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O CENTRO DE TERESINA: AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE REQUALIFICAÇÃO NO PLANO TERESINA AGENDA 2015 Rosa Gabriela Uchoa Lima Oliveira(1) Universidade Federal do Piauí,UFPI [email protected] Lívia Maria Macêdo Santos (2) Universidade Federal do Piauí,UFPI [email protected] Cíntia Bartz Machado (3) Universidade Federal do Piauí,UFPI [email protected] Valério de Araújo Santos (4) Universidade Federal do Piauí,UFPI [email protected] RESUMO Este artigo tem como tema de estudo as políticas públicas de requalificação da área central da cidade de Teresina, capital do Estado do Piauí – Brasil, tendo como objeto de estudo as ações desenvolvidas no recorte temporal dos quase dez anos de promulgação do Plano Diretor de Teresina, intitulado Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015. Apresenta a pesquisa da evolução do planejamento urbano municipal, através do estudo da legislação urbanística local que levaram ao desenvolvimento do referido plano e seus reflexos na condução das intervenções das áreas centrais, quais as diretrizes estabelecidas pelo plano diretor municipal para a requalificação do Centro da cidade, elabora um levantamento de ações executadas e avalia o diálogo entre as intervenções executadas e as diretrizes propostas pelo plano. Palavras-chave: Requalificação Urbana. Áreas Centrais. Teresina. ABSTRACT This paper discuss the urban renewal policies on the downtown at the of Teresina, Capital of the state of Piauí – Brazil, and presents as case of study the development of actions, programs and projects for the area during almost ten years since the promulgation of the Teresina Master Plan, also named Sustainable Development Plan – Teresina Agenda 2015. Presents the research of the urban development in the city and the efforts taken by the city management in create legal instruments to conduce these transformations, how it contributed to establish guidelines for planning, programs and projects of interventions in the central neighborhood, what actions were done to achieve the programs purposes and evaluate the dialogue between action implemented and guidelines proposed by the plan. Keywords: Urban Renewal. Central Districts. Teresina. 1 INTRODUÇÃO Desde os anos 90, com a crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável o tema sobre Revitalização de Centros Urbanos está recorrente nas discussões nacionais e internacionais. Em geral esse interesse vem da necessidade de reverter um processo de obsolescência de estruturas urbanas consolidadas que, porém, por razões diversas, estão a perder sua vitalidade, através de medidas de promoção e valorização da imagem dos centros em decadência, reutilizando o patrimônio construído de modo a estimular novos usuários e investimentos. Esta realidade mundial reflete-se nas cidades brasileiras. Na área central de Teresina, capital do estado do Piauí, por exemplo, as transformações econômicas e sociais do espaço urbano da cidade trouxeram também transformações espaciais resultantes da alteração da intensidade de uso de diferentes áreas. Com a compreensão da forma como aconteceram essas transformações ao longo da história, podemos perceber que os processos sociais, políticos econômicos e culturais existentes em outros bairros tiveram reflexos no Centro. Estas mudanças trazem consigo outros conflitos, como no caso da perda de vitalidade de uma área, que podem implicar em problemas como a preservação do patrimônio edificado, falta de segurança, pouco uso durante a noite, etc. No caso de Teresina, uma sucessão de planos e programas atestam a preocupação da administração municipal com o destino do centro da cidade. Dentre estes está o plano diretor da cidade, nomeado Teresina: Agenda 2015 – Plano de Desenvolvimento Sustentável1, lançado no ano de 2002, e que se caracteriza como referencia principal para as políticas de valorização do bairro. Tendo este plano como norteador, o presente artigo se propõe a analisar as propostas referentes à requalificação do centro de Teresina, bem como a aplicação dos programas e projetos sugeridos pela Agenda 2015. Para tal foram levantados dados e informações junto à administração pública municipal, bem como outros órgãos parceiros nos programas – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Universidade Federal do Piauí (UFPI), profissionais envolvidos no planejamento ou execução de tais programas, arquivos públicos, através de acervos fotográficos, documentos oficiais, notícias em mídia local, além de verificações in loco. Através destes levantamentos foi possível realizar um mapeamento das ações de requalificação do centro e a partir daí verificar a eficácia dos planos. 1 Lei Municipal nº 3151, de 23 de dezembro de 2002 – Institui o Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015 – como Plano Diretor de Teresina. 