Leia - Associação Brasileira de Angus
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Impresso Setembro/Outubro de 2007 Especial 1 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS 2 Setembro/Outubro de 2007 Associação Brasileira de Angus Diretoria Executiva Diretor Presidente José Paulo Dornelles Cairoli Diretor 1º Vice-Presidente Luiz Anselmo Cassol Diretor Vice-Presidente Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Diretor Vice-Presidente Renato Zancanaro Diretor Vice-Presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Fábio Luiz Gomes Diretor Administrativo João Francisco Bade Wolf Diretor de Marketing Luiz Eduardo Batalha Diretor de Núcleos Flávio Montenegro Alves Diretor do Programa Carne Angus Certificada Vivian Diesel Potter Conselho de Administração Conselheiro Estratégico Marcus Vinicius Pratini de Moraes Membros Eleitos Afonso Antunes da Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Luís Felipe Ferreira da Costa Valdomiro Poliselli Júnior Membros Natos (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Cláudia Scalzzilli Paulo Valdez Roberto Soares Beck Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Luís Henrique Sesti Mariana Tellechea EDITORIAL Perspectivas animadoras para a Primavera Prezados associados e criadores da raça Aberdeen Angus. Estamos abrindo a temporada de remates e feiras de primavera, que ocorrerão nos próximos meses, com perspectiva animadora. A sinalização aponta para a retomada da valorização da pecuária e da reposição de preços já observados nessa edição da Expointer, realizada em Esteio, RS, quando obtivemos valores médios para touros rústicos da raça superiores em 113% às médias totalizadas pela Angus na exposição de 2006. O resultado, que superou nossas melhores expectativas, baliza, invariavelmente, o mercado do segmento no segundo semestre e reforça a procura por reprodutores Angus, tanto para a melhoria genética em animais PO e PC quanto para uso em cruzamento industrial. Nesta direção, está o trabalho realizado pela Associação Brasileira de Angus junto ao Programa Carne Angus Certificada. No respaldo de um conjunto de forças que envolvem a cadeia produtiva da carne desde o produtor, a associação de raça, a indústria frigorífica e o varejo, os benefícios do programa e do uso da genética Angus começam a ser observados pelo pecuarista, que tem rati- ficado essa preferência nos leilões já realizados em agosto e início de setembro. Nesse intuito, de cada vez mais difundirmos as qualidades da Angus e também da pecuária de resultados que buscamos, no cenário nacional, realizamos na Expointer o IV Workshop da Carne Angus. O debate que reuniu integrantes das mais diversas entidades ligadas ao setor, no País, como Mapa e Abiec, contou com a participação do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC) e apresentou a necessidade de reforçarmos a integração da cadeia produtiva para promovermos o seu fortalecimento. Nesta edição do Angus@newS, en- MOVIMENTO Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Fotos de capa: Felipe Ulbricht - ABA / Divulgação Boa leitura e prósperos negócios! José Paulo Dornelles Cairoli Presidente da ABA Angus no Canal Rural A Associação Brasileira de Angus agora conta com programetes sobre a raça Aberdeen Angus transmitidos pelo Canal Rural. A primeira exibição foi ao ar dia 1º de setembro, abordando a participação da raça na Expointer 2007. Com quatro minutos de duração, a série teve continuidade dia 8 de setembro, quando o destaque foi o Programa Carne Angus Certificada. Neste programete, que foi reapresentado no dia 9, foram entrevistados dirigentes da ABA, produtores rurais, indústrias frigoríficas como o Marfrig e Mercosul, além de representantes da rede gaúcha de supermercados Zaffari-Bourbon. O programa seguinte veiculou dia 15 de setembro. Desta vez, o foco foi institucional, tratando de todas as atividades realizadas pela Associação Brasileira de Angus. Conselho Técnico Ricardo Macedo Gregory - Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Cristopher Fillippon [email protected] Luis Felipe Moura [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Susana Macedo Salvador [email protected] Amilton Cardoso Elias – Representante ANC [email protected] Coordenação Fernando Furtado Velloso [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn. Daniela Manfron Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Daniela Manfron 51 3231.6210 // 51 8116.9784 tre orientações para melhor aquisição de touros, proporcionada pelos técnicos da associação, desfecho de exposições da raça no Brasil e exterior, você verá um pouco mais da relação pecuária de corte e meio ambiente nas nossas propriedades. Queremos mostrar a importância da sustentabilidade ambiental e das práticas corretas que ocorrem no intuito de reforçarmos a imagem da pecuária brasileira no cenário internacional e, assim, aumentar mercados. VOCÊ SABIA? Rendimento de carcaça Que é fácil calcular o rendimento no abate? A porcentagem de rendimento da carcaça é obtida dividindose o peso total da carcaça quente pelo peso do boi vivo em jejum e multiplicando-se o resultado por 100. Assim, um animal que tenha pesado 500 quilos e cuja carcaça quente atingiu 265 quilos, terá um rendimento de carcaça de 53%. Conheça melhor o seu rebanho para comprar o touro certo Um dos aspectos fundamentais para você acertar na escolha de um ou mais touros novilheiros agora nos remates desta Primavera, é você conhecer bem o seu rebanho, a sua vacada. É que sabendo das carências de seu rebanho, você vai avaliar os dados dos touros e escolher aqueles que vão agregar ao seu rebanho justamente aquelas características que estão faltando, exemplo: fertilidade, acabamento da carcaça, precocidade, etc. Assim, não basta você examinar os dados do touro. É importante, antes de tudo, você conhecer melhor o seu grupo de animais. Atendimento ao associado Desde meados de agosto, a ABA conta com os serviços de Sheila Simioni, que vai atuar no atendimento ao associado. Sheila pode ser contactada pelo e-mail [email protected]. MOVIMENTO Setembro/Outubro de 2007 3 Nesta temporada de Primavera, Angus é sucesso garantido Todas as apostas para a temporada de leilões desta Primavera já estão não só lançadas, como previamente bem estimados os resultados que vão surgir debaixo dos martelos dos leiloeiros. Foto: Felipe Ulbricht Martelo vai bater em velocidade e tourada promete disparar A alegria, regada a otimismo, toma conta de todo o setor e isto bem mostra a solidez econômica que toda a agropecuária experimenta. As chamadas “maré negra” e “maré vermelha”, com uma concentração de demanda que aumenta em velocidade sobre a raça Aberdeen Angus, já se fazia presente no mercado durante todo o período anterior à Expointer. Mas foi no parque de Esteio, recentemente, durante a realização da Expointer, que vieram as revelações. Touros Angus rústicos foram arrematados à média de R$ 7,53 mil, representando uma elevação da ordem de 113% em relação aos valores praticamos no mesmo evento no ano passado. A ntes da Expointer, os produtores discutiam, lançavam seus palpites e prospectavam valores para um touro de campo entre R$ 5 mil ou até algo mais. Mas mais uma vez a raça fez o mercado surpreender a todos e positivamente, cravando a elevada média acima de R$ 7 mil. E neste leilão da Expointer, foram vendidos touros a R$ 9 mil, R$ 10 mil e até a R$ 15 mil. “Isto que aconteceu na Expointer foi melhor que a encomenda. Afinal, todo mundo sabe que a Expointer funciona como um termômetro para o mercado das vendas da Primavera, seja nos leilões das tradicionais 7cabanhas ou durante as exposições, nos parques rurais”. Este é o comentário geral, que corre de boca em boca entre os criadores mais atilados de Angus. E o que vai acontecer nos remates desta Primavera, ainda ninguém sabe, mas todos já têm a certeza de que será algo muito bom para a raça e para todos que trabalham com a genética Angus. “A sinalização aponta para a retomada da valorização da pecuária e da reposição de preços já observados nessa edição da Expointer, quando obtivemos valores médios para touros rústicos superiores em mais de 100% às médias da exposição de 2006. Este resultado baliza o mercado e reforça a procura por reprodutores Angus, tanto para o melhoramento genético em animais PO e PC quanto para uso em cruzamento industrial”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli. “Tem gente que praticamente já vendeu tudo na propriedade, tamanha é a pressão de demanda pela tourada Angus”, avisa o diretor de Exposições da ABA, veterinário Luiz Walter Leal Ribeiro, que observa que esta procura por Angus, a julgar pelas necessidades dos rebanhos de produção, ainda vai durar entre três a quatro anos com a mesma pressão. Para ele, nos remates do interior nesta Primavera, a tourada Angus deverá ser valorizada de R$ 5 mil ou R$ 5,5 mil para cima. Já as fêmeas, têm igual procura, mas enfrentam problema de preço. “Considerando que as vacadas gerais já valem a média de R$ 1,6 mil, as fêmeas PC Angus deverão superar os R$ 2,e ou R$ 2,5 mil”, estima o técnico. “As fêmeas PO vão ser valorizadas de R$ 3 mil para cima”, ava- lia Luiz Walter. Para ele, o comprador de touros precisa primeiramente se preocupar com a sanidade da tourada que já tem em casa, para saber com mais exatidão qual é a sua necessidade de compra de novos touros. “Touros considerados problema, que interferem negativamente na reprodução, chegam a ser 30% do total, em média”, adverte Ribeiro. Segundo ele, os casos mais correntes são de touros acima da idade (velhos), com dificuldades nos aprumos, com falhas de dentição, entre outras questões. “Na hora de comprar, o produtor precisa se preocupar com a adaptação da tourada (se conhece mio-mio, carrapato) e examinar os dados de performance do touro, inclusive buscando assessoria de um técnico, se for o caso”, alerta o dirigente da ABA. O diretor de Núcleos da ABA, Flávio Montenegro Alves, soma-se aos que vêem com otimismo a temporada desta Primavera para a raça Aberdeen Angus. “Vamos ter nos eventos do interior valores um pouco menores do que os pagos pela tourada de campo na Expointer – os touros vão valer entre R$ 5 mil, R$ 6 mil, em média”, estima. Flávio Alves chama a atenção dos compradores de touros para uma falta grave que vem sendo verificada nos últimos anos: “Antes de arrematar um touro num remate, é preciso conferir a sanidade e os dados de performance deste animal, a avaliação das DEPs (Diferença Esperada na Progênie), Promebo, perímetro escrotal, a precocidade do animal e que tenha pelo curto, entre outros detalhes”. Para o dirigente, o comprador deve pagar a mais por um reprodutor que considera ideal ao seu rebanho, porque já no primeiro ano, com sua produção, este animal vai se pagar e com vantagem, assinala. Para Flávio Alves, já vai longe o tempo do chamado olhômetro, quando a avaliação do touro era feita somente no vistaço. “Existem ferramentas que permitem estimar o desempenho de um touro e elas foram criadas justamente para que o produtor possa estimar cada vez com maior precisão as suas reais demandas na hora da reposição, tanto de touros quando de fêmeas”, alerta Flávio Alves. Já o presidente do Conselho Técnico da ABA, Ricardo Macedo Gregory, faz estimativas semelhantes as que prospectaram seus colegas para os valores que deverão ser praticados pela tourada de campo nesta Primavera. “Um touro sempre valeu no mínimo 1.500 quilos de boi e isto hoje significa cerca de R$ 4 mil. E pelas informações e demanda do mercado, um touro Angus nesta temporada, dependendo de sua qualidade e do que estará buscando o comprador, deverá valer a partir dos R$ 5 mil”, pontua o dirigente. Mas sobre as recomendações aos compradores de touros, Ricardo Gregory alerta para um conhecimento ainda anterior ao do próprio touro a ser adquirido. “A primeira coisa com a qual o produtor precisa se preocupar na hora de buscar novos touros é saber, com a maior exatidão possível, quais são as carências de seu rebanho, de sua vacada, ou quais são as características genéticas que esses novos touros vão precisar agregar ao seu rebanho. Aí então é que ele vai ter o correto direcionamento na escolha dos melhores touros para o seu trabalho”, assevera o atilado dr. Gregory, que assim como os outros técnicos, também é criador de Angus. Ele inclusive cita alguns exemplos: “se for um produtor de terneiros, ele pode estar precisando de mais habilidade materna e vai buscar touros Com DEPs altas na desmama. Já os produtores que fazem o ciclo completo, vão buscar touros com DEPs altas para o índice final e assim por diante”, posiciona o presidente do Conselho Técnico da ABA. E de todos os depoimentos, fica uma máxima: tudo está realmente ótimo para a raça Aberdeen Angus e, cor conseqüência, para todos os criadores que geram novas genéticas ou para os que produzem a partir da muito bem posicionada em resultados genética Angus. 4 Setembro/Outubro de 2007 CARNE Workshop traça futuro da carne de qualidade Fotos: Felipe Ulbricht Qualidade, sanidade e rastreabilidade formam o tripé de um programa de carne certificada, a exemplo do que já se realiza no Uruguai e no âmbito do Programa Carne Angus Certificada, promovido pela ABA. A transparência nas relações entre a indústria e o produtor ainda é o maior obstáculo para o incremento dos volumes, mas os ganhos percebidos pelo fornecedor da matéria-prima são a principal garantia de que os programas de carne de qualidade no Brasil vão crescer e passar a disputar nichos mercados exigentes com produtos diferenciados. O polêmico tema – A integração para fortalecer o futuro da cadeia da carne do Brasil - foi o centro dos debates do IV Workshop Carne Angus, realizado dia 30 de agosto, na casa da RBS, no Parque Assis Brasil, durante a Expointer 2007, e transmitido ao vivo pelo Canal Rural. Utilizando e adaptando modelos bem-sucedidos de outros países, além de aplicar formatos exclusivos, a cadeia da carne levará o Brasil à liderança internacional também no seleto segmento da carne de qualidade. Fratti, do INAC, apresentou experiência uruguaia na certificação Presidente Cairoli fez abertura ao grande público, que acompanhou atentamente a discussão sobre a cadeia da carne Por Horst Knak A diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Pötter, mostrou a evolução e as características do programa de carnes da ABA – atualmente integrado por 270 produtores, no envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva (associação de raça, produtor, indústria e varejo), que já certificou mais de 250 mil animais desde a sua criação em 2003. Vivian reforçou o trabalho dos técnicos do programa que acompanham a certificação diretamente nas plantas frigoríficas, garantindo a qualidade exigida pelo mercado comprador e pelo consumidor. A dirigente lembrou que as bonificações ao produtor podem chegar até 11% do preço base da indústria. Desde 2006, a rastreabilidade (trazabilidad, em espanhol) é obrigatória para todos os bovinos que nascem no Uruguai, sob a batuta do Ins- tituto Nacional de Carnes, o INAC, que se converteu no órgão centralizador do Programa de Carne Natural Certificada do Uruguai. Em 2009, portanto, todos os animais com até quatro anos estarão rastreados, tornando o país um dos primeiros do mundo a ter um controle total de seu rebanho. No Uruguai, num sistema em estágio avançado, totalmente informati- zado, nenhum detalhe escapa ao INAC. A relação com o mercado é clara e transparente: todos os elementos integrantes da cadeia produtiva da carne estão cadastrados e tem sua parte da responsabilidade na certificação e na entrega do produto aos seus mercados. Em resumo, o Ministério da Agricultura uruguaio cuida da sanidade do rebanho e o INAC trabalha para elevar a qualidade da carne. Em Vivian Pötter, da ABA Andréa Verissimo, da Abiec sua formatação, o INAC é dirigido por seis executivos: dois nomeados pelo governo, dois indicados pelos produtores e dois pela indústria frigorífica. O presidente do INAC, Luiz Alfredo Fratti, destacou durante o Workshop que todo o sistema uruguaio está lastreado na segurança alimentar. O uso de hormônios promotores do crescimento está proibido há muitos anos, o país está livre da síndrome da vaca louca, livre de aftosa e não há atividade viral. “Com estes requisitos, estamos entrando em quase todos os mercados mundiais de qualidade”, assinalou Fratti. O sistema de rastreabilidade uruguaio obriga o registro de todos os passos do processo da cadeia produtiva. Os dados registros em balanças eletrônicas são repassados online para o INAC, eliminando as tradicionais demoras no tráfego de planilhas, bem como inibem o abate clandestino. Oito plantas frigoríficas, quatro certificadoras e cerca de 180 empresas fornecedoras de animais para abate formam um sistema que acompanha o animal desde que nasce até a entrega do produto final no ponto de venda. “Houve um ganho de 60% na velocidade do processamento dos dados”, festejou Fratti. Outro fator decisivo para a am- pliação do mercado da carne uruguaia, resumiu, foi a presença do INAC nas principais feiras mundiais de alimentação, realizando a promoção conjunta das indústrias envolvidas na produção da carne certificada. “Nossas carnes estão direcionadas a restaurantes, redes de fast food e outros nichos com alto valor agregado”, destacou o presidente do INAC. A Carne Certificada do Uruguai também já recebeu o selo USDA Process Verified (processo verificado pelo Departamento de Agricultura dos EUA) o que permite sua exportação para os Estados Unidos. Atualmente, o Uruguai exporta 450 mil toneladas de carne para mercados exigentes como Estados Unidos, México e União Européia. Sem descuidar de seu mercado interno, o governo uruguaio também criou um programa de subsídio ao consumo de carne bovina e ovina no mercado interno. Atualmente, o consumo per capita de carne chega a 52 kg/habitante/ano. Sem dúvida, o exemplo uruguaio chamou a atenção dos participantes do Workshop, porque integra a cadeia produtiva, estimula a qualificação do produtor, da produção e do produto final, além de preservar o mercado interno. Setembro/Outubro de 2007 CARNE 5 Quem nos representa e para onde vamos? Fotos: Felipe Ulbricht Outro momento forte do Workshop Carne Angus foi o Painel “Cadeia da carne no Brasil: Quem nos representa e para onde vamos?”