(Trichoptera:Hydropsychidae) de três estado da

Transcrição

(Trichoptera:Hydropsychidae) de três estado da
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
Divisão do Curso de Entomologia
Taxonomia do gênero Smicridea McLachlan (Trichoptera: Hydropsychidae) de
três estados da Amazônia
Jeyson Lazaro Duque Albino
Manaus - Amazonas
2009
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
Divisão do Curso de Entomologia
Taxonomia do gênero Smicridea McLachlan (Trichoptera: Hydropsychidae) de
três estados da Amazônia
Mestrando: Jeyson Lazaro Duque Albino
Orientadora: Dra. Ana Maria Oliveira Pes
Co-Orientadora: Dra. Neusa Hamada
Dissertação apresentada à Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Biologia
Tropical e Recursos Naturais, do convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Biológicas,
área
de
concentração
em
Entomologia
Manaus – Amazonas
2009
i
Ficha Catalográfica
A336
Albino, Jeyson Lazaro Duque
Taxonomia do gênero Smicridea McLachlan (Trichoptera: Hydropsychidae) de três
estado da Amazônia / Jeyson Lazaro Duque Albino -- Manaus : INPA/UFAM, 2009.
xvi, 83 f. : il. (algumas color.)
Dissertação (mestrado) -- INPA/UFAM, Manaus, 2009.
Orientadora: Dra. Ana Maria Oliveira Pes
Co-orientadora: Dra. Neusa Hamada
Área de concentração: Entomologia
1. Smicridea - Amazônia 2. Smicridea - Taxonomia I. Título
CDD 19ª ed. 595.745
Sinopse:
Estudo taxonômico sobre o gênero Smicridea, baseado em espécimes
coletados nos Estados da Amazonas, Mato Grosso e Roraima, incluindo a
descrição dos estágios de larva, pupa e adulto de oito espécies novas.
Palavras-chave: Insetos aquáticos, adulto, larva, pupa, Mato Grosso,
Roraima, Amazonas.
ii
Dedico essa dissertação aos meus pais, José
Juvêncio Albino e Marilene Duque Albino,
por me tornarem a pessoa que sou e por
todo apoio e incentivo durante toda a
minha vida.
iii
Agradecimentos
Às minhas orientadoras Dra Ana Maria Oliveira Pes e Dra. Neusa Hamada, pela
paciência, orientação, ensinamentos e amizade.
Aos meus pais José Juvêncio Albino e Marilene Duque Albino e meus irmãos por
sempre apoiarem minhas decisões sobre o meu futuro, e também pelo amor que eles sempre
me proporcionaram.
Aos amigos de mestrado (turma 2007) – Alex (negão), Annelise, Camila, Cinthia,
Carlos André (moraguinho malandro), Daniel, Ricardo, Rodrigo, Tiago e Valtedi; a todos as
pessoas que conheci e que de uma forma ou de outra ajudaram na minha adaptação a cidade
de Manaus.
A Maeda, Janaina e Renildo amigos que me receberam em sua casa de braços abertos
nos primeiros meses em Manaus, facilitando a minha mudança de cidade.
A todos do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos aquáticos pelas conversas, as
piadas, as brincadeiras nos tempos vagos. Em especial ao Ulisses pela ajuda nas coletas
realizada na Estação Ecológica de Maracá.
Às meninas da copa pelos cafezinhos e carinho.
À Lenir e Raianni da secretaria do curso de entomologia.
À Dra Beatriz Rochi Teles pela preocupação com o desenvolvimento da dissertação.
Aos amigos de Barra do Garças, que sempre me ligavam para saber como estava.
Aos amigos do Laboratório de Inseto Aquático de Nova Xavantina (Karina, Dennis,
Yulli, Ully, Vanessa, Laura, Daniella, Handerson, Lourivaldo, em especial a Joana, Leandro
Carina e Rafael pela amizade e as idas a campo durante a graduação.
À Dra Helena Soares Ramos Cabette pela amizade, por ter me mostrado o mundo
maravilho dos insetos durante a graduação, pela confiança em minha pessoa e principalmente
por sempre acreditar que eu era capaz principalmente nas horas que eu já não acreditava mais
em mim, a você o meu eterno obrigado.
Ao Dr. Philip M. Fearnside pela tradução do resumo para o inglês.
Aos referis: Dr. Adolfo Ricardo Calor; Dr. Frederico F. Salles, Dra. Gisele L. de
Almeida; Dra. Helena Soares R. Cabette e Dr. Pitágoras Bispo e pelas sugestões.
Ao INPA através da CPEN e DCEN pela infra-estrutura e apoio logístico.
Ao PPBio (especialmente Julio e Fabrício), ao IBAMA de Boa Vista (especialmente
Bruno e Andréia), IBAMA de Balbina (especialmente Caio, Bruno e Paulo) pelo auxilio
financeiro e infra-estrutura para as minhas coletas.
iv
Ao CNPQ pela concessão da bolsa de pós-graduação.
A FAPEAM – CNPq, pelos projetos: Programa Primeiros Projetos – PPP (Taxonomia
e Biologia de Trichoptera (Insecta) na Amazônia Central) e ao Programa de Apoio a Núcleos
de Excelência em Ciências e Tecnologia – Pronex (Insetos Aquáticos: Biodiversidade,
Ferramentas Ambientais e a Popularização da Ciência para Melhoria da Qualidade de Vida
Humana no Estado do Amazonas) pelo financiamento e infra-estrutura do laboratório.
v
A saudade é uma estrada longa
Que começa e não tem mais fim
Suas léguas dão volta ao mundo
Mas não voltam por onde vim
A saudade é um estrada longa
Que começa e não tem mais fim
Cada dia tem mais distâncias
Afastando você de mim
Tantas foram as vezes
Que nos enganamos
Outras vezes nos desencontramos
Sem nem perceber
Mesmo sem razão eu quero lhe dizer
Sem intenção
Ver tudo se perder
Dói tanto, tanto
A saudade é uma estrada longa
Nem é boa, nem é ruim
Vou seguindo sempre adiante
Nunca volto,
Eu sou mesmo assim
A saudade é uma estrada longa
Que hoje passa dentro de mim
Me armei só de esperanças
Mas usei balas de festim
(Almir Sater)
vi
Resumo
O gênero Smicridea McLachlan (Trichoptera: Hydropsychidae) pertence à subfamília
Smicrideinae, cujos adultos são caracterizados pelo seu tamanho pequeno (5 a 10 mm)
comparado com os outros gêneros da família. As asas apresentam coloração preta com bandas
branca, ou amarelo clara com bandas castanho claro e antena nunca ultrapassando o
comprimento do corpo. Apresentam 171 espécies distribuídas em dois subgêneros: Smicridea
(Smicridea), com 107 espécies, e Smicridea (Rhyacophylax), com 64 espécies.
Aproximadamente 13% (n = 22) das espécies desse gênero têm suas larvas conhecidas,
incluindo três espécies que ocorrem na Região Amazônica: Smicridea (Rhyacophylax)
spinulosa Flint, 1972; Smicridea (Smicridea) bivittata (Hagen, 1861) e Smicridea (Smicridea)
truncata Flint 1974. O presente estudo teve como objetivo incrementar o conhecimento
taxonômico sobre o gênero em três estados da Amazônia, através a analise do material
depositado em instituições regionais e coletas realizadas em diversos cursos d`água na
Reserva Biológica do Uatumã (AM) e Estação Ecológica de Maracá (RR), bem como por
meio de associação entre larvas, pupas e adultos e descrição dos estágios imaturos. Foram
examinados exemplares coletados nos Estados do Amazonas, Roraima e Mato Grosso, sendo
identificadas 19 espécies, das quais oitos são novas (Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense
sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) raraimense sp.
nov., Smicridea (Rhyacophylax) dentiserrata sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) bifascia sp.
nov., Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) matogrossense
sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) quadrispinata sp. nov.) e uma, Smicridea (Rhyacophylax)
mesembrina (Návas, 1980) registrada pela primeira vez para o Brasil. Larvas de último
estádio e pupas de três espécies (Smicridea (Smicridea) palifera, Smicridea (Rhyacophylax)
appendiculata e Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov. foram descritas também. Larvas
de cinco espécies foram morfotipadas.
vii
Abstract
The genus Smicridea McLachlan belongs to the subfamily Smicrideinae, the adults of which
are characterized by their small size (5 to 10 mm) compared to other genera in the family
Hydropsychidae. The wings are black with white bands or light yellow with light brown
bands, and the antenna never surpasses the length of the body. The genus Smicridea contains
171 species distributed in two subgenera: Smicridea (Smicridea), with 107 species, and
Smicridea (Rhyacophylax), with 64 species. Considering all 171 species, 22 associations are
known between adults and the corresponding immature stages. Three of these 22 species
occur in the Amazon region: Smicridea (Rhyacophylax) spinulosa Flint, 1972b; Smicridea
(Smicridea) bivittata (Hagen 1861) and Smicridea (Smicridea) truncata Flint 1974 (Pes et al.,
2008). The present study was undertaken to contribute to taxonomic knowledge of the genus
Smicridea in three states of the Amazon, through the analysis of material deposited in regional
institutions and collections held in various courses d `Water in Biological Reserve of Uatumã
(AM) and the Ecological Station of Maracá (RR) and by association between larvae, pupae
and adults and description of immature stages. We examined specimens collected in the states
of Amazonas, Roraima and Mato Grosso, and identified 19 species, of which eight are new
(Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov.,
Smicridea (Rhyacophylax) raraimense sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) dentiserrata sp.
nov., Smicridea (Rhyacophylax) bifascia sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp.
nov., Smicridea (Rhyacophylax) matogrossense sp. nov., Smicridea (Rhyacophylax)
quadrispinata sp. nov.) and a Smicridea (Rhyacophylax) mesembrina (Návas, 1980) recorded
for the first time for Brazil. Final stage of larvae and pupae of three species (Smicridea
(Smicridea)
palifera,
Smicridea
(Rhyacophylax)
appendiculata
and
Smicridea
(Rhyacophylax) helenae sp. Nov. were also described. Five species of larval morphotypes.
viii
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................... 1
1.1. Geral .................................................................................................................................... 1
1.2. Características taxonômicas ................................................................................................ 2
1.3. Distribuição geográfica ....................................................................................................... 4
2. Justificativa ............................................................................................................................. 8
3. Objetivos................................................................................................................................. 8
3.1. Objetivo Geral ..................................................................................................................... 8
3.2. Específicos: .......................................................................................................................... 8
4. Material e Métodos. ................................................................................................................ 9
4.1. Área de estudo ..................................................................................................................... 9
4.2. Procedimentos de Coleta e identificação do material ........................................................ 13
4.2.1. Coleta e identificação de larvas e pupas ......................................................................... 13
4.2.2. Coleta e descrição de adultos.......................................................................................... 13
4.2.3. Obtenção de imagens digitais e elaboração de desenhos ............................................... 14
5. Resultados e Discussão......................................................................................................... 18
5.1. Subgênero Smicridea (Smicridea) ..................................................................................... 20
5.1.1. Smicridea (Smicridea) bivittata (Hagen)........................................................................ 20
5.1.2. Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981 .................................................................... 22
5.1.3. Smicridea (Smicridea) obliqua Flint, 1974 .................................................................... 28
5.1.4. Smicridea (Smicridea) sexspinosa Flint, 1978 ............................................................... 29
5.1.5. Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974 ................................................................... 31
5.2. Subgênero Smicridea (Rhyacophylax) .............................................................................. 32
5.2.1. Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972 ................................................... 32
5.2.2. Smicridea (Rhyacophylax) caligata Flint, 1974 ............................................................. 38
5.2.3. Smicridea (Rhyacophylax) coronata Flint, 1980............................................................ 39
5.2.4. Smicridea (Rhyacophylax) ephippifer Flint, 1978.......................................................... 41
5.2.5. Smicridea (Rhyacophylax) gladiator Flint, 1978 ........................................................... 43
5.2.6. Smicridea (Rhyacophylax) mesembrina (Navás, 1918) ................................................. 45
5.2.7. Smicridea (Rhyacophylax) dentiserrata sp. nov. ........................................................... 46
5.2.8. Smicridea (Rhyacophylax) bifascia sp. nov. .................................................................. 48
5.2.9. Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense sp. nov. ........................................................... 50
5.2.10. Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov.................................................................. 52
5.2.11. Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov. ..................................................................... 58
5.2.12. Smicridea (Rhyacophylax) quadrispinata sp.nov......................................................... 60
5.2.14. Smicridea (Rhyacophylax) roraimense sp. nov. ........................................................... 63
5.3. Descrição dos morfótipos de larvas de último estádio de Smicridea (Trichoptera:
Hydropsychidae) não associadas a adultos, na área de estudo. .................................. 65
5.3.1. Smicridea (Rhyacophylax) sp. 2 ..................................................................................... 65
ix
5.3.2. Smicridea (Rhyacophylax) sp. 5 ..................................................................................... 68
5.3.3. Smicridea (Smicridea) sp. 3 ........................................................................................... 70
5.3.4. Smicridea (Smicridea) sp. 6 ........................................................................................... 72
5.3.5. Smicridea (Smicridea) sp. 8 ........................................................................................... 75
6. Conclusões ............................................................................................................................ 78
7. Referência Bibliográfica ....................................................................................................... 79
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Venação das asas dos subgêneros de Smicridea. a) Asas de Smicridea (Smicridea)
fasciatella McLachlan, b) asa de Smicridea (Ryacophylax) signata (Banks) (Fonte:
Flint, 1974b)..................................................................................................................3
Figura 2. Abdome de S. (Smicridea) mostrando os dois pares de glândulas de feromônio, vista
ventral .......................................................................................................................... 3
Figura 3. Mapa com distribuição dos 45 pontos amostrados (Fonte: Google Earth, 2009). .... 9
Figuras 4 a – h. Larva de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974 (Trichoptera:
Hydropschidae: a) larva, vista lateral (escala = 1,0 mm); b) cabeça, vista dorsal; c)
cabeça, vista ventral; d) labro, vista dorsal; e) mandíbula, vista dorsal; f – h) placas
do pronoto, mesanoto, metanoto, vista dorsal i) segmento abdominal VIII, IX, vista
ventral; seta A indicando brânquias abdominais, seta B indicando esclerito do
segmento
VIII.
(Fonte:
Pes
et
al.,
2008)...........................................................................................................................15
Figuras 5 a – e. Pupa de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) Vista dorsal da pupa; b) labro, vista dorsal; c) mandíbula, vista
dorsal; d) processo apical; e) placas abdominais da pupa, vista dorsal; 2 - 8 =
segmentos abdominais numerados, a = anterior, p = posterior (Fonte: Pes, et al.,
2008)........................................................................................................................... 16
Figuras 6 a – e: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) annulicornis Blanchard (1851)
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) vista lateral (A - IX segmento abdominal, B - X
segmento abdominal, C - clasper ou apêndice inferior, D - falo ou edeago); b) vista
dorsal, lado direito; c) falo ou edeago em vista lateral; d) falo em vista dorsal; e) falo
em vista ventral (Fonte: Flint, 1989)...................................................………………17
Figura 7. Esquema com os táxons de Smicridea coletados nos estados do Amazonas (AM),
Mato Grosso (MT) e Roraima (RR). ......................................................................... 19
Figuras 8 a - d: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) bivittata (Hangen, 1861)
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália vista lateral; b) genitália vista dorsal; c)
falo em vista lateral, IX - nono segmento, X - décimo segmento, d) falo em vista
dorsal (Fonte: Flint, 1974b). ....................................................................................... 21
xi
Figuras 9a - c: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, em vista lateral, (Fonte: Flint, 1981). ................................................................. 23
Figuras 10a - i: Larva de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) vista lateral do corpo; b) cabeça, vista dorsal, c) cabeça, vista
lateral, d) detalhe da estrutura de estridulação, vista lateral, e) mandíbulas, vista
dorsal, f) labro, vista dorsal; g) tórax, vista dorsal; h) cerdas do abdome, vista lateral;
i) esclerito ventral do 8o segmento abdominal; seta A indicando esclerito do
segmento VIII, B indicado a cerdas do abdome...…………………………..............26
Figuras 11a - e: Pupa de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista
dorsal; d) segmento abdominal IX, vista dorsal; e) placas em forma de gancho da
pupa (vista do lado direito: 2–8 = número dos segmentos abdominais, a = anterior, p
= posterior). ................................................................................................................ 27
Figuras 12a – c: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) obliqua Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista lateral (Fonte: Flint, 1974). ........................................................................ 29
Figuras 13a – c: genitália do macho de Smicridea (Smicridea) sexspinosa Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) falo, vista dorsal; c)
genitália, vista dorsal (Fonte: Flint, 1978). ................................................................ 30
Figuras 14a - c. Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) falo, vista dorsal; c)
genitália, vista dorsal. Fonte: Flint (1974). ............................................................... 32
Figuras 15a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal (fonte: Flint, 1978); d) falo, vista dorsal, seta indicando região
bulbosa........................................................................................................................ 33
Figuras 16a – i: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) larva, vista lateral; b) cabeça, vista dorsal, c) lateral, d) ventral,
com detalhe da estrutura de estridulação; e) labro; f) mandíbulas; g) cabeça e tórax,
vista dorsal; h) cerdas do abdome; i) esclerito ventral do segmento abdominal VIII;
seta A indicado a cerdas do abdome, B indicando esclerito do segmento VIII. ....... 36
xii
Figuras 17a – e: Pupa de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista
dorsal; d) segmento abdominal IX, vista dorsal; e- placas em forma de gancho da
pupa (vista do lado direito: 2–8 = número do segmento abdominal, a = anterior, p =
posterior). .................................................................................................................. 37
Figuras 18 a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) caligata Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a)- genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal;
c) falo, vista, lateral; d) falo, vista dorsal (Fonte: Flint, 1978). ................................. 39
Figuras 19a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) coronata Flint, 1980
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal; d) falo, vista lateral (Figs. 19c, d, fonte: Sganga e Angrisano,
2005)........................................................................................................................... 41
Figuras 20a – c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) ephippefer Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal (fonte: Flint, 1978). ........................................................................ 42
Figuras 21a - c. Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) gladiator Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista dorsal; b) genitália, vista lateral; c)
falo, vista dorsal (fonte: Flint, 1978). ........................................................................ 44
Figuras 22a – c: Genitália do macho de Smicridea (Ryacophylax) mesembrina Navas, 1918
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal (fonte: Flint, 1982). ........................................................................ 46
Figuras 23a – c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) dentiserrata sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo,
vista
dorsal.
