3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel
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3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel
Relatório anual Relatório anual Relatório anual 2009 Índice 4 Mensagem do Presidente 26 2.3. Evolução dos preços mundiais Conselho de Administac ̧a ̃o 30 2.4. Gestão da demanda. Resposta em 8 9 Equipa de Gestão 31 2.5. Os mercados do gás 34 2.6. Aspectos regulamentares e iniciativas 10 1. O contexto económico e energético 10 1.1. A cojuntura macroeconómica 13 1.2. O contexto energético 16 1.3. O contexto meio ambiental 20 tempo real aos preços de mercado 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás 22 2.1. Mercados de electricidade no mundo 24 2.2. Tendências em tecnologias de produção europeias 36 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel 36 3.1. A contratação no mercado da electricidade 41 3.2. Mercado diário 43 3.3. Mercado Intradiário 44 3.4. Liquidação e pagamentos dos mercados diário e intradiário 46 3.5. Processos de operação técnica do sistema no sistema eléctrico espanhol 49 70 5. 70 5.1. Actividades atribuídas ao OMEL pela Legislação do Mercado 3.6. Preço horário final no sistema eléctrico espanhol 53 3.7. Intercâmbios internacionais de OMEL de Electricidade 72 5.2. Leilões geridos no exercício 74 5.3. Presença internacional 77 5.4. Os meios humanos e técnicos electricidade 60 3.8. Resultados dos leilões da OMEL responsabilidade de OMEL 79 64 4. 5.5. Objectivos para 2010 Síntese das alterações legislativas 80 64 4.1. Legislação europeia 66 4.2. Legislação espanhola 69 4.3. Legislação MIBEL 6. Perspectivas de evolução do sistema eléctrico para 2010 e para um futuro próximo Relatório anual 2009 Mensagem do Presidente Caros Accionistas, Esta é a primeira vez que tenho a honra e o privilégio de me dirigir V. Exas. para falar sobre as actividades do OMEL em 2009 e partilhar algumas reflexões sobre o presente e o futuro do mercado de electricidade na Península Ibérica e na Europa, do qual o OMEL é parte integrante e essencial. O ano 2009 foi um ano difícil para a economia espanhola. A crise financeira que começou nos Estados Unidos, em Agosto de 2007, agudizou-se ao longo do ano e alastrou-se intensa e rapidamente à economia real de todos os países, tanto os desenvolvidos como os emergentes. O contexto energético, condição da nossa actividade, também não foi fácil: as oscilações de preços e as descidas bruscas da procura foram sistemáticas. Além disso, as condições meteorológicas, especialmente no final do ano, interactuaram com as anteriores provocando volatilidade nos preços e excesso de oferta. Os impactos sobre o OMEL e sobre o mercado que o OMEL gere neste meio turbulento apresentam características que desejo partilhar convosco. 4 Destes impactos, uns derivam directamente do menor volume de contratação, afectando-nos porque reduzem o volume das quantidades negociadas e, como resultado do nível de preços, o valor económico das mesmas. Todavia, existem outros que, sem afectar directamente as contratações actuais, podem prejudicar o funcionamento do mercado eléctrico e, portanto, do OMEL As condições meteorológicas de água e vento nos finais de 2009 e começo de 2010, unidas a uma crescente presença das energias renováveis no mercado, consequência dos compromissos assumidos por todos os países da União Europeia, intensificaram uma situação de excesso de oferta, antevendo-se que possa aparecer com frequência no futuro. Esta situação teve como resultado uma separação entre os preços no mercado spot em Espanha e os preços do mercado spot na Europa a partir do último trimestre de 2009 e, embora os preços tenham iniciado um processo de convergência em finais de Março de 2010, caíram de novo a princípios de Abril. No entanto, a separação de preços não ocorreu no mercado de futuros, se bem que o preço espanhol se situasse na banda baixa de flutuação dos países de nosso meio. O sucesso dos compromissos meio ambientais deverá levar-se a cabo promovendo reduções eficientes de custos, estabelecendo mecanismos competitivos e transparentes. A maioria das causas que provocam esta separação conjuntural dos preços responde a situações dos próprios mercados: procura escassa, excesso de oferta, preços dos mercados de combustíveis -especialmente de gás-, obrigações contratuais que é necessário respeitar sob pena de serem severamente penalizadas, mudança no sentido dos fluxos de electricidade com Portugal, uso contrário ao sentido económico da interligação com França, etc. No entanto, também a própria regulamentação dos mercados eléctricos contribui para acentuar e, inclusive, distorcer as tendências do mercado. Neste sentido, importa destacar duas regulamentações: as referentes aos objectivos de participação de energias renováveis na oferta eléctrica e aquelas relativas à segurança do abastecimento. Naturalmente que tais objectivos afectam o conjunto dos países da União Europeia, portanto as soluções deveriam ser abordadas conjuntamente. O que significa uma intensa colaboração nos âmbitos do sector público e privado a fim de avançar para uma progressiva integração dos mercados eléctricos. De facto, observamos e acompanhamos com interesse as iniciativas de organizações de carácter público e privado para conceber e propor mecanismos que dêem solução aos desafios e compromissos de segurança de abastecimento e respeito pelo meio ambiente. exige assegurar que os sinais de mercado estejam presentes e que as mensagens de regulação promovam um desenvolvimento e uma disponibilidade das unidades de produção e das redes adequados para garantir o abastecimento. Também compreende que o sucesso dos compromissos meio ambientais deverá levar-se a cabo promovendo reduções eficientes de custos, estabelecendo mecanismos competitivos e transparentes de atribuição que incluam nas decisões todos os custos associados que cada tecnologia precisa para oferecer energia com segurança. Finalmente, exige o fortalecimento e integração dos mercados europeus tornando-os acessíveis a todos. Importa referir agora o segundo tipo de impactos desta crise, mais subtis, potencialmente mais prejudiciais para o modelo que o OMEL representa. Refirome à rejeição que se costuma gerar para com os mercados em períodos de crise. Importa também mencionar um pouco o ciclo rejeição-intervenção-ineficiência do qual é muito difícil sair e que pode lesar uma empresa como a nossa, que, embora não estando na origem do problema, sem dúvida é das mais bem preparadas para contribuir para a sua solução. Entendemos que a eficiência e o mercado devem estar no epicentro dos mecanismos que se proponham. O que 5 Relatório anual 2009 Mensagem do Presidente O mercado eléctrico, como qualquer outro mercado, é um mecanismo eficiente para atribuir os recursos, isto é, promove a produção da electricidade que os consumidores demandam, com o menor custo possível. O mercado eléctrico, como qualquer outro mercado, é um mecanismo eficiente para atribuir os recursos, isto é, promove a produção da electricidade que os consumidores demandam, com o menor custo possível. Porém, o mercado não garante, nem se lhe pode exigir, a criação de atribuições prédeterminadas, e sobretudo constantes, para todos os actores do mercado. O perigo surge quando o mercado gera atribuições distintas às esperadas -pelo excesso de demanda, pela situação dos mercados internacionais, pelas condições meteorológicas ou pelo excesso de oferta- e, se o mercado não responder às expectativas de alguns intervenientes, pede-se a actuação do sector público para modificar um resultado que eles consideram injusto. É assim que surge o ciclo vicioso mencionado anteriormente. O problema é que só a intervenção pública não garante que as atribuições resultantes sejam perfeitas, e nunca garantirá uma distribuição do excedente desejável para todas as partes, especialmente em situações de excesso de oferta, a não ser que o sector público esteja disposto a assumir custos exorbitantes, que são difíceis de justificar e ainda mais de transferir para os consumidores ou contribuintes. Por tudo isto, alguns dos intervenientes denunciarão as ineficiências e solicitarão novas intervenções. Deste modo, o risco que enfrentamos são o de ser árbitro e operador de um mercado cada vez mais interferido e, por isso, menos eficiente. Não é fácil contornar esse perigo, mas há que fazê-lo pacientemente, utilizando a informação e a análise racional. 6 Ao contrário de outras situações ou de outros países temos tempo. A análise revelará que se pode pedir eficiência ao mercado, isto é, custos mínimos, e isso implica aproveitar o recurso de menor custo disponível em cada momento, assumindo os efeitos que tal procedimento tem sobre a formação dos preços do mercado. A análise e a informação ajudarão também a realizar um balanço entre os custos e os benefícios das numerosas solicitações de intervenção nos mercados e os seus efeitos a longo prazo. Neste contexto, importa alertar sobre os que de maneira insistente pedem novas intervenções, porque é evidente que só apoiarão esta opção face ao mercado se a considerarem mais vantajosa. Vale a pena fazermos um esforço para deixarmos de pedir ao mercado aquilo que ele não pode nem deve fazer, e o deixarmos fazer o que realmente pode. Quanto à nossa empresa, quero sublinhar que, acima de tudo, podemos estar orgulhosos do bom funcionamento da OMEL em 2009, tanto em termos quantitativos como qualitativos. Além disso, aumentámos o volume da nossa actividade tradicional e continuamos a explorar a ampliação do leque de actividades. A responsabilidade de administrar leilões no âmbito do gás e da electricidade expressa a confiança das entidades reguladoras no nosso conhecimento e capacidade de gestão, mas, sobretudo, contribui para criar uma maior atmosfera de concorrência, que é o caminho mais adequado para que os mecanismos de contratação eléctrica e de gás prossigam. O contacto permanente com reguladores, agentes e associações nos âmbitos espanhol, europeu e mundial permite ao OMEL ser veículo de conhecimento e fonte de reflexão entre as partes interessadas. Em segundo lugar, quero salientar que estamos bem posicionados para contribuir e acompanhar todo este processo de mudança que está a ocorrer e que se irá intensificar no futuro, a nível nacional, ibérico e europeu, estando assim em condições de proporcionar bons resultados e uma adequada rentabilidade durante estes tempos difíceis. Por último quero destacar os avanços no processo de integração dos mercados europeus. A 11 de Dezembro de 2009 entrou em vigor o Acordo de modificação do Convénio Internacional relativo à constituição de um mercado ibérico de energia eléctrica entre o Reino de Espanha e a República Portuguesa, de 1 de Outubro de 2004, realizado em Braga a 18 de Janeiro de 2008. A publicação deste Acordo constitui um marco muito importante para o sector eléctrico ibérico, uma vez que pressupõe uma etapa significativa de um dos mercados regionais assinalados pela Comissão Europeia como conjectura do mercado único europeu. Ao longo deste ano, continuaremos a consolidar o processo de integração com os nossos colegas portugueses do OMIP, para criar um verdadeiro Operador do Mercado Ibérico (OMI). Juntos, devemos fortalecer o mercado spot e fazer crescer os mercados a prazo, convertendo-nos num prestador de serviços dinâmico e eficaz. Consegui-lo significa contribuir para o aumento da concorrência e garantir a livre entrada e saída das empresas eléctricas no sector. Também prosseguiremos na consolidação da nossa presença no contexto europeu, no qual a recente inclusão dos operadores de mercado de Itália, Bélgica e Holanda ao projecto PCR, de integração dos mercados de eletricidade, lançado no ano passado pela OMEL, Nord Pool e EPEX deve começar a apresentar resultados. Por último, o OMEL tem de tentar envolver-se no desenvolvimento de outros mercados onde os nossos membros, conhecimento e tecnologia são especialmente reconhecidos; com isso, o OMEL, além de ampliar a sua gama de actividades, contribuirá para criar um meio mais competitivo, transparente e acessível a todos os agentes, o que sem dúvida ajudará a fomentar os indicadores necessários para incentivar o investimento. Quero terminar, transmitindo-lhes que contamos com uma equipa humana de grande qualidade e altamente comprometida. Capaz de desenvolver uma estratégia ambiciosa de ampliação e integração dos mercados eléctricos, que devemos preservar e cuidar. Quero também agradecer o apoio e trabalho do Conselho de Administração e da sua Comissão Executiva recentemente criada. Em todas as empresas o aval dos accionistas é essencial para o projecto empresarial, mas no nosso caso ainda mais, devido às razões conhecidas por todos. Juntos, podemos levar o OMEL pelo promissor caminho que temos por diante e igualmente contornar os obstáculos que seguramente encontraremos pelo percurso. Pedro J. Mejíao Presidenteo 7 Relatório anual 2009 Conselho de Administração Presidente Don Pedro J. Mejía Gómez Vogais Don Eduardo Aguilar Fernández-Hontoria Don Emilio Andrés Recoder de Casso Don Felipe Benjumea Llorente Don Pedro Rivero Torre Don José Damián Bogas Gálvez Don Matías Rodríguez Inciarte Don Manuel Fernández Álvarez Don Luis Valero Artola Don Mariano María Galí Segués Don Antonio Zoido Martínez Don Juan Luis López Cardenete Don Joâo Manuel Manso Neto Don Francisco Martínez Córcoles Don Emilio Ontiveros Baeza OMIP - Operador do Mercado Ibérico de Energia, (Pólo Português), S.G.M.R., S. A. (D. José Carvalho Netto) 8 Secretário Don Rafael Ramos Gil Equipa de Gestão Presidente Don Pedro J. Mejía Gómez DIRECÇÕES Jurídico Don Rafael Ramos Gil Ofertas e Cassação Don José Javier González Fernández-Castañeda Liquidações Don Carlos Francisco Gamito Calvo Sistemas de Informação Don Pedro Basagoiti Satrústegui SUBDIRECÇÕES Relações Externas e Estudos Don Miguel Pérez Zarco * Administração e Finanças Don Luis Miguel López Otero * Até 30/11/2009 9 Relatório anual 2009 1 O contexto económico e energético Durante o último quadrimestre de 2008 iniciou-se a crise mais profunda que a economia mundial experimentou desde 1929. A desconfiança no sistema financeiro provocou a paralisia nos mercados financeiros, enormes perdas no valor dos seus activos, falta de liquidez e escassez de crédito. A crise financeira também suscitou o desmoronamento do consumo e, embora tenha afectado todos os países, teve um comportamento desigual nos emergentes e nos mais industrializados. 1.1. A conjuntura macroeconómica 1.1.1. O panorama mundial As economias avançadas começaram a contrair-se no quarto trimestre de 2008 com um aumento da intensidade recessiva no primeiro semestre de 2009, no qual a queda de produção foi de cerca de 4,5 %; por outro lado, a maioria das economias emergentes, especialmente aquelas mais dependentes do seu sector exportador, iniciaram a contracção no final do primeiro trimestre de 2009 e, em muitos casos, o crescimento da sua produção continuou a ser positivo. Para responder à crise financeira, os governos e os bancos centrais dos países mais evoluídos facilitaram liquidez aos mercados e injectaram capital nas entidades bancárias; 10 posteriormente, aumentaram os gastos públicos para travar o desabamento da demanda. Os estímulos fiscais e monetários começaram a sentir-se no terceiro trimestre de 2009, o que, juntamente com uma recuperação do comércio internacional, travou o ritmo da queda do crescimento. O resultado para o 2009 foi uma diminuição de 0,8 % do PIB mundial, segundo os últimos dados do Fundo Monetário, embora com diferenças significativas entre países: os Estados Unidos caíram 2,5 % face a uma contracção de 3,9 % da zona euro enquanto os mercados emergentes cresceram 2,1 %, destacando-se a China com 8,7 % e a Índia com 5,6 %. Uma característica importante do contexto macroeconómico em 2009 foi a ausência de pressões inflacionistas, devido à debilidade da actividade e à contenção geral do crédito bancário, 11 Relatório anual 2009 1. O contexto económico e energético permitindo que os bancos centrais mantivessem as taxas de juro a curto prazo, em níveis historicamente baixos. Nas economias avançadas a inflação média em 2009 situou-se nos 0,1 %, enquanto nas economias emergentes alcançou os 5,2 %. Os mercados monetários mantiveramse estáveis ao redor de níveis similares aos que se observavam antes da insolvência do Lehman Brothers, ocorrido no mês de setembro de 2008. Nos mercados de emissões privadas produziu-se uma certa recuperação, especialmente significativa no caso das empresas com menor qualidade creditícia para as quais se observaram descidas dos prémios de risco. Esta evolução reflectiu-se no elevado dinamismo das emissões de dívida empresarial, sobretudo nos últimos meses de 2009 e inícios deste ano, vinculado às necessidades de refinanciamento de muitas empresas e à restrição na disponibilidade de crédito bancário. Quanto aos mercados de dívida pública, a melhoria das perspectivas económicas, unida às crescentes necessidades de financiamento, propiciaram um pico de rentabilidade a longo prazo nos EUA. Inversamente, na zona euro a evolução destes rendimentos ficou condicionada pelos riscos soberanos, de forma que se mantiveram relativamente estáveis na Alemanha e aumentaram noutras economias, especialmente na grega. O dólar americano que se tinha desvalorizado ao longo de 2009, passando de 1,32 para 1,461 dólares por euro, voltou a valorizar-se em 2010 após a crise grega e as recentes tensões, cotando-se a 1,34 dólares por euro em Março. A sustentabilidade da recuperação económica nas economias industrializadas requer, como condição prévia, o saneamento e a recapitalização dos bancos. Os planos públicos de estímulo económico são vitais no apoio da actividade económica, enquanto o sector privado leva a cabo um processo de saneamento das suas contas. A questão está em quando suprimir estes estímulos: por um lado a sua retirada prematura pode frustrar as tentativas incipientes de crescimento, por outro é necessário prestar atenção à sustentabilidade das contas públicas, pois estes programas supõem um extraordinário aumento dos deficit públicos, o que obrigará os estados a realizar importantes ajustamentos para restabelecer os equilíbrios das suas contas. As autoridades das economias integrantes do G-20 comprometeram-se a coordenar a retirada destas medidas para não gerar novos desequilíbrios. Nas economias emergentes, aparece como tarefa prioritária a prevenção de bolhas nos preços dos activos e da espiral de revalorização das moedas de alguns países que está a refrear a competitividade das suas economias. 1.1.2. O panorama em Espanha Espanha, tal como os seus sócios comunitários, enfrentou a pior crise da sua recente história. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB em Espanha decresceu 3,6 % em 2009, depois de ter registado um crescimento médio de 3,5 % na última década. O caso espanhol apresenta uma peculiaridade distinta, a destruição maciça do sector da construção que tinha sido o principal motor de actividade dos últimos anos. Este sector, além de ser muito profuso em mão-de-obra, é um forte receptor de financiamento bancário; como resultado, a crise em Espanha destruiu imenso emprego e provocou carências de provisões e capitalização nos bancos e em outras instituições financeiras. 12 A destruição do emprego e a evolução da população activa elevaram a taxa de desemprego para 18,8 % no final de 2009, o que equivale a 4,3 milhões de desempregados. Segundo o Inquérito à População Activa (IPA), a destruição líquida de emprego fixou-se em quase 1,4 milhões de postos de trabalho, com uma descida de 6,8 % relativamente a 2008, acumulando uma descida de quase 1,9 milhões desde o máximo alcançado no terceiro trimestre de 2007. No conjunto de 2009 destaca-se especialmente a destruição de emprego no sector da construção (-23 %) e na indústria (-13,3 %). Não obstante, observou-se uma moderação generalizada dos ritmos de queda interanuais nos últimos meses do ano, à excepção do sector dos serviços. O ajustamento do emprego em 2009 concentrou-se nos trabalhadores com contrato a termo certo, que afectou 18,4 %, face aos 0,9 % de descida naqueles com contrato sem termo. A exposição do sector bancário espanhol às actividades da construção e promoção imobiliária é um risco relevante pelo elevado volume de investimento e porque se trata de um sector ligado à evolução cíclica da economia. Embora o impacto negativo do sector imobiliário sobre os bancos não se possa vincular somente à quantia do investimento, pois depende também da morosidade e das garantias constituídas, o certo é que o excesso de oferta e o atraso na venda das construções obrigou os bancos a aumentar as provisões e a executar as garantias, o que diminui a sua disponibilidade de capital e de oferta de crédito. No âmbito da execução orçamental do Estado, o ano 2009 acabou com um deficit de 99,8 milhões de euros, segundo o critério de Contabilidade Nacional, o que representa 9,5 % do PIB. A deterioração do saldo foi muito superior ao previsto inicialmente, como consequência da intensificação dos gastos ao longo do ano e da redução das receitas. Um dos principais riscos da economia espanhola para 2010 é a possibilidade de se produzir um aumento das taxas de juro na Europa, impulsionadas pela subida do preço do petróleo e o crescimento das principais economias europeias. Se essa subida se produzir antes que Espanha inicie a recuperação económica, atrasar-se-ia o ajustamento patrimonial das famílias e empresas, o que por sua vez travaria o arranque da economia. 1.2. O contexto energético 1.2.1. Queda do consumo e subida dos preços do petróleo A Agência Internacional da Energia estimou em Novembro de 2009 uma descida de 2 % do consumo energético mundial para 2009, algo que não acontecia desde 1981. Apesar disso, a tendência geral dos preços do petróleo foi em alta, pois a variação dos preços do barril estava entre os 30 e os 40 dólares a finais de 2008 e subiu até aos 75 e aos 85 dólares no primeiro trimestre de 2010. Deste modo, a situação do mercado do petróleo é de excesso de oferta. Por um lado, a OPEP foi aumentando a sua produção proporcionalmente aos crescentes preços; por outro, embora a demanda se tenha recuperado ligeiramente no quarto trimestre, na subida de preços influem mais as expectativas que a própria recuperação. Portanto, a percepção do mercado é de que as cotações das matérias-primas energéticas em geral, e as do petróleo em particular, sejam valorizadas a curto prazo pelo seu carácter de “activos de investimento”. Um dos principais riscos da economia espanhola para 2010 é a possibilidade de se produzir um aumento das taxas de juro na Europa, impulsionadas pela subida do preço do petróleo e o crescimento das principais economias europeias. 