. Tendo como moderador Donário Lopes de Almeida, do Canal Rural, o evento teve como destaque o debate sobre a imagem da carne brasileira no exterior e a falta de uma melhor integração entre produtores e a indústria. A gerente de marketing da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Andréa Veríssimo, lembrou que está em curso uma campanha difamatória da carne brasileira na Europa, iniciada após a visita sorrateira de jornalistas e técnicos da Irlanda a produtores e frigoríficos brasileiros. Na contramão destes lobbies e campanhas, assinalou Andréa Veríssimo, a Abiec participa de feiras especializadas, além de promover um total de 12 churrascos com convidados especiais em 12 países. O coordenador da Comissão de Bovinos de Corte da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Carlos Simm, lembrou que o setor produtivo acaba de sair de um forte stress gerado pela aftosa, em 2001, que levou à desvalorização da cria e dos preços do boi gordo. As conseqüências não poderiam ser mais desastrosas: queda na tecnologia, arrendamento de terras, sucateamento da propriedade, venda de matrizes, redução nos estoques de gado e prejuízos fortes na cria. Em 2005, o abate de fêmeas superou o de machos, o que explica em parte a valorização do boi em 2007, após um período de relativa normalidade em 2006. Antes que se culpe o produtor pela elevação dos preços do boi, explicou Carlos Simm, é preciso lembrar que entre 1998 e 2007 a correção dos preços do boi gordo foi de exatos 148%, diante de um IGPM de 143% no mesmo período. “O que elevou a rentabilidade da pecuária não foi a recu- Ronei Lauxen, do Sicardergs peração dos preços, mas sim a introdução de um sistema melhorado”, afirmou. Segundo Carlos Simm, três elementos primordiais dariam sustentação à pecuária diferenciada que se busca: em primeiro lugar, a padronização do gado – com o devido envolvimento das associações de raça, bem como a promoção da carne nos mercados externo e nichos de mercado interno. Em segundo lugar, endurecimento na defesa sanitária, com maior rigor nas feiras e exposições, informatização das inspetorias, repercutindo as boas ações para que elas se tornem um padrão e não a exceção. Neste mesmo item, ele enumera o incremento da fiscalização, a aplicação do número de plantas frigoríficas exportadoras, a realização de contraprovas de vacinas e a ampliação da abrangência do código sanitá- cisamos adequar o produto às exigências do mercado. Hoje existe uma tendência clara por alimentos funcionais e a carne de bovinos criados em ambiente natural e saudável possui amplos mercados”, explicou. Presente a importantes feiras como o Sial 2004, Anuga 2005 e Sial 2006, o Sebrae identificou que meio ambiente e cultura são moedas de grande valor no mercado de alimentos. Internamente, revelou Alessandra Loureiro de Souza, o Sebrae realizou diagnóstico da pecuária, investigando 400 propriedades rurais. Os resultados são preocupantes. No aspecto da gestão, a grande maioria dos produtores não conhece custos, não sabe empresariar sua atividade e enfrenta sérios problemas de manejo e no aspecto zootécnico. No que se refere às raças, 60% é gado geral com misturas diversas, sem critérios zootécnicos Carlos Simm, da Farsul Bernardo Todeschini, do Ministério sam estar comprometidos com essas metas para que surjam efetivos resultados. Segundo Todeschini, os projetos de sanidade animal devem ser focados para alcançar todos os integrantes da cadeia produtiva da carne bovina, de Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Alberto Lauxen, o desenvolvimento e a organização da cadeia produtiva da carne começa pela vontade política de todos os envolvidos, que devem buscar o ganha-ganha e não o atual perde-ganha, a política do gato e rato. “Este encontro na Expointer foi de grande valia, uma vez que reuniu os vários elos da cadeia para o debate. E é a partir do debate que vamos encontrar os caminhos para evoluir neste tema”, assinala o dirigente. Lauxen lembrou que as exportações do RS saltaram de 40 mil toneladas em 2001 para 240 mil toneladas em 2006. Já em 2007, há escassez de bois e as plantas frigoríficas voltaram a ficar ociosas. A melhor integração da cadeia produtiva permitiria que todos os seus integrantes ganhassem ao mesmo tempo, permitindo o correto planejamento da produção, dos abates e da comercialização, tanto ao mercado interno, como no plano internacional. Lauxen aponta que tudo começa pela sanidade e rastreabilidade dos rebanhos. “Atentando para estes aspectos, não só vamos organizar o setor como um todo e preparando-o para gerar resultados positivos, mas também vamos estar prontos para avaliações que sistematicamente são realizadas por compradores de carne, seja internamente ou por importadores”, objetiva. Segundo ele, acertadas essas questões, é seguir trabalhando paralelamente na padronização de raças e rebanhos, visando a produção do tipo de animal capaz de gerar a carcaça desejada pelos mercados compradores. O IV Workshop Carne Angus foi uma realização conjunta do Frigorífico Mercosul e Associação brasileira de Angus, com apoio a Semeia/Select Sires, Acatak/Novartis, Restaurante Barranco, Baymec/Bayer, Supermercados Zaffari e Canal Rural. Painel que encerrou o Workshop buscou formas de integrar a cadeira produtiva da carne rio. Fechando seu raciocínio, Simm destacou como terceiro elemento a rastreabilidade, que precisa envolver todos os municípios e entidades como a Emater, capaz de convencer e atuar junto a pequenos produtores. Outra entidade que atua no estímulo à qualidade e abertura de mercados é o Sebrae, conforme atestou Alessandra Loureiro de Souza, durante sua intervenção neste painel. “Pre- Alessandra Loureiro de Souza, do Sebrae coerentes. Para mudar este quadro, o Sebrae desenvolve o programa Juntos para Competir, realizando encontros de produtores nas principais regiões produtoras, reforçando itens como gestão, qualidade e produtividade. Responsabilidade coletiva para a sanidade animal A necessidade da existência de uma responsabilidade coletiva sobre a sanidade animal foi o ponto central da manifestação do chefe do Serviço de Sanidade Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura no Rio Grande do Sul, RS, Bernardo Todeschini. Sinteticamente, em sua palestra sobre Sanidade e Mercados: Onde estamos e para onde vamos, durante o Workshop Carne Angus na Expointer, o técnico e dirigente chamou a atenção de todos para a importância da ampliação do alcance dos programas sanitários entre os produtores, que por sua vez também preci- maneira que os papéis de todos os atores fiquem claramente estabelecidos, tanto em termos de ações individuais como em termos da importância destas ações no resultado esperado. “Deve ser reforçada a consciência de que a sanidade animal é um bem comum da sociedade que deriva de esforço coletivo e que traz benefícios igualmente coletivos”, defendeu. Para ele, somente o comprometimento de toda cadeia produtiva poderá trazer resultados realmente sólidos”. Bernardo Todeschini, que falou com objetividade e clareza a uma platéia interessada e participativa, enfatizou que “os frutos desses esforços – as conquistas de mercado, as expansões de preços, a credibilidade nacional e internacional e entre outros fatores, os ganhos de competitividade - derivam exatamente da capacidade de construirmos e demonstrarmos solidez em nossos programas de saúde animal”. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no 6 CARNE Setembro/Outubro de 2007 Fotos: Felipe Ulbricht ABA e Mercosul premiam Produtor Top Eduardo Macedo Linhares, da GAP, recebeu a premiação Azhaury Macedo Linhares, da AML Agropecuária, com a placa A Associação Brasileira de Angus (ABA) homenageou, numa parceria com o Frigorífico Mercosul, os fornecedores destaque de novilhos Angus ao Programa Carne Angus Certificada. Realizada na Expointer, a atividade denominada Produtor Top - Mercosul Carne Angus agraciou três produtores com o prêmio Ouro, Prata e Bronze por enquadrarem-se em critérios avaliados como fidelidade (cumprimento de previsões de abate), constância (número de abate no ano), rastreabilidade, qualidade (acabamento e certificação) e volume. R eceberam a distinção, respectivamente, a GAP Genética (Uruguaiana/RS), de Eduardo Macedo Linhares; a Granja 4 Irmãos S/A (Rio Grande/RS); e a AML Agropecuária (Santana do Livramento e Manuel Viana/RS), de José Azhaury Macedo Linhares. Conforme o gerente corporativo de compra de gado do Frigorífico Mercosul, Mário Macedo, a idéia formatada pela indústria e ABA teve o intuito de reconhecer produtores que tivessem comprometimento com o Programa Carne Angus Certificada. “Todos os itens que foram analisados formam um produtor ideal. Quisemos valorizar o trabalho do invernador, especialmente na Expointer que premia a genética de argola, pois o fim é o mesmo. O touro de elite também tem de ser avaliado pensando na sua produção de carne”, comentou. O gerente de operações da ABA, Fernando Velloso, reforçou que a premiação “demons- tra como a associação está inserida no todo da cadeia produtiva da carne ao valorizar produtores que trabalham com animais de engorda e comerciais.” O diretor-comercial da GAP Genética, João Paulo Silva (Kaju), salientou, ao comentar sobre o prêmio Ouro recebido, a semelhança da identidade de propósitos existente entre a empresa e o Frigorífico Mercosul. “Nos identificamos com o crescimento do setor e o incremento da produtividade através de uma padronização de carcaças, e nessa busca por qualificação canalizamos sinergia para produzir novilho de qualidade, precoce, saindo da propriedade com dois anos e com acabamento e características garantidas.” O engajamento da Associação Brasileira de Angus em trabalhar com todos os segmentos da cadeia Granja 4 Irmãos, de Rio Grande, foi agraciada produtiva da carne também foi apontado pelo diretor-comercial da GAP. “Houve um avanço da associação no momento em que ela se voltou ao produtor de carne. Desta forma, promovendo a carne de qualidade, acabou por promover todo o mercado da genética.” O gerente comercial da Granja 4 Irmãos S/A, Renato Nicoletti Martins, destacou que o prêmio Prata é uma contribuição ao trabalho de 12 anos focado na produção de carne com a raça Aberdeen Angus. “É fundamental, gratifica o dia-a-dia do trabalho de toda equipe, trabalhamos com qualidade total e receber esse prêmio motiva”, sinalizou. Atualmente, mais de 80% do rebanho da empresa é Angus. A pecuarista Beth Torelly, filha de José Azhaury Macedo Linhares, da AML Agropecuária, usou uma Abertas as inscrições para o II Concurso de Carcaças Angus A Associação Brasileira de Angus (ABA) recebe até o dia 15 de outubro as inscrições para o II Concurso de Carcaças Angus, que é promovido em parceria com o Frigorífico Mercosul. As inscrições serão realizadas diretamente na ABA e todos os produtores deverão informar, no momento da inscrição, a previsão do número de animais que serão abatidos para que sejam incluídos no Programa de Fidelidade do Frigorífico Mercosul. S erão aceitos animais exclusivamente padrão Carne Angus, isto é, animais Angus e Cruza Angus, rastreados, machos e fêmeas, com idade de até quatro dentes. Os lotes deverão ter no mínimo 20 animais, devido à logística de transporte. Serão conferidas premiações aos grandes campeões macho e fêmea e aos melhores lotes super jovens como forma de estí- mulo à produção desses animais. A Associação Brasileira de Angus e o Frigorífico Mercosul acreditam que o concurso de carcaças é uma das formas mais objetivas de verificar se a produção do pecuarista está atendendo às exigências do mercado e também se a genética utilizada é compatível com os objetivos de produção. A primeira edição do concurso ocorreu em abril de 2003. Serão fornecidas pela indústria frigorífica premiações como bonificações de 10% para os lotes campeões de categoria e de 5% para todos os inscritos aprovados. O regulamento completo e a tabela de pontuação poderão ser solicitados junto à ABA no fone 51.3328.9122. Não será cobrada taxa para a participação no II Concurso de Carcaças Angus. Luciana Bueno Assessoria de Imprensa ABA frase dita pelo pai, ao saber do reconhecimento que receberia da ABA e Frigorífico Mercosul, para analisar o que a honraria significa: “O prêmio é equivalente ao grande campeonato da raça na Expointer.” Ela explica ao frisar que a AML sempre voltou-se à produção de carne visando o novilho precoce. “Nossa prioridade sempre foi o melhoramento genético, desde os tempos da Cabanha Azul trabalhávamos voltados para a produção de gado de abate e novilhos, visando carne. Quando começou o Programa Carne Angus Certificada fomos logo participar, pois uma nossas das preocupações sempre foi proporcionar entrega de carne ao varejo com uniformidade e boa cobertura de gordura para atingirmos outros mercados, inclusive o externo.” (Luciana Bueno - Assessoria de Imprensa ABA) Palestra e degustação na Casa do Veterinário Dia 26 de agosto, durante a Expointer 2007, a Associação Brasileira de Angus realizou palestra sobre o Programa Carne Angus Certificada. O evento aconteceu na Casa do Veterinário, a convite do Conselho Regional de Medicina Veterinária, reunindo cerca de 60 pessoas, representando onze Conselhos de Medicina Veterinária do Brasil. A palestra foi ministrada pelo técnico do Programa Carne Angus, médico veterinário Fábio Medeiros, que apresentou e esclareceu a respeito do Programa, salientando o trabalho desenvolvido pela entidade desde 2003. Após a palestra, a ABA fez degustação da carne Angus aos participantes, que ficaram impressionados e elogiaram o produto por seu sabor e maciez. Setembro/Outubro de 2007 7 8 Setembro/Outubro de 2007 CONSELHO TÉCNICO Setembro/Outubro de 2007 9 Escolha o touro certo para o seu rebanho A seleção de touros é a principal ferramenta para modificar o potencial genético do rebanho. • Defina seus objetivos de produção (utilize da informação dos DEP´s de seus animais, indicadores de eficiência reprodutiva do rebanho, pesos de desmame, abate, etc); • Entenda bem seu ambiente e sistema de produção (especialmente a disponibilidade de alimento); • Determine suas metas (diminuir problemas de parto, incrementar a eficiência reprodutiva do rebanho, diminuir ou aumentar o tamanho dos animais, melhorar o peso de abate e terminação dos animais, etc). Procura do touro adequado: • Busque propriedades que trabalham com programas de seleção e melhoramento genético (PROMEBO); • Valorize animais que possuam dados de performance e DEP‘s; • Utilize touros com DEP‘s zero ou negativas para Peso ao Nascer para novilhas. • Privilegie animais com bom Perímetro Escrotal (PE touros 1 ano > 30 cm). O PE é um excelente indicador de fertilidade dos touros e há uma forte correlação genética entre PE e a puberdade de novilhas. LEMBRE-SE: • É praticamente impossível um touro ser superior para todas características. O mais adequado é identificar reprodutores que supram as demandas específicas de seu rebanho. • Características de crescimento (peso ao desmame, ganho de peso) possuem alta cor- relação com o tamanho adulto. Os aumentos de tamanho e exigências nutricionais sem o proporcional aumento de disponibilidade de alimento, acarretam e redução da eficiência reprodutiva do rebanho e aumento nos problemas de parto. • Frame (estatura) e musculosidade são características altamente herdáveis e com importância econômica. • Observe o temperamento e a correção estrutural do animal (conformação, aprumos, etc). Animais com bons aprumos exercem melhor sua função (monta) e tem maior vida útil. • Solicite o Exame Andrológico dos touros e repita anualmente o exame 60 dias antes da estação de monta. • Informe-se sobre as doenças regionais da procedência dos touros (Tristeza Parasitária Bovina, Hemoglobinúria Bacilar, Raiva, Plantas Tóxicas, etc) e planeje um programa preventivo. • Compre sempre touros registrados e marcados (P e CA). Pois estes animais tem o aval da Associação Brasileira de Angus e passaram por um processo de seleção rigoroso. Touros Dupla Marca (PP, CACA) são comprovadamente melhoradores. • Na compra de sêmen de preferência aos touros superiores no SUMÁRIO DE TOURO ANGUS 2007 – PROMEBO/ ANC. • Busque a orientação dos Técnicos da ABA. Seleção eficiente de reprodutores (Adaptado de Arroyo, 2007) Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato 10 SERVIÇO Setembro/Outubro de 2007 Terneiro Angus Certificado Com o objetivo de promover, diferenciar e valorizar o terneiro Angus e cruza Angus, a Associação Brasileira de Angus está lançando o Terneiro Angus Certificado. Os objetivos do programa incluem agregar valor ao terneiro Angus e cruza Angus, fomentar a utilização de touros registrados CA e PO, direcionar a produção de terneiros ao Programa Carne Angus Certificada, além de induzir à pré-seleção de ventres de origem desconhecida. Em resumo, o objetivo é valorizar o produto e o usuário da genética Angus. E sta ação, lembra o presidente do Conselho Técnico da ABA, Ricardo Macedo Gregory, vem num momento favorável de valorização de toda a cadeia produtiva da carne, a começar pelo terneiro Angus, seguindo pelo boi gordo e atingindo a Carne Certificada. Num primeiro momento, cresce a utilização de sêmen de touros provados e de touros registrados. Num segundo momento, a maior oferta de terneiros certificados será uma garantia de mercado para terminadores / confinadores, que ainda têm alguma dificuldade para a obtenção de animais de genética Angus. A ABA vai manter um banco de dados simples dos rebanhos e dos brincos distribuídos, permitindo rastrear a disponibilidade de terneiros certificados no mercado. O brinco, de pequeno formato, terá numeração seqüencial, a um custo unitário de R$ 1,00, acompanhando os animais até o fim da vida. O modelo é uma adaptação de programas da Argentina e Estados Unidos, bem como outros países que acompanham a produção desde o nascimento. Segundo o assessor técnico da ABA, Dimas Rocha, o produtor de terneiros já sabe que ganha em eficiência ao utilizar o sêmen ou a cobertura com touros Angus registrados, mas não tinha nenhuma certeza da conti- Os animais desmamados na primavera de 2007 formarão o primeiro lote de Terneiros Certificados nuidade de seu trabalho. Atualmente, terneiros com este perfil são valorizados em pelo menos 5% acima das demais raças, nas principais feiras de terneiros dos últimos dois anos. Com a certificação do terneiro, o produtor de terneiros poderá encaminhar estes animais aos produtores de Carne Angus Certificada, agregando ainda mais valor ao seu produto. Os lotes de terneiros vão receber o Certificado Coletivo de Lote de Terneiros Angus e Cruza Angus na inspeção técnica da desmama, por técnicos credenciados da ABA. Entre os pré-requisitos da certificação dos terneiros, os participantes precisam comprovar o uso de touros registrados ou sêmen, comprovados por cópia do registro definitivo dos animais ou nota fiscal do sêmen. Com a certificação, cujos dados vão para o banco de dados da ABA, a entidade passará a ter um controle da produção Angus, desde a venda do sêmen, até a venda da carne no varejo, fechando o ciclo da cadeia produtiva. “O produtor de terneiros será mais um elemento do ciclo a ganhar mais com a valorização da carne”, destaca Dimas Rocha. O professor Júlio Barcellos, do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos dce Corte e Cadeiras Produtivas, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Bloco de Anotações e Caderneta Angus 2007 Rio Grande do Sul, aprova a medida e afirma: “A certificação da qualidade genética dos produtores de terneiros só vêm a agregar no sistema produtivo, pois é uma acreditação através de empresas idôneas que atestarão a real e conhecida qualidade da raça Angus como produtores de carne de qualidade”. O produtor de terneiros, observa Júlio Barcellos, “será estimulado no sentido de que ele é a estrutura mais importante em toda cadeia produtiva, pois é o principal responsável pela disseminação da boa qualidade genética nos terneiros que futuramente produzirão a carne de qualidade”. Além disso, a criação de um banco de dados com potenciais vendedores, além de reduzir os custos das transações comerciais, ainda possibilitam aos produtores de terneiros Angus Certificados atingir mercados maiores, de âmbito nacional, ao invés da comercialização regionalizada que acontece atualmente, possibilitando preços ainda melhores. Outro ganho importante, observa Ricardo Gregory, promete ocorrer diretamente no Brasil Central, onde há enorme potencial de crescimento para o Programa Carne Angus. Entretanto, diz Gregory, naquela região há uma premente necessidade de difundir a raça Angus, que já possui demanda direcionada por programas de carne e restaurantes que buscam carne diferenciada. O Terneiro Certificado, portanto, poderá tornar-se um produto com garantia de procedência e de qualidade, ambicionada por terminadores / confinadores. II Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 4 e 5 de outubro – Formigueiro – RS Sempre buscando estar junto ao criador, a Associação Brasileira de Angus (ABA) lançou publicações que visam auxiliar no diaa-dia do criador. O Bloco de Anotações Angus e a Caderneta Angus 2007 são instrumentos fundamentais, de grande utilidade prática e também excelentes veículos de divulgação para os estabelecimentos. Ambos os produtos têm patrocínio exclusivo das empresas Cambará Remates e Saltchê – Sal ANIMAIS ENQUADRADOS NO PROGRAMA: Angus – Angus e Red Angus definidos (pretos e vermelhos), com o padrão da raça Aberdeen Angus, com tolerância no item referente às manchas brancas. Serão permitidas manchas brancas em toda a extensão da linha inferior. Cruza Angus – Brangus e Red Brangus definidos; cruzamentos com zebuínos: mínimo de 5/8 de sangue Angus (RS); cruzamentos com zebuínos: mínimo de ½ sangue Angus (outros Estados); cruzamentos com raças européias: mínimo de 50% de sangue Angus. Neste padrão de cruzamentos, as principais pelagens que ocorrem são: preta, osca, tapada, fumaça, amarela, pampa preta, mascarada preta, mascarada vermelha, brazina e vermelha. Os animais selecionados devem ser mochos, preferencialmente rastreados e os machos obrigatoriamente castrados. Feiras de Terneiros Oficiais – 2007 Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 28 de setembro a 7 de outubro – Cruz Alta – RS Mineralizado. No bloco de anotações elaborado pela ABA constam informações indispensáveis e de fácil consulta, dispostos de forma dinâmica, como Tabela de Gestação, Tabela de Nascimentos e anotações em geral. A Caderneta Angus 2007 traz informações úteis e necessárias ao criador. Especificações sobre registros PO e PC, Programa Carne Angus, Promebo, além de marketing exposições e leilões. O criador também conta com dicas para escolher reprodutores, manejo pós-compra de touros Angus, entre outras informações. Considerando os nascimentos de outono, a primeira produção de Terneiro Certificado deverá chegar ao mercado nesta primavera. A certificação ocorre na desmama, no âmbito da propriedade, por um técnico da ABA. Entretanto, os lotes mais expressivos deverão chegar às pistas de remates no próximo outono, com a certificação dos animais nascidos nesta primavera. Já está agendada a realização da primeira feira do Terneiro 100% Certificado no próximo outono, durante a Fenasul, em Esteio/RS. II Feira de Terneiros e Terneiras de Primavera - 4 e 5 de outubro – Jaguari – RS XXIV Feira de Primavera de Terneiros de Corte - 5 e 6 de novembro – Lavras do Sul – RS V Feira de Terneiros de Primavera - 6 e 7 de novembro – São Sepé – RS XXXIII Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 7 a 9 de novembro – Bagé – RS V Feira de Reprodutores, Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 9 e 10 de outubro - S. Vicente do Sul - RS IX Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 7 e 8 de novembro – Pinheiro Machado – RS XL Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 10 a 14 de outubro – Santiago – RS IV Feira de Terneiros de Primavera - 8 e 9 de novembro – Santana da Boa Vista – RS III Feira de Terneiras e Vaquilhonas de Primavera 17 a 22 de outubro – Canguçu – RS III Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 9 e 10 de novembro – São Gabriel – RS VI Feira de Terneiros de Primavera - 19 a 23 de outubro – Encruzilhada do Sul – RS I Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 12 e 13 de novembro – Alegrete – RS XXII Feira de Terneiras e Terneiros de Primavera 19 a 21 de outubro - Santo Ângelo – RS XXX Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 12 e 13 de novembro – Cachoeira do Sul – RS I Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 24 e 25 de outubro – Restinga Seca – RS IV Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de