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Palestina. A filha do dirigente máximo da FPLP conta a visita a seu pai
preso.
Sumoud Saadat
9 anos depois. A minha viagem para ver o meu pai: 45 minutos, um copo e um telefone.
Para nós, palestinos, a vida tem um significado e um sabor diferente. Enquanto pessoas de
todo o mundo viajam para desfrutar a natureza, a caminhada nas montanhas ou mergulhar no
mar, nós, os familiares dos presos políticos palestinos, viajamos para diferentes lugares.
Viajamos para os cárceres da ocupação israelense, onde nossos queridos parentes são
mantidos em cativeiro. Ainda que estas prisões tenham sido impostas pela força, nós,
palestinos, sempre levamos alegria e entusiasmo em nosso coração enquanto tentamos
ignorar a dura e amarga realidade que encontramos por trás dos muros da prisão.
Na noite antes da visita, muitos são incapazes de dormir, como é o caso para mim. Outros não
podem dormir profundamente e passam a noite virando na cama, tentando relaxar seu corpo
na esperança ansiosa para estar em sua melhor forma para a viagem.
Preparativos antes da visita
Nosso dia começou às 5 horas da manhã. Em primeiro lugar, embalamos cuidadosamente as
coisas que meu pai pediu, a fim de não esquecer nada. Depois, preparamos algo para comer,
café e água fresca, devido à alta temperatura para onde íamos.
Minha mãe, meu irmão (Ghassan) e eu saímos de casa às 6 horas para nos dirigirmos ao
ônibus estacionado em frente ao parque “Isa’ad Al-toufeleh”, no distrito de Al-Bireh Ramallah .
Quando chegamos, todas as famílias dos presos estavam fora do carro. Quando nos
aproximamos, nos receberam com sorrisos e saudações. Ouvi alguém dizer: “Esta é a família
de Ahmad Sa’adat. Visitarão conosco”. Alguns se aproximaram para nos dar suas calorosas
saudações: “Até que enfim permitiram a visita!”.
A interação entre nós e as outras famílias começou imediatamente e se desenvolveu sem
problemas, sem nenhum tipo de barreira. Afinal, sabemos quem é a maioria dessas pessoas.
Alguns deles trouxeram roupas e livros para meu pai quando visitavam seu filho, um parente ou
uma pessoa amada, enquanto estávamos com a visita suspensa. Também reconhecemos os
mais próximos da família e outras pessoas que conheço através de meu trabalho no
Addameer, ONG que defende os presos políticos e dos direitos humanos.
Também me encontrei com a professora de árabe que tive no 7° ano (no início da
universidade). Porém, hoje ela estava ali como a mãe do preso Mohammed Wahbeh,
condenado a 5 anos nas prisões israelenses. Nesses momentos, é possível ver somente
mentes otimistas, cheias de energia, sorridos, risos e alegria.
É nesse momento que você se dá conta de que todos nesta parada de ônibus compartilham a
mesma dor e a mesma meta: visitar nossos parentes queridos na prisão “Nahfa”.
Ponto de controle Beit Seira: o medo retorna
O ônibus saiu para a estrada às 6:50 horas. Como se tratava da minha primeira visita, as
famílias me explicaram quais eram as paradas seguintes. O ponto de controle Beit Seira foi
nosso passo seguinte. Neste ponto de controle, espera-se com temor não poder passar.
Chegamos ao posto de controle de Beit Seira às 7:30 horas da manhã, saímos do ônibus e
caminhamos uns 50 metros até chegar a um pátio aberto com um teto de chapa de metal. No
pátio, existiam apenas 15 banheiros que as famílias se vêm obrigadas a utilizar devido à longa
viagem. Assim, um empregado do Comitê Internacional da Cruz Vermelha entregou às famílias
suas entradas para a visita. Retiramos nosso bilhete e nos dirigimos para a zona de inspeção.