13 Relatório anual 2009 1. O contexto económico e energético O desenvolvimento do gás não convencional mudará a estrutura do mercado de gás e acentuará o desacoplamento já iniciado entre os preços do petróleo e os do gás. 14 Neste contexto, a evolução dos preços do petróleo mantém uma elevada sensibilidade às variáveis financeiras, que por sua vez são afectadas pela evolução da economia mundial. Por estas razões, as perspectivas de consenso a curto prazo defendem um preço médio para 2010 ligeiramente superior aos 80 dólares. 1.2.2. O aparecimento do gás não convencional No contexto energético do ano 2009, importa assinalar um fenómeno: o desenvolvimento do gás não convencional, que pode alterar de forma significativa os preços futuros do gás e, portanto, o preço do mercado espanhol de electricidade, extremamente influenciado pela oferta das centrais de gás de ciclo combinado. A questão pendente é de como irá evoluir a produção de gás não convencional e como serão afectados o preço e o balanço oferta-procura, na medida em que a recuperação da demanda de gás está a ser muito lenta. A opinião mais generalizada é de que o desenvolvimento do gás não convencional mudará a estrutura do mercado de gás e acentuará o desacoplamento já iniciado entre os preços do petróleo e os do gás. A este respeito convém referir o que está a acontecer nos Estados Unidos, onde a proliferação de torres de perfuração de poços horizontais é uma boa amostra da magnitude do boom provocado pelo gás não convencional. Este tipo de torres, localizadas fundamentalmente nas zonas de prospecção de shale gas (gás procedente de xistos), foi aumentando a um ritmo crescente, enquanto o número de torres de perfuração de poços de gás convencional apresenta crescimentos escassos. A situação faz prever um crescimento da produção de gás não convencional americano em 2010, face a uma provável diminuição da produção convencional. Além disso, há que ter em conta que o gás não convencional se obtém de distintas fontes, entre elas o gás das perlites compactadas e o dos arenitos de baixa permeabilidade, tal como o metano das capas de carvão; este tipo de formações geológicas abunda em muitas partes do planeta, por isso, segundo as estimativas mais optimistas, as actuais reservas de gás do mundo poderiam incrementar-se em 60 %. Por último, cabe frisar que os preços do gás continuam desacoplados em relação aos do petróleo, não experimentando as mesmas subidas, apesar de durante o quarto trimestre de 2009 e os meses de Janeiro e Fevereiro de 2010 se terem recuperado ligeiramente como consequência, fundamentalmente, das generalizadas baixas temperaturas e da maior demanda asiática. renováveis não hidráulicas passarão de 2,5 % da produção de electricidade para 8 %. Entre as renováveis, a energia eólica obterá a maior cota, pois prevê-se que poderia satisfazer aproximadamente 12 % das necessidades energéticas mundiais em 2020, e economizar mais de 1.500 milhões de toneladas de emissões de CO2 anuais. 1.2.3. As perspectivas energéticas O relatório da AIE, World Economic Outlook 2009, oferece um “Cenário de Referência” da evolução do consumo energético mundial, considerado como o mais provável na ausência de políticas específicas para mudar de rumo. Nele prevê-se que a demanda mundial de energia primária aumente 1,5 % anualmente entre 2007 e 2030, passando assim de cerca de 12.000 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) a 16.800 milhões de tep, isto é, calcula-se um aumento total de 40 % nesse período. No cenário de referência, os combustíveis sólidos continuarão a ser a principal fonte de energia primária e representarão mais das três quartas partes do aumento do consumo de energia primária entre 2007 e 2030. O petróleo é o combustível fóssil mais utilizado e o seu consumo constituirá, em 2030, 30 % da energia primária consumida, passando assim de 85 milhões de barris por dia para 105 milhões de barris por dia. Destacam-se duas características deste crescimento do petróleo: 97 % do aumento pode atribuir-se ao sector dos transportes e a totalidade dos aumentos proviria dos países emergentes. Também crescerá a demanda de gás e carvão, associada, fundamentalmente, à produção de electricidade, pois o cenário prevê que o aumento da demanda eléctrica será de 2,5% anual. O carvão chegará a representar 44% da energia utilizada para produzir electricidade, enquanto as energias Este cenário de referência tem implicações alarmantes para a alteração climática. As emissões de CO2 passariam de 28,8 Gigatoneladas em 2007 para 34,5 Gigatoneladas em 2020 e 40,2 Gigatoneladas em 2030, o que equivale a um crescimento médio anual das emissões de 1,5 % durante todo esse período. A extrapolação desta tendência conduz a concentrações de gases de efeito estufa de 1000 ppm (partes por milhão), em muito superiores ao objectivo de estabilidade das concentrações para 450 ppm, o que poderia gerar uma subida das temperaturas até 6 ºC. Para conseguir o objectivo de estabilidade, a fim de evitar uma catástrofe climática, o já mencionado relatório da AIE também inclui um “Cenário 450” que descreve as políticas energéticas necessárias para tal fim e as suas consequências. Segundo o ”Cenário 450” isso seria possível com um aumento de 20 % da demanda de energia entre 2007 e 2030, o que corresponderia a um aumento médio anual de 0,8 %. Assim sendo, as emissões mundiais de CO2 relacionadas com a energia alcançariam um ponto máximo de 30,9 Gigatoneladas precisamente antes de 2020, começando a diminuir a partir desse ano até chegar às 26,4 Gigatoneladas em 2030, isto é, 2,4 Gigatoneladas abaixo do nível de 2007 e 13 Gigatoneladas abaixo do nível previsto no Cenário de Referência. O “Cenário 450” implicaria 10,5 biliões de dólares de investimento adicional ao Cenário de Referência, do qual 45 % terá que se destinar ao sector dos transportes, 25 % a edifícios e equipamento doméstico, 17 % a centrais térmicas e 10 % à indústria. A questão será, em que medida o conjunto dos países estará disposto a estabelecer as políticas e regulações que garantam um “Cenário 450”. A resposta contém luzes e sombras. 15 Relatório anual 2009 1. O contexto económico e energético • O limite máximo da subida da temperatura média até ao ano 2050 com respeito às de 1900 fixou-se em 2ºC. • Os países industrializados do Protocolo de Quioto fixarão os seus objectivos de redução de emissões para 2020 durante 2010, contudo ainda não fizeram. • Os grandes países emergentes, Brasil, China, Coreia, Índia, Indonésia, México e África do Sul moderarão o ritmo das suas emissões de CO2 com limites auto impostos. • As nações mais pobres e os estados insulares em desenvolvimento poderão empreender acções voluntárias para mitigar as suas emissões. • Os países industrializados criarão um fundo para apoiar os países mais pobres a implementar medidas de luta contra a alteração climática. As contribuições para esse fundo seriam durante o período de 2010 a 2012 de 30.000 milhões de dólares, e de 100.000 milhões de dólares anuais a partir de 2020. • Criar-se-á também um fundo para financiar iniciativas de luta contra a 1.3. O contexto meio ambiental 1.3.1. A Conferência de Copenhaga A XV Conferência Internacional sobre a Alteração Climática celebrada em Copenhaga, de 7 a 18 de Dezembro de 2009, pretendia preparar objectivos para substituir os do Protocolo de Quioto que terminará em 2012. O encontro em Copenhaga não obteve um tratado vinculativo, mas é importante salientar alguns dos acordos alcançados: 16 desflorestação de países em desenvolvimento com grandes áreas frondosas ou selvagens. Apesar do carácter não vinculativo dos acordos, importa assinalar que, enquanto o Protocolo de Quioto não incluiu os países em vias de desenvolvimento nem os EUA, neste caso todos aderiram, à excepção da Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia e Sudão. A entrada dos EUA em cena é um avanço e tal como o facto de ter chegado a um acordo, embora seja de mínimos, com a China. Por outro lado, o compromisso dos grandes países emergentes de reduzir as emissões dos gases de efeito de estufa aceitando uma supervisão, é um acordo de esperança, uma vez que o aumento esperado das suas emissões nos cenários de referência representa mais de metade dos aumentos de emissões. 1.3.2. O pacote europeu de luta contra a alteração climática O Conselho de Ministros da União Europeia acordou em Dezembro de 2008 um conjunto de medidas para combater a alteração climática, no qual se compromete a uma redução de 20 % das emissões em 2020 referente ao nível de 1990. As políticas para a concretização deste objectivo assentam em três pilares: a fixação de um limite das emissões que se cumpre através dos direitos de emissão e do seu comércio; a participação das energias renováveis em 20 % do total das energias consumidas no interior da União Europeia e um aumento da eficiência energética em 20 %. O mercado dos direitos de emissão -instrumento elementar das disposições contra a alteração climática da União Europeia- foi regulado para o período de 2005 a 2012 pela directiva 2003/87/CE. A partir de 2012 aplicar-se-á uma nova directiva -a 2009/29/CE de 23 de Abril de O compromisso dos grandes países emergentes de reduzir as emissões dos gases de efeito de estufa aceitando uma supervisão, é um acordo de esperança. 2009- que corrige algumas deficiências da vigente e aperfeiçoa e amplia o regime comunitário dos direitos de emissão. A nova directiva alarga, em primeiro lugar, a cobertura do esquema mediante a inclusão do sector aéreo, embora permaneça excluído do controlo de emissões o sector marítimo. Em segundo lugar, estabelece um único limite de emissões para toda a UE, o que evitará as distorções transnacionais derivadas da existência de limites nacionais distintos. Em terceiro lugar, os direitos de emissão deixam de ser gratuitos, passando a ser onerosos, adjudicandose mediante leilões. No sistema anterior, como cada Estado membro tinha liberdade na atribuição de direitos de emissão, podia ocorrer que empresas de um mesmo sector recebessem direitos distintos, dependendo da localização das unidades de produção e das tecnologias utilizadas, o que produz distorções na escolha das tecnologias. Quanto aos leilões para a repartição dos direitos de emissão, contemplamse duas possibilidades em função dos sectores. Naqueles em que se pode transferir o custo dos direitos directamente ao consumidor (por exemplo, o sector eléctrico), a totalidade dos direitos atribui-se mediante leilões. Para o resto dos sectores, mantém-se uma atribuição parcial gratuita e a percentagem de direitos leiloados irá aumentando anualmente até 2020, data em que a totalidade dos direitos será leiloada. Importa destacar que a integração entre os mercados primários e secundários de direitos de emissão é uma necessidade para determinar o caminho das percentagens de direitos que devem ser leiloados naqueles sectores submetidos à competência de países sem restrições às emissões de carbono. A política de energias renováveis da UE -Directiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Abril de 2009- estabelece que cada país deverá fixar objectivos nacionais coerentes com o propósito de a energia de fontes renováveis representar pelo menos 20% do consumo final bruto de energia da Comunidade para 2020. A Directiva estabelece a quota para cada um dos Estados Membros. Além disso, cada Estado zelará para que a participação de energia procedente de fontes 17 Relatório anual 2009 1. O contexto económico e energético O Real Decreto-lei 6/2009, de 30 de Abril, estabelece mecanismos para garantir a sustentabilidade do sistema retributivo das instalações de produção de energias renováveis. 18 renováveis, em todos os tipos de transporte em 2020, seja no mínimo equivalente a 10 % do seu consumo final de energia no transporte. Deste modo, convém salientar a falta de harmonia das políticas de apoio às energias renováveis nos países da UE, o que dificultará o desenvolvimento de mecanismos de intercâmbio de direitos sobre produção de energias renováveis, para que estas se produzam naqueles países onde tal produção desfrute de mais vantagens competitivas. A política comunitária específica da eficiência energética desenvolve-se sobre cinco pilares: Primeiro, o quadro político geral e as medidas adoptadas dentro do Plano de Acção para a Eficiência Energética da UE. Segundo, os planos nacionais de acção para a eficiência energética baseados na Directiva 2006/32/EC, que define um quadro de esforço comum para conseguir uma poupança de 9% no ano 2016. Terceiro, o quadro jurídico do sector de consumo (edifícios) e produtos consumidores de energia mais importantes. Quarto, os instrumentos políticos complementares, como o financiamento direccionado, a informação e a criação de redes do tipo «Plano Municipal» e «Energia sustentável na Europa» e, por último, a colaboração internacional sobre eficiência energética. A este propósito, responde uma norma recente -a Directiva 2009/33/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril de 2009-, relativa à promoção de veículos de transporte rodoviário não poluentes e energeticamente eficientes,que tem como objectivo promover e estimular o desenvolvimento do mercado deste tipo de veículos. Obriga os poderes públicos e outros operadores a ter em consideração, no caso de adjudicações de contratos públicos de veículos de transporte, o impacto da utilização destes veículos durante a sua vida útil em termos de consumo de energia, emissões de CO2 e outros poluentes. Novidades da política ambiental para o sector eléctrico em Espanha O Real Decreto-lei 6/2009, de 30 de Abril, estabelece mecanismos para garantir a sustentabilidade do sistema retributivo das instalações de produção de energias renováveis, à excepção da energia fotovoltaica. Cria o Registo de préatribuição de retribuição que permitirá conhecer, nos prazos previstos no próprio Real Decreto, as instalações que estão projectadas e que cumprem as condições para se executarem e acederem ao sistema eléctrico. O que permite calcular o impacto das novas instalações sobre a tarifa eléctrica e a data em que se produz tal impacto. A Lei 6/2009 inclui uma Disposição adicional, a segunda, que faz referência à revisão do regime de comércio de direitos de emissão, estabelecendo obrigações de notificação aos sectores que se irão incorporar ao regime a partir de 2012. Esta Disposição responde à necessidade de transpor urgentemente ao ordenamento jurídico nacional algumas disposições das duas Directivas comunitárias: a Directiva 2008/101/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2008, que altera a Directiva 2003/87/CE de modo a incluir as actividades da aviação no regime de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa na Comunidade e a Directiva 2009/29/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril de 2009, que altera a Directiva 2003/87/CE a fim de melhorar e alargar o regime comunitário de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa. O avanço do Plano de Renováveis 2011-2020, enviado pelo Ministério da Indústria, Turismo e Comércio à Comissão Europeia, em cumprimento da própria directiva comunitária sobre a matéria (2009/28/CE), contempla que a participação das energias renováveis no consumo bruto final de energia em Espanha será de 22,7 % no ano 2020, quase três pontos superior ao objectivo obrigatório fixado pela União Europeia para os seus Estados Membros. Do mesmo modo, o chamado Plano prevê que a contribuição das renováveis à produção de energia eléctrica alcançará os 42,3 %, fazendo com que Espanha também supere o objectivo fixado pela UE neste âmbito (40 %). Espanha comunica no relatório enviado a Bruxelas que está interessada em se resultarem desnecessárias para atender os compromissos espanhóis de redução no quadro do Protocolo de Quioto. aproveitar as oportunidades que oferecem os mecanismos de flexibilidade descritos na Directiva, especialmente as transferências estatísticas baseadas em acordos bilaterais e projectos conjuntos com outros países. O Anteprojecto Lei de Economia Sustentável, cujos eixos principais são a sustentabilidade ambiental e a melhoria do contexto económico e da competitividade, está actualmente em fase de tramitação nas Cortes Gerais. O Anteprojecto introduz duas novidades importantes relativamente às emissões: Em matéria de economia e eficiência energética, o Anteprojecto estabelece os princípios da política energética – garantia da segurança do fornecimento, eficiência económica e respeito pelo meio ambiente. Para a Administração Geral do Estado e organismos públicos vinculados, adianta-se para o ano 2016 o objectivo de poupança energética de 20 % relativamente ao ano 2005. Dentro dos programas que se aprovem, irão estabelecer-se requisitos mínimos de qualificação energética dos edifícios e veículos que integrem o património das Administrações Públicas. Inclui-se, além disso, um compromisso de elaboração de uma planificação integral do sistema eléctrico a fim de promover a eficiência e poupança energética no sector. Outros aspectos importantes da norma incluem a criação da Conferência Sectorial de Energia, como órgão de coordenação entre o Estado e as Comunidades Autonómicas em matéria de planificação energética e o prazo de 40 anos como tempo de vida útil das centrais nucleares. • Criar-se-á um “selo” que certifique a redução de emissões, que conferirá um valor adicional às tecnologias de baixa intensidade de carbono, ao mesmo tempo que aumentará a transparência da informação sobre a responsabilidade meio ambiental das empresas. • Estabelecer-se-á um fundo público para a compra de créditos de carbono. As reduções certificadas de emissões e as unidades de redução de emissões adquiridas pelo fundo constituir-se-ão em activos do Estado e poderão transferir-se, em particular 19 Relatório anual 2009 2 Evolução dos mercados de electricidade/gás O conceito fundamental que liderou a evolução dos mercados de electricidade foi o da integração da programação operativa da comercialização diária de energia eléctrica diário com os preços resultantes da negociação entre a oferta e a procura. A aplicação deste conceito baseia-se em sólidos princípios económicos e técnicos, vitais para uma concorrência eficaz e eficiente, que se opõe aos riscos elevados e aos sobrecustos em mercados limitados, ou ineficazes. Este conceito, que impulsionou um notável desenvolvimento na liberalização dos mercados eléctricos, por vezes encontra opositores, que tentam travar o seu Uma explosão evolutiva desenvolvimento utilizando argumentos ideológicos e comerciais. Na figura seguinte pode observar-se de forma resumida qual foi a evolução dos mercados nas últimas décadas. Tendo em conta a trajectória seguida pela liberalização eléctrica, pode concluir-se que o segredo dos mercados eficientes é Preço marginal em MISO, Singapura, Califórnia, ERCOT, . . . Liberalização Mercado na Irlanda, . . . Califórnia e queda da Enron ... Mercado no Ontário, Alberta, . . . Mercado de preço marginal em NZ, PJM, NYISO, NEPOOL, . . . Mercado na Noruega, Argentina, Malásia, Espanha, . . . Pool do RU (baseado em ofertas/preço spot) Design Directivas U.E. Mercado do Chile (Liquidação ao custo marginal) Design mercado FERC PURPA (Reg. Esp. ao custo evitado) Direito financeiro de capacidade de Hogan Resposta às variações Preço nodal de Schweppe Método de optimização 1960 20 1970 1980 1990 Preço marginal de Hogan 2000 2010 21 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás a integração dos preços, do seu resultado e das operações físicas. As formas e os graus de integração podem ser diferentes segundo as situações dos distintos contextos, embora geralmente, quanto maior a integração maior a concorrência entre os participantes no mercado, tornando-se os mercados mais eficazes. Não obstante, não se deve subestimar a realidade de que em muitas partes do mundo existe uma certa oposição política e comercial a tal integração. Além disso, cada vez mais se evidencia que os mercados que combinam a integração da programação da comercialização do produto com os preços resultantes da sua negociação podem ser utilizados para um elevado número de mercadorias. O que já se está a destacar de maneira evidente no caso do gás natural. 2.1. Mercados de electricidade no mundo relativos à sua evolução, resultados obtidos e às iniciativas existentes de acoplamento entre eles. Na 14ª Conferência Anual da Associação de Operadores de Mercado APEx, celebrada em Boston de 11 a 13 de Outubro de 2009, tratou-se, entre outros temas, sobre a situação dos mercados de electricidade no mundo. No caso da Nordpool (países nórdicos) estudou-se detalhadamente a estrutura de todos os mercados que administra: As principais tendências que se distinguiram foram as seguintes: 2.1.1. Mercados nos Estados Unidos A maioria dos mercados dos Estados Unidos (Nova Inglaterra, Nova Iorque, PJM, MISO e CA) tem uma estrutura similar: • Existência de Preços nodais (LMP), podendo efectuar-se reservas de capacidade entre nós. • Sistema de multi-liquidação com mercados diários e sistemas físicos em tempo real. Proporcionam aos operadores a possibilidade de conceber um sistema fiável e aos participantes no mercado a possibilidade de cobrir os seus riscos financeiros. Quanto aos mercados de capacidade existem diferentes estruturas: • Nova Inglaterra e PJM dispõem de um mercado de capacidade baseado em leilões a prazo. Pode comprar-se a capacidade de utilização das linhas de transporte com uma antecedência até 4 anos. • Nova Iorque administra um mercado mensal de capacidade baseado na curva de procura. Pode comprar-se capacidade para o mês seguinte com uma antecedência de um mês. 2.1.2. Mercados na Europa Na revisão dos mercados europeus analisaram-se basicamente os aspectos 22 • Mercado financeiro (Nord Pool ASA - bilateral). • Mercado diário (NPS Elspot). Produz preços horários por zonas e dispõe de mecanismos para resolver os congestionamentos baseadas em leilões implícitos/market splitting. • Mercado intradiário (NPS Elbas). Mercado contínuo para ajustes depois do Elspot e até uma hora antes do tempo real. • Serviços de balanço. Um único comprador no mercado (TSO a TSO). Um aspecto interessante foi a análise da introdução das energias renováveis no mercado de electricidade irlandês (SEMO, “Singre Electricity Market Operator”), totalmente integradas no seu funcionamento. Está previsto que sejam a fonte de produção dominante em 2020, momento em que representarão um mínimo de 40 % da energia total comercializada. Entre os projectos em curso, que se consideram críticos encontra-se a interligação com o Reino Unido. Depois de permanecer em estudo durante 30 anos, finalizou a sua fase preliminar de concepção e obtenção de autorizações de todo o tipo em 2009. Espera-se que comece a sua construção em 2010 e possa entrar em operação no ano 2012. Ao analisar os resultados dos distintos mercados, uma das conclusões relevantes que se obteve foi que quando a produção a partir de energias renováveis representa um volume significativo sobre o parque total de produção de electricidade, os preços tendem a descer de forma notável, sobretudo em horas de vazio. A consequência disto é que parte dos benefícios que obtêm essas tecnologias se determinam fora das regras do mercado. 