a apropriação das redes sociais pelos veículos jornalísticos
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a apropriação das redes sociais pelos veículos jornalísticos
BRUNO GATTI MARTINS GUERRA A APROPRIAÇÃO DAS REDES SOCIAIS PELOS VEÍCULOS JORNALÍSTICOS TRADICIONAIS – A UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK PELA FOLHA E ESTADÃO Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do curso de Pós Graduação Latu Sensu, para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital, sob orientação da Prfª Ms. Daniela Bertocchi. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicação e Artes Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo Curso de Pós-Graduação (Latu Sensu) de Especialização de Gestão Integrada da Comunicação Digital São Paulo – 2011 3 Autor: Bruno Gatti Martins Guerra Título: A apropriação das redes sociais pelos veículos jornalísticos tradicionais – a utilização do Facebook pela Folha e Estadão Presidente da Banca:__________________________________________ Banca Examinadora: ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ Aprovada em: ____/____/____ 4 Dedicatória Aos meus pais Antonio Carlos Martins Guerra e Zuleide de Moraes Gatti Guerra, por terem contribuído tanto para o que eu sou hoje. À minha esposa, Fernanda, pela paciência e companheirismo que demonstrou enquanto eu me dedicava a este trabalho. A todos aqueles que não me deixaram desistir. 5 Agradecimentos Obrigado à professora Daniele Bertocchi, pela paciência e pelas orientações providenciais. 6 Resumo O trabalho examina os impactos da consolidação de um paradigma socioeconômico digital e em rede nas atividades das empresas jornalísticas tradicionais. Apresenta dados que demonstram a influência da web e das redes sociais sobre a audiência de jornais impressos e suas versões digitais e faz uma análise da presença de dois dos principais jornais brasileiros – Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo – no Facebook, além de listar algumas recomendações para melhorar os resultados desses veículos no que diz respeito à recepção dos conteúdos postados nessa rede social. Palavras-chave: Internet, Redes Sociais, Facebook, Jornalismo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo. 7 LISTA DE FIGURAS Fig. 1 Número total de posts ao longo do período e número de fãs na Folha de S. Paulo...............................................................................................................36 Fig. 2 Número total de posts ao longo do período e número de fãs no Estado de S. Paulo................................................................................................................36 Fig 3. Número de posts por formato (texto, texto mais imagem, foto, infográfico, post mais vídeo ou enquete) na Folha de S. Paulo....................................................................................................................37 Fig 4. Número de posts por formato (texto, texto mais imagem, foto, infográfico, post mais vídeo ou enquete) no Estado de S. Paulo....................................................................................................................37 Fig. 5. Número de Posts por dia da semana na Folha de S. Paulo.......................39 Fig. 6. Número de Posts por dia da semana no Estado de S. Paulo....................................................................................................................39 Fig. 7. Número de Posts por editoria na Folha de S. Paulo.................................41 Fig. 8. Número de Posts por editoria no Estado de S. Paulo...............................42 Fig. 9. Número de Posts por período (matutino, vespertino, noturno) na Folha de S. Paulo................................................................................................................44 Fig. 10. Número de Posts por período (matutino, vespertino, noturno) no Estado de S. Paulo...........................................................................................................44 Fig. 11. Número de posts com Links na Folha de S. Paulo.................................46 Fig. 12. Número de posts com Links no Estado de S. Paulo...............................46 Fig. 13. Redirecionamento dos links na Folha de S. Paulo.................................48 Fig. 14. Redirecionamento dos links no Estado de S. Paulo...............................48 Fig. 15. Relação de Posts x Likes (totais) na Folha de S. Paulo..........................50 Fig. 16. Relação de Posts x Likes (totais) no Estado de S. Paulo........................50 Fig. 17. Relação de Posts x Comentários no Facebook (totais) na Folha de S. Paulo....................................................................................................................50 Fig. 18. Relação de Posts x Comentários no Facebook (totais) no Estado de S. Paulo................................................................................................................50 8 Fig. 19. Relação de Posts x Recomendações do site para o Facebook na Folha de S. Paulo................................................................................................................51 Fig. 20. Relação de Posts x Recomendações do site para o Facebook no Estado de S. Paulo...........................................................................................................51 Fig. 21. Relação de Posts x Comentários no site* na Folha de S. Paulo.............51 Fig. 22. Relação de Posts x Comentários no site* no Estado de S. Paulo...........51 Fig. 23. Relação de Likes x Comentários no Facebook x Recomendações do site para o Facebook x Comentários no site na Folha de S. Paulo.............................53 Fig. 24. Relação de Likes x Comentários no Facebook x Recomendações do site para o Facebook x Comentários no site no Estado de S. Paulo...........................53 Fig. 25. Relação de Enquetes x participantes na Folha de S. Paulo....................54 Fig. 26. Relação de Enquetes x participantes no Estado de S. Paulo..................54 Fig. 27. Média de likes x Formato de post no Facebook na Folha de S. Paulo...56 Fig. 28. Média de likes x Formato de post no Facebook no Estado de S. Paulo.56 Fig. 29. Média de comentários no Facebook x Formato do post na Folha de S. Paulo....................................................................................................................57 Fig. 30. Média de comentários no Facebook x Formato do post no Estado de S. Paulo....................................................................................................................57 Fig. 31. Média de recomendações do site para o Facebook x Formato do Post na Folha de S. Paulo.................................................................................................58 Fig. 32. Média de recomendações do site para o Facebook x Formato do Post no Estado de S. Paulo...............................................................................................58 Fig. 33. Média de likes x Período de postagem na Folha de S. Paulo.................61 Fig. 34. Média de likes x Período de postagem no Estado de S. Paulo...............61 Fig. 35. Média de comentários no Facebook x Período de Postagem na Folha de S. Paulo................................................................................................................62 Fig. 35. Média de comentários no Facebook x Período de Postagem no Estado de S. Paulo................................................................................................................62 Fig. 36. Média de Recomendações do site para o Facebook x Período de postagem na Folha de S. Paulo............................................................................63 Fig. 37. Média de Recomendações do site para o Facebook x Período de postagem no Estado de S. Paulo..........................................................................63 Fig. 38. Posts por editoria x likes no Facebook (total) na Folha de S. Paulo......65 9 Fig. 39. Posts por editoria x likes no Facebook (total) no Estado de S. Paulo....66 Fig. 40 Média de comentários no Facebook x Editoria na Folha de S. Paulo.....67 Fig. 41 Média de comentários no Facebook x Editoria no Estado de S. Paulo...68 Fig. 42. Média de recomendações do site para o Facebook x Editoria na Folha de S. Paulo................................................................................................................69 Fig. 43. Média de recomendações do site para o Facebook x Editoria no Estado de S. Paulo...........................................................................................................70 10 Sumário Resumo e palavras-chave..................................................................................................7 Lista de figuras..................................................................................................................8 Introdução........................................................................................................................13 Capítulo 1 OS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DAS EMPRESAS JORNALÍSTICAS TRADICIONAIS NO CONTEXTO DIGITAL..............................................................17 1.1 - Empresas jornalísticas tradicionais x web: protagonismo ameaçado..........18 1.2 - Dos sites de notícias para as mídias sociais – a disputa pela audiência se aprofunda.......................................................................................................22 Capítulo 2 A MÍDIA HOJE: A IMPORTÂNCIA DO COMPARTILHAMENTO..............................................................................................26 2.1 - Facebook: a rede social como “primeira página”........................................30 Capítulo 3 AS PÁGINAS DA FOLHA E DO ESTADO NO FACEBOOK: ESTRATÉGIAS E INDICADORES DE RECEPÇÃO DOS LEITORES......................35 Capítulo 4 ANÁLISE DA PESQUISA – VISÃO GERAL.............................................72 4.1 Diferentes formatos, diferentes resultados.....................................................73 4.2 Cada coisa a seu tempo..................................................................................75 4.3 Curadoria “mal resolvida”.............................................................................76 4.4 Compartilhar é o futuro..................................................................................77 11 Conclusão........................................................................................................................79 Recomendações...............................................................................................................83 Referências Bibliográficas...............................................................................................87 12 INTRODUÇÃO O estágio atual de desenvolvimento das tecnologias da informação e a consequente consolidação de um paradigma socioeconômico digital e em rede afetaram, como tantas outras áreas do conhecimento humano, mas talvez mais dramaticamente que as demais, a comunicação social. Nesse contexto, o advento da web, seu desenvolvimento e crescente popularização, e o surgimento posterior de canais conhecidos como redes e mídias sociais tiveram um grande impacto nas atividades das empresas jornalísticas tradicionais do mundo todo. A multiplicação de emissores – os próprios indivíduos, cuja voz foi amplificada por canais sociais acessíveis a praticamente todos, conquanto tivessem acesso à internet – e, portanto, de discursos, bem como a fragmentação da audiência causada por essa dissolução da influência, passou a ser um problema para os veículos tradicionais, historicamente apoiados na unilateralidade e no monopólio das atenções. As quedas recorrentes na circulação das edições impressas de jornais do mundo todo, bem como a posterior consolidação dos canais sociais como importantes fontes de tráfego para as versões digitais das publicações jornalísticas denotam a “crise existencial” causada pela evolução tecnológica e pela qual passam as empresas ou marcas jornalísticas atualmente. Foi diante desse contexto que decidi direcionar este trabalho para o impacto da