Escala
0,05mm.......................................................................................................................48
Figuras 24a – e: Genitália do macho de S. (Rhyacophylax) bifascia sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo retraído,
vista lateral; d) falo expandido, vista lateral; d) falo expandido, vista dorsal. Escala
0,1mm. ........................................................................................................................ 50
xiii
Figuras 25a- d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b)genitália, vista dorsal; c)
falo retraído, vista dorsal, d) falo expandido, vista dorsal. Escala 0,05mm. ....... ......52
Figuras 26a – c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo vista lateral. Escala 0,05mm................................................................................ 53
Figuras 27a - j: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) larva, vista lateral; b – e) cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e
detalhe da estrutura de estridulação; f) labro; g) mandíbula; h) tórax e cabeça, vista
dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral do segmento abdominal VIII, seta A
indicado a cerdas do abdome, seta B indicando esclerito do segmento VIII. ........... 55
Figuras 28a – e: Pupa de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista
dorsal; d) segmento abdominal IX, vista dorsal; e- placas em forma de gancho da
pupa, 2 – 8 = número dos segmentos abdominais, a = anterior, p = posterior. .......... 56
Figuras 29a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo, vista
dorsal, d) falo, vista ventral. Escala 0,05mm. ........................................................... 59
Figuras 30a – b: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) quadrispinata sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal.
Escala 0,05mm. ......................................................................................................... 61
Figuras 31a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) matogrossense sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal, d) falo, vista ventral. Escala 0,05mm. .......................................... 63
Figuras 32a - b. Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) raraimense sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c)
falo, vista dorsal. Escala 0,1mm.. ............................................................................... 64
Figuras 33 a - j: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) sp. 2. a) larva, vista lateral; b – e)
cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral
xiv
do segmento abdominal VIII; seta A indicado a cerdas do abdome, B indicando
esclerito do segmento VIII. ....................................................................................... 67
Figuras 34 a - i: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) sp. 5: a) larva, vista lateral; b – e)
cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) cerdas do abdome, vista lateral; i) esclerito ventral do segmento
abdominal VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do
abdome. ..................................................................................................................... 69
Figuras 35 a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 3: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral
do segmento abdominal VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B
indicado a cerdas do abdome. .................................................................................... 71
Figuras 36a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 6: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral
do segmento abdominal VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B
indicado a cerdas do abdome...................................................................................... 74
Figuras 37 a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 8: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral
do segmento abdominal VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B
indicado a cerdas do abdome...................................................................................... 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Espécies de Smicridea previamente registradas para a Região Amazônica. .............. 7
Tabela 2. Relação de locais, nome e número, município e coordenadas geográficas dos pontos
de coleta e números das espécies coletadas Smicridea. ............................................. 10
xv
PREFÁCIO
O nome atribuído às novas espécies de Smicridea McLachlan (1871) descritas neste
trabalho não é valido, de acordo com o Artigo 8 do Código Internacional de Nomenclatura
Zoológica (1999).
xvi
1. Introdução
1.1. Geral
Os Trichoptera são insetos holometábolos que surgiram no Triássico (há
aproximadamente 205 milhões anos), ancestral terrestre denominado Amphiesmenoptera.
Apresentam ampla distribuição mundial e apenas não ocorrem na Antártica (Wiggins, 2004).
As larvas são geralmente aquáticas, com formato eruciforme, cabeça e pernas
torácicas bem desenvolvidas e um par de apêndices com ganchos na parte posterior do
abdome, os segmentos abdominais podem apresentar brânquias filamentosas (Angrisano,
1998). Todas as larvas secretam seda pelas glândulas labiais (Angrisano, 1995), que em
termos evolutivos é o principal fator da grande diversidade do grupo (Wiggins e Mackay,
1978). Essa secreção é utilizada na construção de abrigos e redes de captura de alimentos,
abrigos que são extremamente importantes na respiração e proteção contra predadores
(Wiggins, 1996).
As larvas de Trichoptera são encontradas em vários tipos de habitats, embora a
diversidade de espécies seja maior em ambientes lóticos e preferencialmente com
características ritrais, muitas espécies habitam ambientes lênticos como lagos e lagoas, além
de habitats especializados tais como córregos intermitentes, pântanos e áreas inundadas
(Wiggins, 1996).
As pupas em seus estágios avançados de desenvolvimento são muito semelhantes aos
adultos, porém apresentam mandíbulas bem desenvolvidas e esclerotinizadas, que servem
para cortar o casulo pupal, asas compactas retraídas em estojos alares, ganchos e escleritos na
parte dorsal do abdome, um par de processos anais e fileiras de cerdas no tarso, utilizadas para
natação na ocasião da emergência dos adultos. Os locais escolhidos para empupar são
usualmente bem protegidos da correnteza dos cursos d’ água. Um casulo é construído pela
larva onde o processo de metamorfose se completa (Holzenthal et al., 2007; Wiggins, 1996).
Os adultos são, geralmente, pequenos e semelhantes a mariposas, com os dois pares de
asas recobertos por cerdas ou escamas (Ward, 1992). As mandíbulas dos adultos são
reduzidas, mas os palpos maxilares e labiais são bem desenvolvidos. Eles se alimentam
principalmente de néctar, por isso, podem ser importantes na polinização de plantas na Região
Neotropical (Flint et al., 1999).
Os Trichoptera assumem um lugar de destaque entre os organismos aquáticos, sendo
que seus estágios imaturos representam importante elo na cadeia trófica (Angrisano, 1995;
1
Wiggins, 2004). É o grupo de inseto aquático mais diversificado do ponto de vista funcional
(Oliveira e Froehlich, 1997), sendo que todas as categorias funcionais alimentares propostas
por Merritt e Cummins (2007) estão representadas nesta ordem (fragmentadores, raspadores,
coletores, filtradores, sugadores herbívoros e predadores).
1.2. Características taxonômicas
A família Hydropsychidae é taxonomicamente diversa e cosmopolita. Os adultos são
de tamanho médio a grande (5 a 30 mm) (Flint et al., 1999).
Os adultos são caracterizados pela ausência de ocelos, com palpos maxilares pentasegmentados, sendo o quinto segmento muito longo, fino e com estrias transversais (exceto,
Synoestropsis que é atrofiado), mesoescuto e mesoescutelo sem verrugas, mas podem
apresentar manchas, cerdas e escamas coloridas. O padrão de coloração pode variar em cada
gênero. As antenas podem ultrapassar o comprimento do corpo, mas em alguns gêneros são
menores que o comprimento das asas anteriores (Flint et al., 1999).
As larvas são caracterizadas por possuírem dorso do tórax recoberto por três placas
inteiras esclerotinizadas; abdome com brânquias ventro-laterais; garra da falsa perna anal com
tufo de cerdas longas.
A família Hydropsychidae divide-se em cinco subfamílias: Arctopsychinae,
Diplectroninae, Hydropsychinae, Macronematinae e Smicrideinae (Flint et al., 1999),
somente as duas últimas subfamílias são registradas para a região Neotropical (Holzenthal et
al., 2007).
O gênero Smicridea McLachlan (1871) pertence à subfamília Smicrideinae, os adultos
são caracterizados pelo seu tamanho pequeno (5 a 10 mm) comparado com outros gêneros da
família. As asas apresentam coloração preta com bandas brancas, ou amarelo claro com
bandas castanho claro e as antenas nunca ultrapassam o comprimento do corpo (Flint, 1999).
Esse gênero está dividido em dois subgêneros: Smicridea (Smicridea) McLachlan e Smicridea
(Rhyacophylax) Müler.
Segundo Flint (1974b), os adultos de ambos os subgêneros podem ser diferenciados
por meio da venação da asa posterior. O subgênero S. (Smicridea) tem a porção basal do
sistema radio-mediano bem separado da Cu1 (Fig. 1a) e no subgênero S. (Rhyacophylax) a asa
posterior tem a porção basal do sistema radio-mediano próximo a Cu1 (Fig. 1b). A fórmula de
esporão tibial é 1-4-4 em S. (Smicridea) e 1-4-2 em S. (Rhyacophylax) apenas nos machos, e
2
por S. (Smicridea) apresentar dois pares de glândulas abdominais de feromônio reversíveis
(Fig. 2).
Figura 1: Venação das asas dos subgêneros de Smicridea. a) Asas de Smicridea (Smicridea)
fasciatella McLachlan, b) asa de Smicridea (Ryacophylax) signata (Banks) (Fonte: Flint,
1974b).
Figura 2. Abdome de S. (Smicridea) sexpinosa mostrando os dois pares de glândulas de
feromônio, vista ventral.
3
Nos machos de ambos os subgêneros, o segmento abdominal IX (Fig. 6a - A)
apresenta a região ventral reduzida de onde se projetam os apêndices inferiores ou clasper bisegmentados, e o falo ou edeago; o segmento X (Fig.6a - B) está reduzido ao tergo que
apresenta diversos graus de esclerotinização. O falo difere muito entre as espécies, pode ser
um tubo simples e anguloso, podendo apresentar espinhos, lóbulos, placas e escleritos
internos de diferentes formas, com uma grande variedade de espinhos e projeções (Figs. 6c –
d) (Sganga e Angrisano, 2005).
Nas fêmeas, a forma do esternito VIII é variada, igual às estruturas dos receptáculos
inferiores (inseridas nas regiões lateral-dorsal do segmento IX) e o segmento X o qual tem
três protuberâncias. Os escleritos da vagina estão localizados no segmento VIII (Sganga e
Angrisano, 2005).
As larvas de Smicridea constroem abrigos de fragmentos vegetais podendo agregar
areia e outros materiais, vivem em locais de água corrente, sobre rochas, folhas ou na
vegetação pendente na água. Pes (2005) observou que espécies do gênero Smicridea possuem
preferência por locais com água corrente, substrato rochoso e folhiço e locais abertos com
maior incidência solar. Esse fato pode ser explicado pelo hábito alimentar da maioria dos
Hydropsychidae, filtrador-coletor (Merritt e Cummins, 1996), se alimentando principalmente
de diatomáceas e algas verdes (Oliveira e Froehlich, 1996; Pes et al., 2008).
As larvas caracterizam-se por apresentar brânquias abdominais ventrais e ventrolaterais, sem haste central, bifurcando-se na base, com poucos filamentos grossos, distribuídos
de maneira não uniforme (Fig. 4a - A). O subgênero S. (Rhyacophylax) apresenta o esclerito
ventral do segmento abdominal VIII com duas placas, enquanto que no subgênero S.
(Smicridea) o esclerito ventral do segmento abdominal VIII é composto por uma única placa
(Fig. 4h - B) (Pes et al., 2005).
1.3. Distribuição geográfica
A fauna de Trichoptera Neotropical é dividida em dois elementos distintos, a fauna
Chilena e a Brasileira (Flint et al., 1999). A Chilena é relacionada com a fauna da Austrália e
Nova Zelândia, se distribui a partir do vale do Rio Negro, tributário do Rio Neuquén (Flint,
1983) até a região sul do Chile e Argentina. A fauna Brasileira ocorre do sul do México,
América Central, Antilhas, e toda região tropical e subtropical da América do Sul (Flint et al.,
1999).
4
Cerca de 13.000 espécies são conhecidas para o mundo, mas há indicações de que esse
número seja muito maior com uma estimativa de mais de 50.000 espécies (Flint et al., 1999;
Morse, 2009). Na Região Neotropical foram registradas 2.196 espécies (Flint et al., 1999),
mas a tendência é que esse número aumente, uma vez que diversos grupos de pesquisadores
na Região Neotropical (Johanson e Malm, 2006; Phather,2003, 2004; Robertson e Holzenthal,
2005, 2006; Wasmund e Holzenthal, 2007) no Brasil (Almeida e Flint, 2002; Calor et al.
2006; Holzenthal e Almeida, 2003; Holzenthal e Pes, 2004; Huamantinco e Nessimian,
2004a e 2004b, 2005; Pes e Hamada, 2003 e 2004; Pes et al., 2005) e outros países da
América Latina apenas recentemente começaram a trabalhar com esse grupo de insetos
(Angrisano e Burgos, 2002; Blahnik, 2002; Bueno-Soria e Holzenthal, 2003; Holzenthal e
Blahnik, 2006; Johanson e Holzentahal, 2004; Paprocki et al. 2003; Rueda Martín, 2005,
2006; Sganga, 2005; Sganga e Angrisano, 2005).
Até 2003 eram registradas 378 espécies de Trichoptera para o Brasil, pertencentes a 61
gêneros e 16 famílias. As famílias mais diversas são: Hydropsychidae com 107 espécies,
Hydroptilidae com 50, Polycentropodidae com 46 e Philopotamidae com 41 (Paprocki et al.,
2004).
A subfamília Smicrideinae é encontrada na região norte e sudoeste dos Estados
Unidos, na região Neotropical, Austrália e Tasmânia. Smicridea é o único gênero pertencente
a essa subfamília encontrado na Região Neotropical, onde é muito diverso e abundante.
Espécies que ocorrem na Austrália e Tasmânia foram transferidas para os gêneros Asmicridea
e Smicrophylax (Flint et al.,1999).
O gênero Smicridea apresenta 171 espécies distribuídas em dois subgêneros:
Smicridea (Smicridea) com 107 espécies, e Smicridea (Rhyacophylax) com 64 espécies
(Almeida e Flint, 2002; Flint et al., 1999; Flint e Sykora, 2004; Morse, 2009). No Brasil são
registradas 40 espécies do gênero, 20 ocorrem na Região Amazônica, sendo 13 espécies de
Smicridea (Rhyacophylax), e sete de Smicridea (Smicridea) (Flint, 1978). Dessas 20 espécies,
14 têm registro somente para a Região Amazônica, cinco são registradas da Amazônia
Brasileira até a Argentina, menos para as regiões Centro-Oeste e Nordeste e uma (S.
(Smicridea) bivittata Hagen, 1861) tem distribuição do México ao estado de Minas Gerais
(Flint, 1999; Paprocki et al., 2004) (Tabela I).
Das 171 espécies do gênero, 22 têm seus estágios imaturos conhecidos, sendo que três
ocorrem na Região Amazônica: (S. (R.) spinulosa Flint, 1972b; S (S.) bivittata (sensu Flint,
1974a) e S. (S.) truncata Flint 1974 (Pes et al., 2008).
5
Pes (2001, 2005) encontrou 11 morfótipos de larvas de Smicridea, coletados nos
municípios de Manaus (Reserva Florestal Adolpho Ducke, Reservas do Projeto Dinâmica
Biológica de Fragmentos Florestais - PDBFF) e igarapés do município de Presidente
Figueiredo. Desse total, apenas uma um morfótipo foi associado com adultos, de S. (S.)
truncata Flint (Pes et al., 2008), enquanto que os demais morfótipos precisam ser criados ou
associados por meio da técnica do metamorfótipo (Milne, 1938).
6
Tabela 1. Espécies de Smicridea previamente registradas para Região Amazônica.
Espécie
Local
Referência
S. (R.) abrupta Flint, 1974
Suriname, Brasil: AM, MT, RR
Flint, 1978
S. (R.) appendiculata Flint, Argentina, Brasil: AM, MG
Flint, 1978
1972
S. (R.) caligata Flint, 1974
S.
(R.)
columbiana
Suriname, Brasil: AM
Flint, 1978
(Ulmer Colômbia, Suriname, Venezuela,
Flint, 1978
1905)
Brasil: AM, RR
S. (R.) ephippifer Flint, 1978
Brasil: PA
Flint, 1978
S. (R.) gladiator Flint, 1978
Brasil: AM
Flint, 1978
S. (R.) marlieri Flint, 1974
Venezuela, Brasil: AM, PA
Flint, 1978
S. (R.) maruá Flint, 1974
Brasil: AM
Flint, 1978
S. (R.) pseudolobata Flint, 1978
Suriname, Brasil: AM
Flint, 1978
S. (R.) scutellaris Flint, 1974
Suriname, Brasil: AM, MG, PA, Flint, 1978
RR
S. (R.) spinulosa Flint, 1972
Argentina, Brasil: AM, PA, PR, Flint, 1972
SC, SP
S. (R.) vermiculata Flint, 1978
Argentina, Paraguai, Brasil: MG, Flint, 1978
PA, PR, SC
S. (R.) vilela Flint, 1978
Argentina, Brasil: AM, PA
Flint, 1978
S. (R.) voluta Flint 1978
Argentina, Peru, Brasil: AM, PA
Flint, 1978
S. (S.) aequalis Banks 1920
Suriname, Guiana, Brasil: PA
Flint, 1978
S. (S.) bivittata (Hagen 1861)
Costa Rica, Equador, El Salvador, Flint et al., 1999
Guatemala,
Honduras,
México,
Panamá, Peru, Suriname, Tobago,
Trinidade, Venezuela, Brasil: PA,
MG
S. (S.) obliqua Ulmer 1905
Suriname, Brasil: AM
Flint et al.,1999
S. (S.) palifera Flint 1981
Venezuela, Brasil: RR, RJ
Flint, 1991(1992)
S. (S.) reinerte Flint, 1978
Brasil: PA
Flint, 1978
S. (S.) sexspinosa Flint, 1978
Brasil: AM
Flint, 1978
S. (S.) truncata Flint, 1974
Suriname, Brasil: AM, PA
Flint, 1978, Pes et al.,
2008
AM = Amazonas; MG = Minas Gerais; MT = Mato Grosso; PA = Pará; PR = Paraná; RJ = Rio de
Janeiro; RR = Roraima; SC = Santa Catarina; SP = São Paulo.
7
2. Justificativa
Este estudo está inserido no Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), que
tem como proposta estudar a biodiversidade brasileira, de forma sistematizada e padronizada
a fim de promover a interação de dados e disponibilizar os mesmos em rede (PPBio, 2007).
A maioria das espécies de Trichoptera registradas na região foi descrita com base nos
adultos. Dessa forma, os imaturos e sua biologia são quase que desconhecidos e as chaves de
identificação disponíveis são a níveis de gêneros (Angrisano, 1995; Pes et al. 2005, Wiggins,
1996). Flint (1981) estimou que somente um terço das espécies de Trichoptera da sub-região
Brasileira foi descrito, e que é quase impossível identificar os estágios imaturos pela falta de
estudos nesta área. Só 22 das 172 espécies descritas do gênero Smicridea possuem larva e
pupa descritas, apenas três destas, no Brasil: Smicridea (S.) bivittata (Hagen) (Flint et al.,
1999, Almeida e Flint, 2003; Paprocki et al., 2004), S. (S.) truncata Flint (Pes et al., 2008) e
S. (S.) spinulosa Flint, 1972 (Marinoni e Almeida, 2000; Blahnik et al., 2004). Pes (2001,
2005) encontrou sete morfótipos de S. (Smicridea) e quatro de S. (Rhyacophylax) em igarapés
da Amazônia Brasileira, o que indica a importância de realizar associação entre adultos e os
estágios imaturos para incrementar a taxonomia de Trichoptera na região Neotropical.
3. Objetivos
3.1. Objetivo Geral
Contribuir com o conhecimento taxonômico sobre o gênero Smicridea (Trichoptera,
Hydropsychidae) em três estados da Amazônia brasileira.
3.2. Específicos:
- Descrever as larvas de último estádio e pupas de espécies de Smicridea coletadas na
área de estudo.
- Descrever espécies novas de Smicridea, a partir de larvas, pupas e adultos coletados
nas áreas de estudo.