2 O CENTRO DE TERESINA A cidade de Teresina teve seu início em 1852, quando José Antônio Saraiva elevou a Vila do Poti à categoria de cidade e a institui como nova capital do Estado do Piauí. Inicialmente, a cidade, que foi planejada por Saraiva, teve uma organização espacial semelhante a um tabuleiro de xadrez, onde hoje corresponde à área central da cidade. De acordo com Nascimento (2010), durante 100 anos a cidade permanecera estagnada e carente de infraestrutura básica, com um ar provinciano, animais soltos pela cidade sem que o poder público tomasse providências, casebres de palha estavam espalhados por toda a cidade. Como foi evidenciado por Melo e Bruna (2009) na pesquisa sobre o “Desenvolvimento urbano e regional de Teresina” a evolução espacial da capital do Piauí aconteceu de maneira aleatória guiada pelos acontecimentos históricos. Podemos então considerar, de acordo com a ordem dos acontecimentos, que o desenvolvimento da cidade passou por duas fases bem distintas. A primeira aconteceu entre os anos 50 e 60, quando a cidade ainda estava limitada pelos rios Parnaíba, à Oeste, e Poti, à Leste, pela falta de pontes de acesso. Nesse período o seu crescimento se deu sobretudo no sentido Norte e Sul, ajudados pelas condições topográficas da região e pela construção de conjuntos habitacionais, hoje grandes bairros da cidade. As ações indutoras do Estado tais como a implantação de infraestrutura, abertura de vias de acesso ao sul do Estado e a instalação do Distrito Industrial muito contribuíram para ocupação das zonas. Já o segundo momento aconteceu nos anos 70 e 80, depois da construção da ponte em concreto, erguida sobre o rio Poti nos anos 60, que permitiu o avanço da cidade para a zona Leste e Sudeste da capital, associada à instalação da Universidade Federal do Piauí e da pista de corrida de cavalos para além do limite do rio. À medida que a população deixavam suas residências na área central para ocupar os bairros periféricos em expansão, a paisagem do cetro se modificaria sofrendo significativas transformações. Conforme expõe Cardoso (2006), existem alguns elementos morfológicos no Centro definidos como modificadores desse espaço. Os edifícios, transformados ou demolidos para abrigar usos como estacionamentos; as praças, cuja função cênica foi prejudicada quer pela ocupação dos camelôs; o traçado ortogonal, modificado pelo anel circular da Av. Miguel Rosa, pela ocupação das ruas pelos ambulantes que acabava por bloquear o deslocamento do usuário; e o, por fim, Rio Parnaíba, com suas pontes, que sofreram interferência visual com a construção da linha de metrô elevada ou pelo desgaste da paisagem de suas margens pela atividade de lavagem informal de carros. Deve-se ressaltar aqui, contudo, que diferente do fenômeno ocorrido em diversas cidades onde ocorreu o abandono das áreas centrais citado no capítulo anterior, o Centro de Teresina permanece vivo. No entanto, o uso comercial associado à falta de políticas eficazes de monitoramento, foi descaracterizando o patrimônio histórico da zona. Além disso, com a redução drástica do uso habitacional, esta área sofre o processo de desertificação durante o período noturno. Foi nesse sentido, de revitalização do centro, a fim de se diminuir os riscos de marginalidade e criminalidade, que foram elaboradas as políticas urbanas de Teresina. Elas servem, portanto, como estabilizares dos condicionantes tendo suas ações voltadas para a sociedade com os devidos cuidados em relação à sua relevância e adequação às necessidades sociais e à sua eficiência e eficácia nas áreas empreendidas. 3 DO PDLI À AGENDA 2015 Enquanto o processo de evolução urbana de Teresina se deu de forma dinâmica e intensa a partir da segunda metade do século XX, a formulação de leis de direito urbanístico, bem como a elaboração de planos de desenvolvimento urbano não acompanharam este ritmo de desenvolvimento. Foi apenas a partir do final da década de 1960, quando a cidade recebe grandes fluxos migratórios da população do interior do Piauí e estados vizinhos, que se agravam conflitos urbanos e tem-se início os estudos para a elaboração do primeiro plano de ordenamento urbanístico da capital. Como resultado, em 1969 é apresentado à capital o Plano de Desenvolvimento Local Integrado – PDLI, vinculado a uma estratégia nacional de política de integração e desenvolvimento urbano (TERESINA, 1970). No entanto, este plano, desenvolvido pela empresa baiana COPLAM, apresentava deficiências resultantes de incompatibilidades entre plano e realidade social local, viabilidade econômica e tendências de expansão urbana. Propunha um projeto audacioso, característico do período do milagre econômico brasileiro (CARDOSO, 2006), onde colocava o centro da cidade como coração da vida urbana integrado aos bairros por uma infraestrutura viária que tornaria mais dinâmica esta comunicação, porém não chegou a ser executado. O Prefeito de Teresina está executando um avançado plano urbanístico, o qual transforma a Capital piauiense numa moderna, evoluída, bela e atrativa cidade. As avenidas Maranhão e Poti, ligadas à Avenida Miguel Rosa, formarão o anel de contorno da cidade e se constituirão, em si mesmas, artérias das mais belas do País. Uma verba de 3,6 milhões de cruzeiros será aplicada na urbanização de Teresina, segundo projeto do urbanista Alexandre Costa. (ESTADO DO PIAUÍ, 1978 apud NASCIMENTO, 2007). Este plano teve seu mérito na formulação da primeira Lei de Zoneamento Urbanístico da cidade, que, apesar de sua reduzida aplicação, produziu algum impacto na melhoria do padrão de vida na capital (NASCIMENTO, 2007). A fraca aplicabilidade do plano trouxe consequências na urbanização da capital, que, na década de 1970, crescia sem instrumentos regulatórios que de fato regessem seu espaço urbano. Houve, então, um hiato no desenvolvimento de políticas públicas de ordenamento urbano. Quase uma década após a elaboração do primeiro plano, a expansão da cidade para a zona leste, que passava então por um processo de gentrificação, associada à multiplicação de grandes conjuntos habitacionais financiados