BSC - CORRECAO 05-11-15
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BSC - CORRECAO 05-11-15
AUTOMAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DE UMA MÁQUINA DE FRALDAS MANUAL Automation of the production process of a manual diaper machine MEDINA, Josilane Oliveira Faculdade Max Planck CAMARGO, Jéssica Vitória Zerbine Faculdade Max Planck Resumo: Ao longo dos anos a demanda de fraldas descartáveis utilizada pela população carente do município de Indaiatuba teve crescimento além do ofertado pelas entidades assistenciais causando sobrecarga nas doações feitas pelas mesmas. Diante do exposto, a escolha do tema se deu devido ao alto crescimento da necessidade do produto e baixa produtividade de fraldas atualmente fabricadas manualmente na Instituição doadora. No projeto, desenvolveu-se um sistema automático de produção adaptado a uma máquina de fraldas descartáveis que se caracteriza por utilizar como base os princípios da pneumática, a fim de contribuir no aumento da fabricação e doação de fraldas da Instituição para entidades assistenciais à população carente. Para desenvolvimento do sistema e contribuição da modelagem, utilizou-se o software Fluidsim. O projeto possibilitou o aumento produtivo da máquina atualmente manual em tempo de fabricação, aumento de segurança do operador e redução de mão de obra. Os resultados obtidos foi projeção de uma máquina de fraldas rápida, segura e mais eficiente, sendo base para pesquisas futuras de modelos diferenciados de fraldas ou mesmo de controles e acionamento por comandos eletrônicos. Palavras-chaves: Pneumática, Atuadores pneumáticos, Máquina de fraldas. Abstract: Over the years the demand for disposable diapers used by the poor population in the city of Indaiatuba, grew beyond the offered by charities institutions and that caused overload on donations made by them. Therefore, the choice of the theme was made based by the high growth of need of the product and the low productivity of diapers currently manually manufactured in the donor institution. In the project, was developed an automatic system of production adapted to a disposable diaper machine which is characterized by using as a basis the principles of pneumatic, to contribute to increased the manufacturing and donation of diapers of Pág. 076 charities institutions for poor population. For the system development and modeling contribution, was used the FluidSIM software. The project enabled the production increase of the machine, that is currently manual, in manufacturing time, increase the operator safety and manpower reduction. The results reached was the projection of a diaper machine faster, safer and more efficient, being the basis for future research of different models of diapers or even controls and drive with electronic commands. Keywords: Pneumatic, pneumatic actuators, diaper machine. INTRODUÇÃO Atualmente a necessidade de doações de fraldas descartáveis para entidades assistenciais no município de Indaiatuba vem crescendo. Isso se deve a demanda da população carente atendida por essas entidades e a baixa ajuda vinda de órgãos governamentais. Essas doações que em sua maioria vem de empresas e particulares, não são suficiente para atender a demanda do município que chega a sessenta mil fraldas por mês – entre infantil e geriátrica – dado informado pela Federação das Entidades Assistenciais de Indaiatuba (FEAI). Diversas empresas no mercado, como a Rimaq ou Compacta Print, hoje produzem e vendem máquinas simples e manuais que fabricam fraldas descartáveis a baixo custo e produção de cerca de seis fraldas/minuto, mais o tempo de corte, dobragem e embalagem, sendo que seus maiores clientes são pessoas informais, porém essas máquinas demandam de muita mão de obra em seus processos e sua qualidade não se iguala as produzidas em larga escala de fabricantes populares do mercado. A produção de fraldas descartáveis para atendimento das necessidades das entidades assistências do município de Indaiatuba hoje é fator não existente na cidade. Não foi encontrado projetos governamentais ou de ONGs (Organizações Não Governamentais) que buscam amenizar ou mesmo resolver esse problema enfrentado pelas entidades e que ajudaria a população carente desse recurso, sendo tão necessária a higiene e saúde corporal dos usuários desse produto. Esse projeto tem como objetivo a adaptação e automatização de uma máquina de fraldas manual existente no mercado, reduzindo em seu processo fabril a manipulação humana, implantando processos mecânicos e pneumáticos no corte de encaixe das pernas e separação individual do produto, com sistemas Pág. 077 automatizados