Disciplina: Redação O QUE É UMA FALÁCIA?
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Disciplina: Redação O QUE É UMA FALÁCIA? Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que se alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia. É importante observar que o simples fato de alguém cometer uma falácia não invalida toda a sua argumentação. Ninguém pode dizer: "Li um livro de Rousseau, mas ele cometeu uma falácia, então todo o seu pensamento deve estar errado". A falácia invalida imediatamente o argumento no qual ela ocorre, o que significa que só esse argumento específico será descartado da argumentação, mas pode haver outros argumentos que tenham sucesso. Por exemplo, se alguém diz: "O fogo é quente e sei disso por dois motivos”: 1. ele é vermelho; 2. Medi sua temperatura com um “termômetro". A premissa 1 deve ser descartada, pois é falaciosa, mas a argumentação não está de todo destruída, em virtude da premissa 2. Tipologia das falácias 1) Falácia do Acidente: Quando se considera essencial o que é apenas acidental. Ex.: “A maior parte dos políticos são corruptos. Então a política é corrupta. ” 2) Falácia Inversão do acidente: Tomar uma exceção como regra. Ex.: Se deixarmos os doentes terminais usarem heroína, devemos deixar todos usá-la. 3) Falácia da Afirmação do consequente: Essa falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do modus ponens (afirmação do antecedente) nem do modus tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é: Se A, então B. B, então A. Ex.: Se há carros, então há poluição. Há poluição. Logo, há carros. Carros é uma causa necessária para poluição, não a única causa. 4) Falácia da Negação do antecedente: Essa falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do modus ponens (afirmação do antecedente) nem do modus tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é: Se A, então B. Não A Então não B. Ex.: Se há carros, então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição. Carros, como já foi provado, são uma causa necessária para poluição, não a única causa. 5) Falácia da Anfibologia ou ambiguidade: Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração sintática. Ex.: 1. Venceu o Brasil a Argentina. 2. Ele levou o pai ao médico em seu carro. Quem venceu? Carro de quem? 6) Falácia do Apelo à autoridade anônima: Fazer afirmações recorrendo a autoridades sem citar a fonte. Ex.: “Os peritos” dizem que a melhor maneira de prevenir uma guerra nuclear é estar preparado para ela. Que peritos? 7) Falácia do Apelo à emoção: Recorrer à emoção para validar o argumento. Ex.: Apelo ao júri para que contemple a condição do réu: Um homem pobre e sofrido que agora passa pelo transtorno de ser julgado em tribunal. 8) Falácia do Apelo à novidade: Argumentar que o novo é sempre melhor. Ex.: Na filosofia, Sócrates já está ultrapassado. É melhor Sartre, pois é mais recente. 9) Falácia do Apelo à vaidade: Provocar a vaidade do oponente para vencê-lo. Ex.: Não acredito que uma pessoa culta como você acredita nisto... 10) Falácia do Apelo ao preconceito: Associar valores morais a uma pessoa ou coisa para convencer o adversário. Ex.: Uma pessoa religiosa como você não é capaz de argumentar racionalmente comigo. A pessoa e não o argumento é estigmatizada, e o argumento em si não é refutado. 11) Falácia do Apelo ao ridículo: Ridicularizar um argumento como forma de derrubá-lo. Ex.: Se as teorias da evolução e Criação fossem verdadeiras, significaria que o seu tataravô seria um gorila, e os jarros de barro nossos parentes... 12) Falácia do Apelo à antiguidade ou tradição: Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim". Ex.: Se o meu avô diz que Garrincha foi melhor que Pelé, e que a Maçonaria é coisa totalmente boa, deve ser verdade. 13) Falácia do Apelo à força: Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão. Ex.: Acredite no que eu digo, e não se esqueça de quem é que paga o seu salário, portanto, saiba com quem está falando... 14) Falácia do Apelo à consequência: Considerar uma premissa verdadeira ou falsa conforme sua consequência desejada. Exemplos: 1. Se Deus existe, então temos direito à vida eterna. Cobiçamos a vida eterna. Então Deus existe, e nem tudo é permitido. 2. Se Deus não existe, não precisamos temer punições no pós vida. Não cobiçamos penas no pós vida. Então, Deus não existe, portanto, tudo é permitido. Nestes dois exemplos a premissa é válida apenas porque a conclusão nos agrada de forma pessoal. 