pelo BNH, definiam novas territorialidades e novamente a necessidade de se planejar a cidade. Em 1979 é elaborado o I Plano Estrutural de Teresina – I PET, elaborado pelo Instituto de Planejamento e Administração Municipal – IPAM – conveniado com a Universidade de Brasília- UNB (CARDOSO, 2006), cujo arcabouço trazia um novo conjunto de leis que incluíam normas para o aforamento de terrenos públicos do município, parcelamento, uso e ocupação do solo urbano e o Código de Edificações do Município (LIMA, A., 2011). No processo de revisão do plano, foi produzido, em 1983, um diagnóstico que seria a base para a preparação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Teresina – PDDU – sob a coordenação da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, porém a elaboração deste plano foi suspensa. Em 1987, retomaram-se as discussões sobre o planejamento urbano da cidade, tendo ocorrido neste ano o Seminário “Planejando Teresina”, que visava estabelecer as diretrizes que norteariam a elaboração do II Plano Estrutural de Teresina – II PET. Assim, dez anos após o primeiro, tem-se a apresentação do II PET em 1988 (LIMA, A. 2011). Neste mesmo ano, em momento anterior, é proclamada a nova constituição brasileira, que dá uma nova dimensão aos poderes dos municípios, solidificando sua autonomia quanto à gestão das políticas urbanas de seu território, neste novo contexto político é produzido o novo plano. O II PET teve como prioridade o desenvolvimento urbano para a zona Leste da cidade, entendo que a zona entre rios (norte, centro e sul) estavam sobrecarregadas de funções e que a transposição de tais funções para a nova zona de expansão traria benefícios com a redução dos custos de infraestrutura, uma vez que as zonas consolidadas apresentavam limitações físicas e geográficas face à conveniência da urbanização da planície leste (CARDOSO, 2006). De tal modo, esta inversão de prioridades confirma o início do processo de evasão populacional da região central e da transferência da vida social da cidade e econômica para a zona leste. Gradativamente, o centro se configura como um problema para o planejamento do espaço urbano teresinense. Com o processo de transferência de moradias, este bairro passa a ser território do comércio, que transforma o espaço a seus interesses, aproveitandose da escassez de população residente que estabelecesse limites à essa ocupação. O uso comercial apropriou-se das antigas residências descaracterizando o patrimônio construído, o comércio ambulante se intensificou em ruas e praças, tornando necessário repensar o centro da cidade (LIMA, A., 2008). As discussões acerca deste problema tornam-se maiores e em 1989 abre-se um espaço próprio para tal debate, ocorrendo o Fórum sobre o Centro da Cidade de Teresina, sendo este o primeiro evento a discutir especificamente o tema e inserindo tais discussões no planejamento urbano municipal (CARDOSO, 2006). Na revisão do conjunto de leis urbanísticas, em 1992, onde se promulgaram novas leis de uso e ocupação do solo urbano e do código de edificações e obras, tornou-se ainda mais forte a valorização dos bairros da zona leste em detrimento do Centro. A revisão da legislação servia aos interesses do setor imobiliário, que neste momento já se organizava e se impunha como uma classe forte, que concentrava suas atividades nos bairros Jóquei, Fátima e Ilhotas. Com o agravamento dos problemas da área central, ocorre em 1997 o segundo Fórum sobre o Centro da Cidade de Teresina, realizado pela Prefeitura Municipal de Teresina – PMT – e Secretaria Municipal de Indústria e Comércio - SEMIC, com participação ativa da Câmara de Dirigentes Lojista – CDL, que cobrou do poder público, sobretudo, intervenções que retirassem das ruas o comércio informal. Ainda como tema o centro da cidade, em 2000 desenvolve-se o Plano de Ações para o Centro, com o objetivo de desenvolver o Programa de Valorização da Área Central, onde, pela primeira vez são propostas ações que visam a melhoria da infraestrutura do bairro e diretrizes de investimentos públicos e privados. Contudo, é apenas com o Congresso da Cidade em 2001 que o Centro de Teresina é objeto de um estudo mais amplo. Este congresso foi o marco inicial de um conjunto de ações da Prefeitura Municipal de Teresina que visavam a concepção de um plano de desenvolvimento estratégico para a cidade, que tinha a Agenda 21 como influência maior. Procurava-se o estabelecimento de uma postura de maior participação popular no planejamento urbano, com o envolvimento de diversos setores da população através de entidades da sociedade civil organizada em contato direto com grupos de estudo, coordenados por técnicos especializados e com a colaboração de um grupo heterogêneo de profissionais de diversas áreas de interesse. Como produto final de um ano de estudos e seminários, foi produzido, em 2002, o documento Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015, que dava continuidade ao planejamento da cidade, uma vez que o Plano Estratégico de Teresina, de 1988, tinha metas estabelecidas para até o ano 2000. O novo plano estava dividido em diferentes eixos temáticos incluía de forma específica a área central através do programa de Revitalização do Centro. 