marina tsvietaieva
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marina tsvietaieva
TRAOypE PREFÁCIOS \ AR NA % PREHUilOS -r^rasjW w itiillÉif B COPYRIGHT © 2005 Décio Pignatari editor —Fábio Campana capa — Maria Angela Biscaia projetográfico —Rubens Campana preparação dos originais em russo —Elena Godoy revisão — Fabiula Bortolozzo João Arthur Pugsley Grahl editoração eletrônica — Geucimar Brilhador ISBN — 85-89485-44-7 Travessa dos Editores Rua Desembargador Hugo Simas, 107 São Franscisco, Curitiba, Paraná CEP: 80520-250 telefone: [41] 33 38 99 94 Para Lila, minha russa, ecnu eü omozo saxonemcn www.travessadoseditores.com.br Impresso no Brasil m Conclusão pelo solo de clarineta e o corne inglês". Com Poe e Messiaen, componho: UNTHOUGHT—LIKE THOUGHTS THAT ARE THE SOUL OF THOUGHTS •• UNTHOUGHT—LIKE THOUGHTS THAT ARE THE SOUL OF THOUGHTS UNTHOUGHT—LIKE THE SOUL OF THOUGHTS UNTHOUGHT—LIKE THOUGHTS THAT ARE THE SOUL OF THOUGHTS UNTHOUGHT—LIKE THOUGHTS THAT ARE THE SOUL OF THOUGHTS SÓ, no bosque, exercícios físicos. Num lance usual (agora, na lembrança, em câmera lenta), olhando para o lado, vejo que tenho companhia. Não estou só, mas sós: ali está o que parece ser a minha vida. Atentando melhor, vejo, sinto e penso que num lugar junto dela está o que pode ser o meu ser, em pisca-pisca estroboscópico. Não é núcleo, caroço ou essência, mas um íco ne diagramático, uma rede relacionai pulsante, a melodia da minha vida entre sons pré-melódicos, pon tos quânticos pré-constelacionais que, como os seiozinhos da dançarina adolescente de Valéry, outra coisa não pede senão viver. Quando cessa, a situação se in 3. VIDA DE MARINA Marina nasceu em Moscou, 1892, de pai viúvo, casado em segundas núpcias com uma pianista de talento, Maria Meyn, de ascendência alemã e polonesa. Ivan verte: ela é o vazio verde entre árvores, eu sôo. Aí está Tsvietáieva, professor universitário, batalhou durante toda a sua vida adulta pela criação do "seu museu", o o meu seres, a minha Servida, a bela que eu soube Museu de Belas Artes de Moscou, que conseguiu ver amar. inaugurado pelo próprio czar, pouco antes de morrer. Maria Meyn, artística e sentimentalmente frustrada (apaixonara-se, em solteira por um homem casado), morreu tuberculosa — a doença mortal mais comum na Rússia de então — quando Marina tinha quatorze anos. Abandonou, de imediato e para sempre, as lições de piano quea mãe impunha. Não a abandonaram, po rém, a musicalização, a ética antimaterialista, o conhe cimento da língua alemã, de seus grandes poetas (Goethe, Holderlin, Heine) e o romantismo alemão — herança materna. 36 37 A geração de Marina, mesmo se nos restringirmos à sua classe social na Rússia da época (algo assim como uma classe média alta), gozou de uma liberalidade erótico-amorosa surpreendente, de uma grande mobili no seu bojo e depois de Hiroshima. Terminado o colé gio, Efron entra para a escola de cadetes. Pouco depois — é a guerra — parte como enfermeiro para frente de combate. Essa guerra distante a Marina, nos seus 22 dade turístico/cultural e de um extraordinário fenômeno de eclosão critico-criativa das artes russas anos, ainda mais que traz dentro de si outra guerra; apaixona-se pela poeta Sofia Parnok, lésbica, sete anos nas três primeiras décadas do século findo. O que faz e por onde anda Marina, dos 14 aos 18 anos? Durante a enfermidade de sua mãe, num pensionato em Lausanne, Suiça; verão na Floresta Negra, Alemanha; em Pa ris, sozinha, cursando a Aliança Francesa; custeia a publicação do primeiro livro de versos,Álbum da noite (500 exemplares), bem aceito por poetas conhecidos, como Briussov, Gumiliev e Volochine, que escreve ar tigo elogioso e a convida a visitá-lo, em Koktebel, na Criméia, onde costuma receber poetas, artistas, pensa dores, no verão, à beira do Mar Negro. E ali começa a namorar um adolescente um ano mais jovem, ainda cursando o secundário e de origem judia, SérgioEfron. Decidem casar, para tristeza do velho Ivan, que o con sidera simpático, mas sem futuro. Marina espera que o rapaz atinja a maioridade, casam-se, 1912, com lua-demel na Sicília e Paris. Nasce a primeira filha, Ariadne (Alia), publica mais um livro. São os anos dourados de Marina na chamada Idade de Prata da poesia russa (a de ouro é representada por Alexandre Puchkin). O sé culo XIX fora o da grande prosa, o século xx foi domi nado pela poesia. mais velha; Na forma mesma dos dedos malvados, Carícias de mulher ou moleque atrevido. Marina em tudo, em mim, o tremor sob o poema começa a subir-me Sofia Não se escondem, viajam juntas para São Petersburgo, o próprio Efron fica sabendo, a paixão turbulenta dura um ano, a ruptura é dolorosa para Marina ("Ela me repelia, me espezinhava... mas me amava"), que, no en tanto, já está decaso com o então jovem Óssip Mandelshtam, o grande poeta do grupo acmeísta, cujo destino igualmente trágico será relatado no exílio por sua mu lher Nadeshda, em dois livros notáveis. Marina escre verá 17 poemas, dando início ao seu processo de escrever poemas em ciclos (a Moscou, a Blok, a Akh- Mas uma Idade de Chumbo se anuncia, um período mátova, a Pasternak, a Maiakovski), até os anos 30, na inimaginavelmente pavoroso na história da humani França, quando irá deixando a poesia de lado, para de dicar-se às prosas narrativa, critica e dramatúrgica dade, com duas guerras mundiais e muitas revoluções 38 39 (esta iniciada em Moscou). Então, a guerra dentro da guerra: a revolução de 1917. Retida em Moscou, grávida, perde contato com o mari do, oficial do exército branco: "Se Deus realizar o mila gre de mantê-lo vivo, eu o seguirei a todos os lugares, como um cão." Como era Marina? Misturando teste munhos e épocas: compleição mediana, parecia mais gorda do que era; olhos verdes, míopes, zombeteiros; aos 16 anos, raspou o cabelo por dez vezes, para encrespá-los; testa alta, franja, boca rasgada, nariz adunco, fumante; faces rosadas (mais tarde, amarela); um an dar ligeiro, como de moleque;"uma fala de murmúrios, com palavras disparadas a tiros de revólver e uma voz estranhamente parecida com seus versos" (Nadeshda Mandelshtam); dedos cheios de anéis. De si mesma di zia, numa carta de 1920, que era dotada de "uma espé cie de desenvoltura diante das dificuldades, uma saúde inquebrantável, uma resistência prodigiosa". Havia conhecido Sierguiei (Sérgio) lessiênin, em 1916; no ano seguinte, Ilya Ehrenburg, que se tornaria um grão-senhor da literatura soviética e a ajudaria em vá rias instâncias — mas mantendo algumas distâncias — no terror stalinista dos anos 30. lessiênin tinha raí zes fincadas no campo, saudou a revolução, inicial mente, casou-se com Isadora Duncan, esteve nos Estados Unidos, conheceu as grandes capitais — e as tavernas de Moscou. Milhares de jovens sabiam de cor os seus poemas. Desencantado, não só com a revolu ção, mas com o processo de industrialização, que esta va dando cabo da "Rússia de madeira", vivia bêbado na 40 maior parte do tempo, suicidou-se em 1925, aos trinta anos, no Hotel Inglaterra, de São Petersburgo, onde morava com Isadora: cortou os pulsos, escreveu uma mensagem de adeus, que milhões de russos conhecem de cor, e enforcou-se no lustre do quarto. Célebre tam bém é o poema de Maiakovski sobre este evento, bri lhantemente traduzido pelos irmãos Campos e Boris Schnaiderman. Cinco anos depois, o grande poeta da revolução também se matou. E em Paris, no exílio, a terceira suicida escreveria um poema sobre ambos (in cluído nesta coletânea). Em pleno inverno 1917-18, so brevivendo graças a um trabalho no Comissariado do Povo, Marina descobre (ainda que mantendo suas re servas em relação ao mundo cênico) os estúdios expe rimentais do Teatro de Arte de Moscou, onde vai namorar professores e alunos — e amar a suave atriz Sofia/Sônia Holliday, outro grande amor platônico fe minino. Sob a rubrica Romantismo, escreverá algumas peças ou "poemas polifònicos" para o estúdio (assisti à encenação de uma delas, Ofim de Casanova, em Paris, maio de 2004), e, vinte anos depois, ao saber da morte de Sônia, escreverá História de Sonetchka (Soninha). 