Lógica e Metodologia
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Lógica e Metodologia
Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br Seção 1 – Lógica, Conceitos e Fundamentos “PENSO LOGO EXISTO” Descartes Lógica: (do Grego logiké) Ciência que tem por objetivo a investigação das formas e leis do raciocínio; estudo dos princípios do raciocínio, especialmente da estrutura das proposições enquanto distintas do seu conteúdo, e do método de validade do raciocínio dedutivo; disciplina que tem por objetivo o juízo de apreciação, enquanto aplicado à distinção entre o verdadeiro e o falso; disciplina que tem por objetivo estabelecer as condições do conhecimento. Raciocínio: (do Latim ratiocínius: cálculo, avaliação). Operação do espírito pela qual de dois ou mais juízos se tira outro como conclusão; faculdade de raciocinar, discurso, juízo. Lógica: A lógica é uma criação de Aristóteles (Séc. IV a. C), e o seu objetivo principal foi o de estabelecer as condições de validade do pensamento científico. Ao expor uma teoria da demonstração e ao distinguir e classificar existem erros de raciocínio, pretendia eliminar as dificuldades que alguns sábios tinham levantado e que tinham posto em causa a própria possibilidade de um saber seguro e incontroverso. * O Silogismo: o que exprime o raciocínio dedutivo. Conceito: É a primeira operação e instrumento da razão discursiva. Trata-se de uma representação universal de algo. Um conceito compreende compreensão (intenção) e extensão (denotação). A compreensão se refere às características comuns e constitutivas do objeto que refere o conceito, como: "Ser Humano" - Características comuns dos homens e das mulheres; como extensão refere -se a quantidade de seres quais pode-se aplicar. Ex: “Ser Humano" como homens e mulheres. O conceito pode ser traduzido por definição de algo, em sua compreensão e extensão. Argumento: Antes de mais, é necessário não confundir argumentos com as suas formas lógicas. Um argumento é um conjunto de afirmações em que se procura sustentar uma delas (a conclusão) por meio das outras (as premissas). A forma lógica de um argumento é apenas a sua estrutura relevante para a validade dedutiva. A própria noção de argumento enfrenta algumas dificuldades. Os argumentos não caem das árvores; não vêm empacotados como argumentos. É necessário que um agente racional agrupe um dado conjunto de afirmações com a intenção de produzir um argumento. Caso contrário, poderíamos perante qualquer conjunto de afirmações, acusar quem as profere de estar a apresentar argumentos inválidos. É por isso que não se pode evitar dizer que um argumento é um conjunto de afirmações em que se pretende que uma delas seja sustentada pelas outras. Claro que há formas de evitar a menção explícita a um agente cognitivo (como dizer que um argumento é constituído por uma conclusão e uma ou mais premissas), mas trata-se apenas de uma forma de iludir as coisas. Supõe que queres pedir aos teus pais um aumento da "mesada". Como justificas este aumento? Recorrendo a razões, não é? Dirás qualquer coisa como: Os preços no bar da escola subiram; como eu lancho no bar da escola, o lanche fica-me mais caro. Portanto, preciso de um aumento da "mesada". Temos aqui um argumento, cuja conclusão é: "preciso de um aumento da 'mesada'". E como justificas esta conclusão? Com a subida dos preços no bar da escola e com o fato de lanchares no bar. Então, estas são as premissas do teu argumento, são as razões que utilizas para defender a conclusão. Exemplos de argumentos com uma só premissa: Premissa: Todos os portugueses são europeus. Conclusão: Logo, alguns europeus são portugueses. Exemplos de argumentos com duas premissas: Premissa 1: Se o João é um aluno do 11.º ano, então estuda filosofia. Premissa 2: O João é um aluno do 11.