thales jati gilberto - Universidade de Franca
Transcrição
thales jati gilberto - Universidade de Franca
THALES JATI GILBERTO ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS CRÔMIO EM BENTONITA AMINOFUNCIONALIZADA Tese apresentada à Universidade de Franca, como exigência parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciências, Área de Concentração: Química Inorgânica. Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Nassar FRANCA 2013 THALES JATI GILBERTO ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS CRÔMIO EM BENTONITA AMINOFUNCIONALIZADA COMISSÃO JULGADORA DO PROGRAMA DE DOUTORADO EM CIÊNCIAS Presidente: Prof. Dr. Eduardo Jose Nassar Universidade de Franca Titular 1: Profa Dra. Cristina Filomêna Pereira Rosa Paschoalato Universidade de Ribeirão Preto Titular 2: Profa Dra. Katia Jorge Ciuffi Universidade de Franca Titular 3: Prof Dr. Lazaro Valentin Zuquette EESC – Universidade de São Paulo Titular 4: Prof. Dr. Emerson Henrique de Faria Universidade de Franca Franca, 16/12/2013 DEDICO A MINHA AVÓ, O COMEÇO DE TUDO, ALZIRA SILVESTRE DOS SANTOS JATI AGRADECIMENTOS Esta tese é um trabalho de muitas mãos e agradeço imensamente a algumas pessoas essenciais ao trabalho: Michelle Saltarelli, Liziane Marçal, Gustavo Ricci, Jhonatan Silva e Ítalo Chaud Colferai que deram todo o apoio e conhecimento durante a realização dos ensaios. José Ricardo Gilberto, Maria Aparecida Jati Gilberto, Thalisa Maria Jati Gilberto e Diego Dias que deram suporte e compreensão durante o processo do doutorado. A Miele Dominique que foi o apoio essencial final. Ao paciente orientador Eduardo Nassar. Ao amigo e incentivador Emerson de Faria. No futuro, não muito distante, haverá poucos empregos para pessoas altamente educadas e bem preparadas. Não haverá chances para todo mundo. A qualidade do ensino é precária no mundo inteiro e isso terá graves consequências. Em especial, a educação científica é deplorável. Em quase todo o mundo os professores ainda são mal remunerados e a qualidade do ensino de ciências é muito deficiente. Para mim, este é um dos piores problemas que enfrentamos atualmente, causador de muitas desgraças. No início deste século, o escritor H.G. Wells dizia que "o futuro será uma corrida entre a educação e a catástrofe". No momento, acho que estamos perdendo a corrida. Carl Sagan RESUMO A Bentonita é uma mistura de argilas amplamente utilizadas em trabalhos de adsorção por possuírem características vantajosas como: uma boa capacidade de troca catiônica, elevada área superficial, porosidade e possibilidade de intercalação e/ou funcionalização de diversas substâncias. O presente trabalho tem por objetivo principal estudar a funcionalização com alcóxidos organicamente modificados na matriz inorgânica (bentonita) com o intuito de produzir materiais híbridos com propriedades desejáveis para estudos de adsorção. Desta forma, neste trabalho os alcóxidos (3 – Aminopropil)– trietoxisilano (APTS), trimethoxisilil)propil]etilenodiamina (N1(trimetoxisililpropil)dietiylenotriamina) (TMPT), (e materiais (TMPO), resultantes foram denominadas Ben-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT. Os materiais foram caracterizados através da espectroscopia de absorção na região do Infravermelho, difratometria de Raios X, análise térmica ,análises de área superficial e ensaios de adsorção com o azul de metileno para determinar a capacidade de troca catiônica.. Indícios da funcionalização da Bentonita foram obtidos através de técnicas de caracterização como DRX, FTIR, TG, MEV e BET. Estudos de adsorção de íons crômio também foram realizados para determinar o tempo ótimo de adsorção das matrizes e suas isotermas com melhoria na adsorção dos materiais híbridos. Palavras-chave: Argila; Bentonita; Adsorção; Material híbrido; Materiais Lamelares. ABSTRACT Bentonite is a clay mixture widely employed in adsorption studies due to its advantageous characteristics such as: a good capacity of cationic exchange, an elevated superficial area, porosity and possibility of intercalation and/or functionalization of diverse substances. The present paper’s main objective, is to study the functionalization with alkoxides organically modified in the inorganic matrix (bentonite) in order to produce hybrid materials with desirable properties for adsorption studies. Therefore, in this study, the alkoxides (3-aminopropyl) triethoxysilane (APTS), (trimethoxisilil) propylethylenediamine (TMPO), (N1 (trimethoxysilylpropyl) dietiylentriamina) (TMPT), the resulting materials were denominated Ben-APTS, Ben-TMPO and Ben-TMPT. The materials were characterized through absorption spectroscopy in the infrared region, x-ray diffractometry, thermal analysis, superficial area analysis and adsorption experiments with methylene blue to determine the cationic exchange capability.. Evidence of the functionalization of Bentonite were obtained through characterization techniques such as XRD, FTIR, TG, SEM e BET. Adsorption of chromium ions were also performed to determine the optimum time of adsorption isotherms and their the matrices with improved adsorption of hybrid materials. Keywords: Clay; Bentonite; Adsorption; Hybrid Material; Lamellae Materials LISTA DE FIGURAS Figura 1 Grupos tetraédricos e grupos octaédricos. 17 Figura 2 Estrutura da montmorilonita 19 Figura 3 Publicações por ano, fonte de pesquisa ScienceDirect 21 Figura 4 Tipos de isotermas de adsorção 28 Figura 5 Publicações sobre adsorção com argilas no decorrer dos anos 29 Figura 6 Fórmulas estruturais dos alcóxidos APTS (a), TMPED (b) e TMPDT(c). 34 Figura 7 Ensaio de CTC pela técnica de azul de metileno 37 Figura 8 Espectro da Bentonita (Ben) 39 Figura 9 Ampliação do espectro da Bentonita (Ben) na região de 3000 a 1750 40 Figura 10 Espectro da Bentonita com APTS (Ben-APTS) 42 Figura 11 Espectro da Bentonita com TMPT (Ben-TMPT) 42 Figura 12 Espectro da Bentonita com TMPO (Bem -TMPO) 43 Figura 13 Difratograma de Raios X da Bentonita (Ben) 44 Figura 14 Difratograma de Raios X da Bentonita com APTS (Ben-APTS) 45 Figura 15 Difratograma de Raios X da Bentonita com TMPO (Ben-TMPO) 46 Figura 16 Difratograma de Raios X da Bentonita com TMPT (Ben-TMPT) 46 Figura 17 Comparativo dos Difratogramas de Raios X da Bentonita 47 Figura 18 Curvas TG e DTG da matriz Bentonita (Ben) 48 Figura 19 Curvas TG e DTG da matriz Bentonita com APTS (Ben-APTS) 49 Figura 20 Curvas TG e DTG da matriz bentonita com TMPOT (Ben-TMPO) 50 Figura 21 Curvas TG e DTG da matriz Bentonita com TMPT (Ben-TMPT) 50 Figura 22 Isoterma de adsorção e dessorção Bentonita comercial 52 Figura 23 Isoterma de adsorção e dessorção da Bentonita funcionalizada com 53 APTS (Ben-APTS) Figura 24 Isoterma de adsorção e dessorçãoda Bentonita funcionalizada com TMPO (Ben-TMPO) 53 Figura 25 Isoterma de adsorção e dessorção da Bentonita funcionalizada com TMPT (Ben-TMPT) 54 Figura 26 MEV das amostras de Ben em ampliações de 5000 e 10000 X 57 Figura 27 MEV das amostras de Ben-APTS em ampliações de 5000 e 10000 X 58 Figura 28 MEV das amostras de Ben-TMPT em ampliações de 5000 e 10000 X 59 Figura 29 MEV das amostras de Ben-TMPO em ampliações de 5000 e 10000 X 60 Figura 30 Estrutura proposta após a funcionalização 61 Figura 31 3+ Gráfico referente ao estudo cinético utilizando solução de Cr com concentração inicial 0,06 mol.L-1 Figura 32 62 Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente a Bentonita comercia Figura 33 Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr 63 3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-APTS Figura 34 64 Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-TMPO Figura 35 Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr 64 3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-TMPT Figura 36 Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 37 69 Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-TMPO frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 41 68 Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben-APTS frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 40 68 Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-APTS frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 39 67 Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 38 65 69 Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente BenTMPO frente à adsorção do íon Cr3+ 70 Figura 42 Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-TMPT frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 43 Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente BenTMPT frente à adsorção do íon Cr3+ Figura 44 70 71 Porcentagem de remoção para a Bentonita comercial e para os materiais organofuncionalizados Bem-APTS, Ben-TMPO e BenTMPT 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Reserva e produção mundial. 20 Tabela 2 Valores orientadores de contaminantes para solo e água 24 Tabela 3 Trabalhos que utilizam Bentonita como adsorvente de metais pesados. 30 Tabela 4 Tempos de agitação. 35 Tabela 5 Atribuições das principais bandas (cm-1) no espectro de IR da Bentonita. 41 Tabela 6 . Temperatura (oC) e porcentagem de perda de massa através do TG. 51 Tabela 7 – Quantidade de alcóxido por grama de amostra calculado a partir da análise térmica Tabela 8 Tabela 9 51 Comparação das áreas superficiais das Bentonitas natural e funcionalizadas. 55 Valores de CTC nas matrizes de Bentonita 55 Tabela 10 – Capacidade máxima de adsorção (qe) obtidos a partir das isotermas experimentais dos diferentes adsorventes frente a soluções de íons Cr3+ 66 2 Tabela 11 – Comparação entre os coeficientes de correlação (R ) para os diferentes adsorventes estudados para os modelos de Langmuir e Freundlich 71 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 Determinação da quantidade de mols de material adsorvido pelo adsorvente. 25 Equação 2 Fórmula de Lagergren. 26 Equação 3 Forma linear da equação de Lagergren. 26 Equação 4 Equação de pseudo-segunda-ordem. 26 Equação 5 Equação linear da pseudo-segunda-ordem. 27 Equação 6 Determinação do CTC 38 Equação 7 Determinação do CTC 38 Equação 8 Lei de Brag 45 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15 1.1 ARGILOMINERAIS................................................................................................. 16 1.2 BENTONITA ............................................................................................................ 17 1.3 MATERIAIS HÍBRIDOS BASEADOS EM ARGILAS .......................................... 21 1.4 ADSORÇÃO ............................................................................................................. 23 1.4.1 Estudo de cinética ...................................................................................................... 25 1.4.2 Isotermas de adsorção ............................................................................................... 27 1.5 ARGILOMINERAIS EM ADSORÇÃO................................................................... 