Museus

Transcrição

Museus
> PAQM – Programa de Apoio
à Qualificação de Museus –
Projectos apoiados em 2004
fortemente marcado pela preparação
PAQM – Programa de
Apoio à Qualificação
de Museus
técnica de propostas dos novos instrumen-
– Projectos apoiados em 2004
[ editorial ]
O trabalho da Estrutura
de Projecto Rede Portuguesa de Museus
no último trimestre do ano de 2004 foi
> Reunião de trabalho e visita
14
dezembro 2004
Boletim trimestral da Rede Portuguesa de Museus
a museus da Madeira
> Participação em Encontros
tos jurídicos decorrentes da necessidade de
> Centro de Documentação –
regulamentação da Lei Quadro dos Museus
Na sequência da apreciação das candidaturas apresentadas ao
Destaques
Portugueses. Esta direcção de trabalho
PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus no corrente
> O Conservador José Luís Porfírio,
afigura-se indispensável para preparar
ano, decorreu, no dia 10 de Novembro no Museu Nacional de Arte
colega e amigo, por Rafael Salinas
atempadamente a aplicação desta lei,
Antiga a cerimónia pública que formalizou a concessão de apoios
assegurar a institucionalização da Rede
aos museus Rede Portuguesa de Museus ao abrigo do Programa
Portuguesa de Museus, a abertura de candi-
de Apoio à Qualificação de Museus (PAQM). Nesta cerimónia, que
daturas ao novo modelo de credenciação
contou com a presença do Secretário de Estado dos Bens Culturais,
e a criação de novos programas de apoio.
do Director do Instituto Português de Museus e dos responsáveis,
Trata-se de um trabalho de ponderação,
dirigentes e técnicos dos museus abrangidos, foram celebrados os
mais uma vez incidindo sobre a noção de
acordos de colaboração entre as entidades beneficiárias e o Instituto
museu e afinando parâmetros e requisitos
Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus.
que contribuam para a qualificação das
Num total de cento e dez, os projectos remetidos à RPM foram
instituições museológicas, sem, contudo,
provenientes de quarenta e dois museus de tutelas diferenciadas:
esquecer outras vertentes que contribuam
vinte e sete são tutelados por Câmaras Municipais, um por uma
para o aprofundamento das potencialidades
Junta de Freguesia, um por uma Empresa Pública, quatro por
da RPM, designadamente nos domínios da
Fundações, dois por Associações, um por uma Instituição Católica
descentralização e da transversalidade.
e um por uma Misericórdia.
Se a natureza reflexiva deste trabalho é
As candidaturas foram avaliadas de acordo com os critérios constantes
incontornável, deve também salientar-se
do Regulamento do PAQM, tendo sido atribuídos apoios financeiros
que o seu carácter prospectivo e voltado
a quarenta e dois museus no valor global de 521.653,77 Euros,
para o futuro, em concomitância com a
correspondendo a noventa e quatro projectos apoiados.
Calado
> Museus: Missionar Eis a Questão,
por Isabel Maria Fernandes
> A (re)organização do Museu
Arqueológico e Lapidar Infante
D. Henrique, por Dália Paulo
> Notícias Museus RPM
> Outras Notícias
> Dissertações
> Encontros
(cont. na página 2)
(cont. na página 2)
(continuação da página anterior)
preparação do plano de actividades para 2005, marcam
últimos anos, pode constituir um estímulo para museus
também no presente a actividade desta Estrutura de Projecto.
em situação similar, no primeiro é exemplar e merece
Sendo no último trimestre concretizada a atribuição dos
destaque o espírito de missão evidenciado pela sua
apoios financeiros concedidos aos museus da RPM, ao
directora e materializado na actuação deste museu do
abrigo do Programa de Apoio à Qualificação de Museus,
IPM face a outros museus do norte do País.
é neste boletim concedido um natural destaque à sua
É finalmente com enorme regozijo que evocamos neste
enumeração e análise, com vista a uma divulgação
número a personalidade de José Luís Porfírio, Director do
alargada de projectos muito variados que espelham os
Museu Nacional de Arte Antiga até ao passado mês de
objectivos e as vocações dos diferentes museus. Neste
Outubro. Trazer a estas páginas o conservador, o director
mesmo período de tempo foram também muitos os
de museu, o crítico de arte, o pensador, o amigo, pela voz
encontros ocorridos no nosso País nas áreas da Museologia
de Rafael Calado, é para nós uma honra. Em José Luís
e do Património, alguns dos quais de âmbito internacional,
Porfírio encontrámos, desde o nascimento do projecto da
de que se referem aqui alguns.
RPM, uma grande franqueza na expressão das dúvidas e
Dois museus da RPM ocupam o lugar central desta edição,
das questões que o projecto lhe suscitava, mas também
em artigos da autoria das respectivas directoras: um
das possibilidades entrevistas e da abertura no estabele-
museu dependente do Instituto Português de Museus e
cimento de articulações. E encontrámos sempre no museu
localizado na região Norte, o Museu Alberto Sampaio, e
que dirigiu uma porta aberta, com o José Luís Porfírio por
outro museu dependente da Câmara Municipal de Faro,
anfitrião, no acolhimento às iniciativas que nos habituámos
e localizado na região do Algarve, o Museu Arqueológico
a promover no Museu das Janelas Verdes.
e Lapidar Infante D. Henrique. Se no segundo caso a
perspectiva de renovação de uma instituição museológica
Clara Camacho
centenária, encetada com grande sistematização nos
Coordenadora da Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus
(continuação da página anterior)
PAQM – Programa de Apoio à Qualificação dos Museus
À semelhança do que ocorreu em 2003, este ano, o
significativo de projectos no âmbito do Programa de
programa com maior incidência de projectos foi o
Apoio à Conservação Preventiva (P.3) e do Programa
Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4),
de Apoio à Investigação e ao Estudo das Colecções (P.2),
o que evidencia uma crescente preocupação com os
domínios fundamentais da actividade museológica.
públicos e os serviços que lhes são disponibilizados.
Os valores globais atribuídos em cada Programa foram
Regista-se também a existência de um número muito
os seguintes:
Programas
N.º de Projectos Apoiados
%
1. Programação Museológica
0
0%
2. Estudo/Investigação de Colecções
25
27%
3.1. Equipamento
15
16%
3.2. Equipamento para Reservas
8
9%
3.3. Serviços Especializados
5
5%
4.1. Acolhimento e Comunicação
23
24%
4.2. Projectos Educativos
18
19%
Total
94
100%
3. Conservação Preventiva
4. Acções de Comunicação
2 | Boletim Trimestral
Notícias RPM
– Projectos apoiados no âmbito do PAQM 2004
• No Programa de Apoio à Investigação e ao Estudo das Colecções
Casa-Museu de Camilo: Aquisição de equipamento para
(P2.) foram contemplados os seguintes projectos apresentados
monitorização das condições ambiente; aquisição de equipamento
por museus integrados na RPM:
para acondicionamento do acervo bibliográfico e documental
Casa-Museu Abel Salazar: Reedição do livro de autoria de
Ecomuseu Municipal do Seixal: Aquisição de mobiliário e de
Abel Salazar “A Crise da Europa”
equipamento para reservas
Casa-Museu Leal da Câmara: Edição de publicações de
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Aquisição
divulgação da Casa-Museu
de equipamento de segurança destinado ao laboratório de
Ecomuseu Municipal do Seixal: Datação directa do espólio
conservação
exumado em escavações arqueológicas; digitalização e estudo de
Museu Bernardino Machado: Aquisição de mobiliário e de
acervo documental; estudo de numismas provenientes de necrópoles
equipamento para reservas
do concelho; estudo de património imaterial reportado à cultura
Museu do Carro Eléctrico: Estudo de diagnóstico para melhoria
flúvio-marítima e ao património náutico do estuário do Tejo
das condições de conservação das vitrines da exposição permanente
Museu Arqueológico do Carmo: Estudo e publicação sobre
Museu de Cerâmica de Sacavém: Análise e respectiva inter-
a Igreja do Carmo antes do terramoto de 1755
venção de limpeza e de conservação da colecção de azulejos
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Estudo
(séc. XIX-XX)
da colecção de cartazes do Museu; estudo da colecção de azulejos
Museu Escolar de Marrazes: Aquisição de equipamento para
Museu de Arte Contemporânea de Serralves: Estudo da
acondicionamento de documentos gráficos
colecção do Museu
Museu da Imagem em Movimento: Aquisição de equipamento
Museu de Arte Sacra e Etnologia: Estudo da colecção de arte
de conservação preventiva; aquisição de mobiliário e de
sacra do Museu
equipamento para acondicionamento do acervo; aquisição de
Museu do Brinquedo: Continuação do inventário do acervo
serviços especializados em conservação preventiva
do Museu
Museu de Mértola: Aquisição de equipamento de monitorização
Museu Escolar de Marrazes: Estudo da colecção do Museu
das condições ambiente
Museu Ferreira de Castro: Edição do Livro de Jaime Brasil
Museu Municipal de Alcochete: Remodelação do sistema de
“Correspondência com Ferreira de Castro”
iluminação do núcleo sede do Museu
Museu de Mértola: Estudo da cerâmica islâmica de Mértola
Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso: Projecto de
Museu Municipal de Loures: Estudo e valorização da Capela
reformulação do sistema de iluminação da colecção permanente
do Espírito Santo
Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim:
Museu Municipal de Moura: Estudo do material arqueológico
Aquisição de equipamento de conservação preventiva para o
recolhido nas escavações do Castelo de Moura
núcleo de S. Pedro de Rates; aquisição de mobiliário e de
Museu Municipal de Penafiel: Estudo das colecções relacionadas
equipamento para reservas
com a actividade das oficinas de ferreiro e de serralheiro e
Museu Municipal de Penafiel: Aquisição de uma assessoria
publicação de catálogo
especializada em conservação preventiva
Museu Municipal de Tavira: Estudo e posterior publicação
Museu Municipal de Portimão: Aquisição de equipamento
sobre os materiais arqueológicos da cidade romana de Balsa
apropriado para reservas
Museu Municipal de Vila Franca de Xira: Estudo de materiais
Museu Municipal de Santiago do Cacém: Aquisição de uma
cerâmicos do espólio arqueológico da Igreja do Mártir Santo;
assessoria especializada em conservação preventiva
inventariação e informatização das colecções de arqueologia
Museu Municipal de Viana do Castelo: Aquisição de equipa-
Museu de São Roque: Estudo do património arquitectónico
mento de conservação preventiva
da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Museu de Olaria: Aquisição de equipamento apropriado para
Museu da Villa Romana do Rabaçal: Edição da versão inglesa
reservas; aquisição de equipamento de monitorização das
do catálogo do Museu
condições ambiente; aquisição de uma assessoria especializada
– No âmbito deste Programa, foi ainda concedido apoio a um
em conservação preventiva
projecto apresentado pelo Museu da Indústria de Chapelaria,
Museu da Pólvora Negra: Aquisição de equipamento de
em fase de instalação e, por conseguinte, ainda não integrado
conservação preventiva
na RPM: Estudo para a elaboração de uma história dos chapéus;
Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos:
recolha sistemática e tratamento dos sons da cadeia operatória.
Aquisição de equipamento para monitorização das condições
ambiente
• No Programa de Apoio à Conservação Preventiva (P3.), foram
Museu de Setúbal/Convento de Jesus: Aquisição de equipa-
apoiados os seguintes projectos apresentados por museus
mento de conservação preventiva; aquisição de equipamento
integrados na RPM:
e de mobiliário adequado para reservas
Rede Portuguesa de Museus | 3
Museu do Traje de Viana do Castelo: Aquisição de equipamento
Museu da Fundação Cupertino de Miranda: Produção de
de conservação preventiva
oficinas de expressão plástica
Museu da Imagem em Movimento: Criação de um centro
• Entre os projectos dos museus integrados na RPM abrangidos
de recursos multimédia para a área do cinema de animação;
pelo Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4)
criação do website do Museu e edição de um catálogo
evidenciam-se:
Museu de Mértola: Desenvolvimento e criação do website
Casa-Museu Abel Salazar: Divulgação do 1.º Encontro Nacional
do Museu
de Casas-Museu, edição das respectivas actas; projecto
Museu Municipal Abade Pedrosa: Aquisição de meios
educativo do museu: produção de ateliers pedagógicos
audiovisuais para o auditório do Museu; edição bilingue de
Casa-Museu de Camilo: Elaboração do website e edição de
um roteiro e de um guia desdobrável do Museu
folheto informativo do Museu
Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de
Casa-Museu Leal da Câmara: Acções lúdico-pedagógicas e
Varzim: Aquisição de equipamento audiovisual para as
edição de um conto infanto-juvenil
actividades educativas do núcleo de S. Pedro de Rates
Ecomuseu Municipal do Seixal: Edição de dossiers didácticos;
Museu Municipal de Loures: Projecto de comunicação “Quem
edição de folhetos sobre o circuito museológico industrial,
Somos? Nós e os outros” e edição de catálogo e cd-rom;
núcleo da Quinta da Trindade e embarcações tradicionais;
edição de um estudo etnográfico sobre literatura oral
edição do catálogo e de materiais de divulgação da exposição
Museu Municipal de Penafiel: Criação de nova imagem do Museu
“Barcos, Memórias do Tejo”
Museu Municipal de Santiago do Cacém: Projecto de
Museu Anjos Teixeira: Ateliers de expressão plástica
comunicação visual do Museu
Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real: Edição
Museu Municipal de Vila Franca de Xira: Edição do Boletim
de um catálogo e de materiais de divulgação; execução e
Cultural Cira 9; reestruturação do website do Museu
edição de materiais relativos às actividades complementares
Museu de Olaria: Projecto educativo “Para que servem os
às exposições temporárias
Museus” destinado a alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico;
Museu Arqueológico do Carmo: Edição de materiais de
edição de materiais de divulgação do museu
divulgação e de catálogo; produção de materiais de divulgação
Museu do Papel Terras de Santa Maria: Produção e instalação
com componente lúdico-pedagógica em suportes diversos
de um painel de divulgação do Museu
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Produção
Museu da Pólvora Negra: Criação do website do Museu;
de nova sinalética interior para o Museu; oficinas para adultos
edição de monofolha sobre a “Escolha do Semestre” e edição
sobre joalharia e azulejaria
das actas das comunicações da palestra “O Papel dos museus
Museu Bernardino Machado: Criação do website do Museu;
na preservação do património imaterial”
publicação de um livro infantil de actividades
Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos:
Museu do Carro Eléctrico: Produção e desenvolvimento de
Produção e instalação de painéis informativos no 2.º piso do
um novo sistema de bilhética denominado “Viajante Museus”;
Museu
produção e implementação de quiosques multimédia didácticos
Museu de São Roque: Edição sobre o património arquitec-
Museu de Cerâmica de Sacavém: Edição resultante de um
tónico da Santa Casa da Misericórdia e de catálogo da
estudo comparativo sobre a colecção de azulejos do séc.
exposição temporária sobre o centenário do Museu
XIX-XX
Reunião de trabalho e visita a Museus
da Direcção Regional dos Assuntos
Culturais da Madeira
Entre os dias 27 e 29 de Outubro, no âmbito da cooperação estabelecida por protocolo entre o Instituto
Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus e
a Direcção Regional dos Assuntos Culturais da Madeira,
foram realizadas visitas de trabalho à Casa Colombo,
no Porto Santo, ao Museu da Quinta das Cruzes, à
Casa-Museu Frederico de Freitas e ao Museu de Arte
Casa-Museu Frederico de Freitas,
Sacra no Funchal, museus integrantes da RPM. Durante
4 | Boletim Trimestral
Funchal
Direcção Regional dos Assuntos Culturais, a qual contou
com a presença do seu Director Regional, Dr. Ricardo
Abrantes Velosa. Esta reunião propiciou uma reflexão
conjunta sobre a situação dos museus e incentivou a
divulgação das suas actividades através dos meios de
informação da RPM e o desenvolvimento de projectos
no âmbito do respectivo Programa de Apoio Técnico
a Museus.
