Relatorio Ibis Mocambique.cdr
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IBIS MOCAMBIQUE Relatório Anual 2013 IBIS MOCAMBIQUE 1. DADOS GERAIS Nome e endereço da Organização IBIS Moçambique Rua Fernão Melo e Castro, 124 C.P. 1049, Maputo Telf.: 258 21499522/3 – 823095250 Fax: 258 21499536 Tipo de documento Relatório Anual Período de reportagem Janeiro a Dezembro de 2013 Áreas temáticas de actuação Educação, Governação e Acesso à Informação Áreas geográficas de actuação Zambézia e Maputo Valor da contribuição € 5 796 102 Nome e função da relatora Anne Catharina Hoff Directora Nacional Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE 2. LISTA DE ACRÓNIMOS ACDH Associação Centro de Direitos Humanos ADE Apoio Directo às Escolas ADMs Agentes de Mudança AGIR Acções para uma governação inclusiva e responsável AMCS Associação de Mulheres na Comunicação Social CAICC Centro de Apoio à Informação e Comunicação Comunitária CCD Conselho Consultivo Distrital CCS Centro Cooperativo Sueco Ces Conselhos de Escola CESAB Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança Cls Conselhos locais CPS Centro de Pesquisa e Promoção Social EPAC Educação Participativa de Qualidade para o Desenvolvimento da Comunidade ETDs Equipes Técnicas Distritais FDD Fundo de Desenvolvimento Distrital GIG Grupo Informal de Governação HIV-SIDA Vírus da Imunodeficiência Humana - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida IESE Instituto de Estudos Sociais e Económicos IPAJ Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica IFPs Institutos de Formação de Professores LDH Liga dos Direitos Humanos MASC Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil PARP Plano de Acção para Redução da Pobreza PESOD Plano Económico e Social e Orçamento do Distrito PJ Parlamento Juvenil IESE Instituto de Estudos Sociais e Económicos OAM Ordem dos Advogados de Moçambique GDI Instituto de Apoio à Governação e Desenvolvimento (Governance and Development Institute) FORCOM Fórum das Rádios Comunitárias CEC Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação CEDESC Centro de Desenvolvimento e Sociedade Civil CIP Centro de integridade Pública Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE 3. SUMÁRIO EXECUTIVO A IBIS Moçambique implementa o seu programa de apoio à erradicação da pobreza e empoderamento da sociedade civil, com maior enfoque para os mais desfavorecidos, através de três programas temáticos – Educação Participativa de Qualidade para o Desenvolvimento da Comunidade (EPAC), Promovendo a Cidadania para mudança (PROCIMU) e Acesso à Informação (AI). Em linha com a Declaração de Paris sobre a eficácia da Ajuda, que para o caso das organizações internacionais, significa menor intervenção directa e maior apoio às organizações locais, a IBIS trabalha com cerca de 30 organizações locais, com as quais a implementa as suas actividades, o que levou a que uma percentagem significativa do Orçamento global da IBIS Moçambique (cerca de 49%) fosse gerida directamente pelos parceiros de forma autónoma. Durante o ano de 2013 a IBIS Moçambique desembolsou o montante de € 5 796 102 para as actividades dos programas temáticos, sendo €1 092.040 para o programa de Educação e € 3 647 000 para o programa de Governação que inclui Cidadania, Acesso à Informação e Mulheres na Política. Como resultado da intervenção da IBIS nas áreas temáticas de Educação e Governação, existe um número cada vez maior de organizações de base social preocupadas e comprometidas com o processo de desenvolvimento. As organizações parceiras dos programas de Educação e Governação da IBIS, tanto ao nível nacional como local, estão mais habilitadas e capacitadas para cumprirem com as suas responsabilidades sociais e políticas de contribuírem para o desenvolvimento nacional. Esta constatação confirma-se através das experiências do engajamento destas em actividades de formação, monitoria e advocacia aos níveis local, provincial e central. Ao nível do programa da Educação, os principais resultados alcançados em 2013, tem a ver com os acordos firmados com três institutos de formação de professores (IFP da Matola, IFP de Quelimane e IFP de Alto Molocue), com fundos para o apoio institucional, a formação de professores e directores de escolas, a produção de material didáctico com base em recursos locais, o melhoramento físico das escolas, a construção de bibliotecas escolares e seu apetrechamento; acordos firmados com organizações da sociedade civil para o apoio as crianças órfãs e vulneráveis, a promoção da educação da rapariga e da boa gestão escolar, bem como advocacia. O apoio referido, resultou na existência de “Escolas Felizes” , cada vez mais exemplares, funcionando democraticamente, com um ambiente escolar atractivo,1maior envolvimento das comunidades através de uma participação consciente dos Conselhos de Escola (CEs) nas actividades escolares. Nestas escolas, a gestão escolar participativa tem contribuído para a redução do absentismo dos professores, o maior acesso de crianças de todas as camadas sociais à escola, incluindo as raparigas e para o melhor desempenho dos professores, o que resulta uma melhoria da qualidade da Educação. 1 Escolas Felizes - Conceito desenvolvido pela IBIS para designar escolas modelo, criado para promover um tipo de escolas atractivas, agradáveis e seguras para as crianças, onde os professores e os alunos são assíduos, o processo educativo é democrático, os Conselhos de Escolas são activos, o ambiente escolar é agradável, o professor usa a língua local como recurso para propiciar melhor entendimento nos alunos, a comunidade está envolvida no processo educativo e os professores oferecem uma educação relevante e de qualidade. Relatorio Annual 2013 1 IBIS MOCAMBIQUE Relativamente ao programa de Governação, os principais resultados advém da parceira com a Assembleia Provincial da Zambézia, para o fortalecimento institucional (aquisição de meios de trabalho, capacitação dos deputados, trocas de experiência com assembleias de outras províncias, bem como dos acordos firmados com organizações da sociedade civil para a promoção da participação da sociedade civil em processos de governação e em fóruns de tomada de decisões. Com efeito, a capacidade de participação e influência das organizações da sociedade civil e cidadãos nos processos decisórios sobre assuntos de interesse público, melhorou substancialmente a julgar pela qualidade da intervenção destes grupos em áreas chave como sejam, a monitoria dos planos e orçamentos locais, a participação das comunidades nos processos de planificação e monitoria dos serviços públicos. Por outro lado o nível de debate em relação a questões como transparência na indústria extractiva, participação política da mulher, promoção e defesa dos direitos humanos, incluindo o direito à informação constituíram uma tónica do programa no período em análise, com resultados