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Universidade de Brasília Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação O uso do Moodle como plataforma de gestão para o curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB Enzo Carlos Damo Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Computação – Licenciatura Orientadora Prof .̄ Maria Emília Machado Telles Walter a Brasília 2007 Universidade de Brasília – UnB Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação Curso de Computação – Licenciatura Coordenadora: Prof a.̄ Priscila América Solis Mendez Barreto Banca examinadora composta por: Prof a.̄ Maria Emília Machado Telles Walter (Orientadora) – CIC/UnB Prof. Marco Aurélio de Carvalho – CIC/UnB Prof. Marcelo de Macedo Brígido – CEL/UnB CIP – Catalogação Internacional na Publicação Damo, Enzo Carlos. O uso do Moodle como plataforma de gestão para o curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB / Enzo Carlos Damo. Brasília : UnB, 2007. 46 p. : il. ; 29,5 cm. Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007. 1. Educação à Distância, 2. Moodle, 3. Biologia Molecular, 4. Síntese de Proteínas CDU 004 Endereço: Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte CEP 70910–900 Brasília – DF – Brasil Universidade de Brasília Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação O uso do Moodle como plataforma de gestão para o curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB Enzo Carlos Damo Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Computação – Licenciatura Prof a.̄ Maria Emília Machado Telles Walter (Orientadora) CIC/UnB Prof. Marco Aurélio de Carvalho CIC/UnB Prof. Marcelo de Macedo Brígido CEL/UnB Prof .̄a Priscila América Solis Mendez Barreto Coordenadora do Curso de Computação – Licenciatura Brasília, 27 de Julho de 2007 Agradecimentos Agradeço à minha orientadora, pela dedicação com que me ajudou neste projeto, e à minha família, por estar sempre ao meu lado. Resumo Ao longo da história, a Educação assumiu diferentes características, sendo conhecidos diversos métodos para os processos de ensino/aprendizagem. Particularmente, novos meios, como o rádio e a televisão, possibilitaram ampliar estes processos além da sala-de-aula tradicional e da relação entre um professor e seus alunos. Além disso, o rápido avanço no desenvolvimento e uso de novas tecnologias, como o computador e a internet, ajudaram a disseminar um novo paradigma, a Educação à Distância (EAD), pois disponibilizam ferramentas que permitem comunicação à distância, armazenamento de arquivos e discussão de tópicos on-line. Existem muitas ferramentas que podem ser utilizadas para gestão de cursos em EAD, como o Moodle, que é amplamente utilizado na Universidade de Brasília (UnB). O Moodle possibilita a organização e gerenciamento de recursos didáticos, e facilita a comunicação entre os alunos e os professores. A disciplina Biologia Molecular, ministrada pelo Instituto de Biologia da UnB, já tem recursos de página na internet, mas pode utilizar muitos outros recursos do Moodle que certamente irão aprimorar o curso. Neste trabalho, apresentamos a criação, no Moodle, de um ambiente que permite a gestão da disciplina Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB. Além disso, desenvolvemos animações, utilizando a ferramenta Flash, para complementar o conteúdo do curso organizado no Moodle. As animações simulam processos biológicos que ocorrem nas células durante a síntese de proteínas. Palavras-chave: Educação à Distância, Moodle, Biologia Molecular, Síntese de Proteínas Abstract Along the history, education has shown different characteristics, and many methods for the teaching/learning process are known. Particulaly, new medias, like radio and television, allowed to change this process beyond the traditional classrooms and the teacher and students relationships. Besides, rapid advances on the development and use of new technologies, like computer and internet, helped to spread a new paradigm, the long distance education (LDE), basically because they allowed tools for distance communication, file storage and on-line discussion. There are many tools that can be used to manage LDE courses, like Moodle, that is commonly used on the University of Brasilia (UnB). Moodle allows organization and management of didatic resources, and facilitates the communication among students and teachers. The molecular biology discipline, given by the Institute of Biology from UnB, already has an internet page, but it could use many more Moodle resources that certainly would improve the course. In this work, we present the creation, using Moodle, of an environment that allows the management of the molecular biology discipline, given by the Institute of Biology from UnB. Besides, we developed animations, using Flash tool, to complement the content of the course organized on the Moodle. The animations simulate the biological processes occuring on the cells during the protein synthesis. Keywords: Distance Education, Moodle, Molecular Biology, Protein Synthesis Sumário Lista de Figuras 8 Lista de Tabelas 10 Capítulo 1 Introdução 11 Capítulo 2 Educação a Distância 2.1 Conceitos básicos de Educação . 2.2 Conceitos básicos de EAD . . . 2.3 Ferramentas . . . . . . . . . . . 2.4 Avaliação . . . . . . . . . . . . . 2.5 Políticas de EAD no Brasil . . . . . . . . 14 14 15 16 18 19 Capítulo 3 Moodle 3.1 Instalação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Formas de Utilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Flash . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 22 22 26 Capítulo 4 Biologia Molecular 4.1 DNA . . . . . . . . . . . . . 4.2 RNA . . . . . . . . . . . . . 4.3 Proteínas . . . . . . . . . . 4.4 Síntese de Proteínas . . . 30 30 31 32 34 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo 5 A disciplina Biologia Molecular no Moodle 37 5.1 Gestão do Curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 5.2 A Síntese de Proteínas em Flash . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Capítulo 6 Conclusões e Trabalhos Futuros 43 Lista de Figuras 1.1 Cinco principais categorias de acesso domiciliar à Internet [15] 12 3.1 Tela do Moodle a) Canto esquerdo da tela b) Espaço central da tela c) Canto direito da tela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Layout do Moodle antes de ativar edição . . . . . . . . . . . . . 3.3 Layout do Moodle após ativar edição . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 Layout do ícones de edição, respectivamente, mover para a direita; mover; atualizar; cancelar; e ocultar. . . . . . . . . . . 3.5 Tela para envio de arquivos por parte do professor para o Moodle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 Layout do Flash. (a) Linha de Tempo. (b) Camadas. (c) Quadros. (d) Ferramentas. (e) Palco. (f) Propriedades. (g) Misturador de Cores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.7 Interpolação de Movimento, primeiro quadro. (a) Camada onde está a figura. (b) Figura. (c) Guia de movimento. (d) Primeiro quadro da camada onde está a figura. (e) Seta indicando que há interpolação de movimento. (f) Último quadro da animação (quadro chave). (g) Linha desenhada no primeiro quadro de guia de movimento. . . . . . . . . . . . . . . . 3.8 Interpolação de movimento, mudança de posição da figura para o final da linha de movimento. . . . . . . . . . . . . . . . . 4.1 Estrutura do DNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 Ligações entre os pares de bases complementares no DNA . . . 4.3 Estrutura do RNA. (a) Açúcar ribose e desoxirribose. (b) Bases uracila e timina. (c) Fita do RNA. . . . . . . . . . . . . . . 4.4 Diferentes níveis da estrutura da proteína. (a) Estrutura Primária. (b) Estrutura Secundária. (c) Estrutura Terciária (d) Estrutura Quaternária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.5 Processo de transcrição do mRNA, a partir de um gene do DNA. 4.6 Processo de síntese de proteínas em procariontes e eucariontes 4.7 Processo de tradução na síntese de proteínas, utiliza o mRNA e o tRNA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 23 24 24 26 27 28 29 31 31 32 34 35 36 36 5.1 Diretórios onde foram armazenados os materiais. . . . . . . . 38 5.2 Quadros semanais em cores diferentes. . . . . . . . . . . . . . 39 5.3 Sumário da semana 1. (a) Cor das letras. (b) Cor do fundo (c) Passar ao código HTML. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.4 Animação representando a estrutura da célula eucariótica. . . 5.5 Animação representando a estrutura da célula procariótica. . 