Novo Polo de Lingerie.
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Novo Polo de Lingerie.
passoapasso Outubro | Novembro 2013 | Ano XIX | Nº 148 De Norte a Sul Revendas autorizadas vão comercializar a cachaça artesanal de Salinas em todo o Brasil Vargem Grande se destaca como polo de lingerie no Vale do Rio Doce Empreendedores individuais mineiros se tornam microempresários ISSN 2238-2178 9 772238 217000 CARTA AO LEITOR Foco no mercado U “Uma ação pioneira vai levar a bebida para todas as capitais brasileiras. Uma oportunidade para que os apreciadores da boa cachaça conheçam a famosa aguardente da região de Salinas” ma das prioridades estratégicas do Sebrae Minas é fortalecer as micro e pequenas empresas mineiras nos encadeamentos produtivos, com capacitações de gestão e inovação e foco no mercado. Projetos como o de Capacitação de Fornecedores favorecem o acesso das MPE às oportunidades geradas por grandes investimentos propulsores em diversas regiões do Estado. A capacitação realizada em parceria com a Gerdau, uma das principais fornecedoras de aços longos especiais do mundo, vai além das fronteiras de Minas. O projeto já atende mais de 280 empresas no país, 76 delas em nosso Estado, nas plantas industriais de Divinópolis, Ouro Branco, Barão de Cocais, Três Marias e Florestal. Os resultados dessa ação e seus impactos na vida das micro e pequenas empresas são destaque nesta edição da Passo a Passo. Outra ação de acesso a mercados tem levado um produto típico mineiro para todo o Brasil e outros países – o projeto Comercialização da Cachaça de Alambique de Salinas e região. Em 2001, o Sebrae Minas realizou um grande diagnóstico do setor. E, em 2005, com o crescimento da atividade no Norte de Minas, iniciou amplo projeto na região de Salinas, polo produtor de uma cachaça de qualidade, valorizada em todo o país e no exterior. O objetivo do Sebrae Minas é desenvolver um plano estratégico e ações mercadológicas que favoreçam a comercialização do produto, valorizando a Indicação Geográfica de Procedência da Cachaça da Região de Salinas, concedida, em 2012, pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A partir de dezembro deste ano, uma ação pioneira vai levar a bebida para todas as capitais brasileiras e cidades com mais de 300 mil habitantes. Uma oportunidade para que os apreciadores da boa cachaça conheçam a famosa aguardente de cana-de-açúcar da região de Salinas. A proposta da iniciativa é instalar, em dois anos, de 80 a 100 revendas em capitais, metrópoles e cidades de menor porte com bom fluxo de turistas. Mais uma atividade produtora de Minas que se fortalece com o apoio do Sebrae. Boa leitura! LÁZARO LUIZ GONZAGA Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas www.sebraemg.com.br 3 PASSO A PASSO Pág. 6 Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931. Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig, Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg, Sebrae e Sede. Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: Lázaro Luiz Gonzaga Superintendente: Afonso Maria Rocha Diretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira Santos Diretor de Operações: Fábio Veras Conselho editorial: Albertino Corrêa, Aline de Freitas, Andrea Avelar, Luciana Patrícia Rezende, Rodrigo Patrocínio Mazzei, Daniela Toccafondo, Danielle Fantini, Edelweiss Petrucelli, Gustavo Moratori, Jefferson Ney Amaral, José Márcio Martins, Karinne Mendes, Carlos Vieira Pinto, Denise Sapper, Március Marques Mendes, Paulo César Barroso Veríssimo, Regina Vieira, Alex Pena e Daniele Brito. Gerente de Comunicação: Teresa Goulart Jornalista responsável: Andrea Avelar – MTb 06017/MG Produção editorial: Rede Comunicação de Resultado Edição: Jeane Mesquita e Licia Linhares Reportagem: Aline Luz, Beatriz Debien, Brígida Alvim, Éricka Dias, Hellem Malta, João Luís Chagas, Juliana Soares, Lucas Ávila, Tarsis Murad e Viviane Miranda Revisão: Liza Ayub Designer e diagramação: Clayton Pedrosa Fotografia: Agência i7, Fernanda Nassen, Haroldo Kennedy, Mauro Marques e Robert Owen Foto capa: Pedro Vilela/Agência i7 Ilustrações: Cláudio Duarte e Hélvio Avelar Projeto gráfico: Brava Design Impressão: EGL Editores Gráficos Periodicidade: bimestral Tiragem: 15 mil exemplares Redação: [email protected] Av. Barão Homem de Melo, 329 Nova Granada – Belo Horizonte Minas Gerais – CEP: 30.431-285 08005700800 www.sebraemg.com.br Prêmio Aberje Vencedor nacional Categoria mídia impressa MODA ÍNTIMA Vargem Grande se destaca como polo de produção de lingerie no Vale do Rio Doce Pág. 12 EMPREENDEDORISMO Empreendedores individuais expandem negócios e se tornam microempresas Pág. 18 CROWDFUNDING Mineiros utilizam plataformas on-line de financiamento coletivo para viabilizar projetos Pág. 22 COMUNICAÇÃO Profissionais de publicidade e propaganda profissionalizam o setor em Uberlândia Pág. 27 EDUCAÇÃO Herdeiros preparados na ETFG se empenham para assumir o comando das empresas familiares Pág. 32 MERCADO Donos de sorveterias,em Montes Claros, aprimoram a gestão dos negócios Pág. 38 ARTIGO Como inovar e tornar-se empreendedor no século XXI, por Anderson Rossi Pág. 40 CAPACITAÇÃO MPE melhoram os indicadores de gestão após Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Gerdau Pág. 46 CAPA Produtores artesanais da Cachaça de Salinas apostam nas revendas autorizadas para comercializar a bebida em todo o Brasil Pág. 66 REVITALIZAÇÃO Projeto Caminhos pretende transformar a avenida Silva Lobo, na capital, em um grande centro comercial a céu aberto Pág. 69 DESIGN Designer Edson Xavier se destaca no mercado de joalheria e desenha peças para a Swarovski sumário Pág. 54 ENTREVISTA Afonso Cozzi, mestre em Administração e professor da FDC, fala sobre a importância do conhecimento na hora de empreender Pág. 59 LITERATURA 8º Festival Internacional de Quadrinhos sediará a primeira Rodada de Negócios entre quadrinistas e editoras Pág. 62 NOTAS Pág. 72 AFROEMPREENDEDORISMO Pesquisa revela que o número de empreendedores afrodescendentes cresce no país Pág. 76 CONSULTORIA Aprenda como escolher uma boa franquia e conheça o segredo para vender bem Pág. 80 É BOM SABER Garantia dos Vales impulsiona negócios no Estado. Projetos tecnológicos podem receber investimentos de até R$ 400 mil Errata: Na edição 147, as fotos publicadas nas páginas 50 e 52 foram identificadas incorretamente. Os nomes corretos são: Enilson de Souza, presidente da Coopergac, na pág. 50, e Ênio Trindade, diretor da Coopergac (à esq.), e Antônio Carlos Cruz, vice-presidente da Coopergac (à dir.), na pág. 52. www.sebraemg.com.br 5 Fotos: Bernardo Salce/Agência i7 MODA ÍNTIMA M oradora de Vargem Grande, pequeno distrito de São João do Manteninha, no Vale do Rio Doce, Ilza Maria de Mendonça aprendeu a costurar em casa, aos 13 anos de idade, com uma senhora que ajudava sua mãe nas tarefas domésticas. Começou bordando conjuntos de mesa e de cama, depois passou a fazer também vestidos para crianças. Sempre caprichosa, ela foi aprimorando o dom e, quando se casou com Gentil Pereira de Mendonça, em 1972, já era costureira de mão cheia. Com as vendas das peças no distrito e na capital mineira, onde vivia uma de suas irmãs, Ilza Mendonça complementava a renda do armazém do marido e ajudava nas despesas de casa, mas sentiu que precisava ampliar a variedade de produtos. Em uma das ocasiões em que foi a Belo Horizonte comprar materiais, ela conseguiu moldes de roupas e de calcinhas e achou, nesse último item de vestuário, as melhores possibilidades de ganho. “Fiz os cálculos e descobri que as peças íntimas demandavam pouco tempo e investimento. Em apenas um dia, eu podia produzir 60 calcinhas, enquanto uma colcha de cama ou um jogo de cozinha me exigiam o triplo”, relembra. “Outra surpresa foi que o produto teve muita aceitação em Vargem Grande. A primeira remessa consegui vender em um instante e tive que providenciar logo mais tecido.” Novo polo da lingerie Entre montanhas e pedras imponentes, o pequeno distrito de Vargem Grande se destaca pela produção de peças íntimas 6 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 “As peças íntimas demandavam pouco tempo e investimento. Em apenas um dia, eu podia produzir 60 calcinhas, enquanto uma colcha de cama ou um jogo de cozinha me exigiam o triplo” Ilza Mendonça, proprietária da Meury Kiss Com o sucesso das vendas, a costureira percebeu na produção de calcinhas um nicho de mercado e investiu na compra de máquina de costura elétrica e overlock, grandes novidades na época, que atraíram a população local. Logo a freguesia foi aumentando e, em 1985, ela fundou a Meury Kiss, primeira confecção do distrito, que hoje conta com 60 funcionários e produz cerca de 60 mil peças íntimas por mês, entre calcinhas, cintas, modeladores, sutiãs e cuecas. O marido passou o armazém para o filho e preferiu dedicar-se à administração da fábrica junto com a esposa. Irmãos, cunhados, filhos, genros e colaboradores da empresa também seguiram o mesmo caminho, aprendendo o ofício e abrindo suas próprias confecções. Foi assim que começou a história da produção de lingeries em São João de Manteninha, município que hoje possui 38 confecções do segmento, estando a maior parte delas, 30, no distrito de Vargem Grande. Juntas, elas formam o Polo de Lingerie de Vargem Grande e são capazes de produzir 500 mil peças e gerar uma renda de R$ 2 milhões a cada mês. O setor representa 90% das empresas e emprega metade da população local – 2.500 habitantes. FORMAÇÃO DO POLO I O crescimento econômico da moda íntima em Vargem Grande www.sebraemg.com.br 7 começou, em 2005, com as primeiras ações do Sebrae Minas junto aos empresários das confecções. Na época, 14 fábricas operavam de portas fechadas, sem processos produtivos eficientes e com foco nas vendas via representantes. A Regional Vale do Rio Doce do Sebrae Minas passou a prestar suporte em áreas como cooperação, eficiência produtiva, capacitação financeira e gerencial, melhoria de layout de produção e organização de visitas a feiras especializadas. O diagnóstico feito na etapa inicial mostrou que o temor de que o lucro não superasse os custos de uma loja impedia os empresários de darem esse passo. “As confecções já eram empresas organizadas e cumpriam as leis, mas continuavam escondidas em fundos de quintal. Mostramos que era preciso abrir as portas para exibir produtos e receber clientes. Para prepará-los, oferecemos capacitações, desde gestão de negócios até atendimento ao cliente, e o processo de abertura de lojas foi iniciado”, lembra Marcelo Gonçalves, analista do Sebrae Minas. A resposta ao investimento foi rápida e serviu para alavancar mais as vendas. Hoje em dia, os produtores possuem pronta-entrega, e o número de estabelecimentos em Vargem Grande chega a exceder o de fábricas, já que cinco delas estão instaladas na cidade de São João de Manteninha, estabelecidas na área em que circula um maior número de clientes. Em 2010, já com 23 fábricas de lingerie registradas no distrito e quase todas com lojas próprias, foi iniciado o projeto Confecção de Lingerie de São João do Manteninha e região, guiado pela metodologia Gestão Estratégica Orientada para Resultados. “Para reduzir os efeitos da falta de mão de obra, uma das principais queixas dos empresários, optamos em trabalhar essa deficiência realizando capacitação e consultorias de produção e processos nas fábricas. Implementamos o Programa de Alavancagem Tecnológica (PAT) em duas etapas, com 200 horas de capacitação e consultorias, em que os empreendedores aprenderam a montar suas 8 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 “As confecções já eram empresas organizadas e cumpriam as leis, mas continuavam escondidas em fundos de quintal. Mostramos que era preciso abrir as portas para exibir produtos e receber clientes” Marcelo Gonçalves, analista do Sebrae Minas células de produção. Muitos deles chegaram a aumentar sua produtividade em 45% com a mesma quantidade de funcionários”, detalha Marcelo Gonçalves. Para orientar o crescimento, a próxima etapa foi a realização de 100 horas de consultoria de gestão e layout por empresa, para implantação de um rigoroso controle de fabricação. O modelo influenciou algumas empresas a adotarem o pagamento por produção, o que gerou aumento da produtividade e melhorou os salários dos funcionários, que passaram a ganhar gratificações ao atingirem as metas estipuladas. DE PORTAS ABERTAS I Na fábrica de Ilza Mendonça, as vendas em loja já representam 50% do montante total e apresentam vantagens em custo-benefício e aumento na lucratividade. Com o aumento progressivo no número de clientes e de vendas, pela segunda vez, a empresária decidiu ampliar sua loja, que passou de seis metros quadrados iniciais para 24 m² e, no fim deste ano, com o término da obra em execução, passará a ter aproximadamente 200 m². Aproveitando o legado iniciado pela mãe, Elisângela, filha de Ilza, criou com o marido, Emerson da Silva Xavier, a Love Life O empresário Emerson Xavier e a esposa Elisângela, donos da Love Life, contabilizam uma produção diária de 12 mil peças Indústria e Comércio Ltda, que atualmente é a maior do município. A empresa foi a primeira a abrir loja no distrito e, hoje, já possui uma filial, instalada em um shopping (voltado para o atacado) de Colatina, no Espírito Santo. Recentemente, o casal transferiu a loja-matriz da fachada da fábrica para um edifício construído ao lado, com 200 m². Juntos, os dois estabelecimentos são responsáveis por 35% das vendas. O cenário é de evolução contínua, e o clima, de otimismo. “Por dia, produzimos entre 11 e 12 mil peças. Em agosto deste ano, contabilizamos 277 mil produtos e um faturamento de R$ 715 mil”, revela Emerson Xavier, que deixou a carreira militar para assumir a direção do negócio, quando percebeu que a fabricação de lingeries indicava um futuro promissor para sua família. Outro empresário também seduzido pelo setor foi Amarildo Francisco Siqueira, que apoiou sua esposa Valéria (irmã de Ilza) na abertura da segunda confecção de Vargem Grande, a World Star, em 1992. Atualmente, o casal comanda 25 funcionários, que produzem 25 mil peças ao mês, e recebe seus clientes em uma loja de 100 m² com decoração luxuosa. “O apoio do Sebrae Minas tem sido muito importante, por nos estimular a abrir a mente. Com as capacitações e consultorias constantes, além de incentivo à participações em feiras e eventos de moda em outras cidades e estados, conseguimos visualizar a necessidade de mudança e acompanhar as novas tendências do mercado”, avalia o empreendedor. CAMPO FÉRTIL I O cenário econômico favorável rendeu a São João do Manteninha o www.sebraemg.com.br 9 status de polo de confecção de lingeries e colocou o município na rota dos representantes, sacoleiros, lojistas e consumidores finais de vestuário. A região recebe diariamente centenas de clientes, vindos de diversas regiões de Minas Gerais, além da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Os fornecedores de matéria-prima também vão diretamente às fábricas, diferentemente do início, em que os produtores tinham que se deslocar para conseguir os insumos. O negócio mudou a realidade do local e passou a oferecer boas alternativas aos jovens, como recorda Ilza Mendonça. “O distrito era muito menor, havia poucas casas e moradores. A agricultura e a olaria, atividades predominantes na região, não ofereciam ocupação para todos, então a maioria dos jovens saía em busca de trabalho na capital, outros estados e países. Hoje, o movimento é contrário. Quem está aqui não sai mais, por conseguir estudo e trabalho. E muitos dos que tinham migrado voltaram para trabalhar ou abrir negócios relacionados às lingeries”, compara. Foi nesse contexto que Andréia Alves de Oliveira e sua cunhada Márcia Aparecida da Silva decidiram fundar a confecção de peças íntimas New Star, há sete anos. Tanto o ofício da confecção quanto as principais estratégias para gerenciar um negócio as sócias aprenderam com seus antigos patrões. Por nove anos, Andréia Oliveira trabalhou na Love Life e Márcia Silva atuou na Meury Kiss. Em março de 2006, elas resolveram fabricar as peças por conta própria, mas, como ainda não tinham capital de giro para manter o negócio, permaneceram em seus empregos até o fim do ano, fazendo os produtos no período da noite. Os pais de Andréia Oliveira cederam a parte dianteira do lote de sua residência, que foi adaptada para abrigar a fábrica e, mais tarde, a loja da New Star. “Além da família, nossos patrões foram grandes incentivadores para a abertura da empresa. Eles nos deram alguns moldes, orientações e sugestões. Até hoje, eles demonstram muito carinho e sempre nos apoiam”, conta Andréia Oliveira. 10 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 Com decoração luxuosa, Amarildo Siqueira abriu a WorldStar, segunda confecção de Vargem Grande, em 1992 Por indicação dos pioneiros, as empresárias entraram para o projeto do Sebrae Minas, em 2011, e receberam a ajuda necessária para abrir a loja. “Fomos capacitadas para atender bem os clientes e saber lidar com os funcionários. Agora, teremos o curso de modelagem, e nossa expectativa de aprendizado é grande”, estima Márcia Santos. CONCORRÊNCIA AMIGÁVEL I As opções de lojas de pronta-entrega em Vargem Grande são muitas e próximas umas das outras, mas cada qual com sua identidade e seus pro- dutos com características específicas. Os empresários se conhecem, trocam conhecimento e indicações de matérias-primas. Dessa forma, a concorrência ocorre de forma harmônica e colaborativa. Para nutrir a relação de parceria e união entre os empresários, no segundo ano do projeto, o Sebrae Minas contratou 100 horas de consultoria, divididas em cinco meses de trabalho, para fortalecer o associativismo e o cooperativismo no grupo, o que resultou na criação da Associação dos Empreendedores de Confecções, Indústrias e Comércios de São João do Manteninha e Região (Assecon). A entidade é presidida por Emerson Xavier, que se reúne mensalmente com os colegas empresários para discutir os assuntos de interesse da coletividade. De acordo com ele, a maior dificuldade tem sido a falta de mão de obra, problema que se agrava no final do ano, com o aumento da demanda de produção. “Para suprir o gargalo e não deixarmos de atender os clientes, temos buscado recursos para capacitar novos profissionais”, relata. Outro ponto trabalhado pela Assecon junto à prefeitura e aos órgãos locais é a melhoria da infraestrutura do polo. Como resultado do crescimento das confecções, hoje o distrito conta com dois restaurantes, um posto de gasolina, uma cooperativa de crédito, uma linha de ônibus e táxi. As reivindicações atuais incluem a aplicação de asfalto na via de 6 km que leva à entrada do distrito, a instalação de telefonia celular com qualidade, a ampliação das instalações elétricas para melhorar a qualidade da energia e a construção de um hotel. O Sebrae Minas também se esforça para contribuir com a autonomia e a sustentabilidade da Associação. “Estamos finalizando um diagnóstico para elaborarmos um plano de ação para aproveitamento de resíduos das fábricas, como recortes de tecidos, linha, papel, plástico e carretel. Para 2014, já estamos planejando a realização da primeira feira de lingerie de São João do Manteninha e região”, antecipa Marcelo Gonçalves. “Além da família, nossos patrões foram grandes incentivadores para a abertura da empresa. Eles nos deram alguns moldes, orientações e sugestões” Andréia Oliveira, proprietária da New Star (à esq.), ao lado da sócia, Márcia Silva (à dir.) www.sebraemg.com.br 11 EMPREENDEDORISMO Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 Liliane Marques criou a revista Mercado e já se prepara para mudar de Micro Empreendedor Individual para Micro Empresa Negócio em evolução Empreendedores individuais mineiros mostram perspectivas e desafios de se tornar um microempresário 12 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 A relações públicas Liliane Marques tem apostado todas as fichas em seu novo negócio. Afastada de Santa Luzia por muitos anos, ela voltou a morar em sua cidade natal no ano passado e logo percebeu a mudança e o desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foi aí que pôs em prática uma ideia antiga: criar uma revista voltada para o comércio do Vetor Norte da capital mineira, que corresponde às cidades de Confins, Jaboticatubas, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Santa Luzia, São José da Lapa, Ribeirão das Neves e Vespasiano. A Mercado, de circulação bimestral, por enquanto, só é encontrada em Santa Luzia, mas caminha para sua terceira edição e tem tiragem de 5.000 exemplares. “Pretendo ampliar o negócio aos poucos. Já fiz uma pesquisa de mercado, apliquei questionários, e o número de anunciantes tem aumentado”, anima-se. Por ora, Liliane Marques só tem um funcionário contratado e um faturamento que ultrapassa os R$ 50 mil anuais, mas pretende criar uma redação profissional já no ano que vem para dar conta da demanda crescente. “Há quase um ano fiz cursos de capacitação no Sebrae Minas para tirar a empresa do rascunho e entender como é o funcionamento real de um negócio”, diz. Crescimento parecido é o da cabeleireira Lúcia Santos, que montou seu salão, há 10 anos, na cidade de Barbacena, no Campo das Vertentes. Para o empreendimento, economizou, frequentou cursos e participou de feiras de pequenos comerciantes na região. Esses investimentos resultaram no faturamento anual médio de R$ 50 mil. Com o aumento do número de clientes – uma média de 10 por dia –, ela percebeu que o espaço era pequeno e planeja abrir uma filial em outro bairro da cidade. Paralelamente às atividades corriqueiras do salão de beleza, Lúcia Santos viu nos cabelos cortados uma outra fonte promissora. “Faço perucas, e o mercado local tem muita demanda para pouca oferta. Quero importar cabelos da China e Índia para aumentar minha produção e meu orçamento. Todo investimento tem um risco, mas pretendo seguir com meus sonhos”, revela. “Faço perucas, e o mercado local tem muita demanda para pouca oferta. Quero importar cabelos da China e Índia para aumentar minha produção e meu orçamento” Lúcia Santos, proprietária do salão Lúcia Cabeleireira Mas o que Liliane Marques e Lúcia Santos têm em comum? Elas são Micro Empreendedores Individuais (MEI), modalidade criada em 2008 para que pessoas que trabalham por conta própria possam legalizar suas atividades. Para se manter nessa categoria, a empresa deve faturar, no máximo, até R$ 60 mil por ano. Entre as vantagens, está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), possibilidade de abertura de conta bancária, pedido de empréstimos bancários e emissão de notas fiscais. O MEI está enquadrado na cobrança do Simples Nacional e é isento de pagamento dos tributos federais. O empresário paga apenas um valor fixo mensal de R$ 33,90 (INSS), acrescido de R$ 5 (para os que são prestadores de serviço) ou R$ 1 (para quem atua no ramo de comércio e indústria). www.sebraemg.com.br 13 “Procuro manter a qualidade do produto, ter persistência e buscar novas receitas para fazer com que meu negócio tenha um diferencial” Grace Kelly Lisboa, dona do Atelier du Chocolat Pelo faturamento anual tanto da revista quanto do salão de beleza, as duas empresárias estão no limite de deixar o MEI. Liliane Marques vai começar a transição ainda neste ano. Já Lúcia Santos deixará para 2014. “Se é para crescer, temos que ser corajosos e arriscar. Mas sempre com o pé no chão”, afirma, convicta, a proprietária do salão de beleza. DE REPENTE, MICROEMPRESÁRIO I Segundo o consultor do Sebrae Minas, Sebastião Moreira, os Micro Empreendedores Individuais que ultrapassam o faturamento máximo de R$ 60 mil previstos não têm escolha: serão realocados para a categoria de Micro Empresa (ME). “Eles são transferidos automaticamente para microempresas, no entanto é preciso formalizar essa transição junto à Receita Federal do Brasil, via internet”, explica. 