ecoefici`ncia da coleta e tratamento do biog`s em aterro sanit`rio
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ecoefici`ncia da coleta e tratamento do biog`s em aterro sanit`rio
MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO CEAMSE COORDENAÇÃO ECOLÓGICA ÁREA METROPOLITANA SOCIEDADE DO ESTADO SYUSA SANEAMENTO E URBANIZAÇÃO S.A. RESPONSÁVEIS PELO PROJETO CEAMSE CEAMSE (Coordenação Ecológica Área Metropolitana Sociedade do Estado), criada em 1978, é uma Sociedade do Estado de caráter interjurisdicional, integrada pela Província de Buenos Aires e o Governo da Cidade de Buenos Aires. Tem como responsabilidade a gestão ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos que são gerados na cidade de Buenos Aires e em 31 municípios da conurbação portenha. Sua principal tarefa é a recepção e disposição de resíduos sólidos urbanos e industriais assimiláveis. Dispõe de mais de 5,5 milhões de toneladas de resíduos anuais, cifra que representa uma manipulação média de 470.000 toneladas mensais em seus quatro aterros sanitários: Norte III, González Catán III, Ensenada e Villa Domínico. Desde a data da sua criação, mais de 70 milhões de toneladas de resíduos foram tratados e dispostos em aterros sanitários da CEAMSE, destinando-se mais de 800 hectares de zonas baixas, em grande medida convertidas ou a serem convertidas em áreas verdes e parques recreativos A CEAMSE realiza, complementariamente, tarefas de consultoria e assessoramento, no âmbito nacional e internacional. Uma intensa política de proteção, manutenção e criação de áreas verdes, incluindo planos de florestamento e fornecimento de espécies de árvores. Colabora na erradicação e saneamento de lixeiras e bacias. É um dos pulmões verdes mais importantes da Área Metropolitana de Buenos Aires, uma via de vinculação de parques de recreação passiva e ativa. SYUSA Saneamento e Urbanização S.A. (SYUSA) é uma empresa da Organização Techint que foi fundada em 1978 com o objetivo de transferir e dispor dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) provenientes da cidade de Buenos Aires e Conurbação Buenairense Sul no aterro sanitário CDFVD. Tal aterro ocupa uma área proximadamente de 240 hectares, nos quais estão dispostos 40 milhões de toneladas em duas camadas de 7,5 metros de espessura cada uma. Na atualidade, a SYUSA recebe e dispõe nesse aterro umas 10.000 toneladas diárias de RSU e mais de 3 milhões de toneladas anuais. A fração de resíduos correspondente à cidade de Buenos Aires é previamente recebida em três unidades de transferência da empresa, onde os RSU são pré-compactados em semi-reboques e derivados para o aterro sanitário. A SYUSA planeja e desenvolve a infra-estrutura e operações do aterro sanitário sob um Sistema Unificado de Qulidade e Gestão Ambiental certificado sob as normas ISO 9001 e ISO 14001, que conta, por sua vez, com um setor voltado para a Melhora Contínua. Como ações complementares, a SYUSA desenvolve um plano ativo de participação comunitária que inclui a atenção e visita cotidiana de estudantes às instalações do aterro, desenvolvimento de melhorias vizinhas, organização de uma maratona anual de grande participação do público, doações a escolas e centros de sáude entre outras. MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO1 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m BASE DO PROJETO O biogás do aterro sanitário é gerado por diferentes fases de biodegradação da matéria orgânica presente nos RSU. Compõe-se de 99% de CO2 e CH4, em proporções similares com nível máximo de geração nos primeiros anos e uma duração de até 25 anos. O biogás compõe-se ainda de NH3, CO, H2, H2S, N2, O2, COV e outros gases residuais, alguns deles responsáveis pela geração de odores. De forma geral, o biogás é jogado ao ar, sem tratamento prévio, mediante encanamentos verticais dispostos ao longo do aterro. No entanto, melhoras na gestão dos gases permitem não apenas uma redução das emissões de GEE, em concordância com os objetivos da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, como também reduzir a pressão de gases no seio do aterro, diminuindo fissuras de terraplanagem e conseqüente fuga de lixiviantes, assim como emissão de odores. Em virtude disso, a CEAMSE e a SYUSA projetaram um Sistema de Coleta e Tratamento de Gases a ser implementado inicialmente em escala piloto e, em virtude dos resultados e ajustes necessários, em escala maior, de maneira tal a otimizar a ecoeficiência de sua gestão. Considerando que o PEE do CH4 é 21 vezes maior do que o do CO2, a