Na Casa Colombo, no Porto Santo, houve ainda a
oportunidade para acompanhar parte dos trabalhos
Casa Colombo, Porto Santo
da Acção de Formação promovida pela RPM,
as visitas a estes museus foi possível conhecer as suas
subordinada ao tema Introdução às Práticas de
actividades, os seus problemas e as suas potencialidades
Conservação Preventiva e Educação em Museus, destinada
futuras.
a profissionais em exercício nos Museus da Madeira e
No dia 29 de Outubro foi ainda organizada uma
que teve lugar entre os dias 25 e 28 de Outubro nas
reunião com todos os responsáveis dos museus da
instalações daquele Museu recentemente renovado. ❚
Participação em Encontros
– Encontro Nacional de Centros de Documentação de Museus
Decorreu no dia 15 de Outubro no Museu de Cerâmica
tação foram aspectos abordados ao longo do Encontro
de Sacavém o Encontro Nacional de Centros de Do-
em que se confrontaram experiências nacionais. Entre
cumentação de Museus, no qual o IPM/RPM estiveram
estas experiências, destaca-se a representação de alguns
presentes nas sessões de abertura e de encerramento.
museus da Rede Portuguesa de Museus: Ecomuseu
Neste Encontro ficou patente a importância e utilidade
Municipal do Seixal, Museu da Água, Museu de
dos Centros de Documentação em Museus, quer
Ciência, Museu Calouste Gulbenkian, Museu Municipal
para os seus serviços internos, quer para os respectivos
de Loures, Museu de Cerâmica de Sacavém, Museu
públicos. As novas tecnologias de informação, a
Nacional de Arte Antiga, Museu dos Transportes e
modernização e a inovação no campo da documen-
Comunicações. ❚
– Jornadas do Património “Museus ao Serviço do Património, da Cultura e das
Comunidades”
A Câmara Municipal de Lagos organizou, nos dias 11 e
RPM no que respeita ao funcionamento, balanço de
12 de Novembro, as Jornadas do Património intituladas
actividades e perspectivas de futuro tendo em conta o novo
“Museus ao Serviço do Património, da Cultura e das
enquadramento legal dos museus portugueses, debatido
Comunidades”. Estas Jornadas foram estruturadas em quatro
no painel anterior com a participação do Director do IPM.
painéis temáticos: I. Enquadramento/s Legal/ais da Realidade
É de destacar ainda, no segundo painel, o estudo de
Museológica Nacional; II. Museus em Rede; III. Museus e
caso representado pelo Museu Municipal de Faro que
Comunidade/Museus e Intervenção Comunitária; IV. Aspectos
fez a avaliação da sua adesão à RPM, no terceiro painel,
Técnicos da Museologia. Foi precisamente no âmbito do II
o contributo de dois museus muito diferentes, o Museu
painel, Museus em Rede, que a Coordenadora da Rede
do Chiado e o Ecomuseu Municipal do Seixal, no que
Portuguesa de Museus apresentou uma reflexão sobre a
se refere à relação com os respectivos públicos. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 5
Centro de Documentação
Neste Boletim, as obras do Centro de Documentação da RPM em
de um Encontro dedicado aos Públicos da Cultura. Também de
destaque centram-se no domínio do Estudo de Públicos, uma
edição recente, as outras obras que se apresentam em seguida
vertente do trabalho museológico muito pouco explorada no
evidenciam a importância da avaliação das acções destinadas aos
nosso País, embora essencial para delinear estratégias para melhorar
públicos dos museus, sugerem metodologias e técnicas e
os serviços oferecidos e para captar novos e diferenciados públicos.
apresentam estudos de caso em Espanha, França e Estados Unidos
A primeira obra foi precisamente editada em Portugal, este ano,
da América. De cada uma das obras destaca-se a respectiva
pelo Observatório das Actividades Culturais e corresponde às Actas
referência bibliográfica e um resumo sumário.
Destaques
TÍTULO: Públicos da cultura
Resumo: Nos dias 24 e 25 de Novembro de 2003, decorreu em Lisboa o Encontro
AUTOR: coord. Rui Telmo Gomes
Públicos da Cultura, organizado pelo Observatório das Actividades Culturais, do
PUBLICAÇÃO: Lisboa: Observatório das Actividade
Culturais, 2004
qual foram publicadas as Actas. O Encontro proporcionou um espaço de reflexão
DESC. FÍSICA: 283 p.
ISBN: 972-8488-27-0
e de partilha de experiências dos investigadores participantes, fazendo o ponto
da situação dos estudos de públicos da cultura realizados em Portugal. Recorrendo
frequentemente a estudos de caso, as temáticas apresentadas nas comunicações
abarcam a definição do conceito de públicos da cultura e a sua caracterização
face a determinadas manifestações culturais, a formação de públicos ou a avaliação
das políticas culturais, passando pela análise de redes culturais portuguesas, nas
quais se inclui a Rede Portuguesa de Museus.
TÍTULO: Estudios de visitantes en museos:
metodología y aplicaciones
AUTOR: Eloísa Pérez Santos
Resumo: Tomando como ponto de partida os vários trabalhos teóricos e
práticos desenvolvidos na área de estudos de públicos e dada a importância
que o assunto reveste para os museus, esta obra estabelece-se como um guia
PUBLICAÇÃO: Gijón: Trea, 2000
de referência, útil e prático. Após passar em revista o percurso histórico da
DESC. FÍSICA: 252 p.
investigação desenvolvida no campo dos estudos de público e a sua
COLECÇÃO: Biblioteconomía y Administración
Cultural; 44
conceptualização, a autora analisa as técnicas, a metodologia, o processo e
os tipos de avaliação, contextualizando-a sempre nas suas aplicações práticas
ISBN: 84-95178-63-X
e definindo critérios de controlo da qualidade.
TÍTULO: Le public des musées: analyse socio-économique de la demande muséale
AUTORES: René Teboul et Luc Champarnaud
PUBLICAÇÃO: Paris; Montréal: L'Harmattan, 1999
DESC. FÍSICA: 134 p.
ISBN: 2-7384-7417-9
Resumo: Fruto de um trabalho de investigação realizado para o Ministério
da Cultura francês, a obra demonstra a aplicação de uma metodologia
pluridisciplinar e técnicas de análise sócio-económica para avaliar a oferta
e procura na área dos museus, investigação pertinente na nossa sociedade,
cada vez mais orientada para o consumo do lazer. Ao longo de cinco
capítulos, os autores exploram a questão da diversidade da oferta museal,
apresentam os resultados de um inquérito levado a cabo em dois museus
de Belas-Artes – Marselha e Aix-la-Provence – e analisam os preços praticados
nos museus em relação aos públicos que os visitam.
TÍTULO: Introduction to museum evaluation
Resumo: De cariz eminentemente prático, este manual de referência apresenta
AUTORES: ed. Minda Borun and Randi Korn
uma antologia de textos de vários especialistas sobre estudos de públicos de
PUBLICAÇÃO: Washington: American Association
of Museums, 1999
museus, com enfoque particular para o aspecto da avaliação enquanto fonte
DESC. FÍSICA: 94 p.
COLECÇÃO: Professional Pratice Series
ISBN: 0-931201-47-0
de informação para a definição de programas e exposições. Oferecendo
exemplos práticos de métodos e técnicas a aplicar, e com o recurso sistemático
a estudos de caso, os textos abordam as diferentes fases de avaliação: prévia,
para a etapa da planificação; formativa, na fase de elaboração; correctiva, já
no contexto da exposição ou do programa, para averiguar a necessidade de
introduzir mudanças, e sumativa, para avaliação do produto final e da sua
eficácia.
6 | Boletim Trimestral
Artigo
O Conservador José Luís Porfírio,
colega e amigo
Foto: Rafael Salinas Calado
Rafael Salinas Calado
José Luís Porfírio
“Os últimos despachos”
Se não é tarefa fácil escrever sobre um amigo a quem
Através do primeiro, tem trabalhado em prol das
se quer muito, ainda mais difícil se torna a escrita
artes plásticas em Portugal, ajudando não só a leitura
quando se trata de conjecturar sobre alguém com
do conteúdo das obras de pintura antiga como
quem convivemos e trabalhámos durante anos, lado
participando numa actividade de grande valor
a lado. Neste caso esse alguém é José Luís Porfírio,
didáctico, ou seja a divulgação crítica da maioria dos
companheiro de 30 anos por quem nutro, para além
autores contemporâneos. Foi o Comissário da
de muita estima, indiscutível respeito e admiração.
representação portuguesa da XLII Bienal Internacional
Embora tenha nascido em Queluz e vivido desde a
de Veneza, em 1986. A acuidade do seu modo de ver
infância no Palácio onde seu Pai, o Pintor Ventura
a pintura e a lucidez isenta com que pensa reflecte-se
Porfírio, era o Conservador, é nas terras altas do Alentejo
na qualidade, bem patente nos comentários dos
que estão as suas verdadeiras raízes. A sua determinante
inúmeros artigos que tem vindo a publicar no
ascendência alentejana fá-lo trazer sempre Castelo de
“Expresso” ao longo de muitos anos, ou através do
Vide no coração, e nunca perder a oportunidade de
teor dos seus textos, catálogos e livros. Muito mais
o recordar. Conservador afável e espirituoso, sabe
que um historiador competente, tem sido um
rechear a fluidez do seu discurso com as deliciosas
observador atento e um talentoso analista do fenómeno
vivências regionais que vai deixando escapar como
artístico.
testemunhos do seu enraizado saber. As memórias
O segundo aspecto da sua vida profissional consistiu
castelvidenses, ricas em detalhes familiares, são uma
na notável actividade dedicada, durante mais de trinta
fonte constante e inesgotável da sua própria identidade.
anos, ao Museu Nacional de Arte Antiga, como
Tem consigo a naturalidade simples das grandes figuras.
Conservador e por último como seu Director. A obra
É um verdadeiro humanista cuja delicadeza, sensível
que conseguiu construir, de forma independente e
e atenta, nunca afectou a independência da sua
reflectida, foi uma exemplar manifestação de cultura
natureza forte e por vezes irreverente. O intransigente
portuguesa concretizada através das acções que
respeito pelas pessoas que o rodeiam tem sido sempre
notabilizaram o museu, dentro e fora do país. A forma
o complemento indispensável da sua própria conduta.
como pensou o museu, como impulsionou as transfor-
Sinto-me previlegiado ao ter por Amigo um persona-
mações das exposições permanentes de pintura; como
gem de tão rico perfil humano.
dinamizou a vasta série de exposições temporárias;
José Luís Gordo Porfírio é um homem esclarecido, de
como apoiou o Serviço de Educação; e como promo-
grande carácter e forte personalidade, que dedicou
veu, participou e animou uma ampla sequência de
toda a sua vida ao estudo e reflexão sobre a criação
visitas guiadas, foram importantes contributos para
artística, nas áreas das artes plásticas, da filosofia e da
ajudar a construir a prestigiada imagem do MNAA.
literatura. O entendimento da obra de arte tem sido
Por sua iniciativa, independentemente de todas as
para si – muito mais que mera reflexão intelectual –
participações em inúmeras exposições nacionais e
o motivo de uma consciente e responsável forma de
internacionais, realizaram-se notáveis exposições
comunicação. Soube fazê-lo com competência, justeza
temáticas de que se destaca, pela sua importância, a
e isenção em dois vectores importantes da sua vida
que teve lugar em Bona, em 1999, que constituiu a
profissional: a crítica de arte sem baias cronológicas
mais completa e relevante apresentação internacional
e a assumida contínua reflexão sobre a função dos
das excelentes colecções do Museu Nacional de Arte
museus.
Antiga.
Rede Portuguesa de Museus | 7
Contra todas as correntes de facilidade demagógica e
de Arte Antiga e habituei-me a contar com a prudência
de propaganda politizada, soube sempre defender
do chefe (como gostava de lhe chamar). Por graça, às
intransigentemente os superiores interesses do seu
vezes, rotulavam-nos de compadres mas realmente o
museu e da profissão de conservador, razões porque
que sempre tivemos em comum, para além de sincera
é justamente considerado uma personagem incontor-
amizade, foi uma invejável camaradagem, leal e
nável no seio da nossa museologia contemporânea.
respeitadora.
Vivemos com companheirismo e cumplicidade muitos
Lisboa, 30 de Novembro de 2004 ❚
momentos bons e maus da vida do Museu Nacional
Museus: Missionar eis a questão
Isabel Maria Fernandes*
* Directora do Museu de Alberto Sampaio/
Instituto Português de Museus
[email protected]
Neste texto, não iremos debruçar-nos sobre as funções
Um museu dependente da Administração Central3
de um museu dentro de portas, sobre o trabalho siste-
tem deveres acrescidos no meio em que se insere, tem
mático que aí se desenvolve para transmitir com quali-
a obrigação de ser um veículo transmissor de boas
dade as emoções e as razões que as peças de uma
práticas, de colocar ao serviço dos outros os
colecção emanam e se pretende sejam apreendidas
conhecimentos técnicos e científicos de que dispõe
de um museu leia-se: Isabel Maria
pelo público que visita o Museu. Neste texto também
(daí advém o uso do termo missionar…). Um museu
Fernandes – Tornar visível o invisível.
não iremos tratar da fruição das colecções de um
dependente da Administração Central tem necessaria-
Lugar em Aberto: revista da APOM. Série
Museu1, vamos sim, discorrer sobre as tarefas realizadas
mente de possuir espírito de missão, compreender
pela equipa de um museu fora do seu invólucro, do
que o seu exemplo e a sua ajuda a projectos de outras
seu edifício. Decidimos designar esse trabalho, tão
instituições são, sem dúvida, uma das suas funções
comunicação.
importante como o realizado dentro de portas, como
(deste espírito de missão advém, também o uso do
semestral
1
Para que se conheça o que pensamos
sobre outras áreas de trabalho dentro
1.1 (Outubro de 2003). P. 22-31; Isabel
Maria Fernandes – Investigação nos
«missionar fora de portas».
termo missionar…).
Museus: entre produção, encomenda e
da
Informação:
Comissão
boletim
Nacional
Portuguesa do ICOM. 4 (Março de
2004). P. [6-7].
Se recorrermos aos dicionários , veremos que missionar
A equipa de um museu tem necessariamente conhe-
significa «fazer trabalho missionário, pregar a fé;
cimentos específicos, domina técnicas próprias e deve
2
catequizar, converter», mas também «propagar,
ser complementar, polivalente e mostrar-se disponível
porânea. Vol. 2. Lisboa: Editorial Verbo,
disseminar» (ideia, doutrina, costumes, etc.). É nesta
para ajudar projectos nascentes de instituições da sua
2001. P. 2489; Dicionário Houaiss da
segunda acepção, a de «propagar doutrina», que
área de influência.
entendemos o trabalho que um museu pode (melhor,
Perceba-se, no entanto, que a área de influência de
deve) prestar fora de portas.
um museu dependente da Administração Central pode
3
Convém ter presente que cada museu tem uma vocação
não corresponder a área espacial em que o museu se
qualquer museu, mesmo que não depen-
específica, uma colecção própria e um modo de contar
insere. Explique-se: um museu que seja especialista
dente da Administração Central pode, e
a história das suas peças. Mas, todos os museus usam
numa determinada área – azulejo, traje, arqueologia
técnicas similares, ou, talvez dito de outro modo, usam
– deve apoiar projectos da sua área temática, onde
técnicas específicas para conservar, inventariar, organizar,
quer que eles existam, e ser responsável pela divulgação
opção é, num museu dependente da
estudar e divulgar as suas colecções, tendo sempre
de boas práticas.
Administração Central, uma obrigação.
como fim último fazer com que as peças de que
Mas, também é verdade que, muitas vezes, um museu
dispõem perdurem o máximo possível no tempo e
com vocação numa determinada área – artes decora-
incorporem em si o máximo de informações de modo
tivas, arte sacra, arte contemporânea – possui na sua
tuições, devendo dar o exemplo, ter boas
a que possam ser fruídas, quer hoje quer no futuro.
equipa técnicos especializados em ramos específicos
práticas e ensinar essas boas práticas.
2
Dicionário da Língua Portuguesa Contem-
Língua Portuguesa. Vol. 5. Lisboa: Círculo
dos Leitores, 2003. P. 2508.
