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> PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus – Projectos apoiados em 2004 fortemente marcado pela preparação PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus técnica de propostas dos novos instrumen- – Projectos apoiados em 2004 [ editorial ] O trabalho da Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus no último trimestre do ano de 2004 foi > Reunião de trabalho e visita 14 dezembro 2004 Boletim trimestral da Rede Portuguesa de Museus a museus da Madeira > Participação em Encontros tos jurídicos decorrentes da necessidade de > Centro de Documentação – regulamentação da Lei Quadro dos Museus Na sequência da apreciação das candidaturas apresentadas ao Destaques Portugueses. Esta direcção de trabalho PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus no corrente > O Conservador José Luís Porfírio, afigura-se indispensável para preparar ano, decorreu, no dia 10 de Novembro no Museu Nacional de Arte colega e amigo, por Rafael Salinas atempadamente a aplicação desta lei, Antiga a cerimónia pública que formalizou a concessão de apoios assegurar a institucionalização da Rede aos museus Rede Portuguesa de Museus ao abrigo do Programa Portuguesa de Museus, a abertura de candi- de Apoio à Qualificação de Museus (PAQM). Nesta cerimónia, que daturas ao novo modelo de credenciação contou com a presença do Secretário de Estado dos Bens Culturais, e a criação de novos programas de apoio. do Director do Instituto Português de Museus e dos responsáveis, Trata-se de um trabalho de ponderação, dirigentes e técnicos dos museus abrangidos, foram celebrados os mais uma vez incidindo sobre a noção de acordos de colaboração entre as entidades beneficiárias e o Instituto museu e afinando parâmetros e requisitos Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus. que contribuam para a qualificação das Num total de cento e dez, os projectos remetidos à RPM foram instituições museológicas, sem, contudo, provenientes de quarenta e dois museus de tutelas diferenciadas: esquecer outras vertentes que contribuam vinte e sete são tutelados por Câmaras Municipais, um por uma para o aprofundamento das potencialidades Junta de Freguesia, um por uma Empresa Pública, quatro por da RPM, designadamente nos domínios da Fundações, dois por Associações, um por uma Instituição Católica descentralização e da transversalidade. e um por uma Misericórdia. Se a natureza reflexiva deste trabalho é As candidaturas foram avaliadas de acordo com os critérios constantes incontornável, deve também salientar-se do Regulamento do PAQM, tendo sido atribuídos apoios financeiros que o seu carácter prospectivo e voltado a quarenta e dois museus no valor global de 521.653,77 Euros, para o futuro, em concomitância com a correspondendo a noventa e quatro projectos apoiados. Calado > Museus: Missionar Eis a Questão, por Isabel Maria Fernandes > A (re)organização do Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique, por Dália Paulo > Notícias Museus RPM > Outras Notícias > Dissertações > Encontros (cont. na página 2) (cont. na página 2) (continuação da página anterior) preparação do plano de actividades para 2005, marcam últimos anos, pode constituir um estímulo para museus também no presente a actividade desta Estrutura de Projecto. em situação similar, no primeiro é exemplar e merece Sendo no último trimestre concretizada a atribuição dos destaque o espírito de missão evidenciado pela sua apoios financeiros concedidos aos museus da RPM, ao directora e materializado na actuação deste museu do abrigo do Programa de Apoio à Qualificação de Museus, IPM face a outros museus do norte do País. é neste boletim concedido um natural destaque à sua É finalmente com enorme regozijo que evocamos neste enumeração e análise, com vista a uma divulgação número a personalidade de José Luís Porfírio, Director do alargada de projectos muito variados que espelham os Museu Nacional de Arte Antiga até ao passado mês de objectivos e as vocações dos diferentes museus. Neste Outubro. Trazer a estas páginas o conservador, o director mesmo período de tempo foram também muitos os de museu, o crítico de arte, o pensador, o amigo, pela voz encontros ocorridos no nosso País nas áreas da Museologia de Rafael Calado, é para nós uma honra. Em José Luís e do Património, alguns dos quais de âmbito internacional, Porfírio encontrámos, desde o nascimento do projecto da de que se referem aqui alguns. RPM, uma grande franqueza na expressão das dúvidas e Dois museus da RPM ocupam o lugar central desta edição, das questões que o projecto lhe suscitava, mas também em artigos da autoria das respectivas directoras: um das possibilidades entrevistas e da abertura no estabele- museu dependente do Instituto Português de Museus e cimento de articulações. E encontrámos sempre no museu localizado na região Norte, o Museu Alberto Sampaio, e que dirigiu uma porta aberta, com o José Luís Porfírio por outro museu dependente da Câmara Municipal de Faro, anfitrião, no acolhimento às iniciativas que nos habituámos e localizado na região do Algarve, o Museu Arqueológico a promover no Museu das Janelas Verdes. e Lapidar Infante D. Henrique. Se no segundo caso a perspectiva de renovação de uma instituição museológica Clara Camacho centenária, encetada com grande sistematização nos Coordenadora da Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus (continuação da página anterior) PAQM – Programa de Apoio à Qualificação dos Museus À semelhança do que ocorreu em 2003, este ano, o significativo de projectos no âmbito do Programa de programa com maior incidência de projectos foi o Apoio à Conservação Preventiva (P.3) e do Programa Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4), de Apoio à Investigação e ao Estudo das Colecções (P.2), o que evidencia uma crescente preocupação com os domínios fundamentais da actividade museológica. públicos e os serviços que lhes são disponibilizados. Os valores globais atribuídos em cada Programa foram Regista-se também a existência de um número muito os seguintes: Programas N.º de Projectos Apoiados % 1. Programação Museológica 0 0% 2. Estudo/Investigação de Colecções 25 27% 3.1. Equipamento 15 16% 3.2. Equipamento para Reservas 8 9% 3.3. Serviços Especializados 5 5% 4.1. Acolhimento e Comunicação 23 24% 4.2. Projectos Educativos 18 19% Total 94 100% 3. Conservação Preventiva 4. Acções de Comunicação 2 | Boletim Trimestral Notícias RPM – Projectos apoiados no âmbito do PAQM 2004 • No Programa de Apoio à Investigação e ao Estudo das Colecções Casa-Museu de Camilo: Aquisição de equipamento para (P2.) foram contemplados os seguintes projectos apresentados monitorização das condições ambiente; aquisição de equipamento por museus integrados na RPM: para acondicionamento do acervo bibliográfico e documental Casa-Museu Abel Salazar: Reedição do livro de autoria de Ecomuseu Municipal do Seixal: Aquisição de mobiliário e de Abel Salazar “A Crise da Europa” equipamento para reservas Casa-Museu Leal da Câmara: Edição de publicações de Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Aquisição divulgação da Casa-Museu de equipamento de segurança destinado ao laboratório de Ecomuseu Municipal do Seixal: Datação directa do espólio conservação exumado em escavações arqueológicas; digitalização e estudo de Museu Bernardino Machado: Aquisição de mobiliário e de acervo documental; estudo de numismas provenientes de necrópoles equipamento para reservas do concelho; estudo de património imaterial reportado à cultura Museu do Carro Eléctrico: Estudo de diagnóstico para melhoria flúvio-marítima e ao património náutico do estuário do Tejo das condições de conservação das vitrines da exposição permanente Museu Arqueológico do Carmo: Estudo e publicação sobre Museu de Cerâmica de Sacavém: Análise e respectiva inter- a Igreja do Carmo antes do terramoto de 1755 venção de limpeza e de conservação da colecção de azulejos Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Estudo (séc. XIX-XX) da colecção de cartazes do Museu; estudo da colecção de azulejos Museu Escolar de Marrazes: Aquisição de equipamento para Museu de Arte Contemporânea de Serralves: Estudo da acondicionamento de documentos gráficos colecção do Museu Museu da Imagem em Movimento: Aquisição de equipamento Museu de Arte Sacra e Etnologia: Estudo da colecção de arte de conservação preventiva; aquisição de mobiliário e de sacra do Museu equipamento para acondicionamento do acervo; aquisição de Museu do Brinquedo: Continuação do inventário do acervo serviços especializados em conservação preventiva do Museu Museu de Mértola: Aquisição de equipamento de monitorização Museu Escolar de Marrazes: Estudo da colecção do Museu das condições ambiente Museu Ferreira de Castro: Edição do Livro de Jaime Brasil Museu Municipal de Alcochete: Remodelação do sistema de “Correspondência com Ferreira de Castro” iluminação do núcleo sede do Museu Museu de Mértola: Estudo da cerâmica islâmica de Mértola Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso: Projecto de Museu Municipal de Loures: Estudo e valorização da Capela reformulação do sistema de iluminação da colecção permanente do Espírito Santo Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim: Museu Municipal de Moura: Estudo do material arqueológico Aquisição de equipamento de conservação preventiva para o recolhido nas escavações do Castelo de Moura núcleo de S. Pedro de Rates; aquisição de mobiliário e de Museu Municipal de Penafiel: Estudo das colecções relacionadas equipamento para reservas com a actividade das oficinas de ferreiro e de serralheiro e Museu Municipal de Penafiel: Aquisição de uma assessoria publicação de catálogo especializada em conservação preventiva Museu Municipal de Tavira: Estudo e posterior publicação Museu Municipal de Portimão: Aquisição de equipamento sobre os materiais arqueológicos da cidade romana de Balsa apropriado para reservas Museu Municipal de Vila Franca de Xira: Estudo de materiais Museu Municipal de Santiago do Cacém: Aquisição de uma cerâmicos do espólio arqueológico da Igreja do Mártir Santo; assessoria especializada em conservação preventiva inventariação e informatização das colecções de arqueologia Museu Municipal de Viana do Castelo: Aquisição de equipa- Museu de São Roque: Estudo do património arquitectónico mento de conservação preventiva da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Museu de Olaria: Aquisição de equipamento apropriado para Museu da Villa Romana do Rabaçal: Edição da versão inglesa reservas; aquisição de equipamento de monitorização das do catálogo do Museu condições ambiente; aquisição de uma assessoria especializada – No âmbito deste Programa, foi ainda concedido apoio a um em conservação preventiva projecto apresentado pelo Museu da Indústria de Chapelaria, Museu da Pólvora Negra: Aquisição de equipamento de em fase de instalação e, por conseguinte, ainda não integrado conservação preventiva na RPM: Estudo para a elaboração de uma história dos chapéus; Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos: recolha sistemática e tratamento dos sons da cadeia operatória. Aquisição de equipamento para monitorização das condições ambiente • No Programa de Apoio à Conservação Preventiva (P3.), foram Museu de Setúbal/Convento de Jesus: Aquisição de equipa- apoiados os seguintes projectos apresentados por museus mento de conservação preventiva; aquisição de equipamento integrados na RPM: e de mobiliário adequado para reservas Rede Portuguesa de Museus | 3 Museu do Traje de Viana do Castelo: Aquisição de equipamento Museu da Fundação Cupertino de Miranda: Produção de de conservação preventiva oficinas de expressão plástica Museu da Imagem em Movimento: Criação de um centro • Entre os projectos dos museus integrados na RPM abrangidos de recursos multimédia para a área do cinema de animação; pelo Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4) criação do website do Museu e edição de um catálogo evidenciam-se: Museu de Mértola: Desenvolvimento e criação do website Casa-Museu Abel Salazar: Divulgação do 1.º Encontro Nacional do Museu de Casas-Museu, edição das respectivas actas; projecto Museu Municipal Abade Pedrosa: Aquisição de meios educativo do museu: produção de ateliers pedagógicos audiovisuais para o auditório do Museu; edição bilingue de Casa-Museu de Camilo: Elaboração do website e edição de um roteiro e de um guia desdobrável do Museu folheto informativo do Museu Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Casa-Museu Leal da Câmara: Acções lúdico-pedagógicas e Varzim: Aquisição de equipamento audiovisual para as edição de um conto infanto-juvenil actividades educativas do núcleo de S. Pedro de Rates Ecomuseu Municipal do Seixal: Edição de dossiers didácticos; Museu Municipal de Loures: Projecto de comunicação “Quem edição de folhetos sobre o circuito museológico industrial, Somos? Nós e os outros” e edição de catálogo e cd-rom; núcleo da Quinta da Trindade e embarcações tradicionais; edição de um estudo etnográfico sobre literatura oral edição do catálogo e de materiais de divulgação da exposição Museu Municipal de Penafiel: Criação de nova imagem do Museu “Barcos, Memórias do Tejo” Museu Municipal de Santiago do Cacém: Projecto de Museu Anjos Teixeira: Ateliers de expressão plástica comunicação visual do Museu Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real: Edição Museu Municipal de Vila Franca de Xira: Edição do Boletim de um catálogo e de materiais de divulgação; execução e Cultural Cira 9; reestruturação do website do Museu edição de materiais relativos às actividades complementares Museu de Olaria: Projecto educativo “Para que servem os às exposições temporárias Museus” destinado a alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico; Museu Arqueológico do Carmo: Edição de materiais de edição de materiais de divulgação do museu divulgação e de catálogo; produção de materiais de divulgação Museu do Papel Terras de Santa Maria: Produção e instalação com componente lúdico-pedagógica em suportes diversos de um painel de divulgação do Museu Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: Produção Museu da Pólvora Negra: Criação do website do Museu; de nova sinalética interior para o Museu; oficinas para adultos edição de monofolha sobre a “Escolha do Semestre” e edição sobre joalharia e azulejaria das actas das comunicações da palestra “O Papel dos museus Museu Bernardino Machado: Criação do website do Museu; na preservação do património imaterial” publicação de um livro infantil de actividades Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos: Museu do Carro Eléctrico: Produção e desenvolvimento de Produção e instalação de painéis informativos no 2.