universidade estadual de santa cruz pró
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES PARA A CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS NO BRASIL: TENDÊNCIAS PARA UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA FELIPE SIQUEIRA CAMPOS Ilhéus - Bahia - Brasil Março de 2012 ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES PARA A CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS NO BRASIL: TENDÊNCIAS PARA UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA FELIPE SIQUEIRA CAMPOS Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Orientador: Mirco Solé Co-orientador: Daniel Brito Ilhéus - Bahia - Brasil Março de 2012 C198 Campos, Felipe Siqueira. Estratégias e prioridades para a conservação de anfíbios no Brasil: tendências para uma abordagem metodológica / Felipe Siqueira Campos. – Ilhéus, BA: UESC, 2012. 95f. : il. Orientador: Mirco Solé. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Biodiversidade – Conservação – Brasil. 2. Anfíbio. 3. Animais – Proteção. I. Título. CDD 333.950981 ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES PARA A CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS NO BRASIL: TENDÊNCIAS PARA UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA FELIPE SIQUEIRA CAMPOS Aprovada em: Comissão examinadora: Dra. Flora Acuna Juncá (UEFS) Dra. Deborah Faria (UESC) Dr. Daniel Brito (UFG; UESC – Co-orientador) Dr. Mirco Solé (Orientador) Dedico este estudo aos meus pais, Anibel Mirian e Lafaiete de Campos, os quais confiaram no meu trabalho e me proporcionaram a chance de trilhar meu próprio caminho profissional. AGRADECIMENTOS A Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC e ao Programa de PósGraduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade – PPGECB, pela oportunidade concedida e pelo apoio durante todo o período do mestrado acadêmico. Em especial, agradeço ao colegiado do PPGECB, pela iniciativa e competência em manter a qualidade do curso. Ao meu orientador, Prof. Dr. Mirco Solé, por ter aceitado o desafio de me orientar nesta pesquisa, demonstrando confiança e apoio em todas as etapas decisivas deste trabalho, onde pode contribuir, na medida do possível, para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Daniel Brito, pela oportunidade concedida desde o início do planejamento do meu projeto de mestrado, ajudando a transformar minhas inúmeras idéias desordenadas em métodos científicos aplicados. A Dra. Flora Juncá e a Dra. Deborah Faria pela composição da minha banca e pelos positivos comentários e sugestões em relação aos artigos apresentados. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio financeiro referente à minha bolsa de mestrado. Ao Instituto de Pesquisas Ambientais e Ações Conservacionistas – IPAAC, pelo apoio institucional e suporte técnico-científico. A Universidade Federal de Goiás – UFG e ao PPG em Ecologia e Evolução, pela oportunidade concedida na realização das disciplinas de “Meta-análise”, ministrada pelo Prof. Dr. Luis Mauricio Bini, e “Priorização Espacial para a Conservação”, ministrada pelo Prof. Dr. Rafael Dias Loyola. Em especial, agradeço ao Joaquim Trindade-Filho, aluno de doutorado do PPGEE, pela ajuda e parceria na realização das análises de dados referentes ao desenvolvimento do Capítulo 2 desta dissertação. A todos os colegas das turmas de 2009 e 2010 do PPGECB e do PPG em Zoologia da UESC, pelas amizades e discussões que certamente contribuíram para minha visão crítica de pesquisador. Em especial, agradeço aos colegas Ricardo Lourenço de Moraes, Anderson Aires Eduardo, Heitor de Oliveira Braga, Henrique Matheus, Iuri Dias, Paulo Ribeiro e Renan Oliveira, pelas parcerias em trabalhos científicos e viagens de campo realizadas ao longo do curso. Por fim, agradeço a todas as pessoas que colaboraram indiretamente para a realização deste trabalho durante os últimos dois anos. Obrigado! “It is easy to continue to delve into the patterns and processes that lie at the heart of the problem. But it is critical that we also start to do everything we can to reverse all the damaging trends. These actions cannot and should not be just the responsibility of governments and their agencies. It must be the responsibility of all of us, including scientists, wildlife managers, naturalists, and indeed everyone who cares so that future generations can have the same choices and the same opportunity to marvel at and benefit from nature, as our generation has had. We all can be involved in actions to improve matters, and making conservation biology relevant to and applicable by all is therefore a key task.” Georgina Mace, CBE, FRS Imperial College London 18 November 2010 Foreword – Conservation Biology for All, © Oxford University Press, 2010. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 1 REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------------------------------- 3 CAPÍTULO 1: A conservação de anfíbios no Brasil: padrões de diversidade e tendências de pesquisa ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 7 ABSTRACT ------------------------------------------------------------------------------------------------- 8 RESUMO ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------- 10 MATERIAL E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------------------ 12 RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------------------- 14 DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 22 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------------- 26 CAPÍTULO 2: Eficiência de grupos indicadores para a conservação de anfíbios na Mata Atlântica brasileira ---------------------------------------------------------------------------------------- 35 ABSTRACT ----------------------------------------------------------------------------------------------- 36 RESUMO --------------------------------------------------------------------------------------------------- 37 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------- 37 MATERIAL E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------------------ 40 RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------------------- 43 DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 46 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------------ 49 CAPÍTULO 3: Threatened amphibians and their conservation status within the protected area network in northeastern Brazil -------------------------------------------------------------------------- 60 ABSTRACT ----------------------------------------------------------------------------------------------- 61 RESUMO --------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 INTRODUCTION ---------------------------------------------------------------------------------------- 62 MATERIALS AND METHODS ----------------------------------------------------------------------- 65 RESULTS -------------------------------------------------------------------------------------------------- 65 DISCUSSION --------------------------------------------------------------------------------------------- 68 REFERENCES -------------------------------------------------------------------------------------------- 72 APPENDIX I ---------------------------------------------------------------------------------------------- 82 CONCLUSÃO GERAL ---------------------------------------------------------------------------------- 87 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------------- 89 APRESENTAÇÃO O Brasil se destaca no cenário internacional pela condição de país de dimensões continentais e megadiversidade, sendo considerado como um dos países mais ricos do mundo em biodiversidade (Mittermeier et al., 2005). Isto se justifica devido ao fato do país apresentar uma enorme variedade de ecossistemas, o que amplia seu potencial em abrigar diferentes grupos taxonômicos (Lewinsohn e Prado, 2005). No entanto, esta condição não está totalmente vinculada a medidas políticas, que efetivam o fomento de pesquisas em conservação e uso sustentável dos recursos naturais (Pimm et al., 2010). Portanto, o caráter emergencial na tomada de decisões que promovem tais medidas torna-se extremamente prejudicado pela alta pressão antrópica desordenada que o país vem sofrendo desde as últimas décadas. O estabelecimento de ações prioritárias para a conservação da diversidade biológica tem sido um dos aspectos mais importantes em relação à biologia da conservação (Cabeza e Moilanen, 2001). Considerando a crescente perda de espécies e a disponibilidade de recursos humanos e financeiros, diversos critérios devem ser usados para estabelecer estas prioridades de conservação (Diniz-Filho et al., 2008). Para isto, o conhecimento sobre a distribuição geográfica de ocorrência das espécies é de fundamental importância (ver Tognelli, 2005; Whittaker et al., 2005; Bini et al., 2006). Para entender os padrões de distribuição espacial e temporal em comunidades faunísticas é necessário investigar as características dos ambientes onde estas se encontram (Hawkins, 2001). Os anfíbios formam grupos proeminentes em quase todas as comunidades terrestres e, portanto, são considerados como potenciais indicadores dos níveis de alterações sofridos por diferentes tipos de ambientes naturais (Tocher et al., 1997; Cosson et al., 1999). Em função da grande variedade de nichos ecológicos ocupados por estes animais, é possível assumir o pressuposto de que espécies desse grupo utilizam o habitat e seus recursos de maneira diferenciada, o que permite a formulação de diversas hipóteses sobre esse tema. Nesse contexto, realizamos um estudo cienciométrico para quantificar as tendências de pesquisa existentes sobre o conhecimento científico a respeito dos anfíbios do Brasil, constituindo o primeiro capítulo dessa dissertação. Existem diferentes métodos e ferramentas relativamente novas para estimar a produtividade e as tendências de atividades científicas, tanto em escalas regionais, quanto globais, o que nos permite avaliar a importância relativa de um determinado tema de investigação 1 científica (Verbeek et al., 2002). Tendências científicas têm sido demonstradas de diversas maneiras, como, por exemplo, contando o número de artigos por ano ou o número de referências por artigo (Graham e Dayton, 2002), convidando especialistas renomados para escrever sobre as tendências em suas áreas (Possingham et al., 2000), e analisando a ocorrência relativa de termos específicos no título, palavras-chave e/ou resumos de artigos (Nobis e Wohlgemuth, 2004). Com o intuito de avaliar o progresso da ciência através da literatura científica, estudos cienciométricos têm sido frequentemente utilizados, dada a necessidade de uma visão sintética sobre determinados temas de pesquisa (Budilova et al., 1997; Leta e Lewison, 2003. Carvalho et al., 2005). Nesse sentido, partimos do pressuposto de que o número de publicações fornece uma eficiente métrica de produtividade científica (Verbeek et al., 2002). O segundo capítulo desta dissertação é resultado de um estudo de caso sobre grupos indicadores de anfíbios na Mata Atlântica brasileira, avaliando as características desses grupos que influenciam a representatividade dos anfíbios neste bioma e a eficiência de grupos taxonômicos como indicadores de diversidade, discutindo suas consequências teóricas e aplicadas para a biologia da conservação. As extensões de ocorrência registradas para as espécies de anfíbios com distribuição geográfica na Mata Atlântica brasileira foram mapeadas sobre uma grade sobreposta a toda extensão geográfica do bioma. A partir daí utilizamos algoritmos baseados no conceito de complementaridade (Margules et al., 1988; Csuti et al., 1997, Howard et al., 1998; Araújo e Williams, 2000). O conceito de complementaridade está associado ao quanto uma área é diferente de outras em termos de composição de espécies (Csuti et al., 1997; Margules e Pressey, 2000), ou seja, refere-se a uma estimação da importância relativa de uma determinada área para representação de espécies que não foram representadas previamente (Pressey et al., 1993), o que é habitualmente utilizado no contexto de “biogeografia da conservação”, onde os dados são estruturados espacialmente em uma macro escala geográfica (Whittaker et al., 2005). Em relação aos anfíbios, embora tenham sido amplamente promovidos como indicadores alterações ambientais, rigorosos testes de complementaridade ainda estão faltando (Sewell e Griffiths, 2009). No sentido de contribuir para o suprimento desta lacuna, apresentamos uma abordagem teórica inovadora através do uso de grupos indicadores de anfíbios na Mata Atlântica do Brasil, apresentando um conjunto de soluções que inferem o desempenho e a consistência destes grupos, assim como suas implicações para a conservação da biodiversidade. 2 O terceiro e último capítulo desta dissertação trata de outro estudo de caso, porém com uma abordagem metodológica diferente das demais apresentadas nos capítulos anteriores. Neste capítulo, avaliamos o status de conservação dos anfíbios ameaçados de extinção dentro da rede de áreas protegidas no nordeste do Brasil. A escala espacial utilizada neste caso foi menor que a dos demais capítulos em função de um planejamento de conservação mais robusto, onde as análises foram investigadas a partir de um pequeno grupo de espécies ameaçadas de uma região de grande relevância ambiental. Desta forma, nosso objetivo foi avaliar se a rede de áreas protegidas do Nordeste do Brasil protege, de forma efetiva, as populações de anfíbios ameaçadas que ocorrem nesta região, fornecendo uma simples abordagem que pode ser replicada para outros grupos taxonômicos, em outros biomas e em outros países, o que certamente contribuirá para o avanço da conservação de espécies ameaçadas. REFERÊNCIAS Araújo, M. B.; Williams, P. H. 2000. Selecting areas for species persistence using occurrence data. Biological Conservation, 96: 331–345. Bini, L. M.; Diniz-Filho, J. A. F.; Rangel, T. F. L. V. B.; Bastos, R. P.; Pinto, M. P. 2006. Challenging Wallacean and Linnean shortfalls: knowledge gradients and conservation planning in a biodiversity hotspot. Diversity and Distributions, 12: 475– 482. Budilova, E. V.; Drogalina, J. A.; Teriokhin, A. T. 1997. Principal trends in modern ecology and mathematical tools: an analysis of publications. Scientometrics, 39 (2): 147–157. Cabeza, M.; Moilanen, A. 2001. Design of reserve networks and the persistence of biodiversity. Trends in Ecology and Evolution, 16 (5): 242–248. Carvalho, P.; Diniz-Filho, J. A. F.; Bini, L. M. 2005. The impact of Felsenstein’s “Phylogenies and the comparative method” on evolutionary biology. Scientometrics, 62 (1): 53–66. 3 Cosson, J. F.; Ringuet, S.; Claessens, O.; De Massary, J. C.; Dalecky, A.; Villiers, J. F.; Granjon, L.; Pons, J. M. 1999. Ecological changes in recent land-bridge islands in French Guiana, with emphasis on vertebrate communities. Biological Conservation, 91: 213–222. Csuti, B.; Polasky, S.; Williams, P. H.; Pressey, R. L.; Camm, J. D.; Kershaw, M.; Kiester, A. R.; Downs, B.; Hamilton, R.; Huso, M.; Sahr, K. 1997. A comparison of reserve selection algortihms using data on terrestrial vertebrates in Oregon. Biological Conservation, 80: 83–97. Diniz-Filho, J. A. F.; Bini, L. M.; Pinto, M. P.; Terrilile, L. C.; Oliveira, G.; Vieira, C. M.; Blamires, D.; Barreto, B. S.; Carvalho, P.; Rangel, T. F. L. V. B.; Tôrres, N. M.; Bastos, R. P. 2008. Conservation planning: a macroecological approach using the endemic terrestrial vertebrates of the Braziilan Cerrado. Oryx, 42: 567–577. Graham, M. H.; Dayton, P. K. 2002. On the evolution of ecological ideas: paradigms and scientific progress. Ecology, 83 (6): 1481–1489. Hawkins, B. A. 2001. Ecology’s Oldest Pattern? Trends in Ecology and Evolution, 16: 470. Howard, P. C.; Viskanic, P.; Davenport, T. R. B.; Baltzer, M.; Dickinson, C. J.; Lwanga, J. S.; Matthews, R. E.; Balmford, A. 1998. Complementarity and the use of indicator groups for reserve selection in Uganda. Nature, 394: 472–475. Leta, J.; Lewinson, G. 2003. The contribution of women in Brazilian science: A case study in astronomy, immunology and oceanography. Scientometrics, 57: 339–353. Lewinsohn, T. M.; Prado, P. I. 2005. How Many Species Are There in Brazil? Conservation Biology, 19 (3): 619–624. Margules, C. R.; Nicholls, A. O.; Pressey, R. L. 1988 Selecting networks of reserves to maximise biological diversity. Biological Conservation, 43: 63–76. 