preparação pré-profissional. Figura 2.7 Entidades envolvidas na preparação pré-profissional Preparação pré-profissional Nº Entidades 62 60 58 56 54 52 50 48 1987 1988 1990 1989 1991 (previsão) Anos Fonte: Plano Orientador da Política de Reabilitação-Avaliação 1988-1990 (SNR, 1990) Os valores do gráfico apresentado revelam, no período de pré-adesão, um sistema de reabilitação essencialmente vocacionado para a preparação pré-profissional não só a nível das estruturas do IEFP e centros de gestão participada, como a nível das entidades privadas com intervenção na área, sendo que em 1987 existiam mais do dobro deste tipo de estruturas do que de formação profissional. Figura 2.8 Entidades envolvidas na formação profissional/área de reabilitação Formação Profissional Nº Entidades 100 80 60 40 20 0 1987 1988 1989 1990 1991 (previsão) Anos Fonte: Plano Orientador da Política de Reabilitação-Avaliação 1988-1990 (SNR, 1990) 93 94 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O aumento do número de entidades envolvidas em formação profissional foi bastante elevado, tendo em 1990 superado o número de entidades na formação pré-profissional e desenhando um quadro do sistema já mais adaptado às necessidades sentidas. O período de 1988 a 1990, marcado pela publicação do Plano Orientador da Política de Reabilitação e da Lei de Bases, saldou-se, assim, numa diversificação do tipo de medidas de apoio ao emprego e num aumento exponencial do número de pessoas abrangidas por determinado tipo de apoios, tais como os subsídios de compensação e de acolhimento, criados em 1990, prevendo-se que triplicando o número de pessoas abrangidas no ano seguinte. Figura 2.9 Incentivos ao emprego por tipo (1988 a 1991) 600 População abrangida 500 Eliminação de barreiras arquitec e adapt postos de trabalho 400 Subsídio de compensação Subsídio de acolhimento 300 X X Subsídio de acolhimento 200 100 X 48 1988 1989 Anos 1990 (prev.) 1991 (prev.) Fonte: Plano Orientador da Política de Reabilitação-Avaliação 1988-1990 (SNR, 1990) A tendência para o aumento do número de apoios à contratação persiste no período seguinte. De 1990 até ao início de 1994 o número de pessoas com deficiência abrangidas por algum tipo de apoio à contratação foi sempre crescente, passando de 177 para 464 apoios concedidos. A evolução foi bastante rápida, em particular nos anos que se seguiram à implementação do já referido, Decreto-Lei n.º 247/89 (avaliação e orientação profissional) e do início do QCAI. Até 1989 apenas 22% do total de pessoas tinham sido abrangidas. Até ao início de 1994 são abrangidos os restantes 78%, num total de 1726 pessoas. O Despacho Normativo nº 99/90 de 6 de Setembro (MESS) veio definir a concessão dos apoios financeiros previstos no Decreto-Lei nº 247/89 no que concerne à atribuição do subsídio de compensação e ao apoio financeiro à pessoa com deficiência que pretende exercer por conta própria. Mas este foi, certamente, o período de ouro do emprego protegido. São publicados diplomas sobre Emprego Protegido e sobre Actividades Ocupacionais e criados centros e enclaves de emprego protegido: de 1989 a 1990 são criados 33 centros, que, num total de 43 centros, passam a abranger 1406 pessoas. Coerente com a lógica de experimentalismo e de incentivo à inovação patente nos textos internacionais e, nomeadamente presente no HELIOS, data também desta época o lançamento dos projectos experimentais e inovadores de formação profissional e emprego, tendo sido abrangidas 330 pessoas e 14 entidades por 4 projectos inovadores, desenvolvidos no âmbito do QCAI. Prémio de integração Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Entidades envolvidas Projectos inovadores em curso em 1990 População abrangida Quadro 2.11 Projectos Experimentais e Programa Integrado de jovens: Inovadores de Formação Pró-Oeste Profissional e Emprego PROISET 95 330 14 Programa de Gestão Integrada de recursos e encaminhamentos para a formação profissional e integração de pessoas surdas Operação Emprego de deficientes - Cidade de Lisboa37 Fonte: Programa Orientador da Política de Reabilitação-Avaliação 1988-1990 (SNR, 1990) Em Outubro de 1994 o IEFP publica o relatório de execução do PO7, mostrando como 4 anos depois o sistema de reabilitação nacional se encontrava diferente. Medida/n.º pessoas 1989 1990 1991 1992 1993 Quadro 2.12 Formação Profissional 573 615 689 921 1068 Pessoas abrangidas pelo PO7, por Apoios à Contratação 73 118 205 253 313 tipo de medida Actividades Independentes 185 245 166 139 204 Total 831 978 1060 1313 1585 Fonte:IEFP, Outubro, 1994 Como se pode verificar pela leitura do quadro anterior, quatro anos depois o sistema tinha quase duplicado a sua capacidade de resposta a nível da formação profissional e mais que triplicado no que diz respeito aos apoios à contratação. Apenas no que se refere às actividades independentes se verificou um investimento inferior ao do início do período que foi, contudo, retomado, fazendo com que no saldo destes 5 anos a variação fosse positiva. 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93 Formação Profissional 7% 12% 34% 16% Apoios à Contratação 62% 74% 23% 24% Actividades Independentes 32% -32% -16% 47% Total 18% 8% 24% 21% Medida/n.º pessoas Quadro 2.13 Taxa de variação anual do PO7 Fonte: IEFP, Outubro, 1994 O relatório de execução do PO7 revela uma evolução positiva no grau de execução física global. O número de pessoas com deficiência atendidas em 1993 teve um acréscimo de 90% relativamente a 1989, atingindo quase o dobro do registado em 1989. O número de pessoas abrangidas pelos apoios à contratação 37 Esta acção continuaria a ser desenvolvida pelo IEP, ao longo do segundo período de programação (integrar), tendo beneficiado 332 pessoas. 96 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal teve, no período em causa, uma variação de 329%. A tendência decrescente no que respeita aos apoios às actividades independentes inverteu-se em 1993, tendo sido em 1993 a medida que registou o maior crescimento. O Programa Operacional 12, de apoio aos jovens com deficiência desempregados, segue as tendências do PO7, mas com valores muito mais elevados. Colmatando aquela que era considerada uma das maiores deficiências do sistema, o investimento na integração profissional dos jovens foi consideravelmente superior. Assim, o número de jovens abrangidos por este programa foi o triplo dos adultos abrangidos pelo PO7. Para além das acções comuns ao PO7 foram, no âmbito do PO12, também desenvolvidas as acções inovadoras, um conjunto de projectos com carácter experimental que visavam desenvolver novas metodologias, áreas de intervenção ou formas de trabalho. Medida/nº pessoas 1989 1990 1991 1992 1993 Quadro 2.14 Formação Profissional 1577 2055 2358 2788 3159 Número de pessoas abrangidas - 190 206 310 385 Apoios à Contratação 80 129 234 288 395 Actividades Independentes 68 89 36 21 44 1725 2463 2834 3407 3983 Acções Inovadoras Total Fonte: IEFP, Dezembro, 1994 Tal como no PO7, o número de jovens inseridos em acções de formação profissional no âmbito do PO12 é muito superior ao dos que estão envolvidos em qualquer uma dos outros tipos de medidas. Sabendo-se que um dos problemas que afecta, de forma clara, as pessoas com deficiência é a falta de qualificações, compreende-se a estratégia de começar a intervenção pela qualificação. Verifica-se também, comparando os dados relativos ao número de pessoas abrangidas por tipo de medida do PO7 e do PO12, uma maior preponderância de jovens (PO12) na formação profissional e nos apoios à contratação, ao contrário do que sucede nas actividades independentes, em que é maior o número de abrangidos pelo PO7 e, portanto, adultos com mais de 25 anos. É no âmbito do HORIZON que ganha consistência a tendência de privilegiar os projectos que incluíssem formação em novas tecnologias ou com recurso a elas, formação modular individualizada e à distância e metodologias de orientação/ avaliação profissional. A estas acções, que eram já desenvolvidas com recurso ao PO7 e PO12 junta-se um maior incentivo e apoio à criação de novas formas de integração, tais como a criação de empresas e cooperativas, apoio à investigação em engenharia da formação/reabilitação, ergonomia e ajudas técnicas, e maior fomento da criação de redes de informação e de núcleos de acção local que incluíssem agentes produtivos e agentes sociais de mudança (CIES, 1995). pelo PO12, por tipo de medida Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 97 O programa HORIZON, como já foi dito, incorporou a experiência do HELIOS, do PO7 e do PO12. Assim, na avaliação do programa, em 1995, surgem como pontos positivos o significativo alargamento do espectro de acções desde as mais básicas “formações de base” às intervenções multisectoriais, acções para tornar mais competitivo e eficaz o emprego protegido e uma formação profissional para pessoas deficientes com muita qualidade das instituições (competência técnica,metodologias e estratégias de intervenção) e com forte complementaridade com o PO7 e 12. Por tipo de medidas, é na Medida 1 (Desenvolvimento e apoio às estruturas e acções de orientação/formação e integração sócio-profissional) que se concentram as pessoas com deficiência enquanto destinatários dos projectos. Na Medida 2 (formação/informação) apenas existem acções de formação de pessoal técnico não docente e docente, mesmo assim, em número mais reduzido do que os que estão incluídos na Medida 1. Salta também à vista o reduzido número de acções que envolveram os dirigentes enquanto destinatários, mostrando que, de alguma forma, se desvaloriza o impacto que a formação de profissionais de topo possa ter para o desenvolvimento de uma intervenção mais estruturada. O tipo de projectos desenvolvidos no âmbito do HORIZON é bastante heterogéneo mas com uma clara concentração no desenvolvimento de metodologias (34 projectos), dividindo-se em avaliação/orientação/colocação e acompanhamento (21 projectos) e metodologias ou modalidades de formação com recurso às TIC’s (13 projectos). A formação profissional é a actividade principal de 21 projectos, seja ela formação integrada de doentes mentais (15) ou formação profissional e/ou pessoal/social (13 projectos). No âmbito do HORIZON, foram ainda apoiados 11 projectos de criação de empresas e apoio à integração profissional e 8 projectos de desenvolvimento de ajudas técnicas e de TIC’s. Tipo de acção Acções de avaliação, orientação e formação profissional Nº de pessoas abrangidas 4 710 82,2 Acções inovadoras de formação profissional e emprego 459 8 Apoios à contratação 524 9,1 Formação de técnicos 39 0,7 Informação/sensibilização 0 0 Handynet 0 0 Outras 0 0 5 732 100 Total % Fonte: IEFP- Pedido de pagamento de Saldo-1995 Cerca de 30,1% do total de projectos para pessoas com deficiência complementaram a acção com o recurso à Medida 4, apontando para a preocupação dos promotores com o desenvolvimento de estruturas e infraestruturas. Quadro 2.15 Pessoas abrangidas, em 1994, por tipo de acção 98 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O programa INTEGRAR, incluído no QCAII, na sua Medida 3, dirigia-se especificamente às pessoas com deficiência, sendo os beneficiários com menos de 25 anos, 64% do total. Através dessa medida apoiavam-se as acções de formação profissional, com o objectivo de proporcionar formação diferenciada e adaptada a cada formando, criando condições para frequentarem os cursos de formação regular com o objectivo de aumentar a empregabilidade, e com preocupação de envolver a comunidade e as empresas. A formação profissional foi a acção que envolveu o maior número de beneficiários (7068 pessoas), cerca de 83,4% do total. 75% destes formandos realizou formação em posto de trabalho, tendo sido atingida uma taxa de colocação na ordem dos 25,5. No que respeita às áreas de formação dos cursos ministrados, embora persistam as formações em sectores “tradicionais”, surgem também orientações para actividades e serviços de apoio à comunidade, muitas vezes acabando por ser as próprias instituições a empregarem os antigos formandos em actividades que desenvolvem em paralelo (lares de idosos, etc…). É privilegiada a formação em TIC’s, ou com recurso às TIC’s, integrando no eixo central as inovações experimentadas no HORIZON. Ainda assim, foi na área da carpintaria, da jardinagem, da costura e da serralharia que se registaram mais turmas. No QCA II, Subprograma INTEGRAR, Medida 3, para além de acções de formação profissional, foram também efectuadas acções de carácter complementar. As “outras acções”, incluídas no programa, integraram apoios à contratação, que abrangeu 50% do total dos beneficiários, acompanhamento pós-formação, apoio ao auto-emprego e acções de informação/sensibilização. Verificou-se uma valorização das acções de acompanhamento pós-colocação, que correspondia a 27,4% do total dos beneficiários de “outras acções”. No contexto do INTEGRAR, após um interregno de 6 anos, foi também relançado o prémio de mérito para entidades empregadoras, que deveria ser atribuído pelo IEFP. Comparando com as intervenções anteriores do QCAI (PO7 e 12) verifica-se não um aumento quantitativo do número de beneficiários mas uma nova orientação para as acções de apoio ao emprego no período pós formação sejam elas acompanhamento pós-colocação (que representa um novo tipo de apoio), sejam os variados tipos de apoios à contratação em mercado normal de trabalho (subsídios à contratação, prémios de mérito, subsídio para a eliminação de barreiras arquitectónicas, etc...). A Iniciativa Comunitária Emprego - Eixo HORIZON desenvolve algumas das temáticas em que se centraram os projectos INTEGRAR, acrescentando-lhes um carácter inovador. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Prioridades Temáticas % de projectos Percursos estruturados de inserção 15% Estratégias de desenvolvimento de parcerias locais integradoras 14% Inserção pela actividade económica 14% Estratégias participativas (incluindo os grupos-alvo) 12% Novos empregos 9% Novas formas de organização do trabalho 9% Novas práticas de colocação 8% Outras prioridades identificadas 19% Fonte: Reportório de Projectos “emprego”, GICEA, 2000 Os projectos desta Iniciativa Comunitária tiveram o seu início em 1994. Com uma média de tempo de duração dos projectos de cerca de três anos, esta iniciativa levou as intervenções até ao QCAIII. Em 1998 o Plano Nacional de Emprego dá um novo conteúdo às noções de igualdade de oportunidades e “mainstreaming”. São criadas as Majorações, a majoração sistemática dos apoios previstos pelos programas destinados à população em geral quando se trate de pessoas com deficiência. Assim, as pessoas com deficiência passam a ser abrangidas pelos diversos programas desenvolvidos pelo IEFP, com condições especiais que visam diminuir as desigualdades de partida (IEFP, 2004). Actualmente encontramo-nos em pleno período de desenvolvimento do QCA III. Tal como nos programas anteriores, as acções vocacionadas para o apoio às pessoas com deficiência têm vindo a realizar-se ao nível do desenvolvimento pessoal e profissional, onde se incluem acções de informação, avaliação e orientação profissional, de preparação pré-profissional, pré-formação e formação e apoios à integração no mercado de trabalho (incentivos à contratação, apoios à colocação, e acompanhamento pós-colocação). Nas áreas de formação privilegiam-se as acções com recurso às TIC’s e que visem fomentar a prestação de serviços e actividades de base local. São igualmente apoiadas acções de formação destinadas aos recursos humanos que intervêm nesta área. Na selecção dos pedidos de financiamento serão consideradas prioritárias as acções que se desenvolvam em regiões mais carenciadas ao nível das respostas, as acções inseridas em projectos de criação de novas formas de integração profissional, como sejam a criação de pequenas e médias empresas, cooperativas e instalação por conta própria. Assim, tal como no quadro anterior revela-se um claro incentivo para o desenvolvimento de medidas de apoio ao emprego. No âmbito da formação são privilegiadas as acções de formação que tenham em consideração as características e capacidade de absorção do mercado de emprego local, acções de formação que potenciem os recursos da comunidade local, tais como empresas, e Quadro 2.16 Prioridades temáticas dos projectos do eixo HORIZON 99 100 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal a utilização dos recursos formativos destinados à população em geral. As acções de formação em contexto real de trabalho, formação em novas tecnologias ou com recurso a elas, projectos integrados que contemplem diversas fases a montante e a jusante da formação profissional e projectos complementares com outras medidas do programa ou com outros programas nacionais e comunitários são também incentivadas. No relatório de avaliação do POEFDS constatou-se ter existido um maior peso das medidas inseridas na tipologia 5.2.1, de ‘desenvolvimento pessoal e profissional’, tendo reunido, em 2002, 81,4% do total de beneficiários, na maioria, em acções de formação profissional, com um peso reduzido de acções de orientação. Neste relatório adverte-se para o grande diferencial entre medidas de formação, maioritárias, e as medidas de apoio ao emprego, readaptação ao trabalho e da instalação por conta própria. A Iniciativa Comunitária EQUAL introduz um novo tipo de estruturação das acções. Através desta iniciativa são apoiados os percursos integrados de orientação-formação-inserção, em especial adaptando o sistema de educaçãoformação e dos conteúdos formativos às características do mercado de trabalho. Assim, pretende-se apoiar acções que desenvolvam metodologias inovadoras, resultando na criação de novas formas de trabalho, referenciais teórico-práticos e técnico-pedagógicos de suporte às intervenções. Existe uma clara orientação para as acções que envolvam o recurso às TIC’s, seja em formação, seja fomentando o teletrabalho e para o desenvolvimento de projectos que envolvam mais do que um público-alvo. As acções empreendidas para celebrar o ano de 2003 enquanto o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência são fundamentalmente acções de sensibilização da opinião pública e fomento do conhecimento sobre a problemática da deficiência. No ano transacto foram organizados seminários, colóquios e conferências sobre diversos temas relacionados com a reabilitação e integração das pessoas com deficiência, procurando dar visibilidade política e social às questões relativas à deficiência e à integração social das pessoas com deficiência. Conclui-se, relativamente ao tipo de medidas apoiadas, que, ao nível das práticas, têm vindo a ser introduzidas alterações que são coerentes com a evolução do pensamento político e ideológico sobre a deficiência. O enfoque no trabalho e no aumento da empregabilidade teve como consequência uma maior atenção às medidas de apoio ao trabalho (apoio ao emprego em mercado normal, instalação por conta própria e emprego protegido) na concepção e implementação das medidas que incidem no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas com deficiência (preparação pré-profissional, avaliação/orientação profissional, formação e readaptação ao trabalho). O estímulo à inovação e à sociedade de conhecimento, em especial após a cimeira de Lisboa, leva a um centramento da formação profissional no campo das novas tecnologias da informação e comunicação. A passagem de uma concepção assente na deficiência para uma Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 101 outra assente na noção de “Handycap” traduz-se no incentivo (em especial no que diz respeito às IC), a acções de informação e sensibilização da sociedade em geral, com particular incidência entre os empregadores e no contexto local de inserção e no progressivo aumento do número de apoios à integração no mercado normal de trabalho, em detrimento do emprego protegido Esse apoio passa, por um lado, pelas ajudas técnicas e, por outro, pela atribuição de incentivos à colocação. Em 1989 foram atribuídos 374 apoios à contratação. Dez anos depois esse valor aumentou para 2 429. O tipo de incentivos à colocação também tem vindo a diversificar-se. Estão hoje disponíveis para empresas que pretendam contratar pessoas com deficiência, para além do prémio de mérito e do prémio de integração, subsídios de compensação, de adaptação de postos de trabalho, de eliminação de barreiras arquitectónicas e subsídios de acolhimento personalizado. Contudo, verifica-se que este período saldou-se não tanto pela criação de novos tipos de apoio mas mais pelo progressivo aumento da atenção às já existentes medidas de apoio ao emprego e à questão da empregabilidade. Se no tempo do PO7 e PO12 a formação profissional e os apoios à colocação eram duas medidas distintas, inclusivamente, desenvolvidas por entidades distintas 38, actualmente a formação profissional faz (ou deve fazer) parte de um percurso integrado que não termina com a contratação, prolongando-se até uma efectiva integração profissional da pessoa apoiada. Após, ao longo destes 14 anos se terem realizado inúmeras acções de formação de técnicos e profissionais de reabilitação39, cabe agora às instituições, enquanto parte do sistema central (centros de recursos locais e especializados) acompanhar todo o percurso de integração profissional do utente, fazendo valer a sua posição privilegiada no contexto local e contribuindo para adaptar os conteúdos formativos às realidades locais onde estão inseridas. Assim, conclui-se da análise da evolução do tipo de medidas que, apesar das metodologias de avaliação/orientação/formação profissional ainda serem as que abrangem um maior número de beneficiários, estas se têm vindo a orientar, cada vez mais para a empregabilidade, sendo hoje perspectivadas enquanto uma fase – a fase inicial – de um percurso que culminará na integração em mercado normal de trabalho. 38 como se viu, o apoio à colocação era, primariamente da responsabilidade dos Centros de Emprego 39 Em todos os programas estavam previstas acções de formação de pessoal da área da reabilitação Desenvolvimento Pessoal e Profissional 102 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal POR - Até 1990 PO7/ PO12 - 1990 - 1993 PO7/ PO12 - 1990 - 1993 Grelha Síntese das medidas - Formação préprofissional -Preparação préprofissional - Preparação pré- profissional - Pré-formação apoiadas pelos Programas - Orientação/ formação integrado em MNT (Apoio à formação em empresa) - Formação profissional complementar em MNT - Formação profissional (Orientação, avaliação, aconselhamento e préformação) - Formação de jovens do ensino regular Operacionais - Apoio à instalação de oficinas - Avaliação e orientação profissional - Formação profissional - Formação individualizada em posto de trabalho - Formação modular - Acções inovadoras de formação/ orientação/ integração sócioprofissional (jovens) - CAO’s - Instalação por conta própria - Emprego protegido - Criação e manutenção do emprego no sector - Acompanhamento pósdo artesanato formação - Instalação por conta própria Apoio ao Emprego Quadro 2.17 - Formação préprofissional - Emprego protegido - Readaptação profissional - Subsídio de eliminação de barreiras arquitectónicas - Adaptação de postos de trabalho - Subsídio de compensação Outros POEFDS - 2000 - 2006 - Prémio de integração - Acolhimento personalizado - Subsídio de compensação - Acções inovadoras de formação e emprego (para todos) - Acompanhamento pós- formação - Actividades independentes (autoemprego) - Acções de informação/ sensibilização - Prémio de integração - Prémio de mérito -Subsídios de - Subsídio para eliminação compensação de barreiras - Subsídios de arquitectónicas acolhimento - Adaptação de postos de personalizado trabalho - Eliminação de barreiras arquitectónicas - Prémio de mérito - Adaptação de postos de trabalho - Ajudas técnicas - Apoio à família, integração em lares - Prestação de cuidados médicos - Acções de formação de técnicos IEFP e formação de formadores - Prolabor - Projafer - Ajudas técnicas - Informação/ Formação de profissionais do sistema e agentes sociais (empregadores, autarcas, sindicatos)HANDYNET -Ajudas técnicas - Formação profissional (Informação, avaliação, orientação profissional) - Percursos formativos ajustados e projectos pessoais - Acções integradas de formação/ emprego e qualificação (em artes e ofícios tradicionais) - Acompanhamento póscolocação - Instalação por conta própria - Apoio a CAO’s - Emprego protegido - Apoio ao teletrabalho - Novas profissões (escolasoficina) - Ocupação profissional em áreas de interesse social - Criação de pequenas e médias empresas e cooperativas - Readaptação profissional - Emprego apoiado em MNT - Acções de informação/ sensibilização - Incentivos à contratação - Prémio de mérito - Subsídio de eliminação de barreiras arquitectónicas - Adaptação de postos de trabalho - Formação de profissionais do sistema e agentes económicos e sociais locais e regionais - Criação de centros para a vida activa - Criação dos centros de locais e de recursos especializados - Ajudas técnicas Avaliação/Orientação Profissional Subsídio de Compensação Destinado à adaptação dos equipamentos e postos de trabalho às características funcionais das pessoas com deficiência. Subsídio de adaptação de postos de trabalho Destinado a compensar as entidades empregadoras do menor rendimento que as pessoas com deficiência possam apresentar durante o período de adaptação/readaptação ao trabalho em relação aos outros trabalhadores da mesma categoria profissional. Principais objectivos Integração no Mercado Normal de Trabalho Medidas Readaptação ao Trabalho Proporcionar às pessoas com deficiência, que tendo exercido uma actividade profissional se tenham tornado deficientes, condições e processos de adaptação e compensação das suas limitações funcionais que lhes possibilitem um mais fácil desempenho de tarefas a partir do aproveitamento da sua experiência profissional. Dotar as pessoas com deficiência, com idade igual ou superior a 15 anos, dos conhecimentos e capacidades necessários à obtenção de uma qualificação profissional que lhes permita alcançar e manter um emprego e progredir profissionalmente no mercado normal de emprego. Proporcionar às pessoas com deficiência, de idade igual ou superior a 15 anos, a tomada de decisões vocacionais adequadas. Pré-profissional Formação Profissional Despacho Normativo nº 388/79 de 31-12 Desp. Regulamentar da Secretaria de Estado do Emprego de 18-08-80 Proporcionar a adolescentes com deficiência, com idade igual ou superior a 12 anos que frequentem instituições de educação especial, oficiais ou particulares e que não sejam susceptíveis de integração nos sistemas regulares de ensino, uma iniciação numa variedade de tipos de trabalho, contribuindo para o seu despiste vocacional e futura definição do seu projecto de vida. IEFP e FSE IEFP e FSE Dec-Lei 247/89 de 05-08; Desp. Norm.-99/90 de 0609; Portaria Nº1212 / 2000 de 15-11 Desp. Norm. nº 99/90 de 06-09; Portaria Nº1212 / 2000 de 15-11; Dec-Lei 401/91 de 16 de Outubro Financiamento IEFP e FSE IEFP e FSE IEFP e FSE ME IEFP, FSE Financiamento Refª Legislação Dec-Lei nº 247/89 de 0508 Dec-Lei nº 247/89 de 0509 Dec-Lei- 247/89 de 0508; Dec-Reg-º12-A/2000, de 15-09 Refª Legislação Principais objectivos Desenvolvimento Pessoal e Profissional Medidas Grelha Síntese de Programas e Medidas existentes Quadro 2.18 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 103 Dec-Lei nº 247/89 de 0508; Despacho Normativo nº 99/90 de 06-09 Dec-Lei nº 247/89 de 0508; Resolução do Conselho de Ministros nº 81/00 de 10-07 Resolução do Conselho de Ministros nº 81/00 de 10-07; Dec-Lei nº 247/89 de 05-08 Atribuido às entidades empregadoras que celebrem contratos sem termo com as pessoas com deficiência ou convertam um contrato a termo em contrato sem termo Melhorar a empregabilidade e manutenção no emprego das pessoas com deficiência, através de um sistema de apoio especializado, reconhecendo que o sucesso do processo de integração sócio-profissional depende de uma mediação técnica, estruturada e contínua. Potenciar as TIC’s para a criação de novas oportunidades de emprego, apoiando técnica e financeiramente a formação para teletrabalhadores, presencial ou à distância, apoiando a instalação por conta própria, a criação de centros de teleserviços ou a contratação como teletrabalhadores. Visa ainda, em parceria e articulação com os CRP e outras entidades, a criação de um sistema de apoio aos teletrabalhadores com deficiência. Prémio de Integração Apoio à colocação e acompanhamento pós-colocação Enclaves Centros de Emprego Protegido Medidas Apoio ao Teletrabalho e criação de uma Bolsa para trabalhadores Refª Legislação Dec.-Lei 40/83, de 25 de Janeiro e 194/85, de 24 de Junho; Dec Reg. nº 37/85, de 24 de Junho Dec-Lei nº299/86 de 19/09 e nº 247/89 de 05-08 Principais objectivos Unidade de Produção de carácter industrial, artesanal, agrícola, comercial ou de prestação de serviços, integrada na actividade económica nacional. Grupo de pessoas com deficiência que exercem a sua actividade em conjunto, sob condições especiais, num meio normal de trabalho. Emprego Protegido40 Decreto-Lei nº 247/89 de 5 de Agosto Destinado a quem, por força da sua deficiência, tenha dificuldades em obter e sustentar um emprego no mercado normal de trabalho, pretenda criar o próprio emprego e não possua meios suficientes para suportar as despesas com a sua instalação por conta própria. Instalação por Conta Própria Despacho Normativo nº 99/90 de 6 de Setembro Destinado a compensar os custos que a entidade empregadora tenha com o acolhimento personalizado das pessoas com deficiência. Subsídio de acolhimento personalizado Lei nº 9/89 de 02-05; Desp. anual do SNRIPD; Desp. Conj. MIS/MTSS nº 402/01 de 03-05 Destinado a eliminar as barreiras arquitectónicas que dificultem ou impeçam a mobilidade das pessoas com deficiência no acesso ou deslocação no local de trabalho. Subsídio eliminação barreiras arquitectónicas Financiamento IEFP e FSE EFP e FSE Apoios técnicos e financeiros do IEFP a empréstimo sem juros e subsídios a fundo perdido, para despesas do estabelecimento. IEFP e FSE IEFP e FSE IEFP e FSE 104 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal IEFP IEFP 10% da totalidade dos apoios concedidos (5 postos de trabalho e pelo menos 40% sejam pessoas com deficiência). IEFP Portaria nº 250/99 de 08/04 R.C.M. nº 91/99 de 12/08 Portaria nº 1160/2000 de 07/12 Majoração de 20% (18 X SMN + 20%), quando os postos de trabalho criados sejam preenchidos por pessoas com deficiência desempregadas. Majoração de 20% (18 X SMN + 20%), quando os postos de trabalho criados sejam preenchidos por pessoas com deficiência. Majoração de 25% (18 X SMN + 25%), quando os postos de trabalho criados sejam preenchidos por pessoas com deficiência. PAIPS PRODESCOOP Rede Ajuda IEFP R.C.M. 8/99, de 09/02 e Portaria 601/99, de 02/08 O apoio financeiro à criação de postos de trabalho é equivalente a 18 X o salário mínimo nacional (SMN), quando os postos de trabalho criados forem ocupados por pessoas com deficiência. Programa de Formação-Emprego Plano Regional de Emprego Alentejo IEFP Portaria 763/99 de 27/08 Estágios Profissionais Majoração de 20%, quando os postos de trabalho criados sejam preenchidos por pessoas com deficiência desempregadas. Portarias nº 268/97 de 18/04; 1271/97 de 26/12; 814/98 de 24/09; nº 286/2002 de 15-03, e nº 1212/2000 de 26-12 As pessoas com deficiência não estão sujeitas a qualquer limite etário para frequência do Programa. IEFP Refª Legislação Principais objectivos Medidas Majorações41 Financiamento Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 40 105 Este programa visa: assegurar às pessoas com deficiência que, por dificuldades inerentes ao tipo e grau de deficiência, não têm possibilidade de integrar o mercado normal de trabalho, designadamente porque a respectiva produtividade é inferior à de um outro trabalhador para o mesmo posto de trabalho, proporcionar o exercício de uma actividade estável e remunerada e a sua transição, quando possível, para o mercado de trabalho; proporcionar formação a todas as pessoas com deficiência que possuam capacidade média de trabalho igual ou superior a um terço da capacidade normal exigida a um trabalhador não deficiente no mesmo posto de trabalho, de forma a possibilitar a sua integração social e económica, a desenvolver as suas competências profissionais e a aumentar a sua capacidade de competir no mercado normal de trabalho; celebrar com a pessoa com deficiência um contrato de trabalho, proporcionando-lhe um estatuto de trabalhador e uma situação de emprego estável. Visa ainda promover, sempre que possível, a transição dos trabalhadores em regime de emprego protegido para o mercado normal de trabalho. 41 O Plano Nacional de Emprego para 1998 previu a majoração sistemática dos apoios previstos pelos programas destinados à população em geral quando se trate de pessoas com deficiência. Principais objectivos Conceder apoio financeiro às pessoas com deficiência para aquisição de ajudas técnicas imprescindíveis ao acesso e/ou frequência de acções de formação profissional, bem como ao acesso/manutenção/progressão no emprego. Melhorar a qualidade da intervenção técnica das equipas das entidades privadas que desenvolvem Programas de Reabilitação Profissional, bem como dos técnicos dos serviços centrais, regionais e locais do IEFP. Ajudas técnicas Formação de Técnicos Intervenções de Carácter Estruturante Sensibilizar a comunidade e os empregadores em particular para as possibilidades de trabalho das pessoas com deficiência. Apoia a contratação, de 18 X o SMN por posto de trabalho mediante a celebração de contrato de trabalho sem termo com pessoas com deficiência, nos restantes grupos esse apoio é de 12X esse salário; - A instituição tem um prémio pela igualdade de oportunidades no valor de 10% da totalidade dos apoios concedidos (excluídas as majorações), quando cria um mínimo de 5 postos de trabalho tendo que ser 40% preenchidos por pessoas com deficiência. Medidas Prémio de Mérito Estímulo à Oferta de Emprego Lei nº9/89 de 02 de Maio Despacho anual do SNRIPD Desp Conj MS/MTS nº 402/01 de 03 de Maio Refª Legislação Despacho nº 12008/99 de 23 de Junho. Decreto-Lei nº 247/89 de 05-08 Portaria nº 196-A/2001, de 10/03 IEFP, FSE MTS; MS Financiamento Atribuição anual a entidades que se distingam na contratação e a pessoas com deficiência que se destaquem na criação do próprio emprego.- IEFP IEFP 106 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 2.5 - Redes e Parcerias O incentivo à criação de redes e parcerias é, como já foi referido, uma das características das Iniciativas Comunitárias. A primeira experiência nacional deste tipo - o HELIOS (1988-1991) - concentrava-se muito particularmente neste aspecto. A cooperação técnica nesta primeira experiência foi efectivada através de dois tipos de acções. No desenvolvimento do intercâmbio de informações e experiências, relativas aos vários aspectos da readaptação e integração de pessoas com deficiência, foi criada uma rede europeia de 50 centros espalhados por toda a Europa, designados pelos Estados-membros (EM), três redes de actividades modelo locais (AML) e desenvolvidas acções experimentais de formação e de readaptação profissionais. O objectivo de fomentar a troca de experiências foi efectivado pelo sistema HANDYNET, que visava a recolha de dados pelos centros nacionais e a sua difusão por centros de informação e consulta sobre as diversas temáticas relacionadas com a integração sócio-profissional. Assim era também inventariada a legislação e as estatísticas económicas e sociais. Além disso, era posto à disposição um correio electrónico e um jornal electrónico. Com o objectivo de estabelecer contactos entre peritos e decisores sobre os temas centrais da reabilitação sócio-profissional das pessoas com deficiência, foram ainda criados grupos de trabalho relativos aos temas da integração escolar, do emprego de deficientes, da mobilidade e transporte e os grupos de diálogo e de coordenação técnica do sistema HANDYNET. Em 1992 foi publicado pela Comissão Europeia o Relatório sobre a aplicação e os resultados do programa HELIOS (1988-1991) (Sec(92) 1206 final). De acordo com esse documento, as dificuldades encontradas diziam respeito à adopção tardia do programa (só aprovado a 18 de Abril de 1988, apesar do efeito retroactivo), à falta de disponibilidade física ou financeira, de aptidões (técnicas ou linguísticas), e de dinamismo ou de empenho europeu. Apesar da dotação de 19 milhões de Ecus, os orçamentos foram considerados insuficientes. Também se considerou que não houve o envolvimento esperado por parte das organizações que “não foram convidadas sistematicamente para os seminários”. Contudo, o programa saldou-se no desenvolvimento de conteúdos, difusão alargada, produzindo um alargamento do campo de acção (aspectos; grupos-alvo), alteração da metodologia utilizada (cooperação entre instituições públicas e privadas) e a elaboração de projectos transnacionais. O grande ganho prendeu-se com o estabelecimento de novas relações profissionais e identificação dos domínios prioritários de acção. Os centros portugueses, de acordo com o relatório de avaliação, registaram uma participação média, sendo que, em alguns momentos, a participação foi abaixo do esperado. Eles estavam, de facto, ainda numa fase muito inicial de desenvolvimento. Em Fevereiro de 1993, dado o sucesso do primeiro, a União Europeia, através da decisão 93/ 136/ CEE decidiu aprovar o HELIOS II, o terceiro programa comunitário 107 108 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal de acção a favor das pessoas com deficiência estendendo-se de 1993 a 1996. De acordo com o relatório de avaliação, um dos maiores e mais benéficos efeitos do HELIOS II foi o de permitir a conexão entre organizações para pessoas com deficiência. Tal como o HELIOS I, o HELIOS II tinha como objectivo fundamental fomentar o intercâmbio de informações e experiências, incentivando a cooperação entre EM e com as organizações não governamentais. Assim, dá-se continuidade às acções desenvolvidas no HELIOS I, incluindo o sistema HANDYNET. No relatório de avaliação desta iniciativa revela-se um enfoque na falta de participação das pessoas com deficiência, em particular nas acções de intercâmbio e de informação, resultado de insuficiências de recursos e de equipamentos adaptados disponíveis, transmissão tardia da informação, etc., pese embora as estruturas de gestão, após algumas dificuldades iniciais, se tenham mostrado muito eficazes. Conclui-se da avaliação a necessidade de elevados recursos para o bom funcionamento do programa e é referido o papel complementar do HELIOS II relativamente a outros programa comunitários, em particular a iniciativa HORIZON. Os principais efeitos do programa situaram-se a nível da transferência de conhecimentos adquiridos, repercutindo-se por toda a envolvente graças a uma cobertura mediática satisfatória. Entre os efeitos positivos mais evidentes do programa HELIOS II contam-se, ainda, um novo aumento da interconexão entre organizações de pessoas com deficiência e o desenvolvimento de sinergias entre políticas nacionais e comunitárias. Com o HORIZON, a criação de parcerias nacionais reveste-se também de uma grande importância, estabelecendo-se enquanto um critério de elegibilidade. De acordo com o relatório de avaliação desta iniciativa, um dos maiores efeitos do HORIZON foi o contributo para a introdução e o desenvolvimento de mecanismos e soluções capazes de promover a articulação entre instituições de diferentes áreas que interferem nos processos de inserção social e profissional das pessoas com deficiência. Na iniciativa comunitária seguinte, Eemprego-Adapt (1994-1999), o eixo HORIZON apoiou o desenvolvimento de 255 parcerias nacionais, correspondendo a uma média de 3,5 parceiros por projecto. De todos os eixos em que se desdobrou esta iniciativa, este foi o segundo valor mais baixo. A nível das parcerias transnacionais, verificou-se um número superior. Umas das condições de elegibilidade desta iniciativa eram a existência de parcerias transnacionais com, pelo menos, dois projectos financiados pela iniciativa “Emprego” noutro Estado-membro da União Europeia. A média de parcerias realizadas por projecto saldouse no dobro do exigido, sendo particularmente evidente no eixo HORIZON em que foram instituídas 341 parcerias, representando a média de 4.7 parceiros transnacionais por projecto. Apesar do fomento de redes e parcerias ser mais evidente nas iniciativas comunitárias, muitos dos seus elementos, e mesmo efeitos, acabam por integrar as estratégias de execução dos Programas Operacionais. De acordo com o Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal documento da comissão relativo à aprovação do QCAIII, os maiores impactos do QCAII na integração social foram a criação de parcerias que visassem a implementação de uma “rede regional para a qualificação e emprego dos grupos sociais desfavorecidos” e uma melhor definição das instituições e das estratégias de intervenção face aos problemas específicos da integração sócio-económica destes grupos. Desta forma, insistia-se no reforço do apoio a ONG’s que, de acordo com a Comissão, constituíam um instrumento valioso dado a sua proximidade face às populações a abranger por este tipo de intervenção. Em Outubro de 1999 é lançada a Iniciativa EQUAL. Em conformidade com a desconcentração característica das mais recentes intervenções comunitárias, os planos de acção EQUAL devem ser descentralizados ao nível das regiões, colectividades locais, cidades e zonas rurais, isto é, em territórios susceptíveis de gerar uma cooperação local. Aliás, é dado um grande impulso à cooperação local enquanto forma de potenciar recursos e criar sinergias, sendo a criação de parcerias locais ou sectoriais uma das condições de elegibilidade. O enfoque é, desta forma, mais concentrado na criação de parcerias a nível nacional, sendo, contudo que persiste o fomento da criação de parcerias transnacionais. Os projectos EQUAL devem ser elaborados e realizados através de Parcerias de Desenvolvimento (PD), estabelecidas a nível local ou sectorial e implicando todos os parceiros com relevância na matéria devendo contribuir para uma melhor divulgação das boas práticas. Estes planos de acção serão complementares a outras políticas, instrumentos e acções elaboradas para este efeito. A constituição das parcerias de base local permite juntar entidades com campos de actuação distintos, envolvendo no mesmo projecto vários tipos de destinatários, desta forma não só promovendo uma maior integração dos públicos, como aumentando as competências das instituições promotoras para a actuação com outros públicosalvo. A promoção de parcerias transnacionais, tem como impactos visíveis a aproximação entre os sistemas de reabilitação nacionais e europeus. Desta aproximação resultaram experiências em que de ambos os lados houve um efectiva partilha ou troca de metodologias, modelos e práticas, enriquecendo não só o sistema de reabilitação nacional como contribuindo para o desenvolvimento dos sistemas de reabilitação de outros Estados-membros. No que toca ao fomento das parcerias nacionais, este resultou na criação de condições para que estas se efectivassem, de forma a constituir-se um sistema de reabilitação estruturado, abrangente, no qual os vários actores reconhecem os seus papéis. 2.6 - Evolução do Quadro de Co-Financiamento Europeu da Reabilitação A ideia de que o sistema de reabilitação sócio-profissional de pessoas com deficiência apresenta uma configuração e uma história fortemente ancorada às 109 110 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ajudas financeiras oriundas dos Fundos Estruturais e, em particular do FSE, é amplamente partilhada pelos agentes do sistema e tem sido, por isso, acolhida neste estudo. Ela decorre da realidade prática de ser por recurso aos diversos programas co-financiados que as instituições de reabilitação financiam a maioria das suas actividades de orientação, formação e promoção do emprego desta população. Não está porém disponível no presente estudo informação capaz de evidenciar a proporção do esforço económico e financeiro realizado por entidades nacionais – públicas e privadas – fora das comparticipações nacionais naqueles programas para todo o período em análise. Por exemplo, os custos relativos a estruturas técnicas dos organismos nacionais, o voluntariado nas instituições de reabilitação, a utilização de património por parte destas ou o investimento das empresas financiado com recursos próprios, não estão contabilizados de forma a poderem aferir o peso dos Programas Co-financiados no conjunto do esforço nacional. Uma consequência imediata desta situação é que não será possível, a não ser com um trabalho muito mais aturado do que o que cabe no presente estudo, aferir aquele que seria, porventura, um dos principais impactes esperados da injecção de fundos comunitários no sistema de reabilitação português: o efeito de alavancagem, isto é, a indução da mobilização de novas fontes de recursos a partir dos projectos co-financiados. Um relatório do MTS produzido em 2002 mostra, porém, que as acções em 2001, 2002 e 2003 e o esforço financeiro associado ao sistema foi compatibilizado pelo POEFDS (respectivamente em 66,2%, 43,2% e 47,3%, em cada um daqueles anos), pelo PORLVT (20,8%, 19,3% e 7,7%) e pelo IEFP, na respectiva proporção de 13,0%, 37,5% e 45,0% em cada um dos anos de referência. Com os dados disponíveis é possível, porém, verificar como a própria realização dos Programas foi consolidando e alargando um campo de intervenção indutor de procura que, por sua vez, absorve recursos em quantidade crescente à medida que se vão sucedendo os QCA’s. Faz sentido, deste modo, procurar verificar a evolução das despesas com a reabilitação sócio-profissional ao longo dos Programas Operacionais PO7 e PO12, INTEGRAR e POEFDS.42 Como vimos atrás, o desempenho do sector da Reabilitação Sócio-Profissional em Portugal conheceu um enorme impulso a partir do Primeiro Quadro Comunitário de Apoio, quando foi possível sistematizar a intervenção em dois Programas Operacionais. Em termos financeiros, esse impulso significou a execução de mais de 76 milhões de Euros executados no PO12 e outros 24 milhões no PO7 43. A Formação Profissional representa a “parte de leão” destes recursos: 88,9% no primeiro daqueles Programas e 86,1% no segundo. Em grande medida, pode-se supor que esta formação abrangia a “primeira geração” de pessoas com deficiência que iniciaram os seus percursos escolares no âmbito do movimento associativo que se seguiu ao 25 de Abril e agora chegava à altura de se preparar para entrar no mercado de trabalho. 42 Não se tratando de apurar o total dos investimentos em reabilitação feitos no país, considera-se que a aferição da evolução do esforço financeiro do FSE pode ser realizada através da comparação dos PO’s, já que estes possuem uma estrutura de objectivos e actividades comparáveis – tendo em conta as mudanças operadas pela própria evolução da instrumentação técnica e operacional no sistema – o que não se verifica, por exemplo, com os Programas de Iniciativa Comunitária. 43 Não sendo objectivo deste estudo a avaliação dos programas, é mais ou menos irrelevante a taxa de execução, tendo ela sido, como foi, tão elevada. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Programado Executado Grau de execução Formação Profissional 70.407.740 67.774.390 96.3% Acções Inovadoras 5.807.876 5.303.529 91.3% Apoios à Contratação 1.470.908 1.509.815 102.6% 354.228 339.031 95.7% Assistência Técnica 1.034.300 1.332.534 128.8% Total 79.075.052 76.259.299 96.4% Programado Executado Grau de execução Formação Profissional 21.100.402 20.732.036 98.3% Apoios à Contratação 1.332.659 1.319.090 99.0% Actividades Independentes 1.368.211 1.399.765 102.3% 427.833 616.186 144.0% 24.229.105 24.067.077 99.3% Medida 111 Quadro 2.19 PO12-Custo total por medida no Actividades Independentes período 1990/93 (Euros) Fonte: IEFP, Dezembro, 1994 Medida Quadro 2.20 PO7-Custo total por medida no Assistência Técnica Total Fonte: IEFP, Outubro, 1994 No Segundo Quadro Comunitário de Apoio, generalizando a experiência entretanto obtida com o PIC HORIZON, o Sub-programa INTEGRAR passou a incluir medidas para o desenvolvimento comunitário, a formação e integração sócioprofissional de desempregados de longa duração e de grupos desfavorecidos face ao emprego e de construção e equipamento de infra-estruturas, para além da medida destinada especificamente às pessoas com deficiência. É o valor desta que interessa destacar para fins comparativos. Assim se no QCA I os PO’s 7 e 12 representaram no conjunto um investimento de 100.326.376, a medida 3 do Sub-programa INTEGRAR representou 225.112 mil Euros (166.681 do FSE), sendo o acréscimo, portanto, em termos médios anuais, de 17.453.391,5 (+ 87,0%). período 1990/93 (Euros) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 112 Medida 1ª Decisão Custo total elegível FSE Executação final Custo total elegível FSE Variação verificada face à 1ª Decisão FSE Custo total elegível Quadro 2.21 - Impacto da Execução do Subprograma, face à execução Final (em milhares de euros) 1 23.307 17.480 29.762 22.114 6.455 4.634 2 101.704 76.280 103.666 76.500 1.962 220 3 204.163 153.123 225.112 166.761 20.949 13.638 4 42.824 32.117 41.148 29.943 -1,676 -2,174 Total 371.998 279.000 399.688 294.985 27.690 16.318 Fonte: IEFP, Dezembro, 1994 No QCAIII a estrutura do INTEGRAR foi mantida, com ligeiras adaptações (por exemplo, a decomposição das acções de desenvolvimento comunitário incluídas na Medida 1, de modo a acolher a “rede social”), pese embora as acções destinadas aos mesmos objectivos de coesão social e integração profissional tenham sido integradas no Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social, por razões de coerência com a vinculação dos instrumentos comunitários às prioridades políticas incluídas no Plano Nacional de Emprego e no Plano Nacional de Acção para a Inclusão. As medidas para a formação e integração de pessoas com deficiência – a medida 2 do Eixo 5 do POEFDS - incluem três tipologias de projectos (“desenvolvimento pessoal e profissional”, “integração no mercado de trabalho” e “acções de carácter estruturante e complementar”), às quais se poderiam acrescentar as iniciativas possíveis no âmbito da medida FEDER. Medida 5.1 – Apoio ao desenvolvimento social e comunitário 5.2 – Promoção da inserção social e profissional de pessoas com deficiência Dotação 59.111 237.763,5 Quadro 2.22 Eixo 5 do POEFDS, programação financeira (em milhares de euros) 44 5.3 – Promoção da inserção social e profissional de grupos desfavorecidos 254.835,2 5.4 – Promoção da inserção no âmbito dos instrumentos do MSE 320.695,5 5.5 – Apoio ao desenvolvimento cooperativo 26.811,5 5.6 – Desenvolver a rede de equipamentos e serviços 73.401 Total 972.618 Fonte:Quaternaire/CIES, Relatório de Avaliação Intercalar, 2003 Com uma dotação financeira de 237.763.500 Euros, a Medida 5.2 representa a importante proporção de 8,4% do total do Programa Operacional e de 24,4% do Eixo 5. Em relação ao INTEGRAR, o acréscimo, a preços correntes, é de 1.2651.500 ,44 mas em termos anuais verifica-se um decréscimo aparente, já que a média anual no POEFDS é 90,5% do que era no INTEGRAR. Há porém que acrescentar aos Note-se também que estamos a comparar valores executados do Integrar com valores programados do POEFDS. Até 30 de Junho de 2003 tinham sido aprovados projectos neste programa que ultrapassam metade das verbas programadas até 2006 (mais precisamente, 52,74% ou 125.406.138,3), o que permite apreciar positivamente o ritmo da execução financeira.Também o valor da verba executada é relevante, atingindo 84.630.669,00, ou seja, 35,59% do total. Apesar disso, e uma vez que a Medida nos dois primeiros anos executou apenas 62,9% da dotação, foi decidido imputar o excedente às Medida 5.4 que tinha no mesmo período esgotado a respectiva verba, num total de 25.571.101,14 Euros. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal valores do POEFDS todas as verbas dispendidas no Constelação na Região de Lisboa e Vale do Tejo, que foi abrangida pelo INTEGRAR e ficou de fora no POEFDS. A execução física das medidas aumentou, como vimos atrás a respeito do número de pessoas abrangidas. Pode, assim, dizer-se que se verificou um acréscimo importante da eficiência do sistema. Para os anos de 2001, 2002 e 2003 o valor do somatório do POEFDS com o PORLVT acaba por ser de 52.146.047, 40.344.619 e 35.680.520, o que perfaz uma média anual de 42.723.729, isto é, 95% do valor médio no período do INTEGRAR. Salienta-se, por fim, como mostra o quadro produzido pelo Grupo de Tarefa instituído pelo Ministro do Trabalho e da Solidariedade para estudar o sistema e as suas necessidades, que as verbas disponíveis nos últimos anos mantêm uma tendência sustentada para o crescimento que já se vinha registando desde a adesão de Portugal à então Comunidade Europeia. Esse quadro revela, também, a importância dos Fundos estruturais, e em particular do FSE, não apenas pela coincidência evidente das medidas nele contidas com as tipologias de projectos acolhidas no instrumental dos Programas co-financiados, mas também pela oscilação que os fluxos financeiros revelaram no ano de transição entre Quadros Comunitários de Apoio, o que desde já indica a necessidade de, sem prescindir dos apoios da União Europeia, estabilizar um quadro de financiamento do sistema que o ponha a salvo das oscilações resultantes das negociações e das tramitações relativas a esses apoios. 41 795 822 1 706 832 TOTAL IC emprego- HORIZON 233 303 3 157 341 43 761 590 1 333 601 42 427 989 998 603 565 52 721 990 1 408 525 51 313 465 1 810 018 603 565 64 831 421 2 937 196 57 012 530 1 893 896 - (g) 46 458 919 2 937 196 49 862 541 1 974 197 392 768 70 076 1 042 1 517 987 2 503 561 58 594(c) 729 686 - (g) 59 938 593 861 923 59 076 670 2 268 547 402 300 68 370 1 563 243 3 006 395 27 125 643 444 64 596 966 3 715 047 60 881 915 2 906 954 399 038 99 760 74 820 1 496 394 3 706 665 149 639 548 678 299 279 999 092 3 402 300 399 038 44 939 725 847 956 612 524 2002 Os dados do quadro referem-se de 1997 a 2001 a execução financeira e em 2002 a dotação financeira. a) Este valor integra o montante pago em 1999 relativo às acções de Janeiro e Fevereiro de 2000 e corresponde apenas à continuação de actividade das acções em curso, não abrangendo novas acções, por ser o 1º ano do QCAIII: b) Autonomização dos custos a partir de 2001 para dar cumprimento às metas do PNE; c) Medida criada pelo PNE, com início em 2000; d) Medida prevista no PNE, à data ainda em preparação; e) Não estão indicados os valores do Sub programa INTEGRAR, por não existir informação automizada: f ) Não estão contabilizados os valores da revista INTEGRAR; g) Não havia informação disponível na Iniciativa EQUAL (início em 2000) relativa às pessoas com deficiência. * Verba excepcional para financiamento da fase experimental da metodologia INTEGRAR pelos CTE que, no ano seguinte, as entidades integraram nas suas candidaturas no âmbito do Programa Constelação . Font: Relatório Final do Grupo-Tarefa- 2002 1 590 751 40 205 071 5 986 Rede de centros de reabilitação Sub total Centros de Reab. Prof. de gestão directa Informação e sensibilização (e) (f ) 481 245 1 129 034 3 167 217 31 664 1 527 484 904 889 2 684 655 294 949 74 984 690 825 2 813 455 24 601* 822 049 OED e outros projectos experimentais 45 051 183 732 2 238 221 941 481 Prémio de Mérito Formação de Técnicos (e) Rede de Centros de Recursos Ajudas técnicas e triciclos Emprego protegido Emprego apoiado em mercado normal de trabalho (d) Apoio à colocação e acompanhamento pós- colocação 975 160 1 151 610 Criação de bolsa de emprego para teletrabalho 3 392 634 3 165 950 2 901 627 2 058 599 Instalação por conta própria 2 189 199 47 286 958 38 568 081(a) 43 136 (b) 1 818 812 34 103 54 459 46 174 46 077 044 567 098 599 505 624 275 2001 2000 1999 Incentivos à contratação 41 889 486 39 620 620 814 1998 Readaptação ao Trabalho 34 908 560 41 909 37 011 Info. avaliação e orientação 32 329 441 622 041 627 987 Pré-Profissional Formação Profissional 1997 1996 Evolução dos Meios Financeiros disponibilizados - 1995-2002 (Euros) Quadro 2.23 114 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No documento do Conselho da Europa, para o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência (2003), previa-se a organização de encontros e eventos, lançamento de campanhas de informação e promoção, cooperação com a comunicação social, realização de inquéritos e relatórios e de actividades de informação e partilha de boas práticas. Para dar prosseguimento a estas actividades, foi disponibilizada uma verba de 12 milhões de euros para 2002 (acções de preparação) e 2003. Estabelecia-se um limite de financiamento das medidas à escala comunitária em 80% e das medidas à escala nacional em 50%. As subvenções eram atribuídas ao EM que se encarregava de as redistribuir pelos organismos responsáveis. 