Primavera - 28 e 29 de outubro – São Francisco de Assis – RS VI Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 7 a 9 de dezembro – Quarai – RS (Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul – Serviço de Exposições e Feiras) Setembro/Outubro de 2007 11 12 Setembro/Outubro de 2007 CONSELHO TÉCNICO Melhoramento genético Angus Reunião dos Técnicos da ABA Fotos: Felipe Ulbricht É com satisfação que passamos às suas mãos o Sumário de Touros ANGUS 2007 ANC/ PROMEBO. Este sumário é o resultado final do programa de avaliação genética da associação, que é executado pela a ANC - Herd Book Collares. Ele nos demonstra, através das DEP’s o desempenho dos touros pais utilizados nos rebanhos submetidos às avaliações nos últimos anos, sejam eles PO ou PC. Razões para você utilizar o sumário como a sua principal ferramenta de seleção seleção: - Mostra de forma objetiva (DEP´s) a informação do desempenho dos touros para características herdáveis e de importância econômica (peso ao nascer, desmame, pós-desmame, perímetro escrotal, habilidade materna,....). Coleta de material para genotipagem por DNA foi um dos assuntos Presidente da ABA, José Paulo Dorneles Cairoli, recebe o Sumário das mãos do presidente da ANC, José Roberto Pires Weber, e do coordenador técnico do Promebo, Leonardo Talavera Campos Com isso podemos saber o que esperar da progênie de um reprodutor quando comparada com a progênie de outro. - Permite escolhermos o touro com base na característica que mais interessa ao nosso sistema de produção. - Melhora nossa precisão de seleção - A Dep fornece a melhor descrição de um animal, permitindo diferenciarmos o que é genético no animal, portanto potencial que passará para seus filhos, do que é ambiental. Não aposte no escuro. Seja você também um criador e selecionador de vanguarda que trabalha em cima de resultados: participe do Promebo e consulte o Sumário para eleger seus reprodutores (touros ou sêmen). Você estará colaborando para o sucesso duradouro da raça Aberdeen Angus. O Lançamento do Sumário foi dia 30 de agosto quinta-feira no Stand da ANC durante a Expointer 2007. O Sumário de Touros Angus 2007 já foi remetido a todos os associados, participantes do PROMEBO e Produtores Carne Angus, e esta a disposição dos demais interessados na sede da ABA. Durante a reunião com os técnicos da ABA, realizada dias antes da Expointer 2007, dois assuntos dominaram a pauta: a coleta de material para genotipagem por DNA e o lançamento do Terneiro Angus Certificado. Segundo o assessor técnico da Angus, Dimas Rocha, a coleta de material para genotipagem por DNA (normalmente pêlo) para envio ao laboratório será de responsabilidade dos técnicos da ABA. Eles também ficarão responsáveis em orientar seus atendidos criadores de PO quanto aos prazos e animais a serem genotipados por DNA. O Conselho Técnico da ABA lembra que todos os touros-pais a serem utilizados a partir de 1º de agosto de 2007 em plantéis PO (monta natural, monta controlada e inseminação artificial), deverão ser obrigatoriamente genotipados (teste de DNA). A primeira coleta já foi realizada pela Comissão de Técnicos durante a Expointer 2007. Com relação ao Terneiro Angus Certificado, a inspeção técnica será realizada pelo Corpo Técnico da ABA. Este programa vem para atender o usuário de genética Angus, o produtor de terneiros. VANTAGENS DE COMPRAR UM TOURO MELHORADOR Simulação de investimento e retorno na aquisição de um reprodutor avaliado geneticamente e melhorador. Todos os cálculos são baseados na moeda Kg de boi gordo. EM PESO VIV O (Kg) VIVO EM ARROBAS Valor de aquisição 1500 50 Valor de descarte 500 16,7 1000 33,3 Valor do investimento no touro Diferença de ganho de peso entre progênies* Número de terneiros produzidos na vida útil do touro (23 x 4anos) Média de peso dos produtos (M e F) filhos de touros comuns (desmama) Kg produzidos a mais pela progênie do touro superior / produto (180 x 10%) Total de Kg produzidos a mais pela progênie do touro superior (84 x 18) Vantagem em Kg de Boi Gordo somente pela diferença obtida com um touro melhorador * De acordo com as médias de touros positivos avaliados pelo PROMEBO 10% 92 180 6 18 0,6 1656 55,2 656 21,9 Avaliando a figura acima podemos quantificar em kg as vantagens de utilizar sêmen de touros superiores que promovem o melhoramento genético de nosso rebanho. O impacto da aplicação da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) em um sistema de gado de cria comparado com a monta natural, é possível verificar o maior peso à desmama dos terneiros oriundos de IATF. Este peso é resultado da melhor genética empregada e da maior idade dos terneiros (Adaptado de Cutaia, 2003). Ciranda Setembro/Outubro de 2007 13 14 Setembro/Outubro de 2007 EXPOINTER Angus na Expointer: espetacular Como diria o vivente, lá na fazenda, quando perguntado sobre o desempenho da Angus nesta 30ª Expointer: “melhor que isso, só dois isso”. Pois para o deleite e orgulho de todos os criadores, investidores e amantes da raça Aberdeen Angus, todas as expectativas que se desenhavam para o show Angus nesta Expointer mais do que se confirmaram, no período de 25 de agosto a 3 de setembro. A começar pelo vigor demonstrado pelos criadores, que não mediram esforços (e todos sabem o custo disto) para deslocar e apresentar em pista os seus animais – seja na cada vez mais importante área de rústicos ou nas disputadas filas das argolas. Foto: Horst Knak/Agência Ciranda A disputada fila do Grande Campeonato dos machos: muita torcida de um grande e entusiasmado público N úmeros recordes: 268 exemplares de argola, pertencentes a 45 expositores - 93 machos e 166 fêmeas e mais 9 fêmeas para a vibrante Copa Incentivo. Comparando com 2006, o crescimento da representação arranhou os 10%. E nos rústicos, 40 machos e 40 fêmeas entre PO e PC, apresentados por 14 expositores. E, registre-se já, que a Expointer também cumpriu muitíssimo bem uma de suas importantes funções: ser o termômetro comercial para a temporada de remates da Primavera. Senão, vejamos: o leilão VI Angus Rústico do Sul, que abriu o curcuito comercial Angus já no início da Expointer, totalizou R$ 322 mil, com médias e valores individuais de efeti- vo destaque. E depois de conhecidos os campeões de argola, o glamuroso leilão Golden Angus faturou R$ 278,6 mil, também com médias e valores individuais de exceção. Com o resultado, a raça comercializou em seus dois eventos na Expointer R$ 600,6 mil, confirmando a previsão de superar R$ 600 mil, feita na véspera pelo presidente da ABA reuniu novos sócios na Expointer Foto: Felipe Ulbricht Uruguaiana, RS, Frederico Pons Fittipaldi, e da Cabanha e Estância Coronado, de Hulha Negra, RS, José Luiz Borges Germano da Silva. Conforme Rubem Prates, que tem intenção de se especializar na proNovos sócios foram recebidos pela diretoria da ABA dução de touros da raça, a beleza racial e a fertilidaA Associação Brasileira de Angus de da Angus são as qualidades que (ABA) recepcionou, durante a mais chamaram sua atenção. Ele reExpointer, novos sócios e investido- lata que em 2003 adquiriu o primeires da raça. O presidente da associa- ro touro, durante o leilão da ABN ção, José Paulo Dornelles Cairoli e Agropecuária (de Santiago, RS), prooutros diretores da entidade estiveram priedade do ex-presidente da ABA reunidos com os proprietários da Fernando Bonotto, por indicação do Cabanha Boca Negra, de Cachoeira amigo e produtor José Carlos Fuentes, do Sul, RS, Rubem César Prates; da também de Cachoeira do Sul. Cabanha Santa Ângela, de Frederico Fittipaldi revelou que no ano passado, ao adquirir um plantel Angus PC, começou a criar na Fronteira-Oeste animais da raça tanto de pelagem preta como vermelha. Hoje tem Angus PO e PC na cabanha. Já José Silva destaca que a projeção da raça na pecuária nacional, aliada à proximidade de amigos criadores, como o proprietário da Cabanha Catanduva (de Cachoeira do Sul/RS), Fábio Gomes, o levaram a se aproximar da Angus. O rebanho da Coronado é composto, principalmente, por animais de pelagem vermelha. O diretor financeiro da ABA, Fábio Gomes, e o coordenador de exposições da associação, Luiz Walter Leal Ribeiro, recepcionaram os novos sócios com um almoço no estande da Angus, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli. “Isto comprova o excelente momento e a solidez da raça no mercado”, avaliou o dirigente. TUDO PRONTO PARA O SHOW Criadores e seus animais já no cada ano melhor aparelhado Parque de Exposições Assis Brasil, e realizados pela preparada equipe da Angus os exames de admissão (cada vez mais esmerados), o palco estava montado para as estrelas de uma das maiores festas de trabalho do campo brasileiro e por certo do Mercosul: a vibrante escolha dos melhores da Expointer. Lembrando daquela célebre frase que diz: “em casa, todos têm um campeão”, a partir da formação das filas de pista – e daquela sutil e nervosa revisada pelos criadores para verificar ao vivo e a cores o que lhes havia preparado a concorrência – os mais atilados já faziam idéia de quem eram seus verdadeiros adversários nas disputas. E os animais, escolhidos a dedo nas cabanhas, muito bem preparados, apresentados com excelência e conduzidos em pista por tratadores de muita estrada no corpo, com direito a todos os macetes dos mestres para mostrar a melhor figura do animal ao jurado, se foram à pista. DE OLHO NO JURADO Pois a partir daí, pensamentos, expectativas, torcidas apaixonadas era praticamente tudo o que ocupava os pensamentos dos criadores e suas fa- mílias. Mas, olho no jurado, porque é dele a decisão final, passo a passo, desde as categorias, até o tão esperado tapa no quarto traseiro, que denuncia os campeões e antecede a gritaria antes reprimida da participante platéia, que durante todo o tempo, cercou a pista de gente. Começava o maior espetáculo da terra: caminhando só no miolo da pista, olhando de vários ângulos, sentindo os contornos dos animais com as mãos, fazendo-os caminhar para lá e para cá, lá estava aquele que naqueles momentos, roubava os pensamentos de todos: o jurado, apetrechado, naquele momento, de seus poderes máximos sobre a vitória. O argentino Nelson Ariel Macagno, experiente em pistas pesadas e pleno conhecedor da raça, ao final de suas escolhas, com certeza não agradou a todos, mas teve a aprovação da maioria dos criadores. Portouse como um criador no campo, selecionando os melhores indivíduos de um rebanho de primeiríssima linhagem. Ele foi indicado à Associação Brasileira de Angus (ABA) pelos expositores da Expointer em votação específica para esta finalidade. Os criadores acreditam que os objetivos de seleção assim como as condições de criação da Argentina são similares ou próximas da maioria dos criadores de Angus no Brasil. E também porque os brasileiros utilizam bastante a genética Argentina e a consideram apropriada ao nosso ambiente, ao sistema de produção e ao mercado. Genética Angus é doada para pecuarista familiar Um touro Red Angus PC foi doado para um produtor de Mostardas que integra o Programa Estadual de Pecuária Familiar da Emater/RS. O animal foi doado pela GAP Genética no espaço da Emater na Expointer 2007, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). Segundo o diretor comercial da GAP, João Paulo da Silva (Kaju), a iniciativa tem o objetivo de melhorar a produtividade e também a padronização do rebanho da pecuária familiar. “O animal é um reprodutor testado que foi doado para ser sorteado entre aqueles produtores que não tem condições de participar dos leilões”, comentou sobre o Red Angus de três anos estimado em aproximadamente R$ 4,5 mil. O produtor sorteado foi Cézaro Colares que concorreu com produtores de cinco regionais do Programa Estadual de Pecuária Familiar da Emater, no total de 440 inscritos. Segundo o assistente técnico estadual em Pecuária da Emater/RS, José Carlos Paiva Severo, essas iniciativas são “uma importante ferramenta de melhoria da qualidade dos produtos oriundos da Pecuária Familiar, assegurando a inserção deste público no mercado”. No período de 2003 e 2006, o programa distribuiu sob diferentes formas de comercialização 750 touros melhoradores. (Jorn. Luciana Bueno - Assessoria de Imprensa ABA) Setembro/Outubro de 2007 15 16 Setembro/Outubro de 2007 EXPOINTER Fotos: Felipe Ulbricht Prêmio da ABA ao melhor cabanheiro Na entrega do prêmio, da esquerda para a direita: Luiz Carlos Guasso, José Severo, Luiz Walter Ribeiro e Andrei J osé Adriano Vieira Severo não esperava ser o escolhido como o Melhor Cabanheiro de Angus da Expointer 2007. “Nós fazíamos nossa parte no trabalho com os animais e procurávamos sempre ajudar os outros, como uma equipe”, resumiu o cabanheiro, atribuindo este seu comportamento como maior responsável por ter sido indicado para a premiação. “Foi minha receita de sucesso”, vibrou. Severo trabalha na Cabanha São Bibiano, de Antonio Martins Bastos Filho, em Uruguaiana, RS, há apenas três anos como tratador responsável pela equipe da cabanha. Ele obteve o reconhecimento por sua performance em votação realizada pelos técnicos da Associação Brasileira de Angus (ABA). Ao receber a distinção promovida pela ABA, José Severo dividiu a premiação com os demais colegas da Cabanha São Bibiano. “É muito bom em tão pouco tempo ser reconhecido como o melhor cabanheiro da Expointer. Quando recebi a indicação, agradeci também a todos da São Bibiano”, fez questão de destacar, sobre o trabalho que desempenhou com mais dois funcionários na Expointer. Entre os diferenciais valorizados pelo Corpo Técnico da ABA para a escolha, estão a amizade com os demais cabanheiros, a limpeza do corredor dos boxes e o constante cuidado com os animais, além da participação em reuniões, a preparação e a apresentação dos animais na pista dos Julgamentos de Classificação e, na chegada ao parque, o acompanhamento de toda a fase de exames de admissão dos exemplares da cabanha, sempre uma das primeiras a chegar com seus animas para a Expointer. O tratador foi homenageado no estande da ABA, no parque de exposições Assis Brasil, durante a Expointer, na presença de seus colegas, da equipe técnica da Associação Brasileira de Angus, criadores e de dirigentes da entidade. Como recordação, além do troféu, José Severo recebeu um kit Angus composto por camiseta, colete e boné da ABA. Prato cheio e muitos elogios Restaurante da Angus serviu mais de 800 quilos de carne certificada A Carne Angus foi sucesso total na Expointer 2007. Durante a exposição foram servidos mais de 800 quilos do produto em um cardápio diversificado, elaborado pelo ecônomo do restaurante, Jorge Antônio Kowalczyk. Conforme o ecônomo, que há quatro anos administra o estabelecimento, nesta edição da feira a qualidade da carne Angus superou todas as expectativas de qualidade, sendo altamente selecionada, saborosa e macia. “Recebemos vários elogios e os clientes ficaram muito satisfeitos”, orgulha-se Kowalczyk. Segundo ele, somente no dia 1º de setembro o restaurante registrou 79 esperas para as mesas que permaneceram lotadas o dia inteiro. Os pratos mais pedidos e apreciados neste ano foram a picanha acompanhada de risoto zuchinni e o assado de tiras com batatas ao molho. Neste último, foi servido cerca de 500 gramas de carne por prato. Setembro/Outubro de 2007 17 18 EXPOINTER Setembro/Outubro de 2007 Nos Rústicos PO, vitórias da Rincon del Sarandy e GAP Genética Foi da Rincon del Sarandy, propriedade da criadora Cláudia Indarte Silva, em Uruguaiana, RS, o Trio Grande Campeão Rústico de Machos PO da raça Aberdeen Angus nesta Expointer. A premiação foi obtida com o lote 5 (tatuagens 959, 925, 0902). O reprodutor 0902 foi escolhido como o Melhor Touro Rústico PO, no julgamento realizado no início da Expointer, pelo jurado argentino Nelson Ariel Macagno. A criadora atribuiu o resultado à sintonia e dedicação da equipe que administra há 11 anos, desde que iniciou as atividades em sua propriedade. “É um trabalho de equipe, que reúne família e funcionários, tudo com muita transparência, observando etapas que começam no acasalamento, inclui melhoramento genético e condições de trabalho”, sintetizou Cláudia Silva. Nas fêmeas, a GAP Genética, de Uruguaiana, RS, foi a vencedora, com o Trio Grande Campeão Rústico PO lote 13 (tat. 2870, 2820-2095, 27701669). O exemplar 2770 sagrou-se como a Melhor Fêmea Angus a campo. “A uniformidade exigida no julga- mento de classificação do Angus Rústico do Sul é um ponto em comum com o trabalho exercido pela GAP”, comparou o diretor comercial do estabelecimento, João Paulo Schneider da Silva – o Kajú. “Como temos que apresentar três animais para julgamento, temos que trazer indivíduos do mesmo padrão e isso vem ao encontro do que a GAP procura: assegurar a uniformidade do gado que produz”, justificou o dirigente da GAP. Nos machos, o Trio Reservado de Grande Campeão PO foi o lote 1 (6523, 6521, TE6519) da Cabanha São Bibiano, Uruguaiana, RS, de propriedade de Antonio Martins Bastos Filho. O Trio Terceiro Melhor Macho PO foi Lote Grande Campeão Machos PC Fotos: Felipe Ulbricht Lote Grande Campeão Machos PO o lote 07 (5038, 5032, 5003), da Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS, de Roberto Soares Beck. Nas fêmeas, o Trio Reservado de Grande Campeão PO foi o lote 14 (TE76, TE74, TE67), da Cabanha Cristaldo M3K, de Viamão, RS, do criador Lindo Cristaldo. E o prêmio de Trio Terceira Melhor Fêmea PO foi para o lote 10 (6023, 6020,6013), da Estância do Espinilho, Cruz Alta, RS, do selecionador Roberto Soares Beck. Lote Grande Campeão Fêmeas PO Maipu e Rincon del Sarandi brilharam nos PC Motivação, competitividade marcaram a exposição de rústicos PC Nos animais PC, destaque para a Agropecuária Maipu, de Ibirubá, RS, que faturou pelo terceiro ano consecutivo o campeonato dos machos. O trio Grande Campeão Rústico de Machos PC, lote 17 (371, 341, 357) foi apresentado pelo criador Alberto de Abreu Medeiros. Segundo ele, a conquista do prêmio resulta dos investimentos em genética e da dedicação na seleção da raça, que é realizada há 15 anos. “É um cuidado que passa pela equipe de funcionários e por muito traba- lho”, disse. Nas fêmeas PC, destaque para o lote 19 (540, 533, 510) da Cabanha Rincon del Sarandy, que ficou com o título de Trio Grande Campeão Rústico de Fêmeas PC. A melhor fêmea a campo PC foi a de tatuagem 510. Como Trio Reservado de Grande Campeão Rústico de Machos PC, venceu o lote 18 (P160, P139, P124), apresentado pela Agropecuária Corrêa Osório Cabanha Paipasso, de Quaraí, RS. Lote Grande Campeão Fêmeas PC Incentivo, como aperitivo Cerrito GV 1268 Discutido Quebracho,campeã da III Copa Incentivo Tudo começou pela III Copa Incentivo, onde a grande vencedora deste ano foi a Estância Cerrito, de Itaqui, RS, com a terneira Cerrito GV 1268 Discutido Quebracho, eleita a Grande Campeã. “Só participar do jul- gamento já é gratificante, mas vencer é mesmo maravilhoso”, disse o proprietário da fêmea de nove meses, o criador Getúlio Dornelles Vargas, que faturou a sua primeira escarapela na raça Aberdeen Angus. Satisfeitíssimo, ele já avisou: “no ano que vem a terneira deve estar prenha e vai estar novamente em pista”. Orgulhoso pela vitória, ele informou que vem investindo na raça desde 2006 e que pretende trabalhar com transferência de embriões. A Reservada de Grande Campeã da Copa Incentivo foi a terneira Ulbra 03 Precision Canyon TE. Foi levada à pista pela Cabanha Ulbra, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), de Canoas, RS. Feliz da vida com o feito da jovem fêmea, a veterinária e diretora de Ciências Agrárias da Ulbra, dra. Norma Centeno Rodrigues, disse que a terneira pertence ao rebanho da universidade, que é tocado pelos próprios alunos do curso de Medicina Veterinária. “Como o próprio nome diz, é um grande incentivo para nós, porque os alunos se envolvem pra valer e aprendem muito com a prática”, revelou. “Tivemos até torcida organizada e tudo isto resulta do foco em melhoramento genético e do trabalho com tecnologia de ponta, como a transferência de embriões”, empolgou-se a diretora. O prêmio de Terceira Melhor Fêmea da Copa Incentivo ficou para Maipu 02 Brigadier Justina TE, da Cabanha Maipu, de Ibirubá, RS. “Foi um resultado animador, que nos incentiva a participar mais e aperfeiçoar a cada momento o trabalho de equipe”, disse o expositor e criador Alberto de Abreu Medeiros, já consagrado nas pistas de animais a campo. Criada para impulsionar a iniciação de novos expositores, a III Copa Incentivo reuniu nove animais, apresentados por seis expositores. O jurado Nelson Ariel Macagno elogiou a qualidade e a dedicação do trabalho dos criadores e se impressionou com a animação dos expositores na pista. Setembro/Outubro de 2007 19 20 Setembro/Outubro de 2007 EXPOINTER Nas fêmeas, o início das grandes disputas Na pista para a escolha das melhores fêmeas de argola, depois de filas e criteriosas avaliações, uma novilha de 23 meses chamou a atenção do jurado Nelson Ariel Macagno. Era Notada 327 da Corticeira, fêmea que ele elegeu como Grande Campeã Angus da Expointer. O cobiçado título resultou e muita comemoração para o criador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Luiz Anselmo Cassol e sua equipe, proprietários da Cabanha da Corticeira, de São Luiz Gonzaga, RS, e também para a GB Agropecuária, do parceiro famoso de Cassol, Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno (o apresentador de TV Galvão Bueno), estabelecido em Porecatu, PR. “Esta fêmea tem enorme semelhança com a Grande Campeã da Exposição de Palermo 2007, na Argentina. É uma vaca