ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77
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77 A MODA COMO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA Paula Rueda Daniel1 RESUMO Este artigo analisa a moda popular contemporânea e como funciona seu sistema nos dias de hoje, bem como o modo que afeta a economia e as relações sociais de maneira cíclica. Essa primeira análise terá como apoio os trabalhos dos teóricos de moda como Lipovetsky, Svendsen e Caldas. A partir disso, tem como objetivo buscar e apontar o serviço que a moda hoje proporciona no campo da Estética à população, como uma experiência necessária para a vivência, ocupando um espaço sempre referido como pertencente à arte. Para essa investigação, serão utilizadas as teorias estéticas de Dewey e Kant. Além disso, será feito um estudo de comportamento das pessoas em relação à moda, de modo que seja feita uma análise das experiências que elas tiram da mesma. Isso será feito através da análise de blogs de moda com foco especial em crítica sobre os trajes utilizados nos eventos de celebridade de tapete vermelho. Palavras chave: moda contemporânea; estética; arte; celebridades FASHION AS AN AESTHETIC EXPERIENCE ABSTRACT 1 Paula Rueda Daniel é Especialista em História das Artes: Teoria e Crítica pela Faculdade Paulista de Artes (FPA) e Ciências do Consumo Aplicadas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). É Graduada em Design de Moda pelo Centro Universitário Senac. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 78 This article analyzes the contemporary popular fashion and how its system works nowadays, as well the way it affects cyclic the economy and social relationships. This first analysis will use as support the works of the fashion theorist Lipovetsky, Svendsen and Caldas. From that, this article has as goal to seek and point the attendance that fashion provides at the Aesthetics field to the population as a necessary experience for living, taking a place always referred as an art belonging. For this investigation, it will be used the aesthetics theories of Dewey and Kant. Besides that, it will be made a behavior study on people towards fashion, so that it is possible to analyze the experience they extract from it. That will be made through fashion blogs analysis, with a special focus on critics about the garments worn by celebrities on red carpet events. Key words: contemporary fashion; aesthetics; art; celebrities Quando pensamos em moda, pensamos de imediato em roupas, mas também sabemos que a moda está em todos os outros objetos de nosso uso diário, bem como em expressões que utilizamos para nos relacionarmos ou em nossos interesses que buscamos na mídia. É natural que ela saia apenas dos objetos e entre também nessas outras áreas, visto que hoje há tantas normas distintas andando lado a lado de maneira tão dinâmica, que tudo parece se aproximar. Essa proximidade nos leva ao que chamamos de “experiência estética”, termo explorado dentro do campo de estudo da Estética e que se mostra importante para o desenvolvimento humano, pois o homem sempre manteve contato com arte, como parte das necessidades humanas. A moda é um fenômeno que traduz a nossa sociedade atual e pós-moderna e é explícito o contato que temos com ela e como nos afeta em nosso dia a dia. É um tanto complicado tentar explicá-la hoje, assim como é difícil explicar os movimentos contemporâneos em qualquer área de estudo, ainda mais quando tudo se mostra recortado, remontado e efêmero. E a moda será sempre a própria contemporaneidade por definição conceitual. Muito se fala em espírito do tempo ou da época, sendo que a moda é considerada por muitos estudiosos o principal indicador desse espírito, pois por mais que não haja consenso, ao passarmos nossos olhos sobre a história, vemos seus traços e formas de maneira evidente nos costumes, de modo que possamos fazer relações sobre determinados períodos de maneira assertiva. Hoje, conseguir definir o espírito do tempo é tão complicado devido aos ciclos das modas não chegarem a durar ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 79 uma estação. O filósofo Gilles Lipovetsky fala sobre o fenômeno com a seguinte frase: “A moda é nossa lei porque toda a nossa cultura sacraliza o Novo e consagra a dignidade do presente.” (LIPOVETSKY, 2009, p. 314). Ou seja, quanto mais a indústria lançar o novo, mais capital vai movimentar, pois quase nenhum produto consegue ser mantido hoje sem se tornar obsoleto em questão de meses, dependendo do que for. No caso das roupas, é possível encontrar nas lojas de departamento que vendem o conhecido fastfashion, produtos novos toda semana. O filósofo Lars Svendsen mostra um círculo nesse processo: “quando mais depressa a moda se desenvolve, mais baratos os itens se tornarão, e quanto mais baratos os itens se tornarem, mais depressa a moda se desenvolve”. (SVENDSEN, 2010, p. 46). O autor Dario Caldas (2004) diz