1920: Irina, a segunda filha, sempre doentia, morre de inanição, num pensionato, Marina vai ser inculpada e sentir-se culpada, por algum tempo, mas não por mui to tempo, tais os acontecimentos que vão precipitar-se. Escreve O campo dos cisnes, poema simbólico de glorificação do exército branco, que será derrotado definiti vamente no ano seguinte. Publica Verstas, já próximo do domínio maduro de sua arte, bem recebido por po etas, críticos e leitores. E Ehrenburg lhe anuncia que 41 localizou Efron: está em Berlim. Gumíliev é fuzilado. Pasternak publica Minha irmã, a Vida, sobre o qual Marina escreve um ensaio, Aguaceiro de luz, tomada de um êxtase amoroso que vai perdurar até o fim de sua vida. Marina e Alia partem para Berlim em maio de 1922, reencontram Efron e muitos amigos, vários famosos, do movimento simbolista russo. Ficam ape nas algumas semanas. Pasternak também viaja a Ber lim, para encontros e leituras, mas, quando chega, Marina e os seus já se haviam deslocado para Praga, onde os checos, em organizações acolhedoras, estavam recebendo milhares de emigrados russos. Marina só regressaria dezessete anos depois para uma Rússia que não era mais de madeira, embora tenha morrido em uma casa de madeira (isba). Está com 29 anos, os cabe los vão ficando brancos. Durante três anos, vivem em isbas, pelas colinas dos arredores de Praga. Efron com bolsas de estudo, fre qüenta a universidade, saindo de manhã, voltando à noite. Quantas vezes não terão cruzado com Kafka... Marina trava amizade com Anna Teskova, que será sua correspondente-coníidente até os tempos finais (a ela confessará que sonha ter um filho de Pasternak); escre ve sem parar séries de poemas, que reunirá no volume Depois da Rússia, publicado em Paris, 1928, o último de sua vida. Entre eles, os ciclos Fios telegráficos (provoda), pelos quais transmite diretamente, em sussurros e exclamações, seus anseios e adeuses {provody). Apesar das vicissitudes, parecia inestancável a fonte dos flui dos erótico-sentimentais — e poéticos — de Marina. Em seu primeiro ano praguense, teve ligações várias 42 com editores, poetas e críticos, epistolares ou colori das, a longa, média e curta distância... De súbito, sem como nem porque, é acometida de uma paixão tão fu riosa, que ela própria admitirá a amigos ter sido o úni co amor verdadeiramente adulterino de sua vida. Sujeito e objeto, vítima e vilão, jovem oficial de origem polonesa que combatera nas fileiras do Exército Bran co, e agora amigo de Efron, Constantin Rodzévitch sempre foi tido como um homem comum por muitos pesquisadores, vários dos quais o conheceram pessoal mente. Em períodos e lugares de eventos bem pouco comuns, Rodzévitch certamente não foi "comum", tal como entendemos hoje. Nos anos 30, em Paris, que se tornara o grande centro dos emigrados russos, ingres sou na polícia secreta soviética, combateu na guerra civil espanhola e na resistência francesa. Ao que pare ce, gostava de desenhar (deixou um retrato de Marina, cuja poesia, aliás, não lhe agradava). O affaire durou três meses, casou-se logo depois — por conveniência, disseram muitos. No entanto, em Paris, ele e a mulher reaproximaram-se de Efron, como amigos. Efron, que, apesar de sua tibieza, se expressava bastante bem, es creve longa carta ao poeta e amigo comum Volochine, o primeiro incentivador de Marina, analisa o caso e anuncia um rompimento, que não se concretizará: "Marina é criatura de paixões. (...) Assim que a sua imaginação envolve alguém, desencadeia-se o furacão. (...) Se descobre a mediocridade do causador, abando na-se a um desespero sem controle. Tal estado favorece o surgimento de um novo amor. Não importa o objeto, mas sim o como. Não a substância ou a fonte, mas o ritmo, que é demoníaco. (...) As paixões de ontem são a 43 no seu diário: "Meu Deus, conceda c[ue neste novo ano zombariade hoje, sempre com muito espíritoe alguma aleivosia, c]uase sempre com razão — e tudo as trans possa eu escrever uma grande e bela obra. É absoluta forma em livro. (...) Anunciei a minha decisão de dei mente necessária". O Poema da despedida. E assim se fez. E mais (para intrigar Kierkegaard e Fernando Pes xá-la. (...) Eu sabiaqueo outro (um pequenoCasanova) iria deixá-la numa semana. (...) Marina é atraída irresistivelmente pela morte. (...) e agora que penso nas medidas a tomar para a nossa separação, sinto-me ar soa): "Quem sabe eu me torne um verdadeiro ser hu mano, encarnando-me em mim?" rasado, partido e só procuro viver de olhos fechados. Não me sentir eu mesmo —- eis o meu único desejo..." França — Bellevue, Clamart, Meudon, Vanves — ...e Paris não foi uma festa para Marina. Tal como ela, os No começo de 1925 nasce Mour, de paternidade incer ta (há quem inclua até Pasternak no rol). Mas a paixão que aindanão se apagou, parece saber, nestes versos de biógrafos pouco ou nada dizem sobre esse "enigmarina" de vácuos e silêncios, ainda que a sua filha afirme que Marina não tinha discernimento político — o que simplicidade radical: não é de aceitar-se sem reservas, quando se pensa no Lesmas luzidias dos dias, Costureiriiiha de versos: triste destino da própria Alia. A Paris dos anos 20 de uma França vitoriosa é o centro literário e cultural do mundo — e dos emigrados russos. Paris era a Compos- O quefazer da minha vida? tela das artes, acolhendo com efusão americanos, in Não sendo dele, não é minha. gleses, escandinavos, russos, italianos, romenos, argentinos, mexicanos, brasileiros. Hollywood ainda não havia suplantado o cinema francês. Marina che gou ao final de 1925, quando ainda vibrava no ar pari Ejá não tenho o quefazer dos dias adversos. Durmo? Como? Que voufazer do meu corpo, que não é meu, se nãofor dele? Não só não se apagou, como se reacende a cada leitura que se faça dos dois poemas longos que nasceram dela, especialmente o segundo. Poema dofim, o mais espan toso poema de amor do século xx. Delirante monodi- álogo mariniano, que tira partido da peculiaridade de haver gêneros no sistema verbal do idioma russo. E precedido do Poema da montanha, menos longo, de menos garra. No réveillon de 1923/24, Marina anotou 44 siense a nova moda proclamada pela mostra de Artes Decorativas (Decô), junto com o cinema experimental francês, com o Ulysses, de Joyce, com a consagração de Proust, o manifesto surrealista, a Bauhaus, o cinema expressionista alemão, o Potemkin, de Eisenstein, etc. E ela dominava perfeitamente o francês, já começando a escrever diretamente nessa língua. Seus trabalhos eram publicados nas revistas dos emigrados, mais do que em qualquer outra e em Paris era mais lida e co nhecida do que na União Soviética. Não que exultasse, cortada das possibilidades radiosas de uma juventude 45 não necessariamente abonada, de uma carreira poética que se anunciou brilhante, e de uma Rússia de vastos futuros. Fora disso. Paris era o melhor dos mundos possíveis, e o seria por mais quatro anos, quando o "crash" da Bolsa de Nova York sinalizou mais uma grande crise do capitalismo. A notícia da ascenção dos ditadores e da esquerda marxista, com Stálin expul sando Trotsky, dominando o aparelho de Estado e o preparando para os grandes expurgos e o grande ter ror, chegou a Paris quase junto com a notícia do suicí dio de lessiênin. Há cinco anos seus arquivos foram abertos à pesquisa, mais alguns poucos anos e podere mos ter uma visão mais abrangente e menos lacunar da vida de Marina Tsvietáieva que, a partir de 1930 vai ficando mais e mais errática por motivos políticos, não poéticos. Lindbergh) em anjo, à medida que supera as esferas terrestres. É no quinto segmento desse poema que comparece uma fascinante metáfora "messiaênica": nos mais altos níveis espirituais do ar rarefeito, sons e vozes, ao modo paradisíaco dantesco, só não ressoam mais fortemente "do que o túmulo vazio do Cristo, na Páscoa". 