Redução da Reestenose Coronária Intra
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Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. Artigo Original Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico J. Airton Arruda1,2*, Igor Castro Bienert1,2, Bruno M. Moulin1,2, Fábio S. Brito Jr3,4,5, Paulo R. A. Caramori6,7, Valter C. Lima3,5 RESUMO SUMMARY Introdução: Os stents eluidores de drogas reduziram significativamente os índices de reestenose. Entretanto, questões de segurança e custo-efetividade, sobretudo em cenários de maior risco para reestenose intra-stent, continuam estimulando pesquisas com terapias alternativas. Os agentes anti-reestenose administrados sistemicamente são uma alternativa aos stents farmacológicos eluidores de drogas, permitindo o emprego dos stents convencionais. Método: A partir de uma revisão sistemática que identificou 25 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 7977 pacientes, reestudados por angiografia entre seis a doze meses, utilizando agentes farmacológicos sistêmicos contra a reestenose intra-stent, foi realizada uma metanálise de acordo com os parâmetros da “ Cochrane Collaboration”. Os resultados foram analisados por meio do modelo de efeitos randômicos. O desfecho analisado foi a reestenose angiográfica. Achados: A somatória da reestenose angiográfica foi 17,5% no grupo dos fármacos vs. 29,1% no grupo controle (OR=0,58 [IC95% 0,47-0,72]). Foi observada redução relativa considerável da reestenose angiográfica com vários agentes antiproliferativos, como o sarpogrelate (85%), prednisona (78%), cilostazol/probucol (70%), troglitazona (58%), IECA (56%), valsartan (50%) e sirolimus (48%). Outros agentes, como o abciximab e o folato, se mostraram ineficazes. Interpretação: Os fármacos de administração sistêmica são eficazes na redução da reestenose angiográfica, identificando-se aqueles com ação antiproliferativa como os mais promissores. DESCRITORES: Reestenose coronária, prevenção & controle. Contenedores. Sistemas de liberação de medicamentos. Metanálise. Reduction of In-Stent Coronary Restenosis with Pharmacological Systemic Agents: Meta-Analysis of Randomized Studies with Angiographic Follow-Up Introduction: Drug eluting stents have significantly reduced restenosis rate. However, safety and cost-effectiveness issues – especially against scenarios of higher risk of in-stent restenosis – still stimulate research on alternative therapies. The systemic administration of anti-restenosis agents is an alternative to drug eluting stents, with the possibility of using bare metal stents. Methods: A meta-analysis was developed following Cochrane Collaboration parameters, based on a systematic review that identified 25 randomized clinical trials involving 7,977 patients, who were re-studied through angiography in a time period between 6 and 12 months. Results were analyzed through randomized effects model. The outcome under analysis was angiographic restenosis. Findings: Angiographic restenosis stood for 17.5% in the drug group vs 29.1% in the control group (OR=0.58 [CI95% 0.47-0.72]). Considerable relative reduction of angiographic restenosis was observed with a number of antiproliferative agents such as sarpogrelate (85%), prednisone (78%), cilostazol/probucol (70%), troglitazone (58%), ACEI (56%), valsartan (50%), and sirolimus (48%). Other agents – such as abciximab and folate – proved to be ineffective. Interpretation: Systemic administration drugs are effective in reducing angiographic restenosis. Those with antiproliferative action have been identified as the most promising. DESCRIPTORS: Coronary restenosis, prevention & control. Stents. Drug delivery systems. Meta-analysis. 1 INTERCATH Meridional, Hospital Meridional, Cariacica, ES. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES. 3 Hospital São Paulo e Hospital do Rim e Hipertensão. 