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VidaBosch Curtis Kautzer Maio | Junho | Julho de 2008 • nº 14 Sem descanso Repletos de atividades de lazer, resorts não param de crescer no Brasil Gigabyte verde Empresas começam a se preocupar em reciclar também o lixo eletrônico É batata! Na salada ou no bacalhau, frita ou assada, pura ou com recheio... ela vai bem de qualquer jeito editorial 14 20 Para novos desafios, novos paradigmas Boa Leitura! Ellen Paula 26 36 Nannai Beach Resort / divulgação Que nosso planeta encontra-se em situação crítica, não há dúvida. Já dispomos de inúmeras evidências de que o aquecimento global é problema sério demais para ser ignorado e grave demais para não ser combatido desde já. Esse desafio requer novas atitudes e novos paradigmas, como nos mostram duas reportagens que publicamos nesta edição da VidaBosch. Na seção tendências, mostramos como a energia solar pode ajudar a poupar energia elétrica. Só com as placas solares já instaladas no Brasil economizamos eletricidade suficiente para abastecer uma cidade como Vitória. E a Bosch contribui para esse esforço, com produtos que permitem aproveitar melhor a energia que vem do sol. Em atitude cidadã, abordamos um desafio típico dos nossos tempos: como lidar com o lixo eletrônico. Confira o que você pode fazer e o que a Bosch já faz para minimizar o problema. Nesta edição também trazemos uma dose renovada de lazer e entretenimento — veja sugestões para aproveitar o inverno na Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, e para fazer um home theater caber na sua sala e no seu bolso. Leia também, em Brasil cresce, sobre o crescimento de um setor que tem tudo a ver com lazer, o de resorts. Este número guarda ainda outra novidade: a partir de agora, a VidaBosch reserva um espaço constante para publicar dicas de manutenção de seu carro, apresentadas pelo Bosch Car Service, a maior rede de oficinas do Brasil. Confira na seção viagem. Sumário 02 viagem | Caminhe na Serra dos Órgãos e perca o fôlego com a vista 08 eu e meu carro | Roger, do Ultraje a Rigor, não deixa o automóvel nem com manobrista 10 torque e potência | Pequenos cuidados evitam o pior com o transporte escolar 14 casa e conforto | Tecnologia mais barata facilita criar “minicinema” na sala 20 saudável e gostoso | Recomendada pela ONU, batata é a rainha da versatilidade 26 tendências | Placas solares para aquecer água viram lei em algumas cidades 32 grandes obras | Rodoanel paulista constrói pontes e reconstrói meio ambiente 36 Brasil cresce | Lazer de luxo é aposta do setor hoteleiro e impulsiona resorts 40 atitude cidadã | Sustentabilidade em TI vira questão de sobrevivência 44 aquilo deu nisso | Do querosene ao xenon, a evolução da segurança nos faróis 46 áudio | Ouça melhor seu MP3 com pequenos truques do som automotivo Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (ADV). Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 (outros locais) ou www.bosch.com.br/contato Presidente: Edgar Silva Garbade • Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, 10° andar, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. (11) 3512-2100, fax (11) 3512-2105 / e-mail: [email protected] • Projeto gráfico e diagramação: Buono Disegno ([email protected]), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Globo Cochrane • Revisão: Dayane Cristina Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) | VidaBosch | viagem | Por Mara Bergamaschi Ricardo Cavalcanti/Kino.com.br Caminhar perto do céu Trilhas do parque da Serra dos Órgãos, entre Petrópolis e Teresópolis, revelam Mata Atlântica preservada, cachoeiras e uma vista do Rio a mais de 2 mil metros de altura | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | Silvestre Machado/Opção Brasil Imagens Silvestre Machado/Opção Brasil Imagens Rodney Suguita/Folha Imagem Serra dos Órgãos reúne cachoeiras, esportes radicais e paisagens para quem gosta de estar próximo das nuvens C omeça em maio e estende-se até setembro a melhor temporada para conhecer o que une as cidades-irmãs Petrópolis e Teresópolis: a belíssima paisagem do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Atravessar a pé, nas alturas, os 30 quilômetros que separam os municípios da região serrana fluminense é um programa que seduz qualquer turista. Os que alcançam a Pedra do Sino (2.263 metros) ou suas imediações, ponto culminante da travessia, deslumbram-se com o nascer e o pôr-do-sol atrás da cadeia de montanhas. E têm ainda a chance de ver à noite, além das estrelas, o brilho das luzes da cidade do Rio de Janeiro, distante mais de 60 quilômetros. Além do cenário magnífico, há tesouros da Mata Atlântica — como cachoeiras, piscinas naturais, árvores centenárias, grande variedade de orquídeas e bromélias, e também mais de 400 espécies de pássaros — preservados nos 105 km² do parque. São riquezas apreciadas não só pelos mais aventureiros, mas também pelos que não querem ou não podem fazer maiores esforços físicos. Para isso, há opções de trilhas leves e banhos naturais próximas aos centros de visitantes do parque localizados em Teresópolis (sede), Petrópolis ou Guapimirim — município que, ao lado de Magé, também tem seu território cortado pela reserva. A imponência dos picos irregulares — semelhantes aos tubos dos órgãos das igrejas antigas, daí o nome da serra —, nas encostas da então luxuriante Mata Atlântica, encantava os viajantes no século 19 que chegavam à Baía de Guanabara e avistavam o contorno das montanhas. O cartão postal eternizado em gravuras e desenhos de artistas e botânicos estrangeiros resiste — apesar da imensa devastação florestal. O diretor do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Ernesto Viveiros de Castro, comemora sucessivos recordes de visitação nos últimos três anos. Terceira mais antiga unidade de conservação do país, criada em 1939 por decreto de Getúlio Vargas, a Serra dos Órgãos recebeu no ano passado 113 mil visitantes, um crescimento de 140% em relação a 2004. Castro, biólogo e espe- Quem alcança a Pedra do Sino (2.263 metros de altitude) tem a chance de ver, à noite, além das estrelas, o brilho das luzes da cidade do Rio de Janeiro, distante mais de 60 quilômetros cialista em Ecologia, atribui o resultado ao interesse por ecoturismo e a uma melhoria da infra-estrutura. A mais recente melhoria é a reforma da pousada Refúgio do Parque, com 14 suítes e 4 quartos coletivos, cuja administração deverá ser entregue até julho à iniciativa privada. A contratação de guias é recomendada para explorar os caminhos, apesar de o turista ter direito de conhecer o Parque Nacional sozinho — permissão não válida, porém, para alpinistas dispostos a enfrentar o pico Dedo de Deus (1.692 m), símbolo de Teresópolis, ou o maior paredão do país, o “Big Wall” da Pedra do Sino. Para escalar, é preciso comprovar experiência, contar com equipes especializadas e receber au- torização do parque. Todo visitante está sujeito ao pagamento de multas se invadir áreas proibidas, abrir atalhos, fazer fogueiras ou não recolher o próprio lixo. Travessia nos céus Já para fazer o trecho Petrópolis-Teresópolis é necessário assinar um termo de responsabilidade e pagar as taxas na portaria do parque (R$12 por diária/pernoite). Conhecedor da área, o guia Pedro Mattos, cadastrado pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), alerta que os excursionistas não precisam ser atletas nem especialistas em montanhismo, mas devem estar com a saúde em dia, ter o hábito de caminhar e bom preparo físico — inclusive para carregar com equilíbrio barraca e provisões. “O passeio pode ser feito total ou parcialmente, no ritmo do grupo, em períodos que variam de um a sete dias”, diz Mattos. O mais comum, indica, é dividir a caminhada em três fases para três dias — estratégia também recomendada pelo parque. “Apesar de a entrada principal ser em Teresópolis, a travessia tem de começar pela portaria de Petrópolis (localizada no bairro Bonfim, em Corrêas), para se ficar de frente para as montanhas”, ensina. O guia também lembra que é fundamental observar as condições climáticas. “A travessia tem trechos bem altos, acima de 2 mil metros. Muito sol, muita chuva ou mesmo muita neblina atrapalham”, explica. A primeira parte da caminhada, estimada em seis horas, vai da portaria de Petrópolis até a Pedra do Açu, onde se descortinam vistas panorâmicas dos vales e montanhas. “É uma trilha bem marcada”, define Mattos. Apesar de relativamente curto — cerca de 7 km — é considerado um trecho pesado, com fortes mudanças de altitude (de 1.100 metros em Petrópolis a 2.245 metros, no Açu). Antes mesmo de chegar à Pedra do Açu, onde é permitido pernoitar em barracas, são muitas as maravilhas. Um local para banho em águas cristalinas aparece a poucos minutos de caminhada da portaria do Bonfim. Em seguida, encontra-se a Gruta do Presidente (lugar de escalada e rapel), onde também há um poço. Depois da gruta, há duas grandes cachoeiras: a Véu de Noiva, com uma queda d’água de 35 metros, para os adeptos dos esportes radicais e, em seguida, a Cachoeira das Andorinhas, com 15 metros de queda e piscina natural. Turistas hospedados em Petrópolis costumam aproveitar essas atrações e encerrar seu passeio nas cachoeiras. É no segundo dia, no caminho entre a Pedra do Açu e a Pedra do Sino, já no alto, que surgem, alerta o guia Pedro Mattos, os problemas na trilha. “O terreno e as marcações já não são tão bons, e há vários atalhos que confundem quem não conhece bem a região”. São, aproximadamente, sete horas de caminhada dura, passando por trechos íngremes, estreitos e difíceis, e com uma passagem (a do Cavalinho) considerada perigosa, feita com auxílio de cordas. Há, antes do cume da Pedra do Sino, um abrigo onde os visitantes podem montar acampamento. Todos os esforços, incentiva o guia, se justificam pelo visual. | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | Em terra Escolha o melhor trajeto O Parque Nacional da Serra dos Órgãos conta com três sedes: em Teresópolis, Guapimirim e Petrópolis (Bonfim). Sede Teresópolis (principal) A entrada principal do Parque Nacional da Serra dos Órgãos fica na avenida Rotariana s/nº (que interliga a BR 116 Rio-Bahia, na altura do km 89,5, à cidade), com boa sinalização. O acesso ao parque fica ao lado da ponte sobre o Rio Paquequer, próximo ao Mirante do Soberbo e ao Portal da Cidade. Na BR 116, sentido Rio-Teresópolis, na altura de Magé, existe a praça do pedágio administrado pela CRT, com cobrança bidirecional (R$ 6,80). Há cobrança de pedágio também no sentido Teresópolis-Magé-Teresópolis (R$ 4,80). Sede Petrópolis A portaria da Sede Petrópolis fica no Bairro do Bonfim, em Corrêas, Petrópolis. O acesso terrestre principal é feito pela BR-040, que liga o Rio de Janeiro (RJ) a Juiz de Fora (MG). Do centro de Petrópolis até a portaria, o acesso é através da Estrada União-Indústria, que margeia o Rio Quitandinha. Deve-se tomar o acesso do Distrito de Corrêas. Sede Guapimirim A Sede Guapimirim está localizada no início da subida da serra (Km 98,5) da BR-116, a 74 quilômetros do Rio de Janeiro. A entrada fica à direita da rodovia (sentido Teresópolis) e é bem sinalizada. O acesso a partir da cidade do Rio de Janeiro se dá pelas rodovias BR-040 (RioPetrópolis ou Rio-Juiz de Fora) e BR-116. Na BR-116, sentido Rio-Teresópolis, na altura de Magé, há uma praça do pedágio administrado pela CRT, com cobrança bidirecional (o valor é de R$ 5,40). O parque tem também boa infra-estrutura em Guapimirim. Os turistas podem acampar, fazer piqueniques, excursionar por áreas demarcadas na Mata Atlântica ou simplesmente passar o dia nas várias cachoeiras e poços do Rio Soberbo. Lá, há ainda atrativos históricos: uma capela e um casarão do século 19, onde fica o Centro de Visitantes Von Martius. No sobrado, sede da Fazenda Barreira do Soberbo, o botânico alemão Karl Friedrich Philipp von Martius, autor da “Flora Brasiliensis”, teria se hospedado entre 18171820, período em que viajou pelo Brasil. Pesquisas revelaram que nessa fazenda, de propriedade do médico Henrique José Dias, havia grande cultivo da quina — de onde é extraído o quinino que combate a malária. Financiada pelo 2º Império, a produção local abasteceu o Exército Brasileiro durante a Guerra do Paraguai (18641870).Há um projeto do Parque Nacional, em parceria com o Museu Nacional do Rio de Janeiro e com a Prefeitura de Guapimirim, para pesquisar e preservar as ruínas existentes na área da antiga fazenda. Na manhã seguinte, é hora de descer da Pedra do Sino por uma trilha suave de 11 km, que termina, depois de quatro horas de caminhada, nas piscinas naturais da sede do parque, em Teresópolis. Além das piscinas, trilhas curtas e refúgios construídos no meio da floresta estão concentrados próximos ao centro de Visitantes Cenário Verde. Ótimo programa para quem, hospedado em Teresópolis, dispõe de algumas horas para aproveitar o Parque Nacional. E quem opta por chegar à Pedra do Sino por um caminho menos árduo — mas também menos belo — parte pela mesma trilha tranqüila da entrada de Teresópolis e chega, em cerca de seis horas, ao Sino. Encontrará no trajeto caminhos calçados nos tempos do Império, mas também trechos acidentados, além de duas cachoeiras. Mais procurado, esse acesso à Pedra do Sino é limitado a 200 pessoas por dia, mas apenas cem poderão pernoitar no abrigo abaixo do cume. Ou seja: é preciso fôlego para, se for o caso, subir e descer no mesmo dia. Mais informações 040 495 Onde ficar Em Petrópolis: