passo a passo 145 para gráfica_passo a passo
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As irmãs Conceição (a dir.) e Celeida levam a tradição da costura e do bordado há duas gerações QUEM FAZ HISTÓRIA | Na Associação de Bom Sucesso, 47 anos separam a integrante mais jovem da mais idosa do grupo. Conceição Almeida Silva, professora aposentada, tem 82 anos. Sua energia e vitalidade contagiam a todos. Apaixonada pelo artesanato, ela conta que sua mãe era costureira, o que a despertou cedo para a costura e o bordado. Mas, há alguns anos, parou o trabalho por um problema oftalmológico, não podia mais forçar a visão. “Por isso, entrei na Associação e faço flores de chitão com a minha irmã.” A irmã é Celeida Almeida Moraes, professora aposentada e diretora da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) de Bom Sucesso. Ela é a idealizadora da entidade e foi a articuladora das reuniões iniciais. Junto com Conceição, é expert em flores e revela o segredo dessa arte complexa e delicada. “A flor de tecido é engomada com polvilho para ficar durinha. Riscamos e cortamos as pétalas uma a uma. Depois, frisamos e montamos na haste de bambu.” As próprias irmãs fazem o corte do bambu, que, segundo ela, deve ser na “lua certa”. O miolo do tecido é contornado com sisal. Para fazer uma única flor, é necessário mais de um dia. A artesã Edna de Lourdes Resende Monteiro completa a linha de flores e utiliza os retalhos para fazer cravinhos e flores em botão. “Temos consciên8 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013 cia de que os nossos produtos não são essenciais. O nosso artesanato é, acima de tudo, apreciação e sentimento”, declara Celeida Moraes. Outra artesã, Maria Léa Alves Lopes, é professora aposentada, assim como suas colegas de trabalho. Foi lecionando no antigo primário que aprendeu a fazer embalagens, cartazes e lembrancinhas para utilização nas datas comemorativas. Para ela, a Associação se resume a amizade. “A nossa integração, a alegria e o carinho são transmitidos em cada peça, e quem compra sempre tem uma boa impressão da gente”, acredita. A costureira Francisca Maria Oliveira também se encontrou no grupo. “Tinha loucura por tecido, linha e agulha. Aos poucos, isso se tornou meu ofício.” De natureza mais retraída, a artesã enfatiza que, com as colegas, consegue se comunicar melhor. “Trabalho por prazer e amor, que são muito mais importantes que qualquer dinheiro.” BERÇO DE MINAS | Instalada numa escola desativada, a Associação de Artesãos de Ibituruna dá vida a um lugar aparentemente abandonado. Dez artesãs se encontram diariamente para dar vazão a seus talentos. São colchas, centros de mesa, pesos de porta e até itens mais modernos, como capas para notebook, tablets e iphones. Tudo muito primoroso e bem-feito, agradando aos mais exigentes consumidores. A história do grupo começou em 2007, quando a Prefeitura Municipal teve a iniciativa de estimular o artesanato local e contratou uma professora para ensinar os interessados. Ainda naquele ano, a Secretaria Municipal de Cultura viu a necessidade de contatar o Sebrae Minas, que aplicou o programa Sebrae de Artesanato e permitiu que houvesse uma ampliação de horizontes. “No começo, eram 40 pessoas, entre homens e mulheres. Essas ficariam a cargo do artesanato. Os homens se dedicariam à confecção de móveis em madeira de café. Mas o tempo passou, e somente o trabalho das artesãs permaneceu”, relembra Isabel Cristina de Andrade Coelho, mais conhecida como Bebel, artesã e professora aposentada. A consultoria do Sebrae Minas continuou e, entre 2008 e 2009, houve o apoio de uma designer para a consolidação da identidade da Associação. Foi detectado que a população de menor renda fazia peças com restos de pano, remendando-os. O chitão era muito utilizado por ser mais barato que os outros tecidos. “Pensamos: por que não unir a técnica do patchwork com o chitão? Ficou decidido que esta seria a identidade, uma costura de retalhos que liga e dá sentido às nossas vidas”, explica Bebel. O nome Berço de Minas foi uma homenagem à cidade. Em 2010, houve a junção das Associações de Artesãos de Bom Sucesso e Ibituruna. “Confesso que demoramos a entender o que significaria a união dos grupos. Mas essa parceria trouxe o chitão, definitivamente, para a nossa realidade. Podemos dizer que eles trabalham o chitão rebordado, e nós, o remendado”, esclarece a artesã. Hoje, a entidade se dedica à produção e comercialização dos produtos em feiras. Das vendas, 50% do valor arrecadado vão para as artesãs e 50% para compra de material. Há a cultura de estocagem de produtos para não haver sobrecarga de trabalho em épocas de pico. A renda das mulheres não é fixa, e o retorno financeiro aparece somente quando os eventos acontecem. Por isso, a atividade é, para muitas, complementar. O desejo da maioria delas, no entanto, é que, em um futuro breve, possam viver somente do artesanato e ser autossustentáveis. “Sonhamos com o fortalecimento e a consolidação do grupo, com “Esta parceria (entre as Associações de Artesãos de Bom Sucesso e Ibituruna) trouxe o chitão, definitivamente, para a nossa realidade. Podemos dizer que eles trabalham o chitão rebordado, e nós, o remendado” Isabel Cristina de Andrade Coelho, artesã www.sebraemg.com.br 9