Homilia parte da liturgia

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Homilia parte da liturgia
Homilia parte da liturgia
Homiliar é a arte de falar expressando
convicção sobre o que se fala. A homilia é
o discurso da fé para a fé. O objeto sobre o
qual a homilia deve centrar é a Palavra
proclamada. Um versículo de um dos
textos proclamados.
A homilia é parte integrante da liturgia. É
apenas uma parte. Não se deve idolatrar a
homilia nem esperar tudo dela.
Homilia parte da liturgia
Ela é chamada a alimentar a fé mas
dentro de toda um a celebração. Ela
prolonga a Palavra.
O que o homiliasta deve fazer numa
assembléia de batizados é alimentar a fé.
Mas isso não depende só da homilia mas
também de toda a dimensão
comunicativa - verbal e não verbal- da
celebração.
Homilia parte da liturgia
Nós não devemos preparamos apenas a
homilia, preparamos a liturgia
Não seria litúrgico ter uma homilia muito
bem preparada e comunicativa e uma
celebração enfadonha. Morna...
Não seria prestar um serviço à
comunidade e correr-se-ia o risco de fazer
do homiliasta uma “star”..
Homilia parte da liturgia
Com isso a palavra que pretendo na
homilia, já pode marcar a acolhida, o rito
penitencial e será retomada no convite à
comunhão ou na despedida.
Quando a gente fica nervoso
1. Razões pessoais;
2. Tom difícil de suportar: dimensão afetiva? / o timbre de voz; há
vozes agradáveis, que seduzem, e vozes secas, dão impressão de
rigidez, maneiradas, autoritárias, teatrais.
3. Nível mais racional: divergência entre o que se percebe e o que se
acharia normal ou conveniente dependendo da formação que tem.
4. Modos de Dizer: que irritam enervam.:homilia fria/vazia
/ parece lida em vez de falada/ tom literário ou professoral. (38)
5. Tipos de Pessoa: inadequação entre o que diz e como diz: falar da
alegria de crer com cara fechada e severa; convidar a imitar a doçura
evangélica de Jesus com gestos imperiosos ; subjetivista:
expressa suas idéias e convicções; tribuno: objetivo, procura convencer;
argumentação maniqueísta e unilateral; advogado: defende uma causa;
professor: como é que o ouvinte pode receber o que tenho que lhe
ensinar?/ sentimentalismo, banal , facilidade.
Em suma: quando o tom irrita: não é somente a voz do pregador que se
torna difícil de ouvir, mas sobretudo a maneira de fazer: moralismo /
propaganda / diluição / texto demasiado lido / desacordo entre a equação
pessoal do que fala com o que ele diz.
O como se diz (o tom) mais do que o conteúdo deixa irritado - a forma
importa mais (42)
Quanto ao CONTEÚDO (o que se diz) : as pessoas desligam quando o
conteúdo parece demasiado longe da vida .
Reação afetiva em duas circunstancias: o que se diz é julgado liberal
demais ou rígido demais em questões de moral ou de doutrina.
Ou seja quando parece questionar a doutrina tradicional ou, pelo contrário,
ser demasiado fundamentalista ou clássico. No Brasil: o que é julgado
política partidária.
A duração: motivo mais citado. Passa impressão que fala mais quando
menos preparado;. Porque o Bispo deve falar mais do que os outros? Não
sabe terminar : levanta vôo de novo
» Pergunta: Como você termina as suas homilias
1.2. A homilia alimenta a fé
A homilia é
indispensável
2000,n.65).
uma parte da liturgia (..) sendo
para nutrir a vida cristã (IGMR
O alimento da fé
a) em termos de conhecimentos religiosos,
b) no sentido de fazer avançar. Portanto, dimensão mais
intelectual que toca a razão e dimensão mais afetiva.
Os maiores efeitos espertados da pregação são uma
iluminação do conhecimento da fé e um estimulo para
ir para a frente, alimentar a esperança.. .