1928,dois grandes eventos: entrevista Maiako- vski, em Paris. O poeta, que não a aprecia, política e poeticamente, conclui com o célebre pronunciamento: "A força está lá". Com ilustrações de Natália Gontcharova, publica a coletânea de poesias Depois da Rússia, a última que verá em vida. Gontcharova e Larionov fo ram os pioneiros da arte de vanguarda russa, com o denominado "rayonismo". Fez história o design de fi gurinos de Gontcharova, para um dos grandes espetá culosdosBalés Russos, Les noces, deStravinsky. Entrou em eclipse após a morte do empresário e encenador Diaghilev. Foi resgatada em 1961, com uma grande re Inícios em França promissores. 1926:em fevereiro, êxi to surpreendente na apresentação de estréia, com leitu ra de poemas e debates. Seu vigor criativo em mover-se entre o concreto e o metafísico está inteiro em poemas como Ensaio de quarto e Poema da escada. E na prosa epistolar, com a insólita, quase absurda, troca de cartas triangular com Rilke e Pasternak. Abre 1927 com uma Décadas como as de 30 do século passado vão muito trospectiva, em Londres. 1929: Marina escreve um en saio sobre Natália Gontcharova. 1930: suicídio de Maiakovski. Marina lhe dedica um ciclo de poemas e ganha ódio de boa parte dos emigrados. Carta de Ano Novo, à memória de Rilke; escreve uma além do calendário. Num mudar de folhinha, a festa peça à grega Fedra; recebe uma grande visita (ainda possível), da irmã Anastácia que se hospeda na casa de uma colega de escola, a famosa Gala, companheira de cultural virou lúgubre espetáculo global. A crise novaiorquina derrubou a primeira peça da carreira de dominó que culminaria com a primeira bomba atômi "Éluardali" e que irá navegando para Lesbos, no correr ca. Imediatamente, ditaduras de direita e esquerda se dos anos; compõe outro longo "objeto poético metafí sico", Poema do ar, que abre com a aparição do fantas formaram, cresceram, se consolidaram e endurece ma de Rilke, e vai transformando o aviador (Charles 46 ram. Até o Brasilse "atualizou", com o golpe proto-ditatorial de Getúlio Vargas. A vida de Marina também 47 foi de roldão, quer o percebesse ou pressentisse, quer não. Entre os emigrados, surgem facções e publicações, entre as quais Eurásia, que defende os valores da Rús sia asiática, e na qual se engaja Efron, o lingüistaTroubetskoy, o musicólogo Suvitchinsky, entre muitos outros — que se vão desencantando à medida que a organização vai sendo ocupada por agentes soviéticos. Surgem também os movimentos de retorno à pátria. Efron e Alia, c]ue já vivem distanciados de Marina, so licitam passaportes soviéticos, 1934. No ano seguinte, Efron faz parte do serviço secreto da URSS e Marina deixa de queixar-se da falta de dinheiro (saberia ela de sua origem?) —ela, quehá pouco tempoescrevera uma Ode ao andar a pé, só comprava provisões de fim de feira (carne, só de cavalo) e anotara no diário; "Não pude ir ao encontro —Sapatos —Falecimento da sola de borracha — Partiu-se ao meio... e como era o único par". Vai poder até passar férias de verão à beira-mar. Antes disso, porém, sua escritura, que não cessa, vai caminhando rumo à prosa de ficção, de crítica literária {Meu Puchkin), e memorialística —produção que es coa em livrinhos vários, subsidiados por fundos ou mecenas (por exemplo, Ivan Bunin, prêmio Nobel 1934), ou na nova revista, coincidentemente chamada Verstas, emcuja direção figuravam, ente outros, Sérgio Efron, o príncipe Dimitri Sviatopolk-Mirsky (que foi amigo eamante de Marina), Pierre (Piotr) Suvitchinsky, e o filósofo N. Chestov. tural les Concerts du Domaine Musical, primeira alta iniciativa de divulgação da música experimental, na segunda metade do século passado. Agrande mecenas, Mme. Léon Tezénas, era a presidente, e Pierre Boulez, Directeur et Trésorier. A programação do primeiro se mestre de 1955 foi apresentada no então Petit Théâtre Marigny —à exceção do concerto de órgão de Olivier Messiaen, que teve lugar na Église de Ia Trinlté. Para espanto do meu deslembramento, figuro na seleta lista de Abonnés, nos programas, em companhia de nomes tais como Mlle. N. Boulanger, Mme. David Supervielle. M. Faure, M. R. Julliard, M. Th. Léger, Colonnel H. Monnet, M. D. Mlilhaud, M. N. Nabokov, Comtesse J. de Polignac, etc. Como assim, abonné, sem ser abona do para oluxo de uma tal assinatura, em tal proustiana companhia, que rescende a humor e ficção? Só sei que assisti a todos os espetáculos (Schoenberg, Webern, Stravinsky, Stockhausen, Boulez, Berio, etc), graças, imaginem, ao meu amigo wTrésorier, que me sugeriu tentar vender alguns ingressos para justificar a regalia (coisa que fiz, sem muito êxito). Pela editora Grasset, a Domaine Musical publicava um boletim informativo de música contemporânea dirigido por Boulez, e uma coleção de musicologia por Suvitchinsky. Constato, também, que no seu Livre ddrgue, como ele próprio expõe, contendo sete peças compostas em 1951, Mes siaen já utiliza ritmos hindus das Dêci-Tâlas. Do afável Pierre Suvitchinsky, por mera e miúda vaidade, jamais olvidei um minúsculo lance de nosso primeiro encon Memórias da desmemória. Conheci Pierre Suvi tchinsky em Paris, 1954-55, quando integrava o grupo de membros fundadores da histórica Associação Cul- 48 tro: elogiou o meu francês, sans accent. Não tinha e continuei a não ter, até a década seguinte, já no Brasil, sequer notícia da existência de Marina. Enquanto lia e 49 relia biografias, agora já em busca de suas relações filo sóficas com Berdiaeff e Chestov, para puxar o fio kierkegaardiano de seus sentipensamentos, eis que cruzo com Suvitchinsky, que me puxa para um passa do além do meu — e quase presente, o de Marina. Di zia ela, numa carta: "Qual o fim de escrever sobre pessoas? Ressuscitá-las." E também: "Melhor ser do que ter.". Mas há poemas também. Um dos últimos, de 1938, sur preende porque é um poema político e duplamente do loroso para Marina: Poema à Checoslovãquia. Trata-se de um protesto e uma invectiva contra as tropasalemãs que invadiram o país, sinalizando claramente a nova guerra européia e mundial, ainda mais que, na Espa nha, as falanges do general Franco, com o apoio de fas cistas e nazistas, estão esmagando o sistema republicano recém-instaurado. E a sua amada Alemanha dos gran des impulsos românticos já não é reconhecível. Antes desse, há um poema "moderno", O ônibus, seguido de um enigmático Sibila, inspirado na bela passagem das Metamorfoses, de Ovídio. A virgem que não cedeu a um deus é condenada a envelhecer lentamente durante mil anos, mirrando até resumir-se à própria voz, a voz oracular sem corpo que os homens consultam nas ca vernas de Cunia, próximas de Nápoles: Metáfora do poeta e da poesia, sem dúvida. Mas há algo mais. Na prosa e na poesia, na ficção ou no ensaio, a literatura de Marina Tsvietáieva entra em conjunção filosófica — metafísica e ontológica. Que outra coisa é essa voz sibilina senão a essência decantada pelo tem po — o Sein heideggeriano, já tendo transitado pelo Absoluto, de Hegel, e tendo dado o salto, de Kierkegaard, onde ela hipostasia a poesia, a alma e o espírito. Os biógrafos consultados — aliás, biógrafas, fazendo ex ceção o escritor profissional naturalizado francês, Henry Troyat — não mencionam, mas Marina teve contatos intelectuais diretos com Nicolau Berdiaeff (com livro traduzido no Brasil, há uns sessenta anos, O espírito de Dostoievski) e com Leon Chestov, que cola borava assiduamente em Verstas e foi seu vizinho, em Meudon. Berdiaefffreqüentava a casa de seu pai; ele e Chestov estiveram entre os primeiros pensadores rus sos que estudaram e divulgaram o pensamento de Sõren Kierkegaard. Q acendrado individualismo, a aversão à massa e a grupos, a mitificação da realeza, a imediatidade do corpo, e a infinita aspiração do espíri to são pontos de claro encaixe entre o pensamento e o sentimento de Marina e do pensador dinamarquês, que também opera por oxímoros e uma fenomenologia binária radical antihegeliana — tipo "ou isto ou aqui lo" — embora tenha vindo de Hegel. Mas aqui, Marina difere. É uma alma sem alma, que acredita-mas-nãonullique videnda, Voce tamen noscar: vocem mihifata relinquent. crê em Deus e que só possui uma medida para o seu infinito — o fenômeno poético que obrigará a ser sinô quando já não for vista, vão conhecer-me pela voz, concessão dosfados. tencial. Abilola-se o mundo, que vai à deriva (as imagens de naufrágio