monitorados por sensores, a fim de produzir quantidades suficientes para atendimento da demanda das entidades, mantendo a higienização do processo e produto, reduzindo mão de obra e contaminantes, ao mesmo tempo produzir com qualidade similar aos produtos existentes no mercado. OBJETIVO GERAL A partir da máquina atualmente localizada na fábrica de fraldas da Faculdade Max Planck, utilizada na fabricação de fraldas descartáveis que são doadas ao município de Indaiatuba o projeto parte da implantação de um sistema que será adicionado à máquina de fralda. Esse sistema automatizado, baseado nos princípios da mecânica, elétrica, dinâmica e pneumática, utilizará de motor elétrico, atuadores pneumáticos e sensores para aumentar a produção da máquina em mais de 100%, melhorar qualidade e higienização do produto acabado, além da segurança do operador. AUTOMAÇÃO O termo automação provém do latim “Automatus”, que significa mover-se por si, sendo a automação como uma aplicação de técnicas envolvendo equipamentos eletrônicos ou mecânicos que controlam seu próprio funcionamento quase sem a intervenção de mãos humanas em qualquer processo, diminuindo os custos e aumentando a velocidade da produção. Automação industrial é a aplicação das técnicas de automação no processo industrial, com o objetivo de aumentar a sua eficiência, maximizar a produção com o menor consumo de energia e/ou matérias primas, menor emissão de resíduos de qualquer espécie, melhores condições de segurança, seja material, humana ou das informações referentes a esse processo e maior qualidade do produto final. HISTÓRIA DA AUTOMAÇÃO A Revolução Industrial divide a história das civilizações em duas épocas distintas: Pré-revolução onde a economia evoluía muito lentamente e Pós-revolução, a evolução tecnológica passou a mover a vida econômica (MAGNOLI & ARAÚJO, 2004). A necessidade de produzir mais e melhor a partir da segunda metade do século XVIII levou à Revolução Industrial, sendo grande marco da substituição do trabalho Pág. 078 braçal por máquinas que executavam a mesma tarefa com maior eficiência e qualidade, acelerando o processo de transformação e desenvolvimento de tecnologias. A História da Automação Industrial está ligada diretamente a Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Técnico-Científica Informacional que se iniciou em meados da década de 40 logo após a Segunda Guerra Mundial, correspondendo ao processo de inovações no campo da informática e suas aplicações nos campos da produção e do consumo. Este processo de inovações teve a liderança dos Estados Unidos, que se tornou a grande potência econômica deste período (VASQUES, 2010). Essa implantação de tecnologia inovadora no chão de fábrica, colocando controles eletrônicos, sensores e dispositivos capazes de gerenciar uma grande quantidade de variáveis de produção, permitiu a tomada de decisões de controle de dispositivos de forma autônoma, tendo como resultado a elevação da qualidade dos produtos, o aumento da produção, a gestão dos custos e a melhoria da segurança na produção, tanto processual, quanto operacional. INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL A Industrialização no Brasil não ocorreu de forma nacional, o Brasil com suas dimensões continentais e falta de estrutura de transportes e produção de matéria prima, acabou concentrando o crescimento de suas indústrias na Região Sudeste, perto dos portos e aeroportos mais importantes do país e de onde poderia ser escoada a produção para o mercado nacional e internacional. A indústria no Brasil iniciou empregando pouca tecnologia com atuação na indústria têxtil, alimentícia, fábrica de sabão e velas. A industrialização do país viria a se intensificar a medida que a população dos grandes centros aumentava e o surgimento da produção de bens de consumo para atender a crescente demanda. Esse aumento foi forçado principalmente pela queda na produção do café causando o movimento migratório do homem do campo para a cidade, somando-se a eles imigrantes da Europa pós-guerra que vieram em busca de novas oportunidades, trazendo com eles novas práticas e técnicas de produção somando alemães, italianos e espanhóis a força de crescimento trazendo o conhecimento necessário para o fortalecimento dos processos produtivos. Pág. 079 Na segunda metade do século XX é que ocorreu a instalação de indústrias multinacionais que atuavam principalmente no segmento automobilístico, químico, eletroeletrônico e farmacêutico, a partir de então o Brasil entrou definitivamente no processo de industrialização deixando de lado a tendência de país produtor primário para o modelo de estado industrial