web 2.0 e das redes sociais – o Facebook, mas especificamente – nas estratégias das empresas jornalísticas brasileiras tradicionais que já tivessem vencido com sucesso (ainda que este adjetivo possa ser relativizado) a etapa de mera transposição de seus conteúdos impressos e apresentassem versões digitais bem resolvidas e relevantes 13 atualmente. Nosso objetivo geral foi o de examinar mais de perto as implicações desse novo paradigma para os veículos de mídia tradicional, de forma global, e, mais especificamente, analisar a reação dos veículos nacionais frente a essa nova era informacional. Para tanto, em termos metodológicos, decidimos coletar, tabular e analisar as postagens feitas pelas páginas oficiais (às quais se pode referir futuramente com sua denominação original “fan pages”) da Folha de S. Paulo e do Estado de S. Paulo, dois dos principais jornais do Brasil em termos de circulação impressa, ao longo de uma semana (de segunda a sexta-feira, entre os dias 09 e 15 de maio, período jornalisticamente “neutro”, sem fatos extraordinários que pudessem afetar quantitativa e qualitativamente a cobertura midiática). A coleta de dados foi realizada durante os dias 25, 26 e 29 de maio de 2011, e observou diversos indicadores relacionados aos posts: data, horário, e chamada do post (texto publicado no Facebook); formato do post (texto mais link de destino, texto mais link e imagem do link de destino, texto mais foto do álbum da página e link de destino, texto mais infográfico com ou sem link de destino, post mais vídeo com ou sem link de destino e enquete do Facebook); link da postagem no Facebook; link de destino (caso houvesse); local de destino dos links; editoria contemplada; número de “Curtir” ou “Likes”, no original (opção interativa dada ao usuário da rede social, e que publicamente “avisa” aos amigos do 14 internauta que tipo de conteúdo chamou a atenção dele, ao mesmo tempo em que vincula aquele perfil a avisos das demais atividades ocorridas com relação àquela postagem, como comentários subsequentes, por exemplo) acumulados; comentários acumulados no Facebook; recomendações partindo do site – onde estavam publicadas as reportagens correspondentes aos links de destino – para o Facebook; comentários registrados no site para as reportagens selecionadas para divulgação no Facebook. Posteriormente, esses dados foram cruzados de diversas formas, e transformados em gráficos (contidos mais à frente neste trabalho) de forma a ajudar este pesquisador a alcançar pelo menos cinco objetivos específicos interdependentes: (1) quantificar e qualificar as postagens desses dois jornais, bem como (2) relacionar as diversas variáveis aplicáveis a elas (como horário e formato, por exemplo) com as respostas dos leitores para estes conteúdos, divididas em quatro categorias interativas principais (“Curtir” ou “Likes, comentários no próprio Facebook, recomendações a partir dos sites dos veículos para o Facebook e comentários nos próprios sites dos veículos) para então (3) compor uma análise das estratégias adotadas por esses veículos (e dos resultados delas) na tentativa de (4) estabelecer uma presença relevante no Facebook, bem como, baseado na observação, (5) listar algumas práticas que poderiam auxiliá-los neste percurso. A pergunta que nos guiou ao longo do estudo foi: Estariam esses jornais aproveitando todo o seu potencial nesse novo canal de comunicação com sua audiência? Conforme veremos ao longo deste trabalho, apropriar-se com qualidade desses canais sociais parece ser uma das provas que as empresas jornalísticas terão que enfrentar para manter sua relevância e seu próprio modelo de negócios nesse novo 15 milênio. Assim se justifica esse exame mais criterioso da apropriação da lógica, linguagem e possibilidades do Facebook (entre tantos outros canais sociais) por dois dos principais jornais do nosso país. 16 1 OS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DAS EMPRESAS JORNALÍSTICAS TRADICIONAIS NO CONTEXTO DIGITAL A consolidação de um paradigma socioeconômico digital e em rede - calcado no advento, desenvolvimento exponencial e posterior (e constante) popularização da internet e suas ramificações – afetou dramaticamente uma infinidade de processos humanos existentes na contemporaneidade, ainda que não necessariamente nela criados e/ou formatados. Conforme aponta Castells: Redes constituem a nova morfologia de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão penetrante em toda a estrutura social. (CASTELLS, 1999, p.497) Essa influência determinante da chamada sociedade em rede (CASTELLS, 1999) atua de maneira transformadora na cultura e - talvez mais palpável e radicalmente do que na maioria dos outros setores da produção humana - na comunicação, de maneira ampla e irrestrita, estabelecendo rupturas como a proliferação acelerada das mensagens e dos fluxos comunicacionais, a redistribuição dos polos emissores, a socialização da influência e do poder no ato de comunicar. Nos últimos anos, grande parte dos processos relativos à produção, disseminação e consumo de informações (enquadrando-se aí as notícias, matéria-prima do modelo de negócio jornalístico), navegaram ao sabor do desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação (TIC), e as mídias e redes sociais da chamada web 2.0 (termo cunhado em 2004 por Tim O‟Reilley, e que diz respeito a uma utilização mais participativa e focada no usuário da rede) parecem ser a expressão mais recente dessa lógica, uma vez que ampliam consideravelmente as formas de se consumir informação, e de interagir com ela – remixá-la, disseminá-la, contextualizá-la e daí por diante. 17 As empresas jornalísticas, emissores historicamente apoiados em fluxos e mensagens verticais (“de cima para baixo”) unilaterais e “fechadas” (pode-se argumentar que tidas como “definitivas” pelos receptores, o “indivíduo comum”), atualmente deparam-se com um cenário descortinado pelos estudiosos da Nova Mídia (New Media, no original), que delimitaram a passagem progressiva que separa o “um para um” da comunicação interpessoal do “um pra muitos” da mídia de massa do “muitos para muitos” (“individuação”) (CROSBIE, 2002). Nesse contexto, a pluralidade de discursos, a valorização da diversidade e a facilitação da publicação e troca de conteúdos e opiniões constituem, se não uma ameaça, em uma avaliação mais extremista, pelo menos um fator extremamente impactante no que diz respeito à disputa pela audiência, credibilidade e aceitação. 1.1 Empresas jornalísticas tradicionais x web: protagonismo ameaçado “Nos dias de hoje todos sabem que umas das notícias mais quentes que um jornal poderia publicar seria a cobertura de sua própria morte”, disse em 2009 o analista norte-americano especializado em uso de mídias sociais para jornais Woody Lewis (LEWIS apud SAAD, 2010, p.21)1. A frase resume de certa forma a sensação disseminada entre boa parte dos profissionais e estudiosos de comunicação de que a imprensa tradicional como modelo de negócio pode entrar em colapso a qualquer momento, frente à concorrência estabelecida por conta do advento e posterior popularização da internet e suas inúmeras possibilidades. Nos últimos anos, inúmeras reportagens amplamente divulgadas em diversas mídias deram conta de uma “crise” que se instalara no modelo de negócios do 1 LEWIS, Woody. Social journalism: past, present and future. Publicado em 07/04/2009. Disponível em: <http://mashable.com/2009/04/07/social-journalism/>. 18 jornalismo tradicional, principalmente relacionadas à queda na circulação dos jornais impressos (principalmente nos Estados Unidos, mas também no Brasil) – um possível efeito colateral da popularização da internet como forma de buscar ou receber notícias. A indústria dos jornais, já sofrendo com problemas de circulação, pode estar olhando para seus piores números em mais de uma década. Números de circulação a ser divulgados hoje pelo Audit Bureau of Circulations provavelmente irão mostrar um declínio da indústria de 1% a 3%, de acordo com pessoas familiares à situação – possivelmente o mais alto para jornais diários desde que a indústria perdeu 2,6% de seus assinantes em 1990-91. (The Wall Street Journal Online, 2005, tradução minha) 2 A circulação de jornais impressos caiu 3,6 por cento nos Estados Unidos segundo dados apresentados por um grupo da indústria nesta segunda-feira, refletindo uma migração dos leitores para a Internet e esforços das editoras em modernizar seus negócios. Os números foram divulgados pelo Audit Bureau of Circulations e compara os seis meses findos em março de 2008 com o mesmo período um ano antes. (G1, 2008)3 O diretor editorial do Grupo Folha, Otavio Frias Filho, considera que os jornais de interesse geral (em oposição aos regionais e populares) perderam 12% de circulação no ano passado, segundo o Valor, editado por uma sociedade controlada pelos grupos Folha e Globo. O impacto da internet é considerado outro fator para a queda da circulação. Leitores deixariam de comprar o jornal para lê-lo de graça na web. A ação dos agregadores, como Google e Yahoo!, também desencorajariam a compra de jornais. Outro fator seria a clipagem de matérias. Centenas de assinaturas deixaram de ser renovadas porque as empresas agora preferem receber um clipping eletrônico. (Último Segundo, 2010)4 Dados compilados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) apontam que, em 2009, a circulação somada dos 20 maiores jornais brasileiros caiu 6,9%. Segundo o Último Segundo, os jornais cariocas O Dia e Meia Hora apresentaram queda de 31,7% e 19,8%, respectivamente. (Portal Imprensa, 2010)5 E, ao mesmo tempo em que se noticia a diminuição do consumo do jornal de papel, surgem dados que apontam a utilização crescente da web como plataforma de entretenimento, informação e socialização. As pesquisas “Digital Year in Review 2 ANGWIN, Julia; HALLINAN, Joseph. Newspaper Circulation Continues Decline, Forcing Tough Decisions. Publicado em 02/05/2005. Disponível em: <http://online.wsj.com/public/article/SB11149991960862187572vA7sUkzSQ76dPiTXytqgOMS5A_20050601.html> 3 REUTERS. Circulação de jornais nos EUA cai 3,6% com concorrência da Web. Publicado em 28/04/2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL429055-6174,00.html>. 4 ÚLTIMO SEGUNDO. Circulação de jornais cai 3,46% em 2009. Publicado em 10/03/2010. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/circulacao+de+jornais+cai+346+em+2009/n1237588031942.html > 5 PORTAL IMPRENSA. IVC aponta que circulação dos vinte maiores jornais do Brasil caiu 6,9% em 2009. Publicado em 03/02/2010. Disponível em: <http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/02/03/imprensa33560.shtml> 19 2010”, divulgadas pela comScore Media Metrix em fevereiro, subdivididas por regiões do globo, apontaram um crescimento de 8% no número de pessoas com 15 anos ou mais e que acessam a web em casa ou no trabalho em todo o planeta com relação a 2009. A mesma pesquisa aponta o número de internautas espalhados pelas principais regiões do globo e o crescimento com relação ao ano anterior (na mesma faixa etária supracitada): Ásia-Pacífico – 534 milhões (+6%); Europa – 361,7 milhões (+8%); América do Norte – 204 milhões (+3%); Oriente Médio e África – 112,5 milhões (+32%) América Latina – 111,4 milhões (+15%). Nesse contexto, o Brasil é uma estrela em ascensão. A mesma pesquisa da comScore aponta que são 40 milhões de usuários de internet no país (15+; podendo chegar a 77,3 milhões em um universo estendido de pesquisa), a maior população online da América Latina. O dado estendido é confirmado pelo IBOPE Nielsen Online, que apontou que o número de pessoas com acesso à internet no país atingiu 73,9 milhões no quarto trimestre de 2010. O Brasil também lidera a média de tempo online no continente, de acordo com a comScore: são 24,3 horas por mês, contra 24,1 do México, segundo colocado no ranking. Postos assim, os dados referentes ao aumento no número de pessoas que acessam a web no mundo todo cruzados com informações que revelam uma preferência cada vez maior pelo consumo de notícias online em praticamente todos os países onde a web já está consolidada e largamente disponível ajudam a entender o que se tem considerado como o ocaso dos jornais de papel. 