4 Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP. 5 Universidade Federal de São Paulo, SP. 6 Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS. 7 Hospital Mãe de Deus, Porto Alegre, RS. * 2º colocado do I Prêmio Philips SBHCI Jovem Pesquisador - 2005. Correspondência: J. Airton Arruda. INTERCATH Meridional. Hospital Meridional. Rua São João Batista, 200, Trevo de Alto Laje - Cariacica - ES - CEP 29156-580 • E-mail: [email protected] Recebido em: 24/08/2005 • Aceito em: 27/11/2005 2 20 Igor.p65 20 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. O s stents coronários reduzem os índices de reestenose quando comparados à angioplastia com balão e são hoje a terapia padrão para tratamento da doença aterosclerótica coronária obstrutiva1,2. Entretanto, a reestenose coronária intra-stent (RIS) continua sendo a principal limitação desses dispositivos, cujo mecanismo fundamental é uma proliferação tissular benigna. A reestenose coronária é reconhecida como uma resposta complexa ao trauma vascular, onde diversos mediadores inflamatórios estão envolvidos. Na via final comum desse processo, as células musculares lisas se replicam e migram da camada média do vaso até a região subendotelial, onde passam a expressar um fenótipo capaz de sintetizar várias substâncias que preenchem a luz do vaso em graus variados4-6. De todas as abordagens utilizadas para prevenir a reestenose, o emprego de agentes farmacológicos foi a estratégia mais investigada na era da angioplastia com balão. A fácil administração de um ou mais agentes, antes, durante e após uma intervenção coronária percutânea (ICP), junto com a habilidade para direcionar contra alvos biológicos “específicos”, oferecia uma ferramenta lógica contra a reestenose. Porém, apesar de intensos esforços em pesquisas, muitos agentes promissores em modelos experimentais mostraram poucos benefícios, resultados conflitantes ou, em alguns casos, nenhum benefício. Inicialmente, os estudos randomizados tinham como alvo reduzir a hiperplasia intimal após angioplastia com balão, acreditando-se que este era o mecanismo de reestenose predominante neste tipo de intervenção. Este conceito baseava-se nos achados de experimentos em animais7, estudos de necropsia em humanos8 e avaliação histológica de espécimes de aterectomia direcionada9. O conhecimento científico disponível atualmente, elaborado a partir de ferramentas cada vez mais sofisticadas, entre elas a ultra-sonografia intracoronária (USIC), nos permitiu entender que a principal razão para o insucesso da terapia antiproliferativa contra reestenose na era balão foi o atributo de que esse fenômeno era resultado da hiperplasia intimal, ao invés do remodelamento negativo, seu principal componente, como entendemos hoje. a produção de pesquisas com terapias alternativas15,16. Outro aspecto também relevante quando são considerados múltiplos SED é a questão do custo de uma terapia que ainda não traz a RIS para o zero absoluto. Os agentes anti-reestenose administrados sistemicamente são uma alternativa aos SED em diversos cenários, permitindo o emprego dos stents convencionais já aprovados e reconhecidamente seguros. Entretanto, semelhante ao que foi observado na era balão, a eficácia dessa estratégia terapêutica apresenta resultados conflitantes em diversos ensaios clínicos que empregaram diferentes agentes farmacológicos anti-reestenose. Assim, propusemos analisar o papel desses agentes administrados sistemicamente contra a RIS por meio de uma metanálise de estudos randomizados que tiveram seguimento angiográfico entre seis e 12 meses. MÉTODO A partir de uma revisão sistemática, foram identificados 25 ensaios clínicos randomizados com seguimento angiográfico envolvendo agentes farmacológicos de administração sistêmica contra a RIS. A seguir, foi realizada uma metanálise de acordo com o protocolo recomendado pelo The quality of reporting of meta-analyses group, seguindo os parâmetros da Cochrane Collaboration. Foi utilizada a base de dados PubMed (http:// www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), sendo definidas como palavras-chave: “stent”, “restenosis”, “angioplasty”, “oral treatment”, “systemic therapy”, “drug” e grupos