14 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 Nela, o empreendimento pode ter receita bruta anual de até R$ 360 mil e contratação de quantos funcionários for necessário, e manter-se no Simples Nacional. Os impostos variam segundo as atividades comerciais, cujo valor percentual é de 4% para receita de até R$ 15 mil por mês; industriais, de 4,5%; e de serviços, de 6% para o mesmo limite. “Há outras diferenciações em caso de construção civil, que começa com alíquota de 4,5%, mas parte da previdência não está incluída na tabela. Todos esses valores são proporcionais à receita. Depois dos R$ 15 mil, a alíquota progride”, ensina. Quem ampliou seus negócios diz que, apesar do aumento dos tributos e dos riscos, vale a pena investir quando há uma boa gestão de recursos. A empresária Grace Kelly Viol Lisboa, do Atelier du Chocolat, uma chocolateria especializada em doces finos para festas e eventos, também em Barbacena, trabalha no ramo há 17 anos. Quando começou, com bolos fornecidos para o comércio local, tinha uma média de 10 clientes. Hoje, contabiliza mais de 70, com 15 mil doces vendidos por mês. “O aumento da demanda fez com que eu deixasse de ser uma MEI e me tornasse uma ME, atualmente com cinco funcionários”, relata. Esse crescimento só foi possível por meio dos cursos e orientações do Sebrae Minas. “Como a instituição tem muita experiência em negócios, fui orientada a observar pontos de equilíbrio na empresa que eu nem percebia”, lembra. A chocolateria tem dado tão certo que Grace Kelly vai transferir o estabelecimento, em breve, para uma loja em um shopping da cidade, com uma cafeteria, de modo a atender melhor quem busca seus quitutes. “Procuro manter a qualidade do produto, ter persistência e buscar novas receitas para fazer com que meu negócio tenha um diferencial.” Neste ano, os doces feitos pela empreendedora ultrapassaram o limite do município e fizeram sucesso em um dos restaurantes mais badalados do tradicional Festival de Cultura e Gastronomia, em Tiradentes. Apesar de concorrer diretamente com microempreendedores e pessoas que trabalham de maneira informal, ela diz que preferiu seguir um caminho mais abrangente, apesar do aumento das despesas. “O MEI é interessante para quem trabalha sozinho. No meu caso, dependo muito de mão de obra extra”, pontua. A empresária Daniele Fernandes, de Belo Horizonte, também comemora o crescimento de seus negócios. Estudante de Direito, ela começou a atuar no setor de construção civil, na prestação de serviços de reformas e acabamentos. “Trabalhava em outra empresa, mas, com o tempo, considerei montar o meu próprio negócio para melhorar a situação financeira”, relembra. De olho no que estava em alta no mercado, a empresária participou de diferentes cursos, consultou o Sebrae Minas e decidiu iniciar como MEI no ramo de construção civil, abrindo a Construtora Metrópole em 2011. “Abordei um empreiteiro e consegui o serviço de reforma de uma igreja. Comecei com apenas um cliente, um pintor e, quando passei a prestar serviços para condomínios, fui abrindo meus caminhos profissionais”, conta. Após um ano, a Construtora Metrópole atingiu o limite da MEI e se tornou uma ME. Hoje, o faturamento anual já atinge a casa dos R$ 300 mil, e a empresa tem cinco funcionários. “A possibilidade de prestar serviços para grandes construtoras faz com que eu planeje transferir o empreendimento de ME para Empresa de Pequeno Porte, com faturamento anual maior”, afirma Daniele Fernandes, que tem a consciência de que mais renda implica mais impostos. “Se quero ser uma grande empresária e tornar o meu negócio referência em acabamento e reforma, o caminho é esse.” “A possibilidade de prestar serviços para grandes construtoras faz com que eu planeje transferir o empreendimento de ME para Empresa de Pequeno Porte” Daniele Fernandes, da Construtora Metrópole www.sebraemg.com.br 15 Pedro Vilela/Agência i7 Pontos de atenção A boa situação de uma empresa deve ser comemorada, mas é preciso cautela e cuidado para não ultrapassar os limites de faturamento estabelecidos por lei. Caso isso ocorra, é necessário fazer uma transição imediata do negócio para outra categoria. Se um MEI ultrapassou o limite de R$ 60 mil anuais, precisa ter atenção. Isso porque existe uma margem de 20% que pode torná-lo uma ME de imediato ou no próximo ano. Se o faturamento ultrapassou o valor limite, mas não foi maior que os R$ 72 mil previstos na margem, ele passa a ser considerado uma ME e, a partir daí, começa a pagar os impostos que variam de 4% a 17,42%, dependendo da atividade e do montante. O valor do excesso é acrescentado ao faturamento do mês de janeiro do ano seguinte. No entanto, se um MEI ultrapassou os R$ 72 mil de limite no próprio exercício de sua constituição, o recolhimento de impostos sobre o faturamento ocorre no mesmo ano, com A MAIORIA NO BRASIL Segundo pesquisa do Sebrae Nacional com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Brasil tem mais de 6 milhões de Micro e Pequenas Empresas (veja ao lado), que totalizam 99% dos negócios do país. Em 2011, elas foram responsáveis por empregar 15,6 milhões de pessoas. Em Minas Gerais, recente estudo divulgado pelo Sebrae Minas mostra que, no segundo trimestre de 2013, 89% das ME do Estado obtiveram lucro de R$ 31 mil, com faturamento médio de R$ 78 mil e despesas em torno de R$ 47 mil. Em relação à composição, a média de contratação desse segmento é de cinco funcionários por empresa, com despesa com pessoal de R$ 18 mil, em média. Cerca de 10% das MPE mineiras investiram em cursos de qualificação. acréscimos de juros e atualização monetária. “Se o empresário percebe que seu faturamento vai ultrapassar esse montante, a transição deve ser imediata”, alerta Sebastião Moreira. A multa incide sobre 20% do valor dos impostos devidos se o MEI não alterar espontaneamente o regime jurídico da empresa, ou seja, passando de MEI para ME. É importante alertar para a proporcionalidade da receita no ano da constituição como MEI. A receita de R$ 60 mil anual é proporcional no primeiro exercício. O MEI constituído até 31 de janeiro do ano civil tem o limite completo da receita, ou seja, R$ 60 mil. Se formalizar em fevereiro, tem apenas 11/12 do limite da receita, ou seja, R$ 55 mil. O limite de receita de R$ 5 mil é proporcional ao número de meses do exercício, não importando que, em determinado mês, a receita ultrapasse esse limite e, em meses futuros, haja a compensação e seja inferior, não ultrapassando o total permitido. 2000 – 4,2* Evolução 2001 – 4,6* das MPE 2002 – 4,8* no Brasil 2003 – 5,0* (*em milhões) 2004 – 5,2* 2005 – 5,4* Aqui, todas as histórias são divididas assim: começo, meio e sucesso. 2006 – 5,5* 2007 – 5,6* 2008 – 5.8* 2009 – 6,0* 2010 – 6,1* 2011 – 6,3* ESCREVA SUA HISTÓRIA DE SUCESSO COM O EMPRETEC. “Minha participação no Empretec foi fundamental para a abertura de mais quatro empresas.” Para entender o Empretec, nada melhor do que Fabiano de Lima Rangel F L Rangel Assessoria Contábil Ltda., Juiz de Fora a opinião de quem fez e, assim, melhorou ou iniciou seu próprio negócio. E as vantagens não param por aí. A metodologia, desenvolvida pela ONU e exclusiva do Sebrae, há 20 anos traz em Fonte: MTE. Rais e Dieese seus 6 dias tudo o que você precisa saber para Taxa de sobrevivência de empresas (em 2 anos) Empresas constituídas em Empresas constituídas em Empresas constituídas em Fonte: Sebrae Nacional se capacitar e preparar melhor sua empresa para o mercado. 2005 – 73,6% 2006 – 75,1% 2007 – 75,6% fb.com/sebraemg fb.com/sebraemg | | fb.com/sebraemg | twitter.com/sebrae_mg fb.com/sebraemg | | twitter.com/sebrae_mg | BLOG BLOG fb.com/sebraemg | twitter.com/sebrae_mg fb.com/sebraemg | sebraemgcomvoce.com.br twitter.com/sebrae_mg sebraemgcomvoce.com.br 16 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 0800 570 0800 | www.sebraemg.com.br twitter.com/sebrae_mg | BLOG | BLOG sebraemgcomvoce.com.br twitter.com/sebrae_mg sebraemgcomvoce.com.br CROWDFUNDING Para que um projeto saia da cabeça para o papel, é preciso, além de muita disposição e planejamento, uma previsão de custos que o torne viável. Agora, imagine contar com a doação financeira de pessoas desconhecidas, mas que tiveram acesso à iniciativa por meio da internet e decidiram ajudar a colocá-la em prática. Essa ideia é real e se chama crowdfunding. Tendo como foco a obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo por meio da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral, pessoas físicas interessadas em seus ideais, o crowdfunding está revolucionando a forma como os projetos são planejados e executados. Para a analista do Sebrae Minas, Regina Vieira, a solução que o modelo proporciona é inovadora e consegue escapar dos trâmites legais e burocráticos. “A economia criativa é a mais beneficiada, já que as atividades apoiadas, geralmente, não conseguem passar pelo funil tradicional, como as leis de incentivo, mas recebem o apoio da sociedade”, enfatiza. Nascida em 2009, nos Estados Unidos, por meio do site Kickstarter (www.kickstarter.com), a metodologia movimentou, somente em 2012, US$ 2,7 bilhões no mundo através de doações. O dado representa um aumento de 81% em relação ao ano anterior, segundo pesquisa da Massolution, consultoria especializada no setor. O crowdfunding chegou ao Brasil em 2011 e, atualmente, mais de 20 portais integram a lista de plataformas disponíveis. Alguns deles optaram por focar nichos específicos, como cultura, moda, empreendedorismo, projetos sociais, e outros estão abertos a diferentes categorias. O portal Catarse foi o precursor do formato no mercado brasileiro. Criado, inicialmente, por três jovens, conta, na atualidade, com uma 18 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 equipe de 15 profissionais presentes em diversas regiões do país. Luis Otávio Ribeiro, um dos fundadores da plataforma, explica que o começo foi desafiador. “Sabíamos da dificuldade que teríamos, mas acreditávamos que haveria retorno em função do sucesso que já havia lá fora.” E realmente deu certo. Desde a sua criação, foram arrecadados R$ 10,187 milhões para financiar 635 projetos com o apoio de 85 mil pessoas. “O portal é um local de encontro e produção de conhecimento. A ideia é genial e faz com que iniciativas inovadoras sejam implantadas, o que não ocorreria da forma tradicional. O valor total patrocinado por empresas e pelo governo ainda é muito baixo em comparação à quantidade de projetos existentes, tornando muito difícil, burocrático, caro e moroso o processo de captação de recursos por esses meios”, comemora o fundador. TODOS GANHAM I Após o envio do projeto, é feita uma seleção inicial em relação ao planejamento proposto, ao valor requerido e à estrutura para implantação e entrega do produto. Se aprovado, ele entra no ar e inicia-se a fase de arrecadação. Em todos os portais de crowdfunding, o proponente só recebe a verba quando a meta é atingida em determinado período de tempo. Ou seja, se não for 100% bem-sucedido, os apoiadores recebem o dinheiro de volta ou podem optar por financiar outra iniciativa. Além disso, existem as cotas de patrocínio e, como qualquer investimento, o apoiador recebe uma recompensa, que varia de acordo com a natureza do projeto. “Por exemplo, se a iniciativa é lançar um livro, o investidor pode ganhar um exemplar; se é um show, recebe o cd ou o ingresso; se é um projeto social, pode ser agraciado com uma camisa ou um agrade- Pedro Vilela/Agência i7 Juntos por uma ideia Plataformas de financiamento coletivo de projetos viram sucesso na internet e fortalecem a economia criativa O empresário Cristiano Cuty, de Juiz de Fora, contou com a doação de 236 pessoas para produzir o jogo de tabuleiro Midgard cimento especial. O projeto ideal, e que geralmente agrada ao público, é baseado na criatividade, na experiência oferecida, na utilidade e na abrangência”, explica Luis Otávio. No caso do Catarse, se a iniciativa conseguir a verba, o portal fica com 13% do valor arrecadado, o que pode variar entre as opções existentes de plataforma. BEM-SUCEDIDO I Encontrar pessoas com interesses similares para conseguir tornar real um projeto que vai beneficiar uma determinada localidade é o principal objetivo dos idealizadores do crowdfunding. Esse também foi o foco da 2ª edição do Festival Internacional de Artes Vertentes, que reuniu cerca de seis mil participantes em Tiradentes, entre os dias 12 a 22 de setembro, e contou com a expertise de 50 artistas de 15 países diferentes. O intuito era arrecadar R$ 66 mil em 40 dias por meio da plataforma de crowdfunding. A meta foi superada, e a iniciativa obteve R$ 76 mil. A diretora executiva do Festival, Maria Vragova, conta que não conseguiu verba por meio das leis culturais de incentivo para colocar o evento em prática, mas recebeu apoio de moradores e empresários locais, que doaram recursos financeiros pelo Catarse. “O principal benefício é ter a liberdade de atuação e criação das recompensas. Às vezes, lidamos com patrocinadores que não entendem nada de cultura e precisamos adequar o projeto à estratégia de marketing e divulgação da marca da empresa, o que pode impactar a dimensão cultural da iniciativa.” Cristiano Cuty e seu sócio, Fernando Scheffer, de Juiz de Fora, também optaram por utilizar uma plataforma colaborativa para produzir o jogo de tabuleiro Midgard. Para que o projeto acontecesse, a dupla precisou de R$ 16.500. Após a conclusão das ações, arrecadaram quase R$ 36 mil com o apoio de 236 pessoas, ou seja, 115% acima do requerido. A verba excedente foi convertida em prêmios para os apoiadores, como o jogo finalizado, peças extras e camisas personalizadas. Baseado em aventuras nórdicas, RPG e fantasias místicas, o jogo, que utiliza cartas, está na fase final de produção e será comercializado até o fim do ano. “Além de o crowdfunding funcionar como uma pré-venda, o conceito é muito mais amplo. As pessoas que participam www.sebraemg.com.br 19 20 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 MODELOS DE FINANCIAMENTO Conheça as principais plataformas brasileiras de crowdfunding: Site Perfil Endereço Catarse Categorias variadas www.catarse.me Impulso Voltado para o microempreendedor www.impulso.org.br Mobilize Categorias variadas (vinculado ao Facebook) www.facebook.com/mobilizecf Juntos Focado em projetos sociais www.juntos.com.vc Garupa Voltado para o turismo sustentável www.garupa.juntos.com.vc Variável 5 Focado em projetos culturais www.variavel5.com.br VOLUME GLOBAL DE CROWDFUNDING EM 2012: US$ 2,7 BILHÕES Total de recursos captados por meio da plataforma em 2012 (em milhões de dólares) Em 30 dias, a cantora Marina Machado arrecadou R$ 9 mil para viabilizar o show de lançamento do seu novo CD para a economia criativa e supera os percalços e riscos previstos.” A cantora mineira Marina Machado também compartilha da opinião. “Essa ferramenta é uma ótima opção para o músico independente e uma alternativa às leis de incentivo. Assim que o brasileiro se acostumar a esse tipo de relação, teremos mais democracia na divulgação de trabalhos”, acredita a artista, que utilizou a plataforma, no início de 2013, para viabilizar o show de lançamento do seu novo cd, Quieto um Pouco. Ela lembra que não conseguiu captar recursos para o projeto e buscou investir no crowdfunding por intermédio de um amigo que também é músico. O resultado foi satisfatório: em 30 dias, Marina Machado arrecadou R$ 9 mil, mais que a meta inicialmente prevista. “Resolvi pedir apoio ao público cúmplice, que me pede pra voltar aos palcos, com a venda antecipada de ingressos, cds e outros mimos em contrapartida ao apoio financeiro. O Brasil é um dos países mais ricos em diversidade artística. É uma pena que a maioria das pessoas não tenha acesso e, portanto, poder de escolha”, ressalta a cantora. América do Norte Europa US$ 1,606 bilhão US$ 945 milhões América do Sul US$ 0,8 mil Ásia US$ 33 milhões África US$ 0,1 mil Oceania US$ 76 milhões 2013 US$ 5,1 bilhões ARRECADAÇÃO MUNDIAL 2012 US$ 2,7 bilhões 2011 Fonte: Massolution US$ 1,5 bilhão www.sebraemg.com.br 21 ClaytonPedrosa PLANEJAMENTO I Ainda que os benefícios sejam muitos, Cristiano Cuty alerta para as recompensas oferecidas. “Apesar de termos arrecadado mais de 200% do valor inicial, a quantia não foi suficiente para a produção de brindes em compensação pelo apoio. À medida que o projeto avançava e as metas eram batidas, nós ampliávamos os prêmios e os materiais a serem produzidos. Com isso, tivemos que injetar verba nossa para a produção. Mas, no final, isso foi bom, pois nos permitiu lançar um produto mais completo e com qualidade superior.” Essa experiência mostra que idealizadores e apoiadores devem ficar atentos ao planejamento, principalmente devido à grande diversidade dos projetos apresentados. “Não atuamos de maneira propositiva, e sim, reativa, e vetamos os projetos que não comprovam a capacidade de execução. Os apoiadores precisam fiscalizar a implantação de sua iniciativa. Na maioria das vezes, são pessoas próximas dos realizadores, o que impede o risco de fraude e a perda de credibilidade”, orienta Luis Carlos. Apesar de esse cuidado ser necessário, Regina Vieira afirma que o crowdfunding não deve ser controlado ou monitorado por meio de normas, leis ou ações que possam influenciar o processo de colaboração coletiva. “A mudança cultural passa por situações de risco e, com o tempo, vamos adaptando e conhecendo cada vez mais o novo modelo. O crowdfunding simboliza um avanço em termos de produção de conhecimento, inovação para a sociedade e Divulgação do financiamento se envolvem com o projeto, ajudam a divulgá-lo e o tomam para si. Então, além de ser um elemento para arrecadação do montante necessário para a produção do jogo, é uma ferramenta de divulgação como poucas, que promove uma maior proximidade do público”, observa Cristiano Cuty. Para Regina Vieira, a ideia só tende a expandir. “A previsão é que ela se torne ainda mais popular e alcance mais apoio. Temos essa confiança, pois se trata de um canal direto do empreendedor com o seu público, através de uma construção de rede de relacionamento e engajamento comunitário”, diz. COMUNICAÇÃO Fotos: Mauro Marques Atuação em cadeia Profissionais de propaganda e publicidade de Uberlândia recebem orientação e capacitação para profissionalizar o setor A importância da união é velha conhecida das empresas de comunicação de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Há mais de dez anos, os empresários do setor criaram a Associação dos Profissionais de Propaganda (APP), que envolve os mais diversos empreendimentos da cadeia do negócio da comunicação, soma 90 empresas participantes e atualmente emprega mais de 400 profissionais. Esse grupo gera, de acordo com dados da APP, faturamento mensal estimado em R$ 7 milhões, sendo que o valor originado pela veiculação de propagandas é de cerca de R$ 5,4 milhões por mês, dos quais 40% são por meio de agências locais. Percebendo a visão integrada e a potencialidade do setor, o Sebrae Minas demonstrou interesse em contribuir com o negócio e, em 2012, surgiu o projeto Empreendedorismo em Comunicação (EmCom), direcionado ao fortalecimento da cadeia da comunicação, beneficiando, até o momento, 54 associados de micro e pequeno porte. A iniciativa partiu de um diagnóstico feito com empresários envolvidos nos núcleos de negócios da APP, que se dividem em veículos de comunicação, agências de publicidade, propaganda e digitais e prestadores de serviços, como produtoras de áudio e vídeo e gráficas. Segundo o analista do Sebrae Minas, Fabiano Alves Pereira, o principal objetivo do projeto consiste na capacitação das empresas 22 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 de forma mais estruturada, visando a melhorias na gestão e oportunizando novos negócios para maior competitividade. “Queremos tornar Uberlândia uma cidade conhecida no setor de comunicação. Temos empresas reconhecidas e premiadas nacionalmente e outras com grande potencial de crescimento”, ressalta. Para Rogério Fonseca, presidente da APP e