28 2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 32 3 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS ......................................................... 33 3.1 MATERIAIS ............................................................................................................. 33 3.1.1 Bentonita ................................................................................................................... 33 3.1.2 Reagentes utilizados .................................................................................................. 33 3.1.3 Adsorção: método de batelada .................................................................................. 34 3.2 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DA MATRIZ ............................................ 35 3.2.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho (FTIR) .............................. 35 3.2.2 Difração de Raios X (DRX) ...................................................................................... 36 3.2.3 Termogravimetria ...................................................................................................... 36 3.2.4 Área superficial (BET). ............................................................................................. 36 3.2.5 Espectros de absorção na região do ultravioleta-visível (UV-Vis) ........................... 37 3.2.6 CTC – capacidade de troca catiônica e SE – superfície específica do material ........ 37 3.2.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................................... 38 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 39 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ............................................................... 39 4.1.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho - FTIR .............................. 39 4.1.2 Difração de Raios X (DRX) ...................................................................................... 44 4.1.3 Termogravimetria ...................................................................................................... 47 4.1.4 Área superficial (BET) .............................................................................................. 52 4.1.5 Ensaios de CTC com azul de metileno ...................................................................... 55 4.1.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................................... 56 4.1.7` Proposta de estrutura após funcionalização da Bentonita ......................................... 61 4.2 ESTUDOS PRELIMINARES DE ADSORÇÃO ..................................................... 62 4.2.1 Cinética...................................................................................................................... 62 4.2.2 Isotermas de Adsorção .............................................................................................. 63 4.2.3 Linearizações Isotermas de Langmuir e Freundlich .............................................................. 66 4.2.4 Eficiência de Adsorção .............................................................................................. 71 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 73 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 74 15 1 INTRODUÇÃO A Bentonita ou argila bentonítica é muito utilizada por profissionais de perfuração, engenheiros civis e geólogos, sendo basicamente utilizada para manter furos estáveis durante a perfuração devido a sua expansão em contato com a água e sua textura com aspecto gel quando umedecida. O material tem apresenta outras importantes ótimas características que a trouxeram ao uso da engenharia ambiental que são sua baixíssima permeabilidade e alta capacidade de troca catiônica, ou seja, é uma ótima barreira no meio físico para deter contaminantes, principalmente espécies catiônicas tais como os metais pesados. Atualmente há uma série de estudos visando modificações de argilas e sua capacidade de adsorção para utilização ambiental como adsorventes (1), geralmente transformando-as em materiais híbridos por meio de reações de intercalação e/ou funcionalização em seu espaço basal e/ou superfície. Assim, a melhoria da Bentonita por meio da organofilização, que já está consolidada no uso ambiental (2, 3) que apresenta como principal objetivo o aumento na afinidade química entre o adsorvente e adsorbato. Desta forma, o estudo de sua capacidade natural de adsorção e sua comparação com sua adsorção enquanto material híbrido poderá proporcionar melhoria nos processos de contenção de contaminantes em meio físico e de tratamento de efluentes industriais. 16 1.1 ARGILOMINERAIS As argilas ou argilominerais são matérias abundantes na crosta terrestre e têm sido usadas pela humanidade desde a antiguidade para a fabricação de objetos cerâmicos, como tijolos e telhas e, mais recentemente, em diversas aplicações tecnológicas como uso em semicondutores e adsorventes de corantes. As argilas são usadas como adsorventes em processos de clareamento na indústria têxtil e de alimentos, em processos de remediação de solos e em aterros sanitários (4). Como os argilominerais são utilizados em várias áreas de estudo existem várias definições para o termo. A definição de argilominerais foi formada pela primeira vez por Agricola em 1546 embora tal definição foi sofrendo mudanças durante os anos, mas algumas características permaneceram. (1, 5). Apesar de haver várias descrições conforme sua área de aplicação, não é difícil formular uma definição geral de argilominerais: São materiais terrosos de origem natural derivado do intemperismo das Possuem uma plasticidade e até liquidez quando entra em contato com rochas certa quantidade de água Endurecem quando são secas ou queimadas Embora exista uma dificuldade em definir o termo argilominerais, alguns institutos como a Associação Internacional Para Estudos de Argilas (AIPEA) e a Sociedade dos Argilominerais (Clay Mineral Society, CMS/USA) se uniram e fizeram uma definição formal que engloba as principais características desse material: “O termo "argila ou argilomineral" refere-se a um material que ocorre naturalmente, composto principalmente por minerais de granulação fina, que é adquire plasticidade quando entra em contato com uma quantidade adequada de água e endurecerá quando for seca ou queimada. Embora geralmente a grande maioria é formada por filossilicatos (estruturas formadas por folhas ou lâminas), pode conter outros materiais que conferem plasticidade e endurecem quando secas ou queimadas. Fases associados na argila pode incluir materiais que não conferem plasticidade e matéria orgânica” (1, 5). 17 De acordo com “Association International pourl’ Étude dês Argiles”, os argilominerais se subdividem em duas classes: a) Argilominerais que possuem estruturas cristalinas em formas de camadas ou lamelas. b) Argilominerais que possuem estrutura cristalina fibrosa (1, 6). Os argilominerais que possuem estrutura cristalina fibrosa são formados apenas por dois argilominerais, que são: a sepliolita e a pagligorsita, sendo assim a maior parte das argilas encontradas na natureza possuem estrutura cristalina lamelar (6). As estruturas cristalinas das argilas são formadas por grupos tetraédricos (SiO4) ligados entre si formando folhas tetraédricas e por grupos octaédricos (AlO6, MgO6) ligados entre si formando folhas octaédricas chamadas de gibbsita (1, 6) A figura 1 representa as unidades tetraédricas e octaédricas de silício e alumínio-magnésio, respectivamente, constituintes das folhas de argilas. Figura 1 − Grupos tetraédricos e grupos octaédricos. Fonte: (7) 1.2 BENTONITA A Bentonita, segundo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), é uma mistura de argilas lamelares que, dependendo de sua jazida de origem, possui proporções 18 diferentes uma das outras, dificultando a caracterização geral do composto. O termo bentonita, de acordo com Tommio (8) foi sugerido pela primeira vez por Knight em 1898, mas a definição mais aceita foi apresentado por Grim no internacionalclayconference(congresso internacional de argila) em Madri (Espanha), de acordo com Grim o termo Bentonita é utilizado para designar o mineral constituído principalmente pormontmorilonita ou por materiais com alto teor de argilas do grupo das esmectitas, cuja estrutura cristalina é composta por lamelas paralelas, sendo que cada retículo cristalino é composto por duas folhas tetraédricas de sílica e uma folha octaédrica chamada de gibbsita (hidróxido de alumínio/magnésio) (4, 8, 9, 10). Alguns minerais de estrutura 2:1, tais como a montmorilonita, possuem cátions intercalados em seu espaço interlamelar devido ao excesso de cargas negativas presentes no espaço em questão. Tais cargas são causadas pelas substituições isomórficas em suas lamelas, como por exemplo a troca do Si4+ pelo Al3+ nas camadas tetraédricas, e do Al3+ pelo Mg2+, ou pelo Li+, ou por uma vacância nos sítios octaédricos. Esse excesso de carga negativa é contrabalanceado por cátions hidratados alcalinos, Na+, K+, ou alcalinos terrosos, Ca2+, Mg2+(4, 8). As argilas do grupo das esmectitas, do qual a montmorilonita faz parte, exibem uma alta capacidade de troca de cátions (CTC- capacidade de troca catiônica). Isto é, os cátions hidratados interlamelares podem ser trocados por outros cátions presentes em uma solução aquosa sem que haja modificação química da estrutura cristalina das argilas, ocorrendo algumas vezes simples alterações interlamelares (expansão ou redução neste espaçamento). A capacidade de troca catiônica é uma propriedade importante das argilas em estudos de adsorção, pois determina, geralmente a eficiência de um adsorvente uma vez colocado em contato com espécies catiônicas. Desta forma, quanto maior a CTC maior será a quantidade de íons adsorvidos pela matriz. Estes cátions trocáveis podem ser orgânicos ou inorgânicos. A hidratação dos cátions interlamelares causa o acúmulo de moléculas de água no espaço interlamelar das argilas e seu consequente inchamento ou expansão, promove em geral um aumentando das distâncias interlamelares (4, 6) Devido tal propriedade de expansão interlamelar por adição de água, exclui o processo de intercalação da argila (estritamente necessário no caso das argilas 1:1), tornando o processo de funcionalização mais rápido, e mais viável. 19 Segundo Tommio (8), a Bentonita pode ser usada como insumo de vários produtos, apresentando um amplo mercado consumidor que vai da indústria petrolífera a produtos higiênicos para animais domésticos, além disso, ela apresenta um conjunto de características estruturais que a torna atraente para o desenvolvimento de catalisadores e adsorventes, tais como área superficial elevada, capacidade de troca catiônica, baixo custo e abundância na natureza (4, 8, 9, 10); A figura 2 representa uma estrutura octaédrica/tetraédrica para a argila da classe das esmectitas. Figura 2 – Estrutura da montmorilonita. a: Grupo tetraédrico; b: lâmina tetraédrica; c: grupo octaédrico; d: lâmina octaédrica Fonte: (11) Para uso industrial, existem dois tipos de argilas bentoníticas: as que não incham em presença de água, que tem cálcio como cátion interlamelar predominante, e as que incham em presença de água, nas quais o sódio é o cátion interlamelar predominante (4, 8, 10). 