5.6 Animação representando a síntese de proteínas em uma célula eucariótica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.7 Animação representando a síntese de proteínas em uma célula procariótica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.8 Página inicial do site que abriga as quatro animações. . . . . . 9 39 40 41 41 42 42 Lista de Tabelas 4.1 Os 20 aminoácidos e suas abreviações. . . . . . . . . . . . . . . 33 4.2 Código genético - Correspondência entre 3 bases do RNA e 1 aminoácido na proteína. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Capítulo 1 Introdução A educação, como atividade humana e como fato social, é tão antiga como a própria vida do homem [41]. Ao longo da história, a educação assumiu diferentes características, de acordo com o período histórico e sociedade envolvidos. A educação primitiva era essencialmente prática, marcada pelos rituais de iniciação, e fundamentava-se pela visão animista, que é caracterizada pela atribuição de alma a todas as coisas, como pedras, árvores e animais. Os gregos realizaram a síntese entre educação e cultura. A educação do homem integral consistia na formação do corpo pela ginástica; da mente, pela tecnologia e pelas ciências; e da moral e dos sentimentos pela música e pelas artes [26]. Com o passar do tempo, o pensamento pedagógico1 veio contribuindo para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem. A Educação, apesar de apresentar diferentes teorias e metodologias, incorpora ainda as idéias filosóficas e educacionais antigas, que não deixam de ser válidas. Diferentemente de outras ciências, onde as novas descobertas vão tornando suas predecessoras obsoletas, na filosofia e teoria educacionais as teorias mais antigas permanecem como alternativa para aplicação no processo de ensino/aprendizagem, mesmo com o surgimento de novas teorias [26]. Além das teorias que contribuem para a educação, o desenvolvimento tecnológico pode aprimorar o processo de ensino/aprendizagem. As tecnologias analógicas, como rádio e televisão, e as tecnologias digitais, como a Internet, cooperaram com a educação, por exemplo viabilizando a sala de aula à distância [20], por consequência contribuíram para o surgimento do Ensino a Distância. A Internet, juntamente com o computador, possibilita ainda a interatividade do aluno com o conteúdo, através da capacidade de navegação aleatória e também permutatória e potencial. Permutatória tem o sentido de combinar diferentes informações enquanto que potencial relaciona-se à possibilidade de produzir narrativas possíveis [34]. A partir das possibilidades gráficas e de interatividade, vinculadas ao computador e à Internet, diversos ambientes que envolvem aprendizagem são criados. O ensino tradicional, que envolve a exposição do conteúdo pelo professor 1 A palavra Pedagogia provém de duas palavras gregas: paidós, criança, e ago, conduzo, guio. Logo a palavra significa, etimológicamente, “condução de crianças”. A pedagogia é considerada como ciência e arte de dirigir ou orientar a aprendizagem [41]. 11 aos alunos com o auxílio do quadro, tradicionalmente aplicado nas instituições educacionais, poderia aproveitar os recursos oferecidos pelas tecnologias presentes no Ensino à Distância, intermediadas pelo computador, para melhorar os processos de aprendizagem. O computador e a Internet podem facilitar a comunicação no processo tradicional de ensino e aprendizagem. O fórum e o e-mail são dois exemplos de aplicações úteis nesse sentido. O e-mail já é bastante popular aos usuários de Internet, sendo o recurso mais utilizado nos Estados Unidos e Espanha, e ficando em segundo lugar no Brasil (Figura 1.1). O fórum ganha popularidade em comunidades de rela- Figura 1.1: Cinco principais categorias de acesso domiciliar à Internet [15] cionamento, como o Orkut [10], e se mostra muito útil no compartilhamento de informações sobre diversos temas, que vão desde religião até desenvolvimento de programas de computador. Além da comunicação, o computador pode prover o armazenamento de informações referentes ao curso, como links, apresentações de aula, lembretes e apostilas. Dessa forma, o aluno pode acessar as informações disponibilizadas ou esclarecer dúvidas quanto às datas, atividades, e o próprio curso. Além do armazenamento de material e documentação, a capacidade de processamento de imagens do computador permite a complementação visual do conteúdo ministrado. Uma vez que animações podem ser criadas por computador, ciências como Química e Física, que estudam processos dinâmicos, como a ligação entre elementos, e a colisão e movimentação de corpos, respectivamente, podem ser beneficiadas. Existem alguns ambientes de criação e administração de cursos na web. Um exemplo é o TelEduc [14], desenvolvido por pesquisadores do NIED (Núcleo de Informática aplicada à Educação) da Unicamp. Outro exemplo de ambiente de gestão de cursos é o e-Proinfo [3], que está vinculado ao Ministério da Educação [7]. Por fim, o Moodle [8] permite organizar 12 um curso, disponibilizando recursos tais como fóruns, armazenamento de arquivos, e envio de mensagens aos alunos cadastrados. Este ambiente facilita a organização de um curso presencial, pois possui funcionalidades próprias para atividades importantes de ensino/aprendizagem, que envolvem a comunicação e a disponibilização de conteúdo. A Universidade de Brasília (UnB) conta com o ambiente Moodle, provido pelo CEAD (Centro de Educação à Distância), para auxiliar na gestão de cursos e disciplinas ligadas à Universidade. A gestão da disciplina por meio do Moodle já foi adotada por diversos professores da UnB. Particularmente, a disciplina de graduação “Biologia Molecular” faz parte do currículo dos cursos de Bacharelado e Licenciatura de Biologia, mantidos pelo Instituto de Biologia da UnB. O Moodle pode ser utilizado para gerenciar esse curso, que estuda diversos processos dinâmicos a nível celular. Dentre estes podem ser citados a fagocitose2 , e seus processos internos, como a síntese de proteínas. Vários livros de Biologia Molecular utilizam figuras para facilitar a compreensão de tais processos. As figuras podem ser armazenadas no Moodle, e ferramentas como Flash Professional [5], que tem a capacidade de desenvolver animações, podem implementar a animação dos procedimentos biológicos. Há sites que disponibilizam animações com esse propósito, como o site da Faculdade de Educação da Universidade Chinesa de Hong Kong [4] e o site do Olaf College [12]. Utilizando esses subsídios, este trabalho tem como objetivo fazer um estudo sobre o uso do Moodle como plataforma de gestão para o curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB. Além disso, implementaremos animações em Flash da síntese de proteínas em células eucariontes e procariontes. No Capítulo 2, é feita uma introdução à Educação à Distância. No Capítulo 3, são descritas características do ambiente Moodle, que foi utilizado neste trabalho. No Capítulo 4, são apresentados conceitos básicos de Biologia Molecular. No Capítulo 5, é proposta uma forma de gestão do curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB, além das animações desenvolvidas para a síntese de proteínas, utilizando a ferramenta Flash. No Capítulo 6 são feitas conclusões, além de sugestões para trabalhos futuros. 2 Processo no qual a célula engloba grandes partículas, como bactérias, detritos celulares e até mesmo outras células intactas [23]. 13 Capítulo 2 Educação a Distância Neste capítulo, descreveremos conceitos educacionais, conceitos básicos de EAD, ferramentas, formas de avaliação e políticas de Educação a Distância no Brasil. Na seção 2.1 descreveremos conceitos básicos de Educação. Na seção 2.2 apresentaremos conceitos básicos de EAD. Na seção 2.3 descreveremos, de forma resumida, algumas ferramentas de EAD. Na seção 2.4, discutiremos formas de avaliação de cursos de EAD. Na seção 2.5, descreveremos as políticas de Ensino a Distância no Brasil. 