completa, muito feminina e de muito boa musculatura”, descreveu, sinteticamente, o jurado. Foi o primeiro grande campeonato conquistado por Anselmo Cassol numa Expointer. “Eu sinceramente não esperava, porque é sempre bom manter cautela, mas Notada é muito feminina e já havia despontando na pista de Esteio. Na Expointer do ano passado foi Campeã Terneira”, disse o dirigente e criador. “Ela está prenha do touro Discutido e deverá parir até o final de setembro, informou Cassol. A Cabanha Paineiras, do Condomínio Flávio Bastos Tellechea, de Uruguaiana,RS e a Fazenda Castelo, de Jandir Ribas, em Osório,RS, levantaram o título de Reservada de Grande Campeã da raça, com a vaca jovem Paineiras Greco Harmony 4775. O jurado Nelson Macagno chamou a atenção para a excelente conformação do animal. Satisfeita com a conquista, a criadora e veterinária Mariana Tellechea, uma das proprietárias da Paineiras que este ano realiza o seu 50º remate anual – já avisou que a fêmea vai retornar às pistas de Esteio em 2008, para novamente disputar o Grande Campeonato. “É o primeiro grande prêmio dela, que é filha da bi-grande campeã Paineiras Gran Canyon Dorothy com El Greco, grande campeão da Exposição de Londrina”, situou a criadora. Os criadores Fábio e Fabiana Gomes também brilharam. A Cabanha Catanduva, de sua propriedade, em Cachoeira do Sul, RS, faturou o prêmio de Terceira Melhor Fêmea Angus na Expointer. Filha de Catanduva TE 213 Nostradamus K Rob TE 12, a terneira Catanduva 1239 Querência TE 213- TE004 foi apontada pelo jurado Nelson Macagno como uma grande aposta para os próximos campeonatados da raça. “É uma espetacular terneira, muito musculosa e apresentando boa conformação”, observou o argentino. O criador Fábio Gomes, seguindo seu estilo, não deixou por menos e comentou que ver sua terneira competindo com animais adultos já foi uma distinção. “Fico satisfeito, pois das cinco finalistas, três tinham genética da Catanduva, o que mostra a consistência de nosso criatório”, assi- nalou. Os títulos do julgamento de classificação das fêmeas da raça Aberdeen Angus foram entregues, em pista, pelo presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli, acompanhado pelo presidente da Associação de Criadores de Angus do Uruguai, Luis Fernandez e pelo secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, João Carlos Machado. EXPOINTER 21 Setembro/Outubro de 2007 Nos machos, a consagração Fotos: Felipe Ulbricht Filas de altíssima qualidade, atenção da enorme platéia que cercava a pista em todas as nuances do julgamento de Nelson Macagno e, finalmente, a consagração: a Cabanha Azul, de João Vieira de Macedo Neto, de Quarai, RS, justo no ano em que está completando seu centenário, literalmente roubou a cena, garantiu o Grande Campeonato da raça Aberdeen Angus nesta Expointer. Grande campeão, Garupá Tony 3380 O jurado trabalhou bastante, mas no final de sua atuação confessou que o touro da Azul Garupa 7444 Tony G3380, de 23 meses de idade, o conquistou logo ao entrar na pista. Macagno admitiu que a sua primeira impressão foi mantida até o final da disputa. “Assim como no julgamento de fêmeas, me surpreendi com o Angus apresentado em Esteio. O Grande Campeão tem muito boa musculatura, profundidade e um excelente tamanho mediano, ideal”, classificou. “Este touro irá para coleta de sêmen e, após, vai participar de exposições no estado de São Paulo”, disse, na pista, visivelmente emocionado, o selecionador João Vieira de Macedo Neto. Segundo ele, o reprodutor foi o Grande Campeão da Exposição de Outono de Uruguaiana deste ano e é filho de um melhor touro rústico PO da Expointer de alguns anos atrás. Sobre a vitória, Macedo Neto atribuiu os méritos ao apoio de sua família e ao correto e dedicado trabalho de sua equipe. O título de Reservado de Grande Campeão da raça ficou com a Estância Olhos D´Água, da Parceria Agropecuária Antonino Souza Dorneles, de Alegrete, RS, que apresentou nesta Expointer o terneiro ASD 530 Reservado Grande campeão, ASD 530 Brigadier Pandero Brigadier Pandero. “Com um ano de idade, agora ele seguirá sendo trabalhado para buscar o Grande Campeonato”, avisou Átila Leães Dorneles, um dos proprietários da Olhos D´Água. Na Exposição de Outono de Uruguaiana deste ano, o tourinho ASD 530 já havia despontado como Campeão Terneiro Menor. Átila Dorneles registrou a dedicação de dez anos selecionando a raça como um dos motivos para o êxito obtido este ano em pista. “Há nove anos trazemos Angus para Esteio e este é o primeiro grande título. É um esforço integral e também resultado de investimento financeiro e pessoal, mas 3o Melhor Macho, CV1512 Larks Casamu que compensa nessa hora”, vibrou ele. E para o jurado argentino Nelson Macagno, “é um animal com futuro promissor”. A Cabanha Vacacaí, de Alfredo Southall, de São Gabriel, RS, ficou com o Terceiro Melhor Macho, com a apresentação do touro sênior CV1512 Larks Casamu, de três anos. Na avaliação de Macagno, “é um excelente touro”. O jurado Nelson Macagno destacou a enorme qualidade e a uniformidade da raça. “Fui surpreendido, positivamente, com o que vi no Brasil. É a primeira vez que julgo em Esteio e os criadores têm de manter esse nível ge- nético”, elogiou. O presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli, fez questão de assinalar o elevado nível de qualidade do trabalho e a competência dos criadores a Angus. “Mostra que estamos no caminho certo e que há um direcionamento ao melhoramento genético e fomento da raça”, sintetizou o dirigente. A entrega da escarapela aos Grandes Campeões machos da Expointer contou com a honrosa presença de várias autoridades e dirigentes, com destaque para a governadora do Estado do Rio Grande do Sul, Ieda Crusius. Negócios superam as expectativas Até parecia que todos já esperavam, mas efetivamente aconteceu: o VI Angus Rústico do Sul, que abriu a comercialização de Angus na Expointer, logo no início da exposição, mostrou forte valorização dos machos e fechou com um faturamento de R$ 322 mil. Em pista, a média foi de R$ 7.533,00. Esta performance, somada à comercialização registrada no leilão Golden Angus, que rendeu R$ 278,6 mil, totalizou R$ 600,6 mil e ficando acima dos R$ 600 mil que haviam sido prospectados pelo presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli. Realizado na pista coberta J do parque de exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, o Angus Rústico do Sul ficou acima até das mais otimistas expectativas dos criadores e vendedores. O resultado representou um crescimento de 35,26% na comparação com a edição de 2006. E foram negociados 56 animais, contra os 63 do ano passado. O destaque ficou para a vigorosa valorização dos machos. O valor médio fixado para os 30 touros ofertados foi de R$ 7.533,00, bem acima da expectativa, por exemplo, do presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli, que na véspera acreditava em R$ 5 mil por animal. “Se tivesse pago R$ 6 mil já seria muito bom”, avaliou o dirigente. Este valor médio para os touros significa uma elevação de – vejam bem - 113% frente ao preço médio registrado no mesmo evento em 2006. Para o presidente da ABA, a valorização dos machos reflete a expansão do Angus no Estado. “Ti- a criadora Cláudia Scalzilli, da Estância do Retiro, de Santa Maria, RS. Cláudia é a atual presidente do Núcleo Central de Angus, com sede em Santa Maria, RS. Moura destacou o comprimento de lombo do animal, que resulta em valor agregado de carcaça. Campeão da Ex0pointer 2007. A média geral foi de R$ 12,113 mil e a média das fêmeas alcançou R$ 11,159 mil. Não foi apenas um leilão de gado de argola altamente selecionado que teve “casa cheia”. O evento marcou também uma grande confraternização entre os criadores. Com o leilão de rústicos já realizado - com sucesso - e vemos uma ofercom todos os campeões (rústicos ta menor de anie de argola) já conhecidos e comemais e uma promorados, o cada vez maior grupo cura maior pela de criadores de Angus aproveitou raça”, examinou. para brindar ao sucesso da raça em Mas a demanda mais uma Expointer. era mesmo pelos Na pista, com o martelo nas touros. As 26 fêmãos do competente leiloeiro Guimeas negociadas lherme Minssem (com a retaguartiveram valor méda do escritório Knorr Remates), dio de R$ o terneiro ASD 530 Brigadier 3.692,00. Pandero foi valorizado em R$ 37,5 O animal mil, ao ter 50% de sua propriedamais caro, valori- O melhor touro rústico PO da Expointer foi negociado por R$ 15 de (R$ 18,75 mil) arrematada pelo mil pela Cabanha Rincon del Sarandy para a parceria Ponderosa/ zado em R$ 15 Estância do Retiro selecionador paulista Eloy Tuffi, mil, foi apresentaproprietário da Fazenda MC, em NO GOLDEN ANGUS, do pela Cabanha Rincon del Sanrandy, Espírito Santo do Pinhal, SP. Tuffi ainGLAMOUR E AGILIDADE da adquiriu mais nove fêmeas durante Uruguaiana, RS, de propriedade da Tradicionalmente realizado à noi- o pregão. selecionadora Cláudia Silva. Rincon 902 del Sarandy, eleito na manhã do te, no palco do restaurante internacioPara Pedro Crespo, responsável mesmo dia pelo jurado argentino Nel- nal do Parque de Exposições Assis Bra- técnico pela área de reprodução da son Ariel Macagno como Grande sil, durante a Expointer, o Leilão Fazenda MC, o investimento será usaCampeão dos Rústicos PO, foi arre- Golden Angus faturou R$ 278,6 mil, do no programa de transferência de matado pelo criador Felipe Moura, um com a venda de 23 lotes, sendo 21 de embriões da propriedade. “Estamos dos diretores da Agropecuária Ponde- fêmeas, uma prenhez e mais cinco co- conseguindo capturar os melhores lorosa, de Manduri, SP, em parceria com tas de 10% do Reservado de Grande tes Angus para reforçar nosso rebanho nos leilões anuais em São Paulo”, justificou. Outro destaque do pregão foi a comercialização de prenhez da fêmea Notada 327 da Corticeira, Grande Campeã Angus da Expointer. Susana Macedo Salvador, da Cia. Azul, de Uruguaiana, RS, valorizou a prenhez em R$ 25,5 mil. A Susana comprou em nome de um grupo de criadores, que além dela, inclui Cláudia Indarte Silva, João Vieira de Macedo Neto e Antonino Dorneles. A fêmea 601 Cia Azul 0601 Oriental Make May Day, da Cia Azul, foi valorizada em R$ 19,5 mil por Clarice Costa Caldas, da Faz. Nossa Senhora da Gruta, de Herval. E por R$ 16 mil a fêmea Paineiras El Greco Iemanjá, da Cabanha Paineiras, de Uruguaiana, RS, foi arrematada pelo criador Eloy Tuffi, da Fazenda MC, de Espírito Santo do Pinhal, SP. Outro destaque do pregão foi a comercialização de prenhez da fêmea Notada 327 da Corticeira, Grande Campeã Angus da Expointer. Susana Macedo Salvador, da Cia. Azul, de Uruguaiana, RS, valorizou a prenhez em R$ 25,5 mil. Fêmeas da III Copa Incentivo também foram comercializadas no seletivo leilão. “Foi um leilão ágil e alegre, graças à qualidade e à liquidez da raça”, sentenciou o leiloeiro Guilherme Minssen. 22 EXPOINTER Setembro/Outubro de 2007 Foto: Kéke Barcellos Comenda da ANC para Dona Lila Tellechea Presidente da ANC, Pires Weber, entrega comenda a Dona Lila, durante a Expointer Foto: Felipe Ulbricht A Associação Nacional de Criadores “HerdBook” Collares (ANC) realizou durante a Expointer a outorga da Comenda Leonardo Brasil Collares à pecuarista Lila Franco Tellechea. A distinção foi entregue em solenidade, no Homenagem aos tratadores Durante o Leilão Golder Angus, a ABA prestou especial homenagem aos tratadores, que durante quase duas semanas prepararam os animais apresentados e pista e negociados nos ágeis leilões da Expointer 2007 estande da ANC, no parque Assis Brasil, em Esteio, pelo presidente da entidade, José Roberto Pires Weber, que também preside a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac). A comenda Leonardo Brasil Collares tem como objetivo homenagear personalidades ligadas à ANC, cuja atuação tenha sido relevante para os destinos da entidade. Este ano, a honraria distinguiu a senhora Lilá Tellechea, criadora de Abeerden Angus e proprietária da Cabanha Paineiras, em Uruguaiana, RS. Em anos anteriores, receberam a mesma distinção os ministros Paulo Brossard de Souza Pinto e Luiz Fernando Cirne Lima e a senhora Antonia de Oliveira Sampaio, de Pelotas, RS, criadora de Devon no município de Capão do Leão. Ultra-som Nesta Expointer, todos os exemplars Angus que entraram em pista para Julgamentos de Classificação, não só os de argola, mas este ano principalmente os animais rústicos, foram submetidos a criteriosos exames de Ultra-som. A iniciativa do corpo técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA) visou revelar os dados referentes à Área de Olho de Lombo (AOL), a Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e a Medida de Espessura de Gordura na Picanha (P8). Todas medidas relacionadas à qualiade da carcaça. Medalha Assis Brasil Durante a inauguração oficial da 30ª Expointer, na tarde do dia 31 de agosto, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, entregou a cobiçada Medalha Assis Brasil a três personalidades do Estado. Entre os agraciados, o colaborador do Angus@newS, produtor rural, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dr. José Fernando Piva Lobato. Este é um prêmio outorgado a pessoas que tenham se distinguido por serviços de excepcional mérito no setor da agricultura e da pecuária. Nossos aplausos ao professor Lobato e também aos dois outros agraciados, João Carlos Paixão Côrtes, pela Secretaria da Agricultura e Nilo Ferreira Romeiro, pela Federacite. Feira de novilhas destaca Angus As fêmeas Angus CA apresentaram a melhor média da 3ª edição da Feira de Novilhas, realizada na Expointer 2007. As 50 novilhas da raça, que abriram as vendas, obtiveram valor médio de R$ 2,85 mil enquanto o preço médio para os 1.136 animais rústicos ofertados, no recinto, foi de R$ 971,00. O lote mais valorizado foi apresentado pelo criador, sócio da Associação Brasileira de Angus (ABA), Edgardo Marques da Rocha Velho, do Condomínio Mathias Azambuja Velho, Cabanha Ranchinho (Mostardas/RS). Todas as novilhas, com prenhez confirmada, foram adquiridas por José Romeu Machry, da Fazenda Pantano (Rio Pardo/RS). Segundo o leiloeiro Alexandre Crespo, a valorização mostrou a avidez do mercado pela genética da raça. “A feira é realizada para fomentar a criação, pois nos últimos anos tivemos o abate de muitas fêmeas e a retomada do setor está sendo observada com a procura por animais tatuados CA e com cruza Angus”, evidenciou. O gerente de operações da ABA, Fernando Velloso, acompanhou a preferência do comprador pela Angus. “Isso foi notado praticamente no primeiro terço da Feira de Novilhas, pois os animais Angus e cruza Angus abriram o remate e mostraram a preferência e procura do setor sobre os demais.” Entre os associados da ABA participantes da Feira de Novilhas estiveram Leila Settineri Schettert, da Cabanha La Cornelia (Tapes/RS) e Edgar Candia, da AC Agropecuária (Arambaré/RS). Setembro/Outubro de 2007 23 24 Setembro/Outubro de 2007 MOVIMENTO Expoguá – aprimoramento em pista O Fotos: ABA/Divulgação Com 59 animais Aberdeen Angus em pista, pertencentes a onze expositores do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a 32ª Exposição de Guarapuava (Expoguá) foi realizada de 1º a 4 de agosto do Parque de Exposições do município. Conforme o presidente do Núcleo Angus do Oeste do Paraná, Cristopher Filippon, a exposição representou uma excelente amostra da qualidade dos animais Angus. “Os campeões foram escolhas acertadas e os comentários do jurado foram bem detalhados, o que contribuiu para o aprimoramento de todos”, elogiou Filippon. jurado da raça na mostra foi o criador e membro do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus Luis Felipe Moura. Ele escolheu os campeões acompanhado pelos técnicos da ABA Antônio Francisco Chaves Neto e Pedro Adair Fagundes dos Santos. Segundo Felipe Moura, a qualidade dos animais apresentados era muito boa, tendo en- Grande campeã, TEC76 - JCP Ingá Rill do Iguaçu Grande campeão, Escudo da Fumaça TE223 contrado em todas as categorias as qualidades desejadas. “Ao final de cada julgamento, fiz racterísticas que julga importantes: feminilidade. Estes animais mais fe- criador Élio Sacco, da Agropecuária questão de desenvolver uma dinâmi- padrão racial, estrutura correta e sem mininos, normalmente têm maior Fumaça, Paranapanema, SP. O anica de explicação animal por animal acúmulos. “Penalizei excesso de pre- possibilidade de acasalamentos, por mal tatuagem TECB 346 - PWM para todos os presentes, para assim paro e acúmulo de gordura. Acho que não terem características extremas que Ganesh, do expositor e criador Paulo ficar compreendido os motivos que isso compromete as funções, princi- deverão ser corrigidas no futuro”, jus- de Castro Marques, Casa Branca Agropastoril, Fama, Minas Gerais, foi me levaram a classificar os animais e palmente reprodutivas dos animais. tificou. Nas fêmeas a mesma coisa, mas leNos machos, o Grande Campeão escolhido como Reservado de Granas categorias”, explicou o jurado. O criador observa ainda que os vando também em consideração, foi o touro tatuagemTE223 - Escudo de Campeão. A Casa Branca também grandes campeões mostraram as ca- além das características de carcaça, a da Fumaça TE223, do expositor e ficou o título de Terceiro Melhor Macho, com o reprodutor tatuagem TECB117 - PWM Expansion TE. Entre as fêmeas, a Grande Campeã foi a de tatuagem TEC76 - JCP Ingá Rill do Iguaçu TEC76, do expositor e criador Júlio Cesar Pacetti, da Fazenda Santa Lúcia, São Miguel do Iguaçu, PR. Como Reservada de Grande Campeã foi eleita Fabulosa da Fumaça TE336 - Tatuagem TE336, do expositor e criador Élio Sacco, da Agropecuária Fumaça, Paranapanema, SP. Já o título de Terceira Melhor Fêmea ficou para GB Florice 544 Quebracho TE239A - tatuagem TE239 do expositor Parceria Cabanha da Corticeira e Agropecuária GB e criador Galvão Bueno, da Agropecuária GB, de Porecatu, PR. Setembro/Outubro de 2007 25 28 Setembro/Outubro de 2007 MOVIMENTO Os resultados da 121º Exposição de Palermo Setembro/Outubro de 2007 29 Catanduva brilha no Prado Fotos: Divulgação La Coqueta Las Rosas Arandu 44 venceu na pista do Prado Grande campeão, no momento da entrega das escarapelas R ealizada de 26 de julho a 7 de agosto de 2007, a 121ª Exposição Rural de Palermo, na Argentina, teve como um dos destaques a raça Aberdeen Angus, que contou como jurado o norte-americano Jack Ward. Foi a segunda participação de Ward como jurado. Ele já havia escolhido os campeões da raça na Expo Palermo de 2005. No dia 2 de agosto, foram escolhidas as campeãs. O prêmio de grande campeã (Prêmio Mario Bustillo) foi para o lote 1110 – Don Florencio 228 Fortuna TA 4-T/E, expositor Oscar M. Busquet e Hijo S.A, Grande campeã, da Cabanha Don Florencio Cabanha Don Florencio. A reservada de grande campeã foi o lote 1149 – Black Princess 10702 Rose T/E, expositor Gregório, Numo e Noel Wethein S.A.A.C.GI, Cabanha La Paz. Já a terceira melhor fêmea foi o lote 892 Três Marias 7434 Holly 7000 T/E, expositor, Horacio F. Gutierrez – Hispania Inmobiliaria S.A – Ruiz Perez e Cia. A premiação dos machos Angus saiu no dia 3 de agosto. O grande campeão da mostra foi o lote 787 – Best 1321 Performa, expositor Delfinagro S.A, Cabanha Lãs Blancas. O título de reservado de grande campeão (Prêmio Ricardo Sauze) ficou para o lote 795 Três Marias 7071 Tango 5740 T/E, expositor Horácio F. Gutierrez, Cabanha Três Marias. O lote 698 Benjamin 1547 Zorzal Líder, do expositor Don Benjamin S.A. ficou com a premiação de terceiro melhor macho Angus. Em parceira com Horácio F. Gutierrez, da Cabanha Três Marias, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Angus, ABA, José Paulo Dornelles Cairoli, conquistou o prêmio de categoria campeonato vaca, com a fêmea 1184 Três Marias 6972 Fenomena 5494 T/E. A genética Angus da Cabanha Catanduva, dos gaúchos Fábio e Fabiana Gomes, de Cachoeira do Sul, RS, despontou nesta edição da Exposição do Prado, em Montevidéu, no Uruguai, mostra com mais de 150 animais em pista. O criatório de Gomes, naquele país, a Cabanha La Coqueta, venceu o Grande Campeonato de Machos Angus, com o touro Aberdeen Angus de três anos La Coqueta Las Rosas Arandu 44. Filho do bicampeão da Expo Prado 2002 e 2003, La Coqueta Paco, o touro campeão deste ano conquistou o jurado norte-americano Gary Dameron pelo equilíbrio entre o volume de carne, correção de aprumos e musculatura, avaliados entre vários outros machos durante os julgamentos de classificação. O reprodutor ficará na propriedade uruguaia para a produção de sêmen. Ainda no julgamento de classificação de machos, Gomes e Laetitia d´Arenberg, proprietária da Cabanha Las Rosas, conquistaram o campeonato terneiro maior com “La Coqueta Las Rosas Pancho Negro Astronômico”. Nas fêmeas, a vaca Red Angus “La Coqueta Las Rosas ML Ana”, com dois anos e prenha, faturou o título de Reservada de Grande Campeã. Outro destaque foi a fêmea “La Coqueta Las Rosas Pancha 270”. Após conquistar o título de Campeã Terneira Maior na avaliação da raça, a fêmea obteve a roseta de Terceira Melhor Fêmea Angus da exposição. “Essa premiação é especial. A terneira é filha de Catanduva Alano Gramático, um touro brasileiro que teve sêmen exportado para o Uruguai”, disse Fábio Gomes, enfatizando o material genético oriundo do Brasil. 