4 O CENTRO NO PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – TERESINA AGENDA 2015 A produção do plano Teresina: Agenda 2015 foi concomitante com a aprovação de um projeto de lei que alteraria profundamente as políticas de gestão do planejamento urbano nas cidades brasileiras, e procurava ir de encontro às normas constitucionais de organizar o desenvolvimento do território e promover uma melhor qualidade de vida para os habitantes. Após a promulgação da Lei Federal nº 10.2572, denominada Estatuto da Cidade, o plano diretor passou a ser obrigatório para todas as cidades acima de 20.000 habitantes. A PMT, que durante todo o ano de 2001 conduziu estudos para a elaboração da Agenda 2015, utilizou o documento síntese produzido no ano de 2002 e o instituiu, através da Lei Municipal nº 3.1513, Plano Diretor do Município. Para a produção do plano Teresina: Agenda 2015 foram criados dezessete eixos temáticos4, incluindo o de Revitalização do Centro. Cada eixo foi tema de estudo por um conselho estratégico específico, constituído por profissionais e agentes sociais que produziriam diagnósticos sobre o eixo abordado e em cima destes elaborados prognósticos pessimistas (cenários inerciais) e otimistas (cenários desejáveis). Estes cenários ideais foram a base para a elaboração de programas e diretrizes para a cidade, considerando aspectos como sustentabilidade e propondo uma visão integrada das políticas públicas (TERESINA, 2002b). Estes cenários foram construídos por meios de Seminários Temáticos e reuniões do Conselho Estratégico, onde deveriam ser ouvidos os atores sociais envolvidos nos programas. O grupo temático de Revitalização do Centro, que teve como coordenadora a arquiteta e urbanista Alcília Afonso de Albuquerque e Melo, envolveu, entre outras atores sociais, a Câmara de Dirigentes Lojistas, Associação de Vendedores Ambulantes, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IBAMA – e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O objetivo principal definido pelo grupo para este programa era a melhoria da qualidade de vida e o apoio a ações voltadas para a revitalização do centro de Teresina. Em seus projetos o grupo incorporou e deu continuidade às propostas desenvolvidas pelo Plano de Ações para o Centro, bem como assumiu novos 2 BRASIL, loc. Cit. 3 Lei Municipal nº 3151, de 23 de dezembro de 2002 – Institui o Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015 – como Plano Diretor de Teresina. 4 Foram eles Assistência Social, Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Rural, Educação, Meio Ambiente, Revitalização do Centro, Trabalho e Inclusão Social, Esporte e Lazer, Pólo de Saúde, Saúde, Habitação, Saneamento, Teresina e seu Espaço, Comunicação, Cultura, Transporte e Segurança. compromissos. Estimulava a parceria entre agentes públicos e privados na reconstrução do bairro, propunha a organização do setor comercial, a proteção do patrimônio histórico, a reabilitação da paisagem urbana e melhoria da infraestrutura de transportes e vias. Dentro do Programa de Revitalização do Centro, foram desenvolvidos projetos que estabeleciam diretrizes para solucionar os problemas evidenciados no diagnóstico da área, uma síntese de ações a serem desenvolvidas e eram apresentadas propostas de parcerias entre entidades públicas e privadas no desenrolo das ações. (TERESINA, 2002b) 5 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PROPOSTAS PELO PLANO DIRETOR PARA O CENTRO Ao final de quase dez anos após a criação do Plano Diretor de Teresina, não houve o realinhamento do plano previsto para cada 5 anos de sua existência, até 2015, que seria o fim do intervalo temporal de abrangência deste plano. O desenvolvimento das políticas públicas para o Centro da cidade, tal como foi proposto pelo plano diretor também teve suas ações comprometidas. Pretende-se aqui avaliar quais aspectos dos projetos foram atendidos, ao menos parcialmente, para que se julgue a efetividade do Programa de Revitalização do Centro. Segundo Alcília Afonso5, durante os primeiros anos de implementação da Teresina Agenda 2015, o grupo de Revitalização do Centro permaneceu ativo, continuou a reunir a sociedade civil e integrá-las aos debates com o poder público sobre quais medidas deveriam ser tomadas nas intervenções para a zona central. No entanto, aos poucos, tais atividades foram se dissolvendo na medida em que envolvia maior participação dos setores privados nos projetos. Se os projetos desenvolvidos sugeriam ações integradas, a realização das ações se deu de forma pulverizada, sem que se inserissem dentro de um planejamento contínuo de ações como era de intenção dos projetos que foram apresentados na Agenda 2015. Faltaram ao plano procedimentos metodológicos para atingir as metas ali traçadas. Outro ponto a ser criticado na Agenda é o estabelecimento de metas de abrangências tão largas que mais se confundem com utopias que com diretrizes. Na seção de Implementação e Acompanhamento da Agenda 2015 (TERESINA, 2002b) está posto somente que durante esta fase seriam criados grupos de impulsão responsáveis pelo caminhamento das ações e se realizariam reuniões anuais com tais grupos para que se 5 Segundo entrevista realizada no dia 10.11.2011, com a arquiteta e professora Doutora Alcília Afonso de Albuquerque e Melo, coordenadora do Conselho Estratégico de Revitalização do Centro do Plano de Desenvolvimento Estratégico – Teresina Agenda 2015. avaliassem a execução dos programas e sua eficácia. No entanto, esta fase não teve este esperado processo avaliativo, e a execução dos programas foi comprometida. As ações de Revitalização do Centro tiveram início apenas após o ano de 2005, quando no Plano de Governo da Gestão 2005-2008 foi inserido o Plano de