e barco à deriva são comuns à nimo de amor — e este é o seu embate romântico exis 50 51 época, empregadas metaforicamente: Marina assim termina o seu Poema dofim, Maiakovski assim termi Kruchev, por ocasião do xx Congresso do Partido Co munista da URSS. na a vida, no bilhete a Lili Brik). Guerras, revoltas e revoluções por toda parte, no Ocidente, na África, no Agüentou-se, porém, nesse breve período moscovita, Oriente. Todos sentem e sabem que a conflagração mundial está próxima. A migração preventiva, espe embora vazia no vazio. Reconhecia lugares e pessoas, mas era como se os anos e desenganos os revestissem de uma pátina deformante e anestesiante, como as per cialmente de judeus, é conhecida. No Brasil, um fenô meno particularmente notável: após a derrota paulista sonagens do final da recherche proustiana, na atmosfe que se torna a primeira universidade internacional da ra macarthista que Don Siegel infundiu em sua versão dos Body Snatchers, de 1956. Encontro morno — pri América Latina, graças à atração de grandes persona meiro e último — com Anna Akhmátova. Ehrenburg e lidades intelectuais e científicas, das áreas de história, Pasternak arranjam-lhe trabalho de tradução (as fa sociologia e física. Ariadne, provavelmente de concer to com o pai, parte para Moscou, em março de 1937. mosas "traduções alimentares", punição para os escri de 1932, funda-se a Universidade de São Paulo, 1934, Terá menos de dois anos de alguma felicidade. Envol vido no assassinato do filho de Trotsky e de um agente tores caídos em desgraça). Lembraria de suas belas e exaltadas expressões sobre a sua terra, no exílio? — "Quem conhece a Rússia, quem é a Rússia, antes de soviético renegado, na Suíça, Efron segue a filha logo depois, fugido. Em agosto de 1939, Alia será detida (consta que namorava o agente encarregado de vigiá- mais nada e acima de tudo — acima mesmo da própria Rússia — ama tudo dela e nela e não há nada que tema la), só recobrará a liberdade dezesseis anos depois. Ma rina hesita, mesmo ante a desaforada pressão do filho adolescente (chega a consultar uma vidente), mas obe dece ao destino e cumpre a promessa de seguir o mari amor.". Talvez, sim, pois uma súbita paixão a acomete de novo —desta vezpelo poeta Arsênio Tarkovsky, pai do cineasta Andrei Tarkovsky (1932-86), o grande rea do até o fim, como um cachorro. Em junho está de voltaà pátria e convive com a família em Bolchevo, nos arredores de Moscou, durante o verão. Em setembro, estoura a guerra e Efron é preso. Seráfuzilado em 1941 (após a invasão da URSS pelas tropas alemãs) nas sinis tras dependências da nkvd, comandada pelo supersinistro e superministro da policia secreta, Laurenti Beria, que será deposto, preso e fuzilado em 1956, após a histórica denúncia dos crimes de Stálin, feita por 52 amar. Essa é a Rússia: a imensidão e a audácia do lizador de Solaris, premiado em Cannes, 1972, e que também teve de escapulir-se da União Soviética. O caso termina prosaicamente quando cruza com o poe ta ao lado de sua esposa... e ele não a cumprimenta. "Minha capacidade de amar tem a minha medida — e ela é desmedida.". Com os alemães às portas de Moscou, a maior parte da população civil foi evacuada. Marina e Mour foram alocados na aldeia de lelabuga, nos confins da provin- 53 cia-república da Tatária, numa isba de um casal de NOTAS camponeses — sob os protestos irados de Mour, que queria permanecer em Moscou. Na cidadezinha de 1. Já era — e, ainda ontem, um Rei! Chistopol, a uma centena de quilômetros, os escritores politicamente corretos recebem alojamento, alimenta ção e estipêndio. Marina tenta alcançar o mesmo status, mas tudo lhe vai sendo negado e, mesmo, retirado. No fim, solicita uma vaga de lavadora de pratos na can tina. Lentas decisões, lentíssimos silêncios. Em poucos dias, entre idas e vindas, percebe a inutilidade de seus 2. "Pelos olhos da agulha ("Pelo fundo da agulha") é mais fácil o camelo passar / do que aqueles dois cantos pelos seios das famílias". Reportava-se Byron a uma carta de seu editor, preocupado com dois cantos ante riores, tidos por obscenos. esforços. E mais; Mour não se livraria do estigma "tsvietaievano" pelo resto da vida. Se entrou de quatro 3. "A vida é breve demais para que sejamos longos a respeito de suas formas". patas, sairia de pés juntos, como teria dito seu filho. Viu onde buscar a corda, examinou o travejamento, 4. "Pensamentos como que não pensados que são a atou o nó corrediço e enforcou-se. Deixou dois bilhetes — um para o poeta Assieiev, que estava em Chistopol, para que cuidasse de Mour; outro a todos e a nenhum: alma do pensamento". "Não me enterrem viva: verifiquem bem!". Ia fazer 49 anos. Ninguém compareceu ao enterro, nem Mour, que voltou a Moscou, engajou-se no exército e desapa receu em 1944, provavelmente em combate. O túmulo de Marina, mais do que vazio, não foi encontrado. Luz, Flor, Cor são as cores da cidade poética irisadas na pa lavra TSVIETÁIEVA. 54 55 nOSMA KOHUA Poema do fim 1. 1. B Heóe, pxaBee >KecTM, riepcT cTOTiôa. BcTan Ha HaanaHeHHOM mcctc, Céu de lata e ferrugem. Indicador em riste — o poste aponta o nosso lugar: KaK cyflbóa. destino triste. - Bes HCTBepTM. McripaBCH? - CMepTb He >KfleT. ripeyBeTTMMeHHO-n/iaBeH UlHunbi B3/ieT. Menos quinze — Pontual? (A morte não espera). Muito lento o gesto — de-co-la-gem do chapéu. B Ka>KflOM pecHHLte - bmsob. Cada cilio — farpa. POT CBeflCH. Boca — risco: afeta npeyBemiHeHHO-HMSOK sem afeto a larga Bbin noKBOH. reverência teatral. - Bea HCTBepTH. Tonen? - — No horário, hem?! Priso Ponoc /iran. falso no tom: alarme: CepApe ynajio: hto c hmm? (coração capta aviso): sinal que a mente trans-mente? Mosr: cMima/i! P>KaBb M >KeCTb, Mau agouro no céu escuro: nuvem-ferrugem: ponto de encontro, fKflan na oówhhom Mecre. às seis em ponto. Heóo flypribix npeqBecTMn: BpeMM: mecTb. 86 8/ Cew noijenyM 6e3 3ByKa: Fyó ctotiÓhbk. TaK - rocyaapbiHHM pyKy, MepTBbIM - TaK... Entre um beijo entre frio e mudo — em defunto ou mão de rainha — irrompe (cotovelos) um transeunte. M^ainiiHCii npocTonioflMH Muito estridente o circuito JIoKxeM - B 6ok. da sirene, ganido—cão— IlpeyBe/iMHeHHO-HyfleH BsBbin ryAOK. ferido (a vida estrila, segura a alma nos dentes). B3Bbm, - KaK coóaKa BSBMsrHyTi, Ontem — até a cintura. JlRVÍRCa., 3nBCb. Hoje — o corpo todo, montante: a angústia me (npeyBenMBCHHOCTb >KM3HM B CMepTHbIM Mac.) toma, sub-e-sobre-indo-e To, HTO BHepa - no nonc, Bflpyr - flo ssesfl. Ah-mor... Ah-mor... mas: (npeyBennneHHO, to ecxb: Bo Becb pocT.) Um cinema? (Corte seco): uivando em silêncio: — Deve passar das sete. — Para casa! MbicneHHO: mutibim, MnnwM. - HaC? CCflbMOM. B KMHeMaTorpa(|), m/im?... BapwB: floMow! 2. 2. BpaTCTBO Taóopnoe, Bot Ky^a Beno! rpoMOM na ronoBy, Vida — confraria de ciganos Caónen narono! festivos... mas — sobre as cabeças — trovões — sabres — relâmpagos: BceMH y>i<acaMii C/IOB, KOTOpWX >KfleM, /JOMOM pyiUaiLl,MMC>I - toda casa se arrasa C/iOBO: flOM. numa palavra: casa! Saónyfliiiero óartOBHíi flMTn ro^oBanoe: Choraminga a criança mimada, perdida: "Minha casal". Mal faz um ano — e já: «hlaU» H «MOM»! — "Meu!" - Moh ópax no óecnyTCTBy, Caro irmão-devassidão, MoM 3Ho6 M3H0H, calafrio em brasa: TaK M3 flOMy psyTCH, todos saltam pelos muros, mas você: prisão em casa! Bonnb: homohI Kaic Tbi - ;];omom! KoneM, pBaHyBuiMM KonoBHSb BBbicb! - MBcpeBKa B npax. - Ho HMKaKoro flOMa Beflb! - EcTb, - B flecBTM uiarax: hora horrificante que cala e apavora: "Minha!" — "Dá!". Morde o freio: para o alto! : o cavalo rompe a amarra. — Onde a casa? — Logo ali, a poucos passos. floM na rope, - He Bbiuie nn? - lloM na Bcpxy ropw. Okho nofl caMon KpbiuieK). - «He om oÒHoú sapu — Mais alto? — No topo, com janela na mansarda: ropHiii,eeh> Tax cwsHOBa >KM3Hb? - IIpOCTGTa nOOM! /],0M, 3T0 3Ha4MT: M3 ^OMy vida, só viva em arte? B HOHb. na noite. (O, KOMy noBCM 90 Houve a casa na montanha. — "É só do sol da tarde que ela arde?" — ou da minha Que é casa? — Ora, viver fora, (A quem se apela 91 nena/Tb moio, 6efly mok), }KyTb, sejaeHee Tibfla?..) - Bbl CTIMUIKOM MHoro flyiviaziM. SaflyMHMBoe: - fla. para as perdas e penas de dores gelo-roxas?). — Você pensa demais. Já é hora. — E eu: é... 3. 