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N.º 4 Faz bem à Saúde. FÁTIMA LOPES OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 E a nova campanha “Deixe que a Médis cuide de si” Trimestral Grande Nº4 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 Trimestral ¤ 3.00 Entrevista João Paço e a história de Manuel BUTÃO Um país perdido na Cordilheira dos Himalaias sumário EDITORIAL SUMÁRIO 4 NOTAS SOLTAS Notícias, espectáculos e exposições. 8 GRANDE ENTREVISTA Professor João Paço. 13 SIGHTSEEING Descobrir Sortelha. 16 MUNDO MÉDIS Hospital Privado de Guimarães. 20 MUNDO MÉDIS Ressonância Magnética Caselas. 23 SPACE SHUTTLE A última viagem. 24 GLOBETROTTER Butão é um paraíso perdido. 29 MUNDO MÉDIS Sonhos de crianças. 30 MUNDO MÉDIS Gestão da Rede Médis. 33 MUNDO MÉDIS Site www.mediskids.pt 34 HI-TECH Volantes da Fórmula 1. 36 MUNDO MÉDIS Rastreio médico no regresso à escola. 40 MUNDO MÉDICO Novos estudos médicos. 42 TENDÊNCIAS MODA Sugestões para o Outono/Inverno. 44 GOURMET Propostas requintadas. 46 WEEKEND Prazeres alentejanos. 50 MUNDO MÉDIS Fátima Lopes e a nova campanha Médis. 54 MUNDO MÉDIS Clínica Universidade Navarra. 56 ON THE ROAD Revolução Range Rover. 58 ÚLTIMA PÁGINA A mulher símbolo da Rolls Royce. Filipe Clemente DIRECTOR COORDENADOR GESTÃO DE SINISTROS FIDELIZAR CLIENTES Presentemente, a oferta de produtos e serviços é cada vez mais diversificada, os consumidores estão cada vez mais exigentes e menos tolerantes a falhas dos seus fornecedores. A Internet veio revolucionar vários aspectos da lealdade, possibilitando a comparação de propostas de preços e produtos, tornando o abandono mais fácil, à distância de um clique ou de um e-mail. Todavia, a ameaça do on-line é simultaneamente uma oportunidade para as empresas que saibam tirar partido das novas ferramentas para comunicar as vantagens do seu produto e do seu serviço, para além de potenciar o desenvolvimento de um melhor relacionamento com o Cliente. Se uma marca opta por uma estratégia assente no preço e não desenvolve uma ligação emocional e fortes argumentos na qualidade do serviço que presta, o Cliente mudará de fornecedor sempre que surja uma melhor oferta. É neste contexto que a Médis procura diferenciar-se no mercado dos Seguros de Saúde, com uma oferta de serviços de excepção e um permanente compromisso com a qualidade, assente em processos de trabalho em constante inovação, de forma a encontrar a solução mais apropriada para todos os Clientes. Está comprovado que é mais eficiente (a nível de custos, gestão de tempo e recursos) a manutenção de um Cliente do que a captação de um novo. Nos dias que correm, o esforço de fidelização passou a ser uma palavra de ordem. Ao conseguirmos que um Cliente se mantenha leal num momento de dificuldade como o que atravessamos, o mais provável é que permaneça connosco num futuro mais tranquilo. Foi nesta linha de actuação estratégica que criámos uma equipa especializada na retenção do Cliente, que permitisse à Médis compreender as motivações que conduzem aos pedidos de anulação dos contratos e ter a capacidade de propor soluções adequadas à sua manutenção. Esta equipa, apesar de recente, obteve já resultados significativos, como a reconquista de 30% dos Clientes individuais que haviam manifestado intenção em anular a sua apólice, o que indicia a mais-valia desta iniciativa. A fidelização de Clientes é o resultado da coordenação e da complementaridade existente entre as diversas equipas da Médis, as quais actuam sempre com enfoque absoluto no Cliente e numa perspectiva de futuro. Como afirmou o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, “o importante não é prever o futuro, mas sim torná-lo possível”. Director: Gustavo Barreto. Direcção Editorial: Rui Faria ([email protected]). Textos: Fátima Vilaça, Luís Guilherme, Rui Faria e Paula Santos. Infografia: Nuno Costa. Fotografia: Diogo Pinto, João Paulo Batalha, José Rebelo, Nuno Alexandre e Getty Images.Direcção de Arte: Sofia Lucas. Design Gráfico: Maria Papoula. Paginação: Patrícia Santos. Pesquisa de Imagem: Diana Bastos. Copy-Desk: Carla Sacadura Cabral. Produção: Cofina Media. Pré-impressão: Graphexperts, Lda., Av. Infante Santo, 42 - A/B, 1350-179 Lisboa. Impressão: Lisgráfica S.A., Estrada Consigliéri Pedroso, 90, Casal de S.ª Leopoldina, 2745-553 Queluz de Baixo. Propriedade: Médis – Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A., Av. José Malhoa, 27, 1070-157 Lisboa. ([email protected]) Linha Médis – Lisboa: 21 845 8888. Porto: 22 207 8888. Telemóvel: 91 935 8888 | 96 599 8888 | 93 522 8888. Redacção: Cofina Media, Av. João Crisóstomo, 72 – 1069-043 Lisboa. Tel. 21 330 94 00/ 21 330 77 09. www.cofinaconteudos.pt. Depósito Legal: 319892/10. Registo na ERC com o n.º 125985. Tiragem: 11.000 exemplares. Periodicidade: Trimestral. Médis - Companhia Portuguesa De Seguros De Saúde, S.A. Capital Social: 12.000.000 Euros. Contribuinte n.º 503 496 944. Sede Av. José Malhoa, 27 – 1070-157 Lisboa A MÉDIS NÃO SUBSCREVE, NECESSARIAMENTE, AS OPINIÕES VEICULADAS NESTA REVISTA. NOTAS soltas Um milhão de robôs na fábrica da iPhone BORBOLETAS EM EXTINÇÃO Em Novembro, as borboletas Monarca iniciam um fluxo migratório dos EUA para o México. São verdadeiras nuvens com milhares destes insectos que oferecem um espectáculo sublime, mas, todos os anos, são em menor número. A agricultura intensiva, a utilização de herbicidas que dizimam as plantas que alimentam as borboletas e o aumento das culturas transgénicas são factores apontados pelo WWF (World Wildlife Fund) como causas potenciais da extinção das Monarca, que, felizmente, ainda encontram um porto de abrigo no México, graças ao sucesso da política de antidesflorestação do país. Aviões influenciam o clima Um estudo publicado na revista norte-americana Science refere que, nas proximidades dos grandes aeroportos, aumentam as quantidades de chuva e de neve. Investigadores do National Center for Atmospheric Research de Boulder, no Colorado, e da NASA, concluíram que os aviões, ao atravessarem as nuvens, criam canais que favorecem a precipitação, especialmente nos locais onde o tráfego aéreo é mais intenso. É um efeito semelhante ao das substâncias químicas que, agindo como condensadores, provocam chuva. Porém, os cientistas consideram que a criação destes “microclimas” num raio de centenas de quilómetros dos grandes aeroportos ainda não é um problema grave. MASAI MARA ESTÁ AMEAÇADO A pastorícia no Parque Nacional Masai Mara, no Quénia, aumentou 1.100 por cento nos últimos trinta anos, ao mesmo tempo que se reduziu drasticamente um dos mais ricos espaços de biodiversidade. Os leopardos estão praticamente extintos e os rinocerontes para lá caminham. As populações de leões e de elefantes estão em declínio, o mesmo acontecendo com as girafas, os antílopes, as impalas e os facóceros. Estudos referem uma redução de setenta por cento na população de zebras e mesmo o número de gnus, que, anualmente, protagonizam a grande migração em direcção ao Serengueti, na Tanzânia, reduziu-se em dois terços. Em contraponto, as manadas de bovinos continuam a crescer. 4 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 Fotografia: Getty Images; D.R. A Foxconn, a maior multinacional produtora de componentes electrónicos, anunciou que vai aumentar o número de robôs nas suas fábricas, passando dos 10 mil actuais para 300 mil no espaço de dois anos. Este colosso tailandês, que opera na China e produz os iPhone e os iPad da Apple, a Playstation da Sony e o Kindle da Amazon, para além de fornecer a Dell, a Nintendo, a Microsoft, a Acer, a Nokia e a Intel, emprega cerca de 1,2 milhões de pessoas, a maioria das quais nas treze fábricas que tem na China. Este problema poderá vir a ter graves consequências, havendo já quem o compare com o que aconteceu na cidade norte-americana de Detroit, quando a desindustrialização ditada pela deslocalização do sector automóvel criou gravíssimos problemas económicos e sociais no Michigan. GOOGLE NÃO PÁRA A Google, criada em 1996 por Larry Page e Sergey Brin, não pára de bater recordes com a sua rede social surgida em 28 de Junho. Ultrapassou os 25 milhões de utentes e assumiu-se como o site com o crescimento mais rápido na história da World Wide Web. Segundo um estudo da ComScore, uma empresa de pesquisa de marketing especializada na análise de tráfego na Internet, a Google atingiu um volume de tráfego que o Facebook demorou três anos a conseguir, enquanto o Twitter só o obteve ao fim de dois anos e meio e o MySpace em quase 24 meses. Mesmo assim, o Facebook, com os seus 750 milhões de utilizadores, continua a ser uma referência no campo das redes sociais. A TERRA TERÁ TIDO DUAS LUAS Francis Nimmo, investigador da Universidade da Califórnia, publicou, na revista Nature, uma teoria que defende que a Lua, tal como a conhecemos, se formou após o impacto de um asteróide de grande dimensões com a Terra. Dos corpos projectados, dois passaram a orbitar o nosso planeta antes de colidirem entre si há 10 milhões de anos. O impacto não terá sido muito violento porque seguiam a mesma órbita, mas poderá justificar o facto de a face visível da Lua ser muito mais plana do que a face invisível, extremamente acidentada. É uma explicação “interessante e provocatória”, como afirmou Peter Schultz, da Universidade de Brow, de Providence, em Rhode Island. A teoria será avaliada no futuro e poderá tirar partido das informações que vierem a ser recolhidas pela sonda Graal que a NASA vai enviar para explorar a face escura da Lua. HACKERS ANDAM AÍ... Paradoxo dos biocombustíveis A sociedade de segurança informática McAfee anunciou ter detectado o maior ataque informático de que há notícia. Entre as vítimas, encontram-se a ONU, os governos dos Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul, Índia, Vietname e Taiwan, o Comité Olímpico Internacional, a ASEAN (Associação de Estados do Sudoeste Asiático), a Agência Mundial Anti-Doping e numerosos sectores da Defesa e de altas tecnologias. A ofensiva foi detectada em 2006 e baptizada como Operação Shady RAT. “É a maior ameaça à propriedade intelectual da história e as suas dimensões são verdadeiramente preocupantes”, admitiu a McAfee em comunicado. A União Europeia (UE) pretende uma utilização de dez por cento de biocombustíveis até 2020, para reduzir a utilização de combustíveis fósseis, mas a decisão pode ter um efeito boomerang. A UE já legislou no sentido de evitar a desflorestação para dar espaço a culturas de soja, colza e palma, para já não falar na cana de açúcar que, todos os anos, rouba terreno às florestas e à criação de gado no Brasil. Contudo, essa legislação não impede que terrenos utilizados para agricultura alimentar sejam plantados com espécies lucrativas, capazes de produzir combustíveis, como está a acontecer nos EUA. Por isso, há vozes que afirmam que a “gasolina verde” ameaça a agricultura e as florestas. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 5 NOTAS soltas O museu Les Arts Décoratifs, em Paris, convidou Hussein Chalayan para uma exposição patente até Novembro. Trata-se de uma viagem futurista pelos trabalhos de um criador que recusa estereótipos e busca a inovação com experiências que se situam na fronteira entre a Arquitectura, o Design e a moda. É uma exposição muito completa, capaz de surpreender a todo o momento, onde não faltam projecções de vídeos e efeitos especiais que Hussein Chalayan utilizou nos seus desfiles. LE FUTURE C’EST MOI From the Sidwalk to the Catwalk é uma impressionante exposição que reúne 130 peças de Jean-Paul Gaultier, trabalhos marcantes de 35 anos de carreira de um criador, que as considera como “the things I’m proud of”. O estilo muito pessoal, o arrojo e os trabalhos marcantes, como os corpetes da Blonde Ambition Tour e que Madonna cedeu para a exposição, foram aplaudidos na passagem pelo Montreal Museum of Fine Arts, onde esteve antes de chegar ao DMA (Dallas Museum of Art), onde permanecerá até ao mês de Outubro para, depois, viajar até São Francisco. Hitchcock reencontrado Foi descoberto, num arquivo de filmes na Nova Zelândia, um dos primeiros trabalhos de Alfred Hitchcock, que foi o argumentista, director de arte, editor e assistente de realização do filme The White Shadow, dirigido por Graham Cutts em 1923. Três das seis bobinas originais foram salvas pelo projector de filmes Jack Murtagh, apontado como um excêntrico coleccionar de filmes, moedas e selos. Depois da sua morte, em 1989, a sua família legou o seu espólio ao New Zeland Film Archives. Apesar de incompleta, a película “oferece a oportunidade para estudar as ideias visuais e narrativas quando estas começaram a ganhar forma”, afirmou David Sterritt, presidente da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema, a um canal de TV neozelandês. Para muitos, o nome de Anton Corbjin é imediatamente associado aos telediscos que realizou para bandas como os U2, Depeche Mode ou Nirvana, ou até mesmo ao filme Control, sobre Ian Curtis, dos Joy Division, que realizou. No entanto, este holandês também tem um contributo notável no campo da fotografia, o qual, agora, é celebrado em Inwards and Onwards, com os seus mais recentes trabalhos reunidos numa edição da Shirmer & Mosel, numa parceria com o FOAM, o museu de fotografia de Amesterdão. 6 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 ANTON CORBJIN Fotografia: Getty Images. D.R. BEST OF GAULTIER Cinanima em Espinho O Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação é o mais importante festival de cinema de animação português. Realiza-se em Espinho desde 1976, tendo, este ano, a sua 35.ª edição, o que o torna num dos mais antigos festivais deste tipo de cinema em todo o Mundo. Organizado pela Cooperativa NASCENTE e pela Câmara de Espinho, decorre de 7 a 13 de Novembro. NOVO ÁLBUM DE WINEHOUSE A Universal deverá lançar brevemente um disco póstumo de Amy Winehouse. Segundo a editora, a cantora tinha praticamente pronto um trabalho com doze temas inéditos. “Não é um disco completo”, admitiu o produtor Salaam Remi. “Ainda há muito trabalho para fazer e, para além disso, estamos a tentar perceber quais são as intenções da família.” Um porta-voz da Universal adiantou que Amy “tinha terminado o esqueleto das canções e há algumas que estão mais avançadas do que outras, mas estamos muito confiantes porque ela canta como cantou nos seus melhores tempos”. Novo Museu dos Coches A inauguração do novo Museu dos Coches está agendada para o início de 2012. Projectado pelo arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, ocupa o terreno onde funcionaram as antigas Oficinas Gerais do Exército, uma área de 15.177 metros quadrados divididos entre o pavilhão de exposições e um anexo onde funcionará uma cafetaria e um restaurante, para além da biblioteca e os serviços educativos. A estrutura está concluída, tendo tido início a fase de acabamentos, que antecede a mudança do espólio museológico, que continua a estar patente ao público no antigo Picadeiro Real, junto do Palácio de Belém. 200 ANOS DA “FERREIRINHA” Os duzentos anos do aniversário do nascimento de D.ª Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, como foi apelidada pelas gentes do Douro, é o tema de uma exposição patente no Museu do Douro, localizado na Régua. A vida de uma das personalidades mais marcantes na história da produção do vinho do Porto e a época em que viveu são recordadas numa mostra onde se destacam inúmeros objectos pessoais, que vão do mobiliário ao vestuário, de alfaias agrícolas a peças de arte. Uma visita interessante para quem passe pela Régua até ao final do próximo Inverno. Tinta da China A pintura chinesa a tinta-da-china sobre papel de arroz constitui a arte oriental por excelência. Em colaboração com a China Artists Association (CAA), o Museu da Fundação Oriente reuniu 110 obras da autoria de mais de oitenta artistas de toda a China, que ilustram paisagens, fauna e flora produzidas, ora de forma realista, ora abstracta, com recurso à cor, a efeitos de luz e sombra, ao claro/escuro, ao seco e ao molhado. A não perder, de 2 a 31 de Dezembro, no Museu do Oriente. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 7 GRANDE entrevista JOÃO PAÇO “ESTA FOI DAS CIRURGIAS QUE MAIS ME MARCARAM” O Prof. João Paço realizou, em Abril, a primeira cirurgia de implante coclear bilateral simultâneo, numa criança de sete meses de idade que sofria de surdez profunda, devolvendo-lhe assim a audição e o desenvolvimento da fala. O director clínico, do Hospital Cuf Infante Santo, descreve o momento único em que o pequeno Manuel ouviu e reagiu pela primeira vez a um som. Para a mãe, Ana Monteiro, é “um sonho tornado realidade” Por Paula Santos 8 de Abril de 2011. O serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Cuf Infante Santo efectuou a sua primeir a cirurgia de implante coclear bilateral, em simultâneo, numa criança de sete meses de idade que sofria de surdez profunda bilateral. É uma data importante… Antes de mais, podemos abordar esta intervenção por dois pontos. O primeiro é a idade da criança, que, neste caso, é a ideal para fazer um implante. O segundo aspecto tem a ver com o implante em simultâneo, ou seja, no ouvido direito e no ouvido esquerdo. Importa referir que, em Portugal, os principais serviços que fazem implantes são estatais e efectuam esta cirurgia apenas num ouvido. O Serviço Nacional de Saúde, tendo em conta o número elevado de doentes, comparticipa apenas um implante, mas a Médis proporcionou-nos fazer um implante simultâneo, que é uma intervenção bastante cara. Esta é a grande mensagem. O Manuel, se não fosse a Médis, não poderia ter feito um implante bilateral simultâneo. Esta possibilidade foi-me dada por um seguro de saúde e julgo que isto merece ser divulgado. Em que consiste esta técnica pioneira de reabilitação? Através de um grande conjunto de exames, CRITÉRIOS DE SELECÇÃO DOS CANDIDATOS AO IMPLANTE COCLEAR BILATERAL SIMULTÂNEO Surdez profunda bilateral Falta de aquisição de qualquer tipo de linguagem ou de r esultado com as próteses tradicionais l Ausência de deficits cognitivos (por exemplo, autismo)* l Meio familiar favorável (Para o Professor João Paço, a interrelação com as pessoas do meio envolvente é fundamental na reabilitação. “No caso do Manuel, a família é fantástica, está toda concentrada e dedicada à sua volta.”) l l * Os critérios variam de país para país. Em alguns locais do Mundo , os deficits cognitivos não são motivo de exclusão. 8 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 chegámos à conclusão de que o ouvido interno não funciona. O canal está óptimo, o tímpano também, mas, no ouvido interno, as células não funcionam e, consequentemente, nada é transmitido ao cérebro. A solução passa por encontrar uma nova forma de fazer chegar estímulos eléctricos à cóclea, a parte do ouvido interno que também é conhecida por caracol. Como? Através desta técnica, que consiste na colocação de um disco (de titânio) sob a pele, do qual emerge um fio que é introduzido na cóclea e que tem 22 eléctrodos, correspondentes a frequências auditivas. Este fio dá duas voltas e meia, precisamente as espirais que existem dentro do ouvido interno. O implante vai, desta forma, captar as ondas sonoras, através do aparelho que é colocado externamente atrás da orelha, e os sons passam assim a ser transmitidos, primeiro para o interior do ouvido interno e, finalmente, para o cérebro. Que especialistas estão envolvidos neste tipo de cirurgia? A cirurgia implica um estudo prévio do doente. Além do otorrinolaringologista, estão por isso também envolvidos audiologistas, terapeutas da fala e psicólogos, que não só estudam o tipo de perda auditiva, como a criança em si. É fundamental perceber se a criança apresenta um bom nível de desenvolvimento psicológico e um ambiente psicossocial favorá- OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 9 GRANDE entrevista -se desta forma a transmissão de ondas sonoras ao cérebro. Antes, era feito um raio X ao ouvido interno, actualmente, verificamos imediatamente. No que respeita à fase pós-cirurgia, a criança não vai para o recobro normal. É encaminhada para os cuidados intensivos específicos na recuperação. A criança tem de ter um médico e uma enfermagem especializada em pediatria. Apenas passados um a dois dias, poderá ir para o seu quarto. Portanto, há uma grande estrutura envolvida e empenhada para que tudo corra o melhor possível. “Na cirurgia é de destacar o papel da médica anestesista. Estamos a falar de uma criança com sete meses que terá seis horas de anestesia” Quem é o Professor João Paço? Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, tem o doutoramento e Agregação em Medicina e Cirurgia (Otorrinolaringologia). Foi Otorrinolaringologista e pertenceu à Direcção Clínica do Hospital de Santa Maria, desempenhando actualmente funções no Hospital Cuf Infante Santo como Director do Centro de Otorrinolaringologia e Director Clínico. É ainda membro do Conselho Médico da José de Mello Saúde e Professor de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Pelas actividades de solidariedade desenvolvidas no âmbito do Clube do Stress, foi distinguido Comendador da Ordem de Mérito. Porém, há ainda uma outra forma de descrição, mais simples e menos académica: “Um bom médico. Um fantástico ser humano”, nas palavras de Ana Luísa Monteiro, a mãe de Manuel Monteiro. 10 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 vel. [Ver caixa Critérios de Selecção dos Candidatos ao Implante ] Ainda nesta fase, o neuroradiologista, que, neste caso, é o Dr. Manuel Branco, é mais uma peça essencial para o sucesso da intervenção. Na cirurgia propriamente dita, é de destacar o papel da médica anestesista, pois estamos a falar de uma criança com sete meses que terá seis horas de anestesia, o que requer uma análise exigente da criança. A equipa é ainda composta por três otorrinolaringologistas: dois cirurgiões e um ajudante. Procuro ter sempre elementos que façam cirurgia e possam ir aprendendo, porque a Medicina faz-se ensinando. A intervenção conta ainda com uma enfermeira circulante e uma a duas enfermeiras instrumentistas, visto tratar-se de uma cirurgia bastante longa. Intra-operatoriamente, importa referir o técnico do implante, uma vez que, assim que colocado, o funcionamento do implante é verificado de imediato, confirmando- Esta cirurgia é, então, apenas o culminar de um longo processo? Que tipo de exames e estudos antecedem o momento da intervenção? O processo pode ser desencadeado pelos pais, que começam por suspeitar que algo de errado se passa com a audição da criança, quando, por exemplo, ela não vira a cabeça, nem reage perante um objecto que cai no chão. Inicialmente, a criança “palra” e é capaz de emitir sons, sons estes a que chamamos laríngeos, associados a exercícios da laringe, mas, por volta dos cinco, seis meses, a criança deixa de fazer esses exercícios e cala-se. Porque simplesmente não se ouve. A criança que é surda profunda pára, a determinada altura, de emitir som. Existem, por outro lado, exames que são feitos à nascença: tratam-se dos rastreios auditivos neonatais, que, em muitos casos, revelam-se já conclusivos. Porém, nem todos os locais o fazem. Quanto ao processo de diagnóstico, envolve desde Potenciais Evocados Auditivos, exame realizado sob anestesia geral, no caso de crianças, e que consiste na emissão de sons junto à mastóide, a avaliações sonoras com jogos que permitem chegar à conclusão de que a criança não ouve correctamente dos dois ouvidos. A criança que ouve mal só de um ouvido consegue passar despercebida a muitos pais. Frequentemente, os pais dão conta da situação quando as crianças já têm três, quatro anos, altura em que começam a reparar que o seu filho aproxima o telemóvel apenas de um ouvido. Outras vezes, apercebem-se quando lhes querem dizer um segredo e a criança pede que o façam junto do outro ouvido. É muito importante os pais estarem atentos. E também é muito habitual os pais passarem por uma fase de negação, uma etapa típica e que leva a que procurem vários médicos. Esta fase de negação, e ventualmente associada a um atraso na evolução dos acontecimentos, remete-nos para um ponto que o Professor João Paço fez questão de referir no início: os timings mais indicados para o implante. Quanto mais cedo, melhor, desde que o implante possa ser realizado cirurgicamente, pois esta é uma intervenção que enfrenta alguma dificuldade técnica no caso de crianças muito pequenas. Estamos a falar de um córtex mínimo. Por exemplo, o caso do implante do Manuel, o implante bilateral mais precoce aqui realizado, foi colocado praticamente sobre a meninge. E nem todos os centros estão habilitados para tal. O Hospital Cuf Infante Santo apresenta uma infra-estrutura de muitos anos de treino e uma equipa preparada para fazer este tipo de cirurgia. O principal centro de implantes continua a ser o Hospital dos Covões, público, em Coimbra, mas, neste momento, posso dizer-lhe que somos já o segundo centro de implantes do país. Um estudo publicado no Journal Otolaryngology – Head and Neck Surgery, em Maio de 2008, associa esta técnica a algumas competências auditivas bastante positivas, como a capacidade de audição em ambientes barulhentos, entre outras. Ou seja, dois implantes é muito melhor do que um? Os benefícios compensam os custos? Com um implante bilateral, a criança não vai ter de aprender língua gestual, ao contrário de um implante unilateral, que obriga a aprender linguagem gestual para o caso de o implante avariar ou deixar de funcionar correctamente. Além disso, a audição desta criança é melhor do que a de outras com um implante unilateral. Porque não sofre o efeito de ter apenas um ouvido a funcionar, o chamado efeito sombra. O caso do Manuel, cujos pais fizeram um seguro de saúde, serve de exemplo para outros pais. O professor já colocou 24 implantes, mas este terá sido dos mais emocionantes… A emoção é grande, sem dúvida. Tenho muitos anos de experiência e já operei muitos e muitos doentes, mas esta talvez tenha sido das cirurgias que mais me marcaram. Quando ligámos pela primeira vez, um mês após a cirurgia, a altura em que os primeiros testes decorrem, e o Manuel isto?” Era a primeira vez que tinha som na sua cabeça. Começou então a chorar… Depois, aproximei-me e provoquei barulho e ele voltou-se à procura do ruído. São momentos fortíssimos. A partir do momento em que se coloca o implante, “Se a criança não ouve, não desenvolve a linguagem. Se os adultos perdem a capacidade auditiva por completo, deixam de falar após alguns dias. Nós falamos bem porque nos estamos a ouvir ao mesmo tempo. Quando deixamos de ter feedback da nossa voz, entramos no mundo do silêncio. E, portanto, um adulto também é um candidato a implante.” voltou a fazer sons novamente foi um momento único. Recordo-me perfeitamente. Ele estava ao colo da mãe quando fizemos chegar o som ao seu ouvido. Lembro-me da sua cara muito surpreendida e da primeira reacção de olhar para a mãe, como que a perguntar: “O que é acontece algo espectacular: o Manuel passou a fazer imenso barulho. Ele passou a gritar e a bater com objectos para se ouvir. Depois, é uma questão de começar a coordenar os sons que ouve com aqueles que são emitidos, para adquirir fala e desenvolver a linguagem. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 11 GRANDE entrevista Desde 1996, o ano em que realizou o primeiro implante, registam-se grandes melhorias e avanços nestes equipamentos? Este prato [na fotografia] foi-me dado pela senhora a quem fizemos o primeiro implante, em 1996, e conforme retrata o desenho nesta peça de olaria, o implante era ligeiramente diferente dos de hoje em dia. Dantes, era um autêntico “calhamaço” que a pessoa trazia à cintura. Agora, é só um pequeno equipamento atrás da orelha, com a vantagem de ter ainda um comando que permite ligar, desligar, ajustar a situações com mais e menos ruído. Actualmente, os implantes apresentam também grandes diferenças na qualidade do som. O implante bilateral simultâneo é, então, hoje, a resposta mais inovadora que se conhece para a surdez profunda? Sim, sem dúvida. O que existe depois são melhoramentos contínuos dos implantes. Existem, por exemplo, os implantes híbridos, um implante com um fino mais fino, que, ao ser introduzido, preserva as células auditivas funcionais. Este implante tem a vantagem de permitir o uso simultâneo de uma prótese auditiva. Existem várias companhias que oferecem uma grande variedade de implantes que se adaptam ao caso mais concreto de cada um destes doentes. Quando falamos de doentes candidatos a implantes, referimo-nos a crianças e adultos? Temos dois tipos de pacientes para este tipo de implantes: os pré-linguais, que são os bebés como o Manuel, que não têm nem adquirem linguagem sem o implante. Sem um implante, estão condenados a aprender língua gestual; e os pós-linguais. Convém não esquecer que, além da surdez congénita, existem um conjunto de complicações que podem provocar surdez. O vírus da parotidite epidémica, a vulgar papeira, o vírus do sarampo, o vírus gripal, assim como doenças como a meningite podem levar à necessidade de um implante. Ou seja, um adulto também é um candidato a implante. Coloquei um implante a um doente com cerca de 70 anos que sofreu recentemente uma doença grave que o levou a tomar antibióticos. Estes fármacos acabaram por prejudicar-lhe a audição do ouvido que ele ainda usava. Ou seja, se não fosse o implante, ninguém falava com o senhor neste momento. O primeiro rastreio auditivo, com um mês de idade, não foi conclusivo. A técnica de serviço estava convencida de que os sinais, ligeiramente anormais, eram passageiros, mas os testes seguintes aumentaram os motivos de preocupação e conduziram a exames de diagnóstico. Manuel era um menino louro e de olhos azuis, tudo perfeito até chegarem os resultados: surdez profunda. Os pais não hesitaram em partir de imediato para Espanha, à procura dos melhores médicos, junto dos quais repetiram exames e se aconselharam. “O médico disse-me que a melhor so lução seria fazer um implante bilateral simultâ neo, entre os seis e os oito meses”, recorda a mãe, Ana Luísa Monteiro. Numa corrida contra o tempo, empenharam-se em acelerar o processo, equacionando realizar a cirurgia em Espanha. O nome do Professor João Paço surgiu, entretanto, em conversa com uma representante de uma marca de implantes. E assim se proporcionou a primeira consulta no Hospital Cuf Infante Santo. Os pais de Manuel estavam determinados em cobrir as despesas da cirurgia, o que incluía a hipótese de um empréstimo bancário (Só cada implante tem o valor de 22.500 mil euros.), mas a resposta da Médis superou as expectativas: Manuel tinha feito um seguro de saúde com poucos dias de vida e a Médis pr oporcionou “tornar um sonho em realidade”, como refere a mãe. A primeira vez que ligaram o implante e o Manuel começou a emitir sons… “Foi uma emoção muito difícil de descrever.” Manuel, o príncipe Manuel, como lhe c hama o Professor João Paço, sempre que contacta os pais para acompanhar a evolução dos acontecimentos, faz um ano de idade e, graças às sessões de terapia da fala, já conjuga sílabas, vogais e sons, como “mamã”. “Tem sido uma alegria”, conta Ana Monteiro. 12 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 Fotografia: Nuno Alexandre ERA UMA VEZ UM “SONHO TORNADO REALIDADE” sight SEEING SORTELHA Fotografia: Rotas & Destinos/Pedro Sampayo Ribeiro. NINHO DE ÁGUIAS Escondida no meio do granito, num outeiro perdido entre Belmonte e o Sabugal, o Castelo de Sortelha parece uma sentinela perdida no tempo. Foi um baluarte nos tempos da afirmação da nacionalidade e, hoje, é um recatado oásis de paz, que convida ao descanso Por Rui Faria OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 13 SIGHT seeing F eliz ou infelizmente, Sortelha é uma aldeia esquecida, apesar de estar perto do IP2/A23 e de ser vizinha da Covilhã. Longe das rotas habituais, ganhou um ambiente pacato. Nas suas ruas, ouve-se um silêncio monástico, apenas quebrado pelo canto das aves, já que nem mesmo os (raros) cães dão importância a quem passa. Ao mesmo tempo, toda esta tranquilidade é lamentável porque se alimenta do desconhecimento quase geral desta verdadeira jóia. Sortelha foi um centro importante. Apoiou a política de povoamento encetada por D. Sancho I para afirmar as fronteiras do país. A sua proximidade com as terras de Castela exigia cautelas redobradas e o castelo tornou-se num verdadeiro ninho de águias vigilantes, atentas a qualquer movimentação pelas terras que vão do Sabugal a Belmonte. Sortelha até pode ser pequena, mas a sua posição estratégica foi de grande importância, 14 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 já que foi o primeiro castelo português a ser erigido na margem esquerda do Rio Côa. A estrada municipal, feita de curvas e contra curvas, que sobe o monte à sombra de árvores de vetusta idade, tem tanto de bonita, como serve para recordar as dificuldades no acesso. O maciço granítico ajudava a defesa da retaguarda e as escarpas impediam os ataques dos lados de Espanha. Hoje, depois do ziguezague da estrada, somos surpreendidos pelas muralhas, perfeitamente conservadas, escondidas por enormes penedos de granito, alguns dos quais parecem ovos monstruosos, em equilíbrio precário, prestes a rolar sobre os “invasores”. O anel castelhano O nome de Sortelha pode ter origem “na palavra castelhana ‘cortija’, que significa ‘anel’, ainda hoje visível na sua pedra de armas”, como salientou Raul Proença, no Guia de Portugal, editado entre 1924 e 1927 (posteriormente reeditado pela Fundação Calouste Gulbenkian). No volume dedicado às Beira Baixa e Beira Alta, o autor recorda o texto que Alexandre Herculano incluiu, em 1852, no seu diário, após uma visita a Sortelha: «Agosto, 28. Visita à vila contida dentro da cerca. Calçada que sobe para ela do arrabalde: à direita, rochedos enormes sobrepostos uns nos outros; à esquerda, despenhadeiros para um valeiro profundíssimo; entre a porta da cerca; o castelo edificado sobre picos de rocha: é um pequeno recinto oblongo; os muros parecem da época de D. João I; a vila fica em anfiteatro, para a direita, numa altura superior ao castelo; o agregado das penedias sobrepostas umas às outras em que ela assenta é semelhante a um pão de açúcar, tem penedos de mais de três braças de alto. Sobre a porta, um balcão com buraco para lançar matérias inflamáveis. Na ombreira de uma das portas da cerca, a medida de vara e côvado.» Fotografia: Miguel Angelo Silva «O CASTELO, EDIFICADO SOBRE PICOS DE ROCHA, É UM PEQUENO RECINTO OBLONGO; OS MUROS S sight SEEING PARECEM DA ÉPOCA DE D. JOÃO I; A VILA FICA EM ANFITEATRO.» (In Diário, de Alexandre Herculano) Volvidos 159 anos sobre esta visita de Alexandre Herculano a Sortelha, pouco mais haverá para dizer, tanto mais que o tempo parece ter passado ao lado deste promontório e a descrição continua a ser perfeitamente actual. Mesmo assim, podemos ser surpreendidos. Quem ultrapassa o arco da pequena porta ogival que dá acesso à praça de armas (um automóvel passa à justa), descobre uma aldeia imaculada, que parece perdida no tempo. É imponente pelo seu aspecto marcial, vincado pela sobriedade quadrangular das casas, feitas de grandes paralelepípedos perfeitamente talhados em granito, mas o cinzento da pedra agreste parece cintilar quando o sol arranca reflexos da mica, que parecem brilhos de minúsculos diamantes. O estado de conservação é tal que as casas parecem ter sido construídas há pouco tempo, o que é rapidamente desmentido pelas inscrições árabes que surgem em algumas habitações, pela arquitectura da torre de menagem, dos tempos de D. Dinis, e pelo pelourinho manuelino, para já não falar na igreja, um templo modesto, do século XVI, mas rico no detalhe e marcante pelo seu tecto mudéjar, que merece ser apreciado. Sortelha é talvez uma das melhores “aldeias-museu”. Não rivaliza em mediatismo com Óbidos, não tem o apelo fashion que a barragem do Alqueva deu a Monsaraz, nem é tão conhecida como Marvão, mas é exactamente esse o seu charme. A não perder Só se vai a Sortelha para vê-la ou para cultivar o pecado da gula, oficiado com todos os preceitos no restaurante D. Sancho. Tão secreto como a aldeia onde se afirmou com a sua cozinha, é um local de culto para todos quantos sabem valorizar a verdadeira cozinha regional, dando valor a pratos onde o borrego, a caça e o bacalhau são tratados a preceito. Depois de uma lauta refeição, nada melhor do que vaguear por ruas, becos e vielas onde a calçada e as lajes graníticas são como que um pano de fundo onde se projectam as sombras do casario. Por ali, não é difícil encontrar senhoras sem idade, que cultivam a arte da cestaria, dando forma a arbustos “recolhidos à mão, junto das ribeiras, que é preciso trabalhar e coser à linha”, como nos referiu uma cesteira de provecta idade. Orgulhosa de um trabalho condenado pela “era do plástico”, como ela própria lamenta, reconhece que “só os mais velhos é que conhecem esta arte”, tanto mais que “dá muito trabalho e canseira”. Por isso, a anciã indigna-se com “alguns malandros que vêm aqui oferecer um euro pelo nosso trabalho”. Quem já o fez, que tenha vergonha. A arte não tem preço e o verdadeiro artesanato tem de ser respeitado e preservado... OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 15 MUNDO médis A EXCELÊNCIA ALIADA À TECNOLOGIA A tecnologia de vanguarda e a Medicina 4P – preditiva, preventiva, personalizada e participada – são os vectores que alicerçam o crescimento sustentado da taxa de ocupação, que já ultrapassa os 70%, do AMI – Hospital Privado de Guimarães, uma unidade de saúde, da rede AMI – Assistência Médica Integral 16 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 O AMI – Hospital Privado de Guimarães iniciou actividade em Fevereiro do ano passado e “é já uma unidade de referência para mais de um milhão de habitantes do norte de Portugal, em função da excelência dos serviços prestados”, assegurou-nos Nelson Brito, director-geral da AMI | HPG. “Mais do que um espaço onde se fazem consultas, exames e cirurgias, pretendemos prestar serviços de máxima qualidade e isso levou algum tempo a conseguir, pelo que consideramos que o nosso ano de arranque foi 2010”, afirmou Nelson Brito, para justificar o hiato temporal que mediou entre a abertura de portas, em Novembro de 2009, e o início de actividade, quatro meses depois. Com um corpo técnico e de enfermagem próprios, bem como um conjunto de médicos cirurgiões e especialistas que prestam serviços na instituição, a AMI | HPG assegura colocar o cliente no centro da sua acção e apostar na inovação e nas novas tecnologias. “Temos um aparelho TAC de 64 cortes e uma ressonância magnética 3 Tesla, ambos de tecnologia avançada e únicos na região, FICHA DO HOSPITAL Área: 12.000 m2 Salas de bloco: 4 Salas de parto: 3 Pisos de internamento: 4 Número de camas: 96 Gabinetes de consulta: 34 Salas de exame: 20 Colaboradores: 200 que são as duas âncoras que nos distinguem em termos tecnológicos”, especificou o gestor. “Não tenho a menor dúvida de que somos, em toda a região norte acima do Porto, a unidade com melhor equipa- mento no que toca à imagiologia”, complementou. A realização destes e de outros exames, como a mamografia digital com estereotaxia e a ecografia de aquisição volumétrica, “também invulgares”, têm sido as principais portas de entrada de novos clientes no hospital. As convenções e os acordos com a Administração Regional de Saúde e com o Ministério da Saúde para a realização de exames e de cirurgias, ao abrigo do plano para a redução de listas de espera, têm sido, segundo o director-geral, “a melhor publicidade. Já fizemos aqui milhares de cirurgias ao abrigo do programa de redução de listas de