Ler Mais... - Associação de Fuzileiros

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Ler Mais... - Associação de Fuzileiros
REVISTA N.º 24 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · JUNHO 2016
O DESEMBAR UE
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índice
ficha técnica
Editorial
Olhar para o alto...
3
Dia do Fuzileiro
Dia do Fuzileiro 2016 – Convite/Programa
4
Corpo de Fuzileiros
Companhia Geral CIMIC
5
Juramento de Bandeira – Curso de Formação Básica de Oficiais Fuzileiros (1.ª Edição 2015)
Curso de Formação Básica de Praças (3.ª Edição 2015)
A Restruturação do Corpo de Fuzileiros – Fazer Certo, Fazer Bem, Fazer Diferente
Eventos
Dia do Combatente 2016
6
8
12
Notícias
Assembleia-Geral Ordinária e Eleitoral (AFZ) Assembleia-Geral do Núcleo da AORN dos Açores
Contadores de Histórias 13
17
19
Entrevista
Sargento Fuzileiro Ludgero dos Santos Silva – O Piçarra
20
Pensamentos & Reflexões
Os Fuzileiros como uma força expedicionária
A Pátria não pode esperar
Aqui somente encontrarás o que trazes
26
29
30
Cultura & Memória
A visita da Rainha Nhakatolo
LFG “Lira” – Ataque a um combóio naval no rio Cumbijã
31
33
Poesia
Ser Fuzileiro
36
Crónicas
Grandes Figuras da História – D. Afonso Henriques
37
Cadetes do Mar
Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros
40
Publicação Periódica da
Associação de Fuzileiros
Revista n.º 24 • Junho 2016
Propriedade
Associação de Fuzileiros
Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.
2830-356 Barreiro
Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461
email: [email protected]
www.associacaofuzileiros.pt
Edição e Redacção
Direcção da Associação de Fuzileiros
Director
José Ruivo
Directores Adjuntos
Leão Seabra e Benjamim Correia
Editor Principal
Benjamim Correia
Colaborações
Delegações da AFZ, CM, JR, LS, BC, Ribeiro
Ramos, Miranda Neto, José Horta, Paulo
Gomes da Silva e Adelino Couto
Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Pedro
Gonçalves e Mário Manso
Capa e Contracapa (Fotografias): MLS
Capa (Arranjo): Manuel Lema Santos
Divisões
Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas
42
Delegações
Delegação do Algarve
Delegação do Douro Litoral
44
Delegação de Juromenha/Elvas
47
46
Convívios
Companhia de Fuzileiros N.º 6 – Angola 1973/75
1.º Curso de Fuzileiros de 2001 – 15.º Aniversário
2.º CFORN FZ de 1990/91 – 25.º Aniversário
Incorporação na Armada de Fevereiro de 1991 – 25.º Aniversário
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 – Guiné 1968/70
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 9 – Guiné 1964/66
48
Obituário
55
Diversos
55
49
50
51
53
54
Coordenação e
produção gráfica
Manuel Lema Santos
[email protected]
Impressão e acabamento
GMT Gráficos, Lda.
Rua João de Deus, n.º 5-C
2700-486 Amadora
Tel.: 217 613 030 • Telem.: 919 284 062
email: [email protected]
Tiragem
2.000 exemplares
Depósito legal n.º 376343/14
ISSN 2183-2889
Não reconhecemos qualquer nova forma de ortografia da
língua portuguesa mas, no respeito por diferente opção,
manteremos os textos de terceiros aqui publicados que
configurem outra forma de escrita.
O DESEMBARQUE • n.º 24 • Junho de 2016 • www.associacaodefuzileiros.pt
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editorial
Olhar para
o alto…
José Ruivo
A
distância de um olhar para espaços de infinito torna a mente mais aberta e o coração
mais livre para saber distinguir o que é importante daquilo que é trivialmente secundário.
Os fuzileiros são homens da terra e do mar, que mergulham no lodo e olham o chão
como o seu caminho, mas nem por isso devem deixar de olhar em frente e mais alto. E como
tal devem saber distinguir o essencial do acessório.
Homens duros e corajosos, com capacidades testadas de resistência e abnegação, é
possível que se tornem psicologicamente mais frágeis quando a idade avança ou quando
as circunstâncias da vida mudam. Esta constatação – que pode ser circunscrita ou até
parcialmente injusta – surge a propósito da participação de alguns na vida associativa, a qual
deveria ser um factor de união, minimizando eventuais conflitos mesmo quando as opiniões
são diversas e, por isso mesmo, mais ricas.
A vida da Associação de Fuzileiros, que se pretende que seja um espaço de partilha de ideias e
de são convívio, não pode nem deve ser perturbada com desnecessários entraves de natureza
gratuita ou por futilidades que nos desviem dos objectivos essenciais da nossa actividade.
Mas a realidade é que, por vezes, surgem melindres desnecessários, em resultado de atitudes
de pessoas com sensibilidade mais “delicada”, que reagem de forma quiçá exagerada a
questões simples, ou de outros que interpretam meras falhas de funcionamento (errar é
próprio do homem) como ofensas pessoais ou grandes desilusões. Para esses, parece haver
uma desproporção entre o acontecimento e o seu real valor. Olham para o seu chão e vêm
lodo, quando seria bem melhor olhar mais alto e ver o sol…
Claro que é bom que sejamos exigentes e que saibamos defender o que for mais justo; é bom
que todos expressem as suas opiniões, desde que a crítica seja construtiva e as sugestões
possam servir a todos (ou pelo menos a uma maioria).
É importante e saudável que todos nós, membros desta colectividade, saibamos perguntar não
apenas o que a Associação nos pode dar, mas também o que nós podemos dar à Associação.
E podemos dar muito, se nos questionarmos sobre isso. Podemos, por exemplo, enriquecer a
vida associativa com comentários e sugestões construtivas se olharmos mais alto… em vez
de nos rebaixarmos com quezílias inúteis. Podemos participar mais activamente nos eventos
e iniciativas da Associação. Pelo seu lado, a Associação também nos dá muito: dá-nos a
feliz sensação de pertença a uma família que nos é muito querida; a pertença a um grupo
que muitos consideram como o prolongamento da nossa própria família e, por isso mesmo,
lhe gostamos de chamar a família dos Fuzileiros. E isso pode ser mais gratificante do que
quaisquer benefícios materiais.
Por vezes, parece assistir-se a uma espécie de transformação de antigos resilientes
em pequenos quezilentos. Gente habituada a resolver situações complexas, a contornar
dificuldades, a assumir desafios e a aceitar as consequências dos seus actos, de repente,
parece que perdeu alguns desses talentos e não só se mostram impotentes para os resolver
como complicam situações banais. Pequenas falhas no protocolo ou em procedimentos
administrativos, que podem surgir inadvertidamente e sem intenção de ofender ninguém,
viram tempestade e são considerados ofensas pessoais. Dificuldades naturais ou atrasos na
resolução de problemas, por vezes complexos e que não dependem apenas da vontade de
quem dirige, são consideradas facilmente falta de empenhamento, esquecendo-se muitas
vezes que todos andamos cá por carolice e amor à camisola.
A resistência à mudança é uma atitude normal em todos os seres humanos mas que importa
contrariar. O mundo muda quer nós queiramos quer não e, hoje em dia, ainda muda mais
rapidamente. As novas tecnologias e, em especial, a forma mais rápida e mais fluída como se
faz a comunicação entre as pessoas e as instituições é muito diferente, muda mais depressa
do que a nossa capacidade de apreender o sentido dessa mudança. Por isso, há que ser
adaptável e flexível, aberto e cooperante. E se queremos ir em frente, não devemos colocar
pedras pelo caminho… atrapalhando o normal fluir das actividades. Alguns melindram-­se
com pequenos contratempos, são muito sensíveis mas, evidentemente, consideram-se
homens de ferro.
Fuzileiros são homens de ferro, pois sim, mas vão num bote de borracha, que é um material
maleável, flexível e bom para contornar os escolhos do trajecto.
É isso que se espera de um fuzileiro, daqueles que se dizem fuzileiros para sempre…
A este propósito, é bom lembrar um ditado antigo: É preciso serenidade para aceitar as coisas
que não podemos modificar, coragem para modificar as que podemos e sabedoria para
distinguirmos umas das outras.
José Ruivo
Presidente da Direcção
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dia do fuzileiro
CONVITE
CONVITE
0909
DE DE
JULHO
DE 2016
JULHO
DE 2016
O Corpo de Fuzileiros e a Associação Nacional de Fuzileiros convidam todos os fuzileiros, sócios da AFZ e respetivas famílias, a estarem
O Corpo
de Fuzileiros
e Fuzileiro”
a Associação
Nacional
de Fuzileiros convidam todos os fuzileiros, sócios
presentes
nas cerimónias
do “Dia do
que conjuntamente
organizam.
da AFZ e respetivas famílias, a estarem presentes nas cerimónias do “Dia do Fuzileiro” que,
conjuntamente organizam.
TEMA “A Cinotecnia no Corpo de Fuzileiros “
DE EVENTOS
TEMA “ A PROGRAMA
Cinotécnia
no Corpo de Fuzileiros “
na EF
PROGRAMAConcentração
DE EVENTOS
08h30
08h30 – 09h30
0830h
–
09h00 –13h00–
0830h/0930h
0900h/1300h
09h30 –10h30–
0930h/1030h
10h00 –
1000h
–
1100h
–
11h00
1145h 11h45
1245h 12h45
1245h 12h45
1400h/1700h
–
–
–
–
14h00 – 17h00
Pista de Lodo
Concentração na EF;
Abertura
Pista de
Lodo;do Museu do Fuzileiro e da exposição fotográfica (ginásio polivalente)
Abertura do Museu
do Fuzileiro
e da
fotográfica
(ginásio polivalente);
Passeios
(Bote, LARC,
LAR)exposição
a partir do cais
da UMD
Passeios (Bote, LARC, LAR) aMissa
partir
do
cais
da
UMD;
na Capela EF
Missa na Capela EF;
Cerimónia Militar junto ao Monumento do Fuzileiro
Cerimónia Militar junto ao Monumento do Fuzileiro;
– Homenagem aos Mortos em defesa da Pátria com deposição de coroa de flores
- Homenagem
aos Mortos em defesa da Pátria com deposição de coroa de flores;
– Discursos
- Discursos;
Demonstração
no Campo
de Futebol
Demonstração Cinotécnica
noCinotécnica
Campo de
Futebol;
Encerramento
Museu
do Fuzileiro
exposição fotográfica
Encerramento
do Museudodo
Fuzileiro
e dae da
exposição
fotográfica;
Almoço convívio;
Almoço convívio
Reabertura do Museu do Fuzileiro e da exposição fotográfica (ginásio polivalente).
Reabertura do Museu do Fuzileiro e da exposição fotográfica (ginásio polivalente)
INSCRIÇÕES
INSCRIÇÕES
Agradece-se
a todos
desejem
presentes nas
comemorações
queatéefetuem
até
Agradece-se
a todos
quantos quantos
desejem estar
presentesestar
nas comemorações
que efetuem
a sua inscrição,
ao dia 01adesua
Julhoinscrição,
de 2016,
ao dia
01 de
Julho de 2016, pelas seguintes formas:
pelas
seguintes
formas:
o impresso
a indicados
seguir se
retrata e remetendo-o, pelo correio ou via fax, para a Escola de
–- Preenchendo
Por telefone para
os contactosque
abaixo
(EF/AFZ).
Fuzileiros
ou
para
a
Sede
da
Associação
Nacional
dedoFuzileiros;
–
Diretamente nas Cantinas da Escola de Fuzileiros e do Comando
Corpo de Fuzileiros, na Sede da Associação Nacional de Fuzileiros
- Fazendo
a
inscrição
diretamente
nas
Cantinas
da
Escola de Fuzileiros e do Comando do Corpo de Fuzileiros,
ou nas suas Delegações;
datambém
Associação
deporFuzileiros
ou nas
suasrecebendo
Delegações;
– na Sede
Poderão
efectuarNacional
as inscrições
correio eletrónico
(Email)
na volta do correio um número de inscrição de que
se deverão
fazer acompanhar
assim, apor
distribuição
de senhas
da refeição).
- Poderão,
também
efetuar(facilitando,
as inscrições
correio
eletrónico
(E-mail) recebendo na volta do correio um
número
de
inscrição
de
que
deverão
fazer-se
acompanhar
(facilitando-se,
assim, a N.º
distribuição
de etc.),
senhas da
Agradece-se que, se possível e aplicável, se privilegie a inscrição por grupos (DFE N.º XX do ano YY, Companhia
WW do ano ZZ,
refeição).
podendo fazê-la sempre, no entanto, a título individual/familiar.
que de
se 10
privilegie
inscrição
por grupos
(DFE
XX12do
ano YY, Companhia Nº WW do ano ZZ,
OAgradece-se
almoço vai ter o custo
Fuzos paraaadulto
e de 5 Fuzos
para crianças
dosNº
6 aos
anos.
etc.), podendo-se, obviamente, fazê-la a título individual/familiar.
CONTACTOS
O almoço vai ter o custo de 10 Fuzos para adulto e de 5 Fuzos para crianças dos 6 aos 12 anos.
4
DiaFuzileiro.indd
Escola de Fuzileiros
Associação Nacional de Fuzileiros
Secção do Protocolo
Secretariado Nacional
Email: [email protected]
Rua Miguel Paes, n.º 25 – 2830-356 Barreiro
CONTACTOS Email: [email protected]
Telef.: 210 927 288
Fax: 211 938 542
Telef.: 212 060 079 – Telem: 927 979 461
Escola de Fuzileiros
Email: [email protected]
Telef.: 210927288 (Secção do Protocolo - Escola de Fuzileiros)
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FAX: 211938542 (Secção do Protocolo - Escola de Fuzileiros)
Associação Nacional de Fuzileiros
Secretariado Nacional
4 Rua Miguel Paes, n.º25 – 2830-356 Barreiro
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corpo de fuzileiros
Companhia Geral CIMIC
E
m 2004 constituiu-se a Companhia Geral CIMIC1 (CGCIMIC),
como consequência dos compromissos assumidos por
Portugal, no âmbito da NATO. A CGCIMIC é uma força conjunta
com a seguinte estrutura: Comando, 3 células de Estado-Maior e
3 destacamentos, (um de cada ramo).
A escolha de militares para a CGERCIMIC, nomeadamente o Destacamento, a Marinha conferiu a responsabilidade de nomeação
ao Corpo de Fuzileiros, que por sua vez delegou no Batalhão de
Fuzileiros N.º1 (BF1). O comando da Companhia é rotativo pelos
ramos a cada dois anos.
O CIMIC é composto pelos níveis Estratégico, Operacional
e Tático, cuja
missão é estabelecer e manter a total
cooperação entre um comandante militar, dentro da sua área de operações,
e as autoridades civis, organizações
governamentais e não-governamentais, agências e população civil.
Os destacamentos enquadram-se no
nível Tático e são compostos por três equipas. Estas operam em
centros CIMIC (estruturas físicas que servem como um ponto de
comunicação e coordenação entre os militares e o ambiente civil)
e no terreno, como equipas de ligação. Têm como funções examinar o “status” de uma área específica de operação ou área de interesse, identificando as falhas críticas ou lacunas de capacidade
no ambiente civil (e.g. falta de água, existência ou não de esgotos,
assistência médica, apoio à liberdade de movimentos, outros…),
ou seja, deficiências que possam afetar a missão do Comando.
No ano de 2015, a CGERCIMIC, esteve envolvida no Exercício de
Alta Visibilidade da Nato, TRIDENT JUNCTURE 2015, que decorreu
de 03OUT a 06NOV, na zona de Santa Margarida, integrado na
Brigada Canadiana.
No cenário do exercício, a missão da CGERCIMIC teve como
objetivo, cooperar e coordenar com as autoridades locais,
Organizações Internacionais (OI), Organizações Governamentais
(OG), Organizações não-governamentais (ONG), de forma a
garantir o apoio ao fluxo de ajuda humanitária em TYTAN, país
fictício no exercício. O exercício consistiu em duas fases, uma
inicial CPX e uma fase de Livex com a CGERCIMIC a operar a partir
do quartel de Engenharia em Santa Margarida.
Ao Destacamento da Marinha foi atribuída a missão de montar
e operar um centro CIMIC, na Vila Ribatejana da Golegã, tendo
sido disponibilizado para o efeito, pelo município, o Palácio do
Pelourinho.
A área de Operações do destacamento CIMIC Marinha estendeuse aos concelhos da Golegã e do Entroncamento e à união de
Freguesias da Carregueira com o Arrepiado. As suas equipas
promoveram um vasto e diverso conjunto de atividades, dos quais
se elenca alguns exemplos:
– Contactos preliminares com: as Câmaras Municipais, as
paróquias, as forças de segurança e as cooperações de
bombeiros, do Entroncamento e Golegã, para a divulgação do
exercício TRJ15;
– Avaliação de risco no Entroncamento, sobre eventuais
incidentes sucedidos na área, com os movimentos das
colunas militares;
– Contactos com a freguesia do Arrepiado, para sensibilização
da população, sobre os treinos militares e para a montagem
da ponte móvel com viaturas anfíbias alemãs “M3 Amphibious
Rig’s”;
– Distribuição de folhetos e cartazes entre a população civil
para divulgação do exercício TRJ15, bem como, palestras
acompanhadas de vídeos, na escola 2/3 da Golegã e de Alpiarça sobre o exercício TRJ15;
– Avaliação de risco (máxima tonelagem, máxima largura,
máxima altura) da ponte da Golegã, que atravessa o Rio
Tejo, para garantir os movimentos das colunas militares em
segurança.
Paralelamente, o destacamento foi alvo de
inúmeras visitas nomeadamente o presidente da Câmara do Concelho da Golegã,
do Sr. Vice-Almirante Comandante das
Operações Conjuntas do EMGFA, de oficiais, do Civil-Military Cooperation Centre
1
Cooperação Civil Militar (assumindo tradução livre) segundo AJP-9, NATO Civil-Military Cooperation (CIMIC) Doctrine.
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corpo de fuzileiros
Of Excellence (CCOE)2, do Multinational
Cimic Group (MNCC)3 da Nato, com todos
a evidenciarem o bom desempenho e profissionalismo demonstrado.
Na fase Livex do exercício, o destacamento
operou em H24 na área de Tancos, na
freguesia da Carregueira com o Arrepiado
e no Castelo de Almourol, com o objetivo de
monitorizar quaisquer danos ou incidentes
(ambientais, outros…), consequentes dos
movimentos militares no terreno ou no
espelho de água, e informar de imediato
o escalão superior, para que este pudesse
tomar as medidas necessárias a minimizar
rapidamente esses efeitos.
Este exercício serviu para a certificação da
CGERCIMIC, estando agora em período de “Stand By” e pronta para ser empenhada em eventuais missões que Portugal entenda dever
participar com este desígnio, em conjunto com o MNCC do qual o País faz parte.
Corpo de Fuzileiros
Destacamento CIMIC Marinha
2
http://www.cimic-coe.org/
3
http://www.cimicgroup.org/ (do qual Portugal faz parte em conjunto com a Eslovénia, Grécia, Hungria, Itália e Roménia.
Juramento de Bandeira
Curso de Formação Básica de Oficiais Fuzileiros (1.ª Edição 2015)
e
Curso de Formação Básica de Praças (3.ª Edição 2015)
T
endo iniciado a 21 de dezembro de 2015, decorreram até
5 de fevereiro de 2016, a 1.ª edição 2015 do Curso de
Formação Básica de Oficiais Fuzileiros e a 3.ª edição de
2015 do Curso de Formação Básica de Praças.
Para a frequência dos referidos cursos, apresentaram-se na Escola de Fuzileiros 11 elementos para o curso de Oficiais e 113
elementos para o curso de Praças, destinados a alimentar as
6
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classes de Fuzileiros, Mergulhadores, Técnicos de Armamento,
Eletromecânicos, Condutores, Manobras, Taifas e Músicos.
Os cursos, que culminaram na data de encerramento com a cerimónia de Juramento de Bandeira que teve lugar a 5 de Fevereiro
de 2016 e foi presidida por S. Ex.ª o Vice-Chefe do Estado-Maior
da Armada, Vice-almirante Bonifácio Lopes, têm como objetivo
principal habilitar os cidadãos com uma preparação militar geral.
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corpo de fuzileiros
Na cerimónia, os 7 formandos do curso de oficiais e os 88 do
curso de praças que concluíram este período de formação com
sucesso, assumiram perante o Estandarte Nacional, como portugueses e como militares, defender a nossa Pátria, mesmo com o
sacrifício da própria vida, se tanto for necessário.
Atentos às mudanças conjunturais da sociedade civil e decorrente de um processo interno de análise de oportunidades de
melhoria contínua, realizou-se em 9 de janeiro de 2016, o “Dia
da Família”. Esta iniciativa tem como objetivo mostrar aos familiares e amigos dos formandos a instituição militar e a Escola de
Fuzileiros, desmistificando a formação militar, apresentando os
objetivos da formação básica de praças e as condições habitacionais, de lazer e didáticas em que esta vai decorrer.
Pretende-se assim estabelecer a ponte entre as dimensões familiar e a militar, contribuindo de forma proactiva para colmatar a
falta de conhecimento e assim potenciar a construção formativa
de cada aluno.
Durante o período de formação foram ministradas diversas temáticas, nas vertentes teóricas e práticas, que abrangem as
áreas de Organização e Regulamentos, Socorrismo, Infantaria,
Comunicações Internas, Armamento e Tiro e Educação Física.
Foram ainda efetuadas diversas palestras que abrangeram os
temas da formação cívica ou o consumo de drogas, álcool e
tabaco. De referir que no final desta formação básica, todos os
formandos ficam habilitados com o Curso Básico de Socorrismo.
No final do curso pediu-se aos formandos que escolhessem uma
frase que caracterizasse o mesmo, sendo que a frase eleita foi
a seguinte:
“Sozinhos nada somos, mas juntos não quebramos”.
No dia 11 de fevereiro destacaram para a Escola de Tecnologias
Navais e Escola de Mergulhadores todos os elementos, tendo as
classes de Fuzileiros (oficiais e praças), Condutores e Músicos
permanecido na Escola de Fuzileiros.
Já nas diferentes escolas, iniciaram nessa data os respetivos
Cursos de Formação de Praças, os quais os habilitarão com a
formação específica tendo em consideração a classe a que pertencem.
Escola de Fuzileiros
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corpo de fuzileiros
Projeção Anfíbia
A Reestruturação do Corpo de Fuzileiros
– Fazer Certo, Fazer Bem, Fazer Diferente –
O
presente artigo relata um processo de mudança difícil, desafiante e prolongado mas que resultará num ganho significativo de recursos, de capacidade e de eficácia. E, porque
a mudança altera rotinas, força-nos para fora das nossas áreas
de conforto e introduz novas lógicas e/ou metodologias de funcionamento que requerem aprendizagem e adaptação antes que as
consigamos dominar ou explorar na justa medida dos resultados
que prosseguimos, é igualmente um artigo que nos pode fazer
questionar determinados preconceitos, convidando-nos à reflexão e à discussão de ideias.
reflexo na prontidão das unidades ou das forças de fuzileiros. Esta
impossibilidade de se estabelecer uma relação entre as deficiências e a capacidade de gerar resultados, constituía uma enorme
fragilidade, tornando difícil argumentar contra qualquer observador externo que acusasse o CF de estar sobredimensionado para
o produto operacional que oferece, e/ou de querer manter uma
estrutura que visa um «nível de ambição» – que muitos associam
diretamente à existência genérica de «batalhões» e ao Batalhão
Ligeiro de Desembarque (BLD) – insustentável e desajustado da
realidade.
Pese embora exista a consciência de que até a lógica do «fazer
mais com menos» também se esgota, a prioridade na tentativa
de encontrar soluções para minimizar os efeitos muito negativos
de uma conjuntura extremamente desfavorável, sempre foi a de
preservar ao máximo os produtos institucionais. Ora, se houver
espaço para ganhos de eficiência, a redução de recursos não tem
de ser diretamente refletida na atividade. Mas os «ganhos de eficiência» não são muitas vezes compatíveis com metodologias e/
ou com organizações muito rígidas e com pouca apetência para a
mudança. Talvez por isso, a tendência natural dos processos de
transformação nas FA se revele muitas vezes contrária à «razão»
de preservar resultados, redundando em reduções da atividade
e na redefinição dos «níveis de ambição». No caso da Marinha,
o Corpo de Fuzileiros (CF) acabou por se tornar vulnerável a este
tipo de pressões.