Requalificação do Centro. O plano de 2005 retomava, novamente, o Plano de Ações para o Centro (2000), assumindo projetos como a construção do Shopping da Cidade – que abrigaria o comércio ambulante, a recuperação das praças do centro e a melhoria da acessibilidade nas principais paradas de ônibus. Como novos projetos, o novo plano adotou o compromisso da requalificação dos antigos calçadões de comércio ambulante do centro após sua remoção para o referido shopping, a recuperação do Mercado Central de São José e a requalificação da Avenida Frei Serafim. Em 2006, deu-se início à elaboração dos projetos que estavam incluídos na requalificação do centro, e no mesmo ano algumas obras foram iniciadas. Até o ano de 2011, todas as obras do plano foram executadas com exceção da recuperação do Mercado de São José, cujo projeto foi elaborado e está, então, em fase de viabilização de financiamento para sua execução6. Se for estabelecido uma ponderação do atendimento destes novos projetos às diretrizes propostas pelo plano diretor, veremos que houve um atendimento parcial das metas. Apesar de ter sido aparentemente suspensos os projetos instituídos na Agenda 2015, tais ações podem ser vinculadas em seus propósitos, para isto serão elencados abaixo os tópicos dos projetos em paralelo às políticas públicas implementadas7. 1. Ame o Centro Revisar a legislação ambiental no que se refere ao patrimônio construído; Criar um departamento específico para o centro da cidade na SDU Centro/Norte; Criar ONG composta por atores vinculados direta ou indiretamente ao Centro; Articular instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil com atuação no Centro.; Promove campanha de educação relativa a patrimônio e memória, história e contemporaneidade do Centro. (TERESINA, 2002b) Quanto ao Ame o Centro, pode-se afirmar que houveram algumas ações que podem ser consideradas do âmbito deste projeto. Em 2006, houve a revisão da legislação urbanística 6 Segundo entrevista realizada no dia 09.11.2011, com Carmen Neudélia Correia de Carvalho, coordenadora da Teresina Agenda 2015, coordenadoria vinculada à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação SEMPLAN. 7 Para o levantamento das ações realizadas no Centro de Teresina foram entrevistados, no dia 09.10.2011, o Secretário Executivo da SEMPLAM/PMT Engº Carlos Antonio Alves Affonso e a coordenadora do Departamento Agenda 2015, vinculado à SEMPLAM/PMT, Carmen Neudélia Correia de Carvalho. municipal, onde foi promulgada a Lei Municipal nº 3.6028, que tratava sobre a preservação e o tombamento do patrimônio da cidade, como também foi a cidade inserida no programa PAC Cidades Históricas, do Governo Federal. No entanto, não houve a criação específica de departamento para o Centro da cidade, do mesmo modo que não foi criada a ONG. A articulação entre as diferentes esferas do poder público associado aos particulares se deu na medida que cada ação isolada coordenada pelo município necessitava de recursos financeiros e afetava diretamente um setor da população que era consultado. 2. Beira de Rio, Beira de Vida Implantar Paisagismo às margens do rio, em trecho referente ao Centro, preservando a mata ciliar e realizando plantio da flora nativa; Ordenar as atividades informais ribeirinhas (lavagem de carros, pescarias, transportes e passeio para passageiros). (TERESINA, 2002b) Quanto à requalificação paisagística das margens do Rio Parnaíba, este foi o eixo de diretrizes menos atendidas pelas ações do poder público. O problema das atividades informais marginais ao rio tem se agravado e a paisagem urbana não teve a atenção necessária, sobretudo quando foi edificado à margem do rio o trecho elevado da linha de trem urbano de Teresina. 3. Abrace uma Praça Preservar, através de tombamento, as praças do Centro Histórico; Realizar campanha de adoção de praças por empresas e usuários, com incentivos através a isenção de impostos. (TERESINA, 2002b) Apesar de não ter seguimento a campanha de adoção de praças pela sociedade civil, as praças foram um dos focos das linhas de ações do município no Centro. Foram reformadas as principais praças da zona de centro principal, e estuda-se agora o tombamento de 10 praças da área Central e seus sítios. 4. Comércio Vivo Fortalecer o comércio formal; Articular parcerias entre CDL e Sindilojas e PMT para atuação na área; Incentivar através de insenções tributárias os comerciantes a investirem no Centro; Estipular horários de funcionamento para carga e descarga de mercadorias e para limpeza; Organizar o comércio ambulante; Construir espaços destinados aos vendedores em áreas específicas a serem estudadas. (TERESINA, 2002b) 8 Lei Municipal nº 3.602, de 27 de dezembro de 2006 – Dispõe sobre a preservação e o tombamento do Patrimônio Cultural do Município de Teresina e dá outras providencias. Este foi outro eixo que concentrou as principais intervenções na zona central. O fortalecimento do comércio formal ocorreu de início com a remoção dos comerciantes informais das ruas, que passaram a ocupar boxes em espaço próprio – Shopping da Cidade, desobstruindo as vias do centro e dando maior visibilidade às lojas. Não ocorreu, porém, programas de incentivos fiscais que estimulassem os comerciantes a investirem na melhoria do Centro, bem é possível verificar o movimento de carga e descarga nas ruas do centro em horário comercial, apesar de já haver na legislação o estabelecimento de horários para tais atividades - a falta de fiscalização neste caso é o principal problema. 