º piso do um novo sistema de bilhética denominado “Viajante Museus”; Museu produção e implementação de quiosques multimédia didácticos Museu de São Roque: Edição sobre o património arquitec- Museu de Cerâmica de Sacavém: Edição resultante de um tónico da Santa Casa da Misericórdia e de catálogo da estudo comparativo sobre a colecção de azulejos do séc. exposição temporária sobre o centenário do Museu XIX-XX Reunião de trabalho e visita a Museus da Direcção Regional dos Assuntos Culturais da Madeira Entre os dias 27 e 29 de Outubro, no âmbito da cooperação estabelecida por protocolo entre o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus e a Direcção Regional dos Assuntos Culturais da Madeira, foram realizadas visitas de trabalho à Casa Colombo, no Porto Santo, ao Museu da Quinta das Cruzes, à Casa-Museu Frederico de Freitas e ao Museu de Arte Casa-Museu Frederico de Freitas, Sacra no Funchal, museus integrantes da RPM. Durante 4 | Boletim Trimestral Funchal Direcção Regional dos Assuntos Culturais, a qual contou com a presença do seu Director Regional, Dr. Ricardo Abrantes Velosa. Esta reunião propiciou uma reflexão conjunta sobre a situação dos museus e incentivou a divulgação das suas actividades através dos meios de informação da RPM e o desenvolvimento de projectos no âmbito do respectivo Programa de Apoio Técnico a Museus. Na Casa Colombo, no Porto Santo, houve ainda a oportunidade para acompanhar parte dos trabalhos Casa Colombo, Porto Santo da Acção de Formação promovida pela RPM, as visitas a estes museus foi possível conhecer as suas subordinada ao tema Introdução às Práticas de actividades, os seus problemas e as suas potencialidades Conservação Preventiva e Educação em Museus, destinada futuras. a profissionais em exercício nos Museus da Madeira e No dia 29 de Outubro foi ainda organizada uma que teve lugar entre os dias 25 e 28 de Outubro nas reunião com todos os responsáveis dos museus da instalações daquele Museu recentemente renovado. ❚ Participação em Encontros – Encontro Nacional de Centros de Documentação de Museus Decorreu no dia 15 de Outubro no Museu de Cerâmica tação foram aspectos abordados ao longo do Encontro de Sacavém o Encontro Nacional de Centros de Do- em que se confrontaram experiências nacionais. Entre cumentação de Museus, no qual o IPM/RPM estiveram estas experiências, destaca-se a representação de alguns presentes nas sessões de abertura e de encerramento. museus da Rede Portuguesa de Museus: Ecomuseu Neste Encontro ficou patente a importância e utilidade Municipal do Seixal, Museu da Água, Museu de dos Centros de Documentação em Museus, quer Ciência, Museu Calouste Gulbenkian, Museu Municipal para os seus serviços internos, quer para os respectivos de Loures, Museu de Cerâmica de Sacavém, Museu públicos. As novas tecnologias de informação, a Nacional de Arte Antiga, Museu dos Transportes e modernização e a inovação no campo da documen- Comunicações. ❚ – Jornadas do Património “Museus ao Serviço do Património, da Cultura e das Comunidades” A Câmara Municipal de Lagos organizou, nos dias 11 e RPM no que respeita ao funcionamento, balanço de 12 de Novembro, as Jornadas do Património intituladas actividades e perspectivas de futuro tendo em conta o novo “Museus ao Serviço do Património, da Cultura e das enquadramento legal dos museus portugueses, debatido Comunidades”. Estas Jornadas foram estruturadas em quatro no painel anterior com a participação do Director do IPM. painéis temáticos: I. Enquadramento/s Legal/ais da Realidade É de destacar ainda, no segundo painel, o estudo de Museológica Nacional; II. Museus em Rede; III. Museus e caso representado pelo Museu Municipal de Faro que Comunidade/Museus e Intervenção Comunitária; IV. Aspectos fez a avaliação da sua adesão à RPM, no terceiro painel, Técnicos da Museologia. Foi precisamente no âmbito do II o contributo de dois museus muito diferentes, o Museu painel, Museus em Rede, que a Coordenadora da Rede do Chiado e o Ecomuseu Municipal do Seixal, no que Portuguesa de Museus apresentou uma reflexão sobre a se refere à relação com os respectivos públicos. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 5 Centro de Documentação Neste Boletim, as obras do Centro de Documentação da RPM em de um Encontro dedicado aos Públicos da Cultura. Também de destaque centram-se no domínio do Estudo de Públicos, uma edição recente, as outras obras que se apresentam em seguida vertente do trabalho museológico muito pouco explorada no evidenciam a importância da avaliação das acções destinadas aos nosso País, embora essencial para delinear estratégias para melhorar públicos dos museus, sugerem metodologias e técnicas e os serviços oferecidos e para captar novos e diferenciados públicos. apresentam estudos de caso em Espanha, França e Estados Unidos A primeira obra foi precisamente editada em Portugal, este ano, da América. De cada uma das obras destaca-se a respectiva pelo Observatório das Actividades Culturais e corresponde às Actas referência bibliográfica e um resumo sumário. Destaques TÍTULO: Públicos da cultura Resumo: Nos dias 24 e 25 de Novembro de 2003, decorreu em Lisboa o Encontro AUTOR: coord. Rui Telmo Gomes Públicos da Cultura, organizado pelo Observatório das Actividades Culturais, do PUBLICAÇÃO: Lisboa: Observatório das Actividade Culturais, 2004 qual foram publicadas as Actas. O Encontro proporcionou um espaço de reflexão DESC. FÍSICA: 283 p. ISBN: 972-8488-27-0 e de partilha de experiências dos investigadores participantes, fazendo o ponto da situação dos estudos de públicos da cultura realizados em Portugal. Recorrendo frequentemente a estudos de caso, as temáticas apresentadas nas comunicações abarcam a definição do conceito de públicos da cultura e a sua caracterização face a determinadas manifestações culturais, a formação de públicos ou a avaliação das políticas culturais, passando pela análise de redes culturais portuguesas, nas quais se inclui a Rede Portuguesa de Museus. TÍTULO: Estudios de visitantes en museos: metodología y aplicaciones AUTOR: Eloísa Pérez Santos Resumo: Tomando como ponto de partida os vários trabalhos teóricos e práticos desenvolvidos na área de estudos de públicos e dada a importância que o assunto reveste para os museus, esta obra estabelece-se como um guia PUBLICAÇÃO: Gijón: Trea, 2000 de referência, útil e prático. Após passar em revista o percurso histórico da DESC. FÍSICA: 252 p. investigação desenvolvida no campo dos estudos de público e a sua COLECÇÃO: Biblioteconomía y Administración Cultural; 44 conceptualização, a autora analisa as técnicas, a metodologia, o processo e os tipos de avaliação, contextualizando-a sempre nas suas aplicações práticas ISBN: 84-95178-63-X e definindo critérios de controlo da qualidade. TÍTULO: Le public des musées: analyse socio-économique de la demande muséale AUTORES: René Teboul et Luc Champarnaud PUBLICAÇÃO: Paris; Montréal: L'Harmattan, 1999 DESC. FÍSICA: 134 p. ISBN: 2-7384-7417-9 Resumo: Fruto de um trabalho de investigação realizado para o Ministério da Cultura francês, a obra demonstra a aplicação de uma metodologia pluridisciplinar e técnicas de análise sócio-económica para avaliar a oferta e procura na área dos museus, investigação pertinente na nossa sociedade, cada vez mais orientada para o consumo do lazer. Ao longo de cinco capítulos, os autores exploram a questão da diversidade da oferta museal, apresentam os resultados de um inquérito levado a cabo em dois museus de Belas-Artes – Marselha e Aix-la-Provence – e analisam os preços praticados nos museus em relação aos públicos que os visitam. TÍTULO: Introduction to museum evaluation Resumo: De cariz eminentemente prático, este manual de referência apresenta AUTORES: ed. Minda Borun and Randi Korn uma antologia de textos de vários especialistas sobre estudos de públicos de PUBLICAÇÃO: Washington: American Association of Museums, 1999 museus, com enfoque particular para o aspecto da avaliação enquanto fonte DESC. FÍSICA: 94 p. COLECÇÃO: Professional Pratice Series ISBN: 0-931201-47-0 de informação para a definição de programas e exposições. Oferecendo exemplos práticos de métodos e técnicas a aplicar, e com o recurso sistemático a estudos de caso, os textos abordam as diferentes fases de avaliação: prévia, para a etapa da planificação; formativa, na fase de elaboração; correctiva, já no contexto da exposição ou do programa, para averiguar a necessidade de introduzir mudanças, e sumativa, para avaliação do produto final e da sua eficácia. 6 | Boletim Trimestral Artigo O Conservador José Luís Porfírio, colega e amigo Foto: Rafael Salinas Calado Rafael Salinas Calado José Luís Porfírio “Os últimos despachos” Se não é tarefa fácil escrever sobre um amigo a quem Através do primeiro, tem trabalhado em prol das se quer muito, ainda mais difícil se torna a escrita artes plásticas em Portugal, ajudando não só a leitura quando se trata de conjecturar sobre alguém com do conteúdo das obras de pintura antiga como quem convivemos e trabalhámos durante anos, lado participando numa actividade de grande valor a lado. Neste caso esse alguém é José Luís Porfírio, didáctico, ou seja a divulgação crítica da maioria dos companheiro de 30 anos por quem nutro, para além autores contemporâneos. Foi o Comissário da de muita estima, indiscutível respeito e admiração. representação portuguesa da XLII Bienal Internacional Embora tenha nascido em Queluz e vivido desde a de Veneza, em 1986. A acuidade do seu modo de ver infância no Palácio onde seu Pai, o Pintor Ventura a pintura e a lucidez isenta com que pensa reflecte-se Porfírio, era o Conservador, é nas terras altas do Alentejo na qualidade, bem patente nos comentários dos que estão as suas verdadeiras raízes. A sua determinante inúmeros artigos que tem vindo a publicar no ascendência alentejana fá-lo trazer sempre Castelo de “Expresso” ao longo de muitos anos, ou através do Vide no coração, e nunca perder a oportunidade de teor dos seus textos, catálogos e livros. Muito mais o recordar. Conservador afável e espirituoso, sabe que um historiador competente, tem sido um rechear a fluidez do seu discurso com as deliciosas observador atento e um talentoso analista do fenómeno vivências regionais que vai deixando escapar como artístico. testemunhos do seu enraizado saber. As memórias O segundo aspecto da sua vida profissional consistiu castelvidenses, ricas em detalhes familiares, são uma na notável actividade dedicada, durante mais de trinta fonte constante e inesgotável da sua própria identidade. anos, ao Museu Nacional de Arte Antiga, como Tem consigo a naturalidade simples das grandes figuras. Conservador e por último como seu Director. A obra É um verdadeiro humanista cuja delicadeza, sensível que conseguiu construir, de forma independente e e atenta, nunca afectou a independência da sua reflectida, foi uma exemplar manifestação de cultura natureza forte e por vezes irreverente. O intransigente portuguesa concretizada através das acções que respeito pelas pessoas que o rodeiam tem sido sempre notabilizaram o museu, dentro e fora do país. A forma o complemento indispensável da sua própria conduta. como pensou o museu, como impulsionou as transfor- Sinto-me previlegiado ao ter por Amigo um persona- mações das exposições permanentes de pintura; como gem de tão rico perfil humano. dinamizou a vasta série de exposições temporárias; José Luís Gordo Porfírio é um homem esclarecido, de como apoiou o Serviço de Educação; e como promo- grande carácter e forte personalidade, que dedicou veu, participou e animou uma ampla sequência de toda a sua vida ao estudo e reflexão sobre a criação visitas guiadas, foram importantes contributos para artística, nas áreas das artes plásticas, da filosofia e da ajudar a construir a prestigiada imagem do MNAA. literatura. O entendimento da obra de arte tem sido Por sua iniciativa, independentemente de todas as para si – muito mais que mera reflexão intelectual – participações em inúmeras exposições nacionais e o motivo de uma consciente e responsável forma de internacionais, realizaram-se notáveis exposições comunicação. Soube fazê-lo com competência, justeza temáticas de que se destaca, pela sua importância, a e isenção em dois vectores importantes da sua vida que teve lugar em Bona, em 1999, que constituiu a profissional: a crítica de arte sem baias cronológicas mais completa e relevante apresentação internacional e a assumida contínua reflexão sobre a função dos das excelentes colecções do Museu Nacional de Arte museus. Antiga. Rede Portuguesa de Museus | 7 Contra todas as correntes de facilidade demagógica e de Arte Antiga e habituei-me a contar com a prudência de propaganda politizada, soube sempre defender do chefe (como gostava de lhe chamar). Por graça, às intransigentemente os superiores interesses do seu vezes, rotulavam-nos de compadres mas realmente o museu e da profissão de conservador, razões porque que sempre tivemos em comum, para além de sincera é justamente considerado uma personagem incontor- amizade, foi uma invejável camaradagem, leal e nável no seio da nossa museologia contemporânea. respeitadora. Vivemos com companheirismo e cumplicidade muitos Lisboa, 30 de Novembro de 2004 ❚ momentos bons e maus da vida do Museu Nacional Museus: Missionar eis a questão Isabel Maria Fernandes* * Directora do Museu de Alberto Sampaio/ Instituto Português de Museus [email protected] Neste texto, não iremos debruçar-nos sobre as funções Um museu dependente da Administração Central3 de um museu dentro de portas, sobre o trabalho siste- tem deveres acrescidos no meio em que se insere, tem mático que aí se desenvolve para transmitir com quali- a obrigação de ser um veículo transmissor de boas dade as emoções e as razões que as peças de uma práticas, de colocar ao serviço dos outros os colecção emanam e se pretende sejam apreendidas conhecimentos técnicos e científicos de que dispõe de um museu leia-se: Isabel Maria pelo público que visita o Museu. Neste texto também (daí advém o uso do termo missionar…). Um museu Fernandes – Tornar visível o invisível. não iremos tratar da fruição das colecções de um dependente da Administração Central tem necessaria- Lugar em Aberto: revista da APOM. Série Museu1, vamos sim, discorrer sobre as tarefas realizadas mente de possuir espírito de missão, compreender pela equipa de um museu fora do seu invólucro, do que o seu exemplo e a sua ajuda a projectos de outras seu edifício. Decidimos designar esse trabalho, tão instituições são, sem dúvida, uma das suas funções comunicação. importante como o realizado dentro de portas, como (deste espírito de missão advém, também o uso do semestral 1 Para que se conheça o que pensamos sobre outras áreas de trabalho dentro 1.1 (Outubro de 2003). P. 22-31; Isabel Maria Fernandes – Investigação nos «missionar fora de portas». termo missionar…). Museus: entre produção, encomenda e da Informação: Comissão boletim Nacional Portuguesa do ICOM. 4 (Março de 2004). P. [6-7]. Se recorrermos aos dicionários , veremos que missionar A equipa de um museu tem necessariamente conhe- significa «fazer trabalho missionário, pregar a fé; cimentos específicos, domina técnicas próprias e deve 2 catequizar, converter», mas também «propagar, ser complementar, polivalente e mostrar-se disponível porânea. Vol. 2. Lisboa: Editorial Verbo, disseminar» (ideia, doutrina, costumes, etc.). É nesta para ajudar projectos nascentes de instituições da sua 2001. P. 2489; Dicionário Houaiss da segunda acepção, a de «propagar doutrina», que área de influência. entendemos o trabalho que um museu pode (melhor, Perceba-se, no entanto, que a área de influência de deve) prestar fora de portas. um museu dependente da Administração Central pode 3 Convém ter presente que cada museu tem uma vocação não corresponder a área espacial em que o museu se qualquer museu, mesmo que não depen- específica, uma colecção própria e um modo de contar insere. Explique-se: um museu que seja especialista dente da Administração Central pode, e a história das suas peças. Mas, todos os museus usam numa determinada área – azulejo, traje, arqueologia técnicas similares, ou, talvez dito de outro modo, usam – deve apoiar projectos da sua área temática, onde técnicas específicas para conservar, inventariar, organizar, quer que eles existam, e ser responsável pela divulgação opção é, num museu dependente da estudar e divulgar as suas colecções, tendo sempre de boas práticas. Administração Central, uma obrigação. como fim último fazer com que as peças de que Mas, também é verdade que, muitas vezes, um museu dispõem perdurem o máximo possível no tempo e com vocação numa determinada área – artes decora- incorporem em si o máximo de informações de modo tivas, arte sacra, arte contemporânea – possui na sua tuições, devendo dar o exemplo, ter boas a que possam ser fruídas, quer hoje quer no futuro. equipa técnicos especializados em ramos específicos práticas e ensinar essas boas práticas. 