E aquelas não eram críticas despiciendas, pois muita coisa mudou desde que ocorreu a última grande reestruturação nos fuzileiros: a natureza das ameaças alterou-se e revelaram-se ameaças que antes não existiam (como é o caso da cyber); os teatros
transformaram-se (a designada war amongst people é apenas
um exemplo); e a perceção pública passou a condicionar quer os
processos de decisão quer as opções de emprego das forças. Ao
nível das respostas a transformação das ameaças redundou em
diferentes lógicas de utilização das forças; apareceram conceitos
inovadores (como o de distributed operations) e desenvolveram-se novas Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP); a tecnologia
permitiu explorar novos e mais poderosos «potenciadores de força («conhecimento situacional», blue track systems, etc.); e variáveis como a legitimidade, a responsabilização (accountability), a
gestão do risco e a utilização de armamento menos letal passaram a ser críticas para a ação.
Em setembro de 2014 os recursos humanos (RH) do CF encontravam-se 25% abaixo dos quadros de lotação aprovados: num total
de cerca de 2.000 efetivos, estavam em falta cerca de 500 militares. O investimento nas forças e nas unidades de fuzileiros foi
durante muitos anos residual. Parte significativa do material e do
equipamento está velho e, em muitos casos, obsoleto. Existiam –
e ainda persistem – lacunas ou insuficiências graves, como por
exemplo ao nível dos equipamentos de comunicações táticos e de
teatro (SATCOM portátil), ou dos rádios individuais, que são em
número insuficiente para equipar todas as forças que somos suposto gerar e projetar. Um número muito significativo de viaturas
não respeita os requisitos necessários ao seu emprego num contexto anfíbio, e muitas dessas viaturas encontram-se avariadas,
algumas com necessidades de reparação nada recomendáveis do
ponto de vista do custo-benefício.
Apesar de tal quadro, e contrariamente ao que sucede com os navios, nenhuma daquelas insuficiências era apresentada como um
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Mesmo reconhecendo que a criação do Destacamento de Ações
Especiais (DAE) e do Pelotão de Abordagem (PELBORD) foram
passos importantes na evolução das respostas operacionais do
CF, é também importante admitir que toda a restante estrutura
se manteve fiel à lógica para que fora criada: a interoperabilidade
(doutrinária e organizacional) com aliados (em especial o United
States Marine Corps (USMC)) no contexto das grandes operações
anfíbias desenhadas no contexto da «guerra fria». Não era assim
credível insistir que uma lógica organizacional e que um processo
de geração de forças que pouco mudaram desde 1979 seriam
capazes de responder a tão significativas transformações.
Fazer as coisas certas
Aceitando que a crítica, mesmo quando baseada em perceções
ou leituras próprias, tem sempre um fundamento, a identificação daquilo a que nos referimos como «produto operacional»
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tornou-se um requisito essencial para o processo de reestruturação. E ao sustentar essa definição em elementos concretos
garantimos que, além de tornar claro o porquê do «nível de ambição», estaremos a «fazer as coisas certas», princípio essencial para a credibilização dos resultados operacionais.
Sem querer entrar em grande pormenor sobre o conteúdo do
Conceito Estratégico Militar de 2014 (CEM2014), importa ao leitor
saber que as componentes (Ramos) contribuem para três tipos de
forças de natureza conjunta: a Força de Reação Imediata (FRI),
empregue em Operações de Evacuação de Não-combatentes
(NEO) e no apoio à Proteção Civil e/ou às Forças e Serviços de
Segurança (FSS) em «emergências complexas»; o Conjunto Modular de Forças (CMF), preparada para intervir em conflitos de
todo o espectro no âmbito das alianças e parcerias de que Portugal é parte; e as Forças Permanentes em Ação de Soberania
(FPAS), que asseguram tarefas de presença, patrulha, vigilância e
o contributo das FA no combate a ilícitos no Espaço Estratégico de
Interesse Nacional Permanente. Porém, o que releva para estruturação do produto operacional do CF é a prioridade dada a forças
de pequeno escalão, e o aumento da capacidade de resposta, o
que vem reforçar a ideia/necessidade de gerar e manter «forças
de escalão companhia» em alta prontidão. O emprego do BLD
não é descartado pelo CEM2014, mas está assumido como uma
situação limite, o que nos concede alguma margem de manobra
no que respeita à sua categoria de prontidão.
Atentas aquelas grandes linhas de orientação, o «dispositivo de
forças de referência» do CF passou a ser: três forças modulares,
integrando o «reconhecimento», os «morteiros» e o «anticarro»
como elementos orgânicos, de escalão companhia (FFZ); três
grupos de botes de assalto, que correspondem ao Elemento de
Assalto Anfíbio de cada uma das FFZ; uma unidade de Polícia
Naval (que no limite gera uma força de escalão companhia); dez
equipas de abordagem; e quatro grupos de combate de operações especiais (SOMTU, gerados a partir do DAE), pese embora só
estejam edificados ainda dois. Além destes, e porque o CF opera
outros meios além dos botes, manteve-se a Unidade de Meios
de Desembarque (UMD) como a estrutura que projeta e assegura a permanente disponibilidade das Lanchas Rápidas (LR), das
Lanchas de Assalto Rápido (LAR) e da Lancha de Desembarque
Média (LDM).
Operações Especiais
A missão do Comandante do Corpo de Fuzileiros (CCF) passou a
ser a de gerar e edificar aquele dispositivo, sendo este o propósito
máximo da organização que comanda.
Alguns estranharão a referência a uma maior flexibilidade, também temporal, na geração e projeção do BLD, tantos anos tido
como a referência na «organização para a ação» do CF. De facto,
estamos a respeitar um princípio base do planeamento: prever a
situação mais desfavorável e planear para a mais provável.
Esta regra é crítica quando os recursos disponíveis não permitem
desenvolver as modalidades de ação necessárias para cobrir, em
simultâneo, todas as hipóteses assumidas. Está relacionada com
a assunção de risco e com a priorização de opções.
Fazer as coisas bem
Não basta estarmos focados em fazer o que é certo, também há
que «fazer as coisas bem», ou seja, assegurar que conseguiremos
otimizar a nossa organização de forma a maximizar os resultados.
Uma organização que não esteja otimizada, ou dispersa os seus
esforços, ou não consegue atingir os objetivos a que se propõe.
Fazer as coisas bem é também um passo no sentido da «transparência da gestão», aspeto que estabelecemos como fundamental
para promover a ligação entre recursos e resultados, falha que,
como já se mencionou, constituía uma enorme vulnerabilidade
do CF.
«Mexer» numa organização passa invariavelmente por refazer as
relações de autoridade, o que equivale a reavaliar competências
– «quem é quem» – e a redefinir as dependências – «quem se
relaciona com quem», e por redistribuir o trabalho, ou seja, encontrando formas diferentes de dividir tarefas redefinindo «quem
faz o quê». Mas ao fazê-lo estaremos também a alterar a forma
como a organização funciona, obrigando a refazer processos,
sendo muitas vezes esta uma etapa crítica quando se passa dos
modelos para a execução. Muitos processos de transformação
falham, ou são muito condicionados, porque a cultura organizacional, que em última instância determina «como as coisas se
fazem», impede que se explorem novas formas de pensar e/ou de
agir. Não se consegue alterar a organização porque «os processos
não deixam» (!). No caso da reestruturação do CF ficou desde logo
muito claro que haveria que «pensar diferente», e que não existiriam tabus ou dogmas que nos impedissem de enveredar por determinadas soluções, assim se considerassem essas as melhores
opções para se atingirem os objetivos a que nos propúnhamos.
Para nós, «fazer as coisas bem» significava agilizar a estrutura
de funcionamento, reduzindo o seu peso global face aos efetivos
que passaram a constituir a componente operacional (dispositivo
de forças) do CF. Neste particular, o Corpo revelava-se grande
consumidor de RH, principalmente porque existia um número
significativo de unidades independentes e autónomas que, além
de gerarem muita burocracia, davam origem a sobreposições de
responsabilidades, duplicação de tarefas, multiplicação de órgãos
e serviços, e até replicação de infraestruturas, tais como paióis,
escotarias, oficinas, etc..
Para além disso podia questionar-se o respeito por princípios
básicos como a «consonância de propósito» e a «unidade de esforço», uma vez que funções essenciais da gestão, como o planeamento e o controlo, não se encontravam centralizadas. Na verdade, a cultura organizacional, refletida numa organização muito
compartimentada onde não existia um verdadeiro órgão integrador e coordenador, tornava o CF virtualmente ingerível. Melhorar
os processos de gestão era uma prioridade, ainda que à custa da
transferência de algumas das competências dos comandantes,
da redefinição das suas esferas de ação e da centralização de
serviços. Sintomático desta realidade era o desequilíbrio entre
o esforço despendido em tarefas de natureza administrativa e o
tempo consumido com a atividade operacional (conhecimento da
doutrina, liderança, treino, tutoria, etc.), aspeto reiteradamente
referido pelos comandantes durante as visitas do CCF às unidades. A solução não poderia então ser outra que não a de reduzir o
número de unidades autónomas, retirar carga administrativa aos
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comandantes e recentrar a sua atenção naquilo que deverá ser
a prioridade da sua ação: a manutenção de elevados níveis de
proficiência e o garante dos padrões de prontidão operacional das
forças subordinadas.
O primeiro passo foi o de identificar onde se encontravam os desajustamentos organizacionais face à forma como nos propúnhamos gerar e edificar o «novo sistema de forças». Relembrando
que as forças (FFZ) passaram a estar constituídas e ativadas em
permanência, integrando, como elementos orgânicos, o reconhecimento, o anticarro e os morteiros, depressa resultou óbvio que
as Companhias de Fuzileiros 11, 21 e 22, a CAF e a CATT não se
adequavam à nova metodologia de geração de forças, pelo que
se procedeu à sua desativação e posterior extinção. As CF 12 e
23 já se encontravam desativadas em resultado do défice de RH
anteriormente referido. Redefiniu-se também a lógica subjacente
à constituição do estado-maior (EM), que deixou de ser parte integrante da estrutura de funcionamento e passou a ser gerado no
contexto da «organização para a ação» (crisis establishment (CE)).
Isto equivale a dizer que o EM continua a ter um quadro orgânico
próprio, mas que, embora esteja permanentemente constituído,
só é ativado quando o CCF exerce funções de comando de forças.
Concentrar no Comando do Corpo o planeamento, a tomada de
decisões e o controlo dos processos, mais que uma necessidade
para assegurar a consonância de propósito, foi uma opção importante na promoção da unidade de esforço e da uniformização de processos e de procedimentos. Já na ótica da centralização de serviços e da melhoria dos processos de gestão foram
criados quatro departamentos: o Departamento de Operações
(DOP), onde se concentraram os processos de desenvolvimento
de padrões, planeamento, programação e avaliação do treino, de
desenvolvimento de conceitos, análise e experimentação (CD &
E), e de acompanhamento das ações de treino e das operações
correntes, tal como rondas, segurança a instalações e atividades
protocolares; o Departamento de Gestão de Recursos (DGR), que
assumiu responsabilidade sobre o planeamento e controlo de todas as atividades relacionadas com o pessoal e com o material;
o Departamento de Apoio Geral (DAG), que se constituiu como
órgão «prestador de serviços» a todo o universo do CF, agregando
todas as atividades de manutenção, oficinas, alimentação, transportes administrativos, paióis, escotarias, etc.; e o Departamento
Administrativo e Financeiro (DAF) que assegura o planeamento
e controlo de todas as atividades relacionadas com os recursos
financeiros. A criação destes quatro departamentos resultou, na
prática, na transformação de uma estrutura de natureza hierarquizada e mecanicista numa organização de características marcadamente matriciais.
Entender as implicações desta alteração passa por perceber que
no primeiro caso os processos se repetem ao longo das unidades e se desenvolvem na vertical, dentro de linhas de comando
independentes que confluem no topo e sem interagirem entre si,
enquanto no segundo caso têm uma natureza transversal, tornando-se abrangentes e comuns a toda a organização.
A lógica matricial é uma realidade estranha à cultura organizacional que perdurou no CF durante muito tempo, e segundo a qual
cada comandante tomava as suas decisões e endereçava as suas
necessidades sem grande preocupação com a envolvente ou com
a necessidade de rastrear/controlar a evolução externa dos seus
quesitos. A falta de coordenação fazia com que as solicitações
não estivessem subordinadas a um sistema de priorização de
necessidades integrado, o que no caso do apoio (lato sensu) era
particularmente sensível, pois os conflitos eram dirimidos numa
estrutura intermédia (Base de Fuzileiros (BF)) e não de topo. No
caso do treino, por exemplo, cada unidade estabelecia o seu programa e prioridades, podendo acontecer que à altura de gerar
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uma força para projetar para uma missão, cada um dos elementos (manobra, anticarro, morteiros, etc.) se encontrasse em fases
diferentes do seu ciclo de prontidão.
A articulação funcional entre os departamentos é agora crítica,
pois todo o apoio e serviços passou a estar centralizado, e ocorreu
uma migração significativa das responsabilidades subsidiárias e
das tarefas de controlo do pessoal, do material e do equipamento,
que no anterior se encontravam residentes na BF e nas unidades. Por esse motivo foram atribuídas competências próprias ao
segundo-comandante (2CF), tornando-o responsável por toda a
estrutura de funcionamento e colocando os Chefes de Departamento, à exceção do CDAF que reporta diretamente ao CCF, na
sua dependência direta. Assegura-se deste modo a integração do
planeamento e do controlo e promove-se a coordenação interdepartamental.
Na perspetiva da gestão o CF funciona agora geograficamente em
dois polos, o do Alfeite e o de Vale de Zebro (este identificado com
a Escola de Fuzileiros), e o DAG passou a ser o único responsável
pela prestação de serviços a todo o universo do CF, concentrando em si as anteriores tarefas e responsabilidades da BF e dos
Departamentos de Apoio da Escola Fuzileiros (EF), o que permitiu desativar esses órgãos. Neste contexto promoveu-se ainda à
concentração de paióis, escotarias e oficinas, respeitando-se a
repartição geográfica que melhor responde às prioridades e requisitos de prontidão das forças e unidades sediadas em cada um
dos polos (Alfeite e Vale de Zebro/EF).
Toda esta alteração conceptual teve também implicações ao nível dos modelos de treino, que deixaram de ser responsabilidade
das unidades para passarem a ser geridos de forma centralizada
(DOP). É este quem agora define os planos, faz a programação,
estabelece os objetivos e os padrões e conduz as ações de avaliação. Ao fazê-lo pode também introduzir requisitos específicos
de experimentação para ensaiar nova doutrina e conceitos, validar a sua utilidade/aplicabilidade através das ações de avaliação,
e rapidamente transforma-los em requisitos de formação, o que
permite agilizar todo o processo de implementação doutrinária.
Devido à sua proximidade às áreas de treino (Mata da Machada,
Troia, Carreira de Tiro da Marinha, pistas de lodo e de destreza,
etc.), todas as facilidades de treino passaram a ser geridas pela
EF. As forças que se encontram em processo de edificação de
padrões – fase que sucede imediatamente à sua geração – passaram a estar sediadas em Vale de Zebro, onde se estabeleceu
também o Serviço de Experimentação, Treino e Avaliação (SETA/
DOP).
Pensar e fazer diferente
A opção de gerar e manter «forças constituídas e ativadas em
permanência» difere da anterior lógica de configurar respostas
operacionais a partir de «elementos de força» que se encontravam dispersos por unidades independentes. Se pensarmos que
até agora os elementos «manobra», «morteiros», «anticarro»,
«reconhecimento» e «mobilidade terrestre» se encontravam dispersos pelo Batalhão de Fuzileiros número dois (BF2), pela Companhia de Apoio de Fogos (CAF) e pela Companhia de Apoio de
Transportes Táticos (CATT), funcionando e treinando segundo requisitos próprios, o treino de força resultava incipiente enquanto
tal, e era apenas conduzido durante os grandes exercícios sob a
égide do COMNAV. O CF assegurava que os elementos de força desenvolviam proficiências básicas, mas o emprego de uma
força-tarefa que agregasse diferentes elementos estaria sempre
dependente de um treino dedicado (específico para a missão).
Na realidade não seria possível assegurar os elevados níveis de
prontidão operacional com tal modelo de geração de forças. Aumentar a prontidão implica maior disponibilidade, maior exigência
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na manutenção dos padrões de prontidão, e maior estabilidade
na constituição temporal das forças. Alterar a configuração das
forças significa mudar a forma de gerar efeitos: há que repensar
os conceitos de emprego, as modalidades de ação, o pensamento
tático, e, em consequência, a forma como treinamos.
Na ótica das forças e dos efeitos, as FFZ estão especialmente
vocacionadas para a projeção além horizonte a partir dos navios
da esquadra, fazendo uso dos botes de assalto e de pequenos
contentores para levar equipamento/armamento «pesado». Conduzem prioritariamente incursões anfíbias, limitadas no espaço e
no tempo à autonomia que lhes é dada por aquilo que podem levar consigo (rações, água, munições, etc.). Pretendemos explorar
modalidades de emprego próprias da especificidade operacional
dos fuzileiros – onde naturalmente se incluem as operações em
rios e águas interiores e a dispersão/concentração de força –,
procurando gerar efeitos de grande letalidade mas reduzir a pegada (footprint) em terra. Afastamo-nos por isso de lógicas de
ocupação do terreno, para nos concentrarmos em algo que é específico e credível para forças anfíbias no contexto das limitações
que temos.
Já na perspetiva da organização, centralizar serviços e concentrar
infraestruturas (como paióis, escotarias, etc.) significa retirar responsabilidades aos comandantes e transferi-las para a estrutura
de funcionamento. Ao nível das unidades e das forças deixa de
fazer sentido a figura de «quartel-mestre», mas houve que criar
e implementar todo um novo conjunto de normas e de procedimentos para permitir atribuir e controlar o armamento e o equipamento. Deixando de dispor de material a cargo e de escotarias e
paióis para guardar, puderam ser desativados os grupos de serviço nos Batalhões e criado um grupo de serviço único em cada um
dos polos, Alfeite e Vale de Zebro (EF). Tal significa, por exemplo,
adaptar procedimentos para monitorizar espaços de lazer e alojamentos fora das horas normais de serviço, a fim de garantir a
disciplina e o respeito pelos horários de serviço/descanso.
A centralização de serviços possibilita ainda gerar mais-valias
funcionais importantes que se podem traduzir em ganhos não só
de eficiência mas também de eficácia. A centralização das secretarias e a implementação de um «Gabinete de Apoio ao Utente»
permite aumentar o controlo e uniformizar procedimentos, mas
reflete uma lógica totalmente nova de tratar os assuntos relativos
ao pessoal que requer grande capacidade de adaptação dos comandantes. A centralização das oficinas auto e do planeamento
das atividades de manutenção reflete-se num, mais que desejável, «achatamento» da organização e permite-nos ambicionar
por melhorias significativas ao nível da manutenção programada,
mas porque reduz os níveis de decisão e retira autonomia a alguns atores no processo, gera desconforto e resistências.
No plano dos RH existe hoje uma muito maior racionalidade no
emprego dos militares que fazem parte do universo do CF, quer
pela divisão de tarefas entre os BF1, BF2 e DAE, a que já se aludiu, quer por se assegurar um maior aproveitamento das perícias
e competências individuais e coletivas, o que traz implicações na
gestão das pessoas.
Dispondo as FFZ de quatro pelotões que de base são todos gerados e edificados como «pelotões de manobra», dois desses pelotões desenvolvem posteriormente, através de treino dedicado, valências suplementares em anticarro, morteiros e reconhecimento.
Estando os FZV, militares fuzileiros habilitados a conduzir viaturas
táticas, integrados nos pelotões, eles podem desempenhar funções em qualquer equipa, incluindo, por exemplo, as equipas de
morteiros. Atenta a diversidade de sistemas e de configurações
operacionais a adotar, e pensando que as Secções desses novos
pelotões funcionam com menos uma praça, em que o sargento
comandante de Secção se assume como responsável pela primeira equipa, o destacamento de um qualquer elemento torna
virtualmente inoperante uma dessas formações, e, no extremo,
pode mesmo redundar na perda de uma valência da própria força.
Por isso, se o impacte do destacamento de um FZV no encargo
operacional do CF era difícil de quantificar quando estas praças se
encontravam colocadas na CATT, onde o seu emprego primário
era o de condutor, hoje, dando o melhor uso ao conjunto alargado
de competências de que dispõem, são sobretudo empenhados
como fuzileiros, pelo que qualquer falha é facilmente refletida nos
efeitos que são, ou não, gerados pela força a que pertencem.
A racionalização dos RH não se traduz assim e apenas na redução
de efetivos: tem igual significado num aproveitamento mais polivalente das pessoas, que se reflete no facto de grande parte dos
militares passar a ter um encargo operacional: ou direto, porque
se encontra atribuído ao dispositivo de forças, ou em CE, para
permitir gerar estruturas de estado-maior e de apoio não permanentes (como o Elemento de Apoio de Serviços em Combate
(EASC), responsável por parte significativa das funções logísticas
em teatro). A consequência é uma muito maior dependência da
estabilidade dos quadros de lotação, o que seria de esperar quando se passa de perto de 2.000 efetivos para uma proposta que
não chega aos 1.300. Trata-se, além disso, de um enorme esforço que exige muito das pessoas, não só na perspetiva da alteração das suas rotinas, mas principalmente na forma de pensar a
organização e o seu funcionamento. Mais do que assumir funções
cuja designação se afasta daquelas que tradicionalmente faziam
parte da gíria do CF, e com que sempre se habituaram a viver,
a maior dificuldade está no compreender e adaptar-se a formas
diferentes de pensar e de agir.
Estando conscientes do enorme desafio que esta reestruturação
representa, sabemos que somos capazes de a concretizar e de
elevar o CF e os fuzileiros a novos patamares de excelência. Para
isso temos contado com uma enorme prova de confiança do Almirante CEMA e com grande apoio do Vice-almirante Comandante
Naval, sem os quais nada do que conseguimos até hoje teria sido
possível. É assim importante que se reconheça que o CF não pode
mudar sozinho, e que a transformação seja acompanhada pelos
órgãos de gestão superior da Marinha, sem os quais qualquer
alteração, por muito bem-intencionada que seja, fica votada ao
insucesso.
Luís Carlos de Sousa Pereira
Contra-almirante
Proteção de Força
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Comandante do Corpo de Fuzileiros
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eventos
Dia do Combatente 2016
baixas e alguns milhares de prisioneiros
foram o resultado mais dramático desse
dia.
Após a batalha, foi ainda possível constituir três batalhões que foram integrados na
linha da frente, onde se mantiveram ate à
assinatura do Armistício, a 11 de Novembro de 1918. Foi esta enérgica reacção dos
militares portugueses que contribuiu para
que Portugal pudesse estar presente no
Desfile da Vitória em Paris e participar, ao
lado das outras potências, na Conferência
de Paz.
N
o passado dia 09 de Abril tiveram lugar no mosteiro de Santa
Maria da Vitória, na Batalha, as cerimónias evocativas do
Dia do Combatente: 98.º aniversário da Batalha de La Lys e
80.ª romagem ao túmulo do Soldado Desconhecido.
Este ano as cerimónias foram presididas por Sua Ex.ª o Presidente
da República, Professor Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pelo Ministro e Secretária de Estado da Defesa Nacional e
por todos os Chefes Militares.
As cerimónias tiveram início pelas 10:30 horas com uma Missa
de Sufrágio pelos Combatentes falecidos, celebrada por Sua Ex.ª
Reverendíssima D. Manuel Linda na Igreja do Mosteiro.
Terminada a Missa seguiu-se a Cerimónia Militar, sendo as Forças em Parada formadas por um Batalhão conjunto a três companhias, uma de cada Ramo das Forças Armadas e Banda do
Exército.
Seguidamente à cerimónia militar, as entidades dirigiram-se para a Sala do Capítulo
onde teve lugar a homenagem ao Soldado
Desconhecido, com a deposição de coroas de flores no respectivo túmulo, acto
no qual a Associação de Fuzileiros também participou. No final
foram prestadas honras militares aos mortos caídos em defesa
da Pátria.
Túmulo do Soldado Desconhecido é o nome que recebem os
monumentos erigidos pelas nações para honrar os soldados que
morreram em tempo de guerra sem que os seus corpos tenham
sido identificados, evocando todos os habitantes de um país que
morreram em determinado conflito sem identidade conhecida,
embora alguns contenham os restos mortais de sodados falecidos
durante esses acontecimentos.