2.1 Conceitos básicos de Educação Existem diferentes teorias e diversas metodologias de ensino. Autores como Skinner, Durkheim e Paulo Freire contribuíram muito para a área de Educação. Skinner, estudioso do comportamento, acreditava que o homem é um ser manipulável, governado por estímulos do meio ambiente. Para Skinner, o fracasso dos professores era consequência da negligência do método no processo de ensino/aprendizagem. Durkheim, pertencente à corrente do pensamento pedagógico positivista, considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade. Assim, a pedagogia seria uma teoria da prática social. Já Paulo Freire teve toda a sua obra voltada para uma concepção em que o educador e o educando aprendem juntos, numa relação dinâmica, na qual a prática, orientada pela teoria, reorienta essa teoria, num processo de constante aperfeiçoamento [26]. Existem quatro teorias úteis para a prática do ensino/aprendizagem, a saber, construtivismo, construcionismo, construtivismo social e o comportamento conectado e separado. Segundo o construtivismo, a pessoa constrói seu conhecimento à medida em que interage com o ambiente. Atos simples como ler, escutar e ver são confrontados com o conhecimento anterior e poderão formar um novo conhecimento. O Construcionismo defende que a aprendizagem é efetiva quando alguma coisa é construída, por exemplo, uma pintura, uma apresentação de slides ou a explicação de um texto anteriormente lido. O Construtivismo Social engloba a idéia de construção do conhecimento, presente no construtivismo, porém aplicado a um grupo 14 social, criando, de forma colaborativa, uma pequena cultura de objetos compartilhados, com significados compartilhados. Por fim, O Comportamento Conectado e Separado possui as seguintes características: comportamento separado é quando alguém tenta permanecer objetivo e “factual”, e tende a defender suas próprias idéias usando a lógica para encontrar erros nas idéias dos seus oponentes. Comportamento conectado é uma abordagem mais empática, que aceita a subjetividade, tentando ouvir e fazer perguntas num esforço para entender o ponto de vista do outro [9]. 2.2 Conceitos básicos de EAD Cada um dos três séculos anteriores ao nosso pode ser caracterizado por uma tecnologia. No século XVIII foram inventados grandes sistemas mecânicos, impulsionados pela Revolução Industrial. O século XIX foi a era das máquinas a vapor. No século XX, as principais tecnologias surgiram nos campos da aquisição, processamento e distribuição das informações [43] utilizando computadores. A Informática hoje está presente nos mais diversos setores, desde simulações atmosféricas até controle de vôos. A Informática pode contribuir também com a Educação através do desenvolvimento de cursos à distância. Como dito anteriormente, a área de Educação vem se desenvolvendo ao longo da história. Toda época tem os seus princípios educacionais, que procura atender às necessidades próprias de cada período histórico [37]. No início dos anos 60, diversos softwares de instrução programada foram implementados no computador, concretizando a máquina de ensinar, idealizada por Skinner no início dos anos 50. Nascia a instrução auxiliada por computador ou o Computer-Aided Instruction (CAI), produzida por empresas como IBM, RCA e Digital e utilizada principalmente nas universidades. O aparecimento dos microcomputadores, principalmente o Apple, permitiu uma grande disseminação dos microcomputadores nas escolas. Essa conquista incentivou uma enorme produção e diversificação de CAIs. No Brasil, como em outros países, o uso do computador na educação teve início com algumas experiências em universidades, no princípio da década de 70. Em 1971, foi realizado na Universidade Federal de São Carlos um seminário intensivo sobre o uso de computadores no ensino da Física, ministrado por E. Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth, E.U.A [44]. A EAD é uma alternativa para aproximar professores e alunos, fazendo com que o encontro físico não seja mais imprescindível para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem. Um meio de intermediar o ensino à distância, tanto em relação ao encontro entre participantes quanto à disponibilização de material, é a Internet. A EAD pela Internet faz uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) com fins educacionais, e propicia a criação de ambientes de aprendizagem que promovem a interação e a expressão dos participantes [19]. A EAD não é uma modalidade nova de educação. De acordo com as possibilidades tecnológicas, a EAD foi realizada de diferentes formas, como cursos por correspondência, progra15 mas para serem acompanhados pelo rádio e pela televisão, como o Projeto Minerva e o Telecurso de segundo grau, ou cursos através de material instrucional, como o Logos. Da mesma forma em que as metodologias e idéias pedagógicas de diversos autores são importantes para a Educação tradicional, na EAD existe a preocupação com metodologias e também críticas à forma de sua utilização. Muitas vezes, a EAD reproduz a educação presencial tal como esta vem sendo desenvolvida, de forma obsoleta para os dias atuais, entretanto com um formato diferente, veiculado pelas tecnologias da informação e comunicação [39]. Geralmente estes cursos que representam uma virtualização da sala de aula tradicional disponibilizam na rede uma grande quantidade de informações, esperando que isto seja suficiente para a aprendizagem do aluno. Desenvolver um curso a distância nestes moldes acaba empobrecendo e obscurecendo as potencialidades da Internet como um meio para desenvolver um trabalho educacional baseado numa rede humana de aprendizagem [40]. Os moldes tradicionais (instrucionistas) de educação, utilizando o giz e quadro negro, ainda perduram mascarados através da utilização de projetores multimídia. Apesar da utilização restrita de tecnologias na educação em muitos casos, o uso de computadores na educação pode ser muito mais diversificado, interessante e desafiador, do que simplesmente transmitir a informação ao aprendiz. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento [44]. Além disso, computadores conectados à Internet possibilitam as interações entre os professores e alunos, que muitas vezes estão abertos e querem trocar idéias, vivências, experiências, das quais ambos saiam enriquecidos [35]. Entretanto, as interações entre os participantes exigem alguns cuidados quanto a qualidade. A qualidade deve ser aplicada desde o início do curso. A segurança, a aceitação e o companheirismo são aspectos que devem ser cultivados para que se tenha uma participação efetiva dos alunos [30]. A interação extra-classe provida pela Internet permite também o aprendizado envolvendo a troca de informações entre os próprios alunos, de modo que as informações podem permanecer digitalizadas para futuras consultas. Existe ainda a vantagem da participação dos alunos acontecer sem a restição de horários, imposta a cursos tradicionais presenciais. Sendo assim, a Internet combinada com a utilização de ambientes computacionais de apoio à EAD, como, por exemplo: WEBCT, Teleduc, Aulanet ou Moodle, são grandes facilitadores para o desenvolvimento do curso. 2.3 Ferramentas A viabilização da troca de informações, que acontece por meio do computador e da Internet, conta com algumas ferramentas úteis. Embora nem sempre sejam concebidas como ferramentas de auxílio na educação, são utilizadas no meio acadêmico. Há, por exemplo, serviços prestados por empre16 sas na Internet que consistem na criação de grupos de e-mail para contato, de modo que o e-mail enviado para o endereço do grupo é repassado para todos os integrantes cadastrados. Um serviço com essas características é disponibilizado pelo site Yahoo! [46]. O grupo de e-mail criado no Yahoo! pode ser dividido por assunto e oferece algumas funcionalidades, como espaço para disponibilizar fotos e arquivos, e a opção para criar pesquisas de opinião. Esse tipo de serviço pode ser utilizado como uma forma de possibilitar a colaboração e comunicação entre os estudantes e o professor, e entre os próprios estudantes. Além do grupo de e-mails, e do próprio e-mail, existem tecnologias que foram concebidas para a comunicação, mas que podem ser usadas informalmente para encontros virtuais, com o intuito da troca de informações ou tomada de decisões. Um exemplo é o Messenger [6], que consiste em um software para conversas online, onde cada usuário possui uma lista de contatos. O Messenger traz consigo algumas opções, como envio de arquivos, e o contato visual, desde que o usuário a ser visto possua webcam, um acessório que permite captar imagens do ambiente e transmiti-las para o cumputador. A evolução tecnológica dessas ferramentas e a concepção de outros meios permitem o surgimento de soluções para a educação à distância intermediados pelo computador. Toda a possibilidade de tráfego de informações pela Internet juntamente com o auxílio de ferramentas propícias para a comunicação online, abrem caminho para a aprendizagem colaborativa a distância. A aprendizagem colaborativa ocorre em qualquer situação em que as pessoas se reúnam em grupo, e são destacadas e consideradas as habilidades e contribuições individuais dos componentes do grupo [38]. Um meio que possibilita a aprendizagem colaborativa on-line é o fórum. No fórum, um tema é abordado por uma pessoa, de modo que outros possam expressar opiniões acerca do tema. Esse tipo