2 Dicionário da Língua Portuguesa Contem- Língua Portuguesa. Vol. 5. Lisboa: Círculo dos Leitores, 2003. P. 2508. Talvez seja conveniente explicitar que deve, missionar fora de portas. No entanto, o que num museu privado ou dependente de uma autarquia pode ser uma De facto, os museus dependentes da Administração Central têm responsabili- 8 | Boletim Trimestral dades acrescidas no apoio a outras insti- do saber – por exemplo, escultura medieval, pintura Neste texto iremos dar o exemplo da missionação que contemporânea, mobiliário, ourivesaria, faiança, olaria, o Museu de Alberto Sampaio, museu dependente do bordados… – sendo necessário que os conhecimentos Instituto Português de Museus/Ministério da Cultura, desses seus técnicos, a sua sabedoria, seja colocada tem procurado levar a cabo dentro das competências em rede, sirva para missionar noutros museus, noutras técnicas próprias da sua vocação, mas também dentro instituições que não aquela à qual os técnicos das competências próprias e da vocação dos seus pertencem. Dito de outro modo, um museu pode ser técnicos. responsável pela divulgação de boas práticas porque Outra não poderia ser a postura do Museu de Alberto essa é a sua vocação ou porque possui nos seus quadros Sampaio. Lembremos que se trata de um dos vinte e um ou mais técnicos especialistas em temáticas nove museus tutelados pelo Instituto Português de específicas, por isso, com vocação para determinadas Museus, organismo que tem como objecto «promover áreas do saber. e assegurar a execução da política museológica nacional E, neste trabalho em rede e nesta sociedade em em conformidade com as orientações da tutela e em permanente mudança, convém que se entenda que diálogo permanente, nomeadamente com as institui- um determinado museu, hoje reconhecido pelo seu ções do Estado detentoras de património cultural, as saber num determinado campo, pode amanhã perder autarquias, a Igreja e os privados», bem como «promo- essa especificidade. Isto porque, como já o dissemos, ver o estudo, a salvaguarda, a valorização e a divulgação um museu é formado pela sua vocação e pela vocação do património cultural móvel nacional, enquanto dos seus técnicos. E, se é verdade que a vocação de um fundamento da memória colectiva e individual, factor museu permanece mais ou menos estável ao longo de identidade nacional e fonte de investigação científica Veja-se Decreto-Lei N.º 398/99 de 13 dos tempos, o mesmo não sucede com a vocação dos e de fruição estética e simbólica»4. Lembremos também de Outubro de 1999. P. 6892-6901 e seus profissionais. Um museu pode hoje ter no seu que o Museu de Alberto Sampaio é um dos museus quadro um técnico especializado em determinado ramo integrados na Rede Portuguesa de Museus5, entendida do saber, e por isso, missionar fora de portas, apoiar como um «sistema de mediação e de articulação entre /2000, de 17 de Maio, dos Ministérios outras instituições, mas, amanhã, esse técnico pode já entidades de índole museal, tendo por objectivo a das Finanças, da Cultura, da Reforma não pertencer ao seus quadros, deixando, por isso, o promoção da comunicação e da cooperação, com vista do Estado e da Administração Pública, museu de poder missionar nesse campo específico. à qualificação da realidade museológica portuguesa», Os museus dependentes da Administração Central e e que, entre os seus objectivos se encontra bem expressa o organismo que os tutela têm essa responsabilidade quer a função de «recomendar e divulgar boas práticas acrescida de trabalhar em rede, de buscar o conhe- museológicas, evidenciando os benefícios que a sua cimento onde ele existe no momento (o conhecimento adopção poderá trazer» quer a de «motivar e valorizar é produzido e transmitido pelas pessoas…) e disponi- o estabelecimento de parcerias entre museus e outros bilizá-lo, também, em rede. agentes culturais locais, regionais e nacionais com Por tudo isto, entendemos que um museu dependente vista ao desenvolvimento de projectos comuns e da Administração Central não pode limitar-se a complementares». 4 web página: http://www.ipmuseus.pt. 5 Veja-se Despacho Conjunto n.º 616/ na dependência directa do Instituto Português de Museus. Web página: http://www.rpmuseus-pt.org. trabalhar dentro de portas, é sua função disponibilizar os conhecimentos que possui a outras instituições, O acervo do Museu de Alberto Sampaio é essencialmente com menos capacidades técnicas e científicas mas constituído por colecções de arte sacra – ourivesaria, detentoras de património que urge preservar e divulgar. pintura, escultura, têxtil – provenientes na sua maioria A um museu dependente do Estado português não de capelas, igrejas e conventos do aro de Guimarães. deve interessar em que mãos está o património, deve Assim sendo, o Museu de Alberto Sampaio tem como sim, pugnar e colaborar na sua salvaguarda e valoriza- vocação primordial estudar e divulgar as colecções de ção, ajudando para isso com os seus conhecimentos arte sacra, bem como apoiar e colaborar na salvaguarda, e os conhecimentos da rede em que se insere. estudo e divulgação das colecções de arte sacra que Rede Portuguesa de Museus | 9 se encontram nas mãos de particulares, da Igreja ou livro sobre Nossa Senhora da Madre de Deus de de outras instituições. Guimarães6 e prepara-se um outro sobre a Igreja de 6 Mas, o Museu de Alberto Sampaio e a sua equipa Nossa Senhora da Oliveira); rães: alfaias. Porto: Civilização Editora, também têm competências técnicas que lhes permitem – Os seus técnicos, dentro das suas vocações específicas, apoiar e colaborar na criação de novos museus; divulgar têm também colaborado em acções de salvaguarda, as boas práticas necessárias à conservação dos acervos inventariação, estudo e divulgação de acervos existentes existentes nas mãos da Igreja ou de outras instituições; na mão de particulares ou de instituições. participar na inventariação de património móvel de Para levar a cabo estas tarefas, esta missionação fora reconhecido valor; colaborar na preparação de de portas, o Museu de Alberto Sampaio tem sabido candidaturas a fundos comunitários ou nacionais recorrer quer ao apoio e colaboração de técnicos submetidas por algumas das instituições a quem dá especialistas existentes na rede de Museus em que se apoio; colaborar, apoiar e incentivar a realização de integra (IPM: Instituto Português de Museus e RPM: publicações de carácter técnico e científico que ajudem Rede Portuguesa de Museus) quer ao apoio e a divulgar os acervos existentes nas mãos de particulares colaboração de outras instituições da Administração ou de instituições. Central – DGEMN: Direcção Geral dos Edifícios e Desde o ano de 2000 que o Museu de Alberto Sampaio: Monumentos Nacionais, IPPAR: Instituto Português – Colabora na renovação ou criação de museus: Tesouro do Património Arquitectónico –, e da Administração Museu da Sé de Braga, Museu d’Arte de Fão (Câmara Local – Câmara Municipal de Guimarães, principal- Municipal de Esposende); mente. Com os técnicos destas instituições, com as – Ajuda a concretizar projectos conducentes à constitui- suas competências, tem o Museu de Alberto Sampaio ção de novos museus – Museu de Vieira do Minho conseguido criar equipas que respondem a solicitações (Câmara Municipal de Vieira do Minho); de índole diversa. – Participa activamente na salvaguarda, organização Por outro lado, e porque a equipa técnica do museu e inventariação de colecções de arte sacra: Igreja de é diminuta para tanto trabalho, tem o museu procu- Nossa Senhora da Oliveira, Igreja de S. Paio, Igreja de rado congregar as boas vontades e o trabalho de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, todas voluntários: sejam eles pessoas que pretendem desen- em Guimarães; volver trabalho no museu, procurando deste modo – Procede à inventariação e organização de colecções enriquecer os seus conhecimentos, sejam eles alunos etnográficas: acervo de traje do Grupo Folclórico da estagiários de diferentes instituições de ensino superior, Corredoura, Guimarães; que, sob a orientação dos técnicos do Museu, vão – Colabora na organização de Reservas técnicas nas colaborando em tarefas de organização e inventariação instituições com quem colabora; de colecções. – Colabora no estudo do bordado de Guimarães Com todos estes homens e mulheres de boas vontades, (projecto coordenado pela Oficina/Câmara Municipal tem o museu conseguido responder às diversas de Guimarães); solicitações que lhe vão chegando, procurando, assim, – Dá apoio técnico às autarquias que solicitam os seus gerar boas práticas e contribuir para a salvaguarda e pareceres (principalmente à Câmara Municipal de divulgação do Património. Missionar é pois, para a Guimarães); equipa do Museu de Alberto Sampaio e para aqueles – Coordena publicações que procuram dar a conhecer que com ele colaboram uma razão de ser, uma missão a riqueza do património móvel existente (saiu já um a cumprir. Missionar, eis a questão e a missão… ❚ 10 | Boletim Trimestral Nossa Senhora Madre de Deus de Guima- 2004. A (re)organização do Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique * Museu Municipal de Faro Dália Paulo* Largo D. Afonso III 8000-157 Faro A génese do museu Foi precisamente “vida” que faltou ao museu após [email protected] O Museu Archeologico e Lapidar Infante D. Henrique a saída do Prof. Pinheiro e Rosa em 1986, passando inaugura a 4 de Março de 1894, em três salas dos o museu por um período de grande estagnação, Paços do Concelho, sob a direcção do cónego Pereira sem renovação das exposições, sem estudo das Botto, e a 15 de Março do mesmo ano é aprovado, colecções e perdendo espaços para outros serviços archeologico por tres salas com seis grandes em reunião de câmara, o Plano Fundamental da camarários, não interagindo com a comunidade, secções, correspondentemente aos seis Organisação (sic) do Museu Archeologico Lapidar, Infante sendo apenas um “cemitério do passado”, foi assim D. Henrique . Com a implantação da República, o até 1998... 1 Este plano organiza-se em cinco pontos. No primeiro explica-se a organização do museu “Estremada distribuição do material periodos capitaes – prehistorico, protohisto- 1 rico, luso-romano, luso-arabe, luso-visigothico, português” – Botto, Joaquim Maria museu é transferido para a Igreja do antigo Convento Pereira (1899), Glossario Critico dos de Santo António dos Capuchos, onde fica instalado A nova vida do Museu após 1998 Principaes Monumentos do Museu Archeo- de 1914 a 1970. Com a transferência foi necessário Em 1998, o Museu iniciou um novo ciclo na sua logico Infante D. Henrique, Typographia E. reorganizar o espólio, trabalho efectuado por Leite vida. Começou por uma nova equipa, constituída de Vasconcelos em 19173 a convite de Justino Bivar no início pela Directora de Departamento de Reabili- (director do Museu de 1914 a 1954). O contacto tação do Património, Arqt.ª Conceição Pinto Coelho Algarve – Livro 49, folha 23, Sessão de com o mestre foi sempre continuado até à sua (não sediada no convento), pelo Doutor Francisco Câmara de 4 de Maio de 1917. morte: “No decorrer das suas [Leite de Vasconcelos] Lameira, que exerceu na prática as funções de visitas ao Algarve não deixava de frequentar o museu, director até 2000 e pela signatária como técnica estudando com interesse as suas colecções, dando-me superior. Esta equipa elaborou um plano de trabalho os seus conselhos que eu sempre procurei seguir, pois diversificado, que passava, num primeiro momento, sempre me interessou a organização do museu que é pelas seguintes áreas: inventário, reservas, conser- hoje uma das manifestações mais evidentes da cultura vação e restauro, investigação, exposição e edição. de um povo”4. É neste período que o museu começa Simultaneamente foi necessário construir uma equipa a receber outras colecções: pintura antiga, colecção pluridisciplinar. Abordarei estas áreas separadamente refere “[...] Não satisfaz ainda contudo o etnográfica, colecção Ferreira de Almeida, entre – por uma questão de organização de texto, mas edifício agora utilizado [antigo Convento outras. frisando que não são áreas estanques e que foram dos Capuchos] e por isso entendo que urge Em 1960, a Câmara Municipal de Faro compra o sendo pensadas em conjunto – juntando depois antigo convento de Nossa Senhora da Assunção mais duas: área educativa e museografia/design. Seraphim, Faro. 2 Ficando a catalogação dos monumentos a cargo do Instituto Arqueológico do 3 Livro 49, folha 83, Sessão de Câmara de 18 de Agosto de 1917. 4 Bivar, Justino (s/d), O Dr. Leite de Vascon- celos e o Museu de Faro, manuscrito (gentilmente cedido pela família Bivar Weinholtz). 5 2 A referência mais antiga que propõe a instalação do Museu neste edifício é de 1915, de José de Figueiredo (Inspector dos Museus Regionais) que em ofício à Câmara restaurar e assegurar a conservação do anti- 5 go convento de São Bento [Assunção], ocupado agora por uma fábrica de transforma- para aí instalar o Museu e a Biblioteca Municipais, ção de cortiça, propus ao governo a expro- tendo convidado em 1966, para liderar o processo, priação e a restauração do referido convento o Prof. Pinheiro e Rosa (director até 1986), que com destino a abrigar as peças de arte e começa por fazer o inventário do espólio e o estudo arqueologia que constituem o núcleo do de algumas colecções ou objectos com o intuito de museu [...].” Livro 48, folha 111 V.º, Sessão de Câmara de 21 de Agosto de 1915. Acta reorganizar as colecções e o seu modo de exposição, da Sessão de Compra de 27-9-1960. Mo- entregando um estudo “sobre a distribuição das numento Nacional desde 29 de Setembro peças no novo edifício”6. A transferência foi feita de 1948 – Decreto 37/077 DG n.º 228. 