que, para traduzirmos o espírito de um tempo ao longo da história, podemos identificar traços comuns em três esferas: arquitetura (onde ele também engloba decoração de interiores), objetos e moda. Esses três, segundo o autor, definem uma Gestalt com seus traços estéticos. No século XX, incluiu também o automóvel, sendo cada vez mais óbvia a influência de um elemento sobre o outro. Já no século XXI, eu diria que os chamados gadgets também podem ser incluídos nesse grupo, dada a importância deles para o nosso lifestyle hoje e por marcas poderosas de tecnologia como a Apple (a qual não possui apenas consumidores, mas seguidores e fãs) que conseguem, assim, ter influência na indústria têxtil e automobilística. Os lançamentos da Apple conseguem mobilizar dezenas de milhares em um único dia e o design de seus produtos de mais sucesso são representantes de como os objetos de nosso dia a dia devem ser e que caminho seguirão na tecnologia do futuro. As indústrias das áreas citadas sempre mantêm contato entre si para apostarem nas chamadas “tendências” e poderem criar suas cartelas de cores juntas ou então definir as formas e silhuetas de seus novos produtos. Porém a indústria da moda é a que mais se sobressai ainda como emissor de tendências estéticas para outros setores industriais. Ela é a mais difundida pelo marketing e a mais globalizada, muito provavelmente por ser a mais dinâmica em mudanças, visto que é a única que pode mudar tão rapidamente suas coleções. É também a que seu design consegue atingir todas as classes sociais com facilidade de reprodução e produção em série, um processo já extremamente fácil desde os anos 1960 com o prêt-à-porter ou readytowear, dois ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 80 nomes diferentes para o mesmo sistema de produção em série de roupas, caracterizado pelas lojas de departamento. Afinal, por mais que queiram, os consumidores não conseguem trocar tanto de celular e de carro como de guarda-roupa. Assim, as roupas são os objetos que mais proporcionam experiências diversas, diariamente, aos indivíduos e entre eles também, seja para se reconhecerem como semelhantes ou para servir de diferenciador. Criou-se também um fetichismo exacerbado em torno da moda com força da publicidade que usa até mesmo a “antimoda” para vendê-la. Sua fotografia para revistas especializadas costuma comover pela sua dramaticidade, normalmente apelando para o irreal, sempre tentando fazer o que ainda não foi feito. A estética da moda, seja na própria peça de roupa, seja na fotografia, é a experiência estética que mais consegue atingir a população de maneira homogênea. Essa experiência que ela procura proporcionar a leva em direção ao que a grande maioria das pessoas categoriza como “arte”. A moda sempre quis ser amada e vista como arte, porém Svendsen (2010) diz que a arte, durante o século XX, a abraçava em um momento para rejeitá-la em outro. Apesar disso, hoje a moda provoca uma experiência estética maior para a sociedade em geral, mesmo sendo esse campo de estudo sempre direcionado à arte. Não me refiro, claro, a intelectuais de arte e moda, que constituem uma parcela mínima em relação à grande maioria das pessoas que não têm tanto repertório a respeito desses assuntos, sendo estes mais formados pelo que é veiculado na mídia. Não posso utilizar, por exemplo, o trabalho dos estilistas e marcas como GarethPugh, Yohji Yamamoto ou CommedesGarçons (figura 1) como referências estéticas de moda pelas quais a maioria das pessoas se interessa. São populares apenas dentro de sua área e suas roupas talvez apenas indiquem o “espírito do tempo”, mas não é o que chega literalmente às ruas. Se quero dizer que a moda hoje é o elemento que melhor leva as pessoas à experiência estética, coloco-a aqui como a moda em seu significado mais literal: o que é passageiro, o Novo (restrito às diversas normas permitidas) e recorrente, o que faz causar até mais estranheza sobre o assunto a princípio. Também não poderia fazer tal afirmação desconsiderando a arte contemporânea e seus admiradores e estudiosos, mas é mais evidente ainda que a arte contemporânea tenha menos visibilidade que a moda para a maioria da população. Se a arte contemporânea é objeto de luxo, a moda contemporânea de luxo ainda tem cartazes ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 81 publicitários espalhados pelas ruas, de modo que seja mais notada mesmo por quem não possa usufruí-la. Fonte: Style.com2 Figura 1 -Desfile de GarethPugh, Yohji Yamamoto e CommedesGarçons O filósofo John Dewey fez severas críticas sobre essa falta de visibilidade da arte, que é na verdade uma separação criada pelo nosso sistema moderno, entre ela e o cotidiano. O que se entende de maneira geral hoje, é que para vivenciar a arte, deve-se ir a galerias e museus. Assim, com a arte presa em um lugar restrito a ela, só reforça a impressão de que ter a experiência da arte é algo que está muito além do que as pessoas comuns (que não são artistas ou pensadores da área) conseguiriam e não pode fazer parte de nosso dia a dia, pois então seria supostamente “banal”. Mas a experiência estética não está apenas nas obras de arte consagradas: diversos objetos, cenas e atos podem fazer esse papel estético em nossas vidas. Porém, como o cotidiano é comumente menosprezado, a ideia que se tem é que a possibilidade de ter uma experiência estética é para poucos, por isso Dewey lamenta que muitos teóricos e críticos sustentem com orgulho essa separação entre arte e objetos corriqueiros. 