tangíveis. Quanto ao programa acesso à Informação que visa o reforço da governação democrática e da prestação de contas através de um maior acesso à informação em Moçambique, teve como principais resultados, um maior engajamento da sociedade civil no que concerne à luta em defesa de uma maior abertura dos servidores públicos a cederem informação de interesse público. A criação de uma base legal que permita que as OSC e os demais interessados possam participar na Governação através da monitoria, inclusão nos processos de tomada de decisão tornou-se cada vez mais importante, daí que um dos maiores resultados alcançados no período em alusão, foi a realização de debates e outro tipo de eventos com a Assembleia da República em torno do anteprojecto de Lei do Direito à Informação. Os Programas de Educação e de Governação confirmam a aposta da IBIS de contribuir para o desenvolvimento de uma cidadania activa e responsável centrada numa relação de diálogo entre o Estado, mercado, organizações e cidadãos com vista a alcançar o desenvolvimento. Há evidências de um bom relacionamento entre a IBIS e instituições do Estado afins aos seus programas, bem como de iniciativas conduzidas por organizações locais e cidadãos que começam a exercer uma influência significativa na forma de estar e de ser dos gestores públicos, perante os cidadãos e sobretudo, no que respeita a aspectos de participação política no processo governativo. 2 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE 4. CONTEXTUALIZAÇÃO A IBIS é uma organização não-governamental internacional de origem dinamarquesa que trabalha em Moçambique desde 1976, através de projectos e programas com vista a apoiar o processo de desenvolvimento do país, tendo implementado projectos de saúde, infra-estruturas, agricultura e comunicação. Actualmente, a IBIS está a implementar programas no domínio da Educação e da Governação. Os altos índices de analfabetismo, o limitado acesso à informação, particularmente fora das cidades, o desconhecimento dos seus direitos pelos cidadãos, a marginalização da mulher e do jovem, a fraqueza das organizações da sociedade civil (SC), a fraca qualidade de ensino nas escolas, a fraca participação das comunidades no processo governativo, são alguns dos problemas identificados pela IBIS, os quais reclamam acções concretas por parte da sociedade, de modo a que as mudanças requeridas sejam alcançadas para o bem das comunidades e da sociedade, em geral. É dentro desta conformidade que a IBIS está a trabalhar com várias instituições públicas, organizações da sociedade civil (OSC) e cidadãos individualmente, no sentido de coordenar esforços para resolver, ou pelo menos mitigar os problemas em alusão. Fazem parte deste grupo, Institutos de Formação de 2 Professores (IFPs), OSC, CEs e os “Agentes de Mudança (ADM)” . A estratégia de intervenção da IBIS Moçambique no trabalho com os parceiros, nas áreas temáticas (Educação e Governação) centra-se numa abordagem baseada em direitos que visa, essencialmente, empoderar as OSC e os cidadãos, no geral, para que desempenhem um papel activo no desenvolvimento do país, através da sua participação na discussão de políticas e estratégias definidas por cada sector. Com estas acções a IBIS Moçambique acredita estar a contribuir para que os mais desfavorecidos se representem a si próprios, independentemente da sua condição social, exigindo que os seus direitos sejam respeitados, diminuindo desta forma o fosso entre pobres e ricos e as desigualdades prevalecentes entre mulheres e homens, para uma sociedade cada vez mais justa e democrática. Os programas de Educação e Governação são de âmbito nacional e são implementados, com enfoque nas províncias da Zambézia e Maputo, visando os seguintes objectivos gerais, respectivamente: a) Mulheres e homens, raparigas e rapazes das zonas rurais usam a educação de qualidade como veículo do seu desenvolvimento enquanto cidadãos activos, capazes de participar plenamente num sociedade civil representativa promovendo justiça social e mudança sustentável. b) Os cidadãos e as organizações que representam os seus interesses participam e influenciam o processo democrático no sentido do desenvolvimento social, económico e politicamente equitativo da sociedade em Moçambique. 2 Agentes de Mudança - Um grupo de cidadãos comprometidos com a causa de desenvolvimento que actuando em várias áreas de interesse nacional, têm desenvolvido acções que concorrem para a promoção da boa governação no país. Relatorio Annual 2013 3 IBIS MOCAMBIQUE 5. PRINCIPAIS ACTIVIDADES E RESULTADOS 5.1 Programa de Educação (EPAC) O programa EPAC - Educação Participativa de Qualidade para o Desenvolvimento da Comunidade visa, fundamentalmente, (i) apoiar os professores do ensino básico na aquisição de habilidades que lhes permitem desenvolver um processo educativo participativo e de qualidade; (ii) potencializar os gestores escolares em estratégias de monitoria do processo de ensino-aprendizagem, promovendo a inclusão e o empoderamento da comunidade através da capacitação dos Conselhos de Escolas para seu maior engajamento no desenvolvimento da escola; (iii) dar apoio técnico e organizacional às organizações da sociedade civil, para que conheçam os seus direitos, participem activamente na influência de políticas para a melhoria da Educação. O EPAC cobre as províncias de Maputo (5 ZIPs do distrito da Matola) e Zambézia (15 ZIPs dos distritos de Alto Molócue, Ile, Maganja da Costa e Cidade de Quelimane) e é implementado através de parcerias com organizações da Sociedade Civil e Instituições Estatais (Institutos de Formação de Professores), bem como através do CEDESC (Centro de Desenvolvimento e Sociedade Civil) baseado na cidade de Quelimane. Principais Resultados: A apresentação das actividades e dos resultados, far-se-á tendo como base cada um dos objectivos específicos do programa, a seguir indicados: Objectivo específico 1 Em finais de 2016, as escolas apoiadas pelo EPAC proporcionam aos alunos, educação relevante e de qualidade, e servem de modelo para replicação e advocacia. · Capacitados 43 formadores de professores e 346 professores em serviço em metodologias participativas, produção e uso de material didáctico, o que representa 82% do planificado em 2013; · Capacitados 12 formadores de professores e 236 professores em serviço em ensino da leitura e escrita para classes iniciais, o que representa 103% do planificado; · Capacitados 10 formadores de professores e 125 professores em serviço em currículo local, representando 131% do planificado; · Capacitados 218 professores em supervisão pedagógica; · teachers trained in educational/pedagogic supervision and assessment; · Construídas e apetrechadas 3 bibliotecas nas escolas primárias de Viheriua, no Ile; Mugema, em Alto Molocue e Quelimane; · Criados 6 clubes da rapariga para a promoção dos direitos da criança, com especial enfoque para a rapariga, bem como para a promoção de habilidades para a vida. Um dos resultados imediatos das actividades realizadas pelos clubes é a inclusão da rapariga na escola. Na Maganja da Costa, por exemplo, 40 raparigas que haviam abandonado a escola, regressaram após uma actividade de sensibilização dos pais. · Apoiadas 300 crianças órfãs e vulneráveis em material escolar. 