8
4. Material e Métodos.
4.1. Área de estudo
Neste trabalho foi analisado material de 46 cursos d’água pertencentes a três estados da
Amazônia (Tabela 2). Parte deste material estava depositado no Laboratório de
Citotaxonomia e Insetos Aquáticos do INPA, e na Coleção Zoobotânica “James Alexander
Ratter” da Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Nova Xavantina.
Os demais exemplares foram adquiridos por coletas realizadas em diversos cursos d’água
localizado na Reserva Biológica do Uatumã, no município de Presidente Figueiredo, AM, e
na Estação Ecológica de Maracá, município de Amajari, RR (Figura 3, Tabela 2).
Figura 3. Mapa com distribuição dos 45 pontos amostrados. Fonte: adaptado de Google Earth,
2009.
9
Tabela 2. Relação de locais, nome e número, município e coordenadas geográficas dos
pontos de coleta e números das espécies coletadas de Smicridea.
N º Localização
Coordenadas geográficas
Espécies
Coletores
14º 59' 18" S
52º 27' 30" W
3
HRSC
15º 01' 32”S
52º 26' 29"W
1, 4, 5, 7, 12,
13, 14,
HRSC
1
BRASIL, Mato Grosso, Nova
Xavantina, Córrego da Mata 2ª ordem
2
BRASIL, Mato Grosso, Nova
Xavantina, Córrego da Mata 4ª ordem
3
BRASIL, Mato Grosso, Barra do
Garças, Rio Pindaíba 6ª ordem
14º 54' 10”S
52º 00' 21”W
15, 17, 18
4, 12, 13, 15
HRSC
4
BRASIL, Mato Grosso, Barra do
Garças, Córrego Taquaral 4ª ordem
15º 38' 53”S
52º 12' 53”W
13,
HRSC
5
BRASIL, Mato Grosso, Nova
Xavantina, Campus Unemat
14º 41' 54”S
52º21'04”W
15, 16, 17
HRSC
6
Fazenda Ellus, Rio Araguaia Cocalinho
13º00'29.2”S
50º35'46.8”W
1, 15
HRSC
7
BRASIL, Mato Grosso, Cocalinho,
Fazenda Ellus, Lagoão
13º00'25.0”S
50º35'48.0”W
1, 15
HRSC
BRASIL, Mato Grosso, Cocalinho,
Fazenda Tracajá, Corixo Sta Cruz
13º05'07.0” S 51º05'53.4”W
1, 15
HRSC
8
9
BRASIL, Mato Grosso, Nova
Xavantina, Sitio São João
14o41’35”S
52o25’24”W
1, 15
JDB
10
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo Canoas
01°49'51”S
60°04'15”W
8
AMOP
02°00'52”S
60°01'43”W
6, 16,
11
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Balneário do Sossego, da
Pantera, Igarapé da Onça
AMOP,
NH, CASA,
02°01'06”S
59°49'27”W
6, 8
AMOP
12
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, igarapé do Sr. José,
ramal/km 24
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, Cachoeira do Banho,
acampamento 1 BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 1
1°48'66”S
59°15'77”W
3
01o48'43"S
059o15'43”W
20, 23
JLDA
01o49'42"S
059o15'83”W
20, 23
JLDA
15
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 2
16
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 3
01o48'54"S
059o15'93”W
23
JLDA
13
14
Continua...
Continuação...
10
Continuação...
BRASIL, Amazonas, Presidente
17 Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 4
01o49'19"S
059o15'87”W
20, 22, 23
JLDA
01o48'041"S
059015'94”W
23
JLDA
18
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 5
01048'68"S
059o15'33”W
23
JLDA
19
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 6
20
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, igarapé 7
01o49'12"S
059o15'31”W
23
JLDA
01o47'78"S
059o15'39”W
22, 23
JLDA
21
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 8
01o48'58"S
059o15'33”W
23
JLDA
22
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 9
Reserva Biológica do Uatumã,
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, igarapé 11
1°48'56"S
59°15'24”W
23
JLDA
23
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 12
01°47'19"S
059°15'97”W
23
JLDA
24
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 13
01°47'13"S
059°15'97”W
23
JLDA
25
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 15
01°48'50"S
059°16'21”W
23
JLDA
26
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 16
01°47'86"S
059°14'79”W
23
JLDA
27
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 17
01°47'37"S
059°14'99”W
23
JLDA
28
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 18
1°48'30"S
59°15'77”W
23
JLDA
29
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 19
01°47'57"S
059°16'16”W
23
JLDA
BRASIL, Amazonas, Presidente
Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 20
01°47'49"S
059°15'57”W
23
JLDA
31
33
BRASIL, Roraima, Pacaraima, igarapé
afluente do Samã
04o27’52”N
61o 08’37”W
10
NH
30
Continua...
Continuação...
11
Continuação...
01º55’42”N
61º00’09”W
1*, 15*, 19, 21
34
BRASIL, Rorima, Caracaraí , Rio
Branco, Cachoeira do Bem Querer
Caracaraí
AMOP,
CASA
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 1
3°36'49”N
61°45'00”W
2, 9
35
AMOP,
JLDA,
UGN
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 2
3°36'88”N
61°47'42”W
2, 9*, 24
36
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 3
3°39'00”N
61°47'02”W
9**, 24
37
3°39'90”N
61°46'09”W
2, 9*
38
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 4
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 5
3°39'08”N
61°48'03”W
9**, 24
39
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 6
3°39'08”N
61°48'02”W
9**, 24
40
41
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 7
3°39'00”N
61°47'00”W
9**, 24
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 8
3°40'54”N
61°44'45”W
9**, 24
42
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 9
3°37'57”N
61°44'41”W
9**
43
44
BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação
Ecológica de Maracá, igarapé 10
3°37'29”N
61°48'34”W
9**, 24
BRASIL, Roraima, Pacaraima, igarapé
Sargento Ávila
BRASIL, Roraima, Caracaraí, Parque
Nacional do Viruá
4o44’53”N
61o12’43”W
2
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
AMOP,
JLDA,
UGN
NH, FFS
1o27’33”N
61o00’35”W
11
CASA, NH
45
46
, 24
Espécies 1 = Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata; 2=S. (S.) bivittata; 3 = S. (R.) caligata; 4 =
S. (R.) coronata;5 = S. (R.) ephippefer; 6 = S. (R.) gladiator;7 = S. (R.) mesembrina;8 = S.(S.)
obliqua; 9 = S. (S.) palifera;10 = S. (S.) sexspinosa;11 = S.(S.) truncata;12 = S. (R.) dentisserrata sp.
n.;13 = S. (R.) bifascia sp. n. ; 14 = S. (R.) araguaiense sp. n. ;15 = S. (R.)helenae sp. n.; 16 =
S.(R.)flinti sp. n.; 17 = S. (R.) quadrispinata sp. n.; 18 = S. (R.) matogrossense sp. n.; 19 = S. (R.)
raraimense sp. n. 8; 20 = Smicridea (R.)sp. 2; 21 = Smicridea (R.) sp. 5; 22 = Smicridea (S.) sp. 3; 23
= Smicridea (S.) sp. 6; 24 = S. (S.) sp. 8; * = adulto e larva; ** = larva.
Coletores AMOP = Ana Maria Oliveira Pes; CASA= Carlos Augusto Silva Azevedo; FFS =
Frederico Falcão Salles; HSRC = Helena Soares Ramos Cabette; JDB = Joana Darc Batista JLDA =
Jeyson Lazaro Duque Albino; NH = Neusa Hamada; UGN = Ullises Gaspar Neiss.
12
4.2. Procedimentos de Coleta e identificação do material
4.2.1. Coleta e identificação de larvas e pupas
Para realizar associação entre larvas, pupas e adultos de Smicridea e, posterior
descrição desses estágios imaturos, foram realizadas coletas em diferentes tipos de substratos,
em diversos igarapés. Material coletado e armazenado no laboratório de Citotaxonomia e
Insetos Aquáticos da CPEN (INPA, Manaus, AM) e na Coleção Zoobotânica James
Alexandre Ratter - Coleção Zoológica de Nova Xavantina (CZNX) - UNEMAT.
As coletas na Estação Ecológica de Maracá foram realizadas em 10 igarapés, no mês
de setembro de 2007, e na Rebio Uatumã em 20 igarapés de fevereiro a março de 2008.
Foram realizadas coletas intensivas, utilizando rede entomológica aquática em D ou rapiché,
em todos os substratos como pedras soltas, raízes, folhiço e vegetação pendente na água para
obtenção de larva e pupas com adulto farado (adulto já formado dentro da pupa) de
Trichoptera, para a identificação taxonômica.
O material coletado foi pré-triado no próprio local, as larvas foram armazenas em
álcool a 80%, as pupas acondicionadas em frascos com água e substrato do próprio local para
a obtenção do adulto, após a emergência, para realizar a associação. Após a emergência do
adulto ou morte da pupa, os exemplares foram preservados em álcool etílico a 80%.
A descrição das características das larvas e pupas baseou-se em Pes et. al (2008). Os
caracteres utilizados para larva foram: comprimento do corpo; forma e ornamentações da
cabeça em vista dorsal, lateral e ventral; forma da mandíbula; vista dorsal das placas
torácicas, observando forma do esclerito e ornamentações; vista ventral dos segmentos
abdominais VIII e IX (Fig. 4a - h), observando a forma dos escleritos. Os caracteres utilizados
para pupa foram: cerdas e forma do labro; forma da mandíbula, em vista dorsal; número,
forma e distribuição das placas abdominais dorsais entre os segmentos II a VIII; forma do
processo apical (Figs. 5a – e).
Para a classificação das larvas que não foram associadas com o adulto seguiu a
seqüência de morfotipagem utilizadas por Pes (2001, 2005).
4.2.2. Coleta e descrição de adultos.
Os adultos foram coletados por meio de armadilhas luminosas tipo “Pennsylvania”
(adaptada) com luz branca ou luz ultravioleta e lençol branco com lâmpada de luz mista,
colocados próximos aos igarapés. Os espécimes coletados foram preservados em álcool a
80%.
13
Para identificação dos adultos do gênero Smicridea no nível de espécie foram
utilizadas as descrições das espécies neotropicais (Blahnik, 1995; Flint, 1974a,b, 1978, 1981,
1991; Paprocki et al., 2003, Sganga e Angrisano, 2005). Também foram comparadas com
espécimes identificados por O. Flint Jr. (National Museum of Natural History, Smithsonian
Institution), depositados na Coleção de Invertebrados do INPA.
Para a identificação dos espécimes foi feita dissecção da genitália masculina onde a
parte posterior do abdome foi destacada e colocada em ácido lático aquecido em banho-maria
até a completa diafanização. As estruturas a serem examinadas foram colocadas em lâminas
escavadas com glicerina e álcool gel (40%) para observação em microscópio óptico seguindo
métodos utilizados por Sganga (2005). Caracteres utilizados para a identificação das espécies
foram: forma da genitália masculina, em vista lateral e dorsal e forma do falo ou edeago, em
vista dorsal e ventral (Figs. 6a - e).
Após a análise da genitália essa estrutura foi acondicionada em microtubos com
glicerina e, acondicionadas no mesmo frasco do espécime ao qual ela pertencia.
O material examinado será depositado na Coleção de Invertebrados do INPA, após a
publicação dos resultados.
4.2.3. Obtenção de imagens digitais e elaboração de desenhos
Para a descrição das larvas de último estádio, pupas e adultos, foram obtidas
fotografias com uma câmera digital (AxioCamICc1) acoplada ao estereomicroscópio Zeiss
(Discovery V12), com o aumento máximo de 10x100 e com um microscópio ótico Zeiss, de
aumento máximo de 20x10. Para obtenção de imagens tridimensionais, fotografias das
estruturas de interesse foram tomadas em diferentes níveis de foco para, posteriormente,
serem sobrepostas utilizando o programa livre COMBINE ZMZ® (Hadley, 2008).
Os desenhos foram realizados com o auxílio de câmera lúcida acoplada a um
microscópio ótico Zeiss e estereomicroscópio Zeiss (Stemi SV6), para compor as pranchas
presentes nesse estudo.
14
Figuras 4 a
h. Larva de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) larva, vista lateral (escala = 1,0 mm); b) cabeça, vista dorsal; c) cabeça,
vista ventral; d) labro, vista dorsal; e) mandíbula, vista dorsal; f – h) placas do pronoto,
mesanoto, metanoto, vista dorsal i) segmento abdominal VIII, IX, vista ventral; seta A
indicando brânquias abdominais, seta B indicando esclerito do segmento VIII. (Fonte: Pes et
al., 2008)
15
Figuras 5 a – e. Pupa de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) Vista dorsal da pupa; b) labro, vista dorsal; c) mandíbula, vista dorsal; d)
processo apical; e) placas abdominais da pupa, vista dorsal; 2 - 8 = segmentos abdominais
numerados, a = anterior, p = posterior (Fonte: Pes, et al., 2008).
16
Figuras 6 a – e: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) annulicornis Blanchard (1851)
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) vista lateral (A - IX segmento abdominal, B - X segmento
abdominal, C - clasper ou apêndice inferior, D - falo ou edeago); b) vista dorsal, lado direito;
c) falo ou edeago em vista lateral; d) falo em vista dorsal; e) falo em vista ventral (Fonte:
Flint, 1989).
17
5. Resultados e Discussão
Do total de exemplares de Smicridea examinados, foram identificadas 19 espécies (11
espécies já descritas e oito espécies novas para a Ciência) para os estados do Amazonas, Mato
Grosso e Roraima (Fig. 7). Larvas e pupas de três espécies foram descritas e cinco larvas de
último estádio, não associadas com adultos, foram morfotipadas, ilustradas e descritas. Cinco
das espécies coletadas pertencem ao subgênero Smicridea (Smicridea) e 14 ao Smicridea
(Rhyacophylax). S. (R.) mesembrina (Navás, 1918), representa um novo registro para o Brasil.
Das espécies coletadas, S. (S.) truncata ocorreu nos três locais, isso deve-se
provavelmente por esta espécie, segundo Pes et al. (2008), ser tolerante a ambientes alterados,
principalmente saídas de represas formadas por bueiros de estradas.
Duas espécies, S. (R.) appendiculata e S. (R.) helenae sp. nov. foram coletas em Mato
Grosso e Roraima, sendo que S. appendiculata, apesar de não coletada no presente trabalho
tem registro na literatura para o Estado do Amazonas (Flint, 1978). A espécie S. (R.) flinti sp.
nov. ocorrem no estado do Amazonas e Mato Grosso.
Para o Estado de Roraima só existia registro de quatro espécies do gênero Smicridea
para a Ilha de Maracá: S. (R.) abrupta; S. (R.) columbiana; S. (R.) scutellaris; S. (S.) palifera
(Flint, 1991(1992). Destas, apenas S. palifera foi re-coletada nesse estudo, onde foram
coletadas sete espécies para o estado, aumentando para dez o número de espécies de
Smicridea.
Para o Estado de Mato Grosso havia o registro de apenas uma espécie (S.(S.) abrupta)
por Flint (1978) (apesar de não coletada no presente trabalho). Nesse estudo foram identificas
12 espécies (5 novos registros de espécies conhecidas: S. (R.) appendiculata, S. (R.) coronata,
S. (R.) ephippefer, S. (R.) mesembrina, S. (S.) truncata e 7 novas: S. (R.) araguaiense sp. nov.,
S. (R.) flinti sp. nov., S. (R.) dentisserata sp. nov., S. (R.) bifascia sp. nov., S. (R.) helenae sp.
nov., S. (R.) matrogrossense sp. nov., S. (R.) quadrispinata sp. nov. Aumentando para 13 o
número de espécies para o estado de Mato Grosso. Fato de S. (S.) abrupta não ser coletado
nesse trabalho pode estar relacionado a área de coleta do presente trabalho, localizado no leste
do estado em região de transição entre cerrado e floresta amazônica, e a espécie S. abrupta ter
registro de coleta para norte em área de floresta amazônica.
Para o estado do Amazonas eram conhecidas quinze espécies, no presente estudo
foram coletadas apenas seis espécies (5 já descritas: S. (R.) calligata, S. (R.) gladiator, S. (S.)
obliqua, S. (S.) truncata, e uma espécie nova: S. (R.) flinti sp. n., aumentando para 16 o
número de espécies registradas no estado. Muitas espécies conhecidas para o estado do
18
Amazonas podem não terem sido encontradas pelo fato de serem descritas de outras
localidades do estado, como médio Rio Negro, principalmente na bacia do Rio Marauiá, em
locais com rios de maior vazão, conforme as descrições de Flint (1978), e os exemplares do
estado do Amazonas estudados neste trabalho foram coletados em locais de mata fechada e
cursos de pequeno porte.
Figura 7. Esquema com os táxons de Smicridea coletadas nos estados do Amazonas (AM),
Mato Grosso (MT) e Roraima (RR).
19
5.1. Subgênero Smicridea (Smicridea)
5.1.1. Smicridea (Smicridea) bivittata (Hagen)
Hydrospsyche? Bivittata: Hagen, 1861: 291
Smicridea (Smicridea) bivittata: Ross, 1952:33; Flint, 1967:13; 1974 b:16; 1991:63; Blahnik,
1995; Flint, Holzenthal e Harris, 1999: 74: Blahnik et al., 2004
(Figs. 8 a – d)
Peterce ao grupo fasciatella, ela é a única espécie com a asa anterior bivittate. No
macho o ápice do apêndice infeiror em forma angular e bifurcado no ápice. Na fêmea a
genitália não é facilmente caracterizada. No entanto, a forma do nono segmento,
especialmente a margem ventral da vagina e a formato do esclerito, permite uma boa
identificação.
Adulto: Comprimento da asa posterior entre 4,5 - 5,5 mm. Coloração preta. Pernas
amarelo-claras. Cabeça com cerdas brancas na margem anterior mediana. Asas posteriores
pretas, com duas faixas distintas, com bandas brancas e franjas de cerdas apicalmente (Flint,
1974b).
Genitália do macho: segmento IX em visão lateral distintamente sinuoso estreitando
na região dorsal (Fig. 8a). Segmento X com uma constrição formando uma protuberância na
região ápical em vista lateral (Fig. 8a); aspecto truncado divergente em vista dorsal (Fig. 8b).
Apêndice inferior com segmento basal longo; segmento apical dobrado sub-apicalmente em
forma angular, ponta superficialmente bífida em vista dorsal (Figs. 8a, b). Falo tubular, com
seções basal e apical que se encontram em ângulo de 150o aproximadamente, esclerito interno
longo e delgado em vista lateral, com seção basal dividida em um curto segmento e orientado
para o ápice, em duas pequenas placas ovóides, em vista dorsal (Fig. 8d) (Blahnik, 1995;
Flint, 1974).
Fêmea, larva e pupa não coletadas.
Biologia: a espécie foi encontrada as margens de igarapés intermitentes, largura
variando entre 2 a 10 metros, localizado na Ilha de Maracá, que possui vegetação de transição
entre Floresta Amazônica e Savana, pH da água entre 5,5 e 6,5; leito predominante arenoso e
substratos predominantes de raiz e areia, e em igarapé perene, de águas claras, localizado em
região de Savana, próximo a divisa com a Venezuela.