proprietário da agência de publicidade Yellow Monkey, os empresários locais já estavam em diálogo antes da criação do EmCom. Com a chegada do Sebrae Minas, os vínculos se fortaleceram, e grandes avanços são esperados. “Ainda existem divergências de posicionamento, que são naturais no mercado. Mas as pessoas conversam em busca de metas comuns”, relata. A Yellow Monkey é uma agência no modelo full service, isto é, oferece diversos serviços da publicidade, como comunicação institucional, de varejo, digital e branding. Desde que passou a integrar o EmCom, a empresa – que completará três anos de criação em 2013 – tem passado por reestruturações. Nos últimos meses, foram implementados sistemas para gerenciar os processos e as finanças, e três novos profissionais se juntaram à equipe, anteriormente formada por cinco pessoas. “O momento agora é de planejamento estratégico. Estamos organizando a casa”, fala o proprietário. Ele também relata que um dos problemas enfrentados pelo setor era a dificuldade em precificar os serviços. Muitas empresas se dedicavam com mais energia ao processo criativo, e a gestão empresarial ficava em segundo plano. “Após a realização das oficinas, temos condições de saber o que devemos levar em conta para não ter prejuízo. A expectativa é que os valores subam um pouco, não porque os serviços estão mais caros, mas porque aprendemos a cobrar adequadamente”, pontua Rogério Fonseca. Alguns resultados, inclusive, já podem ser quantificados. O negócio, cujo faturamento ele prefere não revelar, poderá ter acréscimo de 10% a 20% nos próximos dois anos. “A expectativa é que os valores subam um pouco, não porque os serviços estão mais caros, mas porque aprendemos a cobrar adequadamente” Rogério Fonseca, presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda e dono da Yellow Monkey www.sebraemg.com.br 23 Divulgação “Estamos cada vez mais profissionais. Por meio da Associação e do EmCom, compartilhamos as necessidades comuns das empresas e nos vemos como parceiros. Isso contribui para a qualificação dos serviços prestados” Daniel Labanca, proprietário da Cine Filmes 24 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 EM CAMPO I Partindo dos resultados do diagnóstico, foram definidas três linhas de atuação para o EmCom, abrangendo a capacitação dos profissionais, a geração de negócios e o reconhecimento de Uberlândia como polo gerador de mídias inteligentes. As principais atividades desenvolvidas na primeira fase se apoiaram em palestras, oficinas, consultorias, cursos de criação e design thinking (conjunto de métodos e processos inovadores para solução de problemas, baseado em técnicas de design) e participação em eventos do setor. Atualmente, está em curso uma pesquisa com os clientes com o objetivo de conhecer o que eles buscam no mercado e quais são os principais pontos de melhorias no relacionamento com os prestadores de serviços. As agências de publicidade, propaganda e digitais representam o pontapé inicial desse trabalho e, por isso, foram priorizadas com as primeiras ações. Os meios de comunicação são os veiculadores das mídias produzidas pelas outras empresas da APP. “Tentamos construir um relacionamento profissional de maior qualidade no elo dessa cadeia. Capacitando as agências, as empresas contratam profissionais mais qualificados, que produzem peças melhores, gerando visibilidade para todo o segmento”, explica Fabiano Pereira. Além disso, são ofertadas outras atividades, como a missão do Sebrae Minas ao Festival Mundial de Publicidade, ocorrido no primeiro semestre deste ano, em Gramado (RS). Os membros da APP e do EmCom ainda visitaram, no mês de setembro, as principais empresas de publicidade de São Paulo e estiveram presentes no encontro nacional das APPs, que aconteceu no dia 3 do mesmo mês, na sede da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, reunindo representantes de 12 associações. “Atividades como essas têm gerado bons resultados, entre eles, a prospecção de novos clientes e a maior visibilidade das empresas de publicidade e propaganda de Uberlândia no mercado nacional, afirmando seu potencial”, afirma o analista do Sebrae Minas. “Queremos tornar Uberlândia uma cidade conhecida no setor de comunicação. Temos empresas premiadas nacionalmente e outras com grande potencial de crescimento” Fabiano Alves Pereira, analista do Sebrae Minas DESTAQUE NO MERCADO I Uma das vantagens competitivas dos empreendedores de Uberlândia diz respeito à visão integrada do negócio. Dentro da própria APP, as agências, os prestadores de serviço e os veículos de comunicação se veem como clientes e fornecedores entre si. Dessa forma, qualquer ação que beneficie uma empresa potencialmente gera resultados positivos para outras. Quanto aos clientes externos, em função da variedade de serviços oferecidos pelos associados, são atendidos os mais diversos segmentos, com destaque para os mercados concorridos de telefonia e bebidas. Pequenos e médios empreendimentos locais também são clientes recorrentes. “Hoje, estamos cada vez mais profissionais. Por meio da Associação e do EmCom, compartilhamos as necessidades comuns das empresas e nos vemos como parceiros. Isso contribui para a qualificação dos serviços prestados”, acredita Daniel Labanca, proprietário da Cine Filmes. A empresa, fundada em 2005, produz vídeos corporativos, comerciais e conteúdo para televisão, direcionados a uma carteira de clientes variada, desde empreendimentos de telecomunicações até indústrias do agronegócio. Doze funcionários e dois sócios trabalham diariamente na Cine Filmes, e diversos outros profissionais são contratados esporadicamente para atender a demandas específicas. Para Daniel Labanca, ainda é cedo para contabilizar os resultados gerados por meio do EmCom, mas já são perceptíveis algumas melhorias. No primeiro semestre, por exemplo, foi criado o cargo de gerente de processos para que as mudanças ocorram de maneira estratégica. Com isso, se espera um crescimento de até 30% “Estamos caminhando para tornar o mercado de comunicação de Uberlândia mais maduro e consistente” Rogério Martins, proprietário da Target Mídia em dois anos, a partir da conquista e fidelização de novos mercados, como afirma o empresário. “Numericamente, ainda não podemos quantificar o faturamento. Mas as vantagens trazidas, como o compartilhamento de informação e o aumento do nível de profissionalização, tornam nossas metas mais fáceis.” INOVAÇÃO EM COMUNICAR I A Target Mídia, criada pelo empresário Rogério Martins em janeiro deste ano, é a primeira empresa da região especializada em publicidade em táxis, ônibus e www.sebraemg.com.br 25 EDUCAÇÃO Mesmo com pouco tempo de atuação, o empreendedor já percebe mudanças. “O EmCom está ajudando o mercado a ser mais eficiente. Tínhamos uma séria de carências em relação à qualificação. Por meio do projeto do Sebrae Minas, conseguimos nos capacitar e participar de eventos, como palestras e debates fora da cidade, adquirindo know-how e mais desenvolvimento para o negócio. Estamos caminhando para tornar o mercado de comunicação de Uberlândia mais consistente”, vislumbra. A expectativa é que o EmCom se encerre no fim deste ano, com a apresentação de um seminário de comunicação, de modo a promover um encontro com os líderes das principais agências e dos veículos de comunicação do país para troca de informação e experiência. Caminho em comum Em Juiz de Fora, o projeto de Desenvolvimento das Agências de Publicidade e Propaganda reúne 12 agências da cidade. Iniciado em 2011, está prestes a completar a primeira fase, que previa duração de três anos. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Guimarães Rosa, em 2012, após 12 meses de atividades, 69,2% dos empresários participantes aumentaram a lucratividade, 53,8% verificaram crescimento da verba publicitária e 69,2% aumentaram a remuneração dos serviços internos. Sob a orientação do Sebrae Minas, foram implantados programas de gestão empresarial, que envolveram investimentos e gestão de recursos humanos, incentivo à inovação, estratégias empresariais, gestão financeira e criação de indicadores de desempenho, entre outros. Em seguida, priorizou-se o desenvolvimento de processos criativos e marketing, para que os serviços se estabelecessem em níveis digitais, plataforma que vem crescendo exponencialmente no mercado, além do reforço e melhor direcionamento nas plataformas tradicionais. Atualmente, o grupo de empresários tem empreendido forças para projetar a gover26 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 nança local por meio do incentivo à inteligência comercial para a geração de novos negócios. O próximo passo é a criação de uma entidade de representação do setor de modo que os interesses comuns possam ter uma unidade, além de concluir o Estudo de Posicionamento de Mercado, no intuito de compreender melhor o cenário de publicidade e propaganda no Brasil, com recorte para o mercado de Juiz de Fora. Outro passo importante diz respeito ao domínio de informações. De acordo com o analista do Sebrae Minas, João Paulo Palmieri, o desenvolvimento do setor na cidade e região depende, especialmente, da profissionalização contínua de toda a cadeia produtiva do segmento, principalmente no que tange ao tripé AVA (Anunciantes, Veículos e Agências). “O diagnóstico inicial de desunião e concorrência interna deu espaço à cooperação, que permite ao grupo alavancar trabalhos coletivos, fortalecendo-se para a concorrência externa em níveis de maior abrangência, com posicionamentos mais efetivos, aglutinando e capitaneando maiores possibilidades”, finaliza. Herança valorizada Com a sucessão familiar, empresas podem crescer, mas sucesso depende de qualificação e empenho dos herdeiros Assumir a gestão da empresa da família e colocá-la em harmonia com os novos tempos têm sido grandes desafios para sucessores de alguns negócios. O sucesso atingido após a transição depende da capacidade de inovação, aplicada, de forma simultânea, à conservação dos valores e da cultura da organização, da constante preparação gerencial e da adequação ao mercado, que está em permanente transformação. Para Rubens Caetano de Albuquerque, gerente da Escola Técnica de Formação Gerencial do Sebrae Minas (ETFG), a preparação de sucessores deve ser feita a partir do momento em que os herdeiros tiverem noções adequadas de responsabilidade e profissionalismo. “O envolvimento dos filhos no negócio, por exemplo, tem que ser constante para que eles possam analisar e conhecer cada etapa do processo de produção e, a partir daí, aproveitar as chances no mercado”, explica. Vislumbrar mudanças e oportunidades para a empresa familiar é uma habilidade que poucos gestores têm, mas que pode ser desenvolvida desde cedo. E foi essa capacidade que fez a diferença quando o engenheiro e economista Ricardo Macedo assumiu a gestão da Construtora Bernardo Salce/Agência i7 mobiliário urbano. O seu diferencial proporcionou-lhe contratos com importantes empreendimentos de turismo de negócios, como hotéis, restaurantes, meios de transporte, construção civil e mercado varejista de maneira geral. Com o crescimento da empresa, que hoje mantém três funcionários diretos e tem um bom faturamento mensal, Rogério Martins sentiu necessidade de investir no conhecimento das áreas jurídica e legislativa. “Como trabalho com transporte público e mobiliário urbano, as decisões políticas interferem no serviço e no cotidiano. Outro desafio está relacionado à sensibilidade do mercado para perceber o valor agregado do nosso produto, que não é tradicional. Buscamos mostrar para os clientes essa alternativa de comunicação como um diferencial.” O engenheiro Ricardo Macedo, no comando da construtora Alcance, defende a inovação e a ousadia nos negócios www.sebraemg.com.br 27 Alcance, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em 2008, logo após a conclusão da faculdade. Ele conta que não pensava em conduzir o negócio da família, mas que, após um estágio em outra construtora, em Belo Horizonte, visualizou que a área de atuação do empreendimento familiar poderia ser a de incorporação imobiliária. Fez, então, a proposta ao pai, Celso de Souza Macedo, e a Luiz Gonzaga Sant’Anna Lorentz, também fundador da construtora. “Na época, fui ousado, mas acreditava que tinha chances de dar certo, até pela formação que havia recebido. Eles compraram a ideia e, assim, iniciamos o processo de mudança do negócio e a sucessão familiar, primeiro de forma lenta, edepois, com a segurança sendo adquirida, em um ritmo melhor”, afirma. “A empresa tinha um estilo conservador. Então, precisávamos avançar um passo de cada vez, sempre mostrando resultados e implantando ações de melhoria quando necessário”, completa. Segundo Ricardo Macedo, a visão empreendedora e o gosto pela engenharia foram incentivados desde cedo, em casa. Ele diz que, quando criança, o pai o levava para ver as obras da construtora e, já no Ensino Médio, estava certo de que seria engenheiro. “Apesar de muito ligado ao negócio, meu pai sabia separar as coisas. Sempre tivemos um relacionamento muito tranquilo e baseado no diálogo. As discussões e diferenças de opiniões são normais entre gerações, mas é preciso dosá-las com responsabilidade”, revela o engenheiro. CURSO I Para Ricardo Macedo, para que o bom resultado seja alcançado, a qualificação profissional é algo que os sucessores precisam buscar 28 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 e focar a todo momento. “Fiz um curso de formação gerencial do Sebrae Minas, entre 1999 e 2002, por sugestão do meu pai. Ele sempre dizia que a faculdade não o preparou para as questões burocráticas de uma empresa. Como eu sempre gostei de empreender, fiquei apaixonado pelas disciplinas.” Segundo ele, a oportunidade de adquirir conhecimentos que não teria em outro lugar foi o maior diferencial da programação. “O que mais me marcou foi a parte de economia. Estudar demanda e oferta, elaborar um plano de negócios, saber como se obtém alvará de funcionamento e o registro de empresas foram pequenas amostras de tudo o que meu pai sempre disse que eu precisava aprender”, lembra o engenheiro. Fundada em 1985, a Construtora Alcance, com atuação expressiva no Nordeste de Minas Gerais, tem hoje faturamento médio anual de R$ 60 milhões e executa obras baseando-se na metodologia de Gerenciamento de Projetos. Os fundadores exercem a função de conselheiros da empresa e estão sempre acompanhando decisões mais estratégicas. “Percebo que, após seis anos de transição, estamos muito mais maduros, sempre ligando a vontade com a experiência.” Agora, a construtora se prepara para passar por outro processo: a divisão de patrimônio e a consolidação de uma holding familiar. Ricardo Macedo explica que, desde a fundação da empresa, o patrimônio da família esteve atrelado ao negócio. “No momento, estamos caminhando para que isso seja separado e controlado pela holding. É algo essencial para garantir transparência e profissionalismo ao negócio”, enfatiza. “Os que se aventuram na transição familiar precisam estar abertos ao diálogo e à crítica e saber que a sua vontade é importante, mas a experiência, sobretudo dos fundadores, é essencial.” A capacitação, o desenvolvimento profissional e o relacionamento familiar são grandes desafios para que os herdeiros se sintam mais preparados, e os fundadores do negócio, seguros com a transição. “Em todo processo sucessório, tem de haver um envolvimento direto da família. E a participação dos filhos, desde cedo, na empresa é essencial. Isso inclui conhecimentos que vão do chão de fábrica até a alta gestão. As- Uarlen Valério/Agência i7 “O envolvimento dos filhos no negócio tem que ser constante para que eles possam conhecer cada etapa do processo de produção e, a partir daí, aproveitar as chances no mercado” Rubens Caetano de Albuquerque, gerente da ETFG Jeovani Zani (ao centro), do grupo Duzzani, de São Sebastião do Paraíso, cuida para que o entrosamento entre os sucessores, Vinícius e Lidiane (à dir.), seja tão bom quanto o que tem com a irmã e sócia, Patrícia (à esq.) sim, os herdeiros se familiarizam com os processos e entendem como se chega aos resultados, verificando se estão ou não no caminho certo”, diz Rubens Albuquerque. Ainda que a sucessão só venha a ser realizada daqui a alguns anos, os herdeiros do Grupo Duzani, de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, já estão sendo preparados para a transição. O grupo nasceu em 1998 por meio da parceira entre Jeovani Zani e a irmã, Patrícia, e hoje integra uma fábrica de lingerie, uma confecção de bojos, uma distribuidora, uma loja de matériasprimas para a produção de peças íntimas e uma construtora incorporadora, além de estar ampliando a atuação para uma rede de cosméticos. Jeovani Zani conta que a empresa contratou, este ano, a consultoria de uma profissional especializada para ajudar na transição e orientar a atuação dos sucessores na administração do grupo. “Já tem um tempo que começamos a trabalhar com os sucessores aspectos como liderança e planejamento. Com isso, eles já são responsáveis por algumas áreas e participam de reuniões de diretoria. O grande objetivo é colo- car essa nova geração à frente da Duzzani, preparada para desenvolver o grupo ainda mais.” Trabalham hoje na empresa o filho mais velho de Jeovani, Vinícius, de 22 anos, e os filhos de Patrícia: Tiago, de 25, e Lidiane, de 21. Lidiane conta que, quando está trabalhando, fica bem próxima à mãe para aprender como é a gestão no dia a dia. “Sempre foi assim. Quando eu era pequena, ela me trazia para a loja depois da aula e eu a ajudava em tarefas menores. Já no Ensino Fundamental, sabia que queria trabalhar no grupo, mas ainda não tinha noção de como faria isso”, revela. A jovem começou na Duzzani em 2008 como estagiária do setor financeiro e, hoje, faz parte da diretoria, além de ser responsável pela área de compras e pela distribuidora do grupo, junto com Vinícius. Graduada em administração de empresas, a herdeira elaborou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o tema “sucessão familiar”, com foco no Grupo Duzzani. “Estudei muita teoria, mas foi na prática que aprendi o que realmente é ter um negócio e as dificuldades de se buscar www.sebraemg.com.br 29 BASE I Tanto Lidiane quanto Vinícius fizeram o curso de Ensino Médio na ETFG do Sebrae Minas. “O curso os capacitou, fazendo-os enxergar melhor o caminho proposto. Mas a qualificação deve ser constante para continuarem amadurecendo nos âmbitos pessoal e profissional”, ressalta Jeovani Zani.. O empresário conta que a empresa começou na década de 90, quando a irmã trabalhava em uma fábrica de lingerie, e ele era vendedor de produtos de limpeza. Jeovani Zani. passou a vender as peças produzidas pela irmã e, em função da qualidade dos produtos, as portas foram se abrindo. Hoje, o grupo possui 450 funcionários, além de parcerias com 70 distribuidores de Minas Gerais, e um bom faturamento anual. Para o executivo, o maior desafio com a transição será o de manter a identidade de empresa familiar e o bom relacionamento entre os irmãos e os primos. “Existe uma preocupação nossa de nutrir e estreitar o relacionamento entre eles, assim como aconteceu entre mim e minha irmã”, afirma. Clermont Cintra um cliente, de lidar com um funcionário e de negociar com fornecedores”, diz ela. “Estudei muita teoria, mas foi na prática que aprendi o que realmente é ter um negócio e as dificuldades de se buscar um cliente, de lidar com um funcionário e de negociar com fornecedores” Lidiane Zani, sucessora do grupo Duzzani “De fato, a empresa pode unir os parentes, desde que os papéis estejam muito bem-definidos entre eles para evitar que, futuramente, haja sucessores mal preparados. Casa é casa, trabalho é trabalho, e tal imposição tem que ser feita pelos fundadores do negócio”, orienta Rubens Albuquerque, lembrando que empresas familiares são hoje 90% dos negócios, no Brasil e no mundo, e que, de cada 100 delas, apenas 30 sobrevivem à segunda geração, 15 à terceira e quatro à quarta. Qualificação na prática O curso de Ensino Médio Técnico em Administração, oferecido pela Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG) do Sebrae em 15 municípios de Minas Gerais, já formou mais de 8.000 jovens desde 1994. Durante os três anos de curso, são trabalhadas disciplinas como economia, gestão financeira, administração de recursos humanos, direito, contabilidade e aspectos burocráticos para iniciar um negócio. “O empreendedorismo, a busca de oportunidades e a visão de carreira são abordadosfrequentemente, permitindo ao jovem ter ferramentas que vão auxiliá-lo na gestão da empresa da família”, explica Rubens Al- 30 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 buquerque. No primeiro ano, tutoriados por um empresário, os alunos aprendem os desafios e problemas enfrentados na implantação do negócio. Na segunda etapa, é iniciado o processo de simulação de uma empresa para que eles executem processos. “Com exceção do dinheiro e do produto final, todo o resto é real. Os estudantes aprendem a formar parcerias e a lidar com questões gerenciais e burocráticas”, esclarece. Durante essa fase, começam a elaborar o Plano de Negócio que vai culminar no Plano Vitrine, no último ano, que é a análise de viabilidade real do negócio. www.sebraemg.com.br 31 MERCADO Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 O Para todas as estações Fortalecimento gerencial dos empreendedores e mudança no hábito alimentar do consumidor estimulam o mercado de sorvetes no Brasil 32 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 s ventos têm soprado a favor do mercado de sorvetes. O segmento vivencia um crescimento inédito alavancado por dois fenômenos: as fortes ondas de calor em locais que antes tinham temperaturas mais amenas e o fortalecimento da economia nacional, que impulsionou o consumo das classes mais populares. Diferentemente do Brasil, o consumo de sorvetes em outros países, onde o frio é mais rigoroso, é muito grande. Isso se deve ao fato de que, lá fora, o sorvete é considerado um alimento, diferentemente da cultura daqui, que o aprecia como sobremesa ou guloseima e prefere degustá-lo nos dias de verão. No entanto, esse hábito começa a mostrar sinais de mudanças. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis), o segmento brasileiro acumula crescimento médio anual em torno de 4,5%, acima do Produto Interno Bruto (PIB), mas aquém do que o mercado ainda pode absorver. Somente no ano passado, os brasileiros consumiram 1,209 bilhão de litros do produto. Em 2011, o volume era 1,158 bilhão de litros, o que equivale a 4,2% a menos que em 2012. Esses resultados evidenciam a solidificada aceitação dos consumidores pelo alimento, além de mostrar o maior investimento das indústrias em produtos de qualidade. Minas Gerais concentra aproximadamente 350 desses fabricantes, que geram cerca de 2.000 empregos diretos e 6.000 indiretos. A produção, que está distribuída em todo o Estado, se concentra na Região Metropolitana de Belo Horizonte (com 121 estabelecimentos), nas divisas com São Paulo (54) e Rio de Janeiro (52) e no Oeste mineiro (43). Destacam-se ainda o Vale do Rio Doce, com 33 empresas, e o Norte de Minas, que abriga 31 empreendimentos. Geraldo Rafael de Souza, proprietário da Sorveteria Doçura, está inserido nesse cenário. No ramo de sorvetes, há mais de 40 anos, na cidade de Montes Claros, no Norte do Estado, a fábrica e a loja somam hoje oito funcionários. Ele começou o negócio sozinho, apesar de ter auxílio da esposa, que era funcionária pública, por influência de um amigo. “Na época, não tinha muito conhecimento do ramo e precisava trabalhar. Acabei me arriscando e vesti a camisa. Passei por muitos desafios e enfrentei algumas crises, que me serviram de estímulo e motivação para seguir em frente, apesar das adversidades. Hoje, tenho orgulho do negócio e de saber que o meu sustento e dos meus quatro filhos, que trabalham comigo, vem da sorveteria”, conta. Fora o trabalho responsável e do prazer em realizar o ofício, o empreendedor acredita que a boa aceitação do público por tanto tempo se deve à qualidade do produto, que é menos industrializado e mais artesanal. A Sorveteria Doçura fabrica, em média, 35 sabores de sorvete e 30 de picolés. Levando em consideração os aspectos da sazonalidade, a produção diária é de cerca de 200 litros de sorvete e de 1.000 a 1.200 picolés. A média de atendimentos na loja é de cerca de 300 pessoas por dia. Além de investir na estrutura e na mão de obra, Geraldo de Souza busca inovar o seu portfólio e se capacitar. Para isso, ele conta com o apoio do Sebrae Minas, por meio do projeto Desenvolvimento do Setor de Sorvetes de Montes Claros e região, que tem como foco a sustentabilidade da cadeia de valores des- “Para manter o negócio por tanto tempo no mercado, busco sempre a informação e a capacitação“ Geraldo de Souza, proprietário da Sorveteria Doçura O cardápio da Sorveteria Doçura conta com 30 sabores de picolés www.sebraemg.com.br 33 se segmento (mais informações na página ao lado). “O projeto de atendimento coletivo foi estruturado para atender 15 estabelecimentos, incluindo produtores e comerciantes, com o objetivo de aumentar a produtividade das empresas fabricantes de sorvete e tendo como eixo de trabalho a capacitação gerencial e tecnológica voltada à redução dos custos e ampliação do mercado”, explica o analista do Sebrae Minas, Walmath Wellson Magalhães Ferreira. Geraldo de Souza recebeu a consultoria do Sebrae Minas e já começa a aplicar os conhecimentos adquiridos. “Para manter o negócio por tanto tempo no mercado, busco sempre a informação e a capacitação. Esse projeto me deu ânimo e abriu os horizontes. Depois da consultoria, percebi a necessidade de mudar a fábrica de endereço para ampliar a distribuição e colocar o nosso produto em pontos de venda, padarias e lanchonetes da cidade. Além disso, fomos muito bem-orientados quanto à adequação das normas sanitárias e regras do segmento”, relata. A expectativa de Edmo Maia, da Sorveteria Puro Sabor, é obter um crescimento entre 20% e 30% em 2014 34 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 Com a mudança, a fábrica vai passar de um espaço físico de 140m2 para uma área de 200m2, e a loja vai dobrar de tamanho. Já a produção deve ser ampliada em até 50%, a partir do segundo semestre do ano que vem, quando deve ser concluída a mudança. Outra expectativa é contratar mais mão de obra e comprar equipamentos e máquinas potentes e, assim, expandir a atuação do negócio. “O mercado de sorvetes no Brasil é promissor já há algum tempo. A possibilidade é sempre crescente”, diz o empresário. O otimismo vem dos bons resultados: a média de crescimento do negócio tem sido de 5% ao ano, mesma estimativa para 2013. MAIOR COMPETITIVIDADE I O empresário Edmo Martins Maia também tem se beneficiado com o fortalecimento do mercado de sorvetes em Montes Claros e, principalmente, com as ações promovidas pelo projeto do Sebrae Minas. “Um negócio exige capacitação constante. Com o treinamento ministrado pelos consultores, adquiri mais conhecimento Na Sorveteria Puro Sabor, a fabricação semanal é de 10.000 picolés e 2.000 litros de sorvete administrativo. Tive a oportunidade de participar de feiras, conhecer novas máquinas e sabores diferentes, além de ter acesso a toda cadeia produtiva de uma só vez”, conta o proprietário da Sorveteria Puro Sabor. Ele revela que a qualificação permitiu corrigir a falta de planejamento que a empresa tinha. “Foquei no planejamento, no crescimento sustentável e na melhoria da qualidade do produto oferecido. Tudo anotado e bem-programado, com metas e prazos estipulados”, completa. Para Bruno Magalhães Figueiredo, presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria do Sorvete (SindSorvete), que conta com 116 municípios em sua base, o exemplo de Edmo Maia confirma o fortalecimento do setor na última década – que soma um crescimento médio anual de 4,5%, de acordo com dados da entidade – e o maior engajamento dos empresários das cidades do interior do Estado na busca pela competitividade e formação profissional. “A capacitação empresarial dá ao empreendedor ferramentas muito importantes para a tomada de decisão no dia a dia de seu negócio e também o ajuda a ter uma visão mais clara sobre o seu posicionamento no mercado e a saber de que forma pode evoluir”, analisa. Coincidência ou não, foi exatamente após a participação no projeto do Sebrae Minas que Edmo Maia, com quase 20 anos de atuação em Montes Claros, está reestruturando e construindo um espaço para melhor organização de sua produção e otimização das condições de estocagem e logística. “Agora, terei uma fábrica e duas lojas, além dos pontos de distribuição no comércio local. Estou investindo na estrutura e na fabricação dos sorvetes para atender melhor o cliente”, prevê o empreendedor. Hoje, a Sorveteria Puro Sabor mantém 13 pessoas em sua equipe, que são responsáveis pela fabricação de 10.000 picolés e 2.000 litros de sorvete por semana para as cidades de Montes Claros, Brasília de Minas e Coração de Jesus. São produzidos 30 sabores de sorvete e 25 de picolés, incluindo frutas típicas da região, como tamarindo, mangaba, cajá e jabuticaba. Atualmente, a empresa distribui os produtos em 28 pontos de revenda da região. Com a ampliação, Edmo Maia espera um crescimento entre 20% e 30% em 2014, além de ampliar as vendas para outras localidades próximas. FORMAÇÃO GERENCIAL O projeto Desenvolvimento do Setor de Sorvetes em Montes Claros, iniciado em fevereiro de 2012, busca fomentar nos produtores e comerciantes a melhoria no desempenho gerencial, a visão ampliada para novos negócios e tecnologias, a estruturação de rede de parcerias (fornecedores e clientes) e a compreensão do mercado em que atuam, resultando, entre outros benefícios, no aumento do faturamento bruto anual. Para isso, são promovidos treinamentos gerenciais (Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais, Gestão Financeira na Medida e Como Vender Mais e Melhor), treinamentos em processos (Programa Alimentos Seguros - PAS e Programa de Eficiência Energética - Proefi) e participação em feiras setoriais, como a Fispal Food Service/Tecnosorvetes - Feira Internacional de Produtos e Serviços para a Alimentação Fora do Lar, realizada em junho, em São Paulo. www.sebraemg.com.br 35 CAPA As empresas que aderiram ao projeto também recebem capacitação por meio das soluções de Educação, Tecnologia e Mercado, apoiadas pelas respectivas áreas do Sebrae Minas. As ações são negociadas junto ao grupo de participantes e devem acontecer até o fim deste ano. De acordo com Walmath Ferreira, já é possível identificar a redução no custo de produção e eliminação de desperdício devido às consultorias tecnológicas (Programa Pró-Sorvete e Programa de Eficiência Energética). Além disso, ele destaca a ampliação de contratos com novos fornecedores, devido à PRODUÇÃO GLOBAL participação em feiras específicas do setor. “Percebemos, ainda, a profissionalização na gestão dos empreendimentos por meio dos cursos de cunho comportamental e gerencial, aprimoramento na marca e na identidade visual de alguns empreendimentos”, avalia. Segundo o analista, o desafio para o atendimento ao setor em 2014 é intensificar as capacitações em gestão por processos, ampliar o acesso às tecnologias e investir na cadeia de fornecedores e atendimento a novos nichos de mercado, considerando a expansão do segmento. Os Estados Unidos são os maiores fabricantes do produto, com 3,4 bilhões de litros por ano. A China está em segundo lugar (1,3 bilhão), acompanhada por Alemanha (714 milhões) e Itália (467 milhões). O Brasil produz 224 milhões por ano e figura na quinta colocação. No mercado brasileiro de fabricantes, a líder é a Kibon, com participação de 35,8%, seguida da Nestlé (19,7%), La Basque (3,5%), General Mills (1,8%), que faz o Häagen-Dazs, e Jundiá (0,7%). O restante (38,5%) é dividido entre as demais marcas. O Brasil tem 10 mil empreendimentos responsáveis pela produção industrial e artesanal de sorvete e picolé. As micro e pequenas empresas representam mais de 90% do mercado. O Sebrae Minas qualificou seu atendimento Minas mais empresas continuam abertas e visitou mais de 120 mil pequenas empre- após dois anos de existência, gerando sas por todo o estado, acompanhando, mais trabalho, renda e desenvolvimento conhecendo e sugerindo melhorias em suas para o estado. gestões. Isso significa que, nos últimos três Quer melhorar o seu negócio? Acesse Tipos de sorvete anos, uma em cada oito pequenas empresas o nosso site e faça seu cadastro. O levantamento da Abis também acompanhou o desempenho da produção de três nichos de mercado: sorvetes tipo massa (bufê e pote), picolé e soft (expresso). receberam a visita de nossos orientadores Em 2012, cada brasileiro ingeriu 6,2 litros de sorvete, superando o ano anterior (seis litros). ClaytonPedrosa Em 23 de setembro, comemora-se o Dia Nacional do Sorvete. A data foi instituída pela Abis para celebrar o período de temperaturas mais elevadas. A variante massa é líder absoluta do segmento, pois detém a maior parcela de fabricação – 875 milhões de litros em 2012 – e foi a que mais apresentou crescimento frente ao ano anterior. A produção teve elevação de 5,5%. O Brasil produz 224 MILHÕES de litros por ano Fonte: Abis e estão crescendo cada dia mais. Esse é um dos motivos para Minas ter o maior índice de sobrevivência de micro e pequenas empresas do país. Com o apoio do Sebrae O picolé ocupa o segundo lugar no ranking em volume de fabricação, com 241 milhões de litros produzidos no ano passado. O tipo soft, embora também registre crescimento na produção anualmente, ocupa a menor parcela do trabalho nas indústrias. Em 2012, foram feitos 115 milhões de litros. BLOG 36 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 0800 570 0800 / www.sebraemg.com.br Cláudio Duarte ARTIGO | ANDERSON ROSSI* Como inovar e tornar-se empreendedor no século XXI? A necessidade de inovar nos negócios já é praticamente consenso entre os empresários no nosso país. Entretanto, a prática ainda diverge do discurso, como mostram alguns estudos e pesquisas realizados pelas escolas de negócios e mídia especializada ao longo desta última década. Vou explicar melhor o que costumo chamar de “paradoxo da inovação”, e que tem tudo a ver com o que vamos abordar 38 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 sobre inovação e empreendedorismo, tema deste artigo. A grande maioria dos empresários entrevistados nas pesquisas, ou seja, mais de 90%, afirmam que a inovação é estratégica e de vital importância para o sucesso dos negócios. Por outro lado, quando o questionamento é sobre as condições criadas por eles para estimulá-la e adotar a prática do intraempreendedoris- mo, esse dado sofre alteração. Menos de 30% dos executivos analisados afirmam conseguir criar processos e sistemas favoráveis à gestão da inovação dentro de suas empresas. Aí vem o questionamento, que diz respeito ao paradoxo percebido: “Se a maioria dos executivos considera a inovação um elemento estratégico para a sobrevivência dos negócios, por que é tão difícil implantá-la?” A resposta pode estar nas barreiras culturais da empresa, no estilo da liderança ou, simplesmente, nos colaboradores, que não têm coragem de desafiar suas próprias rotinas e limites estruturais. Ainda é possível afirmar, nos dias atuais, que a criação de produtos e/ou serviços inovadores no Brasil é considerada uma tarefa demorada e cara. Inúmeras são as razões que dificultam e/ou oneram a prática dentro das empresas, merecendo destaque a falta de cultura inovadora e ou empreendedora, a aversão ao risco, a intolerância ao erro e o foco excessivo nas ações de curto prazo. Vale aqui uma reflexão: “Por que ainda deparamos com tantas dificuldades para inovar, já que se trata de um imperativo estratégico que aumenta a competitividade dos negócios? O que precisa realmente ser feito pelos governos, instituições e empresas a fim de criar um ambiente inovador no país?” Creio que essas respostas devem ser perseguidas por todos se quisermos construir uma nação competitiva, tendo em vista que mudar é sinônimo de crescimento e longevidade. Mas, afinal, o que pode ser considerado inovação nos negócios? Tudo aquilo que gera dinheiro novo para a empresa, ou seja, tudo o que for criado e/ou implementado e que tenha impacto positivo na contabilidade de uma organização. Merece destaque o fato de que, na grande maioria dos casos, ela está relacionada a mudanças incrementais ou melhoria contínua no produto, serviço ou processo. Mesmo assim, muitos empresários acreditam que a mesma está ligada somente ao radical, ao inédito, daí a dificuldade em implantá-la. A inovação radical é mais rara e, consequentemente, envolve mais investimentos e riscos. Quando a empresa consegue criá-la e lançá-la, como aconteceu, por exemplo, com a família de produtos “I” da Apple, ela cria um novo mercado e fatura mais, já que a concorrência levará algum tempo para conseguir fazer algo semelhante. É importante lembrar que esse tipo de inovação demanda investimentos expressivos e contínuos em pesquisa e desenvolvimento. Para se ter uma visão mais ampliada, a literatura especializada aponta que mais de 80% das mudanças desenvolvidas nas empresas mundo afora são incrementais, e somente 20%, radicais. No centro do debate sobre inovação, deparamos com outra questão relevante: a cultura empreendedora. Inovar tem a ver com empreender, ou seja, buscar novas e melhores maneiras de gerar e captar valor para seu produto ou serviço. O empreendedor de oportunidade e o intraempreendedor são reconhecidamente os agentes da transformação, uma vez que inovar pressupõe planejamento, riscos, erros, tentativas e busca incessante por melhores resultados. Ele não desiste na primeira tentativa e é sabido que inovar nem sempre dá certo na primeira vez. Algumas características do comportamento empreendedor e intraempreendedor precisam ser apropriadas na inovação, como, por exemplo, perseverança, visão de longo prazo e confiança. É importante frisar que não há uma fórmula mágica nem mesmo uma receita milagrosa a seguir para inovar. Cada empresa, de pequeno ou grande porte, deve encontrar o seu caminho. Esse deve ser construído pela liderança e pelos colaboradores, já que é uma responsabilidade de todos. Por fim, para que possamos inovar mais e empreender neste e nos próximos séculos, precisamos romper com todas as barreiras e amarras que ainda impedem a mudança no nosso ambiente empresarial. É preciso também criar condições propícias ao surgimento dos intraempreendedores dentro das nossas organizações porque são eles os verdadeiros agentes de transformação. Não há outra saída, é inovar ou inovar. *Consultor e professor da Fundação Dom Cabral nas áreas de Gestão da Inovação e Empreendedorismo www.sebraemg.com.br 39 CAPACITAÇÃO Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 Mônica Freitas, da Lavanderia Santo Antônio, aprendeu que o uso de indicadores de gestão é essencial para a evolução do negócio Desenvolvimento pleno Parceria entre Gerdau e Sebrae Minas melhora indicadores e capacita micro e pequenas empresas 40 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 E m 1997, quando começou a atuar como empreendedora, Mônica Bernadete Machado Freitas viu a chance de iniciar um negócio próprio e melhorar o sustento da família. Ela e o marido resolveram montar a Lavanderia Santo Antônio, localizada em Barão de Cocais. E a ideia deu certo. Hoje, suas especialidades são lavagem e higienização de Equipamentos de Proteção Individual e manutenção das raspas de couro de clientes de grande porte no mercado. Um deles é a Gerdau, uma das principais fornecedoras de aços longos especiais do mundo, que, em parceria com o Sebrae Minas, implantou o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, que consiste na capacitação de prestadores de serviço para o aumento da maturidade da gestão empresarial a fim de atender às novas exigências do mercado, tendo como objetivo final aumentar a sustentabilidade da cadeia de suprimentos como um todo e, por consequência, dos fornecedores locais. Essa qualificação é baseada em indicadores de desempenho gerenciais, financeiros, de qualidade, pontualidade e, consequentemente, na melhoria da competitividade. Iniciado em 2012, o programa será concluído em dezembro deste ano. Durante a concepção da iniciativa, a Gerdau indicou a realização de ações em oito estados – Ceará, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Atualmente, são mais de 280 empresas beneficiadas no Brasil, sendo 76 somente no estado mineiro, nas plantas industriais de Divinópolis, Ouro Branco, Barão de Cocais, Três Marias e Florestal. No começo, Mônica Freitas e o marido anotavam as despesas da lavanderia em uma caderneta e, depois, retiravam do total os gastos com os serviços executados e o quanto haviam lucrado. Após a adesão ao programa, o casal entendeu que precisava mudar seus métodos de controle de gastos e de entrada de recursos. Atualmente, o empreendimento tem uma sede de 1.000 m2, 12 funcionários e atende um número de clientes significativo. www.sebraemg.com.br 41 TERRITÓRIOS DA CIDADANIA Junto com o diretor da Emecad, Francisco Carlos Ferreira, a gerente administrativa Ednea Santos conseguiu identificar os custos e controlar melhor os recursos da empresa Como fornecedora da Gerdau, a empresária tem participado de treinamentos, recebido consultorias e descoberto que o uso de indicadores de gestão é essencial para a evolução de seu negócio. “Esses dados mostram quando há uma luz amarela de advertência ou vermelha de perigo. Ou seja, eles indicam claramente a existência de problemas em determinado setor e como aplicar as ferramentas de correção de maneira eficaz”, explica Mônica Freitas. Segundo ela, o programa funciona como um momento de reflexão e de aprendizado que até então desconhecia. “Como resultado, já percebo nosso crescimento pessoal. Também aprendi a delegar funções operacionais e a usar o nosso tempo para administrar a empresa, e ainda é possível verificar uma melhor organização do espaço físico”, conta. 