2.1.3. Mercados na Ásia/Pacífico O início de actividades de um operador de mercado na Índia demonstra que dispor de um mercado organizado de electricidade é uma opção cada vez mais propagada a nível mundial. O modelo de mercado que se implementou é similar ao da NordPool, e que inicialmente opera com um mercado diário. Em Maio de 2009 só negociava 0,85 % da energia total administrada pelo sistema. Neste momento ainda existe pouca energia disponível a curto prazo, e a comercialização de produtos não está padronizada. Espera-se que a padronização dos contratos incremente a liquidez do mercado. 92 % da energia negocia-se a longo prazo. Dos principais conceitos utilizados para a concepção do mercado encontram--se, entre outros, a separação obrigatória de actividades de propriedade das redes e da sua gestão, o acesso universal a estas e a possibilidade de o consumidor escolher o comercializador. O mercado diário baseia-se em fornecimentos físicos e os produtos que se contratam são especificamente concebidos para o mercado da Índia, contemplando o risco quantidade/preço. A cassação efectua-se por pares de compradores e vendedores. Importa salientar que na Índia existe apenas um fuso horário, apesar da sua notável dimensão. A 1 de Julho de 2009 começou a funcionar o operador australiano do mercado da energia (AEMO), que realiza funções operativas, de desenvolvimento e de planificação para os mercados do gás e da electricidade dentro da uma única organização A AEMO é propriedade do Governo em 60 % e dos participantes no mercado nos 40 % restantes. As suas principais funções são as de administrar o mercado nacional de electricidade como operador do mercado e do sistema, operar o mercado de gás e os gasodutos de Vitória, operar os mercados retalhistas de gás e electricidade do este e sudeste da Austrália, planificar o desenvolvimento a médio e longo prazo das redes de gás e electricidade e o desenvolvimento do mercado da energia e dos projectos Quando a produção a partir de energias renováveis representa um volume significativo sobre o parque total de produção de electricidade, os preços tendem a descer de forma notável, sobretudo em horas de vazio. 23 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás A utilização futura do carvão estará condicionada pelo arranque de tecnologias de captura e armazenamento de C02 relevantes relacionados com a comercialização a curto prazo e o sistema australiano de previsão de produção eólica (AWEFS). 2.2. Tendências em tecnologias de produção O consumo de energia, e mais concretamente o da energia eléctrica, é um indicador de bem-estar material, sendo por isso de esperar que siga a sua crescente tendência nos próximos anos. Será impulsionado pelo aumento do apetrechamento de elementos electrónicos nos lares e pelo crescimento da população nos países em vias de desenvolvimento. Este crescimento moderar-se-á à medida que os programas de eficiência energética tenham um maior êxito. Neste sentido, continua-se a trabalhar em novas formas de produzir electricidade, com maior eficiência e menor impacto sobre o meio que nos rodeia, assim como no desenvolvimento de sistemas que permitam um uso mais inteligente da energia. De acordo com o referido anteriormente, qualquer desenvolvimento do misto de produção deve ter em conta a segurança 24 do abastecimento, a sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade económica. As principais tendências actuais em tecnologias de produção podem sintetizar-se nos seguintes pontos: • Tecnologia Nuclear. Há uma tendência mundial em aumentar a produção de electricidade de origem nuclear. Enquanto em 2004 a produção nuclear foi na ordem dos 2.740 TWh anuais (16 % da produção mundial), em 2030 prevê-se que a produção de origem nuclear se situe entre os 3.300 e os 4.100 TWh anuais, com uma capacidade nuclear instalada na ordem de 498 GW, e um consumo total de electricidade na ordem dos 33.750 TWh/ano. Actualmente encontram-se em construção 56 centrais nucleares em países como a China, Índia, Bulgária, Japão, Rússia, Coreia do Sul, Finlândia ou França. Na Europa, estão em avançado período de construção uma central de 1.600 MW na Finlândia e outra central similar em França, tendo sido aprovada uma nova central em cada um dos referidos países (ambas do tipo EPR reactor de água a pressão europeu). Na Bulgária encontram-se em construção duas centrais de tecnologia russa. Importa destacar que recentemente os Estados Unidos (EUA) retomaram o seu programa nuclear, parado há três décadas, ao apoiar o Governo actual no financiamento para a construção de dois novos reactores. Esta iniciativa representa um notável apoio para o desenvolvimento futuro da energia nuclear em todo mundo. As razões que motivaram esta decisão por parte do Governo foram os altos custos energéticos actuais, a necessidade de aumentar a segurança de fornecimento e a luta contra a alteração climática. • Energias Renováveis. Apesar da crise económica a nível mundial, a capacidade da energia eólica que, segundo o GWEC, entrou em actividade a nível mundial em 2009 subiu para 37.500 MW, mais 31% que a instalada em 2008. A China foi líder mundial na instalação desta tecnologia de produção em 2009, duplicando a sua capacidade de produção pelo quinto ano consecutivo. Em 2009 aumentou em 13.000 MW a sua capacidade instalada, o que supôs incluir um terço da nova capacidade total instalada a nível mundial no seu sistema eléctrico. A tendência é que cada vez mais a produção a partir de energias renováveis de todo tipo (eólica, solar, maremotriz, etc.) tenha um maior peso. O desafio que sem dúvida se terá de solucionar nos próximos anos é o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia e de redes inteligentes. Outro desafio importante, que em parte ainda não se enfrentou por parte dos Governos, é o de transferir aos consumidores os custos reais, associados a este tipo de tecnologia. • Ciclos combinados de gás natural. Durante os últimos anos surgiu um elevado número de centrais de ciclo combinado de gás natural. As vantagens neste tipo de centrais são o seu rendimento elevado, as importantes devido ao aumento significativo da demanda de energia que se prevê. É fundamental que se estabeleça um sistema para desenvolver e difundir as tecnologias que permitam utilizar de forma sustentável o carvão, isto é, de reduzir as emissões de CO2 procedentes da utilização do carvão para a produção de electricidade. reservas de gás natural que proporcionam uma combustão mais limpa do que a do carvão, além de emitirem menos CO2. Actualmente encontram-se em construção ou em avançado estado de desenvolvimento na Europa 106 projectos com uma potência de 61,1 GW. • Centrais de Carvão. A abundância e dimensão das reservas de carvão a nível mundial estão a favorecer a sua permanência como fonte de produção de energia eléctrica. No entanto, as elevadas emissões de CO2 associadas a esta tecnologia estão a actuar em certas regiões como travão para o seu desenvolvimento. É de destacar que as emissões de CO2 derivadas da produção de electricidade a partir do carvão subiram em 2005 para 70 % do total das emissões procedentes da produção de electricidade na UE, o que representou 24 % das emissões de todos os sectores naquele ano. As melhorias conseguidas nas tecnologias do carvão (aumento da eficiência energética, diminuição das chuvas ácidas e dos casos de contaminação atmosférica local devido às emissões de SO2, de NOx e de partículas) demonstram que são possíveis avanços tecnológicos significativos, especialmente mediante a tecnologia de captura e armazenamento do carbono. Segundo um relatório de Maio de 2009 do Global BBC Institute, o número de projectos a nível mundial de captura de CO2 (DCS) ascendia a 499 dos quais 224 eram pequenos projectos de investigação e desenvolvimento. Dos 275 restantes, 78 estão em execução, 135 em fase de planificação, 34 projectos estão a funcionar, 26 foram cancelados e 2 projectos encontram-se parados pelos seus promotores. Por zonas geográficas, 37 % encontram-se nos EUA, 24 % na Europa, 10% na Austrália e Nova Zelândia, 6 % na China, 4 % no Japão e os 9 % restantes noutras áreas do mundo. A utilização futura do carvão estará condicionada pelo arranque de tecnologias de captura e armazenamento de CO2, para isso, entre outras coisas, será necessário localizar jazidas geológicas adequadas para o seu confinamento e diminuir os custos desta tecnologia. Nas próximas décadas, a produção a partir do carvão irá ser cada vez mais importante na produção de energia de determinadas regiões do mundo (especialmente na China e na Índia) 25 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás 2.3. Evolução dos preços mundiais A seguir apresenta-se a evolução dos preços de um conjunto de mercados organizados desde 2008 até 31 de Março de 2010. Para a análise da evolução dos mercados eléctricos não europeus, e devido à sua especial relevância, seleccionaram-se os mercados da Alberta no Canadá, PJM nos Estados Unidos e Vitória na Austrália. Preço e procura - OMEL (Espanha) e/MWh 60 GWh 25.000 e/MWh Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -46,2% 80 GWh 4.800 70 4.200 60 3.600 50 3.000 40 2.400 30 1.800 20 1.200 10 600 20.000 45 15.000 30 10.000 15 5.000 0 0 0 08 09 Preço 2010 Procura e/MWh 120 GWh 24.000 20.000 80 16.000 60 12.000 40 8.000 20 4.000 0 0 09 Procura 2010 Procura Preço e procura - PJM (E.U.A.) 100 08 09 Preço Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -26,7% Preço 0 08 Preço e procura - GME (Itália) 26 Os preços no mercado da AEMO em Vitória (Austrália) baixaram um 9,5 % até se situarem nos 36,5 $Aus/MWh, com um Preço e procura - OMEL (Portugal) Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -42,6% 75 No mercado da PJM na costa este dos Estados Unidos, com um dos volumes de contratação de energia mais elevados (quase 600.000 GWh em 2009) obteve-se um preço médio de 37,2 $USA/MWh, 44 % inferior ao do ano anterior. Os preços variaram de 28,6 – 44,0 $USA/MWh, com o mínimo em Janeiro e o máximo em Fevereiro, sendo também este o mês em que se verificou a procura máxima. 2010 Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -44,1% $USA/MWh 100 GWh 100.000 80 80.000 60 60.000 40 40.000 20 20.000 0 0 08 09 Preço Procura 2010 Preço e procura - EPEX (França) Preço e procura - NordPool/Elspot e/MWh Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -21,1% 80 GWh 40.000 70 35.000 60 30.000 50 25.000 40 20.000 30 15.000 20 10.000 10 5.000 0 09 Preço Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -37,8% 8.000 60 6.000 40 4.000 20 2.000 0 08 2010 09 Preço Procura Preço e procura - Victoria (Austrália) 2010 Procura Preço e procura - Alberta (Canadá) Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -9,5% $Aus/MWh 140 GWh 10.000 80 0 0 08 e/MWh 100 GWh $Can/MWh Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -49,9% GWh 14.000 140 120 12.000 120 6.000 100 10.000 100 5.000 80 8.000 80 4.000 60 6.000 60 3.000 40 4.000 40 2.000 20 2.000 20 1.000 0 0 08 09 Preço Procura máximo no mês de Janeiro de 125,5 $Aus/MWh e um mínimo de 22,4 $Aus/MWh no mês de Agosto. A máxima procura corresponde ao mês de Julho, durante o Inverno austral. Os preços no mercado da Alberta, no Canadá, baixaram um 49,9 % relativamente ao ano anterior, até aos 45,1 $Can/MWh, com um máximo no mês de Janeiro de 93 $Can/MWh e um mínimo de 21,3 $Can/MWh no mês de Dezembro que se corresponde com a procura máxima. 2010 0 7.000 0 08 09 Preço 2010 Procura Relativamente ao nosso contexto, os preços nos mercados eléctricos europeus evoluíram de forma similar e tendem a curto prazo a convergir entre si, excepto no caso do mercado italiano. Estes mercados reflectiram preços voláteis durante o ano de 2009, revelando uma tendência decrescente de preços no último trimestre do ano, que se mantém ao longo do primeiro trimestre de 2010. Quanto à evolução mensal, deve destacar-se que ao longo de 2009 ocorreu uma diminuição significativa dos preços em todos os 27 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás mercados europeus. Considerando o preço médio mensal do mercado diário, observa-se um estreitamento da banda de flutuação. Na parte alta situa-se a Itália com 76,5 e/MWh e na parte baixa NordPool com 35 e/MWh. APX, Power UK e EPEX-França ficam na banda alta de 43-48 e/MWh. Por último, tanto Espanha como a Alemanha se situam na banda baixa, à volta dos 37-39 e/MWh. Em Espanha, o preço médio foi de 37,0 e/MWh durante o ano 2009, Preço e procura - EPEX (Alemanha) e/MWh Para analisar a evolução ao longo dos últimos anos dos preços médios diários trimestrais dos mercados organizados europeus, seleccionaram-se os Preço e procura - APX (Holanda) Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -40,5% GWh e/MWh Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -44,1% GWh 18.000 90 80 14.400 75 2.500 60 2.000 60 10.800 45 1.500 40 7.200 30 1.000 15 500 100 3.000 3.600 20 0 0 08 09 Preço 08 Procura e/MWh 80 GWh 800 700 60 600 50 500 40 400 30 300 20 200 10 100 0 0 09 Procura 2010 Procura Preço e procura - Power UK (R. Unido) 70 08 09 Preço Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -33,0% Preço 0 0 2010 Preço e procura - OPCOM (Romênia) 28 situando-se num valor abaixo dos mercados do nosso círculo, embora com menores variações relativamente à média de outros mercados, o que levou a aumentos significativos na exportação e importação de energia quando os preços eram respectivamente inferiores ou superiores aos preços dos países da Europa Central. 2010 Anos 08 a mar 2010 Variação 09: -50,1% £/MWh 100 GWh 1.000 80 800 60 600 40 400 20 200 0 0 08 09 Preço Procura 2010 Preço médio mensal Europex e/MWh Anos 08 a mar 2010 100 90 80 70 60 50 40 30 20 08 09 Omel-Espanha Omel-Portugal mercados da Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido, Roménia e os países nórdicos. A análise dos preços médios mensales num período compreendido entre 2008 e Março de 2010 reflecte a maior convergência seguida pelos preços europeus, à excepção da Itália. Durante o ano de 2008, apreciaram-se subidas generalizadas em todos os mercados. Desde o início de 2009 produziu-se uma descida que se manteve até meados deste mesmo ano. O que tem, sem Epex-Alemanha APX-Holanda 2010 NordPool Epex-França GME-Itália EXAA-Áustria dúvida, relação com a tendência seguida pelos preços dos mercados de matérias-primas energéticas. Por último, importa assinalar como factor destacável o acoplamento que se produz nos preços da electricidade nos países nórdicos desde a inauguração do cabo que atravessa o Mar Báltico, e que lhes permite, , quando dispõem de reservas hidráulicas, exportar os seus excedentes em períodos de preços baixos, e o desacoplamento que se produz na Itália quando os preços descem no resto da Europa. 29 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás A instalação de contadores inteligentes permitirá poder aplicar ao consumo o preço que resulte no mercado nesse período. 2. 4. Gestão da demanda. Resposta em tempo real aos preços de mercado Na actualidade, e em grande parte dos países do mundo, os sistemas eléctricos ainda são concebidos para que a produção modifique o seu comportamento em função da oscilação da demanda. Historicamente, as empresas eléctricas facturaram aos clientes uma tarifa única por kWh consumido que, embora algumas vezes discriminasse alguns períodos horários, não teve verdadeiramente em conta o custo real de produzir e fazer chegar a electricidade ao ponto de consumo. A instalação de contadores electrónicos, que permitem facturar o consumo que se realiza a cada hora, e o avanço nas redes inteligentes fazem prever que estamos a ponto de dar um passo importante para os consumidores e os produtores desenvolverem normas de produção e consumo que possam ter em conta os custos associados à decisão que tomam. Além disso, o arranque de novos sistemas de 30 controlo ajudará a fazer face aos novos desafios que apresenta o futuro misto de produção, onde cada vez mais se inclui uma maior capacidade de produção de energias renováveis que não são administráveis. A instalação de contadores inteligentes, que recolhem o consumo em períodos horários, permitirá poder aplicar ao consumo o preço que resulte no mercado nesse período. Esta é uma linha de actuação a nível mundial para conseguir que a demanda responda ao movimento dinâmico de preços que se produzem nos mercados eléctricos. Uma outra vertente interessante de desenvolvimento são as redes inteligentes que se devem basear nos seguintes aspectos: • Consumidores que actuem com critério económico. São consumidores que, sendo sensíveis ao preço, dispõem de tecnologias que lhes permite acompanhar o seu consumo em tempo real e podem actuar sobre ele com sistemas de regulação segundo regras pré-estabelecidas. São a base para que, mediante o uso das redes inteligentes, se consiga o objectivo de melhorar a eficiência dos sistemas e a poupança energética. • Empresas de serviços eficientes. Empresas que, actuando como intermediários, dêem um serviço que vincule o custo em tempo real da electricidade produzida e o preço em tempo real que se factura aos consumidores. • Mercados eficientes. Mercados que disponham de logística de forma a informar o produtor e o consumidor em tempo real e integrá-los nos seus sistemas e lógicas de decisão. Devem implementar-se soluções duradouras, dinâmicas e economicamente eficientes para a gestão da rede eléctrica e para o controlo do produtor e do consumidor. Relativamente aos passos a seguir para avançar na criação destas redes, é importante contar com o impulso das empresas produtoras e das transportadoras. Lamentavelmente, ainda nos encontramos na fase preliminar de definição dos padrões que as tecnologias deveriam seguir e como deveria ser o seu desenvolvimento. Depois de superada essa fase, haverá que definir a estrutura dos mercados que deverão suportar essas redes inteligentes e, posteriormente, implementá-las. Dentro dos elementos que se consideram vitais para o desenvolvimento das redes inteligentes destacam-se o estado das tecnologias, o seu custo, a recuperação dos investimentos, o custo e a complexidade de facturar aos clientes e como isso afectaria o comportamento dos consumidores. Torna-se, pois, fundamental do ponto de vista estratégico para os produtores, distribuidores e transportadores a coordenação entre a planificação das redes de transporte e as decisões dos investidores em unidades de produção. 2.5. Os mercados do gás De acordo com as previsões da Agência Internacional da Energia (AIE), o mundo está a enfrentar um excesso de fornecimento de gás natural, prognosticando que o seu preço cairá nos próximos anos. Em consequência, o mercado do gás converteu-se já no último ano num mercado de compradores e é previsível que essa situação se mantenha a médio prazo. Entre as causas que explicam esta situação encontram-se a crise económica global, o aumento na produção norte-americana de gás e o aumento da disponibilidade do gás não convencional que se prevê para os próximos anos. O aumento da produção de gás não convencional teve como consequência o atraso no começo da exploração de algumas jazidas de gás, como a de Shtokman da Gazprom. A esta situação acrescenta-se um aumento muito importante de infra-estruturas disponíveis a nível mundial, tanto de gasodutos como de unidades de liquefacção e regaseificação. A situação poderia inclusive agravar-se caso se siga potencializando o uso de fontes de energia renováveis e de energia nuclear para a produção de electricidade. 2.5.1. Situação dos mercados (Prazo, spot, balanços) Em geral os mercados de gás natural em 2009 mostraram-se débeis, tanto nos mercados spot como nos mercados forward e nos mercados a longo prazo. Quanto aos mercados retalhistas domésticos, na maioria dos países da União Europeia diminuíram os preços do gás antes de impostos, excepto na Bulgária, Lituânia e Croácia, onde se produziram subidas importantes. As descidas de preços mais importantes ocorreram na Alemanha, Polónia e Suécia. 31 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás Em média, o preço do gás natural do Henry Hub no ano 2009 foi de 3,96 $/MBtu. Evolução dos preços do gás $/MBtu Anos 08 y 09 20 16 12 8 4 0 jan 08 abr 08 jul 08 Preço médio Japão Fonte: Unión Fenosa Gas out 08 jan 09 Preço médio Corea abr 09 jul 09 Uma situação similar sucedeu com os consumidores industriais, cujos preços subiram na Bulgária, Croácia e Portugal e se mantiveram ou diminuíram nos restantes países. out 09 Henry Hub Preço médio E.U.A. NBP de 2008, quando alcançou os 12,67 $/MBtu, até Setembro de 2009, quando alcançou o preço mínimo do ano de 2009 (2,95 $/MBtu), para finalizar o ano nos 5,35 $/MBtu no mês de Dezembro. 