4 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE Para alcançar os resultados descritos, a IBIS tem capacitado os parceiros, para que eles desenvolvam com sucesso as suas actividades, nas áreas de implementação. Foram beneficiados um total de 103 instrutores dos institutos de formação de professores em capacitações sobre vários temas, cujos conhecimentos não só são aplicados para capacitar professores abrangidos pelo programa da IBIS, mas também aos instruendos dos IFP's. Objectivo específico 2: Em finais de 2016, as escolas apoiadas pelo EPAC são geridas por uma Direcção Escolar inclusiva e um Conselho de Escola democraticamente eleito, cujos membros demonstram boa governação interna e influenciam a governação local. · Capacitados 289 Conselhos de Escola (CE's) sobre o seu papel na escolar, elaboração do plano de desenvolvimento da escolar, o que representa 105.6% do planificado em 2013; · Capacitados 94 directores e adjuntos pedagógicos em gestão escolar, o que corresponde a 117.5% do planificado; · 13 conselhos de escola das ZIP's de Viheriua, Macalisa e Mucuaba, no Ile; Fernando e Cariua na Maganja da Costa e Mugema em Alto Molocue, revitalizados, correspondendo a 86.6% do planificado; · 8 fóruns de conselhos de escola das ZIP's estabelecidos, os quais funcionam democraticamente ao nível das suas ZIP's para a solução de problemas das escolas e apoio à gestão escolar inclusiva e participativa; · Capacitados 136 CE's em monitoria do orçamento da escola, representando 61.8% do planificado; · Criado um ambiente físico agradável em 10 escolas (vedação, colocação de baloiços, criação de campos escolares para a pratica do desporto). As actividades realizadas neste objectivo permitiram que o número de mulheres que participam nas actividades dos conselhos de escola aumentasse de 16% em 2012, para 31% em 2013. Este aspecto mostra quão a comunidade esta empenhada na mudança, o que poderá contribuir sobremaneira para o aumento e conclusão do nível primário, pela rapariga. Os conselhos de escola estão cada vez mais comprometidos com a sua tarefa na escola, o que contribui para que os professores estejam mais presentes e os directores cumpram com os seus papéis. Com efeito, nas “Escolas Felizes” é cada vez mais notável um ambiente mais acolhedor para as crianças, bem como um relacionamento saudável entre todos os actores educativos. Objectivo específico 3: Em finais de 2016, os parceiros da IBIS e as Organizações da Sociedade Civil relevantes influenciam as políticas educativas nacionais. · Participação de parceiros da IBIS (ACEAM e ACJPD) nas reuniões de planificação do sector da Educação, nos distritos de Alto Molocue e Ile; · Lançado o relatório sobre o uso dos fundos de apoio Directo às Escolas, de uma pesquisa conduzida pela ACEAM; · Realizados encontros do FEDUZA, com a Direcção Provincial de Educação; Relatorio Annual 2013 5 IBIS MOCAMBIQUE · Participação da IBIS em 5 encontros do grupo temático de formação de professores e do ensino básico, organizados pelo MINED; · Realização de 2 encontros com o INDE, para a coordenação de actividades com os IFP's e com as escolas do ensino básico; As actividades implementadas neste objectivo mostram que as organizações da sociedade civil estão cada vez mais conscientes do seu papel de participar activamente no processo de discussão das políticas da Educação, de modo a darem um contributo valioso, à luz das necessidades dos beneficiários do programa. Exemplo disso é o facto de a ACEAM ter feito advocacia para que os SDEJT alocassem um fundo para a capacitação de conselhos de escolas no distrito e ter conseguido um espaço de diálogo com as autoridades distritais para a discussão de questões da Educação ao nível distrital. Outro exemplo, prende-se com o facto de o FEDUZA, ao nível provincial, estar a realizar encontros com a DPEC no sentido de coordenar as acções implementadas pelas varias ONG's que o compõem, com as autoridades da Educação. 5.2 Programa de Governação – Promovendo Cidadania para a Mudança (PROCIMU) O Programa Promovendo Cidadania para a Mudança (PROCIMU) é programa de governação da IBIS Moçambique que iniciou em meados de 2013 e tem a duração de 5 anos. O PROCIMU se enquadra na política da IBIS de contribuir para o reforço e efectividade da governação através da participação activa dos cidadãos e organizações nos processos governativos. A estratégia de implementação do COCIM está em linha com a Declaração de Paris e o Fórum de Alto nível de Accra sobre a eficácia da ajuda e compreende o estabelecimento de parcerias com organizações locais e um alinhamento com as orientações programáticas do governo moçambicano, no que concerne a governação. O PROCIMU é essencialmente um programa de apoio à sociedade civil e aos governos locais nos seus esforços conjuntos de melhorar cada vez mais a qualidade da governação no país através de uma maior e mais activa participação da sociedade civil nos processos governativos, bem como uma maior prestação de contas aos cidadãos por parte dos governos. Este programa, mostra-se relevante para o actual contexto do desenvolvimento de Moçambique, pois este pretende contribuir para: · Aumentar a participação da sociedade civil e dos cidadãos nos processos e órgãos de tomada de decisão e na gestão pública; · Estimular acções de advocacia com enfoque específico sobre as ligações entre os níveis local e nacional em torno da influência de políticas para provocar mudanças positivas na governação do país. · Elevar o nível de acesso à informação dos cidadãos sobre governação por parte dos cidadãos, especialmente mulheres e jovens; · Melhorar a qualidade de prestação de contas e responsabilização social por parte dos governos locais; · Estimular o diálogo construtivo entre organizações da sociedade civil, governos locais e outras intervenientes chaves no processo de desenvolvimento; · Reforçar a capacidade dos governos locais de dar respostas às demandas das comunidades num quadro de diálogo permanente; · Estimular a participação dos jovens e das mulheres nos fóruns de tomada de decisões, com a vista a influenciar políticas governamentais a seu favor. 