combustão controlada de biogás constitui uma redução das emissões de GEE, medida em termos de toneladas de CO2 equivalente (como modo de padronizar as unidades de emissão), isto é: CH4 + 2 O2 à (combustão) à CO2 + 2 H2O MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO2 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m DESCRIÇÃO DO PROJETO PILOTO O projeto contém uma rede de extração de gás em combinação com uma rede de coleta de lixiviantes em um compartimento e uma rede unicamente de extração de gás e um compartimento próximo. Para a extração de gás, analisaram-se alternativas de tubos verticais, separados 35m entre si, de 30 cm de diâmetro de HPDE perfurado, situado em poços de 3,5 m de diâmetro rodeado de material petroso (filtro) para evitar o ingresso de resíduos e dispostos a uma profundidade de 80% do tirante do aterro, e encanamentos horizontais dispostos em profundidade (3 m) com as mesmas características e rodeadas de material petroso. Para a extração conjunta de lixiviantes e gases, previu-se a montagem de duas linhas horizontais em paralelo, a profundidades de 6 a 10 m da primeira e a 3 m da segunda, de HDPE perfurado (no primeiro caso, o encanamento vai perfurado somente na parte superior), de 18 cm de diâmetro, rodeados de filtro petroso, levando-se os líquidos até um tanque de armazenamento de onde são extraídos para sua recirculação. MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO3 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m Os gases coletados serão queimados em condições controladas, em uma ou várias tochas de incineração (“flares”) que cumprem rigorosas especificações de operação para assegurar a destruição total de elementos não desejados. As principais condições a cumprir são: temperatura o mínima de 815 C e uma permanência do gás a essa temperatura de 0,3 a 0,5 segundos. Tais equipamentos estão dotados de indicador e registro de temperatura, sistema de repetição do piloto automático que assegura um funcionamento contínuo; alarme e sistema automático de isolamento do queimador de fornecimento de gás, reguladores automáticos de ar de combustão e temperatura de chama; escotilha de amostragem e janelas de inspeção. Pautas de Planejamento do Sistema As distintas alternativas de planejamento analisadas levaram em conta osseguintes fatores: Condições de umidade (inclusive por lixiviantes) de compartimentos ou módulos. Quanto maior a umidade, maior o índice de produção de biogás. A reinjeção inicial de lixiviante pode favorecer a taxa de produção. G Otimização do campo de coleta colocando poços e/ou valas mais próximos uns dos outros e utilizando um obturador de baixa permeabilidade. O rádio da zona de captura desde o poço pode variar de menos de 30m até 150 m. G O sistema de encanamento é planejado para ajustar o maior índice de assentamento do aterro. O planejamento de poços e valas é tal que permite que a distância de separação adicional desde a superfície do lugar minimize a possível intrusão do ar. G O sistema de gases do aterro deve ser planejado para manipular e dispor de quantidades de condensado maiores do que o normal esperado. O alto conteúdo de umidade do lugar pode aumentar os problemas de manutenção no equipamento de manipulação dos gases do aterro. A natureza dos gases é potencialmente corrosiva ao dissolverem-se em água e formarem ácidos corrosivos débeis. G Controles de Performance MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO4 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m Previu-se efetuar três tipos de determinações de controles de performance do sistema: a) Voltada para o sistema de tratamento até alcançar os parâmetros operativos do mesmo, em regime quase-estacionário (corroborando parâmetros de planejamento e eficiência de remoção). b) Controle operativo: consta basicamente do controle dos parâmetros operativos do sistema durante sua operação em regime, nas distintas etapas de tratamento, assim como também nas distintas unidades reatoras. Simultaneamente, realizam-se controles de qualidade das emissões segundo parâmetros de emissão regulados, em um todo, de acordo com o requerido pela regulamentação vigente. c) Controle das variáveis meio ambientais: segundo os padrões provados de segurança para o meio físico e a saúde humana. Nesse sentido, serão incluídas como tarefas adicionais o exame e a análise dos parâmetros relevantes dos cursos de água superficiais, aquíferos, solos, por meio de equipamentos de monitoração portáteis. ECOEFICIÊNCIA DA DIMINUIÇÃO DE EMISSÕES DE GEE A