2.7- Visibilidade política e social Os programas financiados pelo FSE têm sido de extrema importância na valorização e consequente visibilidade política e social da temática da reabilitação sócio-profissional das pessoas com deficiência. Desde a primeira iniciativa comunitária, todas as intervenções do FSE têm prestado uma particular atenção à questão da informação e sensibilização. No Hélios, como já foi dito, foi criada a rede HANDYNET, que tinham como objectivo fundamental a difusão da informação. O programa HORIZON desenvolve esta vocação, dedicando uma componente ao desenvolvimento de actividades e/ou serviços de divulgação, sensibilização e informação da população deficiente, famílias, entidades empregadoras e população em geral, como complemento aos seus objectivos centrais. Os projectos centrados nas actividades ligadas à investigação tiveram grande relevância, especialmente em termos qualitativos. Fundamentalmente, desenvolveram-se projectos que visavam a caracterização da população deficiente e projectos ligados à rede CITE (ajudas técnicas). Foram também concebidos oito projectos PROACESS, de eliminação de barreiras arquitectónicas por via da sensibilização dos técnicos das empresas e autarquias. De acordo com a avaliação do programa, os maiores impactos destas acções no meio envolvente verificaram-se na sensibilização da comunidade e no aumento da visibilidade e reconhecimento das instituições, tendo os promotores considerado ter existido uma elevada repercussão do projecto HORIZON nos meios de comunicação social e, em especial, na imprensa local. Não só através das iniciativas comunitárias foi dada uma elevada importância à promoção da visibilidade das acções. A Intervenção Operacional INTEGRAR, como já foi referido, decorreu entre 1 de Janeiro de 1994 e 30 de Junho de 2000, tendo como uma das principais preocupações da gestão a informação e divulgação do Subprograma. As acções empreendidas visavam, essencialmente, a sensibilização das entidades promotoras para a importância de processos de identificação e divulgação das acções desenvolvidas e para a participação e envolvimento do Subprograma nas acções promovidas por entidades representantes dos variados 115 116 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal sectores da economia e da sociedade (de âmbito internacional, nacional e regional), permitindo a promoção global dos seus objectivos e acções. Com estes objectivos, as acções desenvolvidas foram as seguintes: - Obrigação das entidades beneficiárias de publicitar os apoios concedidos de acordo com as disposições legais em vigor, i.e., utilização de um logótipo comum em todas a documentação produzida; - Participações em seminários e feiras/exposições, lançamento de projectos e conferências tanto a nível nacional como internacional; - Acções de informação, sensibilização e publicidade junto de vários órgãos de comunicação social de imprensa nacionais e regionais; - Envio regular de “mailings” de todas as informações; - Utilização de meios audiovisuais com a produção de vídeos quer sobre projectos, quer sobre o Subprograma INTEGRAR em geral; - Participação da gestora desta intervenção em vários programas de televisão, nomeadamente no programa Iniciativa da RTP 2; - Criação de um Website, com o objectivo de assegurar a maior universalização dos públicos-alvo, tendo a Internet como veículo de informação. Em termos de publicações foram criados panfletos informativos em português e inglês, folhetos/desdobráveis de divulgação com dados quantitativos relativos a todas as medidas, manuais do Subprograma diversos artigos sobre a intervenção e/ou projectos apoiados e boletins informativos/newsletters. Neste âmbito foi, ainda, editado e publicado o livro “Vidas Vividas”, com exposição de fotografias de vários fotógrafos que participaram na concepção do livro e dos autores, com o objectivo de relatar pequenas histórias de ex-beneficiários das acções apoiadas pelo INTEGRAR. As actividades de divulgação e comunicação têm também uma importância fulcral em toda a estrutura de gestão do PIC EQUAL. Estas desenvolvem-se através de reuniões de sensibilização, acções de lançamento, divulgação e seminários regionais. Aliás, a disseminação de boas práticas e recursos técnico-pedagógicos são critérios centrais desta iniciativa comunitária. Contudo, as estratégias de disseminação no PIC EQUAL encontram-se ainda em fase de desenvolvimento, pelo que não será ainda possível verificar os efeitos efectivamente produzidos. Segundo a avaliação intercalar do programa, os seminários regionais foram aqueles que registaram uma maior participação das PD (69%), sendo também considerado o meio de divulgação mais relevante (59% das PD contactadas no estudo). Em termos gerais, as organizações consideram que houve uma boa divulgação do programa (82,8%) sendo factor desse sucesso a diversidade de meios de divulgação utilizados, a divulgação alargada por várias localizações e a qualidade dos instrumentos de apoio. O site do programa EQUAL, alimentado pelo sistema de informação (SI) é um avanço importante, pois possibilita, não só a verificação instantânea de critérios Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 117 financeiros de referência e o aumento de acesso em tempo real ao estado da candidatura, como põe em contacto as diversas parcerias. As acções destinadas à divulgação dos programas e iniciativas comunitárias são encaradas pelos dirigentes associativos como uma forma importante de dar maior visibilidade social às questões ligadas à reabilitação de pessoas com deficiência: “O FSE permitiu editar revistas, realizar seminários, mostrar às pessoas, fazer vídeos institucionais interessantíssimos e mais que divulgados. Esta é uma das áreas em que o peso do que o que foi investido não corresponde à mudança, que deveria ter sido muito mais efectiva.” (dirigente associativo) Relativamente à visibilidade política e social do sistema de reabilitação foram colocadas aos dirigentes das instituições, as seguintes questões expostas nos próximos dois quadros. Visibilidade das questões da deficiência em geral Visibilidade da situação e os direitos das pessoas com deficiência Quadro 2.24 Visibilidade das questões da Muito forte 1 1 deficiência e direitos das pessoas Forte 10 4 com deficiência Fraco 15 19 Muito fraco 1 3 Total 27 27 Fonte: Questionário aos dirigentes - CIES, 2003 Tanto ao nível da visibilidade das questões da deficiência em geral como em termos de visibilidade da situação e direitos das pessoas com deficiência, a maioria dos dirigentes que responderam ao questionário consideram-na ainda fraca (15 e 19 casos, respectivamente). A avaliação da visibilidade das questões da deficiência em geral é ligeiramente mais positiva, visto que 10 dos inquiridos a consideram “forte”. Tudo parece indicar, porém, que um esforço importante está por fazer para colocar o tema no centro das preocupações sociais e políticas, dando um novo Programas de informação e debate sobre este tema Relatos e reportagens sobre casos específicos Muito forte 1 1 Forte 4 9 Fraco 18 15 Muito fraco 4 2 Total 27 27 Fonte: Questionário aos dirigentes - CIES, 2003 Quadro 2.25 Opinião sobre as peças de informação 118 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal salto em relação ao que foi feito para retirar a questão do total encobrimento anterior ao 25 de Abril e ao início dos programas e iniciativas co-financiadas. Os programas de informação e debate são considerados fracos (18 casos) assim como os relatos e reportagens (15 casos). A imagem negativa dos dirigentes das organizações face à comunicação social é evidenciada pela análise do quadro que se segue, onde se constata que ao longo dos últimos anos a comunicação social não melhorou nem em termos de visibilidade nem de cobertura (17 casos). Número de respostas Muito forte 1 Evolução da visibilidade e Forte 6 cobertura ao longo dos Fraco 17 Muito fraco 3 Total 27 Fonte: Censos 2001, INE Esta opinião é confirmada por vários dirigentes associativos entrevistados. “A comunicação social tem uma cobertura lamentável em relação às boas práticas ligadas às pessoas com deficiência, só se interessam pelos casos insólitos, os media locais são os únicos que dão cobertura.” “A visibilidade ao nível da comunicação social é quase zero, existe o programa Novos horizontes (RTP 2) que é transmitido às nove da manhã de Domingo e que, se passasse noutro horário, podia ter outro impacto. A comunicação social está apenas virada para o que toca o coração, para as imagens dos coitadinhos.” O Ano Europeu das Pessoas com Deficiência foi considerado, junto dos dirigentes associativos e dirigentes do sistema entrevistados, um forte impulso em matéria de visibilidade social, acompanhado por uma maior divulgação por parte da comunicação social, tanto a nível regional como nacional. “Em termos de comunicação social, o Ano Europeu deu um grande impacto. Só no último trimestre do ano é que a comunicação social começou a acordar, mas acordou, e neste momento não podemos perder esse impacto. A nível de opinião pública também. O tema da deficiência deixou de ser tabu, as pessoas já falam mais abertamente. Os pais das pessoas com deficiência falam abertamente na televisão dos seus problemas, tal como as próprias pessoas com deficiência, já não existe aquela vergonha.” (dirigente do sistema) Quadro 2.26 últimos anos na comunicação social Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 119 3- Impactos nas Organizações 3.1. Caracterização geral das organizações Neste capítulo, será feita uma caracterização do sector a partir do perfil e actividades das organizações que o compõem. Do ponto de vista histórico, é observável a existência de ritmos e períodos bastante distintos no que toca à criação de instituições a operar na área da deficiência. Esta variabilidade fica bem patente a partir de uma perspectivação longitudinal do nascimento de instituições, como aquela que é possível fazer a partir da figura 3.1. Por estes dados, é possível verificar que, em apenas 10 anos (1974-1983), dá-se o surgimento de um pouco mais de metade das instituições que responderam ao inquérito de caracterização. Com efeito, 47 das organizações actualmente existentes (i.e., 56,6% do total) surgem nesta época, reforçando a percepção habitualmente veiculada de que o período do pós-25 de Abril teria sido particularmente dinâmico e fértil no surgimento de iniciativas no campo da reabilitação profissional. E, portanto, decisivo para a moldagem do mapa institucional tal como ele hoje existe. Quando analisamos a informação na óptica do ano de início de intervenção na área da deficiência45, o peso deste período surge ainda superior. Das instituições sobre as quais temos informação, 56,3% referem que é neste período que entram nesta problemática, o que só reforça a importância deste período para a história recente da reabilitação em Portugal. Figura 3.1 45 Distinta da anterior porque há instituições que já existiam anteriormente mas sem se dedicarem a estas questões. O que aqui se analisa é o momento em que as instituições, independentemente de já existirem do ponto de vista legal anteriormente, passam a trabalhar nestas áreas. Ano de início de trabalho nas questões da deficiência (desde 1930) 10 9 8 7 6 Nº org 5 4 3 2 1 0 1930 1935 1940 1945 1950 1950 1955 1960 1970 Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 Nota: Antes de 1933, há registo de apenas uma data de fundação (1888), a APEC, de Lisboa. 1975 1980 1985 1990 1995 2000 120 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Figura 3.2 Ano de início de trabalho nas questões da deficiência (desde 1930) 10 9 8 7 6 Nº org 5 4 3 2 1 0 1930 1935 1940 1945 1950 1950 1955 1960 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 Nota: Antes de 1933, há registo de apenas uma instituição (1888), a APEC, de Lisboa. Aliás, estes dados vêm confirmar também, do ponto de vista organizacional, uma acentuada juventude do sistema de reabilitação em Portugal. Se mais de metade das organizações têm entre 22 e 30 anos de existência, a elas devem somar-se aquelas que têm ainda menos, – i.e., surgiram ainda mais recentemente. Globalmente, as instituições que surgem em 1974 ou depois, perfazem 78,3% do total. Uma percentagem que sobe para 79,5% quando o que está em causa é não a constituição da organização mas sim a sua entrada nesta temática. De notar ainda que 85,9% das instituições começam a ter práticas de reabilitação logo no ano de fundação ou no seguinte, indiciando ser esta a sua vocação logo à partida46. Olhando longitudinalmente para estes dados, verificamos que há ritmos muito diferentes de criação de instituições e da sua entrada no campo da reabilitação profissional. Até 1974, o número de instituições (17) é pouco significativo (20,5 % das actualmente existentes), sendo que quase todas surgem ou na viragem da década de 50 para a década de 60 ou já na primeira metade dos anos 70. Depois de um grande ritmo de criação de instituições até 1983, volta a haver um surto de crescimento a partir de 1986 (ano de adesão à então CEE), com especial ênfase para o final dos anos 80 e primeiros anos da década de 90, – i.e., anos que precedem e inauguram os Quadros Comunitários de Apoio. Verifica-se também que, em 83 instituições, 56,6% dedicam-se em exclusivo às questões da deficiência, o que aponta para um perfil de especialização do sector significativo: mais de metade trabalha somente no campo da deficiência. Entre as restantes, as actividades paralelas sinalizadas são maioritariamente de cariz social (valências para outros grupos desfavorecidos; mercado social de emprego; formação profissional). Note-se, aliás, que se existe neste momento algum fluxo ele vai tanto no sentido de instituições de reabilitação passarem a desenvolver actividades para outros sectores da população, como o inverso, o que resulta uma 46 Há, de facto, um nível acentuado de coincidência entre as datas de nascimento das instituições e o início da sua intervenção nas questões da deficiência: em média, há pouco mais de dois anos entre o surgimento das instituições e a sua orientação para as questões da reabilitação. Este valor médio, no entanto, esconde diferenças bastante significativas. No total, 54 em 78 (69,2%) das instituições acerca das quais temos informação válida, são criadas e no mesmo ano começam a dedicar-se a estas questões (o que na esmagadora maioria dos casos significa que, provavelmente, foram criadas para esse efeito), somando-se a estas outras 13 (16,7%). Somando as duas parcelas, chegamos a 85,9% das instituições ou começam a ter práticas de reabilitação logo no ano da fundação ou começam a tê-las no ano seguinte ao surgimento. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 121 vez mais na viragem das orientações do sector no sentido do “mainstreaming” e da integração em vez da sectorialização e fechamento47. As organizações parecem ser, maioritariamente, criadas com o intuito de produzir trabalho na área da reabilitação. Mais raros são os trajectos em que no contexto de outras instituições do sector social, inicialmente vocacionadas para outros públicos, surgem dinâmicas de reabilitação (algumas Misericórdias parecem constituir casos destes). Destes dados, podemos retirar, desde já, várias conclusões sobre o retrato organizacional do sector. Em primeiro lugar, quatro em cada cinco organizações que actualmente trabalham no campo da reabilitação profissional têm menos de 30 anos de existência e/ou de trabalho de intervenção nestas questões. Do ponto de vista do retrato global de um sistema, e estando em causa um universo de organizações relativamente vasto, quer do ponto de vista numérico quer do ponto de vista geográfico, estes dados não deixam de ser notáveis. Ainda no que toca ao surgimento das instituições e à sua entrada na área da deficiência, podemos concluir a partir dos diferenciais existentes nos ritmos de fundação ao longo das últimas décadas que o 25 de Abril e as dinâmicas que este inaugura e propicia e, mais tarde, as dinâmicas de europeização parecem constituir factores determinantes no estímulo ao sistema de reabilitação em Portugal. De facto, são identificáveis períodos muito diferentes de construção do suporte organizacional do sector em Portugal. Até 1974, um ritmo lento, com picos na viragem para os anos 60 e nos anos antes da Revolução. Depois, uma explosão de novas instituições na área da reabilitação até 1983. Depois de 1986, novo ressurgimento no ritmo de reforço quantitativo das organizações do sistema (novas organizações especialmente nos anos finais da década de 80; entradas no campo especialmente a partir de 1992). Por outro lado, o sector da reabilitação de pessoas com deficiência apresenta um perfil de especialização elevado: são altas as percentagens de instituições que se dedicam em exclusivo a estas questões e ainda mais elevadas quando analisamos aquelas que se dedicam à reabilitação profissional desde a fundação (e pouco tempo depois). Este padrão de especialização precoce aponta, por um lado, para a conhecida tradição de iniciativa da sociedade civil no campo da deficiência, sobretudo no pós-25 de Abril; mas pode também significar, em sentido inverso, alguma segregação desta problemática no quadro das dinâmicas de intervenção social – matéria que experimentalmente começa a ser transformada com o apoio das iniciativas comunitárias com forte intervenção FSE. 3.1.1. Distribuição geográfica das organizações Do ponto de vista da distribuição geográfica das organizações que fazem parte da nossa amostra, destaca-se claramente o peso estatístico do distrito de Lisboa, onde actuam 25,3% das instituições existentes (n=21). Os distritos que se seguem são os de Aveiro (n=9, 10,8% do total), Coimbra (n=8, 9,6% do total), Porto (n=6, 7,2% do total) e Leiria (n=5, 6% do total). 47 Veja-se o caso dos projectos Equal, que pelo seu carácter inovador, e tal como aconteceu com outras PIC, podem vir a aumentar esta tendência predominante no futuro. 122 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal N.º Organizações (%) Aveiro 9 10,8 Beja 5 6,0 Braga 4 4,8 Castelo Branco 1 1,2 Coimbra 8 9,6 Évora 3 3,6 Faro 4 4,8 Guarda 2 2,4 Leiria 5 6,0 Lisboa 21 25,3 Portalegre 3 3,6 Porto 6 7,2 Santarém 3 3,6 Setúbal 4 4,8 Viana do Castelo 1 1,2 Vila Real 1 1,2 Viseu 3 3,6 TOTAL 83 100 Quadro 3.1 Número de organizações, por distrito Fonte: Fichas de caracterização- CIES, 2003 Raciocinando em termos regionais, observamos que existe uma clara sobrerepresentação dos distritos do litoral em relação aos espaços do interior. Esta tendência não é específica das dinâmicas da reabilitação, e mesmo no quadro destas tem já sido sinalizada. Com efeito, as regiões do interior tendem a ter coberturas mais frágeis, seja do ponto de vista quantitativo, seja do ponto de vista da capacidade das instituições (Veiga et al., 2002: 21), acrescendo a estes factores questões como as dificuldades de mobilidade nesses espaços geográficos. Número de organizações (%) Quadro 3.2 Alentejo 15 18,1 Número de organizações Algarve 4 4,8 existentes, por região Lisboa 21 25,3 Norte e Centro Interior 7 8,4 Norte e Centro Litoral 30 36,1 Porto 6 7,2 TOTAL 83 100 Fonte: Censos 2001, INE Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 123 3.1.2. Estatuto legal e forma jurídica das organizações Tendo em conta o enquadramento legal das organizações, verifica-se que a forma jurídica maioritária é, de longe, a associação sem fins lucrativos (41 em 81, o que representa 50,6%). Seguem-se as cooperativas, com 35,8% (29 em 81). Para além destes, existem ainda três misericórdias, três hospitais públicos, dois centros de gestão participada, um centro protocolar e uma fundação.48. Número (%) Quadro 3.3 Associação sem fins lucrativos 42 51,8 Forma jurídica das organizações Cooperativa 29 35,8 (total) Outros 10 12,4 Total 81 100 Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 Nos estatutos conferidos às instituições, verificamos que o estatuto “IPSS” é quase generalizado (por vezes em acumulação com outros): 63 instituições em 78, o que corresponde a 80,7% do total. Se retirarmos às 15 restantes as 6 que são públicas ou parcerias público-privado, verificamos que, entre as entidades não públicas que responderam à ficha e forneceram informação sobre esta matéria, muito poucas são aquelas que não gozam deste estatuto. Estão neste caso nove cooperativas e duas associações sem fins lucrativos, que gozam apenas do estatuto de utilidade pública. Refira-se, aliás, que este abrange 39,7% dos casos, como se pode ver pelo quadro seguinte: Número (%) Quadro 3.4 IPSS 39 50,0 Estatutos atribuídos às Utilidade Pública 13 16,7 organizações IPSS e Utilidade Pública 18 23,1 IPSS, Utilidade Pública e ONG 5 6,4 IPSS e ONG 1 1,3 Outros 2 2,6 Total 78 100,0 48 Do ponto de vista da evolução temporal destes estatutos jurídicos, verifica-se que a questão fundamental é o movimento das CERCI’s, e em geral a força do movimento cooperativo, nos anos que se seguem ao 25 de Abril. Com efeito, é no período 1974-1985 que surgem todas as 29 cooperativas existentes na amostra. É, aliás, o único período em que a associação sem fins lucrativos não é a forma maioritária nas organizações que vão começando a trabalhar na área da deficiência. Em termos concretos, o que aconteceu nestes anos foi que houve 16 associações em 47 instituições novas no campo, o que representa 34,0% do total, contra 29 cooperativas em 47 instituições novas a trabalhar na área – 61,7%. Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 3.1.3. Estrutura económico-financeira: alguns elementos Em termos da estrutura económico-financeira anual, há uma razoável dispersão de situações. Há um número apreciável de instituições de pequena dimensão (menos de 500.000 euros de receitas anuais), mas a maior parte situa-se nos escalões de pequena-média e média dimensão – no total, 61,6%. Há também um número não negligenciável de organizações de grande e muito grande dimensão (14,1%). 124 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Nº de instituições (%) Quadro 3.5 Até 500 13 16,7 Receitas anuais das instituições 501-1000 23 29,5 (em mil euros) 1001-2000 25 32,1 2001-3000 6 7,7 3001-9000 9 11,5 9001-15000 2 2,6 Total 78 100,0 Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 Como era esperado, observa-se uma percentagem muito relevante do Fundo Social Europeu. É precisamente isso que se pode verificar pelo quadro seguinte: Financiamento UE Nº organizações Financiamento UE Quadro 3.6 Sem financiamento 1 (%) 1,4 1 (%) 1,4 De 1 a 5% 4 5,6 5 6,8 De 6 a 25% 22 31,0 21 28,4 De 26 a 50% 26 36,6 27 36,5 De 51 a 75% 12 16,9 14 18,9 76% ou mais 6 8,5 6 8,1 Total 71 100,0 74 100,0 Nº organizações Fonte: Fichas de caracterização - CIES, 2003 Desde logo, há uma sobreposição notável entre as percentagens de receitas cuja proveniência é atribuída à União Europeia e aquelas que são atribuídas especificamente ao FSE. Ou seja, os efeitos da europeização são em larga medida reenviáveis aos efeitos do próprio FSE. Para quase dois terços das instituições (62,0%), os financiamentos europeus representam mais de 25% do total de receitas e 25,4% encontram nos fundos europeus mais de metade das suas receitas anuais. Para além deste impacto financeiro directo, os programas comunitários obrigaram as instituições de reabilitação a alterar as suas formas de organização financeira e contabilística, tornando-as mais profissionais, mais transparentes e atentas à necessidade de ponderação de custos e de avaliação. Desde logo, este é um outro grande impacto do FSE e dos financiamentos europeus. O financiamento das instituições começa, aliás, a ser encarado por alguns dirigentes associativos como uma área que precisa de evoluir, no sentido de aliviar a dependência face ao FSE. Como frisa um dirigente associativo, “Continua tudo igual, quer dizer o modelo de financiamento é claramente o modelo do FSE, não evoluiu. Ninguém se preocupa ainda com a questão dos financiamentos próprios. O financiamento é a zona mais conservadora.” Fontes de financiamento das organizações Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Esta questão foi, aliás, referida por outros dirigentes, ligando-se com a própria lógica das candidaturas anuais que, prevalecendo, é sentida como factor de menor estabilidade. Na opinião destes dirigentes, prevendo-se que, ao contrário do que ocorreu nos primeiros programas, sejam cada vez mais aplicados os critérios de eficiência, também se deveria evoluir para contratos-programa plurianuais com financiamento assegurado pelo IEFP, independentemente de este poder recorrer aos fundos estruturais. Quanto a esta questão dos critérios de eficiência, os dirigentes assumem também posições claras: “A questão do financiamento é importante mas deve estar a par da qualidade de serviços prestados. Deve financiar-se e apoiar-se as respostas de qualidade e, eventualmente, deixar de se financiar respostas que não respondem a necessidades efectivas ou que não tenham qualidade. Isto não significa cortar o financiamento repentinamente, mas sim criar mecanismos de auto e hetero-avaliação com alguma periodicidade e que isso seja discutido para que se criem condições para novos objectivos.” Assim, e na visão veiculada por mais do que um dirigente associativo, as regras de financiamento do FSE, pelo seu carácter anual e plurianual, não permitem às organizações alcançar patamares de estabilidade financeira, estando sempre dependentes da aceitação da sua candidatura para prosseguirem o trabalho. 3.2- Actividades principais e modelos de actuação na área da reabilitação sócio-profissional Na opinião dos vários actores-chave do sistema, os impactos do FSE nos modelos de formação foram de extrema importância, tanto ao nível da oferta formativa, como nas metodologias e técnicas de trabalho. “A mais valia comunitária foi muito grande em termos de modelos de formação, tanto o HORIZON, como o HELIOS, ajudaram imenso ao intercâmbio com os outros Estados-membros e ajudaram imenso a renovar as técnicas de trabalho, há metodologias de trabalho diferente”. (dirigente do sistema). Os programas comunitários vieram introduzir, através das normas de acesso das candidaturas, regras no que respeita à programação das actividades formativas. O guia do utilizador do FSE para o QCA II define que as entidades formadoras que pretendam desenvolver uma formação apoiada devem ter: 1) Áreas de formação ou domínios de competências desenvolvidos e públicosalvo especialmente considerados na sua actividade; 2) Identificação técnico-pedagógica; 3) Identificação dos formadores; 125 126 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 4) Indicação dos recursos didácticos próprios; 5) Caracterização dos locais de formação; 6) Indicação do material necessário à formação; 7) Existência de um centro de documentação para formandos e formadores; 8) Sistema de avaliação de formandos. Define ainda os procedimentos técnicos e administrativos necessários para beneficiar do FSE. Estas obrigações mantêm-se no III Quadro Comunitário. A partir de 1996, as organizações de reabilitação, como entidades beneficiárias do FSE, têm de ser acreditadas num ou vários domínios de competências ou de áreas de formação. Para isso têm que renovar ou pedir a sua acreditação através de auditorias. Este processo deve ser desenvolvido com representantes dos organismos de formação, e dos ministérios respectivos. As entidades são creditadas pelo INOFOR (Instituto Nacional para a Inovação na Formação). O processo de acreditação é actualizado pelo artigo 22º do DR nº12-A/2000, de 15 de Setembro. Segundo o artigo, as entidades formadoras devem fazer prova da sua acreditação para concorrerem aos financiamentos. A acreditação consiste numa operação de validação e reconhecimento da sua actividade formativa, e é concedida por um prazo que vai de 1 a 3 anos. A renovação do estatuto de entidade acreditada decorre da avaliação do cumprimento dos requisitos impostos, podendo em alguns casos ser indeferida, aprovada mantendo o mesmo perfil de acreditação, ou aprovada com alteração do perfil de acreditação. Assim, pode-se concluir que as regras do FSE foram responsáveis pela implementação de regras de qualidade mínima nas instituições do sistema de reabilitação, como de resto em todos os outros aspectos ligados à formação. Segundo os entrevistados, o FSE é responsável por mudanças nos conteúdos pedagógicos, nas metodologias utilizadas e na aposta da qualidade na formação. “O FSE obrigou as organizações a serem acreditadas pelo INOFOR, a enviar anualmente os planos curriculares, o que obrigou as organizações a debruçarem-se sobre a avaliação da formação e também a uma avaliação dos recursos humanos. Anualmente faz-se uma avaliação da formação em que um dos indicadores é o grau de integração dos formandos na comunidade, seja através do emprego seja a outros níveis.” (dirigente associativo) No entanto, essas mudanças não se verificaram da mesma forma em todas as organizações. “Houve mudanças nos conteúdos pedagógicos, se bem que as principais mudanças surgiram dentro das organizações que aplicam o processo formativo, i.e., algumas organizações pela sua excelência permitiram aplicar os mesmos conceitos dos objectivos a atingir com a formação de forma diferente.” (dirigente do sistema) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal “Houve uma evolução muito grande em termos organizacionais, mas cheia de conflitos e que deixou muitos para trás. Tivemos organizações que cresceram para patamares de acreditação de qualidade e temos outros que estão sempre a ver é quando é que fecham.” (dirigente associativo) No que diz respeito às ofertas de formação das instituições, foram identificadas em cinco tipos distintos: formação teórica na área sócio-cultural, formação teórica na área científico-tecnológica, vertente prática da formação em “simulação pura”, formação dada em postos de trabalho no exterior e formação em produtos/prestação de serviços. A formação na área sócio-cultural (coluna 1 da tabela) tem pouco peso na componente formativa dos cursos propostos, como se pode verificar pela leitura do quadro seguinte. Peso da formação Nº de casos (1) Nº de casos (2) Nº de casos (3) Nº de casos (4) 0 a 20% 20 18 3 8 21 a 40% 5 4 3 4 41 a 60% 1 2 7 7 Mais de 80% 1 1 10 5 Não sabe 1 1 1 1 Total de casos considerados 28 26 24 25 Fonte: Questionário a dirigentes, CIES, 2003 1-Formação teórica na área sócio-cultural 2-Formação teórica na área científico-tecnológica 3-Vertente prática da formação em “simulação pura” 4-Formação dada em posto de trabalho no exterior Tal como a área anterior, também a componente científico-tecnológica (coluna 2 da tabela) tem pouco peso nos cursos considerados. Isto deve-se em parte ao facto dos dirigentes que responderam a este questionário representarem na sua grande maioria organizações que dão formação profissional a pessoas com deficiência mental. Já a vertente prática da formação (coluna 3) apresenta valores elevados, 10 dos inquiridos respondem que esta componente tem um peso entre os 61 e os 80%. Em relação à formação dada em posto de trabalho no exterior, (coluna 4), ela tem um peso variável, sendo no entanto de assinalar que 7 dirigentes referem que ela ocupa mais de 41% e que 5 afirmam que ela tem uma importância superior a 80%. A formação em produção/prestação de serviços não foi analisada devido ao baixo número de respostas a esta questão. As acções de formação têm a duração máxima de 4 anos, são individualizadas e têm por base planos individuais. A título excepcional os formandos podem ser alvo de um apoio suplementar de 6 meses. A formação é organizada em 3 níveis: 1º avaliação e orientação profissional, até 1 ano; 2º qualificação profissional, até 2 anos; 3º experiência profissional em contexto real de trabalho, até 1 ano. Quadro 3.7 Oferta de formação por áreas 127 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 128 Os formandos que concluem a 1ª fase não têm qualquer nível de qualificação. Os que concluem o 2º e 3º nível podem obter níveis de qualificação variável. Os níveis 1 e 2 são recomendados para as pessoas com deficiência mental e os níveis 3 e 4 para as pessoas com deficiência motora e sensorial. Na opinião dos entrevistados, o FSE introduziu normas importantes que permitiram, por um lado, uniformizar as formações e, por outro, torná-las mais diversificadas, tanto ao nível das áreas como dos objectivos. Criando também mecanismos de avaliação e controlo das intervenções. “A programação das acções de formação mudou muito ao longo destes 15 anos. Passou a haver programas de formação, existem mecanismos de avaliação de controlo das próprias intervenções”. (dirigente associativo) “As maiores inovações estão nas entidades que tiveram que se adaptar a um novo sistema de reabilitação que é mais exigente ao nível da organização da formação.” (dirigente associativo) “Houve uma evolução constante na reabilitação profissional. Começou-se pelos trabalhos manuais, que era uma área pouco competitiva no mercado, com o objectivo das pessoas com deficiência ocuparem um espaço deixado pelas pessoas em geral. As soluções tecnológicas permitiram diversificar as áreas de formação, existe hoje uma maior preocupação com a qualidade da formação.” (dirigente do sistema) O cruzamento entre as áreas de formação e o ano de início das mesmas, reorganizadas em função dos períodos correspondentes a cada quadro comunitário de apoio, permite identificar que foram criados mais cursos no âmbito do QCA I e QCA II, 43 e 31 respectivamente. Áreas de formação até 1986- 1989- 1994- 2000Total 1985 1988 1993 1999 2003 Informática e multimédia 1 1 Hotelaria e restauração 2 10 1 Jardinagem, hortofloricultura e tratamento de animais 1 Lavandaria, manutenção e limpezas 1 3 5 2 19 4 7 2 15 5 3 2 10 1 2 3 Práticas administrativas e secretariado Trabalhos manuais: têxteis, olaria e costura Construção civil, electricidade e serralharia 1 3 5 3 4 15 11 13 5 4 34 Mecânica, lavagem e reparação de automóveis 2 2 Orientação / formação profissional 2 1 2 1 6 Outros 2 4 3 4 13 22 43 31 22 120 Total de casos Fonte: Questionário a dirigentes, CIES, 2003 2 Quadro 3.8 Área de formação por ano de início Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 129 No que respeita às áreas de formação existem mais cursos de Construção Civil49, Electricidade e Serralharia (34), seguidos pela área da Hotelaria e Restauração com 19, a Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais e Trabalhos Manuais com 15 e Lavandaria, Manutenção e Limpezas com 10 cursos. As áreas de formação com menos expressão são a Mecânica com 2 cursos, a Informática e Multimédia e as Práticas Administrativas, ambas com 3 cursos criados. Ainda em relação aos cursos ministrados pelas instituições, procurou-se saber como foram evoluindo e quais foram as razões para os reformular ou encerrar. As razões apontadas para as alterações prendem-se, sobretudo, com exigências dos programas e iniciativas comunitárias, evolução das práticas e das técnicas de reabilitação e adequação às necessidades do mercado de trabalho, sendo esta última a razão com maior expressividade (razão da alteração de sete cursos). As áreas que sofreram alterações são: os trabalhos manuais (3), a lavandaria, manutenção e limpezas (3), a construção civil (2) e as práticas administrativas (2). As alterações implicaram revisões ao nível da designação (7 casos) e conteúdos e/ou metodologias de cada módulo (3 casos). As razões que levaram ao encerramento dos cursos prendem-se, sobretudo, com a desadequação face às necessidades do mercado de trabalho (8 casos) e falta de procura (5 casos). A preocupação das instituições face às dinâmicas do mercado de trabalho e a necessidade sentida em adaptar a sua oferta formativa a essas oscilações, parece ser um traço importante do processo de reabilitação. Razões / Cursos Falta de procura Práticas administrativas Trabalhos manuais 3 Falta de MonitorizaDesadequação meios ção de Outra face ao técnicos metodolo- situação Total mercado /logísticos gias 1 1 4 7 Jardinagem 1 Mecânica, lavagem e reparação de automóveis Construção civil, electricidade e serralharia 3 1 1 2 5 Principais razões do encerramento dos cursos 2 3 Outras áreas Total de casos considerados 2 Quadro 3.9 8 1 1 5 3 1 19 Fonte: Questionário a dirigentes, CIES, 2003 49 No que concerne aos públicos-alvo das instituições, os dados recolhidos no questionário a dirigentes confirmam o perfil traçado no questionário a utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, a saber são: jovens, distribuídos equitativamente no que respeita ao sexo e à procura do primeiro emprego, como se pode ver pela leitura dos próximos 3 quadros. Nota: Estes cursos correspondem igualmente aos cursos mais frequentados pelos utentes dos cursos de formação profissional, ver dados relativos ao questionário aos utentes no ponto 3.7. 130 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Jovens Sexo Feminino À procura do 1º emprego Até 25% 4 1 3 25 a 50% 0 21 2 51 a 75% 6 2 1 Mais de 75% 14 1 20 Total de casos 24 25 26 Peso da formação Quadro 3.10 Características dos utentes Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 O peso dos desempregados nos cursos analisados apresenta valores díspares, concentrando-se na 1ª e 4ª categoria, até 25% e mais de 75%, respectivamente. Peso da formação Nº de casos considerados Até 25% 12 25 a 50% 0 51 a 75% 0 Mais de 75% 9 Total de casos considerados 21 Quadro 3.11 Percentagem de desempregados Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 O planeamento e as metodologias utilizadas na formação profissional, são instrumentos de grande relevância, para aferir a qualidade da formação prestada. Anos Nº de casos considerados Até 1985 1 1986-1988 3 1989-1993 7 1994-1999 5 2000-2003 6 Total de casos considerados 23 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Nota: Os anos foram definidos por períodos com base nos quadros comunitários de apoio No que respeita à planificação das actividades formativas, pode-se verificar que estas começaram a ser desenvolvidas com o financiamento do Fundo Social Europeu (18 casos). Quadro 3.12 Existência de metodologias para a planificação das actividades formativas Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Metodologias Nº de casos Plano individual de formação 1 Plano resultante da análise do mercado de trabalho e novas tecnologias 3 Formação em posto de trabalho / estágios profissionais 7 Projectos formativos adaptados a um tipo de população 5 Outras 6 Total de casos considerados 23 131 Quadro 3.13 Tipo de metodologias para a planificação das actividades formativas Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 As metodologias utilizadas dizem respeito, sobretudo, à criação de planos individuais de formação (11 casos considerados). A categoria “Outras” metodologias é a segunda com maior expressão. Nesta estão englobadas metodologias diversificadas com utilização de várias perspectivas pedagógicas. É de realçar, apesar do número baixo de respostas (4 casos), a preocupação de orientar a formação profissional para o emprego, através de estágios profissionais e de formação em posto de trabalho, bem como da análise das evoluções do mercado de trabalho. Anos Nº de casos Até 1985 1 1986-1988 3 1989-1993 6 1994-1999 6 2000-2003 7 Total de casos considerados 23 Quadro 3.14 Existência de métodos de avaliação e orientação profissional Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Nota: Os anos foram definidos por períodos com base nos quadros comunitários de apoio Tal como no quadro anterior, os métodos de avaliação e orientação profissional sofreram um forte impulso com os quadros comunitários de apoio, QCA I e II, com 6 casos cada e, o actual quadro comunitário com 7 casos. Métodos Nº de casos Despiste vocacional /entrevistas/ avaliação pedagógica 16 Metodologia integrar pelos centros de emprego 2 Passagem dos formandos por várias áreas 3 Outras 3 Total de casos considerados 24 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.15 Tipo de métodos de avaliação e orientação profissional 132 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O despiste vocacional é o método de avaliação e orientação profissional, mais utilizado, pelas instituições que responderam ao nosso inquérito, cerca de 66,6 %, seguindo-se a “passagem” dos formandos por várias áreas, com 3 casos. Anos Nº de casos Até 1985 1 1986-1988 3 1989-1993 10 1994-1999 5 2000-2003 4 Total de casos considerados 23 Quadro 3.16 Existência de métodos de organização das actividades de formação teórica Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Nota: Os anos foram definidos por períodos com base nos quadros comunitários de apoio Os métodos de organização das actividades de formação teórica foram, tais como os anteriores, implementados após a introdução dos fundos comunitários em Portugal. De realçar que foi durante o 1º quadro comunitário (1989 a 1993) que a maioria das instituições da nossa amostra introduziram métodos de organização de formação teórica na formação profissional (10 casos). Métodos Nº de casos Formações diversificadas 19 Formação teórico/prática em posto de trabalho 2 Total de casos considerados 21 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 As metodologias utilizadas na organização das actividades de formação teórica assentam, na sua grande maioria (19 casos), em formações diversificadas, que se caracterizam por aplicarem programas que visam complementar a formação profissional com outras competências de âmbito psicossocial e relacional. As actividades são programadas com base na elaboração de dossiers técnicopedagógicos, mediante planos individuais de formação. No que concerne à utilização de métodos de organização curricular, a quase totalidade dos inquiridos (24, em 25 casos) afirma que estes são utilizados nas instituições que dirigem. A adaptação curricular às necessidades individuais dos formandos é o método mais utilizado, com 16 casos, na organização curricular. Quadro 3.17 Métodos de organização das actividades Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Métodos Nº de casos Adaptação curricular às necessidades individuais dos formandos 16 De acordo com o perfil das saídas profissionais 1 Currículos partilhados por outras instituições 1 Modelo presencial 2 Outros 3 Total de casos considerados 23 Quadro 3.18 Quais são os métodos de organização curricular Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 A formação em posto de trabalho é praticada pela maioria das instituições que responderam ao questionário a dirigentes (17, em 26 casos considerados). É de realçar, no entanto, que 9 inquiridos afirmam que estes tipos de métodos não são utilizados nos programas de formação profissional das suas instituições. Das instituições que utilizam métodos de formação em posto de trabalho, 12 fazem-no em empresas, seja através de estágios (2), do acompanhamento e avaliação em posto de trabalho (8) e da avaliação das necessidades das empresas (2). Apenas 3 instituições preferem fazer a formação na própria organização, usando para esse efeito as suas oficinas de produção, o que não impede a utilização de metodologias mistas. Nº de Metodologias Nº de casos Quadro 3.19 Sim 26 Fichas de avaliação contínua por planos individuais 23 Não 2 3 Outras Total de casos considerados 28 Total de casos considerados 26 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Do total de instituições consideradas, apenas duas não utilizam metodologias para a avaliação do progresso e aprovação dos formandos. Como se denota da leitura do quadro, a grande maioria das instituições trabalham da mesma forma no que respeita à avaliação do progresso e aprovação dos formandos (23 casos). Na categoria “Outras” foram colocadas as organizações que não deram uma informação clara sobre as metodologias utilizadas. 3.2.1-Infraestruras e serviços de apoio As questões relativas aos serviços de apoio das organizações (transporte e residências) bem como às infra-estruturas (centros de formação profissional, centros de actividade ocupacionais) foram apoiadas pelo FEDER. As estruturas de financiamento nesta área foram diminuindo, como afirmam os entrevistados. Metodologias utilizadas na avaliação do progresso e na aprovação dos formandos 133 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 134 “No tempo do PO7 e PO12 havia muito dinheiro, não havia mecanismos de controlo, com o INTEGRAR foram introduzidos mecanismos de controlo administrativo e de maior rigor orçamental, com o POEFDS as coisas apertaram-se ainda mais.” (dirigente associativo) Nota-se, porém, que na medida em que se trata de bens duráveis, a capacidade instalada tem vindo sistematicamente a crescer, embora no domínio das residências, o desfasamento entre a oferta e a procura seja crescente, já que as primeiras gerações de clientes das instituições começaram a carecer deste tipo de resposta à medida que vão desaparecendo, com a idade, os anteriores apoios familiares. Nos serviços de apoio das organizações pretendia-se conhecer as suas capacidades ao nível dos transportes próprios e de residências disponíveis para os formandos. Quanto aos transportes, foi inquirida a capacidade relativa ao número de veículos, total de lugares disponíveis e o número de utentes transportados em média diariamente. No que reporta às residências pretendia-se aferir, em primeiro lugar, se existem e seguidamente quantas foram criadas, bem como a taxa de ocupação actual e os utentes em lista de espera. Tanto nos transportes como nas residências foi privilegiada uma análise diacrónica, no sentido de tentar perceber as mudanças eventualmente induzidas pelo FSE. até 2 3a5 1993 7 7 1999 6 8 11 2003 7 3 10 3 Total de casos por nº de veículo 20 18 21 3 8 a 10 6a8 Quadro 3.20 Veículos de transporte de passageiros em 1993, 1999 e 2003 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Pela leitura do quadro depreende-se que houve um crescimento em termos de capacidade de transporte de utentes por parte das organizações. Em 1993, as organizações respondentes tinham até 5 veículos, sendo que em 1999 a maioria das organizações possuía já cerca de 6 a 8 veículos. Quadro 3.21 Até 20 21 a 40 41 a 60 61 a 80 81 a 100 > 100 Lugares disponíveis para transporte em 1993, 1999 e 2003 1993 1 4 7 3 1 0 1999 3 4 4 8 2 1 2003 4 2 2 3 6 6 Total de casos por nº de veículos 8 10 13 14 9 7 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Até 20 21 a 40 41 a 60 61 a 80 81 a 100 > 100 135 Quadro 3.22 1993 1 3 5 4 1 2 Utentes transportados, em média, 1999 2 1 4 7 3 2 diariamente, em 1993, 1999 e 2003 3 3 2 2 5 6 Total de casos por nº de veículos 6 7 11 13 9 10 2003 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Tal como em relação ao número de veículos, também o total de lugares disponíveis para o transporte de utentes aumenta, acompanhando assim o crescimento do número de beneficiários das organizações. No que respeita aos lares residenciais, 15 das 22 das organizações que responderam à pergunta afirmam que esta valência existe Nº de casos Sim 15 Não 7 Quadro 3.23 Residências para utentes Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Se atentarmos à construção de lares residenciais por quadros comunitários de apoio, verificamos que a maioria (7) foram criados durante o 2º quadro comunitário. Sendo que apesar da crescente procura deste tipo de serviços por parte das pessoas com deficiência e das suas famílias, esta não encontra a resposta desejada, como podemos constatar pelo número reduzido de criação de lares residenciais durante o actual quadro comunitário (2 casos). Até 1985 1986-1988 2 0 Lares residenciais 1989-1993 1994-1999 2000-2003 7 3 2 Quadro 3.24 Lares residênciais criados por quadros comunitários de apoio Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No entanto,se a procura deste tipo de serviços aumenta,a oferta não parece estar bem distribuída em termos nacionais, visto que das organizações que responderam à questão “taxa de ocupação actual dos lares residenciais”, 3 organizações afirmam ter uma taxa de ocupação entre os 0 e os 20% e, 1 entre os 41 a 60%. 0 a 20% 21 a 40% 41 a 60% 61 a 80% 81 a 100% Lares residenciais 3 1 2 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 * 8 dos casos considerados correspondem a uma taxa de ocupação de 100% 9* Quadro 3.25 Taxa de ocupação actual dos lares residenciais 136 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Já o número de utentes em lista de espera, confirma a procura por este tipo de serviços. Em 4 lares existe uma lista com 0 a 20 utentes e em outros dois lares a lista tem entre 21 a 40 utentes em espera. Lares residenciais 0 a 20 21 a 40 4 2 41 a 60 61 a 80 81 a 100 Mais de 100 Quadro 3.26 1* Utentes em lista de espera Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 *Este caso corresponde a 200 utentes em lista de espera Eficácia da formação As questões relativas ao desempenho dos formandos foram divididas em cinco aspectos: assiduidade, aprovação/sucesso, reprovação/insucesso, abandono/ /desistência voluntária e sanções e exclusões disciplinares. A assiduidade atinge valores elevados, sendo que 15 das respostas obtidas correspondem a uma taxa de assiduidade entre os 80 e os 100%. Nº de casos 40 a 60% 1 60 a 80% 12 80 a 100% 15 Total de casos considerados 28 Quadro 3.27 Assiduidade dos formandos em percentagem Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 A aprovação/sucesso não atinge um valor tão elevado. A maioria das respostas (12) situa-se entre os 60 e os 80%. As taxas de insucesso têm valores abaixo dos 40%. Nº de casos 40 a 60% 1 60 a 80% 12 80 a 100% 8 Total de casos considerados 27 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.28 Aprovação dos formandos em percentagem Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 137 Os abandonos situam-se maioritariamente (25 casos) abaixo dos 40%. Nº de casos 40 a 60% 2 - de 40% 25 Total de casos considerados 27 Quadro 3.29 Abandono/desistência voluntária dos formandos em percentagem Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 As sanções e exclusões disciplinares aplicadas aos formandos tende a ser maior. Nº de casos 40 a 60% 1 - de 40% 20 Total de casos considerados 21 Quadro 3.30 Sanções e exclusões disciplinares aos formandos em percentagem Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 A avaliação da evolução do desempenho dos formandos é um indicador indirecto da eficiência e eficácia da formação ministrada pelas instituições. Deste modo, pode-se verificar que na opinião dos dirigentes que responderam ao questionário, a assiduidade dos formandos aumentou nos últimos anos (12 casos),bem como a aprovação/sucesso (15 casos). Por outro lado, tanto a reprovação/insucesso, como o abandono/desistência voluntária e as sanções/ /exclusões diminuíram, ainda que de forma pouco acentuada (6, 7 e 8 casos). No entanto, existem dois dirigentes que consideram ter aumentado. Aumentado Aumentado muito Assiduidade dos formandos 2 Estagnado Decrescido Quadro 3.31 Evolução dos aspectos relativos à 12 12 Aprovação/sucesso 15 12 Reprovação/insucesso 2 14 6 Abandono/desistência voluntária 2 17 7 Sanções e exclusões 2 10 8 eficácia e eficiência da formação Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No que se refere aos candidatos em espera nos últimos cinco anos, a maioria dos técnicos afirmou a existência de poucos indivíduos (até 10 pessoas) a aguardar colocação numa acção, note-se no próximo quadro que as percentagens mais elevadas se encontram na categoria até 10 indivíduos (83,2%). No entanto, estes dados mostram que há mais procura que oferta no que respeita às acções de formação na área da reabilitação de pessoas com deficiência. 138 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Candidatos em espera Nº médio (%) Quadro 3.32 1 a 10 83,2 Número médio de candidatos em 11 a 20 3,7 lista de espera para acções nos 21 a 30 0,0 últimos 5 anos 31 a 40 4,7 41 a 50 0,9 51 a 60 0,9 61 a 70 0,0 71 a 80 0,9 81 a 90 1,9 mais de 91 3,7 Total 100 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Nas acções mencionadas pelos profissionais, o número médio de vagas foi até 20. Para além de se verificar esta concentração, regista-se ainda o facto de haver a possibilidade de mais de 40 indivíduos terem estado em formação. Observe-se o quadro 3.33. Vagas 1 a 10 Número médio 54,9 11 a 20 20,3 21 a 30 2,8 31 a 40 1,2 Mais de 41 20,7 Quadro 3.33 Número médio de vagas para acções nos últimos 5 anos Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Já a acessibilidade ao sistema, aproximada a partir do número de técnicos, afirmou a existência de poucos indivíduos (até 10 pessoas) a aguardar colocação numa acção em 83,2% das respostas. As acções são frequentadas em média até 20 aos indivíduos com deficiência (78,7%). Para se perceber mais em pormenor quais as acções de formação/reabilitação em que os técnicos julgam haver uma maior procura que oferta, ou seja, que áreas têm mais candidatos que não puderam frequentar as acções, procedeu-se a um cruzamento das áreas de formação – consoante estas foram referidas em primeiro, ou segundo lugar 50 – com o número de indivíduos em espera. Os resultados podem-se observar nos próximos quadros. Note-se que o instrumento de recolha de informação tinha quatro campos de preenchimento, que correspondiam às áreas das acções de formação enunciadas pelos técnicos e formadores, pelos que os próximos quadros se referem à informação recolhida em primeiro e segundo lugar. 50 Havia também a prevalência da indicação de uma terceira e quarta acção, mas a baixa frequência de respostas não permite qualquer interpretação útil. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Áreas de formação / Número de candidatos em espera 139 Quadro 3.34 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 a 10 1,9 9,6 21,2 0,0 0,0 3,8 7,7 15,4 5,8 34,6 11 a 20 33,3 33,3 Indivíduos em espera por área de formação, nas 1 as acções mencionadas 33,3 21 a 30 100 31 a 40 100 41 a 50 100 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Legenda: 1 - Informática; 2 - Hotelaria e Restauração; 3 - Jardinagem e Hortofloricultura; 4 - Lavandaria, Manutenção e limpezas; 5 - Mecânica, lavagem e reparação de automóveis; 6 - Práticas administrativas e secretariado; 7 - Trabalhos manuais: têxteis, olaria e costura; 8 - Construção civil, electricidade e serralharia; 9 - Formação Formadores; 10 - Outros. Áreas de formação / Número de candidatos em espera Quadro 3.35 1 1 a 10 2 3 4 5 6 40,0 13,3 6,7 20,0 20,0 7 8 9 10 formação, nas 2 as acções 11 a 20 mencionadas 100 31 a 40 Indivíduos em espera por área de 100 mais de 90 50,0 50,0 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Legenda: 1 - Informática; 2 - Hotelaria e Restauração; 3 - Jardinagem e Hortofloricultura; 4 - Lavandaria, Manutenção e limpezas; 5 - Mecânica, lavagem e reparação de automóveis; 6 - Práticas administrativas e secretariado; 7 - Trabalhos manuais: têxteis, olaria e costura; 8 - Construção civil, electricidade e serralharia; 9 - Formação Formadores; 10 - Outros. Quadro 3.36 Indicadores de empregabilidade de 2002 Taxa de estágio Taxa de empregabilidade Taxa de Mercado Normal de Trabalho (MNT) Taxa de Emprego Protegido (EP) Taxa de emprego por conta própria Taxa de contrato sem termo Taxa de contratos a prazo Taxa reingresso 0 a 20% 43,1 54,9 41,7 92,9 95,8 64,3 59,7 97,4 21 a 40% 15,3 18,6 30,2 3,6 0,0 19,6 19,4 0,0 41 a 60% 13,6 10,2 15,1 0,0 4,2 6,3 11,9 1,0 61 a 80% 11,2 4,0 2,1 2,7 0,0 7,1 1,5 0,0 81 a 100% 16,9 12,4 10,9 0,9 0,0 2,7 7,5 1,5 Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 Taxas Escalões Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 140 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os indicadores relacionados com a obtenção de estágios, apesar de esta estar mais concentrada no escalão 0 a 20%, é dos que revela maior índices de sucesso. O mesmo se passa com os de mercado normal de trabalho, ainda que com 41,7% de respostas no primeiro escalão percentual. Quanto aos indicadores da empregabilidade, observa-se que 73,5% dos profissionais inquiridos diz que 40% dos formandos obtêm emprego. Dos formados que entraram no mercado de emprego, 40% têm um contrato sem termo, segundo 83,9% dos profissionais que nos responderam. Já para 79,1% dos técnicos e formadores, 40% dos beneficiários do sistema tem um contrato a prazo. Os números relativos ao emprego protegido e por conta própria são, na opinião destes profissionais, os mais baixos, ou seja, há menos indivíduos a ingressar em empregos protegidos ou a ter um emprego por conta própria. É ainda importante reter a ideia que, quase a totalidade dos profissionais inquiridos, diz que a taxa de reingresso se situa entre os 0 e os 20%, isto é, só voltam ao sistema até 20% dos formandos que já lá estiveram. Este dado demonstra que a maioria dos formandos não recai no sistema. Importa pois, analisar os resultados decorrentes da formação sócio-profissional ao nível da integração em mercado de trabalho normal e protegido. Tipos de dificuldade Mercado Normal Emprego Protegido de Trabalho Dificuldades de adaptação 14 0 Falta de autonomia dos beneficiários 9 2 Inadaptação de instalações e dos espaços físicos 1 0 Inadequação dos equipamentos e materiais de trabalho 1 0 Falta de procura e de oportunidades 5 3 Práticas discriminatórias 1 1 Pouca tolerância por parte de empregadores e outros 8 1 Problemas comuns a outras pessoas no mercado de emprego 11 3 Salários baixos por comparação com bolsas e pensões 1 3 Imagem negativa por parte dos colegas 3 1 Imagem negativa por parte das chefias/empregadores 3 0 Auto constrangimento/descrença nas suas capacidades 2 4 Descrença nas suas capacidades por parte da família 7 3 Outras 8 1 Total de casos considerados 26 8 Fonte: Inquérito nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação Sócio-profissional - CIES, 2003 Quadro 3.37 Dificuldades de acesso ao Mercado Normal de Trabalho e Emprego Protegido Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que respeita à inserção dos formandos em mercado normal de trabalho, existem determinados problemas que afectam a plena integração das pessoas com deficiência. Como se pode observar, a maioria dos dirigentes das instituições, consideram que as dificuldades de adaptação são um dos maiores impedimentos da integração profissional, seguidas por razões que afectam de modo idêntico a maioria da população em geral e as pessoas com deficiência. As dificuldades que parecem não ser tão relevantes para esta situação estão relacionadas com a inadequação dos materiais ou equipamentos de trabalho, práticas discriminatórias e baixo salários. Ao nível da integração das pessoas com deficiência no mercado de emprego protegido, existe, por parte dos dirigentes, a percepção de que são as questões de auto-confiança e de descrença nas suas capacidades por parte das famílias, os principais entraves. Retomando a mesma tipologia de dificuldades de integração em mercado normal de trabalho e relacionando-a com os diferentes tipos de deficiência, conclui-se que, de uma maneira geral, não existem dificuldades específicas a um tipo de deficiência. Aquelas que são mais vezes mencionadas, distribuem-se pelos tipos de deficiência com frequências tendencialmente homogéneas. Excepto no caso das pessoas com deficiência motora, onde aparece mais vezes registado o problema da inadaptação de instalações e dos espaços físicos e no caso das pessoas portadoras de uma deficiência mental, nas quais são mais expressivas as dificuldades suscitadas pela falta de autonomia e auto-descrença. Tipos de dificuldade Dificuldades de adaptação Mercado Normal Emprego Diferença Protegido de Trabalho 35,4 42,9 -7,5 Falta de autonomia dos beneficiários 20,3 29,7 -9,4 Inadaptação de instalações e dos espaços físicos 12,6 11,0 1,6 Inadequação dos equipamentos e materiais de trabalho 23,4 35,2 -11,8 Falta de procura e de oportunidades 23,8 14,3 9,5 Práticas discriminatórias 31,4 11,0 20,4 Pouca tolerância por parte de empregadores e outros 39,8 25,3 14,5 Problemas comuns a outras pessoas no mercado de emprego 14,9 13,2 1,7 Salários baixos por comparação com bolsas e pensões 13,4 9,9 3,5 Imagem negativa por parte dos colegas 16,1 11,0 5,1 Imagem negativa por parte das chefias/empregadores 20,3 19,8 0,5 Auto constrangimento/descrença nas suas capacidades 17,4 20,9 -3,5 Descrença nas suas capacidades por parte da família 8,9 19,6 -10,7 Outras 2,3 0,0 2,3 Fonte: Inquérito nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação Sócio-profissional - CIES, 2003 Quadro 3.38 Dificuldades na integração profissional 141 142 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os técnicos e formadores têm uma imagem acerca das dificuldades que, apesar dos factores referidos pelos dirigentes, salienta a discriminação, e a intolerância por parte dos empregadores no mercado normal de trabalho. Já no que toca ao emprego protegido sobressaem as dificuldades de adaptação e a inadaptação dos equipamentos e materiais de trabalho. Se se compararem os dados obtidos nas duas colunas, observa-se que as principais diferenças na opinião dos técnicos e formadores residem nas práticas discriminatórias – que no MNT se apresenta como um grande obstáculo na obtenção de emprego – a pouca tolerância por parte dos empregadores novamente mais identificada em situações de MNT - e na inadequação dos equipamentos e materiais de trabalho, onde são sentidas mais dificuldades no âmbito de emprego protegido. Estes dados evidenciam a opinião dos técnicos e formadores acerca de factores que afectam a empregabilidade dos indivíduos que frequentam ou frequentaram o sistema. Os obstáculos ou dificuldades específicas variam consoante o tipo de deficiência dos utentes, como se pode verificar no próximo quadro. Da sua análise pode-se concluir que, de um modo geral, as dificuldades de adaptação são as mais referidas no tocante ao MNT. Pode-se ainda destacar que as deficiências auditivas e visuais são referidas como sendo as que mais se confrontam com estes entraves, com 35,3% e 25,4%, respectivamente, seguidas pelas deficiências de linguagem (23,7%), paralisia cerebral (23,4%) e mental (21,9%). Para este último tipo de deficiência a falta de autonomia dos utentes é também considerada com uma importante limitação à obtenção de emprego em MNT. Para os deficientes motores, a principal dificuldade referida pelos técnicos é a falta de adaptação de instalações e dos espaços físicos. Esta é também entendida como uma barreira para os invisuais. As limitações dos indivíduos com deficiências auditivas, na óptica dos técnicos, são também do foro relacional, uma vez que a fraca tolerância por parte dos empregadores é o segundo obstáculo referido. Curiosamente, a segunda dificuldade enunciada pelos técnicos como sendo aquela com que mais se confrontam pessoas com deficiência de linguagem são problemas comuns a outras pessoas. No emprego protegido, as principais dificuldades mencionadas, independentemente do tipo de deficiências, são é a falta de autonomia dos beneficiários, com excepção das deficiências visuais e paralisia cerebral. No entanto, as dificuldades de adaptação são sempre referidas em segundo lugar. O terceiro aspecto mais focado, neste âmbito, é a falta de procura de oportunidades, o que de algum modo remete para os próprios indivíduos a dificuldade de integração neste segmento do mercado de trabalho. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal É ainda de ressalvar o facto de, para 15,8% dos técnicos, o salário baixo, por comparação com bolsas e pensões, ser um obstáculo para a empregabilidade para os invisuais, pois revela que, ou os indivíduos com este tipo de deficiência são mais exigentes relativamente ao trabalho que procuram, ou que os técnicos os consideram mais qualificados que os indivíduos com outras deficiências, achando por isso que estes devem ser melhor remunerados. 