6 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE Nesta conformidade, o PROCIMU possui convénios de parceria com 6 organizações da sociedade civil, das quais 3 estão baseadas província da Zambézia e 3 em Maputo. Na Zambézia, o Programa estabeleceu um Memorando de Entendimento com a Assembléia Provincial da Zambézia e prevê igualmente a celebração de memorandos com os governos distritais de Mocuba e Alto Molócue. Essencialmente, estas parcerias/memorandos compreendem apoio técnico nas componentes de governação interna e programática, bem como assistência financeira para implementação de seus planos estratégicos e projectos. No âmbito do PROCIMU, três objectivos imediatos foram traçados e actividades específicas foram realizadas com vista ao alcance dos resultados previstos. A seguir, apresentam-se os objectivos, as principais actividades, os seus resultados e análises. Principais actividades e análise dos resultados Objectivo específico 1: As mulheres e os jovens aumentaram a participação política e a influência na governação aos níveis da comunidade, local e nacional; · Foi realizado o mapeamento e identificação de 75 agentes de mudança ao nível dos municípios de Quelimane, Mocuba e Alto Molócue na província da Zambézia; · Realizados workshops de apresentação do programa e do conceito de agentes de mudança, envolvendo mulheres e associações de jovens nos municípios abrangidos; · Concepção e distribuição deum kit para agentes de mudança consistindo em legislação básica, material didático e meios de circulação (bicicletas); · Um total de 74 mulheres e 54 jovens foram capacitados em matéria de advocacia para integração de seus manifestos nas agendas dos partidos políticos no contexto das eleições municipais; · Três programas radiofónicos abordando assuntos de interesse das mulheres foram realizados em cada um dos três municípios chave de actuação do PROCIMU, envolvendo 9 mulheres representando agentes de mudança e as assembléias municipais e provinciais; · O Programa facilitou duas sessões de diálogo para apresentação e discussão dos manifestos políticos da Juventude e da Mulher entre estes grupos e os principais partidos políticos; · Sob a égide do PROCIMU foram realizados dois debates televisivos abordando a questão da participação política da mulher e dos jovens e influência envolvendo os parceiros do PROCIMU; · O programa estabeleceu um memorando de entendimento com a Assembléia Provincial (APZ), a fim de criar um espaço de diálogo entre este organismo público e as organizações da sociedade civil em relação à integração das demandas dos cidadãos, em particular as mulheres e os jovens. Embora ainda em sua fase de incepção, a análise das actividades realizadas na sua relação com os objectivos traçados pelo programa permite-nos tirar uma ilação positiva dos resultados até agora alcançados. Em relação ao objectivo 1 as actividades do PROCIMU em 2013 focalizaram-se no mapeamento e identificação de novos parceiros e agentes de mudança, bem como no apoio aos Relatorio Annual 2013 7 IBIS MOCAMBIQUE parceiros existentes (CIP e Fórum Mulher) no sentido de alinhar os seus projectos com os objetivos da PROCIMU. Tomando em consideração o facto de que o programa é novo e está baseado em uma nova área geográfica, o Programa esforçou-se para alocar tempo e recursos suficientes para permitir que os principais grupos alvo (parceiros, agentes de mudança e governos locais) integrassem a abordagem da IBIS nos seus esforços para promoção de uma cidadania activa e participativa. Este exercício revelou importante para os principais stakeholders no sentido de exercer o seu papel na consecução dos resultados do programa contribuindo assim para o desenvolvimento de suas próprias comunidades. Progressos em direção ao alcance do objetivo específico são visíveis a julgar pela disseminação compreensiva dos manifestos da Juventude e da mulher facilitados pelo Programa. Em relação ao processo eleitoral que constitui um marco na vida política do país em 2013 estas actividades resultaram em um processo eleitoral mais informado e consciente por parte dos jovens e mulheres que juntos constituem a maioria da população moçambicana. Por outro lado, existe um sentimento generalizado de que as preocupações e anseios dos jovens e das mulheres foram consideravelmente enfatizados nos manifestos políticos dos partidos. Objectivo específico 2 : A Sociedade Civil está capacitada para fazer advocacia local e nacional por reformas democráticas, com enfoque na redistribuição económica e na descentralização fiscal e funcional; Os actuais e potenciais parceiros que trabalham neste objetivo são associações, organizações da sociedade civil, redes e plataformas de trabalho que actuam na área de governação local ao nível dos distritos abrangidos pelo programa. · O programa estabeleceu acordos de parceria com a organização NANA operar no distrito de Mocuba; · Realizado o mapeamento e identificação de 30 agentes de mudança ao nível dos distritos de Mocuba e Alto Molócuè; · O Programa facilitou a realização de 2 debates televisivos em torno da questão das reformas democráticas com enfoque para a redistribuição económica e descentralização fiscal com a participação do parceiro CIP; · Realizada uma sessão de capacitação aos parceiros do programa na Zambézia sobre advocacia e abordagem do triângulo da mudança; · Facilitação sessões de formação as organizações parceiras em Gestão baseada em resultados como parte da contribuição para o fortalecimento da capacidade sociedade civil para alcançar as metas do programa. Progressos em relação ao alcance deste objetivo estão a se vislumbrados uma vez que o programa foi capaz de mapear e selecionar 30 agentes de mudança ao nível dos distritos alvo, sendo que estes são parte essencial da implementação do programa a nível distrital. No que diz respeito às organizações da sociedade civil, o programa enfrentou algumas limitações, dada a escassez de organizações que operam na área de monitoria da governação local baseadas localmente. No entanto, foi possível estabelecer uma parceria com a Nana, uma organização baseada Mocuba para alcançar este objectivo. Um desafio para o programa tem a ver com o fraco nível do trabalho em rede a nível local, o 8 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE que significa que no próximo período, o programa deve ser capaz de facilitar a criação de redes temáticas locais para alimentar o trabalho de advocacia. Além disso, o processo de avaliação dos novos parceiros levou muito tempo e acordos de parceria foram assinados perto do final do ano. Por conseguinte, grande parte das actividades implementadas pelos parceiros foi de carácter preparatório e orientadas para os beneficiários primários e agentes de mudança. Os parceiros tiveram também o desafio de se organizar para acomodar a abordagem de parceria IBIS que era nova para eles. Nesta matéria, IBIS alocou o apoio programático e financeiro necessário na forma de coaching e mentoring para parceiros. Não obstante, podemos afirmar o programa a nível local, conseguiu estabelecer as bases para um trabalho de advocacia eficaz em 2014, no que respeita à monitora de políticas públicas em estrita colaboração com os conselhos consultivos e agentes de