4 Margules, C. R.; Pressey, R. L. 2000. Systematic planning for biodiversity conservation. Nature, 405: 243–253. Mittermeier, R. A.; Fonseca, G. A. B.; Rylands, A. B.; Brandon, K. 2005. A Brief history of biodiversity conservation in Brazil. Conservation Biology, 19 (3): 601–607. Nobis, M.; Wohlgemuth, T. 2004. Trend words in ecological core journals over the last 25 years (1978–2002). Oikos, 106 (2): 411–421. Pimm, S. L.; Jenkins C. N.; Joppa, L. N.; Roberts, D. L.; Russell, G. J. 2010. How Many Endangered Species Remain to Be Discovered in Brazil? Natureza & Conservação, 8 (1): 71–77. Possingham, H.; Ball, I.; Andelman, S. 2000. Mathematical methods for identifying representative reserve networks. In: Ferson, S.; Burgman, M. (Eds.). Quantitative methods for conservation biology. Springer, New York, 291–306 p. Pressey, R. L.; Humphries, C. J.; Margules, C. R.; Vane-Wright, R. I.; Williams, P. H. 1993. Beyond opportunism: key principles for systematic reserve selection. Trends in Ecology and Evolution, 8: 124–128. Sewell, D.; Griffiths, R. A. 2009. Can a Single Amphibian Species Be a Good Biodiversity Indicator? Diversity, 1: 102–117. Tognelli, M. F. 2005. Assessing the utility of indicator groups for the conservation of South American terrestrial mammals. Biological Conservation, 121: 409–417. Tocher, M. D.; Gascon, C.; Zimmerman, B. L. 1997. Fragmentation effects on a central Amazonian frog community: a ten-year study, 124-137 p. In: Laurence, W F.; Bierregaard Jr., R. O. (Eds.). Tropical forest remanants: ecology, management and conservation of fragmented communities. Chicago, The University of Chicago Press, 632 p. 5 Verbeek, A.; Debackere, K.; Luwel, M.; Zimmermann, E. 2002. Measuring the progress and evolution in science and technology – I: The multiple uses of bibliometric indicators. International Journal of Management Reviews, 4 (2): 179–211. Whittaker, R. J.; Araújo, M. B.; Jepson, P.; Ladle, R. J.; Watson, J. E. M.; Willis, K. J. 2005. Conservation Biogeography: assessment and prospect. Diversity and Distributions, 11: 3–23. 6 CAPÍTULO 1 A CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS NO BRASIL: PADRÕES DE DIVERSIDADE E TENDÊNCIAS DE PESQUISA (A ser submetido ao periódico Biological Conservation) Felipe Siqueira Campos ([email protected]) Daniel Brito ([email protected]) Mirco Solé ([email protected]) 7 A Conservação de anfíbios no Brasil: padrões de diversidade e tendências de pesquisa Felipe Siqueira Campos1,2, Daniel Brito1,3, Mirco Solé1 1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Rodovia Ilhéus-Itabuna, km 16, CEP: 45662-000. Ilhéus, Bahia, Brasil. 2. Instituto de Pesquisas Ambientais e Ações Conservacionistas – IPAAC. Rua 34, Qd. A24, Lt. 21A, Jardim Goiás, CEP: 74805-370. Goiânia, Goiás, Brasil. 3. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás – UFG, Caixa Postal 131. CEP: 74001-970. Goiânia, Goiás, Brasil. ABSTRACT. Amphibian conservation in Brazil: diversity patterns and research trends. The knowledge generated on the Brazilian amphibians is still quite recent, because every year species are revalidated and, especially, several new species have been discovered. Due to the large number of articles published each year, this study aimed to evaluate the contribution of herpetological surveys conducted during the past decade with regard to amphibians in Brazil, considering the diversity patterns, categories of threats and research topics that most have been published, thus testing the efficiency of the work done so far. Scientometric attention index were applied in the reviewed studies from the databases Web of Science, ScienceDirect, Scopus, Wiley Online Library, BioOne, Scielo and DOAJ (Directory of Open Access Journals). To examine the relationship between the number of species recorded locally and regionally at different spatial scales, we used the additive partitioning of diversity in three hierarchical levels: states, geographic regions and biomes. A total of 892 articles focusing on amphibian species of Brazil were found in the analyzed period. In total, 914 species of amphibians have been recorded in Brazil through a joint evaluation of the IUCN database and the articles considered in this study. Important trends and biases were observed with regard to amphibians of Brazil. There are many differences in the allocation of research efforts for different taxonomic groups and biomes, as well as some research topics, somewhat neglected. Although the number of articles on amphibians in Brazil in recent years has increased, there is still a great need for an increase in the number of articles focusing on the conservation of amphibians in general. The selection criteria analyzed must be complemented with the social participation, including decision makers to promote and understand the ethical, as well 8 as socio-economic related issues, so that conservation areas and priority research topics to be plausible at local and/or regional level. Keywords: Amphibians, scientometry, attention index, diversity, conservation. RESUMO. O conhecimento gerado sobre os anfíbios brasileiros ainda é bastante recente, pois anualmente espécies têm sido revalidadas e, principalmente, várias espécies novas têm sido descobertas. Em função do grande número de artigos publicados a cada ano, o presente estudo teve como objetivo avaliar a contribuição das pesquisas herpetológicas realizadas na última década no que diz respeito à conservação de anfíbios no Brasil, considerando os padrões de diversidade, as categorias de ameaças e os temas de investigação que mais têm sido publicados, testando assim, a eficiência dos trabalhos realizados até o momento. Índices de atenção cienciométricos foram aplicados nos estudos analisados a partir dos bancos de dados Web of Science, ScienceDirect, Scopus, Wiley Online Library, Bioone, Scielo e DOAJ (Directory of Open Access Journals). Para ponderar a relação entre o número de espécies registradas localmente e regionalmente em diferentes escalas espaciais, foi utilizada a partição aditiva da diversidade em três níveis hierárquicos: estados, regiões geográficas e biomas. Um total de 892 artigos enfocando espécies de anfíbios do Brasil foi encontrado no período analisado. No total, 914 espécies de anfíbios foram registradas para o Brasil, através de uma avaliação conjunta do banco de dados da IUCN e dos artigos considerado neste estudo. Importantes tendências e enviesamentos foram observados no que diz respeito aos anfíbios do Brasil. Existem muitas diferenças na alocação de esforços de pesquisa para diferentes grupos taxonômicos e biomas, assim como alguns tópicos de pesquisa, de certa forma, negligenciados. Apesar do número de artigos dedicados aos anfíbios do Brasil nos últimos anos ter aumentado, ainda há uma grande necessidade de um aumento no número de artigos enfocando a conservação dos anfíbios em geral. Os critérios de seleção analisados devem ser complementados com a participação social, incluindo tomadores de decisão que promovam e entendam a ética, assim como as questões sócio-econômicas relacionadas, de modo que as áreas de conservação e os temas de investigação prioritários possam ser plausíveis a nível local e/ou regional. Palavras-chave: Anfíbios, cienciometria, índices de atenção, diversidade, conservação. 9 INTRODUÇÃO O atual declínio global da biodiversidade é um reflexo direto do desaparecimento de diversas espécies segundo taxas de extinção sem precedentes ao redor do mundo (Blaustein et al., 2010). Algumas estimativas sugerem que as taxas de extinção encontram-se com valores entre 1.000 a 10.000 vezes maiores que taxas resultantes de qualquer processo natural ao longo dos últimos 100 mil anos (Wilson, 1992; Pimm e Brooks, 1997; Baillie et al., 2004). Estas taxas são extremamente relevantes para várias populações e grupos específicos de anfíbios (Blaustein et al., 2010). A “crise da biodiversidade”, como é chamada essa redução global de espécies, é exemplificada por declínios populacionais e extinções de espécies de anfíbios em todo o mundo (Wake, 1991; Alford e Richards, 1999; Houlahan et al., 2000; Blaustein e Kiesecker, 2002; Stuart et al., 2004; Bielby et al., 2008). Como muitos outros animais, os anfíbios são afetados por diferentes fatores ambientais, os quais geralmente atuam em vias complexas (Alford e Richards, 1999; Blaustein e Kiesecker, 2002, Stuart et al., 2004). A destruição e alteração de habitats (Blaustein et al., 2010), a contaminação ambiental (Blaustein et al., 2003), a introdução de espécies exóticas (Kats e Ferrer, 2003), o surgimento de doenças infecciosas (Daszak et al., 2003), o aumento da radiação ultra-violeta e as mudanças climáticas têm contribuído diretamente para tais reduções e extinções de diversas espécies (Alford e Richards, 1999; Carey e Alexander, 2003; Stuart et al., 2004; Blaustein et al., 2010). No entanto, alguns declínios populacionais de anfíbios foram registrados em áreas que não foram afetadas por tais ameaças (Laurance et al., 1996; Pounds et al., 1997; Lips, 1998, 1999; Wake, 1998; Pounds, 2001). De acordo com Blaustein et al. (2010), as causas do declínio de qualquer espécie podem variar de região para região, através de interações sinérgicas entre mais de um fator. Embora existam muitas evidências de declínios populacionais de anfíbios em todo o mundo, estratégias para o estudo deste problema vêm sendo desenvolvidas principalmente por cientistas dos Estados Unidos, Europa e Australia (Houlahan et al., 2000), os quais já apresentaram um bom conhecimento sobre espécies ameaçadas e suas possíveis causas (Juncá, 2001). No Brasil, assim como em outros países da América Latina, reduções e extinções populacionais de anfíbios ocorrem simplesmente pelo fato de que vários países latino-americanos não apresentam uma política de conservação efetiva e adequada para a resolução de tal problema (Juncá, 2001). 10 A maior diversidade de anfíbios do mundo encontra-se registrada no Brasil, com 877 espécies descritas (SBH, 2010). De acordo com a Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2011), 33 espécies de anfíbios com distribuição geográfica no Brasil encontram-se listadas em categorias de ameaça (e.g., Vulnerável – VU, Em Perigo – EN, Criticamente em Perigo – CR) e uma na categoria de extinta (Extinta – EX). No entanto, o conhecimento gerado sobre biogeografia e taxonomia de anfíbios brasileiros ainda é bastante recente, pois anualmente espécies têm sido revalidadas e, principalmente, várias espécies novas têm sido descobertas (Haddad, 2008). Em função do grande número de artigos publicados a cada ano, a qualidade da investigação científica pode ser avaliada por diversas maneiras, porém, seus resultados são dificilmente considerados como satisfatórios (Garfield, 1992). Apesar disto, independentemente dos critérios utilizados para medir o conhecimento científico, é possível afirmar que seu crescimento é exponencial (King, 2004). Essa alta produtividade científica resulta do contínuo interesse de pesquisadores no desenvolvimento de novas metodologias que instigam à ciência a compreensão, cada vez mais detalhada, dos mecanismos científicos naturais, transformando o elevado número de publicações em um problema para a seleção e análise adequada das informações disponibilizadas (Lovatto et al., 2007). Entretanto, este problema é fundamental para a evolução do conhecimento, pois o grande volume de informações publicadas pode dificultar a contextualização de um determinado problema através de erros de interpretação ou análise de dados. O número de publicações dedicadas à conservação de anfíbios tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, porém este número ainda é pequeno quando comparado a conservação de outros grupos taxonômicos, como aves e mamíferos (Brito, 2008). Além disto, grande parte das estratégias conservacionistas para comunidades de anfíbios ainda estão direcionadas para regiões de baixa biodiversidade e com espécies não ameaçadas (Brito, 2008). Independentemente dos tópicos de pesquisa avaliados, métodos envolvendo técnicas de cienciometria têm sido amplamente utilizados para satisfazer a necessidade de uma visão global das atividades de investigação científica (Garfield, 1992; Dalpé, 2002; Strehl e Santos, 2002). Nesse sentido, algumas tentativas foram desenvolvidas a partir de diferentes grupos taxonômicos (Budilova et al., 1997; Duarte, 1999; Pinto et al., 2002; Melo et al., 2006; Bini et al., 2005; Fazey et al., 2005; Lawler et al., 2006; Carneiro et al., 2008; Brito, 2008; Brito et al., 2009). 11 Uma análise das medidas nacionais e internacionais de conservação apresentadas nos periódicos publicados nos últimos anos pode oferecer, de forma indireta, um índice de atenção para a conservação de anfíbios (Brito, 2008). Portanto, essas publicações podem ser consideradas como uma boa amostra das pesquisas atuais realizadas sobre a conservação de anfíbios no Brasil. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a contribuição das pesquisas herpetológicas realizadas na última década em relação ao conhecimento de anfíbios no Brasil, considerando os padrões de diversidade, as categorias de ameaças e os temas de investigação que mais têm sido publicados, testando assim, a eficiência dos trabalhos realizados até o momento para a conservação de anfíbios no país. MATERIAIS E MÉTODOS Técnicas de cienciometria e ecologia de comunidades foram utilizadas a partir da coleta de informações referentes às publicações de sete bancos de dados internacionais: Web of Science, ScienceDirect, Scopus, Wiley Online Library, Bioone, Scielo e DOAJ - Directory of Open Access Journals. Foram incluídos nestas análises somente os trabalhos publicados entre os anos de 2001 e 2010 que apresentaram os termos “Amphibia*”, “Anura*”, “Caudata”, e/ou “Gymnophiona”, juntamente com a palavra “Brazil” ou “Brasil” no título, resumo ou palavras-chave do artigo. Para cada estudo selecionado, foi identificado o ano da publicação, a nacionalidade dos autores, o local de realização do trabalho, as palavras-chave, o principal tema de investigação, o nome e o fator de impacto do periódico, a categoria de ameaça e a tendência populacional das espécies citadas, de acordo com o banco de dados e os critérios da IUCN, versão 2011.2. De acordo com Brito (2008), foram obtidos três índices de atenção entre os estudos analisados. Um índice de atenção taxonômica (IA-taxon) foi obtido para as famílias de anfíbios apresentadas em cada estudo, dividindo o número de artigos relacionados a cada família de anfíbio pelo número de espécies da mesma família, fornecendo um quadro geral de atenção às famílias de anfíbios do Brasil. Um índice de atenção de ameaça (IA-threat) foi obtido através da divisão do número de artigos dedicados as espécies ameaçadas pelo número de espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Um índice de atenção biogeográfica (IA-biogeog) também foi estimado para os diferentes biomas do país, dividindo o número de artigos relacionados a cada bioma 12 pelo número de espécies registradas para a mesma região. Em adição, análises de regressão linear simples foram aplicadas entre o número de artigos publicados e o número total de espécies referentes a cada grupo avaliado. A massa crítica correspondente às regiões geográficas de cada bioma do Brasil foi analisada através da base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, 2010), correlacionando o número relativo de pesquisadores que apresentaram o termo “amphibia” em seus currículos Lattes com o número de artigos publicados sobre anfíbios em cada região considerada, através de análises de regressão linear geradas pelo programa Ecosim 7.72 (Gotelli e Entsminger, 2005), proporcionando dados de correlação e probabilidade de significância das variáveis analisadas, segundo um intervalo de confiança de 95%. Para ponderar a relação entre o número de espécies registradas localmente e regionalmente em diferentes escalas espaciais, foi utilizada a partição aditiva da diversidade em três níveis hierárquicos: estados, regiões geográficas e biomas. Para cada nível espacial foi associado um valor de diversidade alfa e um valor de diversidade beta. Por exemplo, α1 e β1 representaram as diversidades alfa e beta no menor nível (estados), de maneira que β2 e β3 corresponderam a diversidade beta nos dois níveis subseqüentes (regiões geográficas e biomas). A significância