20 Segundo dados da DNPM, a Bentonita mais abundante no Brasil é a cálcica sendo esta passada por um tratamento químico com barrilha (carbonato de sódio) a fim de produzir Bentonitas sódicas (4, 8, 10). As reservas mundiais de Bentonita são abundantes. As medidas nacionais foram estimadas em 32.095 x 10³ toneladas (t), com as seguintes participações: Paraná concentra 49,7% do total, o estado de São Paulo com 27,7%, Paraíba (11,6%), Bahia (9,3%) e o Rio Grande do Sul (2,2%). A produção mundial de Bentonita em 2011 aumentou 6,5% em relação a 2010. Esse aumento foi influenciado, especialmente, pelo aumento de produção dos EUA e da Turquia, principais produtores mundiais de Bentonita (8). A tabela 1 mostra a reserva mundial de Bentonita tendo como foco principal o Brasil. Tabela 1 – Reserva e produção mundial Fonte: (8). Uma pesquisa realizada no site de periódicos (46) Science Direct revelou uma crescente utilização da Bentonita em pesquisas científicas no decorrer dos anos, a figura 3 relaciona a quantidade de publicações sobre Bentonita pelo tempo em anos. 21 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Figura 3 – Publicações por ano, fonte de pesquisa ScienceDirect. Fonte (46) 1.3 MATERIAIS HÍBRIDOS BASEADOS EM ARGILAS Devido à demanda gerada por tecnologias recentes, uma nova classe de materiais multifuncionais tem sido estudada. Estes materiais que podem ser obtidos pela combinação de componentes orgânicos e inorgânicos em uma única matriz são denominados híbridos orgânico-inorgânicos e apresentam propriedades que não são encontradas nos materiais convencionais e abrem perspectivas para uma ampla faixa de aplicações. Suas propriedades mecânicas, ópticas e térmicas são resultantes da combinação da estabilidade térmica dos materiais inorgânicos com a processabilidade e flexibilidade dos compostos e polímeros orgânicos, em escala atômico-molecular (12). De um modo geral, esses materiais podem ser preparados de três modos: pela incorporação apenas física dos constituintes (intercalação), através de ligações químicas entre os componentes (funcionalização) e ainda uma terceira classe de materiais híbridos, baseada na combinação dos dois tipos de interação já descritos. No segundo caso, destacam-se híbridos que apresentam ligações covalentes entre o componente orgânico e o inorgânico (12). Desta forma, o termo material híbrido é empregado por diferentes áreas da química e tem sido utilizado para denominar diferentes sistemas tais como: como polímeros cristalinos altamente ordenados, materiais amorfos obtidos via sol-gel, argilas intercaladas 22 e/ou funcionalizadas, enfim para designar ou classificar materiais que apresentem ou não interações entre as fases orgânica e inorgânica. Por este motivo, após discussão foi proposta uma classificação por Kickelbick relacionando à composição e estrutura dos híbridos (1). Uma definição mais detalhada de materiais híbridos foi proposta por Sanchez e distingue os materiais entre as possibilidades de interação entre as fases orgânica e inorgânica. Estes podem ser subdivididos em: Híbridos de Classe I: formados por ligações fracas entre as duas fases (forças de van der Waals), ligações de hidrogênio ou simples interações eletrostáticas. Híbridos de Classe II: são aqueles que apresentam fortes interações químicas entre seus componentes (ligação covalente) (3). Os compostos híbridos orgânico-inorgânicos estão sendo cada vez mais requisitadas devidas suas propriedades específicas não encontradas em materiais comuns, tornando tais materiais muito promissores tanto na indústria quanto em exploração dos mesmos através de pesquisas científicas (9, 14, 15, 16). De acordo com (14) para a obtenção desses materiais existem três métodos, que são: Pela incorporação de materiais nas matrizes por meio de reações físicas, esse processo é denominado como intercalação. Pela incorporação de materiais nas matrizes por meio de reações químicas, esse processo se denomina funcionalização. E materiais híbridos baseada nos dois tipos de interação descritos. Geralmente, os compostos orgânicos são sensíveis termicamente e sua estabilidade térmica não ultrapassa os 250°C, isso dificulta a obtenção de materiais híbridos através de processos que envolvam altas temperaturas, contudo dois processos se tornam relevantes para reverter esse quadro, sendo eles (16): O processo sol-gel, que produz materiais a temperatura ambiente através de soluções de percursores metalo-orgânicos A polimerização in situ no interior de materiais inorgânicos hospedeiros. 23 1.4 ADSORÇÃO A atividade industrial tem contribuído muito para um aumento significativo nas concentrações de íons metálicos em águas, representando uma importante fonte de contaminação dos corpos hídricos, principalmente quando consideramos que tais íons podem ser disseminados via cadeia alimentar. Dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente no Brasil, somente 850 mil toneladas recebem tratamento adequado, conforme estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE - 2008). Os 72% restantes são depositados indevidamente em lixões ou descartados em cursos d’água sem qualquer tipo de tratamento (17). Define-se como poluição qualquer alteração física, química ou biológica que causa uma alteração no ciclo biológico natural, interferindo na composição da fauna e da flora do meio. A poluição aquática é uma das mais preocupantes, já que causa modificações físicas, químicas e biológicas nas águas, impossibilitando a sua utilização para o ser humano (6). Por outro lado (18) define contaminante como qualquer alteração do estado natural do meio físico gerado pelo homem e poluição como uma alteração que extrapolou os níveis legais de determinado contaminante. Na tabela 2 verificam-se os níveis máximos de determinadas substâncias no meio físico válido para o estado de São Paulo: 24 Tabela 2 – Valores orientadores de contaminantes para solo e água Fonte: (19). Os metais pesados não interagem no ciclo metabólico dos seres vivos, uma vez absorvidos por plantas ou animais vão se acumulando no corpo sendo neles armazenados em tecidos e consequentemente integrados na cadeia alimentar no ecossistema. Metais pesados em excesso no organismo podem causar uma série de problemas. Os compostos contendo cádmio, crômio, manganês e níquel possuem um alto poder de contaminação atingindo com facilidade lençóis freáticos e rios (6, 17). A chegada aos reservatórios das cidades pode ocorrer também pois o tratamento normal da água para abastecimento não prevê a retirada de metais pesados. Os processos utilizados atualmente para tratamento de efluentes contendo metais pesados envolvem processos físico-químicos de precipitação, troca-iônica, adsorção e extração por solventes. O processo mais utilizado é a da precipitação química, onde ocorre um óxido ou hidróxidos insolúvel pela adição de uma base em água. Então processos posteriores de sedimentação e filtração são empregados para a separação da água e do resíduo. Entretanto esse processo de tratamento é inviável quando é necessária a descontaminação de grandes volumes de efluentes contendo metais pesados em pequenas concentrações. Nesse sentido novas pesquisas estão sendo feitas a fim de se obter um método que apresenta um baixo custo e alta disponibilidade, nesse sentido destaca-se a adsorção (6, 17). O termo adsorção foi utilizado pela primeira vez, segundo (20), por Kayser em 1881 para denotar a condensação de gases na superfície de um composto. 25 O processo de adsorção se dá por meio de separação de componentes de uma mistura por meio de transferência de massa. Há nessa mistura um componente que pode estar na fase líquida ou gasosa, chamado de adsorvato, e um sólido denominado adsorvente. Dependendo do tipo de ligação entre a matriz (adsorvente) e o composto a ser retirado (adsorvato) classifica-se o tipo de adsorção que ocorre, sendo eles a adsorção química ou quimissorção e adsorção física ou fisissorção (20, 21, 22, 23). A quimissorção é uma adsorção que requer uma ligação química, nela os íons ou moléculas ligam-se nos adsorventes por ligação química (geralmente covalente) e tendem a se acomodar em sítios que propiciem o maior número de coordenação (20, 21, 22, 23). A fisissorção é uma adsorção onde as moléculas do adsorvente e do adsorvato unem-se através de interações eletrostáticas, em geral forças de Van der Waals (estas adsorções podem ser chamadas de adsorções de Van Der Waals) (20, 21, 22, 23). 1.4.1 Estudo de cinética O estudo de cinético de uma adsorção é utilizado na determinação do tempo gasto para que o adsorvente entre em equilíbrio de adsorção, ou seja, quando a quantidade que ele adsorve for igual a que ele dessorve, e para determinar a quantidade adsorvida pela matriz. A quantidade de íons metálicos adsorvidos pode ser calculada utilizando-se a Equação 1 (22, 24): qe= Equação 1 – Determinação da quantidade de massa de material adsorvido pelo adsorvente. Fonte: (24) Na qual qe é a massa fixa na matriz, Co e Ct são as concentrações iniciais e sobrenadantes do material adsorvido respectivamente, w é a massa de adsorvente e V é o volume de solução, empregado no experimento. A velocidade com que ocorre a adsorção depende de alguns fatores físicoquímicos do adsorvato (natureza de adsorvato, peso molecular, solubilidade, etc.) e do adsorvente (natureza,área superficial, porosidade, estrutura) e da solução ( pH, temperatura e 26 concentração). As cinéticas são determinadas através de alguns modelos cinéticos que descrevem a adsorção de um adsorvato sobre um adsorvente, das cinéticas existentes se destacam as de pseudo-primeira-ordem e a pseudo-segunda-ordem (22, 23, 24, 25). A equação de Lagergren, conhecida como pseudo-primeira-ordem é representada através da fórmula: Equação 2 – Fórmula de Lagergren Fonte: (26, 27). Sendo k1 a constante da taxa de adsorção do modelo pseudo-primeira-ordem (min-1), qe e qt representam a quantidade adsorvida de corante no equilíbrio e no instante de tempo t, respectivamente. Construindo o gráfico log(qe - qt) versus t obtém-se a cinética de adsorção pseudo-primeira-ordem. Os valores da constante da taxa de adsorção k1 são obtidos por meio dos coeficientes de regressão linear da equação da reta (23, 26): A forma linear da equação de Lagergren pode ser rearranjada para linearização de dados de plotagem, a forma linear da equação pode ser descrita de acordo com a equação: Equação 3 – Forma linear da equação de Lagergren. Fonte: (24). Onde qe é a quantidade de soluto sorvida após o sistema alcançar o equilíbrio (mol.g-1), qt é a quantidade de soluto sorvida no tempo t (mol g-1), k1(min-1) é a constante de pseudo-primeira ordem e t (min) representa o tempo. A equação de pseudo-segunda-ordem, baseada na capacidade de sorção, pode ser representada da forma: Equação 4 – Equação de pseudo-segunda-ordem Fonte: (23). 