“Como comunicação, a homilia não consiste
simplesmente em transmitir um ensino nem em
comentar um texto bíblico. É também um pouco
isso mas através de um dispositivo que procura
fazer surgir nos que ouvem uma atividade crente
de adesão, de confiança e de esperança. Por
conseqüência, o agir não fica só do lado do
pregador. Está também presente nos ouvintes. O
objetivo da pregação não é nem de fazer
compreender nem de compreender mas de levar
a assembléia a pronunciar uma palavra comum e
a cada um dizer a sua própria fé.”
– Não é primeiramente um discurso a preparar
e ler, mas um ato no qual cada um procura (e
às vezes encontra) o seu lugar e sua parte.
2. A homilia é um ato de fé
Homiliar é confessar a fé. Embora a palavra
divina contida nas leituras da Sagrada Escritura
se dirija a todos (...), e seja entendida por eles, a
sua mais plena compreensão e eficácia é
aumentada pela exposição viva, isto é, a
homilia, que é parte da ação litúrgica (IGMR
2000,n.29).
A homilia deve levar em conta tanto o
mistério celebrado, como as necessidades
particulares dos ouvintes (IGMR 2000,n.65).
A pregação não pode ser alimento da fé
sem ser co-operação entre o pregador e a
assembléia. Senão perde da sua
originalidade e se torna uma explicação
de texto ou uma transmissão de saber. o
que não é desonroso mas não é a sua
finalidade. Pode esquecer ou negligenciar
uma parte do seu mistério.
Fazer homilia é um ato de fé. Trata-se de acolher a Palavra de
Deus e atualizá-la.
A Palavra tem uma relação de princípio com o tempo presente e tem a
capacidade de atingir e iluminar o momento atual. Esta palavra já
está no coração e na fé dos ouvintes.
O objetivo da homilia consiste em que a Palavra bíblica e litúrgica se
encontre com a Palavra batismal, aquela que está inscrita nas
pessoas presentes.
A homilia vai assim da Palavra à Palavra, de uma Palavra atualizada
como nova para uma Palavra já presente como um dom recebido e
que deve frutificar.
Anunciar a palavra na homilia “ significa ser o primeiro ouvinte da
palavra”.
– “Não se pode ter o que dizer sem tê-lo recebido também”. Quem prega
deve se colocar na atitude de quem recebe. Nós damos a Palavra
escutamos e acolhemos.
3. A dimensão eclesial da pregação
A homilia, além da referência à Palavra de Deus tem
dimensão eclesial. A liturgia da qual faz parte a homilia é
ação da Igreja.
O sujeito da liturgia é a Trindade e a Igreja. A Igreja é
também o sujeito da homilia através do ministério do
ministro. Pregamos em nome da Igreja.
Quando não há comunhão eclesial, a homilia não pode
funcionar bem.
As tensões não podem eliminar o diálogo da vida
eclesial.
• Não se pode considerar a homilia isolada do
contexto da vida eclesial.
• Importância de dar lugar à palavra aos fiéis na
preparação da liturgia, nas preces, nas demais
atividades de grupos de partilha, conselhos,
assembléias, etc.
• Sugestões: Pode ser bom e até necessário que
de vez em quando haja homilia com
testemunhos.
• Vejam que os rituais do casamento e o
documento 43, segunda parte prevêem a
possibilidade de testemunhos.
No século IV, em Jerusalém, os
sacerdotes que quisessem tomavam
a palavra um após outro; o bispo
falava por último (Etéria diário de
viagem, 41). 1 cor 12,8.
4. O LADO DO HOMILIASTA
LUIS MALDONADO, A homilia. Pregação,
liturgia, comunidade, Paulus, São Paulo,2002.
Segundo Santo Agostinho, o objetivo do
orador é instruir ou informar, tocar/ cativar e
mover/ persuadir (Dout. Christiana,12-14)..
Instruir pertence ao conteúdo, o que quero dizer e
comunicar.