de agentes farmacológicos específicos. Os títulos das referências foram identificados a partir das palavras-chave descritas. A partir desta etapa, foram selecionados os estudos que utilizavam os agentes farmacológicos contra a RIS por via sistêmica. Os resultados da pesquisa foram, então, limitados a estudos em pacientes adultos, publicados na língua inglesa entre 1994 e 2004. Inicialmente, foi desenhado um fluxograma para cada um dos desfechos previamente definidos (Figura 1). Foi considerado desfecho primário a reestenose angiográfica (RA) e secun- Apesar do stent comprovadamente abolir o remodelamento negativo desencadeado após injúria vascular, esses dispositivos não reduzem, e até estimulam a hiperplasia intimal. A combinação mecanicista dos stents convencionais, capazes de abolirem o remodelamento negativo, associada à capacidade de inibição da hiperplasia intimal com fármacos antiproliferativos, dispostos em uma mesma plataforma, torna os stents eluidores de drogas (SED) uma atraente estratégia contra a reestenose intra-stent (RIS). Esta terapia tem por princípio básico a liberação programada do fármaco armazenado em camadas seriadas de polímeros biocompatíveis. Apesar dos resultados favoráveis observados em estudos randomizados10,11, registros12,13 e metanálise14 envolvendo SED, relatos de trombose tardia, a formação de aneurismas e a falta de comprovação da eficácia desses dispositivos em lesões de maior risco para RIS estimulam Figura 1 - Fluxograma de seleção de ensaios elegíveis à metanálise. 21 Igor.p65 21 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. dário, a perda angiográfica tardia. Foram calculadas as odds ratios (OR), com intervalo de confiança 95% (IC95%). A heterogeneidade estatística entre os dados dos estudos foi avaliada baseada numa distribuição normal, assumindo-se que o efeito do tratamento entre os grupos era comparável. Os dados foram combinados em um modelo de efeitos randômicos (random-effects). Para modelar a variabilidade interensaios, o logaritmo da OR de cada variável de desfecho é assumido como tendo uma distribuição normal. A média da distribuição normal do logaritmo da OR entre os estu- dos representa o efeito da média nos estudos, e a variância representa a variabilidade interestudos. Após esta seleção, foram identificados os seguintes grupos farmacológicos como objeto do teste: corticosteróides, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueador dos receptores AT1, agentes antiproliferativos, imunossupressores, antiplaquetários, antialérgicos e hipoglicemiantes orais. Foram elegíveis à metanálise apenas os ensaios clínicos com um seguimento entre 6 e 12 meses. A Tabela 1 sumariza as características específicas de cada estudo. TABELA 1 Características específicas dos estudos incluídos Estudo Dose diária do agente farmacológico* Kondo et al (quinapril)17 ISHIN (candesartan+probucol)18 Okumura et al (quinapril)19 Val-PREST (valsartan)20 Lee et al (metilprednisolona)21 IMRESS (prednisona)22 OSIRIS (sirolimus)23 Akbulut et al (clopidogrel)24 Park et al (cilostazol)25 Kamishirado et al (cilostazol)26 Kozuma et al (cilostazol)27 Kunishima et al (cilostazol)28 Sekiya et al (probucol + cilostazol)29 TRAPIST (trapidil) 30 PRESTO (tranilast) 31 ERASER (abciximab) 32 EPISTENT (abciximab) 33 DANTE (abciximab) 34 Serruys et al (anti-PDGF) 35 Ohsawa et al (pemirolast) 36 Fujita et al (sarpogrelate) 37 Lange et al (folato) 38 ITALICS (ODN****) 39 Takagi et al (troglitazone) 40 Neumann et al (roxitromicina) 41 20mg 16mg + 1 g 20mg 80mg 1g 1mg/kg (10d) + 0,5mg/kg (20d) + 0,25 mgkg (15d) 24mg pré + 2mg dia 75mg 200mg 200mg 200mg 200mg 500mg + 200mg 600mg 900mg bolus 0,25mg/kg + 0,125mcg/kg bolus 12 e 24h bolus 0.25mg/kg + 12h infusão (0,125mcg/kg por minuto, max. 10 mcg/min) bolus 0.25 mg/kg + 12h infusão (0,125 mcg/kg por minuto, max. 10 mcg/min) 25 mg/kg 20mg 300mg bolus EV de 1mg ácido fólico, 5mg vit. B6 e 1mg vit. B12 + seguido com 1,2mg de ácido fólico, 48mg de vit. B6 e 60µg de vit. B12 por via oral 10mg 400mg 300mg