mudanças climáticas catalogue - Mostra Ecofalante de Cinema
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Seremos realmente capazes de mudar o rumo do nosso planeta? PAULO ARTAXO mudanças climáticas climate change 68 Cigarro e câncer, uso de pesticidas, asbestos, chuva ácida, ozônio, mudanças climáticas... O que todos esses temas disparatados têm em comum? A resposta é direta e ao mesmo tempo preocupante: o uso de campanhas bem orquestradas para desacreditar a ciência em prol dos interesses econômicos da indústria. Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes No Limite da Antártica Antarctic Edge: 70º South Apesar de o conhecimento científico, nessas áreas críticas, ter sido sólido e bem embasado, houve uma forte campanha financiada pela indústria para desacreditar os fatos científicos e adiar a implementação de medidas 69 PAULO ARTAXO Tobacco and cancer, pesticides, asbestos, acid rain, the ozone layer, climate change... What do all these random problems have to do with one another? The answer is both straightforward and alarming: well-coordinated campaigns to discredit science and promote the economic interests of the industry. Despite the solid and well-founded science, there has been a strong campaign financed by the industry to discredit scientific facts and postpone the implementation of regulatory measures by governments. Merchants of Doubt (USA, 2014) minutely describes the tactics and economic and political interests of the companies that benefit from generating doubts that didn’t exist before, and to do so only to prolong financial gains. The film exposes the corruption of multinationals that aim only at their immediate profits at any cost. The goal is always to create and maintain what seems like a “debate,” but there is no true debate. An illusion of doubt was created, which delayed the implementation of public policies to control tobacco or the emission of greenhouse gases. Using a provocative, satirical and funny tone, Merchants of Doubt shows this illusionism of ideas using card tricks. The script is intelligent and creative, playfully connecting 70 regulatórias dos governos. O filme O Mercado da Dúvida (EUA, 2014) descreve em detalhes as táticas e os interesses econômicos e políticos de empresas interessadas em suscitar dúvidas até então inexistentes para prolongar seus ganhos financeiros, expondo as práticas corruptas de multinacionais que visam somente o lucro imediato a qualquer preço. O objetivo sempre foi criar e manter o que parece ser “um debate”, quando, na verdade, não havia debate real. Fomentou-se uma ilusão de dúvidas, atrasando a implementação de políticas públicas de controle do fumo ou da emissão de gases de efeito estufa. Em tom provocativo, satírico e divertido, O Mercado da Dúvida leva o espectador ao jogo do ilusionismo de ideias através de mágicas com cartas. O roteiro é inteligente e criativo, conectando os vários aspectos da questão de modo lúdico. Desde a década de 50, já existiam evidências sólidas de que fumar causava doenças respiratórias e câncer. Parte das pesquisas responsáveis pelas descobertas foi feita pelas próprias indústrias tabagistas, que, coordenando longas campanhas, desacreditaram tais evidências por mais de 40 anos. Milhares de pessoas morreram vítimas do tabaco e as companhias lucraram trilhões de dólares continuando a vender cigarros, enquanto negavam que estes eram prejudiciais à saúde dos fumantes. A chamada “liberdade pessoal” era invocada para que não fossem aprovadas legislações de restrição ao fumo. Os argumentos também incluíam a luta anticomunista na época da Guerra Fria, chamando os cientistas antifumo de melancias: verdes por fora e vermelhos (comunistas) por dentro. Argumentos eram fabricados para confundir a opinião pública e desviar o foco do problema real. Somente em 1998 foi possível aprovar, no Congresso americano, leis que pelo menos alertassem os fumantes quanto ao risco que corriam. Os demais países implementaram políticas similares, mas, até hoje, em alguns países a legislação antifumo é precária, especialmente em países em desenvolvimento. O Mercado da Dúvida recorre à história e faz a ponte entre a luta contra o fumo e as mudanças climáticas. A indústria do petróleo e carvão lançou mão de táticas muito similares às utilizadas pela indústria tabagista ao longo de mais de 20 anos, atrasando a discussão e, principalmente, a implementação de medidas regulatórias às emissões de gases de efeito estufa. O pagamento de pseudo-experts e a contratação de empresas especializadas em confundir a opinião pública, além do financiamento de meios de comunicação em troca da divulgação de informações falsas, estavam entre as táticas. O termo inicial, “céticos do clima”, foi em dado momento substituído por “negacionistas das mudanças globais”, pois o debate não era sobre ciência e sim ideológico, sobre o pertencimento à tribos de direita, contra qualquer ação governamental. O grupo dos negacionistas americanos era the various aspects of the issue. Since the 1950s, solid scientific evidence has been linking smoking, respiratory diseases and cancer. Part of the research that made such discoveries was made by the tobacco companies themselves which had been coordinating long campaigns to discredit such evidence for more than 40 years. Thousands of people died because of tobacco, and the companies profited millions of dollars from continuing to sell it while denying that they harmed the health of smokers. “Personal freedom” was invoked to argument against legislation that restricted tobacco use. Their argument also included the fight against communism during the Cold War, calling anti-smoking scientists “watermelons”: green on the outside, but red (communist) on the inside. Arguments were fabricated to confuse the public opinion and shift the focus from the real problem. Only in 1998 it was possible to approve, in the United States Congress, laws that at least alerted smokers on the risks of smoking. Other countries passed similar policies, but, even today, anti-tobacco legislation is still precarious in some countries, especially developing countries. Merchants of Doubt appeals to History, linking the fight against tobacco to climate change. The oil and coal industries used tactics similar to those used by the tobacco industry for more than 20 years, delaying the discussion and, especially, the implementation of Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes Can we change the path of the planet? 