estatística de cada componente foi avaliada através de um modelo nulo. Este modelo foi baseado na aleatorização dos registros entre as amostras, conforme proposto por Crist et al. (2003). Todas as análises para a partição aditiva da diversidade foram realizadas utilizando os algorítimos “boot” e “mass”, através do software R (R Development Core Team, 2009). A similaridade de espécies registradas entre os biomas brasileiros foi testada através de uma análise hierárquica de agrupamento a partir do coeficiente de Sorensen (Magurran, 2004), refletindo os padrões biogeográficos na estrutura das comunidades de anfíbios do Brasil. As análises foram realizadas no programa MVSP (Kovach, 2004). A tendência temporal em relação aos estudos sobre anfíbios do Brasil foi estimada através do número de publicações por cada ano analisado. Em adição, o número de espécies novas registradas anualmente foi sobreposto ao número total de artigos publicados. As médias dos fatores de impacto dos periódicos avaliados foram calculadas, juntamente com o erro padrão das mesmas, possibilitando um quadro geral para a última década. A análise dos componentes principais - PCA, com base em uma matriz de correlação (Legendre e Legendre, 1998), também foi realizada a fim de testar a 13 evolução temporal dos temas de investigação estudados entre os artigos analisados, através do agrupamento categórico de artigos com assuntos semelhantes. RESULTADOS Um total de 892 artigos enfocando espécies de anfíbios do Brasil foi encontrado no período analisado (Tabela 1). No entanto, grande parte deles se concentrou em abordagens generalizadas para várias famílias, não levando em conta questões específicas de cada grupo taxonômico inferior (i.e., gêneros e espécies). O IA-taxon mostrou que a família Ranidae recebeu uma maior atenção entre os pesquisadores, ao contrário da família Microhylidae, que foi a menos estudada (Tabela 1). Em geral, os valores apresentados pelo IA-taxon foram baixos, principalmente devido ao número relativamente pequeno, porém correlacionado (r2 = 0.97, p < 0.01), de artigos publicados em relação ao número total de espécies em cada família. A tendência observada não foi a mesma para as espécies ameaçadas (r2 = 0.54, p = 0.06), aonde o IA-threat foi maior para Leiuperidae e menor para Bufonidae. Apesar disso, cerca de 16% dos artigos se dedicaram ao estudo de espécies ameaçadas, as quais correspondem a apenas 3,6% do pool de espécies avaliadas (ver Tabela 1). Tabela 1. Número de espécies, espécies ameaçadas, artigos publicados e artigos sobre espécies ameaçadas para cada família de anfíbio do Brasil. Ordem / Família No de No de espécies No de No de artigos sobre IA IA espécies ameaçadas artigos espécies ameaçadas taxon threat Família Allophrynidae 1 0 2 0 2,00 - Família Aromobatidae 22 3 19 2 0,86 0,67 Família Brachycephalidae 48 0 24 0 0,50 - Família Bufonidae 70 8 82 2 1,17 0,25 Família Centrolenidae 11 0 6 0 0,55 - Família Ceratophryidae 5 0 2 0 0,40 - Família Craugastoridae 2 0 1 0 0,50 - Família Cycloramphidae 69 5 30 4 0,43 0,80 Família Dendrobatidae 18 0 14 0 0,78 - Família Eleutherodactylidae 6 2 1 1 0,17 0,50 Ordem Anura continua... 14 continuação... Família Hemiphractidae 16 1 4 0 0,25 - Família Hylidae 350 7 241 3 0,69 0,43 Família Hylodidae 42 0 28 0 0,67 - Família Leiuperidae 62 2 44 3 0,71 1,50 Família Leptodactylidae 76 0 71 0 0,93 - Família Microhylidae 39 2 6 0 0,15 - Família Pipidae 4 0 1 0 0,25 - Família Ranidae 2 0 23 0 11,50 - Família Strabomantidae 42 3 9 2 0,21 0,67 1 0 2 0 2,00 - Família Caeciliidae 26 0 8 0 0,31 - Família Rhinatrematidae 1 0 1 0 0,50 - Geral - - 273 130 - - Total 914 33 892 147 - - Ordem Caudata Família Plethodontidae Ordem Gymnophiona Grande parte das espécies citadas nos artigos analisados apresentou tendências populacionais desconhecidas e deficiência em dados. Embora 804 espécies de anfíbios com distribuição geográfica no Brasil terem sido citadas nos artigos publicados entre 2001 e 2010, apenas 0.6% apresentaram uma tendência populacional crescente (Tabela 2). Em adição, cerca de 25% do total de espécies avaliadas em diferentes categorias de ameaça apresentaram uma tendência populacional em declínio (Tabela 2), dentre as quais a menor parte (i.e. 15%) foi efetivamente considerada como ameaçada (i.e., espécies categorizadas como Vulneráveis, Em perigo ou Criticamente em perigo), o que indica que o número real de espécies de anfíbios ameaçadas no Brasil está subestimado, de acordo com os critérios da IUCN. No total, 914 espécies de anfíbios foram registradas para o Brasil, através de uma avaliação conjunta do banco de dados da IUCN e dos artigos considerados neste estudo, proporcionando uma atualização do número total de espécies de anfíbios registrados no Brasil. 15 Tabela 2. Número relativo de espécies citadas por categoria de ameaça e tendência populacional, segundo os critérios da IUCN (n = 804). NE: Não avaliada; LC: Pouco preocupante; DD: Deficiente em dados; NT: Quase ameaçada; VU: Vulnerável; EN: Em perigo; CR: Criticamente em perigo; EX: Extinta. Tendência populacional Categorias de ameaça da IUCN NE LC DD NT Desconhecida 68 65 166 1 2 Em declínio 0 129 34 19 Estável 0 278 4 Crescente 0 5 0 8,5 59,3 % % CR EX 0 2 1 38,0 10 7 6 0 25,4 3 3 0 1 0 36,0 0 0 0 0 0 0,6 1,8 0,9 1,1 0,1 100 25,4 2,9 VU EN O IA-biogeog indicou que os biomas brasileiros que mais receberam atenção pelos pesquisadores de anfíbios entre os anos de 2001 e 2010 anos foram o Cerrado e a Mata Atlântica (Figura 1). Os resultados deste índice mostraram claramente uma convergência dos estudos de anfíbios se concentrando nestas áreas, apesar de regiões de Cerrado terem apresentado um número de espécies registradas muito menor que na Mata Atlântica, o que explica a diferença entre os valores apontados para ambos os biomas (Figura 1). Em adição, esse fato também pode ser explicado pela massa crítica correspondente às regiões de cada bioma, o que foi evidenciado pela alta correlação existente entre o número relativo de pesquisadores que apresentaram o termo “amphibia” em seus currículos Lattes com o número de artigos publicados sobre anfíbios em cada região geográfica do Brasil (r2 = 0.97, p = 0.04), refletindo o perfil dos baixos valores apontados pelo IA-biogeog em relação aos demais biomas avaliados (Figura 1). 16 1,600 1,400 600 500 1,000 0,800 0,600 400 300 200 Número de especies IA-biogeog 1,200 0,400 0,200 0,000 100 0 Figura 1. Índice de atenção biogeográfica (pontos pretos) e número total de espécies de anfíbios registradas (pontos brancos) para cada bioma do Brasil. A partição aditiva da diversidade realizada a partir do número de espécies registradas nos estudos analisados indicou que os dados relativos ao alfa e beta das três escalas amostradas (estados, regiões geográficas e biomas) demonstraram que a diversidade observada foi bastante semelhante à esperada ao acaso pelo modelo nulo (Figura 2). Apesar da variação da riqueza de espécies em função da escala espacial ter exibido uma aparente complementaridade entre as escalas amostradas, o confronto com o modelo nulo indicou apenas um pequeno aumento de espécies quando a diversidade esperada entre os biomas foi comparada com a diversidade observada entre eles, sendo que os demais valores esperados em uma distribuição de indivíduos aleatória foram inferiores aos observados (Figura 2). No entanto, foi possível prever que a maior parte da diversidade de anfíbios do Brasil, o que corresponde a 65% do total, pode ser representada pela elevada diversidade de espécies entre os biomas do país (Figura 2). 17 Porcentagem de diversidade total 100% Prop Esp > Obs 90% 80% 70% 60% b3 < 0.01 b2 b1 < 0.03 > 0.99 a1 < 0.01 50% 40% 30% 20% 10% 0% Observado Esperado Figura 2. Partição aditiva da diversidade de anfíbios registrados no Brasil em três escalas espaciais. Os valores à direita são as proporções do número de vezes em que o valor esperado pelo modelo nulo (Esp) foi maior que o observado (Obs). Os valores percentuais correspondem à proporção do número de espécies registradas em cada nível hierárquico, sendo α1 e β1 as diversidades alfa e beta no menor nível (estados) e β2 e β3, as diversidades beta nos dois níveis subsequentes (regiões geográficas e biomas). Os padrões biogeográficos na estrutura das comunidades de anfíbios do Brasil refletidos pela proporção de similaridade de espécies entre os biomas brasileiros foram muito variáveis, mesmo em relação a biomas vizinhos (Figura 3). A maior proporção de similaridade apontada pelo coeficiente de Sorensen foi entre os biomas Cerrado e Caatinga, com 49% de similaridade. De maneira geral, os valores obtidos foram baixos, não ultrapassando 50% de similaridade, o que implica uma alta disparidade na composição específica de anfíbios entre os diferentes biomas brasileiros (Figura 3), corroborando com o padrão de alta beta diversidade observado na escala entre os biomas avaliados. 18 Pampa Mata Atlântica Pantanal Caatinga Cerrado Amazônia 0,04 0,2 0,36 0,52 0,68 0,84 1 Coeficiente de similaridade de Sorensen Figura 3. Dendrograma de similaridade das espécies de anfíbios registrados nos seis biomas do Brasil. Esta alta diferenciação nos padrões de distribuição e composição específica de anfíbios entre biomas, juntamente com o aumento do número de pesquisas sobre anfíbios realizadas na última década, possibilitou um acréscimo de 132 espécies novas para o Brasil (Figura 4). O avanço em relação ao número de artigos e número de espécies novas entre os anos de 2001 e 2010 foi praticamente gradativo, com moderadas flutuações ao longo deste período (Figura 4). A afiliação referente aos autores dos artigos analisados indicou um total de 19 países que contribuíram com as publicações dos últimos dez anos (Figura 5), porém em sua grande maioria conduzidos através de parcerias com pesquisadores brasileiros, refletindo na enorme diversidade de espécies encontradas no Brasil e sua ampla potencialidade para novas descobertas em relação à biologia de anfíbios neotropicais. Quatro idiomas foram identificados entre os artigos analisados, o que correspondeu a 763 publicações em inglês, 127 em português, uma em alemão e uma em espanhol. 19 200 30 180 Número de artigos 140 20 120 100 15 80 10 60 40 Número de espécies novas 25 160 5 20 0 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano Figura 4. Número de artigos publicados sobre anfíbios (barras) e número de espécies novas descobertas (linha) entre 2001 e 2010 no Brasil. 1024 512 Número de artigos 256 128 64 32 16 8 4 2 1 Figura 5. Número total de artigos publicados entre 2001 e 2010 sobre anfíbios do Brasil (n = 892), em relação ao país de afiliação dos primeiros autores. 20 Em um contexto geral, foi possível afirmar que a média de fator de impacto das revistas científicas que publicaram pesquisas sobre anfíbios do Brasil variou muito ao longo dos anos, com flutuações ascendentes e descendentes (Figura 6). O ano de 2005 foi o que apresentou a maior média entre o período avaliado, evidenciada pelo aumento no número de artigos publicados em periódicos com elevados fatores de impacto (e.g., Science, Bioscience, Molecular Biology and Evolution, Conservation Biology), ao contrário do ano de 2001, que apontou a menor média entre os demais anos considerados (Figura 6). 8.0 Médi a Médi a ± EP 7.0 Fator de impacto 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano Figura 6. Média de fator de impacto (± EP) das revistas que publicaram pesquisas sobre anfíbios do Brasil entre 2001 e 2010. Taxonomia e Sistemática foram os temas de investigação preferidos pelos autores dos artigos considerados, o que representou cerca de 20% das pesquisas avaliadas (Figura 7), indicando um aumento progressivo de artigos relacionados a revisões taxonômicas e descrições de novas espécies ao longo dos últimos dez anos. Os temas que menos foram investigados referem-se à Fisiologia, Ecologia de Populações e Farmacologia, inferindo cerca de 3% de preferência cada (Figura 7). 21 Taxonomia e Sistemática Ecologia Comportamental Ecologia de comunidades Ecologia trófica Biologia reprodutiva Morfologia Distribuição geográfica Biologia da conservação Genética Filogenia Inventários de espécies Parasitologia Farmacologia Ecologia de populações Fisiologia 0 50 100 150 200 250 Número de artigos Figura 7. Número de artigos sobre anfíbios do Brasil de acordo com o tema de investigação das pesquisas publicadas entre 2001 e 2010. Apesar de muitos estudos terem abordado semelhantes linhas de pesquisa entre os artigos sobre os anfíbios do Brasil publicados na última década, uma nítida mudança temporal foi observada em relação ao tema de investigação estudado, como revelado pela PCA (Figura 8). Os três principais gradientes destacados para cada quadrante apresentado nesta análise se referem às variáveis que mais contribuíram para a formação dos eixos avaliados, refletindo diretamente a tendência temporal dos assuntos apresentados nos artigos analisados. Nesse sentido, os quadrantes II e III apresentaram uma influência direta dos artigos associados com os anos mais antigos, diferentemente dos quadrantes I e IV, os quais representaram as tendências temporais dos artigos referentes aos anos mais recentes (Figura 8). Os autovalores indicados pela PCA demonstraram que o eixo 1 obteve a maior influência do gradiente representado pelos termos “Taxonomia e Sistemática”, diferentemente do eixo 2, o qual obteve a maior influência do gradiente representado pelo termo “Distribuição geográfica” (Tabela 3). Os demais eixos ponderados apresentaram uma baixa proporção de variânção em relação aos artigos analisados, o que representou menos de 10% da proporção de variação total avaliada (Tabela 3). 22 12.3 9.8 II I Morfologia, Biologia reprodutiva, Biologia da conservação. Taxonomia e Sistemática, Ecologia comportamental, Inventários de espécies 7.4 A x is 2 Eixo 2 (11,34%) 4.9 2005 2.5 2007 2006 2004 0.0 III -2.5 2008 2009 2003 2002 2001 IV 2010 -4.9 -7.4 -9.8 -12.3 Genética, Parasitologia, Filogenia -9.8 -7.4 -4.9 Distribuição geográfica, Ecologia de comunidades, Inventários de espécies -2.5 0.0 2.5 4.9 7.4 9.8 12.3 1 EixoAxis 1 (72,75%) Figura 8. Diagrama de ordenação da PCA entre os anos de 2001 e 2010, de acordo com os temas de investigação dos artigos publicados sobre os anfíbios do Brasil. Tabela 3. Autovalores das variáveis avaliadas de acordo com os quatro primeiros eixos extraídos pela PCA e proporção de variação explicada por cada eixo em relação aos artigos sobre anfíbios do Brasil publicados entre os anos 2001 e 2010. Variáveis Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo 4 Taxonomia e Sistemática 0,64 0,25 0,30 -0,25 Ecologia Comportamental 0,27 0,18 -0,25 0,19 Ecologia de comunidades 0,34 -0,03 0,56 0,20 Ecologia trófica 0,19 0,12 0,18 -0,04 Biologia reprodutiva 0,15 0,17 -0,37 0,45 Morfologia 0,08 0,54 -0,15 0,04 Distribuição geográfica 0,50 -0,68 -0,28 0,09 Biologia da conservação 0,16 0,22 -0,13 0,36 Genética 0,05 0,09 -0,14 -0,59 Filogenia 0,10 0,05 -0,24 -0,11 Inventários de espécies 0,18 -0,03 -0,35 -0,29 Parasitologia 0,13 0,12 -0,17 -0,22 Farmacologia 0,00 0,14 -0,13 -0,11 Ecologia de populações 0,06 -0,12 0,03 -0,14 Fisiologia 0,05 0,04 -0,08 -0,01 Proporção da variação total (%) 72,75 11,34 5,22 4,33 23 DISCUSSÃO O aumento do número de publicações durante o período estudado, provavelmente, indica um aumento no número de pesquisadores interessados na herpetologia brasileira. Importantes tendências e enviesamentos foram observados no que diz respeito aos anfíbios do Brasil. Existem muitas diferenças na alocação de esforços de pesquisa para diferentes grupos taxonômicos e biomas, assim como alguns tópicos de pesquisa, de certa forma, negligenciados. Algumas tendências inesperadas foram observadas na atenção dada a diferentes famílias de anfíbios. A familía Ranidae, representada apenas por duas espécies no Brasil, sendo uma introduzida (Lithobates catesbeianus) e uma nativa (L. palmipes), recebeu os maiores valores quanto ao IA-taxon possivelmente em função dos seus valores econômicos. Entretanto, a rã-touro americana (L. catesbeianus) é considerada uma das espécies invasoras mais prejudicias para comunidades nativas de anfíbios (Lowe et al., 2000; Giovanelli et al., 2008). No Brasil, introduções desta espécie têm ocorrido desde de 1930 em associação com o avanço da aquicultura (Fontanello e Ferreira, 2007). Na última década, a espécie foi