2.5.2. Preços internacionais do gás natural O preço spot do gás natural no Henry Hub, referência que se utiliza profusamente para acompanhar os preços do gás natural, seguiu uma tendência continuamente decrescente desde Junho Em média, o preço do gás natural do Henry Hub no ano 2009 foi de 3,96 $/MBtu, significativamente inferior aos 8,84 $/MBtu de 2008. Este cenário de preços teve a sua reciprocidade nos mercados mundiais. Evolução preço gás natural Henry Hub $/MBtu Anos 08 mar 2010 14,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000 jan 08 fev mar abr Preço spot mensal 32 mai jun jul ago set Preço médio spot anual out nov dez jan 09 fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan 10 feb mar Fonte: Oilnergy Embora a procura de gás continuasse a ser baixa, a queda de preços abrandou no último trimestre do ano, como se fundamenta no gráfico que recolhe a evolução dos preços em diversas zonas do mundo nos anos 2008 e 2009. en el año 2009 y la procedencia del gas natural licuado consumido en Europa en ese periodo. Como se observa nos gráficos, os principais fornecedores europeus são o Qatar e a Argélia, seguidos por um segundo grupo formado pela Nigéria, Trindade e Tobago e Egipto, sendo os demais fornecedores uma quota menos importante. 2.5.3. Gás Natural Liquefeito Durante o último ano, os preços do gás natural liquefeito (GNL) seguiram a mesma tendência que os preços do gás natural. Por países, o maior importador europeu de gás natural liquefeito é Espanha, seguido da França, do Reino Unido e da Bélgica. É de assinalar que só a Espanha importa tanto GNL como esses três países juntos. En los gráficos adjuntos se muestra el consumo de gas natural licuado en Europa O gás natural liquefeito na Europa (Por destinos) Milhões de toneladas de GNL Ano 2009 24 Argélia 27,4% Qatar 28,1% 21 Guiné equatorial 0,3% - Austrália 0,2% Iêmen 0,2% - Abu Dabi 0,1% - Bélgica 0,1% Líbia 1,1% Omã 2,0% Noruega 3,4% 18 15 12 Egito 10,7% 9 6 Trinidad 12,4% 3 Nigéria 14,0% 0 Espanha França Reino Unido Bélgica Itália Portugal Fonte: Unión Fenosa Gas O gás natural liquefeito na Europa (Por origens) Milhões de toneladas de GNL Ano 2009 16 Espanha 41,8% 14 Grécia 1,2% 12 Portugal 4,3% 10 Itália 6,1% 8 Bélgica 10,1% 6 4 Reino Unido 16,2% 2 França 20,3% 0 Qatar Argélia Nigéria Trinidad Egito Noruega Omá Líbia Guiné Austrália Ecuatorial Yemen Abu Dabi Bélgica Fonte: Unión Fenosa Gas 33 Relatório anual 2009 2. Evolução dos mercados de electricidade/gás 2.6. Aspectos regulamentares e iniciativas europeias 2.6.1. Iniciativas da UE Durante o período de 2009, produziram-se avanços nos principais projectos da legislação comunitária relativamente à energia, especialmente no que se refere ao Mercado Interior. Entre estes avanços, destaca-se o que diz respeito ao terceiro pacote legislativo, ou IME 3. O terceiro pacote legislativo, que inclui as últimas medidas legislativas da UE para liberalizar ainda mais os seus mercados de gás e electricidade, publicou-se na sexta-feira 14 de Agosto de 2009 no Jornal Oficial da União Europeia, sendo aprovado pelo Parlamento Europeu em Abril e pelo Conselho Europeu em Junho. O pacote consta das Directivas 2009/72 e 2009/73, sobre normas comuns, respectivamente, para o mercado interior da electricidade e do gás e de três Regulamentos. O primeiro deles define as condições de acesso à rede para o comércio transfronteiriço de electricidade. O segundo desenvolve as condições de acesso às redes de transporte de gás natural. Finalmente, o terceiro cria a Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia (ACER). 2.6.2. Fóruns de Florença e Madrid Os Fóruns Europeus de Regulação dos sectores de electricidade e gás natural (Fóruns de Florença e Madrid), foram constituídos pela Comissão Europeia para o intercâmbio de opiniões entre os diversos participantes do mercado, com o propósito de fomentar a criação de um mercado único de energia europeu. Em ambos os fóruns participaram representantes da Comissão Europeia, os reguladores, os Estados membros, os operadores de mercado e do sistema, representantes da indústria energética e os consumidores. Ambos os fóruns têm um componente informal, já que as suas decisões não são vinculativas. Fórum de Florença O Fórum de Florença reuniu-se em duas ocasiões no ano 2009, de 4 a 5 de Junho e de 10 a 11 de Dezembro. Entre os principais temas que se trataram encontram-se os seguintes: • Mecanismo de acoplamento de preços. Na reunião de Junho, o Fórum de Florença demonstrou o seu aval de que o mecanismo de acoplamento de preços é a melhor solução para a integração dos mercados diários e impulsionou o arranque dos trabalhos associados ao projecto PCR de acoplamento de mercados na Europa promovido pelos operadores de 34 mercado OMEL, EPEX Spot e Nord Pool Spot. A 18 de Março de 2010 uniram-se ao projecto a APX-Endex, a Belpex, e a GME. As características básicas do projecto PCR são: – A utilização de um algoritmo de cassação comum para os três operadores de mercado. – Cada operador de mercado operará o seu próprio sistema e manterá sua independência. – Basear-se-á nas regulações e soluções nacionais/regionais existentes. O projecto PCR de acoplamento de mercados encontra-se aberto a outros operadores de mercado que se queiram unir à iniciativa. • Terceiro pacote legislativo. Adicionalmente no Fórum de Florença trataram-se os elementos essenciais do terceiro pacote do mercado interior. Na reunião de Dezembro, a Comissão recordou ao Fórum que os Estados membros são responsáveis pela transposição atempada e correcta das Directivas da electricidade (2009/72/EC) e do gás (2009/73/EC) para os seus ordenamentos jurídicos internos. O prazo da transposição terminará a 3 de Março de 2011. A Comissão oferecerá ajuda aos Estados membros durante o período da transposição, publicando notas interpretativas sobre aspectos vitais (separação de actividades, independência dos reguladores, etc.), organizando reuniões bilaterais com os Estados membros e, se for o caso, multilaterais, para discutir questões relativas à transposição, na medida que se considera muito importante uma transposição correcta nos 27 Estados membros dentro do prazo das Directivas • Iniciativas regionais. Também se analisaram os avanços efectuados nas iniciativas regionais e a criação por parte do Grupo de Reguladores Europeus de Electricidade e Gás, ERGEG, de um grupo de trabalho orientado para a sua gestão. Destacou-se que uma melhoria na coordenação vertical reflectir-se-ia no resultado do trabalho. Na reunião de Dezembro apresentou-se um esboço final, que foi remetido para comentários aos Reguladores, Estados Membros e interessados no sector. • Coordenação inter-regional para a gestão dos congestionamentos. Apresentou-se pelo Grupo de Coordenação de Projecto (PCG) uma proposta de modelo europeu para a gestão dos congestionamentos no mercado da electricidade e de uma possível rota para a sua colocação em prática. O Fórum sublinhou a necessidade de continuar o trabalho, iniciando projectos concretos e aceitou a oferta do ERGEG para avançar através de um grupo de consultoria específico, onde estariam representadas todas as partes interessadas, que deste modo poderiam continuar a assessorar o ERGEG na supervisão dos trabalhos e colaborar na solução dos aspectos que possam interferir no progresso. Os três projectos a iniciar serão os seguintes: – Um projecto, liderado pelos ENTSO-E, para desenvolver a nível europeu um sistema de cálculo da capacidade das interligações, baseado no cálculo de fluxos sobre um modelo comum. – Um projecto, liderado pelos ENTSO-E, para desenvolver o comércio no mercado intradiário e, se for o caso, para o seu início. – Um projecto, dirigido pela Comissão, que crie um modelo normativo para o acoplamento dos mercados diários. Em seguida implementar-se-ia um acoplamento europeu comum a todos os mercados diários antes de 2015, utilizando o mecanismo de acoplamento de preços. • Regulamento sectorial para o comércio da energia. A Comissão informou no Fórum de Florença que se deu início à preparação de uma iniciativa reguladora sobre a transparência e a integridade dos mercados grossistas da electricidade e do gás (com a possibilidade de incluir os mercados de emissões) e que solicitará comentários sobre as distintas opções do conceito básico. apresentaram os seus relatórios elaborados sobre o desenvolvimento e os resultados das diferentes Iniciativas Regionais de Gás (GRI), criadas pelo ERGEG em 2006. Mediante este programa, o ERGEG estabeleceu três mercados gasistas regionais na Europa, região Noroeste, (NW) região Su-sudeste (SSE) e região Sul (S); esta última engloba Espanha, Portugal e França. O objectivo é avançar na integração dos mercados de gás existentes em cada região para finalmente conseguir desenvolver um único mercado gasista europeu. Fórum de Madrid O Fórum de Madrid, que celebrou sua 17ª edição, celebrada na sede da Comissão Nacional de Energia durante os passados 14 e 15 de Janeiro de 2010, centrou-se em analisar a capacidade actual das redes europeias para satisfazer as necessidades da demanda, como minimizar a dependência de um único fornecedor na Europa Oriental e valorizar o impacto da crise mundial sobre a oferta e procura de gás. Durante a celebração do Fórum, diferentes instituições 35 Relatório anual 2009 3 Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel O ano de 2009 caracterizou-se por uma queda da actividade económica, uma diminuição dos preços de mercado relativamente a 2008 e uma crescente importância da produção a partir de energias renováveis, o que, unido a uma substancial queda da procura e a uma menor utilização das centrais térmicas, teve como consequência uma redução significativa, na ordem dos 21%, das emissões de CO2 relativamente a 2008. 3.1. A contratação no mercado da electricidade 11.191 Me e para 261.846 GWh, o que pressupõe uma diminuição de 41,1% e de 3,2 % respectivamente, em relação ao ano anterior. Estas diminuições devem-se à descida dos preços, bem como redução da procura final. O volume de contratação no mercado diário e intradiário e nos processos de gestão técnica no sistema eléctrico espanhol subiu no ano 2009 para Contratação em Espanha. Energia Contratação em Espanha. Volume económico Me Anos 08 y 09 Variação 09: -41,1% 2.000 1.800 27.000 1.600 24.000 1.400 21.000 1.200 18.000 1.000 15.000 800 12.000 600 9.000 400 6.000 200 3.000 0 0 jan fev 2008 36 Anos 08 y 09 Variação 09: -3,2% GWh 30.000 mar abr mai 2009 jun jul ago set out nov dez média jan fev 2008 mar abr mai 2009 jun jul ago set out nov dez média 37 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel É significativa a diminuição da procura final durante este ano no sistema eléctrico espanhol que foi na ordem dos 4,5 %, embora esta tendência se tenha alterado nos três primeiros meses do ano 2010, nos quais se assinala já um aumento da procura final de 4,9 % relativamente a primeiro trimestre do 2009. contratos “take or pay” de centrais de ciclo combinado ou a mudança no sentido do fluxo na interligações com Portugal e a diminuição das exportações a Marrocos, levaram a uma diminuição dos preços do mercado. Esta diminuição provocou uma mudança no sentido do fluxo através da conexão com a Europa Central que deixou de ser importadora para passar a exportadora, mas numa dimensão muito inferior à descida das exportações através das outras fronteiras. A mudança de sentido na fronteira entre os sistemas espanhol e português A diminuição da procura, tal como o aumento da contribuição da produção em regime especial e da produção hidráulica no sistema espanhol, unido a outros factores como a conclusão de deu-se devido ao aumento da produção de instalações eólica e hidráulica no sistema português, o que conduziu a que esta interligação alcançasse um fluxo importador desde Portugal, especialmente no final do ano, quando no ano anterior era nitidamente exportadora. O saldo exportador do sistema eléctrico espanhol passou de 11.040 GWh no ano 2008 para 8.104 GWh no ano 2009. Para a interligação entre os sistemas eléctricos espanhol e português o saldo Energia executada por unidades de venda em contratos bilaterais físicos nacionais espanhóis MWh Ano 09 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 jan fev Contratos bilaterais nacionais 38 mar abr mai jun jul ago set out nov dez Nos três primeiros meses do ano 2010, nos quais se assinala já um aumento da procura final de 4,9 % relativamente a primeiro trimestre do 2009. de programas em 2008 foi exportador numa quantidade de 9.439 GWh, sendo em 2009 de 4.790 GWh, o que se traduz numa diminuição de 49 %. Durante o ano, o volume de energia associado a contratos bilaterais físico com entrega em território espanhol manteve-se em percentagem descendente, com a diminuição mais acentuada a assinalar-se entre Maio e meados de Julho, seguindo-se uma ligeira recuperação a partir da segunda quinzena de Julho. A percentagem anual média durante o ano foi de 34,7 %. A potência instalada das diferentes tecnologias não sofreu grandes alterações, à excepção das instalações de ciclo combinado e das instalações de produção eólica. O incremento de potência instalada de ciclos combinados durante 2009 foi de 569 MW no sistema eléctrico espanhol e de 846 MW no sistema português, o que representa um crescimento de 5,95 % para o conjunto do MIBEL concernente à potência no início do ano. O aumento de potência das instalações eólicas ao longo de 2009 no sistema eléctrico espanhol foi de 1.694 MW, o que representa 11,25 % relativamente à potência no início do ano. Cobertura pelas tecnologias em Espanha Anos 08 y 09 29,3% 1,6% 20,4% 2008 15,5% 7,3% 2,5% 13,0% 10,4% 23,0% 2,0% 19,1% 11,7% 2009 10,4% 17,1% 3,0% 13,6% Carbono Gás-Combustivel Hidráulico Nuclear De ciclo combinado Importação Eólica R.E. Mercado em regime especial Cobertura da demanda pelas tecnologias em Espanha GWh/dia Anos 08 a mar 2010 1.000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 jan 08 Carbono abr 08 Gás-Combustivel jul 08 Nuclear out 08 Hidráulico jan 09 De ciclo combinado abr 09 Importação jul 09 Eólica out 09 jan 2010 R.E. Mercado em regime especial 39 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Uma coincidência de vários factores, que levaram a uma diminuição do preço do mercado diário. A utilização das diversas tecnologias na resposta à procura foi muito diferente no ano 2009 relativamente ao ano anterior, especialmente no final do ano, devido à alta hidraulicidade e à elevada produção do regime especial, onde se destaca de forma significativa a contribuição de instalações eólicas. O crescimento de ambas as tecnologias nos sistemas eléctricos espanhol e português, juntamente com a diminuição da procura e das exportações para Marrocos levou a uma redução do buraco térmico das tecnologias marginais. Concretamente, no sistema eléctrico espanhol, onde as tecnologias marginais que são Energia pelas tecnologias em Portugal Anos 08 y 09 17,9% 21,9% 12,9% 2008 25,1% 20,2% 2,1% 11,8% 27,3% 14,9% 2009 21,5% 23,9% 0,7% Carbono Gás-Combustivel Hidráulico Importação R.E. Mercado em regime especial De ciclo combinado Cobertura da demanda pelas tecnologias em portugal GWh/dia Anos 08 a mar 2010 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 jan 08 Carbono 40 abr 08 Gás-Combustivel jul 08 Hidráulico out 08 De ciclo combinado jan 09 Importação abr 09 jul 09 R.E. Mercado em regime especial out 09 jan 2010 fundamentalmente o carvão e especialmente o ciclo combinado tiveram uma diminuição importante de 24 % para o conjunto do carvão, incluído o carvão de importação, destacando-se uma redução em hulha antracite e linhite negro na ordem dos 43 %, e uma diminuição de 14 % na produção com as centrais de ciclo combinado. A percentagem na participação da resposta à procura por parte das instalações de carvão nacional foi inferior aos 15 % estabelecidos pela Lei 54/1997 de 27 de Novembro, o que levou ao desenvolvimento previsto na legislação das mudanças necessárias no mercado para garantir 15 % de produção com carvão nacional ao longo de 2010. A 1 de Julho de 2009 desapareceram as tarifas integrais, com a entrada em vigor da comercialização de último recurso. É de salientar que o custo de aquisição de energia pelas referidas comercializadoras a preço livre já se reflecte nas tarifas de último recurso, visto que se tem em conta para o seu estabelecimento o resultado dos leilões CESUR celebrados desde essa data. 3.2. Mercado diário de Dezembro de 2009 com um valor de 3,04 ce/kWh. O volume de contratação no programa resultante da cassação do mercado diário no sistema eléctrico espanhol subiu nos últimos doze meses para 7.854,7 Me e para 207.271GWh. Os preços médios mensais aritméticos do mercado diário no sistema eléctrico espanhol durante o ano variaram, desde o maior concernente ao mês de Janeiro de 2009 com um valor de 4,99 ce/kWh, ao menor relativo ao mês Como se referiu no ponto anterior, no final do ano ocorreu uma coincidência de vários factores, como o incremento da produção de regime especial e hidráulica, a diminuição de procura, a finalização de contratos “take or pay” das instalações de ciclo combinado, que levaram a uma diminuição do preço do mercado diário, sendo o preço médio mínimo diário de 0,34 ce/kWh que corresponde a 31 de Dezembro de 2009. Compras de comercializadores e consumidores directos em Espanha GWh/semana Anos 08 a mar 2010 5.000 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 jan 08 abr 08 jul 08 Mercado diário + Contratação bilateral out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Mercado intradiario 41 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Durante o ano 2009, manteve-se a correlação entre os preços do diário e do intradiário. Estes factores levaram a que o preço horário do mercado diário tenha sido nulo no sistema espanhol em 16 horas durante o mês de Dezembro de 2009. Esta tendência manteve-se no início de 2010, onde se produziram preços nulos no primeiro trimestre do ano em 232 horas. Esta situação conjuntural reflecte-se na comparação dos preços do sistema eléctrico espanhol com os preços da Europa Central, embora os preços dos contratos futuros indiquem um Energia e preço do mercado diário em Espanha ce/kWh Anos 08 a mar 2010 18 GWh 900 16 800 14 700 12 600 10 500 8 400 6 300 4 200 2 100 0 0 jan 08 abr 08 Preço máxima jul 08 Preço média out 08 Preço mínimo jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Energia diária Energia e preço do mercado diário em Portugal ce/kWh Anos 08 a mar 2010 16 160 14 140 12 120 10 100 8 80 6 60 4 40 2 20 0 0 jan 08 abr 08 Preço máxima 42 GWh jul 08 Preço média out 08 Preço mínimo jan 09 Energia diária abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 diferencial de preços muito inferior ao que se deu no primeiro trimestre do ano. O mercado intradiário em 2009. Volume de energia por hora negociada em cada sessão Sessôes do mercado intradiário 3.3. Mercado Intradiário PMA ES=3,695ce/kWh 3.200 • A contratação de energia no programa resultante da cassação no mercado intradiário neste período subiu para 31.340 GWh e 1.126,8 Me, o que pressupõe um aumento de 42,32 % e uma descida de 19,87 %, respectivamente. Intradiário 1 2.400 PMA ES=3,666 ce/kWh Etotal=18.657GWh PMA PT=3,711ce/kWh 1.600 800 0 Intradiário 2 PMA ES=3,599 ce/kWh Etotal=4.761GWh PMA PT=3,605ce/kWh Intradiário 3 PMA ES=3,679ce/kWh Etotal=1.956GWh PMA PT=3,716 ce/kWh • O preço médio aritmético do mercado intradiário no sistema eléctrico espanhol neste período foi de 3,69 ce/kWh, o que pressupõe uma diminuição de 43,01%, relativamente ao ano anterior. Intradiário 4 PMA ES=3,680 ce/kWh Etotal=1.723GWh PMA PT=3,750ce/kWh Intradiário 5 PMA ES=3,839 ce/kWh Etotal=1.588GWh PMA PT=3,855ce/kWh O volume total de energia negociado no mercado intradiário para o MIBEL foi de 33.978 GWh, o que significa 12,49 % sobre os 272.060 GWh negociados entre o mercado diário e o mercado intradiário no conjunto do ano. Manteve-se a correlação entre os preços do diário e do intradiário. PMA PT=3,722ce/kWh MWh A análise comparativa do ano 2009 com respeito ao ano 2008 permite obter os seguintes resultados: A diferença entre os preços médios anuais do mercado diário e intradiário diminuiu no ano 2009, sendo esta diferença de 0,001ce/kWh, face a 0,043 ce/kWh do ano anterior. Etotal=33.978GWh Intradiário 6 PMA ES=3,897ce/kWh Etotal=1.660GWh PMA PT=3,909 ce/kWh 20 22 24 02 04 06 08 10 12 14 16 18 20 22 24 Comparação dos preços médios aritméticos diários do mercado diário e intradiário. Sistema eléctrico espanhol ce/kWh Ano 09 7 6 5 4 3 2 1 0 jan fev Mercado diário mar abr mai jun jul ago set out nov dez Mercado intradiário 43 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel 3.4. Liquidação e pagamentos dos mercados diário e intradiário formas: directamente ou através de um representante. O representante apresenta perante o operador de mercado as ofertas dos titulares das instalações que representa. 3.4.1. Liquidação Com o objectivo de facilitar a referida participação, os titulares das instalações, e de acordo com as possibilidades que lhes permita a legislação vigente, podem escolher duas formas de liquidação: Durante o ano 2009, realizaram-se diariamente a liquidação e a facturação do mercado diário e intradiário, geridos pelo OMEL, cujos pagamentos e cobranças se realizaram com periodicidade semanal de acordo com a legislação vigente. • Directamente ao titular da instalação. • Ao representante que participou no mercado. 