6 dente da Câmara Municipal de Faro. 7 paulatina e penosamente entre 1971 e 1980, como Ofício de 4/08/1971 dirigido ao Presi- Ofício de 24/1/1978 dirigido ao Presi- dente da Câmara Municipal de Faro. refere com pesar o Prof. Pinheiro e Rosa: “o director actual não tem estado a dormir, tem formado muitos planos para dar vida ao Museu”7. Sala Pintura Antiga Rede Portuguesa de Museus | 11 1. Inventário controle ambiental (luz, humidade, temperatura), O museu tinha adquirido, em 1996, um programa esta é, ainda hoje, uma das nossas maiores informático de inventário – o Inarte – que não tinha deficiências. Face a esta questão, desenvolvemos, sido utilizado até então. Iniciou-se o processo de em conjunto com a Divisão do Centro Histórico, informatização do inventário, primeiro fazendo um projecto para um novo edifício de reservas e reuniões com a Divisão de Inventário do IPM para laboratórios que teve o apoio técnico da Rede nos aconselhar e verificar se o programa utilizado Portuguesa de Museus, através do seu consultor, o estava adequado à normalização das fichas e Eng. Luis Elias Casanovas, que para além das várias conteúdos, então em curso no IPM (que culminaria reuniões, elaborou vários pareceres. De momento, com a edição das Normas de Inventário), e para que estamos a preparar o Caderno/Guião de Encargos para tivéssemos suporte/listas de “conversão” das servir de guia aos projectos de especialidades do categorias e designações antigas para as actuais. novo edifício, mais uma vez com a colaboração do Para a realização deste trabalho foram contratados Eng. Luís Casanovas e da sua orientação a uma dois técnicos superiores (orientados pelo Doutor aluna do Mestrado de Museologia da Universidade Francisco Lameira), um na área da arqueologia e de Évora. outro na área do Património Cultural. A gestão Centrando-nos nas colecções, há ainda muito a informática das colecções foi uma vantagem muito melhorar na forma de acondicionamento de alguns grande para o trabalho posterior de investigação e espécimes, como, muito bem, notou a RPM, aquando de reorganização das reservas e salas de exposições. da nossa adesão em 2002, pelo que fomos trabalhan- Como a colecção é muito heterogénea houve do nesse sentido. Com o apoio do Programa de dificuldade no correcto preenchimento de todos os Apoio à Qualificação de Museus da RPM em 2002, campos, pelo que se foi sempre tentando melhorar adquirimos novos armários para acondicionamento e acrescentar mais informações às fichas. O trabalho da colecção de cartazes; adquirimos ainda armários realizado está, neste momento, em fase de revisão para desenhos e gravuras de diversas colecções, bem com vista à sua disponibilização on-line (final de como pequenos contentores para a colecção de 2005/início de 2006); por outro lado é um trabalho numismática. Estamos a preparar um melhor “em aberto”, que é melhorado e reformulado com acondicionamento da colecção Ferreira de Almeida, o apport dos investigadores e especialistas nas nomeadamente de porcelanas e cerâmicas. diferentes áreas. 3. Conservação e Restauro 2. Reservas O primeiro passo nesta área foi fazer o diagnóstico Foi necessário distinguir os espaços de reserva e de do estado de conservação da colecção de pintura arrecadação (os dois confundiam-se), pelo que se antiga dos séculos XVI a XIX, realizado por uma procedeu à reorganização das reservas (trabalho técnica de conservação e restauro da Divisão de realizado apenas com os meios disponíveis). Pintura do Instituto Português de Conservação e Dividiram-se os materiais consoante as categorias: Restauro em 2000, que nos deu as linhas orienta- pintura, desenho, mobiliário, cerâmica, material doras para que se pudesse expor a colecção a curto arqueológico, material pétreo, sobretudo lápides. prazo; procedeu-se, então, à contratação de um Os outros materiais, como por exemplo, vitrinas e técnico profissional de restauro (especialidade em aquecedores, foram arrumados em espaços próprios. pintura) que com a orientação do atelier de António Este trabalho só foi possível porque o museu Salgado, realizou um trabalho de conservação e “ganhou” novos espaços que adaptou, ora a reservas, limpeza necessário para as obras serem expostas. ora a arrecadações. Apesar da nossa preocupação Aquando da nossa adesão à RPM, este era um dos em ter reservas com o mínimo de critério e de serviços com mais carências, quer a nível material, 12 | Boletim Trimestral quer humano, pelo que em 2002 foi contratada outras colecções, tais como as de cartazes e azulejos. uma licenciada em Conservação e Restauro que Também está a ser estudado o espólio romano e da muito contribuiu para um melhor e mais adequado idade do ferro, das escavações realizadas no quintal desempenho na preservação das nossas colecções. do antigo convento de Nossa Senhora da Assunção Não possuíamos o equipamento adequado a uma (actual Museu). monitorização dos espaços ou ao tratamento das Restauro de Pintura (equipamento adquirido com o apoio do colecções, pelo que fomos tentando suprir essas 5. Exposição e Edição lacunas com o apoio da RPM e do PAQM, através Elaborámos de início um pré-plano de exposições, de várias candidaturas, para aquisição de datalogger com as condicionantes do espaço, que resultou na (2002), lupa binocular (2003), armário hignofugo abertura de três salas de exposição de longa duração, (2003). islâmica, pintura antiga e mosaico, e de várias O trabalho de restauro passa pelo acervo do museu exposições temporárias, com a intenção de dar a e de outras instituições que nos solicitam ajuda, conhecer a heterogeneidade das nossas colecções, como por exemplo Casa dos Rapazes, Congregação que se pautaram pelas mostras seguintes: O Algarve de São Sebastião e pela intervenção em edifícios Encantado na Obra de Carlos Porfírio, Memórias de Faro: religiosos, quer de tutela camarária (Igreja da Mariana Santos e Honorato Santos, Três Pessoas, Três Esperança), ou através de protocolos com outras Edifícios e Um Museu. Simultaneamente recebemos instituições, como é o caso do tecto da sacristia da exposições temporárias vindas de fora, umas já Igreja da Ordem Terceira do Carmo (em curso). Este “prontas” outras em que o museu patrocinou o estudo trabalho diversificado passa pelo nosso entendi- e a concepção: A Arte Contemporânea Portuguesa na mento de que a missão do museu no que respeita Colecção de Manuel Baptista, Hélène de Beauvoir: Faro à “conservação... do património do concelho...” 1940-1944. deve ser cumprida. Para abertura em 2005 estamos a preparar uma Estamos actualmente a preparar o Plano de exposição de longa duração Caminhos do Algarve Segurança em colaboração com a Protecção Civil e Romano, comissariada pelo Prof. José d’Encarnação. começámos a preparar o Plano/Estratégia de Apesar de algumas conquistas nesta área, sentimos Conservação Preventiva com a colaboração da RPM. a necessidade de elaborar um novo programa museo- PAQM). lógico e o respectivo percurso expositivo. Para que 4. Investigação o visitante possa sentir coerência entre as várias A investigação constitui o trabalho de base de todas salas de exposição, com o mote As raízes de uma as exposições realizadas. As colecções encontravam-se região e a formação de uma cidade: Faro inicia-se um deficientemente estudadas, apesar de todos os esforços percurso orientado cronologicamente desde a pré- de Pinheiro e Rosa que, mais que estudá-las, as dá -história até ao século XIX; segue-se uma sala de a conhecer ao público através da revista municipal interpretação/explicação do edifício designada Anais do Município de Faro, com artigos em todos O convento que foi fábrica e é museu, com exposições os números de 1969 a 1986. Nesta área, como de periodicidade bianual que abordam o edifício noutras, o Museu faz parcerias e convida inves- de várias perspectivas; e, finalmente, dedica-se uma tigadores das universidades para fazer ou dirigir Sala da Cidade à realização de exposições temporárias estudos. Assim, desde o início, convidámos inves- sobre aspectos diversos relacionados com a proble- tigadores como: Vítor Serrão, José d’Encarnação, mática da cidade em termos físicos, sociológicos. José Alberto Machado, Joaquim Caetano, José Para além disso, a programação de exposições Vilhena Mesquita, João Pedro Bernardes, entre temporárias irá fazer “rodar” as nossas colecções outros, que foram colaborando connosco. Com a em reserva e incluirá a realização de exposições que entrada para a RPM em 2002 foi possível estudar surjam através de itinerância. Rede Portuguesa de Museus | 13 A política de edições passa pela publicação de da Penha, Unidade de Pediatria do Hospital Distrital catálogos das exposições, pela realização de folhetos de Faro, Instituto D. Francisco Gomes – Casa dos de divulgação do Museu e de outros monumentos Rapazes, Refúgio Aboim Ascenção. do concelho, pela realização de percursos e guias Avançamos, também, com uma novidade em 2005: históricos, pela edição de livros sobre a história do o Programa de Intervenção Comunitária que preten- concelho e de livros infantis/juvenis, pretendendo de divulgar, logo no início do ano, as actividades abranger públicos bastante diversificados. que iremos desenvolver para que as instituições e pessoas possam planear atempadamente as suas 6. Educação actividades. Mas o principal objectivo é divulgar Comunicar é uma das funções do museu, para isso de uma maneira mais sistemática as nossas é necessário “construir” discursos apelativos e actividades e criar nas “nossas” comunidades o diversificados. Foi com este objectivo que se criou hábito de frequentar o museu e encará-lo como um o Serviço Educativo, que se inicia de forma embrio- espaço vivo e dinâmico da cidade. nária em 2000 e que começa a ser sistematizado em 2001 com a realização de um Programa Escolar 7. Museografia e design (que apresentamos, anualmente em Setembro, nas A forma como se expõe, para que o “jargão” escolas aos professores). As actividades inseridas no científico se transforme e para dar vida aos objectos, programa reflectem as exposições de longa duração foi outra preocupação. Para concretizar os nossos do Museu e uma das exposições temporárias, com objectivos foi preciso (re)criar uma imagem do oficinas, jogos e outras actividades – Oceano aos museu: novo logotipo, nova portaria/loja, nova Quadradinhos; A Mensagem da Pedra; Dá corda à museografia expositiva. Este serviço funciona com imaginação, etc. Paralelamente à área pedagógica, duas vertentes, o design de equipamento e o design desenvolvemos a área de Educação e Intervenção gráfico, com um único objectivo criar/construir Comunitária, com acções pensadas para diferentes mensagens de fácil leitura, não quer isto dizer públicos: pais e filhos – Famílias com Estórias; tertúlias simples ou simplificadas, e conseguir chegar ao para público diverso (adulto e jovem-adulto) – “coração/razão” do visitante. Conversas ao Final da Tarde; público universitário e Para enquadrar todas estas actividades e regular o público em geral – Ciclos de Conferências ou de funcionamento do museu foi elaborado o Regulamento Cinema; público adulto – Oficinas de Joalharia, Interno do Museu em 2002, com parecer da RPM, Ajulezaria, etc.; comunidade cigana – Oficina Festival já deste ano. de Cores; público juvenil – Oficinas de Verão e Páscoa; A entrada na RPM em 2002 foi um momento percurso À Descoberta da Cidade Perdida para a decisivo para melhorar, cada vez mais, a nossa Associação de Saúde Mental do Algarve. prática profissional, contribuindo com o apoio Este mês de Dezembro iniciámos a actividade técnico em várias áreas que é fundamental, e com O Museu sai à Rua, onde desenvolvemos uma oficina o apoio financeiro que nos permitiu levar a “bom Janelas de Natal, dirigida a quatro instituições que porto” muitos projectos. Mas, acima de tudo, a normalmente não podem frequentar o museu, ou grande vantagem é estar em rede e poder partilhar quando o fazem são inseridas em grupos experiências e dificuldades com um objectivo heterogéneos, onde não é possível dar-lhes a atenção comum: a valorização da nossa memória e a necessária: Unidade de Surdos da Escola Primária construção de novas memórias. ❚ Oficina de Verão – Festival de Cores – 14 | Boletim Trimestral comunidade cigana Notícias Museus RPM* * Notícias exclusivamente baseadas em informações enviadas pelos Museus integrados na RPM Casa-Museu Frederico de Freitas – Frederico de Freitas, o Anfitrião – abordar-se-ão aspectos relacionados com a alimentação, Uma temática, múltiplas propostas imaginando-se também uma refeição saudável para A funcionar desde Setembro de 2001, os Serviços de os convidados do Dr. Frederico de Freitas. Partindo do Educação e de Animação da Casa-Museu Frederico texto de apoio “Cores e sabores”, os alunos concluem de Freitas, assumem, desde então, a responsabilidade que o colorido dos frutos, legumes e hortaliças indicam de receber um público variado, para o qual preparam, os seus principais nutrientes e, portanto, uma dieta planificam e realizam visitas temáticas, assim como equilibrada é sinónimo de um conjunto de alimentos actividades complementares de carácter lúdico, de com uma paleta diversificada. Outros professores, mais expressão escrita, plástica e dramática. interessados no traje e regras de etiqueta, preferem Entre as propostas oferecidas insere-se Frederico de que os seus educandos pintem com tintas para têxteis Freitas, o Anfitrião, iniciativa que pretende desvendar a uma gravata e aprendam e pratiquem diferentes tipos vida e a personalidade deste notário e advogado de nós. Alguns, optam pela realização de retratos do madeirense (1894-1978) que legou as suas colecções doutor Frederico de Freitas porque querem que os à Região Autónoma da Madeira, dando origem à actual seus alunos desenvolvam trabalhos sobre personalidades Casa-Museu. Partindo da observação, exploração e madeirenses ou porque desejam que aprendam algo comparação de um seu retrato a óleo em que se sobre as técnicas do retrato. apresenta de gravata, e de duas caricaturas trajado de Todos estes aspectos e todas estas actividades práticas smoking, procura-se revelar, não apenas o coleccionador, podem ser tratados com um grupo que visite mas também o homem de maneiras esmeradas e regularmente o museu, como foi planeado no âmbito educação requintada. do atelier Inter-Gerações programado para o primeiro Na sala de jantar, abordam-se algumas regras de etiqueta sábado de cada mês. ou as simples boas maneiras à mesa; refere-se o serviço Alunos dos 3.º e 4.º anos de uma instituição vizinha de loiça e talheres a utilizar, assim como a sua disposição do Museu executaram todas as tarefas descritas – que numa mesa de cerimónia. Sempre que possível, outras escolas realizaram apenas pontualmente – contamos com a intervenção do grupo de teatro da confeccionando, além disso, em pâpier mâcher, pratos, Escola Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva. Alguns talheres e copos. Pintaram também alimentos em dos seus elementos personificam o anfitrião e o criado esponja e decoraram guardanapos com um mono- que, não sabendo comportar-se, pedem a colaboração grama. Refira-se que estas experiências de expressão das crianças. Noutro espaço visitável, os alunos põem plástica são sempre sustentadas na exploração de a mesa e vão corrigindo espontaneamente as múltiplas peças do espólio do museu ou que de alguma forma e imperdoáveis gaffes daqueles personagens. se relacionem com o seu coleccionador. Por exemplo: No âmbito desta iniciativa, o professor seleccionará antes de fabricarem o serviço de loiça, as crianças foram uma das propostas oferecidas pelo Serviço Educativo induzidas a descobrir as características e a história das podendo, é claro, privilegiar assuntos que de certa porcelanas “Companhia das Índias”, partindo da observa- forma se liguem aos conteúdos que lecciona ou que ção desta colecção. Descobriram monogramas e neles se os estudantes desenvolvam na Área-Projecto ou inspiraram para criarem um, com as iniciais de Frederico Informações e contactos Educação Cívica. Por exemplo, se a temática da de Freitas, que constasse no serviço de loiça, em individuais, Casa-Museu Frederico de Freitas nutrição está a ser trabalhada podem escolher como guardanapos e outros acessórios de mesa por eles actividade prática, a realizar no Atelier, confeccionar produzidos. Todo aquele material foi depois exposto e num prato um rosto, um animal ou uma paisagem utilizado no Dia Mundial da Criança por alguns dos Fax: 291 220 578 com hortaliças postas à disposição. Nesse caso, durante intervenientes que fizeram questão de mostrar que sabiam [email protected] a visita e na intervenção de expressão dramática, servir e estar à mesa. ❚ Calçada de Santa Clara, n.