mudança. Objectivo específico 3: A sociedade civil faz advocacia, aos níveis local, nacional e internacional, por um melhor quadro de políticas, pela concretização dos direitos dos cidadãos e das comunidades, e prestação de contas dos gastos das receitas públicas dos recursos naturais, levando a uma melhor/mais justa redistribuição económica. Estabelecimento de um acordo de parceria com as organizações da sociedade civil NANA em Mocuba e RADEZA em Quelimane, uma rede temática sobre meio ambiente, recursos naturais e desenvolvimento da comunidade; Apoio ao parceiro RADEZA na actividade de mapeamento das 12 áreas de mineração nos distritos de Alto Molócuè e Mocuba para informar as actividades de monitoria; O Programa apoiou a realização de dois 2 debates televisivos que abordam a questão da Indústria Extractiva e os direitos das comunidades, bem como a Responsabilidade Social Corporativa dos megaprojectos, com a participação do parceiro; 25 membros da comunidades, incluindo líderes comunitários, agentes de mudança, Chefes de Localidades e Postos administrativos foram capacitados sobre Legislação Mineira e responsabilidade social corporativa no distrito de Mocuba; Um relatório contendo os aspectos ligados à exploração de areias minerais em Moma foi publicado e divulgado nacionalmente e internacionalmente como um resultado da colaboração com o IBIS, CIP e EURODAD. Em relação a este objectivo, para além das novas parcerias a nível local (RADEZA e NANA ), a nível nacional o programa continuou a colaboração do programa de cidadania anterior (COCIM ), com CIP que liderou o processo de advocacia para uma maior transparência e defesa dos interesses das comunidades na sector extractivo. Além disso, em 2013, o programa pretendia a reforçar a sua colaboração com a plataforma nacional para recursos naturais e indústria extractiva, mas aspectos organizativos internos da plataforma inviabilizaram o alcance deste. A nível local o parceiro RADEZA lançou as bases para um exercício de acompanhamento posterior relação à exploração de 12 áreas de mineração em Mocuba e Alto Molócuè. Por outro lado, RADEZA dotou grupos comunitários, incluindo agentes de mudança e líderes comunitários de conhecimento e Relatorio Annual 2013 9 IBIS MOCAMBIQUE habilidades para que possam apoiar actividades de monitoria futuras e um processo de advocacia baseado em evidências em prol do respeito pelos direitos das comunidades locais. A este nível, RADEZA está numa posição privilegiada, uma vez que é uma rede provincial compreendendo cerca de 30 membros distribuídos pelos distritos da província da Zambézia. É importante salientar igualmente que a abordagem do triângulo de mudança, no qual os parceiros foram capacitados será capitalizada para reforçar iniciativas de advocacia a este nível. Resultados ligados a esta componente são tangíveis a vários níveis. A nível político, o governo de Moçambique aprovou a Política de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), depois de um longo processo de diálogo e consulta que envolveu as organizações da sociedade civil parceiras do programa e empresas investidoras. Por outro lado, em relação à aplicação do postulado legal segundo o qual as comunidades devem beneficiar a exploração de recursos naturais, em 2013 uma percentagem da receita fiscal foi canalizada para seis comunidades onde a extracção foi conduzida. Esta foi uma grande conquista dos parceiros do programa, em particular CIP que tem estado a conjugar esforços com o governo através do seu trabalho de pesquisa e advocacia. Projecto Mulheres na Política O projecto Mulheres na política é implementado nas províncias de Niassa, Cabo Delgado e Zambézia em parceria com a organização da sociedade civil moçambicana Fórum Mulher. O projecto tem por objectivo contribuir para que as mulheres com cargos políticos, principalmente as que estão nos órgãos de tomada de decisão a nível local (as Assembléias Municipais e Provincial) incluam considerações de género em todas as suas deliberações e consultem as mulheres nas suas bases ao prepararem-se para decisões políticas nos seus sectores. A sua principal estratégia de intervenção é através de Grupos de Base, que são grupos compostos por homens e mulheres que interagem com os membros das assembléias municipais e provinciais, em torno da efectivação de uma agenda de género. Principais atividades e resultados: · Promoção de encontros de sensibilização com os partidos políticos com o objectivo de influenciar a integração de mais mulheres nos processos eleitorais dentro dos partidos; · Realização de um Simpósio internacional sobre participação política da mulher com cerca de 500 participantes dentre os quais, mulheres membros das assembléias municipais e provinciais e grupos de base dos locais abrangidos pelo projecto; · Produção e divulgação a escala nacional e internacional de um documentário áudio visual sobre participação Política das mulheres; · Facilitação de encontros de consulta, auscultação e diálogo entre as mulheres membros assembléias municipais e provinciais abrangidas pelo projecto e seus respectivos grupos de base; · Encontros de troca de experiência entre os membros de grupo de base em Lichinga e entre os membros das AM e AP em Cabo Delgado; · Realização de debates televisivos sobre género e participação politica em Maputo e Cabo Delgado; · O projecto providenciou assistência técnica e temática aos grupos de base nos 13 municípios abrangidos pelo projecto; · O projecto mulheres na Política apoiou a realização da IV reunião nacional da Frente Feminina do Parlamento Juvenil, num evento em que participaram cerca de 300 representantes das associações juvenis de todo o país e foram discutidos os principais problemas que afectam as mulheres, em particular as jovens. 10 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE O simpósio internacional sobre participação política das mulheres constituiu um marco importante no debate sobre a relevância da participação política das mulheres. Neste fórum foram discutidos vários temas com destaque para a questão da participação e inclusão das mulheres nos espaços e cargos de tomada de decisão. Neste evento tomaram parte dos painéis de discussão, as mulheres beneficiárias do Programa Mulher na política das 3 províncias onde transmitiram suas experiencias em torno do trabalho de defesa dos direitos humanos das mulheres e promoção da participação política das mulheres. Foi igualmente, um momento para partilhar experiencias sobre a sua acção politica e como, influenciam nas agendas do governo de modo a incluir nos seus planos assuntos específicos das mulheres. O evento culminou com a realização de uma marcha pelas artérias da cidade que contou com cerca de 500 participantes. Como acções de seguimento as mulheres concordaram em continuar a desenvolver acções de sensibilização para que as mulheres pudessem participar efectivamente nos espaços de tomada de decisão. A Divulgação do manifesto e agenda política das mulheres constituiu um instrumento de sensibilização e influência das mulheres no contexto das eleições municipais de 2013, uma vez que o mesmo foi amplamente disseminado e discutido com as lideranças dos principais partidos políticos, com o objetivo de apoiar uma maior e mais activa participação das mulheres na vida política. Por sua vez, o documentário áudio visual sobre participação política das Mulheres contribuiu em grande medida para a visibilidade do projecto e acima de tudo para o fortalecimento das vozes e acções das mulheres nos espaços de tomada de decisão. 