INFLUÊNCIA DA GUERRA NA ARQUITETURA RESUMO A decisão
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INFLUÊNCIA DA GUERRA NA ARQUITETURA RESUMO A decisão
INFLUÊNCIA DA GUERRA NA ARQUITETURA RESUMO A decisão para escrever este artigo vem de acordo com as experiências obtidas e bibliografia que fui lendo ao longo do tempo. Após morar em uma região da França que sofreu muito com as guerras, fui me interessando pelo assunto e colhendo materiais e relatos que me motivaram a pesquisar e escrever sobre o tema, além de morar em tal região e poder ver o que foi causado pelos conflitos e como a população reagiu, pude também estudar em um instituído de ensino de arquitetura que esclareceu diversas duvidas e me fez olhar ao redor com um novo senso crítico, podendo então compreender como ocorrem os fatos e quais foram as atitudes tomadas para superar o trauma. Após a junção de experiências conhecimentos adquiridos por meio de leitura e o próprio curso, consegui escrever sobre a influência da guerra na arquitetura, na formação das cidades, as intervenções urbanas e arquitetônicas após a guerra. Palavras chaves: INTRODUÇÃO A arte da guerra sempre foi, independente de cultura e país, um tema que aparece na história dos livros ou até mesmo nos contos que são passados de geração em geração, por isso é um assunto muito rico e que atua em diversas áreas de conhecimento. Evidentemente se tratando do âmbito construtivo em geral, as guerras tiveram uma contribuição imensa, tais contribuições podem ser vistas tanto no estilo arquitetônico, urbano e seguido por restauração, deixando uma marca irreparável e que gerou uma grande quantidade de teorias e estudos. BASES PARA A GUERRA O tema guerra foi e é até os dias atuais, muito importante para a locação e desenvolvimento das cidades, fazendo com que elas crescessem e se desenvolvessem em meio as muralhas, ao redor de portos e fortes ao longo da costa. Benevolo em História da Cidade (ano), cita a formação das cidade romanas, medievais descrevendo a presença de muralhas que tinha a função de proteção das cidades, desde as cidades romanas, sendo que algumas vezes este muros com o crescimento das cidades são ampliados novos cinturões de muros o que também ocorre nas cidades medievais conhecidas por feudos O desenvolvimento destes feudos conhecidos como burgos acontece a partir da ausência de trabalho da população no campo e da migração destas pessoas para cidades, artesão e mercadores que estão agora a margem da organização feudal. A cidade fortificada da Alta Idade Média – à qual se adapta bem o nome burgo – é por demais pequena para acolhê-los; formam-se assim, diante das portas outros estabelecimentos, que se chamam subúrbios e em breve se tornam maiores que o núcleo original. É necessário construir novos cinturão de muros, incluindo os subúrbios e as outras instalações (igrejas, abadias, castelos) fora do velho recinto. A nova cidade assim formada continua a crescer da mesma forma, e constrói outros cinturões de muros cada vez mais amplos. ( BENEVOLO , p. 259, ano). Exemplo disso temos inúmeras cidades ao redor do mundo, como Lille no norte da França ou Bruxelas na Bélgica, que tiveram e tem ainda, forte ligação do seu desenvolvimento dependentes da guerra ou apenas da sua localização estratégica de estocagem ou mesmo transporte e distribuição de carga. Quando se trata da influência da guerra no crescimento e desenvolvimento das cidades, podemos separar em diferentes formas de atuação. Além do combate necessariamente dito, para que haja uma guerra é necessário todo um planejamento prévio, além de uma infraestrutura básica de apoio. Sendo assim, muitas cidades foram influenciadas mesmo que não diretamente pelas guerras, por sua produção de armamento, produção de alimento ou mesmo local de parada e descanso de tropas. Outro ponto importante no que se trata de formação de centros urbanos influenciados na arte da guerra, é sua localização, topografia, e aspectos climáticos. Mesmo que tais aspectos possam parecer menos importantes, desempenharam um importante papel histórico. Um bom exemplo disso é o complexo do Monte São Miquel na França ou mesmo a cidade de Toledo na Espanha (Figura 1 e Figura 2), cujas fortificações datam dos séculos XII e XIII. No primeiro exemplo a fortificação está cercado pelo mar, onde a mare sobe e desce com grande velocidade, cuja abadia de São Miguel, em estilo românico locada no alto, do monte dá nome ao conjunto. Estes fato impediu mesmo depois de muitas tentativas que o local nunca fosse conquistado pelos inimigos e guarda um rico acervo medieval em excelente estado de conservação, que se