registrada em campo através de várias localidades do sul e sudeste do país (Borges-Martins et al., 2002), principalmente em áres de Mata Atlântica (Dixo e Verdade, 2006; Conte e Rossa-Feres, 2006). Se esta espécie está ou não contribuindo para o declínio populacional de alguns anfíbios brasileiros é, infelizmente, ainda um questão de especulação (Young et al., 2001;. Silvano e Segalla, 2005). No entanto, a produtividade das pesquisas relativas às famílias avaliadas foi melhor explicada pela sua riqueza de espécies, onde grupos mais carismáticos e diversos, como os membros da família Hylidae, foram considerados como alvo da maioria das publicações. Nesse sentido, a herpetologia brasileira deve prestar mais atenção às famílias que são pouco conhecidas e com maior ameaça. Mais de 2000 espécies de anfíbios estão listados em categorias de ameaça de extinção, o que significa que este é o grupo de vertebrados terrestres mais ameaçados do mundo (Stuart et al., 2004). Embora muitas reduções e extinções locais de anfíbios terem ocorrido devido à perda de habitat, alguns processos não identificados ameaçam 48% das espécies (Stuart et al., 2004). Esta lacuna de conhecimento prejudica seriamente a nossa capacidade de planejar as ações de conservação para reverter essas tendências (Brito, 2008). No Brasil, de acordo com esta revisão, o nível de ameaça para 24 os anfíbios permaneceu subestimado, devido à falta de conhecimento de aproximadamente 25% das espécies, que são classificados como "deficiente de dados" (DD). Esta tendência observada se manteve a mesma quando comparada a uma escala global, no que se refere aos anfíbios de todo o mundo (IUCN, 2011). De acordo com a Avaliação Global de Anfíbios - GAA (IUCN et al., 2006), o número real de espécies de anfíbios extintas pode ser muito maior do que o atualmente reconhecido. De acordo com a relação entre o número de espécies registradas por área, a Mata Atlântica é considerada líder em diversidade de anfíbios no Brasil, representando cerca de 50% da riqueza total de anfíbios do país (Conservation International et al., 2000; Silvano e Segalla, 2005; Haddad et al., 2008). No entanto, a concentração de pesquisadores de anfíbios na região sudeste do país parece ser a razão para a concentração da maioria dos estudos na Mata Atlântica, razão esta que também se aplica ao Cerrado. Diferentemente do que ocorre na Amazônia brasileira, onde as informações sobre a diversidade de anfíbios são fragmentadas e pouco disponíveis na literatura científica (Azevedo-Ramos e Galatti, 2002). Esta falta de informação é especialmente problemática para cecílias e salamandras (Gower e Wilkinson, 2005). Além disto, a incerteza taxonômica aplicada a diversos grupos de anfíbios amazônicos faz com que esta região mereça uma maior atenção entre os pesquisadores (Caldwell, 1996; Azevedo-Ramos e Galatti, 2002). As diferenças atribuídas à alocação de esforços de pesquisa para diferentes grupos taxonômicos aliadas ao grande número de microhabitats favoráveis aos anfíbios, juntamente com o isolamento entre populações e endemismos devido à existência de barreiras geográficas, podem elucidar a dessemelhança observada entre os padrões de distribuição das comunidades de anfíbios do Brasil, assim como a variação da riqueza de espécies em função da escala espacial entre os diferentes biomas brasileiros. O aumento da preocupação dos pesquisadores com os anfíbios ocorre devido aos seus valores como indicadores de qualidade ambiental (Blaustein e Wake, 1995; Tocher et al., 1997; Cosson et al., 1999), o que lhes proporciona uma atenção especial em programas conservacionistas. Além disso, os anfíbios são importantes componentes de diversos tipos de ecossistemas, exercendo um papel fundamental na dinâmica entre predadores e presas (Blaustein et al., 1994). Entretanto, em comparação com outros grupos de vertebrados, como aves e mamíferos, os anfíbios ainda são pouco conhecidos (Brito, 2008; Halliday, 2008). Esta ignorância sobre anfíbios se reflete nas altas taxas em que novas espécies estão sendo descobertas e descritas. Apesar de aves e mamíferos 25 serem tradicionalmente mais carismáticos do que os anfíbios (Brito, 2008), precisamos de abordagens criativas para a valorização deste grupo, promovendo algumas espécies de anfíbios como carismáticos perante a sociedade, através de projetos de pesquisa vinculados à mídia. Talvez isto ajude a diminuir esta lacuna existente entre os estudos sobre os anfíbios no Brasil. O intenso declínio de várias espécies de anfíbios em diferentes regiões brasileiras ressalta a urgente necessidade da expansão dos programas de pesquisa e da implementação de estratégias imediatas para maximizar os esforços para a conservação destes animais, especialmente em regiões onde existem poucos dados sobre diversidade, abundância e distribuição das espécies (Wake, 1998; Young et al., 2001). É de suma importância para os herpetólogos brasileiros que publiquem os resultados de suas pesquisas, pois a maioria das pesquisas realizadas em regiões tropicais não é feita por cientistas locais, mas, principalmente, por pesquisadores de países de alta renda (Fazey et al., 2005). No entanto, nossos resultados mostraram que a maior parte das pesquisas publicadas sobre anfíbios do Brasil na última década foi realizada por pesquisadores locais. O maior número de publicações por autores brasileiros reflete o crescimento do investimento local em infra-estrutura e pesquisa nos últimos anos (King, 2004). Apesar do número crescente de artigos, estes têm sido publicados em revistas com baixos valores de fator de impacto, embora a maioria destas seja considerada de ampla circulação. Porém, o aumento no número de periódicos disponibilizados para a comunidade científica pode reforçar a queda dos valores de fator de impacto (Carneiro et al., 2008). Em geral, a maioria dos trabalhos sobre um determinado assunto é publicada em revistas com fatores de baixo impacto (Valiela e Martinetto, 2005), apesar de que grande parte destes apresentarem altos índices de citação devido à qualidade e expressividade de seus resultados (Lima-Ribeiro et al., 2007). Portanto, o fator de impacto reflete os interesses gerais da comunidade científica e não necessariamente a qualidade da ciência (Bini et al., 2005). Como revelado pela PCA, os temas de investigação mais freqüentes entre os artigos publicados ao longo dos anos de 2001 e 2010 apresentaram um caráter descritivo (ver Tabela 3). Não obstante, vieses de pesquisa foram detectados para espécies que são mais comuns, mais amplamente distribuídas, ou mais facilmente registradas pelos pesquisadores. De acordo com Schiesari et al. (2007), estes vieses, quando presentes, podem refletir importantes consequências para a conservação de anfíbios em geral ou 26 declínios populacionais em particular. Para os anfíbios, a intensidade de ameaça pode estar inversamente relacionada com a abundância ou abrangência geográfica de uma determinada espécie (Schiesari et al., 2007), de modo que muitos eventos de declínios populacionais ocorrem associados a longas distâncias dos grandes centros de pesquisa ou a áreas com pouco investimento científico-tecnológico (King, 2004). Anfíbios estão em declínio em praticamente todo o mundo, mas a falta de dados regionais de longo prazo dificulta a identificação de possíveis causas, prejudicando assim, o estabelecimento de esforços conservacionistas (Stuart et al., 2004; Nystrom et al., 2007). Apesar do número de artigos dedicados aos anfíbios do Brasil ter aumentado nos últimos anos, ainda há uma grande necessidade de um aumento no número de artigos enfocando a conservação dos anfíbios em geral, principalmente quanto a espécies ameaçadas, dinâmicas populacionais e relações interespecíficas (Brito, 2008). Mesmo em paisagens fragmentadas, ainda temos tempo de salvar alguns habitats críticos para a conservação de espécies por meio de planejamento sistemático de conservação (ver Margules e Pressey, 2000; Margules e Sarkar, 2007; Diniz-Filho et al., 2007; Loyola et al., 2008; Sarkar e Illoldi-Rangel, 2010). Para Urbina-Cardona (2008), é necessário quantificar tamanhos populacionais viáveis, padrões filogenéticos, distribuições geográficas confiáveis, endemismos e perturbações á espécies sensíveis. Uma vez que tenhamos identificado tais fatores, precisamos estabelecer prioridades para avaliar se a atual distribuição de áreas protegidas incluem a abrangência geográfica das espécies-alvo para a conservação. Os critérios de seleção analisados devem ser complementados com a participação social, incluindo tomadores de decisão que promovam e entendam a ética, assim como as questões sócio-econômicas relacionadas (Sarkar et al., 2006), de modo que as áreas de conservação e os temas de investigação prioritários possam ser plausíveis a nível local e/ou regional. REFERÊNCIAS Alford, R. A.; Richards, S. J.; 1999. Global amphibian declines: a problem in applied ecology. Annual Review of Ecology and Systematics, 30: 133–165. Azevedo-Ramos, C.; Galatti, U. 2002. 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Conservation Biology, 15: 1213–1223. 35 CAPÍTULO 2 EFICIÊNCIA DE GRUPOS INDICADORES PARA A CONSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS NA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA (A ser submetido ao periódico Biodiversity and Conservation) Felipe Siqueira Campos ([email protected]) Joaquim Trindade-Filho ([email protected]) Daniel Brito ([email protected]) Mirco Solé ([email protected]) 36 Eficiência de grupos indicadores para a conservação de anfíbios na Mata Atlântica brasileira Felipe Siqueira Campos1,2, Joaquim Trindade-Filho3, Mirco Solé1, Daniel Brito1,3 1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Rodovia Ilhéus-Itabuna, km 16, CEP: 45662-000. Ilhéus, Bahia, Brasil. 2. Instituto de Pesquisas Ambientais e Ações Conservacionistas – IPAAC. Rua 34, Qd. A24, Lt. 21A, Jardim Goiás, CEP: 74805-370. Goiânia, Goiás, Brasil. 3. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás – UFG, Caixa Postal 131. CEP: 74001-970. Goiânia, Goiás, Brasil. ABSTRACT. Effectiveness of indicator groups for amphibian conservation in the Brazilian Atlantic Forest. Despite the importance attributed to the conservation strategies used in the current researches, scientific knowledge is still lacking in information compared to the urgency imposed by the current biodiversity crisis. Due to the unavailability of data, several researchers have used indicators groups of diversity to select places of interest for conservation. However, the validity of this hypothesis depends on how well the surrogate group selected represents the biodiversity in general of one or more taxonomic groups. In this context, we systematically evaluated the effectiveness of eight indicator groups representing the diversity of amphibians in the Brazilian Atlantic Forest. Optimization routines based on the concept of complementarity were applied to verify the performance of each indicator group selected with regard to the representativeness of the Brazilian Atlantic Forest amphibians as a whole. All families of amphibians considered as potential indicators groups showed a good spatial congruence in relation to their representativeness among themselves, however, the family Leiuperidae was considered as the best indicator group between the groups evaluated, indicating that sites selected from this group may include a large percentage of amphibian diversity in the Brazilian Atlantic Forest. In this context, our study promotes the understanding of how the patterns of amphibians species diversity could be informative to the consistency of the conservation planning at regional scales. Keywords: Indicators of biodiversity, conservation planning, representativeness, amphibians, Brazilian Atlantic Forest. 37 RESUMO. Apesar da importância atribuída as estratégias conservacionistas utilizadas nas pesquisas atuais, o conhecimento científico ainda é carente de informações em comparação com a urgência imposta pela crise atual da biodiversidade. Devido à indisponibilidade de dados, diversos pesquisadores têm utilizado grupos indicadores de diversidade para selecionar locais de interesse para conservação. No entanto, a validade desta hipótese depende de o quão bem o grupo substituto escolhido representa a biodiversidade em geral de um ou mais grupos taxonômicos. Nesse contexto, nós avaliamos sistematicamente a eficiência de oito grupos indicadores quanto à representação da diversidade de anfíbios na Mata Atlântica brasileira. Rotinas de otimização baseadas no conceito de complementaridade foram aplicadas para verificar a desempenho de cada grupo indicador selecionado no que se refere à representatividade dos anfíbios da Mata Atlântica brasileira como um todo. Todas as famílias de anfíbios analisadas como potenciais grupos indicadores demonstraram uma boa congruência espacial em relação à suas representatividades entre si, porém, a família Leiuperidae foi considerada como o melhor grupo indicador entre os grupos avaliados, indicando que locais selecionados a partir deste grupo podem incluir uma grande porcentagem da diversidade de anfíbios na Mata Atlântica brasileira. Nesse contexto, nosso estudo promove a compreensão de como os padrões de diversidade de espécies de anfíbios podem ser informativos para a consistência de planejamentos de conservação em escalas regionais. Palavras-chave: Indicadores de biodiversidade, planejamento de conservação, representatividade, anfíbios, Mata Atlântica brasileira. INTRODUÇÃO O aumento das taxas de perda de habitat e ocupação humana estão criando demandas por estratégias cada vez mais adequadas que maximizem os esforços voltados para a conservação da biodiversidade (Diniz-Filho et al., 2008). Uma das estratégias conservacionistas mais utilizadas para preservar espécies ameaçadas é o estabelecimento de áreas protegidas (Lawler e White, 2008). A seleção de reservas para a proteção de comunidades biológicas e manutenção de processos ecossistêmicos, dentro do contexto de planejamento sistemático da conservação (ver Margules e Pressey, 2000), é uma ferramenta extremamente eficaz para preservar espécies e 38 habitats ameaçados (Clemens et al., 1999; Myers et al., 2000; Kati et al., 2004; Rodrigues e Brooks, 2007; Loucks et al., 2008). No entanto, os recursos disponíveis para a conservação através da criação de áreas protegidas são limitados, exigindo o desenvolvimento de estratégias de planejamento menos dispendiosas que visam assegurar o uso eficiente dos escassos recursos destinados à conservação (Lawler e White, 2008). Assim, é cada vez mais notável que a inclusão dos custos econômicos da conservação para maximizar o retorno dos investimentos pode levar a ganhos biológicos substancialmente maiores (Naidoo et al., 2006). Uma questão central do planejamento sistemático em conservação é a identificação dos alvos a serem conservados (Margules e Pressey, 2000; Groves et al., 2002; Cowling e Pressey, 2003; Sarkar, 2004). Redes de áreas protegidas são muitas vezes selecionadas para proteger espécies de grupos taxonômicos distintos, comunidades vegetais de grande relevância biológica ou combinações de diferentes condições abióticas favoráveis aos ecossistemas locais, com a suposição de que essas reservas também irão proteger uma gama mais ampla de biodiversidade (Lawler e White, 2008). No entanto, os planejadores de conservação devem contar com substitutos ou grupos indicadores para representar a maior parte possível da biodiversidade local no processo de seleção das reservas (Kremen, 1992; Raven e Wilson, 1992; Flather et al., 1997). A validade desta hipótese depende de o quão bem o grupo substituto escolhido representa a biodiversidade em geral de um ou mais grupos taxonômicos (Lawler e White, 2008). Desta forma, a seleção adequada de grupos indicadores representativos é fundamental para a consistência de um planejamento de conservação bem sucedido (Margules e Pressey, 2000; Margules e Sarkar, 2007). Planos de conservação são essencialmente fundamentados em substitutos de biodiversidade a partir da disponibilidade dos dados espaciais necessários para representar suas distribuições geográficas (Loiselle et al., 2003; Stoms et al., 2005; Margules e Sarkar, 2007; Rodrigues e Brooks, 2007). Os substitutos de biodiversidade geralmente são baseados em espécies, através de grupos indicadores, espécies chave, espécies