15) Falácia do Apelo à riqueza: Essa falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos. Ex.: O Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser. 16) Falácia do Ataque ao argumentador: Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado. Ex.: Se foi um burguês quem disse isso, certamente é engodo. 17) Falácia do Apelo à ignorância: Tentar provar algo a partir da ignorância quanto à sua validade. Ex.: Ninguém conseguiu provar que Deus não existe, logo ele existe. 18) Falácia do Argumentum ad lapidem: Desqualificar uma afirmação como absurda, mas sem provas. Ex.: João, ministro da educação, é acusado de corrupção e defende-se dizendo: 'Esta acusação é um disparate, e intriga infundada da oposição’ Baseado em quê? 19) Falácia do Apelo à pobreza – (Oposto ao ad Crumenam): Essa é a falácia de assumir que, apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro. Ex.: Joãozinho é pobre e deve ter sofrido muito na vida. Se ele diz que isso é uma inverdade, eu acredito. 20) Falácia do Apelo ao medo: Apelar ao medo para validar o argumento. Ex.: Vote no candidato tal, pois se o candidato adversário vencer vai trazer a ditadura e todas as mazelas de volta. 21) Falácia do Apelo à misericórdia: Consiste no recurso à piedade ou a sentimentos relacionados, tais como solidariedade e compaixão, para que a conclusão seja aceita, embora a piedade não esteja relacionada com o assunto ou com a conclusão do argumento. Do argumento ad misericordiam deriva oargumentum ad infantium. Exemplo: "Faça isso pelas crianças". A emoção é usada para persuadir as pessoas a apoiar (ou intimidá-las a rejeitar) um argumento com base na emoção, mais do que em evidências ou razões. 22) Falácia da Repetição nauseante: É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que, quanto mais se diz algo, mais correto está. Ex.: Se Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é uma mentirosa, então ela é. 23) Falácia do Apelo ao povo ou à maioria: É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas. Ex.: A maioria o elegeu, portanto, é porque ele(a) é incorruptível. 24) Falácia do Apelo à temperança: Recorrer ao meio-termo sem razão. Ex.: Não temos relógio, mas alguns estão dizendo que são dez horas e outros dizem que são seis horas, então é mais acertado supor que são oito horas. 25) Falácia do Apelo à autoridade ou Magister dixit (Meu mestre disse): Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa. Ex.: Se Aristóteles disse isto, então é verdade incontestável. 26) Falácia do Argumentum verbosium (prova por verbosidade): Tentativa de esmagar os envolvidos pelo discurso prolixo, apresentando um enorme volume de material. Superficialmente, o argumento parece plausível e bem pesquisado, mas é tão trabalhoso desembaraçar e verificar cada fato comprobatório que pode acabar por ser aceite sem ser contestado. 27) Falácia da Bola de neve: Elaborar uma sucessão de premissas e conclusões que conduzem ao absurdo. Ex.: Se aprovarmos leis contra as armas automáticas, não demorará muito até aprovarmos leis contra todas as armas e então começaremos a restringir todos os nossos direitos. Acabaremos por viver num estado totalitário. Portanto não devemos banir as armas automáticas. 28) Falácia do Bulverismo: Argumentar partindo do pressuposto de que o oponente já está comprovadamente errado. Exemplos: 1. Você está dizendo que a Bíblia é correta? Nem vou discutir com você, parei. Sabemos que a ciência comprovadamente explica tudo corretamente e sem falhas, a bíblia não. 2. Se você não acredita que a Bíblia é infalível, já perdeu o argumento, pois é óbvio que ela é. Nos dois exemplos acima, é mero egocentrismo ideológico. 29) Falácia da Causa complexa: Supervalorizar uma única causa quando há várias, ou um sistema de causas. Exemplos: 1.O acidente não teria ocorrido se não fosse a má localização do arbusto. 2.Ao longo da história da humanidade, houve muitas guerras por causa de religião, portanto, se não houvessem religiões, não haveria guerras e o mundo viveria em Paz. Houve muitas outras causas envolvidas no acidente e nas guerras. 30) Falácia da Definição obscura: Definir algo em termos imprecisos ou incompreensíveis. Ex.: Vida é a borboleta sublime que bate suas asas dentro de nós. 31) Falácia do Dicto simpliciter (regra geral): Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada. Ex.: Se você matou alguém, deve ir para a cadeia. Não se aplica a certos casos, quando há legítima defesa, ou não houve intenção de matar. 