º 7 9000-036 Funchal Tel.: 291 202 570/291 220 578 Rede Portuguesa de Museus | 15 Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas – Novo material didáctico e divulgativo ambiência e arquitectura de todo o Complexo Inserido no programa de divulgação e valorização do Museológico. Paralelamente, editou-se um conjunto Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, foi de diapositivos, com idêntica temática – subsidiado lançado a público no passado dia 30 de Novembro pela Rede Portuguesa de Museus no âmbito do um documentário, em suporte DVD, sobre o Museu Programa de Apoio à Qualificação dos Museus –, e as suas principais actividades, bem como diverso instrumento desde há muito solicitado por todos os material didáctico e divulgativo, concretamente vários educadores e promotores culturais que ali se deslocam produtos vocacionados para os mais jovens visitantes com os seus grupos de alunos e demais visitantes. e, para todos, um notável conjunto de réplicas de A criação do «Poseidipos», mascote infantil do Museu peças arqueológicas conservadas nas suas colecções. – cuja designação tem origem em Posêidon, deus dos O documentário agora editado permite percorrer mares, e no nome grego que significa cavalo (híppos), detalhadamente todo o percurso museológico, a e começar pelas ruínas da villa romana existentes junto representação similar presente num dos três sarcófagos ao Museu e, passando ao “Livro de Pedra” – assim se etruscos conservados na “Cripta” –, originou uma designa a exposição epigráfica –, convidando o visitante diversificada gama de aliciantes produtos para os mais virtual a conhecer o segredos da “Cripta Etrusca” e novos trazerem consigo, como são os pins e os porta- os únicos sarcófagos desse estilo existentes em Portugal; chaves, os lápis e as borrachas, os blocos de notas e os a passear-se na “Basílica Romana” entre as muitas tapetes de rato, as t-shirts e os mealheiros que, a partir dezenas de inscrições latinas funerárias e votivas que, de agora, se encontram disponíveis na Loja do Museu. há dois mil anos, convidavam já à leitura quem então Fruto de um desejo amplamente manifestado por todo percorria as vias, necrópoles e santuários implantados o público visitante, e outra das inovações ora nos campos de Sintra; a decifrar os enigmas da “Igreja disponibilizadas pelo Museu, é o conjunto de 45 réplicas Visigótica” e dos lintéis da antiquíssima igreja de Santa de peças arqueológicas, cujos originais pertencem ao Maria do Faião; a meditar na mutabilidade das coisas seu acervo. Trata-se, nas sua maioria, da reprodução no “Cronos Devorator”, onde se mostram monumentos fiel de artefactos recolhidos em diferentes estações alterados e reutilizados ao longo de séculos; a oscilar arqueológicas do Concelho de Sintra, algumas das entre o real e o imaginário na “Necrópole Medieval” quais tão emblemáticas como o Monumento Pré-histó- observando os símbolos tantas vezes crípticos apostos rico da Praia das Maças e as próprias ruínas da villa nas tampas tumulares e nas estelas sepulcrais; a sorrir romana de São Miguel de Odrinhas. perante o ludus evocativo dos primórdios da Após as fases de montagem e consolidação operacional museologia epigráfica recreado no “Gabinete Lapidar”; sempre morosas e não isentas de problemas, o Museu a fazer uma pausa e a gozar de um proveitoso lazer Arqueológico de São Miguel de Odrinhas está no “Otium Fecundum”; a enganar-se tomando o “Fines”, finalmente a iniciar o seu normal e natural percurso onde se exibem antigos marcos fronteiriços, como como instituição cultural de excepção que pretende fim do Museu, quando este continua afinal, embora proporcionar a todo o público, e simultaneamente, de um outro modo, através de uma biblioteca novos e diversos conhecimentos, lazer, tranquilidade especializada, do laboratório de conservação e restauro, de espírito e harmonia. O lançamento de novos dos múltiplos trabalhos de campo e de gabinete, dos produtos didácticos e divulgativos inserem-se nesse novos projectos que acalenta e constrói. espírito e constituem, apenas, o início de uma semen- Divulgou-se, em simultâneo, uma colecção de postais teira que se augura venha ser fecunda e amplamente alusivos quer ao espólio em exposição, quer à frutífera. ❚ 16 | Boletim Trimestral que iconograficamente foi inspirado numa Museu de Arte Contemporânea do Funchal – Projecto (A)prender ARTE do espaço – cadeia, criando uma metáfora onde se fala O Museu de Arte Contemporânea do Funchal está a de fronteiras, do seu reconhecimento, de corpos desenvolver um projecto designado por (A)prender ARTE, aprisionados, da possibilidade/impossibilidade de tendo por objectivo dar oportunidade aos criadores da comunicar entre eles. Região Autónoma da Madeira de realizarem trabalhos Neste momento encontra-se a decorrer outra instalação no domínio das Artes Plásticas para um espaço – a cadeia da pintora Alice de Sousa e Martinho Mendes, estudante da Fortaleza de São Tiago – levando em conta a do 4.º ano de Artes Plásticas na Universidade da Madeira. especificidade do lugar, o valor patrimonial do edifício, Alice de Sousa, partindo de uma pesquisa literária o seu contexto histórico e cultural, bem como a sua – S. João da Cruz, Camilo Castelo Branco e outros –, função na actualidade. compõe o espaço de uma das celas como se represen- A cadeia da Fortaleza de São Tiago, imóvel classificado, tasse um papel de porta-voz de tantos prisioneiros então onde se encontra, desde 1992, instalada a Colecção encarcerados neste e noutros espaços semelhantes. de Arte Contemporânea Portuguesa do Museu de Arte Já a ala ocupada pelo trabalho de Martinho Mendes Contemporânea do Funchal, é um espaço constituído apresenta-se como repositório encenado por objectos por duas celas paralelas, servidas por um alçapão exterior, recuperados do dia a dia (caixas de embalagens para e cujo acesso é feito por uma escada na esplanada exportação de flores), que surgem descontextualizadas superior, local de onde se vislumbra uma das mais da sua função, ganhando aqui novos significados que interessantes panorâmicas da baía do Funchal. reforçam mensagens associadas ao núcleo do projecto. Este projecto inaugurou-se com uma instalação vídeo O próximo trabalho a apresentar, de Eduardo Freitas, «O Templo Dourado», de Roberto Nóbrega, aluno da parte de um poema, de João Dionísio, “Juras que me Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Partindo da leitura incendeias o coração?”, e procurará interpretar plastica- de «O Templo Dourado» de Yukio Mishima, Roberto mente o texto, sem querer obrigatoriamente ilustrá-lo, Nóbrega apropria-se dessa realidade literária, transfor- com imagens ou objectos tridimensionais, como o mando-a numa outra, agora referenciada à especificidade objecto letra, com significativo valor iconográfico. ❚ Museu Biblioteca da Casa de Bragança Paço Ducal de Vila Viçosa – Roteiro do Museu de Arqueologia do Castelo de Vila Viçosa Bragança. Esta “viagem” diacrónica pelo Alto Alentejo tem por base o estudo e tratamento dos materiais O Museu de Arqueologia, instalado no piso térreo do realizados pela arqueóloga Jeannette U Smit Nolen ao Castelo de Vila Viçosa, alberga uma significativa colecção longo de duas décadas em que, a pedido da Fundação de artefactos que conduzem o visitante do Paleolítico da Casa de Bragança, preparou a colecção para uma até ao século XVIII, incluindo alguns objectos nova apresentação. provenientes das colecções de membros da Família Real Com a reabertura em Maio de 1999 concluiu-se uma e de coleccionadores particulares. O espólio provém, importante etapa do projecto de disponibilização deste na sua maioria, de escavações efectuadas ao longo das interessante espólio ao público, mas continuava a faltar décadas de 40-50 por Abel Viana e António Dias de um instrumento de divulgação em suporte papel. É Deus nas propriedades da Fundação da Casa de esta lacuna que se pretendeu colmatar com a edição Rede Portuguesa de Museus | 17 de um Roteiro do Museu de Arqueologia do Castelo autora e de Joaquim Real Andrade, o Roteiro tem 40 de Vila Viçosa, em versão portuguesa e inglesa. Da páginas profusamente ilustradas a cores e a preto e autoria de Jeannette U Smit Nolen e com imagens da branco. ❚ Museu do Caramulo – Enriquecimento das colecções O Museu do Caramulo recebeu uma cadeira de braços A colecção automóvel do Museu do Caramulo foi da 1.ª metade do século XVII, doada por Pedro reforçada com quatro novos motociclos, complemen- Menéres Cudell. Tendo pertencido no passado à Igreja tando a exposição de motociclos, que cobre quase Matriz do Arrabal – Distrito de Leiria, a cadeira é 100 anos de história industrial e motorizada. Os motociclos descrita no livro "Cadeiras portuguesas" de Augusto que agora se juntam à colecção tratam-se de uma BSA, Cardoso Pinto, de 1952, como "Cadeira de braços modelo Goldstar (1952), uma FN (1911), uma Norton, com assento e costas de couro lavrado, fixado por modelo Internacional 40 (1954) e uma Velocette, pregaria de latão, grossa e miúda; braços ligeiramente modelo Venom Thruxton (1979), extremamente rara. encurvados e enrolados nas extremidades e travessas No recente passado, já tinha sido doado ao Museu dianteira e trazeira recortadas e vazadas; a frente do do Caramulo pelo Sr. Ilídio Oliveira Freitas uma Honda aro do assento apresenta inferiormente o mesmo NR-750 (RC 40) de 1992 (velocidade máxima de 257 recorte das referidas travessas." Kms./h.). ❚ Museu Escolar de Marrazes – Serviço Educativo – Actividades em 2005 As principais e mais significativas actividades de Serviço presença do Jornalista Dr. Adelino Gomes, natural da Educativo do Museu Escolar decorrem, todos os anos, Freguesia de Marrazes, o qual dinamizará uma conferência entre Março e Junho. A programação geral dos eventos e um debate com alunos do 9.º ao 12.º ano das Escolas é feita no início do ano lectivo para que, quando dirigi- do Concelho de Leiria. da às escolas, os professores possam introduzir no seu programa anual as actividades propostas. À semelhança A Presidente da Direcção do ano passado, o Museu Escolar participará com uma Fátima Salgueiro ❚ oficina pedagógica na Expo-Criança em Santarém, que decorrerá de 5 a 13 de Março. Será comemorado o dia da Literatura em Abril, cujo programa ainda está em fase de estudo, mas tudo aponta para que seja desenvolvido por uma professora aposentada e por crianças dos ATL da Freguesia. Para o Dia Internacional de Museus, 18 de Maio de 2005, já foi enviado aos diferentes Infantários Informações e contactos e Pré-Escolar da Freguesia, uma norma de concurso para Museu Escolar a apresentação de trabalhos com vista a dar vida e nome Largo da Feira dos 18 2400-380 Leiria aos bonecos do desdobrável infantil que o Museu tem Tel.: 244 812 701 à disposição dos visitantes. No seu 8.º Aniversário, em Fax: 244 855 387 16 de Maio de 2005, o Museu Escolar contará com a E-mail: [email protected] 18 | Boletim Trimestral Museu Municipal de Coruche – Projecto de Investigação No passado mês de Outubro, o Museu Municipal de Coruche para a arte e para a educação estética. Denominado "Era iniciou um projecto de investigação denominado "Carta do uma vez... uma obra de arte", o atelier incidirá sobre obras Património do concelho de Coruche", projecto multidisciplinar, do pintor José de Guimarães. cujo grande objectivo é caracterizar, investigar e inventariar No Museu Municipal tem ainda lugar outro atelier denomi- todo o património histórico, arqueológico, arquitectónico, nado "Os construtores de antas", direccionado para alunos material e imaterial do concelho. do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico. Este atelier pretende – Actividades Educativas sensibilizar para o património local, dando enfoque ao Dando continuidade ao seu projecto educativo, o Museu complexo megalítico de Coruche (freguesia do Couço). Municipal de Coruche começou um novo atelier Esta actividade contempla uma visita à exposição de longa vocacionado para o 1.º ciclo do ensino básico, que decorrerá duração do Museu, a construção de uma réplica de anta Tel.: 243 610 823 durante todo o ano lectivo. Orientado pela Prof.ª Eulália e a decoração de uma placa de xisto. Poderá incluir, E-mail: [email protected] Faustino, este atelier tem como objectivo a sensibilização igualmente, uma visita guiada ao complexo megalítico. ❚ Informações e contactos Museu Nacional do Azulejo Informações e contactos Serviço educativo 9h30-16h30 Museu Nacional do Azulejo Rua Madre de Deus, n.º 4 1900-312 Lisboa Tel.: 21 810 03 40 – Lançamento do projecto Rotas de Cerâmica intervenientes das Rotas de Cerâmica, organizados do seguinte modo: fábricas de porcelana e faiança – cópias Fax: 21 810 03 69 No dia 7 de Outubro de 2004, por ocasião das inaugu- de modelos antigos; fábricas de porcelana e faiança – E-mail: [email protected] rações das exposições A minha segunda casa... Cecília novos projectos de design para a Cerâmica; olaria de Sousa Obra cerâmica. 1954-2004 e Francis Tondeur. popular; cerâmica figurada popular; ceramistas; estabele- Azulejos, foi apresentado também no Museu Nacional cimentos de ensino da Cerâmica em Portugal. do Azulejo o projecto Rotas da Cerâmica – Cerâmica – Membro do projecto Rotas de Cerâmica e ciente da Turismo Industrial, Científico e Cultural enquadrado no responsabilidade na promoção da Cerâmica em Portugal Programa de Iniciativas Comunitárias EQUAL. nas suas mais diversas formas de produção e divulgação, Em torno da Cerâmica agruparam-se diferentes institui- o Museu Nacional do Azulejo sente-se honrado em poder ções e personalidades como: fábricas de porcelana, participar no lançamento deste projecto essencial para fábricas de faiança, oficinas de olaria, ceramistas, artistas a reavaliação e desenvolvimento da Cerâmica portuguesa, populares, museus com colecções de Cerâmica e também ela essencial marca identitária do País. estabelecimentos de ensino médio e superior com departamentos de Cerâmica. Estes são os membros de – Boletim dos Amigos do Museu Rotas de Cerâmica que se disponibilizam a integrar Saiu em Novembro de 2004 o primeiro número do Boletim itinerários turísticos norteados pelos locais onde se dos Amigos do Museu Nacional do Azulejo, com o intuito produz e divulga a Cerâmica, cotejando-os com pontos de abrir um novo canal de comunicação para sócios e de interesse hoteleiro e gastronómico, e cujo objectivo interessados em azulejaria e cerâmica. O Boletim, de é chamar a atenção, de modo atraente, para a produção periodicidade semestral, fará a divulgação das actividades, Cerâmica nas suas diferentes formas de expressão e serviços e projectos da Associação e do Museu, destacando- que, na presente data, atravessa uma significativa crise se ainda neste primeiro número, as peças adicionadas à de produção e valorização cultural. colecção do Museu durante o ano de 2004, as exposições Por ocasião da apresentação desta iniciativa foram inauguradas recentemente e as acções de formação levadas expostos produtos cerâmicos executados pelos diferentes a cabo no Museu Nacional do Azulejo. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 19 Museu Municipal de Penafiel – Castro de Monte Mozinho No dia 5 de Novembro foi inaugurado pela Secretária dos arqueólogos, esta passível de ser disponibilizada a de Estado das Artes e do Espectáculo, Dr.