5. Transitantando Desenvolver estudos sobre alternativas para melhorar o acesso de automóveis de passeio e coletivos; Desobstruir áreas centrais através de abertura de calçadões, permitindo maior fluidez de tráfego; Implantar ruas com solução de traffic calm em áreas históricas do Centro, a fim de preservar as estruturas das edificações antigas; Incentivar a construção de estacionamentos rotativos; Construir e recuperar calçadas aprazíveis para pedestres; Dotar a área de paradas de ônibus com mobiliário urbano adequado; Construir ciclovias em determinadas ruas do Centro. (TERESINA, 2002b) Como visto no parágrafo anterior, a remoção do comércio informal dos principais calçadões do Centro permitiu a melhor fluidez de tráfego, desobstruindo as Ruas Álvaro Mendes e Simplício Mendes. Nestas ruas foram adotadas soluções de traffic calm e tráfego de emergência. As calçadas no entorno das edificações do poder público municipal foram recuperadas, e foram executados os projetos de melhoria dos acessos ao transporte público coletivo – terminal de ônibus das Praças Saraiva e da Marechal Deodoro - Praça da Bandeira - e Construção da Extensão da Linha do Metrô até a Estação Bandeira, na mesma praça. Não existe, contudo, a previsão de implementação de vias para ciclistas, nem programas de incentivo a construção de estacionamentos. 6. Fuá no Centro Realizar eventos culturais em praças, centro artesanal, ruas, etc e construir novas áreas de lazer e cultura no Centro; Dotar o Centro de segurança e limpeza urbana, principalmente à noite para evitar a marginalização da área. 7. Moro no Centro Inventariar edificações ociosas a fim de serem utilizadas como prédios residenciais; Desenvolver programas habitacionais com a Caixa Econômica Federal, COHAB e PMT para implantação de moradias no Centro, com prioridade para os que ali vivem ou trabalham; Realizar melhoria física e paisagística no Centro, tornando-o mais atrativo. (TERESINA, 2002b) Dos projetos enumerados no Plano Diretor de Teresina, estes foram os que perceberam menor investimentos e ações, recebendo impactos indiretos das ações executadas de melhoria da infraestrutura e da qualidade espacial. Não foram desenvolvidos calendários de eventos para o Centro, com atividades culturais continuadas, ocorrendo apenas manifestações pontuais e isoladas que já eram parte da vida social daquele bairro. Durante à noite, continuam as ruas do Centro sem uso e, assim, inseguras para o trânsito de pedestres. A execução de projetos de iluminação de praças tornaram, contudo, estas mais confortáveis no período noturno e estimulou o uso da população pela recuperação do sentimento de segurança, porém ainda restrito ao horário de funcionamento de atividades comerciais. Quanto ao projeto de retorno de moradias ao centro, este não teve prosseguimento, não sendo inventariado imóveis para a implementação de programas de moradia, nem tampouco se buscou parcerias para o desenvolvimento de programas habitacionais. O que se percebe neste levantamento de ações é que falta diálogo entre as políticas públicas implementadas e as propostas do plano diretor municipal. Percebe-se a deficiência do plano na conceituação do que sejam políticas públicas e na definição do processo de implementação e avaliação, que geram obstáculos para o desenvolvimento eficiente de seus projetos. No entanto, com função de plano de diretrizes, este documento aponta os caminhos a serem trilhados pela gestão municipal. Em 2010, a Prefeitura de Teresina publicou um novo trabalho de revisão do planejamento urbano municipal, através do Plano de Requalificação Urbana de Teresina. Desta vez, apresenta-se um plano de caráter estratégico, com a previsão de projetos possíveis de desencadear um processo de desenvolvimento e melhoria da qualidade do espaço urbano, e teve como um dos temas a Área Central (TERESINA, 2010). No entanto, tal plano não se distancia da propostas de planos anteriores, propondo a reabilitação do patrimônio histórico, da qualidade paisagística dos espaços públicos, da mobilidade urbana, etc. 6 PROJETOS E AÇÕES EXECUTADAS Dos diversos projetos executados pelo governo municipal destacam-se projetos de maior impacto; sendo estes: remanejamento dos vendedores ambulantes e construção do Shopping da Cidade, requalificação das Ruas Simplício e Álvaro Mendes e da Praça Rio Branco, terminais de transporte coletivo e pontos de parada na Praça Marechal Deodoro e Praça Saraiva, e restauração do Mercado São José - Mercado Central. LEGENDA: Shopping da Cidade (1); Praça Mal. Deodoro (2); Mercado de São José (3); Rua Areolino de Abreu (4); Rua Rui Barbosa (5); Rua Simplício Mendes (6); Rua Álvaro Mendes (7); Rua Felix Pacheco (8); Praça Saraiva (9); Praça Pedro II (10) e Praça João Luís Ferreira (11). Figura 1. Principais Projetos desenvolvidos no Centro de Teresina. Fonte: Edição dos autores sobre base cartográfica do Google Earth. 2011. 