20
Figuras 8 a - d: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) bivittata (Hangen, 1861)
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália vista lateral; b) genitália vista dorsal; c) falo em
vista lateral, IX - nono segmento, X - décimo segmento, d) falo em vista dorsal (Fonte: Flint,
1974b).
Distribuição: Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México,
Panamá, Peru, Suriname, Tobago, Trinidad, Venezuela, Brasil, nos estados de Roraima (novo
registro), Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Material examinado: BRASIL, Roraima, Pacaraima, igarapé Sargento Ávila, N
4o44’53” W 61o12’43”, 21-x-2004, J.O. da Silva; F.F. Salles e M. Pepinelli, armadilha de luz
mista e pano branco, 4♂; Amajarí, Estação Ecológica de Maracá, igarapé 1, N 3°36'49" W
61°45'00", 11-19.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, armadilha de luz
21
’Pennsylvania’, 4♂;. igarapé 4, N 3°39'00" W 61°46'02", 13-18.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D.
Albino e U.G. Neiss, 2♂; 13-19.ix.2007, 80♂.
5.1.2. Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981
Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981:23; Flint, Holzenthal e Harris, 1999:74; Blahnik et
al. 2004:4
(Figs. 9 - 11)
Esta espécie é intimamente relacionada com S. cornuta Flint, 1974. Ambas as espécies
partilham o lobo ventral do falo em forma de concha. Porém, no décimo segmento o lobo
lateral é largo e o falo é simples apresentando somente alguns espinhos esclerosados, o que
torna S. palifera facilmente reconhecida (Flint, 1981).
Adulto: Comprimento da asa anterior, 4,5 - 5 mm. Cor, em álcool, preta acinzentada.
Com cerdas na parte anterior mediana da cabeça, e sobre a face basal da tíbia e tarsos
medianos. Asas anteriores com duas bandas transversais estreitas de cerdas brancas, e com
franjas na parte apical (Flint, 1981).
Genitália do macho: segmento IX com lobos anteriores laterais arredondados.
Segmento X curto, largo e ápice ereto com ponta pequena, pontiaguda, vista lateral (Fig. 9a),
e um lóbulo grande arredondado lateral apical, em vista dorsal (Fig. 9b). Apêndice inferior
longo, segmento basal na parte apical dilatado; segmento apical longo, reto e ponta cônica.
Falo alargado na base abrindo apicalmente; ápice com margem ventral em forma de colher;
com um pequeno esclerito com forma semelhante a uma faixa em vista dorsal; um par de
espinhos levemente esclerosados, algumas vezes com um dente distinto na base (Fig.9c)
(Flint, 1981).
Larva: (Fig. 10a) Comprimento entre 4,5 a 6 mm (n = 8).
Cabeça: com forma retangular, vista dorsal com coloração marrom clara, recoberta por
cerdas curtas e finas; cerdas longas na região ocular; sutura coronal curta; margem do frontoclípeo
em forma de “V”, frontoclípeo com margem convexa e serrilhada de forma irregular, margem
anterior do frontoclípeo marrom escura; manchas das inserções musculares pequenas, coloração
marrom clara na região posterior; mancha amarelo clara contornando os omátideos (Figs. 10b, c);
labro simples arredondado, recoberto por cerdas curtas e finas, um par de cerdas longas na
margem central e escova de cerdas longas nas laterais (Fig. 10f); mandíbula assimétrica (direita
e esquerda com cinco dentes regulares na esquerda e irregulares na direita) com cerdas nas
margens externa, mandíbula esquerda apresenta um tufo de cerdas longas e finas na região
central mediana (Fig. 10e). Cabeça em vista ventral com estrutura de estridulação longa e larga
estendendo-se pela lateral, com estrias finas e bem marcadas; três pequenas manchas claras das
22
inserções musculares; não apresenta cerdas na parte ventral; esclerito da gula triangular com a
região anterior larga (Fig. 10 c, d).
Figuras 9 a - c: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo, em
vista lateral (Fonte: Flint, 1981).
Tórax: escleritos marrom claros, recobertos por cerdas curtas e finas; pronoto
dividido, com margem lateral reforçada e escura até a metade posterior; meso e metanoto
inteiros com todas as margens laterais reforçadas e escuras, (Fig. 10g); mesotórax com um par
de brânquias ventro-laterais simples e uma brânquia na região central; metatórax com um par
de brânquias simples ventro-laterais.
Abdome: cor castanho clara; cutícula dorsal e lateral recoberta por cerdas espatuladas
curtas e escuras (Fig. 11h - B); pares de brânquias simples ventro-lateral nos segmentos
abdominais I-VII, pares de brânquias duplas ventro-laterais no segmento I-VII. Segmento
VIII com uma placa em forma de gota rodeada por seis cerdas longas laterais (Fig. 11i - A).
Pupa: Comprimento entre 4 a 4,5 mm (n =5 ) (Fig. 11a).
Cabeça: labro com forma curta e larga e semi-retangular, com dez cerdas curtas na
região central, lobos laterais arredondados, com oito cerdas longas, vista dorsal (Fig. 11b).
Mandíbulas assimétricas e largas na base, direita com cinco dentes e esquerda com quatro,
sendo o último dente serrilhado, vista dorsal (Fig. 11c).
Tórax e abdome recoberto por cerdas curtas.
23
Abdome com placas com ganchos, localizadas na região anterior nos segmentos II a
VIII, e na região posterior nos segmentos III e IV; placas de ganchos do segmento III (3p)
com fileira de quatro ganchos fortes e fileira de oito ganchos pequenos, distribuídos em duas
linhas regulares; placa de ganchos do segmento IV (4p) com quatro ganchos longos, vista
dorsal (Fig. 11a). Estojo da genitália formado por dois processos apicais retos, amplamente
separados, cada um com uma escova de cerdas no ápice, oito cerdas longas e cinco cerdas
curtas no ápice do processo ápical, e cinco cerdas medianas no primeiro terço do processo
apical (Fig. 11d).
Diagnose:
Larva: A larva de S. (S.) palifera diferencia-se das larvas de outras espécies do
subgênero pela forma do frontoclípeo, cuja margem anterior é reta; pelo padrão de manchas
da cabeça, não muito definido, pela presença de sete pequenas manchas brancas de inserções
musculares na região posterior da cabeça, e margem anterior do frontoclípeo marrom escura,
vista dorsal; cabeça em vista ventral, com estrutura de estridulação longa e larga estendendo-se
pelas laterais, com estrias finas e bem marcadas; três pequenas manchas claras das inserções
musculares. S. (S.) truncata Flint, 1974, S. (S.) bivittata, S. (S.) frequens Navás (1930) e S. (S.)
annulicornis apresentam margem do frontoclípeo côncava e S. (S.). travertinera Paproki e
Holzenthal, 2003, possui forma da cabeça circular, com uma carena bem marcada enquanto
que em S. (S.) palifera é retangular e sem carena. Em S. frequens e S. annulicornis são
observadas machas das inserções musculares em número de seis e escuras.
Pupa: A pupa de S. (S.) palifera pode ser diferenciada da pupa de S. (S.) truncata pelo
número de cerdas e forma do labro, dez cerdas curtas na região central, forma curta e larga e
região central semi-retangular, lobos laterais arredondados, com oito cerdas longas; placas de
ganchos do segmento III (3p) com fileira de quatro ganchos fortes e fileira de oito ganchos
pequenos, distribuídos em duas linhas regulares; placa com ganchos do segmento IV (4p) com
quatro ganchos fortes, vista dorsal; enquanto que S. truncata possui cinco cerdas longas nas
margens laterais e quatro cerdas longas e cinco curtas na região mediana; placas de ganchos
do segmento III (3p) possui seis ganchos fortes e dez ganchos pequenos; e segmento IV (4p)
com três ganchos fortes na 4p.
Biologia: a espécie foi encontrada em igarapés intermitentes, largura variando entre 2
a 10 metros, localizado na Ilha de Maracá, que possui vegetação com predominância de
Savana arbustiva, onde o pH da água variou entre 5,5 e 6,5; leito predominante arenoso e
substratos de folhiço. As larvas foram coletadas principalmente em substrato de folhiço e
24
raízes de correnteza. Pupas sobre macrófitas ou folhiço próximo à lamina d´água em áreas de
pouca correnteza.
Distribuição Geográfica: Venezuela, Brasil: estados de Roraima e Rio de Janeiro.
Material examinado: BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação Ecológica de Maracá,
igarapé 1, N 3°36'49" N 61°45'00", armadilha de luz ’Pennsylvania’, 11-19.ix.2007, A.M.O.
Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, 80♂; igarapé 4, N 3°39'90" W 61°46'09", 13-19.ix.2007,
A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, 10♂; igarapé 2, N 3°36'88" W 61°47'42", 1119.ix.2007, folhas de correnteza, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, 8 larvas; igarapé 3,
N 3°39'00" W 61°47'02", 12.ix.2007, raízes, folhas de correnteza, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino
e U.G. Neiss, 8 larvas; folhas de remanso, 1 larva; igarapé 4: 3°39'00" N 61°47'02",
13.ix.2007, folhas de correnteza, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, 9 larvas; igarapé 5,
N 3°39'08" W 61°48'03", 14.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, folhas de
correnteza, 29 larvas; folhas de remanso, 5 larvas; igarapé 6: N 3°39'08" W 61°48'02",
14.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, folhas de correnteza, 13 larvas, folhas de
remanso 1 larva; igarapé 7: N 3°39'00" W 61°47'00", 16.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e
U.G. Neiss, folhas de correnteza, 1 pupa, folhas de correnteza, 6 larvas, folhas de remanso, 2
pupas e 2 larvas; igarapé 8: N 3°40'94" W61°44'95", 17.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e
U.G. Neiss, folhas de correnteza, 2 larvas; igarapé 9: N 3°37'77" W 61°44'41", 18.ix.2007,
folhas de remanso, 3 pupas e 17 larvas, folhas de correnteza,74 larvas, igarapé 10: N 3°37'29"
W 61°48'34", 19.ix.2007, A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss, folhas de correnteza, 1
pupa, 104 larvas, folhas de remanso, 6 larvas.
25
Figuras 10 a - i: Larva de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) vista lateral do corpo; b) cabeça, vista dorsal, c) cabeça, vista lateral, d)
detalhe da estrutura de estridulação, vista lateral, e) mandíbulas, vista dorsal, f) labro, vista
dorsal; g) tórax, vista dorsal; h) cerdas do abdome, vista lateral; i) esclerito ventral do 8o
segmento abdominal; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do
abdome.
26
Figuras 11 a - e: Pupa de Smicridea (Smicridea) palifera Flint, 1981 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista dorsal; d)
segmento abdominal IX, vista dorsal; e) placas em forma de gancho da pupa (vista do lado
direito: 2–8 = número dos segmentos abdominais, a = anterior, p = posterior).
27
5.1.3. Smicridea (Smicridea) obliqua Flint, 1974
Smicridea (Smicridea) obliqua Flint, 1974a:90; Flint, 1978:398; Flint, Holzenthal e Harris,
1999:74.
(Figs. 12a – c)
Smicridea (S.) obliqua esta relacionada a outras espécies pela forma do falo, do ápice
do X segmento e dos apêndices inferiores. Ela se destingue pela forma do ápice do X
segmento que é obliquo e pela ponta do apêndice inferiorer que é afunilado (Flint, 1974a).
Adulto: Cor cinza escura. Comprimento da asa anterior, 4,5 mm. Antenas e pernas
(especialmente medianas) cinza claras. Região médio-dorsal da cabeça com cerdas. Asas
anteriores com bandas brancas transversais, cerdas brancas no estigma, e outra próxima à base
da asa. Franja de cerdas brancas presente na região apical. Abdome com sacos de glândulas
reticulares internos (Flint, 1974a).
Genitália do macho: segmento IX com a margem anterior vertical (Fig. 12a). X
segmento com o ápice com projeção dorsal, ponta oblíqua e truncada, vista dorsal (Fig. 12b).
Apêndice inferior longo, segmento basal alargando apicalmente, segmento apical afunilando
para a ponta (Fig. 12b). Falo tubular, formando uma curva a partir da base (Fig. 12a), ápice
pouco alargado e membranoso; esclerito interno filiforme em vista lateral, com pequena
divisão na base; formando haste, dividido na porção posterior em hastes curvas, vista dorsal
(Fig. 12c) (Flint, 1974a).
Larva e pupa desconhecidas.
Biologia: espécie encontrada próxima a igarapés de terra firme com largura média
entre 1 e 8,5 metros de leito arenoso, águas preta, com pH variando de 4,6 a 7,22 e, vegetação
riparia preservada apenas com pequenas alterações de agricultura.
Distribuição: Suriname e Brasil – estados do Amazonas.
Material Examinado: BRASIL, Amazonas, Presidente Figueiredo, Canoas,
vegetação (puçá), 05.ix.2001, A.M.O. Pes,1♂; AM 240, Km 24, Sitio Senhor José, S
02°01'06" W 59°49'27", armadilha “Pennsylvania”, luz ultravioleta, 04-05.iv.2000, 4♂;
armadilha “Pennsylvania”, luz branca, 28-IX a 2-X-2000, 7♂; armadilha “Pennsylvania” luz
branca, 03-04.vii.2000, 9♂; armadilha “Pennsylvania”, luz ultravioleta, 02-03.viii.2000, 5♂;
Manaus, Reserva Florestal Adolfo Ducke, Igarapé 22, acampamento, 18-21.viii-2006,
armadilha “Pennsylvania”, luz ultravioleta, A.M.O. Pes, 8 ♂.
28
Figuras 12 a – c: Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) obliqua Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista lateral (Fonte: Flint, 1974).
5.1.4. Smicridea (Smicridea) sexspinosa Flint, 1978
Smicridea (Smicridea) sexspinosa Flint, 1978:376; Flint, Holzenthal e Harris, 1999: 74
(Figs. 13a - c)
Smicridea (S.) sexspinosa faz parte do grupo nigripennis, está relacionada para
Smicridea (Smicridea) inaequispina Flint, 1974, é distinguido apena pela forma do falo,
próxima de S. inaequispina Flint, 1974, sendo separadas somente pela forma do falo. Em S.
sexspinosa a superfície ventral do falo tem protuberância larga na base, que se reduz à medida
que se aproxima do ápice, até ficar de forma truncada no ápice; região lateral ventral ostenta
uma pequena aba (Flint, 1978).
Adulto: Macho com comprimento da asa anterior, 4 mm. Coloração em álcool
castanha; asas anteriores com uma indicação de mancha clara na região do estigma. Processo
anterior lateral do segmento V do macho muito longo ultrapassando o tamanho do segmento
V, vista ventral (Flint, 1978).
Genitália do macho: segmento IX com a margem anterior esclerosada e margem
dorsal terminado em um lóbulo redondo, vista lateral (Fig. 13a). Segmento X estreito, vista
lateral (Fig. 13a); com pequenos espinhos, em vista dorsal (Fig. 13b). Apêndice inferior muito
longo, segmento basal longo; segmento apical com tamanho maior que a metade do segmento
29
basal, ápice pontiagudo (Fig. 13b). Falo com a metade apical levemente estreita e cônica, com
ápice truncado, vista lateral (Fig. 13a); região ventral do falo curva, com pequenos lobos
ventro-laterais; com três pares de espinhos internos, vista lateral, (Fig. 13b) (Flint, 1978). Falo
com seis espinhos inseridos em uma estrutura membranosa, vista dorsal (Fig. 13c).
Figuras 13 a – c: genitália do macho de Smicridea (Smicridea) sexspinosa Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) falo, vista dorsal; c) genitália,
vista dorsal (Fonte: Flint, 1978).
Femea, larva e pupa desconhecidas.
Biologia: espécie coletada em igarapé de aproximadamente 10 metros de largura, com
leito rochoso, água branca, pedregulho como substrato predominante.
Distribuição: Brasil – estados do Amazonas, Roraima (registro novo).
Material examinado: BRASIL, Roraima, Pacaraima, igarapé afluente do Samã, N
o
04 27’52” W 610 08’37” , 3.xii.2000, armadilha ”Pennsylvania”, luz branca, N. Hamada,
A.M.O. Pes, C.A.S. Azevedo e J. O. da Silva, 1♂.
30
5.1.5. Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974
Smicridea (Smicridea) trucata Flint, 1974c:91, 1978:381; Flint, Holzenthal e Harris, 1999:74;
Pes et al., 2008.
(Figs. 14a - c)
Smicridea (S.) trucata é relacionada à S. bivittata, diferenciando-se desta pelo fato de
possuir o ápice do segmento X arredondado quando em vista dorsal, por possuir a região final
do apêndice inferior ligeiramente bilobado, e pequena diferença na forma do falo.
Adulto: Cor marrom escura. Comprimento da asa anterior, 5,5 mm. Cabeça com
cerdas brancas dorsalmente. Asas com uma estreita margem transversal, com uma faixa
branca no estigma, uma faixa maior próxima à base da asa e uma pequena faixa transversal
entre elas.
Genitália do macho: margem antero-lateral do segmento IX quase ereta, vista lateral
(Fig. 14a). Segmento X estreito; região apical com pequena protuberância, vista lateral,
arredondada em vista dorsal (Fig. 14b). Apêndice inferior longo, segmento basal longo e largo
no ápice; segundo segmento curvo na região mediana e truncado no ápice, com ligeira
curvatura formando dois lobos apicalmente (Fig. 14a –b). Falo delgado, tubular, ápice
ligeiramente bilobado; com escleritos internos ligeiramente esclerosados no ápice (Fig. 14c)
(Flint, 1974b).
Biologia: Espécie coletada deste próxima a igarapés pequenos a Rios grandes; larvas
podem ser encontradas em igarapés que possuem alterações antrópicas. As larvas alimentamse basicamente de algas e diatomáceas (Pes et al., 2008).
Distribuição: Guiana, Suriname e Brasil – estados do Roraima (novo registro),
Amazonas, Pará e Mato Grosso (novo registro).
Material examinado: BRASIL, Roraima, Caracaraí, Parque Nacional do Viruá, N
01 27’33” W 61o00’35”, 12.v.2005, N. Hamada, armadilha de luz ”Pennsylvania”, 10♂; N
o
01o27’33” W 61o00’35”, 30.x.2007, C.A.S. Azevedo, armadilha de luz mista e pano branco,
10♂; Manaus, Reserva Florestal Adolfo Ducke, Igarapé Barro Branco, sede, 18-21.viii-2006,
armadilha “Pennsylvania”, luz ultravioleta, A.M.O. Pes, 4♂. Mato Grosso, Nova Xavantina,
Sitio São João, S 14o41’35” W 52o25’24”, 29.iv.2000, J.D. Batista, armadilha de luz mista e
pano branco, 4♂.