Cativar e mover pertencem ao jeito de falar e organizar
a “mensagem” segundo a intenção que se tem.
São os meios de que dispõe o homiliasta para
comunicar.
4.1 A credibilidade do pregador
Tudo fala com e no homiliasta: a
organização do espaço, a composição do
lugar, veste, postura do corpo.
Quem preside como representante do
Cristo Pastor no meios dos irmãos tome a
palavra no meio deles para ensiná-los,
confortá-los e conduzí-los às fontes vivas
do amor de Deus de sorte que não sejam
mais como ovelhas sem pastor (Mc 6,34).
Não depende só do seu saber fazer.
Depende do contexto e da cultura
ambiente e da experiência religiosa dos
participantes, das suas expectativas,
disposições pessoais (Gélineau,I, 92-94).
Homiliar não é só falar de Deus às pessoas.
É preciso sentir o sofrimento e o desespero
daqueles para quem pregamos. É preciso
deixar-nos tocar pelas dúvidas e dores
daqueles que pregamos.
Nossos ouvintes devem deixar o culto
com a consciência de que estão a quem e
precisam avançar no caminho da
perfeição, mas são amados por Deus.
4.2. O tom da homilia
• Se entende não só o tom da voz, mas a
maneira de organizar o assunto.
Três aspectos podem ser considerados:
• 1. A relação homiliasta - assembléia
• 2. A forma expressiva do conteúdo (festa,
funeral)???
• 3. O verbal e não-verbal na homilia.
4.3. Características da relação
homiliasta - assembléia.
Conhecemos dois extremos da relação.
O discurso emocional, teatral dos que pressionam os fiéis para chamar
à conversão jogando com a emoção, o parenético com o risco de
sedução ou manipulação. (característica do pentecostalismo
evangélico ou certo grupos carismáticos católicos) (não são todos).
No outro extremo, temos os que se mantêm distantes” com medo de
manipular ou ferir a liberdade. O seu objetivo é procurar expor
apenas o texto bíblico apostando na eficácia da Palavra sem
artifícios retóricos.
Qual o risco: a homilia pode perde sua identidade e se assemelha a
um ensino,
uma exposição onde desaparece a provocação
evangélica:
Perguntas:Que fatores levam a escolher um ou outro estilo?
Parece-me que o melhor é procurar um
certo equilíbrio sem derivação afetiva e
sem a frieza das exposições.
Por outro lado, cada pregador tem o seu
temperamento
e
se
inclina
naturalmente mais para um ou outro
pólo.
QUAL É A SUA TENDÊNCIA PRÓPRIA?
SUAS PREFERÊNCIAS ?
4.4. Forma expressiva do conteúdo
“Dizer maravilhas, mas não as dizer bem, de nada
vale dizer. Dizer pouco e dizer bem, já é muito”. (Francisco de Sales
citado por Scouarnec in Diz. Omiletica)
Jesus pregava de modo muito diverso: discursos solenes, grandes
declarações, conversas a sós com confiança e tom familiar ou então
parábolas com grande povo a linguagem mais apropriada quando
se trata de ensinar os mistérios do reino.
Ver os porquês das crianças e a resposta final que se dá:
Como ensinar o mistério senão tomando a linguagem do mistério?
Como falar de amor senão tomando a linguagem do amor?
Como falar de Deus o desconhecido senão em imagem. (_)
Francisco de Sales aconselhava a dizer a homilia
sem longos períodos, a falar com afeição e
devoção, de maneira simples e cândida, com
confiança, apaixonado pela doutrina que se
ensina. O artifício maior é de não ter artifício. É
preciso que nossas palavras sejam inflamadas
não por gritos ou ações desmedidas mas pela
afeição interior; é preciso que saiam do coração
mais do que da boca. O coração fala ao coração;
a língua fala ao ouvido. (Francisco de Sales,
citado por Scouarnec verbete omiletica).
WALTER J. BURGHARDT, .J no seu artigo
Pregar com arte e força . Insiste sobre duas
idéias:
1.a partir da Palavra que se faz carne, as
palavras para quem prega são muito
importantes.
