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XI Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e II Congresso Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano SIMPÓSIOS (Caderno de Resumos) PPGL/UNIOESTE – CAMPUS DE CASCAVEL – 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013 COORDENAÇÃO GERAL: Antonio Donizeti da Cruz Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza Lourdes Kaminski Alves Ximena Antonia Díaz Merino COMISSÃO CIENTÍFICA: Acir Dias da Silva (Unioeste/FAP) Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (Unioeste) Aleilton Fonseca (Escritor – Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS) Antonio Donizeti da Cruz (Unioeste) Beatriz Helena Dal Molin (Unioeste e membro da Academia Cascavelense de Letras) Carmen Luna Sellés (Universidade de Vigo – UV – Espanha) Carmen Santander (Universidad Nacional de Misiones – Argentina) Clarice Lottermann (Unioeste) Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (Filosofia – Unioeste) Gilmei Francisco Fleck (Unioeste) Gloria Kirinus (Escritora – Peru/Brasil) Irina Ráfols (Escritora – Paraguai/Uruguai) João Wanderley Geraldi (Universidade Estadual de Campinas – IEL – UNICAMP) José Kuiava (Unioeste) Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes – UA – Merida – Venezuela) Lourdes Kaminski Alves (Unioeste) María Rosa Lojo (Escritora – Universidad de Buenos Aires, UBA – Argentina) Paulo Astor Soethe (UFPR) Paulo Bungart Neto (UFGD) Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD) Regina Coeli Machado e Silva (Unioeste) Rita Felix Fortes (Unioeste) Susy Delgado (Escritora – Paraguai) Valdemir Miotello (Universidade Federal de São Carlos) Ximena Antonia Díaz Merino (Unioeste) Zilá Bernd (UFRGS – Unilassale) Organização do Caderno de Resumos: Antonio Donizeti da Cruz Antonio Rediver Guizzo Maíra ISSN: 2175-943X RESUMO DAS CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS - Conferência com o Prof. Dr. João Wanderley Geraldi (Universidade Estadual de Campinas – IEL – UNICAMP) TEMA – CONFLUÊNCIAS ENTRE LITERATURA E LINGUÍSTICA: ENCONTRO COM OUTROS CAMPOS E OUTROS SABERES LITERATURA E LINGUÍSTICA Outros campos, outros saberes João Wanderley Geraldi. Unicamp [email protected] RESUMO: A linguagem, concebida como uma atividade constitutiva de si mesma e das consciências dos sujeitos falantes, de natureza material sígnica, acomoda-se a diferentes trabalhos dos sujeitos dentro das condições sociais mais amplas em que estes operam. Assim, poderíamos distinguir dois pontos no continuum da atividade linguística: aquele do trabalho que pretende construir referências explícitas ainda que utilizando um medium em si relativamente indeterminado (as línguas em seu sentido sociológico), de que nosso melhor exemplo seria o discurso científico; do outro lado deste fio contínuo, outro trabalho se faz: o trabalho estético que tomando o mesmo medium busca construir por seleção e composição, e apesar das seleções e composições, um objeto aberto às compreensões: a obra de arte verbal. A natureza do material é a mesma (e por isso não se precisa apelar para uma suposta “linguagem literária”), mas o trabalho e suas intenções são distintos. Partilhando o mesmo ponto de partida, a mesma materialidade – a palavra – e fundando-se cada uma das enunciações (estética ou científica, quotidiana ou solene) na avaliação social (do contexto e dos recursos expressivos mobilizáveis), linguística e estudos literários têm pontos de contato e pontos de distanciamento. Um estudo linguístico de uma obra literária poderá fornecer inúmeras descobertas ao linguista, mas dirá muito pouco sobre o objeto estético que toma como “monumento” para sua análise, como mostram as críticas ao “formalismo” (cf. Volochínov, Medvedev). Um estudo dos recursos estilísticos mobilizados num discurso científico pouco dirá sobre a teoria e a metodologia que o fundam. Por isso as categorias analíticas são distintas. As metodologias são distintas. No entanto, ao produzirem saberes diferentes, nem uma nem outra podem esquecer que são as relações sociais que precisam ser compreendidas: como elas se entrelaçam em cada uma destas enunciações e nelas se marcam. Por neste terreno comum os dois campos é reencontrar-se com as ciências sociais, com a sociologia, com a antropologia, com a política e com a economia. Um divórcio depois de quase um século de tentativas de se fazer uma ciência matemática da linguagem e da literatura, objetivo que atraiu tantos pesquisadores dos dois campos. Ninguém pensa, obviamente, de opor-se à afirmação segundo a qual o estudo da arte verbal necessita do aporte de uma ciência da palavra, isto é, da linguística. V. Volochínov. Mesa redonda – SUJEITOS, FRONTEIRAS E IDENTIDADES NA AMÉRICA LATINA Profª Drª Carmen Santander (Universidad Nacional de Misiones - Argentina) Prof. Dr. Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD) Profª Drª Rita Felix Fortes (Unioeste) Debatedora: Profª Drª Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (Unioeste) TERRITORIOS INTERCULTURALES. INTERSUBJETIVIDAD E IDENTIDAD(ES) FRONTERIZAS. Carmen Santander (UNaM) [email protected] RESUMEN: La problemática que nos convoca en esta mesa, Sujetos, Fronteras e Identidades provoca y desafía al debate porque desde nuestra mirada, y desde nuestro lugar de enunciación - el territorio misionero - sería imposible establecer generalizaciones para toda América Latina. Pensamos que no existe una única forma de configurarla; no intentamos buscar esencias y centros únicos que establezcan lo binario entre el yo y el otro sino revisar el papel de la alteridad y la intersubjetividad en la configuración de lo identitario en territorios interculturales. Esta operación de lectura, en la que estamos comprometidos nosotros mismos, la hemos pensado como un territorio identitario con fronteras móviles, como un lugar de la cultura en tanto zonas de transacción, negociación y pasajes perpetuas. Cabe preguntarnos ¿podemos abstraer esas dimensiones para señalar sus singularidades?. Pensamos que resultaría pertinente argumentar sobre la situación cultural compleja, desde la interculturalidad y no desde una mirada homogeneizadora y monológica; esto nos brindará la oportunidad de reflexionar acerca de los desplazamientos, despliegues y repliegues de los proyectos creadores y de la dinámica de la vida cotidiana en relación con el desglose de una unidad geográfica-cultural. Ésta es concebida como una construcción en la que se intersectan nociones como frontera, región, provincia, tradición, campo intelectual, instituciones culturales. Por lo tanto, son ellas las claves para construir la referencialidad histórica, cultural, que abrigan y sostienen las tramas territoriales. PALABRAS CLAVE: Territorios; Interculturalidad; Intersubjetividad; Identidad(es); Frontera. FRONTEIRAS EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS Rita Felix Fortes (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: No presente estudo – partindo dos conceitos de “Entre-lugar do discurso latinoamericano”, de Silviano Santiago, e d´ “O caminho do meio”, de Zilá Bernd –, objetiva-se analisar como Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa, se insere em uma encruzilhada da qual partem e para a qual convergem várias fronteiras, dentre as quais se destacam: o sertão como um espaço precisamente delimitado, ainda caótico, isolado e marginal, mas já “ameaçado” pelo progresso e pela modernização que dele se abeira; o sertão como uma representação do mundo, no que este tem de mais inefável e infando, caótico e maravilhoso, por isso, infinito; a transição de Riobaldo de bastardo, à margem da sociedade organizada – que tem na carreira de jagunço seu espaço de ascensão social –, à legalidade de fazendeiro abonado, respeitável e respeitado, mas ainda assombrado pelo “pobre menino do destino” que fora. Ou seja, pretende-se responder brevemente: de onde se fala em Grande de sertão: veredas? Quem fala? Porquê fala? Para quem fala? O quê fala? PALAVRAS-CHAVE: Grande sertão: veredas; fronteiras; sertão; entre-lugar. VOZES NAS ORILHAS, OU O REGIONAL NA REPRESENTAÇÃO DA CULTURA Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD) [email protected] RESUMO: Desde a conhecida hipótese de Ángel Rama acerca das “comarcas culturais”, entendese que o espaço regional resulta transfronteiriço, transnacional, uma vez que a ideia de fronteira mais une que separa; daí que, a zona do Rio da Prata tem ramificações em espaços nacionais como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Hoje em dia, procede-se à reelaboração do conceito teóricocrítico do “regionalismo” e, consequentemente, das produções literárias que, segundo a perspectiva da crítica literária e cultural latino-americana, têm caracterizado um amplo espectro de “regiões” (zonas) literárias, eixos de encontro e de diferentes matizes sob a chave da cor local, onde o rótulo de “região” ou regional encontra-se com o de “localidade”, enunciações de lugares. Propõese, assim, refletir sobre as relações entre enunciações de vozes regionais e a prevalência da oralidade em textos que prefiguram aspectos da voz-matriz do regionalismo, particularmente atento às localizações em que a “selva” supre o caudaloso substrato de várias literaturas regionais. Ou seja: passando em revista o discurso teórico-crítico sobre o assunto, visando à desierarquização do quadro historiográfico, procura-se recuperar narrativas como resultantes da oralidade e da cultura descentrada, cuja mediação mostra-se na contraface das relações entre literatura, regionalismo e representação cultural. Assim, Selva Trágica (1956), de Hernâni Donato, e A Selva (1930), do escritor luso-brasileiro Ferreira de Castro, são vistas como paradigmáticas, ao imprimirem na representação do regionalismo o drama que retratam, em reverberante “grito” das histórias locais, seja a extração da erva mate na fronteira Brasil-Paraguai, seja o “inferno verde” no seringal amazonense. PALAVRAS-CHAVE: Interculturalidade; Regiões Culturais; América Latina; Fronteira BrasilParaguai; Regionalismos culturais. Mesa redonda – LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA Prof. Dr. Aleilton Fonseca (Escritor – Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS) Profª Lic. Susy Delgado (Escritora - Universidade Nacional de Assunção – UnA – Paraguai) Profª Drª María Rosa Lojo (Escritora - Universidad de Buenos Aires, UBA - Argentina) Debatedor: Prof. Dr. Gilmei Francisco Fleck (Unioeste) A NARRATIVA DE CANUDOS: HISTÓRIA E FICÇÃO; DIÁLOGOS E CONFRONTOS Aleilton Fonseca (UEFS/ALB) [email protected] RESUMO: A Guerra de Canudos (1896-1897), ocorrida no sertão da Bahia, envolvendo o exército republicano e os camponeses assentados no Arraial de Belo Monte, sob a liderança do beato Antônio Conselheiro (1830-1897), constitui um fato histórico e um tema literário dos mais relevantes, férteis e polêmicos do país. Ao longo dos anos, textos das ciências sociais, em particular a História, e das literaturas oral, escrita e de cordel vêm compondo um vasto ciclo de pensamento, confrontação ideológica e avaliação crítica, no qual concorrem diversas textualizações dos fatos, em diferentes perspectivas, estabelecendo versões, representações e interpretações acerca do conflito. A partir de considerações teóricas e metodológicas de diversos estudiosos, discutiremos alguns aspectos da narrativa de Canudos, identificando pontos convergentes e divergentes, nos diálogos e confrontos das versões historiográficas e das representações literárias. Para tal, utilizaremos textos de Euclides da Cunha, sobretudo Os sertões (1902) e “A nossa vendeia” (1897), o poema Tragédia épica (Guerra de Canudos) (1900), de Francisco Mangabeira, além de textos de cordel e de romances como A guerra do fim do mundo (1981) de Vargas Llosa, e O pêndulo de Euclides (2009), de Aleilton Fonseca. O nosso objetivo é refletir sobre a pluralidade de vozes que tecem a recepção da guerra, como fato histórico, social e humano, enquanto relato historiográfico e ensaístico, e como representação literária e simbólica, num processo dialógico de revisão constante de “verdades” e conceitos estabelecidos. PALAVRAS-CHAVE: A Guerra de Canudos; Representações de Canudos; Poesia e ficção de Canudos. LA POESÍA GUARANÍ CONTEMPORÁNEA. DEL MÍTICO AYVU A LA ASUNCIÓN DEL JOPARA Suzy Delgado Escritora - Paraguay RESUMEN: La poesía guaraní de las últimas décadas viene haciendo un camino de reencuentro con algunas fuentes culturales despreciadas y relegadas hasta entonces, luego de una época de profunda identificación con ciertos patrones traídos por los conquistadores. La primera de esas fuentes ha sido la gran poesía indígena recogida de los cantos míticos indígenas, prácticamente desconocida hasta mediados del siglo XX. El hallazgo de esos cantos míticos significó el rescate de los grandes valores de la cultura guaraní, en especial el del valor supremo de la palabra, que marcó profundamente la nueva poesía guaraní. La segunda fuente corresponde a la materia lingüística de la poesía nueva y se refiere a la asunción paulatina de la mezcla idiomática que se heredó del mestizaje y se reflejó en las expresiones poéticas paraguayas desde los primeros años de la colonia, antes de merecer una fuerte descalificación y su consecuente relegamiento, en las últimas décadas. Esta asunción significa no solo la opción por la lengua viva de estos tiempos de globalización – anárquica y caótica en muchos aspectos-, sino el reencuentro con la herencia de la poesía popular que alcanzó voces admirables que calaron profundamente en la sensibilidad del pueblo. PALABRAS CLAVE: Guaraní; Indígena; Palabra; Globalización; Mezcla. LUCIO V. MANSILLA Y EL LADO OCULTO DE LA MEMORIA PATRIA María Rosa Lojo (CONICET-UBA-USAL) [email protected] RESUMEN: Lucio V. Mansilla (1831-1913), sobrino y ahijado del dictador y caudillo federal Juan Manuel de Rosas, asume en su singular literatura la voz de los que fueron vencidos o pronto lo serán, y que, afuera o adentro del país, quedarán desplazados del centro del poder. A la inversa de los Recuerdos de Provincia que el joven y ambicioso Sarmiento aspira a convertir en su pasaporte a la gloria, los recuerdos del maduro Mansilla se construyen con lo dejado de lado por el panteón oficial, con lo desechado por el Progreso y lo oculto para los vencedores. La memoria personal se entrelaza con la Historia patria, narrada como un secreto de familia que solo se puede contar desde adentro. Bisagra entre tiempos y mundos, su obra anticipa también la mirada antropológica contemporánea sobre las culturas originales, y revela “los misterios del siglo XIX”, en las historias de marginales y marginados, en el borde de la civilización, que cruzan sus páginas. Su experiencia juvenil de viajero al Oriente Lejano lo coloca tempranamente en el lugar del “otro” para la mirada hegemónica de las potencias coloniales, y anticipa una vida de continuo tránsito, en el “entrelugar” o el “corredor” que enlaza las culturas y disuelve y relativiza la rígida antinomia de “civilización” y la “barbarie”. Su narrativa resulta así un espacio privilegiado para reflexionar sobre la complejidad, la hibridez, las paradojas, de la identidad argentina y latinoamericana en general y la construcción, a menudo mutilada, de las “memorias” nacionales. PALABRAS CLAVES: Mansilla; Marginales; Familia; Memoria; Nación. Mesa redonda – LITERATURAS LATINO-AMERICANAS E ESTUDOS PÓS-COLONIAIS Profª Drª Carmen Luna Sellés (Universidade de Vigo – UV – Espanha) Profª Drª Ximena Antonia Díaz Merino (Unioeste) Debatedor: Prof. Dr. Acir Dias da Silva (Unioeste/FAP) HISTORIA, MEMORIA Y DISCURSO IDEOLÓGICO EN LA LITERATURA EN LENGUA ESPAÑOLA A TRAVÉS DE LA FIGURA DE LOPE DE AGUIRRE Carmen Luna Sellés (UVIGO) [email protected] RESUMEN: Desde los estudios culturales analizaremos la figura histórica de Lope de Aguirre ficcionalizada en varias obras literarias escritas en lengua española como la novela Lope de Aguirre. Príncipe de la libertad de Miguel Otero Silva o la pieza de teatro Lope de Aguirre de Gonzalo Torrente Ballester. Los estudios culturales inmersos en los debates acerca de la memoria histórica nos servirán de marco teórico para indagar en los conceptos de Historia, Memoria y Discurso a través manifestaciones literarias concretas que ficcionalizan la figura de Lope de Aguirre. Esta figura, largamente frecuentada por artistas y pensadores de todos los tiempos desde Bolívar y ValleInclán o cineastas como Herzog o Saura, tanto peninsulares como latinoamericanos, se mueve entre la mitificación y la desmitificación, lo que nos permitirá reflexionar sobre los discursos históricoliterarios confrontados como herramientas políticas e ideológicas y de las transformaciones históricas de identidades cuya posibilidad radica en la reescritura. Para ello atenderemos no sólo a las obras literarias anteriormente mencionadas sino también a los principales documentos históricos contemporáneos a Lope de Aguirre y que tratan sobre él y su empresa de conquista y rebelión. PALABRAS CLAVE: Historia; Memoria; Discurso; Mitificación; Lope de Aguirre. POESIA EM DOBLE REGISTRO: UMA ESTRATÉGIA DE RESISTENCIA CULTURAL DO POVO MAPUCHE Ximena Antonia Díaz Merino (Unioeste) [email protected] RESUMO: A reflexão sobre os sistemas de opressão e subyugación vivenciados pelos povos da América Latina faz emergir um sujeito denunciador que se revela nos processos de resistência. Resistência mediante a qual esse sujeito denunciador se transforma num sujeito social que através de seu discurso torna possível a recuperação de sua história e de sua cultura. O sujeito latinoamericano comprometido com os processos de resistência, entendidos como a luta que objetiva a recuperação de uma história e de uma cultura, se transforma em um sujeito denunciador e, mais tarde, de emancipação cultural. A situação dos mapuche, povo indígena chileno, durante a conquista, não foi diferente ao dos demais povos originários da América, pelo que seu processo de independência foi também uma resposta à dominação espanhola. Mas hoje, despois de mais de duzentos anos de “independência” mecanismos coloniais têm permanecido articulados às situações culturais, sociais e literárias dessa nação. Por ser considerado bárbaro, o povo mapuche foi deixado à margem do projeto nacional no processo de formação da Nação chilena, pois representava um retrocesso para a modernização que estava sendo implantada. O que inicialmente foi uma guerra de resistência tribal por terras se transformou em resistência e reivindicação social, política, cultural e educacional. A resistência mapuche, por isso, puede ser rastreada desde os primeiros séculos da conquista. Uma resistência que não se resume às armas nem a defença de terras, sinão que à persistencia e continuidade de sua cultura. Na actualidade, a passagem da oralidade para a escrita tem sido um recurso utilizado pelos poetas mapuche para recuperar sua história e reconstruir-se como povo. Ao considerar-se as múltiples riquezas dos relatos orais, esta poesia é o testimunho da resistência do povo que se opus ao conquistador entre os séculos XVI e XVIII. Resistência que prosiguiu no século XIX frente ao estado chileno e que a finais do 1900 foi subyugada pela forza militar. PALAVRAS-CHAVE: Resistência cultural; Memória; Poesía en doble registro; Mapuche. Mesa redonda – LETRAMENTO LITERÁRIO NAS PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS Profª Drª Gloria Kirinus (Escritora – Peru/Brasil) Profª Lic. Irina Ráfols (Escritora – Paraguai/Uruguai) Profª Drª Clarice Lottermann (Unioeste) Debatedor: Prof. Dr. Antonio Donizeti da Cruz (Unioeste) NATUREZA MITO-POÉTICA E SABER PRIMORDIAL Gloria Kirinus. Escritora. Dra. Teoria Literária e Literatura Comparada (USP) O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore. Depois lagartixas. Apareceu um homem na beira do rio. Apareceu uma ave na beira do rio. Apareceu a concha. E o mar estava na concha. Nascemos leitores. Uma lei tácita, interior e natural nos marca como seres humanos no momento da primeira respiração. Tomamos consciência, deste vasto mundo, munidos de sentidos e de sentimentos. Movidos pelo instinto de sobrevivência e comovidos pela curiosidade leitora que nos torna indagadores, reflexivos e criadores, cumprimos as leis gerais de uma misteriosa gramática da existência. O mundo, enorme página aberta, escancara céus, mares, vales, montanhas e desertos como primeira oferta de leitura. O homem indaga nestas páginas mundiabertas e seu assombro permite a criação de novos signos que ficam. Os significados grandes ou pequenos permanecem convidativos a novas e múltiplas leituras, promovendo inusitado ponto em cadeia, no momento da escrita, da leitura, da nova escrita. Podemos ler gratuitamente uma Via Láctea que se derrama em ursas. Umas maiores, outras menores. Ou então, podemos sonhar nos anéis de Saturno e soletrar estrelas num código particular de novas significações. O homem decifra e devora todos os signos ficantes das páginas abertas, de todas as planícies generosas: do céu, da terra, dos mares. A passagem da leitura das planícies do mundo à leitura das páginas do livro é natural. Basta querer nascer muitas vezes, a cada nova leitura. E saber sentir, como a primeira vez, a curiosidade inata que acompanha o ser humano desde os primeiros dias de vida. Aqui, o professor leitor, mediador destas leituras e das leituras do alfabeto, é um precioso barqueiro. Nascemos leitores de planícies, de páginas, de telas. Nascemos interlocutores do mundo, do texto e seus contextos. Nascemos leitores das linhas do horizonte, das linhas que enfileiram sonhos, conhecimentos, assim como das entrelinhas de infinitas e múltiplas leituras. Quando o conhecimento, o sentimento, e o sonho chegam ao grau máximo de harmonização e consciência nasce o homem histórico, o homem criador de novas leituras, que inscrito de mundo, fatalmente se escreve. O homem leitor/escritor de todos os textos - das planícies do mundo, das páginas informativas, das páginas reflexivas, das páginas artísticas dos livros, das telas, dos palcos está aí, latente em todo ser humano, querendo ser descoberto. Se é que existe um método natural para a apreensão do mundo, este precisa ser procurado no exercício de perceber o outro, o outro mundiado de mundo e do próprio mundo, com olhos de descoberta. Simples, assim? O complexo está aí, nesse inatismo leitor que nos anima. Animados pela percepção de Célestin Freinet, o pastor poeta ou o educador pastor, voltamos para as planícies quietas com seu dinamismo implícito. Vamos folhear as folhas dos livros como esse pássaro “virafolhas” folheia as folhas do chão. O nome é do Homem, diz Guimarães Rosa. O nome é deste nomeador que naturalmente faz a leitura do mundo. O nome é deste homem que se faz histórico a medida que se coloca como leitor de todos os textos. O nome é do homem nomeador que condensa significados na síntese expressiva da palavra inaugural. Daquela palavra que nasce do assombro, do espanto e da admiração, tão natural como o choro que inaugura o primeiro bom dia à vida. EN INCENTIVO DE LA LECTURA A TRAVÉS DE LA NOVELA EL HOMBRE VÍBORA, DE IRINA RÁFOLS Por la escritora, Prof. Lic. Irina Ráfols El problema parte desde la construcción de la imagen actual que el joven paraguayo tiene de sí mismo y del idioma guarani. Una de las motivaciones de la novela está basada en la falta de vinculación de los jóvenes con las generaciones anteriores, el desconocimiento histórico por falta de interés y de lecturas en general. Además de la falsa idea de inferioridad que el paraguayo arrastra desde la época de la guerra como producto de la sumisión cultural ejercida, conjuntamente con el desprecio hacia idioma guarani. Lo que produce desmotivaciones con respecto a intervenir en el destino de la sociedad paraguaya y a percibir como más atrayentes otras culturas extranjeras, con todo lo negativo que esto ocasiona para la prosperidad y la contención de la sociedad paraguaya en general. La novela tiene mensajes particulares implícitos a cada lector, pero también explícitos en términos generales como son la recuperación de los valores de identidad y la revalorización de la lengua autóctona, así como establecer el vínculo con la historia, y despertar el interés del joven por conocer e investigar. A lo largo de la charla se mostrará cómo se plantea esa estrategia de incentivación y motivación desde la perspectiva de una obra literaria. La novela parte desde la actualidad cuando un profesor y un alumno se internan en el monte en busca de los huesos de una criatura mítica, y salta en el tiempo hacia el pasado, inmediatamente después del asesinato del mariscal Solano López, con que finaliza la Guerra de la Triple Alianza y comienzan los nuevos sufrimientos de la Postguerra. A LEITURA E O LEITOR DE HOJE Clarice Lottermann (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Neste trabalho são apresentadas algumas reflexões sobre a leitura e o leitor, sobretudo o leitor adolescente, e a importância da mediação da leitura no ambiente escolar. A crescente preocupação com a promoção da leitura de obras da literatura infantil e juvenil, visando à formação de leitores, não é uma tendência da atualidade. Estudos neste campo de investigação revelam que, a partir da década de 1970, surgem e se intensificam programas que contemplam a leitura dessa modalidade de texto. A partir do ano de 2000, muitos projetos e campanhas foram revitalizados ou criados para atender às necessidades de leitura do país, dentre os quais se destacam o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola). Pesquisas tem revelado que, apesar dos investimentos do governo federal na compra/distribuição de livros literários para as bibliotecas escolares do país, o impacto de tal medida na formação de leitores ainda não surtiu os resultados almejados. Por outro lado, observa-se o aumento nas vendas e no número de leitores juvenis que se voltam para bestsellers e obras que não são lidas e/ou valorizadas pela escola. Além do Ministério da Educação, outros pesquisadores tem buscado avaliar o impacto do PNBE e, de forma geral, revelam que tanto a comunidade escolar quanto a sociedade apontam uma série de deficiências na execução e alcance do mesmo. PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Entretenimento; PNBE; Biblioteca Escolar. Mesa redonda – IDENTIDADES E CULTURAS HÍBRIDAS NAS LITERATURAS LATINOAMERICANAS Profª Drª Zilá Bernd (UFRGS – Unilassale) Prof. Dr. Paulo Astor Soethe (UFPR) Profª Drª Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes – UA – Merida – Venezuela ) Debatedora: Profª Drª Lourdes Kaminski Alves (Unioeste) TRANSCULTURALIDADE E HIBRIDAÇÃO NAS RELAÇÕES LITERÁRIAS INTERAMERICANAS Zilá Bernd (PPg-Letras UFRGS; Mestrado em Memória Social UNILASALLE/Canoas) CNPq (bolsista PQ) RESUMO: Mostrar as diferentes definições do conceito de hibridação pelos mais reconhecidos autores na área como H. Bhabha, P. Burke, N. García Canclini, E. Glissant, M. Bakhtin entre outros. Salientar o fato de que o conceito de “culturas híbridas” facilita a leitura de textos da modernidade tardia com ênfase para as literaturas de regiões que passaram por processos de colonização, diásporas, exílios e imigrações. A leitura das literaturas americanas, na perspectiva da hibridação, favorece a constatação da natureza não-essencialista das construções identitárias de grande parte das obras de escritores contemporâneos. Pretende-se concluir pela tendência das literaturas americanas de nutrirem-se de diferentes fontes e reclamarem diferentes afiliações culturais e literárias que se intervalorizam sem hierarquizar-se. A presente reflexão pretende concluir que, hoje, no contexto das literaturas das três Américas, tornou-se secundário rotular as produções textuais de migrantes, híbridas ou transnacionais: o importante é acolhê-las como estéticas transculturais que geram, necessariamente, escrituras híbridas. PALAVRAS-CHAVE: Hibridação; transculturalidade; escrituras migrantes; transnacionalidade; estéticas transculturais. EL LOCUS DE ENUNCIACIÓN AMBIVALENTE Y LOS PROCESOS DE HIBRIDACIÓN DE LAS CULTURAS EN TRÁNSITO Profª Drª Lilibeth Zambrano Instituto de Investigaciones Literarias “Gonzalo Picón Febres” Facultad de Humanidades y Educación Universidad de Los Andes Mérida-Venezuela RESUMEN: El presente trabajo se propone estudiar los modos de enunciación de los sujetos en tránsito en Árbol de familia (2010) de la escritora argentina María Rosa Lojo y El libro de los viajes equivocados (2011) de la escritora de transtierra argentina-española Clara Obligado. Nos interesa observar las formas de inscripción del sujeto amvibalente en escenarios y paisajes del entre lugar. En este sentido, reflexionaremos sobre dos metáforas del espacio intersticial inscritas en los textos aludidos: la imagen de una “espiral narrativa” que traduce el carácter cíclico de los distintos viajes al azar que emprenden diferentes emigrantes y la imagen de un “corredor narrativo” que nos presenta a una narradora portadora de dos identidades: la española y la argentina. Tanto Árbol de familia (2010) de María Rosa Lojo como El libro de los viajes equivocados (2011) de Clara Obligado, se articulan a partir de identidades ambivalentes e híbridas en paisajes donde los sujetos en tránsito dejan de ser lo que eran en sus lugares de partida y ya no se hallan ni de un lado ni del otro. PALABRAS CLAVE: Entre Lugar; Identidades Ambivalentes; Enunciación Híbrida; Espiral; Corredor. Erico Verissimo, Herbert Caro, Thomas Mann: encontros e confluências Paulo Astor Soethe (UFPR) [email protected] RESUMO GERAL: Em viagem aos Estados Unidos, Erico Verissimo encontrou Thomas Mann em 25 de março de 1941. O relato desse encontro integra o “romance de uma viagem” do escritor brasileiro, intitulada Gato preto em campo de neve. A atenção à pessoa e à obra de Mann deve-se em boa medida, no caso de Verissimo, à amizade e ao relacionamento profissional que o brasileiro cultivava com o tradutor Herbert Caro, intelectual exilado em Porto Alegre desde 1935. A presente comunicação pretende relatar e avaliar o encontro de Erico e Mann, assim como o papel de Caro, como mediador indireto. Trata-se aqui, para além do caráter episódico desse encontro, de entender seu significado no contexto político e literário da época, bem como as confluências entre literatura, cultura e relações internacionais que permite entrever. A pesquisa interdisciplinar na área de Letras, baseada em fontes documentais e voltada a superar a compartimentação linguística dos campos de interesse e atuação, oferece à comunidade científica brasileira e internacional boas perspectivas de renovação teórica e de efetiva inserção da pesquisa brasileira nos contextos acadêmicos de outros países e regiões. PALAVRAS-CHAVE: Thomas Mann e Erico Verissimo; Erico Verissimo e Herbert Caro; Relações culturais entre Brasil e Alemanha; Literatura e internacionalização Mesa redonda – LITERATURA E FORMAÇÃO HUMANA: CONFLUÊNCIAS MULTIDISCIPLINARES Prof. Dr. Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (Filosofia – Unioeste) Prof. Dr. Valdemir Miotello (Universidade Federal de São Carlos) Prof. Dr. José Kuiava (Unioeste) Debatedora: Profª Drª Regina Coeli Machado e Silva (Unioeste) O DIZÍVEL E O INDIZÍVEL: MERLEAU-PONTY E CLARICE LISPECTOR Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O debate aqui proposto parte de um agudo questionamento: o que alimenta, em última análise, a criação literária? Merleau-Ponty identifica, nesse nível de experiência, uma motivação mais profunda: o paradoxo da linguagem. Quer dizer: aquilo que não pode ser dito é aquilo que, de fato, se diz; o indizível é a dizibilidade ela mesma; é o que faz com que haja o dizível. Como nota Merleau-Ponty, “assim como o tecelão, o escritor trabalha às avessas”, ou seja, há uma vida sublinguística, um fundo tácito, alusivo, indireto, silencioso que a expressão sempre comporta. Esse silêncio é, no entanto, um silêncio falante. Ora, é esse paradoxo ou enigma que parece rondar toda práxis poética ou romanesca e que fora tão bem sentido por Clarice Lispector. É o que retrata a escritora quando compreende a linguagem como um esforço humano. Há aí, um destino inalienável que perpassa toda a experiência literária na medida em que o escritor volta quase sempre com as “mãos vazias”. Só que ele “volta com o indizível”. O indizível só poderá ser dado por meio do fracasso da sua linguagem. Só quando falha a construção, é que o escritor obtém o que ela não conseguiu. PALAVRAS-CHAVE: Merleau-Ponty; Clarice Lispector; Linguagem; Dizível; Indizível. ONDE E QUANDO A LITERATURA, A CIÊNCIA E A ESTÉTICA COEXISTEM José Kuiava – UNIOESTE [email protected] RESUMO: O escrito trata sobre a polifonia e o diálogo entre literatura e as diferentes áreas do conhecimento – um diálogo entre as ciências e a estética literária na multiplicidade infinita de vozes. A base do problema está na questão: como ler Marx, Engels, Galileu, Bakhtin no terreno da literatura – quer dizer, no terreno do prazer da beleza estética do escrito – e como ler Dostoiévski, Calvino, Graciliano Ramos e Rabelais no terreno da história, da sociologia, da psicologia... É imprescindível perceber conexões íntimas entre literatura e educação, entre a ficção e a realidade concreta, como campos e fontes de produção de conhecimentos em uma perspectiva dialética, sempre à luz do pressuposto segundo o qual as revoluções científicas são sempre contemporâneas de revoluções culturais; os escritos científicos tem elementos de estética da escrita, portanto de prazer da beleza, e os escritos de ficção tem elementos das ciências, isto é, de conhecimentos científicos. Em síntese, trata-se da presença da estética literária nos escritos das ciências e da presença da ciência nas obras estéticas. Entretanto, há ainda muitas barreiras no vivenciamento deste diálogo no mundo acadêmico contemporâneo, barreiras que sustentam e preservam o paradigma científico tradicional. Sem dúvida, a área da pedagogia vem se mantendo perseverante na alienação ao princípio científico excludente. Falta aos educadores pedagógicos a vaidade literária – paixão pelo prazer estético – para superar a pedagogia tradicional pela “pedagogia da imaginação”, sem perder os fundamentos científicos. Tagarelam muito sobre ciências, mas não sabem nada sobre estética literária e arte pedagógica. PALAVRAS-CHAVE: Diálogo; Conhecimento científico; Literatura; Estética. RESUMOS DOS SIMPÓSIOS E DAS COMUNICAÇÕES SIMPÓSIO: ASPECTOS CULTURAIS PRESENTE NO LÉXICO: UMA QUESTÃO PARA PROFESSORES E TRADUTORES Paola Baccin. Universidade de São Paulo (USP) [email protected] Rosemary Irene Castañeda Zanette. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A componente cultural presente no léxico de uma língua nem sempre é explicitada nos dicionários, seja nos monolíngues, seja nos bilíngues. Inserido no âmbito da lexicografia pedagógica e da comunicação intercultural, este simpósio tem o escopo de apresentar resultados de pesquisas sobre o componente lexical presente no léxico. A “cultura cotidiana” aquela que determina soluções para o dia a dia de uma comunidade linguística é, muitas vezes, considerada subentendida, sobretudo no âmbito dos cursos de língua estrangeira e no tratamento das unidades lexicais em dicionários pedagógicos. Alguns desses aspectos culturais podem acentuar percepções que geram conflito ou reforçam estereótipos negativos, como, por exemplo, a questão da higiene pessoal, da habitação, e de organização do espaço urbano, entre outros. O lexicógrafo bilíngue pode ajudar o aluno a enfrentar as diferenças culturais implícitas no léxico que prejudicam a comunicação, de modo a minimizar um eventual choque cultural. O dicionário é uma ferramenta fundamental para a compreensão e a produção de textos em uma língua estrangeira e estimula a autonomia do aluno. Um dicionário para aprendizes não pode prever todos os ruídos de comunicação entre falantes de duas línguas, no entanto, ao apresentar alguns modelos, explicita as diferenças, informa o aluno sobre a existência de dificuldades, colabora para a formação do seu repertório cultural e aumenta a sua competência comunicativa intercultural. PALAVRAS-CHAVE: Léxico; Cultura; Línguas Estrangeiras. A UTILIZAÇÃO DA METALINGUAGEM SEMÂNTICA NATURAL NO ESTUDO DOS VERBOS DISCUTIR E DISCUTERE EM PORTUGUÊS BRASILEIRO E ITALIANO Bruna Maia Rocha Aflalo (Universidade de São Paulo/ Bolsista de Doutorado CAPES) [email protected] RESUMO: A partir da observação de que os aspectos interculturais nem sempre são explicitados nos dicionários e nos livros didáticos de língua italiana para estrangeiros, acredita-se neste trabalho que o uso da Metalinguagem Semântica Natural pode auxiliar na explicitação do componente cultural presente no léxico, o qual muitas vezes é subentendido. Dessa forma, este trabalho faz uso da Metalinguagem Semântica proposta por Anna Wierzbicka e a aplica ao estudo dos verbos discutir e discutere em português brasileiro e italiano. A escolha de tais verbos é motivada pela frequente afirmação dos brasileiros de que os italianos são grossos, rudes e diretos em excesso e pela queixa italiana de que os brasileiros são muito sensíveis, melindrosos e subjetivos. Neste trabalho, acredita-se que a base de julgamentos como os citados pode estar justamente no conceito atribuído por brasileiros e italianos no contexto cotidiano a discutir e discutere, ou seja, ao componente cultural presente nesses verbos. Assim, com o uso da Metalinguagem Semântica, um dos objetivos deste trabalho é buscar o significado de discutir para um brasileiro e de discutere para um italiano. A partir dos resultados obtidos, o próximo passo deste trabalho é refletir sobre as implicações comunicativas surgidas como consequência dos significados atribuídos por brasileiros e italianos a esses verbos. PALAVRAS-CHAVE: Interculturalidade; Metalinguagem Semântica; Discutir; Discutere. LAS FÓRMULAS PRONOMINALES DE TRATAMIENTO EN ESPAÑOL Y EN PORTUGUÉS Juli Kim (Seoul National University-SNU-Posgrado en Lingüística del Español) [email protected] RESUMEN: El presente trabajo tiene como objetivo analizar el uso de las formas pronominales de tratamiento en los países de habla española y portuguesa. Las fórmulas de tratamiento son elementos importantes en la comunicación y en los aparatos lingüísticos que pueden mostrar las relaciones sociales entre emisor y receptor. Asimismo, para empezar un discurso o mantener una conversación de forma adecuada y natural es necesario elegir las formas de tratamiento apropiadas en cada caso. En la actualidad, existen varios sistemas de tratamiento pronominal y sus usos varían según el género, la edad, la profesión, la distancia social y el estatus social de los interlocutores. Y en la misma situación o misma relación de interlocutores, cada lengua y cada país usa otra forma de pronombre. En este estudio, analizamos las diferencias en los usos de las formas pronominales del español y del portugués. Para nuestro estudio, analizamos el corpus oral que se define como el conjunto de ejemplos reales de uso de una lengua. Especialmente analizamos las telenovelas y películas recientes para que consideremos los usos actuales de las fórmulas de tratamiento en las lenguas de nuestro corpus, a fin de destacar algunas de las variables que pueden influir en la elección de cada una de las formas pronominales. PALABRAS CLAVE: Tratamiento; Pronombres; Tú Y Usted; Você Y O Senhor. A COZINHA ITALIANA PRESENTE NO BRASIL: UMA QUESTÃO DE PALADAR, LÍNGUA E LÉXICO Silvana Azevedo (Universidade de São Paulo) (USP) [email protected] RESUMO: Nos últimos anos, a gastronomia italiana presente em São Paulo sofreu transformações. Chefs com larga experiência profissional assumiram o comando das cozinhas típicas e empresários ligados à área de alimentos firmaram-se na cidade a fim de garantirem autenticidade aos restaurantes dedicados às receitas italianas. Esse movimento crescente no setor revelou uma nova linguagem gastronômica, com uma terminologia própria, sobretudo quando o grau de excelência aumenta e o nível de especialização das cozinhas também. Esses aspectos eleva a importância dos dicionários de especialidades gastronômicas, para a compreensão efetiva dos termos presentes no léxico da cozinha italiana no Brasil. É necessário ressaltar, porém, que os termos da gastronomia italiana estão apoiados em aspectos culturais inseridos em dois tipos de restaurantes. Nas cantinas, já incluídas no contexto cultural da cidade, com seus ambientes estereotipados e receitas que identificam uma culinária que nasceu sob a influência dos imigrantes italianos. O outro tipo (mais recente) compreende os restaurantes comandados por profissionais comprometidos com as raízes culinárias tradicionais da Itália. Este trabalho pretende apresentar resultados de uma pesquisa, cujo objetivo foi identificar aspectos relacionados ao choque cultural, à adequação dos imigrantes italianos na cidade, assim como o processo de inserção/adaptação dos sabores italianos na mesa e no paladar do paulistano. Todos estes fatores culminam numa reflexão a respeito dos termos presentes nos dicionários gastronômicos brasileiros, de modo a colaborar para um futuro modelo de dicionário de especialidades, com um repertório de palavras adequado ao léxico da cozinha típica regional italiana presente no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Léxico; Cultura Italiana; Culinária; Cozinha Regional. A LINGUAGEM TÉCNICA NO DISCURSO JORNALÍSTICO NO CONTEXTO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA Sandra Mara da Silva Marques Mendes (UNICENTRO) [email protected] RESUMO: O léxico de uma língua é considerado o patrimônio vocabular de uma comunidade, um tesouro cultural, por ser através dele que o homem constrói a sociedade e, consequentemente, a sua história. É um inventário aberto em constante variação, pois, em cada momento histórico, a sociedade age, pensa de maneira diferente, acredita em novas filosofias e passa a conceber, a ver o mundo com conceitos ideológicos também diferentes. Para Biderman (1978, p.11), o léxico de uma língua é processado “através de atos sucessivos de cognição da realidade e de categorização da experiência, cristalizado em signos linguísticos: palavras”, signos estes que designam, que nomeiam os objetos e tudo aquilo que faz parte do universo humano, ou melhor, que representam a realidade extralinguística. Diante do cenário de internacionalização da língua portuguesa, é preciso considerar as variantes linguísticas até nas línguas de especialidades, já que cada região utiliza-se do léxico da língua portuguesa, considerando os países de língua portuguesa, com acepções diferenciadas, devido à influência cultural, histórica e ideológica de cada comunidade, assim como cada grupo de profissionais possui a sua linguagem específica. Neste trabalho, focalizamos as variantes terminológicas relacionadas a termos técnico-científicos médicos em divulgação no discurso jornalístico de jornais impressos e virtuais brasileiros e portugueses, presentes nas manchetes noticiosas (e notícias) e de grande repercussão mundial: o procedimento cirúrgico de mastectomia pelo qual a atriz holywoodyana Angelina Jolie se submeteu recentemente. PALAVRAS-CHAVE: Terminologia; Termo; Lexicologia; Socioterminologia. MEMÓRIAS DE GIUSEPPE RADDI: 40 NOVAS PLANTAS BRASILEIRAS COLETADAS E DESCRITAS Marilene Kall Alves (UNIOESTE, ICV, [email protected]) Profa. Ms. Benilde Socreppa Schultz (UNIOESTE, [email protected]) RESUMO GERAL: Nesse trabalho, que é resultado parcial de atividade de iniciação científica voluntária, apresentaremos algumas reflexões sobre o ofício de tradutor, que surgiram no decorrer da tradução do texto Quaranta piante nuove del Brasile raccolte e descritte da Giuseppe Raddi (Quarenta novas plantas do Brasil coletadas e descritas por Giuseppe Raddi). Raddi é considerado o maior naturalista italiano a coletar e classificar espécimes nas montanhas e florestas que circundam o Rio de Janeiro no século XIX. Raddi deixou um testemunho valioso, descrevendo tanto o material recolhido quanto os costumes e cultura da população brasileira da época. O material coletado e descrito por Raddi encontra-se atualmente no Museu Botânico de Firenze e no departamento de ciências botânicas de Pisa, Itália. Propomo-nos, nessa apresentação, a relatar as observações feitas em nossa tradução quanto ao léxico utilizado pelo autor e seus valores semânticos e culturais na época em que o artigo foi escrito. Também propomos analisar o léxico e seus valores culturais e semânticos atualmente. As observações e reflexões feitas estão associadas à formação intelectual, ao desenvolvimento cultural de ambas as línguas em tradução e ao aprimoramento linguístico cultural, uma vez que Raddi, além de coletar e descrever plantas, também descreve hábitos e faz observações sobre a cultura brasileira da época. PALAVRAS CHAVE: Tradução; Giuseppe Raddi; Viajante italiano. CAMPO SEMÂNTICO DA HABITAÇÃO: ASPECTOS CULTURAIS ENTRE A CASA BRASILEIRA E A CASA ITALIANA Paola Baccin (USP) [email protected] RESUMO GERAL: O dicionário pedagógico com vistas à produção tem duas funções primordiais, e ambas devem receber um tratamento adequado, de forma que uma não prejudique a outra: em primeiro lugar, deve responder de forma imediata às dúvidas de léxico durante a produção textual, em segundo lugar, deve fornecer informações lexicográficas complementares para ajudar o alunoconsulente na escolha do equivalente mais adequado. A equivalência, por exemplo, entre <casa> (português) e <casa> (italiano) está no sema: moradia. No entanto, as soluções de moradia de cada cultura diferem, desde o aspecto da habitação, da quantidade e da utilidade de cada cômodo, até a quantidade e a escolha dos móveis e utensílios. Ao descobrir essas diferenças apenas no momento de inserção no outro país (por motivo de turismo, de estudo, de trabalho), o aluno pode não apenas constatar que elas existem, mas o estranhamento pode gerar barreiras na comunicação e na aceitação dessas diferenças. A competência comunicativa intercultural, considerada como a capacidade de compreender e de interagir de maneira efetiva com pessoas de diferentes origens culturais, permite que se estabeleça um diálogo entre as duas culturas, prevenindo os ruídos na comunicação. O aluno-consulente de um dicionário bilíngue que contemple aspectos interculturais terá acesso a dados sobre a outra cultura e poderá compreender que as duas realidades são apenas diferentes, nem superiores, nem inferiores uma à outra e, assim, aperfeiçoar a sua competência comunicativa intercultural. PALAVRAS-CHAVE: Lexicografia Pedagógica; Dicionário Bilíngue; Língua Italiana. ASPECTOS CULTURAIS DA CIDADE BRASILEIRA EXPRESSOS PELO LÉXICO Rosemary Irene Castañeda Zanette (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Em um contexto de ensino de línguas estrangeiras, o léxico é um componente fundamental. Por meio dele são retratados vários aspectos da cultura do país onde se fala essa língua, tais como crenças, hábitos, forma de organização da vida num micro e num macrocosmo. Um importante suporte para seu ensino é o dicionário, sobretudo o bilíngue. No processo de ensino/aprendizagem, há uma gradação no uso dessa ferramenta. Geralmente o iniciante toma como base um dicionário escolar bilíngue bidirecional e, então, passa-se para os bilíngues monodirecionais, os quais comportam um volume maior de palavras. A questão é que tais obras são concebidas para satisfazer as necessidades de compreensão. Quando o consulente, no caso, o aprendiz de língua estrangeira, busca uma palavra para utilizar em uma atividade de produção, nem sempre consegue atender suas necessidades. O projeto “Cantiere di parole”, projeto de elaboração de um dicionário pedagógico português/italiano on-line, tem essa proposta de sanar as necessidades do aluno brasileiro na produção de um texto em língua italiana. Dessa forma, a presente comunicação pretende apontar algumas questões culturais que merecem ser contempladas no dicionário mencionado. O campo lexical a ser focalizado refere-se a palavras que designam algumas edificações características das cidades brasileiras. São elas: a praça, a catedral e o mercado municipal. PALAVRAS-CHAVE: Língua Italiana; Dicionários; Ensino; Léxico; Cultura. SIMPÓSIO: LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: FORMAÇÃO DE LEITORES E CRÍTICA LITERÁRIA Clarice Lottermann - Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Ellen Mariany da Silva Dias - Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Vera Regina Vargas Dupont – Secretaria Municipal de Educação de Toledo [email protected] RESUMO GERAL: A literatura só poderá exercer suas funções se o homem reconhecer sua importância, interpretá-la e compreendê-la adequadamente, e, para que isso se concretize, é preciso ter consciência da necessidade da prática de leitura. Nesse contexto, salienta-se o papel da escola, pois, muitas vezes, o contato do indivíduo com um texto literário se dá pela primeira vez nesse ambiente. Portanto, é imprescindível que nos preocupemos com o que é feito do livro na escola, pois, a instauração de práticas de leitura coerentes com um modelo escolar que se propõe a contribuir para a formação de indivíduos capazes de exercer plenamente sua cidadania requer posturas que evidenciem tal propósito. Para tanto, os investimentos na área educacional devem se voltar para o acesso ao livro e a formação dos profissionais que atuam na área, isto é, professores e mediadores de leitura. Considerando tais pressupostos, a proposta deste simpósio é discutir questões relacionadas ao ensino e formação de leitores, em âmbito escolar mas também em outras esferas nas quais circulam o livro, e questões que dizem respeito à crítica de textos literários, de diferentes gêneros, voltados para o público infantil e juvenil. Desta forma, serão aceitos trabalhos que se proponham a analisar textos literários, sob diferentes abordagens teórico-críticas; trabalhos que se voltem para a discussão de aspectos relacionados ao leitor e ao ensino de literatura em âmbito escolar; trabalhos voltados para a análise da circulação do livro infantil e juvenil em diferentes esferas sociais e culturais. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Infantil; Literatura Juvenil; Formação De Leitores; Ensino De Literatura. FORMAÇÃO DE LEITORAS NO BRASIL E A COLEÇÃO MENINA E MOÇA Mirian Hisae Yaegashi Zappone (UEM/Fundação Araucária) [email protected] RESUMO: Os decênios de 1940-50 configuraram, segundo Micelli (2011), períodos de grandes vendas no mercado editorial brasileiro, sendo que cerca de 62% das publicações realizadas no país eram compostas de narrativas de ficção, das quais um terço diziam respeito aos romances de amor, as histórias policiais e os livros de aventura. Esses textos não foram produzidos no cenário literário brasileiro, sendo traduções de outras línguas, mas circularam efetivamente e foram, acima de tudo, lidos, configurando-se como concorrentes às obras consideradas de valor, embora tenham sido historicamente apagadas no cenário dos bens simbólicos no Brasil. Entretanto, como formas ficcionais que tiveram relevância junto aos públicos e, acima de tudo, considerando uma perspectiva sociológica, como propõe Escarpit (1969), o âmbito do qual se acerca o literário também envolve questões da produção material do livro e da sua leitura, ambas atreladas, inexoravelmente, ao desenvolvimento da burguesia e das sucessivas classes intermediárias nas quais ela vai se estratificando, produzindo o que se convencionou chamar de massas. Tendo como partida este cenário de leitura no Brasil, esta comunicação objetiva apresentar dados sobre a Coleção Menina e Moça, editada pela livraria José Olympio e que consistiu na tradução e publicação de textos da conhecida Bibliothèque de Suzette (edita na França entre os anos de 1919 e 1965). Esta comunicação focalizará dados sobre os aparatos editoriais utilizados na divulgação da coleção no Brasil, bem como alguns aspectos sobre representações de grupos sociais e dados sobre a composição narrativa dos textos que compõem esta coleção. PALAVRAS-CHAVES: Leitura No Brasil, Coleção Menina E Moça, Leitoras Mirins. ELEMENTOS FANTÁSTICOS EM MARINA COLASANTI Janaina Rosa Arruda (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente artigo busca apresentar algumas reflexões acerca do gênero fantástico na obra Quem me deu foi a manhã, da escritora Marina Colasanti. O conto em questão apresenta traços desse gênero que podem contribuir para uma análise mais atenta da representação de alguns desses elementos fantásticos na construção da narrativa em foco. Partindo de algumas teorias apresentadas por Todorov (1975), Sartre (1978) e Marçal (2009), buscar-se-á relacionar essas teorias à proposta de estudo do conto de Marina Colasanti. Todorov afirma que o fantástico implica “pois na integração do leitor no mundo das personagens”; e pode ser definido por essa percepção ambígua que o leitor possui dos acontecimentos então narrados. Dessa forma, o efeito produzido no leitor tem papel fundamental na construção do gênero fantástico, uma vez que esse só pode resultar desse “pacto” entre texto/leitor. A leitura desse gênero literário já estabelece a dúvida naquele que dele se apropria, pois a simples escolha de leitura cria no leitor a expectativa da dúvida, do convencimento ou não de que o fato narrado possa ser atribuído à realidade. No entanto, o conceito de realidade para cada indivíduo pode variar sobremaneira, dependendo da perspectiva de mundo de cada homem. Seguindo esse direcionamento, algumas reflexões incipientes sobre o efeito fantástico na obra de Marina Colasanti serão apresentadas, sem, necessariamente, esgotar o assunto, pois o efeito fantástico gerado no leitor não pode ser delimitado, mas estimado. PALAVRAS-CHAVE: Fantástico; Marina Colasanti; Quem me deu foi a manhã. AS PRINCESAS EM OBRAS INFANTIS CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS Elesa Vanessa Kaiser da Silva (UNIOESTE/ Mestranda em Letras: Linguagem e Sociedade) [email protected] Orientadora: Profª Dra. Clarice Lottermann- UNIOESTE RESUMO: Levando em consideração a importância dos contos de fadas no processo de formação do leitor, aspecto esse evidenciado por vários estudos, percebe-se que, através de recontos, as crianças entram em contado com esse gênero que prevalece vivo ao longo dos anos, já que esse foi um dos mais fecundos no imaginário popular. Tendo em vista que muitas obras contemporâneas dialogam com as clássicas, pretende-se, neste estudo, investigar como são representadas as princesas em obras clássicas e em obras contemporâneas, evidenciando a construção da identidade feminina através das obras estudadas. Este trabalho se prenderá à análise de dois contos da Literatura Infantil contemporânea: Até as princesas soltam pum (2008) de Ilan Bremmen e Uma, duas, três princesas (2013) de Ana Maria Machado. Busca-se uma comparação em relação às princesas das obras de Perrault e dos Irmãos Grimm. Para tanto, serão utilizadas, como base teórica, sobretudo as obras Em busca dos contos perdidos: os significados das funções femininas nos contos de Perrault (2000) de Mariza B. T. Mendes e Conto e reconto: das fontes à invenção (2012) de Vera Teixeira de Aguiar e Alice Áurea Penteado Martha (Org). PALAVRAS-CHAVE: Contos De Fada; Princesas Clássicas E Contemporâneas. UM PRE(TENSO) OLHAR IDENTITÁRIO DO LOBO: O REVERSO DO CONTO “A verdadeira história dos três porquinhos” Gean Paulo Gonçalves Santana Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUCRS RESUMO: A descolonização do saber e do poder pode ser compreendida como um processo de inclusão e legitimação de outras práticas e conhecimentos, os quais, longo período, ficaram obscurecidos, seja pela própria história ‘colonial’ dos grupos, seja pelo ‘embaçamento’ da memória, produzido por instituições que colaboraram para o estabelecimento de um conjunto de enunciados. Assim esta comunicação, apropriando-se do universo imagético presente na literatura infantil, guiase pelo objetivo de apresentar o ato de percepção do lobo, da saga os três porquinhos, bem como o reverso da narrativa, uma experiência construída sob o olhar de outro referente, o lobo, incansavelmente interpretado como o “mal” da história. E, nesse percurso enunciativo, apresentar as peripécias de uma reconstrução identitária, ou o desencadear de um novo rito de passagem que possa configurar-se em um novo processo de nomeação, identificação e reconhecimento do Lobo. Metodologicamente, segue-se uma leitura da narrativa verbal para em seguida, a “confirmação ou refutação” através da não-verbal. A exemplo do que ocorre na realização onírica, não busca a escrita dessa comunicação do “era uma vez” uma linearidade explícita, tão pouco aprofundar verbetes em torno dos conceitos apresentados, isso porque no universo imagético infantil, quanto mais simples, mais se compreende, mesmo que dentro de uma teia complexa de significação. A composição da construção textual que se pretende diz respeito ao livro A verdadeira história dos três porquinhos, tal como foi contada a Jon Scieska e ilustrada por Lane Smith. PALAVRAS-CHAVE: literatura infantil, narrativa, ressignificação identitária. INICIAÇÃO À DOCÊNCIA E A FORMAÇÃO DE LEITORES Sirlene Daniel Campos – UNIOESTE/PIBID/CAPES/MEC Jessica Storch Luft - UNIOESTE/PIBID/CAPES/MEC Cléria Maria Wendling - UNIOESTE/PIBID/CAPES/MEC RESUMO: Por meio do programa de bolsas de iniciação a docência (pibid), podemos vivenciar atividades de docência, como também observação o processo de alfabetização em sala de aula. As atividades aqui relatadas ocorreram no segundo semestre de 2013 em turmas do 1° ano do ensino fundamental nas duas escolas municipais nas quais o PIBID/Pedagogia da UNIOESTE atua, ou seja: Escolas Francisco Vaz de Lima e a Atilío Destro. As atividades envolviam aulas quinzenais com contações de histórias para alunos de 1° ano do ensino fundamental, tendo como objetivo o incentivo a leitura de textos literários e a formação de futuros leitores. Nas atividades foram utilizadas várias técnicas, tais como: leitura, dramatização com músicas, teatro de fantoches, palitoches, dedoches, inferências e leitura de imagens, produção de textos a partir das histórias e produzidos matérias didáticos. Durante a execução desse projeto, foram contadas histórias observando o envolvimento das crianças com o texto narrado e as reações diversas que a atividade fez surgir nelas, incentivando a expressão oral das histórias e dos entendimentos sobre elas. As histórias contadas em sala os alunos permitiram aos alunos relacionar suas vivências, compreendendo valores, atitudes éticas e morais, ampliando seus conhecimentos sobre o mundo. Comentários, risos, tristeza, indiferença, entre outras manifestações de sentimento ocorriam durante a contação da história, demonstrando seu efeito sobre a imaginação dos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Contação de histórias; Formação de futuros leitores; Iniciação a docência. FORMAÇÃO DE LEITORES E OS PROJETOS DE LEITURA “ENSINANDO A LER O MUNDO” E “HISTÓRIA E MEMÓRIA”: A INTERFACE ENTRE A SALA DE AULA E A BIBLIOTECA Markley Florentino CARVALHO (FACALE- UFGD/ CEELLE- UFGD) Alexandra Santos PINHEIRO (FACALE- UFGD/ CEELLE- UFGD) RESUMO: Esta pesquisa trata da representação das leituras literárias no contexto da interface entre a sala de aula e a biblioteca da escola em relação à formação de leitores. Foram estudados os projetos de leitura “Ensinando a ler o mundo” e o “História e Memória” vivenciados em duas escolas da rede pública de Dourados – MS. O projeto da escola estadual “Ensinando a Ler o mundo” iniciado em 2009 entrou no PDE-Escola em 2010, e faz parte do Projeto Político Pedagógico (PPP). Está voltado para os educandos do Ensino Fundamental Regular (6º ao 9º ano) e para os educandos do Ensino Médio Regular (1º ao 3º ano), foi estudado o seu desenvolvimento na escola até o período de 2011. Foram observadas as práticas de leitura para a formação de leitores desenvolvidas na interdisciplinaridade entre os espaços pedagógicos da sala de aula e da biblioteca, fundamentalmente na fase da seleção e disponibilização das obras literárias como fonte de pesquisa do professor e no movimento do empréstimo dos livros por parte do educando. O segundo projeto “História e Memória” provem de uma escola municipal e foi organizado durante o ano letivo do Ensino Fundamental Regular (6º ao 9º ano) em 2011, com a conclusão do ciclo de leitura anual e a publicação de um livro resultante do projeto. Foram estudados os aspectos da interdisciplinaridade entre as áreas História e Letras na articulação das práticas de leitura em busca da interface entre a sala de aula e a biblioteca. Desta forma, foram considerados para as práticas da leitura, os aspectos do acervo, da mediação da leitura e a responsabilidade do professor mediador da leitura e do educador da biblioteca nos projetos de leitura no âmbito escolar. PALAVRAS-CHAVE: Formação de leitores; Práticas de leitura; Biblioteca e Sala de aula. LITERATURA JUVENIL: O PAPEL DO MEDIADOR NA FORMAÇÃO DE LEITORES Eliane Fracaro - Pós Graduanda em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas- UDC [email protected] RESUMO: Estudos afirmam que não se desenvolve o gosto pela leitura sozinho, torna-se necessário alguém para orientar ao gosto e ao prazer de ler, nesse caso, poderá ser um professor, um amigo, um bibliotecário, entre outros, ou seja, os denominados mediadores de leitura. Levando em consideração que o ambiente escolar é o principal ou muitas vezes o único meio de contato entre jovem e livros, torna-se fundamental que os profissionais que atuam na área estejam capacitados da melhor forma possível buscando a formação de leitores literários. Quando refere-se ao papel do professor, a metodologia utilizada para instigar os alunos à leitura da Literatura Juvenil fará a diferença no que tange produzir no aluno o gosto pela leitura, assim evidencia-se a importância essencial das instituições de ensino como ambiente favorável no desenvolvimento do processo educacional. Para tanto, este estudo tem por objetivo abordar a importância do papel do professor como mediador da leitura, destacar quais as metodologias que o mesmo utiliza para orientar, cativar e estimular aos alunos ao prazer de ler, sobretudo quando se refere à Literatura Juvenil, nos jovens na sala de aula. Busca-se compreender se a escola, que é parte fundamental do processo de ensino, está organizada como ambiente favorável, objetivando a formação leitora e o desenvolvimento dos alunos. Percebe-se aí a importância de se realizar um trabalho conjunto no ambiente escolar, todos buscando a formação de novos leitores. Nesse estudo, será utilizada, como base teórica, sobretudo as obras Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva de Michèle Petit (2008) e A leitura e o ensino da literatura de Regina Zilberman. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Juvenil; Mediadores de leitura. FORMAÇÃO DE LEITORES: A EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Kellys Regina Rodio Saucedo – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Elocir Aparecida Corrêa Pires – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Kely Cristina Enisweler – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Vilmar Malacarne – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) RESUMO: Este artigo tem por intenção apresentar os resultados de um projeto vinculado a disciplina de Estágio Supervisionado sob a forma de Prática de Ensino II realizado com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, em uma escola pública municipal de Cascavel, Paraná. Os objetivos do projeto consistiam em: (i) incentivo à leitura de literatura infantil; (ii) exercício da identificação de ideias primárias e secundárias e a compreensão da unidade temática dos textos e, (iii) na interpretação cênica das histórias escolhidas pelos alunos. A atividade aconteceu em três encontros semanais, sempre nas quartas-feiras, durante o ano de 2012. Participaram do projeto professores da escola, estagiários de Pedagogia e aproximadamente 50 alunos de dois quintos anos. Os resultados revelaram uma substancial participação dos alunos tanto na seleção dos textos de literatura infantil e no planejamento das atividades como no momento da apresentação final. Os alunos também foram instigados à leitura dos textos, um total de sete, e, posteriormente, escolhido um destes, foi realizada uma interpretação em grupos. Considerando a participação e os resultados alcançados, conclui-se que a realização deste tipo de atividade proporciona aos alunos o acesso e a leitura de textos variados de literatura infantil, estimulando a criatividade. A dramatização e a interpretação dos acontecimentos da história, além de seu aspecto lúdico, servem para identificação e síntese das principais ideias dos textos e para o desenvolvimento dos aspectos da arte tão importantes nesta fase do desenvolvimento. PALAVRAS-CHAVE: Ensino Fundamental; Literatura infantil; Prática de Ensino. CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA INFÂNCIA: SENSIBILIZAÇÃO PARA A LEITURA E ESCRITA Anadir Fochezatto (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: De acordo com a teoria paulofreireana, nós seres humanos estamos sujeitos às influências do contexto histórico vivenciado. Na infância, período em que se constrói as bases das personalidade, conforme Vygotsky, as influências são ainda mais persuasivas, visto que numa relação biológica e cultural o sujeito em desenvolvimento constrói seus primeiros referenciais de mundo. Nesse processo dá-se também seu envolvimento com o mundo da leitura e do letramento. A partir dessa perspectiva filosófica, desenvolvemos na Escola Municipal Marechal Deodoro da Fonseca do município de Santa Helena, no ano de 2011, o Projeto de Contação de Histórias, cujo objetivo geral visou sensibilizar os educandos e instigar neles o gosto e o hábito pela leitura. Para o desenvolvimento do projeto utilizamos diversos recursos metodológicos, entre os quais, figurino, iluminação, som, espaço (sala de aula, biblioteca, salão/auditório), livros, maquiagem, cenário, interação com os educandos e professores. Todos os alunos da escola participaram: educação infantil, classes especiais e 1º à 5º anos. Foram selecionados textos específicos para cada faixa etária levando em conta diferentes gêneros textuais. Como aspecto positivo, destacamos a ampla aceitação por parte das crianças e professores do projeto. Além disso, outro resultado importante foi a produção artística e literária dos educandos motivados pela contação. Houve produção de desenhos, de cartas, de bilhetes, de textos e nas turmas de 2º ano foi promovida a elaboração do livro Nossos Trocadilhos a partir da obra da escritora Eva Furnari Não Confunda... PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento humano; Contação de Histórias; Leitura; Produção Textual; Sensibilização. UMA LEITURA DE PERSONAGENS DE LYGIA BOJUNGA Berta Lúcia Tagliari Feba (UEM - PG) Profª Drª Mirian Hisae Yaegashi Zappone (orientadora) RESUMO: Lygia Bojunga, autora consagrada pela crítica, tem uma produção construída por meio de procedimentos que alteram formas habituais de percepção, renovando a sensibilidade de seus leitores. Recorre a expressões de uso da modalidade oral da língua, ao debate metalinguístico acerca de sua criação, ao encaixe de histórias, assim como toca em temas árduos como morte, solidão, abandono, homossexualismo, prostituição. Como arte da palavra, seus livros têm fatores de literariedade que renovam a sensibilidade dos leitores por meio da construção de procedimentos que alteram formas habituais de percepção. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo apresentar uma leitura qualitativa de personagens de Lygia Bojunga a partir do preenchimento de um questionário submetido ao Software Sphinx Survey. O questionário, que prevê a caracterização de atributos físicos e psicológicos, grau de escolaridade, estrato socioeconômico, papeis afetivos e sociais desempenhados, atividade trabalhista, relacionamento de amizade e coleguismo, gerou uma série de informações quantitativas para análise do perfil de personagens do universo narrativo bojunguiano. Após este mapeamento de características preponderantes, temos como finalidade interpretar os dados para reconhecer como se compõem as representações feitas pela autora e de que modo se constitui o leitor implícito, aquele que tem existência na estrutura do texto e é chamado a completar os vazios, atribuindo sentidos ao que lê. Para tanto, tomamos como base os estudos da teoria do efeito estético, bem como premissas de teoria e crítica literária, literatura infantil e juvenil, leitura e leitor. PALAVRAS-CHAVE: Lygia Bojunga; personagens; leitor implícito ECOS DA AUSÊNCIA DE VOZ LEITORA NO BRASIL: LEVES IMPRESSÕES SOBRE A TRAJETÓRIA E OS PARADIGMAS DA HISTÓRIA DA LEITURA BRASILEIRA E SEUS REFLEXOS NA INFÂNCIA Régis de Azevedo Garcia (FURG/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: O número de possibilidades de leitura é, a cada momento, multiplicado pelo número de possíveis dispositivos de leitura e de incessantes produções literárias emergentes em todos os nichos disponíveis no nosso universo conhecido. Elencar, de uma maneira mais aprofundada, todas as possíveis relações em ilimitados contextos da atualidade, não há de ser facilmente possível. A problemática a ser abordada neste trabalho não reside na análise dos esforços para a criação de novas e completas histórias da leitura, tampouco na figura do trem descarrilhado e desenfreado do mercado editorial e tecnológico. A preocupação e o foco deste artigo e desta fala estão voltados para a maneira como o jovem leitor, mais objetivamente a criança, pode ser capaz de lidar com toda essa (des)informação. Nesse sentido, proponho uma breve análise da história da leitura e suas relações com a infância, um olhar crítico acerca da possibilidade de criação de micro-cânones (não duros e estanques, mas móveis e livres de dogmas) literários desde o início da vida dos sujeitos e, principalmente, um debate mais pontual sobre a relação dos hábitos de leitura na infância e o ensino nas escolas, além, é claro, das possíveis relações com ensino, leitura e novas mídias e tecnologias. Para que tal análise seja possível, serão utilizados textos de autores como Proust, Lajolo, Zilberman e Jouve. PALAVRAS-CHAVE: História da Leitura; literatura infantil; formação de leitores. CLARICE LISPECTOR E O JOVEM LEITOR: A MULHER QUE MATOU OS PEIXES Rosana Maria Ribeiro Patricio (UEFS) [email protected] RESUMO: Clarice Lispector (1925-1977), autora consagrada de romances, contos e crônicas, também escreveu para crianças. A escritora publicou os livros O mistério do coelho pensante (1967), A mulher que matou os peixes (1968), A vida íntima de Laura (1973) e Quase de verdade (1978) que constituem uma produção significativa para o público infantil. Clarice Lispector, considerada por alguns críticos uma autora misteriosa, hermética, difícil, declarou que se deixava levar por pedidos dos filhos e, para atendê-los, escrevia histórias infantis, com linguagem e enredos lúdicos, de forma a tocar a sensibilidade infantil. Neste estudo, procura-se estabelecer uma leitura crítica e interpretativa do livro A mulher que matou os peixes, comentando as motivações da autora, em face do fato real que a levou à escrita da história. A narradora desenvolve o enredo como explicação e busca de redenção de uma culpa, por haver esquecido de alimentar os peixes do aquário de seu filho. Observa-se que, ao narrar a história, a autora busca uma aproximação com os jovens leitores, convidando-os à reflexão sobre um falha de um adulto, suas circunstâncias e consequências, em situações fortuitas, em que a ideia de julgamento, relativização da culpa e de perdão aparece como mediadora das relações interpessoais. Assim, através da narrativa, uma situação que envolve avaliação, compreensão e atitude é dramatizada, inserindo a literatura infantil no processo de formação do leitor na convivência coletiva. PALAVRAS-CHAVES: Clarice Lispector; literatura infantil; formação do leitor DO LIVRO PARA O CINEMA: A RESSIGNIFICAÇÃO DE CHAPEUZINHO VERMELHO Daiane Lopes – Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) Fabiana Quatrin Piccinin – Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) RESUMO: O presente artigo apresenta uma análise de um dos contos maravilhosos mais conhecidos da literatura infantil: Chapeuzinho Vermelho. Ao destacar questões preponderantes sobre aspectos da historicidade da literatura destinada para as crianças, realizamos a interpretação do já citado conto, nas versões de Charles Perrault e irmãos Grimm. Em seguida, desempenhamos outra abordagem baseada na produção cinematográfica Deu a louca na Chapeuzinho, dirigida por Cory Edwards e tendo como roteiristas Todd Edwards, Tony Leech e Cory Edwards. Assim, tentaremos demonstrar analogias e discrepâncias entre os dois textos, caracterizando a literatura e o cinema como artes com características peculiares. Discorreremos, então, sobre a arte de contar histórias em dois suportes que diferem: o livro e a tela. Além disso, ressaltaremos as maneiras diferenciadas de se conceber a infância e a criança, comprovando que cada texto possui determinada intencionalidade de acordo com o contexto histórico em que foi produzido e com as próprias concepções do autor. A contemporaneidade contribui para a renovação dessa arte, apresentando suportes distintos na medida em que o ser humano renova suas acepções sobre o ato de documentar os seus textos. Nesse sentido, refletir sobre o protagonismo do leitor-criança na recepção do texto é um dos objetivos deste artigo, assim como apontar questões relativas ao modo como a instituição escolar se apropria das diferentes tecnologias disponíveis para o incentivo à leitura. PALAVRAS-CHAVE: Chapeuzinho Vermelho. Literatura Infantil. Cinema. Contemporaneidade. LITERATURA FLOR DE LARANJEIRA E INDÚSTRIA CULTURAL: A FORMAÇÃO DE LEITORAS MIRINS NO BRASIL Alessandra Oliveira dos Santos Beltramim. UEM – Universidade Estadual de Maringá RESUMO: A história da leitura e da cultura está, inevitavelmente, ligada às questões de poder. Em se tratando de literatura infantojuvenil, também, é possível observar que, historicamente, questões ideológicas, muitas vezes, definiram e legitimaram o acesso de determinados grupos a tipos de textos específicos, privilegiando alguns grupos em detrimento de outros. Destacando a relação entre os gêneros (masculino e feminino), é possível constatar uma preocupação histórica em relação às leituras destinadas às mulheres, evidenciada, por exemplo, na criação de coleções literárias específicas para este público, tais como as coleções flor de laranjeira (MICELI, 2001). Com base na tradição cultural, tais coleções podem ser lidas como tentativas de controle das práticas de leitura femininas e, nesta comunicação, na perspectiva da concepção de literatura como representação (COMPAGNOM, 2001), analisamos as questões de gênero presentes na Coleção Menina e Moça, que circulou no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960, e na Série Retratos de Malu, da autora Thalita Rebouças, constituída por Best Sellers infantojuvenis contemporâneos. Mesmo sabendo que as práticas efetivas de leitura são plurais, na materialidade do impresso dessas coleções, podemos encontrar a criação de universos ficcionais muito coerentes com o universo convencionalmente idealizado para meninas e moças brasileiras de ontem e de hoje. Portanto, sabendo o quanto essas práticas de leitura repercutem na formação de seus respectivos públicos, legitimando certos valores e determinadas concepções do mundo e da literatura, defendemos a necessidade de que a produção da indústria cultural seja, também, objeto de pesquisa dos estudiosos da literatura. PALAVRAS-CHAVE: literatura flor de laranjeira; formação de leitoras mirins; indústria Cultural, Coleção Menina e Moça; Série Retratos de Malu. AFROBETIZANDO ATRAVÉS DA LITERATURA: A CRIANÇA NEGRA E A ESCOLA Serafina Ferreira Machado (IFPR - Ivaiporã) Camila Garcia (IFPR - Ivaiporã) Elton Ferreira Plaça (IFPR - Ivaiporã) RESUMO: O presente trabalho aborda a representação da infância na literatura brasileira, buscando possibilidades para um olhar ressignificado desde a educação infantil. É preciso perceber que o sujeito negro retrata parte da triste realidade social do país. Esta história não pode ser apagada. Porém, a ausência de negros no papel de heróis, princesas, fadas, vilões e outros tantos arquétipos literários dificulta a valorização da diversidade. Para uma criança negra, é importante ter referências positivas da autoimagem. E para todas as crianças, isso também é positivo, pois possibilita a construção de uma imagem mais plural da sociedade. Assim, ao longo deste trabalho serão verificadas as imagens de crianças negras como reflexo de um período escravista (uma visão violenta, estereotipada), mas serão apresentadas obras literárias que oferecem uma nova forma de ver e apresentar esta infância, possibilitando assim, um processo de afrobetização. PALAVRAS-CHAVE: Criança, Negros, Literatura, Diversidade. INICIAÇÃO À DOCÊNCIA COM CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS LITERÁRIAS NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO. Atair José Bernardino De Jesus (UNIOESTE/Bolsista Do PIBID/CAPES) [email protected] Leonice Izaura Tocheto Arenhrt (UNIOESTE/Bolsista Do PIBID/CAPES) [email protected] Cléria Maria Wendling (UNIOESTE/PIBID/CAPES/MEC) [email protected] RESUMO: Reconhecendo o professor como o principal incentivador da leitura na escola, buscouse, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) subprojeto do curso de Pedagogia, construir ações de formação de professores voltadas para a inserção da contaçao de histórias no ciclo de alfabetização. Compreendemos que as histórias literárias contribuem com a ampliação do repertório para a construção de textos das crianças e para a compreensão de si e do mundo. Entendendo, portanto, sua importância na alfabetização e percebendo seu pouco espaço na rotina escola, passamos a realizar de forma rotineira e sistemática as ações de docência envolvendo a contação de histórias de obras literárias nas turmas atendidas pelos bolsistas. O subprojeto conta com 12 bolsistas (acadêmicos de pedagogia) atuando em 12 turmas de alfabetização por meio de ações colaborativas e ações planejadas de docência. Nesse texto buscamos apresentar uma prática relatada no diário de bordo de um bolsista buscando refletir com apoio na bibliografia especializada sobre o assunto, destinando um olhar mais crítico para o planejamento da aula, a aula em si nas suas contingências e regularidades. Ressaltaremos ainda, as contribuições da literatura no desenvolvimento das crianças, assim como, as estratégias, metodologias e resultados das ações realizadas. As ações tem uma importante contribuição na formação dos bolsistas e dos professores que recebem os bolsistas em suas turmas no que se refere à instrumentalização para a inserção mais efetiva da literatura no ciclo de alfabetização. PALAVRAS-CHAVE: Contação de histórias; Iniciação a docência; Ciclo de alfabetização. CALCULADA ASTÚCIA Ozana Aparecida do Sacramento IFSudeste MG – Câmpus São João del-Rei [email protected] RESUMO: Malba Tahan, pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, publicou em 1939, seu mais famoso livro “O homem que calculava”, sucesso editorial que atravessa décadas. Nesta obra, Mello e Souza, apresenta três identidades em cascata, o pseudo-autor Malba tahan, o personagem título Beremiz e o tradutor Breno de Alencar Bianco. Essa multiplicidade de identidades criadas para driblar um contexto histórico-social acaba por criar um universo mágico para o qual confluem a língua portuguesa, matemática, história, geografia, pluralidade cultural, ciências, artes, ética. O “embuste” criado por Mello e Souza, tem o propósito de seduzir e para que tal aconteça é necessário um agente mediador que ligue sedutor e seduzido, o fio condutor, a matéria de encantamento que une ambas as partes. Em “O homem que calculava” esse elemento mediador e fascinante é o jogo de identidades e o espaço e tempo ficcionais que se estabelecem e assim tem-se um conjunto propício para que se desenvolva a arte de contar histórias, a linguagem persuasiva, pela retórica do deslumbramento. Nesse estudo, pretendemos fazer algumas aproximações com esse universo distante, exótico e, por isso, mágico e também verificar como esse “embuste” se constitui como um artifício engenhoso tanto do ponto de vista editorial quanto narrativo. PALAVRAS-CHAVE: Malba Tahan; identidades; seduzir A RUPTURA DOS CONTOS DE FADAS EM HISTÓRIA MEIO AO CONTRÁRIO Tatiele Patrícia Ely (UDC Medianeira) [email protected] Vanessa Micheli Faraom Zanesco (UNIOESTE/UDC - Orientadora) [email protected] RESUMO: Esse estudo tem como objetivo identificar a partir da obra História meio ao contrário, de Ana Maria Machado, a intertextualidade encontrada no texto com as estórias infantis, focando na atitude diferente da princesa em não querer casar com o príncipe, bem como a estrutura textual que não segue o padrão dos contos de fadas. A narrativa inicia-se pelo final tradicional dos contos e termina com o início clássico era uma vez. A obra contém aspectos em comum com os contos de fadas, como os personagens que são tradicionais, no entanto, quem ganha mais destaque nos acontecimentos não é a família real, mas sim, a pastora, simples e humilde, que quebra a tradicionalidade da princesa clássica, pois é ela quem acaba casando com o príncipe/vaqueiro. Já a princesa, filha do rei e da rainha, decidiu conhecer outras pessoas, outras terras, outros reinos. Isso demonstra que nem todas as princesas têm características ingênuas, frágeis e tímidas, porque as duas se mostram corajosas e decididas. Essa é uma estória realmente invertida, mas que ainda mantêm a essência dos contos de fadas, por ter o elemento da magia e do encantamento. E com essa mudança História meio ao contrário abre novos caminhos, mostrando que podemos ampliar os horizontes dos contos, para a formação de novas estórias e novos leitores. PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; Princesa e pastora; Contos de fadas. UM PASSEIO PELOS ENCANTOS E CANTOS DOS CONTOS NA FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO Verônica Maria de Araújo Pontes-UERN RESUMO: A compreensão e análise do fantástico e do maravilhoso na Literatura Infantil de hoje, só é possível se fizermos um resgate histórico inicial do conceito de imaginação e de fantasia, e de como esses conceitos estão caracterizados na sociedade atual e qual o seu papel nas representações humanas, e particularmente no ambiente escolar. Dessa forma, é que esperamos contribuir para a identificação do mundo fantástico e maravilhoso e uma reflexão sobre sua função na literatura de potencial recepção infantil na instituição escolar. Os contos de fadas, essas narrativas maravilhosas e que há muito tempo encantam e despertam interesses dos mais diversos tipos de leitores, principalmente o público infantil é o nosso objeto maior de discussão nesse texto. É essa mistura de fatos reais e imaginários que faz o leitor ficar motivado a ler e reler os contos, envolvendo-o, seduzindo-o e fazendo-o um leitor assíduo e reflexivo deste tipo de obra literária. Held (1980) afirma que uma história fantástica de maneira alguma nos interessaria se não nos ensinasse algo sobre a vida dos povos e dos seres, reunindo assim, as nossas preocupações, os nossos problemas, informando ainda sobre o coração no sentido mais humano, tornando-se um documentário do ser. Segundo Góes (1984), os contos não são apenas histórias criadas, mas histórias que retratam momentos reais vividos pelos povos. É por isso que problemas como riqueza, pobreza, poder, trabalho, rivalidade e conflitos familiares são caracterizados em quase todas essas narrativas. Os estudos em torno dos contos de fadas e sua contribuição para a formação do leitor são embasados em teóricos como: Zilberman (2001), Pontes (2012), Azevedo (2000), Coelho (2001), Held (1980), Góes (1984), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: literatura infantil; contos de fadas; leitor. A MALDIÇÃO DA PEDRA: O BEST-SELLER COMO LITERATURA JUVENIL. Elisa Inês Christ Theves (Escola Municipal Renascer) [email protected] RESUMO: O presente artigo tem por finalidade analisar a obra. “A maldição da pedra”, de Cornelia Funke, atentando para alguns elementos importantes na configuração do insólito, bem como são utilizados alguns elementos como o maravilhoso e o fantástico, consideradas situações que ocorrem fora do nosso espaço, ou tempo conhecidos e em local vago ou indeterminado na terra. Neste sentido, o insólito cria um ambiente de incerteza envolvendo o narrador, os personagens e o leitor diante das explicações que lhes aparecem como possíveis sem que uma anule as outras, além disso, será analisada a intertextualidade explorada pela autora fazendo-se um contraponto com os contos de fadas dos irmãos Grimm. Pretende-se através desta análise a aproximação das possíveis releituras entre o universo clássico literário e o universo dos leitores, com a finalidade de observar os novos sentidos apresentados ao leitor. Abordaremos a situação da imagem da mulher que aparece ao longo da narrativa, na qual se projeta características da fada-bruxa que se revela, desvirtua, ilude e destrói. Símbolo de beleza e sensualidade, as princesas meigas, batalhadoras, guerreiras, que têm os papéis invertidos ao serem responsáveis ao longo da trama, em salvar seus príncipes. Como referencial teórico recorre-se a obras de Coelho, Bettelheim, Abramovich e Todorov. PALAVRAS-CHAVE: Literatura juvenil; A maldição da pedra; Insólito; Intertextualidade. A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E O ENSINO DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO Samuel Carlos Wiedemann (IFPR – Campo Largo) [email protected] RESUMO: O presente artigo é fruto de uma iniciativa para promover o ensino de literatura de forma interdisciplinar, estabelecendo conexões com diversos componentes curriculares, tendo em vista a Educação Profissional integrada ao Ensino Médio oferecido pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR). A finalidade desse projeto, que está em andamento, é desenvolver o pensamento crítico do aluno, entendendo que a obra literária é fruto da interrelação entre o autor, o leitor e a sociedade. Destaca-se o fato de que esses personagens, atuantes na criação literária, estão enraizados dentro de um momento histórico que, em grande parte, reflete a ideologia atrelada concepções científicas e filosóficas próprias do período. Esta pesquisa tem por objetivo investigar se o ensino de literatura no Ensino Médio Integrado, no Câmpus de Telêmaco Borba e, futuramente, em Campo Largo, contribui para a formação crítica do aluno, atendendo, dessa forma, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica do Ensino Médio, a Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, no que se refere à formação de um cidadão crítico e atuante na sociedade. Para a execução dessa pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico referente a essa proposta e, por se tratar do 1º ano do Ensino Médio, analisou-se poemas do período árcade sob a perspectiva da ciência e tecnologia no diálogo com a sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Cidadania, Literatura, Ensino Profissional de Nível Médio, Arcadismo. LEITURA, A SUSTENTAÇÃO DO ENSINO Paulo Cezar Basílio RESUMO: Os resultados pouco favoráveis da Educação refletem, acima de tudo, o descaso com que a leitura é tratada no âmbito da formação cultural brasileira. A partir dessa realidade, neste trabalho, verifica-se a questão da leitura na escola, em busca de novos paradigmas para a abordagem educacional. A superação de modelos mecanicistas, que concebem o ensino das letras de forma fragmentada, pode trazer novas perspectivas para a disseminação da leitura, enquanto prática responsável pela sustentação do ensino e mecanismo de formação intelectual e promoção da cidadania. Para tanto, vislumbra-se o processo de formação do leitor, bem como a aquisição das habilidades requeridas para se ler efetivamente, como enfoque central dos procedimentos teóricometodológicos que priorizam a construção do sentido muito além da simples decodificação, nos moldes preconizados pela Estética da Recepção de Textos, por alguns autores da AFL – Associação Francesa pela Leitura, entre outras abordagens teóricas. Enfatiza-se, assim, a necessidade de um ensino integrado da literatura infanto-juvenil aos outros eixos cognitivos que também estão vinculados, de uma forma ou de outra, à manifestação artística. Vislumbra-se, assim, o ensino da leitura por um viés que transcende aos estudos específicos da linguagem e incumbe a todos os profissionais da educação a tarefa de formar leitores. Dessa maneira, busca-se a disseminação ato de ler por meio da conexão de muitas vozes, oriundas dos mais diversos domínios científicos, sociais e culturais que constituem os alicerces de todo o discurso escolar. PALAVRAS-CHAVES: leitura; literatura infanto-juvenil; formação de leitores; ensino; cidadania OS RETRATOS DA PAIXÃO EM SAPATO DE SALTO Vanessa Borella Da Ross - Unioeste (Unioeste/Graduanda/IC V) [email protected] RESUMO: A proposta desse trabalho é analisar de que forma o tema da paixão é abordado no livro Sapato de Salto de Lygia Bojunga. A temática da paixão nas relações amorosas, e suas possíveis consequências, são recorrentes nas obras da referida autora. O estudo focalizará a forma como o tema paixão é apresentado ao público infanto-juvenil. Por ser importante e parte da vida das pessoas, a paixão é tema recorrente na história da literatura mundial. Este sentimento acomete aos seres humanos deixando-os por vezes sem o controle de suas emoções e também de suas vidas. A escritora Lygia Bojunga também trata desse tema, porém seu enfoque é o público infanto-juvenil. assim, Esse trabalho visa analisar a forma de apresentação e abordagem dessa temática para o referido público, pois a literatura pode ser um auxilio aos adolescentes que vivenciam de forma muito intensa a paixão nessa fase da vida. Para a realização deste trabalho serão utilizados como base teórica: Os sentidos da Paixão de Sérgio Cardoso; Ética a Nicômaco de Aristóteles; Tratado Político de Spinoza; A paixão no banco dos réus: casos passionais célebres: de Pontes Visgueiro a Pimenta Neves de Luiza Eluf. PALAVRAS-CHAVE: Lygia Bojunga; paixão; Sapato de Salto. SIMPÓSIO: AS INTERFACES DO IMAGINÁRIO E DA MEMÓRIA NAS LITERATURAS BRASILEIRA E AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA Iêdo de Oliveira Paes - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) [email protected] Sávio Roberto Fonsêca de Freitas - Universidade Federal Rural de Pernambuco(UFRPE) [email protected] RESUMO GERAL: Partindo do princípio de que a literatura de países colonizados sempre estabelecem uma política de negociação com as ideologias colonizadoras eurocêntricas, objetivamos por meio deste simpósio discutir como se estabelecem as interfaces nas tessituras literárias brasileiras e africanas por meio de um imaginário de representação que se forma através da dissimulação, pela militância e assimilação cultural, evidenciando o modo como as relações de gênero se estabelecem e delimitam os traços políticos e culturais que tangenciam ou tencionam toda a escritura dessas literaturas no tocante aos pactos celebrados na representação do sujeito contemporâneo que não se cansa de encenar e enunciar, pontuando o discurso fragmentado e erguido em meio a representações da memória que perpassa por entre labirintos reconfigurados no processo de construção e desconstrução no qual está imerso. Pretendemos observar nas inferências dos trabalhos as vozes dos discursos que trazem à baila as aproximações e também os distanciamentos que se operam nos elementos constitutivos do texto literário enquanto função social e espaço de representação desse sujeito. O imaginário e a memória são fatores preponderantes para o cotejamento das literaturas brasileira e africana em língua portuguesa no que diz respeito à “denúncia” de um sujeito que está sempre em processo de reelaboração impingindo os seus valores socioculturais, religiosos, políticos e econômicos, que evidenciam uma verdadeira polifonia nos seus (inter)discursos. PALAVRAS-CHAVE: poéticas do imaginário, memória, literatura brasileira, literatura africana em língua portuguesa. AS INTERFACES DO IMAGINÁRIO E DA MEMÓRIA NAS LITERATURAS BRASILEIRA E AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes /UFRPE Prof. Dr. Sávio Roberto Fonsêca de Freitas /UFRPE RESUMO: Partindo do princípio de que a literatura de países colonizados sempre estabelecem uma política de negociação com as ideologias colonizadoras eurocêntricas, objetivamos por meio deste simpósio discutir como se estabelecem as interfaces nas tessituras literárias brasileiras e africanas por meio de um imaginário de representação que se forma através da dissimulação, pela militância e assimilação cultural, evidenciando o modo como as relações de gênero se estabelecem e delimitam os traços políticos e culturais que tangenciam ou tencionam toda a escritura dessas literaturas no tocante aos pactos celebrados na representação do sujeito contemporâneo que não se cansa de encenar e enunciar, pontuando o discurso fragmentado e erguido em meio a representações da memória que perpassa por entre labirintos reconfigurados no processo de construção e desconstrução no qual está imerso. Pretendemos observar nas inferências dos trabalhos as vozes dos discursos que trazem à baila as aproximações e também os distanciamentos que se operam nos elementos constitutivos do texto literário enquanto função social e espaço de representação desse sujeito. O imaginário e a memória são fatores preponderantes para o cotejamento das literaturas brasileira e africana em língua portuguesa no que diz respeito à “denúncia” de um sujeito que está sempre em processo de reelaboração impingindo os seus valores socioculturais, religiosos, políticos e econômicos, que evidenciam uma verdadeira polifonia nos seus (inter)discursos. PALAVRAS-CHAVE: poéticas do imaginário, memória, literatura brasileira, literatura africana em língua portuguesa. SÓNIA SULTUANE: DO LIRISMO AO FEMINISMO NA POESIA MOÇAMBICANA CONTEMPORÂNEA Sávio Roberto Fonseca de Freitas (UFRPE) [email protected] RESUMO: Sónia Abdul Sultuane é mais uma voz feminina que vem compor o elenco de mulheres escritoras em Moçambique. O lirismo e o feminismo dão um toque especial à produção literária da referida poeta que nada deixa a desejar em relação ao grupo de mulheres escritoras que compõem o cenário da literatura moçambicana do pós-independência. O lirismo presente na poesia de Sultuane dá visibilidade à tradição oral preservada pelos intelectuais da literatura moçambicana, como também evidencia uma voz poética que se posiciona no feminino. O feminismo dá ao discurso poético de Sultuane a envergadura social que a insere na discussão da emancipação política de Moçambique, sendo as temáticas femininas o ponto de discussão sobre literatura, identidade e póscolonialismo. Desta forma, nosso estudo pretende desenvolver uma análise dos poemas de Sónia Sultuane à luz da teoria feminista, no intuito de afirmar que, através de sua poesia, Sonia Sultuane cria um eu-poético feminista engajado com o processo de reconhecimento e pertencimento identitário em Moçambique. PALAVRAS-CHAVE: Poesia, Feminismo, Identidade Cultural, Sónia Sultuane. PALAVRAS: DENÚNCIA À VIOLÊNCIA E ECOS IDENTITÁRIOS EM NGA FEFA KAJINVUNDA, DE BOAVENTURA CARDOSO Maria Aparecida de Barros – UEL [email protected] RESUMO: Colônia portuguesa, Angola esteve sob julgo dessa empresa capitalista no percurso de quinhentos anos. A independência ocorreu em 1975. É deste cenário a obra de contos Dizanga dia Muenhu, de Boaventura Cardoso, editada em 1977. O escritor não se dispôs a traduzir o título do livro, evento que suscita a hipótese que cabe ao leitor investigar o termo em quimbundo, proveniente do grupo linguístico étnico do povo banto, estética de valoração à cultura de tradição oral africana. Dos contos elegemos Nga Fefa Kajinvunda, em que a protagonista se faz pela palavra. Trata-se de uma das inúmeras mulheres que comercializam no mercado ao ar livre. O processo de violência substancia-se pelo autoritarismo do universo masculino sobre o feminino e pela supremacia da visão europeia em detrimento à pessoa negra. Diante disso, a proposta desse artigo visa analisar as formas de resistência da personagem feminina, que se ampara na voz, no discurso vivo, para espelhar na escritura de Boaventura Cardoso, o enfrentamento e a recusa à anulação. Assim, a voz recobre-se de signos, que representativa da coletividade, forja-se na escrita, recurso utilizado para romper o cerco de invisibilidade imposto à sociedade angolana. Nesse trâmite, os elementos composicionais perpassam-se de vocábulos quimbundos imbricados à língua portuguesa criando uma escrita que repercute a oralidade, que além de formular denúncia à violência, à exploração, ao racismo, funciona como húmus identitário. PALAVRAS-CHAVE: Voz feminina; Exploração; Violência; Resistência. AMOR E MELANCOLIA: A IMAGEM ARQUETÍPICA DO ANJO NA POESIA CONTEMPORÂNEA DE LÍLIA SILVA Job Lopes (UNIOESTE) [email protected] Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente estudo busca analisar o amor e a melancolia a partir do arquétipo do anjo na lírica da poeta contemporânea Lília Silva. A escritora brasileira possui publicados 103 livros nas áreas de Literatura: poesia, teatro, romance, literatura infantil, Artes plásticas (pintura, desenho), didáticos, de Direito e de psicologia. Partindo dos pressupostos dos teóricos Octavio Paz (1982), Harold Bloom (2008), Gaston Bachelard (1993), depreende-se que a lírica liliana apresenta um exercício espiritual, de liberdade de pensamentos e emoções ao compor imagens fantásticas articuladas a profundidade de palavras e cores. Com uma sensibilidade perspicaz, a escritora entrelaça a figura angelical ao desencantamento das angústias e tristezas do eu poético. Dessa forma, compondo uma escrita elaborada e com traços fortes e precisos. Lília Silva expressa uma encantadora imagística, que nessa pesquisa é analisada a partir da imagem arquetípica do Anjo. Para Jung (2008), as imagens vão além de meras visualizações, elas são também representações. As imagens arquetípicas podem se manifestar, por meio, de sonhos, visões, sentimentos, lembranças e sensações cinestésicas. Compreende-se que o anjo na lírica é delineado pelos sentimentos do eu poético que o concebe como representação do ser amado. PALAVRAS-CHAVE: Poética; Anjo; Arquétipo; Lília. A ESCRITURA LUFTIANA ATRAVÉS DA FRESTA QUE ATRAVESSA O DISCURSO OPRESSOR MASCULINO EM O PONTO CEGO Iêdo de Oliveira Paes (UFRPE) [email protected] RESUMO: Os discursos autoritários do narrador enquanto viés de confronto com a atitude controladora masculina no universo patriarcal. Utilizaremos os aspectos simbólico e discursivo literários. Análise da escritura de Lya Luft. A obra que nos servirá de análise será O Ponto Cego, tessitura permeada por um imaginário simbólico no qual as águas represadas do desejo tornam-se rio com seus afluentes literários representados pelo riacho e metáforas “líquidas” que norteiam o fio narrativo luftiano. A posição do narrador de sempre estar por “debaixo do debaixo” e olhar do alto de uma escada impingem de forma decisiva a questão da onisciência e onipresença ao longo do tecido narrativo. É “o que deixaram sob o tapete, o que à noite se esgueira pelos corredores, chorando”; o anjo no alto da escada de onde alguém acaba de rolar” (Luft, 1999, p.30). Categorias psicanalíticas sob a luz freudiana perpassam na análise enquanto legitimadoras dos discursos das personagens no tocante à enunciação dos sujeitos. PALAVRAS-CHAVE: literatura brasileira – patriarcado – psicanálise – imaginário. IDENTIDADE CULTURAL, ALTERIDADE E RESISTÊNCIA NO PERÍODO PÓSAPARTHEID NA OBRA DESONRA DE J.M. COETZEE Ruane Maciel Kaminski Alves (UEL) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como proposta a análise do romance sul-africano Disgrace de J. M. Coetzee (1999), traduzido para o português como Desonra (2000), por José Rubens Siqueira, pela editora Companhia das Letras. O livro contempla o contexto do mundo pós-colonial marcado pela injustiça e pelo deslocamento do homem branco no mundo sul-africano. Além de abordar a condição degradante do branco que explora a mulher negra e na contraposição da história, apresenta cenas de “decadência” de valores na representação da mulher branca violentada pelo negro. Pretende-se estudar a obra, verificando em que medida a narrativa reelabora o contexto histórico e social sobre o qual ancora o tema. Devido ao modo como o tema é tratado em Desonra, pretende-se verificar como aparecem noções sobre identidade, alteridade e resistência na literatura e cultura, a partir de estudos de Homi Bhabha (2005), Stuart Hall (2003), Bosi (2002), Thomas Bonicci (2009), entre outros. A formulação de imagens de identidade e alteridade, compreendidas como práticas de resistência acontece em um “terceiro espaço cultural que se forma com o contato com a alteridade” (BHABHA, 2003, p.67), definido a partir do contato com a diferença e resultam na percepção das identidades como resíduos de outros significados e identidades. PALAVRAS-CHAVE: Literatura, África do Sul, pós-apartheid, Resistência, pós-colonialismo. JOGO DE LUZ: A POESIA PERPASSA REPRESENTAÇÕES DA MEMÓRIA Vanessa Micheli Faraom Zanesco (UNIOESTE – PG) [email protected] Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE - Orientador) [email protected] RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo investigar representações da memória nos textos poéticos da escritora Chloris Casagrande Justen, que exprime uma linguagem marcada pela subjetividade em suas palavras. A imaginação simbólica também faz parte do universo poético dos poemas analisados, por isso também se investigará como as imagens traçam contornos para criar a constituição da memória lírica e fazem refletir sobre os temas por meio da linguagem poética, que se utiliza de metáforas com um olhar diferenciado sob a lírica da poeta. Nos poemas selecionados da obra Jogo de luz (1993), a memória não convém como caráter informativo, mas prima pelo envolvimento de rememorar fatos que permaneceram em outro tempo, fazendo refletir sobre a realidade que foi utilizada para constituir as imagens e a memória lírica, as quais revelam a nostalgia recorrente nos versos justinianos. Esses apontamentos direcionam para reflexões que resultarão na contribuição para a análise da linguagem poética de Chloris Casagrande Justen, uma vez que são os seus poemas que dão lastro para a imaginação simbólica e a memória lírica que são contempladas pelo sujeito poético. Levando em consideração o tema e questionamentos levantados, propomos estabelecer um estudo destacando os recursos poéticos utilizados nos textos da obra Jogo de luz (1993), bem como a importância de representações da memória envolvendo os textos poéticos. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Linguagem poética; Representação. AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE: IMAGENS POÉTICAS EM HELENA KOLODY Patricia de Lara Ramos (UNIOESTE/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: O homem está em constante busca da verdade, no entanto, as fronteiras do conhecimento não têm fim, pois, de tempos em tempos, tudo é colocado em dúvida; e o homem vive numa eterna indagação sobre o mundo, de tal sorte que toda descoberta não é o produto final, mas mais uma aventura humana, já que o homem vive no mundo dos fenômenos, daquilo que “é” para a sua consciência. Sendo assim, voltar o olhar aos significados das imagens criadas pelo homem em sua produção artística é uma das formas de adentrar-se aos possíveis sentidos de uma obra literária. O imaginário é compreendido como um conjunto de imagens capaz de formar um todo coerente, isto é, embora as imagens possuam sentidos variados porque possuem sentidos secundários, há sempre uma força subjacente que confere coerência aos sentidos emanados por elas. O presente trabalho visa, portanto, investigar as imagens poéticas representativas da morte em alguns poemas de Helena Kolody tendo como base os estudos de Gilbert Durand (1997), Bachelard (2009) e Chevalier e Gheerbrant (1986). Os resultados apontam para a observação de que Helena Kolody escreveu vários de seus poemas utilizando-se de imagens poéticas que delineiam a temática da vida e da morte e o desejo por um mundo transcendente, buscando encontrar o significado para a existência humana e deixando claro que o sujeito lírico de sua poesia acredita na eternização da alma, na transição dos seres de um mundo terreno para um mundo etéreo e intemporal. PALAVRAS-CHAVE: Imaginário; morte; poesia; Helena Kolody. A IDENTIDADE DA TERRA ATRAVÉS DA POESIA DE MIA COUTO Fernanda Carine Rozeng da Rocha ( UFFS Voluntária de Pesquisa) [email protected] RESUMO: A literatura do escritor moçambicano Mia Couto, embora reconhecida internacionalmente pela vertente imaginativa da sua prosa de romances e contos, já traz, em sua produção poética, os alicerces do eu em relação à terra a que pertence. Esta pesquisa tem por objetivo apresentar, através do poema “O Amor, o meu amor”, como se constrói a identidade telúrica e a noção de africanidade através da linguagem e das imagens evocadas. Mia Couto busca, por meio da literatura, inflar o sentimento nacionalista em um povo recém independente. Para isso, funde as esferas do abstrato e do concreto para revelar uma ligação íntima e amorosa com a terra, deste modo hibrida homem e solo para nutrir o sentimento telúrico entre ambos e demonstrar através da sua poesia. Afastando-se assim de noções arraigadas de Pátria ou Nação (políticas), para elevar a noção de Povo único, filho de uma mesma mãe, à África. Tendo como princípios norteadores os conceitos apresentados por críticos como Thomas Bonnici, Rita Chaves e Michel Foucault, os quais apresentam uma nova visão a partir de um contexto pós colonial, sendo assim intenta-se mostrar a visão miacoutiana de ruptura do papel de colônia, ainda imposto a Moçambique, para que se desvencilhe das noções eurocêntricas de hegemonia colonial e renasça culturalmente. PALAVRAS-CHAVE: Mia Couto, Moçambique, cultura, nacionalismo, literatura MATEUS-MARIA GUADALUPE: A VOZ DISSONANTE NOS PAÍSES DE LÍNGUAS PORTUGUESAS Prof. M.e Wandick Antônio Souza Costa (Faculdade JK/ Gama I - DF) [email protected] RESUMO: Nos textos de Agostinho da Silva, seu heterônimo Mateus-Maria Guadalupe é a voz dissonante, que critica e sugere, em uma poética de alto nível de erudição, os valores e os contravalores constantes do imaginário em língua portuguesa, baseando-se na memória coletiva que mantém, em diversos momentos históricos, a representação do sujeito que aparece como resquício cultural de uma mistura cultural presente em língua portuguesa, nos diversos espaços geográficos e no texto literário. Propõe-se a abordagem transdisciplinar, para compreender a complexidade das novelas, em que os diversos saberes fazem parte da formação identitária do sujeito contemporâneo nos países colonizados e em Portugal. A sátira, em discurso erudito e popular de Mateus, fere delicada e objetivamente esse sujeito contemporâneo, representado pelos diferentes lugares culturais. Desses lugares, onde se pode encontrar a tradição do “olhar interior”, ressaltada por Paul Ricoeur, coincide também com o olhar de Mateus acerca do sujeito de língua portuguesa que questiona e, ao mesmo tempo, reafirma suas posições culturais, sociais, econômicas e políticas. Daí as novelas assumirem uma função social importante de construção e desconstrução de imagem eurocêntrica, elaborada por discursos nem sempre canônicos, que se aproximam do didatismo, a fim de (in)formar o ser de língua portuguesa. Assim, dentro do imaginário em língua portuguesa, em que a liberdade é ponto de argumentação central de Agostinho da Silva, encontra-se o limite da escritura agostiniana que oscila entre o silêncio e o dizer nas línguas portuguesas. PALAVRAS-CHAVE: Memória coletiva, imaginário lusófono, transdisciplinaridade, formação do sujeito, línguas portuguesas. A LEI 10639/03 E A LITERATURA SOBRE A TEMÁTICA NEGRA Dejair Dionísio (PPGL-UEL / NEAB-UFES) [email protected] RESUMO: Apesar dos dez anos da Lei 10.639/03, se faz necessário medrar a temática que envolve o tema do negro na poesia escrita em Língua Portuguesa, seja ela no Brasil ou na diáspora da nossa língua, tais como Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, é a intenção e motivação desse trabalho. Oswaldo de Camargo na apresentação da "Antologia da Poesia Negra Brasileira; O Negro em Versos" da Editora Salamandra/Moderna de 2008, faz um levantamento histórico/literário dessa presença, trazendo à luz da discussão a apresentação de vários autores e autoras afro-descendentes não contemplados no cânone literário brasileiro. Po routro lado, podemos observar as considerações de Érica Antunes Pereira sobre a “Construção do sujeito Feminino em Poemas Angolanos, Cabo-verdianos, Moçambicanos e São-Tomenses”publicado recentemente (2013) pela editora ANNABLUME, acerca da poesia desenvolvida e versada por vozes femininas. Aproximando-se a partir do diálogo proposto, bem como da necessidade de entender a construção de sentidos – também desses autores e autoras, pretendemos refletir também com outros teóricos e críticos das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa e Afro-brasileira, dessa temática escrita e versada na língua oficial desses países, apesar do incômodo histórico relembrado por Antonio Candido em “Literatura e Socieidade”, citando de Camilo Castelo Branco, na tentativa de desqualificar a obra de Caldas Barbosa com o: “Entenderam? É claro como o mulato”ou, ainda - a cruel e desnecessária citação de Bocage sobre o mesmo autor como “neto da rainha Ginga”, numa óbvia tentativa de desqualificar a nossa literatura e as nossas origens africanas. PALAVRAS-CHAVE: Palavras-chave: literatura afro; negro; Lei 10.639/03; Língua Portuguesa. A POESIA DE ADÉLIA MARIA WOELLNER: CONFLUÊNCIAS DO IMAGINÁRIO E DO MITO Marcia Munhak Speggiorin/UNIOESTE [email protected] RESUMO: Visa-se analisar a poesia de Adélia Maria Woellner, tendo como campo de análise a referência mítica presente na produção da poeta e que infere-se no imaginário do eu lírico no contexto latino-americano. A relação texto/sujeito a partir da construção do imaginário possibilita o entendimento da relação desse ser social em seu contexto e sua formação nesse diálogo com a representação poética. O homem é um ser constituído de palavras, a palavra poética é a essência da alma humana, dessa forma, a composição da linguagem woellneriana estabelece uma relação dialógica marcante no tocante entre o mito, a poesia e o imaginário presente no pensamento humano. Para este trabalho, textos das obras, Sons do silêncio (2004), Infinito em mim (1997), Avesso meu (1990), Nhanduti (1964) e Poesia trilógica (1972), serão o foco da análise por trazerem uma linguagem plena de imagens poéticas e simbólicas que instigam o imaginário e as nuances da mente humana em um contexto urbano de transição da segunda metade do século XX e início do século XXI. Poeta contemporânea, Adélia Maria Woellner possui uma intensa produção de poemas, narrativas e textos para o público infantil, criações repletas de imagens simbólicas que dão lastro à imaginação. Como fundamentação teórica serão utilizadas as contribuições de Octavio Paz (2012), Jean-Pierre Martinon (1977), Gilbert Durand (2012), dentre outros pensadores. PALAVRAS-CHAVE: Poesia. Imaginário. Adélia Maria Woellner. UMA IDENTIDADE TRIPARTIDA: REFLEXÕES ACERCA DO LIVRO CARTAS DE UM NIHONJIN UCHINANCHU DO BRASIL Ricardo Sorgon Pires – FFLCH/ NEHO – USP [email protected] RESUMO: Este trabalho propõe realizar uma análise da obra do professor Paulo Moriassu Hijo, Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil, a qual compõe-se de quinze cartas endereçadas a Dom José de Aquino Pereira, primeiro bispo da cidade de Presidente Prudente, a quem auxiliou na função de “coroinha” durante sua infância nessa cidade. Como o próprio título evidencia, a vida do autor constituiu-se a partir da fusão de elementos de três matrizes culturais e sociais: a japonesa (nihonjin), a uchinanchu (oriunda das ilhas Ryûkyû ou Okinawa, ao sul do Japão), e a brasileira. A obra percorre variados temas, como: as histórias e lendas japonesas, a vida no sítio, as festas, a alimentação, os costumes dos okinawanos, a educação, a mudança para a cidade, dentre outros assuntos. Assim, partindo da abordagem desses temas e das especificidades do gênero carta pretende-se perceber o processo e os recursos utilizados pelo autor na construção de sua memória e identidade, relacionando tal obra com o contexto histórico da imigração japonesa e okinawana no Brasil, sobretudo no interior do Estado de São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: carta, memória, identidade, imigração. APROXIMAÇÕES LITERÁRIAS ENTRE O LITORAL DO PARANÁ E A ÁFRICA DE LÍNGUA PORTUGUESA Antônio Galvão (IFPR) [email protected] RESUMO: No presente trabalho apresentamos alguns encaminhamentos de leitura de contos da coletânea O fio das missangas, do escritor moçambicano Mia Couto, e do livro No mar das vítimas, do brasileiro W. Rio Apa. A partir de uma abordagem teórica de aproximações entre literatura, história e sociedade, o objetivo do trabalho é o de comparar alguns dos contos mais emblemáticos em cada uma das duas coletâneas com vistas à percepção de proximidades e distanciamentos nas narrativas dos ficcionistas aqui estudados. Assim, se em Mia Couto a brevidade da narrativa condensa a representação de uma infinidade de vidas simples abrigadas em cada ser humano, em W. Rio Apa os contos igualmente revelam as lutas de pescadores e a vida dispersa ao mar. Ou ainda, se no escritor moçambicano a palavra mínima desnuda os silêncios das personagens, no escritor do Litoral do Paraná a palavra recupera registros de oralidade que igualmente ampliam os silêncios e as distâncias nas vidas de pescadores e moradores de ilhas. Distanciados por seus países, Moçambique e Brasil, aqui é possível aproximar esses dois autores por um mesmo fio comum a uni-los, a representação literária em língua portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: Literatura, história e sociedade. Literatura africana. Estudos comparados de literaturas de língua portuguesa. (IN)CONFORMISMO EM MÚSICAS DE RAUL SEIXAS Felipe Eduardo Nenevê (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise de músicas gravadas em discos de vinil, que fazem parte do acervo do Núcleo de Pesquisa e Documentação sobre Oeste do Paraná (CEPEDAL), localizado no campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná de Marechal Cândido Rondon. Trata-se de uma investigação vinculada ao Programa ‘’ Organização e Digitalização dos Fundos Documentos do Acervo do CEPEDAL’’, financiado pelo (MEC) Ministério da Educação e Cultura-PROEXT 2011. O acervo possui 93 discos de vinil, separados por duas coleções: História da Música Popular Brasileira e Nova História da Música Popular Brasileira, ambas as coleções gravadas e distribuídas pela Editora Abril Cultural, entre os anos de 1970 e 1979. A análise abordará algumas letras das músicas gravadas por Raul Seixas, no disco de vinil de numero 58, edição: Nova História da Música Popular Brasileira, 1978. O disco também contém músicas de Moraes Moreira e Novos Baianos, buscando, assim, representar um conjunto de artistas originários do estado da Bahia. As músicas a serem trabalhadas serão: Ouro de Tolo e As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor. Ambas apresentam uma crítica relacionada às questões como o conformismo nacional imposto pelo regime militar e à classe alta brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Disco de vinil, Raul Seixas, História. UM PROCESSO INTERMIDIÁTICO NA CRIAÇÃO DE UM AUDIOLIVRO, ANALISADO PELA CRÍTICA GENÉTICA Lucia Terezinha Zanato Tureck (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho refere-se ao processo de criação de um audiolivro relacionado com a temática da cegueira. Pretende-se analisar os processos de tradução intermidiática envolvidos na produção de uma mídia sonora baseada em um conto da literatura fantástica do final do século XIX – The country of the blind, de Herbert George Wells. Os manuscritos digitais gerados na produção de roteiros da mídia sonora, bem como o processo de gravação do audiolivro em questão, são analisados, articulando teorias da tradução aos estudos da estética radiofônica e da performática vocal, contando-se com a base metodológica da crítica genética. Ao compreender como a linguagem verbal pode ser usada para compor imagens sonoras que sirvam de instrumento de mediação para as pessoas com deficiência visual na apropriação da cultura, busca-se, com a presente pesquisa, analisar a recepção do audiolivro por essas pessoas. O enfoque dado encontra-se na perspectiva de que essa criação constitui um instrumento de acessibilidade a textos literários, ampliando assim as possibilidades de fruição estética pelas pessoas com deficiência visual, como apresentam os resultados do processo de recepção, destacando a contribuição dos diferentes signos integrados na nova mídia. PALAVRAS-CHAVE: intermidialidade; processo de criação; audiolivro; pessoas com deficiência visual. HISTÓRIA E MÚSICA: O SAMBA DE GERALDO PEREIRA E WILSON BATISTA Daniel da Rosa Dutra - Universidade Estadual do Oeste do Paraná (MEC/PROEX – UNIOESTE) [email protected] Carlos Henrique Reis - Universidade Estadual do Oeste do Paraná (MEC/PROEX – UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Nesta comunicação pretendemos apresentar uma análise da música Acertei no Milhar, escrita na década de 1940 por Geraldo Pereira e Wilson Batista e gravada em disco de vinil da coletânea ‘’História da Música Popular Brasileira’’. A coletânea é composta por 48 fascículos e faz parte do acervo do Núcleo de Pesquisa e Documentação sobre Oeste do Paraná (CEPEDAL), localizado no campus da UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon. Trata-se de uma análise vinculada ao programa ‘’Organização e Digitalização dos Fundos Documentais do Acervo do Núcleo de Pesquisa e Documentação Sobre o Oeste do Paraná (CEPEDAL)’’ – PROEX 2011. Acertei na Milhar é uma música que traduz os anseios de fortuna através da sorte na loteria popular, e conta os projetos de um trabalhador que tira a ‘’sorte grande’’. Essa interpretação sobre os anseios, perspectivas e desejos do sujeito trabalhador da década de 1940 contraria os discursos que positivavam o trabalho como a melhor forma de se obter riqueza. PALAVRAS-CHAVE: Samba, música popular, história. REPRESENTAÇÕES FEMININAS DA MORTE: HERMENÊUTICA TANATOLÓGICA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E GRAPHIC NOVELS Sonia Sirtoli Färber. (EST. Bolsista CAPES) [email protected] RESUMO: Na cultura popular, a morte é um ente, um ser autônomo, dotado de inteligência e liberdade, no repertório imagético da morte a figura emblemática é do esqueleto encapuzado presente na literatura infantil e gravuras dos gibis, seja na imagem divertida da Dona Morte apoiada na sua foice, de Maurício de Souza, da Death com pingente de cruz ankada, nos comics de Neil Gaiman e da Morte Nasona de Pietro Vanessi. A presente pesquisa visa evidenciar as multiformes representações da morte nas histórias em quadrinhos e graphic novels. A metodologia utilizada é a análise de textos e filmes sob o recorte temático da morte, a fim de propor uma hermenêutica tanatológica. Para delimitar a pesquisa, as histórias em quadrinhos foram selecionadas três personagens femininos que representam a morte em três países distintos (Brasil, Itália e Estados Unidos). Discussões sobre a provisoriedade da vida, a inexorabilidade da morte e expectativa de eternidade estão presentes em produções cinematográficas, gibis e comics resultando num meio de difusão de amplo espectro da cosmovisão acerca da vida e da morte. PALAVRAS-CHAVE: Morte; Graphic novels; Literatura. PAGODE BAIANO: ENTRE SWING, LETRAS E QUESTÕES DE GÊNERO Sônia Maia Teles Xavier (UNILESTE – Centro Universitário do Leste de Minas) Robledo Magalhães (UNILESTE – Centro Universitário do Leste de Minas) RESUMO: A pesquisa debruça-se sobre a análise de músicas do estilo Pagode Baiano , no intuito de verificar se as expressões utilizadas para retratar a mulher configuram-se como simples letras, ou constituem-se como violência simbólica, um tipo de violência camuflada e sutil, contra as mulheres. Sobretudo, reflete acerca das questões de gênero, com o objetivo de contribuir para um repensar dessas relações na sociedade. Para isso, foi empreendida análise bibliográfica, tendo como suporte teórico Beauvoir (1990); Bourdieu (2001) ; Nancy Fraser (2007); Lipovetsky (2000), e Xavier (2007). Para tratar sobre Pagode Baiano, Nascimento (2012). Utilizou-se como metodologia, a análise de conteúdo para analisar as letras de músicas de cinco grupos representantes do Pagode Baiano. Para perceber como acontece o processo de recepção, foi aplicado um questionário veiculado no ambiente virtual. Obteve-se um total de 116 acessos, sendo 64 completos. Apesar da pesquisa ainda estar em andamento, os resultados sinalizam que a imagem depreciativa da mulher representada nas referidas músicas, podem reforçar estereótipos perversos na memória cultural em determinados contextos sociais, de certa forma, cooperando para práticas sociais de violência simbólica contra mulheres. PALAVRAS CHAVE: Pagode Baiano; Mulheres; Questões de Gênero; Violência Simbólica. NARRATIVA DA EXPERIÊNCIA: A DESCRIÇÃO DOS PERSONAGENS EM S.BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS Amauri de Lima (UNIOESTE) Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE) RESUMO: Este estudo tem como ponto de partida o estudo das personagens da obra S. Bernardo, de Graciliano Ramos. A análise se constrói, buscando entender como a maturidade narrativa descritiva dos personagens integram a sua prosa literária. A competência descritiva de Graciliano Ramos no interior de sua narrativa, apresenta uma “fórmula” pessoal de apontar situações sociais e transpor para a obra, por meio de personagens, o modo de ver o mundo de seu tempo. Pode-se ressalvar que a descrição das performances dos personagens é destacada, mesmo com grande carga ideológica presente na obra, contribuindo para reconhecer que, o olhar experiente de Graciliano Ramos sobre a realidade local, contribui para refletirmos como nos damos com o desencanto, com o incerto, com a ausência e com a falta de tradição. A maturidade de Graciliano Ramos como escritor no desenvolvimento da narrativa dá suporte para penetrar na alma humana e nos conhecermos melhor. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa. Descrição. Personagens. S. Bernardo SIMPÓSIO: LITERATURA CONTEMPORÂNEA: AUTORIA, MEMÓRIA E REPRESENTAÇÕES Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) [email protected] Alessandra Valério (UNIOESTE) [email protected] Antonio Guizzo (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A literatura contemporânea tem se caracterizado pela flexibilidade de suas fronteiras e por sua imensa capacidade de diálogo seja com a tradição estética e com as outras artes, seja com os conflitos e as angústias, vivenciados nos diferentes modos de existência atuais. Esses textos não só questionam os limites da ficção como também acirram o debate sobre como narrar e como representar, discutem o papel da memória e tematizam a reconfiguração de categorias como tempo e espaço da narrativa. Este simpósio objetiva reunir e expor trabalhos dedicados às pesquisas em literatura contemporânea, brasileira ou estrangeira, na prosa ou poesia. Visa explorar os experimentos apresentados pela literatura atual no tocante às diversas temáticas e às preocupações estéticas, as repercussões sobre a autoria, o papel da memória, as representações do imaginário, a crise de representação literária e o diálogo com outros campos do saber. Tais "inovações" nesse cenário artístico e literário remetem à clássica afirmação de Antonio Candido, de que os elementos externos agem de tal forma sobre a obra artística que acabam exercendo importante papel na constituição da estrutura e, consequentemente, tornando-se, elementos internos desta mesma obra. Neste sentido, nas narrativas literárias recentes, parece haver problemáticas emanadas dessas circunstâncias que envolvem sua criação, e é isto que nos propomos a discutir e compreender, conjuntamente, no simpósio. PALAVRAS-CHAVE: Literatura contemporânea; memória; imaginário; representação; autoria. RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO LITERATURA CONTEMPORÂNEA: AUTORIA, MEMÓRIA, REPRESENTAÇÕES Dra. Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) [email protected] Mrs. Alessandra Valério (UNIOESTE) [email protected] Mrs. Antonio Guizzo (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A literatura contemporânea tem se caracterizado pela flexibilidade de suas fronteiras e por sua imensa capacidade de diálogo seja com a tradição estética e com as outras artes, seja com os conflitos e as angústias, vivenciados nos diferentes modos de existência atuais. Esses textos não só questionam os limites da ficção como também acirram o debate sobre como narrar e como representar, discutem o papel da memória e tematizam a reconfiguração de categorias como tempo e espaço da narrativa. Este simpósio objetiva reunir e expor trabalhos dedicados às pesquisas em literatura contemporânea, brasileira ou estrangeira, na prosa ou poesia. Visa explorar os experimentos apresentados pela literatura atual no tocante às diversas temáticas e às preocupações estéticas, as repercussões sobre a autoria, o papel da memória, as representações do imaginário, a crise de representação literária e o diálogo com outros campos do saber. Tais "inovações" nesse cenário artístico e literário remetem à clássica afirmação de Antonio Candido, de que os elementos externos agem de tal forma sobre a obra artística que acabam exercendo importante papel na constituição da estrutura e, consequentemente, tornando-se, elementos internos desta mesma obra. Neste sentido, nas narrativas literárias recentes, parece haver problemáticas emanadas dessas circunstâncias que envolvem sua criação, e é isto que nos propomos a discutir e compreender, conjuntamente, no simpósio. PALAVRAS-CHAVE: Literatura contemporânea; memória; imaginário; representação; autoria. Alessandra Valério (UNIOESTE/ Pesquisadora Capes/ Cnpq) [email protected] Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE/Docente) [email protected] RESUMO GERAL: Como obter visibilidade no campo literário brasileiro contemporâneo? Quais são as principais rotas de consagração nesse espaço tão disputado? Os prêmios literários constituem, na atualidade, uma das principais garantias de projeção para o autor nacional em um mercado editorial ainda muito restrito. Com intenção de estudar com mais acuidade o mecanismo de seleção de que dispõem os concursos literários brasileiros, este estudo realizou um recorte temporal que compreende o período entre 2007 e 2012 e envolve os finalistas dos Prêmios Jabuti, São Paulo de Literatura e Portugal Telecom. A investigação apontou que 43% dos autores são mestres ou doutores na área de Letras ou Comunicação, 32% são professores universitários ou pesquisadores ligados à IES, 46% exercem duplas funções no campo literário (são críticos, editores ou jornalistas culturais). Outro aspecto interessante que foi possível observar é como esses escritores/ pesquisadores/ professores, finalistas de prêmios, também costumam frequentar as listas de jurados dos mesmos concursos. Isso remete à existência de um circuito altamente especializado de produção e crítica literária que aponta para a presença cada vez mais constante da universidade no campo artístico. Essa intersecção se salienta ainda mais, quando se identificou, nesse mesmo segmento, romances premiados que foram resultados de trabalhos de teses acadêmicas. Os chamados romances-teses, que constituem obras ficcionais e teóricas simultaneamente, serão objeto de análise desse estudo. São eles: Rakushisha (2008) de Adriana Lisboa, A chave da casa (2007) de Tatiana Salem Levy e A vendedora de Fósforos (2011) de Adriana Lunardi. PALAVRAS-CHAVE: Romances-tese; universidade; consagração. A RUPTURA COM AS FORMAS DRAMÁTICAS EM CHICO BUARQUE: UMA LEITURA DA ÓPERA DO MALANDRO Adriele Gehring (UEM/Mestrado) [email protected] Alexandre Villibor Flory (UEM/OR) [email protected] RESUMO GERAL: A relevância estética (e social) percebida no teatro de Chico Buarque fica patente quando relacionado ao contexto histórico da ditadura militar brasileira, momento em que surgiu a maior parte das obras dramatúrgicas do autor. Das suas cinco peças teatrais, destacamos a Ópera do Malandro, sua última produção teatral, de 1978. A peça remonta o cenário brasileiro dos anos 1940, uma sociedade sob a ditadura de Vargas, especialmente a vida no submundo do crime. Com isso, remete à própria ditadura que o Brasil vivia em 1978. Além disso, a intertextualidade ostensiva com Brecht (e Gay) também remete à crise da República de Weimar alemã. Todas essas remissões históricas rompem com o conceito de drama puro, que deveria se bastar a si mesmo. Além disso, a obra em si realiza essa ruptura em vários níveis, seja na abertura da peça (conversa com o público) ou o momento do suborno, quando se interrompe a continuidade cênica, chegando à música e à construção dos personagens. Dessa forma, esta comunicação pretende analisar e discutir as rupturas com a forma dramática tradicional que Chico Buarque realiza nessa peça. Para este trabalho, tomaremos como aporte teórico, dentre outros, os trabalhos de Anatol Rosenfeld, Peter Szondi e Bertolt Brecht. PALAVRAS-CHAVE: do Malandro; Chico Buarque; Teatro épico; Teatro e sociedade. AUTOBIOGRAFIA SEM MAQUIAGEM: VIDA APÓS A MORTE DO AUTOR EM LA VIE SANS FARDS, DE MARYSE CONDÉ. Aída Maria Jorge Ribeiro (UFF/ Doutoranda em Literatura Comparada) [email protected] RESUMO GERAL: A autobiografia tem atraído cada vez mais a atenção dos estudiosos em diversas áreas. Antes ocupando um lugar modesto e marginal no conjunto da obra de escritores, filósofos, artistas e cientistas, passou, nas últimas décadas, a texto-chave para a avaliação dessa mesma obra ou documento inestimável de uma época. O presente artigo visa a apresentar caminhos de leitura de La vie sans fards (2012), – A vida sem maquiagem – autobiografia da autora antilhana Maryse Condé que busca contar o nascimento de uma escritora, ela própria. Tais caminhos serão propostos a partir de alguns conceitos percebidos (paradoxalmente) na tentativa de desconstrução de leitura barthesiana; conceitos que nos oferecem pistas e questionamentos sobre a autobiografia. Além de Roland Barthes, Maurice Blanchot, Philipe Lejeune, dentre outros autores que pensam a escrita autobiográfica, permearão nossos apontamentos. No entanto, são as teorias de Barthes que nortearão a proposta apresentada, sobretudo às que se referem à morte do autor. Mais do que uma autobiografia, La vie sans fards é a história de um destino feito de decepções, fracassos, mas também de alegria e, especialmente, de encontros que constituem os pilares principais para a construção de si mesmo. Nesse sentido, o leitor se vê diante de uma abordagem também universal. Como consideração final será apresentada uma sucinta proposta de aproximação do Barthes literário em Roland Barthes por Roland Barthes (2003) à obra La vie sans fards, de Maryse Condé. PALAVRAS-CHAVE: autobiografia; ficção; escritas de si; A REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA NA “SALA DE VISITAS”: INVERSÃO DE ÓTICA EM PEDAÇOS DA FOME (1963), DE CAROLINA MARIA DE JESUS Ana Karoliny Teixeira da Costa (UFGD/ PGL) [email protected] RESUMO GERAL: Trago como proposta de discussão o processo de representação literária no romance Pedaços da fome (1963), de Carolina Maria de Jesus. Em geral, Carolina é reconhecida pelo seu primeiro trabalho, o diário Quarto de despejo (1960), o qual carrega em seu discurso uma crítica consciente acerca da condição marginal enfrentada por ela e pelos demais moradores da favela de Canindé, no período referente à segunda metade da década de 1950; e, igualmente reconhecida, pelas escolhas estéticas que fez no Diário. No romance, por sua vez, embora a temática continue sendo os dilemas resultantes da marginalidade social, a ótica é invertida. Isto ocorre porque Carolina não fala mais da favela e de dentro da favela. A escritora fala da e a partir da “sala de visitas”. Fala-se sobre os desafios enfrentados por Maria Clara Fagundes, personagem protagonista representante da alta sociedade brasileira; quando, ‘acidentalmente’, choca-se com indivíduos marginais, representado pelo personagem Paulo Lemes. Refletir acerca das possibilidades que levam esta escritora a tomar determinadas decisões em seu romance é, por sua vez, abrir-se para possibilidades investigativas sobre o intenso processo de negociação que ocorre na fronteira literária do Modernismo com a Literatura Brasileira Contemporânea. Isto se evidencia, por exemplo, na forma como já na década de 1960, Carolina Maria de Jesus, mulher social e literariamente marginalizada (mulher, com apenas dois anos do ensino regular concluídos, pobre), toma para si a autoridade de fazer literatura, de fazer romance, sem intermediações. PALAVRAS-CHAVE: Representação literária; Romance; Literatura Marginal; Pedaços da fome. A SUBJETIVIDADE EM CLAUDIA ROQUETTE-PINTO Antonio Rediver Guizzo (UNIOESTE/docente) [email protected] RESUMO GERAL: Qual o espaço da subjetividade na expressão lírica? Para Sócrates, o poeta era um possuído, a divindade falava por sua boca e o poeta era apenas um instrumento da inspiração. Para Hegel, ao contrário, o conteúdo da poesia lírica é a expressão de um sujeito individual que se amplia até a universalidade. Neste trabalho, pretendemos investigar a questão da subjetividade na lírica da poeta contemporânea Claudia Roquette-Pinto, buscando a compreensão de como o autor (desdobramento subjetivo no interior da obra), movido por um elemento primeiramente exterior, empreende a produção artística a partir de determinada idiossincrasia que, no entanto, se constitui pelas vozes do outro, isto é, a sociedade, através das formas de socialidade, ideologias, programas, pedagogias, códigos e zonas de estratificação, emoldura ou restringe as possibilidades de expressão do autor e, consequentemente, as possíveis variações de estrutura composicional, conteúdo temático e estilo da obra. A obra, por sua vez, seria um reflexo estrutural, estilístico, semântico e pragmático das crenças do autor e da constituição social na qual é produzida. A partir de um diálogo com o trajeto histórico da questão do autor, pretendemos indagar as opções estéticas e axiológicas presentes em alguns poemas de Claudia Roquette-Pinto, dialogando com autores que questionam as representações ou possibilidades de representações do autor empírico e seus desdobramentos em autor modelo, eu lírico, autor criador e outras nomenclaturas que pretendem desvendar uma estrutura composicional da obra que, no senso comum, equivale-se ao autor real. PALAVRAS-CHAVE: Lírica, subjetividade, Claudia Roquette-Pinto SYLVIA E RALFO: OS ESCRITORES DO EU Camila Gouveia Prates de PAIVA (UEL/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Durante um semestre foi estudado na disciplina Relação entre a literatura e a loucura, do programa de pós-graduação em Letras da UEL a escrita como forma de salvação ou suicídio, o próprio suicídio, o duplo, a loucura, a institucionalização da loucura, a autobiografia, a autobiografia ficcional, a sublimação, passando por áreas como a psicanálise, a antropologia, a literatura, entre outras temáticas plausíveis. Dentre as possíveis abordagens para a elaboração deste artigo selecionou-se a autobiografia e a autobiografia ficcional, unindo assim o real e o imaginário. Está união se dá através da autora Sylvia Plath e da personagem de Sérgio Sant’Anna, Ralfo, uma escritora real e um escritor fictício é embasado nesta dupla que o texto é elaborado. Toda a necessidade do eu de Sylvia Plath através da escrita é trabalho por Sérgio Sant’Anna em seu narrador de As confissões de Ralfo. Os muitos “eus” presentes na vida de um escritor quer imaginário, quer real, serão aqui descritos. Ambos escritores vivem no limite da experiência chamada vida, levando a vida ao limite da experiência chamada literatura, ao limite das palavras, expondo e extrapolando os seus significados, chamando a tona os signos mais obscuros das palavras, nesta tônica está o fluxo do fim da vida de Sylvia Plath e o inicio da vida de Ralfo. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia; Autobiografia ficcional; Experiência limite. ROBERTO BOLAÑO, HISTÓRIA, MEMÓRIA E A NARRAÇÃO DE SI EM ESTRELLA DISTANTE E NOCTURNO DE CHILE. Carmen Cecilia Rodríguez Almonacid ( UNICAMP) [email protected] RESUMO: O presente texto tem como objetivo discutir sobre o estatuto da memória nos romances Nocturno de Chile e Estrella distante do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), analisando as estratégias discursivas utilizadas pelo autor para narrar a experiência traumática do horror, o lado obscuro da existência humana e a violência da história recente da América Latina. Desde uma perspectiva que traspassa as barreiras disciplinares, os estudos sobre a memória aportam uma visão crítica e analítica para interpretar as lutas e conflitos entre as diversas versões do passado e as múltiplas relações tecidas entre passado, presente e futuro; as diferentes formas de comemorar e rememorar; as diversas relações que se estabelecem entre memória e identidade e as múltiplas linguagens e narrativas com as quais o passado recente se relata. Sendo assim, caberia se perguntar, com respeito a nosso continente, o que teria maior força: o peso do esquecimento ou a força da memória histórica? No caso dos países que sofreram ferozes ditaduras militares, pensar um compromisso com a memória supõe uma cabal oposição às políticas de esquecimento, induzidas ou voluntárias, que têm permanecido presente nos governos pós-ditatoriais Nos romances Estrella distante e Nocturno de Chile, Bolaño mostra as manifestações da violência na literatura, porém sugerindo que a escrita não redime as marcas da barbárie, não constitui um espaço privilegiado, seguro ou civilizado. PALAVRAS-CHAVE: Literatura contemporânea; história; memória. POÉTICAS CONTEMPORÂNEAS: A POESIA SUBVERSIVA DO RAP Cleber José de Oliveira (UEMS/ PPG-UFGD/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho discute o rap brasileiro, produzido nas duas últimas décadas, pelo viés literário de poesia subversiva contemporânea. Afirma que o rap é um discurso de resistência e de revide à violência, à exclusão, à opressão sofrida, historicamente, pelas comunidades em que seus produtores estão inseridos. Esses poemas se manifestam críticosubversivos ao projeto ideológico de nação que se desenvolveu entre as décadas de 1930 a 1980, o chamado projeto de nação modernista. Desse modo, configura-se como um discurso de legitimidade, de autorrepresentação. Entender essas relações de tensão sócio-discursiva é de extrema relevância para que se possa compreender e analisar o atual cenário sócio-cultura brasileiro. Para isso, analisa alguns dos poemas contidos nos seguintes discos: Raio X do Brasil (1993), Sobrevivendo no inferno (1998) e Nada melhor do que um dia após o outro (2002), do grupo de rap paulistano Racionais MCs; CPI da favela (2000), do mc brasiliense GOG; Rap Indígena (2009) do grupo Brô MCs (1° grupo de rap indígena brasileiro); e, Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe (2009), Emicídio (2010) do rapper Emicída. Lança mão das discussões promovidas por pensadores como A. Candido (2006, 2010); A. Zaluar (1998); A. Bosi (1977, 2002, 2003), G. Agambem (2009); T. S. Eliot (1972) S. Vaz (2007); J. P. Sartre (2004), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Autorrepresentação. Cultura brasileira; Poesia contemporânea; Rap; Representação; TATIANA SALEM LEVY E A CHAVE DA CASA: UMA JUDIA AUTOFÁGICA EM TERRAS LITERÁRIAS Jessica Sabrina de Oliveira Menezes (Professora do IFPE/Mestre em Teoria da Literatura pela UFPE) [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho procura observar a relação que se estabelece entre a escrita literária judaico-brasileira contemporânea e a memória judaica. Especialmente, tratamos da chave, como um símbolo da possibilidade de retorno para os judeus expulsos da Espanha que, segundo a lenda, levavam para o exílio a chave da casa deixada para trás na esperança de voltar a ela. A chave, para a personagem que a recebe de seu avô – imigrante Turco estabelecido no Brasil –, apresenta-se como um retorno às suas origens judaicas e como uma possibilidade, para a herdeira, de tomar posse dessa herança. Vale ressaltar que é o conflito identitário vivenciado pela personagem (que nasceu em Portugal, sendo filha de brasileiros e neta de turcos) que lhe impulsiona a revirar o passado em busca da memória familiar a fim de entender um pouco mais a própria condição. Essa necessidade se apresenta pois a personagem, desde o início do romance A chave de casa (2007), diz sentir o peso do passado silenciado, “o bafo de tempos antigos” que se projetam sobre si sob a forma de interrogação a respeito da própria existência. Para realizar o estudo, utilizamos como arcabouço teórico os pensamentos de Lilenbaum (2009), Perrone-Moisés (2006), Seligmann-Silva (1999; 2007), Derrida (1994), Fux e Rissardo (2011) e Abulafia (2011). Mas é o discurso ficcional de Tatiana Salem Levy, no seu romance inaugural A chave de casa (2007), que nos serve de norte principal. PALAVRAS-CHAVE: Judaísmo; Escrita; Memória; Romance; Tatiana Salem Levy. MEMÓRIAS INVENTADAS: MODULAÇÕES AUTORAIS EM MANOEL DE BARROS José Rosa dos Santos Júnior – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Drª. Lígia Guimarães Telles – Universidade Federal da Bahia (UFBA) RESUMO GERAL:O presente estudo objetiva recompor, por meio do corpus literário, as modulações autorais na poética contemporânea de Manoel de Barros. Analisaremos a obra do poeta pela perspectiva da autobiografia, do espaço biográfico consubstanciado pelas memórias inventadas. Problematizaremos outra questão que entra em pauta para debate nos meios literários: a busca pelo reconhecimento, dentro do código de escrita literária, de obras que circulavam na periferia do que eram considerados os grandes gêneros. Escritos que antes estavam relegados a rotulações que os reduziam a “meros depoimentos pessoais” como escritas memorialísticas, diários e autobiografias, são agora reanalisados na busca de índices que possam qualificá-los como criações literárias, o que os faria extrapolar seu valor unicamente referencial e empírico. Concebemos a poética de Manoel de Barros não como um espaço privado, mas a partir de uma abertura ou dialogicidade ou transitividade que, nas palavras de Luciana di Leone (2011), seria o poema enquanto a manifestação do inconcluso, do incompleto, sempre à espera de um diálogo, de um complemento. O poema seria, pois, transitivo por excelência. Essa transitividade, esse diálogo através da primeira pessoa, colocam em cena outras vozes, outras presenças e, nessa encenação é expandido os limites do literário através da performação de relações afetivas e transitivas. Dessa forma, as questões autorais balizadas pelo performático intransitivo serão objetos de reflexão no trabalho que se segue. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Modulações Autorais; Manoel de Barros. GONÇALO TAVARES E O SENHOR JUARROZ NA SALA DE AULA Josiele Kaminski Corso-Ozelame (UNIOESTE) [email protected] Martha Ribeiro Parahyba (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: O desafio da leitura literária na escola é perseguir o interesse do aluno pouco afeito aos questionamentos subjetivos proporcionados pela Arte da Linguagem. O incentivo à leitura, de modo a buscar entre as páginas de um romance o prazer da descoberta de uma viagem mágica, torna-se um argumento inútil diante da volatilidade do gosto. Formar o leitor na escola é mais do que isso, é entender que a arte literária não existe unicamente como forma de deleite, de fruição estética, mas expressa também cultura, pensamento e uma relação com o mundo (JOUVE, 2012). Ela também proporciona ao aluno a possibilidade de sensibilização em relação ao outro, que mesmo distante de nós, seja em tempo ou espaço, provoca sentimentos de felicidade ou sofrimento, tornando-nos capazes de melhor suportar a vida (COMPAGNON, 2009). O objetivo desta comunicação é a reflexão sobre o ensino da literatura na sala de aula, a partir da obra do português, nascido em Angola (1970), Gonçalo Tavares, intitulada O senhor Juarroz (2007) – cujo protagonista revela-se um pensador da realidade que o cerca. As reflexões abusivas acerca do cotidiano e outras peripécias intrigantes, e por que não dizer instigantes, do personagem, fazem com que o leitor perceba o inusitado da palavra que transforma a vida em discurso, o sujeito que, inserido em um mundo dito pós-moderno, apresenta-se contraditório e fragmentado. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Portuguesa; Ensino; Leitura. UM ESTUDO DE TENDÊNCIAS ESTÉTICO-CRIATIVAS DO ROMANCE BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: ANÁLISE DE ROMANCES VENCEDORES DO PRÊMIO JABUTI (2006-2010) Profa. Dra. Luciane Nunes da Silva (Universidade Estácio de Sá/RJ) RESUMO GERAL: Vinculado ao Projeto de Pesquisa “ Criação, crítica e premiação: estudo de romances vencedores do Prêmio Jabuti (2006-2010)”, em andamento na Universidade Estácio de Sá, este trabalho pretende analisar as cinco narrativas vencedoras do referido prêmio, nos concursos de 2006 a 2010. Sendo o Jabuti um dos mais relevantes concursos literários da contemporaneidade, a pesquisa baseia-se na hipótese de que, em meio à fragmentação característica da modernidade, o fato de existir uma instância de premiação de abrangência nacional e chancelada tanto pela crítica acadêmica quanto pelo meio editorial sugere possibilidades de refletir sobre dicções estéticoliterárias no campo da criação e da recepção crítica de romances contemporâneos. Assim, cada romance premiado será analisado, numa perspectiva sincrônica e diacrônica, considerando a sua linguagem e escolhas estético-criativas, afim de se identificar, a partir das diferenças e/ou semelhanças de recursos de construção das obras, elementos capazes de assinalar e/ou sugerir tendências criativas dominantes. Como resultado parcial deste trabalho, serão analisadas tendências que foram identificadas nas obras em questão que, em diferentes graus, contribuíram para a estruturação das narrativas e para a apresentação de diferentes representações. Essas tendências constituíram três grandes eixos de observação: a tendência memorialista ( muitas vezes, associada à consciência autoral), a forma narrativa e a metalinguagem. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas contemporâneas; Criação; Crítica. DISCURSO LÍRICO E SINTAXE NARRATIVA EM PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM Maiara Cristina Segato (UEM/PG) Milton Hermes Rogrigues (UEM/OR) [email protected] RESUMO GERAL: Clarice Lispector, em sua prosa inicial, Perto do coração selvagem, publicada em 1944, “vira do avesso” a tradição romanesca, quanto ao tempo, espaço, enredo, sobretudo, quanto à linguagem empregada, a qual é extremamente filosófica e intensamente lírica, visto que a fusão desses dois elementos é o que a torna inovadora no quadro literário nacional, sendo apontada pela crítica como a primeira experiência definida que se faz no Brasil do moderno romance lírico. Clarice, por meio de um narrador situado em um espaço literário de introspecção, questiona a capacidade de expressão pela linguagem na relação entre o sujeito e a realidade. Desse modo, o próprio lugar onde fala o narrador repercute no discurso lírico, pois o centro irradiador de suas reflexões filosóficas é a poesia. Uma vez que uma narrativa no molde tradicional, com estruturas sintáticas bem definidas, não daria conta dos conteúdos mais profundos da protagonista Joana, a autora opta por uma postura estilística permeada por reflexões instauradas pela linguagem poética, quebrando, assim, a linearidade da diegese narrativa. Nesse sentido, nosso trabalho propõe-se a aplicar o conceito de discurso lírico, em suas construções sintático-semânticas, ao capitulo “O banho”, o qual é um dos mais densos de Perto do coração selvagem. PALAVRAS-CHAVE: Clarice Lispector; Perto do coração selvagem; Discurso lírico; Sintaxe narrativa. MEMÓRIA, IDENTIDADE CULTURAL E DIÁSPORA: UM ESTUDO SOBRE WHAT WE ALL LONG FOR Márcia Maria Oliveira Silva (UFPE/Bolsista de Doutorado CNPQ) [email protected] RESUMO GERAL: O movimento diaspórico revela muitas vezes um processo de alienação e fragmentação identitárias que pode ser insuperável e cruel. O presente trabalho tem como objetivo o estudo do romance What We All Long For (2005), da escritora afro-canadense Dionne Brand, com o intuito de analisar a maneira como as personagens desenvolvem suas identidades pautadas principalmente pela memória e pela experiência afrodiaspórica. Brand focaliza a busca por descolonização do indivíduo pós-colonial e as dificuldades do indivíduo migrante de encontrar seu lugar na sociedade canadense, que é pautada numa suposta harmonia; para isso a autora revela a flexibilidade entre as fronteiras geográficas (comprovadas pela fuga de pessoas vindas de países subdesenvolvidos e em guerra para reconstruir suas vidas no Canadá) e as fronteiras da própria narrativa (a mudança de narradores e perspectivas durante todo o romance comprova que as diversas experiências narradas são como um rio convergente). Com o suporte teórico de autores como Stuart Hall, Homi Bhabha, Roland Walter, Aleida Assmann, Maurice Halbwachs, Gayatri Spivak, entre outros, buscaremos compreender os aspectos que nos levam a entender o texto brandiano enquanto um espaço mnemônico em que aspectos como a subalternidade e a colonialidade do poder se fazem presentes de forma latente nas relações sociais em diversas esferas (nativo e migrante, homem e mulher, branco e negro, etc.). PALAVRAS-CHAVE: Dionne Brand; memória; identidade. MARTÍN KOHAN, DOS VECES JUNIO – DUAS LEITURAS. LITERATURA ARGENTINA CONTEMPORÂNEA. Máximo Heleno Rodrigues Lustosa da Costa (UFF/Bolsista de Mestrado/CNPQ) [email protected] RESUMO GERAL: Em Dos veces junio, 2002, o escritor argentino Martín Kohan cria uma narrativa que, dialogando com Hannah Arendt (Eichmann em Jerusalém, 1962), com Michael Foucault (Microfísica do poder, 2012) e outros livros já clássicos da literatura argentina, aponta para determinado tecnicismo que constrói tanto os horrores da ditadura militar, quanto o próprio fazer literário atual. Este tecnicismo desponta logo no primeiro parágrafo da narrativa, com a seguinte pergunta: “A partir de quantos anos se pode comesar a torturar uma criança?”. O índice textual representado pelo erro ortográfico orientará o carácter também técnico da linguagem. A narrativa está dividida em dois dias: 10 de junho de 1978 e 30 de junho de 1982. Em 1978, acontece, em plena ditadura militar, o Mundial de Futebol da Argentina, que se sagrará campeã. Dez de junho é a data do jogo entre Argentina e Itália, que terá como resultado a única derrota da seleção anfitriã. A história é relembrada por um soldado a partir da segunda data. Martín Kohan, trabalhando sempre na síntese de história (a ditadura e sua violenta luta antissubversiva) e literatura (a possibilidade de realização deste tema dentro de uma estética contemporânea), criará uma narrativa de tensão entre a contundência histórica do período em que ela se desenvolve e sua realização na linguagem, no ano em que é escrita. PALAVRAS-CHAVE: Literatura argentina; Linguagem; História. DE CAMINHA A SARAMAGO: UMA AUTOTEORIZAÇÃO Pablo Ferreira Biglia (UEPG) [email protected] RESUMO GERAL: Este artigo tem como objetivo compreender a autoteorização nas obras “BomCrioulo” de Adolfo Caminha e “Memorial do Convento”, de José Saramago. O primeiro, publicado originalmente em 1895, faz parte do Naturalismo brasileiro, enquanto o segundo, quase um século depois, chega pela primeira vez em 1982, sendo uma obra contemporânea de um autor europeu. Entende-se aqui como autoteorização aquela literatura que se volta para si própria, isto é, que busca discutir as formas como ela se edifica, quais as particularidades de cada obra, suas finalidades e, especialmente, suas estratégias para com o leitor. Utilizando-se de teóricos como Jonathan Culler, Antônio Candido, Umberto Eco, entre outros, deu-se início, então, a uma busca interina, autoteórica, dentro de cada obra mencionada. De começo, Adolfo Caminha nos guiará para seu universo Naturalista, cujo cenário principal é um Rio de Janeiro inserido num contexto escravista do século XIX; por fim, o português Saramago será o líder no decorrer do século XVIII, em uma Portugal reinada por D. João V, durante a construção do convento de Mafra. O processo de criação de uma obra literária demanda conhecimento. Precisa que autor e leitor encontrem uma mesma sintonia. Estabelecido o acordo ficcional, o leitor empírico se une ao leitor-modelo, a fim de concordar em viver em um mundo de marinheiros apaixonados por grumetes ou um casal enamorado, cujo “ele” da relação voa para longe. Como se pode perceber, o mundo ficcional, em diversos momentos, necessita do mundo real para validar certos enredos. PALAVRAS-CHAVE: Literatura brasileira; Literatura portuguesa; Autoria; Leitor. AS MULHERES DE RICARDO REIS: DE PESSOA A SARAMAGO Raíza Brustolin de Oliveira (UNIOESTE/ Acadêmica do curso de Letras) [email protected] RESUMO GERAL: Esta comunicação tem como objetivo analisar como são apresentadas as personagens Lídia e Marcenda no romance O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago. Esta obra tem como foco principal o panorama histórico do ano de 1936, abordando os regimes ditatoriais da Europa, principalmente Portugal que estava sob o regime de Salazar. Para “dar vida” a esse momento, Saramago utiliza Ricardo Reis – heterônimo Clássico de Fernando Pessoa - que aparece como um personagem que possui forte semelhança com o Reis de Pessoa, como se a história fosse realmente parte da vida desse pessoa ficcional. Sendo assim, uma das musas do poeta Reis – Lídia – se faz presente no romance e se envolve com o personagem principal, no desenrolar da trama ela varia entre aproximações e distanciamentos em relação à musa grega presente nos poemas do heterônimo. Além desta, há outra mulher presente no romance, seu nome é Marcenda. Ela surge em oposição à Lídia, e intriga Ricardo Reis, principalmente por ter falta de mobilidade em uma das mãos, que a coloca numa condição de frágil. Nesse sentido a pesquisa é motivada pelo interesse em compreender como o autor constrói essas personagens e suas relações com o protagonista no decorrer da obra. PALAVRAS-CHAVE: José Saramago; Fernando Pessoa; Ricardo Reis A POÉTICA EM ROTUNDAMENTE NEGRA: AUTORIA E ENUNCIAÇÃO Roberto Medina (Mestrando no PPGLetras-UniRitter) [email protected] Valéria Brisolara (Dra. e Profa. no PPGLetras-UniRitter) [email protected] RESUMO GERAL: Shirley Campbell Barr marca sua voz poética mediante o rastro de mulher, de negra e de artista da palavra. O estilo pessoal da autora perpassa sua cosmovisão eivada de imagens e do universo enquanto afrodescentente, cuja imagética compõe-se a partir da origem étnica, do posicionamento da mulher ancestral, dos desconcertos do mundo e do desejo de um porvir mais justo. Este trabalho, então, busca investigar o projeto ideológico e estético da poeta na obra Rotundamente Negra (1994). Além disso, a linhagem matrilinear memorialística enuncia-se bakhtiniamente nas esferas da família e da comunidade circundante, da vida cotidiana, da memória e do legado da etnia. Na obra em questão, as palavras têm o peso da experiência vivida e da projeção dos traços do ser humano, vertidos em poemas de reflexão, de grito e de negação de uma existência invisível dos povos negros e, não raro, silenciados. Isso se analisa a partir da perspectiva do Leitor-Modelo de Umberto Eco. Prova disso, a persona poética negra e universal clama pelo desejo de pertencimento, dialoga com “hermanos y hermanas / en la sangre, / en la piel / y sobre todo / en la esperanza.” É nessa dimensão existencial que as adversidades pontuadas nos versos sinalizam uma preocupação maternal com o porvir, com a memória para que se possa sonhar com o dia de amanhã e com o novo mundo: “hacer que el sol / nos cante / una hermosa canción / de bienvenida / para poder creer / en día siguiente.” PALAVRAS-CHAVE: Poesia costa-riquenha; Autoria; Enunciação; Poética da memória; Leitormodelo. MAPA REAL, MAPA IDEAL: A CATEGORIA ESPAÇO NO ROMANCE TERRAS DO SEM FIM Thaís Cândida da Silva Dias (UESC- UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ /Bolsista de Iniciação Cientifica PIBIC/FAPESB) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho resulta do projeto "Mapa real, mapa ideal: a categoria espaço no romance Terras do sem fim" (PIBIC/FAPESB) e teve como objetivo investigar no referido texto do escritor Jorge Amado, a capacidade da narrativa de a um só tempo, representar e ser representada em lugares, instaurando espaços fictícios que negociam e interferem no real histórico, com base em uma perspectiva bibliográfica teórica relacionada à categoria literária espaço. Nesse romance o autor narra entre outras coisas a história da região grapiúna na segunda metade do século XIX e começo do século XX, principalmente no que tange a vida daqueles que derrubaram a mata, para colocarem em seu lugar as roças de cacau. Assentado em teorias que abordam as condições que regem o espaço narrativo, como as de Antônio Cândido (1967) e Wolfgang Iser (1996), percebemos que para criar o seu mapa ficcional, Jorge Amado usou e ultrapassou de forma artística o mundo empírico da região cacaueira no auge do cultivo do cacau para o seu mundo ficcional. No entanto, vale ressaltar que o espaço apresentado na obra amadiana atualmente se apresenta como uma região turística, na qual a figura de Jorge Amado é usada para atrair turistas à região. Os resultados finais desta pesquisa evidenciam assim uma dialética existente entre os espaços reais e ficcionais, pois se os elementos do espaço real são usados na composição do ficcional dentro da narrativa, o real também faz uso do ficcional. PALAVRAS-CHAVE: Terras do sem fim; Espaço real; Espaço fictício. A CONSTRUÇÃO DO MUNDO EM RUÍNAS NO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, DE JOSÉ SARAMAGO Toani Caroline Reinehr (UNIOESTE/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: Para Walter Benjamin (1992), a tessitura da obra de arte e a relação do narrador com sua matéria (a vida humana) são processos artesanais. Isso quer dizer que o narrador atua como o artesão, modela e indica os significados por meio do arranjo das palavras. Na obra Ensaio sobre a cegueira (1995), esse trabalho artesanal pode ser observado numa perspectiva do alegórico. Tropo de pensamento, a alegoria vai além da classificação, pela retórica clássica, de ornamento, não deve ser condenada a partir de sua associação à exegese de textos religiosos. O processo alegórico no romance de José Saramago (1922-2010) funciona numa perspectiva de ampliação dos significados, ou seja, contribui para construir a imagem caótica do mundo em ruínas apresentada no manicômio, e para descortinar a verdadeira physis (natureza) humana, revelação que se dá principalmente na morte. Ancorando-se na concepção benjaminiana de alegoria, nosso trabalho visa a observar o processo alegórico na caracterização do mundo em ruínas descrito no romance. Apontamos que é a partir do desarranjo da realidade que se dá a transformação das personagens e a recuperação de sua parte humana, além disso, a cegueira luminosa a qual as personagens estão submetidas sugere um sentido alegórico. Distinto das trevas que permeiam a falta de visão habitual, o mal branco, num mundo em ruínas, permite outra percepção da realidade. PALAVRAS-CHAVE: Alegoria; Narrador; Saramago. SIMPÓSIO: POÉTICAS DA CIDADE Ximena A. Díaz Merino (UNIOESTE) [email protected] Denise Scolari Vieira (UNIOESTE) [email protected] Paulo Kozen (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: O Simpósio Poéticas da Cidade propõe uma reflexão sobre a concepção imagética das cidades partindo do pressuposto de que a construção citadina abrange mais do que um espaço geográfico habitado e seus patrimônios visíveis. Há também um patrimônio constituído pela palavra escrita que permite a reconstrução da paisagem e do cotidiano urbano através dos ecos do passado. No decorrer da história esses registros têm-se cristalizado tanto na prosa quanto na poesia, configurando um espaço simbólico que faz possível sua interpretação num tempo histórico distante e alheio ao do autor. O espaço urbano representa para o homem moderno uma parte fundamental de sua vida, uma série de sensações provocadas pela vida agitada e de rápidas mudanças são experimentadas. A narrativa e a poesia contemporâneas têm abordado a urbe como um espaço de representação: o urbano como fonte de criação e inspiração. Tanto na narrativa quanto na poesia são inúmeras as referências à cidade como espaço habitado pela nostalgia, lugar de evocação e elegia. Portanto, este Simpósio objetiva apresentar aspectos entre o citadino e a produção literária, abrangendo tanto as cidades que mantiveram grande parte do substrato indígena quanto as que o perderam em busca da modernização. Tais projetos estéticos, formulados por distinta orientação inventiva, surgem da experiência de deslocamento, da emergência do interstício, que a articulação de diferenças culturais possibilita concretizar. PALAVRAS-CHAVE: cidade; memória; hibridismos culturais; paisagem/território. RESUMOS SIMPÓSIO POÉTICAS DA CIDADE Coordenadores: Denise Scolari Vieira (UNIOESTE) Paulo Konzen (UNIOESTE) Ximena Díaz Merino (UNIOESTE) A MEMÓRIA CULTURAL TRANSFORMADORA: CENAS DE AS MARCAS DA CIDADE DE ALEILTON FONSECA Benedito José de Araújo Veiga (UEFS) [email protected] RESUMO: Em seu mais recente livros de contos, As marcas da cidade, Aleilton Fonseca reúne, entre outras, três narrativas curtas centradas na cidade do Salvador, "Feira de São Joaquim", "O corredor da Vitória" e "As marcas do fogo", mergulhadas em crendices, saberes e buscas locais, recheadas pelos coloridos multiculturais de uma realidade recente, que contestam e preservam as marcas da ancestralidade passada e colonial; os recursos da memória, sobretudo da histórica, são empregados como força ou alento de assunção ou do vir a ser lírico. A urbe mostra-se um local privilegiado de criação e inspiração literárias. PALAVRAS-CHAVE: Cidade do Salvador; Memória histórica; Multiculturalismo. AS RUÍNAS DO CAFÉ: A CIDADE DE SÃO SIMÃO NA OBRA DIOGUINHO, UM MATADOR DE PUNHOS DE RENDA Nilce Camila de Carvalho (UEL) [email protected] RESUMO: Muitos autores representaram o universo rural paulista, as complexidades da chegada do capitalismo no campo, a dualidade surgida entre campo e cidade, enfim a “civilização” que se formou com a monocultura cafeeira. Historicamente, no final século XIX, com o avanço do café pelo interior paulista, muitos núcleos urbanos foram surgindo e crescendo na medida em que a economia se expandia. Esses lugarejos tiveram uma configuração espacial muito específica, compostas não apenas por estações ferroviárias e pelo comércio que surgia ao seu redor, mas também pelas grandes fazendas cafeicultoras. A cidade de Ribeirão Preto foi por muito tempo considerada uma das mais férteis na produção do café e transformou-se em um centro econômico, no entanto, antes dessa cidade adquirir esse status, a pequena cidade de São Simão (na região de Ribeirão Preto) era um polo aglutinador dos negócios voltados para essa economia. Este artigo tem como objetivo analisar a representação da cidade de São Simão a partir da obra Dioguinho, o matador de punhos de renda (2002) escrita pelo jornalista João Garcia. A narrativa reconstrói a trajetória de um lendário bandoleiro que atuou principalmente nessa região a serviço dos coronéis, porém, a imagem da cidade de São Simão presente na obra é marcante e evidencia as representações das pequenas cidades paulistas feitas por Monteiro Lobato em Cidades Mortas (1919). PALAVRAS-CHAVE: café; cidade; representação; interior paulista. O ESPAÇO CITADINO COMO ELEMENTO REVELADOR DE NATUREZA HÍBRIDA NA POESIA DE GABRIELA MISTRAL Patrícia V. Cuevas Estivil (ULI) [email protected] RESUMO: Este estudo apresenta a análise dos poemas “El Ixtlazihualt” de Desolação (1921) e “América” contidos em Tala (1938), da poeta chilena conhecida pelo pseudônimo Gabriela Mistral (1889-1957). Com o intuito de compreender, a partir do lugar da enunciação, a influência do entorno geográfico na criação poética mistraliana, questionar-se-á que elementos capturam o campo e as cidades onde morou; que palavras nos transportam às imagens retidas na memória dos lugares onde nasceu e viveu, espaços ingênuos, mas cheios de poesia. A cidade de Elqui, a Patagônica chilena e o México serão espaços presentes nos poemas analisados. A grandiosa existência dual de Mistral estabelecida a partir de suas características indígenas, assim como de sua educação e assimilação da cultura europeia, faz de seus poemas uma criação profundamente híbrida. Pretendese, então, a partir de sua poesia, refletir sobre os processos culturais da América Latina ancorados no espaço físico onde nasceu e viveu, e por meio da análise comparativa, buscar as relações existentes entre língua e cidade como lugar de formação de conceitos e valores, crenças e modos de ver e pensar o mundo desde América. Para o embasamento teórico foram selecionados os estudos de Carlos Ossandon (1993), Susana Munich (1993), Mikhail Bakhtin (2003), e Zilá Bernd (1999) que analisa a questão do pensamento filosófico latino-americano desde aqui, isto é com um olhar descolonizador. Para a fundamentação teórica sobre a hibridação conta-se com o sociólogo Néstor Garcia Canclini (1979). Palavras-Chave: cidade; lugar da enunciação; Gabriela Mistral BRASÍLIA HABITADA POR UMA MINEIRA: TRADIÇÃO E MODERNIDADE NA POESIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO Edneia Rodrigues Ribeiro (IFNMG) [email protected] RESUMO: O livro A educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto, e a cidade de Brasília são planejados e construídos aproximadamente no mesmo período, meados das décadas de 1950 e 1960. Pode-se inferir, de certo modo, que a visão tecnicista que pairava sobre o país passa a ser questionada pela poesia tecnicamente elaborada por João Cabral. A exatidão e o rigor estético sobre os quais se constrói a poesia cabralina possuem, apesar de certos aspectos destoantes, alguma confluência com o projeto de modernização do país. Desse modelo estético que se distancia, ao mesmo tempo em que se aproxima, da arquitetura dessa cidade, destacam-se os poemas “Uma mineira em Brasília” e “A mesma mineira em Brasília”. A partir da análise desses pares de poemas, buscar-se-á evidenciar o quanto o projeto de modernização do país, no âmbito urbanista, desvincula-se, nos campos políticos e artísticos, de ideias e pensamentos modernos. A tradição, representada pela mineiridade da personagem que habitará a nova capital do país, será associada à própria poesia cabralina que, apesar do seu traço inovador e antilírico, recorre, de certa maneira, à tradição literária para se consolidar, ao mesmo tempo em que a transgride e a renova. PALAVRAS-CHAVE: João Cabral de Melo Neto; Brasília; mineiridade; tradição e ruptura. O HIBRISMO CULTURAL COMO RESULTADO DO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA PATAGÔNIA ARGENTINA NA NOVELA LA TIERRA DEL FUEGO. MANCHOPE, Elenita C. P. (UNIOESTE) [email protected] Resumo: Este trabalho apresenta uma análise do fenômeno do hibridismo cultural na novela histórica A Terra do Fogo de Sylvia Iparraguirre (2001). Esta obra descreve a história por meio da percepção de John William Guevara, personagem e narrador mestiço, filho de mãe criolla argentina e de pai inglês, que relata a trajetória do indígena iamana Jemmy Button, personagem principal. Trata-se de uma tentativa de identificar, nessa obra literária, alguns elementos que caracterizam o hibridismo cultural, analisando-os a partir dos referenciais teóricos dos estudos históricos e sociológicos. Dentre os temas de estudo da linguagem literária e das interpretações sociológicas na novela destacam-se a história da colonização da América e o processo de hibridização resultante do encontro de culturas. A narrativa questiona a versão inglesa sobre os fatos ocorridos nessa região da Patagônia como espaço subalterno e aborda também a inscrição problemática desse território na cartografia política nacional. Considerando a necessidade de narrar uma nova versão dessa história, Iparraguirre, em A Terra do Fogo, apresenta a dupla face da Patagônia do século XIX. De um lado, a extensão austral da região, ligada ao mapa da nação argentina; de outro, o seu território, desligado do poder político e administrativo da Confederação Argentina, o que possibilitava que o império britânico tomasse posse desse espaço geográfico, sendo assim reconhecido como um agente que inaugura a região. Nessa direção, as manifestações culturais oriundas dessa mistura são, contemporaneamente, denominadas como hibridas e nelas inclui-se a literatura Palavras-chave: História; hibridismo cultural; colonialismo; Sylvia Iparraguirre. UN PEDAZO DE TIERRA QUE VALE LA PENA: UM PERCURSO PELO TERRITÓRIO LATINO-AMERICAO – ANÁLISE DA LETRA DA CANÇÃO “LATINOAMÉRICA” DO GRUPO MUSICAL PORTO-RIQUENHO CALLE 13 Elis Regina Basso (UNIOESTE/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] Ximena Antonia Díaz Merino (Orientadora/UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Neste artigo, pretende-se analisar a letra da canção “Latinoamérica” lançada, em 2011, pela banda porto-riquenha Calle 13. Tal música faz parte do disco “Entre los que quieran” e conta com a participação das cantoras Susana Baca, peruana; Totó la Momposina, colombiana e Maria Rita, brasileira. A música apresenta uma viagem pala América Latina destacando suas particularidades: as diversas identidades, o multiculturalismo, o relevo geográfico e a situação póscolonial atual. Para a referida análise, basear-se-á em alguns conceitos como: a transculturação proposta pelo uruguaio Ángel Rama (2008), o pensamento de-colonial teorizado pelo argentino Walter Mignolo (2005; 2008) e o entre-lugar defendido pelo brasileiro Silviano Santiago (2000); indispensáveis quando se pensa em América Latina. Em relação à questão do território latinoamericano, ou melhor, do espaço geográfico, fundamentar-se-á em Carlos (2011) e Bachelard (2012). No que concerne à definição de música e sua história, estudar-se-á Moraes (1986), Carpeaux (1999) e Montanari (1988), além de Adorno (2011) que teoriza sobre a sociologia da música. Ademais, é indispensável a problematização da questão da identidade, para tanto, valerarse-á de Oliveira (2006) e Hall (2011), bem como a relação da música com a literatura. Assim, através da análise da música, espera-se mostrar que a identidade da América Latina não é uma só, mas várias, o que pode ser comprovado pela diversidade de seus territórios, culturas e etnias, assim, sua diversidade é justamente o que possibilita sua unidade. PALAVRAS-CHAVE: América Latina; Identidade; Território; Multiculturalismo. A POÉTICA DA IMAGEM E A IMAGEM DA CIDADE NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR Marta Francisco de Oliveira (PPG Letras, Unesp-Assis /UFMS) [email protected] RESUMO: Este trabalho propõe uma leitura baseada na constante captação do olhar do leitor que a escritora Clarice Lispector emprega em suas obras, sobretudo ao construir o espaço da cidade ao redor das personagens. Usando como referência o espaço urbano das grandes metrópoles do mundo e sua configuração atual, podemos obter uma outra forma de experimentação da estética clariciana em seus textos produzidos nos contextos dos anos entre 1940 e 1960. A experiência pessoal, segundo os pressupostos da crítica biográfica, permitem avaliar como o extra-literário interfere na composição e na interpretação do literário; por isso, esta análise parte da reflexão sobre a construção fictícia do espaço geográfico como espaço simbólico para além dos elementos físicos, das demarcações históricas e sociais e das conformações de padrões e comportamentos. Numa relação direta, o espaço se converte em elemento mesmo de poesia, de relato poético, no elemento simbólico da gênese literária, da experiência estética compartilhada com o leitor. PALAVRAS-CHAVE: Clarice Lispector; poética; espaço urbano. SAMPAS: A METRÓPOLE NA MÚSICA E NA LITERATURA Paulo Cezar Konzen (Unioeste - Campus de Marechal Rondon) [email protected] RESUMO: A cidade é um símbolo da sociabilidade humana, lugar de encontro e de vida em comum — e, neste sentido, seu modelo é a polis grega. Mas é também um símbolo da diversidade humana, em que convivem massas de pessoas que não se conhecem, não se reconhecem ou mesmo se hostilizam; e outros lugares — pelo menos, não no que a palavra admiração tem de benigno e suave. Provoca pasmo, este sentimento em que a admiração supera-se em susto — consequência do gigantismo, da onipresente sensação de urgência, da inquietante consciência de se estar num labirinto urbano que se prolonga ao infinito. Nesse estudo, como objeto de leitura da metrópole, serão utilizadas aqui o modelo não é mais a cidade grega, e sim Babel. As percepções da cidade embutidas nas canções e no texto literário estão de acordo com os adjetivos que mais facilmente vêm à mente quando se pensa em São Paulo: trepidante, tentacular, vertiginosa. São Paulo não provoca admiração, como as letras das músicas de Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Engenheiros do Hawaii e Criolo. Numa perspectiva interdisciplinar, as músicas serão avaliadas a partir da leitura de narrativas do escritor Luiz Ruffato. Esta pesquisa pretende evidenciar de que formas a maior metrópole brasileira é descrita tanto na música como na literatura brasileira, momento no qual será possível estabelecer sentidos para as diferentes leituras do espaço urbano. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Música; São Paulo; Literatura Comparada. HISTÓRIA, MEMÓRIA E LITERATURA DE CIDADES DA TRANSAMAZÔNICA César Martins de Souza (UFPA) [email protected] [email protected] RESUMO: Estreito, Marabá, Altamira, Itaituba, Jacareacanga, Humaitá e Lábrea já existiam há décadas, vivenciaram histórias contadas em livros e relatos orais, a partir das memórias de seus moradores mais antigos mas, em 1970, assistiram com ansiedade e receio o anúncio de uma obra que se constituiria em elo entre estas tão diferentes cidades e que mudaria definitivamente suas realidades: a construção da rodovia Transamazônica. A rodovia de mais de cinco mil quilômetros que intentava interligar o oceano Atlântico ao Pacífico e a Amazônia, em seu interior, ao restante do país, foi a obra mais propagandeada do general-presidente Emílio Garrastazu Médici. Estas cidades, que no projeto de colonização oficial foram projetadas como principais centros urbanos para o processo de migração de nordestinos e sulistas para a Amazônia, foram transtornadas e transformadas pela rodovia. Ao analisarmos obras literárias e relatos orais de moradores percebemos que as cidades da Transamazônica receberam, com o gigantesco empreendimento, hospitais, mais escolas, algumas delas aeroportos, novas vias públicas, aumento considerável da população, com marcante diversidade cultural, mas também diversos problemas sociais, como violência, precarização de condições de vida e de moradia e conflitos entre migrantes e populações locais. A literatura permite compreender assim, a poética contida na prosa e na poesia, pautadas em memórias destas cidades, bem como os problemas que a estrada ocasionou a populações locais, como a indígenas e caboclos ribeirinhos, expulsos ou atingidos, em suas condições de vida, por uma das maiores obras da ditadura civil-militar brasileira. PALAVRAS-CHAVE: História; memória; literatura DIÁLOGOS ENTRE MEMÓRIA E URBE EM A TERRA DO FOGO: O ENTRE-LUGAR DE UMA IDENTIDADE CLANDESTINA MENDONCA, Janiclei A. (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Romance que retrata a colonização da região patagônica em torno de 1829, A Terra do Fogo, escrito por Sylvia Iparraguirre, relata fatos histórico-culturais através do olhar de Guevara, personagem mestiço, que acompanha a trajetória do índio Jemmy Button, personagem principal da obra, situando-se entre América do Sul e Europa, a primeira, era então vista como terra nullis e seu povo era considerado selvagens que, entre tantos outros atributos de selvageria, praticavam o canibalismo em determinados grupos. Nascido e criado até aos dezesseis anos na imensidão do pampa argentino, o personagem Guevara aborda em seu relato encomendado pelo Almirantado Inglês, representado por Mr. Mac Dowell ou Mr. Mac Downess, seu convívio com o nativo Jemmy Button na viagem do navio Beagle, sob comando do Capitão Fitz-Roy, em expedição que objetivava reconhecimento da região para futura colonização. No entanto, o relato acaba por se tornar a expressão de sua visão sobre os fatos ocorridos, um diário em que Guevara tem a oportunidade de se posicionar e contar os fatos conforme seu viés, seu posicionamento na história. O objetivo deste trabalho é analisar as percepções de John William Guevara sobre a Patagônia, sua terra natal, e Londres, terra natal de seu pai, que se realiza por meio de sua memória, estabelecendo relações entre áreas como mestiçagem, hibridismo e identidade, no intuito de melhor compreender a visão deste personagem sobre a periferia e a urbe que se realiza na narrativa literária por ele escrita. PALAVRAS-CHAVE: memória; urbe; identidade RUPTURA DOS CONCEITOS DE CAMPO E CIDADE NO CONTO LOS MENSÚ Scheila Stahl (UNIOESTE) Ximena Antonia Díaz Merino (Orientadora/UNIOESTE) RESUMO: Este estudo objetiva analisar o conto Los mensú (1914), de Horacio Quiroga, abordando uma das temáticas de sua obra, porém pouco conhecida entre leitores, especialmente, da região de fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai. Em muitos de seus relatos ambientados na selva de Misiones há a presença de temáticas sociais que permitem conhecer parte do contexto histórico desta região, que neste conto se dá através das questões de denúncia social retratadas pelo escritor e que podem ser localizadas em sua narrativa através da representação de suas personagens inseridas em espaços citadinos e rurais, confrontando-se com resquícios da época colonial em um período conhecido como pós-colonialismo, onde se supõe que alcançada a independência das metrópoles, as ex-colônias desfrutem então de soberania econômica e cultural, o que não se cumpre ao analisarmos a literatura produzida, neste caso, na Argentina de fins do século XIX e início do século XX. Baseada nos conceitos de Literatura Comparada e nas leituras de Raymond Williams e Frantz Fanon, a pesquisa será conduzida a explorar a representação da violência a que estão expostas as personagens de Quiroga, tanto no espaço urbano como no espaço rural, a fim de verificar a influência destes espaços na vida dos trabalhadores que dão nome ao conto. PALAVRAS-CHAVE: Horacio Quiroga; violência; espaço urbano; espaço rural. A URBS BRASILIENSE DE RENATO RUSSO E SUAS CANÇÕES. Wesley Rosa Günther (UnB) [email protected] RESUMO: Nunca antes uma cidade teve tanta importância na criação das canções de um artista como teve Brasília em relação a Renato Russo. O artista, que leu e escreveu a Urbs brasiliense, catalisou os sentimentos numa entropia facilitadora dos significados de uma cidade oferecida ao leitor por meio das canções. Pretende-se refletir a formação do artista na cidade, bem como, a influência de Brasília na manifestação poética das letras das canções da Legião Urbana, orientado pela interação do artista com a cidade e como foi compreendida e resolvida esteticamente esta convivência, para tanto, analisaremos canções selecionadas do álbum Que País é Este - 1978/1987. Brasília é uma cidade que desde sua criação destaca certas particularidades. Essa força impar traz notoriedade ao estímulo artístico. Instiga o poeta a criar canções de fundo político e social refletindo o indivíduo e suas circunstâncias. Consideramos a cidade como linguagem de suporte simbólico à significação do texto, que lê e escreve seu lócus e persona, fazendo com que a cidade lida seja fonte para escrita. Então, é desejo científico estudar as questões dialéticas da cidade e seus reflexos na literatura; percebendo as vozes sociais que a compõe e o seu reflexo nos textos; Vê a Urbs como o espaço físico da modernidade, por onde se distribui a sociedade em suas mais variadas formas, percebendo a intrigada teia intertextual que as letras habilmente se apropriam é a ideia que refletimos e que vem ao encontro desse simpósio para colaborar e enriquecer do Centro-Oeste ao Sul do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Brasília; canção; Renato Russo CAUIM MODERNO OU ANTROPOFAGIA, DESDE SEMPRE A MESMA INCONSTÂNCIA? Carina Dartora Zonin (UFRGS/Doutoranda em Literatura Brasileira) [email protected] RESUMO: No seio da alteridade, nascemos; sujeito e nação, genuinamente, dependentes do outro. E, assim, ininterrupto, o fluxo formativo nos interpela [atropela] e faz seguir... Em plena performance, no entanto, enquanto, ainda, nos cabe endossar a [nem tão] gloriosa História da nação, propomos, neste estudo, uma atitude - só aparência e superfície – transgressora da ordem contemplação, autoglorificação -, ‘espelho, espelho meu...’, estereótipo universal, legítimo filho da terra [branco-negro-mulato-valente-arredio-nobre-volúvel], tão-Brasil, sou-não-sou? Afinal, quem é o eu da imagem que se reflete no espelho? E com ele, do lugar dele, quando, precisamente, o eu-éo-outro – índio-homem, onça-homem, máquina-homem -, desvendar seus atributos de interação com o mundo, o tanto de primitivismo e de modernidade, que perfazem a subjetividade transitória da nossa brasilidade, ‘a inconstância de uma constância’. Quem sabe, ainda, um certo jeito de ser [não-ser] brasileiro, animosidade subjetiva particular ou natureza humana universal? Para tanto, na intercambiável ‘incorporação’ do outro, procuraremos acionar as potencialidades do ‘modo de ver’ a ‘inconstância’, desde sempre ‘alma selvagem’, abstraídas por Eduardo Viveiros de Castro, de onde, em sintonia com a recriação do mito tupinambá, em Meu destino é ser onça, de Alberto Mussa e com a rapsódia Macunaíma, de Mário de Andrade, sobressai – imagem-reflexo - a reversibilidade canibalismo-antropofagia. PALAVRAS-CHAVE: Inconstância; Mito Tupinambá; Macunaíma; Canibalismo-Antropofagia. DISPUTAS PELA CIDADE: A QUESTÃO INDÍGENA E A LUTA PELA TERRA EM GUAÍRA-PR Joselene Ieda dos Santos Lopes de Carvalho (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A presente comunicação visa discutir os conflitos acerca da luta indígena pela terra na cidade de Guaíra-Pr. No ano de 2013, diversas são as informações errôneas divulgadas pela Mídia local fazendo com que os mais variados discursos submetam os indígenas à inimigos da população de Guaíra. Temos percebido que nesta disputa, há presença constante de correlações de forças contrárias: por um lado indígenas que possuem o direito original das terras, reivindicando-as para que possam utilizá-las para sua sobrevivência diária. Em contraponto, há determinados agricultores, proprietários destas terras que para que não sejam demarcadas, divulgam informações difamatórias acerca dos grupos indígenas presentes na cidade de Guaíra. A população indígena que está à margem na cidade de Guaíra, têm sido rejeitada pelos moradores, devido a perca de auxílios que até então eram exercidos até mesmo pela prefeitura municipal; há demissão de trabalhadores indígenas, resultantes de informações que estes grupos estariam se organizando para “invadir toda a cidade de Guaíra”. Através de sites de redes sociais, é perceptível que determinados grupos sociais querem a expulsão dos indígenas da cidade. O conflito têm sido noticiado pela mídia local, com gravíssimos erros e nenhuma perspectiva histórica, o que nos faz compreender que a cada dia fica mais evidente o posicionamento da mídia ao relatar tal conflito. PALAVRAS-CHAVE: Cultura; Demarcação de terras indígenas; Guaíra-PR. A HISTÓRIA E A MEMÓRIA NAS NARRATIVAS DE MORADORES DE OCUPAÇÕES RECENTES EM FOZ DO IGUAÇU-PR Lucas Eduardo Gaspar (UNIOESTE/Bolsista de Iniciação Científica/CNPQ) [email protected] RESUMO: Utilizando-se de um referencial teórico da História Vista de Baixo, criado pela nova geração de marxistas britânicos do século XX, que busca principalmente pensar e produzir o conhecimento histórico a partir dos “sujeitos comuns” que muitas vezes foram negligenciados pela história, é que proponho este trabalho, que busca principalmente traçar um diálogo entre memória e a história de moradores de ocupações de áreas urbanas de Foz do Iguaçu. As ocupações analisadas neste trabalho são recentes, datando do final do ano de 2012 e inicio de 2013 e é nas ações e significações feitas por seus moradores que reside um campo ainda aberto de disputa por memórias, espaço social e também pela cidade em si. Por isso é importante utilizar das narrativas destes sujeitos para compreendermos e analisarmos com maior profundidade quais os significados e sentidos que estes moradores atribuem as suas memórias e ações e como isto de alguma forma cria um espaço comum e os orienta a lutar, mesmo que ilegalmente, pelo direito a moradia. Para esta analise utilizo então em grande medida da História Oral, que possibilita o contato direto e a criação da fonte, oral, pelo pesquisador, que possibilita também visualizar de maneira clara tanto o processo histórico quanto os sentidos atribuídos tanto pelos sujeitos como pelo grupo em suas narrativas. PALAVRAS-CHAVE: História; Memória; Cidade; Ocupações. A POÉTICA URBANA DE MARIO QUINTANA Mônica Luiza Socio Fernandes (UNESPAR/FECILCAM/Fundação Araucária) [email protected] RESUMO: Entendemos como necessária a implementação de pesquisas de natureza multidisciplinar em que áreas de saberes distintos contribuam para melhorar o entendimento das relações humanas cada vez mais complexas e plurais. Nesse sentido, esta proposta tem como foco o estudo das representações espaciais da cidade de Porto Alegre encontradas na obra de Mario Quintana. Reiteradamente, seus poemas trazem a observação e as impressões sobre o meio, mesclando traços da realidade e do imaginário na composição do um novo ambiente, carregado de subjetividade. Assim, o espaço citadino se configura como um lugar de muitos significados, uma vez que é perpassado pela vivência e pelo registro poético de seus costumes, preferências, rotinas e trajetos pela capital gaúcha. Também revelam os aspectos culturais, os históricos, a memória, os tipos humanos, os símbolos e as outras linguagens que se cruzam na composição do cenário urbano, numa trama móvel, de múltiplas vozes e múltiplos sentidos. Esse olhar geográfico para a literatura é capaz de produzir detalhes que, organizados e sistematizados no texto, podem ser importantes fontes para a compreensão da representação ambiental, contribuindo e enriquecendo as análises literárias. Amparam a pesquisa os estudos voltados a questões entre a literatura e o espaço como os de Bachelard (1993), Haesbaert (1997), Corrêa (2007), Rosendahl (2007), Carlos (2001) e Santos (1978, 1985). PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Poesia; Mario Quintana; Espaço Urbano. RECONSTRUÇÕES DE BRASÍLIA NA POÉTICA DE NICOLAS BEHR E RONALDO CAGIANO Olívia Barros de Freitas (UFRGS) [email protected] RESUMO: Em razão da história de sua fundação, dos acontecimentos políticos e de célebres trabalhos de urbanistas e arquitetos, a atual capital brasileira muito despertou no imaginário nacional no passado; hoje ainda se mantem-se presente como símbolo do conflito entre mito e razão na construção urbana. Erguida entre paradoxos, dentre eles, o da idealização e factualidade, Brasília é um espaço de representação recorrente e amplificado em obras de arte. O presente trabalho aborda questões dialéticas referentes ao conflito moderno/arcaico, sonho/realidade, riqueza/pobreza nas obras poéticas de Nicolas Behr e Ronaldo Cagiano. São analisadas construções estéticas que evidenciam o modo como o espaço urbano inspira e se reflete no trabalho literário dos autores. Os poetas elegeram a capital brasileira para explicitar conflitos e contradições próprios da pósmodernidade. A representação estética do local (uma cidade, um espaço geográfico específico) em suas poéticas, frente à observação da consistente tematização de espaços físicos ou imaginários, é realizada em um tempo que foge à noção temporal meramente datável; seus poemas permitem que o leitor vivencie grande transposição de tempo e espaço. A poesia desconstrutora de Behr e Cagiano tende, através do silêncio de sua linguagem veloz e visualmente elaborada, a reestruturar, a resignificar, e a rearquitetar o espaço urbano, que parece vivo e pulsante em cada verso. PALAVRAS-CHAVE: Literatura brasileira; poesia; pós-modernidade; urbanidade; Brasília. A CIDADE DE SANTIAGO DE CHILE SOB O OLHAR DE PABLO NERUDA Ximena Antonia Díaz Merino (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: As cidades não existem somente como espaço físico, há uma construção citadina edificada com palavras, uma construção que dá forma ao cotidiano urbano através da literatura possibilitando novas perspectivas para a interpretação da cultura e da identidade do habitante urbano. As cidades têm sido registradas pela escrita desde sua fundação, como no caso da cidade de Santiago de Chile, que permite o rastreamento de uma escrita que remonta à época de sua fundação, no tempo em que ainda era Santiago de Nueva Extremadura, Ao reconhecer que a existência da urbe pode ser reconstruída pelas vozes do passado, considerar-se-ão também a prosa e poesia citadina de Pablo Neruda como signos culturais possíveis de serem reinterpretados hoje, um tempo histórico distante e alheio ao poeta. Com isto afirma-se que as respostas estão dentro dos muros da cidade, saber olhar é saber ler os signos que ela nos oferece, já que o sentido da cidade está dentro dela mesma. O lírico chileno, ao transferir para o poema a sua vivência pessoal, está, ao mesmo tempo, transferindo as tendências de uma época e de um momento histórico. Seu eu poético tem um valor representativo da realidade de que faz parte, suas vivências têm uma significação social, ou seja, representam a coletividade de seu tempo. PALAVRAS-CHAVE: Cidade; Memória; Imagem poética; Pablo Neruda. UTOPIA E REDENÇÃO EM ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA? DE CAIO FERNANDO ABREU Natália Rizzatti Ferreira (Unesp/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: A comunicação tem em seu horizonte analítico investigar as relações coerentes entre estrutura formal e situação histórica na obra de Caio Fernando Abreu (1948-1996). A representação de um quadro da cultura de massas emerge no romance Onde andará Dulce Veiga?, (1990), onde há um procedimento constante de citação, apropriação de frases e “cenas” pertencentes a filmes, novelas de televisão e peças de teatro, de modo a criar, com isso, um comentário sarcástico, o que demonstraria, por meio da inversão do sentido e do valor original desses produtos, o caráter arruinado e desauratizado da vida contemporânea. O espaço ficcionalizado da cidade opera, no texto literário, para dar uma visão da ruína que se dirige à própria condição dessa sociedade. À mudança do espaço (pela personagem principal), transcorre-se, por consequência, uma mudança na postura do narrador, que subsume o movimento de apropriação e a remissão aos produtos culturais. Com base nos escritos de Walter Benjamin, Antônio Candido, Fredéric Jameson e Tânia Pellegrini, busca-se compreender como a crítica empreendida pelo autor articula o conteúdo veiculado e os traços formais, numa dialética em que através da matéria romanesca seus temas atingem status de recurso estilístico, característicos de toda uma ideologia. Na arquitetura do romance, essa característica se relacionaria com a sensibilidade romântica, cuja valorização de uma era précapitalista em detrimento do ambiente moderno, se afastaria do recurso ao clichê. PALAVRAS-CHAVE: Onde andará Dulce Veiga?; Modernidade; Walter Benjamin. O ESPAÇO URBANO NO CONTO “UN DISCRETO MILAGRO” DE ISABEL ALLENDE NOGARA, Rosani Maria (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Este trabalho analisa a obra “Cuentos de Eva Luna” (1989), de Isabel Allende, especialmente o conto Un Discreto Milagro, que relata a trajetória de um padre vivendo no Chile durante o período da ditadura militar. O padre que, em função da idade e maus tratos acaba ficando cego, tem sua visão recuperada através de um milagre operado por uma Santa local, não reconhecida pela Igreja Católica. Esta análise procura verificar como a autora trata as questões do espaço urbano nesta obra, tendo como base o pensamento de Ángel Rama (1998), considerando sua definição de “cidade barroca”. Também busca entender que tipo de leitura de imagem da cidade a autora nos apresenta, no conto analisado, levando em conta o conceito de “Cidade Imaginada” de Néstor Garcia Canclini (1999), no qual explica que as pessoas constroem a cidade de acordo com um imaginário constituído pela observação do seu entorno e pelas histórias ouvidas, vividas ou imaginadas em seu pequeno círculo de convívio e a apresentam para si mesmos e para os outros deste ponto de vista. A cidade então será sempre completa e única para cada morador. Este trabalho ainda procura verificar as partes do texto que trazem conceitos de miscigenação e hibridação, baseado no entendimento de Nestor Garcia Canclini, e a influência dos efeitos da transculturação na própria obra Un Discreto Milagro, além de destacar as referências ao sincretismo religioso no interior da mesma obra , de acordo com definição de Angel Rama (1998). PALAVRAS-CHAVES: espaço urbano; transculturação; sincretismo; hibridismo; imaginário. SOBRE O POETA EN NUEVA YORK João Guilherme Siqueira Paiva (UFRJ/Bolsista de Mestrado Proex/CAPES) [email protected] RESUMO: Após sua estadia de nove meses no Estados Unidos, Federico García Lorca começa a organizar o livro que seria intitulado Poeta en Nueva York. Participante da geração de 1927, na Espanha, responsável pela retomada de Luis de Góngora à tradição poética hispânica, García Lorca retorna de viagem com o intuito de organizar sua companhia de teatro La Barraca. O problema do poeta diante da metrópole e a maneira como a cidade se delimita nos seus poemas será o eixo desta comunicação. Saindo de uma sociedade ainda repleta de vestígios de uma época pré-moderna, García Lorca compreende a cidade norte-americana com um olhar perplexo, desencantado, cheio de horror. A perspectiva de Walt Whitman e seu otimismo apaixonado pelas promessas de futuro da civilização já, nessa altura, são postas por água abaixo. O retrato da cidade é mortificante, como escreve Alfonso Berardinelli ao referir-se ao livro de Lorca: "Como assassínio sistemático da Natureza, inclusive da natureza humana, a cidade não é mais adequada ao flanêur: é pura angústia". Para o entendimento do que seria a sociedade na era da técnica, algo tão central em qualquer leitura teórica do livro, serão utilizadas em nosso auxílio as reflexões de Octavio Paz no ensaio “Signos em rotação”. A leitura de um poema, em tradução própria, ajudará a concluir a apresentação. PALAVRAS-CHAVE: Federico García Lorca; Poesia espanhola; Poesia e Cidade SOCIABILIDADES URBANAS PORTENHAS: DA BELLE ÉPOQUE AOS ANOS LOUCOS. Denise Scolari Vieira (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Nas últimas décadas do século XIX, alguns ideólogos do “moderno” aspiravam converter Buenos Aires no centro político-cultural da Argentina e da América do Sul, por meio de um repertório discursivo impregnado de utilitarismo liberal, que tentava fortalecer o credo assumido na Revolución de Mayo. Desse modo, eles passaram a pautar-se pelo ávido desejo de construir uma cidade totalmente nova, planejada segundo as assertivas da modernidade capitalista, cujo modelo conceitual tentava esboçar um consenso para a reorganização urbana que pretendiam consolidar. Por esse caminho, estadistas, políticos, urbanistas, intelectuais, artistas encenaram diversificados cerimoniais com os típicos componentes das relações de colonialidade do saber e do poder. Assim, assistiu-se ao aprofundamento da segregação espacial, por meio da qual, a literatura também se territorializou. Contudo, na medida em que era possível alimentar sistematicamente ideias em pugna, exaltando temperamentos e gostos literários com as nuances nacionalistas, ao mesmo tempo, se exaltavam estéticas que anunciavam as convicções e a vontade de mudança, formalizando exortações para discutir a tradição cultural, mediante outros locais enunciativos e outras temporalidades. Portanto, esse ensaio pretende enfatizar as distintas práticas de sociabilidade, ocorridas na cidade de Buenos Aires, cuja pluralidade de vozes tornou visível a ambiguidade do processo de modernização cultural da metrópole moderna. Para esse estudo serão utilizados, como recorte temporal, os anos entre 1880 e 1930, no período em que surgiram modos de escrita literária capazes de suscitar múltiplas perspectivas de entendimento da cidade em transformação, através de sistemas de sociabilidade que possuíam conteúdos e matizes alheios ao programa único da narrativa do espaço de pertencimento. PALAVRAS-CHAVE: Buenos Aires; imaginário; espaços literários; história intelectual. TROPICÁLIA: MIL PLATÔS. Enzio Gercione Soares de Andrade (USP) [email protected] RESUMO: O trabalho por hora postulado busca analisar a emergência da Tropicália, não como apenas um movimento dentre tantos existentes na cultura nacional, mas na verdade como um momento histórico específico vivenciado pela sociedade brasileira diante da erupção da pósmodernidade, pelo fechamento das condições políticas devido à instauração do regime ditatorial de exceção implantando no Brasil a partir de 1964 e também pelo surgimento de fenômenos culturais midiáticos como a “Jovem Guarda” e oriundos de setores de esquerda do país, como a “Canção de Protesto” em posição de conflito. De mesma forma, o trabalho por nós desenvolvido, pretende demostrar o caráter citadino da Tropicália no momento mais intenso da transição do Brasil predominantemente rural para uma realidade urbana, industrial na periferia do capitalismo globalizante; ressaltando seus procedimentos rizomáticos, sua tendência barroca para o caótico, grotesco, labiríntico, suas multiplicidades em termos de procedimentos artísticos, seu hibridismo temático, assim como sua inclinação para a espacialização em termos de historicidade. Nosso prospecto também quer enfatizar a essência cosmopolita da Tropicália que se negava a ser um registro fiel no plano artístico de uma nação, região ou lugar citadino, mas ser uma prática artística sempre nas bordas e nas fronteiras dos processos culturais, buscando a complexificação da realidade nacional e seu desvelamento na perspectiva de uma maior compreensão do Brasil. PALAVRAS CHAVES: Tropicália; Espaço Urbano; Rizoma; Hibridismo Cultural. INTRODUCCIÓN A SANTIAGO José Ángel Cuevas (Escritor – Chile) RESUMEN: José Ángel Cuevas busca, en su discurso, hacernos reflexionar sobre la fragmentación y desconstrucción que la Modernidad trajo consigo. Camina por el centro urbano de la ciudad de Santiago, esa “mole de cemento” y descubre que el sujeto moderno está arrojado en el mundo pero, ya no piensa en él, ni se conoce a sí mismo. El poeta mira aquello que habita en la memoria, y se conmueve por el mundo en constante decadencia. Su poesía es eminentemente urbana, de denuncia, donde resalta la indefensión del individuo respecto a la automatización de la sociedad que va perdiendo paulatinamente sus lazos de lealtad y adhesión y se va transformando, cada vez más, en un espacio despiadado y hostil. Introducción a Santiago (1982), es un relato de vivencias relatado en 147 versos libres. En ellos fue plasmada la memoria que el poeta rescata de la ruina y fragmentación de la ciudad, que en muchas ocasiones se transmite a sus edificios y monumentos (“tú Estadio Nacional mole de cemento abandonada/ No te conoces ni a ti mismo”), se suma la posición pos-moderna del propio sujeto, cuyo afán testimonial lo salva de caer en el olvido total: “el suscrito habita en lo alto de la Plaza Bulnes y escucha/ el rumor de los barrios que empiezan a caer decapitados…Apenas un puñado de Edificios/ y Caracoles vacíos/ habría de quedar…12.000 personas /hora perdida al interior del Paseo Ahumada/ hablando solas…todo vacío y las calles muertas/ como la muerte?” (33-54). Frente a la ciudad ausente, el sujeto se describe: “Soy un pobre santiaguino de mierda/ hablo solo. El mundo ha cruzado mi propia casa yo no me he movido” (48). La calle se puebla de voces esquizoides: “el rumor de los barrios decapitados” (36) y los sueños de destrucción se hacen apocalípticos: “Ay si cayera la Torre Santiago Centro/ se desprendieran sus vidrios al atardecer” (37). En una ciudad ahora fantasmal y “atravesada por la pena” (62), la visión de este sujeto es definitivamente, como lo indica la antología de Cuevas, un “Adiós (a las) muchedumbres”. PALABRAS CLAVE: Introducción a Santiago, poesía chilena contemporánea memoria urbana, fragmentación pos-moderna. SIMPÓSIO: LEITURAS DA HISTÓRIA PELA FICÇÃO: ROMANCE HISTÓRICO, METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA, ROMANCE DE "FUNDO" HISTÓRICO, HISTÓRIA ROMANCEADA Wagner de Souza (UNIOESTE) [email protected] Robert Thomas Georg Würmli (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio se propõe a abordar as narrativas ficcionais que lidem com o conteúdo historiográfico, analisando e observando como se dão os processos de relacionamento e entrelaçamento dos discursos historiográfico e literário, haja vista que o revisionismo e a ressignificação do conteúdo historiográfico tradicional são características comuns em solo latinoamericano. Assim, esse simpósio abre espaço a apresentações que abordem os gêneros híbridos de história e ficção, tais como a Metaficção Historiográfica, Novo Romance Histórico, bem como releituras da história pela ficção, de forma ampla, apontando para o contato e reconhecimento do Outro em sentido lato. Ao fim do século passado e início deste, os estudos sociológicos, culturais e, naturalmente, literários, vêm abordando o entrecruzamento entre história e ficção, adrede, a imitação do discurso da historiografia no romance contemporâneo, se opõe ao viés positivista até então vigente, concedendo voz aos excêntricos. Devido a isso, houve também um acréscimo no número de estudos críticos relacionados à maneira com a qual os indivíduos do continente relacionam-se, tanto mutuamente, quanto com os estrangeiros, com o Outro em sua acepção geopolítica. Portanto, vê-se que a interação entre os modelos de romance histórico contemporâneos e os estudos culturais do continente americano revelam-se como propícias fontes de compreensão do processo de criação identitária, requerida contemporaneamente, ao sujeito americano. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Literatura e história; Revisionismo. RESUMOS DO SIMPÓSIO: LEITURAS DA HISTÓRIA PELA FICÇÃO: ROMANCE HISTÓRICO, METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA, ROMANCE DE "FUNDO" HISTÓRICO, HISTÓRIA ROMANCEADA Wagner de Souza (UNIOESTE) [email protected] Robert Thomas Georg Würmli (UNIOESTE) [email protected] SALA: 15 (Quinze) "LA MÁSCARA DEL IMPERIO INGLÉS EN LA GESTA INDEPENDENTISTA Y EL TRÁNSITO DEL HÉROE CRIOLLO: LA LOGIA DE CÁDIZ DE JORGE FERNÁNDEZ DÍAZ Y MÁS ALLÁ DE LOS DÍAS DE MAYO DE MARÍA MANRÍQUEZ" María del Carmen Tacconi - Universidad Nacional de Tucumán [email protected] RESUMEN: Las dos novelas mencionadas en nuestro título son mutuamente complementarias en cuanto a iluminar aspectos de la trayectoria del general San Martín que la Historia oficial ha ignorado: su carrera militar en España, su relación con las logias independentistas y su gobierno en la provincia de Cuyo. El concepto de Silviano Santiago de "entre lugar", traducido como "tránsito" por Antonio Esteves para algunos matices del concepto general, nos resultará funcional para el análisis de la renuncia del capitán San Martín al ejército español y su paso a la conducción de tropas independentistas en América. Este tránsito significó la asunción de la identidad criolla, cumplida en la recreación ficcional de La Logia de Cádiz. En Más allá de los Días de Mayo se corrobora este tránsito y se pone de manifiesto el pensamiento independentista y el ideario de gobierno liberal progresista sistematizado por los agudos racionalistas ingleses para las logias –cuyo propósito fue la destrucción del imperio español– que San Martín asimiló y aplicó en su gobierno de Cuyo. Las dos novelas reflejan rasgos definitorios de la identidad cultural latinoamericana: la necesidad insoslayable de autonomía, la mesticidad cultural, la vocación de igualdad de oportunidades en la vida social y el requerimiento de organización federal. PALABRAS-CLAVE: tránsito; gesta independentista; logias; identidad; omitido en historiografía A CONSTRUÇÃO DE PERSONAGENS FEMININAS COMO REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE NA OBRA TENDA DOS MILAGRES DE JORGE AMADO Anna Deyse Rafaela Peinhopf (Acadêmica da UNIOESTE campus Cascavel – PIC Fundação Araucária: Grupo de pesquisa Literatura, História e Memória.) Wagner de Souza (Professor orientador da UNIOESTE campus Cascavel – grupo de pesquisa Literatura, história e memória) RESUMO: A obra Tenda dos Milagres, publicada em 1968, mostra a realidade de preconceito e discriminação enfrentada pelos mestiços da Bahia, em pleno século XIX, momento de ideias positivistas e práticas discriminatórias. Nenhum elemento é tão bem retratado, no entanto, quanto à imagem da mulher, sendo esta moldada pela visão masculina do escritor. A representação das mulheres na obra, publicada em meados do século XX, traz à superfície textual revelações de como a figura feminina era vista e concebida na sociedade do mesmo período. Todas as personagens de mulheres, presentes no enredo do texto, são entes secundários, sempre intrinsecamente ligados a figuras masculinas. Percebe-se, assim, que o feminino está no romance como pano de fundo, sendo a mulher algo a ser consumido e descartado pelos homens dentro da trama. A intenção, desta forma, é de apontar como a descrição das personagens femininas aparece no texto corroborando o pensamento masculino dominante do século XX, raciocínio este que enxergava as mulheres como objeto de seu bel-prazer. Não houve o intuito, com isso, de provar que Jorge Amado é ou não um escritor machista; pelo contrário. Procurou-se mostrar sua sensibilidade, enquanto escritor, de retratar temas tão delicados na vida social já daquele período. Assim como Amado proporciona a reflexão sobre a miscigenação cultural e social da nação brasileira, da mesma forma pode-se contemplar, por meio de Tenda dos Milagres, a forma como a figura feminina era vista e considerada na atmosfera da década de 60 no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e história; personagens femininas; representação. RELEITURAS DA HISTÓRIA PELA FICÇÃO: A GUERRA DO PARAGUAI Camila Lacerda Schneider (Acadêmica da UNIOESTE campus Cascavel – ICV: Grupo de pesquisa Literatura, História e Memória.) Wagner de Souza (Professor orientador da UNIOESTE campus Cascavel – grupo de pesquisa Literatura, história e memória.) RESUMO GERAL: Buscar-se-á no presente artigo realizar uma análise comparativa entre dois novos romances históricos e um relato de guerra, sendo eles respectivamente Questão de Honra, de Domingos Pellegrini, Avante, soldados: para trás, de Deonísio da Silva e A Retirada da Laguna, de Visconde de Taunay. Os dois primeiros surgem para contrapor uma vue d’unhaut(visão de cima) da Guerra do Paraguai, criada por Taunay na época em que o episódio ocorreu. Pellegrini e Silva propõem releituras para o que pode ter acontecido naquele momento. Tem-se como objetivo principal elencar alguns elementos na narrativa que permitem perceber essas releituras em Questão de Honra e Avante, soldados: para trás, explicando por que ambas as obras se configuram como novo romance histórico, contrapondo-se a famosa e renomada obra de Taunay. Para isso, contar-seá com o apoio teórico de Menton (1993), Le Goff (1990), Ricoeur (1994), Schmitt (2001), entre outros. Procurar-se-á evidenciar no presente ensaio algumas das características encontradas em Questão de Honra e Avante, soldados: para trás que os classificam como novo romance histórico. Há, em ambas as obras, a intertextualidade com a obra A Retirada da Laguna, de Visconde de Taunay, sendo esta o ponto de partida das novelas intertextuais. Pellegrini e Silva buscam desconstruir as verdades criadas por Taunay no episódio da Guerra do Paraguai, usando de forte ironia e parodia no decorrer de toda a narrativa. PALAVRAS-CHAVE: Análise literária; Guerra do Paraguai; Confluências. NOS LIMITES DA REPRESENTAÇÃO: A MANIPULAÇÃO PLÁSTICA COMO RECURSO DE PRODUÇÃO E REAVALIAÇÃO HISTÓRICA NO ROMANCE TREE OF CODES (2010) Clara Zanirato (UNESP-SJRP) RESUMO: Este trabalho analisa a experimentação estética presente na obra Tree of Codes (2010), de Jonathan Safran Foer, examinando os meios pelos quais o autor manipula uma narrativa anterior, The Street of Crocodiles (1934), de Bruno Schulz, para reinseri-la historicamente em outro período, e suas consequências. Foer utiliza o recurso de recortes (die cutting) e, literalmente, retira partes do texto de Schulz para a produção de uma obra em um contexto diferente e, portanto, com um novo posicionamento histórico. O romance de Foer apresenta uma forma que o coloca no limite entre obra de literatura e a de arte plástica: as páginas são propositalmente “esburacadas”. Dessa maneira, o texto recortado de Foer permite ao leitor perceber também o “discurso por trás do discurso”, pois é possível ver os textos das páginas posteriores. A proposta da obra Foer é subverter uma narrativa anterior em prol do destaque de vozes de seres humanos que sofreram as atrocidades provocadas por um dos acontecimentos mais terríveis da História. O recurso estético usado no livro representa fisicamente o que “deixou de ser dito” a respeito do sofrimento e do medo vivido pelos judeus durante o Holocausto. Assim, a narrativa de Foer mostra como o escritor, por meio da reescritura um texto pré-existente, pode reavaliar o passado histórico, trazendo à baila problematizações em relação ao discurso oficial da História, e assinala que fatos como o Holocausto não podem ser esquecidos e tampouco repetidos. Textos teóricos de Hutcheon (1988), White (1985) e Le Goff (1990) fundamentarão este estudo. PALAVRAS-CHAVE: Jonathan Safran Foer; Tree of Codes; Bruno Shultz; The Street of Crocodiles; Holocausto. HISTÓRIA, FICÇÃO E IDENTIDADE EM “EL MASACRE SE PASA A PIE” DE FREDDY PRESTOL CASTILLO Richard Junior Suriel Programa de Pós-graduação em Letras – Universidade Federal de Roraima (PPGL-UFRR) Maria Helena Valentim Duca Oyama Universidade Federal de Roraima (UFRR) RESUMO: A República Dominicana está situada na região caribenha e faz fronteira com a República do Haiti. Duas nações que enfrentaram lutas através dos tempos, tendo como resultado abnegações, racismo e preconceito. O trabalho que apresentamos está baseado na pesquisa que está em andamento, a partir da obra do escritor dominicano Freddy Prestol Castillo, El Masacre se pasa a pie (1998), onde buscaremos compreender como história e ficção são tecidas ao longo da narrativa, cujo foco é o genocídio histórico de haitianos no rio Masacre, em 1937, no espaço da fronteira norte da República Dominicana e da República do Haiti. A hipótese que apresentamos é a de que o racismo, o preconceito, a violência e aspectos negativos relacionados à ditadura que caracteriza a República Dominicana estão ligados e enraizados na memória da população dominicana. O governo de Rafael Leónidas Trujillo teria utilizado um discurso contra os haitianos, logo, contra o elemento cultural africano, como parte de estratégias da política de “branqueamento” que facilitaria a modernização do país. Castillo (1998) focaliza a violência dos fatos históricos ligados aos “pueblos ribereños”, refletindo questões de sofrimento e denuncias. Para este trabalho priorizamos os conceitos de racismo de Albert Memmi (1967), de violência Frank Moya Pons (1995), e de memória, de Maurice Halbwachs (1990). PALAVRAS-CHAVE: Violência; Ficção; História “CORONÉIS E CARCAMANOS”: POR UMA LEITURA FICCIONAL DAS TENSÕES SOCIAIS ENTRE PATRÕES E TRABALHADORES NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO DURANTE A PRIMEIRA REPUBLICA Rodrigo Ribeiro Paziani (UNIOESTE/GP “História Social do Trabalho e da Cidade”/ CIER) [email protected] RESUMO GERAL: Publicada originalmente em 1982, a obra “Coronéis e Carcamanos”, de Julio José Chiavenato, constitui um romance histórico cuja narrativa pretende representar, pelo viés ficcional, as tensões sociais ocorridas nas áreas de produção cafeeira do interior paulista durante a Primeira República. Neste período, coronéis proprietários de lavouras de café pressionaram os governos estadual e federal no sentido de importar mão de obra estrangeira em substituição ao escravo negro. Ribeirão Preto tornava-se o maior centro produtor e exportador da rubiácea e suas lideranças – caso dos coronéis Joaquim da Cunha Diniz Junqueira e Francisco Schmidt – passaram a explorar o braço imigrante europeu nos seus cafezais – na sua maioria, italianos, que viram seus sonhos de “fazer a América” serem desfeitos pela exploração e virulência a que se viram defrontados como trabalhadores e seres humanos. Nossos objetivos se pautarão por dois caminhos, opostos e complementares: de um lado, mostrar que “Coronéis e Carcamanos” possui o mérito de estar inserido nos diálogos entre história e literatura, ‘história’ e ‘ficção’, apontando para a construção de uma narrativa meta-histórica capaz de aproximar o leitor comum de possíveis “verdades” de um tempo, lugar e sujeitos históricos específicos; de outro, refletir criticamente acerca dessas mesmas “verdades históricas” romanceadas pelo autor, na medida em que o “real” em sua narrativa – como o próprio titulo sugere – tende a caracterizar-se pela polarização dos tipos sociais e das relações/tensões sociais vividas entre eles. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; narrativa; tensões sociais; estudo local; Primeira República. VOZES DA HISTÓRIA NA FICÇÃO DE HAROLDO MARANHÃO Sérgio Alves – UFPa. [email protected] RESUMO: O foco deste trabalho aponta o tecido de vozes da história que congregam a narrativa ficcional e histórica de Haroldo Maranhão. Buscaremos examinar o paralelo entre as vozes da história e a ficção literária, ou antes entre a história e a literatura, em decorrência de uma proposta de devolver aos estudos históricos o parentesco com a arte. A justificativa para tal estudo tem como pedra de toque o reconhecimento de que a ficção é uma modalidade discursiva que coloca no palco personagens históricos e ficcionais, rediscutindo-os e apontando alternativas de interpretação. No caso específico do autor aqui estudado, pessoas comuns se misturam a personagens da história e ficcionais, transformados em matéria de ficção. Trataremos de verificar, nessa linha de pensamento, os vários discursos presentes na obra do escritor paraense cujo diálogo com a história é marcante – memória pessoal, memória literária, memória histórica. Trata-se ainda de buscar uma origem do autor, um corpo que explicite o texto ou lhe forneça uma paternidade e esclareça como determinados momentos de sua formação tem influencia no resultado final de seus textos: a atividade no jornal, leituras e acontecimentos comuns do dia-a-dia da cidade. Observa-se bem que, se a vida serve de pretexto ao livro e a escrita não recalca o sujeito por trás da palavra, a ficção levanta a possibilidade que o autor é feito de experiências pessoais. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; História; Memória. SER PERIFÉRICO NA PERIFERIA Tânia Regina Casado – SEED Edneia Aparecida Chaves – SEED RESUMO: Nas Américas espanhola e portuguesa, os povos colonizados raramente constituíram-se sujeitos do dizer. Nos documentos oficiais, na historiografia e nos bens simbólicos, em especial na literatura, quase sempre existiram reproduzidos pelo discurso do colonizador. Os nativos tiveram sua identidade construída sob a ótica do exotismo ou da síntese dos valores culturais inerentes ao medievo europeu ou como representação de um sentimento de nacionalidade. Outros grupos (negros, mulheres, minorias sexistas) ficaram ainda mais esquecidos. De modo geral, porém, em razão da representatividade ter sido feita por meio de um grupo sobre o outro, a anulação das minorias representadas, contribui para a formação de uma identidade carregada de estereótipos, fixos ou pré-concebidos, arraigados na cultura dos povos latino-americanos, contribuindo para a construção de uma imagem marginalizada desses estratos populacionais. Oprimidos pelos regimes e sociedades de que fazem parte, apenas recentemente, representantes das minorias alcançaram, na literatura, a condição de escritores e, nela, tornaram-se sujeitos do dizer, do representar-se. Entretanto, apesar disso, ser latino-americano e, no âmbito desse artigo, ser brasileiro, com toda indefinição que isso denota é ainda ser periférico. E, nessa periferia chamada América Latina há outras margens para além da margem. Ser negro, ser mulher, ser homossexual é estar á margem da margem. É ser periférico na periferia, é estar em movimento, é ainda não saber quem se é de fato. É ainda ter de se assumir autor e mostrar-se múltiplo. São essas minorias que têm se assumido escritoras de si mesmas e é sobre elas que trata este trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Literatura latino-americana; minorias; identidade. ENTRE NACIONALIDADES E SUBJETIVIDADES: QUE IDENTIDADES RESISTEM SOMENTE COM UM POUCO DE IDEAL E DE PÃO? Veronice Oliveira Cristo Wamms Mestranda em Letras – Interfaces entre Língua e Literatura – UNICENTRO RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar uma breve análise sobre o romance Um amor anarquista (2005), de Miguel Sanches Neto, o qual problematiza o tema da imigração italiana no Brasil, por meio do diálogo entre literatura e história. Procuramos investigar em que medida aqueles homens e mulheres, representados pelas personagens da ficção literária, são afetados pelo processo de mudanças territoriais e culturais, nas quais vivenciam uma espécie de desfragmentação da própria individualidade em contraste com as alteridades. A narrativa se constrói em torno do ideário anarco-socialista de um grupo minoritário em prol da criação de uma nova identidade nacional, livre das hierarquizações e do discurso hegemônico e opressor da sociedade, da política e da igreja. Nesse percurso, tanto a memória coletiva quanto a memória individual são fundamentais para contextualizar os fatos. Ao mesmo tempo, o autor instaura o diálogo crítico entre o presente e o passado por meio de jogos discursivos que rompem com a linearidade da trama. Selecionamos alguns elementos pontuais da obra para discutirmos como esta, por meio de seu processo discursivo, apresenta as diversas identidades que a constituem, de modo a tornarem-se uma espécie de portavozes de um coletivo marginalizado. Nessa análise, pretende-se ressaltar que a voz do coletivo dessas identidades que se encontram à margem de duas nacionalidades (italiana e brasileira), ressoa como um eco da memória social que se faz presente para revisar a história nacional. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Memória; Nacionalidade. EL SUEÑO DEL CELTA: O HERÓI IRLANDÊS FICCIONALIZADO NO NOVO ROMANCE HISTÓRICO Wagner Monteiro Pereira (UFPR/ PG-Letras) [email protected] RESUMO GERAL: Em 2010, Mario Vargas Llosa voltou à tradição de ficção histórica com El sueño del celta, romance que dialoga com a história e ficcionaliza o idealista irlandês, Roger Casement. Essa fala pretende analisar o romance pelo viés da ficção histórica, retomando as teorias de Lukács (1955) e Menton (1993), refletindo sobre como Vargas Llosa retoma o Novo Romance Histórico Latino-americano e, no plano da linguagem, como ficção e história se entrelaçam. El sueño del celta dialoga de modo bastante claro com o discurso histórico. Para tecer seu romance, Vargas Llosa fez uma longa pesquisa de dados históricos, para que pudesse criar sua obra literária sem deixar de lado os diversos eventos históricos nos quais Roger Casement esteve involucrado. E como veremos ao longo desta apresentação, o protagonista de El sueño del celta atuou em diversos eventos, citados por Vargas Llosa ao longo da narrativa. O Nobel peruano ainda explicita ao longo da narrativa que não existe uma única verdade, questionando, pois, a perspectiva histórica consagrada. Veremos, por exemplo, que a polícia britânica ao prender Roger Casement no início do século XX, expôs ao público diários que supostamente Roger Casement havia escrito. Mais tarde, historiadores o classificariam como black diaries, pelo conteúdo fortemente sexual e pederástico. Entretanto, se os black diaries são vistos por muitos como uma invenção com o propósito de denegrir a imagem do idealista celta, o romancista peruano os dá como ‘verdadeiros’. Ou seja, ainda que Roger os tenha escrito, para Llosa, ele não viveu grande parte dessas narrativas. PALAVRAS-CHAVE: novo romance histórico; Mario Vargas Llosa; El sueño del Celta POPULISMO E PRECONCEITO EM TENDA DOS MILAGRES Beatriz Florencio de Jesus (Acadêmica da UNIOESTE campus Cascavel – ICV: grupo de pesquisa Literatura, história e memória.) Wagner de Souza (Professor orientador da UNIOESTE campus Cascavel – grupo de pesquisa Literatura, história e memória.) RESUMO GERAL: A história do negro no Brasil confunde-se com a formação da própria nação brasileira. Eles foram trazidos para cá como imigrantes de forma forçada, ou seja, vieram como escravos. Contribuíram, ao longo de quase quatro séculos de escravidão, de forma significativa para o desenvolvimento e enriquecimento do país. Contudo, mesmo desempenhando um papel crucial nessa formação, ficaram sempre à margem na sociedade brasileira. No Brasil, apesar de grande parte da população ser mestiça, ainda se percebe certo preconceito contra as pessoas de origem africana. Em vista disso, o presente artigo tem por finalidade analisar a obra literária Tenda dos milagres, de Jorge Amado, a qual nos leva a reviver momentos marcantes de nossa história. Nela, o autor intenciona aprofundar-se na discussão étnico-racial concernente ao país e demonstrar a presença dos elementos culturais africanos na cultura brasileira. É também relevante na obra analisada, o modo que Amado defende a liberdade de manifestação de um povo oprimido que luta contra a intolerância religiosa, racial, e social. No romance, o autor supervaloriza a cultura popular em detrimento da erudita. Faz alusão de seus principais personagens a pessoas reais que viveram no início do século. Jorge Amado, na obra supracitada, se utiliza da voz de seus personagens para denunciar o preconceito racial e religioso, além de trazer à tona discussões sobre os relacionamentos inter-raciais e abordar a mestiçagem como um ponto fulcral no romance analisado. PALAVRAS-CHAVE: mestiçagem; preconceito; negro; cultura; candomblé. DOIS ROMANCES, DUAS MEMÓRIAS, DUAS HISTÓRIAS DA GUERRA DO PARAGUAI Adenilson de Barros de Albuquerque RESUMO: Neste artigo, busca-se apresentar a leitura dos romances históricos Caballero (1994), do paraguaio Guido Rodríguez Alcalá, e Questão de honra (1996), do brasileiro Domingos Pellegrini. Conhecida também como Guerra Grande ou Guerra de la Triple Alianza, a Guerra do Paraguai é o maior conflito bélico ocorrido na América Latina. As tropas aliadas formadas por representantes do exército do Brasil, da Argentina e do Uruguai combateram o exército de Francisco Solano López e o corolário disso foi o aniquilamento quase total da população masculina adulta do Paraguai. Nos romances Caballero e Questão de honra ecoam abordagens que vão desde a representação de diferentes momentos da guerra até os questionamentos sobre as construções das figuras e dos discursos históricos. As personagens centrais desses romances, cada uma a sua maneira, expõem suas versões sobre os eventos passados. Para embasar a análise dessas narrativas, recorrer-se-á a alguns postulados teóricos relativos às diferentes modalidades de romances históricos e aos desdobramentos dos discursos memorialísticos, históricos e ficcionais. A evidência dos diálogos entre a memória, a história, a ficção pelas proposições comuns que as norteiam comprova a existência de elementos que, pela palavra, dão continuidade a problemas não devidamente resolvidos em 1870, ano do término oficial da guerra. PALAVRAS-CHAVE: Guerra do Paraguai; Romance histórico; Memória. SAGA: UM RELATO DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA NA LITERATURA BRASILEIRA Alisson Oliveira Gomes Ribeiro (Fundação Araucária-UNIOESTE) Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (Orientadora-UNIOESTE) RESUMO: Oriunda de um de golpe militar organizado pelos nacionalistas, a Guerra Civil Espanhola (1936-139) deixou como herança ao povo espanhol inúmeras chagas e memórias dolorosas, que frequentemente a história vem recuperando do esquecimento, promovido pela ditadura franquista (1939-1975). No que tange a memória literária, aquela que trata e retrata os episódios deste conflito, a luta fratricida garantiu muito assunto. Não foram somente os autores espanhóis que se dedicaram ao tema, autores estrangeiros também não puderam deixar de relatar, por meio da literatura, os horrores da guerra. Talvez o caso mais conhecido seja do escritor norteamericano Ernest Hemingway (1899-1961), que trabalhou como correspondente durante a guerra civil e, após esta experiência, publicou um romance, Por quem os sinos dobram (1940) sobre esta temática. Érico Veríssimo, escritor brasileiro, também andou por estas vertentes. É sabido que Veríssimo sempre esteve envolvido nas denúncias de causas sociais e guerras civis, retratando tais denúncias em seus livros. No romance Saga (1940), o escritor brasileiro optou por retratar as mazelas do conflito civil espanhol, e, através do olhar de seu personagem “Vasco”, Veríssimo pinta com maestria os cenários flagelados desta guerra. Este trabalho tem por objetivo analisar os elos existentes entre literatura, história e memória por meio do prisma do narrador recriado na narrativa. PALAVRAS-CHAVE: Guerra Civil Espanhola, Literatura Brasileira, Érico Veríssimo, Saga. DEGREDADOS: HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS Beatrice Uber (Acadêmica da UNIOESTE campus Cascavel – ICV: grupo de pesquisa Literatura, história e memória.) Wagner de Souza (Professor orientador da UNIOESTE campus Cascavel – grupo de pesquisa Literatura, história e memória.) RESUMO GERAL: Nesse artigo objetiva-se mostrar o prisma dos excluídos nas obras Terra Papagalli, Desmundo e Os Fugitivos da Esquadra de Cabral com o intuito de inverter o discurso eurocêntrico apresentado pela historiografia brasileira. Na primeira narrativa objetiva-se estudar a história descrita por Cosme Fernandes, um condenado ao degredo por ter se envolvido amorosamente com Lianor, uma jovem cristã. Na nova terra ele se torna o Bacharel da Cananéia e relata as primeiras décadas do descobrimento do Brasil. Na segunda obra, a personagem Oribela de Mendo Curvo mostra o prisma feminino, em especial o das portuguesas órfãs enviadas ao Brasil no ano de 1555 com o intuito de casarem e gerar filhos, bem como ajudar seus maridos a prosperarem, sendo boas esposas. Também observa-se que essas mulheres não desfrutavam de outra opção senão a dependência de seus esposos, pois não tinham lugar de respeito perante a sociedade que não fosse pelo matrimônio. Na última narrativa evidencia-se por meio de Leonardo, um jovem grumete na embarcação lusitana de Cabral, o descobrimento das terras brasileiras e as aventuras que ele e o amigo Bartolomeu aqui viveram. Assim, ao agregar ficção e historiografia, esse estudo analisa alguns fatos apresentados pela visão eurofalocêntrica e percebe-se que a história vista de cima cede lugar aos relatos daqueles anteriormente considerados inferiores e excluídos. PALAVRAS-CHAVE: história vista de baixo; releitura; romance histórico; revisionismo. OS RASTROS DA HISTÓRIA EM O LIVRO DA GUERRA GRANDE SOB O VIÉS DA LATINO-AMERICANIDADE Cíntia Paula Andrade de Carvalho (IFBA/UFBA) [email protected] RESUMO: Muitos eventos bélicos da modernidade surgiram em decorrência de disputas entre Estados-nações e, dessa forma, não é surpresa que grande parte dos discursos histórico e literário produzidos desde então tenha se preocupado em interpretar os conflitos sob a ótica da nacionalidade. Não foi diferente com a Guerra do Paraguai (1864-1870). No entanto, nas últimas décadas, observa-se o aparecimento de abordagens – entre essas, narrativas de ficção - que problematizam o traçado das fronteiras nacionais, sugerindo a releitura de certos eventos históricos a partir de outros ângulos de conformação geopolítica e consequentemente de referenciais identitários. É caso, por exemplo, de O Livro da Guerra Grande (2002), de autoria do paraguaio Augusto Roa Bastos, do argentino Alejandro Maciel, do uruguaio Omar Prego Gadea e do brasileiro Eric Nepomuceno. Os autores das nações envolvidas na referida campanha reinterpretam o episódio sob o viés da afirmação da latino-americanidade. Há de se destacar que tal procedimento de escritura investido na obra coletiva não instaura a total negação dos referenciais identitários dos países em questão; antes levanta questionamentos à ação bélica, o que não deixa de apontar para a rarefação dos projetos de nacionalidade, tão comuns nos séculos XIX. Para discutir tais deslocamentos de releitura dos fatos históricos e dos contornos geopolíticos, o estudo apoia-se em autores como Marilene Weinhardt (2011), Homi Bhabha (1998), Stuart Hall (2000; 2003), Eurídice Figueiredo (2010), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas de ficção; história; Guerra do Paraguai; latino-americanidade; O Livro da Guerra Grande. O HISTÓRICO E O FANTÁSTICO EM INCIDENTE EM ANTARES, DE ÉRICO VERÍSSIMO Gisele de Oliveira Bosquesi (UNESP- Ibilce/Bolsista de Doutorado CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Partindo da hipótese de que o teor crítico da obra Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, é trabalhado pelo viés do fantástico de modo a formar uma alegoria do Brasil pós64, vemos que a sátira denuncia de forma mais impactante as incongruências que giram em torno do tema da falta de liberdade e outros problemas sociais característicos da época. Pretendemos, portanto, observar o trabalho de integração do elemento histórico na materialidade do romance, pensando em afrouxar as fronteiras entre a representação dita realista e a fantástica no que toca a postura para com o extraliterário, neste caso a história. Em outras palavras, objetivamos problematizar a ideia do fantástico como fuga da realidade, endossada provavelmente pelo próprio autor na ocasião de seu encontro com o escritor cubano Alejo Carpentier, na qual discutiram sobre uma espécie de fatalidade que os impeliu a fazer literatura fantástica. Portanto, a nosso ver, a ruptura instaurada pelo elemento sobrenatural do retorno dos mortos, ainda que seja uma ruptura na linearidade do chamado efeito de real, construído no romance por meio da referência a vários eventos e personagens históricos, não constituiria uma ruptura para com a realidade, mas sim sua retomada crítica, própria da representação artística na relação com seu objeto. PALAVRAS-CHAVE: Érico Veríssimo; história; realidade; fantástico. A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA NO ROMANCE LA SOMBRA DEL VIENTO DE CARLOS RUIZ ZAFÓN Hellen Christina Gonçalves (IFPR) RESUMO: O presente trabalho se propôs a analisar o conteúdo historiográfico no romance contemporâneo La Sombra del Viento (2001), de Carlos Ruiz Zafón sob a óptica da metaficção historiográfica. O livro conta a vida de um personagem ficcional, Daniel Sempere, e sua relação com um romance homônimo, sendo este também escrito por um personagem ficcional, Julian Carax. No entanto, ao longo da trama, ambientada na Barcelona do pós-guerra civil, há personagens que foram ficcionalizados, pessoas que estiveram em cargos militares e políticos durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Para a análise da construção metaficção historiográfica o referencial teórico são os estudos de Linda Hutcheon (1991), nos quais são apontados que até o século XIX, antes do advento da história científica e da separação das disciplinas de literatura e história, a ficção e realidade confundiam-se e não era possível saber onde uma começava e a outra a terminava. No romance em questão, a metaficção historiográfica revela uma leitura alternativa do passado como uma crítica à história oficial, além da apropriação de personagens e acontecimentos históricos sob a ordem da problematização dos fatos concebidos como “verdadeiros” e que acabam por vir à tona revelando as consequências da guerra e em como se davam as relações interpessoais naquele período. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Literatura e história; Metaficção Historiográfica; Guerra Civil Espanhola. AMORES DE PERDIÇÃO: A HISTÓRIA SECRETA DE MANUELA E GARIBALDI Marina Luísa Rohde (Acadêmica da UNIOESTE campus Cascavel – ICV: grupo de pesquisa Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura.) Wagner de Souza (Professor orientador da UNIOESTE campus Cascavel – grupo de pesquisa Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura.) RESUMO GERAL: O romance Amor de Perdição escrito por Josué Guimarães em 1986 aborda questões que extrapolam o cunho literário. A história de amor vivida por Giuseppe Garibaldi e Manoela Amália Ferreira é recontada na obra a partir estreitas relações com o texto histórico. A semelhança com o texto Camiliano presente no título não ocorre despropositadamente, uma vez que a obra apresenta um contexto social análogo ao romance de Camões. Guimarães reatualiza um fato com a atenção voltada a uma personagem histórica até então deixada à margem dos estudos históricos. Tem-se ainda o contexto da Revolução Farroupilha (1835-1845) como pano de fundo da obra. Com a utilização de personalidades históricas, Guimarães apropria-se da literatura para tematizar questões estudadas outrora pela historiografia. À luz dos pressupostos teóricos de Menton (1993), Fleck (2011), Sharpe (1992), entre outros, objetiva-se apresentar uma análise do conceito estudado por Menton, definido como Novo Romance Histórico que, em suma, aborda temáticas que se preocupam com uma revisitação do passado histórico, de modo a compreender como é composta a representação literária do romance, apresentando uma releitura histórica por meio da ficção. Aponta-se, por fim, para uma adequação da obra nos moldes do Romance Histórico Contemporâneo de Mediação proposto por Fleck que sugere uma produção mais linear, com perspectivas mais moderadas a fim de tornar a leitura mais acessível. PALAVRAS-CHAVE: Amor de Perdição; Revolução Farroupilha; Novo Romance Histórico; A HISTÓRIA E A PROVIDÊNCIA EM O MOINHO DO PÓ, DE RICCARDO BACCHELLI Odete da Glória Oliveira Tasca (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise do primeiro romance da trilogia O moinho do Pó, de Riccardo Bacchelli, obra que retrata a complexa história de uma família de moleiros, vista em três gerações sucessivas, e que acontece em um século de história: o período que vai desde a derrota de Napoleão na Rússia até o ressurgimento e a unificação da Itália, retratando o banditismo e as primeiras lutas sociais até a Primeira Guerra Mundial. O sabor histórico se une, no romance, ao interesse pelo estudo das personagens, cujas vidas e ações apresentam aspectos e conflitos. Além de fazer fundo para os acontecimentos das personagens, a história entra no romance com digressões que o autor justifica apelando à necessidade da procura pela verdade, com o propósito de revelar a humanidade presente na história. Para expressar a problemática moral, o autor se utiliza de ideias amplas e bem articuladas, o que é muito marcado em suas obras. Além de verificar como a História da Itália dialoga com a história fictícia dando ênfase para o conflito moral que envolve o protagonista, também apresentamos uma análise do diálogo entre a história e a Divina Providência e o modo como isso acontece na vida do protagonista, o qual vê-se fortemente influenciado pelos acontecimentos oriundos da Revolução Francesa: o anticlericalismo, a ascensão de Napoleão, as guerras, o aumento dos impostos e a pobreza na Itália, ao mesmo tempo em que coloca a sua própria conduta existencial diante do julgamento e da proteção divina. PALAVRAS-CHAVE: História; Romance histórico; conflito moral; Divina Providência. QUANDO A FICÇÃO GANHA LUZ, UMA HISTÓRIA É (RE)ESCRITA: CRISTINA BAJO E O INÍCIO DO SEU LEGADO PARA O ROMANCE HISTÓRICO ARGENTINO. Phelipe de Lima Cerdeira (UFPR/Bolsista de Mestrado /CAPES-REUNI) [email protected] RESUMO GERAL: O mergulho em direção às próprias origens parece fundamentar a história de grande parte dos argentinos ao longo dos últimos séculos. É nos mares da ficção histórica que essa busca ganha fôlego e novas possibilidades, explicando o contínuo interesse de ensaístas e escritores de diferentes gerações para promover a reflexão e a re-elaboração da imagem de próceres e eventos emblemáticos. Diante essa rota, aprofunda-se o estudo do romance “Como vivido cien veces” (1995), livro que apresentou Cristina Bajo à esfera literária e que garante grande recepção no país desde o seu lançamento. Partindo da fundamentação tradicional do romance histórico de Georg Lukács e de suas eventuais transformações ao longo do tempo, a investigação tem como desafio observar a maneira encontrada pela escritora cordobesa para recontextualizar nas águas do ficcional a história da guerra civil argentina. A leitura ainda objetiva potencializar o ideal de teóricos como Mercedes Giuffré, entendendo que o romance histórico argentino transborda o caráter escapista de Menton para convergir na conquista de uma dita personalidade. Também fundamentam essa análise as contribuições em relação ao desenvolvimento da modalidade no âmbito da América Latina, destacando os enunciados de Marilene Weinhardt, Noé Jitrik, Antonio Roberto Esteves e Manuel Gálvez. Uma leitura que reflete sobre a linha tênue entre história e ficção, contando com a companhia de personagens com Luz e vida próprias. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Literatura e História; Literatura argentina; Cristina Bajo. SIMPÓSIO: LINGUA(GEM) E IDENTIDADE NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO Lucimar Araujo Braga (UEPG) [email protected] Rejane Hauch Pinto Tristoni (UNIOESTE) [email protected] Valeska Gracioso Carlos (UEPG) [email protected] RESUMO GERAL: Considerando a diversidade linguística, cultural, geográfica e social, amparados por uma história congruente em muitos aspectos a América Latina compreende uma região que apresenta similitudes e diversidades que nos une como um só povo. Ao situar o Brasil no contexto latino-americano, podemos ressaltar não apenas os contatos linguísticos, sociais e identitários que se fazem fronteira geográficacom países, em sua maioria, que têm como a língua espanhola como idioma oficial, também nos faz lembrar a existência de línguas e povos indígenas, ademais de línguas e povos de imigração. A língua constitui-se em “um dos principais fatores que estabelecem essa identidade étnica” (MEY 1998, p.71). Em outras palavras, a língua identifica e revela a identidade de um indivíduo como pertencente de um determinado grupo étnico. Logo, estabelecem-se as relações de desigualdades, de poder e, diante desse quadro, surgem as diferenças culturais e linguísticas, as quais contribuem para a manifestação do preconceito e da estigmatização. A partir desses paradoxos e aglomerado de circunstâncias surgem as crenças e atitudes (BARCELOS, 2004, 2006, 2010, 2011) que podem estigmatizar uma língua em relação à outra (Elias e Scotson, 2000; Bourdieu, 1999; 1995; Gooffman, 1988). Dessa maneira, propomos a reunião de trabalhos que abordem discussões acerca da linguagem e das interações sociais, bem como refletir questões de cunho teórico relacionadas ao ensino de línguas, assim como a formação de professores englobando relações de linguagem e identidade e estudos históricos, políticos, sociais e culturais, objetivando promover uma melhor compreensão das relações presentes em contextos plurilíngues e pluriculturais. PALAVRAS-CHAVE: linguagem; identidade; ensino-aprendizagem de línguas; formação de professor; plurilinguismo. UM OLHAR SOBRE OS ESTUDOS DE BILINGUISMO: O CASO DO TALIAN Alessandra R. Ribeiro (docente UNIOESTE e doutoranda USP , sob orientação de GiliolaMaggio) [email protected] RESUMO: Historicamente o Brasil se apresenta com uma notável unidade linguística, sem diferenças dialetais e sem problemas aparentes de bilinguismo. Mas na realidade, desde os tempos do seu descobrimento se sustenta uma pluralidade linguística da qual nem todos os estudiosos têm plena consciência. Conforme ressalta Oliveira (2003:08), o fato de no Brasil existir a imagem de que só se fala português, “é consequência da intervenção do estado e da ideologia da ‘unidade nacional’ que desde sempre, com diferentes formatos, conduziram as ações culturais no Brasil”. Um dos momentos marcantes da ação do governo foi no período Vargas, entre 1930 e 1945, em que são instituídas várias leis nacionalistas, entre elas, a proibição de línguas de imigração no Brasil. Nesse contexto, ressaltamos as atitudes dos imigrantes italianos e seus descendentes em relação à sua própria língua -o Talian-e com a língua portuguesa. Por esse viés, a presente comunicação pretender trazer à tona algumas atitudes que marcaram e ainda marcam as relações estabelecidas com as referidas línguas. PALAVRAS- CHAVE: Imigrantes e Descendentes de Italianos, Talian, Língua Portuguesa, Atitudes Linguísticas. A PESQUISA NARRATIVA E OS SENTIDOS DE SER PROFESSOR: IMERSÃO NAS IDENTIDADES DE PIBIDIANOS DE LÍNGUA INGLESA Ana Paula Domingos Baladeli(UNIOESTE/Bolsista de Doutorado CAPES/Fundação Araucária) Aparecida de Jesus Ferreira (UEPG) [email protected] RESUMO GERAL: A pesquisa narrativa tem se mostrado uma alternativa favorável aos estudos sobre a construção de identidades, sobretudo, da identidade profissional do professor conforme destacam pesquisas de Connely e Clandinin (1990); Telles (1999, 2002a, 2002b); Souza (2004, 2007, 2008); Clandinin e Connely (2011). Assim, nosso propósito é apresentar neste artigo as primeiras reflexões de pesquisa de doutorado que tem como objeto as identidades de professores de inglês bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID. Dentre os instrumentos de dados utilizados estão autobiografias escritas porPibidianos de três instituições públicas paranaenses. Nosso objetivo geral com a pesquisa é identificar as implicações do PIBID na (re)construção dos sentidos de ser professor de inglês evidenciados na escrita sobre si do grupo em estudo. A pesquisa narrativa vem na esteira de outras já publicadas sobre o objeto - identidade do professor de Língua Inglesa como a proposta de trazer discursos socioculturalmenteconstruídos sobre a profissão professor. No contexto das pesquisas em Linguística Aplicada elencamos o referencial dos novos estudos do letramento Street (1985, 2012); Kleiman (2007) e a concepção de identidade de Hall (2003,2009); Mendes (2001) por entendermos a transitoriedade dos discursos na interface linguagem e sociedade e a natureza híbrida, fluida e movente das identidades sociais/profissionais. PALAVRAS-CHAVE: identidade; PIBID; língua inglesa; formação inicial do professor. CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS: UMA ANÁLISE DAS LÍNGUAS E CULTURAS EM CONTATO EM CAPANEMA/PARANÁ Ana Paula Dalleaste (UNIOESTE/PIBID/CAPES) [email protected] Sanimar Busse (UNIOESTE/PIBID/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Na região do Sul do Brasil, o contato entre línguas e culturas favoreceu a criação de áreas que podem ser descritas como ilhas linguísticas. Nesses locais, a fala e as manifestações culturais são conservadas entre os falantes, criando ambientes de contato com oportuguês, como é o caso de localidades de colonização e povoamento de descendentes europeus, no Oeste paranaense. Há também o contato com línguas de fronteira, como é o caso de localidades vizinhas à Argentina e ao Paraguai. No Paraná, especificamente nas regiões Oeste e Sudoeste, há comunidades que registram as duas realidades, o contato com línguas de imigração e o contato com línguas de fronteira, o que gera uma relação mais dinâmica e complexa, considerando que línguas e falantes são reconhecidos e avaliados a partir de alguns elementos que, nem sempre, pautam-se no plano linguístico. Neste trabalho, serão estudadas as crenças e atitudes linguísticas de informantes de Capanema/Paraná, a partir de dados coletados pelo Projeto Crenças e atitudes linguísticas: um estudo da relação do português com línguas de contato (AGUILERA; SELLA, 2009). As respostas analisadas neste trabalho podem ser tomadas como indícios para verificar a situação das línguas presentes na comunidade, descrevendo alguns comportamentos linguísticos a partir da avaliação do conhecimento sobre a língua, sua avaliação no plano subjetivo e nas relações mantidas entre falantes e diferentes grupos. Trata-se de identificar e descrever os componentes acionados pelos informantes nas respostas, e analisar em que medida elementos da história e da cultura orientam as crenças e atitudes linguísticas. PALAVRAS-CHAVE: variação; crenças e atitudes linguísticas; contato linguístico. MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADES DE GÊNERO Andréia Fernanda Orlando (UNIOESTE) [email protected] Aparecida de Jesus Ferreira (UNIOESTE) [email protected] Resumo: Para dar conta da variedade de exigências linguísticas oriundas com a pós-modernidade, Cope e Kalantzis (2006), junto às(aos) demais teóricas(os) dos novos letramentos, propõem um ensino de línguas pautado na perspectiva dos multiletramentos. Buscando nessa teoria a base teórica para a minha pesquisa de mestrado, realizei um estudo de caso do tipo etnográfico na educação, em duas turmas de ensino médio, de um colégio particular no município de Cafelândia (PR), buscando aplicar uma sequência didática elaborada por mim. Este artigo, portanto, traz resultados obtidos em minha dissertação de mestrado, a qual se encontra em fase final de elaboração. Dentre as perguntas que nortearam meu estudo, responderei a seguinte: Quais são as percepções das(os) alunas(os) acerca da aplicação dessa sequência didática e sobre a temática levantada?. Para respondê-la, fiz uso de vários instrumentos de geração de dados, a saber: questionário, diário de campo e entrevista, como também de vários gêneros textuais que abordaram a temática das relações/diversidade/identidades de gênero. A Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001) é a perspectiva teórica de análise dos dados. Para discutir a respeito dos novos letramentos, trouxe como aporte teórico Cope e Kalantzis (2000; 2006; 2008) e Rojo (2012). Já para refletir sobre identidades, formação de professoras(es) e identidades de gênero me pautei, principalmente, em Louro (2000), Moita Lopes (2002), Hall (2002) e Auad (2006a; 2006b). Como resultados obtive que, a princípio, as(os) alunas(os) se mantiveram sob uma visão superficial acerca da questão e, também, não acreditavam na existência do machismo na sociedade contemporânea. Palavras-chave: Multiletramentos; Relações/diversidade/identidades de gênero; Aulas de língua portuguesa. LITERATURA NA AULA DE E/LE: DUAS POESIAS DE NICOLÁS GUILLÉN PARA ENTENDER A REALIZAÇÃO ASPIRADA E MUDA DO FONEMA /S/ EM FINAL DE SÍLABA Fidel Pascua Vílchez(UNILA) [email protected] RESUMO GERAL: neste trabalho apresentamos uma proposta didática interdisciplinar para a aula de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) que combina a língua, a literatura e a história com o objetivo principal de facilitar a comprensão do fenômeno lingüístico do espanhol consistente na realização aspirada e inclusive muda do fonema /s/ em final de sílaba, frequente em algumas variedades do espanhol, e as implicações que esse fenômeno traz consigo em relação tanto a conjugação de segunda pessoa do singular com tuteio, quanto à concordância de número. Para tanto, selecionamos duas poesias do poeta cubano Nicolás Guillén, intituladas “Tú no sabe inglé” e “Mulata”. Uma breve apresentação do autor, salientando sua origem afrodescendente, nos permitirá introduzir na aula outros temas transversais, como a história da imigração forçada dos afrodescentes na América Latina, a importante contribuição das línguas africanas ao léxico do espanhol e do português, a sua influência direta em outros âmbitos, como a música, a dança ou na culinária, assim como para descrever as principais características da variedade caribenha do espanhol, a própria do autor escolhido. A leitura do primeiro poema servirá para descrever o fenômeno lingüístico mesmo, focar os possíveis problemas de compreensão que podem surgir entre os alunos e as indicações para sua solução; já o segundo poema selecionado servirá como prática complementar e instrumento de verificação de aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Literatura em aula de E/LE; Nicolás Guillén; Léxico das línguas africanas no espanhol; realização aspirada e muda do fonema /s/ em espanhol. ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS ONLINE VOLTADOS PARA ENSINOAPRENDIZAAGEM DE E/LE Greice da Silva Castela (UNIOESTE/Bolsista PIBID-CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Nessa investigação, que vem sendo desenvolvida na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),com o projeto de pesquisa “Novas tecnologias na Educação: análise de sites para ensino-aprendizagem de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE)”, e que conta com financiamento da Fundação Araucária, propomo-nos a realizar um levantamento e análise de sites dedicados ao ensino dessa língua estrangeira. Especificamente nessa comunicação, apresentaremos dados em relação aos textos e tipos de atividades disponíveis em alguns desses sites, de modo a verificar se as páginas analisadas exploram ou subaproveitam os recursos que o suporte eletrônico e a mídia Internet podem oferecer à educação - como a utilização de links para contextualização, explicação ou aprofundamento da informação, recursos audiovisuais e animações -, e se as atividades que apresentam estão de acordo com a proposta dos documentos norteadores para o ensino de espanhol no Brasil, em relação, por exemplo, à questão da diversidade e autenticidade dos gêneros textuais, da temática e contextualização e das habilidades de leitura e de escrita na língua estrangeira. O aporte teórico que subsidia a análise consiste em documentos norteadores para o ensino, concepções de leitura, letramento, hipertexto eletrônico e Internet na educação. Por meio da análise, constata-se que é relevante aos docentes conhecerem os materiais disponibilizados na rede, uma vez que esta constitui um grande acervo de textos e atividades, mas nem todas estão adequadas aos alunos brasileiros de E/LE. PALAVRAS-CHAVE: Espanhol como Língua Estrangeira; Ensino-aprendizagem; Materiais didáticos online. ENTRE DUAS NAÇÕES: REFLEXÕES SOBRE A NARRATIVA DE UMA IMIGRANTE PARAGUAIA Juliana de Sá França(UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Como ser social, entende-se que o homem é influenciado pelo meio em que se insere. Desta forma, as relações estabelecidas com a família, o ambiente de trabalho e os amigos, entre outros fatores, são evidenciadas no uso que cada falante faz da língua, bem como na manifestação de ideias e crenças. O presente artigo objetiva refletir sobre as crenças e atitudes linguísticas de uma imigrante paraguaia, que vive no Brasil há mais de vinte anos. Para tanto, tomou-se como corpus recortes de uma entrevista - gravada e transcrita - concedida pela imigrante, em que ela discorre sobre diversos temas de sua vivência, relatando desde a infância no Paraguai até sua inserção como aluna no ensino superior brasileiro. A análise de trechos da fala da entrevistada revela traços de acomodação da falante à cultura brasileira e, até mesmo, formas de se lidar com essa acomodação. Percebe-se que a imigrante, em alguns momentos, empreendeu avaliações sobre os hábitos do povo paraguaio, chegando a classificar, de maneira negativa, os compatriotas. Dessa forma, é possível afirmar que a identidade sociolinguística adquirida pela falante nos anos de vivência no Brasil influencia o modo como ela se relaciona com os costumes de seu país de origem. O embasamento teórico do estudo centra-se na Análise da Conversação e na Sociolinguística. PALAVRAS-CHAVE: crenças; identidade; imigrante. CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM NO ENSINO BÁSICO Maria Helena Pavelacki Oliveira UNIJUÍ/RS RESUMO: O objeto desta comunicação é uma investigação de quais as concepções de linguagem veiculadas nas atividades de interpretação de texto, pelos professores de Português e Literatura, analisando como são manifestas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, como são expressas nos programas de, bem como o entendimento que os alunos têm dessas atividades, uma vez que existe uma cobrança generalizada da sociedade e, principalmente, das universidades em relação aos alunos que ingressam nos cursos superiores, quanto ao fato de que esses apresentam sérias dificuldades em interpretar e produzir textos. Partimos da percepção de linguagem como fundante de ser humano, baseada na hermenêutica de Gadamer. Ele afirma que o significado de uma obra literária não se esgota nunca pelas intenções do seu autor; quando passa de um contexto histórico para outro, novos significados podem dela ser extraídos, provavelmente nunca imaginados pelo autor ou pelo público contemporâneo dele. Gadamer chamou compreensão à fusão do nosso horizonte individual com o horizonte do outro. Apresentamos esse referencial como possibilidade de uma revisão das práticas pedagógicas em vista de uma educação que cumpra o seu papel social a que está submetida. Nessa perspectiva pedagógica, o compromisso com as novas gerações se coloca em termos de responsabilidade. Queremos apontar uma possibilidade de revisão da prática desta escola que ao mesmo tempo oferece as alternativas de inserção, sorrateiramente, sonega ou restringe as possibilidades de formação do aluno. Palavras-chave: leitura, interpretação de texto, fusão de horizonte, Gadamer, hermenêutica. DESAFIOS METODOLÓGICOS DA PLURIDIMENSIONALIDADE Valeska Gracioso Carlos (UEPG/ PG-UEL/ Bolsista CAPES – Fundação Araucária) [email protected] RESUMO: Este trabalho apresenta algumas considerações metodológicas aplicadas em uma pesquisa de doutorado, em andamento, que visa a descrição das variedades linguísticas da língua portuguesa falada na região de fronteira entre Brasil e Paraguai, mais especificamente, no estado do Paraná e o departamento del Alto Paraná, e a consequente produção de um Atlas Linguístico de caráter contatual e topodinâmico da área investigada. Em termos metodológicos, seguindo os pressupostos da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, foram consideradas as oito dimensões propostas por Thun (1998): a dimensão dialingual (duas ou mais línguas em contato); a dimensão diatópica (variação atribuída a distintas localidades); a dimensão diastrática (diferentes estratificações sociais); a dimensão diageracional (diferentes faixas etárias); a dimensão diafásica (diferenciação entre respostas de questionários e conversas livres), a dimensão diatópico-cinética (grupos sociais estáticos em comparação a mobilidade de outros grupos sociais), a dimensão diassexual (modo de falar de homens e mulheres) e a dimensão diarreferencial (modo de falar do informante contrastado à sua consciência linguística). A utilização dessas dimensões interfere diretamente na escolha da rede de pontos, na definição do perfil do informante, no tipo de questionário e até mesmo nos dados para a ficha do informante. Só foi possível considerar as oito dimensões devido ao tipo de atlas proposto, à região que proporciona uma gama de diferentes contatos linguísticos e, sobretudo, às migrações no Oeste do Paraná e às imigrações ao Paraguai. A pesquisa busca compreender o comportamento linguístico, nas suas diferentes variedades, diante de dimensões de ordem linguística, espacial e social. PALAVRAS-CHAVE: Dialetologia Pluridimensional; Topodinâmica; Contato Linguístico; CURRÍCULO ESCOLAR: QUESTÕESDE IDENTIDADE E PODER. Lucimar Araujo Braga (UEPG) [email protected] RESUMO: Compreendendo que somos produto da linguagem e esta é necessariamente conflituosa porque quem a utiliza são os seres humanos, propomos como objetivo, neste artigo, promover uma reflexão sobre identidade e o currículo escolar assim como os pressupostos que nele estão dispersos. A possibilidade de assunção de identidades entre os seres humanos é o que tem garantido a sobrevivência do homem já que é preciso se agrupar para resistir ao meio. E a convivência social coletiva requer compreensões amplas sobre os mais diversos entendimentos (LE BOM, 2002), portanto, o convívio com o outro está marcado pelas identidades e as diferenças arraigadas em nossas vidas. Para isso, nos pautamos em Tadeu da Silva (2004), o autor nos auxilia a vislumbrarmos como se efetiva, pela história, a disposição das disciplinas nos currículos da educação formal. Metodologicamente propomos uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico. Nossos dados foram levantados a partir de revisão teórica.Concluímos que o currículo é um território político, que reproduz poder (TADEU DA SILVA, 2004) e que trabalhar com essa visão em sala de aula com professores em formação inicial, pode ser uma ação de (re)construção de indenidades nos cursos de licenciaturas, já que as identidades são transformadasem muitos eu, (LE BOM, 2004). PALAVRAS-CHAVE: Identidade; poder; currículo escolar. UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE OS BRASIGUAIOS NA REGIÃO DE FRONTEIRA BRASIL/PARAGUAI Rejane Hauch Pinto Tristoni-UNIOESTE rejanetristoni@hotmailcom RESUMO: Neste artigo proponho reflexões sobre representantes de grupo minoritário, isto é, o “brasiguaio”. Pesquisas atuais revelam que este sujeito vivencia conflitos identitários tanto no Brasil como no Paraguai. Com isso pretendo mostrar, neste artigo, que o “brasiguaio” é rechaçado no Brasil e no Paraguai e, por isso, transita pela fronteira Brasil-Paraguai em busca de um lugar melhor para morar, onde não seja estigmatizado e rejeitado. Esse conflito que o “brasiguaio” vivencia ocorre devido à maneira como os grupos se formam e se organizam socialmente, ou seja, a sociedade cria e estabelece relações de poder, bem como promove a hierarquização, a dominação e a classificação dos sujeitos (BOURDIEU,1999). Nessa hierarquia os “brasiguaios” ocupam o lugar do explorado, do marginalizado, do rejeitado, conforme alertam Elias e Scotson (2000), ao afirmarem que em comunidades como esta, na qual vive o “brasiguaio”, existe uma relação de poder baseada no poder hierárquico de um grupo que sobrepõe o outro e, ainda, que tais relações de poder geram a construção do estigma, da exclusão e, consequentemente, os conflitos identitários como, por exempo, o “brasiguaio”. Essa pesquisa tem como fundamentação teórica, além de Elias e Scotson (2000), Bourdieu (1999), Foucaut (1979, 1995), Gooffman (1988), Moita Lopes (2002, 2003), Cavalcanti (1999), Coracini (2007), Hall (2005), e outras pesquisas as quais apresentam análises que contribuem para essa investigação, cujo objetivo é investigar a (re)construção da identidade e os conflitos identitários, mais propriamente em relação ao preconceito e à estigmatização estabelecidos na comunidade, onde vive o “brasiguaio”. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; conflitos identitários; preconceito; “brasiguaio”. ESTIGMAS NO AMBIENTE ESCOLAR: O CASO DOS BRASILEIROS E SEUS DESCENDENTES NO PARAGUAI Grasiela Mossmann da Silva (UNIOESTE/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] Paulo Azevedo (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Este artigo apresenta alguns dados obtidos em uma pesquisa que esta sendo realizada para a dissertação de mestrado, com alunos descendentes de brasileiros em uma escola na cidade de Santa Rita no Paraguai. Neste inicio de pesquisa foi verificado a ocorrência de estigmas dos descendentes para com os paraguaios, que ocorre devido o convívio entre as culturas e línguas presentes neste espaço. Para Albuquerque (2010) os estigmas são repassados por tradição oral, sendo assim, os primeiros colonos que fundaram a cidade, oriundos do sul do Brasil, transmitem aos seus filhos, nascidos no Paraguai, os estigmas atribuídos aos nativos daquele país. Observou-se, por meio de entrevistas e conversas informais, que os estigmas aparecem de forma velada, portanto não são utilizados como forma de preconceito ou bullyg dentro da sala de aula, mas as amizades não perduram para além das paredes da escola. Barth (1998) explica que existem formas de exclusão social que permitem a um grupo manter sua cultura e suas diferenças culturais ocorrendo assim, a manutenção da fronteira étnica, no caso desta pesquisa esta esta exclusão ocorre com base nos estigmas. Estão sendo utilizadas para esta pesquisa os estudos de Goffman (1988), Barth (1998), Albuquerque (2010), Fiorentin (2010), Magalhães (2010), dentre outros. PALAVRAS-CHAVE: Estigma; escola; descendentes de brasileiros; Paraguai. OESTE PARANAENSE: TERRITÓRIO TRADICIONAL GUARANI Toni Juliano Bandeira (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O povo Guarani é um dos povos de maior tempo de contato com os europeus. O desembarque dos portugueses na costa leste brasileira fez com que entrassem em contato com os povos Tupi, o tronco linguístico que, possivelmente, englobava o maior número de povos indígenas do Brasil, no qual se inclui o povo Guarani. Este vive na região Atlântico-Sul do Brasil, no Noroeste da Argentina, no Paraguai e no sul da Bolívia, dividindo-se em vários outros subgrupos. Durante o processo de conquista e colonização do Brasil, os Guarani, como vários outros povos indígenas, foram, gradativamente, perdendo suas terras, e muitas nações desapareceram sem que fossem feitos registros sobre seus costumes e língua. Nos últimos anos, no oeste do estado do Paraná, os Guarani vem buscando retomar uma pequena parte de um território tradicional para eles, o qual haviam perdido no tempo da vinda das frentes colonizadoras e em decorrência do alagamento provocado pela construção da hidrelétrica de Itaipu. Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar a legitimidade da atual reivindicação dos Guarani, demonstrando por meio de dados de pesquisas arqueológicas e relatos de cronistas e exploradores do período da conquista, que este território, quando chegaram portugueses e espanhóis, já era habitado pelos Guarani - bem como por outros povos como o Xetá. Neste sentido, com este breve artigo, procuraremos contribuir na difusão do grave problema que a expropriação territorial causa para seu modo de vida, refletindo, também, sobre o discurso ruralista que vem sendo construído no oeste paranaense. PALAVRAS-CHAVE: Povo Guarani; Oeste paranaense; Expropriação territorial. SIMPÓSIO: VOZES FEMININAS NAS NARRATIVAS HISPÂNICAS Alexandra Santos Pinheiro (UFGD-MS) [email protected] Fernanda Aparecida Ribeiro (UNIFAL-MG) [email protected] Maria de Fátima Alves de Oliveira Marcari (UNESP/Assis) [email protected] RESUMO GERAL: A luta feminina na literatura de língua espanhola para construir a sua própria voz tem raiz na construção das nacionalidades, na busca de voz e lugar próprios. Dentre as vozes periféricas, a feminina foi a primeira a romper com o discurso canônico, tendo uma trajetória marcada pela opressão e silenciamento. E como o que “não está escrito não existe” (NAVARRO, 1995, p. 13), o silenciamento imposto à mulher fez com que, por um longo período, ela se mantivesse à margem dos importantes momentos históricos vividos na Europa e na América. A partir da década de 80 do século XX, a literatura de autoria feminina alcança uma repercussão mais ampla, inscrevendo-se na história da literatura a partir de textos engajados, discutindo política, história e grandes dramas humanos. Trata-se de textos que denunciam a ditadura em seus países, que “rompem a regra do silêncio imposto à mulher e desafiam, portanto, a construção social tradicional do sujeito feminino” (NAVARRO, 1995, p. 14), bem como de narrativas que problematizam o discurso histórico, oferecendo releituras do passado (CUNHA, 2004). São textos críticos, políticos e reveladores, marcados pela voz feminina e por tudo aquilo que é caro a essa voz. O simpósio pretende, portanto, abordar tais questões não tanto a partir dos textos teóricos sobre o assunto, mas sim a partir dos próprios textos ficcionais, desde a modernidade até os dias atuais. PALAVRAS-CHAVE: Literaturas Estrangeiras Modernas; Literatura e Mulher; Literatura e História; Narrativa de autoria feminina. RESUMOS DO SIMPÓSIO “VOZES FEMININAS NAS NARRATIVAS HISPÂNICAS” Alexandra Santos Pinheiro (UFGD-MS) Fernanda Aparecida Ribeiro (UNIFAL-MG) Maria de Fátima Alves de Oliveira Marcari (UNESP/Assis) SUSANA GERTOPAN E A REPRESENTAÇÃO DE UM GUETO JUDAICO NO PARAGUAI Alexandra Santos Pinheiro (Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD) [email protected] RESUMO: A obra de Stuart Hall, Da diáspora: identidade e mediações culturais (2003), embora trate da experiência dos negros caribenhos, é um dos referenciais teóricos desse trabalho, principalmente porque contribui para pensar a diáspora em sua complexidade identitária. Outros trabalhos, como os de Bernardo Sorj, Exílio-diáspora, os judeus e Israel (2005); Regina Igel, Emigrantes judeus, escritores brasileiros (1997); Edward Said, Reflexões sobre o exílio e outros ensaios (2003); Alan Unterman, Dicionário judaico de lendas e tradições (1992), também foram relevantes para a análise da primeira obra da escritora paraguaia Susana Gertopan. O testemunho da escritora, registrado na entrevista que concedeu em julho de 2012, possibilita compreender o sentido do exílio para os judeus que migraram para o Paraguai. A entrevista mostra, pelo ponto de vista de quem conviveu com o sujeito da diáspora, o sentido do exílio. Susana Gertopán sente-se, assim, responsável por recordar a história de seus antepassados e a sua própria história. É a portavoz daqueles que se sentem castigados por terem sobrevivido. Ao criar suas narrativas, está, de certa forma, cumprindo com o desejo de seus antepassados de manter viva a história daqueles que não conseguiram escapar com vida do holocausto. Além disso, suas narrativas também representam os que sobreviveram, que fugiram para outro país, que aprenderam outra língua, outros costumes, mas sempre fiéis à memória dos familiares mortos. PALAVRAS-CHAVE: Paraguai; representação; Susana Gertopan. ÁLBUNS E ÁRVORES FAMILIARES: QUANDO A MEMÓRIA DA IMIGRAÇÃO SE FAZ FICÇÃO. Antonio R. Esteves (FCL-UNESP-Assis) [email protected] RESUMO: O presente trabalho propõe uma leitura comparada dos romances Árbol de família (2010), da argentina María Rosa Lojo, e Nihonjin (2011), do brasileiro Oscar Nakasato. Cada qual à sua maneira, esses romances constroem a memoria da gesta familiar do protagonista narrador, produzindo uma espécie de memória da diáspora. No caso do romance argentino, a narradora conta a saga de uma família de espanhóis na Argentina, emigrantes e refugiados da Guerra Civil, galegos por um lado e castelhanos de origem andaluza por outro. O romance brasileiro, também através da voz de um narrador em primeira pessoa, conta a história de três gerações de uma família de japoneses que se fixou no Brasil. O que em princípio poderia conduzir a dissonâncias uma vez que as culturas em que se desenvolvem a experiência do desterro e a produção dos romances são bastante diferentes, acaba por apresentar várias confluências. As experiências são similares e elementos detonadores do processo de reconstrução da memória familiar apresentam vários pontos em comum. O primeiro deles é o motivo do álbum familiar que acaba dirigindo o relato. Em ambos, um narrador, terceira geração de transterrados, organiza seu texto a partir do tecido de varias vozes antigas, com especial destaque para o papel feminino. Outro elemento comum é a presença simbólica da árvore, que muito além da transposição de um mundo rural e agrícola para uma sociedade urbana industrializada, parece retomar o ciclo que faz reviver a natureza como símbolo de vida. PALAVRAS-CHAVE: María Rosa Lojo; Árbol de família (2010); Oscar Nakasato; Nihonjin (2011); memórias do desterro. A IDENTIDADE EM QUESTÃO: RECONFIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS EM O CADERNO DE MAYA Cleusa Salvina Ramos Maurício Barbosa (IFAL) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho pretende discutir e analisar a obra de Isabel Allende intitulada O Caderno de Maya (2011), sob a perspectiva da construção identitária, a partir dos deslocamentos transnacionais vivenciados pela protagonista. A personagem principal, Maya, parte de Berkeley, em São Francisco, nos Estados Unidos, em direção à Chiloé, na Região dos Lagos, no Chile. Através dos percursos vivenciados por Maya, não só no plano geográfico. mas também no âmbito temporal, ela escreve em seu diário a história de sua família e de si própria. Ao documentar sua vida, a protagonista adquire a percepção da criação de sua própria consciência como construto cultural. Assim sendo, propomos uma discussão do conceito de identidade e suas reconfigurações. Fundamentamo-nos, principalmente, em Homi K. Bhabha (2003), na formação identitária a partir do “entre-lugar” da cultura e Stuart Hall (2003), sob a perspectiva da identidade fluida, sempre em processo. PALAVRAS-CHAVE: Isabel Allende; deslocamentos transnacionais; construção identitária. LAURA ALCOBA EM LA CASA DE LOS CONEJOS (2008): A INFÂNCIA, A HERANÇA E O ESQUECIMENTO Debora Duarte dos Santos (USP-FAPESP/SP) [email protected] RESUMO: La casa de los conejos, inicialmente publicado na França no ano de 2006 sob o título Manèges: petite histoire argentine, vem em 2008 irromper no cenário literário hispânico sob a tradução de Leopoldo Brizuela. Em seu romance de estreia a argentina Laura Alcoba apresenta as vicissitudes decorrentes da última Ditadura Militar na Argentina, tendo como pano de fundo o período que se estendeu de 1975 a 1976, momento no qual estava em sua última fase o governo peronista, cuja representante fora Isabel Perón. A narradora alcobiana, uma niña por volta de seus oito anos de idade, relata-nos as cenas de dor e truculência com as quais conviveu durante sua infância. Alcoba, ao desenhar uma instância narrativa tão peculiar quanto a que é desenvolvida em La casa de los conejos, acabou demonstrando tanto o intento de exorcização dos fantasmas de sua história pessoal, esse drama que herdou de seus pretéritos; quanto deu voz aos oprimidos e silenciados socialmente, tal como a figura infantil e feminina. La casa de los conejos seria, portanto, uma mescla de inocência, herança e tentativa de desvencilhamento. Além disso, poderíamos afirmar de modo contundente que o romance em questão aloca-se no âmbito de um discurso que é duplamente marginalizado, posto que a narradora seja uma niña e a autora uma mulher. Notamos, desse modo, que as vozes femininas que ecoam da narrativa alcobiana delatam, sobretudo, a tentativa de ruptura com o discurso “oficial” e a busca pelo não soterramento dessa identidade. PALAVRAS-CHAVE: Literaturas estrangeiras modernas; La casa de los conejos; Infância; herança; esquecimento; ruptura. PROSTITUÍDA PELA CONDIÇÃO: UMA LEITURA DE MARIA, LA BOBA DE ISABEL ALLENDE Fabio Luciano (USP/UNINOVE) [email protected] RESUMO: Pretende-se refletir sobre a condição feminina em um âmbito cultural que é compartilhado entre povos cujas relações de poder se alicerçam no patriarcalismo. Assim, reconstituir o cenário do passado viabiliza um presente estruturado na identidade das funções sociais do indivíduo que compõe as nações latino-americanas. Decerto, desde a época da chegada dos espanhóis, o hispano-americano é constantemente associado a um sujeito cujo mundo está emperrado, por vezes, em tradições patriarcais, cristãs e até mesmo em questões indígenas. Nesse contexto, perdura uma celeuma que se instala na condição feminina retratada no conto: trata-se de uma perspectiva arrebatada pelas relações de poder, desde o tradicional seio familiar à expectativa de subordinação social oriunda do senso comum entre os antepassados. Por isso, esse trabalho sugere um vínculo ao legado da tradição literária ao evocar a mulher servil, que, ademais, tende a ser interpretada como louca, doente, ou ainda, confinada à prostituição e à morte como sugere a autora do conto. PALAVRAS-CHAVE: tradição; mulher; identidade latino-americana. A VOZ FEMININA REVISITANDO O MITO DE LA CAUTIVA: FINISTERRE, DE MARÍA ROSA LOJO Fernanda Ap. Ribeiro (UNIFAL-MG) [email protected] RESUMO GERAL: Em La reformulación de la identidad genérica en la narrativa de mujeres argentinas de fin de siglo XX (2005), Gardarsdóttir afirma que a narrativa histórica das autoras argentinas contemporâneas pode ser classificada como literatura “da mulher” ou “autodescobrimento” (SHOWALTER, 1986). Isto é, essas escritoras já não têm o modelo literário masculino como única opção de escrita, ao contrário, após um longo caminho percorrido, essas autoras encontraram uma maneira própria para abordar não somente as discussões do universo feminino, mas também para debater temas sociais, históricos, de identidade, etc., sugerindo novas direções de interpretação e leitura desses tópicos. Dentro desse contexto se encontra a autora María Rosa Lojo (1954- ), cuja produção aponta uma leitura própria, que dialoga com a literatura e a história de seu país, com destaque para a reinvenção dos relatos fundadores e para as vozes daqueles que foram relegados à margem da sociedade e do discurso histórico. O seu romance Finisterre (2005) é um exemplo de problematização do passado histórico argentino, desde uma perspectiva crítica: a autora resgata um relato literário-histórico argentino do século XVI, o mito de La Cautiva, rompendo com o binômio civilização e barbárie ao proporcionar à personagem feminina Rosalind que descreva a sua experiência junto aos índios ranqueles. Ou seja, Lojo emprega os discursos cânones de seu país para propiciar uma discussão dos mesmos, na qual se avulta a presença da voz feminina como um mecanismo de releitura de um tema cânone da Argentina. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e mulher; literatura e história; literatura hispano-americana; María Rosa Lojo; Finisterre. MULHERES ESCRITAS: DA DOR À PALAVRA Kelen Benfenatti Paiva (IFSUDESTEMG/Campus SJDR) [email protected] RESUMO: É fato que no palco da escrita se encenam narrativas, muitas vezes, próximas do que comumente nomeamos de realidade. O trauma, espécie de cicatriz cravada por uma experiência, de lesão psicológica de cunho individual ou coletivo, se inscreve no sujeito da escrita e se manifesta, inúmeras vezes, por vias literárias. Partindo desse pressuposto, é que a presente comunicação se inscreve com intuito de discutir como a autoria feminina é, muitas vezes, porta-voz de um discurso literário carregado de denúncia contra a violência, seja ela de gênero ou de qualquer outra natureza. Assim, buscou-se na voz da escritora espanhola Dulce Chacón os ecos de uma escrita de denúncia contra a opressão e contra o silenciamento das mulheres. Para a análise proposta, enfocou-se a violência como um dispositivo de poder que coage e agride física, moral ou psicologicamente, desdobrando-se, algumas vezes, no que Roger Chartier denominou de “violência simbólica”. Seguindo as trilhas de uma escrita marcada pela memória, pela leitura a contra pêlo da História e pelo desejo de denúncia, o presente trabalho busca analisar como a violência se inscreve nesse “corpo feminino escrito” por meio da escrita de Chacón. Escrita esta marcada pela inquietude e íntima ligação com a memória. A memória que se inscreve em seus textos não é a memória de uma, mas a de muitas, são memórias de corpos femininos contra a subalternidade, a opressão e o silenciamento. Sua narrativa, pode-se dizer, é um retrato das lutas das mulheres na Espanha com base em pesquisas minuciosas de fontes orais, o que evidencia seu desejo de realizar uma releitura da História - mal contada - sobre as mulheres. É isso o que faz Dulce Chacón, dá voz às mulheres por meio de suas personagens, faz uma crítica ferrenha à repressão e à violência, usando a letra como forma de possibilitar que o “subalterno” fale. PALAVRAS-CHAVE: Dulce Chacón; violência; história; memória. BALÚN CANÁN E A LITERATURA MAIA: DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS Larissa Athayde do Carmo (Fapesp/ FCL – UNESP – Assis) Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari (UNESP/Assis - Orientadora) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar o romance Balún Canán (1957), da escritora Rosario Castellanos, associado ao conceito de transculturação narrativa (RAMA, 1989). Em Balún Canán (1957), a escritora mexicana assume o legado da tradição oral maia, estabelecendo um rico diálogo intertextual com os mais importantes textos coloniais da cultura maia: o Popol Vuh e o Chilám Balán de Chumayel. Ademais, utiliza recursos narrativos como a polifonia (BAKHTIN, 1992), mediante o qual pretende dar voz ao que sempre estiveram à margem do discurso histórico: os indígenas e as mulheres. Desse modo, a autora rompe com o protagonismo dos personagens que detinham o poder, comum no romance de temática indígena até meados do século XX. O romance está permeado por mitos, lendas e crenças maias, que são retratados por meio da relação de amizade entre uma menina de sete anos, filha de fazendeiros, e sua babá índia, a qual tem um importante papel simbólico ao vincular o contexto histórico mexicano à memória cultural maia. Ao entretecer universos antagônicos - o do indígena e do latifundiário; o mundo mítico e o histórico -, o romance estabelece a transculturação narrativa, conceito adaptado pelo crítico uruguaio Ángel Rama a partir dos estudos do antropólogo cubano Fernando Ortiz. De acordo com Rama, a transculturação narrativa busca mecanismos literários próprios, assim como a recuperação das fontes orais da narração popular, apresentando uma nova perspectiva frente às memórias e vozes marginalizadas da América Latina. PALAVRAS-CHAVE: intertextualidade. Balún Canán (1957); Popol Vuh; transculturação narrativa; LITERATURA PARAGUAIA FEMININA NO SÉCULO XX Leda Aquino (PG - UNIOESTE) Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE - Orientador) RESUMO: Com a oficina de conto breve do professor Hugo Rodriguez-Alcalá, a literatura de autoria feminina no Paraguai vem ocupando cada vez mais o espaço que era somente dos escritores homens, uma vez que a produção literária no Paraguai fora predominantemente masculina. A literatura de escrita feminina no país chegou com muito atraso: somente nas últimas décadas de 1800 surgem às primeiras escritoras no país, porém, não há registro de publicações das mesmas. De acordo com Emi Kasamatsu, o primeiro livro de autoria feminina foi publicado em 1921: Tradiciones del hogar da poeta Teresa Lamas de Rodríguez Alcalá (1887-1976). Somente a partir da década de 80 é que surgem grandes nomes na literatura de escrita feminina no Paraguai. O presente artigo visa abordar obras poéticas da jornalista e poeta Susy Delgado, mostrando a luta desta para divulgar e preservar a língua guarani e dar voz a mulher na sociedade machista paraguaia. Mulheres que desde sempre foram as responsáveis pela subsistência da família, trabalhando no campo, vendendo o que produziam ou trabalhando como domésticas, sendo exploradas no trabalho ou mesmo exploradas sexualmente. São essas mulheres as personagens de obras de Josefina Plá, Rene Ferrer, Susy Delgado e outras. PALAVRAS-CHAVE: Literatura paraguaia; literatura de escrita feminina; Susy Delgado. REPRESENTAÇÕES DA PRECURSORA DO FEMINISMO FLORA TRISTÁN EM FLORA TRISTÁN UNA MUJER SOLA CONTRA EL MUNDO (1942), DE LUIS ALBERTO SANCHEZ E FLORA TRISTÁN, FEMINISMO Y UTOPÍA DE YOLANDA MARCO (1993) Leila Shaí Del Pozo González (UNIOESTE/PIBIC/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA) [email protected] Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UNIOESTE - Orientadora) [email protected] RESUMO: Lúcia Guerra, no seu livro La mujer fragmentada (2004), discorre sobre o fato de que em toda língua se encontra a presença do signo mulher como um signo subordinado ao masculino. O signo mulher guardaria, segundo a autora, as dicotomias do sagrado e do profano, do sublime e do maligno: […] durante la Edad Media se prohibió que la mujer tuviera derecho a la palabra en la Iglesia por ser considerada la puerta del diablo (GUERRA, 2004, p. 54). O presente artigo trata de uma das precursoras da luta pelos direitos das mulheres, Flora Tristán (1803 -1844), de cuja vida e obra poucos documentaram, e as representações da personagem Flora Tristán no romance Flora Tristán una mujer sola contra el mundo (1942), de Luis Alberto Sánchez e Flora Tristán feminismo y utopia (1993), biografia escrita por Yolanda Marco, procurando estabelecer as analogias, traços e atributos que estereotipam de alguma ou outra forma, o delineamento do perfil da personagem histórica Flora Tristan. Com este intuito, serão abordadas diversas teorias contemporâneas, tomando em conta o papel da literatura como norteador da fixação de traços e atributos dos povos, construindo "estereótipos" e "estigmas", definindo "papéis" e pautando "comportamentos" tal qual Leenhardt e Pesavento (1998) observaram. PALAVRAS-CHAVE: Flora Tristán; socialismo utópico; romance histórico, personagem feminina. OS CONTOS INSÓLITOS DE SILVINA OCAMPO Maria de Fátima Alves de Oliveira Marcari (FCL – UNESP – Assis) [email protected] RESUMO: Nos relatos iniciais de Silvina Ocampo, o insólito e o irreal se instalam em ambientes familiares e conhecidos, passando a fazer parte do cotidiano dos personagens. A escritora argentina apresenta uma literatura de signo irracionalista, cujos temas vão desde a loucura, a infância, o amor e a morte, baseados fundamentalmente em um mundo de intuições, sonhos e obsessões, os quais muitas vezes escapam às interpretações alegóricas ou metafísicas. O insólito frequentemente surge a partir da perspectiva adotada pelos narradores dos relatos: uma perspectiva limitada que parece deixar os acontecimentos mais claros para o leitor que para os personagens que os observam. Dentre os narradores escolhidos pela autora, destacam-se as crianças, as quais muitas vezes intuem a existência de segredos obscuros, ou uma realidade enigmática que pode revelar aspectos de violência ou morte. Por outro lado, ao ambientar seus relatos em bairros da oligarquia de Buenos Aires, a autora satiriza os fundamentos da ideologia burguesa argentina. Nosso trabalho apresentará uma visão panorâmica dos contos de Silvina Ocampo, buscando demonstrar que a autora «descubre en la banalidad del individuo y de la sociedad fisuras imperceptibles por donde resurgen fuerzas reprimidas, conductas que pensábamos obliteradas definitivamente, pulsiones que la vida social obliga a dominar pero que permanecen al acecho» (EZQUERRO, 1997). PALAVRAS-CHAVE: Silvina Ocampo (1903-1993); insólito; fantástico; narrativa feminina. A FIGURA DA CATIVA EM RELATOS ARGENTINOS CONTEMPORÂNEOS: MARÍA ROSA LOJO E JORGE LUIS BORGES Tais Reyes de Souza (Fapesp/FCL – UNESP – Assis) [email protected] Maria de Fatima Alves Oliveira Marcari (FCL UNESP – Orientadora) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como objetivo a análise do conto Otra historia del guerrero y la cautiva, da escritora Maria Rosa Lojo, a partir do exame do diálogo intertextual estabelecido com o relato de Jorge Luis Borges, Historia del guerrero y la cautiva. Mais especificamente, investigaremos como o relato de Maria Rosa Lojo emerge como uma contra-escritura do conto de Borges, ao mesmo tempo em que retoma e amplia a ruptura com o arquétipo da cativa, já presente em romances como o Lucia Miranda (1860), de Eduarda Mansilla. A obra ficcional de Maria Rosa Lojo elabora uma revisão do passado argentino, colocando em evidência o papel histórico preponderante das mulheres como escritoras, esposas, mães, amantes, guerreiras e cativas. Por outro lado, a autora também ficcionaliza personagens históricos, mas, sobretudo recria a identidade de figuras minoritárias como os indígenas e mestiços, que representam, ao lado das mulheres, as variadas identidades que foram objeto de exclusão ou homogeneização pelo discurso histórico hegemônico. Assim sendo, a narrativa de Maria Rosa Lojo problematiza o mito fundacional da cativa, bem como ressignifica a fórmula arquetípica civilização versus barbárie, renovando seus argumentos e atualizando os mitos fundacionais no sistema literário, para criar um espaço utópico e programático efetivo. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa de extração histórica; intertextualidade; Maria Rosa Lojo; mito da cativa. SIMPÓSIO: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: A AVALIAÇÃO E OS GÊNEROS TEXTUAIS Bruno de Assis Freire de Lima (IFMG) [email protected] Maria Carmen Aires Gomes (UFV) [email protected] RESUMO GERAL: O ensino de Língua Portuguesa deve oferecer ao educando oportunidades de reflexão sobre a linguagem para que para que tais conhecimentos contribuam na compreensão e produção de gêneros textuais. Nesse contexto, questiona-se o papel da formação do professor: estariam, as universidades e demais agências de fomento à formação docente, oferecendo os subsídios necessários para a prática pedagógica no que diz respeito ao estudo da linguagem que possibilite a compreensão e a produção de textos orais e escritos? Ainda nesse contexto, qual(is) concepção(ões) de avaliação faz(em) parte da prática docente? Este Simpósio é destinado, portanto, às discussões relativas tanto à formação quanto à prática dos professores de língua portuguesa no que diz respeito à utilização dos gêneros textuais no contexto avaliativo. Pretende-se, assim, promover o debate sobre o enlace entre gêneros textuais e avaliação da aprendizagem em dois contextos: A) como tem sido a formação docente no que tange a avaliação e aos gêneros textuais? B) como os professores de língua portuguesa avaliam os gêneros em sala de aula? Como suporte teórico para as discussões, indicam-se os trabalhos de ANTUNES, 2003; DIONÍSIO & BEZERRA, 2003; PAIVA, 2007; MARCUSCHI, 2008; DIONÍSIO, MACHADO & BEZERRA, 2008; SACRISTAN, 2010; DONATONI, 2010. PALAVRAS-CHAVE: Formação docente; Gêneros textuais; Ensino de Português; Avaliação. RESUMOS DO SIMPÓSIO “A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: A AVALIAÇÃO E OS GÊNEROS TEXTUAIS” Maria Carmen Aires Gomes (UFV) [email protected] Bruno de Assis Freire de Lima (IFMG) [email protected] A ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM SALA DE AULA E O USO DO MATERIAL DIDÁTICO PRODUZIDO PELO PROFESSOR: O RESPEITO PELO DESENVOLVIMENTO SOCIOCULTURAL DO ALUNO Sérgio Machado de Araújo (UESC) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem por objetivo trazer à discussão uma temática voltada especificamente para a produção do material didático em sala de aula, ferramenta para o ensino de línguas. Estudamos pouco sobre as mudanças metodológicas que devem ser feitas a partir de uma pontuação ou sinalização do aluno. O aluno, participante do processo educacional, deve ter autoria no trabalho desenvolvido em seu contexto social e essa visão deve ser levada em consideração como o ponto norteador para o processo de enisno-aprendizagem. O tema crucial desse trabalho é fazer do aluno um mediador de seu próprio conhecimento, dando-lhe autonomia na pesquisa e análise de suas próprias necessidades, tendo por objetivo a importância de valorização do conhecimento do discente em sala de aula. Compreendemos que essa interação facilitará a aquisição do conhecimento proposto e dará ao professor uma nova visão. A “pluriculturalidade” é um dos fatores que trago à discussão. Para estes fins, a fundamentação teórica deste trabalho inclui Marchusci (2005), Oliveira (2005), Ausubel (1980), Luck (1994), entre outros. Para isso, compreende-se a necessidade da intervenção do discente sobre as mudanças do ensino que lhe é oferecido, assim como a importância da preparação do material didático em sala de aula entre os indivíduos participantes do contexto sociocultual. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Aprendizagem; Material Didático; Pluriculturalidade. A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO ENSINO MÉDIO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONFLUÊNCIAS. Erico Gleria (Mackenzie/doutorando) [email protected] RESUMO: O presente texto pretende contribuir com as discussões em torno da dimensão cultural na formação de professores, e a diversidade cultural presente nas salas de aula, valendo-se de uma abordagem sociológica, pautada, sobretudo, nos estudos de Pierre Bourdieu, tendo em vista a possibilidade de análise crítica na base de formação do professorado, especialmente para os professores de Ensino Médio. Para tanto, assumimos a existência de uma ampla diversidade cultural presente na sala de aula. E assumimos ainda, que é papel do professor conduzir a aula, tendo em vista a referida diversidade, e portanto, pensa-la em seu planejamento. Entendemos a educação, em quaisquer níveis, como uma tríade: teoria, prática e formação, sendo assim, as questões culturais não podem ser ignoradas. E isso, basicamente, passa pelo crivo do professor, que deve estar preparado para perceber, analisar e compreender as diferenças presentes na mesma sala. Freire (2007) , aponta que o trabalho educativo exige comprometimento e este, vai muito além da mera constatação, da mera denúncia. É preciso e fundamental “anunciar”, colocar-se à disposição, oferecer algo como possibilidade alternativa sobre aquilo que, porventura, nos parece incômodo, ou deslocado, ou carente de ressignificação. Segundo ele “devo relatar aos alunos a minha capacidade de analisar, de decidir, de optar, de romper. Minha capacidade de fazer justiça, de não falhar à verdade. Ético, por isso mesmo tem que ser o meu testemunho” (p.98). Sendo assim, este ensaio pretende observar as múltiplas possibilidades linguísticas existentes em um mesmo grupo de alunos e seus desdobramentos: perdas e ganhos. PALAVRAS-CHAVE: Ensino Médio; Diversidade linguística; Formação de professores. O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA: IMPLICAÇÕES DOS USOS A PARTIR DO PROCESSO DE ESCOLHA Luciano de Oliveira. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG [email protected] Esméria de Lourdes Saveli. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG [email protected] RESUMO: O presente estudo, proveniente de uma pesquisa de mestrado, objetivou compreender a relação do processo de escolha do livro didático de Língua Portuguesa e os usos desse material pelo professor, tendo como foco o trabalho com a leitura de gêneros textuais variados. Como procedimento metodológico, foi adotado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Lefreve e Lefreve (2005) por meio de análise de entrevistas realizadas em 5 escolas de diferentes regiões de Ponta Grossa –Pr, com professores e pedagogas da rede pública estadual de ensino. Como suporte teórico foi adotado Chartier (2002), Dionísio & Bezerra (2003), Bittencourt (2005), Marchuschi (2008), Batista e Val (2004), Geraldi (2006), Silva (1988,1993,1996), Saveli (2003) e outros. Constatou-se através da análise dos dados do material empírico, que as práticas de trabalho dos professores com gêneros textuais em sala de aula, está ancorada no livro didático, que há descompasso entre o que apregoa os documentos relacionados a Política do Livro Didático, consubstanciada no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o processo de escolha ocorrida nas escolas. Também, foi possível categorizar os diversos usos do livro didático pelos professores, conforme as situações de sua prática docente, as quais estão estritamente ligadas ao planejamento anual da disciplina. PALAVRAS – CHAVE: Política do livro didático; Processo de escolha; Livro didático de Língua Portuguesa; Práticas dos docentes; Gêneros textuais. PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA PRODUÇÃO ESCRITA: ASPECTOS (NÃO) DOMINADOS EM TEXTOS DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ALVES, Jéssica (UNIOESTE / bolsista CAPES) COSTA-HUBES, Terezinha da Conceição (UNIOESTE / CAPES) RESUMO: Esta proposta de investigação está ligada ao Projeto de Pesquisa e Extensão Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná, o qual, por sua vez, vincula-se ao Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP. Inserida nesse contexto como pesquisadora bolsista, traçamos, como objetivo geral desta pesquisa, refletir sobre os conceitos de alfabetização e letramento a partir de um arcabouço teórico para, a partir daí, estabelecer relações com as definições apresentadas no currículo da rede municipal de ensino de Cascavel PR, voltado para os anos iniciais do Ensino fundamental, verificando como esses preceitos teóricos estão garantidos (ou não) nos conteúdos elencados. Para isso, recorremos aos pressupostos teóricos apresentados por Soares (2004), Castro e Brotto (2006), Geraldi (2011) entre outros, buscando ampliar nossos conhecimentos sobre as definições e as práticas de alfabetização e letramento. Tratase, assim, de uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico e interpretativo, uma vez, além de olhar para as questões teóricas, pretendemos analisar produções escritas de alunos do 3º ano (anos iniciais), buscando identificar os aspectos (não) dominados na escrita, relacionando-os aos conteúdos propostos na grade curricular a fim de responder aos seguintes questionamentos: quais os aspectos (não) dominados na escrita de alunos do terceiro ano do ensino fundamental de uma escola municipal de Cascavel PR.? Consideramos necessário relacionar essa reflexão com textos produzidos na sala de aula, porque é a partir dessa situação discursiva que o conhecimento do aluno em relação à língua escrita se revela realmente. Como resultado, esperamos ampliar nossos conhecimentos sobre o tema, além aprofundar-nos na análise de textos produzidos pelos alunos, identificando o (não) domínio da escrita e sua relação com os conteúdos curriculares. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, Letramento, Orientação curricular. PRODUÇÃO DE TEXTO: O GÊNERO “REDAÇÃO DO ENEM” Gabriele Cristine Carvalho (UFMG/IFMG – campus Congonhas) RESUMO: Esta comunicação tem como objetivo apresentar um resumo do projeto de Língua Portuguesa, desenvolvido nas três séries do Ensino Médio do Instituto Federal de Minas Gerais – campus Congonhas. O objetivo principal desse projeto é auxiliar os alunos do Ensino Médio da instituição a produzir redações do modelo do Enem de qualidade. Para tanto, realizaram-se com os alunos atividades de pré-produção, produção e pós-produção. Como se pode notar, o texto, neste trabalho, é visto como um processo, que envolve a ativação de conhecimentos linguísticos, enciclopédicos, dos gêneros textuais e interacionais (KOCH; ELIA, 2009). Os alunos bolsistas do projeto foram encarregados principalmente das atividades de pré-produção e pós-produção. Nas atividades de pré-produção, os bolsistas moderaram listas de discussão sobre o tema da redação, pois, de acordo com Sousa (2007), nessas listas, a dialogicidade é muito grande, permitindo que todos recebam as mensagens postadas por todos os inscritos. Posteriormente, os bolsistas analisaram as redações dos alunos, verificando a pontuação obtida em cada competência estabelecida pelo INEP/MEC. Nas atividades de pós-produção, os alunos receberam um feedback dos seus textos. Realizou-se uma pesquisa quantitativo-qualitativa, pois os dados obtidos, a partir da análise das redações, foram quantificados. Contudo, como em uma pesquisa de Linguística Aplicada os pesquisadores não conseguem quantificar todos os dados, também foi realizada uma análise qualitativa das redações e de todo o processo de produção. A análise das redações permitiu aos professores de Língua Portuguesa identificar os principais problemas de cada turma, em relação a cada competência estabelecida pelo INEP/MEC. PALAVRAS-CHAVE: gêneros textuais; produção de texto; ensino de Língua Portuguesa; novas tecnologias. SIMPÓSIO: DIÁLOGOS COM O CLÁSSICO: ESTUDOS SOBRE OS TEXTOS ANTIGOS E SUAS TRADUÇÕES, ADAPTAÇÕES E RELEITURAS NA CONTEMPORANEIDADE Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE) [email protected] Maricélia Nunes dos Santos (UNIOESTE) [email protected] Pedro Leites Junior (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Pano de fundo no inconsciente coletivo, conforme diria Ítalo Calvino (2002), o texto clássico tem a capacidade de permanecer como fonte criativa ao longo do tempo, seja pelo próprio processo da leitura, da recepção, sempre capaz de desvelar “novos” significados, seja pelo trabalho renovador de textos outros que promovam a releitura, em suas diversas formas e estratégias – tradução, adaptação, desconstrução, paródia, entre outras –, reavivando, pela intertextualidade, a obra literária de outro tempo. Nota-se, ainda, que o texto literário relaciona-se não só com outros textos literários que o precedem como também com sistemas de significação não literários, como música, pintura, escultura, arquitetura e teatro. Isso só é possível porque “as ‘influências’ não se reduzem a um fenômeno simples de recepção passiva, mas são um confronto produtivo com o Outro” (PERRONE-MOISÉS, 1990, p. 94), já que o ato da escritura, da criação literária, assim como a atividade de problematizar o tempo presente, estão atravessados por uma cadeia de obras que está posta e reverbera por todos os meandros da atmosfera social. Nesse jogo, pois, de dialética entre presente e passado, contemporâneo e antigo, a linguagem artística tem o potencial de resgate consciente de um discurso passado, tomado como “verdade” (ou não), a partir do que se abre a possibilidade da reconstrução de sentidos e elaboração de “novas” estéticas. Nessa perspectiva, este simpósio tem por proposta acolher trabalhos que se coloquem em diálogo com os textos clássicos, assim como estudos que abordem a apropriação de tais textos promovida por obras/autores da contemporaneidade. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Clássica; Literatura Comparada; Intertextualidade. RESUMOS DO SIMPÓSIO DIÁLOGOS COM O CLÁSSICO: ESTUDOS SOBRE OS TEXTOS ANTIGOS E SUAS TRADUÇÕES, ADAPTAÇÕES E RELEITURAS NA CONTEMPORANEIDADE A TONALIDADE TRÁGICA, MITOS E ARQUÉTIPOS DO FEMININO EM ANJO NEGRO Alessandra Camila Santi Guarda (UNIOESTE) Lourdes Kaminski Alves – UNIOESTE (Orientadora) RESUMO: Nelson Rodrigues é reconhecido pelo conjunto de sua obra como um dos grandes nomes do teatro moderno. Seu teatro, dado sua complexidade estética na elaboração de personagens, no tratamento do gênero e de temas, tem suscitado variadas pesquisas. Em Nelson Rodrigues as figuras femininas ganham papel primordial nas cenas e nos textos. A tonalidade trágica se reconhece por meio do destino das mulheres que, estando sempre à beira de uma enorme transformação redentora, são retidas ou condenadas a viver a impossibilidade. Todas as peças do autor emergem do mesmo núcleo, que mistura temas como a virgindade, o ciúme, o incesto, o impulso às traições, a morte, a fraqueza e a canalhice humana, além da insegurança em tempo de transformação. Segundo Aguiar (2012), as peças possuem certo clima de farsa e emergem no tempo desprovido de grandes paixões, cuja busca é o preço de todo sentimento. Sua obra ainda não foi de todo esgotada, podendo motivar pesquisa qualitativas na área da crítica cultural, historiográfica e estudos comparados na área de Letras. Este texto propõe refletir sobre a tonalidade trágica e recontextualização dos mitos e arquétipos no texto dramatúrgico Anjo Negro (1946), contemplado na obra Teatro completo (2003), de Nelson Rodrigues. O artigo está articulado ao projeto de Iniciação Científica "Estudo da recontextualização dos mitos e arquétipos nas peças Álbum de Família e Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues", integrado ao Grupo de Pesquisa Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura. PALAVRAS-CHAVE: Nelson Rodrigues; Anjo Negro; mitos; arquétipos; feminino. PALAVRAS ANTIGAS E NOVAS: A ESCRITURA DA BÍBLIA E SUAS RELEITURAS Altamir Celio de Andrade. Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora – CES/JF RESUMO: A interdependência entre os textos da Bíblia deixa transparecer um longo processo de escrita. Este se ambienta, também, em geografias diferentes, de modo que a atual coleção de textos, que varia, inclusive, de religião para religião (Judaísmo e Cristianismo) e de credo para credo (Catolicismo e Protestantismo), sofreu, ao longo dos tempos, ajustes e inserções que permitiram sua forma final naquilo que se conhece como cânone. Este trabalho busca mostrar que tal processo se deveu, também, ao modo pelo qual a escritura destes textos antigos foi recepcionada em traduções, colocando em evidência a dialética entre presente e passado. Essa realidade lança luz sobre o papel interpretativo que as traduções, desde a Antiguidade, exerceram na abordagem dos textos da Bíblia. Implica dizer que esses procedimentos tradutórios são realizados ainda hoje, tendo por objeto esses mesmos textos fundacionais e sua intertextualidade latente. Com o desenvolvimento dessas percepções, ao longo dos séculos, a atenção de críticos que não trabalhavam diretamente com a Bíblia, foi despertada para o seu conteúdo. Dentre eles, nomes como os de Erich Auerbach, Northrop Frye, Harold Bloom, Robert Alter, Frank Kermode e Henri Meschonnic, têm especial relevância. Portanto, articular o texto bíblico com os estudos literários e culturais é uma tarefa relevante para a contemporaneidade. São textos que, bem mais do que povoarem o inconsciente coletivo, influenciaram e influenciam, sobremaneira, o imaginário do Ocidente. PALAVRAS-CHAVE: Bíblia; Tradução; Intertextualidade; Escritura. MULHERES DE ONTEM E DE HOJE: UMA RELEITURA PÓS-MODERNA DOS CONTOS DE FADA POR ANGELA CARTER Daniele de Freitas Alves. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Assis RESUMO: Este trabalho propõe uma análise das personagens principais dos contos “The Lady of the House of Love” e “The Loves of Lady Purple”, que possuem vários aspectos em comum. Dentre eles, o que se destaca neste trabalho é a semelhança das personagens principais, sobretudo em relação às características da fragilidade e do fatalismo, que estão vinculadas ao fato de serem, ambas, marionetes e vampiras. Além disso, outra característica essencial se trata da utilização de elementos dos contos de fada, tais como o beijo como motivo de redenção e a menção aos contos do Pinóquio e da Bela Adormecida. É importante destacar que Linda Hutcheon, ao descrever o pósmodernismo, período em que se insere a obra carteriana, observa que um dos pilares desse movimento é a utilização crítica da intertextualidade. A releitura dos contos de fada proposta por Carter concorre para a criação de personagens complexas que destoam das personagens originais desses contos, mulheres frágeis que esperam ser salvas, pelo fato de que em Carter, estas são também mulheres fatais. Nos contos em questão, uma das personagens, a filha de Vlad, o empalador, mesmo sendo uma mulher fatal, é também marionete de seus próprios instintos, pois não consegue contê-los; já a marionete Lady Purple, ao tornar-se humana, numa espécie de inversão do mito do Pinóquio, adquire características de mulher fatal. O que se observa aqui são dois caminhos relativamente opostos que, em conjunto, promovem uma reavaliação crítica sobre o conteúdo dos contos de fada e impelem o próprio leitor à reflexão. PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; Contos de fada; Pós-modernismo. ANTÍGONA: VÍTIMA DO DESEJO OU HEROÍNA DE SEU TEMPO? Denise de Paula Veras Aquino. Universidade Federal do Piauí – UFPI RESUMO: Antígona é uma obra cuja análise e discussão foi amplamente difundida. Entretanto trata-se de uma tragédia cujo conteúdo é profícuo e até esgotá-lo é um longo caminho. Sem negligenciar as várias pesquisas, ainda que nos mais diversos campos, no que concerne à Antígona, intenta-se repensar a posição dessa personagem em relação a seu tempo. Avaliar a força motriz que impulsionou seus atos e a fez tomar atitudes drásticas e, nesse contexto, localizá-la enquanto heroína ou vítima. Este trabalho objetiva fazer uma análise da tragédia grega Antígona, de Sófocles, sob a ótica da Psicanálise de Lacan para buscar compreender em que categoria a personagem se enquadra. Para tanto lançou-se mão de uma pesquisa bibliográfica cujos autores privilegiaram, de alguma maneira, a obra analisada. A fundamentação teórica versa em autores como Miriam Chnaiderman, Rachel Gazolla, Jacques Lacan, Evair Aparecida Marques, Kathrin H. Rosenfield, Sòfocles e Adalberto de Oliveira Souza. Fez-se uso de referenciais teóricos fundamentados em teorias psicanalíticas. O que foi possível observar em Antígona é uma consciente transgressão dos limites humanos. O Desejo de enterrar seu irmão Polinices representa o bem maior, o que é correto a fazer, a certeza de uma morte que não será em vão. Ela, então, age movida por esse desejo cujo objetivo primeiro é fazer o bem pela família, em nome do Oikos, a lei divina. PALAVRAS-CHAVE: Antígona; Lacan; Desejo; Psicanálise; Literatura. O OUTRO CARPE DIEM DE RICARDO REIS Luiz Rogério Camargo. FAE RESUMO: Ricardo Reis, essa espécie de “Horácio grego que escreve em português”, como o definiu Pessoa numa frase solta encontrada na arca do espólio, representa um dos mais acentuados veios (neo) clássicos do jogo heteronímico. A fim de sustentar tal postura, Reis se volta para o passado, mais especificamente aos ideais greco-romanos, que atravessam seus versos de uma ponta a outra. Tomando por base o “estilo” das odes, é possível afirmar que ali se encontram os ingredientes essenciais do Classicismo, desde o carpe diem (tema deste capítulo) e a aurea mediocritas (medianidade dourada), de Horácio, temperados com laivos epicuristas, passando pelo fluir inexorável da vida, de Heráclito, aliados a determinado tipo de estoicismo – além da já referida estrutura latina da ode, também adotada de Horácio. Por isso, não apenas na forma é que Reis bebe da fonte horaciana. Também o ideal representado pelo carpe diem é assumido como uma tentativa de amenizar os efeitos do tempo sobre a vida dos homens. Todavia, como procuraremos evidenciar nas páginas que se seguem, o carpe diem de Ricardo Reis não é necessariamente o mesmo de Horácio. Nesse sentido, nosso objetivo é demonstrar que a relação, sob o ponto de vista da forma das composições – odes clássicas, ricas em inversões vocabulares e demais características que lhes são próprias –, é explícita e facilmente perceptível, mas o seu modo de estar no mundo difere, e muito, do modelo horaciano. PALAVRAS-CHAVE: Ricardo Reis; Horácio, Carpe Diem; Neoclassicismo. A DESCONSTRUÇÃO DE ANFITRIÃO, DE PLAUTO, EM UM DEUS DORMIU LÁ EM CASA, DE GUILHERME FIGUEIREDO Mayara Scussiatto. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: No presente artigo visamos realizar uma análise comparativa acerca da deconstrução da obra de Plauto, Anfitrião, na obra moderna Um deus dormiu lá em casa, de Guilherme Figueiredo. Embora sejam inúmeras as releituras feitas a partir do mito do marido enganado, o dramaturgo, incentivado por seus próprios alunos de arte dramática, revisitou a comédia plautina de maneira peculiar, buscando, com isso, trazer à sua realidade carioca e brasileira um clássico de merecido sucesso. Porém, como retomar Anfitrião sem a presença de Júpiter? De que modo poderíamos explicar a “infidelidade” sem a aparição divina? Está o brasileiro, hipocritamente, apegado a falsas superstições? Durante o percurso traçado para o desenvolvimento deste trabalho, buscou-se, a fim de melhor compreensão das obras, aporte teórico nos estudos históricos e sociais sobre a arte teatral. Para a análise das peças considerou-se, também, estudos do franco-argelino, Jacques Derrida ao se atentar à desconstrução. Em critério metodológico, a pesquisa tem caráter bibliográfico e o corpus do presente trabalho é composto pelas duas obras supracitadas. Este estudo evidenciou que o teatro, estando intrinsecamente ligado à natureza humana, adaptou-se, reelaborou-se consoante às concepções projetadas socialmente e historicamente a cada momento da civilização. E, neste intento, observamos que Um deus dormiu lá em casa, desconstruiu a obra de Plauto, alternando o foco da trama clássica, descentralizando, trazendo o papel feminino, antes à margem da situação, ao centro, como fio condutor do enredo. PALAVRAS-CHAVE: Desconstrução; arte teatral; Anfitrião; Um deus dormiu lá em casa. AURÉLIO VÍTOR E O “FLUXUM INGENIUM” DO IMPERADOR GALIENO: TRADUÇÕES E LEITURAS DA HISTORIOGRAFIA LATINA TARDO-ANTIGA Moisés Antiqueira. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: Nas Histórias abreviadas (Historiae abbreuiatae) redigidas por Aurélio Vítor por volta dos anos de 360-361 d.C., encontra-se uma informação bastante singular, única em meio à produção historiográfica pertinente à Antiguidade Tardia: lê-se que o imperador Galieno (253-268) seria dotado de um “fluxum ingenium” (Aur. Vict. 32.4-5). Essa enigmática definição acerca do caráter do soberano causa discordância entre os estudiosos modernos que se dedicaram à tradução do texto de Aurélio Vítor, os quais propuseram diferentes soluções para verter a referida expressão para línguas modernas (a saber, o alemão, o espanhol, o francês e o inglês). Considerada a riqueza conotativa e denotativa da passagem elaborada por Aurélio Vítor, objetivamos destacar as estratégias de interpretação utilizadas pelos tradutores modernos. Ao mesmo tempo, almejamos oferecer uma resolução para o problema, levando em conta a maneira pela qual o historiador tardoantigo estabeleceu uma representação negativa acerca de Galieno e de seu reinado. Assim, julgamos que a ideia de “caráter instável” permita lidar de forma mais adequada com a natureza polissêmica do adjetivo “fluxum”, como observado na passagem da qual nos ocupamos. Por fim, cabe destacar que o presente trabalho resulta de um projeto inédito de composição da primeira versão em vernáculo das Histórias abreviadas, traduzidas diretamente dos manuscritos em latim que contêm o texto supérstite da obra de Aurélio Vítor. PALAVRAS-CHAVE: Historiografia tardo-antiga; Aurélio Vítor; Tradução; Interpretação. DA ARCÁDIA A PARIS: LEITURAS DE ESTÓRIAS, ESTÓRIAS DE LEITURAS Renata Lopes Araujo. Universidade de São Paulo – USP RESUMO: Da Antiguidade Clássica até a exigência de originalidade introduzida pelo Romantismo, o fazer literário sempre esteve ligado à utilização de modelos a partir dos quais o escritor partia, a eles acrescentando seu toque pessoal. Essa revisitação era obrigatória tanto para permitir ao leitor encontrar pontos de referência diante da nova obra quanto para que o escritor colocasse seu talento à prova introduzindo novidades em algo já conhecido. A partir desse princípio, Virgílio escreve as Bucólicas tomando por base os Idílios de Teócrito. Seria, entretanto, redutor ver no texto virgiliano apenas uma continuação da obra grega, e não considerar toda a inovação trazida pelo autor da Eneida. Séculos mais tarde outro escritor, André Gide, retomaria o texto virgiliano e escreveria Paludes, resgatando um dos personagens aparentemente menos representativos de Virgílio, o pastor Títiro, para construir uma narrativa cujo tema é a estagnação e, ao mesmo tempo, refletir sobre o a literatura e o papel do escritor. E, ainda no século XX, Georges Perec utilizaria o livro de Gide para realizar um pastiche; no seu caso, desaparece a referência direta a Virgílio, mas ficam as relações com o texto gideano, tais como a imprecisão de contornos apresentada pelos personagens e pelo protagonista nas duas obras. Por meio de uma análise que leva em consideração o ponto de vista intertextual, tentamos compreender a apropriação feita por cada um dos autores, e as implicações causadas pelos diferentes contextos literários nos quais o personagem se insere. PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; metatextualidade; Públio Virgílio Maro; André Gide; Georges Perec. A TRILOGIA TEBANA E AS TRANSFORMAÇÕES NO IDEÁRIO GREGO: ANTINOMIA ENTRE LEI ESCRITA E LEI ANTIGA NO SÉCULO V A.C. Tiago OchôaTesser. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: O presente artigo propõe um estudo acerca das transformações no ideário grego do século V a.C., tendo por ponto de partida a mudança de um pensamento mais antigo, centrado no mito, para um sistema de compreensão baseado na razão, no logos, observando como tal fator se manifesta nas obras que constituem a chamada Trilogia Tebana, formada pelas tragédias Édipo Rei (430a.C), Édipo em Colono (401a.C) e Antígona (441a.C), de Sófocles. Seguindo em tal direcionamento, o artigo, discutindo sobre a relação entre a obras artística e contexto social de em que se insere, procura analisar o papel do tirano, o papel do oráculo e também a sociedade da época por meio de um estudo das leis escritas e religiosas, como elas se opõem no cenário grego helênico e evidenciar quando e como uma sobrepuja-se à outra, sendo que o embate entre ambas, na estrutura das tragédias em questão, determina as condições para o estabelecimento das antinomias trágicas. Nesse sentido, para maior compreensão do tema e embasamento teórico, lançar-se-á mão do diálogo com obras de Jean-Pierre Vernant (1977; 2006), Junito de Souza Brandão (2009), Mário da Gama Kury (2011), Lourdes Kaminski Alves (2010), Aristóteles (1986), entre outros estudiosos que se debruçam sobre a cultura grega helênica e a tragédia antiga. PALAVRAS-CHAVE: Tragédia grega; Tirania; Transformação social. AULULARIA, DE PLAUTO, E O REI DA VELA, DE OSWALD DE ANDRADE: O RISÍVEL SOBRE O HOMEM E SUAS INSTITUIÇÕES Wallisson Rodrigo Leites. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: Pretende-se, a partir do presente trabalho, realizar uma análise interpretativa de dois textos literários representantes do gênero cômico. O primeiro, Aulularia, de Plauto, escrito aproximadamente em 192 a.C, relê os modelos apresentados por Menandro na Comédia Nova Ática, e marca um importante período de produção literária da cultura latina. O segundo, O rei da vela, de Oswald de Andrade, escrito em 1933 e publicado em 1937, torna-se um marco na produção artística brasileira ao trazer a proposta modernista e as influências das vanguardas europeias para o teatro. Buscar-se-á perceber como estas obras representam suas respectivas sociedades e podem ser relidas diacronicamente. Ao passo que a obra latina configura-se como uma das principais influências para a formação do gênero cômico em sua concepção atual no ocidente, o texto de Oswald se estabelece enquanto peça renovadora da arte e da cultura brasileira da primeira metade do século XX. Procurar-se-á observar como estas obras ressoam no campo da cultura e no contexto de produção ao tratar esteticamente o homem e suas instituições por meio de uma linguagem constituída a partir da sátira e do risível. O presente trabalho é fruto do Projeto de Iniciação Científica “A farsa, a sátira e a ironia nas obras Aulularia e O rei da vela”, sob orientação da Prof. Dra. Lourdes Kaminski Alves. PALAVRAS-CHAVE: O rei da vela; Aulularia; a proposta dramatúrgica oswaldiana; a sátira e o risível no texto teatral. SIMPÓSIO: POÉTICAS DO IMAGINÁRIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA: SOCIEDADE, MITO E MULTICULTURALISMO Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) [email protected] Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) [email protected] Paulo Bungart Neto (UFGD) [email protected] RESUMO GERAL: O presente simpósio visa desenvolver reflexões e um olhar plural, interdisciplinar, sobre as relações entre imaginário e memória, com vistas ao estudo das imagens, mitos, símbolos e arquétipos, tendo em vista as relações entre a literatura e o processo social, histórico, cultural, nas mais diferentes formas de interpretação do literário e artístico, nos campos das relações estéticas e da crítica. Busca-se também refletir sobre o imaginário e a memória em obras líricas e narrativas ficcionais, confessionais ou intimistas, e textos artísticos (artes plásticas, visuais) e literários, com base na abordagem sociológica, fenomenológica, na mitocrítica, semiótica, hermenêutica, cultural, histórica, mítica e na teoria do imaginário e nos estudos da memória, e outras, bem como investigar as dimensões simbólicas, arquetípicas e míticas em diferentes gêneros textuais, a partir dos fundamentos mítico-sociais e das dimensões simbólicas, arquetípicas e míticas relacionadas aos textos literários. O simpósio dará ênfase, como aporte teórico, a teorias de autores como Philippe Lejeune, Maurice Halbwachs, Paul Ricoeur, Eneida Maria de Souza, Aleida Assmann, Jan Assmann e Leonor Arfuch, dentre outros, tendo em vista as teorias sobre os subgêneros da memória, memória individual, coletiva, social, urbana, etc, levando-se em conta aquilo que Arfuch, na obra O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea (2010), considera como uma “verdadeira obsessão” dos estudos literários contemporâneos a respeito de discursos confessionais e autorreferenciais, tais como, para citarmos alguns subgêneros memorialísticos: biografias, autorizadas ou não, autobiografias, memórias, diários íntimos, cadernos de notas, de viagens, testemunhos, romances autobiográficos, autoficções, filmes, entrevistas, talk shows, reality shows etc. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Imaginário; Memorialística, História, Autorreferencialidade RESUMOS DO SIMPÓSIO POÉTICAS DO IMAGINÁRIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA: SOCIEDADE, MITO E MULTICULTURALISMO Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE) [email protected] Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) [email protected] Paulo Bungart Neto (UFGD) [email protected] EL MUNDO ALUCINANTE DE REINALDO ARENAS: DISCURSO PARÓDICO Y CRÍTICA IDEOLÓGICA Nahyun Lee (Seoul National University – SNU – Doctorado en Literatura Latinoamericana) [email protected] RESUMEN: El mundo alucinante de Reinaldo Arenas es el corpus de estudio para esta investigación. Mediante el recurso de la parodia y la ironía, el escritor cubano configura la representación de su versión acerca del pasado de un personaje histórico ajeno, aparentemente, a la historia de su presente. A través de la historia de Fray Servando Teresa de Mier, independentista mexicano, el lector llega al discurso que critica la Revolución Cubana. Tanto en la historia de México como en la de Cuba, la lucha para la independencia acaba con el desengaño y la repetición de hechos que ponen en tela de juicio los logros proclamados por la Historia oficial. La reescritura y parodia de las Memorias se apropia tanto de la historia personal del fraile como del ambiente sociopolítico de la época, con el motivo de cuestionar la ideología, de revelar las injusticias contra la libertad del pueblo y la censura en el derecho de libre expresión bajo el régimen revolucionario de la isla. El simbolismo de la obra y de la figura de Arenas, quien se identifica en el texto como un doble del protagonista decimonónico, contiene facetas múltiples: víctima de la época, escritor marginado, pero no por ello acallado para denunciar la condición del intelectual a diez años del triunfo de la Revolución. PALABRAS CLAVE: Memorias; Fray Servando Teresa de Mier; Revolución Cubana; reescritura; parodia. MÉTODO DA AIA OU PARADIGMA INDICIÁRIO: DO DISCURSO HISTORIOGRÁFICO AO DISCURSO LITERÁRIO – SINAIS DE UMA ESCRITA ASSASSINA NO ROMANCE MEU NOME É VERMELHO DE ORHAN PAMUK Jucelino de Sales – UnB/Bolsista mestrando vinculado a CAPES. [email protected] Resumo: Pretendemos discutir nesse artigo o método da aia submerso no relevo do romance Meu nome é vermelho do escritor turco Orhan Pamuk, e sua relação com o paradigma indiciário abordado e escrutado pelo historiador italiano Carlo Ginzburg em ensaio seminal intitulado Sinais: raízes de um paradigma indiciário, disposto no livro Mito, emblemas e sinais. Desejamos dissecar e explicar como esse método auxilia na revelação da identidade do assassino nos interstícios desse romance, a partir dos sinais, vestígios e rastros deixados no caminho narrativo pelo autor dos dois crimes: a morte do miniaturista Elegante Efêndi e do Tio Efêndi. Empenhamos em demonstrar também, como a partir desse método, é possível uma leitura sobre o funcionamento formal dessa obra. Trabalhamos com a seguinte hipótese: acreditamos que essa inserção de um estilo historiográfico que faz parte da prática metódica da escrita da história nos planos submersos do romance, seja para além do primor de uma ironia moderna, a perspicácia do escritor para indicar ao leitor (intelectual) uma fresta através da qual, possamos nos aproximar daquele lugar em que a escritura romanesca deposita a sua forma: o discurso narrativo. Também abordaremos o que estamos chamando de escrita assassina, a partir das leituras sobre Roland Barthes e Maurice Blanchot, que argumentam que na escrita moderna, o escritor escreve para morrer em sua obra, e assim validar sua permanência na memória do inconsciente literário. Palavras-chave: método da aia, paradigma indiciário, discurso narrativo, escrita assassina, estilo literário. AS MEMÓRIAS DE AUTRAN DOURADO E CARLOS HEITOR CONY: DILUIÇÃO DE FRONTEIRAS ENTRE O AUTOBIOGRÁFICO E O FICCIONAL Paulo Bungart Neto – Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Pós-Doutorando em Estudos Literários pela UFMG. E-mail: [email protected] RESUMO: Obras memorialísticas são consideradas, nos estudos literários contemporâneos, pertencentes a um gênero híbrido que mescla os discursos autobiográfico e ficcional, diluindo os limites existentes entre essas duas instâncias. Considerado por Antonio Candido como uma “leitura de dupla entrada”, que pode ser visto tanto “como recordação ou como invenção”, o gênero memorialístico possui a particularidade de apresentar um paradoxo, pois pretende, segundo Wander Melo Miranda, “ser simultaneamente um discurso verídico e uma forma de arte”, apontando, portanto, para a interpenetração de três tipos de discurso: autobiográfico, ficcional e histórico. Desse modo, a presente comunicação discutirá a diluição das fronteiras entre esses discursos nas obras de dois escritores brasileiros contemporâneos: Autran Dourado e Carlos Heitor Cony. O primeiro deixou registradas, em Gaiola aberta: tempos de JK e Schmidt (2000), impressões da época em que foi assessor de imprensa de Juscelino Kubitschek, tanto no governo de Minas Gerais quanto na presidência da república, memórias nas quais há diversas cenas em comum com dois romances publicados na década de 1980: A serviço del Rei (1984) e Um artista aprendiz (1989), transfigurações de episódios ocorridos de fato, conforme se deduz da leitura de suas memórias. Quanto ao jornalista Carlos Heitor Cony, também podem ser consideradas híbridas obras como Quase memória: quase romance (1995), esta já a partir do título, e a coletânea de crônicas Eu, aos pedaços: memórias (2010), que possuem vários indícios autobiográficos, tais como a morte do pai, Ernesto Cony Filho, e o envolvimento do autor na resistência ao golpe militar de 1964. PALAVRAS-CHAVE: Autran Dourado; Carlos Heitor Cony; memorialística brasileira contemporânea. VESTÍGIOS DE MITOLOGIA GREGA EM SONETOS DE ANTERO DE QUENTAL: FADO D’ALÉM VIDA Nathâna Paula Bruschi (UFFS/Bolsista do projeto de extensão "Longa Jornada Livro Adentro") [email protected] Saulo Gomes Thimóteo (UFFS/Professor Assistente de Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa) RESUMO: A presente comunicação visa apresentar uma pesquisa embasada na obra do poeta açoriano Antero Tarquínio de Quental, que é conhecido por sonetos que escreveu desde a adolescência, que evoluíram (tanto ele, quanto os sonetos) desde a incitação à revolução intelectual portuguesa até a um intimismo melancólico. Ao apresentar os ciclos desses sonetos, o crítico António Sérgio afirma que no ciclo intitulado “do sentimento pessimista”, quando surge a melancolia, Antero ainda era jovem, mas o ponto alto dessa melancolia surgiria de forma mais proeminente com os questionamentos mais assíduos acerca da morte, buscando respostas através de seus escritos. Partindo da ideia de destino na mitologia grega, na figura das parcas (as responsáveis pelo destino, ou Fado, de deuses e humanos, logo, responsáveis pela morte), será feita uma análise da morte como um Fado, por meio da comparação entre os sonetos “Despondency” e “O que diz a Morte”, que travam um diálogo e apresentam a uma visão de morte personificada, e tendo como principal base teórico-crítica os estudos sobre o autor feitos por Natália Gomes, pode-se notar que a visão de Antero constrói-se pelo drama fragmentado de ver-se numa encruzilhada de caminhos, dos quais a morte se configuraria como refúgio e porto seguro. PALAVRAS-CHAVE: Mitologia grega; Antero de Quental; destino; sonetos. MULTICULTURALISMO E DESLIZAMENTO DE SENTIDO: UMA HISTÓRIA DO KAMA-SUTRAS NA INGLATERRA VITORIANA (1883). Felipe Salvador Weissheimer. Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE). RESUMO: Dentre os vários “Kama-sutras” difundidos no mercado, a versão “clássica” foi escrita por Vatsyayana (século I-IV, aproximadamente), publicada na Inglaterra em 1883 pela Sociedade Hindu Kama-Shastra. Burton foi o membro de maior importância na Sociedade Hindu KamaShastra, pois, além de fomentar a publicação, auxiliou na tradução, editou e enunciou vários comentários ao longo da obra. Em seus comentários, percebemos que o projeto da tradução e publicação do Kama-sutras visava em especial à instituição de “novas” práticas sexuais aos seus contemporâneos. Para ele, importava não apenas “conhecer o outro”, mas “aprender com o outro”, e o discurso de Vatsyayana foi constituído por ele neste “manual de aprendizagem”. A partir do Kama-sutras, Burton imaginou um “Oriente exótico”, portador de conhecimentos sexuais e eróticos. Esta “comunidade imaginada” pelo tradutor-comentador criou um efeito discursivo de considerável estímulo sobre as disposições afetivas dos leitores, fato que reforçou sua ação ideológica de transformação das práticas eróticas e sexuais dos vitorianos. Burton achava que o Kama-sutras era importante para os ingleses, pois continha “muitas coisas novas e interessantes sobre a união dos sexos”. Além disso, observava que a ignorância acerca do “sexo” levava o homem inglês a não desfrutar totalmente dos prazeres matrimoniais, além de não satisfazer plenamente os desejos sexuais de sua esposa (RICE: 1991, 434). Assim, percebemos que havia um sentido imanente ao discurso de Burton sobre o passado indiano, no qual o tradutor-comentador buscou pela pretensão de se alcançar a “verdade” sobre o passado indiano, atingir a realidade inglesa do final do século XIX. PALAVRAS-CHAVE: Antiguidade indiana; Inglaterra vitoriana; Kama-sutras; Sociedade Hindu Kama-Shastra; Richard Francis Burton. L’INFLUENZA DEL CINEMA IN PIRANDELLO E L’INTERPRETAZIONE DELLA FILOSOFIA ESTETICA DI WALTER BENJAMIN Sandra Dugo (UNIOESTE - Università degli Studi di Roma “Tor Vergata”) [email protected] RESUMO GERAL: Il romanzo I Quaderni di Serafino Gubbio operatore è narrato dal protagonista Serafino, e vissuto contemporaneamente dal suo autore Luigi Pirandello. Nel 1935 il filosofo tedesco Walter Benjamin scrive il saggio di filosofia estetica, intitolato L’opera d’arte nell’epoca della sua riproducibilità tecnica, considerato un classico della critica filosofica e letteraria di un’epoca per noi ormai lontana. L’obiettivo è reinterpretare il romanzo pirandelliano attraverso l’analisi di Benjamin, analizzando la visione pirandelliana dell’esistenza umana, dominata dalla macchina. Il filosofo tedesco considera l’invenzione del cinematografo come la nuova tecnica meccanizzata e distruttrice della univocità della produzione artistica. Serafino, protagonista del romanzo, sembra interpretare la prospettiva pessimistica di Benjamin, anticipando i tempi, infatti il romanzo viene pubblicato circa dieci anni prima della pubblicazione del saggio tedesco sull’opera d’arte. L’operatore alla macchina da presa si mostra insoddisfatto di fronte alla nuova invenzione moderna e si sente coinvolto passivamente, il personaggio creato da Pirandello è in accordo perfetto con le teorie di Benjamin. Immaginiamo che il romanzo si svolga attraverso la successione di scene diverse in cui i personaggi rappresentano l’intera epoca storica con le loro storie e la loro identità; Pirandello giudica l’invenzione del cinematografo come la nuova tecnica meccanicista che spersonalizza la creazione artistica, distrugge la qualità unica e irripetibile dell’opera d’arte, alterandola irrimediabilmente e riproducendo sequenze narrative rapide, costituite da immagini riprodotte in successione ripetitiva, proprio come accade nella trama del romanzo. Perché il drammaturgo italiano propone questo tema? La stesura inizia nel 1916 e l’ultima edizione è del 1925, durante il periodo in cui la nuova tecnica del cinema produce i primi film con sequenze di immagini rapide in movimento, precedendo i grandi eventi tragici della storia europea: i regimi totalitari, e il fenomeno dei grandi movimenti delle folle. . PALAVRAS-CHAVE: Il romanzo pirandelliano, La filosofia estetica, La tecnica meccanicista del cinema, Immagini rapide A REMEMORAÇÃO COMO CONDUTORA DA DESLOCAÇÃO NO TEMPO E DO EU NA OBRA CORAÇÃO, CABEÇA E ESTÔMAGO, DE CAMILO CASTELO BRANCO Bruna Trindade Lima Santos (UEFS/ Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/FAPESB) [email protected] RESUMO: Quando falamos em memória, rapidamente aludimos ao sentido de registro daquilo que foi vivido. Schacter (1999) nos dirá que a memória é o “telescópio apontado ao tempo”. O ato de lembrar nos liberta do tempo e do espaço, nos fazendo perceber, de novo, o passado; permitindonos imaginar o futuro; uma ação que, como em todas as sociedades, também presente na portuguesa. Portugal, em termos gerais, sempre teve uma relação muito próxima com a rememoração e com o próprio passado. A história trata, então, de denunciar um país que esteve, exageradamente, apegado ao que foi, mas que não foi impedido de dar origem à uma sociedade fragmentada, que transitava entre um Portugal antigo, ligado às glórias passadas, e um Portugal moderno, que se incomodava com a condição de decadência e atraso nacional e é no século XIX que veremos, inclusive na literatura, grandes mudanças no país, pois o país viverá um conflito entre aqueles que procuravam manter as bases sócio-políticas-culturais e aqueles que tentavam transformá-las. A insatisfação com a situação do país, novamente, provoca o recurso à memória. Será a memória que salvará o passado do completo esquecimento. A promessa de eternidade surgirá, dessa forma, na literatura. Este trabalho tem como objetivo uma análise sobre o “ser português”, na obra de Camilo Castelo Branco (autor que viveu em meio às mudanças do século XIX em Portugal), em Coração, Cabeça e Estômago, cindido entre o novo e o velho, entre o passado e o presente. PALAVRAS-CHAVE: Ser português; sociedades; eternidade. DA MORTE: VARIAÇÕES SOBRE O IMAGINÁRIO EM DRUMMOND Sandro Adriano da Silva (USP/UNESPAR) [email protected] RESUMO GERAL: Uma leitura atenta do conjunto da obra de Drummond aponta para a possibilidade de acercamento de seus principais temas a partir de um imaginário em torno da morte, constituindo, pois, uma ars moriendi – uma “poética da morte”. Essa representação assume diferentes matizes, quer no tratamento do tema, quer nas configurações estéticas, ao longo da obra de Drummond. Esta comunicação apresenta um roteiro de pesquisa de doutorado em desenvolvimento no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo, especificamente no Programa de Pós-graduação em Literatura Brasileira. A abordagem constitui-se de uma sondagem do tema da morte, suas representações e desdobramentos na poesia de Carlos Drummond de Andrade, desde seu livro de estreia, Alguma poesia (1930) até Poesia errante/Derrames líricos (e outros nem tanto, ou nada) (1996). Aventamos, em princípio: analisar e interpretar como o tema entra na constituição do gênero; compreender como a recorrência implica uma vertente temática; e identificar como a temática da morte é elaborada em diferentes contextos de produção do poeta, considerando-a em uma perspectiva diacrônica. PALAVRAS-CHAVE: Drummond; lírica; imaginário; morte. A CONSCIÊNCIA AMENA, CATASTRÓFICA E DILACERADA DO ATRASO ATRAVÉS DA POÉTICA IMAGÉTICA DE PINTORES DO SÉCULO XIX E XX. Luciano Lourenço da Silva (UNOPAR- EAD) [email protected] RESUMO: A ideia desenvolvida por Antonio Candido a partir do pressuposto das críticas das vertentes, aponta, dentro do universo literário brasileiro do século XIX e XX, três tipos de consciências, que fazem referência a três momentos culturais distintos no cenário nacional. Primeira; a consciência amena do atraso, período Romântico onde os escritores tinham no modelo europeu um espelho, e criavam suas obras a partir desse reflexo, com adaptações locais. Segunda; a consciência catastrófica do atraso, período Realista/Naturalista que se estende até as produções da década de 30, já no século XX. Através das inovações do fecundo Machado de Assis, dá-se uma modernização e nacionalização de aspectos culturais e temáticos brasileiros, onde observa-se uma produção mais crítica, no campo ideológico, e inovações no campo estético, que influencia não só artistas do século XIX, como contamina artistas de outros períodos.A Terceira e última consciência é a consciência dilacerada do atraso, que engloba as produções literárias a partir do advento da segunda guerra mundial, com temas que envolvem traços primitivistas, mágicos, abstratos e superrealistas ou surreais, como aponta o próprio Antonio Candido. As três consciências descritas, rasamente acima, denunciam aspectos do Regionalismo nacional e definições sociológicas de momentos históricos específicos, com suas referências e interferências sociais, políticas e culturais, que consolidaram a cultura brasileira. Daí querermos associar a discussão dessas vertentes com o campo das Artes plásticas. Palavras-chave: Literatura, Artes visuais, Antonio Candido, História cultural brasileira. O JORNAL O PROGRESSO E SUAS SIGNIFICATIVAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS Adriana Viana Pereira Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Paulo Bungart Neto Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) RESUMO: O presente trabalho consiste em apresentar um recorte da pesquisa de Mestrado que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Tendo como corpus registros literários publicados nas colunas do jornal O Progresso, sediado em Dourados-MS desde 1951, por escritores regionais tais como Weimar Gonçalves Torres, José Pereira Lins e Armando da Silva Carmello, busca-se compreender a memória histórica da cidade de acordo com as marcas literárias deixadas entre as décadas de 1950 e 1980, bem como os dados que revelam os aspectos identitários de sua formação, sobretudo aqueles relacionados à cultura, à educação e às práticas literárias. As colunas do jornal abrangem notícias e curiosidades sobre os moradores da região e sobre as mudanças econômicas de Dourados, há também colunas destinadas à propaganda eleitoral e algumas voltadas para a divulgação da literatura e da produção, principalmente em versos e em crônicas, de escritores locais. A partir de vários dados coletados a respeito da editoração do jornal e das principais colunas veiculadas no período mencionado acima, será possível analisar textos inéditos de escritores que hoje fazem parte da literatura sul-mato-grossense e que, naquele momento, participavam ativamente do processo de desenvolvimento cultural da cidade e região, com seus avanços, retrocessos, conquistas e desafios. PALAVRAS-CHAVE: O Progresso; manifestações culturais; escritores regionais. O MITO DE EROS E THÁNATOS NA OBRA “ANJO NEGRO” DE NELSON RODRIGUES Suelem Andressa de Oliveira Lopes (UNICENTRO) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho tem como objetivo estabelecer relações entre a obra Anjo Negro de Nelson Rodrigues e o Mito de Eros e Thánatos , embasando-se teoricamente no Banquete, de Platão acerca das definições de amor. Dessa forma, poder encontrar a possibilidade de uma designação que melhor elucide o amor entre Virgínia e Ismael, personagens principais da peça. Para tanto, fazer-se-á estudo do teatro rodriguiano nos cabíveis limites do trabalho, pois não é nosso objetivo a historicização do teatro de Nelson Rodrigues e também um estudo teórico da definição de mito, tendo como base o Dicionário da Mitologia Grega e , para tratar do erotismo, o livro que norteia algumas pesquisas do assunto Erotismo de Bataille. É necessário observar o ser humano em toda a sua complexidade e forma, suas relações e conflitos interiores e exteriores, desse quais influem em suas atitudes e no convívio, é necessário estudar e compreender o conflito interno que cerca o Erotismo – proveniente do Deus Eros - é bastante evitado, pois há uma velha tradição de que tudo que cerca o sexo é sujo e evitável, mero engano, pois é dele a razão da vida e é ele que consagra corpos e almas. PALAVRAS-CHAVE: Mito; Erotismo; Eros; Thánatos UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA OBRA AUTOBIOGRÁFICA HISTÓRIA DE UM PINTOR CONTADA POR ELE MESMO Claudia Cardoso Valladares (UFF/Bolsista de mestrado CNPq) [email protected] RESUMO GERAL: Temos no gênero autobiográfico a vida de um sujeito narrada por ele mesmo. Nessa escritura, o sujeito recupera, ou tenta recuperar, um momento que já não mais existe no agora, que está ausente do tempo presente.Em se tratando de um gênero que “passeia pelo tempo”, a autobiografia nos seduz com a possibilidade, linguística que seja, de permitir que nos encontremos, por um único instante ao menos, em um momento outro que não o do agora, permite retomarmos por alguns instantes alguns de nossos momentos mais felizes ou mais dolorosos, permite, enfim, que “sejamos de novo” ao retornarmos num tempo. E é a partir dessa sedutora perspectiva de “viagem no tempo”, de tentativa de recuperar algo que já não existe mais, no tempo, que damos início a algumas reflexões acerca da temporalidade da memória.Este trabalho tem por objetivo analisar como se constroem as relações de produção de sentido que se estabelecem entre o texto verbal e o não verbal na obra História de um pintor contada por ele mesmo de Antônio Parreiras.O autor é considerado um dos maiores paisagista brasileiro e um dos poucos artistas de sua época que escreveu sobre sua própria arte.O suporte teórico-metodológico mobilizado para desenvolver o trabalho é o da semiótica discursiva, de origem greimasiana, que se volta para a explicitação das condições da apreensão e da produção de sentido, privilegiando a abordagem do texto como objeto de significação, assim como contribuições de outros autores como Bakhtin e Lejeune. PALAVRAS-CHAVE: Semiótica discursiva; sincretismo; Antônio Parreiras; autobiografia; memória. CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA, PERSONAGENS DE FICÇÃO E MEMÓRIA, EM A MULHER DE TRINTA ANOS, DE HONORÉ DE BALZAC Aline Benelli Mouro Zamboni (UNIOESTE/Bolsista PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) [email protected] RESUMO GERAL: Considerado o pai do Realismo francês e fundador do romance moderno, Honoré de Balzac escreveu A mulher de trinta anos. A obra é mundialmente conhecida e inspirou vários escritores que criaram suas musas sofredoras como Madame Bovary de Flaubert, a Capitu machadiana, a Helena em Senhora de José de Alencar. Através do livro, disseminou-se o termo mulher balzaquiana ou idade balzaquiana. O livro apresenta alguns problemas estruturais, dentre os quais a crítica ressalta a falta de unidade do livro; a falta de coerência entre os acontecimentos; modificação de caráter das personagens de um capítulo para outro e a contradição na psicologia das personagens. O romance compõem-se de seis episódios mal reunidos entre si e rematados por uma conclusão melodramática. Mas, por que um romance com tantos problemas ainda faz tanto sucesso? Qual o motivo que teria levado Balzac a escrever um romance tão mal estruturado? Para responder a essas e outras perguntas, baseamo-nos principalmente em Paulo Rónai (1947) (1993), Otto Maria Carpeaux (2008) e Arnold Houser (1998), e procuramos apresentar uma possível solução para os problemas estruturais da obra, e também analisar a causa do grande sucesso deste romance psicológico do francês. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Francesa; Honoré de Balzac; Realismo. MEMÓRIA E FRONTEIRA - CHÃO DO APA - AUTOBIOGRAFIA E IDEALIZAÇÃO DO IMAGINÁRIO Márcia Helena Messa Longo Dutra (Aluna da Pós-graduação em Letras- área de concentração em Literatura e Práticas Culturais pela Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD. [email protected] Paulo Bungart Neto (Doutor em Letras (Literatura Comparada) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Professor Adjunto na Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD. [email protected] RESUMO: Não há como negar a importância da produção dos memorialistas para constituir a história regional, sobretudo, se considerarmos que tais produções legam à historiografia regional um vasto material de fontes, que com metodologia adequada pode ser convertida em riquíssimas pesquisas sobre a memória regional. Este trabalho traz uma incursão sobre o migrante paraguaio Brígido Ibanhes, escritor nascido em Bella Vista do Norte (PY) em 1947, nesta cidade passa parte da infância e recebe seus primeiros ensinamentos escolares, a família muda-se para o Brasil em 1956 e Brígido Ibanhes completa seus estudos. Em seu livro Chão do Apa – contos e memórias da fronteira (2010), presente em muitas referências de trabalhos acadêmicos, escreve sobre a região fronteiriça sul-mato-grossense, o livro relembra episódios que vão desde a Guerra do Paraguai até 2005, contando fragmentos de sua vida e relembra fatos e lendas da região fronteiriça. Este trabalho busca uma aproximação entre os conceitos de autobiografia, memória e fronteira, utilizará como corpus especificamente dois contos: che retã e jacy jaterê acãhatã. A argumentação que permeia este estudo é de que a memória e o imaginário estão intrinsecamente ligados a produção. Pretendese analisar a escrita memorialística baseando-se entre outros, nas teorias de Lejeune (2008), Ricoeur (2007), Burke (1992) e Perrot (1988) PALAVRAS-CHAVE: autobiografia, memória, fronteira. DISCURSO NEGRO CANTADO NA UNIVERSIDADE: UM DIA DE GRAÇA Carlos Alberto Silva da Silva Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL Rosana Soares Universidade Federal da Bahia – UFBA RESUMO: Este artigo se propõe refletir sobre o hibridismo e a manifestação cultural entre os negros, como o Carnaval e as composições de samba nos terreiros das escolas. O samba, que nasceu africano e rural, foi colocado como símbolo da identidade nacional do brasileiro e, aos poucos, num processo que chega às escolas de samba, vai se desafricanizando ou passa a adotar uma africanidade de fachada. Como ritmo musical identifica a cultura brasileira e serve como forma de resistência para o afro-brasileiro. Para fazer tal reflexão na sua horizontalidade que liga o negro a sua comunidade e as agremiações carnavalescas, será analisada a composição Dia de Graças, de Antônio Candeia Filho. Nela está expresso um manifesto chamando o negro para evolução social apontando a educação como caminho para esta ascensão. Diante do hibridismo cultural, o afrobrasileiro seu viu representado culturalmente, mas foi abandonado e colocado à margem como sujeito político e econômico, numa esfera de poder em que a predominância é do branco, não lhe restando alternativas senão resistir sincreticamente e por intermédio da cultura híbrida. Através desta composição Candeia reafirma a importância da alteridade para a igualdade entre os diferentes, alertando que o carnaval, dia jubiloso, deve ser cultivado de forma ampliada para que a cultura negra seja aceita com dignidade pela sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Hibridismo, Samba; Cultura. ENTRE CIDADELAS E CIDADES INVISÍVEIS: A ABSTRAÇÃO DO NARRADOR NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA E DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL Luciana Brito (UENP/Doutora) [email protected] Juliana Carolina da Silva (UENP/Bolsista PIBIC/Fundação Araucária) [email protected] Natalia Guerra Brisola Gomes (UENP/Bolsista PIBIC/CNPq) [email protected] RESUMO GERAL: Propomos, no presente estudo, observar como a abstração do narrador pode se relacionar com a memória e a representação. Tanto Cidadela (1940), de Antoine de Saint-Exupéry, quanto As Cidades Invisíveis (1975), de Italo Calvino, são tecidos com referências à cultura, cujos símbolos não apenas recriam espaços, como também subjetivam a realidade e as identidades a um terreno próprio das cidades modernas. Ambos apresentam descrições de arquiteturas feitas a partir de uma mescla de reminiscências, aspirações e fantasia, aproveitando-se das imagens construídas para gerar conceitos e propiciar que a imaginação do leitor o leve à reflexão. Assim como o projeto estrutural da urbe e o diálogo entre sua engenharia e a natureza, ganham formato no texto as civilizações, a maneira com que os seres humanos se relacionam com a tradição e a produção, a individualidade e a vida em comunidade. O relato de experiências, tão decorrente na literatura até o início do século XX, se desintegra à medida que o narrador procura se manter neutro, frente às diversas ideologias disseminadas na sociedade moderna. Para tal efeito, a voz no romance busca evitar a realidade, entretanto, ao se fracionar em mil focos de metáforas que recriam os múltiplos elementos do mundo social, acaba recaindo na representação do homem contemporâneo. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Cidades; Simbologia; Narrador. O DESENCADEAR DA MEMÓRIA VIA OBJETOS: O PASSADO DESENTERRADO DAS PERSONAGENS DE A MENINA MORTA, DE CORNÉLIO PENNA Ana Vilela (Universidade de Brasília – UnB) [email protected] RESUMO: Com base em Halbwaches, Ricoeur, Bergson, Ecléia Bosi, entre outros, o objetivo deste trabalho é analisar na obra de Cornélio Penna, A menina morta, a cadeia da memória desenrolada a partir de objetos. No livro, os personagens retornam ao passado ao se depararem com determinados itens biográficos, em um ir e vir do agora ao ontem e, novamente, de volta ao presente. Pretende-se mostrar a importância do objeto do passado no ato de rememorar, a cadeia da casualidade e o quanto o presente e toda a experiência vivida influenciam na releitura do passado. passado. REPRESENTAÇÕES DO UNIVERSO CULTURAL AFRICANO NAS IMAGENS DO MISSIONÁRIO ITALIANO GIOVANNI ANTONIO CAVAZZI Benilde Socreppa Schultz – UNIOESTE RESUMO: A literatura de viagem composta por relatórios, cartas e diários tornou-se, nos séculos XVI e XVII, uma ferramenta imprescindível para a difusão da história e memória de povos pouco conhecidos ou até mesmo desconhecidos. A imprensa, recém-descoberta, colaborou para que esse gênero literário tivesse ampla divulgação, em uma sociedade europeia ávida pelo conhecimento e descrições de culturas diferentes da sua. Muitos italianos acompanharam os portugueses nas suas possessões ultramarinas e relataram o seu testemunho, como o missionário italiano Giovanni Antonio Cavazzi, o qual nos deixou um legado narrativo e imagético de uma África que tentava amoldar-se ao modo de vida europeu sem, contudo, perder a sua alteridade. No seu livro Istorica Descrizioni de’ter regni di Congo Matamba e Angola (Descrição histórica dos três reinos de Congo, Matamba e Angola), traduzido para o português por Leguzzano (1972), o padre insere um total de 47 gravuras, desenhos que representam espaços culturais africanos e que refletem momentos históricos, hábitos vegetação, animais etc. Para Burker (2004) as imagens são o “testemunho ocular” de outros tempos e constituem-se em evidências de culturas antigas. Visando aliar a narrativa às imagens apresentaremos, nesta comunicação, o olhar de Cavazzi compondo a história social de uma nação e de um povo representadas pelas primeiras imagens do mundo africano que chegam aos olhos europeus. PALAVRAS-CHAVE: imagens da África; Giovanni Antonio Cavazzi; viajantes italianos. EDUCAÇÃO PELA ÁGUA EM O RIO E MORTE VIDA SEVERINA DE JOÃO CABRAL Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) [email protected] RESUMO: A poesia de João Cabral expressa da totalidade dos seres criados, o universo visível com seus quatros elementos: a terra, o fogo, a água e o ar. Em sua produção poética, todos estes elementos são evidenciados, especialmente, a terra (metaforizado, pela pedra, que por sua vez se realiza pela ação do fogo e ar) e a água, que convive diuturnamente com o ar. Esse estudo abordará a aquoso como temática central na arte de poeta. PALAVRAS-CHAVE: Poesia, água, palavra, metáfora, construção/rio ou/poço, morte e vida. TEMPO E MEMÓRIA: REVISITANDO POETAS PARANAENSES ESQUECIDOS OU NEM CONHECIDOS. Adélia Maria Woellner (Escritora – Academia Paranaense de Letras) RESUMO: O Paraná tem e sempre teve excelentes poetas que, diferentemente do que ocorre em outros Estados (como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, por exemplo), não receberam a merecida divulgação e reconhecimento, não só fora como, também, dentro do próprio território. Prova maior desse comportamento, cuja raiz desconhecemos – e que muitos vêm tentando esclarecer e entender –, está na obra admirável de Helena Kolody. Até o prêmio a ela concedido pelo Ministério da Cultura, a Ordem do Mérito Cultural-Classe Grã Cruz, em 2012, maior comenda concedida pelo governo federal, foi praticamente ignorado pelas autoridades públicas e até pela imprensa paranaense. Muitos outros poetas repousam no esquecimento, suas obras absolutamente desconsideradas. Apenas para citar alguns, a literatura paranaense já recebeu as páginas poéticas de Oldemar Justus, Ciro Silva, Graciette Salmon, Ada Macaggi, Leonardo Henke, Ilnah Secundino, Mary Camargo, Aurora Silva Cury, Laura Santos... É de se lamentar que isso aconteça. Há necessidade, portanto, de que o resgate seja feito, para que a contribuição desses poetas integre e complete o pródigo mosaico da História do Paraná. É o momento, sim, de homenagear nossos poetas “esquecidos” ou “nem conhecidos”, no importante espaço agora proporcionado pelo XI Seminário Nacional de Literatura, História e Memória. PALAVRAS-CHAVE: Tempo, Memória, Poesia, Poetas do Paraná. IMAGINÁRIO, MITO E MEMÓRIA NA NARRATIVA LÍRICO-SINTÉTICA DO PARANÁ Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE / Bolsista Produtividade em Pesquisa - Fundação Araucária) [email protected] RESUMO: Os escritores Helena Kolody, Alice Ruiz S., Adélia Maria Woellner, Dalton Trevisan, Sérgio Rubens Sosséla, Paulo Leminski e João Manuel Simões configuram alguns dos nomes representativos da literatura do Paraná, que centram suas obras em um universo poético e imaginário em que configuram espaços de lirismo, elaboração estética e construções de mundos imaginários possíveis, com obras que apresentam o social, o mítico e as configurações de abordagens centradas nos campos da imaginação e da memória. A elaborar uma poiesis alicerçada em um mundo de significações, os referidos escritores realizam uma construção poética e imaginária que remete à condição humana: transitoriedade e permanência. Nessa perspectivas, eles elaboram os textos dando-lhe sentidos, formas e um colorido singular, que exprimem um “sentimento do mundo”, basta ver suas preocupações em relação à temática social, ou seja, mediante tais construções, na esfera da arte e da linguagem poética, os artistas das palavras e das cores alicerçam suas obras em construções poético-plásticas capaz de valorizar os sentimentos de amor, participação frente aos inquietantes desafios que a vida impõe. PALAVRAS-CHAVE: Construções do Imaginário, Memória, mito, literatura, Paraná. SIMPÓSIO: MULHERES: CRIADORAS IMAGINÁRIAS, CRIATURAS REAIS Carolina Montagnini do Nascimento (PG – UEL) [email protected] Celina de Oliveira Barbosa Gomes (PG – UEL) [email protected] Vicentônio Regis do Nascimento Silva (PG – UEL) [email protected] RESUMO GERAL: As sociedades, os governos e os estados testemunharam, fomentaram ou retardaram o redimensionamento do papel (coletivo e individual) da mulher nas últimas cinco décadas, período em que se abriram novos campos à sua atuação, seja como Criadora (escritora, filósofa, socióloga, educadora, jurista, administradora, gestora pública, líder espiritual etc), seja como Criatura (personagem de romances, novelas, contos, crônicas, peças, ensaios, debates, estudos e análises). A autonomia – conquistada no âmbito jurídico, mas dificultada, impedida ou negada socialmente – cede lugar à submissão implícita ou expressa que perpassa desde os pequenos grupos (institucionalizados ou não) e estende-se, sem grandes dificuldades, às estruturas coletivas e estatais. Apesar das dificuldades de deslocamento, as mulheres têm obtido êxito nas mais diversas frentes – bastando observar, em exemplos mais recentes, a Chanceler da Alemanha e a DiretoraGeral do Fundo Monetário Internacional e, especificamente na América Latina, a ascensão ao mais alto cargo do Executivo no Brasil, Argentina e Chile. Com o intuito de analisar comportamento, discurso, inserção, atuação e prováveis resultados de investidas teóricas e práticas, este simpósio tem por objetivo congregar estudiosos e suas reflexões sobre mulheres intelectuais e personagens literários femininos – constituídos complementar ou independentemente, mas não de maneira excludente – sob os enfoques historiográficos, políticos e/ou literários. PALAVRAS-CHAVE: Mulher; Literatura; História; Intelectuais. CRÍTICA SUBALTERNISTA NAS CRÔNICAS DE CLARICE LISPECTOR: REFLEXÕES SOBRE O INTELECTUAL SUBALTERNO NA AMÉRICA LATINA Joyce Alves (PG-UEL) RESUMO: Este trabalho propõe reflexões sobre a chamada crítica subalternista e o reconhecimento do intelectual subalterno em âmbito latino-americano, especialmente no Brasil. Deste modo, tomaremos como corpus de análise e reflexão as crônicas de Clarice Lispector publicadas entre as décadas de 60 e 70 no Jornal do Brasil. Partindo das premissas dos Estudos Culturais em que as questões sobre a subalternidade ganharam importância, notamos que as produções literárias moderno-contemporâneas, principalmente elaboradas na América Latina, demonstram a preocupação dos escritores com os problemas sociais locais que envolvem grupos marginais e suas culturas. Neste tocante, o nome de Clarice Lispector, fonte inesgotável de pesquisas, aparece agora como intelectual subalterna, cuja identidade é formada pela mescla de culturas em um continente híbrido. Através das crônicas, Clarice assume o papel de “representante de nós”, segundo ela mesma, para denunciar o que “vai mal” no local de sua cultura, embebida pelo propósito de representar as identidades postas à margem da sociedade. Cabe-nos, portanto, refletir sobre o papel do intelectual (autor e/ou escritor) subalterno no Brasil e a participação deste na produção crítico-literária na América Latina. Por isso, nos atentaremos, ainda, para a produção crítica latino-americana, haja vista que pensar a subalternidade exige um ponto de referência e partida. PALAVRAS-CHAVE: Literatura contemporânea; crônicas; Clarice Lispector; intelectual subalterno; América Latina. AS MULHERES EM “RECORTES DA CIDADE”, DE RONY FARTO PEREIRA Vicentônio Regis do Nascimento Silva (UEL/Doutorado) [email protected] RESUMO: Geralmente limitada à efemeridade e à transitoriedade, a crônica rompeu as barreiras formais da temporalidade, sendo exemplos desse rompimento a Crônica Metafísica e a Crônica Narrativa, espécies conceituadas pelo crítico literário Afrânio Coutinho, respectivamente caracterizadas por concentrarem seus conteúdos em temas/discussões filosóficas e no desenvolvimento de enredos. As crônicas de “Recortes da cidade” – classificadas na espécie narrativa – captam expressa ou implicitamente o cotidiano de Paraguaçu Paulista, cidade agrícola de menos de cinquenta mil habitantes do interior de São Paulo, apontando semelhanças entre as mulheres locais e as universais. O presente trabalho tem por objetivo analisar as condições das mulheres (adolescentes, jovens, adultas, idosas, maduras) no protagonismo dos enredos, permitindo o aprofundamento das reflexões em torno das oposições autonomia versus submissão, liberdade versus dependência, conscientização versus indiferença, iniciativa versus omissão, detectando, discutindo e explicando os sistemas de valores globais do conjunto de textos que integram os recortes que qualquer olhar parcial – lembrando que todo olhar é sempre parcial – eterniza na rotina de todas as cidades. Inicialmente recorreremos à análise semiótica, apoiando-se nos estudos de José Luiz Forin e, em seguida, às obras de Simone de Beauvoir e Pierre Bourdieu, pensadores que, entre outros temas e problemas, debruçaram-se sobre a construção do feminino. PALAVRAS-CHAVE: crônica; condição feminina; autonomia A PERSONAGEM MARTA EM PEÇAS DE JORGE ANDRADE: UM OLHAR SOB ENFOQUE FEMINISTA Sinéia Maia Teles Silveira (PUCRS/UNEB/Bolsista Doutorado UNEBCAPES) [email protected] Carla de Quadros (PUCRS/UNEB/Bolsista Doutorado UNEBCAPES) [email protected] RESUMO: Incursiona em parte da produção teatral de Jorge Andrade, especificamente nas peças Os Ossos do Barão (1962), As Confrarias (1969) e O Sumidouro (1969), abordando como é feita a representação feminina. A análise evidencia como o autor, em um movimento de ruptura, subverte o discurso respaldado por uma sociedade patriarcal e machista, criando algumas personagens batizadas de Marta, as quais, fazendo jus ao significado deste nome, tornam-se senhoras de si, adotam posição de confronto ante às convenções socialmente estabelecidas para a mulher. Essa escritura transgressora coopera para o redimensionamento do feminino no texto ficcional, revistando a história feminina, registrando-a sob um novo enfoque, visto que põe no centro da ação mulheres que bradam, denunciam e criticam posições equivocadas da sociedade, da igreja, das instituições sociais. O estudo empreendido parte das discussões teóricas apresentadas por Beauvoir (1990), Firestone (1976) e Lypovetsky (2000). PALAVRAS-CHAVE: Dramaturgia Moderna Brasileira; Jorge Andrade; Feminismo. A BUSCA PELA IDENTIDADE FEMININA EM “DIVING INTO THE WRECK”, DE ADRIENNE RICH: A DESMISTIFICAÇÃO DA POSTURA PANFLETÁRIA E A RELAÇÃO DE ALTERIDADE ENTRE O OUTRO E O OUTRO Celina de Oliveira Barbosa Gomes (UEL/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: A constituição da figura feminina passou por diferentes delineações ao longo da história, algumas das quais forjadas numa batalha cujo intento – nem sempre bem esclarecido – era o de ter direito à expressão da individualidade inerente a cada ser humano, um direito há muito suplantado pelas relações de poder desenhadas sob o cunho masculino, sempre tutelado e validado pela tradição. A mulher foi - e continua sendo – caracterizada subjetivamente sob os mais diferentes enfoques, evidenciados, muitas vezes, pela desvirtuação do que seja o feminismo (considerado de modo panfletário e/ou pejorativo por homens e mulheres), o que inviabiliza pertinências relevantes a esta discussão, relegando-a a pura e simplesmente a uma abordagem sexista. Esta comunicação pretende apresentar uma das possíveis análises para o poema Diving into de Wreck, da norteamericana Adrienne Rich, explicitando diferentes configurações da busca ou mesmo da evidenciação de uma identidade feminina, as quais não objetivam reforçar o ainda significativo hiato das relações gendradas, mas minimizá-lo no sentido de evidenciar as naturais relações de alteridade que se podem estabelecer entre homem e mulher, na real interface entre sujeitos que são, tentando desconstruir o paradigma do Outro-outro. Para tanto, será utilizado o aporte teórico fornecido por Showalter, Bonnici, Zolin, entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Identidade feminina; Relações gendradas; Alteridade; Outro-outro; Literatura de autoria feminina. LYGIA FAGUNDES TELLES: UMA ESCRITORA COMPROMETIDA COM SEU TEMPO Carolina Montagnini do Nascimento (PG-UEL) [email protected] RESUMO:“Uma pesquisadora de almas”, assim define Nogueira Moutinho a escritora Lygia Fagundes Telles em uma nota na orelha do livro A estrutura da bolha de sabão (1999). Esta definição, entretanto, não foge à de outras escritoras que também têm a habilidade de expor o mundo íntimo de suas personagens; Clarice Lispector, em nosso país, é, sem dúvida, a mais lembrada quando o assunto é exteriorização dos sentimentos pessoais. Telles, assim como Lispector, tem sua narrativa considerada como psicológica nas notas de teoria narrativa, e com todos os motivos. O que permite à escritora essa definição é certamente o adentramento profundo no íntimo de suas personagens, característica que marca desde seus contos e romances iniciais até os mais recentes. Sua escritura, todavia, não para por aí; seria enganoso e reducionista dizer que por dar maior espaço aos aspectos psicológicos de suas personagens, a escritora deixa de lado seu comprometimento com a situação social de seu tempo. A própria escritora nos diz sobre este seu compromisso como intelectual em muitas de suas entrevistas, e livros seus como “As meninas” e “As horas nuas”, que fazem uma denúncia da crueldade da ditadura em nosso país, atestam a seriedade com que vê seu espaço de fala, não se restringindo, como se poderia pensar, às questões femininas e feministas de seu tempo. Destarte, pretendo neste trabalho, apontar e analisar as escapadelas ao psicologismo predominante na obra de Lygia Fagundes Telles para mostrar como esta se posiciona como uma escritora que não se cala frente às desmazelas de sua sociedade. PALAVRAS-CHAVE: mulher intelectual; escrita feminina; literatura e história; Lygia Fagundes Telles ENTRE TONANTZIN E MALINALLI: FIGURAS AMBIVALENTES NO ROMANCE MALINCHE DE LAURA ESQUIVEL Rafael Adelino Fortes (UEL/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] Luciana Brito (UENP/UEL) [email protected] RESUMO: Este trabalho concentra-se nas análises do mito de Coatlicue e da história de Malinalli, ambas presentes no Romance Malinche(2008), de Laura Esquivel. Esta pesquisa será desenvolvida a partir dos estudos de Krickeberg (1964; 2004) sobre os antigos povos mesoamericanos e como a representação do culto de alguns deuses refletem na vida de Malinalli ou Doña Marina, ao mesmo tempo, pretende-se analisar a representação do choque entre a cultura mesoamericana com a cultura cristã europeia, a qual foi imposta aos nativos. Também será traçado um paralelo entre o mito de Coatlicue ou Tonantzin e a história que Laura Esquivel reconta acerca de Malinalli (2008). Embora o romance faça menção a vários acontecimentos da história da conquista do México, de deuses alheios ao foco deste trabalho, este estudo procura apenas desenvolver uma análise das alegorias que cercam o mito de Coatlicue e a reconstrução da personagem Malinalli, apontando os pontos paralelos e as ambivalências das personagens, ora apresentam-se muito próximas, ora distantes. As características que este estudo pretende demonstrar é a relação da deusa-mãe Tonantzin com seus filhos e marido e também a relação entre Malinalli com Hernán Cortez e os filhos advindos desta relação, assim como em Tonantzin, uma convivência marcada pela luta da sobrevivência em nome da honra, em Malinalli, a submissão como meio resistência e preservação de sua vida. PALAVRAS-CHAVE: Malinche; Malinalli; Tonantzin; personagens. SENSUALIDADE E ESTERILIDADE: AS MULHERES MULATAS DE JORGE AMADO Bárbara Poli Uliano Shinkawa (IFPR – Paranavaí/ PG – UEL) bá[email protected] RESUMO: As personagens femininas construídas por Jorge Amado sempre atraíram os olhares curiosos de leitores e de telespectadores nas adaptações para televisão e cinema. Embora haja o retrato de mulheres comuns da sociedade baiana: submissas aos maridos, brancas e frias; grande parte da obra do escritor baiano se dedica a descrever e a encantar os receptores de suas histórias com mulatas maravilhosas, quentes, sedutoras, marginalizadas e estéreis. O presente trabalho se propõe a revisitar algumas obras do escritor e pontuar brevemente a construção das personagens mulatas, a origem pobre, marginal e sofrida, além da marca comum entre elas que é a da infecundidade. Pautado na questão da miscigenação e na da pretensa democracia racial; em autores como Healey, Freyre, Schwarcz, entre outros, a análise aviva características sócio-culturais e raciais presentes em trechos dos romances de amado, previamente escolhidos. Percebe-se, sem dúvida, que as mulatas de Jorge Amado, em sua grande maioria, poderiam ser chamadas de “híbridas”, pois embora o autor fosse um grande defensor da mistura de povos e culturas; os frutos ficcionais femininos dessa confluência de origens são incapazes de prosseguirem com o que é tido, em muitas obras amadianas, como “a solução para os problemas sociais brasileiros”, que é a mistura, e permanecem apenas como objetos de insaciáveis desejos. PALAVRAS-CHAVE: Mulher; Miscigenação; Fecundidade; Sociedade. ASPECTOS CONSERVADORES E A FIGURA FEMININA EM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO Jéssica Caroline de Lima Círico (G-UNIOESTE) [email protected] Valdomiro Polidóro (Orientador-UNIOESTE) RESUMO GERAL: O presente artigo tem como objetivo analisar os aspectos conservadores da obra Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley por meio da representação da figura feminina, especificamente das personagens Linda e Lenina, a fim de desconstruir a visão patriarcal e conservadora que a leitura da obra propõe. A distopia escrita no período entre-guerras apresenta diversos pontos em que há referências à moral cristã e tradicional da época, o que representa uma suposta degradação da sociedade devido aos avanços científicos e tecnológicos. Deste modo os aspectos relacionados à figura feminina também demonstram rompimento com os valores conservadores vigentes do período destacando a sociedade como naturalmente falocêntrica, além de posicionar a mulher em papeis inferiores aos dos homens subentendendo que cada um deve desempenhar funções específicas de acordo com as leis socialmente impostas pela moral judaicocristãs. Usaremos como base para esta análise os escritos de Edmund Burke, no que concerne à identificação dos aspectos conservadores na obra, com a obra Reflections on The Revolution in France (1790). Simone de Beauvoir com O Segundo Sexo (1970) para o que se refere à mulher na sociedade e Kate Millet em Politica Sexual (1970), esta última para as relações políticas envolvendo a figura feminina na obra. PALAVRAS-CHAVE: Admirável Mundo Novo; Feminino; Conservadorismo. UMA ANÁLISE DO FEMININO NAS TRAGÉDIAS DE SHAKESPEARE: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E COMPARADA Mayara Cirico. (G –UNIOESTE) Heloyse Rossi (G – UNIOESTE) Rayana Marcon (G –UNIOESTE) Valdomiro Polidório (Orientador/ UNIOESTE) RESUMO: Devido ao seu grande conhecimento sobre a natureza humana, o dramaturgo inglês William Shakespeare conseguiu tratar, de maneira complexa e completa, os mais íntimos sentimentos humanos. Além disso, ele deve ser destacado pela incrível relação com o feminino em suas obras, o que pode significar – também - uma crítica ao machismo da época, tendo em vista os contextos da Era Elisabetana e Jacobina. Podemos perceber que a mulher ganha papéis, muitas vezes o principal ou decisivo na trama, o que contraria os princípios do contexto histórico em questão. Em acréscimo, para dar vida, de tal maneira, às personagens femininas é preciso ser conhecedor do que se passa na mente e no coração dessa mulher. E Shakespeare parecia conhecer muito bem. Por fim, observamos a necessidade do estudo da figura feminina na obra do autor, uma vez que elas foram construídas em sua total essência, e, por isso, desempenham papel fundamental, contribuindo, ainda, para a atemporalidade das obras. Aproveitando-se disso, o presente artigo busca fazer uma análise das principais personagens femininas nas tragédias: Hamlet, Macbeth, Otelo e Rei Lear, sob uma perspectiva comparada (ao masculino) e histórica, com o objetivo de entender a relação homem-mulher e a importância desta (mulher) para as obras e o contexto em que foram escritas. PALAVRAS-CHAVE: feminino em Shakespeare; mulher; tragédias shakespearianas SIMPÓSIO: MULTICULTURALISMO/PLURILINGUISMO EM FOCO: LINGUAGEM E IDENTIDADES Ciro Damke (UNIOESTE) [email protected] Loremi Loregian-Penkal (UNICENTRO) [email protected] Mariléia Gärtner (UNICENTRO) [email protected] RESUMO GERAL: O legado cultural de uma determinada etnia é composto pelos bens relativos às identidades, à ação e à memória dos diferentes grupos que (con)vivem na comunidade pesquisada. Damke e Savedra (2013, p. 7) definem o Brasil como sendo um país "plurilíngue e multicultural" em virtude da participação de diversas raças na sua formação étnica, linguística e cultural, o que acaba por gerar grande diversidade cultural e linguística. Assim, o presente simpósio busca agregar pesquisas que abordem a temática do plurilinguismo e do multiculturalismo, no viés do que Napolitano (2005, p. 7) denomina de "grande mosaico nacional onde os vários brasis se encontram". Ou seja, visamos proporcionar um espaço de discussão, em especial mas não só, das várias línguas de imigração (e/ou línguas minoritárias), com destaque às atividades que possibilitem a promoção da visibilidade das culturas (i)migrantes e de levantamento dos aspectos culturais dessas comunidades, com intuito de divulgar a diversidade cultural, os saberes e modos de fazer, as formas de se expressar, os rituais, as brincadeiras, o idioma e as crenças desses povos. Dessa forma, esperamos reunir pesquisadores de diferentes instituições brasileiras de ensino superior, em que diferentes perspectivas teóricas serão acolhidas, no intuito de se discutir fenômenos variados relativos às temáticas acima descritas. PALAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo; plurilinguismo; identidades; legado cultural; imigrantes. SIMPÓSIO MULTICULTURALISMO/PLURILINGUISMO EM FOCO: LINGUAGEM E IDENTIDADES Ciro Damke (UNIOESTE) [email protected] Loremi Loregian-Penkal (UNICENTRO) [email protected] Mariléia Gärtner (UNICENTRO) [email protected] RESUMO GERAL: O legado cultural de uma determinada etnia é composto pelos bens relativos às identidades, à ação e à memória dos diferentes grupos que (con)vivem na comunidade pesquisada. Damke e Savedra (2013, p. 7) definem o Brasil como sendo um país "plurilíngue e multicultural" em virtude da participação de diversas raças na sua formação étnica, linguística e cultural, o que acaba por gerar grande diversidade cultural e linguística. Assim, o presente simpósio busca agregar pesquisas que abordem a temática do plurilinguismo e do multiculturalismo, no viés do que Napolitano (2005, p. 7) denomina de "grande mosaico nacional onde os vários brasis se encontram". Ou seja, visamos proporcionar um espaço de discussão, em especial mas não só, das várias línguas de imigração (e/ou línguas minoritárias), com destaque às atividades que possibilitem a promoção da visibilidade das culturas (i)migrantes e de levantamento dos aspectos culturais dessas comunidades, com intuito de divulgar a diversidade cultural, os saberes e modos de fazer, as formas de se expressar, os rituais, as brincadeiras, o idioma e as crenças desses povos. Dessa forma, esperamos reunir pesquisadores de diferentes instituições brasileiras de ensino superior, em que diferentes perspectivas teóricas serão acolhidas, no intuito de se discutir fenômenos variados relativos às temáticas acima descritas. PALAVRAS-CHAVE: imigrantes. Multiculturalismo; plurilinguismo; identidades; legado cultural; ESTEREÓTIPOS DO IMIGRANTE NORDESTINO: A QUALQUER VIDA SEVERINA OU A VIDA SINGULAR QUALQUER DE SEVERINO Júlio César Alves da Luz (UNISUL) [email protected] RESUMO GERAL: Vida severina é a metáfora que em João Cabral de Melo Neto designa um gênero de vida que marca o elemento humano do sertão nordestino, acepção generalizante que identifica um aglomerado indiferenciado, reconhecido nos traços estereotipados de uma imagem reproduzida.“Iguais em tudo na vida”, como diz o poeta, Severinos são todos daquela massa de vidas nuas – num conceito do filósofo Giorgio Agamben –, vidas condenadas ao ostracismo dos interesses e atenções das esferas do poder, excluídas da política, despojadas de direito. É a vida daqueles sertanejos, do retirante, marginalizados, rebaixados ao qualquer um de uma massa genérica de vidas anônimas.Problematizando o olhar vitimizante que estigmatiza essa figura do imigrante nordestino, presente num forte veio da produção literária regionalista no Brasil, este trabalho é uma proposta de leitura de Morte e Vida Severina, a fim de colocar em questão, sobretudo, os aspectos identitários que encerram essa figura e sua cultura num retrato reducionista.Para tanto, parte duma abordagem em que lê o sentido de vida severina como vida nua,explorando, sob esse viés, os termos em que se dá sua problemática representação, à qual contrapõe outra perspectiva de leitura,propondo-se repensar a figura do retirante de Melo Neto como expressão potencial, conforme Agamben, de uma singularidade qualquer, o ser qualquer que não se confunde com o qualquer ser, que não é universal, nem individual, um ser sem pertença, que não reivindica identidade e que permite, pois, questionar os reducionismos que confinam o imigrante nordestino num retrato distorcido. PALAVRAS-CHAVE: Imigrante Nordestino; Estereótipo; Identidade. FALANTES DE UCRANIANO E A AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO Claudia Aparecida Voitovicz (UNICENTRO) Loremi Loregian-Penkal (UNICENTRO) RESUMO GERAL: Em Mallet, Paraná, uma das etnias de descendentes de imigrantes é a de ucranianos. Estes descendentes tinham como língua materna o ucraniano, mas por vários fatores acabaram adquirindo uma segunda língua, o português. Esta pesquisa visa analisar como se deu a aquisição/aprendizado do português por parte de doze falantes de ucraniano, acima de cinquenta anos, nascidos e residentes na cidade pesquisada. Nessa perspectiva, iremos verificar também a questão da Era Vargas, período em que os falantes de línguas estrangeiras foram proibidos de falar outros idiomas que não o português. Faremos isto com a intenção de investigar se essa proibição interferiu na fala e no aprendizado da língua ucraniana por parte dos descendentes pesquisados, atentando para o que as pessoas que não falavam o português faziam nesse período de proibição. A análise se deu por intermédio de narrativas de experiência pessoal, utilizando-se para tal do aparato teórico metodológico consagrado na sociolinguística variacionista. Dos doze informantes analisados, seis relataram ter aprendido a falar o português somente na escola. Uma informante afirmou ter aprendido a falar o português ouvindo a conversa dos vizinhos com os pais. Outros cinco informantes relataram que aprenderam a falar português em casa desde pequenos, mas quando começaram a estudar conversavam em português, ucraniano e polonês. Em relação à questão da proibição, a maioria associou às questões da igreja. Apesar dos relatos confirmarem que houve a proibição na cidade, nenhum deles recordou de algo nesse aspecto envolvendo os familiares, somente os padres. PALAVRAS-CHAVE: ucraniano; português; Era Vargas, sociolinguística. POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E EDUCACIONAIS SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ALEMà EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON, PARANÁ Franciele M. Martiny (UNIOESTE/Bolsista Doutorado/CAPES) [email protected] Clarice N. von Borstel (UNIOESTE/Orientadora) [email protected] RESUMO: Neste estudo pretende-se apresentar dados investigados sobre as políticas educacionais e linguísticas que fizeram parte do ensino formal de língua alemã em Marechal Cândido Rondon, Paraná. Para tanto, pesquisou-se documentos em colégios do município para verificar quando houve a escolarização da referida língua de imigração no município. De acordo com os resultados preliminares, constatou-se que em três colégios particulares e dois colégios estaduais houve o ensino do alemão, em alguns, de maneira obrigatória e outros, em caráter opcional, principalmente durante a década de 1990. Por outro lado, atualmente, embora ainda a maior parte da população seja de descendentes de imigrantes alemães, não há mais o ensino de língua alemã nas escolas, sendo apenas ofertada como língua estrangeira pelo CELEM, em um colégio localizado na área urbana, e na Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus de Marechal Cândido Rondon, como licenciatura em Letras Português/Língua Alemã. Menciona-se que o presente estudo baseia-se em uma perspectiva sociocultural da linguagem e ressalta as relações entre língua e aspectos históricos, por meio de estudos sociolinguísticos. Nesse sentido, acredita-se que as políticas linguísticas e educacionais em torno de línguas de imigrantes, dentro de uma perspectiva de Educação de Língua, deveriam ser ensinadas e relacionadas aos seus aspectos culturais plurilíngues, como língua franca e não como língua estrangeira. PALAVRAS-CHAVE: Politicas linguísticas; Educação de língua; Língua e Cultura alemã. OS IMIGRANTES ALEMÃES E ITALIANOS NO BRASIL: UMA VIAGEM ENTRE SONHOS E REALIDADE Ciro Damke – Unioeste RESUMO: Os imigrantes alemães e italianos ao emigrarem de seus países da Europa para a nova pátria, em grande parte, eram forçados pelas péssimas condições de vida de seus países de origem. Os sonhos de uma vida melhor e da construção de um futuro mais digno para si e suas famílias, as propagandas, a descrição das belezas e da fertilidade da terra devem ter falado alto em seu imaginário. Numerosos autores falam da beleza das terras, da fauna e flora brasileiras. Américo VESPÚCIO (1984, p. 96), citado por ZANETTE (2013, p. 53) diz [...] se o paraíso terrestre em alguma parte da terra existir, não longe daquelas regiões estará distando estimo. ZANETTE (2013, p. 78), baseada no LE GUIDE ROUTARD (2001, p. 4), fala da praia, da areia, da caipirinha e da beleza das moças, [...] com biquínis muito generosos. A frase exclamativa [Ah, il Brasile!] dá um ar malicioso ao trecho, que mais uma vez refere-se a todo o país. O próprio Colombo em seu Diário de Bordo (FUSON, 1987, p. 186), frequentemente fala da beleza e fertilidade da terra e que algumas montanhas parecem tocar o céu e seus picos parecem pontas de diamantes. O que era a ilha da fantasia (DAMKE e SAVEDRA, 2013, p. 182) dos imigrantes alemães? De que era formada a Cocanha (POZENATO, 2000, p. 11) dos italianos? O que eram sonhos e o que era realidade? São algumas questões que tentaremos responder neste trabalho. PALAVRAS-CHAVE: imaginário popular; imigrantes alemães e italianos; sonhos e realidade. LÍNGUA E IDENTIDADE: A LÍNGUA ALEMà EM DUAS COMUNIDADES DO OESTE DO PARANÁ Andréia Cristina de Souza (UNIOESTE) [email protected] Ciro Damke (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O objetivo do presente trabalho é apresentar algumas discussões referentes à relação língua e identidade, buscando verificar como esta relação pode influenciar o uso de uma língua e, ainda, como a língua apresenta-se como constituinte e constitutiva da identidade dos falantes. Para isso, serão analisados depoimentos de descendentes de imigrantes alemães, coletados por Souza (2011), de forma interdisciplinar, considerando algumas discussões da sociolinguística, da sociologia, da antropologia e dos estudos culturais. O corpus em questão refere-se aos depoimentos de doze informantes de duas comunidades de características diferentes, que apresentam um número considerável de descendentes de imigrantes alemães: Marechal Cândido Rondon e Santa Rita D`Oeste – Terra Roxa, ambas da região oeste do Paraná. Para este trabalho foram selecionados relatos considerados importantes para a discussão do tema proposto. As análises realizadas revelam uma diferença entre a identificação dos informantes em relação à língua e à cultura alemã em cada comunidade, o que pode remeter ao fato de Marechal Cândido Rondon ter tomado como identidade a cultura germânica. Acredita-se que essas discussões sejam relevantes para compreender um pouco mais da cultura desses descendentes. No entanto, este estudo pretende trazer apenas uma leitura possível desse contexto de línguas e culturas em contato, visto que muitas outras leituras, por meio de outras pesquisas, podem auxiliar cada vez mais para a compreensão dessa cultura e de outras que compõem o contexto da diversidade linguística e cultural do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Identidade; línguas em contato; língua alemã. TORNANDO-SE TOCANTINENSE: AS ORIGENS DESTE POVO Thiago José Arruda de Oliveira. UNIOESTE/Bolsista de doutorado – CAPES [email protected] RESUMO GERAL: A constituição da população do Tocantins é iniciada no século XVIII, com a descoberta de ouro no atual sudeste tocantinense. Este metal precioso atraiu a vinda de aventureiros de origem europeia, que junto com os escravos negros, e a população indígena nativa, forma-se o primeiro grupo multicultural no futuro Estado. Com o término desta fase, as pessoas que persistiam viver nesta região, além dos baianos, maranhenses e piauienses, que atraídos pelo clima favorável, investem na aquisição de boiadas e terras, expandindo a atividade pecuarista na região. Este cenário, primordialmente rural, persiste até o segundo ciclo de ocupação, que tem como base as ações políticas, formuladas pelo governo federal a partir da década de 1930, com a Marcha para o Oeste, que constroem grandes rodovias, assim possibilitando a vinda de pessoas oriundas de outras partes do país. Neste período, a região recebe fluxos populacionais significativos, principalmente nas cidades localizados na rodovia BR – 153, a Belém-Brasília, aumentando a população urbana em detrimento da rural. Neste período, também verifica-se a ocupação intensiva da terra, e o crescimento dos latifundiários produtores de grãos. A proposta desta comunicação é discutir as contribuições das misturas e diferenças culturais observadas ao longo do tempo, expondo os impactos destas transformações adquiridos por este povo. Atualmente, nota-se que o tocantinense é o resultado de movimentos migratórios, uma mistura entre o modo de vida rural e urbana. PALAVRAS-CHAVE: multiculturialismo; migração; legados rurais e urbanos. BILINGUISMO EM SITUAÇÕES DE ESCRITA: A RECEITA CULINÁRIA NO COTIDIANO DAS MULHERES DESCENDENTES DE ALEMÃES Silvana Soares da Silva Matuchaki (MESTRADO -UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: O presente artigo apresenta uma reflexão acerca da escrita de donas de casa, descendentes de alemães, que aprenderam o dialeto alemão falado em seu meio familiar, estabelecendo o contato com a língua portuguesa somente na educação primária. A formação da identidade e da cultura de um grupo encontra-se interligada com a diversidade linguística que a reflete por meio da interação entre os falantes, seja por meio da fala ou da escrita. Os grupos de descendentes de alemães, que colonizaram o sul do Brasil, representam essa diversidade, em que são estabelecidas as relações das línguas em contato, que sobrevivem no meio familiar e social (DAMKE, SAVEDRA, 2013). Dessa maneira, questiona-se a forma como a escrita está presente no cotidiano dessas donas de casa e como ocorre o processo de letramento. Dessa maneira, o objetivo é analisar a influência da oralidade na escrita de donas de casa, destacando o processo de letramento (SOARES, 1999; KLEIMAN, 2005) no contexto social e familiar. Para isso, toma-se como objeto de estudo os cadernos de receitas, tendo em vista o conceito de língua escrita como prática social, estruturada a partir do gênero receita culinária, pertencente à esfera familiar de circulação. A partir dessa análise, compreende-se que o próprio meio influencia e estimula o uso da escrita nas mais diversas situações sociais e, nesse caso, os textos que circulam na esfera familiar fazem das donas de casa, sujeitos competentes linguisticamente, mesmo que nesses textos estejam presentes as marcas da oralidade, próprias das línguas em contato. PALAVRAS-CHAVE: Letramento; identidade e cultura; línguas em contato. ELEVAÇÃO DE VOGAIS EM FALANTES DESCENDENTES DE ESLAVOS DE MALLET-PR Loremi Loregian-Penkal (UNICENTRO) Luciane Trennephol da Costa (UNICENTRO) RESUMO GERAL: Este trabalho analisa a regra variável de elevação da vogal média anterior /e/, em posição postônica final, na fala de moradores da zona rural e descendentes de imigrantes eslavos (majoritariamente poloneses) de Mallet, cidade localizada na região Centro-Sul do Paraná. Para esta pesquisa foram levantadas todas as ocorrências da vogal média anterior /e/ de entrevistas sociolinguísticas (com, no mínimo, 40 minutos de fala cada) de 12 informantes do banco de dados do projeto VARLINFE (Variação Linguística de Fala Eslava). Para que fosse construída uma amostragem equilibrada, que permitisse investigar a influência das variáveis sociais no comportamento linguístico, privilegiou-se a seleção de igual número de informantes, no que concerne à estratificação por sexo, faixa etária e grau de escolaridade. A análise baseia-se nos pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria da Variação Linguística (cf. WEINREICH; LABOV e HERZOG, 1968), que postula a sistematicidade dos fenômenos variáveis, bem como a existência de uma relação entre as variantes linguísticas e a comunidade de fala. PALAVRAS-CHAVE: elevação de vogais; eslavos; variação linguística. A CULTURA RELIGIOSA E A ESCRITA IDENTITÁRIA ÁRABE NAS LÁPIDES DO CEMITÉRIO MUNICIPAL Clarice Nadir von Borstel (Unioeste) RESUMO: A presente comunicação tem como objetivo apresentar a cultura religiosa e a língua identitária de um pequeno grupo que veio dos países árabes (da Palestina e do Líbano), na década de sessenta, para Marechal Cândido Rondon, Paraná, observando a escrita árabe e a simbologia religiosa utilizada nas lápides do Cemitério Municipal. Para tanto, pretende-se analisar e interpretar a linguagem utilizada de forma linguística discursiva, tomando o discurso em um quadro mais amplo, cultural e eventualmente intercultural, o que permite situar a escrita árabe e os símbolos nas lápides sob o enfoque linguístico, sociocultural e histórico de forma identitária. Apresentam-se, assim, os fatores de imigração deste grupo para esta comunidade, a simbologia religiosa no uso de enunciados semióticos para mostrar esses dados utilizados na e pela linguagem discursiva de memória no tempo e no espaço, desse pequeno grupo de cultura étnica. O intuito é mostrar o uso situacional e identitário desses recursos linguísticos e semióticos, em situações discursivas, utilizadas pelos familiares quando do uso da escrita árabe e de símbolos religiosos nas lápides do cemitério de seus entes familiares. PALAVRAS-CHAVE: Cultura religiosa, memória sócio-histórica, escrita árabe em lápides. IVANA KUPALA: UMA FESTA “QUASE PAGÔ NO ESPAÇO RELIGIOSO Mariléia Gärtner (UNICENTRO) Vanderlei Kroin (NEES/ Proext - UNICENTRO) RESUMO: O Núcleo de Estudos Eslavos/NEES registrou as festas populares/ tradicionais da cultura eslava (polonesas e ucranianas) da região Sul do Paraná, como parte do Patrimônio Cultural Eslavo. A Festa de Ivana Kupala, que tradicionalmente ocorre no mês de julho, na cidade de Mallet/PR, por seu caráter de hibridismo cultural, destacou-se entre as inúmeras festas localizadas e registradas. Ivana Kupala é uma festa ucraniana muito antiga, que ocorre em homenagem ao Deus pagão Kupalo, realizada na Ucrânia desde a era pagã. Com o advento do Cristianismo tornou-se uma homenagem, também, a São João Batista, daí o nome Ivana Kupala: Ivana (João/ deus cristão) e Kupala (deus pagão). Em Mallet/PR a festa é uma homenagem a fertilidade da colheita, pedindo para o Deus Kupalo e a Deusa Marena uma boa fartura e um bom casamento. Assim, é cercada de crendices e lendas. Todo o ritual festivo é acompanhada de muita dança, música e comidas típicas ucraniana. Enfim, a cultura eslava no sul do Paraná enfrentou uma série de embates e modificações, e no processo de mapeamento da cultura imaterial desses grupos, o Núcleo de Estudos Eslavos/NEES, localiza as festas, que podem ser entendidas como celebrações que reafirmam os laços sociais e culturais, aproximando os homens, além de resgatar suas lembranças e emoções, por traduzirem sua cultura e linguagem no imigrante (e descendentes) eslavos. PALAVRAS-CHAVE: Cultura religiosa, memória sócio-histórica, escrita árabe em lápides. LÍNGUAS DE FRONTEIRA: APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA EM GUAÍRA, PARANÁ Simone Beatriz Cordeiro Ribeiro (UNIOESTE/Bolsista de Doutorado CAPES) [email protected] Clarice Nadir von Borstel (UNIOESTE/Orientadora) [email protected] RESUMO GERAL: O presente estudo, ainda em fase inicial, procurará verificar como se desenvolve a busca pela aprendizagem da Língua Espanhola, no município de Guaíra, Paraná. Por se tratar de um contexto de fronteira Brasil e Paraguai, acredita-se que, em decorrência da proximidade entre as duas nações e a língua materna de cada uma, deva haver uma procura satisfatória pela Língua Espanhola nos centros de ensino municipais, estaduais e particulares da região fronteiriça que compreende a cidade de Guaíra. Para tanto, alguns fundamentos teóricos serão de extrema valia, como o referencial da Linguística Aplicada pautado em Moita Lopes (1998) e Cavalcanti (1999); da Sociolinguística Interacional por Gumperz (1991, 1998); da Sociolinguística por Labov (1983, 2008), Calvet (2002), Tarallo (2005), Bortoni-Ricardo (2008), entre outros; quanto aos aspectos de línguas de fonteira o estudo será pautado, principalmente, em Sturza (2005, 2006, 2008 e 2010). Também serão levantados dados sobre o processo histórico da cidade de Guaíra e as Políticas Linguísticas concernentes à aplicação do ensino da Língua Espanhola nesta região, procurando verificar a relação língua, cultura e ensino de língua, por meio da análise dos aspectos sociolinguísticos interacionais, socioculturais e educacionais. Como o estudo, ainda, encontra-se em fase inicial, neste momento, serão tecidas algumas reflexões teóricas que venham a embasar o estudo e que venham a dar suporte a futuras análises e interpretações. PALAVRAS-CHAVE: Línguas de fronteira; Políticas Linguísticas; Língua Espanhola. A ESCOLA E A DIVERSIDADE DAS CULTURAS, LÍNGUAS E DIALETOS EM CONTEXTO DE IMIGRAÇÃO UCRANIANA NO MUNICÍPIO DE PRUDENTÓPOLIS PR Marta Maria Simionato (UNICENTRO) [email protected] Vanessa Makohin Costa Rosa (UNICENTRO) [email protected] Sergio Luiz Kutzmy (UNICENTRO) [email protected] RESUMO GERAL: A presente pesquisa teve como contexto o município de Prudentópolis - PR, cidade conhecida pela descendência ucraniana, sendo que cerca de 75% da população, segundo dados do IBGE, (2010) compartilham o mesmo dialeto e cultura. Nesse sentido se torna de significativa importância pesquisas realizadas nessa área, especialmente ao que se refere à educação, pois percebemos a cultura, língua e dialeto intimamente ligados. Por essa razão, tivemos como objetivo, investigar como cultura e língua/dialeto são vistos entre os muros da escola, verificando a existência de crianças que falam o dialeto ucraniano. Diante do objeto investigado, buscamos compreender como os professores da instituição pesquisada, se posicionam quanto ao processo de ensino e aprendizagem, uma vez que encontramos alunos bilíngues do ucraniano/português e alunos monolíngues do ucraniano. O micro-contexto da pesquisa, uma escola formada eminentemente por crianças e professores descendentes de imigrantes ucranianos de terceira e quarta gerações. O resultado da pesquisa indica ainda, a necessidade de políticas educacionais que valorizem e preservem a cultura e dialeto/língua ucraniana na comunidade, mediados pelo capital cultural e linguístico ainda preservado e falado em Prudentópolis, sobretudo, nas comunidades interioranas. Evidenciamos ainda, a mescla do dialeto ucraniano e língua portuguesa dentro e fora da escola, formando outro modo de falar, singular e reconhecido pela comunidade, muitas vezes majoritário para a comunicação orolocal. PALAVRAS-CHAVE: Dialeto Ucraniano; Cultura; Diversidade Cultural. EU FALO “TAITSCH”: O HUNSRÜCKISCH COMO HERANÇA LINGUÍSTICA E CULTURAL DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ALEMÃES DE MISSALPARANÁ. Eliane Kreutz Rosa (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Partindo da premissa que a língua faz parte da identidade e da cultura de um povo (Blanchet, 1998; Fernández, 2009), pretende-se, nesta comunicação, abordar alguns aspectos linguísticos e identitarios e o modo como os descendentes de imigrantes alemães de Missal-Paraná veem a variedade linguística Hunsrückisch como elemento constituinte de sua identidade, de sua cultura, de sua maneira de ser e de viver. Para estes descendentes falar em alemão, não é apenas falar a língua, mas dela fazem parte os valores que estão presentes no falar o Hunsrückisch desde a infância. Esta é a língua de seus antepassados, a língua que aprenderam em casa e este fato vem ao encontro da afirmação de Grosjean (1982) de que a língua é uma herança cultural de seus pais. PALAVRAS-CHAVE: Língua; cultura; identidade. CULTURA HIBRIDA E ENSINO: VOZES DE ALUNOS E PROFESSORES DE UMA COMUNIDADE/ESCOLA DE DESCENDENTES DE UCRANIANOS EM PRUDENTÓPOLIS – PR Marta Maria Simionato (UNICENTRO) [email protected] Sergio Luiz Kutzmy (UNICENTRO) [email protected] Vanessa Makohin Costa Rosa (UNICENTRO) [email protected] RESUMO: O presente trabalho resulta do estudo realizado em uma comunidade/escola do campo formada essencialmente por grupo étnico de descendentes de ucranianos, situada do município de Prudentópolis, Paraná. O contato com a cultura e o domínio da língua/dialeto falado e, por ser descendente de ucranianos, inquieto com a forma com a cultura e o dialeto estão sendo apagados fez nos suscitar o interesse pela pesquisa. Ante as aparentes condições de hibridação das línguas em contato, português/ucraniano, nas mais distintas variações do português e de outras etnias, mas, sobretudo a ucraniana mais falada na comunidade, cristalizou-se o problema da pesquisa: identificar a hibridação cultural que ocorre no contato das línguas e suas variações; e o papel da escola à conservação da cultura e do dialeto ucraniano orolocal na perspectiva do domínio da língua culta nas modalidades oral e escrita e, analisar como advêm as hibridações culturais nas escolas do interior município, do ponto de vista dos docentes e dos discentes. Fundamentamos o estudo em Canclini (1997), e outros, de maneira especial no que se faz referência ao conceito de hibridação cultural e de cultura de forma mais amplo. Em decorrência a pesquisa, ratificou-se o anseio de grande parte dos estudantes e professores, de possuírem a língua e a cultura ucraniana mais cuidada e exercitada dentro da escola da comunidade analisada. PALAVRAS-CHAVE: Cultura hibrida; Identidade; Etnia. AS DIFERENÇAS ETNICO CULTURAIS NA ESCOLA Dimam dos Santos Pereira (UFMT – CBÁ) Isabel Pereira de Campos Filha (UFMT – CBÁ) RESUMO: O presente resumo questiona o preconceito étnico racial numa escola estadual a partir do olhar de uma coordenadora pedagógica negra que, durante o seu período de gestão, sente os reflexos da ação discriminatória e, por vezes vexatória, situações essas levantadas e ocasionadas no âmbito escolar e na dimensão das relações sociais profissionais com os pais dos alunos. Embora a sociedade contemporânea contemple o respeito aos direitos humanos e os valores da diversidade, ainda se efetivam comportamentos inóspitos e desumanos em locais específicos para a Educação formal. Cientes de que essa Educação é fundamental para transformação da realidade social, pois é na prática do ensino que a formação da cidadania dos alunos refletirá na vida cotidiana dos seus lares possibilitando a reversão do quadro atual. Seria a necessidade de um trabalho multiculturalista na escola?... Assim, na área de linguagem os professores de Língua Portuguesa utilizar-se-ão de inúmeras situações didáticas para o alcance de tal objetivo. Todo material apresenta um benefício. Mas nesse momento em especial, é interessante que os educadores reflitam a seguinte questão: Que leituras e proposições poderão ser inseridas para discussão e reflexão sobre o assunto? Quando fazer isso? Como inserir os pais no processo? São questões que, indubitavelmente, trarão a relevância dos valores que impregnados na criança, adolescente e adulto construirão o ser humano mais justo. Nessa perspectiva todos os esforços dos educadores serão válidos. PALAVRAS-CHAVE: Preconceito – Multiculturalismo - Espaço escolar. O PROGRAMA ESCOLA INTERCULTURAL BILÍNGUE DE FRONTEIRA: UM OLHAR PARA NOVAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS. Olga Viviana Flores - UNIOESTE, Cascavel. Resumo: O PEIBF criado em 2005 por uma ação bilateral Brasil-Argentina, propõe a progressiva transformação das escolas de fronteira em instituições interculturais bilíngues que ofereçam aos seus alunos uma formação com base num novo conceito de fronteira, ligado à integração regional e ao conhecimento e respeito pela cultura do país vizinho. Este trabalho visa mostrar o processo trilhado pelo Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF) e suas práticas pedagógicas, apontando a necessidade de novas políticas linguísticas em virtude do plurilinguismo e pluriculturalismo existentes na região de fronteira, tendo em vista sua influência na construção identitária dos seus habitantes. A educação bilíngue que defendo tem como objetivo a contextualização intercultural, ou seja, instruir as crianças por meio da L1 e a L2 para garantir igualdade de condições de chegar aos saberes básicos comuns, promovendo a identidade individual, o respeito, o reconhecimento das diferenças dos grupos étnicos que compõem os mosaicos nacionais, assim como a unidade necessária para fazer de cada um dos países uma nação. Sendo o PEIBF um meio com muitas possibilidades para que essa educação se concretize, busquei responder quais as características socioculturais e linguísticas da região de fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, como se processam as práticas pedagógicas das escolas bilíngues de fronteira e quais conceitos de linguagem, bilinguismo, interculturalidade e identidade estão subjacentes às práticas pedagógicas do PEIBF. Esta pesquisa se caracteriza como qualitativa, etnográfica, com estudo de caso e se apoia nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Aplicada (LA). Desenvolve-se tomando como base o conceito de linguagem, cultura e identidade como múltiplas, dinâmicas, híbridas e em constante transformação (SANTOS e CAVALCANTI, HALL, 2005; DAMKE, 1992, 2009; RAJAGOPALAN, 1998); de bi/multi/plurilinguismo como a capacidade de fazer uso de mais de uma língua (MAHER, 2007; CAVALCANTI, 1999; SANTOS, 2004; MOITA LOPES, SAVEDRA, 2009; DAMKE, 1992, 2009; VON BORSTEL, 1999, entre outros) e de políticas linguísticas adequadas ao contexto sócio educacional. (CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2009, 2003; HAMEL, 1999; SAVEDRA, 2003). Com isso, espero que este trabalho contribua com a inserção de novas escolas no PEIBF e que também possa fornecer subsídios para que, posteriormente, seja pensada uma política de ensino que leve em consideração a pluralidade linguística e cultural, características da região de fronteira. PALAVRAS-CHAVE: Linguagem, cultura e identidade; bi/multi/plurilinguismo, educação intercultural bilíngue; políticas linguísticas. ANÁLISE DOS PRONOMES PESSOAIS NA FALA DE DESCENDENTES ITALIANOS Wânia Cristiane Beloni (UNIOESTE/Bolsista de Pós-Graduação/CAPES) [email protected] Sanimar Busse (UNIOESTE/Bolsista/PIBID/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho tem o objetivo de apresentar uma descrição e análise do uso dos pronomes por falantes do talian, residentes em Cascavel-Paraná. Considerando que as línguas carregam consigo a história e a cultura dos seus falantes em, na sua face dinâmica, movimenta-se de acordo com os condicionantes internos e externos, a análise parte de um estudo comparativo do talian e do italiano padrão, para apresentar uma descrição e avaliação dos fenômenos de manutenção e inovação linguística na fala de descendentes italianos, falantes do talian. Quando os imigrantes italianos se instalaram no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, trouxeram consigo sua cultura e suas formas de falar. Quando se tornaram bilíngues, ou seja, falantes do português, acabaram incorporando à fala elemento do português e do dialeto vêneto, transformando a língua no talian. Passados mais de 60 anos de colonização, os descendentes italianos de Cascavel mantêm o talian em sua fala em situações específicas de comunicação, familiares ou sociais. Neste trabalho, pretende-se analisar o uso dos pronomes, identificar o seu conhecimento, a frequência e o contexto de uso. Os dados e as análises são parte da pesquisa de Mestrado, do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu, Mestrado e Doutorado em Letras, da Unioeste. PALAVRAS-CHAVE: Talian, manutenção, inovação linguística A ALFABETIZAÇÃO DE DESCENDENTES DE UCRANIANOS E A DIÁSPORA DA LÍNGUA MATERNA NA ESCOLA EM PRUDENTÓPOLIS/PARANÁ Marta Maria Simionato (UNICENTRO) [email protected] Vanessa Makohin Costa Rosa (UNICENTRO) [email protected] Sergio Luiz Kutzmy (UNICENTRO) [email protected] RESUMO: A presente pesquisa teve objetivo o estudo do processo de alfabetização em uma comunidade escolar localizada em contexto de imigração ucraniana, em Prudentópolis, na região centro-sul do Paraná, onde se concentra o maior número de descendentes de ucranianos do Brasil. Investigamos, na comunidade, o contexto linguisticamente complexo vivenciado por uma turma de crianças em processo inicial de alfabetização e sua professora, também descendente de ucranianos. Os dados de pesquisa foram interpretados a partir do referencial teórico que teve como pressupostos os estudos de Bakhtin e seu Círculo (1993, 1997, 1998, 1999 e 2003a e 2003b), notadamente sobre a linguagem, e de Vygotski (1989, 1998 e 2003) sobre aprendizagem e desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural. As discussões teóricas sobre multiculturalismo, bilinguismo, letramento foram desenvolvidas com base em autores como Cavalcanti (2001), Bortoni-Ricardo (2004, 2005), Maher (1998, 2007) e outros. Por conseguinte, a compreensão defendida nesta pesquisa diz respeito à (des) construção da identidade cultural e linguística de crianças e à formação de professores que atuam em contexto de educação bilíngue e multicultural. Nesse sentido, os resultados a que chegamos indicaram que a língua ucraniana falada na comunidade e usada como língua social adentra à escola pelos falares das crianças e da professora, porém, ali, pouco espaço encontra para reverberar-se e, aos poucos, vai caindo em desuso. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Bilinguismo. Formação de professores. ETNOMATEMÁTICA, IDENTIDADE CULTURAL E FORMAS DE EXPRESSÃO: O CASO DOS IMIGRANTES E DESCENDENTES DE UCRANIANOS DA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ Clodogil Fabiano Ribeiro dos Santos (UNICENTRO/DEMAT/I) Grupo de Pesquisa FORMATI [email protected] RESUMO GERAL: A identidade cultural de um povo envolve aspectos característicos do respectivo grupo social relacionados com sua história e sua localização geográfica. As noções matemáticas do grupo social são o foco de interesse no presente trabalho. Diversos autores abordam as relações entre a cultura e os conceitos da matemática acadêmica, ensinados nas escolas de educação básica. A identidade cultural também foi objeto de discussão em alguns trabalhos. Contudo, nenhum deles se interessou especificamente por um grupo étnico oriundo de outro país. Ao se estabelecer histórica e geograficamente, os grupos humanos desenvolvem técnicas de interação com o ambiente à sua volta, culminando em sistemas de medida, de delimitação de território, de localização e de controle de utilização de recursos, incorporando-os à sua cultura, contribuindo para a construção de sua identidade sociocultural. A matemática popular merece destaque juntamente com outros aspectos, como a linguagem, as crenças e o folclore desse grupo. Assim, objetiva-se identificar os aspectos relacionados à etnomatemática dos imigrantes e descendentes de ucranianos entendidos como elementos de identidade cultural. Foram realizadas visitas às comunidades identificadas, de modo a realizar uma aproximação e um contrato de pesquisa e contatados pesquisadores no país de origem da comunidade, que desenvolvem pesquisas similares, envolvendo aspectos arqueológicos e antropológicos. Foram obtidos alguns resultados parciais, os quais serão objeto de análise mais detalhada. O primeiro estudo realizado consistiu em identificar diferenças entre a forma de leitura de horários feita por sujeitos entrevistados. Constatou-se uma diferença significativa entre as falas dos sujeitos entrevistados e os parâmetros de análise. PALAVRAS-CHAVE: Identidade cultural, etnomatemática, mensuração, formas de expressão. BILINGUISMO: ESTRATÉGIAS DE MANUTENÇÃO Nilse Dockhorn HITZ – UNIOESTE/ Doutoranda. [email protected] RESUMO: Este artigo tem como objetivo descrever o processo de interiorização da língua alemã e consequentemente a sua manutenção em comunidade de línguas em contato. Quando se cita língua alemã, refere-se ao Brasildeutshe (HEYE, 1986, p. 218), uma variedade “B”, que tem como superposta a variedade “A”, o Alemão Padrão da Alemanha. Para o autor é uma variedade composta de elementos da Língua Portuguesa e de vários dialetos alemães (pomerano e outras formas de platt) que é falado pelos descendentes de imigrantes alemães, gaúchos e catarinenses que migraram na década de 50 para o município de Nova Santa Rosa - PR. Pesquisa do tipo etnográfica, com pressupostos do interacionista simbólico e da sociolinguística, esta área da linguística (MOLLICA, 2012) estuda a língua em uso em uma determinada comunidade de fala, considerando em sua investigação os aspectos linguísticos e sociais, portanto é uma ciência interdisciplinar que fica na fronteira entre a língua e a sociedade. O corpus é formado pelas narrativas de cinco adolescentes que desenham o processo de socialização na infância e o contexto social dos falantes. Conclui-se que há a manutenção do bilinguismo, ainda, no circulo familiar e esporadicamente entre conhecidos. PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística; Línguas em Contato; Bilinguismo; Interacionismo Simbólico. SIMPÓSIO: LINGUAGENS E IDENTIDADES: MULTICULTURALISMO E INTERCULTURALIDADE NA EDUCAÇÃO Ana Paula M. Cartapatti Kaimoti (UEMS) [email protected] Luís Otávio Batista (UEMS) [email protected] Renata Lourenço (UEMS) [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio pretende reunir trabalhos dos participantes do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Multiculturalismo, Interculturalidade e Educação Inclusiva, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, e também de pesquisadores de outras instituições, inseridos na seguinte temática: a questão do multiculturalismo e da interculturalidade na educação. Segundo a evidência de nossa condição multicultural, torna-se necessário refletir sobre o desenvolvimento de uma cultura da diversidade, com vistas ao diálogo intercultural, que prime pelo direito à diferença e enfrente todas as formas de exclusão. Como reconhecimento dessa condição, recentemente, as leis 10639/03 e 11645/08 estabeleceram que todas as escolas da educação básica abordem a História e a cultura afro-brasileira e indígena, destacando as áreas de Educação Artística, Literatura e História. Essa exigência indica a relevância da discussão proposta para as licenciaturas e aponta para os seguintes questionamentos: como fazer da sala de aula um lugar no qual a predominância dos conhecimentos universais será problematizada de modo a desenvolver a interculturalidade? Para isso, como criar condições para que outras textualidades, indígenas, africanas, femininas, homoafetivas e as advindas das demais situações educativas especiais, possam manifestar-se? Conforme as linhas de pesquisa do grupo, “A formação de professores para a diversidade na perspectiva da educação inclusiva” e “Linguagens, identidades e relações multi/interculturais”, buscamos trabalhos que abordem tanto reflexões teórico-conceituais quanto experiências que promovam a interculturalidade na educação e na formação docente, tendo como foco a relação entre as textualidades mencionadas – artístico-literárias, entre outras – e os processos históricos e culturais de formação identitária. PALAVRAS-CHAVE: multiculturalismo; interculturalidade; formação docente; linguagem e identidade A LEI 11.645/08 INTERPRETADA SOB O VIÉS DA TRANSDISCIPLINARIEDADE Luís Otávio Batista – UEMS/Dourados [email protected] RESUMO: A transdisciplinariedade defende a desterritorialização do conhecimento focado na disciplinariedade, por meio da adoção de interlocuções de várias disciplinas. Para ela, não existem disciplinas mais importantes do que outras, num sentido de hierarquias. Todas são relevantes e possuem o seu grau de contribuição para a construção do conhecimento. Entretanto, necessitam se comunicar, dialogar, inclusive aquelas mais distantes, a fim de que o homem possa perceber mais nitidamente o mundo em que vive, no sentido de compreender e de gerar nele atitudes mais planetárias, hologramáticas, recursivas e dialógicas. A transdisciplinariedade também visa formar homens que olhem ao seu redor, de modo mais humano, com escuta sensível, solidário, tolerante, amoroso, contemplativo, atento, aberto e flexível, dentre outros, com vistas a respeitar a si próprio, os outros e o contexto em que habita. Levando-se em conta essa perspectiva da transdisciplinariedade de formar cidadãos conscientes, políticos e transformadores, esse trabalho tem por objetivo interpretar a Lei 11.645/08, a qual estabelece que as escolas dos ensinos fundamental e médio, públicas e privadas, abordem aspectos concernentes às textualidades afro-brasileiras e indígenas, em especial, nas disciplinas de Educação Artística, Literatura e História, sob o olhar transdisciplinar. PALAVRAS-CHAVE: Transdisciplinariedade; Lei n. 11.645/08; Interlocuções DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL: VELHOS DESAFIOS EM NOVOS TEMPOS Susana Aparecida Ferreira - UNIOESTE Aparecida de Jesus Ferreira – UNIOESTE [email protected] RESUMO: O objetivo desta comunicação é refletir sobre a diversidade étnico-racial na sala de aula, focalizando a possibilidade de o professor, por meio de novas metodologias e/ou de um ensino mais crítico e reflexivo, contribuir para a afirmação e valorização das identidades étnicoraciais, contribuindo para a minimização das diferenças em sala de aula. Entendemos estas questões como sendo social, histórica e culturalmente construídas e sua superação é, ainda, um desafio para o professor. Depois de conquistas como as ações afirmativas e documentos oficiais que tratam da diversidade étnico-racial no Brasil, intentamos refletir sobre como os professores, além de se orientarem por estes documentos oficiais, podem se valer das novas teorias de letramento para incentivar as discussões sobre o tema em sala de aula. Poderemos refletir a respeito da maneira como o professor consegue perceber a representação dos alunos e alunas negros e negras em sua sala de aula e como pode trabalhar estas questões de maneira mais eficaz e participativa, considerando que as identidades sociais são construídas também no meio escolar e por meio dela, o aluno se identifica e compreende o lugar que ocupa na sociedade. Para sustentar nossas reflexões, recorreremos a autores que versam sobre diversidade étnico-racial, como Ferreira (2009), (2011), (2012); Ferreira e Ferreira (2011); Gomes (2012), sobre novos letramentos, Monte Mór (2007), Street (2013), e formação de professores, Ferreira (2006); Kleiman (2008), entre outros que possam contribuir para estas reflexões. PALAVRAS-CHAVE: Diversidade étnico-racial; novos letramentos; minimização das diferenças. ESTUDO DE CASO E INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: A INCLUSÃO COMO VALOR DE APRENDIZAGEM Mayara Ferreira de Souza – UEMS/Dourados, MS [email protected] Adma Cristhina Salles Oliveira – UEMS/Dourados, MS [email protected] RESUMO: A presente pesquisa tem como objetivo identificar as defasagens cognitivas de alunos do Ensino Básico, por meio do estudo de caso e da metodologia etnográfica. Para isso, foram realizadas observações, registros e intervenções na experiência diária de alunos com deficiência intelectual, do Ensino Fundamental de uma escola regular, coletados durante o ano de 2011, no município de Dourados, MS. Nesse sentido, procuramos propor e mediar atividades que possibilitassem o desenvolvimento das potencialidades e estruturas cognitivas destes alunos, cuja participação no processo de ensino-aprendizagem encontrava-se muito aquém da participação dos demais colegas. Ao nos apropriarmos da teoria marxista e da metodologia histórico-cultural de Vygotsky, fundamentamos nosso trabalho e operacionalizamos a aplicabilidade de alguns instrumentos metodológicos, a fim de potencializar o aprendizado dos alunos com deficiência intelectual. Dentre estes instrumentos, utilizamos as reflexões de Maturana, para mediar a interação entre os alunos especiais e os “normais”, construindo uma relação de respeito ao diferente, superando preconceitos e fazendo dos alunos “ditos” especiais verdadeiros sujeitos da escola. Ao defender a inclusão, propomos uma reflexão prática e dinâmica na qual estes sujeitos se descobrem como capazes de se desenvolver no processo de ensino-aprendizagem, valorizando o conceito de alteridade e interculturalidade como fatores indispensáveis para outro olhar educacional. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Aprendizagem; Inclusão; Alteridade. A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA POR ALUNOS SURDOS POR MEIO DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: INCLUSÃO E AFETIVIDADE NO REAMEC1 Anderson Simão Duarte - UFMT [email protected] 1 Rede Amazônica em Educação em Ciências e Matemática Claudio Alves Benassi - UFMT Fábio Vieira de Souza Junior – UFMT RESUMO: Relato de experiências decorrentes do processo de aprendizagem da Língua Portuguesa como segunda língua – L2 – por cinco alunos surdos da cidade de Cuiabá/MT, oriundos de escolas públicas de Ensino Médio, escolhidos de forma aleatória, usuários da Língua Brasileira de Sinais – L1, tendo como facilitador/norteador as aulas de Ciências. A teoria da afetividade foi norteadora do trabalho por meio do qual o professor aprende o processo de aprendizagem do aluno surdo, pois para o sujeito surdo a Língua Portuguesa é uma língua estranha, distante e abstrata, logo, sem signo ideológico pelo distanciamento da identidade linguística desta língua oralizada. Entretanto, o educador necessita de uma representação legal da escrita como forma de comprovação de aquisição do conhecimento, representado pela modalidade escrita da Língua Portuguesa. Esta pesquisa aborda, como proposta didática e metodológica, o uso dos Números Semânticos, representações grafocêntricas da Língua Portuguesa-Libras e Libras-Língua Portuguesa, tendo como arcabouços teóricos o humanista Mikhail Bakhtin e os teóricos Levy Vygotsky e Fernando Rey. As atividades de ciências ocorrem de forma prática em ambiente naturais – extra sala. Após fotos e filmagens no decorrer das atividades práticas os alunos surdos representam(transcrevem) os conhecimento compartilhados na modalidade escrita da Língua Portuguesa em sala de aula com o uso de ferramentas digitais, lousa imantada e lousa branca. As atividades ocorrem com 04 (quatro) horas semanais, na UFMT / Cuiabá. A forma de interação aluno-educador é constituída exclusivamente pela LIBRAS, sem a presença de intérprete constituindo, portanto, a inclusão PALAVRAS-CHAVE: Língua Portuguesa; números semânticos; Ciências. INCLUSÃO SOCIAL E EXCLUSÃO INTELECTUAL Fausto José da Fonseca Zamboni – UNIOESTE [email protected] RESUMO: Na escola, as políticas de inclusão social para minorias são adotadas para estender ao maior número possível de indivíduos os benefícios da educação. Depois de muitos esforços para se adotar uma política inclusiva, quase toda a população brasileira em idade escolar frequenta a escola, e um número cada vez maior de adultos ingressa na universidade. Mesmo o ensino universitário é, por muitos, visto como um direito que a nossa sociedade injusta ainda não conseguiu oferecer a todos. Mas, na universidade, a obtenção de um diploma – e, portanto, a licença pública de exercer uma profissão – não pode ser tratada simplesmente como uma questão de direito, pois é preciso conquistar a competência de exercer um papel de responsabilidade na vida social. É preciso, portanto, procurar estratégias para que a ampliação do acesso à universidade não tenha como consequência imediata a diminuição das exigências acadêmicas, criando um ambiente propício ao relaxamento do esforço e à aceitação da mediocridade. Como esse tipo de prática pode afetar, não a apenas as profissões em particular, mas a própria sociedade como um todo? É chegado, pois, o momento de lançar um olhar acolhedor não apenas a algumas minorias, mas à grande maioria de estudantes que, nestas condições, se tornam vítimas de um novo tipo de exclusão: a exclusão intelectual. PALAVRAS-CHAVE: igualitarismo; crise do ensino; exclusão intelectual. AS DIFERENÇAS ÉTNICO-CULTURAIS NA ESCOLA Dimam dos Santos Pereira – UFMT/Cuiabá [email protected] Isabel Pereira de Campos Filha – UFMT/Cuiabá [email protected] RESUMO: O presente resumo questiona o preconceito étnico-racial numa escola estadual, a partir do olhar de uma coordenadora pedagógica negra que, durante o seu período de gestão, sente os reflexos de ações discriminatórias e, por vezes, vexatórias, situações essas levantadas e ocasionadas no âmbito escolar e na dimensão das relações sociais e profissionais com os pais dos alunos. Embora a sociedade contemporânea contemple o respeito aos direitos humanos e aos valores da diversidade, ainda se efetivam comportamentos inóspitos e desumanos em locais específicos para a educação formal. Cientes de que essa educação é fundamental para a transformação da realidade social, sabemos que é na prática de ensino que a formação da cidadania dos alunos refletirá na vida cotidiana dos seus lares, possibilitando a reversão do quadro atual, mostrando a necessidade de um trabalho multiculturalista na escola. Levando essa questão para a área de linguagem, os professores de Língua Portuguesa, por exemplo, poderiam utilizar inúmeras situações didáticas para o alcance de tal objetivo. Entretanto, nesse momento, em especial, é interessante que os educadores reflitam a seguinte questão: Que leituras e proposições poderão ser inseridas para discussão e reflexão sobre o assunto em questão? Quando devem fazer isso? Como inserir os pais no processo? São questões que, indubitavelmente, trarão a relevância dos valores que, impregnados na criança, adolescente e adulto, construirão o ser humano mais justo. Nessa perspectiva, todos os esforços dos educadores serão válidos. PALAVRAS-CHAVE: Preconceito; Multiculturalismo; Espaço escolar. AS PRÁTICAS INTERCULTURAIS NA EDUCAÇÃO: OS CONCEITOS DE MEMÓRIA, CULTURA E ANCESTRALIDADE EM PONCIÁ VICÊNCIO, DE CONCEIÇÃO EVARISTO Adma Cristhina Salles de Oliveira- UEMS/Dourados, MS [email protected] RESUMO: Este estudo tem como objetivo analisar a obra Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, com o intuito de discutir os conceitos de memória, identidade e ancestralidade, envolvendo reflexões educacionais que se referem ao texto literário e aos fatos históricos nos quais a obra se insere, estabelecendo conexões com os contextos sociais. O conteúdo da obra pertence às questões problemáticas da construção e do reconhecimento da identidade afrobrasileira. Um dos objetivos da análise é promover a interdisciplinaridade entre o conhecimento histórico e o literário na construção da identidade afro-brasileira; na interpretação do material didático; no reconhecimento da cultura de matriz africana, ação educacional imprescindível para a legitimidade das leis 10.639/03 e 11.645/8, as quais instituem a obrigatoriedade do ensino da história africana e indígena nos currículos do ensino básico brasileiro. Este trabalho pertence ao mote de colaboração cultural africana e afro-brasileira, promovendo a literatura africana como condutora da cultura afro-brasileira. A obra analisada vem demonstrar, por meio do enredo, a sensibilidade de uma literatura que socializa um saber real do sujeito africano, no exercício de descoberta de seus ancestrais, para compreender e explicar os conflitos culturais e raciais. A obra é fruto de uma história velada dos livros didáticos, mas que pertence ao cotidiano afro-brasileiro. Palavras-chave: Memória. Identidade. Ancestralidade. Afro-descendente. MEMÓRIAS DIASPÓRICAS EM THE LADY MATADOR’S HOTEL, DE CRISTINA GARCIA Leoné Astride Barzotto – UFGD [email protected] RESUMO: Esta pesquisa visa analisar as memórias diaspóricas para, através delas, compreender como os indivíduos deslocados (sem lugar definido) conseguem resolver os conflitos intercomunitários que surgem a partir do embate entre diversidades étnico-culturais que acabam por moldar as identidades e as nações, tanto as comunidades de partida quanto, e ainda mais, as comunidades de chegada. Por um lado, considerando a aflição do isolamento inerente aos processos de deslocamento, é inegável a participação da literatura na recolha do cotidiano desses indivíduos (isolados) por meio da captura das suas memórias. No registro histórico, há a preocupação com o fato em si, mesmo que advindo de inúmeras e divergentes memórias coletivas. Na escrita literária, por outro lado, há ainda a preocupação com a manutenção cultural de uma dada comunidade, quer com narrativas reais ou ficcionais; sendo relevante a possibilidade de contribuir com o potencial de emancipação, com a consolidação da identidade de um dado grupo e com a manutenção da dignidade dos seus indivíduos através da escrita que, de uma maneira ou de outra, reaviva lembranças, experiências, dores e conquistas. Nesta perspectiva, a escrita literária se torna fiel combatente do esquecimento (individual, coletivo, social, cultural) quando traz à tona fragmentos de memória. Neste sentido, as preocupações supracitadas são apreendidas e contextualizadas, como exemplo acerca da mobilidade cultural nas Américas, no romance The lady matador’s hotel (2010), de Cristina García. PALAVRAS-CHAVE: Memória. Diáspora; The Lady Matador’s Hotel; Cristina Garcia; Américas. A ANCESTRALIDADE EM ALGUNS CONTOS DE LITERATURA AFROBRASILEIRA Ana Claudia Duarte Mendes – UEMS/Dourados, MS [email protected] RESUMO: O presente trabalho é um recorte do projeto de pesquisa que desenvolvemos na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, no qual estudamos os aspectos culturais presentes na literatura angolana e na literatura afro-brasileira. O estudo da cultura banto, e em especial da ancestralidade, é um dos elementos norteadores de nossas análises literárias. Sobre a cultura banto consideramos importante destacar os estudos de Sérgio Adolfo e Nei Lopes, que apontam como esta influenciou os fazeres culturais dos afrodescendentes. Nesta perspectiva, selecionamos alguns contos da literatura afro-brasileira, nos quais buscamos identificar traços culturais que propiciam um olhar para a questão da ancestralidade, que estudamos na literatura angolana. A presença desse fazer ancestral na literatura indicia também os traços de uma identidade que sobreviveu ao longo do tempo, resistindo ao processo colonizador, de exploração e discriminação. Os textos escolhidos são permeados por um discurso de denúncia das condições sociais desagregadoras em que sobrevivem os afrodescendentes. Este é um aspecto importante a ser considerado, as denúncias são fundamentais para compreender as estratégias de sobrevivência de uma população. Nas entrelinhas desses discursos encontramos os fazeres culturais, estes que iremos iluminar, para compreender como a situação diaspórica interfere nas condições de perpetuação de práticas culturais, e como as relações e contatos com as culturas constroem novos significados. PALAVRAS-CHAVE: contos; ancestralidade; identidade; afrodescendentes. ANCESTRALIDADE E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL, LEITURAS DE MIA COUTO. Sara Pires Oliveira – UEMS/Dourados, MS [email protected] Ana Claudia Duarte Mendes – UEMS/Dourados, MS [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar as discussões finais da proposta de Iniciação Científica intitulada “Na casa da memória: desenredando a história na obra de Mia Couto” - PIBIC-FUNDENCT/UEMS -, desenvolvida entre agosto de 2012 e julho de 2013. Destacamos como o trabalho do autor moçambicano Mia Couto, nos romances Antes de Nascer o Mundo (2009) e A Varanda do Frangipani (2007), apresenta aspectos culturais relevantes para a construção de uma identidade nacional e, principalmente, para a formação da História de Moçambique. No romance A Varanda do Frangipani, o eixo de nossa análise está na ancestralidade. Seus personagens formam um quadro que se posiciona entre o passado representações da cultura ancestral do país - e a modernidade, composta pela identidade de parte dos personagens que se compuseram no pós-guerra de independência, permitindo no desfecho narrativo que as duas gerações coabitem de maneira pacífica. Já em Antes de Nascer o Mundo, privilegiou-se a relação entre os pré-textos, mais exatamente as epígrafes da obra, e os capítulos em si, dando destaque para as personagens femininas. Essas personagens não apresentam vozes marcadas como tal, mas são compostas pelo olhar do outro e, principalmente, suas identidades são forjadas no papel, através da escrita. PALAVRAS-CHAVE: Mia Couto; História; Literatura. AS TEXTUALIDADES INDÍGENAS E A CRÍTICA CULTURAL AO SUL: EXCLUSÃO E RECALQUE Ana Paula Macedo Cartapatti Kaimoti- UEMS/Dourados, MS [email protected] RESUMO: O objetivo dessa comunicação é refletir sobre como a crítica que focaliza as questões ligadas à cultura e literatura em e sobre Mato Grosso do Sul tem abordado as culturas indígenas, especificamente suas textualidades, compostas pelo conjunto de narrativas e cantos de expressão lírica e religiosa dessas populações, orais e escritos, com predominância, no Brasil, dos primeiros (MATOS, 2005). No âmbito dos estudos literários e culturais sul-mato-grossenses, há uma preocupação com a identidade regional que procura caracterizá-la, de forma ampla e variada, a partir de uma condição fronteiriça e multicultural, formada pelo contato frequentemente conflituoso entre paraguaios e brasileiros, indígenas e brancos. No entanto, enfatizando esse contexto de formação, fala-se sobre uma literatura sul-mato-grossense formada quase exclusivamente por textos pertencentes à cultura letrada, escrita, impressa e não indígena, em cuja lista figura nomes como o de Lobivar Matos, de Hélio Serejo e de Manuel de Barros. Acreditamos que a formação desse pequeno cânone local demonstra uma contradição importante: embora fundamentada na noção de multiculturalidade, essa crítica reproduz localmente a exclusão das textualidades indígenas operada pelos estudos de literatura brasileira, estudos nos quais se reflete a marginalização histórica e social dessas populações. Considerando que o estado de Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do Brasil, propomo-nos a refletir sobre os sentidos dessa exclusão nesse local, reflexão que exige a revisão da própria noção de literatura, construída em termos ocidentais. PALAVRAS-CHAVE: textualidades indígenas; literatura sul-mato-grossense; cultura local AJUDA DO SACI: A LITERATURA INDÍGENA COMO CAMINHO POR UMA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL Francis Mary Soares Correia Da Rosa – UEFS [email protected] RESUMO GERAL: A lei 11.645/2008 (BRASIL 2008) estabelece como obrigatório o ensino da cultura e história afro-brasileira e indígena nas escolas da rede publica e privada de ensino básico. Desde então, é recorrente a discussão da maneira, forma e o viés historiográfico que contextualizará a implantação desta lei. O que nos preocupa aqui e cabe ressaltar é que mesmo se distanciando das discussões que rebatem a aplicabilidade e legitimidade de tal lei, é importante frisar que ela abre espaço para debater e discutir a perspectiva intercultural na escola e, principalmente na produção historiográfica e literária de grupos historicamente destituídos de poder. O presente artigo pretende elaborar uma proposta de aplicabilidade da lei 11.645/2008 nas escolas de ensino fundamental e médio, no que diz respeito ao ensino da cultura indígena sobre o pressuposto teórico da interculturalidade, utilizando para tal, a noção de livro rizoma como mecanismo capaz de permitir uma mediação dialógica entre culturas e modos de vida diferenciados. Essa perspectiva que busca ampliar o olhar sobre as diferenças culturais e expandir a conquista do poder para as minorias na esfera da produção intelectual e do âmbito escolar é também uma forma de nos impulsionar a refletir sobre como vivenciamos tais diferenças e como experienciamos uma alternativa que ultrapasse o lugar dos guetismos culturais, da mestiçagem e homogeneamento cultural. A literatura nativa é um fenômeno recente e propõe um empoderamento das minorias historicamente destituídas de voz e exiladas da história oficial, por meio de obras com cunho intercultural, como a analisada neste artigo. PALAVRAS-CHAVE: literatura; interculturalidade; educação; indígena; multiculturalismo. ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA: RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA Renata Lourenço - UEMS/Amambai, MS [email protected] RESUMO: Os pressupostos da Lei 11.645/08, foram inseridos na matriz curricular do 4º. ano do curso de Licenciatura em História da UEMS/Amambai no PP de 2010, sendo portanto o 1º. ano em que trabalhamos conteúdos específicos voltados para a formação de professores da área em questão, sob nossa atuação em sala de aula. O contato cotidiano destes alunos com os indígenas que habitam a Reserva de Amambai, sempre foi marcado pelo estigma e preconceito, que se aprofundou no contexto atual em razão das demarcações de Terras Indígenas, especificamente dos Guarani e Kaiowá que se concentram mais acentuadamente no extremo sul de MS e no município de Amambai. Nosso trabalho vem sendo pois, marcado por estas circunstâncias de conflitos, que ultrapassam o imaginário coletivo do índio idílico e exótico, para o outro extremo a do índio real: “indolente”, “sujo”, “preguiçoso”, “invasor de terras”, entre outros. Desconstruir estas representações construídas histórica e socialmente, vem sendo uma experiência desafiadora. Buscamos aprofundar as discussões em sala, a partir do conceito de diversidade cultural, como “patrimônio” da nossa sociedade. Nosso enfoque neste cenário inóspito, vem sendo pautado em pensar Educação e cultura(s) na perspectiva do multi/interculturalismo. O multiculturalismo aqui deve ser visto como um vasto campo de “confronto” e “trocas” de saberes, em que as diferenças são capazes de construir relações democráticas, na medida em que alargamos a visão de nós mesmos e do Outro. A interculturalidade se apresenta como proposta de respeito mútuo e práticas solidárias de convivência entre os diferentes. PALAVRAS-CHAVE: História Indígena; Multi/interculturalismo; formação de professores. MÍDIA, ESCOLA E SEMIÓTICA: RELAÇÕES CULTURAIS NA CIDADE DE DOURADOS Eliane Aparecida Miqueletti - UEL [email protected] Loredana Limoli - UEL RESUMO: Este trabalho apresenta algumas reflexões iniciais que compõem a pesquisa de Doutorado, iniciada em 2012, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina. Procura-se investigar, entre outras questões, as relações de identidade entre a cultura indígena e a não indígena na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, e do trabalho com a temática indígena na escola. Parte-se do princípio de que é preciso pensar a construção dos discursos que perfazem a vida social, sobretudo no modo como aprendemos a ser quem somos. Dentro disso, a escola e a mídia são vistas como agentes sociais e educativas na medida em que realizam a mediação entre sujeitos e propagam conceitos, valores, ideologias. A base teórica principal é a da Semiótica Greimasiana, e, mais especificamente, sobre considerações da Sociossemiótica, tendo em vista pensar os sentidos construídos na vivência, em ato, capturados na relação entre o Eu e o Outro. Conceitos ligados à educação, à história, sobretudo local, e à cultura deverão ser buscados para complementação das discussões interdisciplinares realizadas ao longo da pesquisa. Espera-se contribuir para evidenciar a relevância do tema, sua natureza social e humana, com vistas a adequações e respaldo para o trabalho com a questão indígena em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: mídia; escola; identidade; Sociossemiótica. O RESGATE DA LÍNGUA MATERNA DOS ÍNDIOS BOROROS: (RE) CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE INDÍGENA Maria Aparecida dos Reis– SEDUC/MT [email protected] Rosenil Gonçalina dos Reis e Silva – MeEL/UFMT [email protected] Claudia Graziano Paes de Barros -MeEL/UFMT RESUMO: No início dos anos 2000, a Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC), por intermédio da Universidade do Estado de Mato Grosso, ofereceu cursos de Licenciatura Plena para professores indígenas, visando à valorização, dentre vários aspectos, da língua materna desses povos. Dessa forma, um concurso específico foi realizado para professores indígenas e várias escolas foram criadas nas aldeias, a fim de atender a demanda de alunos indígenas. Assim, em 2007, tomaram posse, na educação básica do estado e inseridos no plano de cargo e carreira, 70 professores indígenas, em todas as áreas do conhecimento da Educação Básica. A partir dessa nova realidade que emergia nas aldeias, a SEDUC se empenhou em acompanhar as práticas pedagógicas, o estágio probatório e a formação continuada dos professores indígenas. Em virtude das visitas, in loco, por equipes da SEDUC, percebemos a fragilidade do uso de suas línguas maternas, principalmente do povo Bororo, tendo em vista que na década de 70 do século passado, a língua desse povo foi oprimida dentro das aldeias, sendo relegada ao ostracismo. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo mostrar as ações inclusivas promovidas pela SEDUC com o intuito de resgatar a língua materna dessa comunidade, uma vez que um povo só constitui a sua identidade, a partir de sua cultura e língua. PALAVRAS- CHAVE: Educação indígena; língua; inclusão SIMPÓSIO: DIFICULDADES OU DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: REFLEXÕES NO CAMPO DA LEITURA E DA ESCRITA Maria Lidia Sica Szymanski (UNIOESTE) [email protected] Carmen Teresinha Baumgartner (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: É recorrente na escola a concepção de dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita como distúrbios de base neurológica. Educandos que apresentam falhas no processo de apropriação da leitura e da escrita são rotulados como fracos, preguiçosos, indisciplinados, desinteressados, lentos, ou como disléxicos. Além do rótulo são também apontados como culpados por seu fracasso. Por outro lado, na literatura da área, há muitas controvérsias, tanto na definição dos conceitos utilizados - distúrbio, transtorno, dificuldade de aprendizagem, problema de aprendizagem - como nas alternativas em busca de sua superação. Por trás da pluralidade de rótulos encontra-se equivocidade. Visões unidirecionais e generalizantes dificultam a percepção e a interpretação desse fenômeno, gerando inquietação a pais, alunos, professores e pesquisadores. Ler e escrever são atos sociais significativos e complexos, cujo conhecimento não se reduz a aspectos como dominar letras, decodificá-las ou traçá-las. Escrever bem requer boa leitura, ampliando experiências de vida, por meio do contato com variadas formas de interação nas esferas sociais. Estudos vêm revelando que muitas crianças que chegam ao 7º. ano do Ensino Fundamental, sem saber ler e escrever, podem aprender, desde que inseridas em um contexto de ensino cujas metodologias respeitem seu processo de aprendizagem. Levando esses aspectos em consideração, o simpósio objetiva reunir pesquisadores, cujos estudos dessa temática estejam apoiados nos escritos de Bakhtin e Vygotski, para discutirem sobre os conceitos de dificuldade e distúrbio de aprendizagem, mais especialmente no campo da leitura e da escrita, bem como sobre suas possíveis causas e alternativas pedagógicas para superá-las. PALAVRAS-CHAVES: dificuldades de aprendizagem; ensino; leitura e escrita. RESUMOS DO SIMPÓSIO “DIFICULDADES OU DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: REFLEXÕES NO CAMPO DA LEITURA E DA ESCRITA” Maria Lidia Sica Szymanski (UNIOESTE) [email protected] Carmen Teresinha Baumgartner (UNIOESTE) [email protected] SALA: 29 (Vinte e nove) DIFICULDADES E ATRASOS NA ORALIDADE NA FALA E NA ESCRITA DE ALUNOS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Aline Leticia Deminski - UNIOESTE [email protected] Maria Lidia Szymanski - UNIOESTE [email protected] RESUMO: Considerando que a fala e a escrita são dois processos profundamente interligados, o objetivo é refletir sobre os casos em que a linguagem falada pouco se desenvolve pelo fato do aluno mão se expressar oralmente, ou por expressar-se afastando-se da norma culta isto é, quando a linguagem falada, dificulta e atrasa o desenvolvimento tanto da própria linguagem, como também da escrita formal. Busca-se relatar as discrepâncias entre as variedades linguísticas mais freqüentes, observadas no desenvolvimento de algumas atividades realizadas num Projeto de Pesquisa, feito com 25 alunos de 7º e 8º ano escolhidos pela escola estadual que freqüentam, por apresentarem Dificuldades de Aprendizagem na área da Língua Portuguesa. Este Projeto envolveu, no decorrer do ano, atividades para amenizar essas diferenças. Supõe-se que para a formulação dos trabalhos escolares e mesmo para a vida no cotidiano, haja uma relação profunda entre a língua falada e a escrita, bem como entre a linguagem o pensamento, ainda que cada um desses eixos do processo de desenvolvimento possua suas peculiaridades. Assim, é importante que se reflita sobre o desenvolvimento da oralidade nas séries finais do Ensino Fundamental, nível no qual erroneamente supõe-se que a linguagem oral possa ser deixada de lado, enfatizando-se a linguagem escrita. Com uma oralidade prejudicada, mesmo por dificuldade de expressão, e não havendo contribuições do processo de escolaridade na busca de avanços, a aprendizagem tanto da expressão escrita de pensamentos, quanto da leitura silenciosa ou em voz alta, isto é, da compreensão do pensamento do outro, será prejudicada. Destaca-se, portanto, o quanto a questão da oralidade, precisa ser objeto de atenção docente por sua íntima relação com a expressão escrita e a organização e expressão do pensamento. PALAVRAS-CHAVE: Oralidade; Ensino Fundamental; processos de ensino aprendizagem. A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO NA ERA DIGITAL e de Ana Claudia de Oliveira Guizelini Merli – FACED [email protected] RESUMO: O presente estudo teve origem na observação da grande quantidade e rapidez com que as informações têm sido veiculadas na sociedade atual. A partir daí surgiu a inquietação de investigar o papel do leitor diante desse cenário. Por meio de revisão bibliográfica baseada na pedagogia histórico-crítica, na psicologia histórico-cultural e no conceito de leitura crítica algumas reflexões foram elaboradas quanto a leitura dos textos escritos. No desenvolvimento desse trabalho inicialmente discute-se as teorias que fundamentam o ato de ler e o papel da educação escolar na formação do homem. Em seguida apresentam-se as características da sociedade na era digital e finalmente serão elaboradas reflexões do papel da leitura crítica. A leitura crítica tem sua razão de ser na própria realidade brasileira, que urge por transformações, pois intenciona a formação do leitor capaz de vislumbrar horizontes que ultrapassem o ideário do atual sistema de produção e consumo capitalista. Estes ideais são veiculados sistematicamente nos mais diversos meios de comunicação. Assim a o leitor que tem acesso a essas informações necessita de formação para que possa refletir posicionar-se criticamente. Recai sobre a formação de leitores imensa responsabilidade visto que o texto escrito, como veículo de conhecimento e de informações, é o foco principal desata área. PALAVRAS-CHAVE: Leitura crítica; aprendizagem; mídias digitais; sociedade; capitalismo. ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA HISTÓRICO CULTURAL E DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL Cristiane Morais Fávero – UNIOESTE [email protected] Maria Lídia Sica Szymanski – UNIOESTE [email protected] RESUMO: A presente comunicação procura analisar alguns pontos da Psicologia Histórico Cultural, articulando-a à Pedagogia Histórico-Crítica, ressaltando sua importância na formação de professores, procurando salientar que a prática pedagógica pode ser mais completa e atender mais amplamente às necessidades dos alunos, quando o professor compreende como se dá o desenvolvimento infantil, quais são as suas fases e como elas devem ser trabalhadas dentro da escola. Para isso, falar-se-á sobre a periodização do desenvolvimento infantil, apresentada por Elkonin, dando ênfase na atividade principal de cada faixa etária, tendo como base a Psicologia Histórico-Cultural, proposta por Vygotski. Ressaltar-se-á a importância do aspecto pedagógico da atuação docente, nessa faixa etária, uma vez que a aprendizagem é que possibilita as condições para o desenvolvimento. Ainda, serão apresentadas situações do cotidiano pedagógico que se constituem em exemplos práticos da articulação proposta, buscando ressaltar que ação e reflexão articuladas constituem a práxis pedagógica e formam um todo articulado fundamental desde o início da formação infantil, uma vez que pesquisas recentes revelam uma relação entre alunos que conseguem concluir o Ensino Médio e o ter freqüentado a Educação Infantil. PALAVRAS-CHAVE: Teoria Histórico-Cultural; Formação de professores; Desenvolvimento infantil. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM OU UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA ENFADONHA? Danieli Winck Iijima – UNIOESTE / Bolsista CAPES e Fundação Araucária [email protected] Maria Lídia Sica Szymanski – UNIOESTE [email protected] RESUMO: Este artigo propõe a reflexão, no campo da didática, sobre as rotinas pedagógicas presentes no cotidiano escolar. Dialoga-se no sentido de que, ao visar o aspecto formativo na educação, as rotinas podem desmembrar-se tanto em uma prática educativa que contribua ao processo de ensino e de aprendizagem, quanto ao contrário, caso não seja uma prática planejada e diversificada em sala de aula, acarretando neste sentido, uma prática pedagógica enfadonha. Neste ponto, pensando em uma prática enfadonha, referimo-nos às dificuldades de aprendizagem relacionando-as à prática educativa do professor em sala de aula, ou seja, buscamos evidenciar que uma das causas mais importantes das dificuldades de aprendizagem refere-se a fatores pedagógicos. Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico, que traz como suporte a referência de Collares e Moysés (1992) no que se refere às dificuldades de aprendizagem e Barbosa (2006) em se tratando das rotinas na esfera educativa, na perspectiva histórico-cultural, e traz exemplos de diferentes práticas pedagógicas de alfabetização observadas em pesquisa de campo. De forma geral, este estudo busca sinalizar a importância das práticas escolares, assim como das rotinas pedagógicas presentes neste processo, isto é, das formas e meios para transmissão dos conhecimentos. Atribui-se importância a um processo de ensino e aprendizagem que venha contribuir para uma formação envolvente, visando a superação de possíveis problemas de aprendizagem, decorrentes de uma prática enfadonha. PALAVRAS-CHAVE: Rotinas pedagógicas; Processos de ensino e aprendizagem; Dificuldades de aprendizagem. PROPOSIÇÕES LEGAIS PARA O ATENDIMENTO AOS ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA, NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO ESTADO DO PARANÁ Dinora de Godoy Elias – UNIOESTE [email protected] Maria Lídia Sica Szymanski – UNIOESTE [email protected] RESUMO: O presente trabalho pretende discutir as proposições legais para o atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental da rede pública estadual paranaense em vigor no ano de 2013. Serão analisadas as instruções normativas das Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa e também das Salas de Recursos Multifuncionais - Tipo I, as quais atendem alunos que apresentam defasagens acentuadas na área da leitura e também da escrita. Objetivamos diferenciar o tipo de atendimento oferecido em cada um destes programas, bem como os sujeitos que ali são atendidos, conceituando dificuldades de aprendizagem e defasagens de aprendizagem. Além disto, pretendemos analisar esta legislação à luz da Psicologia Histórico-Cultural, elencando possibilidades e desafios do trabalho pedagógico realizado com vistas à superação das dificuldades mencionadas. Realizaremos uma breve discussão sobre as funções psicológicas envolvidas no processo de aprendizagem da leitura e da escrita comparando o conceito de aprendizagem em Vygotski, Luria e Leontiev. PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades de aprendizagem; Leitura; Escrita; Educação escolar; Legislação educacional. LINGUAGEM ORAL COMO INSTRUMENTO MEDIADOR NA PRODUÇÃO TEXTUAL: UMA EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA Francielly Lamboia Giaretton – UNIOESTE – Aluna do mestrado em Educação [email protected] Maria Lídia Sica Szymanski – UNIOESTE [email protected] RESUMO: Compreende-se que a linguagem surgiu no processo histórico de desenvolvimento humano pela necessidade de comunicação e interação com o outro. Considerando tanto a linguagem oral, quanto a escrita, busca-se com esta reflexão, ampliar a discussão sobre o papel da linguagem oral enquanto instrumento mediador na produção escrita dos alunos. Têm-se como pressuposto teórico os estudos de Vigotsky, pois afirma ser a linguagem um importante instrumento de mediação no processo de desenvolvimento das funções psíquicas e internalização dos signos. Apoia-se também nos estudos de Bakthin que assevera ser a linguagem instituída a partir das relações sociais, portanto pressupõe a interação de um sujeito com o outro, por meio do discurso, o qual é permeado por diversas vozes, ou seja, o sujeito que o elabora, o faz com base no discurso de outros sujeitos que o constituem. Evidencia-se que o desenvolvimento das funções psíquicas será tanto mais qualitativo, será tanto mais elevado quanto mais ele ocorrer por meio do trabalho educativo. O trabalho educativo ao ser planejado pelo professor deve disponibilizar conteúdos de qualidade, sequencialmente organizados e expostos. Em Língua Portuguesa, conforme aponta o Currículo para a Rede Municipal de Ensino de Cascavel, a linguagem deve ser trabalhada por meio dos gêneros discursivos. O professor deve dispor aos alunos as especificidades do gênero selecionado como função social, meio de circulação, intenção, estrutura, vocabulário, entre outros elementos. No eixo da produção textual, deve-se priorizar o gênero discursivo trabalhado conforme o planejamento, propiciando momentos de reflexão e uso dos diferentes elementos estudados no gênero. Neste sentido, o presente texto traz a análise de uma experiência do uso da linguagem oral enquanto instrumento mediador na apropriação de um gênero discursivo e posterior produção textual (reescrita do gênero) por uma turma de 2º ano, apontando elementos relevantes para o desenvolvimento da linguagem escrita e da compreensão do gênero discursivo trabalhado. PALAVRAS-CHAVE: Linguagem; Leitura; Escrita; Trabalho Educativo. A HISTÓRIA DO POVO RORAIMENSE PELOS OLHOS DA MULHER MACAGGI: LENDAS E MITOS DA RELVA VERDE NO LINDO BERÇO DA MÃE NATUREZA. Herica Maria Castro dos Santos Paixão - ESTÁCIO/ATUAL [email protected] RESUMO: Falar das histórias e mitos de Roraima é sempre como um filme, mágico e cheio de encantamentos. Mas muito do que lemos e vemos nestes lados do extremo norte, vem sendo produzidos pelos mais competentes homens literários em nossa terra macuxi. E as representações da natureza e do homem desta região nos apresentam muitas características da nossa cultura miscigenada de brancos, negros e indígenas. Ler as histórias e lendas contadas por uma mulher que sentiu e viveu esta terra como suas próprias entranhas nos mostra muito mais que magias e encantamentos. Nenê Macaggi como era conhecida deixou muitas obras primorosas nesta terra onde pisam muitos povos indígenas, do pequeno curumim ao bravo e forte garimpeiro, nenê deixou muito dos seus dias vividos nesta terra registrados em poucos e preciosos livros. Este trabalho procura apresentar um pouco das poesias e histórias do homem de Roraima contadas por essa poetíza e escritora que deixou registrado um universos de representações do nosso povo, nossa fauna e flora e principalmente das relações do homem com o meio ambiente de roraima. Este trabalho vai principalmente refletir sobre a contribuição da mulher na história literária de Roraima e conceber um reconhecimento a essa que foi uma das poucas poetízas do nosso estado. PALAVRAS-CHAVE: Histórias de Roraima; Literatura de Roraima; Autoria feminina. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA E POSSÍVEIS RELAÇÕES COM AUTOCONCEITO DISCENTE Jacsiane Pieniak - UNIOESTE/Bolsista de iniciação científica PIBIC/Fundação araucária [email protected] Maria Lidia Sica Szymanski - UNIOESTE [email protected] RESUMO: Estudos como os de Carneiro, Martinelli e Sisto (2003) apontam que, crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem tendem a ter um autoconceito escolar mais rebaixado do que crianças que não têm estas dificuldades. Para Vygotski, o afeto e o intelecto sofrem influências mútuas, estão completamente ligados, e ao se separarem dissociam-se os pensamentos da plenitude da vida, dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daqueles que pensam. O presente trabalho busca aprofundar essas questões, a partir de um Projeto de intervenção em andamento no Colégio Estadual Brasmadeira, com alunos de sétimos e oitavos anos, encaminhados pela escola, por apresentarem dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita, o qual tem por objetivo investigar as relações entre o autoconceito discente e as dificuldades de aprendizagem por eles vivenciadas. A presente pesquisa apoiou-se na realização de uma intervenção, propondo encontros mensais, com um grupo total de aproximadamente 31 alunos, divididos em três turmas com média de dez alunos cada, a fim de favorecer a interrelação grupal. Com o objetivo de ampliar a autoestima foram trabalhadas atividades que os levassem a refletir sobre seus pontos fortes e fracos e seus objetivos de vida, com consequente autovalorização enquanto cidadãos. Os dados iniciais obtidos através da aplicação do Inventário de Autoconceito proposto por Vaz Serra (1986) indicavam valores baixos, porém as atividades de intervenção apontam para um avanço neste sentido. O estudo dessas questões pode contribuir para a compreensão de como se relacionam com a dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita, e mais ainda, para a própria inserção social desses alunos. PALAVRAS-CHAVE: Dificuldade de aprendizagem; Vygotski; Autoconceito. DEFASAGENS NA ESCRITA DE ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Carmen Tereresinha Baumgärtner (UNIOESTE) [email protected] Kathelyn Kalyna Belli (UNIOESTE) [email protected] Rejane Aparecida da Costa (UNIOESTE/Bolsista de Graduação/ PROEX [email protected] RESUMO GERAL: Este estudo, vinculado a um projeto de extensão e a um projeto de pesquisa, tem como foco a produção escrita de alunos com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita que frequentam o Ensino Fundamental de uma escola de rede pública de um município do Oeste do Paraná. Fundamentada na concepção enunciativa de linguagem de vertente bakhtiniana e no entendimento de escrita como trabalho, conforme orientação de Geraldi (1993, 2001), temos como objetivo apresentar resultados sobre dados relativos a erros ortográficos presentes em 16 textos produzidos por 8 alunos, no ano de 2013, durante ficinas do projeto de extensão cujo foco é o desenvolvimento da leitura e a da escrita. Durante a pesquisa foi possível constatar que estes alunos, que cursam o 7º ano, apresentam dificuldades de escrita acentuadas, as quais tanto são da ordem da textualidade, quanto da ordem do uso da língua. Reconhecendo que um texto é um todo com significado, na presente discussão, contudo, focalizamos a ortografia, tendo em vista se tratar de uma das dimensões de uso da língua que, quando não dominada, tem servido de motivo para rotular os alunos como incapazes, preguiçosos etc., afetando sua autoestima e gerando desmotivação para ler e escrever. Através da análise dos textos foi possível observar a ocorrência de troca, omissão e inversão de letras, troca de maiúscula/minúscula, dentre outros. Uma das principais dificuldades nos textos refere-se ao traçado das letras, tornando-as ilegíveis. A partir dos resultados da análise, direcionamos as açõs extensionistas, tomando como conteúdo de ensino os erros ortográficos, com o objetivo de que os alunos venham a superá-los. PALAVRAS-CHAVE: Defasagem na alfabetização; Ortografia; Fracasso social. OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E A UTILIZAÇÃO DE TEXTOS IMAGÉTICOS NAS PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA Suzi Rosana Maciel Barreto do Nascimento - UNIOESTE [email protected] Maria Lídia Sica Szymanski - UNIOESTE [email protected] RESUMO: O artigo pretende discorrer sobre a contribuição vygotskiana, quanto à importância dada pelo autor aos instrumentos de mediação, e tem como objetivo ainda, suscitar uma investigação mais aprofundada do que seja cada um desses instrumentos mediadores do desenvolvimento humano, sem, contudo, perder o foco sobre a apropriação da leitura e da escrita de signos culturalmente criados, por parte dos alunos com deficiência intelectual. Além disso, busca-se com esse trabalho, lançar uma proposta de leitura e de escrita, para alunos de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, para que os mesmos possam ter livre acesso aos meios visuais, a saber, textos imagéticos, os quais se acredita serem constituintes de uma rica fonte de informações relacionadas à produção humana circunscrita no tempo e no espaço histórico. Os textos imagéticos podem possibilitar, aos alunos em questão, o desenvolvimento dos instrumentos de mediação categorizados por Vygotski. Apoiando-se nos estudos desse autor, é fundamental que se considere que os alunos com deficiência intelectual, devam ser expostos a um currículo geral de ensino, isto é, no caso deste trabalho, às mesmas práticas de leitura e de escrita propostas aos alunos que não apresentam deficiência. As Diretrizes Curriculares, especificamente do estado do Paraná, local no qual serão executadas essas práticas de leitura e de escrita, observam o currículo geral para todos os alunos. PALAVRAS-CHAVE: Deficiência intelectual; Textos imagéticos; Instrumentos de mediação; Práticas de leitura e de escrita. SIMPÓSIO: O ESPAÇO ENQUANTO LUGAR DA SUBJETIVIDADE FEMININA Mariana Sbaraini Cordeiro (UTFPR/Toledo) [email protected] Alzira Fabiana de Christo (UEL/CAPES) [email protected] Tatiana Pereira Tonet (UTFPR/Toledo) [email protected] RESUMO GERAL: Constantemente, questões contemporâneas nos fazem pensar qual é o espaço que a representação da mulher ocupa não só no texto literário, mas nas mais distintas manifestações artísticas. Tais questões sugerem pensar que a mulher é representada não somente em espaços geográficos, como também ela aparece em espacialidades marcadas pela subjetividade feminina. Logo, pensar em espaço é pensá-lo enquanto lugar de subjetividade, onde a mulher assume um discurso da diferença. Essas novas espacialidades habitadas pelo sujeito feminino revelam que a mulher não precisa mais ser construída a partir de espacialidades marcadas por práticas sociais que outrora tanto contribuíram para a perpetuação dos estereótipos femininos. Essas representações nos levam a refletir como as manifestações artísticas insistem frequentemente em transpor os limites das fronteiras indenitárias, pois a presença feminina habita não só as espacialidades geográficas, como também as subjetivas, como os lugares da memória. As experiências subjetivas e/ou espaciais direcionam o sujeito feminino a enveredar por tantos caminhos cujo único resultado é uma nova representação do ser. É desse lugar que a mulher constrói o seu próprio discurso, que pode ser chamado de espacialidade da diferença. Assim, este simpósio abre espaço para que pesquisas que revelem uma nova representação da ação feminina em velhos lugares, como a cidade, o campo ou a casa; trabalhos que apresentem como essa nova mulher fala do universo que a acerca, enfim, como a escrita de e sobre mulheres apresenta sua ação no mundo e determina qual será a sua construção indenitária, um lugar de encontro de subjetividades. PALAVRAS-CHAVE: Espaço; Subjetividade; Gênero. “VOZES” E “ANIMAL NOJENTO”: A MATERNIDADE EM DOIS CONTOS DE MIGUEL SANCHES NETO Alzira Fabiana de Christo (PG-UEL/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: O presente estudo objetiva analisar a representação da maternidade na sociedade contemporânea tomando como base dois contos do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, trata-se de “Vozes”, extraído do livro Primeiros contos (2008) e “Animal nojento”, de Então você quer ser escritor? (2011). As narrativas de “Vozes” e “Animal nojento” empreendem um retrato de características muito presentes na sociedade atual, dentre elas, o egoísmo e o individualismo, particularidades das mães presentes nos contos. Mesmo diante de muitas adaptações, com o passar do tempo e a convivência com os filhos, as mães dos dois contos vão deixando esses aspectos de lado e compreendem a importância do filho em suas vidas. As narrativas convergem para uma crítica à sociedade ao retratarem a angústia das mães que querem estar próximas dos filhos e estabelecer uma relação afetiva duradoura com eles por meio do convívio e dedicação integral aos assuntos maternos e da infância, mas se sentem pressionadas pelos imperativos e valores da sociedade contemporânea que preza pela manutenção e ascensão da carreira profissional, a beleza física, a realização dos desejos pessoais, etc. Ao longo de sua obra Miguel Sanches Neto traz as questões da vida da mulher contemporânea: a adolescente que vai iniciar o uso do sutiã, a jovem que faz um aborto, a mãe, a esposa, a avó, a filha... Em Amanda vai amamentar (2005), o escritor afirma que no mundo das mulheres há muito carinho e que sempre se refugiou nele uma vez que viveu cercado de mulheres, desde a infância. Assim, as peculiaridades do universo feminino presentes em suas obras ocorrem também para saldar uma dívida com as mulheres da vida do escritor, as mulheres das suas memórias, dentre elas, a avó, a mãe, a irmã, a esposa, a filha, as sobrinhas, as amigas, as editoras. Em “Vozes” e “Animal nojento” mais uma vez o escritor atrai a atenção para a vida da mulher e o objetivo aqui empreendido é verificar a maneira como Miguel Sanches Neto representa a mulher-mãe contemporânea. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa contemporânea; Memória; Mulher; Maternidade. POÉTICAS DA MATERNIDADE: DE ONDE VEIO ESSA IDEIA DE “MÃE”? Ana Lucia Fernandes da Costa (UTFPR-Toledo/Bolsista do PIBIC-JR/CNPq/Fundação Araucária) [email protected] RESUMO GERAL: O trabalho realizado se utiliza da pesquisa da autora Mary Del Priori em "Ao Sul do Corpo" como referência principal, além dos trabalhos das antropólogas Rose Marie Muraro e Tania Navarro Swain como apoio. O texto faz um resgate histórico-cultural à algumas decisões da Igreja Católica, com o apoio da medicina e até de medidas públicas que modificaram a vida da população, impondo um ideal de comportamento e pensamento feminino, o ideal “mariológico” – serenidade, dedicação plena à casa, ao marido e aos filhos, resguardo -, no Brasil do século XVI. Nascer mulher significava nascer para ser mãe. Em meio à tantas superstições, o mito do amor materno criou uma dinâmica social que se auto sustenta: os valores esperados foram enraizados de tal forma que são mantidos por aqueles que sentem-se pressionados por este ideal, este que ainda é presente na sociedade atual. Apresenta-se ainda, fatores biológicos que desmentem certos mitos populares, demonstrando a construção social da ideia, sem embasamento real. Exemplifica-se o enraizamento dessas ideias em trechos de livros como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida e “Inocência”, de Visconde de Taunay, indicados como leitura obrigatória nos vestibulares deste ano da UFPR e UFRGS, e a figura oposta, a mulher que não segue esse ideal à risca: Elizabeth, do clássico “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen. PALAVRAS-CHAVE: Maternidade; Mãe; Gênero; Mito. THEOTOKOS – A MATERNIDADE ENTRE O SAGRADO E O PROFANO Mariana Sbaraini Cordeiro (UTFPR-TD/ Doutora Docente) [email protected] RESUMO GERAL: A maternidade ocupa um lugar de destaque na história da arte e sua iconografia revela o quanto esse tema foi caro para muitos artistas. Michelangelo com sua Pietà de 1499 assume um status que transpõe o cenário religioso e passa a configurar ideais impostos aos comportamentos sociais da maternidade e de todo o discurso a cerca dela. Além de uma propagação da fé cristã, a mãe cujo corpo serve de trono para o filho de Deus perpetuou uma imagem de perfeição a ser seguida – a mãe totalmente devotada ao seu filho – e ao mesmo tempo excluiu a mãe de “carne e osso” que não incorporava tal ideal. Como símbolo do mito do amor materno, a Pietà se transpôs também para outros campos artísticos, como por exemplo, a literatura. Procurando saber qual é o espaço ocupado por tal ideal de maternidade nos textos literários, neste trabalho é proposto uma leitura da iconografia da maternidade e de três contos de autoras brasileiras, um de Cecília Prada (1972) e dois de Lya Luft (2008). Essa relação mostra diferentes espacialidades habitadas pelo sujeito feminino no seu papel de mãe, muitas vezes estereotipado, e como tais espaços são influenciados exaustivamente por práticas sociais que cercam a mulher enquanto mãe. O diálogo entre os textos literários e a iconografia revela dois lugares de onde se fala sobre a mulher e de onde ela fala de si e para si. Um espaço para reflexão sobre como a escrita e demais manifestações artísticas constroem a identidade sagrada, ou não, da mulher-mãe. . PALAVRAS-CHAVE: Maternidade; Literatura; Iconografia; Gênero; Espaço. UMA ANÁLISE DO FEMININO NAS TRAGÉDIAS DE SHAKESPEARE: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E COMPARADA Mayara Cirico (UNIOESTE/Acadêmica do Curso de Letras) Heloyse Rossi (UNIOESTE/Acadêmica do Curso de Letras) Rayana Marcon (UNIOESTE/Acadêmica do Curso de Letras) Valdomiro Polidório (UNIOESTE/ Docente do Curso de Letras) RESUMO GERAL: Devido ao seu grande conhecimento sobre a natureza humana, o dramaturgo inglês William Shakespeare conseguiu tratar, de maneira complexa e completa, os mais íntimos sentimentos humanos. Além disso, ele deve ser destacado pela incrível relação com o feminino em suas obras, o que pode significar – também - uma crítica ao machismo da época, tendo em vista os contextos da Era Elisabetana e Jacobina. Podemos perceber que a mulher ganha papéis, muitas vezes o principal ou decisivo na trama, o que contraria os princípios do contexto histórico em questão. Em acréscimo, para dar vida, de tal maneira, às personagens femininas é preciso ser conhecedor do que se passa na mente e no coração dessa mulher. E Shakespeare parecia conhecer muito bem. Por fim, observamos a necessidade do estudo da figura feminina na obra do autor, uma vez que elas foram construídas em sua total essência, e, por isso, desempenham papel fundamental, contribuindo, ainda, para a atemporalidade das obras. Aproveitando-se disso, o presente artigo busca fazer uma análise das principais personagens femininas nas tragédias: Hamlet, Macbeth, Otelo e Rei Lear, sob uma perspectiva comparada (ao masculino) e histórica, com o objetivo de entender a relação homem-mulher e a importância desta (mulher) para as obras e o contexto em que foram escritas. PALAVRAS-CHAVE: Feminino em Shakespeare; Mulher; Ttragédias shakespearianas. POÉTICAS DA MATERNIDADE: MÃE SÓ TROCA DE ENDEREÇO? Renan Alex Kuntz (UTFPR/Bolsista de Ensino Médio PIBIC-JR/CNPq/Fundação Araucária) [email protected] RESUMO GERAL: A vastidão territorial brasileira propiciou o surgimento de regionalismos que passaram a ser uma marca da diversidade cultural brasileira. A forma de chamar um alimento, as festas típicas, os sotaques são as diferenças mais notáveis na comparação entre habitantes de locais diferentes. Mas será que essas diferenças alcançam a percepção sobre os valores sociais e até sobre o próprio ser humano? A percepção sobre a maternidade difere em cada região brasileira? A literatura como impressão do contexto histórico de uma sociedade permite a análise da visão sobre a mãe naquele local transmitida pelo escritor. Escritor que também está inserido em uma sociedade, assimila a cultura do local onde vive e compartilha das mesmas percepções. As regionalidades construídas através do tempo moldam o pensamento do escritor, assim se pode perceber pela leitura de suas obras literárias, principalmente pelos contos pelos quais as características das personagens sõa levadas ao primeiro plano, que o escritor Carioca retrata a sua mãe de forma diferente que o escritor Paranaense, por exemplo. Estando além da criatividade ou consciência do escritor a diferença regional e por conseguinte cultural, influencia a ideia de mãe compartilhada pelos habitantes de uma região. PALAVRAS-CHAVE: Maternidade; Regionalidade; Conto Brasileiro. ESPAÇO IMAGÉTICO FEMININO, CONQUISTAS E DESAFIOS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA ADELAIDE MARIA TRINDADE BATISTA Silvana Marques Alves Barbosa (UNIOESTE/Acadêmica do Curso de Pedagogia) [email protected] Sônia Maria dos Santos Marques (UNIOESTE/Doutora Docente Mestrado em Educação) [email protected] Gislene Titon (UNIOESTE/Acadêmica do Curso de Pedagogia) [email protected] RESUMO GERAL: O artigo relata as discussões e reflexões realizadas durante a execução do projeto de pesquisa realizado na Comunidade Quilombola Adelaide Maria Trindade Batista, no Município de Palmas - Paraná, realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão. O projeto conta com financiamento da Fundação Araucária. As ações realizadas concorreram com a Lei Federal nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Os objetivos das discussões visam compreender e destacar a representatividade da mulher na Comunidade, as experiências individuais e coletivas compartilhadas por algumas mulheres; identidade, gênero, etnia, vínculos comunitários, o espaço real e imaginário, geográfico e subjetivo. A visão de mundo, a mudança de atitude, a moldagem de hábito e exposição de fatores que colaboram no desenvolvimento do caráter das crianças; a cultura quilombola. A observação, o compartilhar experiências, os marcos e as marcas na trajetória das líderes da Comunidade. Como resultado desses processos transformatórios da modernidade, percebem-se mudanças nos dizeres, nas práticas que vêem moldando as estruturas e os caminhos da Comunidade. O suporte teórico-metodológico foram os autores Guareschi (2001), Guareschi (2002), Bosi (1994), Pollak (1989), Foucault (2011) entre outros. PALAVRAS - CHAVE: Memória; Sociedade; Gênero; Subjetividade; Mulher. REPRESENTAÇÕES FEMININAS DA MORTE: HERMENÊUTICA TANATOLÓGICA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E GRAPHIC NOVELS Sonia Sirtoli Färber (EST. Bolsista CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Na cultura popular, a morte é um ente, um ser autônomo, dotado de inteligência e liberdade, no repertório imagético da morte a figura emblemática é do esqueleto encapuzado presente na literatura infantil e gravuras dos gibis, seja na imagem divertida da Dona Morte apoiada na sua foice, de Maurício de Souza, da Death com pingente de cruz ankada, nos comics de Neil Gaiman e da Morte Nasona de Pietro Vanessi. A presente pesquisa visa evidenciar as multiformes representações da morte nas histórias em quadrinhos e graphic novels. A metodologia utilizada é a analise de textos e filmes sob o recorte temático da morte, a fim de propor uma hermenêutica tanatológica. Para delimitar a pesquisa, as histórias em quadrinhos foram selecionadas três personagens femininos que representam a morte em três países distintos (Brasil, Itália e Estados Unidos). Discussões sobre a provisoriedade da vida, a inexorabilidade da morte e expectativa de eternidade estão presentes em produções cinematográficas, gibis e comics resultando num meio de difusão de amplo espectro da cosmovisão acerca da vida e da morte. PALAVRAS-CHAVE: Morte; Graphic novels; Literatura. A CONSTRUÇÃO NOSTÁLGICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO NA OBRA MI PAÍS INVENTADO DE ISABEL ALLENDE Tatiana Pereira Tonet (UTFPR Campus Toledo) [email protected] RESUMO GERAL: O presente artigo expõe a construção nostálgica do espaço geográfico na obra memorialística Mi país inventado (2003) da escritora Isabel Allende. Após anos de exílio político, devido ao golpe militar chileno, liderado pelo general Augusto Pinochet (1973-1990), a autora relembra e descreve com amor e saudosismo o país que havia perdido, descrevendo-o a partir de seu imaginário enquanto mulher latino-americana. Durante toda a narrativa há a (re)construção subjetiva do espaço geográfico do Chile, em especial, da cidade de Santiago, do bairro e das casas onde viveu a família Allende, fundindo-se a cultura chilena e familiar da escritora, além de questões sociais. O título da obra apresenta-se como uma invenção particularizada do Chile, contudo, essa construção imaginária somente poderia existir a partir das vivências da autora, dando-lhe base e significação. Analisa-se a representação deste espaço geográfico enquanto imagem concebida a partir da interpretação de um sistema de signos que surgem das lembranças primigênias e do enraizamento territorial que permaneceu, apesar da distância e do tempo, na alma da escritora chilena. PALAVRAS-CHAVE: Chile; Memória; Espaço Geográfico; Imaginário; Isabel Allende. DE ESCRITORAS E ARTISTAS: KATE CHOPIN E CAMILLE CLAUDEL SOB O SIGNO DA INDISCIPLINA. Vera Lucia Lenz Vianna (UFSM) [email protected] RESUMO GERAL: As fronteiras psicológicas e físicas impostas à mulher, levaram-na a criar e a produzir à meia luz, em espaços escondidos e afastados do olhar e da ‘Lei do Pai’. Virginia Woolf em A Room of one’s own’ (1929) ilumina esta situação de modo brilhante. De espectadoras a seres políticos, gradativamente, as mulheres forjaram uma linguagem outra, manifestada através das variadas formas de expressão artística de sua autoria que visibilizam um modo de ser e de estar no mundo alternativo. Vistas como corpos e vozes indisciplinados, elas sofreram, invariavelmente, o repúdio e/ou a violência da instituição patriarcal. A partir destas questões, o trabalho proposto para o simpósio, desenvolve considerações através de um cotejo entre o romance The Awakening, de Kate Chopin, e algumas esculturas de Camille Claudel. Por um lado, interessa investigar a representação da protagonista central de Chopin; pelo outro, alguns aspectos marcantes da vida da artista francesa e seu processo criador. Interessa destacar o modo que a escritora estadunidense e a escultora francesa, guardadas as diferenças, se colocaram contra as injunções/ sugestões/ censura da ordem dominante, e como suas criações (ou elas próprias) sofreram a violência simbólica e física de um sistema arbitrário, constituído por conceitos essencialistas e geradores de uma assimetria profunda entre os gêneros. Para tanto, lançamos mão de Bourdieu, Woolf, Schmidt, Gubard e Gilbert como suporte teórico. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Arte; Questões de Gênero. SIMPÓSIO: TEXTOS FRONTEIRIÇOS: A LITERATURA QUE NÃO SE DEIXA APRISIONAR Maria Elisa Rodrigues Moreira (IPTAN/São João del-Rei) [email protected] Karla Fernandes Cipreste (PUC-Minas/Belo Horizonte) [email protected] RESUMO GERAL: O pensamento sobre a literatura contemporânea apresenta-se como um desafio à teoria e à crítica, em especial quando esta se apresenta em textos inclassificáveis, que impulsionam e exigem a movimentação das fronteiras dos conhecimentos. Operando por deslocamentos, esses textos metamorfoseiam-se continuamente, transbordando os limites do que é próprio à literatura e adentrando as fronteiras de outros campos do saber, como a política, a filosofia, a arte, a ciência, entre outros, e solicitando assim leituras que sejam, elas próprias, mutáveis. Se o problema das fronteiras coloca-nos diante da desordem da escrita, do saber, do pensamento, ele também nos abre perspectivas: escrever no limite é aceitar um risco e, ao mesmo tempo, dele se valer como elemento produtivo. Mais que linha a ser ultrapassada, a fronteira apresenta-se como espaço de complexificação do sentido, que nesse terreno pode se multiplicar e fragmentar. É nesse limite tornado espesso que vai se instituir, de maneira liminar, o diálogo entre a literatura e outras formas de conhecimento, num movimento que provoca um deslocamento contínuo das fronteiras entre uma e outra. Nesse processo, os escritores trazem suas reflexões para o corpo da ficção e as transformam em argumentos narrativos, convertendoas em espaços de produção de um saber narrativo cuja experiência ética e estética estimula cria linhas de fuga à qualquer tentativa de aprisionamento epistemológico. PALAVRAS-CHAVE: literatura; fronteira; saber. RESUMOS DO SIMPÓSIO TEXTOS FRONTEIRIÇOS: A LITERATURA QUE NÃO SE DEIXA APRISIONAR A FANTASIA, O EROTISMO E A ESCRITA DO EXCESSO EM MARIO BELLATIN Karla Fernandes Cipreste – UFU (Universidade Federal de Uberlândia) RESUMO: Em entrevista à revista virtual Geni, Elaine Robert Moraes faz a seguinte afirmação: “Quando eu digo que no meu desejo – não na minha prática sexual, é diferente – eu sou um déspota, estou dizendo de uma singularidade minha que não quero que seja aprisionada em nenhum lugar. É a partir dessa singularidade que você cria alguma coisa no mundo.” Essa reflexão sobre o lugar da fantasia, do desejo e do erotismo na vida e na criação literária é bastante pertinente para se pensar sobre a experiência ética e estética que a obra do escritor mexicano Mario Bellatin estimula. Autor de várias narrativas curtas as quais, em sua maioria, são protagonizadas e narradas por escritores amputados, Bellatin, que nasceu sem o antebraço direito, vítima da talidomida, apresenta uma escrita inclassificável que, segundo ele, irrompe num fluxo irrefreável. Sobre sua escrita, lemos em Underwood portátil, modelo 1915: “No puedo imaginarme a mí mismo urdiendo tramas, esbozando finales o construyendo perfiles de personajes. Hay un pudor natural que me impide hacer libros como si estuviese consciente de que los estoy haciendo…”. Essa escrita que consideramos do excesso (Bataille) desestabiliza os discursos de ordem, o imperativo estético da simetria e a razão ocidental para alcançar seu interlocutor com uma experiência estética provocada por enfermos, amputados, idosos, e qualquer outro corpo que se degenera diante da impotência da técnica e da ciência ou que se consome pela inclemência do tempo. PALAVRAS-CHAVE: fantasia; erotismo; experiência estética; Mario Bellatin ENTRAMADOS CRÍTICOS TERRITORIALES. LECTURAS / ESCRITURAS EN FUGA Carmen Guadalupe Melo - UNaM – CONICET (Universidad Nacional de Misiones) RESUMO: La propuesta de trabajo que desplegaremos se enmarca en las discusiones generadas al interior de un proyecto de investigación preocupado por la producción literaria de un grupo de autores que se definen por su condición territorial; en consecuencia con los estudios iniciados, esta línea intentará aproximarse a las configuraciones retóricas territoriales desde una perspectiva que parte de la revisión del carácter y del lugar de las escrituras literarias y críticas en el proceso de instalación de un discurso identitario. En este sentido, la articulación que proponemos se diseminará a partir de un contrapunto entre las categorías de lectura y escritura, con el objetivo de proponer un abordaje transversal de la figura de autor en el rol de agente comprometido tanto con su producción escritural ficcional como con la instauración de una discursividad fundadora que desde la variedad genérica toma posición respecto de lo que considera lo literario misionero/territorial. En este sentido, el aporte que se visualiza se encuentra en relación directa con la investigación literaria en la provincia de Misiones, y con la conformación de archivos que den cuenta de la memoria cultural de una semiosfera fronteriza e intercultural. PALAVRAS-CHAVE: literatura; território; autor; frontera; contrapunto; interculturalidad ENTRE TRÂNSITOS E FRONTEIRAS: O CARÁTER INDECIDÍVEL DA ESCRITURA DE ANARQUISTAS, GRAÇAS A DEUS Ana Carolina Cruz de Souza - UNEB/UFBA(Universidade Estadual da Bahia/Universidade do Estado da Bahia) RESUMO: A obra de Zélia Gattai não se prende a classificações fixas. Isso é o que se pode afirmar acerca de Anarquistas, graças a Deus. Em leitura das informações contidas nas abas do livro, já se pode flagrar o caráter híbrido da narrativa. Ao traçar um perfil de escrita para Zélia Gattai, José Castello ressalta que, nessa obra, sobressai o veio memorialista da autora. Além disso, conforme acepção do teórico, na escritura de Anarquistas é fácil perceber a identidade de cronista da escritora. Percorrendo as páginas do livro, o leitor vai percebendo que a obra se move entre trânsitos e fronteiras, pois se trata de uma narrativa cujos gêneros discursivos não podem ser tomados de modo independente ou isolado. As memórias e a autobiografia se interpenetram no tecido textual. Ademais, ocorre um misto de memórias, crônicas do cotidiano, relatos autobiográficos, autorretrato, contação de causos, testemunho, registro documental e histórico. Dessa forma, o texto literário funde-se a outros processos discursivos, estabelecendo constante jogo entre o factual e o ficcional. Sendo assim, é do ponto de vista do indecidível que a obra se permite analisar. Pretende-se, com este estudo, evidenciar a potência operadora da escrita de Zélia Gattai que vem rasurar os espaços sedimentados de construção e entendimento dos saberes e dos gêneros discursivos erigidos pela Modernidade. PALAVRAS-CHAVE: Trânsitos; fronteiras; processos discursivos; escritura; Zélia Gattai. A CRÔNICA OSWALDIANA: FRONTEIRA ENTRE LITERÁRIO E JORNALÍSTICO Marilia Manfredi Gasparovic - UNIOESTE – ICV (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) Maricélia Nunes dos Santos - UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) (Orientadora) RESUMO: Oswald de Andrade, além de ser influência literária, foi também um grande nome para o jornalismo brasileiro. Contudo, há pouco estudo acerca da obra jornalística do autor. A maior parte das análises feitas sobre ele restringe-se à obra literária e à sua grande participação no Modernismo Brasileiro. Partindo do pressuposto de que a produção de Oswald não se restringe apenas ao universo literário, mas compreende também a esfera jornalística, nota-se que sua escritura utilizou-se dos recursos de ambas as linguagens na produção de textos que refletem acerca de seu tempo e de sua identidade. Nesse sentido, com a finalidade de chamar atenção também para sua atuação e representatividade no meio jornalístico, o presente trabalho propõe o estudo das crônicas “Uma plataforma” e “Para a criança do Brasil central”, ambas publicadas no jornal Correio da Manhã, em 1944, e compiladas no livro Telefonema (1996), organizado por Vera Maria Chalmers. Pretende-se com isto atentar para a maneira como as características literárias e jornalísticas desse autor se inter-relacionam, principalmente em se tratando das crônicas publicadas no período compreendido entre 1944 e 1954. Dessa forma, acredita-se que será possível expandir a compreensão da ampla produção de Oswald e de sua representatividade para o diálogo entre a linguagem literária/artística e a linguagem jornalística. PALAVRAS-CHAVE: Linguagem literária; Linguagem jornalística; Oswald de Andrade. MAGMA: VEREDAS BARROCAS E MODERNAS Maria do Socorro Gomes Torres - UNIR-Vilhena (Universidade Federal de Rondônia) RESUMO: A presente comunicação tem como objetivo discutir a produção poética de Guimarães Rosa, tendo como corpus Magma, obra inaugural do escritor. Nossa proposta é mostrar em que medida ela se afasta e se aproxima do modernismo, posto que os poemas parecem articular-se por um discurso que tensiona barroco e modernidade. Os poemas da obra serão mostrados a partir de vertentes como: nacionalista, experimentalista, lúdica e, por último, filosófica. As fronteiras entre tais vertentes não são firmemente delimitadas. Assim, caberá investigar em que medida, tais temas, que se apresentam na obra com fronteiras pouco fluidas, se articulam a partir de um discurso barroco que os aproxima. Traremos à tona a seguinte questão: em que medida barroco e modernidade se articulam com Magma para garantir o diálogo entre as vertentes apontadas e, para além disso, garantir a originalidade e a riqueza da obra poética de Rosa que antecipa grandemente aspectos que hoje se atribuem à corrente neobarroca da literatura. Magma tem uma poética desfronteirizada e fragmentária; Seus conteúdos carregam uma marca esteticamente barroca. Poeticamente, estilhaça e fragmenta seu próprio ser. O suporte teórico-crítico para a realização dessa comunicação será fornecido pelos estudos voltados para a compreensão do texto poético: Octavio Paz e Roman Jakobson, como também os estudos de Irlemar Chiampi, Severo Sarduy, Afonso Ávilla que tratam da questão do modernismo e do barroco. PALAVRAS-CHAVE: Magma; poesia; barroco; modernidade; Guimarães Rosa. RICARDO PIGLIA: CRÍTICA, FICÇÃO E DESLOCAMENTO Maria Elisa Rodrigues Moreira – UFU (PNPD/CAPES) (Universidade Federal de Uberlândia) RESUMO: “A literatura permite pensar o que existe, mas também o que se anuncia e ainda não é”, afirma o argentino Ricardo Piglia no epílogo de seu Formas breves. Colocações como esta fazem de Piglia um nome dos mais interessantes para se pensar a temática dos textos fronteiriços, não só por sua escrita transitar entre gêneros diversos, como a crítica e a ficção, mas também por obras que são, elas próprias, um desafio à classificação. Este é caso, por exemplo, do intrigante Nome falso: homenagem a Roberto Arlt, obra publicada em 1994 e na qual ambos os terrenos se hibridizam e, consequentemente, deslocam as fronteiras que os delimitam, por meio da tessitura de uma trama policial que desvela planos narrativos (e críticos) diversificados. Tomando como ponto de referência este livro e colocando-o em diálogo com outras produções piglianas – como Dinheiro queimado, O último leitor e Formas breves –, este trabalho se propõe a traçar uma reflexão inicial sobre os diversos caminhos e interpolações produzidos pelo escritor argentino ao produzir uma literatura e um pensamento sobre ela, de modo por vezes inextricável, a partir de textos que transitam com facilidade pelas veredas da ficção, da crítica, da teoria, da autobiografia, da história, da política. PALAVRAS-CHAVE: Ricardo Piglia; ficção; teoria; fronteira. A PARÓDIA DO FANTÁSTICO NO CONTO UM ESQUELETO, DE MACHADO DE ASSIS Caio Vitor Marques Miranda - G-UEL (Universidade Estadual de Londrina) Cláudia Cristina Ferreira – UEL (Universidade Estadual de Londrina) (Orientadora) RESUMO: Este trabalho almeja apresentar uma possível leitura do conto “Um esqueleto”, de Machado de Assis, em que são apresentados elementos sobrenaturais e horripilantes, evidenciando ser um conto com traços do fantástico. Contudo, no final do conto, Machado faz uma brusca retomada da realidade, incomodando o leitor e convidando-o a romper com o natural na narrativa, que ao longo da história, percebe-se que são indispensáveis em sua configuração e necessária para evidenciar as características do fantástico presentes na obra. Para a realização deste trabalho, recorremos, como embasamento teórico, aos estudos efetivados por Castex (1951), Todorov (1970), Vax (1960), Rodrigues (1988) e Roas (2011), que possuem obras pioneiras no gênero. Para tanto, consideramos o fato de que a busca pelo inexplicável, a magia e o irreal integram o universo fantástico, um mundo em que a ficção concerne à realidade. Entendemos que são elementos assim que permeiam as obras pertencentes a esta vertente do insólito, que há muitos anos vem inquietando e angariando leitores do mundo inteiro. O fantástico tornou-se, sobretudo desde o início do século XIX, gênero recorrente na literatura contemporânea, sendo objetivo de várias análises literárias. Em sua compreensão, o fantástico mantém, em sentido lato, essas mesmas acepções, e delas sucedem traços únicos ou definidores desse gênero incerto, dependendo da proposta de que parte cada estudioso. PALAVRAS-CHAVE: Insólito; Literatura fantástica; Machado de Assis. ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA: SILÊNCIOS NO ENCONTRO DA LITERATURA COM A FILOSOFIA Ibrahim Alisson Yamakawa – UEM (Universidade Estadual de Maringá) Luzia Aparecida Berloffa Tofalini – UEM (Universidade Estadual de Maringá) (Orientadora) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo discutir os modos de construção dos silêncios presentes no romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e sua relação com o discurso filosófico, a fim de melhor compreender a obra. Os silêncios são como alicerces da linguagem, morada dos sentidos e espaço para a significação no texto. Produto do processo de hibridização, os silêncios abrigam e expressam muitas vozes que se condensam e exprimem a angústia, o temor e a solidão das personagens, testemunhas do rompimento de toda a estrutura social instauradora do caos e da desordem. Sujeitas a um espaço de humilhação e degradação, as personagens em Ensaio sobre a cegueira fazem emergir o seu verdadeiro eu. Há na linguagem estreitas fronteiras entre diferentes domínios e, no caso do romance saramaguiano, tais fronteiras se tornam muito mais instáveis e se confundem, corroborando o alto grau de densidade do texto. A obra dialoga com a filosofia, a antropologia e a psicologia, patenteando que os limites da literatura são fluidos. Os silêncios instaurados no texto permitem e ampliam os sentidos, até porque trazem consigo elementos pertencentes a outras áreas do conhecimento. Interessa, portanto, discutir e analisar os modos de construção de tais silêncios, especialmente aqueles que se identificam com a filosofia existencialista. O aporte teórico do estudo encontra-se ancorado principalmente nos estudos de Eni Orlandi e Martin Heidegger. PALAVRAS-CHAVE: literatura; filosofia; silêncios. ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E ELES ERAM MUITOS CAVALOS: SILÊNCIOS Luzia Aparecida Berloffa Tofalini – UEM (Universidade Estadual de Maringá) RESUMO: Na contemporaneidade, momento em que o conhecimento é cada vez mais compartimentado, as fronteiras da literatura vêm se tornando cada vez mais fluidas e abarcando outros saberes, além de diversas modalidades textuais. O texto literário, que sempre foi permeado pelo silêncio, apresenta-se agora muito mais impregnado de silêncios. Apoiando-se, então, no pressuposto de que essa espécie de literatura é construída fio a fio pela confluência do dito e do não dito, esse estudo investiga os modos como os silêncios - e as suas possibilidades de significação - se apresentam nos textos artístico-literários dos romances Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e Eles eram muitos cavalos, de Luís Ruffato. Além disso, tendo em vista que as duas histórias acontecem em grandes cidades, objetiva também observar diferenças e semelhanças nos modos de ocorrências do silêncio, procurando estabelecer um diálogo entre as duas obras. Trata-se, portanto, também, de um estudo comparatista. O estudo evidencia a importância do receptor no sentido de decodificar o que as palavras deixam de dizer. Para o desenvolvimento das análises, convocam-se, como suporte teórico, principalmente os estudos relacionados ao silêncio empreendidos por Eni Orlandi e George Steiner. Espera-se, com tal estudo, dar continuidade ao debate sobre as formas como o silêncio se apresenta na obra de arte. PALAVRAS-CHAVE: literatura contemporânea; romance; leitor; silêncio. SIMPÓSIO: POR UMA GEOPOÉTICA DE INVENÇÃO DAS AMÉRICAS: MEMÓRIAS LITERÁRIAS, TERRITÓRIOS E PAISAGENS (TOPOLÓGICAS, ANTROPOLÓGICAS, SOCIOLÓGICAS) Marcelo Marinho (UNILA) Antonio Alberto Brunetta (UFSC) Laura Brandini (UEL) [email protected] RESUMO GERAL: "La percepción es concepción", afirma Octavio Paz; "o ser humano é um animal semiológico", complementa Gadamer. Este simpósio abraça o conceito octaviano e se propõe como um ponto de partida para reflexões sobre a dimensão espaço-temporal nas múltiplas articulações entre literatura, memória e espaços (físicos e imaginários). Considera-se a literatura como forma de tradução-condensação verbal de signos não-verbais, tradução verbal desse construto imaginário (individual e coletivo) que é a paisagem (percepção-concepção de espaços de vida intermediada pelos sentidos). As paisagens são elementos estéticos fundadores do patrimônio coletivo: urbana e rural, natural e cultural, industrial e agrícola, de trabalho ou ócio... Por intermédio da memória, as múltiplas paisagens se entretecem em nossa imaginação poética e conformam a América Latina tal como a reinventamos e sonhamos todos os dias. A geopoética pressupõe que as esteticamente codificadas relações entre seres humanos e planeta Terra podem ser apreendidas por intermédio do literatura. “Canta tua aldeia e serás universal”, lança Leon Tolstoi. "O universal é o local sem paredes", reforça Miguel Torga. A literatura concebe-se como privilegiado objeto para o estudo da invenção de paisagens no âmbito das mais diversas áreas do conhecimento, da geografia à sociologia, da antropologia à linguística, da história à filosofia etc. A construção imaginária do espaço é o ponto de convergência de saberes e culturas, em suas formas tanto populares quanto eruditas: este simpósio busca reunir trabalhos que articulem as diversas áreas do conhecimento por intermédio da dimensão espaço-temporal da obra literária, reservando-se um lugar privilegiado para o estudo comparado de textos literários e outras formas de manifestação estética. PALAVRAS-CHAVE: geopoética; literatura e espaço; literatura e paisagem; memória e literatura; literatura comparada. SIMPÓSIO QUINTA-FEIRA, 28 NOV - 14H00-17H00MIN - SALA: 32 (TRINTA E DOIS) POR UMA GEOPOÉTICA DE INVENÇÃO DAS AMÉRICAS: MEMÓRIAS LITERÁRIAS, TERRITÓRIOS E PAISAGENS (TOPOLÓGICAS, ANTROPOLÓGICAS, SOCIOLÓGICAS) Marcelo Marinho (UNILA) Antonio Alberto Brunetta (UFSC) Laura Brandini (UEL) [email protected] RESUMO: "La percepción es concepción", afirma Octavio Paz; "o ser humano é um animal semiológico", complementa Gadamer. Este simpósio abraça o conceito octaviano e se propõe como um ponto de partida para reflexões sobre a dimensão espaço-temporal nas múltiplas articulações entre literatura, memória e espaços (físicos e imaginários). Considera-se a literatura como forma de tradução-condensação verbal de signos não-verbais, tradução verbal desse construto imaginário (individual e coletivo) que é a paisagem (percepção-concepção de espaços de vida intermediada pelos sentidos). As paisagens são elementos estéticos fundadores do patrimônio coletivo: urbana e rural, natural e cultural, industrial e agrícola, de trabalho ou ócio... Por intermédio da memória, as múltiplas paisagens se entretecem em nossa imaginação poética e conformam a América Latina tal como a reinventamos e sonhamos todos os dias. A geopoética pressupõe que as esteticamente codificadas relações entre seres humanos e planeta Terra podem ser apreendidas por intermédio do literatura. “Canta tua aldeia e serás universal”, lança Leon Tolstoi. "O universal é o local sem paredes", reforça Miguel Torga. A literatura concebe-se como privilegiado objeto para o estudo da invenção de paisagens no âmbito das mais diversas áreas do conhecimento, da geografia à sociologia, da antropologia à linguística, da história à filosofia etc. A construção imaginária do espaço é o ponto de convergência de saberes e culturas, em suas formas tanto populares quanto eruditas: este simpósio busca reunir trabalhos que articulem as diversas áreas do conhecimento por intermédio da dimensão espaço-temporal da obra literária, reservando-se um lugar privilegiado para o estudo comparado de textos literários e outras formas de manifestação estética. PALAVRAS-CHAVE: geopoética; literatura e espaço; literatura e paisagem; memória e literatura; literatura comparada. RELEITURAS POÉTICAS DO ESPAÇO AMERICANO POR MEIO DA PERSPECTIVA DE CECÍLIA MEIRELES Jacicarla Souza da Silva (UEL) RESUMO: A poetisa Cecília Meireles (1901-1964) , como se sabe, realizou ao longo de sua vida inúmeras viagens por diversos países dos continentes americano, europeu e asiático. Essa experiência, sem dúvida, proporcionou-lhe uma aproximação com os mais variados lugares por onde passou. Parte desse contato com diferentes realidades estão presentes em sua poesia, bem como em suas crônicas, as quais relatam os espaços mais diversificados que passam por cidades como Belo Horizonte, Montevidéu, Buenos Aires, Nova York, Lisboa, Amsterdã, Paris, Cidade do México, Roma, Calcutá, Tel-Aviv, entre outras. Essas crônicas, além de mostrar o olhar lírico de Cecília, registram as particularidades culturais desses locais, captadas de maneira bastante peculiar pela poetisa. Ao considerar o número significativo de crônicas destinadas ao contexto americano que revelam as afinidades cultural e intelectual de Cecília com os países vizinhos, este trabalho pretende, por meio tanto das crônicas como dos textos poéticos, destacar essa proximidade entre a autora de Viagem e a América hispânica, assim como observar o seu distanciamento em torno da América do Norte, em especial, aos Estados Unidos. Espera-se, desta forma, com esta proposta estabelecer um diálogo entre a escritora brasileira e outras culturas americanas, com o intuito de ampliar o entendimento de sua obra, como também ressaltar as releituras poéticas que Cecília realiza a respeito desses diferentes espaços. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Comparada; Geopoética; Cecília Meireles. UMA GEO-GRAFIA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS Paulo Eduardo Benites de Moraes (UFMS/ Bolsista CAPES) [email protected] Josemar de Campos Maciel (UCDB/ Pesquisador CNPQ) [email protected] RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo estudar a categoria de geopoética na obra Livro de pré-coisas (1985) de Manoel de Barros. Esta categoria insere-se dentro dos estudos da literatura comparada ampliando as discussões sobre a relação da literatura e espaço. Consequentemente o trabalho se envolve nas discussões sobre as formas de manifestações do regional em nossos dias. Como ponto de partida utiliza-se as teorias que discutem as questões de regional e regionalidade de Rogério Haesbaert (2011; 2012), bem com a noção de geopoética de Daniel-Henri Pageaux (2011). Considera-se, em torno dos conceitos envolvidos, um viés críticoreflexivo que busca compreender de modo mais objetivo a relação entre os sujeitos, suas práticas sociais e culturais circunscritos num tempo/espaço contemporâneos marcados pelas mobilidades de centro/centros. Falar de uma poética geográfica ou geopoética implica na proposição de que há um imaginário geográfico que, num plano distinto, abre-se para uma linguagem geossimbólica. A metodologia orienta-se por meio de leituras de trechos significativos do corpus, bem como de teóricos que estudam o tema. Busca-se evidenciar como Manoel de Barros serve-se das paisagens natural e cultural para criar representações literárias do espaço. Palavras-chave: Literatura Comparada; Geopoética; Poesia Brasileira; O ORGULHO DE SER LATINO-AMERICANO: UMA POÉTICA DO DESLOCAMENTO Weslei Roberto Cândido (UEM) [email protected] RESUMO GERAL: A presente comunicação tem por objetivo discutir a questão da identidade latino-americana no romance As Irmãs Agüero, de Cristina García. Neste, desenrolam-se três histórias fundamentais para se conhecer as irmãs Reina e Constância e a origem de seus pais. Parte significativa da narrativa se centra nos choques culturais que sofre Constância ao mudar-se para Miami, ao acompanhar seu marido que se aposentara. Ao sair de New York e parar em KeyBiscayne a personagem é obrigada a reencontrar antigos hábitos de sua Havana. Mesmo estando nos Estados Unidos os moradores da ilha sentem a necessidade de reviver em seus corpos, gestos, modos de falar e comer a terra natal deixada há anos em busca de um melhor lugar para se viver. Ali, Constância é obrigada a se reconhecer como cubana, algo que New York a fizera quase se esquecer, pois Miami está impregnada de músicas, programas de TV e rádio que a levam a reavivar a memória dos anos de juventude em Cuba. Como afirma García Caclini no livro Latino-americanos à procura de um lugar neste século (2008), nenhum latino-americano sente orgulho deste rótulo, a não ser quando está fora da chamada América Latina; é o que parece acontecer com os cubanos de Key-Biscayne e, consequentemente, com Constancia e sua irmã Reina que vai viver com ela na ausência do marido. Ambas encontram a comunhão com o passado cubano por meio da memória e de uma fraca nostalgia que não tem o poder de fazê-las sonhar como retorno a Havana. Palavras-chave: Geopoética; Literatura Comparada; Literatura e espaço. A QUERELA DA CRÍTICA FRANCESA DOS ANOS 60 E SEUS ECOS NO BRASIL Laura Taddei Brandini (UEL) [email protected] RESUMO GERAL: A década de 60 foi a mais pródiga em matéria de crítica literária na França do século XX. Entre 1964 e 1966 Raymond Picard, eminente professor de literatura da Sorbonne e prestigiado estudioso da obra de Racine, e Roland Barthes, então escritor que se firmava no cenário crítico-literário francês, protagonizaram a mais acalorada disputa intelectual da época. Por um lado, Barthes propunha uma nova função para a crítica literária, calcada na concepção do texto visto como uma linguagem produtora de sentidos, livre do jugo do autor e dependente do leitor para se realizar. Por outro, Picard defendia a até então vigente crítica lansonista, que buscava na biografia do autor e no contexto de escrita da obra suas razões de ser: a literatura, então, era compreendida como o produto de uma época e de uma intenção, cabendo ao crítico esclarecê-la aos demais leitores. A “querela da crítica francesa” que opôs não somente os dois intelectuais, mas dois grupos e, sobretudo, duas concepções literárias, atravessou o Atlântico e ecoou no Brasil, cujo sistema literário estava em ebulição desde a década anterior, em função de questões internas, porém também referentes a divergências na concepção da obra literária. A recepção à querela francesa e suas consequências no cenário crítico brasileiro, precisamente paulista, é o objeto desta comunicação, que tem por objetivo evidenciar de que maneira as reflexões e indagações francesas contribuíram para redesenhar a cartografia crítica brasileira. Palavras-chave: crítica; Roland Barthes; estudos de recepção; literatura comparada A EXPRESSÃO DA PAISAGEM EM LA MUERTE DE ARTEMIO CRUZ E CITIZEN KANE Isabel Jasinski (UFPR) [email protected] RESUMO GERAL: Ao ser inquirido sobre a produção literária do final dos anos 90, Carlos Fuentes observou que prevalecia uma diversidade marcada pela subjetividade. Essa opção se projeta como tendência para o começo do século XXI, reposicionando o conceito de “literatura latino-americana” frente à relativização das identidades nacionais, a favor da expressão de uma ipseidade versátil, na passagem do público para o privado, do coletivo para o individual, segundo Jorge Fornet. Pode-se considerar que existe certa disseminação do sentido de identidade tal como entendiam os intelectuais que nos anos 40 debatiam sobre o “hispanismo” no continente, o que imprime novos sentidos sobre a expressão da memória, do imaginário e da paisagem. Desde então até anos 90, próximo à celebração do V Centenário do Descobrimento, ou mesmo após a virada do século, muitos escritores refletiam sobre um sentido de identidade que conformasse o território latino-americano. Carlos Fuentes (1928-2012) foi um dos principais fomentadores desse projeto, atuante no âmbito das políticas culturais da América Latina. Elaborou um plano literário sustentado sobre a releitura da história e do mito, a memória, os aspectos universais da literatura mexicana e a relação da literatura com o cinema. Considerando a paisagem como projeção da identidade/subjetividade e sua expressão frente à morte como crítica dos processos históricos no México e nos EUA, essa comunicação pretende analisar a obra La muerte de Artemio Cruz (1962) e sua relação com Citizen Kane (1941), de Orson Welles. Palavras-chave: América Latina; Literatura e cinema; Carlos Fuentes; Identidade; Geopoética A ESTÂNCIA INSULAR DA FAMÍLIA TERRA Juliana Weinrich Shiohara (UFPR/ Bolsista CAPES) [email protected] RESUMO: O Continente, de Érico Veríssimo, é a primeira parte da trilogia de O tempo e o vento, caracterizado como um romance histórico. Entretanto, na maior parte da seção intitulada Ana Terra do primeiro volume de O Continente - mais especificamente entre os capítulos 1 e 22 (VERÍSSIMO. 2012. p.102-168), ambientados na estância da família Terra - o que chama a atenção é que nesse espaço não há meios de se fazer uma medição de tempo através dos utensílios usuais, conectores entre os tempos vivido e público. Diante de tal impossibilidade, o espaço circundante às personagens e a memória servem como mediadores do tempo, mas principalmente, o espaço. As personagens se situam no tempo basicamente através do espaço e o texto possui um mínimo de elementos materiais da história extraliterária, já que grande parte da trama se passa em um local bem primitivo que estipula a passagem do tempo de forma também primitiva. Essa região rural e alheia às relações efetivas com os acontecimentos de fora da estância, encerra um conhecimento de mundo mínimo e configura um insulamento quase completo das personagens. Minha proposta é a de um estudo da representação espacial da estância da família Terra como uma conformação insular desse espaço literário. A ilha como uma figuração de isolamento que comporta possibilidades de situações que seguem uma ordem própria, numa suspensão de conexão com seu exterior. Um espaço literário que, mesmo assim, carrega em sua forma o referente extraliterário, contribuindo para a compreensão do tempo histórico retratado. Palavras-chave: Geopoética; Literatura Comparada; Literatura e História; Literatura Brasileira. E A TERRA FEZ-SE VERBO - PAISAGENS ALEGÓRICAS EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA: POR UMA GEOPOÉTICA DA TRANSUBSTANCIAÇÃO TELÚRICA. Marcelo Marinho ( UNILA) RESUMO: O que enxerga Riobaldo e o que lê na paisagem que a ele se oferece, lasciva e impudica, em suas itinerâncias aleatórias e seus percursos iterativos por veredas imaginárias de um Sertão antropofagicamente carnavalizado? Um texto. Um texto - no mais perfeito sentido etimológico do termo. “Texto” deriva precisamente do verbo latim que significa “tecer, fazer tecido, entrançar, entrelaçar; construir sobrepondo ou entrelaçando”, como bem relembra Houaiss. Riobaldo enxerga e lê um texto, um tecido de signos não-verbais, cuja substância primordial é preciso traduzir em signos verbais, para que se possa apreender a realidade espaçotemporal circunjacente. Nessa perspectiva, o discurso de Riobaldo pode ser entendido como uma alegoria imagética para um dolente percurso espiritual que se realiza na própria indizibilidade dos signos que conformam a paisagem. Como alimento pré-textual, para seu deleite, o bardo Riobaldo colhe, nessa encruzilhada de musas, a instigante fórmula proposta por Merleau-Ponty: “a arte é uma tentativa desesperada de se dizer o indizível”. O discurso alegórico de Riobaldo constrói-se com o auxílio de um léxico amplamente esteado na capacidade expressiva de signos verbais marcados por uma motivação abertamente anti-saussuriana - a meta de Riobaldo é eliminar Hermógenes, epônimo de Saussure, tal como o personagem de Platão é definido por Gérard Genette. Guimarães Rosa elege ou inventa vocábulos cuja textura, cor, sabor, odor e sonoridade expressam a adequação entre o nome e a coisa, entre o nome e o elemento telúrico representado. Por essa vertente, o autor promove um processo de transubstanciação verbal dos elementos telúricos não-verbais que conformam a paisagem, sempre no âmbito de uma experiência subjetiva e incomunicável: volumes, linhas, cores, luminosidade, cheiros, sons, texturas táteis e visuais, sabores, temperatura, odores... O resultado é um romance que se inscreve no âmbito de uma geopoética de transubstanciação textual e dá nascimento a uma nova forma de se reler a paisagem latino-americana, condição brilhantemente formulada por Foucault ao afirmar que o personagem de Dom Quixote lê a paisagem para confirmar sua leitura de livros. O autor de textos (impressos ou orais, verbais ou pictóricos, entre outras combinações possíveis) é o mediador entre a paisagem e o observador. Por esse viés, o presente trabalho busca evidenciar tais aspectos em passagens/paisagens extremamente representativas desse palimpséstico carro-chefe da literatura brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa; geopoética; motivação do signo. SIMPÓSIO: LITERATURA E HISTÓRIA: POSSÍVEIS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO Rafaela Mendes Mano Sanches (UNICAMP) [email protected] Yvone Ortiz Moran (UNICAMP) [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio objetiva discutir, por diferentes formas, as relações entre narrações historiográficas e outros tipos de narração, que compreendem diferentes planos, trocas, representações, e contraposições de um determinado momento social e cultural. Propomos estudar a dimensão narrativa das historiografias e seus possíveis dialogismos com os gêneros literários. No trânsito entre literatura e História, o conhecimento histórico busca identificar o modo como em diferentes lugares e contextos uma determinada realidade cultural é construída, pensada, dada a ler (Chartier, 1990), e a produção literária, enquanto fruto do processo social, constitui suas redes de significação e sua literariedade no emaranhado das forças históricas, sociais e culturais, tendo em vista que seus critérios literários modificam-se. Os dois campos atravessam um espaço social, no qual organizam diversificadas estruturas e formas de compreensão dos seus sentidos, de maneira que é significativo indagar as características particulares dos diversos aspectos de ficção e de narrativas e dos modos de aproximação que estabelecem com o real, buscando compreender cada processo de representação. A História como uma narrativa ficcional e a narrativa de propriedade histórica permitem relacionar suas reescrituras, adaptações e interpretações com as condições de sua produção e com as expectativas de seus leitores. Ao representar o passado, tanto uma quanto a outra se reapropriam dos elementos de um espaço específico e questionam o seu próprio momento. A partir das confluências entre as duas linguagens, como formas de construção de um discurso que permite questionar e reconstituir passado e presente, abrimos espaço para refletir e problematizar as suas realizações. PALAVRAS-CHAVE: literatura; história; narrativas; representação; gêneros literários. SIMPÓSIO LITERATURA E HISTÓRIA: POSSÍVEIS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO Rafaela Mendes Mano Sanches (UNICAMP) [email protected] Yvone Ortiz Moran (UNICAMP) [email protected] (HISTÓRIA DA) LITERATURA BRASILEIRA EM (TRANS)FORMAÇÃO: IDEIAS, OBRAS, AUTORES E PÚBLICOS Daniela Silva da Silva (UNICENTRO) RESUMO: Este trabalho é o resultado da pesquisa sobre o estudo dos momentos iniciais da formação da literatura brasileira, como o objetivo de verificar qual o ideário que promoveu essa formação, influências, bem com as consequências que apontam que esse galho de segunda ordem no jardim das musas, de que nos fala Antonio Candido, germinou, até o ponto de frutificar e dessa frutificação ter gerado novas árvores em variados solos do território nacional. O corpus de investigação está constituído de três textos provenientes de O berço do cânone, de Zilberman e Moreira, quais sejam: “Parnaso Lusitano”, de Almeida Garret, “Parnaso brasileiro”, de Januário da Cunha Barbosa, e “Parnaso brasileiro”, de João Manuel Pereira da Silva. A intenção de pesquisa pauta-se por responder a seguinte questão: de que maneira(s) as atitudes mentais desses sujeitos historiam um momento importante para a (trans)formação da literatura brasileira? O aporte teórico para realização da pesquisa procede do campo da história da literatura e da história das mentalidades, o que significa pensar em conceitos como recepção, formação, atitudes mentais, bastidores. Tendo como marco 1822, ou seja, a independência política do Brasil em relação a Portugal, como esses críticos, dois brasileiros e um português, vêm as nossas letras, bem como a literatura brasileira. E se a história conta como alguma coisa começou, em um dado período do tempo, por certo que tais mentalidades, a serem colocadas em diálogo podem nos ajudar a contar uma história da história. PALAVRAS-CHAVE: história; literatura; Brasil; formatação; transformação. O DISCURSO HISTÓRICO: ENTRE AS PRÁTICAS E OS POSTULADOS DA ESCRITA Alan Sardeiro Porto (UESB) Cássio Roberto Borges da Silva (UESB) RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre alguns questionamentos que tem contribuído para mudanças de paradigma no campo da historiografia. Críticas ao objetivismo histórico, dúvidas quanto à possibilidade de apreender o “real” pelo discurso, asseverações a propósito da insuficiência das generalizações e, sobretudo, desconfianças acerca do estatuto científico da disciplina balizam os programas da “nova história”, de tal forma que a reavaliação de métodos, de práticas e, sobretudo, da escrita histórica desloca a “disciplina” para domínios de investigação atentos às relações que um corpo social mantem com a sua linguagem. O exame da problemática em questão procura articular, basicamente, as posições defendidas por Jacques le Goff em História e memória, por Roger Chartier em História cultural: entre práticas e representações e por Michel de Certeau em A escrita da história. Pretende-se, portanto, discutir algumas questões que tem ganhado relevância nos debates historiográficos, por exemplo: qual a relação entre o “discurso histórico” e “o real”? Qual o papel dos documentos na encenação do relato? A história seria um mito, um relato objetivo ou um argumento metafórico e entimemático? Enfim, tendo em vista as determinações e os limites de sua prática, além das convenções de gênero que governam a sua escrita, como se constitui o discurso histórico contemporâneo? PALAVRAS-CHAVE: história; escrita; discurso. A LITERATURA DE TESTEMUNHO E O NEW JOURNALISM NAS OBRAS DE RODOLFO WALSH E TRUMAN CAPOTE: UM ESTUDO COMPARADO Bruna Signor (UTFPR) RESUMO: O estudo apresenta uma análise sobre as obras Operação Massacre (1955) do escritor argentino Rodolfo Walsh e A Sangue Frio (1965) do norte-americano Truman Capote. Ambas representam, respectivamente, a Literatura de Testemunho e o New Journalism, que utilizam a Literatura e o Jornalismo em suas histórias. Esses gêneros literários fazem com que um fato jornalístico seorne uma narrativa envolvente, humanizada, misturando jornalismo e ficção. Na Literatura de Testemunho, Walsh é um dos nomes mais representativos e é aclamado ainda na atualidade, por retratar em sua obra magna o extermínio de cidadãos argentinos contrários ao regime ditatorial daquele país na década de 50, quando o ex-presidente Perón foi deposto. A obra é uma verdadeira investigação policial, que expõe os fatos de maneira crítica e literária e ajudou, inclusive, no processo contra os acusados de não respeitarem a lei marcial vigente no país. Anos mais tarde, nos Estados Unidos, Capote escreve A Sangue Frio, em um momento de protestos à contracultura e inaugurou, segundo ele, seu romance de não-ficção, modalidade na qual vemos diluírem-se as fronteiras entre jornalismo e literatura. O autor conta a história de uma família assassinada brutalmente por dois homens em sua fazenda no Kansas. A reportagem sobre as mortes já havia sido feita, porém os pormenores foram obtidos ao longo de quase seis anos de entrevistas, onde o jornalista transitou por todo o processo desde a sua investigação até a execução dos assassinos, modificando a antiga estrutura literária e jornalística ao vivenciar diretamente o caso. PALAVRAS-CHAVE: jornalismo Literário; Literatura de Testemunho; Operação Massacre; New Journalism; A Sangue Frio. A “SEGUNDA MORTE” E SEU SIGNIFICADO EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE Diana Milena Heck (PG UEM) RESUMO: Pretende-se com este artigo elucidar o tema que hoje é tido como interdito na sociedade ocidental. Tal temática, a morte, apesar de ser considerada um dos grandes mistérios da humanidade, podendo ser alvo de muitas pesquisas, é mantida longe de qualquer convívio com os vivos, mesmo que todos tenham a certeza de que esta lhes pertence. José Saramago, ao publicar o romance As Intermitências da Morte (2005), realça uma maneira diferente de encarar a morte, ou seja, o escritor quis mostrar que a morte não é algo do qual se deve temer, mas que falta ao ser humano saber conhecer e aceitar que, sem ela, o mundo não seria o mesmo. Portanto, com o auxílio de pesquisadores e filósofos que estudaram o tema da morte, como Edgar Morin (1970) e Philippe Ariès (2003), levantar-se-á, de maneira geral, um breve histórico da morte no ocidente e como esta foi se tornando um tema que hoje é tabu. Para finalizar, com a contribuição do filósofo Slavoj Žižek (2010), com a teoria do materialismo lacaniano, traçar-se-á como ocorre o fenômeno de “segunda morte” no romance de Saramago e no que consiste tal conceito, que será imprescindível para refletir sobre o comportamento em relação à morte no ocidente e entender como Saramago engendra a temática, contribuindo para uma formação crítica e social do assunto. PALAVRAS-CHAVE: José Saramago; materialismo lacaniano; morte; tabu. A REPRESENTAÇÃO DA PERSONAGEM MALINCHE NAS OBRAS DE LAURA ESQUIVEL E MARCELA DEL RÍO Fabiane Cristiane Carlos Freitas (UNIFAL-MG) RESUMO: A Crítica Literária Feminista, segundo Zolin (2005), tem a origem na publicação da tese Sexual Politics, de Kate Millet, em 1970, pois problematiza a questão da representação da mulher nos romances de autoria feminina a partir da discussão do conceito de patriarcado. Pensando que a sociedade sempre valorizou o masculino como “universal” e “oficial”, as mulheres ficaram relegadas à margem da sociedade e da história oficial. As feministas, a partir desse momento, iniciam dois caminhos em relação à literatura: as críticas literárias se voltam para a representação feminina e as autoras ganham impulsão para oferecer outras leituras do universo feminino. Dentro desse contexto, surgem autoras que abordam a história da Conquista da América com o propósito de revisitar o passado histórico e oferecer outras leituras distintas da “versão oficial”, destacando o papel da mulher naquele momento. Com base na teoria da Crítica Feminista (Showalter, 1986; Zolín, 2005, entre outras obras) e na relação entre Literatura e História (Cunha 2004; Esteves 2010, entre outros livros), este trabalho se volta para a análise das obras mexicanas Malinche (2004), de Laura Esquivel e El sueño de La Malinche (2005), de Marcela de Río, com o objetivo de demonstrar como as autoras revisitam o mito de La Malinche, na história da Conquista do México, com o propósito de desconstruir o discurso histórico oficial de que Malinche foi a traidora do povo mexicano, e apresentam uma releitura do passado, descrevendo a importância da personagem feminina para a história do país. PALAVRAS-CHAVE: Literatura e Mulher; crítica feminista; autoria feminina; Malinche. UM TESTEMUNHO NADA CONVENCIONAL: HISTÓRIA E FICÇÃO EM MEMÓRIAS DO CÁRCERE Fábio José dos Santos (IFAL) RESUMO: Desde que foi publicada, a obra Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, vem sendo lida pela crítica como um texto de caráter marcadamente histórico, documental. Tal leitura encontra respaldo no fato de que o conteúdo das Memórias, segundo afirma o próprio autor, decorre de registros feitos por ele acerca do período em que esteve preso, entre 1936 e 1937, sob o regime repressivo do governo Vargas. No entanto, apesar de sua origem estar associada a experiências reais, históricas, essa obra guarda propriedades linguísticas que suscitam alguns problemas relativamente às relações entre os discursos historiográfico e ficcional num texto declaradamente memorialístico. Nosso objetivo é investigar a manifestação da ficção em Memórias do cárcere, buscando em seu processo composicional o lócus em que emerge o fingimento linguístico do passado rememorado. Enfocamos, para tanto, a figura do narrador das Memórias como a instância narrativa que detona a reflexão sobre a escrita memorialística, atuando como um agente que provoca o desnudamento da ficcionalidade de seu relato e revela os bastidores da memória. Nossa discussão dialoga, entre outros, com as formulações teóricas de Paul Ricoeur sobre a memória, a história e a ficção, com o pensamento de Hayden White sobre a construção histórica e também com as noções de “pacto autobiográfico” e de “atos de fingir” propostas por Philippe Lejeune e Wolfgang Iser, respectivamente. Concluímos afirmando que, em Memórias do cárcere, Graciliano, mantendo sua tradição de refletir sobre seu próprio fazer, propõe um continuum literário-memorialístico em que se relacionam e complementam ficção e história. PALAVRAS-CHAVE: memória; história; ficção. NO EXÍLIO: O TEXTO LITERÁRIO E A RECONFIGURAÇÃO DO PASSADO Gilda Marchetto (DINTER - UNIR/UNESP) RESUMO: O discurso histórico e o discurso literário adotam procedimentos diferentes ao abordarem os mesmos acontecimentos: o historiador vale-se da realidade factual, das fontes que legitimam as referências extratextuais, bem como suas implicações no âmbito da história, da política e do campo social; o literário vale-se dessa mesma realidade, mas como transfiguração dos fatos reais. Conforme Chartier (2011), a escrita literária apreende a poderosa energia das linguagens, dos ritos e das práticas do mundo social e, transferida para a obra literária, retorna ao mundo social através de suas apropriações por parte de seus leitores e expectadores. Com base nessas considerações, propomo-nos abordar a narrativa literária como forma de representação do passado. Os fatos históricos desencadeados após a Revolução Russa de 1917 e a experiência vivida como testemunha desses mesmos fatos servem de suporte para Elisa Lispector compor o seu segundo romance No exílio (1948). A autora, distanciada pelo tempo e espaço, narra a trajetória de uma família de emigrantes judeus da Rússia para o Brasil e se coloca criticamente em relação aos acontecimentos vividos. Marcado pela subjetividade da voz narrativa, o romance encena aquilo que o relato histórico não revela: as tragédias pessoais. Pelos olhos da protagonista, o leitor entra em contato com o drama de Lizza e as consequências da Revolução na vida de sua família e, por extensão, o drama do povo judeu. PALAVRAS-CHAVE: Elisa Lispector; literatura; história. A DESCONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA OFICIAL EM QUARTO DE DESPEJO, DE CAROLINA MARIA DE JESUS Larissa Paula Tirloni (União Dinâmica de Faculdades Cataratas – UDC) RESUMO: O diálogo estabelecido entre literatura e história é uma producente ferramenta para a análise das experiências e vivências do sujeito em sua cultura, em sua condição de sujeito e de porta-voz da realidade circundante. Em razão de seu amplo espectro de representação, as possibilidades de interpretação literária e cultural ampliam-se ao passo em que o olhar se volta para o contexto e atuação dos indivíduos. Para tanto, o presente trabalho tem como propósito demonstrar como a literatura, pelo seu arraigamento com o social, possibilita a problematização de vivências que auxiliam na difusão de uma literatura com o compromisso de enunciar as mazelas do cotidiano daqueles que se encontram à margem da história; da história oficial a qual se tem contato. Pretende-se, neste artigo, analisar a obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, com base nos conceitos de micro-história, literatura marginal e discussões acerca da identidade. Ora, a literatura de Carolina traz a voz legítima do excluído; desafia os valores estéticos dominantes da tradição culta e letrada ao difundir uma literatura desprestigiada. Nessa perspectiva, traz representações literárias e imagens simbólicas da parcela da sociedade que se encontra à margem, invisível aos demais segmentos da população, bem como coloca em xeque os cânones literários dominantes, além de auxiliar o leitor na compreensão da história de seu povo e do conjunto da humanidade. PALAVRAS-CHAVE: Micro-história; Literatura Marginal; Identidade; Carolina Maria de Jesus. DA HISTÓRIA PARA A LITERATURA: UMA LEITURA DE FACUNDO EM EL GENERAL QUIROGA VUELVE EN COCHE DEL MUERE Muryel da Silva Papeschi (UNESP/Assis) RESUMO: Uma das principais características dos contos publicados pela escritora argentina Maria Rosa Lojo corresponde à sua originalidade na representação de personagens históricos de seu país em produções literárias. Desta forma, Lojo sugere a seus leitores revisitar e reinterpretar momentos marcantes em que estes ícones populares atuaram e que, consequentemente, compõem o que temos por identidade nacional argentina. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar a construção que Maria Rosa Lojo faz do personagem Juan Facundo Quiroga, amplamente conhecido através da obra escrita por Domingo Faustino Sarmiento, intitulada Facundo: civilización o barbárie (1845), em que o diplomata argentino apresenta-o como a personificação da barbárie pampeana, oposta à civilização urbana. O foco desta análise recai sobre o conto El general Quiroga vuelve en coche del muere, do livro Historias Ocultas en la Recoleta, publicado por Maria Rosa Lojo em 2000. Para tanto, partimos das biografias publicadas sobre Juan Facundo Quiroga, acompanhadas de textos fundamentais que auxiliam na contextualização social e histórica do período retratado e, em especial, o ensaio “La ‘barbarie’ en la narrativa argentina (Siglo XIX)”, publicado pela própria escritora. Assim, almejamos compreender a intertextualidade proposta e verificar o dialogismo que Lojo estabelece com a fortuna crítica sobre Facundo, especialmente as biografias feitas por David Peña, Felix Luna e o já citado Sarmiento. PALAVRAS-CHAVE: Facundo Quiroga; Maria Rosa Lojo; personagem. BRANCA DIAS E SUAS HISTÓRIAS – OU COMO UMA JUDIA QUINHENTISTA VISITOU O CÁRCERE DA DITADURA MILITAR Rosana Ramos Chaves (Universidade Estadual de Santa Cruz) RESUMO: O texto dramático O santo inquérito, de autoria do dramaturgo brasileiro Dias Gomes, conta a saga da cristã-nova Branca Dias e sua família, perseguidos pela Inquisição, na Paraíba do século XVIII. A família Dias é acusada e condenada devido à suposta prática de judaísmo, embora a protagonista afirme ser cristã. Ainda que a personalidade Branca Dias e seu esposo Diogo Fernandes, famoso casal judaizante do século XVI, tenham numerosos detalhes de suas vidas registrados na história, Dias Gomes (re)criou sua personagem a partir de lendas e das narrativas históricas sobre o sujeito real que a inspirou. A obra foi escrita num período de intenso autoritarismo e censura política, por isso, as alusões históricas que permeiam o texto apontam para dois momentos: 1750 e 1966. Os interrogatórios inquisicionais, o medo e insegurança vivenciados pelos cristãos-novos, assim como o enorme poder da Igreja estão referenciados no texto literário em estudo. No entanto, a Branca Dias de O santo inquérito deseja ser cristã, ao passo que a personalidade histórica, segundo diversos historiadores, morre criptojudia. Assim, temos por objetivo estudar as relações entre história e ficção na obra literária sob análise. Investigaremos ainda o posicionamento do dramaturgo quanto aos fatos históricos envolvendo a personalidade Branca Dias, e como tais fatos foram apropriados e (re)presentados por Dias Gomes. PALAVRAS-CHAVE: Dias Gomes; ficção; história; O santo inquérito. ENTRE A HISTÓRIA E A LITERATURA: A IDENTIDADE NACIONAL EM UM RIO IMITA O RENO, DE CLODOMIR VIANNA MOOG Vladimir José de Medeiros (UFGD) RESUMO: Este trabalho objetiva estudar as concepções de identidade nacional no livro Um rio imita o Reno, de Vianna Moog. Na obra em questão, publicada em 1938, o autor trata de um romance proibido entre o engenheiro amazonense, descente de portugueses e indígenas, Geraldo Torres, e Lore Wolff, filha de tradicional família de origem germânica do interior do Rio Grande do Sul. A trama leva a uma profunda reflexão acerca dos regionalismos existentes no país e da segregação promovida pelo mesmo. Nesse sentido, historicamente, percebe-se no texto uma profunda crítica ao regime da época, onde Vargas, que havia instituído por golpe o “Estado Novo”, tentava construir um senso de Nacionalismo muito influenciado pelo pensamento fascista italiano. A representação literária que Moog constrói em seu texto aparece na contramão do dos estudos acerca do povo brasileiro e suas caracterísitcas culturais (de unidade) na primeira metade do século XX. Levando em consideração a efervecência teórica sobre o tema e as rupturas e continuidades no que tange a miscigenação do povo brasileiro, fica evidente a dificuldade existente, para caracterizar de maneira uniforme o esteriótipo de “brasileiro”. PALAVRAS-CHAVE: Era Vargas; identidade; história e literatura. SIMPÓSIO: O LUGAR DA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA NA HISTÓRIA LITERÁRIA Lúcia Osana Zolin (UEM) Andiara Maximiano de Moura (UEM) [email protected] Joyce Luciane Correia Muzi (UEM; IFPR) [email protected] RESUMO GERAL: O principal objetivo deste simpósio temático é trazer a discussão sobre a literatura de autoria feminina: o lugar que ela ocupa na história da literatura brasileira, bem como os modos de representação e da construção das identidades das mulheres nessas narrativas. Se ao nos depararmos com uma história da literatura brasileira é bastante pouco considerada a participação das escritoras, no século xx, pós a emergência da primeira e da segunda onda feminista, vemos que o número de mulheres que se debruçou sobre as letras cresceu consideravelmente. Os estudos feministas e os estudos de gênero possibilitaram que se lançasse luz sobre estas produções, o que levou à consolidação de uma área de pesquisa cada vez mais em expansão. Vários programas de pós-graduação têm mantido linhas de pesquisa específicas para discutir a questão da mulher na literatura, a questão da autoria, bem como os modos de representação das identidades, como é o caso da linha “literatura e construção de identidades” do programa de pós-graduação em letras da universidade estadual de Maringá. Nesse sentido, interessa-nos reunir trabalhos que se aproximem desses objetivos, bem como possam discutir a relação entre a literatura escrita por mulheres e a história da literatura brasileira; a pluralidade de identidades femininas e feministas; as relações de poder: tradicionais e pós-modernas, entre outras. Além disso, são importantes as discussões que estabeleçam relações inter-, trans- ou multidisciplinares e multiculturais com as ciências humanas (história, antropologia, sociologia etc.). PALAVRAS-CHAVE: história; representação; autoria feminina; identidade; poder. 27/11/2013: QUARTA-FEIRA - 14H AS 17H:30MIN - SALA: 34 (TRINTA E QUATRO) SIMPÓSIO: O LUGAR DA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA NA HISTÓRIA LITERÁRIA Dra. Lúcia Osana Zolin (UEM) Ma. Andiara Maximiano de Moura (UEM) [email protected] Ma. Joyce Luciane Correia Muzi (UEM; IFPR) [email protected] RESUMO GERAL: O principal objetivo deste simpósio temático é trazer a discussão sobre a literatura de autoria feminina: o lugar que ela ocupa na história da literatura brasileira, bem como os modos de representação e da construção das identidades das mulheres nessas narrativas. Se ao nos depararmos com uma história da literatura brasileira é bastante pouco considerada a participaçãodas escritoras, no século xx, pós a emergência da primeira e da segunda onda feminista, vemos que o número de mulheres que se debruçou sobre as letras cresceu consideravelmente. Os estudos feministas e os estudos de gênero possibilitaram que se lançasse luz sobre estas produções, o que levou à consolidação de uma área de pesquisa cada vez mais em expansão. Vários programas de pós-graduação têm mantido linhas de pesquisa específicas para discutir a questão da mulher na literatura, a questão da autoria, bem como os modos de representação das identidades, como é o caso da linha “literatura e construção de identidades” do programa de pós-graduação em letras da universidade estadual de Maringá. Nesse sentido, interessa-nos reunir trabalhos que se aproximem desses objetivos, bem como possam discutir a relação entre a literatura escrita por mulheres e a história da literatura brasileira; a pluralidade de identidades femininas e feministas; as relações de poder: tradicionais e pós-modernas, entre outras. Além disso, são importantes as discussões que estabeleçam relações inter-, trans- ou multidisciplinares e multiculturais com as ciências humanas (história, antropologia, sociologia etc.). PALAVRAS-CHAVE: história; representação; autoria feminina; identidade; poder. MULHERES: AVANÇOS ATRAVÉS DA PALAVRA Liz Basso Antunes de Oliveira (Unioeste) [email protected] RESUMO: A história da mulher foi escrita por aquelas que buscaram a própria emancipação, atrás da equidade entre os gêneros. Até então tal história era invisível, as mulheres eram oprimidas, exploradas e excluídas, sendo esta exclusão era um consenso universal. Assim elas perceberam que não havia do que se orgulhar em sua história. Michelle Perrot (2007) explica que a mulher aparece ao longo do percurso da literatura mundial, interpretada por homens, sem poder historicizar a si própria até meados do século XVIII, quando esta realidade começa a mudar. O feminismo demorou a se tornar uma reivindicação consciente, porém surge como reação de sobrevivência contra maus tratos, na qual a religião teve forte influência. Desde que se compreende que as características femininas eram formadas não exclusivamente por motivos biológicos, e sim preponderantemente sociais, a realidade poderia ser transformada. Por isso, as características femininas apresentadas em personagens da literatura foram diversas vezes explicitadas muito distantes de como se apresentavam entre o público e o privado. Na literatura proliferou a concepção dual - prostituta ou casta. Assim, objetiva-se neste trabalho traçar um panorama histórico da mulher na literatura com ênfase nestas características. PALAVRAS-CHAVE: história; mulher; literatura. AS PRECURSORAS DA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA NO BRASIL: AS REPRESENTAÇÕES/CONSTRUÇÕES DE IDENTIDADES (REVOLUCIONÁRIAS) DA PERSONAGEM PROFESSORA Joyce Luciane Correia Muzi – IFPR/UEM [email protected] Lúcia Osana Zolin – UEM [email protected] RESUMO: Júlia Lopes de Almeida, Rachel de Queiroz e Clarice Lispector, reconhecidas escritoras, criaram romances em que a protagonista é uma professora. O objetivo deste artigo é, além de apresentá-las como precursoras da literatura de autoria feminina no Brasil, analisar as personagens representadas – os percursos e as formas como as professoras são representadas, de acordo com os contextos em que estão inseridas. Com base na crítica literária feminista, buscamos inseri-las na linha do tempo do feminismo no Brasil, tentando mostrar como os ecos do movimento podem ser percebidos em suas obras. A escolha de Júlia Lopes de Almeida por uma personagem-narradora que tem a vida modificada pelo trabalho já é um posicionamento revolucionário. No entanto, não se pode negar que esta, assim como outras de suas personagens, reforça uma posição ideológica atrelada a um “destino de mulher”. A personagem de Rachel de Queiroz está um passo adiante; é uma pessoa instruída e busca viver uma vida livre dos padrões patriarcais. Entretanto, ao escolher pela “vocação de ser humano”, ela vive a angústia de não se sentir inteiramente mulher. Ambas são representadas como aquelas que se doam para os outros. Já a personagem de Clarice Lispector é o contrário, pois ela não se deixa enlear pelas amarras ideológicas; ela vive sua sexualidade e busca construir-se para si mesma. Notam-se os aspectos revolucionários das personagens dentro de seus contextos históricos, por isso é possível pensarmos no legado deixado por cada uma delas, sobretudo Clarice Lispector, que empresta à literatura de autoria feminina pós 1970 formas de narrar, enredos e personagens. PALAVRAS-CHAVE: autoria feminina; professora; identidades. LITERATURA DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA: AINDA HÁ ESPAÇO PARA LEVANTAR BANDEIRAS? Lígia de Amorim Neves (UEM/Mestra) [email protected] RESUMO: A literatura de autoria feminina contemporânea tem se distanciado da necessidade de levantar bandeiras, diluindo, dessa forma, a rigidez ideológica panfletária encontrada ainda nos textos da segunda fase feminista, conforme a divisão proposta por Elaine Showalter (1994). Mas ainda é possível encontrar narrativas que trazem um tom militante de contestação de valores patriarcais, como é exemplo Humana Festa (2008), o quinto romance da escritora brasileira Regina Rheda – residente nos Estados Unidos desde 1999 –, cujo percurso de escrita tem sido marcado pela preocupação com as relações entre animais humanos e não-humanos. Ao tratar o veganismo como tema central, o que configura a sua originalidade na história da literatura brasileira, o romance permite fazer uma releitura das estruturas de dominação masculina sustentadas e reforçadas cotidianamente na cultura carnívora, como reflete Adams (2012, p. 103): a carne, enquanto símbolo masculino e de poder, precisa estar presente na mesa para que o domínio masculino seja “lembrado continuamente no prato de todos”. Assim, as relações de poder que a cultura carnívora estabelece hierarquiza não só o ser humano em relação à natureza, mas também o homem em relação à mulher. Para analisar essas questões, empreende-se a perspectiva da Crítica Feminista e da Ecocrítica. PALAVRAS-CHAVE: Literatura de autoria feminina; Humana Festa; Regina Rheda; feminismo; veganismo. O BILDUNGSROMAN DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEO Wilma dos Santos Coqueiro (FECILCAM/PG-UEM) [email protected] Lúcia Osana Zolin (OR-UEM) [email protected] RESUMO: O romance como uma grande instituição sócio-literária, que projeta os ideais da classe burguesa, torna-se a expressão máxima de modernidade, a partir do século XVIII. Esse gênero, caracterizado pela sua maleabilidade e ambivalência, reflete uma orientação individualista e inovadora. Nesse sentido, os romances de personagem dão origem a subtipos, como o Bildungsroman, cujo modelo paradigmático seria Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister (1795), do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe. Essa obra, ao mostrar o processo de aperfeiçoamento do herói e a formação do seu caráter, seria considerado como romance de formação, dando origem ao gênero, tido como um fenômeno tipicamente alemão e voltado a representação de personagens masculinos. Contudo, o conceito de Bildungsroman começa a ser problematizado e, na atualidade, pode-se falar de um romance de formação que inclui as minorias étnicas, raciais e sexuais. O objetivo desse trabalho é discutir as formulações teóricas acerca do Bildungsroman de autoria feminina no Brasil, sobretudo a partir da obra precursora de Cristina Ferreira Pinto, de 1990, cuja análise de romances de autoras como Rachel de Queiroz e Clarice Lispector, entre outras, balizam o caminho para uma reflexão fecunda sobre o romance de autoria feminina contemporâneo, como, entre outros, Ponciá Vicêncio, publicado por Conceição Evaristo, em 2003. Por meio de uma prosa densa e poética, Conceição Evaristo narra a trajetória da protagonista Ponciá, descendente de escravos, marcada pela exclusão social e racial e pela opressão patriarcal, da infância à maturidade, configurando-se, assim, como um romance de formação feminino. PALAVRAS-CHAVE: Literatura de autoria feminina; Bildungsroman; Representação das minorias. O LUGAR (OU NÃO LUGAR) DA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA NA HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA: O CASO DE CARMEN DOLORES Risolete Maria Hellmann (UFSC/IFSC) [email protected] RESUMO: Por décadas, já no século XX, o ensino da literatura nas escolas brasileiras - como um termômetro da difusão dessa - fundado na escrita da História da Literatura canônica, permitiu que pensássemos que as mulheres nada produziram (ou que suas produções não tinham valor) até surgirem as publicações de Cecília Meireles, Raquel de Queiroz, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles, já que essas eram praticamente as únicas escritoras que apareciam nos livros didáticos. Somente a partir das décadas de 1970/1980, quando artigos e livros produzidos pela crítica literária feminista acadêmica apontam a profunda lacuna na historiografia nacional, pudemos descobrir a dimensão da literatura de autoria feminina brasileira. Entendendo essa exclusão de inúmeras escritoras do cânone literário como silenciamento político, estudamos o caso da romancista, contista, cronista, jornalista, conferencista, crítica literária do século XIX, Carmen Dolores. Situada na segunda onda do feminismo, ela foi reconhecida e elogiada pela crítica periodística – impressionista e/ou naturalista - de sua época, mas foi rapidamente “esquecida” logo após seu falecimento em 1910. Os poucos historiadores da literatura canônica que mencionam sua obra posteriormente dedicam-lhe curtos parágrafos e notas de rodapé, muitos repetindo informações equivocadas. Resgatada pela crítica feminista acadêmica, consta hoje em antologias, dicionários, artigos e livros. Além disso, foram reeditadas três de suas obras. Será o suficiente para demarcar um lugar na história da literatura brasileira? PALAVRAS-CHAVE: literatura de autoria feminina; história da literatura; Carmen Dolores. OBJETIFICAÇÃO E SUBJETIFICAÇÃO: A REPRESENTAÇÃO FEMININA NOS CONTOS DE LUCI COLLIN Andiara Maximiano de Moura (UEM) [email protected] RESUMO: Devido à tradição patriarcal, as relações sociais foram construídas de modo a fazer com que a mulher acreditasse na naturalização da dominação masculina. Assim, os primeiros texto escritos por mulheres no Brasil apontam a imagens femininas submissas e marginalizadas. Já a literatura de autoria feminina contemporânea questiona esta posição subjugada da mulher. Ancorado nos pressupostos teóricos da Crítica Literária Feminista e tendo em vista o projeto de pesquisa “A personagem na literatura de autoria feminina paranaense”, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Lúcia Osana Zolin, apoiado pela Fundação Araucária, essa comunicação tem por objetivo realizar uma análise dos contos As frases de renda e Essência, da coletânea de contos da autora paranaense Luci Collin, intitulada Inescritos, levando em consideração como se dá a caracterização das personagens que atuam como construtoras de identidades nos contos da escritora paranaense, pondo em pauta as indagações e problematizações do que vem a ser a categoria mulher em pleno século XXI. Busca-se, sobretudo, verificar o modo como a autora vê e representa a questão do gênero, ou seja, o comportamento do homem e da mulher na sociedade contemporânea. PALAVRAS-CHAVE: Representação feminina; gênero; poder; Luci Collin. A HISTÓRIA DO POVO RORAIMENSE PELOS OLHOS DA MULHER MACAGGI: LENDAS E MITOS DA RELVA VERDE NO LINDO BERÇO DA MÃE NATUREZA Herica Maria Castro dos Santos Paixão (ESTÁCIO/ATUAL) [email protected] RESUMO: Falar das histórias e mitos de Roraima é sempre como um filme, mágico e cheio de encantamentos. mas muito do que lemos e vemos nestes lados do extremo norte, vem sendo produzidos pelos mais competentes homens literários em nossa terra macuxi. E as representações da natureza e do homem desta região nos apresentam muitas características da nossa cultura miscigenada de brancos, negros e indígenas. ler as histórias e lendas contadas por uma mulher que sentiu e viveu esta terra como suas próprias entranhas nos mostra muito mais que magias e encantamentos. Nenê Macaggi como era conhecida deixou muitas obras primorosas nesta terra onde pisam muitos povos indígenas, do pequeno curumim ao bravo e forte garimpeiro, nenê deixou muito dos seus dias vividos nesta terra registrados em poucos e preciosos livros. este trabalho procura apresentar um pouco das poesias e histórias do homem de Roraima contadas por essa poetisa e escritora que deixou registrado um universos de representações do nosso povo, nossa fauna e flora e principalmente das relações do homem com o meio ambiente de Roraima. Este trabalho vai principalmente refletir sobre a contribuição da mulher na história literária de Roraima e conceber um reconhecimento a essa que foi uma das poucas poetisas do nosso estado. PALAVRAS-CHAVE: Histórias de Roraima; Literatura de Roraima; Autoria feminina. SIMPÓSIO: A ESCRITURA COMO RECONSTRUÇÃO DO SUJEITO Mara Lúcia Barbosa da Silva (UFSM/Bolsista de Pós-Doutorado PNPD/CAPES) Rosani Úrsula Ketzer Umbach (UFSM/Professora Associada) [email protected] RESUMO GERAL: O livro “A sombra extensa do passado” (tradução livre do título), de Aleida Assmann (2006), debate temas centrais para a análise de narrativas pós-ditatoriais: a cultura da memória e políticas de história. Para a autora, a palavra “sombra” enfatiza que as vítimas e seus descendentes têm uma relação conflituosa, mesmo involuntária, com o passado traumático. Tomando como base tais temas, este simpósio parte da hipótese de que a narração da experiência se vincula à busca da reconstrução de identidade e subjetividade em discursos pós-ditatoriais. Este simpósio propõe-se, então, a discutir narrativas autobiográficas e memorialistas à “sombra” de um passado traumático. Esse passado refere-se ao período histórico do século XX, no qual houve um recrudescimento de regimes violentamente repressores em diversas partes do mundo, gerando processos de figuração autobiográfica que, por sua vez, multiplicaram e disseminaram a importância das escrituras autobiográficas, históricas e testemunhais, exigindo da crítica um trabalho transdisciplinar que leve em conta não só os problemas epistemológicos da experiência e da memória, como também da psicologia narrativa e de outras ciências sociais e humanas. Aspectos centrais que se colocam no que se refere a essas questões são de que forma se manifesta o sujeito nessas narrativas, que podem abranger autobiografias, diários, memórias, correspondências, narrativas ficcionais, etc., e quais são as concepções de subjetividade que podem ser percebidas e discutidas nessas produções surgidas posteriormente a períodos governamentais de orientação ditatorial. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Identidade; Subjetividade; Escritura autobiográfica; Discurso pós-ditatorial MEMÓRIA E HISTÓRIA: A NARRATIVA COMO UM MODO DE SUBJETIVAÇÃO Catiussa Martin (UNISC - Bolsista – FAPERGS) [email protected] Profª. Drª. Rosane Maria Cardoso (UNISC) [email protected] RESUMO: Um longo período de violência e instabilidade política caracteriza as décadas de 1980, 1990 e 2000 no Peru. O sofrimento, a perda da condição e da dignidade humana, são resultados de uma ferida gerada pela guerrilha interna no país cujo trauma, aos poucos, vem sendo reportado nas narrativas literárias contemporâneas. Este trabalho tem como intuito realizar uma abordagem da literatura peruana, em especial a de testemunho, que busca aproximar o leitor de uma verdade por muito tempo oculta e da opressão que impediu a verbalização, reportando à necessidade da narrativa enquanto constituição e essência da identidade do ser humano na busca pela superação de um trauma. A subjetividade do testemunho como parte da narrativa que apresenta uma realidade diegética, diferente da histórica, já que passa pela memória que é subjetiva. Para tanto, temos, nos limites de uma representação ficcional, o testemunho de um povo em La hora azul, de Alonso Cueto e Abril rojo, de Santiago Roncagliolo, leituras que aproximam e desacomodam o leitor diante de um tratamento literário que perpassam as barreiras do possível e do impossível na representação traumática, ressaltando a necessidade da narrativa enquanto constituição e renascimento de uma identidade que por muito tempo resistiu à representação para se conhecer uma dada experiência. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa peruana; Testemunho; Trauma; Subjetividade. TESTEMUNHO E RECONSTRUÇÃO DO SUJEITO: AS MEMÓRIAS DO ESQUECIMENTO, DE FLÁVIO TAVARES Évila de Oliveira Reis Santana (UEFS/UNEB/UFBA) Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da UFBA [email protected]. RESUMO: Ao final do século XX, o Brasil passou por estado ditatorial dos mais longos já ocorridos na América Latina, o qual se iniciou com o Golpe Militar de 1964 e perdurou até 1985. Durante este período escritores e poetas, presos políticos brasileiros, procederam à escrita de resistência que se caracterizou como resposta à opressão provocada pela imposição da Ditadura que se instalou após o referido Golpe. Trata-se de escrita comprometida com momento históricosocial conturbado, “que cresceu junto com a ‘má positividade’ do sistema,” como considerou Alfredo Bosi (1993), e nascida sob o signo da violência. Assim, esses escritores e poetas tiveram papel preponderante no intuito de testemunhar, resistir, denunciar e, também, informar, como contrainformação, já que toda a comunicação do país era feita com a versão unilateral do Sistema. O período, também denominado de “anos de chumbo”, é capítulo na história brasileira escrito por repressão, tortura, ameaça de morte, e morte. A narrativa Memórias do esquecimento, de Flávio Tavares, comparece no cenário pós-ditatorial como testemunho daquele que viu (terstis) e experimentou no próprio corpo (superstis), a violência do regime de exceção. Deste modo, o presente ensaio visa a refletir sobre o papel da memória na reconstrução da identidade do sujeito. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa de testemunho; Memória; Reconstrução identitária; Golpe Militar de 1964. TESTIMONIO Y MEMORIA ENTRE ARTES, CANTOS Y CUENTOS Jacquelin del Carmen Ceballos Galvis (Universidade de Narino/UNICAMP) [email protected] RESUMO: A partir de las propuestas de algunos artistas colombianos contemporáneos se trata de pensar en las políticas y poéticas del testimonio de la violencia, pues el pensamiento no puede serle indiferente a los restos, ruinas, vestigios, memorias de resistencia, que dejan venir, acontecer trazos, instalaciones y performances que solicitan aprender a sentir de otro modo, a pensar otramente, en fin, a asumir la fragilidad de los cuerpos expuestos a realidades desmedidas, catástrofes que aunque parezcan imposibles son reales y no dejan de mostrarnos sus monstruosidades, de atravesar entre multiplicidades de materiales, cuerpos, soportes, intervenciones, experiencias, imágenes, cantos, cuentos, escrituras de sobrevivencia, que incesantemente testimonian de acuerdo al singular estilo narrativo multifacético y pluridimensional de los artistas, que exponen el pensamiento a la herida, las cenizas, las marcas de marcas de una concretud ineluctable. Walter Benjamin y su gusto por las ruinas y el rastro, Georges Didi-Huberman y las artes pese a todo, Jacques Derrida y la im-posibilidad del testimonio, Hélène Cixous y el arte como acto de resistencia sublimada, entre otros permitirán a más de una voz dejar pasar otros trazos en la abertura de pensamiento a las artes. Pensamiento político y ético de las artes convocado, provocado, desmontado y remontado entre los rastros y los rostros de la exposición acontecida en Rio de Janeiro este año, organizada por la Casa Daros que quiso abrir sus instalaciones con la muestra de diez artistas colombianos intitulada Cantos cuentos colombianos. PALAVRAS-CHAVE: Memoria; Arte; Violencia; Testimonio. CAIO FERNANDO ABREU: CORRESPONDÊNCIAS Mara Lúcia Barbosa da Silva (UFSM/Bolsista de Pós-Doutorado PNPD/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: No prólogo de Escrita de si, escrita da História, Angela de Castro Gomes trata sobre uma nova forma de pensar a correspondência e da relevância que lhe passou a ser dada. Para Gomes, a escrita autorreferencial ou escrita de si integra um conjunto de modalidades do que se convencionou chamar produção de si no mundo moderno ocidental. Segundo Gomes, a escrita de si teria iniciado a divulgação de sua prática, grosso modo, no século XVIII devido a uma série de circunstâncias anteriores, como a produção por indivíduos comuns de uma memória de si, o surgimento dos termos biografia e autobiografia, o aparecimento do romance moderno, além da emergência do cidadão moderno, dotado de direitos civis e políticos. Dessa forma, os tempos modernos consagrariam o lugar do indivíduo na sociedade, quer como uma unidade coerente quer como uma multiplicidade que se fragmenta socialmente, exprimindo identidades parciais e nem sempre harmônicas. A escrita de si de Caio Fernando Abreu, que não se circunscreve a sua correspondência, mas que está também em seus diários, entrevistas e em toda a sua literatura nos permite pensar que a memória de Caio F. na sua subjetividade não é apenas pessoal e intransferível, mas é tão somente pessoal e intransferível. Nosso propósito é analisar como essas circunstâncias se apresentam na correspondência de Caio utilizando como objeto de pesquisa Caio Fernando Abreu: cartas, organizado por ítalo Moriconi, e os três volumes de Caio 3D: o essencial dos anos 70, 80 e 90. PALAVRAS-CHAVE: Epistolografia; Caio Fernando Abreu; Escrita de si. “FAÇO NOSSO MEU SEGREDO MAIS SINCERO”: ESTIGMAS E LEGADO POÉTICO DE RENATO RUSSO Marcos Flávio Bassi (UNESPAR/FECILCAM) [email protected] RESUMO GERAL: No ano de 1989, a banda Legião Urbana lançou um trabalho chamado As quatro estações, que trouxe reviravoltas na carreira do grupo. Era um álbum recheado de canções que falavam sobre amores e solidão, amizade e religião. Renato Russo colocava em palavras o que seus fãs não conseguiam soletrar. Não importava qual era o objeto de inspiração do compositor: as letras cabiam para qualquer interlocutor, e isso aproximou o letrista da adoração popular. Este trabalho tem por objetivo a análise de duas obras: a canção intitulada “Meninos e meninas”, da banda Legião Urbana, e o conto de mesmo título, escrito por Miguel Sanches Neto, que faz parte do livro Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em música da Legião Urbana, organizado por Henrique Rodrigues. Objetivamos analisar todos os aspectos sociais e culturais que motivaram as duas criações e aprofundar a compreensão de como os temas descritos em ambas foram tratados em uma diferença de 20 anos que as separa. Com leituras complementares da teoria sobre a pós-modernidade, observamos, entre duas décadas, se houve ou não mudanças nos costumes e tradições de nossa sociedade. Apesar de 17 anos desde sua morte, Renato Russo tem obras sendo adaptadas para o cinema e o teatro, e regravadas pelos mais diversos artistas. Objetivamos, assim, evidenciar o quão moderno e atual o compositor continua a ser, influenciando escritores contemporâneos como Miguel Sanches Neto. PALAVRAS-CHAVE: Pós-modernidade; Renato Russo; Miguel Sanches Neto; O TOTALITARISMO E O CONDICIONAMENTO POPULACIONAL COMO MANEIRA DE EXTERMÍNIO DA SUBJETIVIDADE HUMANA NA OBRA 1984 DE GEORGE ORWELL Pricilla Záttera (Graduanda - UNIOESTE) [email protected] Valdomiro Polidório (Coautor – UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Nosso trabalho traz a temática do totalitarismo e do condicionamento humano como maneira de extermínio da subjetividade humana na excelente obra de George Orwell, 1984. A obra apresenta uma temática real ao mostrar uma sociedade marcada por um partido totalitarista severo, em que não há mais indivíduos com opiniões próprias, e sim membros de um partido. O referido partido, portanto, desempenha total poder sobre tudo e todos e não mede esforços para manter a soberania e a autoridade. O governo totalitário, de acordo com Arendt (2000) é aquele que é sistematizado e manipulado pela política pregada pelo partido, por meio do qual é elaborada uma ideia única de um mundo perfeito, tendo como único líder, o chefe do partido. De acordo com a ideia do regime totalitário, e de como ele é exposto no livro, o partido tem o objetivo de manter o povo organizado e disciplinado para lutar e servir o próprio país e/ou partido. Assim, o objetivo principal do referido trabalho é mostrar, por meio de autores que versam sobre a temática do totalitarismo e do condicionamento humano, como estes fatos ocorrem no decorrer do livro e como estes interferem tanto na vida pessoal quanto na emocional das pessoas sociedade mostrada no livro. PALAVRAS-CHAVE: George Orwell; 1984; Totalitarismo; Condicionamento. AS PERSPECTIVAS DO TOTALITARISMO E DO CONDICIONAMENTO HUMANO VOLTADAS À OPRESSÃO DA SUBJETIVIDADE DOS INDIVÍDUOS NA OBRA ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, DE ALDOUS HUXLEY Rafaela Talita Eckstein (Graduanda - UNIOESTE) [email protected] Valdomiro Polidório (Coautor – UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho visa a uma análise acerca dos aspectos que qualificam o regime totalitário, além de observar traços do totalitarismo na obra Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. Buscou-se, assim, nesse artigo, observar as sociedades governadas por regimes totalitários, a partir dos quais o indivíduo é subjugado à condição de uma peça integrante a uma máquina, que é a sociedade. O condicionamento humano é outro aspecto estudado no trabalho sobre Admirável mundo novo, uma vez que, na obra, a normatização social se dá a partir do apagamento da identidade e da individualidade do homem. Para Carneiro e Corrêa (2008), o totalitarismo abrange os partidos políticos que possuem apenas um líder como o comandante supremo da autoridade, cujos pensamentos e opiniões são inquestionáveis, o que se soma à contribuição feita por Cardoso Jr (2003), que afirma que o totalitarismo busca a aniquilação das esferas sociais, da subjetividade e da iniciativa individual a partir daquilo que é imposto. Dessa maneira, o presente trabalho preconiza demonstrar, com base em autores e nas considerações feitas sobre a obra de Aldous Huxley, as características do totalitarismo e do condicionamento humano como maneiras adotadas de se reprimir a subjetividade humana, bem como visa a demonstrar esse tipo de opressão na obra analisada. PALAVRAS-CHAVE: Admirável Subjetividade; Repressão. mundo novo; Totalitarismo; Condicionamento; MEMÓRIA E ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA: RESGATE DA RESISTÊNCIA ITALIANA NO DIARIO PARTIGIANO Rafaela Souza Maldonado – UNESP (Bolsista de I.C. - FAPESP) [email protected] Gabriela Kvacek Betella (Orientadora) RESUMO: Nosso trabalho pretende buscar na literatura autobiográfica feminina o resgate e o reconto histórico da Resistência italiana. Para tanto utilizamos como objeto de estudo o diário da intelectual e militante partigiana Ada Gobetti. A participação da autora durante o período da resistência se deu simultaneamente às notas de seu diário, portanto seu texto traz a angústia e a insatisfação daqueles anos (1943-1945), ao mesmo tempo em que conta sua participação, da sua família e de amigos na luta armada. A obra, Diario Partigiano, publicada em 1956, é composta pelo texto retomado das anotações feitas primeiramente em inglês, em que a narradora relata os dias de luta partigiana bem como as emboscadas, prisões, torturas e mortes dos companheiros civis do movimento que libertou várias regiões da Itália, sobretudo após os chamados “quarenta e cinco dias badoglianos” (de 25 de julho de 1943, data da deposição e prisão de Mussolini até o chamado “armistício curto” de 3 de setembro de 1943, divulgado no dia 8) e a consequente divisão no país, com o sul libertado pelos Aliados e o norte ocupado pelas forças alemãs. Partindo do conceito de micro-história elaborado por Giovanni Levi, utilizamos como alicerces para este trabalho tanto as noções de política da memória, dispostas a dar voz ao testemunho, quanto à perspectiva literário-testemunhal conforme analisam Walter Benjamin e Giorgio Agamben. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Escrita; Resistência italiana. O TESTEMUNHO INDIRETO COMO BUSCA DA IDENTIDADE EM PEREC Tatiana Barbosa da Silva (USP/ Bolsista de Mestrado/ CAPES) [email protected] RESUMO: Segundo Giorgio Agambem, “O testemunho vale essencialmente por aquilo que falta em si”, porque os verdadeiros testemunhos são os mortos. Os sobreviventos são os “pseudotestemunhos”, que vão falar no lugar dos mortos, impossibilitados definitivamente de testemunhar. Perec, é então, testemunha de um passado não vivido, ou de um passado de ausência. A partir de duas obras literárias do escritor francês Georges Perec –W ou a memória da infância e Récits d’Ellis Island – procuraremos refletir sobre a relação da literatura com a História, sobretudo no que concerne à literatura de testemunho. Discutiremos as possibilidades de intersecção entre a história individual e a história coletiva, refletindo sobre a constante busca das memórias da infância, tema muito frequente na obra perecquiana. Trataremos também da relação entre testemunho e escritura: escrever para Perec parece ser sempre um processo oblíquo. Poderemos verificar que alguns aspectos históricos estarão presentes em sua obra, mas sempre em relação à história individual. O testemunho indireto será a estratégia de escritura do autor, em busca de sua identidade. Falar do outro servirá para, indiretamente, falar de si mesmo. Buscar a identidade de outros (através de fotos e testemunhos) será uma maneira de tentar encontrar a própria subjetividade e, assim, entrar em contato com um passado que não lhe pertence, mas que de alguma forma diz respeito a toda uma geração de órfãos da Segunda Guerra Mundial. Perec será o testemunho indireto dessa geração, e a partir de sua escritura deixará um rastro de lembranças e histórias do passado. PALAVRAS-CHAVE: Literatura de testemunho; Memórias de infância; História. SIMPÓSIO: ANÁLISE DE DISCURSO: ESTUDO DE ESTADOS DE CORPORA João Carlos Cattelan (UNIOESTE) [email protected] Luciane Thomé Schröder (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Esse simpósio objetiva reunir resultados de pesquisas que tenham por orientação teórica os fundamentos da Análise de Discurso de orientação francesa. A partir dessa vertente teórica, espera-se compartilhar estudos que enfoquem o discurso organizado em diferentes gêneros e que partam, como ponto central de discussão, da sua problematização como materialidade discursiva que reflete e refrata as ideologias que sobredeterminam, pela ordem do inconsciente, do interdiscurso e da memória o não dito que produz sentido e, assim, configura um real para a história. Partilham-se, nesse sentido, do princípio de que os corpora são objetos socio-ideologicamente afetados pelas suas condições de produção e cujos resultados de análise levam à compreensão de que os sentidos não se encontram centrados na linearidade das formas empíricas, mas são constituídos, apenas, a partir da noção de efeitos de sentido entre interlocutores que, de algum modo, comungam dos discursos estabelecidos. O que significa, no caso, referência aos discursos possíveis de serem produzidos em consideração às condições complexas de imersão dos sujeitos atrelados às formações ideológicas e discursivas que os atravessam, demostrando-se, assim, o seu pertencimento aos diferentes discursos dominantes, marcados pelas práticas discursivas que definem, enfim, o funcionamento das instituições que, socioculturalmente, estabelecem os ditames para o sentido de se ser sujeito social. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Ideologia; Sujeito; Sentido; Sociedade. CORPO, BELEZA, APARÊNCIA: UMA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA Franciele Luzia de Oliveira Orsatto (PG-UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho visa apresentar uma discussão sobre como a mulher é representada pela formação discursiva (FD) da revista feminina Nova. Neste momento, propõese um olhar para a construção discursiva realizada em torno de três termos inter-relacionados: beleza, corpo e aparência. Com base na Análise de Discurso de linha francesa, serão analisadas sequências discursivas da revista relacionadas à temática escolhida, que integram textos publicados entre 1974 e 2013. Apesar de ser um período extenso, nota-se que há regularidades que permanecem ao longo das décadas; além disso, é preciso destacar que não se objetiva realizar um levantamento quantitativo. Tais sequências, portanto, não serão observadas por serem portadoras de um sentido, mas por possibilitarem analisar a prática discursiva que a FDNova engendra e que, de alguma forma, torna-se materializada. Objetiva-se investigar quais os efeitos de sentido são construídos e/ou acionados quando se fala sobre o corpo da mulher, reconhecendo o efeito metafórico que se estabelece nesta FD. O que significa, para Nova, o termo beleza? Qual a importância de se adequar a um padrão que dita modelos de ser e de se comportar para esta FD? Estes são alguns dos questionamentos norteadores deste trabalho, que considera o discurso não como algo que se diz sobre a mulher, mas como uma construção erigida à luz de uma materialidade social, histórica e ideológica determinada. PALAVRAS-CHAVE: Análise de discurso; representação da mulher; beleza. “QUANDO A OFERTA É DEMAIS, O SANTO DESCONFIA?” João Carlos Cattelan (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Este trabalho resulta de um projeto de pesquisa mais abrangente, que tomou como corpus de dados os hinos nacionais sul-americanos. Na primeira parte do estudo, verificou-se se eles realmente se pautam na violência como fio de sentido, como o afirma Roberto Pompeu de Toledo, em texto publicado na Veja. Chegou-se à conclusão de que o ponto crucial que os organiza é a defesa intransigente da liberdade, por isso, defendendo o recurso à violência, se necessário. Na segunda parte, buscou-se verificar se os hinos pecam por falta de criatividade, como o afirma o autor mencionado, concluindo-se que, apesar de possuírem fios de sentido que os aproximam, eles os trabalham de uma forma peculiar e diferenciada: estilisticamente original. Nesta terceira etapa, em forma de ensaio, objetiva-se se contrapor à defesa de Toledo de que as letras dos hinos em geral, e dos estudados aqui, deveriam ser mudadas, em face da violência que apregoam. Contrariamente ao ponto de vista do ensaísta de Veja, defende-se que as alterações não devem ocorrer, pois, além de elemento simbólico e identitário do país, contra a superabundância concreta apregoada pelas letras, como ato falho, lapso ou equívoco, de forma proporcionalmente inversa, os hinos manifestam aquilo que se encontra invisível, referindo-se ao irrealizado e desejado como memória de futuro e não como pura constatação de algo já existente e definitivamente alcançado. Por fim, de forma enfática, agradece-se à Fundação Araucária pela confiança e pelo financiamento de um projeto que começava sem grandes pretensões e que parece ter se tornado relevante. PALAVRAS-CHAVE: Análise do discurso; hinos sul-americanos; superafirmação. CONTRA A MÍDIA JUSTICEIRA - QUEM PODE MAIS, PAGA MENOS Cileuza Maria Moraes (PICV/G-UNIOESTE) [email protected] Luciane Thomé Schröder (Orientadora – UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O trabalho a ser desenvolvido fundamenta-se na Análise de Discurso francesa. O estudo tem por objetivo geral mostrar como se dá a construção de dois discursos que sustentam cenas pós-crimes, cometidas por sujeitos pertencentes a classes sociais distintas: no primeiro caso, o autor do crime é oriundo da classe social economicamente baixa, enquanto o segundo é representante da classe economicamente alto. Os corpora, respectivamente, dizem respeito aos casos Lindemberg Alves (Veja Digital de 14/02/2012 e Revista Isto é, nº 2206, ano 2012) e de Pimenta Neves (Revista Veja.com, ed. 2131, de 25/09/2009 e Revista Isto é, nº 1613, ano 2010). Ambos tratam de crimes passionais e repercutiram na grande imprensa sob um mesmo fenômeno: previamente à condenação pela justiça, já haviam sofrido a sentença pública: culpados. Nesse sentido, o estudo procurará analisar: a) como a imprensa torna-se a porta-voz pública sentenciadora e b) como se dá a construção da imagem dos advogados de defesa em ambos os casos, no sentido de que um é o advogado do sujeito ‘anônimo’, enquanto o outro é o representante de um ‘nome’, e como isso afeta as posições discursivas da imprensa, quando ela explora a imagem desses sujeitos, tornando-os foco de atenção, e, problematicamente, usando-os como elementos-chave para a condenação pública dos praticantes dos crimes. PALAVRAS-CHAVE: Análise de discurso; mídia; crime; imagem; advogado. DO GRAFITE AO QUADRO, DO ARTISTA À RUA, DA URBANIDADE À TRIDIMENSIONALIDADE: A ANÁLISE DE DISTINTAS MATERIALIDADES NA PERSPECTIVA DISCURSIVA Luciana Leão Brasil (PG-UNICAMP) [email protected] RESUMO: O presente trabalho, pensado a partir da Análise de Discurso Pêcheuxtiana e de seus desdobramentos brasileiros, propõe um percurso de interpretação de distintas materialidades discursivas: o quadro Flower Power, do artista de rua Banksy, bem como diversos grafites produzidos por este mesmo autor. A Análise de Discurso, como uma teoria da interpretação, advoga que as materialidades discursivas são tecidas por fios ideológicos, desta forma os dispositivos teóricos e analíticos elencados, para a análise do corpus supracitado, podem “trazer à tona” o indizível e o invisível do discurso que atravessa as materialidades em questão. A Análise de Discurso Francesa se constitui como uma disciplina de confluência em que se juntam três regiões de conhecimentos: o materialismo histórico, inclui-se então a ideologia; a linguística, como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação; e a teoria do discurso, como determinação histórica dos processos semânticos. Não deixando de considerar que todos esses elementos estão permeados por uma teoria não subjetiva do sujeito de ordem psicanalítica, pois o sujeito é afetado pelo inconsciente. Ao serem abordados na teoria discursiva, tanto história, língua, ideologia quanto inconsciente deixam de ter o teor de sua origem ganhando novas formulações no fio discursivo. Nessa ótica pêcheuxtiana, o sentido não está claro, uma vez que é necessário considerar a opacidade (materialidade) do discurso. Para as análises realizadas neste trabalho, utilizou-se a formulação ‘materialidade significante’ proposta por LAGAZZI (2011), as definições de studium e punctum propostas por BARTHES (2012) e o efeito de prisma elaborado por ORLANDI (2003). PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso; Banksy; grafite; quadro. O SUJEITO E A BIOLOGIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A ORIGEM DO DISCURSO Ricardo Felipe Facioni Marques (PG-UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A definição de sujeito para a Análise de Discurso de linha francesa (doravante AD) parece um tanto complexa e, talvez, incompleta, já que é possível identificar várias sugestões de abordagem, que não necessariamente convergem para um mesmo conceito. Assim, tomar o sujeito como “assujeitado”, “dividido” e/ou “clivado” (entre outras definições, que buscarei contemplar no corpus do texto) não parece dar conta de explicar algumas questões, levantadas por renomados teóricos, de forma satisfatória. Por isso, este trabalho busca encontrar uma definição (um pouco mais) hermética de sujeito, com respaldo nas teorias da AD, acrescentando uma reflexão que, talvez, esteja sendo negligenciada: a do caráter biológico desse sujeito. Não se objetiva, contudo, esgotar o assunto ou encontrar um novo caminho dentro da AD, mas refletir sobre a importância desse aspecto na formulação do conceito e sobre como essa questão pode auxiliar na compreensão dos discursos. PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso; sujeito; biologia; discurso; sociedade. COMENTÁRIOS DE LEITORES SOBRE A VIOLÊNCIA NOTICIADA NA INTERNET Luiz Carlos de Oliveira (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Neste trabalho, abordo o discurso de leitores sobre notícias que retratam a violência. Tenho como objetivo discutir a constituição discursiva dos sujeitos a partir de comentários de leitores sobre uma matéria publicada no portal de notícias CGN – Central Gazeta de Notícias, da cidade de Cascavel, Paraná. Assim, cabe indagar: como ocorre o discurso (a constituição) deste sujeito (“navegante”/”virtual”) ao comentar a violência? A abordagem está fundamentada na teoria da Análise de Discurso Francesa. Contribuem para a análise os estudos de Foucault (2009), Lagazzi (1998) e Pêcheux (2009). Parto do pressuposto que, ao opinar, o sujeito mobiliza a memória discursiva, tomando diferentes trajetos conforme a interpelação ideológica e as inúmeras possibilidades discursivas nas quais pode estar inscrito. Foco o processo no qual o sujeito, enquanto autor, para comentar tem a necessidade de lidar com a dispersão dos sentidos os quais o constituem sob o manto da evidência, unicidade e responsabilidade. Todavia, destaco a hipótese segundo, a qual, na internet, a constituição do sujeito leitor-autor pode ocorrer de maneira sui generis, diferenciada da mídia impressa, conforme Romão (2006). Para fomentar as discussões, selecionei quatro comentários de leitores, sendo, respectivamente, os dois primeiros e os dois últimos da lista de comentários publicados até a data na qual efetuei a coleta do corpus. PALAVRAS-CHAVE: Sujeito; autoria; violência; internet. O PESO DA (IN)FELICIDADE: ANÁLISE DE DEPOIMENTOS DE EX-GORDINHAS EM WOMEN´S HEALTH BRASIL Isabela Karolina Gomes Ferreira Oliveira (PIBIC-F.A./G-UNIOESTE) [email protected] Luciane Thomé Schröder (Orientadora/UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A partir do aporte teórico da Análise de Discurso de linha francesa, objetiva-se analisar como se dá a constituição do discurso do corpo “saudável” e, portanto, gerador de felicidade versus o corpo “doente”, isto é, aquele não atende aos padrões de beleza socialmente estabelecidos. Partindo desse princípio, busca-se problematizar como os enunciados presentes nos depoimentos de ex-gordinhas, publicados na revista Women´s Health Brasil, são reveladores do funcionamento da sociedade, no sentido de que (re)produzem valores ideologicamente determinados por padrões de beleza socioculturalmente instituídos. A análise procura compreender as consequências do discurso em torno da boa forma em sua relação com as perspectivas das sociedades de consumo, partindo-se do pressuposto de que há uma indústria da magreza geradora, ou pelo menos, propagadora de discursos que elevam o status da boa forma ao passo que denigre - de modo agressivo - os sujeitos que não atendem ao perfil do corpo magro exposto/exibido diariamente nas mídias de forma geral. PALAVRAS-CHAVE: discurso; corpo; boa forma; beleza; mulher. UM MAPA DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS EM ANÁLISE DO DISCURSO NA REGIÃO CENTRO-OESTE Mara Eli Souza Camargo (Bolsista-Capes/PG-UFGD) [email protected] Marcos Lúcio de Souza GÓIS (UFGD) [email protected] RESUMO: Esta comunicação apresenta discussões preliminares de pesquisa em andamento na Universidade Federal da Grande Dourados, em nível de mestrado, que investiga resumos das produções acadêmicas (teses e dissertações) em Análise do Discurso desenvolvidas no Centro-Oeste do Brasil e realizadas no período de 2000 a 2010. Deseja-se, com esta investigação, compreender quais “análises de discursos” estão sustentando as pesquisas sobre o “discurso” no interior dos programas de pós-graduação dessa região brasileira. Para tanto, utilizamos o Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, quando necessário, informações colhidas nos próprios programas envolvidos. O objetivo é mapear os trabalhos produzidos, as temáticas abordadas, os teóricos mobilizados. Fundamentalmente, a pesquisa está sendo conduzida a partir dos procedimentos da “Análise de Conteúdo” (BARDIN, 2002) para o tratamento quantitativo, e da “Análise do Discurso”, para ler os posicionamentos ideológicos dos produtores desses trabalhos universitários. Ao final da pesquisa, espera-se que se consiga produzir um conhecimento sólido sobre práticas acadêmicas em Análise do Discurso. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; Análise de Conteúdo; resumo das produções acadêmicas; Centro-Oeste. E DA PRÓXIMA VEZ, VÁ ENTREGAR A LUTA PRA SUA VÓ! Rafael de Souza Bento Fernandes (Bolsista-CAPES/PG-UNIOESTE) [email protected] João Carlos Cattelan (Orientador/UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Michel Pêcheux (2009), ao estabelecer as bases de sua teoria materialista do discurso, critica veementemente o idealismo, considerando-o redutor, entre outros aspectos, por causa da concepção de sujeito como centro de sentido e fonte do seu próprio dizer. O aspecto “eu sei”, conforme a argumentação do autor, generaliza-se até o “todos sabem”, sob a forma de verdade universal. Partindo dessa problematização e de alguns princípios da análise do discurso de orientação francesa, discutiremos, nesse estudo, o efeito de sentido de evidência do lutador Anderson Silva ter “entregue” a luta realizada no dia 07/07/2013, que lhe tirou o cinturão dos pesos médios: como se “todos soubessem” que, na verdade, ele não perdeu, mas se deixou vencer. Em certo sentido, a “queda” desse “herói”, no interior da formação discursiva de MMA (Mixed Martial Arts) como esporte (que se opõe, necessariamente, à de MMA como espetáculo), frustrou uma “operação empatizante” do “suporte físico de projeção” (Umberto Eco (1987)) que o ex-campeão simboliza, de modo que a irrealidade da perda desloca o olhar para uma justificativa do gênero “a luta foi entregue”; admitir que o herói caiu significaria, nesses termos, cair junto com ele. Em nossas análises, levaremos em consideração as condições de produção de emergência do MMA nas mídias brasileiras, assim como as do torneio UFC (Ultimate Figthing Championship), que o representa. PALAVRAS-CHAVE: Análise do discurso; MMA; efeito de evidência; herói. EM COMER, REZAR, AMAR: AMARRAS DA AUTORREALIZAÇÃO Luciane Thomé Schröder (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Esse trabalho, a partir da Análise de Discurso francesa, busca realizar uma breve discussão sobre o desfecho do filme adaptado para o cinema Comer, Rezar, Amar (Eat Pray Love), dirigido por Ryan Murphy, baseado no best-seller autobiográfico de Elizabeth Gilbert, que estreou nos cimenas em 13 de agosto de 2010. O recorte do objeto em estudo objetiva propiciar uma reflexão sobre o processo de simulação de rompimento com um status quo que, em tese, não se realiza, porque esse rompimento sustenta-se num imaginário social estabelecido sobre o que vem a ser o discurso da autorrealização feminina; em princípio, concretizado pela conquista da relação afetiva ideal. O trecho em análise mostra a solidificação de uma memória discursiva em consonância com o já-dito que reafirma um o discurso possível, ou seja, de que a felicidade, no caso, da mulher, está no encontro com o outro. E, fora desse enredo, o que o filme chama de autoconhecimento, crescimento e amadurecimento da personagem central diante de uma situação problema, apenas silencia a prática de dominação de uma FD que supervaloriza o amor romântico, provocando o comportamento assistido que reproduz valores ideológicamente já anunciados. Por isso, a problematização sobre a previsibilidade do desfecho do filme. PALAVRAS-CHAVE: Análise de discurso; mulher; ideologia; memória; sociedade. CRIATIVIDADE NO PROCESSO DISCURSIVO PUBLICITÁRIO: UM ESTUDO DE CASO Alex Sandro de Araujo Carmo (FAG/FASUL) [email protected] RESUMO GERAL: A publicidade tem sido considerada por alguns autores, ao menos, como uma linguagem de sedução e persuasão. Por isso, talvez, na maioria dos casos, os manuais de redação publicitária ao determinar as técnicas de sedução/persuasão do texto publicitário colocam os redatores como tendo a particularidade de ser a fonte e a origem do sentido do material publicitário que desenvolvem. Neste sentido, observa-se que a expressão criatividade sugere, enquanto efeito de sentido óbvio, o aparecimento espontâneo de algo que não existia e que a partir de um dado momento passa a existir pela vontade e capacidade inventiva de um sujeito. A essa luz, e na esteira de Barreto (2004) acerca dos processos criativos na publicidade, e de Pêcheux (2009) a respeito dos processos discursivos, busca-se compreender a criação publicitária como sinônimo de solução de problemas mercadológicos, e não como uma capacidade individual que dependeria da intuitividade ou da genialidade de um sujeito. Desta forma, para indicar que o sujeito/redator não é a fonte e a origem do que diz no texto publicitário, convocam-se os conceitos de interdiscurso e discurso-transverso para empreender a análise de enunciados publicitários, e mostrar que o dito é atravessado por outros ditos (que falaram antes, em outros lugares, e de forma independente), e demonstrar a relevância da tese do estudo. Assim, deslocando o estudo do texto publicitário para a questão do funcionamento dos processos discursivos, procurar-se-á entender a publicidade como um processo criativo não-subjetivo, espaço de (re)produção onde o sujeito/redator não se encontra no centro do sentido. PALAVRAS-CHAVE: Criatividade; publicidade; discurso; sentido. E DISCURSANDO ENTRO PARA HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DA CARTA TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS Larissa Leonel (PG-UNIPAR) [email protected] Roger R. D. Costa (PG-UNIPAR) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a Carta-Testamento de Getúlio Vargas a partir do viés da Análise do Discurso francesa. Segundo esta, busca-se compreender como a linguagem interfere e constrói sobre o real, a partir da ação dos sujeitos e seus discursos. Neste sentido, salienta-se a importância da cena enunciativa, ou seja, o contexto em que os discursos são produzidos e a influência que fatores externos têm sobre o enunciador. Desta forma, destacase o papel que o interlocutor tem sobre a elaboração e apreensão de sentidos do que foi enunciado, enfatizamos assim, o quadro institucional do discurso, sendo necessária a institucionalização da posição daquele que enuncia por parte do enunciatário e a fala institucional. A partir disto, pretendemos compreender os aspectos norteadores que culminaram na escrita deste documento em 1954, como ressaltar as circunstâncias da enunciação, a situação em que Vargas se encontrava e a posição discursiva que assume enquanto sujeito locutor. Em seu discurso podemos perceber uma carga emotiva carregada de dramaticidade e intencionalidade, a fim de transmitir uma mensagem e convencer a sociedade naquele momento sobre seu sofrimento e luta pela soberania e pelo desenvolvimento do país, haja visto que os sentidos deste documento silenciam outras significações contextuais (ideologia). Para tal, embasamo-nos nas obras de Eni P. Orlandi, Dominique Maingueneau e Pierre Bourdieu para as considerações sobre Análise do Discurso; utilizamos também a obra de Raoul Girardet, sobre os mitos políticos, auxiliando na compreensão do processo de formação do mito político de Vargas como “pai dos pobres”. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Getúlio Vargas; sentido; mito político. O PROFESSOR E SEU DISCURSO: ONDE ESTÁ O SENTIDO? Eliane Maria Cabral Beck (PG-UNIOESTE) [email protected] João Carlos Cattelan (Orientador/UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A discussão apresentada neste trabalho gira em torno de alguns enunciados produzidos por quatro professores em determinada instituição de ensino a partir de algumas aulas gravadas em sala. Os enunciados foram transcritos e analisados sob o viés da Análise do Discurso com o objetivo de perceber os recursos linguísticos utilizados que deixam transparecer os sentidos, ou melhor, os efeitos de sentido produzidos em tal situação. Ao analisar a língua sempre atravessada pelo histórico e pelo social, é possível, ao trabalhar com enunciados, perceber a presença de posições histórica e socialmente construídas que são repassadas via discurso. No que tange à sala de aula por onde perpassam os mais diferentes discursos tem-se um espaço em que o discurso didático deixa escapar as ideologias que determinam comportamentos e modos de pensar. Os enunciados são vistos, neste trabalho, como práticas que regulam a retomada e a circulação do discurso e não como advindos do professor. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; enunciados; efeitos de sentido. EFEITOS DE SENTIDOS DE MODOS DE REFERENCIAÇÃO AO HOMEM E À MULHER EM TERMOS DE DECLARAÇÃO Patrícia Capelett (G-UNIOESTE) [email protected] Carmen Teresinha Baumgärtner (coautor-UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Este trabalho é de cunho bibliográfico e de caráter documental. O aporte teórico para esse estudo se organiza a partir dos dispositivos analíticos que oferece a Análise do Discurso de linha francesa. Nesta pesquisa, apresentamos reflexões sobre representações de homem e mulher presentes em 20 termos de declaração (TD), prestadas em Delegacia de Policia. Os TD foram elaborados por escrivão/ã e contém informações sobre denúncias efetuadas por mulheres em situação de vulnerabilidade. Primeiramente, explicitamos o modo de construção do gênero TD, a estruturação, o modo de circulação, entre outros aspectos gerais do documento. Em seguida, a fim de refletir sobre a imagem de mulher e homem, investigamos os diferentes efeitos de sentido que podem ser revelados a partir de algumas mudanças de escolhas de palavras, bem como de algumas paráfrases. No que se refere ao primeiro tipo de ocorrência, verificamos que a palavra “agressor”, termo que está presente em determinado enunciado no corpus, é substituída por outros itens lexicais. No que se refere às paráfrases, notamos que foram utilizados alguns procedimentos parafrásticos para denominar a mulher, tanto dela em relação a si própria, quanto de outros sujeitos. Observamos que tais ocorrências contribuem para a construção de sentidos e corroboram para refletir sobre a incompletude da linguagem, tendo em vista que é a partir disso que fazem com que os sentidos se movimentam. Espera-se que este trabalho possa contribuir na compreensão de imagens e discursos ditos ou silenciados em um gênero discursivo relativamente padronizado, compreendendo-se que se tratam de entonações valorativas produzidas socialmente e em circulação, e não como originadas no sujeito que as proferiu. PALAVRAS-CHAVE: Efeitos de sentido; paráfrases; discurso jurídico. OUTROS SENTIDOS DE UM MESMO DISCURSO NA MATERIALIDADE DA CAPA DA REVISTA NOVA ESCOLA Eliana Cristina Pereira Santos (PG-UNIOESTE/UFSC) [email protected] RESUMO: Uma das asseverações fundamentais, da Análise de Discurso de filiação francesa, está em que não há transparência na linguagem, dos sentidos, dos sujeitos e da história. Sempre “algo fala anteriormente, em outro lugar e independentemente” (PÊCHEUX, 2009, p.149). Por esta via de pensamento, entende-se que o interdiscurso consiste em um processo de reconfiguração constante, no qual um conjunto de discursos é levado a dialogar ou a incorporar elementos externos, desenvolvidos fora do seu campo discursivo e com eles produzir sua redefinição, ou outros sentidos, é por meio dele que a “transparência” é dissimulada. Dessa forma, objetiva-se com esse artigo tecer algumas reflexões sobre a presença desses encadeamentos que articulam e sustenta o discurso do corpus capa da Revista Nova Escola (RNE), edição 256, de outubro de 2012. Cada capa da RNE é lançada mensalmente, com o discurso de novidade; entretanto, na realidade, seus discursos estão intrinsecamente ligados a outros discursos, já-ditos anteriormente em outro lugar. Por isso, a proposta é problematizar essa materialidade discursiva na busca de identificar nesse discurso quais as “filiações sóciohistóricas de identificação, na medida em que ele se constitui ao mesmo tempo um efeito dessas filiações […] de deslocamento no seu espaço”. (PÊCHEUX, 2012, p.56). PALAVRAS-CHAVE: Capa de revista; discurso; efeitos de sentido. SIMPÓSIO: DISCURSO, LITERATURA E MEMÓRIA Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) [email protected] Cezar Roberto Versa (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Este Simpósio se pauta num diálogo entre três ambiências singulares, o discurso, a literatura e a memória. O entendimento de discurso dar-se-á por meio da Análise de Discurso (AD) de orientação francesa baseada num lugar de reflexão sobre a construção de sentidos produzida nos enunciados de personagens literários, de memórias constituídas no imaginário artístico. Enquanto forma-sujeito pensa-se o discurso em uma teoria da ideologia e em uma teoria do inconsciente e como tal uma teoria dos efeitos de sentido em um tecido histórico que constitui o próprio discurso. Por isso, a forma-sujeito teoriza o funcionamento imaginário da subjetividade, sem deixar de levar em consideração que sujeito e sentido são produzidos na história. Faz-se mister destacar que a AD, na contemporaneidade, possibilita um caminho interpretativo singular e que pode acontecer em textos outrora cabíveis a áreas restritas a determinados pertencimentos epistemológicos, caso próprio da teoria literária. O texto de literatura, por ser uma produção formada por enunciados determinados dentro de um contexto fictício, mas relevante de condições sócio-históricas, apresenta-se como um objeto a ser estudado à luz da AD. Destarte, o texto literário desloca uma série de sentidos em que as personagens compõem sujeitos atravessados por ideologias e um inconsciente, os quais não lhe são meramente restritos e de conhecimento intencional. Num movimento discursivo, os protagonistas e antagonistas das estórias, os personagens de maior ou menor envergadura, não conseguem escapar aos efeitos e produções de sentidos, ademais uma memória constituinte. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; Literatura; Memória; Produção de Sentidos. SIMPÓSIO: DISCURSO, LITERATURA E MEMÓRIA Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) [email protected] Cezar Roberto Versa (UNIOESTE) [email protected] DESLOCAMENTOS DE SENTIDO NO DISCURSO PUBLICITÁRIO: A FAMÍLIA NA PROPAGANDA DA MARGARINA QUALY Sueza Oldoni (UNIOESTE) [email protected] Dr. Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) RESUMO GERAL: O presente trabalho pretende expor uma análise de como propagandas publicitárias de produtos alimentícios, veiculadas a mídia televisiva, produzem um imaginário em torno de família. Neste sentido, a pergunta que motiva o desenvolvimento da pesquisa é: Quais os efeitos de sentido de família são construídos pela propaganda publicitária televisiva da margarina Qualy? Para responder a esta questão, o estudo concentra-se no objetivo de compreender o funcionamento do discurso da propaganda da Qualy. A proposta teórica é buscar, à luz da Análise de Discurso de orientação francesa de Michel Pêcheux e Eni Orlandi, trilhar um caminho para compreender o funcionamento da construção desses efeitos de sentido de família que emanam do discurso da propaganda da margarina, escolhida como materialidade de análise. Tal propaganda diz respeito à terceira família que protagoniza a campanha da marca desde o seu lançamento, em 1991, a saber, a primeira mensagem desta campanha publicitária da Qualy, propaganda que se encontra dividida em oito episódios, veiculada entre os anos de 2009 e 2010, na mídia televisiva. Portanto, pretende-se analisar o jogo de imagens que estaria presente no discurso, já que este é o local onde os sentidos são materializados para, assim, compreender a construção do imaginário de família. PALAVRAS-CHAVE: efeito de sentido; família; margarina Qualy. A TRILOGIA "NOSSOS ANTEPASSADOS" DE ÍTALO CALVINO SOB A ÓTICA DA ANÁLISE DO DISCURSO Alcione Aparecida Roque Reis (UFMG) Dra. Ida Lucia Machado (UFMG) RESUMO GERAL: Propomos analisar os recursos linguísticos e discursivos deste tipo específico de ficção, dirigindo nosso olhar para todo um sistema axiológico, criado artisticamente, questionando as questões filosóficas e humanas que os estruturam. A obra, toda ela baseada em histórias medievais, parece-nos detentora de uma grande variedade comunicacional que poderá permitir explorar e, talvez, desenvolver teorizações sobre alguns de seus temas, na ótica de uma linguística discursiva. Tomaremos como eixo exploratório uma perspectiva fenômeno-comunicacional, elucidando qual é o conjunto de representações sociais constituintes do imaginário social que dá suporte a esse tipo de discurso. No tocante a esta trajetória empregaremos os instrumentos propostos pelo contrato comunicacional e seus componentes fundamentados pela Teoria Semiolinguística, que proporcionam uma análise objetiva e científica. Além disso, sempre que necessário, cotejaremos contribuições de outros teóricos afins com os pontos de vista por nós delineados. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Literatura; Semiolinguística; Imaginário Social; Ficção. CAPITÃO AMÉRICA E VIÚVA NEGRA: IDEOLOGIA, DISCURSO E SEMIÓTICA Paulo Henrique dos Santos (UNIVEL) [email protected] Alex Sandro Rodrigues dos Santos (UNIVEL) RESUMO GERAL: O objeto de estudo deste artigo é analisar dois personagens dos quadrinhos, a Viúva Negra e o Capitão América, ambos da editora Marvel Comics sendo representantes de Estado. A análise está fundamentada sobre o Discurso de linha francesa juntamente com a semiótica, que busca a reflexão da mensagem não dita sobre esses personagens e a produção de sentidos que estes possuem como meios de entretenimento. Utilizamos os seguintes autores para a realização deste artigo: Eni Orlandi, Michel Pêcheux e acrescentando os conceitos de semiótica abordados por Lúcia Santaella aos personagens, tornando a mensagem não dita discutível. Os personagens recebem influencias dos sistemas socioeconômicos em que estão inseridos e defendem suas ideologias, eles relacionam-se com os conceitos abordados pelos autores. Steve Rogers, o Capitão America, tem sua formação ideológica e discursiva pautada pelo capitalismo e patriotismo norte americano. A Natasha Romanov, Viúva Negra, é russa e assim como Steve, é uma super soldado, que mantém sua formação ideológica e discursiva comunista. Para efetivarse o conceito de semiótica, analisamos os signos existentes no contexto existencial destes personagens. Foi realizada a análise dos “quadrinhos” a fim de resgatar o histórico dos personagens. A partir desta análise será possível, então, chegar à conclusão do tratamento que é dado a cada um destes pela editora estadunidense, Marvel Comics. PALAVRAS-CHAVE: Quadrinhos; Personagens; Marvel; Semiótica; Discurso; Ideologia. A MULHER E SEU ESPAÇO SOCIAL: UM PONTO DE DISCUSSÃO Cleusa Todescatto (PPGL - UNIOESTE) [email protected] Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL - UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso (Doravante, AD) de orientação francesa, analisaremos três tirinhas da Mafalda, personagem criada pelo cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, publicadas no compêndio Mafalda 10, ano de 1974. Os discursos em Mafalda referem-se, quase de forma geral, a temas como política, educação, economia, relações de poder e submissão, são os assuntos recorrentes abordados nas tirinhas. Neste estudo, nosso recorte será o papel feminino na sociedade, e temos por objetivos: a) observar como se materializa o discurso sobre a mulher e seu espaço na sociedade para averiguar os efeitos de sentido inscritos nas tiras já que, segundo a AD, o sujeito se constitui pelas condições de produção que o determina. Assim, questionamos como os ditos, sob o efeito das evidências apresentadas nas vozes das personagens Mafalda, Susanita e Raquel materializam o imaginário sobre a mulher argentina? As publicações analisadas correspondem ao período da chamada “segunda onda” do movimento feminista no mundo, que procuravam resolver questões relacionadas à desigualdade cultural e política, além da luta contra a discriminação social, principalmente em aspectos da vida pessoal. Em Mafalda, essas características se fazem evidentes. Enquanto Susanita sonha em ser uma mulher burguesa tendo uma família tradicional, Raquel, a mãe de Mafalda, vive o conformismo de ser dona de casa, por não ter estudado. Mafalda, na voz de uma criança, faz reflexões críticas sobre a situação atual da mulher naquela sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Mulher; Mafalda; Espaço social; Efeitos de Sentido. O DISCURSO VIEIRIANO EM QUESTÃO: UMA ANÁLISE DA DISCURSIVIDADE DO SERMÃO DA SEXAGÉSIMA Keila de Quadros Schermack (UPF/ Mestre em Letras/ Programa de Pós-Graduação em Letras) [email protected] RESUMO GERAL: Este estudo aborda a formação discursiva e as condições de produção no discurso do Padre Antônio Vieira (1965), com o objetivo de identificar as diferentes formações discursivas que compõem o sermão vieiriano e o contexto sócio- histórico e ideológico em que o texto foi produzido. O marco teórico toma como base a Teoria da Análise do Discurso de linha francesa, na perspectiva de Michel Pêcheux (1995), complementado com apoio em Mussalim (2009), Orlandi (2012) e Brandão (2004). A pesquisa é descritiva, com procedimento bibliográfico, numa abordagem qualitativa. A teoria está alicerçada na análise da discursividade, materializada em dois capítulos do Sermão da Sexagésima, nos quais selecionamos segmentos discursivos comprobatórios das formações discursivas religiosa e política, de acordo com o contexto sócio- histórico do período Barroco. O discurso de Vieira apresenta mais do que características de um período literário, porque suas palavras nos revelam questões de ordem religiosa, social e ideológica. Para a Análise do Discurso, o que está em questão não é o sujeito em si, e sim o lugar ideológico de onde ele enuncia. PALAVRAS-CHAVE: Análise do Discurso; formação discursiva; condições de produção do discurso; sermão vieiriano. ALÉM DO HORIZONTE (ATO, CENA II): O IMPLÍCITO NO DISCURSO DE RUTH ATRAVÉS DAS TRICOTOMIAS DE PEIRCE Josivan Antônio do Nascimento (UESPI) [email protected] RESUMO GERAL: A voz do discurso literário implícito é aquele que perfura a nudez de labirintos e transborda do vazio acentuadas intercalações de sentido. É o momento em que o discurso se manifesta e se completa pelo “avesso”, sendo este “a pontuação do inconsciente, não outro discurso, mas o discurso do outro: isto é, o mesmo, mas tomado do avesso, em seu avesso” (Clément, 1973. p. 159, apud Brandão, p. 54). Neste sentido, o estudo posto objetiva elucidar e compreender em Além do Horizonte (Ato II, Cena ii), peça de Eugene O’Neill, como se configura a voz do discurso implícito de Ruth através das tricotomias de Peirce. A pesquisa, de cunho bibliográfico, fundamenta-se na semiótica de Peirce procurando decifrar o implícito do discurso com uma experiência monádica, diádica e triádica. Organizado em três partes, a primeira, seguida de uma breve introdução, faz um levantamento geral sobre o enredo da peça em análise. Em segundo momento tem-se uma breve abordagem das tricotomias de Peirce concernente à Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. Por último é feita uma aplicação das tricotomias de Peirce ao objeto em análise, que é o implícito no discurso de Ruth. Consultando os resultados, observa-se que o discurso se ajusta conforme a situação ou estado de mundo que representa (MAINGUENEAU, 1996). Assim, o implícito triádico, por mediar o monádico e o diádico, configura-se conforme o ângulo pelo qual os dois últimos são observados. PALAVRAS-CHAVE: implícito; discurso literário; tricotomias de Peirce; semiótica. EFEITOS DE SENTIDO EM O VÍCIO DO AMOR, DE MARIO SABINO Cezar Roberto Versa (UNIOESTE) [email protected] Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE) RESUMO GERAL: O romance O vício do amor, de Mário Sabino, é uma produção que apresenta um sujeito interpelado por ideologias e clivado na relação consciente e inconsciente. Um homem, que tem no pai a representação da perda, cujo único legado foi uma herança, a qual até certo ponto de sua vida nem ao menos era imaginada. A trama se explicita a partir dos relatos amorosos do protagonista, do sentido de cada mulher em sua constituição. De tal monta, o presente trabalho almeja analisar os efeitos de sentido encontrados na obra, ademais as condições de produção dos discursos enunciados pelo personagem principal. Para tanto, como percurso teórico-metodológico, optou-se pela Análise do Discurso de linha francesa (AD), pautada em conceitos como interdiscurso, discurso transverso, formação ideológica e formação discursiva de Pêcheux (1997). A proposta de análise da obra via AD se justifica mediante o corpus literário poder ser vislumbrado a partir das enunciações dos personagens dentro de contexto sóciohistórico definido, cujas condições de produção salientam certos efeitos de sentido. PALAVRAS-CHAVE: condições de produção; efeitos de sentido; romance. SIMPÓSIO: LITERATURA E SEUS DISCURSOS: MEMÓRIA E HISTÓRIA NA AMÉRICA LATINA Edna da Silva Polese (FARESC – Curitiba/ PUC - PR) [email protected] Jaqueline Koehler (FARESC – Curitiba/ UFPR - Curitiba) [email protected] RESUMO GERAL: Angel Rama em Literatura e cultura na América Latina direciona o olhar a respeito do processo formativo da concepção de literatura e cultura no nosso continente. No Brasil, Antonio Candido com Formação da Literatura Brasileira também retoma o tema observando o processo formativo da nossa literatura. Candido, em artigo que retoma algumas ideias de Rama, demonstra como ocorre uma renovação a partir do século XX e como se dá a produção dessa nova literatura: as vanguardas que criam uma ruptura radical com o passado, mas se projetam para o futuro; a penetração da realidade local, com tendência ao realismo, movimento que produz o regionalismo, portanto, retoma a continuidade com o passado. Adentramos a um processo de “conhecimento do passado” a partir das literaturas de nomes como de Mario Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marques e Alejo Carpentier que trazem, em muitos casos, a marca do real maravilhoso. Narrativas que se debruçam sobre o processo memorialístico de seus protagonistas, como as de Guimarães Rosa, reconstroem o passado, reorganizam o tempo presente e modificam o nosso olhar sobre a história, além de redimensionar o espaço sertanejo. Obras como Os sertões e, posteriormente, A guerra do fim do mundo retomam momentos cruciais na formação e concepção de identidade na latino-américa. À luz dessas perspectivas, o propósito deste simpósio é o de discutir obras que retomem e reescrevem percursos de memória e história tanto no Brasil, como na América Latina. PALAVRAS-CHAVE: História, Memória, Literatura Brasileira, Literatura Latino-Americana. O REGIONALISMO LITERÁRIO DE OTHONIEL MOTTA Nathalie Elias da Silva Cavalcante (UEMS/Bolsista de Mestrado UEMS/PIBAP) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho busca a recuperação do texto literário, Selvas e Choças (1922), do escritor brasileiro Othoniel Motta, por meio de uma perspectiva que ultrapasse o critério conteudístico na leitura e análise dos contos que compõe o livro, privilegiando o discurso histórico-crítico da literatura regionalista dos inícios do século XX. O percurso literário de Othoniel Motta não ganhou muita notoriedade entre os estudiosos e a crítica. Este projeto de pesquisa, portanto, tem o intuito de iniciar um processo de recuperação de sua obra. Por seu teor regionalista, Selvas e Choças, liga-se às produções literárias do período pré-modernista, inscrevendo-se na história da literatura brasileira como parte integrante do modernismo na medida em que dialoga com a época de sua publicação. Composta por dez contos, a obra será estudada com vistas a uma reflexão acerca do regionalismo literário enquanto corrente estética, observando as nuanças tanto humorísticas quanto trágicas que dão o tom do regionalismo em Motta, bem como a relação estabelecida com a tradição popular e oral. Para tanto, buscaremos no perfil da discussão teórica o suporte à análise dos contos, privilegiando a organização dos processos internos de escrita e tratamento do tema, apontando para presença do humor como recurso estético e estilístico, não só na reprodução da fala das personagens, mas também no discurso do narrador. Procuraremos delinear o perfil de um regionalismo rico e criativo que em suas malhas torna-se digno de representar o pensamento que abre as portas para a realização do que chamamos de literatura moderna. PALAVRAS-CHAVE: Historiografia; Regionalismo; Literatura Brasileira; Oralidade; LIBERDADE PARA LER O LIBERTADOR Gerardo Andrés Godoy Fajardo (UFRN/DLLEM/PPGEL) [email protected] RESUMO GERAL: Começo com o romance de Gabriel García Márquez El general en su laberinto e vou recuperando outras vozes que falam de Simon Bolívar: ecos da escola e da Nova Canção Chilena, silêncios e desinformação num Brasil que joga a Taça Libertadores, mas desconhece os homenageados. Procuro reconhecer os dados do texto de García Márquez nas linhas da história formal e, em um labirinto de informações, vejo a face do libertador na reconstituição científica disponível na rede graças ao empenho do governo bolivariano de Chaves. Entretanto, seguindo as reflexões de Barthes, entendo que o herói é um mito que vive no rumor da memória, onde a historia oficial é tão frágil quanto a ficção e ambas participam de um complexo ideológico tensionado pela fala do povo e na escrita dos seus ideólogos. Por isso, busco no ensaio um diálogo com o libertador como fez José Martí e como faz Eduardo Galeano, pois a personagem parece ganhar mais liberdade do que dentro de um academicismo formal e rígido. De fato, acredito que Bolívar poderia disfrutar mais da sua própria história na subjetividade do romance e do ensaio do que no texto enciclopédico, já que a literatura é mais sensível para o necessário abraço da utopia com a política, que tanto procurou o enigmático líder da Nossa América. PALAVRAS-CHAVE: Libertador; romance; vozes. O DISCURSO LATINO-AMERICANO DE MANOEL BOMFIM Diogo Ferreira Ribeiro Laurentino (UNESPAR campus União da Vitória) [email protected] Orientador. Prof. Dndo. Samon Noyama RESUMO GERAL: Este trabalho intenta apresentar uma análise da obra América Latina: Males de Origem (1905) do pensador brasileiro Manoel Bomfim. Para tal, verificaremos como se apresenta o seu discurso, a suas principais ideias sobre o continente latino-americano e suas problemáticas culturais e sociais. Para potencializar o discurso de Manoel Bomfim, dialogaremos a sua obra com teorias posteriores à sua época, nas quais encontramos alguma similaridade discursiva na questão social e cultural latino-americana. Analisar a obra América Latina de Manoel Bomfim mostra-nos que o seu pensamento ainda se faz presente na contemporaneidade. PALAVRAS-CHAVE: crítica cultural, Manoel Bomfim, história, América Latina. DIÁSPORA E LITERATURA LATINO AMERICANA Dalva Eli de Carvalho CUSTÓDIO Programa de pós-Graduação em Letras/FACALE/UFGD [email protected] Leoné Astride BARZOTTO Professora do Programa de pós-Graduação em Letras/FACALE/UFGD [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho considera a diáspora como deflagradora de um processo de registro da memória ou mesmo de criação dela. De forma geral, ele enfoca o empoderamento que o movimento diaspórico eventualmente libera na condição humana do indivíduo migrante forçando-o a considerar seu universo interior como refúgio. Assim, interessa como hipótese de trabalho, averiguar como e porque os personagens da obra Travessuras da menina má (2006), de Mario Vargas Llosa, necessitam se deslocar do Peru para a Europa e como esta mudança sociocultural altera a sua apreensão da realidade. É considerado ponto pacífico que o romance metaforiza uma abertura ocorrida na própria vida do autor, na medida em que a literatura propiciou-lhe a superação da mudez subalterna dando-lhe, inclusive, notoriedade internacional. Nesse sentido, o romance é tomado como espaço onde autor e personagem delimitam-se a partir da cultura que possuem registrada cotejando-a com aquela que é construída pela ficção literária, legitimando um procedimento bastante comum na literatura da América latina. A obra de arte literária é tomada como espaço onde se é possível criar mecanismos de recolocação pós-diáspora que permitem aos migrantes sobreviverem dignamente aos obstáculos impostos por sua nova condição e por seu novo ambiente. PALAVRAS-CHAVE: Travessuras da menina má; Mario Vargas Llosa; literatura; diáspora. A HISTÓRIA POR TRAS DA “EXPRESIÓN AMERICANA” DE LEZAMA LIMA Eliane Terezinha Piccolotto (especialista em espanhol: Lingua, Literatura e Tradução) Universidade Tuiuti do Paraná Professora Orientadora: Esperanza Díaz RESUMO GERAL: José Lezama Lima ( 1910) é uma das figuras mais influentes da Literatura latino americano estruturou um sistema poético do mundo sem se importar com a dificuldade que a sua leitura causava a todos os leitores: tentou explicar o conhecimento do mundo sobre um novo prisma. Durante este percurso logrou o desvendar de um novo ser nascido da obscuridade, criou um sistema para explicar o mundo através de metáforas e principalmente através de imagens. Para ele a imagem é a realidade do mundo invisível. Em janeiro de 1957 Jose Lezama Lima pronunciou no Centro de Altos Estudios do Instituto Nacional de La Habana , cinco conferencias que se integraram em seu libro “A Expressão Americana “nesta apresentação, será analisada a última conferencia “Sumas Críticas do Americano” , com isso faremos uma comparação de alguns momentos históricos durante o período da colonização da América Latina em especial Cuba. Abordaremos como era o Novo Mundo diante do velho e como isto causou um grande sofrimento para a América Latina suprimindo parte de sua identidade cultural. Centrando-se no pensamento de Lezama e numa possibilidade de construir respostas para perguntas como: O que é a América latina? Quem são os latino-americanos? Além de outros aspectos relevantes a estes eventos. PALAVRAS-CHAVE: Literatura, historia e critica O CARÁTER AUTOBIOGRÁFICO DO ROMANCE “LA CIUDAD Y LOS PERROS” DE MARIO VARGAS LLOSA Bruna Rafaelle de Jesus Lopes (UFRN) [email protected] RESUMO GERAL: O objetivo deste trabalho é discutir, dentro do âmbito da Literatura Comparada, a obra La ciudad y los perros, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, que coloca em xeque as problemáticas que envolvem os discursos de poder nas instituições militares. Dentro desse contexto abordaremos as características autobiográficas que a obra apresenta, visto que o próprio autor estudou em um colégio militar. Romance que marcou o segundo momento do “boom” – o primeiro momento foi marcado por Carlos Fuentes –, quando com apenas vinte e quatro anos, no ano de 1962, recebeu o Prêmio Biblioteca Breve – da editora Barcelonesa Seix Barral. O romance La ciudad y los perros, obra primogênita de Mário Vargas Llosa, se desenrola em Lima, capital do Peru. A mesma tem um caráter autobiográfico – partindo da ideia de que um dos personagens principais tem muito em comum com o seu criador. As ideias aqui desenvolvidas estão fundamentadas nos postulados de Lejeune (2008), Candido (1987) e a ensaística do próprio Vargas Llosa (2004). O Nobel peruano é um escritor completo, pois desenvolve a crítica e a ficção como irmãs siamesas do seu próprio fazer literário, com coerência e maestria. PALAVRAS-CHAVES: Vargas Llosa; Autobiografia; Militarismo; Memória. A CARACTERIZAÇÃO DO PERSONAGEM MARAVILHOSO EM CIEN AÑOS DE SOLEDAD Marília Fernandes (Especialista em espanhol: Língua, Literatura e tradução) Universidade Tuiuti do Paraná Professora: Esperanza Díaz RESUMO GERAL: O objetivo deste trabalho é caracterizar algumas das personagens de Cien años de soledad (1967) de Gabriel García Márquez (prêmio Nobel de literatura em 1982) e analisar como o autor constrói tais personagens apropriando-se do Real Maravilhoso. Este trabalho se justifica desde o ponto de vista de que há poucos trabalhos relacionados à construção de personagens de ficção, e mesmo que o livro de Gracias Marquéz tenha sido já bastante discutido pela crítica ele ainda não foi explorado desde essa perspectiva. Para tanto, utilizar-se-á a teoria da personagem de ficção de Antônio Cândido e de Beth Brait e sobre o real maravilhoso se tomará Irlemar Chiampi e Alejo Carpentier. A análise se dá usando a pesquisa bibliográfica e as própias personagens do livro, como elas dão seus passos dentro da narrativa e como o autor as conduz e as constrói dentro de seu universo maravilhoso, desvendando as imagens construídas pelo leitor destes personagens e como a forma dada pelo autor leva tais personagens ao fim maravilhoso inserindo-os no contexto Latino-americano e na visão revisada dos grandes cronistas do século VII. Tentado por fim mostrar que a estirpe dos Buendía tem seu fim pautado pelo sua caracterização dentro do realismo maravilhoso. PALAVRAS-CHAVE: Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez, real maravilhoso. O IDEAL ROMÂNTICO REVOLUCIONÁRIO NO FILME DIÁRIOS DE MOTOCICLETA Murilo Jocoski de Siqueira (UNICENTRO) [email protected] RESUMO GERAL: Este artigo objetiva elucidar os ideais romântico-revolucionários pela análise comparativa entre o filme Diários de Motocicleta, dirigido por Walter Salles e a obra De moto pela América do Sul, a partir dos registros de viagem de Ernesto Guevara de la Serna do ano de 1952. O diário como sendo uma forma de registro e memória dos lugares visitados, apresenta de forma simples, mas ao mesmo tempo crítica o lado burguês dominante, que por meio do capitalismo excludente não oferece condições econômicas e sociais favoráveis ao proletariado americano e assim o desumaniza.Este espírito de inquietude e inconformismo diante a sociedade burguesa do século XIX, é bastante explicitada nas figuras de Ernesto Guevara e Alberto Granado que no filme Diários de motocicleta, se mostram audaciosos o bastante para montarem em uma moto e percorrerem a América Latina, graças ao incansável sonho pela luta, de fugir do progresso negativo para os confins mais remotos do mundo e do espírito humano, a fim de buscar e conhecer mais de perto a essência do homem.