31
Figuras 14 a - c. Genitália do macho de Smicridea (Smicridea) truncata Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) falo, vista dorsal; c) genitália,
vista dorsal. Fonte: Flint (1974).
5.2. Subgênero Smicridea (Rhyacophylax)
5.2.1. Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972
Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972:238; Flint, Holzenthal e Harris,
1999:74; Blahnik et al., 2004:4.
(Figs. 15 – 17)
Smicridea (R.) appendiculata diferencia-se das demais espécies descritas por possuir
um par de apêndices no ápice dorsal e uma depressão no ápice do falo. Cor da asa anterior,
amarelo brilhante, com três bandas transversais escuras, bem distintas (Flint, 1972). Essa
espécie foi descrita para as Províncias de Santa Fé e Missões na Argentina. A espécie
registrada no Brasil diferencia-se no geral em pequenas características da espécie tipo. A
diferença mais notável esta no ápice do falo, o qual é mais bulboso, e o segmento X que é um
pouco mais estreito (Fig. 15d). No entanto estas variações não parecem ser de valor específico
(Flint, 1978).
Adulto: Coloração amarelo brilhante. Comprimento da asa anterior do macho, 5 mm
(n = 4). Asa anterior com três bandas transversais distintas, estreitas e escuras, célula media
apical afastada, segunda anastomose longa, três vezes mais longa que a base, com mancha
escura nas células M e 3A (Flint, 1972).
Genitália do macho: Segmento IX com margem anterior produzindo um amplo
lóbulo arredondado, vista lateral (Fig. 15a). Segmento X dividido na região apical mediana,
32
vista dorsal (Fig. 15b); segmento com ápice estreito, vista lateral (Fig. 15a), porção apical
estreita. Apêndice inferior com segmento basal longo, ápice não muito alargado; segmento
apical afunilando para uma ponta obtusa (Fig. 15b). Falo com base muito larga, formando
ângulo reto com região mediana do falo, seção apical ligeiramente alargada; ápice com um
par de apêndices dorsal fino, margem dorsal com carena com pequena expansão lateral; dois
escleritos internos largos apicalmente, e em aspecto dorsal com duas metades pontudas
divergindo apicalmente (Fig. 15c) (Flint, 1972).
Figuras 15 a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal (fonte: Flint, 1978); d) falo, vista dorsal, seta indicando região bulbosa.
Larva: (Fig. 16a) Comprimento da larva entre 6,5 a 7,5 mm (n = 8).
Cabeça: Marrom; com forma quadrada; parte posterior com uma faixa escura que se
estende até a região ventral (Figs. 16b, d). Cerdas curtas e finas cobrindo a região dorsal,
pares de cerdas longas distribuídas na região ocular dorsal e lateral; manchas de inserções
musculares escuras e pequenas; sutura coronal curta; sutura do frontoclípeo em forma de “V”;
com uma constricção côncava na região mediana, com mancha escura na região anterior
mediana; margem anterior côncava, vista dorsal (Fig. 16b). Labro redondo recoberto por cerdas
33
curtas e finas, um par de cerdas medianas na margem central e escova de cerdas longas nas
margens laterais (Fig. 16c). Mandíbulas fortes e assimétricas, com o mesmo número de
dentes, diferentes na forma (seis dentes), base das mandíbulas com uma projeção laterodorsal, com cerdas nas margens (Fig. 16f). Estrutura de estridulação longa indo da margem
anterior até a margem posterior, com estrias grossas e bem marcadas, que vão afunilando da
margem anterior para a posterior (Fig. 16d), semelhante à estrutura de estridulação de
espécies de Macrostemum Kolenati 1859, vista ventral. Esclerito da gula triangular, com as
margens reforçadas (Fig. 16d).
Tórax: esclerito marrom e recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto dividido com
margem lateral reforçada e escura até a metade posterior, meso e metanoto inteiros com todas
as margens laterais reforçadas e escuras, vista dorsal (Fig. 16g); mesotórax com um par de
brânquias ventro-laterais simples; metatórax com um par de brânquias ventro-laterais simples
e uma brânquia dupla na região central.
Abdome: cor marrom claro, cutícula dorsal e lateralmente recoberta, por cerdas
espatuladas curtas e espaçadas (Fig. 17a); um par de brânquias ventro-laterais simples nos
segmentos abdominais de I a VI e VIII, um par de brânquias ventral-laterais dupla no
segmento II a VII; esclerito do segmento VIII formado por duas placas pequenas rodeado por
cinco cerdas médias (Fig. 17b).
Pupa: Comprimento entre 4 a 5 mm (n = 5) (Fig. 17a).
Cabeça com: labro com porção mediana com forma levemente triangular, com cinco
cerdas longas, e lóbulos laterais arredondados com cinco cerdas medias, vista dorsal (Fig.
17b). Mandíbulas assimétricas e largas na base; lado direito com cinco dentes e lado esquerdo
com quatro (Fig. 17c).
Tórax e abdome com cerdas curtas (Fig. 17a).
Abdome com placas em forma de gancho na região anterior dos segmentos II e VIII, e
região posterior dos segmentos de III – IV; segmento II (2a), placa anterior com cinco
ganchos fortes em linha reta; segmento III (3a), placa anterior com seis ganchos fortes e dez
ganchos pequenos; segmento III (3p), placa com oito ganchos fortes e um dente pequeno
distribuídos em linha reta; segmento IV (4p), placa com quatro ganchos (Fig. 17a). Processo
apical reto, amplamente separado, cada um com uma escova de cerdas no ápice (oito cerdas
curtos e doze cerdas longas) (Fig. 17a, d).
Diagnose:
Larva: A larva de S. appendiculata pode ser separada das demais espécies descritas
para o subgênero Rhyacophylax pela forma da constricção côncava e mancha escura reticulada
34
do frontoclipeo; padrão de mancha dorsal da cabeça, na metade posterior; pela forma da
mandibula que possui uma expansão latero-dorsal na base, e estrutura de estridulação longa e
bem marcada, vista ventral.
Pupa: Baseado nas descrições existentes a pupa de S. appendiculata pode ser
diferenciada pela forma do labro com porção mediana levemente triangular; com cinco cerdas
longas e lóbulos laterais arredondados com cinco cerdas medias, vista dorsal. Placa 2a com
cinco ganchos fortes; placa 3a com cinco ganchos grandes e onze pequenos; placa 3p com
oito ganchos fortes e um dente pequeno distribuídos em linha reta; placa 4p com quatro
ganchos e processo apical reto com oito cerdas curtos e doze cerdas longas no ápice. Difere de
S. (R.) dithyra Flint, 1974, com placa 2a com oito ganchos fortes em linha reta; placa 3p com
18 ganchos fortes uniformes; labro apresenta região mediana grande e arredondada, cerdas
longas e curtas, lóbulos laterais pequenos com quatro cerdas longas. E S. (R.) pampeana Flint,
1972, placa 2a com sete ganchos fortes e quatro ganchos pequenos e irregulares; 3p
semelhantes; e 4p com cinco ganchos fortes; labro com região mediana com dez cerdas longas
e lóbulos laterais com seis cerdas longas (Sganga e Fontanarrosa, 2006)
Biologia: adultos, larvas e pupas foram coletados em cursos de água de pequeno a
grande porte, entre 4,5 a 1.200 m, de águas brancas, em áreas de cerrado, transição entre
cerrado e floresta amazônica. Leito rochoso e pedras soltas, pH de 7,8; água branca, em região
de correnteza forte, com muita planta da família Podostemaceae.
35
Figuras 16 a – i: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) larva, vista lateral; b) cabeça, vista dorsal, c) cabeça, vista lateral, d)
cabeça, vista ventral, com detalhe da estrutura de estridulação; e) labro; f) mandíbulas, vista
dorsal; g) cabeça e tórax, vista dorsal; h) cerdas do abdome; i) esclerito ventral do segmento
abdominal VIII; seta A indicado a cerdas do abdome, B indicando esclerito do segmento VIII.
36
Figuras 17 a – e: Pupa de Smicridea (Rhyacophylax) appendiculata Flint, 1972 (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista dorsal; d)
segmento abdominal IX, vista dorsal; e- placas em forma de gancho da pupa (vista do lado
direito: 2–8 = número do segmento abdominal, a = anterior, p = posterior).
37
Distribuição: Argentina, Brasil – Roraima (novo registro), Amazonas, Mato Grosso
(novo registro) e Minas Gerais.
Material examinado: BRASIL, Roraima, Caracaraí, Rio Branco, Cachoeira do Bem
Querer, N 01º55’42” W 61º00’09”, 18-21.ii.2002, “Pennsylvania” luz ultravioleta, A.M.O.
Pes 50♂; 19-23.viii.2002, “Pennsylvania” luz ultravioleta, C.A.S. Azevedo 1♂; 19.ii.2002,
A.M.O. Pes 20 larvas, 8 pupas; rapiché (puçá aquático), Mato Grosso, Cocalinho, Fazenda
Tracajá, Corixo Sta. Cruz, S 13º05'07.0” W 51º05'53.4”, 15.v.01, armadilha de luz e pano
branco, H.S.R. Cabette, 5♂; Fazenda Ellus, Lagoão, S 13º00'25.0” W 50º35'48.0”, 10.x.00,
H.S.R. Cabette, armadilha de luz e pano branco, 7♂; 16.x.00, H.S.R. Cabette, 9♂; Nova
Xavantina, Córrego da Mata, 4a ordem S 15º01'32" W 52º26'29, 17-ix-05, armadilha de e
pano branco, H.R.S. Cabette, 4♂.
5.2.2. Smicridea (Rhyacophylax) caligata Flint, 1974
Smicridea (Rhyacophylax) caligata Flint, 1974b:91. Flint, 1978:377; Flint, Holzenthal e
Harris, 1999:74.
(Figs. 18a – d)
Smicridea (R.) caligata é bem distinta, provavelmente pertecente ao grupo magma.
Diferencia-se das demais espécies, pelos escleritos cobertos de pequenos espinhos no X
segmento (Flint, 1978).
Adulto: comprimento da asa anterior 5 mm. Coloração marrom amarelada (bege); asa
anterior do macho amarelo clara com machas escuras nas células M e 3A, e nigma; nas veias
transversais, veia costal e na bifurcação da Cu1 escuras; região subterminal com bandas
escuras; fêmea de cor clara, uniforme, sem regiões escuras (Flint, 1974b).
Genitália do macho: Segmento abdominal IX com região antero-lateral com lóbulo
arredondado, vista lateral (Fig. 18a), em vista dorsal dividido, com lóbulo arredondado e bem
protuberante, com a ponta dividida ao meio ventralmente (Fig. 18b). Segmento X com a
extremidade com um pequeno lóbulo apical; lateralmente com escleritos largos, com
pequenos espinhos na região posterior. Apêndice inferior com segmento basal longo e
alargando apicalmente; segmento apical estreito, com o ápice arredondado. Falo com região
basal larga, formado um ângulo agudo com a região mediana, apresentando poucos espinhos
ventrais na região apical; ápice com um par de abas projetadas latero-ventral, esclerito interno
longo, alargado subapicalmente, com bandas laterais de espinhos curtos (quando evertido
formando uma coroa de espinhos) (Figs. 18c e d) (Flint, 1974b).
38
Biologia: A espécie foi encontrada em igarapés de terra firme, largura entre 5 e 8 m,
água com pH 6,0, de água branca e com o substrato predominantemente rochoso em área de
correntezas fortes.
Figuras 18 a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) caligata Flint, 1974
(Trichoptera: Hydropsychidae): a)- genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista, lateral; d) falo, vista dorsal (fonte: Flint, 1978).
Distribuição: Suriname, Venezuela e Brasil – estados do Amazonas (Rio Marauiá).
Material examinado: BRASIL, Amazonas, Presidente Figueiredo, Reserva Biológica
do Uatumã, Cachoeira do Banho, acampamento 1, S 1°48'66" W 59°15'77", 31-02.ii.2008,
J.L.D. Albino, armadilha “Pennsylvania”, luz branca, 70♂.
5.2.3. Smicridea (Rhyacophylax) coronata Flint, 1980
Smicridea (Rhyacophylax) coronata Flint, 1980:38; Oliveira e Froehlich, 1996: 757
(biologia); Flint, Holzenthal e Harris, 1999:74. Sganga e Angrisano, 2005:133.
(Figs. 19a – d)
Smicridea (R.) coronata tem grande semelhança com Smicridea pampena Flint, 1980,
é ligeiramente menor e o macho possui coloração amarelado brilhante, porém a principal
diferença se localiza no falo, que apresenta uma coroa de pequenos espinhos rodeando o
39
esclerito interno que é longo (Flint, 1980). Os espécimes estudados possuem variações em
relação à descrição original, presença de espinhos ventro-laterais no falo (Fig. 19d) (Sganga e
Angrisano, 2005), e presença de pequenos espinhos nas margens laterais no inicio do
segmento X (Figs. 19a, b).
Adulto: comprimento da asa anterior de 5,6 a 6 mm. Coloração amarelo clara; asa
anterior com linha escura ao longo da veia costal, e uma linha estreita na margem subterminal,
e pontos escuros nas células M e 3A; fêmea com coloração castanha. Abdome do macho com
processo antero-lateral no segmento V tão longo quanto o segmento (Flint, 1980).
Genitália do macho: Segmento IX com lóbulos antero-laterais arredondados e
protuberantes, vista lateral (Fig.19a). Segmento X dividido na metade do ápice; segmento
largo em aspecto lateral com a parte anterior redonda projetado dorsalmente, vista dorsal (Fig.
19b). Apêndice inferior com segmento basal quase paralelo lateralmente ao IX e X
segmentos; segmento apical com a ponta obtusa. Falo com a base alargada, formando um
ângulo com o eixo do esterno; ápice convexo dorsalmente e com um alongamento, esclerito
interno eversível, rodeado por uma coroa de pequenos espinhos (Figs. 19c, d) (Flint, 1980).
Larva e pupa não conhecida.
Biologia: Espécie encontrada em igarapés e rios de porte médio a grande, com largura
média variando de 4,7 a 55 m, pH em média 6,5; com mata de galeria densa e bem preservada
no bioma Cerrado.
Distribuição: Brasil – estados de Mato Grosso (novo registro), Minas Gerais, São
Paulo; Paraguai, Argentina e Uruguai.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Córrego da Mata 4ª
ordem, S 15º01'32" W 52º26'29, 17-ix-2005, H.S.R. Cabette, armadilha de luz e pano branco,
4♂; Barra do Garças, Rio Pindaíba 6ª ordem, S 14º54'10" W 52º00'21", 15.ix.2005, H.S.R.
Cabette, armadilha de luz e pano branco, 2♂.
40
Figuras 19 a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) coronata Flint, 1980
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal; d) falo, vista lateral (Figs. 19c, d, fonte: Sganga e Angrisano, 2005).
5.2.4. Smicridea (Rhyacophylax) ephippifer Flint, 1978.
Smicridea (Rhyacophylax) ephippifer Flint, 1978:379; Flint, Holzenthal e Harris, 1999: 74.
(Figs. 20a – c)
Smicridea.(R.) ephippifer distingue-se das demais espécies descritas, devido a
presença de lobos laterais esclerosados, sinuosos, com muitos espinhos na margem ventral,
encaixando-se como uma sela sobre o falo e o X segmento (Flint, 1978).
Adulto: comprimento da asa anterior do macho 4 mm (n = 1). Espécie em álcool com
coloração amarelo clara. Segmento abdominal V com processos antero-lateral, menor que o
segmento.
Genitália do macho: Segmento IX com lobos antero-laterais largos, arredondados,
faixa ventral larga, vista laterall (Fig. 20a). Segmento X modificado, ápice esclerosado,
produzindo dois espinhos internos largos e apicalmente divididos na metade, e região mediana
com espinhos laterais, vista dorsal (Fig. 20b). Apêndices inferiores com segmento basal
longos, expandindo no ápice; segmento apical ereto, ponta estreita e arredondada (Fig. 20b).
Falo com a porção basal alargada, e perpendicular ao esterno (Fig. 20a); ápice com uma
41
escova de espinhos nas margens ventro-laterais (Figs. 20a, c), escleritos internos longos e
sinuosos, emparelhados dorso-lateral, com um lóbulo arredondado, esclerosado com muitos
espinhos na margem ventral, encaixando–se como uma sela sobre o falo com segmento X
(Fig. 20a) (origem atual desses lobos desconhecidos esses parecem ser estruturas
independentes) (Flint, 1978).
Biologia: Espécie encontrada em igarapés de porte médio a grande, com largura média
de 4,7 m, água com pH de 6,5; com mata de galeria densa e bem preservada no bioma
cerrado.
Distribuição: Brasil: Estado do Pará, Mato Grosso (novo registro).
Material examinado: BRASIL, Nova Xavantina, Mato Grosso, Córrego da Mata 4a
ordem, S 15º01'32" W 52º26'29; 17-ix-2005, H.S.R. Cabette, luz branca em pano branco, 1♂.
Figuras 20a – c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) ephippefer Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal (fonte: Flint, 1978).
42
5.2.5. Smicridea (Rhyacophylax) gladiator Flint, 1978
Smicridea (Rhyacophylax) gladiator Flint, 1978:379; Flint, Holzenthal e Harris, 1999:74.
(Figs. 21a – c)
Smicridea (R.) gladiator pertece ao grupo acuminata observado pela conformidade da
cor e da genitália. Está mais relacionada a Smicirdea (R.) marua Flint 1978, distinguido-se
pela forma da genitália do macho, devido a presença de lobos latero-basal no segmento X, e
par de processos laterais pontiagudo no falo (Flint, 1978).
Adulto: comprimento da asa anterior de 5 mm (n = 1). Coloração em álcool, amarelo
clara; coloração da asa anterior semelhante à dos machos de S. (R.) acuminata. Processos
antero-laterais localizados no segmento V, com comprimento de duas vezes o segmento
(Flint, 1978).
Genitália do macho: Segmento IX, margem lateral com lóbulo de forma arredondada,
membrana estendendo do segmento IX ao falo (Fig. 21b), com dois processos conectados a
membrana que margeia o falo em forma de bainha de uma espada (Fig. 21c). Segmento X
com um lobo latero-basal bem distinto, dividido apicalmente; em aspecto dorsal largo com
pequeno lóbulo na metade do ápice (Fig. 21a); em vista lateral com margem ventral
esclerosada (Fig. 21b). Apêndice inferior com segmento basal longo, alargando no ápice;
segmento apical com o ápice pontiagudo. Falo largo na base, parte mediana encurvada de
forma arqueada e alargando no ápice; com poucas espículas ventrais, um par de processo
pontiagudo com espículas ventrais, internamente escuros, um esclerito manchas de pequena
espículas dorsais (Fig. 21c) (Flint, 1978).
Biologia: espécie foi encontrada em igarapés de terra firme, água preta, tanto em áreas
com alterações antrópicas provocadas pela agricultura de subsistência e turismo, como em
áreas de mata preservadas, com características de fundo rochoso e pedras soltas, largura
média variando de 3,5 a 12,5 me, água com pH variando entre 3,9 e 5,2.