Na zona de inspeção, cada um deve passar por baixo de uma porta de metal (porta número
um). Esta porta se chama “Al-Ma’atah”, uma porta habitual utilizada pelos animais,
especialmente frangos. Então, você precisa esvaziar suas sacolas e se você é mulher, precisa
colocar sua bolsa em uma máquina para inspeção. Na porta, você apresenta sua identificação
e só tem que esperar até que tenha permissão para ir à porta seguinte (porta número dois). A
porta número dois é a que as famílias odeiam e desprezam. Na porta, existe uma janela, dois
soldados armados a quem você deve apresentar sua cédula de identidade, permissão de
visitante e o bilhete da Cruz Vermelha. Quando apresentei minha permissão, minha cédula de
identidade e o bilhete, um dos soldados me pediu para esperar enquanto lia meu nome. Me dei
conta de que todos os meus documentos foram dados à segunda soldada, que estava sentada
atrás de um computador. Tive que esperar algum tempo, durante o qual duas famílias
passaram pelo posto de controle e olhei a soldada atrás de seu computador. Ela me olhava.
Assim, eu me perguntava que tipo de informação leu em sua tela.
Pouco depois, ela devolveu meus documentos ao soldado próximo da janela que os entregou
para mim. Sem hesitação, minha mãe teve que render-se à mesma inspeção. A diferença é
que minha mãe possui um cartão de residente de Jerusalém, o que a permite passar pelos
postos de controle sem necessidade de uma permissão. Não obstante, decidiu compartilhar
essa experiência comigo.
Finalmente, passamos pelo posto de controle e estávamos esperando no outro lado que todas
as famílias se reunissem. No total, éramos 72 visitantes nesse ônibus. Uma das famílias…
Devemos explicar que seu filho de 15 anos foi proibido de passar pelo controle para visitar seu
irmão. Os soldados disseram que tinha 16 anos e, de repente, era necessária uma permissão.
Sua mãe tinha insistido que seu 16° aniversario tinha sido há quatro meses e que ele não
precisava de uma permissão. No entanto, para nosso pesar, os soldados não permitiram que
continuasse sua viagem.
O ônibus retomou seu caminho às 9:20 horas. Meu coração começou a palpitar. Perguntavame como seria o encontro, se choraria, se riria, se por algum milagre seria capaz de levar meu
pai em meus braços. Como reagiria meu pai? A última vez que me viu, eu tinha 20 anos. Hoje
estou com 29. Será que me reconheceria? Como estaria seu rosto? Estaria envelhecido? Eu
iria encontrar consolo em seus olhos que sempre me deram? Iria me acalmar? Veria o sorriso
que tanto me dá força e esperança?
Então, decidi esquecer esta ansiedade sentando-me ao lado do condutor e comecei a pedir
informações sobre os lugares por onde estávamos passando, falar sobre a chuva e o bom
tempo com a finalidade de passar o tempo, mas também porque tinha muito tempo que eu não
viajava para o sul da Palestina ocupada. Quando eu era jovem, costumávamos visitar meu pai
na “prisão de Al-Naqab” (localizada em Negev). Depois, voltei na memória, relembrando
recordações esquecidas. Passamos pelo cruzamento que leva à prisão israelense “Al
Naqab”. Passamos também pela “prisão Eshel”, de que tenho ouvido falar tanto. Então, nos
levaram através das impressionantes montanhas do deserto, de tal beleza que nunca tinha
visto antes.
Duas horas mais tarde, chegamos à prisão de “Rimon” e “Nahfa”. De repente, minha ansiedade
voltou a aparecer, porém desta vez com mais intensidade. Todas as minhas tentativas de
acalmar a ansiedade falharam. Quando o motorista avisou que tínhamos chegado, todas as
perguntas que eu estava tentando evitar estavam de volta. Era como se uma mariposa
quisesse roubar meu coração, estava correndo, meus olhos se encheram de lágrimas, tão
absurdo como soa ter um forte impulso de sorrir.
Um forte sentimento que eu não tinha há 9 anos, que estava oprimido. Finalmente, fui ver meu
pai, porém eu estava certa de que sorrir seria fácil, apesar das longas horas de espera e da
humilhação que tinha sofrido.