No dia 09 de Abril de 1921, foram conduzidos para o Mosteiro
da Batalha, Templo da Pátria, os dois soldados desconhecidos,
vindos da Flandres e da África Portuguesa representando os gloriosos mortos das expedições enviadas aos referidos teatros de
operações e simbolizando o sacrifício heróico do Povo Português.
A rodear as Forças em Parada encontravam-se dispostos os
guiões das diversas Associações de Antigos Combatentes presentes. O Guião da Associação de Fuzileiros era transportado pelo
nosso sócio Carlos Ribeiro.
Discursaram o Presidente da Liga dos Combatentes e o Presidente da República que enalteceu e homenageou os Combatentes no
seu esforço de construção da Nação Portuguesa.
Seguiu-se o desfile das Forças em Parada e dos guiões.
Esta cerimónia evoca o fatídico dia 09 de Abril de 1918 em que,
numa única batalha, em La Lys, França, o Corpo Expedicionário
Português foi destroçado, apesar dos seus actos de valentia individuais e com uma resistência heróica. Um grande número de
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notícias
Assembleia-Geral Ordinária
e Eleitoral
2 de Abril de 2016
N
o dia 2 de Abril de 2016, na Sede da Associação de Fuzileiros (AFZ) sita na Rua Miguel Paes n.º 25, no Barreiro, reuniu a Assembleia Geral Ordinária e Eleitoral desta Associação, em função da convocatória efectuada pelo seu Presidente, CAlm José Luís
Ferreira Leiria Pinto, que presidiu.
Na Ordem de Trabalhos (OT) figuravam os seguintes assuntos:
• Apresentação e eventual aprovação do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2015 e do Orçamento para 2016.
• Eleição dos titulares dos Órgãos Sociais – Assembleia Geral, Direcção Nacional, Conselho Fiscal e Conselho de Veteranos.
Ao iniciar a sessão o Presidente da Mesa convidou todos os presentes a efectuarem um minuto de silêncio em memória dos sócios
falecidos, após o que deu a palavra ao Presidente da Direcção para este efectuar a apresentação do Relatório de Actividades de 2015.
O Comandante José António Ruivo, Presidente da Direcção, começou por dar as boas-vindas aos elementos presentes e chamou a
atenção para o conteúdo dos exemplares dactilografados do Relatório e Contas, largamente difundidos por toda a sala. Esclareceu
que, devido à saída do Vice Presidente Leão de Seabra para Cabo Verde em missão de Serviço e também pelo falecimento do outro
Vice-Presidente o Dr. Carlos Marques Pinto Pereira, houve que efectuar arranjos na composição do elenco Directivo e, desse modo,
o Comandante Benjamim Correia passou a exercer as funções de Vice-Presidente durante parte do último semestre de 2015 e até à
presente data.
De seguida, expressou votos de muito apreço, quer ao Sargento Mário Gonçalves, quer à Senhora D. Ana, Secretária da Direcção, pelo
facto de ambos os elementos serem excelentes colaboradores e executores do dia a dia da AFZ e, por isso mesmo, pessoas a quem a
AFZ muito deve.
Referiu os numerosos convites que são recebidos na AFZ e as imensas situações em que a AFZ se tem de fazer representar, facto
que diz bem da importância e do reconhecimento que a Associação tem junto das mais diversas Entidades, Organismos e Instituições.
Informou também que o Conselho de Veteranos se tem reunido e enviado à Direcção algumas ideias e sugestões como, por exemplo,
a Comemoração do Aniversário da AFZ.
Tem estado a ser feito um trabalho de muito mérito pelas Delegações no aumento do Quadro Social e no envolvimento com as comunidades locais e com as autoridades civis com as quais promovem mútuo e profícuo intercâmbio, de que são exemplos alguns protocolos
de colaboração entretanto celebrados, visando a utilidade para os sócios da AFZ.
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notícias
A organização do Dia do Fuzileiro, cuja
concretização tem ocorrido no primeiro
Sábado de Julho na Escola de Fuzileiros,
este ano vai ter de se realizar no segundo
Sábado ou seja em 9 de Julho, por razões
de envolvimento operacional das Unidades
do Corpo e Fuzileiros.
Houve, durante o mandato que agora termina, visitas importantes à AFZ como foi
o caso do Almirante CEMA e do General
Carvalho dos Reis, Chefe da Casa Militar
do Presidente da República Cavaco Silva,
que muito elogiaram a Associação.
Pelo falecimento do Dr. Carlos Marques
Pinto Pereira, a responsabilidade da revista “O Desembarque” foi assumida
pelo Comandante Benjamim Correia. Foi
realizado um apelo para o aparecimento
de artigos que possam alimentar a nossa
Revista.
A Divisão de Desporto tem estado agora mais virada para os mais novos e a Divisão de
Cultura e de Memória vai reiniciar a rubrica dos “Contadores de Histórias” que esteve
suspensa durante algum tempo, a seguir ao falecimento do Dr. Marques Pinto.
O Presidente da Direcção informou ainda que eram precisos livros para a constituição
de uma Biblioteca na AFZ onde os sócios pudessem ler ou requisitar, para os lerem e
posteriormente devolverem. Já há ofertas...
No que toca às Delegações da AFZ, há projectos para alargar o seu número sendo Tomar,
Guarda e Trás-os-Montes alguns dos locais onde poderão vir a aparecer novas Delegações; todavia, acrescentou, esta tarefa de ampliação tem de ser sempre devidamente
ponderada.
Ainda sob o tema das Delegações, como já foi referido, as existentes têm estado a funcionar muito bem embora haja que ter mais cuidado com a execução dos respectivos
Orçamentos visando conseguir equilíbrios financeiros. Está em fase que poderemos
considerar avançada a criação de uma Delegação da AFZ na Polícia Marítima e que, a
concretizar-se, congregará fuzileiros ou militares de outras classes da Polícia Marítima,
espalhados por todo o País.
O Projecto dos Cadetes do Mar-Fuzileiros foi um tema seguidamente abordado pelo Presidente da Direcção e, neste âmbito, a AFZ
continuará a apoiá-lo, como tem feito até aqui, com o pagamento de refeições na Escola de Fuzileiros, com os Uniformes e cedendo a
carrinha para transporte. De realçar que este Projecto já está a dar frutos sendo que, a última incorporação de pessoal militar na Escola de Fuzileiros, já contou com elementos
provenientes dos Cadetes do Mar.
Após esta referência, o Presidente da
Mesa da AFZ colocou à Assembleia a
possibilidade de alguém querer colocar
alguma questão. Como ninguém interveio,
foi a vez de se passar à apresentação das
Contas do exercício de 2015. Em termos
gerais houve menos receita na cobrança
de quotas e houve menos proventos da
venda de merchandising . Apesar de tudo,
houve saldo positivo de mais de 3000 €.
Posto à votação, foi o Relatório e Contas
aprovado por unanimidade.
No que respeita ao Orçamento para 2016,
e segundo o Presidente da Direcção, foi o
mesmo efectuado com base no de 2015,
procurando que os ajustes efectuados
consigam, em termos finais, produzir um
resultado condizente com o que se pretende.
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Posto à votação, foi também este Orçamento para 2016 aprovado por unanimidade e aclamação.
De seguida, foi pedida autorização ao
Presidente da Mesa para a leitura de uma
proposta de Louvor com vista a atribuição
da qualidade de Sócio Honorário, a título
póstumo, ao Dr. Carlos Alberto Marques
Pinto Pereira. Posta à votação, esta proposta foi aprovada por unanimidade.
Foi então ocasião para o Presidente da
Mesa convidar o Presidente do Conselho
Fiscal, Comandante Cardoso Moniz, a dar
o seu parecer sobre as Contas da AFZ, já
entretanto aprovadas pela Assembleia,
parecer esse que se traduziu num Louvor
ao documento apresentado pelo Presidente da Direcção e à forma como a gestão da
AFZ tinha sido feita durante 2015.
Passou-se então à eleição dos Órgãos Sociais da AFZ para o biénio 2016-2017, procedendo-se à votação presencial e à abertura dos envelopes dos votos por correspondência.
Feita a contagem verificou-se ter sido esta uma das votações mais participadas de sempre, tendo sido então anunciado pelo Presidente
da Mesa da Assembleia que a Lista Única, que oportuamente lhe fora apresentada com os candidatos a titulares dos Órgãos Sociais da
AFZ, estava eleita para o Biénio 2016-2017.
De seguida, foram os membros eleitos presentes chamados um a um para assinarem o Livro de Actas de Tomada de Posse; verificou-se, no entanto, a ausência de alguns.
Para a Direcção a lista integrava como primeiros subscritores os Sócios Originários: n.º 836, José António Ruivo (candidato a Presidente
da Direcção), n.º 1351, Benjamim Correia (candidato a Vice-Presidente) e n.º 448, António Maria Caldeira Couto (candidato a Vice-Presidente), para além do restante elenco directivo estatutário.
A terminar a sessão, o Presidente da Mesa congratulou-se pelo facto da mesma ter decorrido de modo esclarecido e com elevado
sentido cívico o que muito motiva a Direcção agora empossada a prosseguir os objectivos a que se propõe.
No final, foi tocado o Hino da Associação que foi também entoado por todos os presentes.
A Direcção
Revista “O Desembarque”
Caros Sócios, Camaradas, Amigos e Colaboradores Permanentes,
Antes de mais cumpre agradecer a pronta resposta que vem sendo dada pelos nossos colaboradores mais efectivos e a de todos quantos, embora
menos regularmete, nos enviam textos para publicação.
Só assim se torna possível manter a edição de “O Desembarque” com a regularidade e qualidade que pretendemos.
Mais uma vez recomendamos que os textos devem ser remetidos via correio electrónico, em documento “Word” e as fotografias (se possível
legendadas) deverão possuir qualidade gráfica e enviadas como anexos e não já integradas nos textos.
Os artigos (cartas ao Director, notícias, crónicas, lendas e narrativas, opinião, cultura e memória, pequenas histórias, poesia, etc., etc.) serão
publicados se a Direcção da AFZ e a Redacção de “O Desembarque” considerarem que têm qualidade e estiverem de acordo com a sua linha
editorial, sem prejuízo de os textos poderem ser revistos, adaptados e reduzidos se os respectivos autores, expressamente, a tal se não opuserem,
quando da remessa dos seus artigos.
No caso de, na Redacção da revista, se juntar um número de trabalhos que ultrapasse a dimensão de “O Desembarque” (em princípio, 52 páginas)
publicar-se-ão os artigos pela ordem de entrada ou dos registos dos acontecimentos, se a qualidade for considerada equivalente, designadamente,
no caso de relatos de convívios ou encontros de que disponhamos de textos e fotos, nas condições de qualidade já definidas.
Quanto às Delegações, torna-se imprescindível a sua colaboração atempada, enviando fotos (com qualidade gráfica) dos eventos da sua
responsabilidade, acompanhadas de um texto simples e sintético mas que permita aos responsáveis pela edição/publicação da Revista perceberem,
minimamente, o evento, ou seja: identificação das Entidades e outros convidados presentes; estimativa total de presenças; impacto do evento na
Região/Delegação/AFZ; entre outros aspectos que entendam, por bem, deverem ser tornados públicos.
Contamos com todos!
A Direcção da AFZ e Redacção de “O Desembarque”
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Organograma Figurativo
Órgãos e Respectivos Titulares da Associação de Fuzileiros
Biénio 2016/2017
Mesa da Assembleia Geral
Presidente
CALM L. Pinto
V/Presidente
R. Abreu
3º Secretário
L. Rodrigues
2º Secretário
M. Santos
Conceição
1º Secretário
P. Carmona
Direcção
Presidente
J. Ruivo
4º Vogal
A. Brandão
2V/Presidente
A. Couto
V/Presidente
B. Correia
5º Vogal
6º Vogal
F. Fazeres
G. Cambalhota
1º Vogal
M. Conceição
2º Vogal Supl.
J. Parreira
1º Vogal Supl.
M. Seabra
Secretário
J. Gonçalves
3º Vogal Supl.
E. Jesus
3º Vogal
J. Ferro
4º Vogal Supl.
A. Varandas
Conselho Fiscal
V/Presidente
J. Coisinhas
ário
M. Conceição
Presidente
J. Moniz
3º Vogal
F. Santos
2º Vogal
M. Silva
1º Vogal
A. Cipriano
Conselho de Veteranos
Titulares Eleitos (Números 3 e 4 do Artº 14º do Estatuto)
J. Alves
E. Ribeiro
E. Soares
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J. Talhadas
A. C. Silva
L. Silva
J. Carvalho
V. Brazão
J. Cardetas
alhadas
A. Martins
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Assembleia-Geral do Núcleo da
AORN dos Açores
Ponta Delgada, 5 de Dezembro de 2015
C
omo mote para o presente texto, chamo à colação recordações dos meus tempos de Coimbra. Passar por Coimbra
e vivê-la, como estudante, constitui um sentimento único
e tão visceralmente singular que a memória transportá-lo-á ad
aeternum. A malta à volta da minha idade que, como eu, teve
oportunidade de estudar – ou fazer que estudava – na Lusa Atenas, por certo que se recordará dos “casinos” clandestinos que
proliferavam pela urbe, com especial incidência nas cercanias
da Sé Velha. A minha residência da altura era um desses muitos
“poisos”, onde, para além da maralha da casa, arribavam “magos
do jogo”, vindos de outras paragens. Como se calcula, tratava-se
de jogos de cartas. Para entreter, desde a sueca às copas. Mas, a
doer, jogava-se lerpa e, fundamentalmente, poker. Confesso que
era mais mirone que jogador! Dos participantes, dava-me gozo
perscrutar-lhes os esgares de gáudio ou infortúnio, as “bocas”,
os tiques, os bluffs, enfim, as estratégias que cada qual decidia
gizar em cada momento do jogo. E, já agora, o êxtase esfusiante quando alguém, diga-se que em escassas ocasiões, fazia um
royal street flush, a maior jogada no poker.
Um amigo daquela data, jogador experimentado, costumava dizer, com certa graça, que o jogo era como a aviação: sobe-se e
desce-se. Queria ele significar que, no jogo, há dias de sorte e o
astral sobe, mas também os há de azar e o ânimo cai em queda
livre. E era bem verdade!
Bem este arrazoado a propósito da “vida” das organizações
associativas que, também elas, no seu percurso de vivência
colectiva, passam por momentos altos e baixos, o mesmo é dizer,
de grande e profícua actividade
e outros de manifesta letargia
funcional.
É este precisamente o caso do
Núcleo da AORN (Associação
dos Oficiais da Reserva Naval)
dos Açores! Constituído há
cerca de uma vintena de anos,
com sede própria há quinze,
como já dei conta nas páginas
desta Revista, o Núcleo dos
Açores, com reuniões mensais
à volta da mesa (tradicionalmente a última quinta-feira
de cada mês) passou e viveu
momentos de elevado significado, nomeadamente através
de pequenas conferências e
homenagens a figuras açorianas que, de uma forma directa ou
indirecta estiveram ligadas às causas do MAR, pugnando pela
defesa dum património natural de valor indimensionável, a que,
obviamente, a Marinha está umbilicalmente ligada.
Na ocasião, entre muitas outras, recordo as figuras de Vítor Hugo
Forjaz, vulcanólogo, professor universitário e membro efectivo
da Academia de Marinha, Gustavo Moura, antigo director do
Açoriano Oriental, o mais antigo jornal português, fundado em
1835, Manuel Ferreira, jornalista e escritor, bem como Genuíno
Madruga, velejador solitário que realizou 2 voltas ao mundo.
Mas o nosso Núcleo, como é normal, também passou por
momentos de alguma acomodação, de escassez de dinâmica, daí
que a convocatória para a presente Assembleia Geral tenha surgido
como uma espécie de tónico revitalizador, capaz de reaglutinar
um grupo de camaradas que, mais do que um sentimento comum
de amizade, sentem a Marinha como um desígnio que lhes tocou
desde que um dia usaram o botão de âncora.
O local do evento não poderia ter sido melhor escolhido – o Alpendre do “Pico do Cavaco”, apêndice da bela moradia do Comte
Carlos Teixeira da Silva, que além de secretário-geral, serviu de
anfitrião. A paisagem que dali se desfruta – bela fatia da costa
norte da ilha de S. Miguel, com a cidade da Ribeira Grande ao
fundo – é simplesmente magnífica, daí o nosso hossana à Mãe
Natureza pela sua infinita prodigalidade.
Como que querendo sinalizar a “solenidade” do evento, como
se alcança numa das fotos que ilustra o presente artigo, erguia-se o garboso Mastro de Sinais, que tem uma história curiosa.
Com efeito, foi ele o primeiro da Força de Fuzileiros do Continente
(FFC), aquando da criação da Unidade e que, pura e simplesmente
se aprestava para ser depositado no lixo, destino indigno para tão
preclaro símbolo, quando, jazendo em cima duma viatura da FFC,
foi descoberto pelo camarada Teixeira da Silva.
Provavelmente condoído com a cena, o nosso camarada encetou
as indispensáveis diligências com vista ao seu transporte para
a ilha de S. Miguel, o que aconteceu a bordo duma LDG, sendo
posteriormente restaurado numa empresa local.
Iniciativa deveras feliz que,
uma vez coroada de êxito, fê-lo útil de novo, não na retoma da sua matriz essencial de
transmissão de sinais à navegação, mas como testemunho
de um passado que assim se
mantém vivo, e concomitantemente na prestação de homenagem simbólica aos que
lhe foram próximos e que vão
visitando o “território” de que
é guarda fiel e agradecido.
Deste mastro com história,
altivo e imponente, desfraldavam cinco bandeiras, sendo
que três delas (a Nacional, a da Região Autónoma dos Açores e
a da União Europeia) se deixavam coabitar com duas outras bem
significativas:
– A que se lobriga ao galope do mastro é o distintivo de capitão-de-fragata ou de capitão-tenente quando comandante de
força naval. É o distintivo que o nosso anfitrião costuma usar
nestas reuniões da Marinha (a menos que delas conste algum
camarada mais antigo), uma vez que, como costuma dizer
com piada, sendo capitão-tenente, considera-se comandante
da força naval de sua casa.
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– A outra bandeira içada a bombordo é
um “estandarte pessoal” com as cores
dos fuzileiros (vermelho e preto com
o branco a uni-los), composta por três
triângulos, em cujos centros se podem
ver a barretina do Colégio Militar, a
âncora da Marinha e o distintivo dos
Fuzileiros Especiais, emblemas que,
para o próprio, representam valores
fundamentais adquiridos nas instituições militares.
Sabendo que os “grandes combates” se
travam à volta da mesa (neste caso, das
mesas), a missão inicial passava por degustar uma “feijoada rica” (quiçá, fruto
dos tempos que correm, até uma simples
feijoada se aburguesou…), com gelado e
o tradicional arroz doce como sobremesas, tudo parcimoniosamente regado com tinto do Douro. Consta
que a confecção culinária foi do agrado geral que, à míngua de
declaração expressa, ficou inequivocamente demonstrado na inexistência das chamadas “sobras”, que os tempos não estão para
desperdícios. Bom prenúncio para os “duros” trabalhos que se
avizinhavam!
Diga-se, em abono da verdade, que na esteira da boa qualidade
das vitualhas, as mesas estavam ornamentadas a preceito, com
exposição, em jeito de testemunho, de fotografias alusivas a encontros anteriores que, a par do sempre afectivo cheiro a maresia,
constituíram elementos geradores de ambiência genuína e propiciadores de amena cavaqueira, incluindo os tradicionais votos de
Boas Festas e Bom Ano Novo.
De registar a presença do “Decano” do Núcleo João Bernardo
Rodrigues, do 7.º CEORN, que, apesar das inevitáveis maleitas
próprias da “avançada juventude”, sempre demonstrou um entusiasmo contagiante na dinamização dos mais variados eventos
com centralidade na Marinha.
A ordem de trabalhos passou por eleger os corpos sociais do Núcleo da AORN dos Açores, fortalecendo (e cito expressamente a
convocatória) “os laços de amizade e camaradagem criados no
interior das anteparas dos navios, dentro das paredes da Nau da
Pedra, ou molhando os “tomates” na lama do Vale de Zebro”.
Como convidados, mantendo os apertados vínculos de aproximação e interacção com todas as manifestações ligadas à Marinha,
de que fizeram orgulhosamente parte, apresentaram-se com distinção, o Carlos Silva Graça, o João Brito Subtil, o Amílcar São
Miguel e o Manuel Martins que, obviamente, com a sua presença
deram mais força e brilho ao evento.
Como reza a acta, após o repasto e em jeito de conclave procedeu-se à eleição dos Corpos Sociais do Núcleo, tendo o resultado
sido o seguinte:
– Mesa da Assembleia Geral: Presidente, Adelino Couto; Vice-Presidente, Miguel Mendes Quinto; Secretário, Carlos Teixeira da Silva.
– Direcção: Presidente, João Pedro Carreiro; Secretário, João
Gois; Tesoureiro, Francisco Cordovil.
Por decisão unânime foi recomendado que se deverá retomar a
apresentação de cumprimentos do Núcleo da AORN às entidades
navais que comecem as suas comissões de serviço nos Açores,
bem como dinamizar a realização de convívios gastronómicos entre pares.
E as horas foram passando sem disso termos dado conta. Mais
uma jornada de grata convivialidade chegava ao termo quando a
noite ia nascendo aos poucos.
Como ficou a constar dos anais, cerca das 19.00 horas e, após o
navio atracado, a guarnição foi de licença, não tendo havido o cuidado do Comandante ter determinado qual a bordada que ficaria
de serviço. E assim houve alguém – por coincidência o anfitrião
– que por ali ficou, calcula-se com abnegado prazer, a tratar dos
despojos da “Câmara”.
Adelino Couto
Sóc. Orig. n.º 2382
2.º TEN FZ RN
RECOMENDAÇÕES/INFORMAÇÕES/PEDIDOS da Direcção
Endereços Electrónicos
A Direcção Nacional da AFZ solicita a todos os Sócios que possuam endereços electrónicos (email) o favor de os remeterem ao
Secretariado Nacional ([email protected]) para facilitar as comunicações/informações que se pretende assumam a natureza
de constantes e permanentes. É também importante que os sócios mantenham actualizados os seus contactos, as suas moradas,
telefones e telemóveis. Assim, estarão os Sócios sempre informados, em tempo quase real, de todas as regalias de que poderão
usufruir, bem como das datas e locais dos convívios e eventos, da iniciativa da Associação ou dos Associados.
Documentos de despesa com saúde
A Associação de Fuzileiros, através do seu Secretariado Nacional, disponibiliza aos seus associados o serviço de recepção e
encaminhamento, para os serviços competentes, dos documentos de despesas com saúde.
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notícias
Contadores de
Histórias
7 de Maio de 2016
F
oram necessários alguns meses de
luto e reflexão para todos ganharmos
ânimo para retomar a série de eventos
“OS CONTADORES DE HISTÓRIAS” que, no
âmbito das actividades culturais, se vêm
realizando na sede da nossa Associação
desde Setembro de 2014 e a que agora
se deu continuidade com a quarta edição.
Assim, no dia 7 de Maio passado, um grande número de associados, acompanhados
de familiares e amigos, teve oportunidade
de, mais uma vez, assistir a um espectáculo de nível em que os Contadores de
Histórias viram as suas histórias devidamente enquadradas e sublinhadas com um
fado a condizer com a temática da história
por eles contada.
O espectáculo com seis histórias e seis
fados, foi preparado para durar duas horas e, inteligentemente dirigido pela Dra.
Laurinda Rodrigues, correu fluente e não
gerou atrasos.
O cartaz anexo remete-nos para as informações sobre os contadores e sobre os
artistas que tivemos a honra de escutar
desta vez.
Após o espectáculo foi tempo de jantar e
conviver em ambiente onde a camaragem
e espírito FZ pontuaram.
Cada FUZILEIRO é uma história ... com
muitas histórias lá dentro. Vamos partilhar
em ambiente cultural e divertido.
FUZILEIRO UMA VEZ...
A Direcção
Para que estes eventos continuem
a ter o sucesso que já adquiriram,
vimos despertar os mais distraídos
para que apareçam e, se possível,
partilhem as suas vivências.
Os textos (histórias escritas ou guião
sucinto) poderão ser enviados ao Secretariado da Associação de Fuzileiros
([email protected]) ou directamente para a Dr.ª Laurinda Rodrigues
([email protected]).