5.3 Programa de Acesso à Informação (AI) Programa Acesso à Informação O Programa de Reforço da Governação Democrática e da Prestação de Contas através de um maior Acesso à Informação em Moçambique, ou simplesmente Programa Acesso à Informação (AI), é uma das quatro componentes do Programa de Acções para uma Governação Inclusiva e Responsável (AGIR), que possui, para além da componente AI, três outras componentes, designadamente Responsabilização Social e Prestação de Contas, Responsabilização Legal e Direitos Humanos e Terra e Recursos Naturais, geridas, respectivamente, pela Oxfam Novib, Diakonia e We Effect (antigo Centro Cooperativo Sueco). O AI, cuja implementação iniciou em Maio de 2010, terminando, a sua primeira fase, a 31 de Dezembro de 2014, tem como objectivos: Objectivo Geral: · Cidadãos activos e uma sociedade civil vigorosa e activa participam no processo democrático e influenciam este processo, contribuindo para uma governação mais responsável, um aprofundamento da democracia, a igualdade de género e os direitos humanos em Moçambique. Objectivos Específicos: · Objectivos Temáticos 1. Os cidadãos são capacitados para exigir prestação de contas aos organismos públicos; 2. Os cidadãos em todo o Moçambique têm acesso a informação de qualidade de uma pluralidade de meios de comunicação; 3. O direito dos cidadãos à informação pública é respeitado e apoiado por um quadro legal sólido; 4. A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são sistematicamente defendidas pelos organismos públicos. Relatorio Annual 2013 11 IBIS MOCAMBIQUE Objectivos de Desenvolvimento das Organizações da Sociedade Civil 1. As OSCs são democráticas, representativas, bem dirigidas e geridas, e são consideradas legítimas pelos seus membros e pelas suas bases; 2. As OSCs são organizações eficazes, criativas, dinâmicas, trabalhando em rede e em constante aprendizagem, cada vez com maior capacidade de levar a bom termo a sua missão programática a vários níveis e entre esses níveis; 3. As OSCs beneficiam de um maior alinhamento e da aplicação de princípios de boas práticas dos doadores. Principais actividades e resultados O AI levou a cabo, durante o ano de 2013, inúmeras actividades viradas essencialmente às 17 organizações da sociedade civil com que mantém ou Acordos de Parceria ou Memoranduns de Entendimentos, designadamente AMCS, FORCOM, CESC, ACDH, CEC, CODD, IESE, CESAB, CAICC, OAM, KUKUMBI, GDI, SNJ, MISA, Teatro do Oprimido, AMMO e AMJJ. Além de organizações na sociedade civil como tais, o AI manteve relações de parceria estratégica com o Ministério da Função Pública, com o Ministério da Educação – mais concretamente com as suas direcções da Cidade de Maputo e da Cidade de Lichinga – com a Comissão de Administração Pública, Poder Local e Comunicação Social (da Assembleia da República), com a Escola de Jornalismo de Moçambique, bem assim com a University of the Witwatersrand e com a Rhodes University, ambas da vizinha África do Sul. Apresenta-se, nas linhas que se seguem, o essencial do efectivado em cada um dos objectivos temáticos e ao nível de cada objectivo de desenvolvimento da sociedade civil, designadamente na perspectiva de resultados: Ao nível dos Objectivos Temáticos (OT): OT 1: Os cidadãos são capacitados para exigir prestação de contas aos organismos públicos · · Realizados, ao nível das 11 capitais provinciais (incluindo a Cidade de Maputo), debates públicos sobre temas como participação política, acesso à informação como direito fundamental, eleições e cidadania, etc., com o que os cidadãos participantes elevaram os seus níveis de consciência quanto aos seus direitos enquanto partes dum Estado de Direito Democrático. Tomarão parte destes debates cerca de 550 pessoas, de entre jornalistas, funcionários públicos, magistrados [judiciais e do Ministério Público], estudantes e docentes, activistas da sociedade civil, etc. Capacitados, em Maputo e Niassa, cerca de 300 agentes de mudança em temáticas como monitoria governativa, participação política, monitoria governativa e prestação de contas, como forma de os mesmos estarem preparados para, ao nível das suas comunidades, participarem como dinamizadores do engajamento popular na gestão da coisa pública, com incidência para o sector da educação. OT 2: Os cidadãos em todo o país têm acesso à informação de qualidade de uma pluralidade de meios de comunicação · 12 Vinte e cinco profissionais da comunicação social treinados, pela Escola de Jornalismo da University of the Witwatersrand, em Reportagem Política e Eleitoral, para que se vissem cada vez mais preparados para a cobertura do processo eleitoral, com estrito respeito dos Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE princípios éticos e deontológicos da profissão de jornalista, nos termos dos usos, da Constituição da República, da Lei de Imprensa, do Código de Ética e Deontologia do Jornalista Moçambicano e do Código de Conduta para a Cobertura Mediática de Eleições; · Instalado um Observatório de Imprensa, por via do qual foi efectuada monitoria mediática à cobertura eleitoral com base no Código de Conduta para a Cobertura Eleitoral, como forma de melhor se planificar e influenciar a qualidade informativa, com o fito de tornar disponível ao cidadão conteúdos elaborados com os mais elevados padrões de rigor profissional; · Facilitada a participação de 14 pessoas (jornalistas, assessores da Assembleia da República e activistas da sociedade civil) na Conferência Africana sobre Cidadania, Media e Democracia, anualmente promovida na África do Sul pela Rhodes University. OT 3: O direito dos cidadãos à informação pública é respeitado e apoiado por um quadro legal sólido · Terminado, em parceria com a Assembleia da República, o processo de actualização da proposta [de 2005] da Lei de Direito à Informação, como base nos princípios universais e nos ditames de transparência governativa, nos termos previstos, de entre outros, na Lei Modelo da União Africana sobre Direito à Informação, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos; · Assembleia da República compromete-se, publicamente (em Concerto Temático sobre Direito à Informação), como estando a desenvolver um trabalho legislativo visando a aprovação