e com grandes centros urbanos. AUTOMAÇÃO DA LINHA DE PRODUÇÃO Atualmente as linhas de produção visam uma operação mais rápida e com um menor custo de produção, seja com mão de obra, desperdício de matéria-prima e manutenção de equipamentos, garantindo assim um produto mais barato e um maior lucro, tornando os produtos mais competitivos no mercado. A automação permite que hoje os processos se tornem mais seguros, impossibilitando que os operadores façam intervenções aos equipamentos em funcionamento, através do uso de sensores e relés. Além de segurança temos um aumento significativo na qualidade dos produtos, pois não dependemos mais de mão de obra humana, passiva de erros e sim de equipamentos, quando em bom estado trabalham precisamente e por um longo período. Um exemplo atual é uma linha de produção de médio porte convencional, com uma velocidade de produção de aproximadamente trezentos frascos por minuto, opera com quatro colaboradores, para garantir que os equipamentos estejam operando de forma correta, para realizar o abastecimento de matéria-prima e garantir a qualidade do produto (fonte: UNILEVER – Vinhedo/SP). FUTURO DA AUTOMAÇÃO DA LINHA DE PRODUÇÃO De acordo com Dr. Hajime Yamashina, Professor Emeritus, da Kyoto University e um dos principais disseminadores de WCM – World Class Manufacturing1 no mundo, a visão de um futuro não distante é de linhas de produção, totalmente automatizada e robotizada, desde o abastecimento de matérias primas, processo produtivo, ao controle de qualidade (qualidade simultânea 1 World Class Manufacturing é um conjunto de conceitos, de princípios e de técnicas para a gestão dos processos operativos de uma empresa. O primeiro registro do termo foi feito por Richard Schonberger, responsável pela introdução de diversas técnicas de produção nipônicas, como o just-in-time, nos Estados Unidos. Contudo, como sistema estruturado de gestão metodológico que o conhecemos e inicialmente formatado para o Grupo Fiat, sua criação se deve inteiramente ao Dr. Hajime Yamashina. Pág. 080 ao processo), não tendo mais que ser analisado por lotes eliminando retrabalhos, a limpeza da área de produção e a eliminação de ruídos hoje gerados pelos equipamentos, terá apenas um colaborador supervisionando o trabalho das máquinas, para evitar quais quer desvios. Sem contar em um time enxuto de manutenção, onde não teremos mais quebras de equipamentos e sim manutenção preventiva. Com isso podemos diminuir em torno de 80% da equipe de manutenção. (YAMASHINA, 2013). Toda essa mudança Industrial se deve a evolução e a diminuição dos preços dos computadores de altas tecnologias, por exemplo, em 1985 o computador mais rápido do mundo era o Cray-2 que custava 30 milhões de dólares e hoje um iPad tem capacidade de processamento superior a ele. Em média o preço dos sensores utilizados em aparelhos eletrônicos caiu 85% na última década. (EXAME, 2014). Outra característica importante é a utilização de ferramentas e arquivos digitais, onde podemos prever erros e corrigi-los antes mesmos que aconteçam e gerar um banco dados para projetos futuros. (EXAME, 2014). A exemplo das indústrias automobilísticas a modernização de processos diminui o tempo para a elaboração dos novos projetos em torno de 50% e também diminui o tempo de montagem em torno de 25%, sendo um ganho maior para produção final. Henning Kagermann, diretor da Academia Alemã de Ciência e Engenharia afirma que em uma fábrica inteligente, toda a linha de montagem conversa (comunicação) de forma simultânea com o processo de fabricação, assim como unidades de diferentes lugares trocam informações entre si, como estoque e compras. Há uma comunicação eficiente e natural, como pessoas em uma rede social. (EXAME, 2014). O PRODUTO: HISTÓRIA E NECESSIDADE Fralda é um insumo de utilização íntima, para armazenar as necessidades fisiológicas não controladas pelos pacientes ou crianças de idade abaixo de dois anos. Dessa forma, os idosos, crianças ou pessoas com distúrbios intestinais que tenham problemas em controlar as suas necessidades fisiológicas necessitam utilizá-las diariamente (ALVES, 2013). A necessidade da fralda é tão antiga quanto à história da própria humanidade. Existem relatos Egípcios, Astecas e Romanos que falam sobre as roupas utilizadas Pág. 081 na antiguidade, desde o uso de folhas e peles de animais. Tudo isso aconteceu, porque o homem sempre sentiu necessidades e buscou satisfazê-las. Os problemas com as assaduras nos bebês nos acompanham ao longo dos séculos. Na antiguidade, as fraldas eram usadas por vários dias. Na época dos pioneiros do oeste americano, as fraldas molhadas raramente