Características Momento de início do tratamento Duração do tratamento* (dias) Seguimento (dias) Pós-ATC imediato Pós-ATC imediato Pós-ATC imediato Pós-ATC imediato 6 a 12h pré-ATC 72h pós-ATC 180 180 180 180 DU*** 45 180 180 180 180 180 180/360** 48 h pré-ATC 72h pré-ATC 48 h pré-ATC 48 h pré-ATC Pós-ATC imediato 72h pré-ATC 5 dias pré-ATC 1h pré-ATC Pós-ATC imediato 0h; 12h e 24h pós ATC 0h e 12h pós-ATC 2+7 28 180 180 180 270 180 180 90 DU*** 180/360** 180 180 180 180/360** 270 180 180 270 180 DU*** 180 0h e 12h pós-ATC DU*** 180 Pré-ATC imediata 24h pós-ATC 72h pós-ATC Durante ATC DU*** 180 180 180 210 120/240** 180 180 Pós-ATC imediata 48h pré-ATC 2h pós-ATC DU*** 180 28 180 180 180/360** *O tratamento analisado se refere ao subgrupo de maior dose ou duração no ensaio. **Seguimento angiográfico e clínico, respectivamente. ***DU= Dose única. ****ODN= oligonucleotídeo antisense contra c-myc. 22 Igor.p65 22 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. A reestenose angiográfica foi definida como a recorrência da obstrução de pelo menos 50% à angiografia coronária envolvendo o segmento do vaso tratado pelo stent e/ou até cinco mm das bordas proximal e distal. Se as taxas de reestenose não incluíram separadamente a medida das bordas, foram utilizadas, apenas as taxas de reestenose angiográfica intra-stent. A perda tardia foi calculada tendo por base o diâmetro luminal mínimo (DLM) final após a intervenção, subtraído do DLM obtido no reestudo (Perda tardia = DLM final - DLM no seguimento), sabidamente calculados para cada paciente. observadas reduções significativas com os fármacos que possuem efeitos antiproliferativos como o sarpogrelate (85%), prednisona (78%), a combinação cilostazol e probucol (70%), troglitazona (58%), quinapril (56%), cilostazol (51%), valsartan (50%) e sirolimus oral (48%). Na média, os antiplaquetários, incluindo o abciximab, e o folato se mostraram ineficazes (Tabela 2 e Figura 2). A estratificação por grupos demonstrou benefício na maioria deles, exceto para os grupos: “antibiótico” e “outros”, onde não foi observada significância estatística (Figura 3). Na somatória resultante de todos os grupos, foi demonstrada redução de 43% na reestenose angiográfica com o uso de fármacos (OR 0,57 [IC95% 0,43-0,75]). RESULTADOS Foram tratadas lesões do tipo B2/C em 63% dos pacientes que receberam algum agente farmacológico contra a RIS e em 65% daqueles incluídos nos grupos controles. Também foi identificado que 27% da população nos dois grupos eram compostos de diabéticos. Perda tardia A partir dos 25 ensaios clínicos randomizados obtidos para análise da reestenose angiográfica, foi possível identificar 15 estudos que relataram a perda tardia, totalizando 6824 pacientes (Tabela 3). A perda tardia observada no grupo que recebeu algum fármaco foi de A taxa de reestenose angiográfica foi 17,5% no grupo que recebeu algum fármaco versus 29,1% no grupo controle (OR 0,58 [IC95% 0,47-0,72]). Foram TABELA 2 Estudos selecionados na prevenção da reestenose angiográfica N Estudo Agente 17 Kondo et al (quinapril) ISHIN (candesartan+probucol)18 Okumura et al (quinapril)19 Val-PREST (valsartan)20 Lee et al (metilprednisolona)21 IMRESS (prednisona)22 OSIRIS (sirolimus)23 Akbulut et al (clopidogrel)24 Park et al (cilostazol)25 Kamishirado et al (cilostazol)26 Kozuma et al (cilostazol)27 Kunishima et al (cilostazol)28 Sekiya et al (probucol + cilostazol)29 TRAPIST (trapidil)30 PRESTO (tranilast)31 ERASER (abciximab)32 EPISTENT (abciximab)33 DANTE (abciximab)34 Serruys et al (anti-PDGF)35 Ohsawa et al (pemirolast)36 Fujita et al (sarpogrelate)37 Lange et al (folato)38 ITALICS (ODN)g39 Takagi et al (troglitazone)40 Neumann et al (roxitromicina)41 Média 49 43 41 99 63 41 86 40 254 54 61 30 42 139 420 54 46 46 72 40 23 263 47 23 506 Reestenose angiográfica Controle Agente Controle 50 45 35 101 64 42 90 44 240 57 58 40 41 130 1546 52 46 47 72 44 49 156 47 21 504 12% 12% 12% 19% 17% 7% 22% 5% 23% 13% 16% 10% 10% 24% 33% 19% 9% 17% 14% 15% 4% 35% 38% 22% 29% 17,5% 