º ano. Conclusão: Logo, o João estuda filosofia (em Portugal). Raciocínio: É a operação pela qual a inteligência, partindo de duas ou mais relações conhecidas, afirmadas ou negadas, conclui uma nova relação que nelas estava implicitamente contida e delas deriva logicamente. Trata-se da operação mental que infere conhecimentos novos a partir de conhecimentos dados. Todos os raciocínios são constituídos por um certo número de proposições dispostas de tal modo que a conclusão resulta das premissas. Raciocinar: Exige a universalidade humana da razão. A razão está sempre à frente de tudo e de todos os sistemas sociais. Nem todas as opiniões são igualmente válidas, valem mais as que possuem melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe são colocadas. Classificação dos Raciocínios: A) Válidos: Quando as premissas são verdadeiras e a conclusão também. B) Inválidos: Quando as premissas são verdadeiras, porém a conclusão é falsa. _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br * A validade (verdade) ou falsidade de uma conclusão dependem dos conteúdos do raciocínio. Validade e verdade: A verdade é uma propriedade das proposições. A validade é uma propriedade dos argumentos. É incorreto falar em proposições válidas. As proposições não são válidas nem inválidas. As proposições só podem ser verdadeiras ou falsas. Também é incorreto dizer que os argumentos são verdadeiros ou que são falsos. Os argumentos não são verdadeiros nem falsos. Os argumentos dizem-se válidos ou inválidos. Quando é que um argumento é válido? Por agora, referirei apenas a validade dedutiva. Diz-se que um argumento dedutivo é válido quando é impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Repara que, para um argumento ser válido, não basta que as premissas e a conclusão sejam verdadeiras. É preciso que seja impossível que sendo as premissas verdadeiras, a conclusão seja falsa. Considera o seguinte argumento: Premissa 1: Alguns treinadores de futebol ganham mais de 100000 euros por mês.Premissa 2: O Mourinho é um treinador de futebol.Conclusão: Logo, o Mourinho ganha mais de 100000 euros por mês. Neste momento (Julho de 2004), em que o Mourinho é treinador do Chelsea e os jornais nos informam que ganha muito acima de 100000 euros por mês, este argumento tem premissas verdadeiras e conclusão verdadeira e, contudo, não é válido. Não é válido, porque não é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Podemos perfeitamente imaginar uma circunstância em que o Mourinho ganhasse menos de 100000 euros por mês (por exemplo, o Mourinho como treinador de um clube do campeonato regional de futebol, a ganhar 1000 euros por mês), e, neste caso, a conclusão já seria falsa, apesar de as premissas serem verdadeiras. Portanto, o argumento é inválido. * “Nem todas as opiniões são igualmente válidas, valem mais as que possuem melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe são colocadas”. Falácia - é um argumento logicamente inconsistente ou incorreto, portanto, um argumento não válido. Dito de outra maneira, falácias são erros dos argumentos que resultam quer da má construção gramatical das proposições, quer da forma, quer do conteúdo ou da matéria do argumento. FALÁCIAS INFORMAIS - são argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão em virtude de deficiências no conteúdo, o erro provém da matéria ou conteúdo do raciocínio. 1 . Falácias da irrelevância - As premissas que não são relevantes para sustentar as conclusões. 2 . Falácias da insuficiência de dados - As premissas não fornecem dados suficientes para garantir a verdade das conclusões. 3 . Falácias da ambigüidade - As premissas estão formuladas numa linguagem ambígua. 1 . Falácias da irrelevância - Falácia ad baculum ou recurso à força Argumento que recorrem a formas de ameaças como meio de fazer aceitar uma afirmação. - Falácia ad hominem ou contra a pessoa Argumento que pretende mostrar que uma afirmação é falsa, atacando e desacreditando a pessoa que a emite. - Falácia da ignorância Argumento que consiste em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso. - Falácia da Misericórdia Argumento que consiste em pressionar psicologicamente o auditório, desencadeando sentimentos de piedade ou compaixão. - Falácia ad populum ou falácia populista Criação de um ambiente de entusiasmo e encantamento que propicie a adesão a uma determinada tese ou produto, cuja origem ou apresentação se devem a uma pessoa credora de popularidade. - Falácia ex populum ou falácia demagógica Argumento que pretende impor determinada tese, invocando que ela é aceite pela generalidade das pessoas. - Falácia ad verecundiam ou falácia da autoridade Argumento que pretende sustentar uma tese unicamente apelando a uma personalidade de reconhecido mérito. 