eram lavadas, apenas eram secadas em chaminés para depois serem utilizadas novamente. Os esquimós do Alaska usavam peles de animais recheadas de musgo. Os nativos americanos usavam peles de coelhos recheadas com pasto e capim. Os Armênios usavam um pano recheado com uma areia fina (LAUTERBACH, 2008). A evolução começou quando se passou a estudar e entender as bactérias, os vírus e os fungos. No início do século XX, as mães começaram a usar água fervida para lavar as fraldas. Durante a Segunda Guerra Mundial, os países desenvolvidos requisitaram os serviços das mulheres para auxiliar nos serviços de munições e artigos de guerra, então, surgiu o serviço de “lavagem de fraldas”, assim as mães podiam receber suas fraldas fresquinhas após um longo dia de trabalho fabricando aviões, tanques e artigos de guerra. HISTÓRIA DA FRALDA DESCARTÁVEL Em meados dos anos 40, nos EUA, uma dona de casa de Westpot chamada Marion Donovan inventou uma capa impermeável para proteger a fralda de pano da saída de líquidos. Esta capa era feita dos restos de cortinas de banheiro e no seu interior se colocava a fralda convencional de pano. Em 1947, George Schroder, foi contratado pela empresa Cia Henry Frede & CO para criar a primeira fralda usando telas não tecidas, porém nessa época era um artigo luxuoso e somente usada em ocasiões especiais e por pessoas da alta sociedade (LAUTERBACH, 2008). A primeira fralda industrializada foi fabricada usando-se um desenho retangular e em seu núcleo eram colocadas várias camadas de papel tissue2 de 15 a 25 folhas e eram envolvidas por uma película plástica. No final da década de 50 foi que Victor Mills – Engenheiro Químico, que trabalhava para a Procter & Gamble 2 Papel Tissue é usado na industrialização de papéis sanitários. Pág. 082 (P&G)3, pensando no conforto de seu neto, reformulou o desenho e deu o nome de “Pampers” que significa mimar, aconchegar. Nos anos 60 o núcleo de papel tissue foi substituído por fibras de celulose e com isso as fraldas apresentaram uma grande melhoria no desempenho, porém eram grossas, pois tinham que evitar o vazamento (LAUTERBACH, 2008). No Brasil, as primeiras fraldas descartáveis chegaram em 1975 pelas mãos da Johnson & Johnson e com o passar do tempo e os avanços da tecnologia houvese a necessidade da modernização do produto como barreiras laterais que reduzia vazamentos e pernas anatômicas com elásticos. Nos anos 90 apareceram novas características agregando conforto como maciez e resistência com barreiras fecais; fitas laterais com fechamento mecânico “velcro”; aromatizantes de aloe vera e camomila; indicadores de umidade; protetores contra germes (LAUTERBACH, 2008). A IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA A população mais carente da cidade de Indaiatuba, Estado de São Paulo tem enfrentado diversas dificuldades no que se refere a insumo de necessidade básica de saúde. Muitas pessoas não conhecem seus próprios direitos ou mesmo sabem a disponibilidade que as entidades assistenciais do município têm para atendimento dessas necessidades. Atualmente a procura pelas fraldas descartáveis nas entidades assistenciais no município de Indaiatuba vem crescendo. Isso se deve a necessidade da população carente atendida por essas entidades e a baixa ajuda vinda de órgãos governamentais que não tem em suas medidas de apoio o fornecimento desse tipo de produto que em muitos casos são de extrema necessidade para condições de saúde. Em dados extraoficiais fornecidos pela Assistente Social Adelita Bastos de Fraia da Federação das Entidades Assistenciais de Indaiatuba (FEAI) ̶ o município hoje demanda de aproximadamente sessenta mil fraldas por mês entre infantil e geriátrica para atender a população e essa demanda em parte já é assistenciada pelas entidades do município, não sendo informado a possibilidade desse número ainda ter aumento nos próximos anos. 3 P & G atual produtora das fraldas descartáveis Pampers e absorventes femininos Always. Pág. 083 O Município de Indaiatuba atualmente possui cerca de vinte e três entidades regulamentadas na FEAI e que recebem ajuda e doações para apoio a famílias carentes, porém apenas onze são realmente dedicadas a crianças menores de dois anos, idosos ou pessoas com deficiência ou doenças que necessitam desse tipo de produto para sua higiene básica. Nessas entidades são realizados projetos sociais muitas vezes com ajuda da população, arrecadação de doações e em alguns casos tem ajuda de Secretarias Municipais e que através desses projetos gera-se recursos para administrar as obras sociais. Um trabalho atualmente realizado pelo Fundo Social de Solidariedade (FUNSSOL) ̶ entidade que desempenha o papel de animador e articulador de ações sociais que visa soluções de problemas coletivos com parceria da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, atua diretamente na necessidade de fraldas geriátricas no município. De acordo com a assistente social da FUNSSOL Ana Beatriz V. de Lara Campos, a entidade fornece aproximadamente 10.000 fraldas geriátricas por mês a população necessitada da cidade, porém essa produção é realizada diretamente na FUNSSOL com funcionários efetivos da prefeitura, mas que possuem idade avançada para trabalhos constantes, então a produção não é diária e sim conforme disponibilidade dos funcionários e também de material de insumo. Recentemente foi criado um projeto na Faculdade Max Planck em parceria com a FUNSSOL na implantação de uma pequena fábrica de fraldas geriátricas, utilizando uma máquina manual e executando o mesmo processo produtivo hoje usado na entidade. Essa iniciativa de parceria contribui para o aumento da produção mensal de fraldas que a FUNSSOL doa a população, pois tem o apoio dos alunos e colaboradores da Instituição de Ensino, uma vez que o material de fabricação vem da entidade e a Instituição auxilia com a mão de obra e espaço físico na produção das fraldas. O PROCESSO ATUAL No processo de fabricação de fralda geriátrica da máquina manual hoje existente na FUNSSOL e na fábrica instalada nas dependências da Faculdade Max Planck, utiliza as seguintes matérias primas: · Manta de polietileno gofrado (polietileno de baixa densidade), disponibilizado em rolos; · Manta de polipropileno filtrante, disponibilizada em rolos; Pág. 084 · Manta de polpa de celulose com gel absorvente; · Adesivo Hot Melt (cola) de secagem ultrarrápida, adquirido em barras; · Elástico 6 fios; · Fita adesiva reposicionável. Executando a fabricação nas seguintes etapas: 1º Etapa: Aquecimento do adesivo em 100°C, através de uma resistência ligada a um termostato e alimentada pela rede elétrica. 2° Etapa: Colocação do elástico, dividindo no tensionador três fios para cada lado da posição de absorvente; 3° Etapa: Sobre a manta plástica, essa é apoiada no suporte sob a máquina, e passada através de cilindros com roletes que aplica a cola derretida na posição do elástico fixando-os; 4º Etapa: É colocada a manta absorvente de celulose, manualmente sobre a manta plástica já com a cola aplicada e os elásticos. Em seguida os cilindros de união do material acionados por um motor 220 volts une as mantas de plástico e filtrante envolvendo a manta absorvente de celulose; 5º Etapa: É feita a medição do tamanho da fralda que está sendo produzida (P, M, G, EG), pelo tamanho da manta absorvente, sendo o espaçamento entre elas aproximadamente de 10 a 12 cm; 6º Etapa: Cortam-se as medidas das pernas conforme o molde de acordo com tamanho (processo manual); 7° Etapa: Cortam-se as fraldas, fazendo a separação individual (processo manual); 8º Etapa: Colocam-se as fitas adesivas reposicionáveis manualmente nas laterais que irão ser ajustadas à cintura do usuário; 9º Etapa: Dobra e embala em pacotes de 10 unidades. A produção de fraldas infantis se diferencia da geriátrica pelos tamanhos das mantas (plástica, filtrante e absorvente), sendo a máquina possível de adaptar para ambas, pois se modifica apenas a posição dos cilindros de saída e cilindro de aplicação da cola. Atualmente o processo fabril hoje existente na fábrica de fraldas da Faculdade Max Planck utiliza de mão de obra voluntária dos alunos e colaboradores que trabalham cerca de cinco horas semanais, gerando uma produção de 1000 fraldas geriátrica por mês. Pág. 085 O processo dispõe de muita mão de obra, pois a fabricação, o corte e a embalagem do produto são realizadas manualmente, além de demandar longo tempo para fabricação das fraldas, as mesmas ainda estão sujeitas a agentes contaminantes, devido seu manuseio. FLUXOGRAMA DO PROCESSO ATUAL Figura 1 - Desenho da máquina manual desenvolvido em software. Fonte: Modelagem atual da máquina de fraldas. Figura 2 - Desenho da Máquina atual em 3D. Fonte: Desenho em 3D no Solidworks. Pág. 086 Fonte: Fluxograma do processo produtivo da máquina manual. AUTOMAÇÃO DO PROCESSO A partir de componentes e materiais existentes no mercado foi possível estudar técnicas e processos que favoreceram a escolha da metodologia desse projeto, sendo simulado no Fluidsim Pneumática da Festo4 utilizando atuadores pneumáticos, temporizadores e válvulas solenoides para demonstrar o funcionamento do sistema. O projeto proposto é um complemento da máquina de fralda já existente na faculdade, sendo disposto em mesa auxiliar de metal para