42 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 “Agora, temos a dimensão de onde estamos errando. Além disso, podemos aprimorar nossos conhecimentos e ser uma empresa sustentável e inovadora.” De acordo com o responsável pelo Programa de Desenvolvimento de Fornecedores nas unidades da Gerdau de Minas Gerais, Daniel Fortunato de Araújo, a participação efetiva dos empreendedores propicia uma melhor maturidade na gestão estratégica, permitindo o acesso a uma linguagem empresarial moderna e utilizada por grandes organizações em todo o mundo. Ele também ressalta que a matriz de capacitação implementada visa a resultados diretos no negócio de cada fornecedor, com ações voltadas para a competitividade, como acompanhamento por indicadores, redução de custos, aumento da margem de lucro, melho- rias no prazo de entrega, confiabilidade, flexibilidade, inovação, qualidade e atendimento. É exatamente essa a percepção de Mônica Freitas. “Antes, era somente a Lavanderia Santo Antônio, pequena e familiar. Após o programa, nossa empresa continua familiar, mas se tornou um negócio de destaque na localidade, sendo que hoje temos objetivos, missão, visão e ambição de ser a melhor da região.” O empreendimento, que começou com uma máquina acoplada de 10 kg e uma secadora de mesma capacidade, atende atualmente, fora a Gerdau, clientes de diferentes segmentos do mercado, como AngloGold Ashanti, Cenibra Nipo, Cenibra Logística, Lenarge Transporte, Jolaz Transporte, Rodo M Transporte, Hotel Senhor do Barão, Pousada das Nascentes, Pousada Cocais e Pousada Solar da Serra. PLANEJAMENTO I A Emecad está no mercado de prestação de serviços de engenharia mecânica de Divinópolis há quase 20 anos. Foi depois da participação no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores que os proprietários tomaram a decisão de mudar de sede. De acordo com a gerente administrativa, Ednea Maria Santos, a possibilidade de organizar melhor os gastos e custos e a elaboração de um planejamento estratégico motivaram a reestruturação da empresa. “Por meio do programa, estamos estabelecendo metas e objetivos de forma mais clara. Conseguimos identificar os custos, ter um maior controle dos recursos e detectar onde gastamos mais para tomar as devidas providências. Exemplo disso é a mudança de sede, que é uma forma de ter um ambiente mais adequado e agradável aos colaboradores e aos clientes”, avalia. Outro resultado significativo foi a aproximação entre os profissionais da empresa. “A equipe está mais motivada e próxima. Temos objetivos comuns e estamos acompanhando a melhoria dos nossos resultados de perto”, afirma a gerente administrativa. Além de palestras e aulas de gestão, o programa inclui uma consultoria presencial do Sebrae Minas. “Aprendi a avaliar o meu próprio negócio, não mais a partir de uma percepção subjetiva, mas por meio de números e indicadores objetivos”, observa Ednea Santos. Por meio da elaboração de projetos, a Emecad presta serviços para Gerdau, FCA, Metala, Demac, Vale, Odebrecht, atendendo Belo Horizonte, Divinópolis e toda região central do Estado. CRESCER SUSTENTÁVEL I Outra participante do programa é a OTR, que oferece manutenção especializada em Congonhas. Para o diretor da empresa, Vicente Gonzaga, a principal contribuição da iniciativa é possibilitar o desenvolvimento do negócio com sustentabilidade. “Por meio das orientações recebidas, definimos metas, fizemos os investimentos necessários e projetamos um crescimento de 20% no faturamento para o ano de 2013”, comemora. www.sebraemg.com.br 43 “Por meio das orientações recebidas, definimos metas, fizemos os investimentos necessários e projetamos um crescimento de 20% no faturamento para o ano de 2013” Vicente Gonzaga, diretor da OTR O otimismo é embasado na melhoria dos indicadores administrativos. “Otimizamos os controles implementares, os indicadores de desempenho e de gestão empresarial, passamos a controlar e melhorar os custos e ainda estamos investindo em treinamentos e capacitação de nossos colaboradores”, detalha. A empresa está no mercado de Congonhas há seis anos e atua nas áreas de usinagem, caldeiraria e montagem de componentes mecânicos. Atende, além da Gerdau, Usiminas, CSN, Prefeitura Municipal de Congonhas, Apia Construções, CGPAR, GPA, Vito Transporte, Mason, Manserv, Anamar, Valemix, Concretomix, Royal, RHI, EBS, Grupo Ima, entre outros clientes. Preparados para o mercado O Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da Gerdau começou em fevereiro de 2012 e, como primeira ação em Minas Ge44 PASSO A PASSO OUTUBRO/ NOVEMBRO 2013 rais, foram realizados seminários de apresentação para empresas indicadas pela Gerdau. A analista do Sebrae Minas e responsável estadual pelo programa, Simone de Oliveira Mendes, explica que os empreendimentos que fizeram a adesão foram contemplados com o Diagnóstico de Maturidade de Gestão (DMG), que avalia o nível de competitividade do fornecedor (efetivo ou potencial), segundo critérios definidos pelo Modelo de Excelência em Gestão (MEG). Essa ferramenta é alinhada aos critérios de excelência em gestão utilizados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), adaptados à realidade das pequenas empresas, analisando cada item. “Os participantes receberam a devolutiva com os dados por meio do diagnóstico, e fizemos as devolutivas coletivas com a apresentação dos Planos de Capacitação, com cursos e consultorias que visam adequá-los aos critérios definidos pelo MEG e/ou critérios complementares, traçados e avaliados conforme o Diagnóstico do Fornecedor”, detalha Simone Mendes. Pela metodologia, fornecedores do setor, como das áreas de fundição, usinagem, automação e manutenção em geral, fazem com o Sebrae Minas o acompanhamento mensal dos indicadores. Com base nesses dados, são disponibilizadas capacitações e consultorias para aperfeiçoar resultados ou identificar pontos de melhorias. Cada uma das empresas participantes também recebe, ao longo do programa, treinamentos específicos sobre gestão empresa- Na OTR de Congonhas, os funcionários trabalham com usinagem, caldeiraria e montagem de componentes mecânicos rial, marketing, recursos humanos, finanças, tributação, responsabilidade social, planejamento estratégico, entre outros temas. Em conjunto, recebem ainda consultorias individuais para que os conceitos sejam colocados em prática pelos empresários e pela equipe. “A metodologia do Sebrae para desenvolver fornecedores tem como proposta inserir as micro e pequenas empresas na cadeia de fornecimento das médias e grandes. Mais do que elevar o nível de gestão e preparar essas empresas para atender aos requisitos de qualidade, pontualidade e custo, o programa as capacita para atuar com competitividade em qualquer mercado, reforçando a ideia de que é preciso crescer e se desenvolver de forma consistente sempre”, avalia Cláudio Afrânio Rosa, analista de Educação do Sebrae Minas. Ainda é disponibilizado um software, acessível apenas às empresas participantes do programa, por meio do site http://www. pdfgerdau.com.br/, onde são inseridos e acompanhados, mensalmente, os principais indicadores que representam a evolução das prestadoras de serviço em termos de rentabilidade, eficiência em custos, grau de dependência com a Gerdau, pontualidade e qualidade de fornecimento e eficácia comercial. O programa é subsidiado pela Gerdau e o Sebrae Minas, cabendo aos empresários o investimento de 20% do valor total. Segundo Daniel de Araújo, em termos gerais, nota-se que as empresas que participam dessa iniciativa vêm alcançando melhores resultados em seus indicadores, quando comparadas a sua situação anterior ao programa, destacando-se a redução de custos, a melhoria da margem de lucro, a qualidade de fornecimento e a pontualidade. Para Simone Mendes, a iniciativa proporciona a profissionalização de pequenos empreendimentos, além de atualizar o empresário quanto às praticas modernas para manter e conquistar clientes, entregando produtos e serviços com maior qualidade e cumprimento de prazos. “É bom para o fornecedor, para a empresa-âncora e para a sociedade em geral, porque fortalece o negócio e gera novos empregos, contribuindo para o aumento da competitividade dos pequenos negócios.” METAS Alcançar 90% de pontualidade nos prazos de entrega até dezembro de 2013; reduzir a não conformidade; aumentar o faturamento; reduzir custos; ter controle de gestão por meio de indicadores. www.sebraemg.com.br 45 Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 CAPA Do Oiapoque ao Chuí Associação dos Produtores Artesanais da Cachaça de Salinas aposta em programa de revenda autorizada para comercializar a bebida local em todo o mercado nacional Se o Brasil é o país do futebol, do carnaval e da caipirinha, não é à toa que Salinas, no Norte de Minas, tem o título de Capital Mundial da Cachaça. O município fará jus a essa homenagem a partir de dezembro, ao comercializar a bebida em todas as capitais brasileiras e nas cidades com mais de 300 mil habitantes, dando a oportunidade para os degustadores de uma boa cachaça apreciarem o aguardente de cana-de-açúcar do Oiapoque ao Chuí. Para isso, a Associação dos Produtores Artesanais da Cachaça de Salinas (Apacs) aposta no Programa de Revenda Autorizada, lançado oficialmente durante o 12º Festival Mundial da Cachaça, em julho deste ano, e desenvolvido, em parceria com o Sebrae Minas, junto aos fabricantes locais associados à entidade. Nivaldo Gonçalves, presidente da Apacs e produtor da Cachaça Fascinação, acredita que o programa de revendas vai multiplicar as vendas dos pequenos produtores 46 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 “Após a obtenção do selo de Indicação Geográfica de Procedência da Cachaça da Região de Salinas, houve uma necessidade, por parte dos produtores, de ampliar o mercado nacional” Filomeno de Oliveira Junior, analista do Sebrae Minas “Quando assumimos a Apacs, em 2009, um dos principais gargalos era encontrar uma colocação no mercado para as marcas de cachaça dos pequenos produtores, pelo fato de não haver recurso disponível para ampliar a cobertura no mercado, com uma estratégia de marketing. Diante desse cenário, resolvemos implantar o Programa de Revenda Autorizada, em nível nacional, para as marcas dos nossos associados”, explica Nivaldo Gonçalves das Neves, presidente da Apacs e produtor da Cachaça Fascinação há 10 anos. A iniciativa com o Sebrae Minas é pioneira, e a expectativa é ter, em dois anos, entre 80 e 100 revendas, além das capitais e regiões metropolitanas, nas cidades com população menor, mas onde o fluxo de turistas é grande como, por exemplo, na região de Porto Seguro (BA). Dessa forma, será possível viabilizar a entrada das pequenas marcas no mercado de bebidas destiladas. “Esperamos multiplicar, várias vezes, as vendas de 90% dos pequenos produtores associados, alavancando o negócio deles com um reflexo muito forte em toda a cadeia produtiva da cachaça da Região de Salinas”, afirma Nivaldo Gonçalves. Os consultores contratados pelo Sebrae Minas já identificaram 88 possíveis cidades com potencial para a implantação de uma revenda da Apacs. “Após a obtenção do selo de Indicação Geográfica de Procedência da Cachaça da Região de Salinas – concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), em julho de 2012 –, houve uma necessidade, por parte dos produtores, de ampliar o mercado nacional da cachaça de Salinas. Futuramente, vamos trabalhar para levar a bebida para os Estados Unidos e a Europa”, completa Filomeno Bida de Oliveira Junior, analista do Sebrae Minas em Salinas. Para se ter uma ideia da dimensão da iniciativa, basta fazer uma conta simples. Se, em dois anos, a Apacs tiver 100 revendas autorizadas com pedidos trimestrais, o produtor vai vender, no mínimo, quatro caixas de cachaças (com 12 garrafas cada) por ano. Isso equivale a 400 caixas da bebida, em média, por associado. “Serão mais de cinco mil garrafas só na rede de revendas autorizadas. Esse programa é extremamente importante e estratégico, e esperamos trazer uma rentabilidade grande para o setor”, ressalta o presidente da associação. A Apacs possui 25 associados, dos quais 21 serão beneficiados, sendo que um deles é uma cooperativa que representa cerca de 100 pequenos produtores. DESAFIOS I No entanto, para o presidente da Apacs, existem três desafios a serem superados: fazer um marketing nacional que viabilize o programa, transmitindo a segurança de ações bem-sucedidas e estruturadas; a logística, por se tratar de uma associação de www.sebraemg.com.br 47 que 90% da cana-de-açúcar utilizada vem do canavial da propriedade da família. São cinco funcionários no local, mas, durante a safra, que começa em maio e vai até outubro, o produtor trabalha com 12 pessoas. “Paciência. Esse é o principal desafio para produzir cachaça, pois um bom produto tem que ter tempo de envelhecimento e precisa ser feito com cuidado. Meu pai e meu tio sempre falavam isso, porque, se houver muita ambição em ganhar dinheiro, você não consegue fabricar com qualidade”, ensina. Atualmente, a Canarinha é envelhecida em tonéis de bálsamo por três anos, e a cachaça é uma das marcas mais cobiçadas na região. Uma garrafa de 600 ml custa R$ 80. “Em 2014, teremos a primeira Canarinha de quatro anos, mas a minha meta ainda é fabri- Em Salinas existem 52 marcas de cachaças associadas à Apacs pequeno porte; e a estruturação de um site absolutamente seguro e confiável, para que as operações de compra e venda se efetivem com tranquilidade para os parceiros. “As consultorias especializadas que recebemos e o apoio do Sebrae Minas são fundamentais. Sem essa participação, nós não conseguiríamos alavancar o programa, que tem um custo financeiro elevado, em um prazo tão curto”, fala Nivaldo Gonçalves. O investimento feito no Programa de Revenda Autorizada é da ordem de R$ 112 mil, em que 70% do valor é subsidiado pelo Sebrae Minas, que oferece a contratação de consultoria especializada para a sua implementação, e 30% é a contrapartida da Apacs. “Com o Programa, esperamos levantar o atual modelo de comercialização e distribuição da Apacs, apresentar as diversas formas de parcerias para comercializar e distribuir a bebida e definir os contratos entre a associação, os produtores e os parceiros – revendedores e distribuidores”, afirma Fernando Machado Ataíde, analista de Agronegócios do Sebrae Minas. Segundo ele, também será elaborado um estudo para mapear os possí48 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 “Paciência. Esse é o principal desafio para produzir cachaça, pois um bom produto tem que ter tempo de envelhecimento e precisa ser feito com cuidado” Eilton Soares, produtor da Cachaça Canarinha, ao lado da mãe Maria Vilma Almeida “Serão mais de cinco mil garrafas só na rede de revendas autorizadas. Esse programa é extremamente importante e estratégico” Nivaldo Gonçalves, presidente da Apacs e produtor da Cachaça Fascinação veis municípios onde serão instaladas as futuras revendas autorizadas, em busca de uma maior cobertura nacional, assim como criar um modelo de comercialização e distribuição dos produtos da associação. TRADIÇÃO FAMILIAR I Há 31 anos, Eilton Santiago Soares, produtor da Cachaça Canarinha, herdou do pai, Noé, e do tio, Anísio Santiago – criador da lendária e famosa Havana –, a tradição de fabricar cachaça artesanal de qualidade na Região de Salinas. Com dois alambiques em Nova Matrona, distrito localizado a 38 km de Salinas, ele produz, em média, de 18 a 20 mil litros da bebida por ano, sendo www.sebraemg.com.br 49 car uma cachaça com cinco anos de envelhecimento”, diz Eilton Soares. Com mais de 250 clientes, ele consegue vender toda a sua produção. Com um faturamento médio de R$ 500 a R$ 600 mil por ano, seu principal mercado consumidor está na capital mineira e nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Confiante no sucesso do Programa de Revenda Autorizada, o produtor diz que a iniciativa contribuirá para a redução da falsificação da bebida no mercado, além de permitir planejar melhor a distribuição do produto. “Inicialmente terei condições de destinar apenas uma caixa de cachaça para cada revenda, pois a minha atual produção está quase toda comprometida. Tenho certeza de que o programa vai dar certo e que nós vamos trabalhar com pessoas idôneas em todo o Brasil”, afirma. Daqui a três anos, Eilton Soares espera aumentar a produção em 15% e, assim, destinar uma quantidade maior da cachaça para os revendedores. AS REVENDAS I A partir de outubro, os empresários e lojistas interessados em ter uma revenda credenciada da Apacs devem fazer uma inscrição junto à associação e preencher uma ficha de cadastro, que deverá conter a capacidade financeira do revendedor, posicionamento de mercado, reconhecimento local e estratégia de vendas. Além disso, eles precisam estar dispostos a usar o logotipo do selo de Indicação Geográfica e reservar um espaço exclusivo nas lojas para as cachaças. O cadastro será avaliado por uma comissão da Apacs, que definirá se o empresário pode ou não ser um revendedor. Aqueles que forem aprovados vão assinar um contrato, na modalidade de revenda, e deverão adquirir um kit inicial da bebida, composto por 12 garrafas de cada marca dos 21 produtores, além de pagar uma taxa de adesão de R$ 3 mil, que funcionará como uma espécie de royalty. Ao todo, o valor investido pelos lojistas será de R$ 9 mil a R$ 12 mil. Eles e os empresários receberão ainda um manual, elaborado pelo Sebrae Minas, com as orientações e normas do programa. 50 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO AGOSTO/ SETEMBRO 2013 2013 Em contrapartida, os revendedores credenciados terão um espaço no site da Apacs para comprar as cachaças, que serão oferecidas com os melhores preços praticados pelos produtores. Já os consumidores poderão acessar as informações para verificar, a partir do CEP residencial, qual é a revenda mais próxima de sua casa. “Nas grandes regiões metropolitanas, vamos credenciar uma revenda a cada 2 milhões de habitantes e, nas localidades mais dispersas, haverá uma a cada 500 mil habitantes, para respeitarmos a área de atuação dos revendedores”, explica Nivaldo Gonçalves. Já existem 10 empresários interessados em ter uma revenda da Apacs. Eles estão em Belo Horizonte, no Triângulo Mineiro, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Recife, Goiânia, sudoeste de Goiás, e no Distrito Federal. A formalização dos contratos será feita em novembro. Antes disso, o associado precisa assegurar o suprimento mínimo mensal que tem condições de destinar para as revendas, sendo que o volume da bebida pode variar de acordo com a capacidade de produção de cada marca. “Além de tornar a cachaça de Salinas conhecida no Brasil inteiro, o aumento das vendas, da lucratividade e da cartela de clientes será o principal ganho”, ressalta Fernando Ataíde. SUA MAJESTADE I Consolidar o produto no mercado brasileiro de cachaça. Essa é a expectativa de Nestor de Oliveira Santos, produtor “Com o Programa, esperamos levantar o atual modelo de comercialização e distribuição da Apacs e apresentar as diversas formas de parcerias para comercializar e distribuir a bebida” Fernando Machado Ataíde, analista de Agronegócios do Sebrae Minas “Quero vender a bebida não apenas para sobreviver, mas para fazer com que a minha marca seja conhecida Brasil afora” Nestor de Oliveira Santos, produtor da Cachaça Majestade da Cachaça Majestade há 13 anos, com o programa de revenda. “Quero vender a bebida não apenas para sobreviver, mas para fazer com que a minha marca seja conhecida Brasil afora”, idealiza. Com uma produção anual em torno de 50 a 60 mil litros, o objetivo dele é aumentar o volume de vendas em 70% após a abertura das revendas autorizadas. Na atualidade, 18 mil litros do total de cachaça produzida pelo proprietário da Majestade são envelhecidos em tonéis de bálsamo, por aproximadamente três anos. O restante é vendido, a granel, para outros produtores da região que possuem uma maior demanda da bebida. Uma Majestade custa R$ 15 (embala- gem tradicional de 600 ml) e R$ 17 (garrafa especial de 670 ml). “Vendo, especialmente, para clientes em Belo Horizonte, São Paulo e um pouco na Bahia.” A inspiração de Nestor Santos para começar a fabricar cachaça artesanal veio após ele degustar, pela primeira vez, uma dose de Canarinha, do amigo Eilton Soares. “É uma cachaça de muita qualidade. Depois que provei, resolvi começar a produzir também, em 1990, me espelhando na Canarinha”, lembra o produtor, que tem dois alambiques na zona rural de Salinas e três funcionários. Serviço Para ser um revendedor autorizado da Cachaça de Salinas, entre em contato com a Apacs pelo telefone (38) 3841.3431, pelo e-mail [email protected] ou pelo site www.apacs.com.br. www.sebraemg.com.br 51 É no município de Fruta de Leite, a 55 km de Salinas, que Nivaldo Gonçalves produz a Cachaça Fascinação. Sua propriedade possui uma moderna fábrica com dornas de fermentação de aço inoxidável e dois alambiques de cobre, de 1.200 litros cada, onde a produção anual de aguardente é de cerca de 60 mil litros. “Temos capacidade de fabricar 200 mil litros por ano. Boa parte do que eu produzo é vendida, a granel, para outras engarrafadoras da região de Salinas, o que dá uma maior sustentação financeira para a empresa”, explica. Ele conta com dois funcionários, mas, durante a safra da cana-de-açúcar, esse número sobe para 14. Cerca de 25% do volume de sua produção é envelhecido, ano a ano, em tonéis de bálsamo, que dão uma cor dourada à cachaça Fascinação (ouro), e de Jequitibá (branca). Já a versão canacaiana é descansada em dornas de aço inoxidável e, por isso, sua cor é cristalina. Com um processo de envelhecimento de quatro anos, os preços da bebida variam de R$ 20 a R$ 85. “A Fascinação envelhecida, com valor agregado, é engarrafada e vendida para clientes em Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, São Paulo e Campinas”, contabiliza Nivaldo Gonçalves. Hoje, o faturamento anual do produtor é em torno de R$ 130 mil, mas, após a abertura das revendas autorizadas, a expectativa dele é aumentar o volume de vendas em torno de 400%. “Isso vai expandir o negócio. O produto será levado até o consumidor que é um degustador de cachaça e reconhece o valor agregado de uma bebida feita com qualidade.” Região de No rastro da qualidade As primeiras cachaças com o selo de Indicação Geográfica de Procedência da Região de Salinas estarão disponíveis no mercado em janeiro de 2014. Ele terá um código de rastreabilidade que permitirá ao consumidor obter informações sobre a bebida através do leitor de QR Code, usado em smartphones, e da digitação da sequência numérica no site da Apacs. “O selo tem uma importância estratégica para preservar a autenticidade da Cachaça da Região de Salinas, pois vai nos ajudar a combater a falsificação de algumas marcas e cachaças que se apresentam como originais de Salinas. O consumidor que adquirir uma garrafa com o selo terá a certeza de que a bebida realmente foi produzida com a tradição da nossa região”, ressalta Nivaldo Gonçalves. “Para isso, estamos estudando também uma maneira de fazer com que o selo se torne inválido e rasgue na hora de abrir a garrafa, impedindo que seja reaproveitado”, completa o analista do Sebrae Minas, Filomeno de Oliveira. Para obter o selo de Indicação Geográfica, as marcas associadas à entidade passam pelo crivo de um Comitê Gestor, formado por membros da Apacs e parceiros, como técnicos da Emater-MG e do IMA. Eles avaliam a origem da cana-de-açúcar – que pode ser colhida em uma área de até 5 km da região geográfica delimitada pelos municípios de Salinas, Novorizonte, Taiobeiras, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Fruta de Leite –, a adoção de boas práticas e o respeito ao processo artesanal de produção. Museu da Cachaça É também