14 - HaóepoKHaa. Boflw d,ep>Kycb, KaK xomuM nnoxHOM. CeMWpaMMflMHbl caflbi BwcHHMe - xaK box bw! Amurada, beira-rio: à água me aferro: jardins suspensos de Semíramis sobre a água-placa turva. Boflbi - cxartbHaB no/ioca Na água — franja de aço MepxBepKoro oxxeHxaflep>Kycb, KaK HOXHoro nncxKa rieEMpa, Kpaa cxchkm - de lâmina de morgue — me seguro — parapeito — como diva à partitura, ou cego ao muro. Crreneií... OópaxHO na ox^auib? Hex? HaK/ioHiocb - ycnbmjniub? BceyxorraxejibHMiibi >Ka>Kfl d,ep>Kycb, KaK Kpaa Kpbiuin Sem resposta, sua frieza /lynaxMK... pedra-beiral, sonâmbula. Não Ho He ox peKM dIpoKb - po>Kíi;eHa HanAon! PyKM flep>KaxbCH, KaK pyKix, Koxfla TIIOÓHMblM pHflOM - temo o rio (nasci náiade!): 92 sem ouvido, mesmo se me inclino para matar de vez à sede. Presa à — "Dá-me o braço, namorado fiel..." — Os mortos são 93 M BepeH... MepTBbie BcpHbi. fla, HO He BCCM BKaMopKe... CiviepTb c neBOM, c npaBofi CTopoHbi Tbl. npaBbIM 6oK, KaK MepTBbIM. fiéis, mas escolhem gaveta... A esquerda, a morte; você à direita, meu lado meio torto. Pa3MTe/ibHoro cBeia CHon. Fachos de luz na margem! Risos como guisos de pandeiros Cmcx, KaK rpomoBbiM ôyôen. - HaivI CBaMM Hy>KHO 6bl... baratos... — Precisamos... (Tremo. Será que teremos coragem?). (03ho6.) - Mbl My>KeCTBeHHbI ÓyflCM? 4- 4- TyMana óeaoKyporo Névoa loira, eflúvios BonHa - BonanoM rasoBWM. HaflbimaHO, HaKypcHO, A raaBHoe - HacKaaaHo! Hcm iiaxHeT? CnemKOM KpaMHeio, noTaMKOM 11 rpemicoM: KOMMepHeCKMMH TaMHaMM M ÓajIbHbIM nOpOUIKOM. de gás e babados, de fumos e hálitos — e mais que tudo: falação interminável. Cheiro de quê? Pressa, lengalengas, bolinas, parcerias, maracutaias, e a poeira do salão. Xo/iocTBKM ceMewHbie Pais de família solteiros B nepcTHíix, íOHpbi MacTMTbie... HaiuyHeKO, HacMe^HO, exibem anéis, rapazes A r/iaBHoe - HacHMxaHo! M KpynHbIMH, MMCnKMMM, M pw/ibpeM, MnyuiKOM. ...KOMMepHeCKHMH CflCHKaMM M óanbHbiM noponiROM. 94 rapaces, no riso e no sarro, faturam varejo e atacado, mesmo com rabos presos: negociatas comerciais, e poeira de salão. 95 (Bnonoóopoxa: amo bot Ham flOM? - He Hxoshhkoío!) OflMH - Hai], KHMKKOÍi HeKOBOM, flpyroíi - Hafl pyHKOw naíÍKOBOM, A TOT - Hafl HO>KKOM TiaKOBOÍÍ PaóoxaeT thuikom. ...KOMMepHeCKMMM ÓpaKaMM M óanbHbiM nopoiuKOM. CepeópHHOM BasyópMHOíí B oKHe - BBesfla Ma/ibTMWCKaii! HanacKaHO, Hanioó/ieHO, A rjiaBHoe - naTMCRano! HaiuMnaHO...(B^epaiiiHHH CHCflb - He BSbimM: c jiymKOM!) ...KOMMepHeCKMMM mauiHHMM 14 Óa/IbHblM nOpOUIKOM. Ll,enb nepecnyp KopoTKan? Saxo He cxaHb, a nnaxnHa! TpOMHbIMM HOAÓOpOfflKaMM TpHca, xenbpw - xe/iHXWHy >KyK)x. HaA uieMKOíí caxapHoií Mepx - raaoBbiM poKKOM. ...KoMMepnecKMMM KpaxaMM (Ameaço meia-volta: Isso at, nossa casa? — Não sou a dona!) Este, em cima do talão de cheques; aquele, de uns dedinhos de pelica; um outro pisa furtivo um pezinho e verniz: casamentos, conveniências — e, também, a poeira do salão. À janela, uma dentada de prata: a cruz de Malta, signo do amor: beliscos, amassos, petiscos (de ontem, não estranhe o cheirinho azedo: boca livre!), mais tramóias comerciais — e poeira do salão Curta demais a corrente? Aço, nada! —É platina! Papos triplos remoem pescocinhos-vitelas de açúcar, diabinhos 14 HeKHM nOpOUIKOM - revoluteiam no gás dos bicos-lampeões: desastres BepxoTibfla LÜBappa.... flapoBMX de Berthold Schwartz^ Bbi/i -11 sacxynHMK hioahm. - HaM C BaMM HyXlHO rOBOpMXb. Mbi My>KecxBeHHbi óyACM? 96 comerciais — com o pó-pólvora — gênio defensor do seu povo. — Acho que precisamos conversar... — Teremos coragem? 97 5- 5- /],BM>KeHMe ry6 jiob/ik). M 3HaH) - He cKa>KeT nepBWM. - He nioÓHxe? - Hex, jiioójiio. - He xdoÓMTe? - Ho Mcrepsaa, Os lábios tremem. (Iraduzo: não vai falar primeiro). —Você já não me ama? —Mas, claro. — Não ama! — Ora, não?!... Mas sentindo um vazio. (O olhar Ho BblHMT, HO H3BefleH. (OpjioM 03Mpaa MecTHOCTb): -rioMMByfiTe, amo - flOM? - ^OM - Bcepflue MOCM. - CnoBecHocTb! JlíOÔOBb, 3T0 HXÍOTb MKpOBb. L!,BeT - COÔCTBeHHOM KpOBbK) HOnWT. Bbi flyMaexe, /iioóoBb BeceflOBaxb nepea cxo;mK? HacoHCK - Mno honuim? KaK xe rocnofla mflaMw? /IlOÓOBb, 3X0 3HaMMX... - XpaM? Jlvnfi, saMCHMxe uipaMOM Ha LiipaMc! - Hoji; BsrnaflOM cjiyr li 6pa>KHHK0B? (ÍI, 6e3 SByxa: «JllOÓOBb, 3X0 3HaHMX HyK HaxHHyxbiw: jiyK: paaxiyKa».) de águia vaga pelo ar). — Meu Deus — isso é casa? —Casa do meu coração. - Literatice! Carne regada a sangue, o amor — ou você acha que é papo em roda de mesa, por uma horinha ...e logo pra casa, como esses cavalheiros e damas? Amor quer dizer... — Igreja? —Mais pra cicatriz, ferida... - Exposta a olhares de criados e bêbados?(Resposta à parte: Amor — arco tenso / acordo rompido). 99 98 - JllOÓOBb, 3X0 3HaHMT - CBH3fa. Amor quer dizer ~ liame, Bce Bpo3b y nac: pxbi m>km3hm. (ripocM/ia >K xeÓH: ne crxiaab! B XOX Hac, COKpOBeHHbIM, 6/im>khmm, olhado", pedi, na hora íntima, Tot nac Ha Bepxy xopw McxpacxM. Memento - napoM: /IraóoBb - 3X0 Bce flapbi B Kocxep - MBcexfla - aaMapoM!) quase no topo do monte e da paixão) — fumaça, agora, e re-cor-(da)-ações que jogo no fogo — de graça! Pxa paKOBHHHaH mexib BneflHa. He ycMeuiKa - onncb. - M npe>Kfle Bcexo o^Ha riocxeHb. - Bbi xoxe/iM nponacxb não nós desfeitos, distâncias de bocas e vidas ("Sem mau A boca (risinho) — Não: (risquinho em concha pálida, cálculo) — Tudo numa cama para dois. — Ou cova para um. Cxasaib? - BapaóaHHbiH ôcít HepcTOB. - He ropaMM flBHxaxb! ao que parece. Tamborilam /IlOÓOBb, 3X0 3HaHMX... montanhas! —Amor, ou seja... - Mom. os dedos: — Não é mover — Meu. — Entendo. Conclusão? ü Bac noHMMaio. BbiBOfl? Rufar dos dedos, em HepcxoB óapaóaHHbiM 6om Pacxex. (3ma(J)ox mnnoipaflb.) -Ye^eM. - A a: yMpeM, Haflennacb. 3xo npome! crescendo (patíbulo e praça). —Vamos indo. Teria mais graça; — Para a morte!". Tão mais simples! ílocxaxoMHO flemeBMSH: Chega de trecos baratos — rimas, trilhos, hotéis, plataformas. Pm(|)M, peHbC, HOMepOB, BOK3anOB. - /IlOÓOBb, 3X0 SHaHHX: >KM3Hb. - Hex, MHane HaabiBanocb — O amor quer dizer: vida. — Os antigos davam outro nome... 100 101 - Então? y flpeBHHX... O punho agarra - M-raK? - JlocKyx rinaTKa BKy;iaKe, KaK pbióa. um peixe de pano: lenço. - TaK eflCMTe? - Baiii Mapmpyx? ,,.Vamos? — O seu caminho? Bfl, penbCbi, cBMHeu, - Ha Bwóop! — Bala! Trilho! Veneno! (penso). CMepTb - H HHKaKHX yCTpOMCTfi! - }KM3Hb! - KaK nonKOBOflep pmmckhm, OpnoM osMpaH bomck OCTaTOK. — Morte, por ora, sem planos! — Vida! (Chefe romano, olhos de águia pela milícia dizimada ;) — Chegou a hora. - Torfla npocTMMCH. 6. XoTexb - 3X0 fle/io xen, Eu não queria isso, as sim. (Em silêncio; Ouça: Querer é dos corpos, mas A Mbi flpyr fl/iH flpyra - flyniH agora somos almas — mais OxHbine,..) - M He cxasan. (/],a, b Hac, Koxfla noesfl ncflan, Bbl >KeHLI4HHaM, KaK ÓOKa/I, nada...). E não disse adeus. (Quando o trem parte, nenajibHyio necxb yxo^a a ela, um brinde, a taça). BpyMaexe..,) - Mo>Kex, 6pefl? Ocjibima/iCH? (Jl>Kei4 ynxMBbm, TTioôoBHMne KaK óyxex Ou não passa de pesadelo? KpoBaByro necxb paspuBa a honra de sangue da ruptura, - B 3Toro He xoTcn. He 3Toro. (Moana: CHymaíi! a vez é da mulher: Ouvi mal? Cortesmente, o mentiroso cede à amante 103 BpynaiomMM...) - Bh>itho: ciior 3a c/ioroM, iixaK - npocxMMOi, como um buquê. Ou falou, mesmo, sílaba a Cxasa/iM Bbi? (KaK n/iaxoK B Hac caaflocxHoro óecHMHCXBa sílaba; Vamos dizer adeus? ypOHeHHbIM...) - BmXBH CCM Bbi - LJesapb. (O, Bbinafl Harnbm! ripoxMBHMKy - KaK xpoí^efí, Mm oxflaHHyjo >Ke mnaxy como um lenço que cai, Assim, en passant, num lance emocional? Soberana insolência: na mão do vencido, a espada vencedora, troféu da derrota. (Mais forte, Bpynaxb!) - üpoflOíixaex. (3boh B yiuax...) - üpeKxioHKiocb nBa>Kflbi: Em meus ouvidos, o zumbido: BnepBbie onepe>KeH B paapwBe. - Bbi axo Ka>KflOH? "Não rompe, finge "ser rompido"). — Código de honra com todas? He onpoeepxaMxe! Mecxb, Não negue! Vingança flocxoMHan /loBejiaca. digna de Lovelace, gesto de alto despreendimento, que desprende a pele }Kecx, fle/iatomníi BaM necxb, A MHe pa3B0flHLU,MM MÍICO Ox KocxM. - CMemoK. Ckbosb CMex - CMepxb. >Kecx. (HMKaKitx