adaptação na mesa da máquina manual. O acionamento do sistema é realizado por um motor AC de 220 volts, sendo montado em série, alimentado pela rede elétrica e ligado no mesmo pedal de acionamento da máquina. Para o deslizamento das mantas (plástica e filtrante), o motor AC tem auxílio de roletes de nylon com função de tencionar as mantas, mantendo o material esticado para execução do corte. Na etapa de corte são utilizados atuadores pneumáticos, linear e rotativo alimentado por ar comprimido através de mangueiras e um compressor com filtro de ar. Esses atuadores, são montados em hastes com lâminas cortantes em sua extremidade que desenvolverá o trabalho de corte na fralda, tanto a parte de encaixe 4 Fluidsim Pneumática é uma ferramenta didática de simulação pneumática, desenvolvido pela multinacional alemã Festo Didactic GmbH & Co. KG e Art Systems Software GmbH em Paderborn, Alemanha. Pág. 087 das pernas do usuário (atuador rotativo), quanto a separação individual do produto (atuador linear). Fonte: Fluxograma do processo com etapas automatizadas. PNEUMÁTICA - VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA A Pneumática se caracteriza pelo estudo do comportamento dos gases e seu emprego para a transmissão de energia. Sua utilização na automação industrial atualmente é muito importante, pois tornou um meio barato e simples de trabalho com eficiência de resultados, velocidade de trabalho, segurança e de fácil manutenção. O sistema pneumático atualmente é constantemente utilizado nos meios de produção para realização de movimentos repetitivos e sua principal característica é a expulsão do ar durante o uso, não sendo reutilizado novamente como no caso do fluído em sistemas hidráulicos, ou seja, para que ele realize mais trabalho, é preciso injetar mais ar. Em comparação a outros sistemas atualmente utilizados no meio industrial, como a mecânica ou hidráulica, a pneumática se mostra com vantagens e desvantagens em alguns aspectos, conforme mostra o quadro 1 e 2. Pág. 088 Quadro 1: Comparativo dos vários sistemas de automação. Critérios Meio de transmissão de energia Pneumática Hidráulica Elétrica Mecânico Bielas, engrenagens, etc. Bielas, engrenagens, etc. Ar Óleo Elétrons Condução de energia Tubos, mangueiras, orifícios Tubos, mangueiras, orifícios Conversão de energia mecânica e vice-versa Compressores, cilindros, motores pneumáticos Bombas, cilindros, motores hidráulicos Pressão p Caudal Q Pressão p Caudal Q Condutores elétricos (Cabos, etc.) Geradores, baterias, motores, eletroímã, motores lineares Tensão V Corrente I Boa Muito boa Pobre Menos boa Muito boa Muito variável Muito Boa Menos bom Menos bom Bom Bom Muito boa Muito boa Muito boa Menos boa Muito fácil Muito fácil Menos fácil Fácil Eficiente Menos eficiênte - Regular Baixa Regular - Baixa Grandezas Características Potência específica Precisão dos movimentos Rendimento Aptidão ao comando, controle e processamento de sinal Realização de movimentos lineares Tempo de fabricação de fraldas Complexibilidade de montagem - Força, binário Velocidade Boa Fonte: Adaptado de Luis Filipe Baptista – Escola Superior Náutica Infante D. Henrique. Quadro 2: Características dos sistemas de automação. Energia Transmissão Velocidade de transmissão Rotações Força Proteção contra sobre carga Pneumática Limitada e lenta Hidráulica Limitada e muito cara Elétrica Rápida e longa distância Aprox. 2 m/s Aprox. 50 mm/s Aprox. 300.000 km/s Limitado Boas Bem alto Alto Excelente Não tão boa Até 500.000 rpm Baixo Excelente Fonte: Luis Filipe Baptista – Escola Superior Náutica Infante D. Henrique. Pág. 089 Dentre as principais vantagens de trabalhar com sistema pneumático podemos destacar um investimento relativamente baixo se comparado a outros métodos de produção. De fácil manutenção e implantação, o sistema pneumático possibilita a redução dos custos operacionais, pois atua com velocidade nos movimentos repetitivos aumentando assim o ritmo de trabalho, aumento de produtividade e redução de acidentes, por reduzir a fadiga do operador. Além de boa margem de segurança, porque o sistema envolve pressão moderada e é um sistema que se projetado adequadamente terá grande resistência à oscilação de temperatura, umidade e poeira, além de insensibilidade a vibrações e golpes, permitindo que as ações do sistema sejam acompanhadas pelo operador no decorrer do processo. Em contra partida o sistema também possui algumas desvantagens que vale a pena destacar. Podemos expor que o ar comprimido necessita de certa preparação para realização do trabalho, como remoção de impureza, umidade para evitar a corrosão e desgaste de equipamentos. Além