mantem original até os dias atuais. Figura 1 - Vista da fortificação de Monte São Miguel, Fr. Observa-se a fortificação com a maré baixa. Fonte: Arquivo pessoal, 2015. Figura 2 - Vista da entrada principal da cidade de Toledo, Es. Observa-se a forticação cercada pelo rio. Fonte: Arquivo pessoal, 2015. Além dos aspectos topográficos, um outro fator que potencializou guerras no passado, foi a presença ou ausência de leitos de rios. Além da função de abastecimento de cultivos, os leitos de rio exerciam um importante papel no escoamento da produção, além de ser uma forma rápida e barata de deslocamento e transporte de artilharia e armamento, além de serem usados para auxiliar na defesa das cidades e regiões. TIPOS DE GUERRA Além da amplitude que as guerras alcançam, é importante frisar as diferentes formas de atuação e tecnologias utilizadas, podendo ser elas naval, aérea, terrestre e as mais atuais, digital e química. Sendo assim a formação das cidades e seu planejamento estratégico toma por base o seu potencial de guerra, e tem sua formação diretamente ligada a ele, criando assim seus elementos de defesa e ataque. Seja nos países mais antigos ou até mesmo os “recentemente” colonizados, o que se pode ver como primeiro exemplar construtivo são as fortalezas e muralhas o que pode ser visto na Figura 3 que serviriam de devesa para então uma suposta guerra ou combate pela apropriação de novas terras ou menos a defesa de novas cidades criadas. Geram assim um traçado inicial e também uma referência técnica e estilística de construção além da exploração dos recursos de cada local. Figura 3 Mapa da cidade de Lille, Fr. Pode ser visto a formação da cidade a partir das muralhas da citadele. Fonte: Lille la capitale des Flandres, 2004. . Posteriormente a construção dos primeiros elementos de defesa, sendo eles de suma importância para cada cidade, pois era o que dava a confiança e a possibilidade do desenvolvimento do comercio em cada uma delas, eram construídos os portos, mercados, residências e claro os prédios religiosos, que em sua maioria na época eram de responsabilidade da igreja católica. Figura 4 - Velho porto de Marelha, Fr. Vista do velho porto de Marselha, onde se vê as fortificações e a formação urbana ao redor. Fonte: Arquivo pessoal, 2015. . As guerras por terra, também foram muito influentes na formação das cidades mais antigas, tendo elas como primeiro impulso construtivo a criação de elementos defensivos, como muralhas, fossos portões e castelos, todos eles servindo para proteger as cidades seja de invasores ou mesmo para controlar o comercio e o êxodo populacional. Tais construções na sua maioria eram feitas com materiais encontrados no local (geralmente pedra e madeira), tendo eles planta robusta e simples e que ofereciam o mínimo de conforto possível, mas que iam se aprimorando ao longo do tempo e de acordo com o nível econômico gerado pelo local onde fora implantado. Benevolo (ano) descreve as cidades sumerianas que foram as primeira cidades que excluem o ambiente aberto natural do ambiente fechado da cidade, sendo que estás cidades do início do II milênio A. C, são circundadas por muros e um fosso, que as defedem. As construções mais comuns eram então, as muralhas, que eram nada mais que um conjunto de muros espessos além de conjunto com portões direcionados normalmente em direção a cidade mais próxima ou mais importante. Outro elemento comum eram os castelos, geralmente interligados com a muralha porem que oferecia abrigo para as famílias mais nobres e bastadas, além de servirem como local de estocagem de armamento e comida. Como exemplo podemos citar o castelo de Comtal (Figuras 5 e 6) localizado na França, região do Nord pas de calais, construído na primeira metade do século XIII. Figura 5 - Castelo de Comtal, Fr. Vista do fosso do castelo medieval. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 6 - Vista das muralhas que cercavam a cidade medieval de Boulogne sur mer. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Além das muralhas e portões, outros elementos arquitetônicos foram produzidos nas cidades da idade média e do renascimento (períodos com grandes produções em elementos de guerra), foram as torres de observação, cujo nome variava de pais para país e região para região. Tais edifícios eram construídos para desenvolver a função estratégica de observação, controle e reforço da artilharia (abrigo para os canhões ou mesmo arco e flecha). No entanto também foram usados como marcos sociais, muito presentes no norte da França, Bélgica e Países Baixos, essas torres eram construídas em função da libertação do povo comum de seus senhores feudais, além de serem edifícios altos e esguios, vistos nas Figuras 7 e 8, que recebiam um conjunto de sinos que marcavam não mais a hora sagrada (badalar dos sinos das igrejas, indicando o horário dos cultos), mas sim os horários pagãos (horário do começo e fim de expediente) além de se contraporem a pressão religiosa. Eram geralmente utilizados como sede de casas de comercio ou representativos do poder do povo, o que mostrava a quem era de fora a independência da cidade. Por sua importância histórica e sociais tais construções são mantidas por serem símbolo de orgulho de um povo que teve e suas cidades/feudos a liberdade e poder de desenvolvimento, e que hoje são o símbolo de regiões europeias e tem na maioria das vezes a função de oficio de turismo (desempenha a função de orientar o turista e/ou contar um breve histórico da cidade), ou mesmo prefeituras e bolsa de valor. Figura 7 - Grand place de Lille, à esquerda Befroi de Lille. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 8 - Grand place de Bruxelas, em evidência o Befroi de Bruxelas. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Por fim e não menos importante, porém mais recente, temos as guerras que utilização de meios aéreos. Tais guerras tem um papel importante nos aspectos arquitetônicos e urbanísticos pois a mesma tem um potencial de destruição muito mais amplo e para que seja possível utilizar de tal tecnologia, é necessário a utilização de grandes áreas urbanas para a construção de bases, aéreas, aeroportos e locais de estocagem de equipamentos e reparações. Essa forma de guerra ganhou grande dimensão e reconhecimento durante a Segunda Guerra Mundial, onde foi possível perceber o imenso poder de destruição e impactos nas cidades envolvidas. Como exemplo disso, podemos ver inúmeras cidades completamente destruídas durante a guerra, como a cidade belga Ypres (Figura 9 ) e reconstruída em seguida (Figura 10) usando os mesmo métodos construtivos e estilos arquitetônicos, o que gerou a necessidade de repensar os critérios de restauro até então empregados. Figura 9 - Vista do Befroi de Ypres e redondezas destruídas por ataque aéreo Fonte: http://www.royalmontrealregiment.com/ypres-thetoll-of-war/ Figura 10 - Vista do Befroi e redondezas reconstruídos após a guerra. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. PAPEL DA RESTAURAÇÃO Pelo o fato de as principais guerras terem sido travadas normalmente em centros urbanos históricos, os debates de como se deve reconstruir as cidades destruídas utilizaram como base diversas teorias da restauração, e mostrou que a cada projeto, seja ele de um prédio em especifico ou mesmo um conjunto arquitetônico, deve ser analisado individualmente, e se necessário for, deve ser criado uma nova forma de se tratar o bem cultural. Essa constatação da análise caso a caso já havia sido constatado por Eugénio Emmanuel Viollet—le-Duc,no restauro estilístico sendo citado por Küll as questões atuais que a o restauro estilístico apesar de polêmica deixaram de contribuição para teoria do restauro. Entre as questões de grande atualidade podem ser citadas: o fato de recomendar que se deve restaurar não só a aparência do edifício, mas também a função a função portanto de sua estrutura; procurar seguir a concepção de origem para resolver os problemas estruturais; a importância de se fazer levantamento pormenorizado da situação existente; agir somente em função da circunstâncias, pois princípios absolutos podem levar ao absurdo; a importância da reutilização para a sobrevivência da obra, pois restaurar não é apenas uma conservação da matéria, mas de um espírito da qual ela é suporte ( KÜLL, p.23) Muito ainda se discute sobre o que fazer e o qual o nível de degradação é possível de ser restaurado e reutilizado, se recorrermos ao passado poderemos ver teóricos que defendiam a restauração do bem geral, o trazendo ao seu ápice estilístico, no caso do restauro estilístico cujo principal representante foi como já citado Eugéne Emmanuel Viollet Le Duc ou então simplesmente em contraposição ao restauro estilístico, o restauro romântico de John Ruskin que defendia a não intervenção no bem pois este é como se fosse um ser vivo que nasce, vive e morre. As duas teorias citadas – restauro estilístico e restauro romântico erem distintas e polemicas, surgem outras teorias e formas de intervenção que buscam chegar a um melhor posicionamento de como devem ser tratadas tais edificações que sofreram com o tempo (Figura 11) e suas intemperes, ou mesmo pela atuação do homem, ou fenômenos como a guerra (Figura 12). O que é visto na atualidade são intervenções