27 Sendo k2 a constante da taxa de adsorção de pseudo-segunda-ordem (min.g/mg), qe a quantidade de adsorvato adsorvida no equilíbrio (mg/g) e qt a quantidade adsorvida no instante t. Construindo o gráfico t/qt versus t obtem-se os valores de qe , e interceptando-se o gráfico pode-se calcular k2 (23, 26). A equação de pseudo-segunda-ordem pode ser descrita na forma linear pela fórmula: Equação 5 – Equação linear da pseudo-segunda-ordem Fonte: (25, 27). Onde qe representa a quantidade de soluto sorvida no equilíbrio, qt a concentração do soluto sorvida no tempo t e k2 representa constante de pseudos-segundaordem (L min-1 mol-1) (25, 27). 1.4.2 Isotermas de adsorção As isotermas de adsorção reflete a interação entre o soluto e o adsorvente até que o ponto que o equilíbrio seja atingido. Vários modelos de isotermas tem sido relatadas na literatura para verificar a eficácia dos adsorventes, como por exemplo Lengmuir e Freundlich (21, 22, 23, 28). Uma das características mais importantes de um adsorvente refere-se a quantidade de substância que pode ser acumulada ou retirada da superfície (22, 29). As isotermas em batelada são obtidas colocando em contato um volume fixo da solução com uma determinada quantidade de adsorvente, variando-se a concentração de cada solução. O sistema assim formado permanece sob agitação até o equilíbrio, para então ser obtida a quantidade adsorvida e a concentração que permanece em solução. Com estes dados é possível construir o gráfico de Nf versus Nc. Na maioria dos casos, observam-se isotermas favoráveis de adsorção em adsorventes, cujos dados de equilíbrio são comumente ajustados aos modelos de Langmuir e Freundlich. A figura 4 demonstra as forma mais comuns de isotermas (22, 23). 28 Figura 4 – Tipos de isotermas de adsorção. Fonte: (22). A isoterma linear que sai da origem indica que a quantidade adsorvida é proporcional a concentração do fluido, não indicando uma capacidade máxima para adsorção. As isotermas côncavas são chamadas favoráveis, por extrair quantidades relativamente altas mesmo em baixos níveis de concentração de adsorvato no fluido. As isotermas convexas são chamadas desfavoráveis ou não favoráveis devido à sua baixa capacidade de remoção em baixas concentrações. Isotermas desfavoráveis são raras, mas muito importantes para entender o processo de regeneração, isto é, transferência de massa do sólido de volta para a fase fluida, quando a isoterma é favorável (22, 23). 1.5 ARGILOMINERAIS EM ADSORÇÃO Os argilominerais tem sido utilizados nos processos de adsorção devido sua capacidade de troca catiônica, área superficial, porosidade e abundância no meio ambiente, sendo utilizados puros ou organicamente modificados (21). Uma pesquisa com as palavras “adsorção e argilominerais” no site Science Direct nos revela a quantidade de artigos publicados no decorrer dos anos, a figura 5 relaciona a quantidade de publicações ao longo dos anos. 29 4000 3500 3000 2500 2000 Column2 1500 1000 500 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 0 Figura 5: Publicações sobre adsorção com argilas no decorrer dos anos O gráfico apresenta um aumento de publicações no decorrer dos anos, ou seja, existe uma crescente exploração dos argilominerais em pesquisas sobre adsorção, uma vez que com intensa industrialização e consequente aumento da poluição a procura por materiais adsorventes cada vez mais eficiente tem sido objetivo de inúmeras pesquisas. Um levantamento no site scopus.com sobre adsorção utilizando Bentonitas demonstra que existem vários estudos nessa área de adsorção, revelado que tal estudo está sendo cada vez mais requisitados, e que o fato de utilizar smectitas nesses estudos comprava que tal material possui características relevantes que chamam a atenção para a utilização destas nos estudos. Estão condensados na tabela 3 trabalhos com a Bentonita funcionando como adsorvente de metais pesados. 30 Tabela 3: Trabalhos que utilizam Bentonita como adsorvente de metais pesados. Tipo de adsorvente Contaminantes adsorvidos Capacidade máxima de adsorção (mg/g) Ano de publicação Referências bibliográficas Bentonita natural Cu2+Cd2+ F=Cu:19, 54 Cd:46,56 2009 N. Karapinar, R. Donat (2009) Bentonita natural e purificada Cr3+ Natural = 117,05 purificada = 61,4 2009 I. Ghorbel-Abida, A; (2009) Montmorilonitapiralizada com Fe3+ Cd2+ L=25,7 2009 W. Pingxiao; (2009) Montmorilonita modificada com ramnolipídios Cu2+ L=30,1 (baixa conc.) L=48,3 (alta conc.) 2009 G. özdemir (2009) Montmorilonita pura Cu2+e Ni2+ L=Cu:7,61 Ni:12,88 2009 O.I. Christianah; (2009) Bentonita pura Pb2+ L=16,7 2009 E. Erdal; (2009) Bentonita modificada com íons fosfato e sulfato Zn2+ e Cu2+ 2010 B.I. Olu-Owolabi; (2010) 2010 B.I. Olu-Owolabi; (2010) Bentonita modificada com mistura binária de Goethita e Ácido Humico Cu2+ e Cd2+ L= Cu:13,9 (B+G) 10,83 (B+H) 4,82 (B+G+H) L= Cd:4,66 (B+G) 10,19 (B+H) L=12,48 (B+G+H) Argila natural (AN) e comercial (NF) Cu2+, Pb2+, Cd2+ e Zn2+ L=Zn: 0,27 (AN) 0,14 (NF) Pb:4,19 (AN) 3,84 (NF) Cu: 2,43 (AN) 1,53 (NF) Cd: 0,33 (AN) 0,31 (NF) 2010 B. Abdelillah; C. R. (2010) Bentonita calcinada Ni2+ L = 3,89 2010 M.G.A. Vieira; (2010) Montmorilonita sódica (Na-MMT) e com tratamento ácido (AMMT) Ni2+ Na-MMT: 10,01 A-MMT: 7,33 2010 O.I. Christianah; (2009) Montmorilonitapiralizada com ferro Cu2+ e Co2+ L=Cu: 18,60 (M0) Co: 20,21 (M0) Cu: 20,56 (CM2) Co: 20,21 (CM2) 2010 L. Shu-Zhen; (2010) Bentonita funcionalizada com polímero ácido húmico Zn2+, Co2+ e Cu2+ L = Co:106,21 Cu: 96,15 Zn:52, 93 2010 T.S. Anirudhan; (2010) Bentonita natural Mn2+ L = 12,41 2011 S.R. Marjan; (2011) Montmorilonita sódica Cu2+, Pb2+ e Cr3+ Cu: 53% Pb: 76% Cr: 87% 2011 Z.Jun; (2011) Bentonita natural Cd2+ e Cu2+ L = Cu: 2,11 Cd: 4,09 2011 G.C. Lúcia Helena; (2011) 31 Bentonita árabe Ni2+ L = 47,62 2012 Al-Shahrani S. S; Bentonita imobilizada com fosfato e piralizada com zircônio Hg2+, Cd2+ e Co2+ L= Hg: 50,98 Cd: 50,07 e 47,81 2012 Anirudhan, T.S; (2012) Bentonita funcionalizada com polímeros EVA (Etileno acetato de vinilo) e PCL (poliprolactona) Pb2+ Pb: 78% 2012 Dlamini, D.S; J (2012) Bentonita Intercalada com Fe de valência zero Cu2+ e Zn2+ Cu: 92,9% e Zn: 58,3% 2013 Shi, N. L; (2013) Bentonita Bofe Zn2+ L = Zn: 4,95 2013 Araujo, A.L.P; (2013) 32 2. OBJETIVOS O objetivo principal deste trabalho foi melhorar a capacidade de adsorção de íons de crômio da Bentonita comercial através da aminofuncionalização. Os objetivos secundários foram: a. Funcionalizar a Bentonita comercial com os alcóxidos APTS, TMPO e TMPT. b. Verificar se a funcionalização ocorreu. c. Quantificar a possível melhoria de adsorção na Bentonita aminofuncionalizada em relação a Bentonita comercial. d. Discutir qual alcóxido estudado trouxe melhor resultado. 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS. 3.1 MATERIAIS: 3.1.1 Bentonita: A Bentonita utilizada neste trabalho é comercial, comprada da empresa MI SWACO S.A com a nomenclatura de Bentonita Drescongel. Sua utilização indicada é de fluido estabilizante de perfuração, ou seja, para manter estável um furo em solo ou rocha instável. Devido sua grande capacidade de inchamento ela pode ser considerada sódica, tal material foi denominado Ben. Ela é proveniente da cidade de Boa Vista – PB. Por ser comercial e por possuir produtos dispersantes na Bentonita não foi possível realizar o método de purificação baseada na lei de Stokes, uma vez que o dispersante altera o processo de dispersão, impossibilitando assim o processo. 3.1.2 Reagentes utilizados Os reagentes utilizados foram Bentonita comercial Drescongel, água destilada, etanol e alcóxidos 3-aminopropiltrietoxisilano (APTS), 3-trimetoxisililpropildietilenodiamina (TMPO) e o 3-trimetoxisililpropildietilenotriamina (TMPT). A Bentonita foi funcionalizada com os alcóxidos 3-aminopropiltrietoxisilano (APTS), 3-trimetoxisililpropildietilenodiamina (TMPO) e o 3- trimetoxisililpropildietilenotriamina (TMPT) adquiridos da Aldrich. A Figura 6 apresenta as fórmulas estruturais dos alcóxidos utilizados neste trabalho: APTS, TMPO E TMPT. 34 H3C CH3 O NH2 O O Si H3C CH3 O O Si O H3C NH Si CH3 O O NH O NH2 CH3 CH3 CH3 NH NH2 (a) (b) (c) Figura 6 – Fórmulas estruturais dos alcóxidos APTS (a), TMPO (b) e TMPT (c). Fonte: (30). A metodologia de preparação dos materiais híbridos já vem sendo utilizada pelo grupo SOL-GEL da Universidade de Franca em alguns trabalhos (1, 52, 53, 54, 55, 56, 58) . A funcionalização da Bentonita com os organosilanos é baseada no método do deslocamento, baseando-se em metodologia já utilizada por Detellier (59), Kuroda (60), e Ávila (33) para a funcionalização de matrizes lamelares com uma série de alcóxidos, álcoois e poliálcoois como etilenoglicol, metanol e etanolamina. Esta metodologia consiste em manter a Bentonita pré-expandida (mantida em presença de água destilada por 1 hora) sob agitação constante a temperatura ambiente até a condensação do grupo silanol ao aluminol da argila. De forma detalhada, o processo consiste na adição de 5 gramas de argila em 100 mL de água destilada. Tal mistura é mantida sob agitação vigorosa por uma hora. Seguida da adiçao de 2 mL de cada um dos alcóxidos. Após o contato com o alcóxido a reação é deixada em agitação durante 48 horas a temperatura ambiente. Posteriormente este material foi lavado com etanol, água e seco em estufa a 100ºC por 24h. 3.1.3 Adsorção: método de batelada Os estudos cinéticos para determinar o tempo de saturação da matriz, foi realizado em oito tubos de ensaio contendo 50 mg do adsorvente e 5 mL da solução de Cr+3 35 na concentração de 0,003 mol/L. Os tubos foram deixados em agitação em vários tempos distintos sendo eles expressos na tabela 4: Tabela 4 – Tempos de agitação Tubos Tempo de agitação (min) 1 1 2 5 3 10 4 20 5 30 6 60 7 90 3.2 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DA MATRIZ 3.2.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho (FTIR) Os espectros foram obtidos na Universidade de Franca, em um espectrofotômetro Perkin-Elmer Frontier Single Range-MIRcom transformada de Fourier, utilizando a técnica de pastilhas de KBr, ou seja, foram realizados espectros do pó por refletância difusa diluindo-se aproximadamente 1mg da amostra em 300mg de KBr e os dados se referem a transmitância. 36 3.2.2 Difração de Raios X (DRX) Realizaram-se as difrações de Raios X dos sólidos utilizando-se o método do pó. Estas medidas foram obtidas em um equipamento MiniFlex II Desktop (Rigaku), em 40kV e 30mA (1200W), empregando radiação filtrada Cu Kα(λ = 1,54 Å). Variando o ângulo de obtenção entre 2-65º, todas as amostras foram processadas com uma velocidade de varredura de 2º por minuto. 3.2.3 Termogravimetria Os resultados das análises térmicas obtidos na Universidade de Franca (análises termogravimétricas)em um aparelho de análise térmica TA Instruments – SDT Q600 – Simultaneous DTA-TGA, utilizando-se uma faixa de temperatura entre 25 ºC e 1100 ºC, em atmosfera de ar sintético com o fluxo de 100 mL/min, com razão de aquecimento de 20 ºC por minuto. 