disso, o ar é um fluído altamente compressível impossibilitando paradas intermediárias no processo de sua expulsão. Destacamos também sua poluição sonora, pois no processo de exaustão do ar para atmosfera ocorrem ruídos. Diante do projeto desse artigo que utilizará a pneumática para o processo de trabalho e montagem do sistema, pois parte do pressuposto como um sistema ideal por ter no processo os atuadores rotativos que funcionam do início ao fim do curso, sendo de 0 a 180°, ideal para desenvolvimento do movimento do corte para as pernas laterais e o atuador linear que trabalha no alcance de curso de até 500 mm, também propício para corte de separação da peça. DEFINIÇÃO DAS FORÇAS DO SISTEMA Sabe-se cientificamente que o ar tem existência real e concreta e que ocupa lugar no espaço, sendo um gás altamente compressível, sendo possível o aprisionamento em recipiente, ocupando todo o espaço, possui elasticidade, onde pode voltar a sua força original, difusibilidade, que é a forma de misturar-se homogeneamente com qualquer meio gasoso que não esteja saturado e expansibilidade – propriedade que lhe possibilita ocupar totalmente o volume de qualquer recipiente, adquirindo o seu formato. Sabe-se também que o ar possui peso, sendo que um litro de ar, a temperatura de 0°C e no nível do mar, o ar pesa Pág. 090 1,293 x 10-3 Kgf, significando que em maiores altitudes esse peso pode ser diferente. Portanto esse ar que circunda a terra e tem peso, exerce uma pressão sobre a superfície terrestre e é chamada pressão atmosférica (PARKER, 2007). Força é toda causa capaz de modificar o estado de movimento ou causar deformações. É uma grandeza vetorial, e para ser caracterizada devemos conhecer sua intensidade, sentido e direção. Encontramos através da multiplicação da massa do corpo pela aceleração (DORNELES e MUGGE, 2008). Pressão é quando o ar ocupa um recipiente e exerce sobre suas paredes uma força igual em todos os sentidos e direções. Ao se chocarem as moléculas produzem um tipo de bombardeio sobre essas paredes, gerando assim uma pressão. Por fim vazão é quantidade de fluido que passa através de uma tubulação durante um determinado intervalo de tempo representado na fórmula a seguir (DORNELES e MUGGE, 2008). A pressão é definida como força por unidade de área e representado por Pa (Pascal), conforme a fórmula abaixo, sendo conhecida por 1 atm que equivale a 101 325 Pa ou 1,01325 bar e de acordo com Torricelli, inventor do barômetro5 a atmosfera suporta uma coluna de mercúrio de 760 mm de altura a nível do mar. Para cálculo da pressão segue-se a fórmula abaixo, onde é representada pela letra grega (rho), sendo F a força aplicada ao sistema e A a área (PARKER, 2007). Para sistemas pneumáticos o trabalho é fator importante e de acordo com Harry Stewart, define-se trabalho como o produto de força vezes o deslocamento, com a força em direção ao deslocamento, ou seja, quando um corpo é deslocado de uma posição para outra utiliza-se uma força que multiplicado ao percurso deslocado significa o trabalho exercido para que o deslocamento ocorra. É medido em J (Joule), onde 1 J = 1 N.m (Newton x metro) e apresenta na fórmula a seguir, onde a letra grega (tau) representa o trabalho, F a força e é a variação do deslocamento (STEWART, 2013). 5 Barômetro - é um instrumento científico utilizado em meteorologia para medir a pressão atmosférica e foi inventado por Evangelista Torricelli em 1643, sendo composto por um tubo de vidro com uma das extremidades fechadas, uma base e mercúrio. Pág. 091 Na pneumática o cálculo da potência que será necessária para motores e acionadores, bem como o alimentador do sistema por ar comprimido é também fator importante para execução adequada do sistema. De acordo com o sistema internacional (SI) é apresentado em watts, é calculado através da fórmula P = V x I, onde V representa a tensão e I a corrente elétrica conduzida nos motores. MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO SISTEMA Aplicando os conceitos pesquisados no Fluidsim foi possível analisar o comportamento do sistema e medir as constâncias de forças a partir da simulação da atuação de dois motores elétricos e três atuadores pneumáticos, representando o sistema, conforme mostra a figura 3. Figura 3 - Esquema elétrico do sistema. Fonte: Print screen da simulação do sistema no Fluisim. Pressionando o pedal de acionamento S1 energiza a bobina do temporizador K1 e os dois motores, representados pelo símbolo . O temporizador irá contar 9.4 que é o tempo que a fralda leva para percorrer a mesa até sua posição de corte e energizará o contato K1 na linha 6 fechando seu contato, e