143 12,4 9,5 1,9 1,0 7,6 3,8 0,0 1,0 13,4 7,6 0,8 0,8 1,7 7,6 3,4 2,5 8,5 2,8 0,0 4,2 4,2 2,8 5,6 1,4 7,9 1,3 0,0 2,6 0,0 3,9 1,3 3,9 Pouca tolerância por parte de empregadores e outros Problemas comuns a outras pessoas no mercado de emprego Salários baixos por comparação com bolsas e pensões Imagem negativa por parte dos colegas Imagem negativa por parte das chefias/empregadores Auto-constrangimento/descrença nas suas capacidades Outras Não sabe Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 5,7 5,9 5,6 0,0 Praticas discriminatórias 9,5 6,6 Falta de procura de oportunidades 4,8 5,0 5,6 2,6 Inadequação dos equipamentos e materiais de trabalho 2,5 19,0 9,9 16,9 32,9 Inadaptação de instalações e dos espaços físicos 10,9 21,9 1,9 7,0 17,1 Falta de autonomia dos beneficiários 35,3 2,5 25,4 19,7 Emprego Protegido 0,0 23,1 11,5 7,7 0,0 5,1 3,4 13,6 9,4 6,3 6,3 7,8 7,8 7,8 3,1 1,6 0,0 7,8 3,1 5,1 0,0 13,6 1,7 1,7 0,0 7,7 0,0 11,5 0,0 0,0 0,0 3,8 0,0 0,0 7,8 16,9 15,4 15,3 7,8 19,2 23,7 23,4 6,9 0,0 0,0 3,4 0,0 3,4 3,4 10,3 13,8 17,2 0,0 3,4 24,1 13,8 0,0 10,5 0,0 0,0 15,8 5,3 10,5 0,0 15,8 0,0 5,3 15,8 21,1 5,1 7,7 0,0 10,3 2,6 2,6 7,7 0,0 12,8 5,1 0,0 10,3 17,9 17,9 16,7 11,1 5,6 0,0 11,1 0,0 5,6 11,1 11,1 0,0 11,1 0,0 5,6 11,1 20,8 25,0 0,0 0,0 16,7 8,3 8,3 8,3 4,2 0,0 0,0 0,0 8,3 0,0 3,2 21,8 62,2 12,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,1 35,7 0,0 0,0 14,3 0,0 0,0 14,3 7,1 0,0 0,0 0,0 14,3 7,1 Paralisia Paralisia Outro Outro Linguagem Linguagem Motora Visual Auditiva Mental cerebral cerebral tipo tipo Mercado Normal de Trabalho Motora Visual Auditiva Mental Dificuldades de adaptação Tipo deficiência / Dificuldades Dificuldades na integração profissional por tipo de deficiência Quadro 3.39 144 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quando questionados com a evolução de algumas taxas de empregabilidade, ao longo dos últimos 5 anos, os técnicos e formadores responderam, em termos médios de uma escala de 1 a 451, que não se tinha verificado uma evolução no sentido de terem aumentado as oportunidades de estágios ou empregos. Atentese no próximo quadro. Taxas Evoluções médias Taxa de estágios 2,5 Taxa de empregabilidade 2,7 Taxa de emprego MNT 2,8 Taxa de emprego protegido 3,1 Taxa de emprego por conta própria 3,1 Taxa de contratos sem termo 2,7 Taxa de contratos a prazo 3,0 Taxa de reingresso 3,2 Quadro 3.40 Evolução de taxas relativas à empregabilidade Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Assim, o que se observa a partir das respostas dadas pelos técnicos, é que o reingresso, o emprego protegido, o emprego por conta própria e os contratos a prazo, são os aspectos que têm uma apreciação menos positiva, ou seja que se aproximam mais do valor correspondente à estagnação ou decréscimo. Curiosamente a integração em Mercado Normal de Trabalho de pessoas com deficiência não é dos itens avaliado pelos técnicos como tendo uma evolução mais negativa. O contexto de crise de emprego que se atravessa no momento de realização do estudo ajudará a explicar este relativo “pessimismo” dos agentes do sistema. Procedimentos de apoio ao emprego “As organizações estão diferentes. Trabalham no apoio à colocação, com os empresários, tem acento nos conselhos autárquicos, acho que há uma grande evolução. Se pudéssemos em quase todos os concelhos havia um prémio de mérito porque as organizações trabalham muito bem com as empresas, as feiras, etc.” Estas são as palavras de um dirigente do sistema, outro acrescenta: “Outro aspecto que tem vindo a mudar é não se considerar apenas a formação, mas também a questão da manutenção do emprego”. Estas opiniões expressam alterações relativas à forma como as instituições gerem as saídas profissionais dos seus formandos, procurando criar condições que 51 1 - aumentado muito; 2 aumentado; 3 - estagnado; 4 decrescido. 145 146 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal facilitem a integração no mercado de trabalho. 22 dos 28 dirigentes inquiridos responderam que possuem bases de dados sobre empresas. Nada Muito C/ alguma Pouco Frequente frequente frequência frequente frequente Total de casos considerados Informal/telefónico 12 10 2 0 0 24 Envio de dados e currículos 0 3 5 5 9 22 Reuniões e visitas 16 6 1 1 0 24 Contacto com associações empresariais 1 6 1 12 4 24 Contacto com empresários individualmente 16 3 3 1 1 24 Outros 0 1 1 0 0 2 Quadro 3.41 Frequência de contactos com entidades empregadoras Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 As formas mais privilegiadas de comunicação com as entidades empregadoras podem-se caracterizar pela proximidade e a interacção directa. A frequência com que são realizadaos reuniões ou contactos individuais com os empresários, parece ser um sinal dessa facilidade em estabelecer relações de proximidade, que possam vir a proporcionar formas mais atempadas de responsividade ao nível do emprego. Prevalece então uma forte orientação para as relações interpessoais, que emergem assim como um traço forte da cultura das organizações do sistema de reabilitação socio-profissional. Como se pode verificar pela análise das entrevistas aos dirigentes associativos, pensa-se que: “Tem que se trabalhar em rede (nas questões de apoio ao emprego). A nossa instituição trabalha ao nível do concelho, Centro de Emprego, com a Segurança Social, trabalha-se em conjunto.” (dirigente associativa) Em termos de contactos ou colaborações com os Centros de Emprego, existe em concreto uma relação de proximidade. Essa relação é geralmente regular, sendo que em 27 respostas, 12 instituições mantêm contactos mensais com os Centros de Emprego, e apenas 2 o fazem 1 ou 2 vezes por ano. Melhorou muito Nº de casos 4 Quadro 3.42 Evolução da colaboração entre a Melhorou 14 instituição e os técnicos do Ficou na mesma 8 Centro de Emprego Piorou 0 Não sabe 1 Total de casos considerados 27 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Mais de metade dos dirigentes considera que a colaboração entre a instituição e os técnicos do Centro de Emprego, sofreram uma evolução positiva. Este pode ser um reflexo da iniciativa conjunta entre os Centros de Emprego e as organizações de reabilitação profissional “Integrar pelos Centros de Emprego”. No que se refere às metodologias de acompanhamento à contratação, 24 dos 27 dirigentes considerados, afirmam que este tipo de metodologias é utilizada nas organizações em que trabalham. Esta é uma matéria que permanece ainda como uma área a desenvolver, numa perspectiva de expansão em todo o sistema. De acordo com as metodologias que os 24 dirigentes referenciaram como sendo as que praticam ao nível do apoio à contratação, podemos aferir que a maioria são de acompanhamento em posto de trabalho pelo técnico de reabilitação. Encontra-se, ainda, com alguma frequência, um método de ajuda no preenchimento e encaminhamento do processo de contratação ou efectivação de emprego. Normalmente esta ajuda é prestada pelos técnicos que acompanharam o percurso formativo. Como se referiu no início do presente estudo e como se verá ainda mais à frente, a relação entre o utente e a instituição tende a ser forte e prolongada, pelo que este acompanhamento, aliás extensível a outras esferas para além do trabalho, não é uma surpresa. O mercado social de emprego, apesar de ser considerado, no plano ideológico, como um último recurso ao nível das respostas, na prática funciona muitas vezes como único recurso disponível para assegurar a actividade profissional, sendo que 9 dirigentes referiram a existência de dois CEP’s, 8 enclaves e 4 empresas de inserção, abrangendo um total de 131 beneficiários. 3.3- Estrutura das organizações Estrutura de decisão, de coordenação e de controlo Casos Casos Casos Muito rígida 0 Muito fechada 2 Muito vertical 0 Rígida 3 Fechada 0 Vertical 6 Flexível 20 Aberta 17 Horizontal 17 Muito flexível 2 Muito aberta 7 Muito horizontal 1 Total de casos considerados 25 26 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 24 Quadro 3.43 Ligação entre os níveis hierárquicos 147 148 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Casos Casos Casos Muito formal 0 Muito autoritária 0 Muito piramidal 0 Formal 6 Autoritária 2 Piramidal 9 Informal 16 Democrática 16 Reticular 14 Muito informal 2 Muito democrática 6 Muito reticular 0 Total de casos 24 24 Quadro 3.44 Ligação entre os níveis hierárquicos 23 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Sintetizando todas as adjectivações que definem as várias possibilidades de caracterizar as ligações internas à estrutura hierárquica de uma organização, podese concluir que os dirigentes das instituições consideram que essas ligações são de uma maneira geral, “flexíveis”, “abertas, “horizontais”, “informais”, democráticas” e “reticulares”. Aparentemente os modelos de comunicação e gestão organizacional baseiam-se em pressupostos que tendem a facilitar os processos de intervenção e de abertura à participação dos vários intervenientes das instituições. Em suma, os dirigentes revelam uma boa opinião sobre traços da organização do trabalho considerados “modernos”.52 Se atentarmos que à Europa se associam processos de organização do trabalho “modernos”, e a Portugal uma maior distância ao poder e mais hierarquias rígidas, então podemos dizer que a importância da Europa se verifica, não apenas nos mecanismos de importação de metodologias e práticas, e no acesso a fundos, mas também nos discursos assumidos pelos dirigentes a respeito das suas próprias organizações. O quadro que se segue refere-se à avaliação que os técnicos fazem das instituições em que trabalham. Quadro 3.45 Rígida 4,1 26,4 53,5 16,0 Flexível Fechada 7,5 31,6 53,0 7,9 Aberta Vertical 5,3 30,5 53,4 10,7 horizontal Formal 4,9 23,6 56,3 15,2 Informal Autoritária 8,6 32,0 49,2 10,2 Democrática Piramidal 11,1 39,5 45,7 3,7 Reticular Ligação orgânica funcional dos níveis hierárquicos Fonte: Inquérito nacional a Técnicos/Formadores do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 52 O que reforça a estranheza resultante de um tão baixo nível de respostas ao questionário, centrado na vida das instituições. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 149 Aqui se pode observar que os técnicos e os formadores consideram as organizações em que se inserem como sendo mais modernas e liberais que conservadoras, uma vez que a maioria dos inquiridos posiciona a estrutura das entidades onde desenvolvem actividade mais perto da flexibilidade e da informalidade. Em relação às avaliações e orientações das mudanças ocorridas ao longo dos últimos 5 anos nas instituições em que são técnicos ou formadores, 38,9% disse ter ocorrido uma mudança orientada para a descentralização e flexibilização do trabalho, 16,7% disse que a comunicação melhorou e 11,1% afirmou ter existido um aumento das relações informais e horizontais. Informalidade, bom relacionamento horizontal 11,1 Quadro 3.46 Descentralização e flexibilidade 38,9 Mudanças sentidas nas Melhorias na comunicação 16,7 instituições ao longo dos últimos Decisões centradas no topo da hierarquia 16,7 Maior responsabilização 5,6 Não se registaram mudanças 11,1 Total 100 5 anos Fonte: Inquérito nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação Profissional - CIES, 2003 São ainda de salientar os 16,7% que referiram que em sentido inverso ao longo dos últimos 5 anos, as instituições em que trabalham têm evoluído para uma centralização no topo hierárquico. Casos considerados Quadro 3.47 Registos de assiduidade/pontualidade 4 Mecanismos de controlo formal e Avaliação desempenho do pessoal 2 informal Reuniões periódicas de planificação/avaliação 10 Regulamentos internos 4 Grupos de trabalho 1 Órgãos sociais da instituição 2 Total de casos considerados 23 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 A preferência por reuniões periódicas de planificação/avaliação, como mecanismo de controlo em detrimento de registos de assiduidade/pontualidade aponta também no sentido moderno, sem prejuízo do rigor que se revela pela utilização de mecanismos de avaliação de desempenho do pessoal, regulamentos internos e o funcionamento dos órgãos sociais da instituição. 150 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Estrutura comunicacional Um domínio decisivo do funcionamento das organizações respeita às formas de comunicação prevalecente. Este é um dos indicadores mais relevantes da “cultura organizacional” dominante. Dentro da escala que era proposta nesta questão (de 1 a 553), observaram-se os seguintes valores médios de respostas. Valores médios de respostas Itens de existência de comunicação Quadro 3.48 Valores médios de respostas Comunicação vertical por canais formais 2 relacionados com a comunicação Comunicação vertical por canais informais 2 organizacional Reuniões alargadas a técnicos de várias áreas 2 Reuniões e grupos de trabalho dentro de cada área específica 2 Contactos informais e conversas entre técnicos de diferentes áreas 2 Contactos informais e conversas dentro do mesmo sector 2 Conversas ocasionais 3 Contactos informais entre técnicos e utentes 3 Internet e e-mail 2 Telefone e fax 2 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os pontos correspondentes às conversas ocasionais, ou aos contactos informais entre técnicos e dirigentes são aqueles a que se atribui menos importância, tendo todos os outros valores positivos. Itens de existência de comunicação Percepção de uma avaliação positiva 53 1 - muito importante; 2 importante; 3 - suficiente; 4 - pouco importante; 5 - nada importante. Percepção Não sabem de uma ou não avaliação respondem negativa Comunicação vertical por canais formais 3 1 1 Comunicação vertical por canais informais 2 2 1 Reuniões alargadas a técnicos de várias áreas 3 1 1 Reuniões e grupos de trabalho dentro de cada área específica 3 1 1 Contactos informais e conversas entre técnicos de diferentes áreas 3 1 1 Contactos informais e conversas dentro do mesmo sector 3 1 1 Conversas ocasionais 2 2 1 Contactos informais entre técnicos e utentes 2 1 1 Internet e e-mail 3 1 1 Telefone e fax 2 1 1 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.49 Evolução da comunicação organizacional Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que se refere às percepções de evolução do sistema, pode-se observar que a maioria dos dirigentes faz um balanço positivo da evolução da comunicação organizacional existente no sistema de reabilitação. Os únicos pontos que são referidos pelo mesmo número de dirigentes como tendo uma avaliação positiva e negativa são os que se reportam à ‘Comunicação vertical por canais informais’ e às ‘Conversas ocasionais’. Relações com o exterior A cultura de parceria foi sempre estimulada pelas iniciativas comunitárias, em particular pela IC HORIZON e, actualmente, pelo PIC EQUAL, facto já referido anteriormente. Na opinião dos entrevistados o trabalho em rede é muito importante, pois implica para além da troca de experiências e de contactos, uma maior qualidade ao nível das respostas. No entanto, a parceria é sentida como uma das áreas em que ainda é necessário investir, pois as organizações têm várias dificuldades na definição dos seus papéis enquanto parceiros. “Determinadas organizações em determinadas regiões ainda não desenvolveram a estratégia de parceria, de trabalho em rede. É um sector que carece de ser desenvolvido” (dirigente associativo) “A questão da parceria é a mais difícil para todas as organizações. Trabalhar em rede e fazer com que cada organização redefina o seu papel em consonância com o papel do outro é a maior dificuldade encontrada” (dirigente associativo) “As organizações trabalham pouco em rede. As formas de contacto internacionais que têm havido têm sido no âmbito de projectos extraordinários, como o HORIZON, o EQUAL, e que são projectos experimentais, que podem de facto trazer benefícios relevantes e que tiveram impactos positivos nas organizações. Devia haver uma margem no âmbito dos projectos regulares para algumas trocas de experiências, que actualmente no âmbito da formação são consideradas despesas ilegíveis. A nível nacional, as parcerias têm uma importância crucial nas organizações ao nível da complementaridade das suas acções.” (dirigente associativo). Nº de casos Quadro 3.50 Tipo de entidades com que Entidades privadas 13 Terceiro sector/instituições sem fins lucrativos 6 Associação/entidade da área de reabilitação 13 Parceiros sociais e corporativos 8 Poder local 18 Estado central 10 Serviços desconcentrados do estado 31 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 estabelecem parcerias 151 152 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal As instituições parecem estabelecer parcerias, de acordo com a opinião dos dirigentes, com um leque vasto de entidades, quer públicas, quer privadas. No entanto, é mais pesada a importância que os serviços desconcentrados do estado e o poder local representam ao serem as entidades com quem as instituições estabelecem uma maior afiliação ao nível das parcerias. Desde 1990 que foram estabelecidos acordos54 de gestão no sentido de facilitar a utilização de instalações e equipamentos do estado, como forma de cooperação e prossecução das acções. 54 Esses acordos foram estabelecidos no despacho normativo 75/92 em 25 de Maio, no qual se previa a aplicação de normas que regulassem formas de cooperação entre os CRSS e as IPSS. Concepção participação Apoio Produção Apoio ao Casos projectos Formação social de produtos emprego comuns Entidade privadas 2 5 1 0 2 11 Terceiro sector/instituições sem fins lucrativos 1 0 4 0 1 6 Associação/entidade da área de reabilitação 9 2 1 0 1 13 Parceiros sociais e corporativos 5 1 1 0 1 6 Poder local 8 1 3 0 1 13 Estado central 3 1 3 0 1 9 Serviços desconcentrados do estado 16 4 4 3 4 31 Total considerados 44 14 17 3 11 89 Quadro 3.51 Tipo de entidade por finalidade da parceria Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 A maioria das parcerias nacionais foram estabelecidas com os serviços desconcentrados do estado (31 experiência de parcerias). Esta realidade vem ao encontro do 1º relatório de avaliação do HORIZON, no qual é destacado o papel que as escolas, enquanto serviços desconcentrados do estado, têm na dinâmica estabelecida através das parcerias com as instituições. As finalidades adjacentes às parcerias desenvolvidas, são sobretudo de concepção e participação de projectos comuns (44 parcerias estabelecidas com vários tipos de entidades) sendo de destacar, também, o papel que algumas parcerias assumem no âmbito do apoio social às instituições. O quadro seguinte evidencia a correlação entre o acesso aos programas cofinanciados e a expansão da “cultura da parceria”. Até 1985 Nº de casos 3 De 1986 a 1988 7 De 1989 a 1993 20 De 1994 a 1999 34 De 2000 a 2003 42 Total de parcerias consideradas 106 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.52 Datas de início das parcerias estabelecidas por QCA’s Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 153 Do total de parcerias estabelecidas pelas 28 instituições em causa, 90,6% iniciaram-se depois de 1989, sendo que houve efectivamente um aumento de experiências neste sentido ao longo dos anos. Organização do trabalho O trabalho nas organizações tende a ser bastante qualificado e frequentemente assume formas de organização de tipo moderno, como é o trabalho em equipa. Se a auto-imagem é de qualidade, autonomia, responsabilidade e identificação com a organização pode-se observar que a maioria dos técnicos acha que tem ocorrido uma evolução bastante positiva, sobretudo no que se prende com os desempenhos qualitativo e quantitativo. Categorias profissionais Quadro 3.53 Pessoal dirigente Nº 3 Pessoal docente (formadores/monitores) 21 profissional Pessoal técnico 45 Auxilares 14 Pessoal administrativo 6 Total de pessoas 89 Funcionários por categoria Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Nº de casos Sim, formalmente constituídas 18 Sim, informalmente constituídas 4 Não 4 Total de casos considerados 26 Quadro 3.54 Existência de equipas de trabalho Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.55 Melhorou Ficou na Melhorou muito mesma Piorou Avaliação da evolução de alguns Desempenho qualitativo e quantitativo dos profissionais 29,9 55,8 11,7 2,6 Autonomia dos profissionais na realização das tarefas 29,5 51,7 16,1 2,7 Responsabilidade funcional 30,7 45,3 20,0 4,0 Cultura e sentimento de pertença organizacional dos profissionais 8,1 59,5 17,6 4,5 aspectos relativos a técnicos e Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do sistema de Reabilitação Sócio-profissional - CIES, 2003 formadores 154 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Com esta questão pretendia-se reconhecer quer nos dirigentes, quer nos técnicos das instituições, apreciações e avaliações quanto ao clima organizacional vivido nas respectivas organizações. Quadro 3.56 Muito bom Bom Insuficiente Muito insuficiente Não sabe Total Absentismo e rotatividade 6 17 2 1 1 27 Confiança nos colegas 2 24 1 0 1 28 Confiança na chefia 4 21 1 0 1 27 Confiança nos utentes 3 22 2 0 1 28 Relacionamento interpessoal 4 19 4 0 1 28 Satisfação em geral 1 22 5 0 0 28 Motivação para as tarefas e funções desempenhadas 1 25 2 0 0 28 Auto-reconhecimento pessoal 0 22 2 0 4 28 Auto-reconhecimento profissional 3 22 1 0 2 28 Nível de auto-reconhecimento social 2 19 4 0 3 28 Avaliação do clima organizacional Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quanto aos níveis de avaliação ou satisfação decorrentes das anteriores questões pode-se verificar que os dirigentes, na sua maioria, consideram que as relações entre os vários grupos profissionais são pautadas por bons níveis de confiança e de relacionamento. Para além disso consideram também que através da instituição, os profissionais que nela participam partilham de valores colectivos, quer ao nível motivacional, quer ao nível ideológico ou de reconhecimento no trabalho praticado. Mto Forte Fraco forte Quadro 3.57 Mto fraco Não sabe Total Níveis de participação e de decisão 4 16 6 0 1 27 Nível de participação na tomada de decisão das actividades e tarefas 6 19 1 0 1 27 Nível de participação na planificação das actividades e tarefas 5 18 4 0 1 28 Grau de capacidade de influência na tomada de decisão 1 23 3 0 1 28 Nível de participação em actividades de tipo voluntário Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 155 Os dirigentes consideram que existem bons níveis de participação em geral. Esta percepção vem ao encontro provavelmente das próprias características dos modelos organizativos, através dos quais é previsto haver uma horizontalidade e flexibilidade das hierarquias que facilitem e promovam os índices de participação dos profissionais envolvidos. Em relação à avaliação do clima organizacional em que se inserem, os técnicos e formadores fazem, em média a seguinte apreciação55: Avaliação média Quadro 3.58 Absentismo e rotatividade 2,1 Avaliação média do clima Confiança nos colegas 2,0 organizacional das instituições Confiança nas chefias 2,0 Confiança nos utentes 2,1 Relacionamento interpessoal 2,2 Satisfação em geral 2,1 Motivação para as tarefas e funções desempenhadas 2,0 Auto-reconhecimento pessoal 2,1 Auto-reconhecimento profissional 2,1 Nível de auto-reconhecimento social 2,3 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES-2003 As apreciações médias são bastante positivas, posicionando-se à volta do valor correspondente ao ‘Bom’. Curiosamente o valor mais negativo (2,3) encontra-se no item relacionado com o nível reconhecimento social. Quadro 3.59 Melhorou Ficou na Melhorou muito mesma Piorou Avaliação da evolução do clima organizacional das instituições Absentismo e rotatividade 10,8 47,5 36,8 4,9 Confiança nos colegas 11,6 41,5 41,9 5,1 Confiança nas chefias 10,1 41,7 43,1 5,0 Confiança nos utentes 6,7 50,5 37,6 5,2 Relacionamento interpessoal 8,4 49,1 34,1 8,4 Satisfação em geral 9,0 42,9 41,5 6,6 Motivação para as tarefas e funções desempenhadas 7,1 47,6 40,1 5,2 Auto-reconhecimento pessoal 6,2 48,6 42,4 2,9 Auto-reconhecimento profissional 6,2 44,5 47,4 1,9 Nível de auto-reconhecimento social 12,2 42,5 34,6 10,6 Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES-2003 55 1 - muito bom; 2 - bom; 3 insuficiente; 4 - muito insuficiente. 156 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que diz respeito à evolução do clima organizacional, como se pode verificar no último quadro, a maioria dos técnicos e formadores que nos responderam dividem-se entre os que acham que a situação ‘melhorou’ ou ‘ficou na mesma’. No entanto, exceptuando items como a confiança nos colegas e nas chefias, e o reconhecimento profissional, há valores percentuais mais elevados no que se relaciona com a melhoria do clima organizacional. Quanto à participação em actividades, os técnicos, em média, não afirmaram ter uma participação bastante activa56. Aliás, como se pode confirmar no próximo quadro, é inclusivamente na planificação e capacidade de influência e nas tomadas de decisões que revelaram ter níveis de participação e intervenção mais fracos, o que contrasta com a opinião expressa pelos dirigentes a este mesmo respeito. Avaliação média Nível de participação em actividades de tipo voluntário 2,3 Nível de participação na tomada de decisão das actividades e tarefas 2,2 Nível de participação na planificação das actividades e tarefas 2,3 Grau de capacidade de influência na tomada de decisão 2,5 Quadro 3.60 Avaliação média dos níveis de participação em actividades Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Aliás, se se considerarem os aspectos avaliados isoladamente pode-se observar que os técnicos e formadores consideram que nos últimos anos a sua participação e intervenção tem vindo a piorar. Esta tendência é mais notória na participação em actividades de tipo voluntário e na participação e planificação de actividades e tarefas no geral. Pediu-se ainda aos técnicos e formadores que identificassem os três principais obstáculos colocados no desempenho das tarefas e funções que lhes são atribuídas. Esta questão apresentou-se aos técnicos como uma pergunta aberta, pelo que foi necessário categorizar as respostas para que os dados pudessem ser tratados de modo estatístico. 56 Note-se que a escala disponibilizada para avaliar estes itens tem 4 categorias: 1 - participação muito forte; 2 participação forte; 3 - participação fraca; 4 - participação muito fraca. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 157 Como principais obstáculos registaram-se as seguintes respostas: 1º 2º Obstáculo Obstáculo referido referido % % Factores Falta de integração de pessoas com deficiências por parte externos das entidades empregadoras (empregos e estágios) 3º Obstáculo referido % 4,7 11,4 3,1 Conjuntura económica actual (desemprego) 2,7 1,6 9,4 Pouca intervenção das famílias 1,4 5,7 3,1 Deficiências dos formandos (“handicaps” que interferem na formação) 8,8 12,2 12,5 Factores Concentração das tomadas de decisão nas direcções das internos instituições 11,5 2,4 6,3 Sobrecarga dos técnicos e formadores (horário e funções) 14,9 13,0 12,5 Falta de apoios aos técnicos/formadores e formandos (remunerações, informações, bolsas, salários) 10,8 5,7 9,4 Falta de formação dada aos formadores 8,1 3,3 3,1 Burocracia/demora das respostas 2,7 1,6 12,5 Falta de organização institucional 17,6 18,7 12,5 Falta de recursos (materiais, físicos, humanos) 16,9 20,3 15,6 Formandos estarem em áreas de formação contrariados 0,0 4,1 0,0 Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os obstáculos mais mencionados pelos técnicos e formadores referem-se à falta de organização institucional, à falta de recursos (materiais, físicos, humanos), à sobrecarga de trabalho e à concentração das tomadas de decisões nas direcções das instituições, às deficiências de que os formandos são portadores e à falta de integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, nomeadamente na falta de integração nas empresas. De realçar ainda que a burocracia e as demoras processuais e a conjuntura económica actual, apresentam valores ainda expressivos na terceira principal dificuldade referida. Em suma, os factores internos ao sistema de reabilitação apresentam-se, na opinião dos técnicos, como obstáculos de maior peso face aos externos. 3.4- Perfil sócio-profissional Caracterização dos profissionais (técnicos e dirigentes) De acordo com o I relatório realizado no âmbito da avaliação do programa HORIZON em 1995, os dirigentes das instituições, eram maioritariamente do sexo masculino, relativamente jovens e com um nível de escolaridade elevado (curso superior). As áreas base de formação eram a Psicologia (25,7%), Serviço Social Quadro 3.61 Obstáculos à formação de reabilitação socio-profissional 158 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal (15%), Ciências Sociais (11,5%), com destaque para a Sociologia e Ciências Humanas (15%). Verificou-se, também que os técnicos eram, na sua maioria, compostos por mulheres, com idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos, com curso médio/superior, sobretudo nas áreas das ciências sociais, humanas e em serviço social. Ainda no âmbito dos resultados provenientes deste relatório, pode-se aferir que o tipo de formação mais comum entre os técnicos que trabalhavam no sistema de reabilitação profissional, era a formação em metodologias de intervenção e novas tecnologias. Houve uma evolução ao nível das competências profissionais das pessoas que trabalham nas organizações. Para além disso, também se verificou uma nova organização pedagógica/formativa, que implicou uma reestruturação das equipas de trabalho, passando a haver cada vez mais uma transversalidade disciplinar entre os profissionais implicados. 3.4.1-Caracterização sociográfica dos Dirigentes Das respostas obtidas, 13 indivíduos são do sexo masculino e 15 do sexo feminino. Quanto à distribuição por escalões etários, a maioria dos indivíduos considerados têm entre 30 e 59 anos. É de realçar que dois dos dirigentes considerados têm idades superiores a 60 anos, mais concretamente, 71 e 79 anos. Escalões etários Até 29 anos Nº de casos 1 30 aos 39 anos 5 40 aos 49 anos 6 50 aos 59 anos 5 Mais de 60 anos 2 Total de casos considerados 28 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Relativamente ao nível de escolaridade, a grande maioria (72,4%) dos indivíduos que responderam à questão tem um curso superior. Com efeito, olhando com atenção para o quadro seguinte verificamos que apenas um dos respondentes não tem a actual escolaridade obrigatória.Tendo em conta o quadro de relativo envelhecimento que acima ficou patente, estes dados apontam para um perfil qualificacional extremamente elevado: 24 em 27, i.e., 88,8%, dos dirigentes declaram ter um curso médio, superior ou grau mais elevado. Mesmo tendo em conta que estamos perante os dirigentes das instituições, estes dados apontam para o retrato de um sector cuja estrutura hierárquica superior, no quadro das organizações existentes no terreno, é altamente qualificada. Quadro 3.62 Indivíduos por escalões etários Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Nível de escolaridade Nº de casos Quadro 3.63 Ensino preparatório completo 1 Nível de escolaridade dos Ensino secundário completo 2 indivíduos Curso médio 1 Curso superior 21 Pós-graduação 1 Mestrado ou doutoramento 1 Total de casos considerados 27 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Em relação aos cursos superiores, a área mais frequentada é, de longe, a Psicologia ou cursos relacionados (9 em 21, i.e. 42,9% do total). Seguem-se, como grande agrupamento, cursos de áreas das ciências sociais, como a Sociologia, a Política Social ou o Serviço Social. Este dado é um indicador da importância das competências psicossociais no quadro do sistema de reabilitação. O peso de áreas como a Gestão ou o Direito na formação de base dos dirigentes é, praticamente, residual, o que não deixa de ser interessante como elemento característico deste sector. Curso Superior Nº de casos Direito 1 Enfermagem 1 Engenharia 1 Gestão de Empresas 1 Informática de Gestão 1 Ensino 2 Política Social 1 Psicologia 7 Psicologia e Ciências da Educação 1 Psicopedagogia Curativa 1 Serviço Social 2 Sociologia 2 Total de casos considerados 21 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.64 Áreas dos cursos superiores 159 160 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que respeita aos indivíduos que concluíram uma pós-graduação ou mestrado, as áreas escolhidas têm uma relação directa com o sistema de reabilitação, a saber, uma pós-graduação em Educação Especial e um mestrado em Dificuldades de Aprendizagem. Dos 28 dirigentes inquiridos, 27 vivem de rendimentos provenientes do trabalho e apenas um está reformado. Condição perante o trabalho Nº de casos Meio de vida Nº de casos Exerço profissão 27 Rendimentos do trabalho 27 Estou reformado 1 Pensão de reforma 1 Total de casos 28 Total de casos 28 Quadro 3.65 Condição perante o trabalho e meio de vida principal dos indivíduos Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quanto ao desempenho da actividade profissional de dirigente de uma instituição de reabilitação, apenas 6 dos indivíduos considerados a exercem em exclusivo (menos de um quarto do total – 21,4%). No entanto, 23 declaram trabalhar a tempo inteiro quando interrogados sobre o tempo dedicado à instituição. Estamos, assim, perante um quadro marcado por uma grande predominância de situações de pluriactividade em que a actividade no âmbito das instituições de reabilitação tem, ainda assim, um grande peso. Nº Quadro 3.66 Tempo inteiro 23 Tempo de trabalho na instituição Tempo parcial (+ de 50%) 2 Tempo parcial (-de 50%) 3 Total de casos considerados 28 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No que respeita ao tipo de organização onde exercem a outra profissão, a grande maioria fá-lo em outras instituições sem fins lucrativos (16 indivíduos). Tipo de instituição Nº Quadro 3.67 Instituição sem fins lucrativos 16 Tipo de organização em que Organismo da administração central 2 trabalha Total de casos considerados 18 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 161 Em termos de funções desempenhadas, 6 são dirigentes de topo, 4 têm funções de chefia e 3 funções de chefia intermédia. Apenas 2 indivíduos não têm funções de chefia. Nº Quadro 3.68 Dirigente de topo 6 Função que desempenha Funções de chefia 4 na entidade Funções de chefia intermédia 3 Sem funções de chefia 2 Outra 3 Total de casos considerados 18 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No que toca à situação na profissão, a maioria dos indivíduos são trabalhadores por conta própria (cerca de 57,9%), seguindo-se os trabalhadores por conta de outrem (8 indivíduos considerados). Não existem patrões. Nº Quadro 3.69 Trabalhador por conta de outrem 8 Situação na profissão Trabalhador por conta própria 11 Total de casos considerados 19 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Dos dirigentes considerados na nossa análise, a maioria (21 casos) exerce a função na organização de forma remunerada, sendo que existem quatro voluntários e um cooperante sem remuneração. Este dado pode ser um indicador da profissionalização dos quadros dirigentes do sistema de reabilitação. Regime de trabalho Nº Quadro 3.70 Remunerado 21 Regime em que exercem o cargo Voluntário 4 Cooperante sem remuneração 1 Total de casos considerados 28 Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 162 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Em relação aos anos que trabalham na instituição, 24 dos inquiridos fazem-no há mais de 5 anos, apontando assim para uma forte ligação dos quadros dirigentes do sistema. Anos Nº Quadro 3.71 Mais de 1 ano e menos de 3 anos 1 Anos que trabalham na instituição Mais de 3 anos e menos de 5 anos 3 Mais de 5 anos 24 Total de casos considerados 28 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Este dado é confirmado pelo quadro seguinte que descreve a antiguidade dos dirigentes no sistema de reabilitação. A maioria dos indivíduos tem entre 6 e 15 anos de experiência profissional no sector da reabilitação (15 casos). Um dado curioso, das três pessoas com mais de 20 anos de permanência no sistema, uma fálo há 43 anos. Anos Até 5 anos Nº Quadro 3.72 5 Anos em que trabalha no sistema De 6 a 10 anos 7 de reabilitação De 11 a 15 anos 8 De 16 a 20 anos 4 Mais de 20 anos 3 Total de casos considerados 27 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 De notar que dos 28 indivíduos considerados, 5 já trabalharam noutras instituições de reabilitação profissional. Dos 28 dirigentes considerados, 15 frequentaram cursos iniciais / especialização na área da reabilitação. Frequência de cursos iniciais/especialização Nº Quadro 3.73 Sim 15 Frequência de cursos iniciais/ Não 12 especialização Não responde 1 Total de casos considerados 28 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 163 No questionário foi pedido que identificassem as três acções de formação mais importantes que frequentaram. Como se verifica na leitura do quadro apresentado em seguida, a maioria dos cursos frequentados estão relacionados com a coordenação e gestão da formação profissional. Cursos 1 Nº Coordenação da Formação Profissional 6 Gestores de Formação Cursos 2 Nº Cursos 3 Nº Coordenação da Formação Profissional 6 Coordenação da Formação Profissional 3 4 Gestores de Formação 2 1 Ensino Especial 4 Finanças 1 Projectos de Gestão e Avaliação Formação de Dirigentes IPSS 1 Outras áreas 3 Saúde e Segurança no trabalho 1 Outras áreas 2 Total de casos 15 Total de casos Total de casos 7 12 Quadro 3.74 Cursos de formação /especialização frequentados por nº de indivíduos Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Ao cruzarmos a informação com os anos de conclusão dos cursos podemos confirmar que a maioria dos indivíduos (16) frequentaram cursos de formação/ /especialização entre 1994-1999, ou seja, na vigência do QCA II. Ano em que completou Nº Acção 1 Ano em que completou Nº Acção 2 Ano em que completou Nº Acção 3 Total Quadro 3.75 1989-1993 7 1989-1993 4 1989-1993 0 11 1994-1999 6 1994-1999 6 1994-1999 4 16 2000-2003 2 2000-2003 1 2000-2003 3 6 Total de casos 15 Total de casos 12 Total de casos 7 34 Fonte: Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No que respeita às competências adquiridas, a maioria dos dirigentes que responderam à questão apontam a concepção de programas de formação profissional, valor que não difere quando se analisam as várias acções frequentadas. Na resposta à pergunta “pensa investir nas suas qualificações profissionais?” 25 dos dirigentes considerados responderam sim, contra apenas 2 que responderam negativamente. Anos em que completou a formação/especialização 164 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Investimento nas qualificações profissionais Nº Quadro 3.76 Sim 25 Investimento nas qualificações Não 2 profissionais Não responde 1 Total de casos 28 Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 As áreas em que consideram prioritário aumentar a qualificação dos seus recursos profissionais são: a gestão dos recursos humanos, gestão e organização e a organização e concepção da formação profissional. Assim, e de acordo com a leitura dos quadros anteriores, confirma-se a necessidade sentida pelos dirigentes na aquisição de competências ao nível da gestão organizacional e da gestão de recursos humanos. Áreas prioritárias Nº Quadro 3.77 Gestão de recursos humanos 6 Áreas prioritárias para a formação Gestão e organização 8 de dirigentes Organização e concepção da formação profissional 3 Outras áreas 4 Total de casos 21 Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 3.4.2- Caracterização sociográfica dos Técnicos e Formadores No que diz respeito à caracterização pessoal dos técnicos e formadores constatou-se que dos 338 inquéritos validados, 68,1% são do sexo feminino e 31,9% do sexo masculino. Quanto à idade, 60% dos profissionais inquiridos concentra-se na faixa etária dos 20 aos 39 anos, 37,7% tem entre 40 a 59 anos e apenas 2,5% tem mais de 60 anos. Relativamente à escolaridade, salienta-se o facto de 39,3% possuírem um curso superior, sendo as áreas científicas mais representadas as ciências sociais e as artes e letras, 69,6% e 14,3% respectivamente. Como se pode observar no quadro 1, o segundo grau de escolaridade com mais peso é o ensino secundário completo (21,8%). No entanto, os indivíduos com ensino médio do total dos inquiridos são 8,1% sendo que as áreas científicas que ressaltam são a economia e gestão (38,5%) bem como as, artes e letras (30,8%). Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Grau de escolaridade completo 165 % Quadro 3.78 Ensino primário completo 5,6 Grau de Escolaridade Completo Ensino preparatório completo 8,1 Ensino básico completo 6,9 Ensino secundário completo 21,8 Curso Médio 8,1 Curso superior 39,3 Pós-graduação 5,3 Mestrado ou Doutoramento 2,5 Outra situação 2,5 Total de indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Relativamente à actual caracterização das categorias socioprofissionais57 dos técnicos e formadores das instituições de reabilitação verifica-se que estamos perante grupos profissionais bastante qualificados: 37,7% são especialistas das profissões intelectuais e científicas, 39,9% são técnicos profissionais de nível intermédio, 18,8% integra-se na categoria de pessoal dos serviços e vendedores e 2,6% são quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores das empresas. Mais residuais são os grupos socioprofissionais dos operadores de instalação de máquinas e trabalhadores de montagem (0,3%) e os trabalhadores não qualificados (0,6%). Grupos profissionais % 1- Quadros superiores da Adm. Pública, dirigentes e quadros superiores de empresas 2,6 2- Especialistas das profissões intelectuais e científicas 37,7 3- Técnicos profissionais de nível intermédio 39,9 4- Pessoal administrativo e similares 0,0 5- Pessoal dos serviços e vendedores 18,8 6- Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 0,0 7- Operários e artífices e trabalhadores similares 0,0 8- Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem 0,3 9- Trabalhadores não qualificados 0,6 Total dos indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 3.79 Grupos socioprofissionais 57 As categorias socioprofissionais utilizadas foram retiradas do trabalho de António Firmino da Costa (1999) Sociedade de Bairro, Celta, Oeiras, pp.230. 166 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal No que respeita à função que desempenham na instituição em que trabalham actualmente, destaca-se claramente a função de formador (60,8%) seguindo-se com 20% a função de monitor e animador. Pode verificar-se que a função de auxiliar pedagógico (2,1%) assume menor expressão bem como os professores (3,8) e os terapeutas (3,8%). Função que desempenha Dirigente e Coordenador % 9,2 Quadro 3.80 Professor 3,8 instituição Formador 60,8 Monitor ou Animador 20,0 Terapeuta 3,8 Auxiliar pedagógico 2,1 Outra 0,4 Total dos indivíduos considerados 100 Função desempenhada na Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O tipo de vínculo contratual que os técnicos e formadores afirmam ter com a instituição em que trabalham é na sua maioria de efectividade (contratos sem termo) (76,4%). Com contratos a prazo encontramos 12,5% e a trabalhar a recibos verdes 9,3% dos inquiridos. Por fim, retenha-se ainda que apenas 1,9% indicaram outros tipos de vínculos, nomeadamente contratos a termo incerto e “destacados”. No que respeita ao tempo de trabalho na instituição, a maioria revela que trabalha a tempo integral (94,5%) enquanto 3,7% trabalham a tempo parcial (- de 50%) e 1,8%, também a tempo parcial mas mais de meio tempo. Tendo em conta a antiguidade, 60,9% dos inquiridos afirma que trabalha há mais de 5 anos na instituição, 21,7% há mais de um ano e menos de 5 anos, sendo pouco significativa a percentagem de indivíduos que trabalha há menos de 1 ano na presente instituição. Antiguidade na instituição Há menos de 1 ano % Quadro 3.81 2,8 Antiguidade na instituição Mais de 1 ano e menos de 5 anos 21,7 Mais de 3 anos e menos de 5 anos 14,6 Mais de 5 anos 60,9 Total dos indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 167 Considerando o peso de trabalhadores a tempo parcial, teve-se também em conta nesta análise o exercício profissional noutras entidades. 11,8% dos inquiridos revelaram exercer outra profissão para além da que exercem na instituição de reabilitação. Destes, 5,3% são trabalhadores por conta própria, 4,4% trabalhadores por conta de outrem e 0,3 são patrões. Dos trabalhadores por conta de outrem 1,5% trabalha em empresas privadas e 1,2% num organismo da administração pública central, sendo as restantes organizações residuais. Quanto à análise do percurso profissional dos técnicos e formadores apurou-se que 84,8% dos inquiridos não trabalharam anteriormente noutra instituição ligada à reabilitação. Para além disso, procurou-se ainda conhecer em que instituições os inquiridos trabalharam anteriormente, que funções desempenharam e em que local. Quanto às últimas instituições em que os técnicos do sistema desenvolveram actividades observou-se que a maioria provém de instituições de apoio/integração psicossocial/profissional (35,3%) e de Cercis e instituições que se dedicam exclusivamente ao apoio à paralisia cerebral (29,2%). Tipo de instituição % Cercis e APPC 29,2 Santa Casa da Misericórdia 6,3 Hospitais 10,4 Instituições de apoio/integração psicossocial/profissional 35,3 Apoios e cuidados de saúde 8,4 Outras instituições 10,4 Total dos indivíduos considerados 100 Quadro 3.82 Local da instituição Fonte: Inquérito Nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional -CIES, 2003 As funções mais referidas pelos inquiridos no seu percurso profissional são: Psicólogos (22,9%), Assistentes Sociais (18,8%), Formadores (14,6%) e Monitores (10,4%). Quando questionados sobre a frequência de cursos de especialização de formação na área específica da reabilitação profissional de deficientes, 53,1% dos técnicos afirmou ter frequentado, contra 46,9% que afirmou não a ter feito. Dos que afirmaram ter feito acções de formação, 50,9% disseram ter estado em formação entre 100 e 151 horas, tendo sido as formações mais prolongadas menos frequentadas, como ilustra o quadro que se segue.58 58 Seria também interessante cruzar as horas de formação com a profissão actual dos técnicos e formadores. 168 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Duração da formação % Até 50 horas 14,9 De 51 a 100 horas 21,1 De 101 a 150 horas 50,9 De 151 a 200 horas 6,1 De 201 a 250 horas 0,9 De 251 a 300 horas 1,8 De 301 a 350 horas 0,0 De 351 a 400 horas 0,9 De 401 a 450 horas 0,0 De 451 a 500 horas 0,9 De 501 a 550 horas 0,0 De 551 a 600 horas 0,0 De 601 a 650 horas 0,9 De 651 a 700 horas 0,0 Mais de 700 horas 1,8 Total dos indivíduos considerados 100 Quadro 3.83 Duração das acções de formação Fonte:Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Questionaram-se ainda os formadores sobre as competências adquiridas nas acções frequentadas. Aqui apurou-se que 30,4% adquiriu competências na área da formação e 28,3% melhorou as suas aptidões pedagógicas. Respectivamente, 4,3% aumentaram os seus conhecimentos nas áreas da animação e de expressão e linguagem, tendo aprendido linguagem gestual ou Braille. Quanto aos anos em que se realizou a formação, pode-se observar que a maior parte dos técnicos que estiveram em formação, o fizeram a partir de 1989, sendo em número mais expressivo (33,8%) os que frequentaram acções de formação no âmbito do QCA II, ou seja entre 1994 e 1999. Anos de frequência de acções Até 1985 - Antigo regulamento % Quadro 3.84 2,2 Anos de frequência de acções de 1986 - 1988 - Antigo regulamento 5,0 formação QCA I (1989 - 1993) 31,7 QCA II (1994 - 1999) 33,8 QCA III (2000 - 2003) 27,3 Total dos indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/Formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 169 Quanto à importância atribuída aos cursos de formação no desempenho das actividades desenvolvidas no quotidiano profissional, observa-se que todos os que frequentaram acções de formação as consideram muito importante nas suas práticas profissionais. Relativamente à importância da frequência de acções em aspectos como a remuneração, desempenho de funções, progressão na carreira, mobilidade de competências, formas de aferição de competências e regalias sociais, pode-se observar que as médias das respostas59, os técnicos se encontram entre o 1,5 e o 3,0, como se pode observar no quadro que se segue. Dimensões relacionadas com a actividade profissional Remunerações Avaliações médias 3,0 Desempenho de funções 1,5 Progressão na carreira 2,8 Mobilidade/competências 1,8 Formas de aferição do desempenho 1,8 Regalias sociais 3,3 Quadro 3.85 Avaliação média de alguns assuntos relacionados com a actividade profissional Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A formação teve, na opinião dos técnicos, impactos nas componentes ‘intrínsecas’ da actividade principal, mas não nas componentes extrínsecas, ligados aos diferentes tipos de retribuição. Formas de recrutamento dos profissionais As principais metodologias utilizadas no recrutamento e selecção de técnicos pelas instituições são: a avaliação curricular e a entrevista de selecção, 26 dos indivíduos afirmam utilizar estes métodos de selecção. Por outro lado, as metodologias menos utilizadas são os testes, tanto psicotécnicos como de aferição de conhecimentos, com respostas entre os 22,2 e os 25,9% e a selecção informal que recolhe apenas duas respostas positivas. Sim Não Nº de casos Avaliação curricular 26 1 27 Entrevista de selecção 26 1 27 Metodologias Testes psicotécnicos 7 20 27 Testes de aferição de conhecimentos 6 21 27 Selecção informal 2 25 27 Outra metodologia de recrutamento 2 24 26 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 3.86 Metodologias utilizadas no recrutamento e selecção de técnicos 59 Dentro de uma escala de 4 valores, onde o 1 corresponde à importância máxima e o 4 à menor importância atribuída. 170 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Desempenho profissional O desempenho profissional dos técnicos, parece estar altamente relacionado com níveis de motivação, que na opinião de alguns dirigentes são postos em causa, pela própria conjuntura de recrutamento e de contratualização, ou seja,“temos um sistema com profissionais altamente qualificados, mas que depois na prática não são reconhecidos, do ponto de vista das carreiras, o que faz com que se gerem situações de desmotivação que resultam em prejuízo das próprias acções de formação”. No entanto também há quem considere que o crescimento do número de técnicos mais qualificados, veio trazer um conjunto de melhorias às próprias organizações. 3.5- Representações sobre as organizações e a reabilitação Neste sub-capítulo irão ser tratadas dimensões de análise que permitem descortinar, por um lado, percepções e apreciações sobre um conjunto de indicadores que estruturam o próprio sistema de reabilitação ao nível das condições fornecidas pelas instituições aos seus destinatários e, por outro, permite traçar um quadro regido por princípios e crenças acerca do desenvolvimento e funcionamento actual e futuro das instituições. Muito Positivo Negativo positivo Muito negativo Não sabe Total Avaliação das competências Acções de reabilitação proporcionadas pela instituição aos utentes 12 14 0 0 1 27 Adequação das respostas às necessidades dos beneficiários 4 23 0 0 1 28 Qualidade e adequação das instalações e dos espaços 5 17 4 1 0 27 Qualidade e adequação dos equipamentos e materiais 6 18 3 0 1 28 Sistema de avaliação dos resultados da formação 2 21 3 0 2 28 Modelo de organização, articulação e planificação das actividades 3 23 1 0 1 28 Implantação da instituição na comunidade 11 15 1 0 1 28 Acessibilidade externa 9 12 4 2 1 28 Acessibilidade interna 8 14 4 2 0 28 Equipamentos e transportes disponibilizados 4 20 0 1 3 28 Divulgação e conhecimento público das acções 6 18 3 ,0 1 28 Funcionamento interno da instituição 2 21 4 0 1 28 Fonte:Inquérito nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Quadro 3.87 da organização Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 3.5.1- Condições de trabalho Os dirigentes apreciam de forma bastante positiva os níveis em cima enunciados. A avaliação correspondente a cada item, vem aliás reforçar alguns aspectos que já tivemos ocasião de apresentar ao longo do relatório. Ao nível das capacidades formativas que são oferecidas aos formandos, bem como perante o nível de implantação da instituição no seio da comunidade local, os dirigentes exprimem de forma ainda mais acentuada níveis de apreciação bastante elevados. Genericamente os dirigentes das organizações são unânimes em considerar que existem no fundo, boas condições ou princípios de trabalho. 3.5.2- Na cultura organizacional Perscrutando os sentimentos de pertença dos dirigentes, verificamos que a “cultura” do sistema tende a ser uma fonte, dados os índices de satisfação e de sentimentos de pertença motivados pela partilha de um conjunto de ideologias, orientações organizativas e objectivos próprios ao campo da reabilitação. Quadro 3.88 Muito forte Forte Fraco Muito fraco Não sabe Total Nível de sentimentos de pertença à profissão que desempenha 8 19 0 0 1 28 Nível de sentimentos de pertença à instituição 7 16 2 1 1 27 Nível de sentimentos de pertença ao campo da reabilitação 8 19 0 0 1 28 Níveis de abertura à inovação e à mudança 8 12 7 0 1 28 Grau de identificação com os princípios e objectivos da instituição 10 14 3 0 1 28 Muito insuficiente Não sabe Total Sentimentos de pertença Fonte:Inquérito Nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional-CIES, 2003 Muito bom Bom Insuficiente Quadro 3.89 Apreciações face ao clima organizacional Apreciação da imagem e posição da instituição face ao conjunto das instituições congéneres 9 15 2 0 Tolerância e relacionamento com utentes e famílias 4 22 1 0 1 28 Avaliação da utilidade social da organização 18 8 0 0 1 27 Perspectivas de sustentabilidade e continuidade futura da instituição 6 13 6 1 2 28 Fonte:Inquérito Nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional-CIES, 2003 28 171 172 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal É possível também verificar que a avaliaçãoé que os dirigentes fazem é muito positiva em vários aspectos,como a utilidade social da instituição que dirigem,como será possível manter no futuro a sua actuação e como se relacionam face ao quadro das instituições em geral e face ainda as pessoas que lidam directamente com estas instituições, ou seja, os utentes e seus familiares. Sobre estas dimensões, apenas uma delas se afigura menos positiva,a da sustentabilidade.Os dirigentes parecem ter uma opinião cautelosa, uma vez que a sustentabilidade das suas instituições está dependente de estruturas de financiamentos cujo futuro é ainda incerto. Nº Quadro 3.90 Muito bom 5 Cultura e sentimento de pertença Bom 18 organizacional Insuficiente 3 Muito insuficiente 1 Total de casos 28 Fonte: Inquérito Nacional a dirigentes do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 Mais de metade dos dirigentes responderam haver um nível de cultura e de sentimento de pertença organizacional amplamente positivo. De sublinhar que apenas 4 manifestam a sua posição negativa perante este aspecto. Quanto às percepções da cultura organizacional das instituições em que os técnicos e formadores desenvolvem actividade, observou-se que em valores médios, numa escala de 4 valores60, estes profissionais desenvolvem um elevado sentimento de pertença quer à instituição onde trabalham quer ao sistema, revelando uma boa aceitação das mudanças e uma identificação com os objectivos da instituição. Note-se que os valores médios do quadro que se segue se situam entre os dois valores reveladores de uma relação forte ou muito forte. Avaliação média Nível de sentimentos de pertença à profissão que desempenha na área da reabilitação socioprofissional 1,8 Nível de sentimento de pertença à instituição 1,8 Nível de sentimentos de pertença ao campo de reabilitação 1,8 Níveis de abertura à inovação e à mudança 1,9 1,9 Grau de identificação com os princípios e objectivos da instituição Quadro 3.91 Avaliação média de aspectos da cultura organizacional Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação profissional - CIES, 2003 No que se refere à evolução destes mesmos sentimentos de pertença, a maioria dos inquiridos afirmou ter havido uma evolução positiva, que nos últimos anos o sentido de pertença tem melhorado ou mesmo melhorado muito. No entanto, há 60 1 - muito forte; 2 - forte; 3 - fraco; 4 - muito fraco. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 173 ainda 1/4 dos técnicos e formadores que nos responderam que se tem vindo a perder o sentimento de pertença profissional. Melhorou Melhorou muito % % Nível de sentimentos de pertença à profissão que desempenha na área da reabilitação socioprofissional Piorou muito % Piorou % Quadro 3.92 Avaliação da evolução aspectos da cultura organizacional 27,5 45,5 24,2 2,8 Nível de sentimento de pertença à instituição 24,0 49,8 25,3 0,9 Nível de sentimentos de pertença ao campo de reabilitação 27,5 43,1 26,5 2,8 Níveis de abertura à inovação e à mudança 25,0 43,9 27,8 3,3 Grau de identificação com os princípios e objectivos da instituição 28,5 53,7 11,5 0,4 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional-CIES Tendo ainda a cultura organizacional como referência, mantendo a análise dos valores médios de uma escala de quatro valores61 , observa-se que a percepção dos técnicos e formadores face às relações estabelecidas com outras instituições, congéneres e famílias é bastante positiva, uma vez que se situam entre os dois valores mais positivos. Os valores médios das avaliações relacionadas com a utilidade da instituição e com perspectivas de sustentabilidade futura da organização são também avaliados entre muito bom e o bom. Avaliação média Apreciação da imagem e posição da instituição face ao conjunto das instituições congéneres 1,8 Tolerância de relacionamento com os utentes e famílias 1,7 Avaliação da utilidade social da organização 1,9 Perspectivas de sustentabilidade e na continuidade futura da organização 1,9 Quadro 3.93 Avaliação média do relacionamento das instituições com o exterior Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional-CIES A percepção da evolução destes quatro parâmetros, de uma maneira geral, é também positiva. Veja-se que 70% a 80% dos técnicos e formadores avaliam a evolução da imagem da instituição face a outras congéneres, a tolerância de relacionamento com utentes e suas famílias, a utilidade social da organização em que trabalha e a sustentabilidade na continuidade futura da instituição como boa ou muito boa, como se pode ver no quadro que se segue. 61 1 - Muito bom; 2 - Bom; 3 - Insuficiente; 4 - Muito insuficiente. 174 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Melhorou Melhorou muito % % Piorou % Piorou muito % Apreciação da imagem e posição da instituição face ao conjunto das instituições congéneres 27,6 47,8 24,1 0,5 Tolerância de relacionamento com os utentes e famílias 24,6 55,8 19,6 0,0 Avaliação da utilidade social da organização 17,6 55,3 24,5 2,7 Perspectivas de sustentabilidade e na continuidade futura da organização 22,0 55,6 17,4 1,9 Quadro 3.94 Avaliação da evolução do relacionamento das instituições com o exterior Fonte:Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional-CIES A percepção que o meio institucional tem da participação das famílias é apresentada no quadro que se segue. Áreas de participação e envolvimento das famílias Avaliação médios de resposta No encaminhamento e admissão das pessoas com deficiência 2 Na execução dos programas 3 Na concepção/gestão e avaliação dos programas 3 Quadro 3.95 Valores médios de respostas relacionados com a participação das famílias Fonte:Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional-CIES Assim, de uma escala de 1 a 4, onde o 1 implica um grau de participação muito forte e o 4 a inexistência de participação, observa-se que as instituições acham que elas têm vindo a ter uma participação mais activa. Ainda assim, os dirigentes consideram que a sua participação tem vindo a ser mais activa. 3.6 - Apreciações gerais dos técnicos e formadores sobre as organizações e o sistema de reabilitação Foi pedido aos técnicos e aos formadores que avaliassem alguns aspectos relacionados com a formação transmitida pela instituição em que trabalham. Assim, utilizando uma escala de quatro valores62, apuraram-se os seguintes valores médios. 62 1 - muito positivo, 2 - positivo; 3 - negativo; 4 - muito negativo. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Valores médios Adequação das respostas/conteúdos às necessidades dos beneficiários 2,0 Qualidade e adequação das instalações e dos espaços 2,0 Qualidade e adequação dos equipamentos e materiais 2,0 Sistema de avaliação/aferição dos resultados da formação/reabilitação 2,0 Modelo de organização, articulação e planificação das actividades 1,8 Implantação da instituição na comunidade 1,9 Acessibilidade externa (transportes para a instituição, facilidade em chegar, etc.) 1,9 Acessibilidade interna (dentro do edifício, rampas, etc) 1,9 Equipamentos e serviços de transportes disponibilizados 2,0 Divulgação/conhecimento público das acções da instituição 2,1 Funcionamento interno da instituição (eficácia, burocracia...) 2,0 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Como se pode observar a apreciação média é bastante positiva, encontrando-se entre o bom e o muito bom, nos diversos parâmetros considerados. Também a evolução destes itens ao longo dos últimos anos é sentida como sendo bastante positiva, uma vez que 70% a 80% dos profissionais afirmou terem melhorado ou melhorado muito. Apesar disso, há ainda sensivelmente 1/4 dos técnicos e formadores a afirmar não se terem registado melhorias em qualquer dos pontos propostos, sendo esta avaliação mais evidente na evolução das acessibilidades. Estes dados são reveladores de um impacto da presença dos FSE no sistema de reabilitação nos últimos anos, pelo menos segundo o julgamento subjectivo dos agentes profissionais. Quadro 3.96 Avaliações médias de aspectos relacionados com a formação transmitida pela instituição 175 176 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Melhorou Melhorou muito % % Piorou % Piorou muito % Quadro 3.97 Avaliação da evolução de aspectos da formação Adequação das respostas/conteúdos às necessidades dos beneficiários 22,0 51,4 25,2 1,0 Qualidade e adequação das instalações e dos espaços 19,7 49,3 27,2 1,4 Qualidade e adequação dos equipamentos e materiais 16,7 56,5 23,4 3,8 Sistema de avaliação/aferição dos resultados da formação/reabilitação 18,1 57,8 22,1 3,3 Modelo de organização, articulação e planificação das actividades 27,7 49,3 21,6 2,0 Implantação da instituição na . comunidade 23,8 48,5 25,2 1,4 Acessibilidade externa (transportes para a instituição, facilidade em chegar, etc.) 21,0 46,3 30,2 2,4 Acessibilidade interna (dentro do edifício, rampas, etc) 21,3 48,7 28,4 2,4 Equipamentos e serviços de transportes disponibilizados 25,8 45,0 26,3 1,5 Divulgação/conhecimento público das acções da instituição 21,7 47,6 27,4 2,9 Funcionamento interno da instituição (eficácia, burocracia...) 