3.2.4Área superficial (BET). As medidas de área superficial foram obtidas em um aparelho ASAP 2020, Micromeritics, na Universidade de Franca. Antes da análise trataram-se as amostras termicamente a 200 ºC por 24 horas para que os compostos orgânicos e resíduos de água, possivelmente presentes nas amostras, pudessem ser removidos, já que esses interferem na análise. 37 3.2.5 Espectros de absorção na região do ultravioleta-visível (UV-Vis) Os espectros eletrônicos(UV-Vis) foram obtidos na Central Analítica da Universidade de Franca, em um espectrofotômetro Hewlett-Packard 8453, DiodeArray, acoplado a um microcomputador HP KAYAK-XA e respectivo software. Os espectros foram obtidos em uma cela de quartzo com 1cm de caminho óptico. 3.2.6 CTC – capacidade de troca catiônica e SE – superfície específica do material O método utilizado foi o de azul de metileno descrito por (32), que consiste em titular uma amostra de argila com azul de metileno sucessivamente com 1 ml de solução até a saturação. Caracteriza-se pela saturação o ponto de formação de uma auréola azulada ao redor da porção sólida. Na figura 7 tem-se amostras de argila tituladas com azul de metileno. Figura 7 – Ensaio de CTC pela técnica de azul de metileno. Fonte: (31). 38 As equações 6 e 7 definem o CTC e o SE a partir do volume gasto de azul de metileno para saturar a amostra: CTC= C x V x 100/Wa Equação 6 – determinação do CTC Fonte: (32). SE=Fa x CTC Equação 7 – determinação do CTC Fonte: (32). Sendo: CTC – Capacidade de troca catiônica (meq/ 100 g de argila seca) C – Concentração de azul de metileno (meq/L) V – Volume de azul de metileno (L) Wa – Massa de argila seca (g) SE – Superfície específica (m2/g) Fa – Fator de azul de metileno (7,8043) 3.2.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) As amostras de Bentonita, natural e organofuncionalizadas foram levadas ao MEV da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Universidade de São Paulo – USP), sofreram banho de ouro e através de um Microscópio marca JEOL, Modelo 6360LV se obteve ampliações de 5000 X e 10000 X. 39 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS. 4.1.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho - FTIR O gráfico 3 apresenta os espectros de absorção na região do infravermelho para a Bentonita natural (Ben), já os figuras 8 a 13 apresentam os espectros das Bentonitas modificadas Ben-APTS, Ben-TMPT e Ben-TMPO respectivamente. Figura 8 – Espectro da Bentonita (Ben) O espectro apresenta vibrações característicos da Bentonita, conforme discutidos por Oliveira (21) e Magandane (33). 40 Nota-se na região de onda de 1800 a 3000 cm-1 pequenas bandas indicando uma contaminação por carbono da Bentonita comercial e evidenciando a provável presença de dispersante. Na figura 09 se observa uma ampliação desta região para melhor visualização deste contaminante. Transmitância (%) 100 99 Ben 98 3000 2900 2800 2700 2000 1950 1900 1850 1800 1750 -1 Número de onda (cm ) Figura 9 – Ampliação do espectro da Bentonita (Ben) na região de 3000 a 1750 A tabela 5 apresenta as vibrações da literatura comparadas com a amostra de Bentonita comercial. 41 Tabela 5 – Atribuições das principais bandas (cm-1) no espectro de IR da Bentonita ATRIBUIÇÃO Bentonita Ben Ben-APTS Ben-TMPO Ben-TMPT (33) Al-O-H 3696 - Al-O-H inter- 3622 3630 3629 3626 3626 H-O-H 3450 3440 3455 3443 3456 H-O-H 1633 1642 1644 1650 1650 CH2/CH3 - 2926, 2879, 2933, 2890, 2936, 2884, 2938, 2874, 2823, 2789, 2521, 2007, 2818, 1805, 2615, 1883, 2686, 1942, 1881, 1798 1833 1804 octaédrico 1881 - NH2 - 1571, 1485, 1330, 1455, 1556, 1479, 1454, 1321, 1484 1435 1357 Si-O, Si-O 1033 1033 1006 1028 1027 Al-O-H 914 916, 878, 917, 877, 837 877, 877, 836 791 797, 778 797, 778 797, 778 197, 778 Si-O Si-O-Al 693 712, 695 694 694 694 Si-O Si-O-Al 538 525, 471 530 525 526 Si-O Si-O-Fe 469 425 480 472 473 Si-O, Si-O-Al (Al/Mg)-O-H Si-O-(Al/Mg) As bandas de absorção entre 3000 e 3800 cm-1 correspondem a grupos hidroxilas (Al e ou Fe e ou Mg) OH.As bandas em 3630 e 3453 cm-1podem ser atribuídas as vibrações características de Mg-O-H, sendo que na Bentonita os grupos octaédricos são formados por átomos de Mg e não de Al e sua vibração no infravermelho é bem semelhante, logo tais bandas podem ser características desta ligação. As ligações O-H são encontradas por volta de 1450 e 1630 cm-1referente à deformação angular da água, o que confirma a presença de água na região interlamelar e água adsorvida por ligações de hidrogênio (21, 22, 33, 34, 35). As bandas em 1029 e 790 cm-1 são correspondentes a grupos Si-O-Si e Si-O, respectivamente, comprovando a presença da camada tetraédrica de sílica (22, 34, 36, 35). As figuras 10 a 12 mostram os espectros das argilas organo-modificadas. 42 Figura 10 – Espectro da Bentonita com APTS (Ben-APTS). Figura 11 – Espectro da Bentonita com TMPT (Ben-TMPT). 43 Figura 12 – Espectro da Bentonita com TMPO (Ben -TMPO). Os espectros nos gráficos 4, 5 e 6 se assemelham muito com os da Bentonita. Entretanto existem algumas bandas diferentes, as quais podem ser atribuídas aos grupos alcóxidos utilizados na funcionalização da Bentonita. Segundo (35)DOGAN et al (2008) as vibrações em 2940 á 2839 cm-1são características dos grupos metilas (CH3 e CH2), confirmando a funcionalização da Bentonita. A presença de grupos aminas (NH2) em 1650 e 1580 cm-1 (deformação angular simétrica e em 3400 e 3100 cm-1 (deformação axial assimétrica) (12, 22, 35). Ao compararmos os espectros das três amostras funcionalizadas com o da Bentonita natural podemos notar um aumento das vibrações relativas ao grupamento CH2, característicos de compostos orgânicos como os alcóxidos, isso é uma evidência da presença do alcóxido na matriz inorgânica. Houve também um descolamento sutil das bandas características de ligações O-H das matrizes funcionalizadas em relação à Bentonita comercial, pode-se observar uma pequena mudança de 3630 e 3439 cm-1 da Bentonita comercial para 3629 e 3454 cm-1, 3626 e 3455 cm-1, 3626 e 3442 cm-1 das Ben-APTS, Ben-TMPT E Ben-TMPO respectivamente. Embora o deslocamento das bandas seja sutil, a diferença de intensidade dos picos pode demonstrar a eliminação de moléculas de água durante o processo de funcionalização (12). 44 Outras bandas de interesse ocorrem em 1642 1486 cm-1 na Bentonita comercial que correspondem à ligações com deformação angular do tipo O-H, que no caso das argilas funcionalizadas ocorre uma mudança nas bandas onde aparece um ombro em 1453, 1435 e 1454 cm-1, tal deslocamento pode ser característica dos grupos amina com deformação angular que também ocorrem nessa faixa. 4.1.2 Difração de Raios X (DRX). As figuras 13 a 17 apresentam os resultados dos ensaios de difração de Raios X das amostras Ben, Ben-APTS, Ben-TMPT e Ben-TMPO, respectivamente. Ben Intensidade (U. A.) * = Ben = Quartzo * * ** * * ** * *** * * 10 20 30 40 50 60 70 2 (Graus) Figura 13 – Difratograma de Raios X da Bentonita (Ben). Podemos notar picos de esmectitas (E) e de quartzo (Q), que são característicos da matriz Bentonita (16; 21, 37). Leon (39) apresentou difratograma de Raios X básico de uma Bentonita brasileira semelhante ao encontrado na Bentonita comercial. 45 De acordo com a lei de Bragg, podemos calcular a distância interlamelar da argila, sendo está calculada através da lei de Bragg (equação 8) (21): Equação 8: Lei de Bragg Fonte: (1) Sendo: d= Distância interlamelar ( = Ângulo de difração = Comprimento de onda nos Raios X incidentes n= número inteiro A distância interlamelar da Bentonita utilizada é um tanto menor do que as encontradas na literatura (que giram em torno de 15 ), porém essa diferença é atribuída a origem da Bentonita (16, 21, 37). Conforme apresentado anteriormente a Bentonita apresenta grande impureza de quartzo caracterizado pelo pico em 2 = 24º, ressaltamos que este não foi removida devido a presença de dispersantes na argila comercial. Figura 14 – Difratograma de Raios X da Bentonita com APTS (Ben-APTS). 46 Figura 15 – Difratograma de Raios X da Bentonita com TMPO (Ben-TMPO). Figura 16 – Difratograma de Raios X da Bentonita com TMPT (Ben-TMPT). 47 Figura 17 – Comparativo dos Difratogramas de Raios X da Bentonita. O DRX da Bentonita natural apresentou um espaço basal de 11,51 Å, após a inserção dos organosilanos os espaçamentos obtidos foram 18,2; 17,50 e 17,28 Há respectivamente para os materiais Ben-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT. O aumento nos espaçamentos basais indica a inserção dos alcóxidos no espaço basal da Bentonita.Os demais picos característicos da Bentonita não sofrem alterações o que evidencia que a funcionalização não promove alterações nos demais planos da estrutura cristalina. (44). Ferreira (38) observou distância base de 15,06 Å em seu estudo proveniente da Bentonita do município de Boa Vista – PB, diferente dos 11,51 Å encontrados neste trabalho, porém tal Bentonita foi obtida diretamente na extração e não era comercial. 4.1.3 Termogravimetria As análises térmicas são úteis para determinar a quantidade e a decomposição dos compostos orgânicos funcionalizados na matriz, além de comprovar um aumento da estabilidade térmica do composto orgânico inserido no argilomineral, sendo tal estabilidade 48 uma evidência de funcionalização. Nas análises também pode ser visualizada a desidratação da argila. As figuras 18, 19, 20 e 21 apresentam as curvas termogravimétricas (TG) e suas respectivas derivadas (DTG) das matrizes Ben, Ben-APTS, Ben-TMPT e Ben-TMPO, respectivamente. Bentonita Natural 102 84 ºC 100 TG DTG 11,04 % 98 96 Massa % 94 92 90 0,60 % 3,21 % 88 515 ºC 86 672 ºC 285 ºC 1,14 % 84 82 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura (ºC) Figura 18 – Curvas TG e DTG da matriz Bentonita (Ben). As curvas TG e DTG apresentaram 4 etapas de perda de massa para a Ben, a primeira com temperatura abaixo de 200oC pode ser atribuída a perda de água fisisorvida com uma perda de massa de 11,04%. A segunda perda ocorre ao redor de 285 oC pode ser devido a impurezas da Bentonita. A terceira e quarta perda de massa ocorre a uma temperatura acima de 500oC é atribuída a desidroxilação da Bentonita, perda de grupos OH. Notam-se quatro etapas de perda de massa na amostra de Bentonita (Ben): 1a Etapa: a faixa de temperatura menor que 200 °C é atribuída a perda de água fisisorvida ou intercalar (intercalada dentro da lamela) onde houve uma perda de massa de 11,04% (33); 49 2a Etapa: a faixa localizada na temperatura de 285°C atribuída a água remanescente da argila ou coordenada com as estruturas octaédricas corresponde a perda de massa de 0,60%; 3a Etapa: a faixa de temperaturas pouco menor que 600°C relacionada com a perda de OH de estruturas defeituosas de montmorilonita, e houve uma perda de massa de 3,21% ; 4a. Etapa: a faixa de 600°-700 °C relacionada a perda de grupos OH das estruturas de montmorilonita que não possui defeitos e houve uma perda de 1,14% . Nas amostras com APTS, TMPT e TMPO ocorreu também uma diminuição as porcentagens de água fisosorvida e relaciona-se a isso um aumento da perda de massa acima de 300 oC, o que pode ser atribuído a matéria orgânica dos alcóxidos. Os resultados estão de acordo com a literatura (1, 21, 33, 35, 40). Segundo Ferreira (38) observou, em Bentonita de mesmo local, embora não comercial, que exibe um pico endotérmico que ocorre entre 100ºC, acompanhado pela perda de água de hidratação, um pico endotérmico entre 450ºC e 700ºC causado pela desidroxilação da esmectita, um pico endotérmico e exotérmico entre 900 e 940ºC referente à formação de cristais. Ben-APTES 102 100 78 ºC 9,71 % TG DTG 98 Massa (%) 96 94 92 0,93 % 90 6,49 % 88 488 ºC 86 278 ºC 84 649 ºC 0,75 % 82 80 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura (ºC) Figura 19 – Curvas TG e DTG da matriz Bentonita com APTS (Ben-APTS). 