da Lei de Direito à Informação, documento que, embora estivesse, pela primeira vez, na agenda dos trabalhos da AR, à última hora não foi considerado para discussão e aprovação, por motivos de força maior. No referido Concerto Temático, realizado na Cidade de Maputo, que foi corporizado, além de músicas, por manifestações cívico-culturais, participaram pouco mais de 1.000 pesoas. OT 4: A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são sistematicamente defendidas pelos organismos públicos · Realizado um simpósio entre parceiros da sociedade civil e o Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), no qual foram abordadas questões atinentes à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão como direitos fundamentais dos jornalistas, media e cidadãos e como ingredientes essenciais do Estado de Direito Democrático. Pouco mais de 80 pessoas (jornalistas, conselheiros do CSCS, políticos, funcionários públicos, estudantes e docentes de jornalismo, activistas da sociedade civil, etc.) participaram no evento; Facilitado, no contexto do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e de Expressão, o envolvimento do Ministério dos Transportes e Comunicações na concertação de esforços visando a não-limitação do direito à informação em virtude da Migração Digital, cujo switch-off universal [Moçambique incluso] ao nível do meio televisão está previsto para Junho de 2015. Sessenta pessoas (jornalistas, governantes, elementos da sociedade civil, · empresários de comunicação, estudantes, etc.), incluindo um convidado da África do Sul e outro do Zimbabwe, tomarão parte do evento; Relatorio Annual 2013 13 IBIS MOCAMBIQUE · Realizados encontros de sensibilização com alguns governadores provinciais, administradores distritais e presidentes de municípios, para que se respeite o trabalho das Rádios Comunitárias entanto que plataformas democráticas a nível local, reconhecendo-se-lhes autonomia na sua actuação, mas sempre nos termos da Constituição da República e das leis em vigor no ordenamento jurídico moçambicano. Ao nível dos Objectivos de Desenvolvimento da Sociedade Civil (ODSC) ODSC 5: As OSCs são democráticas, representativas, bem dirigidas e geridas, e são consideradas legítimas pelos seus membros e pelas suas bases · Realizadas cinco acções de capacitação – (i) Comunicação, Advocacia e Angariação de Fundos, (ii) Gestão Baseada em Resultados e Monitoria e Documentação, (iii) Gestão AdministrativoFinanceira, (iv) Integração de Questões de Género nos Planos de Actividade, e (v) Papel dos Órgãos Sociais na Boa Governação Interna das Organizações da Sociedade Civil – para cerca de 100 pessoas (de entre trabalhadores e membros) de organizações da sociedade civil parceiras na IBIS; · Realizadas, pelas organizações parceiras, Assembleias Gerais Anuais para efeitos de balanço das actividades do ano precedente, aprovação de planos para o ano seguinte [2014] e chanceladas estratégias sobre como agilizar a elaboração e aplicação de políticas e/ou instrumentos internos de boa governação. ODSC 6: As OSCs são organizações eficazes, criativas, dinâmicas, trabalhando em rede e em constante aprendizagem, cada vez com maior capacidade de levar a bom termo a sua missão programática a vários níveis e entre esses níveis · Providenciada, às organizações parceiras, capacitação avançada sobre Comunicação e Gestão de Planos de Advocacia, o que lhes permitiu trabalhar de forma mais coordenada nas acções visando a sua influência ao processo de agendamento e aprovação da Lei sobre o Direito à Informação; · Levadas a cabo, pelas organizações parceiras, inúmeras actividades conjuntas (Concerto Temático, celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebração do Dia Mundial dos Direitos Humanos, etc.) visando a promoção do Estado de Direito Democrático, com incidência, de entre outros, no direito à informação como elemento basilar da cidadania. ODSC 7: As OSCs beneficiam de um maior alinhamento e da aplicação de princípios de boas práticas dos doadores · Parceiros comuns [OAM, CESC, CAICC, CDH, GDI] de pelo menos um dos parceiros financeiros [MASC] das organizações integradas no AI elaborando planos, orçamentos e relatórios consolidados de actividades e de auditoria financeira; · Realizada, em parceria com outros doadores e/ou mecanismos [intermediárias do AGIR, MASC, FHI], o Terceiro Intercâmbio de Desenvolvimento Profissional, no qual foram partilhadas boas práticas de gestão administrativo-financeira e programática, bem como desenvolvimento organizacional. 14 Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE Como parte das acções desenvolvidas, uma nata de jornalistas seniores moçambicanos beneficiou de treinamento avançado em Jornalismo Eleitoral, com a missão de usarem os ensinamentos não só no seu trabalhando, mas também no treinamento de jornalistas das suas redacções que estejam em início de carreira. Por iniciativa do Ministério da Função Pública, o AI suporta, desde 2012, o Prémio de Jornalismo em Administração Pública e Acesso à Informação, que tem como finalidade a promoção da qualidade do serviço público, com base em indicadores como transparência, qualidade, prestação de contas e boa governação; Em parceria com a Assembleia da República, a proposta de Lei de Direito à Informação foi actualizada em linha com os contributos gerados por debates públicos à escala nacional, e em conformidade com a Lei Modelo da União Africana sobre o Direito à Informação. Com isso, Moçambique está muito próximo de ter uma Lei de Direito à Informação, com o que mostará o seu acérrimo comprometimento com a consolidação da democracia, que, nos termos da Resolução 59 da Assembleia Geral da ONU, tem no assento à informação a sua “pedra angular”; Estabelecida, com o Ministério dos Transportes e Comunicações, relação de colaboração no tocante à Migração Digital, com o que todas as partes interessadas contribuirão para que, com o aproximar do prazo para a mudança efectiva da plataforma analógica para a digital –Junho de 2015 – o acesso à informação através do acesso aos conteúdos televisivos não seja prejudicado. Relatorio Annual 2013 15 IBIS MOCAMBIQUE 6. Centro de Desenvolvimento e Sociedade Civil (CEDESC) O CEDESC (Centro de Desenvolvimento e Sociedade Civil) está localizado em Quelimane e é um centro do apoio da IBIS às organizações parceiras e outras OSC's ao nível provincial. Trata-se de um espaço central para a capacitação das organizações parceiras, realização de debates públicos e realização de estudos. No centro, está criado um ambiente propício para um apoio abrangente à sociedade civil local e outros interessados sendo combinados diversas componentes de apoio técnico e assistência financeira, com sólidos esforços de facilitação, aconselhamento directo e coaching, com o fim último de contribuir para o melhoramento das políticas públicas da Educação e Governação. O CEDESC