ª Teresa Caeiro, investigadores e público interessado. No centro deste o Centro Interpretativo e demais instalações de apoio no espaço de cultura e lazer, inserido em mancha agro-flores- Castro de Monte Mozinho, Penafiel, integrados num con- tal, fica um grande parque murado, com prado e árvores. junto de medidas de preservação e divulgação que o Como objectivo, pretende-se converter Monte Mozinho Município e o Museu Municipal têm vindo a levar a cabo num Centro de Descobrimento da Arqueologia que com a comparticipação de fundos comunitários do integrará o conjunto arqueológico visitável, o centro de Programa Operacional da Cultura e INTERREG III A. interpretação do sítio e um programa didáctico destinado O Castro de Monte Mozinho, primeiro pólo exterior do a difundir o método de investigação arqueológica e a Museu, é um povoado fortificado construído no tempo importância do Património Cultural. do Imperador Augusto, sobre um cabeço granítico de Com a candidatura ao INTERREG III A, em parceria com 408 metros, com largo horizonte visual. Teve várias fases as deputações espanholas de Ávila e Salamanca e os de ocupação, sendo a primeira, a que se inicia com a municípios portugueses de Miranda do Douro e sua fundação até meados do século I dC, correspondendo Mogadouro, trataram-se os espaços dentro do castro e à época da sua maior extensão, cerca de 20 hectares, e na sua envolvente, através da criação de percursos, densidade populacional, desde o topo até à muralha no sinaléctica e requalificação vegetal. Definiram-se como sopé do monte. Continuou a ser ocupado de forma mais objectivos principais dotar o castro de infraestruturas ou menos contínua até ao séc. V, altura em que foi mínimas essenciais às visitas, bem como desenvolver abandonado. Este Castro é Imóvel de Interesse público acções de formação destinadas aos visitantes e disponi- desde 1948, contando já com três décadas e meia de bilizar materiais de divulgação na sequência da candidatura escavações arqueológicas, que colocaram a descoberto anterior. Esta candidatura, ainda em curso, pretende no cerca de 10% do monumento. seu conjunto a criação de uma rota dos castros na fronteira Com a candidatura ao POC – Programa Operacional da hispano-portuguesa, integrando as regiões acima referidas. Região Norte, cuja conclusão ocorreu recentemente, Esta intervenção foi ainda valorizada pela inserção neste realizou-se a construção de um Centro Interpretativo, espaço de um conjunto de esculturas contemporâneas Informações e contactos com área de acolhimento, um pequeno bar, auditório e de granito, da autoria de Colin Figue, João Antero, Paulo Museu Municipal de Penafiel expositor/venda, e de um conjunto de outras estruturas Neves e Volker Schnuttgen, concebidas e realizadas para necessárias ao funcionamento do Sítio Arqueológico, como este local no quadro do I Simposium de Esculturas em instalações sanitárias, casa do guarda, armazém/laboratório Granito de Penafiel, encetando um interessante diálogo Fax: 255 711 066 para tratamento primário do material exumado e casa de modernidade com o monumento. ❚ E-mail: [email protected] Rua do Conde Ferreira 4560-483 Penafiel Tel.: 255 712 760 Museu de Olaria – III Jornadas de Olaria: Modos de Fazer Nos dias 25 e 26 de Novembro, o Museu de Olaria modelagem em barro e visitas a alguns dos oleiros mais dando seguimento ao seu trabalho de divulgação e tradicionais da região. As Jornadas constituíram também Informações e contactos valorização da olaria, organizou as "III Jornadas de Olaria: uma oportunidade para a apresentação do 3.º número Museu de Olaria Modos de Fazer", cujo tema versou sobre "Formas e da revista “Olaria, Estudos Arqueológicos, Históricos e Usos". Estas Jornadas foram palco de um conjunto de Etnológicos” pelas respectivas coordenadoras Cláudia acções no âmbito da temática da olaria, nomeadamente Milhazes, responsável do Museu de Olaria, e Isabel Fax: 253 809 661 a apresentação de conferências, workshops de Fernandes, directora do Museu Alberto Sampaio. ❚ E-mail: [email protected] Rua Cónego Joaquim Gaiolas 4750-306 Barcelos 20 | Boletim Trimestral Tel.: 253 824 741 Museu do Trabalho Michel Giacometti – “Era uma vez no Museu...” "Era uma vez no Museu..." é uma estratégia educativa, e sensoriais dos ambientes museografados, com vista dirigida a públicos muito jovens (dos 4 aos 9 anos), a estimular a relação entre o museu e os públicos e a que recorre à dramatização e ao lúdico com o objectivo desenvolver as capacidades de comunicação e expressão. de suscitar emoções e despertar a curiosidade em relação Através da história as crianças interagem com os objectos ao museu e aos seus conteúdos expositivos que se expostos no museu, que adquirem novas qualidades centram sobre o trabalho na agricultura, na indústria enquanto suporte da narrativa e adereços das persona- e no comércio. A partir de uma conhecida história gens. Esta actividade decorre durante o ano lectivo de Tel.: 265 537 880 infantil, usada como guião, percorre-se o espaço 2004-2005, realizando-se todas as sextas-feiras com Fax: 265 537 889 museológico, exploram-se as potencialidades plásticas marcação prévia. ❚ Informações e contactos Museu do Trabalho Michel Giacometti Largo Defensores da República 2910-470 Setúbal Museu do Traje de Viana do Castelo – A lã e o linho no traje do Alto Minho “o conceito de traje popular é muito difícil de formular com segurança, dada a ruptura dos velhos esquemas em que ele essencialmente se fundamentava, tais como: masculino/feminino, trabalho/festa, rural/urbano, moral/estético, tradição/inovação, etc… o traje é um dos elementos materiais da cultura humana mais permeável e sensível ao pulsar e devir sociais”. Benjamim Enes Pereira considera que “No panorama geral do traje popular português, este traje sobressai de modo decisivo e inconfundível pela sua originalidade e beleza, pela afirmação de uma estética que soube conjugar elementos simples, elaborando-os com fina sensibilidade e harmonizandoos entre si em vista à valorização do corpo feminino, segundo Informações e contactos Museu do Traje O Museu do Traje de Viana do Castelo editou recentemente um cânone que exalta um certo esplendor físico. Além disso o catálogo intitulado “A lã e o linho no traje do Alto Minho” ele possuiu o prestígio de um produto regional característico da autoria de Benjamim Enes Pereira e com o apoio da dado que as suas peças fundamentais eram confeccionadas Rede Portuguesa de Museus. O conteúdo deste catálogo com linho e lã caseiros, tecidas e bordadas segundo uma documenta todos os passos significativos da exposição gramática e estilo local, com padrões plenamente elaborados, permanente patente no Museu do Traje: o ciclo do linho incluindo uma sábia manipulação de tintos vegetais que e da lã, a fase de produção e de transformação desta lhes permitiam ousados jogos de composição cromática”. matéria-prima, bem como o contraste entre os trajes Com este catálogo ficam os muitos visitantes do Museu serranos e os trajes das aldeias da ribeira lima e atlântica do Traje de Viana do Castelo apetrechados para melhor de Viana do Castelo. perceberem a conjuntura sócio-económica e estético- Sendo certo que o traje do Alto Minho – base principal da funcional com que se moldou a diversidade do traje à colecção deste museu – é muito emblemático e com naipes vianesa e Alto-minhoto. Praça da República 4400-520 Viana do Castelo estéticos bem definidos, o seu estudo não é tão linear, nem Tel.: 258 800 171 se revela com tanta segurança pela dualidade de conceitos Maria Flora Passos Silva Fax: 258 800 179 que categoricamente compreendem as suas peças. Vereadora do Pelouro da Cultura ❚ Rede Portuguesa de Museus | 21 Em Agenda Museu de Arte Sacra e Etnologia Exposição Máscaras Africanas Dia dos Beatos Francisco e Jacinta Marto De 29 de Janeiro a 22 de Maio de 2005 20 de Fevereiro Esta exposição dá a ver ao público cerca de 40 máscaras Inserido nas comemorações do dia dos “Beatos da colecção particular de Eng.º José Santos Silva cedidas Francisco e Jacinta Marto”, no dia 20 de Fevereiro, o em depósito a este espaço do Instituto Missionário da Museu de Arte Sacra e Etnologia irá promover diversas Consolata. São máscaras de inegável valor antropológico actividades destinadas às crianças dos 6 aos 12 anos: recolhidas pelo coleccionador em Moçambique e Angola Será projectado um filme animado sobre a história a partir dos anos 70. Durante a dos videntes e dos acontecimentos ocorridos em Fátima exposição realizar-se-ão diversos em 1917, será feita uma visita à Sala dos Pastorinhos ateliers de construção de que guarda algumas das relíquias dos Beatos e o máscaras, um concurso de museu colocará também à disposição dos visitantes máscaras, bem como várias uma oficina de pintura. Para as restantes idades, palestras sobre arte africana. poderão ser feitas visitas guiadas e sessões de Cihongo esclarecimento. ❚ Informações e contactos Máscara facial Museu de Arte Sacra e Etnologia Quioco-Angola, madeira Séc. XX, 1.ª metade Serviço Educativo 24 cm x 14 cm Tel.: 249 539 470 Museu Francisco Tavares Proença Júnior – Exposições Arqueologia, Colecções de Francisco Tavares Proença Júnior 1980-2004 – Anos de actualização artística das colecções Exposição permanente do Museu do Chiado No dia 11 de Dezembro, o Museu de Francisco Tavares Até 20 Fevereiro de 2005 Proença Júnior inaugurou um novo espaço expositivo A exposição 1980-2004 – Anos de actualização artística dedicado à arqueologia que passa a fazer parte do seu das colecções do Museu do Chiado é a sexta e última circuito permanente. Esta exposição é dedicada ao fundador do ciclo de revisão de Arte Portuguesa do século XX do Museu e apresenta as colecções reunidas no distrito de organizada pelo Museu de Francisco Tavares Proença Castelo Branco e noutros lugares de Portugal e de França. Júnior em parceria com o Museu o Chiado – Museu O catálogo da exposição inclui catorze ensaios que Nacional de Arte Contemporânea. Comissariada por abrangem o estudo das colecções, da figura do arqueólogo Emília Tavares, esta exposição mostra trabalhos de artistas e dos problemas que arqueo- portugueses adquiridos pelo Museu do Chiado – MNAC logia da região hoje coloca. desde a década de 80 do século XX até à actualidade. A edição inclui o filme “Fran- A par da exposição foi editado um catálogo com textos cisco Tavares Proença Júnior, da comissária e reproduções das obras com os respectivos archéologue, arqueólogo”, historial e comentário. Informações e contactos que também integra a expo- Ciclo da conferências, por Emília Tavares Museu de Francisco Tavares Proença Júnior sição. 20 de Janeiro 2005, 18h30 Largo Dr. Lopes Dias Fotografia e Vídeo: expressões de viragem na arte portuguesa 6000-462 Castelo Branco Tel.: 272 344 277 3 de Fevereiro 2005, 18h30 Instalação ou a Escultura operante ❚ 22 | Boletim Trimestral Fax: 272 347 880 E-mail: [email protected] Museu da Fundação Cupertino de Miranda – Exposição não só pela força “convulsiva” (isto é, a “beleza” nos Museu Dinâmico de Metamorfoses – Isabel Meyrelles termos em que a definiu André Breton) das suas obras, Até 14 de Janeiro de 2005 mas também pela linguagem por ela privilegiada a Comissários: Perfecto Cuadrado Fernández par da poesia (a escultura) e pelo facto de ser uma e António Gonçalves das raras mulheres com um papel protagonista nos O Centro de Estudos do Surrealismo tem patente na primeiros momentos daquela intervenção. A par do sua sede da Fundação Cupertino de Miranda (Vila Surrealismo, a ficção científica, de que foi figura Nova de Famalicão) uma exposição da obra escultórica importante em vários congressos internacionais e a de Isabel Meyrelles sob o título de Museu dinâmico de que dedicou trabalhos de investigação e uma conhe- metamorfoses. cida antologia, é outro dos pontos de referência Tel.: 252 301 650/Fax: 252 301 669 Isabel Meyrelles ocupa um lugar muito particular na fundamentais quando se fala nas origens ou crescentes E-mail: [email protected] história geral da intervenção surrealista em Portugal, da criatividade de Isabel Meyrelles. ❚ Informações e contactos Museu da Fundação Cupertino de Miranda Praça D. Maria II 4760-111 Vila Nova de Famalicão Museus Municipais de Setúbal Casa do Corpo Santo A Casa do Corpo Santo, sede da antiga Confraria dos O precioso legado de Ireneu Cruz veio enriquecer, navegantes, armadores e pescadores de Setúbal vê reafir- inequivocamente, os acervos dos museus municipais, mada a sua vocação ao receber os instrumentos de ciência constituindo a sua exposição permanente uma náutica doados por Ireneu Cruz, prestigiado médico e homenagem à História marítima de Setúbal e um cidadão que, a par da sua exigente profissão e das múltiplas incentivo à preservação de memórias e patrimónios missões cívicas e culturais que sempre abraçou e que ligados à pesca e à navegação. continua a abraçar, ainda estudou e coligiu, pacientemente, Esta exposição é uma iniciativa de responsabilidade o espólio que doravante se apresenta neste espaço conjunta do Museu do Trabalho Michel Giacometti e simbólico, artisticamente marcado pelo barroco. do Museu de Setúbal/Convento de Jesus. ❚ Museu do Trabalho Michel Giacometti – Exposição Paisagens de Sal, Fotografias de Sérgio Jacques vai fechando, que as esquadrias das salinas migraram O seu uso é como o seu trabalho, quase doméstico, com para as imagens, que estas paisagens de sal são o que saberes certos e medidas certas. sempre foram as paisagens, construções culturais que Por isso estas imagens à altura dos olhos e à altura das podem perder o significado quando perdem o sentido. mãos, coloquiais no seu silêncio, conjugando mulheres Maria do Carmo Serén e jovens em movimentos de cruzar de corpos no tempo Centro Português de Fotografia ❚ certo. Por isso estas fotografias a preto e branco de Sérgio Jacques, com a cor da memória, porque é de memória de que aqui se fala. A exploração do sal escorre nos dedos do tempo, vai-se erodindo no abandono do mesmo modo Informações e contactos Museu do Trabalho Michel Giacometti (Isabel Santos) Largo Defensores da República que, na fábrica do sal, os mantos de cloreto de sódio 2910-470 Setúbal cobrem os tubos e os utensílios, fazem deles paisagens Tel.: 265 537 880 de neve e corroem o metal. Tudo nos diz que o ciclo se Fax: 265 537 889 Rede Portuguesa de Museus | 23 Museu Municipal de Vila Franca de Xira – Exposição Da Resistência à Liberdade em Vila Franca de Xira direito de associação. Os partidos políticos fundavam-se Até 30 de Setembro de 2005 na clandestinidade, os agrupamentos sociais não eram Esta exposição proporciona o conhecimento do permitidos. No trabalho, na escola, na rua, em colectivi- percurso que levou ao derrube da ditadura e à dades ou em congregações religiosas, tudo era vascu- obtenção da liberdade, através da Revolução de 25 de lhado meticulosamente pela polícia. Os presos políticos, Abril de 1974, no concelho de Vila Franca de Xira, os exilados, ou os que passaram à clandestinidade foram prestando-se uma homenagem aos que sofridamente em número significativo. lutaram por ela. A exposição apresenta ainda dois filmes inéditos: um A pesquisa, informação e recolha de espólio foi efectuada sobre o funeral de Alves Redol apreendido e censurado nas colecções do Museu Municipal, do Museu do Neo- pela Pide, em 1969, e outro sobre as comemorações -Realismo, do Museu da Cidade da Câmara Municipal do 1.