24% 27% 31% 39% 19% 33% 42% 9% 27% 30% 33% 28% 32% 31% 34% 12% 15% 23% 17% 34% 29% 44% 34% 52% 31% 29,1% 23 Igor.p65 23 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. Figura 2 - Gráfico comparando reestenose angiográfica entre agentes farmacológicos sistêmicos e controle individualmente. Os pequenos quadrados brancos representam as odds ratios para cada estudo. As linhas horizontais representam o IC95%. Figura 3 - Gráfico comparando reestenose angiográfica entre grupos de agentes farmacológicos sistêmicos e controle. Os pequenos quadrados brancos representam as odds ratios para cada classe de fármaco. As linhas horizontais representam o IC95%. 24 Igor.p65 24 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. TABELA 3 Estudos selecionados e análise da perda tardia Estudo Agente N 18 ISHIN (candesartan+probucol) Val-PREST (valsartan)20 Lee et al (metilprednisolona)21 IMRESS (prednisona)22 Kamishirado et al (cilostazol)26 Kozuma et al (cilostazol)27 TRAPIST (trapidil)30 PRESTO (tranilast)31 ERASER (abciximab)32 EPISTENT (abciximab)33 DANTE (abciximab)34 OSIRIS (sirolimus)23 Lange et al (folato)38 ITALICS (ODN)39 Neumann et al (roxitromicina)41 Todos os estudos 44 99 70 41 65 61 148 420 75 794 47 99 316 42 509 2830 Controle Média DP 1,03 0,52 1,27 0,39 0,28 0,58 1,12 0,97 0,80 0,69 1,03 0,49 0,90 1,50 1,20 0,85* 0,59 0,16 0,65 0,6 0,4 0,52 0,53 0,76 0,58 0,63 0,63 0,54 0,55 0,53 0,84 0,57 N 45 101 70 42 65 58 155 1546 71 809 49 102 320 43 518 3994 Média DP 1,40 1,08 1,20 0,85 0,69 1,09 1,04 0,96 0,63 0,90 1,07 0,60 0,76 1,50 1,17 1,00 0,54 0,55 0,73 0,6 0,79 0,65 0,56 0,76 0,58 0,67 0,58 0,56 0,58 0,61 0,85 0,64 *Teste de heterogeneidade Q = 164,06, DF = 14, p < 0,001. 0,85 ± 0,57 versus 1,0 ± 0,64 no grupo controle (Teste de heterogeneidade Q = 164,06, DF = 14, p < 0,001). DISCUSSÃO O objetivo desta metanálise foi quantificar o efeito dos fármacos administrados sistemicamente contra RIS. Foi possível demonstrar a eficácia desses agentes na redução da reestenose angiográfica (17,5% no grupo que recebeu algum fármaco versus 29,1% no grupo controle, OR 0,58 [IC95% 0,47-0,72]) e na redução da perda tardia (0,85 ± 0,57 versus 1,0 ± 0,64, p< 0,001). Neste contexto, os fármacos que apresentaram os melhores resultados foram aqueles com propriedades antiproliferativas como o sarpogrelate, prednisona, a combinação cilostazol e probucol, troglitazona, valsartan e sirolimus oral. O sarpogrelate, um inibidor da serotonina com propriedades antiproliferativas de células musculares lisas42, foi associado a substancial redução da RIS (4% versus 29% (OR 0,11 [IC95% 0,01-0,92]). Não foram observados quaisquer efeitos na redução de eventos clínicos, o que poderia ser atribuído, entre outras limitações, à pequena população desse estudo (79 pacientes). Os corticosteróides foram testados inicialmente por Lee et al.21 na prevenção da RIS, porém sem sucesso. Nesse estudo, os autores utilizaram um pré-tratamento com metilprednisolona em única dose administrada 6-12h antes da ICP. A reestenose angiográfica em seis meses foi de 17% no grupo esteróide versus 19% no grupo controle (OR 0,92 [IC95% 0,37-2,26]). Também não foram observadas diferenças nos eventos clínicos entre os dois grupos. Mais recentemente, no estudo IMPRESS (Immunosuppressive Therapy for the Prevention of Restenosis After Coronary Artery Stent Implantation), Versaci et al.22 administraram prednisona durante 45 dias em pacientes que apresentavam níveis de PCR elevados após o terceiro dia da ICP. O estudo envolveu 83 pacientes distribuídos aleatoriamente em dois grupos (esteróide ou controle). Após um ano de seguimento, as taxas de sobrevida livres de eventos foram 93% e 65% em pacientes tratados com prednisona ou controle, respectivamente (RR 0,16 [IC95%= 0,04-0,60]). As taxas de reestenose angiográfica (7% versus 33%, OR 0,38 [IC95% 0,20-0.72]) e a perda tardia em seis meses (0,39 ± 0,6 mm versus 0,85 ± 0,6 mm, p= 0,001) também foram mais baixas no grupo tratado com prednisona do que no grupo controle. O fundamento