Chegamos à prisão “Nahfa” às 11:30. Não espere apenas descer do ônibus e começar a visitar
familiares. Este, definitivamente, não é o caso aqui. Justo na entrada, um carro de segurança
nos cercou e pediu que esperássemos. Um ônibus chegou e teve que estacionar no lado e nos
surpreendeu ver como ele era grande. O ônibus era branco e tinha o logo da
unidade “Naasón” (forças especiais) e do Serviço Penitenciário israelense (IPS). Tinha
pequenas e altas janelas e parecia um caminhão de leite. Era um ônibus reservado para o
transporte de prisioneiros. É claro, não podíamos vislumbrar os presos que estavam ali, porém
vimos dezenas de empregados das forças especiais que rodeavam o ônibus.
Esperamos 20 minutos no ônibus e não fomos autorizados a nos mover. Por último, um policial
vestido com o uniforme da administração penitenciária chegou, abriu uma porta e nos conduziu
a uma casa. Ao voltar dessa casa fechada, o oficial se assegurou de que todo o mundo tinha
regressado para que pudesse fechar a porta atrás de nós. Na sala, estavam os assentos
metálicos incômodos e apenas dois ventiladores funcionando. Fazia um calor incrível. Eram tão
sujos que seria melhor não usá-los ou se realmente fosse necessário. Havia duas janelas na
casa, uma para os fumantes e a segunda pela qual as famílias deram roupa e livros aos
prisioneiros. Tenho muita vontade de destruir esta janela por causa da humilhação que
proporcionava. O policial na janela era chato, lento e mesquinho. Parecia ter algumas
satisfações com as famílias que sofrem. À esquerda, tinha uma janela pela qual
apresentávamos a licença e o cartão de identificação, depois que chamassem o nome do
prisioneiro. Chamei esta janela de janela da oportunidade.
Um dos carcereiros chama os nomes de vários presos que se localizam no primeiro grupo.
Eram 72 visitantes, divididos em 4 grupos diferentes. Ainda que o quarto grupo fosse formado
por apenas 4 famílias, esta era uma oportunidade para que atrasassem o Serviço Penitenciário
de benefício e nos causassem mais sofrimento. Minha mãe, Ghassan e eu nos dirigimos
separadamente às três janelas. Ghassan se aproximou da janela de fumantes, eu me
aproximei da janela da soldada e minha mãe da janela da oportunidade.
Na janela, o soldado disse a minha mãe que somente eu (Sumoud) estava autorizada a visitar
nesse dia e ela e Ghassan não estavam. Minha mãe começou a gritar, dizendo que a família foi
autorizada a visitar e ele respondeu com frieza que era essa a decisão. Nesse momento, senti
a profunda dor de minha mãe e vi seus olhos cheios de lágrimas. O rosto de Ghassan estava
repleto de raiva. A alegria e o entusiasmo que tínhamos sobre a visita tão esperada foram
completamente apagados. Minha mãe tentou não me olhar nos olhos para esconder suas
lágrimas. Ghassan tomou-me em seus braços e pediu que eu desse uma saudação calorosa a
nosso pai. Ele tentava esconder sua ira.
Foi um momento muito doloroso e estressante para nós três. Minha mãe não poderia visitar
meu pai por mais dois anos e meu irmão não o via desde a última guerra em Gaza, em 2014.
Como iam visitar meu pai? Senti vontade de chorar e gritar tão forte, porém eu não queria que
“eles” destruíssem este encontro precioso e que não tem preço para mim. Minha mãe e
Ghassan saíram da casa e fiquei sozinha. Uma sensação muito cruel me invadiu nesse
momento, porém tinha que ir para esta grande visita prevista.
A janela atroz
Estávamos de volta à sala de espera até o momento da visita. Estávamos com um grupo de
dez pessoas na janela do policial terrível. Esperamos ali de 11:45 às 13:00 horas. Durante todo
este tempo, o oficial fazia o possível para nos ver sofrer. Aceitou entregar um pouco de roupa
aos prisioneiros e negou outras, dependendo de sua cor e de seu estado de ânimo. Uma mãe
explicou que da última vez foram aceitas roupas de cor preta, mas que agora o preto estava
proibido. A cada família negou ao menos uma peça de roupa. Além disso, ele desaparecia
regularmente sem explicação, o que nos deixava apreensivos. Em lugar de ter um momento de
tranquilidade para planejar como e o que dizer a nossos parentes queridos durante os 45
minutos de visita, a polícia nos fez esperar com esta sensação dolorosa e humilhante.