20 O estudo “The State of the News Media 2011” divulgado no início de 2011 pelo Pew Research Institute facilita esse cruzamento. De acordo com o documento, a queda na circulação de jornais nos Estados Unidos – muito acentuada durante a crise econômica de 2009 – continuou em 2010, ainda que com números um pouco mais otimistas. Registrou-se um decréscimo de 5% em dias de semana e de 4,5% aos domingos (em 2009 as perdas em circulação seriam o equivalente ao dobro disso, segundo o Pew Research Institute). Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que, em dezembro de 2011, 41% dos americanos citaram a internet como o local onde eles obtinham “a maioria das notícias sobre assuntos nacionais e internacionais”, um aumento de 17% com relação ao ano anterior. Ainda de acordo com o estudo, 46% dos americanos afirmaram ler notícias online pelo menos três vezes por semana, superando os jornais (40%) pela primeira vez na história, e a mídia online foi a única a observar aumento na audiência (17,1%). Agora, nos EUA, apenas a TV continua mais popular que a web quando o assunto são notícias (50%). No Brasil, encontramos uma situação semelhante. Ao mesmo tempo em que se observa a queda na circulação de jornais impressos (conforme extratos de reportagens supracitadas neste capítulo), de acordo com a pesquisa “F/Radar – 7ª Edição”, divulgada em abril de 2010 pela F/Nazca, 60% dos internautas já substituíram a plataforma tradicional (TV, rádio ou cinema) pela internet para assistir ou ouvir programas ou filmes. A pesquisa também dá conta de que a internet é o segundo meio preferido do total de entrevistados para consumir notícias (22%), atrás apenas da TV (59%), e superando rádio (8%), jornais impressos (6%) e revistas (2%). Ainda de acordo com o estudo, a internet já supera a TV entre os brasileiros de 12 a 15 anos e entre aqueles com ensino superior. Na classe AB, os dois meios empatam tecnicamente (TV com 43% e internet com 42%). Entre os entrevistados que têm acesso à internet, a popularidade 21 desse meio na busca por notícias cresce, apesar de manter-se a preferência pela TV. Com esse recorte, 59% dos entrevistados afirmaram preferir a televisão, contra 40% dos que gostam mais da internet para esse fim (note-se o aumento expressivo), 7% para o rádio, 4% para jornal impresso e os mesmos 2% para revistas. Pode-se aferir, portanto, que tanto no caso dos EUA quanto do Brasil, a internet tem desempenhado um papel importantíssimo na migração de leitores a partir dos jornais impressos. Para que recorrer ao jornal de papel se é possível ler as mesmas notícias na internet e de graça, parece ser a questão determinante neste momento da história do jornalismo como atividade econômica (observando-se aqui a transição já consolidada da “era da transposição” para um momento em que as empresas jornalísticas detentoras de jornais impressos passam a disponibilizar um conteúdo exclusivo e gratuito para a web, além de versões adaptadas de suas notícias publicadas nos diários de papel). 1.2 Dos sites de notícias para as mídias sociais – a disputa pela audiência se aprofunda Se antes do advento da web 2.0 o comportamento esperado de um leitor de jornal, por exemplo, era ler as notícias, comentá-las com a família e amigos e talvez escrever uma carta à redação e esperar pela próxima edição, hoje é possível instantaneamente compartilhar uma reportagem publicada na rede com todos os seus contatos por meio de links colocados em e-mails ou em plataformas sociais, comentá-la, criticá-la ou elogiá-la, utilizá-la como subsídio para provar ou refutar um ponto, negá-la, provar o contrário, reproduzi-la - acrescida ou não de comentários - em um blog, tudo 22 isso diante de uma multidão de pessoas que compõem a rede de relacionamentos de um determinado usuário. Mais que um simples complemento, ou meio de desova, desligado, em termos de concorrência, das empresas jornalísticas, esses novos meios, em particular as mídias e redes sociais da web 2.0 parecem colocar-se como candidatos a suplantar – em parte – os próprios veículos de comunicação, ainda que estes últimos tenham uma presença mais ou menos eficiente na web. Se um determinado usuário de redes sociais tem à disposição dezenas de manchetes e conteúdos jornalísticos (e aí se pode argumentar que grande parte do conteúdo publicado por quem utiliza essas plataformas sociais remete a veículos de comunicação como sites de notícias e portais noticiosos) postados por seus amigos, familiares, colegas de trabalho e de estudo e outros influenciadores nativos da própria internet, além de um enorme leque de agregadores como Google News e assinaturas RSS especificamente distribuídas por áreas de interesse, é evidente que mesmo os veículos já instalados – por assim dizer – na web irão sofrer com esse tipo indireto de concorrência, acrescido do fato de que uma vez que uma notícia, quando publicada na rede, não tem mais dono e está passível de sofrer os processos já citados aqui de remixagem, contextualização, entre outros. As relações estabelecidas entre um internauta e sua rede de amigos nas redes sociais parecem funcionar, atualmente (e numa amplificação digital do que sempre aconteceu), como uma “curadoria de conteúdo”. Nesse contexto, um conteúdo jornalístico publicado por um amigo em qualquer rede social rivaliza em termos de capacidade de chamar a atenção com as manchetes distribuídas em sites e portais de notícias. Tem-se aí, nessa diluição dos polos emissores, um dos principais dilemas das empresas jornalísticas neste novo século. Como definem Elisabeth Saad Corrêa e Marcelo Coutinho (2009): 23 O advento das mídias sociais trouxe como impacto mais evidente a fusão de papéis entre emissor e receptor, deixando fluido o polo de emissão, e quebrando o padrão e a metodologia de produção da informação. Configura-se uma outra (não nova) estrutura operacional para a P&C [produção e consumo] da informação na sociedade e, consequentemente, possíveis transformações na estrutura de sustentação econômica e de configuração de mercado para esse cenário. Agora, a geração de lucros e a viabilidade dos negócios de informação digital passa também pela capacidade de geração de fluxos e trocas entre participantes de redes sociais, e não mais unicamente na concentração de tráfego/audiência num determinado ambiente informativo na rede. A conhecida zona de conforto do razoavelmente bem sucedido modelo de negócios das mídias tradicionais [falamos do modelo de negócio onde a publicidade é a principal fonte das receitas dos veículos, tendo por base o volume de circulação e/ou audiência produzidos pelo veículo] transposto para os websites informativos e grandes portais perde eficiência quando falamos de fluxo. A situação é exposta em mais dados relacionados ao consumo da informação na web. Em 2010, no Brasil e no mundo, a distribuição do volume de acessos foi maior para os mecanismos de busca (86% e 85%) e para as redes sociais (85%/70%) do que para os sites de notícias (59% e 60%), de acordo com os dados das pesquisas “Digital Year in Review 2010”, divulgadas pela comScore Media Metrix. A supracitada pesquisa “F/Radar” mostra que, entre os entrevistados que preferem a internet para o consumo de notícias (em respostas de múltipla escolha), 55% afirmaram recorrer a mecanismos de busca (Google) para buscar essas notícias, enquanto 51% vão às redes sociais (YouTube, Orkut, Twitter), contra 37% de portais Portais (IG, Yahoo, UOL, MSN, Terra, Globo.com etc), 33% de sites de notícias, 25% de sites de mídias impressas (jornais e revistas/editoriais), 20% de sites de emissoras (TV e rádio) e 7% de blogs. Enquanto isso, pesquisa global da CNN divulgada no final de 2010 mostrou que 43% das notícias online são compartilhadas por meio das mídias sociais. Os números denotam um aprofundamento da crise dos jornais impressos, com uma implicação ainda mais perigosa. Não basta estar na web, pois mesmo dentro dela haverá a concorrência com outros atores sociais. Depois da ameaça da web sobre o 24 jornalismo impresso, agora se configura a ameaça das redes sociais frente aos portais e sites de notícias na disputa pela audiência. Pode-se, portanto, neste momento da história, argumentar que a crise instalada na indústria jornalística passa por duas questões interdependentes. A primeira é a perda do protagonismo – ou a ameaça disso –, causada pelo advento e popularização da web, seus desdobramentos em plataformas sociais e suas consequências para um modelo de negócio calcado na relevância, credibilidade e concentração do discurso desencadeador de debates (a que se reforçar o “desencadeador”). A segunda, diretamente relacionada à primeira, são os desafios inerentes ao estabelecimento de estratégias de atuação nesse novo paradigma. Uma forma sustentável de apropriar-se novamente de algum controle, relevância e protagonismo nesse contexto digital e social parece ser o dilema da sobrevivência das empresas jornalísticas atualmente. Essa questão será melhor analisada nos próximos capítulos deste trabalho. 25 2 A MÍDIA HOJE: A IMPORTÂNCIA DO COMPARTILHAMENTO Como vimos até aqui neste trabalho, a discussão sobre os impactos da popularização da web no consumo de notícias em plataformas tradicionais (jornais de papel, mais especificamente) já passou de mero exercício de futurologia para um debate calcado em dados. E estes apontam para a crescente migração de audiência dos veículos impressos para suas versões online, mecanismos de busca, agregadores e, finalmente, as redes sociais. Examinar um pouco mais de perto os pormenores desse último “salto” na evolução do consumo de notícias parece pertinente a esta altura do trabalho. Em artigo escrito em 2008, o colunista da revista digital Slate, Jack Shafer, já tratava das causas por trás do possível ocaso dos jornais impressos. Segundo o autor, uma das principais atribuições dos jornais – e, consequentemente, uma das razões para sua audiência – era o de cunhar o que ele chama de “social currency” (ou moeda social, em tradução livre para o português, uma derivação do conceito de capital social 6), uma espécie de combustível informativo para as interações sociais corriqueiras. Nas palavras dele: Não muito tempo atrás, o jornal diário era um cunhador indispensável de moeda social, e dava a seus leitores pilhas dela a cada edição. A frase, que vem da sociologia, é frequentemente usada para descrever as informações que adquirimos e depois trocamos ou doamos para iniciar, manter e cultivar relacionamentos com nossos semelhantes. (...) Desde que qualquer um se lembre, o jornal tem sido o principal nó de informação através do qual as pessoas interagiam. Oh, as pessoas poderiam ter conversado com o engraxate ou seu corretor sobre o que eles ouviram no rádio ou viram na televisão, mas nada poderia bater o jornal como fonte para lubrificação social das conversas. Quantas vezes você já ouviu uma conversa começar com "Você viu aquele artigo..."? (Slate Magazine, 2008, tradução minha) 7 De acordo com Shafer, a popularização das redes e mídias sociais afetou o protagonismo dos jornais impressos na medida em que possibilitavam que pessoas 6 Para uma definição mais aprofundada do conceito, ver Bourdieu, P. (2002). Esboço de uma teoria prática: precedido de três estudos de etnologia Cabila. Oeiras: Celta. 7 SHAFER, Jack. What's Really Killing Newspapers. Publicado em 01/08/2008. Disponível em: < http://www.slate.com/id/2196485>. 