50 Ben-TMPO 100 81 ºC 10,80 % TG DTG Massa (%) 95 90 1,10 % 5,57 % 85 353 ºC 80 447 ºC 7,45 % 209 ºC 75 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura (ºC) Figura 20 – Curvas TG e DTG da matriz bentonita com TMPOT (Ben-TMPO). Ben-TMPT 100 78 ºC 9,59% TG DTG 95 0,92% 10,58% Massa (%) 90 85 349 ºC 428 ºC 80 4,52% 531 ºC 184 ºC 75 70 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura (ºC) Figura 21 – Curvas TG e DTG da matriz Bentonita com TMPT (Ben-TMPT). 51 Ocorreu uma diminuição nas porcentagens de água fisosorvida nas amostras com APTS, TMPT e TMPO que pode-se relacionar ao aumento da perda de massa acima de 300 oC, o que pode ser atribuído a matéria orgânica dos alcóxidos. Os resultados estão de acordo com a literatura (1, 21, 33, 35, 40). Na tabela 6 mostram-se os fenômenos de perda de massa versus aquecimento pelo TG. Tabela 6 – Temperatura (oC) e porcentagem de perda de massa através do TG. Amostra TG temperatura de perda de massa (°C) / Perda de massa (%) H2O Matéria orgânica ou dispersante desidroxilação Oxigênio da matriz ou carbono residual Ben 84 285 515 672 Ben-APTS 78 278 488 649 Ben-TMPT 78 349 428 531 Ben-TMPO 81 209 353 447 A partir das curvas apresentadas de TG e DTG podemos estimar a quantidade de alcóxido ligado por grama de amostra no processo descrito e estudado por Silva (61). Devido a descrição técnica do fabricante da Bentonita comercial se considerou que a Bentonita fosse formada basicamente por montmorilonita - (Na,Ca)0,3(Al,Mg)2Si4O10(OH)2•n(H2O), Massa molar = 549,07 g/mol. Na tabela 7 observa-se o a quantidade de alcóxido ligado devido a 1, 2 ou 3 condensações. Tabela 7 – Quantidade de alcóxido por grama de amostra calculado a partir da análise térmica Amostra Ben-APTS Ben-TMPT Ben-TMPO 3 hidrólises 1 condensação mol.g-1 0,72 0,25 0,40 3 hidrólises 2 condensações mol.g-1 0,80 0,27 0,45 3 hidrólises 3 condensações mol.g-1 0,92 0,28 0,50 Média aritmética mol.g-1 0,81 0,27 0,45 52 A quantidade de alcóxido por grama pode ser estimado através da média aritmética dos valores relativos a 1, 2 e 3 condensações pois não se sabe quantas condensações existiram. Assim estima-se 0,81 mols/g de alcóxido de Ben-APTS, 0,27mols/g de alcóxido de Ben-TMPT e 0,45 mols/g de alcóxido de Ben-TMPO. 4.1.4 Área superficial (BET). As análises de BET dos argilominerais são úteis para determinar algumas características dos materiais como a área superficial e sua porosidade. A análise se baseia na obtenção de isotermas através da quantidade de gás adsorvida e ou dessorvida por um sólido a uma temperatura constante em função da pressão do gás (21). As Figuras 22, 23, 24 e 25 mostram a Quantidade Adsorvida do gás (cm3/g) pela Pressão Relativa (p/p0) das matrizes Ben, Ben-APTS, Ben-TMPT e Ben-TMPO, respectivamente. Figura 22 – Isoterma de adsorção e dessorção Bentonita comercial. 53 Figura 23 – Isoterma de adsorção e dessorção da Bentonita funcionalizada com APTS (BenAPTS). Figura 24 – Isoterma de adsorção e dessorçãoda Bentonita funcionalizada com TMPO (BenTMPO). 54 Figura 25 – Isoterma de adsorção e dessorção da Bentonita funcionalizada com TMPT (BenTMPT). De acordo com a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) as estereses podem ser classificadas como H1, que está associada a materiais porosos com poros cilíndricos bem definidos ou aglomerados compactos uniformes próximos a esferas. Ainda de acordo com a IUPAC as isotermas podem ser classificas com IV, associadas a material mesoporoso (51). A tabela 8 mostra as áreas superficiais das matrizes, Bentonita natural e Bentonita funcionalizada. 55 Tabela 8 – Comparação das áreas superficiais das Bentonitas natural e funcionalizadas. Amostra Ben Área Superficial BET (m2/g) 57 Ben-APTS 15 Ben-TMPO 37 Ben-TMPT 16 Comparando com a literatura, a área superficial da Bentonita pode variar muito, uma vez que ela é uma mistura de argilo-minerais e sua proporção varia de acordo com a jazida. Entretanto podem-se encontrar trabalhos com valores próximos ao encontrado (21, 34, 36, 37, 41, 42). A área superficial das matrizes organofuncionalizadas diminuiu em relação a Bentonita natural, tal diminuição pode ser atribuída ao fato dos compostos orgânicos ocuparem sítios ativos da Bentonita e tal ocupação diminui os sítios ativos disponíveis para a adsorção do gás (21, 34, 36, 41, 43, 45); sendo esta uma evidência de funcionalização Que foi comprovada anteriormente pelas técnicas de DRX, FTIR e TG/DTG. 4.1.5 Ensaios de CTC com azul de metileno A tabela 9 mostra os valores de capacidade de troca catiônica nas matrizes de Bentonita natural e organofuncionalizadas: Tabela 9 Valores de CTC nas matrizes de Bentonita Argilas Ben Ben-APTS Ben-TMPT Ben-TMPO Volume de azul-demetileno utilizado (mL) 3,40 0,65 0,20 0,25 Capacidade de troca catiónica CTC (meq/100g) 68 13 4 5 Superfície específica SE (m2/g) 531 101 31 39 56 Também, através do método descrito por Magandane (32) foi possível determinar superfícies específicas no material. Leon (39) obteve pelo mesmo método para Bentonita brasileira de 80 meq/100g e SE de 791 m2/g. CTC e SE, ainda de acordo com Magandane (32) são influenciados pela pureza do argilo-mineral, pelo tamanho das partículas e pela quantidade de matéria orgânica presentes. A inserção dos alcóxidos promove a remoção dos cátions interlamelares, isto foi observado em todas as matrizes organofuncionalizadas. Ainda é importante salientar que não há comparação entre área superficial obtida pelo BET e superfície específica obtida via azul de metileno; a superfície especifica quantifica os poros internos. No caso dos materiais dispersantes encontrados na Bentonita comercial o BET não mede, pois tem impedimento estéreo, não há aproximação das moléculas do gás N2; o que não ocorre com a superfície especifica, via azul de metileno, onde sempre há adsorção nos poros e superfície (32, 62). Vieira (63) afirmou que a superfície específica via azul de metileno foi superior a área superficial obtida no BET, como aqui apresentado, e que via azul de metileno melhor se caracteriza a superfície realmente ativa das partículas. Assim, a superfície específica via azul de metileno identifica melhor a quantidade de sítios ativos na superfície. 4.1.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Nas figuras 26, 27, 28 e 29 são apresentadas as micrografias das amostras Ben, BenAPTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT. 57 Figura 26 – MEV das amostras de Ben em ampliações de 5000 e 10000 X 58 Figura 27 – MEV das amostras de Ben-APTS em ampliações de 5000 e 10000 X. 59 Figura 28 – MEV das amostras de Ben-TMPT em ampliações de 5000 e 10000 X 60 Figura 29 – MEV das amostras de Ben-TMPO em ampliações de 5000 e 10000 X. Verifica-se nas ampliações do MEV: Na Bentonita natural as estruturas em forma de lâminas e sua forma desordenada causada pela micronização industrial. Depois de organofuncionalização verifica-se um aumento de rugosidade na superfície e agregação de partículas. 61 Segundo Ávila (13) os alcóxidos provavelmente tendem a aglomerar e dar aspecto esponjoso as partículas da argila, tal efeito também foi observado nas partículas após comparar com as partículas da Ben. Como em Ferreira (38) as microscopias eletrônicas também evidenciaram as estruturas lamelares compatíveis com as esmectitas. A microscopia eletrônica também se revela consonante com Leon (39): superfície rugosa e com diferentes morfologias, que de acordo com o autor é resultado da formação complexa das Bentonitas nacionais. 4.1.7 Proposta de estrutura após funcionalização da Bentonita Após a caracterização da Bentonita comercial e das Bentonitas organofuncionalizadas se propões que os alcóxidos estão ligados entre as lamelas nas placas de silício pelos seguintes indícios: a. O incremento de espaço basal demonstrado no DRX, b. A ligação dos alcóxidos às folhas tetraédricas indicas no TG, c. A mudança de morfologia do material apresentado no MEV e d. A maior perda de massa acima de 300 oC TG relacionado ao material orgánico dos alcóxidos. A figura 30 demonstra a representação esquemática proposta da Bentonita organofuncionalizada. Figura 30 – Estrutura proposta após a funcionalização 62 4.2 ESTUDOS DE ADSORÇÃO 4.2.1 Cinética. O efeito do tempo de agitação na adsorção do íon Cr3+ em concentração de 0,06 mol.L-1 utilizando-se os adsorventes Ben, Bem-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT é ilustrado na Figura 31, onde a concentração final é relacionada ao tempo de agitação para o metal pesado Cr3+. O tempo de equilíbrio para todos os adsorventes foi de 30 minutos, este tempo de equilíbrio determina o instante em que não ocorre mais a remoção de íons Cr3+ da solução. Neste ponto a quantidade de Cr3+ que está sendo adsorvida está em estado de equilíbrio dinâmico com a quantidade de íons Cr3+ que está dessorvendo (47, 48). 0,0585 0,0580 0,0575 -1 qt(mol.g ) 0,0570 0,0565 0,0560 0,0555 0,0550 Ben Ben-TMPT Ben-TMPO Ben-APTS 0,0545 0,0540 0,0535 0 20 40 60 80 100 Tempo (min) Figura 31: Gráfico referente ao estudo cinético utilizando solução de Cr3+ com concentração inicial 0,06 mol.L-1. 63 4.2.2 Isotermas de Adsorção As isotermas dos sistemas estudados apresentadas nas Figuras 32, 34, 35 e 35 frente a remoção dos íons Cr3+ utilizando a argila comercial e funcionalizadas com APTS, TMPO e TMPT, conforme descrito na introdução, podem ser classificadas qualitativamente e quantitativamente de acordo com as suas formas que determinam o mecanismo de adsorção e, portanto refletem a natureza deste processo. Ben 0,10 0,06 -1 qe(mol.g ) 0,08 0,04 0,02 0,00 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 -1 Ce (mol.L ) Figura 32: Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente a Bentonita comercial. 