11,7 67,2 15,1 3,3 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É bastante menos clara a apreciação feita acerca dos reais impactos da formação na vida dos utentes. Situação dos beneficiários em geral valores médios 1,9 Bem-estar emocional dos utentes 1,9 Bem-estar físico dos utentes 1,9 Relações interpessoais das pessoas com deficiência 2,2 Autonomia e capacidade de tomar decisões das pessoas com deficiência 2,4 Níveis de participação na vida da comunidade por parte das pessoas com deficiência 2,5 Conhecimento e exercício de direitos por parte das pessoas com deficiência 2,7 Situação material e financeira dos beneficiários 2,8 Empregabilidade das pessoas com deficiência 2,5 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 3.98 Satisfação relativa à aplicabilidade da formação Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os valores mais aproximados da pouca satisfação dos profissionais do sistema são os que se relacionam com situações materiais e financeiras e com o conhecimento e exercício de direitos por parte das pessoas com deficiência. Quanto à evolução dos efeitos da formação na melhoria de vida dos utentes do sistema, a maior parte dos técnicos e formadores (87,7%) afirmam que esta tem vindo a melhorar muito nos últimos anos, embora não sejam desprezáveis as apreciações contrárias, que chegam a atingir mais de metade dos inquiridos nos parâmetros relativos aos direitos e à remuneração. Melhorou Melhorou muito % % Piorou % Piorou muito % Situação dos beneficiários em geral 13,9 56,6 28,3 1,2 Bem-estar emocional dos utentes 14,0 59,3 25,0 1,7 Bem-estar físico dos utentes 16,9 55,4 27,1 0,6 Relações interpessoais das pessoas com deficiência 16,0 48,6 32,6 2,9 Autonomia e capacidade de tomar decisões das pessoas com deficiência 13,6 50,0 34,7 1,7 Níveis de participação na vida da comunidade por parte das pessoas com deficiência 11,2 51,5 34,3 3,0 Conhecimento e exercício de direitos por parte das pessoas com deficiência 11,0 36,6 45,7 6,7 Situação material e financeira dos beneficiários 9,4 33,5 47,6 9,4 Empregabilidade das pessoas com deficiência 56,0 31,7 10,3 2,0 Quadro 3.99 Avaliação da evolução da aplicabilidade da formação na vida quotidiana dos utentes Fonte:Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Face a várias afirmações enunciadas relativas à situação da pessoa com deficiência em Portugal, pediu-se aos técnicos e formadores que indicassem o seu grau de concordância. A maioria dos profissionais julga, porém, positivamente os impactos da reabilitação em critérios de direitos de cidadania, bem como o respeito pelos direitos das pessoas com deficiência nas instituições e a “situação em geral”. 177 178 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Avaliação média Quadro 3.100 Avaliação média relativa à situação da pessoa com De um modo geral, nos últimos anos a situação das pessoas com deficiência em Portugal tem melhorado 2,0 Os direitos das pessoas com deficiência são respeitados nas instituições 2,5 Os direitos das pessoas com deficiência são, regra geral, respeitados pelas entidades patronais 2,6 Os direitos das pessoas com deficiência são, em regra, respeitados pelas famílias dos deficientes 2,8 Os direitos das pessoas com deficiência, em geral, são devidamente respeitados na sociedade portuguesa 3,0 As pessoas com deficiência têm hoje as mesmas oportunidades para participar na vida cívica e política do que as outras pessoas 2,9 Hoje em dia, o sistema de reabilitação em Portugal já é adequado às necessidades 3,0 A oferta de reabilitação em Portugal tem hoje, a nível nacional, uma cobertura geográfica adequada às necessidades 3,1 As pessoas com deficiência têm, em geral, um nível de conhecimento aceitável das oportunidades oferecidas pelos recursos públicos e comunitários (fundos, programas, acções, etc.) 3,0 Em geral, as pessoas com deficiência conhecem bem os seus direitos e deveres 2,2 Os programas de reabilitação ajudam os beneficiários a ganhar competências no domínio da participação e da cidadania 2,3 deficiência em Portugal Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Pelo contrário, a cobertura geográfica da rede de formação é o ponto que apresenta uma avaliação mais negativa. Quanto ao trabalho que tem vindo a ser realizado ao nível da formação sócio-profissional face aos vários tipos de deficiência, os técnicos e formadores avaliam-no como sendo de um modo geral positivo63. 63 A escala disponibilizada tinha os seguintes valores: 1 - muito positivo; 2 - positivo; 3 - negativo; 4 - muito negativo. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Formação socioprofissional - motora Avaliação média 2,0 Formação socioprofissional - visual 2,2 Formação socioprofissional - auditiva 2,0 Formação socioprofissional - mental 2,1 Formação socioprofissional - paralisia cerebral 2,1 Formação socioprofissional - da linguagem 2,1 Formação socioprofissional - outro tipo 2,7 Quadro 3.101 Avaliação média da formação socioprofissional por tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Se se considerar os vários tipos de deficiência observa-se que a formação profissional para pessoas com deficiências motoras e auditivas é a melhor avaliada, sendo a formação profissional de pessoas com outros tipos de deficiência a avaliada mais negativamente. Quanto à avaliação dos impactos dos FSE nas instituições em que os técnicos e formadores exercem actividade e no sistema de reabilitação profissional nacional, observou-se que as avaliações se situam entre o 2,1 e o 2,764, ou seja entre a existência de um impacto considerado forte e relativamente fraco, dependendo dos aspectos. 64 1 - impacto muito forte; 2 impacto forte; 3 - impacto fraco; 4 - impacto muito fraco. 179 180 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Dimensões das afirmações Geral Político/legal Estado Social/familiar Institucional/ Sistema Avaliação média Sistema e as práticas de reabilitação na sua globalidade 2,1 Abertura e mudança de atitudes e de valores face à deficiência e às pessoas com deficiências 2,5 Eficiência da reabilitação e da formação 2,4 Estatutos, regulamentos e enquadramento legal das instituições 2,3 Visibilidade pública e política das questões da deficiência 2,6 Promoção do envolvimento das famílias e da comunidade na reabilitação 2,7 Capacidade de promoção da inclusão e apoio à empregabilidade das pessoas com deficiência 2,6 Modelos organizacionais e de funcionamento das instituições 2,3 Redes, relações e parcerias das instituições entre si 2,4 Redes, relações e parcerias com entidades exteriores ao sistema (Estado, parceiros sociais, empresas, etc.) 2,5 Abertura e internacionalização do sistema 2,4 Arquitectura, desenho institucional e modelo de gestão do sistema a nível nacional em geral 2,4 Situação e capacidade económica - financeira das instituições 2,3 Situação e capacidade material e logística das instituições 2,3 Volume de qualidade das redes de actores e de recursos nesta área 2,3 Metodologias e organização do trabalho nas instituições 2,5 Modelos, metodologias e conteúdos da reabilitação e formação praticada nesta área 2,3 Cobertura e distribuição geográfica da reabilitação Profissional 2,4 Volume da oferta de reabilitação proporcionada às pessoas com deficiência 2,3 Situação dos profissionais e técnicos desta área 2,5 Promoção do conhecimento e da investigação sobre esta área 2,2 Fonte: Inquérito Nacional aos técnicos/formadores do sistema de reabilitação sócio-profissional CIES, 2003 Quadro 3.102 Apreciação dos impactos do FSE Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 181 Da análise deste quadro pode-se concluir que as questões relacionadas com o envolvimento das famílias no processo de reabilitação, a visibilidade pública das questões da deficiência, a promoção e apoio à empregabilidade, as metodologias e organização do trabalho nas organizações, a mudança de atitudes e valores face às pessoas com deficiência e a situação sócio-profissional dos técnicos e formadores são as que se consideram menos afectas ao FSE. Pelo contrário, são as apreciações globais do sistema, a promoção do conhecimento e da investigação sobre esta área que apresentam valores médios de resposta mais positivos. A evolução das organizações, a rede de envolvimentos, bem como as metodologias de trabalho, são os impactos melhor apreciados. 3.7- As condições organizacionais na perspectiva dos utentes Um aferidor útil da qualidade das organizações reside na avaliação que os utentes fazem das condições materiais, relacionais e formativas, das instituições nas quais estiveram a frequentar programas de reabilitação socio-profissional. Respostas médias Satisfação Em relação à acção de reabilitação que recebi Geral Antigos Actuais Quadro 3.103 Grau de satisfação relativo à 1,8 1,7 1,7 última acção de reabilitação/ Relativamente ao desempenho dos técnicos/formadores 1,7 1,6 1,6 formação Em relação às relações que mantive com os meus colegas 1,9 1,7 1,7 Em relação aos conhecimentos/competências que adquiri na acção 1,8 1,8 1,8 Adequação das respostas/conteúdos às minhas necessidades 1,9 1,9 1,9 Qualidade dos equipamentos e dos materiais 1,9 1,9 1,9 Condições físicas dos espaços 1,9 1,9 1,9 Carga horária/duração do curso 1,9 1,9 1,9 Sistema de avaliação do curso 1,9 1,9 1,9 Fonte:Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Legenda (1=totalmente satisfeito;2=satisfeito;3=pouco satisfeito;4=nada satisfeito) Relativamente ao grau de satisfação que os utentes manifestaram ter, por vários aspectos genéricos, resultantes do processo de formação/reabilitação profissional, pode-se verificar que a média das respostas equivale a um grau de satisfação manifestamente positivo, situado entre os escalões (1=totalmente satisfeito e 2= satisfeito), sendo que o valor médio mais alto atinge 1,9 e o mais baixo 1,6. Dos aspectos, com uma média de respostas mais elevada, salienta-se, o desempenho dos técnicos ou formadores. Já a apreciação mais fraca respeita claramente a questões de logística e condições materiais de apoio e funcionamento dos cursos ou acções de formação.65 65 Para todas estas questões, a taxa de resposta rondou os 90% do total da amostra e a percentagem de respostas “não sei”, tendeu para valores muito reduzidos (aproximadamente 2,0% no conjunto das respostas obtidas). 182 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal De referir, também, que não existem diferenças, substantivas, entre a avaliação que é feita pelos beneficiários antigos, por um lado, e pelos actuais, por outro. Acessos-Meios de transporte Respostas médias Geral Antigos Actuais Transportes da instituição 2,1 2,1 2,0 Transportes públicos em geral 2,5 2,5 2,4 Facilidade em chegar à instituição 2,3 2,3 2,3 Acessibilidade dentro do edifício 2,1 2,1 2,2 2,1 2,1 2,2 Adaptação das salas às necessidades individuais Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto às condições relacionadas com os acessos e mobilidade na instituição, e com a rede de transportes pública, os utentes do sistema de reabilitação, fazem uma apreciação globalmente positiva. A média das respostas situa-se entre o Bom e o Suficiente, traduzido pelos valores 2,0 e 2,5. A avaliação dos transportes públicos em geral é a mais negativa, sendo que a mais alta vai para os transportes da instituição frequentada pelo utente66 67 . Respostas médias Geral Antigos Actuais Divulgação/conhecimento público das acções/cursos de formação/reabilitação 2,5 Funcionamento da instituição 2,0 2,0 2,1 Clareza das regras de acessos aos cursos/acções 2,2 2,2 2,2 2,5 2,5 Quadro 3.104 Avaliação relativa aos acessos/facilidade de mobilidade 66 Quanto ao nível performativo das respostas, há uma percentagem considerável de pessoas que não responderam a esta questão (15% do total da amostra), e ao nível da resposta “não sei”, encontramos um valor inferior, que tende para 4% do conjunto dos inquiridos. 67 Esta questão só poderia ser respondida, caso o utente beneficiasse dos transportes disponíveis na instituição, daí ter havido uma taxa de resposta inferior a todas as outras , quer nos beneficiários antigos, como nos actuais, de aproximadamente 52,0%, o que traduz a não utilização de transportes da instituição. Quadro 3.105 Avaliação da acessibilidade/funcionamento/ regras da instituição Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro revela que os utentes do sistema de formação/reabilitação profissional, em média, avaliam positivamente o funcionamento da instituição frequentada, através da visibilidade e acessibilidade que lhe reconhecem. Apesar da avaliação ser positiva em todos os items, o primeiro merece uma especial atenção, por ser o que apresenta a média de resposta menos positiva com valores constantes para os antigos e os actuais.68 Uma vez que a divulgação/conhecimento das acções/cursos de formação é a questão que assumiu a média de respostas mais baixas, optou-se por cruzar esta variável com outras que permitam caracterizar as pessoas que avaliaram de forma menos positiva este aspecto do funcionamento da instituição. 68 Do total de resposta dadas, a percentagem de pessoas que responderam “não saber” posicionarse perante a escala de avaliação em causa, rondou em média os 16%,no conjunto das questões formuladas. Sendo que apenas 4% do total da amostra não formulou nenhum tipo de opção de resposta. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de deficiência/ Divulgação/conhecimento público das acções Motora Visual % % Auditiva % Paralisia cerebral % Linguagem % Multideficiência % Muito bom 11,4 7,0 14,6 12,1 21,3 11,7 Bom 34,1 35,2 37,4 27,6 38,3 38,8 Suficiente 25,1 29,6 27,6 31,0 19,1 19,4 Insuficiente 23,2 26,8 10,6 13,8 12,8 15,5 Não sei 6,2 1,4 9,8 15,5 8,5 14,6 Total 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 211 71 123 58 47 103 Quadro 3.106 Divulgação das acções/cursos por tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Perante os dados apresentados neste último quadro, pode-se avançar com a conclusão de que são as pessoas portadoras de uma deficiência visual, que avaliam de forma mais negativa esta questão, sendo que 56,4% do total de pessoas com esta deficiência referem como resposta a opção suficiente ou insuficiente.Também as pessoas com deficiência motora, com paralisia cerebral e com deficiência auditiva, se revelam menos satisfeitas com este aspecto do que a média. Tipo de deficiência/ Divulgação/conhecimento público das acções Quadro 3.107 Até 1985 (1986-1988) QCA I QCA II QCA III Divulgação/conhecimento das acções/cursos, por entrada no Muito bom 0,0 14,3 12,2 13,4 12,5 Bom 53,8 54,3 44,3 31,6 33,2 Suficiente 11,5 8,6 17,4 22,5 21,5 Insuficiente 11,5 14,3 13,9 15,4 19,6 Não sei 23,1 8,6 12,2 17,1 13,2 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 26 35 115 449 897 Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Tendo em consideração as diferentes épocas, que marcam a entrada dos utentes para o sistema de reabilitação, constata-se que, conforme os períodos vão evoluindo, também a percepção negativa deste aspecto vai aumentado. Assim, se no período que vai até 1985, apenas 23% das pessoas avaliavam de forma menos positiva o indicador em causa, enquanto no período abrangido pelo III Quadro Comunitário de Apoio, esse valor quase que duplica, perfazendo, 41,1% do total das pessoas que entraram depois do ano de 1999. sistema, por QCA 183 184 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Se tivermos em conta as medidas que têm sido propostas pelos programas comunitários, ao nível da divulgação e publicitação das iniciativas de forma a tornar mais acessível o conhecimento das acções de formação junto das pessoas com deficiência, os dados resultantes desta análise devem merecer uma atenção redobrada. Quadro 3.108 Divulgação/conhecimento das acções por nível de escolaridade do próprio Nível de escolaridade/ Acabei o ensino básico % Acabei o Tenho curso ensino médio/superi secundário or % % Nenhum % Sei ler e escrever % Muito bom 14,5 11,0 10,8 11,0 13,4 9,6 9,1 Bom 29,0 38,2 34,4 34,8 35,6 35,1 18,2 Suficiente 6,5 14,7 17,5 23,6 24,6 33,3 18,2 Insuficiente 7,2 7,4 15,3 18,1 18,4 19,3 54,5 Não sei 42,8 28,7 22,0 12,4 8,0 2,6 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total dos individuos considerados 138 136 378 563 402 114 11 Divulgação/ conhecimento público das acções Completei o Completei 4º ano o 6º ano % % Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 De acordo com os valores apresentados no quadro anterior, conclui-se que conforme o nível de escolaridade dos inquiridos vai aumentado, a sua percepção também vai sendo mais negativa, podendo-se, assim, realçar a relação directa entre estas duas variáveis. Como se o crescimento da escolariddade se fizesse acompanhar pela exigência de mais fácil acesso à informação. De referir, ainda, que a percentagem de respostas “não sei”, vai diminuindo no mesmo sentido. Os indivíduos que não adquiriram nenhum nível de habilitações, 42,8% e 28,7%, não sabem responder a esta questão, enquanto aqueles que possuem um curso médio ou superior, respondem na sua totalidade. Logo, ao que parece, a capacidade de aprender também aumenta a exigência. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Dimensões consideradas na avaliação Geral Antigos Actuais Valorização pessoal 7,9 10,0 6,8 Relação/comunicação entre colegas 13,1 11,1 14,1 Relação/comunicação com formadores 6,6 7,2 6,3 Aprendizagem e conhecimento em geral 19,5 18,3 20,0 Conteúdos de formação 22,7 22,9 22,6 Integração no mercado de trabalho/valorização profissional 15,5 17,0 14,7 Acompanhamento institucional 6,5 6,3 6,6 Outros 1,2 1,1 1,3 Não sabe 7,0 5,9 7,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1382 458 924 185 Quadro 3.109 Aspectos positivos da acção/curso de formação 69 Fonte:Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É ao nível dos conteúdos, quer gerais, quer formativos/profissionais, que os inquiridos manifestam maior interesse, considerando terem sido, os aspectos mais positivos durante o percurso formativo. Entre os antigos e os actuais utentes , parece não haver diferenças consideráveis. Geral Antigos Actuais Formação/conteúdos 14,3 12,6 15,0 Práticas pedagógicas de formação 4,8 4,1 5,1 Relacionamento com os outros em geral 5,7 5,8 5,7 Duração do curso/horários 7,0 9,2 6,0 Equipamentos e estruturas físicas 18,2 14,3 19,8 Falta de apoio institucional 3,6 5,4 2,8 Remuneração/valor da bolsa 3,9 4,4 3,7 Outros 7,8 6,8 8,2 Nenhum aspecto negativo/não sabe 34,8 37,4 33,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 975 294 681 Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 3.110 Aspectos negativos da acção/curso de formação 69 O quadro 3.109 foi construído a partir de perguntas abertas, nas quais se pedia para indicar no máximo três aspectos que os inquiridos consideravam ter sido mais positivos ou mais negativos, ao longo de todo o processo de formação/reabilitação profissional. De acordo com as respostas obtidas, e para efeitos de análise, optou-se por criar categorias temáticas que agregassem o conjunto de respostas dadas. 186 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quanto aos aspectos negativos mencionados pelos inquiridos, observa-se que mais de 1/3 do total não sabe ou diz não existir nenhum aspecto negativo. O aspecto seguinte a ser avaliado de forma negativa, refere-se aos equipamentos e estruturas físicas da instituição frequentada, com 18,2% sobre o total de respondentes. Nesta questão, a percentagem de não respostas é de 50%. Os utentes actuais, parecem estar mais descontentes face aos conteúdos da formação e às práticas pedagógicas, que os antigos. No entanto, há uma tendência para os actuais não atribuírem tanto peso aos aspectos que se relacionam com a falta de apoio institucional, a duração dos cursos e ainda a questão da remuneração financeira. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 4- Impactos nas Pessoas com Deficiência Os objectivos do Fundo Social Europeu não são o desenvolvimento de um sistema de reabilitação profissional das pessoas com deficiência, nem sequer a constituição de uma rede de instituições mais ou menos equipadas e preparadas para prestar um conjunto de acções de valorização desta população, com vista à integração no mercado de trabalho. Estes são aspectos instrumentais, todavia decisivos, do objecto real, que é a participação dos cidadãos com deficiência na vida colectiva, de forma autónoma. A qualificação pessoal e sócio-profissional e a capacidade de obter uma situação profissional competitiva com as potencialidades que cada pessoa pode desenvolver e com os padrões de dignidade e qualidade normais na nossa sociedade, em que é o objectivo do FSE, dos programas que promove, das organizações que apoia e do sistema que apura e sustenta. A articulação dos impactos do FSE, nas próprias pessoas com deficiência é, assim, o aspecto mais central do presente estudo, objecto deste capítulo baseado no tratamento estatístico dos dados obtidos pelos questionários aplicados aos utentes do sistema de reabilitação. Assim, aqui se poderá encontrar variada informação referente não apenas a questões directamente ligadas à frequência do sistema de reabilitação e ao exercício de uma profissão. Este questionário foi o principal instrumento de verificação directa dos impactos do FSE na população de indivíduos com deficiência em Portugal, partindo dos testemunhos dos próprios. Este instrumento de recolha de informação empírica proporcionou uma informação muito rica em conteúdos que, pode ser alvo de uma análise ainda mais aprofundada, no sentido de identificar perfis, tipologias, situações e de percursos, e bem como estabelecer e identificar relações e associações entre certas características individuais, desempenhos práticos e percepções subjectivas, aprofundando deste modo a análise dos impactos do FSE sobre as pessoas com deficiência que aqui serão evidenciados. 4.1- Situação Profissional Actual Para perceber de que modo os indivíduos se inserem no mercado de trabalho, neste capítulo irão ser abordadas as questões relativas à sua situação profissional actual e anterior e ainda os modos de subsistência, entre outras questões relacionadas com a empregabilidade e os percursos profissionais. O que se pode observar no quadro 4.1 é a situação perante o trabalho dos indivíduos que compõem a nossa amostra. Neste quadro é evidente a diferente situação vivida pelos actuais ou pelos antigos utentes do sistema de reabilitação. Assim, se 62,2% dos antigos beneficiários estavam a exercer uma profissão, 96,6% dos actuais estavam em formação na altura em que responderam ao questionário. 187 188 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Ainda de salientar que apenas 0,3% dos antigos continuavam a frequentar uma acção de reabilitação ou formação. Actual situação perante o trabalho Geral % Antigos Actuais % % Sim Sim Sim Exerço uma profissão 21,9 62,2 1,2 Ocupo-me das tarefas do lar 4,2 8,1 2,2 Sou estudante 3,2 1,4 4,1 Frequento um programa de reabilitação ou formação 63,9 0,3 96,6 Estou reformado 4,3 5,4 3,8 Estou incapacitado de forma permanente para o trabalho 1,7 1,7 1,7 Estou desempregado há menos de um ano 1,9 5,4 0,2 Estou desempregado há mais de um ano 4,9 9,6 2,5 Estou à procura do primeiro emprego 5,2 8,7 3,4 Encontro-me noutra situação 3,6 9,5 0,6 Quadro 4.1 Actual situação perante o trabalho Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É ainda de realçar que cerca de 6,8% do total está em situação de desemprego. Esta é uma média que, neste momento, não se distancia muito da taxa de desemprego da população portuguesa. Porém, se olharmos apenas os utentes antigos, a taxa sobe de modo muito considerável, constituindo um verdadeiro problema. O mesmo se pode dizer dos que se encontram à procura do primeiro emprego. O quadro seguinte aprofunda melhor as razões que estiveram na origem do desemprego. Origem da situação de desemprego Antigos % Cessação do contrato de trabalho 39,2 Despedimento colectivo 2,7 Falência da entidade empregadora 9,5 Rescisão do contrato de trabalho 13,5 Outra razão 27,0 Não sei 8,1 Total 100 Total de indivíduos considerados 74 Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.2 Origem da situação de desemprego Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Entre os antigos beneficiários, a principal causa da situação de desemprego é a cessação do contrato de trabalho. Há ainda valores bastante elevados nas categorias ‘não sei’, ou ‘outra razão não especificada’, o que poderá indicar uma ignorância das razões pelas quais se está desempregado. Razões para permanência do desemprego Antigos % Porque não encontro trabalho 80,0 Porque não preciso de trabalhar 0,0 Porque não aceitei as condições que me foram propostas 6,7 Porque o local de trabalho não me é acessível 5,3 Outra razão 5,3 Não sei 2,7 Total 100 Total de indivíduos considerados 75 Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto às razões de permanência no desemprego, a maioria dos indivíduos refere o facto de não encontrar trabalho, sendo ainda de referir que cerca de 5% não pôde aceitar o exercício de uma profissão porque o posto de trabalho lhe não era acessível. Também neste quadro se encontram valores bastante elevados relativos às categorias ‘não sei’, ou ‘outra razão’, que acumularam uma proporção elevada de respostas. Quadro 4.3 Razões na permanência no desemprego se for esta a situação 189 190 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Meios de vida principais Geral % Antigos Actuais % % Vivo de rendimentos provenientes do trabalho 20,6 57,3 1,1 Recebo subsídios de desemprego 0,7 2,0 0,1 Recebo subsídios de doença (baixa) 0,3 0,3 0,3 Recebo pensão social 6,7 11,1 4,3 Recebo pensão de sobrevivência 0,6 1,1 0,3 Recebo pensão de invalidez 4,1 5,9 3,2 Recebo pensão de velhice ou reforma 0,5 0,6 0,4 Recebo R.M.G./R.S.I. 0,9 1,1 0,8 Recebo uma bolsa 34,2 4,0 50,2 Vivo a cargo da família 28,8 14,8 36,2 Vivo de rendimentos de propriedade 0,2 0,3 0,1 Outros apoios sociais 1,6 1,2 1,8 Não sei 0,8 0,3 1,1 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1872 648 1224 Fonte:Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 No quadro 4.4 pode-se detectar que, para metade dos indivíduos que estão actualmente no sistema, a bolsa de formação é a principal fonte de rendimento. Já para 57,3% dos antigos beneficiários, o principal meio de vida são os rendimentos provenientes do trabalho. Note-se ainda os baixos níveis de protecção do desemprego e os níveis elevados de pessoas que recebem pensões de invalidez, pensões sociais ou vivem a cargo da família, o que traduz lacunas prováveis no sistema de protecção. Deve-se ainda referir que uma percentagem bastante significativa – sobretudo dos actuais formandos – diz viver a cargo da família, o que poderá revelar de, certa forma, um défice na aquisição de autonomia. No entanto, o facto de se tratar de uma população muito jovem, pode ser uma explicação para estes números. Quadro 4.4 Meio de vida principal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Grupos profissionais Antigos % Quadros superiores da administração pública 0,0 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 5,5 Técnicos e profissionais de nível intermédio 3,3 Pessoal administrativo qualificado 15,6 Pessoal qualificado dos serviços 21,1 Agricultores, pescadores e afins qualificados 9,2 Operários, artífices e artesãos não qualificados 25,4 Operários da indústria não qualificados 1,5 Pessoal não qualificado 18,4 Total 100 Total de indivíduos considerados 456 Fonte:Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Este quadro diz respeito à estrutura das profissões exercidas pelas pessoas inquiridas. Nele se pode observar que 45,1% dos actuais utentes se encontra entre os operários, artífices e artesãos não qualificados, bem como 20,1% dos antigos frequentadores do sistema. No entanto, dentro destes, 25,4% é pessoal qualificado dos serviços. São ainda de salientar as profissões mais especializadas, sendo 5,5% especialistas e profissionais intelectuais e científicos e 15,6% profissionais administrativos qualificados e, pelo contrário, os 25,4% e 18,4% que correspondem, respectivamente, aos operários, artífices e artesãos não qualificados e ao pessoal não qualificado existente na nossa amostra. No quadro 4.6, pretende-se mostrar a relação existente entre as áreas das formações realizadas e as profissões exercidas pelos formandos. Pode-se observar que, dos indivíduos que exercem uma profissão na categoria dos quadros de profissionais intelectuais e científicos, 88,5% esteve numa acção de formação de formadores. Na categoria dos técnicos e profissionais intermédios, 13,3% frequentou uma acção de formação de formadores e outros 13,3% uma acção de orientação/formação profissional. Entre o pessoal administrativo e similar, 39,7% esteve numa acção de Práticas Administrativas e Secretariado e 36,5% frequentou uma acção de Informática e Multimédia. Já do pessoal dos serviços e vendedores, 23,4% teve formação em Hotelaria e Restauração, 18,1% em Lavandaria, Manutenção e Limpezas, 12,8% em Trabalhos Manuais (Têxteis, Olaria e Costura) e 11,7% em Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais. 81,4% dos beneficiários inquiridos que desempenham uma actividade como trabalhadores agrícolas e da pesca tiveram formação em Hortofloricultura e Tratamento de animais. Quadro 4.5 Profissão do próprio 191 192 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Dos operários, artífices e similares, 38,2% esteve em formação na área de Construção Civil, Electricidade e Serralharia, 17,9% em orientação/formação profissional e 13,8% em Trabalhos Manuais (Têxteis, Olaria e Costura). De entre os operários de instalações, máquinas e montagem, 42,9% esteve em formação na área de Trabalhos Manuais (Têxteis, Olaria e Costura) e 28,6% na área de Construção Civil, Electricidade e Serralharia. Por último, dos que se inserem na categoria dos trabalhadores não qualificados, 34,1% frequentaram formação na área de Lavandaria, Manutenção e Limpezas e 16,5% na área de Trabalhos Manuais (Têxteis, Olaria e Costura). Daqui se pode concluir que há uma certa relação, embora não automática, entre as actividades exercidas e as áreas das acções de formação frequentadas. Esta relação, em particular, é visível nas pessoas que já não estão formalmente ligadas ao sistema. 6,7 0,0 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 7,7 0,0 Informática e Multimédia Hotelaria e Restauração Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais Lavandaria, Manutenção e Limpezas Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis Práticas Administrativas e Secretariado Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 100 15 0,0 0,0 100 26 Orientação/formação profissional Outros Total Total de indivíduos considerados 63 100 6,3 7,9 1,6 0,0 1,6 39,7 0,0 1,6 1,6 3,2 36,5 Pessoal administrativo e similar % Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 40,0 13,3 13,3 88,5 Formação de formadores 0,0 0,0 6,7 20,0 0,0 0,0 Construção Civil, Electricidade e Serralharia Última acção frequentada 0,0 Técnicos e profissionais intermédios % Grupos profissionais/ Profissionais intelectuais e científicos % Profissão do próprio pela última acção frequentada (geral) Quadro 4.6 94 100 4,3 8,5 1,1 5,3 12,8 10,6 0,0 18,1 43 100 0,0 2,3 4,7 2,3 2,3 2,3 0,0 0,0 100 7 123 0,0 0,0 0,0 28,6 42,9 14,3 0,0 0,0 0,0 14,3 85 100 4,7 7,1 0,0 9,4 16,5 3,5 1,2 34,1 9,4 5,9 Operários de Trabalhadores instalações, não máquinas e qualificados montagem % % 0,0 7,1 100 5,7 17,9 0,0 38,2 13,8 4,1 1,6 6,5 9,8 2,4 4,7 23,4 81,4 0,0 0,0 4,3 11,7 Operários, artífices e similares % Trabalhadores agrícolas e da pesca % Pessoal dos serviços e vendedores % Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 193 194 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Ramo ou sector de actividade Antigos % Quadro 4.7 Ramo ou sector em que a Agricultura, produção animal, caça e pesca 10,9 Indústrias e distribuição de gás e electricidade 12,8 Comércio por grosso e a retalho 15,9 Construção e obras públicas 9,6 Transporte, armazenagem e comunicações 4,1 Telecomunicações e serviços electrónicos 4,6 Administração pública, defesa e segurança social 4,3 Educação 8,4 Saúde e acção social 3,6 Actividades financeiras 0,5 Hotelaria e restauração 13,9 Comunicação social, serviços culturais e recreativos 0,7 Serviços de limpeza 8,2 Outros 2,5 Total 100 Total de indivíduos considerados 439 profissão é exercida Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto ao sector do exercício da profissão, sendo de realçar a diversidade dos sectores considerados, podemos observar que os antigos beneficiários se encontram maioritariamente a desenvolver actividade no ramo de comércio por grosso e a retalho, na hotelaria e restauração, nas indústrias e distribuição de gás e electricidade e na agricultura e pescas. A situação na profissão da esmagadora maioria dos indivíduos (cerca de 90%) é de trabalhador por conta de outrem, como se pode observar no Anexo 4.15. Tipos de contrato Antigos % Quadro 4.8 Tipo de contrato de trabalho Efectivo - contrato sem termo 57,5 Contrato a prazo 30,2 Contrato temporário, sazonal, à tarefa 1,2 Recibos verdes 2,3 Sem contrato 5,3 Outra situação 3,5 Total 100 Total de indivíduos considerados 431 Fonte: Inquérito Nacional aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 195 Relativamente aos tipos de contrato dos antigos clientes do sistema que estavam a exercer uma profissão, 57,5% disse ter um contrato sem termo e 30,2% a prazo. Note-se que há mais efectivos e contratados a prazo entre os antigos beneficiários que entre os actuais. É ainda de mencionar que 5,3% dos indivíduos está a trabalhar sem contrato. O quadro 4.9 refere-se mais uma vez às percentagens e comparações com dados nacionais, em particular ao enquadramento dos tipos de contratos de trabalho que os portugueses celebram. Nele se pode ver que a proporção de contratos sem termo entre os utentes do sistema é idêntica, pois se na primeira existem 56,3% de indivíduos nesta situação, na população portuguesa 57,2% diz ter contrato permanente de trabalho. Relativamente aos contratos a termo, verifica-se que há uma proporção bastante mais elevada de indivíduos com deficiência nesta condição, o que de algum modo reforça a ideia de vulnerabilidade à precariedade a que já nos referimos. Tipos de contrato na população nacional % Quadro 4.9 Tipo de contrato da população Trabalhador por conta própria 24,6 Trabalho familiar não remunerado e outros 2,3 Trabalhador por conta de outrem 70 73,1 Total 100 Trabalhador por conta de outrem - Contrato permanente 57,2 Trabalhador por conta de outrem - Contrato temporário 15,9 Trabalhador por conta de outrem - Contrato a prazo 11,8 portuguesa a exercer uma actividade Fonte: Inquérito ao emprego 2002, INE Pelo contrário, apenas 7,1% dos beneficiários afirmaram ser trabalhadores por conta própria, perante 24,6% na população nacional, ou seja, de entre os utentes do sistema há uma proporção muito menor de trabalhadores por conta própria que em Portugal (para este propósito consulte-se o Anexo 4.14).71 A esmagadora maioria de beneficiários que exercem actividade profissional fálo a tempo inteiro (93,9% contra 6,1% a tempo parcial subindo esta proporção para 94,3% para 5,7% entre os antigos beneficiários). 70 Note-se que, por não serem mutuamente exclusivas, as sub-categorias que compõem os trabalhadores por conta de outrem abaixo enunciada não somam 100%. 71 Note-se que em Portugal, por vezes, este tipo de relação laboral também traduz instabilidade profissional. Mas como nela se incluem profissionais liberais e trabalhadores realmente independentes, pode-se afirmar com certa segurança que as pessoas com deficiência apresentam aqui uma desvantagem, aliás reforçada pela quase ausência de patrões. 196 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipos de entidade Geral % Antigos Actuais % % Empresa privada 47,1 47,7 44,6 Organismos da administração pública local e central 12,3 13,4 4,6 Empresa pública 2,5 2,5 3,1 Instituição sem fins lucrativos 30,1 29,3 35,4 Noutra situação 8,0 7,4 12,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 512 447 65 Quadro 4.10 Entidade empregadora Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 As entidades que mais empregam indivíduos oriundos do sistema de reabilitação sócio-profissional são as empresas privadas, no entanto, as instituições sem fins lucrativos têm também um papel de destaque. Os organismos de administração pública local e central empregam ainda cerca de 12% dos indivíduos inquiridos. O facto de as empresas privadas serem as principais entidades empregadoras pode explicar-se, em parte, pelos benefícios fiscais de que podem usufruir ao empregar pessoas com deficiência, mas a verificação de que, com postos de trabalho adaptados e bem qualificados, estas pessoas podem ser tão produtivas como quaisquer outras, também tem vindo a afirmar-se. Aliás, vários estudos mostram que o mercado de emprego é permeável a estímulos, como incentivos fiscais ou outros benefícios, mas a níveis que estão longe de explicar este padrão de distribuição dos inquiridos. A aproximação do sistema de reabilitação ao tecido empresarial que analisámos atrás, e a preparação obtida pelos candidatos ao trabalho, são assim os principais factores explicativos. Intervalos de tempo Geral % Antigos Actuais % % Menos de 3 meses 6,1 5,2 12,1 Entre 3 e 6 meses 6,5 6,1 9,1 Entre 6 meses e 1 ano 15,2 15,8 10,6 Mais de 1 ano 15,6 13,8 27,3 Mais de 2 anos 14,8 15,8 7,6 Mais de 3 anos 41,9 43,2 33,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 508 442 66 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.11 Tempo há que exerce a actual profissão Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Em relação à duração das profissões, pode-se observar que 41,9% dos indivíduos está a trabalhar há mais de 3 anos e que a maioria dos inquiridos diz estar a trabalhar entre os últimos seis meses e os 2 anos (45,6%). Note-se ainda que, dentro dos actuais beneficiários, 12,1% está a trabalhar há menos de 3 meses. Não parece, assim, confirmar-se a imagem comum de que entre esta população não existe qualquer instabilidade profissional. Isto carece de outra leitura. 1ª - O método de acesso aos inquiridos “antigos”, que são a maioria dos que estão a trabalhar, pode ter influenciado a fraca proporção dos indivíduos envolvidos no QCAI. 2ª - O QCA III está em curso e a maioria dos formandos que já saíram não o podem ter feito há mais de três anos. Então, o que fica? Quem, apesar da estabilidade que há nas mesmas pessoas envolvidas no QCA I, se encontrarem na actual profissão há menos de 3 ou 6 meses em proporções que são acumuláveis (5,6% e 8,3%) o mesmo se poderá dizer das que foram promovidas durante o QCA II (11,1% e 8,3%) sendo que aqui também é relevante o facto de que têm procurado estabilizar há mais tempo (17,2% entre 6 meses e 1 ano e 15,1% entre 1 e 2 anos). Anos de financiamento/ Intervalos de tempo Até 1985 1986Total de 1988 QCA I QCA II QCA III Total individuos * considerados Menos de 3 meses 0,0 0,0 5,6 11,1 83,3 100 18 Entre 3 e 6 meses 0,0 0,0 8,3 8,3 83,3 100 24 Entre 6 meses e 1 ano 0,0 0,0 0,0 17,2 82,8 100 58 Mais de 1 ano 0,0 0,0 2,1 19,1 78,7 100 47 Mais de 2 anos 0,0 1,7 6,8 30,5 61,0 100 59 Mais de 3 anos 4,8 3,2 16,0 44,0 32,0 100 125 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 * (regulamento anterior) Em relação à adaptação dos postos de trabalho, os antigos frequentadores do sistema são bastante críticos, uma vez que a maioria afirma que os postos de trabalho não são adaptados (70,8%). No entanto, entre os actuais utentes do sistema, observa-se o inverso, pois apenas 36,5% partilha desta opinião. Quadro 4.12 Tempo da actual profissão segundo o financiamento da última acção frequentada 197 198 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Existência de adaptação do posto de trabalho Geral % Antigos Actuais % % Sim 33,1 29,2 63,5 Não 66,9 70,8 36,5 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 456 404 52 Quadro 4.13 Posto de trabalho adaptado Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Esta discrepância pode dever-se ao facto de os ‘actuais’ se estarem a inserir no mercado de trabalho num período mais recente, onde as acessibilidades e adaptabilidades são tratados com maior atenção que no passado. Existência de adaptação do posto de trabalho/ Geral % Antigos Actuais % % Tipos de empresa Sim Sim Sim Empresa privada 76,7 75,9 78,6 Organismo de administração pública e central 11,7 13,8 7,1 Instituição sem fins lucrativos 4,7 6,9 0,0 Outro tipo de situação 7,0 3,4 14,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 130 105 25 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Para perceber quais são as entidades empregadoras que os inquiridos consideram melhor adaptadas, cruzaram-se as duas variáveis em causa no Quadro 4.15. Deste cruzamento, pode-se observar que são as empresas privadas que mais estão adaptadas para empregar pessoas com deficiência, sendo esta posição defendida mais por antigos do que por actuais utentes do sistema. Quadro 4.14 Posto de trabalho adaptado por tipos de entidades empregadoras Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Existência de adaptação do posto de trabalho/ Geral % Antigos Actuais % % Tipos de deficiência Sim Sim Sim Motora 19,1 20,5 13,8 Visual 6,4 8,0 0,0 Auditiva 9,9 12,5 0,0 Mental 34,8 34,8 34,5 Paralisia Cerebral 6,4 6,3 6,9 De Linguagem 2,1 0,9 0,0 Multideficiência 7,8 9,8 6,9 Outro tipo 11,3 6,3 31,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 443 395 48 199 Quadro 4.15 Posto de trabalho adaptado por tipos de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Dentro dos indivíduos com deficiência que partilham da opinião de que os seus postos de trabalho estão adaptados às suas necessidades, pode-se observar que são as pessoas com deficiência mental e motora que têm um parecer mais positivo e os visuais e auditivos os que menos consideram haver uma adaptação dos postos de trabalho às suas necessidades72. Este sentimento de não adaptação é mais sentido entre os actuais utentes do sistema. Entre estes, dos deficientes visuais e auditivos nenhum respondeu afirmativamente a este tópico. 4.2- Percurso de reabilitação/formação sócio-profissional Podíamos considerar que a estrutura da situação profissional dos inquiridos, tal como foi apresentada nas páginas precedentes, é o resultado dos impactos do FSE, cuja relevância no sistema podemos observar em capítulos anteriores. Em suma, podíamos dizer que, se hoje a proporção de pessoas com uma situação profissional ou de formação é a apresentada, quando o ponto de partida foi quase o zero, então isso é fruto de efeito de arrastamento e financiamentos do FSE. Mas julgamos que essa hipótese pode ser melhor evidenciada observando não apenas a estrutura, mas também os percursos de formação e de emprego dos beneficiários do sistema. 72 4.2.1- Percurso profissional Passemos então ao aprofundamento do percurso profissional dos indivíduos que frequentam ou já frequentaram o sistema de reabilitação. O quadro 4.18 refere-se a esse percurso. Nele se podem observar os grupos profissionais a que Note-se que as pessoas com estas dificuldades são em média mais escolarizadas, e tendem a ser mais escolarizadas e mais críticas em todos os domínios de opinião abordados neste estudo. 200 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal pertencem os indivíduos que constituem a nossa amostra, na última e penúltima profissão exercida. Em termos gerais, podemos dizer que, à medida que cresce o número de profissões que os indivíduos vão tendo, mais qualificadas estas tendem a ser. Em termos de comparação dos actuais e antigos utentes, esta tendência é mais marcada nos indivíduos que já não estão em formação que são geralmente mais velhos, mais escolarizados e adquiriram entretanto competências profissionais resultantes da experiência prática.(quadro 4.16 e 4.17) Em termos de empregabilidade ao longo do percurso profissional, pode-se observar que as empresas privadas continuam a ser a principal entidade empregadora, embora absorvam menos pessoas com deficiência à medida que aumenta o número de profissões ocupadas ao longo da vida. Esta tendência para a saída pode-se observar noutros tipos de entidade empregadora, como nos organismos da administração pública central ou outros. Verifica-se o inverso nos organismos da administração pública local e nas instituições sem fins lucrativos, pois à medida que os indivíduos vão tendo mais profissões, vai aumentando o peso destas entidades, como se elas constituíssem uma espécie de refúgio ou amparo dos mais desfavorecidos ou pior sucedidos no mercado de trabalho empresarial e na administração. Estas orientações das entidades empregadoras, quer para aumentar a sua capacidade de empregabilidade, quer para a diminuir à medida que os indivíduos vão tendo mais profissões, é constante entre antigos e actuais beneficiários do sistema, como se poderá ver no Anexo 4.1573. 73 Estes dados permitiriam ainda um tipo de tratamento estatístico analítico onde se poderiam identificar tipos de percursos de transição de emprego para a formação, transição da formação para o emprego, recaídas no sistema, entre outros. No entanto, dada a limitação temporal, a possibilidade deste tipo de tratamento fica apenas enunciada como sendo pertinente numa análise posterior mais aprofundada. 10,4 9,9 8,3 0,0 5,7 5,7 40,6 3,6 13,5 0,5 100 192 3,8 11,8 23,7 6,5 30,2 2,7 21,3 0,0 0,0 0,0 100 338 Técnicos e profissionais de nível intermédio Pessoal administrativo qualificado Pessoal qualificado dos serviços Agricultores, pescadores e afins qualificados Operários, artífices e artesãos não qualificados Operários não qualificados da indústria e máquinas pesadas Trabalhadores não qualificados dos serviços Trabalhadores não qualificados da agricultura Trabalhadores não qualificados da construção civil Doméstica Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 1,6 0,0 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 2ª profissão % 0,0 1ª profissão % 0,0 Número de profissões Geral % Quadros superiores da administração pública Grupos profissionais Emprego ou profissão passados Quadro 4.16 182 100 0,0 0,0 0,0 27,5 2,7 28,6 6,6 24,7 8,2 1,6 0,0 0,0 1ª profissão % 109 100 0,9 16,5 5,5 37,6 7,3 3,7 0,0 10,1 9,2 6,4 2,8 0,0 2ª profissão % Antigos % 0,0 0,0 15,7 10,8 6,0 0,0 0,0 6,4 16,0 22,4 8,4 3,6 44,6 1,2 9,6 0,0 100 83 32,1 2,6 14,1 0,0 0,0 0,0 100 156 6,4 2ª profissão % 1ª profissão % Actuais % Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 201 202 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Número de profissões Tipo de entidade 1ª 2ª 3ª 4ª profissão profissão profissão profissão % % % % Empresa privada 78,5 73,7 79,8 70,3 Organismo da administração pública central 5,7 11,4 7,1 5,4 Organismo da administração pública local 4,7 8,4 6,0 8,1 Instituição sem fins lucrativos 3,4 1,8 6,0 10,8 Outro tipo de entidade 7,7 4,8 1,2 5,4 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 297 167 84 37 Quadro 4.17 Tipo de entidade empregadora (geral) Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.18 Grupos profissionais por tipo de entidade empregadora 74 (geral) Organismo Organismo Instituição da adm. da adm. sem fins central local lucrativos % % % Outro tipo de situação % Total Total de indivíduos considerados . Grupos profissionais Empresa privada % Quadros superiores 45,5 36,4 9,1 0,0 9,1 100 11 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 78,6 3,6 3,6 7,1 7,1 100 28 Pessoal administrativo qualificado 86,7 6,7 3,3 0,0 3,3 100 30 Pessoal qualificado dos serviços 77,8 0,0 11,1 11,1 0,0 100 9 Agricultores, pescadores e afins qualificados 82,5 2,5 2,5 5,0 7,5 100 40 Operários, artífices e artesãos não qualificados 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 2 Operários da indústria não qualificados 68,2 0,0 13,6 4,5 13,6 100 22 Tipo de entidade onde trabalhou Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto aos tipos de profissionais a que cada entidade dá emprego, pode-se observar que todos os ‘operários, artíficies e artesãos não qualificados’ e ‘especialistas e profissionais intelectuais e científicos’ estão a trabalhar numa empresa privada. É no pessoal dos ‘quadros superiores’ que se encontra o maior número de trabalhadores num organismo da administração central (36,4%),apesar de este grupo profissional ser ligeiramente mais ‘assimilado’ pelas empresas privadas (45,5%). 74 A entidade empregadora aqui considerada é a relativa à primeira profissão, pois é a que contabiliza mais respostas válidas. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Já os “técnicos e profissionais de nível intermédio”, para além das empresas privadas (78,6%), são também trabalhadores de instituições sem fins lucrativos (7,1%). Quanto ao ”pessoal administrativo qualificado”, este distribui-se pelas empresas privadas (86,7%) e pelos organismos da administração central (6,7%). Do “pessoal qualificado dos serviços” que constitui a nossa amostra, 77,8% é empregado por empresas privadas; 11,1% por organismos da administração local e ainda outros 11,1% por instituições sem fins lucrativos. Os ‘agricultores, pescadores e afins qualificados são, de um modo geral, mais empregados por empresas privadas, havendo ainda 2,5% que está a trabalhar em organismos de administração central e outros 2,5% na local, e 5% em Instituições sem fins lucrativos. Por fim, os “operários da indústria não qualificados” têm como principais entidades empregadoras as empresas privadas (68,2%) e os organismos de administração local (13,6%), e as instituições sem fins lucrativos (4,5%). Se se quiser analisar a informação deste quadro, desagregando-a por actuais ou antigos beneficiários do sistema, conclui-se que, de um modo geral, são também as empresas privadas as que mais empregam, registando-se ainda a particularidade de entre os antigos utentes operários da indústria não qualificados estarem a trabalhar para instituições sem fins lucrativos, e pelo contrário aí estarem a desenvolver actividades profissionais vários grupos profissionais dos actuais utentes, como se poderá confirmar no anexo 4.16. Número de profissões Escalões de ano de início 1ª 2ª 3ª 4ª profissão profissão profissão profissão % % % % Até 1989 47,0 27,5 23,2 17,1 Até 1993 11,3 20,9 19,5 22,9 Até 1999 28,3 28,1 31,7 37,1 Até 2003 13,3 23,5 25,6 22,9 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 353 153 82 35 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro 4.19 remete novamente para os vários períodos de co-financiamento comunitário existentes ao longo dos últimos anos, cruzando o percurso profissional de cada indivíduo com o QCA que abrangeu a última acção frequentada. Assim, pode-se observar que dentro dos indivíduos que tiveram uma profissão, 47% esteve numa acção de formação cujo financiamento teve lugar até 1989, sendo ainda expressivo neste grupo 28,3% da população que esteve em formação financiada até 1999. Quadro 4.19 Ano de início das actividades profissionais (geral) 203 204 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Dos utentes que tiveram até duas profissões, há uma distribuição relativamente equilibrada pelos anos de financiamento das acções que foram realizadas. Já nos que tiveram até 3 profissões ou até 4 profissões, verifica-se uma concentração na frequência de acções financiadas entre 1999 e 2003. No entanto, não é uma concentração de tendência muito marcada (cerca de 57,3% e 60,0%, respectivamente). Na observação dos quadros específicos de antigos ou actuais beneficiários do sistema (Anexo 4.17), observa-se uma tendência semelhante à já descrita anteriormente, apenas com a diferença que no grupo dos antigos, as acções frequentadas com financiamentos posteriores têm peso relativos um pouco superiores, como aliás seria de esperar, uma vez que são mais velhos, permanecem pelo sistema em fases anteriores, e voltam a ele durante o percurso de trabalho e formação. Intervalos de duração 1ª 2ª 3ª 4ª profissão profissão profissão profissão % % % % Até 6 meses 37,3 42,3 34,0 43,9 Até 1 ano 22,0 16,0 28,7 26,8 Até 2 anos 16,7 18,3 11,7 9,8 Até 3 anos 9,7 10,3 11,7 4,9 Até 5 anos 5,0 3,4 1,1 2,4 Mais de 5 anos 9,3 9,7 12,8 12,2 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 300 175 94 41 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Como se pode ver no quadro 4.20 há uma relação entre as profissões que se vão tendo ao longo da vida e a duração das mesmas. Assim, o que se pode dizer é que, de uma forma geral, quando há transições, as profissões são de curta duração: as percentagens mais elevadas concentram-se nos escalões até 6 meses ou até 1 ano. Pode ainda observar-se que quanto mais profissões os indivíduos vão tendo ao longo da vida, mais curtas estas vão sendo. Esta tendência é comum aos antigos e aos actuais frequentadores do sistema. Quadro 4.20 Duração das actividades profissionais por nº de profissões (geral) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tempo de desemprego Duas ou Mais de Uma vez três vezes três vezes % % % Até 6 meses 20,3 4,5 2,0 Até 1 ano 15,4 6,3 5,1 Até 2 anos 9,3 10,7 8,1 Até 3 anos 8,2 4,5 2,0 Mais de 3 anos 46,7 74,1 82,8 Total 100 100 100 Total de indivíduos 182 112 99 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro 4.21 refere-se à experiência de situações de desemprego ao longo da vida. Anteriormente já tinha sido referido que 6,8% dos indivíduos que nos responderam estavam desempregados. Com este quadro pretende-se saber qual a duração e a frequência com que cada indivíduo viveu esta situação. Assim, verificase que quanto mais vezes se está em situação de desemprego, mais prolongado este se torna. Esta observação é também extensível aos antigos e actuais beneficiários, como se pode observar no anexo 4.20. 4.2.2- Percursos formativos e Competências Antes de iniciarmos os sub-capítulos que permitem avaliar os impactos ao nível das pessoas com deficiência, importa retratar, por um lado, a situação que antecede a entrada no sistema de reabilitação e, por outro, caracterizar o percurso formativo dos utentes, antigos e actuais. Situação face ao trabalho antes de iniciar o percurso formativo Antes de iniciar o seu percurso formativo, mais de metade dos inquiridos que actualmente frequenta o sistema, era estudante (53,4%). Agregando os valores percentuais relativos às situações de desemprego, constata-se que 17,6% se encontrava em situação de desemprego ou à procura do 1º emprego. Relativamente ao subconjunto dos utentes que já saíu do sistema de reabilitação sócio-profissional, as situações face ao trabalho apresentam valores um pouco diferenciados, comparativamente aos beneficiários actuais. Em primeiro lugar, havia uma percentagem mais reduzida de estudantes (31,4%), por outro, a percentagem de pessoas que se encontrava à procura do 1º emprego duplicava. Também se pode verificar que havia uma maior percentagem de pessoas que se ocupava das tarefas do lar (20,9%). Quadro 4.21 Vivências de situações de desemprego (geral) 205 206 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Frequência da 1ª acção Actuais % Antigos % Exercia uma profissão 3,3 5,9 Ocupava-se das tarefas do lar 13,5 20,9 Era estudante 53,4 31,4 Frequentava outra acção de reabilitação 2,3 6,1 Estava reformado 3,0 2,5 Estava incapacitado 1,3 0,6 Estava desempregado há menos de 1 ano 4,0 3,6 Estava desempregado há mais de 1 ano 6,5 8,2 Estava à procura do 1º emprego 7,1 15,4 Encontrava-se noutra situação 5,7 5,3 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 948 474 Tipos de situações peranteo trabalho Quadro 4.22 Situação face ao trabalho dos beneficiários ao iniciarem o percurso formativo Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Sexo Tipos de situações perante o trabalho Masculino % Feminino % Exercia uma profissão 4,0 2,5 Ocupava-se das tarefas do lar 8,7 19,0 Era estudante 53,3 53,2 Frequentava outra acção de reabilitação 3,0 1,6 Estava reformado 4,2 1,4 Estava incapacitado 2,0 0,5 Estava desempregado há menos de 1 ano 4,0 3,9 Estava desempregado há mais de 1 ano 7,5 5,6 Estava à procura do 1º emprego 5,5 9,0 Encontrava-se noutra situação. 7,9 3,2 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 505 432 Quadro 4.23 Situação face ao trabalho ao iniciar a 1ª acção, por sexo, dos Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 actuais beneficiários Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A situação quer dos utentes actuais, quer daqueles que já saíram do sistema, segundo o sexo, não registam diferenças substanciais, exceptuando uma situação em particular, que se evidencia como predominantemente feminina - ocupava-se das tarefas do lar (19,0). Para todas as outras situações, o quadro revela-nos que as oscilações de acordo com o sexo, são residuais. Tendo em conta os diferentes tipos de deficiência, existem algumas diferenças consoante as situações face ao trabalho no período que antecede a formação profissional. Da totalidade dos utentes actuais, portadores quer de uma deficiência motora, quer visual, é notório o fraco peso dos estudantes, comparando com todos os outros tipos de deficiência, em que esta situação é maioritária. Assim, como para os actuais, é também de destacar a percentagem de pessoas com deficiência motora que se encontrava desempregada há mais de 1 ano (17,9%), por ser substancialmente superior, comparativamente às restantes deficiências. Ao nível das pessoas com deficiência visual, sobressai o peso que têm as pessoas que se ocupavam das tarefas do lar (20,9%). Os inquiridos com deficiência auditiva, são aqueles que antes de iniciarem qualquer acção de formação, apresentavam a maior proporção de pessoas a exercerem uma profissão (9,8%). Quadro 4.24 Situação face ao trabalho antes de iniciar a 1ª acção por tipo de deficiência do próprio (beneficiários actuais) Tipo de deficiência Tipos de situações perante o trabalho Motora Visual Auditiva Mental Paralisia Cerebral Linguagem Multideficiência Exercia uma profissão 5,3 4,7 9,8 1,6 3,3 6,3 3,5 Ocupava-se das tarefas do lar 11,6 20,9 6,6 15,0 10,0 3,1 14,0 Era estudante 27,4 30,2 62,3 59,3 63,3 62,5 57,9 Frequentava outra acção de reabilitação 3,2 2,3 8,2 1,9 3,3 3,1 1,8 Estava reformado 11,6 14,0 0,0 0,9 0,0 6,3 0,0 Estava incapacitado 6,3 2,3 0,0 0,5 0,0 0,0 3,5 Estava desempregado há menos de 1 ano 5,3 4,7 1,6 3,3 3,3 3,1 8,8 Estava desempregado há mais de 1 ano 17,9 11,6 3,3 4,2 3,3 3,1 1,8 Estava à procura do 1º emprego 6,3 7,0 8,2 7,0 3,3 6,3 8,8 Encontrava-se noutra situação 5,3 2,3 0,0 6,3 10,0 6,3 0,0 Total de indivíduos considerados 95 43 61 427 30 32 57 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 207 208 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O grupo das pessoas mais jovens encontrava-se, sobretudo a estudar. Como seria de esperar, conforme a idade vai aumentado, a proporção de estudantes vai também diminuindo, sendo que a partir dos 25 anos começa a ter um peso inferior face a outro tipo de situação, como a das pessoas com idades entre os 25 e os 29 anos que se ocupavam das tarefas do lar, que representam 28,2% do total de utentes com estas idades. A partir dos 30 anos, os actuais utentes encontravam-se sobretudo em duas situações. A primeira, é o desemprego há mais de 1 ano (34, 9% e 33,3%) e a segunda, agrupando as pessoas que se ocupavam das tarefas do lar 20,5% e 25,9% respectivamente, entre os 30 e 39 anos e com mais de 40 anos. 4.2.3- Competências formativas Ao contrário do que muitas vezes é crença corrente, a maioria dos utentes de reabilitação profissional não fica vinculado ao sistema de reabilitação frequentando sucessivamente acções de formação. Como iremos ver de seguida, apenas uma pequena parcela dos utentes tende a desenvolver um percurso formativo mais lato, no sentido em que é um consumidor de cursos ou formações de forma mais sistemática. Beneficiários Beneficiários Total de antigos actuais beneficiários % % % Frequência de uma acção de reabilitação 72,3 81,8 78,6 Frequência de duas acções de reabilitação 22,8 14,5 17,3 Frequência de três acções de reabilitação 3,3 2,6 2,9 Frequência de quatro de acções de reabilitação 1,6 1,1 1,2 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 578 1137 1715 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Fica, no entanto, por saber se a maioria que realiza mais do que uma acção o faz de forma continuada e intencional, na lógica da formação ao longo da vida, ou se são forçados a mudarem de profissão por dificuldades de acesso e manutenção de emprego. O quadro anterior apresenta a proporção de pessoas que receberam formação/reabilitação pelo número de formações frequentadas. Globalmente, as pessoas abrangidas até 2003, tinham frequentado ou estavam a frequentar, na sua grande maioria (78,6%) apenas uma acção de formação/reabilitação. Se observarmos a percentagem de pessoas que já não estão abrangidas nos programas de formação profissional (beneficiários antigos) verificamos que 72,3% concluíram o seu percurso de formação/orientação mediante a realização de uma acção de formação profissional sendo que é pequena a franja (27,7%) dos que Quadro 4.25 Nº de acções frequentadas até 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 209 frequentaram mais do que uma acção e sendo muito pequena os que frequentam 3 ou 4. Quanto às pessoas que estão, actualmente, em formação profissional, 81,8% encontram-se pela primeira vez a realizar uma formação/reabilitação e outros 14,5% estão na segunda. Quadro 4.26 Percurso formativo segundo as áreas de formação profissional *Nº de acções frequentadas Áreas de formação I % II.1 % II.2 % III.1 % III.2 % III.3 % IV.1 % IV.2 % IV.3 % IV.4 % Informática e Multimédia 5,5 7,2 4,0 17,0 17,8 12,2 25,0 27,8 25,0 20,0 Hotelaria e Restauração 12,9 6,1 7,1 14,9 6,7 10,2 5,0 0,0 10,0 0,0 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 13,7 8,5 5,4 4,3 4,4 2,0 0,0 5,6 0,0 15,0 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 11,6 3,4 4,4 2,1 4,4 8,2 5,0 0,0 0,0 0,0 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 1,4 1,0 0,7 4,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 10,2 5,8 8,1 12,8 11,1 24,5 20,0 16,7 20,0 10,0 Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 13,5 8,5 8,8 4,3 13,3 8,2 15,0 16,7 10,0 5,0 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 16,3 4,8 5,4 10,6 11,1 4,1 5,0 0,0 5,0 0,0 Formação de Formadores 3,3 1,7 3,0 0,0 2,2 0,0 0,0 5,6 5,0 0,0 Orientação Profissional 7,0 48,1 46,5 25,5 22,2 18,4 20,0 11,1 10,0 35,0 Outros 4,6 4,8 6,7 4,3 6,7 12,2 5,0 16,7 15,0 15,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total considerado 1335 293 297 47 45 49 20 18 20 20 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Legenda: I. Total de casos que frequentaram apenas uma acção II (1 e 2) - total de casos que frequentaram duas acções III (1, 2 e 3) - total de casos que frequentaram três acções IV(1,2, 3 e 4) - total de casos que frequentaram quatro acções O quadro anterior pretende dar conta da percentagem de pessoas distribuídas por área de formação,75 consoante o número de acções frequentadas. Embora o número das que já frequentaram mais do que uma acção seja reduzido, é importante ter em consideração as trajectórias seguidas no percurso formativo. As duas áreas mais significativas - “Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais” e “Construção Civil, Electricidade e Serralharia”- representam 30% do total de utentes que frequentavam pela primeira vez uma acção de formação/reabilitação profissional. As áreas formativas com menor representatividade no quadro geral, destes mesmos indivíduos, eram a “Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis” e “Formação de Formadores”, com 1,4% e 3,3% respectivamente. 