em Salinas que está localizado o Museu da Cachaça, uma mistura de tecnologia de ponta e objetos antigos para contar a história de como a bebida surgiu. Inaugurado em dezembro de 2012, o espaço cultural, instalado em uma área de 13 mil m², possui nove salas, que tentam mostrar, linearmente, a cadeia produtiva da aguardente. Elas apresentam 52 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 a plantação e a moagem da cana, a participação histórica dos escravos na produção da cachaça, o funcionamento dos engenhos e das destilarias e o envelhecimento em barris. O Museu da Cachaça fica na avenida Antônio Carlos, 1.250 – Salinas (MG), e a entrada é gratuita. Informações pelo telefone (38) 3841.4778. RAIO-X DE SALINAS R$ 1,49 R$ 693,6 39.182 R$ 216 R$ 5.602,60 milhão foi a arrecadação do ICMS do setor de cachaça em Minas Gerais*. Desse total, Salinas arrecadou o ICMS de mil (46% do ICMS do Estado)*. habitantes vivem no município. milhões foi o Produto Interno Bruto da cidade em 2008. é o Produto Interno Bruto per capita da cidade. *Dados de 2006 Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais CACHAÇA CLASSE A A região de Salinas é a segunda do Brasil com selo de Indicação Geográfica de Procedência da cachaça. A primeira é Paraty, no Rio de Janeiro. A cidade mineira é um polo produtor de cachaça de qualidade, e seu produto tem a classificação A, do Ministério da Agricultura. Confira os principais números do Programa de Revenda Autorizada Apacs: ClaytonPedrosa Fascinante 100 revendas autorizadas serão credenciadas em dois anos; 10 empresários já têm interesse em ter uma revenda da Cachaça de Salinas; 88 cidades brasileiras têm potencial para abrigar uma revenda autorizada; 3 milhões de litros (o equivalente a 4,5 milhões de garrafas) é o volume de produção até setembro de 2013; 40% foi a queda na produção de aguardente nos últimos dois anos, provocada pela seca; 5 milhões de litros era o volume fabricado anualmente antes do período de estiagem; são 28 alambiques e 52 marcas de cachaça associadas à Apacs; entre R$ 20 e R$ 350 é a variação de preço das cachaças, mas a maioria custa, em média, de R$ 20 a R$ 45 ; R$ 350 é o preço de uma garrafa da cachaça Havana, a marca ícone do município e da região que foi reconhecida como Patrimônio Imaterial de Salinas, por meio do Decreto Municipal nº 3.728/2006. www.sebraemg.com.br 53 ENTREVISTA Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 Quer ser um empreendedor de sucesso? A importância do conhecimento para empreender e inovar, segundo Afonso Cozzi, mestre em Administração e professor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC Na última década, empreender passou a ser um verbo conjugado por milhões de brasileiros dotados de atitude, criatividade e visão inovadora. Essa onda empreendedora, além de gerar desenvolvimento econômico e social, aumentou a competitividade de mercado, hoje mais exigente com relação à performance empreendedora e menos tolerante com o amadorismo empresarial. Nesse cenário, conhecimento e formação passaram a ser investimentos fundamentais para profissionalizar e potencializar o desempenho gerencial e a capacidade de inovação desses empresários. Em entrevista à Passo a Passo, o mestre em Administração, professor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC) e presidente do Conselho de Administração da Confrapar, gestora de fundos de venture capital, Afonso Cozzi, avalia a evolução desse ecossistema no Brasil, aponta os principais desafios da atividade empreendedora e as competências a serem desenvolvidas pelos gestores de hoje, destacando a importância da capacitação e da inovação empresarial. 54 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 Como está o cenário nacional para o empreendedorismo? Com base em pesquisa realizada em março de 2013, a equipe do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC fez uma análise do ecossistema de empreendedorismo brasileiro, utilizando metodologia da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que considera seis dimensões: modelo regulatório, condições de mercado, acesso a financiamento, criação e difusão do conhecimento, capacidade empreendedora e cultura empreendedora. A análise demonstra que o movimento empreendedor no Brasil tem crescido nos últimos anos. Entre as suas forças propulsoras, destacam-se os diferenciais competitivos do mercado brasileiro (crescimento no volume de consumidores e tecnologias mais acessíveis) e o aumento de capital disponível no país (mais investimentos de grande porte e maior possibilidade de crédito). Por outro lado, a evolução do modelo regulatório do Brasil ainda é sutil e precisa se adequar ao ritmo com que o empreendedorismo se desenha. Os órgãos regulamentadores ainda encontram dificuldades em implementar, em nível nacional, a simplificação dos procedimentos burocráticos e do processo de apoio e criação de novas empresas para fomentar e fortalecer a atividade empresarial. Fatores como a capacitação e a consolidação de um ambiente que reconheça a atividade empreendedora como alternativa ao emprego estável também estão aquém de seus potenciais. www.sebraemg.com.br 55 A pesquisadora Vanessa Nogueira, da FDC, conclui o estudo, sugerindo que a responsabilidade do funcionamento desse ecossistema é de todos: empreendedores, educadores, investidores, famílias, empresas e o poder público. A projeção internacional crescente do Brasil nos últimos anos e a exposição que terá até o encerramento das Olimpíadas do Rio, em 2016, colocam o país em um momento propício para investir no progresso deste ecossistema. Quais os desafios do empreendedor brasileiro? Estudos do Sebrae e a pesquisa anual Global Entrepreneurship Monitor (GEM) indicam que as empresas nascentes deparam com entraves considerados tradicionais no Brasil. Os principais são: burocracia para abertura e fechamento de negócios; elevada carga de tributos e exigências fiscais e legais; baixa capacitação para a gestão de empresas, nas escolas técnicas e nas universidades; políticas e programas de apoio não adequados à realidade do empreendedor. Quais são os problemas mais recorrentes? Pouco conhecimento de metodologia de busca de oportunidades e de modelagem de novos negócios e de gestão empresarial; ênfase em conhecimentos técnicos, e não de necessidade de mercado; amadorismo na busca de sócios e contratação de colaboradores. No Brasil, a figura do “empreendedor herói” ainda é predominante? O professor Marcos Hashimoto, da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), defende que “a figura da pessoa que carrega em si todas as virtudes de sucesso não passa de um mito”. Na mesma linha, o “empreendedor herói” carrega o mito de uma figura especial, cujo talento nato para a liderança e o sucesso o credencia a pressentir e a se antecipar às oportunidades de mercado na criação de um negócio. Acredito que essa figura não é mais predominante, graças à consciência, cada vez maior, de que a capacidade empreendedora 56 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 empreendedora nos currículos e abrindo as portas para depoimentos de empresários de vários setores, inclusive de empreendimentos sociais. Assim, a percepção geral é de que ser empreendedor está ao alcance de todos. “Em todos os ambientes, dos mais simples aos mais sofisticados, é possível identificar pessoas, principalmente jovens, que sonham em abrir o próprio negócio” está presente em todo ser humano e à valorização do pequeno empreendedor. Isso é fruto de uma mudança cultural iniciada nos anos 1970, reforçada, hoje, por uma política ainda de juros baixos, que privilegia os investimentos produtivos, e não a especulação financeira, e pelo aumento de poder de compra das classes C e D. Apesar das dificuldades que o pequeno empresário ainda enfrenta, as políticas de apoio, entre elas o Simples e o Microempreendedor Individual (MEI), são avanços importantes. Em todos os ambientes, dos mais simples aos mais sofisticados, é possível identificar pessoas, principalmente jovens, que sonham em abrir o próprio negócio. As escolas, em vários níveis, estão incorporando a educação Entre os empreendedores de micro e pequenas empresas, ainda falta a consciência de que a capacitação empresarial é necessária? Infelizmente, ainda há uma percepção de que a teoria é diferente da prática e que as micro e pequenas empresas (MPE) não podem se dar ao luxo de gastar tempo com a capacitação empreendedora e o treinamento de seu pessoal. Porém, é um investimento, geralmente com retorno muito alto. Não cabe aqui uma discussão maior sobre teoria e prática, mas elas são faces de uma mesma moeda. Essa resistência do empresário brasileiro já foi maior, mas ainda persiste, pois muitas empresas convivem com um mercado local e, geralmente, pouco competitivo. O crescimento da economia e a globalização dos negócios serão determinantes para mudanças mais significativas. Em um mundo com trocas comerciais e avanços tecnológicos cada vez maiores, nenhum empreendimento cresce sem atualizar conhecimentos e conceitos de marketing, gestão de pessoas, finanças, produção, logística, tecnologia, entre outros. Como mudar essa cultura em relação à capacitação empreendedora? Fernando Dolabela, autor de O Segredo de Luisa, entre outros livros, lembra que, nas ultimas três décadas, o entendimento é de que todos têm potencial empreendedor e podem desenvolvê-lo pela educação. Acredita-se, hoje, que a formação empreendedora deva acontecer do ensino fundamental à universidade e, depois, durante toda a vida, por meio de participação em cursos, núcleos e centros de desenvolvimento empresarial, aceleradoras de empresas, parcerias, associações empresariais, dentre outras formas. A capacitação, somada à imersão no ambiente empreendedor, pode potencializar a compreensão e o desenvolvimento de características importantes de quem quer empreender. E como o empreendedor pode se manter atualizado? Conviva com empreendedores, participe de comunidades, eventos, troque experiências e ideias. Observe os casos de sucesso e de insucesso, motive-se e aprenda com eles. Leia sobre empreendedorismo e acompanhe suas práticas, mudanças e tendências no mundo. Como essa capacitação contribui com a performance empresarial? Quando consideramos o contexto brasileiro, percebemos que a educação formal – ensino fundamental, médio e superior – falha em oferecer aos estudantes princípios de empreendedorismo. Os profissionais brasileiros raramente saem da universidade considerando empreender como uma opção de carreira. O emprego e a estabilidade profissional compõem o caminho tradicional a ser perseguido. Porém, a capacitação – paralela ou complementar ao ensino formal – amplia as perspectivas de futuro do indivíduo, que passa a enxergar o empreendedorismo como forma de ser, uma escolha de vida e uma alavanca de desenvolvimento econômico e social. Ela desenvolve a habilidade de pensar à frente, de inovar e se diferenciar. Na educação empreendedora, não existem respostas certas, e sim perguntas que abrem caminhos para o aproveitamento de oportunidades. O que o empreendedor precisa desenvolver em seu perfil? Com base em nossa experiência pessoal em empreendedorismo e em educação empreendedora, no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e no investimento em em- “Os brasileiros raramente saem da universidade considerando empreender como uma opção de carreira. O emprego e a estabilidade profissional compõem o caminho tradicional a ser perseguido” www.sebraemg.com.br 57 LITERATURA Qual a importância de cada uma? A determinação é, sem dúvida, a primeira e mais importante. O empreendedor deve estar comprometido e 100% envolvido com seu negócio, desde o início. É importante estar consciente de que dificuldades precisarão ser superadas no caminho e que fracassos acontecem. Ter conhecimento sobre o mercado de atuação significa ser capaz de responder às principais perguntas sobre o segmento. Saber quais são os riscos envolvidos no negócio e as oportunidades oferecidas pelo mercado é determinante. A adaptação às demandas de mercado também é fundamental. Se o produto/serviço oferecido não vende, não insista em mantê-lo, adapte-se, sem medo de reestruturar-se radicalmente. Trabalhar a capacidade de construir e liderar uma boa equipe de trabalho, com profissionais de confiança, que tenham a habilidade para executar as atividades com excelência e a mesma paixão do empreendedor pelo negócio, também é vital. São as pessoas que fazem a empresa acontecer. “Na educação empreendedora, não existem respostas certas, e sim perguntas que abrem caminho para o aproveitamento de oportunidades” 58 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 Empreendedorismo Onde encontrar capacitação empresarial, consultorias e apoio? O principal apoiador nacional das MPE é o Sistema Sebrae. Um dos mais antigos e experientes do Sistema é o Sebrae Minas, presente em todo o Estado. Há, ainda, as escolas de negócios, como a FDC, ou aquelas ligadas às federações e associações de setores, além das várias instituições privadas que oferecem cursos dirigidos a empresários de qualquer porte, a preços acessíveis. A contratação de escritórios de consultoria, contabilidade e direito, que sejam idôneos e tenham credibilidade e experiência no atendimento às MPE, é outra alternativa. A participação em associações de classe ajuda a abrir e manter o relacionamento com empresários e empresas de vários setores, além da identificação de novas oportunidades no mercado. Na área financeira, o parceiro mais importante para as MPE é o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que opera com linhas próprias de financiamento. Há também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig). A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil têm importantes linhas de financiamento, com baixas taxas de juros. Os fundos de venture capital, ainda em número reduzido no Brasil, aplicam seus recursos em empresas de grupos de área e setores específicos. Os principais fundos investem em organizações nascentes de base tecnológica que apresentem forte potencial de crescimento. em quadrinho O quadrinista Eduardo Pansica é um dos convidados do festival deste ano Bernardo Salce/Agência i7 presas nascentes, as principais competências a serem desenvolvidas são: determinação, conhecimento do mercado de atuação, adaptabilidade e capacidade de construir e liderar uma boa equipe de trabalho. Em sua oitava edição, FIQ diversifica programação com Rodada de Negócios entre quadrinistas e editoras O Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), que acontece em novembro, em Belo Horizonte, chega à sua oitava edição com as tradicionais exposições de trabalhos nacionais e internacionais, uma homenagem a Laerte, um dos principais cartunistas do país (confira na página 61), e uma novidade: a primeira Rodada de Negócios de Quadrinhos do Brasil, que servirá para intermediar o contato entre as editoras e os quadrinistas interessados em potencializar o seu trabalho. A parceria, feita entre a Fundação Municipal de Cultura, que promove o FIQ, e o Sebrae Minas, foi selada para profissionalizar o contato informal que já existia entre os artistas, as agências e a editora em festivais passados. Agora, os interessados podem se inscrever no site do evento (http://fiqbh.com.br/) e se cadastrar para o contato com até quatro editoras participantes. “Nas últimas edições, percebemos que desenhistas levavam seus portfólios para avaliação e decidimos organizar a Rodada de Negócios para outros campos dos quadrinhos, como roteiro e trabalhos autorais já prontos”, aponta o coordenador do FIQ, Afonso Andrade. Uma pesquisa prévia do trabalho dos inscritos e da demanda das agências e editoras também possibilitará que os encontros sejam mais eficientes. “O Sebrae Minas entra com a parte mais operacional da Rodada, para dar mais credibilidade e criar um ambiente propício aos negócios. Ao aproximar a oferta da demanda, queremos unir o que as editoras procuram com o traço, o estilo e o perfil dos quadrinistas. Enwww.sebraemg.com.br 59 Haroldo Kennedy Referência e inspiração Público observa painéis com quadrinhos durante a 7º edição do FIQ tendemos que esses encontros entre editoras e quadrinistas serão como miniconsultorias, com geração de conhecimento e aprendizado”, afirma a analista do Sebrae Minas, Raquel Vilarino. Frequentador assíduo das edições passadas e convidado deste ano, o quadrinista Eduardo Pansica diz que o festival, cada vez mais, chama a atenção dos admiradores de quadrinhos e desenhos e, principalmente, abre as portas do mercado para aqueles que atuam na área. “Foi por meio do FIQ que, em 2007, entrei para a agência norte-americana Art Comics, uma das principais do setor. Com a padronização ofertada pela Rodada de Negócios, será muito mais fácil poder mostrar e divulgar o trabalho para empresas e expandir o negócio”, completa. MAIS LEITURA, MAIS QUADRINHOS I A primeira Rodada de Negócios de Quadrinhos do Brasil coincide com o momento de expansão do mercado em todo o país. Se, no passado, a maior parte dos quadrinhos brasileiros retratava o tema de humor e era voltada ao público infantil, hoje é possível encontrar dramas, histórias reais, terror e até reflexões filosóficas. “O aumento do poder aquisitivo da população, o crescimento e a melhoria da qualidade das bibliotecas nas escolas públicas e o maior interes60 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 se pela leitura impulsionaram esse crescimento”, avalia Afonso Andrade. Desde 2006, o Programa Nacional Biblioteca da Escola, do Governo Federal, distribui quadrinhos para as bibliotecas das instituições de ensino públicas. “Em muitos casos, isso mantém até 80% do orçamento de pequenas editoras”, ressalta o coordenador do FIQ. Os números em relação ao aumento de leitores também são animadores, principalmente para Belo Horizonte. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), divulgada no início de 2013, aponta que a cidade é a capital do país onde mais se lê. Somente no último mês, 41% dos belo-horizontinos leram pelo menos um livro, índice igual ao registrado em Porto Alegre (RS) e maior que a média nacional, de 33%. Segundo Cristiano Seixas, proprietário da Casa dos Quadrinhos, referência de ensino de técnicas de desenho em Belo Horizonte, a internet também foi fundamental para fomentar a indústria e divulgar novos talentos. “Os cartunistas desconhecidos começaram a mostrar seus trabalhos, e já temos casos de artistas que puderam publicar revistas por meio de financiamento coletivo, em que os internautas doam dinheiro para possibilitar esse investimento.” Além disso, se o mercado enfrentou mudanças nos últimos anos, o público que busca se especializar nas técnicas de desenho também se transformou. Cristiano Seixas observa que a procura por técnicas tradicionais diminuiu bastante, visto que os alunos passaram a se espelhar nas produções francesas, belgas e japonesas. “Esses países, assim como os Estados Unidos, têm um público adulto bastante consolidado, e os estudantes querem muito mais inspirações e referências vindas das artes visuais”, finaliza o empresário. Agenda O FIQ, que começou em 1999 e é realizado a cada dois anos, traz ao público um encontro com personagens e autores de todos os estilos. De 13 a 17 de novembro, a Serraria Souza Pinto vai abrigar renomados nomes do HQ e uma programação que conta com oficinas, bate-papos e outras atividades interativas. A Rodada de Negócios ocorrerá nos dias 14 e 15 de novembro, e a expectativa é que participem até 200 quadrinistas, atendidos por 11 editoras brasileiras e quatro do exterior. Mais informações no site http://fiqbh.com.br/. Considerado um dos principais quadrinistas do país, Laerte vem se reinventando nas tiras, nas páginas e também na vida. Nascido em São Paulo, publicou 14 edições da revista Piratas do Tietê e, atualmente, colabora com os principais jornais brasileiros. Até o fim do ano, ele deve lançar um livro com a cantora Rita Lee. Seu repertório de personagens inclui o anti-herói Overman, Homem-Catraca, Deus e Los Três Amigos, uma parceria com Angeli, Glauco e Adão Iturrusgarai. Em 2010, Laerte se mostrou publicamente adepto ao crossdressing e passou a transitar pelo gênero feminino em suas roupas e comportamento. Se, no começo da carreira, fez quadrinhos engajados contra a ditadura, hoje aborda, dentre um universo de temáticas, questões de gênero e de sexualidade. “É muito antiga a ideia de que o quadrinho serve apenas como entretenimento. Como qualquer linguagem, ele pode ser um meio de conscientização política, crítica e informação”, afirma. O humor, característica inerente às suas tirinhas, continua presente mesmo quando se abordam assuntos sérios. “O humor é uma linguagem ideológica e sou a favor da crítica permanente. Grupos e pessoas que se sentem agredidos por um discurso cômico têm o direito de reivindicar.” Sobre o vazio criativo, que muitos artistas dizem vivenciar ao longo dos anos de produção, o cartunista tira inspirações do próprio dia a dia. “Já há algum tempo, tenho o costume de anotar algumas coisas que eu considero germes de novos trabalhos, como um armazém de ideias. É como alguém que dança: a coreografia pode não estar pronta, mas é possível improvisar. De alguma forma, o vazio criativo não é um monstro. É algo que tem a ver com o momento da gente”, finaliza. www.sebraemg.com.br 61 Arquivo Sebrae Núcleo de ideias expandir o negócio para Brasília (DF) e Goiânia (GO) e, até julho de 2014, chegar a 14 centros econômicos brasileiros”, afirma Alexandre Rodrigues, sócio e fundador da Ofex. Alexandre Rodrigues, sócio e fundador da Ofex, mostra o troféu que ganhou na Arena Startup Soluções inovadoras Em parceria com a Prefeitura Municipal de Uberaba, o Sebrae Minas, por meio do projeto Sebraetec, publicou o Edital de Tecnologia da Informação e Biotecnologia. O objetivo é apoiar iniciativas de desenvolvimento desses setores e disseminar a inovação e a busca por soluções entre as micro e pequenas empresas locais. 