71 regulatory measures for greenhouse gas emissions. Paying pseudo-experts, hiring companies specialized in confusing the public opinion and financing the media in exchange for the dissemination of false information were among the tactics used. The initial term, “climate skeptics” was, at a certain point, substituted by “climate change deniers,” because the battle is not scientific; it is ideological, about right-wing groups that are against any type of government action. The group of American deniers was very small and inexpressive, but it was very present in the media, which made it look big. For some time, an illusion was conveyed to the public, identifying personal needs with “being free from government regulation,” which fed these needs 72 numericamente muito pequeno e inexpressivo, mas muito presente na mídia, o que o fazia parecer numeroso. Por um tempo, vendeu-se uma ilusão, através da identificação de necessidades pessoais como “estar livre de regulações governamentais”, alimentando estas necessidades com truques de argumentação. O combate às mudanças climáticas era vendido como ideologia conservadora, em um debate que não era científico, pois, sob a perspectiva da ciência, não havia “dois lados”. O que havia era um “outro lado” ideológico. Jornalistas eram enganados ou agiam deliberadamente, também assumindo que essa dualidade existia. Organizações norteamericanas de direita, como a Heartland Institute, George Mar- with argumentation tricks. The fight against climate change was sold as if it were part of a conservative ideology in a non-scientific debate, because, in the perspective of science, there aren’t “two sides.” There was, indeed, another, an ideological side. Journalists were tricked into it or worked deliberately, assuming that this duality was real. North-American right-wing organizations, like the Heartland Institute, the George Marshall Institute or Americans for Prosperity were financed by the fossil fuel industry to promote misinformation campaigns, taking the focus off the central issues linked to climate change. Using a critical tone, Merchants of Doubt clearly shows that scientists are not necessarily the best sellers of ideas, that is, they are not the best communicators of their own research, which has to be published by professionals trained to communicate, not to make science. Another discussion in the film is about the fact that average Americans prefer entertainers to scientists, because they believe more on the people that entertain them than on those who work with facts. Journalists did just that, not checking sources or the background of their interviewees. Journalists constantly repeated the terms this misinformation campaign made up, such as in the “Climategate” incident. The film also discusses the debate between science and government regulation, whether it has to do with tobacco, greenhouse gas Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes Isso Muda Tudo This Changes Everything shall Institute ou Americans for Prosperity foram financiadas pela indústria dos combustíveis fósseis, para que promovessem campanhas de desinformação, tirando o foco das questões centrais associadas às mudanças climáticas. Em tom crítico, O Mercado da Dúvida evidencia de maneira clara que cientistas não são necessariamente os melhores “vendedores” de ideias, ou seja, que não são os melhores comunicadores de suas próprias pesquisas, publicidade que deve ser feita por profissionais treinados para comunicar e não para fazer ciência. Outra discussão presente no filme diz respeito ao fato de que o americano médio prefere o “showman” ao cientista, pois acredita mais em quem o diverte do que em quem trabalha com fatos. Os jornalistas faziam o mesmo papel, sem checar as fontes ou apurar a origem de seus entrevistados, repetindo ao extremo termos inventados pela campanha de desinformação como no episódio do “Climategate”. O filme traz também o debate de ciência versus regulação governamental, seja ela no cigarro, nas emissões de gases de efeito estufa ou em outras questões. E termina em tom otimista, ao afirmar que os fatos se sobrepuseram à propaganda e às mentiras. Contudo, não podemos esquecer que, no caso do fumo, os 40 ou 50 anos que a indústria do tabaco ganhou com a protelação de medidas regulatórias causaram a morte de centenas de milhares de pessoas, sem falar no enorme custo aos 73 74 sistemas públicos de saúde. A indústria ficou com o lucro das vendas do cigarro e os custos dos tratamentos das vítimas tornaram-se públicos. O mesmo ocorre hoje com a questão das mudanças climáticas. A indústria dos combustíveis fósseis ganhou centenas de trilhões de dólares vendendo carvão e petróleo nas últimas duas décadas, quando já se sabia que seus lucros estavam alterando o clima do planeta. Será que o maior problema que temos hoje é a natureza do ser humano? Ou o sistema socioeconômico que domina nossas atividades? Essa é uma pergunta difícil de responder diretamente. O Filme Isso Muda Tudo (EUA/Canadá, 2015) discute estas questões sob vários pontos de vista, ao colocar o combate às mudanças climáticas como questão estratégica para nós, humanos, não somente para proteger ursos polares. O foco do filme é a civilização que construímos e seu futuro, sob um ponto de vista positivo: confrontar as mudanças climáticas pode ser a melhor chance que já tivemos de construir uma sociedade melhor. Desde o índio nativo no Canadá, que vê suas terras sendo apropriadas por multinacionais para extração de óleo de xisto, passando por questões de mineração na Grécia, usinas elétricas a carvão na Índia, até a poluição do ar na China, o filme trata de temas relacionados a um modelo de desenvolvimento que não queremos. Capitalismo versus clima seria o mote principal. Fica claro que, no atual modo de produção, não temos saída, a não ser esgotar os recursos naturais do nosso planeta, incluindo água, ar e solo, em função do lucro “fácil e rápido”. O filme trata de uma batalha que está sendo realizada em todo o planeta: ou tomamos de volta o controle dos recursos naturais dominados pelo capitalismo selvagem, ou vamos assistir a maior extinção já ocorrida nos 4.5 bilhões de anos de nosso planeta; é simples assim. Precisamos reduzir a emissão de gases de efeito estufa em cerca de 70 a 90% dos valores atuais, se