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entrevista
Sargento Fuzileiro Ludgero dos Santos Silva
O Piçarra
A
alcunha cola-se-lhe à pele como se
de verdadeiro nome se tratasse. De
tal modo que, certo dia, ao apresentar-se numa das grandes unidades do
CCF, alguém informou o Comandante dessa unidade que se estava a apresentar o
Sargento Ludgero Silva.
– Quem? Espantou-se o oficial (Comandante Alpoim Calvão). Não me lembro de
nenhum sargento com esse nome.
– Mas ele está aqui, posso mandar entrar?
– Claro!...
– Mas este é o “Piçarra” pá!
Recebeu-o com a atenção e a afabilidade habitual mas foi dando instruções para
que se diligenciasse uma placa de identificação onde constasse “SAR FZE Piçarra”
que o Sargento Ludgero Silva passou a
usar como sua identificação no uniforme
de serviço.
era para os amigos que cantava. Nesses
tempos era vedeta em Portugal o, internacionalmente conceituado artista, Luís
Piçarra. Os camaradas da Marinha, reconhecendo-lhe semelhanças na voz e no
estilo, alcunharam-no então de “Piçarra”.
E assim ficou e assim continua a ser conhecido o Sargento-ajudante (SAJ) Fuzileiro Ludgero dos Santos Silva, um dos
primeiros quatro Fuzileiros Especiais Portugueses.
Integrou, juntamente com o Tenente Pascoal Rodrigues e os Marinheiros Monitores
Mário Claudino e João Santinhos, o grupo
dos quatro militares da Marinha que, tendo
sido nomeados para o Curso de Especialização “Command Course” no “Royal Marines Centre” em Inglaterra, o frequentaram com aproveitamento e constituíram o
núcleo base dos Fuzileiros modernos.
Sendo um artista nato, desde muito novo
que na sua terra natal cantava, para diversas plateias, temas de grandes cantores
como Tony de Matos, Alberto Ribeiro e
Francisco José.
Volvidos 55 anos, entendeu o SAJ Ludgero
Silva ser o momento de doar a sua boina
verde que lhe foi imposta no final do curso
nos Royal Marines, para que, juntamente com as dos restantes três camaradas,
possa figurar no Museu do Fuzileiro. É um
desejo que gostaria de ver concretizado.
Quando ingressou na Marinha, sempre
que a circunstância se proporcionava,
À Associação de Fuzileiros cumpre,
também, fazer com que se preserve a
Mas porquê “Piçarra”?
memória e, formulado o desejo do SAJ
Ludgero Silva, logo estabeleceu contactos
com o comando da Escola de Fuzileiros
(EF), Unidade onde se encontra instalado o
Museu do Fuzileiro, no sentido de que este
acto de doação da boina fosse sublinhado
com uma cerimónia que se pretendia
simples mas digna.
E foi assim que, no dia 2 de Março de
2016, em cerimónia cheia de significado
para todos os Fuzileiros e a que emprestou
especial brilho a presença de Sua Excelência o Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Sousa Pereira e de muitas
Cerimónia no Salão Nobre da
Escola de Fuzileiros
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entrevista
outras individualidades do Corpo de Fuzileiros e da Direcção da
Associação de Fuzileiros, se cumpriu o desejo deste nosso camarada mais antigo.
O Salão Nobre da Escola de Fuzileiros, repleto de Oficiais, Sargentos e Praças, foi o local escolhido para o acto de entrega da
boina a que se seguiu um almoço oficial que muito sensibilizou o
homenageado e a sua esposa, sempre presente.
O “Desembarque” não poderia, assim, ficar alheio a este acontecimento e entendeu ser ocasião de entrevistar o SAJ Ludgero
Silva procurando transmitir aos seus leitores aspectos desconhecidos da vida desta personagem multifacetada que, como teremos ocasião de ler, se evidencia como um Fuzileiro de eleição,
um artista talentoso e um ser humano extraordinário que adora os
seus Fuzileiros e a sua Marinha.
Figura singular que alia o fino trato a uma vida cheia de aventuras:
Marinheiro da India, Fuzileiro das Áfricas, Instrutor, Combatente na Guiné em duas comissões de serviço e em Moçambique,
igualmente em duas comissões. Cantor, poeta, pescador, pai de
família...
Desemb: Sargento Ludgero Silva (LS), antes de mais “O Desembarque” (Desemb) agradece a oportunidade que nos dá de falar consigo.
Agora que decidiu doar a sua boina verde ao Museu do Fuzileiro pensamos que os nossos leitores quererão saber um pouco mais de
si. Falemos então um pouco da sua vida mas, fundamentalmente, da sua longa experiência militar.
Sendo um alentejano “de gema”, como faz questão de realçar, como aconteceu a sua vinda para a Marinha?
LS: Nasci em Odemira, vim para Lisboa com 14 anos e aos 17, depois de ter trabalhado nas oficinas do Arsenal do Alfeite na oficina de
ferraria durante 2 anos , regressei à minha terra.
Por ali andei, ajudando os meus pais e dedicando-me às canções, outra das minhas grandes paixões.
Aos 21 anos, na idade da inspecção, voluntariei-me para a Marinha, fiquei apto e fui incorporado em Janeiro de 1953. Já me tinha
ficado “o bichinho” desde os tempos em que com 17 anos, trabalhei como aprendiz na oficina de ferraria do Arsenal do Alfeite.
Fiz a recruta em Vila Franca de Xira e, de seguida, o ITE em Torpedeiro Detector e fui para os navios.
Desemb: Em que navios embarcou?
LS: Embarquei nos NRP “Dão”, “Lima”, “Tejo” e em quase todos os navios da Marinha, à época.
De seguida destaquei para o NRP “Afonso de Albuquerque” que estava em aprontamento para ir para a Índia. Chegamos à Índia em
Dezembro de 1954 e por lá estive até Dezembro de 1955.
Foi uma comissão normal, ainda sem guerra, a fazer patrulhamento sucessivo a Goa, Damão e Diu.
Ainda não havia guerra, que se desencadeou 5 anos depois, mas já se notava alguma tensão.
Regressei a Lisboa no NRP “Bartolomeu Dias”.
Tendo, entretanto, cumprido os 4 anos de Serviço Militar Obrigatório sem ter entrado nos Quadros Permanentes, fiquei na contingência
de ir para a rua. Isto porque o Quadro de Torpedeiro Detector era pequeno e com pouca margem de progressão.
Morava nessa altura na Travessa da Oliveira, n.º 13, à Estrela... rua onde foi
rodado o filme “O Leão da Estrela”.
Certa tarde, estava eu na formatura de licença quando um camarada de Leiria
me grita:
– Ó Piçarra vai abrir concurso para Monitor. Queres ir?
– Faz lá uma proposta por mim...
Fez a proposta e assinou por mim mas, por ironia do destino, eu fiquei e ele não
entrou. O facto de ser bom nadador muito contribuiu para isso.
“Este fica”, disse o oficial que estava a controlar as provas quando viu a minha
prova de natação.
Dos 20 militares que fizeram o curso, fiquei em 7.º lugar. Fiz o curso e passei a
desempenhar funções de monitor.
Desemb: Consegue lembrar-se do seu percurso operacional até chegar aos Fuzileiros?
LS: Além dos embarques nos navios que atrás mencionei e da comissão na Índia,
não me ocorre mais nada de verdadeiramente importante.
Depois de ter feito o curso de monitor fiquei três anos e meio a dar instrução a
recrutas em Vila Franca de Xira. Entretanto, ainda em Vila Franca de Xira, continuei a formação tendo frequentado o curso de Luta e Esgrima em Mafra, tendo
depois continuado na instrução.
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Lourenço Marques,1973 – Num convívio com o Cte Azevedo Soares e
outros familiares e amigos
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entrevista
Em 1960, estava eu na Escola Naval a representar a Escola de
Alunos Marinheiros nos campeonatos de natação da Marinha,
quando fui chamado de urgência para me apresentar no Corpo
de Marinheiros, mais tarde o Grupo N.º 2 de Escolas da Armada
(G2 EA).
No dia seguinte fui mandado apresentar no Ministério da Marinha,
juntamente com o Santinhos e o Claudino.
Os três fomos então apresentados a um oficial que não conhecia
e que chegou depois de nós, o TEN Pascoal Rodrigues.
Chegou e disse:
– Venham comigo, vamos lá acima (a uma Repartição.... não me
lembro qual) porque vamos para Inglaterra tirar um curso. Não
disse que curso era... talvez por ser um aspecto sigiloso.
E lá fomos os três monitores, com o TEN Pascoal Rodrigues, para
Inglaterra. Fomos para Londres de avião e ali ficamos dois dias.
De combóio fomos depois para Sul, para os Royal Marines, onde frequentámos o curso de dez semanas.
Lago Niassa, 1962 – Ao centro, com o Gen Kaúlza de Arriaga e o Cte Sérgio Zilhão
Os alunos do curso eram inicialmente 32: 27 ingleses, 1 americano e 4 portugueses. Todos tiveram aproveitamento à excepção do
americano.
Desemb: E como aconteceu o ingresso nos Fuzileiros?
LS: Acabado o curso em Inglaterra, regressámos a Lisboa e fomos os quatro colocados no Corpo de Marinheiros, numa velha coberta,
que passou a ser o nosso “Quartel General” e pode dizer-se que aí começaram os Fuzileiros.
Aí, só os quatro, ministramos o 1.º curso de Fuzileiros
Desemb: Na fase inicial dos Fuzileiros, como foi? Com quem trabalhou e que dificuldades lhe foram postas?
LS: Como disse atrás, eramos só os quatro e tivemos de ministrar o 1.º Curso de Fuzileiros que se fez em Portugal. A partir da velha caserna convocou-se o pessoal, fizeram-se provas de selecção e iniciou-se o curso. Mas tudo nasceu do nada. Os quatro fazíamos tudo.
O TEN Pascoal Rodrigues, com a nossa colaboração, fez a documentação necessária e avançou-se decididamente com o curso.
Eu, por exemplo, dava Ordem Unida, o João dava Educação Física, o TEN Pascoal Rodrigues dava as aulas teóricas, etc....
Não havia nada, quase nenhuns apoios, e foi tudo criado por nós. Faziamos tudo inclusivé os exercícios de campo na Arrábida.
Este foi o primeiro e único curso de fuzileiros ministrado no Corpo de Marinheiros (mais tarde G2 EA).
Com os homens formados neste primeiro curso, cerca de 90, preparou-se o 1.º Destacamento de Fuzileiros (DFE 1) que foi para Angola
e escolheram-se os 15 considerados com melhores características para ficarem dados à Instrução.
Nós os quatro, mais estes quinze seleccionados, arrancámos depois com o 2.º Curso de Fuzileiros, agora já em Vale de Zebro.
O 1.º Destacamento, comandado pelo 1TEN Metzner, que foi aluno no 1.º Curso, avançou para Angola, como já referi. Dei também
instrução ao 2.º Curso de Fuzileiros e, praticamente em simultâneo, entrei no curso de Sargentos sendo ao mesmo tempo aluno
e instrutor.
Certo dia o Comandante Patrício, ao ver-me na Parada da Escola
de Fuzileiros, dizia-me com o ar bem disposto que lhe era peculiar:
– Olha o meu instrutor e meu aluno!
Isto porque eu lhe tinha dado instrução no 1.º curso, de que ele
fez parte como aluno, e depois foi ele meu instrutor no Curso de
Sargentos.
Desemb: Na fase operacional da sua vida como Fuzileiro que Unidades integrou... comandantes, outros camaradas, etc.?
A entrega da boina
LS: Saí 2.º Sargento, oriundo do 1.º Curso de Sargentos, no dia 1 de Abril de 1962 e logo integrei o DFE 2 para a Guiné com o 1TEN
Vasconcelos Caeiro (do 2.º Curso de Fuzileiros). Regressei e, passados 4 meses, integrei outro Destacamento para Moçambique com o
1TEN Maxfredo Ventura Costa Campos.
Com o 1TEN Cabedo fui depois para a Guiné numa Companhia, regressei e, passados 3 meses, integrei novamente uma Companhia
para Moçambique comandada pelo então 1TEN Azevedo Soares.
Chegámos em Janeiro de 1974 e aí acabou a minha vida operacional porque, logo a seguir, se dá o 25 de Abril.
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entrevista
Desemb: Após a Guerra, então designada como Guerra do Ultramar, como se desnvolveu a sua carreira militar?
LS: Numa primeira fase, não havendo oficiais para os “Botes e Lanchas” fui nomeado para aquele serviço. Estive lá um ano como Chefe
de Serviço. Serviço de muita responsabilidade mas correu tudo sem problemas de maior.
Passei depois para o Serviço de Educação Física (no Ginásio e Piscina) substituindo o TEN Pedro Barroso. Aí estive também à volta de
um ano.
Daqui, sendo o Sargento Ajudante mais antigo, passei para responsável da Messe de Sargentos.
Em 1976 passei à Reserva porque andava desgostoso com a situação na Escola de Fuzileiros, naquela época. A nosso ver já não era
aquilo que tinhamos projectado e construido. Estava tudo muito confuso! Andava muito nervoso porque me lembrava do que tinhamos
passado (os 4 irmãos) e não concordava com o caminho que as coisas pareciam querer levar.
Saí em em 1976,, com 23 anos de serviço efectivo, a que se juntava o tempo de Ultramar que contava a dobrar. Faltavam então 11
meses e 17 dias para ter a reforma por inteiro.
Os camaradas diziam-me:
– Ó Piçarra, tu estás a perder dinheiro! Tens de actualizar o tempo de serviço... E assim fiz. Regressei em 1986.
Fui colocado na Escola de Fuzileiros tendo ficado como responsável pelo Museu do Fuzileiro e passei definitivamente à Reserva ao fim
de 27 meses, agora com a pensão de reforma completa. Regressei aos Fuzileiros para cumprir pouco mais de 11 meses e acabei por
ficar 27.
Desemb: Durante uma tão longa vida civil e militar haverá certamente episódios marcantes. Quer falar-nos de algum ou de alguns em
particular?
LS: Em primeiro gostaria de destacar a comissão na Índia, principalmente a viagem de regresso que foi maravilhosa. Visitámos por três
vezes Carachi e, no regresso, saímos de Goa, passámos pelo Irão, onde chegamos na véspera de Natal de 1955, se bem me lembro,
Iraque, Kuwait, Áden, Líbano, Grécia, Turquia, França, Espanha, Madeira e Lisboa! Foi uma viagem de diplomacia para tentar atenuar os
ataques que Portugal ia sofrendo na ONU por causa das suas colónias. Lembro-me de ser o Almirante Sarmento Rodrigues que exercia
a funções diplomáticas nessa viagem.
As comissões no Ultramar deixaram a todos excelentes recordações, apesar das dificuldades imensas porque passámos mas a, maior
de todas, foi o Curso em Inglaterra, porque mudou, não só a minha vida como deu lastro à criação dos nossos queridos Fuzileiros.
Desemb: Fez agora entrega da sua boina de “Marine”, julgo podermos dizer assim, ao Museu do Fuzileiro. Que significa isto para si?
LS: Quando nascemos, todos nascemos com um dom para qualquer coisa. Uns cantam, outros jogam à bola, etc..
Eu, não sei porquê, tive a honra de ser chamado para aquele
curso em Inglaterra e estar na criação dos Fuzileiros Portugueses.
E quando se cria algo que é bom para as outras pessoas, temos
orgulho nisso. Compara-se quase a ter um filho.
Tenho imenso orgulho em ter sido uma das 4 sementes da obra
que cresceu depois. Foi apenas a semente e o que somos hoje é
o reconhecimento de que o trabalho que então fizemos foi bem
feito.
No que é hoje a Escola de Fuzileiros, funcionava então a Oficina
de Torpedos. O Sr. Almirante Reboredo, com a colaboração do
Cte Maxfredo, concluiu que o espaço era o ideal para a Escola de
Fuzileiros e decidu por essa via. Isto porque tinha a Ria, a Ribeira
de Vale de Zebro e muito Espaço.
Mas, quando chegámos não havia nada... comia-se da panela de
ferro.
Assinatura do termo de entrega da boina no gabinete do Comandante da Escola de Fuzileiros
As coisas foram evoluindo com a vinda de pessoal das diferentes especialidades da Marinha. Ou seja: os “quatro carretos” levantaram
a cabeça do motor e puseram-no a trabalhar. Outros vieram depois e mantiveram-no a funcionar.
O TEN Pascoal Rodrigues foi o responsável pelas publicações.
Por isso, a entrega da minha boina verde ao Museu do Fuzileiro, e espero que os restantes façam o mesmo, representa para mim o
esforço que foi feito para criar aquela obra e o desejo de que não sejamos esquecidos no futuro, com votos de que se não deixe cair
aquilo que tantos sacrifícios custou, a nós os quatro e a todos os que vieram depois.
O meu gosto pelos Fuzileiros é de tal ordem que sou agora, com muito gosto, sócio honorário da Associação de Fuzileiros com a qual
colaborei desde o seu início.
Ainda a sede era numa rua próxima da Polícia e já era eu quem, mesmo não fazendo ainda parte da Associação, ajudava no que era
preciso. Abria e fechava as portas todos os dias e fazia o serviço de Secretaria quando andavam por lá o Cte Viegas, o Cte Salgado
Soares, o Cte Metelo de Nápoles e muitos mais prestigiados oficiais, Sargentos e Praças dos Fuzileiros.
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entrevista
Quando a AFZ mudou para as actuais instalações, filmei como estava o edifício para depois se poder comparar com o que é hoje. O
ainda filme deve andar por aí...
E por lá vou aparecendo, felizmente muitas vezes, para me encontrar e almoçar com os muitos amigos que tenho.
Desemb: Sargento Ludgero Silva, foi um prazer enorme ter esta conversa consigo. Penso que será lida com muito interesse pelos nossos leitores. Quer deixar uma mesagem para os Fuzileiros, principalmente para os sócios da Associação de Fuzileiros?
LS: A Marinha fez de mim um homem e estou-lhe muito reconhecido por isso. Foi uma vida intensa, muitas vezes dura, mas tudo se
ultrapassou e posso dizer que fui feliz na Marinha e sou feliz na minha vida pessoal.
A minha mensagem para todos Fuzileiros, actuais e para os que hão-de vir a ser, é esta:
“Têm de ganhar a boina com dignidade e com sacrificio e depois honrá-la e respeitá-la durante toda a vida, respeitando também
o seu semelhante”. Só assim será um bom Fuzileiro. FUZILEIRO UMA VEZ... FUZILEIRO PRA SEMPRE!
Desemb: O Desembarque agradece a sua disponibilidade para esta entrevista e deseja-lhe as maiores felicidades para si e para a sua
família.
Entrevista conduzida por Benjamim Correia
Vice-Presidente e Editor de “O Desembarque”
Nota Biográfica
De seu nome completo Ludgero dos Santos Silva (LS), nasceu a 5 de Fevereiro de 1932, na frequesia de S. Salvador no Concelho
de Odemira, onde viveu até aos 14 anos altura em que migra com a família para Lisboa onde viveu até aos 17.
Nesse período e durante 2 anos, trabalhou como aprendiz no Arsenal do Alfeite na oficina de ferraria.
Voltou para Odemira onde permaneceu até aos 21, idade com que foi chamado para a inspecção militar. Aí, quando perguntaram
quem era voluntário para a Marinha, resoluto, deu um passo em frente. Foi a decisão de uma vida, afirma.
Diz com graça que, quando foi incorporado “já tinha comido muito pão da Marinha”, referindo-se assim ao período em que trabalhou no Arsenal do Alfeite.
Dado como apto na Marinha, foi incorporado em 21 de Janeiro de 1953 e fez o seu Juramento de Bandeira em 28 de Julho do
mesmo ano. Iniciou então a Instrução Técnica Elementar na especialidade de Torpedeiro Detector que terminou com a classificação de “Bom”.
Embarcou então em vários navios, nomeadamente, na fragata “Diogo Gomes” e nos Contratorpedeiros “Dão” e “Tejo”.
No Aviso de 1.ª Classe “Afonso de Albuquerque” navegou pelos mares da Índia desde Dezembro de 1954 e de onde regressou,
integrado na guarnição do Aviso de 1.ª Classe “Bartolomeu Dias”, onde esteve embarcado até Dezembro de 1955.
Em Junho de 1956, decide concorrer ao curso de monitor (1.º Grau de Monitores) sendo nomeado, e frequenta no 1.º Semestre de
1956/57, entrando depois para o respectivo quadro onde, ainda nesse mesmo ano, será promovido a 1.º Marinheiro.
Estabilizada a carreira militar, em Setembro de 1957, pede autorização para actuar em espectáculos públicos e fazer uso de traje
civil.
Casa-se entretanto e continua a formação militar com o “Estágio de Esgrima e Combate com baioneta e luta individual”.
Depois desta movimentada carreira e possuidor dos cursos mencionados, foi seleccionado para prestar provas para o curso em
Inglaterra. Para isso, segundo conta, foi preponderante o facto de ser um bom nadador. “Este fica”, disse o oficial que acompanhou
as provas de natação depois de ver o seu desempenho. E ficou!
Condecorações atribuídas ao nosso entrevistado:
– Medalha de Comportamento Exemplar
– Medalha Comemorativa da Expedição Militar à India
– Duas Medalhas Comemorativas das Campanhas da Guiné
– Medalha de Mérito Militar 3.ª Classe
– Duas Medalhas Comemorativas das Campanhas de Moçambique
– Medalha de Comportamento Exemplar Prata
– Distintivo Especial da Ordem Militar de Torre Espada , do Valor, Lealdade e Mérito
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entrevista
O Poeta
Este artigo não ficaria completo sem um poema da autoria do Ludgero dos Santos Silva que é dedicado aos seus Fuzileiros:
“QUATRO FUZOS”
Quatro gotas de água caíram
Nos mares dos Descobrimentos
Se elevaram nos tempos e saíram
Nas histórias, nas praias, e nos ventos.
Quem te fêz a tua História?
E o orgulho de sermos Gentes?
Agora, sem mares e História
Todos ficámos descrentes.
E os ventos viraram a História
No “Cestante” se rumou os proventos
Ó Pátria da minha Glória!
Quantos mares de sofrimento?
Hoje pouco vêmos mares dantes navegados
Nem folhas no livro da nossa História
Fome, mêdos, todos sofremos
Mas não perdemos – a Glória!
PROTOCOLOS SUBSCRITOS PELA AFZ
(Com vantagens para os Sócios)
KéroCuidados
Open Smile
Presta Serviços a idosos e Famílias
Clínica Médica – Presta Serviços Médicos, inclui Méd. Dentista
Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos
(ARDBA)
Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas
Grupo Desportivo e Recreativo Unidos da Recosta
(GDRUR)
Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas
Editora Náutica Nacional, Lda.
(ENN)
Editora de Capitais privados – Edita a Revista de Marinha e também livros
Manuel J. Monteiro & Cª, Lda
(MJM)
Especializada na Comercialização de Electrodomésticos, representa as Marcas:
Junex, Vaillant, Gorenje, Dito Sama, Gisowatt e Stiebel Eltron
Funerária Central Vila Chã
Associação Nacional de Agentes de Segurança Privada
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Formação e Credenciação
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Painéis solares e Bombas de calor, Termoacumuladores eléctricos, a gás e
Esquentadores, Caldeiras a gás
Casa de Repouso São João de Deus
Acolhimento em regime interno, possui dois estabelecimentos: Lagoa da Palha,
Pinhal Novo e Cabeço Verde, Barreiro
Casa de Repouso Quinta da Relva
Acolhimento de idosos, lar e cuidados continuados
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Motricidade Humana
Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Santo André, Barreiro
Kangaroo Health Clube
Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Quimiparque, Barreiro
GAMMA
Grupo de Amigos do Museu de Marinha
Universidade Lusófona
COFAC – Cooperativa de Formação e Animação Cultural – Lisboa e Porto
10% desconto nas propinas
Universidade Lusófona
ISES – Instituto Superior de Segurança - Conferências
Funerária São Marçal
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SITAVA
Instituto Médico Dentário do Barreiro
(IMDB)
Ortopaulos
Parque Campismo – Brejo da Zimbreira, Vila Nova de Mil Fontes
Medicina dentária e geral
Fabrico e comercialização de próteses e de ortóteses
Para mais pormenores, podem consultar o Site da AFZ, o Secretariado Nacional (Tel.: 212 060 079 –Telm.: 927 979 461) ou as nossas Delegações
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pensamentos&reflexões
Os fuzileiros
como uma força expedicionária
Alexandre Reis Rodrigues
O
objetivo deste artigo é falar sobre o emprego dos fuzileiros
como uma força expedicionária. Escolhi este tema pelas seguintes três razões. Primeiro, porque o conceito de capacidade expedicionária, sendo especialmente apropriado para lidar
com os desafios com que o mundo presentemente se debate,
tem uma importância reconhecidamente crescente entre todas
as forças armadas. Segundo, porque se trata de um modo de
emprego operacional que parece precisamente talhado para tirar
partido da mais valia que representam algumas características
das marinhas e das forças de fuzileiros, no atual tipo de condução
das operações militares. Terceiro, porque ao dar ênfase a essas
características estamos a realçar um elemento estruturante e distintivo da cultura e identidade dessas forças, portanto, algo que
deve ser cultivado e bem interiorizado no pensamento de todos,
como caráter único da sua natureza. Veremos adiante que características são essas.