visando o mínimo de descaracterização deixando marcado as intervenções contemporâneas no bem cultural. De acordo com a Carta do Restauro de Veneza de 1964, em seu artigo 9° que descreve a restauração diz: A restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional. Tem por objetivo conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos autênticos. Termina onde começa a hipótese; no plano das reconstituições conjecturais, todo trabalho completar reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se á a composição arquitetônica e deverá ostentar as marcas do nosso tempo. A restauração será sempre precedida e acompanhada de um estudo arqueológico e histórico dos monumentos. (BRASIL, 1985; p. 110). No que se diz respeito a guerra, a mesma causa, na maioria das vezes prejuízos sérios a conjuntos arquitetônicos, e esses merecem tratamento especial, seja na reparação estética, dos métodos construtivos e também nos anexos de novas partes que dão novo uso ao prédio. Quando se tem a perda de parte do bem cultural, onde não é possível resgatar o original por meio de registros, sejam eles bibliográficos, fotográficos ou até mesmo por testemunho, após um levantamento arquitetônico detalhado, o que se busca fazer na maioria dos casos é interferir no projeto propondo novas medidas, técnicas e materiais, onde é possível ser diagnosticados aonde foi feita a interferência. Fazendo assim ficar marcado no tempo a deformação do bem e também o porquê e em qual período histórico foi feito. Figura 11 - Hospice d'havre tourcoing, Fr. Vista no anexo feito após desgaste do tempo. Fonte: Arquivo pessoal, 2015. Figura 12 - Museu militar Dresden De. Vista do anexo do museu feito após danos causados pela guerra. Fonte: http://www.dezeen.com/2011/11/17/dresdenmuseum-of-military-history-by-daniel-libeskind-moreimages/ Já em outros casos a intervenção serve para contribuir na estética do bem, ou mesmo serem feitas de maneira extravagante e com materiais completamente diferentes, buscando pelo choque estilístico e volumétrico, o que evidencia de uma maneira diferente a importância do bem, e seu novo uso, porem evidenciando seu passado, e sua história. REVER E VER COMENTÁRIOS Por fatores psicológicos temos exemplos de prédios e até mesmo cidades belgas como Tournai, ypres, dentre outras que foram completamente reconstruídos visando a retomada do cotidiano, no intuito de suavizar a dor causada pela perda, nesses casos o que é feita, é o estudo detalhado dos prédios existentes, suas técnicas e volumetrias, os retomando tais quais eram antes dos ataques. Esse tipo de restauro é utilizado em casos específicos como pode ser visto nas Figuras 13 e 14 da cidade de tounai, onde a sensação de perda impacta diretamente na vida emocional da população local. Figura 13 - Grand place de tournai durante a guerra. A imagem mostra o centro histórico de tournai praticamente destruído por bombardeios. Fonte: http://www.histoquizcontemporain.com/Histoquiz/Lesdossiers/seconde/rui nesetsang/Dossiers.htm Figura 14 - Grand place de tournai nos dias atuais. Centro histórico de tournai reconstruído em utilização. Fonte: Arquivo pessoal, 2015. Independente da forma com que é feita a restauração, o ato de restaurar um bem cultural em especifico ou até mesmo um grande conjunto, se faz necessário pelo fato de conservar a história, e reforçar a identidade da população, sendo a cidade o espelho das expressões populares, seja pelas formas adotadas nos prédios, a utilização das cores e artigos decorativos e ainda na criação de espaços nos centos urbanos, que refletem os hábitos e costumes do povo. Em outros casos menos importantes em níveis nacionais e mundiais, a necessidade da reconstrução de cidades destruídas se faz necessária para a retomada das vivencias da comunidade, facilitando na reabilitação pôs traumática causada pela guerra. Além de mostrar aspectos sociais e culturais, a arquitetura é uma forma de expressão artística, sendo assim, ganha importância não mais só pela população local, mas também interfere na história da arte mundial, por ser única e original de cada região, pois mostra as técnicas, meterias e a forma de se expressar de cada povo em cada região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1999 KÜHL, B. M. Apresentação e tradução. Restauração. E. E. Viollet-le-Duc. Cotia: Ateliê Editorial,. 2000 Lille la capitale des Flandres, 2004. http://www.royalmontrealregiment.com/ypres-the-toll-of-war/ www.dezeen.com/2011/11/17/dresden-museum-of-military-history-by-daniel-libeskindmore-images/ http://www.histoquizcontemporain.com/Histoquiz/Lesdossiers/seconde/ruinesetsang/Dossiers.htm