Solar do Império: Av. Koeler 376, Centro de Petrópolis. Tel.: (24) 2103-3000 Teresópolis Petrópolis Guapimirim Em Teresópolis: Alpina Hotel: Rua Cândido Portinari, 837, Golf – Teresópolis Tel.: (21) 2741.4999 116 RJ - 107 116 Magé Onde comer Em Petrópolis: Il Perugino (cozinha italiana): Estrada União Indústria, 12.601 - (24) 2222-3092. Quarta-feira de 19h30 até 23h30; quinta, sexta e sábado de 12h30 até 0h30 e domingo de 12h30 às 18h Em Teresópolis: Dona Irene (cozinha russa): R. Tenente Luís Meireles, 1.800 Tel.: (21) 2742-2901 493 Baia de Guanabara 040 Duque de Caxias Rio de Janeiro São Gonçalo Niterói RJ Qualidade sempre ao seu lado A partir desta edição, esse espaço será exclusivo para dicas de manutenção e conservação do seu automóvel, dadas pelos técnicos do Bosch Service, que é hoje a maior rede de oficinas do Brasil e oferece todos os serviços para seu carro num só lugar. Conta com mais de 1.400 estabelecimentos de veículos leves e pesados espalhados por todos os Estados do país. A exigência de um padrão de excelência começa logo no credenciamento. Para ser um Bosch Service, as oficinas devem cumprir uma série de requisitos, como possuir equipamentos completos, técnicos experientes e bem-treinados, instalações exemplares limpas e organizadas. Mesmo depois de credenciados, os estabelecimentos passam por aperfeiçoamento constante — há uma auditoria pelo menos uma vez a cada dois anos para que comprovem a qualidade técnica do serviço e do atendimento. Da simples troca de óleo à solução de problemas complexos no motor, passando por ajuste nos freios, alinhamento, balanceamento, injeção eletrônica e outros reparos, as oficinas credenciadas estão preparadas para consertar seu carro com rapidez, bom atendimento e a garantia de qualidade da Bosch. Para saber onde fica a oficina mais próxima de você, acesse www.boschservice.com.br Arquivo Bosch Arquivo Bosch Dicas Bosch Service Na subida, toda a manutenção ajuda Uma manutenção preventiva geral é recomendável antes de qualquer viagem de automóvel. Entretanto, em trechos com subidas íngremes, pista sinuosa e neblina – como na Serra dos Órgãos – algumas partes do veículo pedem atenção especial. Um deles é o freio, muito exigido nas curvas e nas descidas da viagem de volta para o Rio de Janeiro. Para não os sobrecarregar e evitar desgastes perigosos, o motorista deve sempre descer com a marcha engatada, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o equipamento. Os técnicos da rede Bosch Service destacam que também é importante checar os desembaçadores de vidro para manter sempre boa visibilidade (esses equipamentos podem ser muito exigidos por conta da neblina e do frio da região da Serra dos Órgãos). Outro ponto importante é a revisão do sistema elétrico, principalmente da bateria. Não importa se de dia ou de noite, dirija com farol ligado – em locais com muitas curvas, baixa visibilidade e risco de neblina, é uma atitude que pode garantir sua segurança. | VidaBosch | eu e meu carro | Por Sarah Fernandes Rachel Guedes ‘Mas eu me mordo de ciúmes’ Fazendo jus aos versos da banda, Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, diz que não gosta de deixar o carro “nem com manobrista de estacionamento” E le podia até ter ciúmes do violão ou de uma cópia do primeiro disco da banda. Isso seria esperado. O que chama a atenção, porém, é o apego que Roger Rocha Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor, tem a seu carro: ele não gosta de ver outras pessoas dirigindo seu automóvel. “Eu não gosto de emprestar. Nem em estacionamento que tem manobrista eu gosto de deixar o car- ro. Procuro aqueles onde eu mesmo possa parar e ficar com a chave”, conta. Não é por menos. Roger trata seus carros com carinho. Não pula as revisões, é prudente e evita fazer manobras bruscas. “Costumo cuidar bem do carro e me afeiçoar a ele”, resume. Hoje, Roger tem um Audi já não mais fabricado no Brasil, que veio substituir seu veículo anterior — do mesmo Desde o início de sua “carreira” de motorista, cantor prefere carros esportivos e de cores diferentes, como amarelo e vermelho modelo —, danificado em um acidente. “Ele responde bem, é ágil”, descreve. Mas, para ficar completo, é indispensável que um automóvel de Roger tenha algo a mais: uma cor diferente — um modo de fugir da monocromia que, segundo o cantor, toma conta das ruas da cidade de São Paulo, onde mora. “De uns tempos para cá só se vêem carros preto, prata e branco. No Brasil, acho que pela falta de dinheiro, o pessoal se preocupa na hora de vender de novo e procura cores mais discretas”, comenta. Seu Audi atual é vermelho, mas ele queria mesmo um amarelo, a cor de que Roger mais gosta nos veículos. “O vendedor me disse: ‘olha, você não vai vender esse carro nunca mais. Vai ser você com um amarelo e a Sula Miranda com um cor-derosa’. Aí eu comprei vermelho, que gosto também”, relembra. O primeiro carro do vocalista, porém, obedeceu a todos os seus gostos: era um Escort, com as linhas esportivas que agradam a Roger, e na cor amarela. “Comprei em 1986, logo após a banda estourar. Aliás, fomos juntos a um revendedor e todos compraram um carro. Foi o primeiro dinheiro mais alto que eu gastei”, conta. Na época, o Ultraje a Rigor era formado pelo baterista Leonardo Galasso, pelo baixista Maurício Defendi e pelo guitarrista Carlo Bartolini, além de Roger. “Eu fiquei uns 10 anos com esse Escort amarelo. O pessoal até hoje fala: já te vi em um Escort amarelo!”, lembra. “Me deu até pena de vender. Quando vendi, foi para um cara da equipe, para saber onde estava.” Enquanto mantinha o primeiro carro, Roger teve outros Escorts, de modelos mais novos. “Tive um azul, um vermelho, um branco. Depois, em 1997, eu passei para o Audi”, diz Roger, que sempre teve atração por modelos esportivos. Apesar dessa queda pelos esportivos, ou justamente por isso, gosta mesmo é de dirigir na cidade — o máximo que faz é ten- tar evitar os horários de pico para se livrar dos congestionamentos. “É mais animado, exige mais do motorista. Na estrada você acelera e vai. No trânsito tem de trocar a marcha, mudar a velocidade, fazer curvas, é um desafio maior.” Isso não significa, claro, que ele ache que trafegar por São Paulo seja uma maravilha.“Tem cara que dirige como se estivesse numa pista de corrida: tangencia nas curvas, anda no meio da pista. Não tem a noção de que está usando uma via pública”, reclama. “São princípios básicos de direção. Lembro que, quando fui na auto-escola, assim que entrei no carro o professor falou: pega a outra faixa. Quando eu ia trocar, ele segurou o volante e disse: ‘nunca faça isso, no trânsito você tem de ser sempre previsível’”. Ainda assim, ele avalia que os motoristas têm colaborado para deixar o trânsito menos estressante. “Ou eu não tenho ido aos lugares certos ou o uso da buzina não é mais como antigamente. O trânsito parava e ficava todo mundo buzinando. Acho que o pessoal se conformou ou se deu conta de que aquilo não adianta e só incomoda. Eu, por exemplo, só uso a buzina como um sinal de alerta.” Avião, nem pensar Apesar da preferência pela direção urbana, Roger não se queixa de guiar na estrada. Mais que isso: com mais de 20 anos de carreira, já se acostumou a pegar rodovias para fazer shows — Roger não viaja de avião. “Não ando mesmo, de maneira nenhuma. Não sei o que aconteceu no meio do caminho, mas o medo foi ficando cada vez maior e eu parei de andar. Fiz hipnose, um monte de coisa, não adiantou muito.” Por isso, ele pega estrada para tocar com a banda. Quando todos os integrantes viajam para tocar juntos, vão de ônibus. Quando a apresentação é só de Roger, ele mesmo vai dirigindo, no seu carro. “Eu prefiro ir dirigindo que ir com um motorista que eu nem começo. Me sinto mais seguro assim.” E quando recebe um convite para fazer show em, por exemplo, Roraima? “Eu não vou. Já fizemos turnês Norte-Nordeste de ônibus antes dos anos 90. Hoje, infelizmente, eu parei de ir a essas regiões.” A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Sinal de alerta As buzinas, como destaca o cantor Roger, são importantes para alertar motoristas e pedestres contra alguma surpresa no trânsito. Elas são um item de segurança do veículo, segundo a Bosch, que tem uma linha completa com diversos formatos e sons. Para funcionar adequadamente como item de segurança, esses dispositivos têm de gerar um som potente que capte a atenção das pessoas e as alerte sobre alguma emergência. A sonoridade da buzina pode ter o timbre agudo ou grave — a Bosch oferece produtos que abrangem toda essa variação. A linha de buzinas está dividida em quatro famílias: Paquerinha, Paquera, Paquerinha-Mini e Caracol — Windtone. Os três primeiros modelos são do tipo disco e possuem uma sonoridade de alto impacto, são resistentes a água e não desafinam durante sua vida útil. A buzina tipo Caracol tem formato de corneta e gera um som abrangente e potente (mais grave que o dos outros modelos) e também não desafina durante sua vida útil. A Bosch é pioneira na fabricação de buzinas para automóveis — a tradição da empresa nessa área remonta a 1919. Hoje, fornece o equipamento para mais de 20 montadoras de veículos em todo o mundo. 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Manuel Alves Filho Cuidado: frágil Toda atenção é pouca quando se trata de escolher quem levará seu filho até a escola. Conferir se a van tem autorização para fazer o serviço e se o motorista passou por curso específico são algumas das dicas para fugir de problemas Sergio Castro/Agência Estado A imagem da criança que, com a mochila nas costas, cumpre a pé o trajeto entre sua casa e a escola está se tornando cada vez mais incomum. Por razões de segurança, necessidade ou praticidade, até mesmo estudantes que moram a poucos minutos do colégio utilizam o transporte escolar particular. “Eu fico bem mais tranqüila, pois sei que meu filho não ficará exposto aos perigos da rua”, justifica a protética Milena Machado, mãe de Caio, 11 anos, que usa o serviço há três anos. “Antes, eu e meu marido nos revezávamos para levá-lo ao colégio, mas os compromissos profissionais acabaram impedindo essa tarefa. Meu filho estranhou no começo, mas depois se enturmou com os colegas. Hoje, a viagem é uma diversão”, acrescenta. Animação, de fato, é o que não falta no interior de boa parte dos veículos escolares. As crianças aproveitam o percurso para conversar ou realizar jogos e brincadeiras. Quando a agitação é muito grande, o motorista, ou um monitor, é obrigado a intervir. “De vez em quando a gente pede um pouco de calma para a galera. Mas como as minhas crianças são educadas, elas atendem prontamente”, garante a perueira Célia Cristina Penna, que atua há 12 anos no ramo. Embora importante, o fino trato do transportador escolar é somente um dos aspectos a serem observados pelos pais no momento da contratação do serviço. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, que normatiza a atividade em âmbito nacional, antes de tudo o condutor precisa ser motorista profissional, ou 12 | VidaBosch | torque e potência Fique atento • Contrate transportadores que tenham licença para o serviço. • Verifique se o selo de vistoria está atualizado e colado no pára-brisa. O selo muda o padrão visual a cada semestre. • Certifique-se de que o veículo possui cintos de segurança em número igual à lotação máxima. • Peça referências do transportador escolar a outros pais ou à escola. • Firme um contrato de prestação de serviço com o transportador. • Veja qual itinerário será cumprido diariamente pelo transportador. • Embora a legislação não exija, dê preferência ao motorista que trabalha com um auxiliar. Clayton de Souza /Agência Estado Fontes: Secretaria Municipal de Transporte de São Paulo e Sindicato dos Transportadores Autônomos de Escolares e das Microempresas de Transportes de Escolares do Estado de São Paulo torque e potência | VidaBosch | 13 seja,, possuir carteira de habilitação categorias “D” ou “E”. Além disso, também deve ter freqüentado curso específico de formação. Outro ponto fundamental são as condições de segurança dos veículos. As vistorias são feitas semestralmente pelos municípios, que também ficam responsáveis por regulamentar aspectos da legislação geral como formato dos selos e necessidade ou não de monitores. Na cidade de São Paulo, por exemplo, peruas, vans, microônibus e ônibus são inspecionados tanto pela prefeitura quanto pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). São verificados, entre outros, itens como pneus, freios, suspensão e sistema elétrico. Um ponto indispensável é que o veículo possua cintos de segurança em número igual à lotação máxima. Aprovado, o carro recebe um selo que deve ser colado no pára-brisa, para fácil visualização tanto das autoridades quanto dos usuários. “Se o veículo não tiver essa identificação, provavelmente está irregular ou é clandestino. Nesse caso, fuja dele”, alerta o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Escolares e das Microempresas de Transportes de Escolares do Estado de São Paulo (Simetesp), Donay Neto. Para cada três transportadores devidamente regularizados, existe um clandestino operando na cidade de São Paulo, afirma o presidente do Simetesp. Este, insiste Donay Neto, representa um enorme perigo tanto para os usuários quanto para o trânsito em geral. “Em relação ao clandestino, ninguém sabe se motorista e carro estão em condições de operar”. A Simetesp estima em 100 mil o número de profissionais habilitados em todo o país. Eles