30 É o momento ideal de prevenir as parasitoses Setembro/Outubro de 2007 OPINIÃO Por Octaviano Alves Pereira Neto As baixas temperaturas características do inverno causam a morte de milhares de larvas de endo e ectoparasitos, com a conseqüente queda no poder de infestação dos pastos. pós este “auxílio” climático, é hora de preparar-nos para impedir a retomada da infestação, pois com a chegada da primavera as temperaturas e a umidade se elevam, favorecendo a eclosão dos ovos depositados no solo e a ovopostura das fêmeas de carrapatos que sobreviveram ao inverno. Neste período, no qual houve um decréscimo na infestação, mas não sua eliminação, o produtor não dá a devida atenção ao problema representado pelos parasitos e considera desnecessário adotar práticas preventivas de controle. Se devidamente implementadas, e associadas à ação do clima, é possível obter impactos positivos na futura infestação de parasitos em sua propriedade, evitando os problemas das parasitoses. A Gráfico 1. Dinâmica do carrapato nas condições climáticas da Região da Depressão Central do Rio Grande do Sul (adaptado de Martins et. al., 2002) O Pesquisador e Dr. João Ricardo Martins (IPVDF- RS), descreveu para a região da Depressão Central do Rio Grande do Sul (Gráfico 1), um perfil de comportamento para a população de carrapatos, conforme a época do ano (Martins et al., 2002). O frio e a estiagem, neste caso, são aliados do produtor. Causam a redução na carga parasitária da pastagem, eliminando boa quantidade de larvas, porém com menor efeito sobre os ovos dos parasitos. A 1ª geração (G1) inicia na primavera a partir dos ovos de carrapatos de- positados no outono e inverno, mas que não eclodiram devido às baixas temperaturas. No mesmo período, as teleóginas que sobreviveram ao inverno retomam sua postura. As larvas geradas irão parasitar os bovinos, tornando-se adultas e caindo novamente no solo. Há então a formação da 2a geração (G2), bem maior que a anterior. Suas larvas parasitam o bovino, os adultos caem ao solo e formam a 3a geração (G3), que tem seu pico no outono. Esta última geração (G3) é a mais intensa e são observados severos casos de parasitismo e surtos de Tristeza Parasi- tária por excesso de infestação. O período de declínio, diz respeito a menor infestação no corpo do animal, mas não do pasto, onde podem estar armazenados milhares de ovos prestes a eclodir, tão logo as condições climáticas se tornem favoráveis. Este é um ciclo, que o produtor e os técnicos devem compreender para poder interromper adotando técnicas eficazes no controle de parasitos. O clima pode auxiliar na redução da infestação parasitária Um conceito equivocado, porém comum no meio rural, é que “no inverno não há carrapato”. As mudanças no clima têm causado alterações na dinâmica populacional dos parasitos. Favorecem a expansão e sobrevivência dos parasitos, fazendo com que haja locais que já convivem com carrapato durante todo o ano. Se observarmos este ano, mesmo que mais frio que os anteriores, foi possível ver animais parasitados durante o inverno, os quais seguiram liberando ovos ao meio. A tendência de aquecimento do ambiente fará com que haja a eclosão concentrada dos ovos remanescentes e a alta infestação dos animais já na G1. Se levarmos em conta o problema com carrapato vivido no outono passado, se estima que se não forem tomadas medidas efetivas de controle, muitos prejuízos ocorrerão e as perdas de desempenho se refletirão no desenvolvimento dos bovinos e na sua atividade reprodutiva. Sendo assim, qual o momento correto de atuar no controle efetivo das endo e ectoparasitoses? Quando há uma infestação pequena na pastagem, porém em franco crescimento, ou quando já existem milhares de ovos e larvas nos pastos, causando a infestação dos animais e todos os demais prejuízos do parasitismo? A resposta é óbvia. O correto é agir ao final do inverno ou no início da primavera, de forma preventiva e eficaz, impedindo que os ovos de carrapato e dos vermes se acumulem no ambiente e evitando que haja o progressivo incremento da carga de parasitos no ambiente. Pense nisso e lembre-se que somente utilizando produtos eficazes sobre a população de parasitos é possível obter os resultados de programas integrados que garantam a sanidade e a produtividade de seus animais. Méd. Vet., MSC em Zootecnia Gerente Técnico - Bovinos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal Setembro/Outubro de 2007 31 32 Setembro/Outubro de 2007 REPORTAGEM Créditos de carbono abrem novos mercados para o campo Créditos de Carbono? Gases de efeito estufa? Protocolo de Kyoto? Mecanismo de Desenvolvimento Limpo? “Bah!” - deixa escapar o pecuarista, entre confuso e por certo desconfiado com este palavrório todo. “Mas que bichos são esses?”, pergunta o criador de gado. E depois de uma pensadas, o vivente avalia: “Isso tudo deve ser coisa tramada contra nós ... Quem sabe até ingenuamente, pelos ecologistas, mas por certo para aumentar os lucros de outros, que não somos nós”, raciocina, falando ao infinito, no meio do campo, o tal agroempresário brasileiro, que cada vez produz mais e melhor carne, desafiando e ameaçando os mais afiados mercados mundiais. Foto: ABA/Divulgação Por Eduardo Fehn Teixeira Os conceitos formais, para entender! Os créditos de carbono foram criados em 1997, quando se aprovou o texto final do Protocolo de Kyoto. O protocolo estabelece, para os países desenvolvidos, metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Os que não conseguirem atingir esses objetivos podem compensar o problema comprando créditos de carbono gerados em projetos de países em desenvolvimento (que não têm metas a cumprir). Para gerarem créditos de carbono, os projetos precisam ser aprovados pelo MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), criado pelo Protocolo de Kyoto. A partir daí, são negociados em bolsas de mercadorias. Créditos de carbono, então, são certificados de redução de emissões de poluentes lançados no meio ambiente, negociados no âmbito do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) - um instrumento do Protocolo de Kyoto para auxiliar a redução de gases poluentes na atmosfera. Um projeto que resultar na diminuição do impacto ambiental e for aprovado pelo MDL, poderá lançar papéis para serem negociados no mercado. Os países desenvolvidos que não cumprirem suas metas de redução de emissões, podem compensar o problema comprando créditos de carbono de países em desenvolvimento (que não são obrigados a atingir metas). 33 Fundamentos e esclarecimentos do meio científico REPORTAGEM S egundo o pesquisador e professor Doutor Harold Ospina Patino (zootecnista, M.Sc, D.Sc), do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o assunto dos malefícios causados pelos gases à atmosfera e os créditos de carbono realmente veio à tona em 1992, numa reunião sobre o clima mundial realizada no Rio de Janeiro, a Eco92. “Naquela época já circulavam as primeiras informações comprovando que o planeta mostrava alterações no clima em função do acúmulo de gases na atmosfera”, lembra o especialista. “Era o hoje corrente efeito estufa, então, uma grande novidade”, recorda. Em 1997, em Kyoto, no Japão, representantes de vários países se reuniram e criaram o famoso Protocolo de Kyoto, justamente com o objetivo de reduzir a emissão de gases na atmosfera. O protocolo estabelece, para os países desenvolvidos, metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Assim, os que não conseguirem atingir esses objetivos, podem compensar o problema causado comprando créditos de carbono, que são gerados em projetos de países em de- Setembro/Outubro de 2007 senvolvimento, que não têm metas a países que podem fazê-lo”, simplifica vai aproveitar o esterco suíno para a cumprir nesta área. o técnico, informando que hoje cada produção de biogás – ou gás metano Para gerarem créditos de carbo- tonelada de CO2 tem cotação no – para a geração de energia, se será no, os projetos precisam ser aprova- mercado internacional entre sete e dez utilizada nas propriedades rurais. “Esdos pelo MDL (Mecanismo de De- dólares. “O crédito de carbono é o ses grandes e tecnificados projetos, senvolvimento Limpo), criado pelo tipo de uma multa, que os países que começam a surgir no Brasil, esProtocolo de Kyoto. A partir daí, são poluidores passaram a pagar para se tão aptos a vender créditos de carbonegociados em bolsas de mercadori- adequar às regras impostas pelo Pro- no para empresas localizadas em paías. tocolo de Kyoto”, sintetiza Patino. ses do primeiro mundo, que não tem Mas conforme Harold Patino, foi O técnico da UFRGS cita alguns como baixar as emissões de gases só a partir de 2005 que o regramento exemplos de projetos que representam poluentes na atmosfera”, justifica o do protocolo passou a realmente exis- atitudes conscientes, que visam a re- pesquisador. Conforme Harold Patitir. E para a sua aplicação, foram cri- dução do lançamento desses gases no, a pecuária, no mundo, precisa reados os MDLs, duzir de 2,3 a ou seja, os Meca6,4 bilhões de nismos de De- Em aterros sanitários, no Brasil, os gases emitidos toneladas de senvolvimento para atinsão queimados e assim transformados em energia. CO2 Limpo. “Era o gir as metas do start num Protocolo de posicionamento internacional sobre poluidores. Na Costa Rica – diz pati- Kyoto”, alerta. algo importante e de efeito crescente, no – foi montado um projeto na área “Mas a implantação de um projeque precisava ser combatido ou no silvo-pastoril. “Nos protreiros foi to nesta área ainda está restrita a gomínimo retardado, amenizado”, assi- plantada uma grande quantidade de vernos, prefeituras e grandes grupos nala Patino. árvores nativas que seguram o carbo- empresariais, simplesmente porque “Existem países que são no e diminuem as emissões”. um projeto desta envergadura necespoluidores, que não tem mais como Aterros sanitários, no Brasil, lo- sita de investimentos pesados – só baixar a carga de emissão de gases. calizados na capital do Espírito San- inicialmente, cerca de 100 mil dólaEntão, como não tem como modifi- to e na Bahia, os gases emitidos são res, com um mínimo de sete anos de car as suas matrizes produtivas para queimados e assim transformados em monitoramento de emissão de gases”, poluir menos ou deixar de poluir, eles energia. E no Rio Grande do Sul, no exemplifica. Conforme o técnico, os compram essa redução de emissão em Vale do Caí, existe um projeto que pesquisadores trabalham para desen- volver metodologias capazes de definir a linha base (quanto se produz em gases) e a adicionalidade destes projetos. E depois de todas essas colocações que soam como “coisas novas e por vezes incompreensíveis” para uma boa maioria de pessoas, Harold Patino chega ao ponto que nos levou a ouvilo: ele diz que os ruminantes (entre eles os bovinos e todos os bichos do campo) são grandes emissores de gases poluentes e de efeito estufa. “Isto é uma coisa natural, que inclui também os humanos, mas é real, existe”, certifica. E conforme o especialista, o principal recado para o produtor se adequar a esses novos tempos é que ele passe a realizar um trabalho cada vez mais eficiente, manejando corretamente o campo nativo com diferimento e sobressemeadura, arborizando suas áreas de produção, suplementando seus animais com rações balanceadas de qualidade e aprontando mais cedo seus novilhos para o abate, de forma que eles fiquem menos tempo no campo. “Todas essas medidas vão reduzir em muito as emissões de gases geradas pelos animais”, simplifica o pesquisador. 34 Setembro/Outubro de 2007 REPORTAGEM Setembro/Outubro de 2007 35 Com humor, mas falando sério! “O boi está apanhando mais do que mulher de malandro. Os preços estão em alta, mas sua reputação em baixa. É só abrir o jornal, ou dar uma zapeada no noticiário da TV, para ver que o nosso amigo ruminante está na dianteira da corrida pelo posto de inimigo público número 1 da humanidade. O Osama Bin Laden ficou para trás, só o Bush ainda se preocupa com ele”, começa sua fala sobre este intrincado assunto, o articulado zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa. Foto: ABA/Divulgação E le lembra que a pecuária de corte, de acordo com seus críticos, estimula o trabalho escravo, destrói florestas e alimenta o chamado efeito estufa. “Sabe aquelas cenas de ursos polares flutuando sobre blocos de gelo desgarrados do continente, que têm sido reprisadas à exaustão na telinha? Culpa do boi”, brinca o especialista em mercado. Conforme Fabiano, esse movimento anti-bovino era, no início, sustentado por naturistas e ecologistas, “supostamente preocupados” com o sofrimento dos animais e com a destruição das matas. Mas com o fortalecimento das questões relacionadas ao aquecimento global, o tema conquistou a adesão de políticos, comerciantes, cientistas, artistas, jornalistas, etc. “Virou moda pregar contra a pecuária. É bonito, chique, é “in” e ecologicamente correto. Chega até a dar status. Afinal, “a Amazônia está sendo desmatada pelo gado de hambúrgueres”, conforme disse o ex-Beatle Paul McCartney, em defesa do vegetarianismo. E essa frase foi publicada, com destaque, em tudo que é jornal do planeta”, ironiza Tito Rosa. A edição de agosto da revista Galileu – lembra - da editora Globo, estampa uma matéria sobre efeito es- tufa, logicamente apontando a pecuária como a principal vilã do processo, e praticamente ovaciona o garoto Gabriel, de 5 anos, que parou de comer carne vermelha depois que teve aulas de ecologia na escola. “Pessoal, isso é no Brasil! Alguém da nossa ca- seguindo a lógica de quem defende a extinção da pecuária, podemos iniciar uma campanha para que os humanos voltem a morar em cavernas ou em cima das árvores, passando também a andar a pé; 2. A pecuária está se expandindo funcionar; 4. O agronegócio pecuário gera mais de sete milhões de empregos. O valor bruto da produção de carne bovina no Brasil supera os R$ 30 bilhões. Só em exportação de carne e couro o País faturou quase R$ 6 bi- as preocupações da cadeia produtiva da carne bovina, hoje focadas em questões relacionadas a vírus e certificados, têm que se estender também para o campo do desenvolvimento sustentável. E bem rápido. deia produtiva já pensou em checar o que estão ensinando para nossas crianças nas salas de aula? É melhor começarmos a nos preocupar com isso”, aponta. Para Fabiano, quando a coisa descamba para o lado da emoção, deixando para trás o campo da razão, fica mesmo difícil contra-argumentar. De toda forma, "deixando a sua porção consultor falar mais alto", Fabiano acha importante fazer algumas colocações: 1. No Brasil não tem boi sem pasto. Nesse sistema, o saldo entre emissão e seqüestro de carbono é positivo em favor do segundo. Ou seja, o que o bovino emite, o capim recolhe. Já nas grandes cidades, o CO2 emitido pelos automóveis não é recolhido, pois não existe vegetação. Portanto, através de aplicação de tecnologia, ou seja, está produzindo cada vez mais em menos área e mais rápido. Entre 2001 e 2006, por exemplo, a área de pastagem brasileira encolheu, de acordo com estimativas da Scot Consultoria, 1,5%, ao passo que o rebanho bovino cresceu 15% e a produção de carne 53%. O resultado é a queda da taxa de desmatamento e maior retenção de carbono por parte das pastagens, pois o capim adubado é mais eficiente em recolher CO2; 3. Qualquer cientista ou historiador minimamente sério e competente sabe que uma das razões da espécie humana ter se desenvolvido intelectualmente, se diferenciando dos macacos, foi justamente a incorporação de carne na dieta. Rica em ferro, esse alimento colocou nossa cachola pra lhões em 2006. Dá para abrir mão de tudo isso? 5. O boi não produz só carne. O bovino é, na verdade, uma verdadeira fábrica de matéria-prima. Os produtos e subprodutos do abate alimentam indústrias de mais de 40 diferentes setores. Para quem não conhece a que se destina o boi “desmontado”, vale a pena dar uma olhada nesse link: www.sic.org.br/praqueserve.asp. 6. Por fim, uma questão que muito me intriga: o boi é a única criatura do planeta que arrota e solta pum? Acredito que não. Portanto, abaixo também ao feijão, ao ovo e ao repolho, sem falar da batata-doce. E também às tartarugas, afinal, como disse outro dia o Scot, elas ficam aí soltando pum por quase 200 anos. Seria cômico, se não fosse trági- co, observa o muitíssimo bem informado Tito Rosa. Segundo conta, outro dia, "navegando pelos canais de TV, me deparei com um programa de animais de estimação, onde a apresentadora se esgoelava na defesa de uma dieta verde, a fim de impedir o abate de animais. Depois, chamou um dos patrocinadores, que apresentou sua linha de rações para cachorros. No dia seguinte fui ao supermercado e dei uma olhada na embalagem de uma das rações apresentadas. Logicamente estavam citadas lá, na composição, as farinhas de sangue e carne e ossos. Quanta demagogia ..." Mas Fabieno Rosa faz um alerta, recordando que o fato é que os ataques à pecuária, ao bovino e à carne bovina já estão colhendo os primeiros resultados. “A mídia é poderosa, vários estudos já comprovaram sua influência na formação de opinião e do comportamento do consumidor. Não fosse assim, nenhuma empresa investiria pesado em marketing e propaganda”, revela. Fabiano Tito Rosa defende que as preocupações da cadeia produtiva da carne bovina, hoje focadas em questões relacionadas a vírus e certificados, têm que se estender também para o campo do desenvolvimento sustentável. E bem rápido. Conforme ele, é preciso estimular pesquisas e adoção de práticas e tecnologias que levem à redução dos impactos ambientais, ao mesmo tempo em que não comprometam os resultados produtivos e econômicos. Muito disso já tem sido feito, mas é preciso deixar isso claro para os consumidores. “Afinal, a propaganda é a alma do negócio”, repete. Ele argumenta igualmente que é urgente organizar um contra-ataque às críticas e acusações infundadas que agridem a atividade pecuária. “Isso tem que ser feito de forma planejada, cobrindo todos os flancos, principalmente as mídias de massa. Vozes que se levantam aqui e ali, mas que não se avolumam e não se organizam, têm pouco efeito prático sobre a formação da opinião pública”, adverte o analista. Tito Rosa anima-se até mesmo a dizer que talvez seja o caso de criar o movimento “Eu defendo a pecuária e a produção de alimentos”, que conte com o apoio de todos os elos da cadeia na defesa da produção e do consumo de carne bovina. “O que não se pode é ficar parado, assistindo um festival de besteirol fazer com que a carne vermelha perca espaço, na mesa, para a alfaces e rabanetes”, fustiga. 36 Setembro/Outubro de 2007 REPORTAGEM Fotos: ABA/Divulgação Argumentos comerciais disfarçados de graves ameaças ao meio ambiente "A s colocações acusando a pecuária de vilã na geração dos prejudiciais gases de efeito estufa são tão bem articuladas e arquitetadas, que à primeira vista e aos menos avisados, podem até ser recebidas como grandes verdades”, alerta o experiente agrônomo e gestor empresarial Donário Lopes de Almeida, gerente executivo do Canal Rural. Em sua opinião, todos – notadamente os ecologistas – estão sendo usados, com extrema sutileza, por poderosos lobbies do mercado internacional de carne bovina (leia-se Europa e Estados Unidos), que só têm uma finalidade: criar uma imagem negativa da pecuária brasileira e com isto frear (ou reduzir preços) o enorme desenvolvimento e por conseqüência a participação do Brasil no mercado global de carne. “Nos últimos anos estamos desbancando países que tradicionalmente ocupavam posições de liderança na produção e comercialização de carne bovina para o mundo”, assinala Donário, justificando suas posições. Ele também defende que as emissões de gases pelos bovinos são naturalmente neutralizadas ou resgatadas pelo próprio meio onde se desenvolve a pecuária, com fartura de vegetação representada por pastos, arbustos e árvores. “Culpar a pecuária pelos desmatamentos, pelo trabalho escravo e por uma série de outros malefícios – inclui-se aí a área do sofrimento animal – é uma demagogia flagrante e mal intencionada, vinda, com certeza, de quem está tendo enormes prejuízos com os avanços da carne brasileira, uma verdadeira raridade, porque produzida quase que totalmente a pasto”, enfatiza. Setembro/Outubro de 2007 37 O conceito ecológico é inteligente! Para o ecologista Beto Moesh, considerando o volume de gado existente no mundo e com destaque no Brasil, e a ausência e até desconhecimento pelos pecuaristas brasileiros da importância da implantação de um plano de manejo ecológico nas propriedades, esta situação de coisas acaba por agravar ainda mais a geração de gases poluentes, que vão gerar o hoje crescente e preocupante efeito estufa. “O volume de gado, através de seus “puns”, arrotos e feses, gera o gás metano, que compromete o efeito estufa 24 vezes mais que o gás carbônico. Num efeito cumulativo e se nada for feito para a redução dessas emissões na atmosfera, isto agrava em muito o efeito estufa, que já está interferindo no clima mundial”, sintetiza Moesh, que é o atual secretário do Meio Ambiente da capital gaúcha, Porto Alegre e reconhecido como um combativo defensor da ecologia. Mas o ecologista insiste em lembrar que o conceito ecológico – o ecologicamente correto – também é um conceito inteligente. E explica: as feses dos animais, por exemplo, podem ser transformadas em adubo (que vai favorecer as lavouras) e em energia limpa (que poderá ser utilizada nas ações das fazendas, desde a iluminação, até a movimentação de motores e outros usos). “Isso mostra que em ecologia, o que é ruim pode ser transformado em algo bom. E melhor ainda porque o gera novos postos de trabalho no campo e também agrega ganhos aos produtores, pela economia em adubações e em gados de energia, isto sem falar dos benefícios ao meio ambiente”, argumenta. Beto Moesh diz ainda que a destinação das feses dos animais à adubação e á geração de energia também seria uma enorme contribuição à manutenção saudável dos aqüíferos – lençóis freáticos, rios, etc. “As águas seriam mais limpas, porque não afetadas por esses resíduos gerados pelos animais”, observa. Ele bate forte também num pon- to que considera um dos maiores crimes ambientais, que tradicionalmente são praticados no campo: as queimadas. “Elas devem ser totalmente evitadas, porque destroem toda a vida biológica - a biodiversidade - dos solos e ainda agravam de forma dramática o efeito estufa”. Para ele, outros setores da economia estão mais adiantados neste processo, caso da indústria, por exemplo. Mas Beto Moesh acredita que a pecuária já está prestando mais atenção à importância da ecologia, dos benefícios - inclusive para a própria atividade – da manutenção do equilíbrio do meio ambiente e dos tão importantes microclimas regionais e locais. “Por enquanto, no Brasil, só temos alguns exemplos isolados no setor da pecuária. Mas a conscientização ganha velocidade e somos otimistas quanto ao futuro. Vamos seguir em nossa luta, denunciando e criticando. Mas o que realmente queremos é o bem de todos e que rapidamente os pecuaristas possam se favorecer inclusive financeiramente de atitudes ecologicamente corretas que venha a adotar, através da venda de créditos de carbono, por exemplo”, anima-se o ponderado ecologista. 