de comunicação e troca de informações é utilizado em comunidades virtuais, como Orkut e Syxt, respectivamente, de relacionamentos e de interesses profissionais [24], e ferramentas de gerenciamento de cursos como o Moodle. Tanto no caso do fórum quanto das comunidades, é necessário somente que cada aluno tenha à disposição um computador conectado à Internet. A troca de informações e o compartilhamento do conhecimento acontecem a todo o momento no ensino presencial, não somente entre professor e aluno, mas também entre os próprios alunos, em algumas situações, como trabalhos em grupo e conversas a respeito da matéria. Mas com o auxílio da computação, não há mais restrição de tempo para os encontros, quando é utilizado o fórum, e nem mesmo a presença física dos participantes, para que ocorra o aprendizado colaborativo. Possibilidades para facilitar o ensino a distância, como a disponibilização de conteúdo online, fóruns, e aplicação de testes são encontradas no Moodle. O Moodle é o ambiente utilizado para auxiliar na gestão de diversas disciplinas da Universidade de Brasília, cujas aulas são presenciais. O armazenamento e disponibilização aos alunos de informações, como anotações de aula em documentos de texto e inserção de links para sites que possuam conteúdos pertinentes à disciplina, são funcionalidades presentes 17 no Moodle. O ensino assistido ou auxiliado por computador parte do pressuposto de que a informação é a unidade fundamental no ensino e, portanto, preocupase com os processos de como adquirir, armazenar, e principalmente transmitir informação. Nesse sentido, o computador é visto como uma ferramenta poderosa de armazenamento, representação e transmissão da informação [44]. Essas possibilidades presentes no computador podem ser implementadas com a utilização do Moodle, que ainda facilita a organização do conteúdo para disponibilizá-lo ao aluno. As opções para a gestão de cursos não estão restritas ao Moodle. TelEduc e e-Proinfo são outros ambientes que viabilizam a organização e o gerenciamento de cursos. O TelEduc é um ambiente para a criação, participação e administração de cursos na Web. Foi desenvolvido de forma parcitipativa, de modo que suas ferramentas foram idealizadas, projetadas e depuradas segundo necessidades relatadas por seus usuários. Assim como o Moodle, o TelEduc pode disponibilizar arquivos em geral, textos, softwares e referências na Internet através de ferramentas, como Material de Apoio, Leituras e Perguntas Freqüentes [13]. Alguns serviços do TelEduc são direcionados para a comunicação entre os participantes, como Correio Eletrônico, Grupos de Discussão, Mural, Portfólio, Diário de Bordo e Bate-Papo (Chat) [13]. O e-ProInfo é um Ambiente de aprendizagem colaborativa e permite o desenvolvimento e administração de cursos online. O e-ProInfo é composto por dois sites: o site do Participante e o site do Administrador. O site do Participante permite que pessoas interessadas se inscrevam e participem dos cursos. Nesse site, os participantes podem acessar conteúdos, informações e atividades organizadas por módulos e temas, e podem interagir com professores e outros participantes do curso. Há um conjunto de serviços disponíveis para apoio a interação entre os participantes, como e-mail, chat, fórum de discussões e banco de projetos. O site do Administrador permite que pessoas, credenciadas pelas entidades conveniadas, desenvolvam, ofereçam, administrem e ministrem cursos a distância e diversas outras ações de apoio a distância ao processo ensino/aprendizagem, configurando e utilizando todos os recursos e ferramentas disponíveis no ambiente [2]. 2.4 Avaliação As ofertas recentes de cursos de EAD de nível superior impuseram a criação de critérios para avaliação. No caso dos cursos superiores à distância, há na literatura estudos que discutem sua qualidade. A organização norteamericana Institute for Higher Education Policy (IHEP), que tem como objetivo garantir o acesso a um ensino superior de qualidade, elaborou um estudo para garantir a excelência de cursos a distância via Internet [31]. Os estudos resultaram em sete categorias: suporte institucional; desenvolvimento do curso; processo de ensino/aprendizagem; estruturação do curso; serviço de suporte ao aluno; serviço de suporte ao professor; e avaliação de 18 resultados. Os indicadores de qualidade propostos pelo IHEP servem como referência de qualidade internacional [31]. No Brasil a Secretaria de Educação a Distância, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), elaborou 10 diretrizes para os cursos superiores a distância, que não têm força de lei, mas servem para orientar as instituições e as Comissões de Especialistas que forem analisar projetos de cursos de graduação a distância. As dez diretrizes são: integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o ensino superior como um todo e para o curso específico; desenho do projeto: a identidade da educação a distância; equipe profissional multidisciplinar; comunicação/interatividade entre professor e aluno; qualidade dos recursos educacionais; infra-estrutura de apoio; avaliação de qualidade contínua e abrangente; convênios e parcerias; edital e informações sobre o curso de graduação a distância; custos de implementação e manutenção da graduação a distância [11]. 2.5 Políticas de EAD no Brasil No Brasil a EAD teve suas bases legais estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, através da lei 9394 de dezembro de 1996, e foi regulamentada pelo decreto no . 5622 de dezembro de 2005. Para a educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, o artigo 30, do decreto no . 5622, determina que as instituições credenciadas para a oferta de educação a distância poderão solicitar autorização, junto aos órgãos normativos dos respectivos sistemas de ensino, para oferecer os ensinos fundamental e médio a distância. Segundo essas diretrizes, o ensino a distância deverá ser empregado exclusivamente para complementação de aprendizagem ou em situações emergenciais. No caso da oferta de cursos de graduação e educação profissional em nível tecnológico, a instituição interessada deve credenciar-se junto ao MEC, solicitando a autorização de funcionamento para cada curso que pretenda oferecer. O processo será analisado na Secretaria de Educação Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em questão e por especialistas em educação a distância. O Parecer dessa Comissão será encaminhado ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A possibilidade de cursos de mestrado, doutorado e especialização a distância foi disciplinada pelo Capítulo V do Decreto no . 5622/05 e pela Resolução 01, da Câmara de Ensino Superior-CES, do Conselho Nacional de Educação-CNE, em 3 de abril de 2001. Os cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) à distância serão oferecidos exclusivamente por instituições credenciadas para tal fim pela União e devem obedecer às exigências de autorização, reconhecimento e renovação dispostos no decreto no . 5622/05. Os diplomas de conclusão de cursos de pós-graduação stricto sensu obtidos de instituições de ensino superior estrangeiras, para terem validade nacional, devem ser reconhecidos e registrados por universidades brasileiras que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados 19 na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior ou em área afim. Os cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos a distância deverão incluir, necessariamente, provas presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de conclusão de curso [27]. Hoje, com a popularização dos computadores, a EAD está presente em diversos cursos. A Secretaria de Educação Superior já credenciou diversas universidades públicas e particulares para que ofereçam cursos superiores a distância, e já existe curso superior a distância disponível em Universidade Federal. Um exemplo é o curso de Licenciatura em Biologia a Distância, que foi formado pelo Consórcio Setentrional, constituído por nove universidades públicas, incluindo os estados de Goiás, Distrito Federal, Bahia, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amazonas e Pará, que buscaram atender a um edital do Ministério da Educação [22]. Portanto, embora ainda haja um índice baixo de pessoas que acessam à Internet, a EAD vem conquistando importantes avanços no Brasil. 