Ninguém tem dúvidas que as capacidades militares do tempo da
Guerra Fria não respondem minimamente aos desafios do atual
ambiente de segurança que, sendo dominado pela incerteza, requer, em primeira instância, forças com uma elevada adaptabilidade a situações sempre em mudança e preparadas para operar
a níveis de conflito que exigem um controlo rigoroso do uso da
força. Dantes sabíamos quem era, onde estava e como se comportava o inimigo. Hoje temos que nos manter preparados para
lidar com o desconhecido e com um leque variado de situações
que ameaçam a paz e a estabilidade no mundo, que podemos
agrupar em três grupos: a. Desastres ou calamidades, naturais
ou provocados pelo homem; b. Ameaças de várias naturezas à
capacidade dos governos de manter a lei e a ordem nos territórios sob o seu controlo (terrorismo, crime organizado, etc.); c.
Disputas diversas em resultado de conflitos políticos, étnicos ou
religiosos, algumas vezes com uma dimensão regional que não
reconhece fronteiras.
Vivemos presentemente um ambiente de segurança que, ao contrário do que acontecia no passado, deixou de estar dominado pelas duas superpotências, numa lógica de dois blocos antagónicos.
Esta nova realidade, juntamente com o processo de globalização,
tornou mais remota a possibilidade de guerras entre países, mas
veio alimentar uma proliferação de crises e conflitos, para cuja
solução as pequenas potências são hoje também chamadas a dar
o seu contributo.
Fala-se muito hoje de capacidade expedicionária, a propósito de
intervenções militares no exterior para ajudar a resolver este tipo
de crises e conflitos, porque - como temos visto –, mesmo distantes, acabam sempre por afetar, direta ou indiretamente, a nossa
segurança ou ameaçar os nossos interesses.
É a forma que tem sido encontrada para lidar com as fontes diárias de insegurança que ameaçam de forma insuportável muitas
regiões do mundo, algumas delas bem próximas da nossa área.
No entanto, a utilização do termo capacidade expedicionária é
frequentemente objeto de interpretações muito diversas.
Começo, então, por esclarecer o meu entendimento.
Equipa de fuzileiros em actuação na Somália
Fuzileiro em missão de segurança na Bósnia
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pensamentos&reflexões
Elas acabariam por se diluir e tornar-se pouco relevantes se não
forem cultivadas como um património de experiências que não
pode ser perdido e como base de um estilo de operar que deve
ser preservado.
As principais – as que fazem a diferença – são as seguintes:
a.A preparação específica e treino para operar do mar para a terra, a partir de qualquer tipo de plataforma naval, seja um navio
anfíbio, uma fragata ou um submarino e independentemente do
meio usado para fazer o movimento navio-terra (meio clássico
de desembarque – lancha, bote, “hovercraft” –, helicóptero ou
veículo apropriado para uma inserção que esconda a identidade dos que a levam a cabo ou permita de forma plausível
negá-la (“encoberta”);
Moçambique – Cheias no rio Save
Vários autores utilizam a expressão capacidade expedicionária
para se referirem genericamente a intervenções militares em
território estrangeiro. Outros são um pouco mais específicos, limitando a designação a intervenções em terra, iniciadas e apoiadas exclusivamente (ou primariamente) a partir do mar. Comum
a todos os autores é a ideia de que este conceito inclui, de forma
quase indissociável, a inserção de forças em terra, qualquer que
seja a via utilizada para o movimento navio-terra.
Na interpretação que adoto, para que uma operação possa receber a designação de expedicionária precisa de observar, para
além dos três aspetos atrás referidos, um certo número de condições. A saber: a. Tem que poder ser desencadeada num curto
prazo de tempo, o que implica manter as forças num alto nível de
prontidão; b. Deve ter um objetivo limitado, estar organizada para
chegar por si própria para resolver o problema, ser de curta duração e ter sustentação logística própria; c. Deve ser considerada
no âmbito das chamadas operações de uso limitado de força, portanto, sem atingir o nível de conflito aberto, em clima de guerra.
São, por estas razões, intervenções militares muito condicionadas
por considerações de natureza política.
Alguns autores associam este tipo de emprego da força militar ao
exercício de diplomacia coerciva, uma espécie de último recurso,
depois de esgotadas todas as outras possibilidades de esforço
diplomático, envolvendo, portanto, um certo grau de intimidação
sobre um outro estado de modo a levá-lo a alterar a sua atitude
e aceitar os termos que se lhe pretendem impor. A interpretação
que proponho é mais abrangente. Inclui também a diplomacia cooperativa, modalidade que não contendo qualquer ameaça, visa
promover um melhor relacionamento com outros países, ou dar
apoio, por exemplo, em missões de boa vontade, junto de amigos
e aliados.
b.Uma cultura de prontidão para intervir com muito curto aviso
prévio. Ou seja, como dizem os fuzileiros americanos, mantendo as mochilas sempre prontas para ir para onde quer que seja
necessário.
c.Disponibilidade para operar sob condições severas e de grande
austeridade, quer durante o trânsito para o local de operação,
quer na intervenção em terra propriamente dita, sob o propósito
de simplificar, o mais possível, o apoio logístico.
c.Uma postura operacional de grande flexibilidade que lhes permite adaptarem-se facilmente a um leque alargado de cenários
e tipo de missões, desde a essencialmente militar, ao nível de
conflito armado, até às de natureza “diplomática” para estreitamento de laços com forças congéneres de países amigos e
partilha de experiências, passando pelas de natureza humanitária e de estabilização que exigem preparação específica para
interagir com as comunidades locais e mostrar vontade de investir na melhoria da sua situação.
d.A especialização em táticas baseadas essencialmente em movimentações ágeis e no emprego de armamento ligeiro, que
lhes permitam intervir com sucesso no terreno sem se enredarem em confrontos que possam comprometer a possibilidade
de retirar a qualquer momento e partir para outro local.
A questão que se põe é saber como se poderá valorizar a participação dos Fuzileiros na linha de orientação definida no Conceito
Estratégico de Defesa Nacional, quando diz que «uma das missões
prioritárias das Forças Armadas é contribuir como instrumento
do Estado para a segurança internacional, designadamente em
missões internacionais de paz, que assegurem o reconhecimento
externo de Portugal como um Estado coprodutor de segurança
internacional».
Para esse objetivo proponho relembrar as características que os
tornam especialmente apropriados como força expedicionária e
discutir como devem ser organizados.
As características
É importante que os Fuzileiros conheçam bem e tenham sempre
bem presentes as características que os distinguem.
Patrulha de fuzileiros em Timor
A organização das forças
A questão de saber como devem as forças estar organizadas é o
aspeto final a que me quero referir. Dentro do constrangimento
da dimensão máxima da força, tal como definida a nível político-estratégico, o grande desiderato do processo de decisão sobre
a estrutura de força que deve ser adotada – na minha perspetiva
– é manter em aberto o mais variado número de possíveis configurações, entre a dimensão máxima e a mínima.
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pensamentos&reflexões
O objetivo é conseguir escolher, caso a caso, a organização de
forças que melhor sirva o propósito estabelecido, se enquadre nos
moldes previstos da intervenção e nas capacidades de transporte
disponível, seja no âmbito exclusivamente nacional, seja no contexto de participação numa força multinacional.
Dentro destes parâmetros, deve existir a possibilidade de organizar os meios, quer na forma de um batalhão ligeiro de desembarque – eventualmente, a dimensão máxima –, quer na forma
de um pequeno grupo de operações especiais, passando pela
solução intermédia de um grupo ao nível de uma companhia ou
equivalente.
Uma força de fuzileiros em Bissau
escalão batalhão. Enquanto este programa não estiver concretizado, a capacidade de embarque, embora continue em aberto,
estará mais limitada. Recordo, no entanto, que na intervenção realizada na Guiné-Bissau, junho de 1998, –, uma operação de evacuação de cidadãos nacionais –, estiveram embarcados na força
naval cerca de 140 efetivos dos fuzileiros, com diversas valências
operacionais que foram essenciais para o sucesso da operação.
Alexandre Reis Rodrigues
Sócio n.º 587
Posto de controlo com fuzileiros no Afeganistão
A ideia chave é a do conceito de força modular, que, de algum
modo, sempre esteve presente na organização operacional do
Corpo de Fuzileiros. Tentando, talvez, levá-lo um pouco mais longe, para melhor adaptação à atual imprevisibilidade do ambiente
de segurança, admito que possa consistir na definição de um tipo
de unidade padrão e vários tipos de módulos especializados, no
campo do apoio ao combate e no serviço de apoio a combate, que
serão adicionados à unidade padrão, consoante as necessidades
específicas de cada caso.
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Para emprego operacional, as unidades padrão poderão ser subdivididas em unidades mais pequenas ou agrupadas numa unidade maior, pelo que deve haver um módulo de comando superior
pronto para essa eventualidade.
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pensamentos&reflexões
A Pátria não pode esperar
António Carlos Ribeiro Ramos
“
Para haver tudo isto em cada um de nós, bastava antigamente
ser português, não era necessário ser santo”; diz-nos o nosso
querido Padre António Vieira, quando no seu sermão de Santo
António, falava da “candura, da sinceridade e da verdade”. Há
nestas palavras um profundo respeito por uma alma portuguesa
grandiosa e profunda, por ele idealizada e apreendida como verdadeira, apesar de a sentir já declinante no seu tempo (séc. XVII).
Numa carta dirigida ao Conde Hermann Keyserling, datada de
20 de Abril de 1930, em defesa de Portugal, Fernando Pessoa
referindo-se à “Grande Alma Portuguesa”, diz que:
“Há um Portugal triplo”. “Um nasceu com o próprio país: …alma
da própria terra, emotiva sem paixão…enérgica sem sinergia…”.
“O terceiro Portugal”… “formou esta parte do espírito português
moderno que está em contacto com a aparência do mundo…
reflexo mal compreendido do estrangeiro;”
Mas, “há uma segunda alma portuguesa. Que “outrora descobriu
a terra e os mares;… fortificada “na sombra e no abismo” e hoje,
“subterrânea”.
Pessoa refere que o Conde, que chegou a Lisboa no dia 15 de Abril
de 1930 para visitar o país e proferir uma série de conferências,
apenas conhecia o “primeiro” e o “terceiro” Portugal. Mas quanto
ao “segundo” Portugal, portador da “Grande Alma Portuguesa”,
apenas o viu! Mas não conseguiu compreendê-lo.
Numerosos seriam os exemplos, se entre os nossos autores
consagrados nos detivéssemos em busca de alusões de natureza
semelhante.
Ora, nenhum país sobrevive como Nação (nem como país)
se não existir consciência nacional. E esta, consciente ou
inconscientemente, não pode senão alicerçar-se em torno de
uma “Grande Alma” pensada e sentida, ainda que liberta de toda
a carga idealista que não contemple a realidade objectiva com a
qual terá inevitavelmente que conviver no seu tempo. É isso que
engrandece uma Nação! A coexistência simultânea de um número
suficiente de indivíduos e de sinergias capazes de lhe manterem
o rumo, ou de o mudarem no momento certo, orientados por uma
visão clara sobre quais são os valores intemporais, e sobre a
subtileza das diferenças que existem entre o bem e o mal.
o Mundo sem todavia deixar de ser genuinamente portuguesa.
Que o digam os nossos Fuzileiros que cumpriram missões no estrangeiro. Porque eles estão entre os testemunhos vivos desta
nossa notável capacidade.
Mas como para se colher é preciso semear e criar primeiro, e
levando em conta que os fenómenos históricos e sociais demoram
tempo a surtir efeito, bom ou mau, vem a propósito apresentar
uma opinião que subscrevo integralmente, apresentada por um
jovem e admirável cientista polar português, o Dr. José Xavier, na
sua obra “Experiência Antárctica”:
“Em Portugal é necessário estimular algo a que chamamos a
cultura do herói não numa perspectiva de idolatrar pessoas mas
sim de nos inspirar a sermos melhores na nossa vida e na nossa
carreira, a sermos mais exigentes e mais profissionais, connosco
próprios e com os outros, e a sermos mais fortes e felizes, a andarmos mais bem-dispostos e a enfrentarmos melhor as dificuldades da vida. Em vários países essa cultura é muito evidente”.
E acrescenta referindo a propósito, uma breve troca de palavras
simples que teve com um outro cientista, já veterano, que encontrou na base científica britânica de Bird Island (Peter Prince),
admirado como exemplo a seguir e profundamente respeitado
por todos pelo “seu excelente trabalho ao longo de toda a sua
vida…”, concluindo que, aqueles efémeros segundos em que
conversaram o terão inspirado a “trabalhar mais e melhor todos
os dias…”.
Nos dias de hoje mais do que nunca, levando em conta o desenvolvimento dos meios tecnológicos e científicos disponíveis,
a vulnerabilidade de qualquer Nação pode ser muito abrangente. E a perda da consciência nacional pela corrupção ideo­lógica,
pela superficialidade instituída e pela indisciplina do pensamento,
pelo desligamento da História, pela permissividade emergente da
confusão valorativa e pelo desnorte para a vida, desemboca na
vulnerabilidade total e posterior sujeição aleatória do país, fonte
de infelicidade e de sofrimento para quase toda a sua população.
É importante recriar a Pátria! Coesa e próspera. Podem esperar
os desígnios dos que se lhe opõem. Mas a Pátria… a Pátria não
pode esperar!
Acresce a isto, que apesar dos seus revezes, os Portugueses conservam ainda intacta toda uma extraordinária vertente humanista
que nos honra e que nos valoriza, porque consegue abrir-se para
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António Carlos Ribeiro Ramos
Sóc. Efect. n.º 1053
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pensamentos&reflexões
Aqui sómente encontrarás
o que trazes...
José Manuel Oliveira Costa
H
oje o dia estava cinzento com um nevoeiro pesado baixo
e persistente acompanhado por descontinuados chuviscos.
Era dia de ir ao médico, exame ao coração, cinco ao todo;
começaram de manhã e terminaram depois das duas da tarde!
Com um trânsito do “arco-da-velha” lá me fui “arrastando” por
filas intermináveis, num pára-arranca frustrante e incómodo, deixando-me quantas vezes irritado e sem paciência.
Finalmente! Chegámos ao Hospital e a horas… só a partir daí,
comecei a acalmar! A Teresa tinha conseguido marcar os exames
de forma sequencial e, no mesmo dia.
A meio da manhã, num intervalo mais prolongado, resolvemos
ir ao Bar do Hospital, no último piso, e ali fazermos horas para o
próximo exame aproveitando para tomarmos um café e comermos qualquer coisa.
Pelas janelas envidraçadas via-se bem o interminável chapéu de
nevoeiro por cima do casario abarcando todo o horizonte.
Dei por mim a recordar a nossa estadia nos Açores. Estava de facto um dia que fazia recordar os dias húmidos, chuvosos e pegajosos bem característicos nos Açores! O alvoroço e o desassossego
matinal dissiparam-se para dar lugar a uma saborosa serenidade.
Também eu, agora e ali, estava caminhando e saboreando, como
diz um camarada que muito prezo, incansável peregrino dos Caminhos de Santiago. Sempre que falamos algo me comunica,
como que um “recado”, que me deixa a pensar!
Embora sentado, no aconchego daquela sala e na companhia da
Teresa, apreciando o momento e a vista, fui sendo “encaminhado” para os Açores, de forma especial para a Ilha do Faial, onde
vivi, um período sublime da minha vida, na companhia da mulher,
dos filhos e, de muitos e bons amigos.
O tempo continuava “pegado” e naquela moinha de “molha tolos”
sempre presente, acompanhado de forma intermitente, por curtos
períodos de chuva fraca. Recordei um primo da Teresa, nado e
criado em Moçambique, mais tarde Comandante da TAP e que faleceu, em 1988, devido ao rebentamento de uma bomba que lhe
puseram debaixo do carro… dizia ele com graça em dias como
este: “Olha lá Zé Manel, choverá t’il ou pingaralhá seulement?”
Ainda sorria desta memória quando o médico passou por nós, no
Bar, e nos disse que os exames feitos, até ali, estavam bem.
Sentia-me confortável na companhia e na estabilidade que a Teresa irradiava e me transmitia. Sempre me tem acompanhado,
nesta já longa caminhada plena e cheia de tudo, o que me permite
recordar o tempo, que vai passando cada vez mais lentamente…
dando-me, mais tempo, para saborear a vida!
De novo esse Peregrino de Santiago se juntou aos meus pensamentos. Quando, no fim do ano passado, fazia mais uma peregrinação pelo “Caminho Francês” sofreu um acidente, uma
aparatosa e feia queda, que o obrigou a suspender a caminhada
esperando agora, já recuperado, terminá-la neste ano de 2016.
Nem sempre as linhas são direitas!
Antes do aparatoso acidente pernoitou num “Auberge” onde,
numa placa colocada na entrada, estava gravada a seguinte frase
“Aqui somente encontrarás o que trazes”.
Da janela observava o tempo, que continuava na mesma, convidando-me a procurar o que trago comigo para o recordar e melhor
saborear. Que possas também continuar com a tua caminhada,
partilhando e saboreando, o que contigo levas.
Num dia de chuva, 22JAN2016 .
CMG Oliveira Costa
Sóc. Efect. n.º 2423
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cultura&memória
A visita da Rainha Nhakatolo
Chilombo, Leste de Angola – 1974
José Ruivo
N
hakatolo Tchissengo, acompanhada pelo príncipe consorte
Alberto Candembe, alfaiate de profissão, e por Kakengue,
soba do quimbo (aldeia) do Chilombo, deslocava-se em direção ao aquartelamento do Destacamento n.º 6 de Fuzileiros
Especiais instalado no Chilombo, na margem do rio Zambeze, no
designado saliente do Cazombo, Leste de Angola, com a altivez,
a simplicidade e a segurança de uma rainha. Vinha em visita
oficial, no âmbito da missão habitual de governo do seu povo.
Para organizar a visita ao Destacamento e acompanhar a Rainha,
foi nomeado oficial do protocolo o STEN FZE Paiva e Pona. Era a
meio da manhã, quando o calor já começava a apertar. Educada
e simpaticamente terá oferecido à Rainha um chá e uns scones.
Mas ela, pequenina e viva, sorrindo com um olhinho maroto,
pediu: “Ténénté não pode ser antes uma cérveja?” Claro que
rapidamente apareceram cervejas para toda a comitiva. De notar
que este bem precioso àquela hora de sol e calor era ainda mais
valioso, no nosso caso, porque dispunhamos de geladeira.
O certo é que as relações diplomáticas entre o povo Português
(aqui representado modestamente pelos fuzileiros do Chilombo)
e o povo dos Luenas, na pessoa da sua Rainha, se estreitaram
naquela manhã de calor africano e se fortaleceram à custa de
uma boa quantidade de cervejas que, só à sua conta, a senhora
bebeu.
Descendia de uma velha linhagem de matriarcas – em África, o
poder tribal assente numa liderança feminina e transmitido pela
mesma via, por direito próprio e não por contingência sucessória,
foi relativamente frequente e, por isso mesmo, diverso da norma
vigente das sociedades ocidentais.
Nhakatolo era a rainha dos Luenas, povo também designado por
Luvale, tribos residentes no Alto Zambeze, reino cujos contornos
geográficos não coincidiam com as fronteiras oficiais do território de Angola, estendia-se por uma vasta região que ia desde
uma zona a sul do Congo (de onde provinham os seus antepassados) até à zona da actual Zâmbia, para lá das margens do
rio Zambeze. Na sequência das disputas fronteiriças entre os
colonizadores europeus, em finais do século XIX, a fronteira de
Angola acabou por ser definida por arbitragem do rei de Itália em 1905, deixando
os Luenas repartidos por Belgas, Ingleses
e Portugueses, em três colónias (hoje Estados) diferentes. A força de união deste
povo, mantido geograficamente disperso,
mas culturalmente coeso, é o resultado
de uma liderança no feminino, em que
sobressai a figura da rainha Nhakatolo
Ngambo (falecida em 1914 e cujo túmulo,
no Lucusse, é hoje monumento nacional), da neta que lhe sucedeu, Nhakatola
Kutemba (falecida em 1956) e sua filha
Nhakatolo Tchissengo que nos visitou.
dos seus súbditos, manter a coesão no seu Reino e estabelecer
parcerias com as autoridades civis ou militares que, exercendo
outras formas de poder num mesmo espaço territorial, eram
essenciais às boas relações, à paz e ao progresso do seu povo.
A linhagem de rainhas Nhakatolo tinha por tradição prosseguir
uma política de diplomacia inteligente, num equilíbrio que era
um misto de aceitação interessada das autoridades dominantes
e de defesa dos interesses próprios e dos valores fundamentais
das suas gentes. A ligação à terra, o lugar fundamental da mulher que é quem dá de comer aos filhos, a preservação da paz e
das boas relações com os poderes dominantes como elemento
de protecção filial e de garantia de continuidade, tornaram esta
cultura tribal diferente do que seria uma liderança masculina
mais beligerante.
Talvez tenha sido esta a sua força. O respeito granjeado por estas mulheres educadas para reinar, trazer a paz e prosperidade
ao seu povo ao longo dos tempos e em condições políticas inconstantes e adversas, faziam da rainha Nhakatola que conheci,
uma personalidade admirável e admirada. Tal como aconteceu
com a sua mãe Nhakatolo Kutemba e a sua bisavó Nhakatolo
Ngambo. Tal como hoje acontece com a neta que lhe sucedeu –
a atual rainha Lurdes Tchilombo NhaKatolo, de 38 anos de idade,
criada e educada pela sua avó, que tomou posse em 2004, e que
é ouvida com respeito pelas autoridades oficiais.
Conta-se uma história que muito diz sobre a personalidade da
Rainha Tchissengo, passada em finais dos anos 50 do século
passado. O médico português especialista em lepra Eduardo
Ricou (pai da Tereza Ricou), radicado em Angola, visitou a
região habitada pelos Luenas numa campanha de vacinação.
Certo dia em que se deslocou a uma aldeia onde montou
uma mesa debaixo de um frondoso embondeiro, com os seus
instrumentos médicos e enfermeiros de apoio, só pode começar
a tarefa depois de obtida a formal autorização da Rainha. Esta
sentou-se majestosamente numa cadeira ao lado da mesa do
médico, mandou içar a bandeira nacional e disse: “agora que
já foi içada a bandeira portuguesa, Doutor, pode começar a
consulta dos meus súbditos”. Ou outra, em que interpelou o
Governador Geral em visita ao distrito do
Moxico e se queixou: “Governador, os
teus elefantes causam muito prejuizo nas
minhas colheitas, manda um caçador dar
tiro neles”. E os ditos bichos terão sido
abatidos. A este mesmo Governador terá
pedido um automóvel estando disposta a
pagá-lo em notas, e que, posteriormente,
após obtida autorização de Lisboa, lhe
terá sido mesmo oferecido.
Nhakatola Tchissengo era uma rainha que
visitava o seu povo – os Luenas – com
a dedicação de uma soberana que tem
o dever de acompanhar os problemas
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Foi esta a “minha” rainha Nhakatolo, a
que conheci em 1974, quando veio de visita a uma parte do seu povo, aquele que
habitava a zona leste de Angola e que, por
via disso, contactou as autoridades militares aí instaladas. Consta que tinha visitado
Portugal, durante a presidência de Craveiro Lopes, numa acção de sensibilização
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cultura&memória
organizada pelo regime, com quem, interesseiramente ou não, pretendia mostrar boas
relações.