espera e estamos muitíssimo bem classificados”, explicou, acrescentando que, “na região norte, somos o segundo prestador em número de cirurgias realizadas e temos tido cá muitos pacientes que, de outra forma, se autoexcluiriam”. De acordo com Nelson Brito, após uma passagem pelo hospital, “todas OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 17 MUNDO médis Acordo com a Médis “Os seguros de saúde têm funcionado como uma boa alavanca de desenvolvimento dos serviços de saúde privados”, admitiu o director-geral do AMI – Hospital Privado de Guimarães, Nelson Brito. DIRECTOR-GERAL Com um total DO AMI de clientes Médis - HOSPITAL PRIVADO a rondar os 30% DE GUIMARÃES de todos quantos recorrem aos serviços de saúde desta unidade, o director-geral reconhece que os seguros “acabam por trazer mais clientes ao sector privado”. Ainda assim, Nelson Brito não deixa esquecer que, “sem uma rede de unidades hospitalares privadas de relevo, os seguros de saúde também não se desenvolveriam, porque ninguém vai comprar um seguro que depois não pode utilizar”. O acordo com a Médis “tem trazido vantagens ao hospital”, sublinha o director-geral, que fala de “um bom relacionamento com a seguradora”, bem como de um “acordo celebrado antes mesmo de o hospital abrir portas”. O gestor relembra ainda a necessidade de as companhias de seguros de saúde reverem os protocolos, porque, acredita, “o seguro é importante para o hospital, mas o hospital também é fundamental para o seguro. Ambos crescem se houver efectiva melhoria”. NELSON BRITO as pessoas acabam por perceber que, afinal, também podem estar cá”, o que tem funcionado como um “enorme foco de divulgação do hospital”. É isso que faz do AMI | HPG “um hospital de todos para todos”. APOSTA NAS NEUROCIÊNCIAS Querendo afirmar-se na região como um verdadeiro centro de excelência, o AMI – Hospital Privado de Guimarães está apostado em prestar cuidados de saúde com enfoque no diagnóstico imediato e com elevados índices de sofisticação e complexidade. As cirurgias de Parkinson e da epilepsia, no campo das neurociências, são dois “excelentes exemplos da diferenciação dos nossos serviços”, referiu Nelson Brito. “Temos o equipamento necessário e as equipas para fazer as cirurgias de Parkinson e epilepsia. Não há, na região, algo semelhante. É altamente diferenciador porque estamos habilitados para tratar o paciente, fazendo o diagnóstico rápido, a intervenção cirúrgica e o 18 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 tratamento pós-cirúrgico, e todo o follow-up de ambulatório”, explicou o directorgeral, assegurando que este exemplo “desmistifica a ideia de que as coisas mais complicadas só se fazem nos grandes hospitais públicos”. Com serviço de urgência a funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano, unidades de cuidados intensivos e intermédios disponíveis, quatro salas de bloco operatório, três salas de maternidade, 96 camas, 34 consultórios e duzentos colaboradores, o AMI – Hospital Privado de Guimarães está preparado para prestar cuidados de saúde numa área de influência com mais de um milhão de habitantes: Guimarães, Fafe, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Vizela, Famalicão, Felgueiras, Mondim de Basto, Ribeira de Pena, Braga, Santo Tirso, Barcelos, Penafiel, Lousada, Paredes e Paços de Ferreira, bem como a toda a sub-região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consciente da qualidade do serviço públi- co existente na região no que toca às áreas materno-infantil e de neonatologia, o AMI – HPG equipou-se para aqui marcar a diferença. “Queremos ser o berço da Cidade-Berço”, admitiu Nelson Brito, adiantando que foram criadas as infra-estruturas necessárias e constituí- das as “melhores equipas”, para garantir a máxima segurança “às futuras mamãs e aos seus bebés”. O director-geral mostrou-se satisfeito com os números alcançados no ano passado, mas não escondeu que, em 2011, quer atingir os “cem nascimentos” na unidade. “Este é um hospital que vem preencher uma lacuna nesta região mais interior”, afirmou-nos Maria José Torres, directora clínica do AMI – Hospital Privado de Guimarães. “Dispomos de equipas multidisciplinares, equilibradas e dinâmicas, vocacionadas para todo o tipo de especialidades médicas e, ao mesmo tempo, disponíveis para participar em actividades que consideramos muito importantes, como o ensino”, referiu a directora clínica, destacando a parceria com a Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, com a CESPU e com a Universidade Católica. Neste sentido, e ao abrigo de protocolos rubricados no ano passado, o AMI – HPG está já a receber psicólogos e estudantes de Medicina e de Nutrição. “Trabalhamos com o objectivo de estabelecer uma ligação que possa dar frutos a longo prazo”, admitiu Maria José Torres. O AMI – HPG, ao contrário dos hospitais públicos, opta por um ensino mais personalizado. Com uma oferta integrada no que toca às especialidades médicas, há, no entanto, áreas clínicas que se destacam nesta unidade de saúde. É o caso da Pediatria, uma das mais procuradas no hospital. “A Pediatria é uma das áreas mais importantes para o sector, porque, mesmo numa altura de contenção de gastos, tentamos que não falte nada aos nossos filhos. Aumentámos, por isso, o leque de oferta de subespecialidades dentro da Pediatria”, referiu a médica, apontando áreas como a Gastrenterologia pediátrica, “invulgar acima do Porto, tanto no privado como no público”, acrescentou. “Apostamos ainda na Cardiologia pediátrica, realizando também ecocardiograma fetal, na Pedopsiquiatria, na Neuropediatria, na Urologia pediátrica, na Cirurgia pediátrica, na Alergologia e na Pneumologia pediátrica, além da urgência com sala de observações pediátrica e o internamento pediátrico”, sublinhou. Como a sua própria identidade sugere, a rede AMI aposta numa oferta integral de cuidados de saúde. Maria José Torres dá o exemplo do Centro Integrado de Diagnóstico do Cancro da Mama, “para diagnóstico e tratamento em fase precoce das doenças mamárias”, ou do Centro de Tratamento da Obesidade, que conta com uma ampla equipa pluridisciplinar. A oferta de horários alargados até a meia-noite e ao fim-de-semana em algumas especialidades como Oftalmologia, Psiquiatria ou dentária permite aos clientes conciliar a vida laboral com a pessoal. No domínio da Cirurgia, a directora clínica destaca a cirurgia oftalmológica com colocação de lentes intra-oculares multifocais, a cirurgia plástica e maxilofacial, a neurocirurgia que dispõe de um microscópio absolutamente invulgar, a cirurgia oral dentro da área da medicina dentária e a implantologia dentária. Além das áreas mais convencionais, o AMI – Hospital Privado de Guimarães está a apostar na Medicina preditiva e preventiva, com um amplo suporte diagnóstico só possível em virtude quer da disponibilidade de equipamentos de alta tecnologia, que permitem a realização de angio-TAC às coronárias e ressonância magnética cardíaca, quer da parceria com o Centro de Genética Clínica, que nos possibilita pesquisar marcadores genéticos de vários tipos de cancro, morte súbita ou o tipo de reacção de cada indivíduo em particular aos medicamentos que lhe vierem a ser prescritos. “Acreditamos que podemos reduzir bastante os custos com a saúde e aumentar a longevidade e a qualidade de vida conseguindo prever e prevenir as doenças que poderão surgir”, constata a directora. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 19 MUNDO médis RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CASELAS O centro Ressonância Magnética Caselas é uma unidade pioneira no nosso país. Iniciou a actividade no final dos anos 80 e, desde essa altura, tem sido uma referência num sector que ajudou a divulgar em Portugal A história do centro Ressonância Magnética Caselas começou há mais de duas décadas, tendo tido por base um núcleo de médicos “que integrava o serviço de Radiologia do Hospital Egas Moniz, que, na época, era pioneiro nos exames por TAC”, referiu-nos Jorge Cannas, o actual director clínico, que recorda que, “nessa altura, tínhamos a prática de realizar reuniões semanais ou bi-semanais aos sábados, no âmbito daquilo a que chamávamos ‘journal club’, onde discutíamos casos clínicos interessantes”. Nesses encontros, “que nos ajudavam a crescer”, também eram discutidos “artigos de revistas científicas que considerávamos relevantes para a nossa especialidade”, na presença de “convidados médicos de especialidades afins, como os neurocirurgiões, neurologistas, otorrinos e oftalmologistas do hospital”. O grande número de exames realizado por este grupo “era no âmbito da TAC, que era, na altura, a tecnologia de ponta nos estudos por imagem em Portugal”, acrescentou Jorge Cannas. “Contudo, pouco a pouco, fomos 20 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 descobrindo que essa janela se ia fechando nas revistas internacionais, que tinham cada vez mais artigos sobre ressonância magnética e cada vez menos relativos à TAC. Percebemos claramente que o exercício da nossa especialidade passava pela necessidade de ter experiência e começar a trabalhar no campo da ressonância magnética.” ACTIVIDADE PIONEIRA Foi assim que surgiu a ideia de lançar um novo projecto, “que só foi possível vir a concretizar-se dado o carinho especial que encontrámos junto da General Electric, que apostou no grupo que formámos e que anexou radiologistas gerais ao núcleo inicial, formado apenas por neuro-radiologistas e com uma especialidade muito restrita ao sistema nervoso”. O alargamento do núcleo de médicos passou “pela chegada de colegas com quem já tínhamos algumas experiências de sucesso numa outra empresa, a IMI, e que, inicialmente, fora criada apenas com ecografia, TAC e radiologia geral”. A experiência destes médicos “talvez tenha sido a razão que levou a General Electric a apostar em nós como grupo, o que nos garantiu condições excepcionais para podermos começar a trabalhar em Caselas”. “Em 1988, foi criada a sociedade e, no ano seguinte, começámos a trabalhar em pleno. Em 1990, começámos a divulgação, através do primeiro curso de ressonância magnética, já com um historial de casos e uma experiência acumulada, que foi um êxito. Com a presença de colegas do país inteiro e durante quatro anos consecutivos, mantivemos a prática desses cursos, que ajudaram a divulgar uma técnica nova em Portugal, numa altura em que os hospitais ainda não estavam equipados com ela, o que representa o grande pioneirismo do centro de Ressonância Magnética Caselas. Os serviços dos hospitais enviavam-nos internos para estagiarem connosco para se familiarizarem com a técnica e, com o passar dos anos, começou a haver concorrência, não só na área privada, mas também nos hospitais civis, que passaram a contar com equipamentos deste tipo, o que nos levou a alterar o nosso posicionamento.” Esta fase de divulgação da ressonância magnética, em que o centro teve uma importância capital, “só terminou quando nós considerámos que o trabalho estava feito junto da classe médica”. DO PASSADO AO PRESENTE Hoje, os tempos são outros, “mas o centro de Ressonância Magnética Caselas nunca abdicou de alguns pontos essenciais e a sua forma de funcionamento mantém-se”, considerou Jorge Cannas. “Dos catorze sócios originais, mantêm-se treze, após a morte de um deles, e desde o início que tomámos a decisão de que a gestão desta casa deveria ser feita por profissionais dessa aérea e não por nós, porque não estávamos vocacionados para isso e não nos temos dado nada mal.” Deste modo, “a equipa de gestão manteve sempre a composição de um conselho de administração com três elementos e a articulação com os médicos pode ter uma fase informal com qualquer médico em qualquer altura”, embora tivesse existido inicialmente “um conselho clínico de três elementos, que, em 2002, deu origem a uma direcção clínica, assumida por uma única pessoa, eleita pelos médicos”. O grande objectivo destes clínicos também se manteve inalterado. “A nossa prioridade constante tem sido a qualidade do serviço prestado”, tendo havido sempre uma grande preocupação com os equipamentos, o que “exigiu a realização de upgrades suces- sivos e investimentos dos lucros da actividade de uma forma muito significativa na actualização dos equipamentos. Quando começámos, estávamos na plataforma de ponta do que estava disponível a nível internacional e, com o passar dos anos, se não tivesse existido essa evolução, a plataforma estaria completamente ultrapassada”. Os números falam por si, já que, “ao longo destes 22 anos, houve cerca de onze intervenções sucessivas em termos de upgrades e, se alguns DIRECTOR CLÍNICO deles foram ao nível RESSONÂNCIA MAGNÉTICA de software e hardware, outros implicaram mudanças de plataforma tecnológica”. Em termos dos aparelhos, existe algo não se alterou com o tempo. “O fundamental é um campo magnético que é gerado por bobinas que são resfriadas em hélio JORGE CANNAS RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CASELAS Rua Carolina Ângelo 1400-045 Lisboa Tel. 21 3303 11 40 Fax 21 301 81 40 E-mail [email protected] www.rm-sdi.pt OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 21 líquido e esse campo magnético gerado tem de ter características de intensidade e homogeneidade muito especiais e vigiadas”, e, por isso, o centro ainda mantém a máquina inicial, mas, se ela ainda é a mesma, tudo o que lhe diz respeito “foi alterado e evoluin- equipamentos de 3 Tesla, o topo da intensidade de campo, e nós ponderámos, em 2008, substituir um dos nossos equipamentos, necessariamente o mais antigo, e fizemos algumas consultas”. Como o centro continua a manter “uma relação privilegiada com a General Electric, somos um dos seus sites de referência”, foi informado de que “a qualidade da imagem que poderíamos obter não correspondia ao salto tecnológico, o que acabámos por vir nós próprios a constatar em diversos exames que nos foram chegando. Embora tendo reconhecido que seria prematuro adquirir o equipamento nessa altura, hoje em dia, a realidade já é APOSTA NA QUALIDADE “Os exames têm um nível de exigência e de customização /personalização muito elevado o que se traduz numa qualidade efectiva muito elevada. Este é um dos nossos principais factores de diferenciação”, referiu-nos Sara Valente administradora do Centro de Ressonância Magnética de Caselas .” É certo que o mercado é muito competitivo e temos na área da grande Lisboa muitos concorrentes, uma situação que no passado não existia, mas mesmo neste contexto continuamos a afirmar-nos como centro de referência, junto das diversas unidades hospitalares bem como dos médicos prescritores com quem mantemos uma relação de estreita colaboração personalizada, devido à excelência do corpo clínico e do trabalho que têm desenvolvido ao longo deste vinte e poucos anos e do equipamento de que dispomos para a realização dos exames”, acrescentou. “Desde o inicio da actividade que estamos preparados para receber doentes hospitalares, já que o edifício foi projectado desde raiz para receber doentes acamados transportados em ambulâncias”. Hoje a Ressonância Magnética de Caselas “mantém a sua grande aposta na qualidade e no rigor dos exames, somos certificados pela NPEN9001 :2008”, prosseguiu Sara Valente. “Continuamos a apostar na diferenciação dos exames nomeadamente na área dos exames fetais, do sucessivamente, tendo recebido, em 2007, uma nova plataforma tecnológica”. Apesar disso, “a General Electric informou-nos que, em termos de upgrade, este equipamento tinha batido no tecto”. Por isso, o centro Ressonância Magnética Caselas dispõe “de uma plataforma mais avançada no segundo equipamento, que já não pode ser equiparada com a do inicial, embora a qualidade desse ainda seja excelente”. Mesmo assim, “há determinados tipos de exame que têm de ser direccionados para a plataforma mais actual”. Em relação à intensidade de campo, “optámos desde início por uma intensidade de 1,5 Tesla, o que já é considerado alto campo e tem dado uma boa qualidade, mas, há uns seis, sete anos, começaram a ser instalados 22 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 cardíacos, mama, crânio e corpo. Os exames direccionados à área pediátrica têm especial importância uma vez que temos uma experiência importante no apoio anestésico através dos 3 anestesistas que colaboram com o centro” Numa recente avaliação Sara Valente concluiu que “ desde o final 2009 até ao primeiro semestre de 2011 a origem dos nossos doentes tem vindo a alterar-se, historicamente eram cerca de 70% de doentes dos hospitais e os restantes provenientes do sector privado, neste momento o volume dos doentes hospitalares e privados é praticamente idêntico assistindo-se a uma quebra nos doentes do sector publico. diferente, pelo que esse é um equipamento apetecível”, admitiu Jorge Cannas. CUIDADOS PERSONALIZADOS Actualmente, o centro já deixou de estar sozinho no mercado, o que não é uma grande preocupação para os seus responsáveis. “Todas as moedas têm duas faces e se, por um lado, acabou um período de graça que advinha de estarmos sozinhos no mercado, a outra face aumenta-nos o grau de exigência, porque só assim poderemos diferenciar-nos e dar passos em frente”, justificou Jorge Cannas, ao mesmo tempo que admitiu que “quando se surge depois e se tem como referência quem o precedeu, vai querer-se atingir esse nível ou ultrapassá-lo. Quanto a nós, só podemos querer fazer melhor, tendo como referência o caminho que já percorremos”. Neste sentido, a grande preocupação passa “pela nossa capacidade de resposta aos médicos prescritores, sejam eles quem forem, estejam ou não ligados a hospitais, porque historicamente temos ligações com todos os hospitais, embora também contemos com muitos médicos individuais que nos referem aos seus doentes com alguma deferência, que é uma coisa que nos agrada de sobremaneira”. Para garantir este tipo de confiança, há um estilo na realização dos exames, “que não se limita a aplicar uma esquadria, como a qualidade exige, mas perante a surpresa de um exame a um doente, quando começamos a descobrir, vamos atrás dessa descoberta até ao fim, o que é uma das práticas que sempre nos distinguiu. Qualquer um de nós poderá citar centenas de casos em que começou com um exame de crânio e acabou num exame de coluna até ao fim, à procura das lesões que se espalharam, sem preocupações a nível de remuneração, pois um doente que nos chega para ser estudado tem de ser estudado integralmente”. A preocupação com o doente implica que “os nossos médicos tenham a atitude pro-activa de procurar o doente, fazendo ponto de honra em que todo o doente que seja visto por ele tenha a possibilidade de fazer alguma pergunta e obter uma resposta”. É uma dinâmica que se manteve desde sempre e “para a qual não é alheio o facto de sermos os mesmos médicos desde o início deste centro”, embora o corpo clínico tenha sido alargado com médicos adicionais, “que não são sócios, mas são remunerados como eles, responsáveis por áreas específicas, como a mama ou a Cardiologia, que é um outro ponto forte desta casa, sempre ligada ao dr. Nuno Tavares Jalles, pioneiro nesta área a nível nacional”. O mesmo acontece com a anestesia, muito importante “nos casos de crianças ou de adultos que, por estarem agitados, sofrerem de claustrofobia, demências ou doenças degenerativas, estão incapazes de compreender ou manter a memória de que é necessário estarem quietos, pelo que devem ser sedados”. Fora da área clínica, também é muito importante o papel do Professor Mário Forjaz Secca, que, “desde o início, nos ajudou a aprender alguns princípios físicos que nunca ninguém nos tinha ensinado”, tendo-nos ministrado um mini, mas intensivo e prolongado, curso de Física, que nos ajudou a melhor interpretar as imagens dos exames”. Fotografia: Nuno Alexandre MUNDO médis space SHUTTLE A ÚLTIMA MISSÃO Ao fim de trinta anos, o Atlantis realizou a última missão dos space shuttles. Foi o fim de uma era na conquista do Espaço Por Rui Faria Fotografia: Getty Images. N o dia 21 de Julho, o Atlantis concluiu a 135.