20 Capítulo 3 Moodle O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é um software para gestão da aprendizagem e de trabalho colaborativo. Permite a criação de cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. O Moodle está em constante desenvolvimento [9]. O Moodle possui o código aberto (Open Source), então o usuário poderá alterar ou desenvolver seu código para satisfazer necessidades específicas. Para tanto, o usuário deverá seguir algumas regras, como disponibilizar o código fonte a terceiros, não modificar ou retirar a licença original e os direitos de autor, e aplicar o mesmo licenciamento a qualquer trabalho derivado deste [9]. O ambiente Moodle oferece recursos para a comunicação com os alunos, disponibilização de materiais para download, links, fóruns, e a aplicação de testes. Essas opções estão disponíveis em links e o curso pode ser estruturado de acordo com a preferência do professor. O conteúdo pode, por exemplo, ser separado por semanas ou tópicos. A filosofia de aprendizagem usada pelo Moodle envolve quatro conceitos, o Construtivismo, o Construcionismo, o Construtivismo Social e o Comportamento Conectado e Separado [9]. Um conteúdo útil para a Biologia Molecular, que pode ser armazenado no Moodle e que complemente as anotações de aula e as imagens, é a animação. As animações, que podem mostrar dinamicamente a síntese de proteínas e a estrutura celular, podem ser disponibilizadas através de links. O Flash pode, portanto, ser utilizado juntamente com o Moodle para apresentar conteúdos dinâmicos que auxiliem no ensino/aprendizagem. Neste capítulo, falaremos sobre a instalação do Moodle e formas de sua utilização. Na Seção 3.1, descreveremos informações básicas sobre a instalação do Moodle. Na Seção 3.2, descreveremos o ambiente Moodle e falaremos sobre algumas de suas funcionalidades. Na Seção 3.3, apresentaremos, e forma geral, como utilizar a ferramenta Flash, que foi utilizada para criar as animações da síntese de proteínas. 21 3.1 Instalação Quanto ao sistema necessário para a instalação do Moodle, a documentação presente no site http://docs.moodle.org/overview/ informa os requisitos, tanto de hardware quanto de software. Diferentes sistemas operacionais suportam o Moodle, dentre eles o Linux, Windows XP/2000/2003, Solaris 10 (Sparc e x64), Mac OS X e Netware 6. O Moodle deve funcionar bem em qualquer servidor que possua o PHP (http://www.php.net), script utilizado no desenvolvimento de websites dinâmicos e que permita o acesso a banco de dados. A instalação é necessária para a disponibilização do sistema de gerenciamento de cursos. Uma vez que o Moodle esteja instalado em um servidor, novos cursos podem ser criados. Os usuários que farão parte do curso deverão se cadastrar no sistema. Existe o cadastro para professor e o cadastro para o aluno, sendo admitido mais de um professor cadastrado por curso. Após o cadastro no sistema, o usuário poderá fazer parte de vários cursos. 3.2 Formas de Utilização Visualmente (Figura 3.1), a tela inicial do Moodle está dividida em três partes. No canto direito da tela, há espaço para as últimas notícias, os próximos eventos agendados, informações sobre a atividade recente e o calendário. No canto esquerdo da tela, há o link para visualizar a lista de participantes. Dentro do quadro denominado “Atividades”, podem ser acessados, links, tais como fórum, chat, materiais, questionários e tarefas. Também existe um campo para realizar uma busca no fórum, um quadro com alguns recursos direcionados para a administração e a lista de cursos dos quais o usuário faça parte. No espaço central da tela, estão dispostos o material e as atividades do curso, como fóruns e tarefas. A parte central pode ser estruturada de forma semanal, em tópicos, social ou wiki. O link denominado “Ativar edição” habilita pequenos ícones que têm a atribuição de ocultar, mover, excluir e atualizar (Figura 3.4). As três primeiras opções são aplicadas a todos os componentes que podem sofrer edição, e todas (incluindo a opção “atualizar”) estão disponíveis para os recursos acrescentados, como materiais, fóruns e links. Além dos ícones de edição, é habilitada uma caixa suspensa contendo recursos que podem ser inseridos. Os recursos desta caixa permitem a criação de uma página de texto, criação de uma página da web, inserção de um link para um arquivo ou site, visualização de um diretório, utilização de pacote IMS CP e inserção de rótulo. As figuras 3.2 e 3.3 ilustram, respectivamente, o Moodle antes e depois de utilizada a opção “Ativar edição”. No quadro reservado à administração, há links que permitem a realização de alguns procedimentos para incrementar e gerenciar o curso. Dentre as configurações disponíveis estão a inserção de um código de inscrição, para que seja controlada a entrada de alunos; a escolha ou mudança de nome; a edição de um texto de descrição; a definição da data de início e fim 22 Figura 3.1: Tela do Moodle a) Canto esquerdo da tela b) Espaço central da tela c) Canto direito da tela Figura 3.2: Layout do Moodle antes de ativar edição do curso; a permissão do acesso (ou não) a visitantes, além de outras opções. São reservadas outras possibilidades ao administrador do curso, no caso do usuário inscrito como professor. A lista para visualização dos perfis dos alunos, bem como os perfis dos professores inscritos, também estão no link 23 Figura 3.3: Layout do Moodle após ativar edição Figura 3.4: Layout do ícones de edição, respectivamente, mover para a direita; mover; atualizar; cancelar; e ocultar. administração. O Moodle oferece também a opção para que o administrador faça o backup do curso. O backup consiste em armazenar as informações, para utilização das mesmas posteriormente. Todo o conteúdo do curso ou parte dele podem ser armazenados. Cada informação que se deseja armazenar possui uma caixa de seleção ao lado, para que o professor possa escolher que conteúdo deve constar no backup. A opção “Grupos” serve para separar os alunos do curso em grupos. Essa separação possibilita o encaminhamento de uma atividade para cada equipe. Assim, as atividades fórum, chat ou mesmo tarefa podem ser direcionados para um grupo. É possível ainda que um grupo veja o resultado obtido por outro (ou não). Uma vantagem prática dessa opção está na gestão dos tradicionais trabalhos que devem ser feitos em equipe. Cada um pode receber sua respectiva atividade e contar com um fórum próprio de discussão, útil para o andamento dos trabalhos e avaliação da participação dos alunos pelo professor. O Moodle possui ainda outras opções para o professor. É permitida a importação de conteúdo de outros cursos, desde que esteja cadastrado como 24 professor nos respectivos cursos. Há também um espaço no Moodle para divulgar as notas das avaliações. A tabela de notas poderá ser configurada de modo que algumas informações poderão ser visualizadas, e os pesos poderão ser definidos. Outro controle disponível para o professor é a opção “Relatórios”. Nessa opção, as ações que os alunos realizam podem ser monitoradas. Os relatórios são discriminados em ações, atividades, participantes e dias. No relatório é possível fazer um filtro, por exemplo selecionando um participante, a atividade, fórum de notícias e a opção “Todos os dias”. O resultado listará a data, hora, e tipo de ação que o usuário desenvolveu no fórum. O fórum, como mecanismo de comunicação entre os participantes do curso, pode ser criado no curso tanto pelos professores quanto pelos alunos. A idéia básica contida no fórum consiste em um assunto ser abordado por um dos integrantes, e todos poderem comentar sobre aquele assunto. Os comentários que vão sendo incluídos são visualizados pelos participantes, e qualquer um pode se manifestar. Naturalmente ocorre um debate ou troca de informações a respeito do assunto levantado inicialmente. O fórum do Moodle permite que a mensagem venha com um arquivo anexado, ou com um link para determinado site da web. Além disso, as mensagens acrescentadas ao fórum podem ser enviadas também aos e-mails dos participantes. Neste caso, a participação dos alunos pode ser mais efetiva, já que a divulgação das mensagens ocorre sem a necessidade do aluno entrar no ambiente Moodle. Além do fórum, o Moodle permite ao professor disponibilizar arquivos para os alunos (Figura 3.5). Na opção “Arquivos”, um arquivo pode ser enviado do computador do professor para o Moodle. Diretórios podem ser criados para facilitar a organização dos arquivos. Posteriormente, o professor optará por disponibilizar o conteúdo aos alunos. Tanto os diretórios quanto os arquivos poderão ser acessados pelos estudantes cadastrados. Na prática, o professor pode diponibilizar as suas apresentações de aula, como os slides, manuais digitalizados, por exemplo em formato pdf ou doc, além de outros tipos de arquivos. Como uma ferramenta de propósito pedagógico, o Moodle traz consigo também opções de atividades. Há o tipo de atividade