3.4.2. Liquidação do regime especial que participa no mercado O Decreto Real 485/2009 estabeleceu para as instalações que optarem pela retribuição mediante uma tarifa regulada, no caso de desejarem participar no mercado através de um representante, que este só o poderá fazer em nome próprio. A liquidação realizada pela OMEL complementa-se com a liquidação que efectua a realizado por REE e a Comissão Nacional de Energia que paga o prémio equivalente ou o prémio, conforme tenham optado pela tarifa regulada ou não. 3.4.3. Evolução dos pagamentos e cobranças A evolução dos pagamentos e cobranças dos agentes no mercado diário e intradiário durante o período transcorrido entre Janeiro de 2009 e Março de 2010 assistiu a uma diminuição importante motivada pela forte descida dos preços do mercado diário e intradiário, assim como pela diminuição da energia contratada. Todo o regime especial participa no mercado de produção. A participação pode levar-se a cabo de duas No gráfico de evolução semanal relativa ao preço, energia e volume económico do mercado diário e intradiário, onde se colocou o valor de referência 100 na primeira semana de 2008, pode ver-se a Evolução semanal do volume económico negociado e liquidado Me/semana Anos 08 a mar 2010 400 350 300 250 200 150 100 50 0 jan 08 Importe Cesur 44 abr 08 Importe Mercado jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 2010 evolução destas três dimensões desde Janeiro de 2008. Enquanto a evolução da energia mantém volumes semelhantes aos do ano anterior, à excepção de alguns meses na metade do ano devido à variação da contratação bilateral, os preços reduziram-se em 50 % com um valor mínimo na última semana do ano. O volume económico semanal no ano 2009 teve um valor máximo de 252 Me e um valor mínimo de 111Me. A liquidação realizada pela OMEL complementa-se com a liquidação que efectua a realizado por REE e a Comissão Nacional de Energia. Evolução semanal relativa do preço, energia e volume económico dos MD e MI % Anos 08 a mar 2010 140% 120% 100% 80% 60% 40% 20% jan 08 abr 08 Volume negociado jul 08 Energia out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Preço 45 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel 3.5. Processos de operação técnica do sistema no sistema eléctrico espanhol Separação horária dos mercados no mercado diário % Ano 09 50 45 40 Os processos de operação técnica são administrados pelo operador do sistema espanhol. No ano 2009, o volume de energia envolvida no conjunto destes processos foi de 13.733 GWh, o que pressupõe 5,1% da contratação. 35 30 25 20 15 10 O processo de solução das restrições técnicas permite resolver os problemas de carácter técnico que se prevêem nas redes de transporte e distribuição. Para isso, numa primeira fase realizam-se as modificações do programa de produção resultado da cassação do mercado diário, em alta ou em baixa, e numa segunda fase reequilibra-se a produção e o consumo. 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 horas com separação de mercados Energia atribuída pelas restrições técnicas em Espanha Años 08 a mar 2010 Variação 09: 39,9% GWh/dia 120 100 Como dados mais significativos cabe destacar que as energias envolvidas foram 9.512 GWh, com um custo para o sistema de 398,4 Me. O que pressupôs um custo unitário de 0,171 ce/kWh. 80 60 40 O custo na primeira fase das energias a subir foi de 7,823 ce/kWh, e das energias a baixar de 3,861ce/kWh. Enquanto na segunda fase foram 3,820 ce/kWh e 3,600 ce/kWh, respectivamente. 20 0 jan 08 abr 08 Energia jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Tendência quinzenal Soluções de restrições técnicas de energia Volume económico Me Energia GWh Custo médio unitário ch/kWh Preço médio fase I a subir ch/kWh Preço médio fase I a baixar ch/kWh Preço médio fase II a subir ch/kWh Preço médio fase II a baixar ch/kWh 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 Dez 367 211 411 648 659 499 520 655 550 862 768 700 657 998 830 816 651 526 680 749 870 789 791 1.153 72,4 53,1 67,8 123,9 93,7 110,4 104,5 128,6 110,6 167,8 145,4 115,9 107,7 124,1 93,2 84,3 72,1 54,2 96,6 73,2 84,7 86,0 93,1 117,9 20,7 21,5 19,5 54,1 21,4 50,5 30,2 34,1 25,8 43,0 40,2 32,1 41,3 48,6 32,4 25,3 25,0 14,1 47,6 19,6 20,7 28,7 41,7 53,5 0,098 0,118 0,115 0,255 0,103 0,261 0,130 0,157 0,140 0,227 0,230 0,183 0,209 0,234 0,153 0,131 0,134 0,074 0,236 0,098 0,105 0,157 0,221 0,233 12,731 19,142 10,723 13,778 8,737 16,280 13,143 12,468 12,440 12,259 12,087 10,581 11,371 8,659 7,561 6,714 7,457 6,543 10,634 6,205 6,071 7,296 8,521 7,431 8,547 7,865 6,817 6,239 5,791 6,587 7,355 7,678 7,892 7,823 7,801 6,182 4,669 3,998 4,570 4,254 4,032 3,955 3,725 3,743 3,911 3,806 3,931 4,287 8,363 8,074 6,326 6,297 5,686 6,101 6,711 7,232 6,586 7,237 6,786 4,259 3,900 3,109 0,000 0,000 4,283 4,327 3,614 3,429 3,467 3,643 3,433 0,000 6,858 6,990 5,700 5,267 5,462 5,894 7,062 7,085 7,713 7,180 6,830 5,988 5,056 3,780 3,656 3,600 3,605 3,745 3,522 3,560 3,654 3,618 3,233 2,782 Total 6.848 9.512 1.294 1.087 393,2 398,4 0,178 0,171 12,381 7,823 7,290 3,861 7,194 3,820 6,477 3,600 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 46 Custo Total Me O processo de regulação secundária contratou uma potência média mensal de banda de 1.244 MW, valor praticamente idêntico ao do ano anterior, com um custo de 141Me, 34,27 % inferior ao do ano anterior. de energias não administráveis as que incorrem em desvios maiores, embora se tenha observado uma paulatina redução dos mesmos. Durante o ano 2009, os desvios medidos liquidados do sistema foram 19.498 GWh de energia a subir e 16.043 GWh de energia a baixar. No quadro do custo da energia utilizada na operação técnica do sistema incluem-se o valor mensal da energia contratada, o volume económico associado à mesma e o custo para o sistema tendo como referência o mercado diário. O volume de energia alcançou o valor de 13.733 GWh, com um valor de 499,9 Me e um custo adicional para o sistema de 219,9 Me. Estas energias tiveram um valor médio de 5,664 ce/kWh para as que se incluíram ao sistema e de 2,335 ce/kWh para as que se retiraram, o que representa uma descida na ordem dos 30% e 49%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Os desvios medidos correspondentes às energias a subir cobraram um preço médio de 3,03 ce/kWh, enquanto as energias a baixar pagaram um preço médio de 4,08 ce/kWh. Custo fixo do serviço complementário de regulação secundária em Espanha Pôtencia média da banda MW 08 Preço médio ponderada ch/kWh 09 08 09 08 09 08 09 Dez 1.312 1.278 1.231 1.215 1.198 1.227 1.258 1.252 1.235 1.217 1.236 1.268 31,3 28,2 24,0 11,5 11,5 13,0 14,3 18,3 15,6 15,9 13,9 16,9 17,5 22,7 12,9 9,3 9,1 8,4 6,9 8,8 7,6 8,4 13,3 16,2 0,129 0,126 0,109 0,054 0,055 0,062 0,062 0,085 0,075 0,076 0,064 0,074 0,074 0,110 0,062 0,049 0,046 0,041 0,031 0,041 0,037 0,041 0,065 0,072 3,108 3,066 2,420 1,218 1,198 1,379 1,459 1,899 1,656 1,654 1,437 1,657 1,662 2,448 1,311 0,978 0,943 0,886 0,671 0,868 0,785 0,860 1,419 1,601 Média 1.243 1.244 214,5 141,0 0,081 0,056 1,854 1,210 Fev Mar Abr Mai Jun Jul As energias dos processos de operação técnica do sistema têm como finalidade resolver com antecedência, ou em tempo real, os seus desvios. Pode considerar-se que estes se situam em percentagens aceitáveis, sendo as unidades de produção Custo médio unitário ch/kWh 1.284 1.266 1.244 1.221 1.200 1.211 1.247 1.224 1.239 1.225 1.277 1.282 Jan Desvios do programa final no sistema eléctrico espanhol Volume económico Me Ago Set Out Nov Custo da energia utilizada na operação técnica do sistema em Espanha Volume económico Me Energia GWh 08 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total 09 Custo Total Me Preço médio unitário ch/kWh Preço médio a subir ch/kWh Preço médio a baixar ch/kWh 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 734 695 912 820 731 825 795 825 797 804 960 1.213 1.242 915 983 831 932 891 1.184 1.006 1.200 1.616 1.421 1.513 49,9 41,8 51,6 42,3 43,9 59,0 49,5 51,3 58,0 55,9 66,5 76,4 66,0 33,1 35,1 27,4 29,8 32,4 61,9 38,6 36,8 46,2 39,5 53,0 15,5 13,3 15,4 11,2 9,1 21,3 14,1 15,7 14,8 14,3 15,5 18,7 25,6 13,9 13,5 9,9 12,6 12,7 33,1 8,4 15,0 24,5 22,4 27,9 0,004 0,018 0,006 0,002 0,003 0,005 0,011 0,013 0,012 0,001 0,005 0,020 0,012 0,011 0,016 0,007 0,004 0,008 0,015 0,015 0,025 0,050 0,027 0,044 8,897 8,445 7,361 6,561 6,788 8,853 8,425 8,534 9,096 8,522 8,155 7,325 7,233 5,624 5,410 4,830 4,849 5,163 8,434 4,383 5,067 6,058 4,784 5,224 4,661 4,859 3,996 3,846 4,065 3,997 4,998 4,927 5,372 4,843 4,737 4,153 3,126 2,613 2,590 2,505 2,245 2,314 2,516 2,740 2,461 2,291 1,705 1,561 10.110 13.733 646,2 499,9 178,9 219,9 0,008 0,020 7,983 5,664 4,577 2,335 47 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Pagamento por capacidade no sistema eléctrico espanhol A Ordem Ministerial ITC/2794/2007, pela qual se reviam as tarifas eléctricas, modificou o mecanismo de garantia de potência, vigente desde 1999, substituindo-o pelos pagamentos por capacidade composto por dois tipos de serviço: o serviço de disponibilidade e o incentivo ao investimento a longo prazo. financiamento dos pagamentos por capacidade, sendo obrigados ao pagamento, a partir de 1 de Janeiro de 2008, unicamente os comercializadores e consumidores directos pela energia que adquiram, através das diferentes modalidades de contratação e destinada ao consumo interno espanhol. A partir de 1 de Julho de 2009, os comercializadores de último recurso participam no mercado de produção sendo obrigados ao pagamento por capacidade como o resto dos comercializadores. A Ordem Ministerial ITC/3860/2007, de 28 de Dezembro, desenvolveu o O pagamento por capacidade correspondente ao ano 2009 foi de Pagamento pela capacidade no sistema eléctrico espanhol Volume económico Me Mercado livre C.U.R. 08 09 08 09 08 09 08 09 Dez 26,4 26,1 17,5 17,9 18,1 25,0 43,4 18,1 28,2 26,0 24,2 34,8 34,6 33,4 21,9 19,5 21,7 34,9 84,5 28,2 44,5 40,6 43,1 75,0 0,106 0,108 0,072 0,077 0,080 0,110 0,175 0,079 0,126 0,115 0,102 0,139 0,136 0,153 0,100 0,095 0,103 0,158 0,347 0,123 0,202 0,185 0,195 0,310 0,355 0,353 0,231 0,225 0,227 0,305 0,363 0,165 0,235 0,214 0,219 0,327 0,313 0,318 0,198 0,189 0,182 0,275 0,346 0,119 0,199 0,194 0,193 0,309 - 0,382 0,140 0,226 0,208 0,225 0,336 Total 305,7 481,8 0,108 0,179 0,265 0,236 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Energia contratada em Espanha Volume económico em Espanha GWh Me Anos 08 y 09 240.000 Anos 08 y 09 16.000 210.000 14.000 180.000 12.000 150.000 10.000 120.000 8.000 90.000 6.000 60.000 4.000 30.000 2.000 0 0 M. Diário 2008 48 Custo médio unitario ch/kWh Conjunto do mercado R. Técnicas 2009 M. Intradiário Processos OS M. Diário 2008 R. Técnicas 2009 M. Intradiário Processos OS Banda P. capacidade 481,8 Me o que pressupôs um incremento superior aos 57% relativamente ao ano anterior e um pagamento unitário médio para o conjunto do mercado de 0,179 ce/kWh. 3.6. Preço horário final no sistema eléctrico espanhol Denomina-se preço horário final, o valor médio da energia vendida ou comprada num período de tempo, seja pelo sistema, por um agente ou por um grupo deles. A Comissão Nacional de Energia é a responsável pela publicação dos preços horários finais médios. Mensalmente publicam-se, entre outros, os preços finais das comercializadoras de último recurso, mercado livre, procura nacional e conjunto de unidades de aquisição. No preço final publicado incluem-se os seus diferentes componentes: mercado diário, intradiário, restrições, processos de operação técnica e pagamento por capacidade. Evolução do preço horario final e energia no sistema eléctrico espanhol ce/kWh Anos 08 a mar 2010 18 GWh 900 16 800 14 700 12 600 10 500 8 400 6 300 4 200 2 100 0 0 jan 08 Preço máxima abr 08 jul 08 Preço média out 08 Preço mínimo jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Energia 49 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel 4,0 ce/kWh, sem que a estacionariedade tenha tido qualquer influência. 3.6.1. Preço horário final, energia e contratação no sistema eléctrico espanhol O preço horário final médio da procura nacional foi de 4,26 ce/kWh, o que representa uma descida de 38,8 % relativamente ao ano anterior, e um 4,6 % em energia. Os preços finais do ano 2009, tanto os mensais como o anual têm duas características muito significativas: assistiram a uma descida à volta dos 40 % relativamente ao ano anterior e tiveram uma estabilidade muito acentuada ao longo do ano. Como se pode observar nos gráficos e tabelas seguintes, o preço mensal a partir do mês de Março esteve na ordem dos O preço horário final médio do conjunto das distribuidoras (primeiro semestre) e das comercializadoras de último recurso (segundo semestre) foi de 4,10 ce/kWh, o que representa uma descida de 39,8 % relativamente ao ano anterior. Energia com preço horário final em Espanha Preço ponderada no horário final em Espanha Anos 08 y 09 Variação 09: -38,8% ce/kWh 8 Anos 08 y 09 Variação 09: -4,6% GWh 25.000 7 20.000 6 5 15.000 4 10.000 3 2 5.000 1 0 0 jan fev mar 2008 abr mai jun jul ago set out nov dez média fev mar 2008 Anos 08 y 09 Variação 09: -39,8% ce/kWh 8 abr mai jun jul ago set out nov dez média 2009 Componentes do preço horário final para retalhistas e consumidores diretos em espanha Preço horário final de distribuição e CUR em Espanha (*) Anos 08 y 09 Variação 09: -41,0% ce/kWh 8 7 7 6 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 jan fev 2008 mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2009 (*) A partir de julho de 2009 corresponde ao comercialiçador de último recurso 50 jan 2009 média jan fev 2008 mar abr mai 2009 jun jul ago set out nov dez média O preço horário final médio do mercado livre foi de 4,24 ce/kWh, o que pressupõe uma redução de 41,0 % relativamente ao ano anterior. 3.6.2. Componentes do preço horário final no sistema eléctrico espanhol A análise dos componentes do preço horário final do ano 2009 que se exibe a seguir determinou-se para a procura nacional, para os comercializadores de último recurso e para o resto dos comercializadores e consumidores diretos. Procura nacional Os componentes do preço horário médio final para o conjunto da procura nacional exibem-se na tabela em anexo. O preço do mercado diário que representa aproximadamente 89,3% do preço final. cerca de 6,2 % do preço final, respectivamente. Como média, o preço final inclui: • O preço do mercado intradiário que representa -0,02% do preço final. • O preço do mercado diário que representa aproximadamente 89,3 % do preço final. • O pagamento por capacidade que pressupõe, em média, 4,5% do preço final. • O custo derivado da solução de restrições técnicas da banda de regulação e dos processos de operação técnica que pressupõem Componentes do preço horário final Mercado diário ch/kWh Restrições técnicas ch/kWh Banda de regulação ch/kWh Mercado Intradiário ch/kWh Operação técnica ch/kWh Pagamento pela capacidade ch/kWh Total ch/kWh 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 08 09 Dez 7,211 7,026 6,023 5,695 5,707 5,963 6,950 7,131 7,437 7,125 6,829 5,917 5,165 4,203 3,898 3,781 3,754 3,748 3,518 3,537 3,667 3,649 3,388 3,241 0,096 0,101 0,108 0,242 0,112 0,276 0,148 0,179 0,147 0,232 0,207 0,161 0,215 0,250 0,168 0,140 0,135 0,090 0,318 0,104 0,120 0,163 0,214 0,262 0,129 0,126 0,108 0,054 0,055 0,062 0,062 0,085 0,075 0,076 0,064 0,074 0,074 0,110 0,062 0,049 0,046 0,041 0,031 0,041 0,037 0,041 0,065 0,072 0,001 0,001 0,001 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 -0,002 -0,002 -0,001 -0,001 -0,002 -0,001 -0,001 -0,002 -0,002 0,000 -0,001 -0,002 -0,005 -0,004 -0,003 0,008 0,017 0,020 0,006 0,007 0,009 0,015 0,015 0,017 0,005 0,008 0,028 0,004 0,018 0,023 0,017 0,018 0,015 0,020 0,020 0,035 0,066 0,048 0,066 0,108 0,115 0,079 0,075 0,077 0,113 0,176 0,062 0,109 0,106 0,100 0,142 0,147 0,161 0,110 0,102 0,111 0,170 0,374 0,132 0,216 0,199 0,212 0,332 7,553 7,386 6,339 6,073 5,958 6,423 7,351 7,472 7,786 7,542 7,206 6,321 5,604 4,740 4,260 4,088 4,062 4,062 4,261 3,833 4,073 4,113 3,923 3,970 Média 6,589 3,806 0,166 0,184 0,081 0,056 0,000 -0,002 0,016 0,029 0,113 0,191 6,965 4,265 jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 51 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Mercado livre • O custo derivado da solução de restrições técnicas da banda de regulação e dos processos de operação técnica que pressupõem cerca de 6,5 % do preço final, respectivamente. Comercializadores de último recurso Os componentes do preço horário final médio para o conjunto dos comercializadores de último recurso, que se exibem na tabela em anexo, incluem os distribuidores para o primeiro semestre do ano e os comercializadores de último recurso para o segundo. • O preço do mercado intradiário que representa 0,01 % do preço final. Como média, o preço final inclui: • O pagamento por capacidade que pressupõe, em média, 2,6 % do preço final. • O preço do mercado diário que representa aproximadamente 87,9 % do preço final. Componentes do preço horário final CUR (*) Ano 2009 Mercado diário ch/kWh Restrições técnicas ch/kWh Banda de regulação ch/kWh Dez 5,208 4,238 3,917 3,787 3,766 3,761 3,538 3,556 3,707 3,682 3,479 3,358 0,212 0,252 0,169 0,139 0,134 0,090 0,320 0,106 0,124 0,168 0,225 0,267 Média 3,909 0,187 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Como média, o preço final inclui: Out Nov • O preço do mercado diário que representa aproximadamente 90,9 % do preço final. O preço final discriminado, indicado no gráfico em anexo, corresponde ao preço final dos comercializadores, à excepção dos comercializadores de último recurso, e consumidores directos. Mercado intradiário ch/kWh Operação técnica ch/kWh (*) Pagamento pela capacidade ch/kWh 0,074 0,110 0,062 0,049 0,046 0,041 0,031 0,041 0,037 0,041 0,065 0,072 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 ch/kWh 0,027 0,024 0,027 0,019 0,020 0,016 0,020 0,020 0,037 0,073 0,055 0,067 0,382 0,140 0,226 0,208 0,225 0,336 5,521 4,624 4,175 3,995 3,966 3,908 4,292 3,864 4,131 4,171 4,050 4,101 0,058 0,000 0,032 0,113 4,300 Banda de regulação ch/kWh Mercado intradiário ch/kWh Operação técnica ch/kWh (*) Pagamento pela capacidade ch/kWh Total ch/kWh Total (*) Até junho de 2009, correspondem à distribuição PHF Componentes do preço horário final para retalhistas e consumidores directos Ano 2009 Mercado diário ch/kWh Restrições técnicas Dez 5,117 4,165 3,882 3,775 3,746 3,739 3,505 3,524 3,644 3,631 3,342 3,169 0,223 0,250 0,167 0,141 0,135 0,090 0,317 0,103 0,118 0,161 0,209 0,260 0,074 0,110 0,062 0,049 0,046 0,041 0,031 0,041 0,037 0,041 0,065 0,072 -0,002 -0,005 -0,002 -0,003 -0,004 -0,003 -0,001 -0,001 -0,003 -0,007 -0,005 -0,005 -0,006 0,015 0,013 0,016 0,017 0,015 0,020 0,020 0,034 0,062 0,044 0,066 0,338 0,340 0,218 0,199 0,192 0,291 0,369 0,127 0,210 0,194 0,205 0,330 5,744 4,875 4,339 4,177 4,132 4,172 4,242 3,813 4,040 4,082 3,859 3,891 Média 3,727 0,182 0,054 -0,003 0,028 0,250 4,239 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 52 ch/kWh • O custo derivado da solução de restrições técnicas, da banda de regulação e dos processos de operação técnica que pressupõem cerca de 6,3 % do preço final, respectivamente. • O preço do mercado intradiário que representa -0,1% do preço final. • O pagamento por capacidade que pressupõe, em média, 5,9 % do preço final. 3.7. Intercâmbios internacionais de electricidade Os intercâmbios internacionais de electricidade regulam-se pela Ordem Ministerial ITC/4112/2005, de 30 de Dezembro, pela qual se estabelece o regime aplicável para a realização de intercâmbios intracomunitários e internacionais de energia eléctrica e pela Ordem Ministerial ITC/843/2007 de 28 de Março. 3.7.1. O comércio internacional no mercado espanhol de electricidade na actualidade É necessário analisar a situação do comércio internacional de electricidade fronteira a fronteira, visto que os mecanismos que se utilizam para a gestão dos intercâmbios com França, Portugal, Marrocos e Andorra são diferentes e produzem resultados também distintos. 53 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Intercâmbios através da interligação franco-espanhola No caso da fronteira franco-espanhola, a sua capacidade comercial disponível com o resto da Europa situa-se em média no ano 2009 em 900 MW no sentido importador e em 500 MW no sentido exportador. Se se comparar com o pico da procura máxima do sistema espanhol, de 45.450 MW em 17 de Dezembro de 2007 às 18:53 horas, esta capacidade de importação é muito escassa, à volta dos 2 %, e a de exportação ainda mais, ao redor dos 1,1%. No entanto, num futuro cada vez mais próximo, parece que aumentarão as capacidades comerciais e a sua correcta utilização contribuirá, não só para aumentar a segurança do abastecimento em França, Espanha e Portugal, mas também para melhorar a convergência de preços da energia eléctrica entre Espanha e França (especialmente entre os preços na Península Ibérica e os preços na Europa). Deste modo, é da máxima urgência pôr em prática procedimentos e mecanismos que assegurem que a qualquer hora em que a capacidade comercial seja suficiente, os preços sejam os mesmos para ambos os lados da interligação e que, em caso de serem diferentes, assegurem a plena utilização da capacidade comercial disponível num sentido economicamente eficiente. Durante o ano 2009 continuaram em curso nesta interligação os leilões explícitos de direitos de opção para utilizar a capacidade de interligação nos dois sentidos, França para Espanha e Espanha para França, incluindo também dois leilões intradiários, o que pressupõe a aplicação da primeira das fases previstas na Ordem Ministerial ITC/4112/2005, mencionada anteriormente. O resultado da aplicação parcial desta regulação nem sempre foi coerente com os preços relativos a Espanha e França no mercado diário, que é o mercado relevante. O facto de os intercâmbios finais de energia em tempo real se terem desenvolvido durante o ano 2009 com normalidade, de acordo com os sinais de preço existentes em Espanha e França, não altera a distorção que ocorre nos preços do mercado diário que, como já se Capacidade de intercâmbio com França e energia vinculada ao mercado + bilateral MWh Anos 08 a mar 2010 1.000 500 0 -500 -1.000 -1.500 jan 08 abr 08 jul 08 Capacidade de importação não ocupada 54 out 08 Importação jan 09 abr 09 Capacidade de exportação não ocupada jul 09 Exportação out 09 jan 2010 assinalou, são os mais relevantes para efeitos do mercado de produção. É urgente avançar com a implementação do projecto de acoplamento de preços entre Regiões Europeias, para solucionar de uma forma definitiva os intercâmbios de energia eléctrica entre Espanha e França, respondendo aos sinais de preço existentes nos mercados diários e progredindo na integração do Mercado Ibérico no conjunto do mercado europeu. Exportação para a França GWh Anos 08 a mar 2010 600 500 400 300 200 100 0 jan 08 abr 08 Mercado organizado jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Contrato bilateral Importação de França GWh Anos 08 a mar 2010 800 700 600 500 400 300 200 100 0 jan 08 Contrato REE-EDF abr 08 jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Mercado 55 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Intercâmbios através da interligação luso-espanhola No caso da fronteira luso-espanhola, a capacidade comercial disponível situa-se em 2009 numa média de 1.200 MW no sentido importador e de 1.200 MW no sentido