2. Falácias da insuficiência de dados Trata-se de proceder a generalizações, partindo de observações insuficientes ou não representativas. - Falácia da generalização precipitada Enunciar uma lei ou regra geral a partir de dados não representativos ou insuficientes. Este tipo de falácia pode assumir duas formas: enumeração incompleta e acidente convertido. _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br Enumeração incompleta - Argumento que consiste em induzir ou generalizar a partir de observações insuficientes Acidente convertido - Argumento que consiste em tomar por essencial o que é apenas acidental, por regular ou freqüente o que é excepcional. - Falácia da falsa causa - pode interpretar-se de duas maneiras: Non causa pro causa (não causa pela causa) e Post hoc, ergo propter hoc (depois de, logo por causa de). Non causa pro causa (não causa pela causa) - Falácia que consiste em atribuir a causa de um fenômeno a outro fenômeno, não existindo entre ambos qualquer relação casual. Post hoc, ergo propter hoc (depois de, logo por causa de) - Falácia que consiste em atribuir a causa de um fenômeno a outro fenômeno, pela simples razão de precedê-lo. Exemplo: Se um desportista tomou certa bebida antes da competição e se saiu vencedor, pode inferir que essa bebida funciona como "poção mágica" e passar a tomá-la antes de todos os jogos. - Falácia da falsa analogia - Forma de inferência que consiste em tirar conclusões de um objeto ou de uma situação para outra semelhante, sem reparar nas diferenças significativas. - Falácia da petição de princípio - Forma de inferência que consiste em adotar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar. - Falácia da pergunta complexa - Consiste em adicionar duas perguntas ou fazer uma pergunta que pressupõe uma resposta previamente dada, de modo a que o interlocutor fique numa situação embaraçosa, quer responda afirmativa ou negativamente. 3. Falácias da ambigüidade - Falácia da equivocidade - Consiste em introduzir num argumento um termo com duplo sentido, o que conduz a conclusões erradas. - Falácia da divisão - Argumento que atribui aos elementos isolados uma propriedade que é pertença coletiva da classe em que esses elementos se integram. - Falácia da falsa dicotomia - Apresentação de duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando ou omitindo outras possíveis. - Falácia do espantalho - Consiste em atribuir a outrem uma opinião fictícia ou em deturpar as suas afirmações de modo a terem outro significado. - Falácia da derrapagem - Argumento que, introduzindo pequenas diferenças entre cada uma das premissas condicionais ou equivalentes, leva a uma conclusão despropositada. - Falácia de anfibologia - é uma ambigüidade sintática. Há anfibologia quando uma frase permite duas ou mais interpretações. Há falácia por não haver estabilidade de sentido. Muitos slogans entram nesta categoria de falácias. Seção 2 – Conhecimento Muitas vezes não paramos para pensar o que significa a palavra conhecimento. Eis que o fato de necessitarmos dele durante os nossos estudos faz com que dediquemos alguns minutos para pensar, discutir e “conhecer” sobre o conhecimento. Seguem algumas definições encontradas em dicionários sobre essa bendita palavra: • Ato ou efeito de conhecer; o que se sabe perfeitamente, depois de estudo e maduro exame; idéia, noção, informação, notícia; experiência, discernimento; direito de conhecer e julgar uma causa. • Noção normalmente oposta à afetividade e à atividade designa a função teórica do espírito assim como o resultado dessa função, que tem como fim tornar presente aos sentidos ou à inteligência um objeto (interno ou externo), de modo a obter dele um entendimento ou uma representação adequada. Este termo, além se constituir por um significado global, pode ser dividido em várias formas de conhecimento, pode ser direcionado de várias maneiras, as quais serão apresentadas a seguir. Formas de conhecimento Senso Comum (popular ou vulgar) Conhecimento transmitido através das gerações, de pai pra filho, de avô pra neto. Modo de pensar de toda gente, conjunto de princípios com que se orienta a maioria dos homens. Conhecimento filosófico _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br Procura respostas para os interrogativos fundamentais da existência, não por meio da crença transcendental, mas mediante raciocínio lógico. Filosofia: Palavra de origem grega: Philos = amante / Sophia = sabedoria. Reflexão crítica sobre fundamentos da realidade e de seu conhecimento; conjunto de princípios