quisermos estabilizar o clima da Terra e limitar o aumento de temperatura em 1.5 graus centígrados. A partir de 2050, será necessário gerar eletricidade quase que exclusivamente proveniente de fontes renováveis (solar, eólica, hidrelétrica, etc.) e reduzir drasticamente nosso consumo de recursos naturais. Isso irá requerer uma forte mudança socioeconômica e política. Nosso planeta não tem o sistema de governança necessário para implantar medidas tão drásticas em tão pouco tempo. O planejamento econômico terá que mudar e o foco deve deixar de ser o lucro para priorizar a vida dos seres humanos. Vida com dignidade, sem fome e com mais equidade. Vamos conseguir realizar esta transição em duas gerações? Talvez. Isso Muda Tudo também termina de maneira otimista, mas deixa claro que serão enormes os desafios que a humanidade precisará enfrentar. Mudar de um sistema capitalista para qual novo sistema? O filme não arrisca um palpite. model we don’t want. Capitalism vs. the climate would be the film’s main theme. It is clear that, with the current mode of production, we will eventually deplete our natural resources — including water, air and soil — for easy and quick profits. The film addresses a battle that is going on throughout the whole planet: either we take back control over the natural resources dominated by wild capitalism or we will witness the greatest extinction occurred in our planet’s 4.5 billion years of existence. It’s that simple. We need to reduce around between 70% and 90% of our current level of greenhouse gas emissions if we want to stabilize the Earth’s climate and limit the increase in temperature to 1.5 degrees Celsius. In 2050, we will have to generate electricity almost exclusively from renewable sources (solar, wind, hydro, etc.) and drastically reduce our consumption of natural resources. This will require strong socioeconomic and political changes. Our planet does not have the necessary governance system to implement measures this drastic in so little time. The planning of the economy will have to shift the focus from profits and start prioritizing the lives of human beings. Life with dignity, without hunger and with more equity. Will we be able to accomplish such transition in two generations? Maybe. This Changes Everything ends optimistically, but it clearly states that humanity will have to face enormous challenges. Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes emissions or other issues. The film ends with an optimist tone, asserting that facts won over propaganda and lies. However, we mustn’t forget the extra 40 or 50 years that the tobacco industry earned with the delay of regulatory measures, causing the death of hundreds of thousands of people, not to mention the enormous cost on public health systems. The industry kept the tobacco sales profits, and the cost of treating the victims was public. The same happens today with climate change. The fossil fuel industry earned hundreds of trillions of dollars selling coal and oil in the last two decades, when they already knew their profits were altering the climate of the planet. Could it be that our greatest problem today is human nature? Or the socioeconomic system that rules over our activities? That question is very hard to answer directly. This Changes Everything (USA/ Canada, 2015) discusses these issues under several points of view. The film places climate change as a strategic issue for us, humans, not just polar bears. It focuses on the civilization we are building and its future, in a positive perspective: confronting climate change may be the best chance we have to build a better society. From native Canadian Indians seeing their land taken by shale-oilextraction multinationals to mining issues in Greece to coal-fired power plants and air pollution in China, the film addresses a development 75 Changing from a capitalist system to which new system? The film doesn’t guess. To change everything, we need everyone: this is one of the principles of the film. Will we be able to radically change the course of our planet? Let us see in 2050... Earth’s biodiversity was always key to evolution. It is clear that current food production methods not only are not sustainable even in the short term, but also generate important consequences, both for Earth’s biodiversity and other aspects of the environment. Seeds of Time (USA, 2015) focuses on Cary Fowler, one of the creators of Svalbard’s gene bank, in Norway, discussing how we produce food today. This hasn’t been discussed by the traditional media or govern76 Para mudar tudo, precisamos de todos (To change everything, we need everyone): este é um dos princípios do filme. Seremos capazes de mudar fortemente o rumo do nosso planeta? Veremos em 2050... A diversidade biológica do planeta sempre foi chave para a evolução. É claro que os métodos utilizados para a produção alimentícia não são sustentáveis nem ao menos a curto prazo, além de trazerem consequências importantes, tanto para a biodiversidade da Terra quanto para vários outros aspectos ambientais. O filme Sementes do Tempo (EUA, 2015) é centrado na história de Cary Fowler, um dos idealizadores do banco genético de Svalbard, Noruega, e discute criticamente a maneira como produzimos alimentos em nossa era. São aspectos pou- ment agencies, although it is a key issue for the future of humanity. Food diversity has been reduced radically in the last decades. There are billions of plants of almost identical species producing wheat. If a new disease emerges, our food production system will be very vulnerable. The same happens with corn, soy, etc.. Our agricultural systems are artificial and completely different from natural processes. Farmers and companies establish which seeds will be used next season using methods that are very different from how the natural system works. We are playing the part of evolution, deciding which species survive and which disappear. The seed industry is an enormous driver of extinction. We have been promoting a mass extinction; few people realize that. And that is why this film is so striking and original: not only it identifies a serious problem, but it also develops a possible solution, which is very worthy. Climate change is altering rain patterns throughout the planet; one of the species used now may not adapt to future climate conditions. Some of the current species may have their