em que o aluno deverá enviar o arquivo contendo seu trabalho ou a atividade em forma de questionário. O questionário pode ser aplicado definindo a quantidade de tentativas que o aluno poderá realizar. Pode ser definido também um tempo para responder as perguntas. Cada pergunta pode aceitar somente um ítem como correto, ou mais de um ítem, e aceita respostas escritas pelo estudante. Uma vantagem dos questionários é que sua correção é feita automaticamente pelo sistema, e o aluno saberá de imediato a sua nota na atividade. No caso da atividade enviada por meio de um arquivo, há um espaço para o professor colocar a nota do aluno, além de um espaço para o professor fazer algum comentário. Para todas as atividades, podem ser definidos prazos. Se o professor optar, após o término do prazo, a atividade não poderá mais ser entregue ou concluída. O Moodle, enfim, é uma opção poderosa para organizar e gerir cursos regulares. Suas funcionalidades permitem também que sejam desenvolvi25 Figura 3.5: Tela para envio de arquivos por parte do professor para o Moodle dos cursos totalmente a distância, já que o conteúdo pode ser armazenado e disponibilizado online aos estudantes. Além disso as ferramentas de comunicação como bate-papos virtuais e os próprios fóruns viabilizam o contato entre os professores e alunos. 3.3 Flash O layout padrão do Macromedia Flash MX (Figura. 3.6) possui um quadro (chamado Palco), para inserir as figuras; a Linha de Tempo, onde ficam localizados os quadros e as camadas; Ferramentas, onde estão os recursos para criar desenhos; Misturador de Cores, para escolher uma cor para o texto ou figura; e Propriedades, que mostra as propriedades da ferramenta que foi selecionada pelo usuário. No Palco, podem ser criados desenhos utilizando as opções presentes em Ferramentas ou inserindo imagens já prontas. Na opção Ferramentas, existem funções que permitem fazer linhas e curvas, utilizando o mouse do computador. Além disso, podem ser inseridos quadrados e círculos do tamanho que o usuário, que está fazendo os desenhos, deseje. Os desenhos feitos no Palco podem ser aprimorados utilizando as cores, que podem ser obtidas no quadro Misturador de Cores. A ferramenta Macromedia Flash MX utiliza a idéia de camadas para para inserir imagens e textos. As figuras localizadas na primeira camada ficam à frente das figuras localizadas na segunda camada, e assim sucessivamente. Então várias imagens, inseridas em diferentes camadas, podem 26 Figura 3.6: Layout do Flash. (a) Linha de Tempo. (b) Camadas. (c) Quadros. (d) Ferramentas. (e) Palco. (f) Propriedades. (g) Misturador de Cores. compor um desenho completo, que contenha vários planos. Cada desenho criado no Flash pode ser convertido em um símbolo. A vantagem dos símbolos é que os mesmos permanecem salvos no arquivo da animação para utilizações posteriores, e podem ser também utilizados como objetos para a interação do usuário. As ações atribuídas aos símbolos podem ser desencadeadas, por exemplo, através de um clique ou passagem do mouse sobre o símbolo. O criador da animação definirá as ações e o modo de desencadeá-las utilizando as funções adequadas presentes no Flash. O Flash possui quadros para desenvolver as animações. Cada quadro representa um estado da figura em relação ao tempo. Os quadros funcionam de forma similar a um rolo de filme, que possui diversas fotos tiradas de algo em movimento em um intervalo de tempo. Quando as fotos, dispostas em sequência no rolo, forem mostradas de forma rápida, o objeto aparecerá em movimento. É possível definir a quantidade de quadros que serão mostrados por segundo, o padrão pré-definido é 12. Para criar figuras dinâmicas, é possível modificar a figura de quadro em quadro, ou utilizar o recurso de interpolação de movimento ou interpolação de forma. A interpolação de movimento exige que a posição inicial e final da figura sejam definidas. Para tanto, coloca-se a imagem (símbolo) em determinada posição dentro de um quadro, e depois, em um quadro posterior, muda-se a posição da imagem (clicando sobre ela e “arrastando”, 27 com o mouse). Para que a mesma imagem apareça em um quadro posterior, basta clicar com o botão direito do mouse no quadro e clicar na opção “Inserir Quadros-Chave”. Para definir uma trajetória específica para a figura, a interpolação de movimento pode ser utilizada conjuntamente com a opção Adicionar guia de movimento. O caminho que será percorrido pela figura pode ser definido desenhando uma linha no primeiro quadro da guia. Posteriormente, na camada onde se encontra a figura e no último quadro, é necessário mudar a posição da mesma para o final da linha desenhada (Figuras 3.7 e 3.8). A interpolação de forma funciona de maneira similar, a diferença está em mudar a forma da figura em vez de simplesmente mudar a sua posição. Na prática, uma animação que utiliza a interpolação de forma tem a imagem deformada até assumir a nova forma. Além da forma, é possível mudar a posição e a cor da figura. Figura 3.7: Interpolação de Movimento, primeiro quadro. (a) Camada onde está a figura. (b) Figura. (c) Guia de movimento. (d) Primeiro quadro da camada onde está a figura. (e) Seta indicando que há interpolação de movimento. (f) Último quadro da animação (quadro chave). (g) Linha desenhada no primeiro quadro de guia de movimento. Com base nessas informações iniciais, pode-se iniciar o desenvolvimento de uma animação, pois o ambiente do Flash é auto-explicativo. 28 Figura 3.8: Interpolação de movimento, mudança de posição da figura para o final da linha de movimento. 29 Capítulo 4 Biologia Molecular A Biologia Molecular visa estudar a estrutura e o funcionamento dos ácidos nucléicos (DNA e RNA) e das proteínas e envolve vários conceitos de Química, como as ligações químicas e as estruturas moleculares [45]. Na Seção 4.1, descreveremos o DNA. O RNA será abordado na Seção 4.2. Na Seção 4.3 apresentaremos as proteínas. Na Seção 4.4, detalharemos a síntese de proteínas. 4.1 DNA Devido ao seu papel como repositório da informação genética, o DNA tem grande importância para os sistemas vivos [28]. Estruturalmente, o DNA é um polímero1 presente em diversos organismos da Terra [18], consistindo de duas longas fitas. Cada fita é composta pela ligação entre açúcar2 , desoxiribose3 , fosfato e uma base4 aminada (Figura 4.2). As bases podem ser adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T), e as duas fitas ficam unidas pela ligação da adenina com a timina e da citosina com a guanina. Quimicamente, as bases se diferenciam umas das outras através do tipo de ligação entre os átomos de carbono e de nitrogênio. A união entre um fostato, um açúcar e uma base formam um nucleotídeo (Figura 4.1). [28]. O DNA é responsável por armazenar características hereditárias de um organismo. Cada região do DNA que controla uma característica é denominada gene. Essas regiões do DNA geralmente formam uma simples proteína ou RNA [18]. 1 Longas moléculas formadas pela ligação covalente entre múltiplas unidades idênticas ou similares [18]. A ligação covalente consiste em uma ligação química forte que mantém os átomos unidos compartilhando um ou mais pares de elétrons [32]. 2 Pequenos carboidratos com um monômero de fórmula geral (CH2O)n. Um monômero é um pequeno bloco molecular, que pode servir como subunidade para formar molécula longa (polímero) [18]. 3 É uma pentose, um tipo de açúcar composto por cinco átomos de carbono [21]. 4 Um composto, contendo nitrogênio, que pode aceitar um próton (H+) [32]. 30 Figura 4.1: Estrutura do DNA 4.2 Figura 4.2: Ligações entre os pares de bases complementares no DNA RNA Como o DNA, o RNA (Figura 4.3) é um polímero composto por quatro tipos diferentes de nucleotídeos unidos por ligações de açúcar e fosfato. O RNA se difere quimicamente do DNA em dois aspectos. Primeiro, no RNA os nucleotídios são ribonucleotídeos, isto é, contém o açúcar ribose, ao invés da desoxiribose. Em segundo lugar, o RNA possui a base uracila (U) em vez da timina. Mas, da mesma forma que o DNA, o RNA possui a adenina, guanina e citosina, completando os quatro tipos de base. Especialmente, o RNA é composto em geral apenas uma fita (formada por açúcar e fosfato), embora possa dobrar-se e formar regiões de dupla hélice [33]. Existem diferentes tipos de RNA. O RNA ribossômico (rRNA) é o principal componente dos ribossomos, tem o papel catalítico e estrutural na síntese de proteínas [33]. Ribossomos, compostos de uma subunidade maior e de outra menor [25], são grandes complexos de proteínas e de RNA, que têm a atribuição de fazer a tradução de uma proteína. RNAs mensageiros (mRNAs) servem de molde para a síntese protéica, levando a informação do DNA para o ribossomo, para que ocorra a síntese de proteína. Uma molécula de mRNA é produzida para cada gene ou grupo de genes [33]. RNAs transportadores (tRNAs) transferem aminoácidos5 , para os ribossomos e garantem seu alinhamento correto, antes da formação da ligação peptídica6 [28]. 