2 Disponível em http://www.style.com/fashionshows/review/S2007RTW-PUGH; http://www.style.com/fashionshows/review/S2011RTWYJIYMOTO;http://www.style.com/fashionshows/review/F2012RTW-CMMEGRNS. Acesso em 12 de junho de 2014. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 82 A arte possui, no entendimento geral, uma “aura” sagrada em torno dela, principalmente as mais antigas, sobre as quais se ouve falar desde cedo nas escolas e na mídia, onde apenas frisam como são perfeitas, mas sem exatamente conseguirem transmitir as razões daquela arte ser o que é, ou dar até espaço para serem questionadas criticamente. Elas já nos são apresentadas e reconhecidas como grandes, mas não mostram o curso delas e a experiência que elas possuem, de modo que se possa descobrir sua qualidade estética. Dewey, então, afirma que quando uma obra de arte tem o status de “clássico”, ela se isola das condições humanas e não gera experiência real de vida, e essa separação da obra de arte da sua origem impede que se perceba sua significação geral, a qual lida a teoria estética. O autor também diz: “Para compreender os significados dos produtos artísticos, temos de esquecê-los por algum tempo, virarlhes as costas e recorrer às forças e condições comuns da experiência que não costumamos considerar estéticas”. (DEWEY, 2010, p. 60). Ou seja, uma obra só tem seu peso estético na medida em que é uma experiência para o ser humano. O autor diz até que muitas obras de arte reconhecidas pelas pessoas cultas parecem “anêmicas” para a massa popular, o que é natural, visto que a arte contemporânea não é óbvia e se apoia em conceitos além da estética. Com isso, existe um peso enorme que amedronta as pessoas em relação a essas obras: sem embasamento, é comum tentarem tirar conclusões das obras a todo custo para não se sentirem ignorantes, com uma ideia próxima e: “se a obra está em um museu, ela deve ser importante e eu tenho (destaque da autora) que conseguir compreendê-la”. Não é que a arte não deva ser tratada com importância, mas a sua sacralização causa temor às pessoas, que se afastam com pensamentos de “isso não é para mim”, ou então formam uma imagem muito estereotipada de artistas e intelectuais da área, como se fossem pessoas fora da realidade. As obras de arte que são achados arqueológicos, por exemplo, também, aponta Dewey, ao serem reclusas em um museu, são segregadas e mostradas como se não fossem concomitantes ao seu lugar de origem, que faziam parte da vida social. O autor diz: A escarificação do corpo, as plumas oscilantes, os mantos vistosos e os adornos reluzentes de ouro e prata, esmeralda e jade, formaram o conteúdo de artes estéticas, e, ao que podemos presumir, sem a vulgaridade do exibicionismo classista que acompanha seus análogos ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 83 atuais. Utensílios domésticos, móveis de tendas e de casas, tapetes, capachos, jarros, potes, arcos ou lanças eram fetos com um primor tão encantador que hoje os caçamos e lhes damos lugares de honra em nossos museus de arte. No entanto, em sua época e lugar, essas coisas eram melhorias dos processos a vida cotidiana. Em vez de serem levadas a um nicho distinto, elas fazem parte da exibição de perícia, da manifestação da pertença a grupos e clãs, do culto aos deuses, dos baquetes e do jejum, das lutas, da caça e de todas as crises rítmicas que pontuam o fluxo da vida. (DEWEY, 2010, p. 64-65). Percebemos que esses objetos citados e atitudes em relação a eles não cabem para nossa sociedade hoje, devido a nossa maneira moderna de lidar com a vida. O design tomou lugar da arte para a confecção desses objetos e como premissas do design estão: beleza, praticidade e funcionalidade. Produzidos em série, os nossos utensílios diários devem sempre estar de acordo também com o mercado, o que não quer dizer que não se possa extrair uma experiência estética deles, mas é a lógica que causou a separação marcada entre arte e a vida diária. Dewey ressaltou que essa separação e confinamento da arte em galerias e museus é uma característica tipicamente moderna e capitalista, de modo que a arte fique restrita à elite e encarada apenas como objeto de consumo, o que tira a experiência de vivenciá-la. Ora, mas não é a moda também um objeto de consumo? O que faria ela se sobressair em relação à arte como experiência estética? Ao falarmos de moda, é