seriam responsáveis pela locomoção de um contingente aproximado de 6 milhões de usuários. Só no município de São Paulo estão cadastrados 19.467 transportadores e 9.012 veículos, segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMT). O segmento é responsável pela locomoção diária de 1,25 milhão de pessoas, contingente que supera a população de Campinas, no interior do Estado. Apesar de reconhecer que a clandestinidade é um problema, a SMT Cerca de 100 mil profissionais habilitados transportam 6 milhões de estudantes no Brasil, estima sindicato do setor Os veículos escolares que passam pela inspeção semestral feita pelas cidades ganham um selo que deve estar colado no pára-brisa. Se não houver a identificação, pode ser clandestino afirma que exerce uma rigorosa fiscalização sobre o setor, inclusive em relação aos transportadores licenciados. As blitze são realizadas semanalmente, por amostragem. Em 2007, a SMT aplicou 822 multas aos permissionários, como são chamados os transportadores regulamentados. Desse total, 264 resultaram na apreensão do veículo. “Vale destacar que essa categoria é muito disciplinada. Tanto é assim que, no ano passado, somente 9% dos veículos em operação foram autuados”, afirma Roberto Allegretti, diretor de Transportes Públicos da secretaria. Além disso, acrescenta, outros 264 veículos, estes clandestinos, foram retirados de circulação no mesmo período. Um dado curioso citado por Allegretti refere-se à mudança do perfil do transportador escolar. Embora ainda não constituam maioria, as mulheres vêm ganhando espaço na atividade. “Possivelmente porque esse tipo de trabalho ajuda a complementar a renda familiar”, infere. Além de checar se condutor e veículo estão devidamente aprovados pelas autoridades de transporte, os pais devem tomar outros dois cuidados no momento de contratar um transportador escolar. O primeiro deles, recomenda Donay Neto, é certificar-se do itinerário que será cumprido diariamente, para eventual averiguação. O segundo é firmar um termo por escrito com o prestador do serviço, para evitar problemas futuros, como aumento indevido de preço ou suspensão repentina da atividade. “Como qualquer relação de consumo, esta também não deve ser feita apenas com base na palavra”, adverte o dirigente sindical. O papel das escolas Assim como os pais, as escolas também devem conferir se o transporte de seus alunos está sendo feito com eficiência e segurança. A maioria dos estabelecimentos não recomenda o serviço desse ou daquele transportador, mas exerce algum tipo de acompanhamento da atividade. A Escola Americana de Campinas (EAC), por exemplo, uma das mais tradicionais da cidade, não faz qualquer indicação aos pais, mas procura orientá-los para que optem por empresas ou autônomos cadastrados na Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), responsável pelo gerenciamento do trânsito e do transporte no município. E, embora a legislação não faça esse tipo de imposição, a EAC, que conta com cerca de 500 estudantes de 3 a 18 anos, recomenda que os veículos contem com um monitor para orientar e cuidar dos passageiros, segundo a responsável pela admissão de novos alunos do estabelecimento, Lélia Almeida. O Colégio Visconde de Porto Seguro, que mantém quatro estabelecimentos em São Paulo e um em Valinhos, também se preocupa com o transporte de seus estudantes. O diretor da unidade interiorana, José Admir Formigoni Moreli, conta que a escola exige ao início de cada semestre que os transportadores escolares apresentem as documentações dos motoristas e dos veículos devidamente atualizadas. “Para que tenham acesso às nossas dependências, como o estacionamento, eles precisam comprovar que estão regularizados”, afirma. Além disso, o Porto Seguro de Valinhos resolveu estimular um sistema alternativo de transporte de parte de seus 2,7 mil alunos. Como a maioria reside em condomínios pelas cidades da região, é feito um cadastro dos pais interessados em revezaremse na tarefa de levar e pegar os filhos e alguns colegas na escola. A relação, informa Moreli, fica à disposição dos interessados na portaria. “O colégio decidiu incentivar esse tipo de colaboração por três motivos essenciais. Primeiro, por tratar-se de um transporte responsável, já que é feito pelos próprios pais dos estudantes. Segundo, porque proporciona redução do fluxo de automóveis e conseqüente economia de combustível, o que traz benefícios ao bolso e ao meio ambiente. Terceiro, porque pais e filhos têm a oportunidade de aproveitar o tempo de trajeto entre a casa e a escola para aprofundar a convivência”, elenca. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Barulho, só o das crianças Mesmo com um monitor por perto e um motorista cuidadoso, ninguém quer o filho sacolejando no caminho para a escola ao som de um motor barulhento. Um dos componentes automotivos que colaboram para que a van ou o microônibus escolar rode macio e sem atrapalhar a conversa da garotada é o sistema de injeção diesel Common Rail 2.2, da Bosch. Produzido pela Divisão de Sistemas Diesel da Bosch, o sistema é específico para carros de passeio e veículos comerciais leves, como vans, peruas e microônibus e traz mais conforto aos passageiros. Uma unidade de comando eletrônico controla a quantidade de combustível a ser injetada no motor e o momento certo de liberá-lo com precisão. Dessa forma, injeta o diesel também antes da combustão, preparando o motor para fazer uma queima mais homogênea, com menos vibração e menor ruído. Combustão feita, o sistema comanda nova injeção de diesel no motor. O processo resulta ainda em mais benefícios, como menos poluição e mais economia de combustível. 14 | VidaBosch | casa e conforto | Por Chantal Brissac Divulgação Pronta para o cinema O barateamento da tecnologia de home theater torna mais fácil transformar a sala de casa em um ambiente para ver filmes – o que vai muito além da compra de equipamentos 16 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 17 Divulgação/Ornare Greenland Um projeto de home theater deve levar em conta não só a TV e o som: revestimentos em madeira ajudam a acústica, sofás adequados garantem o conforto O que é um home theater? Uma sala de projeção gigantesca, com um sistema de som que pode ser ouvido a distância? Ou um espaço confortável e acolhedor para ficar com a família e amigos algumas horas, assistindo a um bom filme e ouvindo boa música? Desde que o conceito de home theater surgiu, na década de 80, o mercado de tecnologia passa por uma revolução: a cada ano, surgem novidades que deixam o consumidor confuso e inseguro. Um equipamento de quatro anos é considerado velho. Com uma infinidade de novas opções, como montar o ambiente mais adequado? A diversidade é a marca desse setor. Para arquitetos, decoradores e especialistas na área, vale, sim, pesquisar o que há de mais moderno no mercado, mas mais importante é montar um ambiente gostoso. “Um dos fatores que agregam [qualidade] ao resultado é o sofá. O sofá adequado é item importantíssimo; de nada valerão todos os recursos de tecnologia adquiridos se o dito cujo não for confortável”, exemplifica o arquiteto Renato Pavan, autor de vários projetos residenciais. “Home theater é um conjunto de fatores que, agregados, irão proporcionar um conjunto de sensações”, enfatiza. Sistema que cabe no bolso Pavan recomenda pesquisar a oferta de equipamento que melhor atenda o orçamento, lembrando que a TV é apenas um item desse cenário. O som, afirma, merece bastante atenção. “É um conjunto de equipamentos que irá oferecer os efeitos sonoros tão desejados. O comum é o cliente entrar na loja e se deparar com uma ‘oferta pronta’ de equipamentos. Preço convidativo não é sinônimo de boa compra. É preciso saber exatamente qual a função de cada componente”, destaca. No entanto, não é necessário gastar uma fortuna para ter uma sala de cinema com alta qualidade de imagem e de som. Renato Pavan descreve o “feijão com arroz” para montar um home theater: um receiver (equipamento de som), cinco caixas acústicas e um subwoofer (caixa que reproduz os sons graves) além da TV, é claro. “Com isso, é possível assistir a um filme com sensações bem próximas às do cinema”, afirma. Ele lembra que hoje a maioria das lojas oferece sistemas por preços vantajosos. “A constante renovação tecnológica torna isso possível. Mas é essencial pesquisar com a ajuda de um especialista”, aconselha. Renato projetou, em duas ocasiões, o home theater do industrial Agnaldo Marchi, apaixonado por cinema e adepto das reuniões com amigos em casa. “Quase todos os domingos, reúno pessoas para assistirmos juntos a alguns filmes”, diz Marchi. No primeiro aparelho, em 2001, Marchi lembra que gastou bem mais. “Naquela época, um aparelho de DVD custava US$ 900; hoje, sai por R$ 300”, compara. A maioria dos aparelhos tinha, de fato, preço bem mais salgado. Os valores das TVs de plasma, por exemplo, despencaram drasticamente. Em 2001, chegavam a R$ 30 mil; hoje, são encontradas por R$ 2 mil. O arquiteto Marco Sbano observa que o “barateamento” do sistema é uma realida- de, já que as caixinhas acústicas, o receiver e o subwoofer são encontrados até mesmo em grandes redes de supermercado. “O importante é seguir as especificações dos fabricantes quanto à distância das caixas e à localização com relação aos móveis e à TV”, frisa Sbano. “Isso é essencial para que o surround tenha efeito.” Um home theater “enxuto”, para o arquiteto, dispensa elementos como isolamento acústico, mas, por outro lado, não cabe nesse sistema, ideal para pequenos e médios espaços, uma estrutura de som muito potente. “Isso prejudicaria a acústica interna e os vizinhos próximos”, diz o casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 19 Divulgação/Ornare Iluminação deve ser planejada de modo a não refletir na TV nem concorrer com a luz do projetor mento inadequado põe a perder o trabalho do sonoplasta que fez o filme”, diz. Dois pontos importantes para o sucesso do home theater são lembrados pelo engenheiro civil Júlio Franco: a iluminação e o tratamento acústico. O piso ideal é feito com tapete ou carpete, já que revestimentos como mármore e cerâmica provocam eco. O mesmo acontece com superfícies reflexivas como vidro, pintura acrílica e espelho. “Cortinas, persianas, papel de parede e móveis de madeira são recursos que ajudam a melhorar a acústica e a luminosidade e a evitar eco”, explica Franco. “A iluminação não deve refletir na TV ou rivalizar com a luz que sai do projetor. Focos de luz indireta, com possibilidade de controle de intensidade, são a melhor opção”, diz o engenheiro. Para que o equipamento atinja a melhor performance, a sala deve ser configurada de É melhor evitar revestimentos em mármore, cerâmica ou vidro, pois provocam eco arquiteto, que considera essencial, além do mobiliário confortável, a boa iluminação. Dicas do especialista Há formas de projetar bons home thea ters para os mais diferentes espaços, segundo Junior Amorim, consultor técnico da Maestro Home Theater, que trabalha há 10 anos com projetos de cinemas em casa. Para acertar, Amorim dá algumas dicas: 3. O receiver permite comandar a sala de home theater e, ao mesmo tempo, mandar outra fonte de áudio para outros ambientes. Ou seja, é possível usar a sala e, simultaneamente, fazer com que o aparelho envie músicas do seu mp3 player para os quartos. 1. Se você estiver construindo ou reformando a sua casa, é bom preparar a sala tendo em vista a localização da aparelhagem de som e dos cabos, de modo a planejar como escondê-los. 4. Lâmpadas dimerizadas (que aumentam ou diminuem de intensidade) produzem sensação de bem-estar, pois ajudam na qualidade da imagem e dão sensação de aconchego e conforto. 2. Caso um projetor seja usado, é útil que o cliente tenha um rebaixo de gesso, no qual possa embutir tela, caixas e elevador para o projetor. Com um rebaixo de 15 cm, isso se torna possível. 5. As caixas de som podem ter estilos completamente diferentes (elétricas, embutidas no teto ou torre). É aconselhável uma análise prévia da decoração pretendida no ambiente para orientar a compra. O ambiente Antes de ir às compras, recomenda-se estudar o local onde o home theater será instalado — é a partir daí que começa a definição dos equipamentos necessários. Também é importante o acompanhamento de um profissional para montagem da sala e instalação. E, claro, é igualmente essencial existir uma relação de proporcionalidade entre o espaço da sala e toda a parafernália eletrônica, destaca Antonio Fujimoto, gerente de Engenharia da Gradiente. “A televisão não pode ficar parecendo um pequeno pontinho na frente, perdida em uma sala imensa. Em espaços muito grandes também podem ocorrer problemas de luminosidade e acústica”, salienta. Ao planejar uma sala de home theater deve-se também ter em mente a posição dos ouvintes em relação à TV e ao som, afirma o arquiteto Iberê Campos. “Um posiciona- acordo com as fontes de som, frisa Renato Pavan. “De nada vale adquirir um sistema de som com sete canais se não há como instalá-lo. Por vezes, o sistema de cinco canais é o máximo de recurso que uma sala solicita”, explica o arquiteto. Envolvido pelo som Palavras como receiver, subwoofer e surround passaram a fazer parte do repertório do consumidor. Um receiver é um equipamento de som, com caixas acústicas e entradas de áudio; o subwoofer é fundamental para a sonorização com qualidade de cinema, é a caixa que dará todos os graves que estiverem no seu filme ou show. Surround, como indica a palavra em inglês (rodear, envolver), é o efeito acústico conseguido por meio da ligação de quatro ou cinco caixas a um sistema de áudio, para que o ouvinte se sinta envolvido pelo som. O surround deve estar bem alinhado, e o subwoofer deve ficar fora da estante, porque tende a causar vibração, aconselha Josias Cordeiro, da Josias Studio, empresa que trabalha com áudio e vídeo desde 1950. “O subwoofer desempenha melhor quando colocado num canto da sala”, indica. Mas, para o especialista, a palavra-chave é media center, um aparelho que integra todas as fontes de áudio e vídeo (CD, DVD, gravadores de CD e DVD, mp3 player, receptores de rádio e decoders de televisão). O media center, para Josias Cordeiro, é um coringa poderoso, monitorado por um simples controle remoto ou teclado e mouse sem fio. “Você pode assistir a TV, DVD, ouvir músicas, ver fotos, trabalhar no computador, navegar na internet. Tudo está interligado”, diz. A integração com novas mídias e a chegada da TV digital também são fatores apontados pelo arquiteto Marcos Sbano como vetores de uma popularização do sistema. “Tudo isso está se tornando corriqueiro como o rádio e TV foram em épocas passadas”, compara. Ele afirma que o acesso mais fácil ao cinema em casa é conseqüên cia do avanço tecnológico acelerado. “A boa imagem e o bom som acabam ficando obrigatórios, até para não causar estresse nos usuários”, resume. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch 18 | VidaBosch | Salvando a sessão de última hora Convidar na última hora amigos para assistir a um filme em casa pode criar um inconveniente: como gelar rapidamente cervejas ou refrigerantes para recebê-los? A Bosch oferece, na linha Glass Edition, uma função que acelera o resfriamento de carnes e bebidas. “O freezer trabalha normalmente a -18 ºC, mas o equipamento possui a função fast freezing, que reduz a temperatura para aproximadamente -24 ºC de maneira muito rápida”, afirma Sergei Epof, gerente de produtos em refrigeração da Bosch. “Se você chega com cerveja quente, é só acionar essa função e o aparelho joga um ar mais frio dentro do freezer, que irá refrescá-la mais rapidamente.” Outra comodidade para quem quer receber amigos para sessões de última hora é o ice maker, um compartimento especialmente desenhado para a produção de cubos de gelo. Quando associado ao fast freezing, produz mais rapidamente as pedrinhas que irão ocupar os copos dos convidados. A linha Glass Edition possui o maior espaço da categoria (445 litros) e é 100% ecológica. Seu design sofisticado, com a porta de vidro curvo, facilita a limpeza, além de trazer beleza para a cozinha. Traz ainda compartimentos com temperaturas exclusivas: mais gelado, para carnes, e menos frio, para legumes e verduras. saudável e gostoso | Por Bell Kranz Sean Nel 20 | VidaBosch | Versatilidade debaixo da terra Quarto alimento mais cultivado do mundo, batata pode virar salada, acompanhamento de bacalhau, porção de bar e até combustível Stocksnapp V á plantar batatas! Essa expressão, usada para afugentar chatos e indesejados em geral, é hoje uma recomendação séria feita para o mundo inteiro pela Organização das Nações Unidas (ONU), que declarou 2008 o Ano Internacional da Batata. O objetivo é chamar atenção para o papel desse tubérculo como uma espécie de salvador da pátria para grandes problemas mundiais, como a fome, a pobreza e as ameaças ao meio ambiente. Porém, antes de ter suas inúmeras virtudes reconhecidas, a trajetória da batata ao longo dos anos foi uma verdadeira epopéia. No final do século 16, a única parte da batata que chegava às mesas da aristocracia européia eram as flores, em vasos. O alimento era relegado aos animais domésticos e aos indigentes. Os camponeses achavam que ela era venenosa, causava lepra ou abria o apetite sexual de maneira intensa e incontrolável. “Maçãs do diabo”, é como os russos a chamavam — acreditavam que quem mordesse a batata seria barrado no paraíso. De tão maldita, o seu cultivo foi até proibido pelo parlamento francês, em 1748. A fome deu uma guinada nos rumos dessa história. O monarca Frederico 2º, da Prússia (também conhecido como Frederico, o Grande), assinou, em 1756, o chamado “Decreto da Batata”, em que obrigava seus súditos a plantarem o tubérculo. Graças a esse decreto, as suas qualidades nutricionais foram descobertas e 22 | VidaBosch | saudável e gostoso saudável e gostoso | VidaBosch | 23 A batata chegou a ser considerada alimento maldito até a Idade Moderna, mas hoje é vista pela ONU como importante produto contra a pobreza divulgadas. O engenheiro agrônomo francês Antoine Augustin Parmentier estava na Prússia e, na volta a seu país, apresentou um estudo sobre o uso da batata na nutrição de pacientes com disenteria. A partir daí, a batata foi declarada “comestível” pela Faculdade de Medicina de Paris — hoje, na França, quando um prato leva a palavra Parmentier no nome significa que a receita inclui batata. Rainha da versatilidade Crua, grelhada, cozida, frita, assada, recheada, ralada, em rodelas, inteira... Batata é a rainha da versatilidade Liv Friis Larsen Ela é um grande curinga do cardápio. Pode ser grelhada, cozida, frita, assada, recheada, ralada; pode ser servida crua, em rodelas, inteira, como suporte do bacalhau ou da carne seca, integrando o cozido, a salada, a sopa... a lista é extensa (mesmo a casca pode ser aproveitada: lave-a bem, enxugue, frite em óleo quente e tempere com sal; vira um ótimo aperitivo). Ela é a rainha da versatilidade. Além disso, agrada a grande maioria dos comensais nas mais diferentes ocasiões. Quando nada cai bem no estômago, uma sopinha de batata é um bálsamo. Nos jantares de gala ela também é presença freqüente. E é um dos itens com maior ibope entre as crianças, especialmente quando encarna um dos ícones do fast-food e também das mesas de bar: a batata frita (uma dica para que ela fique sequinha e macia: antes de fritar, corte-a e deixe-a por cerca de meia hora no congelador). Franceses e belgas brigam pelo pioneirismo na criação da batata frita. Mas, para alguns historiadores, ela foi inventada mesmo é na Espanha. Afinal, a disseminação da batata pelo mundo começou com a conquista espanhola do Peru, iniciada em 1532. Os espanhóis dizimaram a cultura inca — mais da metade da população local morreu —, mas “salvaram” a batata. De lá, o tubérculo seguiu para a Europa. A versatilidade é tanta que extrapola a cozinha. O amido da batata é usado nas indústrias têxtil, farmacêutica, de madeira e de papel — é um substituto 100% biodegra- Contra os odores A batata fica gostosa preparada das mais diversas formas. Mas é difícil discordar que a preferência, entre adultos e crianças, é pela batata frita. Prepará-la em casa, porém, significa lidar com resíduos de gordura e odores fortes na cozinha. A Bosch possui coifas com filtros especiais e potência de exaustão superior para que você sinta apenas o aroma do que está sendo preparado, sem fumaça ou gordura. Elas podem ser usadas como depurador ou exaustor. Na primeira opção, o ar é filtrado e devolvido para o ambiente. Na segunda, é eliminado por meio de duto. Um dos produtos da linha, a Coifa Curva, está disponível para fogões de quatro ou cinco bocas. Possui design curvo e acabamento em inox. Seus filtros de carvão ativado e seus filtros metálicos garantem eliminação dos odores e absorção da gordura. Para maior praticidade e conforto do usuário, dispõe de três velocidades e duas lâmpadas halógenas de 40W, que permitem que se trabalhe com maior precisão e visibilidade. dável do poliestireno, servindo, por exemplo, para fabricar pratos descartáveis. As cascas podem ser liquidificadas e usadas na fabricação de biocombustível. Há milhares de variedades do tubérculo, muito diferentes em tamanho, forma, cor, textura, uso culinário e gosto, apesar de todas pertencerem à mesma espécie botânica, Solanum tuberosum. A do tipo vitelotte, por exemplo, apreciada pelos gourmets, é uma variedade francesa, cuja casca é azul escura e a polpa, cor de violeta. Já a kipfler é de origem alemã, tem forma alongada, polpa cremosa e é mais usada em saladas. A chamada lapin puikula é cultivada na Finlândia, nos campos banhados pelo sol da meia noite. No Brasil, existem 19 tipos entre os principais cultivados, segundo a Associação da Batata Brasileira. Uma das mais comuns é a mondial, variedade holandesa, com casca lisa e perfeita para o preparo de purê (para ficar ainda mais saboroso, experimente acrescentar uma clara batida em neve, bem firme). A quantidade de variedades é tamanha que nos Andes, o berço do tubérculo, foi criado um “parque da batata”, com cerca de 1.200 tipos, para salvar espécies ameaçadas de extinção. É uma biblioteca viva da diversidade genética da batata, que tem como um dos objetivos restabelecer o cultivo de todas as espécies da região, onde já foram registradas cerca de 4.000 variedades. Hoje, a batata é o quarto alimento mais cultivado no mundo — só perde para o milho, o trigo e o arroz. No ano passado, a produção mundial atingiu 320,7 milhões de toneladas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O produtor campeão é a China (72 milhões de toneladas em 2007), seguida da Rússia (35,7 milhões de toneladas) e Índia (26,2 milhões de toneladas). Na América Latina, o Brasil é o segundo maior produtor (3,1 milhões de toneladas em 2006), perdendo apenas para o Peru. Os maiores comedores do mundo são de Belarus: consumo anual per capta de 337,99 quilos em 2006 (quase um quilo por pessoa por dia!). A Alemanha ocupa o 15º lugar (73,73 kg), a França, o 17º (63,51 kg), e o Brasil, o 40º lugar (14,23 kg). O que a batata tem O tubérculo contém grande quantidade de potássio. “Em vez de comer banana durante as partidas de tênis, Guga devia comer batata”, diz o nutrólogo e vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia José Alves Lara Neto. O alimento também é boa fonte de vitamina C e de algumas vitaminas do complexo B (para aproveitar bem os nutrientes do tubérculo, cozinhe-o sempre que possível com a casca e no vapor). Agora, a batata também é rica em carboidrato, fonte de energia. Por causa disso, leva injustamente a fama de que engorda. Porém, o que promove aumento de peso não é a batata, mas as receitas com que geralmente é preparada — pois incluem molhos, queijos e recheios, afirma Lara Neto. Uma batata assada média (115 gramas) contém de 60 a 100 calorias. Se for frita, as calorias saltam para 300, e cerca de 20% só de gordura. O verdadeiro problema, diz o médico, é que as pessoas costumam exagerar no sal quando consomem batata, o que causa aumento da pressão arterial. A boa compra exige certas manhas: escolha as batatas firmes e sem manchas pretas. Nunca leve para casa batatas com brotos, pois contêm bastante solanina, substância tóxica que causa câimbra, diarréia e fadiga em grau considerável, alerta o nutrólogo. Para guardá-la, nada de geladeira: em temperatura inferior a 7 graus, o amido se transforma em açúcar, e o sabor da batata também se transforma em algo adocicado. Conserve-a em local escuro e fresco. Em geral, as pessoas cometem o erro de manter as cebolas junto com o tubérculo. “Os ácidos das cebolas decompõem a batata e o cheiro de batata podre é uma das coisas mais insuportáveis”, diz o nutrólogo. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Gratinada e no ponto certo Se as batatas trazem nutrientes importantes para o organismo e ainda agradam o paladar, nada melhor do que aproveitá-las em diferentes receitas — gratinadas, fritas, recheadas... Para ajudar no preparo das receitas e torná-las ainda mais deliciosas, a Bosch oferece uma linha de fogões chamada Express Control. Os fogões possuem grill elétrico, com sistema de quartzo, três vezes mais potente que o grill a gás e mais econômico. Perfeito para dourar e gratinar os alimentos. A Express Control traz modelos com quatro ou cinco queimadores. Os aparelhos de cinco bocas contam com tripla chama (o que proporciona maior rapidez no preparo) e com um suporte para panelas grandes, como wok. Além disso, os produtos dessa linha possuem timer digital corta gás que programa o desligamento automático da chama do forno, regulando o tempo de cozimento. 