Talvez seja conveniente explicitar que
deve, missionar fora de portas. No entanto, o que num museu privado ou dependente de uma autarquia pode ser uma
De facto, os museus dependentes da
Administração Central têm responsabili-
8 | Boletim Trimestral
dades acrescidas no apoio a outras insti-
do saber – por exemplo, escultura medieval, pintura
Neste texto iremos dar o exemplo da missionação que
contemporânea, mobiliário, ourivesaria, faiança, olaria,
o Museu de Alberto Sampaio, museu dependente do
bordados… – sendo necessário que os conhecimentos
Instituto Português de Museus/Ministério da Cultura,
desses seus técnicos, a sua sabedoria, seja colocada
tem procurado levar a cabo dentro das competências
em rede, sirva para missionar noutros museus, noutras
técnicas próprias da sua vocação, mas também dentro
instituições que não aquela à qual os técnicos
das competências próprias e da vocação dos seus
pertencem. Dito de outro modo, um museu pode ser
técnicos.
responsável pela divulgação de boas práticas porque
Outra não poderia ser a postura do Museu de Alberto
essa é a sua vocação ou porque possui nos seus quadros
Sampaio. Lembremos que se trata de um dos vinte e
um ou mais técnicos especialistas em temáticas
nove museus tutelados pelo Instituto Português de
específicas, por isso, com vocação para determinadas
Museus, organismo que tem como objecto «promover
áreas do saber.
e assegurar a execução da política museológica nacional
E, neste trabalho em rede e nesta sociedade em
em conformidade com as orientações da tutela e em
permanente mudança, convém que se entenda que
diálogo permanente, nomeadamente com as institui-
um determinado museu, hoje reconhecido pelo seu
ções do Estado detentoras de património cultural, as
saber num determinado campo, pode amanhã perder
autarquias, a Igreja e os privados», bem como «promo-
essa especificidade. Isto porque, como já o dissemos,
ver o estudo, a salvaguarda, a valorização e a divulgação
um museu é formado pela sua vocação e pela vocação
do património cultural móvel nacional, enquanto
dos seus técnicos. E, se é verdade que a vocação de um
fundamento da memória colectiva e individual, factor
museu permanece mais ou menos estável ao longo
de identidade nacional e fonte de investigação científica
Veja-se Decreto-Lei N.º 398/99 de 13
dos tempos, o mesmo não sucede com a vocação dos
e de fruição estética e simbólica»4. Lembremos também
de Outubro de 1999. P. 6892-6901 e
seus profissionais. Um museu pode hoje ter no seu
que o Museu de Alberto Sampaio é um dos museus
quadro um técnico especializado em determinado ramo
integrados na Rede Portuguesa de Museus5, entendida
do saber, e por isso, missionar fora de portas, apoiar
como um «sistema de mediação e de articulação entre
/2000, de 17 de Maio, dos Ministérios
outras instituições, mas, amanhã, esse técnico pode já
entidades de índole museal, tendo por objectivo a
das Finanças, da Cultura, da Reforma
não pertencer ao seus quadros, deixando, por isso, o
promoção da comunicação e da cooperação, com vista
do Estado e da Administração Pública,
museu de poder missionar nesse campo específico.
à qualificação da realidade museológica portuguesa»,
Os museus dependentes da Administração Central e
e que, entre os seus objectivos se encontra bem expressa
o organismo que os tutela têm essa responsabilidade
quer a função de «recomendar e divulgar boas práticas
acrescida de trabalhar em rede, de buscar o conhe-
museológicas, evidenciando os benefícios que a sua
cimento onde ele existe no momento (o conhecimento
adopção poderá trazer» quer a de «motivar e valorizar
é produzido e transmitido pelas pessoas…) e disponi-
o estabelecimento de parcerias entre museus e outros
bilizá-lo, também, em rede.
agentes culturais locais, regionais e nacionais com
Por tudo isto, entendemos que um museu dependente
vista ao desenvolvimento de projectos comuns e
da Administração Central não pode limitar-se a
complementares».
4
web página: http://www.ipmuseus.pt.
5
Veja-se Despacho Conjunto n.º 616/
na dependência directa do Instituto
Português de Museus. Web página:
http://www.rpmuseus-pt.org.
trabalhar dentro de portas, é sua função disponibilizar
os conhecimentos que possui a outras instituições,
O acervo do Museu de Alberto Sampaio é essencialmente
com menos capacidades técnicas e científicas mas
constituído por colecções de arte sacra – ourivesaria,
detentoras de património que urge preservar e divulgar.
pintura, escultura, têxtil – provenientes na sua maioria
A um museu dependente do Estado português não
de capelas, igrejas e conventos do aro de Guimarães.
deve interessar em que mãos está o património, deve
Assim sendo, o Museu de Alberto Sampaio tem como
sim, pugnar e colaborar na sua salvaguarda e valoriza-
vocação primordial estudar e divulgar as colecções de
ção, ajudando para isso com os seus conhecimentos
arte sacra, bem como apoiar e colaborar na salvaguarda,
e os conhecimentos da rede em que se insere.
estudo e divulgação das colecções de arte sacra que
Rede Portuguesa de Museus | 9
se encontram nas mãos de particulares, da Igreja ou
livro sobre Nossa Senhora da Madre de Deus de
de outras instituições.
Guimarães6 e prepara-se um outro sobre a Igreja de
6
Mas, o Museu de Alberto Sampaio e a sua equipa
Nossa Senhora da Oliveira);
rães: alfaias. Porto: Civilização Editora,
também têm competências técnicas que lhes permitem
– Os seus técnicos, dentro das suas vocações específicas,
apoiar e colaborar na criação de novos museus; divulgar
têm também colaborado em acções de salvaguarda,
as boas práticas necessárias à conservação dos acervos
inventariação, estudo e divulgação de acervos existentes
existentes nas mãos da Igreja ou de outras instituições;
na mão de particulares ou de instituições.
participar na inventariação de património móvel de
Para levar a cabo estas tarefas, esta missionação fora
reconhecido valor; colaborar na preparação de
de portas, o Museu de Alberto Sampaio tem sabido
candidaturas a fundos comunitários ou nacionais
recorrer quer ao apoio e colaboração de técnicos
submetidas por algumas das instituições a quem dá
especialistas existentes na rede de Museus em que se
apoio; colaborar, apoiar e incentivar a realização de
integra (IPM: Instituto Português de Museus e RPM:
publicações de carácter técnico e científico que ajudem
Rede Portuguesa de Museus) quer ao apoio e
a divulgar os acervos existentes nas mãos de particulares
colaboração de outras instituições da Administração
ou de instituições.
Central – DGEMN: Direcção Geral dos Edifícios e
Desde o ano de 2000 que o Museu de Alberto Sampaio:
Monumentos Nacionais, IPPAR: Instituto Português
– Colabora na renovação ou criação de museus: Tesouro
do Património Arquitectónico –, e da Administração
Museu da Sé de Braga, Museu d’Arte de Fão (Câmara
Local – Câmara Municipal de Guimarães, principal-
Municipal de Esposende);
mente. Com os técnicos destas instituições, com as
– Ajuda a concretizar projectos conducentes à constitui-
suas competências, tem o Museu de Alberto Sampaio
ção de novos museus – Museu de Vieira do Minho
conseguido criar equipas que respondem a solicitações
(Câmara Municipal de Vieira do Minho);
de índole diversa.
– Participa activamente na salvaguarda, organização
Por outro lado, e porque a equipa técnica do museu
e inventariação de colecções de arte sacra: Igreja de
é diminuta para tanto trabalho, tem o museu procu-
Nossa Senhora da Oliveira, Igreja de S. Paio, Igreja de
rado congregar as boas vontades e o trabalho de
Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, todas
voluntários: sejam eles pessoas que pretendem desen-
em Guimarães;
volver trabalho no museu, procurando deste modo
– Procede à inventariação e organização de colecções
enriquecer os seus conhecimentos, sejam eles alunos
etnográficas: acervo de traje do Grupo Folclórico da
estagiários de diferentes instituições de ensino superior,
Corredoura, Guimarães;
que, sob a orientação dos técnicos do Museu, vão
– Colabora na organização de Reservas técnicas nas
colaborando em tarefas de organização e inventariação
instituições com quem colabora;
de colecções.
– Colabora no estudo do bordado de Guimarães
Com todos estes homens e mulheres de boas vontades,
(projecto coordenado pela Oficina/Câmara Municipal
tem o museu conseguido responder às diversas
de Guimarães);
solicitações que lhe vão chegando, procurando, assim,
– Dá apoio técnico às autarquias que solicitam os seus
gerar boas práticas e contribuir para a salvaguarda e
pareceres (principalmente à Câmara Municipal de
divulgação do Património. Missionar é pois, para a
Guimarães);
equipa do Museu de Alberto Sampaio e para aqueles
– Coordena publicações que procuram dar a conhecer
que com ele colaboram uma razão de ser, uma missão
a riqueza do património móvel existente (saiu já um
a cumprir. Missionar, eis a questão e a missão… ❚
10 | Boletim Trimestral
Nossa Senhora Madre de Deus de Guima-
2004.
A (re)organização do Museu Arqueológico
e Lapidar Infante D. Henrique
* Museu Municipal de Faro
Dália Paulo*
Largo D. Afonso III
8000-157 Faro
A génese do museu
Foi precisamente “vida” que faltou ao museu após
[email protected]
O Museu Archeologico e Lapidar Infante D. Henrique
a saída do Prof. Pinheiro e Rosa em 1986, passando
inaugura a 4 de Março de 1894, em três salas dos
o museu por um período de grande estagnação,
Paços do Concelho, sob a direcção do cónego Pereira
sem renovação das exposições, sem estudo das
Botto, e a 15 de Março do mesmo ano é aprovado,
colecções e perdendo espaços para outros serviços
archeologico por tres salas com seis grandes
em reunião de câmara, o Plano Fundamental da
camarários, não interagindo com a comunidade,
secções, correspondentemente aos seis
Organisação (sic) do Museu Archeologico Lapidar, Infante
sendo apenas um “cemitério do passado”, foi assim
D. Henrique . Com a implantação da República, o
até 1998...
1
Este plano organiza-se em cinco pontos.
No primeiro explica-se a organização do
museu “Estremada distribuição do material
periodos capitaes – prehistorico, protohisto-
1
rico, luso-romano, luso-arabe, luso-visigothico, português” – Botto, Joaquim Maria
museu é transferido para a Igreja do antigo Convento
Pereira (1899), Glossario Critico dos
de Santo António dos Capuchos, onde fica instalado
A nova vida do Museu após 1998
Principaes Monumentos do Museu Archeo-
de 1914 a 1970. Com a transferência foi necessário
Em 1998, o Museu iniciou um novo ciclo na sua
logico Infante D. Henrique, Typographia E.
reorganizar o espólio, trabalho efectuado por Leite
vida. Começou por uma nova equipa, constituída
de Vasconcelos em 19173 a convite de Justino Bivar
no início pela Directora de Departamento de Reabili-
(director do Museu de 1914 a 1954). O contacto
tação do Património, Arqt.ª Conceição Pinto Coelho
Algarve – Livro 49, folha 23, Sessão de
com o mestre foi sempre continuado até à sua
(não sediada no convento), pelo Doutor Francisco
Câmara de 4 de Maio de 1917.
morte: “No decorrer das suas [Leite de Vasconcelos]
Lameira, que exerceu na prática as funções de
visitas ao Algarve não deixava de frequentar o museu,
director até 2000 e pela signatária como técnica
estudando com interesse as suas colecções, dando-me
superior. Esta equipa elaborou um plano de trabalho
os seus conselhos que eu sempre procurei seguir, pois
diversificado, que passava, num primeiro momento,
sempre me interessou a organização do museu que é
pelas seguintes áreas: inventário, reservas, conser-
hoje uma das manifestações mais evidentes da cultura
vação e restauro, investigação, exposição e edição.
de um povo”4. É neste período que o museu começa
Simultaneamente foi necessário construir uma equipa
a receber outras colecções: pintura antiga, colecção
pluridisciplinar. Abordarei estas áreas separadamente
refere “[...] Não satisfaz ainda contudo o
etnográfica, colecção Ferreira de Almeida, entre
– por uma questão de organização de texto, mas
edifício agora utilizado [antigo Convento
outras.
frisando que não são áreas estanques e que foram
dos Capuchos] e por isso entendo que urge
Em 1960, a Câmara Municipal de Faro compra o
sendo pensadas em conjunto – juntando depois
antigo convento de Nossa Senhora da Assunção
mais duas: área educativa e museografia/design.
Seraphim, Faro.
2
Ficando a catalogação dos monumentos
a cargo do Instituto Arqueológico do
3
Livro 49, folha 83, Sessão de Câmara de
18 de Agosto de 1917.
4
Bivar, Justino (s/d), O Dr. Leite de Vascon-
celos e o Museu de Faro, manuscrito (gentilmente cedido pela família Bivar Weinholtz).
5
2
A referência mais antiga que propõe a
instalação do Museu neste edifício é de
1915, de José de Figueiredo (Inspector dos
Museus Regionais) que em ofício à Câmara
restaurar e assegurar a conservação do anti-
5
go convento de São Bento [Assunção], ocupado agora por uma fábrica de transforma-
para aí instalar o Museu e a Biblioteca Municipais,
ção de cortiça, propus ao governo a expro-
tendo convidado em 1966, para liderar o processo,
priação e a restauração do referido convento
o Prof. Pinheiro e Rosa (director até 1986), que
com destino a abrigar as peças de arte e
começa por fazer o inventário do espólio e o estudo
arqueologia que constituem o núcleo do
de algumas colecções ou objectos com o intuito de
museu [...].” Livro 48, folha 111 V.º, Sessão
de Câmara de 21 de Agosto de 1915. Acta
reorganizar as colecções e o seu modo de exposição,
da Sessão de Compra de 27-9-1960. Mo-
entregando um estudo “sobre a distribuição das
numento Nacional desde 29 de Setembro
peças no novo edifício”6. A transferência foi feita
de 1948 – Decreto 37/077 DG n.º 228.
6
dente da Câmara Municipal de Faro.
7
paulatina e penosamente entre 1971 e 1980, como
Ofício de 4/08/1971 dirigido ao Presi-
Ofício de 24/1/1978 dirigido ao Presi-
dente da Câmara Municipal de Faro.
refere com pesar o Prof. Pinheiro e Rosa: “o director
actual não tem estado a dormir, tem formado muitos
planos para dar vida ao Museu”7.
Sala Pintura Antiga
Rede Portuguesa de Museus | 11
1. Inventário
controle ambiental (luz, humidade, temperatura),
O museu tinha adquirido, em 1996, um programa
esta é, ainda hoje, uma das nossas maiores
informático de inventário – o Inarte – que não tinha
deficiências. Face a esta questão, desenvolvemos,
sido utilizado até então. Iniciou-se o processo de
em conjunto com a Divisão do Centro Histórico,
informatização do inventário, primeiro fazendo
um projecto para um novo edifício de reservas e
reuniões com a Divisão de Inventário do IPM para
laboratórios que teve o apoio técnico da Rede
nos aconselhar e verificar se o programa utilizado
Portuguesa de Museus, através do seu consultor, o
estava adequado à normalização das fichas e
Eng. Luis Elias Casanovas, que para além das várias
conteúdos, então em curso no IPM (que culminaria
reuniões, elaborou vários pareceres. De momento,
com a edição das Normas de Inventário), e para que
estamos a preparar o Caderno/Guião de Encargos para
tivéssemos suporte/listas de “conversão” das
servir de guia aos projectos de especialidades do
categorias e designações antigas para as actuais.
novo edifício, mais uma vez com a colaboração do
Para a realização deste trabalho foram contratados
Eng. Luís Casanovas e da sua orientação a uma
dois técnicos superiores (orientados pelo Doutor
aluna do Mestrado de Museologia da Universidade
Francisco Lameira), um na área da arqueologia e
de Évora.
outro na área do Património Cultural. A gestão
Centrando-nos nas colecções, há ainda muito a
informática das colecções foi uma vantagem muito
melhorar na forma de acondicionamento de alguns
grande para o trabalho posterior de investigação e
espécimes, como, muito bem, notou a RPM, aquando
de reorganização das reservas e salas de exposições.
da nossa adesão em 2002, pelo que fomos trabalhan-
Como a colecção é muito heterogénea houve
do nesse sentido. Com o apoio do Programa de
dificuldade no correcto preenchimento de todos os
Apoio à Qualificação de Museus da RPM em 2002,
campos, pelo que se foi sempre tentando melhorar
adquirimos novos armários para acondicionamento
e acrescentar mais informações às fichas. O trabalho
da colecção de cartazes; adquirimos ainda armários
realizado está, neste momento, em fase de revisão
para desenhos e gravuras de diversas colecções, bem
com vista à sua disponibilização on-line (final de
como pequenos contentores para a colecção de
2005/início de 2006); por outro lado é um trabalho
numismática. Estamos a preparar um melhor
“em aberto”, que é melhorado e reformulado com
acondicionamento da colecção Ferreira de Almeida,
o apport dos investigadores e especialistas nas
nomeadamente de porcelanas e cerâmicas.
diferentes áreas.