productivity reduced with a climate two to three degrees warmer than the one we have today. Modern agriculture has never faced a threat as large as climate change. We have to feed seven billion people today which, in a few decades, will be ten billion. We need to produce more food for more people, but sustainably. It won’t be Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes Sementes do Tempo Seeds of Time co debatidos na mídia tradicional e mesmo nos órgãos governamentais, apesar de ser esta uma questão absolutamente chave para o futuro da humanidade. A diversidade de alimentos que produzimos reduziu-se radicalmente ao longo das últimas décadas. Há bilhões de plantas da mesma espécie (quase idênticas) produzindo trigo, e, se alguma nova praga aparece, a vulnerabilidade de nosso sistema de produção alimentícia fica aparente. O mesmo ocorre com o milho, soja, etc. Nossos sistemas de agricultura são artificiais e em nada lembram os processos naturais. Fazendeiros e empresas definem quais sementes serão utilizadas na próxima colheita através de métodos muito distintos de como o sistema natural funciona. Nesses sistemas, fazemos o papel da evolução, decidindo quais espécies devem sobreviver e quais espécies desaparecerão. A indústria de sementes é um enorme motor de espécies a serem extintas. É uma “extinção em massa”, em larga escala, feita por nós; poucas pessoas se dão conta disso. É por isso que a originalidade deste filme é marcante: além de identificar um problema sério, também trabalha com uma possível solução, o que é um mérito importante. As mudanças climáticas estão alterando os padrões de chuva em várias regiões do planeta, e uma particular espécie usada agora pode não se adaptar às novas condições climáticas do futuro próximo. Algumas espécies atuais podem ter sua produtividade reduzida com um clima 77 78 de 2 a 3 graus mais quente que o atual. A agricultura moderna nunca enfrentou uma ameaça tão grande quanto as mudanças climáticas em curso. Hoje, é necessário alimentar 7 bilhões de pessoas, e, em algumas décadas, esse número chegará a 10 bilhões. Precisamos produzir mais comida para mais pessoas de modo sustentável. Não será tarefa fácil, embora hoje sejam produzidos alimentos suficientes para exterminar a fome, a questão é também a distribuição equitativa da produção para estes 7 bilhões de pessoas. Algumas têm comida demais, outras, de menos. Os aspectos socioeconômicos distorcem a distribuição de alimentos em nosso planeta. O equilíbrio entre população, agricultura e meio ambiente é crítico, e não há uma solução clara para um futuro sustentável e em equilíbrio com o planeta. O termo “Segurança Alimentar” é recente e fonte de guerra e tensão entre países e sistemas produtivos. Não se trata apenas de aumentar a produção de alimentos (arroz, feijão, trigo, etc) com melhoras na produtividade, pensando em toneladas por hectare, mas sim em pensar a “nutrição por hectare”, um novo conceito. Nem sempre mais é melhor para o complexo sistema socioeconômico que estruturamos. Precisamos também pensar em água. Água é obviamente essencial para a agricultura, e, em algumas regiões, é um bem tão escasso que tem tanta importância quanto a produção de alimentos. A agricultura usa globalmente cerca de 70% da disponibilidade de água. Em algumas regiões não se pode produzir alimentos, pois isso impediria o fornecimento de água para a população das cidades próximas. A agricultura, assim, deve competir com o fornecimento de água às cidades e pessoas. Svalbard, no Norte da Noruega, é uma das regiões mais remotas e frias do planeta. O frio auxilia a preservar sementes, o que faz de Svalbard um local ideal para a instalação de um banco mundial de sementes, ou seja, um repositório das espécies de plantas cultivadas hoje. Esses milhões de sementes bem guardadas são um tesouro inestimável para as futuras gerações, em caso de um desastre humano. O depósito mundial de sementes de Svalbard funciona, portanto, como uma apólice de seguro para as futuras gerações de nosso planeta. Sementes do Tempo é um documentário importante para debatermos a necessidade de conservação de recursos genéticos, que deve certamente ser uma grande prioridade para nossos governos, tão grande quanto o combate às mudanças climáticas. O grau de perda de biodiversidade que causamos ao longo dos últimos séculos, com a alteração dos principais biomas da Terra, é uma questão de extrema relevância, e com certeza impactará as gerações futuras de todas as espécies do planeta, das bactérias e plantas à nossa própria espécie. Desde 1903, cerca de 83% da variedade de cultivares tornou-se extinta devido à seleção que fazemos. Além das questões citadas, há o uso excessivo de fertilizantes, as emissões de vated today. These millions of seeds are well kept; an invaluable treasure for future generations in case there’s a human disaster. The global seed bank of Svalbard works, therefore, as an insurance policy for the future generations of our planet. Seeds of Time is an important documentary to discuss the need to conserve genetic resources, which certainly has to be a priority of our governments, as much as the fight against climate change. The loss of biodiversity we caused in the last centuries — also altering Earth’s major biomes — is an extremely relevant issue which surely will affect the future generations of all species in the planet, from bacteria to plants to ourselves. Since 1903, around 83% of cultivar varieties became extinct because of the selection we put through. Besides the issues above, there’s the excessive use of fertilizers, the greenhouse gas emissions from agriculture — which is a lot in Brazil —, and the energy demand for food production. Most of the nitrogen fertilizer used in agriculture comes from natural gas, which is a fossil fuel. With the current necessary reduction in the emission of greenhouse gases, the issue is: how to sustain the current agricultural and cattle raising system in a new low-carbon, energy-efficient society? Regular food stocks are small (comparable to the stock of fossil fuels, for example), and that brings instability for food prices and availability. The financial resources ded- Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes easy, although, today, enough food is produced to eradicate hunger, so the real issue is the equitable distribution of the production for these seven billion