xoxchmm Xoxexb, 3X0 fleao - mex, A Mbi flpyr flZTH Apyxa - xeHM OxHbme...) riOCTieflHMM XBOSflb B6mx. Bmhx, m6o rpo6 cBMHpoBbm. - riocKeflHeMUiaH m npocbó. da amante. (Riso escarninho: o da morte). Gesto: em frente! Desejo, nem sombra, que sombra já somos. Um prego, ainda (melhor: parafuso, que o caixão é de chumbo) : — Um último desejo. - npomy. - HMKorfla hm caosa — Diga. — Nem uma palavra O HaC...HMKOMy M3 ...Hy... sobre nós... sobre mim, noc/iejiyiomitx. (C hocmtiok aos que venham depois. (Dizem, 104 105 TaK paHeHbie - b necHy!) - O TOM >Ke MBac iipociana 6. na maca, os feridos: ó primavera!) : — Posso pedir o mesmo? Kone^Ko Ha naMHTb ^arb? — E um anelzinho, de lembrança? — Não. (Falso olhar de espanto, - Hct, - Bsrjiflfl, lUMpoKO-pasBepcTbiM, OTcyrcTByeT. (Kax nenarb Ha cepflpe teoc, kbk necreHb ausente. Gravasse-me no coração — ahl, sim, Ha pyKy TBOK)...Be3 cpen! Chcm.) BKpaflHMBoe mTwme: - Ho KHwry Teóe? - KaK bccm? enredo: engula). Insinuante: - Hex, BOBce mx hc HMniMTe, Nunca! E nem pense em escrever KHMr... Livros... anel-eu em seu dedo. Ah... sem — Um livro, então? — Como às outras? SnaHMT, He na^o. Agora nada de choro BHaHMT, He naflo. nada de choro HnaicaTb ne luiflo. choro agora B HaUIMX ÔpOAHHMX BpaxcTBaxpbióanbMX HnHHiyT - He n/ianyT. Nas tribos de pescadores HbiOT, a He nnauyT. KpoBbK) ropHHeh HjiaTíiT - He nnanyT. Folgança — sem choro, Pagança — sem choro, >KeMHyr b cTaxane H/iaBHT - M MWpOM HpaBHT - He nTianyT. 106 errantes — bebe-se sem choro e em coro. Dissolver — sem choro a pérola no copo! Sem choro — gire o globo! Então, quem vai sou eu? Olho de esguelha: Arlequim joga 107 - TaK Kyxo>Ky? - HacKBOSb rjIK>Ky. ApjieKMH, 3a BepHOCXb, ribepeTTe CBoeíi - KaK koctb ripespeHHeíímee m3 nepECHCiB um osso — desdenhoso BpocaioinMM; necrb KOHua, Antes, uma bala >KecT aanaBeca. PeneHbe no coração: mais caloroso gesto — a Colombina, por sua fidelidade. Última deixa. Cai o pano. riocneflHee. fliofÍM CBMHU,a B rpyflb: «y^iue 6bi, rop^Hen 6bi e limpo. Cravo os dentes nos lábios: nada de choro. 14 - HMiue 6bi... O duro no tenro — sem choro! 3y6bi BTMCHyna b ryów. ünaKaTb He ôy^y. Na confraria de errantes: Morrer — sem choro 1 Queimar — sem choro ! Caiviyio KpenocTb B CaMyK) MHKOTb. Na confraria de errantes; TonbKO He nnaKaxb. Oculta-se o corpo em cinzas e coro! B ôpaxcxBax ópoflíiHMX Mpyx, a He n/ianyx. >Kryx, a He njianyx. —Eu, primeira? Dar a saída? Jogo de xadrez? Para o cada- B nenen m b necHio falso, cede-me o passo. — Rápido. MepxBoro npnnyx B ópaxcTBax ópoflHnnx. Não me olhe! Trate (Em torrentes escorrem. Como - TaK nepsan? riepBbiM xofl? empurrá-las para dentro KaK B maxMaxbi, ananiax? BnponeM, Beflb fla>Ke na 3ma(|iox Hac nepebiMM npocax... - CpOHHO dos olhos?) de não io8 109 ripouiy, He rnHflHxe! - - (Bot-bot y>Ke xnwnyT rpaflOM! Hy KaK Mx sarnaTii aasa^ B r/iaaa?!) - FoBopK), hc naflo olhar!!! Voz normal: — Vamos, querido, vou chorar. F/iHfleTbü! Bhbtho mrpOMKO, Bara^fl BBBiiuMHy: - MHBblM, yWflCMTe, FlnaxaTb naMHy! Ia esquecendo! Entre cofres vivos (Comerciante e Filhos), fulge a nuca loira: centeio, trigo, milho. Na pele fogosa se revogam os mandamentos do Sinai; Saóbina! CpcflM kohm/iok FKmbwx (KOMMepcaHTOB - to>k!) BCHOKypblM CBCpKHyjI aaTblHOK: Maiíc, Kyxypyaa, po>Kb! Para todos, abunda em dons Bce aanoBCRM Cvinan CiMbieaB - Mcna^bi Mex! - a mãe-natura, nem sempre avara. Caçadores dessas sendas loiras dos trópicos, há trilhas de volta? na crina-tosão se escondem arcas de gozos. FonKOHfla BO/iocBHan, CoKpoBMmHMU,a yxex - Bcex!) He Hanpacuo kohmt FIpMpofla, He cn;iouib cxyna! Ma CMx óenoKypbix iponMK, OxoTHMKM, - rfle Tpona Haaafl? HaroToio rpyóow FtpaanH Mcjien^i 30 cnea - CnBoiuHbiM aonoTbiM npe/iioóoM CMeioinMMCB nponMnocb. 110 Vulgaridade suarenta em nudez grudenta, adultério de ouro em auras lúbrico-ridentes. Não é mesmo? Olhar roçagante, cada dlio fisga. Mais que tudo, o torso-rebenque peludo se contorce. - He npaBfla tim? - /IbHyiuMÍi, MHymwM Bar/iHfl. B Ka>Kfloíi pecHMD,e - ayfl. - M maBHoe - axa ryipa! }KecT, cKpyHMsaromMM b >KryT. Ó gesto de arrancar a roupa! Como comer e beber. (Pelo rictus-riso, você pode salvar-sel). Assim está bem? Irmãoirmãmente, O, pBymi-iii y>Ke Ofle>Kflbi yKeci! Ilpome, hcm nnxb ii ecxb ycMeiuKa! (Te6e Hafle>Kfla, Ybh, Ha ciiaccHbe ecxb!) aliados aliançantes? Ri antes de enterrar! (Depois, quem ri sou eu!) 14 - cecxpiiHCKM iinn ópaxcKir? CoK)3HMHecKM: coios! - He noxopoHMB - cMenxbcn! (M nOXOpOHMB - CMeiOCb.) 7- 7- M - Ha6epe>KHaH. nocneflHHH. Bce. nopo3Hb M6e3 pyKU, Amurada. A úl-ti-ma. HyparomwMMCH coceflHMW EpeflCiM. Co cxopoHbi peKw - Dou a mão? Não! rinan. naflaidnyK) concHyio Beira-rio. Pranto. Lambo, Pxyxb cansbiBaio óea saóox: alheia, mercúrio salgado, sem lua de Salomão que prateie as lag- JlyHbl OrpOMHOÍt ConOMOHOBOÜ C/iesaM He BbicnaTi HeóocBoq. Cxonó. OxHero 6bi tióom ne cxyKHyxbCH B KpoBb? BflpeóeaxM ów, a hc b KpoBb! CxpainamMMMCH conpecxynHMKaMM BpeqeM. (yónxoe - JIioôoBb.) 112 (Solto a mão? — Separados! Desconhecidos soldados). Poste. Socar a testa. Até sangrar. Esmigalhar. Cúmplices no crime, lado a lado (vítima: o Amor). 113 Mas, como? Um par de amantes Bpocb! PasBe 3to flBoe /iK)6>mj,MX? B HOHb? nopo3Hb? C flpyrMMM cnaxb? - Bbi noHMMaeTe, hto ôyflyiuiee - separados? Dormir com outros? TaM? - SanpoKMflbiBaiocb BcnüTb. lá em cima. — Abano a cabeça. - Cnaxb! - HoBOÓpaHHbiMM no KOBpMKy... Dormir! — Amantes num tapete.. —Veja, o futuro está - Cnaxb! - Bce ne nonaflaeM b mar, — Dormir! — Passos sem ritmo B xaKT. >Kajio6Ho: - BosbMMxe nofl pyKy! He KaxopxcHMKM, nxoóbi xaK!.. ou compasso. Peço: dê o braço! Tok. (Tohho MHe dyiuoH) - na pyxy Jler! - Ha pyKy pyKoio.) Tok Choque! Sua a/mu-braço BbeX, npOBOflaMH /IMXOpaflOHHWMM Pnex, - na flymy pyKoro Jier! em coluna e costelas: febre elétrica: mão na alma! JIbHex, Paay>KHoe bcc! Mxo pafly>KHee Cnes? SanaBecoM, naipe 6yc, /],o>Kflb. - ^ xaKMX ne anaio Ha6epe>KHbix lágrimas: cortina de contas. KoHnaK)u:íMxca. - Mocx, n; - Hy-c? Condenados na estrada?! toca no meu: descarga Me colo. Tudo irisado pelas Amurada sem fim (nem vejo). Ah, sim, a ponte, e: - Então, pronta! Specb? (flporn nopauM.) — Acjui? (Coche e estribo). Cno-KOMHbix rjiaa Mirada calma pra cima... — Até sua casa... Pela Banex, - Mo>kho /(o Aowy? B iio-cjieAHMM pas! última vez! 8. 8. no-c/iefli-inii MOCX. (Pyi<M ne oxpaM, ne Bbiny!) riocaeAHMÍi mocx, n o c71 eAHa a Mo cr o BHHa. 114 Ül-ti-ma-pon-te (não solto a mão). A última, últi ma pedra-ponte entre terra, água e céus. 115 Bo-fla MTBepflb. BblK/iaflblBaK) MOHeTbl. /ÍCHb-ra sa cMepxb, XapoHOBa M3fla aa /leay. Apalpo moedas: cambiá-las, ouro por sombras, pagar o barqueiro Caronte, Be tes letal — som — MoHexbi xeHb. brias moedas na mão B pyKK xeHeBoíi. Bes ssyKa de sombra, sons secos Monexbi xe. sem ecos tocam sombras MxaK, BxeHCByio pyKy (mãos) — caem nas covas: papoulas aos mortos! Mo-Hexbi xeHb. Bea oxcBexa m 6ea asBKa. Mo-Hexbi - xeM. C yMepUIMX flOBOTIbHO MaKOB. Boa parte dos amantes vive de paixão — não de esperança — pontepaixão, espécie de entre, Moct. passagem eventual. Quentinho o ninho em seu Ena-ran nacxb JllOÓOBHMKOB 6ea HaflOKflbi: Mocx, Tfai - KaK cxpacxb: yc/iOBHOCTb: cnnoiUHoe Me>Kfly. rHe3>Kycb: xen/io, Peópo - noxoMy mabHy xaK. flanco e costela, que distraio — e agarro! — triz de raio! Sem braços, sem pernas — que o digam meus ossos prensados nos seus - parte que sinto viva em mim: Hm do, HM no: HpoapeHMíi npoMOKyxoK! Hm pyK, HM Hox. BceM KocxbK) MBccM ynopoM: }KmB XO/XbKO 6ok, o CMe>KHbIM XeCHHDCb KOXOpbIM. 116 117 BcH >KM3Hb - B60Ky! Oh - yxo MOH >Ke - 3x0. >Ke/iTKOM KóejiKy /Ien/[K)Cb, caMoeflOM k Mexy parte ouvido, parte eco — e nela eu grudo, como a clara à gema, como à pele o esquimó TecHiocb, /len/tiocb, Hto - Bam C0I03? — mais do cjue siameses! Mãe ! - não dizia você àquela que tudo esquecia e le-va-va- Ta >KeHUJ,HHa - noMHMUib: MaMOÍi Vo-cê no andor do ventre? — Nem ela, SBaji? - Bce M BCJí por tê-lo dentro, o tinha mais junto do que o tenho! Momycb. B/inaneiíbi CwaMa, SaÓblB, BTOp>KeCTBe HeflBH>KHOM Te-óíi HOCB, Você não entende isso? TeÓH He Hep>Ka7ia 6BM>Ke. A-mal-gamada! Aconteci rioMMM! C>KM7IMCb! a dois, ao deitar- Cóbinwcb! Ha rpyflM ôaioKaB:! He - ópomycb bhms! HbipíiTb - oxnycKaxb ów pyxy me no seu peito. Soltar? Jamais! Jogar-me. Largar HpM-mjiocb. H >KMycb, M >KMyCb...M HeOTTOp>KMMa. Moct, Tbi He My>K; Ninguém pode arrancar-me de junto do seu corpo! 