caracterização da cor de massas frescas elaboradas
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CARACTERIZAÇÃO DA COR DE MASSAS FRESCAS ELABORADAS COM FARINHA DE TRIGO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DURANTE O PERÍODO DE ARMAZENAMENTO Fernanda Ortolan1; Helena Sebastiany Coelho1; Valeska Duarte da Silva Goularte1, Paulo Duran da Silva Molina1; Edilene Menezes Aires2; Klebia Viviane Leal Correa2. RESUMO:As massas alimentícias frescas são produtos cada vez mais consumidos, sendo principalmente, elaboradas com farinha de trigo. Tradicionalmente, a massa alimentícia fresca é produzida a partir da semolina de Triticum durum, que tem propriedades reológicas ideais para a sua produção, além disso, por ser rica em pigmentos carotenóides, conferindo cor amarelada ao produto. No Brasil, as condições de solo e clima, não favorecem a produção de Triticum durum, desta forma a maior parte da produção de massas alimentícias é feita a partir de Triticum aestivum, já que esta é a matéria-prima disponível. A farinha de trigo Tipo 1 é a mais utilizada no fabrico de massas alimentícias, pois apresenta coloração mais clara e menor granulometria, quando comparada a farinha de trigo Tipo 2. Porém, as massas elaboradas apenas com farinha de trigo apresentam problemas de escurecimento durante seu armazenamento. O escurecimento de massas alimentícias frescas é um problema muito freqüente e que causa grandes prejuízos à cadeia produtiva do trigo. A cor da massa alimentícia é um fator essencial para avaliar a sua qualidade, sendo que estas modificações ocorrem, especialmente, durante seu processamento e armazenamento. Este trabalho investigou as alterações na cor massas frescas elaboradas com farinhas obtidas de diferentes genótipos de trigo de Unidades de Observação de Cascavel, Paraná, da safra 2004. Foram elaboradas massinhas de farinha de trigo mantidas durante 6 dias sob refrigeração, para acompanhar a evolução da cor. A cor foi determinada em colorímetro, utilizando o sistema CIEL*a*b*. Os dados obtidos neste estudo foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p≤0,01). A luminosidade (L*) das pastas diminuiu significativamente com o armazenamento, enquanto que para os valores de a* e b*, as diferenças foram significativas, entre as amostras e entre os diferentes tempos de armazenamento das massas. As massas frescas produzidas a partir das farinhas dos genótipos BRS 229 e BRS 210 apresentaram valores de L* superior e inferior, respectivamente, aos demais genótipos, logo após a fabricação e ao final do armazenamento. Independente da farinha se apresentar mais clara ou mais escura, a massa Professores do Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete. Acadêmicas do Curso de Tecnologia em Agroindústria do Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete. e-mail: [email protected] 1 2 produzida a partir dela apresentou o fenômeno de escurecimento após o seu fabrico e no final do armazenamento. Palvras-chave: massa fresca, cor, escurecimento, farinha de trigo. ABSTRACT: The fresh pasta products are increasingly consumed and is mainly produced from wheat flour. Traditionally, the fresh food is produced from Triticum durum semolina, which has rheological properties suitable for its production, in addition, it is rich in carotenoid pigments, giving a yellowish color to the product. In Brazil, the climate and soil conditions did not favor the production of Triticum durum, so most of the production of pasta is made from Triticum aestivum, since this is the raw material available. Wheat flour is a type frequently used in the manufacture of pasta, as it has brighter coloration and smaller size when compared to wheat flour type 2. However, the masses made only with wheat flour have problems of browning during storage. The browning of fresh pasta is a very frequent problem that causes great damage to the productive chain of wheat. The color of the food is an essential factor to evaluate their quality, and these changes occur, especially during processing and storage. This study investigated