3. Conservação e Restauro
2. Reservas
O primeiro passo nesta área foi fazer o diagnóstico
Foi necessário distinguir os espaços de reserva e de
do estado de conservação da colecção de pintura
arrecadação (os dois confundiam-se), pelo que se
antiga dos séculos XVI a XIX, realizado por uma
procedeu à reorganização das reservas (trabalho
técnica de conservação e restauro da Divisão de
realizado apenas com os meios disponíveis).
Pintura do Instituto Português de Conservação e
Dividiram-se os materiais consoante as categorias:
Restauro em 2000, que nos deu as linhas orienta-
pintura, desenho, mobiliário, cerâmica, material
doras para que se pudesse expor a colecção a curto
arqueológico, material pétreo, sobretudo lápides.
prazo; procedeu-se, então, à contratação de um
Os outros materiais, como por exemplo, vitrinas e
técnico profissional de restauro (especialidade em
aquecedores, foram arrumados em espaços próprios.
pintura) que com a orientação do atelier de António
Este trabalho só foi possível porque o museu
Salgado, realizou um trabalho de conservação e
“ganhou” novos espaços que adaptou, ora a reservas,
limpeza necessário para as obras serem expostas.
ora a arrecadações. Apesar da nossa preocupação
Aquando da nossa adesão à RPM, este era um dos
em ter reservas com o mínimo de critério e de
serviços com mais carências, quer a nível material,
12 | Boletim Trimestral
quer humano, pelo que em 2002 foi contratada
outras colecções, tais como as de cartazes e azulejos.
uma licenciada em Conservação e Restauro que
Também está a ser estudado o espólio romano e da
muito contribuiu para um melhor e mais adequado
idade do ferro, das escavações realizadas no quintal
desempenho na preservação das nossas colecções.
do antigo convento de Nossa Senhora da Assunção
Não possuíamos o equipamento adequado a uma
(actual Museu).
monitorização dos espaços ou ao tratamento das
Restauro de Pintura
(equipamento adquirido com o apoio do
colecções, pelo que fomos tentando suprir essas
5. Exposição e Edição
lacunas com o apoio da RPM e do PAQM, através
Elaborámos de início um pré-plano de exposições,
de várias candidaturas, para aquisição de datalogger
com as condicionantes do espaço, que resultou na
(2002), lupa binocular (2003), armário hignofugo
abertura de três salas de exposição de longa duração,
(2003).
islâmica, pintura antiga e mosaico, e de várias
O trabalho de restauro passa pelo acervo do museu
exposições temporárias, com a intenção de dar a
e de outras instituições que nos solicitam ajuda,
conhecer a heterogeneidade das nossas colecções,
como por exemplo Casa dos Rapazes, Congregação
que se pautaram pelas mostras seguintes: O Algarve
de São Sebastião e pela intervenção em edifícios
Encantado na Obra de Carlos Porfírio, Memórias de Faro:
religiosos, quer de tutela camarária (Igreja da
Mariana Santos e Honorato Santos, Três Pessoas, Três
Esperança), ou através de protocolos com outras
Edifícios e Um Museu. Simultaneamente recebemos
instituições, como é o caso do tecto da sacristia da
exposições temporárias vindas de fora, umas já
Igreja da Ordem Terceira do Carmo (em curso). Este
“prontas” outras em que o museu patrocinou o estudo
trabalho diversificado passa pelo nosso entendi-
e a concepção: A Arte Contemporânea Portuguesa na
mento de que a missão do museu no que respeita
Colecção de Manuel Baptista, Hélène de Beauvoir: Faro
à “conservação... do património do concelho...”
1940-1944.
deve ser cumprida.
Para abertura em 2005 estamos a preparar uma
Estamos actualmente a preparar o Plano de
exposição de longa duração Caminhos do Algarve
Segurança em colaboração com a Protecção Civil e
Romano, comissariada pelo Prof. José d’Encarnação.
começámos a preparar o Plano/Estratégia de
Apesar de algumas conquistas nesta área, sentimos
Conservação Preventiva com a colaboração da RPM.
a necessidade de elaborar um novo programa museo-
PAQM).
lógico e o respectivo percurso expositivo. Para que
4. Investigação
o visitante possa sentir coerência entre as várias
A investigação constitui o trabalho de base de todas
salas de exposição, com o mote As raízes de uma
as exposições realizadas. As colecções encontravam-se
região e a formação de uma cidade: Faro inicia-se um
deficientemente estudadas, apesar de todos os esforços
percurso orientado cronologicamente desde a pré-
de Pinheiro e Rosa que, mais que estudá-las, as dá
-história até ao século XIX; segue-se uma sala de
a conhecer ao público através da revista municipal
interpretação/explicação do edifício designada
Anais do Município de Faro, com artigos em todos
O convento que foi fábrica e é museu, com exposições
os números de 1969 a 1986. Nesta área, como
de periodicidade bianual que abordam o edifício
noutras, o Museu faz parcerias e convida inves-
de várias perspectivas; e, finalmente, dedica-se uma
tigadores das universidades para fazer ou dirigir
Sala da Cidade à realização de exposições temporárias
estudos. Assim, desde o início, convidámos inves-
sobre aspectos diversos relacionados com a proble-
tigadores como: Vítor Serrão, José d’Encarnação,
mática da cidade em termos físicos, sociológicos.
José Alberto Machado, Joaquim Caetano, José
Para além disso, a programação de exposições
Vilhena Mesquita, João Pedro Bernardes, entre
temporárias irá fazer “rodar” as nossas colecções
outros, que foram colaborando connosco. Com a
em reserva e incluirá a realização de exposições que
entrada para a RPM em 2002 foi possível estudar
surjam através de itinerância.
Rede Portuguesa de Museus | 13
A política de edições passa pela publicação de
da Penha, Unidade de Pediatria do Hospital Distrital
catálogos das exposições, pela realização de folhetos
de Faro, Instituto D. Francisco Gomes – Casa dos
de divulgação do Museu e de outros monumentos
Rapazes, Refúgio Aboim Ascenção.
do concelho, pela realização de percursos e guias
Avançamos, também, com uma novidade em 2005:
históricos, pela edição de livros sobre a história do
o Programa de Intervenção Comunitária que preten-
concelho e de livros infantis/juvenis, pretendendo
de divulgar, logo no início do ano, as actividades
abranger públicos bastante diversificados.
que iremos desenvolver para que as instituições e
pessoas possam planear atempadamente as suas
6. Educação
actividades. Mas o principal objectivo é divulgar
Comunicar é uma das funções do museu, para isso
de uma maneira mais sistemática as nossas
é necessário “construir” discursos apelativos e
actividades e criar nas “nossas” comunidades o
diversificados. Foi com este objectivo que se criou
hábito de frequentar o museu e encará-lo como um
o Serviço Educativo, que se inicia de forma embrio-
espaço vivo e dinâmico da cidade.
nária em 2000 e que começa a ser sistematizado
em 2001 com a realização de um Programa Escolar
7. Museografia e design
(que apresentamos, anualmente em Setembro, nas
A forma como se expõe, para que o “jargão”
escolas aos professores). As actividades inseridas no
científico se transforme e para dar vida aos objectos,
programa reflectem as exposições de longa duração
foi outra preocupação. Para concretizar os nossos
do Museu e uma das exposições temporárias, com
objectivos foi preciso (re)criar uma imagem do
oficinas, jogos e outras actividades – Oceano aos
museu: novo logotipo, nova portaria/loja, nova
Quadradinhos; A Mensagem da Pedra; Dá corda à
museografia expositiva. Este serviço funciona com
imaginação, etc. Paralelamente à área pedagógica,
duas vertentes, o design de equipamento e o design
desenvolvemos a área de Educação e Intervenção
gráfico, com um único objectivo criar/construir
Comunitária, com acções pensadas para diferentes
mensagens de fácil leitura, não quer isto dizer
públicos: pais e filhos – Famílias com Estórias; tertúlias
simples ou simplificadas, e conseguir chegar ao
para público diverso (adulto e jovem-adulto) –
“coração/razão” do visitante.
Conversas ao Final da Tarde; público universitário e
Para enquadrar todas estas actividades e regular o
público em geral – Ciclos de Conferências ou de
funcionamento do museu foi elaborado o Regulamento
Cinema; público adulto – Oficinas de Joalharia,
Interno do Museu em 2002, com parecer da RPM,
Ajulezaria, etc.; comunidade cigana – Oficina Festival
já deste ano.
de Cores; público juvenil – Oficinas de Verão e Páscoa;
A entrada na RPM em 2002 foi um momento
percurso À Descoberta da Cidade Perdida para a
decisivo para melhorar, cada vez mais, a nossa
Associação de Saúde Mental do Algarve.
prática profissional, contribuindo com o apoio
Este mês de Dezembro iniciámos a actividade
técnico em várias áreas que é fundamental, e com
O Museu sai à Rua, onde desenvolvemos uma oficina
o apoio financeiro que nos permitiu levar a “bom
Janelas de Natal, dirigida a quatro instituições que
porto” muitos projectos. Mas, acima de tudo, a
normalmente não podem frequentar o museu, ou
grande vantagem é estar em rede e poder partilhar
quando o fazem são inseridas em grupos
experiências e dificuldades com um objectivo
heterogéneos, onde não é possível dar-lhes a atenção
comum: a valorização da nossa memória e a
necessária: Unidade de Surdos da Escola Primária
construção de novas memórias. ❚
Oficina de Verão – Festival de Cores –
14 | Boletim Trimestral
comunidade cigana
Notícias Museus RPM*
* Notícias exclusivamente
baseadas em informações enviadas
pelos Museus integrados na RPM
Casa-Museu Frederico de Freitas
– Frederico de Freitas, o Anfitrião –
abordar-se-ão aspectos relacionados com a alimentação,
Uma temática, múltiplas propostas
imaginando-se também uma refeição saudável para
A funcionar desde Setembro de 2001, os Serviços de
os convidados do Dr. Frederico de Freitas. Partindo do
Educação e de Animação da Casa-Museu Frederico
texto de apoio “Cores e sabores”, os alunos concluem
de Freitas, assumem, desde então, a responsabilidade
que o colorido dos frutos, legumes e hortaliças indicam
de receber um público variado, para o qual preparam,
os seus principais nutrientes e, portanto, uma dieta
planificam e realizam visitas temáticas, assim como
equilibrada é sinónimo de um conjunto de alimentos
actividades complementares de carácter lúdico, de
com uma paleta diversificada. Outros professores, mais
expressão escrita, plástica e dramática.
interessados no traje e regras de etiqueta, preferem
Entre as propostas oferecidas insere-se Frederico de
que os seus educandos pintem com tintas para têxteis
Freitas, o Anfitrião, iniciativa que pretende desvendar a
uma gravata e aprendam e pratiquem diferentes tipos
vida e a personalidade deste notário e advogado
de nós. Alguns, optam pela realização de retratos do
madeirense (1894-1978) que legou as suas colecções
doutor Frederico de Freitas porque querem que os
à Região Autónoma da Madeira, dando origem à actual
seus alunos desenvolvam trabalhos sobre personalidades
Casa-Museu. Partindo da observação, exploração e
madeirenses ou porque desejam que aprendam algo
comparação de um seu retrato a óleo em que se
sobre as técnicas do retrato.
apresenta de gravata, e de duas caricaturas trajado de
Todos estes aspectos e todas estas actividades práticas
smoking, procura-se revelar, não apenas o coleccionador,
podem ser tratados com um grupo que visite
mas também o homem de maneiras esmeradas e
regularmente o museu, como foi planeado no âmbito
educação requintada.
do atelier Inter-Gerações programado para o primeiro
Na sala de jantar, abordam-se algumas regras de etiqueta
sábado de cada mês.
ou as simples boas maneiras à mesa; refere-se o serviço
Alunos dos 3.º e 4.º anos de uma instituição vizinha
de loiça e talheres a utilizar, assim como a sua disposição
do Museu executaram todas as tarefas descritas – que
numa mesa de cerimónia. Sempre que possível,
outras escolas realizaram apenas pontualmente –
contamos com a intervenção do grupo de teatro da
confeccionando, além disso, em pâpier mâcher, pratos,
Escola Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva. Alguns
talheres e copos. Pintaram também alimentos em
dos seus elementos personificam o anfitrião e o criado
esponja e decoraram guardanapos com um mono-
que, não sabendo comportar-se, pedem a colaboração
grama. Refira-se que estas experiências de expressão
das crianças. Noutro espaço visitável, os alunos põem
plástica são sempre sustentadas na exploração de
a mesa e vão corrigindo espontaneamente as múltiplas
peças do espólio do museu ou que de alguma forma
e imperdoáveis gaffes daqueles personagens.
se relacionem com o seu coleccionador. Por exemplo:
No âmbito desta iniciativa, o professor seleccionará
antes de fabricarem o serviço de loiça, as crianças foram
uma das propostas oferecidas pelo Serviço Educativo
induzidas a descobrir as características e a história das
podendo, é claro, privilegiar assuntos que de certa
porcelanas “Companhia das Índias”, partindo da observa-
forma se liguem aos conteúdos que lecciona ou que
ção desta colecção. Descobriram monogramas e neles se
os estudantes desenvolvam na Área-Projecto ou
inspiraram para criarem um, com as iniciais de Frederico
Informações e contactos
Educação Cívica. Por exemplo, se a temática da
de Freitas, que constasse no serviço de loiça, em individuais,
Casa-Museu Frederico de Freitas
nutrição está a ser trabalhada podem escolher como
guardanapos e outros acessórios de mesa por eles
actividade prática, a realizar no Atelier, confeccionar
produzidos. Todo aquele material foi depois exposto e
num prato um rosto, um animal ou uma paisagem
utilizado no Dia Mundial da Criança por alguns dos
Fax: 291 220 578
com hortaliças postas à disposição. Nesse caso, durante
intervenientes que fizeram questão de mostrar que sabiam
[email protected]
a visita e na intervenção de expressão dramática,
servir e estar à mesa. ❚
Calçada de Santa Clara, n.º 7
9000-036 Funchal
Tel.: 291 202 570/291 220 578
Rede Portuguesa de Museus | 15
Museu Arqueológico de São Miguel
de Odrinhas
– Novo material didáctico e divulgativo
ambiência e arquitectura de todo o Complexo
Inserido no programa de divulgação e valorização do
Museológico. Paralelamente, editou-se um conjunto
Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, foi
de diapositivos, com idêntica temática – subsidiado
lançado a público no passado dia 30 de Novembro
pela Rede Portuguesa de Museus no âmbito do
um documentário, em suporte DVD, sobre o Museu
Programa de Apoio à Qualificação dos Museus –,
e as suas principais actividades, bem como diverso
instrumento desde há muito solicitado por todos os
material didáctico e divulgativo, concretamente vários
educadores e promotores culturais que ali se deslocam
produtos vocacionados para os mais jovens visitantes
com os seus grupos de alunos e demais visitantes.
e, para todos, um notável conjunto de réplicas de
A criação do «Poseidipos», mascote infantil do Museu
peças arqueológicas conservadas nas suas colecções.