que se propõem a explicar de maneira unificada a natureza de todas as coisas e a conduta humana em relação a elas; estudo de valores que orientam o comportamento humano; sistema teórico que explica ou sintetiza determinado campo do conhecimento. Conhecimento Mítico (mito) Palavra de origem grega: Mythos = narrar, contar. É uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (Ex.: dos astros, da terra). É uma representação do mundo real, recreado na relação subjetiva das experiências humanas. Narrativa de eventos ocorridos em um passado fabuloso e primordial, relacionado a seres dotados de poderes mágicos, superiores aos dos homens, como os Deuses, os heróis ou antepassados, a qual recria simbolicamente a realidade vivida pelos homens e intervém como mediadora normativa e explicativa dessa mesma realidade. Conhecimento Religioso O conhecimento religioso não se define por sua capacidade explicativa, mas por ressonâncias nas esferas afetiva e ética. Caracteriza-se por sua generalidade, simbologia e aspecto ético acentuado. Tem por suporte a fé. Conhecimento Científico Termo originado do latim: scientia = ciência/saber, que deu origem a vários cognatos na língua portuguesa como ciente, discente, docente, cientista. Na construção do conhecimento científico, o sujeito age prática e intelectualmente sobre o seu objeto de investigação e reconstrói no seu pensamento. O conhecimento científico é: Real (fatual): lida com ocorrências ou fatos. Contingente: suas preposições e hipóteses têm a veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão. Sistemático: ordenado logicamente forma um sistema de idéias e não conhecimentos dispersos e desconexos. Verificabilidade: as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. O conhecimento científico transcende aos fatos quando: • Descarta fatos, produz novos e os explica; • Seleciona os fatos considerados relevantes; • Não se contenta em descrever as experiências, mas elabora sínteses e comparações; • Leva o conhecimento além dos fatos observados. a) b) c) Conhecimento científico é comunicável à medida que: Sua linguagem deve poder informar a todos os seres humanos que tenham sido instruídos para entendê-la. Deve ser formulado de tal forma que outros investigadores possam verificar seus dados e hipóteses. Deve ser considerado como propriedade de toda humanidade. SEÇÃO 3 – DISCUSSÃO E CONFLITO A dialética, ou seja, a exposição simultânea de idéias, raciocínios ou reflexões através de duas ou mais correntes de argumentação configura uma forma de construção ou incremento do conhecimento, uma vez que estimula a intersecção de diferentes idéias , percepções a serem compartilhadas. O conflito gerado pelo choque de premissas constitui um instrumento bastante favorável para a avaliação da validade dos argumentos. No entanto é importante que haja um bom nível de maturidade dos elementos para que seja validada a argumentação final que possa configurar a verdade universalizada, nos parâmetros norteados pela lógica e a razão. Esta maturidade não pode prescindir da capacidade pertinente à aferenciação (receber), eferenciação (enviar), processamento (raciocínio lógico), aceitação e apreciação das conclusões oriundas dos contra-argumentos e argumentos resultantes. Só através de um raciocínio lógico e provido de juízo e imparcialidade será possível constituir a verdade eticamente validável. É importante ressaltar que o conhecimento confiável só pode ser gerado a partir de um raciocínio válido, livre de falácias e pré-concebimentos (preconceitos). A imparcialidade deve ser exercitada constantemente no intuito de policiar o _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br raciocínio humano que muitas vezes é abalado pela influência turva das emoções, preconceitos e sensos de sensitividade ou intuição empírica. “Nem todas as opiniões são igualmente válidas, valem mais as que possuem melhores argumentos a seu favor e as que melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe são colocadas”. Palavras Chave: Réplica , Tréplica, Ética, Moral, Aceitar, Humildade. Cruzamento de verdades Muitas pessoas afirmam que não apreciam uma discussão. Mas como poderá haver conhecimento sem verdade e como poderia haver verdades sem o embate de argumentos esboçando diferentes paradigmas, opiniões, experiências e vivências? Isto é o que configura a dialética. A