exportador. Se se comparar com o pico da procura máxima do sistema português, de 9.217 MW, esta capacidade de importação é razoavelmente alta, à volta dos 13 %, sendo também a de exportação na ordem dos 13 %. Desde a implementação dos mercados diários e intradiários Ibéricos em Julho de 2007, com um processo de formação de preços por separação de mercados no caso de se esgotar a capacidade comercial disponível, o funcionamento dos mercados diário e intradiário foi plenamente satisfatório, proporcionando os indícios de preço ao investimento que tiveram como consequência que em 2009 unicamente em 24,8 % das horas os preços tenham sido diferentes em Espanha e Portugal, enquanto nos Capacidade de intercâmbio com Portugal e energia vinculada ao mercado + bilateral MWh Anos 08 a mar 2010 2.000 1.600 1.200 800 400 0 -400 -800 -1.200 -1.600 -2.000 jan 08 abr 08 jul 08 Capacidade de importação não ocupada out 08 Importação jan 09 abr 09 Capacidade de exportação não ocupada jul 09 out 09 jan 2010 Exportação Exportação para Portugal GWh Anos 08 a mar 2010 1.200 1.000 800 600 400 200 0 jan 08 abr 08 Mercado organizado 56 jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 primeiros seis meses de funcionamento do processo de separação de mercados foram diferentes em 80,6 % das horas e em 2008 foram em 61,7 % das horas. Em julho de 2009 realizou-se o primeiro leilão financeiro das os contratos de diferenças de preço entre os preços do mercado diário em Espanha e Portugal, proporcionando a ferramenta de cobertura de risco a prazo que faltava para os agentes poderem realizar o SWAPS de energia que for do seu interesse entre produções e consumidores localizados em Espanha e Portugal. Com a inclusão desta ferramenta de cobertura de risco, a gestão da interligação luso-espanhola constitui o melhor exemplo de implementação prática do modelo de futuro promovido pela União Europeia. Os resultados que se mostram nos gráficos, nos quais se representa a energia intercambiada em cada sentido pela interconexão, são o reflexo de que as energias se intercambiaram em todas as horas entre Espanha e Portugal, de acordo com os sinais de preço do mercado reais e acessíveis por todos os agentes de ambos os países. Importação de Portugal GWh Anos 08 a mar 2010 400 350 300 250 200 150 100 50 0 jan 08 abr 08 jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 Mercado organizado 57 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Rendimento de congestionamento da interligação luso-espanhola Intercâmbios através da interligação hispano-marroquina O rendimento de congestionamento da fronteira entre Espanha e Portugal, obtido como resultado da aplicação da diferença de preços à energia intercambiada, foi muito inferior à do ano anterior, tanto no cômputo anual, 11,03 Me e 82,9 % inferior, como na comparação mensal. A causa desta redução deve-se à equiparação de preços em ambos os países, juntamente a uma redução dos mesmos. No caso da fronteira hispano-marroquina, a capacidade comercial situa-se para exportação numa média de 900 MW para 2009 e para importação em 600 MW, depois do início do segundo circuito submarino entre Espanha e Marrocos. Esta interligação conecta o sistema eléctrico europeu com o sistema da COMELEC (Organização de integração eléctrica do norte de África) e teve um fluxo fundamentalmente exportador durante 2009, juntamente com o aparecimento esporádico de algumas importações pequenas de electricidade desde Marrocos a Espanha. As exportações e importações através desta interligação respondem ao funcionamento do sector eléctrico nos países da COMELEC e ao grau de liberalização existente em cada um deles. Rendimento do congestionamento na interconexão luso-espanhola Me Anos 08 a mar 2010 12 % 80 70 10 60 8 50 40 6 30 4 20 2 10 0 0 jan 08 abr 08 Renta mercado diário jul 08 jan 09 out 08 Renta mercado intradiário abr 09 jul 09 out 09 jan 2010 % horas de separaçâo dos mercados no mercado diário Capacidade de intercâmbio com Marrocos e energia vinculada ao mercado + bilateral MWh Anos 08 a mar 2010 1.000 800 600 400 200 0 -200 -400 -600 -800 jam 08 abr 08 jul 08 Capacidade de importação não ocupada 58 out 08 Importação jan 09 abr 09 Capacidade de exportação não ocupada jul 09 Exportação out 09 jan 2010 Intercâmbios através da interligação Espanha-Andorra O funcionamento dos intercâmbios através desta interligação responde a contratos comerciais de venda de energia por empresas comercializadoras. Balanço de importações e exportações pelo conjunto das interligações do sistema eléctrico espanhol Como foi já indicado, o funcionamento dos intercâmbios de electricidade por cada uma das interconexões realiza-se de acordo com mecanismos diferentes. Os valores adicionados, da energia exportada e importada para o conjunto de todas elas, e os seus respectivos volumes económicos, apresentam-se nos gráficos seguintes nos quais se aprecia uma acentuada descida das importações e um aumento das exportações, relacionados com a diminuição dos preços no mercado espanhol. Energia total de importação e exportação Volume económico total de importação e exportação GWh Me Anos 08 a mar 2010 1.800 Anos 08 a mar 2010 60,0 1.600 50,0 1.400 40,0 1.200 1.000 30,0 800 20,0 600 400 10,0 200 0 0,0 08 09 Importação Exportação 2010 08 09 Importação 2010 Exportação 59 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel 3.8. Resultados dos leilões responsabilidade de OMEL Leilões CESUR Durante o ano 2009 celebraram-se três leilões CESUR (Leilões de Contratos de Energia para a Comercialização de Último Recurso), regulados pela Ordem Ministerial ITC/400/2007, de 26 de Fevereiro. O oitavo leilão CESUR realizou-se a 26 de Março de 2009. Este leilão foi o último onde se leiloaram produtos baseados em entregas de electricidade a distribuidores. Nele ofereciam-se simultaneamente um produto de carga base trimestral (das 0 às 24 horas), consistindo no abastecimento horário de uma certa quantidade de energia em cada uma das horas do segundo trimestre de 2009, e um produto de carga de ponta a três meses (produto de ponta trimestral), consistindo no fornecimento horário de uma certa quantidade de energia em cada uma das 12 horas diárias, compreendidas entre as 8:00 e as 20:00 CET, de todos os dias do ano, exceptuando sábados, domingos e feriados nacionais espanhóis, 60 não substituíveis, durante o segundo trimestre de 2009. No leilão participaram 30 entidades vendedoras (produtores de regime ordinário e de regime especial, comercializadores e representantes de agentes), espanholas e estrangeiras. A quantidade total de energia leiloada foi adjudicada a 21 agentes vendedores. A partir do nono leilão CESUR em diante, leiloaram-se produtos financeiros sem entrega física, e os compradores foram os cinco comercializadores de último recurso designados no Real Decreto 485/2009, de 3 de Abril. O preço de adjudicação resultante destes leilões é o utilizado para o estabelecimento da tarifa de último recurso. Estes leilões são administrados pela OMEL através da sua filial OMEL Mercados Agência de Valores S.A.U. O facto de os leilões não requererem posterior entrega física facilita uma maior participação, já que não é necessário ter a condição de agente do mercado. No nono leilão CESUR, que ocorreu a 25 de Junho de 2009, ofereceram-se dois produtos por trimestre, produto carga base e produto carga de ponta, para o terceiro e quarto trimestres de 2009. O produto de carga base a três meses consiste na diferença entre o preço de adjudicação do produto no leilão e o preço do mercado diário administrado pelo OMEL, durante todas as horas incluídas no horizonte temporal leiloado. O produto de carga de ponta a três meses consiste na diferença entre o preço de adjudicação do produto no leilão e o preço do mercado diário administrado pela OMEL para todas as horas compreendidas entre as 8:00 e as 20:00 CET, de todos os dias do ano, exceptuando sábados e domingos. A quantidade total de energia leiloada para o terceiro trimestre de 2009 foi adjudicada na sua totalidade a 29 vendedores e a correspondente ao quarto trimestre de 2009 foi adjudicada na sua totalidade a 30 vendedores. No décimo leilão CESUR, que se celebrou a 15 de Dezembro de 2009, ofereceram-se igualmente dois produtos por trimestre, produto carga base e produto carga de ponta, para o primeiro e segundo trimestres de 2010. A quantidade total de energia leiloada para o primeiro trimestre de 2010 foi adjudicada na sua totalidade a 25 vendedores e a leiloada para o segundo trimestre de 2010 foi adjudicada na sua totalidade a 27 vendedores. Utilizou-se um procedimento de “leilão descendente” no qual, se inicia com uns determinados preços de saída (diferentes em cada produto), procedendo-se à sua redução progressiva em sucessivas rondas, até chegar ao equilíbrio entre oferta e procura em cada produto. As quantidades leiloadas e os preços de adjudicação de cada um dos produtos podem apreciar-se na seguinte tabela: Resultados dos leilões Leilõe Periodo Produto Preço (e/MWh) Quantidade (MWh) 7ª 1o trimestre 2009 Carga Base Carga Punta 58,86 66,84 3.400 200 8ª 2do trimestre 2009 Carga Base Carga Punta 36,58 38,22 2.400 450 9ª 3o trimestre 2009 Carga Base Carga Punta 42,00 47,60 4.800 670 9ª 4to trimestre 2009 Carga Base 45,67 5.000 Carga Punta 51,31 670 10ª 1o trimestre 2010 Carga Base Carga Punta 39,43 43,79 4.800 540 10ª 2do trimestre 2010 Carga Base Carga Punta 40,49 44,52 4.800 600 Todos os leilões se desenvolveram por meios telemáticos mediante o sistema informático de leilões da OMEL. 61 Relatório anual 2009 3. Evolução do mercado de electricidade em Espanha/Mibel Produto base - 9º e 10º leilões CESUR e 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1 3 5 7 9 Preço contrato Os resultados da liquidação dos produtos financeiros leiloados correspondentes ao terceiro e quarto trimestres de 2009 e primeiro de 2010 podem observar-se nos seguintes gráficos. 11 13 15 17 19 Preço média mercado 21 23 25 27 29 31 33 35 37 Semanas 25 27 29 31 33 35 37 Semanas Diferença Produto punta - 9ª e 10ª leilões CESUR e 60 50 Leilões da diferença de preços entre Espanha e Portugal Os leilões de contratos por diferença de preços entre o sistema eléctrico português e o espanhol são regulados pela Ordem Ministerial ITC/4112/2005. 40 30 20 10 0 1 3 5 7 Preço contrato 9 11 13 15 Preço média mercado O primeiro leilão realizou-se a 29 de Junho de 2009. Nele leiloou-se o «contrato forward de cobertura para exportação de energia eléctrica de Espanha para Portugal», com um horizonte temporal semestral correspondente ao segundo semestre de 2009, sendo aplicável a todos os períodos do horizonte temporal de 1 de Julho de 2009 a 31 de Dezembro de 2009. A quantidade oferecida para venda em leilão no 62 17 19 21 23 Diferença sentido exportador de Espanha para Portugal pelo Sistema Eléctrico Espanhol foi de 100 contratos. Os adjudicatários compradores pagam o resultado do leilão e têm o direito de receber a diferença entre o preço do sistema eléctrico português e o preço do sistema eléctrico espanhol, quando esta diferença é positiva, ou a obrigação de pagá-la a diferença entre o preço espanhol e o preço português quando esta diferença é positiva. Os vendedores recebem o Os leilões realizaram-se através da internet mediante o sistema informático de leilões da OMEL. resultado do leilão e têm as obrigações de pagamento e direito de cobrança opostos aos vendedores No leilão participaram entidades espanholas e estrangeiras. A quantidade total de contratos adjudicados foi de 100, do produto semestral com um preço de 2,01 e/contrato. No segundo leilão leiloou-se o «contrato forward de cobertura para exportação de energia eléctrica de Espanha para Portugal», com dois horizontes temporais, um horizonte temporal semestral correspondente ao primeiro semestre de 2010, e um horizonte temporal anual correspondente ao ano de 2010. A quantidade oferecida para venda no leilão, no sentido de exportação de Espanha para Portugal, pelo Sistema Eléctrico Espanhol, foi de 200 contratos no horizonte temporal correspondente ao primeiro semestre de 2010 e de 200 contratos no horizonte temporal anual correspondente ao ano 2010. Os leilões realizaram-se através da internet mediante o sistema informático de leilões da OMEL, utilizando um procedimento de cassação de ofertas “de tipo envelope fechado”. Os resultados dos produtos financeiros leiloados desde Julho de 2009 podem observar-se no seguinte gráfico. Evolução da diferença de preço de adjudicação e dos preços entre Espanha e Portugal (pmh port-pmhesp).leilão de interconexão e 4 3 2 1 0 -1 A quantidade total de contratos adjudicados no horizonte anual foi de 200, num preço de 0,46 e/contrato. A quantidade total de contratos adjudicados no horizonte semestral foi de 200, num preço de 0,49 e/contrato. -2 -3 jul 09 ago 09 sep 09 oct 09 nov 09 dic 09 ene 10 PMHpor-PMHesp Preço Contrato 2010S1 Preço Contrato 2010A1 PMHesp: Preço médio horário Espanhol. PMHpor: Preço médio horário português. feb 10 mar 10 Preço Contrato 2009S2 63 Relatório anual 2009 4 Síntese das alterações legislativas Do ponto de vista legislativo, o ano 2009 foi um exercício de grande desenvolvimento e consolidação das políticas energéticas, tanto no âmbito europeu, com a publicação do terceiro pacote legislativo, como também no âmbito nacional e do Mercado Ibérico de Electricidade, onde se desenvolveram e implementaram medidas centradas tanto na regulação básica do sector eléctrico como especificamente no mercado de produção. 4.1. Legislação europeia A novidade mais proeminente no âmbito da legislação europeia do sector energético foi a aprovação das disposições englobadas dentro da denominação genérica de “Terceiro Pacote Energético”. O denominado “Terceiro Pacote” é constituído pelas seguintes disposições: • Directiva 2009/72/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009 , que estabelece regras comuns para o mercado interno da electricidade e que revoga a Directiva 2003/54/CE. • Directiva 2009/73/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009 , que estabelece regras comuns para o mercado interno do gás natural e que revoga a Directiva 2003/55/CE. 64 • Regulamento (CE) n.º 713/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009, que institui a Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia. • Regulamento (CE) n.º 714/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009 , relativo às condições de acesso à rede para o comércio transfronteiriço de electricidade e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1228/2003. • Regulamento (CE) n.º 715/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho de 2009 , relativo às condições de acesso às redes de transporte de gás natural e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1775/2005. 65 Relatório anual 2009 4. Síntese das alterações legislativas No âmbito das medidas fundamentais do Terceiro Pacote Energético, e no que se refere especificamente ao sector eléctrico, podemos destacar: • Novo tratamento outorgado à separação efectiva da actividade do transporte, mediante a possibilidade de utilizar diferentes modelos de gestão: desde o preferido pela Comissão (Modelo TSO), até aos introduzidos para aqueles países nos quais o sistema de transporte ainda se encontra reunido em grupos empresariais verticalmente integrados. (Modelos ISO e ITO). • Criação da Agência de Cooperação de Reguladores de Energia (ACER), a fim de obter uma maior cooperação e coordenação entre os organismos reguladores nacionais. • Promoção da cooperação entre os operadores do sistema mediante o estabelecimento da Rede Europeia de Operadores de Redes de Transporte (ENTSO-E), a fim de procurar a coordenação de todos os operadores das redes de transporte e a atribuição de competências à referida Rede, tanto consultivas como promotoras de novas medidas, entre elas o desenvolvimento de códigos europeus de rede. • Reforço da independência e poderes dos reguladores nacionais, com o reconhecimento de novas funções e potestades. • Impulsionamento de medidas de fomento para uma maior transparência. • Fomento de medidas de protecção ao consumidor principalmente através do reforço dos direitos do consumidor (acesso às informações sobre ofertas, consumo e possibilidades de mudança de comercializador mais eficazes, etc.) 4.2. Legislação espanhola 4.2.1. Comercialização de último recurso O Real Decreto 485/2009, de 3 de Abril, pelo qual se regula o início da comercialização de último recurso no sector da energia eléctrica, introduz um novo modelo, no qual a actividade de comercialização a tarifa deixa de fazer parte da actividade de distribuição, tal como exige a Directiva 2003/54/CE, passando a ser exercido na sua totalidade pelos comercializadores a operar no mercado liberalizado, sendo o consumidor de electricidade quem escolhe livremente o seu comercializador. Deste modo, estabelece a obrigação de criar as tarifas de último recurso, que são preços máximos estabelecidos pela Administração para determinados consumidores, para os quais se postula o fornecimento eléctrico como serviço universal e se determinam as empresas comercializadoras que devem assumir a obrigação de fornecimento de último recurso. A particularidade dos comercializadores de último recurso consiste na obrigação adicional estabelecida para determinados comercializadores de realizar a 66 comercialização aos consumidores com direito a tarifa de último recurso. Para isso, esta actividade opera em regime de livre concorrência, podendo adquirir e vender a energia directamente no mercado diário e intradiário, no mercado a prazo, a produtores tanto do regime ordinário como do regime especial e a outros comercializadores, devendo levar a cabo esta actividade com separação económica e contabilística, diferenciada da actividade de comercialização no mercado liberalizado. A Ordem Ministerial ITC/1659/2009, de 22 de Junho, pela qual se estabelece o mecanismo de transferência de clientes do mercado com tarifa regulada para a comercialização de último recurso de energia eléctrica e o procedimento de cálculo e estrutura das tarifas de último recurso de energia eléctrica, como desenvolvimento do Real Decreto 485/2009, anteriormente mencionado, estabelece a estrutura das tarifas de último recurso aplicáveis aos consumidores de baixa tensão com potência contratada até 10 kW, e suas respectivas tarifas de acesso, fixando deste modo o procedimento de cálculo do custo de produção de energia eléctrica que incluirão as tarifas de último recurso e os custos de comercialização que correspondem a cada uma delas. 4.2.2. Operador Logístico de Mudanças de Comercializador O Real Decreto 1011/2009, de 19 de Junho, pelo qual se regula o Operador Logístico de Mudança de Comercializador, designa o Operador como a entidade sobre a qual recai a responsabilidade da supervisão das mudanças de comercializador, em conformidade com os princípios de transparência, objectividade e independência, atribuindo à Comissão Nacional de Energia a sua fiscalização. 4.2.3. Deficit Tarifário e Abono Social O Real Decreto-lei 6/2009, de 30 de Abril, pelo qual se adoptam determinadas medidas no sector energético e se aprova o abono social, introduz, entre outras disposições, uma fórmula estruturada de financiamento do deficit tarifário, e o próprio regime jurídico do deficit, e por sua vez regula o início de um abono social. Deste modo, estabelece mecanismos relativos ao sistema retributivo das instalações do regime especial, mediante a criação de um registo de pré-atribuição de retribuição. aplicável para a realização de intercâmbios intracomunitários e internacionais de energia eléctrica, regula, através de um procedimento de leilões, a criação de instrumentos financeiros de cobertura de risco de preços. Em continuidade à Ordem Ministerial, aprovaram-se as Resoluções da Secretaria de Estado de Energia de 16 de Junho de 2009 e de 27 de Novembro de 2009 que determinam, entre outras disposições, as regras dos referidos leilões. 4.2.4. Tarifas de Acesso e Tarifas A Ordem Ministerial ITC/1723/2009, de 26 de Junho, procede à revisão das tarifas de acesso a partir de 1 de Julho de 2009 e às tarifas e prémios de determinadas instalações de regime especial; e a Ordem Ministerial ITC/3519/2009, de 28 de Dezembro, estabelece a revisão das tarifas de acesso a partir de 1 de Janeiro de 2010 e tarifas e prémios das instalações do regime especial. 4.2.5. Tratamento de intercâmbios internacionais de energia A Resolução de 28 de Maio de 2009, da Secretaria de Estado da Energia, pela qual se aprova o procedimento de operação do sistema 4.1. e se autoriza a aplicação das Regras conjuntas de atribuição de capacidade para a interligação França-Espanha (Regras IFE) versão 3.0., tem como objectivo desenvolver o mecanismo de resolução dos congestionamentos na interligação franco-espanhola mediante o sistema de leilões explícitos coordenados (Fase I), estabelecido no Anexo I da Ordem Ministerial ITC/4112/2005, de 30 de Dezembro, pela qual se estabelece o regime aplicável para a realização de intercâmbios intracomunitários e internacionais de energia eléctrica. A Ordem Ministerial ITC/1549/2009, de 10 de Junho, pela qual se actualiza o anexo III da Ordem Ministerial ITC/4112/2005, de 30 de Dezembro, pela qual se estabelece o regime O ponto 2.5 do anexo III da citada Ordem Ministerial ITC/1549/2009 atribuiu ao Operador do Mercado Ibérico de Energia - Pólo Espanhol, directamente ou através de uma filial, a organização e gestão dos leilões de contratos de diferença de preços entre o sistema eléctrico espanhol e português. Como consequência desta atribuição, a OMEL Mercados, sociedade do grupo OMEL, realizou os leilões de contratos de diferença de preços, entre o sistema eléctrico espanhol e português, correspondentes a Junho e Dezembro de 2009. 4.2.6. Regime de Financiamento do Operador do mercado A partir de 1 de Julho de 2009 e em conformidade com o disposto na Ordem Ministerial ITC/1659/2009, de 22 de Junho, pela qual se estabelece o mecanismo de transferência de clientes do mercado a tarifa para a comercialização de último recurso de energia eléctrica e o procedimento de cálculo e estrutura das tarifas de último recurso de energia eléctrica; o OMEL iniciou o seu financiamento através dos preços que pagam os produtores, tanto do regime ordinário como do regime especial, que actuem no âmbito do Mercado Ibérico de Electricidade (por cada uma das instalações de potência instalada superior a 1MW, uma quantidade mensal fixa de 15 Euros/MW de potência disponível, à qual se aplicam se for o caso os OMEL Mercados, sociedade do grupo OMEL, realizou os leilões de contratos de diferença de preços, entre o sistema eléctrico espanhol e português. 