Distribuição: Brasil – estado do Amazonas, Rio Maruiá e Manaus, Reserva Florestal
Adopho Ducke.
Material examinado: BRASIL, Amazonas, Presidente Figueiredo, igarapé do Sr.
José, ramal/km 24, AM - 240, S 02°01'06" W 59°49'27", 03-05 iv.2000, A.M.O. Pes e J.O. da
Silva, armadilha “Pennsylvania” em área fechada, luz ultravioleta; ♂;
3 02 -03.vii.2000, Pes,
A.M.O, armadilha ”Pennsylvania”, luz ultravioleta, 10♂; 03-04.vii, 2000, Pes, A.M. O. &
J.O. da Silva, armadilha “Pennsylvania” luz branca, 4♂; 02-03.vii.2000, A.M.O. Pes e J.O. da
43
Silva, armadilha “Pennsylvania” luz ultravioleta, 1♂; 28.ix a 02.x.2000, A.M.O. Pes e J.O. da
Silva, armadilha “Pennsylvania” luz ultravioleta; 1♂; Igarapé da Onça, Balneário Sossego da
Pantera, S 02°05'57", W 60°01'02", 03-4.vii.2000, A.M.O. Pes e U.C. Barbosa; armadilha
“Pennsylvania”, luz ultravioleta, 30♂; 18-22.x.2007, N. Hamada, armadilha de luz mista com
pano branco, 8♂; 18-19.x.2007, armadilha “Pennsylvania”, luz sobre ponte, N. Hamada, 4♂;
19-20.x.2007, armadilha “Pennsylvania”, luz ponte, N. Hamada,♂; 5
21-22.x.2007,
“Pennsylvania”, luz sobre ponte, N. Hamada, 6♂; 21-22.x.2007, armadilha de luz mista com
pano branco, N. Hamada, 6♂.
Figuras 21a - c. Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) gladiator Flint, 1978
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista dorsal; b) genitália, vista lateral; c) falo,
vista dorsal (fonte: Flint, 1978).
44
5.2.6. Smicridea (Rhyacophylax) mesembrina (Navás, 1918)
Rhyacophylax mesembrinus Navás, 1918a:502. Schmid, 1949:344.
Rhyacophylax nivosus Navás, 1920d:65. Schmid, 1950:343.
Smicridea (Rhyacophylax) mesembrina Flint, 1982c: 28. Flint, Holzenthal e Harris, 1999:76.
Sganga e Angrisano, 2005:134.
(Figs. 22a – c)
Corpo: Avermelhado, mais claro ventralmente. Asas brancas, recobertas com cerdas
coloridas, finas e alongadas; asas anteriores possuem o ápice oblíquo e fortemente
arredondado. Segmento abdominal V com processo muito longo. Segmento X largo
lateralmente e fortemente convexo na base dorsal, afinando dorsalmente até ficar estreito no
ápice (Fig. 22b), apresentando uma larga fenda. Os dois apêndices anais são estreitos e curtos.
Falo de forma simples, muito largo no ápice, com dois esclerito internos e estreitos (Fig. 22c)
(Schmid, 1950).
Adulto. Tamanho pequeno macho entre 3 - 4 mm e fêmea entre 5 - 6 mm. Asas
anteriores com coloração branco leitosa a clara, marrom acinzentada, indistintamente marcada
com machas e bandas escuras. Genitália do macho: falo orientado para o ápice com lóbulos
central e abas laterais (Figs. 22a, c) (Flint, 1982).
Biologia: Espécie encontrada em corregos de largura média 4,6 m, com mata de
galeria densa e bem preserva, no bioma Cerrado.
Distribuição: Brasil – (primeiro registro para o Brasil) estado de Mato Grosso,
Bolívia, Paraguai e Argentina.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Córrego da Mata 4a
ordem, S 15º01 32" W 52º26'29, 17-IX-2005, H.S.R. Cabette, armadilha de luz branca e pano
branco, 3♂.
45
Figuras 22a – c: Genitália do macho de Smicridea (Ryacophylax) mesembrina Navás, 1918
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal (fonte: Flint, 1982).
5.2.7. Smicridea (Rhyacophylax) dentisserrata sp. nov.
(Figs. 23a – c)
Adulto comprimento entre 4,4 e 4,6 mm (n = 8). Coloração em álcool, amarelo clara.
Antenas e pernas amarelo claras. Cabeça com cerdas brancas na região entre os olhos, em
vista dorsal. Asas anteriores amarelo claras. Veias transversais, nigma, margem da costal e
radial com manchas marrom escuras, células M e 3 A com machas escuras; região apical com
duas bandas transversais, sendo a primeira mais larga e de cor branca e a segunda estreita e
escura. Segmento V com processo lateral claro e de tamanho médio.
Genitália do macho: Segmento IX com fenda claramente separando do segmento X;
lóbulo antero-lateral formando uma estrutura triangular, com a margem posterior terminando
em ponta pontiaguda, recoberta por pequenos espinhos escuros, vista lateral (Fig. 23a),
formando uma ponta escura na região mediana, vista dorsal (Fig. 23b). Segmento X com a
46
margem lateral-ventral esclerosada e escura; carena esclerosada e margem com serrilha de
pequenos dentes, vista dorsal e lateral (Figs. 23a, b); ápice do segmento X levemente
truncado, dividido na região mediana apical terminado em pequena ponta superficialmente
bífida, vista dorsal (Fig. 23b). Apêndice inferior com segmento basal longo, alargando no
ápice, coberto por cerdas longas; segmento apical curto, ápice pontiagudo, vista dorsal (Fig.
23b). Falo tubular; seção basal larga; seções basal e mediana formando um ângulo de 60o
(Fig. 23a); ápice do falo com um processo interno longo e esclerosado; falo expandido (Fig.
23c); com uma pequena membrana perifálica no ápice. Dois processos laterais na região
mediana do falo, formando abas laterais, esclerosado; presença de dois pares de pequenos
espinhos laterais, processo longo que projeta – se em curva da esquerda para direita e, reto
para região anterior, vista dorsal,
Diagnose: S. dentisserrata diferencia das outras espécies descritas para o subgênero
pela forma do segmento IX com fenda claramente separando do segmento X, formando uma
estrutura triangular com a margem posterior terminando com uma ponta pontiaguda recoberta
por pequenos espinhos escuros e, segmento X com carena esclerosada e margem com serrilha
de pequenos dentes, tanto em vista dorsal como lateral, ápice trucado, com ponta bífida; falo
com processo interno longo e esclerosado, processos laterais em forma de abas, e um par de
pequenos espinhos laterais.
Biologia: Espécie encontrada em corregos e rios com largura média entre 2,5 e 55 m,
águas branca, com pH entre 6,5 e 6,8, com mata de galeria preservada, no bioma Cerrado.
Distribuição: Brasil - Mato Grosso.
Etimologia: dentiserrata em referencia a borda serrilhada com pequenos dentes no
segmento X, encontrado no holótipo.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Mato Grosso,
Córrego da Mata 2a ordem, S 14º59'18" W 52º27'30"; 25.x.2005, H. S. R. Cabette, armadilha
de luz branca e pano branco, 40♂; 4a ordem, S 15º01'32" W 52º26'29; 17.ix.2005, armadilha
de luz branca e pano branco, H.S.R. Cabette, de 15♂ ; Barra do Garças, Rio Pindaíba, 6a
ordem, S 14º54'10" W 52º00'21", 15.xi.2005, H.S.R. Cabette, armadilha luz branca e pano
branco, 5♂.
47
Figuras 23a – c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) dentisserrata sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal. Escala 0,05mm.
5.2.8. Smicridea (Rhyacophylax) bifascia sp. nov.
(Figs. 24a – e)
Adulto comprimento entre 4,4 e 5 mm (n = 8). Coloração, em álcool, marrom escura.
Antenas e pernas marrom. Cerdas na cabeça marrom escura a preta. Asas anteriores escuras
com uma banda transversal branca na parte apical; asa posterior com franja de cerdas longas
na região anal. Segmento V com processo lateral possuindo o mesmo tamanho do segmento
V.
Genitália do macho: Segmento IX com margem antero-lateral e margem dorsal
pouco sinuosa, terminando em lóbulo protuberante, vista lateral (Fig. 24a); apresentando uma
faixa estreita com espículas, vista lateral e dorsal (Figs. 24a, b). Segmento X triangular;
48
margem lateral e apical esclerosada apresentado cerdas curtas, dividido na região apical
mediana, vista dorsal (Fig. 24b). Apêndice inferior com segmentos basal longo, alargando no
ápice; segmento apical curto em ápice arredondado (Fig. 24b). Falo tubular; seção basal larga;
seções basal e mediana formando a um ângulo 90o (Figs. 24a e c); processo interno longo e
esclerosado com ápice terminado em gancho bífido (Fig. 24d). Par de processos esclerosados
na região mediana, em forma de faixa, com extremidades anterior e posterior com quatro
espinhos, vista dorsal, falo expandido (Fig. 24e).
Diagnose: S. (Rhyacophylax) bifascia sp. nov. diferencia-se das demais espécies
descritas para o subgênero pela lóbulo do segmento IX que é bem protuberante e pelo falo
com processo interno longo e esclerosado com ápice terminado em gancho bífido, com
processos laterais esclerosado em forma de faixa com espinhos nas extremidades. Assemelhase a S. (R.) ralphi Almeida e Flint, 2002, S. (R.) froehlichi Almeida e Flint, 2002, S. (R.)
jundiá Almeida e Flint, 2002 e S. (R.) mangaratiba Almeida e Flint, 2002 pela presença de
protuberância com espículas no nono segmento, o falo apresenta uma leve semelhança com S.
(R.) unguiculata Flint, 1983.
Biologia: Espécie encontrada em corregos com largura média entre 2,5 e 9,5 m, de
água branca, pH entre 6 e 6,7; ambiente com mata de galeria bem preservada, no bioma
Cerrado.
Distribuição: Brasil – estado de Mato Grosso
Etimologia: bifascia (latim = faixa), referência aos dois apêndices da região posterior
do falo, em forma de faixa.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Córrego da Mata 2a
ordem, S 14º59'18" W 52º27'30", 25-X-2005, H.S.R Cabette, armadilha luz branca plano
branco, 30♂; 4a ordem, S 15º01'32" W 52º26'29, 17-IX-2005, H.S.R. Cabette, armadilha luz
branca e pano branco, 2♂; Barra do Garças, Córrego Taquaral 4a ordem, S 15º38'53" W
52º12'53", 21.X.2005, H.S.R. Cabette, armadilha de luz branca e pano branco, 1♂.
49
Figuras 24 a – e: Genitália do macho de S. (Rhyacophylax) bifascia sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo retraído, vista
lateral; d) falo expandido, vista lateral; d) falo expandido, vista dorsal. Escala 0,1mm.
5.2.9. Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense sp. nov.
(Figs. 25a – d)
Adultos: machos com comprimento da asa anterior 5,5 mm (n = 5). Coloração, em
álcool, marrom clara. Asa anterior de cor clara; com manchas escuras ao longo das veias
transversais, costal, radial e nigma; região apical com bandas escuras; células M e 3 A com
machas escuras.
Genitália do macho: segmento IX com margem antero-lateral sinuosa; margem
dorsal reta terminando em lóbulo protuberante, formando uma região triangular com pequenas
espículas, vista lateral (Fig. 25a) e vista dorsal (Fig. 25b). Segmento X de forma triangular,
50
afilado no ápice; região apical arredondada com pequenas cerdas, vista dorsal (Figs. 25a, b);
região latero-ventral com margem esclerosada, dividido na região apical mediana, vista dorsal
(Figs. 25a, b). Apêndice inferior com segmento basal longo, e recoberto por cerdas, alargando
no ápice; segmento apical curto e terminando em ápice pontiagudo, vista dorsal (Fig. 25b).
Falo tubular, seção basal alargada; seções basal e mediana se encontram em ângulo de
aproximadamente 90o (Fig. 25a); processo interno esclerosado e curto, dividindo no ápice, em
forma de tesoura (Fig. 25d). Processos laterais esclerosados, curtos lembrando pequenos
chifre, vista dorsal expandido (Fig. 25d), circundando o ápice do esclerito interno quando
retraído, vista dorsal (Fig. 25c).
Diagnose: S. (Rhyacophylax) araguaiense sp nov. diferencia–-se das demais espécies
descritas para o subgênero pela forma do falo com processo interno esclerosado e curto,
dividido no ápice, em forma de tesoura; processos laterais esclerosados, curtos, lembrando
pequenos chifres em vista dorsal expandido; circundando o ápice do esclerito interno quando
retraído em vista dorsal. Assemelha-se a S. (R.) ralphi Almeida e Flint, 2002, S. (R.)
froehlichi Almeida e Flint, 2002, S. (R.) jundiai Almeida e Flint, 2002 e S. (R.) mangaratiba
Almeida e Flint, 2002, S. (R.) bifascia sp. nov., S. (R.) helenae sp. nov., S. (R.) quadrispinata
sp. nov. pela presença de lóbulo protuberante com espículas no nono segmento
Biologia: Espécie encontrada em corregos com largura média de 4,7 m, água com pH
6,5 com mata de galeria densa e bem preservada, encontrado em região de cerrado.
Distribuição: Brasil – estado de Mato Grosso
Etimologia: nome relacionado a bacia do Rio Araguaia, onde a serie tipo foi coletada.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Córrego da Mata 4a
ordem, S 15º01'32" W 52º26'29, 17-ix-2005, H.S.R. Cabette, armadilha de luz branca e pano
branco, 18♂.
51
Figuras 25a- d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) araguaiense sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo
retraído, vista dorsal, d) falo expandido, vista dorsal. Escala 0,05mm.
5.2.10. Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov.
(Figs. 26 - 28)
Comprimento do macho 4,6 mm (n = 10). Coloração em álcool, amarelo clara. Cabeça
com cerdas marrom clara na região frontal; mesonoto com cerdas claras. Antenas e pernas de
cor amarelo clara. Asa anterior marrom clara; região mais escura ao longo das veias
transversais costal e radial e nigma. Base da asa com bandas brancas na região apical;
manchas escuras nas células M e 3A. Segmento V com processo lateral curto e de cor clara.
Genitália do macho: segmento IX com margem anterior esclerosada terminando em
lóbulo protuberante, vista lateral (Fig. 26a); recoberto por pequenas espículas formando uma
faixa longa, vista lateral e vista dorsal (Fig. 26a). Segmento X triangular; ápice estreito, vista
lateral, truncado e com cerdas curtas (Figs. 26a, b), margens lateral ventral e apical bem
esclerosada (Fig. 26a), ápice dividido na região apical mediana (Fig. 26b). Apêndice inferior
com segmento basal longo, recoberto por cerdas longas, alargando no ápice em vista dorsal;
52
segmento apical curto, recoberto por cerdas curtas, alargando no ápice que termina em ponta,
vista dorsal (Fig. 26b). Falo tubular; seção basal larga, seções basal e mediana com ângulo de
90o; processo interno longo e esclerosado, dividido na base e no ápice (Fig. 26c, e);
membrana dorsal com um par de pequena porção esclerozada. Ápice do falo reversível (Fig.
26d). Processos laterais esclerosados, ponta com pequenos espinhos curtos (Fig. 26c).
Figuras 26a - c: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista lateral. Escala 0,05mm.
Larva (Fig. 27a): comprimento 4,5 a 6 mm (n = 5), coloração marrom clara.
Cabeça: coloração amarelo clara; forma arredondada; com cerdas curtas e finas
cobrindo a região dorsal; pares de cerdas longas distribuídas na região ocular dorsal e lateral;
53
sutura coronal curta; sutura do frontoclípio em forma de “V”, região mediana côncava; mancha
escura na região posterior em forma triangular; margem anterior do frontoclípeo reta com
protuberância nas laterais (Fig. 27b). Labro arredondado, recoberto por cerdas curtas e um par
de cerdas longas na região mediana, e escova de cerdas longas nas margens laterais (Fig. 27f).
Mandíbulas assimétricas com cinco dentes semelhantes no lado esquerdo e quatro dentes do
lado direito (Fig. 27g). Estrutura de estridulação estreita e com estrias finas e pouco marcadas,
não se estendendo para a lateral, vista ventral e lateral (Figs. 27c, d, e). Esclerito da gula
triangular com a margem anterior convexa e com pequena protuberância nas margens (Fig.
27c).
Tórax: esclerito amarelo claro, recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto dividido
com margem lateral reforçada e escura até a metade posterior, meso e metanoto inteiros com
todas as margens laterais reforçadas e escuras (Fig. 27h); mesoesterno com um par de
brânquias ventro-laterais simples; metaesterno com um par de brânquias simples, ventrolaterais e uma brânquia dupla central.
Abdome: cor bege clara. Cutícula dorsal e lateralmente recoberta por cerdas
espatuladas curtas (Fig. 27i - A); um par de brânquias simples ventro-laterais nos segmentos I,
III a VII; um par de brânquias duplas, ventro-laterais, nos segmentos II a VI; esclerito do
oitavo segmento formado por duas placas pequenas rodeadas por uma cerda grande lateral e
quatro médias (Fig. 27j - B).
Pupa: Comprimento 4 mm (n = 4), aspecto dorsal (Fig. 28a). Labro com região
mediana arredondada, com cinco cerdas médias; lóbulos laterais arredondados com quatro
cerdas longas, região mediana e lóbulos laterais com tamanho semelhantes (Fig. 28b).
Mandíbulas assimétricas e largas na base (lado direito com quatro dentes e lado esquerdo com
cinco) com cerdas longas na região postero-lateral (Fig. 28c).
Tórax e abdome com cerdas curtas (Fig. 28a).
Abdome (Fig. 28e) com placas com ganchos na região anterior nos segmentos II e
VIII, e na região posterior nos segmentos de III – IV; segmento II (2a) com placa anterior
com dois ganchos fortes em linha reta; segmento III (3a), placa anterior com quatro ganchos
fortes e quatro ganchos pequenos, segmento III (3p), placa com sete ganchos fortes dispostos
em linha reta; segmento IV, com placa (4p) com cinco ganchos. Processo apical reto,
amplamente separado, cada um com uma escova de cerdas no ápice (três cerdas curtas e sete
cerdas longas) (Fig. 28d).
54
Figuras 27a - j: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) larva, vista lateral; b – e) cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da
estrutura de estridulação; f) labro; g) mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do
abdome; j) esclerito ventral do segmento abdominal VIII, seta A indicado a cerdas do
abdome, seta B indicando esclerito do segmento VIII.
55
Figuras 28 a – e: Pupa de Smicridea (Rhyacophylax) helenae sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) pupa, vista dorsal; b) labro, vista dorsal; c) mandíbulas, vista dorsal; d)
segmento abdominal IX, vista dorsal; e- placas em forma de gancho da pupa, 2 – 8 = número
dos segmentos abdominais, a = anterior, p = posterior).