discussão é uma ferramenta indispensável para alcançar uma verdade universalizada que objetive algo diferente ao poder estar certo; ou o prazer que a sensação de proprietário da razão propicia. É importante definirmos opinião de argumento e verdade. A opinião de alguém sobre algum assunto é variável porque depende do grau de percepção que uma pessoa tem de um fato ou fenômeno. Se alguém disser que prefere azul ao vermelho, trata-se de uma afirmação indiscutível e ponto final. No entanto a opinião pode ser direcionada de forma confusa, confundindo uma preferência com um argumento. Neste caso a argumentação não tem nenhum compromisso de viabilidade com a ética ou mesmo com a lógica em uma discussão. A conclusão de uma discussão de múltiplos argumentos caracteriza o consenso. É importante lembrar que neste caso o consenso não caracteriza um acordo de interesses, mas sim uma compreensão sobre a verdade. A elucidação da verdade em uma discussão representa muitas vezes a vitória de um raciocínio tridimensional e multifacetado sobre um raciocínio polarizado e cartesiano, ou seja, em linha reta. Para o alcance de um argumento válido se faz necessário um método de raciocínio válido e todo método necessita de uma disciplina para que as etapas de desenvolvimento e execução sejam cumpridas para a elaboração de um raciocínio coerente. Sempre é bom lembrar que a verdade depende da nossa avaliação e nossa avaliação depende de nossa percepção sensorial que apresenta seus limites e falhas. Disciplina no Raciocínio e Argumentação A falta de disciplina pode prejudicar diretamente o processo de raciocínio e argumentação em uma discussão, pois inviabiliza a aferenciação (ouvir e perceber) de informações para um devido processamento e a eferenciação (argumentar e agir). Além disso a simples argumentação isolada requer uma concatenação para obter uma conclusão válida, se considerarmos a elaboração de um raciocínio coletivo, a organização das premissas devem apresentar maior rigor, na argumentação para produzirem o mesmo efeito. Como não permitir que nossos anseios, frustrações pessoais, bloqueios, impulsos, inveja, ciúmes interesses e experiências pessimistas pregressas determinem o curso de nosso raciocínio? Como impedir que nossa avaliação seja deturpada por tais emoções? A política de salvaguarda da nossa imparcialidade deve ser alcançada através da autovigília. O auto-policiamento de nosso raciocínio se conformaciona na capacidade de nós mesmos nos deixarmos em “xeque mate”. Diminuindo as nossas barreiras automáticas, ou seja, barreiras quase reflexas de negações que emergem quando nossos argumentos são confrontados. Além disso, ainda sofremos aquelas influências mais óbvias para os observadores de fora, quando nossa estima por uma pessoa nos tendencia a favorecê-la concedendo à mesma a razão ou a defesa. Muitas vezes estas influências não são nem um pouco óbvias para nós, tamanho é o nosso envolvimento que juramos não estar influenciados, ou seja: mentimos a nós mesmos. Desta forma para vencer estes obstáculos do raciocínio fiel à verdade, é necessário conhecer e visualizar a possibilidade de estarmos equivocados, precisamos nos abster de muitas barreiras de proteção do “eu” mais intrínseco, mas se nos encontrarmos e nos aceitarmos envolvidos poderemos nos considerar vitoriosos tão somente pela aceitação. Em certos momentos enfrentamos abismos entre o raciocínio de duas ou mais pessoas. Neste caso a única forma de discussão moral diante de uma discrepância de conhecimentos, experiências, visões e argumentos é que aquela que possibilita que aquele que possui um nível de compreensão mais elevado possa descer ao nível de quem tem menor entendimento afim de que este possa expandi-lo. Aquele que tem o universo menor deve se curvar àquele que tem o _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br universo menor, pois a mente expandida por um raciocínio já foi antes encolhida. Já aquele que tem o universo menor, é virgem no raciocínio por outrem expandido e por tanto ainda não conhece prontamente o caminho para tal expansão. O caminho para esta expansão passa pela verdade estabelecida em cada premissa de uma discussão, mas para que seja assimilada e internalizada precisa sofrer aceitação. O conhecimento é a propriedade de deter saberes angariados através do processo de aprendizado. Este processo ocorre por