desse estudo partiu de observações anteriores de que níveis persistentemente elevados de PCR após implante de stent se correlacionavam com RIS43,44. Os corticóides exercem um profundo efeito inibitório no processo inflamatório e influenciam a função plaquetária, a proliferação de células musculares lisas e a síntese do colágeno. Algumas possíveis explicações para os diferentes resultados observados no estudo IMPRESS22 e no estudo de Lee et al.21 podem ser postuladas. Primeiro, o 25 Igor.p65 25 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. processo da RIS é contínuo, sendo pouco provável que apenas uma dose de esteróide, como foi administrada nesse último, pudesse abolir a RIS. A reendotelização do stent demora cerca de 28 dias e, nesse período, suas hastes continuam estimulando uma reação inflamatória do tipo “corpo estranho” em pacientes susceptíveis. Por fim, diferente de outros estudos, o IMPRESS utilizou um marcador sistêmico de atividade inflamatória que caracterizava os pacientes envolvidos no estudo como de “maior” risco para RIS. A conhecida associação entre diabetes e reestenose coronária, explicada pela exagerada proliferação intimal observada em diabéticos, motivou pesquisa com o hipoglicemiante oral troglitazona. Em estudo com 52 pacientes diabéticos não insulino-dependentes, Takagi et al.40 demonstraram redução da hiperplasia intimal com o uso deste fármaco, que foi administrado durante os seis meses de seguimento após ICP. O volume de obstrução porcentual intra-stent observado à ultra-sonografia intracoronária foi de 27,1 ± 11,5% no grupo tratado versus 49,0 ± 14,4% no grupo controle (p < 0,001). De modo semelhante, também foi observada redução nos índices de reestenose angiográfica associada à administração da troglitazona (22% versus 52%, OR 0,25 [0,07-0,93]). Não foram observadas reduções nos índices de reestenose clínica em qualquer dos grupos, o que poderia ser explicado pela baixa complexidade das lesões envolvidas nesse ensaio. Apesar desses resultados promissores, infelizmente, porém, devido a sua intensa toxicidade hepática, esta droga foi retirada do mercado por recomendação do FDA. Os inibidores da enzima conversora da angiotensina foram testados para prevenir a RIS nos estudos conduzidos por Kondo et al.17 e Ribichini et al.45, obtendo-se resultados conflitantes. O valsartan, um antagonista dos receptores da AT1 da angiotensina II, foi administrado imediatamente após a ICP e mantido por 180 dias no estudo Val-PREST20. Nesse ensaio onde foram randomizados 200 pacientes com lesões do tipo B2 e C para tratamento com valsartan ou controle durante a ICP, foi demonstrado claro benefício do emprego desse agente na prevenção da reestenose angiográfica e da revascularização do vaso-alvo. Foram observadas taxas de RIS de 19% versus 39% (OR 0,38 [IC95% 0,200,72]) e reintervenção de 12% versus 29% (OR 0,34 IC[0,16-0,72]) nos grupos candesartan e controle, respectivamente, no seguimento de seis meses. O cilostazol, um potente antiagregante plaquetário que atua inibindo a fosfodiesterase III e que também possui propriedades antiproliferativas, apresentou resultados promissores na prevenção da RIS em dois estudos26,27. No estudo publicado por Kamishirado et al.26, esse agente reduziu as taxas de reestenose angiográfica (13% versus 31%, OR 0,35 [IC95% 0,13-0,93]) e a revascularização do vaso-alvo (7% versus 21%, OR 0,30 [IC95% 0,09-0,99]) em relação ao controle com AAS e ticlopidina, no seguimento de seis meses. No outro ensaio clínico, Kozuma et al.27 demonstraram que o cilostazol administrado 48h antes da ICP e mantido por seis meses se associou com significativa redução nos índices de reestenose angiográfica (OR 0,40 [IC95% 0,17-0,96]), perda tardia (0,58 ± 0,52 mm versus 1,09 ± 0,65 mm, p<0001), revascularização da lesão-alvo (OR 0,40 [IC95% 0,17-0,93]) e dos eventos cardíacos adversos maiores (OR 0,34 [IC95% 0,15-0,79]). A associação do probucol com cilostazol se mostrou eficaz na prevenção da reestenose angiográfica (OR 0,23 [IC95% 