praticamente impossível não falarmos de consumo. Um existe com o outro, um molda o funcionamento do outro. A moda é, inclusive, exemplo de consumo ostensivo quando se fala em desigualdade social, ou então é apontada como responsável por dívidas em cartões de crédito de milhares de pessoas. Mesmo assim, a ideia de que a difusão da moda se dá das classes mais altas para as mais baixas, é unanimemente inaplicável para os dias atuais, em que a necessidade é apenas estar na moda, expressar novos gostos e reforçar escolhas pessoais. Hoje, teóricos afirmam que a moda se dá por idade e não por classe: ela surge com os mais jovens e é repassada aos poucos aos mais velhos. Mas o consumo em si não retira qualquer experiência possível que os objetos possam proporcionar, como muito se discute. Tampouco a reprodução em série, assunto já amplamente discutido dentro das teorias da arte, pois para Dewey a experiência sobrepõe-se à aura genuína da obra: “Até uma experiência tosca, se for genuína, está mais apta a dar uma pista da natureza intrínseca da experiência estética do ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 84 que um objeto já separado de qualquer outra modalidade de experiência”. (DEWEY, 2010, p. 71). A moda serve de exemplo perfeito para demonstrar a posição de Dewey, pois experiência da moda vai além do consumo e a sua apreciação genuína é mais comum do que se imagina. Além disso, a concepção do funcionamento da moda é algo relativamente novo, visto que ela só se fortaleceu e realmente chegou ao alcance da classe trabalhadora no século XIX, junto à expansão das metrópoles. A moda é forte em sua indústria, mas não há tradição de crítica séria ainda, então ela passa naturalmente a ser vista como algo menos importante que a arte, o que serve para ilustrar uma afirmação de Dewey: As artes que têm hoje mais vitalidade para a pessoa média são coisas que ela não considera artes: por exemplo, os filmes, o jazz, os quadrinhos e, com demasiada frequência, as reportagens de jornais sobre casos amorosos, assassinatos e façanhas. É que, quando aquilo que conhecemos como arte fica relegado aos museus e galerias, o impulso incontrolável de buscar experiências prazerosas em si encontra válvulas de escape que o meio cotidiano proporciona. (DEWEY, 2010, p. 63). Como já foi dito, o nosso cotidiano não é visto com tanto valor quanto aquilo que tem um lugar especial para existir. A moda faz parte desse nosso cotidiano considerado banal e, além disso, tem atrelado a ela o estigma de fútil e supérflua. Porém, esse desmerecimento dado à moda faz, justamente, as pessoas terem experiências enriquecedoras com ela. A moda é um paradoxo: ao passo que dá espaço para a imaginação e experimentação, tem normas rígidas que podem excluir do convívio social quem não estiver adequado a elas. Porém se encontram com facilidade pessoas que tomam a liberdade de dizer em um ato de inocência que são “contra” a moda, e que supostamente não a seguem. Isso quer dizer que a moda não amedronta as pessoas como a arte o faz, pois sua recorrência em nosso dia a dia nos faz sentirmo-nos muito mais à vontade com ela. Certamente a pessoa que se disser contra a moda não encontrará tantos problemas e discussões quanto se disser que é contra a arte. Como vimos, a arte é “sagrada”, não se pode contestar o que já está consagrado, muito menos se a crítica vier de alguém desconhecido, sem nenhuma reputação na área. Já na moda podemos criticá- ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 85 la e escolher livremente o que gostamos ou não. É uma ação até bem comum quando se abre uma revista de moda, exercício que aproxima as pessoas da experiência estética. Pode-se dizer que a moda tem menos importância que a arte porque ela é criada já com um prazo de validade estabelecido, que será descartada em poucos anos. Tem-se o costume de doar roupas velhas, mostrando que a roupa é algo que só tende a se desvalorizar. Isso vem mudando de uma década para cá, quando o vintage começou a ser celebrado e brechós mais procurados, porém, para uma roupa ter valor reconhecido como vintage, é necessário esperar, no mínimo, de vinte a trinta anos. Mas é improvável que alguém pense em guardar suas roupas para estas terem valor daqui a vinte anos, algo plenamente plausível de se fazer com um objeto artístico. Porém, até mesmo a moda de vanguarda, apresentada nas passarelas como objeto de arte, é passível de críticas e livres opiniões de gosto pela massa, sem a sua aura artística interferir no julgamento. A moda não está ainda desvinculada do fato de ter uma função de uso como a arte está, nem da ideia de que deve ser descartada dali a algum tempo. Assim, a falta de seriedade na moda, principalmente na área de design, aproxima as pessoas dela e as deixa à vontade para emitirem suas opiniões, mesmo que mal fundamentadas, mas que no mínimo, conseguem estabelecer uma experiência com o objeto. Não há afastamento nem medo e, com o