62 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 A Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam) lançou, no dia 29 de agosto, na cidade de São Gonçalo do Sapucaí, a marca da Região da Mantiqueira, formada por 25 municípios. Essa iniciativa é uma das ações estratégicas de place branding, que consiste na agregação de valor à região, por meio do relacionamento com produtos e culturas característicos. O Sebrae Minas apoia a iniciativa através da estrutu- ração e do acompanhamento do projeto e da prestação de consultoria. Os cafés especiais da região da Mantiqueira são reconhecidos pela altíssima qualidade, resultante da produção do café da espécie arábica em altitudes entre 900m e 1.400m. A Aprocam congrega as cooperativas desses municípios, que têm cerca de 7.800 produtores, dos quais 89% são de pequeno porte. Robert Owen Mais de 500 pessoas compareceram, nos dias 19 e 20 de agosto, à Arena Startup para uma disputa promovida pelo grupo Minas Startup, em Uberlândia. Entre as 12 startups mineiras, venceu a Ofex, plataforma online para organização de eventos sociais e corporativos, criada em 2012. As finalistas foram avaliadas por uma banca de investidores e empreendedores da área. A iniciativa faz parte do projeto Investimento atrai Investimentos e tem como objetivo reunir investidores, empreendedores e fornecedores da região. A Ofex, que integra o projeto de Mobilidade Empresarial de Tecnologia da Informação de Uberlândia, realizado pelo Sebrae Minas, oferece informações sem custos sobre prestadores de serviços. O atendimento às demandas dos clientes é viabilizado por parcerias estabelecidas com os fornecedores, que disponibilizam, na plataforma, dados sobre seus produtos. A empresa alcançou, no mês de julho deste ano, a margem de R$ 1 milhão em venda para seus parceiros e mais de duas mil solicitações de propostas via plataforma. “Atendemos 100% das demandas em até 24 horas. Hoje, nosso principal mercado está no Triângulo Mineiro, mas temos planos de Garantia de procedência Divulgação NOTAS No total, 23 empreendimentos – seis de biotecnologia e 17 de tecnologia da informação – se inscreveram. O Edital tem aporte no valor de R$ 1 milhão. A Prefeitura Municipal ofereceu como contrapartida o suporte financeiro de R$ 200 mil, enquanto o Sebrae Minas complementou o recurso e é o detentor da metodologia de trabalho. Empreendedores capacitados A primeira turma da pós-graduação Contabilizando o Sucesso: Especialização em Gestão e Consultoria Empresarial para MPE, fruto da parceria entre o Sebrae Minas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-MG), concluiu a especialização em setembro deste ano. Ao todo, 20 profissionais se tornaram aptos a identificar e a solucionar problemas na gestão das micro e pequenas empresas, elevar a qualidade dos produtos oferecidos, aumentar a competitividade, entre outros processos importantes para o crescimento do negócio. Além disso, os especialistas terão um papel fundamental na construção da parceria entre o Sebrae Minas e os micro e pequenos empresários do Estado. Serviço A pós-graduação tem duração de um ano, e novas turmas são iniciadas a cada seis meses. Os interessados em participar devem já ter concluído a graduação. Mais informações no site do Sebrae Minas (www.sebraemg.com.br). www.sebraemg.com.br 63 A regional do Sebrae Minas em Teófilo Otoni (Av. Francisco Sá, 207 – Centro) abre as portas para o maior ícone da moda mineira: Ronaldo Fraga. De 21 de outubro a 15 de dezembro, das 9h às 17h, será realizada uma mostra com diversos trabalhos do estilista. A exposição é composta por 14 peças da coleção Costela de Adão, realizada em 2003, além de ambientação cenográfica e concepção criada especificamente para a exposição, que retratam a cultura do Vale do Jequitinhonha. Os visitantes poderão aproveitar para conhecer os produtos e serviços que o Sebrae Minas disponibiliza para que as micro e pequenas empresas trabalhem com mais qualidade e eficiência. Novas franquias 64 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 negócios que entraram no segmento de franquias com a ajuda do Programa Minas Franquia, do Sebrae Minas, cujo objetivo é estruturar o setor de franchising no Estado, disseminar e ampliar o acesso às informações e dar suporte aos empreendedores que desejam expandir seus negócios por esse sistema. Divulgação Quatro micro e pequenas empresas (MPE) de Montes Claros, no Norte de Minas, entraram para o mercado de franquia, em outubro. São elas: Fruit Shake, Sellos Acessórios, Líder Notebooks e Imunizar Vacinas. “São negócios bem estruturados em seus segmentos e com nível de gestão aprimorado”, diz Alessandra Simões, analista do Sebrae Minas responsável pelo Programa Minas Franquias. Essas empresas têm a vantagem de estarem entre os 10 setores mais procurados por quem pretende investir no ramo de franquia, com aportes que variam de R$ 110 a R$ 180 mil. Já em Belo Horizonte e Região Metropolitana, as franquias de outras quatro MPE – Massa Pizzaria, Brother Games, Nature Derme Pharmácia de Manipulação e Clube dos 13 – estão funcionado desde agosto. Os empreendimentos são boas opções de investimento e fazem parte do grupo de 22 pequenos Tour cervejeiro Os amantes de uma boa cerveja já podem contar com um aliado importante na hora de degustar a bebida mais consumida do país. Trata-se do livro Brasil Beer – O Guia de Cervejas Brasileiras, dos autores Henrique Oliveira, especialista e fundador da Associação de Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais, e Helcio Drumond, pesquisador dos segmentos de cervejas, gastronomia e turismo em geral. O guia mostra quais são e onde estão localizadas as melhores cervejas produzidas no Brasil. Para isso, todas as cervejarias, microcervejarias e associações de cervejeiros artesanais nacionais foram mapeadas e catalogadas em 304 páginas. Produzidas em menor escala, as cervejas artesanais são produtos com cores, aromas e sabores distintos dos convencionais, com qualidade superior. Os principais roteiros do tour cervejeiro estão reunidos por região, estado e cidade. São mais de 450 cervejas e 120 locais onde se pode degustar a bebida. Em Minas Gerais, há seis roteiros passando por Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem, Ribeirão das Neves, Juiz de Fora, Uberlândia, Monte Verde, Frutal e Delfim Moreira. A publicação também apresenta uma breve história da cerveja no Brasil, os segredos da fermentação, as matérias-primas e as etapas de fabricação, além de dicas para aguçar os sentidos e degustar a bebida, com tipos, características e classificações dos principais estilos de cerveja. Divulgação Fernanda Nassen Ronaldo Fraga Ficha técnica Brasil Beer - O Guia de Cervejas Brasileiras Autores: Henrique Oliveira e Helcio Drumond Preço: R$ 45 Páginas: 304 Editora: Gutenberg Mineiras no Rio Franchising A edição 2013 do Rio Franchising, realizada em setembro, na capital fluminense, contou com a participação de quatro pequenas empresas mineiras: a Castro Naves, de Uberlândia; a Top Music, de Uberaba, ambas no Triângulo Mineiro; a Doce da Roça, de Po- ços de Caldas, no Sul de Minas; e o Clube dos 13, da região Central de Belo Horizonte. Elas se tornaram franqueadoras recentemente e, durante o evento, tiveram a oportunidade de conhecer o mercado de franquias e prospectar novos negócios. www.sebraemg.com.br 65 Fotos: Pedro Vilela/Agência i7 REVITALIZAÇÃO Lojas comerciais na avenida Silva Lobo, na região Oeste da capital mineira Shopping a céu aberto Um dos principais corredores comerciais da região Oeste da capital mineira, a avenida Silva Lobo, reúne, em seus 2,5 km de extensão, mais de 130 estabelecimentos de vários setores. Bancos, supermercados, padarias, lojas de roupas, restaurantes e até mesmo uma faculdade dividem espaço na via que corta cinco bairros – Nova Granada, Nova Suíça, Barroca, Alto Barroca e Calafate. Toda essa variedade de negócios inspirou o Sebrae Minas, que também está sediado na região, a elaborar um projeto-piloto de promoção ao desenvolvimento socioeconômico da área. Batizada de Caminhos, a iniciativa pretende transformar a avenida em um grande centro comercial a céu aberto. O conceito criado pelo Sebrae Minas é o de avenida-shopping. “O projeto foi pensado para criar uma identidade única para a avenida e também ir ao en66 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 A avenida Silva Lobo, na região Oeste de Belo Horizonte, se prepara para ser um centro de referência comercial do país contro da vocação dela, que é bem semelhante à dos shoppings centers: lojas de segmentos diversos dividindo o mesmo espaço”, explica a analista do Sebrae Minas, Fátima Trópia. A transformação de ruas e avenidas em centros comerciais já foi feita em outras cidades, mas o modelo proposto foi pensado exclusivamente para a avenida Silva Lobo. “Não há inovação em promover o desenvolvimento comercial de uma rua. O diferencial do Caminhos é que ele foi construído tendo em vista as características da região, que possui um comércio de micro e pequenas empresas bem diversificado e a presença de grandes empresas, como bancos, supermercados e lojas de departamentos, assim como ocorre nos shoppings centers”, pontua Fátima Trópia. Esse conjunto de estabelecimentos comerciais de porte é responsável pelo fortale- cimento do mercado econômico. Em 2012, os negócios instalados na localidade movimentaram R$ 14 milhões e empregaram mais de 700 pessoas. Esses números expressivos dimensionam a importância da avenida Silva Lobo para a região e para Belo Horizonte. “Vamos aproveitar todo esse potencial e atrair os consumidores dos bairros próximos. Hoje, por exemplo, muitas pessoas que vêm praticar exercícios físicos na avenida não fazem compras em nenhum dos estabelecimentos comerciais. Queremos mudar esse cenário, aumentar a circulação de dinheiro e atrair mais consumidores”, revela a analista do Sebrae. Considerando apenas a região onde está localizada, a avenida Silva Lobo tem potencial para conquistar uma multidão de compradores. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, a região Oeste de Belo Horizonte tem mais de 300 mil habitantes. Isso sem contar que outras regiões da cidade, como a Centro-Sul e a Noroeste, têm fácil acesso à avenida. O público-alvo do projeto Caminhos e a sua área de influência serão mais bem-definidos no final do ano, com o resultado da pesquisa mercadológica, encomendada pelo Sebrae Minas. jeto. “Não há dúvidas de que ele pode promover melhorias significativas na infraestrutura da avenida e atrair mais compradores.” O sucesso do primeiro negócio, a loja de presentes Fina Lembrança, aberta há 10 anos, permitiu que a empresária constituísse um segundo estabelecimento na mesma avenida, em outro segmento – a Fina Lembrança Mulher, especializada em moda íntima. Juntas, as lojas realizam, em média, 1.000 vendas por mês, e o faturamento cresce, aproximadamente, 20% a cada ano. “Não há dúvidas de que esse projeto pode promover melhorias significativas na infraestrutura da avenida e atrair mais compradores” Rafaela Alcantara, proprietária da loja Fina Lembrança Mulher AÇÕES PREVISTAS I Baseado em quatro eixos – planejamento, capacitação, acesso a mercado e comunicação – e ações de consultoria, como o retorno do Negócio a Negócio, o projeto Caminhos foi concebido para unificar os estabelecimentos em torno de um objetivo único: potencializar as vendas de forma organizada. Serão promovidas, por exemplo, ações de marketing coletivas. A primeira delas, no Natal deste ano. Mas, antes, os empresários receberão treinamentos e consultorias do Sebrae Minas para aprimorar a gestão e o desempenho dos negócios. Durante o lançamento oficial do Caminhos, no dia 12 de setembro, os empresários da região estiveram no auditório do Sebrae Minas para conhecer melhor essas ações. Proprietária de dois estabelecimentos na avenida, Rafaela Alcantara estava presente e disse ter ficado impressionada com o potencial do prowww.sebraemg.com.br 67 Apesar da projeção do negócio na região, Rafaela Alcantara ressalta que a avenida precisa de melhorias importantes para conquistar os consumidores. “As pessoas procuram os shoppings porque se sentem seguras naquele ambiente. Temos de proporcionar o mesmo aos nossos clientes. Além disso, as calçadas precisam ser recuperadas. Em alguns trechos, os buracos impedem ou dificultam o trânsito de pessoas com mobilidade reduzida ou que estejam com seus filhos em carrinhos de bebê.” CONECTADO COM O CLIENTE I Para entender melhor as peculiaridades dos lojistas, o Sebrae Minas fez um levantamento sobre suas potencialidades e pontos de atenção a serem minimizados. No projeto Cliente Oculto, pesquisadores se passam por clientes e simulam uma compra para avaliar a qualidade do atendimento e elaborar um perfil daquele estabelecimento. O resultado mostrou que 53% do empresariado têm problemas relacionados aos pontos de venda, à qualidade dos produtos e ao controle do fluxo de caixa. Além disso, a mudança de hábitos dos consumidores e o crescimento atual do e-commerce – segundo o eMarketer.com, até setembro de 2013, as lojas virtuais faturaram US$ 21,7 milhões em vendas –, contribuem para a retração do comércio varejista. “O varejo atual traz uma série de desafios para os lojistas e, se não houver investimentos e melhorias, eles não terão como reagir. É preciso criar uma conexão com o consumidor”, afirma o consultor Daniel Zanco, que ministrou a palestra Os segredos do sucesso no varejo: como a gestão pode mudar a sua vida na apresentação do projeto Caminhos. Ele ensina que, para desenvolver o negócio e, acima de tudo, manter a competitividade, é preciso investir na melhoria do atendimento ao cliente, criar indicadores de vendas, investir na gestão financeira e no estoque e, principalmente, capacitar e qualificar os funcionários. “Ter processos e pessoas bempreparadas para garantir os resultados, fazer investimentos em tecnologia para ganhar o cliente, estar no dia a dia da empresa e das equipes e, mais que isso, olhar o mercado em que está inserido são atitudes que auxiliam o empresário a se manter no mercado varejista e a ampliar o seu negócio”, enumera. O plano de ações do projeto – desenvolvido com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CBEDS), Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e Sebrae Nacional – foi dividido em 4 etapas: planejamento, capacitação, acesso a mercado e comunicação. Após o lançamento, o Sebrae Minas promoveu encontros com os empreendedores locais, com a PBH e as lojas-âncora da avenida para estruturar o projeto. Os próximos passos são: estudo de posicionamento de mercado e de marca, capacitação dos empreendedores, criação do conceito e identidade visual e elaboração do calendário de eventos. A IDEIA ORIGINAL Localizado no fim da avenida Silva Lobo, o Aglomerado Morro das Pedras e seus mais de 20 mil habitantes não ficaram de fora dos planos do Sebrae Minas. “O Caminhos foi idealizado para ser realizado na comunidade, mas a execução era bastante complexa. Por isso, resolvemos elaborar um piloto para a avenida Silva Lobo, que servirá como parâmetro para a ampliação do projeto a ser levado para as sete vilas que formam o Aglomerado, promovendo o desenvolvimento econômico da região”, explica Fátima Trópia. A expectativa é que a iniciativa seja lançada até o fim deste ano. 68 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 Fotos: Divulgação DESIGN Uma carreira Com os anéis de feldspasto, da linha “Expedição”, o designer Edson Xavier venceu o 1º Prêmio Sebrae Minas Design brilhante Destaque no mercado de joalheria, Edson Xavier figura entre os 100 jovens designers mais influentes do mundo “Você deve acreditar em seus sonhos e em sua capacidade, seguir sem medo de arriscar e inovar sempre.” É com brilho nos olhos que o designer de joias mineiro, Edson Xavier, conta sua receita de motivação diária. Ingredientes que foram fundamentais, especialmente, quando decidiu deixar o trabalho técnico em uma empresa automotiva para ingressar no campo da criatividade. E deu certo. Há cinco anos, ele participou do 1º Prêmio Sebrae Minas Design e saiu vencedor ao desenvolver um projeto de anéis ecológicos. A conquista projetou sua carreira e, hoje, com apenas 27 anos, conquista o mundo com sua habilidade de criar peças únicas e modernas. “Foi tudo muito rápido, até 2008 não imaginava atuar como designer de joias”, lembra. Edson Xavier é formado em Design de Produtos e Engenharia de Produção e teve seu primeiro contato com as joias quando conquistou uma bolsa de iniciação científica no Centro de Design de Gemas e Joias, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). A participação no Prêmio do Sebrae Minas veio em seguida, como um primeiro desafio para sua carreira. Inspirado pela proposta socioambiental de uso de resíduos para criação de produtos, ele criou para o concurso anéis utilizando o feldspawww.sebraemg.com.br 69 to, uma sobra de minas de extração de gemas do Vale do Jequitinhonha. Com o nome “Expedição”, a linha vencedora rememorou as tradicionais cerâmicas da região por meio da aplicação de pinturas gestuais. JOALHERIA SOCIAL I Com um olhar voltado para a sustentabilidade, Edson Xavier se mantém envolvido com pesquisas sobre processos produtivos de reaproveitamento de resíduos. Após se consagrar vencedor na premiação, ele continuou o trabalho junto à Itaporarte, associação de garimpeiros da comunidade de Coronel Murta. Do papel para a realidade, os anéis desenhados por ele entraram em produção durante o projeto Gema, coordenado pelo Centro Mineiro de Design (CMD), em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o Centro de Design de Gemas e Joias da UEMG. A iniciativa contribuiu para a transferência de conhecimentos e o desenvolvimento de tecnologia própria no município. Até 2011, quando encerrou seus trabalhos, o projeto realizou a capacitação de 42 lapidários, responsáveis por confeccionar as peças de feldspato e mais de 45 protótipos inovadores, entre souvenires e objetos de adornos, decorativos e utilitários. “Não se tratava apenas de criar joias, mas também ajudar no desenvolvimento daquela região. A produção era inclusiva, envolvia os aprendizes na lapidação da rocha de feldspato, que era a Anel de ouro, que pode ser usado como enfeite de cabelo e broche, está no book Swarovski 2013 70 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 base para as peças, e na pintura da joia com óxidos de terra”, explica Edson Xavier, que era um dos sete designers atuantes. A iniciativa de capacitação foi um sucesso, gerou novas oportunidades de negócios e valorização da cultura local e promoveu aumento da renda com o fomento do artesanato profissionalizado. Hoje, 22 pessoas qualificadas pelo Gema trabalham no laboratório da associação Itaporarte, em uma coleção de 28 itens, entre pingentes, anéis e colares. Em breve, elas estarão produzindo até 1.800 peças por mês. Esse trabalho, somado a tantos outros, rendeu a Edson Xavier o reconhecimento no mercado de joalheria brasileiro e do exterior. Áustria, Estados Unidos e Tailândia são só alguns dos países que já reconheceram o seu talento. Hoje, ele acumula uma coleção de mais de 35 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Internacional Design Excellence Awards (IDEA) Brasil, considerado o Oscar do design nacional. O artista figura ainda na lista dos 100 jovens designers mais influentes do mundo pela imprensa especializada norte-americana. Sua ousadia e criatividade encantaram a marca austríaca Swarovski em 2009. Além de conquistar o concurso Top 30 Designs Passion Deluxe, o mineiro levou para casa seu primeiro contrato com a empresa. Em quatro anos de parceria com a marca de joias, Edson Xavier já produziu o book de tendências dos anos de 2013, 2014 e 2015 e possui mais de 300 peças vendidas para a marca. Durante o tempo que fica no Brasil, o designer contribui para o crescimento do mercado nacional, realizando consultorias para fabricantes de joias e semijoias. “Faço o desenho de peças e o acompanhamento da produção para seis clientes fixos. São, em média, 200 modelos vendidos por mês para cada empresa, sem contar os royalties recebidos pelas peças comercializadas”, contabiliza. JOIA RARA I Para desenhar a sua linha de joias, o jovem designer investe em diferentes matérias-primas: resíduos, madeira, pedras preciosas e metal, como ouro e prata. Também se atreve nas formas e modelos na hora de esbo- O anel de vidro, produzido pela Swarovski, é uma das joias desenhadas pelo designer mineiro çar suas peças no papel. “Tento fugir ao máximo do design convencional, prefiro inovar. Pesquiso referências de todo tipo de estética, cultura e arte, desde o grafite de rua até a pintura, a arquitetura e a escultura. No caso dos anéis de feldspato, por exemplo, inspirei-me no artesanato de cerâmica do Vale do Jequitinhonha, que é moldado de forma circular”, destaca. O resultado da variedade de materiais é visto em alguns produtos inusitados. Um anel inteiro de vidro e outro de ouro, que pode ser usado como enfeite de cabelo e broche, foram produzidos pela Swarovski e estão expostos no museu da marca, na Áustria. Os valores dos modelos produzidos vão de R$ 300 mil a R$ 500 mil, caso da peça Volúpia, feita em ouro, prata, gemas preciosas, diamante e turmalina, que está exposta no museu tailandês The Gem and Jewelry Institute of Thailand (GIT), em Bangkok. Com uma atividade lucrativa maior aqui do que no exterior, Edson Xavier planeja abrir um estúdio de design de joias. “Tenho o sonho de gerar empregos, e o Brasil tem uma riqueza de matéria-prima e mão de obra que nenhum outro país possui”, completa. Para ajudá-lo a alavancar essa ideia, conta com o apoio e a estrutura do Sebrae Minas. “Além de ser uma vitrine para os vencedores, o Prêmio Sebrae Minas Design impulsiona o empreendedorismo. Vários designers premiados estão investindo em seus negócios. Além de desenharem “Tento fugir ao máximo do design convencional, prefiro