24 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Bell Kranz Batata com sotaque alemão O restaurante alemão Steinhaus é um clássico de Porto Alegre, eleito este ano pela revista Veja Porto Alegre como o melhor da cidade para degustar especialidades germânicas. O segredo do sucesso está na dedicação da descendente de alemães Miriam Baumbach, de 69 anos. Há 28, ela supervisiona tudo — o atendimento, a cozinha e até a compra dos alimentos. “Faço questão de fazer as compras. Todos me conhecem, sabem do que eu gosto, avisam o que está bom e o que eu não devo levar no dia; é muito legal ter amizade com os vendedores”, diz ela, com um carregado sotaque alemão. Miriam perdeu a mãe aos 14 anos, ficando com o pai e sete irmãos menores, o mais novo com quatro meses. Foi então trabalhar. “Comecei minha vida em restaurante, mas não sabia nem o que era um filé com ovo frito; entrei como faxineira e, em seis meses, a dona pediu para eu ir para a cozinha. Aprendi muito com ela”, uma alemã de Berlim. Miriam também atualizou alguns pratos, introduzindo o cozimento a vapor ou substituindo a fritura no óleo pela grelha. Mas, na principal receita da mestre, Miriam não mexe. “Ela sempre dizia: ‘Faça tudo com bastante amor e carinho, nunca com mau humor’. Eu pus isso na ca- Batata suíça beça e só gosto de fazer as coisas sempre bem feitinhas.” Para a VidaBosch, ela sugeriu duas dessas coisas “bem feitinhas”: uma receita de batata suíça e outra de batata alemã. Steinhaus Ingredientes • 1 colher de sopa de margarina ou manteiga • 1 batata média ralada na parte mais grossa do ralador • 1 ovo • bacon cortado bem fininho • queijo ralado R. Coronel Paulino Teixeira, 415. Modo de fazer Lave bem a batata, sem tirar a casca. Coloque água com sal para ferver e a batata para cozinhar por 5 a 6 minutos (sem deixar ficar mole). Enquanto isso, bata o ovo (um ovo dá para duas batatas). Derreta a manteiga numa frigideira, coloque bacon a gosto, a batata ralada e metade do ovo batido. Misture tudo, deixe fritar de um lado e depois vire. Salpique queijo ralado nesse último lado e vire de novo para deixar o queijo crocante. Rio Branco | Porto Alegre| Tel.: (51) 3330-8661 Batata alemã A chef Miriam Baumbach, há 28 anos à frente do restaurante Steinhaus, em Porto Alegre Fotos Jefferson Bernardes Ingredientes • 3 batatas • 2 colheres de sopa de farinha de trigo • ½ colher de sopa de cheiro verde • 1 cebola média • azeite •b acon picado Modo de fazer Cozinhe as batatas no vapor e corte-as em rodelas. Corte também a cebola em rodelas e pique o bacon (a gosto) Num prato, misture a farinha com o cheiro verde. Coloque azeite numa frigideira e disponha uma camada de batata, outra de cebola e mais uma de batata. Salpique o bacon por cima e um pouco de azeite. Frite de um lado, e depois, do outro. Atenção: a montagem deve ser em camadas e com a batata no meio, do contrário ela queima e o gosto é prejudicado. Acompanha bem qualquer prato. 26 | VidaBosch | tendências | Por Luís Eblak Otmar Smit Banho de sol Tecnologia de placas solares para aquecimento de água cresce no Brasil; algumas cidades já exigem por lei esses equipamentos em novas construções tendências D esde a Antiguidade o homem faz experimentos para tornar a luz do sol fonte geradora de energia. Um dos estudos mais conhecidos na área é o do químico francês Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794), que construiu um forno solar em 1774. No entanto, a humanidade só veria avanços significativos nesse campo 200 anos depois, após a crise mundial do petróleo de 1973, que desencadeou uma busca por novas fontes de energia. Hoje, a luz do sol gera energia. Uma das formas de aproveitá-la é a conversão em energia térmica, feita por meio de aquecedores solares de água. Em crescimento nos últimos anos, essa tecnologia já acumula no mundo 180 milhões de metros quadrados de coletores, o que beneficia, aproximadamente, 200 milhões de pessoas. O mercado brasileiro de aquecedores solares cresce em média quase 17% por ano desde 2002, e a previsão é manter esse percentual até 2012. Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), já são 3,6 milhões de metros quadrados instalados no país — pouco em relação à área instalada no mundo e muito menos se for levada em conta a quantidade de sol tendências | VidaBosch | 29 disponível no Brasil. “O Brasil ainda não tem um mercado dos mais dinâmicos. Em outros países, o crescimento anual passa dos 80% — caso da Bélgica — e chega a 200% na Índia”, afirma Carlos Faria, diretor executivo da Abrava. Já são 180 milhões de metros quadrados de coletores para aquecer água no mundo, o que beneficia aproximadamente 200 milhões de pessoas Vantagens soas toma banho. De acordo com Carlos Faria, 80% dos aquecedores brasileiros estão em residências. Dois fatores têm impulsionado o mercado no Brasil, segundo a Abrava: políticas públicas e credibilidade dos equipamentos – o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) oferece selo de qualidade. Há no país, segundo a associação, 12 cidades com leis que incentivam a energia solar. Em outras 65, existem projetos em trâmite. “O programa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que incentiva o investimento em eficiência energética é muito importante nesse contexto”, completa Faria. As vantagens desse tipo de energia são muitas. A primeira é a possibilidade de poupar eletricidade. Só para ter uma idéia: os 3,6 milhões de metros quadrados instalados no país representam uma economia de energia elétrica que daria para abastecer uma cidade de 350 mil residências comoVitória, no Espírito Santo. A energia solar é renovável, não polui o ambiente, é gratuita e, além disso, pode diminuir a emissão de dióxido de carbono (CO2) — um dos gases que agravam o efeito estufa e considerado grande vilão no aquecimento do planeta. No caso dos aquecedores solares, outra vantagem é substituir parcialmente o uso do chuveiro elétrico, um dos grandes responsáveis pelo consumo de eletricidade no Brasil, segundo a Eletrobrás, principalmente nos horários de pico — das 18h às 21h, período em que boa parte das pes- Risteski Goce 28 | VidaBosch | Políticas públicas Uma das cidades que adotaram legislação de incentivo é São Paulo. A lei 14.459/07 obriga que, a partir de julho, edificações projetadas com quatro ou mais banheiros Albert Lozano Tipos de energia solar A energia solar pode ser convertida em energia térmica, elétrica ou química Conversão química Aproveitada pela natureza na fotossíntese, no crescimento dos vegetais e na manutenção da vida no planeta. Conversão térmica Também aproveitada pela natureza, mas há meios artificiais de fazer com que a energia térmica convertida possa ser mais bem aproveitada pelo homem. Com coletores planos é possível aquecer ar e água até temperaturas próximas de 100°C. Com coletores concentradores é possível aquecer fluidos acima de 100°C e alcançar tem- peraturas em torno de 3.000°C. Nos concentradores, há a utilização de lentes ou espelhos para concentrar a radiação solar em uma área menor que a área utilizada para a captação. Conversão elétrica É a conversão direta da energia solar em elétrica. É geralmente feita por meio de células fotovoltáicas, dispositivos semicondutores. As células são arranjadas em módulos que, por sua vez, podem ser associados em painéis. Fonte: Arno Krenzinger, presidente da Abens, professor da Escola de Engenharia da UFRGS, pesquisador com doutorado em energia solar FRITZ/Shutterstock Uso do sol como fonte de energia só ganhou fôlego nos anos 70; hoje, coletores solares somam 3,6 milhões de m2 no Brasil 30 | VidaBosch | tendências Placas para aquecedor solar são mais comuns em residências, mas estão se disseminando também em edifícios, hotéis e clubes e devem fazer parte de projetos de habitação popular no Estado de São Paulo (incluindo lavabos) devem prever a instalação de aquecedor solar de água. O produto só deixa de ser obrigatório quando não atender no mínimo 40% da demanda de energia necessária para esquentar a água do prédio ou da piscina (isso pode ocorrer se outro prédio fizer sombra sobre as placas coletoras ou se não houver área livre de tamanho suficiente para abrigá-las). tendências | VidaBosch | 31 A iniciativa agrada o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar (Abens), o físico e pesquisador da área Arno Krenzinger. “[A lei da cidade de São Paulo] Vai aliviar um pouco a demanda por eletricidade em horários de pico de consumo. A legislação é prudente, não exigindo instalações impossíveis.” Além disso, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) prevê, neste ano, instalação de aquecedores solares em habitações populares. Menores e melhores Não são apenas as casas que recebem coletores solares. Embora os sindicatos de construção civil estaduais não tenham dados precisos, prédios e condomínios já contam com projetos de captação de energia solar, mesmo antes da existência das leis. Só em Belo Horizonte, considerada a “capital solar” do país, segundo a Abrava, são mais de 2 mil edifícios com aquecedores solares – incluindo hotéis, clubes e até um motel. “Hoje, com o avanço tecnológico, essas placas são muito mais eficientes, menores e com mais capacidade. Tornaram-se viáveis para o aproveitamento em edifícios multifamiliares”, salienta o arquiteto Sérgio Conde Caldas, considerado o “arquiteto do ano de 2006” pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário. Caldas, embora não seja especialista na área de energia solar, realizou extensa pesquisa no início deste ano sobre projetos eficientes energeticamente no Brasil e no mundo e concluiu: “Nós, brasileiros, ainda estamos no início de um processo”. As obras que prevêem novos conceitos de energia, entretanto, começam a aparecer. Caldas destaca dois projetos de condomínios feitos por ele, no Rio de Janeiro, que vão utilizar o conceito de sustentabilidade na arquitetura (incluindo placas solares): um de 154 unidades no bairro da Freguesia e outro de 220 em São Cristóvão. Eficiência energética O conceito de sustentabilidade, segundo Caldas, não deve ser usado como diferencial de vendas, e sim como um princípio moral. “O objetivo não deve ser mostrar na arquitetura uma estética ‘verde`. A construção não precisa parecer ecologicamente correta, e sim ter eficiência energética. Não precisa ter um jardim no telhado, e sim ter conforto térmico”, diz o arquiteto. O químico Lavoisier não viveu para ver a tecnologia com a qual havia colaborado ser empregada em placas espalhadas por telhados de casas e outras construções. Membro da nobreza e ligado à monarquia, acabou guilhotinado na época do Terror da Revolução Francesa, em 1794. Uma de suas frases mais conhecidas, porém, parece ter antecipado o mecanismo que possibilita a existência e o aprimoramento da captação de energia solar. Dizia Lavoisier: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Vladimir Mucibabic Dicas e vantagens do aquecedor solar ecida o quanto antes, em seu projeto, a instalação D • Projetado com antecedência, o sistema de aquecimento solar é mais eficiente e custa menos. Segundo a Abrava, instalar o equipamento sem projetá-lo na construção do prédio significa gastar de 30% a 50% a mais. Escolha bem seu fornecedor •C onfira se os produtos oferecidos pelas empresas encontram-se nas tabelas do Inmetro (acesse www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas_New.asp). • Dê preferência às empresas que tenham o Selo Qualisol (acesse www. inmetro.gov.br/consumidor/pbeQualisol.asp). • Procure mais de uma empresa para fazer projetos e propostas com orçamento. Custo • Em casas, o valor de um aquecedor solar varia de R$ 2.000 a R$ 4.500 – em prédios, o custo cai para R$ 1.500 por apartamento. A Abrava calcula que o investimento tem retorno depois de dois anos de uso. Economia A Abens fez um cálculo, a pedido da reportagem: Supondo a instalação de 1 m² de coletor por pessoa, uma cidade com 200 mil pessoas em 70 mil residências teria 200 mil m² de coletores. A economia para essa cidade seria de 200 MWh/dia ou mais. Ao final de um mês, seriam 6 GWh. “Isto é, a energia economizada daria para abastecer o consumo residencial de uma outra cidade com 24 mil residências (considerando um consumo médio de 250 kWh/mês por residência)”, afirma Arno Krenzinger. Fontes: Abrava e Abens Aquecedor solar pode reduzir o consumo de eletricidade das 18h às 21h, horário em que grande parte dos brasileiros toma banho A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Na temperatura certa Um banho quente é sempre bom. Mas não quente demais. Os coletores solares para aquecer a água, muitas vezes, conservam o líquido no tanque a temperaturas próximas a 100 ºC. Isso não é o que você quer encontrar quando abre a torneira. A Bosch tem um kit solar que evita o escaldamento. Quando a água armazenada está acima de 50 ºC, o kit aciona um sistema de válvulas que mistura água quente e fria até chegar a uma temperatura confortável. Quando o que acontece é o oposto – há pouco sol e a água não passa de 25 ºC – o kit também entra em ação: um aquecedor a gás é acionado para dar mais calor ao líquido, que atinge a temperatura adequada. A vantagem em relação a sistemas elétricos de backup é que ele aquece diretamente a água que vai ser usada. Nos sistemas elétricos, normalmente toda a água do tanque é aquecida, aumentando o consumo. A Bosch também se destaca na produção de coletores solares (ainda não comercializados pela empresa no Brasil), com o diferencial de trabalhar com circuitos fechados. Nesses circuitos, a água do banho não tem contato direto com a placa solar, o que evita desgaste do sistema por corrosão e calcificação (fator que atrapalha a transmissão de calor), aumentando a eficiência do equipamento. 32 | VidaBosch | grandes obras | Por Isabel Manzoni Obras do trecho Sul (foto maior) incluem ações que recuperaram espécies raras de orquídea (ao lado), palmeira (ao centro) e bromélia (à esquerda) Trégua com a natureza Projeto de construção do trecho Sul do Rodoanel paulista prevê R$ 193 milhões em preservação e recuperação de recursos naturais e tenta mostrar que é possível fazer grandes obras com pequeno impacto no meio ambiente Fotos Assessoria de Imprensa/Dersa D esde que o projeto do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas foi apresentado para licenciamento ambiental, em 2001, até as licenças prévias serem emitidas, em 2006, uma grande discussão foi travada entre governo, organizações de proteção ao meio ambiente e sociedade. A obra, uma estrada de 57 quilômetros que vai circundar São Paulo e tem como objetivo diminuir os congestionamentos na capital paulista, é especialmente delicada por passar por áreas de mananciais e trechos de Mata Atlântica. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), pré-requisito para o licenciamento desse tipo de empreendimento, alertou que o impacto negativo para a natureza poderia ser maior nesse trecho do que no restante do Rodoanel. A obra foi adiada em três anos enquanto se estudavam medidas compensatórias e um novo traçado para as pistas. Ambas as medidas possibilitaram suprimir uma área menor de vegetação e interferir menos nos recursos hídricos e outros atributos ambientais da região. O novo traçado acrescentou R$ 460 milhões ao valor da obra. As medidas de compensação e mitigação dos danos ao meio ambiente somam mais R$ 190 milhões. Juntando os custos da construção (R$ 2,6 bilhões) com desapropriações, assentamentos e compensações ambientais, o valor da obra chegou a R$ 3,5 bilhões. A importância da obra e dos recursos naturais da região fez com que a construção fosse adiante, mesmo com todos os custos adicionais. De acordo com o governo do Estado de São Paulo, o trecho vai facilitar e reduzir os custos da transposição da região metropolitana da capital, principalmente por veículos de carga, que não terão de passar pelo sobrecarregado sistema viário da cidade. O trecho Sul, com quatro viadutos, 19 pontes e seis faixas de rolamento, terá a função-chave de interligar o trecho Oeste (que tem 32 quilômetros e está em operação desde 2002) às rodovias Anchieta e Imigrantes. Quando a obra terminar, o governo estima que 34 | VidaBosch | grandes obras grandes obras | VidaBosch | 35 Para construir os 57 quilômetros do trecho Sul do Rodoanel, a Dersa deverá reflorestar 1,16 mil hectares até 2010, ano em que está prevista a conclusão das obras Trecho Oeste Trecho Norte Trecho Leste Trecho Sul Gastos previstos com o meio ambiente Total R$ 193 milhões ou 5,5% do valor total da obra R$ 52 mi R$ 90 mi R$ 35 mi R$ 14 mi Parques Reflorestamento Convênio com entidades de a serem proteção ao criados para meio ambiente comportar o (como o reflorestamento Instituto de prometido Botânica e o Museu de Fonte: Assessoria de Meio Ambiente da Dersa Zoologia) Criação e restauração de unidades de conservação R$ 2 mi Terra para aldeias indígenas os dois trechos irão reduzir o volume de caminhões nas sobrecarregadas Marginal Pinheiros e avenida Bandeirantes em 47% e 37%, respectivamente. A previsão é que o trajeto todo (trechos Sul e Oeste) seja feito em 50 minutos. Hoje, passando pelas marginais, o motorista demora em média duas horas e meia. A construção da obra foi dividida em cinco lotes, e envolve empresas como Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Norberto Odebrecht, Constran, Queiroz Galvão, CR Almeida, Camargo Corrêa, Serveng Civilsan, OAS e Mendes Junior. Para abrir a estrada serão removidos 6 milhões de metros cúbicos de terra, transportados por cerca de 1 mil caminhões. Durante a obra, estão sendo criados 1.500 empregos diretos. Planejamento ambiental Um ano e meio após o início do empreendimento (que tem conclusão prevista para 2010), o trecho Sul do Rodoanel já conseguiu um trunfo: descobrir na área da obra uma bromélia tida como extinta por não ser encontrada na natureza há 40 anos. A Tillandsia linearis foi descoberta pelo Instituto de Botânica de São Paulo, contratado pela Dersa para coordenar o projeto de mitigação dos danos à flora e sua compensação. O programa para proteger as plantas locais está em andamento desde setembro de 2006 e consiste em três etapas simultâneas: ampliar o conhecimento sobre a flora da região, resgatar tudo o que for possível e restaurar o que for suprimido. O instituto designou 30 botânicos para vasculhar a área em busca de tudo o que poderia ser aproveitado antes e durante o corte da vegetação, como plantas, fungos, sementes e solo. Parte do material recolhido é enviado para estudo no Jardim Botânico e o restante é recolocado em reservas ao longo do traçado da obra. Foi no meio desse processo que a bromélia tida como extinta foi encontrada e passou a ser estudada e multiplicada no Jardim Botânico, assim como outras duas espécies raras: a palmeira Lythocarium hoehnei e a orquídea Catleya loddigesii. Metodologia inédita O Instituto de Botânica de São Paulo também orienta a Dersa quanto ao reflorestamento de 1,16 mil hectares que deverá ser feito até o final da obra para compensar as 339 mil árvores já cortadas. Além disso, estão sendo criadas e restauradas unidades de conservação das plantas, desgastadas tanto pela ação humana quanto pela obra, para equilibrar o ecossistema na região. O botânico Luiz Mauro Barbosa, um dos responsáveis pelo projeto, explica a importância da ação. “A metodologia é inédita. Nunca se tomou esse tipo de cuidado com o meio ambiente, ao menos não de maneira tão eficiente. Com essas três etapas simultâneas reduzimos o impacto à flora ao mínimo possível.” Barbosa destaca a importância do Estudo de Impacto Ambiental no projeto: “O EIA é recente no Brasil, começou a ser usado há menos de 15 anos. É ele que possibilita não só que o impacto seja previsto antes do estrago, como também que as providências necessárias para diminuí-lo e compensá-lo sejam cobradas”. Resultados da adoção do EIA, segundo Barbosa, podem ser vistos, por exemplo, na construção da segunda pista da Rodovia Imigrantes, que desmatou 95% menos do que a primeira. “Antes, o EIA não era utilizado”, explica. A obra inserida na natureza A preocupação relacionada ao meio ambiente não se esgota na questão da flora. “A área do trecho Sul é crítica por causa dos mananciais e por já ser degradada por ocupações e obras irregulares há décadas”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da S.O.S Mata Atlântica, organização ambiental que acompanha o Rodoanel desde o início do trecho Oeste. Com essa preocupação, foram exigidos da Dersa, no momento do licenciamento, cuidados com a fauna da região, com as águas dos mananciais, com duas aldeias indígenas que poderão ser afetadas e com a possível ocupação irregular da região. A S.O.S Mata Atlântica elogia o projeto, mas avalia que é preciso mais transparência e metas mais claras para saber se as medidas estão saindo do papel. O monitoramento e a assessoria no transporte dos animais são coordenados pelo Museu de Zoologia de São Paulo. Para que a qualidade dos mananciais não seja afetada foi chamado o Instituto Internacional das Águas, que tem capacidade para avaliar a condição da água in loco. A Fundação Nacional do Índio (Funai) cuida para que os indígenas da área recebam R$ 2 milhões em terras. Todo o percurso de 57 quilômetros é fechado para evitar que saídas da rodovia valorizem terrenos à sua volta e causem uma ocupação desregulada, uma das críticas feitas ao que aconteceu após a construção do trecho Oeste do Rodoanel. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Ferramenta leve, obra pesada Para sustentar os 57 km de pistas do trecho Sul do Rodoanel, só com grandes colunas. Na construção delas, os engenheiros usam formas, onde o concreto é despejado e toma o aspecto desejado. Recebendo um peso de toneladas, esses moldes podem se deslocar. Se isso acontecer, as colunas ficam disformes e inúteis. O jeito é fixar as formas construindo estruturas de madeira, o que fica mais fácil com a Serra Circular GKS 190, da Bosch. A ferramenta de 1050 watts, com 7 ¼ polegadas de diâmetro e 3,8 quilos, é a mais portátil da categoria. A leveza significa trabalhos menos exaustivos. De fácil manipulação, possui punho com tecnologia semelhante à usada em bolinhas de golf. “O acabamento soft grip garante que não haja escorregamento durante a utilização e que a superfície não crie bolhas na mão do operador”, diz o engenheiro Michael Forcetto, responsável na Bosch pelo contato com grandes projetos. O produto oferece uma base ajustável para cortes em 45 graus, saída lateral do pó (o que evita que as farpas sejam lançadas no operador) e linha de visão com marcador de guia, que permite boa visibilidade durante o corte. O punho traz botão de segurança que impede o acionamento involuntário. A obra usa outras duas ferramentas da Bosch: a Esmerilhadeira GWS 24-230 e a Furadeira de Impacto GSB 30-2. 36 | VidaBosch | brasil cresce | Por Kathlen Ramos Curtis Kautzer Oásis moderno Recheados de serviços de lazer para todos os gostos e idades, resorts se expandem no A té décadas atrás, “resort” poderia ser traduzido do inglês como lugar de diversão ou de férias. No entanto, já há alguns anos a palavra ganhou um sentido mais específico, usado pelo setor hoteleiro em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, o conceito se alastrou a ponto de o vocábulo já ter sido incorporado ao português — não é mais preciso ir a um dicionário de inglês para saber o que significa: um hotel de tal maneira auto-suficiente que o hóspede não tem de se des- locar até outros lugares em busca de lazer, boas acomodações ou alimentação. A auto-suficiência é, quase sempre, acompanhada de luxo e de uma localização com um quê de paraíso — perto da natureza, com vista para praias, campos ou montanhas, de modo que às vezes o próprio quarto ou bangalô é uma atração à parte. Como cenários estonteantes estão longe de ser artigo raro no Brasil, esse tipo de empreendimento não pára de crescer. “Nosso país é privilegiado por ter belíssi- mas praias e um clima quente em boa parte do ano, o que atrai, além de investidores nacionais, muitos estrangeiros”, afirma o professor e coordenador de pesquisas de Hotelaria do Senac-SP, Júlio Butuhy. O Brasil tinha, até a década de 70, só 14 resorts (75% deles no interior e o restante no litoral), com 4 mil quartos, segundo a consultoria BSH Travel Research, uma divisão da BSH International. Na década seguinte, foram adicionados 2.352 apartamentos, mas com perfil diferente: 78% dos resorts Brasil; número de empreendimentos deve quase dobrar até 2010 eram de praia. Já nos anos 90, o Nordeste começou a se consolidar como grande destaque — seis dos sete resorts construídos no período ficavam no litoral nordestino. Segundo a BSH Travel Research, as extensas praias com clima quente, os incentivos fiscais dos governos federais e estaduais a investimentos em turismo e hotelaria e a melhoria da infra-estrutura foram fundamentais para essa expansão. O grande boom dos resorts brasileiros aconteceu em 2001, quando foi registra- do crescimento de 38,5% em relação ao ano anterior. O Nordeste foi novamente o chamariz, devido ao início das operações do Complexo Hoteleiro Costa do Sauípe — um empreendimento com cinco resorts. “O Complexo do Sauípe foi o primeiro e é atualmente o único cluster de resorts no país”, observa o diretor executivo da Associação Brasileira de Resorts (ABR), Ricardo Domingues. O crescimento a partir daí foi bastante acentuado. “De 2000 a 2008 foram inaugu- rados cerca de 30 novos empreendimentos”, diz Domingues. Até 2007, a Associação Brasileira de Resorts contava com 48 resorts cadastrados, que dispunham de mais de 3 milhões de diárias por ano e faturaram mais R$ 700 milhões no período (veja quadro na página 38). “Até 2010, estimamos uma oferta de novos 40 resorts, o que representa um crescimento de 20% ao ano”, afirma o diretor executivo da entidade. A expansão é tamanha que especialistas temem inexistir demanda suficiente para suprir toda a brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 39 Laura Litman Serviços oferecidos pelos resorts incluem de babá a mordomo, de massagem a tirolesa, de quadra poliesportiva a aeroporto privado Até a década de 70, o Brasil tinha 14 resorts; hoje, são 48, e até 2010 devem ser construídos mais 40 Os resorts em números 2005 2006 2007 Diárias oferecidas 3.013.440 Diárias vendidas 1.662.816 Taxa de ocupação 55,18% Diária média R$ 404,16 Faturamento R$ 672.043.792 3.333.545 1.769.446 53,08% R$ 412,85 R$ 730.515.651 3.759.500 1.826.365 48,58% R$ 397 R$ 725.066.905 Fonte: Associação Brasileira de Resorts Um pouco da história A origem dos resorts remete à Grécia antiga e a Roma, nos tempos em que foram criadas termas e casas de banho. No entanto, o conceito começou a crescer com mais expressividade a partir da Segunda Guerra Mundial, devido à elevação da renda global, à generalização das férias pagas, à urbanização e à redução nos custos dos transportes. No Brasil, foram construídos grandes empreendimentos nas décadas de 40 e 50 — como o Grande Hotel Águas de São Pedro, Grande Hotel Campos do Jordão, Tropical Araxá e Tropical das Cataratas. Boa parte deles foi originalmente concebida como cassinos, já que na época esses jogos eram legais; eles traziam opções de lazer e convívio com a natureza, antecipando características dos próximos resorts que estariam por vir. O modelo começou a se consolidar no início na década de 70, com a chegada do Club Méditerranée Itaparica, do Tropical Experience, em Manaus, e também do Rio Quente Resorts. oferta. “Acreditamos que, até 2015, estejam disponíveis mais de 25 mil quartos. A procura cresce menos que os investimentos”, avalia o professor do Senac-SP. Hoje, pode-se dizer que os grandes investimentos estão concentrados em nichos. “As expectativas estão centradas no crescimento do conceito de condo-resorts [que reúnem infra-estrutura residencial e hoteleira] e complexos de multiuso”, afirma Alexandre Mota, consultor sênior da BSH Travel Research. Butuhy prevê resorts na região amazônica. “Esse é um diferencial que pode atrair muitos turistas”, pondera. Para todos os gostos Os usuários de resorts são, em geral, famílias e casais, em razão da diversidade dos serviços oferecidos. “Na maioria dos estabelecimentos, há atividades para todas as idades, incluindo bebês. Serviços