Naquela época re­sidia para lá da fronteira de Angola, território da Rodésia (actual
Zâmbia) e deslocava-se entre as aldeias onde os Luenas se encontravam.
Tinha autorização especial para visitar os seus súbditos em território angolano ao abrigo
de um tratado de protectorado celebrado com a Coroa Portuguesa em finais do séc. XIX
e que sempre foi respeitado.
Foi uma das rainhas Nhakatolo que mais marcas deixou, talvez por ter tido uma vida
longa e por ter passado por períodos conturbados da história de Angola.
Chefiou tribos e acompanhou várias aldeias luenas durante toda a sua juventude, exercendo uma aristocracia natural enquanto a mãe reinava – foi nomeada para assumir o
sobado de duas localidades autónomas: Lupache e Luvua antes da morte da sua mãe,
em 1956. Sucedeu-lhe formalmente, atravessou duas guerras – a guerra do ultramar e
Eduardo Ricou
a guerra civil – e veio a falecer em Luanda em 22 de junho de 1992, estando sepultada
em Cazombo, na província do Moxico. Em sua homenagem foi inaugurado, em 2012, um lar para a terceira idade que recebeu o nome
“Rainha Nhakatolo Tchissengo”.
A minha estória da rainha Nhakatolo é um simples contributo para
retratar uma rainha tradicional que era uma mulher poderosa,
ciente das responsabilidades de governante da sua gente, que
tinha a particularidade de ser um povo que não corresponde ao
conceito linear de “Uma Pátria, uma Nação, um Território”.
O território civil do quadrado do Leste de Angola, desenhado
a régua e esquadro, não era a pátria dos Luenas, mas apenas
um local onde uma parte deles se instalara, em resultado de
um processo migratório de tribos de várias etnias, de acordos e
protectorados estabelecidos ao longo de séculos com os países
colonizadores e com outras tribos e etnias autóctones.
Eduardo Ricou dando consulta aos leprosos na presença da rainha Nhakatolo, em 1956
A visita à povoação e a receção à Rainha foi uma festa especial
a que o nosso Comandante, 1TEN EMQ (FZE) Correia Graça
e restantes oficiais assistiram, mais uma vez, num concílio
que debaixo de uma grande árvore reuniu os mais velhos, os
mais importantes representantes dos luenas e as autoridades
existentes na zona. De pé, frente à assistência, a rainha discursou
em português para o seu povo, dando bons conselhos, talvez
cautelas para com o colonizador… mas acreditamos que fossem
no espírito de manter o bom relacionamento, usufruindo dos
bens possíveis (saúde e educação que, sendo escassas, sempre
havia). Desse discurso retivemos três notas: “Os caçadores,
quando encontrarem pessoas estranhas, nas suas caçadas,
devem informar os fuzileiros. Os pescadores, quando também
avistarem pessoas estranhas à povoação, devem informar os
fuzileiros. E vós p... lembrem-se que os fuzileiros não têm aqui
mãe, nem mulher, nem namorada e, por isso, devem tratá-los
bem...”. Depois, houve batuque pela noite fora…
Este ritual tradicional, festa que une os Luvale (Luenas) e é um
marco da preservação da sua cultura, realiza-se actualmente
no dia do falecimento da rainha Chissengo. Na era colonial,
realizava-se em Chilombo ou em Lumbala, no período da guerra
civil passou para a Zâmbia devido às disputas entre o MPLA e a
UNITA e, actualmente, regressou ao leste de Angola, saliente do
Cazombo, capital Luena.
José António Ruivo
Sóc. Orig. n.º 836
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cultura&memória
LFG “Lira”
Ataque a um combóio naval no rio Cumbijã
Guiné
4 de Abril de 1967
E
Manuel Lema Santos
stas linhas são editadas como uma singela homenagem a
todos as guarnições das LFG - Lanchas de Fiscalização Grandes, LFP - Lanchas de Fiscalização Pequenas, LDG - Lanchas
de Desembarques Grandes, LDM - Lanchas de Desembarque Médias, LDP - Lanchas de Fiscalização Pequenas, DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais e CF - Companhias de Fuzileiros.
De 1965 e até meados de 1968, o dispositivo naval no Sul da
Guiné incluia o estacionamento permanente de 1 LFG - Lancha
de Fiscalização Grande da classe “Argos” que, por um período de
cerca de 12 dias, se mantinha em cruzeiro na área, fiscalizando e
patrulhando as bacias hidrográficas dos rios Cumbijã e Cacine, no
que era coadjuvada por uma LDM.
Também a classe de oficiais da Reserva Naval da Marinha de
Guerra integrou sempre as guarnições de todas aquelas unidades
navais e de fuzileiros estando sempre presente.
Decorrido aquele período era rendida por uma unidade naval
idêntica, uma de entre 5 estacionadas na altura naquele teatro:
LFG “Cassiopeia”, LFG “Hidra”, LFG “Lira”, LFG “Orion” e LFG
“Sagitário”.
Homenagem obrigatoriamente extensiva aos aquartelamentos de
Catió, Bedanda, Cufar, Cabedu, Cacine, Gadamael e muitos outros
no território que sempre nos apoiaram e receberam com Camaradagem e Amizade, sem esquecer igualmente a Força Aérea que
representou, muitas vezes, a decisiva diferença entre o combóio
passar ou não.
Durante os anos de conflito, o Comando de Defesa Marítima da
Guiné nunca deixou de abastecer os aquartelamentos que disso
dependiam, ainda que para isso fosse necessário enfrentar o temível Cantanhês no rio Cumbijã ou o Tancroal no rio Cacheu, dois
dos locais da antiga província da Guiné onde a Marinha de Guerra
Portuguesa terá sofrido os maiores revezes em combate, fruto de
flagelações, emboscadas e ataques às unidades navais ou nas
operações havidas em terra.
As bacias hidrográficas dos rios da Guiné foram agrupadas em
quatro comandos operacionais denominados de TU (Task Unit),
cada uma delas da responsabilidade do Comandante do Destacamento de Fuzileiros Especiais atribuído à TU da área, dispondo
para as missões operacionais além do pessoal do Destacamento
de 2 LDM e 1 LDP.
Assim foram criadas 4 TU correspondentes às principais divisões
das bacias hidrográficas do território em áreas de responsabilidade: rio Cacheu; rios Mansoa, Geba e Corubal; rios Grande de Buba
e Tombali; rios Cumbijã e Cacine.
Mais a Norte, uma LFP - Lancha de Fiscalização Pequena da classe “Bellatrix”, em conjunto com uma LDM, efectuava a fiscalização da área nos rios Tombali e Grande de Buba.
Aquelas unidades navais, partilhavam e complementavam o dispositivo naval da área garantindo a segurança da navegação,
transportes de pessoas, bens e equipamentos, apoio à população
civil e forças militares. Também o abastecimento de víveres e o
escoamento de produtos agrícolas eram assegurados por aqueles
meios.
Com a frequência que a estratégia militar do CDM da Guiné demonstrava como necessária, a Marinha constituia TU (Task Units),
no caso um conjunto de unidades navais e embarcações civis, essencialmente integradas por várias LDM e batelões que largavam
de Bissau, iniciando o percurso para Sul, com escala e horários
previamente definidos para várias localidades e aquartelamentos.
Para sul, normalmente a frequência era mensal. Bolama, Catió,
o ponto CC (na confluência do rio Cobade com o rio Cumbijã),
Cabedu, Impungueda (que servia o aquartelamento de Cufar), Bedanda (porto interior) e ainda Cacine e Gadamael eram escalas
habituais, embora alguns destes locais fossem aportados pelas
LDG - Lanchas de Desembarque Grandes que, pelo seu porte e
complexa manobrabilidade, não tinham acesso a todos eles.
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cultura&memória
A LDM da frente informou serem de flagelação inimiga pela amura
de BB, sem que fosse possível localizar correctamente a origem.
Foram dadas instruções para manter o silêncio de fogo para que,
visualmente, fossem melhor localizadas as armas, pela chama à
boca, evitando manobras de diversão do inimigo (IN) com o intuito
de desviar a atenção do centro de fogo principal, instalado mais
a montante. O desenrolar dos acontecimentos veio corroborar a
hipótese.
Pelas características hidrográficas do rio Cumbijã, na curva frente
a Cadique, delimitando um estreito canal de navegação existente,
o combóio via-se forçado a navegar a uma distância de 30 a 40
metros da margem. Precisamente nessa zona, numa extensão de
cerca de milha e meia, foi desencadeado violento ataque.
Para comandar o combóio naquelas missões era nomeado um
oficial de uma Companhia de Fuzileiros ou da Esquadrilha de Lanchas, dos QP ou da Reserva Naval, com uma ou duas esquadras
de fuzileiros que reforçavam o dispositivo de protecção e defesa
do combóio com pessoal e armamento.
Em percursos de maior risco de acções hostis, caso do rio Cumbijã, na zona do Cantanhês, a escolta integrava, nessa área de
maior perigo de ataques ou flagelações, uma LFG - Lancha de
Fiscalização Grande da classe “Argos”, deslocada do habitual cruzeiro na área do rio Cacine que, por norma e como mais antigo,
assumia o comando da escolta (CTU), completada pelo apoio da
Força Aérea com uma parelha de aviões Harvard T6.
Quando a zona provável de origem da flagelação se encontrava no
enfiamento do través do navio testa, toda a margem, numa vasta
extensão de cerca de 600 metros que abarcava todo o combóio,
irrompeu num fogo intenso de armas, com metralhadora pesada
e ligeira, pistolas-metralhadoras e bazookas visando, sem distinção, todas as unidades do combóio.
Quase de seguida, foi desencadeado ataque de morteiro com salvas contínuas de projécteis, algumas com o tiro bem regulado,
outras com enquadramento sistematicamente longo, com as granadas a deflagrar para lá de meio do rio.
Naquele dia, 4 de Abril de 1967, cumprida a rota de ida sem incidentes, iniciou-se então a viagem para juzante, em postos de
combate, com o apoio da aviação, rumo à confluência dos rios
Cumbijã e Cobade, comboiando duas embarcações civis carregadas com arroz proveniente de Bedanda.
Tanto embarcações civis como unidades navais navegavam estrategicamente em coluna, com uma LDM na testa e a outra na
cauda do combóio, aproveitando a maré na vazante com os batelões encaixados a meio da coluna. Cada uma das embarcações
civis levava uma guarda de fuzileiros constituída por 4 elementos.
Comunicações em cima.
A LFG “Lira”, em cruzeiro na área e vinda do rio Cacine para o
Cumbijã para apoio e escolta ao combóio, mantinha-se interposta
entre a cauda do combóio e a margem, ligeiramente caída para
ré. Com cerca de um quarto de hora de navegação, para juzante, ouviu-se fogo de rajada de metralhadoras ligeiras da margem
esquerda.
As unidades navais reagiram instantaneamente e, em conjunto,
bateram sistematicamente com Bofors, Oerlinkon e MG 42 toda
a área de ataque apoiadas pelos aviões T-6 que sobrevoavam a
zona, picando em sucessão e metralhando o local de ataque. A
LFG, com máquinas a vante toda a força, interpôs-se entre o combóio e o fogo, protegendo a coluna e batendo cadenciadamente a
margem com as peças Bofors de 40 mm apoiadas pelas MG 42
montadas nas asas da ponte, pelo fogo das LDM reforçadas pelos
fuzileiros. A cadência de fogo de barragem provocava um ruído
ensurdecedor e obrigava a arrefecer os canos das anti-aéreas Boffors com as mangueiras de água ligadas. Os invólucros de latão
espalhavam-se fragorosamente pelo convés junto ás peças de
vante e de ré(1).
1
Desta acção foi publicado um pequeno ficheiro de vídeo em https://
www.facebook.com/classeargos/ a partir de imagens e som obtidas numa dessas escoltas, em 4 de Abril de 1967. O local, meios envolvidos e acções de fogo
são reais, com relato recreado e adaptado com excertos de acções semelhantes
noutras datas e também com outras unidades navais.
Aqui os lembramos a todos, guarnições de unidades navais, fuzileiros aquartelamentos e também populações civis.
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pela diferença de altura das marés. Seria possível vir a enquadrar, no mesmo enfiamento, todas as unidades que navegassem
no local, para montante ou para juzante, oferecendo ao inimigo
condições quase ideais para interditar a passagem à navegação.
Provavelmente posicionado a cerca de 400 metros do combóio,
porquanto se ouvia distintamente o disparo, sentia-se o sopro do
projécteis passando sobre as unidades para, decorrido tempo
sensivelmente igual, rebentarem na margem oposta junto à água,
na bolanha. Na foz do rio Macobum, desaguando na margem
esquerda, o combóio inflectiu o rumo para a margem contrária
continuando a ser batido intensamente do lado de Cadique, sobretudo com metralhadora pesada e armas ligeiras, enquanto de
Cafine rompia também fogo com armas automáticas e morteiro.
Entretanto a LFG, ao chegar àquela zona inverteu o rumo e manteve-se frente a Cafine, a efectuar a cobertura de protecção do
combóio, voltando a fechar a cauda da coluna, batendo sistematicamente as posições do ataque e calando o inimigo pouco depois. Tinha decorrido uma longa hora e um quarto, sem quaisquer
baixas mas com diversos impates nas embarcações e nas LDM.
Baixas prováveis no inimigo mas carecendo de confirmação(2).
Manuel Lema Santos
Sócio Efect. n.º 2189
Com alguma certeza e à medida que a navegação prosseguia, puderam contar-se diversas bocas de fogo de LGF (lança-granadas
foguete) postadas ao longo do percurso, possivelmente actuados
por atiradores colocados em abrigos, bem como atiradores com
armamento portátil. A intensidade de fogo e a extensão da frente
inimiga permitiu estimar o grupo em mais de uma centena de
homens, todos colocados junto à margem, deitados na bolanha
ou em abrigos cavados. Observaram-se mesmo movimentação
de alguns, dada a curta distância.
Quase simultaneamente, da tabanca de Cafal na margem esquerda, foi feito fogo de canhão sem recuo, embora apenas três ou
quatro disparos e mal direccionados. O campo de tiro a partir daquela zona, não era tão afectado pela limitação natural provocada
Fontes:
Fotos e som de arquivo do autor cedidas por Carlos Dias Souto (CMG) e Jorge
Calado Marques (2TEN RN), na data da missão respectivamente os comandante e imediato da LFG “Lira”; colaboração de Fernando Oliveira, então Marinheiro
Artilheiro apontador da LFG “Lira”; restantes elementos resultantes de pesquisa
e recolha de elementos do Arquivo de Marinha, Núcleo 236A/Coloredo, diversa
documentação.
2
Numa nota muito pessoal, este artigo reflecte também uma homenagem ao meu Camarada da Reserva Naval 2TEN RN Jorge Calado Marques do
mesmo 8.º CEORN da Escola Naval, então o oficial imediato da LFG “Lira”. Já falecido, eram dele os arquivos de som – tenho a fita original (ou uma cópia) gravada
através das vigias de vante – que me tinha cedido sem reservas, conjuntamente
com o álbum de fotos que tinha. A imprevisibilidade do destino último que lhe tolheu o percurso de vida impediu-me de lho devolver. Cuidarei de que um dia possa
encontrar local e mãos correctas. Tínhamos agendado um almoço em Coimbra
que apenas veio a ter lugar, em sua memória, com 3 dos 4 oficiais imediatos do
mesmo curso e que desempenharam as mesmas funções, no decorrer do mesmo
período, 1966/1968 nas LFG “Orion”, LFG “Hidra” e LFG “Cassiopeia”.
RIP Calado Marques!
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poesia
Ser Fuzileiro
por Ana Santos
U
m FUZILEIRO?
E o medo?
– Sim, um soldado como os outros.
– Talvez não, talvez um pouco mais... talvez um pouco menos.
– Conhecem-no, por isso não o temem
e para o combater e eliminar, são
teimosos, tenazes, quando o instinto
os contraria, repetem a cada minuto do
dia: “FUUUZOS... PRONTOS!!!”
Um pouco menos?
E a Morte?
– Sim, por não querer ser tanto.
– Ao pensar nela, a sua companheira habitual, transfiguram o receio e o pavor,
tornando quase igual a própria morte e
o amor.
Como os outros?
Um pouco mais?
– Talvez por isso mesmo!
Mas, quem são os FUZILEIROS?
– Quem faz do perigo o seu pão, do sofrimento o seu irmão e da morte a sua
companheira, e se habituou a tê-la
sempre à sua mesa e à sua cabeceira,
noite e dia, sem perder a alegria e o prazer de viver e de sonhar.
Que estranha companhia, mas porquê
esse gosto, essa busca da morte de
quem todos os seres fogem, mesmo os
mais valentes?
Mas eles não amam, eles não sofrem?
Não são humanos afinal?
– São humanos demais, embora parecendo de menos e é esse apenas o seu drama, no seu bornal, no seu cantil, na sua
cama, vivem o amor e a morte, e uma
eterna inquietação.
Há quem diga que o amor e a morte são
quase a mesma coisa...
– Porque são diferentes!
– Para eles são, e vivem num mundo diferente... feito de assombro, de sonho e
de quebranto...
E a fome? E a sede? E o medo? E a morte?
Meio demónio e meio santo?
– A fome esquecem-na, quando tudo neles a repele e denuncia vão procurar no
espírito o único alimento que a sacia.
– Sim, é isso sim talvez o que eles são,
mas sentem– se felizes com a sua sorte, pois não distinguem o amor da morte
e só se sentem bem a viver nos extremos, o meio termo não existe para eles,
nem o amar, nem o querer, nem o lutar, nem o sofrer, isso não sabem o que
é, está fora do seu mundo, a sua taça,
bebem-na até ao fundo!
E a sede?
– Sede só têm uma, e essa ninguém a
mede, a de fazer melhor, a de chegar
primeiro, a de mesmo no alento derradeiro, quando o corpo já parece não
ser nosso, gritar ainda: EU QUERO! EU
POSSO!
E acreditam em Deus?
– Sim, ou melhor, creio que Deus habite neles, em origem, não em fidelidade, pois são daqueles poucos a quem
Deus estende a mão sem que eles Lha
peçam, porque só Lhe pedem o que os
outros não querem.
Mas assim querem ser melhores que os
outros, ser os melhores de todos.
– Não. Porque não comparam. Só querem
ser melhores que eles próprios, por conforto ou benesses nenhum deles lutou,
fiéis a esta ideia: Só provará o pão de
Deus quem comeu o que o diabo amassou!
É belo mas estranho tudo o que me disseste, porém que dizer deste pobre rapaz?
Já que deu a vida, que a sua alma descanse em paz.
– A paz para ele nunca quis, não é pois na
paz que ele há-de ser feliz.
Mas que queria ele então…???
– Não sei, mas antes ou depois que a vida
de um FUZILEIRO acabe, nem ele próprio, mas só Deus o sabe.
Mas é estranho não querer nem desejar
para si mesmo a paz.
– Medita nisto: O primeiro FUZILEIRO foi
Cristo, porque pregando a paz nunca viveu em paz e até morreu por isso.
Compreendo então. Querem ser como
Cristo?
– Não, também não, isso seria muito, querem apenas isto: Ser FUZILEIROS e viver
como tal.
Quando as armas pararem.
Sente-se o chão estremecer...
São os fuzileiros em grupo
a marchar ou a correr!?
Alma destemida,
que põe o próximo em primeiro lugar
Alma que chora,
enquanto ele vai a marchar...
Corre ou marcha,
o som do fuzileiro é algo que vai longe
e faz o teu coração tremer de emoção...
Sua vida é cada dia mais audaz
Pois o fuzileiro por mim e por ti
Ele tudo faz...
Por cada dia
uma vida ele salva,
por cada vida,
ele dá a sua alma...
Fuzileiro amigo
Anjo de honra e leal
Que honras com a tua vida e dedicação
A nós e a Portugal...
Nota: Extraído, com autorização da autora, de textos postados no Facebook
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crónicas
Grandes Figuras da História
D. Afonso Henriques
José Horta
Inicio, nesta data, esse empreendimento,
para mim uma “epopeia” dado que, desde
logo, me assumi como não especialista na
matéria.
Na realidade, nos dias de hoje, o recurso
a meios informáticos permite o acesso a
fontes históricas que, até há uns tempos
atrás, obrigavam a uma pesquisa bibliográfica morosa, mais complexa e nem
sempre acessível.
A primeira personalidade que vos proponho
é uma figura inolvidável da nossa História. Trata-se do nosso primeiro rei que é,
sem sombra de dúvidas, o grande responsável pela fundação do reino de Portugal,
D. Afonso I, mais conhecido por D. Afonso
Henriques, primeiro soberano de Portugal e
da I Dinastia, também designada Dinastia
Afonsina (séculos XII a XIV), por ser este o
nome do seu primeiro rei.
Cognominado “O Conquistador” pelas inúmeras terras conquistadas aos mouros,
D. Afonso Henriques governou durante 57
anos, sendo desses, 15 anos como infante
e 42 anos como rei.
Era filho de D. Henrique de Borgonha e
da D. Teresa de Aragão, filha bastarda do
rei Afonso VI de Leão e Castela. D. Afonso
terá nascido em finais de 1108 ou 1109
(hipótese mais plausível), ano da morte de
seu avô (D. Afonso VI), não havendo consenso para o local de nascimento. Alguns
autores apontam a cidade de Guimarães,
outros Viseu, outros ainda Coimbra, tendo ido viver, depois, para Guimarães…
Foi seu aio Egas Moniz que teve um papel
preponderante na educação do príncipe.
Por volta do ano de 1112 morre seu pai,
o conde D. Henrique, tendo ficado sua
mãe, D. Teresa, à frente dos destinos do
Condado Portucalense. Devido à forte influência política, exercida sobre D. Teresa, pelo fidalgo galego Fernão Peres de
Trava (seu favorito), governador do Porto
e de Coimbra, o infante revolta-se e com
o apoio dos cavaleiros de armas de seu
pai e do arcebispo de Braga D. Paio, toma
uma posição política oposta à de sua mãe.
Arma-se a si próprio cavaleiro, em 1125
(há quem aponte 1122), na catedral de
Zamora, no dia de Pentecostes.
Em 1127, seu primo, Afonso VII, rei de
Leão e Castela, que a si próprio se intitulava imperador de toda a Hispania, invade o
Condado e cerca o castelo de Guimarães,
para que D. Afonso Henriques lhe prestasse vassalagem, tendo este conseguido
que seu primo levantasse o cerco, após
reafirmar a sua lealdade.
Feitas as pazes com o primo, D. Afonso
e seus nobres cavaleiros e seguidores,
viram-se para D. Teresa e para o conde
Peres de Trava. O conflito com a mãe só
viria a ser resolvido no dia 24 de Junho de
1128, no campo de S. Mamede, nos arredores de Guimarães, com a vitória das
hostes de D. Afonso Henriques que, a partir daí, assume as rédeas do governo do
Condado, oferecido a seu pai por Afonso VI.
Em 1130, Afonso VII opõe-se a uma tentativa frustrada de ocupação, por D. Afonso
Henriques, de algumas regiões fronteiriças, na Galiza, tendo estes assinado tréguas por dois anos.
É neste ano que morre D. Teresa.
Nesse tempo, eram dois os grandes objectivos de D. Afonso Henriques: a luta contra
Afonso VII e a expansão do território, para
sul, expulsando os muçulmanos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Guimarães#/media/File:Estatua_Dom_Afonso_Henriques.JPG
N
a minha última crónica, publicada
pela revista “O Desembarque” do
mês de Março de 2016, anunciei
uma segunda “série” de pequenas crónicas, dedicadas à vida e obra, de algumas
grandes figuras da História Mundial.
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Em 1131, prossegue a conquista de novas terras, fazendo D. Afonso da cidade de
Coimbra, o centro da sua acção.
A par com a expansão nos territórios meridionais, inicia-se a construção do mosteiro de Santa Cruz, naquela cidade. Em
1135 manda construir o castelo de Leiria,
de importância fundamental em todo o
processo de reconquista.
Entretanto, a norte (1136), D. Afonso e
seus partidários, levam de vencida um
confronto com forças galegas, em Cerneja.
Em 1137, D. Afonso tenta outros condados, também a norte, a que se opõe, com
sucesso, Afonso VII. Em consequência, é
celebrado o tratado de Paz em Tui. Em
simultâneo com estes acontecimentos, a
norte, os muçulmanos atacam a sul, facto
de que resultou a tomada do castelo de
Leiria.