0,06-0,77]), sem entretanto interferir na RLA e nos ECAM. Em desacordo com esses estudos, Park et al.25 não demonstraram qualquer benefício do emprego de cilostazol na redução das taxas de reestenose. Outro agente inibidor da fosfodiesterase III testado e com resultados iniciais favoráveis na era balão foi o trapidil, porém sem redução da hiperplasia intimal após implante de stent, durante o estudo TRAPIST30 (Trapidil for In-Stent Restenosis) avaliado por ultrasonografia intracoronária (USIC) ou nos índices de reestenose angiográfica, perda tardia, revascularização da lesão-alvo e eventos cardíacos adversos maiores. Resultados também encorajadores durante a era balão obtidos com o tranilast, um agente antiproliferativo, não foram reproduzidos quando administrado em conjunto com o implante de stent, como descrito no estudo PRESTO31 (Prevention of Restenosis with Tranilast and its Outcomes). O ensaio ERASER32 (Evaluation of Reopro and Stenting to Eliminate Restenosis), um importante estudo multicêntrico, randomizado, delineado com o abciximab para verificar o impacto sobre a redução da reestenose angiográfica após implante de stent, não mostrou efetividade desse inibidor da GPIIb/IIIa na redução na reestenose angiográfica. Utilizando-se da USIC, os autores também não encontraram diferenças na quantidade de hiperplasia intimal (25 ± 15% vs. 29 ± 14%, p=ns), expressa como porcentual de obstrução do volume do stent. Também não foi observada redução nas taxas de reestenose angiográfica, bem como nos eventos clínicos. Posteriormente, foi demonstrado, em uma subpopulação de diabéticos do estudo EPISTENT33 (Evaluation of Platelet IIb/IIIa Inhibitor for Stenting Trial – Diabetic Substudy), que a utilização do abciximab se associava com a redução de cerca de 50% na necessidade de revascularização do vaso-alvo em seis meses (8,1% no grupo stent e abciximab e 16,6% no grupo stent e controle, p= 0,021). Entretanto, a redução da reestenose angiográfica com a combinação stent e abciximab não atingiu significância estatística. Mais recentemente, o estudo randomizado DANTE34 (Diabetes Abciximab stent Evaluation) foi elaborado para verificar se o abciximab reduzia a hiperplasia intimal associada ao implante de stent em diabéticos. Nesse estudo, Chaves et al.34 incluíram 96 pacientes diabéticos tipo II submetidos à ICP eletiva para receberem ou não o inibidor da GPIIb/IIIa. A análise feita através de USIC, aos seis meses de se- 26 Igor.p65 26 6/9/2006, 19:37 Arruda JA, et al. Redução da Reestenose Coronária Intra-Stent com Agentes Farmacológicos Sistêmicos: Metanálise de Estudos Randomizados com Seguimento Angiográfico. Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(1): 20-29. guimento, não mostrou diferenças entre os dois grupos no volume de hiperplasia intimal, expressa como porcentagem de obstrução do volume do stent: 41,3 ± 21,0% para aqueles tratados com abciximab versus 40,5 ± 18,3% naqueles não tratados. A reestenose angiográfica também não diferiu entre os grupos. Apesar das taxas de RIS serem significativamente maiores nos pacientes diabéticos do que nos não diabéticos, o que é explicado por uma exagerada hiperplasia intimal nesses pacientes46, o potencial efeito do abciximab na redução hiperplasia intimal, hipoteticamente alcançado através do potente bloqueio plaquetário, da vitronectina e MAC-1 foi descartado nesse estudo. Uma das drogas mais promissoras testadas para inibir a hiperplasia intimal, o sirolimus (Rapamune®), é um antibiótico macrolídio com potente atividade imunossupressora que foi aprovado para profilaxia da rejeição de transplante renal em 1997 pelo FDA. A droga ligase ao receptor citosólico FKBP-12, promovendo a catálise do mTOR (mammalian target of rapamycin), bloqueando a fase de transição G1/S no ciclo celular. Além de promover potente bloqueio nos linfócitos T, são descritas inibições da proliferação e migração de células musculares lisas de ratos e humanas47,48. Sua ação é citostática, sendo descrita ainda ativação da proteína BcL-2, que tem