32) Falácia da Distorção de fatos: Mascarar os verdadeiros fatos. Ex.: O segredo da minha beleza é tomar um copo de água todas as manhãs. É pura omissão de informação. 33) Falácia do Egocentrismo ideológico: Realizar um argumento de forma parcial e tendenciosa. Ex.: O comunismo é o ideal, pois Trotsky disse que... 34) Falácia do Equívoco: Usar uma afirmação com significado diferente do que seria apropriado ao contexto. Ex.: Os assassinos de crianças são desumanos. Portanto, humanos não matam crianças. Joga-se com os significados das palavras, neste caso: humanos. 35) Falácia da Evidência anedótica: Refere-se a uma evidência informal na forma de anedota (conto, episódio, derivado do grego anékdota, significando 'coisas não publicadas'), ou de "ouvir falar". A evidência anedótica é chamada de testemunho. Ex.: “Há provas abundantes de que os Extras Terrestres existem. Na semana passada, li sobre uma pessoa que teve um contato de primeiro grau com um deles, e vi pelas suas palavras e expressões que seu testemunho era verdadeiro. ” 36) Falácia da Explicação incompleta: Ex.: As pessoas tornam-se esquizofrênicas porque as diferentes partes dos seus cérebros funcionam separadas. Baseado em quê? 37) Falácia da Expulsão do Grupo (falácia do escocês): Fazer uma afirmação sobre uma característica de um grupo e, quando confrontado com um exemplo contrário, afirmar que este exemplo não pertence realmente ao grupo. Ex.: - Nenhum escocês coloca açúcar em seu mingau. - Ora, eu tenho um amigo escocês que faz isso. - Ah, sim, mas nenhum escocês de verdade coloca. 38) Falácia da Falácia da pressuposição negativa: Consiste na inclusão de uma pressuposição que não foi previamente esclarecida como verdadeira, ou seja, na falta de uma premissa. Ex.: Você já parou de bater na sua esposa? É uma pergunta maliciosa. 39) Falácia do espantalho: Consiste em criar ideias reprováveis ou fracas, atribuindo-as à posição oposta. Exemplo: Meu adversário, por ser de um partido de direita não é confiável, pois todos que são da direita são a favor do Liberalismo, privatização, do Capitalismo Selvagem, e não tem escrúpulos, pois para eles os fins justificam os meios. O outro é convertido num monstro, um espantalho, para angariar as simpatias dos demais eleitores em seu favor. 40) Falácia genética: Consiste em aprovar ou desaprovar algo se baseando unicamente em sua origem. Ex.: Você gosta de chocolate porque seu antepassado do século XVIII também gostava. Aponta-se a causa remota como o fator de validade presente. 41) Falácia da Falsa causa: Afirma que, apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados. Ex: Nota-se uma maior frequência de erros de português em sala de aula desde o início das redes sociais e o uso do internetês. O advento das redes sociais vem degenerando o uso do português correto. Falta mostrar com fatos e dados uma pesquisa que o comprove. 42) Falácia da Falsa dicotomia (bifurcação): Também conhecida como falácia do branco e preto ou do falso dilema. Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir. Ex.: Se você não é de Esquerda, e não acredita em Deus, então não presta, e não é confiável politicamente. Política e religião não definem caráter de uma pessoa. 43) Falácia da Invenção de fatos: Consiste em mentir ou formular informações imprecisas. Ex.: Segundo os Ocidentais, a causa da gripe é o consumo do arroz vindo do Oriente. 44) Falácia da Inversão de causa e efeito: Considerar um efeito como uma causa. Ex.: A propagação da AIDS foi provocada pela educação sexual. 45) Falácia da Pergunta indutiva: Insinuação por meio de pergunta. Ex.: Apoias a liberdade e o direito de andar armado? São duas perguntas numa diferentes. 46) Falácia simplista do Depois disso, por causa disso: Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito. Porém, correlação não implica causalidade. Ex.: O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares. 47) Falácia da Redução ao nazismo: Invalidar um argumento pela comparação com Hitler ou o nazismo. Ex.: Hitler acreditava em Deus, então os religiosos não devem ser boas pessoas. http://berakash.blogspot.com.br/2012/01/falacias-e-tipos-de-argumentos-mais_21.html
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