O Minhocão e sua insuspeitada poesia
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O Minhocão e sua insuspeitada poesia
O Minhocão e sua insuspeitada poesia Em Um viaduto chamado Minhocão, o escritor Gil Veloso e o artista Paulo von Poser criam poesia escrita e visual para explorar os sentidos — humanos, artísticos, sociais, urbanísticos — do viaduto que corta o centro de São Paulo. O livro apresenta um olhar – digamos, elevado – sobre a construção, nas entrelinhas do pensamento técnico. Afinal, sua presença na cidade envolve sua relação com o humano, individual e coletivo. Que belezas, agruras, deleites e feiúras contém esse tal Minhocão? Lançando mão de sua escrita enganadoramente simples, Gil Veloso cria versos em que o espaço ora é personagem, ora é cenário, e nos fazem refletir sobre como uma grande edificação urbana criada à força e de maneira inadequada pode ser ensejo de encontros, contemplações e transmutações. O estilo de Veloso inclui brincadeiras semânticas, palíndromos e desconcertantes metáforas que a pesquisadora Adélia Bezerra de Menezes comentou: “o jogo verbal não é mera brincadeira, mas uma visada intensa: momento de encontro de contrários, condensação, renovação do nosso olhar sobre o real. A poesia – como toda arte – pode ser a continuação do brincar infantil; mas esse brincar é instrumento cognitivo”. Para a poeta Maria Lúcia Dal Farra, não obstante sua simplicidade, “os poemas de Gil Veloso não têm prazo de validade: são poesia, e de grande categoria. Isto não é apenas rima – abra uma página e se depare. Tudo canta, tudo embala, tudo faz fantástica magia, hipnotiza - e você não tira o livro da vista. As descobertas que esta poesia nos promete são muitas – até metafísicas. E tudo com humor, com abundância. Já o traço ao mesmo tempo livre e seguro de Paulo von Poser desenha ilustrações que podem ser descritas como poesias visuais e que multiplicam as camadas de entendimento da publicação, que é indicada tanto para o público adulto quanto para o jovem leitor. No que se refere à questão educacional, poemas e desenhos possibilitam reflexões a respeito de urbanismo e cidadania Sobre o autor Gil Veloso é paranaense e desde os anos 80 vive em São Paulo. Por dez anos foi assistente do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, de quem editou o livro Pequenas Epifanias (Sulina, 1996). Publicou Fábulas Farsas (2009) e Travessuras, histórias para anjos e marmanjos (2010), pela Opera Prima, ambos premiados pelo PROAC. Fábulas Farsas, ilustrado por Vanderlei Lopes, e Pois ia brincando... (Dedo de Prosa, 2013), com imagens de Alex Cerveny, foram selecionados pela FNLIJ para os Catálogos de Bolonha (2010 e 2014). Em 2011, também publicou pela Dedo de Prosa A pedra encantada, ilustrado por Nara Amelia, e O menino arteiro, com artes de Guto Lacaz. Sobre o ilustrador Paulo von Poser iniciou-se em artes plásticas desenhando retratos e paisagens, antes de se formar em arquitetura pela FAU-USP. Desde 2007, exerce a função de professor. Ficou conhecido por suas rosas e, também, pelos desenhos retratando museus, praças e espaços públicos da cidade de São Paulo. Publicou o livro A Cidade e a Rosa (Luste, 2010). Comemorou 30 anos de exposições com as retrospectivas Trajetória (MUBE) e Floração (MAS). Participou de mostras nacionais e internacionais e seus trabalhos integram acervos de museus como Pinacoteca do Estado (SP), MASP e Museu da Casa Brasileira (SP). Atualmente vive na cidade de São Paulo, produzindo, lecionando e envolvido em causas sociais e urbanas como o Parque Minhocão e o projeto Rios e Ruas.
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