6.1 - Remanejamento dos vendedores ambulantes e construção do Shopping da Cidade A construção do Shopping da Cidade foi ponto inicial para o processo de remoção dos ambulantes instalados nas vias do centro – sobretudo nas ruas Álvaro Mendes e Simplício Mendes. A intenção do projeto seria reunir todos os informais sob uma mesma construção, reconhecida pelo município e por ele monitorada. O Projeto está localizado na avenida Maranhão, junto às margens do rio Parnaíba e lindeiro à Praça Marechal Deodoro da Fonseca – marco inicial da cidade, tendo como investimento R$ 15 milhões obtidos através de recursos próprios da Prefeitura Municipal de Teresina. A sua implantação se fez onde anteriormente funcionava a Rodoviária Rural. Apesar do estado de degradação em que o pequeno terminal encontrava-se, possuía um painel do reconhecido artista plástico piauiense Nonato Oliveira. O cenário retratado pelo artista era considerado um dos únicos trabalhos de representação fiel do cotidiano dos teresinenses, que, no entanto, foi demolido, o que demonstra a falta de comunicação entre esta ação e políticas de preservação do patrimônio cultural. Figura 2. Mural do artista plástico Nonato Figura 3. Vista aérea do Shopping da Cidade. Oliveira, na antiga Rodoviária Rural. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Teresina, sem data. Teresina, sem data. Inaugurada em julho de 2009, a edificação dispõe de 1915 cabines para os camelôs, praça de alimentação, banheiros, administração, loja âncora, sala de vídeo, salas comerciais, sete lojistas (supermercado, farmácia, banca de revistas, perfumaria, papelaria, fotocopiadora, salão de beleza); três prestadores de serviço público (Correios, Cepisa e Agespisa) e uma agência bancária.9 No seu período de pós-ocupação, surgem algumas críticas quanto à subtilização dos pavimentos superiores, pois a loja âncora que seria instalada no ultimo pavimento solicitou seu espaço no térreo. Outra questão levantada pelos lojistas para uma melhor circulação entre os pavimentos é a interligação entre estação de metrô e shopping sendo feita através do segundo pavimento. Apesar destas críticas, o projeto teve eficácia na remoção do comércio informal dos logradouros públicos e na sua concentração em um equipamento urbano com o monitoramento destes comerciantes. 6.2 - Requalificação das Ruas Simplício e Álvaro Mendes e da Praça Rio Branco Após remanejamento dos comerciantes ambulantes que ocupavam a praça Rio Branco e as Ruas Simplício Mendes e Álvaro Mendes, estas foram liberadas; permitindo a inicialização de um dos principais projetos de requalificação destinados para o centro de Teresina, que pretendia o controle do transito de veículos e criação de ambientes humanizados. 9 Conforme informações cedidas pela Prefeitura Municipal de Teresina. Figura 4. Encontro da Rua Simplício Mendes Figura 5. Divisão da via entre calçada, com a Praça Rio Branco. Fonte: Acervo da estacionamento e faixa de rolamento. Fonte: Os Prefeitura Municipal de Teresina, sem data. autores, 2011. Segundo Carmem Neudélia, coordenadora do plano Agenda 2015, em entrevista concedida ao Jornal Meio Norte, "a obra deverá promover maior conforto aos pedestres e o trânsito, apesar de liberado para o tráfego de veículos, será lento e controlado, dando mais conforto a quem anda a pé no Centro da cidade. O objetivo desse trabalho é trazer o teresinense de volta ao Centro" (in MEIRELES, 2011). As obras foram finalizadas em março de 2010 e de início as duas vias reformadas foram abertas para circulação de veículos juntamente com os pedestres através de mecanismos de controle de tráfego – traffic calm, mas houveram conflitos entre os pedestres e os motoristas de carros, pois os pedestres se utilizavam tanto da calçada como da rua para circulação, dificultando o trânsito. Deste modo, para redução de conflitos, a Prefeitura optou por tornar Rua Simplício Mendes uma via pedestre somente, fato que agradou os usuários10. Quanto à requalificação da Praça Rio Branco, além da remoção dos ambulantes, também foram feitos estudos para identificar outras atividades realizadas no local que poderiam ter seu uso mantido. Assim, no projeto de recuperação, foram destinados espaços para um posto policial, bancas de revista, engraxates, floristas, bicicletários; além de espaços abertos, contemplativos e de descanso. Após sua inauguração, foram atraídos ao local novos usuários, estes ansiando por espaços urbanos de qualidade no centro da cidade. Destaca-se um maior uso da praça durante o horário de almoço, pessoas que vem ao local para descansar entre os seus horários de expedientes do serviço. Deste modo, ela passa a ter uma função de estar, não somente de comércio e circulação. 6.3 - Transporte Coletivo – Praça Marechal Deodoro e Praça Saraiva 10 Segundo entrevista realizada no dia 09.11.2011, com Carmen Neudélia Correia de Carvalho, coordenadora da Teresina Agenda 2015, coordenadoria vinculada à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação - SEMPLAN. Com intenso fluxo diário de ônibus e na inexistência de terminais, a população se utilizava das praças Marechal Deodoro (Praça da Bandeira) e Saraiva como pontos de parada principais. Estes pontos necessitavam de intervenção pois o acúmulo desordenado de veículos e pessoas causava transtornos à população, bem como também não oferecia infraestrutura adequada para os usuários do sistema de transporte público. Na Praça da Bandeira, o transporte coletivo provinha pela Rua Areolino de Abreu e se deslocava para a Rua Coelho Rodrigues onde a parada de ônibus estava localizada, espaço onde coexistiam vendedores ambulantes, estacionamentos e a circulação de outros veículos. Com reforma realizada, houve o deslocamento da parada de ônibus para a continuação da Rua Areolino de Abreu, anteriormente fechada, com uso exclusivo de ônibus. Desta forma houve a liberação da Rua Coelho Rodrigues, melhorando o fluxo de carros e um amplo espaço para espera do ônibus na Rua Areolino de Abreu, agradando tanto pedestres como motoristas. Figura 6. Rua Coelho Rodrigues ainda Figura 7. Situação atual Rua Areolino de permitindo a circulação de transporte coletivo. Abreu, com ampla parada de ônibus. Fonte: Fonte: Acervo da PMT, sem data. Os autores, 2011. Já na Praça Saraiva, os ônibus ocupavam grande espaço da via para o embarque e desembarque dos usuários, obstruindo a rua e provocando engarrafamentos. Deste modo a solução encontrada foi utilizar da extremidade da praça para a construção de uma faixa exclusiva para transporte coletivo, paralela a Rua Félix Pacheco. 