tempo, a experiência estética vai se fortalecendo devido ao presente contato, não só pelo seu uso, mas pelo apelo cultural que existe para sempre julgarmos a moda. Ainda assim, a disciplina da estética na filosofia é vasta para, talvez, analisarmos a experiência estética na moda pelo viés de um filósofo moderno como Dewey. Kant se ocupou de analisar a estética, principalmente a faculdade de julgar (destaque da autora). O juízo de gosto é intrínseco à moda, por diversos motivos já considerados ao longo do texto, sendo uma ação quase que obrigatória quando pessoas comuns querem falar sobre o tema. Como já observamos, na arte se pressuporia argumentação ao expor suas ideias para dizer se gosta de determinada obra, enquanto na moda, por ter um caráter mais informal, não se espera isso, apenas a livre e irrefreada emissão de opiniões de gosto, atitude considerada como até mesmo como lazer. Kant (2012) define como estético todo juízo de gosto que não envolva juízo de conhecimento e, para obter uma verdadeira experiência estética, devem-se considerar três fatores: ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 86 - Não deve haver interesse no objeto; - Não se deve tentar conhecer ou compreender o objeto; - Não se deve relacionar o objeto a um valor moral. Livrando-nos desses três itens, nosso juízo se torna livre e conseguimos aproveitar a experiência estética do objeto ou cenário em questão. O autor também diz: Agradável chama-se para alguém aquilo que o deleita; belo, aquilo que meramente o apraz; bom, aquilo que é estimado, aprovado, isto é, onde é posto por ele um valor objetivo [...] Pode-se dizer que, entre todos esses modos de complacência, única e exclusivamente o do gosto pelo belo é uma complacência desinteressada e livre; pois nenhum interesse, quer o dos sentidos, quer o da razão, arranca aplauso.(KANT, 2012, p. 46) Parece óbvio que não se chega à experiência estética se tentamos entender uma peça de uma marca conceitual como Viktor & Rolf, por exemplo. Não aproveitamos o deslumbre que nos é dado por conta de tentarmos justificar, de qualquer forma que seja, o porquê dos estilistas terem proposto aquilo, com perguntas como: “Qual o sentido de uma roupa assim? Quem vai usar algo assim?”, em vez de simplesmente a apreciarmos pelo que ela é, ignorando o fato de que sim, elas foram criadas apoiadas em algum conceito, o que pode ajudar a apreciação, mas não a estética. Também não podemos apreciar uma peça (se quisermos a experiência puramente estética) apenas porque ela remete a algum valor, seja ela recatada, seja ela ousada, ou qualquer outro tipo. Por fim, o interesse é a atitude que mais se mostra como comprometedora à experiência estética segundo o autor, pois até mesmo a complacência no agradável, é um interesse. Nesse caso, parece que, apesar da teoria de Dewey mostrar que a experiência estética só pode se dar se o objeto estiver próximo ao sujeito (principalmente no sentido figurado do termo), a moda não conseguiria proporcionar essa experiência, segundo a teoria de Kant, visto que, aparentemente, ela é indissociável do interesse, pois ela é criada especialmente para gerá-lo aos consumidores. Sim, é verdade que, por exemplo, ao folhearmos uma revista de moda ou até mesmo olharmos um blog que publica fotos de pessoas anônimas nas ruas de grandes metrópoles (os chamados blogs de streetstyle), naturalmente, ao gostarmos de determinada peça, nós a desejamos e o nosso interesse por ela é perceptível. Porém, é possível observarmos que mesmo o comportamento ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 87 interessado ser predominante, ele é variável conforme a relação de cada pessoa para com a moda. Os blogs são ferramentas atuais eficientes para analisar comportamento de pessoas sobre diversos assuntos, sendo a moda um dos temas mais explorados nesse meio, o que faz com que encontremos variados públicos, com diferentes relações com a moda, publicando sobre ela nesses sites. Através de uma breve análise desses blogs, podemos notar as diferentes relações que as pessoas têm com a moda apresentada em desfiles e vestida por celebridades em eventos de tapete vermelho e a moda também de desfiles, mas conceitual e vanguardista (esta, raramente escolhida para ser usada em eventos). Também serão analisados blogs que não tem tanto foco em celebridades, mas na própria roupa e composição do look, bem como a interação evidenciada da roupa com a pessoa que a veste. Através deles, veremos a experiência física e estética que a moda proporciona com a abordagem dos autores. Dentre os estilos de blogs analisados: - Os que analisam o estilo de celebridades e mostram referências para serem copiadas pelos leitores; - Os que publicam fotos para mostrar o estilo de pessoas pelas ruas ou dos próprios blogueiros, e que também têm como foco os detalhamentos das roupas, como texturas dos tecidos, bordados ou composição de cores. Claro que os blogs não são rigorosamente