propriedade antiapoptótica49. No ensaio randomizado OSIRIS23 (The Oral Sirolimus to Inhibit Recurrent In-Stent Stenosis trial), a eficácia do sirolimus oral foi avaliada em 300 pacientes sintomáticos com RIS, estratificados em subgrupos de acordo com a dose utilizada, comparativamente ao controle. Após seguimento de seis meses, observou-se significativa redução da reestenose angiográfica quando esse agente era administrado em doses altas (22,1% versus 42,2%, nos grupos alta dose de sirolimus e controle, respectivamente, OR 0,38 [IC95% 0,20-0,75]). Entretanto, não foram observados benefícios na redução da perda tardia e em eventos clínicos. Limitações Algumas limitações desta metanálise devem ser ressaltadas. A grande quantidade de agentes farmacológicos analisados e a diversidade dos protocolos de utilização, seja quanto a dosagem, tempo de utilização ou momento de início do fármaco, dificultam um melhor entendimento do papel exato desses agentes na RIS. Apesar da acessibilidade aos dados resultantes dos ensaios clínicos, não houve acesso a dados individuais dos pacientes incluídos nos mesmos, impossibilitando assim qualquer subanálise derivada de características individuais específicas. CONCLUSÕES Os fármacos de administração sistêmica são eficazes na redução da reestenose angiográfica intra-stent. Nesse amplo espectro é possível identificar os fármacos com ação antiproliferativa como os mais eficazes. Apesar da menor perda tardia no grupo dos agentes farmacológicos (0,85 mm), este valor ainda é considerado alto, quando comparado às diversas séries históricas dos stents farmacológicos10,11,50,51. Nos diversos estudos com agentes farmacológicos administrados por via sistêmica algumas questões são pertinentes: 1- os resultados favoráveis podem depender da administração do fármaco antes da ICP; 2- a eficácia na redução da hiperplasia intimal pode estar diretamente relacionada à necessidade de concentrações sangüíneas mais elevadas; 3- a aderência ao tratamento está diretamente relacionada à tolerabilidade da droga. Nesses quesitos é inegável que uma plataforma que introduza o agente diretamente no seu sítio de ação tem vantagens potenciais em relação a qualquer agente administrado sistemicamente. A despeito do impacto financeiro da RIS, do incômodo para o médico e paciente, a reestenose coronária é uma entidade benigna, sem associação com infarto ou óbito. Por isto mesmo, o emprego dos stents farmacológicos, semelhante aos stents metálicos convencionais, não reduz as taxas de mortalidade e de infarto. A redução da taxa de eventos cardíacos adversos maiores associada a essa nova tecnologia é então unicamente atribuída à diminuição da reestenose clínica. Ainda que questões como a reestenose tardia decorrente do chamado late catch-up e trombose tardia possam se revelar irrelevantes, a relação custo-efetividade dos stents farmacológicos para prevenir e tratar uma condição clínica benigna, como a RIS, continuará tendo peso na universalização contemporânea desse novo dispositivo. Enquanto isso, as pesquisas com fármacos antiproliferativos por via sistêmica contra a RIS deve continuar sendo estimulada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Serruys PW, de Jaegere P, Kiemeneij F, Macaya C, Rutsch W, Heyndrickx G et al. A comparison of balloon-expandablestent implantation with balloon angioplasty in patients with coronary artery disease. Benestent Study Group. N Engl J Med 1994;331:489-95. 2. Fischman DL, Leon MB, Baim DS, Schatz RA, Savage MP, Penn I et al. A randomized comparison of coronary-stent placement and balloon angioplasty in the treatment of coronary artery disease. Stent Restenosis Study Investigators. N Engl J Med 1994;331:496-501. 3. Hoffmann R, Mintz GS., Dussaillant GR, Popma JJ, Pichard AD, Satler LF et al. Patterns and mechanisms of in-stent restenosis: a serial intravascular ultrasound study. Circulation 1996;94:1247-54. 4. Kearney M, Pieczek A, Haley L, Losordo DW, Andres V, Schainfeld R et al. 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