the changes in color fresh pasta made with flour obtained from different wheat genotypes of Units of Observation of Cascavel, Parana, harvest 2004. Noodles were prepared from wheat flour kept for 6 days under refrigeration, to follow the evolution of color. The color was determined by colorimeter using the system CIEL * a * b *. Data from this study were submitted to ANOVA and means were compared by Tukey test (p ≤ 0.01). The lightness (L *) decreased significantly with folders of storage, while for the values of a * b *, the differences were significant between samples and between different storage times of the masses. The fresh pasta made from flour of the genotypes BRS 229 and BRS 210 L * values were higher and lower, respectively, with the other genotypes, after manufacturing and the end of storage. Regardless of the flour is present lighter or darker, mass produced from it presented the phenomenon of browning after production and final storage. Keyworks: fresh paste, color, browning, wheat flour. INTRODUÇÃO As massas alimentícias ou pastas compreendem um grande número de produtos, porém, deve-se ter em mente a definição de um produto ideal. A massa crua ideal deve ser forte mecanicamente, de forma que conserve seu tamanho e forma durante o empacotamento e transporte; deve ser de cor amarela uniforme e, no momento do cozimento em água fervente, o produto deve manter sua forma e não se quebrar ou desmanchar. A massa cozida ideal deve ser firme ao morder (qualidade chamada “al dente”) e a superfície não deve ser pegajosa. A água de cozimento deve ser livre de amido e a pasta deve ser resistente ao excesso de cocção (HOSENEY, 1991). 2 Segundo Brasil (2000), a massa alimentícia fresca é o produto não fermentado, apresentado sob várias formas, recheado ou não, obtido pelo empasto, amassamento mecânico: de farinha de trigo comum, farinha de trigo comum e semolina, semolina, farinha de trigo integral, farinha de trigo durum, semolina do trigo durum, farinha integral de trigo durum, farinhas obtidas de cereais, farinhas obtidas de leguminosas, farinhas obtidas de raízes ou tubérculos; adicionados ou não a outros ingredientes, e acompanhado ou não de temperos, isoladamente ou adicionados diretamente à massa. A qualidade das massas alimentícias depende, além do processamento, da qualidade das matérias-primas utilizadas na sua fabricação e, entre estas, a farinha é a de maior importância (GARIB, 2002). As pastas podem ser preparadas a partir da mistura de farinha de trigo e água, mas é muito comum a adição de outros ingredientes, que visam à melhoria nas qualidades tecnológicas organolépticas, como, por exemplo, a cor e sabor. Tradicionalmente, o trigo durum é a matéria-prima de escolha para a produção de pasta de alta qualidade, pois possui uma característica de dureza que produz bons rendimentos de semolina, que é a fração media purificada do trigo durum (DEXTER & MATSUO, 1980; HOSENEY, 1991; DONNELLY & PONTE, 2000; KOVACS et al., 2004; VETRIMANI et al., 2005). A pasta produzida a partir da semolina do trigo durum tem propriedades reológicas ideais para a sua produção, além disso, por ser rica em pigmentos carotenóides, que confere uma cor amarelada ao produto (DEXTER & MATSUO, 1980; HOSENEY, 1991). No entanto, as massas podem ser produzidas a partir da farinha de trigo comum (KOVACS et al., 2004; VETRIMANI et al., 2005). O trigo durum é produzido principalmente na Europa e América do Norte, o que torna a utilização desta matéria prima, em muitos países, impossibilitada pelo elevado custo e também pela disponibilidade em relação aos demais (GARIB, 2002). Existem países como o Brasil, em que a maior parte da produção de massas é feita com trigo comum, já que esta é a matéria-prima disponível. As modificações na cor de massas alimentícias ocorrem, especialmente, durante seu processamento e armazenamento (TRONO et al., 1999). O fenômeno de escurecimento pode reduzir a aceitação destes produtos por parte dos consumidores e a qualidade destes produtos (PARK et al., 1997; SIMEONE et al., 3 2002). A cor das massas é