guarda-chuva ou espécies-bandeira (e.g., Andelman e Fagan, 2000; Mace et al., 2007; Grantham et al., 2010). Adicionalmente, em alguns casos estes substitutos também podem ser baseados em recursos abióticos mapeados, como estrutura da vegetação, cobertura do solo e gradientes ambientais (e.g., Faith e Walker, 1996a; 1996b; Sarkar et al., 2005; Trakhtenbrot e Kadmon, 2005). Apesar disto, sabe-se que os substitutos de biodiversidade baseados em grupos indicadoras são substancialmente 39 mais eficientes do que aqueles baseados em supostos dados ambientais (ver Rodrigues e Brooks, 2007). Um primeiro passo fundamental para identificar possíveis grupos indicadores é a quantificação da congruência dos padrões espaciais de riqueza de espécies e complementaridade entre diferentes grupos taxonômicos (Howard et al., 1998; van Jaarsveld et al., 1998; Pinto et al., 2008). No entanto, estas avaliações se diferem em escala espacial, nos métodos utilizados para testar grupos indicadores e nos grupos que são testados, o que geralmente têm produzido diversos resultados contraditórios (Schmit et al., 2005; Lamoreux et al., 2006; Bani et al., 2006; Chiarucci et al., 2007; Rodrigues e Brooks, 2007; Grantham et al., 2010; Lewandowski et al., 2010). Apesar das investigações sistemáticas sobre consistência de grupos indicadores ajudarem a acelerar as avaliações de conservação, bem como os processos de tomada de decisão, apenas poucos estudos têm avaliado explicitamente este aspecto (e.g., Araújo et al., 2001; Manne e Williams, 2003; Bani et al., 2006; Lawler e White, 2008; TrindadeFilho e Loyola, 2011). Existe uma tendência na literatura científica em relação a estudos focados em conhecer organismos que exercem a função de indicar padrões de qualidade do ambiente em que vivem (Lima, 2001). Neste sentido, os anfíbios têm sido identificados como potenciais indicadores biológicos devido à sensibilidade de suas peles e ao uso de habitats aquáticos e terrestres, o que os tornam extremamente vulneráveis a agentes químicos e os classificam como os vertebrados mais susceptíveis às alterações ambientais de origem antrópica (e.g., Blaustein e Wake, 1995; Tocher et al., 1997; Cosson et al., 1999; Kwet e Di-Bernardo, 2002; DeGarady e Halbrook, 2006; Lebboroni et al., 2006). No entanto, os estudos anteriores não avaliaram claramente os anfíbios quanto aos critérios necessários para a identificação de grupos indicadores eficientes entre diferentes táxons, através do conceito de complementaridade (Sewell e Griffiths, 2009). Isto sugere que alguns táxons anteriormente destacados como bons indicadores poderiam ter aparecido simplesmente porque eram ricos em espécies, ao invés de realmente apresentarem qualidades de bons indicadores em si (Larsen et al., 2009). Aqui, nós apresentamos pela primeira vez uma abordagem que usa grupos indicadores para representar a riqueza de espécies de anfíbios na Mata Atlântica do Brasil, a fim de avaliar sistematicamente a habilidade de cada grupo indicador selecionado para representar as espécies de anfíbios da Mata Atlântica brasileira como 40 um todo, discutindo suas consequências teóricas e aplicadas para conservação da biodiversidade. MATERIAIS E MÉTODOS A Mata Atlântica brasileira foi uma das maiores florestas tropicais do Américas, cobrindo originalmente aproximadamente 150 milhões de hectares, dos quais restam apenas cerca de 11,4 a 16% de fragmentos florestais em diferentes condições ambientais (Ribeiro et al., 2009). Grande parte destes remanescentes florestais abrange pequenos fragmentos com menos de 100 hectares (Ranta et al., 1998), os quais são isolados entre si e compreendem florestas secundárias em estágios de sucessão iniciais e médios (Viana et al., 1997; Metzger, 2000; Metzger et al., 2009). Os poucos fragmentos de grande porte ainda permanecem em locais onde predominam terrenos íngremes, o que dificulta parcialmente a ocupação humana (Silva et al., 2007). Mesmo assim, suas características geográficas, em combinação com sua gama de diferentes gradientes altitudinais e latitudinais, têm favorecido elevados padrões de biodiversidade em relação aos outros biomas do Brasil (Ribeiro et al., 2009). De acordo com a relação entre o número de espécies registradas por área, a Mata Atlântica é considerada líder em diversidade de anfíbios no Brasil, o que corresponde a cerca de 400 espécies (i.e., 50% do total de anfíbios do país; Haddad et al., 2008). Esta alta riqueza de espécies se justifica em função deste bioma apresentar uma elevada diversidade de habitats e micro-hábitats, favorecendo o número de espécies especialistas em determinado tipo de ambiente e, consequentemente, o número de endemismos (Haddad, 1998). Devido a estas características, escolhemos os anfíbios e a Mata Atlântica como nossos respectivos objeto e área de estudo para testar a eficiência de grupos indicadores de biodiversidade. As extensões de ocorrência registradas para as espécies de anfíbios com distribuição geográfica na Mata Atlântica brasileira foram obtidas através da base de dados da IUCN, versão 2011.2 (IUCN, 2011), as quais foram mapeadas sobre uma grade sobreposta a toda extensão geográfica do bioma, contendo células com resolução espacial de 0,5 de latitude por 0,5 de longitude (i.e., cerca de 50 km2), obtendo uma rede de 436 células. Foram construídas matrizes de presença/ausência para 408 espécies de anfíbios que ocorrem na Mata Atlântica do Brasil, de maneira que uma dada espécie 41 foi considerada presente se sua extensão de ocorrência incluiu uma quadrícula qualquer do nosso sistema de grade. Nós dividimos as espécies selecionadas em oito potenciais grupos indicadores, os quais foram aplicados a diferentes grupos taxonômicos representados pelas famílias: Brachycephalidae, Bufonidae, Cycloramphidae, Hylidae, Hylodidae, Leiuperidae, Leptodactylidae e Microhylidae. Em função da incompatibilidade operacional com as análises, as famílias de anfíbios com menos de 20 espécies foram desconsideradas, pois as mesmas apresentaram características inviáveis para os testes de eficiência de grupos indicadores, como distribuição geográfica em pontos isolados e presença de poucas espécies, correspondendo a um total de 29 espécies não-alvo, as quais pertencem as famílias: Allophrynidae, Aromobatidae, Caecilidae, Centrolenidae, Ceratophryidae, Craugastoridae, Dendrobatidae, Eleutherodactylidae, Hemiphractidae, Pipidae, Ranidae, Plethodontidae, Rhinatrematidae, Strabomantidae. Para avaliar o desempenho dos grupos indicadores escolhidos, selecionamos inicialmente o menor conjunto de células da grade necessárias para representar todas as espécies de cada grupo indicador, resolvendo o problema conhecido como “minimum set coverage” (Underhill, 1994). Com isso, consideramos como soluções satisfatórias, aquelas em que cada espécie ocorreu em pelo menos uma célula. Posteriormente, foi possível maximizar a representação de um importante componente da biodiversidade (i.e. presença de espécies), com o menor número de células possíveis (Church et al., 1996; Andelman et al., 1999; Cabeza e Moilanen, 2001). Optamos por utilizar um conjunto de oito células, porque este foi o menor número de células necessárias para representar todas as espécies dentre os potenciais grupos indicadores avaliados. Posteriormente, selecionamos os 20 melhores conjuntos de soluções capazes de maximizar a representação de cada grupo indicador dentro de oito células, resolvendo o problema conhecido como “maximal representation problem” (Church et al., 1996). Neste caso, encontramos as melhores soluções espaciais para representar o número máximo de espécies para cada grupo, com a restrição de que essas soluções não excederam um conjunto de oito células no nosso sistema de grade. Isto foi necessário para que a eficácia dos grupos indicadores, em termos de porcentagem de diversidade representada, pudesse ser comparada sem os efeitos dos vieses relacionados com o número de células abrangidas por cada grupo considerado (ver Lawler e White, 2008). Assim, rotinas de otimização baseadas no conceito de complementaridade (Vane-Wright et al., 1991; Howard et al., 1998; Cabeza e Moilanen, 2001) foram 42 aplicadas para verificar o desempenho de cada grupo taxonômico selecionado no que se refere a representatividade dos anfíbios da Mata Atlântica brasileira como um todo. Os problemas de otimização foram solucionados pelo algoritmo “simulated annealing” (Kirkpatrick et al., 1983; Possingham et al., 2000), o qual foi rodado 10.000 vezes para cada grupo, através do software MARXAN v.2.43 (Ball et al., 2009). Este é um algoritmo não sequencial que encontra soluções ótimas (número mínimo de células), comparando conjuntos inteiros de áreas. Inicialmente, o algoritmo seleciona uma rede aleatória de células e a cada iteração (neste caso, 10.000 iterações) muda o sistema também aleatoriamente adicionando, excluindo e/ou trocando células (Possingham et al., 2000), comparando assim as mudanças resultantes em uma equação de custo (Kelley et al., 2002). O aumento de custo aceitável diminui no decorrer de cada iteração (Andelman et al., 1999). Desta forma, a cada passo, a nova solução é comparada com a solução anterior, mantendo a melhor (Kirkpatrick et al., 1983; Possingham et al., 2000). O percentual médio das espécies-alvo de conservação representou uma medida do desempenho de cada grupo indicador selecionado. Para efeito de comparação, foram testadas 20 soluções com o menor conjunto de células da grade necessárias para representar todas as espécies de cada grupo indicador, com base em um conjunto aleatório de espécies, avaliando sua eficácia na representação de todas as espécies analisadas. Estes conjuntos foram construídos para avaliar se o desempenho dos grupos indicadores selecionados foi superior, semelhante ou inferior ao esperado ao acaso, inferindo a representatividade de um modelo nulo. A relação entre o número de espécies e a representatividade média de cada grupo indicador avaliado foi correlacionada através de análises de regressão linear geradas pelo programa Ecosim 7.72 (Gotelli e Entsminger, 2005), proporcionando dados de correlação e probabilidade de significância das variáveis analisadas, segundo um intervalo de confiança de 95%. Posteriormente, a média percentual de representatividade de cada grupo indicador foi comparada por Análise de Variância (ANOVA), realizada pelo programa STATISTICA, versão 8.0 (StatSoft, 2007), onde a eficácia na captura de biodiversidade, representada pelo número relativo de espécies registradas, foi a variável resposta. O nível de significância desta análise foi de 1%, pois apesar dos conjuntos de soluções para cada grupo indicador serem únicos, pode haver uma grande sobreposição das células selecionadas como importantes, reduzindo assim a independência das soluções (Lawler e White, 2008). Diminuir o nível de significância para um valor mais 43 conservador pode ser aceito como uma forma de reduzir os efeitos da autocorrelação espacial quando métodos específicos para controlar este fenômeno não são aplicáveis ou são simplesmente desnecessários (ver Diniz-Filho et al., 2003; Kubota et al., 2007; Loyola, 2009, Trindade-Filho e Loyola, 2011). RESULTADOS As distribuições geográficas dos potenciais grupos indicadores avaliados apresentaram diferentes padrões espaciais de riqueza de espécies em função da diferença existente entre o número de espécies registradas para cada grupo e a dimensão de suas extensões de ocorrência (Figura 1). No entanto, existe um padrão generalizado no aumento da riqueza de espécies em direção à região sudeste do Brasil, mais especificamente na divisa entre os estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Isto se aplica principalmente para as famílias Brachycephalidae, Cycloramphidae, Hylidae, Hylodidae e Microhylidae (Figura 1). Apesar disso, as famílias Hylidae, Leiuperidae e Leptodactylidae estão bem representadas nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil, diferentemente do padrão observado para a família Bufonidae, a qual está mais concentrada nas regiões sul e sudeste do país (Figura1). O uso de grupos taxonômicos simples como indicadores de diversidade de anfíbios representou mais espécies do que a escolha de locais de forma aleatória no que se refere à seleção áreas representativas para riqueza de anfíbios na Mata Atlântica brasileira (Figura 2). Todas as famílias de anfíbios analisadas como potenciais grupos indicadores demonstraram uma boa congruência espacial em relação à suas representatividades entre si, pois todos os grupos considerados representaram mais de 50% do pool de espécies avaliadas (Figura 2; Tabela 1). Entretanto, alguns grupos indicadores foram substancialmente mais eficientes do que outros no que se refere à representação dos grupos taxonômicos avaliados como um todo, o que foi corroborado por uma alta significância dos dados (F = 312,76; p < 0,01). A família Leiuperidae foi considerada como o melhor grupo indicador entre as famílias analisadas, pois demonstrou uma hábil performance e consistência na capacidade de representar 71% das espécies de anfíbios que ocorrem na Mata Atlântica brasileira (i.e., 290 espécies) a partir de um grupo com um número de espécies relativamente baixo (i.e., 31 espécies) (Figura 2; Tabela 1). 44 Figura 1. Padrão espacial de riqueza de espécies dos oito potenciais grupos indicadores avaliados na Mata Atlântica Brasileira (n = 408 espécies). 45 Figura 2. Eficiência dos grupos de indicadores para representar as espécies de anfíbios que ocorrem na Mata Atlântica brasileira. As barras de porcentagem representam as médias entre as 20 melhores soluções para representar todas as espécies a partir de cada grupo indicador com o menor conjunto de células da grade necessárias. Barras de erro representam os desvios padrões das médias. Tabela 1. Número de espécies, número mínimo de células requeridas para representa-las e porcentagem de espécies representadas por cada grupo indicador avaliado na Mata Atlântica brasileira. Grupos Indicadores (GI) Brachycephalidae Bufonidae Cycloramphidae Hylidae Hylodidae Leiuperidae Leptodactylidae Microhylidae Número de espécies por GI 35 33 41 184 33 31 30 21 Número de células requeridas para representar todas as espécies de cada GI 9 9 11 26 13 8 11 8 Porcentagem de espécies representadas por GI 63 59 69 69 65 71 65 59 46 As análises de regressão linear entre a riqueza de espécies e a representatividade média dos grupos indicadores avaliados, apesar de ter resultado em uma relação positiva, não apresentou valores significativamente correlacionados (r = 0,40; p > 0,15). Além disso, não existem grandes diferenças entre a representatividade média obtida pelo grupo indicador de maior riqueza e alguns grupos indicadores de riqueza intermediária (ver Tabela 1). DISCUSSÃO Um dos maiores desafios para a biologia da conservação tropical é desenvolver métodos precisos para planejamentos em conservação (Becker et. al., 2010). Nossos resultados indicaram que locais selecionados a partir de grupos indicadores podem incluir uma grande porcentagem da diversidade de anfíbios na Mata Atlântica brasileira. Alguns estudos com outros grupos taxonômicos chegaram a conclusões semelhantes (e.g., Lawler et. al., 2003; Loyola et. al., 2007, Lawler e White, 2008; Pinto et. al., 2008; Larsen et. al., 2009; Trindade-Filho e Loyola, 2011; Trindade-Filho et. al., 2012), embora seus resultados possam ser considerados como controversos (ver Lawler et. al., 2003). Alguns autores argumentam que o uso eficaz de grupos indicadores requer a seleção de grandes extensões de terra para que a maioria das espécies-alvo seja representada (ver Howard et. al., 1998). Em contraste, aqui nós mostramos que bons indicadores podem ser eficientes a partir da seleção de áreas relativamente pequenas, indicando uma elevada representatividade espacial em um conjunto de apenas oito células (i.e., cerca de 400 km2). Um grupo pode ser considerado como bom indicador quando sua distribuição geográfica coincide espacialmente com a distribuição dos demais grupos que compõem o pool de espécies de uma determinada região (Gaston, 1996; Flather et al., 1997; Virolainen et al., 2000). Em relação aos anfíbios, embora tenham sido amplamente promovidos como indicadores de alterações ambientais, rigorosos testes de complementaridade ainda estão faltando (Sewell e Griffiths, 2009). Em grandes escalas espaciais, o objetivo não