2.Devemos sempre nos perguntar o que estas
palavras dizem para este povo? Por outro lado,
homiliar é tornar a palavra que prego palavra de
vida, explicitação e prolongamento da
palavra de Deus.
Clareza não é suficiente. A homilia não é um
catecismo nem um manual de teologia. As palavras
surgem de um desafio, de uma provocação à uma
decisão. Deus quer uma resposta. Homens vivos e
mulheres recebem uma homilia e são levadas a modelar
as suas vidas de acordo com aquilo que lhes é dito.
As vezes a graça de Deus tem que lutar contra o
homiliasta morno.
Se tenho o dever de persuadir, todo o meu ser deve
estar inflamado com o que proclamo.
Se devo mover as pessoas, as palavras devem ser
escolhidas com cuidado e amor, com suor e com fogo.
A parábola é o estilo de ensinamento que
melhor convém à homilia especialmente
com grandes assembléias.
É através da imaginação principalmente
que a palavra da homilia se torna viva
hoje como um trabalho de arte e poder.
A imaginação é a capacidade que temos
de tornar sensível o invisível, o espiritual.
É uma capacidade criadora, um jeito de
ver novo. Se quebra a superfície, o
superficial, para atingir a realidade abaixo.
A
imaginação
não
se
opõe
ao
conhecimento;
é
uma
forma
de
conhecimento, um jeito de iluminar os
fatos.
Através da imaginação a nossa natureza
intelectual atinge a verdade, o belo e o
bom.
A imaginação mais do que ensinar evoca;
é um chamado para a pessoa ver, ouvir,
tocar, cheirar, experimentar pelo gosto.
Algo se perde quando passamos da imaginação
para a razão, da arte para a clareza conceptual.
Posemos perguntar: o que tem a ver a
imaginação com a homilia? Tudo. A imaginação
é mais efetiva do que a doutrina.
Porque a doutrina toca apenas uma faculdade,
o intelecto. O intelecto tem habilidade para
pegar idéias, conceitos, proposições. Mas nada
está na mente sem antes estar nos sentidos.
A imaginação desperta os sentidos interiores.
Ex: se quero vender uma torta, não
entrego uma receita; eu mostro a torta,
faço saborear ou ao menos mostro uma
foto.
Para tornar presente o mistério como quer
a liturgia, a linguagem tem que ser
evocativa para ajudar o que crê a abrir-se
ao mistério de Deus. (contemplação nos
EE).
5. Modo de homiliar
1. A Paráfrase do texto bíblico: (pouco feliz). Uma
homilia não consiste em repetir, muitas vezes
com os mesmos termos, o texto bíblico lido. Não
permite fazer ressoar a Palavra na vida. No
entanto, no Brasil, as pessoas querem
aprofundar a bíblia.
2. A interpretação simbólica.
Associa certos
elementos / imagens e valores poéticas: “dá me
de beber”...
3. Interpretação doutrinal. A grande tentação de
voltar “para o sermão” para ensinar o povo
doutrina e moral.
A Igreja nunca desprezou a inteligência da fé e o trabalho
da razão para entender os textos bíblicos.
Embora homilia não se confunde com ensino, em certos
lugares e casos uma pregação mais teológica sem
pedantismo e na linguagem dos ouvintes reencontra
prestígio.
Os valores: a precisão, uma argumentação e
preocupação por coerência.
É bom ter uma abordagem catequética pois tocam pontos
essenciais da fé que vão se tornando esquecidos.
E, de vez em quando, seja bom ter uma homilia mais
“doutrinal”. . Como fazer?
A. Interpretação narrativa: muitos gostam
de testemunhos como técnica de
transmissão e persuasão ( ex. AA, ECC).
Narrar fatos, cativa a atenção e permite
entender
A Atualização da Palavra: “Hoje se realiza
esta palavra”(Lc 4). A atualização da
Palavra é desejada pelos ouvintes e faz
parte da natureza da homilia.