significativamente afetada pela luminosidade da farinha de trigo que as originou (POMERANZ, 1988). O escurecimento de massas alimentícias frescas é um problema muito freqüente e que causa grandes prejuízos à cadeia produtiva. O produtor desconhece este problema, por isto não se preocupa em selecionar cultivares para a produção de massas; o moageiro fica susceptível as reclamações da indústria que diz que a farinha não é adequada ao produto; a indústria não sabe o que fazer para evitar ou minimizar o escurecimento, que causa a depreciação do produto e a diminuição de sua vida de prateleira e o consumidor, por sua vez, acaba rejeitando o produto ou muitas vezes consumindo um produto com aspecto indesejável, sem a qualidade organoléptica que deveria ter. A cor da pasta é um fator essencial para avaliar a sua qualidade. Durante o seu armazenamento ocorrem alterações na sua cor, reduzindo a preferência destes produtos por parte dos consumidores, por apresentar coloração tendendo ao escuro (VADLAMANI & SEIB, 1996; PARK et al., 1997). A causa do escurecimento é complexa e possui bases tecnológicas e bioquímicas (SIMEONE et al., 2002). A cor das massas alimentícias frescas pode ser determinada pela sua luminosidade (L*), pois este parâmetro é um indicador da luz refletida por estas amostras. O valor de L* varia de 0 (zero) para o preto absoluto e 100 (cem) para o branco absoluto, portanto, uma massa escura é aquela que apresenta um baixo valor de luminosidade (FEILLET et al., 2000). São muitos os fatores que interferem na cor destes produtos, dentre eles existe a contribuição da interação genótipo x ambiente, que influencia as características de qualidade do grão e da farinha de trigo. Por exemplo, dentro de uma mesma cultivar pode haver variações no teor de proteínas (um dos fatores envolvidos no escurecimento), dependendo do local de plantio e condições climáticas (MATSUO et al., 1982). O escurecimento da pasta é o resultado de um escurecimento inerente do endosperma (neste caso o fator dominante é a contaminação da farinha com partículas finas do farelo e gérmen), o grau de pureza da farinha ou semolina e as reações bioquímicas que ocorrem durante o processamento e armazenamento de massas (MATSUO et al., 1982; FEILLET et al., 2000; DAVIES & BERZONSKY, 2003). 4 MATERIAL E MÉTODOS Material As amostras de farinha de trigo (Triticum aestivum L.) utilizadas neste trabalho foram obtidas de experimentos com a cultura de trigo, conduzidos por órgãos oficiais de pesquisa, realizados na cidade de Cascavel, localizada no Estado do Paraná, durante o ano de 2004. Os genótipos utilizados foram os seguintes: BRS208, BRS 210, BRS 220, BRS 229, BRS 248, BRS 249, WT00246, PF 970176, PF 970177 e PF 990695. Preparo e análise de cor das pastas de farinha de trigo As pastas ou massas frescas foram preparadas com farinha de trigo, água destilada e conservante sorbato de potássio para análise da estabilidade da cor. A produção das pastas e análise de cor de cada cultivar e linhagem de farinha de trigo foram realizadas em triplicata, totalizando 30 massas, para posterior estudo da cor. Os ingredientes foram misturados manualmente da seguinte forma: para cada amostra, foi pesado, exatamente, 50g de farinha de trigo e adicionado água destilada em quantidade suficiente para englobar todas as partículas da farinha (aproximadamente, 25mL) e 0,001g (máximo 0,1g/100g) de sorbato de potássio, conforme padrões estabelecidos por Brasil (1999). A mistura manual foi realizada durante 5 minutos exatos. As massas preparadas foram acondicionadas em recipientes adequados para a realização da leitura de cor, e armazenadas sob refrigeração, temperatura próxima a 5°C. A cor das massinhas foi determinada pelo sistema CIELAB em equipamento Minolta CR 310 (iluminante C ou 65 e ângulo 10º), através dos parâmetros de cor: L* (luminosidade), a* e b* (coordenadas de cromaticidade), medidos no próprio aparelho, da seguinte forma: primeira leitura logo após o término da preparação de cada uma das massinhas, e as leituras seguintes durante os cinco dias posteriores a primeira