Durante 9 anos, sonhei visitar meu pai. Depois de 9 anos de espera, pude vê-lo durante 45
minutos. Em torno de 13:15 horas, chamaram os nomes do primeiro grupo de prisioneiros.
Esperamos atrás de uma porta de metal para entrar. Um policial perguntou se todos iam visitar
e que era preciso mais um tempo de espera para comprovar os nomes. Ainda mais espera!
Nesse momento, eu esperava que não existissem estas portas, estes homens e pequenos
rostos! Só queria sair pela porta e ver meu pai. Queria que estas restrições acabassem e que
não existissem limitações, que este sofrimento terminasse. Não podia esperar nem um minuto
mais.
Finalmente, passei esta porta. Atrás, tinha um detector de metais. Pediram-me que tirasse os
sapatos, colocasse-os na máquina e caminhasse sob o pórtico. Se a máquina apitasse, tinha
que estar com algo que pudesse fazer soar. Às vezes pedem às mulheres que tirem a roupa
íntima, caso tenha alguma peça de metal. Neste caso, pedem às mulheres que tirem sua roupa
íntima no banheiro e que depois a coloque na máquina, para continuar a inspeção.
Tive a sorte da máquina não apitar, o que me permitiu seguir adiante. Logo entrei em uma
segunda casa de inspeção. Havia dois soldados fortemente armados, que possuíam
aproximadamente 22 anos. Estavam com um detector de metais portátil. Seus olhos estavam
completamente desprovidos de inocência e de humanidade, o que não se espera devido a sua
idade. Queria gritar-lhes “como se sentem sendo tão opressivos para as mulheres?”. Porém, eu
não o fiz. Depois da inspeção, entrei em uma casa e fiquei esperando. Esperei e esperei.
Pouco a pouco, comecei a me sentir feliz. Atrás da porta seguinte, fui ver meu pai, finalmente.
Fui ver o rosto radiante que tanto gosto e que sinto falta.
Um oficial de polícia entrou na casa e avisou o horário das visitas. Nesse momento, me senti
como se estivesse correndo e eu estava caminhando! Eu realmente não sabia o que fazer.
Finalmente entramos na sala de visitas. A primeira coisa que notei foi o vidro que nos separava
dos prisioneiros. Tentei ver meu pai. Onde você está, papai? Tentei ansiosamente encontrá-lo.
Na primeira janela, tinha um homem, na segunda, um outro. Mas não eram meu pai. E, de
repente, o vi, caminhando junto ao último homem. Corri para a janela vazia tão rápido como se
subisse escadas. De repente, ali estava em minha frente. Meu pai, Abu Ghassan. Eu queria
que o vidro se quebrasse para que nós pudéssemos nos abraçar, como quando era
jovem. Porém, alguns sonhos não estão destinados a se converter em realidade. O vidro não
se quebrou.
Meu pai, minha fonte de fortaleza e alegria. Finalmente nossos pudemos nos encontrar. Ainda
que o vidro nos separasse, agarrei o telefone e gritei tão forte como pude: “Baba, Habibi!”
(Papai, meu amor!). Enfim, enviei vários beijos através da janela. Nesse momento, meus olhos
se encheram de lágrimas e minha voz tremia. Os olhos de meu pai também se encheram de
lágrimas. No entanto, não queríamos chorar, porque era um momento de alegria. Então, do
nada, fiz um Youyou e começamos a rir. Ali é que realmente começou a viagem.
Meu pai era ainda o mesmo. Vê-lo me fez sentir acima do mundo. Rimos e falamos. Enviei
outros beijos através da janela. Passei as saudações de muitas pessoas. Falou-me de sua vida
cotidiana, como passa seu dia e eu fiz o mesmo. Esse momento foi como um sonho que nunca
poderei esquecer.