inovar. Pesquiso referências de todo tipo de estética, cultura e arte” Edson Xavier, designer os produtos, buscam parcerias para produzir e cuidam eles próprios da comercialização. Isso é um diferencial e está contribuindo para deslanchar a carreira de muitos”, conclui a coordenadora da premiação e analista de Inovação e Sustentabilidade do Sebrae em Minas Gerais, Andréa Tristão. INCENTIVO AO DESIGN Em três edições do Prêmio Sebrae Minas Design: foram inscritos 874 trabalhos de profissionais e estudantes; de 14 estados brasileiros, em 6 categorias que mudam a cada ano; desse total, foram escolhidos 291 trabalhos, entre 33 vencedores, 86 finalistas e 172 classificados. A 4ª edição será lançada em dezembro de 2013, junto com uma pesquisa que mostrará a atual condição de todos os vencedores da premiação desde o seu início. www.sebraemg.com.br 71 Pedro Vilela/Agência i7 AFROEMPREENDEDORISMO A professora Neusa Barcelos (à esq.) e sua filha, Tatianne (à dir.), são proprietárias do Núcleo Educional Ser Feliz, em Belo Horizonte, há seis anos A força do empreendedor negro Estudo do Sebrae revela que o empreendedor negro ganha espaço e se destaca no mercado de micro e pequenas empresas Há, hoje, no Brasil, 22,8 milhões de pessoas que enveredaram pelo empreendedorismo. O vultoso número é capaz de surpreender ainda mais: levantamento realizado pelo Sebrae, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apontou que quase metade dos donos de pequenos negócios no Brasil são comandados por autodeclarados negros (aqui também incluídos os pardos). De 2001 a 2011, período de análise da pesquisa, a quantidade de empreendedores afrodescendentes cresceu 29%, contra apenas 1% daqueles que se declaram brancos. A participação deles é, portanto, de 49%, traduzida em mais de 11 milhões de empreendedores. “Houve um aumento no orgulho de pertencer à raça/cor negra. Mais pessoas passaram a se declarar pertencentes a esse grupo”, afirma o analista da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae Nacional, Marco Aurélio Bedê. Além do crescimento nos negócios, a pesquisa revela que os empreendedores afrodescendentes apresentaram um au- 72 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 mento de 41% na escolaridade, nos dez anos analisados: de 4,4 anos de estudo em 2001 para 6,2 anos em 2011. Ainda assim, o tempo de estudo é inferior ao dos empreendedores brancos, que está na casa dos 8,5 anos. Em relação ao rendimento médio dos negócios comandados por negros, verificou-se um crescimento de 70% em uma década, passando de R$ 612 para R$ 1.039 por mês. No grupo dos empresários da raça branca, a expansão foi de R$ 1.477 para R$ 2.019 mensais, o que equivale a um aumento de 40%. No entanto, o faturamento dos empreendedores negros é, ainda, quase a metade de um empresário branco. Para Marco Aurélio Bedê, a desigualdade existe, mas a melhoria da escolaridade e do rendimento prevê uma situação mais favorável no futuro, por meio da informação e da capacitação desses empreendedores, a fim de superar barreiras e vencer preconceitos. “A defasagem em termos de rendimento é grande, isso porque uma elevada parcela de donos de negócios negros www.sebraemg.com.br 73 trabalha em atividades de menor valor agregado, como comércio ambulante, pesca, entre outras. Apesar de todo o avanço, os afrodescendentes ainda não conseguiram eliminar o gap existente, mas a tendência é de caminhar no sentido de sua redução gradual nos próximos anos”, acredita. MAIS NÚMEROS I O levantamento intitulado “Os Donos de Negócio no Brasil: análise por raça/cor” mostra que, dos mais de 11 milhões de empreendedores afrodescendentes, 29% são mulheres e 71% homens, sendo 60% destes chefes de família. Outro dado interessante refere-se à distribuição de empresas por ramo. Os empreendedores negros dividem-se nas atividades de comércio (23%), serviços (21%), agricultura (23%), construção (19%), indústria (10%) e outras (4%). Quanto às regiões do país, eles se encontram no Norte (15%), Nordeste (41%), Centro-Oeste (8%), Sudeste (30%) e Sul (6%). Outros dados revelados pela pesquisa apontam que os empreendedores negros são mais jovens, tendo em média 42 anos contra 45 anos dos declarados brancos. Os primeiros trabalham três horas semanais a menos que os do segundo grupo (39 h/semanais contra 42). Os negros têm, ainda, menor acesso aos recursos de telefonia e informática, menor proporção de pessoas cobertas por algum sistema de previdência, que trabalham em local fixo urbano, além de deter a maior proporção daqueles que começaram a trabalhar antes dos 17 anos. PERFORMANCE NÃO TEM COR I “Sonho com um futuro em que a diferenciação de homens e mulheres por raça e cor se dissolva, formando uma mistura sem destaque. Creio que eu nem vá viver para ver isso, mas essa época há de chegar”, declara a professora Neusa Mari Barcelos, sócia-proprietária do Núcleo Educacional Ser Feliz, em Belo Horizonte, cogerido com sua filha Tatianne Barcelos, de 28 anos. Formada em Relações Públicas, a empresária explica que seu empreendimento está sob a gestão da sua família há seis anos, quando compraram a escola dos antigos proprietários. O centro educativo, com 18 anos de atuação, é especializado em Educação Infantil (0 a 5 anos), conta com 78 alunos e 15 funcionários, e as mensalidades variam de R$ 329 (meio turno) a R$ 643 (horário integral). Neusa Barcelos aponta para o fato de que grande parte dos alunos são filhos de profissionais brancos de alto destaque no mercado. “Fomos escolhidos não pela cor de nossa pele, mas pelo nosso trabalho pedagógico, pela nossa capacidade como educadores. As nossas crianças convivem em um espaço onde não existe preconceito, não só de cor, mas também em relação aos portadores de necessidades especiais. Elas sairão daqui e levarão a semente da igualdade para fora, o que certamente dará frutos.” A sua filha, Tatianne, formada em Normal Superior e especializada em Psicopedagogia, já trabalhava na escola antes de assumir sua gestão. Empolgada com o sucesso do empreendimento, conta que há projetos de ampliação da estrutura, com a aquisição de nova sede, em fase de construção, nas proximidades do local. Quanto ao preconceito racial, ela acredita que está diminuindo. “Aquela coisa de que o negro é desfavorecido social, cultural e intelectualmente está, enfim, desaparecendo. Estamos avançando, conscientes de nosso valor como pessoas e no mercado de trabalho. Não faz mais sentido ficarmos presos às amarras do passado, que nos impedem de crescer”, acredita. A jovem empreendedora Tayara Santos de Paula, proprietária da M&T Papelaria, localizada em Lavras, no Sul de Minas Gerais, é outro exemplo. Com forte tino empreendedor, ela abriu sua loja há oito meses e já a transformou num misto de papelaria, lanchonete e copiadora. Ela ainda não fala em lucros, uma vez que todo o dinheiro arrecadado é investido na melhoria da estrutura e na compra de itens diferenciados. Mas, certamente, o empreendimento mostra-se bem-sucedido, com uma clientela crescente e possibilidade de abertura, num futuro próximo, de uma filial. “Tenho garra e vontade de vencer, me dou valor e nem penso nessa questão de preconceito, que só faz a gente andar pra trás. Acredito na capacidade e no potencial das pessoas, o que não tem nada a ver com a cor ou a raça. À medida que todos entenderem isso, o mundo será um lugar bem melhor.” O empreendedor negro, segundo o levantamento “Os Donos de Negócio no Brasil: análise por raça/cor (2001-2011)”: 29% são mulheres, e Nordeste 71%, Distribuídos nas atividades de: comércio 74 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 rendimento mensal de R$1.039. $ $ Sudeste Centro-oeste homens; (23%), (21%), agricultura(23%), construção (19%), indústria (10%), outras (4%). serviços 6,2 anos de estudo; Para capacitar os gestores afrodescendentes para que suas empresas possam crescer de forma sustentável e aumentar seu faturamento, o Sebrae vem investindo em ações de capacitação e desenvolvimento de atitudes empreendedoras. Em parceria com o Instituto Adolpho Bauer e o Coletivo de Empresários e Empreendedores Negros de São Paulo, o Sebrae lançou o projeto Brasil Afroempreendedor, Desenvolvimento e Fortalecimento do Empreendedorismo Afro-brasileiro, cujo objetivo é capacitar donos de pequenos negócios em comunidades negras remanescentes de quilombos, em 12 estados brasileiros, entre eles Minas Gerais. A iniciativa será desenvolvida em três etapas. A primeira consiste no levantamento e na publicação de dados sobre os empreendedores afrobrasileiros, além da seleção e da capacitação da equipe do projeto. A segunda envolve a formação de redes de apoio e a realização de 12 seminários estaduais, com a participação estimada de 1,2 mil empreendedores, dos quais 500 serão selecionados para ter acompanhamento do Sebrae em ações de formação e capacitação. Por fim, será feito o monitoramento e a disseminação da iniciativa, no intuito de fornecer as bases para a construção de uma Política Nacional de Fortalecimento do Empreendedorismo Afro-Brasileiro, estruturando propostas de programas de Apoio aos Empreendedores Afro-Brasileiros. Norte 49% de empreendedores; média escolar de Brasil Afroempreendedor Sul (15%), Nordeste (41%), Centro-Oeste (8%), Sudeste (30%) e Sul (6%). Distribuídos nas regiões: Norte www.sebraemg.com.br 75 CONSULTORIA Franquia: Cláudio Duarte como fazer uma boa escolha? 76 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 O mercado de franquias é muito atraente e oferece diversas vantagens. Mas alguns cuidados precisam ser considerados no momento de fazer a sua escolha. O candidato a franqueado deve optar por um tipo de negócio com o qual tenha afinidade e, preferencialmente, apresentar vivência no segmento escolhido. Não basta, por exemplo, conhecer muito a respeito de culinária: ter informações sobre gastronomia como hobby é uma coisa; administrar um restaurante é outra bem diferente. Entender de gestão administrativa, operacional e financeira é condição indispensável para a abertura de um negócio, inclusive de uma franquia. Ainda que a rede franqueadora disponibilize todo o suporte de campo, com visitação periódica de um consultor e treinamento de equipe, e ofereça um software com um sistema operacional eficiente, é melhor que você esteja bem-preparado ao entrar no mundo dos negócios. O mercado é agressivo, e os empreendedores que ingressam em um determinado segmento, ainda que sejam profissionais experientes, “pagarão o preço do aprendizado”. O custo dessa consequência será proporcional ao grau de conhecimentos e às habilidades técnicas, humanas, operacionais e administrativo-financeiras conquistadas pelo empresário ao longo dos anos de trabalho, mesmo que em outras áreas. Portanto, é preciso estar capacitado para não ser pego de surpresa pelo cotidiano dos negócios. Antes de adquirir sua franquia, considere os seguintes aspectos: A rede franqueadora possui, pelo menos, 35 lojas? Com poucas unidades, provavelmente terá menor expertise em gestão frente a outro modelo que já possua uma abrangência maior. Quais são os critérios que a rede franqueadora utiliza para definir o perfil do potencial franqueado? Não basta apenas ter dinheiro para investir; é necessário apresentar outros quesitos fundamentais. E mais: qual a taxa de franquia cobrada e a respectiva base de cálculo para a cobrança? Qual a taxa de divulgação ou de marketing cobrada e o orçamento anual para investimentos em mídia proposto pela rede? Em quais canais de divulgação ela investe a verba captada? E ainda: quantos franqueados já desistiram do negócio ou fecharam as portas, e por quais motivos? Solicite acesso a esses gestores das unidades franqueadas que fecharam suas portas. Visite pelo menos seis que estejam em atividade e ouça o que eles têm a lhe dizer a respeito da rede na qual você pretende ingressar. Dificilmente um franqueado consegue esconder suas insatisfações ou omitir dificuldades no relacionamento com a rede, por menores que sejam. Outro ponto essencial: estude a viabilidade do empreendimento em foco por meio da elaboração cautelosa de um plano de negócios e compare os indicadores de viabilidade das ações com os números apresentados pelo franqueador. Leia com atenção a Circular de Oferta de Franquia (COF) apresentada pela rede e, caso venha a concretizar o negócio, compare-o com o contrato de franquia, antes de assiná-lo. É preciso observar se há divergências entre os documentos. Portanto, se essas breves informações, ou parte delas, lhe parecem algo inédito ou desconhecido, esse é um forte sinal de que você necessita aprofundar seus conhecimentos antes de assumir compromissos com a aquisição de uma franquia. Para se informar mais sobre o assunto, procure o Sebrae Minas e amplie seus conhecimentos. Fonte: Antônio Augusto Gonçalves de Abreu, consultor e instrutor do Sebrae Minas / Regional Centro www.sebraemg.com.br 77 Qual o segredo para vender bem? 78 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 o desejado, ele começará a favorecê-lo, caso você faça tudo isso melhor que os concorrentes. E se você surpreendê-lo com o inesperado, terá um lugar especial em seu coração. Você terá a oportunidade de uma posição competitiva destacada”. Concentrar-se no cliente é o melhor caminho para fazer bons negócios. Conquistar o direito de continuidade em negociações futuras e o envolvimento do vendedor na busca de soluções para os problemas dos clientes cria uma relação de confiança que garante bons resultados no futuro. Fonte: João Paulo Lopes Pereira, analista do Sebrae Minas informações coletadas estejam sempre disponíveis em seu cadastro (hobbies, preferências e histórico de compras). Com esses dados em mãos e uma análise periódica deles, torna-se mais fácil estabelecer formas de comunicação que facilitem o processo de venda. Vender bem é encontrar o cliente certo, estabelecer uma comunicação eficaz e entregar a ele o produto adequado com o preço justo (bom para ambas as partes). O cotidiano exige do vendedor, ou consultor de vendas, mais conhecimento, competência, habilidade de negociação, segurança nas informações disponibilizadas e equilíbrio para que ele ouça o consumidor. Facilitar esse Hélvio Avelar Muitos empresários me perguntam: como faço para vender bem? Primeiramente, antes de tudo, é necessário encontrar o cliente. Para isso, o empresário deve sempre se perguntar: quem é o meu cliente-alvo? Quais as necessidades e desejos dele? A partir dessas questões, quanto mais claras forem as respostas dentro da organização, melhor é a comunicação entre empresa e público-alvo. Normalmente, os próprios consumidores apresentam as suas necessidades e motivações para a compra, dizendo simplesmente o que têm em mente. Por isso, cabe ao vendedor ouvi-lo, mesmo que, naquele momento, a venda não se concretize. O importante é que as processo para o vendedor é tarefa do suporte de vendas, que faz todo o planejamento das ações. Dessa forma, a empresa estabelece com o cliente um laço de fidelização a médio e longo prazo. Segundo Karl Albrecht, no livro A única coisa que importa - Trazendo o poder do cliente para dentro da empresa, “se você se limitar a fazer o bem básico, seu cliente irá considerá-lo ruim, a menos, é claro, que nenhum concorrente chegue mais alto na hierarquia. Se você fizer bem o básico e o esperado, ele irá considerá-lo medíocre, isto é, apenas satisfatório, mas sem nada de especial. Se você fizer bem o básico, o esperado e www.sebraemg.com.br 79 É BOM SABER Investindo no crescimento Bernardo Salce/Agência i7 Primeira sociedade de garantia de crédito do Estado, a Garantia dos Vales impulsiona os negócios no Leste de Minas O empresário Carlos Roberto Matias, da Serralheria Esplanada, conseguiu financiar R$ 30 mil para investir em seu negócio A expansão de um negócio e o crescimento do seu faturamento estão ligados, diretamente, à habilidade de se realizarem investimentos na capacidade produtiva, infraestrutura e equipe de funcionários. No caso das médias e grandes empresas, há a opção de os recursos 80 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 saírem do próprio faturamento. Uma realidade bem diferente da encontrada pelos micro e pequenos empreendedores, que, em sua maioria, precisam recorrer a financiamentos em instituições financeiras. É o caso do proprietário da Serralheria Esplanada, Carlos Roberto Matias. Há 11 anos confeccionando peças em ferro e aço inoxidável sob encomenda, o empresário sentiu necessidade de ampliar o seu negócio. “Resolvi investir com dois objetivos em mente: expandir minha empresa e aumentar a minha renda. Para alcançá-los, precisava de capital de giro e adquirir equipamentos mais modernos para a serralheria”, explica. Com o plano traçado, Carlos Roberto percorreu diversas instituições financeiras, mas, sem poder oferecer garantias, não conseguiu acesso ao crédito. Foi quando a gerente do seu banco indicou a Garantia dos Vales (Sociedade de Garantia de Crédito do Leste de Minas). Fundada em julho de 2012, com apoio do Sebrae Minas, a associação fornece aos proprietários de micro e pequenas empresas da região do Vale do Rio Doce certidões que garantem aos bancos e instituições financeiras o pagamento do financiamento. “A Garantia dos Vales assegura até 80% do crédito solicitado pelo empresário. Se houver algum problema e a empresa não conseguir honrar a dívida, o banco recebe o valor garanti- do. Assim, as SGCs (Sociedades de Garantia de Crédito) são um ponto forte para os pequenos negócios que demandam crédito e, também, atrativas para as instituições financeiras”, explica Ricardo Capellini, analista do Sebrae Minas em Governador Valadares. Por conta da Sociedade Garantidora de Crédito, Carlos Roberto pôde financiar R$30 mil e investi-los em sua serralheria. “Além de permitir que eu investisse na minha empresa, a Garantia dos Vales me orientou na gestão do meu negócio e a conseguir taxas de juros mais baixas”, afirma. Do total financiado, R$ 18 mil foram destinados à aquisição de novos equipamentos, e o restante transformou-se em capital de giro. Assim, ele conseguiu aumentar a sua produção, reduzir custos e, consequentemente, melhorar o faturamento do seu negócio. PARCERIA I Em 2008, o Sebrae promoveu uma chamada pública para estimular o surgimento de sociedades de garantia de crédito no Brasil. Primeira entidade do gênero em Minas Gerais, a Garantia dos Vales recebeu R$ 2 milhões para constituir o fundo de risco, que assegura às instituições financeiras a adimplência dos contratos de empréstimo. Esse recurso está disponível por cinco anos. Além do Fundo de Risco, o Sebrae está investindo cerca de R$ 400 mil em assistência e consultorias realizadas por seus técnicos e consultores durante 30 meses. Ao final de cinco anos, a entidade deve devolver o valor do Fundo de Risco ao Sebrae. Caso seja necessário, o fomento poderá ser renovado por igual período. Além do montante disponibilizado por meio da chamada pública, a Garantia dos Vales recebe contribuições de parceiros para custear as despesas operacionais. Entre eles estão as Associações Comerciais, Sindicomércio e CDLs de Governador Valadares e Teófilo Otoni. Além das entidades de classe, o Sicoob tem sido um parceiro fundamental. A Prefeitura de Governador Valadares e a Fiemg Regional também participam da parceria. A taxa de adesão dos associados e a comissão sobre as garantias emitidas são a receita da SGC. POR DENTRO DA GARANTIA DOS VALES R$ 2.309.256,61 é o valor disponível para as garantias R$ 639.992 concedidos em forma de garantia 31 26 13 R$ 69.333,33 associados de três setores da economia: indústria, comércio e serviços garantias solicitadas empresas beneficiadas (8 micro empresas, 4 pequenas, 1 média) é o valor médio do crédito solicitado R$53.299,33 é o valor médio garantido 0% de inadimplência no período Saiba mais Para se associar e garantir até 80% do crédito, procure a Garantia dos Vales, em Governador Valadares (Avenida Minas Gerais, 544, 2º andar, Centro). Mais informações pelo telefone (33) 3089-1500. www.sebraemg.com.br 81 stock-photo Criatividade inovadora Micro e pequenas empresas mineiras voltadas ao desenvolvimento de tecnologias podem concorrer a investimentos de até R$ 400 mil Promover o desenvolvimento de produtos e processos com conteúdo tecnológico. Esse é o objetivo do Edital 13/2013 do Programa de Apoio à Inovação Tecnológica em Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Tecnova Minas Gerais), que está com as inscrições abertas. Promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o intuito é contribuir para o aumento das atividades de inovação e a melhoria da competitividade dos empreendimentos. Para isso, o Tecnova Minas Gerais vai investir entre R$ 200 mil e R$ 400 mil em projetos inovadores, totalizando R$ 15 milhões, que poderão ser aplicados em equipamentos, materiais, viagens, cursos e contratação de serviços terceirizados. O Edital contempla as áreas de energia, petróleo e gás, tecnologia da informação, comunicação, agronegócio, meio ambiente, eletroeletrônico, biotecnologia e metal-metalúrgico. Durante a seleção, os projetos serão avaliados de acordo com a conformidade do objetivo, 82 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 do estágio de desenvolvimento e do grau de inovação mercadológico, a capacitação técnica da equipe executora, da metodologia, da infraestrutura, do orçamento e da adequação do cronograma físico das etapas. As micro e pequenas empresas interessadas em participar da concorrência devem apresentar suas propostas em forma de projeto de desenvolvimento no aplicativo Everest (http://everest. fapemig.br/), até o dia 18 de novembro. O Edital completo pode ser acessado no site da Fapemig (www.fapemig.br). PARCERIA O Sebrae Nacional também vai atuar no programa Tecnova. A instituição deverá investir cerca de R$ 50 milhões em projetos e/ou empresas participantes, de todo o país, no desenvolvimento e na melhoria das áreas gerenciais dos micro e pequenos negócios contemplados.