D. Afonso Henriques volta-se, então, para
sul e, em 1139, defronta os mouros na
batalha de Ourique. A vitória do nosso rei,
em Ourique, é retumbante e, a partir daí,
D. Afonso passa a intitular-se rei, facto
que não foi reconhecido por seu primo
Afonso VII, na sua condição de imperador
de toda a Espanha.
Em 1140, os cavaleiros de D. Afonso
Henriques defrontaram e venceram, os
cavaleiros de Afonso VII num importante
torneio (ou justa), em Arcos de Valdevez,
após a invasão da Galiza, que se seguiu
ao rompimento, por D. Afonso, do Tratado
de Tui. Este, após a vitória naquele torneio
e aproveitando as boas graças da igreja,
tenta a aproximação à Santa Sé. Assume,
nesta causa, particular relevo a acção do
arcebispo de Braga, D. João Peculiar, que
faz com que o Papa Inocêncio II aceite a
vassalagem de D. Afonso, mediante o pagamento de um censo (quantia que os reis
pagavam ao Papa).
É assim que se inicia, no ano de 1143,
uma nova fase na política de aproximação entre Portugal e a igreja de Roma. O
monarca português declara-se vassalo do
Papa, contudo este, limitou-se a trata-lo
por Dux.
Nesse mesmo ano, no dia 5 de Outubro,
em Zamora, dá-se a assinatura dum tratado de Paz entre D. Afonso Henriques e
Afonso VII, na presença dum representante
do Papa, o cardeal Guido de Vico. O rei de
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crónicas
https://muccamargo.files.wordpress.com/2013/03/dsc02198.jpg
que viria, no ano seguinte, a receber foral.
Também neste ano, Juromenha e Serpa
são conquistadas aos mouros também
pel’ “O sem Pavor”.
Em 1169, Afonso Henriques doa aos Templários 1/3 das terras que conquistou no
Alentejo.
Entretanto, as conquistas de Geraldo, no
Alentejo, causavam apreensão ao rei de
Leão, tanto mais que estas inflectiam,
cada vez mais, para leste.
Tendo D. Afonso Henriques ido em auxílio
de Geraldo, em Badajoz, aproveitou Fernando II um acidente em que D. Afonso
partiu uma perna para o aprisionar. A li­
berdade só lhe foi restituída perante a devolução dos territórios tudenses, não sendo contestadas as terras tomadas a oeste
de Badajoz.
Castelo de Guimarães
Leão e Castela reconhece D. Afonso Henriques como rei e Portugal como reino independente, ficando o reino e o monarca,
sob a protecção papal. D. Afonso I, Rex,
compromete-se, a partir de então como
vassalo da Santa Sé e pelos seus descendentes, ao pagamento de um censo anual
no valor de 4 onças de ouro (124 g).
Estas negociações arrastaram-se por vários anos e, só em 1179, com o envio pelo
papa Alexandre III, da “Bula Manifestis
Probatum” é que o reconhecimento formal, por parte da Igreja de Roma, é concedida, mediante o envio, ad hoc, de um
presente de mil moedas de ouro.
Esta Bula, datada de 23 de Maio, conferia a D. Afonso I o direito à conquista de
terras aos muçulmanos, sobre as quais
outros príncipes cristãos não tivessem direitos anteriores. Foi nesta Bula que, pela
primeira vez, D. Afonso Henriques foi designado como rei, já perto do fim do seu
reinado. É coroado rei, nesse mesmo ano,
no mosteiro de Alcobaça.
Em 1153, funda a abadia cisterciense de
Alcobaça que viria a ter um papel muito
relevante no desenvolvimento da economia, predominantemente, agrária.
Em 1159, ocupa Tui e faz a doação do
castelo de Tomar à Ordem do Templo.
A partir de 1160, procede à doação de povoações a colonos francos, no centro do
país. Neste ano, é ainda celebrado o Tratado de Paz de Celanova, com Fernando II
de Leão, com a consequente devolução
da cidade de Tui. Três anos depois ocupa
Salamanca.
Em 1165, celebra, com o rei de Leão, a
paz em Pontevedra. Neste ano dá-se a
conquista definitiva de Évora, por Geraldo Geraldes, “O sem Pavor”, cidade esta
Os muçulmanos passam depois à ofensiva
e cercam o rei de Portugal, em Santarém,
depois de terem tomado quase todo o
Alentejo. D. Afonso foi então auxiliado por
Fernando II, por solidariedade cristã, vindo
a ser assinadas tréguas com os muçulmanos.
A carreira militar de D. Afonso Henriques
terminou, praticamente, após o incidente de Badajoz. O resto do seu reinado, a
partir daí, dedicou-o à administração do
território com a co-regência de seu filho
D. Sancho. Neste período, procurou fixar
as populações, promoveu o municipalismo
e concedeu diversos forais. Nestes anos,
contou com a ajuda preciosa de diversas
ordens religiosas e militares, designadamente dos Templários, dos Hospitalários
e de Sant’Iago, que tiveram papel importante na reconquista, ao que o rei retribuiu
com avultadas concessões.
Em 1145, D. Afonso casa com D. Mafalda
(ou Matilde), filha do conde Amadeu II de
Moriana e Sabóia e de Mafalda de Albon,
com quem teve 7 filhos, um dos quais, o
segundo, D. Sancho, veio a herdar o trono.
A partir de 1147, intensifica a conquista
de terras mais a sul, tomando de assalto
Santarém em Março e, de seguida, cerca
Lisboa que só em Outubro se rende, desta
feita com a ajuda dos Cruzados. Conquista, também, as localidades de Sintra, Almada e Palmela.
Em 1151, falha Alcácer do Sal que só em
1158 conseguiria e quase todo o Alentejo,
que mais tarde viria a perder.
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Monumento ao Tratado de Zamora (Lamego)
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crónicas
Em 1170, D. Afonso faz concessão régia
de forais aos muçulmanos livres de Lisboa
e outras regiões ao sul do Tejo.
Em 1172, dá-se o estabelecimento da Ordem Militar de Santiago, em Portugal.
e onde uma força naval portuguesa, comandada por D. Fuas Roupinho, alcaide-mor do castelo de Porto de Mós, derrotou
e expulsou, das nossas águas, uma frota
muçulmana, de Sevilha, que assolava e
pilhava, vários pontos da nossa costa.
sepultado, juntamente com D. Mafalda, na
igreja de Santa Cruz.
Sobe ao trono seu filho, D. Sancho I, que já
partilhava com seu pai, desde o incidente
de Badajoz, os negócios do reino.
Em 1175, é fundada a Ordem Militar de
Évora.
Nos anos seguintes, D. Fuas faz 2 incursões a Ceuta e é, precisamente aí, na
segunda incursão que vem a falecer, em
1182.
A primeira Bandeira da nação Portuguesa,
com fronteiras não definidas a sul, derivava do escudo de armas de D. Afonso Henriques, sendo depois também adoptada, nos
primeiros tempos, por seu filho D. Sancho.
Em 1179, para além da “Bula Manifestis
Probatum”, são concedidos forais a Santarém e Lisboa.
Em 1184, uma ofensiva Almóada recupera
vários territórios até à linha do Tejo, com
excepção de Évora.
Constava dum pano rectangular, branco
de prata, tendo sobreposta uma cruz
potentea, azul.
Em 15 de Julho do ano de 1180, dá-se a
batalha do Cabo Espichel, ao largo deste
No dia 6 de Dezembro de 1185, D Afonso
Henriques morre em Coimbra, onde está
José Manuel Carrajola Horta
Em 1173, celebra um Tratado de tréguas
com Iusuf I, imperador Almóada.
Bibliografia
– Mattoso, José. 2006. D. Afonso Henriques. 1.ª Ed. Círculo de Leitores. Rio de Mouro.
– Saraiva, José H. 1988. História Concisa de Portugal. Publ. Europa-América. 12.ª Ed, Mem
Martins.
– Serrão, Joaquim V. 1978. História de Portugal. 2.ª Ed. Verbo. Lisboa.
– Serrão, Joel. 1976. Pequeno Dicionário de História de Portugal – Iniciativas Editoriais, Lisboa.
Sóc. Orig. n.º 485
Endereços na internet
– http://www.historiadeportugal.com, acedido em 3 de Abril de 2015.
– http://www.arqnet.pt, acedido em 3 de Abril de 2015.
– http://www.infopedia.pt/$d.-afonso-henriques, acedido em 3 de Abril de 2015.
Sócio da AFZ
Participa, colabora e mantém as tuas quotas em dia.
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cadetes do mar
Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros
José Talhadas
4.ª Actividade
16 de Janeiro de 2016
Sóc. Orig. n.º 95
Comte UCMF / Mestre da UCMF
Afonso Brandão
Sóc. Orig. n.º 1277
Mestre da UCMF
C
onforme Calendário de Actividades da UCCMF, realizou-se
no sábado, 16 Janeiro, a visita de estudo ao Museu de Marinha, um dos mais fascinantes locais para conhecer a nossa
História Marítima.
Na sala de entrada, os cadetes começaram por contemplar o majestoso quadro que assinala as navegações portuguesas e toda a
nossa grande Epopeia Marítima.
Seguiu-se a sala dos Descobrimentos onde, numa aula interativa,
tiveram a oportunidade de se debruçarem sobre o estudo do Tratado de Tordesilhas, das Rotas dos Descobrimentos e principalmente do Caminho Marítimo para a Índia. Identificaram, assim, as
rotas traçadas pelos navegadores como Vasco da Gama que usou
as cartas marítimas até então conhecidas, para estabelecer uma
rota marítima para o oriente. Esta descoberta da Índia foi considerada o início do “Século do Ouro” para Portugal e o seu apogeu
como uma nova potência europeia.
Os cadetes percorreram depois a sala onde se encontram os expositores com os modelos de cada embarcação que os portugueses tiveram a capacidade de construir e utilizar, notando a sua
evolução e adaptação às condições dos mares que iam sendo encontradas e, bem assim, às necessidades militares e comerciais
do Império assente no poder naval e na capacidade de manter
rotas seguras.
Estas embarcações foram utilizadas nas diversas viagens que os
portugueses realizaram nos séculos XV e XVI.
Foi-lhes explicada toda a composição e a utilização destas embarcações (Caravelas, Naus e Galeões) bem como a vida dos tripulantes a bordo, sem esquecer a grande evolução da Caravela
Portuguesa (de velas latinas) para a Caravela Redonda que veio
a ficar conhecida como “Caravela de Armada”. Tratava-se de um
veleiro robusto, com pequeno calado, que lhe permitia navegar
em águas pouco profundas e que incorporava as Armadas como
auxiliar de outras embarcações de guerra.
Mais tarde surge a Nau, uma embarcação com grande capacidade de transporte para trânsito regular de ida e volta à India, na
chamada “carreira da India”, e o Galeão construído para a guerra
e que só esporadicamente era utilizado no trafego comercial.
Era uma embarcação de combate, muito avançada para a época,
devido ao seu armamento e artilharia naval. Tinha como missão
a protecção da nossa frota nos mares da Ásia e, principalmente,
contra a pirataria na carreira da Índia.
No final da visita, os cadetes reuniram com os formadores numa
sala onde deram a conhecer os esboços dos seus trabalhos individuais que irão desenvolver para apresentar no Dia dos Cadetes
do Mar.
5.ª Actividade
13 de Fevereiro de 2016
O
s Cadetes foram recebidos na Escola de Fuzileiros pelo Oficial de Dia que apresentou as boas vindas em nome do Comandante da Escola de Fuzileiros.
No período da manhã deram-se início às actividades de formação
na área de Aptidão Física – Técnicas de Defesa Pessoal.
Assim, os Cadetes começaram por efectuar o aquecimento (condição física geral – mobilidade articular), passando depois à técnica de Defesa Pessoal com pegas cruzadas, em cima, em baixo
e pegas de controlo/imobilização.
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cadetes do mar
Seguiu-se Strike (Boxe e Muay thay) – Sequências de 2/3 golpes
(directos e pontapés frontais) e Middle KicK sofrendo contra-ataque
com queda.
Finalmente terminaram com o Jiu-jitsu; Baiana (double leg) e Single
Leg, variantes de técnicas de queda, terminando esta aula com
relaxamento muscular/articular e alongamentos.
sub-temas: Cadete Porta-Flâmula, Porta-Guião e Porta-Estandarte
Nacional. Esta formação foi complementada com generalidades
sobre os Blocos de Estandartes e Guiões, Constituição dos Blocos
e das Escoltas e respectivas posições.
Os cadetes seguiram depois para a sala de aula atribuída onde foi
ministrada a formação de Comportamento Cívico/Comunidade
Naval, sob o tema Regras para uso da Bandeira Nacional.
Seguiu-se uma sessão de estudo onde foram revistos os procedimentos dos cadetes na sua formação ao longo das actividades
do ano e onde foram igualmente esclarecidas algumas questões
colocadas sobre os trabalhos a apresentar no Dia dos Cadetes de
Portugal.
Na parte da tarde, os cadetes iniciaram a sua formação adquirindo conhecimentos na área de Cerimonial Naval e versando os
No final das actividades, os alunos foram transportados de regresso à Estação Fluvial do Barreiro.
6.ª Actividade
5 de Março de 2016
C
omo é tradição, também para esta actividade os Cadetes
foram recebidos na Escola de Fuzileiros pelo Oficial de Dia
que apresentou as boas vindas em nome do Comandante da
Escola de Fuzileiros.
No período da manhã, deram-se início às actividades de Formação
na área de Aptidão Física com a travessia da Pista de Lodo. Os
cadetes, acompanhados por um formador da Escola de Fuzileiros,
iniciaram assim o primeiro contacto com as novas dificuldades
em se movimentarem em terreno pantanoso, procurando criar o
alento necessário para enfrentar o sacrifício com a vontade de
atingir o objectivo, fortalecer o espírito de grupo e de entreajuda,
características necessárias para ultrapassar as dificuldades
encontradas ao longo do percurso.
No final, depois de um duche retemperador de água quente, um
luxo que noutras circunstâncias poderão não ter, ficou a sensação
de mais uma conquista e, pricipalmente para os cadetes do 1.º
ano, o contacto com esta nova experiência!
Seguiu-se a continuação da formação na área de Cerimonial Naval constando de uma aula sobre movimentos do militar armado
de espada.
Assim, os cadetes aprenderam algumas posições e movimentos
com a espada embainhada e desembainhada, a pé firme e em
marcha. A instrução terminou com o cadete exercendo funções
de Comando de uma Escolta ao Bloco de Estandartes e/ou Porta-Guiões.
Na parte da tarde, depois da entrega do fardamento (uniforme
n.º 9) no Depósito de Fardamento, iniciou-se o treino da Cerimónia do Dia do Cadete de Portugal a realizar no dia 30 Abril.
Seguiu-se o programa/guião dessa cerimónia com o treino dos
procedimentos na parada bem como nas salas onde irão ser
apresentados os diversos trabalhos individuais dos Cadetes. No
final das actividades, os alunos foram transportados de regresso
para a Estação Fluvial do Barreiro.
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divisões
Divisão do Mar
e das Actividades Lúdicas e Desportivas
Torneio Dia Olímpico FPT
Pistola AC 10 m e Carabina AC 10 m
Textos de Espada Pereira
Sóc. Orig. n.º 445
Chefe de Divisão do MALD
R
ealizou-se, na Carreira de Tiro do
Complexo Desportivo do Jamor no
passado dia 30 e 31 de Janeiro, o Torneio Dia Olímpico FPT 2016.
Este torneio, que se realizou nas modalidades de pistola de ar comprimido a 10 metros (P10) e espingarda de ar comprimido a
10 metros (C10), contou com a participação
de dois atletas da AFZ, um em cada modalidade.
Disputada a prova de qualificação de ambas as modalidades que contou com os
melhores atletas nacionais, foram apurados
os atletas para disputar a final olímpica!
Nesta alta competição, foram qualificados os dois atletas da AFZ para disputar a final onde obtiveram ambos os atletas o 6.º lugar na Final
Olímpica!
Aos nossos atletas Rui Rodrigues, em P10, e ao Marcelo Cazassa, em C10, os nossos parabéns pelos resultados obtidos e por terem levando o nome da nossa Associação a um nível tão acima! Saudações desportivas…
Troféu JSR
em Arma Curta de Recreio a 25 m
C
om o arranque de mais um ano desportivo, a Secção de
Tiro da Associação de Fuzileiros participou em mais uma
competição que se realizou no dia 2 de Abril na carreira
de tiro da JSR-ACN em Corroios.
Com um total de 61 atletas inscritos nos diferentes escalões,
a AFZ conquistou o 2.º Lugar em Equipas e o 3.º lugar individual no Escalão HS obtido pelo atleta João Pereira!
De salientar o facto de ter conseguido classificar cinco dos
seus atletas nos primeiros dez da tabela!
Parabéns a todos…
Machada em Orientação
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I
nserido na implementação de novas modalidades desportivas,
realizou-se no passado dia 24 de Abril na Mata Nacional da Machada o 2.º evento de Orientação Desportiva da AFZ.
Este evento que permitiu relembrar os tempos de “Carta na Mão”,
permitiu também aos nossos associados a possibilidade de dar a
conhecer aos seus convidados as técnicas de Orientação ministradas nos Cursos de Fuzileiro.
Num ambiente descontraído e sem carácter competitivo, as Equipas exploraram o percurso de 6 km à procura das balizas que por
vezes se mostraram difíceis de localizar.
Com um total de 25 participantes, e sem que ninguém se perdesse, no final do percurso a Baliza n.º 8 ficava localizada no agradável Parque de Merendas da Mata da Machada onde o evento
prosseguiu em convívio com uma agradável churrascada para
finalizar o dia!
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divisões
Torneio de Tiro Dia da Marinha 2016
I
nserido nas comemorações do Dia da Marinha 2016, realizou-se a 14 e 15 de Maio na Carreira de Tiro do Centro de Educação Física
da Armada (CEFA), o Torneio de Tiro do Dia da Marinha disputado nas modalidades de Pistola 25 m (P25) e Pistola de Percussão
Central (PPC).
Este torneio, realizado com organização conjunta dos três clubes desportivos
ligados à Marinha e com modalidade de tiro (AFZ, CPA e CNOCA ), teve este
ano como coordenador a AFZ!
Com um total de 22 atletas masculinos a participar em PPC e 6 atletas
femininos a participar em P25, a competição realizou-se num agradável
ambiente desportivo da modalidade onde todos mostraram agrado pela
excelência da organização conjunta!
A entrega de prémios, realizada no domingo, contou com a presença dos
mais altos representantes dos clubes envolvidos, bem como das entidades
de Marinha que deram o seu apoio incondicional para que a nossa Instituição
mais uma vez brilhasse!
Classificação Final
PPC – Individual (Escalão Único)
1.º Class. – José Marracho (Clube de Praças da Armada)
2.º Class. – José Costa (Guarda Nacional Republicana )
3.º Class. – António Durães (Clube de Atiradores do Pessoal da PSP)
P25 – Individual (Escalão SS )
1.ª Class. – Ana Batista (Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar)
2.ª Class. – Patricia Girão (JSR Clube de Tiro)
3.ª Class. – Filipa Marracho (Clube Náutico de Oficiais e Cadetes da Armada)
P25 – Individual ( Escalão SJ )
1.ª Class. – Mafalda Serafim (Sporting Clube de Portugal)
A VOSSA ASSOCIAÇÃO
VIVE DAS VOSSAS QUOTAS
LOJA DAS PAIVAS
Tel.: 211 818 829
LOJA DO MONTIJO
Tel.: 212 312 290
ORTOPEDIA MONTEIRO
Fabrico de Próteses e Ortóteses
Unipessoal, Lta.
LOJA MATOSINHOS
Tel.: 224 969 620
LOJA DA AMADORA
Tel.: 214 345 576
LOJA VIANA DO CASTELO
[email protected]
www.ortopaulos.pt
[email protected]
ortopedia.monteiro
Tel.: 258 811 201
Prezados Camaradas:
Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de
novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa participação.
Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para
que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos, é
determinante podermos contar com a quotização de todos nós, desta grande
Família que, à volta da sua Associação, se vai juntando.
Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas pode ter várias
leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas.
Porém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos
dispusermos a resolver o problema.
Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros, no sentido
de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e a dos
membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas.
Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios
têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a que o
quantitativo das quotas se acumule aconselhamos e incentivamos a que optem
pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses.
Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de
quatro cafés por mês?
Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o
envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para
os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano.
Solicitamos a todos os Sócios que preencham o impresso para autorização de
pagamentos das quotas por débito bancário, sistema que é muito mais cómodo
e evita o pagamento de quotas acumuladas.
NIB da AFZ
0035 0676 0000 8115 8306 9 (CGD)
Informem-se junto do Secretariado Nacional (tel.: 212 060 079,
telem.: 927 979 461, email: [email protected])
Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente
pagam não devem suportar as despesas dos que não pagam.
Cordiais e amigas saudações associativas.
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A Direcção Nacional
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delegações
Delegação do Algarve
III Prova BTT
N
o dia 24 de Janeiro de 2016, a Delegação de Fuzileiros do
Algarve organizou o III Passeio de BTT/Convívio que contou
com uma inesperada e forte adesão de vários camaradas do
Barlavento Algarvio. Os participantes começaram a juntar-se no
largo da Mexilhoeira da Carregação (Lagoa) logo bem cedo pela
manhã e arrancaram para o percurso, reconhecido na véspera, e
com cerca de 30 km.
Durante o percurso aconteceram muitas situações estranhas ao
BTT, sendo de salientar uma emboscada levada a cabo por uma
equipa de Air-soft “amalhada” no terreno e os inevitáveis banhos
no Rio Arade para os mais “acalorados”.
O evento terminou num almoço-convívio e contou com 44 elementos.
5.º Aniversário
R
ealizou-se, no passado dia 5 de Março de 2016 em Portimão,
o 5.º Aniversário da Delegação de Fuzileiros do Algarve que
contou com a presença de 100 convidados entre entidades,
familiares e amigos que aproveitaram o eterno sol e céu azul
algarvio para mais um convívio memorável.
Os anfitriões Daniel Caetano (Vice do Clube Naval de Portimão) e
Paulo Domingues (Presidente da Delegação de Fuzileiros do Algarve) receberam os convidados de uma forma “aligeirada” deixando todos à vontade para um encontro que se destacou pela
forte amizade e convívio entre os todos os presentes.
Estiveram no evento, entre outras, as seguintes entidades: o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Sr. Joaquim Castelão Rodrigues; o CALM Cortes Picciochi; o Presidente da Associação de Fuzileiros, CMG António Ruivo; CFR Álvaro Relvas; o 2.º
CMDT da EF, CFR Fernandes Gil ; o Patrão-mor do Porto de Portimão, Adérito Pereira; o Chefe da Polícia Marítima de Olhão, Vítor
Adão; o Presidente da Delegação de Juromenha/Elvas, Licínio
Morgado; o Presidente da Delegação do Douro Litoral, Fernando
Mendes; o Presidente do Clube Escola Amizade, João Ferreira; o
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Delegacoes_Todas+QtRelva+ProtocDFA+PovoaTejo.indd 44
ex-Presidente da Associação de Paraquedistas, Ilídio e o Director
do “Hercules Séries”, Sr. António Vitorino.
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delegações
O almoço descontraído, proporcionou aos presentes excelentes
momentos de convívio num vaivém entre o interior do restaurante
e a enorme varanda do Clube Naval que paira sobre o Rio Arade.
Perto do final da tarde, passou-se aos discursos e trocas de lembranças, momento alto do convívio onde todas as entidades e
convidados tiveram oportunidade de deixar uma palavra para a
posterioridade, aquecendo o ambiente para o “trinchar” do bolo,
dignamente acompanhado pelo brinde com Vinho do Porto que
“municiou” o mais marreta para o grito do Fuzileiro.
Para o ano 2017, a fasquia promete elevar-se ainda mais um
pouco e já está marcado o 6.º Aniversário da DFZA para o dia 4,
primeiro sábado de Março de 2017.
Ainda de referenciar as presenças de Juan Perea Jurado – Grupo
de Operaciones Especiales (Boinas Verdes – Espanha); Luis Lopes
e José Mário Parreira da “Rádio Filhos da Escola”; e os camaradas Egas Soares e Mário Manso, grandes referências para todos
os Fuzileiros.