ª missão do Programa Space Shuttle, encerrando uma página na história da aventura espacial norte-americana, iniciada no dia 12 de Abril de 1981, quando o Columbia descolou na primeira missão dos vaivéns espaciais criados para potenciar a capacidade de exploração espacial dos Estados Unidos. Depois dos foguetões que levaram o homem à Lua, os space shuttles foram desenvolvidos para orbitar a Terra, transportando novos satélites e carga que ajudou a construir e a abastecer a estação orbital internacional. Ao longo de três décadas, foram construídas cinco naves espaciais, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour, das quais apenas três ainda hoje existem, já que, em Janeiro de 1986, a Challenger explodiu poucos minutos após o seu lançamento e, dezassete anos depois, a Columbia teve a mesma sorte na fase de reentrada na atmosfera terrestre. Discovery é recordista A Discovery foi a nave mais utilizada, tendo cumprido 39 missões, seguida por Atlantis (33), Columbia (28), Endeavour (25) e Challenger (10), o que perfaz 135 missões que totalizaram 1330 dias, 18 horas e 9,44 minutos, durante os quais foram cumpridas 21.158 órbitas à Terra, protagonizadas por 335 astronautas. De entre as mais variadas missões científicas e militares, destaca-se a colocação em órbita e a posterior reparação do telescópio Hubble, para além do material que foi transportado para a construção da estação orbital internacional, como aconteceu na última viagem da Atlantis, que carregou 3,6 toneladas de equipamentos. Os space shuttles foram projectados para estarem ao serviço durante quinze anos, mas o custo implícito na sua substituição prolongou a sua vida útil por três décadas. Depois da derradeira missão do Atlantis, fica em aberto tudo quanto se relaciona com as viagens espaciais no futuro e não deixa de ser curioso recordar que o ciclo que agora termina teve início a 12 de Abril de 1981, no dia exacto em que se celebravam os vinte anos do voo de Yuri Gagarin, o primeiro homem a orbitar o nosso planeta. Foi como que uma provocação à então União Soviética. Hoje, privados dos seus vaivéns, os astronautas norte-americanos ficam dependentes dos foguetões russos para poderem chegar à estação orbital norte-americana. Futuro incerto A NASA está a desenvolver um novo foguetão capaz de ir mais longe no Espaço, mas os destinos ainda não estão SPACE SHUTTLE 135 MISSÕES 1330 DIAS, 18 HORAS E 9,44 MINUTOS 21.158 ÓRBITAS À TERRA 335 ASTRONAUTAS anunciados ou sequer calendarizados e os investimentos foram significativamente reduzidos. Paralelamente, a agência espacial norte-americana está a tentar estabelecer parcerias com empresas privadas, como a Boeing e a SpaceX, o que poderá abrir as portas à criação de naves capazes de orbitar a Terra, embora esse projecto ainda esteja muito longe de poder avançar. Por isso, os space shuttles passam a ser uma memória que, dentro de algum tempo, poderá ser uma atracção museológica. O Discovery será entregue ao Smithsonian Museum, de Washington, o Endeavour será exposto no California Science Center, de Los Angeles, e o Atlantis irá enriquecer a colecção do Kennedy Space Center, em Cabo Canaveral. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 23 GLOBE trotter Butão TERRAS DE SHANGRI-LA 24 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 O Shangri-La é sinónimo de um paraíso terrestre oculto. É um mito da tradição oral budista, que o imaginou em latitudes tão díspares como a Cordilheira dos Himalaias, as proximidades da Sibéria ou até localizado para os lados de Khotan, que poderá ser o Deserto de Gobi. Estas tradições sem idade serviram de base ao livro Lost Horizon, publicado em 1925 pelo britânico James Hilton, aumentando o fascínio e o misticismo do Budismo na Europa. O Shangri-La é um mito por descobrir, mas pode ter estado sempre entre a Índia e o Tibete, no meio dos vales e das altas montanhas, que se elevam a alturas superiores a sete mil metros, onde, hoje, o reino do Butão continua a ser um país perdido e esquecido desde os tempos em que foi um verdadeiro covil de lobos marcado por uma história de disputas de senhores feudais sem soberano. O PRIMEIRO “TURISTA” Estêvão Cacella, um jesuíta português, foi o primeiro europeu a entrar no Butão e as suas cartas do século XVII falavam de Ngawang Namgyel, um príncipe fugido do Tibete que conseguiu unificar o Butão, afirmando-se como Shabdrung (“aquele a cujos pés todos se prostram”), tendo sido res- No meio de vales e altas montanhas, encaixado entre a Índia e o Tibete, o Butão é um país perdido no tempo, que vive ao ritmo das suas tradições. É um mundo esquecido à espera de quem aprecia uma boa aventura Por Rui Faria ponsável pela construção de inúmeros dzong, fortalezas que repartiam o poder político-militar com o poder religioso budista, servindo igualmente como bastiões de defesa contra as invasões mongóis e tibetanas. Nos séculos seguintes, a influência dos dzong fez renascer o regime feudal e os conflitos internos agudizaram-se, mas, em 1907, Ugyen Wangchuck logrou dominar a oposição, afirmando-se como o primeiro rei do Butão. Actualmente, o país é governado pela quarta geração dos Wangchuck. É uma monarquia constitucional, mas não esqueceu os traços feu- dais assentes na pirâmide social: clero, nobreza (talvez nem tanto por esta ordem) e povo. ACESSO DIFÍCIL O Butão até pode estar ligado ao Mundo pela Internet, mas continua a viver parado no tempo, sem grandes contactos com o exterior, porque, se é difícil lá chegar, também não é fácil lá entrar. Primeiro, é necessário marcar a viagem com um operador local ou com qualquer agência que trabalhe com as autoridades do país, porque se torna mais fácil fazer o pagamento obrigatório de duzentos dólares norteamericanos por dia e por pessoa (deve subir para 250 USD em 2012) exigidos a qualquer visitante. Este preço inclui alojamento, comida e bilhetes de acesso a vários monumentos (os melhores hotéis e restaurantes são extras, pagos à parte), mas também a escolta de um motorista, “polícia” ou guia, como lhe queiram chamar. Nenhum estrangeiro anda sozinho pelo Butão. A autorização de entrada pode demorar mais de um mês. Estas são algumas das particularidades de um país que só tem duas entradas: uma na cidade indiana de Phutsholing, onde, num extremo, um arco que mais parece a “porta principal” dá acesso à cidade butaOUTUBRO/DEZEMBRO 2011 25 GLOBE trotter SABIA QUE... TODAS AS CASAS são iguais. O primeiro andar é formado por paredes de pedra caiada e o segundo piso, em madeira, com pilares que se prolongam formando terraços cobertos. As únicas diferenças são feitas pela mestria dos carpinteiros que talham, com maior ou menor habilidade, as janelas de madeira ou pelas pinturas de falos, cuja dimensão apela à fertilidade da família que a habita. OS TRAJES tradicionais são obrigatórios e ninguém pode sair à rua de forma diferente, sob pena de ser multado pelas autoridades. Os homens vestem o “khô”, uma espécie de roupão largo com uma cinta igualmente avantajada, e as mulheres vestem a “kira”, composta por uma blusa de seda e um pano que é enrolado no corpo até à altura do peito, onde é preso por um alfinete chamado “komá”. Esta “moda”, transportada para Portugal, seria a mesma coisa que obrigar todos os ribatejanos a vestirem-se como campinos ou a exigir que todas as mulheres do Minho trajassem “à minhota”... AS CORES do vestuário traduzem a hierarquia social. No topo da pirâmide está o rei, o único que pode utilizar o amarelo e o salmão (as cores da bandeira nacional) nas suas roupas, seguido pelo vermelho das vestes dos monges. Por isso, no Butão, quase pode afirmar-se: diz-me de que cores vestes, dir-te-ei quem és... TRADIÇÃO BUDISTA A vida quotidiana é marcada pelas tradições. Os dzong (em cima) são centros políticoreligiosos e Thimpu (em baixo) é a cidade mais moderna e menos interessante nesa de Jaigalon; e a outra no aeroporto de Paro. Como, para chegar à fronteira terrestre, é necessário cruzar a Índia, apesar da beleza das planícies onde a planta do chá floresce com um jardim nas regiões de Sikkim e Siliguri, o avião é a forma mais simples, mas também uma experiência inolvidável. VOO INESQUECÍVEL Druk Air (www.drukair.com.bt) é uma empresa butanesa e a única que voa pa- ra Paro. Os aviões são modernos e as tripulações, experientes, mas a pista está encravada num vale estreito e a aproximação é feita serpenteando o leito de um rio que segue entre os picos, pelo que, sempre que há nevoeiro (o que é habitual), não há voos... Antes da aterragem, o comandante avança com o discurso habitual. “Estamos a iniciar a nossa descida para Paro, por favor, apertem os cintos de segurança”, mas prossegue. “Muitos estão habituados a voar sobre as montanhas, mas esta aproximação é algo diferente, vão ver as montanhas, as árvores e as casas bem perto da ponta das asas. Este é o procedimento normal em Paro. O cenário é magnífico, desfrutem da paisagem.” Chegar de avião ao Butão é assim mesmo... DESCOBRIR PARO Chegados a Paro, temos a sensação de uma viagem no tempo. É uma cidade de casas iguais, imaculadas na conservação. Mesmo as mais recentes têm um aspecto centenário, que parece (e é) contemporâneo dos trajes “oficiais” da população. A rua principal data de 1985, mas a cidade fervilha com o seu comércio de bens de primeira necessidade, “antiguidades” e pedras mais ou menos preciosas. Tudo se confunde nos escaparates de comerciantes com milhares de anos de experiência de regatear preços. 26 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 PARO-THIMPU-WANGDUE Os miúdos, saídos de uma escola budista, são iguais a quaisquer outras crianças. Rebeldes, risonhos e atrevidos. A sua alegria convida a descobrir as instituições budistas, que se multiplicam como cogumelos ao longo de um vale onde a clemência do clima faz florescer a agricultura. Os pomares de maçãs e a elegância dos salgueiros marcam a paisagem e convidam ao passeio. É neste cenário rural feito de quintas que vão surgindo pequenos templos como o Tshongdoe Naktshang (século XVI) ou o singelo Dungstae Lhakhang (século XV), que, apesar das muitas alterações ao longo dos séculos, impressiona pela calma e pela energia que consegue transmitir num longo passeio pelos corredores que convidam à meditação, a caminho do apogeu dos aposentos, ricamente decorados pelos trabalhos de madeira pintada num encarnado vivo, contrastante com as imagens douradas de Buda. Por mais belos que sejam os edifícios, nenhum pode rivalizar com a imponência do Paro Dzong (século XVII), apontado como um dos melhores exemplos deste tipo de arquitectura. Tal como no passado, governo e religião continuam a partilhar o espaço como sempre o fizeram ao longo da história de um país que é recordada no interessante Museu Nacional, que propõe São jovens monges que são entregues aos mosteiros “logo que são capazes de correr atrás de um corvo”, como nos disseram. uma viagem desde a pré-história à actualidade do Butão. Essa história continua viva nas encostas das montanhas que sobem até os cinco mil metros, traçadas por trilhos de comércio e de invasores vindos do Tibete. Nestas zonas altas, Ihakhang é um dos mosteiros mais belos e antigos (659 d.C.) do país. A distância entre Paro, o mais antigo centro cultural e político do país, e Thimpu, a cidade onde se instalou o rei, não é grande, mas a viagem pode demorar mais de duas horas. No Butão, a distância não se mede em quilómetros mas em tempo. O alcatrão só chegou há cerca de cinquenta anos e as estradas são tão estreitas, como sinuosas. Sobem a alturas que ultrapassam os três mil metros e descem com a mesma rapidez, sempre à beira de precipícios de cortar a respiração. O verde é a cor dominante, embora nos picos mais elevados surjam sempre os mastros com as bandeiras de oração feitas de panos multicores que a população por lá vai deixando ao sabor do vento. Apesar de ser a capital, ou talvez por isso mesmo, Thimpu está longe de ser uma cidade atraente. Não tem o apelo da modernidade e falta-lhe a autenticidade que marca o resto do país. É, por isso, apenas um local de passagem no caminho para Wangdue, numa estrada sempre marcada pelo sobe e desce. O dzong de Wangdue está junto ao rio e é fácil ser convidado a entrar nas áreas reservadas aos monges. Com estrangeiros por perto, as crianças aparecem imediatamente de todos os cantos. São jovens monges que são entregues aos mosteiros “logo que são capazes de correr atrás de um corvo”, como nos disseram. No Butão, esta entrega é para a vida, embora possam renunciar, “o que muito poucas vezes acontece, porque seria uma vergonha terrível para a família”. No interior das salas de estudos, os jovens, vestidos com os seus trajes vermelhos, entoam as suas ladainhas, que só são interrompidas ao pôr-do-sol, quando são sopradas as enormes trompas nas altas torres do dzong. NO CORAÇÃO DO BUTÃO Quem quiser internar-se na zona central do Butão, pode seguir até Jakar, desfrutando de uma paisagem onde as montanhas são sempre tão altas, como diferentes. A floresta, onde se destacam antiquíssimos OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 27 GLOBE trotter COMO IR A melhor altura do ano para visitar o Butão é o período entre Março e Maio e o mês de Outubro, antes da chegada do Inverno. A butanesa Druk Air (www.drukair.com.bt) é a única companhia a voar para Paro. Tem ligações com partidas de Katmandu, Banguecoque e Deli. A forma mais fácil de agendar a viagem é através de um operador internacional, e a Catai Tours (www.catai.es) tem dois programas que incluem o Butão. O primeiro tem início em Calcutá, visita Darjeeling e Siliguri, na Índia, antes de entrar de autocarro por Phutsholing, seguindo para Paro e Thimpu, com regresso a Deli por avião (desde ¤ 3.995). O segundo, com chegada de avião em Katmandu (Nepal), visita Paro e Thimpu (desde ¤ 2.910). Como os vistos podem demorar mais de um mês a serem emitidos, as reservas têm de ser feitas com dois meses de antecedência. Onde ficar O Butão é um país diferente e exótico em tudo o que lhe diz respeito. Há alguns hotéis modernos e acolhedores em algumas cidades, mas, quem se afastar dos grandes centros, apenas encontra guest houses, onde, apesar da higiene e da hospitalidade, não estão disponíveis os requintes dos grandes locais turísticos. Todas as informações sobre hotéis pode ser encontrada junto do Bhutan’s Department of Tourism, PO Box 126, Thimpu, Bhutan (www.tourism.gov.bt), que também trata da documentação relativa a vistos, pagamento da diária obrigatória (ver texto principal) e o calendário das festividades. 28 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 cedros, é omnipresente, com uma fauna rica. Os picos cobertos de neves eternas e os vales onde a agricultura floresce fazem parte de uma paisagem deslumbrante, marcada por cumes como o passo de Pele La (3.200 metros) e descidas abruptas. Por ali, surgem uns bambus estranhos que, devido à altitude, nunca crescem suficientemente, mas são um alimento predilecto para os iaques, ainda hoje utilizados para arar as terras, como animais de carga ou fonte de alimento. Em Chendebji, na confluência de dois rios, surge um pequeno templo inspirado no Swayambhunath de Katmandu, construído no século XIX pelo Lama Shida do Tibete. Mais à frente, o Trongsa Dzong. Devido à sua posição estratégica, teve uma influência marcante em todo o país, sendo daí que Jigme Namgyal, pai do primeiro rei, assumiu as rédeas do Butão. Ainda hoje, um rei, antes de ser coroado, tem de servir como governador de Trongsa. Para lá de Yotong (3.425 metros), o Vale de Bunthang conserva vestígios pré-históricos, para além de ser um espaço de misticismo, habitat de espíritos e demónios da tradição budista, bem como de templos que evocam nomes santos, como o Guru Rimpoche (também conhecido como o Buda tibetano), cuja influência é muito marcante na região em torno de Jakar, onde surgem vários mosteiros relevantes. É o caso do magnífico Jampey Lhakhang, que se acredita ter sido construído em 659 d.C., local de acolhimento do Guru Rimpoche, cujas relíquias estão depositadas nas vizinhanças, no mosteiro Kurjey Lhakhang. Estes são apenas alguns exemplos de inúmeros locais de culto que surgem à volta de Jakar, uma cidade de uma única rua, mas um importante centro comercial e cultural. Na zona central do Butão, ainda há menos estrangeiros do que na região de Paro. É uma zona mais autêntica, onde a agricultura continua a ser o principal meio de subsistência. Fotografia: Getty Images. As casas são todas iguais. As diferenças surgem na talha da madeira e nas pinturas das janelas ou na dimensão dos f alos, que apelam à fertilidade da família que a habita Getty Images mundo MÉDIS SONHOS REALIZADOS “F oi com muita alegria que ajudámos a realizar o sonho de três crianças, proporcionando-lhes uma visita à EuroDisney”, afirmou-nos Gustavo Barreto, director de marketing da Médis, que abraçou mais um projecto lançado pela Make a Wish, uma IPSS cujo grande objectivo passa por realizar sonhos de crianças portadoras de doenças de risco. A Make a Wish “nasceu há 31 anos nos Estados Unidos com a mãe de Christopher, uma criança que gostava de ser polícia embora a mãe soubesse que esse dia muito dificilmente iria chegar”, recordou-nos Mariana Tavares, directora executiva da Make a Wish em Portugal. “O Chistopher sofria de leucemia e a mãe tentou realizar o seu sonho quan- “Levar força, esperança e alegria a crianças com doenças de risco através da realização dos seus sonhos” é o lema da Make a Wish, uma IPSS que, em parceria com a Médis, levou três crianças à EuroDisney em Paris to antes, o que veio a acontecer graças ao envolvimento da comunidade de uma pequena cidade norte-americana, que permitiu que a criança fosse polícia por um dia. Teve o seu uniforme, andou de carro patrulha e até de helicóptero.” Pouco tempo depois, Christopher faleceu “e a sua mãe achou que deveria continuar a realizar desejos de crianças doentes porque viu o impacto que a sua iniciativa tinha tido junto do filho. E assim foi. Começou a angariar fun- MAKE A WISH A Fundação Realizar Um Desejo é uma filial da Make-A-Wish® internacional. A fundação é uma instituição particular de solidariedade social e está em Portugal desde 2007. Até hoje, foram realizados 75 desejos, sendo que, no primeiro semestre de 2011, foram realizados trinta desejos. Tem actualmente cem voluntários em Lisboa, Porto e Coimbra e está presente em todos os hospitais centrais de Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve. Cinquenta desejos aguardam para serem realizados. Missão: realizar desejos de crianças e jovens, entre os três e os dezoito anos, com doenças graves, progressivas, degenerativas ou malignas, para levar-lhes um momento de alegria e de esperança. Fundação Realizar um Desejo – Make a Wish Portugal Av. Fontes Pereira de Mello, 6, 3.º esq.º, 1050-121 Lisboa Telemóvel: 96 637 84 11 / E-mail: [email protected] www.makeawish.pt / www.facebook.com/makeawish.pt dos e, até hoje, a Make a Wish já realizou 225 mil desejos de crianças em todo o Mundo”, acrescentou Mariana Tavares. A actividade da Make a Wish em Portugal “teve início em 2007. Começou como uma fundação e, a seguir, transformou-se numa IPSS, que começou a dar a conhecer os seus objectivos e, até hoje, já conseguiu concretizar 75 sonhos de crianças”. Entre eles estavam o Paulo, o Rodrigo e o Daniel, que tinham o desejo de conhecer a EuroDisney. “Quando surgiu a oportunidade de podermos associar-nos a esta iniciativa em concreto, aceitámos de imediato”, afirmou-nos Gustavo Barreto, director de marketing da Médis. “Na verdade, quisemos ir um pouco mais longe e divulgámos a iniciativa em alguns meios de Comunicação Social para permitir que as pessoas pudessem contribuir para a concretização de sonhos de outras crianças através de um donativo para uma conta bancária da Make a Wish. E posso adiantar que contámos com uma grande receptividade de todos.” Para a concretização do sonho do Paulo, do Rodrigo e do Daniel, a Médis contou com o envolvimento de toda a equipa de colaboradores, “pois este é um tipo de acção que causa orgulho e motivação adicional para o nosso trabalho do dia-a-dia, saber que podemos contribuir para fazer a diferença na vida de alguém”, admitiu-nos Gustavo Barreto. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 29 MUNDO médis GESTÃ O DA REDE DE SAÚDE MÉDIS O que é a gestão da R ede de Saúde Médis? É uma área que está integrada na Direcção de Coordenação de Redes (DCR) e que realiza toda a gestão da relação com os prestadores de cuidados de saúde que têm acordo com a Médis e que, na prática, são entendidos como parceiros, portanto, muito para além de simples prestadores. Como é que está organizada a estrutura? A estrutura tem uma intervenção a nível nacional, incluindo regiões autónomas, e conta com nove gestores de rede. Cada elemento desta equipa tem a responsabilidade de acompanhar uma carteira de prestadores de cuidados de saúde segmentados por 30 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 “A equipa de gestão da rede de saúde contribui, de uma forma decisiva, para a consolidação da relação de parceria que temos com os nossos prestadores”, afirmou-nos Carlos Marreiros, o responsável pela equipa de profissionais que acompanha e monitoriza a actividade dos prestadores de cuidados de saúde integrados na Rede Médis zonas geográficas. Com efeito, todos os gestores de rede têm um ou mais distritos onde desenvolvem a respectiva actividade. Qual o perfil de um gestor de Rede Médis? Dentro da nossa equipa, temos pessoas com formação académica totalmente distinta e com percursos profissionais diferentes. A heterogeneidade existente favorece a partilha de informação assente numa gestão eficiente e racional de recursos (capacidade de financiamento e prestadores), buscando uma constante melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos nossos parceiros aos clientes Médis. Entendemos que o equilíbrio de distintas competências, como os conhecimentos técnicos detidos por alguns gestores de rede que são profissionais de saúde e Da esquerda para a direita: Pedro Correia (Director Coordenador de Redes), Sofia Costa (G.R. Saúde), Carlos Marreiros (responsável pela Rede Saúde), Carla Lopes (G.R. Saúde), Nuno Gastão (Controlo e Monitorização), Paula Galvão (Responsável pelas Redes Complementares), Ricardo Faria (Responsável pelo Controlo e Monitorização), Gonçalo Oom (Redes Complementares), Carla Esteves (G.R. Saúde), Edite Lopes (Redes Complementares), Sofia Roque, Francisco Lemos, Tiago Catarino, Isabel Ulrich, Vanda Araújo, Florbela Lança e Luís Ferreira (Gestores de Rede Saúde) os conhecimentos de outros, são uma mais-valia importante na relação mantida com os profissionais que integram a Rede Médis. Que trabalho é realizado junto dos prestadores de cuidados de saúde da R ede Médis? Como já referi antes, o trabalho dos gestores de rede assenta numa relação de parceria que se consubstancia numa permanente interacção com os prestadores, que vai desde a selecção e contratação dos mesmos às acções de monitorização e acompanhamento da actividade, passando pelas tarefas quotidianas de manutenção de uma relação contratual que se pretende profícua para todas as partes envolvidas, clientes, prestadores e seguradora. Como é feita a contratação de novos prestadores de cuidados de saúde? A Rede Médis abrange todo o território nacional e responde às necessidades dos nossos clientes. Podemos dizer que a oferta de prestadores está francamente estabilizada, excepto em zonas geográficas pontuais, cujo aumento do número de clientes determina a contratação de novos parceiros, sem prejuízo de, em outras zonas, estarmos atentos a projectos que, na área da prestação privada, vão surgindo no mer- cado, constituindo-se como ofertas relevantes pela sua diferenciação. A base de trabalho para a integração de novos elementos na Rede Médis tem diversas origens das quais destacaria a pesquisa proactiva por parte dos gestores de rede em zonas mais carenciadas e as candidaturas espontâneas apresentadas directamente por profissionais ou unidades de saúde. para efeitos de contratação, assim como os vários aspectos de carácter qualitativo e curricular. Por fim, é dada continuidade ao processo através do alinhamento das regras contratuais entre as partes, que irá complementar a decisão da integração ou não na Rede Médis. E no caso de prestadores que já integram a Rede Médis? No âmbito da relação contratual já existente, os nossos parceiros, de uma maneira geral, solicitam-nos a contratação de um conjunto de novos procedimentos, nomeadamente, novas valências, inclusão de novos serviços, extensão de morada, etc. Neste contexto, a Médis utiliza basicamente os mesmos critérios de avaliação que são considerados nas novas integrações e que mencionei já. Também como elemento de decisão, é indissociável o desempenho do prestador nos vários vectores que suportam a parceria. Este processo é semelhante para qualquer tipo de prestador de cuidados de saúde? É exactamente igual. A Médis tem como objectivo oferecer aos seus clientes uma solução integrada de cuidados de saúde de elevada qualidade com base em padrões de exigência uniformes a toda a rede, independentemente do serviço prestado. Ultrapassada a fase de contratação, como se processa a actividade dos gestores de “A estrutura tem uma intervenção a nível nacional, incluindo regiões autónomas, e conta com nove gestores de rede. Cada elemento desta equipa tem a responsabilidade de acompanhar uma carteira de prestadores de cuidados de saúde segmentados por zonas geográficas.” Numa primeira fase, todas as candidaturas são analisadas, considerando o rácio existente e desejável entre o número de clientes e o de prestadores num determinado ponto geográfico. Passado este patamar, é realizada uma análise global tendo presente os requisitos legais que estão definidos rede juntos dos prestadores de cuidados de saúde? A actividade que é desenvolvida diariamente obedece a uma constante interligação entre as partes que visa a gestão eficiente da rede de prestadores com o objectivo de proporcionar aos clientes Médis um serviço OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 31 melhorámos a informação de gestão facultada aos nossos prestadores através de documentos síntese que incorporam todos os indicadores que deverão ser permanentemente monitorizados por ambas as RESPONSÁVEL PELA EQUIPA DE partes. GESTORES DA REDE Essa monitorização DE SAÚDE é bem vista por parte dos prestadores de cuidados de saúde da Rede Médis? Acima de tudo, é interpretada como um factor positivo na melhoria da relação existente, uma vez que permite uma observação conjunta e sistemática da actividade que se pretende desenvolvida em bases estratégicas comuns. Os critérios utilizados na identificação dos dados, o rigor aplicado na análise dos mesmos e a consequente partilha das conclusões são elementos chave para alcançar uma saúde de excelência financeiramente sustentável. O objectivo é, sempre em conjunto com os nossos parceiros, identificar eventuais oportunidades de melhoria, introduzindo alterações sempre que tal se mostre necessário. Há outros canais de contacto entre o prestador de cuidados de saúde e a Médis? CARLOS MARREIROS de reconhecida qualidade. Promove-se uma cultura de diálogo constante, assente num modelo de gestão equilibrada de interesses que se pretende que sejam comuns. Primeiro, há que garantir padrões de formação elevados relativamente aos procedimentos próprios de uma operação managed care. Segundo, concretizar um acompanhamento uniforme da actividade desenvolvida pelo parceiro que permita aferir eventuais necessidades e melhorias. Exemplo disto é o trabalho que está a ser desenvolvido ao longo do ano em curso relativamente ao roll-out da nova versão do site Médis para prestadores. Esta nova versão vai permitir uma significativa melhoria ao nível dos processos de interacção entre prestadores e Médis, sendo um importante marco para gestão eficiente de recursos. Para os prestadores e para a Médis, é importante que os processos administrativos sejam ágeis, robustos e transparentes, permitindo ganhar espaço para o que é realmente importante: para a Médis, proporcionar e gerir o acesso dos seus clientes a uma rede de prestadores com elevados padrões de qualidade e excelência; para os nossos parceiros, dedicarem o seu tempo, conhecimentos e recursos na melhoria efectiva das condições de saúde dos clientes Médis. Na mesma lógica de aproximação pretendida, 32 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 “O sucesso da gestão da Rede Médis tem sempre inerente um trabalho de equipa com as várias áreas da companhia, assim como através da criação e da manutenção das sinergias com os nossos parceiros” Para além da interacção havida com o gestor de rede, estão ao dispor dos prestadores outros veículos de contacto com a companhia que são de igual modo relevantes na gestão diária. Neste âmbito, gostaria de destacar o papel fundamental da Linha Médis, que, através da disponibilidade exercida, permite dar uma resposta imediata às necessidades quotidianas dos prestadores. Outros importantes canais de contacto são também a Gestão de Pré- -Autorizações, para o esclarecimento de assuntos correntes ligados a serviços médicos sujeitos a prévia autorização por parte da Direcção Clínica da Médis, e a Área de Pagamentos a Prestadores, para tratamento de temas relacionados com facturação de serviços prestados. Todos estes canais constituem um valor acrescentado no contacto imediato e permitem despoletar, sempre que necessário, os mecanismos internos que visam a informação para o gestor de rede de forma a que este possa intervir e garantir a melhor qualidade de serviço ao cliente e ao prestador. Isso quer dizer que a gestão da R ede Médis também tem uma pr eocupação com a satisfação do cliente para além de estar focada no negócio? Qualquer área da companhia tem sempre presente a satisfação do cliente e a equipa de gestão da Rede Médis não é uma excepção. O foco na gestão global da relação com os prestadores é um meio para se atingir este objectivo. Este é o modelo que está interiorizado pela equipa e apenas desta forma é que podemos ir ao encontro das expectativas diárias dos nossos clientes, capacitando a Rede Médis com os serviços necessários para o efeito. Neste contexto, são ainda realizados pela Médis inquéritos de qualidade junto dos clientes e dos prestadores com o objectivo de avaliar a qualidade de serviço prestado e que permitem, em conjunto, identificar as áreas prioritárias de actuação. Em conclusão, o sucesso da gestão da Rede Médis tem sempre inerente um trabalho de equipa com as várias áreas da companhia assim como através da criação e manutenção das sinergias com os nossos parceiros. Fotografia: Nuno Alexandre. MUNDO médis mundo MÉDIS Website www.mediskids.pt O website Médis Kids vai ao encontro de um público infantil/juvenil, com idades compreendidas entre os quatro e os doze anos. Esta plataforma digital é, ao mesmo tempo, lúdica e didáctica, permitindo que os mais jovens aprendam sozinhos, ou com a ajuda dos pais, conceitos básicos de saúde, para além de adquirirem hábitos de vida mais saudáveis, sempre de uma forma divertida e bem disposta, sendo uma grande aposta da Médis, uma empresa que sempre investiu na capacidade de inovar a cada momento. O website é composto por diversas áreas ricas em conteúdos de entretenimento, embora os temas relacionados com a saúde sejam uma constante. Para além de jogos didácticos e de wallpapers que estimulam a criatividade, também estão disponíveis alguns filmes onde, tal como acontece na maioria das histórias dirigidas às crianças, há os bons e os maus, apresentados na área “Amigos & Inimigos”. O website Médis Kids está disponível na Internet, surgindo como uma plataforma digital lúdica e didáctica que divulga conceitos básicos de saúde e promove hábitos saudáveis BONS E MAUS DA FITA O Super-Médis é o líder dos bons e está sempre pronto para combater os maus da fita, contando com a colaboração imprescindível do João Globulão, um anafado glóbulo branco, mas também dos Globitos, um grupo de irrequietos glóbulos vermelhos, e ainda o Zé Formax, um elemento da força especial dos anticorpos. São estes protagonistas que, ao longo de várias aventuras didácticas, enfrentam o parasita Fred Fungo, que tem por acólitos o Ben e a Bina Bactéria, para além do Vic Vírus, que está sempre a tentar criar uma infecção. Os bons e os maus da fita já se enfrentaram em diversas aventuras e, depois das Infecções, da Gripe e da Nutrição, o website Médis Kids disponibiliza um novo filme que aborda a importância da vacinação, quer no nosso quotidiano, quer ao nível global, onde se registam grandes carências nos países do chamado Terceiro Mundo. O quarto episódio das Aventuras do Super-Médis foi realizado com a colaboração com a ONG Médicos do Mundo, com quem a Médis tem feito parcerias em diversas iniciativas, como aconteceu com o patrocínio da Corrida Solidária. Este, como todos os filmes que estão disponíveis em www.mediskids.pt, também podem ser vistos no YouTube, bastando pesquisar MédisKids. As mensagens são tão simples como importantes, pelo que vale a pena divulgar o endereço www.mediskids.pt junto dos seus filhos, mas também junto dos seus familiares e amigos, já que este website é igualmente uma educativa forma de entretenimento para os mais novos. Ao registar-se no site, passará a receber regularmente uma newsletter electrónica, com todas as novidades do mundo Médis Kids. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 33 HIGH tech SUPERVOLANTES DA F1 O volante de um monolugar de Fórmula 1 pode custar 100 mil euros. Recorre à mais sofisticada tecnologia aeroespacial e tem mais funções do que a mais tecnológica consola de jogos. Por Rui Faria I Infografia de Nuno Costa s volantes dos F1 são construídos em fibra de carbono para terem um peso reduzido e a resistência necessária para suportar todo o equipamento electrónico que passaram a incorporar. São peças de alta tecnologia, cujo preço pode variar entre os 50 e os 100 mil euros. Deixaram de ter apenas a função de virar as rodas e passaram a ser o centro nevrálgico da gestão de todo o veículo, gerindo o motor que é capaz de debitar mais de 750 cv, controlando a caixa de velocidades, a aerodinâmica e a suspensão através de um sistema de gestão electrónico que pesa cerca de um quilograma. O piloto passou a ser obrigado a ter uma agilidade de dedos superior à de um grande pianista, porque tem mais de 30 botões e interruptores para gerir a mais de 300 km/h. Fernando Alonso (Ferrari) não sente dificuldades “porque interiorizei todos os procedimentos”, mas outros, como Sebastian Vettel (Red Bull), já se queixaram dos perigos que tantos comandos podem ter ao nível da concentração. As novidades do regulamento técnico introduzidas este ano fizeram com que a parte frontal do volante deixasse de ter espaço suficiente para receber tantos comandos, e eles já tomaram conta da face inferior. É aí que surgem as já tradicionais patilhas da caixa de velocidades semi-automática, mas também a regulação da abertura dos deflectores de ar da asa traseira (que algumas equipas complementam com um pedal de comando ou uma alavanca), a regulação O 34 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 dos diferenciais e do sistema Kers, que permite regenerar a energia das acelerações e travagens para garantir ainda mais potência. No volante, também surgem as mais diversas informações que o piloto pode ver num pequeno ecrã de leds. São avisos sobre bandeiras de sinalização de ultrapassagem e acidentes, tempos por volta, regime de rotações do motor e tantas outras coisas. Dentro da mesma equipa, cada um dos pilotos tem gostos especiais e configurações específicas para o seu volante. No caso dos Ferrari, Fernando Alonso prefere que a informação sobre a carga da bateria do sistema Kers tenha uma indicação numérica, enquanto que Filipe Massa optou por uma barra gráfica. O piloto tem autonomia para tomar muitas opções ao nível da regulação dos sistemas que tem ao seu dispor, mas também recebe indicações via rádio para as efectuar. É ele que comanda o rádio (mais outro botão) que o liga ao muro das boxes, onde os engenheiros podem decidir poupar combustível, mandando reduzir a riqueza da mistura ar/gasolina, alterando a cartografia de funcionamento do motor, ou modificando as leis de funcionamento da suspensão, seja pela estratégia de corrida ou devido a uma modificação das condições da pista. A electró- nica está lá para ajudar e, se a tecnologia alterou radicalmente os dados do jogo, algo permanece inalterado: sempre se disse que um campeão tinha que ter “muitas mãozinhas” e, hoje em dia, elas são mais importantes do que nunca para quem persegue a vitória sentado atrás de um volante cheio de botões... OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 35 MUNDO médis A PRIMEIRA VEZ… A adaptação das crianças ao infantário é difícil, uma vez que implica uma separação dos hábitos parentais e do aconchego do lar. Deve ser feita, por isso, de forma progressiva. Experimente levar um brinquedo nos primeiros dias, aconselha a médica pediatra. O brinquedo é algo familiar à criança e servirá de conforto. D urante este mês, 1.952.114 alunos, do ensino pré-escolar ao secundário, regressam às aulas. A transição das tardes de praia e dos prolongados momentos de lazer frente à televisão para o ambiente de sala de aula requer tempo e alguns ajustes, sendo quase sempre geradora de ansiedade. A ansiedade é positiva quando associada “ao contentamento de reencontrar colegas e professores”, aponta a médica pediatra Marinela Teixeira. Outras vezes, traduz-se em dores de barriga, vómitos e insónias. Um rastreio permitiria o despiste, mais ou menos imediato, da existência de complicações de saúde, mas a experiência clínica também tem os seus truques, praticamente infalíveis no contexto. Marinela Teixeira recorre ao histórico familiar e, com a ajuda dos pais, analisa o comportamento da criança durante as férias. Se os sintomas coincidem apenas com o início da rotina escolar, segunda a médica, o diagnóstico está à vista e as queixas são passageiras. O que não afasta a necessidade de pais e professores continuarem atentos – um aspecto crucial na educação e na saúde. 36 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 ATRASOS NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM: UMA CAUSA FREQUENTE DE INSUCESSO ESCOLAR Atenção ao desenvolvimento da linguagem. 0 - 1 anos Reage aos sons e ao seu nome; parla; comunica; compreende algumas palavras e frases simples; usa gestos, mímicas e palavras simples. 1 - 2 anos Compreende ordens e perguntas simples; diz o próprio nome; nomeia objectos, acções e pessoas familiares; faz frases simples, mas já de duas a três palavras. 2 - 3 anos Faz jogos simbólicos com brinquedos; produz frases de três e quatro palavras; faz perguntas; compreende preposições, adjectivos, pronomes. 