desempenhou um papel importante na implementação dos programas, uma vez tendo assumido o seu papel de espaço aberto e dinâmico que liga organizações da sociedade civil, instituições públicas e os diferentes grupos de interesse, tais como instituições acadêmicas para construir sinergias e colaborar em torno de assuntos de interesse comum. Destaque especial durante o período vai para a colaboração com a Universidade Pedagógica, na realização de uma pesquisa sobre o absentismo dos professores na Zambezia, bem como na organização de sessões de formação para a participação das mulheres e influência política. Durante o período em análise, a biblioteca CEDESC foi equipada com diversos materiais que abrangem temas de interesse para a sociedade civil (educação, cidadania, governação, comunicação e assuntos relacionados), como forma de criação de conhecimento e capacidade analítica para os usuários do centro. Principais atividades e resultados Durante 2013, foram capacitadas 319 pessoas, de entre as quais 106 mulheres sobre · gestão financeira, associativismo, género, informática, gestão baseada em resultados, advocacia, leitura e escrita, etc; 16 · 105 agentes de mudança, dos quais 60 mulheres foram capacitados sobre o seu papel e influência na governação local; · Foi realizada uma pesquisa sobre o absentismo dos professores nas escolas primárias e um estudo de base para o programa PROCIMU, o qual vai prover informação sobre o estágio actual da participação das comunidades no processo de governação participativa; · Foram realizados 7 debates em que participaram aproximadamente 570 pessoas. Os temas dos debates foram qualidade de educação, género e desenvolvimento, participação da juventude em processos de tomada de decisão, fraca aderência de jovens nos postos de recenseamento eleitoral, participação política de mulheres e jovens na governação, absentismo dos professores. Relatorio Annual 2013 IBIS MOCAMBIQUE 7. PARCERIAS Durante o ano 2013, a IBIS Moçambique implementou as actividades com um total de 30 parceiros, os quais beneficiaram de diversas capacitações, em função das sua necessidades de formação, visando o seu desenvolvimento institucional e organizacional. A tabela a seguir apresenta os parceiros com os quais a IBIS trabalhou ao longo do ano 2013 por área geográfica de actuação: PARCEIROS DA IBIS - 2012 Parceiro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Associação do concelhos de Escola de Alto Molocué- ACEAM Instituto de Formação de Professores Alto Molócue - IFPAM Instituto de Formação de Professores de Quelimane - IFPQ Instituto de Formação de Professores de Matola - IFPM Liga dos Direitos da Criança - LDC Associação Centro Juvenil Padre Deon Rede de Organizações para Ambiente e Desenvolvimento Comunitário sustentável da Zambézia - RADEZA Apoio ao Desenvolvimento NANA Movimento Para a CidadaniaKUTCHELE 10 Parlamento Juvenil 11 12 Centro de Integridade Pública CIP Assembleia Provincial da Zambézia - APZ 13 Forum Mulher Associação Moçambicana de 14 Mulheres na Comunicação Social - AMCS Fórum Nacional de Rádios 15 Comunitárias - FORCOM CESC- Centro de Aprendizagem e 16 Capacitação da Sociedade Civil Área Geográfica de Actuação Programa Temático Alto Molócué Educação Alto Molócué Educação Quelimane Educação Maputo Educação Maputo Educação Alto Molocué Educação Alto Molocué Educação Alto Molocué Educação Lichinga Cidadania Nacional Cidadania Nacional Cidadania Zambézia Cidadania Nacional Cidadania Nacional Cidadania Nacional Acesso à Informação Maputo e Zambézia, Gaza Acesso à Informação Tipo de Apoio Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Relatorio Annual 2013 17 IBIS MOCAMBIQUE PARCEIROS DA IBIS - 2012 17 Parceiro Associação Centro de Direitos Humanos - ACDH Centro de Estudos Inter-Disciplinares de Comunicação - CEC Centro de Pesquisa em Democracia, Direitos Humanos e Meio Ambiente -CODD Centro de Apoio à Informação e Comunicação Comunitária CAICC Ordem dos Advogados de Moçambique - OAM Instituto de Estudos Sociais e Económicos –IESE Instituto de Governação e Democracia - GDI Associação de Desenvolvimento Rural - KUKUMBI Associação Moçambicana de Jornalismo Judiciário - AMJJ Sindicato Nacional de Jornalistas -SNJ Centro de Integridade Pública CIP 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Grupo Teatro do Oprimido- GTO Instituto de Comunicação Social 30 da África Austral- MISA3 Ministério da Função Pública - MFP3 Fórum Nacional de Rádios Comunitárias - FORCOM CESC- Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil 31 32 33 18 Relatorio Annual 2013 Área Geográfica de Actuação Programa Temático Maputo e Zambézia, Gaza Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Financeiro e Técnico Nacional Acesso à Informação Financeiro e Técnico Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Maputo Acesso à Informação Zambézia Acesso à Informação Maputo Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Maputo Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Nacional Acesso à Informação Tipo de Apoio Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico Financeiro e Técnico IBIS MOCAMBIQUE 7. DESAFIOS E RECOMENDAÇÕES O atraso na implementação do programa da educação devido as chuvas que cairam durante o primeiro trimestre de 2013, na Zambezia, constituiu uma limitante para o alcance com sucesso dos programas planificados. No entanto, esforcos foram feitos para colmatar as lacunas existentes. Persistem alguns desafios na comunicação entre a IBIS, as OSC's e os governos locais, particularmente no distrito de Alto Molocue, o que muitas vezes constitui uma entrave para a execucao, com sucesso, das actividades. Por isso, ha necessidade de um diálogo contínuo, consistente e estruturado entre as organizações não-governamentais internacionais e os governos provinciais/distritais por um lado e entre o Governo, as organizações locais e sector privado a vários níveis, por outro lado, o que se assume como determinante chave para uma maior efectividade das intervenções das organizações cívicas no desenvolvimento local. Os programas da IBIS deverão continuar a alargar cada vez mais o trabalho de advocacia em rede dos parceiros, propiciando mais e melhores oportinidades para ligações verticais entre organizações que operam ao nível local com as que operam a nível nacional para que a sua voz seja capaz de influenciar as políticas governamentais em prol de um desenvolvimento sustentável das camadas mais vulneráveis. A IBIS devera trabalhar na documentação e divulgação das boas práticas e dos resultados dos programas da IBIS como forma de dar maior visibilidade às suas intervenções e deixar um legado aos parceiros de implementação para intervenções futuras. Maputo, aos 28 de Março de 2013. Anne Catharina Hoff (Directora Nacional da IBIS Moçambique) IBIS IS A MEMBER OF A iance 2015 towards the eradication of poverty Relatorio Annual 2013 19