é identificar áreas para reservas, mas identificar regiões de alto valor para conservação que são importantes na escala em questão (Moore et al., 2003). As redes selecionadas por complementaridade, além da representação de todos os alvos de conservação, são constituídas pelo menor conjunto de células possível (i.e., mínimo de recursos) que contemple esse objetivo (Lawler et al., 2003). Nesse sentido, nosso 47 foco foi atribuído à identificação de quais os melhores grupos taxonômicos para representar a biodiversidade de anfíbios na Mata Atlântica brasileira como um todo. O eficiente desempenho observado para a família Leiuperidae como grupo indicador está associado com o padrão disperso da distribuição geográfica de suas espécies, o menor número de células requeridas para representar todas as espécies de cada grupo indicador e o número relativo de espécies que compõem este grupo em comparação com os demais grupos avaliados (ver Tabela 1). As espécies representantes da família Leiuperidae cobrem uma extensa gama de diferentes condições ambientais (Grant et al., 2006; Frost, 2011), o que reflete em uma ampla heterogeneidade espacial, inferindo que estas espécies co-ocorram em habitats comuns tanto para espécies generalistas, quanto para espécies especialistas, o que proporciona a representação de mais conjuntos complementares (i.e., maior beta diversidade) do que qualquer outro grupo analisado. Esta hipótese também foi proposta por Lawler e White (2008), Larsen et al. (2009), e Trindade-Filho e Loyola (2011), os quais chegaram a semelhantes conclusões (ver também Loyola et al., 2007; Pinto et al., 2008), diferentemente do padrão observado por Lamoreux et al. (2006), que mostrou que apenas espécies com distribuição restrita apresentam padrões geográficos congruentes com outras espécies distribuídas em amplas escalas espacias. Embora nossos resultados sejam relativamente otimistas, devemos destacar que estes resultados almejam uma pequena e simples meta de conservação, a qual consiste na representação das espécies em pelo menos uma célula. Isto é preocupante, uma vez que os custos de manutenção da biodiversidade aumentam significativamente com a implementação de áreas protegidas para garantir a manutenção de espécies a longo prazo (Trindade-Filho e Loyola, 2011). Em adição, a utilização de mapas de extensão de ocorrência tende a superestimar a distribuição geográfica das espécies (Rondinini et al., 2006), aumentando a eficácia dos grupos indicadores cuja distribuição foi baseada nesses tipos de mapas. Uma possível solução seria a utilização de métodos para a modelagem de distribuição de espécies atualmente disponíveis (Araújo e New, 2007). No entanto, estes modelos estão cheios de incertezas, a maioria dos quais vêm do algoritmo usado para modelar a distribuição das espécies a partir do modelo de clima aplicado para associar a ocorrência das espécies aos dados climáticos disponíveis, o que poder distorcer a eficácia de um planejamento em conservação (Loiselle et al., 2003; Wilson et al., 2005; Diniz-Filho et al., 2009a; 2009b; Diniz-Filho et al., 2010). Apesar disso, como não estamos propondo o estabelecimento de áreas protegidas, mas sim 48 sugerindo que o uso de grupos indicadores opere como um atalho para a conservação da biodiversidade, o uso de mapas de extensão de ocorrência ainda pode ser considerado como uma possível solução para investigar a eficácia e consistência de um determinado grupo indicador, como demonstrado por vários outros estudos (e.g., Lawler et al., 2003; Loyola et. al., 2007; Rodrigues e Brooks, 2007; Lawler e White, 2008; Pinto et al., 2008; Larsen et al., 2009; Grantham et al., 2010; Trindade-Filho e Loyola, 2011; Trindade-Filho et. al., 2012). A partir deste propósito, estudos de inventários da diversidade de anfíbios podem ser concentrados nesses grupos comprovados como indicadores de biodiversidade. Ótimas soluções de complementaridade baseadas em análises de biodiversidade foram bem sucedidas em planejamentos de conservação a nível mundial (Csuti et. al., 1997), inclusive para espécies de anfíbios (Diniz-Filho et al., 2006). O uso de subconjuntos taxonômicos como indicadores de espécies também tem sido uma prática relativamente comum em estudos de conservação (Simberloff, 1998; Caro e O’Doherty, 1999; Andelman e Fagan, 2000). Nesse contexto, grupos substitutos de diversidade ou grupos indicadores têm sido utilizados de diferentes maneiras para proporcionar estratégias conservacionistas (Caro e O’Doherty, 1999). No entanto, existe um amplo espectro de circunstâncias que definem a relativa complexidade do planejamento de conservação a partir do uso de grupos indicadores (Stoms et al., 2005). De acordo com Manne e Williams (2003), grupos indicadores devem seguir alguns preditores de desempenho de complementaridade, tais como variabilidade entre extensões de ocorrência, ocupação de diferentes ecoregiões, variabilidade de registros de distribuição geográfica e tamanho corporal médio em relação ao pool de espécies consideradas nas análises. Apesar dos grupos taxonômicos aqui avaliados como potenciais grupos indicadores terem apresentado um bom desempenho em relação à representatividade da diversidade de anfíbios na Mata Atlântica brasileira, com destaque merecido para a família Leiuperidae, é importante notar que as nossas análises avaliaram a eficácia dos grupos indicadores a partir de uma única medida de diversidade, a qual foi baseada na riqueza de espécies registrada para cada grupo. Portanto, não incorporamos outros aspectos importantes, tais como viabilidade populacional (Carroll et al., 2003), diversidade funcional e diversidade filogenética (Carvalho et al., 2010; Devictor et al., 2010; Trindade-Filho et. al., 2012). No entanto, este é o resultado do limitado estado do conhecimento sobre a maioria das espécies do nosso conjunto de dados. Desta forma, 49 com o avanço do conhecimento nesta área, outros fatores podem ser potencialmente incluídos na medida em que os dados necessários estiverem disponíveis (Knight et al., 2006; Larsen et al., 2009). A falta de trabalhos nesta área de conhecimento ressalta a urgente necessidade do desenvolvimento de estratégias voltadas para o planejamento conservacionista, o que pode contribuir diretamente para a estabilidade dos ecossistemas e dos processos evolutivos a longo prazo (Trindade-Filho et. al., 2012). Em adição, outras análises inovadoras a respeito das características dos grupos indicadores que explicam sua elevada eficiência na representação de outros grupos provavelmente deverão colaborar para o avanço do conhecimento nesta linha de pesquisa. Nesse contexto, este trabalho promove a compreensão de como os padrões de diversidade de espécies de anfíbios podem ser informativos para o planejamento de conservação em uma escala regional. REFERÊNCIAS Andelman, S.; Ball, I.; Davis, F.; Stoms, D. 1999. SITES v 1.0 - An analytical toolbox for designing ecoregional conservation portfolios. Technical report, The Nature Conservancy. Available at <http://www.biogeog.ucsb.edu/projects/tnc/toolbox.html>. Andelman, S. J.; Fagan, W. F. 2000. Umbrellas and flagships: efficient conservation surrogates or expensive mistakes. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 97: 5954–5959. Araújo, M. B.; Humphries, C. J.; Densham, P. J.; Lampinen, R.; Hagemeijer, W. J. 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Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás – UFG, Caixa Postal 131. CEP: 74001-970. Goiânia, Goiás, Brasil. ABSTRACT. Amphibians are the most threatened vertebrate group in the world. One of the conservation strategies most used to preserve threatened species is the establishment of protected areas. We made a gap analysis to evaluate if the protected area network of northeastern Brazil safeguards populations of threatened amphibians that occur in this region. Data on species geographical range were obtained from the International Union for the Conservation of Nature (IUCN), and were overlapped to the northeastern Brazilian protected area network, through the software ArcGIS 9.3. The threatened amphibians found in northeastern Brazil were represented by remnant populations of Adelophryne baturitensis, A. maranguapensis, Allobates olfersioides and Agalychnis granulosa. A total of 174 protected areas comprise the network in northeastern Brazil, these being 65 strict protection areas (IUCN categories I–II) and 109 sustainable use areas (IUCN categories III–VI), corresponding to more than 15 million hectares, which equates to about 10% of the region’s total area. However, the sizes of the protected areas along the geographical range of these species still don't guarantee the persistence of their future generations. The main threat to these species is the degradation of environmental conditions such as loss of habitat due to deforestation and agricultural expansion. Therefore, the viability of new reserves with a diversity of representative ecosystems of northeastern Brazil can be seen as the best solution to avoid the local extinction processes in this region. Keywords: amphibians, threatened species, protected areas, gap analysis, conservation. 62 RESUMO. Anfíbios ameaçados e seus status de conservação dentro da rede de áreas protegidas no nordeste do Brasil. Os anfíbios são o grupo de vertebrados mais ameaçados do mundo. Uma das estratégias de conservação mais utilizadas para preservar espécies ameaçadas é o estabelecimento de áreas protegidas. Fizemos uma análise de lacuna para avaliar se a rede de áreas protegidas do Nordeste do Brasil protege efetivamente as populações de anfíbios ameaçadas que ocorrem nesta região. Os dados sobre a distribuição geográfica das espécies foram obtidos a partir da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), e foram sobrepostos à rede de áreas protegidas do nordeste brasileiro, através do software ArcGIS 9.3. Os anfíbios ameaçados encontrados no nordeste do Brasil foram representadas por populações remanescentes de Adelophryne baturitensis, A. maranguapensis, Allobates olfersioides e Agalychnis granulosa. Um total de 174 áreas protegidas compreendem a rede no nordeste do Brasil, sendo estas 65 áreas de proteção integral (categorias IUCN I-II) e 109 áreas de uso sustentável (IUCN categorias III-VI), correspondendo a mais de 15 milhões de hectares, o que equivale a cerca de 10% da área total da região. No entanto, os tamanhos das áreas protegidas ao longo da distribuição geográfica dessas espécies ainda não garantem a persistência de suas gerações futuras. A principal ameaça para essas espécies é a degradação das condições ambientais, tais como a perda de habitat devido ao desmatamento e expansão agrícola. Portanto, a viabilidade de novas reservas com uma diversidade de ecossistemas representativos da região nordeste do Brasil pode ser vista como a melhor solução para evitar os processos de extinção local nesta região. Palavras-chave: anfíbios, espécies ameaçadas, áreas protegidas, análise de lacunas, conservação. INTRODUCTION More than 2000 amphibian species are listed as threatened by extinction, which means that this is the most threatened vertebrate group in the world (Stuart et al., 2004). The main drivers of amphibian population declines and extinctions are habitat loss, invasive species, overexploitation, pollution, emergent infectious diseases and climate change (Alford and Richards, 1999; Blaustein and Kiesecker, 2002; Blaustein et al., 2003; 2010; Carey and Alexander, 2003; Daszak et al., 2003; Kats and Ferrer, 2003; Stuart et al., 2004). The level of threat to amphibians is underestimated due to the lack 63 of knowledge of approximately 25% of species worldwide, which are categorized as “Data Deficient” (DD) (IUCN, 2011). According to the Global Amphibian Assessment (IUCN et al., 2006), the real number of extinct species of amphibians can be much greater than currently acknowledged. The issue of protecting threatened amphibians becomes more urgent when we realize that most of the group’s diversity is found in regions where scientific knowledge on amphibian biology is still scarce (Brito, 2008). Northeastern Brazil has a high amount of endemisms in relation to other brazilian regions, that are being considered of great biological relevance to the study and conservation of amphibians (Conservation International et al., 2000). Yet, few studies have been conducted in this area (e.g., Silvano and Pimenta, 2003; Juncá, 2006; Bastazini et al., 2007; Loebmann and Mai, 2008; Valdujo et al., 2009). According to IUCN (2011), the threatened amphibians distributed in northeastern Brazil are represented by remnant populations of Adelophryne baturitensis, classified as “Vulnerable” (VU), A. maranguapensis, classified as “Endangered” (EN), Allobates olfersioides, also classified as “Vulnerable” (VU), and Agalychnis granulosa, classified as “Least Concern” (LC) on the IUCN Red List but as “Critically Endangered” (CR) on the national red list of threatened amphibians in Brazil (Haddad, 2008). The strong decline of several amphibian species in different regions of Brazil highlights the urgent need of the expansion of research programs and conservation efforts for these species, especially in regions where there is few data on diversity and species distribution (Wake, 1998, Young et al., 2001), even as northeastern Brazil. Amphibians are affected by different environmental factors, which often operate in complex ways (Alford and Richards, 1999; Blaustein and Kiesecker, 2002; Stuart et al., 2004). Some amphibian populations declined without the identification of threats (Laurance et al., 1996; Pounds et al., 1997; Lips, 1998; 1999; Wake, 1998; Pounds, 2001). The causes of decline may vary from region to region and may show synergistic interactions between more than one threat factor (Davidson and Knapp, 2007; Blaustein et al., 2010). No single factor is responsible for all amphibian declines, nor is it helpful to identify one particular factor as more important than the others (Halliday, 2005). However, the habitat change accounts for more declines than any other factor (e.g., Beebee and Griffiths, 2005; IUCN et al., 2006; Halliday, 2008; Becker et al., 2010), although infectious diseases, such as those caused by chytrid fungus, are also significant (Young et al., 2004). In addition, different reproductive developmental modes can vary 64 the responses of many amphibian species to important factors as habitat change (Gascon et al., 1999; Tocher et al., 2001; Bell and Donnelly, 2006; Urbina-Cardona et al., 2006) According to Becker et al. (2007), the disconnection between habitats needed during different life-history stages of the amphibians, is defined as habitat split and might be a serious threat in several fragmented landscapes. Although there is a substantial amount of evidence showing the declining populations of amphibians around the world, strategies for the study of this problem have been developed mainly by scientists from the United States, Europe and Australia (Houlahan et al., 2000; Young et al., 2001; Brito, 2008), which already had a good knowledge about threatened species and their possible causes (Juncá, 2001). In Brazil, few cases of the decline of amphibians have been published (Heyer et al., 1988; Weygoldt, 1989; Bertoluci and Heyer, 1995; Guix et al., 1998; Pombal and Haddad, 1999; Izecksohn and Carvalho-e-Silva, 2001; Eterovick et al., 2005). As in other Latin American countries, population reductions and extinctions of amphibians in Brazil occur because these countries still don't have an effective and appropriate policy for solving this problem (Juncá, 2001; Silvano and Segalla, 2005). However, Brazil and Mexico were the Neotropical countries that published the greatest number of scientific papers on amphibians with a conservation biology focus in the last few years, but for which a gap analysis is missing as well as priorities to expanding its protected area network (Urbina-Cardona, 2008). As indicated by the Amphibian Conservation Action Plan (Gascon et al., 2007), the long-term success of efforts to recover the species from declining depends on society’s capacity to preserve natural habitats, as well as the establishment of additional conservation area networks to include the distribution ranges of threatened species that are not protected by the current protected area systems. Therefore, the conservation of amphibians in fragmented landscapes is directly related with the establishment of protected areas and requires special management tools, such as habitat restoration and management of forest patches, ensuring the habitat quality and the permanence of the species (Rodrigues et al., 2004; Urbina-Cardona et al., 2006; Urbina-Cardona, 2008; Ochoa-Ochoa et al., 2009). In this context, our objective was to evaluate if the protected area network of northeastern Brazil protects populations of threatened amphibians that occur in this region. 