Diagnose:
Adulto: S. (Rhyacophylax) helenae sp. nov. diferencia-se das demais espécies descritas
para o subgênero pela forma do segmento X com ápices estreito e truncado; falo com
processo interno longo e esclerosado, dividido no ápice; processos laterais esclerosados e com
pequenos espinhos no ápice; e um par de espinhos na membrana dorsal. Assemelha-se a S.
(R.) ralphi Almeida e Flint, 2002, S. (R.) froehlichi Almeida e Flint, 2002, S. (R.) jundiai
Almeida e Flint, 2002 e S. (R.) mangaratiba Almeida e Flint, 2002, S. (R.) bifascia sp. nov., S.
56
(R.) quadrispinata sp. nov. pela presença de lóbulo protuberante com espículas no nono
segmento.
Larva: A larva de S. (Rhyacophylax) helenae sp nov. diferencia-se pela forma da
cabeça arredonda; macha da cabeça em forma triangular; estrias da estrutura de estridulação
finas e pouco marcadas, não se estendendo lateralmente. Difere-se da larva de S. appendiculata
pela forma do frontoclípeo, mancha na região anterior, mandíbulas e estrias da estrutura de
estridulação bem marcadas.
Pupa: a pupa S. helenae sp. nov. diferencia-se pela forma do labro com porção
mediana arredondada, com cinco cerdas médias e lóbulos laterais arredondados com quatro
cerdas longas; placa 2a com dois ganchos fortes; placas 3a com quatro ganchos fortes e quatro
pequenos, 3p com sete ganchos fortes; 4p com cinco ganchos; processo apical reto com três
cerdas curtas e sete cerdas longas. Difere de S. appendiculata pela placa 2a com cinco
ganchos fortes em linha reta; placa 3a com cinco ganchos grandes e onze pequenos, placa 3p
com oito ganchos fortes e um dente pequeno distribuídos em linha reta; placa 4p com quatro
ganchos e processo apical reto com oito cerdas curtas e doze cerdas longas no ápice; labro
levemente triangular com cinco cerdas longas na região mediana e lóbulos laterais com cinco
cerdas medianas. Diferencia-se também de S. (R.) pampeana pela forma do labro e pela forma
e números de ganchos das placas dorsais abdominais.
Biologia: adultos, larvas e pupas foram coletados em cursos de água de pequeno a
grande porte, entre 4,5 a 1.200 m, de águas brancas, com leito rochoso e pedras soltas, pH de
7,8, em região de correnteza forte, com muita planta da família Podostemaceae. Em áreas de
cerrado e áreas de transição entre cerrado e Floresta Amazônica.
Distribuição: Brasil – estados de Roraima e Mato Grosso.
Etimologia: nome da espécie em homenagem a Dra. Helena Soares Ramos Cabette,
pela sua grande contribuição no estudo dos insetos aquáticos.
Material examinado: BRASIL, Roraima, Rio Branco, Cachoeira do Bem Querer, N
01º55’42” W 61º00’09”, 21.i.2001, rapiché (puçá aquático), C.S. Azevedo, 17 larvas; 1821.ii.2002, A.M.O. Pes, pennsylvania luz ultravioleta, 40♂; 19-23.viii.2002, “Pennsylvania”
luz ultravioleta, C.S. Azevedo, 26♂; 19.ii.2002, rapiché (puçá aquático), C. A. S. Azevedo, 8
larvas, 2 pupas; 17.iii.2007, A. M. O. Pes, “Pennsylvania” luz ultravioleta, 2 larvas; Mato
Grosso, Cocalinho, Fazenda Ellus, Rio Araguaia, S 13º00'29.2” W 50º35'48.0”, 17.x.2000,
H.S.R. Cabette, armadilha de luz branca e pano branco,♂;
7 L agoão, 16.x.2000, H.S.R.
Cabette, armadilha de luz branca e pano branco, ♂;
5 17.x.2000, Cabette, H.S.R.
et al.,
armadilha de luz branca e pano branco, 2♂; Fazenda Tracajá, Corixo Sta Cruz, S 13º05'07.0”
57
W 51º05'53.4” 15.v.2001, H.S.R. Cabette, armadilha de luz mista e pano branco,
♂; 2
15.v.2001, H.S.R. Cabette, armadilha de luz branca e pano branco, ♂
1 ; Nova Xavantina,
Córrego da Mata 4a ordem, S 15º01'32" W 52º26'29, 17-ix-2005, H.S.R. Cabette, armadilha
de luz mista e pano branco, 4♂; Campus da Unemat, S 14°42'0.36" W 52°21'3.85",
05.x.2003, H.S.R. Cabette, armadilha de luz mista e pano branco, 2♂; Barra do Garças, Rio
Pindaíba 6a ordem, S 14º54'10" W 52º00'21", 15.xi.2005, H.S.R. Cabette, armadilha de luz
branca e pano branco, 4♂.
5.2.11. Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov.
(Figs. 29a – d)
Adulto: Comprimento do macho 4 a 4,3 mm (n = 6). Coloração marrom clara. Cerdas
da cabeça marrom clara. Pernas e antenas amarelo acinzentadas. Asas anteriores marrom
clara, com veias transversais cobertas por manchas escuras; duas bandas transversais brancas,
uma na porção mediana e outra na porção apical; nigma e margens da costal e radial escuros.
Asas posteriores com franjas de cerdas na região anal. Segmento V com processo lateral
longo.
Genitália do macho: segmento IX com margem dorsal reta terminando em um lóbulo
pouco protuberante coberto por pequenas espículas, vista lateral (Fig. 29a). Segmento X
subtriangular, margem ventro-lateral esclerosada, ápice arredondado, ápice com cerdas
pequenas, margem lateral ventral esclerosada, vista lateral (Fig. 29a), ápice do segmento X
dividido na região apical mediana, vista dorsal (Fig. 29b); apêndice inferior com segmento
basal longo, e ligeiramente alargado na porção apical, recoberto por cerdas longas; segmento
apical curto com o ápice redondo, vista dorsal (Fig. 29b). Falo tubular, com seção basal larga,
seções basal e mediana formando um ângulo 90o (Fig. 29a); processo interno esclerosado,
longo e largo, levemente mais largo na região apical. Processos laterais medianos
esclerosados de forma triangular, vista dorsal e ventral (Figs. 29c, d), com margem levemente
serrilhada na região anterior (Fig. 29a).
Diagnose: S. (Rhyacophylax) flinti sp. nov. diferencia-se das demais espécies descritas
para o subgênero pela forma da genitália, segmento IX com a margem dorsal reta, lóbulo
pouco protuberante, falo com processo interno longo e esclerosado e processo lateral
esclerosado com formado triangular. Assemelha-se a S. (R.) araguaiense sp. nov. pela forma
do segmentos IX e X.
58
Biologia: essa espécie foi encontrada próxima a cursos d’água alterados em mata de
terra firme, águas preta, fundo rochoso e pedras soltas, largura média de 12,5 metros, pH da
água de 4,5 e ausência de dossel. No estado do Mato Grosso a espécie foi coletada no Campus
Universitário de Nova Xavantina, localizado no Parque do Bacaba, no bioma Cerrado.
Distribuição: estados do Amazonas e Mato Grosso
Etimologia: nome da espécie em homenagem ao Dr Oliver S. Flint Jr pela sua grande
contribuição do conhecimento dos Trichoptera da região Neotropical.
Material examinado: BRASIL, Amazonas, Presidente Figueiredo, Balneário do
Sossego, da Pantera, Igarapé da Onça; S 02°00'52” W 60001’43”, 01.vii.2008, C.A.S.
Azevedo, armadilha “Pennsylvania”, 2♂; Mato Grosso, Nova Xavantina, Parque Municipal
do Bacaba, Campus da Unemat, S 14°47'74" W 52°21'74" 05.x.2003, H.S.R. Cabette,
armadilha de luz e pano branco, 4♂.
Figuras 29a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) flinti sp. nov. (Trichoptera:
Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo, vista dorsal, d)
falo, vista ventral. Escala 0,05mm.
59
5.2.12. Smicridea (Rhyacophylax) quadrispinata sp.nov.
(Figs. 30a – b)
Comprimento do macho 4,5 mm (n = 2). Coloração em álcool, amarelo clara. Antenas
e pernas amarelo claras. Asas anteriores amarelo ou bege clara. Veias transversais coberta por
mancha escura; nigma, margem das veias costal e radial escuras. Banda transversal de cor
branca na região mediana. Asas posteriores com franjas de cerdas na região anal. Segmento V
com processo lateral ligeiramente maior que o segmento.
Genitália do macho: segmento IX, em vista lateral, com a margem latero-anterior
esclerosada, margem dorsal com a região mediana côncava (sinuosa), terminado em lóbulo
com protuberância acentuada, recoberto por pequenas espículas formando mancha em forma
triangular, vista lateral (Fig. 30a). Segmento X com a margem ventral anterior esclerosada e
escura (Fig. 30b), com espinhos na margem ventral do ápice (Figs. 30a, b), ápice iniciando em
forma semi-truncada e terminando em ponta oblíqua, margem dorsal convexa, vista lateral
(Fig. 30a); ápice do segmento X dividido na região medio-apical, margem da bifurcação bem
esclerosada com ápice redondo, vista dorsal (Fig. 30b). Apêndice inferior com segmento basal
longo, ligeiramente largo no ápice e recoberto por cerdas longas; segmento apical curto com
cerdas, terminando em forma arredondada. Falo tubular, seção basal em vista lateral larga;
seções basal e mediana com ângulo de aproximadamente 90o (Fig. 30a); falo com dois
processos internos médios, esclerosados, vista dorsal (Fig. 30b), região posterior pontiaguda e
anterior arredondado, vista dorsal (Fig. 30b), com um par de espinhos na margem lateral
esquerda, vista lateral (Fig.30a) e um par na região dorsal; vista dorsal (Fig. 30b).
Diagnose: S. (Rhyacophylax) quadrispinata sp nov. diferencia-se das demais espécies
descrita para o subgênero principalmente pela forma da genitália: segmento IX margem dorsal
bem sinuosa terminando em lóbulo protuberante; segmento X com espinhos no ápice da
margem lateral, ápice iniciando em forma truncada e terminado em uma pequena ponta
oblíqua e margem dorsal convexa, em vista lateral; região mediana do segmento X
esclerosado; falo com dois processos internos médios; região médio apical com um par de
espinhos na margem dorsal e um par na margem lateral esquerda. Assemelha-se a S.(R.)
coronata pela presença de espinhos na margem do segmento X.
Biologia: Essa espécie foi coletada em córregos de águas brancas, largura média de
4,7 m, água com pH 6,5, com mata de galeria densa e bem preservada e no Campus
Universitário de Nova Xavantina, localizado no Parque do Bacaba, no bioma cerrado.
Distribuição: Brasil – Mato Grosso
Etimologia: quadrispinata em referencia ao número de espinhos encontrado no falo.
60
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Campus da Unemat,
05.x.2003, luz, H.S.R. Cabette, 1♂; Córrego da Mata 4a ordem, S 15º01'32" W 52º26'29,
17.ix.2005, H.S.R. Cabette armadilha de luz branca e pano branco,1♂.
Figuras 30a – b: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) quadrispinata sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal. Escala
0,05mm.
5.2.13. Smicridea (Rhyacophylax) motogrossense sp. nov.
(Figs. 31a – d)
Comprimento do macho entre 4 – 4,4 mm (n = 8). Coloração em álcool marrom clara.
Antenas e pernas marrom clara. Cerdas da cabeça e mesonoto marrom claras. Asa anterior
marrom; base da asa, nigma, margem da costal e radial escura; asa com duas bandas
transversais brancas, primeira na região mediana e outra no ápice da asa, células 3A e M com
machas brancas. Segmento V com processo lateral com o mesmo tamanho do segmento.
Genitália do macho: segmento IX com margem Antero-lateral esclerosada e pouco
sinuosa, margem dorsal bem sinuosa terminando em um lóbulo quadrado e protuberante,
61
recoberto por pequenas espículas, vista lateral (Fig. 31a); Segmento X triangular, com região
ápical arredonda, com pequenas cerdas (Fig. 31a, b), a margem ventral anterior esclerosada,
vista lateral (Fig. 31a), ápice do segmento X dividido na região apical mediana, vista dorsal
(Fig. 31b); apêndice inferior com segmento basal longo alargando na região apical, segmento
apical curto alargando no ápice e terminado em forma redonda, vista dorsal (Fig. 31b). Falo
forma tubular simples, base larga; seções basal e mediana com ângulo de aproximadamente
90o; porção apical com esclerito interno longo e dividido no ápice, com dois espinhos laterais
e um dorsal com ponta curva, vista lateral (Fig. 31a), esclerito interno com a região pré-ápical
dilatada dividindo-se em duas projeções; dois processos esclerosados estreitos e curtos e com
dois espinhos triangulares nas margens laterais, vista ventral (Fig. 31d).
Diagnose: S. (R.) matogrossense sp. nov. diferencia-se das demais espécies descritas
para o subgênero principalmente, pela forma da genitália: segmento IX com margem dorsal
sinuosa, lóbulo dorsal quadrado, segmento X com ápice arredondado e forma do falo, com
dois espinho na margem lateral e um na margem dorsal e, dois processos estreitos e curtos e
dois espinhos.
Biologia: Espécie encontrada em cursos d’água de porte médio a grande, com largura
média de 4,7 m, água com pH 6,5; com mata de galeria densa e bem preservada no bioma
Cerrado.
Distribuição: Brasil – Mato Grosso
Etimologia: motogrossense relacionado ao estado do Mato Grosso onde o espécime
tipo foi coletada.
Material examinado: BRASIL, Mato Grosso, Nova Xavantina, Córrego da Mata 4a
ordem, S 15º01'32" W 52º26'29, 17-ix-2005, H. S. R. Cabette, armadilha de luz branca e
pano branco, 8♂.
62
Figuras 31a – d: Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) matogrossense sp nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal, d) falo, vista ventral. Escala 0,05mm.
5.2.14. Smicridea (Rhyacophylax) roraimense sp. nov.
(Figs. 32a - b)
Comprimento do macho 4,4 mm (n = 5). Cor em álcool marrom. Antenas e pernas
amarelo escuras. Asa anterior marrom; margem da costal e radial, nigma e veias transversais
coberto por machas marrom escuras; região apical com banda transversal branca. Segmento V
com processo lateral curto
Genitália do macho: segmento IX com margem dorsal bem sinuosa terminando em
lóbulo protuberante levemente arredondado recoberto por pequenas espículas, vista lateral
(Fig. 32a). Segmento X com margem latero-ventral esclerosada, região apical curvada para
cima com pequena protuberância ventral, vista lateral (Fig. 32a), ápice dividido na parte
apical mediana, vista dorsal (Fig. 32b). Apêndice inferior com segmento basal longo,
recoberto por cerdas longas, alargando no ápice, segmento apical curto, recoberto por cerdas
menores, alargando no ápice terminando de forma aredondada (Fig. 32b). Falo tubular, seção
basal larga, seções basal e mediana com ângulo de aproximadamente 80o, ápice com processo
63
interno curto, esclerosado e sinuoso, estreito na região posterior e alargando para o ápice,
membrana perifálica lembrando um coanócito, vista lateral (Fig. 32a), curto dividindo-se em
três hastes, (Fig. 32c).
Diagnose: S. (Rhyacophylax) roraimense sp. nov. diferencia-se das demais espécies
descrita para o subgênero principalmente pela forma da genitália, segmento IX com margem
dorsal sinuosa; segmento X com margem latero-ventral esclerosada, região apical curvada
para cima com uma pequena protuberância ventral, falo com processo interno curto e
esclerosado sinuoso, estreito na região posterior e alargando para o ápice, membrana
perifálica lembrando um coanócito, esclerito interno escuro e curto dividindo-se em três
hastes. Assemelha-se a S.(R.) abrupta Flint 1974 pela forma dos segmentos IX e X.
Biologia: Essa espécie foi coletada às margem do Rio Branco com largura aproximada
de 1200 metros, com leito rochoso e pedras soltas, pH da água de 7,8, água branca, em região
de correnteza forte, substrato com muita Podostemacea, em área de transição entre Floresta
Amazônica e Savana, e vegetação ripária pouco alterada.
Distribuição: Brasil – Roraima
Etimologia: roraimense relacionado ao estado de Roraima, onde o espécime tipo foi
coletado.
Material examinado: BRASIL, Roraima, Rio Branco, Cachoeira do Bem Querer, N
01º55’42” W 61º00’09”, 18-21.ii.2002, A. M. O. Pes, “Pennsylvania”, luz ultravioleta, 10♂.
Figuras 32a - b. Genitália do macho de Smicridea (Rhyacophylax) roraimense sp. nov.
(Trichoptera: Hydropsychidae): a) genitália, vista lateral; b) genitália, vista dorsal; c) falo,
vista dorsal. Escala 0,1mm.
64
5.3. Descrição dos morfótipos de larvas de último estádio de Smicridea (Trichoptera:
Hydropsychidae) não associadas a adultos, na área de estudo.
5.3.1. Smicridea (Rhyacophylax) sp. 2
(Figs. 33a – j)
Larva (Fig. 33a): comprimento entre 4,5 a 5 mm (n = 5), coloração marrom clara.
Cabeça: forma quadrangular; coloração marrom clara; região dorsal recoberta por
cerdas curtas e rígidas; sutura coronal curta; região mediana do frontoclípeo com um par de
linhas escuras em diagonal, que não se tocam, região mediana com manchas reticulares
marrons e linha escura na margem posterior do frontoclípeo, margem anterior convexa e
serrilhada (Fig. 33b). Oito manchas de inserções musculares lateralmente (Figs. 33d, e). Labro
normal arredondado, recoberto por cerdas curtas e rígidas com uma escova de cerdas finas e
longas nas laterais (Fig. 33f). Mandíbulas assimétricas, (direita com cinco dentes e esquerda
com seis), vista dorsal (Fig. 33g). Vista ventral com estrutura de estridulação curta e larga,
com linhas horizontais muito finas, inserida em uma mancha mais escura que se projeta
lateralmente (Figs. 33c, d, e). Esclerito da gula triangular, região anterior larga e margem
simples (Fig. 33c).
Tórax: esclerito marrom claro recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto dividido
com margens laterais reforçadas e escuras, meso e metanoto inteiros com todas a margens
laterais reforçadas e escuras (Fig. 33h); meso e metaesterno com um par de brânquias simples,
ventro-laterais.
Abdome: coloração clara, cutícula dorsal e lateralmente recoberta por cerdas
espatuladas, curtas e espaçadas (Fig. 33i - A); dois pares de brânquias simples, ventro-laterais,
nos segmentos abdominais I, II e VII; um par de brânquias simples e um par de brânquias
duplas, ventro-laterais nos segmentos III - VI; esclerito do segmento VIII formado por duas
placas pequenas, rodeado por sete cerdas médias (Fig. 33j - B).
Diagnose: este morfótipo diferencia-se das demais larvas por apresentar na região
mediana do frontoclípeo um par de linhas escuras em diagonal que não se tocam, pela região
mediana com manchas marrons reticulares, e pela linha escura na margem posterior do
frontoclípeo.