67 Relatório anual 2009 4. Síntese das alterações legislativas O Operador do Mercado Ibérico (OMI) estruturar-se-á em duas sociedades detentoras de acções, com sedes em Espanha e Portugal. 19 uma simplificação ao regime de configuração e actuação dos comercializadores e consumidores directos no mercado, eliminando os regimes de autorização para o exercício das actividades de comercialização no âmbito da Lei 54/1997, de 27 de Novembro, do Sector Eléctrico, e a obrigação de inscrição no Registo para os comercializadores e consumidores directos no mercado de electricidade. Esta disposição foi desenvolvida pelo Real Decreto 198/2010, de 26 de Fevereiro, pelo qual se adaptam determinadas disposições relativas ao sector eléctrico ao disposto na Lei 25/2009, de modificação de diversas leis para a sua adaptação à lei sobre o livre acesso às actividades de serviços e seu exercício. 4.2.8. Procedimento de resolução das restrições por garantia de fornecimento respectivos coeficientes redutores). A diferença, positiva ou negativa, que se produza entre a quantia resultante da liquidação via sujeitos produtores, e a que se estabeleça anualmente pelo Ministério da Indústria, Turismo e Comércio, terá a consideração de ganho ou custo liquidável e será incluída no processo de liquidações da Comissão Nacional de Energia. 4.2.7. Regime dos Comercializadores e Consumidores Directos A Lei 25/2009, de 22 de Dezembro, de alteração de diversas leis para a sua adaptação à Lei sobre o acesso livre às actividades de serviços e o seu exercício, mais conhecido como “Lei Omnibus”, no seu Título III (Serviços Energéticos) introduz através dos artigos 17, 18 e 68 O Real Decreto 134/2010, de 12 de Fevereiro, pelo qual se estabelece o procedimento de resolução de restrições por garantia de fornecimento e se modifica o Real Decreto 2019/1997, de 26 de Dezembro, pelo qual se organiza e regula o mercado de produção de energia eléctrica, aprova o procedimento de resolução das restrições por garantia de fornecimento que, basicamente, consiste em realizar modificações necessárias a fim de cumprir os critérios de segurança de fornecimento, com o menor impacto económico e meio ambiental possível, e respeitando as limitações que sejam necessárias estabelecer por segurança do sistema. Do mesmo modo, estabelece a aplicação de um mecanismo posterior para a redução dos valores programados, que se aplicará sobre as instalações térmicas de produção emissoras de CO2, seguindo uma ordem de importância decrescente dos níveis de emissão de CO2 das distintas instalações e respeitando as limitações do programa que sejam necessárias estabelecer por segurança do sistema eléctrico. Para a sua aplicação a Comissão Nacional de Energia fiscalizará os valores de emissão de cada uma das instalações térmicas de produção, como passo prévio à utilização destes valores por parte do operador do sistema. Com o objectivo de detectar a existência de indícios de práticas restritivas da concorrência, a Comissão Nacional de Energia poderá solicitar informação sobre as ofertas apresentadas no mercado diário pelas centrais que utilizam carvão autóctone como combustível, assim como aquelas outras instalações térmicas de produção emissoras de CO2 que possam participar no processo de redução de programas, posterior à resolução de restrições por garantia de fornecimento. 4.2.9. Leilões CESUR O artigo 6 da Ordem Ministerial ITC/400/2007, de 26 de Fevereiro pela qual se regulam os contratos bilaterais que assinem as empresas distribuidoras para a comercialização a tarifa no território peninsular, segundo redacção dada pela Ordem Ministerial ITC/1659/2009 de 22 de Junho, designou o Operador do Mercado Ibérico de Energia, Pólo Espanhol, S.A., directamente ou através de uma filial, como entidade responsável para a organização e gestão dos leilões CESUR. Neste sentido, o OMEL organizou o leilão CESUR celebrado em Março de 2009, tendo realizado também as três anteriores por designação da CNE, e o OMEL Mercados, Agência de Valores, S. A. U. como filial da OMEL, as correspondentes a Junho e Dezembro de 2009. celebração dos leilões CESUR em Março, Junho e Dezembro de 2009. 4.2.10. Leilões de gás A Ordem Ministerial ITC/863/2009, de 2 de Abril, pela qual se regulam os leilões para a aquisição de gás natural que se utilizarão como referência para a fixação da tarifa de último recurso, designa na sua primeira disposição adicional à sociedade Operador do Mercado Ibérico de Energia - Pólo Espanhol, S. A. (OMEL) através da sua filial OMEL Diversificação, S.A.U. como entidade responsável por organizar os seguintes leilões, para a aquisição de gás natural para o fornecimento aos consumidores abrangidos pela tarifa de último recurso, os leilões para a aquisição de gás natural destinado à operação e ao nível mínimo de quantidade das instalações de transporte, regaseificação e armazenamento subterrâneo de gás e os leilões de atribuição da capacidade dos armazenamentos subterrâneos de gás natural. 4.3. Legislação MIBEL A configuração de cada leilão realiza-se através das correspondentes resoluções da Secretaria de Estado da Energia pela qual se estabelecem as características, e se aprovam as regras e o contrato tipo correspondente a cada leilão e o seu custo. A 1 de Outubro de 2004 na cimeira de Santiago de Compostela, deu-se um significativo impulso ao arranque do MIBEL com a assinatura do Convénio Internacional entre Espanha e Portugal para a constituição de um Mercado Ibérico de energia eléctrica. A partir do leilão celebrado em Junho de 2009 o produto é de carácter financeiro, sem entrega física e é liquidado em função da diferença de preços entre o preço resultante do leilão e o preço médio do mercado diário de electricidade. O Conselho de Ministros aprovou, com data de 8 de Novembro de 2007, a modificação do referido Convénio com o objectivo de adaptá-lo ao Acordo auferido a 8 de Março de 2007, entre os Ministros da Indústria, do Turismo e do Comércio de Espanha, e da Economia e Inovação de Portugal. Em conformidade com o anterior, aprovaram-se as correspondentes resoluções por parte da Secretaria de Estado da Energia que deram lugar à concernente à constituição de um mercado ibérico da energia eléctrica entre o Reino de Espanha e a República Portuguesa de 1 de Outubro de 2004, realizado em Braga a 18 de Janeiro de 2008. Nesta modificação estabelece-se, entre outras disposições, que o Operador do Mercado Ibérico (OMI) estruturar-se-á em duas sociedades detentoras de acções, com sedes em Espanha e Portugal respectivamente, e será constituído por duas sociedades gestoras de mercado, uma com sede em Espanha, OMI - Pólo Espanhol (OMIE) que será a sociedade gestora do mercado diário e outra com sede em Portugal, OMI - Pólo Português (OMIP) que actuará como sociedade gestora do mercado a prazo. Ambas as sociedades gestoras terão por sua vez uma participação de cinquenta por cento (50 %) na sociedade OMIClear – Sociedade de Compensação dos Mercados de Energia S.G.C.C.C.C., S.A. Os dois Conselhos de Administração das duas entidades gestoras, OMIE e OMIP, serão compostos pelos mesmos membros e terão a mesma presidência e vice-presidência, com alternância, cada três anos. Com data de 11 de Dezembro de 2009, publicou-se no BOE o Acordo de modificação do Convénio Internacional 69 Relatório anual 2009 5 OMEL Durante todos os dias do ano de 2009, os mercados diário e intradiário funcionaram de forma plenamente satisfatória. Nesse ano celebraram-se 365 sessões do mercado diário e 2.190 do mercado intradiário, perfazendo um total de 14.652.527 transacções de compra e venda de energia. 5.1. Actividades atribuídas ao OMEL pela Legislação do Mercado de Electricidade No final de 2009 o número de agentes que operavam na OMEL ascendia a 686, dos quais 582 participavam como produtores e 104 como compradores, sendo 100 deles comercializadores (6 de último recurso) e 4 consumidores directos. No que diz respeito à actividade relacionada com a liquidação e pagamentos dos mercados diário e intradiário, o número de facturas emitidas correspondentes ao exercício de 2009 foi de 170.349 (95.124 facturas de venda e 75.225 facturas de compra). Durante o ano, não se recebeu nenhuma reclamação por parte dos agentes relativa às liquidações diárias e só uma relativa aos mercados, que foi desconsiderada pela OMEL, não afectando o normal desenvolvimento da sessão. Evolução do número de agentes no mercado 2008 2009 Agentes externos* 25 - Comercializadores 56 94 3 4 13 - 700 582 - 6 Consumidores directos Distribuidores Produtores Comercializadores de último recurso * Os agentes externos desde 1/1/2009 incluem-se no grupo dos comercializadores 70 71 Relatório anual 2009 5. OMEL Os leilões de Junho e Dezembro serviram como referência directa para fixar a tarifa de último recurso. Assim, enquanto em 2008 a quantia semanal creditada ascendia a valores de 198 Me, em 2009 a quantia semanal rondou os 152 Me, consequência da diminuição dos preços do mercado e da diminuição da energia contratada no ano 2009, relativamente à do ano 2008. Comité de Agentes No ano 2009, o Comité de Agentes do mercado (CAM) reuniu-se em 6 ocasiões, todas sessões ordinárias. Os temas mais importantes tratados foram os seguintes: • Análise do funcionamento do mercado e liquidação das transacções. • Informação sobre as incidências ocorridas no funcionamento do mercado, a liquidação, as cobranças e os processos de pagamentos. • Proposta de modificação das Regras de Funcionamento do Mercado Diário e Intradiário de Produção de Energia eléctrica apresentada pela OMEL. • Realização do relatório do Comité de Agentes do Mercado sobre a proposta de adaptação das Regras de Funcionamento dos Mercados Diário e Intradiário de Produção da Energia Eléctrica e do Contrato de Adesão apresentados pela OMEL. No que concerne ao sistema de garantias, este funcionou correctamente. Os agentes dispuseram de garantias de operação suficientes para cobrir as suas ofertas no mercado, e quando tal não aconteceu as suas ofertas não foram aceites. Todos os agentes dispuseram de garantias de crédito suficientes. Quanto ao montante económico, o volume das cobranças e pagamentos dos agentes no mercado diário e intradiário durante o ano 2009 foi de 7.909 milhões de euros, 23% inferior ao volume do ano anterior (10.319 Me). 72 5.2. Leilões geridos no exercício Leilões de electricidade A Comissão Nacional de Energia adjudicou à OMEL no mês de Julho de 2008, mediante um concurso público, a organização dos 4 leilões CESUR seguintes, do 5º ao 9º. Apesar do que se mencionou anteriormente, a Portaria ITC/400/2007, de 26 de Fevereiro, com redacção dada pela Portaria ITC/1659/2009, atribuiu ao Operador do Mercado Ibérico de Energia – Pólo Espanhol, directamente ou através de uma filial a organização e gestão dos leilões CESUR que se celebrassem desde o 9º em adiante. No ano 2009, levaram-se a cabo pela OMEL três leilões CESUR, o 8º em Março de 2009, o 9º em Junho de 2009 e o 10º em Dezembro de 2009. Os leilões de Junho e Dezembro, realizados pela OMEL através da sua filial Omel Mercados Agência de Valores S.A.U., foram os primeiros cujos resultados serviram como referência directa para fixar a tarifa de último recurso do segundo semestre de 2009 e do primeiro semestre de 2010, respectivamente. Nestes leilões leiloaram-se produtos de carga de base trimestral para as 24 horas de cada dia da semana e produtos de carga de ponta trimestral para todas as horas compreendidas entre as 8:00 e as 20:00, hora central europeia (CET), de todos os dias da semana excepto sábados e domingos. Os leilões de Junho e de Dezembro foram leilões financeiros, ao contrário dos anteriores nos quais o produto leiloado consistia na entrega de electricidade. Nos leilões financeiros CESUR o produto leiloado é a diferença entre o preço de adjudicação e o preço do mercado diário. Em todos os leilões até ao 8º inclusive, a OMEL, em colaboração com a OMICLEAR actuou como gestora de garantias dos contratos dos adjudicatários do leilão com a EDP Serviço Universal e os distribuidores Eon Distribuição, Hidrocantábrico Distribuição Eléctrica e União FENOSA Distribuição, em virtude do acordo assinado pela OMEL/OMICLEAR com estes compradores. Do mesmo modo, a OMEL actuou como gestora de facturação e cobranças de todos aqueles vendedores que assinaram o acordo com a OMEL para a prestação destes serviços. No 9º e 10º leilões, estabeleceu-se nas respectivas Resoluções que aprovam as regras e o contrato modelo, a figura do gestor de garantias, liquidação, facturação, cobranças e pagamentos, confiada ao administrador do leilão. A Omel Mercados Agência de Valores, S.A.U. desempenhou essa função para todos os contratos que resultaram desses leilões desde Julho de 2009. Outro tipo de leilões relacionados com o mercado eléctrico foram os leilões de contratos baseados na diferença de preços entre o sistema eléctrico espanhol e o sistema eléctrico português. Este novo tipo de leilão, também financeiro, permite cobrir os riscos de diferenças de preços entre os dois sistemas eléctricos aos exportadores e importadores de energia eléctrica, facilitando o comércio de energia entre ambos países (“swaps” de energia). Este leilão encontra-se regulado no anexo III da Portaria ITC/4112/2005, com redacção dada pelo artigo único da Portaria ITC/1549/2009 de 10 de Junho, na qual também se confia à OMEL, directamente ou através de uma filial, a realização do leilão e a posterior liquidação das quantidades adjudicadas. Realizaram-se, através da Omel Mercados Agência de Valores S.A.U., dois leilões que abrangeram respectivamente o segundo semestre de 2009, o primeiro deles realizado em Junho de 2009 e o segundo realizado em Dezembro de 2009. Leiloaram-se dois produtos com dois horizontes distintos, o primeiro semestre de 2010 e o ano de 2010 completo. O produto Gás de Base leiloado no período de Julho de 2009 a Junho de 2010 correspondeu a uma quantidade nominal mensal de 300 GWh. O produto Gás de Inverno leiloado ascendeu às seguintes quantidades mensais: Novembro 2009 200 GWh Dezembro 2009 750 GWh Janeiro 2010 750 GWh Fevereiro 2010 750 GWh Março 2010 300 GWh Leilões gás Adicionalmente, a OMEL levou a cabo em 2009 determinados leilões de produtos relacionados com o gás natural. Neste sentido, em Junho de 2009 a OMEL, através da sua filial OMEL Diversificação, celebrou o primeiro leilão para a aquisição de gás natural por parte dos comercializadores de último recurso (CUR), para o fornecimento aos consumidores de último recurso. Os produtos do leilão incluíram um gás de base, correspondente a uma quantidade pré-estabelecida a entregar mensalmente no período de Julho de 2009 a Junho de 2010 e que se materializa em fornecimentos diários e um gás de Inverno, definido por quantidades de gás natural a entregar nos meses de Novembro e Dezembro de 2009 e Janeiro, Fevereiro e Março de 2010. O preço de compra pelos comercializadores de último recurso do gás leiloado fixou-se em 16,18 e/MWh para o Gás de Base e em 19,77e/MWh para o Gás de Inverno e foi adjudicado no caso do Gás de Base a 3 entidades vendedoras e no caso do Gás de Inverno a 5 entidades vendedoras. Também em 2009 se levaram a cabo, os segundos leilões de capacidade de armazenamento subterrâneo da rede básica de gás natural e os de aquisição de gás natural destinado à operação e ao nível mínimo de enchimento das instalações de transporte, regaseificação e armazenamento subterrâneo. Estes leilões produziram resultados competitivos e eficientes.. 73 Relatório anual 2009 5. OMEL A quantidade leiloada de capacidade de armazenamento subterrâneo, para o período de Abril de 2009 a 31 de Março de 2010 foi de 4.257GWh, quase o triplo do ano anterior. A capacidade leiloada foi a restante, relativamente à capacidade total de armazenamento subterrâneo (28.069 GWh), depois de a Enagás, como gestora técnica do sistema, ter atribuído às comercializadoras que o solicitaram a capacidade de armazenamento subterrâneo. A quantidade leiloada adjudicou-se ao preço de 1.767 e/GWh. A quantidade total leiloada no leilão de aquisição de gás natural destinado à operação e ao nível mínimo de enchimento das instalações de transporte, regaseificação e armazenamento subterrâneo foi para o gás de operação “Full requirement”, para o gás de base 356.835 MWh e para o gás de almofada 0 MWh. Esta quantidade foi adjudicada em fracções de 5% do total a fornecer pelos distintos conceitos para o período de 1 de Julho de 2009 a 30 de Junho de 2010. O preço do gás leiloado fixou-se em 14,65 e/MWh, adjudicando-se a dois comercializadores. 5.3. Presença internacional Durante o ano 2009 a OMEL continuou a sua colaboração com as Associações de Operadores do Mercado (APEx e Europex), participando nas iniciativas que propôs a UE através do Fórum de Florença e nas iniciativas regionais do ERGEG, estando presente em todos os grupos de trabalho que se consideraram relevantes para a actividade da empresa. 5.3.1. APEx e Europex Na Associação Mundial de Operadores (APEx), que conta na actualidade com 45 membros, e da qual se celebraram 3 reuniões do conselho de administração, 74 a OMEL continuou a exercer a presidência até Julho de 2009. Do mesmo modo, participou activamente na organização em cooperação com a NE-ISO, da Conferência Anual da APEx, celebrada em Boston (EUA) nos dias 11, 12 e 13 de Outubro. Relativamente à Europex, participou-se activamente nos trabalhos confiados pelo Fórum de Florença à associação e em particular na elaboração das recomendações do Project Coordination Group liderado pela associação de reguladores (ERGEG) e a Comissão Europeia (EC). Também houve participação da OMEL nos grupos do mercado miário, mercado intradiário e mercados a prazo. O relatório final apresentou-se no Fórum de Florença de Dezembro de 2009. Adicionalmente, a OMEL participou de forma activa nos grupos de trabalho da EuroPEX relativos à gestão de congestionamentos nas interconexões das redes eléctricas, ao desenvolvimento dos mercados de gás, ao desenvolvimento dos mercados a prazo e futuros e ao estudo de mecanismos, dentro do possível, baseados no mercado, para fomentar o OMEL continuou a sua colaboração com as Associações de Operadores do Mercado (APEx e Europex). desenvolvimento da produção do regime especial nos diferentes países da UE. 5.3.2. Iniciativas UE: Fórum de Florença, Grupos de Trabalho e PCR Ao longo do ano, a OMEL quer directamente quer como parte das delegações da associação EuroPEX, como já foi indicado, manteve diversas reuniões com elementos da Comissão Europeia encarregues dos temas de energia, assim como com outras instituições e associações europeias (EFET, ETSO, GEODE, Eurelectric e ERGEG). Entre as actividades em que participou destacam-se a assistência ao Fórum de Reguladores de Florença, celebrado nos dias 4 e 5 de Junho e 10 e 11 de Dezembro de 2010, e o Fórum de Reguladores de Gás, celebrado em Madrid nos dias 29 e 30 de Maio, em ambos os casos em nome da EuroPEX. Também participou nas reuniões convocadas pelo ERGEG para a iniciativa Regional do Sudoeste da Europa nos dias 24 de Fevereiro, 27 de Março, 27 de Maio e 16 de Outubro e no Projet Coordination Group (PCG) com o objectivo de contribuir para que a Regulação Energética Europeia contemple os requerimentos específicos do Mercado Ibérico e Espanhol, nos âmbitos do gás e da electricidade. De forma a avançar para o mercado único europeu da energia, no segundo semestre de 2009, alcançou-se um acordo entre a OMEL, o operador spot do mercado dos Países Nórdicos (Nord Pool Spot) e o operador do mercado spot da França e Alemanha (EPEX Spot), para levar a cabo um projecto de colaboração entre os seus respectivos mercados, com o objectivo de progredir no desenvolvimento de um modelo que permita a formação de um preço único da electricidade. Em Março de 2010, uniram-se ao projecto a APX-Endex, a Belpex, e a GME, a fim de que a formação do preço spot da electricidade se coordene numa potencial área geográfica composta por Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e o Báltico. A iniciativa está aberta a outros operadores do mercado e a outras áreas do mercado que se uniriam em condições de igualdade e equidade PCR: a 6 PX cooperation to meet the requirements of the market, TSOs and Regulators Markets on which PCR can be first gradually implemented under a 6 PX cooperation covering an area approx. 2860 TWh of yearly power consumption.* Markets that could join next as part of an agreed European roadmap. Quando este projecto de acoplamento dos mercados da APX-Endex, Belpex, EPEX Spot, GME, NordPool Spot e OMEL entre em operação, a área geográfica que beneficiará do mesmo preço da electricidade, na ausência de congestionamentos nas interconexões transfronteiriças, abrangerá 80 % do consumo eléctrico europeu (2.900 TWh). 5.3.3. O acoplamento de mercados por preço: PCR. Descrição O que se propõe é uma cassação descentralizada que não requeira a existência de um operador de mercado único e que, no entanto, obtenha uma solução de preços, cumprindo com a condição de os preços serem iguais em todas as áreas, caso as interconexões não estejam congestionadas, esgotando a capacidade comercial no caso de fixar preços diferentes. Os operadores de mercado, uma vez demonstrada a viabilidade técnica da solução proposta, desenvolverão um algoritmo de cassação do mercado diário, que será co-propriedade de todos eles e que poderá ser executado de forma simultânea por todos os operadores do mercado, produzindo os mesmos resultados em cada um deles. (*) Source: UCTE 2007 power consumption data. Cada operador de mercado continuará a gerir o seu mercado como na actualidade: recebendo as ofertas de venda e de compra de energias que serão produzidas e consumidas nas áreas de preço do seu âmbito de actuação. 