º de Maio de 1974 em Vila Franca de Xira. Dispõe de Lisboa, nos fundos documentais do Arquivo Histórico igualmente de uma apresentação cronológica Municipal, no arquivo da PIDE-DGS dos Arquivos multimédia sobre os acontecimentos locais, nacionais Nacionais-Torre do Tombo, nos fundos iconográficos e internacionais das décadas de 30 e 70 do Século XX. da Biblioteca Nacional e também com o prestimoso Como memória e informação complementar editou-se apoio de diversos informantes e instituições locais. um jornal da exposição, evocando os tempos em que Na região de Vila Franca de Xira surgiu praticamente esse meio de comunicação estava sujeito à censura desde os primórdios da ditadura, na década de 30 prévia, divulgando textos sobre os vários momentos do séc. XX, um forte movimento de resistência contra de resistência ao regime ditatorial em Vila Franca de o regime salazarista. A acção da repressão exercida Xira e apresentando a catalogação dos objectos Informações e contactos através da polícia política-PIDE foi de grande expostos. Museu Municipal de Vila Franca de Xira intensidade, tendo sido afectados todos os quadrantes O serviço educativo organiza visitas guiadas para sociais locais. grupos com oficinas didácticas e animação musical. Rua Serpa Pinto, n.º 65 2600-263 Vila Franca de Xira Aos cidadãos estavam vedados os princípios básicos Graça Soares Nunes da liberdade, como a livre expressão ideológica e o Museu Municipal de Vila Franca de Xira ❚ Museu Nacional de Etnologia – Exposição Sogobò – Máscaras e Marionetas do Mali Até Fevereiro de 2005 representações que combinam ritual, linguagem teatral, Nesta exposição encontram-se reunidas, para além mímica, música e o registo elocutório do canto, para das peças doadas a este museu por Francisco Capelo, além da materialidade dos objectos agora expostos. todas aquelas que o coleccionador identificou no seu A Mary Jo Arnoldi foi pedido um olhar sobre estes processo de descoberta deste poderoso universo de objectos e os contextos da sua existência social. formas expressivas. Umas continuam a ser suas, outras A exposição, sendo um acto público que assinala uma foram emprestadas por Sonia e Albert Loeb, que doação a um museu criado para representar os povos participaram activamente na recolha e documentação e culturas do mundo, é também a possibilidade de da própria colecção constituída por Francisco Capelo. ver reunido um grande conjunto de objectos que, São também eles os autores das muitas horas de filme pela sua diversidade e pelos modos como são postos registadas em diferentes localidades do Mali, onde em relação, pelo fulgor das formas, das cores, dos estas máscaras e marionetas se dão a ver em espelhos, das luzes, e também pelo tempo longo que 24 | Boletim Trimestral Tel.: 263 280 350 Fax: 263 280 358 E-mail: [email protected] Informações e contactos percorreram, têm esta deslumbrante capacidade de linguagens com que comunicam, e daqueles que as nos transportarem para o presente dos nossos dias. observam no espaço transfigurado do museu. Museu Nacional de Etnologia Av. Ilha da Madeira 1400-203 Lisboa Tel.: 21 304 11 60/Fax: 21 301 39 94 Os dias daqueles que hoje as utilizam, manipulam e Joaquim Pais de Brito E-mail: [email protected] directamente as podem fruir, com as múltiplas Director do Museu Nacional de Etnologia ❚ Museu Nacional da Imprensa – Projecto Este projecto destina-se a todas as famílias em geral Se eu fosse Gutenberg no âmbito da adesão do museu ao projecto “Famílias 4ºs Sábados de cada mês nos Museus” promovido pela Câmara Municipal do “Trajar-se” de Gutenberg e experimentar as antigas Porto. Durante a sessão, os participantes poderão técnicas de composição e impressão manual e manipular as máquinas que compõem a exposição mecânica é o desafio proposto pelo Museu a crianças, permanente do museu “Memórias Vivas da Imprensa”, que no final poderão levar como recordação uma experimentando processos tipográficos antigos, através fotografia sua com os trajes de Gutenberg, uma linha da impressão de gravuras e textos. Com esta iniciativa, de chumbo com o seu nome e a cara pintada com o Museu pretende que os mais jovens avaliem os pro- letras do tempo de Gutenberg. gressos verificados nas Artes Gráficas, desde Gutenberg até ao aparecimento do computador, reconhecendo a importância de algumas profissões, agora inexistentes, relacionadas com a produção gráfica. Os visitantes poderão ainda apreciar outras exposições patentes ao público. Duas alusivas ao 25 de Abril: documental e de desenho humorístico; a permanente Informações e contactos da Galeria da Caricatura “PortoCartoon: o riso do Museu Nacional da Imprensa Tel.: 225 304 966 mundo” e a recentemente inaugurada “Libânio e www.imultimedia.pt/museuvirtpress Mergenthaler: Símbolos da Imprensa, 150 anos”. ❚ Museu dos Transportes e Comunicações Da (in)diferença à integração A procura de caminhos alternativos e inovadores que Em Janeiro, destaca-se: visem a plena integração dos deficientes nos espaços Segundas-feiras, das 9h30 às 13h culturais e a necessidade de reflexão em torno de novas Ciclo de Encontros de Sensibilização para as Realidades formas de acessibilidade e de democratização nas do Cidadão Deficiente instituições de carácter museológico levou o Museu dos 10 de Janeiro 2005 Transportes e Comunicações (MTC) a convidar todos "Outros mundos...outras formas de pensar" os cidadãos deficientes, familiares, amigos, instituições Dr.ª Josefina Bazenga – APPACDM, representante da Museu dos Transportes e Comunicações e demais interessados a associarem-se às iniciativas que APPC – Núcleo do Norte Edifício da Alfândega promoveu no âmbito do Dia Internacional do Deficiente 24 de Janeiro 2005 (3 de Dezembro). Para os meses de Dezembro de 2004 "Do silêncio à criatividade: caminhos de experimentação" e de Janeiro de 2005, o Museu propôs um programa Dr.ª Helena Serra – grupo de trabalho com sobredotados Fax: 22 340 30 98 especial de visitas, de leitura animada de contos e de (ESE Paula Frassinetti), representante da Associação E-mail: [email protected] um ciclo de encontros. Portuguesa de Protecção do Deficiente Autista. ❚ Informações e contactos Rua Nova da Alfândega 4050-430 Porto Tel.: 22 340 30 00 Rede Portuguesa de Museus | 25 Outras Notícias Instituto Português de Museus – Divulgação de Projectos no âmbito da Sociedade da Informação No dia 17 de Novembro, no Museu Nacional de Arte Actualização do Motor de Pesquisa MatrizNet Antiga, o Instituto Português de Museus apresentou os seguintes projectos no âmbito da Sociedade da Informação: Implementação de HotSpots e Pontos de Banda Larga em Museus Nacionais A partir daquela data, os públicos do Museu Nacional de Arte Antiga, do Museu Nacional do Azulejo e do Museu Nacional de Soares dos Reis passaram a dispor de acessos gratuitos à Internet, via banda larga, através de quiosques multimédia. As áreas de recepção, jardim e cafetaria do Museu Nacional de Arte Antiga e do Museu Nacional do Azulejo passaram Em 2002, o Instituto Português de Museus desenvolveu também, na mesma data, a constituir-se como hotspots. o MatrizNet, interface do Matriz – Inventário e Gestão de Também aqui o público passou a aceder gratuitamente Colecções Museológicas, que disponibiliza conteúdos à Internet, via banda larga, com os seus próprios relativos às colecções existentes nos museus IPM, computadores portáteis, dotados de placa wireless. designadamente a informação contida nas respectivas A concretização do projecto de implementação de Pontos fichas de inventário e a informação relativa a exposições, de Banda Larga e HotSpots em Museus Nacionais apresentada nos formatos, texto, imagem, vídeo e som. enquadra-se na Iniciativa Nacional para a Banda Larga e O MatrizNet encontra-se acessível em www.matriznet. corresponde à execução de Candidatura aprovada pelo ipmuseus.pt e pode ser consultado em dois perfis de Programa Operacional Sociedade da Informação, no utilizador (público e investigador), correspondendo estes âmbito da Medida 2.1. (Acessibilidades) do Eixo Prioritário perfis a informação mais ou menos aprofundada sobre 2 (Portugal Digital). O presente projecto é ainda revelador uma mesma peça. O utilizador pode assim realizar da aposta do Instituto Português de Museus nas pesquisas nas colecções de um único museu, ou, de modo potencialidades das tecnologias da informação em termos transversal, por exemplo pesquisando obras de um artista da eficiente gestão e divulgação do património, aposta ou de um determinado período histórico em vários museus. em que se enquadram diversos projectos como a criação A pesquisa pode ser efectuada igualmente em duas línguas, do seu website institucional (que se constitui como um Português e Inglês. verdadeiro portal de recursos museológicos), dos websites No dia 17 de Novembro foi disponibilizada informação dos museus por si tutelados, do motor de pesquisa sobre 30.000 peças, acompanhadas da respectiva MatrizNet, bem como a implementação da sua Rede informação sobre exposições temporárias, no que constitui Corporativa Virtual (VPN/IPM) sobre banda larga, com um primeiro passo para a actualização periódica e vista à interligação da promoção dos seus serviços e continuada desta importante ferramenta de divulgação consequente promoção do e-government. das colecções dos museus tutelados pelo IPM. Com a implementação de Pontos de Banda Larga e A concretização do projecto de actualização do MatrizNet Informações e contactos HotSpots, o IPM pretende ainda promover a captação de corresponde à execução de Candidatura aprovada pelo Instituto Português de Museus novos públicos, designadamente o escolar, que encontrarão Programa Operacional da Cultura, no âmbito da Medida Direcção de Serviços de Inventário nos Museus, agora com novas e boas razões, espaços 2.2. (Utilização das tecnologias da informação para acesso para naveg@r. à cultura). ❚ Tel.: 21 365 08 26 Fax: 21 364 78 21 26 | Boletim Trimestral E-mail: [email protected] Inventário do Património Cultural Móvel do Ministério da Educação Encontra-se em curso o Projecto de Inventário e Colecções Museológicas, desenvolvido pelo Instituto Digitalização do Património Cultural Móvel do Ministério Português de Museus, que se constitui como o software da Educação, património disperso por diversos de referência do Ministério da Cultura com vista ao estabelecimentos de ensino, designadamente antigos inventário, documentação e gestão do património cultural Liceus e Escolas Industriais. O Projecto em causa resulta móvel. do apoio técnico e científico que, no âmbito das suas O projecto decorrerá de modo faseado, incidindo competências relativas ao inventário e à salvaguarda do inicialmente sobre o espólio de quatro escolas da cidade património cultural móvel, o Instituto Português de de Lisboa, para posteriormente se alargar a demais Museus foi solicitado a prestar ao Ministério da Educação. estabelecimentos de ensino. Instituto Português de Museus Visando o conhecimento, a protecção e a salvaguarda A assinatura do Protocolo de Colaboração de enquadra- Direcção de Serviços de Inventário daquele Património, o projecto tem igualmente como mento do presente projecto – celebrado entre o Instituto objectivo a sua divulgação pública, no âmbito do Sistema Português de Museus, a Secretaria-Geral do Ministério de Documentação e Informação do Ministério da da Educação e a Direcção Regional de Educação de Fax: 21 364 78 21 Educação (SIDIME). A informatização do inventário terá Lisboa – foi efectuada no passado dia 8 de Novembro E-mail: [email protected] por suporte o Programa Matriz – Inventário e Gestão de na Secretaria-Geral do Ministério da Educação. ❚ Informações e contactos Palácio Nacional da Ajuda 1349-021 Lisboa Tel.: 21.365 08 26 Observatório das Actividades Culturais – Programa Cascais Cultura Na Primavera de 2003, a Câmara Municipal de Cascais de caso realizados: “Inquérito aos públicos da Exposição celebrou um protocolo com o Observatório das Actividades «Michel Giacometti, caminho para um museu»”; “A animação Culturais – OAC que estabeleceu o Programa Cascais Cultura nas bibliotecas municipais de Cascais e a acção dos seus (1999-2003), visando o diagnóstico de avaliação do trabalho serviços educativos”; “Associativismo cultural no concelho de desenvolvido nesta área em Cascais. Cascais”; “Serviços educativos e actividades pedagógicas no A consciência de que na sociedade actual é imprescindível Centro Cultural de Cascais”; “Estratégias autárquicas de reconhecer a importância de uma gestão cultural eficaz, valorização do património: A temática dos exílios”; “Festival da necessidade de acompanhar as tendências da sociedade Estoril Jazz/Jazz num dia de Verão: Construção de uma e das metodologias contemporâneas de trabalho levou a imagem de marca”. Câmara Municipal de Cascais a encetar este estudo, tendo Os textos de trabalho então editados incluíram, para além sempre em vista a optimização de recursos e resultados. destes estudos de caso, dados sobre “A oferta Cultural no No passado dia 11 de Novembro, no Centro Cultural de concelho de Cascais”, com o objectivo de partilhar o Cascais, teve lugar a apresentação dos resultados desenvolvimento dos trabalhos que têm vindo a ser preliminares deste Programa, assim como de seis estudos realizados. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 27 Homenagem a Fernando Galhano 1904-1995 – Exposição e Colóquio Contando com a colaboração de familiares de Fernando O Colóquio intitulado “Fernando Galhano – Testemunhos, Galhano, de Benjamim Pereira e de Clara Saraiva, a Câmara Vivências e Análise da Obra” teve lugar nos dias 26 Municipal do Porto organizou uma exposição e um e 27 de Novembro no auditório da Biblioteca Almeida colóquio em homenagem a este exímio investigador e Garrett, abrangendo os seguintes grandes temas: desenhador no campo da Etnografia e também pintor. Fernando Galhano: Vida e Obra; Desenhos e Etnografias; A exposição inaugurou no dia 26 de Novembro e Outros Desenhos; Outros Olhares. Envolvendo a ficará patente na Biblioteca Almeida Garrett até final participação de artistas e de investigadores de várias de Janeiro. Esta exposição, dotada de catálogo, áreas disciplinares, o Colóquio ressaltou a excelência apresenta ao público os desenhos etnográficos de da obra, em particular dos desenhos etnográficos e Fernando Galhano, originais e reproduções, as sublinhou a importância do desenho enquanto meio publicações onde os mesmos constam no âmbito dos de pesquisa e de comunicação. As questões debatidas trabalhos de investigação do Centro de Estudos de ao longo de todo o Colóquio evidenciaram ainda a Etnologia e do Centro de Estudos de Antropologia importância do trabalho de investigação de cada um Cultural, anteriormente ligados ao Museu de Etnologia, dos elementos que compunha o grupo fundador do e obras inéditas de pintura, gravura e ex-votos. É de Museu Nacional de Etnologia, cuja complementaridade assinalar que é objectivo da Câmara Municipal do e seriedade deram origem a um notável e diversificado Porto tornar itinerante, por instituições interessadas, conjunto de colecções e de documentação associada parte desta exposição, nomeadamente os painéis (textos, desenhos, fotografias, filmes, registos sonoros) temáticos com reproduções dos desenhos etnográficos que nos permitem hoje conhecer múltiplos aspectos de Fernando Galhano. das vivências do Homem. ❚ World Federation of Friends of Museums – Bolsas Luigi Bossi A World Federation of Friends of Museums – WFFM da Federação Mundial: www.museumsfriends.org/ insituiu as bolsas Luigi Bossi com vista a ajudar a www.museumsfriends.net custear a participação no XII Congresso da WFFM Os interessados deverão enviar os formulários de intitulado “Museus e Amigos: Novas Realidades”, a candidatura devidamente preenchidos para a Federação realizar em Sevilha, em 18-22 Outubro de 2005. de Amigos dos Museus de Portugal. O prazo limite Podem candidatar-se: pessoas que participem em para apresentação das candidaturas às bolsas Luigi organizações de Amigos dos Museus ou em áreas Bossi é 30 de Abril de 2005. O Comité executivo relacionadas com trabalho voluntário; pessoas que apreciará as candidaturas em Maio de 2005 e o trabalhem em museus ou na comunidade e que resultado será comunicado por escrito aos candidatos estejam interessados em estabelecer grupos de Amigos em Junho de 2005. ❚ dos Museus ou em fortalecer os já existentes; pessoas voluntárias que contribuam para o trabalho dos Amigos dos Museus. Informações e contactos: Federação de Amigos dos Museus de Portugal Os formulários de candidatura e informação complementar estarão em breve disponíveis no website 28 | Boletim Trimestral Calçada do Combro, 61-1.