separados de cada assunto dessa forma, sendo que a maioria procura falar sobre todos os itens listados, mas com um evidente foco maior em um deles, bem como com abordagens diferentes, enquanto outros preferem manter-se em apenas um desses segmentos mesmo. Como exemplo do primeiro item, utilizo os blogs Garotas Estúpidas e Fashionismo. Esses blogs, apesar de comentarem marcas de luxo, como Gucci, Prada ou Chanel, bem como as celebridades que as usam, traduzem os modelos para a moda de rua e abrangem a maior parte do público leitor de blogs de moda, que têm, muitas vezes, restrições a peças ou combinações que fujam muito do comum, ou esperam a moda se difundir bastante para passarem a usá-la. De qualquer forma, conseguimos perceber a experiência que os ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 88 usuários extraem dessas relações e que se enquadra na experiência estética. Em Garotas Estúpidas, Camila Coutinho, escritora do site, comenta em uma publicação: “Os desfiles de alta-costura sempre parecem muito distantes da gente — preços de muitos dígitos, extrema exclusividade dos modelos, criação às vezes criativa demais…” (COUTINHO, 2014). Aqui, a distância entre a moda mais “artística” e a massa em geral é assumida pela autora, ainda que essa moda de luxo seja muito mais difundida que a arte que permanece em galerias. Mas é interessante notar a última frase “criação às vezes criativa demais...”, que mostra que a fuga dos padrões convencionais já é menos aceita. Thereza Chammas, autora de Fashionismo, tem como especialidade julgar peças de desfiles e roupas usadas por celebridades, principalmente em tapete vermelho. O site é repleto de enquetes para as leitoras escolherem os melhores e piores looks e as caixas de comentários transbordam opiniões e juízos de gosto. O tapete vermelho pode ser comparado a uma galeria de arte se pensar que é um ambiente voltado para exibir aquela moda específica e requer certa ousadia, mas a sua ampla divulgação consegue ainda atingir milhares de pessoas, mesmo as que não frequentam sites de moda especializados. Em uma publicação, para falar sobre um vestido usado pela atriz Emma Watson (figura 2), Thereza Chammas comenta a opinião das leitoras e explica a sua: Se no Golden Globe ela inventou moda naquele look vermelho polêmico, no evento de hoje em Londres, segundo minhas leitoras noFacebook, umas disseram que ela saiu embrulhada pra presente, outras acharam que ela estilizou o lençol e algumas notaram que ela pegou o fraldão e inverteu a ordem das coisas. Certamente, é um look que quase ninguém segura, mas – me julguem – eu curti. Curti porque eu admiro certas formas de ousadia. Acho que Emma segura com louvor e a gente sabe que é a cara dela buscar um vestido curtinho e diferente, e dessa vez ela foi fundo e pegou um ValliCouturerecém desfilado.(CHAMMAS, 2014) Essa citação mostra a liberdade que se tem para julgar a moda sem medo de represálias. Raramente encontra-se alguém nos comentários desses blogs exigindo embasamento e conhecimento aprofundado sobre a moda para validarem essas opiniões. O que a grande maioria das pessoas quer são as opiniões livres que não precisem de fundamento, de modo que elas possam se sentir à vontade para fazerem o mesmo. Em outro momento, a autora destaca um sapato da marca Céline (figura 3), o qual tem os ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 89 dedos dos pés representados sobre ele (algo que o estilista brasileiro Ronaldo Fraga também já fez no São Paulo Fashion Week). Pode-se fazer referência desse sapato à moda surrealista das décadas de 30 e 40 do século XX, criada pela estilista Elsa Schiaparelli e Salvador Dali. Esse período de intensa experimentação nas artes fez muitos artistas levarem-na para as roupas também, de modo que a arte pudesse fazer parte de um todo, e não estivesse apenas nos objetos convencionais. Eis a opinião de Chammas sobre o sapato de Céline: Agora pra finalizar, um toque polêmico (senão não seria moda, seria, sei lá), Céline apresentou esse projeto de scarpinnudeacima. Não satisfeita em produzir sapatos esquisitos e complexos, ainda exibiu sapatos 100%ursinho de pelúcia! Tão bizarro, que resolvi poupar vocês dessa, mas em breve no pé da Anna dello Russo mais próxima. (CHAMMAS, 2014) Figura 2 – Emma Watson em Elle Style Awards Figura 3 – “FeetShoes” de Céline A Fonte: Fashion Gone Rogue3 Doré4 3 Fonte: Garance Disponível em http://www.fashiongonerogue.com/emma-watson-giambattista-valli-couture-elle-styleawards. Acesso em 12 de junho de 2014. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 90 Aqui vemos que um objeto de moda que se aproxima da arte é totalmente rejeitado. É provável que se esse mesmo objeto estivesse em um museu de arte, haveria uma tentativa maior de aceita-lo, antes de chama-lo de “bizarro” abertamente, como existe um respeito maior às peças de roupas do movimento surrealista de Elsa Schiaparelli (figura 4). Figura 4 – “Vestido Esqueleto” e “Chapéu Sapato” (1938). Criação de Elsa Schiaparelli em colaboração com Salvador Dali. Fonte: Victoria and Albert Museum e Metropolitan Museum of Art5 Mas a liberdade em julgar a moda, seja erroneamente ou não, é um exercício que estimula a experiência estética. Basta ser moda para poder ser julgada, mas se for arte, não. O segundo tipo de blog de moda indicado, o qual publica fotos de looks dos autores ou de pessoas na rua, ou seja streetstyle, aceitam mais ousadia na moda. Eles mostram 4 Disponível em http://www.garancedore.fr/en/2013/09/06/celine-pumps. Acesso em 12 de junho de 2014. 5 Disponível em http://collections.vam.ac.uk/item/O65687/the-skeleton-dress-the-circus-evening-dresselsa-schiaparelli e http://metmuseum.org/collection/the-collection-online/search/83437. Acesso em 12 de junho de 2014. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 91 mais autenticidade e originalidade ao se vestir, muitas vezes fogem do convencional e são referências para profissionais cool hunters (ou caçadores de tendências). O blogueiro Matthew Zorpas, autor do blog The Gentleman Blogger, publica sempre imagens de seus looks que também são avaliados na caixa de comentários, mas de maneira diferente dos dois primeiros blogs já citados. Existe uma preocupação maior nos tecidos, padronagens e silhuetas apresentadas (figura 5), onde se vê que, apesar dos primeiros blogs também avaliarem as roupas, elas também tinham sempre que estar vestidas por uma celebridade. Aqui, vê-se que a estrela principal é o traje, e não quem o veste. Esse tipo de blog também não atrai tanto um público interessado em copiar, mas muito mais em apreciar. Zorpas comenta: Frequentemente me perguntam: 'O que te inspira? Onde você encontra inspiração para se vestir? Quem é seu ícone de estilo?'. Uma resposta óbvia a essas questões é que eu encontro inspiração em toda variedade de lugares e coisas. Inspiração não é algo que você pega [em algum lugar], é algo que vem de dentro... (ZORPAS, 2014) 6 Figura 5 – Detalhamentos de Matthew Zorpas Fonte: The Gentleman Blogger7 Também, em um comentário de um leitor nesta mesma publicação: “Traje verdadeiramente bonito. O tecido é maravilhoso. Eu, particularmente, gosto da forma das lapelas com o recorte mais alto, muito incomum em um colete. Você está bastante 6 Tradução da autora. 7 Disponível em http://www.thegentlemanblogger.com/2014/04/cok-guzel/#.U-zAu_ldV65 e http://www.thegentlemanblogger.com/2014/05/shades-of-blue/#.U-zAy_ldV64. Acesso em 12 de junho de 2014. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 92 arrojado!”8. Ambas as citações nos mostram a maneira como tanto autor quanto leitor lidam com a moda. É dada atenção aos detalhamentos, posições de recortes e texturas, e é aí que se deleita e se fortalece a experiência estética com a moda. Podemos ter também como exemplo o blog Garance Doré, que tem a autora de mesmo nome e também faz fotografias enaltecendo as peças de roupa. Doré dificilmente tira fotos dela mesma, preferindo explorar estilos diversos em diferentes pessoas que ela encontra. Em uma publicação, conta: “Eu amo os cinzas e os detalhes da roupa de Zanna... O farrapo delicado em sua camisa na parte de baixo, a pureza do colar, as proporções do suéter”9 (figura 6). (DORÉ, 2011). Como o Matthew Zorpa, Doré também demonstra a contemplação e deleite que leva a observação de peças de roupa, atitude que cresce aos poucos e provoca a experiência estética. Dentre os blogs apresentados, todos mostram exemplos de como participamos da moda em nosso dia a dia, mesmo que com olhares diferentes sobre ela. De qualquer forma, a participação dela em nossa vida fortalece nossos laços com ela e cada encontro com novidades também passa a ser parte da experiência estética, considerando que a experiência estética se dá na experiência real de vida, como apontou Dewey. Figura 6 – “Beautiful Layers of Grey” Fonte: Garance 8 Doré10 Tradução da autora. 9 Tradução da autora. Disponível em http://www.garancedore.fr/en/2011/03/18/beautiful-layers-of-grey. Acesso em 12 de junho de 2014. 10 ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 93 Os juízos de gosto constituem uma parte de nossas vidas e o fato de serem livres, sem tentarmos justifica-los, os fazem estéticos: “O juízo de gosto não é, pois, nenhum juízo de conhecimento; por conseguinte, não é lógico e sim estético [...].” (KANT, 2012, p. 38). Desse modo, a permissão que existe na moda para ser julgada, seu estigma de “fútil” e seu caráter de objeto prático e não artístico, faz com que as pessoas consigam se aproximar da experiência estética através desses julgamentos que não precisam ser racionalizados. Um exemplo claro disso foi o sapato imitação de pé de Céline que, como objeto artístico poderia ser aceito, mas como moda ele pode ser criticado com mais confiança. Apesar disso, passando para um próximo estágio, o sapato Céline poderia também ser apreciado se não tentassem