64 Ben-APTS 0,10 0,06 -1 qe (mol.g ) 0,08 0,04 0,02 0,00 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 -1 Ce(mol.L ) Figura 33: Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-APTS. Ben-TMPO 0,10 0,06 -1 qe(mol.g ) 0,08 0,04 0,02 0,00 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 -1 Ce (mol.L ) Figura 34: Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-TMPO. 65 Ben-TMPT 0,10 0,06 -1 qe (mol.L ) 0,08 0,04 0,02 0,00 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 -1 Ce (mol.g ) Figura 35: Gráfico referente ao estudo de equilíbrio utilizando soluções de Cr3+ entre 0,003 e 0,1 mol.L-1 utilizando como adsorvente o material híbrido Ben-TMPT. Desta forma, as isotermas apresentadas nas Figuras 32 a 35 podem ser classificadas de acordo com os modelos propostos por Giles (47) como isotermas do tipo isoterma L-2 (Isoterma de Langmuir). E portanto, segundo o modelo proposto por Langmuir a adsorção ocorre em monocamadas e ocupa os sítios homogêneos distribuídos na superfície do sólido. Observa-se que, nas concentrações acima de 0,015 mol.L-1, há um início de saturação dando início a formação de uma segunda monocamada, o que está de acordo com o proposto pelo modelo teórico, uma vez que a adsorção do metal está tendendo ao equilíbrio. Comportamentos similares foram observados para outros materiais funcionalizados reportados por Kocaoba, Hamdaoui e Pereira (48, 49 e 50) nos quais o processo de funcionalização não altera significativamente o mecanismo de adsorção. Do ponto de vista quantitativo é possível afirmar como pode ser observado na Tabela 10, que a funcionalização favorece a adsorção dos íons Cr3+, uma vez que apresentaram qe superiores a argila comercial. Deve-se ressaltar ainda a estabilidade proporcionada pelo processo de adsorção que ocorre nos grupos funcionais organofuncionalizados no espaço basal da argila diferente do mecanismo de troca catiônica, natural nas argilas do grupo da esmectita. De acordo com o princípio de Pearson o grupo NH2 é uma base mole e pode interagir de forma efetiva com os íons Cr+ que são ácidos duros, o que justifica a elevada constante de afinidade do complexo 66 obtido após o processo de adsorção (Ben-NH2---Cr3+) e que justifica o incremento na capacidade máxima de adsorção dos materiais organofuncionalizados. Tabela 10: Capacidade máxima de adsorção (qe) obtidos a partir das isotermas experimentais dos diferentes adsorventes frente a soluções de íons Cr3+. Adsorvente qe (mol.g-1) Ben 0,08850 Ben-APTS 0,09624 Ben-TMPO 0,09761 Ben-TMPT 0,09739 Por outro lado, uma preocupação real encontrada ao se falar em adsorção é sobre qual o destino do “resíduo” adsorvente-metal adsorvido após o final do processo. Desta forma, diversos trabalhos na literatura têm reportado a aplicação de adsorventes contendo corantes ou metais pesados como materiais antibactericidas, estes por sua vez podem ser aplicados como cargas em compósitos poliméricos dentre outras inúmeras aplicações. Desta forma, outro ponto bastante promissor se encontra na viável aplicação catalítica em reações industriais importantes tais como as reações de oxidação ou epoxidação de hidrocarbonetos, ou ainda na degradação de outros efluentes contendo compostos orgânicos tais como os corantes (48, 49). 4.2.3 Linearizações Isotermas de Langmuir e Freundlich As linearizações da equação de Langmuir e Freundlich mostraram-se muito adequadas aos adsorventes Ben, Ben-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT, quando comparados aos dados experimentais da adsorção dos íons Cr3+. Todos com coeficiente de correlação maior que 0,90 o que indica o ajuste adequado aos modelos teóricos. Nas Figuras 36 a 43 observou-se que o modelo matemático ajustou-se perfeitamente em relação aos dados experimentais obtidos, e está em concordância com o proposto teoricamente no modelo de Giles (47) e testado por Kocaoba (49). 67 A Tabela 11, apresenta os valores dos coeficientes de regressão linear. A linearização para ambos os modelos mostrou boa correlação, o que indica um mecanismo de adsorção baseado no proposto por Langmuir e Freundlich, sendo o melhor ajuste em todos os casos para a isoterma de Freundlich baseado em sítios heterogêneos na superfície do sólido. Não se exclui a hipótese que um sistema em cooperação de ambos os modelos expliquem o mecanismo de adsorção nas Bentonitas organofuncionalizadas. 400 350 300 Ben Langmuir 2 R = 0,99921 250 1/qe 200 150 100 50 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1/Ce Figura 36: Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben frente à adsorção do íon Cr3+. 68 -2,0 -2,5 -3,0 ln(qe) -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 Ben Freundlich 2 R = -0.98595 -5,5 -6,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 ln (Ce) Figura 37: Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben frente à adsorção do íon Cr3+. 400 350 300 Ben-APTS Langmuir 2 R = 0,90465 250 1/qe 200 150 100 50 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1/Ce Figura 38: Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-APTS frente à adsorção do íon Cr3+. 69 -2,0 -2,5 -3,0 Ben-APTS Freundlich 2 R = 0,97387 ln(qe) -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 -5,5 -6,0 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 ln(Ce) Figura 39: Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben-APTS frente à adsorção do íon Cr3+. 400 350 300 Ben-TMPO Langmuir 2 R = 0,92088 250 1/qe 200 150 100 50 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1/Ce Figura 40: Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-TMPO frente à adsorção do íon Cr3+. 70 -2,0 -2,5 -3,0 Ben-TMPO Freundlich 2 R =0,96283 ln (qe) -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 -5,5 -6,0 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 ln(Ce) Figura 41: Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben-TMPO frente à adsorção do íon Cr3+. 350 300 Ben-TMPT Langmuir 2 R =0,94693 250 1/qe 200 150 100 50 0 0 200 400 600 800 1000 1/Ce Figura 42: Linearização da Isoterma de Langmuir para o adsorvente Ben-TMPT frente à adsorção do íon Cr3+. 71 -2,0 -2,5 -3,0 Ben-TMPT Freundlich 2 R = 0,97433 ln(qe) -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 -5,5 -6,0 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 ln(Ce) Figura 43: Linearização da Isoterma de Freundlich para o adsorvente Ben-TMPT frente à adsorção do íon Cr3+. Tabela 11: Comparação entre os coeficientes de correlação (R2) para os diferentes adsorventes estudados para os modelos de Langmuir e Freundlich. Adsorvente Coeficiente de correlação (R2) Langmuir Freundlich Ben 0,99221 0,98595 Ben-APTS 0,90465 0,97387 Ben-TMPO 0,92088 0,96283 Ben-TMPT 0,94693 0,97433 4.2.4 Eficiência de Adsorção A Figura 44 apresenta o resultado de eficiência de adsorção para a Bentonita comercial e para as amostras Ben-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT. 72 80 70 % Remoção 60 50 40 30 20 10 0 Ben Ben-APTES Ben-TMPO Ben-TMPT Adsorvente Figura 44: Porcentagem de remoção para a Bentonita comercial e para os materiais organofuncionalizados Bem-APTS, Ben-TMPO e Ben-TMPT. A taxa de remoção foi calculada utilizando o ponto de maior concentração da isoterma experimental. Comparando os dados em relação a quantidade de Cr3+ presente no início do experimento. Pode-se observar na Figura 44 que os íons Cr3+ apresentaram grande afinidade pelas argila comercial e também para a argila organofuncionalizada. Nota-se que após a funcionalização, com os alcóxidos contendo grupos NH2, os resultados foram superiores como explicado anteriormente nos dados de capacidade máxima de adsorção. Resultados promissores foram obtidos com taxas de remoção de até 74%, quando comparados a Bentonita comercial o material organofuncionalizado apresentou eficiência até 20 % maior. Quanto ao alcóxido com maior eficiência este foi o TMPO, no entanto, não existem dados suficientes para afirmar que o TMPO deveria ser adotado na organofuncionalização em detrimento aos outros, pois para tanto deveria se estudar a relação entre custo e eficiência do alcóxido. 73 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta tese foi apresentado o desenvolvimento e estudo de novos materiais híbridos, preparados pela funcionalização de uma Bentonita comercial com alcóxidos (APTES, TMPO e TMPT) e posterior estudo de adsorção de íons Cr3+.A funcionalização da Bentonita comercial foi comprovada pelas técnicas de caracterização DRX, FTIR, TG/DTG, MEV e BET. Os resultados apresentados ampliam a possibilidade de aplicação tecnológica dos materiais híbridos em diversas áreas da ciência e tecnologia. O mecanismo de adsorção pelo estudos das isotermas mostraram um encaixe com a isorterma Freundlich o que significa adsorção baseada em sítios heterogêneos na superfície do sólido. A organofuncionalização aumenta em 20% a capacidade de retenção de Cr3+ em relação a Bentonita comercial e provavelmente esta é uma retenção de maior estabilidade. A Bentonita é um material de baixo custo já utilizado em funções ambientais satisfatoriamente e abre-se possibilidade de novos usos com o aumento de capacidade de retenção de metais pesados. 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) FARIA, E. H. de. Estudo das propriedades luminescentes e catalíticas de materiais híbridos obtidos pela funcionalização de uma caulinita natural com complexos de ácidos carboxílicos. 2011. 176f. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de Franca, Franca. (2) BOSCOV, M. E. Geotecnia Ambiental. Ed. Oficina de Letras, 2. ed, 238p. São Paulo SP, 2008. (3) SANCHEZ, C. et al. Molecular Engineering of Functional Inorganic and Hybrid Materials. Chemistry of Materials. Publication 02. oct. 2013. (4) TEIXEIRA NETO, É; TEIXEIRA NETO, Â. Modificação química de argilas: desafios científicos e tecnológicos para obtenção de novos produtos com maior valor agregado. Quím. Nova, v. 32, n. 3, p. 809-817, 2009. (5) GUGGENHEIM, S.; MARTIN, R. T. Definition of clay and clay mineral: joint report of theaipea nomenclature and CMS nomenclature committees. Claysand Clay Minerals, v. 43, n. 2, p. 255-256, 1995. (6) AGUIAR, M. R. M. P. de; GUARINO, A. W. S.; NOVAES, A. C. Remoção de metais pesados de efluentes industriais por aluminossilicatos. Quim. Nova, v. 25, n. 6B, p. 11451154, 2002. (7) AMARAL, R. L.; CAVALCANTI, J. V. F. L.; CÂMARA, J. G. A.; SILVA, D. D. C. da; FERREIRA, J. M.; BARAÚNA, O. S.; ABREU, C. A. M.; MOTA SOBRINHO, M. A. Preparação e uso de uma argila organofílica como adsorvente da mistura de benzeno e tolueno. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA, 18., CONGRESSO BRASILEIRO DE TERMODINÂMICA APLICADA, 5., ENCONTRO BRASILEIRO DE ADSORÇÃO, 8., 2010. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABg9kAF/preparacao-uso-argila-organofilica-como -adsorvente-mistura-benzeno-tolueno>. Acesso em: 8 ago. 2013. (8) TOMIO, A. A mineração no mercosul e o mercado da bentonita. 1999. 118 f. Tese (Mestrado em Administração e Política de Recursos Minerais) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 75 (9) GUIMARÃES. A. M. F.; CIMINELLI, V. S. T.; VASCONCELOS, W. L. Funcionalização de argila natural com mercapto-organossiliano. Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 17., 2006, Foz do Iguaçu, 2006. (10) DÍAZ, F. R. V.; SANTOS, P. de S. Studies on the acid activation of braziliansmectitic clays. Quím. Nova, v. 24, n. 3, p. 345-353, 2001. (11) MEUNIER, A. Clays. Springer Berlin Heidelberg, New York, 2005. (12) FARIA, E. H. de; CIUFFI, K. J.; NASSAR, E. J.; VICENTE, M. A.; TRUJILLANO, R.; CALEFI, P. S.Novel reactive amino-compound:Tris(hydroxymethyl)aminomethane covalently grafted on kaolinite. Applied Clay Science, v. 48, p. 516–521, 2010. (13) ÁVILA, L. R.; FARIA, E. H.; CIUFFI, K. J.; NASSAR, E. J.; CALEFI, P. S.; VICENTE, M. A.; TRUJILLANO, R. New synthesis strategies for effective functionalization of kaolinite and saponite with silylating agents. Journal of Colloid and Interface Science, v. 341, p. 186–193, 2010. (14) FARIA, E. H. de; LIMA, O. J.; CIUFFI, K. J.; NASSAR, E. J.; VICENTE, M. A.; TRUJILLANO, R.; CALEFI, P. S. Hybrid materials prepared by interlayerfunctionalizationofkaolinitewithpyridine-carboxylicacids. Journal of Colloid and Interface Science, v. 335, p. 210–215, 2009. (15) ESTEVES, A. C. C.; BARROS-TIMMONS, A.; TRINDADE, T. Nanocompósitos de matriz polimérica: estratégias de síntese de materiais híbridos. Quim. Nova, v. 27, n. 5, p. 798-806, 2004. (16) ALBARNAZ, L. D. T. A jazida de bentonita de bañados de medina, melo Uruguai geologia, mineralogia e aplicação industrial. 2009. 57f. Dissertação (Mestrado em Geociências) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. (17) JIMENEZ, R. S.; DAL BOSCO, S. M.; CARVALHO, W. A. Remoção de metais pesados e de efluentes aquosos pela zeólita natural escolecita: influência da temperatura e do pH na adsorção em sistemas monoelementares. Quim. Nova, v. 27, n. 5, p. 734-738, 2004. (18) GILBERTO, T. J. Estudo de Voçorocas Aterradas por Resíduos. 2007. 170f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental) – Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto. (19) CETESB. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Decisão De Diretoria Nº 195-2005-E, de 23 de novembro de 2005. Disponível em: 76 http://www.cetesb.sp.gov.br/media/files/Solo/relatorios/tabela_valores_2005.pdf. Acesso em 15 out 2013. (20) ALBANEZ, N. E. F. K. Preparação e caracterização de nanocompósitos preparados com argilas esmectitas (bentonita), amido e sacarose. 2008. 112f. Tese (Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo. (21) OLIVEIRA, M. F. D. de. Estudo da modificação debentonita para a remoção de fenol em águas produzidas na indústria de petróleo. 2009. 126f. Dissertação. (Mestrado em química) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. (22) VIEIRA, E. G. Síntese e caracterização de híbridos inorgânico-orgânicos funcionalizados com tiouréia e 2,2’-dipiridilamina: aplicação em adsorção de íons metálicos, pré-concentração e catálise. 2013. 151 f. Dissertação (Mestrado em ciência dos materiais) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira. (23) SCHIMMEL, D. Adsorção de corantes reativos azul 5G e azul turquesa QG em carvão ativado comercial. 2008. 83f. Dissertação (Mestrado Engenharia Química) –Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo. (24) DEMIRBAS, E.; DIZGE, N.; SULAK, M. T.; KOBYA, M. Adsorption kinetics and equilibrium of copper from aqueous solutions using hazelnut shell activated carbon. Chemical Engineering Journal, v, 148, p. 480–487, 2009. (25) MORI, M.; CASSELLA, R. J. Estudo da sorção do corante catiônico violeta cristal por espuma de poliuretano em meio aquoso contendo do decilsulfato de sódio.Quim. Nova, v. 32, n. 8, p. 2039-2045, 2009. (26) HO, Y. S.; MCKAY, G. Pseudo-second order model for sorption processes. Process Biochemistry, v. 34, p. 451–465, Hong Kong, 1999. (27) WEI, F.; ZHANG, Y.; L. V, F.; CHU, P. K.; Y. E, Z. Extration of organic materials from red water by metal-impregnatec lignite activated carbon. Journal of Hazardous Materials, v. 197, p. 352–360, 2011. (28) ZHANG, Z.; ZHANG, Z.; FERNÁNDEZ, Y.; MENÉNDEZ, J. A.; NIU, H. PENG, J.; ZHANG, L.; GUO, S.Adsorption isotherms and kinetics of methylene blue on a low-cost adsorbent recovered from a spent catalyst of vinyl acetate synthesis. Applied Surface Science, v. 256, p. 2569–2576,2010. 77 (29) SILVA, A. S. Avaliação da capacidade de remoção de saxitoxinas por diferentes tipos de carvão ativado em pó produzido no Brasil. 2005. 115 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília. (30) SANTA CRUZ, BIOTECHNOLOGY. APTS references. Disponível em: <http://www.scbt.com/datasheet-238493-3-aminopropyltriethoxysilane.html>. Acesso em: 28 ago. 2013a. (31) ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DE ROCHA. Disponível <http://rockfluidtests.gtep.civ.puc-rio.br/ensaios_caracterizacaorochas.aspx>. Acesso 10.out.2013. em: em: (32) MAGANDANE, Jossias B. Remoção de Impurezas não Esmectíticas da Bentonite de Boane. 2013. 29f. Trabalho de licenciatura. Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique. (33) KARAPINAR, N.; DONAT, R. Adsorption behavior of Cu²+ and Cd²+ onto natural bentonite. Desalination, v. 249, p. 123–129, 2009. (34) WU, P.; WU, W.; L. I, S.; XING, N.; ZHU, N.; Lm I, P.; WU, J. Removal of Cd²+ from aqueous solution by adsorption using Fe-montmorillonite. Journal of Hazardous Materials, v. 169, p. 824–830, 2009. (35) DOĞAN, M.; TURHAN, Y.; ALKAN, M.; NAMLI, H.; TURAN, P.; DEMIRBAŞ, Ö. Functionalized sepiolite for heavy metal ions adsorption. Desalination, v. 230, p. 248–268, 2008. (36) LI, J.; MIAO, X.; HAO, Y.; ZHAO, J.; SUN, X.; WANG, L. Synthesis, aminofunctionalization of mesoporous silica and its adsorption of Cr(VI). Journal of Colloid and Interface Science, v. 318,p. 309–314, 2008. (37) VIEIRA, M. G. A.; ALMEIDA NETO, A. F.; GIMENES, M. L.; SILVA, M.G.C. Sorption kinetics and equilibrium for the removal of nickel ions from aqueous phase on calcined Bofebentonite clay. Journal of Hazar dous Materials, v. 177, p. 362–371, 2010. (38) FERREIRA, J. N. et al. Caracterização de uma argila bentonita do nordeste.50º Congresso Brasileiro de Química, 2010. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/ 2010/trabalhos/12/12-135-8015.htm. Acesso em: 28 de out de 2013. 78 (39) LEON, A. B. T. Modificação Estrutural de Bentonitas Nacionais. Tese (doutorado em engenharia). UFRS. Porto Alegre. 2002. (40) BOUNA, L.; RHOUTA, B.; AMJOUD, M.; MAURY, F.; LAFONT, M. C.; JADA, A.; SENOCQ, F.; DAOUDI, L. Synthesis, characterization and photocatalytic activity of TiO2 supported natural palygorskite microfibers. Applied Clay Science, v. 52, p. 301–311, 2011. (41) ARAÚJO, A. L. P.;BERTAGNOLLI, C.; SILVA, M. G. C. da; GIMENES, M. L.;BARROS, M. A. S. D. Zinc adsorption in bentonite clay: influence of pH and initial concentration. ActaScientiarum. Technology, Maringá, v. 35, n. 2, p. 325-332, Apr.-June, 2013. (42) EREN, E. Removal of lead ions by Unye (Turkey) bentonite in iron and magnesium oxide-coated forms.Journal of Hazar dous Materials, v. 165, p. 63–70, 2009. (43) IJAGBEMI, C. O.; BAEK, M. H.; KIM, D. S. Adsorptive performance of un-calcined sodium exchanged and acid modified montmorillonite for Ni²+ removal:esquilibrium, kinetics, thermodynamics and regeneration studies. Journal of Hazardous Materials, v. 174, p. 746– 755, 2010. (44) LEITE, I. F., et al. Caracterização estrutural de argilas bentoníticas nacional e importada: antes e após o processo de organofilizaçãopara utilização como nanocargas. Cerâmicas. v. 54. p304-308. 2008. (45) RANDELOVIC, M. S.; PURENOVIC, M. M.; ZARUBICA, A. R.; MLADENOVIC, I. D.; PURENOVIC, J. M.; MOMCILOVIC, M. Z. Fizičko-hemijskakarakterizacija bentonita i njegovaprimena u uklanjanju Mn²+iz vode. Hem. Ind., v. 65, n. 4, p. 381–387, 2011. (46) SCIENCE DIRECT. Pesquisa com o termo Bentonita em artigos científicos. Disponível em: http://www.sciencedirect.com. Acesso em: 28 ago. 2013. (47) GILES, C.H.; SMITH, DAVID; HUITSON, A. . A general treatment and classification of the solute adsoption isotherm. Jornal of colloid and interace science. v. 3, n. 4, jun., 1974. (48) HAMDAOUI, O; NAFFRECHOUX, E.. Modeling of Adsorption isotherms of phenol and chlorophenols onto granular activatec carbon, part I and II. Jornal of hazardouz materials. n. 147, p. 381-394, 2007. (49) KACAOBA, S.. Comparison of Amberlite IR 120 and Dolomite’s performances for removal of heavy metals. Jornal of hazadours materials. 2007. 79 (50) PEREIRA, M.P.. Síntese e caracterização de zeólitas obtidas a partir de argilas naturais para adsorção de corantes. Relatório final, núcleo de pesquisa em ciências exatas e tecnológicas. Universidade de Franca, 2013. (51) LOWELL, et al. Caracterization of porous soilids and powders. Springer. 2003. (52) DA SILVA, T. H., et al., "Immobilization of metallophthalocyanines on hybrid materials and in-situ synthesis of pseudo-tubular structures from an aminofunctinalized kaolinite", dyes and pigments, 10 (2014) 17-23. (53) BANDEIRA L. C., et al., “Preparation of composites of laponite with alginate and alginic acid polysaccharides", Polymer International, 61 (2012) 1170-1176. (54) MARÇAL, L. DE FARIA, E. H., SALTARELLI, M. CALEFI, P. S., NASSAR, E. J., CIUFFI, K. J., TRUJILLANO, R. VICENTE, M. A., KORILI, S. A., GIL, A., “Aminefunctionalized titanosilicates prepared by the sol-gel process as adsorbents of the Azo-Dye orange II”, Industrial and Engineering Chemistry Research, 50(1) (2011) 239-246. (55) AVILA L.R., et al., “New synthesis strategies for effective functionalization of kaolinite and saponite with silylating agents”, Journal of Colloid and Interface Science, 341(1) (2010) 186-193. (56) . DE FARIA E. H, , “Hybrid materials prepared by interlayer functionaliztion of kaolinite with pyridine-carboxylic acids”, Journal of Colloid And Interface Science, 335(2) (2009) 210 – 215. (57) NASSAR E. J. , et al., ”Spherical hybrid silica particles modified by methacrylate groups”, Journal Sol-Gel Science and Technologies, 43(1) (2007) 21-26. (58) NASSAR E. J., , et al. “Influência da Catálise Ácida e Básica na Preparação da Sílica Funcionalizada pelo Método Sol-Gel”, Química Nova, 25(1), (2002), 27. (59) DETELLIER, C., et al.; Applied Clay Science, v.42,. (2008) p.95. (60) KURODA, K. KATO, C. Preparation of organolsilicate compounds from phlogopipe by trimetrhylsilylation. v.26, (1978), p.418-422. (61) SILVA,T.H ; REIS, M. J. ; FARIA, E. H. ; CIUFFI, K. J. ; NASSAR, E. J. ; CALEFI, P. S. . Study of Reliability if Thermal Analysis Technique in the Quantification of Organic 80 Material in phiysical Mixture of Kaolinite and Tris(hidrxymethyl)aminomethane. Brazilian Journal of Thermal Analysis, v. 01, p. 15-18, 2012. (62) NEUMANN, R.; SCHNEIDER, C. Considerações sobre a geração de superfície específica em minérios de ferro porosos. XIX ENTMME – Recife, Pernambuco (2002) - . CT2002-176-00. (63) VIEIRA, M. C. R. Adsorção de metais pesados nas partículas em suspensão nas águas naturais, influência das características físico químicas da superficie. Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto. Dissertação de Mestrado. (2000) – Portugal.