º 1200-111 Lisboa Informações e contactos: Agência Nacional para os Programas Sócrates e Leonardo da Vinci Programa Leonardo da Vinci – Formação Profissional – Candidaturas para 2005-2006 Avenida D. João II, Lote 1.07.2.1 Edifício Administrativo da Parque EXPO, O programa Comunitário Leonardo da Vinci destina-se Leonardo da Vinci relativamente à Medida Mobilidade, Piso 2 Ala B a apoiar e a complementar as acções desenvolvidas por que visa melhorar as aptidões e as competências no cada Estado-Membro na área da formação profissional. âmbito da formação profissional inicial, assim como No âmbito do Convite à Apresentação de Propostas na qualidade e no acesso à formação profissional email: [email protected]. 2005-2006, até 11 de Fevereiro está aberto o período contínua. Entre outros, os profissionais de museus site: www.socleo.pt para apresentação de candidaturas ao Programa foram eleitos como destinatários deste Programa. ❚ 1990-096 Lisboa Tel.: 21 891 99 09 Fax: 21 891 99 29 III Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários X Ateliê Internacional do MINOM – Santa Cruz, Rio de Janeiro – Brasil 13-17 de Setembro de 2004 No Quartel Militar de Santa Cruz, Município do Rio de entregue nas mãos das autoridades, nem deixando que Janeiro, realizou-se, de 12 a 15 de Setembro de 2004, alguma parte dele se transforme em propriedade privada, o III Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus transformando lagares, moinhos e outros equipamentos Comunitários e o X Ateliê Internacional do MINOM. colectivos em casas de Verão. É necessário um movimen- Na sessão de abertura estiveram presentes representantes to/instrumento administrativo, catalizador de solidarie- da Prefeitura do Rio de Janeiro e de Santa Cruz, represen- dade patrimonial, um instrumento que ajude a compreender tantes do Regimento Militar, da Comunidade e o Director a importância da partilha plural». do Ecomuseu, que deram as boas vindas aos inúmeros Nesse mesmo dia reuniram-se grupos de trabalho subor- participantes oriundos de vários países: Portugal, Brasil, dinados aos temas: França, Canadá, Japão, Itália, México, Reino Unido. 1 – Património e Educação: interacção ou complemen- A conferência de abertura esteve a cargo da Professora taridade? M.ª Regina de Assis, do Serviço de Educação da Perfeitura 2 – Gestão e Sustentabilidade dos Ecomuseus e Museus do Rio de Janeiro, que realçou a importância da educa- Comunitários ção ambiental inserida na cultura, na educação, no 3 – Museologia da Libertação e construção democrática planeamento urbano, na ciência e nos media. Seguiu-se do património do Futuro. um bloco de comunicações da responsabilidade de Ressaltamos da discussão destes grupos de trabalho as Hugues de Varine (Consultor Internacional), Maria de seguintes conclusões: Lourdes Horta, do Museu Imperial, Cristina Bruno, da 1. A participação de todos os membros da comunidade USP, e Ricardo Macieira, Secretário Municipal da Cultura é indispensável no inventário participativo do património, do Rio de Janeiro, sobre o tema «Comunidade, Património considerando este como um bem colectivo que deve ser Compartilhado e Educação». Destacamos destas comuni- compartilhado. cações as palavras de H. de Varine: «o cidadão tem uma 2. Não existe um modelo de museu comunitário, mas sim responsabilidade cívica no património público e comum. um conjunto de experiências adaptáveis e geridas de É normal que o proteja, conheça e colabore na sua acordo com as condições e necessidades locais. preservação, mas como é que um cidadão pode e deve 3. É condição fundamental da existência de um património ser responsável por esta preservação, não deixando tudo compartilhado, a possibilidade de as comunidades criarem, Rede Portuguesa de Museus | 29 em liberdade, instrumentos facilitadores do inventário 1 – Terminologia das Novas Museologias participativo, de novas formas de museografia e de novas 2 – Organização comunitária e Museus modalidades de animação comunitária. Os museus devem 3 – Novas temáticas e métodos de exposição segundo servir a sua comunidade e responder às suas necessidades, os reais interesses das comunidades. ajudando a libertar o que de melhor as populações têm Do resultado da discussão destacam-se os seguintes no seu seio. pontos: No dia seguinte, o conjunto de comunicações subordi- 1. Destacou-se o excelente trabalho compilado por Pierre nou-se ao tema «Cultura e Democracia». Destacamos, Mayrand no que toca à terminologia, recomendando a entre os palestrantes, Raul Mendez Lugo e Myriam Rios, sua tradução em diversas línguas e ampla circulação por ambos do México, Mário Chagas, Patrícia Trindade e todos os países participantes e pelos membros do MINOM. um grupo de jovens que trabalha na favela Maré (uma 2. Investigação participativa – produção de conhecimentos antiga comunidade piscatória, hoje favela do Rio de essenciais através de um processo de investigação de Janeiro, que se situa perto da Baía da Guanabara com grupo. Museografia participativa, tecnologia participativa uma população de cerca de 132.000 pessoas), todos popular, feita através da apropriação dos recursos e dos do Brasil, e Mercedes Stoffel, de Portugal. materiais existentes na comunidade. Inventário participativo, A intervenção de Myriam Rios, pioneira da Nova Museo- com a participação das comunidades, tendo em conta logia, relatou várias experiências de museus comunitários também o que é para as comunidades património. do México, onde o inventário, a investigação e a Uma convicção generalizada de que património não é só museologia participativos têm uma larga tradição. Raul aquele que é ligado ao passado, mas sim o do presente Mendez Lugo reforçou a singularidade de cada uma e e o que estamos a legar ao futuro. de todas as comunidades. 4. O museu como instrumento de preservação do ecossis- O conceito de museologia da libertação foi defendido tema e como parceiro do desenvolvimento local. por Odalice Priosti, com teoria e prática muito inspiradas 5. As exposições devem responder aos verdadeiros interesses nas ideias de educação popular de Paulo Freire e na da comunidade. Teologia da Libertação, tão disseminada na América No dia 15 foi criada a Associação Brasileira de Ecomuseus Latina: «a democracia participativa como método tem de e Museus comunitários e foi feita a apresentação do ter uma organização comunitária. Se não houver um Relatório do Inventário participativo de Santa Cruz por espaço de crítica e reflexão comunitárias não há democracia Odalice Priosti. Este notável trabalho comunitário foi participativa e estamos a trair a carta da mesa redonda realizado pelo Ecomuseu de Santa Cruz em estreita de Santiago do Chile.» relação com as professoras das escolas de Santa Cruz e Os jovens do Grupo de Trabalho da Maré reforçaram os seus alunos que tiveram oportunidade de o apresentar a ideia dos espaços com história e memória apresentando no encontro numa perspectiva interdisciplinar e o projecto dos Grupos de Memória da Maré, demons- comunitária. Durante os grupos de trabalho foram trando que qualquer comunidade reconhece, no espaço apresentadas várias outras experiências, como a do em que vive, sinais identitários que consolidam a Ecomuseu do Serrado, que criou 40 micro-empresas memória social. dentro da região; a de Porto Alegre, onde um grupo Mário Chagas, empossado de novas funções de coorde- de jovens renovou o trabalho com crianças e jovens nação técnica dos museus a nível nacional pelo Ministro num museu local até então pouco visitado; a de um da Cultura Gilberto Gil, traçou as linhas gerais do museu da Bahia dedicado à Mãe Mirinha do Portão, trabalho a desenvolver na nova legislação de enquadra- uma experiência num terreiro de kadomblé; a do mento e na área da formação e do inventário partilhado. inventário participativo de Vaiamão, com as memórias No âmbito do X Ateliê do MINOM, os grupos de dos empregados da limpeza urbana do Município; assim trabalho desenvolveram-se no turno da tarde com os como as de Fresnes, em França, do Piemonte, da seguintes temas: Inglaterra e da Holanda... O debate foi intenso e 30 | Boletim Trimestral proporcionou uma ampla participação. O Ecomuseu é apresentou um excelente trabalho de um grupo que um parceiro social actuante e tem relações estreitas com coordena na Prefeitura de S. Paulo com vista à realização a comunidade a vários níveis, preocupando-se com a do Museu da Cidade de S. Paulo, cujo modelo promoção cultural das populações. Verificámos isso nas museológico pretende ser o de um Museu de Sociedade visitas em Santa Cruz que a Odalice e o Walter Priosti e Museu da Cidade, tendo como vectores principais a nos proporcionaram: na Base Aérea, na Vila Olímpica, Salvaguarda e a Comunicação com vista à criação de na Escola Profissional do Matadouro, na Escola Municipal um Sistema Municipal de Museus. Lourdes Horta Fernando de Azevedo, na Escola Sindicalista Chico apresentou um modelo de Educação Patrimonial tendo Mendes, na apresentação da peça de Shaskpeare «Sonho como base o objecto cultural como fonte primária do de uma Noite de Verão» por um grupo de alunos numa ensino/aprendizagem, o aprender fazendo e a adaptação do texto aos locais conhecidos de Santa Cruz, apropriação e interiorização do património cultural. na apresentação dos grupos escolares num extraordinário Maria Regina Márcia Tavares apresentou o projecto de espectáculo de ginástica, modern dance, música e canto «Brinquedos e Brincadeiras», apoiado pela UNESCO, com o empenho voluntário dos seus professores e, last entendendo o brinquedo e as brincadeiras ao nível do but not the least, a noite exaltante na Escola de Samba real e do simbólico, projecto esse que envolve não só de Santa Cruz, em que os elementos do Ecomuseu estão as crianças mas as suas famílias. A intervenção do representados na sua direcção. Toda a comunidade de representante da Reiwart Academy, da Holanda, foi das Santa Cruz viveu este encontro intensamente e mais inovadoras no âmbito académico em que se verificámos que nesta zona oeste do Rio de Janeiro, com realizou estes dois dias de encontro: «Nunca sei se sou sinais nítidos do que na Europa consideramos pobreza, velho ou novo museólogo, vou falar de novos patrimónios, há sinais evidentes de desenvolvimento, fruto de uma embora eu prefira dizer novos paradigmas de património, comunidade envolvida com o seu Ecomuseu. minorias e patrimónios das novas minorias. Património é O X Ateliê terminou com a Assembleia Geral do MINOM, o que cada pessoa decide que é património.» que elegeu a lista do novo Conselho de Administração. Resta acrescentar que a organização do III Encontro de Nos dias 16 e 17 decorreu, na UNIRIO (Universidade Ecomuseus e Museus Comunitários em Santa Cruz foi do Rio de Janeiro), um Seminário denominado «Museolo- primorosa, tudo decorreu de uma forma extremamente gia e Património do Futuro» em continuidade do de organizada e o resultado final foi muito gratificante Santa Cruz, com a presença dos participantes e para todos os presentes. A Nova Museologia é hoje palestrantes de Santa Cruz e alguns professores do sem sombra de dúvida um caminho seguro e certo no mestrado de Museologia, com os seus alunos. horizonte museológico a nível internacional. Deixou Destacamos o contributo de Hughes de Varine que, saudades este encontro e, já agora, o Rio de Janeiro uma vez mais, de uma forma brilhante, reflectiu sobre continua lindo... as utilizações existentes do património e a ausência de Ana Duarte criatividade nessas refuncionalizações. Cristina Bruno Fernando António Baptista Pereira ❚ Dissertações • No Institute of Education/University of London, em • Na Universidade de Évora, em 2004, Ana Sofia Cabral Setembro de 2003, Ana Rita Canavarro obteve o MA obteve o grau de Mestre em Museologia mediante a em Museums and Galleries in Education mediante a apresentação da dissertação De visitante a frequentador apresentação da dissertação Conservation as an de museus – estudo de públicos de quatro museus de educational tool in museums. arte de Lisboa. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 31 Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus Calçada da Memória, 14 • 1300-396 Lisboa Tel: 351. 21 361 74 90 Fax: 351. 21 361 74 99 Email: [email protected] Web Site: www.rpmuseus-pt.org DESIGN Artlandia IMPRESSÃO Facsimile 3000 Exemplares DEPÓSITO LEGAL ISSN 1645-2186 Encontros Ciclo de Conferências “Ciência e Museus” IRTESS – Institut Régional Supérieur du Travail Educatif 20 de Janeiro, 17 de Fevereiro, 21 de Abril de 2005 et Social, Dijon 14h30m Université de Bourgogne Organização Centro de Estudos de História e Filosofia contact@itinérairessinguliers.com da Ciência da Universidade de Évora www.itinérairessinguliers.com Temas 20 de Janeiro – A pré-figuração do Museu das Ciências no Laboratório Chimico da Universidade Coimbra, ICAMT – Comité do ICOM de Arquitectura por Pedro Casaleiro (Reitoria da Universidade de Coimbra) e Técnicas Museográficas – Reunião anual – 17 de Fevereiro – Os museus como espaços de produção, 24 a 26 de Fevereiro de 2004 reprodução e representação da ciência, por Ana Delicado Washington D. C. – E.U.A. (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) Organização ICAMT – Comité do ICOM de Arquitectura – 21 de Abril – Museus Industriais: "a escola mais instrutiva e Técnicas Museográficas e MAAM – Mid-Atlantic do mundo", por Paulo Oliveira Ramos (Universidade Aberta) Association of Museums – Título e data a indicar, por Fernando Bragança Gil Tema Construção de Museus (Faculade de Ciências da Universidade de Lisboa) Informações e contactos Informações e contactos ICAMT: Diana Pardue, Chair of ICAMT Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência Tel.: (+1) 212 363 3206 ext. 150 Rua Romão Ramalho, 59 7000 Évora Fax: (+1) 212 363 6302 Tel.: 266 745 372/Fax: 266 702 306 E-mail: [email protected] MAAM: John T. Suau, Executive Director Públicos distantes da cultura e expressões Tel.: (+1) 410 223 1194/Fax: (+1) 410 223 2773 artísticas da diversidade E-mail: [email protected] 26 a 28 de Janeiro de 2005 Dijon, França Looking Backward, Looking Forward Organização Association Itinéraires Singuliers 9 e 10 de Maio de 2005 Tema Actualmente, ao nível local e nacional, cada vez Museu de Manchester, Manchester, Inglaterra mais se desenvolvem projectos artísticos e culturais que Organização MEG – Museum Ethnographers Group UK estabelecem relações inovadoras entre população(ões), Tema História, desenvolvimento e futuro da etnografia arte e territórios com o objectivo de democratização da nos museus cultura Informações e contactos Informações e contactos Lisa Harris Association Itinéraires Singuliers Manchester Museum, University of Manchester 2bis allée de Beauce, 21000 Dijon – França Oxford Road, Manchester, M13 3PL CREAI – Bourgogne E-Mail: [email protected]