O dia começou com a recepção aos convidados no salão de honra
do Clube Naval de Portimão onde os presentes tiveram a oportunidade de conviver, trocando histórias e memórias e conciliando
a atividade com a sempre complicada tarefa de ir provando os
petiscos e beberetes perfilados para a ocasião ao estilo static dispay. À hora marcada, os convidados subiram para o tradicional
almoço tendo-se observado o habitual “minuto de silêncio”, homenageando os camaradas tombados em defesa da Pátria e os
que, entretanto, nos deixaram.
PROTOCOLOS subscritos pela DFZA
50% desconto (entradas no parque)
para sócios e familiares de 1.º grau
AquaShow
15% sobre tarifa balcão (Hotel) para
sócios e familiares de 1.º grau
Quarteira
Ginásio do Sul
Olhão
Passe mensal free acessos: 25%/mês
para sócios e familiares de 1.º grau
Cerimónia de homenagem
aos combatentes em Lagos
A
convite da Liga de Combatentes de Lagos, a Delegação de Fuzileiros do Algarve
esteve presente com dois elementos, no passado dia 9 de Abril de 2016, numa
cerimónia de homenagem aos combatentes mortos ao serviço da Pátria.
A cerimónia realizou-se com a participação de outras Associações Militares do Algarve
e na Praça Luís de Camões, local simbólico da cidade berço dos descobrimentos tendo
sido presidida pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lagos.
Delegação de Fuzileiros do Algarve
Próximas actividades previstas:
– 35.ª Concentração Motos em Faro
14 a 17 de Julho de 2016
– Participação na 37.ª FATACIL (Lagoa)
19 a 28 de Agosto de 2016
– VI Descida Rio Arade
11 de Setembro de 2016
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A DFZA convida desde já todos os filhos da escola
a constituirem equipa.
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delegações
Delegação do Douro Litoral
Passeio em Bicicleta e
Visita ao Museu da Indústria Conserveira da Murtosa
N
o dia 28 de Maio de 2016, a DFZDL
promoveu um passeio de bicicleta.
O convite da Câmara Municipal da
Murtosa para visitar o museu da “Comur”, fábrica de conservas, foi o pretexto
e, como não podia deixar de ser, para o
piquenique e convívio.
Fomos muito bem recebidos no Museu da
Indústria Conserveira e queremos deixar
aqui um agradecimento especial ao Dr. Oliveira que, detalhadamente, explicou como
se produzem as conservas da enguia e de
atum.
Foi um são e animado convívio entre camaradas, amigos e suas famílias e que
correu muito bem.
Percorreram-se de bicicleta os passadiços das rias da Murtosa o que, só por si, vale a pena. O Dr. Oliveira lançou-nos o convite para que, numa próxima oportunidade,
provamos um passeio nos barcos da apanha do sargaço com piquenique numa ilha da Murtosa.
Julgamos que o convite não será esquecido….
Apresentação do livro “O Outro Lado da Guerra Colonial”
A
Delegação do Douro Litoral esteve também bem representada, a convite da autora, na apresentação do livro “O Outro Lado da Guerra Colonial”, da jornalista e escritora Dora Alexandre e prefaciado pelo ilustre
Professor Adriano Moreira.
O evento decorreu na FNAC do Norteshopping tendo sido entrevistados vários ex-combatentes, entre eles o nosso vogal da Direcção, Hernâni da Silva
Pinto, que fez comissão em Moçambique integrado no DFE 11 e que, na sua
brilhante intervenção, muito dignificou a classe a que pertence e a nossa
Delegação.
“Ninguém fica para trás” foi a frase por ele utilizada para caracterizar os
Fuzileiros! Esta obra “mostra que ainda há muito por contar sobre o conflito
português no Ultramar”.
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delegações
Delegação de Juromenha/Elvas
Cerimónia do
Dia do Combatente
A
Delegação, como habitualmente,
marcou presença nas celebrações
do Dia do Combatente em Elvas.
A cerimónia, promovida pelo Núcleo de
Elvas da Liga dos Combatentes, realizou-se na manhã de 11 de Abril de 2016, assinalando o Dia do Combatente e o 98.º
aniversário da Batalha de “La Lys”.
Na cerimónia, que decorreu junto ao Monumento aos Combatentes situado às
portas de Olivença, em Elvas, o nosso camarada Barbado assumiu a representação
com o garbo que sempre o identifica.
Visita do DFE 10
Comemorações do
6.º Aniversário
Moçambique 1974/75
C
omemorou-se no dia 4 de Junho com muitos convidados e amigos e de acordo com o programa estabelecido
onde pontuou o almoço servido no Restaurante Pirâmides de S. Pedro, no Alandroal.
N
o passado dia 14 de Maio que a DFE – 10 Moçambique
1974/75, comandado pelo VALM Vargas de Matos, conquistou Juromenha.
Foi por ocasião do convívio anual daquela Unidade que a Delegação da Associação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas (DFZJE)
teve a honra de receber na sua sede os elementos do DFE 10 e
suas famílias.
O grupo teve assim oportunidade de visitar a Fortaleza de Juromenha (Castelo) e a sede da DFZJE onde pode tomar conhecimento das actividades daquela Delegação e onde lhes foi servido
um aperitivo para o almoço que se seguiu no Restaurante “Sentinela do Guadiana”, que fica logo ali ao lado.
Na recepção e almoço esteve envolvida grande parte da Direcção,
nomeadamente os seus Presidente e Vice-Presidente.
Foi um excelente momento de convívio entre camaradas mais
modernos e mais antigos!
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convívios
Companhia de Fuzileiros N.º 6
Angola 1973/75 – 40 anos depois
26 de Setembro de 2015
N
JANEIRO 73, a partida para Angola.
JANEIRO 75, o regresso a casa.
SETEMBRO 2015, o reencontro, 40 anos depois!
ão foi fácil voltar a reunir a guarnição da CF 6, Angola 73/75,
talvez porque foi uma unidade “sem Comandante”. De tal
forma que durante o convívio, se alguns lamentaram que o
Comandante não estivesse presente outros referiram que “não o
tinham conhecido”!
Coisas da guerra, coisas daqueles tempos! Mas o importante foi
que, devido à vontade e persistência de uns poucos, mas fundamentalmente devido ao trabalho, à vontade, à disponibilidade dos
grumetes Martinho Alves (121071) e Rui Silva (121571), em 26 de
Setembro de 2015 o ponto de encontro voltou a ser a “casa mãe
dos Fuzileiros”, a Escola de Fuzileiros.
colocados à sua disposição, aproveitaram a oportunidade para REVIVER, contar histórias e outras estórias, prometer outros encontros e reencontros, desejar mutuamente saúde, venturas, longos
anos de vida, VIVER DE NOVO!
E ficou ainda a promessa de voltarem a reencontrar-se, eventualmente em convívios de outras Unidades de Fuzileiros, nomeadamente daquelas que muitos deles também integraram nesta ou
noutras comissões. Este foi o desafio que ficou.
João Carmona
Como não podia deixar de ser e após os abraços do reencontro,
a guarnição começou por reunir na Capela da Escola de Fuzileiros onde o Capelão Nazaré, face à indisponibilidade do Capelão
Licínio, fez as honras da cerimónia onde recordámos aqueles que
já “partiram”.
Daí seguimos para junto ao Monumento ao Fuzileiro e ali, com
as honras da ordenança, depusemos uma coroa de flores para
homenagear os nossos e todos os outros que já nos deixaram.
E para que a CF 6, Angola 73/75, passasse a estar PRESENTE para
sempre. também no monumento foi descerrada uma lápide onde
está inscrito, enquanto os Homens e a História quiserem, Companhia de Fuzileiros n.º 6 – Angola 1973/75 – PRESENTE!
Da Escola de Fuzileiros, a guarnição da CF 6 e suas famílias seguiram para a Quinta da Alegria onde, à volta da mesa e dos acepipes
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convívios
1.º Curso de Fuzileiros de 2001
15.º Aniversário
13 de Fevereiro de 2016
N
o passado dia 13 de Fevereiro de
2016, realizou-se no restaurante da
Associação de Fuzileiros no Barreiro
o Almoço Comemorativo do 15º aniversário do 1.º Curso de Fuzileiros de 2001.
Estiveram presentes no evento 19 Filhos
da escola, uns no activo e outros que seguiram suas vidas fora da carreira militar.
É sempre agradável relembrar algumas
peripécias do curso na Escola de Fuzileiros e nas Unidades Operacionais onde
prestamos serviço e cumprimos missões.
Para o ano haverá outro almoço, organizado por outros filhos da escola e noutra
localidade.
É sempre um prazer reviver estes momentos uma vez por ano e espero que dure
enquanto vivermos.
Victor Lage
Cab Fz
INFORMAÇÃO aos Sócios
Salão Polivalente e de Refeições
Informamos os nossos Associados que o Snack-Bar da AFZ, da nossa Sede Social, está em
pleno funcionamento após obras de conservação e manutenção. O Salão Polivalente e a
cozinha do Snack-Bar foram totalmente remodelados incluindo o mobiliário.
Daqui exortamos todos os Sócios a que frequentem a nossa/Vossa Sede, o Bar e o Salão
Polivalente e de Refeições e a que, os Camaradas organizadores dos habituais Almoços/
Convívios, consultem sempre a AFZ e/ou o respectivo Concessionário do espaço, porque
encontrarão, por certo, condições de relação qualidade/preço muito favoráveis, para além
de um ambiente agradável e de muito nível, propício à realização de eventos de qualquer
natureza, em que as nostálgicas saudades, as alegrias, a amizade, a solidariedade, as nossas histórias e o espírito do fuzileiro se podem revelar em toda a sua plenitude.
Sugerimos que as marcações de pequenos eventos ou os almoços/convívios sejam, em
princípio, marcados com a intervenção do Secretariado Nacional da AFZ (Contactos – telefone: 212 060 079; telemóvel: 927 979 461, email: [email protected]) por razões
que têm a ver com a programação dos eventos da iniciativa da Direcção.
O Concessionário, cujo novo telefone é o 210 853 030, tem instruções para dar conhecimento
à Direcção de todos os eventos e/ou convívios que venham a ocorrer na Sede Nacional,
antes de se comprometer na sua realização.
Saudações a todos os Sócios e suas Famílias.
A Direcção Nacional da AFZ
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convívios
2.º CFORN FZ de 1990/91
25.º Aniversário
14 de Fevereiro de 2016
O
2.º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval da classe de Fuzileiros de 1990/91 comemorou o seu 25º aniversário na Escola de Fuzileiros no dia 14 de Fevereiro de 2016,
precisamente 25 anos depois de o ter iniciado.
Foi em 14 de Fevereiro de 1991, que 25 jovens oriundos de vários
pontos de país, se reuniram na Escola de Fuzileiros para iniciarem
o 2.º CFORN/FZ 1990/91, momento que ficou marcado nas mentes de todos nós, e por isso nos quisemos juntar para assinalar
essa data.
O evento foi alargado à nossa família, que entretanto foi constituída, tendo por isso os festejos, tido um sabor especial, por
podermos partilhar alguns dos melhores momentos que vivemos
na casa mãe dos Fuzileiros e fora dela, com aqueles que mais
gostamos.
E, para compor o ramalhete, não nos esquecemos dos nossos instrutores, tendo também feito questão de comparecer o Capitão-de-Fragata Teixeira e os Sargentos Chefe Lopes e Godinho, não
podendo estar presentes fisicamente, por nos terem deixado precocemente, tendo no entanto estado sempre nas nossas lembranças, o 2.º Ten Pimenta e o 1.º Sarg Monteiro, que completavam a
equipa de instrutores.
O programa das festas iniciou-se com a receção de todos os presentes, feita pelo Sr. Capitão-de-Fragata Pinto Conde, que nos recebeu com amabilidade e simpáticas palavras alusivas ao evento.
Seguiu-se o momento mais solene da manhã, que se iniciou com
a deposição de uma coroa de flores no Monumento ao Fuzileiro,
homenageando dessa forma todos os camaradas falecidos, seguido do descerrar de uma placa alusiva ao 25.º aniversário e a
habitual visita ao Museu do Fuzileiro, terminando o evento com
um excelente almoço na messe de Oficiais, que teve como sobremesa um bolo alusivo à efeméride.
A todos os que de algum modo contribuíram para a realização do
evento os nossos agradecimentos e bem hajam.
“Fuzileiro uma vez,
Fuzileiro para sempre”
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convívios
Incorporação na Armada de Fevereiro de 1991
25.º Aniversário
20 de Fevereiro de 2016
F
az 25 anos que um grupo de jovens rapazes deu início ao
que viria a ser, o primeiro grande desafio das suas vidas.
A sempre difícil integração à vida militar aconteceu, e durante
a primeira semana, a Escola de Fuzileiros recebeu mais de meio
milhar de jovens oriundos de toda a parte do país, desde a capital
até à mais pequena vila ou lugar do interior. À sua espera estavam
provas físicas e psicológicas muito duras, ministradas por instrutores que iriam por à prova os limites da resistência de cada um.
Os lemas “Alfa, Alfa, Alfa, dureza feita fibra” e “Bravo, Bravo,
Bravo, dos outros somos diferentes”, espicaçavam o espirito de
competição das várias turmas, sempre dentro de um grande rigor
de disciplina, apanágio da Marinha Portuguesa e bem vincado nos
Fuzileiros.
As inúmeras provas que se seguiram, foram fazendo gradualmente a seleção das capacidades de cada um, eliminando os menos
aptos e fortalecendo os mais capazes, muitas delas só eram ultrapassáveis se imperasse um enorme espirito de união, camaradagem e entre ajuda.
O dia do juramento de bandeira, marco na vida de quem foi e é
militar, deu a oportunidade de mostrar às namoradas, familiares e
amigos a casa onde tinham passado os dois últimos meses, esse
dia cravou definitivamente o orgulho de pertencer à Marinha, e
engrandeceu a vontade de chegar ao fim, o caminho ainda não
tinha chegado a meio e as exigências físicas iriam aumentar exponencialmente.
A ITB, é provavelmente o período de tempo que mais “histórias”
reúne, as várias provas na Mata da Machada, os tempos a cumprir e melhorar nas Pistas de combate e lodo, os 9 Km com passagem pelo lodo, as saídas para a Mata da Machada e para o Marco
do Grilo, os treinos no Rio Coina, os desembarques nas praias do
Barreiro, os exercícios em Troia, a travessia do açude, a temível
descida do sado, entre muitos e muitos outros exercícios, e claro
a Fuzitur, que só alguns tiveram o “prazer” de fazer, fruto da sua
irreverência.
Ao desgaste físico juntava-se a exigência dos instrutores, muitas
das vezes a roçar o cómico, que facilmente levavam os grumetes
a cumprirem uma pista de lodo às seis da manhã como castigo,
os graus de prontidão sempre feitos em horas que o corpo exigia
descanso, ainda hoje alguns nomes colocam estes adultos em
sentido, Moreira, Rocha, Pinto, Serrano, Costa, Ferreira, Sabino,
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convívios
Arrábida, a ultima passagem
pelo Rio Coina, local mais conhecido por “Mike Charlie” e a
derradeira entrada pelo Portão
da Escola de Fuzileiros, agora
sim já nada lhes tiraria a boina
azul ferrete da cabeça.
O dia de imposição de boinas
chegou, dia único na vida dos
rapazes que ali chegaram, o
orgulho transbordava, eram os
melhores do mundo com a boina azul ferrete na cabeça, não
é mito, foi mesmo conquistada
com sangue, suor e lágrimas.
Hoje prestam homenagem a
tudo aquilo que passaram,
prestam homenagem aos homens que lhes transmitiram os valores
e os levaram ao objetivo, hoje sabem o
verdadeiro significado. Fuzileiro uma vez,
fuzileiro para sempre.
Fernandes, Silva Batista, Almeida, Lobato, Madeira, Neves, Oliveira, Henriques,
Marcial, Caldeira, Flores, Reis, Afonso, é
impossível recordar todos, mas todos eles
deixaram marca.
FUZOS – PRONTOS
DO MAR – PRÁ TERRA
DESEMBARCAR – AO ASSALTO
DESEMBARCAR – AO ASSALTO
O final do curso aproximava-se, as exigências estavam no máximo, os 15 dias em
Odemira terminavam com a melhor sopa
que alguma vez foi comida, o temível Sado
voltava a marcar presença e finalmente a
marcha final pela harmoniosa Serra da
Luís Arada
1º GRT/FZ 015032/91
P
ara assinalar os 25 anos da Incorporação na Armada, os camaradas Rodrigues –
015051/91 e Arada – 015032/91 organizaram o convívio da Escola de Fevereiro de
1991.
Foram realizadas várias iniciativas, as quais foram solicitadas e devidamente autorizadas pelo Ex.º CMD da CCF e pelo Ex.ª CMD da Escola de Fuzileiros, aos quais desde já
agradecemos:
– a ida à Pista de lodo;
– o passeio de botes no Rio Coina;
– a colocação no Mural da Placa alusiva aos 25 anos da incorporação, a visita ao museu
e a respectiva homenagem aos Fuzileiros mortos em combate.
Um mundo de soluções para o seu lar...
Quero destacar também a presença dos
nossos Veteranos Mário Manso e José
Manuel Parreira, como também do nosso
instrutor Luís Costa que ao longo destes
anos nos tem sempre acompanhado.
Terminando com um almoço no restaurante da nossa Associação, para o ano cá
estaremos, todos juntos para assinalar
mais um ano na excelente companhia
desta família.
“Fuzileiro uma vez,
Fuzileiro para sempre”
Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt
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Rodrigues
1º GRT/FZ 015051/91
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convívios
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13
Guiné 1968/70
9 de Abril de 2016
E
m 9 Abril passado, os Fuzileiros do DFE13, acompanhados
por Familiares e Amigos, desembarcaram em Atouguia da
Baleia (Peniche), a fim de comemorarem o 48.º aniversário
do início da sua Comissão na Guiné.
Após concentração no adro da muito antiga e bela Igreja de
N.ª Sr.ª da Conceição, foi aqui celebrada Missa, durante a qual
foram evocados os Mortos da Unidade (em combate e posteriormente), os quais depois também foram homenageados em cerimónia com deposição de coroa de flores junto do Monumento aos
Militares naturais de Atouguia da Baleia que morreram no Ultramar, tendo estado presente o Presidente da Junta de Freguesia.
A confraternização que se seguiu teve lugar no restaurante
“A Bateira”, à volta de uma excelente e abundante caldeirada,
em ambiente de muita amizade e recordações e com a animação
musical do nosso “artista” Antonino (“Peniche”)!
Em momento oportuno, o Comandante do DFE, Almirante Vieira Matias, proferiu uma alocução na qual salientou o excelente
comportamento de todos, superando exigentes e duras condições
com elevado desempenho operacional que mereceu superior reconhecimento.
Referiu também o espírito de unidade criado que tem, aliás, motivado a vontade de estar presente nestes reencontros anuais.
A organização do Encontro esteve a cargo dos Antonino Pinto
(“Peniche”) e Luís Alves (“Guiné”), de forma muito competente
e dedicada.
Foram obtidos os apoios dos Comandos do Corpo de Fuzileiros,
da Base Naval de Lisboa, da Escola de Fuzileiros e da Direcção de
Transportes aos quais muito se agradece.
Vasco Brazão
CMG FZE (Ref)
Sócio n.º 277
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convívios
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 9
Guiné 1964/66
Homenagem ao Ericeira
9 de Abril de 2016
N
o dia 9 de Abril de 2016, os Fuzileiros
do DFE 9 – Guiné 1964/66 reuniram-se na vila da Ericeira para homenagear o seu camarada de armas, grumete
fuzileiro n.º 9549, Eduardo Henriques Pereira, “O Ericeira” que ali, muito justificadamente, dá o seu nome a uma das ruas
mais importantes daquela vila piscatória.
A Associação de Fuzileiros não poderia
deixar de estar presente nesta cerimónia e
foi representada no evento pelo seu Vice-Presidente Benjamim Correia.
O nosso herói foi de facto um filho daquela terra que se notabilizou pelos feitos em
combate, de que rezam os muitos louvores que lhe foram atribuídos e cuja recordação permanece viva nas memórias dos
que ao seu lado lutaram pela Pátria.
“CÔCA HOMENAGEADO HOJE
A sua História já foi, em grande medida,
divulgada por um dos seus comandantes,
o CMG Metelo de Nápoles, mas como diz o
autor, ainda muito haverá por dizer.
O evento foi noticiado no jornal local “O
Ericeira” nestes termos:
Este Jagoz que morreu no Ultramar já tem
uma rua na Vila da Ericeira com o seu
nome Eduardo Henriques Pereira.”
Contributos do CMG Metelo de Nápoles
Sócio n.º 225
Hoje, sábado dia 9 de Abril, ao meio dia,
um grupo de cerca de trinta antigos militares, colegas do “Côca” na Guiné, prestaram-lhe uma homenagem, depositando
um ramo de flores junto à placa toponímica com o seu nome, contando com a
presença dos primos do homenageado,
António e Isidoro!
Nota da Redacção
Caros leitores,
Neste período ocorre a maioria dos convívios FZ que se organizam ao longo de cada ano e, como é natural, a nossa
vontade é poder dar nota de todos eles no período abrangido por cada Revista.
No entanto, face a limitações de espaço e à necessidade de fazer uma Revista equilibrada em todas as rubricas nela
inseridas, nem sempre é possível corresponder ao vosso, e também nosso, desejo de publicar todos os convívios de
que nos vai chegando notícia, havendo necessidade de transferir alguns para o Revista seguinte respeitando, contudo,
a ordem cronológica da realização dos eventos.
Haja sempre alguém que registe estes momentos de convívio (texto e fotografias) e se encarregue de no-los fazer
chegar.
Bem hajam pelos vossos contributos!
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O DESEMBARQUE • n.º 24 • Junho de 2016 • www.associacaodefuzileiros.pt
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obituário
Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram
Neste período não nos foram comunicados óbitos de entre os nossos Associados.
Embora não sendo sócio da AFZ, a pedido de camaradas, comunicamos que faleceu, em Maio deste ano, o MAR FZE 1005/64 Jacinto
Venâncio de Assunção, que pertenceu ao DFE 6, Guiné, 1966/67.
Companhia n.º 8 de Fuzileiros – Angola 1968/70
Homenagem e Memória – A Pátria Honrai
Camaradas,
Comemoramos este ano 48 anos da nossa partida para Angola, integrados na Companhia de Fuzileiros n.º 8, e embarcados na
Fragata João Belo.
Queria prestar homenagem ao nosso Comandante Eurico Fortunato Gusmão Burguete, já falecido, ao Grumete 1257/67 João
Brito Augusto Pires que deixou a vida no Rio Zaire e ao Grumete 8424/67 Alberto Manuel Fernandes também falecido durante a
missão mas, neste caso, de acidente em Luanda.
Queria agradecer a toda aquela guarnição do NRP João Belo a colaboração que nos deu. Grandes camaradas que tornaram a
nossa viagem muito mais fácil.
Todos nós, juntos, fazemos a “História” do País.
Um bem-haja a todos!
José Arnaldo Oliveira Pinto
1Grt FZ 865/68
Sócio n.º 1049
diversos
Novos Sócios
Nome do sócio
Novos Sócios
N.º
Nome do sócio
N.º
Filipe Jorge Rodrigues Pombinho
2479
José Manuel Santos
2489
Francisco Alves Ribeiro
2480
António de Jesus Evangelista da Silva
2490
Luiz Augusto Rocha do Nascimento
2481
Licínio Afonso Borges Girão
2491
Mª Olinda da Assunção Gomes Mestre
2482
Valmir Ferreira Battu
2492
Adérito Augusto Serralheiro Dias
2483
Vasco Cavaleiro da Cunha Brazão
2493
Manuel Jorge Jesus de Oliveira Cruz
2484
Artur Manuel Rodrigues Simões
2494
Sérgio Tavares de Almeida
2485
José Manuel da Silva Maravilha
2495
Victor Rodrigo Pereira Sério
2486
Júlio Oliveira Tavares Moreira
2496
Leonel Alexandre Tomás Cardoso
2487
António Manuel Sabino
2497
Luís Manuel Bernardes Pereira Carneiro
2488
Rafael João Lanção da Cruz
2498
O DESEMBARQUE • n.º 24 • Junho de 2016 • www.associacaodefuzileiros.pt
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Donativos à AF
Nome do sócio
N.º Donativo
Adelino Pereira
2476
10,00 €
Bento Dias Gonçalves
1683
10,00 €
Mª de Fátima Manguinhas
1967
30,00 €
Ludgero Dos Santos Silva
167
50,00 €
Manuel Francisco Ventura
2333
10,00 €
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