A atualização passa por 3 caminhos:
O caminho da espiritualidade: de que maneira o texto
bíblico de hoje pode falar às pessoas da assembléia,
tocando a sua própria experiência espiritual de cansaço
e de alegria, de sofrimento e de cura, de fracasso e de
nova esperança? Como é que a Palavra nos edifica,
nos consola e nos orienta. De que perdão e ousadia
torna-se ela portadora?
O caminho da Atualidade na vida prática: os
comportamentos, as decisões; ou seja a dimensão
moral e ética da vida cristã sem cair em moralismo. Ex.
Campanha da Fraternidade.
Referência à identidade cristã: Hoje se insiste muito
sobre isso: Batismo fonte de todas as vocações”
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora”, o batizado
é missionário, etc.
6. Homilia = Kerigma e
mistagogia
1. MISTAGOGIA: Pregação como iniciação aos mistérios
celebrados;
2. KERIGMA: Proclamação da salvação em Jesus Cristo
morto e ressuscitado.
3. DIDASCALIA Um ensinamento para uma inteligência da
fé. Ex. A narrativa dos episódios de Emaus e o batismo
do eunuco nos Atos.
4. PARANESE e PARACLESE: Exortação para levar uma
vida evangélica: Ex. S. Justino: “o que preside toma a
palavra e exorta a imitar estes belos ensinamentos”.
Edificar - exortar encorajar reconfortar- admoestar
Convém que o homiliasta esteja ciente
que:Falar é estabelecer um contato com as
pessoas às quais se dirige a homilia. Se a
pessoa, desliga, perde-se o contato. Meus
irmãos e minhas irmãs, tem função de contato.
Mudar o tom de voz, fazer uma pergunta, soltar
uma exclamação,.são maneiras de manter o
contato e despertá-lo novamente..
Exercício: prestar atenção em homilias à
maneira como diversos homiliastas mantêm
a atenção ou o contato com a assembléia. E
através de que recursos.
Falar é dizer alguma coisa a alguém. O que
quero dizer. O que quero que eles percebem. O
importante aqui é o conteúdo.
O homiliasta cumpre uma função
expressiva e emotiva. O que predomina
nesta função é a atitude. O homiliasta
manifesta a afetividade, as emoções, a
indignação....Ex: Dom Helder tinha uma
maneira de manifestar seu encanto diante
da grandeza de Deus e a pequenez da
criatura
Impressionar ou persuadir?
O homiliasta exerce esta função quando procura
persuadir, influenciar, seduzir, convencer
provocando no ouvinte reação.
A isso Santo Agostinho chama de “mover”.
Pode ser até o objeto da homilia, levar a pessoa à
conversão, a mudar de atitude, levar o ouvinte a
empreender uma determinada ação = mover.
É a parénese de que falamos acima. Deus
convida, ordena, exorta, roga, ameaça, consola,
encoraja.
“Se ele ( o seu ouvinte) rejeita o que você condena, e
abraça o que você recomenda; se ele se lamenta
quando você lhe mostra objetos de lamentação e se
regozija quando você lhe apresenta um objeto motivo de
alegria (....) Não preciso passar em, revista todas as
coisas que podem ser feitas com uma poderosa
eloqüência para mover as mentes dos ouvintes, não
lhes dizendo o que devem fazer mas urgindo os a fazer
o que já sabem que deve ser feito. (S. Agostinho De
doctrina cristiana IV, cap.. 12.)
A Homilia é um gesto visual
A homilia, acontecimento verbal é, ao
mesmo tempo, um gesto visual. O
homiliasta que fala é visto e ver. Gostamos
de ver quem fala.
O que se pode ver na homilia? quem fala
(jovem – idoso –gordo – magro – cabelos),
vestes, atitudes, traços da face, os gestos e sua
mobilidade.
Vê-se, a composição do espaço, o lugar da
presidência, a iluminação que destacam
detalhes,
flores, círio pascal, panos; mas
também as outros ministros e membros da
assembléia com o risco do ruído na
comunicação.