3 - 4 anos Concentra-se a ouvir uma história; executa ordens; é compreendido fora da família; constrói frases bem estruturadas; conta acontecimentos. Já deve saber pronunciar os sons p, t, k, d, d, g, f, ch, v, m, n, nh, rr. 4 – 5 anos Comunica de forma autónoma com crianças e adultos; reproduz histórias ou acontecimentos com pormenor; usa verbos e adjectivos; consegue memorizar e cantar canções infantis. Deve ter adquirido os sons s, z, j. 5 – 6 anos Faz frases bem estruturadas e tem um discurso rico em conteúdo. Deve ter os sons l, r, lh e grupos consonânticos. RASTREIO NO INÍCIO DO ANO ESCOLAR Canetas, lápis de cor, dossier com argolas… E um rastreio que deve acrescentar à lista todos os anos lectivos. Apenas os exames e os rastreios permitem saber, por exemplo, se a dor de barriga ou os sinais de gaguez dos nossos filhos merecem um acompanhamento específico ou não passam de ansiedade, típica dos primeiros dias de aulas ou das vésperas de testes Por Paula Santos VISÃO: RASTREIOS ESCOLARES NEM SEMPRE SÃO SUFICIENTES Há quem lhe chame desinteresse pelo que se passa no quadro, mas, muitas vezes, o problema chama-se “falta de visão” e pode ser simplesmente resolvido, ou mesmo evitado, com uma visita ao oftalmologista. Rastreios escolares, sim, mas nem sempre são suficientes, alerta a pediatra Marinela Teixeira. “Na presença de histórico familiar de determinadas patologias oftalmológicas, como, por exemplo, a miopia, a criança deve fazer testes aos seis meses de idade. Caso contrário, regra geral, o despiste oftalmológico acontece por volta dos três anos. Entre os cinco e os seis anos, deverão voltar a fazer novo exame e, a partir dessa idade, anualmente, ou de dois em dois anos”, alerta. As recomendações da Associação Americana de Oftalmologia estão em consonância. DESPISTE AUDITIVO PODE EVITAR DIAGNÓSTICOS INCORRECTOS Os rótulos surgem por vezes mais depressa do que os testes de despiste. Hiperactividade ou autismo podem ser precocemente mal avaliados quando, na verdade, a criança apresenta dificuldades de audição. “Pode também acontecer a criança revelar um fraco desenvolvimento da fala, motivado por não ouvir bem”, exemplifica a médica. Um estudo recente, publicado este ano no jornal Science, vem precisamente chamar a atenção para o facto de a dislexia, além de estar associada à dificuldade em ler e escrever, estar ainda relacionada com a audição. “Os despistes auditivos fazem parte, por isso, do rastreio ”, defende Marinela Teixeira, especialmente perante a detecção de comportamentos anormais na criança. NÃO ESQUECER A HIGIENE ORAL! A preocupação com a saúde oral inicia-se mal os dentes começam a romper, havendo mesmo quem preconize cuidados mais precoces. “Ensinar a lavar os dentes e explicar às crianças quais os alimentos que provocam cárie dentária é fundamental”, salienta a pediatra. Levar a escova para a escola é proibido, por questões de contágio e surtos, mas Marinela Teixeira conti- GA… GA…GUEZ É… Comum, no processo normal de aquisição e desenvolvimento da linguagem de muitas crianças. Passam por uma fase de gaguez fisiológica quando o seu aparelho motor não consegue acompanhar a velocidade do pensamento, mas, se a gaguez se instala, e aponta-se os quatro, cinco anos como o período de transição, ou é acompanhada de outros sinais, há que pedir ajuda. Até lá, pais e educadores devem aprender a escutar, isto é, aguardar pela demora que a criança possa apresentar em falar, em vez de se enervarem e a corrigirem. “Para a criança, não é um problema demorar um ou dois segundos a dizer uma palavra, mas, se lhe estiverem permanentemente a dizer ‘vá lá, despacha-te’ ou a antecipar as suas frases, ela aperceber-se-á da sua dificuldade”, explica Catarina Olim. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 37 MUNDO médis ALERTA PARA OS SINAIS DE (MÁ) COMUNICAÇÃO A comunicação é essencial ao desenvolvimento dos mais jovens e a terapia da fala surge aqui como uma boa solução, desde em situações de atrasos globais de desenvolvimento (como autismo ou paralisia cerebral) a casos de crianças a quem chamamos vulgarmente de “trapalhonas”. Tecnicamente, estas “trapalhices” têm nomes como, entre outros, perturbações da articulação. De acordo com a presidente do Secretariado Nacional da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala, Catarina Olim, “é expectável que a criança até aos sete anos diga correctamente todos os sons, incluindo os grupos e encontros consonânticos, por exemplo, pr, tr, cr, ld, rt. O TERAPIA DA FALA: o que dizem os números? 7,5% DAS CRIANÇAS tem problemas graves a nível da linguagem nos EUA, estimando-se a mesma prevalência no nosso país. 5% é a prevalência estimada de dislexia em crianças. 20 A 30% É A PERCENTAGEM ESTIMADA DE CRIANÇAS COM NECESSIDADE DE SEGUIMENTO em terapia da fala pelas mais variadas questões. *Dados fornecidos pela terapeuta da fala: CATARINA OLIM Arte & Fala Rua João de Barros, 14-B 2780-119 Oeiras Tel. 91 986 21 41 - 21 45 70 896 www.artefala.com Os clientes Médis pagam apenas ¤ 20 por consulta. 38 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 sistema mais fácil é consoante-vogal-consoante-vogal, como em ‘papa’ ou ‘sopa’. Grupos tipo consoante-vogal-consoante-consoante-vogal, como em ‘porta’ ou ‘balde’, são mais difíceis. Quando a criança entra na primária, já deve ter estes sons bem desenvolvidos”. Caso contrário, a terapia da fala dá uma ajuda. Além das perturbações da articulação, o “atraso no desenvolvimento da linguagem (ver caixa), as perturbações específicas do desenvolvimento da linguagem, a disfluência, normalmente denominada gaguez (ver caixa), a disfonia, mais conhecida por rouquidão, a dislexia, a perturbação da leitura e escrita, a deglutição atípica ou do tipo infantil” estão entre os diagnósticos terapêuticos mais comuns nesta área, segundo a especialista. MÉDICOS, PROFESSORES E PAIS: TODOS ATENTOS! Catarina Olim acrescenta mais uma categoria de pequenos candidatos a terapia da fala. “Há quem procure a terapia da fala no sentido de potenciar a comunicação da criança e de melhorar as suas competências comunicativas”, esclarece. É precisamente este o seu papel numa companhia de teatro infantil. “Nenhuma das crianças com quem trabalho apresenta qualquer problema/desordem à partida”, conta a especialista, mas todas elas beneficiam dos seus serviços, “de modo a melhorar a dicção” e ainda para aprender “algumas medidas preventivas de protecção da sua voz, visto que são sujeitas a uma maior sobrecarga vocal”. Os abusos vocais são um dos factores de rouquidão, mas não só. Este é “um problema cada vez mais comum nas crianças, face aos ambientes onde brincam, ao excesso de ruído existente à sua volta, ao volume dos aparelhos electrónicos, aos hábitos alimentares, à presença de aparelhos de ar condicionado, entre outros factores”, explica. O aspecto da comunicação é demasiado importante para passar despercebido. Por isso, enfatiza a especialista, “da mesma forma que o trabalho de um professor não deve terminar com o bater da porta da sala de aula, também o trabalho de um terapeuta da fala não deve terminar à porta do consultório. Em todas as fases do processo, deve existir parceria, empenho, complemento e seguimento” entre pais, escola, clínicos e terapeuta. Fotografia: Nuno Alexandre. nua a defender a causa da higiene oral através do uso de uma escova que poderia ser devidamente identificada em ambiente escolar. A pediatra deixa mais um conselho adicional aos pais: “Atenção ao leite da noite. Se os dentes não forem lavados depois, a lactose ‘fica por lá’, a contribuir para a cárie dentária.” MARINELA TEIXEIRA Avenida dos Bons Amigos, Lote 1, 2.º A 2735-076 Agualva-Cacém Tel. 21 914 53 24 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 39 MUNDO médico Um estudo da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, publicado na revista Science, concluiu que a utilização regular da Internet está a alterar o processo como a nossa mente arquiva as memórias A WEB ROUBA-NOS A MEMÓRIA H oje em dia, deixaram de ser necessários grandes esfor- informação seria arquivada, a outros foi vedada essa possibilidaços de memória, pois “alguém” faz esse trabalho por de. Como se esperava, os dois grupos reagiram de forma diferennós. Para além do advento das máquinas de calcular te e aqueles que estavam seguros de que informação seria “salva”, inteligentes, que reduziram significativamente o esfor- esqueceram automaticamente a maioria dessa mesma informaço na resolução de problemas matemáticos, a Web está a afectar ção, enquanto que os restantes lograram memorizar uma boa parte significativamente as memórias dos seres humanos, que delegam dos dados. esse esforço de memória nos motores de busca, o que acaba por ter um grande impacto em termos culturais, tanto mais que não Novo paradigma podemos ignorar que alguém afirmou uma vez que “cultura é aqui- No estudo publicado na revista Science, os investigadores concluem que a Web conseguiu revolucionar até a forma como a nossa mente lo que fica depois de termos esquecido tudo o que aprendemos”. Um estudo realizado pela Universidade de Columbia, em Nova organiza e arquiva a informação. O recurso aos motores de busca, Iorque, e publicado na revista Science, faz o retrato de um mundo afectado por amnésia, sustentado por uma memória colectiva e digital. Segundo Betsy Sparrow, uma das LIVE SCIENCE autoras do estudo, a Web tornou-se numa http://www.livescience.com/15044-internet-google-influence-learning-memory.html espécie de “memória externa”, cómoda, utiBETSY SPARROW líssima, capaz de responder por nós. http://www.columbia.edu/cu/psychology/fac-bios/SparrowB/faculty.html LINKS PARA CONSULTA DO ESTUDO SCIENCE http://www.sciencemag.org/content/333/6040/277 Uma equipa de investigadores realizou vários testes a um grupo de jovens para verificar como é que a sua capacidade de memórias e de aprendizagem se adaptaram a uma utilização regular da Web. Num primeiro teste, foram reunidos 46 alunos da Universidade de Harvard, a quem foram colocadas as mais diversas perguntas sobre temas aleatórios, tendo sido verificado que quantas mais palavras relacionadas com a Internet (Google, Yahoo, etc.) eram utilizadas, mais rápidas eram as respostas, em contraponto com respostas menos rápidas e seguras a perguntas onde o vocabulário utilizado era menos comum à Web. Na segunda e na terceira experiências, os investigadores sujeitaram os voluntários a alguns inquéritos sobre os quais vieram a ser mais tarde reinterrogados, para aquilatar a sua capacidade de memória. Durante os testes, os jovens foram autorizados a tomar apontamentos num PC (off-line) e se a alguns foi dito que essa 40 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 que passaram a fazer parte do nosso quotidiano, está a criar novos paradigmas na forma de memorizar o conhecimento. O Ciberespaço assumiu o espaço da memória real, ao mesmo tempo que subverteu a ordenação da informação por ordem de importância. O filme Casablanca é um exemplo desta realidade. Em vez de ser recordado o realizador (Michael Curtiz), é muito provável que fique impresso na memória o nome do site consultado para se saber mais sobre a película. Será inútil afirmar que seria muito mais importante recordar o nome de Michael Curtiz, mas tudo é relativo. Raciocinamos através de palavras-chave, mas Google e companhia estão a alterar a forma como o nosso cérebro guarda a informação e, no fim de contas, Michael Curtiz é “apenas” o director de um dos filmes que faz parte da história do cinema. E de que serve recordá-lo? O Google tem essa informação disponível... Fotografia: Getty Images. O estudo O sistema olfactivo não funciona sempre da mesma forma e a descodificação pode ser diferente para várias pessoas, concluiu um estudo realizado nos EUA pelo Scripps Research e publicado na revista Nature O PERFUME NÃ O É IGUAL PARA TODOS N ão há dúvidas de que uma rosa é uma rosa, mas a percepção do seu perfume pode variar de pessoa para pessoa, segundo é afirmado num estudo da Scripps Research publicado na revista Nature, onde os investigadores afirmam que o percurso de um odor entre o nariz e o cérebro não é exactamente igual em todos os seres humanos, porque o impulso do odor, uma vez captado e descodificado no “radar” da mucosa nasal, pode chegar por caminhos diversos ao córtex olfactivo primário, que se encontra no cérebro, onde podem ser interpretados cerca de 10 mil odores diferentes. Experiência em ratos Os investigadores da Scripps Research verificaram, em experiências levadas a cabo com ratos, que os neurónios olfactivos, quando enviam um sinal ao cérebro, fazem-no de uma forma distinta, uma situação que também deve verificar-se entre os seres humanos. “A nossa pesquisa demonstra que ainda temos muito que aprender sobre a forma como o cérebro está ligado aos sentidos”, afirmou Kristin Baldwin, uma das autoras do estudo. Os investigadores da Scripps Research destacam o facto de um perfume activar os receptores dos estímulos, que se encontram na mucosa nasal, que transforma a informação química num impulso nervoso que é enviado aos “bolbos olfactivos”. Neste ponto, o sinal chega a um feixe de fibras nervosas, um glomérulo, que o envia para o cérebro para ser interpretado pelo córtex olfactivo primário. “Estes gloméru- los funcionam da mesma forma em todos os indivíduos”, afirmou Sulagna Ghosh, co-autora do estudo. “Partindo deste pressuposto, interrogámo-nos se, na viagem destes sinais olfactivos para a parte superior, no córtex olfactivo, continuavam a funcionar de forma estereotipada.” Sinais olfactivos neurónios viajam para dois centros corticais de elaboração, o núcleo olfactivo anterior e o córtex piriforme. Os percursos seguidos para estas duas zonas chave do cérebro são muito distintos. Por outras palavras, cada rato tem o seu próprio “radar” para captar os odores”, admitiu Sulagna Ghosh. Em face disto, levanta-se a dúvida sobre a capacidade de os mamíferos poderem ter uma percepção comum dos odores. A equipa da Scripps Research avança com a hipótese de a possibilidade dos neurónios serem projectados para uma terceira região do cérebro, uma amígdala crucial na formação das emoções. “No entanto, não conseguimos seguir o rasto dos odores nessa região do cérebro, porque o traçado luminoso não o conseguiu atingir”, acrescentou Sulagna Ghosh, que avança com a possibilidade de ser uma região com um funcionamento mais ordenado e estereotipado. Para individualizar o percurso destes sinais olfactivos, os investigadores desenvolveram uma nova técnica que permite fazer “brilhar” as ligações nervosas do cérebro através da utilização de alguns vírus que deixam atrás de si um rasto luminoso, o que permitiu identificar o percurso dos sinais olfactivos até ao cérebro em vários ratos. A equipa de investigadores associou um especialista de neuroinformática, que desenvolveu um modelo em 3D capaz de reproduzir a anatomia do cérebro para permitir o mapeamento dos diversos percursos dos traçados nervosos para poder colocá-los em confronto. http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature09945.html “De acordo com os resultados, os LINK PARA CONSULTA DO ESTUDO OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 41 MODA tendências CAPA em pele para iPad, Gucci. BOINA em lã, Louis Vuitton. BOTINS em pele, Louis Vuitton. LENÇO em algodão, Hermès. GRAVATA em lã e seda, ¤ 94,48, J. Crew. WINTER TALE Tudo se conjuga para um look confortável. Materiais naturais e tons terra oferecem-lhe um Inverno de luxo moderado Por Diana Bastos CAMISOLA em malha, Henry Cotton’s. RELÓGIO com bracelete em pele, Hermès. JOGO DE CARTAS, Hermès. CARTEIRA em pele, Gucci. PERFUME Wood, edição de luxo, DSquared2. SAPATOS em pele, Hermès. 42 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 SACO em lona e pele, Lacoste. PULSEIRAS em ouro, com diamantes e lacado, Tiffany’s. CASACO em pêlo, Antik Batik. LENÇO em seda, Louis Vuitton. BOTAS em pele, Asos.com ANOS 40 Viaje através do tempo em busca de inspiração. Feminina e ultra-sofisticada, assuma o seu poder inspirando-se na década de 40 Por Diana Bastos CHAPÉU em feltro de lã, Asos.com CASACO em lã, French Connection. VELA perfumada em caixa com cristais, DL & Co., na Poolish.com SOUTIEN, ¤ 29,90, e culottes, ¤ 19,90, em cetim, renda e elastano, Intimissimi. CARTEIRA em pele envernizada, Louis Vuitton. ÓCULOS DE SOL com armação em massa, Montblanc. CAIXA em metal, Butterfly by Mathew Williams. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 43 GOURMET tendências Garrafa de gin, ¤ 25,90, Hendrick’s. Cálice de vinho, ¤ 4,99, Zara Home. Jarro em prata, preço sob consulta, Hermès. Azeite de trufas, ¤ 9,99, La Tourangelle. Decantador em cristal e prata, preço sob consulta, Pavillon Christofle. Jarro cafeteira em porcelana, ¤ 59, Seletti. Tabeletes de chocolate feito á mão, preço sob consulta, Mast Brothers Chocolate. WHITE NIGHTS Noites de glamour enchem a sua mesa de materiais luxuosos e sabores intensos. Por Diana Bastos Chávena Krenit, preço sob consulta, Pátria. Livro Reinventing Food, de Colman Andrews, Phaidon. Garrafa de vodka Crystal Skull, preço sob consulta, Crystal Head. Frascos com tampa Deli, desde ¤ 29,01, Eva Solo, na Inexistência. 44 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 Garrafa para vinho Bag in a Box, ¤ 47,50, Eva Solo, na Inexistência. Talheres iD, conjunto de três peças em aço inox, ¤ 50, Atelier Bow Wow, na Royalvkb.com Flor de sal 100% natural, com colher em porcelana, ¤ 11,25/125 g, Sal de Ibiza, no El Corte Inglés. Duo de frutos secos, figo torrado e amêndoa frita com sal, preço sob consulta, Boa Boca. Chocolate quente de Madagáscar com frutos vermelhos, ¤ 13,88, Fortnum & Mason. Candelabros em cerâmica, ¤ 79, Pols Potten, na Verypoolish.com Garrafa de champanhe Vintage 2000, edição limitada, preço sob consulta, Dom Pérignon x Andy Warhol. Livro India Cookbook, de Pushpesh Pant, ¤ 42,35, Phaidon. INDIAN SUMMER Caixa de gengibre cristalizado, ¤ 22,20/300 g, Fortnum & Mason. Bule e taça em vidro soprado a mão Wave Baroque, em edição numerada, ¤ 190 e ¤ 22 respectivamente, Mariage Frères. Vela perfumada “laranja amarga”, em cristal, ¤ 41, Agraria. Uma festa de cores e sabores traz de volta memórias de Verão, alegrando as tardes de Outono. Vinagre com polpa de tomate e vinagre com pimenta e pimentos, ¤ 7,22/200 ml cada, A L’Olivier. Açúcar com baunilha, ¤ 1,50/250 g, Terre Exotique. Azeite de trufas brancas, preço sob consulta, Savitar. Caixa de chá verde com rosa, ¤ 12,20/125 g, Kusmi Tea. Caixa de chá verde Sakura Sakura Gran Cru, preço sob consulta, TWG Tea. Serviço de jantar Macau, preço sob consulta, Matthew Williamson para Butterfly Home. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 45 WEEK end PRAZERES ALENTEJANOS O Baixo Alentejo é uma terapêutica anti-stress sem contraindicações conhecidas, sendo recomendado em todas as estações do ano, tanto mais que as planícies onduladas do montado se renovam ciclicamente, tomando novas cores escolhidas na paleta dessa grande artista chamada Natureza. Nesta altura, quando os calores do Verão dão lugar aos dias mais frescos do Outono, as planícies douradas pelo sol vão ficando mais bronzeadas, antes de florescerem, lá mais para a frente, com toda a pujança do verde. Como não há nada melhor do que ver para crer, vale a pena regressar ao Alentejo profundo e, para isso, a Herdade do Vale do Manantio é um destino de excelência. Afastado das grandes rotas, o “monte” desta propriedade é como que um local perdido, onde o tempo tem mais tempo e a ausência de poluição permite que o céu seja mais azul durante o dia e as estrelas mais cintilantes quando a noite chega. Para além disso, a herdade é um local onde a hospitalidade é cultivada a rigor e os cuidados postos no detalhe sobressaem nos seus oito quartos, todos diferentes, com temáticas que vão do romântico ao estilo africano, espalhados pelo edifício principal, pelo antigo celeiro e por uma ala mais recente. A Herdade do Vale do Manantio é como que uma projecção do carácter da família de Duarte Bravo, o actual anfitrião da propriedade adquirida pelo avô nos anos 60, numa altura em que a casa era uma ruína. Hoje, é um agradável “monte” alentejano, onde não faltam as paredes brancas de cal, com as janelas e as portas debruadas a azul, que é uma das cores mais marcantes do sul. O aspecto rústico dos edifícios contrasta com os interiores, que traem a paixão de Duarte Bravo por tudo o que está relacionado com a actividade cinegética, já que os troféus de caça estão omnipresentes num ambiente que Catarina Bravo, a mãe de Duarte, conseguiu que fosse informal e sofisticado, mas sobretudo 46 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 A Herdade do Vale do Manantio parece perdida no meio do montado, mas está perto do grande lago do Alqueva. É vizinha de Moura e está a dois passos das terras raianas que se estendem até Rosal de la Frontera, surgindo como um refúgio ideal para um fim-de-semana bem passado Por Rui Faria acolhedor nos seus pormenores tradicionais, como os móveis alentejanos ou as camas de ferro, onde surgem lençóis rematados a bordado inglês. CAÇA E NÃO SÓ... A casa de uma família de caçadores rapidamente se tornou num ponto de encontro de muitos outros que têm a mesma paixão. De início, foram apenas os amigos, mas, actualmente, chegam hóspedes de vários pontos do país e até de Espanha, atraídos pelas cerca de 17 mil perdizes que, anualmente, são criadas numa herdade onde também não faltam rolas, lebres e até javalis, que dão vida a 1.600 hectares. Outubro é o mês das perdizes e, nessa altura, o dia dos caçadores começa ainda antes do sol nascer, terminando inevitavelmente com um almoço no Taco, um acampamento montado à beira das águas do Alqueva. É tempo para preparar a batida que se prolonga pela tarde, terminando no “monte”, com um lanche feito de iguarias locais temperadas com as ervas aromáticas que fazem a riqueza da cozinha alentejana, que, por ali, é muito justamente honrada. As refeições fazem as delícias dos hóspedes e os interessados podem optar por um piquenique, fornecido a preceito, com os melhores sabores regionais, onde não faltam os pratos de caça. Ao fim do dia, quando o sol começa a esconder-se no horizonte, o alpendre é um local imperdível para deixar o tempo passar, embalado pelo cantar ritmado de ralos, cigarras e grilos, que parece competir com o barulho do borbulhar do jacuzzi, junto da bela piscina de xisto. Contudo, a Herdade do Vale do Manantio não é exclusiva para caçadores. Todos são bem recebidos, mesmo aqueles que só pretendem descansar, apreciar um bom passeio a cavalo ou de charrette, desfrutar da paisagem do montado que se estende até perder de vista ou tirar partido das águas do grande lago do Alqueva, que convidam A Herdade do Vale do Manantio não é exclusiva para caçadores, todos são bem recebidos, mesmo aqueles que só pretendem descansar à prática dos mais variados desportos náuticos. Alqueva é uma rota de passeio ao longo das suas margens, passando pela Marina da Aguieira, onde, para além do seu restaurante, há barcos para alugar. Quem passar pela Luz, a nova urbanização que recebeu os habitantes da Aldeia da Luz quando esta foi engolida pelas águas, pode BEM RECEBER Duarte Bravo (em cima) é o anfittrião da herdade, onde não faltam actividades como os passeios a cavalo ou pelo Alqueva OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 47 WEEK end ONDE COMER Sabores da Estrela Rua Nova de Moura, 3. Lugar da Estrela. Tel. 285 915 000. Tradição alentejana, temperada com alguma inovação. A esplanada sobre o Alqueva é o local ideal para saborear o queijo de Serpa assado. Onde ficar Adega Velha Rua Dr. Joaquim Vasconcelos Gusmão, 13. Mourão. Tel. 266 586 443. A sopa de cação e a perdiz à Adega Velha são as especialidades de uma casa onde, para beber, é “branco ou tinto”, como afirma o dono da casa. (Em cima) Herdade do Vale do Manantio 7885-252 Moura. Tel. 91 656 49 74. www.valedomanantio.com Molhóbico Rua Quente, 1. Serpa. Tel. 284 549 264. Os velhos sabores alentejanos, onde não faltam migas, açordas, porco preto e a surraburra (cachola). Um restaurante que já foi “casa de pasto” e mantém clientes fiéis. O Alentejano Praça da República, 8. Serpa, Tel. 284 544 335. A sopa de cação, os pratos de porco preto e as espetadas em pau de loureiro são algumas das especialidades de um restaurante em pleno centro histórico da vila. Vila Velha Rua do Mal Anda, 4. Vidigueira. Tel. 96 605 39 80. Cozinha tradicional tal como a decoração. A carne de alguidar, o guisado de borrego com coentros e as migas de bacalhau justificam a viagem. 48 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 visitar o seu museu (www.museudaluz.org.pt), onde o edifício, assinado pelos arquitectos Pedro Pacheco e Marie Clément, reúne um interessante espólio etnológico e arqueológico. VILAS PARA PASSEAR A herdade também é um bom ponto de partida para descobrir as terras cujas memórias podem recuar até ao tempo da ocupação mourisca ou recordar velhos conflitos com castelhanos, testemunhados por vários castelos que continuam a espreitar do alto dos montes. Moura está bem perto e o seu nome é explicado na lenda que conta que Salúquia, a filha do vizir, se atirou do alto da torre do castelo quando soube que o seu amado fora morto numa emboscada dos cristãos que invadiram a fortaleza disfarçados com as vestes dos vencidos. A história pode ser fruto da imaginação de qualquer romântico, mas o nome perdurou e o labiríntico bairro mourisco também. Bem perto, surge o convento carmelita de Nossa Senhora do Carmo, do século XIII, cujo claustro mostra alterações góticas e renascentistas, que também surgem na igreja matriz, erigida no reinado de D. Afonso V. Seguindo a estrada para Pias, ao longo de uma paisagem feita de olivais que dão origem a uma das mais ricas produções de azeite do país, chega-se a Serpa. Na pacata povoação de casas brancas, vale a pena conhecer a igreja matriz, um edifício gótico dedicado a Santa Maria junto ao qual surge a imponente torre do relógio. A Igreja da Misericórdia conta com magníficos azulejos do século XVIII, enquanto que a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, uma antiga gafaria, impressiona pelas suas torres de agulha piramidais e pelo portal renascentista em mármore. Curioso, o Museu do Relógio (www.museudorelogio.com) junto da Praça da República. COMO IR Na saída 5 da A6, seguir as indicações para Évora. Na cidade, continuar em direcção a Beja, seguindo depois pela N18 para Reguengos e, depois, o IP2 para Beja. Em Portel, vire para Moura, seguindo a N384. Passe o paredão da Barragem do Alqueva e, cerca de cinco quilómetros depois, surge, à esquerda, a indicação da Herdade do Vale do Manantio. Siga por uma estrada de terra batida. Coordenadas GPS: 38º12’19’’ N/07º25’57’’ W Distâncias aproximadas: Lisboa – 200 km; Porto – 480 km; Alqueva: 10 km; Moura – 7 km. PASSEAR Desde Serpa, às águas do Alqueva (em cima) passando pela nova Aldeia da Luz (em baixo), sem esquecer o Castelo de Noudar Sobranceiro à vila surge o castelo mourisco reconstruído por D. Dinis no século XIII, com o seu curioso aqueduto que passa sobre as muralhas que sobreviveram após a retirada do Duque de Ossuna, que o ocupou durante a Guerra da Sucessão de Espanha, em 1707, deixando apenas de pé alguns panos da muralha, as portas de Moura e de Beja, para além da torre de menagem. Visitar a Vidigueira e o sítio arqueológico de São Cucufate pode ser uma excelente desculpa para quem professa o culto da boa mesa, porque o restaurante Vila Velha é um santuário. De qualquer modo, importa conhecer as escavações de um mosteiro cujas abóbadas remontam ao século IV e que permitiram descobrir vestígios de uma grande casa agrícola romana, onde são visíveis os banhos, a adega e até o templo, o que demonstra que foi uma residência importante no século II. Fotografia: Rotas&Destinos, Pedro Sampayo Ribeiro ROTAS DO CONTRABANDO O curioso Castelo de Noudar, vigilante de um tempo que passou, no alto de um penhasco contornado pelas ribeiras de Ardila e Murtiga Deixando a herdade e rumando em direcção às terras da raia, pode chegar a Barrancos. A estrada sinuosa e íngreme segue por Santo Aleixo da Restauração, uma terra onde quase toda a população deu a vida pela independência numa luta onde também pereceram setecentos espanhóis. É uma terra acidentada. A paisagem altera-se radicalmente e o verde é dominante no caminho para a terra que ganhou mediatismo pelas suas touradas. Barrancos é um local pitoresco no meio das serranias que foram os caminhos de contrabando de uma população que fala uma mistura incompreensível de português e espanhol. À entrada da vila, uma estrada, onde o mau estado do alcatrão alterna com pisos de terra, segue para o curioso Castelo de Noudar, vigilante de um tempo que passou, no alto de um penhasco contornado pelas ribeiras de Ardila e Murtiga. A antiga fortaleza foi doada por Afonso X, o Sábio, a D.ª Brites, mulher de D. Afonso III, tendo sido uma praça importante, mas, ao longo dos séculos, enquanto a sua população foi decrescendo, a de Barrancos foi aumentando e, hoje, a fortaleza está esquecida, apesar de algumas escavações arqueológicas que ali foram realizadas tivessem mostrado vestígios romanos. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 49 MUNDO médis “Esta campanha mostra um retrato do país e apresenta soluções”, explicou-nos Fátima Lopes, durante a rodagem do filme. Nessa altura, falou-nos sobre a sua ligação à Médis e sobre o presente e o futuro da sua carreira na TVI “Deixe que a MÉDIS“ CUIDE DE SI A NOVA CAMPANHA COM FÁTIMA LOPES 50 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 “Eu não sou apenas a cara da Médis, eu faço parte da Médis” á quatro anos que a F átima Lopes é o r osto da Médis. F ale desta parceria. Tem sido uma parceria muito positiva. Primeiro, porque sou uma mulher que sempre defendeu as marcas portuguesas e, depois, porque acho que a marca Médis é uma marca de referência no mercado português a nível dos seguros de saúde. E, quando me convidaram a primeira vez para dar a cara pela Médis, fiquei muito contente, precisamente porque tinha uma imagem muito positiva da marca. Aliás, eu já tinha um seguro de saúde Médis e estava muito satisfeita. Depois, comecei a fazer um trabalho de proximidade com esta equipa, e já lá vão uns anos, e é muito bom participar em algumas reuniões da Médis, ir a algumas iniciativas em que é parceira ou apoia. Ou seja, eu não sou apenas a cara da Médis, eu faço parte da Médis. E, quando digo que faço parte, faço mesmo. Procuro saber os resultados, como estão a correr as vendas, se os números estão dentro da expectativa do mês, do semestre ou do ano. Trabalho com eles em permanência e acho que isso é que é trabalhar com uma marca. O facto de a Médis ser também uma marca interventiva em acções cívicas e de carácter social é algo que valoriza? Sim, isso também é muito importante, porque prezo muito as empresas que cultivam a solidariedade social. É o caso da Médis. Já fui com a Médis à Madeira entregar um cheque a uma associação de ajuda às vítimas [do temporal de 20 de Fevereiro de 2010]. E já estive em outros projectos, tam- H bém de solidariedade, da Médis. Aliás, sempre que me pedem para ir apadrinhar uma acção em que ajudaram uma instituição, eu vou, faço questão. Acho que isso é que também é ser a cara da marca. É prestigiante ser o rosto desta marca? Para mim, é prestigiante ser o rosto da Médis. Tenho imenso orgulho e defendo a marca como minha, porque sei o que vale e o empenho dos profissionais que trabalham na Médis para corresponderem àqueles que, às vezes fazendo um grande esforço financeiro, porque, muitas vezes, os clientes são pessoas com rendimentos magros, deixam um pedaço do seu orçamento para fazer um seguro de saúde. Estas pessoas têm de ter o que merecem. A Fátima também é subscritora de um seguro de saúde Médis? Eu tenho seguro, os meus filhos, os meus pais, enfim, a família toda. Em que difere esta campanha das anteriores? Esta campanha é muito actual, muito atenta àquilo que está a acontecer no nosso país, mas também no Mundo. Estamos a passar por uma crise económica muito complicada. Portugal está numa face de grande aperto de cinto e os portugueses estão todos a reorganizar os seus orçamentos familiares. Dado que as pessoas nem sempre encontram nos hospitais públicos todas as respostas que procuram e necessitam de sentir alguma segurança em caso de terem algum percalço com a sua saúde, então, a Médis tem uma resposta. A Médis está a mostrar às pessoas que, numa altura em que estão a organizar as suas contas, se calhar, vale a pena pegar num valor pequeno e investir num seguro de saúde. E, portanto, a Médis está a dizer às famílias que está atenta a situação do país, mas que tem respostas para a sua saúde. Fico muito feliz com esta campanha porque está perto das pessoas. Nesta altura, não podemos fazer campanhas fora da realidade. Esta é uma campanha que é um retrato do país. Esta é uma solução e nós precisamos de soluções. Há algum denominador comum, algum fio condutor, entre esta campanha e as anteriores? Há. O facto de a Médis ser uma empresa cuja maior preocupação é cuidar da saúde dos portugueses. Este é um ponto comum. Se formos ver a rede de soluções e de ofertas que a Médis, ano após ano, pôs cá fora, vamos perceber que há cada vez mais clínicas, mais médicos, mais laboratórios e hospitais a trabalhar com a Medis. O que significa que é uma empresa que cumpre tão bem o seu papel que há cada vez mais entidades privadas a juntarem-se a ela. O que prova que o trabalho está a ser feito na linha certa. Caso contrário, haveria profissionais a abandonar-nos e isso não acontece. Dá valor à saúde? Sem saúde, não se faz nada. Não há prazer, não há alegria, não se tem capacidade de viver a vida, de trabalhar… A saúde é a base de tudo. Mas também não podemos vê-la de forma isolada. Isto funciona de forma holística: uma pessoa que seja muito infeliz na sua vida pessoal ou profissional, normalmente é uma pessoa que não tem muita saúde. E porquê? Porque normalmente a parte psicossomática é extremamente importante e a nossa saúde deteriora-se à velocidade dos nossos pensamentos positivos ou negativos. Nós damos alimento à saúde ou lenha para queimá-la. Ou seja, as coisas estão todas interligadas e isso é extremamente importante. As pessoas, às vezes, vivem a vida de uma forma muito compartimentada. A nossa cabeça é o motor de tudo e por isso é que há pessoas com 90 anos e uma vida boa e uma saúde de ferro. Ainda esta semana tive uma senhora com 91 anos no OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 51 MUNDO médis meu programa cheia de saúde. Era muito engraçada, solteira por opção e fazia imensas caminhadas. E porquê? Porque é uma pessoa que alimenta, que potencia cada momento mágico e pequeno da vida. Era uma senhora que tinha saúde para dar e vender. Já recorreu, com certeza, aos serviços da Médis. Lembra-se de algum momento de urgência extrema e do atendimento? Não, mas já aconteceu a Beatriz, a minha filha, magoar-se numa aula de voleibol. Ficou com um dedo muito magoado, pensei mesmo que estava partido, e fui com ela às urgências de um hospital da rede Medis. vezes, é isso, é uma questão de fazer contas e ver o que ganhamos mais. Quando há essa possibilidade, claro, porque eu tenho consciência de que há muitas famílias que não têm o que comer. Mas, quando, às vezes, se tem um extra ou se está a juntar para mais um brinquedo, quando os filhos até têm três ou quatro e não precisam de mais – sou completamente contra o consumismo excessivo –, provavelmente, mais vale usar esses poucos euros para um seguro de saúde. Sinceramente, fico mais tranquila quando abro a carteira e vejo os cartões Médis dos meus filhos. Como apresentadora, está habituada às câmaras, mas, para uma campanha publicitária, procura ser menos a Fátima e interpretar uma personagem? Já estou muito habituada a fazer publicidade, porque faço-a há anos, mas a primeira vez foi traumatizante, porque não A Médis está a dizer às famílias que está atenta à situação do país, mas que tem respostas para a sua saúde” Ela foi atendida rapidamente, deram-me as instruções necessárias, fiz tratamento e tudo correu bem. Mas os meus pais, por exemplo, não tinham seguro de saúde e eu fi-los perceber a importância de ter um e tratei pessoalmente de todos os documentos. A minha mãe já precisou de recorrer aos serviços particulares da Medis e, num destes dias, estávamos a falar e ela dizia-me estar contente por termos optado pelo seguro. Ela dizia-me assim: “Realmente, não fazia bem as contas, porque o tempo que eu esperava por este exame ou por estes resultados, a minha saúde ia-se deteriorando.” E eu fiquei satisfeita porque a minha mãe percebeu que, afinal, eu tinha razão e não estávamos a falar de nada de extraordinário. Mas essa pequena diferença fez com que ela tivesse respostas mais rápidas. E, às 52 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 pensei que o ritmo da publicidade fosse tão lento e fiquei um pouco desgastada, confesso. Agora não. E depois trago imensas coisas para fazer, trago as minhas revistas para ler, trago trabalho… E eu já sei que é assim. Sei que, por norma, trabalho dez a dezasseis horas seguidas e, como sei com o que conto, estou tranquila. Há pouco, o director de marketing da Médis perguntava-me: “O que prefere, Fátima, assim um dia inteiro de trabalho ou três horas de um directo?” E eu respondi: sete horas de directo. [Risos] Directo é directo, não se grava outra vez. E começa a uma hora e acaba a outra. Maravilhoso. Mas gosto muito de estar aqui a fazer esta campanha. É um ambiente diferente, as pessoas são diferentes. Eu sou muito bem tratada também em publicidade. E procuro sempre ser profissional: chego a horas, estou sempre pronta e isso também é bom. E estou sempre bem-disposta. E o facto de ser publicidade dá para teatralizar? Dá-me muito gozo fazer publicidade. É engraçado, porque, mesmo em publicidade, o que me pedem é para ser eu, nunca me querem numa personagem, mas este filme da Médis é diferente, é a Fátima, mas um pouco mais introspectiva do que as pessoas estão habituadas na publicidade ou nos programas. Diria que é a Fátima mulher. É um filme onde se vê mais a minha doçura, a minha feminilidade e é com uma imagem da Fátima um pouco diferente. Este filme é completamente diferente. Falemos agora da sua car reira. Além do programa que conduz diariamente na T VI, A Tarde é Sua, é júri de um pr ograma de talentos, Canta Comigo. Está a gostar da experiência? Estou. É a primeira vez que o faço e tenho aprendido imenso com o produtor e músico Luís Jardim, que é uma pessoa que percebe imenso de música e que tem muita paciência para me explicar coisas – porque eu pergunto-lhe tudo. No primeiro programa, estava muito nervosa, mas foi bom estar com ele e com a cantora Rita Guerra, porque são pessoas com quem tenho muito à-vontade. E, por outro lado, é saboroso também estar num papel que não o da apresentadora. Embora não seja tarefa fácil, porque – deve ser defeito das pessoas que trabalham nesta área – estou a fazer o meu papel de jurada, mas também a ver o dos outros. Ou seja, estou sentada, mas sou capaz de estar a olhar para o realizador, para o câmara... [Risos] Não consegue distanciar-se? Não, porque é o meu trabalho, é o meu mundo. A actriz Rita Pereira está a sair-se bem como apresentadora ou ainda é cedo para dizê-lo? A Rita, no primeiro programa, teve imensas dificuldades, mesmo o método é muito diferente daquilo que ela estava habituada e, portanto, não foi fácil, mas depois trabalhámos algumas fragilidades. A Rita pediu a sua ajuda? Sim. E notou-se logo uma mudança fantástica porque ela é muito empenhada. A Rita foi extremamente humilde, aceitou as minhas sugestões e críticas. Gostei muito da sua atitude e de repetir as coisas até eu achar que estava bem. Digamos que lhe dei ali uma ajuda na primeira semana, mas ambas não temos muito tempo. Foi com grande esforço que marcámos ali alguns encontros. Normalmente, o que faço agora é ir mais cedo e dar-lhe umas indicações. Acho que a minha ajuda criou ali uma ponte com a equipa, mas ela é capaz e vai melhorar cada vez mais. O registo de representar e o de apresentar são diferente, além de este programa ter características muito próprias. E há muito talento em Portugal? Muito. Fiquei