38 Setembro/Outubro de 2007 ARTIGO Setembro/Outubro de 2007 39 Touros Angus Top 10 2007 A publicação dos Touros Top 10 tem como objetivo facilitar aos criadores interessados na genética Angus a identificação e localização de reprodutores superiores na avaliação genética da raça. Com isto se visa obter, adicionalmente, uma maior conectabilidade entre os diferentes rebanhos participantes do PromeboR . Os critérios de qualificação para listagem dos touros do Sumário foram definidos como: (1). Estar presente na última edição do Sumário de Touros Angus. (2). Ser considerado como touro em atividade (A), ou seja, touro com progênie avaliada pelo programa nos últimos 4 anos. (3). Ter progênie distribuída por, no mínimo, três (3) rebanhos. Este foi o ponto-chave no aspecto qualificação do touro para inclusão na listagem. Portanto não se estabeleceu nenhum nível de acurácia mínimo, além do exigido para constar no Sumário de Touros Angus da ANC. (4). Ter disponibilidade de sêmen para comercialização nas principais Centrais de IA estabelecidas no Brasil. Em 2007, já em sua quarta edição, tem-se Touros Angus Top 10 para: Índice Desmama 2007: Os touros estão ordenados decrescentemente, a partir do de maior índice desmama. Este índice é composto em 50% para DEP Desmama (ganho do nascimento à desmama) e os restantes 50%, subdivididos para as DEPs nas características visuais com 10% para Conformação = C, 20% para Precocidade = P, e 20% para Musculosidade = M, na fase pré-desmama. Índice Final 2007: Os touros estão ordenados decrescentemente, a partir do de maior índice final. O Índice Final 2006, conforme definido a seguir, tem como características componentes e fatores de ponderação: DEP para Peso ao Nascer: Os touros qualificados estão em ordem crescente, a partir do de menor DEP para peso ao nascer. Como critério adicional de qualificação para a listagem dos touros de menor peso ao nascer, adotou-se a exigência de DEPs positivas para as duas outras características ponderais (ganho nascimento-desmama e ganho final). Desta forma, fica evidenciado que o que se busca, é a identificação de touros que produzam filhos de baixo ou razoável peso ao nascer, de parição facilitada, mas que acelerem suas curvas de crescimento na fase pós-natal. DEP para Ganho do Nascimento à Desmama (GND) DEP para Ganho do Nascimento até Final (GNF) Coordenador Técnico do Promebo® Associação Nacional de Criadores - Herd Book Collares / ANC e-mail: [email protected] TOP 10 - PESO AO NASCER REGISTRO NOME DO TOURO “APELIDO” BIEBER “RAMBLER” 8306 HLH “EQUALIZER” 502-705 ABADI RAINMAKER DA QUIRI A16P “PIONEIRO” LEACHMAN “SOVEREIGN” 1930E OCC HEADLINER 661H “LIDER” GLACIER “CHATEAU” 744 SARABANA 004TE “BROTHER” WOODHILL “RIPTIDE” 823-606 LEACHMAN “HEAVENLY 1517C” BUFFALO CREEK “HOBO 1961” PN DO TOURO IA-748 IA-532 O089703 IA-475 IA-679 PEL V V P V P CIA M A P,T M,R Q DEP -1,56 -1,45 -1,31 -1,15 -0,85 IA-663 O079228 IA-597 IA-395 IA-320 V V P V V G A M,R M A -0,77 -0,58 -0,47 -0,41 -0,40 TOP 10 - DESMAME NOME DO TOURO “APELIDO” OTTONO B610 “GHOST” REGISTRO DO TOURO O072169 PEL P INDICE DESMAMA 23,10 CIA L BIEBER “RAMBLER” 8306 LEACHMAN “SHARPSHOOTER” 1369 TRES MARIAS 4809 “LESTER” TE BIEBER “HO HO 7266” HLH “EQUALIZER” 502-705 LEACHMAN “TO RED” 1301G IA-748 IA-619 IA-498 IA-731 IA-532 IA-589 V V P V V V M A T M,R A L 21,51 12,75 12,48 12,42 12,06 11,18 4L MR RAMBO R744 “CREDITO” OCC JOCKEY 655J NEO-SHO “MILLENIUM” 065G IA-617 IA-676 IA-687 V P V C Q G 11,16 10,87 10,13 TOP 10 - DESMAME REGISTRO NOME DO TOURO “APELIDO” DO TOURO LEACHMAN “TO RED” 1301G IA-589 BIEBER “HO HO 7266” IA-731 NEO-SHO “MILLENIUM” 065G IA-687 BUFFALO CREEK CHIEF 824-1658 “CHIEF 824 CANYON” IA-607 “BAR EXT” TRAVELER 205 IA-522 HOLDEN “HI HO 7151” IA-592 ABADI RAINMAKER DA QUIRI A16P “PIONEIRO” O089703 LEACHMAN “ROCKN ROBIN” 1073G IA-587 LEACHMAN “SHARPSHOOTER” 1369 IA-619 S2 RITO 2RT2-9020 BAR EXT “RITO 9020” O077917 CONVENÇÕES Por Leonardo Talavera Campos Código A BV C D G I J L N P Q R M S T U V X Y S Descrição ABS PECPLAN - www.abspecplan.com.br CENTRAL BELA VISTA CIALE www.ciale.com.br CIIADO www.ciiado.com GENETICA AVANÇADA www.geneticaavancada.com.br LAS LILAS www.laslilas.com JÓIA DA ÍNDIA – www.joiadaindia.com.br LAGOA DA SERRA - www.lagoa.com.br AXELGEN I.A. - www.axelgen.com.br www.agrojacarezinho.com.br PROGEN – www.progen.agr.br GERA SEMBRA - www.sembra.com.br SEMEIA - www.semeia.com.br SERSIA BRASIL - www.sersiabrasil.com.br ALTA GENETICS – www.altagenetics.com.br ARAUCÁRIA – www.argen.com.br VOLTA - www.volta.com.br SEMEX BRASIL - www.semex.com.br CORT – [email protected] SERSIA BRASIL - [email protected] PEL V V V V P V P V V P CIA L M,R G A M N P,T L A M INDICE FINAL 15,32 14,46 13,20 12,81 10,74 10,70 10,69 10,50 9,97 9,81 Telefone (34) 3366.5177 (51) 3337 9470 02924 - 420307 (16) 3368 3800 (54-11) 4315-1010 (67) 3384 4152 (16) 2105 2299 (16) 3632 7700 (53) 3243 1199 (53) 32431546 (17) 3322 2888 (51) 3222 9688 (11) 4481 8820 (34) 3318 7777 (43) 3315 3500 (11) 3872 0322 (11) 4589 6200 (55)34140198 55 (11) 4481.8820 40 Setembro/Outubro de 2007 ENTREVISTA Setembro/Outubro de 2007 41 Mr. John Young - Juiz do Outono Angus Show 2007 Foto: Divulgação Pela primeira vez na história da raça Angus na América do Sul, um australiano foi o juiz numa exposição da raça. Isso ocorreu este ano no 3o Outono Angus Show, realizado durante a Fenasul, em Esteio/RS. Além de julgar os produtos de argola e os trios de rústicos, John Young apresentou uma palestra no Parque de Exposições Assis Brasil, quando falou sobre o Angus do país que detém o segundo maior rebanho da raça no mundo, a Austrália, falou sobre a sua história, desenvolvimento e números. O evento, organizado pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS e com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA), teve os seus resultados noticiados na edição de Maio do Angus@newS, todavia as impressões particulares do atual Presidente da Angus Australia sobre os animais avaliados na exposição e aqueles que conheceu nas propriedades visitadas no Tour realizado posteriormente ainda não foram divulgados. Young, que é selecionador da raça no Oeste da Austrália, visitou as cabanhas S2 (da Agropecuária HJ, em Taquara/RS), Santa Bárbara (de Carla Staiger Schneider, em São Jerônimo/RS), La Cornélia (de Leila Settineri Schettert, em Tapes/RS) e Manto Azul (do Espólio José Eduardo M. Maciel, em Santo Antonio da Patrulha/RS), além das fazendas Nova (de Edgardo e Eduardo Velho) e Forquilha (de Emílio Monteiro dos Santos), ambas em Palmares do Sul/RS, e Ranchinho (do Cond. Mathias A. Velho e Filhos), Pangaré (de Carlos Miguel A. dos Santos) e Passo Fundo (de Emílio Monteiro dos Santos) em Mostardas/RS. Todas essas propriedades rurais localizam-se na área geográfica abrangida pelo núcleo de criadores e nelas o australiano pôde ver bastante gado Angus PO e PC, além de cruza Angus de várias origens em diferentes manejos e alimentações. A diretoria do Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS acredita ter alcançado o objetivo que desejava com as visitas, ou seja, mostrar a John Young não apenas gado Angus de pista. Carla Staiger Schneider, presidente do núcleo de criadores, afirma que Young fez um julgamento objetivo focado em animais funcionais e produtores de carne para mercados que exigem carcaças de altíssima qualidade. “Foi na Austrália que diversos agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas brasileiros fizeram as suas pós-graduações, cujas teses posteriormente trouxeram diversos avanços para o Brasil”, completa a Carla Schneider, que cita os nomes de José Fernando Piva Lobato e Luiz Alberto Fries como exemplos. 1 - O que você estava esperando da sua viagem antes de sair da Austrália ? Eu viajei ao Brasil sem quaisquer preconceitos. Eu sabia que o Brasil é o maior produtor e exportador de carne do mundo e tomou parte no boom mundial dos minérios e da agricultura, auxiliado por uma democracia estável e uma aberta economia capitalista de mercado. Depois de eu ter viajado várias vezes a um país muito diferente, a China, sou sempre cuidadoso para refletir se consigo compreender totalmente o funcionamento de uma sociedade estrangeira e o seu mercado numa visita rápida. 2 - Que tipo de Angus você estava esperando ver no Brasil ? Eu viajei com uma mente aberta, mas previa haver uma considerável influência americana na genética dos bovinos Angus do Brasil, o que se confirmou. Isso é algo natural em países com muitos plantéis da raça no mundo e, na Austrália, não é diferente. 3 - Você se surpreendeu de alguma forma com os animais do Outono Angus Show ? Por quê ? Não me surpreendi porque visitei o Site da Associação Brasileira de Angus antes de viajar e consegui fazer um “retrato” inicial de como as exposições da raça são feitas no Brasil. Eu também traduzi partes de alguns textos do Site para obter mais detalhes. Os animais que julguei não são extremados de forma algu- ma e poderiam ser introduzidos nos plantéis de vários países. 4 - O Angus australiano e o Angus brasileiro são semelhantes ? Por quê ? O Angus australiano, numa exposição de animais, não é apresentado tão gordo quanto no Brasil. A ênfase principal dos criadores e juízes é dada à fertilidade e à produção, as quais podem ser gravemente afetadas pela obesidade. A habilidade para caminhar grandes distâncias é muito importante em países como a Austrália e o Brasil, por isso reprodutores demasiadamente gordos precisam ser combatidos. Cheguei a me assustar com a obesidade de alguns machos. Foi agradável para mim poder ler dados técnicos sobre os produtos que foram à pista. Precisamos todos manter uma firme e crítica atenção quanto à realidade comercial da pecuária e do rebanho em nossos países. Em comparação com o Angus brasileiro, o Angus australiano é mais musculoso, mais pesado e maior. Percebi que alguns brasileiros têm uma certa dificuldade em saber diferenciar “tamanho” de “profundidade” e “musculatura” de “gordura acumulada”. Na Austrália, acúmulos de gordura desvalorizam a carcaça bovina e são jogados fora, o que gera prejuízos aos frigoríficos e uma má reputação para uma raça no longo prazo, tirando-a gradativamente do mercado. Várias ra- ças passaram por isso e abriram espaço para o Angus. Os pecuaristas australianos sabem disso e os criadores de Angus, em especial, não aceitam mais “entulhos genéticos”. 5 - Os animais apresentados no Outono Angus Show eram diferentes dos animais vistos nas fazendas visitadas ? Como ? O gado que vi nas propriedades visitadas me representaram ser de semelhantes linhagens devido a certas semelhanças, porém poucas fazendas detém um padrão que defina o seu plantel. Comparados aos animais apresentados no Outono Angus Show, os produtos que vi nas visitas não são tão robustos ou tão fortes, o que é resultado, penso, da sua alimentação. 6 - Em termos de padrão racial, o que você diria de todos os animais que viu tanto no Outono Angus Show quanto nos plantéis das fazendas ? Acredito que o padrão racial do Angus brasileiro seja vigoroso. Não vi muitas manchas brancas, por exemplo. 7 - Na sua opinião, existe alguma característica que precisa ser melhorada em termos de padrão racial ou qualquer outra característica nos produtos que foram a julgamento e naqueles vistos nas fazendas ? Sim. Na exposição, constatei um fato curioso: os testículos dos touros vermelhos eram menores que os dos touros pretos. Percebi ainda outro fato curioso: os machos eram mais gordos que as fêmeas e não caminhavam tão bem. Touros precisam ser atléticos. De cada um, esperamos 40 a 50 vacas prenhes por ano. Já os animais em condições de campo eram muito sadios e mostravam-se eficientes, precisando apenas de um pouco mais de alimentos para se “defender” melhor. Sei exatamente do que estou falando porque a Austrália possui campos, clima e propriedades rurais com características semelhantes àquelas de partes do Brasil. 8 - Conte-nos alguma curiosidade, daquelas que poucas pessoas sabem, quanto ao Angus da Austrália. O mercado australiano evoluiu de uma forma semelhante ao brasileiro e o seu gado é criado a pasto. Isso impulsionou o número de confinamentos no país, que chegam a reunir, nos maiores deles, até 60 mil cabeças. Os animais desses confinamentos recebem alimentação balanceada, porém por um período longo: de 200 e de 300 dias. Os primeiros têm a sua carne destinada aos mercados japonês, coreano, americano, europeu e do Oriente Médio. Já a carne dos animais alimentados durante 300 dias têm os hotéis 5 estrelas e alguns dos melhores restaurantes do Japão e de Cingapura como destino. A Angus Australia foi a primeira entidade a iniciar a identificação de animais eficientes em alimentação através de testes de Net Feed Intake (NFI). Isso não significa a simples conversão de alimentos, mas a quantidade de comida que os animais ingerem em relação a um grupo contemporâneo e os respectivos ganhos de peso abaixo ou acima da média que se espera de acordo com a idade e o sexo dos bovinos. Essas informações são importantes no sentido de terminar gado com menos grãos e/ou em menos tempo. No momento, nossa associação de Angus está no meio de um processo de revisão estrutural, administrativa e estratégica, que estará concluído na Exposição de Sydney de Abril de 2008. Teremos uma Diretoria menor, mas uma participação direta dos associados ampliada. Atualmente, a Angus Australia possui 2.690 associados, dos quais 1.200 criadores de animais PO com direito a voto, 1.300 proprietários de gado cruza Angus, 250 Juniors (com menos de 21 anos de idade, como é nos Estados Unidos) e ainda 20 associados honorários e vitalícios. O Certified Australian Angus Beef (CAAB), o programa de carne Angus certificada na Austrália, foi inspirado no programa dos EUA. Ele é administrado por uma empresa independente, cuja proprietária é a Associação Australiana de Angus. Mesmo assim, o CAAB tem um Presidente e uma Diretoria específicos, o que garante um foco comercial e empresarial mais especializados. 9 - Por favor, faça algum comentário final sobre a sua viagem, os bovinos que viu, as fazendas visitadas e as pessoas que conheceu. Achei curioso que a grande parte das fazendas que visitei façam acasalamentos de fêmeas Angus pretas com touros Angus pretos e fêmeas Angus vermelhas com touros Angus vermelhos. Tive a impressão que os criadores enfatizam mais a cor da pelagem do que o mérito genético dos animais. As fazendas de gado comercial que visitei têm consultores profissionais competentes. Eles completam muito bem o trabalho feito pelas cabanhas. Percebi, porém, que alguns produtores de gado cruza Angus desconhecem as DEPs ou não as consideram importantes. Isso é preocupante! Numa das propriedades que visitei, existia a preocupação com o peso dos terneiros ao nascer, o que pode ser evitado com o uso de animais que tenham números negativos para DEP Nascimento. A viagem com minha esposa foi bem organizada pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS e agradecemos muito a hospitalidade. Isso nos estimula a retornar em breve ao Brasil! Gostaríamos de expressar o nosso muito obrigado ao Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS e ainda a Carla, Klaus e Stefan Schneider, Marcelo Maronna, Marcos, Fernando Velloso e Fábio Medeiros, bem como aos fazendeiros que abriram as suas porteiras. Recebido em vários estabelecimentos, John Young conheceu o Angus brasileiro 42 Setembro/Outubro de 2007 OPINIÃO Setembro/Outubro de 2007 43 Instrumentos complementares e de apoio à introdução de tecnologia na cria Por Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos & Acad. Juliana Rosa de Araujo A evolução tecnológica na cria foi notória e eficiente para os pecuaristas que empregaram a tecnologia disponível em bases sustentáveis economicamente nos sistemas de produção. No entanto, na maioria das vezes houve a necessidade de um longo aprendizado e validação da tecnologia até o seu reconhecimento e aplicabilidade. Neste caminho pouco foi discutido sobre custos e resultados econômicos e, mais ainda, sobre o impacto sistêmico de cada tecnologia. Portanto, ao longo dos anos dominou-se com uma certa segurança o conjunto de técnicas à disposição da produção, ainda que seus resultados econômicos fossem desconhecidos, o que resultou em descrenças sobre determinadas estratégias para a pecuária de cria. Por outro lado, pela complexidade das relações entre todas as variáveis que envolvem a cria, muitas tecnologias produziam melhorias em processos intermediários da produção. Isto não permitia ao usuário reconhecer uma resposta na produção total e, deste modo, duvidar ou questionar a sua aplicabilidade. Acrescente-se a isto que a cria, por ser uma atividade de baixa eficiência biológica e rentabilidade, limita em grande parte a utilização mais generalizada das tecnologias, o que de certo modo não permite uma troca de informações mais intensa entre os produtores. A reordenação da ocupação do território rural brasileiro, a partir da abertura de novas fronteiras agrícolas dirigidas à produção de commodities para exportação, o surgimento de opções de cultivos mais rentáveis, migração das lavouras de cana para zonas pecuárias, florestamento, reflorestamento e a agricultura energética determinaram indiscutivelmente um novo cenário para a cria bovina. Agora uma atividade altamente profissionalizada mas, baseada em recursos naturais – solo, vegetação e clima – reconhecidamente mais limitados e de menor potencial extrativo. Neste ambiente somente a pecuária de cria poderá ser eficiente, no entanto, o conjunto de tecnologias, geradas num cenário favorável, agora terá que passar por uma reconversão para uma nova realidade de produção. Portanto, para que isto ocorra de forma equilibrada e rentável aos pecuaristas, será fundamental a análise criteriosa e profissional antes da introdução de qualquer tecnologia, por mais básica que seja, pois a contribuição da natureza será cada vez menor e os custos dos processos e insumos cada vez maiores. Para a maioria das tecnologias existem sistemas de apoio para auxiliar a tomada de decisão. Esses sistemas de apoio podem ser considerados como instrumentos ou técnicas complementares, de natureza operacional, que antecedem a introdução de técnicas de manejo mais avançadas e de custos mais elevados. Entre essas técnicas destaca-se o conhecimento da classificação das vacas pelo Escore de Condição Corporal (ECC) como indicador do status nutricional e de reservas corporais, o conhecimento da disponibilidade de matéria seca do potreiro e a taxa de crescimento do pasto, o diagnóstico da atividade ovárica e o diagnóstico de gestação (Figura 1). A maioria das tecnologias para aumentar a prenhez tem um custo correspondente e de um modo geral não necessitam ser aplicadas de forma massal (todo o rebanho ou todo o lote de vacas). Desse modo uma das ferramentas de suporte mais importante, pela sua praticidade e custo, é classificar as vacas conforme o ECC. Cada grau de ECC pressupõe um estado nutricional, uma probabilidade de prenhez ou uma demanda para alcançar um estado corporal com maior probabilidade de prenhez. Portanto, conforme o ECC podem existir diferentes tecnologias de manejo a ser aplicada. Por outro lado, também essa ferramenta permite separar a vaca que deve receber um manejo diferenciado, com custo, daquela que não precisa (custo desnecessário). Para qualquer ajuste no manejo ou pela introdução de tecnologias corretivas é necessário conhecer o potencial que o recurso natural dispõe no momento da análise e no projetá-lo ao futuro. Portanto, conhecer como aferir a disponibilidade de matéria seca no potreiro é estratégico. Além desta, é essencial conhecer e prever o potencial de crescimento do pasto na estação em análise para avaliar a necessidade da introdução de uma medida suplementar na alimentação. Figura 1. Bases tecnológicas predisponentes para adequação de novas tecnologias na cria O diagnóstico de gestação tem sido uma prática pontual e de um modo geral permitido apenas o cálculo da taxa de prenhez. No entanto, essa ferramenta é muito mais abrangente no que diz respeito ao uso das informações dela