7I1060BHMK - cruiouiHoe mmmo! amante — puro passar adiante Moct, tw 3a nac! que nos dá vida (os corpos - sacos de ração ao rio). Mbi pexy xejiaMM kopmmm! H/IIO-IHOM BHM/iaCb, RnemoM: BwpbiBaíixe c KopHCM! a mão? De nenhum jeito. Ponte não é marido — é Meagarrocarrapato: Arranque-me à unha, aos nacos! Kax nnrout! ícax Kxreut! n8 119 Bpo-caxb, KaK Beipb, Hera, ostra, carrapato; Inumano, ser sem deus, Mchh, hm eflMHOíi BetuM jogar-me fora assim, como coisa • He BTMBUieM B CCM que sempre desprezei BesóoKHo! Bec^ienoBeHHo! BeinecTBeHHOM MMpe flyioM! as coisas desse falso CKa>KM, HTO coh! HtO HOMb, a 3a HO^IblO - yxpo, mundo de coisas. Diga: 3K-cnpecc mPmm! Ipenafla? Cana He snaio, MoHÓ/iaHbi M riiManaix. o Expresso... Roma? Granada? Nem quero saber, enquanto emerjo de Himalaias de mantas de plumas! ripo-xan xjiyóoK; No oco escuro e fundo, rioc/ieflHeK) KpoBbK) rpeio. que o sangue aquece, escute npo-C/Xymaíi 6ok! esta çarne-flanco Bcflb 3X0 Kyfla Bepnee mais leal que um poema. CxM-xoB... Hporpex Bcflb? Saexpa k KOMy HawMembCH? CKa->KM, Hxo 6pefl! Hxo Hex, MHe óyflex Mocxy Quentinho, por hoje? Amanhã, quem vai estar de serviço? Estou delirando. Mas diga, sim?, que a ponte não vai acabar. KoH-pa... que nunca terá fim. CMaxHyB nepuH - KoHep. a mim. é sonho. É noite... Amanhã, .fim. - Sflecb? - fleXCKMM, 60>KeCKMM >Kecx. - Hy-c? - Bnw/iacb. Aqui? — Infantil e entojado, o gesto. — Então? — Estou grudada. Só-mais- - E-uie HCMHOiKeHKo: um-poLiquinho. Última vez! B nocjieflHMÍi pas! 120 121 9- 9- KopnyCaMM cj^aÓpMHHblMM, aWHHblMW Uivante sirene de usina, M OTSbIBHMBbIMM Ha 30B... ou grito de alarme, eis o segredo que as mulheres calam CoKpoBeHHyK), noABHSbiHHyK) TaHHy >KeH ot My>KeM, w b^ob ante amigos e esposos, Ot flpyseíi - Tcóe, noflHoroTHyw aquele de Eva e da Árvore: TaíiHy Ebm ot apcBa - bot: Não passo de animal íí He óonee, hcm >i<MBOTHoe, desventrado a lâmina KeM-TO paHeHoe b >kmbot. de fogo na pele e na alma! >K>KeT.. KaK óyflTO 6bi nyiuy cAepnyBM Vai-se por um furo — vapor, fumo — a vã C KOKeH! napoM b flwpyymjia npecTioByTaB epecb BaflopHaB MMenyeMaa flyma. heresia chamada alma, lívida tísica cristã! XpMCTMaHCKan HeMOHb ÓTieflHaB! nap! npunapKaMM oó/ioKHTb! Apliquem cataplasma fla ee HMKorfla mne óbijio! mas na mulher sem alma, Bbl/IO Tcno, XOTCJIQ >KMTb, cpie queria viver, já não quer. — não na alma sem mulher, >KMTb HC xonex. Eu não queria (Perdão!): Clamor de ventre aberto. ripocTPi MeHíi! He xoTena! Bonnb BcnopoToro nyxpa! No corredor da morte, eles aguardam (talvez TaK cMepTHMKM >i<flyT paccxpe/ta B HexBepxoM nacy yxpa 123 Beflb maxMaxHbie >Ke neuiKM! ao xadrez) pelo pelotão, às quatro da matina, riem do "olho" na porta, vigilante: M KTO-TO wrpaeT b Hac. peões no tabuleiro, à toa. Kto? Bon-i ÓTiarixe? Bopbi? Bo Becb OKoeM raasKa - Quem joga? Deuses do bem? Bandidos? Olho do guarda na abertura: Fnas. KpacHoro Kopiiflopa /liiar. BcKMHyxaH flocxa, Ergue-se a tranca. 3a uiaxMaxaMM... YcMemKOM flpa3H>l KOpWflOpHblM XTiaS. MaxopoHHaa 3aTH>KKa. Cn/iee, YíoyKwmi 3HaMnT, cnnee. ressoa o túnel vermelho. Passos. Fumo quebra-peito (Cospe): — Chegou a hora (Cospe). ...rio CMM xpoxyapaM b uiamKy ripaMaa flopoxa: b poe Do corredor xadrez M B KpoBb. noxawHoe OKo: JlyHbi cjiyxoBOM r/iaaoK... sangrento. Pela lucarna, a pupi(lua) vigilante M noKOCUBurncb côoKy: - Kax xbi y>Ke aa/iex! Quando olho para o lado, como você está distante! 10. 10. COBMeCXHblH M CnJIOUeHHblM Vozerio. Emoção. Nossa voz: Bsflpor. - Hama Monounan! direto para o fosso, — Nosso café! Nossa catedral! Nossa ilha! Ham ocxpoB, nam xpaM, rq,e Mbi no yxpaM - Casal de há pouco. Madrugada. Cópofl! riapa MMHyxHan! CnpaBrrH/iM aayxpenio. para o ofício da missa! Saído da turba sonâmbula 124 125 BasapoM maaKHCbio Coisas azedas da feira CKB03b-CHOM 14 BCCHOM... aos sonolentos, iia primavera... O café, zurrapa de água e aveia. Sflecb Ko4)e óbiji naKOCTHbiií, CoBceM obchhom! (Obcom CBoeHpaBMe FacMTb B pbicaKax! OxHioflb He ApaBMeíí ApKaflMeM nax mas da Arcádia, sim, o aroma Tot Koc{)e... daquele café... Ho KaK yBbióanacb naM, £ como nos sorria, PaflKOM ycaAMB, abancando-se ao lado, BbiBanoM M >Ka;iocTHOM, - no seu saber amanhecido JIlOÓOBHMlI, ceflbix de amante já passada, yHblÓKOK) 6epe>KH0M: a solícita patroa, (Com aveia se esfria o sangue dos garanhões). Da Arábia, nem cheiro, yBBHcmb! FKmbm! a dizer: Não murche — viva BesyMbK), 6e3AeHe>KbK), SeBKy MnroÓBM, - para o desvario sein grana — os bocejos o amor! A r/raBHoe - íohoctm! Sorrisos — para a juventude. CMCLUKy - 6e3 npMMMH, yciViemKe - óes yivibic/ia, ÜMpy - 6e3 MopmMH, - Sorrisos — para os risos sem siso! Sorrisos — para o humor O, raaBHoe - mhgctm! Sobretudo — para a mocidade, e para as paixões (não dac]ui!). — de onde, então? — De outra parte. — De onde? — De onde viajam CTpacTHM He no KHMMary! OxKyAa-TO AyHyBmei-i, OTKyfla-TO xTibiHyBmeM 126 ...e os rostos sem rugas. para este café sombrio B MOíiOHHyKi TycKnyio: - Bypnyc mTyHiic! Haí],e>KflaM mMycKynaM riofl BCTXOCTbK) pMS... sorria para esperanças e corpos em roupas sem moda ou estação. (flpy>KOMeK, He «anyracb: Pyóeu; na pyópe!) Meu bem, sem cenas; só mais uma ferida, ao ver O, KaK npoBo>Ka7ia nac como, à saída, acenava Túnis e albornozes ( de onde ela XoBHMKa B Henpe a dona da espelunca, na sua FoTiTiaHflCKoro raa>KeHbH.. coifa holandesa, engomada...). Não lembro bem, não sei como He flOBCnOMHMBIUM, He flOnOHilBIUM, fomos levados da festa Tohho c npasflHMKa yBefleHbi... para a nossa rua — que não é nossa — ou nossa de um nós que já não somos! - Hauia yjiMpa! - y>Ke ne Haiua... - CKonbKO pas no Hen!..- y>Ke na mm. - SaBxpa c aana^y Bcxanex conHpe! - C MeroBOH nopBex /JaBMfl! - Hxo MM fle/iaeM? - PaccxacMCíi. - HMHero MHe ne roBopMX CBepxóeccMec/ieHHeMiuee c/iobo: Pac-cxaeMCH. - OflMH m3 cxa? ripocxo CBOBO B nexbipe cnora, 3a KOxopbiMM nycxoxa. Vai o sol nascer no poente? Vai Davi renegar Jeová? E nós, aqui?... — Se-par-ai^do. Não me diz coisíssima alguma essa ultrassupersemsentidíssima palavra: se-pa-ra-ção. E eu — uma entre cem? Nove letras... quantos sons? E além deles? Mudo mundo afora? Ora! Isso se diz em sérvio? Cxom! rio-cepócKM mno-KpoaxcKn, BepHO, HexMB b nac ny^i-ix? Pac-cxaBaHwe. PaccxaBaxbCB... Ou croata? É piada checa? Se-pa-rasão ou é? Supersupraultrahiperabsurdíssima sandice asnática! Um som mono- CBepxTjecxecxBeHHeíimaB flMHb! 128 129 3ByK, OT Koero yuiii psyTCH, THHyTCü 3a npe/íen tockw... PaccraBaHMe - He no-pyccKii! He no->KeHCKM! ae no-My>KCKM! He no-6o>KecKH! Hto mh - obhw, PasseBaBuiMecH b oócfl? polífono, que fura o tímpano até dos sons dos sonos cios sonhos! Se-pa-m-som —russo iicão é! Sem-fem-neni-mascLilino! E nem divino! Parelhas de ovelhas olhando-se alheias, a mascar? PaccTaBanae - rio-KaKoacKM? Se-pa-ra-ção —em c|ue língua se acha, íl,a>Ke CMbicna xaKoro hct. se o sentido não há? JlaKe SByKa! Hy, npocxo nonww UlyM - nn;ibi, HanpxiMcp, ckbosb coh, de serrote de quem ferra no sono. No soar — só um rascar PaccxaBaHwe - npocxo lUKOTibi Se-pa-ra-ção - gemido gêmeo X/ieÓHMKOBa COnOBbMHbIM CXOH de um cisne-rouxinol transmental JleóeAMHfaiM... de Khliébníkov'^!.. Vem do nada? Ho KaK >Ke Bbiiujio? Popano BbICOXmMM BOflOeM Bosflyx! Pyxy o pyxy cjibiuino. Água do lago a evaporar-se no ar? Mãos dadas - sinto, sim. PaccxaBaxbca - Beflb 3xo rpoM Mas separadas - choque e trovão Ha rojioBy...OKeaH b Kaioxy! na cabeça — encapela-se o mar Oxeannn KpaíiHMM mwc! 3xm yjiMLi,bi - cjiMurKOM Kpyxbi; contra a cabana, nos confins PaccxaBaxboi - bcab axo bhms, da Oceania... íngremes ladeiras. Se)parar(se —calvário e gólgota 131 nofl ropy...flByx noflOiiiB nyAOBWx B3fl0X.../la30Hb, HaKOHeLÍ, MrBOSflb! OnpoKMflbiBaioiHMM flOBOfl: abaixo. Pés pesados de pesares e dores — e palmas voltadas aos cravos. Contrassenso! PaCCXaBaTbCB - BCflb 3T0 Bp03b, Separar — dividir. Separar-se implica UM dividido em UM. Mbi >Ke - cpoiuMecK... Imossível: somamosum. 