26 comuns se aproximassem, além de tudo, pela troca de informações triviais ou específicas demais para pautar a mídia tradicional, ou seja, cunhando sua própria “social currency”, à margem da agenda jornalística: Se uma das grandes atrações do jornal era que ele reunia as pessoas, como ele pode competir pelo tempo dos leitores com sites como o Facebook, que também pode lhe dar uma concentração de notícias do mundo real, se é isso que você almeja? Graças à Web, nenhum interesse precisa ser „esotérico‟ por mais tempo. Neste momento não há um grupo no Facebook sobre um dos meus temas favoritos, "bocas de metanfetamina", mas com certeza haverá um minutos depois de eu postar este artigo, com viciados em metanfetamina, dentistas e assistentes se relacionando através dele. As redes sociais que se constituem através de mensagens instantâneas, microblogging, ou e-mails roubam a atenção que os jornais uma vez possuíram. Você não precisa mais contar com um jornal para obter a moeda social que um boletim meteorológico, listagens de filmes, anúncios, classificados, ofertas, informações sobre esportes, cotações das bolsas, programação de televisão, fofoca, ou notícias de entretenimento proporcionam. Como a queda nas circulações indica, menos pessoas dependem dos jornais para isso. Pode-se, no entanto, contrapor às opiniões de Shafer as considerações feitas pelo jornalista de tecnologia mantenedor do site Silicon Valley Watcher, Tom Foremski, que vê as mídias sociais como “amplificadoras” da mídia tradicional. Em artigo publicado em abril de 2011 no site ZDNet, Foremski cita o estudo “Who Says What to Whom on Twitter”8, do Yahoo! (que aponta que 50% dos tweets “consumidos” atualmente viriam de uma elite formada por cerca de 20 mil usuários, sendo os representantes da mídia os maiores produtores de conteúdo nesse universo), para “redefinir” as mídias sociais – especificamente frente às empresas jornalísticas – como um fenômeno de “distribuição social de mídia de massa”. Como argumenta o autor: Eu vejo um mundo de mídia de massa, onde algumas grandes marcas de mídia ainda controlam a maioria do que se publica e, assim, a conversa em torno dos temas que eles escolhem. Onde está a mídia social? (...) Mesmo o fundador do Twitter, Biz Stone, diz que o Twitter é mais sobre consumo de mídia através de links compartilhados em vez de pessoas que criam conteúdo original, na forma de tweets. E no Facebook eu vejo um monte de links de mídia de massa entre o que minha rede compartilha, e muito pouco do que poderia ser descrito como mídia social. As pessoas estão se comportando como entregadores de jornais online. Isso não é tão convincente quanto a promessa original de mídia social, e seu desafio implícito aos proprietários poderosos da mídia de massa. Não estávamos nós, o povo, de volta ao comando através da 8 WU, S.; HOFMAN, J.M.; MASON, W.A.; WATTS, D.J. Who Says What to Whom on Twitter. Yahoo! Research. Disponível em: < http://research.yahoo.com/pub/3386>. 27 mídia social? Não estávamos cansados dos "gate keepers" da mídia de massa? (ZDnet, 2011, tradução minha)9 Para Foremski, mesmo com as várias possibilidades proporcionadas pela web 2.0, pouquíssimas pessoas efetivamente produziriam conteúdo (aquele categorizável como “mídia”, de acordo com a argumentação do autor). Em vez disso, prefeririam “clicar em botões de „Like‟ ou retuitar conteúdos de terceiros”. Na visão do jornalista, portanto, o grosso dos internautas estaria apenas socializando conteúdos (configurando assim o supracitado fenômeno de “distribuição social de mídia de massa”). Se nos debruçarmos apenas sobre esses dois pontos de vista – e ancorados em pesquisas recentes sobre o consumo e compartilhamento de conteúdos online – podemos argumentar que embora pareçam essencialmente antagônicos, eles são, na verdade, complementares. Como já afirmado por estudos anteriores, as redes e mídias sociais são, sim, um espaço de interação entre pessoas comuns que compartilham trivialidades (ou informações de interesse de pequenos círculos sociais a elas relacionados). Tomemos como exemplo a conceituação de Elisabeth Saad Corrêa, André de Abreu de Souza e Daniela Osvald Ramos (2009). De acordo com eles: O compartilhamento de conteúdos e o estabelecimento de conversações traduzem o processo comunicativo posto em prática por meio das ambiências de mídias sociais. Um processo que se organiza por meio de redes de usuários estruturadas no ciberespaço por critérios de afinidade e/ou similaridade temática, de interesses, de entretenimento ou de conhecimento. Tais redes se instalam em ambiências que oferecem aos participantes funcionalidades e microssistemas que estimulam e incentivam a ação coletiva. (Corrêa, Ramos, Souza, 2009, p. 204) Mas esses novos canais também se configuram como espaços de troca de conteúdos de apelo mais popular, de interesse geral (como as notícias, muitas delas, 9 FOREMSKI, Tom. Goodbye social media... welcome back mass-media. Publicado em 05/04/2011. Disponível em: < http://www.zdnet.com/blog/foremski/goodbye-social-media-welcome-back-massmedia/1735>. 28 sim, produzidas e publicadas originalmente por empresas jornalísticas tradicionais em seus canais online). Uma pesquisa divulgada em 2010 pela empresa norte-americana de pesquisa de mercado e consultoria Chadwick Martin Bailey ajuda a justapor os argumentos de Shafer e Foremski, delineando uma visão mais equilibrada da relação de consumo provocada pela coexistência das mídias sociais com a mídia tradicional. Intitulado Social Sharing Research Report, o estudo coletou informações de mais de 1,5 mil adultos (mais de 18 anos) residentes nos Estados Unidos, e mostrou que entre os conteúdos mais passíveis de serem compartilhados online estavam (em ordem decrescente de popularidade): “notícias sobre familiares ou amigos” (81% dos entrevistados), “fotos e vídeos de família” (80%), “vídeos engraçados” (63%), “cupons/descontos” (54%) e “notícias e posts em blogs (ex: CNN, NY Times)” (54%) – e a lista completa apresenta mais oito categorias além das mencionadas, incluindo “vídeos de música/entretenimento” e “concursos”, por exemplo. Somem-se, então, esses dados à supracitada informação de que 43% das notícias online são compartilhadas por meio das mídias sociais e ficará evidente que Shafer e Foremski não enxergaram realidades distintas, mas recortes interconectados de um mesmo panorama isolados na interpretação. Feita essa reflexão, parece evidente que as notícias, e, portanto, as empresas jornalísticas com presença digital, ainda são importantes geradoras de “social currency”, embora agora dividam seu protagonismo com um sem-número de atores transmutados em veículos informativos pelo processo de individuação. O que vivenciamos hoje não se trata, portanto, de um processo de substituição de uma coisa pela outra, mas sim da configuração de uma arena teoricamente mais democrática, em que emissores tradicionalmente dominantes dividem espaço com indivíduos comuns. Para as empresas 29 jornalísticas significa, em última instância (se considerarmos o modelo atual de negócio desse segmento, cuja receita advém principalmente da comercialização de espaços publicitários mais ou menos valorizados de acordo com a audiência), a necessidade de estabelecer uma presença suficientemente eficiente e atraente para “fisgar” leitores entre os usuários das novas mídias. 2.1 Facebook: a rede social como “primeira página” Passando ao largo de discussões sobre novas maneiras de lucrar com o consumo e a disseminação de conteúdo jornalístico (análises não contempladas pelos objetivos desse trabalho), detenhamo-nos nos impactos e esforços recentes de empresas jornalísticas tradicionais em buscar audiência nas mídias sociais. Olhemos mais especificamente para o Facebook. Uma das redes sociais mais populares do mundo atualmente, o serviço vem se mostrando também um dos competidores mais fortes na disputa pela atenção dos internautas interessados em notícias. Já em 2007, conforme relata o editor de tecnologia e blogueiro, Henrik Torstensson, em sua página pessoal10, um focus group realizado naquela época pelo tabloide sueco Aftonbladet com leitores na casa dos vinte anos mostrou que o principal competidor da versão digital do jornal em tempo de navegação não era qualquer um dos concorrentes diretos, mas sim o Facebook. Em novembro daquele mesmo ano, o New York Times, principal jornal do mundo, anunciava a criação de uma página oficial na rede social11. Em dezembro de 2008, o SFGate, versão online do jornal San Francisco 10 TORSTENSSON, Henrik. Aftonbladet's main competitor is Facebook, says Swedish twentysomethings. Publicado em 05/12/2007. Disponível em: < http://www.torstensson.com/weblog/2007/12/aftonbladets-main-competitor-is.html>. 11 THE NEW YORK TIMES COMPANY. The New York Times Company Joins Facebook Ad Launch. Publicado em 07/11/2007. Disponível em: < http://phx.corporateir.net/phoenix.zhtml?c=105317&p=irol-pressArticle&ID=1074153>. 30 Chronicle, divulgava12 a adoção do Facebook Connect13, espécie de plugin social que permitia aos usuários da rede social regitrar-se em um site externo, comentar e compartilhar links usando sua conta no Facebook. Em abril de 2009 foi a vez do maior jornal alemão, o Bild, incorporar a novidade14. Em junho, o The Washington Post15. Outros seguiriam. Começava um período de experimentação com o canal que viria ser um dos grandes geradores de tráfego para os sites das principais empresas jornalísticas do mundo. A mídia tradicional aos poucos acordava para a importância do Facebook. Não muito tempo depois, no início de 2010, um post publicado no blog oficial do Facebook16 indicava que os responsáveis pela própria ferramenta já observavam o potencial de atuar como um gigantesco agregador de notícias ao estimular os leitores a configurar seus perfis para agrupar em um único canal os posts de seus veículos jornalísticos preferidos (que tivessem páginas no Facebook). Na mesma época, analistas do setor já observavam como a rede social superava o tráfego de outros agregadores importantes: um post17 publicado pela analista sênior da Experian Hitwise, Heather Hopkins, no blog oficial da empresa em fevereiro daquele mesmo ano dava conta do crescimento do tráfego originário do Facebook com destino a notícias publicadas na web, em comparação com outros players estabelecidos há muito mais tempo. “Na semana passada, o Google Reader foi responsável por 0,01% de visitas a sites de notícias, mais ou menos a mesma quantidade que há um ano. O Google News foi o responsável por 1,39% das visitas e o Facebook, 3,52%”, relatou Hopkins. 12 SFGATE. The SFGate friends Facebook. Publicado em 04/12/2008. Disponível em: < http://www.sfgate.com/cgi-bin/blogs/techchron/detail?entry_id=33257>. 13 MORIN, David. Announcing Facebook Connect. Publicado em 09/05/2008. Disponível em: < http://developers.facebook.com/blog/post/108/>. 14 ALLEN, Kristen. Newspaper Bild hooks up with Facebook. Publicado em 21/04/2009. Disponível em: < http://www.thelocal.de/sci-tech/20090421-18773.html>. 15 OSTROW, Adam. Facebook and The Washington Post: More Than Meets the Eye. Publicado em 15/06/2009. Disponível em: < http://mashable.com/2009/06/15/facebook-connect-washington-post/>. 16 LUCICH, Malorie. Creating Your Personalized News Channel. Publicado em 29/01/2010. Disponível em < http://blog.facebook.com/blog.php?post=276507062130>. 17 HOPKINS, Heather. Facebook Largest News Reader? Publicado em 03/02/2010. Disponível em: < http://weblogs.hitwise.com/us-heather-hopkins/2010/02/facebook_largest_news_reader_1.html>. 31 No início de 2011, no entanto, veio a maior prova até agora da crescente importância do Facebook para as empresas jornalísticas com versões digitais. O estudo “Navigating News Online”, divulgado em maio pelo Pew Research Institute, mostrou que, em 2010, 24 dos 25 sites de notícias mais populares da internet tiveram uma quantidade considerável de visitas originadas de links postados no Facebook. A única exceção foi, compreensivelmente, o Google News. Para cinco dos sites examinados na pesquisa, a rede social foi a segunda ou terceira maior fonte de tráfego no período. O Huffingtonpost.com foi o site que mais recebeu visitas vindas do Facebook (8%), enquanto o AOLNews.com ficou com a menor fatia de tráfego originado na rede social (1%). A propósito: a versão digital do New York Times ficou no grupo dos que mais receberam tráfego do Facebook. 