geradas. No momento do diagnóstico de gestação tem-se a oportunidade para classificar as vacas conforme estágio de gestação (permite ordenar a parição), classificar as vacas prenhas por ECC (manejo diferenciado para quem mais precisa), identificar e descartar vacas com problemas reprodutivos, identificar vacas que parirão no final da estação (susceptível a falhar na próxima estação) e, evidentemente, calcular a taxa de prenhez, para comparar com o previsto, com os resultados médios da empresa e ainda projetar vendas de vacas de descarte e a constituição do rebanho no próximo acasalamento. Portanto, várias tecnologias poderão ser mais efetivas se forem utilizadas todas as informações obtidas pelo diagnóstico de gestação, ainda que seja realizado pela palpação retal. É obvio que por meio do ultra-som as informações serão as mesmas, somente antecipadas no tempo dentro do ciclo produtivo da vaca. A partir do surgimento da ultra-sonografia veterinária e a viabilidade prática e econômica para o uso em rebanhos de cria, com razoável oferta profissional, tem-se outra ferramenta complementar e que precede a utilização de outras tecnologias de manejo. Com o ultra-som é possível realizar o diagnóstico de atividade ovárica das vacas e classificá-las de acordo com seu status fisiológico em: anestro profundo, superficial e ciclando. Cada status representa uma probabilidade de prenhez dentro da estação de monta. Uma vaca em anestro profundo tem probabilidades mínimas de ciclar e conceber. Se for um anestro superficial as probabilidades são médias e se a vaca está ciclando e não ocorrerem alterações significativas no quadro alimentar, a probabilidade de prenhez será alta. Portanto, se as três vacas apresentarem o mesmo ECC = 3,0, e for aplicada uma técnica ligada à fisiologia reprodutiva, como o desmame inter- seria maior (para 263 novilhas ao invés de 141), cujos custos/novilha também superiores. Desse modo, poderia concluir-se que essa tecnologia (tabuleta + melhoramento) é antieconômica. Ou seja, a falta de gerenciamento e de técnicas de suporte conduz a avaliações totalmente equivocadas para a tomada de decisão. A introdução do desmame precoce também foi efetiva no lote de vacas de parto tardio, quando aplicado somente naquelas que estavam em anestro profundo, não sendo necessário nas 55,9% que estavam ciclando. Portanto, o custo por terneiro nascido da tecnologia desmame precoce foi reduzido pela metade, apenas pelo direcionamento correto, a par- rompido, por exemplo, a resposta de cada uma das vacas será diferente. A que está em anestro profundo, necessita de uma ação nutricional mais efetiva, um desmame precoce, por exemplo – o desmame interrompido não funcionará. A vaca em anestro superficial, na fronteira endócrina, a simples interrupção da lactação pode ser efetiva e a que está ciclando não exige qualquer tecnologia. Portanto, o impacto da inclusão de uma ferramenta de manejo está condicionada a compreensão mais exata onde vai ser aplicada essa ferramenta. Desse modo, custos, operações e processos serão mais eficazes. O diagnóstico da atividade ovariana vem sendo implementado a partir dos 30 dias do início do acasalamento, onde com segurança, há um bom perfil do que está ocorrendo com os lotes de vacas em reprodução. Na Tabela 1 é demonstrada a eficiência do método para assegurar um alto índice de prenhez num rebanho de cria acasalado a partir de 10 de novembro. No dia 29 de dezembro foi realizado o diagnóstico da atividade ovárica para introduzir tecnologias de manejo com a finalidade de manter uma alta taxa de prenhez geral. Observa-se que 46,3% das primíparas que pariram no cedo mantinham condição corporal e pelo DAO, 52% já estavam prenhas e as demais 41% ciclando. Nesse lote de animais não havia necessidade de qualquer prática adicional de manejo – resultado final 96,7% de prenhez. Por outro lado, as 53% que perdia ECC, 48% estava em anestro superficial, a chamada fronteira endócrina para ciclar e com chances de não conceberem. Nesse grupo foi aplicada a tabuleta nasal e um melhoramento de campo nativo, resultando em 89,4% de prenhez. Na hipótese de não realizar o DAO, com o ultra-som, e fosse decidido pela mesma tecnologia – tabuleta + melhoramento – a necessidade de área tir da utilização da tecnologia de suporte a decisão. Do mesmo modo que o DAO é utilizado num rebanho acasalado, ele também é recomendado como antecedente para o uso de protocolos de sincronização de cio ou para inseminação a tempo fixo, pois sua precisão é muito superior à palpação retal. Além disso, é inconcebível que seja aplicada uma tecnologia de insumos e com seus riscos intrínsecos num rebanho, apenas pelo ECC, quando está disponível o ultra-som. Na cria o empirismo dá lugar ao profissionalismo e para isto está à disposição dos pecuaristas, moderno sistema de apoio para uma decisão mais acertada, sobre qual a tecnologia que mais convém ao sistema em questão. Portanto, definir é fundamental definir as tecnologias básicas que constituirão os diferentes processos de produção. Na introdução de novas tecnologias serão premissas básicas: conhecer o resultado biológico do uso da nova técnica; a amplitude do resultado (dando tudo certo x dando tudo errado) também deve ser conhecida; o custo da tecnologia e os seus riscos – hoje, facilmente quantificáveis; os pontos vulneráveis na operacionalização da nova técnica; existência de fluxo de caixa positivo; existência de recursos para investimentos; conjuntura do mercado. No entanto, com todas essas premissas, ainda é possível que os resultados não sejam positivos, embora com baixíssimo risco. Então, é mais do que obvio, que não atender essas premissas, é garantir o insucesso. Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeias Produtivas Departamento de Zootecnia e CEPAN UFRGS www.ufrgs.br/zootencia/nespro.htm [email protected] 44 Setembro/Outubro de 2007 INFORME PUBLICITÁRIO Semeia, 30 anos de genética superior A SEMEIA completa 30 anos com a certeza de ter contribuído com uma genética consistente, ou seja, adaptada às mais diversas condições de criação e manejo. Neste período de existência foi proporcionado aos produtores de carne produtos e serviços que ajudaram a melhorar as suas atividades e seus progressos genéticos, resultando maior rentabilidade a seus negócios. A produção de carne, de forma econômica e sustentável, é um dos grandes desafios desta nova era. Desafios estes que implicam em produzir carne livre de contaminantes, e que o meio ambiente seja preservado. A nova ordem do dia é otimizar os recursos disponíveis para diminuir custos, e alcançar produtividade. E isto será alcançado se as pessoas envolvidas neste processo forem capacitadas e agirem como profissionais. Porque no cenário do mercado atual, as possibilidades de ganhos pelo aumento da produtividade são maiores do que pelo aumento de preços, que está sempre na dependência do poder de compra do consumidor. Por isso a genética poderá contribuir ainda mais para este objetivo. A SEMEIA em parceria com a Select Sires tem promovido o uso de genética de ponta e de tecnologias mais atualizadas para alcançarmos este objetivo. Nossa lista possui touros altamente confiáveis com filhos distribuídos nas mais variáveis condições de clima, manejo e alimentação, representando a genética líder para as características econômicas de cria e carcaça com provas altamente confiáveis, como disposto no quadro abaixo: MÉDIA DE FILHOS E REBANHOS POR TOURO EM NOSSA LISTA Filhos Rebanhos Fac. de parto 918 193 Peso ao nascer 2.862 367 Peso a desmama 2.960 380 Peso ao ano 1.704 242 Select Sires Fall 2007 - National Angus Sire Evaluation Além da alta confiabilidade a Select Sires dispõe de 10 entre os 20 melhores touros da raça Angus classificados para Valor Total de Carne ($TC). E destes 10 a SEMEIA disponibiliza 08, porque acreditamos serem os mais indicados ou preferidos pelos criadores. O progresso genético só será obtido se utilizarmos na reprodução animais geneticamente superiores com provas confiáveis. Este progresso genético depende diretamente de 3 fatores: a intensidade de seleção; a herdabilidade das características; e a prolificidade do rebanho. O intervalo de gerações está inversamente relacionado ao progresso genético. As técnicas utilizadas na reprodução, inseminação artificial (IA), transferência de embriões(TE) e fertilização in vitro(FIV), permitem aumentar a intensidade do melhoramento e reduzir o intervalo de gerações. Para atingirmos nossos objetivos genéticos, a escolha deve ser de touros superiores para as características que estamos selecionando. Por isso, é fundamental utilizarmos as informações altamente confiáveis contidas nos sumários e nos catálogos. João Almir Bondan –Gerente Técnico Semeia A importância do uso do AcatakP® na prevenção da resistência aos carrapaticidas Acatak® é um inibidor do desenvolvimento de carrapatos que age de forma diferenciada a todos os demais carrapaticidas, com mecanismo de ação que atua inclusive nas cepas de carrapatos resistentes às moléculas tradicionais. A Novartis Saúde Animal recomenda o uso do AcatakP® P em programas estratégicos de controle de parasitoses, pois estes afetam a sobrevivência do carrapato e de sua população, tanto no animal como no pasto. Altamente eficaz no controle de carrapatos dos bovinos, Acatak quebra o ciclo biológico do parasito, impedindo a formação de sua cutícula durante as mudanças de fase. Dessa forma, mantém os animais limpos por mais tempo, pois contribui fortemente para a limpeza do pasto, onde encontra-se 95% do problema de carrapatos. Outro importante aspecto é que o uso AcatakP® em rotação com produtos que ainda mantenham certa eficácia, poderá prorrogar a vida útil dos mesmos, retardando o aparecimento de resistência. Isso ocorre, pois a ação da maioria dos carrapaticidas se dá sobre o sistema nervoso do parasita, ou seja, uma ação bastante distinta à do AcatakP® , não gerando resistência cruzada. O conjunto de medidas visando o controle dos carrapatos, com épocas corretas de aplicação, uso criterioso do rodízio de princí- pios ativos e o respeito às condições epidemiológicas, permite reduzir a infestação de parasitos nos pastos, diminuir o impacto destes no bovino e retardar a ocorrência da resistência aos carrapaticidas. Ao controlar o carrapato, eliminando os parasitas no bovino e as larvas que sobem vindas do pasto será possível reduzir a infestação na propriedade, obtendo um aumento progressivo no espaçamento entre os tratamentos. A melhor defesa é Acatak® ® Marca Registrada da Novartis, AG, Basiléia, Suíça Setembro/Outubro de 2007 45 46 Setembro/Outubro de 2007 MOVIMENTO Leilão VPJ Angus vende R$ 328,8 mil Foto: Divulgação Leilão foi realizado no Red Eventos, em Jaguariúna, SP O 7º Leilão VPJ Angus colocou à venda 30 fêmeas PO e POI em Jaguariúna (SP) e obteve faturamento de R$ 328,8 mil com média de R$ 12,646 mil. Entre os investidores do leilão chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), destaque para o uruguaio Juan Rimedi que comprou o primeiro animal em pista, a vaca VPJ Red Lilhaga por R$ 28,8 mil. VPJ Red Lilhaga é filha do touro Glacier Marias 548, grande campeão, e top 2% para marmoreio. A qualidade dos animais foi ressaltada por Rimedi . “Temos que trabalhar mais a integração do Angus entre Brasil e Uruguai. Voltarei ao país para comprar mais animais, ABA chancela Remates Só Angus e 3Q Os remates Só Angus e 3Q, por desencontros meramente burocráticos, não estão relacionados no anúncio publicado nesta edição de Angus@newS pela Associação Brasileira de Angus promovendo os “Leilões Chancelados”. Na verdade, este dois leilões foram efetivamente “chancelados”, mas as documentações não haviam chegado a tempo na sede da entidade, e por isto esses eventos não constam no anúncio. Este remate será realizado este ano no dia 20 de outubro, às 12h, na pista da Rural de Pelotas, com degustação de Carne Angus. Em 2001, um grupo de produtores liderados por Raul Cavedon, proprietários das cabanhas Santa Joana, Santa Amélia, São Basílio, Albardão, dos Tapes e Florida, sediadas nos municípios de Santa Vitória do Palmar, Tapes e São Lourenço do Sul, todos no RS, e pertencentes ao então Núcleo Centro-Sul dos Criadores de Angus, criaram o remate Só Angus, de Pelotas, RS. Rumando para sua 7ª edição, o evento firmou-se como uma das referências na oferta de genética superior Angus na zona Sul do Estado e, também, na criação da estratégica oportunidade de proporcionar ao público a possibilidade de degustação de carne Angus, cuja qualidade excepcional é o grande e definitivo diferencial característico da raça Angus. Também participarão do 7° Só Angus, como convidadas, as cabanhas Tradição e Santa Amábile. O Só Angus ofertará neste ano 70 ventres e 60 touros PO e PC, das mais variadas linhagens. Firmando-se a cada edição pela qualidade e pelo cuidado na apresentação, toda oferta de animais passará por uma revisão prévia, indo à pista apenas aqueles exemplares que apresentarem condições diferenciadas que os habilitem a participar do evento. Todos os reprodutores vêm premunizados contra carrapato e cobertos por seguro total. O Só Angus será realizado na As- sociação Rural de Pelotas, com a comercialização a cargo da Casarão Remates. Informações pelos fones: 53.3223.2424 e 53.3028.1555, com Nelson. Já no fechamento desta edição de Angus@newS, o conhecido leiloeiro Henrique Lamego, do escritório Coxilha Remates, com sedes em Quarai e Sant´Ana do Livramento, RS, “chancelou” o destacado Remate 3Q. O evento será realizado no local Jarau (RS 377, distante 15 Km do centro de Quarai, à beira do lendário Cerro do Jarau), no próximo dia 26 de outubro, a partir das 15 horas. Lamego informa que este ano a oferta estará formada por 50 touros e 250 fêmeas, todos animais de procedências destacadas e de qualidade resultante de rigorosa seleção. Informações podem ser obtidas no site da leiloeira – www.henriquelamego.com.br ou através do telefone 55.3423.1847 ou em Livramento pelo fone 55.3244.5868. com certeza”, afirmou. O maior comprador do leilão foi o condomínio de criadores formado pela Green Home e Champion que adquiriram oito lotes da raça no valor total de R$ 78,72 mil. Todas as fêmeas apresentadas tiveram seu perfil genético analisado pelo Igenity, programa de análise de genoma funcional dos bovinos que, a partir de uma amostra de DNA dos animais, fornece o maior número de informações sobre características de interesse econômico, como ganho de peso, carcaça (rendimento e espessura de gordura), qualidade da carne (maciez e marmoreio), sanidade e eficiência reprodutiva. Segundo o proprietário da VPJ Agropecuária, Valdomiro Poliselli Júnior, foi apresentado no 7º Leilão VPJ Angus o que existe de mais avançado no melhoramento genético da raça “selecionada para imprimir rusticidade, habilidade materna, fertilidade, precocidade, e especialmente características de carcaça que produzem carne de qualidade. São animais campeões em pistas de julgamento, de linhagem reconhecida no plantel nacional, com famílias consagradas e genética importada de rebanhos que primam pela qualidade e alto padrão da carne Angus”. Participaram do evento selecionadores da Angus como a 3E Agropecuária, Agropecuária Fumaça, Cabanha Feliz, Casa Branca Agropastoril, Fazenda MC, FSL Angus Itu, Green Home, Cabanha da Corticeira, GB Agropecuária e Ponderosa Angus. LEILÕES DE ANGUS Temporada 2007 - Leilão Angus Trio - Santa Maria, RS 28/9 - 17h - Centro de Eventos da UFSM - VII Remate Três Marcas 29/9 - 14 h - Sociedade Rural de São Borja, RS - Remate Tellechea e Associados – Uruguaiana, RS 06/10 - 10h - Associação Rural de Uruguaiana - Leilão Cabanha Campo Novo - Restinga Seca, RS 08/10 - 15h - Parque de Remates - Remate da Estância Vista Alegre do Ponche Verde Dom Pedrito, RS 26/10 - 13h30min - Parque de Exposições de Dom Pedrito - Exposição de Vacaria De 03 a 06 de outubro. Entrada dos animais: 03/10 Admissão: 04/10 Julgamento: 05 e 06/10 - Remate da Cabanha Santo Ângelo 11/10 – 11 horas - Sede da Cabanha - Barra do Quaraí, RS CULINÁRIA Setembro/Outubro de 2007 47 Técnicas de amaciamento para carne de dianteiro A carne de dianteiro costuma ser desprezada por ser considerada dura, sem gosto ou mesmo por conter excesso de gordura. Mas a verdade é que nem sempre o seu aproveitamento é correto. Saiba aqui como usufruir destes cortes considerados menos nobres, mas que acrescentam vida e sabor à culinária e rendem até sofisticados pratos Fotos: Cortesia SIC/Divulgação Por Licínia de Campos Existem várias técnicas para amaciamento da carne “de segunda”, a qual tecnicamente tem a denominação de carne de dianteiro. Para que você possa entender melhor, vamos citar primeiramente de onde provém a carne do dianteiro. Olhando para o animal, você logo perceberá que os cortes dianteiros estão localizados acima das patas dianteiras bovinas. Ou seja, é a parte que participa mais ativamente da movimentação do animal e portanto mais musculosa e mais densa em tecidos conectivos. Músculo e gordura são partes que mesmo cozidas intensamente não amaciam. Já os tecidos conectivos se dissolvem no cozimento lento e úmido, e quando esfriam formam uma “gelati- na”. É um produto rico em colágeno. Muitas pessoas confundem esse gel com gordura. A gordura se caracteriza pela formação de uma crosta dura e amarelada que bóia na superfície do cozido. Já o colágeno, embora também aflore à superfície, se caracteriza por uma formação gelatinosa, que, quando aquecida, se dilui e encorpa o molho do cozido. Portanto, pela explicação acima, você pode perceber que os cortes dianteiros são apropriados para cozimentos úmidos, lentos, que os amaciam. Artificialmente pode se utilizar dois processos: o amaciamento mecânico e o amaciamento por produtos. O mecânico é feito em muitos açougues e se trata de passar a peça de carne num aparelho que “amacia” a carne, quebrando suas fibras e que quando é sub- metido a calor seco (grelhar, fritar) perde os seus sucos, resultando em um produto final seco e sem muito sabor. O amaciamento por produtos é feito geralmente com o auxílio da papaína (mamão), bromelina (abacaxi) ou ficina (figo), utilizando a ação enzimática desses produtos, muitas vezes desidratados, para quebrar também as fibras rijas da carne. Se o tempero com tais produtos forem feitos com muito tempo de antecedência, a carne perceptivelmente começará a se desintegrar, em processo de deterioração, por isso deve-se deixar o amaciante por um período de no máximo 10 a 15 minutos. Se você gostou deste artigo, acesso o nosso site: www.sic.org.br lá você encontrará além de receitas, uma vasta quantidade de informações sobre carne bovina. Contrafilé grelhado com purê de batatas ao alecrim INGREDIENTES 4 bifes de contrafilé com 150g cada - 1/4 xícara de azeite de oliva extra virgem - sal e pimenta do reino - 2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco Purê de batatas - 2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco - 1 kg de batatas descascadas e cortadas em quatro - sal - 1/4 xícara de manteiga sem sal - 1/4 xícara de creme de leite - 1 xícara de caldo de carne reduzido (segue receita). Modo de preparo Pincele a carne com o azeite e tempere com sal, pimenta do reino e alecrim. Deixe descansar na geladeira por 1 hora. Purê de batatas: coloque o alecrim num saquinho feito com gaze e amarre. Coloque as batatas numa panela grande com água salgada e deixe ferver. Cozinhe por 15 minutos, adicione o sachê, e cozinhe mais 10 minutos, até as batatas ficarem macias. Elimine o sachê e escorra as batatas. Amasse-as. Adicione a manteiga e o creme ao purê, batendo até ficar uniforme. Tempere com sal e pimenta do reino e aqueça. Para preparar os bifes: grelheos por cerca de 4 minutos de cada lado ou até o ponto desejado. Sirva com o purê de batatas e derrame o caldo de carne reduzido por cima. Serve 4 porções Caldo de carne reduzido - 2 xícaras de cebola picada - 1 xícara de cenouras picadas - 1 xícara de salsão picado - 2 colheres (sopa) de óleo de canola ou azeite - 1 xícara de vinho tinto - 2 litros de caldo de carne pronto - 4 ramos de tomilho. Refogue a cebola, cenoura e salsão no óleo. Adicione o vinho e cozinhe por 10 minutos, ou até que quase todo o vinho tenha evaporado. Adicione o caldo, reduza o fogo, e cozinhe em fogo lento por 1 hora. Coe, volte à panela, acrescente o tomilho e cozinhe por 5 minutos. retire o tomilho e cozinhe por mais 30 minutos., reduzindo a 2 xícaras. Coe e utilize como desejado. 