meio da experiência, que se dá pela vivência dos fenômenos cotidianos acidentais ou não de um indivíduo; ou mesmo propagado através do ensino, que caracteriza o fenômeno de transmissão ou compartilhamento das vivências e experiências de um indivíduo para com os outros. Conceitos relacionados com o texto: • • • • • • • • • • • • • • Sabedoria: Qualidade de sabedor; caráter do que é dito ou pensado sabidamente, doutrina; totalidade de conhecimentos adquiridos. Justo conhecimento, natural ou adquirido das verdades, mormente morais. Verdade: Qualidade pela qual coisas e pessoas aparecem tais como são; realidade, exatidão; coisa certa; sinceridade, boa fé; opinião conforme com o que realmente é; princípio certo, axioma, máxima, sentença; cópia ou imitação fiel; expressão fiel da natureza; caráter próprio. Em verdade: conformemente à verdade, sinceramente, em perfeita conformidade com o que se sente e se reputa exato: Em verdade vos digo: quem com ferro fere com ferro será ferido. De verdade: real, verdadeiro. (Do lat.: veritas, atis.) Emoções: Muitas vezes nossos sentimentos provocam distorções em nossa percepção sensorial. Algumas pessoas são tendenciosas entre pessoas para o julgamento da verdade argumentada em uma discussão. Cirurgiões não realizam procedimentos em parentes, pois a eminência do risco a saúde de um ente querido durante os procedimentos pode inviabilizar o raciocínio lógico para a execução de uma seqüência de procedimentos técnicos. Sentimento: Ato ou efeito de sentir; resultado da sensação proveniente do trabalho interior do espírito, afetado por uma causa interna ou externa; faculdade de sentir; disposição para ser facilmente tocado, impressionado ou comovido; manifestação do que se sente; faculdade de compreender ou interpretar uma obra de arte; percepção das coisas por meio dos sentidos; afeição, paixão; excitação da alma no que se refere ao coração e não à razão; afeição benévola ou terna; desgosto determinado, incômodo; expressão viva, suave e animada: quadro com sentimento. Conjunto de qualidades morais, bons instintos; pêsames, condolências. (Do lat.: sentimentum) . Imparcialidade: Qualidade de imparcial; que não é parcial; que julga desapaixonadamente; reto. Compreensão: Ato ou efeito de compreender; faculdade de compreender, de apanhar um assunto inteiramente, em todas as suas particularidades; benevolência. Totalidade dos caracteres compreendidos numa idéia geral. Aceitação: ato ou efeito de aceitar; admitir; acolhimento; aprovação; Conflito: Embate de pessoas que lutam; altercação acompanhada de injúrias e ameaças; discordância, oposição; conflito de opiniões: Oposições de conflitos primários. Discutir: Debater (uma questão); examinar questionando; questionar. Fazer questão; entrar em discussão, questionar; contender. Problema: Questão para resolver; questão matemática, proposta para que se lhe dê solução; aquilo que é difícil de explicar ou resolver; coisa inexplicável, incompreensível, enigma, mistério; proposta duvidosa, que pode ter muitas soluções: A escolha do candidato é um problema. Problemático: Relativo a problema; com caráter de problema; incerto, duvidoso; questionável. Domínio: Ser do domínio, ser sabido. Disciplina: Regime de ordem imposta ou livremente consentida; conjunto de prescrições destinadas a garantir o funcionamento regular de alguma organização; observância de método, regras, preceitos; qualquer ramo de conhecimentos. Ignorância: Estado ou condição de quem ignora, de quem não é instruído; falta de saber, de conhecimento; falta de conhecimento de um objeto determinado, desconhecimento; insciência: Ninguém pode alegar ignorância da lei; burrice; estupidez, boçalidade; obscurantismo. _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br Empirismo Concepção filosófica segundo a qual o conhecimento baseia-se exclusivamente na experiência, sem que haja mediação da teoria. Conceitos populares, elaborados sem um método de avaliação, de causa e efeito, enfim sem embasamento científico, são ditos como empíricos. Preconceito Conceito formado antecipadamente e sem fundamento razoável; opinião adotada sem exame, imposta pelo meio, pela educação; julgamento favorável ou desfavorável relativo a alguém ou alguma coisa, formado de antemão, a partir de certas circunstâncias, fatos, aparências. Exemplos de argumentos preconceituosos: “Todo preto é