leitura, conforme ordem estabelecida no primeiro dia, totalizando 6 leituras de cor. Após este período, as massinhas foram descartadas. Análise estatística Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo as diferenças entre as médias comparadas pelo teste de Tukey, através do programa ESTAT – Sistemas para Análises Estatísticas – Versão 2.0 (1995). Foi 5 realizada análise de correlação com as médias dos dados obtidos usando programa STATISTICA for Windows - Release 6.0 (1993). RESULTADOS E DISCUSSÃO A cor das massas alimentícias frescas é o resultado da combinação das características associadas ao trigo (variedade e condições de plantio), a moagem (condicionamento e taxa de extração de farinha), a farinha (composição centesimal e qualidade tecnológica) e ao processamento das pastas. No caso de massas alimentícias secas, isto é, aquelas que passam por um ciclo de secagem, onde se aplicam altas temperaturas (~80°C) e baixos teores de umidade (≤15%), pode ocorrer à reação de escurecimento não enzimático ou reação de Maillard, porém, para as massas frescas, o escurecimento é resultado de complexas reações bioquímicas iniciadas por enzimas oxidativas. A cor da pasta é ainda afetada pelos componentes da farinha que a originou, como, por exemplo, teor de cinzas e proteínas e conteúdo de pigmentos, que ocorrem naturalmente no trigo. Sabe-se que, durante o armazenamento, as massas frescas têm sua coloração alterada com o prolongamento do tempo de estocagem, passando da tonalidade amarelo-clara, característica de produtos de boa qualidade, à coloração escura, fenômeno conhecido como escurecimento. Muitos autores (VLADAMANI & SEIB, 1996; HATCHER & KRUGER, 1997; CLEMENTE & PASTORE, 1998; FEILLET et al., 2000), atribuem esta alteração na cor das pastas a reações oxidativas de natureza enzimática, envolvendo compostos fenólicos. Algumas destas reações são, principalmente, iniciadas após a desestruturação das membranas celulares, que podem ser causadas por injúrias mecânicas, como é o caso do processo de moagem do trigo. A coloração das pastas depende, em grande parte, da forma de preparo empregada no seu processamento, do armazenamento e do seu grau de umidade, o que diferencia as massas secas das frescas, em relação às modificações de cor. Na Tabela 1, são apresentados os resultados de cor para as pastas das farinhas dos diferentes genótipos de trigo, avaliada de forma objetiva pelo colorímetro durante o armazenamento por um período de seis dias. A avaliação dos genótipos de trigo pela medida de cor em um intervalo fixo de 24 horas após a manufatura da massa, serve como um informativo sobre o desenvolvimento de 6 possível cor escura. Para monitorar as mudanças de cor das pastas, pode-se utilizar o espaço de cores L*a*b* (FEILLET et al., 2000). Para os valores de luminosidade (L*), da dimensão vermelho-verde (a*) e da dimensão amarelo-azul (b*) ocorreu variações significativas entre os tratamentos (p≤0,01). O escurecimento das pastas é relatado, principalmente, a sua luminosidade (FEILLET et a., 2000). Quando a luminosidade se mostra com baixos valores, significa que as amostras escureceram com o passar do tempo. As pastas produzidas a partir das farinhas dos genótipos BRS 229 e BRS 210 apresentaram valores de L* superior e inferior aos demais genótipos logo após a fabricação e depois de decorrido seis dias de armazenamento. A luminosidade da pasta elaborada com farinha de trigo do cultivar BRS 229 foi maior quando comparada aos demais genótipos, atribuído ao fato deste cultivar originar uma farinha clara (L*=97,30), desejável para a elaboração de massas alimentícias frescas, as quais escurecem rapidamente após o seu fabrico. Os resultados apresentados para L* na Tabela 1 podem ser comprovados pela Figura 1, a qual mostra as variações de L* para as diferentes pastas produzidas, em relação ao período de armazenamento. 