5 Moléculas orgânicas contendo tanto o grupo amina quanto o grupo carboxila [18]. É formado pela reação de condensação entre um grupo amina, de um aminoácido, e carboxila, de outro aminoácido, ocorrendo a liberação de uma molécula de água [32]. 6 31 Figura 4.3: Estrutura do RNA. (a) Açúcar ribose e desoxirribose. (b) Bases uracila e timina. (c) Fita do RNA. 4.3 Proteínas As proteínas, do ponto de vista da química, são moléculas complexas e funcionalmente sofisticadas. Elas são úteis, por exemplo, para a construção de estruturas celulares, catalisação de reações químicas da célula, movimentação celular [18], transporte de substâncias e proteção imunológica [33]. Essas funções fazem da proteína um composto chave para a célula, e conseqüentemente para os organismos. Quanto à sua composição, as proteínas são construídas a partir de 20 aminoácidos [33]. Muitos aminoácidos unidos por cadeias peptídicas formam uma molécula chamada polipeptídio. Além dos aminoácidos, são comumente encontradas em proteínas vinte tipos de cadeias laterais7 , variando em forma, carga, capacidade de formação de pontes de hidrogênio e reatividade química. Esse alfabeto fundamental tem pelo menos dois bilhões de anos [33]. A tabela 4.1 mostra os vinte aminoácidos, a tabela 4.2 mostra os 20 aminoácidos formados a partir de 3 bases. Tradicionalmente, a estrutura das proteínas é dividida em quatro níveis (Fig 4.4). A seqüência linear de aminoácidos em uma cadeia polipetídica é chamada de estrutura primária. A estrutura secundária da proteína diz respeito à inter-relação de aminoácidos que estão bem próximos na sequência linear. Os polipeptídios podem curvar-se formando estrutu7 Agrupamentos de moléculas que acompanham os aminoácidos [33]. 32 Aminoácido Alanina Arginina Asparagina Ácido Aspártico Cisteína Ácido Glutâmico Glutamina Glicina Histidina Isoleucina Leucina Lisina Metionina Fenilalanina Prolina Serina Treonina Triptofano Tirosina Valina 3 Letras Ala Arg Asn Asp Cys Glu Gln Gly His Ile Leu Lys Met Phe Pro Ser Thr Trp Tyr Val 1 Letra A R N D C E Q G H I L K M F P S T W Y V Tabela 4.1: Os 20 aminoácidos e suas abreviações. Base 1 U U U U C C C C A A A A G G G G U Phe Phe Leu Leu Leu Leu Leu Leu Ile Ile Ile Met Val Val Val Val Base 2 C A Ser Tyr Ser Tyr Ser stop Ser stop Pro His Pro His Pro Gln Pro Gln Thr Asn Thr Asn Thr Lys Thr Lys Ala Asp Ala Asp Ala Glu Ala Glu Base 3 G Cys Cys stop Trp Arg Arg Arg Arg Ser Ser Arg Arg Gly Gly Gly Gly U C A G U C A G U C A G U C A G Tabela 4.2: Código genético - Correspondência entre 3 bases do RNA e 1 aminoácido na proteína. ras repetitivas. A estrutura terciária, é caracterizada pelo dobramento da cadeia interna da proteína. A estrutura quaternária é resultado da ligação entre duas ou mais estruturas dobradas [29]. 33 Figura 4.4: Diferentes níveis da estrutura da proteína. (a) Estrutura Primária. (b) Estrutura Secundária. (c) Estrutura Terciária (d) Estrutura Quaternária. 4.4 Síntese de Proteínas O processo de síntese de proteínas conta com o DNA, RNA e com reações químicas entre as moléculas envolvidas. Quando a célula necessita de um tipo específico de proteína, uma sequência de nucleotídeos da porção apropriada da molécula de DNA sintetiza o RNA num processo conhecido como transcrição. O RNA, composto a partir de trechos de DNA, é a molécula que comporta as informações para a síntese de proteínas. O mecanismo de síntese de proteína é chamado de tradução. O fluxo de informações nas células parte do DNA, passando pelo RNA, até as proteínas. Em toda célula, de bactérias a humanos, a informação genética passa por esse caminho. Esse princípio é denominado dogma central da Biologia Molecular [18]. Na transcrição (Figura 4.5), a fita de DNA que é transcrita para a molécula de mRNA (RNA mensageiro) é chamada de fita molde. Enquanto a outra fita é referida freqüentemente como fita codificadora de um gene [36]. A produção do mRNA pode acontecer tanto em uma fita do DNA quanto na outra. Assim, uma fita de uma molécula de DNA funcionará como fita molde para alguns genes e como fita codificadora para outros. A sequência de nucleotídios de um mRNA será a mesma da fita codificadora, exceto pela 34 substituição de T por U (Timina por Uracila) [36]. Para que os fragmentos que irão compor o mRNA liguem-se uns aos outros, a enzima chamada RNA polimerase DNA dependente entra em ação. Essa enzima se liga a um sítio específico, o promotor, no molde. Posteriormente ocorre a síntese do mRNA de um ponto de iniciação até que uma sequência de terminação seja atingida [36]. O processo de síntese do mRNA ocorre portanto, com a ligação da enzima no DNA e então com a ligação do primeiro nucleotídeo ao sítio de iniciação da enzima. A enzima polimeriza os ribonucleotídeos numa sequência específica que é ditada pela fita molde. À medida que o complexo de alongamento contendo o miolo da RNA polimerase avança ao longo da molécuma de DNA a mesma começa a se desenrolar. Finalmente, a síntese da molécula de mRNA é concluída com um sinal que é reconhecido pela proteína de terminação [36]. Figura 4.5: Processo de transcrição do mRNA, a partir de um gene do DNA. A transcrição é diferente nas células eucarióticas e procarióticas. As células procarióticas não possuem núcleo então o DNA fica livre na célula. Bactérias e algas são exemplos de células procarióticas. As células eucarióticas possuem o núcleo separado do resto da célula por uma membrana, chamada membrana celular. O DNA das células eucarióticas fica dentro do núcleo. Nas células eucarióticas, muitos genes são compostos de partes chamadas íntrons e éxons. Depois da transcrição, os íntrons são removidos do mRNA, de modo que não são usados na síntese de proteínas. Depois que os íntrons são removidos, o mRNA diminuído, contendo apenas éxons e as regiões regulatórias no início e fim, sai do núcleo e vai para o citoplasma, onde estão os ribossomos [42]. Na tradução (Figura 4.7) , a síntese de proteínas ocorre dentro dos ribossomos, e envolve o mRNA e o tRNA. O tRNA (RNA transportador) faz a conexão entre um códon e um aminoácido compatível com esse códon. Cada molécula de tRNA possui, em uma extremidade, uma estrutura compatível com um códon específico, e, na outra extremidade, uma estrutura que se liga facilmente ao aminoácido correspondente. Quando o mRNA passa por dentro do ribossomo, o tRNA, que combina com o códon do mRNA que está no ribossomo, liga-se a ele. O tRNA, ligado ao códon, traz consigo o aminoácido correspondente. Quando o tRNA se liga ao códon, o aminoácido que está ligado ao tRNA se desloca para um local próximo ao aminoácido que 35 Figura 4.6: Processo de síntese de proteínas em procariontes e eucariontes passou pelo mesmo processo anteriormente. Uma enzima apropriada então cataliza a ligação entre os aminoácidos, liberando o aminoácido do tRNA. A ligação entre vários aminoácidos forma a proteína. Quando um códon de parada surge, nenhum tRNA se associa a ele, as duas subunidades do ribossomo separam-se, então a síntese da proteína é finalizada [42]. Figura 4.7: Processo de tradução na síntese de proteínas, utiliza o mRNA e o tRNA. 36 Capítulo 5 A disciplina Biologia Molecular no Moodle Este projeto final envolveu inicialmente pesquisas para a busca de ferramentas úteis ao ensino da Biologia Molecular. Numa segunda etapa, implementamos duas dessas ferramentas, o ambiente Moodle e o software Flash. O Moodle foi escolhido porque o Centro de Educação à Distância (CEAD), vinculado à UnB, gerencia o ambiente Moodle, atendendo a solicitações de professores que queiram utilizar o ambiente em suas disciplinas. O Flash foi a ferramenta escolhida para a criação das animações, porque suas potencialidades são conhecidas e adequadas à demanda do projeto. Além disso, as animações produzidas podem ser disponibilizadas em sites. 