people. Some people have too much food; some have too little. Socioeconomic aspects distort food distribution in the planet. The balance between population, agriculture and environment is critical, and there is no clear solution for a sustainable future in balance with the planet. The term “Food Safety” is recent, but also a cause for war and tension between countries and productive systems. It’s not only about increasing food production (rice, beans, wheat, etc.), improving productivity and considering tons per hectare, but also to think about “nutrition per hectare,” a new idea. In the complex socioeconomic system we developed more isn’t always more. We also have to consider water. Water is obviously essential for agriculture and, in a few regions, it is so rare that it is as important as food production. Worldwide, agriculture is responsible for 70% of the use of available water. In a few places, it is impossible to grow food, because it would affect the provision of water to the population of nearby cities. Agriculture, therefore, competes with the provision of water to cities and people. Svalbard, northern Norway, is one of the remotest and coldest regions in the planet. The cold helps preserving seeds, which makes Svalbard the ideal place for a world seed bank, that is, a repository of species culti- 79 icated to scientific research seeking to optimize food production in this new global landscape are laughable when compared to how crucial they are. The script of Seeds of Time is extremely well developed and dynamic, showing the various facets of the dilemma, from corn growers in the Peruvian Andes, to the FAO offices in Geneva. The script makes the urgency of the matter and the size of the problem very clear. It doesn’t address, however, important issues, such as the domination of the seed market by large multinational corporations (such as Monsanto) and genetically-modified seeds. The film also does not address the unfair regional distribution of food and food waste in developed countries. But 80 gases de efeito estufa pelo setor agrícola, muito grande no Brasil, e também a demanda de energia para produção de alimentos. A maior parte do fertilizante nitrogenado usado na agricultura provém do gás natural, um combustível fóssil. Com a necessária redução de emissão de gases de efeito estufa, a questão é: como sustentar o atual sistema agropecuário em uma nova sociedade de baixo carbono e uso mais eficiente de energia? Os estoques regulares de alimentos são pequenos (comparados com os estoques de combustíveis fósseis, por exemplo), e isso traz instabilidade nos preços e na disponibilidade. Os recursos financeiros para pesquisas científicas que buscam otimizar a produção de alimentos neste novo cenário global são irrisórios se comparados à necessidade. these gaps do not harm the quality of the film, which is an alert and an important starting point for the development of a global governance system regarding the conservation of biodiversity to assure that future generations have food. Few people know Antarctica, but it is fundamental for climate regulation and sea level control, due to the enormous amount of ice it contains. Antarctic Edge: 70º South (USA, 2015) shows the battle scientists go through to understand the critical processes that are changing the Antarctic landscape. There are huge challenges, even operationally speaking: scientists risk their lives in this inhospitable, inaccessible continent. The cinematography is spectacular and shows that Antarctica is a wild place, different from any other region in the planet, and unique: Antarctica and the Arctic are the two regions in the globe that are changing the fastest, getting, on average, six times warmer than the rest of the planet. Ice and snow reflect solar radiation efficiently, but when the ice melts, the dark ocean appears from beneath it, absorbing much more solar radiation, which intensifies global warming and the melting of the glaciers. The documentary also shows the rapid biological changes taking place at the Antarctic Peninsula, such as population changes and changes in certain characteristics of krills, phytoplanktons, penguins, whales, elephant seals, seals and other important species for the Ant- Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes O Céu e a Geleira Ice and the Sky O roteiro de Sementes do Tempo é extremamente bem realizado e dinâmico, mostrando várias facetas do dilema, desde plantadores de milho nos Andes peruanos até os escritórios da FAO em Genebra. Embora deixe muito claro a urgência do tema e o tamanho da problemática, o filme não toca em questões importantes como a dominação de grandes multinacionais (Monsanto, por exemplo) no mercado de produção de sementes, e as sementes geneticamente modificadas. Também não trata da injusta distribuição regional de alimentos e do desperdício nos países desenvolvidos. Mas estas “ausências” não comprometem a qualidade do filme, um alerta e um ponto de partida importantes para a estruturação de um sistema de governança mundial acerca da conservação da biodiversidade, visando garantir às futuras gerações o tão necessário alimento. Poucas pessoas conhecem o continente Antártico em si, embora a Antártica seja fundamental na regulação do clima da Terra e no controle do nível do mar, devido à enorme quantidade de gelo nela contida. O filme No Limite da Antártica (EUA, 2015) mostra a batalha de cientistas para entender os processos críticos que estão mudando a paisagem antártica. São desafios enormes, inclusive sob o aspecto operacional: cientistas correm real perigo de vida neste continente inóspito e inacessível. A fotografia do filme é espetacular, mostrando que a Antártica é selvagem, diferente de qualquer outra região do plane- 81 82 ta, e única: a Antártica e o Ártico são as duas regiões que mais rapidamente estão mudando, com aquecimento médio seis vezes maior do que o restante do globo. O gelo e a neve refletem eficientemente a radiação solar, e, quando este gelo derrete, o escuro oceano é exposto, absorvendo muito mais radiação solar, o que causa a intensificação do aquecimento global e o derretimento ainda mais acentuado das geleiras. O documentário mostra também as rápidas mudanças na vida biológica da Península Antártica, como a alteração populacional e alteração das características do krill, do fitoplâncton, dos pinguins, das baleias, dos elefantes