favelado e todo favelado é vagabundo”; “Homem que anda muito com mulher é gay”; “Mulher não sabe dirigir, mas o seguro é mais barato, pois elas não batem, fazem os homens baterem” e etc... O racismo, xenofobia, machismo, feminismo e o anti-semitismo são apenas exemplos, porém existem diversas modalidades de preconceito. O preconceito é toda e qualquer conjectura que leva a um julgamento não fiel à verdade dos fatos, ou que julga sem permitir a avaliação inicial mais fidedigna de um conjunto de premissas. O pré-concebimento é uma barreira, ou seja, um fator obstante ao alcance do conhecimento e da sabedoria, quase sempre leva a atitudes de ignorância que já foram demonstradas em nossa história, como o holocausto onde cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados, sob as justificativas de uma doutrina que utilizou o preconceito como uma forma de mobilizar a massa, contra os supostos inimigos de um povo. Na realidade o nazismo atendia apenas as necessidades e os interesses do auto escalão do partido nazista, para conquistar a adesão. Avaliação de Fenômenos A construção do conhecimento na área da saúde, conceitualmente não difere muito da construção de conhecimento de outras áreas técnicas. A Observação Clínica dos sinais e sintomas, o conhecimento gradual construído através da observação de sistemas biológicos que compõe o corpo e a função de cada órgão ou tecido que interagindo em si faz o equilíbrio do funcionamento de um organismo complexo. As pesquisas sobre a anatomia levaram ao entendimento da fisiologia, que levaram à novas buscas que alcançaram não só ao entendimento dos mecanismos de funcionamento normal, mais também as disfunções e desvios do funcionamento normal. Simultaneamente surgiu a compreensão de como o homem poderia intervir nos mecanismos de funcionamento biológicos a fim de desenvolver terapia. Por muitos séculos os médicos, curandeiros e terapeutas desenvolviam seu conhecimento através de sua experiência e análise empírica dos fenômenos, através de uma associação ingênua de causa e efeito. Muitas vezes os achados eram simples acaso, levando à conclusões que muitas vezes eram engodo. “O consumo de tabaco no início do século 19 chegou a ser recomendado para o tratamento de cefaléia e bronquite” PFFD Teoria atual: “Praticar Medicina Baseada em Evidências significa integrar a experiência clínica com as melhores evidências disponíveis derivadas de pesquisas sistemáticas. É Uma forma nova de ensino e prática da medicina que atribui um papel menos destacado para o raciocínio fisiopatológico para a intuição e para a experiência clínica não sistematizada. Enfatiza o exame das evidências de pesquisas clínicas como instrumento adequado para a prática de uma medicina mais eficiente. Requer que o médico ou especialista em saúde tenha novas habilidades tais como capacidade para elaborar questões clínicas corretamente, para realizar busca de respostas a estas questões, criticar a informação obtida através da aplicação de regras de evidência, capacidade de decisão com base nestas informações, mais que na opinião de autoridades ou em experiências não sistemáticas”. • • • Pesquisa – Ato ou efeito de pesquisar; busca, indagação, investigação; conjunto de atividades que tem por finalidade a descoberta de conhecimentos novos no domínio científico, literário ou artístico. Ciência – Conjunto de conhecimentos relativos a certas categorias de fatos ou de fenômenos; conjunto de conhecimentos humanos como um todo; conhecimento; erudição. Fenômenos – Aparência ou manifestação de ordem física ou psíquica; fato científico que pode ser observado; fato conhecido empiricamente; tudo que é percebido pelos sentidos ou pela consciência; toda modificação _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br • • • • • • • operada nos corpos pela ação de agentes físicos ou químicos. Ser ou objeto que apresenta algo de anormal, de surpreendente; tudo o que se observa de extraordinário; o que é raro ou assombroso, maravilha; pessoa que se distingue por algum talento extraordinário. Metodologia – Disciplina que tem por objeto o estabelecimento e a verificação dos métodos de uma dada ciência ou campo do conhecimento; disciplina que tem por objeto o estabelecimento e a sistematização dos procedimentos e princípios gerais pertinentes à produção do conhecimento científico. Método – Conjunto de meios