(Um bêbedo se aproxima do padre que fala,etc).
7. DICAS PARA COMUNICAR
1. A beleza da homilia não aparece tanto no que você diz mas como você
o diz. Por trás das palavras há algo que vale muito é a essência, o
perfume com que são expressas.
2. Estabelecer contato com os seus ouvintes e não ignorá-los olhando por
cima da cabeça ou para o chão. = Comunicação, sem um dar e receber
entre assembléia e homiliasta. Ignorar o ouvinte mata uma conversa e uma
homilia, uma leitura, uma celebração.
3. Um bom discurso como uma homilia, tem um tom de conversa e um
direcionamento ampliado. Fale para a assembléia como você falaria para
uma pessoa, a assembléia é um sujeito coletivo.
4. Seja você; não imite os outros.
5. Fale aos ouvintes como se você esperasse que se levantassem a
qualquer momento para lhe responder. Se eles devesse se levantar e fazer
perguntas, a sua fala melhoraria quase que logo.
Imagine que alguém lhe fez uma pergunta e que você a está repetindo.
Diga em voz alta. Vocês perguntam se eu sei disso, eu vou lhes dizer. Este
tipo de coisa vai parecer totalmente natural; vai quebrar a formalidade, vai
humanizar a sua maneira de falar.
7.1. Criar presença
1. Deixa transparecer energia.
2. Cuide das vestes. Dá auto-estima.
3. Apresente-se diante dos seus ouvintes com a
atitude que parece dizer que você está
contente de estar aí. Se você está interessado
na assembléia, há muita chance que a
assembléia vai se interessar por você.
4. Num grupo pequeno, não fique no presbitério
(mais alto). Desça no mesmo nível dos
ouvintes. Use um tom mais intimo, informal.
7.2. Como iniciar
Iniciar é uma das coisas mais importantes a não
negligenciar.
Planejar a abertura e a conclusão pois as
pessoas estão com a mente mais aberta no
início e o fim, pode ser a última impressão que
vão guardar.
Não começar se desculpando. Se não está
preparado, alguns vão perceber logo e outros
não, porque chamar a atenção? Dizer algo
interessante na primeira frase não na segunda.
Como? Depende da assembléia, do assunto, do
material, da ocasião etc.
•
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•
•
•
7.3. Despertar a curiosidade
Contar uma história interessante tirada da
própria experiência, um fato.
Mostrar algo A maneira mais fácil de segurar a
atenção é segurar um objeto para o pessoal ver.
Todos querem olhar. Exemplo: uma moeda
Fazer uma pergunta Obriga a pensar. Será que
os marginais que assaltam os nossos
comerciantes estão organizados?
Vocês já
colocaram como meta de sua vida ser santos,
santas? Vocês já pensaram em celebrar o
aniversário do seu batismo.?
Iniciar com uma citação. Uma frase do
evangelho, uma antífona, uma frase de um dos
cantos da celebração.... Parte do prefácio, ex
missa dos fiéis defuntos...
7.4. Como terminar? O que se diz por último
pode ser recordado por mais tempo. Parem mas
não dizem que vão parar. Preparar como vai
terminar quase que cada palavra.
• Resumir os pontos principais abordados.
• Um conselho: 1. dizer o que você vai dizer.
• 2. dizê-lo de verdade.
• 3. E dizer o que disse que ia dizer.
• Convidar para uma ação. Parabenizar a
assembléia com sinceridade.
• Concluir .Citando um verso, um refrão, um hino
• Usar uma citação bíblica.
• Motivar para o silêncio a seguir.
• Mostrar a relação com a liturgia eucarística ou a
profissão de fé.
7.5. Como tornar seu pensamento claro
Falar claro é muito importante, mas difícil. Falar para comunicar tem
sempre um dos 4 objetivos:
1.
Ajudar a entender alguma coisa.
2.
Persuadir e convencer .