75 Relatório anual 2009 5. OMEL Quando terminar o período de admissão de ofertas dos mercados, que será comum para todos eles, cada operador de mercado resumirá de forma anónima, de acordo com um formato comum estabelecido, as ofertas recebidas colocando-as à disposição do resto dos operadores de mercado. Com a informação de todas as ofertas de todos os mercados e a informação de todas as capacidades comerciais de interconexão recebida pelos respectivos operadores dos sistemas, cada operador de mercado executará o algoritmo de cassação comum e obterá os resultados das posições líquidas e os preços de todas as áreas de preço no âmbito de actuação do PCR. Cada um dos operadores do mercado colocará à disposição dos demais operadores os resultados do algoritmo de cassação, para que todos possam comprovar que os resultados são idênticos. Uma vez realizada essa comprovação, publicar-se-ão os resultados globais de preços e posições líquidas de todos os operadores dos mercados. Com a informação anterior, cada um deles calculará os resultados detalhados de cada agente participante no seu mercado e colocará essa informação à disposição do mesmo. Uma vez transcorrido o período de reclamações, comum a todos os mercados, todos os operadores dos mercados publicarão a confirmação de validez da solução do mercado diário para o dia seguinte. As principais características da solução proposta de acoplamento de mercados por preço são: • A solução dos mercados diários proporciona o preço e os intercâmbios líquidos correctos para todas as áreas de preço no âmbito de actuação do PCR. • A solução concebe-se, desde o início, aberta à possibilidade de que outras áreas de preço se agreguem ao PCR no futuro. • Os operadores do sistema formam parte da solução, ao proporcionar a máxima capacidade comercial possível nas interconexões a cada instante, para a sua utilização pelos mercados. • Utilizam-se os procedimentos e meios técnicos existentes hoje em dia nos operadores de mercado. A única parte que se modifica é o algoritmo de fixação de preços no mercado diário que, embora seja a actividade fundamental dos operadores do mercado, está perfeitamente delimitada. • A solução que se propõe é de uma alta fiabilidade. Dado que o mesmo algoritmo de cassação se executa em vários operadores de mercado com os 76 mesmos dados diariamente, a fiabilidade da solução está, portanto, assegurada perante o eventual aparecimento de problemas num operador concreto, visto que pode utilizar os resultados de outros. • Como parte integrante da concepção do PCR, inclui-se a possibilidade, caso seja necessário, do funcionamento desacoplado de cada mercado nacional ou regional. • A regulação aplicável a cada mercado será a mesma que na actualidade. O facto de no terceiro pacote regulamentário europeu se estabelecer a ACER (Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia), simplifica a obtenção de respostas ordenadas dos reguladores dos diferentes países, quando se apresentar a todos eles para aprovação o mesmo algoritmo de formação de preços e as modificações necessárias às regras de funcionamento de cada um dos mercados para a sua adaptação. • Os esquemas de supervisão dos mercados permanecem inalterados. Cada operador de mercado estará à disposição para responder sobre as suas actuações. • As possibilidades actuais de introduzir condições específicas nas ofertas que apresentam cada um dos mercados modificar-se-ão unicamente se for imprescindível, uma vez realizado o estudo de viabilidade do PCR. Em síntese, o acoplamento de mercados por preço (PCR) é a forma natural de os mercados nacionais e regionais evoluírem, para conseguir um funcionamento correcto do mercado interno de electricidade. A iniciativa está aberta a outros operadores do mercado e a outras áreas do mercado que se uniriam em condições de igualdade e equidade. 5.4. Os meios humanos e técnicos da OMEL 5.4.1. O contexto humano na OMEL A gestão que a OMEL desenvolveu para o funcionamento do mercado esteve direccionada para uma adequada combinação de meios pessoais e da tecnologia ao serviço e desenvolvimento das suas actividades, para rentabilizar os nossos objectivos sociais. Nestes âmbitos como principais elementos de actuação destacamos: • Preservação do nível de emprego: Durante este exercício, a equipa final manteve-se à volta de 54 pessoas na OMEL, adequada à estrutura organizativa e funcional existente. cabe destacar, no ano 2009, a preservação e melhoria do sistema para eliminar os riscos quer em questões de saúde, quer na prevenção de riscos laborais, com os respectivos planos de formação implementados em anos anteriores. O sistema de gestão, baseado na vigilância da saúde e prevenção de riscos, desenvolve-se através de: – Um serviço de prevenção alheia. – Um comité de segurança e saúde laboral. • Política de formação e evolução profissional da equipa: A manutenção e desenvolvimento da política de capacitação, assente na formação contínua e no incentivo de atitudes inovadoras, baseia-se na cooperação e integração de esforços e no desenvolvimento de capacidades pessoais para incluir os progressos tecnológicos ao nosso projecto empresarial. Como principais elementos de actuação destacamos: • Preservação do nível de emprego. • Protecção da saúde e segurança laboral. • Política de formação e evolução profissional da equipa. O plano de formação contínua baseia-se em planos de formação geral, de formação específica e de formação em idiomas. Com planos definidos para a melhoria e preservação do Equipa OMEL Ano 2009 18% Administrativos • Benefícios sociais: Os valores retributivos e de benefícios sociais mantiveram-se ao nível das empresas de alta tecnologia, com coberturas sociais de carácter geral para toda a equipa. A preservação destes benefícios ajuda a criar estabilidade no emprego, num contexto muito competitivo nas áreas tecnológicas. • Protecção da saúde e segurança laboral: No âmbito da segurança e saúde laboral 18 mulheres 11% Títulos medios 54 pessoas Nível de estudos 36 homens 71% Títulos superiores 77 Relatório anual 2009 5. OMEL conhecimento de cada funcionário em função do posto que desempenha. No ano 2009, investiram-se em formação 74.000 e, dos quais 47.000 em formação de idiomas. 5.4.2. Actividades de Formação em que participa a OMEL Para o desenvolvimento das actividades de formação da OMEL colabora-se, quer em âmbitos nacionais quer internacionais com o meio e a sociedade, com entidades do sector energético e com entidades educativas em geral. Durante o ano 2009, a OMEL fomentou a actividade de formação, quer em cursos distribuídos pelas instalações da OMEL para os agentes do mercado de electricidade e de empresas interessadas, quer mediante a participação em masters e jornadas especiais de colaboração com instituições públicas e privadas e outros âmbitos académicos que estejam interessados no sector eléctrico. De forma específica, leccionaram-se cursos sobre o mercado da electricidade, sessões de formação e provas de leilões CESUR de electricidade, interconexão Espanha – Portugal, leilões CUR de gás natural, leilões de armazenamento de gás e leilões para a aquisição de gás natural destinado à operação e ao nível mínimo de enchimento das instalações de transporte, regaseificação e armazenamento subterrâneo. Além disso, leccionaram-se cursos master através de acordos ou em colaboração com as seguintes entidades: – – – – – Universidade Carlos III. Cremades-Repsol YPF. Universidade Pontificia de Comillas. Clube Espanhol da Energia. Escola de Organização Industrial. Adicionalmente, participou-se em jornadas master, sempre no âmbito de mercados, seja do ponto de vista económico, financeiro, jurídico, tecnológico etc., colaborando com a ETSII de Madrid, o Instituto de Fomento Empresarial, a Comissão Nacional da Energia (Fundação Carolina), o Clube Espanhol da Energia, a Universidade Rei Juan Carlos e a Universidade de Saragoça. 5.4.3. Colaborações internacionais Como já se mencionou, colaborou-se de forma permanente com a EuroPEX e a APEx, e de forma específica em reuniões com a União Europeia juntamente com a EuroPEX e na organização da conferência anual em Boston da APEx. Por último, cabe destacar que também se colabora activamente na publicação da página Web da Associação Mundial de Operadores de Mercado (APEx). 5.4.4. Contexto tecnológico: evolução dos sistemas O mercado de electricidade espanhol estrutura-se como um mercado com um funcionamento plenamente electrónico. Todas as operações dos agentes se realizam através do sistema de contratação SIOM, estabelecendo-se como um portal de acesso ao mercado e aos diferentes serviços proporcionados pela OMEL. A concepção do sistema SIOM, baseado na utilização da tecnologia Internet, permite a participação no mercado de agentes com necessidades e 78 requerimentos muito distintos. Prima a simplicidade no acesso e que não se exijam elevados conhecimentos informáticos para os usuários. Do ponto de vista do funcionamento interno da empresa, o sistema SIOM é a base de todas as operações realizadas pelas áreas operativas, incluindo a inscrição de agentes de mercado e manutenção dos seus dados, das operações do mercado, das liquidações, da facturação e dos processos de cobranças e pagamentos. Além dos desenvolvimentos associados ao aparecimento da nova regulação do mercado e ao processo contínuo de melhoria das funcionalidades e prestações proporcionadas, durante 2009 introduziram-se nos sistemas de informação da empresa diversas modificações relevantes. Entre elas, cabe destacar: • A introdução de novas funcionalidades nos processos de entrada e manutenção de dados pelos agentes, permitindo a automatização e processamento automático das solicitações dos agentes através de um sistema com tecnologia BPA. • O desenvolvimento de uma nova aplicação para a gestão e a monitorização das garantias proporcionadas pelos agentes, que simplifica o processo de tratamento das garantias e facilita a sua manutenção por parte dos agentes. • O desenvolvimento do mecanismo de retribuição da OMEL e a sua integração nas cobranças do mercado. • A melhoria da infra-estrutura de operação, rede e comunicações no sistema principal de operação do mercado SIOM e no de emergência SIOME, dotando-o de melhores prestações e capacidades de tratamento da informação, face à crescente demanda do mercado neste âmbito. secretário e o regulamento interno de funcionamento. • Relatórios mensais sobre a evolução do mercado eléctrico e relatórios anuais e seu historial, juntamente com os relatórios dos auditores externos e a composição accionista. 5.5. Objectivos para 2010 O ano 2010 apresenta-se como um ano transcendente no desenvolvimento e na consolidação da liberalização do Mercado Ibérico da Energia e do seu principal interveniente, o Operador do Mercado Ibérico (OMI) com o consequente arranque da sua nova estrutura. • Os processos de melhoria contínua dos sistemas de segurança do mercado, apetrechando os sistemas SIOM e SIOME de mecanismos de segurança mais avançados, em conformidade aos avanços que se estão a produzir neste campo. • A adaptação do sistema de leilões para a realização dos diferentes leilões de produtos energéticos levados a cabo durante o ano, incluindo os leilões de produtos gasistas, os leilões financeiros CESUR de electricidade e os de diferença de preços de Espanha e Portugal Como consequência desta filosofia de melhoria contínua dos sistemas de informação, a tecnologia existente na OMEL, que foi exportada para diversos mercados europeus (APX na Holanda, para o sistema de “trading” de Portugal e para o mercado de electricidade da República Checa), manteve durante este ano um nível de desenvolvimento e prestações avançados. Continuou-se a colaborar em 2009 com o operador do mercado de electricidade da República Checa, realizando as melhorias e modificações necessárias ao sistema para incrementar as suas prestações e adaptar-se às necessidades do mercado checo de electricidade. 5.4.5. Actividades de carácter corporativo A relação da OMEL com os seus grupos de interesse - accionistas, clientes e agentes, organismos reguladores, fornecedores, meios de comunicação, meio social, etc. estabelece-se através das acções que se publicam na sua página Web corporativa, com uma série de informações sobre a Sociedade e os seus órgãos de governo. Entre elas importa destacar: • As funções da Sociedade e os seus estatutos sociais. • Enquadramento legal aplicável à Empresa e ao sector eléctrico. • O Conselho de Administração - estrutura orgânica, incluindo a composição e identidade dos membros, o código de conduta da Empresa, que afecta também os directores e empregados da Sociedade. • O Comité de Agentes do Mercado com o seu directório. Informação sobre funções, estrutura, composição, sistema de atribuição rotativa dos cargos de presidente, vice-presidente e O resumo das linhas de actuação estratégica para este exercício será o seguinte: • O funcionamento eficaz das operações dos mercados. Adaptação do processo de mercado em função dos prazos e conteúdos da nova legislação e primazia aos agentes de mercado. • Desenvolvimento do OMI. • Desenvolvimento das relações institucionais com especial atenção para o projecto de integração de mercados europeus (PCR). • Desenvolvimento de estratégias, oportunidades e colaborações que incluam valor acrescido relativamente aos novos desenvolvimentos em mercados energéticos, tais como os mercados a prazo de electricidade, mercados de futuros energéticos, mercados de gás natural, CO2, serviços a clientes, etc. • Atenção preferencial ao desenvolvimento tecnológico e recursos humanos da OMEL. 79 Relatório anual 2009 6 Perspectivas de evolução do sistema eléctrico para 2010 e para um futuro próximo As perspectivas do sistema eléctrico para 2010 configuram-se pela interacção de quatro elementos: as previsões de baixo consumo de electricidade, a elevada oferta de electricidade de origem renovável, o impacto de alterações legislativas recentes e a paulatina integração dos mercados da Península Ibérica. Há que fazer referência a um primeiro elemento, que é a redução da procura eléctrica. efetivamente a ligeira a e prevista queda do PIB espanhol em 2010 levará a uma procura de electricidade, alcançando níveis similares aos de 2009, apesar de no primeiro trimestre de 2010, a procura ter aumentado ligeiramente relativamente a 2009. Um segundo elemento é dado pela maior presença da produção de energia de origem renovável. Neste sentido as condições meteorológicas de água e vento que tivemos no princípio do ano, juntamente com o início do funcionamento de novas instalações de regime especial, principalmente eólica e solar, irão favorecer uma produção de energia eléctrica de regime especial, podendo vir a alcançar um recorde histórico em volume e percentagem de abrangência no abastecimento da procura da Península à volta dos 35 %. Neste contexto, espera-se que a 80 participação da electricidade de origem térmica no abastecimento do mercado, que já diminuiu em 2009 em 10 pontos percentuais, diminua também para 2010. De facto, se no segundo semestre de 2010 se repetissem as condições meteorológicas do primeiro trimestre e o consumo fosse similar ao de 2009, a participação da electricidade de origem térmica (carvão, ciclos combinados e fuel-gás), satisfaria cerca de 30 % da procura, na ordem dos 16 pontos a menos que em 2008. A estabilidade da procura e o grande volume de oferta de energias renováveis e nuclear provocam uma queda dos preços do mercado spot, que já se manifestou durante o primeiro trimestre de 2010, esperando-se que continue com maior ou menor intensidade em função das condições meteorológicas ao longo do ano. Um terceiro elemento que configurará o mercado será a entrada em vigor da 81 Relatório anual 2009 6. Perspectivas de evolução do sistema eléctrico para 2010 e para um futuro próximo emissões derivada de uma maior participação das energias renováveis. regulação pela que se estabelecerá o procedimentodo de resolução de restrições por garantia de fornecimento, favorecendo o funcionamento das centrais que utilizam carvão autóctone como combustível, o que reduzirá ainda mais o funcionamento das centrais de ciclo combinado e de carvão importado. Tal substituição provocará um aumento relativo das emissões de CO2 que se espera se compense pela redução de O aparecimento em Julho de 2009 dos Comercializadores de último recurso (CUR), como novos agentes com determinadas obrigações de comercializaçãoaos consumidores acolhidos à tarifa de último recurso, conduziu a um maior dinamismo no mercado eléctrico. A este respeito cabe assinalar que os CUR devem comprar a electricidade que necessitam para os clientes em regime de tarifa de último recurso, através dos denominados leilões CESUR e que o preço resultante dos mesmos se considera directamente no cálculo das tarifas de último recurso. A comparação entre os preços resultantes dos leilões CESUR e os preços do mercado spot do quarto trimestre de 2009 e do primeiro trimestre de 2010 recomenda que a data de realização dos leilões se aproxime, na medida do possível ao período ao qual se aplicam, de maneira a que se possa conseguir que as diferenças entre os preços resultantes do leilão e os preços diários do mercado spot sejam mínimas, positivamente ou negativamente. O quarto elemento de mudança no mercado eléctrico para 2010 é a consolidação do Mercado Ibérico. Com efeito, a 11 de Dezembro de 2009 entrou em vigor o Acordo de modificação do Convénio Internacional concernente à constituição de um Mercado Ibérico da energia eléctrica entre o Reino de Espanha e a República Portuguesa. Com a publicação deste acordo, iniciou-se oficialmente a constituição do OMI, que entrará em funcionamento durante o ano de 2010. Esta aprovação constitui um marco muito importante para o sector eléctrico ibérico, já que pressupõe uma etapa significativa de um dos mercados regionais assinalados pela Comissão Europeia como conjectura do mercado único europeu. Neste sentido, em 2010 continuarão os esforços da Comissão Europeia e do grupo de reguladores ERGEG para avançar na integração dos diferentes mercados de electricidade, a fim de chegar a um verdadeiro mercado único. O OMEL, como parte integrante de a associação de mercados de electricidade europeus (EuroPEX), continuará a colaborar com eles nos diferentes grupos de trabalho existentes para alcançar esse propósito. Ao longo de ano 2010, prosseguirá o desenvolvimento do projeto PCR para a integração dos mercados de eletricidade da UE. A concretização deste mecanismo permitirá melhorar o uso das interligações existentes entre países europeus numa área que abrangeria desde Portugal à Finlândia, assegurando que os fluxos de energia sejam coerentes com os preços, podendo avançar na progressiva construção do mercado único europeu. À iniciativa actual na qual trabalharam a OMEL, EPEX e Nord Pool durante 2009, juntaram-se em Março de 2010 a APXEndex (Reino Unido e Holanda), a Belpex (Bélgica) e a GME (Itália), estando aberta para que se unam outros mercados. Uma vez apresentados os elementos essenciais que condicionam o mercado eléctrico espanhol para 82 2010, importa indicar três questões que podem mudar o panorama do mercado eléctrico em Espanha a médio prazo, mas cujo impacto não é possível avaliar ainda: • Em primeiro lugar, existem expectativas fundadas de que se vai proceder a uma revisão da regulação do sistema eléctrico que incluirá uma revisão dos custos dos segmentos regulados, do sistema de apoio às energias renováveis, incluindo os procedimentos de selecção e retribuição aos fornecedores destas energias para adequá-la à nova realidade económica, às previsões de procura e à evolução tecnológica. Espera-se que tal revisão promova uma redução paulatina da retribuição das tecnologias limpas e uma participação crescente das mesmas no fornecimento eléctrico, de acordo com os objectivos estipulados pela União Europeia. • Em segundo lugar, o incremento da interligação entre os sistemas eléctricos de Espanha e França, prevista para 2014, permitirá aumentar a capacidade exportadora e importadora de electricidade espanhola com o resto da Europa, dos aproximadamente 3% da actual procura espanhola aos 6 %, embora esteja ainda longe dos 10 % da potência eléctrica instalada preconizado pela União Europeia. O aumento da capacidade de intercâmbio permitirá aproveitar melhor a electricidade gerada a partir de energias renováveis, especialmente a eólica, e aumentar a segurança de fornecimento. • Em terceiro lugar, a entrada em serviço do gasoduto do MEDGAZ, em meados de 2010, com uma capacidade de 8 bcm, pressupõe uma mudança importante no fornecimento de gás natural à Península Ibérica e à Europa. O início da operação deste gasoduto melhorará o abastecimento de gás natural em Espanha, ampliando a oferta de produto, o que aumentará a segurança de fornecimento. Neste sentido, é de destacar a importância que representa este gasoduto para a segurança de fornecimento da União Europeia, que impulsionará o reforço das interligações gasistas entre Espanha e França, o que aumentará a integração da rede de gasodutos espanhóis com os europeus, permitindo veicular uma maior quantidade de gás para o centro da Europa, levando a que países com uma elevada dependência de gás russo possam dispor de uma maior diversificação nas suas fontes de abastecimento. Adicionalmente prevê-se que durante 2010 se produza a primeira titularização do deficit do sistema eléctrico. A Lei de Orçamentos para 2010 reserva dentro dos Avais do Estado uma importância de 13.500 Me para garantir as obrigações económicas exigíveis ao Fundo de Titularização do deficit do sistema eléctrico. Do mesmo modo, nos próximos anos abrir-se-á um debate sobre os benefícios e riscos do uso da energia nuclear e do seu futuro em Espanha. Na sociedade está a desenvolver-se um sentimento de que a priori não se pode prescindir de nenhuma das fontes de energia que fornecem electricidade, especialmente se não produzir emissões de CO2, e que é necessário conceber uma política energética que garanta no futuro um adequado abastecimento para todos os consumidores. Iniciou-se oficialmente a constituição do OMI, que entrará em funcionamento durante o ano de 2010. 83 Autor: OMEL Alfonso XI, 6 28014 Madrid www.omel.es Desenho e maquetagem: Estudio Gráfico Juan de la Mata www.juandelamata.com Fotografias: José Javier Gonzaléz, Raul Santamaría, Ángel Antón, Andrés Hernández, Rafael Roa, e Arquivo de Imagens Impressão: Torreangulo Alfonso XI, 6 28014 Madrid www.omel.es