10 0 ,0 0 9 8 ,0 0 9 6 ,0 0 BR S 208 Coordenada L* 9 4 ,0 0 BR S 210 BR S 220 9 2 ,0 0 BR S 229 9 0 ,0 0 BR S 248 BR S 249 8 8 ,0 0 WT 00246 8 6 ,0 0 P F 970176 8 4 ,0 0 P F 970177 P F 990695 8 2 ,0 0 8 0 ,0 0 1 2 3 4 5 6 Período de Armaz enamento (Dias) FIGURA 1: Variação dos valores de luminosidade (L*) durante o período de analise de cor das massas frescas produzidas a partir de farinhas de trigo de cultivares do Paraná - Safra 2004. A cor da pasta é dependente da cor da farinha de trigo que a originou (KOBREHEL et al., 1972). Os resultados demonstram que, independente, da farinha 7 se apresentar mais clara ou mais escura, a pasta produzida a partir dela apresenta o fenômeno de escurecimento após o seu fabrico. As alterações dos valores de L* das pastas podem ser atribuídas às reações de escurecimento oxidativas. 8 TABELA 1: Valores dos parâmetros de cor: L*a*b* (CIE, 1976), conforme o período de análise de cor das massas frescas produzidas a partir de farinhas de trigo de cultivares do Paraná - Safra 2004. 1° Dia 2° Dia 3° Dia 4° Dia 5° Dia 6° Dia Amostra* L* a* b* L* a* b* L* a* b* L* a* b* L* a* b* L* a* b* BRS 208 97,90 ab 0,50 f -0,29 a 93,34 b 1,67 b 1,44 bcd 91,08 de 1,48 b 4,62 bcde 87,75 cd 2,12 b 8,14 bcd 86,00 cd 5,08 a 7,25 bc 86,68 cd 2,35 b 8,07 bcde BRS 210 94,22 d 3,26 d 0,02 a 87,59 c 4,83 a 1,92 bcd 88,54 e 4,25 a 1,37 cde 85,39 d 4,53 a 5,51 cd 83,98 d 4,74 ab 4,75 c 84,41 d 4,51 a 4,51 cde BRS 220 97,25 abc 0,24 f 1,77 a 95,49 ab -3,28 d 15,56 a 96,22 abc -3,86 f 16,89 a 93,15 ab -2,84 g 20,47 a 91,10 abc -2,06 d 19,49 a 91,49 abc -2,07 f 18,92 a BRS 229 98,92 a 6,14 b -15,07 c 97,48 ab 0,57 bc 0,53 cd 98,75 a 0,07 cd -0,13 de 96,62 a 0,13 e 3,56 d 95,66 a 0,37 cd 3,35 c 96,02 a 0,16 de 3,52 e BRS 248 96,91 bc 4,64 c -9,53 b 95,44 ab 0,10 c 4,72 b 94,26 bcd -0,62 de 8,81 b 91,18 bc 0,04 e 13,03 b 88,68 bcd 0,82 cd 12,69 b 88,46 bcd 1,00 cd 11,83 b BRS 249 96,35 bc 8,35 a -17,31 c 95,13 ab 1,79 b -1,95 d 93,42 cd 1,68 b -0,94 e 91,13 bc 1,54 bc 3,86 d 89,94 bc 1,76 abc 4,42 c 89,73 bcd 1,66 bc 3,77 de WT 00246 95,90 cd 4,86 c -9,19 b 94,51 ab 0,74 bc 3,98 bc 93,98 bcd -0,01 cd 7,31 bc 89,97 bcd 0,89 cd 11,76 b 88,38 bcd 1,48 abcd 10,89 b 88,17 bcd 1,51 bc 10,23 bcd PF 970176 97,21 abc 0,12 f 2,48 a 98,48 a -0,48 c 1,82 bcd 98,04 ab -1,44 e 5,26 bcd 93,61 ab -0,79 f 11,04 bc 91,47 ab -0,20 cd 11,25 b 91,34 abc -0,06 e 10,64 bc PF 970177 94,27 d 1,89 e 1,58 a 94,47 ab 1,71 b 0,08 cd 95,96 abc 1,12 bc -0,93 e 93,67 ab 0,86 d 4,05 d 93,01 ab 1,04 bcd 3,72 c 93,19 ab 0,82 cde 4,34 cde PF 990695 95,66 cd 0,14 f 4,48 a 96,50 ab -0,61 c 4,84 b 95,95 abc -1,56 e 8,91 b 91,79 bc -0,42 ef 12,91 b 89,45 bc 0,20 cd 12,28 b 89,81 bcd 0,15 de 12,22 b Letras minúsculas diferentes nas colunas diferem significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,01) * Pastas produzidas das farinhas de trigo dos genótipos avaliados. 9 As diferenças inicial e final na cor das massas frescas estão associadas às características de qualidade do trigo ou ao processo de moagem ou ambos, estando relacionados à cor da farinha de trigo. Massas frescas podem desenvolver cor escura durante a sua estocagem. Esta característica é relatada a atividade da polifenoloxidase e da peroxidase, sendo uma característica varietal da farinha de trigo (BORRELI et al., 1999). A cor da massa também é influenciada pelas condições de processamento e é considerada como um dos mais importantes fatores negativos sobre a qualidade de pastas (CORKE et al., 1997). A cor das pastas é um dos principais fatores que influenciam sua qualidade, embora, nem sempre afetem os valores nutricional e tecnológico do produto, influencia grandemente a aceitação pelos consumidores. O escurecimento mostrado pelas pastas (Figura 1) é, principalmente, resultado da ação da enzima polifenoloxidase. Além da PPO outras enzimas podem estar envolvidas na alteração de cor das pastas, como: α-amilase, peroxidase (POD) e lipoxigenase (LOX), esta ultima por sua vez, causa redução na cor amarela da pasta durante o armazenamento (VLADAMANI & SEIB, 1996). Em relação aos valores de a* e b*, os resultados mostrados na Tabela 1 mostram diferenças altamente significativa entre as amostras durante o armazenamento das pastas (p≤0,01). Os resultados obtidos demonstram uma