3.
Levar à empreender uma ação.
4.
Entreter (um passa o tempo agradável).
•
Jesus empregava palavras conhecidas: o Reino como rede,
etc.Se você quer falar do tamanho da Amazonas, não diga
quantos Km quadrados mas mostra quantos estados cabem
dentro.
•
Descreva uma coisa que as pessoas não conhecem com coisas
que as pessoas conhecem. Mesmo que seus pecados sejam
escarlatas, ficarão limpos como um capucho de algodão. Evitar
nomes técnicos. Falar o que um menino ou menina pode
compreender.Ex. Dom Bosco mostrava as homilias para a mãe
dele.
Assegurar-se que o que você deseja comunicar está claro na sua
mente.
•
7.6. Apelar para o sentido
Repetir as idéias principais, com outras palavras
para os ouvintes não perceberem: já falou.
• Você não pode ajudar as pessoas a entender um
assunto se você não entende deste assunto.
• Tornar uma afirmação abstrata clara com a ajuda
de um exemplo claro depois ou com vários fatos
concretos específicos.
• Não procure abordar demasiados pontos..
• Terminar com um breve resumo dos pontos
abordados.
Use imagens que fazem sonhar.: recheia a sua fala
com frases que criam imagens que dançam diante dos
seus olhos. É fácil escutar quem faz passar imagens
diante dos nossos olhos.
Os provérbios são quase sempre visuais: Um pássaro
na mão vale mais do que dois voando.
•
•
•
•
•
•
O que os olhos não vêem, o coração não sente...
Se possível usar frases equilibradas e idéias
contrastantes.
Na comunicação somos avaliados:
1. pelo que fazemos (quem somos).
2. pela nossa aparência.
3. pelo que dizemos
4. como o dizemos.
8. PREPARAR A HOMILIA
Preparar uma pregação é fazer emergir de um texto
uma mensagem que está ai latente. Uma mensagem
unificada e coerente - Uma mensagem para a fé, e não
um simples comentário do texto.
Orientação: ESTA LITURGIA – ESTA ASSEMBLÉIA ;
são dois passos a não misturar: 1.Trabalho sobre o
texto 2. Em função da comunidade concreta.
I ESTA LITURGIA: escutar as leituras no contexto do
mistério celebrado. Ter na mente o tempo litúrgico, a
festa - etc.
tempo para interpretar o texto e o tempo para elabora a
homilia. Não fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Sugestão: 3 momentos.
No início da semana: uma primeira escuta do
texto e uma primeira orientação para a
comunidade.
Depois: elaboração, determinação do tema
central, atenção à atualidade; preocupação
pela comunidade à quem vai se dirigir, clarear
a maneira de dizer e o plano.
Enfim: redação ou formulação.
a) escutar os textos.
b) meditar os textos.
c) preparar a homilia. O essencial é voltar várias
vezes ao texto.
8.1. Lectio divina
1. Preparar-se na oração: A homilia é um
ministério de revelação divina .É uma ação
inscrita no mistério. Por isso inaugura-se na
oração com a dupla função: tornar-se ouvinte e
permitir que outros possam tornar-se ouvintes.
Situar a escuta dos textos litúrgicos da Palavra
no tempo litúrgico. Sugere-se a Ordem:
evangelho – 1ª leitura – salmo – 2ª leitura.
Posso ler uma ou cada um e, a seguir, tomo de
5 a 20 minutos para rezar sobre uma delas.
Pedir o que quero. Contextualizar pela
imaginação o evangelho. V.gr. no 23 evangelho
do surdo-gago, imaginar Jesus usando sinais
para se comunicar com uma pessoa que um
amigo trouxe até ele.
8.1. Lectio divina
Disseram que a Jesus que o sue amigo
não pode falar nem ouvir. O homem
aparentemente não sabe quem é Jesus
nem que já curou outras pessoas. Jesus
com as mão e gestos pergunta por sinais
se o homem quer ouvir e falar ou de novo.