de governança, babás e recreação permitem a tranqüilidade dos pais e a diversão das crianças. Há também empreendimentos com foco em perfis específicos, como casais”, observa Ricardo Domingues. Os resorts mais completos do país oferecem atrações como massagens e hidro- massagens, esportes aquáticos e terrestres, área para crianças, quadras poliesportivas, tirolesa, passeios, spa, academia e piscinas. “Hoje, há resorts que têm até aeroporto privado, serviços de mordomo, jornais em diferentes idiomas, recepção exclusiva e outros mimos que fidelizam cada vez mais seus clientes”, complementa o executivo da ABR. Para usufruir dessa infra-estrutura, é preciso desembolsar entre R$ 200 ( diária para casal durante a baixa temporada) e R$ 2.300 (para apartamentos luxuosos durante alta temporada), segundo a ABR. A segurança também é um dos pontos fortes. “Por estarem em locais afastados, estão mais distantes do foco das criminalidades”, afirma Butuhy. “Todo movimento não-usual é percebido. Assim, a segurança de patrimônio e pessoas tem praticamente o mesmo patamar de grandes cidades”, complementa o consultor Alexandre Mota. O incremento dos resorts e sua farta oferta de serviços já atraem outros tipos de clientes — os encontros de negócios. “O segmento de eventos tem crescido bastante e já responde por cerca de 30% da ocupação de um resort, entretanto, este segmento é praticamente concentrado na baixa temporada”, diz o executivo da ABR. “A organização de eventos é, aliás, o grande chamariz da maioria dos resorts fora do litoral”, observa Júlio Butuhy, do Senac-SP. Se há gente que se hospeda nesses hotéis para fazer negócios, é sinal de que aquele significado de resort ligado a férias e diversão tornou-se obsoleto diante da sofisticação dos serviços. Ou é sinal de que esse tipo de hospedagem é tão atraente que consegue transformar trabalho em lazer. A Bosch na sua vida Tecnologia para a segurança Quem procura um lugar paradisíaco para passar as férias espera encontrar tranqüilidade e ficar imune a preocupações. Para garantir que esse estado de espírito não seja abalado, a Bosch oferece um sistema de monitoramento de última geração para resorts. O Building Integration System (BIS) é uma plataforma que reúne equipamentos de monitoramento de um resort em uma central. Por meio dela, a gerência e a segurança do empreendimento podem saber, por exemplo, se o frigorífico está com a temperatura adequada, qual funcionário arrumou determinado quarto, se há uma pequena ameaça de incêndio no hall ou se a porta de uma sacada está sendo arrombada. Tudo fica registrado no sistema, que já é aplicado no Metrô de São Paulo, em algumas usinas hidrelétricas, em condomínios e na joalheria H. Stern. “O BIS permite, a partir de quatro conjuntos de telas, que os operadores consigam gerir todos os dispositivos eletrônicos instalados no empreendimento”, diz Marcos Menezes, gerente de vendas e marketing da Divisão de Sistemas de Segurança da Bosch. “Ele agrega o controle de todos os processos, desde as bombas que gerenciam as piscinas, passando pela filtragem da água, nível de caixa d’água, limpeza do ar-condicionado central e a iluminação interna e dos jardins.” Para garantir a segurança de um resort, onde, normalmente, não há muros e grades, o BIS inclui monitoramento da área externa por sensores de presença, que cobrem todo o perímetro do empreendimento, aliados a uma rede de câmeras presentes em pontos estratégicos do local. “A Bosch oferece uma solução que inclui todos esses dispositivos trabalhando juntos para a gestão de forma integrada e inteligente”, completa Menezes. Fotos Arquivo Bosch 38 | VidaBosch | 40 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Lia Melo David Máska Amadurecimento verde Q uando, em 1965, o fundador da Intel, Gordon Moore, declarou que a capaci dade de processamento dos computadores dobraria a cada dois anos, sem alteração de custos, o mundo via os primeiros sinais de uma revolução tecnológica sem prece dentes. O que era o prenúncio de uma nova era começa a virar um pesadelo ecológico quase meio século depois. A superação da tecnologia pesa em um planeta que está no limite. Computadores, celulares, câme ras e toda a parafernália eletrônica que se renova cada vez mais rápido custam não apenas dinheiro, mas energia, plástico e metais. Empresas e consumidores come çam a se dar conta de que é preciso fazer a “lei de Moore” se encaixar em um mundo que luta contra o aquecimento global e o esgotamento dos recursos naturais. Com a percepção de que o planeta está mudando, as pessoas passam a ter preocu pações que antes não faziam parte do coti diano. Economizar energia deixou de ser apenas uma questão de reduzir a conta no final do mês e tornou-se uma preocupação com o futuro do planeta. Tentando fazer a sua parte em casa, o consumidor já exige das empresas produtos compatíveis com essa mudança de atitude. Entra em cena a tecnologia de informação (TI) verde. Esse conceito, que começa a chegar com força no Brasil, existe há alguns anos na Europa e está mudando a forma de traba lho nas empresas. “O que era apenas uma obrigação moral e responsável passa a ser norma e exigência para certificações em tecnologia, cada vez mais rigorosas com o uso dos escassos recursos naturais no desenvolvimento desenfreado”, afirma o Impacto crescente do lixo eletrônico na natureza faz com que atitude sustentável em tecnologia da informação deixe de ser ideologia e passe a ser questão de sobrevivência advogado José Antônio Milagre, especialis ta na área de direito ambiental e TI verde, dono da LegalTech, que presta consultoria a indústrias. Questão de urgência Para Milagre, essa mudança é “mais que uma atitude ética ou moral”, mas uma necessi dade urgente e clara. “É uma consciência tardiamente percebida, porém mais que necessária — considerando a escassez dos recursos naturais empregados em produ tos tecnológicos e de energia”, diz. A preo cupação nada tem de paranóia. De acordo com estudo divulgado pela Universidade das Nações Unidas, para fabricar um sim ples computador com monitor de 17 pole gadas, 1.800 quilos de recursos naturais são consumidos — o que torna os desktops pro dutos de alto consumo de matéria- prima, em comparação com o peso final (gastam proporcionalmente mais recursos do que eletrodomésticos como fogões ou carros). Esse cenário, frente a uma maior consciên cia do consumidor, exige sustentabilidade dos fabricantes. As pessoas não querem apenas alta tecnologia — elas querem alta tecnologia e baixo impacto ambiental. A tecnologia de informação verde entra em cena para combater um dos grandes vilões do século: o consumo de energia exagerado. Equipamentos “gastões” consomem ele tricidade preciosa, que pode exigir mais queima nas termelétricas e aumentar a emissão de gases do efeito estufa. Mas o problema não se resolve tirando o aparelho da tomada — na verdade, também quando deixa de ser usado o equipamento eletrônico vira uma verdadeira dor de ca atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 43 beça. Moore não mentiu em seus cálculos: já nos acostumamos a ver a tecnologia de ponta do ano passado se tornar a sucata deste ano. A sucata eletrônica, no entanto, não tem lugar no lixão. Dentro de um computador há muito mais que bits e bytes. Metais como cádmio, chumbo e mercúrio poluem e duram muito. Contaminam o solo, os lençóis freáticos, destroem plantações, ameaçam a saúde humana. “Esses metais tóxicos podem provocar problemas como distúrbios no sistema nervoso central, danos nos rins, pulmões, cérebro e ossos”, ressalta a pro fessora Taís Pitta Costa, da Universidade de Brasília (UnB), que representa o Brasil no Programa de Avaliação Global do Mercúrio e seus Componentes da Organização das Nações Unidas (ONU). “Dependendo da exposição, o envenenamento pode levar ao desenvolvimento de graves doenças, como o câncer, e até à morte”, alerta. Levando isso em conta, não é difícil en tender por que o lixo eletrônico (ou e-waste, em inglês) virou um pesadelo em países da Ásia, principalmente no Japão, e uma grave preocupação nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com estimativa do Greenpeace, a produção desse tipo de re síduo chega a 50 milhões de toneladas por ano, ou 5% de todo o lixo sólido do mundo. É por isso que as empresas brasileiras se apressam e se preparam para enfrentar o monstro, antes que ele ganhe mais força. Shipov Oleg Responsabilidade ambiental Estudo da Universidade das Nações Unidas mostra que, para fabricar um computador com monitor de 17 polegadas, são consumidos 1.800 quilos de recursos naturais Para orientar e garantir a aplicação de nor mas de tecnologia verde, a Organização In ternacional de Normalização, em Genebra, criou a ISO 14001, que estabelece as regras para a gestão ambiental nas companhias. “Um certificado ISO 14001 garante que o Sistema de Gestão Ambiental da empresa foi avaliado em relação ao melhor padrão de práticas e foi considerado conforme. Em outras palavras, garante aos consumidores, colaboradores e empregados que a empresa está minimizando os impactos ambientais dos processos de sua companhia, produtos e serviços”, explica Milagre. Para ter um certificado ISO 14001, a com panhia é obrigada a realizar um estudo de impacto ambiental e montar um plano de Produção de lixo eletrônico chega a 50 milhões de toneladas por ano, segundo estimativa do Greenpeace – 50% de todo o lixo sólido do mundo tecnologia verde, que precisa sair do pa pel e ser aplicado. Com o plano, a empresa se compromete a reduzir ao máximo sua emissão de carbono, criar estações de tra tamentos de lixo e de gerenciamento de resíduos sólidos e tentar substituir ligas tóxicas na fabricação de componentes. Além disso, deve substituir combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, por fon tes limpas, como o biodiesel, exigir com promissos ambientais nos contratos com terceirizados e disponibilizar canais para atendimento ao consumidor e para a re cepção de lixo eletrônico. Com as medidas, as empresas conquistam os consumidores. Mas, em um mundo que promete não mais ser tolerante com abusos ambientais, a tecnologia com preocupações ecológicas vai muito além de estratégia de propaganda. “A TI verde deixou de ser marketing”, diz Milagre. “É uma necessi dade de mercado, exigência para grandes contratações”. Atuando com responsabi lidade, a companhia garante “o direito de continuar com seu negócio”, afirma. De seu lado, os consumidores levam para casa produtos feitos com responsabilidade, que podem até ser mais caros e durar menos, mas vão respeitar o meio ambiente. A mensagem mais importante, lembra Taís, é a do biólogo americano G. Tyler Miller, em seu livro “Living in the Environment” (“Vivendo no Meio Ambiente”): “nosso planeta pode ser comparado a uma as tronave, deslocando-se a 100.000 km/h pelo espaço, sem possibilidade de parada para reabastecimento, mas dispondo de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de ma téria”. O que precisamos é saber e querer usar esse sistema. O que fazer com o lixo eletrônico A palavra-chave é reciclagem. Baterias de celular e placas de computadores, por exemplo, podem ser recicladas ou, pelo menos, levadas a aterros que abrigam componentes eletrônicos e evitam contaminação. O consumidor também pode levar os resíduos ao fabricante, que fica incumbido por lei a dar um destino ambientalmente responsável para ele. Taís Pitta Costa, da UnB, frisa que só se deve ver como lixo aquilo que não pode ser reciclado. Se você for trocar seu aparelho por um mais novo, uma opção é doá-lo a instituições de caridade. Muitas ONGs que trabalham com inclusão digital aceitam computadores – nem que seja para usar suas peças. A Bosch na sua vida Marcos Peron 42 | VidaBosch | Eficiência em informática A TI verde é tratada com seriedade na Bosch, afirma o diretor de informática na América Latina, José Luís Barboza (foto). A empresa detém o certificado ISO 14001 por conta de seu Sistema de Ecogestão e Auditoria, que colocou a questão ambiental entre as preocupações da companhia. Quase 100% dos computadores da Bosch são fornecidos por empresas especializadas, via leasing — elas é que ficam responsáveis pelo destino dos equipamentos. As poucas máquinas que pertencem à Bosch são doadas para instituições de caridade ao serem substituídas. Há cinco anos, a Bosch reformulou o sistema de impressão, também terceirizando o serviço. O maior controle do processo reduziu em 30% o gasto de papel e diminuiu o desperdício de tinta. Iniciativas para reduzir o consumo de energia elétrica também foram adotadas pela empresa. “Antigamente, as pessoas olhavam para informática apenas da perspectiva da capacidade de processamento. Hoje, o gasto com energia no data center está ficando muito relevante dentro do custo operacional”, diz Barboza, que cita uma das ações para economia do setor. “Fizemos há dois anos uma análise profunda sobre o consumo de energia por monitores e estamos substituindo todos os monitores CRT por LCD.” Enquanto um monitor normal precisa de cerca de 100 watts, os digitais consomem de 20 a 30 watts. A Bosch também orienta funcionários a usar de forma inteligente a informática para evitar desperdício de espaço de armazenamento, diminuindo a necessidade de mais equipamentos e o impacto ambiental. “É um conjunto de ações que envolvem os procedimentos do usuário e têm como objetivo mostrar como usar melhor os recursos disponíveis, como o correio eletrônico e armazenamento de arquivos”, explica Barboza. 