75 As áreas de formação foram sujeitas a um trabalho de recodificação, já em fase de análise dos dados. De acordo com as respostas dos inquiridos sobre as acções frequentadas optámos por agrupar por áreas de formação, de forma a poder analisar esta pergunta, não sendo nossa intenção sobrepor esta nova nomenclatura às próprias designações internas das instituições. 210 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A “Hotelaria e Restauração”; “Lavandaria, Manutenção e Limpezas”, “Práticas Administrativas e Secretariado” e “Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura”, são as áreas que mais frequentemente se juntam uma única vez a outras formações. As pessoas que frequentaram mais do que duas vezes uma acção de formação, embora em número reduzido procuram as áreas de “Informática e Multimédia e Práticas Administrativas e Secretariado”, como se estas constituíssem a fase terminal de um percurso ou trajectória formativa ascendente. Há uma maior percentagem de homens do que mulheres em áreas como Sexo Masculino % Sexo Feminino % Informática e Multimédia 6,5 4,7 Hotelaria e Restauração 6,1 18,6 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 18,2 3,9 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 2,9 19,1 Mecânica, lavagem e Reparação de Automóveis 2,1 0,1 Práticas Administrativas e Secretariado 11,7 8,2 Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 7,9 17,9 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 22,8 3,1 Formação de Formadores 1,5 5,2 Orientação Profissional 15,7 12,6 Outras 4,5 6,6 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 935 747 Áreas de formação da última acção Quadro 4.27 Sexo por áreas de formação na última acção frequentada Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 “Informática e Multimédia”, “Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais”, “Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis”, “Práticas Administrativas e Secretariado”, “Construção civil, Eletricidade e Serralharia”, “Orientação Profissional”, e ainda,“Outras”. No caso dos inquiridos de sexo feminino, encontramos percentagens mais significativas, na área de “Lavandaria, Manutenção e Limpezas” 19,1% e “Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e ”Costura” 17,9%. Em conclusão, existe alguma tendência para a segregação das áreas segundo o sexo dos inquiridos76. Note-se porém a semelhança da distribuição dos sexos face a duas áreas que, apesar de não serem as mais frequentadas, são de facto as que apresentam uma distribuição mais equitativa – “Informática e Multimédia” e “Práticas Administrativas e Secretariado”. 76 Seria interessante perceber se essas diferenças estão, sobretudo, relacionadas com a própria divisão de género de algumas actividades profissionais que se verificam no seio da população portuguesa em geral, e se no caso das pessoas com deficiência, essas mesmas discrepâncias são mais acentuadas ou seguem os mesmos padrões Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro 4.28 Nível de escolaridade por áreas de formação da última acção Nível de escolaridade Nenhum % Áreas de formação Sei ler e escrever % Completei o 4º ano de escolaridade % Completei o 6º ano de escolaridade % Acabei o ensino básico % Acabei o ensino secundário % Informática e Multimédia 0,0 0,8 1,5 3,4 13,8 15,3 30,0 Hotelaria e Restauração 12,5 9,6 14,4 14,8 8,1 1,8 0,0 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 19,5 16,0 16,8 12,4 5,5 2,7 0,0 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 12,5 8,0 11,8 11,2 8,6 1,8 0,0 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,8 2,4 1,7 0,5 0,0 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 0,0 4,8 2,4 6,9 23,2 20,7 50,0 Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 16,4 18,4 12,6 12,2 12,5 2,7 0,0 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 18,0 13,6 18,8 18,2 6,0 4,5 0,0 Formação de Formadores 0,0 0,0 0,6 0,7 3,1 23,4 10,0 11,2 13,5 10,0 Orientação Profissional 16,4 26,4 16,5 13,1 Outras 6,6 1,6 2,4 5,2 7,3 13,5 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 128 125 340 534 383 111 10 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A partir do quadro 4.28 pretende-se relacionar o nível de escolaridade dos inquiridos com as áreas frequentadas. Numa leitura mais genérica podemos, desde logo, confirmar que existem diferenças na distribuição dos níveis escolares pelas áreas de formação, ou seja, a determinados níveis de escolaridade estão associadas determinadas áreas formativas. Os indivíduos que não obtiveram qualquer grau de escolaridade, orientam-se principalmente para profissões nos sectores primário e secundário, como Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais (19,5%), Construção Civil, Electricidade e Serralharia (18,0%), Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura (18,4%) e Orientação Profissional (26,4%). Estas percentagens são as mais acentuadas por comparação com os outros níveis de escolaridade, ou seja, as áreas referidas estão inequivocamente relacionadas com níveis de escolaridade muito baixos, exceptuando a área da “Construção Civil, Electricidade e Serralharia”, que assume valores expressivos também em níveis de escolaridade mais elevados. 211 212 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Se considerarmos os dois níveis seguintes de habilitações (1º e 2º ciclo do ensino básico), nos quais se encontra a maioria dos inquiridos, verifica-se que continuam a predominar as áreas de Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais e “Construção Civil, Electricidade e Serralharia”. No entanto, também se verifica que começam a surgir outras áreas, embora com valores menos expressivos, como “Informática e Multimédia”, “Hotelaria e Restauração e Práticas Administrativas e Secretariado”. Quanto aos indivíduos que completaram o ensino básico, distribuem-se, sobretudo, por áreas que assumem algum nível de conhecimento tecnológico, como a “Informática e Multimédia”, “Práticas Administrativas e Secretariado”e “Formação de Formadores”. A partir deste nível de habilitação, estas últimas áreas assumem valores bastante expressivos, ao passo que as primeiras perdem peso. Para o conjunto dos indivíduos que acabou o ensino secundário e o ensino médio ou superior, as áreas de “Informática e Multimédia” e “Práticas Administrativas e Secretariado” somadas, resultam respectivamente em 36% e 83%. Note-se, ainda, o valor semelhante que a área de “Orientação Profissional” assume em todos os níveis de escolaridade. Constata-se, portanto, que os capitais escolares se relacionam fortemente com as escolhas da formação frequentada. Podemos, assim, concluir que a oferta formativa do sistema de reabilitação apresenta níveis de contraste consideráveis, ao nível dos públicos-alvo. Se a maioria dos destinatários se caracteriza por ter baixos níveis de escolaridade e, consequentemente, frequenta cursos com baixos níveis qualificacionais existe, por outro lado, uma franja populacional com níveis de escolaridades elevados que se orientam para patamares de formação profissional de níveis mais exigentes. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Grupos etários Até aos 15 16 -19 anos anos Áreas de formação na última acção % % 20 - 24 25 - 29 anos anos % % 213 30 -39 Mais de 40 Quadro 4.29 Grupos etários no anos anos momento de entrada por % % Informática e Multimédia 0,9 3,7 9,2 13,1 9,8 10,9 Hotelaria e Restauração 17,5 13,6 9,5 6,0 9,8 8,7 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 10,8 13,3 8,6 16,7 16,8 8,7 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 6,6 11,2 9,8 11,3 7,5 6,5 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 1,9 2,5 0,6 0,6 0,0 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 0,0 7,3 13,9 13,7 15,6 19,6 Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 9,9 13,2 11,9 11,3 14,5 13,0 Construção Civil, electricidade e Serralharia 26,4 15,7 10,1 8,9 9,2 0,0 Formação de Formadores 0,0 0,9 8,9 4,2 1,7 6,5 Orientação Profissional 21,2 13,6 13,1 11,9 9,8 15,2 Outras 4,7 4,8 4,5 2,4 5,2 10,9 Total 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 212 668 337 168 173 46 áreas de formação Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Se relacionarmos os grupos etários dos indivíduos no momento em que iniciaram a 1ª acção de formação com as áreas de formação frequentadas, pode-se observar que o grupo dos mais novos, composto pelos jovens com idades até aos 15 anos77, dividem-se sobretudo pelas áreas de “Construção Civil, Electricidade e Serralharia” (26,4%) e “Orientação Profissional” (21,2%). O grupo de indivíduos com idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos distribuem-se essencialmente pelas áreas de “Construção Civil, Electricidade e Serralharia” (15,7%), “Hotelaria e Restauração” (13,6%) e novamente pela área de “Orientação Profissional” (13,6%). O grupo de indivíduos que se situa entre os 20 e os 24 anos apresenta uma distribuição mais homogénea. No entanto, as áreas mais representativas são as Práticas Administrativas e Secretariado (13,9%) e Orientação Profissional (13,1%). Mais de 1/3 dos indivíduos, com idades compreendidas entre os 25 e os 29 anos, frequentaram a área de Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de animais (16,4%) e a área de Práticas Administrativas e Secretariado (13,7%). No grupo etário dos 30 aos 39 anos a frequência de áreas divide-se, sobretudo, pela Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais (16,8%) e Práticas Administrativas e Secretariado (15,6%). 77 O conjunto de indivíduos que compõe este escalão etário compreende idades entre os 13 e os 15 anos. Algumas instituições adoptam a inclusão destes jovens, já em fase de formação profissional, uma vez que inserem no âmbito da reabilitação uma primeira fase de pré-formação, avaliação e orientação profissional. 214 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de deficiência Motora Visual % % Áreas de iformação Paralisia MultidefiAuditiva Mental Linguagem cerebral ciência % % % % % Informática e Multimédia 23,1 5,3 3,5 1,8 26,7 2,3 8,1 Hotelaria e Restauração 3,3 5,3 0,9 17,6 3,3 14,0 4,0 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 6,6 0,0 1,7 14,6 7,0 7,0 11,1 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 3,3 5,3 1,7 12,8 11,7 9,3 6,1 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 0,0 0,8 0,0 2,3 1,0 Práticas Administrativas e Secretariado 24,2 42,1 4,3 3,7 18,3 14,0 13,1 Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 11,0 0,0 8,7 12,7 16,7 11,6 25,3 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 6,6 15,7 5,2 16,4 8,3 14,0 9,1 Formação de Formadores 0,0 0,0 42,6 0,3 0,0 0,0 1,0 Orientação Profissional 13,2 10,5 28,7 14,6 5,0 18,6 13,1 Outras 8,8 31,6 2,6 4,8 3,3 4,7 8,1 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 91 19 115 774 173 43 99 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ao cruzar o tipo de deficiência do inquirido com as áreas de formação frequentadas, conclui-se que existem correlações a considerar. No caso das pessoas portadoras de uma deficiência motora, estas encontram-se, sobretudo, a frequentar as áreas de Práticas Administrativas e Secretariado (29,8%) e Informática e Multimédia (18,3%), tal como os indivíduos que possuem paralisia cerebral, com 26,7% e 18,3% em cada uma das áreas mencionadas. Quase metade dos indivíduos com uma deficiência visual frequenta ou frequentou a área de Práticas Administrativas e Secretariado (42,1%). No caso das pessoas com deficiência auditiva, mais de metade teve como formação profissional, a Formação de Formadores (42,6%) e a Orientação Profissional (28,7%). Os indivíduos que possuem uma deficiência mental apresentam uma distribuição mais uniforme pelo conjunto de áreas formativas. No entanto, existe alguma inclinação para as áreas de Hotelaria e Restauração (17,6%) e Construção Civil, Electricidade e Serralharia (16,4%), correspondentes a níveis de qualificação menos exigentes. Quadro 4.30 Tipo de deficiência do própri por áreas de formação frequentadas io Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 215 Quanto aos inquiridos que possuem uma deficiência da linguagem, estes frequentaram, sobretudo, acções de Orientação Profissional (18,6%), seguidas por três áreas (14,0% cada): Hotelaria e Restauração, Práticas Administrativas e Secretariado e Construção Civil, Electricidade e Serralharia. Por fim, as pessoas com deficiência múltipla assumem maior peso na área de Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura. Ao longo do período correspondente ao financiamento do FSE, verificaram-se mudanças na oferta de formação. É por isso interessante verificar, em cada um dos QCA’s, quais as principais áreas de entrada dos formandos no sistema de formação Entrada no sistema por QCA's Áreas de intervenção na última acção Até Reg. anterior QCA I (1986/89) 1985 % % % QCA II QCA III % % Informática e Multimédia 0,0 0,0 6,1 10,0 5,1 Hotelaria e Restauração 8,0 5,7 6,1 10,4 14,0 Jardinagem, Hortoflor. e Trat. de Animais 0,0 5,7 7,8 12,9 13,3 10,4 9,4 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 2,9 7,0 Mecânica, Lavagem e Rep. de Automóveis 0,0 0,0 1,7 1,6 1,6 Práticas Administrativas e Secretariado 4,0 2,9 10,4 9,8 10,1 Trab Manuais: Têxteis, Olaria e Costura 28,0 8,6 12,2 12,0 12,2 Const. Civil, Electricidade e Serralharia 4,0 2,9 17,4 13,8 14,2 Formação de Formadores 4,0 2,9 6,1 3,6 2, 5 Orientação Profissional 48,0 68,6 22,6 10,9 12,3 Outras 4,0 0,0 2,6 4,5 5,4 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 25 35 115 441 953 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Do total de 25 pessoas que responderam ter entrado para o sistema de reabilitação profissional até 1985, 48,0% acabaram o seu percurso formativo em áreas como a Orientação Profissional e 28,0% em Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura e 8,0% em Hotelaria e Restauração. O período que antecede o 1º quadro de financiamento por parte do Fundo Social Europeu, ofereceu, a mais de 2/3 dos clientes, serviços na área de Orientação Profissional (68,6%). Já neste período emergiram, embora com peso restritamente limitado (5,7%) as áreas de Hotelaria e Restauração e a Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de animais. A partir do primeiro I Quadro Comunitário de Apoio, o FSE teve como impacto imediato no campo da reabilitação, a possibilidade de aumentar e desenvolver a oferta formativa. Os primeiros QCA’s, com participação forte do FSE, permitiram criar uma oferta, como Quadro 4.31 Entrada por QCA e por áreas de formação frequentadas. 216 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal a de Informática e Multimédia e Mecânica, Lavagem e Reparação de automóveis, ao mesmo tempo que viram diminuir muito fortemente o peso relativo das acções exclusivas de Orientação Profissional. Os utentes, cujo número se foi multiplicando, passaram a distribuir-se mais uniformemente pelo conjunto das áreas de formação. Quadro 4.32 Tipo de acção frequentada Nº de acções frequentadas 1 acção 1 acção 2 acção 1 acção 2 acção 3 acção 1 acção 2 acção 3 acção 4 acção % % % % % % % % % % Tipo de acção Informação, avaliação e orientação profissional 1,5 27,7 4,3 17,8 7,0 4,8 21,1 11,1 11,1 5,6 Formação profissional 96,7 69,9 88,0 77,8 46,7 85,7 68,4 83,3 83,3 88,9 Readaptação ao trabalho 0,5 0,5 0,5 0,0 2,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Incentivos à inserção no mercado de trabalho 1,0 0,5 6,2 0,0 4,7 4,8 5,3 5,6 5,6 5,6 Adaptação ao posto de trabalho 0,2 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Reabilitação médicofuncional/apoio médico 0,0 0,0 0,0 4,4 4,7 2,4 5,3 0,0 0,0 0,0 Outra 0,2 1,0 1,0 0,0 4,7 2,4 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1228 206 209 45 43 42 19 18 18 18 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 As organizações do sistema de reabilitação profissional pautam um conjunto de serviços “em linha”, para além da formação, que é a mais frequentada. Como se pode verificar pelo quadro 4.32, são relativamente escassos os utentes que realizam duas acções de formação e ainda mais os que realizam 3 ou 4. Ao nível das acções que tentam cumprir outro tipo de objectivos, tal como proporcionar às pessoas com deficiência, condições e processos de adaptação das suas limitações funcionais, pode-se verificar que, no âmbito da nossa amostra, existe um número bastante reduzido de casos que foram abrangidos por estes programas. No conjunto, a análise permite-nos identificar alguns perfis ou trajectórias desenvolvidas com base no tipo de acções frequentadas. No caso das pessoas que desenvolveram duas ou mais acções, pode-se identificar claramente que num primeiro momento estiveram abrangidas por um tipo de acção que decorria de uma fase ainda pré-profissional, a partir da qual é suposto fazer-se uma avaliação das competências do beneficiário e construir com ele um programa individual e pessoal; segue-se uma fase de formação profissional. Regista-se Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 217 depois um certo peso de pessoas que são abrangidas por medidas que visam os incentivos à inserção no mercado de trabalho. Estes exemplos estão bem patentes, ao nível das pessoas que receberam duas acções de reabilitação sócio-profissional. Uma limitação claramente identificável a partir das respostas ao inquérito, resulta do facto de ser relevante o peso reduzido de pessoas que receberam formação profissional, que lhes proporcionou a obtenção de um determinado nível de qualificação profissional. Entre os que o obtiveram situam-se maioritariamente nos níveis I e II, e apenas uma parte residual dos formandos conclui formações de nível III. Quadro 4.33 Nível de qualificação da(s) acção (ões) 1ª acção 1ª acção 2º acção % % % Qualificações Nível 1 46,7 74,8 58,7 Nível 2 41,5 22,3 28,3 Nível 3 11,8 2,9 13,0 Nível 4 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerado 381 103 46 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Analisando o quadro de forma mais pormenorizada, verifica-se que é sobretudo entre os que frequentaram uma única acção que se regista a não atribuição de um nível de qualificação. É, também, neste subgrupo que aparece a maior percentagem de indivíduos apenas com o nível 1 de qualificação profissional. No entanto, é recomendado nos instrumentos de financiamento do FSE, ou pelo menos no caso do INTEGRAR, promover formação de nível 1 e 2 para pessoas com deficiência mental, enquanto o nível 3 e 4, pelas competências escolares exigidas, são recomendados a pessoas com deficiência motora e sensorial. Assim, os valores dos níveis de qualificação devem ser ponderados pelo tipo de deficiência. multidefiParalisia Linguagem Tipo de deficiência motora visual auditiva mental ciências cerebral % % % % Nível de qualificação % % % Quadro 4.34 Nível de qualificação obtido na 1º acção de formação por tipo de Nível 1 18,7 15,8 75,0 66,7 13,0 6,7 32,0 deficiência do próprio Nível 2 49,3 47,4 21,4 29,7 52,2 86,7 40,0 Nível 3 30,7 36,8 3,6 3,6 34,8 6,7 28,0 Nível 4 1,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total 75 19 28 165 23 15 25 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 218 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Assim, é possível observar que os números obtidos, correspondem à recomendação descrita no Subprograma INTEGRAR. O nível I está mais relacionado com as pessoas portadoras de uma deficiência auditiva ou mental. Para as primeiras, 75% do total deste subconjunto frequentou cursos de formação profissional correspondentes ao 1º nível e, no caso da deficiência mental, há um ligeiro decréscimo (66,7%). Como já tinha sido referido anteriormente, a maioria dos cursos de formação profissional estão vocacionados para o nível de qualificação II, e neste quadro as deficiências com maior destaque são precisamente todas as outras que não atingem valores significativos no anterior nível de qualificação – motora, visual, paralisia cerebral, linguagem e multideficiência. No entanto, são as pessoas portadoras de uma deficiência da linguagem, que conseguem este nível de qualificação profissional. As pessoas portadoras da deficiência motora, visual e paralisia cerebral, são aquelas que apresentam níveis de qualificação mais elevados, em média na ordem dos 30%. O nível 4 só se encontra, aliás, entre pessoas com deficiência motora. 1ª acção % 1ª acção % 2ª acção % 1ª acção % 2ª acção % 3ª acção % 1ª acção % 2ª acção % 3ª acção % 4ª acção % Até 3 meses 0,9 21,5 6,6 31,3 15,6 8,7 15,0 17,6 16,7 21,1 De 3 a 6 m 0,8 10,4 8,5 12,5 15,6 8,7 5,0 5,9 11,1 0,0 De 6 m a 1 ano 4,8 18,7 13,6 25,0 37,8 34,8 20,0 47,1 38,9 36,8 1 a 2 anos 20,3 14,5 34,9 4,2 6,7 19,6 15,0 5,9 16,7 31,6 2 anos ou mais 72,7 33,2 36,0 27,1 24,4 28,3 40,0 23,5 16,7 10,5 Outra situação 0,5 1,7 0,4 0,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0,0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 1304 289 272 48 45 46 20 17 18 19 Escalões de duração Total Total Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 No quadro 4.35 é possível caracterizar o tempo que os utentes demoram no interior das organizações de reabilitação a realizar as acções de formação frequentadas. Para os que apenas frequentaram ou frequentam uma acção, 72,7% (do total de 1304 indivíduos), são acções que tiveram uma duração superior a 2 anos. Na consequência de um percurso formativo mais prolongado e sequencial, isto é, composto por mais do que uma acção de formação, observa-se uma tendência para a primeira durar um período mais curto. O início do percurso formativo é marcado por acções de curta duração, que depois dão lugar a acções marcadas por períodos mais longos, aos quais podem corresponder as fases ou módulos da formação profissional seguintes. Há, contudo, valores percentuais elevados, neste subconjunto, de pessoas que frequentam três acções cujas durações são superiores a dois anos ao longo de todo o percurso formativo. Quadro 4.35 Duração das acções de formação Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 219 No caso específico das pessoas que completaram o seu percurso formativo ao longo de quatro acções de formação, a situação não é análoga às anteriores, podendo isto significar que a primeira acção, se destina à aquisição de conhecimentos de base, completada em fases posteriores, por pequenas acções de carácter mais especializado. O quadro 4.36, mostra que quase sempre a formação confere direito à remuneração ou bolsa. Note-se, no entanto, o ligeiro decréscimo que se verifica nos indivíduos que frequentaram mais do que uma acção, o que contribui para reforçar a ideia de que se está perante acções de qualificação complementar e muitas vezes “externas” ao quadro típico de financiamento do FSE. Existência de remuneração/bolsas Total Total de individuos Sim Não 1ª acção 94,4 5,6 100 1605 2ª acção 93,9 6,1 100 326 3ª acção 86,4 13,6 100 59 4ª acção 88,2 11,8 100 17 Quadro 4.36 Remuneração ou bolsas Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Remuneração/bolsa Nível de rendimento do próprio Quadro 4.37 sim não Existência de remuneração ou bolsa por nível de rendimento do Até 356,60 euros 95,4 87,0 próprio De 356,60 até 500 euros 3,9 9,3 De 501 a 800 euros 0,1 0,0 De 801 a 1500 euros 0,1 0,0 De 1501 a 2000 euros 0,1 0,0 De 2001 a 2500 euros 0,0 3,7 + de 2500 euros 0,3 0,0 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 744 54 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A maioria das pessoas que se encontram actualmente a frequentar o sistema de formação/reabilitação profissional e que dizem receber uma bolsa (95,4%), têm como rendimento líquido mensal uma quantia até 356,60 euros. Na qual podem estar incluídos rendimentos provenientes da segurança social ou outros. 220 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 4.3- Desenvolvimento Pessoal Desde 1989, data de arranque da formação profissional para pessoas com deficiência, que foram criadas regulamentações, onde se estruturaram modelos de formação nos quais se contemplaram dimensões fortes de desenvolvimento e de valorização pessoal. Para além dos incentivos instrumentais, e a par destes, os utentes do sistema, deviam ser expostos a uma formação que lhes permitisse a inserção plena e a aquisição de recursos para a autonomia pessoal e social sem os quais aumenta o risco de exclusão social. Esta dimensão da análise reporta-se ao conjunto de relações que configuram as estruturas de competência do indivíduo. Por outras palavras, julga-se que é no âmbito das múltiplas relações que as pessoas empreendem e não apenas no estrito campo do exercício de uma profissão, que interessa perceber quais os efeitos que o sistema de reabilitação sócio-profissinal e, em particular, as acções cofinanciadas pelo FSE, desencadearam. Nesta perspectiva, podem-se analisar as percepções pessoais sobre o desenvolvimento de competências ao nível da comunicação, autonomia e auto-eficácia. Parece haver de forma bastante pronunciada uma afectação muito positiva no contexto pessoal e social dos utentes, pelo facto de terem frequentado ou estarem a frequentar actividades formativas.78 A relação estabelecida pelos próprios utentes entre os “inputs”provenientes dos programas e iniciativas co-financiadas pelo FSE e os “outputs” dessas operações estratégicas constituem a aproximação aos impactos sobre as condições relacionais. Os destinatários das acções de formação, consideram que estes, foram muito positivos, uma vez que as respostas médias para todos os items considerados, se situam entre o escalão 1 e o escalão 2. Ou seja, no conjunto das avaliações feitas, pelos antigos e actuais utentes, verifica-se uma apreciação bastante positiva dos resultados obtidos no plano do desenvolvimento pessoal, atribuída ao facto de terem frequentado acções ou cursos de formação profissional. 78 Ou estarem ainda abrangidos pelo sector da reabilitação profissional pelo menos há mais de 1 ano. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Respostas médias A formação frequentada... Geral Antigos Actuais Ajudou-me a aumentar o nº de pessoas com quem tenho contacto regular 1,8 1,8 1,8 Ajudou-me a ter acesso a apoios que antes não conhecia 1,8 1,8 1,8 Ajudou-me a melhorar as relações com as pessoas que me são mais próximas 1,9 1,9 1,9 Ajudou-me a ser capaz de lidar melhor com os meus problemas de saúde física e emocional 1,9 1,9 1,9 Ajudou-me a progredir na forma como sou capaz de comunicar com os outros 1,8 1,9 1,8 Contribui para que, em geral, me sinta satisfeito comigo próprio 1,8 1,8 1,8 Quadro 4.38 Concordância face aos efeitos da acção ou curso frequentados Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Por serem homogéneas, as pequenas diferenças dos valores, parecem indicar uma propensão, que se verifica igualmente noutros domínios, para serem mais valorizados os aspectos relacionados com as capacidades adquiridas para lidar com o meio do que propriamente uma concepção intrínseca dos problemas associados à própria doença. 4.3.1- Bem-estar Quanto a efeitos que se fazem sentir sobre o bem-estar emocional e a autoimagem, pode-se verificar que, em média, as respostas encontram-se outra vez, situadas entre o escalão 1 e o escalão 2, querendo isto dizer, que os utentes estão satisfeitos com os impactos, produzidos ao nível da autonomia pessoal e emotiva. Respostas médias Passei a sentir-me uma pessoa mais segura de mim mesma Geral Antigos Actuais 1,9 1,8 1,8 Tornei-me uma pessoa mais estável 2,0 1,9 2,0 Passei a lidar melhor com situações de stress 2,1 2,1 2,1 Passei a ter uma melhor opinião acerca de mim próprio 1,9 1,9 1,9 Passei a aceitar a minha deficiência 2,0 2,1 2,0 Passei a sentir menos solidão 2,0 2,1 1,9 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 221 Quadro 4.39 Grau de concordância com as seguintes afirmações após a frequência das acções 222 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Relativamente ao bem-estar físico, pode-se concluir que para o conjunto da amostra, os items, com a média de resposta mais baixa estão relacionados com os sintomas físicos da sua própria doença/deficiência, com uma média de resposta de 2,1, confirmando a tendência atrás referida, ou seja, a formação profissional, não teve efeitos tão fortes na melhoria das capacidades físicas, como noutros domínios, principalmente ao nível do desempenho com autonomia das várias tarefas do quotidiano ou à capacidade relacional e comunicacional. Respostas médias Geral Antigos Actuais A minha saúde física melhorou 2,1 2,2 2,0 Passei a ter hábitos alimentares mais saudáveis 2,2 2,2 2,1 Passei a ocupar melhor os meus tempos livres 2,0 2,1 1,9 Melhorei a minha capacidade de me deslocar 2,0 2,0 2,0 Tornei-me mais capaz de desempenhar as tarefas do meu dia-a-dia 1,9 2,0 1,9 Sou hoje mais capaz de cuidar de mim próprio 1,9 2,0 1,9 Melhorei a minha capacidade para tomar conta da minha casa sem pôr em causa a minha segurança 2,0 2,0 2,0 Sinto que estou em melhores condições para desenvolver actividades físicas 2,0 2,1 2,0 Os sintomas da minha deficiência/doença crónica melhoraram 2,1 2,1 2,1 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Legenda: (1=concordo totalmente; 2 =concordo; 3=discordo; 4=discordo totalmente) Relativamente ao grau de satisfação com a sua situação material (aqui operacionalizado através dos rendimentos), pode-se constatar que a maioria se encontra satisfeito, com os recursos financeiros de que dispõe. Ao nível dos antigos e dos actuais utentes, a variação percentual aponta para uma ligeira diferença, mostrando-se os actuais com níveis de satisfação mais positivos. De referir também que esta dimensão apresenta os valores mais elevados de insatisfação, o que pode indicar que num contexto geral de avaliações e percepções muito positivas sobre um conjunto de vários indicadores, a condição financeira ou material é precisamente um dos indicadores sobre o qual os utentes parecem estar mais descontentes. Quadro 4.40 Grau de concordância com afirmações face ao bem-estar físico Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Avaliação da situação material e financeira Muito satisfeito Geral % 16,6 Quadro 4.41 Avaliação perante todos os aspectos da sua vida material e financeira Antigos Actuais % % 13,5 18,2 Satisfeito 49,7 54,4 47,3 Insatisfeito 20,7 20,4 20,8 Muito insatisfeito 5,6 6,3 5,3 Não sabe 7,4 5,4 8,4 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1916 652 1264 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.42 Apreciação da situação financeira por nível de rendimento mensal do próprio Rendimento mensal Avaliação da situação material e financeira Até 356,60 % 223 De 356,60 até De 501 até De 801 até De 1501 até De 2001 até Mais de 500 euros 800 euros 1500 euros 2000 euros 2500 euros 2500 euros % % % % % % Muito satisfeito 16,3 15,8 19,6 20,0 33,3 50,0 0,0 Satisfeito 49,8 59,2 58,7 46,7 66,7 50,0 25,0 Insatisfeito 22,2 17,1 19,6 20,0 0,0 0,0 75,0 Muito insatisfeito 5,5 5,3 2,2 6,7 0,0 0,0 0,0 Não sabe 6,1 2,6 0,0 6,7 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total 1190 152 46 15 3 2 4 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Mesmo tendo em conta que a maioria dos inquiridos dispõe de um nível de rendimento mensal líquido que não ultrapassa o valor máximo de 356,60 euros, verifica-se que 66,1% do total desses indivíduos diz estar muito satisfeito, ou satisfeito, com a sua situação material. À medida que evolui o nível de rendimento, também os graus de satisfação vão aumentando. É de notar, ainda, que varia entre cerca de um quinto e um quarto o número dos que se encontram insatisfeitos ou muito insatisfeitos, entre todas as classes de rendimento até 1500 euros/mês. 224 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro 4.43 Avaliação da situação financeira e material por nível de escolaridade Nível de escolaridade Nenhum % Sei ler e escrever % Completei o 4º ano de escolaridade % Completei o 6º ano de escolaridade % Acabei o ensino básico % Acabei o ensino secundário % Tenho o curso médio ou superior % 19,1 20,7 17,8 17,2 15,1 5,9 18,2 Satisfeito 52,5 51,4 51,8 46,9 52,8 46,6 36,4 Insatisfeito 15,6 17,9 21,4 20,8 20,6 27,1 9,1 Muito insatisfeito 2,1 4,3 2,8 6,6 6,0 11,9 27,3 Não sabe 10,6 5,7 6,2 8,4 5,5 8,5 9,1 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total considerado 141 140 388 605 436 118 11 Avaliação da situação material e financeira Muito satisfeito Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 São as pessoas que não adquiriram nenhum grau de escolaridade, que apresentam os níveis de satisfação mais elevados. Conforme o nível de escolaridade vai aumentado, o grau de satisfação face à situação financeira e material, vai diminuindo, sobretudo, se atendermos aos valores que se encontram nos extremos da escala. Ora esta relação volta a reforçar a ideia de que associados aos níveis de escolaridade mais elevados, estão níveis de exigência e de sentido crítico mais apurados, como de resto constitui regularidade verificável a todos os níveis das sociedades modernas. Avaliação do nível de vida Geral % Antigos Actuais % % 22,8 23,5 Melhorou muito 23,2 Melhorou 54,1 53,7 54,3 Piorou 7,2 9,7 5,9 Piorou muito 2,1 2,3 2,1 Não sabe 13,3 11,4 14,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1910 648 1262 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Relativamente à percepção que os utentes têm de como possa ter evoluído o seu nível de vida nos últimos 5 anos, verifica-se que mais de 2/3, consideram que ele melhorou muito ou melhorou. Os valores percentuais relativos aos utentes actuais, demonstram que estes ainda atribuem uma evolução mais positiva comparativamente aos utentes antigos. As apreciações negativas também existem, Quadro 4.44 Opinião sobre a evolução do nível de vida nos últimos cinco anos Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 225 mas neste aspecto à volta de 9,3% dos inquiridos, o que significa que mesmo para uma parte dos que se consideram insatisfeitos com o rendimento,a evolução tem sido relativamente satisfatória. Este facto projecta-se nas expectativas quanto ao futuro. Avaliação do nível de vida Geral % Antigos Actuais % % 18,3 23,6 Muito melhor que a actual 21,8 Um pouco melhor que a actual 40,3 40,9 40,6 Um pouco pior que a actual 4,2 5,6 3,4 Muito pior que a actual 1,5 1,5 1,4 Não sabe 32,3 33,7 31,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1897 646 1251 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A maioria dos beneficiários, considera que o seu nível de vida tem tendência a melhorar nos próximos anos. Os utentes actuais, são os que mais acreditam que isso vá acontecer, possivelmente porque ainda estão a frequentar uma acção ou curso de formação da qual esperam uma melhoria do nível de vida por via da obtenção de um emprego. Retomando os últimos quadros, relativos às percepções materiais e financeiras, podemos dizer em síntese que os inquiridos, para além de estarem tendencialmente satisfeitos com os recursos financeiros de que dispõem, também consideram que esta situação melhorou nos últimos anos e pensam que irá melhorar, ainda nos próximos. 4.4- Inclusão Social Os efeitos do FSE devem ser, antes de mais, efeitos de inclusão social. O principal mecanismo causal desta relação passa pelo acesso à qualificação e ao emprego e ao conjunto de recursos materiais, relacionais, simbólicos e de participação nos sistemas sociais e políticos que se esperam desse efeito. Entendemos também que, apesar da importância extrema de alguns indicadores revelados na análise das outras sub-dimensões, aqueles que nos permitem ter uma ideia mais directa sobre as transformações ocorridas na vida social e económica das pessoas com deficiência, estão presentes neste ponto de trabalho uma vez que ele se centra na análise dos impactos nos domínios da empregabilidade e da cidadania e direitos, nomeadamente analisando a situação profissional face ao emprego, a capacidade de manutenção do emprego, o acesso e controlo sobre os recursos e o nível de participação na comunidade. Quadro 4.45 Opinião sobre a evolução do nível de vida nos próximos cinco anos 226 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 4.4.1- Empregabilidade Na literatura corrente, bem como na utilização que tem sido dada ao tema no campo das políticas sociais e de emprego, a empregabilidade refere-se ao conjunto das capacidades e oportunidades que as populações activas possuem e encontram para aceder e conservar o emprego e/ou gerir uma carreira profissional. Vejamos como se comportam alguns dos indicadores utilizados para dar conta desse conjunto. Os quadros seguintes servem para identificar as situações face ao trabalho que decorrem da conclusão do percurso formativo. Assim, teve-se em consideração apenas os beneficiários que não se encontram já no sistema de formação. Note-se também que dado o reduzido número de pessoas que frequentaram mais do que duas acções, optou-se por incluir para efeitos de análise apenas os indivíduos que frequentaram uma ou duas acções ao longo do percurso formativo. Assim, entre aqueles que frequentaram apenas uma acção de formação, 63,2%, exercia uma actividade profissional após 3 meses da conclusão dessa mesma acção. Este valor sugere que o objectivo primeiro da existência do sistema de reabilitação sócio-profissional está a ser alcançado. Existe um elevado índice de empregabilidade avaliado através do tempo de transição para o emprego, ainda, no caso dos indivíduos que frequentaram duas acções de formação, entre as quais se denota uma ligeira subida percentual dos que trabalham logo após a conclusão da acção. Atendendo aos valores do desemprego no contexto da população portuguesa em geral, os dados aqui revelados, tendem a mostrar que, apesar de haver um número considerável de pessoas que se encontram a trabalhar, os valores relativos ao desemprego são mais elevados entre as pessoas com deficiência do que na população em geral, como aliás já se tinha verificado. Isto é, continuam a ser particularmente resistentes os entraves colocados ao nível da inserção no mercado de trabalho, reflectidos sobre vários domínios. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 1ª acção % 2ª acção % Exercia uma profissão 63,2 66,7 Ocupava-se das tarefas do lar 6,6 2,6 Era estudante 0,6 5,1 Frequentava outra acção de reabilitação 1,5 2,6 Estava reformado 1,2 2,6 Estava incapacitado 0,3 0,0 Estava desempregado há menos de um ano 3,6 10,3 Estava desempregado há mais de 1 ano 5,1 5,1 Estava à procura do 1º emprego 12,3 5,1 Encontrava-se noutra situação 5,7 10,3 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 334 39 Tipos de situações perante o trabalho 227 Quadro 4.46 Situação face ao trabalho 3 meses após concluir as 1ª e a 2ª acção de formação Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 1ª acção % 2ª acção % Exercia uma profissão 71,0 73,7 Ocupava-se das tarefas do lar 5,9 0,0 Era estudante 0,0 0,0 Frequentava outra acção de reabilitação 2,3 2,6 Estava reformado 1,6 5,3 Estava incapacitado 0,3 0,0 Estava desempregado há menos de um ano 2,6 0,0 Estava desempregado há mais de 1 ano 5,9 2,6 Estava à procura do 1º emprego 7,2 7,9 Encontrava-se noutra situação 3,3 7,9 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 307 38 Tipos de situações perante o trabalho Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 De acordo com os números verificados no quadro 4.47, a situação face ao trabalho um ano após a conclusão do percurso formativo, ainda revela números mais positivos. O valor percentual de pessoas que após um ano exercem uma profissão, conhece uma subida considerável. Note-se também um ligeiro decréscimo da percentagem de desempregados há menos de 1 ano, quer para Quadro 4.47 Situação face ao trabalho 1 ano após concluir as 1ª e a 2ª acção de FP 228 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal aqueles que frequentaram uma acção e sobretudo, para os que frequentaram duas acções. Também a situação de desemprego de longa duração, evolui num sentido decrescente. Ao contrário do que tende muitas vezes a pensar-se, a sucessão de cursos de formação não tem um peso significativo. Mais preocupante é, por exemplo, a proporção de pessoas que declaram ocupar-se das tarefas do lar um ano após a conclusão da formação profissional (vd. quadro 4.48). Ao relacionar as principais situações face ao trabalho após a saída do sistema formativo com as áreas de formação frequentadas, retomamos a perspectiva de que estas últimas podem estar na origem de diferentes efeitos sobre a situação profissional dos beneficiários do sistema de reabilitação socio-profissional. Quanto aos que exercem uma profissão podemos reunir as áreas de formação em três grandes grupos, conforme a repercussão em termos de obtenção de emprego. O primeiro grupode compreende as áreas da informática, com 76,2% de um total de 22 indivíduos; Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis – 100%, apesar de estarmos a falar de um total de apenas 2 indivíduos, e Formação de Formadores - 77,3% para um total de 22 casos. O segundo subgrupo abrange as áreas com percentagens acima dos 50 %, como a “Lavandaria, Manutenção e Limpezas” e Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais, e Práticas Administrativas, com 69,1%, 69,8% e 56,1% respectivamente. Por último, podemos considerar as áreas de Trabalhos Manuais, e Orientação Profissional, como sendo aquelas cujos formandos mais dificuldades revelam na transição rápida para o mercado de emprego. A primeira área formou 48,8% de pessoas que após três meses exerciam uma profissão, e a Orientação Profissional 41,0%. Analisando o número de desempregados por áreas de formação, destaca-se, entre as que assumem valores mais expressivos nas três situações79 relativas ao desemprego, 36,5% das pessoas que tiveram uma formação em Trabalhos Manuais; 26,1% entre os que estiveram abrangidos por acções de Construção Civil, 24,4% de indivíduos que beneficiaram de uma acção no quadro das Práticas Administrativas e, por fim registam-se os 14,6% e 14,0% de pessoas que tiveram formação em Lavandaria e Jardinagem, respectivamente. Por fim, saliente-se que a inactividade - pessoas que se ocupam das tarefas do lar é maior entre os utentes que obtiveram formação em Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais, (9,3%), Trabalhos Manuais; (12,2%) e Lavandaria, Manutenção e Limpezas (9,1). O valor é nulo nos casos da área de Mecânica, Práticas Administrativas e Secretariado e Formação de Formadores. 79 Estas situações agrupam as percentagens relativas aos desempregados há menos de 1 ano; desempregados há mais de 1 ano e que estavam à procura do primeiro emprego Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 229 Quadro 4.48 Situação face ao trabalho de antigos utentes 3 meses após conclusão por áreas Áreas de formação Hotel./ Rest Exercia uma profissão 76,2 60,0 69,8 69,1 100,0 56,1 48,8 64,6 77,3 41,0 Ocupava-se das tarefas do lar 4,8 5,0 9,3 9,1 0,0 0,0 12,2 6,2 0,0 10,0 Era estudante 0,0 0,0 2,3 1,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Frequentava outra acção de reabilitação 0,0 0,0 4,7 3,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 Estava reformado 4,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,4 3,1 0,0 0,0 Estava incapacitado 0,0 0,0 0,0 1,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estava desempregado há menos de 1 ano 0,0 0,0 4,7 0,0 0,0 4,9 7,3 1,5 4,5 10,0 Estava desempregado há mais de 1 ano 0,0 0,0 2,3 5,5 0,0 12,2 2,4 7,7 0,0 20,0 Estava à procura do 1º emprego 0,0 20,0 7,0 9,1 0,0 7,3 26,8 16,9 0,0 0,0 Encontrava-se noutra situação 14,3 15,0 0,0 0,0 0,0 19,5 0,0 0,0 18,2 10,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 21 20 43 55 2 41 41 65 22 10 Sit. perante o trabalho Jardi., Hortoflo. Lavandaria, Trat. Animais Man., Limp. Mecânica, Práticas Trab. Manuais: Const. civil, Formação Orientaç Lav e Rep. Admin. e Têxteis, Olaria Serralharia e de Profissio Automóveis Secretariado e Costura Electricidade Formadores Info./Multi Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 0,0 0,5 0,0 0,0 1,8 0,5 Era estudante Frequentava outra acção de reabilitação Estava reformado Estava incapacitado Estava desempregado há menos de um ano Estava desempregado há mais de 1 ano 100 217 Total Total de indivíduos considerados 18 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 94,4 5,6 7 100 0,0 14,3 0,0 0,0 0,0 0,0 57,1 0,0 28,6 0,0 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 3,7 Encontrava-se noutra situação. 6,0 0,9 Ocupava-se das tarefas do lar Estava à procura do 1º emprego 86,6 Exercia uma profissão 5 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 80,0 0,0 0,0 0,0 20,0 1 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8 100 0,0 25,0 0,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 17 100 0,0 0,0 76,5 23,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 Ocupava- Frequentava Estava Tipos de situações perante o Estava Exercia Estava Estava à trabalho após 1 ano Estava se das outra acção desemprega desempregauma incapaciprocura do Situação face ao trabalho tarefas reformado do há mais de do há menos profissão tado 1º emprego após 3 meses do lar de 1 ano reabilitação de 1 ano Quadro 4.49 situação face ao trabalho após 1 ano da conclusão por situação após 3 meses 230 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 231 Através do cruzamento da situação 3 meses após a conclusão do último curso e 1 ano após a mesma pode-se observar que 86,6% dos que exerciam uma profissão após 1 ano, já a exercia três meses depois da conclusão da acção de formação. Assim pode-se considerar a hipótese de existir uma forte sustentabilidade da situação de emprego, e alguma estabilidade para um parte substancial dos formandos. Para além dos que já estavam a exercer uma actividade profissional, existem ainda alguns beneficiários que passados três meses estavam à procura do primeiro emprego (6,0%) e, numa fase posterior, encontram-se inseridos no mercado de trabalho. Como já anteriormente havia sido referida, a percentagem de pessoas que exerciam uma profissão aumentou no período considerado. No entanto, também ocorre a situação inversa. Existem algumas pessoas que, apesar de terem estado a trabalhar, após um ano já não se encontram na mesma situação. Tal facto observa-se a partir das percentagens de pessoas que 1 ano depois da formação se ocupam das tarefas do lar (5,6%), depois de terem exercido uma actividade profissional, bem como os 50,0% das pessoas que passado 1 ano estavam desempregadas há menos de 1 ano80 Escalões temporais Até 6 meses 1ª acção % 80,1 Até 1 ano 9,0 De 1 a 2 anos 7,6 De 2 a 3 anos 0,9 De 3 a 5 anos 2,4 Total 100 Total de indivíduos considerados 211 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 O quadro 4.50 confirma a boa performance do indicador Tempo decorrido para a inclusão no mercado de trabalho entre o total de inquiridos que responderam estar a exercer uma actividade profissional após a conclusão da 1º acção de formação81, Assim, observa-se que 80,1 % de um total de 211 respostas obtidas, afirmam ter obtido emprego até 6 meses após a conclusão da acção de formação. As restantes categorias apresentam valores residuais. Sublinha-se, então, a eficácia relativa da formação profissional co-financiada pelo FSE. Quadro 4.50 Tempo decorrido até à obtenção de emprego 80 Ter em conta que estas percentagens são relativas a totais muito marginais, apenas servem como referência a um tipo de trajectória que pode noutros casos evidenciar uma instabilidade ao nível da empregabilidade em populações mais desfavorecidas e em contextos de trabalho mais precários ou pouco seguros do ponto de vista dos vínculos contratuais. 81 Apenas foram consideradas para efeito de análise os casos afectos à primeira acção de formação, uma vez que os números relativos à frequência de mais acções não permitia uma análise mais consolidada do ponto de vista estatístico. Para todas as questões que implicam a análise desta variável tempo de obtenção de emprego, foi utilizado o mesmo critério. 232 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Sexo masculino 75,2 Sexo feminino 86,2 Até 1 ano 11,1 6,4 De 1 a 2 anos 10,3 4,3 De 2 a 3 anos 0,9 1,1 De 3 a 5 anos 2,6 2,4 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 117 94 Escalões temporais Até 6 meses Quadro 4.51 Sexo por tempo de obtenção de emprego após a conclusão da acção Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É de referir que as mulheres obtêm em menos tempo um emprego, ou seja, 86,2% das mulheres dizem estar empregadas até 6 meses depois de concluírem a acção de formação profissional, sendo que no caso dos homens, o valor decresce para 75,2%. Nos seguintes intervalos de tempo os valores distribuem-se de forma mais homogénea, embora haja uma maior concentração percentual de homens do que mulheres que conseguem obter emprego até 2 anos, após a conclusão da acção de formação profissional. Escalões temporais Motora Visual Auditiva Mental Paralisia Lingua- Multidefi- Quadro 4.52 cerebral gem ciência Tipo de deficiência por tempo de obtenção de 55,6 75,0 83,3 Até 6 meses 86,1 100,0 78,3 79,6 Até 1 ano 5,6 0,0 8,7 9,7 22,2 0,0 16,1 De 1 a 2 anos 5,3 0,0 13,0 8,7 0,0 25,0 0.0 De 2 a 3 anos 2,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 De 3 a 5 anos 0,0 0,0 0,0 1,9 22,2 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 36 4 23 103 9 4 6 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ao relacionar o tempo de obtenção de emprego com os tipos de deficiência da população inquirida, destaca-se que são as pessoas portadoras de uma deficiência motora e visual as que, comparativamente, mais frequentemente se situam no intervalo de tempo até 6 meses. Os perfis temporais mais elevados concentram-se se nas deficiências auditivas, mentais, paralisia cerebral e da linguagem. No entanto, a distribuição resultante deste cruzamento apresenta valores totais muito residuais, para que se possam aferir resultados representativos, sendo por isso necessária uma leitura dos dados mais cautelosa. emprego após concluir a acção Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Até 1985 0,0 Reg. anterior (1986-1989) 0,0 0,0 De 1 a 2 anos Escalões temporais Até 6 meses QCA I QCA II QCA III 83,3 83,9 82,3 0,0 16,7 1,8 12,1 100,0 100,0 0,0 8,9 4,0 De 2 a 3 anos 0,0 0,0 0,0 1,8 0,0 De 3 a 5 anos 0,0 0,0 0,0 3,6 1,6 Total 100 100 100 100 100 2 2 12 56 124 Até 1 ano Total de indivíduos considerados Quadro 4.53 Saída do sistema por QCA's por tempo de obtenção de emprego após a 1ª acção Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Segundo a informação contida no quadro 4.53 é possível situar os inquiridos que obtiveram emprego após a última frequência de acção nas épocas correspondentes aos quadros comunitários de apoio e ainda à época que os antecede. Os resultados obtidos indicam que em primeiro lugar, e embora o reduzido número de casos (4) não permita qualquer extrapolação, o tempo demorado a obter emprego no período anterior à entrada do FSE era muito superior ao que tende a acontecer depois de 1989. Daí para cá, em qualquer dos QCA’s, mais de 82,3% dos utentes, que já saíram do sistema, encontram emprego até 6 meses após a conclusão da formação. Do I para o II QCA o peso, relativamente pequeno, dos períodos mais longos aumentou, voltando a decrescer no III QCA. Entre estes casos, e na sequência das análises anteriores, a maioria (82,3%) obteveo num tempo correspondente até 6 meses. Todavia, se compararmos estes valores Áreas de formação Obteve emprego Total de indivíduos em 6 meses considerados Informática e multimédia 82,4 17 Hotelaria e restauração 88,9 18 Jardinagem e hortofloricultura e tratamento de animais 85,7 28 Lavandaria, manutenção e limpezas 87,5 32 Mecânica, lavagem e reparação de automóveis 100,0 1 Práticas administrativas e secretariado 81,8 22 Trabalhos manuais: têxteis, olaria e costura 60,9 23 Construção civil, electricidade e serralharia 75,6 41 Formação de formadores 81,3 16 Orientação profissional 71,6 7 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 233 Quadro 4.54 Taxa de obtenção de emprego por áreas de formação 234 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal com os do II quadro comunitário de apoio, verifica-se que durante este período, houve uma maior percentagem de indivíduos que obteve emprego mais tarde, sobretudo a partir dos níveis que correspondem a mais de 1 ano até aos 5 anos.82 As áreas de Hotelaria e Restauração, Lavandaria, Manutenção e Limpezas, Jardinagem e Hortofloricultura, Mecânica, Lavagem e Reparação de automóveis, apresentam uma transição mais rápida quer a área de Trabalhos Manuais. Quer a de Orientação Profissional, assumem os valores mais baixos ou a performance temporal comparativamente menos positiva. Na sequência dos dados que apresentamos anteriormente, interessa agora analisar quais foram os apoios e as plataformas que facilitaram ou, pelo contrário, serviram de entrave, à promoção de emprego ou inserção no mercado de trabalho. Tipos de apoios % Não beneficiei de nenhum apoio em especial, foi pelos meus próprios meios 8,2 Fui apoiado pela própria instituição de reabilitação 73,0 Fui apoiado por outra instituição de reabilitação 2,1 Fui ajudado por técnicos ou pessoas que trabalhavam na instituição 11,4 Recebi apoio dos serviços da segurança social/acção social 1,2 Fui apoiado no centro de emprego 1,6 Fui ajudado por uma organização sindical ou associação empresarial 0,0 Recebi ajuda da junta de freguesia/câmara municipal 0,0 Recebi apoio da escola 0,0 Fui auxiliado pelo pároco/igreja/centro paroquial 0,0 Tive a ajuda de amigos, conhecidos ou familiares 1,6 Tive outro apoio 0,9 Total 100 Total de indivíduos considerados 429 Quadro 4.55 Apoios decisivos na obtenção de emprego Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto aos apoios, verifica-se que 84,4% foram obtidos no quadro das próprias organizações, ou seja, 73,0% tiveram apoio da instituição e 11,4% dizem ter sido ajudados por técnicos que trabalhavam na instituição de formação. Se considerarmos ainda a percentagem de pessoas que foram apoiadas por outra instituição (2,1%), o valor percentual total de apoios prestados por agentes do próprio sistema de reabilitação indica claramente que este é determinante no acesso ao mercado de trabalho. Note-se também a inexistência de apoios por partes da administração pública local e de outras instituições desconcentradas do Estado, bem como dos sindicatos e empresas (vd. quadro 4.56). 82 Ao nível do I QCA e dos períodos que o antecedem, quase não é possível a comparação, pois o número de pessoas abrangidas não permite que se faça uma análise estatística sustentada. 0,0 6,3 0,0 4,4 10,3 4,4 4,4 0,0 1,5 100 68 Fui apoiado por outra instituição de reabilitação Fui ajudado por técnicos ou pessoas que trabalhavam na instituição Recebi apoio dos serviços da segurança social/acção social Fui apoiado no centro de emprego Tive a ajuda de amigos, conhecidos ou familiares Tive outro apoio Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 68,8 60,3 Fui apoiado pela própria instituição de reabilitação 16 100 6,3 6,3 0,0 12,5 14,7 Motora Visual % % Não beneficiei de nenhum apoio em especial, foi pelos meus próprios meios Tipos de apoios Tipo de deficiência Quadro 4.56 Tipo de deficiência por tipos de apoios decisivos para a obtenção de emprego 42 100 0,0 0,0 0,0 0,0 28,6 2,4 52,4 16,7 201 100 1,0 1,5 1,0 0,5 10,4 1,5 78,6 5,5 16 100 0,0 12,5 0,0 0,0 6,3 0,0 75,0 6,3 10 100 0,0 10,0 0,0 0,0 18 100 0,0 0,0 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 88,9 5,6 80,0 10,0 Paralisia MultidefiAuditiva Mental Linguagem cerebral ciência % % % % % Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 235 236 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O padrão de distribuição dos diferentes tipos de apoio pelos diferentes tipos de deficiência revela que as pessoas com deficiência motora e auditiva dizem não ter beneficiado de nenhum apoio em especial, (14,4% e 16.7%, respectivamente). As deficiências que assumem valores mais expressivos ao nível dos apoios concedidos pela própria instituição são quatro: mental, paralisia cerebral, linguagem e multideficiência; sendo que esta última apresenta valores acima da média (88,9%). Entre as pessoas que foram ajudadas por técnicos ou pessoas que trabalhavam na instituição, destacam-se as deficiências motora, auditiva e mental, sendo o valor percentual relativo à deficiência auditiva superior à média com 28,6%. Os apoios concedidos através do centro de emprego concentram-se, sobretudo, nas motoras e na multideficiência. Finalmente são as pessoas portadoras de paralisia cerebral aquelas que mais dizem ter recebido a ajuda ou apoio de amigos, conhecidos ou familiares. Quadro 4.57 Regiões de residência por tipos de apoios decisivos para a obtenção de emprego Tipo de deficiência Tipos de apoios Distrito Distrito do de Porto Lisboa Interior Norte e centro Litoral Norte e Alentejo Algarve Centro Não beneficiei de nenhum apoio em especial, foi pelos meus próprios meios 12,2 5,5 25,9 5,0 9,3 0,0 Fui apoiado pela própria instituição de reabilitação 76,8 65,8 48,1 77,9 68,0 93,3 Fui apoiado por outra instituição de reabilitação 2,4 2,7 0,0 2,1 2,7 0,0 Fui ajudado por técnicos ou pessoas que trabalhavam na instituição 4,9 16,4 18,5 10,0 14,7 6,7 Recebi apoio dos serviços da segurança social/acção social 2,4 1,4 0,0 0,7 1,3 0,0 Fui apoiado no centro de emprego 1,2 4,1 3,7 0,7 1,3 0,0 Tive a ajuda de amigos, conhecidos ou familiares 0,0 4,1 3,7 1,4 1,3 0,0 Tive outro apoio 0,0 0,0 0,0 2,1 1,3 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 82 73 27 140 75 30 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É no Interior Norte e Centro (25,9%) que se verifica a maior percentagem de pessoas que dizem não ter beneficiado de nenhum apoio em especial. Ao nível dos apoios concedidos pela própria instituição, é a região do Algarve que apresenta maior percentagem (93,3%). Volta ser a região Interior Norte e Centro aquela que apresenta valores mais elevados no que concerne aos apoios conseguidos através dos técnicos e pessoal da própria instituição formadora. Quanto ao tipo de apoios que não tem quase expressão na configuração institucional de apoios decisivos para a obtenção de emprego, é de sublinhar que é no Distrito do Porto que há uma maior percentagem de apoios dos serviços da segurança social ou acção social Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 237 (2,4%) e no distrito de Lisboa que se manifestam os valores mais expressivos dos apoios vindos dos Centros de Emprego. O quadro seguinte permite-nos avaliar a percepção que os utentes têm sobre a eventual relação que se estabelece entre a formação desenvolvida e a actividade profissional desempenhada. Entre 43383 respostas obtidas, de antigos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional que foram inseridos no mercado de trabalho, 11,1% considera que não existe uma relação directa entre a acção de formação e a profissão exercida, ou seja, quase 90% considera haver um ajuste entre a formação recebida e a actividade profissional desempenhada; 56,6% considera que adquiriu competências gerais, assim como mais de metade, também acha que adquiriu competências profissionais. De sublinhar que 21,8% ficou a trabalhar na própria instituição. É necessário, a partir desta questão, enfatizar o impacto verificado ao nível da avaliação subjectiva dos utentes no que toca aos resultados conseguidos através da formação. Fica bastante claro que os utentes consideram haver uma relação muito estreita entre a sua actual situação e as competências desenvolvidas, quer gerais, quer profissionais, durante a reabilitação profissional. Tipo de deficiência Tipos de apoios Sim % Não % Total Total de indivíduos % considerados Não há qualquer relação directa 11,1 88,9 100 433 Adquiri competências gerais que são agora úteis na minha vida 56,6 43,4 100 433 Adquiri competências profissionais que utilizo na minha actividade profissional 68,0 32,0 100 434 Consegui um estágio 19,9 80,1 100 433 Obtive um apoio à colocação 25,9 74,1 100 432 Tive acompanhamento pós colocação 33,5 66,5 100 433 Estou inserido num regime de emprego protegido 11,8 88,2 100 432 Fiquei a trabalhar na própria instituição 21,8 78,2 100 432 Quadro 4.58 Relações entre a frequência de acções de reabilitação e a actividade profissional Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 83 Cada opção de resposta foi tratada isoladamente. No entanto, os valores apresentados não são exclusivos. Cada inquirido podia ter escolhido no máximo três opções de resposta. 