– cuja designação tem origem em Posêidon, deus dos
O documentário agora editado permite percorrer
mares, e no nome grego que significa cavalo (híppos),
detalhadamente todo o percurso museológico, a
e
começar pelas ruínas da villa romana existentes junto
representação similar presente num dos três sarcófagos
ao Museu e, passando ao “Livro de Pedra” – assim se
etruscos conservados na “Cripta” –, originou uma
designa a exposição epigráfica –, convidando o visitante
diversificada gama de aliciantes produtos para os mais
virtual a conhecer o segredos da “Cripta Etrusca” e
novos trazerem consigo, como são os pins e os porta-
os únicos sarcófagos desse estilo existentes em Portugal;
chaves, os lápis e as borrachas, os blocos de notas e os
a passear-se na “Basílica Romana” entre as muitas
tapetes de rato, as t-shirts e os mealheiros que, a partir
dezenas de inscrições latinas funerárias e votivas que,
de agora, se encontram disponíveis na Loja do Museu.
há dois mil anos, convidavam já à leitura quem então
Fruto de um desejo amplamente manifestado por todo
percorria as vias, necrópoles e santuários implantados
o público visitante, e outra das inovações ora
nos campos de Sintra; a decifrar os enigmas da “Igreja
disponibilizadas pelo Museu, é o conjunto de 45 réplicas
Visigótica” e dos lintéis da antiquíssima igreja de Santa
de peças arqueológicas, cujos originais pertencem ao
Maria do Faião; a meditar na mutabilidade das coisas
seu acervo. Trata-se, nas sua maioria, da reprodução
no “Cronos Devorator”, onde se mostram monumentos
fiel de artefactos recolhidos em diferentes estações
alterados e reutilizados ao longo de séculos; a oscilar
arqueológicas do Concelho de Sintra, algumas das
entre o real e o imaginário na “Necrópole Medieval”
quais tão emblemáticas como o Monumento Pré-histó-
observando os símbolos tantas vezes crípticos apostos
rico da Praia das Maças e as próprias ruínas da villa
nas tampas tumulares e nas estelas sepulcrais; a sorrir
romana de São Miguel de Odrinhas.
perante o ludus evocativo dos primórdios da
Após as fases de montagem e consolidação operacional
museologia epigráfica recreado no “Gabinete Lapidar”;
sempre morosas e não isentas de problemas, o Museu
a fazer uma pausa e a gozar de um proveitoso lazer
Arqueológico de São Miguel de Odrinhas está
no “Otium Fecundum”; a enganar-se tomando o “Fines”,
finalmente a iniciar o seu normal e natural percurso
onde se exibem antigos marcos fronteiriços, como
como instituição cultural de excepção que pretende
fim do Museu, quando este continua afinal, embora
proporcionar a todo o público, e simultaneamente,
de um outro modo, através de uma biblioteca
novos e diversos conhecimentos, lazer, tranquilidade
especializada, do laboratório de conservação e restauro,
de espírito e harmonia. O lançamento de novos
dos múltiplos trabalhos de campo e de gabinete, dos
produtos didácticos e divulgativos inserem-se nesse
novos projectos que acalenta e constrói.
espírito e constituem, apenas, o início de uma semen-
Divulgou-se, em simultâneo, uma colecção de postais
teira que se augura venha ser fecunda e amplamente
alusivos quer ao espólio em exposição, quer à
frutífera. ❚
16 | Boletim Trimestral
que
iconograficamente
foi
inspirado
numa
Museu de Arte Contemporânea
do Funchal
– Projecto (A)prender ARTE
do espaço – cadeia, criando uma metáfora onde se fala
O Museu de Arte Contemporânea do Funchal está a
de fronteiras, do seu reconhecimento, de corpos
desenvolver um projecto designado por (A)prender ARTE,
aprisionados, da possibilidade/impossibilidade de
tendo por objectivo dar oportunidade aos criadores da
comunicar entre eles.
Região Autónoma da Madeira de realizarem trabalhos
Neste momento encontra-se a decorrer outra instalação
no domínio das Artes Plásticas para um espaço – a cadeia
da pintora Alice de Sousa e Martinho Mendes, estudante
da Fortaleza de São Tiago – levando em conta a
do 4.º ano de Artes Plásticas na Universidade da Madeira.
especificidade do lugar, o valor patrimonial do edifício,
Alice de Sousa, partindo de uma pesquisa literária
o seu contexto histórico e cultural, bem como a sua
– S. João da Cruz, Camilo Castelo Branco e outros –,
função na actualidade.
compõe o espaço de uma das celas como se represen-
A cadeia da Fortaleza de São Tiago, imóvel classificado,
tasse um papel de porta-voz de tantos prisioneiros então
onde se encontra, desde 1992, instalada a Colecção
encarcerados neste e noutros espaços semelhantes.
de Arte Contemporânea Portuguesa do Museu de Arte
Já a ala ocupada pelo trabalho de Martinho Mendes
Contemporânea do Funchal, é um espaço constituído
apresenta-se como repositório encenado por objectos
por duas celas paralelas, servidas por um alçapão exterior,
recuperados do dia a dia (caixas de embalagens para
e cujo acesso é feito por uma escada na esplanada
exportação de flores), que surgem descontextualizadas
superior, local de onde se vislumbra uma das mais
da sua função, ganhando aqui novos significados que
interessantes panorâmicas da baía do Funchal.
reforçam mensagens associadas ao núcleo do projecto.
Este projecto inaugurou-se com uma instalação vídeo
O próximo trabalho a apresentar, de Eduardo Freitas,
«O Templo Dourado», de Roberto Nóbrega, aluno da
parte de um poema, de João Dionísio, “Juras que me
Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Partindo da leitura
incendeias o coração?”, e procurará interpretar plastica-
de «O Templo Dourado» de Yukio Mishima, Roberto
mente o texto, sem querer obrigatoriamente ilustrá-lo,
Nóbrega apropria-se dessa realidade literária, transfor-
com imagens ou objectos tridimensionais, como o
mando-a numa outra, agora referenciada à especificidade
objecto letra, com significativo valor iconográfico. ❚
Museu Biblioteca da Casa de Bragança
Paço Ducal de Vila Viçosa
– Roteiro do Museu de Arqueologia do
Castelo de Vila Viçosa
Bragança. Esta “viagem” diacrónica pelo Alto Alentejo
tem por base o estudo e tratamento dos materiais
O Museu de Arqueologia, instalado no piso térreo do
realizados pela arqueóloga Jeannette U Smit Nolen ao
Castelo de Vila Viçosa, alberga uma significativa colecção
longo de duas décadas em que, a pedido da Fundação
de artefactos que conduzem o visitante do Paleolítico
da Casa de Bragança, preparou a colecção para uma
até ao século XVIII, incluindo alguns objectos
nova apresentação.
provenientes das colecções de membros da Família Real
Com a reabertura em Maio de 1999 concluiu-se uma
e de coleccionadores particulares. O espólio provém,
importante etapa do projecto de disponibilização deste
na sua maioria, de escavações efectuadas ao longo das
interessante espólio ao público, mas continuava a faltar
décadas de 40-50 por Abel Viana e António Dias de
um instrumento de divulgação em suporte papel. É
Deus nas propriedades da Fundação da Casa de
esta lacuna que se pretendeu colmatar com a edição
Rede Portuguesa de Museus | 17
de um Roteiro do Museu de Arqueologia do Castelo
autora e de Joaquim Real Andrade, o Roteiro tem 40
de Vila Viçosa, em versão portuguesa e inglesa. Da
páginas profusamente ilustradas a cores e a preto e
autoria de Jeannette U Smit Nolen e com imagens da
branco. ❚
Museu do Caramulo
– Enriquecimento das colecções
O Museu do Caramulo recebeu uma cadeira de braços
A colecção automóvel do Museu do Caramulo foi
da 1.ª metade do século XVII, doada por Pedro
reforçada com quatro novos motociclos, complemen-
Menéres Cudell. Tendo pertencido no passado à Igreja
tando a exposição de motociclos, que cobre quase
Matriz do Arrabal – Distrito de Leiria, a cadeira é
100 anos de história industrial e motorizada. Os motociclos
descrita no livro "Cadeiras portuguesas" de Augusto
que agora se juntam à colecção tratam-se de uma BSA,
Cardoso Pinto, de 1952, como "Cadeira de braços
modelo Goldstar (1952), uma FN (1911), uma Norton,
com assento e costas de couro lavrado, fixado por
modelo Internacional 40 (1954) e uma Velocette,
pregaria de latão, grossa e miúda; braços ligeiramente
modelo Venom Thruxton (1979), extremamente rara.
encurvados e enrolados nas extremidades e travessas
No recente passado, já tinha sido doado ao Museu
dianteira e trazeira recortadas e vazadas; a frente do
do Caramulo pelo Sr. Ilídio Oliveira Freitas uma Honda
aro do assento apresenta inferiormente o mesmo
NR-750 (RC 40) de 1992 (velocidade máxima de 257
recorte das referidas travessas."
Kms./h.). ❚
Museu Escolar de Marrazes
– Serviço Educativo – Actividades em 2005
As principais e mais significativas actividades de Serviço
presença do Jornalista Dr. Adelino Gomes, natural da
Educativo do Museu Escolar decorrem, todos os anos,
Freguesia de Marrazes, o qual dinamizará uma conferência
entre Março e Junho. A programação geral dos eventos
e um debate com alunos do 9.º ao 12.º ano das Escolas
é feita no início do ano lectivo para que, quando dirigi-
do Concelho de Leiria.
da às escolas, os professores possam introduzir no seu
programa anual as actividades propostas. À semelhança
A Presidente da Direcção
do ano passado, o Museu Escolar participará com uma
Fátima Salgueiro ❚
oficina pedagógica na Expo-Criança em Santarém, que
decorrerá de 5 a 13 de Março. Será comemorado o dia
da Literatura em Abril, cujo programa ainda está em fase
de estudo, mas tudo aponta para que seja desenvolvido
por uma professora aposentada e por crianças dos ATL
da Freguesia. Para o Dia Internacional de Museus, 18 de
Maio de 2005, já foi enviado aos diferentes Infantários
Informações e contactos
e Pré-Escolar da Freguesia, uma norma de concurso para
Museu Escolar
a apresentação de trabalhos com vista a dar vida e nome
Largo da Feira dos 18
2400-380 Leiria
aos bonecos do desdobrável infantil que o Museu tem
Tel.: 244 812 701
à disposição dos visitantes. No seu 8.º Aniversário, em
Fax: 244 855 387
16 de Maio de 2005, o Museu Escolar contará com a
E-mail: [email protected]
18 | Boletim Trimestral
Museu Municipal de Coruche
– Projecto de Investigação
No passado mês de Outubro, o Museu Municipal de Coruche
para a arte e para a educação estética. Denominado "Era
iniciou um projecto de investigação denominado "Carta do
uma vez... uma obra de arte", o atelier incidirá sobre obras
Património do concelho de Coruche", projecto multidisciplinar,
do pintor José de Guimarães.
cujo grande objectivo é caracterizar, investigar e inventariar
No Museu Municipal tem ainda lugar outro atelier denomi-
todo o património histórico, arqueológico, arquitectónico,
nado "Os construtores de antas", direccionado para alunos
material e imaterial do concelho.
do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico. Este atelier pretende
– Actividades Educativas
sensibilizar para o património local, dando enfoque ao
Dando continuidade ao seu projecto educativo, o Museu
complexo megalítico de Coruche (freguesia do Couço).
Municipal de Coruche começou um novo atelier
Esta actividade contempla uma visita à exposição de longa
vocacionado para o 1.º ciclo do ensino básico, que decorrerá
duração do Museu, a construção de uma réplica de anta
Tel.: 243 610 823
durante todo o ano lectivo. Orientado pela Prof.ª Eulália
e a decoração de uma placa de xisto. Poderá incluir,
E-mail: [email protected]
Faustino, este atelier tem como objectivo a sensibilização
igualmente, uma visita guiada ao complexo megalítico. ❚
Informações e contactos
Museu Nacional do Azulejo
Informações e contactos
Serviço educativo
9h30-16h30
Museu Nacional do Azulejo
Rua Madre de Deus, n.º 4
1900-312 Lisboa
Tel.: 21 810 03 40
– Lançamento do projecto
Rotas de Cerâmica
intervenientes das Rotas de Cerâmica, organizados do
seguinte modo: fábricas de porcelana e faiança – cópias
Fax: 21 810 03 69
No dia 7 de Outubro de 2004, por ocasião das inaugu-
de modelos antigos; fábricas de porcelana e faiança –
E-mail: [email protected]
rações das exposições A minha segunda casa... Cecília
novos projectos de design para a Cerâmica; olaria
de Sousa Obra cerâmica. 1954-2004 e Francis Tondeur.
popular; cerâmica figurada popular; ceramistas; estabele-
Azulejos, foi apresentado também no Museu Nacional
cimentos de ensino da Cerâmica em Portugal.
do Azulejo o projecto Rotas da Cerâmica – Cerâmica –
Membro do projecto Rotas de Cerâmica e ciente da
Turismo Industrial, Científico e Cultural enquadrado no
responsabilidade na promoção da Cerâmica em Portugal
Programa de Iniciativas Comunitárias EQUAL.
nas suas mais diversas formas de produção e divulgação,
Em torno da Cerâmica agruparam-se diferentes institui-
o Museu Nacional do Azulejo sente-se honrado em poder
ções e personalidades como: fábricas de porcelana,
participar no lançamento deste projecto essencial para
fábricas de faiança, oficinas de olaria, ceramistas, artistas
a reavaliação e desenvolvimento da Cerâmica portuguesa,
populares, museus com colecções de Cerâmica e
também ela essencial marca identitária do País.
estabelecimentos de ensino médio e superior com
departamentos de Cerâmica. Estes são os membros de
– Boletim dos Amigos do Museu
Rotas de Cerâmica que se disponibilizam a integrar
Saiu em Novembro de 2004 o primeiro número do Boletim
itinerários turísticos norteados pelos locais onde se
dos Amigos do Museu Nacional do Azulejo, com o intuito
produz e divulga a Cerâmica, cotejando-os com pontos
de abrir um novo canal de comunicação para sócios e
de interesse hoteleiro e gastronómico, e cujo objectivo
interessados em azulejaria e cerâmica. O Boletim, de
é chamar a atenção, de modo atraente, para a produção
periodicidade semestral, fará a divulgação das actividades,
Cerâmica nas suas diferentes formas de expressão e
serviços e projectos da Associação e do Museu, destacando-
que, na presente data, atravessa uma significativa crise
se ainda neste primeiro número, as peças adicionadas à
de produção e valorização cultural.
colecção do Museu durante o ano de 2004, as exposições
Por ocasião da apresentação desta iniciativa foram
inauguradas recentemente e as acções de formação levadas
expostos produtos cerâmicos executados pelos diferentes
a cabo no Museu Nacional do Azulejo. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 19
Museu Municipal de Penafiel
– Castro de Monte Mozinho
No dia 5 de Novembro foi inaugurado pela Secretária
dos arqueólogos, esta passível de ser disponibilizada a
de Estado das Artes e do Espectáculo, Dr.ª Teresa Caeiro,
investigadores e público interessado. No centro deste
o Centro Interpretativo e demais instalações de apoio no
espaço de cultura e lazer, inserido em mancha agro-flores-
Castro de Monte Mozinho, Penafiel, integrados num con-
tal, fica um grande parque murado, com prado e árvores.
junto de medidas de preservação e divulgação que o
Como objectivo, pretende-se converter Monte Mozinho
Município e o Museu Municipal têm vindo a levar a cabo
num Centro de Descobrimento da Arqueologia que
com a comparticipação de fundos comunitários do
integrará o conjunto arqueológico visitável, o centro de
Programa Operacional da Cultura e INTERREG III A.
interpretação do sítio e um programa didáctico destinado
O Castro de Monte Mozinho, primeiro pólo exterior do
a difundir o método de investigação arqueológica e a
Museu, é um povoado fortificado construído no tempo
importância do Património Cultural.
do Imperador Augusto, sobre um cabeço granítico de
Com a candidatura ao INTERREG III A, em parceria com
408 metros, com largo horizonte visual. Teve várias fases
as deputações espanholas de Ávila e Salamanca e os
de ocupação, sendo a primeira, a que se inicia com a
municípios portugueses de Miranda do Douro e
sua fundação até meados do século I dC, correspondendo
Mogadouro, trataram-se os espaços dentro do castro e
à época da sua maior extensão, cerca de 20 hectares, e
na sua envolvente, através da criação de percursos,
densidade populacional, desde o topo até à muralha no
sinaléctica e requalificação vegetal. Definiram-se como
sopé do monte. Continuou a ser ocupado de forma mais
objectivos principais dotar o castro de infraestruturas
ou menos contínua até ao séc. V, altura em que foi
mínimas essenciais às visitas, bem como desenvolver
abandonado. Este Castro é Imóvel de Interesse público
acções de formação destinadas aos visitantes e disponi-
desde 1948, contando já com três décadas e meia de
bilizar materiais de divulgação na sequência da candidatura
escavações arqueológicas, que colocaram a descoberto
anterior. Esta candidatura, ainda em curso, pretende no
cerca de 10% do monumento.
seu conjunto a criação de uma rota dos castros na fronteira
Com a candidatura ao POC – Programa Operacional da
hispano-portuguesa, integrando as regiões acima referidas.