5.1 Gestão do Curso A disciplina de Biologia Molecular foi organizada no Moodle utilizando o layout de semanas, a fim de atender à organização seguida pelo professor em um site já existente. Então, cada semana do curso recebeu o seu respectivo material e fórum, que poderiam ser acessados por qualquer integrante da disciplina através de links. O material foi armazenado no Moodle dentro de diretórios (Figura 5.1), um para cada semana, totalizando 8 diretórios. O material era composto de arquivos HTML1 e animações em Flash. Os arquivos HTML, que continham figuras e textos sobre a matéria, foram retirados do site do professor e disponibilizados para download2 no Moodle. O mesmo conteúdo poderia ser acessado diretamente no site do professor, através de links colocados no Moodle. Os arquivos disponíveis para download foram compactados para que não ocupassem tanto espaço 1 O HTLM (HyperText Markup Language) é a linguagem utilizada para criar sites. Um arquivo HTML, quando acessado, tem seu conteúdo exposto através do browser (ferramenta própria para acessar sites na Internet) 2 Processo que consiste em salvar no computador um arquivo que está disponível em outro computador, por meio de uma rede. 37 Figura 5.1: Diretórios onde foram armazenados os materiais. na memória e conseqüentemente tornassem o download mais rápido. A ferramenta escolhida para a compactação foi o Winzip [17], devido à grande quantidade de usuários que a utilizam, e devido a sua compatibilidade com o Winrar [16], outra ferramenta bastante difundida entre os usuários. As animações em Flash foram disponibilizadas no Moodle, através de links diretos para a página na Internet que continha a animação. Nenhuma animação foi disponibilizada para download no Moodle, em respeito à propriedade dos sites. As animações foram encontradas mediante pesquisa, e escolhidas de acordo com sua ligação com o conteúdo da disciplina. Os seminários e provas foram informados no Moodle utilizando a opção “Novo Evento”. Todos os integrantes podem, através do calendário, verificar os eventos agendados do curso. No calendário, os dias que estão em cores representam a existência de eventos, e os usuários podem “clicar” nesses dias para obter mais informações. Quanto às configurações, o curso foi denominado “Biologia Molecular B 01/2007”. Foram atribuídos código de inscrição e descrição. A data de início do curso foi definida para “12 de março de 2007”. A duração do curso foi estabelecida em 16 semanas, de modo que a décima sexta semana foi definida entre o dia 25 junho e 1 de julho, seguindo o cronograma definido pelo professor. Visualmente, cada quadro semanal no Moodle recebeu cores diferentes (Figura 5.2). Para inserir as cores, foi ativada a edição e escolhida a opção “Editar Sumário”, em cada uma das semanas. No modo de edição do sumário (Figura 5.3) , foram utilizadas as opções “Cor das letras” e “Cor do fundo”. Quanto às cores dos links para os materiais, cada um recebeu as cores de sua respectiva semana, tanto a cor do texto do link, quanto a cor de fundo, 38 Figura 5.2: Quadros semanais em cores diferentes. Figura 5.3: Sumário da semana 1. (a) Cor das letras. (b) Cor do fundo (c) Passar ao código HTML. que aparecia quando o ponteiro do mouse estava sobre o link. O Moodle possui um padrão de cores para os links, mas foi possível personalizar as cores utilizando a opção “Passar ao código HTML”, na edição do sumário, e inserir um código HTML para configurar as cores. O código inserido pode entrar em conflito com as configurações do Moodle. Uma cor definida para o link, de uma semana, pode fazer com que todos os links do Moodle as39 sumam aquela cor. O meio utilizado para impedir a interferência de cores foi a utilização do Cascading Style Sheets (CSS) [1], que permite a inserção de estilos, como cores, tipos de fontes e espaçamento, em documentos da web [1]. O CSS possibilita definir uma formatação diferente para cada componente HTML, como links e textos. 5.2 A Síntese de Proteínas em Flash Foram desenvolvidas quatro animações em Flash, utilizando a ferramenta Macromedia Flash MX: uma animação mostrando a estrutura da célula eucariótica (Figura 5.4), outra mostrando a estrutura da célula procariótica (Figura 5.5), e duas animações mostrando a síntese de proteínas, uma para a célula eucariótica (Figura 5.6) e outra para a célula procariótica (Figura 5.7). Figura 5.4: Animação representando a estrutura da célula eucariótica. Para as células eucarióticas, foi feito o desenho do corpo da célula (citoplasma e membrana celular), e os desenhos dos componentes internos: retículo endoplasmático liso, retículo endoplasmático rugoso, centríolo, aparelho de golgi, lisossomo e mitocôndria. Para as células procarióticas, foi feito o desenho do corpo da célula (citoplasma e membrana celular), e o desenho dos componentes internos: nucleóide, ribossomos e mesossomos. Para a síntese de proteínas, a célula eucariótica e a célula procariótica foram representadas por figuras compostas por: corpo da célula, DNA, ribossomos, mRNA e proteínas. A diferença entre as animações das duas células está na presença de um núcleo, na célula eucariótica, que envolve o DNA. Cada desenho da animação foi criado utilizando os recursos presentes na opção Ferramentas. Os desenhos foram criados com o auxílio do mouse e as cores foram definidas no Misturador de Cores. Em todas as animações, o “corpo” da célula, contendo a membrana e o núcleo, ficaram na última camada (último plano da animação). Todos os 40 Figura 5.5: Animação representando a estrutura da célula procariótica. Figura 5.6: Animação representando a síntese de proteínas em uma célula eucariótica. outros componentes da célula ficaram em camadas superiores. Se o corpo da célula fosse trazido para o primeiro plano ele iria ocultar os outros componentes da animação. Cada componente da célula, como ribossomo, proteína e núcleo, foi transformado em um “símbolo”. Para cada componente foi definida uma ação, que deveria ser desencadeada com um clique sobre o componente. As interações consistiram em mostrar quadros explicativos de cada componente que fosse acessado pelo usuário, através de um click. Foram definidos movimentos a todos os componentes internos das células. A movimentação dos componentes foi feita utilizando o recurso “Interpolação de Movimento”, que permite a definição de uma trajetória entre uma posição inicial e final do componente. Foram definidas trajetórias independentes de movimento para cada componente da figura. Para a síntese da proteína, no ribossomo, foi utilizado o recurso de interpolação de forma. 41 Figura 5.7: Animação representando a síntese de proteínas em uma célula procariótica. Foi feito um pequeno ponto, representando o início da proteína, e, no último quadro, foi inserida uma linha de mesma cor do ponto, representando a proteína completa. Com a interpolação de forma, à medida que os quadros são exibidos, o ponto começa a crescer até assumir a forma da linha. As animações foram colocadas em um site na Internet (Figura 5.8), desenvolvido exclusivamente para abrigar as quatro animações. O site foi criado usando código HTML e CSS, que foram inseridos em um editor de texto simples. Nenhuma ferramenta de construção de código foi utilizada para desenvolver o site. Figura 5.8: Página inicial do site que abriga as quatro animações. 42 Capítulo 6 Conclusões e Trabalhos Futuros Neste trabalho implementamos uma plataforma de gestão para o curso de Biologia Molecular do Instituto de Biologia da UnB baseado no Moodle. Além disso, implementamos animações do processo de síntese de proteínas em células eucariontes e procariontes utilizando o Flash. O site contendo as animações pode ser acessado online. O projeto foi importante para o aprendizado das ferramentas utilizadas e para contribuir com o desenvolvimento dos projetos, baseados em EAD, para apoiar o aprendizado de Biologia Molecular. Para trabalhos futuros, sugerimos a ampliação do site, através da criação de outros módulos, e a sua utilização efetiva na disciplina de Biologia Molecular, para que o professor e os alunos conheçam na prática as suas funcionalidades e potencialidades. Além disso, sugerimos a continuidade do desenvolvimento do módulo online de Biologia Molecular, inserindo outras animações e disponibilizando mais textos. Sugerimos também criar e colocar objetos de aprendizagem de Biologia Molecular em um pacote padrão da UnB, para distribuição e compartilhamento. 43 Referências Bibliográficas [1] Cascading style sheets home page. CSS/, 05 2007. http://www.w3.org/Style/ [2] Conheça o e-proinfo. http://www.eproinfo.mec.gov.br/fra_ eProinfo.php?opcao=1, maio 2007. [3] e-proinfo Ambiente Colaborativo de Aprendizagem. eproinfo.mec.gov.br/, março 2007. http://www. [4] Faculty of Education - The Chinese University of Hong Kong. http: //www.fed.cuhk.edu.hk/, abril 2007. [5] Flash. http://www.adobe.com/products/flash/flashpro/, março 2007. [6] Messenger. http://join.msn.com/?page=hotmail/ plans&pgmarket=en-us?id=2&lc=1033, 04 2007. [7] Ministério da Educação. http://portal.mec.gov.br/, abril 2007. [8] Moodle. http://moodle.org/, março 2007. 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