energizando a bobina do temporizador K2, a bobina do relé K3 e a bobina da válvula solenoide K4. Pág. 092 A bobina K3 irá abrir o contato K3 da linha 3, fazendo com que desligue a bobina K1 e desligue os dois motores. A bobina K3 também irá fechar o contato K3 da linha 7, mantendo as bobinas K2, K3 e K4 energizadas. O contato K1 na linha 6 volta para a posição inicial. A bobina K4 irá acionar os três cilindros pneumáticos. A bobina do temporizador K2, após 6 segundos irá abrir o contato K2 na linha 8, fazendo com que as bobinas K2, K3 e K4 sejam desligadas. Os cilindros pneumáticos voltam à posição inicial e todos os contatos das bobinas K2 e K3 voltam ao seu estado inicial. A bobina do temporizador K1 e os motores são energizadas novamente. O ciclo se repete até que o pedal de comando S1 não seja mais pressionado. O botão de comando S0 é um botão de emergência, que se acionado mesmo com o pedal de comando S1 pressionado, o circuito continuará desligado. RESULTADOS APURADOS Pág. 093 Figura 4 - Desenho do sistema proposto para automatização da máquina manual. Fonte: Desenho em software Solidworks. Figura 5 - Desenho em 3D da máquina de fraldas final. Fonte: Desenho em software Solidworks. O processo atualmente manual na fábrica de fraldas da Faculdade Max Planck demanda de aproximadamente 57,4 segundos/fralda para uma produção de 1000 fraldas mensais, e um período de trabalho de 4 horas semanais, sendo somadas nesse tempo as etapas de corte, dobragem e embalagem do produto. Além disso, utilizam-se três pessoas para execução do processo de produção mensal. Pág. 094 A partir da implantação da parte automatizada de corte e dobragem o sistema executará o processo de fabricação, corte e pré-dobragem em 15,4 segundos. Considerando o tempo de 10 segundos para aplicação do adesivo reposicionável e a embalagem final do produto em porções de 10 unidades por pacote, a produção mensal passaria ser de aproximadamente 2300 fraldas mensais, sendo calculado no mesmo tempo de trabalho atualmente executado de 4 horas semanais. Considerando uma jornada de trabalho de cinco dias por semana e oito horas diárias, teremos 576.000 segundos trabalhados, sendo utilizado no processo de fabricação de fraldas 15,4 segundos para produção e mais o processo de aplicação do adesivo e embalagem completa, dentro de um mês teremos a produção de aproximadamente 22.000 fraldas. Vale ressaltar que para as medições dos tempos de aplicação do adesivo reposicionável e embalagem final não foi possível a medição individual das etapas, pois os voluntários que trabalham no processo não o executam as etapas sequencialmente durante a produção. CONSIDERAÇÕES FINAIS O sistema proposto resulta em otimização de tempo de produção, bem como redução de mão de obra de um operador, pois a máquina atuará com dois operadores apenas, um no abastecimento de manta absorvente e acionamento do sistema pelo pedal e o outro na retirada do produto já cortado e pré-dobrado, faltando apenas a colocação da fita adesiva reposicionável, dobragem final e embalagem do produto. Tabela 1 - Produção de fraldas por mês com 4 horas de trabalho/semana. Manual Automatizado 4 horas semanais 4 horas semanais 3 2 Variável Padronizado Segurança contato direto com a lâmina sem contato Sistema de Controle Não aplicável Possibilita expansão de controle Critérios Horas de trabalho Quantidade de operadores Qualidade 1000 TOTAL Fonte: Análise produtiva do processo. Pág. 095 2 300 Figura 6 - Gráfico comparativo de sistemas de produção de fraldas. Fonte: Análise de Produção de fraldas. Além disso, observamos que com o mesmo tempo de trabalho atualmente executado de quatro horas semanais é possível um aumento de 130% na produção mensal de fraldas na fábrica de fraldas da Faculdade Max Planck, levando em consideração apenas dois operadores no processo. Considerando o consumo diário de 4 fraldas descartáveis por pessoa, dentro de um ano com o projeto proposto na fábrica de fraldas descartáveis da Faculdade Max Planck, aumentaremos em 130% o número de pessoas beneficiadas, ou seja, de 100 pessoas/ano, passa a ser 230 pessoas/ano. Análises criteriosas demonstram ainda que o sistema tem a possibilidade de adaptações e melhorias, pois abre margem para modificações de controle. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Isac da Rosa. Fornecimento de fraldas geriátricas: uma interpretação à luz da dignidade da pessoa humana. Publicado em agosto de 2013. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/25096 . Acesso em 20 de outubro de 2014. Automação Industrial – Definição e História. 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