Ver o homem sacudir a cabeça com força
e sorrir..No fim ver Jesus colocar as mãos
nos ouvidos do homem e tocar a sua
boca. Ver a reação do povão quando o
homem começa a fazer sons.
2. Ficar diante do texto: sem idolatria, mas
crendo que imediatamente vai dar lugar à
palavra. Não correr para comentários
logo. Fazer por si mesmo uma exegese,
lendo o texto em voz alta para ouvir as
suas articulações, a tonalidade, o sopro.
3. Exegese pessoal do texto: Não ter
postura técnica, mas a indispensável
sensibilidade para não instrumentalizar o
texto a serviço de suas próprias idéias.
Fazer o texto constituir uma palavra de fé
destinada a uma comunidade hoje.
4. Ver as palavras principais. Depois disso,
ver comentários. A espiritualidade da
Palavra e a Palavra à luz da justiça.
Não omitir o AT.
A elaboração da homilia
• Ver o tempo litúrgico, os textos e o momento da
comunidade e da celebração toda.
• Escrever a homilia? mesmo sem ler o que se
escreveu e sem seguir mecanicamente convém.
Ex. o Padre Javarez morreu no início da
semana e estava preparando a homilia
dominical.
• Preparar os que vão dar testemunhos ou dos
leigos e leigas em celebrações da palavra:
Preparação em grupo. Ouvi dizer que em Los
Angeles isso é obrigatório.
9. A Comunidade
1. Imaginar a comunidade: Imaginar a
assembléia. Fechar os olhos e procurar ver as
pessoas nos bancos.
2. Aprofundar:
1. Experimentar-se como um dos membros da
assembléia. Imitando Agostinho: com vocês
sou cristão, e para vocês homiliastar.
2. Procurar ver a atualidade da comunidade, o
espaço onde Deus a chama à conversão e à
santidade
3. Evocar o contexto mais amplo da Atualidade e
da comunidade.
Apêndice
• Os novos pregadores : quem são as pessoas
que falam? Os pregadores de TV / rádio/ das
“Missas” de massa? Também os evangélicos.
Novos ministérios: os diáconos permanentes.
Nas celebrações das comunidades quem
toma a palavra es: mulheres e homens, nos
grupos de oração, nas novenas, velórios e
exéquias, casamentos, batizados. Grupos de
oração carismática, reza do terço, vias sacras
etc,
• Será que os novos pregadores contribuem à uma
renovação da pregação? a homilia não é um
testemunho individual ou uma informação sobre uma
realidade eclesial particular. é um ato de Igreja que se
dirige para uma comunidade na sua realidade concreta
e na sua diversidade interna.”(pg. 74)
• O que
estão introduzindo pela sua prática na
Igreja?Não têm só uma papel prático, ( ajudar ou
substituir padres pastores, mas uma função simbólica
com dupla funcionalidade:.
- significar a diversidade dos batizados e o valor da relação
homem/ mulher trazendo como novidade:
- eles introduzem na Igreja duas novidades: uma maior
proximidade com a vida de todo o mundo e as
qualidades próprias de muitas mulheres.(pg. 78)
• Partilha depois das leituras bíblicas n(95): “La messe
qui prend son tempos”(Saint-Ignace Paris). Objetivo:
aprofundar na oração a Palavra inspirada nos EE. Idéia
do Cardeal Martini interiorizar. A partilha é partilha da
oração individual orientada durante 20’. Inscreve-se
parcialmente na homilia.
• Testemunhos na homilia : possibilidade prevista no Rito
do Sacramento do Matrimônio e do Doc. 43. Vantagens e
limitações. A partilha inscreve-se parcialmente na
homilia.. Diretório da Missa com Crianças prevê que
uma catequista possa tomar a palavra na homilia se o
presidente não sabe dirigir-se a crianças.
• Dramatização antes ou como parte da homilia. Cf.
apontamentos próprios.
• Apêndice 2. Persuadir Apêndice 3: Dramatização na
liturgia