Região Norte, cuja conclusão ocorreu recentemente,
Esta intervenção foi ainda valorizada pela inserção neste
realizou-se a construção de um Centro Interpretativo,
espaço de um conjunto de esculturas contemporâneas
Informações e contactos
com área de acolhimento, um pequeno bar, auditório e
de granito, da autoria de Colin Figue, João Antero, Paulo
Museu Municipal de Penafiel
expositor/venda, e de um conjunto de outras estruturas
Neves e Volker Schnuttgen, concebidas e realizadas para
necessárias ao funcionamento do Sítio Arqueológico, como
este local no quadro do I Simposium de Esculturas em
instalações sanitárias, casa do guarda, armazém/laboratório
Granito de Penafiel, encetando um interessante diálogo
Fax: 255 711 066
para tratamento primário do material exumado e casa
de modernidade com o monumento. ❚
E-mail: [email protected]
Rua do Conde Ferreira
4560-483 Penafiel
Tel.: 255 712 760
Museu de Olaria
– III Jornadas de Olaria: Modos de Fazer
Nos dias 25 e 26 de Novembro, o Museu de Olaria
modelagem em barro e visitas a alguns dos oleiros mais
dando seguimento ao seu trabalho de divulgação e
tradicionais da região. As Jornadas constituíram também
Informações e contactos
valorização da olaria, organizou as "III Jornadas de Olaria:
uma oportunidade para a apresentação do 3.º número
Museu de Olaria
Modos de Fazer", cujo tema versou sobre "Formas e
da revista “Olaria, Estudos Arqueológicos, Históricos e
Usos". Estas Jornadas foram palco de um conjunto de
Etnológicos” pelas respectivas coordenadoras Cláudia
acções no âmbito da temática da olaria, nomeadamente
Milhazes, responsável do Museu de Olaria, e Isabel
Fax: 253 809 661
a apresentação de conferências, workshops de
Fernandes, directora do Museu Alberto Sampaio. ❚
E-mail: [email protected]
Rua Cónego Joaquim Gaiolas
4750-306 Barcelos
20 | Boletim Trimestral
Tel.: 253 824 741
Museu do Trabalho Michel Giacometti
– “Era uma vez no Museu...”
"Era uma vez no Museu..." é uma estratégia educativa,
e sensoriais dos ambientes museografados, com vista
dirigida a públicos muito jovens (dos 4 aos 9 anos),
a estimular a relação entre o museu e os públicos e a
que recorre à dramatização e ao lúdico com o objectivo
desenvolver as capacidades de comunicação e expressão.
de suscitar emoções e despertar a curiosidade em relação
Através da história as crianças interagem com os objectos
ao museu e aos seus conteúdos expositivos que se
expostos no museu, que adquirem novas qualidades
centram sobre o trabalho na agricultura, na indústria
enquanto suporte da narrativa e adereços das persona-
e no comércio. A partir de uma conhecida história
gens. Esta actividade decorre durante o ano lectivo de
Tel.: 265 537 880
infantil, usada como guião, percorre-se o espaço
2004-2005, realizando-se todas as sextas-feiras com
Fax: 265 537 889
museológico, exploram-se as potencialidades plásticas
marcação prévia. ❚
Informações e contactos
Museu do Trabalho Michel Giacometti
Largo Defensores da República
2910-470 Setúbal
Museu do Traje de Viana do Castelo
– A lã e o linho no traje do Alto Minho
“o conceito de traje popular é muito difícil de formular com
segurança, dada a ruptura dos velhos esquemas em que ele
essencialmente se fundamentava, tais como: masculino/feminino, trabalho/festa, rural/urbano, moral/estético, tradição/inovação, etc… o traje é um dos elementos materiais da cultura
humana mais permeável e sensível ao pulsar e devir sociais”.
Benjamim Enes Pereira considera que “No panorama geral
do traje popular português, este traje sobressai de modo
decisivo e inconfundível pela sua originalidade e beleza, pela
afirmação de uma estética que soube conjugar elementos
simples, elaborando-os com fina sensibilidade e harmonizandoos entre si em vista à valorização do corpo feminino, segundo
Informações e contactos
Museu do Traje
O Museu do Traje de Viana do Castelo editou recentemente
um cânone que exalta um certo esplendor físico. Além disso
o catálogo intitulado “A lã e o linho no traje do Alto Minho”
ele possuiu o prestígio de um produto regional característico
da autoria de Benjamim Enes Pereira e com o apoio da
dado que as suas peças fundamentais eram confeccionadas
Rede Portuguesa de Museus. O conteúdo deste catálogo
com linho e lã caseiros, tecidas e bordadas segundo uma
documenta todos os passos significativos da exposição
gramática e estilo local, com padrões plenamente elaborados,
permanente patente no Museu do Traje: o ciclo do linho
incluindo uma sábia manipulação de tintos vegetais que
e da lã, a fase de produção e de transformação desta
lhes permitiam ousados jogos de composição cromática”.
matéria-prima, bem como o contraste entre os trajes
Com este catálogo ficam os muitos visitantes do Museu
serranos e os trajes das aldeias da ribeira lima e atlântica
do Traje de Viana do Castelo apetrechados para melhor
de Viana do Castelo.
perceberem a conjuntura sócio-económica e estético-
Sendo certo que o traje do Alto Minho – base principal da
funcional com que se moldou a diversidade do traje à
colecção deste museu – é muito emblemático e com naipes
vianesa e Alto-minhoto.
Praça da República
4400-520 Viana do Castelo
estéticos bem definidos, o seu estudo não é tão linear, nem
Tel.: 258 800 171
se revela com tanta segurança pela dualidade de conceitos
Maria Flora Passos Silva
Fax: 258 800 179
que categoricamente compreendem as suas peças.
Vereadora do Pelouro da Cultura ❚
Rede Portuguesa de Museus | 21
Em Agenda
Museu de Arte Sacra e Etnologia
Exposição Máscaras Africanas
Dia dos Beatos Francisco e Jacinta Marto
De 29 de Janeiro a 22 de Maio de 2005
20 de Fevereiro
Esta exposição dá a ver ao público cerca de 40 máscaras
Inserido nas comemorações do dia dos “Beatos
da colecção particular de Eng.º José Santos Silva cedidas
Francisco e Jacinta Marto”, no dia 20 de Fevereiro, o
em depósito a este espaço do Instituto Missionário da
Museu de Arte Sacra e Etnologia irá promover diversas
Consolata. São máscaras de inegável valor antropológico
actividades destinadas às crianças dos 6 aos 12 anos:
recolhidas pelo coleccionador em Moçambique e Angola
Será projectado um filme animado sobre a história
a partir dos anos 70. Durante a
dos videntes e dos acontecimentos ocorridos em Fátima
exposição realizar-se-ão diversos
em 1917, será feita uma visita à Sala dos Pastorinhos
ateliers de construção de
que guarda algumas das relíquias dos Beatos e o
máscaras, um concurso de
museu colocará também à disposição dos visitantes
máscaras, bem como várias
uma oficina de pintura. Para as restantes idades,
palestras sobre arte africana.
poderão ser feitas visitas guiadas e sessões de
Cihongo
esclarecimento. ❚
Informações e contactos
Máscara facial
Museu de Arte Sacra e Etnologia
Quioco-Angola, madeira
Séc. XX, 1.ª metade
Serviço Educativo
24 cm x 14 cm
Tel.: 249 539 470
Museu Francisco Tavares Proença Júnior
– Exposições
Arqueologia, Colecções de Francisco Tavares Proença Júnior
1980-2004 – Anos de actualização artística das colecções
Exposição permanente
do Museu do Chiado
No dia 11 de Dezembro, o Museu de Francisco Tavares
Até 20 Fevereiro de 2005
Proença Júnior inaugurou um novo espaço expositivo
A exposição 1980-2004 – Anos de actualização artística
dedicado à arqueologia que passa a fazer parte do seu
das colecções do Museu do Chiado é a sexta e última
circuito permanente. Esta exposição é dedicada ao fundador
do ciclo de revisão de Arte Portuguesa do século XX
do Museu e apresenta as colecções reunidas no distrito de
organizada pelo Museu de Francisco Tavares Proença
Castelo Branco e noutros lugares de Portugal e de França.
Júnior em parceria com o Museu o Chiado – Museu
O catálogo da exposição inclui catorze ensaios que
Nacional de Arte Contemporânea. Comissariada por
abrangem o estudo das colecções, da figura do arqueólogo
Emília Tavares, esta exposição mostra trabalhos de artistas
e dos problemas que arqueo-
portugueses adquiridos pelo Museu do Chiado – MNAC
logia da região hoje coloca.
desde a década de 80 do século XX até à actualidade.
A edição inclui o filme “Fran-
A par da exposição foi editado um catálogo com textos
cisco Tavares Proença Júnior,
da comissária e reproduções das obras com os respectivos
archéologue, arqueólogo”,
historial e comentário.
Informações e contactos
que também integra a expo-
Ciclo da conferências, por Emília Tavares
Museu de Francisco Tavares Proença Júnior
sição.
20 de Janeiro 2005, 18h30
Largo Dr. Lopes Dias
Fotografia e Vídeo: expressões de viragem na arte portuguesa
6000-462 Castelo Branco
Tel.: 272 344 277
3 de Fevereiro 2005, 18h30
Instalação ou a Escultura operante ❚
22 | Boletim Trimestral
Fax: 272 347 880
E-mail: [email protected]
Museu da Fundação Cupertino de Miranda
– Exposição
não só pela força “convulsiva” (isto é, a “beleza” nos
Museu Dinâmico de Metamorfoses – Isabel Meyrelles
termos em que a definiu André Breton) das suas obras,
Até 14 de Janeiro de 2005
mas também pela linguagem por ela privilegiada a
Comissários: Perfecto Cuadrado Fernández
par da poesia (a escultura) e pelo facto de ser uma
e António Gonçalves
das raras mulheres com um papel protagonista nos
O Centro de Estudos do Surrealismo tem patente na
primeiros momentos daquela intervenção. A par do
sua sede da Fundação Cupertino de Miranda (Vila
Surrealismo, a ficção científica, de que foi figura
Nova de Famalicão) uma exposição da obra escultórica
importante em vários congressos internacionais e a
de Isabel Meyrelles sob o título de Museu dinâmico de
que dedicou trabalhos de investigação e uma conhe-
metamorfoses.
cida antologia, é outro dos pontos de referência
Tel.: 252 301 650/Fax: 252 301 669
Isabel Meyrelles ocupa um lugar muito particular na
fundamentais quando se fala nas origens ou crescentes
E-mail: [email protected]
história geral da intervenção surrealista em Portugal,
da criatividade de Isabel Meyrelles. ❚
Informações e contactos
Museu da Fundação Cupertino de Miranda
Praça D. Maria II
4760-111 Vila Nova de Famalicão
Museus Municipais de Setúbal
Casa do Corpo Santo
A Casa do Corpo Santo, sede da antiga Confraria dos
O precioso legado de Ireneu Cruz veio enriquecer,
navegantes, armadores e pescadores de Setúbal vê reafir-
inequivocamente, os acervos dos museus municipais,
mada a sua vocação ao receber os instrumentos de ciência
constituindo a sua exposição permanente uma
náutica doados por Ireneu Cruz, prestigiado médico e
homenagem à História marítima de Setúbal e um
cidadão que, a par da sua exigente profissão e das múltiplas
incentivo à preservação de memórias e patrimónios
missões cívicas e culturais que sempre abraçou e que
ligados à pesca e à navegação.
continua a abraçar, ainda estudou e coligiu, pacientemente,
Esta exposição é uma iniciativa de responsabilidade
o espólio que doravante se apresenta neste espaço
conjunta do Museu do Trabalho Michel Giacometti e
simbólico, artisticamente marcado pelo barroco.
do Museu de Setúbal/Convento de Jesus. ❚
Museu do Trabalho Michel Giacometti
– Exposição
Paisagens de Sal, Fotografias de Sérgio Jacques
vai fechando, que as esquadrias das salinas migraram
O seu uso é como o seu trabalho, quase doméstico, com
para as imagens, que estas paisagens de sal são o que
saberes certos e medidas certas.
sempre foram as paisagens, construções culturais que
Por isso estas imagens à altura dos olhos e à altura das
podem perder o significado quando perdem o sentido.
mãos, coloquiais no seu silêncio, conjugando mulheres
Maria do Carmo Serén
e jovens em movimentos de cruzar de corpos no tempo
Centro Português de Fotografia ❚
certo. Por isso estas fotografias a preto e branco de Sérgio
Jacques, com a cor da memória, porque é de memória
de que aqui se fala. A exploração do sal escorre nos dedos
do tempo, vai-se erodindo no abandono do mesmo modo
Informações e contactos
Museu do Trabalho Michel Giacometti (Isabel Santos)
Largo Defensores da República
que, na fábrica do sal, os mantos de cloreto de sódio
2910-470 Setúbal
cobrem os tubos e os utensílios, fazem deles paisagens
Tel.: 265 537 880
de neve e corroem o metal. Tudo nos diz que o ciclo se
Fax: 265 537 889
Rede Portuguesa de Museus | 23
Museu Municipal de Vila Franca de Xira
– Exposição
Da Resistência à Liberdade em Vila Franca de Xira
direito de associação. Os partidos políticos fundavam-se
Até 30 de Setembro de 2005
na clandestinidade, os agrupamentos sociais não eram
Esta exposição proporciona o conhecimento do
permitidos. No trabalho, na escola, na rua, em colectivi-
percurso que levou ao derrube da ditadura e à
dades ou em congregações religiosas, tudo era vascu-
obtenção da liberdade, através da Revolução de 25 de
lhado meticulosamente pela polícia. Os presos políticos,
Abril de 1974, no concelho de Vila Franca de Xira,
os exilados, ou os que passaram à clandestinidade foram
prestando-se uma homenagem aos que sofridamente
em número significativo.
lutaram por ela.
A exposição apresenta ainda dois filmes inéditos: um
A pesquisa, informação e recolha de espólio foi efectuada
sobre o funeral de Alves Redol apreendido e censurado
nas colecções do Museu Municipal, do Museu do Neo-
pela Pide, em 1969, e outro sobre as comemorações
-Realismo, do Museu da Cidade da Câmara Municipal
do 1.º de Maio de 1974 em Vila Franca de Xira. Dispõe
de Lisboa, nos fundos documentais do Arquivo Histórico
igualmente de uma apresentação cronológica
Municipal, no arquivo da PIDE-DGS dos Arquivos
multimédia sobre os acontecimentos locais, nacionais
Nacionais-Torre do Tombo, nos fundos iconográficos
e internacionais das décadas de 30 e 70 do Século XX.
da Biblioteca Nacional e também com o prestimoso
Como memória e informação complementar editou-se
apoio de diversos informantes e instituições locais.
um jornal da exposição, evocando os tempos em que
Na região de Vila Franca de Xira surgiu praticamente
esse meio de comunicação estava sujeito à censura
desde os primórdios da ditadura, na década de 30
prévia, divulgando textos sobre os vários momentos
do séc. XX, um forte movimento de resistência contra
de resistência ao regime ditatorial em Vila Franca de
o regime salazarista. A acção da repressão exercida
Xira e apresentando a catalogação dos objectos
Informações e contactos
através da polícia política-PIDE foi de grande
expostos.