fascinada com algumas vozes. Há alguma voz de que tenha gostado mais? Sim, há. A de uma jovem, Tatiana salvo erro, que tem uma voz maravilhosa, uma voz para estar nos tops. E tem uma grande PERFIL Fotografia: Estúdio João Cupertino. “Sinceramente, fico mais tranquila quando abro a carteira e vejo os cartões Médis dos meus filhos” capacidade de comunicar com a câmara. Faz agora um ano que está na T VI, qual o balanço? Estou muito feliz com a minha decisão de ter saído da SIC e entrado na TVI. Acho que tomei a decisão certa no momento certo. Num destes dias, vieram ter comigo e disseram-me: “Fátima, parece que trabalhas aqui há anos, já estás muito à-vontade.” E é verdade. Gosto muito do ambiente, da relação que temos com os nossos superiores. Gosto da forma como nos mimam e nos fazem sentir importantes. E gosto que haja a humildade de me chamarem e quererem a minha opinião quando se trata de tomar uma decisão. Acho que isso é um sinal de respeito e de que sabem e reconhecem o meu percurso. É muito bonito e deixa-me feliz. Entretanto, para breve, a TVI vai estrear a segunda temporada do reality show Secret Story, gostava de apresentá-lo? Se a TVI me dissesse que precisava de mim para o fazer, eu fazia. Nunca fui pedir para fazer, mas não é algo que neste momento gostasse de fazer. E digo isto porque, quando se faz uma mudança tão grande como eu fiz, é preciso canalizar a energia num sentido, ou seja, investir tudo no que estou a fazer. Neste caso, no meu programa da tarde. Manter este público e fazê-lo perceber que agora está lá a Fátima Lopes é o meu grande objectivo. E é Teresa Guilherme que vai apresentar Secret Story. Feliz escolha da TVI? A Teresa Guilherme é a cara do Secret Story, julgo que não há nenhuma pessoa em Portugal com melhor perfil do que ela. O público que vê a Fátima Lopes na TVI já é o “público” que a via na SIC’? Acho que sim, pelas audiências. Se não é, são os mesmos números. Ou então é o público da Júlia que me aceitou. E por isto digo que é preferível apontar as baterias para trabalhar com este público e fazê-lo bem e fazê-lo perceber o quanto estou dedicada. E quando este público estiver a fazer equipa comigo, já há disponibilidade para fazer outra coisa qualquer de forma pontual. Eu faço quinze horas de directo por semana... Não estamos a falar de uma pessoa que vai à antena uma hora por semana. É um programa que exige muito trabalho de bastidores… É muito trabalho. Eu tenho quatro grandes histórias para estudar todos os dias. Nunca tive tanta coisa para ler para um programa como tenho agora. Este é o programa de mais conteúdo que já tive até agora. Só tenho conversa. Quero conquistar este público; depois, logo se vê. Portanto, não fui pedir para fazer nada. E, depois, há outra coisa: acumular mais coisas seria tirar tempo aos meus filhos. E isso não. Eu prefiro ter menos horas para brilhar no ecrã, mas brilhar em minha casa. E novidades no seu programa? Tal como temos o polígrafo, que vai continuar, estamos a trabalhar outras mudanças que vão marcar o programa sem o desvirtuar. O público àquela hora está habituado a um determinado produto e não fica assim muito contente se fizermos mudanças muito grandes. Por isso é que, por vezes, temos de testar, porque as pessoas sentem que o programa é delas e nós não podemos mudar a casa delas assim… Mas digamos que podemos ter Fátima Lopes, 42 anos, é licenciada em Comunicação Social e foi jornalista do extinto Diário Popular muito antes de se ter estreado na apresentação, na SIC. O programa Perdoa-me catapultou-a para a fama, seguindo-se All You Need Is Love e Surprise Show. Ainda na SIC, apresentou o programa das manhãs SIC 10 Horas, que liderou as audiências durante quatro anos. Depois, seguiram-se Fátima e Vida Nova. A 2 de Julho de 2010, Fátima Lopes deixa a SIC, após dezasseis anos, indo para a TVI para apresentar Agora é Que Conta, que estreou a 21 de Setembro do mesmo ano. Apresenta agora A Tarde é Sua, que estreou em 3 de Janeiro de 2011. Do seu currículo, contam ainda a condução de diversos eventos, desde Moda Paris e Moda Roma ao Portugal Fashion e às galas dos Globos de Ouro da SIC. Distinguida com o prémio Melhor Apresentadora de Entretenimento pela Casa da Imprensa em 2004, Fátima Lopes também lançou três romances: Amar Depois de Amar-te, Um Pequeno Grande Amor e A Viagem de Luz e Quim. uma rubrica nova ou um espaço de três ou quatro semanas. Vamos experimentar algumas coisas novas. Este programa é, de facto, diferente do que fez na SIC… E muito mais do Agora é Que Conta, cujo testemunho passou a Leonor Poeiras, mas tem saudades destes ou de outros programas que já tenha feito? Este programa, A Tarde é Sua, é bastante diferente de Vida Nova [SIC]. Obrigada por ter reparado, porque há quem pense o contrário. Mas não tenho saudades do que já fiz. Encaro todas as experiências como positivas porque todas me ensinaram. Um destes dias, lembrei-me de uma gala que fiz no Algarve, inenarrável, porque as condições que nos prometeram saíram todas ao lado, que me desgastou bastante na altura. E então andei ali a gritar com toda a gente e as coisas lá começaram a aparecer. Lembro-me que pensei se valeria a pena seguir com tudo aquilo, mas, quando chegou a hora de desempenhar o meu papel, fi-lo com gosto. Isto para lhe dizer que eu sei que não tenho capacidade para ser apenas apresentadora, porque, se for preciso tratar de uma coisa de produção, eu trato, só não me entreguem câmaras para a mão, de resto, trato de tudo. E nessa altura percebi que era muito mais capaz do que aquilo que eu pensava. E mais projectos futuros? Não sei. Para já, estou centrada no presente. [Risos] OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 53 MUNDO médis Clínica Universidade Navarra (CUN) é um centro hospitalar de referência. Localizada em Pamplona, a capital da Comunidade de Navarra, propõe 36 especialidades médico-cirúrgicas asseguradas pelos seus cerca de 1.900 profissionais (285 médicos, 176 residentes, 625 enfermeiros e 276 auxiliares), que trabalham em regime de exclusividade, quer nas actividades relacionadas com os cuidados de saúde, quer na investigação científica, uma actividade com grande relevância em termos da universidade em que está integrada. A CUN assume-se como uma unidade especializada em patologias complexas e a clínica tem um foco multidisciplinar, apostando na personalização dos cuidados de saúde que disponibiliza, quer para doentes nacio- A nais, quer para o grande número de estrangeiros que procuram as soluções de vanguarda nos tratamentos que oferece nos campos da Oncologia, cirurgia robótica, cirurgia bariátrica, terapia celular, programas de transplantes, implantes cocleares, etc. No período de 2009/2010, a CUN totalizou 192.845 consultas ambulatórias, formalizou 12.597 hospitalizações e atendeu 5.949 doentes no hospital de dia. No mesmo período, foram atendidas 11.372 urgências, praticaram-se 12.270 cirurgias nas mais diversas especialidades médicas e foram registados 75.012 internamentos. A investigação médica é um dos pilares do modelo de funcionamento da CUN, gerida através da Unidad Central de Investigación Clínica” (UCICEC), que tem por missão coordenar a gestão da investigação, desenvolvi- CONTACTOS ÚTEIS Clínica Universidade Navarra www.cun.es Avenida Pio XII, 36 31008 – Pamplona, Espanha. Tel. +34 948 255 400 Fax +34 948 296 500 E-mail [email protected] VANTAGENS PARA O CLIENTE MÉDIS Os clientes Médis com cobertura internacional têm, nos termos das condições previstas na sua apólice, uma cobertura com “capital ilimitado”, mas qualquer outro cliente Médis (salvo os clientes Médis Vintage) pode usufruir de um desconto de 15% nas consultas e nos meios complementares de diagnóstico. mento e inovação (i+D+i), bem como os diversos serviços de apoio à investigação clínica. Para além disto, a CUN mantém uma estreita colaboração com as faculdades de Medicina e de Ciências e Farmácia da Universidade de Navarra, assim como com o Centro de Investigação Médica Aplicada (CIMA), que permite, por um lado, abarcar todo o processo que vai desde a investigação médica básica até à prática clínica, para além de favorecer a colaboração com a indústria médica e biotecnológica no desenvolvimento de novos produtos para diagnóstico e tratamento. A CUN é uma entidade privada e 61,5% do financiamento destinado ao i+D+i é garantido por fundos, também eles privados, o que demonstra a confiança de empresas e instituições no trabalho que ali é realizado. Certificação de qualidade A aposta na qualidade na prestação de cuidados de saúde passou pela certificação por 54 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 CLÍNICA UNIVERSIDADE NAVARRA A Clínica Universidade Navarra (CUN) é uma unidade hospitalar reconhecida pelo seu elevado grau de especialização, pela evolução tecnológica e pela eficiência da sua equipa de profissionais especializada em patologias complexas. Fundada em 1962, conta com uma relevante actividade de pesquisa científica DOENTES ESTRANGEIROS parte da Joint Comission International (JCI) em 2004. A JCI é uma divisão da Joint Comission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO), reconhecida internacionalmente como a maior organização de acreditação dos Estados Unidos da América. Esta acreditação é a garantia de que uma unidade de prestação de cuidados de saúde garante níveis de excelência, baseando-se em parâmetros que vão muito além da prática clínica, atendendo a factores como a organização, para a qual são estabelecidos padrões que devem ser respeitados para a garantia de boas práticas. Para além disso, uma acreditação por parte da JCI é também um compromisso claro por parte da unidade hospitalar, que assume a responsabilidade da melhoria da qualidade da assistência ao doente, da garantia de um ambiente seguro a todos os níveis de funcionamento e do trabalho contínuo para a redução de riscos para os doentes e para todo o pessoal hospitalar. A Clínica Universidade Navarra atende anualmente milhares de doentes estrangeiros, oriundos de cerca de cinquenta países. No ano passado foram registadas 19.315 assistências, das quais 13.925 a portugueses, que procuraram principalmente áreas clínicas como a Oncologia, Radioterapia, Medicina Interna, Urologia e Cardiologia. A CUN procura garantir a estes doentes um atendimento tão individualizado quanto possível, pelo que criou a imagem da “pessoa de contacto”, que pode acompanhar o doente e/ou a sua família, para facilitar o acesso à consulta de especialidade que seja pretendida. Nesse sentido, a Clínica Universidade Navarra tem disponível um serviço de assessoria ao doente capaz de ajudá-lo a escolher o especialista mais indicado para dar resposta à sua patologia clínica, bem como os procedimentos mais adequados às suas necessidades. Para além disso, este serviço também é capaz de ajudar o doente e os seus familiares a encontrar, junto de uma agência de viagens externa, as melhores condições para quem necessite de deslocar-se a Pamplona, dispondo igualmente de acordos específicos com algumas unidades hoteleiras vizinhas da clínica. Desde o momento em que o doente chega à clínica, é acompanhado no cumprimento dos trâmites administrativos que antecedem a sua consulta médica, havendo sempre um interlocutor (médico ou enfermeiro) para cada paciente. O cuidado ao nível da personalização do atendimento passa inclusivamente pela escolha de dietas alimentares que se coadunem com os hábitos do país de origem do paciente. Depois da passagem pela Clínica Universidade Navarra, é marcada uma consulta posterior, de acordo com as disponibilidades do doente em deslocar-se a Pamplona, da mesma forma que uma assessoria clínica indica os nomes dos medicamentos equivalentes no país de origem relativamente aos que foram ministrados durante o seu internamento. O doente recebe ainda todos os exames complementares de diagnóstico que tenham sido realizados durante a sua permanência em Pamplona. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 55 ON THE road A Land Rover separou as águas. O mesmo é dizer que manteve o seu nome tradicional para uma gama de modelos que inclui o Defender, o Freelander e o Discovery, “promovendo” a Range Rover ao estatuto de marca premium, com uma oferta que inclui o Range Rover clássico e o sport, para além de um recém-chegado, baptizado como Evoque. O novo Range Rover Evoque surge com todos os argumentos necessários para afirmar-se no segmento dos SUV de prestígio. A sua carroçaria impressiona pela elegância conseguida pelo apuro da forma, capaz de deixar roídos de inveja os mais reputados designers italianos. A beleza deste modelo, que surge nas versões de três e cinco portas, em nada belisca o carácter robusto e musculado de um modelo que parece ser maior do que na realidade é. O Evoque é compacto e tem apenas 4,35 metros de comprimento, o que equivale a dizer que é 150 milímetros mais curto do que o seu primo Freelander. É um “mini” quando comparado com o Range Rover Sport, 43 centímetros mais comprido e 20 centímetros mais largo, pelo que já lhe chamaram “baby Range Rover”. Para além de ser capaz de despertar paixões à primeira vista, o Evoque pode ser personalizado de acordo com o gosto de cada cliente. Para REVOLUÇÃO RANGE ROVER além de três tipos de acabamento (Pure, Prestige e Dynamic), estão disponíveis doze cores para a carroçaria e quatro para o tejadilho, bem como oito tipos de jantes com medidas que vão das dezassete às vinte polegadas. Em termos de motorizações, a opção também é vasta, numa gama que inclui o D4 (motor 2.2 de 150 cv e tracção dianteira), o SD4 (com motor 2.2 com 190 cv, tracção integral e caixa automática ou manual) e o Si4 (motor 2.0 turbo a gasolina com 240 cv). É certo que a exclusividade custa dinheiro e os (muitos) opcionais estéticos, de conforto e até em termos de ajudas electrónicas da condução (como o Park Assist, que permite estacionar de forma automática num espaço 1,2 superior ao do modelo) também, mas os novos Range Rover são competitivos face aos seus concorrentes directos se olharmos para os preços das suas versões base: o eD4 de cinco portas tem preços desde os 37.800 euros e o SD4 Prestige, com o equipamento mais completo, custa 66.312 euros. O coupé de três portas é algo mais exclusivo e elitista. No entanto, sendo trinta centímetros mais abaixo, oferece menos espaço para os ocupantes dos bancos posteriores 56 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 Habitáculo moderno Segundo a Range Rover, a possibilidade de combinação de jantes, equipamentos e motores permite criar 36 versões diferentes, para o que muito contribui a diversidade de opções a nível do habitáculo, sobre- DESIGN ARROJADO. O novo Range Rover Evoque afirma a originalidade de um design capaz de rivalizar com o estilo italiano. O habitáculo é funcional e requintado, seguindo a tradição britânica O novo Evoque está aí. É o mais compacto Range Rover de sempre e talvez o mais apelativo que já foi produzido pela marca de Gaydon. É um SUV exclusivo e dinâmico, capaz de despertar paixões Por Rui Faria tudo no que diz respeito ao desenho dos bancos, que podem variar entre as opções mais convencionais e bacquets desportivas, para já não falar no tipo de estofos, que vai do tecido à pele de uma ou mais cores. Seja qual for a opção, o habitáculo do Evoque é cuidado ao nível da qualidade, no detalhe e no conforto, mantendo o status que está inerente à sua imagem de marca. O coupé de três portas é algo mais exclusivo e elitista. No entanto, sendo trinta centímetros mais baixo, oferece menos espaço para os ocupantes dos bancos posteriores, para já não falar na menor facilidade de acesso. O coupé pode ser encomendado na versão de quatro ou cinco lugares, mas o cinco portas tem sempre cinco lugares e as bagageiras também apresentam diferenças, já que, no caso do três portas, o volume varia entre os 550 e os 1.350 litros e, no de cinco portas, entre os 575 e os 1.445 litros. Grande eficácia Ágil e dinâmico, o Range Rover Evoque é muito eficaz na estrada e, nas versões 4x4, não teme pequenas aventuras fora dela, um compromisso que é potenciado pelo desempenho dos pneus Continental CrossContact, para já não falar na suspensão “inteligente” MagneRide (opcional), que, em modo Dynamic, é capaz de modificar as leis de amortecimento da suspensão, a resposta da direcção e até o ritmo das passagens de caixa, nas versões equipadas com transmissão automática, para vincar o carácter desportivo ou o desempenho fora de estrada. Para além do bom comportamento em asfalto, onde o reduzido rolamento da carroçaria garante uma grande estabilidade direccional, o Evoque mostra o mesmo àvontade nas estradas de terra, sendo ágil a subir e seguro nas descidas mais íngremes, geridas pelo sistema electrónico Hill Descent Control (HDC), que pode ser complementado com o Gradient Release Control, o qual liberta progressivamente os travões em descidas acentuadas até se atin- gir a velocidade determinada pelo HDC. Os mais aventureiros podem ainda optar pelo diferencial central Haldex e pelo sistema Terrain Response (conhecido noutros Range Rover) com modos específicos de funcionamento para pisos de areia/gravilha/neve, lama e areia. É certo que o Evoque não é um todo-o-terreno puro e duro, mas não ficam dúvidas de que é um grande “todos-os-caminhos”. Mesmo quem não equacione a utilização do modelo em aventuras fora de estrada, pode tirar todo o partido do acréscimo da segurança passiva que está inerente à tracção total permanente. Ainda assim, a Range Rover disponibiliza versões 4x2, que irão chegar ao mercado nacional em 2012. OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 57 ÚLTIMA página A MULHER POR TRÁS DO SPIRIT OF ECSTASY A estatueta que parece querer saltar do vértice da grelha dos Rolls Royce tem nome. Chama-se Espirit of Ecstasy e celebra o seu centésimo aniversário. Por trás dela, está uma história de um amor mais ou menos secreto. Henry Royce foi um pioneiro na construção automóvel e Charles Rolls, um aristocrata apaixonado pelas “novas carroças sem cavalos”. Encontraram-se nos primeiros anos do século XX porque Charles Rolls ouvira falar dos automóveis de Henry Royce. Deste encontro nasceu uma sociedade cujo nome viria a ser um ícone da história do automóvel. Quando se fala num Rolls Royce, a primeira imagem que nos salta à cabeça é a “dama alada”, 58 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 a imagem que nos remete para uma das mais antigas estátuas clássicas, a Vitória de Samotrácia, que parece saltar do vértice da grelha destes automóveis. No entanto, os primeiros Rolls Royce, produzidos em 1904, não contavam com este ornamento. Ele surgiu mais tarde. Lord John-Scott Montagu era um apaixonado pelos automóveis e fundador da Car, uma das primeiras revistas de automóveis, fundada no Reino Unido. Para além disso, era amigo de Charles Rolls e ajudou-o na elaboração do catálogo que a Rolls Royce apresentou em 1911. Para elaborá-lo, contactou Charles Skyes, um artista plástico renomado na época. Charles Rolls odiava as mascotes ridículas, estilo gatos, diabos e outras loucuras que se tinham tornado moda como ornamentos das tampas dos radiadores que encimavam as grelhas da maioria dos automóveis, mas Lord Montagu queria uma mascote e Charles Skyes foi encarregue de fazer algo diferente. Depois de várias tentativas, surgiu o mais prestigiado símbolo da indústria automóvel. Inicialmente, chamaram-lhe Spirit of Speed e se, em Inglaterra, é apenas a Flying Lady, o seu verdadeiro nome é Espirit of Ecstasy. Teve por modelo Eleanor Thornton, que, oficialmente, era (apenas) secretária de Lord Montagu, e rapidamente deixou de ornamentar apenas o automóvel do seu amante para tornar-se na imagem de marca da Rolls Royce. Cem anos depois, ninguém recorda Eleanor, mas todos conhecem o Espirit of Ecstasy. 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