6.4 Restauração – Mercado São José (Mercado Central) Por fim, como projeto a ser destacado, tem-se o projeto de restauração e revitalização do Mercado de São José. Sua importância está associado às origens da capital, sua construção se deu logo após a inauguração da cidade de Teresina, sendo um patrimônio histórico municipal integrado ao conjunto arquitetônico do Centro Histórico, estando listado como um dos principais projetos de requalificação urbana e regeneração cultural do centro da cidade. Figura 8. Mercado S. José. Fonte: Acervo da Figura 9. Situação atual do Mercado São PMT. Sem data. José. Fonte: os autores. 2011. O Projeto de Restauração do Mercado tem como finalidade salvaguardar o valor cultural da edificação, além do testemunho e valor histórico que este equipamento representa no contexto da evolução social e urbana de Teresina. Este projeto faz parte de ações programadas do Programa de Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/Teresina – que tem como objetivo estruturar e fortalecer a área central da cidade e os acontecimentos que ali se desenvolvem no contexto turístico e regional (SALES, 2011). Atualmente o projeto está sendo elaborado pela empresa Ibi Tupi Projetos e Consultoria, e pretende preservar o parte do volume original, resgatando os arcos existentes nas entradas na fachada e que ainda se encontram na estrutura do edifício. De acordo com José Sales (SALES,2011b): “Parte da estrutura existente será demolida para ceder lugar a uma nova proposta, mais funcional e mais contemporânea, embora integrada volumetricamente à edificação histórica, então restaurada. Foi entendido que não tem sentido fazer mais uma reforma e adaptações a uma estrutura que já está integralmente comprometida a partir das várias intervenções inadequadas neste século e meio de vida da edificação.” Figura 10. Perspectiva digital do Projeto Mercado S. José. Fonte: PMT. 2011. Contudo, devido aos longos anos de negligência, o Mercado Central necessita de recuperação urgente. Uma obra emergencial, orçada em R$ 200 mil está em processo de licitação, pauta pra reformar de situações críticas, não podendo esperar a finalização do projeto de restauração ser implantado. Este prevê reforma na praça de alimentação, setor de frutas, verduras e banheiros; construção de lixeira e intervenção na rede de drenagem de águas pluviais do setor de artesanato e do Restaurante Popular. 7 CONCLUSÕES Ao final desta avaliação das políticas públicas implementadas na área central de Teresina, percebe-se que os usos, voltados majoritariamente pelo comércio e serviços, no centro da cidade deveriam ser reavaliados. Segundo a Arquiteta e Doutora Alcília Afonso a ocupação por meio do uso habitacional poderia resgatar a função social do centro e seu uso noturno buscando a experiência adquirida nos moldes dos bem sucedidos modelos europeus. Em tempo, a Prefeitura Municipal através de iniciativas de iluminação nos espaços públicos confere visibilidade e um aspecto de revitalização emergencial, porém o ambiente urbano não se faz ocupado e aprazível somente por sua infraestrutura. Os espaços devem estar conectados entre si e não somente através de estruturas móveis eficientes de transporte público, como o discurso recente do projeto de terminais de integração do transporte urbano. Conforme Jacobs (2000) é necessário uma diversidade urbana, gerando usos combinados que forneçam vitalidade urbana em diferentes horários, edifícios de diferentes usos e diferentes idades entre outras medidas para a qualidade urbana como o estímulo à moradia, redução dos automóveis e a ordenação visual da paisagem. O que deve ser observado é a coexistência de sistemas complexos como, localização dos principais corredores de circulação, usos habitacional, de comércio e serviços e o perímetro histórico inicial de Teresina. E a manutenção no pós-projeto e ocupação das atividades e projetos de melhorias já iniciadas e definidas anteriormente no plano Diretor. É importante que haja reforço e atenção no equacionamento satisfatório do convívio automóvel-pedestre, além da adequação dessas grandes mudanças no desenho urbano, avaliando o seu impacto no território existente, visto sua importância histórica, social e urbana. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Federal No 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade. Estabelece as diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Portal da República Federativa do Brasil. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em novembro de 2011. CARDOSO, L. Paisagem Cultural do Centro de Teresina/PI: significado dos seus elementos morfológicos. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano), Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2006 FAÇANHA, A. Desmistificando a Geografia: Espaço Tempo e Imagens. Teresina: EDUFPI, 2004. JACOBS, J. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LIMA, A. J. 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