44 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Tiago Mali Fotos Arquivo Bosch Avanço na tecnologia dos faróis permite que os modelos atuais tenham design mais arrojado e feixe de luz mais preciso De olhos bem abertos Com a evolução dos faróis, motorista consegue ter maior visibilidade noturna sem ofuscar os automóveis que trafegam na direção contrária Q uando Santos Dummont trouxe o primeiro carro ao Brasil, em 1893, e o mostrou a um público ávido em São Paulo, tudo impressionava pela novidade. Na verdade, quase tudo. O Peugeot Visà-Vis, um dos automóveis mais avançados da época, guardava uma semelhança com as carroças. “Os faróis usavam o mesmo sistema de lamparinas à base de querosene e produziam uma luz fraca, que não servia para iluminação noturna efetiva”, conta o curador do Museu do Automóvel em Brasília, Roberto Nasser. Foram necessárias décadas para que os carros produzissem luz suficiente para passeios à noite. Quando a intensidade chegou, a preocupação passou a ser outra: com luz por todos os lados, ninguém conseguiria ver nada. Novos avanços se faziam necessários para aumentar a segurança. Os olhos de Thomas Edison viram a lâmpada elétrica chegar em 1890, mas não foi na velocidade da luz que ela alcançou os automóveis. O carro “à luz de velas” acelerou até 1912, quando os primeiros sistemas elétricos apareceram nos Estados Unidos e na Europa. A Bosch foi pioneira na tecnologia e já vendia os sistemas em 1913. No fim da década de 20, quando a tecnologia se tornou suficiente para produzir faróis que iluminavam o caminho no breu da noite, encontros internacionais de iluminação começaram a discutir limites. Os faróis, fei- tos para ajudar, poderiam dificultar a visão. Quanto mais claro, mais ofuscamento. Com a popularização do automóvel, o problema piorou. Veículos em direções opostas passaram a prejudicar a visão dos condutores. Os faróis evoluíram, foram incorporados às carrocerias, houve divisão em luz alta e baixa, mas o incômodo persistia. Em 1957, a Bosch colaborou decisivamente para minimizar o ofuscamento e aumentar a segurança dos equipamentos. A empresa participou da criação dos faróis assimétricos, usados até hoje. “A vantagem é que as luzes têm mais alcance de um lado do motorista e não são tão fortes do outro, o que permite visibilidade boa ofuscando menos”, afirma Celso Arruda, Engenheiro de Segurança Veicular da Universidade de Campinas (Unicamp). Com diferentes intensidades do lado es- querdo e direito, o facho de luz que afetaria mais a visão do motorista da pista oposta é atenuado. Essa evolução, somada a outras, fez o conjunto de lâmpadas do carro tornar-se essencial para a segurança, avalia Arruda. “Os faróis passaram a ter duas finalidades: enxergar e ser visto. Sem isso, o motorista não está seguro”, diz. A serviço dos olhos A tecnologia permitiu que o “ser visto” pudesse ser valorizado de outra forma. “A partir da década de 90, quando passamos a usar resinas plásticas ao invés de vidros, o farol, que era ‘imexível’, ganhou infinitas possibilidades”, analisa o designer de carros Anísio Campos. O profissional, que participou da criação do Puma brasileiro na década de 60, destaca que os novos materiais deram “caras” aos automóveis. “Um designer hoje consegue fazer um carro sorrindo, bravo, com cara de mau, como quiser”, explica. Campos cita modelos japoneses que teriam uma tendência a carregar faróis de formato oblíquo, que se assemelham aos olhos puxados dos orientais. Outras opções vêm da redução dos equipamentos. “Hoje, temos luzes que dispensam o refletor e fazem com que os faróis possam ficar menores”, afirma o gerente de produto de Iluminação da Bosch, Alexandre Piccolli. “Com essa miniaturização, já há faróis que mudam a direção do feixe de luz seguindo o volante e os conhecidos xenon”, cita Piccolli. A tecnologia xenon, presente nos automóveis desde a década de 90, também foi inventada pela Bosch. Hoje, é oferecida como item de ponta pelas montadoras e consegue produzir uma iluminação maior com menor consumo de energia e mais durabilidade. Nesse sistema, a descarga elétrica é disparada dentro da lanterna que tem gás xenônio, o que produz uma luz branca que proporciona maior conforto para o motorista. Ao mesmo tempo em que a iluminação melhora, um sistema de projeção direciona o feixe de luz com maior precisão, para não ofuscar. Outra tecnologia promove avanço ainda mais sensível nessa área. O sistema Night Vision, desenvolvido pela Bosch em parceria com a Mercedes-Benz, não joga luz diretamente sobre o outro motorista e aumenta de 40 metros para 150 metros a visibilidade noturna. O segredo é um sistema infravermelho de câmeras instaladas no pára-brisa do veículo. As imagens das câmeras são mostradas diretamente em um visor no painel e possibilitam enxergar com maior antecedência carros, animais que passam pela pista e obstáculos. Como as luzes infravermelhas são invisíveis ao olho humano, não há perigo de ofuscar os olhos de quem vem em direção contrária. “Com todas essas tecnologias à mão, o farol deve evoluir para ficar do tamanho de uma moeda”, prevê o designer Anísio Campos. Piccolli, especialista em iluminação, concorda, mas ressalta que o objetivo é que a “moeda” ilumine o máximo possível, causando o mínimo de ofuscamento. 46 | VidaBosch | áudio | Por Osmar Campos Soares Sergey Fedenko Georgios Kollidas Ew Chee Guan Caixinha de surpresas Aparelhos de som para automóveis não só vão além do rádio e do CD como trazem recursos para melhorar o áudio de arquivos de MP3 Norebbo M alas arrumadas, carro revisado, tanque cheio, você parte de viagem com seu carro. Ainda na cidade, liga o rádio para saber das condições do trânsito. Depois, coloca o CD recém-adquirido em uma loja do shopping. Quando ele termina, você hesita entre tocar aquela seleção de músicas que gravou num CD-R, atender aos pedidos do filho mais velho e pôr o pendrive com hits de bandas alternativas ou contentar o caçula e inserir um cartão de memória com canções infantis. A alternância entre notícias radiofônicas, CD convencional e música em MP3 — todas elas saindo do mesmo sistema acústico — mostram como as novas tecnologias estão cada vez mais interligadas e presentes na vida das pessoas. Elas avançam em várias direções e aportam também no aparelho de som de seu carro. Até décadas atrás, esses equipamentos tinham uma única função: tocar rádio. Eram, por isso, chamados simplesmente de rádio. Com o tempo, ganharam nova possibilidade — rodavam fitas cassetes. Passaram a ser chamados de tape. Na década passada, as fitas foram substituídas pelo CD — chegaram ao mercado, então, os CD players. Hoje, os aparelhos não se restringem mais às emissoras ou ao CD convencional. É possível escolher modelos que “leiam” arquivos de MP3 em diversas mídias. Mesmo equipamentos básicos, como o London MP37, da Blaupunkt, marca do Grupo Bosch, tocam arquivos musicais compactos. Assim, o usuário pode, em vez de carregar todos os seus discos para o carro, gravar até 15 deles em um único CD-R — basta convertê-los para os formatos MP3 ou WMA, que transformam as músicas do CD convencional em arquivos comprimidos, de tamanho bem menor. O London MP37 consegue ainda tocar os arquivos armazenados em aparelhos como MP3 player ou Ipod. Para isso, basta conectá-los à entrada auxiliar na frente do som automotivo por um cabo P2 e ouvir a música saindo pelas caixas de som. Mas a comodidade tem um preço. Acumular mais informação em menos espaço implica perda na qualidade do som — sobretudo nas altas e baixas freqüências. Quando o arquivo é comprimido pelo software de conversão, ele elimina algumas faixas de som geralmente inaudíveis ao ouvido humano, mas o resultado pode ser notado por ouvintes mais atentos ou quando se aumenta muito o volume. Nesses casos, há duas alternativas para atenuar o problema: gravar com taxas de compressão altas (de 128 a 320 kbps; quanto maior, mais qualidade, mas menos músicas cabem no disco) ou tentar compensar as deficiências alterando a equalização no auto-rádio (aumentar as freqüências baixas e altas até considerar que o som está adequado). “O usuário tem também a possibilidade de compensar um pouco as perdas do MP3 com a função X-Bass, um recurso que realça as freqüências graves”, afirma Paulo César da Silva Rocha, o Paulinho Som, consultor da Blaupunkt, juiz e competidor de campeonatos internacionais de áudio automotivo — com mais de 680 títulos. Com um aparelho intermediário da Blaupunkt, como o Kingston MP47, o usuário, além de todos os recursos presentes no London MP37, ganha a possibilidade de acrescentar ao aparelho arquivos de áudio guardados em pendrive — uma unidade portátil de armazenamento de dados. Como o pendrive, da mesma maneira que o CD-R, abriga música em MP3, os ajustes de equalização também são úteis. Outra dica para lidar com essas duas mídias é organizar bem os arquivos. Uma maneira fácil e prática é criar pastas por estilo (MPB, rock, jazz...) e, dentro delas, acrescentar subpastas por artistas e depois por álbum. Um exemplo: dentro da pasta “MPB”, pode-se criar a 48 | VidaBosch | áudio Arquivo Bosch Em aparelhos top de linha, é possível ajustar seis faixas de freqüência para compensar as perdas com a conversão do CD comum em MP3 subpasta “Chico Buarque” e, dentro desta, uma subpasta para cada álbum do cantor (“Ópera do Malandro”, “Paratodos”, “As Cidades”, “Carioca” etc.). “Assim, fica mais fácil encontrar o que estiver procurando depois, uma vez que o aparelho lê as músicas da maneira que foi registrado no CD ou no pendrive”, diz Paulinho Som. O Kingston MP47 conta ainda com o sistema GALA, que garante que o auto-rádio mantenha sempre um volume adequado. Basta ajustar uma vez, na altura que mais o agrada; quando o carro atinge uma velocidade constante e aumentam os barulhos externos, o dispositivo, acoplado à parte elétrica, aumenta o som automaticamente. “Quanto mais rápido o carro está, maior é o nível de ruído interno. Existe dentro desse modelo o fio GALA, que vai ser conectado ao cabo responsável pelo sinal de rotação. Quando uma velocidade é estabilizada, o rádio reconhece que a rotação parou de variar e aumenta o volume para o nível que o usuário pré-equalizou”, explica Nelson Godoy, técnico de suporte a venda da Blaupunkt. “Assim, não é necessário tocar no aparelho quando outros ruídos passam a atrapalhar a audição da música.” Nos equipamentos atuais, música pode vir do rádio, do CD normal, de um CD gravável, de um pendrive ou de um cartão de memória Num aparelho top de linha, como o Memphis MP66, além do CD e do pendrive a música pode chegar por outra via: cartões de memória nos formatos SD e MMC, os mesmos usados em câmeras digitais. Nessa mídia, grava-se música em MP3. Isso significa que os ajustes de equalização também podem ser úteis aqui — e o Memphis dá uma ajuda adicional: trabalha não com três, mas com seis faixas de freqüência, o que permite minimizar as perdas em arquivos compactos. Eosompodeficaraindamelhor:oaparelho faz uma autocalibração das caixas acústicas. Ele emite um áudio padrão, que é reproduzido nas caixas acústicas. “O microfone vai captar esse som, medir se o volume está correto, quais as posições do autofalante, se o ambiente ou o acabamento do carro gera deficiências. Por fim, o aparelho faz uma equalização automática que vai compensar as deficiências e devolver o áudio da forma mais adequada”, comenta Godoy. “O áudio fica bom depois dessa equalização? Fica, para a máquina. Se o usuário considerar que essas alterações não são as suas preferidas, ele pode fazer as alterações de equalização que achar necessárias.” Para que o ajuste fino não seja deturpado pelo som ambiente, o Memphis traz, além do sistema GALA, um dispositivo que ajusta o volume a partir da medição acústica dos ruídos internos, captados por microfone. “Se estiver dirigindo meu automóvel a 100km/h com o vidro fechado, há um determinado barulho. Se eu abrir o vidro, passa a ser outro”, compara Godoy. “Por meio desse microfone, o auto-rádio não se baseia apenas em um sinal elétrico, como no sistema GALA, mas também nos ruídos presentes no ambiente, que o microfone capta e tenta corrigir, aumentando o volume.” O Memphis também traz recursos para reproduzir melhor as estações de rádio. Ele capta o sinal da antena e o traduz para as freqüências digitais antes da reprodução, gerando sons mais limpos. “Com esse sistema, chamado DigiCeiver, o rádio deixa de ser um equipamento apenas para ouvir música, e passa a oferecer informações de utilidade pública. Ele oferece o sistema RDS [radio data system], por meio do qual você recebe informações, via satélite, de trânsito, cotação de dólar, temperatura e muitas outras informações que você não tem nos rádios comuns”, afirma Paulinho Som. O aparelho também está equipado para receber sinais de rádio digital. O advogado Thiago de Carvalho e Silva possui um equipamento top semelhante ao Memphis, o St. Louis MP 56, também da Blaupunkt. “Eu não tenho caixas de som de primeira linha no carro, mas a funcionalidade do aparelho eu uso bastante, inclusive trabalho conjuntamente o cartão de memória e a conexão USB”, diz Silva, que, para aproveitar todas as funções do equipamento, precisou ler o manual do produto. “Algumas características eu sabia que existiam, mas a parte técnica confesso que me surpreendeu. Sobretudo esses recursos de fazer a análise do som ambiente para regular o volume e a equalização. Meus amigos ficam bastante impressionados”, conta.