6% das visitas ao site do jornal vieram da rede social. A esta altura, parece ter ficado claro para as principais empresas jornalísticas do mundo que não faz sentido ignorar o potencial do Facebook, muito menos resistir aos efeitos da rede social em sua audiência. Basta um jornal estar na internet para que suas notícias circulem de forma praticamente incontrolável pelas mídias sociais. Então, estabelecer de forma oficial a utilização desses canais para divulgar links que levem o internauta diretamente para seu site tornou-se um instrumento para coexistir positivamente com esse novo paradigma. Embora ainda existam poucos dados a respeito do uso oficial do Facebook (bem como outras ferramentas sociais), e, principalmente, dos efeitos diretos dessa utilização em termos de audiência, pelas empresas jornalísticas, começam a surgir relatórios que analisam a presença de marcas noticiosas na rede social em termos de popularidade, engajamento dos leitores e proporção em relação aos exemplares impressos em circulação. Um deles, o “The Like Log Study”18, do Yahoo! Labs, analisou por três 18 LIFSHITS, Yuri. The Like Log Study. 2010. Disponível em: < http://likelog.yury.name/>. 32 meses, entre o final de 2010 e o início de 2011, as atividades de 45 sites de notícias no Twitter e no Facebook. Entre as descobertas mais notáveis: o New York Times é o campeão de engajamento, com 2,3 milhões de “likes” por mês nos posts publicados em sua página oficial no Facebook, e a média de “likes” e tweets sobre determinado artigo é da ordem de 5 a 20 a cada mil pageviews (nos sites que disponibilizam o número de pageviews para cada reportagem). Outra pesquisa, publicada pelo Bivings Group no final de 201019, analisou o potencial de interatividade de 100 dos maiores jornais norte-americanos (com base na circulação) em suas páginas no Facebook. Além de ranquear as “10 melhores páginas de Facebook mantidas por jornais dos Estados Unidos”20 de acordo com uma somatória de critérios que incluía número de fãs na página, número de comentários por postagem, e variedade de postagens por página, o estudo revelou alguns indicadores da utilização do Facebook pelos jornais. De acordo com a pesquisa, o número médio de fãs dos jornais no Facebook é de 21.214, enquanto a média de “likes” por post fica em 8,8. Já a média de comentários por postagem seria de 5,44. Com 993.307 fãs, o New York Times seria o jornal mais popular na rede social, seguido de longe pelo The Wall Street Journal, com 175.672 fãs. Neste capítulo, observamos a importância do Facebook como gerador de tráfego, mas, ao mesmo tempo, notamos que faltam estudos sobre a eficácia da presença dos jornais tradicionais na rede social. Neste estudo, vamos nos debruçar sobre a utilização dessa plataforma por dois dos principais jornais brasileiros na atualidade: a Folha de S. Paulo o Estado de S. Paulo, dois dos cinco maiores jornais brasileiros em circulação média, com 294.498 e 236.369 exemplares/dia em 2010, segundo a Associação 19 BIVINGS GROUP. Measuring Newspapers’ Facebook Engagement. Publicado em 14/12/2010. Disponível em: <http://www.bivingsreport.com/2010/measuring-newspapers-facebook-engagement-part1/>. 20 BIVINGS GROUP. 2010 Best US Newspaper Facebook Fan Pages. 2010. Publicado em 17/12/2010. Disponível em: < http://www.bivingsreport.com/2010/2010-best-us-newspaper-facebook-fan-pages/>. 33 Nacional de Jornais (ANJ)21. Os indicadores resultantes da análise das postagens nas fan pages dos dois jornais no Facebook serão abordados no próximo capítulo. 21 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Maiores jornais do Brasil. 2011. Disponível em: < http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-jornais-do-brasil>. 34 3 AS PÁGINAS DA FOLHA E DO ESTADO NO FACEBOOK: ESTRATÉGIAS E INDICADORES DE RECEPÇÃO DOS LEITORES Em nosso estudo de campo, foram coletadas, tabuladas e classificadas as postagens (posts individuais) feitas pelos moderadores das fan pages dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo no Facebook durante uma semana, entre os dias 09 e 15 de maio de 2011 (segunda-feira a domingo). O período foi selecionado com o cuidado de não registrar a ocorrência de fatos relevantes a ponto de afetar quantitativa e qualitativamente a cobertura jornalística (ex: Carnaval, eventos esportivos de mais impacto, etc.). Também foram coletadas e tabuladas para análise as reações dos fãs dos jornais no Facebook às postagens dos veículos. 35 Fig. 1 Número total de posts ao longo do período e número de fãs na Folha de S. Paulo 62 posts (09/05/2011 a 15/05/2011) 394.390 fãs na página oficial no Facebook22 (em 20/06/2011) Fig. 2 Número total de posts ao longo do período e número de fãs no Estado de S. Paulo 48 posts (09/05/2011 a 15/05/2011) 34.276 fãs na página oficial no Facebook23 (em 20/06/2011) 22 23 http://www.facebook.com/folhadesp http://www.facebook.com/estadao 36 Fig 3. Número de posts por formato (texto, texto mais imagem, foto, infográfico, post mais vídeo ou enquete) na Folha de S. Paulo FOLHA DE S. PAULO Número de posts por formato 2 2 5 Texto 18 Texto + Imagem 9 Foto Infográfico 26 Post + Vídeo Enquete Fig 4. Número de posts por formato (texto, texto mais imagem, foto, infográfico, post mais vídeo ou enquete) no Estado de S. Paulo Número de posts por formato 4 19 25 Texto Texto + Imagem Enquete 37 Enquanto a Folha de S. Paulo explorou todos os formatos ou combinações disponíveis de postagem ao longo do período (embora tenham predominado posts apenas com texto ou posts com imagem do link de destino em miniatura), O Estado de S. Paulo se limitou a utilizar três opções: posts apenas com texto, posts com imagem do link de destino em miniatura e enquete, com predominância dos dois primeiros, embora tenha feito mais enquetes que a Folha. 38 Fig. 5. Número de Posts por dia da semana na Folha de S. Paulo Posts por dia da semana Segunda-feira 8 11 7 Terça-feira 8 10 8 10 Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo Fig. 6. Número de Posts por dia da semana no Estado de S. Paulo Posts por dia da semana 10 7 Segunda-feira 11 Terça-feira Quarta-feira 9 8 12 Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo Ambos os jornais apresentaram relativo equilíbrio na quantidade de postagens por dia, com a exceção do final de semana no caso de O Estado de São Paulo. O jornal 39 registrou apenas um post no sábado (na madrugada de sexta para sábado, mais precisamente) e nenhum no domingo. A média de posts por dia foi de 8,8 no caso da Folha e de 6,8 no caso do Estadão. 40 Fig. 7. Número de Posts por editoria na Folha de S. Paulo FOLHA DE S. PAULO Posts por editoria TV Folha 2 Tec 2 Saber 2 5 Poder 1 Mundo 7 Mercado 16 Ilustrada Folhateen 1 Folha 90 Anos 1 3 Esporte Posts por editoria 2 Equilíbrio e Saúde 1 Deutsche Welle 7 Cotidiano Comida 1 Coleções Folha 1 Ciência 1 Blog (Xico Sá) 1 4 BBC Brasil 1 Acervo (Ilustrada) 0 5 10 15 20 41 Fig. 8. Número de Posts por editoria no Estado de S. Paulo Posts por editoria 3 Não específicado 2 Saúde 4 São Paulo Política 1 Planeta 1 Jornal da Tarde | Variedades 1 3 Jornal da Tarde | Cidade 5 Internacional 3 Esportes 2 ESPN | Esportes 6 Economia Posts por editoria 4 Cultura Blog Sonia Racy 1 Blog Rodrigo Martins 1 2 Blog Radar Político Blog Radar Global 1 Blog Link 1 Blog Gustavo Chacra 1 Blog Arquivo Estado 1 Blog Adriana Carranca 1 0 1 2 3 4 5 6 42 O número de temas das postagens de ambos os jornais variou praticamente dentro do mesmo espectro. Enquanto a Folha escolheu direcionar suas postagens para notícias de 19 editorias diferentes, o Estado selecionou 20 delas. A Folha concentrou consideravelmente suas postagens na editoria “Ilustrada” (cultura). Foram 16 postagens relacionadas ao tema. “Cotidiano” e “Mercado” ficaram empatadas em segundo lugar com 7 posts cada. A diferença máxima entre a editoria com mais postagens foi de 15 posts, sendo a “Ilustrada” a mais “carregada”, com 16, enquanto diversas outras, como “Folhateen” (para adolescentes) e “Mundo” registraram apenas uma postagem cada durante o período. O Estado de S. Paulo variou mais entre editorias. “Economia” foi a mais presente, com 6 postagens. “Internacional”, com 5, ficou em segundo lugar. Empatadas em terceiro com 4 posts cada uma ficaram “Cultura” e “São Paulo”. Diferença máxima de 5 posts entre editorias (“Economia” com 6 e diversas outras como “Planeta” e “Política” com 1 postagem cada). Enquanto a Folha linkou apenas um blog hospedado em seu domínio oficial (Xico Sá) e uma única vez, o Estadão fez o mesmo com 8 deles, mas repetiu link para um mesmo blog apenas uma vez (“Radar Político”). O Estado foi o único dos dois a linkar outros veículos de seu grupo de mídia (Jornal da Tarde, linkado 4 vezes com duas editorias diferentes, e ESPN, 2 vezes). 43 Fig. 9. Número de Posts por período (matutino, vespertino, noturno) na Folha de S. Paulo Posts por período 18 18 Manhã Tarde Noite 26 Fig. 10. Número de Posts por período (matutino, vespertino, noturno) no Estado de S. Paulo Posts por período 12 23 Manhã Tarde 13 Noite 44 Cada um dos veículos concentrou mais suas postagens em diferentes períodos do dia. Enquanto a Folha preferiu as tardes, que registraram 26 posts ao todo, o Estado foi mais ativo de manhã, horário em que apresentou 23 posts. Em ambos os casos, houve relativo equilíbrio entre os demais períodos. A Folha postou 18 vezes tanto à noite quanto nas manhãs. Já o Estadão postou 13 vezes à tarde e 12 à noite. 45 Fig. 11. Número de posts com Links na Folha de S. Paulo Possui link? 3 Sim Não 59 Fig. 12. Número de posts com Links no Estado de S. Paulo Possui link? 5 Sim Não 43 46 Em ambos os casos deu-se preferência à utilização de links para conteúdos hospedados fora do Facebook. Isso só não aconteceu 3 vezes no caso da Folha (as 2 enquetes, que naturalmente não exibem links, e 1 foto do álbum da página) e 5 no caso do Estadão (4 enquetes e 1 post em caráter de “urgência”, sobre um terremoto na Espanha). 47 Fig. 13. Redirecionamento dos links na Folha de S. Paulo Para onde vai o link? 2 Veículo Outros 57 Fig. 14. Redirecionamento dos links no Estado de S. Paulo Para onde vai o link? 0 Veículo Outros 43 48 Novamente em ambos os casos, preferiu-se linkar conteúdos proprietários, hospedados na versão digital dos veículos, ou de veículos do mesmo grupo de mídia no caso do Estadão. Isso só não ocorreu em 2 casos com a Folha, que linkou diretamente vídeos do YouTube. No entanto os conteúdos eram de propriedade da TV Folha. 49 Fig. 15. Relação de Posts x Likes (totais) na Folha de S. Paulo Posts: 62 Likes: 27.250 Proporção Posts x Likes: 439,516129 Fig. 16. Relação de Posts x Likes (totais) no Estado de S. Paulo Posts: 48 Likes: 1.855 Proporção Posts x Likes: 38,64583333 Fig. 17. Relação de Posts x Comentários no Facebook (totais) na Folha de S. Paulo Posts: 62 Comentários: 13.760 Proporção Posts x Comentários: 221,9354839 Fig. 18. Relação de Posts x Comentários no Facebook (totais) no Paulo Estado de S. Posts: 48 Comentários: 1.133 Proporção Posts x Comentários: 23,60416667 50 Fig. 19. Relação de Posts x Recomendações do site para o Facebook* na Folha de S. Paulo Posts: 62 Recomendações: 132.459 Proporção Posts x Recomendações: 2.136,435484 Fig. 20. Relação de Posts x Recomendações do site para o Facebook* no Estado de S. Paulo Posts: 48 Recomendações*: 11.147 Proporção Posts x Recomendações*: 232,2291667 *Algumas matérias não exibem a quantidade de recomendações Fig. 21. Relação de Posts x Comentários no site* na Folha de S. Paulo Posts: 62 Comentários: 10.539 Proporção Posts x Comentários: 169,983871 Fig. 22. Relação de Posts x Comentários no site* no Estado de S. Paulo Posts: 48 Comentários*: 620 Proporção Posts x Comentários*: 12,91666667 *Algumas matérias não permitem comentários 51 Todos os indicadores de interatividade ou engajamento dos leitores indicam superioridade numérica da Folha, a uma taxa de aproximadamente 10 vezes com relação aos valores registrados pelo Estadão. Em ambos os casos, o recurso mais utilizado pelos usuários foi o de recomendações das matérias publicadas no site para a rede de contatos do leitor no Facebook (2.136,4/post para a Folha e 232,2/post para o Estadão). É digno de nota que o recurso foi o mais popular também no Estadão, embora 9 das reportagens não exibissem o número de recomendações e, portanto, não possam ser computadas por esta contagem. Nos dois casos o recurso de interação menos popular entre os leitores (4° lugar do ranking) foi o sistema de comentários no site (169,9/post para a Folha e 12,9/post para o Estado). Importante notar que ambos exigem um cadastro prévio e, consequentemente, a utilização de login e senha para utilização do formulário de comentários. No caso do Estadão, algumas reportagens também não apresentam a possibilidade de comentários no site. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente e nos dois veículos, ficaram os “Likes” (439,5/post na Folha e 38,6/post no Estadão) e os comentários no próprio post do Facebook (221,9/post para a Folha e 23,6/post para o Estadão). 52 Fig. 23. Relação de Likes x Comentários no Facebook x Recomendações do site para o Facebook x Comentários no site na Folha de S. Paulo Likes x Comentários Facebook x Recomendações x Comentários Site 27.250 10.539 13.760 Likes Comentários Facebook 132.459 Recomendações Comentários Site Fig. 24. Relação de Likes x Comentários no Facebook x Recomendações do site para o Facebook x Comentários no site no Estado de S. Paulo Likes x Comentários Facebook x Recomendações x Comentários Site 620 1.855 1.133 11.147 Likes Comentários Facebook Recomendações Comentários Site 53 Fig. 25. Relação de Enquetes x participantes na Folha de S. Paulo Enquetes x Participantes 11.377 12000 10000 8000 4.362 6000 Enquetes x Participantes 4000 2000 0 Médicos x Planos de Saúde Metrô Higienópolis Fig. 26. Relação de Enquetes x participantes no Estado de S. Paulo Enquetes x Participantes 1.180 1200 1.048 1000 800 600 518 549 400 200 0 Enquetes x Participantes 54 As enquetes foram mais utilizadas pelo Estadão (5 delas) do que pela Folha (apenas 2). Tanto no total quanto na média, a Folha superou o Estado em número de participantes. 55 Fig. 27. Média de likes x Formato de post no Facebook na Folha de S. Paulo Média de Likes x Formato de post 559,4 Post + Vídeo 361,5 Infográfico 566,6 Média de Likes Foto 401,3 Texto + Imagem 455,2 Texto 0 100 200 300 400 500 600 Fig. 28. Média de likes x Formato de post no Facebook no Estado de S. Paulo Média de Likes x Formato de post 45,1 Texto + Imagem Média de Likes 39,8 Texto 36 38 40 42 44 46 56 Fig. 29. Média de comentários no Facebook x Formato do post na Folha de S. Paulo Média de Comentários no Facebook x Formato do Post 139,8 Post + Vídeo 92 Infográfico 284,4 Média de Comentários Foto 128,3 Texto + Imagem 152,3 Texto 0 50 100 150 200 250 300 Fig. 30. Média de comentários no Facebook x Formato do post no Estado de S. Paulo Média de Comentários Facebook x Formato de post 24,4 Texto + Imagem Média de Comentários 22,9 Texto 22 22,5 23 23,5 24 24,5 57 Fig. 31. Média de recomendações do site para o Facebook x Formato do Post na Folha de S. Paulo Média de Recomendações x Formato do Post 1.137,6 Post + Vídeo 1.816 Infográfico 3.078,3 Foto Média de Recomendações 1.799,1 Texto + Imagem 2.703,1 Texto 0 1000 2000 3000 4000 Fig. 32. Média de recomendações do site para o Facebook x Formato do Post no Estado de S. Paulo Média de Recomendações x Formato do Post 357,5 Texto + Imagem Média de Recomendações 174,1 Texto 0 100 200 300 400 58 A relação entre o formato das postagens e as opções de interação e engajamento dos leitores no Facebook (Likes, comentários e recomendações a partir do site) apresentou resultados de difícil compartimentação no caso da Folha, que explorou mais as possibilidades oferecidas pela rede social. Embora as postagens compostas sumariamente por fotos publicadas no álbum da página, acrescidas de texto e link, tenham sido a opção mais popular na média em todos os casos (média de 566,6 “Likes”, 284,4 comentários no Facebook e 3.078,3 recomendações a partir do site – nesse último caso, o dado diz respeito às matérias linkadas quando da publicação de foto), as demais ações adotadas pelos leitores variaram em incidência de acordo com as diferentes formas de post. Os comentários no Facebook foram mais incidentes entre as postagens compostas apenas por textos e links (2° lugar, média de 152,3/post), seguidas por postagens contendo vídeos (3° lugar, média de 139,8/post), textos acrescidos de miniaturas das imagens dos links de destino (4° lugar, média de 128,3/post) e textos acrescidos de infográficos (5° lugar, média de 92/post). As recomendações a partir do site para o Facebook foram mais utilizadas nas postagens compostas apenas por textos e links (2° lugar, 2.703,1/post), seguidas pelos textos acrescidos de infográficos (3° lugar, média de 1.816/post), textos acrescidos de miniaturas das imagens dos links de destino (4° lugar, média de 1.799,1/post) e postagens contendo vídeos (5° lugar, média de 1.137,6/post). No caso do Estadão, em que as postagens se limitaram ao formato de textos com links e textos acrescidos de miniaturas das imagens dos links de destino (sem contar as enquetes, que não entram nessas contagens por limitação de funcionalidade), a divisão entre as ações tomadas pelos leitores ficou mais uniforme. Sobre os textos acrescidos de 59 miniaturas das imagens dos links de destino incidiram as maiores médias entre todos os indicadores (45,1 likes, 24,4 comentários no Facebook e 357,5 recomendações a partir do site por post). As postagens constituídas apenas de textos e links ficaram no segundo lugar entre as médias de todas as opções (39,8 likes, 22,9 comentários no Facebook e 174,1 recomendações por post). 60 Fig. 33. Média de likes x Período de postagem na Folha de S. Paulo Média de Likes x Período de Postagem 529,1 Noite 392,1 Tarde Média de Likes 418,3 Manhã 0 100 200 300 400 500 600 Fig. 34. Média de likes x Período de postagem no Estado de S. Paulo Média de likes x Período de postagem 57,6 Noite 37,4 Tarde Média de Likes 29,3 Manhã 0 10 20 30 40 50 60 61 Fig. 35. Média de comentários no Facebook x Período de Postagem na Folha de S. Paulo Média de Comentários x Período de Postagem 370,6 Noite Média de Comentários 180,1 Tarde 133,5 Manhã 0 100 200 300 400 Fig. 35. Média de comentários no Facebook x Período de Postagem no Estado de S. Paulo Média de comentários x Período de postagem 30,9 Noite Média de Comentários 29,1 Tarde 16,6 Manhã 0 10 20 30 40 62 Fig. 36. Média de Recomendações do site para o Facebook x Período de postagem na Folha de S. Paulo Média de Recomendações x Período de Postagem 1.635,5 Noite 2.799,8 Média de Recomendações Tarde 1.679,6 Manhã 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Fig. 37. Média de Recomendações do site para o Facebook x Período de postagem no Estado de S. Paulo Média de Recomendações x Período de postagem 341,6 Noite Média de Recomendações 81,9 Tarde 260,0 Manhã 0 100 200 300 400 63 Levando-se em consideração os horários escolhidos pelos veículos, notou-se que, em ambos os casos, as postagens publicadas à noite foram as que mais receberam “Likes” na média. No caso da Folha, média de 529,1/post (seguido das manhãs, com 418,3/post e tardes, com 392,1/post). Para o Estadão, foram 57,6/post (seguido pelas tardes, com 37,4/post, e manhãs, com 29,3/post). Com relação aos comentários feitos sobre os posts no Facebook, situação idêntica nos dois casos. As postagens feitas à noite receberam o maior número de comentários na média (370,6/post na Folha e 30,9/post no Estadão), seguidas por aquelas feitas à tarde (180,1/post para Folha e 29,1 para Estadão) e de manhã (133,5/post, Folha e 16,6/post, Estadão). Em se tratando das recomendações a partir do site, no entanto, encontraram-se situações diametralmente opostas. No caso da Folha, as postagens publicadas à tarde foram as mais recomendadas (2.799,8/post), seguidas por aquelas publicadas de manhã (1.679,6/post) e à noite (1.635,5/post). Já no caso do Estado de S. Paulo, as postagens noturnas foram as mais recomendadas (341,6/post), seguidas pelas postadas de manhã (260/post) e à tarde (81,9/post). 64 Fig. 38. Posts por editoria x likes no Facebook (total) na Folha de S. Paulo Média de Likes x Editoria 851 TV Folha 442,5 Tec Saber 267,5 Poder 229,4 655 Mundo 524,2 Mercado 363,3 Ilustrada Folhateen 266 Folha 90 Anos 181 624 Esporte Média de Likes 471,5 Equilíbrio e Saúde 2.220 Deutsche Welle 549,8 Cotidiano 315 Comida Coleções Folha 213 Ciência 271 Blog (Xico Sá) 278 466,7 BBC Brasil 348 Acervo (Ilustrada) 0 500 1000 1500 2000 2500 65 Fig. 39. Posts por editoria x likes no Facebook (total) no Estado de S. Paulo Média de Likes x Editoria 21,3 Não específicado 41 Saúde 33,2 São Paulo 95 Política 20 Planeta 43 Jornal da Tarde | Variedades 89,3 Jornal da Tarde | Cidade 19,4 Internacional 14,3 Esportes 29,5 ESPN | Esportes Média de Likes 34,1 Economia 73 Cultura 18 Blog Sonia Racy 105 Blog Rodrigo Martins 23 Blog Radar Político 49 Blog Radar Global 24 Blog Link 126 Blog Gustavo Chacra Blog Arquivo Estado 42 Blog Adriana Carranca 44 0 50 100 150 66 Fig. 40 Média de comentários no Facebook x Editoria na Folha de S. Paulo Média de Comentários Facebook x Editoria 242 TV Folha 41 Tec Saber 230,5 Poder 241,2 430 Mundo 115,1 Mercado 190,3 Ilustrada 88 Folhateen 15 Folha 90 Anos Média de Comentários 159,3 Esporte 65 Equilíbrio e Saúde 359 Deutsche Welle 174 Cotidiano Comida 25 Coleções Folha 28 96 Ciência 41 Blog (Xico Sá) 120,2 BBC Brasil 25 Acervo (Ilustrada) 0 100 200 300 400 500 67 Fig. 41 Média de comentários no Facebook x Editoria no Estado de S. Paulo Média de comentários no Facebook x Editoria 24,3 Não específicado 39,5 Saúde 15 São Paulo 71 Política 13 Planeta 71 Jornal da Tarde | Variedades 33 Jornal da Tarde | Cidade 8 Internacional Esportes 18,3 ESPN | Esportes 26 Média de Comentários 16,8 Economia 20,2 Cultura 15 Blog Sonia Racy 36 Blog Rodrigo Martins Blog Radar Político 30 Blog Radar Global 30 18 Blog Link 51 Blog Gustavo Chacra 10 Blog Arquivo Estado 23 Blog Adriana Carranca 0 20 40 60 80 68 Fig. 42. Média de recomendações do site para o Facebook x Editoria na Folha de S. Paulo Média de Recomendações do site para o Facebook x Editoria 257 TV Folha 2.034,5 Tec 4.300 Saber 2.418,6 Poder 6.128 Mundo Mercado 2.562,7 Ilustrada 2.877,1 1.176 Folhateen Média de Recomendações 101 Folha 90 Anos Esporte 1.246,3 Equilíbrio e Saúde 1.931 997 Deutsche Welle 3.107,1 Cotidiano 1.069 Ciência 1.161,2 BBC Brasil 0 2000 4000 6000 8000 69 Fig. 43. Média de recomendações do site para o Facebook x Editoria no Estado de S. Paulo Média de recomendações do site para o Facebook x Editoria 214,6 Não específicado 156 Saúde 467,5 São Paulo 454 Política 378 Planeta Jornal da Tarde | Variedades 0 Jornal da Tarde | Cidade 0 Internacional 57,2 949,3 Esportes ESPN | Esportes 0 213,5 Economia 201 Cultura Blog Sonia Racy 0 Blog Rodrigo Martins 0 156 Blog Radar Político 582 Blog Radar Global Blog Link Média de Recomendações 0 1.082 Blog Gustavo Chacra Blog Arquivo Estado 144 Blog Adriana Carranca 150 0 200 400 600 800 10001200 70 Nesse caso, zero (0) significa que o veículo não exibe a informação Com relação ao conteúdo das postagens e a média das formas escolhidas pelos internautas para interagir com elas, temos a seguinte situação: Para a Folha de S. Paulo: As postagens que mais receberam Likes foram aquelas das editorias “Deutsche Welle” (2.220/post), “TV Folha” (851/post) e “Mundo” (655/post). Em comentários no Facebook, as campeãs foram “Mundo” (430/post), “Deutsche Welle” (359/post) e “TV Folha” (242/post). Já em se tratando de recomendações do site para o Facebook, as mais populares foram “Mundo” (6.128/post), “Saber” (4.300/post) e “Cotidiano” (3.107,1/post). Conclui-se, portanto, que em termos de interação dos leitores, “Deutsche Welle”, “Mundo” e “TV Folha” alcançaram os melhores resultados. Para O Estado de S. Paulo: As postagens que mais receberam Likes foram aquelas das editorias “Blog Gustavo Chacra” (126/post), “Blog Rodrigo Martins” (105/post) e “Jornal da Tarde|Cidade” (89,3/post). Em comentários no Facebook, as campeãs foram “Política” e “Jornal da Tarde|Variedades” (71/post cada), “Blog Gustavo Chacra” (51/post) e “Saúde” (39,5/post). Já em se tratando de recomendações do site para o Facebook, as mais populares foram “Blog Gustavo Chacra” (1.082/post), “Esportes” (949,3/post) e “Blog Radar Global” (582/post). Pode-se aferir, portanto, que o “Blog Gustavo Chacra” logrou os melhores resultados frente aos leitores. 