marinhos, das focas e outras espécies importantes no ecossistema antártico. A população de pinguins Adélie, por exemplo, foi reduzida em 90% na Península Antártica. A quantidade de água armazenada em forma de gelo nas geleiras do Oeste da Antártica é tão grande que o derretimento somente da área em questão pode subir o nível do mar em vários metros, afetando drasticamente todas as cidades e áreas costeiras de nosso planeta. Tomara que possamos evitar tamanha catástrofe, preservando o clima global e o meio ambiente antártico. Uma vida dedicada a entender a Antártica: o glaciologista francês Claude Lorius passou o inverno na região pela primeira vez em 1957. Podemos imaginar a vida em um meio tão inóspito seis décadas atrás, sem as novas tecnologias hoje disponíveis. Era um desafio enorme, com riscos constantes, somente pelo esforço de entender os processos que regulam o clima do continente mais inabitável da Terra. Em várias expedições realizadas mais tarde, Claude Lorius desenvolveu técnicas revolucionárias para analisar a composição atmosférica e a temperatura ao longo dos últimos 800.000 anos. Essas técnicas revolucionaram nosso entendimento das relações entre o clima e a composição da atmosfera do planeta. Através de minúsculas bolhas de ar, toda a história climática da Terra poderia ser revelada. Foi possível, assim, analisar o ar que os romanos respiraram no esplendor de seu império. O Céu e a Geleira (França, 2015) tem uma fotografia espetacular e mostra filmes feitos em Super-8, com importante conteúdo científico. Apresenta aventuras dignas de um “Indiana Jones da vida real”. Em suma, leva-nos a refletir sobre nosso papel e nossa fragilidade em ambientes remotos e em todo o planeta. Hoje com 83 anos, o glaciologista Claude Lorius recentemente escreveu o livro “Viagem ao Antropoceno”, no qual discute nossa época, na qual os homens tomaram conta do clima e da maior parte dos recursos naturais. Nenhuma outra espécie, ao longo da evolução terrestre, havia adquirido a propriedade de mudar a composição atmosférica. Isso é o que estamos fazendo no Antropoceno, e Claude Lorius foi um dos primeiros a alertar sobre essa nova era geológica e os perigos que ela acarreta. O cientista ganhou diversos prêmios pelo seu trabalho, entre eles o “Blue Planet”, mas seu maior legado foi fundar uma nova ant scientific content. It encompasses the adventures of a true “real-life Indiana Jones.” In sum, it leads us to think about our role and our fragility in both remote environments and in the rest of the planet. Today, at 83 years of age, glaciologist Claude Lorius recently wrote Voyage dans l’Antropocène [Voyage to the Anthropocene], discussing our epoch, in which humans took control over the climate and most of the natural resources. No other species in the course of evolution had been able to change the composition of the atmosphere. This is what we have been doing in the Anthropocene, and Claude Lorius was one of the first people to alert us about this new geological era and its dangers. The scientist won several awards for his work, among which the “Blue Planet” award, but his greatest legacy was founding a new science, glaciology, which builds a bridge between past and present climates. Lorius was also a very active scientist at the IPCC and the governmental conferences that structured the Paris Agreement. He has lived through the earliest discoveries associated with climate change and the last negotiations to try to stabilize the Earth’s climate. An interesting and important character, who made and led key discoveries for climate science and was an obstinate and creative scientific explorer. The film presents a really extraordinary biography of the man. Fun and good-humored activism: is it possible? Yes, as The Yes Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes arctic ecosystem. The population of Adélie Penguins, for instance, dropped in 90% in the Antarctic Peninsula. The amount of water stored as ice in the West Antarctic glaciers is so large that, if only that area melts, the oceans could rise several meters, which would drastically affect all coastal cities and areas in the planet. Let us hope we are able to avoid such catastrophe, preserving the global climate and the Antarctic environment. A life dedicated to understanding Antarctica: French glaciologist Claude Lorius spent the winter in the region for the first time in 1957. We can imagine life in such an inhospitable environment six decades ago, without the technology available today. It was a huge challenge, with constant risks, and all of it to understand the processes that regulate the climate in Earth’s most inhabitable continent. In several expeditions carried out later on, Claude Lorius developed revolutionary techniques to evaluate the composition and the temperature of the atmosphere in the last 800,000 years. The techniques he developed revolutionized our understanding of the relationship between climate and the composition of the atmosphere. Analyzing tiny air bubbles, all of the Earth’s climate history was revealed. It was possible to know about the air the Romans breathed at the height of their empire, for instance. Ice and Sky (France, 2015) has a spectacular cinematography and includes Super-8 excerpts with import- 83 84 ciência, a glaciologia, que faz a ponte entre o clima passado e o presente. Lorius foi também cientista muito ativo no IPCC e nas conferências governamentais que estruturaram o acordo de Paris. Vivenciou desde as descobertas iniciais associadas às mudanças climáticas até as últimas negociações para tentar estabilizar o clima da Terra. Um personagem interessante, importante e que realizou e protagonizou descobertas chave na ciência do clima, além de ser um explorador da ciência, com forte obstinação e criatividade. O filme apresenta uma biografia realmente extraordinária. Ativismo divertido e bem-humorado. Possível? Sim, como mostra claramente o filme A Revolta dos Yes Men (EUA, 2014). Um documentário sobre dois heroicos ativistas brincalhões e suas táticas inusitadas para ridicularizar governos e multinacionais pela ausência de ações em questões importantes como a das mudanças climáticas. A dupla promove coletivas de imprensa falsas em nome da Câmara de Comércio Americana - uma organização que faz lobby para a indústria -, referente à decisão de promover uma taxa de emissão de carbono, o que é tabu para