11. 11. PaaoM npoMrpbiBaxb - Perder tudo num lan Hex! ce só, seco: Rien ne va 3aropofl, nppixopoA: plus. Bairros, subúrbios, flHHM KOHep. dias: fim dos dias, HeraM (MMxaM - KaMHHM), findas carícias (leia: pedras). M AOMaM, M HaM. Nós dois, dias, casas flaHM nycxyroipMe! Kax Maxb vazias (Mães velhas, Cxapyio - xaK «e ^xy mx. 3x0 Beflb fleíicxBMe - nycxoBaxb: nojioe He nycxyex. meus respeitos) —vazias, não vagas, onde há ação (que não há no vazio). (flaHM, nycxyiomMe na xpexb, JlyHme 6bi BaM cropexb!) vagas — melhor queimá-las!). TonbKO He BSflparuBaxb, PaHy BCKpWB. Saxopofl,saropofl, UlBaM paapwB! 132 (Quanto às vilas, em parte Cuidado, não se agite (o corte da ferida!). Subúrbios, subúrbios — suturas rompidas. 133 MÓO - 6e3 /IWIUHMX C7I0B O amor — (sem inchaço ribllUHblX - JIIOÓOBb eCTb UIOB. retórico) — é sutura. UIoB, a He nepcBHSb, ujob - ne muT. - O, HC npocH sau^Míbi! - Sutura — não curativo. Sutura — não armadura. lIJoB, KOMM MepTBbIM KSeM/IC npmUMT, Sutura: costura-se o morto Komm k Tcóe npMuiMTa. -euemvocê — à sepultura. (BpeMH noKa>KeT eme KaKMM: JlerKMM viJin tpomhhm!) (Tempo, incisão, pontos: Tax M7IH HRane, flpyr, - no uiBaivi! ílpeóearM h ocko/ikh! To/ibKO McnaBbi, mto Tpecnyn caiw: TpecHy/i, a ne pacnonacji! firmes ou frouxos?) Por fim, amigo — vai-se a costura! Estilhaços! Estrondos! Mas sem gangrena — menos pena — a fratura! 4t0 nOA HaMeTKOM - >KI4BaB >KM71b Sem infecção: sob os pespontos, KpacHaü, a ne rHnnb! vida vermelha nas veias! O, ne nponrpbiBaeT Kto pBer! SaropoA, npnropoA: JlóaM pasBOfl. Quem rompe primeiro não perde poder. e frontes de ruptura. Ido C/IOÓOAaM KaBHBT Nos bairros — saltam miolos! HbiHue, - Mosrajvi ckbobhbk! (Na periferia — forcas). O, ne nponrpwBaeT, kto npoMb - Nada perde quem rompe e parte ao raiar do dia. B nac, KaK ;sap>i luuiMeTCB. Ideayio >KMaHb reóe cmnaa b houb Haóeno, óes naMeTKn. 134 Bairros, subúrbios — frentes Costurei-lhe uma vida à noite, não rematei de dia. 135 TaK He Kopw >Ke Mena, hto BKpMBb. npwropop: lUBaM paspbiB. Ficou torta, não me culpe. Subúrbio: suturas rompidas. JXyMin HenpMÔpaHHHbie B pyópax!.. Almas desalinhavadas SaropoA, npMropofl... iíp pasMax ripMropofla. CanoroM cyflbôw, CnbiuiMmb - no raune >KMflKOM? ...CKopyro pyxy moio cy^n, ^pyr, fla HCWByK) HMXKy — marcas por toda parte. Bairro, subúrbio: expansões do ódio. Dá para ouvir o destino: botas chapinham na lama. Amigo, sinta a minha mão que cose apressada. líenKyio - Kax ee ne KaHaíí! ITo-CTieflHMM (jjOHapb! O fio vivo, como cortá-lo? Sflecb? CnoBHO aaroBop Bar/ififl. Hnsmnx pac Bsrjiflfl. - Mo>kho na ropy? Aqui? Súplice, olhar B no-cneflHMM pas! pela úl-ti-ma vez?! 12. 12. MaCTOK) rpMBOK) flo>Kflb B FJiaaa. - Xo/IMbl. MnHOBa/in upirropcfl. 3a ropoflOM mh. Colinas. Crinas 136 Úl-ti-mo lampejo! de seres inferiores: —Não posso ir à montanha de chuva nos olhos. Para além dos bairros, o subúrbio, onde 137 EcTb, - fla HCTy Ham! estamos: nao e hosso MaMexa - He Maxb! Cidade-madrasta: J^aabuie HCKyfla. Adiante? Ao nada! SflCCb OKOTieBaTb. lincados aqui: morrer. riojie. MsropoAb. Bpar CTOMM c cecTpow. >Ki'i3Hb ecTb npiiropofl. Um campo. Uma cerca. 3a ropoflOM crpon! construa no subúrbio! 3x, ripoiipanHoe J],e7io, rocnoAa! Meus senhores, a causa Um irmão. Uma irmã. A vida é um bairro: está perdida. E inútil. Bcc-to - npwropoAbi! Epe >Ke bopoAa?! Um mundo de subúrbios! PbCT H ÓeCMTOI flOKAb. CtOMT H pBCM. 3a rpH Mec>iu,a A chuva irrompe com fúria. Nos, rompen do de pé. Só três nepBoe babocm! meses — e um confronto destes! Oncie as cidades? M y MoBa, Estaria Jeová afim Bor, xoTCB Bsai/iMbi? /],a He Bbiropeno; de um jabá de Jó? Bem. Não deu certo. 3a ropoAOM mm! No subúrbio: você e mim. 3a ropoAOM! rioHHMaemb? 3a! Bne! IlepemeA Baa! Fora, fora! Para além das muralhas da cidade e da vida, onde é vetado >KM3Hb - 3T0 MeCTO, TA^ >KMTb He/Ib3>i: viver! Bairro judeu. EB-pCMCKMM KBapTaa... 138 139 TaK He /lOCTOMHCe Hb BO CTO KpaT Cxaxb BcHHWM >KMflOM? E não é marca de eleição ser um judeu errante? m6o flHH Ka>Kfloro, KTO He rafl, Basta não ser infame EB-peíicKHM norpoiM - para sofrer um pogrom. >KM3Hb. ToBbKO BblKpCCTaMM >KMBa! MyflaMH Bcp! Ha npoKa>KeHHbie ocxpoBa! B afl! - BCiofly! - ho ne b A vida vive graças aos renegados, aos seus judas! Quer viver? Escolha a ilha dos morféticos — ou o próprio inferno — não a vida-carneira >KM3Hb, - TOHbKO BblKpeCTOB TCpnHT, BMIUb Osei; - nanaHy! npaBO-Ha-XMXejIbCTBeHHblM CBOÍi HMCX Ho-raMM Tonny! para traidores e carrascos. BxanxbiBaio! 3a flaBiiflOB mi-ix! - o escudo de Davi, os corpos Mecxb! - B MecMBO xext! amontoados, que os algozes ainda aviltam; "Os judeus não querem viver...". He ynoMxenbHO nn, hxo kma >KMXb - He aaxoxea?! Pisoteio a minha "carte de séjour'" na vida. Rio. Zombo. Vingo Fexxo MBÓpaHHMHecxB! Ba/i mpoB. Gueto de eleitos — além rio-inaflbi He >KaM! do fosso. Não há piedade B CCM XpMCTMaHHeHUICM M3 MMpOB no mais cristão dos mundos: rioaxbl - KWflbl! todos os poetas são judeus! 13- 13- Tax HO>KM BOCXpHX O KaMeHb, Faca a afiar-se em pedra, TaK onwjiKM MexjiaMH vassoura a varrer serragem: CMaxMBarox. Hofl pyxaMM MexoBoe, MOKpoe. O que é que sinto nas mãos? Uma coisa de pelos — molhados! 140 141 Fae >K BM, flBOMHU: Cyuib My>KCKa«, moihb? riofl naflOHbc - Ora, onde as gêmeas viris — Secura e Dureza? Feia mão me escorre CneBW, a ne AO>KHb! uma não-chuva salgada! O KaKMX eme coônasHax - E agora? Quais charmes PeHb? BoflOM - MMymecTBo! e encantos? Em seus domínios — riofl naflOHbK) nbromwxcH, - água! Olhos de diamante escorrendo pelas palmas HeT nponaxM das mãos, fim do fim riocjie r;ia3 tbomx ajiMasHwx, Mne. KoHep KOHii,y! rna>Ky - rnaxy rna>Ky no Jiniíy. TaKOBa y nac, MapnnoK, Cnecb, - y nac, no/iHneK-TO. nocTie rnaa tbomx op/iMHbix, rioA jiaflOHbio nnanymMX... rinaneiub? flpyr mom! Bce Moe! ripocTn! do naufrágio. Caricias, carinhos pela cara, como as lágrimas por entre os dedos: Orgulho nosso — esse das Marininhas polacas, quando outros olhos polacos —de águia! —viram água... Você chorando, meu bem- perdição? Perdão:! Vai O, KaK Kpynno, ficando grosso esse gosto Co/iono BropcTn! de sal na concha da mão! >KecTOKa c/iesa My>KCKa>i: É duro o choro de amigo OôyxoM no TeMenM! — paulada na cabeça! rinaMb, c Apyi HMM HaBcpcTaeiub CtWA, CO MHOH nOTepHHHbIM. a honra que perdeu comigo! Chore também com outras — e lave 143 142 OflM-HaKOBoro Mopn ~ pwóbi! BsMax: ...MepXBOfí paKOBHHOM Fyóbi Ha ryóax. B cnesax. TIeóefla - Peixes do mes-mo-mar — para cima! Pálidas conchinhas num selinho como lábios sem vida. Hoje, sono de choro, Ha BKyc. - A aaBxpa Koxfla sabor losna. Qual o gosto ao despertar? ripocHycb? 14- 14. TponoK) OBeHbeü CnycK. Popofla raM. Tpn fleBKM HaBCxpeuy CiMeioTCH. C/iesaM Trilha de carneiros — descida. Cidade — ruídos. Três putinhas vindo e rindo. Das lágrimas. CMeioTcrí, - BceM xiOHflHeM Riem de tudo — como Heflp, rpeÔRCM MopcKMM! ao meio-dia, quebrando CMeioxcxi! as ondas do mar - Hefl07I>KHbIM, — em coro riOBOpHblM, My>I<CKI-IM. do choro sem decoro CneaaM xbomm, bmambim Ckbosb flo>KHb - Bflea pyópa! Kax >KeMHyr - nocxwflHbiM Ha 6poH3e óoMpa. do homem na chuva. Olhos, feridas de água! Pérolas de vergonha 144 145 Cne3aM tbomm nepBbiM, üocjieflHMM, - o, aew! CnesaM tbomm - nep/iaM B KopoHe Moeii! Fnas iiBHO He Tvn/iro. CkBOSB JIMBeHb - nepMcb, BenepuHbi KyKHw, BnepBMTCCb! C0103 Ceií óojiee reccH, Mcm B;ieHbc>i h /lenb. CaMOM necHCM Flecen ycTynncHa pcHb HaM, RTupaM besBecTHbiM HejIOM COTIOMOH BbCT, - m6o COBMeCTHbIM rinan - óonbuie, hcm coh! 14 B nonbie BOJIHbl Mrnw - cropôrreri mpaBH BeccaeflHO - óesMOBBHO - Kaic ToneT Kopaô/ib. no escudo de bronze. Primeiras e últimas, derrame-as por mim — minha coroa do fim! Não baixo os olhos — fixos através do aguaceiro: Cravem os olhos em nós, bonecas de Vênus! Olhem algo que liga mais forte do que o transe e a transa! O Cântico dos Cânticos nos cede a palavra dos pássaros sem nome. Salomão se inclina e saúda nosso prântico a dois, que escorre para além do sonho! Na névoa vazia das ondas da noite de Praga, em silêncio, sem traços, recurvo, você, nau. (1924) naufraga. 146 147