48 Setembro/Outubro de 2007 RANKING 2007 A disputa continua até o final da temporada Consideradas as mostras de Avaré, Londrina, Uruguaiana, (Outono), Expoutono, Itapetininga, Maringá, Santa Maria, Feicorte/Nacional, Expoguá e Expointer, o Ranking de Argola - categoria criador e expositor, está sendo liderado por José Paulo Dorneles Cairoli, Reconquista Agropecuária, Alegrete/RS. No ranking de criadores, a Agropecuária Fumaça é a segunda, seguida da Cabanha Rincon del Sarandy. No de expositores, a vice-liderança é da parceria Cabanha Corticeira/Agropecuária GB, seguida de Elio Sacco, da Agropecuária Fumaça. No Ranking de Rústicos, liderança de Eduardo Macedo Linhares, da Gap Genética, de Uruguaiana, RS, tanto criador como expositor. A Cabanha Rincon del Sarandy é segunda nos dois rankings. Joaquim Francisco Mello é terceiro melhor criador de rústicos, enquanto a Cabanha Santa Bárbara é a terceira melhor expositora de rústicos. CALENDÁRIO DE EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2007 SETEMBRO OUTUBRO 22/09 a 2/10 - 2ª Exposição de Primavera Núcleo OUTUBRO 15 a 21 - 69ª Expofeira de Santana do Livramento, RS Central de Angus - Santa Maria, RS (Rústico) (Argola e Rústico) 28/09 a 9/10 - 80ª Expofeira de Pelotas, RS (Rústico) 18 a 21 - Exposição de Cachoeira do Sul, RS (Argola e Rústico) 02 a 07 – Exposição de Primavera - Uruguaiana, RS 24 a 29 - Expofeira de Dom Pedrito, RS (Rústico) (Argola e Rústico) 25 a 29 - 41ª Exposição Agropecuária de São Francisco 6 a 14 - Exposição de São José do Rio Preto, SP (Argola) de Assis, RS (Rústico) 6 a 15 - Expofeira de Bagé, RS (Rústico) 15 a 21 - 65ª Exposição Agropecuária de Alegrete, RS (Rústico) NOVEMBRO 12 a 19 - Expofeira de Cascavel, PR (Argola) 13 a 19 - Expofeira de Rio Grande, RS (Rústico) Informações (ABA): 51 3328.9122 // e-mail: [email protected] MOVIMENTO Setembro/Outubro de 2007 49 Angus também domina o Mercosul A raça Aberdeen Angus é a de maior expressão na região que é conhecida como o Cone Sul da América do Sul, que engloba o Rio Grande do Sul e os países vizinhos, a Argentina e o Uruguai. Pela proximidade o intercâmbio que tradicionalmente é mantido entre estas regiões, essas relações são realmente fortes havendo, muitas vezes, a troca de genética entre os criadores. Por Nelson Moreira I gualmente a representatividade das criações de Angus nestes países é bastante significativa para a raça. Basta dizer que na Argentina, 52% do rebanho é absoluto Angus definido, com mais 20% de animais com sangue Angus, num rebanho estimado em 500 mil cabeças entre exemplares pedigree, de campo ou cruzados. O rebanho total da Argentina é de 25 milhões de cabeças. No Brasil, que tem um rebanho calculado em 200 milhões de cabeças, no qual 90% é Zebu, a Angus vem crescendo significativamente e em velocidade. Atualmente são mais de 300 criadores com gado puro (registrado), mas o grande universo é de produtores que são usuários da raça e da genética Angus em nível comercial (gado Angus definido, formação do Brangus ou em cruzamento). Conforme ressalta o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli, “a Angus está no melhor momento de sua história no Brasil. É a raça Européia número um no País em todos os aspectos: em animais registrados, em venda de sêmen, número de leilões, número de reprodutores vendidos anualmente e, entre outros fatores, é a genética mais usada em programas de cruzamento”, sintetiza o dirigente. O Uruguai, por sua vez, tem cerca de 3,2 mil animais Angus pedigree, dois mil PC (Puro Controlado) e 13.850 mil puros por cruza. Segundo o presidente da Associação de eficiência na produção de uma carne de qualidade, valor bastante considerado pelos produtores, frigoríficos e consumidores argentinos e de outros países importadores do produto. Ele diz que o fato de terem um volume grande de animais, a seleção genética acaba sendo mais eficiente, pois possuem mais opções de escolhas. Segundo ele esta genética tem sido exportada para o Uruguai, Brasil, Estados Unidos e Europa. O mesmo caminho tem conquistado a sua carne. Gutierrez diz que a 50% da conta Hil- sente e do futuro em todos os mercados”, sentencia. Sem discordar do argentino, o presidente Cairoli diz que o Angus do Brasil está evoluindo muito e se aproximando do padrão argentino. Logicamente que o rebanho argentino é bem mais numeroso e a raça é a principal do país. Assim sendo, os argentinos estão à frente em seleção de reprodutores. Em relação ao Uruguai, o cenário é um pouco diferente, pois a raça teve um crescimento mais recente. Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda Foto: Felipe Ulbricht Luiz Fernandez, do Uruguai José Paulo Cairoli, do Brasil Horácio Gutierrez, da Argentina Angus do Uruguai, Luiz Fernandez, a raça vem crescendo significativamente e atraindo novos criadores devido às suas qualidades e excelência na produção de carne. O presidente de Honra da Associação Argentina de Criadores de Angus, Horácio F. Gutierrez, diz que a raça predomina no seu país por sua ton de exportação Argentina é de carne Angus. Em termos de semelhanças, ele vê que os três países estão baseando a seleção do gado Angus na busca de um frame médio, de boa produção carniceira, mantendo as grandes qualidades e habilidades da raça. “Sem dúvida nenhuma, a Angus é a raça do pre- “Existem diferentes fenótipos (biótipos) e não podemos dizer que somente um é o ideal. Em regiões frias buscamos um tipo de animal, para programas de cruzamento outro. Para engorda à pasto buscamos linhagens mais precoces (menores) e para terminação em confinamento podemos usar linhagens de maior ganho de peso e engorde um pouco mais tardio”, salienta o dirigente brasileiro. Para Cairoli, o Angus oferece genética adequada para diferentes sistemas de produção e ambientes. O criador precisa estar atento e buscar orientação para usar a mais adequada para o seu negócio (ambiente e mercado). O colega, dirigente uruguaio afirma, de sua parte, que a raça se adapta muito bem à alimentação no campo natural, expressando qualidades como habilidade materna, fertilidade, rapidez no apronte e marmoreio na carne. “É uma raça que se comporta muito bem em campos melhorados sobre resteva de arroz”, ressalta Fernandez. Para ele é um objetivo do criatório uruguaio a busca por um animal de frame moderado, com muita carne nos cortes mais valiosos, que se desenvolvam bem e que sejam de bons de aprumos. O dirigente ressalta que na Argentina o Angus é a raça majoritária. Já no Uruguai, nos últimos 15 anos houve um aumento de uns 10% a uns 35% em animais puros e suas cruzas e seguem em crescimento havendo cada vez mais criadores interessados na raça. Fernandez assegura que a carne Angus “hoje tem forte demanda a tal ponto que carne certificada Angus com mais de 250 kg. de peso de carcaça tem uma bonificação de 10.5% para os mercados da Europa, sobrepreço que outras raças não alcançam”, finaliza o dirigente. Jornalista Projeto Imagem leva jornalistas estrangeiros à Expointer Entre 26 de agosto e 2 de setembro, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) promoveram a sexta edição do Projeto Imagem, um encontro entre jornalistas estrangeiros que parte do princípio que a reputação dos produtos é o maior patrimônio de qualquer mercado e nesse sentido, dialogar com formadores de opinião é fundamental. “Jornalistas estrangeiros foram convidados pelas duas entidades para prestigiar a Expointer 2007 e participar de um programa de uma semana no Brasil, conhecendo a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil”, explica a gerente de marketing da Abiec, Andréa Veríssimo. Fotos: Divulgação Abiec Pratini de Moares falou aos jornalistas durante a Expointer Ela relata que acompanhados por representantes do setor, os jornalistas estrangeiros conheceram as possibilidades de negócios oferecidas pelo mercado de carne no Sul e CentroOeste do País e que o encontro possibilitou explicações sobre as regras de rastreabilidade da carne e o controle de qualidade dos frigoríficos exportadores. “Desde a forma Visitação à Fazenda das Pedras, de Reneu Ries como o gado é criado e abatido, passando pelo processo de comercialização do produto, até o sabor do tradicional churrasco brasileiro, tudo o que foi visto pelos jornalistas será levado na bagagem de volta e ganhará projeção internacional”, destaca Andréa. A gerente de marketing diz que o resultado do projeto é medido no número e teor de matérias publicadas após a visita. “Sempre temos ótimos resultados com este projeto e matérias positivas já foram publicadas nos mais variados países”, comemora. Em meio a uma intensa programação que incluiu visita a Bonito, MS, o dia 28 de agosto foi reservado para os jornalistas visitarem a Expointer, onde tiveram reuniões em vários estandes e degustaram Carne Angus. Eles também participaram do lançamento do convênio da Apex Brasil no estande do Senar, com a presença do criador e vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, o presidente da Apex, Alessandro Teixeira, e o presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, que concedeu entrevista coletiva no dia 29 de agosto, antes de os jornalistas embarcarem para Cachoeira do Sul, onde visitaram a Fazenda das Pedras, propriedade de Reneu Ries. Nesta edição, integraram o projeto o Jornalista Dott. Manrico Murzi e Fotógrafo Sig. Luigi Credi, do Eurocarni (Itália); Editor in Chief Petr Kiriyan, RBC Daily 1st Deputy (Rússia); Jornalista Georges Quioc, do Le Figaro (França); editor Kamarul Aznam Kamaruzaman, Halal Journal of Malaysia (Malásia). 50 Setembro/Outubro de 2007 ARTIGO TÉCNICO Sumário de Touros Angus 2007 ANC – ABA / Promebo® - Gensys O Por Leonardo Talavera Campos Os valores genéticos dos touros pais contidos no Sumário de Touros Angus 2007 2007, expressos na forma de Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs), foram computados a partir de registros de performance rotineiramente coletados pelo Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne - PROMEBO® - nos rebanhos da raça Angus. Este sistema de avaliação genética entre os rebanhos de uma raça, implementado pela ANC, baseia-se na metodologia de modelos mistos sob seleção, empregada através de programas desenvolvidos pela empresa Gensys Consultores Associados, e fornece predições de mérito genético (DEPs) para todos os animais – machos e fêmeas – que apresentem, ou registros válidos, ou filhos com registros válidos. s procedimentos empregados incorporam todas as informações disponíveis na predição da DEP de um individuo. As informações que podem estar disponíveis são: progênie; parentescos no pedigree, mais especificamente pai e mãe; e o registro de performance individual do próprio animal. Além disto, se os dados de progênie estão disponíveis, a superioridade ou inferioridade dos acasalamentos específicos são ajustados pelo processo de estimação. Assim, no caso dos touros pais, por exemplo, o mérito genético das vacas com que foram acasalados é levado em consideração pela análise. Segundo Benyshek e colaboradores da Universidade da Geórgia, EUA, isto reduz, se é que não elimina totalmente o problema de acasalamentos dirigidos. A nova edição do Sumário de Touros Angus, desenvolvido em conjunto pela ANC, Angus e GenSys, é uma ferramenta essencial para a escolha de reprodutores melhoradores para uso em rebanhos e plantéis Estes pesquisadores norte-americanos executam o programa nacional de avaliação de bovinos (National Cattle Evaluation – NEC) naquele país, e informam que os touros pais com um grande número de filhos são os indivíduos mais acuradamente avaliados neste tipo de programa. Entretanto, resultados de pesquisa indicam que as DEPs computadas para touros jovens, sem progênie ainda, são consideravelmente mais acuradas para se tomar decisões de seleção do que pesos ajustados e relações (usados pelo PROMEBO até 1990). DEPs de touros jovens podem ser de 5 a 9 vezes mais acuradas para a seleção entre diferentes rebanhos do que as relações de performance. Os efeitos ambientais dos Grupos Contemporâneos (GC) também são ajustados pelos procedimentos de análise. O resultado disto é que as DEPs são computadas como se todos os animais pertencessem a um único e grande grupo contemporâneo. Isto é o que possibilita comparar as DEPs através dos diferentes rebanhos. A identificação correta e adequada do GC em que um animal foi criado é de importância básica para que a sua avaliação e a de seus pais seja acurada. Esta tarefa de formar adequadamente os GCs recai sobre o próprio criador, uma vez que é o único que pode legitimamente determinar de que GC cada animal faz parte. Por esse motivo os criadores devem estar sempre atentos à definição de GC: (1) animais do mesmo sexo; (2) animais de idade similar (não mais de 90 dias de diferença entre datas de nascimento); (3) animais manejados em conjunto e que receberam oportunidades iguais para produzir (mesmo regime nutricional ou pastagem, mesma data de pesagem, etc...). Grande parte dos erros e problemas nos programas de avaliação genética atuais tem como origem a inadequada formação dos GCs. Ao comparar o sumário atual com o do ano passado, os criadores observarão algumas alterações nos valores absolutos das DEPs listadas. Em primeiro lugar é preciso considerar que a ordenação, ou ranking dos touros, é bastante semelhante nos dois sumários. O procedimento adotado maximiza a probabilidade de uma ordenação correta dos touros baseando-se nos dados incorporados na análise. É importante que os criadores utilizem as DEPs mais atuais ao tomarem decisões de seleção, como também em seus anúncios publicitários (por exemplo nos catálogos de remate). Adicionalmente, o conjunto de dados, em sua totalidade, é continuamente escrutinado quando a exatidão dos registros; assim, alguns registros presentes em analises anteriores podem ser perdidos no processo de edição para a presente análise. Da mesma forma, dados antigos (referente a produções de anos anteriores), continuam a se incorporar à análise, em função dos novos criadores participantes do PROMEBO®. Estes dados podem ter algum efeito na computação das DEPs. No geral a incorporação de dados adicionais, mesmo de anos anteriores, tende a elevar a exatidão geral da predição. Finalmente, outra causa de certas alterações nas DEPs de ano para ano é o aumento no uso da Inseminação Artificial (IA). Quanto mais intensamente a inseminação artificial (IA) for usada melhor se torna a conectabilidade no conjunto de dados da raça, isto é, mais touros são usados através dos diferentes rebanhos. Esta maior conectabili-dade também leva a uma exatidão de predição maior. Basicamente cada novo sumário é um pouco mais acurado do que o anterior. Para finalizar, é importante lembrar que as DEPs aqui apresentadas não são comparáveis entre as diferentes raças. Desta forma, uma DEP de 10 kg para peso à desmama em uma raça não tem o mesmo significado que uma DEP de 10 kg em outra raça. O programa de avaliação genética da ANC tem o objetivo bem especifico de auxiliar os criadores a encontrar touros, dentro de uma determina raça, que possam ser de utilidade em seus programas de melhoramento. A avaliação genética entre os rebanhos de uma raça executada pela ANC tem o firme propósito de estabelecer uma descrição genética acurada para crescimento – mais especificamente ganhos de peso ao nascer, desmama, final e ainda, pela capacidade de transmitirem habilidade materna às suas filhas – bem como para outras características avaliadas. Os criadores competentes estão aprendendo a usar esta descrição genética nos programas de melhoramento bem planejados, o que poderá assegurar a sobrevivência e futura utilidade de suas raças na industria de carne bovina. Coordenador Técnico do Promebo® Associação Nacional de Criadores - Herd Book Collares / ANC e-mail: [email protected] OPINIÃO Setembro/Outubro de 2007 51 Se nem toda carne vai para o mesmo balaio, o boi também não pode ir A coordenação e alinhamento de objetivos entre os diferentes elos da cadeia produtiva, notadamente produtor e frigorífico, é necessária para atender de forma eficiente todos os clientes Por Fabiano Tito Rosa A pecuária de corte brasileira está em transformação, reflexo, principalmente, do avanço das exportações. Acompanhe, na Figura 1, a evolução da produção de carne bovina no Brasil e dos volumes destinados a abastecer os mercados interno e externo. Atenção especial às variações. A Figura 1 ilustra duas coisas importantes. Primeiro, o mercado interno ainda é o principal destino da carne bovina produzida no Brasil. Porém, e aí vem a segunda constatação, o mercado externo é o que mais cresce. E essa tendência deve se intensificar ao longo dos próximos anos, em função de alguns fatores. Dentre eles, destacam-se: 1. O consumo mundial de carne bovina está em expansão (veja Tabela 1). Destaque para os países em desenvolvimento, que vêm registrando aos maiores taxas de crescimento econômico; 2. O consumo per capita de carne bovina no Brasil já é relativamente alto (as estatísticas apontam algo entre 38 kg e 43 kg/habitante/ ano), e o ritmo de crescimento da economia nacional tem ficado abaixo da média mundial, notadamente abaixo da média dos países emergentes. Portanto, o consumo de carne bovina tem mais potencial de crescimento fora do que dentro do Brasil; 3. São as indústrias exportadoras que estão investindo. Os frigoríficos exportadores, de acordo com a Abiec - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, tinham o equivalente a R$ 1 bilhão investido no Brasil no final da década de 80. Dez anos depois os investimentos chegavam a quase R$ 3 bilhões, e atualmente se aproximam de R$ 10 bilhões. Ainda de acordo com a mesma fonte, as indústrias exportadoras (incluindo todas, mesmo as que atendem apenas lista geral) respondiam por 68% dos abates bovinos do Brasil em 2006, sendo que a participação dos cinco maiores grupos era de 13,5%. Hoje, depois de novas aquisições e ampliações, a participação dos “grandões” com certeza aumentou um pouco mais. E novos investimentos ainda estão por vir, embalados pelos recursos recém adquiridos através de abertura de capital. Vale lembrar que as exportações brasileiras de carne bovina respondem por mais de 32% das exportações mundiais e que, no primeiro semestre deste ano, os embarques de carne in natura cresceram 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas lá fora, como aqui dentro, também tem de tudo um pouco. Alguns mercados se preocupam essencialmente com preço. Muitas vezes, para acessá-los, a principal exigência é que os valores estejam abaixo do que é praticado pelo comércio local. Na África, principalmente, é assim. Oriente Médio é outra região onde o que vale mais é o preço baixo. Ainda assim, são mercados importantes. Ajudam, por exemplo, a escoar o dianteiro, que internamente é um problema. Mas existem também os consumidores que exigem qualidade. E não só qualidade de produto (acabamento, cor, maciez, etc.), mas, principalmente, qualidade de processos (sanidade, rastreabilidade, boas práticas de manejo, controles e mais controles). Veja só. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, mas 57% do mercado mundial está fechado para a carne in natura brasileira, por conta do status sanitário. Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul, por exemplo, só aceitam comprar carne de países totalmente livres de febre aftosa, e sem vacinação. Dentre os mercados mais exigentes em qualidade, e que por conta disso pagam melhor, o Brasil praticamente só atende a União Européia (UE). Nesse caso, temos que enfrentar alguns problemas. Primeiro, a exorbitante tarifa de importação praticada pelos europeus chega a 12,8% + 3.041 euros/tonelada. Dessa forma, só é viável para o Brasil exportar cortes nobres para a UE. Dianteiro, nem pensar. Segundo, o nível de exigência dos consumidores europeus não pára de aumentar. Enquanto o Brasil ainda bate cabeça para atender às de- mandas relacionadas à rastreabilidade e à sanidade, certificações mais específicas (e “trabalhosas”, como Eurepgap e Aus-Meat) ganham força. Sem contar as novas barreiras não-tarifárias que devem vir por aí, principalmente relacionadas a questões sócio-ambientais. É a tal da sustentabilidade, que agora está na moda. E justamente por conta da dificuldade em atender à risca as exigências européias, a carne bovina brasileira enfrenta um lobby pesado contra sua presença no continente, notadamente por parte de ingleses, franceses e, principalmente, irlandeses. Um déficit, entre o que produzem e o que consomem, que varia entre 500 e 600 mil toneladas de carne bovina, não encoraja o comando da UE a embargar de vez a carne brasileira. Mas conviver com essa ameaça constante é, no mínimo, um grande incômodo. O mercado internacional é, na verdade, uma salada de diferentes mercados, cada um com suas exigências e especificidades. Não é o objetivo desta análise discutir a “essência” ou a lógica de cada uma delas. Apenas chamamos a atenção para o fato delas existirem. É preciso, portanto, compreendê-las e trabalhar no sentido de formar um bom mix de clientes, que não crie muita dependência e que promova uma boa “mescla” entre mercados de preço e mercados de qualidade. Vale ressaltar também que tanto o preço baixo, quanto a qualidade (de processo e/ou de produto), são atributos que começam a ser construídos no campo. Portanto, um mínimo de coordenação e de alinhamento de objetivos entre os diferentes elos da cadeia produtiva, notadamente produtor e frigorífico, é mais do que necessário para atender de forma eficiente todos os clientes. Como os custos de produção no Brasil, por conta das condições naturais favoráveis, são naturalmente e comparativamente baixos, os esforços internos devem se voltar, principalmente, ao aprimoramento da qualidade. Nesse sentido, cabe ao produtor se informar e buscar atender as demandas da indústria, que apenas responde às exigências do varejo/consumidores. Já a indústria precisa auxiliar o produtor nesse trabalho, ciente das dificuldades envolvidas no processo. A transparência e o compartilhamento de informações são essenciais nessa hora. Estímulo também não pode faltar. Se a qualidade é premiada lá fora, também deve ser premiada, de alguma forma, internamente. Em outras palavras, se nem toda carne vai para o mesmo balaio, o boi também não pode ir. A pecuária, em termos técnicos e comerciais, já não é a mesma de dez anos atrás. Mudou para melhor. A forma de relacionamento entre os elos da cadeia, portanto, terá que seguir pelo mesmo caminho. Zootecnista - Scot Consultoria [email protected] 52 Setembro/Outubro de 2007