71 4. ANÁLISE DA PESQUISA – VISÃO GERAL Munidos dos dados coletados e tabulados na etapa anterior deste trabalho, e da experiência adquirida pela utilização pessoal e profissional da plataforma escolhida, nos dedicaremos neste momento a analisar a presença desses dois jornais brasileiros no Facebook (por meio de suas fan pages oficiais). Serão particularmente importantes para esta análise os indicadores de recepção dos leitores para os conteúdos postados pelos jornais (“Likes”, comentários na própria postagem no Facebook, recomendações partindo do site do veículo para o Facebook e comentários no próprio site do veículo – nas reportagens selecionadas pelos jornais para divulgação no Facebook) e sua relação com as demais variáveis já apresentadas nos gráficos do capítulo anterior. De forma geral, é possível afirmar que, mesmo de posse de dados sistematicamente coletados e tabulados, não ficaram claras para este pesquisador as estratégias adotadas pelos dois jornais para a publicação de conteúdos nesses canais (supondo-se que existam estratégias definidas). Pode-se aferir que, embora já tenham angariado uma considerável legião de fãs (internautas que optaram por “curtir” as páginas e, portanto, receber os posts dos jornais em seu mural), quase 400 mil no caso da Folha e aproximadamente 35 mil no caso do Estadão, ambos os veículos ainda estão, em maior ou menor grau, experimentando muito com as possibilidades da rede social. E essa percepção será mais bem explicada no decorrer deste capítulo. Antes de prosseguirmos com a análise, detenhamo-nos primeiro nessa discrepância entre as audiências dos dois jornais, que, em circulação impressa média, estão relativamente próximos. Desproporção essa que é de influência determinante para todos os indicadores analisados neste trabalho. A Folha de São Paulo, que atualmente 72 define-se como “o jornal do futuro” 24, tem um número de fãs maior que sua circulação em papel (394.497 contra 294.498). O Estado de S. Paulo, no entanto, só atraiu para o Facebook um número de fãs equivalente a 14,5% de sua circulação (34.289 contra 236.369). 4.1 Diferentes formatos, diferentes resultados Ignorando-se qualquer divulgação dessas páginas por outros canais de comunicação de propriedade desses jornais (não compreendidas nesta pesquisa), e a eficiência das mesmas, pode-se aferir, com base na observação do modus operandi dos dois veículos, que a popularidade superior da Folha explica-se principalmente pela variedade de formatos utilizados para as postagens. Conforme mostraram os gráficos comparativos do item 3.2 deste trabalho, enquanto o Estado se limitou a utilizar três formatos (texto com link, texto com link mais foto miniatura da reportagem de destino e enquete), a Folha explorou todas as seis possibilidades de postagem (texto com link, texto com link mais foto miniatura da reportagem de destino, foto publicada no álbum mais texto e link, texto mais link e vídeo, texto mais link e infográfico da reportagem de destino e enquete), constituindo, assim, um mural mais diversificado e possivelmente mais atraente para visitantes ocasionais (note-se aqui que, em conformidade com os itens 3.6 e 3.7, ambos os veículos adotaram praticamente como padrão a utilização de links para reportagens publicadas em suas versões online ou outros endereços relacionados ao seu grupo de mídia). O fato de a página do Estadão ser “aberta” para postagens de terceiros (enquanto a da Folha exibe apenas as postagens do próprio 24 DORES, Kelly. Folha de S.Paulo apresenta "jornal do futuro" neste domingo. Publicado em 21/05/2010. Disponível em: <http://www.propmark.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=58890&sid=4 >. 73 veículo, além dos comentários relacionados a cada uma, impedindo por definição que internautas iniciem eles mesmos uma discussão) também contribui negativamente com a visualização geral da página, uma vez que as notícias estão misturadas a conteúdos postados ali pelos usuários, sendo necessário ativar um filtro de exibição para ler apenas os posts do jornal. A utilização de formatos diferentes de posts na página da Folha permitiu perceber que determinadas configurações tendem a funcionar melhor que outras. Embora tenha publicado apenas 9 fotos diretamente de seu álbum de página (acompanhadas em sua maioria de textos de “manchete” e links para matérias hospedadas no site), o jornal alcançou com esse formato os maiores índices de interação dos usuários. Conforme mostrou o item 3.14, foram em média 566,6 “Likes”, 284,4 comentários no Facebook e 3.078,3 recomendações a partir do site – nesse último caso, o dado diz respeito às matérias linkadas quando da publicação de foto. No entanto, de acordo com a breve análise quantitativa presente neste mesmo item, ao contrário do que se possa imaginar, a mera presença de imagens não foi o suficiente para angariar interações em todas as postagens. Os conteúdos publicados apenas na forma de texto com link alcançaram a segunda média de comentários no Facebook (152,3/post) e de recomendações do site para o Facebook (2.703,1/post), e só foram superados em “Likes” por textos acompanhados de links e vídeos (559,4/post contra 455,2/post). Talvez por apresentar um conteúdo mais “pobre”, de forma geral, a página do Estado, ao contrário, viu a interação com posts contendo imagens em miniatura dos links de destino superar tanto em “Likes” como em comentários no Facebook e recomendações aquelas postagens constituídas apenas de textos e links. Pode-se considerar, portanto, que pode ser uma boa ideia para uma página com menos 74 diversidade de formatos investir nas imagens. Um conteúdo geral naturalmente diverso em formatos sofreria menos com a oscilação de interações em posts mais “crus”. 4.2 Cada coisa a seu tempo Em se tratando de dias da semana (de segunda a sexta-feira), ambos os veículos acabaram por atingir uma certa regularidade (à exceção do final de semana, no caso do Estadão, que simplesmente não registrou conteúdos, indicando um possível “buraco”, permanente ou ocasional, na equipe nessas ocasiões), o que pode-se argumentar que é positivo, visto que uma incidência constante (porém não excessiva) aumenta as oportunidades de interação dos leitores. Em termos de período das postagens (manhã, tarde e noite), pode-se observar que cada um dos jornais tomou um caminho diferente. Enquanto a Folha concentrou suas postagens à tarde (26, contra 18 de manhã e 18 à noite), o Estadão foi mais ativo de manhã (23 contra 13 à tarde e 12 à noite). Considerando-se os resultados dessas escolhas em termos de reação dos leitores, nenhum deles acertou na escolha. Em ambos os casos, tanto o número de “Likes” quanto o de comentários no Facebook foi maior à noite, depois à tarde e, por último, de manhã (ver item 3.15.2). O Estadão errou com uma margem maior, ao concentrar suas postagens exatamente no período de menor interação dos leitores. Em se tratando de recomendações do site para o Facebook, no entanto, o comportamento muda, o que talvez tenha induzido os veículos ao erro no que diz respeito ao horário preferido para as postagens. Como diz mais respeito ao hábito de navegação partindo do próprio site do veículo e terminando no Facebook e não o inverso (como necessariamente acontece com os outros indicadores), os dados de recomendação podem ter feito os veículos acreditarem que repetiriam os resultados por 75 horário na rede social. A Folha registrou o maior índice médio de recomendações à tarde (2.799,8/post, contra manhã e noite tecnicamente empatadas com 1.679,6/post e 1.635,5/post, respectivamente). E mesmo considerando a possibilidade de um dado ter levado a uma interpretação enganosa, o Estadão teria errado novamente, já que a maior média de recomendações para suas matérias foi registrada à noite (341,6/post contra 260/post das manhãs e 81,9 nas tardes). 4.3 Curadoria “mal resolvida” Os indicadores de mais difícil interpretação estão na seção dedicada ao conteúdo (editorias) das postagens. Como mostra o item 3.4, os dois jornais escolheram um número bem próximo de editorias para divulgar no Facebook (19 no caso da Folha e 20 no do Estadão). Considerando-se os sete dias da semana, cada um teria postado praticamente 3 posts de editorias diferentes por dia, sem repetir nenhuma ao longo do período. Salvo algumas exceções, como a predileção da Folha por postagens da editoria “Ilustrada” (16 no total), “Mercado” e “Cotidiano” (7 posts cada) e do Estadão por “Economia” e “Internacional” (6 e 5 postagens, respectivamente), o número de posts dedicados às demais editorias ficou entre 1 e 5 (Folha) e 1 e 4 (Estadão). Como se demonstrou nos itens 3.16.1, 3.16.2 e 3.16.3, é quase impossível determinar, com base nos três indicadores de interação dos leitores, quais dessas editorias foram mais bem sucedidas, ou a predominância de determinada modalidade de interação por editoria, já que a cada gráfico comparativo os números e sua relação com as editorias se alteraram bastante. 76 No entanto, por reincidência de indicadores positivos, em conformidade com a análise contida imediatamente após o item 3.16.3, foi possível notar que no caso da Folha, em termos de interação dos leitores, “Deutsche Welle”, “Mundo” e “TV Folha” alcançaram os melhores resultados, embora a elas tenham sido dedicadas apenas, respectivamente, 1,1 e 2 postagens. Da mesma forma, o “Blog Gustavo Chacra”, no Estadão, logrou os melhores resultados frente aos leitores, embora só tenha sido divulgado um post com conteúdo dessa editoria. A impressão que se tem é de que nenhum dos veículos sabe muito bem escolher os conteúdos que serão postados (talvez falte a figura do “editor” nesse processo de seleção), pecando pelo excesso de editorias e concentrando postagens sobre temas que não necessariamente são mais populares entre os leitores. 4.4 Compartilhar é o futuro Um dos dados revelados pela pesquisa chama mais a atenção do que todos os outros: bem mais popular do que as duas modalidades de interação nativas, por assim dizer, do Facebook (“Likes” e comentários nas postagens), é o recurso de recomendações das reportagens direto do site para a rede social. Como é possível observar entre os itens 3.8 e 3.12 (principalmente no gráfico do item 3.12), essa modalidade de interação (o ato de compartilhar, portanto), superou de longe as demais opções (sendo o recurso de comentários no site o menos utilizado, embora esse recurso tenha sido contato apenas para efeitos pontuais de comparação) em ambos os jornais. Pode aferir, por conta disso, que os veículos brasileiros com presença nas mídias sociais começam a experimentar efetivamente, ainda que aos poucos, comparando-se com outros países, as tendências abordadas anteriormente neste trabalho. Faz-se necessária, 77 dada a popularização do ato de compartilhar, a crescente importância dada pelas pessoas ao crivo de seus amigos e conhecidos para conteúdos diversos e a escalada do tráfego gerado a partir do Facebook para os sites de notícias, uma reavaliação das estratégias desses dois jornais na rede social mais popular do mundo atualmente. 78 CONCLUSÃO Percebemos, ao longo do trabalho, que, no geral, ambos os jornais analisados ainda não se apropriaram confortavelmente da linguagem e das possibilidades das redes sociais (que estão longe de serem iguais às do papel, com leads e manchetes, por exemplo, ou de outros meios, mas muito mais líquidas, interativas e multimídia), representadas aqui mais especificamente pelo Facebook. Embora tanto Folha quanto Estado pudessem tranquilamente figurar entre as melhores fan pages de jornais da supracitada pesquisa do Bivings Group, principalmente no que diz respeito ao número de fãs (a Folha, por exemplo, só tem menos fãs que o New York Times), é perceptível que os dois veículos ainda vacilam em questões importantes para o estabelecimento de uma presença social que encontre o máximo possível de recepção entre sua audiência, como, por exemplo, o fato de que a seleção de conteúdos jornalísticos produzidos nem sempre prioriza aqueles que, conforme apontou esta pesquisa, geram mais audiência ao jornal (em “Likes” e comentários no Facebook). O acompanhamento desse processo de experimentação de ambos os veículos com tais questões, no entanto, nos permite chegar a algumas conclusões valiosas a respeito do relacionamento desses jornais com seu público leitor e vice-versa. Vamos a elas: Os formatos de postagem impactam os índices de engajamento: como demonstrado no capítulo anterior, quando há menos variedade entre as postagens (constituindo um mural “pobre”, principalmente em termos de imagens), aquelas que possuem imagens – incorporadas do link de destino ou compartilhadas a partir do álbum de fotos – tendem gerar os maiores índices de engajamento. Em um mural mais diversificado, a presença ou ausência de imagem em determinada postagem tende a não afetar tão expressivamente esses índices. 