65 MATERIALS AND METHODS Northeastern Brazil extends over more than 156 million hectares and includes nine states: Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe and Bahia (Agra et al., 2008). It is a region with a rich diversity of habitats ranging from forested formations such as the Amazon Forest in northern Maranhão and the Atlantic Forest in the coastal region; and open arid savannah-like habitats such as the Caatinga and the Cerrado (Ab'Saber, 1980; Andrade-Lima, 1981; Lleras, 1997). Data on the protected area network was obtained from Brazil’s Ministry of Environment database (MMA, 2011), including their categories and land coverage (see Appendix I). All non-continental marine protected areas that are not influenced by coastal forest environments were excluded from this analysis. We obtained data on species distributions from the 2011 IUCN Red List of Threatened Species database (IUCN, 2011), which overlapped the northeastern Brazilian protected area network, through the software ArcGIS 9.3 (ESRI, 2008). Gap analyses (Scott and Schipper, 2006) were made to observe if the protected area network of northeastern Brazil overlaps the geographical range of the threatened amphibian species that occur in this region. The protected areas were divided into two categories (MMA, 2011): Strict protection (IUCN categories I–II) and Sustainable use (IUCN categories III–VI). In addition, we performed a comparison between the IUCN Red List categories and the Red Book of Threatened Brazilian Fauna (Machado et al., 2008) on the threatened amphibians of northeastern Brazil, identifying what are the differences among the criteria established for these lists. RESULTS A total of 174 protected areas comprise the network in northeastern Brazil, these being 65 strict protection areas (IUCN categories I–II) and 109 sustainable use areas (IUCN categories III–VI), corresponding to more than 15 million hectares, which equates to about 10% of the region’s total area. All of these protected areas are distributed in approximately 16% of Atlantic Forest, 21% of Caatinga, 25% of Amazon 66 Forest and 36% of Cerrado (see Appendix I), according to their respective conservation categories (Figure 1). Figure 1. Total land area covered (dots) and percentage of protected area network (bars) per biome in northeastern Brazil, according to the categories of strict protection and sustainable use. The threatened amphibians found in northeastern Brazil were represented by Adelophryne baturitensis, A. maranguapensis, Allobates olfersioides and Agalychnis granulosa. These four species have part of their geographical range overlapping protected areas (Figure 2). Our results show that less than 10% of the protected areas that house populations of threatened amphibians are in the strict protection categories of IUCN. However, there is a mismatch on the distribution of protected areas that cover the geographical ranges of these species, because 100% of occurrence areas of Adelophryne maranguapensis, 30% of A. baturitensis, 9% of Allobates olfersioides and 4% of Agalychnis granulosa are overlapped to sustainable use areas. Therefore, even though we may consider these species as protected, only a small fraction of their 67 populations are within protected areas that have biodiversity protection as its main goal. The great majority of populations (i.e., approximately 90%) are under different scenarios of susceptibility to human disturbance. Figure 2. Map of protected area network and geographical ranges of the threatened amphibians in northeastern Brazil. 68 Comparing the Red Book of Threatened Brazilian Fauna with IUCN Red List, a different relation was identified among the criteria established for two threatened species of amphibians from northeastern Brazil (Table 1), showing that there is a mismatch between these two databases. Agalychnis granulosa was categorized as “Critically Endangered” (CR) on the national red list of threatened amphibians in Brazil. Nevertheless, this same species was classified in the category of “Least Concern” (LC) on the IUCN Red List. The other species that showed conflicting results between these lists was Allobates olfersioides, which wasn't classified in any category of threat for the national red list, but was categorized as "Vulnerable" (VU) on the IUCN Red List. Table 1. Threatened amphibians of northeastern Brazil according to the national red list status and the IUCN Red List categories. Species National Red List IUCN Red List Status Categories Adelophryne baturitensis VU VU Adelophryne maranguapensis EN EN Agalychnis granulosa CR LC Allobates olfersioides - VU DISCUSSION A huge amount of studies is still necessary on threatened amphibians in northeastern Brazil, so that we can understand the real extent of the problems of the declining populations and threats to these species (Carnaval et al., 2009). In addition to monitoring of the threatened species populations, there is a widespread need to improve the studies on data of deficient species which might be threatened but are unprotected by the legislation (IUCN, 2011). The remaining populations of Adelophryne baturitensis were endemic of Baturité Mountain (04°05'S, 38°30'W), state of Ceará, Brazil (Hoogmoed et al., 1994; Borges-Nojosa, 2008a; IUCN, 2011). However, a new population of this species was discovered in 2010 in the Plateau of Ibiapaba (03°48'S, 40º54'W), about 220 kilometers of its type locality (Loebmann and Haddad, 2010). Recently, Loebmann et al. (2011) 69 reported another specimen of A. baturitensis in a mountainous region of the Atlantic Forest known as "Brejo dos Cavalos" (08°22'S, 36°02'W), state of Pernambuco, Brazil, further expanding its geographical distribution. Despite this, the IUCN still considers the distribution of this species as restricted to the state of Ceará (IUCN, 2011). This species could be found in leaf-litter, bromeliads and stream margins of closed forests, but their habitats need to be well-preserved (Borges-Nojosa, 2008a). We suggest that this species must remain categorized as "Vulnerable" (VU) according to IUCN criteria and the national red list due to the high fragmentation of its extent of occurrence, which seriously threatens the quality of their habitats. Adelophryne maranguapensis has a restricted distribution to the Maranguape Mountain (03°54'S, 38°32'W), state of Ceará (Borges-Nojosa, 2008b; Cassiano-Lima et al., 2011). The same information is corroborated by Frost (2011) and IUCN (2011). It is known that this location covers an enclave of the Atlantic Forest surrounded by insurmountable xeric environments (Borges-Nojosa, 2008b). This species lives in the leaf-litter of primary and secondary forests, but not in open habitats, and its extent of occurrence is incorporated into an important protected area, the Environmental Protection Area of the Maranguape Mountain, known as "APA da Serra do Maranguape” (Borges-Nojosa, 2008b). However, this species occurs in areas where there are no strict protection areas, which are affected by human activities ranging from indigenous people (Borges-Nojosa, 2008b). Monocultures and other anthropogenic activities were established in this area, gradually replacing the native forest and contributing to the impoverishment of the quality of these habitats (Silvano and BorgesNojosa, 2004; Cassiano-Lima et al., 2011). Thus, this species must remain categorized as "Endangered" (EN) according to IUCN criteria and the national red list. Due to its restricted geographical range, we must consider that it suffers a very high risk of extinction in the wild, so the areas of occurrence of this species should be monitored strictly to ensure the persistence of their populations in the future. The geographical range of Agalychnis granulosa has increased according to the new reports that are emerging in the literature. Frost (2011) records this species singly for the states of Bahia and Pernambuco at the same time which the IUCN reports its distribution in several localities between the states of Alagoas and Pernambuco (IUCN, 2011). The fact of this species to be classified as “Least Concern” (LC) by the IUCN Red List may be explained for its occurrence in relatively distant places, which indicates a wide geographical distribution range (Carnaval and Peixoto, 2004). The same trend is 70 happening in the Red Book of Threatened Brazilian Fauna, which listed this species as “Critically Endangered” (CR), but it opens a possibility to change this status (Cruz, 2008; Haddad, 2008), once those new areas of occurrence have been reported (Carnaval et al., 2003; Cruz, 2008). This species generally occurs in lowland Atlantic forest with secondary forest and at the margin of small streams, not occurring in open or severely degraded areas (Carnaval and Peixoto, 2004). We suggest that this species should be removed from the national red list, because the new records with the advancement of knowledge have been increasingly reported for this species, which is expanding its extent of occurrence. Therefore, we should maintain the status as “Least Concern” (LC) as well as considered by the IUCN Red List. Allobates olfersioides is found in several coastal areas of the Atlantic Forest, from sea level to about 1000 meters above sea level (Verdade, 2010). During the last twenty years, this species has been recorded at 33 locations in the states of Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe and Alagoas (e.g., Weygoldt, 1989; Izecksohn and Carvalho-e-Silva, 2001; Eterovick et al., 2005; Carnaval et al., 2006; Verdade and Rodrigues, 2007; Camurugi et al., 2010; Almeida et al., 2011). Several cases of declining populations have been reported among sites studied within the known distribution area (Weygoldt, 1989; Izecksohn and Carvalho-e-Silva, 2001; Eterovick et al., 2005; Silvano and Segalla, 2005; Verdade, 2010). However, there are no clear causes to explain these observed declines (Heyer et al., 1988), but habitat change and fragmentation are some possible factors causing these populations to decline. In Bahia, this species was considered as one of the most threatened by habitat loss, in the same region where its occurrence was strongly related with the presence of bromeliads (Tinoco et al., 2008). In addition, chytridiomycosis may be related with the declining of the specimens from Rio de Janeiro, where the presence of the chytrid fungus Batrachochytrium dendrobatidis was recorded associated with its distribution (Carnaval et al., 2006). No river in the coastal region of northeastern Brazil appears to be a geographical barrier for this species, so the presence of continuous character gradients suggests an uninterrupted gene flow between adjacent populations (Verdade and Rodrigues, 2007), which exacerbates the threats for this species. Due to its wide extent of occurrence and high encounter rate, we suggest that this species should be removed from the category "Vulnerable" (VU), where it figured in the IUCN Red List and receive the status “Least Concern” (LC). 71 Ongoing short and long term studies are essential for obtaining knowledge on the biology of these species (Eterovick et al., 2005; Haddad, 2008). The scientific knowledge gained should be used to demonstrate the urgent need for the creation of strict protection areas in this region, because of the size of the protected areas along the geographical range of these species still doesn't guarantee the permanence of their future generations (Eterovick et al., 2005). Nonetheless, the extent of occurrence maps may overestimate the geographic range sizes of the species, distorting broadly their ecological patterns and conservation priorities (Hurlbert and White, 2005; Graham and Hijmans, 2006; McPherson and Jetz, 2007; Gaston and Fuller, 2009). The effective area of occupancy of each species evaluated within their extents of occurrence is relatively low, which represent only 1% for Adelophryne maranguapensis, 5% for A. baturitensis, 31% for Agalychnis granulosa and 33% for Allobates olfersioides (IUCN, 2011). Based on Post-2010 Strategic Plan of the Convention on Biological Diversity (Conservation International, 2010), we suggest that to maintain the persistence of the ecosystem processes provided by threatened amphibians in northeastern Brazil, new protected areas which should be created should cover at least 25% of the area of occupancy of each species analyzed, which corresponds to a minimum of approximately 800 hectares of Atlantic Forest ecosystems. Thus, the viability of new reserves with a representative diversity of Atlantic Forest ecosystems in northeastern Brazil can be seen as the best solution to avoid the local processes of extinction. The most suitable and economically viable way to protect threatened amphibians in countries with high biodiversity like Brazil is by means of in situ conservation through the establishment of protected areas (Haddad, 2008). According to Haddad (2008), the ex situ conservation, which is based on maintenance and reproduction of threatened species outside their natural habitats, is not a good strategy for the Brazilian amphibians nowadays. In the ecosystems already heavily fragmented by anthropogenic activities, they would need to take other actions, as for example, the recovery of degraded areas and creation of forest corridors connecting patches of the isolated ecosystems (Eterovick et al., 2005). The governmental agencies responsible for the planning of public policy and management of Brazilian biodiversity need a direct assimilation of published studies on threatened amphibians in Brazil, thus enabling effective actions to reverse these threats, through the support and resources provided by national or international nongovernmental organizations (Machado et al., 2008). 72 Under this context, since we do not know exactly what we have in terms of species richness and little is known about the populations of the species already described, conservation becomes a very difficult task. Our study provides a simple approach that could be replicated in other regions and other countries, addressing detailed information about the conservation status of other threatened species. Nevertheless, it is indispensable that studies on taxonomy, systematics and conservation of amphibians begin to incorporate new techniques to improve the researches on morphology, bioacoustic, cytogenetic, DNA sequences, ecological aspects and patterns of geographical distribution (Eterovick et al., 2005; Haddad, 2008; Loyola et al., 2008; Urbina-Cardona, 2008; Carnaval et al., 2009), which are extremely necessary to systematic conservation planning for complex species. REFERENCES Ab’Saber, A. N. 1980. O Domínio morfoclimático semi-árido das caatingas brasileiras. Craton Intracraton Escr. Doc, 6: 35. Agra, M. F.; Silva, K. N.; Basílio, I. J. L. D.; França, P. F.; Barbosa-Filho, J. M.. 2008. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 18: 472–508. Almeida, A. P.; Gasparini, J. L.; Peloso, P. L. V. 2011. Frogs of the state of Espírito Santo, southeastern Brazil - The need for looking at the ‘coldspots’. Check List, 7: 542– 560. 