238 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Respostas médias Dimensões do trabalho Geral Antigos Actuais Com o trabalho em geral 1,8 1,8 1,8 Conteúdos do trabalho 1,9 1,9 1,8 Oportunidades de aprendizagem 1,9 1,9 1,8 Relação com colegas e superiores 1,7 1,8 1,7 Condições de trabalho 1,9 1,9 1,9 Ao nível das remunerações 2,3 2,2 2,5 Regalias sociais 2,2 2,1 2,4 Sentimento de utilidade 1,8 1,8 2,0 Oportunidades de carreira 2,1 2,2 1,9 Segurança e estabilidade 2,0 2,0 2,0 Perspectivas de futuro 2,0 2,1 1,9 Quadro 4.59 Grau de satisfação médio com a actividade laboral Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os antigos e os actuais utentes do sistema foram interrogados acerca da sua satisfação com a situação laboral84, decomposta num conjunto de parâmetros que vão da satisfação do “trabalho em geral” até às perspectivas de futuro, e incluindo dimensões da qualidade intrínseca (conteúdos, oportunidades de aprendizagem, relacionamento, condições, sentimento de utilidade) e extrínsecas (remunerações, acesso a regalias sociais, oportunidade de carreira, segurança e estabilidade). Pode-se afirmar que, apesar de a maioria das apreciações se situarem, em valores médios, na metade positiva, há ainda questões, relacionadas com as remunerações, regalias sociais, oportunidades de carreira, segurança e estabilidade e perspectivas de futuro, que se encontram na metade menos positiva. São, no fundo, as variáveis extrínsecas e instrumentais as menos satisfatórias, e é o futuro que aparece como mais problemático. A questão referente às relações estabelecidas com superiores e colegas é o ponto com que os beneficiários apresentam uma maior satisfação, o que demonstra uma valorização do plano relacional. No que se refere às oportunidades de carreira ou às perspectivas de futuro, os actuais utentes fazem uma avaliação mais positiva. Como muitas vezes acontece com quem se encontra no início do percurso formativo capaz de alimentar expectativas melhores que os resultados da condenação à actividade a que a sua condição de deficiência representava no passado e representa ainda nas ideias correntes em boa parte da sociedade. 84 Que se classificaram numa escala de: 1-muito satisfeito; 2- satisfeito; 3-insatisfeito; 4-muito insatisfeito. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Afirmações sobre os impactos das acções frequentadas Respostas médias Geral Antigos Actuais A acção/curso ajudou-me a obter ou a manter um emprego 1,7 1,7 1,9 A acção/curso ajudou-me a saber melhor como procurar um emprego e oportunidades de inserção 2,0 1,9 2,0 A acção/curso foi importante para o aumento da minha satisfação face à actividade que desempenho 1,8 1,8 1,9 A acção/curso tornou-me mais capaz de enfrentar o mundo do trabalho e suas exigências 1,8 1,8 1,9 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto aos impactos da formação os formandos têm uma opinião bastante optimista, em particular no que respeita ao auxílio na obtenção de emprego, na satisfação profissional e na autoconfiança O item que reúne apreciações menos positivas é o que diz respeito ao facto de a frequência das acções ter ajudado a melhorar a procura de emprego e as oportunidades de inserção, sendo entre os actuais formandos que mais se sente esta lacuna. 4.4.2- Cidadania O envolvimento das pessoas com deficiência na esfera social e cívica da sociedade aparece neste trabalho, como uma importante dimensão de análise dos impactos produzidos. O alcance desta relação irá ser apreciado através de indicadores relativos às percepções subjectivas que os sujeitos manifestam sobre um conjunto de parâmetros de participação cívica e associativa, bem como na percepção que os utentes têm sobre o próprio sistema de reabilitação. Adicionalmente, pode-se ainda analisar o grau de participação e interesse por actividades, culturais e políticas. Os níveis de participação na comunidade e a percepção de envolvimento nos fenómenos colectivos, serão tratados como um elemento definidor da própria inclusão social das pessoas com deficiência, Desde logo podemos começar com a assertividade a respeito do próprio sistema de reabilitação e os seus actores, o que se justifica pela consideração de que a participação cívica encontra expressão primária na relação simbólica entre os actores e os sistemas sociais em que participam. 239 Quadro 4.60 Grau de concordância média de afirmações sobre os impactos das acções 240 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Antigos Actuais Sim % Não % Total Sim % Não % Total União Europeia tem assumido maior responsabilidade 47,6 52,4 100 50,4 49,6 100 Estado tem assumido maior responsabilidade 53,8 46,2 100 57,0 43,0 100 Associações e instituições de reabilitação 63,1 têm assumido maior responsabilidade 36,9 100 58,6 41,4 100 Autarquias/poder local tem assumido maior responsabilidade 11,0 89,0 100 10,4 89,6 100 Família tem assumido maior responsabilidade 22,1 77,9 100 24,0 76,0 100 Próprio tem assumido maior responsabilidade 15,2 84,8 100 12,7 87,3 100 Sindicatos têm assumido maior responsabilidade 2,0 98,0 100 4,1 95,9 100 Empresários têm assumido maior responsabilidade 5,9 94,1 100 7,1 92,9 100 Igreja tem assumido maior responsabilidade 0,8 99,2 100 3,1 96,9 100 Outros têm assumido maior responsabilidade 0,6 99,4 100 0,9 99,1 100 Quadro 4.61 Entidades com maior responsabilidade face ao sistema de reabilitação 85 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Relativamente à percepção que os utentes têm da actuação que algumas entidades do sistema de reabilitação, ao nível da responsabilidade que têm assumido, observa-se que são as associações e instituições de reabilitação, as mais valorizadas, revelando este dado uma certa coerência com outras respostas que apontam para um percepção positiva quanto ao grau de envolvimento das instituição na resolução dos problemas dos utentes, quer antigos, quer actuais. Logo de seguida, aparecem a União Europeia e o Estado como entidades responsáveis, sendo que as restantes entidades são classificadas como desempenhando papéis de fraca responsabilidade. Em particular os sindicatos, os empresários e a Igreja, são entidades consideradas “ausentes” do sistema. A apreciação a respeito das responsabilidades assumidas não tem de corresponder linearmente a uma apreciação inversa do dever de maior envolvimento por parte das diversas entidades aqui consideradas. Pode-se considerar que uma entidade que já assume as suas responsabilidades em elevado grau deverá assumir ainda mais, do mesmo modo que se pode acreditar que outra entidade não tem, nem tem que assumir. 85 As perguntas que deram origem a este quadro, estavam formuladas para o respondente ao questionário escolher no máximo três entidades. Para feitos de análise optou-se por considerar cada entidade isoladamente, portanto, as percentagens identificadas não podem ser lidas como exclusivas. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 241 Será porém normal esperar que se encontre alguma correspondência em ambos os vectores de apreciação do desempenho institucional. Em boa medida é isso que acontece.86 Antigos Actuais Sim % Não % Total Sim % Não % Total 27,8 72,2 100 24,8 75,2 100 68,6 Associações e instituições de reabilitação 24,9 deviam ter um papel mais activo 31,4 100 55,1 44,9 100 75,1 100 25,2 74,8 100 União Europeia devia ter um papel mais activo Estado devia ter um papel mais activo Autarquias/poder local deviam ter um papel mais activo 42,8 57,2 100 35,3 64,7 100 Família devia ter um papel mais activo 18,1 81,9 100 19,1 80,9 100 Próprio devia ter um papel mais activo 10,3 89,7 100 8,9 91,1 100 Sindicatos deviam ter um papel mais activo 11,4 88,6 100 15,6 84,4 100 Empresários deviam ter um papel mais activo 24,7 75,3 100 23,5 76,5 100 Igreja devia ter um papel mais activo 8,2 91,8 100 9,5 90,5 100 Outros deviam ter um papel mais activo 0,7 99,3 100 1,4 98,6 100 Quadro 4.62 Entidades que deviam ter um papel mais activo no sistema de reabilitação Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ao comparar os valores percentuais das apreciações de antigos e actuais utentes, neste segundo vector, o dos “deverá”, observa-se que, para ambos, o Estado e as Autarquias, são as entidades que deviam ter um papel mais activo e superior ao do 1º vector. Porém, a igreja, a família, os sindicatos e os empresários, apresentam uma diferença acentuada entre aquilo que se julga deverem fazer e o que efectivamente fazem, o que corresponde a uma crítica implícita ao desempenho destas instituições. Saliente-se que uma parte dos inquiridos não se coloca a si próprio como devedor de um papel mais activo no sistema. 86 Tendo em conta que esta questão exigia alguma sensibilidade no que respeita ao conhecimento e funcionamento institucional do sistema de reabilitação, não será alheio, o facto de ter havido aproximadamente 35% da amostra a não responder a esta questão. 242 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Respostas médias Avaliação das entidades Geral Antigos Actuais Actuação da União Europeia 2,4 2,5 2,3 Actuação do Estado 2,8 3,0 2,7 Actuação das associações e instituições de reabilitação 2,1 2,2 2,0 Actuação das autarquias e poder local 3,1 3,2 3,0 Actuação da família 2,2 2,4 2,2 Actuação do próprio 2,2 2,2 2,2 Actuação dos sindicatos 3,2 3,4 3,1 Actuação dos empresários 3,0 3,2 2,9 Actuação da igreja 2,9 3,1 2,8 Actuação dos outros 2,3 2,1 2,4 Quadro 4.63 Avaliação do desempenho das várias entidades perante o sistema de reabilitação Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Legenda (1=muito bom; 2=bom; 3=suficiente; 4=insuficiente) Em média, as avaliações que os utentes fazem das entidades que, de um modo ou outro, participam e intervêm na configuração e sustentação do sistema, são mais positivas, no caso das instituições de reabilitação, das famílias, do próprio e da U.E. Todos os outros agentes, registam avaliações negativas com destaque para o poder local, os sindicatos e os empresários. Como será fácil perceber, esta avaliação corresponde, grosso modo, à presença ou à visibilidade, factores importantes quando o papel das entidades (por exemplo, das associações) junto dos beneficiários é crucial na mediação da relação entre o utente e o sistema e, de modo mais geral, para a própria vida pessoal e cidadania das pessoas. A participação associativa, bem como o interesse e a participação política, são, a este nível, indicadores pertinentes para a análise da adopção de uma atitude cidadã ao nível das esferas públicas de acção. Tendo em conta o que se passava previamente, pode-se assumir que qualquer acção a este nível, em particular no caso de algumas deficiências, representa o resultado efectivo do processo de reabilitação sócio-profissional, no qual estão previstos o aumento e desenvolvimento de competências em sentido amplo. Participação em associação ou colectividade Geral % Antigos Actuais % % Sim 24,0 27,2 22,3 Não 76,0 72,8 77,7 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1911 646 1265 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.64 Participação em associações ou colectividades Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 243 A participação em associações rege-se por um nível aproximado aos níveis de participação da população nacional. Em 1999, a percentagem de pertença a associações na população portuguesa era de 25,6%87. A percentagem de participação associativa nos beneficiários antigos (27,2%) apresenta valores mais elevados que os actuais e do que esta média nacional. A pertença a associações pode ser vista como um factor importante de inclusão social, atendendo a que permite a integração em redes de sociabilidade que facilitam o desenvolvimento de competências cívicas e de autodeterminação. Grupos etários Participação em associação ou colectividade 15-25 anos % 26-35 anos % 36-45 anos % Mais de 46 anos % Sim 22,8 25,1 26,7 26,0 Não 77,2 74,9 73,3 74,0 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1118 566 172 50 Quadro 4.65 Participação em associações ou colectividades por Grupos etários Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Entre os que participam numa associação ou colectividade, são os indivíduos com idades entre os 36 e os 45 anos, aqueles que apresentam uma maior taxa de participação (26,7%). De uma maneira geral, os níveis de participação parecem ser bastante estáveis tendo em conta as diferenças etárias. Grupos etários Participação em associação ou colectividade Motora Visual % % Paralisia Lin- Multidefi- Quadro 4.66 Auditiva Mental cerebral guagem ciência Participação em % % % % % associações ou Sim 21,4 35,6 55,6 20,7 24,2 29,4 21,2 Não 78,6 64,4 44,4 79,3 75,8 70,6 78,8 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 229 73 124 871 66 51 113 colectividades por tipo de deficiência Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 É ao nível das deficiências auditiva e visual, que se encontram os maiores índices de participação associativa, 35,6% e 55,6%, respectivamente. As deficiências mental, motora e a multideficiência apresentam as percentagens mais baixas, mas ainda assim não muito distantes do padrão típico da sociedade portuguesa. Mais uma vez, estamos perante uma situação de contraste entre as pessoas com deficiências motoras e sensoriais com melhores indicadores e participação do que as pessoas portadoras de deficiências mentais e da linguagem, que acabam por estar mais afastadas de um conjunto de actividades e 87 A variação verificada entre 1990 e 1999 é de decréscimo. Em 1990, Portugal tinha uma taxa de participação na ordem dos 34,0%. Este decréscimo é inverso à média europeia. No entanto, é uma tendência comum aos países da Europa mediterrânea católica (Espanha, França e Itália)(Vala, 2003:233). 244 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal contextos de participação cívica. Repare-se que são os primeiros que reuniram condições para formar associações que os auto-representem, enquanto nos segundos a iniciativa, veio, primariamente, de familiares e amigos. Geral % Tipos de associação Antigos Actuais % % Associação recreativa ou cultural 21,7 21,7 21,6 Associação ou clube desportivo 24,3 23,0 25,1 Associação cívica (ONG) 6,4 5,6 6,9 Associação ligada à área da deficiência 31,7 34,8 29,7 Outra 16,0 14,9 16,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 420 161 259 Quadro 4.67 Tipo de associação em que há participações Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quando se analisa o tipo de associações em que os indivíduos participam, verifica-se que são as associações ligadas à área da deficiência que concentram a maior percentagem de participação, com 31,7% de um total de 420 inquiridos que dizem, de alguma forma, participar em associações. Seguem-se as associações ou clubes desportivos. Nas associações cívicas, a percentagem de participação é mais reduzida, ocupando as associações recreativas e culturais uma posição intermédia. Tipo de deficiência Tipos de associação Motora Visual % % Paralisia Auditiva Mental cerebral % % % Ling. % Multidefi- Quadro 4.68 ciência Tipo de associação em que % há participações por tipo de deficiência 28,0 Associação recreativa ou cultural 29,8 7,4 21,6 20,3 31,3 33,3 Associação ou clube desportivo 17,0 7,4 5,4 28,8 25,0 25,5 20,0 Associação cívica (ONG) 2,1 3,7 13,5 8,5 0,0 0,0 8,0 Associação ligada à área da deficiência 36,2 77,8 56,8 20,3 37,5 16,7 32,0 Outra 14,9 3,7 2,7 22,0 6,3 25,0 12,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 47 27 37 177 16 12 25 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Se relacionarmos o tipo de deficiência com o tipo de associação em que os inquiridos participam, podemos verificar que são as pessoas portadoras de deficiências sensoriais, aquelas que apresentam um maior índice de participação em associações ligadas à área da deficiência, respectivamente as pessoas com deficiência visual (77,8%) e auditiva (56,8%). Também se pode constatar que entre as várias deficiências, a auditiva, é aquela que mais participa em associações cívicas. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipos de participação Geral % nas associações Antigos Actuais % % Membro ou sócio mas não participa directamente em actividades 25,8 31,0 22,7 Participa com regularidade como "utente" de actividades 53,4 44,9 58,4 Participa com regularidade em regime de voluntariado 13,3 12,0 14,1 É membro dos corpos de gestão 3,7 7,0 1,9 Outra forma de participação 3,7 5,1 3,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 427 158 269 245 Quadro 4.69 Tipo de participação nas associações Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto ao tipo de participação, pode-se concluir que a forma mais comum é enquanto utente de actividades prestadas pela própria associação. De acordo com o quadro “tipo de associação em que há participação associativa”, fica-se a saber que os destinatários das acções ou cursos, também são muitas vezes sócios/utentes das instituições. A assunção de responsabilidades directivas é muito rara. Sem fugir, assim, aos padrões normais na sociedade portuguesa, a participação associativa denominada de associativismo de alinhamento88, é muito reduzida. Grupos etários Tipos de participação nas associações 15-25 anos % 26-35 anos % 36-45 anos % Mais de 46 anos % Membro ou sócio mas não participa directamente em actividades 22,3 26,2 38,6 38,5 Participa com regularidade como "utente" de actividades 59,1 49,2 10,9 30,8 Participa com regularidade em regime de voluntariado 13,6 12,7 9,1 30,8 É membro dos corpos de gestão 1,7 6,3 9,1 0,0 Outra forma de participação 3,3 5,6 2,3 0,0 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 242 126 44 13 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro 4.70 Tipo de participação nas associações por grupos etários 88 “O associativismo de alinhamento, ou seja, sindicatos, partidos políticos e associações profissionais, tem vindo a perder aderentes. Em Portugal, todos os tipos de associações têm vindo a perder membros, mas, no caso do associativismo de alinhamento, as taxas de participação decresceram até mais de metade, verificando-se subidas muito ligeiras apenas nas associações de desenvolvimento no terceiro mundo e nos movimento de paz”(Vala, 2003:243) 246 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A participação enquanto utente vai diminuindo conforme aumenta a idade. O que se verifica é que os antigos utentes, deixam de participar numa qualidade e passam a ser membros ou sócios das instituições que anteriormente frequentaram, como se pode deduzir do peso dessas posições entre os escalões mais idosos. Ao nível da participação em regime de voluntariado, são os mais velhos que apresentam maiores índices participativos. Tipo de deficiência Motora Visual % % Tipos de participação Paralisia Lingua- MultidefiAuditiva Mental cerebral gem. ciência % % % % % Membro ou sócio mas não participa directamente em actividades 35,4 51,9 32,8 13,3 16,7 35,7 20,8 Participa com regularidade como "utente" de actividades 29,2 33,3 43,1 62,7 75,0 42,9 62,5 Participa com regularidade em regime de voluntariado 12,5 11,1 17,2 16,3 8,3 14,3 12,5 É membro dos corpos de gestão 14,6 3,7 6,9 1,2 0,0 7,1 0,0 Outra forma de participação 8,3 0,0 0,0 6,6 0,0 0,0 4,2 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total 48 27 58 166 12 14 24 Quadro 4.71 Tipo de participação nas associações por tipo de deficiência Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Novamente, vamos encontrar entre as pessoas com deficiência visual e auditiva, os valores mais expressivos de associativismo mais intenso, isto é, na qualidade de, são as pessoas com deficiência visual, que se destacam (51,9%), em regime de voluntariado, bem como as pessoas com deficiência auditiva (17,2%). Analisando agora o interesse que os utentes manifestam pelas questões políticas e o grau de participação na vida política em geral, pode-se ficar a conhecer um outro aspecto relevante do exercício de cidadania activa. Tipos de interesse Geral % Antigos Actuais Quadro 4.72 Interesse por questões políticas % % Não me interesso por estas questões nem voto 43,9 37,2 47,5 Interesso-me por política mas não voto normalmente 8,3 6,7 9,1 Costumo votar quando há eleições 35,9 48,3 29,3 Já fui candidato não eleito a um cargo público 0,6 0,5 0,7 Já fui eleito a um cargo público 0,4 0,5 0,4 Outro tipo de interesse 2,1 0,6 2,8 Não sei 8,8 6,2 10,1 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1821 627 1194 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 247 A maioria dos inquiridos afirma não ter interesse por questões políticas, nem votar - 43,9% no que se refere à população em geral, valor esse que aumenta para os actuais formandos (47,5%). No entanto, é de realçar que as percentagens dos inquiridos que afirmam votar quando há eleições é também bastante significativa (35,9%)89, percentagem essa que aumenta quando se isolam as duas populações, e se contabilizam apenas os antigos beneficiários do sistema de reabilitação (48,3%). O interesse pelas questões políticas baixa drasticamente de níveis quando se passa para uma participação mais activa na vida política, como sejam o candidatarse a um cargo público ou ser eleito para um cargo público. Grupos etários Tipos de interesse 15-25 anos 26-35 anos 36-45 Mais de anos 46 anos Quadro 4.73 Interesse por questões políticas por grupos etários Não me interesso por estas questões nem voto 54,2 30,7 28,1 22,9 Interesso-me por política mas não voto normalmente 8,1 7,2 13,8 6,3 Costumo votar quando há eleições 22,8 53,5 53,9 56,3 Já fui candidato não eleito a um cargo público 0,6 0,5 0,0 4,2 Já fui eleito a um cargo público 0,2 0,0 1,8 6,3 Outro tipo de interesse 3,1 0,5 0,6 2,1 Não sei 11,0 7,4 1,8 2,1 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1049 553 167 48 Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ao ventilarmos esta variável por grupos etários, verificamos que são os mais jovens (15-25 anos) aqueles que menos se interessam por questões políticas e que menos exercem o seu direito de voto (54,2%).90.Nos outros grupos etários o interesse é maior, sendo que a percentagem de indivíduos que afirmam votar quando há eleições é superior a 50%, em todos os outros escalões etários, verificando-se uma tendência ligeira de crescimento da participação política eleitoral proporcional à idade. O grupo constituído por indivíduos com mais de 46 anos é, assim, aquele que apresenta um maior índice de participação (56,3%). 89 É registado o valor significativo de voto eleitoral, uma vez que a nossa amostra caracteriza-se por uma estrutura etária bastante jovem, parte da qual não atinge sequer a idade mínima para exercer o direito de voto. 90 Note-se que neste escalão etário fazem parte uma franja de jovens até aos 18 anos que não podem exercer o direito de voto. 248 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de deficiência Tipos de interesse Paralisia Lingua- Multidefi- Quadro 4.74 Motora Visual Auditiva Mental cerebral gem. ciência Interesse por questões % % % % % % % políticas por tipo de Não me interesso por estas questões nem voto 27,7 21,1 25,2 52,4 29,5 46,8 42,6 Interesso-me por política mas não voto normalmente 14,3 15,5 8,9 6,3 13,1 8,5 5,6 Costumo votar quando há eleições 47,8 59,2 51,2 28,1 47,5 29,8 38,9 Já fui candidato não eleito a um cargo público 0,4 1,4 1,6 0,4 0,0 2,1 0,0 Já fui eleito a um cargo público 0,9 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 2,8 Outro tipo de interesse 3,1 0,0 0,0 2,7 1,6 4,3 0,0 Não sei 5,8 2,8 13,0 10,0 8,2 8,5 10,2 Total 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 224 71 123 830 61 47 108 Fonte: Inquérito aos utentes de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Levando em consideração o comportamento das pessoas com diferentes deficiências, verifica-se que são os deficientes visuais, aqueles que têm um maior nível de participação política eleitoral, seguidos de perto pelos indivíduos com deficiência auditiva (51,2%), motora (47,8%) e com paralisia cerebral (47,5%). Os valores mais baixos de interesse por estas questões e, consequentemente, a menor participação, encontram-se entre os indivíduos com deficiência mental e deficiência da linguagem. Estudos nacionais sobre participação política eleitoral revelam que são os indivíduos com maiores recursos materiais e sociais de existência e mais socializados na participação cívica, aqueles que mais se interessam e participam “seja através do voto, seja nas outras acções políticas”(Vala et al, 2003:330). Sendo certo que o universo das pessoas com deficiência se situa, maioritariamente, nos pólos opostos de desfavorecimento, quer material quer simbólico, os níveis de interesse e participação aqui observados correspondem, no fundo, a uma consequência da desvantagem que o sistema não consegue corrigir na totalidade. Deste modo, é provável que as pessoas com deficiência tenham uma capacidade de influenciar os processos de decisão e representação política de interesses que mais não fará do que contribuir para reproduzir a situação de desfavorecimento. 4.4.3- Práticas culturais e de lazer Segundo a ciência política, a (não) participação eleitoral e os movimentos políticos não são um indicador suficiente de “menoridade” cívica ou sequer de apatia. No entanto, é um sinal de que tal possa suceder, particularmente quando tal dimensão de participação não se faz acompanhar de um reforço das actividades nos movimentos sociais, ou de uma presença mais forte a nível cultural. deficiência Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Actividades Respostas médias Geral Antigos Actuais Ver TV 6,7 6,7 6,6 Ouvir rádio 6,2 6,4 6,2 Ler jornais 3,5 4,0 3,3 Ler revistas 4,0 4,1 4,0 Ler livros 3,1 3,2 3,1 Ir a museus 1,9 1,9 1,9 Ir ao teatro 1,8 1,8 1,8 Ir ao cinema 2,7 2,7 2,7 Ir a concertos 1,9 1,9 1,9 Desporto 3,4 3,2 3,5 Viajar 2,4 2,5 2,3 Internet 2,6 2,1 2,7 Jogar computador 3,0 2,6 3,3 249 Quadro 4.75 Frequência média de práticas e actividades culturais e de lazer Fonte: Inquérito aos utentes do sistema de reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ora, os dados avançados no quadro 4.75 reflectem os valores médios da frequência de certas práticas e actividades culturais e de lazer91. Podemos observar que, em média, os utentes do sistema de formação quase não vão ao teatro, a museus nem a concertos – práticas geralmente tidas como mais exigentes em termos de posses de capitais culturais. As práticas mais frequentes são as de ver TV e ouvir rádio, actividades quase diárias. Observe-se ainda que, entre antigos e actuais beneficiários, há certas diferenças. Os primeiros lêem mais jornais, ouvem mais rádio, lêem mais revistas, e vêem mais televisão. Por outro lado, os que estão actualmente em formação fazem mais desporto, jogam mais computador e consultam mais a Internet. Esta diferença poderá expressar diferenças geracionais, entre as quais não pode escamotear-se a pressão colocada pelo sistema de reabilitação co-financiado pelo FSE sobre os factores críticos de transição para a sociedade do conhecimento e da informação. Resta saber se para ela é suficiente o recurso às novas tecnologias, ou se será também necessário insistir na aquisição de disposições culturais; e, igualmente, na abertura da oferta dos correspondentes produtos culturais, dimensão de que as pessoas com deficiência têm sido persistentemente afastadas. 91 A escala apresentada aos formandos ia do 1 ao 7, correspondendo o primeiro valor ao nunca se ter realizado qualquer uma das actividades e o 7 ao fazer-se diariamente. 250 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Síntese Conclusiva: Quase do nada se fez obra. Até onde nos trouxe o Fundo Social Europeu Portugal conheceu nas últimas décadas um processo de mudança profunda e acelerada, que atravessou todos os domínios da economia, da sociedade e da vida quotidiana das pessoas. Globalmente, o país aproximou-se dos seus actuais parceiros europeus. Mas o desenvolvimento foi marcadamente desigual, combinando dinâmicas modernizadoras com atavismos conservadores. É frequente associarem-se as primeiras à “europeização” da sociedade portuguesa. Quer isso dizer que uma parte relevante das mudanças foi influenciada pela integração de Portugal na Comunidade Europeia, com as várias consequências daí advindas: o mercado e a sociedade abriram-se a espaços mais desenvolvidos; normas e regulamentação europeia passou a integrar o quadro jurídico português; modelos de organização social e política passaram a constituir referenciais de orientação das opções nacionais nos mais diversos domínios de acção do Estado, das empresas, das organizações, das famílias e das próprias pessoas; desenvolveram-se processos de coordenação de políticas económicas, de emprego, de educação, de solidariedade e segurança social. Não menos importante, a Europa representou um importante afluxo financeiro que permitiu desenvolver um conjunto de infra-estruturas e de políticas que, sem esses fundos, não teriam conhecido a dinâmica que conheceram. Além disso, com o financiamento chegavam também princípios, objectivos negociados, agendas políticas marcadas por novas preocupações sociais, exigências de rigor administrativo e modelos de orientação que foram moldando alguns domínios da vida nacional segundo padrões europeus harmonizados. À importância que inequívoca e generalizadamente se reconhece a este conjunto de efeitos, não corresponde porém um esforço de os conhecer com maior profundidade. Mesmo as avaliações a que os programas com cofinanciamento europeu estão sujeitos, não vão além da identificação e análise dos resultados obtidos. Não chegam a medir os respectivos impactos, isto é, as mudanças que efectivamente se produziram, de forma durável, nas áreas e sectores em que intervêm. Daí o interesse e o carácter inovador do projecto de pesquisa cujo relatório aqui se apresentou, sobre os impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional das Pessoas com Deficiência em Portugal. O estudo de impactos apresenta sempre grande complexidade metodológica. Em sentido estrito, implica um encadeamento de procedimentos que começa com a definição dos parâmetros da análise – isto é, quais os domínios concretos a estudar, quais as dimensões desses domínios a considerar e quais as variáveis que operacionalmente se utilizam – prossegue com a determinação exacta da situação de partida e com a verificação da situação num momento posterior em que os Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 251 efeitos se possam já ter verificado. Implica, também, a construção de um modelo analítico de medição, capaz de isolar os efeitos da variável explicativa da mudança – neste caso, o FSE. Os parâmetros do estudo estavam definidos à partida, constando de um modelo teórico produzido numa fase anterior do projecto (Sousa, 2002). Os domínios de impactos situam-se a três níveis: 1. Sistema de Reabilitação Socio-Profissional, incluindo - as ideologias, valores, normas legais e de enquadramento da acção em reabilitação sócio-profissional; - a rede de actores institucionais; - a instrumentação técnica utilizada no sistema; 2. Organizações de Reabilitação - modelos organizativos; - métodos de trabalho; - dimensão e organização dos recursos humanos; 3. Pessoas com Deficiência - competências (pessoais, sociais, profissionais) - condições face ao trabalho e noutros domínios relevantes da vida Não estando disponível um diagnóstico sobre a situação de partida em cada um destes parâmetros, sem o qual não faz sentido construir um modelo de tipo econométrico para determinar efeitos, houve que seguir outro caminho. Foi possível reconstruir alguns traços determinantes do contexto inicial, nomeadamente a partir de indicadores como as (i) unidades de conteúdo ideológico presentes na documentação de referência; as especificações dos papéis e a dimensão da rede dos actores também presentes na documentação disponível; a caracterização das medidas existentes nos regulamentos dos principais instrumentos de intervenção; (ii) a evolução de modelos organizativos, métodos de trabalho utilizados e capacidade técnica instalada, conseguidos através da aplicação de questionários a responsáveis e técnicos das organizações de reabilitação; (iii) o número de utentes do sistema, o seu percurso formativo e profissional, as apreciações sobre as aquisições no sistema, em termos de competências e de condições de vida, indicadores alimentados quer pela análise documental, quer pela administração de um inquérito a actuais e antigos utentes do sistema.92 Pudemos, assim, em grande medida, reconstruir a situação de partida e verificar as mudanças que foram ocorrendo em cada um dos domínios de impactos. Mas, como isolar os efeitos especificamente atribuíveis ao FSE? A estratégia metodológica, na ausência de um modelo matemático que de resto não seria útil dada a multiplicidade dos domínios de impactos e as interacções que existem 92 Do ponto de vista técnico, dadas as especificidades dos inquiridos, colocou-se um outro problema metodológico, desta vez de carácter mais técnico, ultrapassado através da colaboração das instituições e dos seus técnicos. Depois de envolvidos na construção do próprio instrumento de notação e formados para o aplicarem, intermediaram a aplicação do questionário, com excelentes resultados. 252 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal entre as diversas dimensões analíticas, consistiu principalmente na identificação de co-relações entre os programas co-financiados pelo FSE e as mudanças que foram ocorrendo no sistema, nas organizações, nos percursos de vida e nas representações subjectivas sobre os factores que afectaram esses percursos das pessoas com deficiência. Está subjacente a esta metodologia a hipótese de que grande parte das mudanças verificadas se devem àqueles programas, como se foi tornando evidente ao longo de todo o relatório, embora outros factores, nomeadamente a própria evolução política do país, a acção da sociedade civil e as transformações na economia e na sociedade portuguesa tenham também tido uma influência determinante. A hipótese geral de trabalho pode então ser enunciada, grosso modo, nos termos seguintes: Verificou-se em Portugal um progresso de relevância iniludível no acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho nas três últimas décadas, embora insuficiente, quer em termos quantitativos quer em termos da qualidade do emprego, face aos padrões exigíveis numa sociedade europeia moderna. Os progressos verificáveis devem-se à actuação de uma rede de organizações coordenada a nível nacional e alimentada, em grande parte, pelos Fundos Estruturais e em particular pelo FSE, sem os quais não se teriam produzido os resultados obtidos. Tais fundos, a que se adicionaram fundos nacionais numa lógica subsidiária, financiaram Programas responsáveis pela implementação operacional das medidas de política definidas no sistema de reabilitação (no caso dos Programas Operacionais) e pela inovação estratégica ao nível dos princípios e métodos de trabalho (no caso dos Programas de Iniciativa Comunitária). Estes programas não apenas foram fundamentais em termos de recursos operacionais e estratégicos, mas também ao nível da definição das normas de instrumentação técnica utilizadas nas organizações e codificadas no quadro normativo que configura o sistema de reabilitação. Este quadro normativo sofreu uma evolução previamente induzida por princípios e orientações ideológicas consignadas a nível europeu e mundial, os quais foram sendo incorporados na legislação e assumidos pela rede de actores nacionais, isto é, pelo movimento associativo e pelas organizações do sistema responsáveis pela coordenação e pela prestação de serviços de reabilitação. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal O esquema seguinte dá conta do modelo das co-relações encontradas. Níveis dos Impactos “Fontes” de Regras e Recursos Sistema – Ideologia – Rede Actores – Instrumentos e normas Organizações – Dispositivos organizativos – Meios – Métodos de trabalho Pessoas – Reabilitação – Integração Sócio-Profissional Documentos de Referência Mudanças Políticas e Institucionais Internas Financiamento Operacional Inovação Estratégica Financiamento Nacional FEDER Fundo Social Europeu – Programas Operacionais – Programas Iniciativa Comunitária Associativismo Auto-representação Faz-se notar que o elemento menos determinado de todo o esquema, porque é aquele que começa agora a ser mais fortemente estruturado, pelo menos para certos tipos de deficiência, é o da capacidade das associações representativas das pessoas com deficiência acumularem com os serviços de reabilitação que prestam, a integração plena no processo de formatação do quadro normativo e nos mecanismos de afectação de recursos às diversas prioridades de política. Uma vez estabelecido este conjunto de parâmetros e as correlações esperadas entre eles, vejamos, então, como elas se revelaram na realidade. Da marginalização ao valor da integração e da acessibilidade universal A distância que separava o país sub-desenvolvido que era Portugal quando em 1974 se operou a viragem do rumo da nossa História dos países desenvolvidos da Europa, não era apenas económica, nem somente do sistema de direitos – cívicos, políticos e sociais – e dos aparelhos que os concretizam. Era também uma enorme distância na cultura predominante. Para o que aqui nos interessa, na cultura, ou ausência dela, de solidariedade orgânica e institucional. A deficiência constitui um exemplo deste facto. Nascer ou adquirir uma deficiência era tido como uma fatalidade, com consequências de marginalização 253 254 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal da “vítima”. No caso de por “sorte” se possuir uma família com os meios necessários, poderia ser-se objecto da assistência privada que esta prestava como um “fardo” a suportar como destino. Se havia um “talento”, para cantar pelas ruas ou esmolar, sobrevivia-se. No caso contrário, definhava-se ao longo de vidas geralmente curtas, como objecto da caridade das instituições assistencialistas. Os esquemas de protecção eram parciais e incipientes – quase se resumindo aos seguros de acidentes de trabalho – e os de reabilitação apenas com a Guerra Colonial conheceram um pequeno desenvolvimento, principalmente na área da reabilitação física e funcional. O caminho de aproximação à Europa começa precisamente pela aproximação dos valores de democracia, de liberdade, de igualdade de direitos e deveres, com a consequente harmonização da agenda política. O período que se seguiu ao 25 de Abril foi um período de forte expansão das políticas públicas, em particular das políticas de protecção social e de saúde, criando-se um conjunto de medidas de protecção de carácter universal e instituindo-se as bases de um sistema de protecção mais sólido que seria consagrado na lei de bases de 1984, depois do período de estabilização política e económica, no quadro da preparação da adesão à CEE. Em 1977 criou-se o Secretariado Nacional de Reabilitação (designado SNRIPDSecretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência- a partir de 1996), cujas funções são de coordenação geral das políticas de reabilitação (numa primeira fase sob a tutela directa do Gabinete do Primeiro Ministro, e depois inserido nos Ministérios dos Assuntos Sociais e de Emprego, o que não pode deixar de se considerar um estreitamento da sua capacidade de influência). Dois anos depois foi criado o IEFP, desde logo integrando um serviço de Reabilitação e Emprego de Deficientes. Tal facto, juntamente com outras dinâmicas no campo da educação, traduz uma escolha política ideologicamente orientada: a qualidade de vida das pessoas com deficiência não passa apenas por colocar-lhes ao dispor os meios financeiros para assegurar um padrão de vida mínimo – ainda assim escassos dadas as limitações conhecidas do nosso sistema de segurança social – subsidiando a inactividade e “naturalizando” a condição do deficiente como um incapacitado para a vida activa, nem apenas por conseguir reduzir ao máximo as limitações “materiais”impostas pela deficiência, mas também por combater a estigmatização resultante da exclusão de certos contextos sociais, nomeadamente os que o trabalho proporciona: sentimento de utilidade, autonomia, estatuto social, participação na vida colectiva. Até muito tarde, a visão assistencialista permaneceu dominante na sociedade portuguesa. Ainda em 1983 os documentos oficiais sobre as necessidades das pessoas com deficiência omitiam a questão da empregabilidade. A deficiência permanecia como um risco a ser protegido com a devida assistência. O direito à educação estava porém consagrado e dentro do proto-sistema de reabilitação sabia-se que as primeiras gerações de alunos “especiais” requereriam mais tarde saídas para a vida activa. 93 Em 1966 é criado o Serviço de Reabilitação Profissional, extinto em 1969 Caridade Solidariedade familiar Deficiência como “fatalidade” Seguros de acidentes 1990-1993 Ano de 1988: 784 utentes Em 1987, IEFP, com apoio do PODAEEF 93 colabora na constituição de 16 Centros de Reabilitação. Em 1988 são 33 as entidades apoiadas Seguros de acidentes Sistema Universal de pensões POR (Plano Orientador da Política de Reabilitação) Média de 4452 utentes/ano 2000-2006 Direito à Segurança Social e à Reabilitação; Reabilitação como processo global e contínuo de “compensação” para superar desvantagens de desempenho e permitir a participação/ integração e autonomia Desenvolvimento do sistema; formação de quadros; incorporação de conhecimentos e inovação de metodologias (Percursos Pessoais integrados). Serviços Especializados e segmentados. Novas áreas de formação e ajustamento ao mercado Média de cerca de 3.300 utentes/ano Média de 5137 utentes/ano (até 2003) 2000: 134 Instituições, sendo 127 de entidades privadas, 1 CGD e 2 CGP e 4 acordos IEFP Integração das respostas nas estruturas correntes Percursos Pessoais Integrados. Sistema começa a abrir-se a outros públicos Reabilitação como processo duplo de “compensação” e de transformação com vista à “acessibilidade” e integração nos serviços correntes 2º Quadro Comunitário de 3º Quadro Comunitário de Apoio -POEFDS – Apoio - INTEGRAR Eixo 5 EQUAL PIC Emprego/Adapt 1994-1999 1989: 50 Instituições, sendo 1994: 97 Instituições, sendo 48 de entidades privadas, 1 92 de entidades privadas, 3 CGD (Centro de Gestão Di- CGD e 2 CGP recta) e 1 CGP (Centro de Gestão Participada). Em 1990 são já 69 Centros e Núcleos 1º Quadro Comunitário de Apoio - PO7 e PO12 HORIZON Direito à Segurança Social e à Reabilitação; Direito à Segurança Social e à Reabilitação como Reabilitação; Reabilitação processo global e como processo global e contínuo de “compensação” contínuo de para superar desvantagens de “compensação” para superar desvantagens de desempenho e permitir a desempenho e permitir a participação/integração e participação/integração e autonomia autonomia Estruturação do sistema, Prioridade à educação de formação de quadros, uma nova geração; No final incorporação de do período (pré-adesão à CEE): Preparação préconhecimentos e inovação profissional, lançamento de de metodologias. Serviços infraestruturas, formação de Especializados e quadros e técnicos, segmentados; Inovação formatação do quadro de técnica e nos processos de medidas. trabalho 1974-1989 Programa Operacional de Desenvolvimento e Apoio às estruturas de Formação Profissional Utentes (medidas operacionais) Rede de Instituições Enfoque dominante das medidas Ideologia Programas / Iniciativas Comunitárias Antes de 1974 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 255 256 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A distância entre as ideias que se iam aportando e a possibilidade prática de as concretizar era enorme. Faltava disseminá-las e faltavam os meios.94 Parte destes foram encontrados na cooperação entre o IEFP e o movimento associativo e cooperativo que se desenvolveu no sector, e que permitiu, até 1985, ir instalando oficinas de formação, adquirindo equipamentos, regulamentando as remunerações de monitores, preparando tecnicamente os formadores, que serviram de infraestrutura para as primeiras acções co-financiadas pelo FSE. A disseminação das ideias inovadoras foi sustentada pela influência de documentos internacionais e da entrada de Portugal na CEE. Em 1989 foi traduzido para português um documento da OMS, de 1976, sobre a Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens, no qual se fornece uma definição conceptual que tem dominado o campo até aos nossos dias. A deficiência é definida como “qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica”, que se torna problemática na medida em que se associa a uma desvantagem, entendida como “…um impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma deficiência ou de uma incapacidade, que lhe limita ou lhe impede o desempenho de uma actividade considerada normal para esse indivíduo, tendo em atenção a idade, o sexo e factores sócio-culturais”. O enfoque é pois colocado na relação entre o indivíduo e o meio, cabendo à reabilitação compensar as incapacidades com vista a reduzir ou anular as desvantagens no desempenho, ou participação nas diversas actividades. Em 1986 a Recomendação 86/379/CEE assinala a função do FSE como instrumento de auxílio financeiro às políticas dirigidas à igualdade de direitos e oportunidades de emprego e formação profissional. Englobam-se nas medidas o apoio à formação profissional, o acesso ao emprego, a reinserção profissional. Propõe-se a criação de emprego em mercado normal e em mercado de emprego protegido e a cooperação com entidades associativas, patronais e sindicais. Depois, em 1991, a Carta Social Europeia consagra o direito das pessoas com deficiência à formação e readaptação profissional e social. A estas orientações não é estranha a criação em Portugal da primeira Lei de Bases da Prevenção, Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (sublinha-se a noção de reabilitação como integração), em 1989, ano em que também se publica o Decreto-. Lei 247/89 relativo à formação profissional e emprego. Tais normas criam os principais instrumentos de política no sector que atravessam todo o período até 2000, e consagram os princípios da universalidade de direitos e deveres, da globalidade da intervenção, da participação, da integração de políticas, da informação, do primado da solidariedade e da equiparação de oportunidades. A reabilitação é vista como um processo global e contínuo com vista à independência das pessoas. O Estado assume a responsabilidade de garante das políticas, para o que estimula e coordena a cooperação com as famílias, as organizações e as pessoas. 94 Sendo a superação deste hiato um dos principais efeitos do FSE. As marcas da ideologia foram porém profundas. Por exemplo, ainda hoje, em nome da rejeição do assistencialismo e a favor da activação (que tem implícito um maior esforço de preparação das pessoas que partem com maiores desvantagens) os agentes no campo recusam o sistema de quotas de emprego como uma solução aceitável, porque nega às pessoas com deficiência a possibilidade de serem reconhecidas e preparadas para serem tão produtivas como quaisquer outras e porque é objecto de manipulações que vincam as clivagens entre as tipologias de deficiência com que se preenchem as quotas e os que por essa via são marginalizados vendo fechar-se-lhes as portas dos lugares preenchidos por quota. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Em 1992 o Conselho da Europa produziu o documento “Uma política coerente para a reabilitação das pessoas com deficiência”, cujas consequências, levando o seu tempo a percorrer caminho, viriam a ser de grande relevo, por exemplo através das prioridades assumidas no Plano Nacional de Emprego. Diz-se no documento que é à sociedade que compete adaptar-se às necessidades específicas das pessoas com deficiência, querendo isso dizer que não apenas é preciso compensar as pessoas para suprirem os “handicaps”, como as diversas estruturas sociais se devem ajustar a ideias como as de “desenho de utilização universal” e de “acessibilidades universais”, com vantagens para todos os cidadãos e para a própria qualidade da sociedade. Esta ideia está subjacente à Resolução do Conselho das Comunidades Europeias de 1996 relativa à igualdade de oportunidades, onde se reafirma a necessidade de supressão de barreiras e obstáculos à integração e de combater todas as formas de discriminação, promovendo a cidadania, a responsabilidade, a independência e auto-determinação das pessoas com deficiência. Estas ideias teriam tradução no desenho do POEFDS - Programa Operacional de Emprego e Formação Profissional-, um dos principais instrumentos de financiamento do PNE, que inclui no mesmo programa as medidas de emprego e formação para toda a sociedade. O PNE, por outro lado, ao dar à coordenação de políticas um papel-chave para a concretização dos seus objectivos, realça a necessidade de articulação sectorial (com destaque para a educação, emprego, segurança social e saúde) que estava presente já nas “Linhas Estratégicas para reforçar o grau de coordenação do sistema de reabilitação” publicadas pelo SNR em 1994. Está, pois, a assistir-se desde os inícios dos anos 90 no plano das ideias, e dos finais da década no plano dos instrumentos financeiros e das práticas, à transição de um sistema segmentado para um sistema aberto e integrado nas políticas correntes, no qual as pessoas com deficiência são antes de mais uma parte dos “utentes” das políticas. A personalização de serviços com “qualidade”, em função das necessidades de cada pessoa, que vinha já sendo de há muito experimentada no campo da reabilitação, foi entretanto sendo exportada para a intervenção junto de outros grupos desfavorecidos. A Lei da Prevenção, Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência, apresentada na AR em Fevereiro de 2004, fixa já estas orientações, a partir da consagração de noções como as de igualdade de oportunidades, participação activa, autonomia e cidadania. Não será de estranhar que a familiarização com estes conceitos venha a colocar nova pressão sobre o funcionamento do sistema e, nomeadamente, sobre o surgimento de novos agentes ou o reforço do papel dos existentes no domínio da auto-representação.95 95 257 Lateralmente poderão igualmente crescer necessidades acessórias, como as de alojamento ou de apoio em serviços domésticos a pessoas com deficiência que vão perdendo os seus familiares de origem ou que os vão vendo incapacitados para prestar os serviços com que têm contado no quadro familiar. 258 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Um sistema para uma acção global, contínua, polivalente e personalizada para a integração profissional das pessoas com deficiência Provavelmente, este avanço no campo ideológico não teria feito história se não pudesse ter sido objecto de uma aproximação prática. É aí que o FSE tem feito sentir mais profundamente os seus efeitos. O Decreto-Lei 247/89 estabelece, no quadro dos princípios orientadores da Lei de Bases aprovada no mesmo ano, um conjunto de medidas de acção de reabilitação sócio-profissional. A necessidade de aplicar com eficácia os meios que começavam a chegar do FSE e preparar a introdução do primeiro I QCA não se pode desligar da fixação deste quadro legislativo de base. Em 1991 nova legislação acrescenta a este “instrumental técnico” o “prémio de mérito” às empresas e sublinha a importância da formação em alternância ou da formação prática em situação real de trabalho através de estágios, o sistema de unidades capitalizáveis no percurso formativo, os programas de empregoformação. A partir de 1998, verifica-se uma nova viragem no sistema, como se pode ver claramente pelo facto de muitas das medidas referidas terem sido objecto de nova legislação que incorpora a experiência entretanto acumulada e que, além disso, adequa o sistema às prioridades assumidas com a aprovação do Plano Nacional de Emprego, que concretiza em Portugal a Estratégia Europeia para o Emprego. Numa lógica de “mainstreaming” presente no documento de 1992 do Conselho da Europa a que se fez referência acima, a formação e integração profissional das pessoas com deficiência e de outros grupos desfavorecidos passa a competir prioritariamente às estruturas “regulares” (Centros de Emprego e Centros de Formação de Gestão Directa e Participada), com apoio especializado dos Centros de Recursos Locais e dos Centros Especializados. Assim, mantendo-se activo o instrumental especializado instituído desde 1989, abre-se a esta população todas as restantes medidas de emprego e formação, muitas vezes sujeitas a “majorações”. Medidas no âmbito do desenvolvimento pessoal e profissional: - preparação pré-profissional, instituída em 1989, destina-se a facilitar a transição para a vida activa de crianças que frequentam instituições de ensino especial. Foi financiada pelo POR até 1990, encontrando-se depois também no PO12 e no sub-programa INTEGRAR. A partir do II QCA, com a substituição do “ensino especial” pela frequência do ensino regular com apoios educativos especiais e com o prolongamento da escolaridade obrigatória, a idade de entrada neste tipo de programas foi sendo alargada no âmbito do INTEGRAR e do POEFDS, programas em que a pré-formação permanece como acção financiada; - avaliação/orientação profissional, visa proporcionar às pessoas com deficiência a tomada de decisões vocacionais. Igualmente instituída em 1989, sofreu nova regulamentação em 2000. Foi desde o POR (1989-90) integrada na própria formação profissional, de que constitui uma primeira “etapa” da Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal “orientação/formação integrada em mercado normal de trabalho”. Nos PO7 e 12 aparece como tipologia de acção designada “avaliação e orientação profissional”, com o INTEGRAR designa-se “orientação, avaliação, aconselhamento e préformação”, ao passo que no POEFDS se designa “informação, avaliação, orientação profissional”. Algumas instituições especializadas limitam a sua actividade a este tipo de acção, caso em que aparece separada das restantes etapas da formação. - formação profissional, obedeceu desde o QCA I – e de forma mais elaborada após as experiências do HORIZON – à lógica mais tarde consagrada como “formação profissional especial”, uma das medidas do Mercado Social de Emprego. Distingue-se da formação regular por incidir sobre as dimensões pessoais e relacionais, para além das profissionais, por ser servida em módulos, ter duração mais prolongada96 e ajustada às características de cada utente e, ainda, por estar fortemente articulada com o apoio às saídas para o emprego. Uma das acções previstas desde 1989, a formação em posto de trabalho, foi-se tornando cada vez mais praticada ao longo da sucessão dos QCA’s, muitas vezes deixando o carácter complementar dos primeiros programas operacionais, para se tornar o principal instrumento de formação. Apesar da permanência da medida, os sucessivos programas co-financiados pelo FSE foram sofrendo pequenos ajustamentos. Assim, se no POR o FEDER teve maior papel no apoio à instalação de oficinas, já nos PO 7 e 12, para além das já referidas metodologias de formação, eram elegíveis “acções inovadoras de formação/orientação/integração sócio-profissional de jovens”, que no INTEGRAR deixaram de ser só para jovens alargando-se a todos os grupos etários maiores de 15 anos. No POEFDS surgem, na mesma lógica, os “percursos formativos ajustados e projectos pessoais”, a formação de jovens do ensino regular e “acções integradas de formação/emprego e qualificação em artes e ofícios tradicionais”; Para além das medidas e das respectivas nomenclaturas, a análise ficaria muito incompleta sem uma referência aos conteúdos das acções de formação. Nomeadamente na transição do QCA I para o QCA II, mantendo-se no essencial as áreas de formação/emprego anteriores, verificaram-se dois ajustamentos importantes. Um, no sentido de reforçar as actividades dos serviços, nomeadamente dos serviços administrativos, dos serviços à comunidade e das TIC. Outro, no sentido de aproximar a oferta de formação à procura do mercado de emprego, isto é, explorar com maior intensidade áreas com maior procura profissional. Os diversos mecanismos de colaboração entre as instituições formadoras e as empresas, desempenharam a este respeito um papel relevante, ao passo que o maior envolvimento dos Centros de Emprego no sistema a partir do III QCA reforçou esta orientação de fundo. Nos inquéritos efectuados a actuais e antigos utentes do sistema, esta “mutação” é bem visível. Com a sucessão dos QCA’s, reduz-se a frequência das acções de orientação profissional, alargando-se e equilibrando-se as restantes áreas. Até 1990 não existiam as áreas de “Informática e Multimédia”nem “Mecânica, 96 259 No campo da reabilitação, tendencialmente, a duração pode estender-se até 1 ano para a adaptação/orientação, 2 anos para a qualificação e mais 1 ano para experiência em situação de trabalho. 260 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Lavagem e Reparação de Automóveis”. Pelo contrário, sobressaíam, para além da Orientação Profissional que é referida por mais de metade dos frequentadores das acções, os “Trabalhos Manuais: Têxteis, Olaria e Costura” e a “Hotelaria e Restauração”. As “Práticas Administrativas e Secretariado”, a “Construção Civil, Electricidade e Serralharia”, a “Formação de Formadores”, a “Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais” e a “Lavandaria, Manutenção e Limpeza” surgem também referidas pelos utentes que estiveram no sistema entre 1986 e 1989, mas com pouco peso relativo. Nos inquéritos efectuados junto de dirigentes, de técnicos e de formadores (estes um pouco mais críticos), o desempenho da formação, medido em termos de assiduidade dos formandos, taxa de aprovações, abandonos, comportamento disciplinar, é muito positivo. O mesmo se diga da respectiva evolução. As principais dificuldades situam-se a jusante do processo formativo, no funcionamento do mercado de emprego e nos seus mecanismos exclusionários, embora a descrença dos familiares na viabilidade de uma vida profissional autónoma também seja um factor apontado, principalmente no caso da deficiência mental. A fórmula “tornar o trabalho compensador”, nomeadamente por via da distância entre os níveis remuneratórios baixos do trabalho e os níveis dos subsídios de formação que, sendo também baixos, se aproximam dos salários praticados no mercado, é uma outra matéria a merecer atenção. - readaptação ao trabalho, é uma medida que data também de 1989 e que visa proporcionar às pessoas que tendo trabalhado se tenham tornado deficientes, condições e processos de adaptação que lhes permitam o aproveitamento da experiência profissional em funções adaptadas às suas limitações funcionais. Esta medida aparecia expressamente referida no POR, tendo voltado a aparecer como medida elegível para financiamento pelo FSE apenas no POEFDS. No âmbito da Integração no Mercado Normal de Trabalho O emprego em mercado normal de trabalho, em detrimento da criação de estruturas especializadas, isto é, segregadas, tem sido desde o início da aplicação do FSE uma prioridade formal, sendo o emprego protegido solução de recurso para os casos de mais difícil integração. Pode dizer-se que aos poucos a transição tem vindo a operar-se nesse sentido. As soluções variam entre o trabalho por conta de outrem e a instalação por conta própria. De entre as medidas para apoiar o emprego assalariado contam-se: - subsídio de adaptação de postos de trabalho, objecto de regulação legal em 1989, como novos diplomas a serem publicados em 1990 e 2000. A medida estava já presente no POR e encontra-se igualmente prevista em todos os subsequentes programas operacionais; - subsídio de compensação, às entidades empregadoras pelo menor rendimento das pessoas com deficiência. Medida criada em 1990, foi também objecto de um Decreto.