Biologia: A espécie foi encontrada em igarapés de terra firme, com largura entre 1,5 a
3,5 m, água com pH 5,0; igarapés de água branca, leito predominante rochoso e arenoso, em
65
área de correnteza forte, com dossel fechado. Esta espécie também foi coletada por Pes (2001)
em igarapés do município de Presidente Figueiredo, de águas pretas.
Material Examinando: BRASIL, Presidente Figueiredo, Reserva Biológica do
Uatumã, igarapé 1, S 01o48'436" W 059o15'436", J.L.D. Albino, 31.i.2008, folhas de
correnteza, 5 larvas; igarapé 2, S 01o49'42" W 059o15'83", folhas de correnteza,01.ii.2008, 9
larvas; igarapé 4, S 01o49'19" W 059o15'87", J.L.D. Albino, 04.ii.2008 folhas de remanso, 2
larvas; Igarapé 4, S 01o49'19" W 059o15'87"W, J.L.D. Albino, 04.ii.2008, folhsa de
correnteza, 14 larvas.
66
Figuras 33 a - j: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) sp. 2. a) larva, vista lateral; b – e)
cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral do
segmento abdominal VIII; seta A indicado a cerdas do abdome, B indicando esclerito do
segmento VIII.
67
5.3.2. Smicridea (Rhyacophylax) sp. 5
(Figs. 34a – j)
Larva (Fig. 34a): comprimento entre 5,8 – 7,4 mm (n = 8), cor amarelo-avermelhado.
Cabeça: forma quadrada; coloração marrom; região posterior do fronteclípeo com
uma faixa; oito manchas brancas de inserções musculares margeando a região posterior
externa da cabeça (Fig. 34b); vista dorsal com cerdas curtas e pares de cerdas longas
distribuídas na margem Antero-mediana do frontoclípeo (Figs. 34b, d); sutura coronal curta;
frontoclípeo com parte anteriormediana côncava, margem anterior convexa e serrilhada,
sutura em forma de “V”, região mediana anterior do com uma depressão, margem posterior
reta, demarcada por linha marrom escura, vista dorsal (Fig. 34b). Labro arredondado,
recoberto por cerdas curtas e finas, um par de erdas longas na região central e escova de
cerdas finas e longas nas margens laterais (Fig. 34f). Mandíbulas assimétricas na forma,
(direita e esquerda com seis dentes), comprimento duas vezes e meia mais longo que a largura
(Fig. 34g). Em vista ventral estrutura de estridulação longa e estreita, linhas horizontais muito
finas e pouco marcadas, inserida em uma mancha escura projetada lateralmente (Figs. 34c, d,
e). Esclerito da gula triangular com região anterior larga e margem com dois pares de
pequenas projeções (Fig. 34c).
Tórax: esclerito marrom claro e amarelo, recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto
dividido, marrom com manchas mais claras, margens laterais da metade posterior com uma
região reforçada e escura, meso e metanoto inteiros, amarelos, com todas as margens laterais
reforçadas e escuras (Fig. 34a); meso e metatórax com um par de brânquias simples, ventrolaterais.
Abdome: cor bege clara, cutícula dorsal e lateralmente recoberta por cerdas
espatuladas curtas e claras (Fig. 34h - A); dois pares de brânquias simples, ventro-laterais, nos
segmentos abdominais I - II e VII; um par de brânquias simples e um par de brânquias duplas,
ventro-laterais, nos segmentos III – VI; esclerito do segmento VIII formado por duas placas
pequenas, rodeado por cinco cerdas médias (Fig. 34i - B)
Diagnose: este morfótipo diferencia-se das demais larvas principalmente pela
depressão mediana do frontroclípeo e pela mandíbula longa e estreita.
Biologia: Essa espécie foi coletada em rio de aproximadamente 1200 metros de
largura, com leito rochoso e pedras soltas, água com pH 7,8; águas brancas, em região de
correnteza forte, com macrófitas da família Podostemaceae, em área de transição entre
floresta amazônica e savana, com vegetação ripária pouco alterada.
68
Material examinado: BRASIL, Roraima, Caracaraí, Rio Branco, Cachoeira do Bem
Querer, N 01º55’42” W 61º00’09”, 18-21.ii.2002, A.M.O. Pes, 20 larvas.
Figuras 34 a - i: Larva de Smicridea (Rhyacophylax) sp. 5: a) larva, vista lateral; b – e)
cabeça, vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g)
mandíbula; h) cerdas do abdome, vista lateral; i) esclerito ventral do segmento abdominal
VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do abdome.
69
5.3.3. Smicridea (Smicridea) sp. 3
(Figs. 35a – j)
Larva (Fig. 35a): comprimento 4,5 - 6 mm (n = 8), coloração marrom-clara.
Cabeça: forma arredondada; coloração marrom clara; cerdas curtas na região dorsal,
pares de cerdas longas distribuídas na região ocular dorsal e lateral; sutura coronal curta;
sutura do frontoclípeo em forma de “V”, região anterior do frontoclípeo mais escura margem
anterior do frontoclípeo convexa pouco serrilhada, com duas manchas marrom escuras na
região mediana (Figs. 35b, h), mancha escura na região posterior, vista lateral (Fig. 35d).
Labro redondo recoberto por cerdas curtas e finas, um par de cerdas medianas na margem
central e escova de cerdas longas nas margens laterais (Fig. 35f). Mandíbula assimétrica na
forma (direita e esquerda com cinco dentes) (Fig. 35g). Ventralmente com estrutura de
estridulação curta e larga com linhas horizontais muito finas em uma região mais escura que
se estende lateralmente (Figs. 35c, d, e). Esclerito da gula triangular com a região anterior
larga e com margem simples (Fig. 35c).
Tórax: escleritos marrom claros, recobertos por cerdas curtas e finas; pronoto
dividido, faixa escura na região posterior e outra na região anterior, margens laterais
reforçadas e escuras, meso e metanoto com toda a margem lateral reforçada e escura (Fig.
35h), mesotórax com um par de brânquias ventro-laterais simples, metatórax com três
brânquias ventro-laterais simples.
Abdome: cor bege clara, cutícula dorsal e lateralmente recoberta por cerdas
espatuladas curtas e escuras (Fig. 35j -A); dois pares de brânquias ventro-laterais simples no
segmento abdominal I; um par de brânquias simples e um par de duplas, ventro-laterais nos
segmentos II - VI; um par de brânquias ventro-laterais simples no segmento VIII; segmento
VIII com uma placa em forma de gota rodeada por oito cerdas medias e oito cerdas pequenas
laterais (Fig. 35i - B).
Diagnose: o morfótipo dessa larva diferencia-se das demais larvas pela forma da
cabeça arredondada, pelo padrão de coloração das manchas da cabeça, com duas manchas
escuras na região mediana dorsal, lateralmente com uma mancha escura na região posterior,
pela estrutura de estridulação curta e larga com linhas horizontais muito finas em uma região
mais escura que se estende lateralmente, vista ventral.
Biologia: A espécie foi encontrada em igarapés de terra firme, largura entre 1,5 e 3,5
m, água com pH entre 5,0 e 6,0, de água branca e com o leito rochoso e arenoso em área de
correntezas fortes, com dossel fechado. Pes (2005) encontrou esta espécie associada a raízes,
70
em áreas de correnteza nos igarapés da Reserva Florestal Adolpho Ducke em águas pretas e
fundo arenoso.
Material examinado: BRASIL, Presidente Figueiredo, Reserva Biológica do Uatumã,
igarapé 4, S 01o49'19" W 059o15'87", folhas de correnteza, 04.ii.2008, 3 larvas; igarapé 8, S
01o47'78" W 059o15'39", 10.ii.2008, folhas de correnteza, 5 larvas.
Figuras 35 a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 3: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g) mandíbula; h)
tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral segmento abdominal
VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do abdome.
71
5.3.4. Smicridea (Smicridea) sp. 6
(Figs. 36a – j)
Larva (Fig. 36a): comprimento 4,5 a 5,5 mm (n = 8), coloração marrom clara.
Cabeça: subretangular; coloração marrom alaranjada, sem manchas; margem anterior
do frontoclípeo com cor marrom escura; cerdas curtas, grossas e escuras na região dorsal,
margem anterior do frontoclípeo convexa (Fig. 36b). Labro simples, arredondado recoberto por
cerdas curtas e finas, um par de cerdas longas na margem central e escova de cerdas longas nas
laterais (Fig. 36f); mandíbulas assimétricas (direita com cinco dentes e esquerda com quatro)
(Fig. 36g); estrutura de estridulação longa e estreita que se estendendo-se lateralmente, linhas
horizontais muito finas, de difícil visualização. Esclerito da gula triangular, margem simples
(Figs. 36c, d, e).
Tórax: esclerito claro e recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto dividido com
margem lateral reforçada e escura até a metade posterior, mais escuro que o meso e metanoto,
meso e metanoto inteiros com margens laterais reforçadas e escuras (Fig. 36h), mesotórax
com um par de brânquias ventro-laterais simples, e metatoráx com dois pares de brânquias
ventro-laterais simples.
Abdome: de cor marrom clara, cutícula dorsal e lateralmente recoberta por cerdas
espatuladas curtas e escuras (Fig. 36i); um par de brânquias simples, ventro-laterais no
segmento abdominal I; um par de brânquias simples e um par de brânquias duplas, ventrolaterais, nos segmentos II – VIII; segmento VIII com uma placa em forma de gota rodeada por
quatro cerdas longas e sete pequenas cerdas laterais longas (Fig. 36j).
Diagnose: o morfótipo diferencia das demais larvas pela forma da cabeça retangular,
cor marrom alaranjada e por não possuir mancha definida na cabeça e pela estrutura de
estridulação longa e estreita que se estende para as laterais, com linhas horizontais muito
finas.
Biologia: A espécie foi encontrada em igarapés de terra firme, largura entre 1,5 e 6 m,
com pH da água variando de 5,0 a 7,1, de águas brancas, leito predominante rochoso e
arenoso, em área de correntezas fortes, com dossel fechado. Pes (2005) encontrou esta espécie
em igarapés de águas pretas no município de Presidente Figueiredo e, verificou que ela está
relacionada ao substrato de raízes em correnteza.
Material examinado: BRASIL, Presidente Figueiredo, Reserva Biológica do Uatumã,
igarapé 1, S 01o48'43" W 059o15'43", 31.i.2008, folha de remanso, 2 larvas; folhas de
correnteza, 2 larvas; igarapé 2, S 01o49'42" W 059o15'83", 1larva, 01.ii.2008, folhas de
72
correnteza, 1 larva; igarapé 3, S 01o48'54" W 059o15'93", 03.ii.2008, folhas de remanso, 5
larva; folhas de correnteza, 1 larva; Igarapé 4, S 01o49'19" W 059o15'87", folhas de remanso,
04.ii.2008, 4 larvas; igarapé 5, S 01o48'041" W 059015'94", 06.ii.2008, folhas de correnteza,
29 larvas; igarapé 6, S 01048'68" W 059o15'33", folhas de remanso, 2 larvas, folha de
correnteza,1 larva; igarapé 7, S 01o49'12" W 059o15'31", 09.ii.2008, folhas de correnteza, 1
larva; igarapé 8, S 01o47'78" W 059o15'39", 10.ii.2008, folhas de correnteza, 5 larvas, folhas
de remanso, 1 larva; igarapé 9, S 01o48'58" W 059o15'33", 15.iii.2008, folhas de correnteza, 9
larvas, raiz, 2 larvas; igarapé 11, S 01o47'13" W 059o15'97", 18.iii.2008, folhas de correnteza,
1 larva; igarapé 12, S 01o47'19" W 059o15'97", 19.iii.2008, folhas de correnteza, 40 larvas,
folha de remanso, 5 larvas; raiz 1 larva; igarapé 13, S 01o47'13" W 059o15'97", 20.iii.2008,
folhas de correnteza, 65 larva; igarapé 13, S 01o47'13" W 059o15'97", 20.iii.20, folhas de
remanso, 10 larvas; igarapé 15, S 01o48'50" W 059o16'21", 23.iii.2008, folhas de correnteza,
23 larvas, folhas de remanso, 10 larva, raiz, 8 larvas;; Igarapé 16, S 01o47'86" W 059o14'79",
24.iii.2008, folhas de correnteza, 3 larvas; igarapé 17, S 01o47'37" W 059o14'99", 25.iii.2008,
folhas de correnteza, 9 larvas, folhas de remanso, 7 larvas; igarapé 18, S 1°48'30" W
59°15'77", 27.iii.2008, folhas de correnteza, 22 larvas, folhas de remanso, 1 larva; igarapé 19,
S 01o47'57" W 059o16'16", 28.iii.2008, folhas de correnteza, 1 larva; igarapé 20, S 01o47'49"
W 059o15'57", 29.iii.2008, folhas de correnteza, 17 larvas (todas as amostras foram coletadas
por A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss).
73
Figuras 36 a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 6: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g) mandíbula; h)
tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral do segmento abdominal
VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do abdome.
74
5.3.5. Smicridea (Smicridea) sp. 8
(Figs. 37a – j)
Larva (Fig. 37a): comprimento 4,5 a 5,5 mm (n = 10), coloração marrom clara.
Cabeça: levemente retangular; região dorsal recoberta por cerdas curtas e finas, com pares de
cerdas longas distribuídas na região ocular dorsal e lateral; mancha escura em toda região
dorsal, com bordas difusas e uma porção mais clara na região mediana, variando na forma
(duas linhas claras (Fig. 37b) ou seta invertida (Fig. 37h), sutura coronal curta; margem
anterior do frontoclípeo em forma de “V”, margem do frontoclípeo convexa e irregular (Fig.
37b); Labro simples, arredondado, recoberto por cerdas curtas e finas, um par de cerdas longas na
margem central e escova de cerdas longas nas laterais (Fig. 37g); mandíbulas assimétricas
(direta com cinco dentes e esquerda com seis) (Fig. 37f). Estrutura de estridulação longa e
estreita, projetando para a lateral, com estrias pouco marcadas, inserida em uma mancha
escura (Figs. 37c, d, e); esclerito da gula triangular, região anterior larga e margem anterior
reforçada formando uma projeção mediana convexa (Fig. 37c).
Tórax: esclerito claro e recoberto por cerdas curtas e finas; pronoto dividido com
margem lateral reforçada e escura até a metade posterior, meso e metanoto inteiros as
margens laterais reforçadas e escuras (Fig. 37h); mesotórax com um par de brânquias ventrolaterais simples, e metatórax com dois pares de brânquias ventro-laterais simples.
Abdome: cor clara, cutícula dorsal e lateralmente recoberto por cerdas espatuladas
estreitas e alongadas (Fig. 37i - B); um par de brânquias ventro-laterais simples, nos
segmentos abdominais I - VII; um par de brânquias ventro-laterais duplas, nos segmentos II –
VII; segmento VIII com uma placa em forma de gota rodeada por 8 cerdas longas laterais
(Fig. 37j - A).
Diagnose: o morfótipo diferencia-se das demais larvas pelo padrão de mancha da
cabeça, escura com faixa mediana de cor clara, e pela estrias da estrutura de estridulação
longa e estreita, com estrias com marcas fracas; macha escura sombreando a estrutura de
estridulação e prolongando para região lateral, projeção do esclerito da gula com margem
anterior convexa.
Biologia: a espécie foi encontrada em igarapés intermitentes, largura variando entre 2
e 10 m, localizado na ilha de Maracá, que possui vegetação de transição entre Floresta
Amazônica e Savana, com pH entre 5,5 e 6,5; águas brancas, leito predominante arenoso e
com substratos predominantes de raiz e areia e folhiço de correnteza.
75
Material examinado: BRASIL, Roraima, Amajarí, Estação Ecológica de Maracá,
igarapé 2, N 3°36'88" W 61°47'42",11.ix.2007, folhas de correnteza, 57 larvas; igarapé 3, N
3°39'00" W 61°47'02", 12.ix.2007, raiz, 1 larva; igarapé 4, N 3°39'00" W61°46'02",
13.ixi2007, folhas de correnteza, 2 larvas; igarapé 5, N 3°39'08" W 61°48'03", 14.ix.2007,
folhas de correnteza, 1 larva, folhas de remanso, 1 larva; igarapé 6, N 3°39'08" W 61°48'02",
14.ix.2007, folhas de correnteza, 1 larva; igarapé 7, N 3°39'00" W 61°47'00", 16.ix.2007,
folhas de correnteza, 3 larvas, folhas de remanso, 1 larva; igarapé 8, N 3°40'94" W61°44'95",
17.ix.2007, folhas de correnteza, 29 larvas; igarapé 9, N 3°37'77" W 61°44'41", 18.ix.2007,
folhas de correnteza, 8 larvas; igarapé 10, N 3°37'29" W 61°48'34", 19.ix.2007, folhas de
correnteza, 100 larvas, folhas de remanso,5 larvas (todas as amostras foram coletadas por
A.M.O. Pes, J.L.D. Albino e U.G. Neiss).
76
Figuras 37 a - j: Larva de Smicridea (Smicridea) sp. 8: a) larva, vista lateral; b – e) cabeça,
vista dorsal, ventral, lateral e detalhe da estrutura de estridulação: f) labro; g) mandíbula; h)
tórax e cabeça, vista dorsal; i) cerdas do abdome; j) esclerito ventral do segmento abdominal
VIII; seta A indicando esclerito do segmento VIII, B indicado a cerdas do abdome.
77
6. Conclusões
Este estudo contribuiu para o conhecimento da taxonomia do gênero Smicridea na
região, uma vez que 19 espécies do gênero Smicridea foram identificadas, sendo oito novas
que foram ilustradas e descritas; uma espécie, S. mesembrina, representa um novo registro
para o Brasil.
Foi descrita também, uma variação morfológica observada na genitália do macho de S.
coronata, em relação à descrição original, fator que poderá contribuir com futuros estudos de
distribuição das espécies e poderá estabelecer padrões biogeográficos das populações do
gênero.
Larvas e pupas de três espécies foram também descritas, após a realização da
associação entre larvas e adultos, contribuíndo com o conhecimento dos imaturos que são
importantes para os trabalhos de biologia e ecologia.
Também, larvas coletadas na área de estudo ainda não associadas com os adultos
foram morfotipadas (n = 5) e descritas, fato que irá facilitar o processo de identificação dessas
larvas no futuro, além de servir de referência para estudos ecológicos.
Com os resultados do presente estudo, o número de espécies descritas para o gênero
Smicridea, com ocorrência no Brasil, passou de 40 para 49. Para o estado do Amazonas eram
registradas 15 espécies, agora são 16; para o estado do Mato Grosso, o número de espécies
registradas passou de uma para 13 espécies e, para o estado de Roraima, esse número passou
de quatro para 11. Portanto, o presente estudo representa uma importante contribuição para o
conhecimento sobre a diversidade de Trichoptera na região Neotropical.
78
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