a indústria estadunidense. Os ativistas foram processados, porém, mais tarde, a US Chamber of Commerce retirou a queixa. Ambos são especialistas em colocar burocratas em situações difíceis e hilárias. O movimento Occupy Wall Street também é discutido, com os interesses e a corrupção no meio financeiro e corporativo, e a tenta- tiva de mostrar ao público pelo menos parte desta corrupção. O filme às vezes infantiliza o ativismo, quando, por exemplo, doa um urso polar ao zoológico de Amsterdam em nome da Royal Dutch Shell, enquanto ela explorava petróleo no Ártico. Mas a diversão é garantida, com efeitos práticos de eficiência duvidosa. Além das gozações corporativas, o filme também trata da vida pessoal dos dois personagens e suas dificuldades em manter uma vida “normal” com suas famílias. Claramente, A Revolta dos Yes Men tem um sentido saudável de absurdo, muito bem utilizado para salientar a hipocrisia e a corrupção no mundo dos negócios. Eles mostram que há espaço para humor no mundo do ativismo ambiental, mas, além disso, que a sátira pode ser uma forte ferramenta para mudanças sociais e políticas. PAULO ARTAXO é físico, mestre em física nuclear e doutor em física atmosférica. Trabalhou na NASA (EUA), Universidades de Antuérpia (Bélgica), Lund (Suécia) e Harvard (EUA). Atualmente é professor titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências dos países em desenvolvimento (TWAS) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. É membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e de 7 outros painéis científicos internacionais. Trabalha com física aplicada a problemas ambientais, atuando principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas. corruption in the business world. They show that there is room for humor in the world of environmental activism, but, beyond that, that satire can be a strong tool for social and political change. PAULO ARTAXO is a physicist, master in nuclear physics and doctor in atmospheric physics. He has worked in NASA (USA) and the Universities of Antwerp (Belgium), Lund (Sweden) and Harvard (USA). He is currently a full professor at the Applied Physics Department of the Institute of Physics of the São Paulo University, a full member of the Brazilian Academy of Sciences (ABC), of The World Academy of Sciences (TWAS) and of the São Paulo State Academy of Sciences. Artaxo is a member of the IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) and of seven other international scientific panels. He works with physics applied to environmental problems, acting mainly on issues related to global climate change, the environment in the Amazon, the physics of atmospheric aerosols, urban air pollution and other issues. Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes Men Are Revolting (USA, 2014) shows. A documentary about two heroic, playful activists and their unexpected tactics to ridicule governments and multinationals when they fail to act on important issues, such as climate change. The duo promotes fake press conferences in the name of the American Chamber of Commerce — an organization that lobbies for the industry — regarding a decision to promote low carbon emissions, which is tabu for the industry in the United States. They were sued, but the US Chamber of Commerce later dropped the charges. Both are experts in putting bureaucrats in difficult and hilarious situations. The Occupy Wall Street movement is also discussed, as well as the interests and the corruption in the financial and corporate environments. They try to show the public at least part of that corruption. The film, sometimes, infantilizes activism, for instance, when it donates a polar bear to the Amsterdam Zoo in the name of Royal Dutch Shell, which explored oil in the Arctic. You are sure to have fun with it, though; practical effects of dubious efficiency. The film not only jokes with the corporations, but also shows the personal lives of the two characters and their difficulty in keeping a “normal” life with their families. Clearly, The Yes Men Are Revolting has a healthy sense of absurd, which they use very cleverly to highlight the hypocrisy and the 85 Isso Muda Tudo The Yes Men Are Revolting This Changes Everything EUA, 2014, 91’ EUA / CANADÁ, 2015, 89’ Há duas décadas, os Yes Men têm encenado farsas ultrajantes e hilariantes com o fim de chamar a atenção internacional para crimes corporativos contra a humanidade e o meio ambiente. Munidos com nada mais que seus ternos e sua falta de vergonha, esses “revolucionários iconoclastas” se infiltram em eventos empresariais e governamentais expondo os perigos de deixar a ganância governar o mundo. Mas, agora, eles se aproximam da meia-idade e, enquanto lutam para se manter inspirados, precisam enfrentar o seu maior desafio: as mudanças climáticas. 86 For two decades, the Yes Men have staged outrageous and hilarious hoaxes to draw international attention to corporate crimes against humanity and the environment. Armed with nothing but their suits and a lack of shame, these iconoclastic revolutionaries lie their way into business events and government functions to expose the dangers of letting greed run our world. But now they are approaching middle age and, as they struggle to stay inspired, they have to face their biggest challenge: climate change. Inspirado no bestseller de Naomi Klein “This Changes Everything” (Isso Muda Tudo), o filme apresenta impressionantes retratos de comunidades na linha de frente, das terras indígenas estadunidenses ao Canadá das Tar Sands, da índia e Europa, ameaçadas pela mineração, à China poluída. Ao longo do filme, Klein constrói sua tese mais controversa e emocionante: podemos aproveitar a crise causada pelas mudanças climáticas para transformar nosso sistema econômico falido em algo radicalmente melhor. Provocante, atraente e acessível, este filme vai te deixar revigorado e inspirado. DIREÇÃO DIRECTOR Laura Nix e os Yes Men PRODUÇÃO PRODUCER Laura Nix, Jacques Servin e Igor Vamos Inspired by Naomi Klein’s bestseller “This Changes Everything”, the film presents powerful portraits of communities on the front lines, from Montana’s Powder River Basin to the Alberta Tar Sands, from the coast of South India to Beijing and beyond. Throughout the film, Klein builds her most controversial and exciting idea: that we can seize the climate change crisis to transform our failed economic system