Olhei-o bastante com a finalidade de satisfazer minha necessidade dele, meu pai caloroso e
amoroso, e seus olhos que eu não seria capaz de ver tão cedo. Então, senti-me mais uma vez
uma criança que vive uma infância feliz. Apesar de parecer ser o mesmo, tinha mudado. Isto
me chateou muito, é claro. Sua mente parecia jovem e tinha o mesmo sorriso e a mesma força
com a qual estávamos acostumados. Um grisalho charmoso se estendia por todo o cabelo.
Seus olhos estavam um pouco tristes, talvez porque minha mãe e Ghassan não tenham
conseguido visitá-lo, mas também porque foi o 13° aniversário de morte de meu tio. Meu pai
também estava triste porque o filho de seu companheiro de cela, Ishrak Rimawi Ahmad, tinha
sido morto dois dias antes. Falamos como a morte de Ahmad foi impactante e triste. Ahmad
tinha sido libertado recentemente dos cárceres da ocupação israelense, onde tinha passado
um tempo com seu pai, na mesma prisão.
Apesar da tristeza e da dor, continuamos sorrindo e enviando beijos de vez em quando.
Continuamos brincando e rindo em voz alta sobre histórias familiares. No final da visita, meu
pai estava a ponto de dizer “adeus” e “cuide-se” quando, de repente, o telefone foi desligado.
Então, não pude mais ouvir sua voz. Tinham transcorrido os 45 minutos. Continuou falando
atrás do vidro e colocou sua mão na janela. Eu disse, gritando: “Não se preocupe, Abu
Ghassan” e coloquei minha mão sobre a sua no vidro. Olhei-o pela última vez e ele fez o
mesmo. Esse momento foi o mais difícil. Meu sonho estava terminando e eu não tinha o
suficiente de meu pai. Preciso dele novamente, sinto sua falta.
Meu pai levantou-se e caminhou para a porta. Caminhei pelo outro lado do vidro atrás de seus
passos e olhando-o. Um oficial da polícia pediu que eu me apressasse, mas eu não estava
escutando. Tentei refazer os passos de meu pai. Quando cheguei à porta e estava perto de
sair, gritei muito forte: “Baba (papai), Abu Ghassan! Sentirei sua falta” e mandei um beijo. Fiz
um gesto com a mão para dizer adeus com um sorriso e deixamos a sala.
45 minutos não são suficientes para uma conversa de 9 anos. Foi insuficiente, inclusive, para
satisfazer minha sede e meu desejo de meu pai, porém foi suficiente para nos dar força e
esperança. Meu sonho ali terminou e eu não queria que terminasse. No entanto, a beleza da
situação é que todo o mundo pode romper as amarras impostas a sua felicidade e pode ser
feliz, apesar de ter sido curta, apesar das circunstâncias difíceis.
Durante 45 minutos, ignoramos os policiais que rodeavam seu lado, o meu, as famílias e seus
queridos parentes presos. Não quis saber de suas reações acerca de nossas interações ou a
opinião sobre o vidro que nos separava de nossos parentes e este telefone desumano. Só
estávamos buscando minutos de felicidade, inclusive para nossa dor e para nos mantermos, e
a encontramos.
Depois da visita, ao sonho… Pensando
A visita terminou, porém a viagem não. Saímos da sala às 14:50 para ir a uma casa, onde
tivemos que esperar que outras famílias completassem suas visitas. Não posso descrever
como a atmosfera estava triste nesta sala de espera. A casa era muito tranquila. Famílias em
espera, comer um pouco de comida que tinham levado com eles. Olhos tristes estavam em
todas as faces. Todos estavam ocupados, pensando, para lembrar cada detalhe da breve visita
que acabavam de fazer. Todo mundo estava cansado e cheio de tristeza. Todos nós teríamos
que esperar duas horas para que todas as famílias completassem suas visitas. Já eram 17:10
quando saímos. Quando entramos pelas portas da prisão, eu tinha a esperança de ficar mais
um pouco. Ainda que não pudesse ver meu pai, não queria deixá-lo sozinho ali. Estes
momentos foram muito difíceis para mim e para todas as famílias. Deixar para trás nossos
amados. Continuaremos sonhando. Seguiremos a esperança.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/08/27/palestina-la-hija-del-maximodirigente-del-fplp-cuenta-la-visita-a-su-padre-encarcelado/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)