compreendê-lo, mas apenas contemplá-lo. Pensar “sapato que imita um pé descalço” pode causar estranhamento de fato, mas se paramos de tentar atribuir-lhe significados e funções, que Kant aponta como uma atitude que se deve tomar para ter uma experiência estética, podemos também apreciá-lo. Nota-se que esse tipo de atitude é tomada pela segunda dupla de blogs apresentada, The Gentleman Blogger e Garance Doré, que aparentam perceber melhor as nuances existentes em apreciar a moda. Ambos mostram que cada detalhe pode ser contemplado e que podemos apreciá-lo pelo que ele é e não apenas para demonstrar glamour, como acontece nos tapetes vermelhos. Isso tira as intenções e interesses iniciais e a moda não é mais um objeto apenas para vestir e causar determinada impressão, mas para ser vivida e “experienciada” de maneira única e pessoal. Se formos considerar a massa popular, sabemos que se desligar dos interesses e intenções de racionalizar e dar sentido às peças de roupas é um processo complexo. Mas isso é um estágio a ser alcançado com o tempo. O fato de muitas pessoas não conseguirem deixar de ter interesses específicos na moda não faz com que elas não consigam ter uma experiência estética com ela, ainda que essa experiência possa se desenvolver posteriormente e ser mais bem aproveitada com o tempo. Percebemos isso com as teorias estéticas de Dewey, que, existindo a experiência real com o objeto, é caminho aberto para experiência estética. Também, como apontou o autor, a moda não ser considerada arte é justamente a porta de entrada para a experiência estética, pois as pessoas precisam dessas experiências e vão se apoiar no que elas têm. Conforme se fica ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 94 consciente disso, a experiência se intensifica e deixa-se de lado, às vezes, os interesses sobre a moda. Os interesses na moda são latentes, mas podem evoluir e tornarem-se deleite e apreciação genuínos, fazendo parte da experiência estética. Percebemos, assim, que ao contrário do senso comum, a moda não está relacionada apenas ao desejo interessado de aparentar ou representar algo ao usufruí-la, mas isso se dá através de um exercício de apreciação ao longo do tempo, mas que pode surgir até mesmo de maneira inconsciente. Um mero consumidor de moda pode começar a vivenciar as experiências estéticas do vestir devido ao seu contato diário e intenso com ela. As propagandas podem, por um lado, atrapalhar esse desenvolvimento, pois estimulam o interesse, mas ao mesmo tempo também colocam a moda mais perto de nós, coisa que não fazem tanto pela arte. Dessa forma, a moda e outros itens de consumo de massa se mostram como elementos importantes para a fruição estética requerida pelas pessoas. Independentemente da validação do objeto, o que importa aqui é o que as pessoas fazem dele, mesmo se ao refletirmos sobre ele, o classifiquemos como vulgar ou tosco. Mas Dewey coloca que, antes um vulgar ou tosco do que um sofisticado, mas afastado das pessoas. Os gostos são influenciados pela mídia, mas se refinam com o tempo e a recente explosão de blogs de moda na internet demonstram as diversas etapas que se tem de experiência com a moda, onde, primeiramente, pensamos nela como um fim, mas com a experiência aprendemos que ela pode nos proporcionar um caminho muito mais prazeroso nos processos, ao explorarmos tecidos, formas, texturas e aproveitarmos o que ela é e não só o que ela pode fazer por nós. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDAS, Dario. Observatório de sinais: teoria e prática das pesquisas de tendências. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2004. DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010. KANT, Imamanuel. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95 95 SVENSEN, Lars. Moda: uma filosofia. Rio de Janeiro, 2010. REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS CHAMMAS, Thereza. Golden Globe 2014: Emma Watson.12 de janeiro de 2014. Disponível em: http://www.fashionismo.com.br/?s=Golden+Globe+2014%3A+Emma+Watson. Acesso em 12 de junho de 2014. CHAMMAS, Thereza. Detalhes da Paris Fashion Week. 30 de setembro de 2012. Disponível em: http://www.fashionismo.com.br/2012/09/detalhes-da-paris-fashionweek. Acesso em 12 de junho de 2014. COUTINHO, Camila. Do Couture para o casamento: looks para convidadas, madrinhas e noivas!.31 de janeiro de 2014. Disponível em: http://www.garotasestupidas.com/do-couture-para-o-casamento-looks-para-convidadasmadrinhas-e-noivas. Acesso em 12 de junho de 2014 DORÉ, Garance. Beautiful layers of grey. 18 de março de 2011. Disponível em: http://www.garancedore.fr/en/2011/03/18/beautiful-layers-of-grey. Acesso em 12 de junho de 2014 ZORPAS, Matthew. ÇokGüzel. 21 de abril de 2014. Disponível em: http://www.thegentlemanblogger.com/2014/04/cok-guzel/#.U-zABfldV64. Acesso em 12 de junho de 2014. ARTEREVISTA, n. 4, ago./dez. 2014, p. 77-95
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