into something radically better. Provocative, compelling, and accessible, this movie will leave you refreshed and inspired. DIREÇÃO DIRECTOR Avi Lewis PRODUÇÃO PRODUCER Avi Lewis e Joslyn Barnes FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Mark Ó Fearghaíl EDIÇÃO EDITOR Nick Hector e Mary Lampson CONTATO CONTACT [email protected] Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes A Revolta dos Yes Men EDIÇÃO EDITOR Geraud Brisson, Claire L. Chandler e Søren B. Ebbe CONTATO CONTACT [email protected] 87 Ice and the Sky FRANÇA, 2015, 89’ Luc Jacquet traz às telas a história de Claude Lorius, que se lançou a estudar o gelo antártico em 1957. Ele nos conta sobre a história da Terra e sobre nosso futuro, um futuro intrinsecamente ligado ao impacto da humanidade no planeta. Em imagens granuladas de filmes antigos, encontramos Claude como pesquisador júnior nas primeiras missões ao vasto deserto antártico. A história da glaciologia ganha vida nas paisagens de tirar o fôlego e nas emoções evocadas. Os arquivos se entrelaçam com imagens de Claude hoje, retornando à Antártica e ao seu próprio passado. Uma aventura científica única e profundamente humana. No Limite da Antártica Antarctic Edge: 70º South EUA, 2015, 72’ Em 2014, os cientistas declararam o degelo da Antártida Ocidental irrefreável, o que ameaçará a vida de milhões de pessoas ao longo do próximo século. O filme acompanha uma equipe de cientistas que escolheu viver em alto-mar em uma corrida para compreender as mudanças climáticas no local da Terra que mais rapidamente sofre com o aquecimento. Enquanto viajam pela perigosa e desconhecida paisagem da península antártica, eles testam os limites de sua pesquisa e lidam com os sacrifícios necessários para entender um planeta em rápida transformação. 88 In 2014, scientists declared West Antarctic ice sheet melting unstoppable, which will threaten the lives of millions of people over the next century. The film follows a team of scientists who have chosen to live a life at sea in a race to understand climate change in the fastest winter-warming place in the world. While trekking through the dangerous and uncharted landscape of the West Antarctic Peninsula, these scientists push the limits of their research and come to terms with the sacrifices necessary to understand this rapidly changing world. DIREÇÃO DIRECTOR Dena Seidel PRODUÇÃO PRODUCER Dena Seidel, Steve Holloway e Xenia Morin FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Chris Linder e Dena Seidel Luc Jacquet brings to the screen the story of Claude Lorius, who set out to study the icescapes of Antarctica in 1957. He tells us about Earth’s course and about our future, a future inextricably linked with mankind’s impact on the planet. Through the old movies’ grainy images, we travel back to meet Claude as a young researcher, during his early missions to the vast desert of the southern ice cap. The history of glaciology comes to life through the breathtaking landscapes we encounter and the emotions they evoke. The archives are interwoven with Claude’s present-day footage as he returns to the Antarctic and to his own past. A unique and profoundly human scientific adventure. DIREÇÃO DIRECTOR Luc Jacquet PRODUÇÃO PRODUCER Richard Grandpierre, Romain Le Grand e Vivien Aslanian FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Stéphane Martin EDIÇÃO EDITOR Stéphane Mazalaigue CONTATO CONTACT edevos@ wildbunch.eu Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes O Céu e a Geleira EDIÇÃO EDITOR Steve Holloway, Dena Seidel e Ryan Harris CONTATO CONTACT denaseidel@ gmail.com 89 Seeds of Time EUA, 2015, 77’ Há 10.000 anos, ocorreu a maior revolução da história da humanidade: nos tornamos agrários. Mas, enquanto a produção em larga escala aumentou, a diversidade diminuiu drasticamente. E agora as lavouras precisam lidar com um novo desafio: as mudanças climáticas, que já destroem cultivos e afetam agricultores em todo o mundo. O especialista em biodiversidade Cary Fowler se propõe a desenvolver o primeiro banco de sementes mundial - uma coleção em escala jamais vista. Com pouco tempo a perder, Fowler embarca em uma jornada para salvar um recurso sem o qual não podemos viver: nossas sementes. O Mercado da Dúvida Merchants of Doubt EUA, 2014, 96’ Inspirado no aclamado livro Merchants of Doubt (O Mercado da Dúvida), de Naomi Oreskes e Erik Conway, o filme mostra um grupo secreto de especialistas de aluguel extremamente carismáticos e eloquentes. Eles se apresentam na mídia como autoridades científicas, mas seu único objetivo é propagar a máxima confusão sobre assuntos relacionados à ameaças públicas, de produtos químicos tóxicos à indústria farmacêutica e às mudanças climáticas. 90 Inspired by the acclaimed book by Naomi Oreskes and Erik Conway “Merchants of Doubt”, the film lifts the curtains on a secretive group of highly charismatic, silver-tongued pundits-for-hire men. They present themselves in the media as scientific authorities – yet have the contrary aim of spreading maximum confusion about well-studied public threats ranging from toxic chemicals to pharmaceuticals to climate change. DIREÇÃO DIRECTOR Robert Kenner PRODUÇÃO PRODUCER Robert Kenner e Melissa Robledo FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Barry Berona, Don Lenzer e Jay Redmond 10,000 years ago the biggest revolution in human history occurred: we became agrarians. But as the production of high yielding uniform varieties has increased, diversity has dramatically declined. And now crops have to deal with a new challenge: climate change is already eroding biodiversity and affecting farmers globally. Crop diversity pioneer Cary Fowler set out to build the world’s first global seed vault – a seed collection on a scale larger than any other. With little time to waste, Fowler embarks on a journey that may save a resource we cannot live without: our seeds. DIREÇÃO DIRECTOR Sandy McLeod PRODUÇÃO PRODUCER Sandy McLeod, JD Marlow e Emily Triantaphyllis FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER Henrik Edelbo EDIÇÃO EDITOR JD Marlow e John Walter CONTATO CONTACT info@ seedsoftimemovie. com Mostra Contemporânea Internacional > mudanças climáticas | International Contemporary Program > climate changes Sementes do Tempo EDIÇÃO EDITOR Kim Roberts CONTATO CONTACT graham@ parkcircus.com 91
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