dispostos convenientemente para chegar a um fim que se deseja; modo ordenado de proceder para se alcançar um resultado determinado; arranjo ordenado e sistemático; organização; regularidade; maneira de fazer as coisas; ordem ou sistema que se segue no estudo ou ensino de qualquer disciplina; livro elementar, em que se coordenam os princípios necessários para o estudo de uma ciência, disciplina ou arte, principalmente o estudo de música e de línguas. Aferição: - ato ou efeito de aferir; marca que se põe nas coisas aferidas. Inferir: concluir; deduzir. Tratamento – Ato ou efeito de tratar ou tratar-se; série metódica de aplicações medicinais que se empregam para combater uma doença. Alimentação, passadio, conversação, trato do mundo, título de graduação. Terapia – Parte da medicina a qual estuda os agentes curativos e seu emprego racional. Do grego: therapeutiké. Massoterapia – Tratamento por meio de massagem. Ordem da Metodologia Método é uma estratégia empregada para o desenvolvimento de um objetivo. Se alguém objetiva a construção de uma casa, precisa desenvolver uma estratégia. Esta estratégia deve considerar os materiais e os métodos empregados. Uma pesquisa científica ou um programa de tratamento segue mais ou menos a mesma idéia de um projeto. O projeto de um intento deve ser dividido em etapas. Assim sendo cada etapa terá seus respectivos objetivos, materiais e métodos. Temos a conclusão de uma etapa quando alcançamos o objetivo previsto para cada etapa e, quando concluímos todos estes itens em cada etapa temos então o processamento destas informações para observar a conclusão final de um projeto. No entanto é importante considerar que para formularmos um objetivo se faz necessário formularmos um problema. O problema é algo que nos é um transtorno, uma necessidade, algo que precisamos transpor, alcançar, solucionar, superar ou conhecer. Um projeto tem o compromisso de responder ao problema, mas principalmente de forma real e fiel. Assim nem sempre em um projeto conseguimos alcançar o(s) objetivo(s), desta forma não podemos jamais assumir este compromisso. Então em um projeto jamais devemos objetivar: “Demonstrar que a massoterapia pode tratar”. Devemos objetivar: Avaliar os benefícios do tratamento em massoterapia... Determinismo Princípio formulado pelas ciências naturais, segundo o qual todo fenômeno tem uma causa e, reproduzindo-se as condições, a causalidade se repete do que resulta a existência de uma ordem universal regida por leis invariáveis e necessárias. (Filos.) Extensão da concepção determinista da natureza ao comportamento humano e aos fatos sociais, o que leva a negação da vontade individual na determinação dos acontecimentos. Exercícios de Fixação 1 Temas de discussão: a) Cotas para Negros nas universidades. b) Racismo c) Traição 2 Classifique os raciocínios/argumentos como válidos ou inválidos, explicando a classificação caso a caso. _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Disciplina: Bases Metodológicas Bioética e Deontologia Escola de Massoterapia da SOGAB www.sogab.com.br a) b) c) d) e) “Doutor só é quem tem doutorado, logo quando ao vou meu médico que é apenas graduado eu o chamo de Dr....” “Estiramento muscular grau III conforme a literatura é cirúrgico, logo melhor a ser realizado é a cirurgia”. Todos os alunos da SOGAB que estão formados são Massoterapêutas; Joyce é aluna da SOGAB, logo ela é massoterapêuta. Todas as mulheres têm tendência maior a Osteoporose; Deise é mulher, logo tem osteoporose. Todos os Argentinos são exibidos, Angelita é Argentina logo ela é exibida. 3 Na sua opinião o que é método e qual a sua opinião sobre a importância deste significado? 4 Na sua opinião o que é disciplina e qual a sua opinião sobre a importância deste significado? 5 Você se considera disciplinado? 6 O que é pesquisa? 7 O que é falácia? Explique: 8 Explique com suas palavras: a) Lógica b) Raciocínio c) Conhecimento d) Compreensão e) Imparcialidade f) Preconceito g) Argumento válido h) Argumento inválido i) Sabedoria j) Conhecimento 9 Qual a importância de saber discutir, conforme esta apostila? _________________________________________ Dr. Pablo Fabrício Flores Dias CREFITO 51432-F Colab. Keli Steffler ( Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores) Colab. Cíntia Scnheider (Programa de Especialização em Massoterapia – Capacitação de Instrutores)