Museu Municipal de Vila Franca de Xira
intensidade, tendo sido afectados todos os quadrantes
O serviço educativo organiza visitas guiadas para
sociais locais.
grupos com oficinas didácticas e animação musical.
Rua Serpa Pinto, n.º 65
2600-263 Vila Franca de Xira
Aos cidadãos estavam vedados os princípios básicos
Graça Soares Nunes
da liberdade, como a livre expressão ideológica e o
Museu Municipal de Vila Franca de Xira ❚
Museu Nacional de Etnologia
– Exposição
Sogobò – Máscaras e Marionetas do Mali
Até Fevereiro de 2005
representações que combinam ritual, linguagem teatral,
Nesta exposição encontram-se reunidas, para além
mímica, música e o registo elocutório do canto, para
das peças doadas a este museu por Francisco Capelo,
além da materialidade dos objectos agora expostos.
todas aquelas que o coleccionador identificou no seu
A Mary Jo Arnoldi foi pedido um olhar sobre estes
processo de descoberta deste poderoso universo de
objectos e os contextos da sua existência social.
formas expressivas. Umas continuam a ser suas, outras
A exposição, sendo um acto público que assinala uma
foram emprestadas por Sonia e Albert Loeb, que
doação a um museu criado para representar os povos
participaram activamente na recolha e documentação
e culturas do mundo, é também a possibilidade de
da própria colecção constituída por Francisco Capelo.
ver reunido um grande conjunto de objectos que,
São também eles os autores das muitas horas de filme
pela sua diversidade e pelos modos como são postos
registadas em diferentes localidades do Mali, onde
em relação, pelo fulgor das formas, das cores, dos
estas máscaras e marionetas se dão a ver em
espelhos, das luzes, e também pelo tempo longo que
24 | Boletim Trimestral
Tel.: 263 280 350
Fax: 263 280 358
E-mail: [email protected]
Informações e contactos
percorreram, têm esta deslumbrante capacidade de
linguagens com que comunicam, e daqueles que as
nos transportarem para o presente dos nossos dias.
observam no espaço transfigurado do museu.
Museu Nacional de Etnologia
Av. Ilha da Madeira 1400-203 Lisboa
Tel.: 21 304 11 60/Fax: 21 301 39 94
Os dias daqueles que hoje as utilizam, manipulam e
Joaquim Pais de Brito
E-mail: [email protected]
directamente as podem fruir, com as múltiplas
Director do Museu Nacional de Etnologia ❚
Museu Nacional da Imprensa
– Projecto
Este projecto destina-se a todas as famílias em geral
Se eu fosse Gutenberg
no âmbito da adesão do museu ao projecto “Famílias
4ºs Sábados de cada mês
nos Museus” promovido pela Câmara Municipal do
“Trajar-se” de Gutenberg e experimentar as antigas
Porto. Durante a sessão, os participantes poderão
técnicas de composição e impressão manual e
manipular as máquinas que compõem a exposição
mecânica é o desafio proposto pelo Museu a crianças,
permanente do museu “Memórias Vivas da Imprensa”,
que no final poderão levar como recordação uma
experimentando processos tipográficos antigos, através
fotografia sua com os trajes de Gutenberg, uma linha
da impressão de gravuras e textos. Com esta iniciativa,
de chumbo com o seu nome e a cara pintada com
o Museu pretende que os mais jovens avaliem os pro-
letras do tempo de Gutenberg.
gressos verificados nas Artes Gráficas, desde Gutenberg
até ao aparecimento do computador, reconhecendo
a importância de algumas profissões, agora inexistentes,
relacionadas com a produção gráfica.
Os visitantes poderão ainda apreciar outras exposições
patentes ao público. Duas alusivas ao 25 de Abril:
documental e de desenho humorístico; a permanente
Informações e contactos
da Galeria da Caricatura “PortoCartoon: o riso do
Museu Nacional da Imprensa
Tel.: 225 304 966
mundo” e a recentemente inaugurada “Libânio e
www.imultimedia.pt/museuvirtpress
Mergenthaler: Símbolos da Imprensa, 150 anos”. ❚
Museu dos Transportes e Comunicações
Da (in)diferença à integração
A procura de caminhos alternativos e inovadores que
Em Janeiro, destaca-se:
visem a plena integração dos deficientes nos espaços
Segundas-feiras, das 9h30 às 13h
culturais e a necessidade de reflexão em torno de novas
Ciclo de Encontros de Sensibilização para as Realidades
formas de acessibilidade e de democratização nas
do Cidadão Deficiente
instituições de carácter museológico levou o Museu dos
10 de Janeiro 2005
Transportes e Comunicações (MTC) a convidar todos
"Outros mundos...outras formas de pensar"
os cidadãos deficientes, familiares, amigos, instituições
Dr.ª Josefina Bazenga – APPACDM, representante da
Museu dos Transportes e Comunicações
e demais interessados a associarem-se às iniciativas que
APPC – Núcleo do Norte
Edifício da Alfândega
promoveu no âmbito do Dia Internacional do Deficiente
24 de Janeiro 2005
(3 de Dezembro). Para os meses de Dezembro de 2004
"Do silêncio à criatividade: caminhos de experimentação"
e de Janeiro de 2005, o Museu propôs um programa
Dr.ª Helena Serra – grupo de trabalho com sobredotados
Fax: 22 340 30 98
especial de visitas, de leitura animada de contos e de
(ESE Paula Frassinetti), representante da Associação
E-mail: [email protected]
um ciclo de encontros.
Portuguesa de Protecção do Deficiente Autista. ❚
Informações e contactos
Rua Nova da Alfândega
4050-430 Porto
Tel.: 22 340 30 00
Rede Portuguesa de Museus | 25
Outras Notícias
Instituto Português de Museus
– Divulgação de Projectos no âmbito da Sociedade da Informação
No dia 17 de Novembro, no Museu Nacional de Arte
Actualização do Motor de Pesquisa MatrizNet
Antiga, o Instituto Português de Museus apresentou os
seguintes projectos no âmbito da Sociedade da Informação:
Implementação de HotSpots e Pontos de Banda Larga
em Museus Nacionais
A partir daquela data, os públicos do Museu Nacional de
Arte Antiga, do Museu Nacional do Azulejo e do Museu
Nacional de Soares dos Reis passaram a dispor de acessos
gratuitos à Internet, via banda larga, através de quiosques
multimédia.
As áreas de recepção, jardim e cafetaria do Museu Nacional
de Arte Antiga e do Museu Nacional do Azulejo passaram
Em 2002, o Instituto Português de Museus desenvolveu
também, na mesma data, a constituir-se como hotspots.
o MatrizNet, interface do Matriz – Inventário e Gestão de
Também aqui o público passou a aceder gratuitamente
Colecções Museológicas, que disponibiliza conteúdos
à Internet, via banda larga, com os seus próprios
relativos às colecções existentes nos museus IPM,
computadores portáteis, dotados de placa wireless.
designadamente a informação contida nas respectivas
A concretização do projecto de implementação de Pontos
fichas de inventário e a informação relativa a exposições,
de Banda Larga e HotSpots em Museus Nacionais
apresentada nos formatos, texto, imagem, vídeo e som.
enquadra-se na Iniciativa Nacional para a Banda Larga e
O MatrizNet encontra-se acessível em www.matriznet.
corresponde à execução de Candidatura aprovada pelo
ipmuseus.pt e pode ser consultado em dois perfis de
Programa Operacional Sociedade da Informação, no
utilizador (público e investigador), correspondendo estes
âmbito da Medida 2.1. (Acessibilidades) do Eixo Prioritário
perfis a informação mais ou menos aprofundada sobre
2 (Portugal Digital). O presente projecto é ainda revelador
uma mesma peça. O utilizador pode assim realizar
da aposta do Instituto Português de Museus nas
pesquisas nas colecções de um único museu, ou, de modo
potencialidades das tecnologias da informação em termos
transversal, por exemplo pesquisando obras de um artista
da eficiente gestão e divulgação do património, aposta
ou de um determinado período histórico em vários museus.
em que se enquadram diversos projectos como a criação
A pesquisa pode ser efectuada igualmente em duas línguas,
do seu website institucional (que se constitui como um
Português e Inglês.
verdadeiro portal de recursos museológicos), dos websites
No dia 17 de Novembro foi disponibilizada informação
dos museus por si tutelados, do motor de pesquisa
sobre 30.000 peças, acompanhadas da respectiva
MatrizNet, bem como a implementação da sua Rede
informação sobre exposições temporárias, no que constitui
Corporativa Virtual (VPN/IPM) sobre banda larga, com
um primeiro passo para a actualização periódica e
vista à interligação da promoção dos seus serviços e
continuada desta importante ferramenta de divulgação
consequente promoção do e-government.
das colecções dos museus tutelados pelo IPM.
Com a implementação de Pontos de Banda Larga e
A concretização do projecto de actualização do MatrizNet
Informações e contactos
HotSpots, o IPM pretende ainda promover a captação de
corresponde à execução de Candidatura aprovada pelo
Instituto Português de Museus
novos públicos, designadamente o escolar, que encontrarão
Programa Operacional da Cultura, no âmbito da Medida
Direcção de Serviços de Inventário
nos Museus, agora com novas e boas razões, espaços
2.2. (Utilização das tecnologias da informação para acesso
para naveg@r.
à cultura). ❚
Tel.: 21 365 08 26
Fax: 21 364 78 21
26 | Boletim Trimestral
E-mail: [email protected]
Inventário do Património Cultural
Móvel do Ministério da Educação
Encontra-se em curso o Projecto de Inventário e
Colecções Museológicas, desenvolvido pelo Instituto
Digitalização do Património Cultural Móvel do Ministério
Português de Museus, que se constitui como o software
da Educação, património disperso por diversos
de referência do Ministério da Cultura com vista ao
estabelecimentos de ensino, designadamente antigos
inventário, documentação e gestão do património cultural
Liceus e Escolas Industriais. O Projecto em causa resulta
móvel.
do apoio técnico e científico que, no âmbito das suas
O projecto decorrerá de modo faseado, incidindo
competências relativas ao inventário e à salvaguarda do
inicialmente sobre o espólio de quatro escolas da cidade
património cultural móvel, o Instituto Português de
de Lisboa, para posteriormente se alargar a demais
Museus foi solicitado a prestar ao Ministério da Educação.
estabelecimentos de ensino.
Instituto Português de Museus
Visando o conhecimento, a protecção e a salvaguarda
A assinatura do Protocolo de Colaboração de enquadra-
Direcção de Serviços de Inventário
daquele Património, o projecto tem igualmente como
mento do presente projecto – celebrado entre o Instituto
objectivo a sua divulgação pública, no âmbito do Sistema
Português de Museus, a Secretaria-Geral do Ministério
de Documentação e Informação do Ministério da
da Educação e a Direcção Regional de Educação de
Fax: 21 364 78 21
Educação (SIDIME). A informatização do inventário terá
Lisboa – foi efectuada no passado dia 8 de Novembro
E-mail: [email protected]
por suporte o Programa Matriz – Inventário e Gestão de
na Secretaria-Geral do Ministério da Educação. ❚
Informações e contactos
Palácio Nacional da Ajuda
1349-021 Lisboa
Tel.: 21.365 08 26
Observatório das Actividades Culturais
– Programa Cascais Cultura
Na Primavera de 2003, a Câmara Municipal de Cascais
de caso realizados: “Inquérito aos públicos da Exposição
celebrou um protocolo com o Observatório das Actividades
«Michel Giacometti, caminho para um museu»”; “A animação
Culturais – OAC que estabeleceu o Programa Cascais Cultura
nas bibliotecas municipais de Cascais e a acção dos seus
(1999-2003), visando o diagnóstico de avaliação do trabalho
serviços educativos”; “Associativismo cultural no concelho de
desenvolvido nesta área em Cascais.
Cascais”; “Serviços educativos e actividades pedagógicas no
A consciência de que na sociedade actual é imprescindível
Centro Cultural de Cascais”; “Estratégias autárquicas de
reconhecer a importância de uma gestão cultural eficaz,
valorização do património: A temática dos exílios”; “Festival
da necessidade de acompanhar as tendências da sociedade
Estoril Jazz/Jazz num dia de Verão: Construção de uma
e das metodologias contemporâneas de trabalho levou a
imagem de marca”.
Câmara Municipal de Cascais a encetar este estudo, tendo
Os textos de trabalho então editados incluíram, para além
sempre em vista a optimização de recursos e resultados.
destes estudos de caso, dados sobre “A oferta Cultural no
No passado dia 11 de Novembro, no Centro Cultural de
concelho de Cascais”, com o objectivo de partilhar o
Cascais, teve lugar a apresentação dos resultados
desenvolvimento dos trabalhos que têm vindo a ser
preliminares deste Programa, assim como de seis estudos
realizados. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 27
Homenagem a Fernando Galhano
1904-1995
– Exposição e Colóquio
Contando com a colaboração de familiares de Fernando
O Colóquio intitulado “Fernando Galhano – Testemunhos,
Galhano, de Benjamim Pereira e de Clara Saraiva, a Câmara
Vivências e Análise da Obra” teve lugar nos dias 26
Municipal do Porto organizou uma exposição e um
e 27 de Novembro no auditório da Biblioteca Almeida
colóquio em homenagem a este exímio investigador e
Garrett, abrangendo os seguintes grandes temas:
desenhador no campo da Etnografia e também pintor.
Fernando Galhano: Vida e Obra; Desenhos e Etnografias;
A exposição inaugurou no dia 26 de Novembro e
Outros Desenhos; Outros Olhares. Envolvendo a
ficará patente na Biblioteca Almeida Garrett até final
participação de artistas e de investigadores de várias
de Janeiro. Esta exposição, dotada de catálogo,
áreas disciplinares, o Colóquio ressaltou a excelência
apresenta ao público os desenhos etnográficos de
da obra, em particular dos desenhos etnográficos e
Fernando Galhano, originais e reproduções, as
sublinhou a importância do desenho enquanto meio
publicações onde os mesmos constam no âmbito dos
de pesquisa e de comunicação. As questões debatidas
trabalhos de investigação do Centro de Estudos de
ao longo de todo o Colóquio evidenciaram ainda a
Etnologia e do Centro de Estudos de Antropologia
importância do trabalho de investigação de cada um
Cultural, anteriormente ligados ao Museu de Etnologia,
dos elementos que compunha o grupo fundador do
e obras inéditas de pintura, gravura e ex-votos. É de
Museu Nacional de Etnologia, cuja complementaridade
assinalar que é objectivo da Câmara Municipal do
e seriedade deram origem a um notável e diversificado
Porto tornar itinerante, por instituições interessadas,
conjunto de colecções e de documentação associada
parte desta exposição, nomeadamente os painéis
(textos, desenhos, fotografias, filmes, registos sonoros)
temáticos com reproduções dos desenhos etnográficos
que nos permitem hoje conhecer múltiplos aspectos
de Fernando Galhano.
das vivências do Homem. ❚
World Federation of Friends of Museums
– Bolsas Luigi Bossi
A World Federation of Friends of Museums – WFFM
da Federação Mundial: www.museumsfriends.org/
insituiu as bolsas Luigi Bossi com vista a ajudar a
www.museumsfriends.net
custear a participação no XII Congresso da WFFM
Os interessados deverão enviar os formulários de
intitulado “Museus e Amigos: Novas Realidades”, a
candidatura devidamente preenchidos para a Federação
realizar em Sevilha, em 18-22 Outubro de 2005.
de Amigos dos Museus de Portugal. O prazo limite
Podem candidatar-se: pessoas que participem em
para apresentação das candidaturas às bolsas Luigi
organizações de Amigos dos Museus ou em áreas
Bossi é 30 de Abril de 2005. O Comité executivo
relacionadas com trabalho voluntário; pessoas que
apreciará as candidaturas em Maio de 2005 e o
trabalhem em museus ou na comunidade e que
resultado será comunicado por escrito aos candidatos
estejam interessados em estabelecer grupos de Amigos
em Junho de 2005. ❚
dos Museus ou em fortalecer os já existentes; pessoas
voluntárias que contribuam para o trabalho dos Amigos
dos Museus.