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Parque Estadual da Pedra da Boca1 Parque Estadual do Jacarapé 1 1 Parque Estadual do Aratu Parque Estadual Pico do Jabre1 Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doído Parque Estadual de Morro do Chapéu 1 Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses 1 Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães Monumento Natural dos Cânions do Subaé 1 1 Estação Ecológica da Chapada da Serra Branca 1 1 1 Federal Unit Hectares Biome MA 271197,50 Amazon CE 12574,44 Caatinga PI, MA, BA 730188,43 Cerrado CE 6271,22 Caatinga PI 6303,64 Caatinga RN 1123,59 Caatinga CE 11755,13 Caatinga PB 2703,31 Atlantic Forest PE 62294,20 Caatinga PI 523923,56 Cerrado/Caatinga PE 624,84 Caatinga PE 562,56 Atlantic Forest AL 6131,54 Atlantic Forest AL, PE 3742,12 Atlantic Forest BA 104842,52 Caatinga BA 128048,97 Cerrado BA 18952,51 Atlantic Forest BA 21145,05 Atlantic Forest BA 151941,21 Cerrado/Caatinga BA 230853,41 Cerrado BA 9365,53 Atlantic Forest BA 22331,90 Atlantic Forest BA 2822,07 Caatinga SE 7998,98 Atlantic Forest PB 258,33 Caatinga PB 383,57 Atlantic Forest PB 351,53 Atlantic Forest PB 851,24 Caatinga BA 362,09 Caatinga BA 48504,27 Caatinga MA 156605,73 Cerrado BA 2419,40 Atlantic Forest BA 404,46 Atlantic Forest PI 24603,29 Caatinga 83 Parque Municipal da Lagoa do Frio1 Monumento Natural Grota do Angico1 Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá Monumento Natural das Falésias de Beberibe 1 1 Parque Ecológico do Rio Cocó1 1 Estação Ecológica do Pecém Monumento Natural Vale dos Dinossauros 1 Parque Estadual do Poeta1 Parque Estadual Dunas de Natal Parque Estadual Mapa da Pipa 1 1 Parque Estadual Florêncio Luciano 1 Estação Ecológica de Uruçuí-Una 1 Refúgios de Vida Silvestre do Rio dos Frades Parque Estadual do Mirador 1 1 Parque Estadual do Itapiracó Parque Estadual do Bacanga 1 1 Estação Ecológica do Sítio Rangedor 1 Monumento Natural do Rio São Francisco1 Reserva Biológica de Santa Isabel Parque Nacional de Jericoacoara 1 1 Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins1 Parque Nacional de Boa Nova 1 Refúgio de Vida Silvestre de Boa Nova 1 Refúgio de Vida Silvestre de Una1 Reserva Biológica de Una 1 Parque Nacional de Serra das Lontras Parque Nacional do Alto do Cariri Parque Estadual de Dois Irmãos Estação Ecológica de Caetés 1 1 Parque Estadual das Carnaúbas APA do Maracanã 1 1 Parque Estadual Sítio Fundão APA Costa dos Corais 1 1 2 2 APA do Pratagy2 APA das Nascentes do Rio Vermelho 2 ARIE Manguezais da Foz do Rio Mamanguape RESEX do Quilombo Flexal2 RESEX do Ciriáco 2 RESEX Marinha da Lagoa do Jequiá Floresta Nacional de Sobral2 2 2 SE 113,13 Caatinga SE 2142,76 Caatinga CE 28782,19 Caatinga CE 31,31 Atlantic Forest CE 1046,90 Atlantic Forest CE 978,23 Atlantic Forest PB 39,19 Caatinga PB 6,84 Caatinga RN 1135,08 Atlantic Forest RN 290,73 Atlantic Forest RN 445,60 Caatinga PI 138681,28 Cerrado BA 888,39 Atlantic Forest MA 446446,97 Cerrado MA 355,32 Amazon MA 2622,70 Amazon MA 127,00 Amazon BA, SE, AL 26736,29 Caatinga SE 5547,41 Atlantic Forest CE 8379,62 Atlantic Forest BA 718387,94 Cerrado BA 12065,30 Atlantic Forest BA 15023,85 Atlantic Forest BA 23423,33 Atlantic Forest BA 18515,14 Atlantic Forest BA 11343,69 Atlantic Forest BA 19237,54 Atlantic Forest PE 392,75 Atlantic Forest PE 167,31 Atlantic Forest CE 93,93 Caatinga CE 9955,10 Caatinga AL, PE 404281,23 Atlantic Forest MA 950,95 Amazon AL 13743,29 Atlantic Forest BA 176322,22 Cerrado PB 5769,47 Atlantic Forest MA 8740,53 Amazon MA 7162,06 Amazon AL 10203,80 Atlantic Forest CE 593,24 Caatinga 84 Floresta Nacional de Cristópolis2 BA 12790,53 Cerrado APA Cabeceira do Rio das Balsas2 MA 60831,10 Cerrado PI 21269,75 Cerrado PI 3280,03 Caatinga CE 3469,70 Caatinga BA 11215,77 Caatinga BA 100726,35 Atlantic Forest BA 25921,66 Atlantic Forest BA 7398,44 Caatinga PB 39016,24 Caatinga CE 872,59 Atlantic Forest CE 775,49 Atlantic Forest CE 1549,47 Atlantic Forest CE 3754,28 Atlantic Forest CE 6453,20 Atlantic Forest CE 30239,70 Atlantic Forest PI 168,20 Caatinga BA 11889,58 Caatinga BA 4764,42 Caatinga BA 68038,20 Caatinga BA 124967,26 Caatinga BA 78142,99 Caatinga MA 1788463,84 Amazon MA 1565066,32 Amazon MA, PI 280515,32 Cerrado/Amazon BA 67515,44 Caatinga AL 8894,12 Atlantic Forest PB 14924,21 Atlantic Forest CE 3938,25 Atlantic Forest BA 89647,61 Atlantic Forest BA 25460,39 Atlantic Forest BA 345330,75 Atlantic Forest PI 1617873,13 Cerrado/Caatinga BA 66637,55 Atlantic Forest BA 1242,23 Atlantic Forest BA 1024802,12 Cerrado/Caatinga MA 27021,63 Cerrado/Amazon SE 144,13 Atlantic Forest MA 11973,04 Cerrado PE, PB 6676,66 Atlantic Forest APA do Rangel 2 APA da Cachoeira do Urubu 2 APA da Bica do Ipu2 Floresta Nacional Contendas do Sincorá RESEX de Canavieiras 2 2 APA Santo Antonio2 ARIE Serra do Orobó 2 2 APA das Onças APA do Estuário do Rio Curu APA do Lagamar do Cauípe 2 2 APA do Estuário do Rio Mundaú APA das Dunas de Paracuru 2 APA da Serra de Maranguape APA da Serra de Baturité 2 2 2 Floresta Nacional de Palmares 2 APA Gruta de Brejões/Vereda do Romão Gramado 2 ARIE Nascente do Rio de Contas APA Serra do Barbado 2 2 APA Marimbus-Iraquara2 APA Lagoa Itaparica 2 APA Baixada Maranhense 2 APA Upaon-Açu/Miritiba/Alto Preguiça2 APA do Delta do Parnaíba 2 APA Serra Branca/Raso da Catarina APA de Piaçabuçu 2 2 APA Barra do Rio Mamanguape 2 APA da Lagoa de Jijoca RESEX Marinha do Corumbau APA Caraíva-Trancoso 2 2 APA Ponta da Baleia-Abrolhos APA Serra da Ibiapaba 2 2 2 APA Joanes-Ipitanga2 APA Lagoas e Dunas do Abaeté 2 APA Dunas e Veredas do Baixo Médio São Francisco RESEX Marinha do Delta do Parnaíba2 Floresta Nacional do Ibura RESEX Chapada Limpa RESEX Acaú-Goiana2 2 2 2 85 Floresta Nacional de Negreiros2 PE 3004,51 Caatinga APA Lago do Sobradinho2 BA 1235356,62 Cerrado/Caatinga BA 50689,81 Atlantic Forest BA 1138497,69 Cerrado BA 300305,61 Cerrado BA 11130,23 Cerrado BA 7473,38 Caatinga BA 350144,36 Atlantic Forest BA 2711,53 Atlantic Forest BA 1170,59 Atlantic Forest BA 3309,05 Atlantic Forest BA 47244,25 Caatinga BA 2071,81 Atlantic Forest BA 230351,28 Atlantic Forest BA 31071,40 Atlantic Forest BA 93486,64 Atlantic Forest BA 103146,96 Atlantic Forest BA 158031,40 Atlantic Forest BA 63577,15 Atlantic Forest BA 144688,64 Atlantic Forest BA 2028,69 Atlantic Forest SE 45729,00 Atlantic Forest SE 43916,69 Atlantic Forest SE 215,00 Atlantic Forest SE 976,94 Atlantic Forest CE 498,45 Atlantic Forest CE 122,15 Atlantic Forest CE 2365,64 Atlantic Forest CE 2910,44 Atlantic Forest CE 2734,14 Atlantic Forest BA 3715,23 Atlantic Forest AL 129526,17 Atlantic Forest AL 3712,24 Atlantic Forest AL 9565,91 Atlantic Forest AL 18534,41 Atlantic Forest PB 112,02 Caatinga RN 12901,63 Atlantic Forest RN 12010,32 Atlantic Forest RN 42973,49 Atlantic Forest RN 1749,85 Atlantic Forest APA da Serra do Ouro 2 APA do Rio Preto 2 APA Bacia do Rio de Janeiro2 APA de São Desidério ARIE Cocorobó 2 2 APA Plataforma Continental do Litoral Norte2 APA Mangue Seco 2 APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu APA Rio Capivara 2 2 APA Lago de Pedra do Cavalo 2 2 APA Guaibim APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança APA das ilhas Tinharé e Boipeba APA Pratigi 2 2 APA Baía de Camamu 2 APA Lagoa Encantada e Rio Almada2 APA Costa de Itacaré/Serra Grande 2 APA Litoral Norte do Estado da Bahia APA Lagoas de Guarajuba2 APA do Litoral Norte APA do Litoral Sul 2 2 APA Morro do Urubu2 2 APA da Foz do Rio Vaza-Barris APA das Dunas da Lagoinha 2 2 APA do Pecém APA do Estuário do Rio Ceará APA do Rio Pacoti 2 APA da Lagoa do Uruaú APA Coroa Vermelha APA de Murici 2 2 2 2 APA do Catolé e Fernão Velho APA de Santa Rita2 APA da Marituba do Peixe 2 ARIE Mata de Goiamunduba RDS Ponta do Tubarão2 APA Piquiri-Una 2 APA Bonfim-Guaraíra APA de Jenipabu2 2 2 2 2 2 86 APA das Reentrâncias Maranhenses2 MA 979553,78 Amazon RESEX de Cururupu2 MA 185195,13 Amazon CE 29361,27 Caatinga CE 601,43 Atlantic Forest MA 10571,84 Cerrado RN 432,56 Caatinga MA 275207,64 Cerrado/Amazon BA 100767,56 Atlantic Forest CE 29804,99 Atlantic Forest RN 168,83 Atlantic Forest MA 234793,34 Cerrado APA Serra da Meruoca RESEX do Batoque 2 2 RESEX Mata Grande2 Floresta Nacional de Açu 2 APA da Foz do rio Preguiças 2 RESEX de Cassurubá2 RESEX Prainha do Canto Verde 2 Floresta Nacional de Nísia Floresta APA dos Morros Garapenses APA Chapada do Araripe 2 2 2 CE, PE, PI 972590,45 Caatinga 2 CE 38330,94 Caatinga 2 BA 10082,44 Atlantic Forest Floresta Nacional do Araripe-Apodi RESEX Marinha da Baía do Iguape APA Baía de Todos os Santos APA de Guadalupe 2 BA 137970,82 Atlantic Forest 2 PE 44306,60 Atlantic Forest 2 PE 37885,67 Atlantic Forest PB 113,17 Atlantic Forest PB 168,33 Atlantic Forest CE 50,78 Caatinga APA de Santa Cruz Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo2 ARIE da Barra do Rio Camaratuba ARIE do Sítio Curió 1 2 2 – Strict protection areas (IUCN categories I–II); 2– Sustainable use areas (IUCN categories III–VI). 87 CONCLUSÃO GERAL O campo da biologia da conservação tem aumentado a uma taxa exponencial na última década (Lawler et al., 2006). No entanto, existe uma separação clara entre a gestão da conservação dentro e fora do ambiente acadêmico (Kainer et al., 2006). Pesquisas acadêmicas baseadas em biologia da conservação raramente são integradas com as ciências sociais, tornando a pesquisa científica ecológica com uma relevância limitada no âmbito conservacionista, o que reflete a existência de uma grande lacuna entre a teoria e a gestão de sua aplicação (Fazey et al., 2005). No que se refere à conservação de anfíbios em regiões de alta biodiversidade, é necessário a realização de estudos multidisciplinares a níveis continentais (para elucidar padrões gerais), nacionais (para estabelecer as prioridades de cada país), regionais (para estabelecer locais prioritários para pesquisa e conservação), e locais (para, finalmente, implementar planos de conservação necessários). Para Urbina-Cardona (2008), a conservação dos anfíbios neotropicais necessita de estudos que complementem a investigação herpetológica com outras disciplinas, como sociologia, educação, antropologia, veterinária, microbiologia, economia e/ou direito. Desta forma, através de uma distribuição mais completa de informações, é possível chegar a diferentes setores da sociedade, gerando interesses, solicitando o apoio financeiro necessário e fornecendo importantes dados para pesquisadores conservacionistas, ONGs locais e políticos tomadores decisão. Apesar da urgente necessidade imposta pela crise atual da biodiversidade sobre o declínio mundial de anfíbios (Blaustein et al., 2010), estes se encontram em um elevado risco de extinção e são considerados como o os vertebrados mais ameaçados do planeta (Stuart et al., 2004). Não obstante, os anfíbios também se encontram entre os grupos de vertebrados terrestres menos estudados no mundo, com apenas 5% do número total de estudos realizados sobre os efeitos da perda de habitat em animais vertebrados (Lawler et al., 2006; Gardner et al., 2007). Sabe-se que paisagens naturais convertidas em paisagens fragmentadas reduzem a qualidade dos ambientes e resultam na perda de conectividade entre manchas de habitats adequados (Saunders et al., 1991; Murcia, 1995; Fahrig, 2003; Urbina-Cardona et al., 2006; Fischer e Lindermayer, 2007). A perda de habitat é a principal causa de extinção de espécies e afeta cerca de 90% dos anfíbios no continente americano (Crump, 2003; Young et al., 2004). Anfíbios estão em declínio em praticamente todo o 88 mundo, mas a falta de dados regionais de longo prazo dificulta a identificação de possíveis causas, prejudicando assim, o estabelecimento de esforços conservacionistas (Stuart et al., 2004; Nystrom et al., 2007). Geralmente, as pesquisas sobre história natural de anfíbios neotropicais contêm informações restritas a uma única estação reprodutiva (Bastos e Haddad, 1996). Em adição, grande parte destas informações encontram-se fragmentadas e localmente voltadas para organismos ou habitats isolados (Urbina-Cardona, 2008). Existe uma carência de pesquisas básicas envolvendo resultados como padrões de diversidade, endemismo, dinâmica populacional e similaridade da fauna (Azevedo-Ramos e Gallatti, 2002), tanto em ambientes preservados, quanto em ambientes afetados pelas atividades humanas. No capítulo 1, importantes tendências e enviesamentos foram observados no que diz respeito aos anfíbios do Brasil. Existem muitas diferenças na alocação de esforços de pesquisa para diferentes grupos taxonômicos e biomas, assim como alguns tópicos de pesquisa, de certa forma, negligenciados. Apesar do número de artigos dedicados aos anfíbios do Brasil ter aumentado nos últimos anos, ainda há uma grande necessidade de um aumento no número de artigos enfocando a conservação dos anfíbios em geral, principalmente quanto a espécies ameaçadas, dinâmicas populacionais e relações interespecíficas (Brito, 2008). As pesquisas que envolvem comunidades de anfíbios no Brasil, comumente apresentam algumas tendências para abordagens descritivas (Cardoso et al., 1989; Heyer et al., 1990; Haddad e Sazima, 1992). Estas abordagens demonstram uma certa falta de informações científicas, limitando assim o desenvolvimento de modelos ecológicos que ajudam a descrever as estruturas das comunidades (Haddad, 1991). No entanto, mesmo em paisagens fragmentadas, ainda temos tempo de salvar alguns habitats críticos para a conservação de anfíbios por meio de planejamento sistemático de conservação (ver Margules e Pressey, 2000; Margules e Sarkar, 2007; Diniz-Filho et al., 2007; Loyola et al., 2008; Sarkar e Illoldi-Rangel, 2010). No capítulo 2, a escolha de grupos indicadores eficientes para representação de anfíbios na Mata Atlântica brasileira foi fundamental para definição de um modelo de referência para estudos de biologia da conservação, inclusive para a seleção de reservas. A partir deste propósito, estudos de inventários da diversidade de anfíbios podem ser concentrados nesses grupos comprovadamente como indicadores da biodiversidade. O uso de subconjuntos taxonômicos como indicadores de espécies tem sido uma prática relativamente comum em estudos de conservação (Simberloff, 1998; Caro e O’Doherty, 89 1999; Andelman e Fagan, 2000). Grupos substitutos de diversidade ou grupos indicadores têm sido usados de diferentes maneiras para controlar ou resolver problemas de conservação, porém seus resultados são contraditórios e muitas vezes utilizados de forma inconsistente (Caro e O’Doherty, 1999). Outras análises das características dos grupos indicadores que explicam a alta eficiência na representação dos outros grupos talvez possam contribuir para o conhecimento nesse sentido. Apesar do avanço gradativo da biologia da conservação como ciência, no planejamento de conservação, interesses políticos e econômicos muitas vezes têm um peso mais relevante do que os critérios científicos propriamente ditos (Diniz-Filho et al., 2008). Portanto, muitas áreas protegidos e criadas pelo governo englobam habitats inadequados para a manutenção de diversas espécies nativas (Brito, 2005). Uma das estratégias mais utilizadas para conservar espécies ameaçadas é o estabelecimento de áreas protegidas (Lawler e White, 2008). Nesse sentido, a seleção de reservas para a proteção e manutenção dos processos ecossistêmicos pode ser considerada como uma ferramenta extremamente eficaz para conservar espécies e habitats ameaçados (Clemens et al., 1999; Myers et al., 2000; Kati et al., 2004). Assim, a avaliação do nível de ameaça das espécies de acordo com seus riscos de extinção é fundamental para o planejamento e priorização de estratégias conservacionistas em diferentes escalas espaciais (Mace e Lande, 1991; IUCN, 2001; Miller et al., 2006; 2007). No capítulo 3, a avaliação do status de conservação dos anfíbios ameaçados de extinção dentro da rede de áreas protegidas no nordeste do Brasil proporcionou uma abordagem que pode ser replicada em outras regiões e em outros países, apresentando informações detalhadas sobre a conservação de espécies ameaçadas. No entanto, é indispensável que os novos estudos sobre taxonomia, sistemática e conservação de anfíbios comecem a incorporar técnicas inovadoras para o avanço dessas pesquisas (Eterovick et al., 2005; Haddad, 2008; Loyola et al., 2008; Urbina-Cardona, 2008; Carnaval et al., 2009), as quais são extremamente necessárias para o planejamento da conservação de espécies consideradas como complexas. REFERÊNCIAS Andelman, S. J.; Fagan, W. F. 2000. Umbrellas and flagships: efficient conservation surrogates or expensive mistakes. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 97: 5954–5959. 90 Azevedo-Ramos, C.; Galatti, U. 2002. Patterns of amphibian diversity in Brazilian Amazônia: conservation implications. Biological Conservation, 103: 103–111. Bastos, R. P.; Haddad, C. F. B. 1996. Breeding activity of the Neotropical treefrog Hyla elegans (Anura, Hylidae). Journal of Herpetology, 30 (3): 355–360. Blaustein, A. R.; Walls, S. C.; Bancroft, B. A.; Lawler, J. 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