redução nos valores de a* e aumento de b* do início ao fim do armazenamento, como comprovado pela Figura 2 (A e B) que apresenta as variações de a* e b* das pastas produzidas a partir das farinhas dos diferentes genótipos avaliados. De maneira geral, as pastas produzidas apresentaram, inicialmente, uma tendência à cor vermelha, depois de decorrido seis dias de armazenamento, verifica-se que as amostras apresentaram afastamento da cor vermelha e um incremento da cor verde, representado pelos valores negativos obtidos para a coordenada a*. Este fato é, principalmente, explicado pelas reações oxidativas que ocorrem durante o armazenamento de pastas, iniciado pela PPO. 10 (A) 10 Coordenada a* 8 6 4 2 0 -2 1 2 3 4 5 6 -4 B R S 208 B R S 210 B R S 220 B R S 229 B R S 248 B R S 249 WT 00246 P F 970176 P F 970177 P F 990695 -6 Período de Armaze name nto (Dias) (B) 25 20 Coordenada b* 15 10 5 0 -5 1 2 3 4 5 -10 -15 6 B R S 208 B R S 210 B R S 220 B R S 229 B R S 248 B R S 249 WT 00246 P F 970176 P F 970177 P F 990695 -20 Pe ríodo de Armaz enamento (Dias) FIGURA 2: Variação dos valores de luminosidade (b*) durante o período de analise de cor das massas frescas produzidas a partir de farinhas de trigo de cultivares do Paraná - Safra 2004. As reações bioquímicas responsáveis pela alteração de cor são dependentes da presença de oxigênio no meio, acelerando estas modificações. A variação significativa de cor das pastas de farinha de trigo nas dimensões vermelha-verde e amarelo-azul pode ser devido à provável influência do tempo de amassamento das amostras, incorporando mais ou menos oxigênio à massa, associado à sensibilidade do equipamento utilizado para a realização dos ensaios de cor. Entre as amostras de farinha houve uma diferença significativa para o valor de b* (relatado aos carotenóides), durante todo o período de análise. Oliver et al. (1993) relatam que a cor amarela da farinha e das pastas é relacionada com a coordenada de cromaticidade b*. De maneira geral, os 11 valores de b* (amarelo-azul) apresentaram um aumento durante o armazenamento das pastas. O alto conteúdo de pigmentos amarelos da farinha de trigo é um dos atributos de qualidade desejáveis na produção de massas alimentícias frescas. De acordo com Borrelli et al. (1999) e Trono et al. (1999), durante o armazenamento das pastas ocorre uma redução dos carotenóides, devido à ação da enzima lipoxigenase (LOX), resultando em massas rejeitadas por consumidores, que preferem massas amareladas. A ação da lipoxigenase é determinada por fatores genéticos com influencia parcial dos fatores ambientais. Mediante este fato, pode-se perceber que as amostras não mostraram redução da cor amarela como era o esperado. Isto significa que, provavelmente, as amostras apresentem pouca atividade da LOX. Estas amostras se tornariam uma alternativa para a produção de massas alimentícias frescas, já que, ao contrario do que se esperam, elas não perdem tons amarelos desejáveis nestes produtos após um curto período de armazenamento. CONCLUSÕES As características das pastas de farinha de trigo durante o armazenamento por seis dias, sob refrigeração foi o seguinte: • A luminosidade (L*) das pastas diminuiu significativamente com o armazenamento, enquanto que para os valores de a* e b*, as diferenças foram significativas, entre as amostras e entre os diferentes tempos de armazenamento das pastas. • As pastas produzidas a partir das farinhas dos genótipos BRS 229 e BRS 210 apresentaram valores de L* superior e inferior, respectivamente, aos demais genótipos, logo após a fabricação e ao final do armazenamento. • Independente da farinha se apresentar mais clara ou mais escura, a pasta produzida a partir dela apresentou o fenômeno de escurecimento após o seu fabrico e no final do armazenamento. 12 REFERÊNCIAS BORRELI, M.; TROCCOLI, A.; DI FONZO, N.; FARES, C. Durum wheat lipoxygenase activity and other quality parameters that affect pasta color. Cereal Chemistry, v.76, n.3, p.335-340, 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. 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