-Lei em 1991 e de nova Portaria em 2000. Aparece referida em todos os Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Programas até 2000, altura em que a nova filosofia trazida com o PNE ao POEFDS a substitui pelas diversas majorações. Este último programa contém também uma medida nova, o “emprego apoiado” em Mercado Normal de Trabalho que substitui os anteriores subsídios (medida ainda não implementada); - subsídio para a eliminação de barreiras arquitectónicas, criado também em 1989. Foi financiado em todos os programas com componente FSE; - subsídio de acolhimento personalizado, data, como os anteriores de 1989. Destina-se a compensar custos com o acolhimento personalizado de que muitas vezes carecem as pessoas com deficiência. Foi financiado no quadro dos PO 7 e 12 e do INTEGRAR; - Prémio de integração, criado em 1989 como quase todas as medidas mencionadas, visa atribuir um subsídio às empresas que celebrem contratos sem prazo com trabalhadores com deficiência. É financiado pelo FSE desde o I QCA, embora no POEFDS apareça com o nome de “incentivos à contratação”, que existem também para outros grupos, sendo no caso das pessoas com deficiência objecto de majorações. A sua importância no conjunto das medidas tem sido crescente e tenderá a desenvolver-se; - apoio à colocação e acompanhamento pós-colocação, visa melhorar o acesso e a manutenção no emprego das pessoas com deficiência, através de um sistema de mediação especializada estruturada e contínua. Data de 1989 e foi objecto de novo diploma em 2000, como aconteceu com várias outras medidas. Passou a ser cofinanciado desde o QCA I. Trata-se de uma das medidas cujo peso foi sendo crescente na prática. O Prémio de Mérito foi instituído em 1989 e “reinstituído”10 anos mais tarde, em 1999. Visando sensibilizar a comunidade dos empregadores para as potencialidades profissionais das pessoas com deficiência, é atribuído anualmente a entidades empregadoras que se distingam na contratação dessas pessoas ou a pessoas com deficiência que se distingam na criação do próprio emprego. Estando inscrito no POR, desapareceu do instrumental técnico dos PO’s 7 e 12, voltando a constar do INTEGRAR e do POEFDS. Estes dois programas prevêem, aliás, a promoção de acções de informação e sensibilização dirigidas aos empresários e outros empregadores e à comunidade em geral, devido a reconhecer-se a existência de barreiras culturais como um dos principais obstáculos à integração de pessoas com deficiência no mercado normal de trabalho. A instalação por conta própria, é uma opção de integração profissional cujo apoio está igualmente previsto desde 1989, tendo sido objecto de novo diploma em 2001. Destina-se a apoiar a iniciativa de pessoas na criação do seu próprio emprego. Os subsídios associados a estas medidas estão inscritos nos programas com financiamento do FSE desde 1990. Dadas as condições próprias a certas tipologias de deficiência e à ineficácia de funcionamento de certas infraestruturas, como por exemplo os transportes públicos, considera-se que o teletrabalho pode ser uma forma de inserção 261 262 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal particularmente adequada. Sendo certo que por vezes a essa modalidade de trabalho se associam processos de “flexibilização selvagem” do mercado, não é menos certo que o teletrabalho constitui uma das formas de trabalho com mais futuro na sociedade do conhecimento, podendo proporcionar elevados padrões de qualidade. Esta é uma das matérias emblemáticas do pioneirismo do sector da reabilitação. O apoio ao tele-trabalho está previsto na lei desde 1989, tendo sido objecto de novo diploma em 2000. As medidas previstas incluem não apenas o apoio directo à criação do próprio posto de trabalho, mas também a formação dos tele-trabalhadores, a criação de centros de tele-serviços ou a contratação de teletrabalhadores por parte de terceiros. Existe ainda uma Bolsa para teletrabalhadores. Apenas no POEFDS se insere uma acção específica para apoio a esta política. No âmbito do Emprego Protegido Para as pessoas com deficiência em relação às quais se verifique impossibilidade de inserção no mercado normal de trabalho, e sempre visando a transição para esse mercado (objectivo mais discursivo do que prático), existem duas medidas no âmbito do emprego protegido que, com suporte financeiro de programas co-financiados, empregavam 916 pessoas em 2000 (768 em regime de emprego protegido e 148 em regime de emprego normal, como trabalhadores de enquadramento), 831 dos quais efectivos. São elas: – Centros de Emprego Protegido, dos quais existiam 17 no ano 2000 em todo o país. Foram instituídos em 1983 como unidades de produção industrial, artesanal, agrícola, comercial ou de serviços, compensadas pela menor produtividade dos trabalhadores que empregam; – Enclaves, dos quais existiam 19 em 2000, estando prevista a criação de mais 11 em 2002. Previstos desde 1985, são grupos de pessoas com deficiência que exercem a sua actividade em conjunto, sob condições especiais, no quadro de uma organização normal de trabalho. As Empresas de Inserção, financiadas pelo POEFDS, não sendo uma medida específica e exclusiva para pessoas com deficiência, incluem-nas entre os seus destinatários. Aliás, a criação deste instrumento de trabalho, tal como a formação profissional especial, é em grande parte devedora da experiência da reabilitação, nomeadamente dos CEP’s. Majorações No âmbito das majorações, pode-se referir uma ampla panóplia de medidas de apoio ao emprego de carácter universal, como os estágios profissionais, o programa de formação-emprego, a rede ajuda e, ainda, as diversas medidas de estímulo à oferta de emprego (apoio à contratação, iniciativas locais de emprego promovidas por desempregados, prémios pela igualdade de oportunidades). A tendência na instrumentação técnica dos Programas Operacionais do FSE será, crescentemente, a da substituição de medidas específicas, tendencialmente Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 263 segregativas, por iniciativas deste tipo.97 Por isso o POEFDS, programa que reflecte esta inflexão ideológica consagrada no Plano Nacional de Emprego, ao contrário dos seus antecessores, inclui entre as acções elegíveis, para além das já referidas empresas de inserção, outras medidas do mercado social de emprego, como as escolas-oficina para novas profissões, a ocupação profissional em áreas de interesse social, a criação de pequenas e médias empresas cooperativas, instrumentos de utilização universal junto de grupos desfavorecidos. Medidas de carácter estruturante e transversal Os Programas Operacionais co-financiados, na maior proporção, pelo FSE incluem ou incluíram ainda outras medidas de carácter estruturante e complementar, como o apoio à concessão de ajudas técnicas e acções de informação/formação de técnicos, dirigentes e outros agentes com intervenção no sistema. Na sua componente FEDER, prestaram também apoio a infraestruturas de base para o desenvolvimento das acções de formação e emprego, como a instalação e equipamento de Centros e Núcleos de Reabilitação e, no POEFDS, de centros para a vida activa e a transição dos Centros e Núcleos de Reabilitação para Centros de Recursos Locais e Centros de Recursos Especializados. Na iniciativa antecedente do I QCA ainda se incluíam o apoio aos Centros de Actividades Ocupacionais, que daí para a frente foram apoiados pelo FEDER no que respeita às intervenções físicas, e pela Assistência Social no que respeita ao funcionamento, bem como o apoio às famílias e integração em lares, igualmente assumidas pela Assistência Social. Inovação e Aprendizagem: o papel dos PIC A influência do FSE no sistema de instrumentos técnicos da reabilitação sócioprofissional ficaria incompleta sem referência aos Programas de Iniciativa Comunitária. Em particular o HORIZON desempenhou um papel determinante, a três níveis. Num primeiro nível, para além da instalação de equipamentos e infraestruturas, é de destacar a realização do primeiro (e até ver único realmente fiável) levantamento sobre a dimensão e a situação das pessoas com deficiência em Portugal. A nível das práticas, por via da cooperação transnacional e da experimentação de novas metodologias de trabalho, foram criados novos serviços, novas valências e novas abordagens técnicas nas instituições prestadoras de serviços, depois reproduzidas de forma alargada no INTEGRAR e no POEFDS. Por fim, ao nível do “policy-mix” o HORIZON juntou num mesmo programa medidas para as pessoas com deficiência com medidas de desenvolvimento comunitário e, principalmente, de formação e emprego para outros grupos desfavorecidos, contribuindo assim decisivamente para a estruturação de uma rede de entidades capazes de prestar serviços de qualidade a esses grupos, para a qual transferiu conhecimento e experiência que está neste momento já a carecer de depuração, por selecção e elevação dos padrões de qualidade. 97 Certos instrumentos de carácter regional ou sectorial, como o Plano Regional de Emprego do Alentejo, o PAIPS ou o PRODESCOOP, incluem também majorações no caso das medidas se aplicarem a pessoas com deficiência. 264 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Espera-se do PIC EQUAL que um efeito similar seja produzido, precisamente promovendo a selecção e difusão das melhores práticas já não de forma segmentada em função dos utentes – deficientes por um lado e não deficientes por outro – mas segundo uma estrutura orientada para os problemas do mercado de trabalho e das capacidades das pessoas desfavorecidas. Efeitos na Rede de Actores Institucionais: da expansão da rede especializada à lógica de “mainstreaming” com apoios especializados de entidades certificadas A evolução da rede de actores que integram o sistema de reabilitação sócioprofissional, tanto em extensão como em articulação institucional e especialização funcional, é um dos indicadores que tornam mais evidente a importância do Fundo Social Europeu. Não deixando de reflectir transformações na ideologia e na agenda política, como as referidas acima, tal evolução é fortemente devedora do impulso oriundo daquele instrumento financeiro. O número de entidades no terreno prova-o inequivocamente. Em 1966 foi criado o Serviço de Reabilitação Profissional para recuperar trabalhadores “vítimas” (a expressão não é inócua) de diminuição física. Em 1969 o serviço foi extinto e a reabilitação, apesar dos efeitos da guerra colonial, sofre várias reestruturações, que só estabilizariam com a criação do SNR. O ritmo de criação de organizações para a reabilitação em geral até ao 25 de Abril foi residual, traduzindo assim a demissão do Estado das suas funções sociais. A seguir àquela data verificou-se uma “explosão” no ritmo de criação de estruturas, quer ao nível do aparelho público, quer principalmente por iniciativa do associativismo privado de cariz especializado em reabilitação, de início centrado principalmente nas componentes físicas e escolares. O sistema institucional recobre hoje um conjunto diversificado de actores de nível nacional, regional e local, quer públicos, quer privados, quer ainda mistos. Aludimos nesta conclusão apenas àqueles que têm uma intervenção directa na prestação de serviços aos utentes.98 O IEFP é desde 1978 responsável directo pelas políticas de reabilitação profissional. Até aos anos de pré-adesão à CEE, os serviços prestados no terreno (por exemplo, pelo núcleo de Ranholas existente desde 1981) foram porém muito limitados. Mas esses foram anos de aprendizagem, na qual desempenharam um papel decisivo programas como o HELIOS. Entretanto, à época da adesão à CEE, aos poucos serviços existentes juntam-se várias entidades associativas. Por exemplo em 1987, para além da criação do Núcleo de Alcoitão, o IEFP decide a constituição de 16 Centros de Reabilitação e em 1988 estava já a cooperar com 33 entidades. O número dispara para 50 entidades em 1989 e 69 em 1990. No ano de 1994 estão já em acção 97 entidades, sendo 3 Centros de Gestão Directa e 1 Centro de Gestão Participada. Em 2000, à entrada do QCA III, o número de entidades apoiadas ascendia a 134, sendo 127 delas privadas. 98 Remete-se para uma leitura do corpo do relatório a referência aos actores sem intervenção directa e específica. Refira-se desde logo o SNRIPD e o conjunto das Federações e Associações Nacionais de representação do sector, os gestores dos Programas co-financiados pelo FSE, e outras entidades. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 265 Entre estas organizações encontra-se uma grande diferenciação quanto à dimensão, predominando as médias e pequenas. Em termos financeiros, mais de 75% das instituições tem receitas que não ultrapassam 2.000.000/ano e cerca de 16% não ultrapassam os 500.000/ano. O FSE tem um peso evidente na estrutura das receitas das instituições de reabilitação. Cerca de 8,5% das entidades são suportadas em mais de 75% das suas receitas pelo FSE. Para um quarto do total este fundo representa mais de 50% das receitas e 36,5%, incluindo-se aqui instituições de grande dimensão e actividades diversificadas,99 encontram-se no intervalo entre 26 e 50% do orçamento. O serviço de reabilitação e emprego do IEFP mudou de designação e de âmbito em meados dos anos 90, para Serviço de Programas de Inserção. Tal mudança traduz uma tendência ideológica para a “des-sectorialização” da reabilitação, fortemente influenciada pela experiência inovadora do primeiro HORIZON e depois reproduzida nos programas operacionais INTEGRAR e POEFDS, integrandoas no quadro das políticas dirigidas à inserção do conjunto dos grupos vulneráveis ou vítimas de discriminação no mercado de emprego. Esta reorientação de um sistema especializado para um sistema mais universal do ponto de vista dos seus públicos só mais tarde viria, porém, a ter tradução generalizada no terreno, por duas vias distintas. Por um lado, a partir do PNE, a reabilitação profissional passou a ser uma responsabilidade dos serviços correntes de emprego, nomeadamente dos 86 Centros de Emprego, dos 31 Centros de Formação de Gestão Directa e da rede de Centros de Gestão Participada. Por outro lado, num sentido inverso, a acção do EQUAL estrutura-se em torno de medidas que não se segmentam segundo as categorias de beneficiários, mas sim por tipo de medidas, levando muitos centros e núcleos de reabilitação a abrir-se a populações não deficientes.100 A primeira destas duas reorientações teve outras consequências na estruturação da rede de serviços de reabilitação. Os Centros e Núcleos de Reabilitação Profissional foram estimulados a evoluir de serviços segmentares na área da formação e do emprego, para Centros de Recursos Locais e Centros de Recursos Especializados credenciados pelo IEFP. Para além dos serviços de avaliação/orientação profissional, formação profissional e readaptação ao trabalho, suporte de programas de apoio à colocação e acompanhamento pós-colocação e integração no mercado de trabalho, apoio ao tele-trabalho e ao auto-emprego e prestação de ajudas técnicas, os primeiros Centros (de que foram credenciados 67 até 2001 e 74 até 2004) asseguram a actuação especializada de suporte técnico de primeira linha aos Centros de Emprego, ao passo que os Centros Especializados (9 já credenciados) intervêm de forma suplectiva mais especializada em determinadas tipologias de deficiência, num âmbito nacional ou regional. Um campo com uma auto-imagem positiva e modernista… Num sector tão permeável à influência europeia como o da reabilitação, não surpreende que o discurso dos protagonistas adira a uma visão “modernista” 99 Como, por exemplo, Hospitais. 100 Prática que algumas já assumiam numa lógica inovadora. 266 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal quando se trata de apreciar o funcionamento interno das organizações que o compõem. Na verdade, vários indicadores objectivos sugerem que essa visão dos agentes corresponde em boa parte à realidade.101 Basta mencionar, no plano da gestão, fenómenos como o investimento (co-financiado pelo FSE) na qualificação dos recursos humanos, a acreditação dos Centros como Entidades Formadoras, a certificação dos formadores, ou o rigor administrativo, contabilístico e avaliativo a que estão obrigadas as instituições candidatas aos programas europeus. Podemos ainda acrescentar a exposição a práticas de trabalho assentes na incorporação de saberes resultantes da cooperação transnacional a que muitos desses projectos obrigam, nomeadamente os que se enquadram em Programas de Iniciativa Comunitária, ou o desenvolvimento de hábitos de trabalho em parceria que de há muito se instalou nas organizações do sector, embora de forma desigual, com contrastes por exemplo ao nível regional. De facto, a maioria dos dirigentes inquiridos102 julga que as suas organizações são “flexíveis”, abertas, internamente democráticas, assentes em formas horizontais e reticulares de organização do trabalho – privilegiando-se o trabalho em equipa e de circulação da informação. Os contactos com o exterior são múltiplos e diversificados quer no âmbito, indo das empresas às autarquias, passando pelos gestores de fundos, órgãos de tutela, parceiros do sector, quer no tipo, com privilégio para as formas mais ágeis de relacionamento. Os dirigentes são tendencialmente pessoas qualificadas e possuem grande experiência dentro do sistema, o que traz como contrapartida o relativo envelhecimento. Ao contrário do que acontece com outros sectores na área da solidariedade e da própria economia, os dirigentes das organizações de reabilitação profissional foram participantes activos em acções de formação contínua, em particular durante o QCA II. Segundo os próprios, porém, a área da gestão permanece de certo modo lacunar. Os técnicos que trabalham nas instituições, apresentando um perfil bem mais jovem, são também muito qualificados, em média, e activos na procura de formação contínua. Apesar de se verificar alguma mobilidade dentro do sistema, tendem a ser fiéis às instituições a que se ligam profissional e sentimentalmente. Tal envolvimento e motivação não são compensados, na visão dos próprios, no plano do reconhecimento social e das oportunidades de carreira. De forma geral, os técnicos e os formadores julgam já ter sido mais aberta a possibilidade de participação activa nas decisões das organizações, o que alerta para a possibilidade de com a sedimentação do sistema ocorrer um processo de burocratização a evitar. A opinião sobre a qualidade dos serviços prestados aos utentes é muito positiva, em particular ao nível da capacitação para o exercício dos direitos de cidadania. Os utentes, por seu turno, partilham com os técnicos e os dirigentes uma apreciação positiva sobre as instituições de reabilitação. Revelam-se mais 101 Muitas instituições mudaram os próprios estatutos para poderem recorrer aos fundos do FSE para promover os serviços de reabilitação profissional. 102 Lembremos que o fraco índice de respostas ao questionário, paradoxalmente, parece indicar que a cultura modernista não foi suficiente para superar certas lógicas mais tradicionalistas, como as que se associam à falta de transparência no acesso à informação estratégica sobre as organizações, quer porque não se cuida devidamente de a ter operacionalizada e facilmente acessível, quer porque noutros casos se pretende ocultar o que se pensa serem segredos que dão alma ao “negócio”. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 267 satisfeitos com os formadores, o pessoal técnico e os conteúdos da formação do que com as condições materiais que encontram e com a logística. Uma avaliação também positiva, mas menos do que noutros aspectos (tanto menos quanto mais escolarizados são os inquiridos), é manifestada a respeito da divulgação das oportunidades de formação oferecidas pelo sistema, pormenor que aliás se julga estar a piorar do I para o III QCA. Uma ruptura com o passado, no sentido da coesão social Se porventura ainda não estivesse claro como são determinantes os impactos produzidos pelo FSE no campo da reabilitação profissional, “pedra-de-toque” da qualidade social e da coesão de uma sociedade, elas dissipar-se-iam ao olharmos para alguns dos grandes números indicativos do desempenho do sistema. Desde logo, quanto aos utentes. O número conhecido antes do I QCA é de 784 utentes do (pré)sistema em 1988. A média anual do primeiro período de programação passou para 4.452 utentes/ano, tendo decrescido apenas ligeiramente no segundo e voltando depois a atingir a média de 5.137 utentes/ano entre 2000 e 2003. Por exemplo, no ano de 1989 foram concedidos 374 apoios à contratação. Dez anos depois, o número era de 2.429. Estes valores indicam que a capacidade de acolhimento do sistema foi aumentada com o apoio do FSE. Apoio esse cujo montante financeiro foi, aliás, crescente. Com o PO7 e o PO12 entraram no sistema que estava a ser construído 24 e 76 milhões de Euros, a que se juntaram cerca de 45 milhões do HORIZON. No QCA II, só através do INTEGRAR medida 3, entraram 225,112 milhões ( 166.681 mil do FSE), o que representou um acréscimo, em termos anuais, de 87% (mais 17.453.391,5/ano). No QCA III, a medida 5.2 do POEFDS está a aportar ao sistema 237.763,5 mil. Somando esse valor ao do PORLVT (Programa Operacional Regional de Lisboa e Vale do Tejo), nos três primeiros anos “regulares” do QCA (2001, 2002 e 2003), a média anual é de 42.723.729, isto é, 95% do valor no segundo QCA. Como o crescimento do número de beneficiários foi relevante, os ganhos de eficiência são notórios. Mesmo tendo em conta este último decréscimo nas verbas,103 a verdade é que os meios disponíveis não diminuíram. Os recursos financeiros disponibilizados entre 1995 e 2002 passaram, para o conjunto das medidas do sistema, de 41.795.822 no primeiro daqueles anos, para 64.595.966 em 2002.Tudo indica que outro efeito positivo do FSE é o de alavancagem, isto é, o de implicar o aumento das contribuições nacionais para o sistema. Temos a esse propósito informação para três anos, 2001, 2002 e 2003 (cf. Grupo de Tarefa, 2002), que mostram uma subida das contribuições do orçamento próprio do IEFP de 7.792.544 em 2001, 24.252.347 em 2002 e 29.163.206 em 2003, o que representa para respectivamente 13,0%, 37,5% e 45,0% do total do dinheiro investido em cada um daqueles anos. 103 Que é sobrevalorizado, na medida em que não entra em linha de conta com a lógica de “mainstreaming” entretanto adoptada, tornando no fundo o sistema devedor de meios investidos nas mais diversas medidas “gerais”. 268 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Mas não basta constatar a verificação deste aumento. A questão mais importante reside em saber se os meios investidos estão a produzir os resultados esperados, isto é, se estão a criar um sistema de emprego mais acolhedor e aberto às pessoas com deficiência. Os percursos pessoais e profissionais desta população, as suas apreciações sobre os ganhos resultantes da utilização dos serviços e sobre as suas capacidades e níveis de participação ajudam-nos a abordar esta questão. O sistema funciona. Persistem problemas…mas funciona. A composição da amostra de actuais e antigos beneficiários do sistema que respondeu ao questionário que constitui a principal fonte de informação deste estudo é, em si mesma, reveladora de alguns dos impactos do FSE. Comecemos por ver a estrutura da relação dos inquiridos com o trabalho, para depois observarmos os fluxos da formação para o emprego. Entre os antigos beneficiários inquiridos (um total de 664), 62,2% exerce uma profissão. No entanto, a proporção dos que se ocupam das tarefas do lar, tendo em conta que passaram pelo sistema, é também relevante (8,1%) e o desemprego atinge um valor anormalmente elevado, não face a certo senso comum pessimista, mas face ao padrão nacional. São 15,0% os desempregados, 9,6% há mais de um ano. A cessação e a rescisão de contratos são as principais causas de desemprego (39,2% dos casos). Cerca de 80% dos antigos beneficiários desempregados apenas não trabalham porque não encontram emprego, sendo somente 6,7% os que não aceitaram ofertas. A protecção no desemprego é diminuta. Do total de antigos beneficiários apenas 2,0% afirma receber subsídio de desemprego. Entre os que trabalham, e uma vez mais contra certas crenças negativistas, nem todas as profissões são desvalorizadas. São 5,5% os especialistas de profissões intelectuais e científicas, 15,6% o pessoal administrativo qualificado e 21,1% o pessoal qualificado dos serviços. Como acontece um pouco com a população não deficiente, o peso dos pouco qualificados é elevado: 25,4% operários, artífices e artesãos e 18,4% pessoal não qualificado. Por seu turno, os ramos e sectores de actividade de inserção profissional são muito diversificados, apesar da clara sub-representação nas actividades financeiras e na comunicação social, serviços culturais e recreativos, sectores que permanecem mais segregativos. A relação contratual vigente nos empregos dos utentes do sistema que já o abandonaram apresenta uma desvantagem em relação à população portuguesa, por um lado, e por outro, um contraste acentuado. A desvantagem está no tipo de contracto: 57,5% sem termo, 30,2% a prazo e 5,2% sem contrato. Tendo em conta a juventude e a transição recente para o mercado em muitos casos, a gravidade da situação atenua-se, mas não se pode menosprezar. O contraste respeita ao muito reduzido peso dos patrões (valor residual) e dos trabalhadores por conta própria (7,1% contra 24,6% em geral), apesar dos incentivos existentes. O espírito empreendedor apresenta um défice claro. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal As empresas privadas são as principais empregadoras, ocupando 47,1% dos inquiridos que trabalham. Seguem-se as instituições sem fins lucrativos, com a desproporcionada percentagem de 30,1%, indiciando algum “fechamento” do sector. Os organismos da administração pública empregam 12,3%, valor ligeiramente abaixo dos 13,8% que constituem o total dos trabalhadores da administração pública no total da população activa. Nas empresas estão principalmente os especialistas e profissionais intelectuais e científicos (que também se dividem pela administração pública), bem como os operários, artífices e artesãos. Uma parte importante do emprego é estável: 43,2% dos inquiridos que são antigos utentes com quem as instituições de reabilitação ainda mantêm contactos e que, por isso, tendem a não estar há muito tempo fora do sistema, exercem a actual profissão há mais de 3 anos. Mas são também frequentes os casos de instabilidade nas carreiras profissionais, como se pode inferir a partir da correlação negativa entre o número de empregos e a duração dos mesmos. É de realçar, porém, que à medida que os ex-utentes vão mudando de profissão, a carreira tende a ter um sentido ascendente. Confirmando o quadro de certo modo dual da situação, também é verdade que grande parte das pessoas que tiveram três ou quatro situações profissionais, acabam por “regressar” em quantidade apreciável ao sistema e às instituições sem fins lucrativos. Vejamos então agora, sinteticamente, o que o estudo nos revelou a respeito dos fluxos entre a formação e o emprego. Para quem frequentou apenas uma acção de formação, em 63,2% dos casos a actividade profissional surgiu até 3 meses depois. O valor sobe para 66,7% após a última acção para os que frequentaram duas. Seis meses depois estes valores sobem para 71,0% e 73,7%.104 Cerca de 86,6% dos inquiridos encontram um trabalho até 6 meses após a conclusão da formação e outros 9,0% após 1 ano (7,6% levam entre 1 e 2 anos).105 A deficiência visual, motora e a multideficiência apresentam vantagens. A deficiência mental, que constitui o público predominante do sistema, situa-se numa posição intermédia (79,6% encontram emprego até 6 meses após a conclusão do curso e 9,7% demora até 1 ano). As maiores dificuldades parecem ser enfrentadas pelas pessoas com paralisia cerebral, surdez e deficiências da linguagem. É de realçar que os períodos de transição tornaram-se cada vez mais rápidos ao longo da sucessão dos QCA’s, provavelmente em virtude da aprendizagem e inovação metodológica empreendida no sistema. A fluidez das saídas para emprego é maior em “Hotelaria e Restauração”, “Lavandaria, Manutenção e Limpeza”, “Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais” e “Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis”. Numa posição intermédia encontram-se os frequentadores dos cursos de “Informática e Multimédia”, “Práticas Administrativas” e “Formação de Formadores”. Os cursos de 104 269 O desemprego 3 meses depois da última acção (entre desempregados há menos de 1 ano, desempregados há mais de 1 ano e procura do primeiro emprego) soma 21,0% dos que apenas frequentaram uma acção, e 20,5% para os que estiveram em duas. Seis meses depois a transição da formação para desemprego desce, no conjunto, para 15,7% e 10,5% respectivamente para acções únicas ou duplas. Sendo valores elevados, não deixam de traduzir um impacto positivo da “acumulação” de acções de formação e de se traduzir, a prazo, na melhoria deste indicador de inserção. 105 A comparação destes dados com os da estrutura mostram que, apesar do desempenho positivo (talvez surpreendentemente positivo), permanecem níveis elevados de instabilidade, porque são muito mais os que, olhada a situação no momento do inquérito, não estão a trabalhar do que os que afirmam ter encontrado uma actividade no percurso, tendo passado portanto por um emprego que não conservaram. 270 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal transição mais lenta, mas ainda assim num padrão de nível elevado, são “trabalhos manuais: Têxteis, Olaria e Costura” e “Construção Civil, Electricidade e Serralharia”. Confirmando a ideia de alguma estabilidade profissional que assinalámos a propósito da estrutura das inserções profissionais, também a análise dos fluxos nos revela que 86,6% dos que exerciam uma profissão 1 ano depois de concluída a última acção de formação, já a possuíam 3 meses após este momento. Saliente-se, por fim, que cerca de 98,9% dos antigos utentes diz ter havido relação directa entre a formação recebida e a profissão exercida, relação essa que é maior entre os profissionais mais qualificados. Um sistema com entrada e com saídas Uma vez mais contrariando algumas ideias preconceituosas, a esmagadora maioria dos utentes não frequenta sucessivas acções de formação sem saída para o mercado. Dos beneficiários antigos, 72,3% só frequentaram uma acção de formação e 22,8% duas. Entre os actuais utentes, os valores são respectivamente 81,8% e 14,5%. Quando se verifica a frequência de acções sucessivas, estas não parecem acumular-se sem progresso. Pelo contrário, verificam-se transições para acções mais qualificadas, ganhando peso nos terceiros e quartos cursos a “Informática e Multimédia” e as “Práticas Administrativas e Secretariado”.106Alguma ideia de “retenção” dos utentes no sistema de formação pode originar-se, assim, na duração prolongada dos cursos, que como vimos resulta da própria lógica da formação especial adaptada a esta e outras populações. Na verdade, 77,2% dos inquiridos neste estudo permanecem nas instituições de reabilitação por mais de 2 anos. Mas, quando frequentam mais de uma acção de formação, a primeira tende a ser mais curta, quase com carácter propedêutico, a segunda mais prolongada e as subsequentes outra vez mais curtas, com carácter de especialização mais avançada em relação à formação de base. As transições no interior das organizações de reabilitação são, aliás, não apenas entre cursos de formação, mas também entre escola e formação profissional e desta para medidas de preparação da saída para o emprego, de longe o caso mais frequente como vimos acima. Para além dos impactos profissionais Para além da situação e dos percursos de formação e profissionais, os efeitos do FSE nas pessoas com deficiência têm sido, como é seu objectivo, sentidos a outros níveis da vida e dos sentimentos das pessoas. Nomeadamente, foi possível obter no presente estudo um conjunto de representações e opiniões dos utentes a respeito do seu próprio desenvolvimento pessoal, da percepção do desempenho do sistema – o que por via directa mede de alguma forma a respectiva qualidade e, por via indirecta, o sentido crítico dos utentes – e da satisfação com os serviços utilizados e, ainda, da participação cívica. A opinião generalizada entre antigos e actuais utentes do sistema de reabilitação é a de que a formação recebida teve efeitos muito positivos sobre um 106 Existe uma relação entre estes percursos de qualificação sucessiva (e de passagem das profissões manuais paras as profissões não manuais) e os níveis de escolaridade de base dos utentes. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal conjunto de dimensões importantes da vida de qualquer pessoa, como a do relacionamento inter-pessoal, a auto-estima, a confiança nas suas próprias capacidades – o que se faz acompanhar de uma crítica expressa em diversas instâncias à falta de confiança de outras entidades, a começar pelas próprias famílias – ou o controlo emocional. O padrão que emerge é relativamente claro: os efeitos foram positivos no que respeita a aspectos “constitutivos” da deficiência em si mesma, mas as principais melhorias fazem-se sentir ao nível dos desempenhos, isto é, daquilo que se pode fazer mesmo possuindo-se um “handicap” à partida. Por outras palavras, o que melhorou foi principalmente a capacidade para lidar com os problemas e, portanto, melhorar o desempenho e a autonomia. Para os resultados obtidos terão contribuído, a avaliar pelas opiniões expressas a respeito de quem tem desempenhado um papel mais preponderante na reabilitação, acima de tudo as instituições prestadoras dos serviços e os técnicos que nelas trabalham. Avaliações também positivas obtêm a Europa e o Estado, as famílias e as próprias pessoas com deficiência. Negativamente avaliadas são a Igreja, os sindicatos, os empresários e as autarquias. O Estado é a entidade que, segundo as opiniões dos mesmos inquiridos, deveria assumir maiores responsabilidades, logo seguido das autarquias e dos empresários. A maior distância entre o papel desempenhado e o que delas se esperava, isto é, o maior défice de responsabilidade, encontra-se entre os sindicatos, os empresários, as autarquias e a Igreja. Uma diferença menos marcada é assinalada ao Estado e às famílias. Um saldo positivo apresentam as instituições de reabilitação, os técnicos e a Europa. Os utentes do sistema encontram-se globalmente muito satisfeitos com o trabalho, principalmente nas dimensões “intrínsecas”: conteúdo das actividades, sentimento de utilidade, oportunidades de aprendizagem. Quanto às dimensões “extrínsecas” – regalias sociais, oportunidades de carreira, segurança e estabilidade - verifica-se menor satisfação ou até, no caso da remuneração, alguma insatisfação. Não é demais lembrar que cerca de 95% dos utentes recebe uma bolsa de formação e que, muitas vezes, a transição para o emprego não se traduz numa melhoria dos rendimentos. Paradoxalmente, quando o centro da questão se desloca da remuneração do trabalho (onde o referencial são as bolsas ou as desigualdades salariais) para a apreciação da situação financeira (onde o referencial pode ser a “condenação” à marginalização que constituía a norma prévia ao FSE), a satisfação é relativamente elevada. Isto é, 75% dos inquiridos, apesar dos rendimentos muito baixos, consideram-se relativamente satisfeitos. O quarto que se manifesta insatisfeito tende a ser integrado pelos mais escolarizados, que já trabalham e que possuem deficiências sensoriais. Isto é, os que colocam os padrões de referência em patamares mais elevados.107 Só 9,3% considera que a situação financeira piorou nos últimos 5 anos e as expectativas de futuro são optimistas, embora moderadamente: 21,8% julgam que a sua situação vai melhorar muito nos próximos 5 anos, 40,3% que vai melhorar e 107 Apenas os indivíduos com rendimentos superiores a 1500/mês nunca revelam insatisfação. 271 272 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 32,3% responde não saber. As expectativas mais optimistas encontram-se entre os actuais formandos. A passagem pelo sistema deve traduzir-se em ganhos no campo da participação na vida colectiva. Um dos indicadores dessa participação passa pela vida associativa. Os utentes do sistema apresentam níveis de participação associativa na ordem dos 24,0%, próximos da população portuguesa em geral (25,6% em 1999). Se isolarmos os antigos utentes, o valor sobe para 27,2%. Destacam-se os deficientes auditivos (55,6%) e visuais (35,6%). Entre os deficientes mentais a participação associativa atinge o valor de 20,7%. Os níveis maiores de associativismo têm uma natureza “utilitária” não recreativa,108 embora esta também tenha peso. Assim, as associações na área da deficiência cobrem 31,7% dos que têm vida associativa, as desportivas representam 24,3% e as recreativas e culturais 21,7%, enquanto as associações cívicas e ONG’s não ultrapassam 6,4%, o que também não foge à regra comum no país. Piores indicadores são os que se registam ao nível da participação política e nos consumos culturais.Talvez por razões diversas. Quanto ao primeiro domínio, os que dizem que não se interessam pela política nem votam são 30,7%, 28,1% e 22,9% respectivamente nos escalões etários 26-35 anos, 36-45 anos e mais de 46 anos. Os que dizem que apenas votam são, para os mesmos escalões, apenas 53,5%, 53,9% e 56,3%. A apatia política é um dado crescente na sociedade portuguesa, mas espera-se que a frequência dos sistemas de ensino e formação influencie esse fenómeno, pelo que aqui se regista claramente um campo de acção a desenvolver. Já quanto aos consumos culturais, para além de eventuais razões especificamente ligadas ao capital cultural, não podemos deixar de considerar que a escassez de produtos adaptados e as carências nas acessibilidades justificam que, numa escala de 7 pontos, a média da leitura de livros seja só 3,1, ida a museus 1,9, ida ao teatro 1,8, ida ao cinema 2,7 e ida a concertos 1,9. Assim, o lazer é ocupado principalmente com a televisão (6,7), o rádio (6,2), ler jornais (3,5) ou ler revistas (4,0). Perspectivas de futuro O sistema de Reabilitação Profissional está colocado perante uma apreciação dual do seu processo de desenvolvimento, que o mesmo é dizer, em larga medida, do que foi possível fazer com os apoios do Fundo Social Europeu. Se tomarmos como padrão de referência a situação de partida, sem qualquer espécie de exagero podemos afirmar que os apoios que nos chegaram desse Fundo, quer em termos financeiros, quer em termos técnicos e organizativos, mudaram radicalmente a face dos problemas. As instituições de reabilitação mostraram que as pessoas com deficiência não estão condenadas a permanecer excluídas do mercado de emprego, como inválidos para a vida activa e, pelo contrário, com as políticas adequadas, podem aceder ao mercado de trabalho em condições de igualdade de capacidade e de desempenho em relação aos demais trabalhadores. 108 53,4% é o valor dos que têm uma participação como utentes, contra apenas 3,7% como dirigentes, ou 13,3% como voluntários. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Se, pelo contrário, tomarmos como ponto de referência a situação desejável de igualdade de oportunidades, como devemos tomar, de acordo com os princípios da coesão social, então é certo que há um conjunto de lacunas a resolver e de problemas ainda a ultrapassar. O Estudo dos Impactos do FSE na Reabilitação Profissional em Portugal pôs em evidência os resultados alcançados neste campo, 109 fruto de um notável dinamismo, uma eficiência evidente, uma apreciável capacidade de inovação, de transferência de experiência e de alargamento do domínio de acção que, voltamos a afirmar, mudaram a face das condições e das expectativas de vida das pessoas com deficiência em Portugal. Mas o futuro não se fará com o comprazimento em relação aos impactos produzidos. Faz-se, antes, respondendo às componentes que se afiguram ainda problemáticas. Situemos essas componentes nos três níveis de análise dos impactos com que trabalhámos, com vista a salientar os principais desafios que a reabilitação enfrenta num futuro próximo. Ao nível do sistema, talvez o principal desafio que actualmente se coloca seja o de completar o processo de “des-sectorialização”e de “mainstreaming”das políticas de reabilitação. Levar o processo até ao fim tem implicações práticas. Por exemplo, ainda em 2002, os 67 Centros de Recursos Locais deixavam “desapoiada”a acção de 23 dos 86 Centros de Emprego, com prejuízo principalmente da Região Norte Inteior, da Beira Interior e da zona da Grande Lisboa. Daí para cá o número de Centros de Recursos Locais terá crescido para 74, mas ainda assim o sistema revelase de algum modo desequilibrado territorialmente. A articulação entre os Centros de Recursos Locais e os Centros Especializados, por um lado, e os Centros de Emprego e os Centros de Formação, por outro lado, terá de permanecer uma matéria sensível. Quer os serviços públicos regulares de emprego, quer os serviços especializados de reabilitação possuem culturas muito marcadas e fortes. Não é por acaso que em 2000 apenas 2.839 pessoas com deficiência se encontravam inscritas nos Centros de Emprego. No caso das instituições de reabilitação, as organizações frequentemente formam “comunidades” com os seus utentes e familiares e as comunidades, por definição, tendem a preservar as suas fronteiras e os seus hábitos. Ora, as culturas não mudam por decreto. O trabalho ideológico e, principalmente, a difusão de boas práticas terão de ser fortemente estimuladas. Um terceiro tópico determinante dos problemas do sistema tem sido largamente debatido, e nós não podemos senão corroborar a vantagem de soluções que têm vindo a ser propostas. Trata-se das questões do financiamento. O Estado Providência nasceu em Portugal sob o signo das dificuldades orçamentais, que não parecem tender a desvanecer-se. Daí que o FSE tenha tido o papel tão determinante que teve. Foi ele a “mola real” do sistema. A resposta dada pelos agentes inequivocamente merece consideração. Os Fundos produziram impactos muito relevantes, permitindo o acesso à formação, ao emprego e à participação social de dezenas de milhares de pessoas110 que, sem esses fundos, 109 273 Numa perspectiva de conjunto, que não invalida a constatação de uma certa heterogeneidade da capacidade da multiplicidade de agentes no campo. 110 Não há maneira de saber com rigor quantas pessoas passaram pelo sistema em projectos co-financiados. Tal conhecimento deveria constituir uma prioridade da acção futura dos fundos e das instituições. Mas não será descabido calcular um número próximo de 25.000 utentes desde o I QCA, considerando os 14 anos entre 1990 e 2003, a uma média próxima de 4.500 utentes/ano e considerando que esses utentes levam em média perto de 2,5 anos no interior do sistema. 274 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal engrossariam as categorias em situação de exclusão e não representariam recursos humanos activos como hoje, mas sim custos para a Segurança Social. Este esforço, bem como o seu alargamento a outros públicos desfavorecidos, deverá pois ser premiado pelo mérito que revelou. 111 Tal não implica que o quadro do financiamento não deva ser estabilizado, isto é, subtraído à lógica das candidaturas de ocasião aos Programas do FSE. O sistema está hoje capaz de evoluir para um modelo de financiamento baseado em contratos-programas pluri-anuais que lhe assegurem estabilidade e lhe aumentem a capacidade de planear a qualidade e de avaliar com rigor os resultados obtidos. Um segundo nível dos problemas podemos encontrá-lo no funcionamento das organizações. Estes não se reduzem apenas a questões do foro “interno”. Importa salientar desde logo a articulação entre sectores, de modo a melhorar as zonas de “interface” entre a reabilitação médico-funcional, a escola, a formação inicial e a transição (ou a readaptação, no caso de trabalhadores com deficiência adquirida já em idade activa) para o mercado de trabalho. Este último aspecto, mais dependente das próprias dinâmicas internas do sistema, merece uma chamada de atenção particular. Como vimos, o padrão de sucesso das medidas de integração no mercado de emprego é elevado. Mas são também mais elevados do que é norma no país os níveis de desemprego e de instabilidade profissional. Julgamos ser assim prioritário o desenvolvimento de uma ampla campanha a dois níveis. Em ambos os casos trata-se de acções que não são novas, mas carecem de um significativo alargamento da escala. Falamos em primeiro lugar de campanhas de sensibilização dos empregadores para as capacidades das pessoas com deficiência, utilizando as diversas vias possíveis.Tais campanhas não se devem cingir às questões do acesso às oportunidades de trabalho, mas também às questões da qualidade, nomeadamente em termos de remuneração, oportunidades de carreira e formação profissional contínua.112 Este último aspecto articula-se com o segundo nível, o do alargamento e elevação dos índices de qualidade dos sistemas de acompanhamento dos ex-formandos após a integração sócio-profissional, incluindo a oferta de programas de requalificação e qualificação contínua, com privilégio para as soluções didácticas adaptadas à formação em exercício no local de trabalho. Um outro domínio das zonas de interface que pode ter influência decisiva e para o qual as organizações deverão canalizar maior energia, tem a ver com as “condições complementares” para uma vida profissional “normal”. Questões como as ajudas técnicas profissionais e tecnologias de reabilitação, as intervenções ao nível da ergonomia e acessibilidade, os transportes públicos adaptados, o alojamento das pessoas com deficiência que se encontrem e se tornem isoladas e a constituição de família por parte destas pessoas que tendencialmente são desencorajadas a fazê-lo – como é o caso das deficiências mentais – podem ser determinantes para a manutenção do emprego e o desempenho autónomo de uma profissão com perspectivas de futuro. 111 Ao contrário de outras áreas onde investimentos bem mais avultados produziram tão poucos resultados, a avaliar por alguns indicadores macroeconómicos como a evolução da produtividade média do país. 112 São recorrentes as referências contidas em documentos oficiais da UE aprovados pelos sucessivos governos portugueses e sufragados pelos parceiros sociais e civis à necessidade de “tornar o trabalho compensador” (“making work pay”) como meio de prevenção da incapacidade e de activação dos inactivos. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A ligação das organizações da reabilitação à comunidade é neste aspecto um recurso de valor inestimável, pois constitui uma condição de base para a montagem de projectos integrados, cujo âmbito, aliás, requererá crescente abertura. As organizações de reabilitação habituaram-se a lidar com os casos mais difíceis de entre as heterogenias situações de deficiência. Por isso a deficiência mental está tão sobre-representada no sistema. Essa experiência está nalguns casos a ser utilizada para o trabalho com outras populações desfavorecidas, lógica para a qual as organizações menos preparadas terão de se orientar. Num sentido inverso, na medida em que a reabilitação vá sendo efectivamente assumida pelos serviços correntes, será necessário assegurar que estes não se concentrem nos casos mais fáceis, descarregando nos centros especializados os casos mais complexos, que assim veriam reforçada a segregação. Impedir um tal processo implica um funcionamento de grande qualidade técnica e profissional por parte dos Centros de Recursos Locais e Especializados no apoio aos Centros de Emprego. A evolução do sistema para uma lógica de sustentação baseada em mecanismos como os dos contratos-programa pluri-anuais implica quatro condições: a qualificação dos recursos humanos, aspecto em que a regulamentação da carreira de “técnico de reabilitação” assume carácter de urgência; a elevação geral das competências dos dirigentes em matéria de gestão; a elevação da qualidade da logística, aspecto que, na opinião dos utentes, obtém a apreciação menos positiva; a melhoria dos meios de divulgação da oferta junto dos utentes potenciais. De resto, aproveitando o mote dado por esta referência à divulgação, numa perspectiva mais abrangente, dar visibilidade ao que se faz e aos resultados obtidos é colmatar uma lacuna importante das estratégias de comunicação das organizações, tendo em conta os tempos em que vivemos e o peso que adquirem as imagens que se transmitem. Na actualidade, a reabilitação encontra algum eco na imprensa local, fruto das relações de proximidade que as organizações mantêm com as suas comunidades territoriais. Mas o peso desse tipo de presença mediática é negativamente desproporcionado em relação à relevância do tema e dos resultados, de modo que o impacte na agenda política sai de certa forma prejudicado.113 Os problemas mais sentidos pelas pessoas com deficiência estão, como foi possível verificar, ligados ao peso do desemprego e da precariedade do emprego que, sendo paralelo ao aumento decisivo dos percursos de inserção bem sucedidos, não deixam de revelar a persistência de factores de discriminação que penalizam estas pessoas. Lembremos, a propósito, que o estudo se baseou em pessoas que, de um modo ou de outro, se encontram ainda vinculadas às organizações de reabilitação. É de supor que aos níveis de desemprego detectados haja a acrescentar o desemprego desencorajado que resulta da persistência da imagem do deficiente como um incapacitado para o trabalho. Bem se sabe que a 113 275 O Ano Europeu das Pessoas com Deficiência acolheu um grande número de iniciativas, mas o alcance voltou a ser, sem prejuízo da avaliação que está por fazer, mais restrito aos “convertidos” do sistema do que virado para o exterior. 276 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal deficiência é heterogénea e que as condições pessoais e familiares, bem como as experiências que o sistema vai proporcionando a estas pessoas, diferencia os percursos de vida e de trabalho e as condições com que são percorridos. Mas a existência de regularidades como a da menor absorção destas pessoas por parte de sectores e ramos do mercado de trabalho sem que nenhuma explicação funcional ou técnica o justifique, mostra que é possível ir mais longe e cumprir o desiderato de assegurar a igualdade de oportunidades. Para além da questão da igualdade se colocar no plano da relação entre a população com deficiência e a população portuguesa em geral, ela projecta-se também internamente, já que o sistema apresenta uma clara desproporção em termos de género dos utentes. As mulheres com deficiência são em número idêntico ao dos homens, mas o género feminino está claramente sub-representado entre os utentes do sistema, como se a tradicional “condenação” das mulheres à inactividade se reproduzisse agora, quando perde terreno na sociedade, no caso das pessoas com deficiência. Os factores externos não são, porém, os únicos a considerar. O défice de espírito empreendedor nesta população, fruto provavelmente do peso das representações e das identidades assimiladas a respeito das próprias capacidades, é uma matéria que precisa de ser trabalhada. As resistências serão várias e muitas vezes imperceptíveis. O empreendedor tende a ser visto, nas sociedades modernas, como um indivíduo autónomo e capaz de decidir, arriscar e fazer obra individualmente. Esta “cultura” choca com o de uma cultura estatutária prevalecente em muitas comunidades de reabilitação. Ao contrário do que se pensa, porém, o espírito empreendedor não é o produto exclusivo das vocações inatas. Ele pode ser treinado e aprendido, e é possível desenvolver programas de formação capazes de desenvolver as disposições, e também as aptidões, para o empreendorismo. O mesmo tipo de factores inibidores do empreendorismo tem expressão noutros domínios da participação social. Por exemplo, uma auto-imagem menorizada ou uma auto-percepção limitada – de que é sinal o facto de muitas vezes as pessoas não conhecerem o grau da sua deficiência ou a respectiva causa – ajuda a explicar o nível de apatia política, isto é, de sentimento de impotência para intervir sobre o conjunto da sociedade em paridade de estatuto com qualquer outro cidadão. A falta de acesso aos bens de cultura não ajuda a desenvolver o sentido crítico, e aí já a explicação se desloca das próprias pessoas para as barreiras que os serviços de cultura colocam ao acesso a estes cidadãos. Estes são dois exemplos da mudança que o sistema terá de operar para evoluir a partir dos patamares já atingidos. Por um lado, trabalhar em maior profundidade sobre as capacidades das pessoas com deficiência, preparando-as para a participação nos sistemas sociais correntes, aprendendo a lidar com as respectivas angústias e recompensas. Por outro lado, trabalhar esses mesmos sistemas, no sentido de limitar os efeitos dos factores discriminatórios e reforçar os mecanismos de acessibilidade universal. São esses os mais reais indicadores do nível de desenvolvimento de uma sociedade e da qualidade de uma democracia. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Bibliografia BERNARDO, Joaquim (1995). Caminhos para a inserção profissional das pessoas com deficiência no contexto da sociedade portuguesa, ISCTE. CAPUCHA, L. (1998). Grupos desfavorecidos face ao emprego – tipologia e quadro básico de medidas recomendáveis, Lisboa: Observatório do Emprego e Formação Profissional. CAPUCHA, L. (2003). Modernidade versus vulnerabilidade – a sobrevivência de grupos vulneráveis face às exigências da modernidade - Comunicação no congresso FENACERCI. CARVALHO, Francisco (1998). A problemática da deficiência no contexto comunitário: contribuição para o seu estudo, Lisboa. 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Avaliação média Quadro A2.1 Avaliação média de afirmações Visibilidade das questões da deficiência em geral 2,9 relacionadas com a posição da Programas de informação e debate sobre este tema 2,7 comunicação social face às Relatos e reportagens sobre casos específicos 2,9 pessoas com deficiência Visibilidade da situação e dos direitos das pessoas com deficiência 3,0 Preocupação em tornar acessíveis os formatos adaptáveis a estes públicos 2,9 Evolução da visibilidade e cobertura ao longo dos últimos anos na comunidade social 2,9 Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Note-se que a avaliação mais negativa (3) diz respeito à visibilidade da situação e dos direitos das pessoas com deficiência, o que significa que na opinião dos técnicos e formadores, a comunicação social não tem contribuído para a sensibilização da sociedade em geral para os problemas no campo da reabilitação e da deficiência. ANEXO Capítulo 3 total de casos Competências adquiridas nº de (1) casos Competências adquiridas nº de (2) casos Competências adquiridas nº de (3) casos Concepção de programas de F.P. 5 Concepção de programas de F.P. 4 Concepção de programas de F.P. Planeamento, organização e avaliação 4 Planeamento, organização e avaliação 1 Planeamento, organização e avaliação Outras 3 Outras 2 Outras 1 6 Não responde 3 Não responde 5 Não responde 2 10 Total de casos 15 Total de casos 12 Total de casos 7 34 4 13 Quadro A3.1 Tipo de competências adquiridas 5 Fonte: Questionário Nacional a Dirigentes do sistema de reabilitação profissional-CIES, 2003 114 1 -muito forte; 2 - forte; 3 - fraco; 4 - muito fraco. 286 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal A importância atribuída aos cursos frequentados varia entre “muito importante” e “importante”,com especial incidência na categoria “muito importante”(22 casos em 34). Importância atribuída nº de casos Importância atribuída nº de casos Importância atribuída nº de casos total de casos Muito importante 10 Muito importante 7 Muito importante 5 22 Importante 5 Importante 4 Importante 2 11 Não responde 0 Não responde 1 Não responde 0 1 Total de casos 15 Total de casos 12 Total de casos 7 34 Quadro A3.2 Importância atribuída aos cursos de formação / especialização Fonte: Questionário Nacional a Dirigentes do sistema de reabilitação profissional-CIES, 2003 O local das instituições em que os inquiridos trabalharam está mais concentrado na área metropolitana de Lisboa (34,9%), no litoral norte e centro (18,6%) e igualmente no Alentejo e Algarve (18,6%). Local da instituição % Área metropolitana do Porto 16,3 Área metropolitana de Lisboa 34,9 Interior norte e centro 4,7 Litoral Norte e centro 18,6 Alentejo e Algarve 18,6 Outros países 7,0 Total dos indivíduos considerados 100 Quadro A3.3 Local da Instituição Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quanto ao sector de actividade a que os técnicos e formadores pertenciam antes de trabalhar no sector da reabilitação socio-profissional, destaca-se o sector da educação (28,3%), o sector das indústrias (12,7%) e da saúde e acção social (9,8%) como se pode observar através do quadro A3.4. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Ramo ou sector de actividade % Quadro A3.4 Agricultura, produção animal, caça e pesca 5,4 Sector de actividade Indústrias e distribuição de gás e electricidade 12,7 Comércio por grosso e a retalho 7,3 Construção e obras públicas 7,8 Transporte e armazenagem e comunicações 0,5 Telecomunicações e serviços electrónicos 2,4 Administração pública, defesa e segurança social 4,4 Educação 28,3 Saúde e acção social 9,8 Actividades financeiras 5,9 Hotelaria e restauração 5,4 Comunicação social, serviços culturais e recreativos 2,4 Serviços de limpeza 1,0 Outros 6,8 Total dos indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Ainda no que respeita ao percurso profissional dos técnicos e formadores, dos que trabalharam noutros sectores de actividade para além da reabilitação socio-profissional constatou-se que 33,2% eram especialistas das profissões intelectuais e científicas, 17,1% técnicos profissionais de nível intermédio, 16,1% operários e artífices e trabalhadores similares, 13,1% pessoal dos serviços e vendedores e 11,6% pessoal administrativo e similares. Grupos profissionais % Quadro A3.5 1- Quadros superiores da Adm. Pública, dirigentes e quadros superiores de empresas 4,0 Grupos socio-profissionais 2- Especialistas das profissões intelectuais e científicas 33,2 3- Técnicos profissionais de nível intermédio 17,1 4- Pessoal administrativo e similares 11,6 5- Pessoal dos serviços e vendedores 13,1 6- Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas 1,5 7- Operários e artífices e trabalhadores similares 16,1 8- Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem 1,5 9- Trabalhadores não qualificados 2,0 Total dos indivíduos considerados 100 Fonte: Inquérito Nacional aos Técnicos/Formadores do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 287 288 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO Capítulo 4 ANEXO 4.1 Quadro A4.1 Anos de frequência da escola Geral % Antigos Actuais % % Nenhum 1,3 0,5 1,6 1 a 5 anos 7,9 8,2 7,7 6 a 10 anos 61,7 62,8 61,1 11 a 15 anos 25,2 22,6 26,4 16 a 20 anos 3,8 5,3 3,0 21 a 25 anos 0,3 0,5 0,2 Total (%) 100 100 100 Total 1753 584 1169 Anos de frequência do sistema escolar Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 2 Anos de frequência Não freq. escola % Escolaridade atingida 1-5 anos % 6-10 anos % 11-15 16-20 anos anos % % 21-25 anos % Total % Total de indivíduos considerados Nenhum 5,6 20,4 74,1 0,0 0,0 0,0 100 54 Sei ler e escrever 0,0 16,2 75,7 6,8 1,4 0,0 100 74 Completei o 4º ano 0,0 15,1 75,3 8,9 0,7 0,0 100 146 Completei o 6º ano 0,0 0,0 84,1 15,9 0,0 0,0 100 138 Acabei o ensino básico 0,0 0,9 38,3 52,3 7,5 0,9 100 107 Acabei o ensino secundário 0,0 0,0 2,2 68,9 28,9 0,0 100 45 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 12,5 62,5 25,0 100 8 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.2 Escolaridade dos indivíduos por anos de frequência do sistema escolar (antigos) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Não freq. escola 11-15 16-20 anos anos % % % 1-5 anos % 6-10 anos % Nenhum 26,6 29,7 34,4 9,4 Sei ler e escrever 3,9 41,2 51,0 Completei o 4º ano 0,0 20,7 Completei o 6º ano 0,0 Acabei o ensino básico Total de indivíduos considerados 21-25 anos % Total 0,0 0,0 100 64 2,0 2,0 0,0 100 51 73,4 5,9 0,0 0,0 100 203 1,5 82,5 15,5 0,2 0,2 100 412 0,0 0,3 45,5 52,2 1,9 0,0 100 312 Acabei o ensino secundário 0,0 0,0 0,0 68,1 30,6 1,4 100 72 Curso médio superior 0,0 0,0 0,0 33,3 66,7 0,0 100 3 Anos de frequência Escolaridade atingida % Quadro A4.3 Escolaridade dos indivíduos por anos de frequência do sistema escolar (actuais) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.3 Quadro A4.4 Via através da qual obteve o grau de escolaridade por tipo de deficiência (antigos) Formas de ensino Tipo de deficiência Motora Visual Multi Par. Auditiva Mental cerebral Linguagem defic. Outro tipo Ensino regular % 71,7 29,2 14,0 28,2 18,2 50,0 16,0 56,8 Ensino regular com apoios educativos % 12,1 25,0 20,9 25,9 59,1 50,0 32,0 24,3 0,0 Ensino recorrente % 5,1 8,3 4,7 4,6 0,0 0,0 0,0 Ensino especial % 6,1 8,3 39,5 25,1 9,1 0,0 28,0 10,8 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) % 1,0 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 0,4 0,0 Outra situação % 0,0 0,0 2,3 4,2 0,0 0,0 4,0 0,0 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos % 0,0 12,5 9,3 2,7 0,0 0,0 8,0 0,0 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 0,0 4,2 2,3 2,3 4,5 0,0 0,0 5,4 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 3,0 12,5 4,7 5,8 4,5 0,0 0,0 0,0 Total % 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 99 24 43 259 22 8 25 37 Ensino regular e ensino especial % Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 289 290 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.5 Via através da qual obteve o grau de escolaridade por tipo de deficiência (actuais) Tipo de deficiência Auditiva Mental Par. cerebral Linguagem Multi Outro tipo deficiência Motora Visual Ensino regular % 61,9 48,9 15,9 25,8 20,0 8,3 21,3 58,8 Ensino regular com apoios educativos % 23,7 33,3 31,9 45,3 31,4 44,4 32,5 22,1 Ensino recorrente % 3,4 0,0 1,4 1,9 5,7 2,8 1,3 4,6 Ensino especial % 1,7 13,3 15,9 12,3 20,0 13,9 22,5 3,1 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) % 0,8 0,0 1,4 0,8 0,0 5,6 0,0 0,0 Outra situação % 1,7 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 5,0 0,8 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos % Formas de ensino 0,8 0,0 2,9 1,7 0,0 0,0 1,3 0,8 Ensino regular e ensino especial % 0,0 0,0 15,9 1,5 13,3 5,6 3,8 0,8 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 4,2 0,0 7,2 6,2 5,7 16,7 10,0 6,9 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 1,7 4,4 7,2 3,7 5,7 2,8 2,5 2,3 Total % 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 118 45 69 519 35 36 80 131 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO 4.4 Quadro A4.6 Via através da qual obteve o grau de escolaridade por escalões etários (antigos) Escalões etários Formas de ensino 15-20 21-25 26-30 31-35 36/40 41-45 46-50 51-55 56-60 > 60 anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos Ensino regular % 29,5 23,8 36,5 42,0 40,8 73,1 81,8 80,0 100 50,0 Ensino regular com apoios educativos % 31,8 37,8 23,3 23,9 8,2 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino recorrente % 4,5 4,3 4,4 1,1 8,2 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino especial % 27,3 18,9 21,4 20,5 26,5 0,0 18,2 0,0 0,0 50,0 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) % 0,0 0,6 0,6 1,1 33,3 0,0 0,0 20,0 0,0 0,0 Outra situação % 0,0 0,6 1,3 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos% 0,0 2,4 3,8 2,3 0,0 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular e ensino especial % 0,0 3,0 4,4 3,4 0,0 6,3 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 2,3 1,8 1,9 2,3 2,0 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 4,5 6,7 2,5 2,3 10,2 3,8 0,0 0,0 0,0 0,0 Total % 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 44 164 159 88 49 26 11 5 2 2 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 291 292 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de deficiência 15-20 21-25 26-30 31-35 36/40 41-45 46-50 51-55 56-60 anos anos anos anos anos anos anos anos anos Formas de ensino Quadro A4.7 Via através da qual obteve o grau de escolaridade por Ensino regular % 21,5 32,1 46,2 60,8 71,2 70,8 81,3 75,0 100 Ensino regular com apoios educativos % 54,8 29,0 19,2 10,1 3,8 8,3 6,3 0,0 0,0 Ensino recorrente % 1,1 2,3 5,1 3,8 7,7 0,0 00 25,0 0,0 Ensino especial % 8,1 17, 14,1 10,1 7,7 4,2 0,0 0,0 0,0 Cursos com dupla certificação (profissional e escolar) % 0,0 1,9 0,6 2,5 0,0 4,2 0,0 0,0 0,0 Outra situação % 0,2 0,8 1,9 2,5 3,8 0,0 6,3 0,0 0,0 Ensino regular e ensino regular com apoios educativos % 1,2 1,1 2,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular e ensino especial % 2,5 5,0 3,2 0,0 1,9 0,0 0,0 0,0 0,0 Ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 8,1 6,9 4,5 2,5 1,9 0,0 6,3 0,0 0,0 Ensino regular, ensino regular com apoios educativos e ensino especial % 2,6 3,1 2,6 7,6 1,9 12,5 0,0 0,0 0,0 Total % 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados % 571 262 156 79 52 24 16 4 2 escalões etários (actuais) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 5 (Ex) Cônjuge com deficiência Geral % Antigos Actuais % % Sim 32,2 42,4 23,2 Não 67,8 57,6 76,8 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 180 85 95 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.8 Cônjuge ou ex-cônjuge com deficiência Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipos de deficiência Geral % Antigos Actuais % % Motora 14,0 13,9 14,3 Visual 19,3 19,4 19,0 Auditiva 24,6 27,8 19,0 Mental 28,1 22,2 38,1 Multidificiência 3,5 2,8 4,8 Outro tipo 7,0 8,3 4,8 Não sabe 3,5 5,6 0,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 57 36 21 293 Quadro A4.9 Deficiência do cônjuge ou excônjuge Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 6 Número de pessoas Geral % Antigos Actuais % % 1 a 3 pessoas 43,9 53,3 39,3 4 a 6 pessoas 45,1 38,4 48,4 7 a 10 pessoas 5,6 3,3 6,7 Mais de 7 pessoas 5,5 5,1 5,6 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1908 1275 633 Quadro A4.10 Número de pessoas que constituem o agregado familiar Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Sítio onde vive Geral % Antigos Actuais % % Casa própria 54,6 57,9 53,0 Casa alugada 30,1 30,4 29,9 Casa de familiares ou outros não familiares 8,0 7,1 8,4 Instituição 4,7 3,2 5,4 Outra situação 2,7 1,4 3,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1949 648 1301 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.11 Sítio onde vive 294 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO 4.7 Geral Antigos Quadro A4.12 Actuais Sexo Tipo de deficiência por sexo Tipo de deficiência Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Motora % 15,3 10,1 19,5 14,3 13,1 7,9 Visual % 3,8 4,3 2,7 5,9 4,4 3,5 Auditiva % 4,7 9,2 5,9 10,3 4,1 8,7 Mental % 46,5 49,9 48,9 51,3 45,2 49,2 Paralisia cerebral % 3,9 2,9 4,9 3,3 3,3 2,8 De linguagem % 2,7 2,6 1,6 2,2 3,3 2,8 Multideficiência % 5,8 6,9 5,4 4,8 6,0 7,9 Outro tipo % 10,1 9,3 5,7 6,6 12,5 10,7 Não sabe % 7,2 4,8 5,4 1,5 8,1 Total % 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 1058 814 370 273 688 541 6,5 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 8 Estado civil Tipo de deficiência Solteiro(a) Separado(a) % % Viúvo(a) Total % % Total de Casado/União indivíduos de facto considerados % % Motora 72,7 18,2 6,4 2,7 100 110 Visual 69,2 23,1 7,7 0,0 100 26 Auditiva 62,0 28,0 10,0 0,0 100 50 Mental 92,8 6,6 0,6 0,0 100 318 Paralisia cerebral 88,9 11,1 0,0 0,0 100 27 De linguagem 75,0 16,7 8,3 0,0 100 12 Multideficiência 93,9 6,1 0,0 0,0 100 33 Outro tipo 84,6 12,8 2,6 0,0 100 39 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.13 Tipo de deficiência por estado civil (antigos) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 295 Quadro A4.14 Tipo de deficiência por estado civil (actuais) Solteiro(a) Separado(a) Viúvo(a) Total Casado/União de facto % % % % % Total de indivíduos considerados Motora 84,1 10,6 100 3,8 1,5 132 Visual 77,6 16,3 100 4,1 2,0 49 Auditiva 88,0 9,3 100 2,7 0,0 75 Mental 95,3 3,3 100 1,4 0,0 579 Paralisia cerebral 100 0,0 100 0,0 0,0 39 De linguagem 97,4 2,6 100 0,0 0,0 39 Multideficiência 88,1 8,3 100 3,6 0,0 84 Outro tipo 88,5 8,1 100 3,4 0,0 148 Estado civil Tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.9 Quadro A4.15 Tipo de deficiência do próprio por tipo de deficiência do cônjuge (casados antigos) Tipo de deficiência do cônjuge Multi Paralisia cerebral Linguagem deficiência Outro tipo Total % % % Total de indivíduos considerados 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 4 0,0 77,8 0,0 0,0 0,0 11,1 100 9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Multideficiência 66,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 33,3 0,0 100 3 Outro tipo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Motora Visual Auditiva Mental % % % % % Motora 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Visual 0,0 75,0 0,0 25,0 Auditiva 0,0 0,0 100 Mental 0,0 11,1 Paralisia cerebral 0,0 De linguagem Tipo de deficiência do próprio Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 % 296 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO 10 Quadro A4.16 Tipo de deficiência do próprio por tipo de deficiência do cônjuge (casados actuais) Tipo de deficiência do cônjuge Paralisia Multi cerebral Linguagem deficiência Outro tipo Total % % % Total de indivíduos considerados 0,0 0,0 28,6 100 7 0,0 0,0 20,0 0,0 100 5 9,1 0,0 0,0 0,0 0,0 100 11 14,3 57,1 0,0 0,0 0,0 14,3 100 7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 1 - - - - 0,0 0,0 0,0 - 0 0 Multideficiência 0,0 0,0 0,0 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 1 Outro tipo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 0 Motora Visual Auditiva Mental % % % % Motora 28,6 14,3 0,0 Visual 0,0 80,0 Auditiva 9,1 Mental Paralisia cerebral Tipo deficiência do próprio De linguagem % % 28,6 0,0 0,0 0,0 0,0 81,8 14,3 0,0 100 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.17 Tipo de deficiência por escalões etários (geral) Tipo deficiência Motora Visual Auditiva Mental % % % % Dos 15 aos 20 anos 10,7 13,3 19,2 Dos 21 aos 25 anos 20,1 21,3 Dos 26 aos 30 anos 27,9 Dos 31 aos 35 anos Multi Paralisia cerebral Linguagem deficiência Outro tipo % % % % 41,2 19,7 41,2 25,0 45,2 31,2 24,6 24,2 31,4 25,0 19,4 25,3 31,2 17,3 28,8 9,8 24,1 13,4 17,6 16,6 6,4 8,9 18,2 9,8 13,8 9,1 Dos 36 aos 40 anos 9,8 8,0 6,4 5,2 7,6 7,8 6,0 6,5 Dos 41 aos 45 anos 8,2 8,0 3,2 1,7 1,5 0,0 0,9 3,8 Dos 46 aos 50 anos 3,3 2,7 0,8 1,1 0,0 0,0 2,6 3,2 Dos 51 aos 55 anos 1,6 5,3 0,8 0,0 0,0 0,0 1,7 0,5 Dos 56 aos 60 anos 0,4 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,9 0,0 Mais de 61 anos 0,4 0,0 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados % 244 75 125 903 66 51 116 186 Grupos etários Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 297 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.18 Tipo de deficiência por escalões etários (antigos) Tipo de deficiência Linguagem Multi deficiência Outro tipo % % % 11,1 8,3 3,1 5,1 30,7 14,8 25,0 21,9 38,5 26,0 28,5 40,7 16,7 46,9 25,6 16,2 12,0 15,0 22,2 41,7 18,8 15,4 10,8 11,5 16,0 7,5 11,1 8,3 6,3 5,1 Dos 41 aos 45 anos 2,7 11,5 6,0 2,8 0,0 0,0 0,0 10,3 Dos 46 aos 50 anos 3,6 3,8 0,0 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 Dos 51 aos 55 anos 0,9 3,8 2,0 0,0 0,0 0,0 3,1 0,0 Dos 56 aos 60 anos 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mais de61 anos 0,9 0,0 2,0 00, 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 111 26 50 319 27 12 32 39 Motora Visual Auditiva Mental % % % % Dos 15 aos 20 anos 1,8 0,0 2,0 13,2 Dos 21 aos 25 anos 12,6 11,5 34,0 Dos 26 aos 30 anos 33,3 38,5 Dos 31 aos 35 anos 22,5 Dos 36 aos 40 anos escalões etários Paralisia cerebral % Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.19 Tipo de deficiência por escalões etários (actuais) Tipo de deficiência Escalões etários Motora Visual Auditiva Mental % % % % Paralisia cerebral % Linguagem % Multi deficiência Outro tipo % % Dos 15 aos 20 anos 18,0 20,4 30,7 56,5 25,6 51,3 33,3 55,8 Dos 21 aos 25 anos 26,3 26,5 29,3 21,2 30,8 33,3 26,2 14,3 Dos 26 aos 30 anos 23,3 18,4 34,7 11,1 20,5 7,7 15,5 10,2 Dos 31 aos 35 anos 13,5 14,3 2,7 5,5 15,4 0,0 11,9 7,5 Dos 36 aos 40 anos 9,0 6,1 0,0 3,9 5,1 7,7 6,0 6,8 Dos 41 aos 45 anos 6,0 6,1 1,3 1,0 2,6 0,0 1,2 2,0 Dos 46 aos 50 anos 3,8 2,0 1,3 0,5 0,0 0,0 3,6 2,7 Dos 51 aos 55 anos 0,0 6,1 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 0,7 Dos 56 aos 60 anos 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 1,2 0,0 Mais de 61 anos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 133 49 75 584 39 39 84 147 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 298 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO 4. 11 Origem da deficiência Quadro A4.20 Congénita Adquirida Não sabe Total % % % % Total de indivíduos considerados Motora 30,8 67,3 1,9 100 107 Visual 72,0 28,0 0,0 100 25 Auditiva 60,4 35,4 4,2 100 48 Mental 72,7 17,8 9,5 100 242 Paralisia cerebral 44,0 48,0 8,0 100 25 De linguagem 50,0 41,7 8,3 100 12 Multideficiência 61,9 38,1 0,0 100 21 Outro tipo 57,6 39,4 3,0 100 33 Tipo de deficiência Tipo de deficiência por origem da mesma (antigos) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Origem da deficiência Quadro A4.21 Tipo de deficiência por origem Total de indivíduos da mesma (actuais) considerados Congénita Adquirida Não sabe Total % % % % Motora 31,3 65,6 3,1 100 128 Visual 59,2 38,8 2,0 100 49 Auditiva 55,6 36,1 8,3 100 72 Mental 74,6 15,9 9,6 100 523 Paralisia cerebral 55,3 44,7 0,0 100 38 De linguagem 54,1 18,9 27,0 100 37 Multideficiência 59,5 31,1 9,5 100 74 Outro tipo 43,2 53,8 3,0 100 132 Tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 299 ANEXO 4.12 Quadro A4.22 Tipo de deficiência por idade em que esta foi adquirida (antigos) Idade 0 anos 1-10 anos 11-20 anos 21-30 anos 31-40 nos 41-50 anos Total % % % % % % % Total de indivíduos considerados Motora 32,4 22,5 24,5 13,7 5,9 1,0 100 102 Visual 66,7 8,3 20,8 0,0 4,2 0,0 100 24 Auditiva 61,4 34,1 2,3 0,0 2,3 0,0 100 44 Mental 83,7 8,6 5,6 1,7 0,4 0,0 100 233 Paralisia cerebral 73,9 17,4 4,3 4,3 0,0 0,0 100 23 De linguagem 58,3 41,7 0,0 0,0 0,0 0,0 100 12 Multideficiência 69,6 17,4 4,3 4,3 0,0 4,3 100 23 Outro tipo 67,6 8,8 8,8 14,7 0,0 0,0 100 34 Tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.23 Tipo de deficiência por idade em que esta foi adquirida (actuais) Idade 0 anos 1-10 anos 11-20 anos 21-30 anos 31-40 nos 41-50 anos Total % % % % % % % Total de indivíduos considerados Motora 30,4 24,8 22,4 16,8 5,6 0,0 100 125 Visual 43,8 27,1 6,3 14,6 4,2 4,2 100 48 Auditiva 61,5 33,8 4,6 0,0 0,0 0,0 100 65 Mental 85,2 9,6 3,5 1,7 0,0 0,0 100 459 Paralisia cerebral 78,8 18,2 3,0 0,0 0,0 0,0 100 33 De linguagem 76,9 19,2 3,8 0,0 0,0 0,0 100 26 Multideficiência 66,7 19,7 3,0 4,5 1,5 4,5 100 66 Outro tipo 52,3 16,5 21,1 7,3 1,8 0,9 100 109 Tipo de deficiência Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 300 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal ANEXO 4. 13 Quadro A4.24 Tipo por causa de deficiência (antigos) Tipo de deficiência Causa de deficiência Motora Visual Auditiva Mental % % % % Paralisia cerebral % Linguagem % Multi deficiência Outro tipo % % Hereditariedade 7,5 60,0 17,1 27,2 0,0 30,0 7,7 15,4 Gravidez 7,5 0,0 17,1 25,0 16,7 20,0 15,4 34,6 Parto 6,5 0,0 2,9 8,3 45,8 10,0 23,1 0,0 Doença comum 19,4 35,0 45,7 7,2 4,2 0,0 7,7 15,4 Doença profissional 0,0 0,0 2,9 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 Acidente de trânsito 30,1 0,0 0,0 1,1 4,2 10,0 15,4 0,0 Acidente trabalho 4,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Acidente doméstico 3,2 0,0 2,9 0,6 4,2 0,0 0,0 0,0 Outros acidentes 4,3 0,0 0,0 1,7 4,2 10,0 7,7 3,8 Guerra 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Senilidade 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,8 Outra 9,7 0,0 0,0 4,4 8,3 10,0 7,7 0,0 Não sabe 6,5 5,0 11,4 23,9 12,5 10,0 15,4 26,9 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 93 20 35 180 24 10 13 26 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 301 Quadro A4.25 Tipo por causa de deficiência (actuais) Tipo de deficiência Causa da deficiência Motora Visual Auditiva Mental % % % % Paralisia cerebral Linguagem % % Multi deficiência Outro tipo % % Hereditariedade 11,3 39,5 11,5 31,2 0,0 0,0 14,8 8,1 Gravidez 4,8 0,0 24,6 21,5 11,4 19,4 16,4 12,1 Parto 12,1 7,9 3,3 7,2 57,1 12,9 13,1 5,1 Doença comum 19,4 21,1 26,2 2,2 8,6 3,2 8,2 9,1 Doença profissional 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Acidente de trânsito 29,0 2,6 0,0 1,1 2,9 0,0 9,8 8,1 Acidente trabalho 2,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 0,0 Acidente doméstico 0,8 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 3,0 Outros acidentes 6,5 0,0 3,3 0,8 0,0 0,0 1,6 1,0 Guerra 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 0,0 Senilidade 0,8 2,6 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 2,0 Outra 4,8 10,5 1,6 2,2 2,9 9,7 4,9 12,1 Não sabe 7,3 15,8 29,5 33,1 17,1 54,8 27,9 39,4 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 124 38 61 362 35 31 61 99 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 4,2 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2 0,0 0,0 91,7 0,0 0,0 100 24 Informática e Multimédia Hotelaria e Restauração Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais Lavandaria, Manutenção e Limpezas Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis Práticas Administrativas e Secretariado Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura Construção Civil, Electricidade e Serralharia Formação de Formadores Orientação/Formação Profissional Outros Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 % Profissionais intelectuais e científicos Última acção frequentada Grupos profissionais Profissão do próprio pela última acção frequentada (antigos) Quadro A4.26 ANEXO 4.14 13 100 46,2 0,0 15,4 0,0 7,7 23,1 0,0 0,0 0,0 0,0 7,7 % 59 100 6,8 3,4 1,7 0,0 1,7 42,4 0,0 1,7 0,0 3,4 39,0 % Técnicos e Pessoal profissionais administrativo e similar intermédios 86 100 4,7 9,3 1,2 5,8 11,6 10,5 0,0 18,6 40 100 0,0 2,5 5,0 2,5 2,5 2,5 0,0 0,0 80,0 5,0 24,4 9,3 0,0 % Trabalhadores agrícolas e da pesca 11,4 % Pessoal dos serviços e vendedores 100 100 6,0 10,0 0,0 45,0 15,0 3,0 2,0 7,0 10,0 2,0 0,0 % Operários artífices e similares 6 100 0,0 0,0 0,0 33,3 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 16,7 0,0 % 74 100 5,4 4,1 0,0 10,8 16,2 1,4 1,4 39,2 9,5 2,7 8,1 Operários de Trabalhadores instalações, máquinas e não qualificados montagem % 302 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 0,0 0,0 0,0 50,0 0,0 0,0 50,0 0,0 0,0 100 2 Hotelaria e restauração Jardinagem, hortofloricultura e tratamento de animais Lavandaria, manutenção e limpezas Práticas administrativas e secretariado Trabalhos manuais: têxteis, olaria e costura Construção civil, electricidade e serralharia Formação de formadores Orientação/formação profissional Outros Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 % Profissionais intelectuais e científicos Última acção frequentada Grupos profissionais Profissão do próprio pela última acção frequentada (antigos) Quadro A4.26 Profissão do próprio pela última acção frequentada (actuais) Quadro A4.27 2 100 0,0 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 % 4 100 0,0 75,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 0,0 % Técnicos e Pessoal profissionais administrativo e intermédios similar 8 100 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 12,5 12,5 37,5 12,5 % Pessoal dos serviços e vendedores 3 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 0,0 % Trabalhadores agrícolas e da pesca 23 100 4,3 0,0 52,2 8,7 8,7 8,7 4,3 8,7 4,3 % Operários, artífices e similares 1 100 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100 0,0 0,0 0,0 11 100 0,0 27,3 0,0 0,0 18,2 18,2 0,0 9,1 27,3 Operários de Trabalhadores instalações, máquinas e não qualificados montagem % % Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 303 304 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Geral % Situação na profissão Antigos Actuais % % Patrão 0,2 0,2 0,0 Trabalhador por conta própria 7,1 6,9 8,5 Trabalhador por conta de outrem 88,8 90,1 80,3 Outra situação 3,9 2,8 11,3 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 536 465 71 Quadro A4.28 Situação perante a profissão Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Geral % Número de empregados Antigos Actuais % % 1 50 66,7 0,0 2 25 33,3 0,0 4 25 0,0 0,0 Total 100 100 0 4 3 0 Total de indivíduos considerados Quadro A4.29 Se for patrão, número de empregados que tem Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.15 Tipo de entidade 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão % % % % Empresa privada 80 68,9 78,9 63,2 Organismo da administração pública central 5,2 12,2 5,3 0,0 Organismo da administração pública local 4,4 12,2 5,3 10,5 Instituição sem fins lucrativos 3,7 1,4 7,9 21,1 Outro tipo de entidade 6,7 5,4 2,6 5,3 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 135 74 38 19 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.30 Tipo de entidade empregadora (antigos) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tipo de entidade 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão % % % % Empresa privada 77,2 77,4 80,4 77,8 Organismo da administração pública central 6,2 10,8 8,7 11,1 Organismo da administração pública local 4,9 5,4 6,5 5,6 Instituição sem fins lucrativos 3,1 2,2 4,3 0,0 Outro tipo de entidade 8,6 4,3 0,0 5,6 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 162 93 46 18 305 Quadro A4.31 Tipo de entidade empregadora (actuais) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.16 Quadro A4.32 Grupos profissionais por tipo de entidade empregadora 115 (antigos) Tipo de entidade onde trabalhou Grupos profissionais Organismo da Organismo da Instituição sem Outro tipo de Empresa administração administração fins lucrativos privada situação central local % % % % % % Total de indivíduos considerados Total Quadros superiores da administração pública 45,5 36,4 9,1 0,0 9,1 100 11 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 7 Técnicos e profissionais de nível intermédio 80,8 0,0 3,8 7,7 7,7 100 26 Pessoal administrativo qualificado 87,5 4,2 4,2 0,0 4,2 100 24 Pessoal qualificado dos serviços 87,5 0,0 0,0 12,5 0,0 100 8 Agricultores, pescadores e afins qualificados 78,6 3,6 3,6 7,1 7,1 100 28 Operários, artífices e artesãos não qualificados 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 1 Operários da indústria não qualificados 73,3 0,0 13,3 0,0 13,3 100 15 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 115 A entidade empregadora aqui considerada é a relativa à primeira profissão, pois é a que contabiliza mais respostas válidas. 306 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.33 Grupos profissionais por tipo de entidade empregadora Tipo de entidade onde trabalhou Grupos profissionais 116 (actuais) Organismo da Organismo da Instituição sem Outro tipo de Empresa administração administração fins lucrativos privada situação central local % % % % % % Total de indivíduos considerados Total Quadros superiores da administração pública 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Especialistas e profissionais intelectuais e científicos 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 1 Técnicos e profissionais de nível intermédio 50,0 50,0 0,0 0,0 0,0 100 2 Pessoal administrativo qualificado 83,3 16,7 0,0 0,0 0,0 100 6 Pessoal qualificado dos serviços 0,0 0,0 100 0,0 0,0 100 1 Agricultores, pescadores e afins qualificados 91,7 0,0 0,0 0, 8,3 100 12 Operários, artífices e artesãos não qualificados 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 1 Operários da indústria não qualificados 57,1 0,0 14,3 14,3 14,3 100 7 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.17 Escalões de ano de início 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão Quadro A4.34 % % % % Ano de início das actividades profissionais (antigos) Até 1989 53,4 29,5 22,7 11,8 Até 1993 9,9 22,7 25,0 35,3 Até 1999 24,6 27,3 34,1 41,2 Até 2003 12,0 20,5 18,2 11,8 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 191 88 44 17 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Escalões de ano de início 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão Quadro A4.35 % % % % Ano de início das actividades profissionais (actuais) Até 1989 39,5 24,6 23,7 22,2 Até 1993 13,0 18,5 13,2 11,1 Até 1999 32,7 29,2 28,9 33,3 Até 2003 14,8 27,7 34,2 33,3 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 162 65 38 18 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 116 A entidade empregadora aqui considerada é a relativa à primeira profissão, pois é a que contabiliza mais respostas válidas. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 307 ANEXO 4.18 Intervalos de duração 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão Quadro A4.36 % % % % Duração das actividades profissionais (antigos) Até 6 meses 37,2 37,0 26,5 27,8 Até 1 ano 20,5 17,0 24,5 33,3 Até 2 anos 21,2 18,0 14,3 5,6 Até 3 anos 6,4 12,0 12,2 11,1 Até 5 anos 5,1 4,0 0,0 5,6 Mais de 5 anos 9,6 12,0 22,4 16,7 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 156 100 49 18 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Intervalos de duração 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão Quadro A4.37 % % % % Duração das actividades profissionais (actuais) Até 6 meses 37,5 49,3 42,2 56,5 Até 1 ano 23,6 14,7 33,3 21,7 Até 2 anos 11,8 18,7 8,9 13,0 Até 3 anos 13,2 8,0 11,1 0,0 Até 5 anos 4,9 2,7 2,2 0,0 Mais de 5 anos 9,0 6,7 2,2 8,7 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 144 75 45 23 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.19 Horários 1ª profissão 2ª profissão 3ª profissão 4ª profissão Quadro A4.38 % % % % Tipo de horário das actividades profissionais (antigos) Tempo integral 90,7 92,1 91,3 95,2 Tempo parcial 9,3 7,9 8,7 4,8 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 151 76 46 21 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 308 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Tempo integral 1ª profissão % 85,5 2ª profissão % 85,0 3ª profissão % 85,7 4ª profissão % 88,9 Tempo parcial 14,5 15,0 14,3 11,1 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 173 100 49 18 Horários Quadro A4.39 Tipo de horário das actividades profissionais (actuais) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ANEXO 4.20 Uma vez % Duas ou três vezes % Mais de três vezes % Até 6 meses 20,5 2,3 2,5 Até um ano 17,9 6,8 7,5 Até dois anos 6,4 18,2 7,5 Até 3 anos 15,4 6,8 2,5 Mais de três anos 39,7 65,9 80,0 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 78 44 40 Tempo de Desemprego Quadro A4.40 Vivências de situações de desemprego (antigos) Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Uma vez % Duas ou três vezes % Mais de três vezes % Até 6 meses 20,2 5,9 1,7 Até um ano 13,5 5,9 3,4 Até dois anos 11,5 5,9 8,5 Até 3 anos 2,9 2,9 1,7 Mais de três anos 51,9 79,4 84,7 Total 100 100 100 Total de indivíduos considerados 104 68 59 Tempo de Desemprego Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.41 Vivências de situações de desemprego (actuais) Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.42 Duração da acção por áreas de intervenção freq. =1 Duração da acção (freq=1) Áreas de intervenção na acção Até 3 meses % Entre 3 a 6 meses % Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 0,0 10,0 12,7 2,3 5,9 Hotelaria e Restauração 0,0 0,0 7,9 13,6 12,4 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 0,0 10,0 3,2 12,5 15,1 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 40,0 3,2 12,1 11,8 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 4,8 1,1 1,3 Práticas Administrativas e Secretariado 33,3 20,0 23,8 8,3 9,7 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 16,7 20,0 1,6 15,1 14,1 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 8,3 0,0 9,5 19,6 16,3 Formação de Formadores 8,3 0,0 6,3 0,4 4,1 Orientação/Formação Profissional 33,3 0,0 20,6 11,3 4,5 Outros 0,0 0,0 6,3 3,8 4,9 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 12 10 63 265 935 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 309 310 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.43 Duração da acção por áreas de intervenção freq. =2 (1ª acção) Duração da acção (freq=2 ) 1ª acção Até 3 meses % Áreas de intervenção na acção Entre 3 a 6 meses % Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 3,2 13,8 11,3 2,4 8,4 Hotelaria e Restauração 1,6 0,0 3,8 7,1 12,6 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 3,2 3,4 11,3 9,5 11,6 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 1,6 3,4 1,9 4,8 4,2 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 0,0 0,0 3,2 Práticas Administrativas e Secretariado 3,2 10,3 7,5 7,1 5,3 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 3,2 3,4 5,7 7,1 15,8 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 0,0 3,4 3,8 7,1 8,4 Formação de Formadores 0,0 0,0 3,8 0,0 3,2 Orientação/Formação Profissional 82,3 51,7 45,3 52,4 21,1 Outros 1,6 10,3 5,7 2,4 6,3 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 62 29 53 42 95 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.44 Duração da acção por áreas de intervenção (freq. =2, 2ª acção) Duração da acção (freq=2) 2ª acção Até 3 meses % Entre 3 a 6 meses % Áreas de intervenção na acção Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 11,1 13,0 10,8 0,0 2,0 Hotelaria e Restauração 11,1 4,3 5,4 3,2 12,2 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 0,0 8,7 2,7 4,2 8,2 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 4,3 2,7 4,2 7,1 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 Práticas Administrativas e Secretariado 0,0 4,3 16,2 4,2 12,2 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 0,0 8,7 8,1 8,4 12,2 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 5,6 0,0 13,5 3,2 6,1 Formação de Formadores 16,7 0,0 0,0 2,1 4,1 Orientação/Formação Profissional 55,6 34,8 21,6 68,4 28,6 Outros 0,0 21,7 18,9 2,1 5,1 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 18 23 37 95 98 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A segunda acção também acaba por ser ainda considerada como orientação profissional, sendo a área com maior percentagem em todas as durações consideradas. 311 312 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.45 Duração da acção por áreas de intervenção (freq. =3, 1ª acção) Duração da acção (freq=3 ) 1ª acção Até 3 meses % Entre 3 a 6 meses % Áreas de intervenção na acção Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 20,0 16,7 36,4 0,0 0,0 Hotelaria e Restauração 0,0 33,3 9,1 50,0 25,0 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 0,0 0,0 0,0 0,0 16,7 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 0,0 9,1 0,0 0,0 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 6,7 0,0 0,0 0,0 8,3 Práticas Administrativas e Secretariado 0,0 0,0 18,2 50,0 16,7 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 6,7 16,7 0,0 0,0 0,0 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 6,7 16,7 9,1 0,0 16,7 Formação de Formadores 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Orientação/Formação Profissional 53,3 16,7 9,1 0,0 16,7 Outros 6,7 0,0 9,1 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 15 6 11 2 12 Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A terceira acção começa novamente por ser representada pela área de orientação profissional, caracterizada por ser uma acção sobretudo de curta duração. Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.46 Duração da acção por áreas de intervenção (freq. =3, 2ª acção) Duração da acção (freq=3 ) 2ª acção Até 3 meses % Entre 3 a 6 meses % Áreas de intervenção na acção Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 14,3 14,3 25,0 33,3 10,0 Hotelaria e Restauração 0,0 28,6 0,0 0,0 10,0 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 14,3 14,3 0,0 0,0 0,0 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 0,0 6,3 0,0 10,0 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 0,0 0,0 12,5 33,3 10,0 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 14,3 14,3 12,5 33,3 10,0 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 14,3 0,0 12,5 0,0 20,0 Formação de Formadores 14,3 0,0 0,0 0,0 0,0 Orientação/Formação Profissional 28,6 28,6 12,5 33,3 20,0 Outros 0,0 0,0 18,8 0,0 0,0 Total 100 100 100 100 100 7 7 16 3 10 Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 A segunda acção tem durações entre os 3 meses e 1 ano 313 314 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.47 Duração da acção por áreas de intervenção (freq. =3, 3ª acção) Duração da acção (freq=3 ) 3ª acção Até 3 meses % Entre 3 a 6 meses % Áreas de intervenção na acção Entre 6 meses Entre 1 a 2 anos a 1 ano % % 2 anos ou mais % Informática e Multimédia 25,0 0,0 18,8 11,1 7,7 Hotelaria e Restauração 0,0 25,0 6,3 11,1 15,4 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 0,0 0,0 0,0 22,2 15,4 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 25,0 50,0 25,0 11,1 15,4 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 0,0 25,0 6,3 0,0 15,4 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 0,0 0,0 6,3 0,0 7,7 Formação de Formadores 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Orientação/Formação Profissional 25,0 0,0 31,3 11,1 15,4 Outros 0,0 0,0 6,3 33,3 7,7 Total 100 100 100 100 100 4 4 16 9 13 Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Sexo Sexo masculino % Sexo feminino % Exercia uma profissão 5,3 6,7 Ocupava-se das tarefas do lar 17,8 24,8 Era estudante 28,0 35,7 Frequentava outra acção de reabilitação 7,6 4,3 Estava reformado 4,5 0,0 Estava incapacitado 0,8 0,5 Estava desempregado há menos de uma ano 4,5 2,4 Estava desempregado há mais de 1 ano 9,5 6,7 Estava à procura do 1º emprego 17,8 12,4 Encontrava-se noutra situação 4,2 6,7 Total 100 100 Total de indivíduos considerados 264 210 Tipos de situações perante o trabalho Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.48 Sexo por situação face ao trabalho dos antigos beneficiários ao iniciar a 1ª acção 3,7 48,1 7,4 0,0 0,0 7,4 7,4 7,4 100 27 Visual Auditiva Mental Paralisia cerebral Linguagem Multideficiência Outro tipo Não sabe Total Total de indivíduos considerados 51,0 59,6 99 100 1,0 9,1 8,1 1,0 100 23 147 8,7 0,0 4,3 0,0 13,0 100 5,4 4,8 3,4 3,4 4,1 39,1 12,9 4,0 1,0 4,3 3,4 1,0 4,3 26,1 11,6 15,2 Frequentava outra acção de reabilitação % % Era estudante % Ocupava-se das tarefas do lar Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 18,5 % Exercia uma profissão Motora Tipo de deficiência Tipos de situações perante o trabalho 2 100 100 12 0,0 16,7 50,0 0,0 8,3 16,7 0,0 50,0 8,3 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 0,0 0,0 % Estava incapacitado 0,0 25,0 % Estava reformado Quadro A4.49 Tipo de deficiência do próprio por situação face ao trabalho antes de iniciar a 1ª acção (beneficiários antigos) 17 100 5,9 11,8 5,9 0,0 5,9 41,2 0,0 5,9 23,5 35 100 2,9 14,3 2,9 5,7 0,0 28,6 2,9 5,7 37,1 72 100 0,0 1,4 1,4 4,2 11,1 43,1 12,5 8,3 18,1 Estava Estava à procura Estava desempregado desempregado do 1º emprego há menos de 1 há mais de 1 % ano % % Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 315 3,7 100 27 9,2 2,1 0,7 100 142 19,4 22,6 0,0 100 93 23,1 19,2 15,4 100 26 Dos 25 aos 29 anos Dos 30 aos 39 anos Com mais de 40 anos Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 18,5 21,1 22,6 34,6 Dos 20 aos 24 anos 7,4 22,2 40,7 52,8 32,3 7,7 Dos 16 aos 19 anos 7,4 % Frequentava outra acção de reabilitação 14,1 % Era estudante 3,2 % Ocupava-se das tarefas do lar 0,0 % Exercia uma profissão Até aos 15 anos Escalões Etários Tipos de situações perante o trabalho Quadro A4.50 Situação dos antigos beneficiários face ao trabalho antes de iniciarem a 1ª acção por grupos etários 10 100 3 100 0,0 66,7 30,0 40,0 33,3 10,0 0,0 0,0 20,0 0,0 0,0 % Estava incapacitado 0,0 % Estava reformado 17 100 5,9 0,0 11,8 35,3 23,5 23,5 100 69 36 1,4 11,6 13,0 36,2 31,9 5,8 100 5,6 41,7 16,7 25,0 11,1 0,0 Estava Estava desempregado desempregado Estava à procura há menos de 1 há mais de 1 do 1º emprego ano ano % % % 316 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 14,3 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 0,0 0,0 5,6 100 9,7 1,4 2,3 100 217 Formação de Formadores Orientação/Formação Profissional Outros Total Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 18 22,2 20,3 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 16,7 0,0 0,0 9,2 10,1 0,9 22,2 16,7 11,1 5,6 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7 100 0,0 5 100 0,0 0,0 0,0 0,0 14,3 60,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 Estava reformado 0,0 14,3 14,3 0,0 14,3 42,9 0,0 0,0 Frequentava Ocupava-se das tarefas do Era estudante outra acção de lar reabilitação Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura Práticas Administrativas e Secretariado Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 18,4 6,0 Hotelaria e Restauração Lavandaria, Manutenção e Limpezas 7,4 Exercia uma profissão Informática e Multimédia Áreas de formação profissional Tipos de situações perante o trabalho Quadro A4.51 Situação dos actuais beneficiários face ao trabalho 1 ano após a conclusão da formação 100 0,0 8 12,5 0,0 0 12,5 0,0 0,0 0,0 12,5 25,0 12,5 0,0 0,0 12,5 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 18 100 5,6 11,1 0,0 22,2 11,1 22,2 0,0 22,2 5,6 0,0 0,0 21 100 14,3 0,0 0,0 14,3 47,6 4,8 0,0 4,8 9,5 4,8 0,0 Estava à Estava Estava Estava procura do 1º incapacitado desempregado desempregado emprego há mais de 1 há menos de 1 ano Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 317 7,8 7,6 2,4 2,8 4,4 5,9 6,5 14,3 19,5 8,4 9,5 7,8 13,0 Consegui um estágio Obtive um apoio à colocação Tive acompanhamento pós colocação Estou inserido num regime de emprego protegido Fiquei a trabalhar na própria instituição Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 3,8 8,0 8,4 13,4 10,8 7,8 Adquiri competências profissionais que utilizo na minha actividade profissional 3,3 10,7 2,2 % Adquiri competências gerais que são agora úteis na minha vida 0,0 % % Auditiva 28,9 Visual Motora Não há qualquer relação directa considerados) Relação entre frequência de acções de reabilitação e a actividade profissional Tipo de deficiência 54,3 0,0 0,0 3,9 5,4 3,6 2,2 59,1 60,8 1,9 2,8 63,6 1,7 1,2 2,2 % Linguagem 1,2 3,8 4,5 0,0 % Paralisia Cerebral 0,0 47,6 51,0 55,1 42,2 % Mental 4,3 3,9 7,3 6,5 8,5 4,5 4,9 15,6 % Multideficiência 7,6 9,8 2,9 1,9 3,7 5,6 7,4 8,9 % Outro tipo 100 1,1 100 2,9 100 100 3,7 0,0 100 100 3,7 4,2 100 100 0,0 4,9 % Total % Não sabe Quadro A4.52 Tipo de relações entre a frequência de acções de reabilitação sócio-profissional e actividade profissional que desenvolve por tipo de deficiência 92 51 137 107 82 286 243 45 % Total de indivíduos considerados 318 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal 319 Os Impactos do Fundo Social Europeu na Reabilitação Profissional de Pessoas com Deficiência em Portugal Quadro A4.53 Tipo de participação nas associações por entrada no sistema por quadro comunitário de apoio Quadro Comunitário de Apoio Até 1985 1986-1988\ QCA I QCA II QCA III % % % % % Tipos de participação nas associações Membro ou sócio mas não participa directamente em actividades 16,7 44,4 22,2 35,2 21,7 Participa com regularidade como “utente” de actividades 50,0 11,1 48,1 10,9 60,4 Participa com regularidade em regime de voluntariado 0,0 22,2 11,1 15,9 13,8 É membro dos corpos de gestão 33,3 0,0 3,7 8,0 1,7 Outra forma de participação 0,0 22,2 14,8 0,0 2,5 Total 100 100 100 100 100 6 9 27 88 240 Total de indivíduos considerados Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 Quadro A4.54 Escalões etários dos inquiridos por áreas de formação da última acção frequentada Escalões etários 15 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos Mais de 45 anos % % % % Informática e Multimédia 4,1 7,9 8,0 7,9 Hotelaria e Restauração 14,6 7,5 9,3 5,3 Jardinagem, Hortofloricultura e Tratamento de Animais 11,9 11,5 13,6 13,2 Lavandaria, Manutenção e Limpezas 11,1 9,4 6,2 5,3 Mecânica, Lavagem e Reparação de Automóveis 1.9 0,4 0,6 0,0 Práticas Administrativas e Secretariado 7,7 12,3 15,4 23,7 Trabalhos Manuais:Têxteis, Olaria e Costura 11.5 12,1 17,3 15,8 Construção Civil, Electricidade e Serralharia 17,1 10,4 8,0 7,9 Formação de Formadores 1,4 5,0 6,8 5,3 Orientação/Formação Profissional 13,8 17,3 9,9 7,9 Outros 5,0 6,2 4,9 7,9 Total 100 100 100 100 Total de indivíduos considerados 967 520 162 38 Áreas de intervenção na última acção Fonte: Inquérito Nacional aos Utentes do Sistema de Reabilitação sócio-profissional, CIES, 2003 ÍNDICE GERAL 1. Introdução 1. Enquadramento e caracterização da amostra 1.1. Enquadramento teórico-metodológico do projecto 1.1.1. Transformações estruturais e europeização 1.1.2. Estado-providência e modelos de protecção social 1.1.3. Reabilitação profissional em Portugal, transformações do Estado-providência e dinâmicas de europeização 1.2. Modelo de aferição e análise de impactos do Fundo Social Europeu 1.2.1. Notas metodológicas 1.3. Dados de caracterização 1.3.1. Dados de caracterização geral 1.3.2. Caracterização do tipo de deficiência 1.3.3. Situação Familiar 5 6 6 6 8 10 13 15 24 24 25 48 2. Impactos no Sistema 2.1. Política e Ideologia 2.2. Rede de Actores 2.3. Programas de intervenção 2.4. Tipo de medidas apoiadas 2.5. Redes e Parcerias 2.6. Evolução do Quadro de Co-Financiamento Europeu da Reabilitação 2.7. Visibilidade política e social 55 55 66 77 92 107 109 115 3. Impactos nas Organizações 3.1. Caracterização geral das organizações 3.1.1. Distribuição geográfica das organizações 3.1.2. Estatuto legal e forma jurídica das organizações 3.1.3. Estrutura económico-financeira: alguns elementos 3.2. Actividades principais e modelos de actuação na área da reabilitação sócio-profissional 3.2.1. Infraestruras e serviços de apoio 3.3. Estrutura das organizações 3.4. Perfil sócio-profissional. Caracterização dos profissionais (técnicos e dirigentes) 3.4.1. Caracterização sociográfica dos Dirigentes 3.4.2. Caracterização sociográfica dos Técnicos e Formadores 3.5. Representações sobre as organizações e a reabilitação 3.5.1. Condições de trabalho 3.5.2. Na cultura organizacional 3.6. Apreciações gerais dos técnicos e formadores sobre as organizações e o sistema de reabilitação 119 119 121 123 123 125 133 147 157 158 164 170 171 171 174 3.7. As condições organizacionais na perspectiva dos utentes 4. Impactos nas Pessoas com Deficiência 4.1. Situação Profissional Actual 4.2. Percurso de reabilitação/formação sócio-profissional 4.2.1. Percurso profissional 4.2.2. Percursos formativos e Competências 4.2.3. Competências formativas 4.3. Desenvolvimento Pessoal 4.3.1. Bem-estar 4.4. Inclusão Social 4.4.1. Empregabilidade 4.4.2. Cidadania 4.4.3. Práticas culturais e de lazer 181 187 187 199 199 205 208 220 221 225 226 239 248 Síntese Conclusiva: Quase do nada se fez obra. Até onde nos trouxe o Fundo Social Europeu 250 Bibliografia 277 Anexos 285 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1.1- Número de entrevistas por tipo de actor 22 Quadro 1.2- Sumário: Taxas de resposta em tempo útil aos processos de recolha de informação 22 Quadro 1.3 -Sumário: Instrumentos e modelos de recolha e tratamento da informação 23 Quadro 1.4 - Tipo de deficiência do próprio 24 Quadro 1.5- Causa da deficiência do próprio 25 Quadro 1.6- Tipo de deficiência por causa da mesma (geral) 26 Quadro 1.7- Tipo de deficiência por causa da mesma (população nacional com deficiência) 27 Quadro 1.8- Grau da deficiência 28 Quadro 1.9- Grau de deficiência por níveis de escolaridade 29 Quadro 1.10- Grau de deficiência atribuído por tipos de deficiência 30 Quadro 1.11- Idade dos indivíduos 32 Quadro 1.12 – Regiões de naturalidade/residência 32 Quadro 1.13- Nascimentos fora de Portugal 33 Quadro 1.14- Escolaridade 34 Quadro 1.15- Escolaridade por idade dos indivíduos (geral) 35 Quadro 1.16- Níveis de escolaridade por grupos etários 36 Quadro 1.17- Escolaridade por idade dos indivíduos (antigos) 37 38 Quadro 1.18- Escolaridade por idade dos indivíduos (actuais) Quadro 1.19- Níveis de escolaridade nacional 38 Quadro 1.20- Escolaridade por sexo dos indivíduos 39 40 Quadro 1.21- Anos de frequência de escola (geral) Quadro 1.22- Escolaridade dos indivíduos por anos de frequência do sistema escolar (geral) 40 41 Quadro 1.23 – Via através da qual obteve o grau de escolaridade Quadro 1.24- Via através da qual obteve o grau de escolaridade por tipo de deficiência (geral) 42 Quadro 1.25- Tipo de deficiência por escolaridade (geral) 44 45 Quadro 1.26- Níveis de escolaridade da população portuguesa com deficiência Quadro 1.27- Grau escolaridade por tipo de deficiência (antigos) 45 Quadro 1.28- Grau escolaridade por tipo de deficiência (actuais) Quadro 1.29- Origem da deficiência do próprio Quadro 1.30- Tipo de deficiência por origem da mesma (geral) Quadro 1.31- Idade de aquisição deficiência Quadro 1.32- Tipo de deficiência por idade em que esta foi adquirida (geral) Quadro 1.33- Tipo de deficiência por estado civil (geral) Quadro 1.34- tipos de agregado doméstico Quadro 1.35- Nível de escolaridade dos adultos por quem foi educado Quadro 1.36- Profissão dos adultos por quem foi educado Quadro 1.37- Situação perante a profissão dos adultos por que foi educado Quadro 2.1- Acções de formação profissional para pessoas com deficiência- IEFP* Quadro 2.2- Pessoas abrangidas em 1994 por tipo de entidade Quadro 2.3- Entidades promotoras de programas de formação profissional Quadro 2.4- Sistema de Reabilitação Socio-Profissional- Principais Actores Quadro 2.5- N.º entidades envolvidas em projectos HORIZON por região Quadro 2.6- Beneficiários HORIZON por medida e tipo de deficiência Quadro 2.7- Público-alvo do eixo HORIZON Quadro 2.8- Alguns Indicadores relativos ao emprego e desemprego em Portugal Quadro 2.9- Quadro síntese dos Programas Operacionais e Principais Iniciativas Comunitárias Quadro 2.10- Medidas de apoio ao emprego - 1992/1993 Quadro 2.11- Projectos Experimentais e Inovadores de Formação Profissional e Emprego Quadro 2.12 - Pessoas abrangidas pelo PO7, por tipo de medida Quadro 2.13 -Taxa de variação anual do PO7 Quadro 2.14-Número de pessoas abrangidas pelo PO12, por tipo de medida Quadro 2.15- Pessoas abrangidas, em 1994, por tipo de acção Quadro 2.16- Prioridades temáticas dos projectos do eixo HORIZON Quadro 2.17- Grelha Síntese das medidas apoiadas pelos Programas Operacionais Quadro 2.18- Grelha Síntese de Programas e Medidas existentes Quadro 2.19- PO12-Custo total por medida no período 1990/93 (Euros) Quadro 2.20 - PO7-Custo total por medida no período 1990/93 (Euros) Quadro 2.21- Impacto da Execução do Subprograma, face à execução Final (em milhares de euros) Quadro 2.22- Eixo 5 do POEFDS, programação financeira (em milhares de euros) Quadro 2.23- Evolução dos Meios Financeiros disponibilizados – 1995 - 2002 (Euros) Quadro 2.24- Visibilidade das questões da deficiência e direitos das pessoas com deficiência Quadro 2.25- Opinião sobre as peças de informação Quadro 2.26- Evolução da visibilidade e cobertura ao longo dos últimos anos na comunicação social Quadro 3.1- Número de organizações, por distritos Quadro 3.2- Número de organizações existentes, por região Quadro 3.3- Forma jurídica das organizações (total) Quadro 3.4- Estatutos atribuídos às organizações Quadro 3.5 - Receitas anuais das instituições (em mil euros) Quadro 3.6 - Fontes de financiamento das organizações Quadro 3.7- Oferta de formação por áreas Quadro 3.8- Área de formação por ano de início Quadro 3.9- Principais razões do encerramento dos cursos Quadro 3.10- Características dos utentes Quadro 3.11- Percentagem de desempregados Quadro 3.12- Existência de metodologias para a planificação das actividades formativas Quadro 3.13- Tipo de metodologias para a planificação das actividades formativas Quadro 3.14- Existência de métodos de avaliação e orientação profissional Quadro 3.15- Tipo de métodos de avaliação e orientação profissional Quadro 3.16- Existência de métodos de organização das actividades de formação teórica Quadro 3.17- Métodos de organização das actividades Quadro 3.18- Quais são os métodos de organização curricular Quadro 3.19- Metodologias utilizadas na avaliação do progresso e na aprovação dos formandos 46 46 47 47 48 50 50 51 53 54 70 71 72 74 83 83 85 87 91 92 95 95 95 96 97 99 102 103 111 111 112 112 114 117 117 118 122 122 123 123 124 124 127 128 129 130 130 130 131 131 131 132 132 133 133 Quadro 3.20- Veículos de transporte de passageiros em 1993, 1999 e 2003 Quadro 3.21- Lugares disponíveis para transporte em 1993, 1999 e 2003 Quadro 3.22- Utentes transportados, em média, diariamente, em 1993, 1999 e 2003 Quadro 3.23- Residências para utentes Quadro 3.24- Lares residenciais criados por quadros comunitários de apoio Quadro 3.25- Taxa de ocupação actual dos lares residenciais Quadro 3.26- Utentes em lista de espera Quadro 3.27- Assiduidade dos formandos em percentagem Quadro 3.28- Aprovação dos formandos em percentagem Quadro 3.29- Abandono/ desistência voluntária dos formandos em percentagem Quadro 3.30- Sanções e exclusões disciplinares aos formandos em percentagem Quadro 3.31- Evolução dos aspectos relativos à eficácia e eficiência da formação Quadro 3.32- Número médio de candidatos em lista de espera para acções nos últimos 5 anos Quadro 3.33- Número médio de vagas para acções nos últimos 5 anos Quadro 3.34- Indivíduos em espera por área de formação, nas 1as acções mencionadas Quadro 3.35- Indivíduos em espera por área de formação, nas 2as acções mencionadas Quadro 3.36- Indicadores de empregabilidade de 2002 Quadro 3.37- Dificuldades de acesso a: Mercado Normal de Trabalho e Emprego Protegido Quadro 3.38- Dificuldades na integração profissional Quadro 3.39- Dificuldades na integração profissional por tipo de deficiência Quadro 3.40- Evolução de taxas relativas à empregabilidade Quadro 3.41- Frequência de contactos com entidades empregadoras Quadro 3.42- Evolução da colaboração entre a instituição e os técnicos do centro de emprego Quadro 3.43- Ligação entre os níveis hierárquicos Quadro 3.44- Ligação entre os níveis hierárquicos Quadro 3.45- Ligação orgânica funcional dos níveis hierárquicos Quadro 3.46- Mudanças sentidas nas instituições ao longo dos últimos 5 anos Quadro 3.47- Mecanismos de controlo formal e informal Quadro 3.48- Valores médios de respostas relacionados com a comunicação organizacional Quadro 3.49- Evolução da comunicação organizacional Quadro 3.50- tipo de entidades com que estabelecem parcerias Quadro 3.51- Tipo de entidade por finalidade da parceria Quadro 3.52- Datas de início das parcerias estabelecidas por QCA’s Quadro 3.53- Funcionários por categoria profissional Quadro 3.54- Existência de equipas de trabalho Quadro 3.55- Avaliação da evolução de alguns aspectos relativos a técnicos e formadores Quadro 3.56- Avaliação do clima organizacional Quadro 3.57- Níveis de participação e de decisão Quadro 3.58- Avaliação média do clima organizacional das instituições Quadro 3.59- Avaliação da evolução do clima organizacional das instituições Quadro 3.60- Avaliação média dos níveis de participação em actividades Quadro 3.61- Obstáculos à formação de reabilitação socioprofissional Quadro 3.62- Indivíduos por escalões etários Quadro 3.63- Nível de escolaridade dos indivíduos Quadro 3.64- Áreas dos cursos superiores Quadro 3.65- Condição perante o trabalho e meio de vida principal dos indivíduos Quadro 3.66- Tempo de trabalho na instituição Quadro 3.67 Tipo de organização em que trabalha Quadro 3.68-Função que desempenha na entidade Quadro 3.69- Situação na profissão Quadro 3.70- Regime em que exercem o cargo Quadro 3.71- Anos que trabalham na instituição Quadro 3.72- Anos em que trabalha no sistema de reabilitação Quadro 3.73- Frequência de cursos iniciais / especialização Quadro 3.74- Cursos de formação /especialização frequentados por nº de indivíduos Quadro 3.75- Anos em que completou a formação / especialização Quadro 3.76- Investimento nas qualificações profissionais Quadro 3.77- Áreas proritárias para a formação de dirigentes 134 134 135 135 135 135 136 136 136 137 137 137 138 138 139 139 139 140 141 144 145 146 146 147 147 148 148 149 150 150 151 152 152 153 153 153 154 154 155 155 156 157 158 159 159 160 160 160 161 161 161 162 162 162 163 163 164 164 Quadro 3.78- Grau de Escolaridade Completo Quadro 3.79- Grupos socioprofissionais Quadro 3.80- Função desempenhada na instituição Quadro 3.81- Antiguidade na instituição Quadro 3.82- Local da Instituição Quadro 3.83- Duração das acções de formação Quadro 3.84- Anos de frequência de acções de formação Quadro 3.85- Avaliação média de alguns assuntos relacionados com a actividade profissional Quadro 3.86- Metodologias utilizadas no recrutamento e selecção de técnicos Quadro 3.87- Avaliação das competências da organização Quadro 3.88- Sentimentos de pertença Quadro 3.89- Apreciações face ao clima organizacional Quadro 3.90- Cultura e sentimento de pertença organizacional Quadro 3.91- Avaliação média de aspectos da cultura organizacional Quadro 3.92- Avaliação da evolução aspectos da cultura organizacional Quadro 3.93- Avaliação média do relacionamento das instituições com o exterior Quadro 3.94- Avaliação da evolução do relacionamento das instituições com o exterior Quadro 3.95- Valores médios de respostas relacionados com a participação das famílias Quadro 3.96- Avaliações médias de aspectos relacionados com a formação transmitida pela instituição Quadro 3.97- Avaliação da evolução de aspectos da formação Quadro 3.98- Satisfação relativa à aplicabilidade da formação Quadro 3.99- Avaliação da evolução da aplicabilidade da formação na vida quotidiana dos utentes Quadro 3.100- Avaliação média relativa à situação da pessoa com deficiência em Portugal Quadro 3.101- Avaliação média da formação sócio-profissional por tipo de deficiência Quadro 3.102- Apreciação dos impactos do FSE Quadro 3.103- Grau de satisfação relativo à última acção de reabilitação/formação Quadro 3.104 - Avaliação relativa aos acessos/facilidade de mobilidade Quadro 3.105- Avaliação da acessibilidade/funcionamento/regras da instituição Quadro 3.106- Divulgação das acções/cursos por tipo de deficiência Quadro 3.107- Divulgação/conhecimento das acções/cursos, por entrada no sistema, por QCA Quadro 3.108- Divulgação/conhecimento das acções/cursos, por nível de escolaridade do próprio Quadro 3.109- Aspectos positivos da acção/curso de formação Quadro 3.110- Aspectos negativos da acção/curso de formação Quadro 4.1- Actual situação perante o trabalho Quadro 4.2- Origem da situação de desemprego Quadro 4.3- Razões na permanência no desemprego – se for esta a situação Quadro 4.4- Meio de vida principal Quadro 4.5- Profissão do próprio Quadro 4.6- Profissão do próprio pela última acção frequentada (geral) Quadro 4.7- Ramo ou sector em que a profissão é exercida Quadro 4.8- Tipo de contrato de trabalho Quadro 4.9- Tipo de contrato da população portuguesa a exercer uma actividade Quadro 4.10- Entidade empregadora Quadro 4.11- Tempo há que exerce a actual profissão Quadro 4.12- Tempo da actual profissão segundo o financiamento da última acção frequentada Quadro 4.13- Posto de trabalho adaptado Quadro 4.14- Posto de trabalho adaptado por tipos de entidades empregadoras Quadro 4.15-Posto de trabalho adaptado por tipos de deficiência Quadro 4.16- Emprego ou profissão passadas (geral) Quadro 4.17- Tipo de entidade empregadora (geral) Quadro 4.18- Grupos profissionais por tipo de entidade empregadora Quadro 4.19- Ano de início das actividades profissionais (geral) Quadro 4.20- Duração das actividades profissionais por nº de profissões (geral) Quadro 4.21- Vivências de situações de desemprego (geral) Quadro 4.22- Situação face ao trabalho dos beneficiários ao iniciarem o percurso formativo 165 165 166 166 167 168 168 169 169 170 171 171 172 172 173 173 174 174 175 176 176 177 178 179 180 181 182 182 183 186 184 185 185 188 188 189 190 191 193 194 194 195 196 196 197 198 198 199 201 202 202 203 204 205 206 Quadro 4.23- Situação face ao trabalho ao iniciar a 1ª acção por sexo dos actuais beneficiários Quadro 4.24- Situação face ao trabalho antes de iniciar a 1ª acção por tipo de deficiência do próprio (beneficiários actuais) Quadro 4.25- Nº de acções frequentadas até 2003 Quadro 4.26-Percurso formativo segundo as áreas de formação profisisonal Quadro 4.27- Sexo por áreas de formação na última acção frequentada Quadro 4.28- Nível de escolaridade por áreas de formação da última acção Quadro 4.29- Grupos etários no momento de entrada por áreas de formação Quadro 4.30- Tipo de deficiência do próprio por áreas de formação frequentadas Quadro 4.31- Entrada por QCA e por áreas de formação frequentadas. Quadro 4.32- Tipo de acção frequentada Quadro 4.33- Nível de qualificação da(s) acção (ões) Quadro 4.34- Nível de qualificação obtido na 1º acção de formação por tipo de deficiência do próprio Quadro 4.35- Duração das acções de formação Quadro 4.36- Remuneração ou bolsas Quadro 4.37-Existência de remuneração ou bolsa por nível de rendimento do próprio Quadro 4.38- Concordância face aos efeitos da acção ou curso frequentados Quadro 4.39- Grau de concordância com as seguintes afirmações após a frequência das acções Quadro 4.40- Grau de concordância com afirmações face ao bem-estar físico Quadro 4.41- Avaliação perante todos aspectos da sua vida material e financeira Quadro 4.42- Apreciação da situação financeira por nível de rendimento mensal do próprio Quadro 4.43- Avaliação da situação financeira e material por Nível de escolaridade Quadro 4.44- Opinião sobre a evolução do nível de vida nos últimos cinco anos Quadro 4.45- Opinião sobre a evolução do nível de vida nos próximos cinco anos Quadro 4.46- Situação face ao trabalho 3 meses após concluir as 1ª e a 2ª acção de formação Quadro 4.47- Situação face ao trabalho 1 ano após concluir as 1ª e a 2ª acção de FP Quadro 4.48- Situação face ao trabalho de antigos utentes 3 meses após conclusão por áreas Quadro 4.49- situação face ao trabalho após 1 ano da conclusão por situação após 3 meses Quadro 4.50- Tempo decorrido até à obtenção de emprego Quadro 4.51- Sexo por tempo de obtenção de emprego após a conclusão da acção Quadro 4.52- Tipo de deficiência por tempo de obtenção de emprego após concluir a acção Quadro 4.53- Saída do sistema por QCA’s por tempo de obtenção de emprego após a 1ª acção Quadro 4.54- Taxa de obtenção de emprego por áreas de formação Quadro 4.55- Apoios decisivos na obtenção de emprego Quadro 4.56- Tipo de deficiência por tipos de apoios decisivos para a obtenção de emprego Quadro 4.57- Regiões de residência por tipos de apoios decisivos para a obtenção de emprego Quadro 4.58- Relações entre a frequência de acções de reabilitação e a actividade profissional Quadro 4.59- Grau de satisfação médio com a actividade laboral Quadro 4.60- Grau de concordância média de afirmações sobre os impactos das acções Quadro 4.61- Entidades com maior responsabilidade face ao sistema de reabilitação Quadro 4.62-Entidades que deviam ter um papel mais activo no sistema de reabilitação Quadro 4.63- Avaliação do desempenho das várias entidades perante o sistema de reabilitação Quadro 4.64- Participação em associações ou colectividades Quadro 4.65- Participação em associações ou colectividades por grupos etários Quadro 4.66- Participação em associações ou colectividades por tipo de deficiência Quadro 4.67- Tipo de associação em que há participações Quadro 4.68- Tipo de associação em que há participações por tipo de deficiência Quadro 4.69- Tipo de participação nas associações Quadro 4.70- Tipo de participação nas associações por grupos etários 206 207 208 209 210 211 213 214 215 216 217 217 218 219 219 221 221 222 223 223 224 224 225 227 227 229 230 231 232 232 233 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 242 243 243 244 244 245 245 Quadro 4.71- Tipo de participação nas associações por tipo de deficiência Quadro 4.72- Interesse por questões políticas Quadro 4.73- Interesse por questões políticas por grupos etários Quadro 4.74- Interesse por questões políticas por tipo de deficiência Quadro 4.75- Frequência média de práticas e actividades culturais e de lazer 246 246 247 248 249 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1- Sexo dos indivíduos Figura 1.2 - Sexo dos indivíduos em Portugal Figura 1.3 - Pessoas com alguma deficiência, por cada mil pessoas, em Portugal Figura 1.4 – Nascimentos fora de Portugal Figura 1.5. Estado civil dos inquiridos Figura 1.6- Análise de correspondências múltiplas Figura 2.1- Sistema de Reabilitação Nacional Figura 2.2- Distribuição geográfica dos CRL e CRE Figura 2.3- Beneficiários de apoios do QCA na reabilitação sócio- profissional 1988/02 Figura 2.4- Entidades envolvidas na formação profissional área de reabilitação por região Figura 2.5- Número de entidades apoiadas no âmbito do programa HORIZON Figura 2.6- Projectos INTEGRAR por região Figura 2.7- Entidades envolvidas na preparação pré-profissional Figura 2.8- Entidades envolvidas na formação profissional/área de reabilitação Figura 2.9- Incentivos ao emprego por tipo (1998-1991) Figura 3.1- Número de organizações de reabilitação profissional fundadas por ano (desde 1930) Figura 3.2- Ano de início de trabalho nas questões de deficiência (desde 1930) 31 31 31 33 48 54 69 73 77 79 82 86 93 93 94 119 120