emissão de biogás correspondente aos compartimentos que integram o projeto na escala piloto, 3 ao longo de 25-30 anos, foi estimada em 171,1 milhões de m , dos quais 53% é metano (90,5 3 milhões m de CH4), que equivalem a 64.815 t de CH4, e essas a 1.186.000 t de CO2 equivalentes. (já que o benefício líquido de 1t de CH4 tratado é de 18,3 t de CO2).Por sua vez, as emissões 3 restantes são de 81 milhões de m de CO2, que equivalem a 159.500 t de CO2. Somando ambos os termos, tem-se um total de emissões de aproximadamente 1,35 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Agora bem, implementando o projeto e estimando um potencial de captação de gases de 60%, tal proporção compreende o tratamento por incineração controlada de 53% de metano presente nos 3 102,6 milhões de m de biogás captados, o que representa 38.900t de CH4, isto é, uma economia líquida de 712.000 t de CO2 equivalentes. Tal valor representa 52,7% do total de emissões de CO2 equivalentes que resultam da não-implementação do projeto. Extrapolando esses valores a uma implementação de escala do projeto que envolve a geração 3 anual de RSU (3 milhões t RSU/ano), o total do biogás gerado é de 1.500 milhões de m , dos quais 3 80 milhões de m correspondem ao CH4 (12 milhões t de CO2 equivalentes). De igual modo que para o projeto piloto, o tratamento de 60% do metano captado pelo sistema, resulta em uma redução líquida de emissões de 6,3 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Tais reduções na emissão de GEE resultam significativas e coerentes com os compromisos da Argentina frente à Convenção para a redução de emissões no período de 2008-2012 (estimado em 14,6% da redução comprometida, em caso de um cenário de alto crescimento do PIB e alta produção agropecuária, e de 34% para um cenário médio de tais variáveis). Isso não leva em consideração a redução de emissões resultantes da implementação de eventual recuperação e reaproveitamento energético, o qual em virtude de seu poder calorífico do biogás 3 (16,8 MJ/m ) e da eficiência do sistema, poderia cobrir uma demanda de consumo elétrico equivalente a 600 mil GJ/año. Isso permitiria uma redução adicional das emissões de umas 34.000t de CO2 equiv/ano (projeto de escala). MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO5 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m ) Redução derivada da conversão (60% do biogás) de metano para CO2 por incineração. ) Emissão de CO2 direta do aterro, não mitigada por incineração. ) Redução suplementar na rede, no caso de aproveitamento energético. LISTA DE SIGLAS E TERMINOLOGIA TÉCNICA GEE Gases de Efecto Estufa CH4 Metano CO2 Dióxido de Carbono COV Compostos Orgânicos Voláteis PEE Potencial de Efeito de Estufa AMBA Área Metropolitana de Buenos Aires RSU Resíduos Sólidos Urbanos CDFVD Centro de Disposição Final Villa Domínico PIB Produto Interno Bruto HDPE Polietileno de Alta Densidade (High Density Poli-Etilene) MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO6 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m BIBLIOGRAFIA Gestión Integral de Residuos Sólidos - G. Tchobanoglous, H. Theisen & S. Vigil. Mc.Graw-Hill. 1994. rd Proceedings from the Solid Waste Association of North America’s 23 Annual Landfill Gas Symposium. SWANA. 2000. Guidance Document for Landfill Gas Management - Conestoga-Rovers & Associates Ltd. for Waste Treatment Division, Environment, Canada. 1996. Landfill Gas Feasibility Study - CEAMSE. Villa Dominico Landfill Site, Buenos Aires, Argentina. Conestoga-Rovers & Associates. 2000. Proposal to Reduce Gas Emissions via Landfill Gas Management in Greater Buenos Aires, Argentina. Pacific Energy Systems, Inc. 1998. Global Climate Change: A Basis for Business Strategy and Practice in Latin America. Bisomess Council Sustainable Development Latin America. CIADS - Centro Interamericano para el Desarrollo Sustentable. 1999. Indicadores Dinámicos en el Caso Argentino. Informe Preliminar de la SRNyDS con motivo de la 5° Conferencia de las Partes. Convención Marco de Naciones Unidas sobre el Cambio Climático. 1999. Cambio Climático - Avances y Perspectivas. CEDSAL. 2000. Proyecto de Expansión Vertical. Saneamiento y Urbanización S.A. 1994. The Baked Apple? Metropolitan New York in the Greenhouse - Anals of the New York Academy of Sciences. Vol 790. Ed. Douglas Hill. 1996. MUDANÇA DO CLIMA GLOBAL: ECOEFICIÊNCIA DA COLETA E TRATAMENTO DO BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO7 V e r s i ó n e l e c t r ó n i c a p a r a w w w.c l im a t e g a t e w a y.c o m