79 A rotina dos veículos parece desconsiderar o comportamento dos leitores: conforme apontamos no capítulo anterior, nem sempre os veículos estudados escolheram os melhores horários (considerando-se o retorno em indicadores de recepção) para a publicação de postagens, subutilizando seu poder de engajamento. A seleção de conteúdos para postagem também parece desconsiderar o interesse do público: os dados coletados pela pesquisa mostram o descompasso entre as editorias escolhidas por ambos os jornais para a elaboração das postagens e a preferência dos leitores (considerando-se o retorno das editorias selecionadas em indicadores de recepção). Mediação social é um fator importante a ser considerado por ambos os jornais e pelos demais veículos de imprensa: como ressaltado no capítulo anterior, as recomendações de conteúdos a partir dos sites para o Facebook foram o recurso de interatividade mais adotado entre os usuários, superando de muito longe o recurso de comentários no próprio site (que ficou em último lugar na preferência dos leitores). Apesar disso, essa a opção, bem como os contadores de quantos usuários já compartilharam determinada reportagem, não está presente em todas as páginas hospedadas pelos domínios de ambos os jornais (principalmente no caso do Estadão), o que é um impeditivo para novos compartilhamentos no primeiro caso e um desperdício de estímulo para esta mesma finalidade no segundo. Além destes pontos principais, observamos que esses dois grandes jornais impressos, hoje já consolidados em versões digitais que vão além da mera reprodução de suas matrizes em papel (ainda que também se possa discutir a qualidade dessas empreitadas), ainda sofrem com o “passo seguinte” a ser tomado por conta do estado atual da comunicação digital – a atuação em canais sociais. Pelos apontamentos deste 80 estudo, faltam estratégia (planejamento da utilização desses canais a partir da observação das interações dos usuários), domínio da linguagem própria da rede social (notavelmente no caso do Estadão) e, talvez mais importante do que os anteriores, conhecimento do público leitor, de seu comportamento e preferências. Pode-se argumentar, pela vivência deste pesquisador e pelos materiais recolhidos em diferentes estágios deste trabalho, que o problema não é exclusivo desses dois jornais brasileiros. Diversos representantes da mídia tradicional deparam-se com o desafio de adaptar seus negócios às novas demandas de consumidores hiperconectados e cada vez mais exigentes, que constituem uma audiência no mínimo fugaz, ainda mais enquanto pressionados pelas quedas na circulação de suas versões impressas, nos valores dos anúncios e, consequentemente, em sua arrecadação, além da diminuição do quadro de profissionais. No entanto, alguns grupos de mídia saem-se melhor que os demais, mesmo frente a todos esses complicadores. Nos EUA, por exemplo, onde a “crise dos impressos” anda em estágio mais avançado que no Brasil, observa-se uma utilização mais “profissional” do Facebook, principalmente no que diz respeito à customização de tabs (guias; diferentes páginas dentro de uma página principal do Facebook). Embora, aqui, a Folha de S. Paulo tenha um número maior de fãs, e o Estadão fique igualmente bem colocado, e ambos apresentem médias de “Likes” e comentários que muitas vezes superam os jornais norte-americanos – tudo isso se considerando a pesquisa do Bivings Group –, há que se ponderar que a indústria jornalística nos EUA é mais desenvolvida que aqui (pelo tempo de existência e número de publicações), e, consequentemente, a concorrência é muito maior. Grosso modo, cada região metropolitana naquele país tem seu “grande jornal”, enquanto aqui a concentração da 81 influência é muito maior, com a predominância de um número menor de empresas jornalísticas. Será que esse predomínio explica as tentativas fracas, quase amadoras em alguns casos, de dois dos nossos principais jornais em estabelecer sua presença no Facebook? A falta de concorrência dentro da própria indústria teria feito com que esses veículos se acomodassem? Embora este trabalho careça de indicadores concretos – além dos já apresentados – que apontem nessa direção, é essa uma das hipóteses que parecem mais consistentes frente ao que se observou ao longo da pesquisa. A despeito disso, no próximo capítulo listaremos algumas recomendações que podem auxiliar a Folha e o Estadão a estabelecer presenças mais consistentes no Facebook. 82 RECOMENDAÇÕES Retomando a comparação com os Estados Unidos, e somando-se a ela os dados obtidos por esta pesquisa, podem-se listar algumas práticas que, na opinião deste pesquisador, podem auxiliar a Folha e o Estadão nos próximos passos de suas empreitadas para estabelecer uma presença mais consistente e que faça jus ao seu potencial jornalístico no Facebook. Afinal de contas, mesmo com as mudanças incutidas nos negócios das empresas jornalísticas pelo advento da web e das redes sociais, ainda são elas (ainda que travestidas em blogs e outros formatos) as principais fontes de informação, no Brasil, nos EUA e em quase todos os lugares, ainda que as portas de entrada para esse conteúdo estejam cada vez mais pulverizadas pela web. Vamos às recomendações. Conhecer o público brasileiro, seus hábitos e preferências: pode parecer óbvio, como o seria se recomendado para as versões impressas e digitais desses dois jornais. No entanto, como mostrou a pesquisa, ou esses dois veículos fundamentam sua atuação sem esse conhecimento ou, pior, o ignoram. Pelo menos dois indicadores abordados neste trabalho fornecem pistas nesse sentido: o período do dia escolhido para as postagens e as editorias contempladas. Em ambos os casos, descobriu-se que os veículos poderiam otimizar o retorno de suas publicações (traduzido nos indicadores de interatividade apresentados ao longo desta pesquisa) se observassem em quais horários os internautas interagem mais com seus conteúdos, e em quais assuntos a maioria desses leitores está interessada. Este trabalho já traz alguns rumos, mas a observação de um período mais longo é recomendada para efeitos de estratégia. Investir em conteúdo multimídia: como mostram os resultados da análise contida neste trabalho, o uso de imagens por si só não é garantia de retorno. No entanto, 83 em páginas que variam pouco o formato de suas postagens (alternando entre texto com link de destino e texto link de destino mais imagem), como é o caso do Estadão, os leitores parecem se interessar mais pelas ilustradas (com imagem). Em todos os casos, no entanto, recomenda-se a utilização do maior número possível de formatos. Como mostrou este trabalho, postagens com vídeos e fotos publicadas a partir do álbum da fan page acumularam bons resultados de interatividade entre os leitores (no caso da Folha, única entre os dois a explorar tais suportes). Conforme relatado na análise, esse pode ser um dos motivos para a superioridade da Folha com relação ao número de fãs, ainda que em circulação impressa ela não se distancie tanto assim do Estadão. Formar e manter equipes especializadas e dedicadas à comunicação em redes e mídias sociais: embora possa parecer difícil que isso aconteça em tempos de redações cada vez mais “enxutas”, esse investimento pode fazer uma grande diferença no desempenho dos veículos nesses novos canais. Principalmente em se tratando de treinamento. Notou-se ao longo da pesquisa – uma observação não tabulada nos dados – que a linguagem adotada para as postagens de ambos os veículos variou muito entre os dias da semana e até mesmo entre diferentes períodos do dia, o que acusa a alternância de pessoas na função. Levando-se isso em conta, até mesmo a concentração de postagens de um período ou dia da semana para o outro e a escolhas do tipo de conteúdo a ser publicado pode, na verdade, ser decorrente dessa alternância, e não mera falta de estratégia. No caso do Estadão, a falta de profissionais dedicados à função poderia explicar, por exemplo, a ausência de postagens durante o final de semana. Em português claro, não havia quem o fizesse. Seria essa recomendação um contraponto ao sistemático esvaziamento das redações para cortar custos? As baixas causadas pela digitalização estariam sendo reabilitadas por uma consequência que as empresas jornalísticas não conseguiram enxergar duas décadas atrás? Tudo leva a crer que sim. 84 Aprimorar as configurações das páginas oficiais no Facebook: não faltam exemplos – principalmente em países Europeus e da América do Norte, mas também no Brasil – de como pode-se “turbinar” a experiência do usuário em uma página de Facebook ao se utilizar o recurso de customização de “tabs” (abas, conforme explicouse anteriormente). Através dessas guias, pode-se integrar ao Facebook outros serviços sociais disponíveis na web, como compartilhamento de fotos e vídeos, criar uma seção de blogs ou uma “primeira página” digital, hospedar seções inteiras do próprio website e daí por diante. Além de visualmente atraentes e úteis para o leitor, os conteúdos postados nessas seções podem, igualmente, receber “Likes”, comentários e até outras formas de interação. Praticamente todos os jornais citados pela pesquisa do Bivings Group utilizavam esse recurso, cada um a sua maneira, e por isso mesmo (em adição a índices de interação dos leitores) foram escolhidos como os melhores. O que não acontece no caso dos dois jornais analisados aqui. Para ser justo, o Estadão já exibe uma guia dedicada a um serviço exterior de compartilhamento de fotos, e só. Era de se esperar, pelo que já foi relatado neste trabalho, que a Folha de S. Paulo já estivesse um pouco mais avançada nesse sentido, mas não. A página do jornal chega a exibir guias diferentes, como uma intitulada “Folha.com”, que supostamente permitiria aos leitores visualizar o site sem deixar o Facebook. No entanto, ela não funciona, e exibe apenas um fundo de tela branco, como se não estivesse lá. O mesmo acontece com uma guia chamada “TV Folha”. Uma terceira tentativa de customização funciona, mas é pífia, se é que se pode dizer tanto. Intitulada “Colunistas”, a guia desperta a curiosidade do internauta, mas, ao ser clicada, exibe unicamente um link para a seção de colunistas do próprio site da Folha. As possibilidades, conforme descrito anteriormente, são muitas, mas parece faltar vontade para explorá-las. 85 Com isso encerro minha incursão no mundo da adaptação digital e social desses dois representantes da grande mídia brasileira. Fica o desejo de que este trabalho sirva para auxiliar essas empresas jornalísticas e seus profissionais ao longo dessa complexa jornada que, pelo que vimos durante essas páginas, pode até definir sua sobrevivência já nos próximos anos. Para futuros pesquisadores que por ventura tomem contato com esta pesquisa, ficam os votos de que possam dela se utilizar como base para aprofundar ainda mais o debate sobre o que os jornais estavam (ou estarão) fazendo para estabelecer uma presença relevante nas mídias sociais. E que até então, o fazer jornalístico (ainda que profundamente remodelado) ainda seja parte importante da nossa sociedade. 86 Referências bibliográficas ANGWIN, Julia; HALLINAN, Joseph T. Newspaper Circulation Continues Decline, Forcing Tough Decisions. Disponível em < http://online.wsj.com/public/article/SB11149991960862187572vA7sUkzSQ76dPiTXytqgOMS5A_20050601.html>. Acessado em 24/05/2011 às 22h11. ALLEN, Kristen. Newspaper Bild hooks up with Facebook. Disponível em < http://www.thelocal.de/sci-tech/20090421-18773.html>. Acessado em 29/05/2011, às 23h16. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Maiores jornais do Brasil. 2011. 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