Informações e contactos:
Federação de Amigos dos Museus de Portugal
Os formulários de candidatura e informação complementar estarão em breve disponíveis no website
28 | Boletim Trimestral
Calçada do Combro, 61-1.º
1200-111 Lisboa
Informações e contactos:
Agência Nacional para os Programas
Sócrates e Leonardo da Vinci
Programa Leonardo da Vinci – Formação
Profissional
– Candidaturas para 2005-2006
Avenida D. João II, Lote 1.07.2.1
Edifício Administrativo da Parque EXPO,
O programa Comunitário Leonardo da Vinci destina-se
Leonardo da Vinci relativamente à Medida Mobilidade,
Piso 2 Ala B
a apoiar e a complementar as acções desenvolvidas por
que visa melhorar as aptidões e as competências no
cada Estado-Membro na área da formação profissional.
âmbito da formação profissional inicial, assim como
No âmbito do Convite à Apresentação de Propostas
na qualidade e no acesso à formação profissional
email: [email protected].
2005-2006, até 11 de Fevereiro está aberto o período
contínua. Entre outros, os profissionais de museus
site: www.socleo.pt
para apresentação de candidaturas ao Programa
foram eleitos como destinatários deste Programa. ❚
1990-096 Lisboa
Tel.: 21 891 99 09
Fax: 21 891 99 29
III Encontro Internacional de Ecomuseus
e Museus Comunitários
X Ateliê Internacional do MINOM
– Santa Cruz, Rio de Janeiro – Brasil
13-17 de Setembro de 2004
No Quartel Militar de Santa Cruz, Município do Rio de
entregue nas mãos das autoridades, nem deixando que
Janeiro, realizou-se, de 12 a 15 de Setembro de 2004,
alguma parte dele se transforme em propriedade privada,
o III Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
transformando lagares, moinhos e outros equipamentos
Comunitários e o X Ateliê Internacional do MINOM.
colectivos em casas de Verão. É necessário um movimen-
Na sessão de abertura estiveram presentes representantes
to/instrumento administrativo, catalizador de solidarie-
da Prefeitura do Rio de Janeiro e de Santa Cruz, represen-
dade patrimonial, um instrumento que ajude a compreender
tantes do Regimento Militar, da Comunidade e o Director
a importância da partilha plural».
do Ecomuseu, que deram as boas vindas aos inúmeros
Nesse mesmo dia reuniram-se grupos de trabalho subor-
participantes oriundos de vários países: Portugal, Brasil,
dinados aos temas:
França, Canadá, Japão, Itália, México, Reino Unido.
1 – Património e Educação: interacção ou complemen-
A conferência de abertura esteve a cargo da Professora
taridade?
M.ª Regina de Assis, do Serviço de Educação da Perfeitura
2 – Gestão e Sustentabilidade dos Ecomuseus e Museus
do Rio de Janeiro, que realçou a importância da educa-
Comunitários
ção ambiental inserida na cultura, na educação, no
3 – Museologia da Libertação e construção democrática
planeamento urbano, na ciência e nos media. Seguiu-se
do património do Futuro.
um bloco de comunicações da responsabilidade de
Ressaltamos da discussão destes grupos de trabalho as
Hugues de Varine (Consultor Internacional), Maria de
seguintes conclusões:
Lourdes Horta, do Museu Imperial, Cristina Bruno, da
1. A participação de todos os membros da comunidade
USP, e Ricardo Macieira, Secretário Municipal da Cultura
é indispensável no inventário participativo do património,
do Rio de Janeiro, sobre o tema «Comunidade, Património
considerando este como um bem colectivo que deve ser
Compartilhado e Educação». Destacamos destas comuni-
compartilhado.
cações as palavras de H. de Varine: «o cidadão tem uma
2. Não existe um modelo de museu comunitário, mas sim
responsabilidade cívica no património público e comum.
um conjunto de experiências adaptáveis e geridas de
É normal que o proteja, conheça e colabore na sua
acordo com as condições e necessidades locais.
preservação, mas como é que um cidadão pode e deve
3. É condição fundamental da existência de um património
ser responsável por esta preservação, não deixando tudo
compartilhado, a possibilidade de as comunidades criarem,
Rede Portuguesa de Museus | 29
em liberdade, instrumentos facilitadores do inventário
1 – Terminologia das Novas Museologias
participativo, de novas formas de museografia e de novas
2 – Organização comunitária e Museus
modalidades de animação comunitária. Os museus devem
3 – Novas temáticas e métodos de exposição segundo
servir a sua comunidade e responder às suas necessidades,
os reais interesses das comunidades.
ajudando a libertar o que de melhor as populações têm
Do resultado da discussão destacam-se os seguintes
no seu seio.
pontos:
No dia seguinte, o conjunto de comunicações subordi-
1. Destacou-se o excelente trabalho compilado por Pierre
nou-se ao tema «Cultura e Democracia». Destacamos,
Mayrand no que toca à terminologia, recomendando a
entre os palestrantes, Raul Mendez Lugo e Myriam Rios,
sua tradução em diversas línguas e ampla circulação por
ambos do México, Mário Chagas, Patrícia Trindade e
todos os países participantes e pelos membros do MINOM.
um grupo de jovens que trabalha na favela Maré (uma
2. Investigação participativa – produção de conhecimentos
antiga comunidade piscatória, hoje favela do Rio de
essenciais através de um processo de investigação de
Janeiro, que se situa perto da Baía da Guanabara com
grupo. Museografia participativa, tecnologia participativa
uma população de cerca de 132.000 pessoas), todos
popular, feita através da apropriação dos recursos e dos
do Brasil, e Mercedes Stoffel, de Portugal.
materiais existentes na comunidade. Inventário participativo,
A intervenção de Myriam Rios, pioneira da Nova Museo-
com a participação das comunidades, tendo em conta
logia, relatou várias experiências de museus comunitários
também o que é para as comunidades património.
do México, onde o inventário, a investigação e a
Uma convicção generalizada de que património não é só
museologia participativos têm uma larga tradição. Raul
aquele que é ligado ao passado, mas sim o do presente
Mendez Lugo reforçou a singularidade de cada uma e
e o que estamos a legar ao futuro.
de todas as comunidades.
4. O museu como instrumento de preservação do ecossis-
O conceito de museologia da libertação foi defendido
tema e como parceiro do desenvolvimento local.
por Odalice Priosti, com teoria e prática muito inspiradas
5. As exposições devem responder aos verdadeiros interesses
nas ideias de educação popular de Paulo Freire e na
da comunidade.
Teologia da Libertação, tão disseminada na América
No dia 15 foi criada a Associação Brasileira de Ecomuseus
Latina: «a democracia participativa como método tem de
e Museus comunitários e foi feita a apresentação do
ter uma organização comunitária. Se não houver um
Relatório do Inventário participativo de Santa Cruz por
espaço de crítica e reflexão comunitárias não há democracia
Odalice Priosti. Este notável trabalho comunitário foi
participativa e estamos a trair a carta da mesa redonda
realizado pelo Ecomuseu de Santa Cruz em estreita
de Santiago do Chile.»
relação com as professoras das escolas de Santa Cruz e
Os jovens do Grupo de Trabalho da Maré reforçaram
os seus alunos que tiveram oportunidade de o apresentar
a ideia dos espaços com história e memória apresentando
no encontro numa perspectiva interdisciplinar e
o projecto dos Grupos de Memória da Maré, demons-
comunitária. Durante os grupos de trabalho foram
trando que qualquer comunidade reconhece, no espaço
apresentadas várias outras experiências, como a do
em que vive, sinais identitários que consolidam a
Ecomuseu do Serrado, que criou 40 micro-empresas
memória social.
dentro da região; a de Porto Alegre, onde um grupo
Mário Chagas, empossado de novas funções de coorde-
de jovens renovou o trabalho com crianças e jovens
nação técnica dos museus a nível nacional pelo Ministro
num museu local até então pouco visitado; a de um
da Cultura Gilberto Gil, traçou as linhas gerais do
museu da Bahia dedicado à Mãe Mirinha do Portão,
trabalho a desenvolver na nova legislação de enquadra-
uma experiência num terreiro de kadomblé; a do
mento e na área da formação e do inventário partilhado.
inventário participativo de Vaiamão, com as memórias
No âmbito do X Ateliê do MINOM, os grupos de
dos empregados da limpeza urbana do Município; assim
trabalho desenvolveram-se no turno da tarde com os
como as de Fresnes, em França, do Piemonte, da
seguintes temas:
Inglaterra e da Holanda... O debate foi intenso e
30 | Boletim Trimestral
proporcionou uma ampla participação. O Ecomuseu é
apresentou um excelente trabalho de um grupo que
um parceiro social actuante e tem relações estreitas com
coordena na Prefeitura de S. Paulo com vista à realização
a comunidade a vários níveis, preocupando-se com a
do Museu da Cidade de S. Paulo, cujo modelo
promoção cultural das populações. Verificámos isso nas
museológico pretende ser o de um Museu de Sociedade
visitas em Santa Cruz que a Odalice e o Walter Priosti
e Museu da Cidade, tendo como vectores principais a
nos proporcionaram: na Base Aérea, na Vila Olímpica,
Salvaguarda e a Comunicação com vista à criação de
na Escola Profissional do Matadouro, na Escola Municipal
um Sistema Municipal de Museus. Lourdes Horta
Fernando de Azevedo, na Escola Sindicalista Chico
apresentou um modelo de Educação Patrimonial tendo
Mendes, na apresentação da peça de Shaskpeare «Sonho
como base o objecto cultural como fonte primária do
de uma Noite de Verão» por um grupo de alunos numa
ensino/aprendizagem, o aprender fazendo e a
adaptação do texto aos locais conhecidos de Santa Cruz,
apropriação e interiorização do património cultural.
na apresentação dos grupos escolares num extraordinário
Maria Regina Márcia Tavares apresentou o projecto de
espectáculo de ginástica, modern dance, música e canto
«Brinquedos e Brincadeiras», apoiado pela UNESCO,
com o empenho voluntário dos seus professores e, last
entendendo o brinquedo e as brincadeiras ao nível do
but not the least, a noite exaltante na Escola de Samba
real e do simbólico, projecto esse que envolve não só
de Santa Cruz, em que os elementos do Ecomuseu estão
as crianças mas as suas famílias. A intervenção do
representados na sua direcção. Toda a comunidade de
representante da Reiwart Academy, da Holanda, foi das
Santa Cruz viveu este encontro intensamente e
mais inovadoras no âmbito académico em que se
verificámos que nesta zona oeste do Rio de Janeiro, com
realizou estes dois dias de encontro: «Nunca sei se sou
sinais nítidos do que na Europa consideramos pobreza,
velho ou novo museólogo, vou falar de novos patrimónios,
há sinais evidentes de desenvolvimento, fruto de uma
embora eu prefira dizer novos paradigmas de património,
comunidade envolvida com o seu Ecomuseu.
minorias e patrimónios das novas minorias. Património é
O X Ateliê terminou com a Assembleia Geral do MINOM,
o que cada pessoa decide que é património.»
que elegeu a lista do novo Conselho de Administração.
Resta acrescentar que a organização do III Encontro de
Nos dias 16 e 17 decorreu, na UNIRIO (Universidade
Ecomuseus e Museus Comunitários em Santa Cruz foi
do Rio de Janeiro), um Seminário denominado «Museolo-
primorosa, tudo decorreu de uma forma extremamente
gia e Património do Futuro» em continuidade do de
organizada e o resultado final foi muito gratificante
Santa Cruz, com a presença dos participantes e
para todos os presentes. A Nova Museologia é hoje
palestrantes de Santa Cruz e alguns professores do
sem sombra de dúvida um caminho seguro e certo no
mestrado de Museologia, com os seus alunos.
horizonte museológico a nível internacional. Deixou
Destacamos o contributo de Hughes de Varine que,
saudades este encontro e, já agora, o Rio de Janeiro
uma vez mais, de uma forma brilhante, reflectiu sobre
continua lindo...
as utilizações existentes do património e a ausência de
Ana Duarte
criatividade nessas refuncionalizações. Cristina Bruno
Fernando António Baptista Pereira ❚
Dissertações
• No Institute of Education/University of London, em
• Na Universidade de Évora, em 2004, Ana Sofia Cabral
Setembro de 2003, Ana Rita Canavarro obteve o MA
obteve o grau de Mestre em Museologia mediante a
em Museums and Galleries in Education mediante a
apresentação da dissertação De visitante a frequentador
apresentação da dissertação Conservation as an
de museus – estudo de públicos de quatro museus de
educational tool in museums.
arte de Lisboa. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 31
Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus
Calçada da Memória, 14 • 1300-396 Lisboa
Tel: 351. 21 361 74 90
Fax: 351. 21 361 74 99
Email: [email protected]
Web Site: www.rpmuseus-pt.org
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ISSN 1645-2186
Encontros
Ciclo de Conferências “Ciência e Museus”
IRTESS – Institut Régional Supérieur du Travail Educatif
20 de Janeiro, 17 de Fevereiro, 21 de Abril de 2005
et Social, Dijon
14h30m
Université de Bourgogne
Organização Centro de Estudos de História e Filosofia
contact@itinérairessinguliers.com
da Ciência da Universidade de Évora
www.itinérairessinguliers.com
Temas 20 de Janeiro – A pré-figuração do Museu das
Ciências no Laboratório Chimico da Universidade Coimbra,
ICAMT – Comité do ICOM de Arquitectura
por Pedro Casaleiro (Reitoria da Universidade de Coimbra)
e Técnicas Museográficas – Reunião anual
– 17 de Fevereiro – Os museus como espaços de produção,
24 a 26 de Fevereiro de 2004
reprodução e representação da ciência, por Ana Delicado
Washington D. C. – E.U.A.
(Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa)
Organização ICAMT – Comité do ICOM de Arquitectura
– 21 de Abril – Museus Industriais: "a escola mais instrutiva
e Técnicas Museográficas e MAAM – Mid-Atlantic
do mundo", por Paulo Oliveira Ramos (Universidade Aberta)
Association of Museums
– Título e data a indicar, por Fernando Bragança Gil
Tema Construção de Museus
(Faculade de Ciências da Universidade de Lisboa)
Informações e contactos
Informações e contactos
ICAMT: Diana Pardue, Chair of ICAMT
Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência
Tel.: (+1) 212 363 3206 ext. 150
Rua Romão Ramalho, 59 7000 Évora
Fax: (+1) 212 363 6302
Tel.: 266 745 372/Fax: 266 702 306
E-mail: [email protected]
MAAM: John T. Suau, Executive Director
Públicos distantes da cultura e expressões
Tel.: (+1) 410 223 1194/Fax: (+1) 410 223 2773
artísticas da diversidade
E-mail: [email protected]
26 a 28 de Janeiro de 2005
Dijon, França
Looking Backward, Looking Forward
Organização Association Itinéraires Singuliers
9 e 10 de Maio de 2005
Tema Actualmente, ao nível local e nacional, cada vez
Museu de Manchester, Manchester, Inglaterra
mais se desenvolvem projectos artísticos e culturais que
Organização MEG – Museum Ethnographers Group UK
estabelecem relações inovadoras entre população(ões),
Tema História, desenvolvimento e futuro da etnografia
arte e territórios com o objectivo de democratização da
nos museus
cultura
Informações e contactos
Informações e contactos
Lisa Harris
Association Itinéraires Singuliers
Manchester Museum, University of Manchester
2bis allée de Beauce, 21000 Dijon – França
Oxford Road, Manchester, M13 3PL
CREAI – Bourgogne
E-Mail: [email protected]