É dessa maneira que os jovens da época, reafirmam a sua identidade que até então estava instável e deslocada. Buscam o prazer de liberdade, pois assim como a dupla de aventureiros os jovens do século XIX, se encontram entediados, pelo sentimento de vazio e dúvida parecidos com os dos personagens do filme, sendo representados em paisagens pacatas, agrestes, solitárias, e com momentos de desequilíbrio, levando-os a gritar em nome de movimentos revolucionários para libertar sua subjetividade. PALAVRAS-CHAVE: Comparação; romantismo; revolução; liberdade. CARTAS DA MÃE (HENFIL) E “MEUS CAROS AMIGOS” (CHICO BUARQUE): RETRATO IRÔNICO-MELANCÓLICO DE UM BRASIL VARONIL Marilu Martens Oliveira (UTFPR/GP CRELIT) RESUMO GERAL: Esta apresentação objetiva, calcada na Literatura de testemunho e abarcando a memória e os direitos humanos, traçar um painel do Brasil durante o período da ditadura militar (1964-1985), instaurada após um golpe no governo constitucionalmente eleito, sob o pretexto de evitar o “perigo comunista”. Época conturbada, de triste memória: supressão dos direitos individuais e fechamento do Congresso Nacional; passeatas e censura; prisões e tortura; mortos e desaparecidos; “sonhos feitos em cacos”, como poetizou Alex Polari, preso político. O foco deste artigo é, portanto, o País triste e ensombrecido, vivido e retratado por Henrique de Souza Filho, também chamado de Henfil e de Henriquinho, e por Francisco Buarque de Hollanda, o Chico Buarque, artistas poliédricos. Henfil, cartunista, quadrinista, escritor, dramaturgo, cineasta e jornalista, irmão do Betinho (aquele que, como “tanta gente que partiu num rabo de foguete”, só voltou com a anistia, não tão “ampla, geral e irrestrita” como desejada), terá enfocadas as Cartas da mãe que comentam o cotidiano, sob diferentes óticas: melancolicamente, mordazmente, provocativamente. Já Chico Buarque, cantautor, músico, ficcionista, dramaturgo, historiador ad-hoc do país em que nasceu, premiado com o Molière e o Jabuti, o homem de olhos cor de ardósia considerado a “unanimidade nacional”, segundo Millôr Fernandes, também teve escolhida para análise uma canção-epístola, “Meus caros amigos”. O destinatário é o amigo Boal, no exílio, para o qual manda um recado: “Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta/ Muita mutreta pra levar a situação”. PALAVRAS-CHAVE: Henfil; Cartas da mãe; Literatura de testemunho; Chico Buarque; Meu caro amigo. NÃO FALEI: O TRABALHO DO LUTO E O VAZIO AGRESSIVO OU ENTRE O ESQUECIMENTO ATIVO E O PASSIVO Emerson Pereti (UFPR. Bolsista de Doutorado CAPES-CNPQ) RESUMO GERAL: Com o objetivo de contribuir para a reflexão de como atuam os discursos literários a partir da quebra de representação imposta pelas ditaduras recentes às culturas do Cone-sul americano, esta comunicação se concentra no discurso de rememoração no romance Não falei (2006), de Beatriz Bracher, como um dos operativos literários do luto pósditatorial brasileiro. O romance se configura a partir de fluxos descontínuos da memória de um ex-preso político, submetido à tortura, e que tem a vida marcada por uma possível delação que resultou na morte de um companheiro. O dilema da “culpa” do protagonista e a responsabilidade – por ter sobrevivido – pela memória de seus mortos impelem o discurso, como uma vontade de potência em direção a uma absolvição futura, que só pode ser conseguida, paradoxalmente, pelo retorno simbólico ao passado, ao regresso da perda. Isso exigirá do discurso literário a reivindicação de um estatuto da memória que respeite aquilo que não pode ser representado, mas que precisa ser passado adiante, esquecido, para que outros possam recordá-lo. Em outras palavras, passar a pedra do testemunho para dar ao passado, violentamente interrompido pela ditadura, uma perspectiva de sobrevivência futura; justamente em um tempo em que a transição ao mercado tenta empurrar esse trauma ao esquecimento passivo. A intenção aqui é, consequentemente, entender como se dá, no romance, essa relação entre o trabalho do luto póstraumático (esquecimento ativo) e a resistência às substituições compensatórias (esquecimento passivo) dentro do “vazio agressivo” da cidade neoliberal, cidade esta que sucedeu as câmaras de tortura. PALAVRAS-CHAVE: luto pós-ditatorial; memória; esquecimento HONRA, VIOLÊNCIA IMPUNIDADE NA AMÉRICA LATINA. UMA LEITURA DA OBRA CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ. Cristiane Peixoto Andrade (UFRN – Natal/RN) [email protected] RESUMO GERAL: o presente artigo apresenta algumas reflexões sobre honra, violência e impunidade, temas presentes no romance crônica de uma morte anunciada, de gabriel garcía márquez, cujo enredo gira em torno de um crime em defesa da honra. para isso será feita a conexão entre os elementos afetivos, inerentes aos seus personagens e a cultura latino-americana. este estudo será elaborado, através da leitura e análise da obra, que sob a forma de um romance tem uma linguagem jornalística própria da crônica. o romance apresenta os princípios de honra, e mostra que a violência pode ser materializada pela vingança. através da voz do narrador é possível perceber a omissão, a intolerância e a rigidez nos valores morais dos moradores daquele povoado. o autor gabriel garcía márquez enfatiza a cultura latino-americana, entrelaça realidade com a fantasia, além de pontuar aspectos psicológicos individuais e coletivos, especialmente no que se refere à construção dos papéis sociais ao longo da história. e, de uma forma alegórica se consegue ler nas entrelinhas a história latino-americana, a valoração moral tão pregada por essa sociedade e a impunidade diante da violência sofrida pela população latino-americana. para fundamentar nossa reflexão recorremos a alguns autores como bakhtin (2002); candido(1995); rama(2001); galeano (1989); martin (2010). PALAVRAS-CHAVE: Honra;Violência;Impunidade;Literatura Latino-Americana. ESTUDOS DAS RELAÇÕES ENTRE ESPAÇO E PERSONAGENS NOS CONTOS: CAMPO GERAL E BURITI, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA, E OS CONTOS O FIM E O SUL, DE JORGE LUIS BORGES Ana Rubia da Costa de Oliveira (TCC/Grad. Letras/UNIOESTE) Lourdes Kaminski Alves (Orientadora) RESUMO GERAL: O presente estudo reflete sobre a relação personagens e espacialidades, a partir da leitura dos contos Campo Geral e Buriti, contemplados na obra Corpo de Baile (1984 e 2001), de João Guimarães Rosa, e os contos O fim e O Sul, contemplados na obra Ficções (2001), de Jorge Luis Borges. Na obra de Jorge Luis Borges apresenta-se a figura ficcional gaúcho no espaço do pampa argentino e na obra de João Guimarães Rosa apresenta-se o sertanejo do sertão árido. O estudo da construção das relações entre personagens e espacialidades recriadas, por meio da elaboração artística da linguagem literária, nos contos selecionados, nos permitiu refletir sobre o modo como ocorrem as representações entre personagens e o espaço ficcional, pois os elementos da narrativa, personagens e espaço, nos contos selecionados são indicadores de uma representação social e de um cenário em que se alicerça a formação cultural do locus pampa e sertão. A análise dos contos está fundamentada nos pressupostos teóricos da literatura comparada e nas elaborações teóricas de Candido (1985, 1989, 1993 e 1998), sobre a fusão entre elementos internos e externos na construção narrativa. PALAVRAS-CHAVE: Contos; personagens; espacialidades; Rosa, Borges. “OS SERTÕES” E “A GUERRA DO FIM DO MUNDO”: O ENTRE-LUGAR DO BRASIL Jaqueline Koehler (UFPR / FARESC) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho se propõe, a partir da leitura de “Os sertões” de Euclides da Cunha e “A guerra do fim do mundo” de Mario Vargas Llosa, discutir a relação do homem letrado com o espaço sertanejo brasileiro: seus embates, diálogos e conflitos. Dialogando com a visão da literatura latino-americana apresentada e defendida por Angel Rama em “A cidade das letras”, em que a cultura urbana apresenta uma supremacia em relação à cultura “do interior”, pode-se analisar as duas obras em dois movimentos simultâneos: o de paralelismo e o de contraposição. Ambos apresentam a Guerra de Canudos a partir do discurso citadino, e consequentemente, do intelectual, como também refletem sobre esse fato histórico do Brasil. Enquanto Euclides da Cunha escreve no calor da hora, Llosa tem um distanciamento histórico e espacial. Nas obras, Canudos mostra-se como um espaço mítico, que traz consigo uma determinada visão do país, de nacionalidade. Ao romancear, rever e reler Canudos, Vargas Llosa não propõe somente uma nova visão da história, mas a insere em um contexto maior, o da literatura latino-americana. O espaço sertanejo, suas idiossincrasias e mazelas participam de um diálogo possível para além dos limites da literatura brasileira. Torna-se um espaço que simboliza o problema da falta de diálogo entre o interior e meio citadino, entre a civilização e a barbárie. As duas obras narram, a partir do olhar do intelectual que se volta a essa realidade, esse outro espaço que é o sertão, e com isso estabelecem a possibilidade de refletir a respeito de um “entrelugar”, em que as relações de nacionalidade precisam ser discutidas. PALAVRAS-CHAVE: Euclides da Cunha; Mario Vargas Llosa; sertão; nacionalidade. A PERMANÊNCIA DA MEMÓRIA: OS REGISTROS DA GUERRA DA CANUDOS NA PRODUÇÃO FICCIONAL E HISTÓRICA Edna da Silva Polese (FARESC – PUC - UNIANDRADE) [email protected] RESUMO GERAL: Canudos ainda não se rendeu. A discussão continua e o imaginário suscita sempre novas formas de ver o acontecimento. Canudos – diário de uma expedição (1939) é fruto do testemunho registrado por Euclides da Cunha antes de escrever a obra fundamental sobre o acontecimento histórico. Publicado somente depois de Os Sertões (1902) o diário mostra-se como um embrião desse. Obras como O rei de jagunços, de Manuel Benício, publicado em 1899, registra, já sob a forma romanesca, o grande acontecimento. A produção jornalística é conhecidamente vasta e foi avaliada e estudada por Walnice Nogueira Galvão na obra O calor da hora, de 1994. É a partir da leitura de Os Sertões que Mario Vargas Llosa cria A guerra do fim do mundo e o romance, lançado em 1982, redimensiona os acontecimentos. Llosa visitou a região e testemunhou, ainda, os resquícios memorialísticos dos fatos ali ocorridos. A questão é que o fato histórico conhecido como a Guerra de Canudos encontra importância nas discussões de diversas áreas do conhecimento por ter sido registrada de determinada forma. A obra de Euclides da Cunha é fundamental, pois a força discursiva de seu autor é responsável por imprimir na intelectualidade brasileira (daquele e do nosso tempo) um registro memorável sobre um Brasil desconhecido. As demais produções discursivas, mesmo bastante diferentes entre si, são responsáveis por manter essa memória coletiva, essa construção sobre os fatos, seus significados e suas dimensões. Propõe-se aqui discutir essas diversas formas de registro como embasamento para a permanência da memória sobre Canudos. PALAVRAS-CHAVE: Canudos; Os Sertões; A guerra do fim do mundo; memória; história. SIMPÓSIO: AS NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS E SUAS TEMÁTICAS Gregório Foganholi Dantas (UFGD) [email protected] Humberto Igor Kudo (UFGD PPG) [email protected] Noraci Cristiane Michel Braucks (UFGD/PPG) [email protected] RESUMO GERAL: O principal objetivo do simpósio é discutir narrativas literárias contemporâneas, abordadas a partir de aportes teóricos referentes à pós-modernidade literária: o fim das grandes narrativas, segundo Lyotard; o conceito de pós-moderno segundo Jameson; os conceitos de paródia e metaficção historiográfica, de Linda Hutcheon; o conceito de metaficção segundo Gustavo Bernardo e Patricia Waugh. A proposta é de promover diálogos sobre narrativas contemporâneas, que sejam representativas das principais temáticas e procedimentos do assim chamado pós-modernismo na literatura: o romance metaficcional, que exacerba o comentário autorreflexivo e estabelece um contínuo diálogo intertextual com obras da tradição; o romance-ensaístico; o romance autobiográfico e a “autoficção”; o romance paródico aos modelos narrativos canônicos, como os do romance policial e do romance histórico, assim como a crise da representativade e do sujeito no início do século XXI, amplamente destacada nas obras pósmodernas. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Narrativas Contemporâneas; Pós-modernismo. AS NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS E SUAS TEMÁTICAS NOTURNO DO CHILE E A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA Aline Midori Takahara (UFGD/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: O presente artigo tem como objetivo a verificação dos elementos da metaficção historiográfica agenciados na novela Noturno do Chile (2003), do escritor chileno Roberto Bolaño. O arcabouço teórico utilizado na análise do corpus deste trabalho repousa nas contribuições mais recentes da Literatura Comparada, dos Estudos Culturais e Pós-coloniais, com especial atenção para as reflexões desenvolvidas por Linda Hutcheon acerca da Pósmodernidade cultural na Poética do pós-modernismo (1991). Procuramos, dessa forma, elencar as passagens da narrativa bolañense que mais se aproximam das características da metaficção historiográfica assinaladas por Hutcheon em sua obra, quais sejam, a fluidez de gêneros; a autorreflexividade; a ironia; a intertextualidade; a tentativa de subversão de discursos dominantes; as referências a personagens e acontecimentos históricos, dentre outras. Noturno do Chile (2003) trata da crise de consciência de Sebastián Urrutia Lacroix, padre, poeta, professor e crítico literário às voltas com a literatura e a ditadura no Chile. Assim, a diegese da obra de Bolaño representa um realismo que não é mais mágico, mas sim virtual e visceral, perpassado pelas violências do passado e personificado em personagens fragmentadas, figuras metonímicas da culpa e do mal-estar herdados das ditaduras latino-americanas. PALAVRAS-CHAVE: Pós-modernismo; Metaficção historiográfica; Roberto Bolaño. A OBRA DE JOSÉ LEANDRO URBINA NA LITERATURA HISPANO-CANADENSE CONTEMPORÂNEA: DESLOCAMENTO E EXTRATERRITORIALIDADE. Cláudia Sulami Ferraz Neustadt (UFRJ/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: O projeto de pesquisa Deslocamento cultural e processos literários nas letras hispânicas contemporâneas: a literatura hispano-canadense, inscrito no PPG/LEN da UFRJ e do qual participo, está centrado no estudo crítico e historiográfico das literaturas hispanoamericanas produzidas em âmbitos americanos não hispânicos, precisamente a literatura hispano-canadense. O projeto tem como alicerce teórico as noções de deslocamento e extraterritorialidade, noções imprescindíveis para visualizar a literatura hispano-americana contemporânea no âmbito de uma cultura translocal. Minha participação nesse projeto se sustenta em investigar a obra de José Leandro Urbina, um escritor chileno-canadense de singular relevância no universo hispano-canadense. Centralizo como objeto de meu estudo o romance Cobro revertido (2003), e Las memorias del Baruni (2009), dois textos que se articulam em torno do produtivo diálogo intergenérico entre romance, autobiografia e memórias e nos que confluem os mais variados tópicos do deslocamento. Nestas obras, os conceitos de deslocamento e extraterritorialidade podem ser analisados de maneira particular, considerando o predomínio de certos temas, certos procedimentos compositivos, além do singular trabalho com o nível linguístico do texto. Os pressupostos teóricos que alicerçam a pesquisa estão na obra de A. Apadurai (2001), N. García Canclini (1997), J. Clifford (1995), S. Hall (2003), G. Steiner (2002) e E. Palmero (2010, 2011, 2012). PALAVRAS-CHAVE: José Leandro Urbina; deslocamento; extraterritorialidade; literatura hispano-canadense MESCLAS E HIBRIDAÇÕES NA OBRA O FILHO ETERNO DE CRISTÓVÃO TEZZA Helena Maria Medina Marques (UNIOESTE/Aluna Especial Doutorado em Letras) [email protected] RESUMO GERAL: Os discursos da pós-modernidade vêm marcados pela fragmentação, ambigüidade e contradição, onde se entrecruzam discursos como a transgressão, o apagamento de limites, a diluição de fronteiras e a desconstrução do mito da identidade una, do “sujeito cartesiano” passa a ser o grande desafio da ficção contemporânea. Bernd (1998) define que a hibridação é a forma da literatura latino-americana. Caminhando para a consolidação de uma escritura híbrida, é impossível falar em América Latina sem considerar seu passado histórico de colonização, no qual discurso da pós- modernidade centra-se no crítica ao cosmopolitismo europeu. O objetivo deste artigo é analisar mesclas e hibridações no romance de Cristovão O Filho Eterno. O embasamento teórico centra-se nas abordagens de Nestor Canclini, Zila Bernd, Eduardo Coutinho, Silviano Santiago, Stuart Hall. PALAVRAS-CHAVE: Cristóvão Tezza; O Filho Eterno; hibridações; sujeito fraturado. NEPLANTERAS OU NEW MESTIZAS: A CONSCIÊNCIA CHICANA DE GLORIA ANZALDÚA Humberto Igor Kudo (UFGD/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] Prof. Dr. Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (PPGL/ UFGD / CNPq) RESUMO GERAL: Questões fronteiriças nunca estiveram tão problematizadas como hoje em dia, na pós-modernidade cultural. Caracterizando descentralizações do sujeito e da sociedade como um todo, a contemporaneidade se reflete na narrativa literária através de representações diferenciadas do estatuto literário. Na tentativa de ler e explicar um universo de discurso particular, a literatura comparada, em confronto com outras disciplinas e saberes, se propõe a pensar tanto o sujeito como o mundo fragmentados, promovendo, assim, uma “outra” epistemologia. Como se pode verificar, por exemplo, em Borderlands / La frontera: the new mestiza (1987), da escritora chicana Gloria Anzaldúa. Cotejando o corpus deste trabalho com a teoria pós-colonial, procuramos dimensionar de modo amplificado as questões abordadas pela autora chicana, bem como propor alternativas de leitura e compreensão de povos e culturas marginais, periféricos, cuja reflexão espelha e vai ao encontro de uma outra epistemologia, que, de fato, traduza as vozes das minorias. A ruptura entre saberes cristalizados ou o diálogo entre novos e velhos conhecimentos são cruciais na desconstrução e reconstrução de paradigmas que respondam às novas situações, novos agenciamentos culturais. Essa(s) outra(s) epistemologia(s) não resolveria(m) os problemas da humanidade, porém tornam-se importantes passos rumo ao conhecimento e à convivência em um mundo marcado por diversas fronteiras. PALAVRAS-CHAVE: Epistemologia; Gloria Anzaldúa; Borderlands; Literatura Chicana; Literatura Comparada. LITERATURA E TESTEMUNHO: UM OLHAR SOBRE A SELVA NA LITERATURA REGIONAL BRASILEIRA Josué Ferreira de Oliveira Júnior (UFGD/Bolsista de mestrado CAPES) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como objetivo reverberar as discussões em torno da disciplina Narrativas Literárias Contemporâneas, oferecida pelo Programa de Mestrado em Letras – Literatura e Práticas Culturais- da UFGD, lançando um olhar sobre o atual status da literatura, ou melhor, sobre o papel da literatura na contemporaneidade, de modo a refletir sobre uma possível perda de espaço e/ou de prestígio da literatura enquanto objeto estético que parecia gozar no passado de uma certa autonomia. Assim, o presente artigo visa refletir sobre as narrativas de testemunho, narrativas que na Alemanha diz respeito aos relatos dos sobreviventes do Holocausto passando a ser chamada a partir de 1990 de Holocaust-Literatur, e, na América Latina, surge mais como um gênero literário, literatura de testimonio e é marcada por uma certa convergência entre política e literatura. Trata-se, no caso da América Latina, de uma literatura que tem como função a denúncia social ao mesmo tempo em que visa promover uma revisão historiográfica, criando, assim, uma história “outra”, ou, histórias alternativas, que não teriam sido contadas pela história oficial. Desta forma, lançaremos um olhar sobre as obras A selva (1930) e Selva trágica (1956), do português Ferreira de Castro e de Hernâni Donato, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: Literatura contemporânea; Testemunho; Crítica literária. A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA NA OBRA O OUTRO PÉ DA SEREIA, DE MIA COUTO Katia Cilene Duarte da Cruz (UFGD/PPG) [email protected] RESUMO: Este trabalho visa promover o diálogo entre a metaficção historiográfica e a obra O outro pé da sereia, de Mia Couto. Buscamos provocar uma discussão acerca das razões que levaram o escritor a centrar seu romance, se for possível levantar essa hipótese, nas sendas dessa perspectiva teórica. Em um primeiro momento, trazemos os conceitos de metaficção historiográfica, da teórica Linda Hutcheon, a fim de evidenciar os conceitos estudados pela teórica e, dessa forma, elucidar as características presentes na obra literária. Posteriormente, abordaremos os conceitos de memória, do teórico Paul Ricouer, abordando a questão da memória da protagonista, Mwadia Malunga, que luta entre a reminiscência e a rememoração, pois a memória da personagem é o caminho para a resposta da utilização deste gênero no romance. Logo, traremos o conceito de transculturação, termo criado pelo sociólogo Fernando Ortiz, no qual justifica a presença do texto histórico na obra literária. Por fim, ao trilhar por essas teorias, busca-se chegar à hipótese de resposta que a metaficção historiográfica é o gênero mais adequado na obra estudada, logo propomos a reflexão que a protagonista é uma metáfora do seu país, pois a mesma sofre com sua identidade e com o seu passado, e somente após desvelar esses processos, poderá seguir em frente. PALAVRAS-CHAVE: Metaficção Historiográfica; Memória; Transculturação; O outro pé da sereia. A CONTEMPORANEIDADE NARRATIVA DE SARAMAGO NA TEMÁTICA TANATOPOLÍTICA E BIOPOLÍTICA DA VIDA PÓS-MODERNA Lucas Fernando Gonçalves (UFMS) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho é um estudo bibliográfico que procura analisar o romance As Intermitências da Morte, de José Saramago, à luz de três conceitos: o contemporâneo e de tanatopolítica, de Giorgio Agamben, e o de biopolítica, de Michel Foucault, com a finalidade de apresentar a importância da obra de Saramago para a compreensão do nosso atual momento histórico como possibilidade de pensar filosófico e criticamente a realidade em que vivemos. Para tanto, busca-se uma melhor compreensão do sentido da vida e da morte na literatura de Saramago, a partir do próprio olhar político desse escritor-cidadão. O autor é entendido, no presente trabalho, como um homem crítico do próprio momento histórico, indivíduo que se posiciona de modo “deslocado” da cultura neoliberal, para melhor entender os próprios processos do momento em que viveu; sua posição “deslocada” de observar a própria contemporaneidade se aproxima, assim, do significado do termo “contemporâneo” em Agamben. O conceito foucaultiano de biopolítica (governo da vida da população) e a tanatopolítica de Agamben (regulamentos ocultos da morte dos outros) podem ser encontrados no desenrolar do romance de Saramago, tratando-se, provavelmente, de uma visão particular da concepção filosófica do escritor a respeito dos acontecimentos cotidianos das pessoas, de como elas se relacionam consigo, com os outros, com as coisas, com as instituições, enfim, com o universo Pós-Moderno. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Narrativa Contemporânea; Pós-Modernidade. MALINCHE: QUE HISTÓRIA É ESSA? Maria Luana dos Santos (UFGD/PPGLetras) [email protected] RESUMO GERAL: Tomamos como ponto de partida a obra Malinche (2006), de Laura Esquivel, por suas características que evidenciam o processo de colonização da região que corresponde, atualmente, ao México. A metaficção historiográfica orienta as discussões ao longo do texto, seguindo os pressupostos teóricos propostos por Linda Hutcheon (1991), que destaca a presença de personagens e fatos históricos em obras literárias, possibilitando uma nova versão para fatos tidos como verdadeiros. Assim, através da metaficção historiográfica e do texto literário já mencionado, tentamos demonstrar que da mesma forma como a História elabora uma versão da história, a prática ficcional pós-moderna também é capaz de construir versões históricas. Na medida em que História e Literatura desenvolvem suas versões dos acontecimentos para torná-los fatos, buscamos escapar da trama dicotômica que situa discursos dentro dos limites da “verdade” ou da “mentira”. Ademais, priorizamos a evidenciação do caráter crítico-reflexivo da metaficção historiográfica, bem como a sua contribuição para a detecção de traumas nas sociedades acerca das quais enredos se centram. Desta maneira, a narrativa ficcional desenvolve-se como o texto do possível, do provável. Âmbito onde a história da expansão colonialista possivelmente foi pensada pela autora diante dos vestígios a que teve acesso, bem como, vários outros enredos podem ser versões de uma mesma história possível. PALAVRAS-CHAVE: Metaficção historiográfica; Malinche; Versões históricas; Reflexão crítico-social. “DESCONSTRUÇÃO” OU (RE)CONSTRUÇÃO DE NOVAS NARRATIVAS NA PÓSMODERNIDADE DOS CONTOS DE FADAS Michelli Cristina de Sousa (IFSUDESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Segundo Stuart Hall (2001), as sociedades do final do século XX estão sofrendo diversas transformações estruturais que estão “fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que no passado, nos forneciam sólidas localizações como indivíduos sociais”. E como consequência, estão modificando nossas identidades pessoais, estremecendo a ideia que tínhamos de nós como sujeitos integrados, causando o que Hall chama de deslocamento ou descentração do sujeito (HALL, 2001: 9). Visando observar algumas dessas transformações, escolheu-se como recorte para nosso estudo alguns contos de fadas e obras contemporâneas que dialogam com essas narrativas. Busca-se compreender como a indústria cultural e cinematográfica vem apropriando-se cada vez mais do público infanto-juvenil, e assim, traçar um paralelo entre as narrativas originais e suas adaptações e a “desconstrução” dessas histórias na contemporaneidade (Enrolados, A Garota da Capa Vermelha, Shrek...), na busca por (re)construir identidades e até mesmo novos paradigmas. Atualmente, desenhos e filmes baseados em contos de fadas operam como ferramentas psicológicas. Sua montagem permite uma reflexão sobre a concepção da sociedade, sua adequação ou inadequação ao atual processo civilizatório, além de interferir na produção dos sentidos, na construção da identidade do sujeito infanto-juvenil e no modo como esse produz sentidos e significados a partir desta mediação. No que se refere à Teoria Crítica Pós-moderna dialogaremos com Jean-François Lyotard, Stuart Hall, Frederic Jameson, Linda Hutcheon, Walter Benjamin, Douglas Kellner, Bruno Bettelheim e outros, a fim de observar os múltiplos olhares e identidades produzidas a partir dessas desconstruções. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas Contemporâneas; Contos de fadas; Pós-modernidade; Desconstrução; Identidade. CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA: SUTILEZAS DE UM TEXTO Miriam Célia Frantz -UFGD – Dourados-MS [email protected] RESUMO: A relevância da literatura latino-americana no âmbito dos estudos literários contemporâneos é inquestionável e exerce um papel fundamental, especialmente, na construção do discurso teórico e da crítica literária e cultural na América Latina. As contribuições da Literatura Comparada e dos Estudos Culturais apontam para a fluidez das fronteiras entre as áreas do conhecimento permitindo estabelecer um ponto de intersecção intervalar que possibilita a ampliação da abordagem e análise do texto, em especial, do texto literário. Esta proposta de comunicação tem por objetivo abordar as confluências entre Literatura e Jornalismo na obra Crônica de uma morte anunciada (1981) do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Estruturado na forma de um romance e em uma linguagem jornalística própria da crônica, o narrador busca reconstituir o assassinato do personagem Santiago Nasar. De maneira peculiar, o texto literário permite analisar as imbricações dos traços jornalísticos na produção narrativa. Ao privilegiar a função poética e distanciar-se do relato, o escritor García Márquez enfatiza por excelência o universo da significação tão caro para a literatura. PALAVRAS-CHAVE: Crônica de uma morte anunciada, Literatura latino-americana, estratégia literária. O CONTEMPORÂNEO E O PÓS-MODERNO EM BUDAPESTE, DE CHICO BUARQUE E AZUL-CORVO, DE ADRIANA LISBOA Noraci Cristiane Michel Braucks [email protected] Profª Drª Leoné Astride Barzotto RESUMO: O presente artigo aborda questões da contemporaneidade da pós-modernidade, e o descentramento do sujeito como sintomas desse tempo. A temática da identidade em crise, bem como do deslocamento do sujeito, expresso no sentimento de “estar fora de casa”, estão presentes nos romances Budapeste (2003), de Chico Buarque, e Azul-corvo (2010), de Adriana Lisboa. As duas narrativas aparecem como desveladoras desse tempo que denominamos contemporâneo. PALAVRAS-CHAVE: contemporaneidade; pós-modernidade; Budapeste; Azul-corvo. JOSEPH K. PASSEIA EM BUDAPESTE Roberto Monaco (UFGD) [email protected] RESUMO GERAL: O texto se propõe a apresentar e discutir pontos de contato entre o romance Budapeste de Chico Buarque e obras consagradas da Literatura Existencialista e do Absurdo (O Estrangeiro, de Albert Camus e O Processo, de Franz Kafka). O elo de ligação utilizado são os personagens-narradores de Budapeste – José Costa, O Processo – Joseph K.. e O Estrangeiro – Meursaultd. Através da análise da trajetória de flaneur do escritor anônimo José Costa, criado por Chico Buarque, podemos perceber sua condição de não-pertencimento a nenhum lugar, configurando-se com um eterno estrangeiro. Em Kafka e Camus (assim como em Beckett), vemos a decadência do Realismo e a perda da identidade do sujeito, trazendo à tona a solidão e o desencanto de seus protagonistas. Identificamos estes elementos em Budapeste e traçamos um paralelo entre as obras e suas linguagens. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Metaficção; Intertextualidade; Duplo; Existencialismo GÊMEOS EM CONFLITO: DOIS IRMÃOS, ALÉM DA INTERTEXTUALIDADE COM ESAÚ E JACÓ Thaize Soares Oliveira (UFGD- Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] RESUMO: Milton Hatoum é um escritor amazonense, descendente de libaneses, tradutor e exprofessor universitário, ganhador de vários prêmios no campo literário. É considerado pela crítica, um dos grandes nomes da literatura contemporânea brasileira da atualidade. Diante disso, este artigo refere-se ao projeto de pesquisa em mestrado cujos objetivos são: explorar na obra de Milton Hatoum, Dois irmãos (2000), as ligações entre os personagens principais, os irmãos Omar e Yaqub, a questão da polaridade explícita entre eles que perdura durante todo o romance, além de confrontar com os gêmeos Pedro e Paulo, de Esaú de Jacó (1904) simultaneamente com os personagens bíblicos Esaú e Jacó. Sempre atentando para a relação, muitas vezes complexa, desses personagens com suas mães, suas relações amorosas, semelhanças e diferenças entre os enredos, a caracterização dos personagens, dos narradores e dos seus desfechos. Para tanto, faremos primeiramente uma apresentação da obra de Hatoum. Posteriormente, explanaremos conceitos de intertextualidade e paródia deixados por Linda Hutcheon (1985), e de influência de Sandra Nitrini (1997), além de voltar para o próprio texto bíblico com Fokkelman (1997). E por fim, tentaremos explicitar essas relações que podem ser observadas nesse tipo de narrativa milenar em diversos episódios, principalmente quando o tema são as relações familiares. PALAVRAS-CHAVE: Milton Hatoum; gêmeos; intertextualidade; influência. SIMPÓSIO: DO ROMANCE DO SÉCULO XIX AO ROMANCE DO SÉCULO XXI: DIÁLOGOS, TRANSFORMAÇÕES E INTERFACES Antonio Marcio Ataide (USP/UNIOESTE) [email protected] Leandro Passos (UNESP/SJRP) [email protected] Regiane Rafaela Roda (PG/UNESP/SJRP/CNPq) [email protected] RESUMO GERAL: Nascido com o objetivo de corresponder à vontade da burguesia de ver seus anseios representados artisticamente, o romance procurou incorporar os elementos do real à trama ficcional das obras de arte, que até aquele momento baseava suas narrativas no entrelaçamento de motes, fantasiosos ou míticos, tornando-se assim o gênero representativo dos anseios desta classe social que desejava reconhecer-se nas representações artísticas. Essa construção apresenta-se, pois, como uma transposição de elementos reconhecíveis da realidade para uma que pretende ser possível, “como se fosse real” desdobrando-se em acordos tácitos entre a obra e o leitor com o objetivo de, nos termos de Gallagher (2009), “suspender a incredulidade”. A Literatura viu florescer, então, uma nova concepção da Arte e o romance foi a forma principal que os escritores utilizaram para demonstrar sua reação a um mundo extremamente racional e voltado para o cientificismo dos anos anteriores. Desde seu surgimento, o romance provou ser uma das formas literárias de maior vitalidade na Literatura, pois foi capaz de englobar as transformações da sociedade e figurar-se como um veículo de transmissão da arte ficcional que atravessou os séculos e acompanhou as novas formas do pensamento humano. A proposta deste simpósio, à luz das teorias de Bakhtin (2002), Lukács (2009 e 2011), Gallagher (2009), Watt (2010) é contemplar o gênero romance perpassando por suas transformações ao longo de sua existência desde o século XIX até a contemporaneidade e promover a discussão a respeito dos diálogos engendrados por suas narrativas. PALAVRAS-CHAVE: Romance; pacto ficcional; verossimilhança; procedimentos artísticos; Teoria dos Gêneros. QUARTA-FEIRA, 27/11, DAS 14H ÀS 17H30 - SALA: 42 (QUARENTA E DOIS) SIMPÓSIO: DO ROMANCE DO SÉCULO XIX AO ROMANCE DO SÉCULO XXI: DIÁLOGOS, TRANSFORMAÇÕES E INTERFACES Antonio Marcio Ataide (USP/Unioeste) [email protected] Leandro Passos (UNESP/SJRP) [email protected] Regiane Rafaela Roda (PG/Unesp/SJRP/CNPq) [email protected] RESUMO: Nascido com o objetivo de corresponder à vontade da burguesia de ver seus anseios representados artisticamente, o romance procurou incorporar os elementos do real à trama ficcional das obras de arte, que até aquele momento baseava suas narrativas no entrelaçamento de motes, fantasiosos ou míticos, tornando-se assim o gênero representativo dos anseios desta classe social que desejava reconhecer-se nas representações artísticas. Essa construção apresentase, pois, como uma transposição de elementos reconhecíveis da realidade para uma que pretende ser possível, “como se fosse real” desdobrando-se em acordos tácitos entre a obra e o leitor com o objetivo de, nos termos de Gallagher (2009), “suspender a incredulidade”. A Literatura viu florescer, então, uma nova concepção da Arte e o romance foi a forma principal que os escritores utilizaram para demonstrar sua reação a um mundo extremamente racional e voltado para o cientificismo dos anos anteriores. Desde seu surgimento, o romance provou ser uma das formas literárias de maior vitalidade na Literatura, pois foi capaz de englobar as transformações da sociedade e figurar-se como um veículo de transmissão da arte ficcional que atravessou os séculos e acompanhou as novas formas do pensamento humano. A proposta deste simpósio, à luz das teorias de Bakhtin (2002), Lukács (2009 e 2011), Gallagher (2009), Watt (2010) é contemplar o gênero romance perpassando por suas transformações ao longo de sua existência desde o século XIX até a contemporaneidade e promover a discussão a respeito dos diálogos engendrados por suas narrativas. PALAVRAS-CHAVE: Romance; pacto ficcional; verossimilhança; procedimentos artísticos; Teoria dos Gêneros. COMUNICAÇÕES APROVADAS A QUESTÃO DA LÍNGUA ITALIANA NO ROMANCE I MALAVOGLIA, DE GIOVANNI VERGA E SUAS ADAPTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS Regiane Rafaela Roda (PG-UNESP/SJRP/CNPq) [email protected] RESUMO: Caracterizado principalmente por uma retomada dos temas relacionados a eventos que privilegiavam a transmissão dos ambientes reais, o verismo que Verga levou para sua obra I Malavoglia, publicado em 1881, retratava a realidade do povo e da terra siciliana, seu dialeto e sua ligação com a terra árida da ilha e com o mar bravio que a circundava, além de inserir as lutas sociais que se desenrolavam na Itália por ocasião e consequência do Risorgimento. Essa obra de Giovanni Verga foi transposta para o cinema em duas adaptações, a primeira em 1948, La terra trema, de Luchino Visconti; e, a segunda em 2010, Malavoglia, de Pasquale Scimeca. Em uma primeira consideração paralelística, o filme de Visconti, pertencente à época do Neorrealismo do cinema italiano, dialoga com a literatura verista por meio de temas sociais comuns. Já a obra de Scimeca, insere os personagens de Verga em novo contexto temporal e espacial. Este trabalho tem como objetivo demonstrar como a linguagem criada por Verga para seus personagens foi transporta para os filmes de Visconti e Scimeca tendo como base para tal discussão a grande questão da língua italiana, trabalhada artisticamente desde Dante Alighieri e fundamentada por Alessandro Manzoni; e, de que maneira estas considerações se inserem no contexto da formação de uma identidade siciliana por meio da transposição do dialeto da região para as telas do cinema. PALAVRAS-CHAVE: Literatura italiana; cinema; romance; adaptação. MAO II E A ARTE POP DE ANDY WARHOL: OLHARES ACERCA DE UM DIÁLOGO POSSÍVEL Márcia Corrêa de Oliveira Mariano (IBILCE/UNESP- Bolsista de Doutorado CAPES) [email protected] RESUMO: As obras do escritor Don DeLillo apresentam estreitas conexões com a Arte Pop de Andy Warhol, pois ambos incluem em seus trabalhos os discursos da propaganda e da publicidade, do imperativo do consumismo e das relações entre linguagem e poder, para exporem suas críticas ao sistema socioeconômico e político dominantes. O domínio da produção em massa da arte, a repetição de imagens e o drama da rotina mecânica encenada em várias passagens do romance, representado por fanáticos seguidores de costumes e crenças, aproxima arte e terror, história e ficção, formando a linha narrativa que conduz Mao II. Chamando atenção para essa força da repetição de imagens, bem como de palavras, centrais na ficção de DeLillo e na arte de Warhol, ambos empenham seus trabalhos em direção à inevitável e inegável proliferação das imagens na sociedade contemporânea, dialogando entre si e destacando os conflitos entre o individual e o coletivo, atentando para os aspectos que podem influenciar tais conflitos. Diante do exposto, este trabalho objetiva, por meio das teorias de Linda Hucheon (1991), Zygmunt Bauman (2005), Stuart Hall (2002), Guy Debord (2003), Jean Baudrillard (2005), entre outros, analisar os procedimentos pelos quais o escritor e o artista plástico reavaliam a proliferação da imagem e a posição do indivíduo na sociedade pós-moderna, identificando características e estratégias narrativas presentes nos discursos das duas manifestações artísticas, a fim de representarem as transformações pelas quais o indivíduo e a arte têm passado, a partir de suas ressonâncias com o todo histórico-político-social. PALAVRAS-CHAVE: Imagem; Mao II; Don DeLillo; Arte Pop; Andy Warhol DO CAOS AO COSMO: UMA REFLEXÃO INTERSUBJETIVA DO LIVRO A PAIXÃO SEGUNDO G.H. Autora: Kamilla Marra de Moraes – PUC Goiás [email protected] Co-autora: Naiara Sousa Vilela – UFU [email protected] RESUMO GERAL: Este artigo evidencia questões referentes ao aspecto intersubjetivo e fantástico explorado no romance a paixão segundo G.H. da autora Clarice Lispector, bem como buscar uma compreensão a respeito da intencionalidade, abertura da consciência para o mundo exterior, o eu- e o não – eu, a indissolúvel unidade do sujeito e do objeto, a nostalgia do inatingível, universo da coisa em si, além do mundo do fenômeno presentes no livro. Tem como objetivo principal analisar o espaço ordenado do quarto da empregada o qual reflete a ordem interior que G.H. procurava em seu modo de ser. No ambiente quarto abordado com ênfase pela autora explora-se o fluxo de consciência a fim de levar as últimas consequências e a experiência da personagem ao depara-se com o diferente e inusitado no quarto: uma simples barata, um encontro com a vida real. A visão reflexiva da protagonista em busca de um sentimento existencial se traduz por meio de comentários, perguntas e interpretações sobre Deus, a beleza a linguagem, a arte, a vida entre outros temas. Dessa forma, há uma repetição do fantástico da passagem de uma situação de “caos” para o “cosmos”, ou seja, um mundo de G.H. sendo destruído e recriado sincronicamente. Consideramos que este artigo poderá colaborar com os desdobramentos referentes a literaturas que abordam o fantástico apresentando-o como uma forma de pensar o espaço, tempo, personagem e mito, uma narração que cria seu próprio mundo, no qual absorva-se os significados mais ocultos, que num romance tradicional não surtiria tamanhos efeitos. PALAVRAS-CHAVE: mundo exterior - romance – o fantástico FICCIONAL E AUTOBIOGRÁFICO: TENSÕES ENTRE OS GENÊROS LITERÁRIOS NA PRODUÇÃO DE LIMA BARRETO Rosineide da Silva (UFGD/PPGLetras) [email protected] RESUMO: Este trabalho analisa as obras de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) escritor que transitou por vários gêneros. Da crônica ao diário, do romance ao conto, além de militar intensivamente no jornalismo de sua época. Neste trabalho, pretendemos estudar as relações entre dois gêneros literários presentes na obra do escritor, a saber, o diário e o romance. Para tanto, utilizaremos o Diário íntimo (1956) e Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909). O intuito é demonstrar, por meio das obras, as reflexões do autor sobre os males sociais e o conflito do homem e do escritor, presentes em seu contexto sociocultural e histórico nos anos da Primeira República brasileira, vinculados à posição do referido personagem. O aporte teórico está fundamentado em grandes nomes como: Candido (2006), Lukács (2000) e Barbosa (1956), Lejeune (2008), Bakhtin (1998) entre outros. As questões de autobiografia, das relações entre os diversos gêneros literários, ficcionais e não-ficcionais, o contexto sócio histórico em que o intelectual escritor viveu, bem como as relações de representação relativas à prosa romanesca serão usados para refletir sobre os aspectos acima apontados. Desta forma, ao apresentar características que as revestem de certa aura de simplicidade, seja no conteúdo, seja na linguagem. São, em certa medida, materializações da noção crítica corrente que traz como o fazer literário preencheu amplamente as preocupações do autor. Percebendo e levando a análise de seus escritos, além das palavras, mas seus significados implícitos em seu diário e suas produções literárias. PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia; Romance Barretiano; Diário; Literatura Brasileira. LEITURA DE UM EPISÓDIO DE A ESCRAVA ISAURA, DE BERNARDO GUIMARÃES, À LUZ DA “TEORIA DOS GÊNEROS DO DISCURSO”, DE MICHAIL BAKHTIN. Antonio Marcio Ataide (USP/Unioeste) RESUMO: Fruto de reflexões nascidas no planejamento da Disciplina Optativa “Literatura Afro-brasileira e Africana”, integrante da grade curricular do Curso de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel, esta comunicação propõe uma releitura da obra mais conhecida do escritor romântico brasileiro Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1825 – 1884), o romance A escrava Isaura (1875). Não obstante o enorme êxito editorial do romance desde sua publicação, em sua Fortuna Crítica encontra-se, habitualmente, juízos desfavoráveis, seja quanto à estrutura, tema, ou qualidades intrinsecamente estéticas (Cfr. CANDIDO; BOSI). Nossa leitura, porém, intenciona valorizar, ainda que em apenas um excerto, a obra do escritor ouro-pretano. Para tanto, levar-se-á em consideração três aspectos: i) o episódio da leitura do anúncio de escrava foragida por Martinho, em Recife; ii) comparação com um anúncio autêntico de escravo fugido, à luz dos conceitos presentes no capítulo “Teoria dos gêneros do discurso”, integrante da obra Estética da Criação Verbal, de Michail (Volochinov) Bakhtin e; iii) A produção pregressa do autor, sobretudo as do período paulistano. PALAVRAS-CHAVE: Teoria dos gêneros do Discurso; Michail Bakhtin; A escrava Isaura; Bernardo Guimarães. SIMPÓSIO: (RE)LEITURAS DO PASSADO PELO ROMANCE CONTEMPORÂNEO: MITO, HISTÓRIA E MEMÓRIA Bernardo Antonio Gasparotto (UNIOESTE) Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) Stanis David Lacowicz (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A obsessão pelo passado, não apenas histórico como artístico e cultural, é uma das marcas da produção literária contemporânea, fato percebido pelo grande número de narrativas históricas produzidas entre final do século XX e começo do XXI. Nesse processo de retomada, essas obras se constroem de modo intensamente intertextual, relação com outros textos que, ainda que se faça presente em todo material de linguagem, mostra-se mais evidente (e autoconsciente) no referido conjunto de obras a que se propõe estudar o presente simpósio. Nesse sentido, tais narrativas ressaltam, não raro por meio de procedimentos metaficcionais, que “os livros falam sempre de outros livros e toda história é uma história já contada” (ECO, 1985, p. 20). Essa questão se relaciona também à recorrência nessas obras literárias de temas, de motivos estruturantes, composicionais, vinculados à tradição cultural, à história, à literatura e a mitos; cujos elementos são reconfigurados segundo novas diretrizes elegidas pelas obras que os atualizam. Nesse processo, problematiza-se a possibilidade de acesso ao real e o conhecimento sobre a história, considerando que só podemos alcançar os acontecimentos passados por meio de outros textos (HUTCHEON, 1991), bem como se diluem fronteiras tradicionais: entre a história e ficção, entre o mundo real e o ficcional, entre presente e passado, entre autor e leitor. Seguindo essa linha, acolheremos propostas que versem acerca das releituras do passado pelo romance contemporâneo, que pode dar-se, dentre várias formas, pela reconstrução de períodos e personagens históricos, pela releitura de mitos culturais e literários, por diálogos intertextuais e pela perspectiva memorialística. PALAVRAS-CHAVE: Romances intertextualidade, memória. contemporâneos, romances históricos, mito, (RE)LEITURAS DO PASSADO PELO ROMANCE CONTEMPORÂNEO: MITO, HISTÓRIA E MEMÓRIA Bernardo Antonio Gasparotto (UNIOESTE) Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) Stanis David Lacowicz (UNIOESTE) [email protected] 28/11/2013 - 13:30 – 13:50 – SALA: 43 (Quarenta e três) REPRESENTAÇÕES DO CANIBALISMO EM CARIBE (2002) Bernardo Antonio Gasparotto (Unioeste) [email protected] RESUMO: O presente trabalho propõe averiguar os efeitos de sentido produzidos, especificamente, na obra Caribe (2002), do escritor espanhol José Luis Muñoz, com relação à temática da representação do antropofagismo. Com base nos estudos de: Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropofágico (1990), Octavio Paz em El Labirinto de la soledad (1972), Jorge Luis Borges em diversos estudos críticos, e Silviano Santiago em Uma literatura nos trópicos (2000); objetiva-se analisar representações literárias desse ato humano constante nessa obra Caribe (2002), terceiro tomo da trilogia La pérdida del paraíso, de José Luis Muñoz. Se tais manifestações antropofágicas, na literatura latino-americana, quando consideradas como um ritual solene que traria consequências benéficas, possibilita o desenvolvimento de toda uma linha teórico-crítica para ancorar a produção contemporânea “autêntica” daqueles outrora colonizados e que tiveram seu discurso marginalizado. Sobre a abordagem teórica adotada na presente pesquisa, percebe-se que se trata da dialética, uma vez que ocorrerão as coletas dos referenciais bibliográficos, teóricos como: Manifesto antropofágico (1990), El labirinto de la soledad (1972), Uma literatura nos trópicos (2000), A razão antropofágica: a Europa sob o signo da devoração (1981), Discusión (1976), Literatura Comparada na América Latina: ensaios (2003); bem como da obra de Muñoz. Sobre esta incidirá o pensamento crítico que possibilitará a materialização do presente trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Literatura espanhola; Teoria literária; Literatura e história; Literatura contemporânea; Literatura comparada. 13:50 – 14:10 MALANDRAGENS IMPERIAIS EM O CHALAÇA (1994) E EM ERA NO TEMPO DO REI (2007) Stanis David Lacowicz (UNIOESTE/Cascavel) [email protected] RESUMO: Partindo do mito literário do malandro, este trabalho buscará realizar uma leitura aproximativa de dois romances históricos brasileiros, O Chalaça (1994), de José Roberto Torero, e Era no tempo do rei (2007), de Ruy Castro. O romance de Torero narra acontecimentos do Primeiro Império brasileiro a partir da perspectiva de Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, amigo de D. Pedro I, seu secretário particular e de alcova. Por meio de uma voz autodiegética, a personagem histórica do imperador é reconstruída de modo a romper com as heroicas imagens cristalizadas dos discursos históricos. No romance de Ruy Castro, por sua vez, narra-se a infância de D. Pedro, criando uma versão ficcional do que ele teria vivenciado. Na obra, o pequeno infante decide aventurar-se pelas ruas da cidade, onde encontra um menino que seria o seu duplo: Leonardo Pataca. Evidencia-se o diálogo intertextual com o romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, no qual surgiria pela primeira vez a imagem do “malandro”, tornada uma espécie de mito literário e cultural brasileiro. Desse modo, as duas obras são compostas de maneira híbrida, mesclando história e ficção, buscando reescrever outras possibilidades sobre a história brasileira e, principalmente, sobre a figura do imperador brasileiro. Nesse processo, ambos os romances lançam mão da figura do malandro, perceptível tanto na configuração das personagens com as quais D. Pedro estabelece amizade (o Chalaça e Leonardo Pataca), quanto no próprio membro da família real, por meio de um processo de espelhamento e duplicação. PALAVRAS-CHAVE: Malandragem; O Chalaça (1994); Era no tempo do rei (2007); romance histórico brasileiro; intertextualidade 14:10 – 14:30 HISTÓRIA, MEMÓRIA E FICÇÃO NO ROMANCE EM LIBERDADE DE SILVIANO SANTIAGO Thiana Nunes Cella (UTFPR-PB) [email protected] RESUMO: O romance Em liberdade, publicado em 1981, do escritor e ensaísta brasileiro Silviano Santiago, traz para seu enredo o personagem histórico e literário Graciliano Ramos. Neste, o escritor alagoense é inserido no espaço do Rio de Janeiro, em 1937, período da Ditadura Getulista ou o chamado Estado Novo. A obra, que flutua entre o elemento histórico e o ficcional, é apresentada em forma de um diário de Graciliano Ramos, no qual conta suas primeiras experiências de liberdade, seus problemas e frustrações após passar quase um ano como preso político. Ao mesmo tempo em que retrata as experiências do protagonista, o autor insere elementos do contexto histórico brasileiro e, assim, questões políticas e sociais são problematizadas dentro da narrativa. Essa estratégia de inserção do passado histórico juntamente com elementos fictícios e literários é amplamente valorizada na literatura contemporânea ou pósmoderna, na qual os discursos ditos não-oficiais são largamente inseridos e examinados. Desta forma, o presente trabalho busca mostrar como o romance Em liberdade realiza um re-visitar à historiografia e ao mesmo tempo problematiza questões como o conhecimento histórico, as noções de narratividade, de verdade e da autorreflexividade, as quais podem ser percebidas através de estratégias narrativas utilizadas na construção do diário, como o uso de paratextos, da metalinguagem e de intertextualidades. Ao mesmo tempo, pretende exibir como o romance ascende questões sobre as ideologias e as relações de poder através desse recontar histórico. PALAVRAS-CHAVE: Graciliano Ramos; Romance contemporâneo; História; Memória; Intertextualidade. 14:30 – 14:50 NOVAS PERSPECTIVAS DO PASSADO NA ESCRITA DE PAULA DIPERNA: A MULHER EM FOCO Kamyla Katsue Kawashita (UNIOESTE) [email protected] Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho objetiva analisar aspectos da narrativa da escritora norteamericana Paula DiPerna, The Discoveries of Mrs. Christopher Columbus: His wife’s Version (1994), no intuito extrair dela reflexões acerca da posição que ocupa a mulher na literatura e na história, abordando o olhar feminino lançado sobre a mulher do século XVI inserida no contexto das grandes navegações. A obra em questão situa-se na esfera das narrativas de extração histórica e constitui-se em uma paródia do Diário de bordo de Colombo. Tendo por base o foco narrativo em primeira pessoa a narrativa apresenta uma perspectiva nova sobre a personagem histórica Cristóvão Colombo, seus feitos e os personagens que encontravam-se em seu entorno, utilizando-se para tanto de recursos narrativos, tais como a paródia e a intertextualidade, e dessa forma propicia a seu leitor um enfoque diferenciado da história contida nos registros oficiais. Pretende-se discorrer, nesse sentido, sobre a importância das narrativas de extração histórica na contemporaneidade, especialmente no que tange o romance histórico contemporâneo de mediação (FLECK, 2007) – gênero este que possibilita por meio da desconstrução do discurso historiográfico oficial reconstruir, (re)escrever a história de grupos marginalizados pelo discurso dominante – ao apresentar novas perspectivas para o passado histórico, nesse caso, a perspectiva da mulher, que, devido ao domínio patriarcal exercido sobre o discurso historiográfico, permaneceu por muito tempo silenciada. PALAVRAS-CHAVE: The Discoveries of Mrs. Christopher Columbus: His Wife’s Version (1994); romance historico contemporâneo de mediação; narrative feminine. 14:50 – 15:10 CRISTÓVÃO COLOMBO COMO HERÓI: UMA LEITURA COMPARADA ENTRE OS CÃES DO PARAÍSO (1989) E A CARAVELA DOS INSENSATOS (2006) Douglas William Machado (UNIOESTE) [email protected] Gilmei Francisco Fleck (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho objetiva realizar uma leitura comparada entre Os cães do paraíso (1989), do argentino Abel Posse (na tradução de Vera Mourão), e A Caravela dos Insensatos (2006), do brasileiro Paulo Novaes, no que tange à caracterização da figura de Colombo como o “herói” do descobrimento. Ambas as obras são parte do gênero ficcional híbrido denominado Romance Histórico. A primeira pertence ao Novo Romance Histórico Latino-americano, que se apresenta como uma modalidade de escrita crítica e plurívoca, revisando conceitos fixos e dogmáticos apresentados pela historiografia oficial (MENTON, 1993; AÍNSA, 1991) e descreve um Colombo não apenas como herói, mas como humano, dando uma alternativa ao discurso histórico vigente; já a segunda obra resgata características do Romance Histórico Tradicional que tem nas leituras do “descobrimento” a Europa como entidade superior e divinizada em relação à América pré-colombiana (LUKÁCS, 1977) e apresenta Cristóvão Colombo como um tipo de herói do Novo Continente. Com isso, tal produção ignora a voz do sujeito autóctone e toda a produção latino-americana do século XX que foi além da univocidade e produziu escritas com linguagem complexa que constantemente questionam relações de poder e controle da verdade (FOUCAULT, 2000, 2008; DERRIDA, 1976, 1995), e desconstroem enunciados que moldaram a construção identitária de seus sujeitos leitores. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Narrativas colombinas; Desconstrucionismo. 15:10 – 15:30 A ESCRITA HÍBRIDA NA AMÉRICA LATINA: CONTESTANDO DISCURSOS Ana Maria Klock (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A importância dada às narrativas híbridas de história e ficção para o contexto latinoamericano revela-se na possibilidade de romper com antigos paradigmas mantidos dentro da história oficial no que se refere ao primeiro contato entre o autóctone e o europeu, dentre outros eventos que envolvem o contexto do “descobrimento”. Tal contato foi registrado majoritariamente pelos conquistadores, que não consideraram o modo como os nativos vivenciaram a mesma experiência. O romance histórico, nas suas modalidades mais recentes, possui, assim, a capacidade de dessacralizar a história tradicional por meio do emprego de técnicas e estratégias da narrativa que permitem com que o escritor trabalhe com o material histórico a partir da perspectiva que desejar. Embora não se possa mudar a história com tais transgressões, garante-se a possibilidade de imaginar um passado no qual a voz dos marginalizados também poderia ter ecoado sobre o mesmo acontecimento. Desse modo, o romance histórico contribui para renovar o interesse pela investigação do passado ao mesmo tempo em que resgata antigos conflitos não elucidados sob a perspectiva da ficção. A partir do que foi exposto, o presente trabalho pretende apresentar algumas considerações sobre a conflituosa relação entre a literatura e a história, a representação do romance histórico para o espaço latino-americano e a sua ação de subversão através da narrativa ficcional, percebendo que “a leitura em lugar de tranquilizar o leitor, de garantir o seu lugar de cliente pagante na sociedade burguesa, o desperta, transforma-o, radicaliza-o”. (SANTIAGO, 2000). PALAVRAS-CHAVE: romance histórico contemporâneo; releituras do passado; poética do descobrimento. 16:00 – 16:20 REPRESENTAÇÕES ESTÉTICAS IMPACTADAS PELAS DITADURAS DE VARGAS E MILITAR Jorge Paulo de Oliveira Neres (UNESA) [email protected] RESUMO: O presente projeto analisa as relações entre ficção e História, particularmente aquelas que se dão em contextos opressores. Toma-se como referência dois momentos capitais da História recente do Brasil, que são a Ditadura do Estado Novo (1937-1945), capitaneada por Getúlio Vargas, e a Ditadura instaurada com o Golpe Militar de 1964, que perdurou até 1985. A pesquisa procura destacar que a matéria histórica pode funcionar como pano de fundo da narrativa ficcional ou como intertexto ativo da ficção, integrando suas engrenagens narrativas, daí a proposta de se trabalhar com um leque de obras que possibilite vislumbrar o arco de mudanças que se dá na atitude escritural a partir dos anos 50 do século XX e que se aprofunda naquilo que se convencionou chamar de pós-modernidade. Assim, este Projeto elege como alvos de pesquisa os romances Memórias do cárcere (1953), de Graciliano Ramos, a trilogia Subterrâneos da liberdade (1954), de Jorge Amado, Quarup (1967) e Bar Dom Juan (1971), de Antonio Callado, Lavoura arcaica (1975), de Raduan Nassar, O que é isso, companheiro? (1979), de Fernando Gabeira e os contos de O cego e a dançarina (1980), de João Gilberto Noll. Estas narrativas estabelecem um percurso discursivo que vai da ideologia engajada e revolucionária até a fragmentação do indivíduo quando as referências pulverizam-se e os sonhos se perdem diante das imposições de uma nova ordem tão opressora quanto as de quaisquer ditaduras. A pesquisa deste percurso é o foco que se elege no Projeto, desdobrável não só nas mudanças que a literatura sofre ao longo deste período, como também nos diálogos que esta linguagem da arte estabelece com outras, principalmente com as da História e do Cinema. PALAVRAS-CHAVE: Ficção; História; Moderno; Pós-Moderno. 16:20 – 16:40 QUARUP: HISTÓRIA E FICÇÃO NA NARRATIVA DE ANTÔNIO CALLADO Moisés Elias Galdino (UNESA – Graduação) [email protected] Fernandes Barbosa (UNESA – Graduação) [email protected] RESUMO: Nesta Comunicação discute-se as relações entre História e Literatura no romance Quarup (1967), de Antonio Callado, procurando-se observar as inovações do aproveitamento da matéria histórica na narrativa ficcional. A percepção é de que o elemento histórico hibridiza-se com o ficcional e relativiza-se pela própria construção discursiva. Aborda-se o contexto prégolpe militar de 1964, com toda a turbulência política peculiar ao período e seu impacto sobre as personagens da narrativa, particularmente Padre Nando. Busca-se delinear sua trajetória assinalada pela gradativa conscientização política e as tensões geradas pelo seu relacionamento com a personagem Francisca. Destaca-se a densidade das personagens e as inovações da construção narrativa que redimensionam a perspectiva histórica e prenunciam um novo modo do fazer literário, a metaficcção histórica. . A presente Comunicação faz parte do Projeto de Pesquisa Representações ficcionais impactadas pelas ditaduras de Vargas e Militar desenvolvida por alunos do Curso de Graduação em Letras da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. PALAVRAS-CHAVE: Metaficção; História; Narrativa. 16:40 – 17:00 HISTÓRIA E FICÇÃO NA TRILOGIA “OS SUBTERRÂNEOS DA LIBERDADE”, DE JORGE AMADO Aline Santos de Jesus Gomes (UNESA - Gradução) [email protected] Alexandre Andrade de Araújo (UNESA – Gradução) [email protected] RESUMO: Nesta Comunicação, pretende-se abordar as relações entre História e ficção em dois romances da trilogia “Os subterrâneos da liberdade” (1954), de Jorge Amado, especificamente Os ásperos tempos e Agonia da noite, enfatizando-se as marcas da narrativa neo-realista e o aproveitamento da matéria de extração histórica na construção do enredo. Discute-se fundamentalmente em que medida a obra transcende ou não ao mero caráter documental bem como a influência da perspectiva ideológica do autor nas engrenagens narrativas, revestindo-as ou não de marcas panfletárias. Privilegia-se, no presente trabalho, a análise da construção das personagens, com destaque para Mariana, delineada como íntegra e densa, lídima representação de um universo feminino idealizado no contexto conflitante da Ditadura do Estado Novo. A presente Comunicação faz parte do Projeto de Pesquisa Representações ficcionais impactadas pelas ditaduras de Vargas e Militar desenvolvida por alunos do Curso de Graduação em Letras da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. PALAVRAS-CHAVE: Narrativa; História; Ideologia. SIMPÓSIO: FORMAÇÃO CONTINUADA NO ENSINO DE LÍNGUAS: AÇÕES E REFLEXÕES Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE) Carmen Teresinha Baumgärtner (UNIOESTE) Sueli Gedoz (PG – UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Voltado para a temática FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES, este Simpósio tem como objetivo criar um espaço para reflexões e socialização de pesquisas que estejam voltadas a ações de formação continuada no ensino de línguas, cujo interesse maior seja a melhoria da qualidade de ensino na Educação Básica. Consideramos pertinente, para efeitos de maior conhecimento e domínio científico sobre o tema, criar um espaço de divulgação das pesquisas concluída e/ou em andamento, cujo sujeito seja o professor e sua prática docente. Acreditamos que com estudos sobre a formação continuada, relacionando-os com o processo de ensino-aprendizagem e aliando-os às ações investigativas em torno da política educacional e seus investimentos na educação, poderemos realmente contribuir com a promoção de melhores índices de desenvolvimento educacional, além de gerar dados sobre as políticas públicas voltadas à formação continuada, que servirão para implementar bancos de dados para novas pesquisas. Trata-se, portanto, de pesquisas em Linguística Aplicada, do tipo qualitativa e com viés etnográfico, uma vez que terão como sujeitos participantes os professores e suas práticas pedagógicas do ensino de línguas. PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada. Ensino de língua. Educação Básica. SIMPÓSIO FORMAÇÃO CONTINUADA NO ENSINO DE LÍNGUAS: AÇÕES E REFLEXÕES Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE) Carmen Teresinha Baumgärtner (UNIOESTE) Sueli Gedoz (PG – UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Voltado para a temática FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES, este Simpósio tem como objetivo criar um espaço para reflexões e socialização de pesquisas que estejam voltadas a ações de formação continuada no ensino de línguas, cujo interesse maior seja a melhoria da qualidade de ensino na Educação Básica. Consideramos pertinente, para efeitos de maior conhecimento e domínio científico sobre o tema, criar um espaço de divulgação das pesquisas concluída e/ou em andamento, cujo sujeito seja o professor e sua prática docente. Acreditamos que com estudos sobre a formação continuada, relacionando-os com o processo de ensino-aprendizagem e aliando-os às ações investigativas em torno da política educacional e seus investimentos na educação, poderemos realmente contribuir com a promoção de melhores índices de desenvolvimento educacional, além de gerar dados sobre as políticas públicas voltadas à formação continuada, que servirão para implementar bancos de dados para novas pesquisas. Trata-se, portanto, de pesquisas em Linguística Aplicada, do tipo qualitativa e com viés etnográfico, uma vez que terão como sujeitos participantes os professores e suas práticas pedagógicas do ensino de línguas. PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada. Ensino de língua. Educação Básica. FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS NO SÉCULO XXI: ALGUNS APONTAMENTOS André Recalde CACERES (PG – FAG) [email protected] RESUMO: Este trabalho traz reflexões sobre a formação de professores de línguas estrangeiras no século XXI. Há uma extensa discussão sobre a formação de professores de LE e os estudos sobre os aspectos sociais da linguagem, com vistas ao seu continuo desenvolvimento. Como proposta de uma formação continuada, sugere-se compreender o discurso profissional, priorizando a formação reflexiva dos professores de línguas estrangeiras e da necessidade de atualização da formação continuada. Em contraposição às práticas pedagógicas sistemáticas e específicas. Os pressupostos teóricos que permeiam esta discussão são: Hengemule (2007), Campos (2007), Almeida Filho (1999), Clecio Bunzen (2006) e Mendonça (2006). PALAVRAS-CHAVE: Linguística Aplicada. Formação de Professor. Língua Estrangeira. AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM EXERCÍCIO DE MORAL AUTÔNOMA Hilda Orquídea Hartmann Lontra (UnB- pesquisadora) [email protected] RESUMO: Às vésperas de completar 50 anos de magistério, dos quais 20 na Educação Básica e os restantes na Educação Superior de Letras, em cursos de licenciatura, lecionando literatura atualmente, acredito que tenho alguma contribuição a trocar. Por outro lado, o contexto atual, divulgado pelas mídias e vivenciado por grande parte dos docentes, em que os vínculos afetivos que antigamente perpassavam a relação professores e alunos estão dilacerados, o relacionamento entre estudantes marcado por deploráveis episódios de bulling e o convívio profissional entre os que exercem o magistério comprometendo alguns princípios da educação, esses fatores levaramme a recuperar as questões subjacentes e a buscar respostas favoráveis à mudança de tal panorama. Assim, as preocupações mais recentes fizeram-me buscar leituras de Jean Piaget e Lev Vygotsky; descobrir o pensamento de vários pensadores, entre os quais Yves de La Taille, que é educador e psicólogo francês naturalizado brasileiro, especializado em desenvolvimento moral, o psicoterapeuta José Henrique Volpi, do Centro de Estudos Reichianos, atuante em Curitiba e Inês Maria Marques Almeida, docente e pesquisadora nas áreas de formação inicial e continuada de professores na interface psicanálise e educação. Por isso, em função da vivência do magistério e das reflexões desses pensadores, entre outros, advogo e justifico que o desenvolvimento da moral autônoma deve ser o conteúdo específico constante dos professores que atuam em cursos de licenciatura, quaisquer que sejam as habilitações pretendidas pelos futuros docentes, ainda mais em cursos de letras cuja matéria prima é a palavra humana. PALAVRAS-CHAVE: educação; afetividade; licenciaturas; literatura FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Jéssica Bell’Aver (SMED/Toledo) [email protected] RESUMO: Ensinar uma língua estrangeira requer preparação pedagógica e conhecimento teórico. Diante do contexto em que vivemos hoje, nota-se que o ensino da Língua Inglesa nos anos iniciais das escolas públicas carece de novos olhares. Muitas vezes a disciplina é ministrada por Pedagogos que possuem uma didática condizente com a necessidade das crianças pequenas, porém o conhecimento da Língua em questão é limitado, impedindo que sua atuação seja efetivamente de qualidade. O município de Toledo implantou no ano de 2012 a disciplina de Língua Inglesa para alunos de 4º e 5º ano dos anos iniciais do ensino fundamental e no ano de 2013 ampliou a oferta da disciplina para as escolas de Educação em Tempo Integral. Os professores que trabalham com a Língua Inglesa no município são formados em Pedagogia e possuem cursos na área de Inglês. Com base nesses dados e na prática desses profissionais em sala de aula, percebe-se a necessidade desses professores aprofundarem seus conhecimentos na Língua Inglesa através de uma Formação Continuada, uma vez que possuem graduação em Pedagogia e não em Letras, em contrapartida, é visível a afinidade didática destinada à faixa etária em questão, visto que Pedagogos são melhores preparados para atenderem o público infantil. Contudo, este artigo tem como objetivo refletir acerca de uma proposta de Formação Continuada para professores atuantes na rede, através das contribuições de alguns teóricos da área, como Krashen (1987), Motter (2013), Fenner (2005), entre outros. Entende-se que o professor reflexivo da sua prática deve buscar constante formação e aperfeiçoamento na língua em si e em metodologias de ensino. PALAVRAS-CHAVE: Língua Inglesa; Formação de Professores; Pedagogo; Anos Iniciais. A GRAMÁTICA E A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL DOMBOROWSKI, Kélli Cristina Lustosa. CEEP ASSIS BRASIL – PR [email protected] RESUMO: Esta comunicação é baseada nos resultados da pesquisa de Mestrado da professora Kélli Cristina, e nos estudos realizados e aplicados durante o PDE 2012. Fundamentam teoricamente este estudo: objetivos, concepções e teorias sobre o ensino de língua materna; o ensino de gramática nas escolas; a formação de professores e a educação lúdica para novas propostas para o ensino de gramática nas escolas, principalmente no Ensino Fundamental. Sabese que o ensino de gramática vem gerando muitas polêmicas nos últimos anos e infelizmente os alunos tem dificuldade em aprendê-la. Propõe-se, então, como ponto básico deste estudo, a análise do processo gramatical da língua, desenvolvendo a mediação teórico-reflexiva com a prática em sala de aula, envolvendo também atividades lúdicas que despertam maior interesse do aluno e auxiliam a reflexão acerca da língua que fala, escreve e lê, encarando-a como instrumento de prática social. É uma proposta para o ensino da gramática da Língua Portuguesa, inserida na linguagem do aluno, sugerindo, sobretudo, aos educadores, que é possível e necessário práticas-pedagógicas que favoreçam a compreensão da gramática de maneira que o aluno saiba como utilizá-la em seus textos e aprendendo-a com atividades lúdicas, ou seja, podese realizar um trabalho mais e satisfatório com relação à gramática, entendendo que ensinar a língua pátria pode ser uma brincadeira inteligente e enriquecedora. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa. Formação de professores. Gramática. CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA APLICADA E DO LETRAMENTO CRÍTICO PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUAS BREDA, Regina (UNIOESTE) [email protected] Greice da Silva Castela (orientadora) RESUMO GERAL: Considerando que pesquisas em relação à formação inicial de professores de línguas têm demonstrado que as disciplinas dos cursos de Letras possuem uma grande carga horária “destinada aos estudos da língua e da linguagem que apresentam uma certa visão, ainda dominante, de que os conteúdos necessários para formar professores de língua materna cingemse ao domínio da língua entendida como sistema estruturado e normativo” (OLIVEIRA, 2006, p.109), este trabalho apresenta uma reflexão sobre a contribuição da Linguística Aplicada e do Letramento Crítico para a formação de professores de línguas visando à formação de professores comprometidos com uma visão da linguagem em funcionamento, entendida como uma prática discursiva de natureza social que reflete visões, ideologias e valores. Consideramos pressupostos teóricos que abordam o espaço escolar como um lugar de reflexão e formação de sujeitos críticos, como os apresentados em Moita Lopes (2006), Pennycook (2010), Ferreira (2006) e Freire (1988). Baseamo-nos também em autores que tratam da formação de professores, como Flores (2010) e André (2010) e observamos também os documentos oficiais como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Esperamos, com as discussões realizadas neste artigo, ressaltar a importância, para o desenvolvimento profissional do docente, de que na formação inicial se tenha espaço para refletir e analisar criticamente representações, crenças e preconceitos docentes, de modo a buscar maneiras de transformá-las e contribuir para uma formação docente preparada para dar conta da complexidade dos fatos envolvidos com a linguagem em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores; Linguística Aplicada; Letramento crítico AS DISCIPLINAS VOLTADAS À METODOLOGIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM PEDAGOGIA E LETRAS NO OESTE DO PARANÁ Profª Drª Rita Maria Decarli Bottega – Unioeste [email protected] Daiane Pagnocelli Guarda - Unioeste Luciana Bonfim – Unioeste Patrícia Frai – Unioeste RESUMO: Este trabalho é parte integrante de um projeto coletivo, voltado ao ensino de Língua Portuguesa e à formação de professores na graduação, particularmente no que diz respeito à organização da disciplina Metodologia do ensino de Língua Portuguesa/Prática de Ensino ─ MELP ─ com foco em leitura e escrita, nos cursos de Pedagogia e Letras ofertados no oeste do Paraná. A questão central da pesquisa é: como se configuram as disciplinas da MELP nos cursos de Pedagogia e Letras, nas Universidades Públicas, Privadas e a Distância do oeste do Paraná e quais as implicações para o ensino e para a pesquisa a respeito do ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, oriundos dos diferentes encaminhamentos dados nas disciplinas MELP? Entende-se que analisar sistematicamente essa formação pode contribuir para a compreensão dos procedimentos por meio dos quais é possível formar professores, aptos para encontrarem soluções criativas para os desafios que os alunos da Educação Básica têm apresentado cotidianamente. Trata-se de observar como se apresentam as disciplinas nos cursos de Letras e Pedagogia do oeste do Paraná, inicialmente, a partir da análise do PPC – Projeto Pedagógico do Curso - (gênero destinado a apresentar a estrutura de formação dos cursos de graduação, cuja estrutura permite dimensionar a estrutura geral da formação que é empreendida). A partir da pesquisa qualitativa, são coletados dados a respeito da estrutura curricular, dos estágios supervisionados e demais atividades a e ele concernentes e à formação docente no curso pesquisado. PALAVRAS- CHAVE: ensino; projeto pedagógico; leitura; escrita; formação docente. O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO VIÉS DO LETRAMENTO CRÍTICO Rosenil Gonçalina dos Reis e SILVA - MeEL/UFMT [email protected] Orientadora: Prof. Drª Claudia Graziano Paes de BARROS MeEL/UFMT RESUMO: Este estudo pretende discutir as concepções de ensino de língua Portuguesa a partir de alguns pressupostos teóricos de autores que investigam as práticas de letramento em diferentes contextos sociais de comunicação. Para tal, ancoramos na teoria enunciativodiscursivo, desenvolvida por BAKHTIN/VOLOCHINOV (2009), onde o trabalho com a linguagem, perpassa muito além das chamadas leituras decodificadas de signos; além dos aspectos de compreensão ativa e passiva. SOARES (2010), nas sociedades contemporâneas, a instância responsável por promover o letramento é o sistema escolar. PAES DE BARROS (no prelo, 2012b), que reconhece que no âmbito escolar, é preciso destacar a necessidade de práticas pedagógicas promotoras de competências de literacia num sentido amplo, a partir de intervenção explícita, que seja capaz de desenvolver no aluno a competência de lidar com textos diversos, de forma crítica nos mais diferentes contextos. Diante desta proposta, buscamos responder quais seriam os procedimentos e estratégias adequadas para desenvolver as capacidades linguísticas e discursivas do aluno que pudessem promover a reflexão para a uma formação de indivíduos mais críticos e autônomos? De que forma, a leitura e o letramento contribuiria para uma compreensão ativa e responsiva do aluno em lidar com os diferentes situações sociocomunicativas? E de que maneira o trabalho com os gêneros do discurso contribuiria para o ensino de Língua Portuguesa e como seria esse ensino sob o viés do letramento crítico. Palavras-chave: Leitura; Letramento Crítico; Gêneros do discurso, Ensino de Língua Portuguesa. SIMPÓSIO: PRÁTICAS DE ENSINO EM LÍNGUA PORTUGUESA: OS GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS EM FOCO Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE) [email protected] Luciane Watthier (PG – UNIOESTE) RESUMO: Este Simpósio tem como objetivo criar um espaço para reflexões e socialização de pesquisas que estejam voltadas para as práticas de ensino de Língua Portuguesa (LP) cujo interesse maior é a melhoria da qualidade de ensino dessa disciplina. Nesse sentido, acolheremos propostas voltadas para as práticas de leitura, oralidade, análise linguística, produção e reescrita de texto, para as quais os gêneros discursivos/textuais foram/são tomados como instrumento para o ensino da LP. Na realidade, nosso interesse se volta para a prática social da linguagem, na qual a língua seja abordada em função de sua aplicabilidade em diferentes contextos sociais de uso. Desde 1998, com a publicação dos PCN (BRASIL, 1998), os gêneros discursivos (BAKHTIN, 1979) ou textuais (BRONCKART, 1996) foram selecionados como o eixo de progressão e de articulação curricular no ensino de LP, sendo, a partir daí, incorporados a outros documentos pedagógicos e oficiais. Desse modo, consideramos pertinente, para efeitos de maior conhecimento e domínio científico sobre o tema, criar um espaço para que sejam divulgadas as pesquisas que foram/são feitas, desde então, sob esse viés teórico. Trata-se, portanto, de pesquisas em Linguística Aplicada com foco em práticas pedagógicas – voltadas para práticas de ensino – envolvendo o trabalho com os gêneros discursivos em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Gêneros Discursivos/textuais. Ensino de Língua Portuguesa. Prática de ensino. ESTUDO, ENSINO, ANÁLISE E REFLEXÃO GRAMATICAL: ASPECTOS PARA O ESTUDO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS EM SALA DE AULA David Oliveira (IFAL/Bolsista PIBIC/CNPq) [email protected] Josivânia Almeida (IFAL/Bolsista PIBID/CAPES) [email protected] RESUMO: Este trabalho apresenta uma discussão sobre as Orações Subordinadas Adjetivas (OSA). O objetivo é fazer com que percebamos a importância do estudo e pesquisa sobre aspectos gramaticais e sua funcionalidade, apresentando uma proposta para o trabalho com as OSA em sala de aula, apontando um gênero específico - já que cada texto se configura em um gênero - em que essas podem vir a ser discutidas, proporcionando, assim, a construção de sentidos nos textos, ao passo que temos percebido há bastante tempo que não existe interação em nossas aulas de português e que a abordagem feita pelos profissionais da linguagem em sala de aula é meramente gramatical e utiliza o texto como pretexto. Para esta pesquisa, utilizamos três gramáticas de língua portuguesa, a fim de percebermos como as OSA estão sendo abordadas em cada uma, verificando as variadas formas de fenômenos linguísticos presentes nestas obras. As reflexões para esta pesquisa variaram entre documentos normativos (Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN) e posições de alguns estudiosos da gramática normativa e de base interacional, a exemplo de Antunes (2003), Faria e Paniago (2001), Perini (2003), Wall (2009), Silveira (2005), Marcuschi (2008). Foi percebido que o trabalho com os gêneros textuais constitui uma alternativa de abordagem da língua portuguesa que visa à contemplação e necessidade de considerá-la na sua dimensão social, discursiva e interacional. PALAVRAS-CHAVE: Sintaxe; Interação; Ensino de Língua Portuguesa. GÊNERO DISCURSIVO MEMÓRIAS LITERÁRIAS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DO MÉTODO SOCIOLÓGICO DE BAKHTIN GRASSI, Dayse Bernardon (PG – UNIOESTE) [email protected] COSTA-HÜBES, Terezinha Da Conceição (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: A diversidade dos gêneros discursivos está estreitamente ligada às esferas das atividades humanas, assim, os gêneros discursivos são constituídos nas interações sociais refletindo as particularidades dessas esferas, que por sua vez, influenciam na dimensão temática, estilística e composicional dos gêneros. A partir dessa concepção, objetivamos neste artigo, apresentar o gênero Memórias Literárias e o texto “O Valetão que engolia meninos e outras histórias de Pajé” de Kelli Carolina Bassani, publicado nos cadernos da Coleção da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, com o intuito de analisar esse texto a partir do Método Sociológico proposto por Bakhtin (2004), que aponta o conteúdo temático, a construção composicional e o estilo como elementos para o estudo dos gêneros discursivos. Para fundamentarmos teoricamente nosso trabalho, além dos estudos de Bakhtin (2000, 2004), abordaremos Marcuschi (2008, 2012); Brait (2010); Faraco (1999); dentre outros autores. PALAVRAS-CHAVE: Gêneros discursivos; Ensino; Leitura; Memórias Literárias; Bakhtin. PROPOSTAS DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NO LIVRO DIDÁTICO: ATIVIDADES DE INTERAÇÃO OU EXERCÍCIOS DE ESCRITA? Douglas Corrêa da Rosa (PG-UNIOESTE/ BOLSISTA CAPES/INEP) [email protected] RESUMO: Ao nos debruçarmos sobre estudos que refletem o ensino de Língua Portuguesa, mais especificamente o trabalho com o ensino da produção textual, percebemos que grandes avanços têm ocorrido em virtude das discussões realizadas nas últimas décadas no campo dos estudos da linguagem. Um desses avanços refere-se ao modo como se concebe a escrita. Viu-se, por muito tempo, a escrita como uma atividade mecânica, de exercitação das normas sintáticas e ortográficas; porém, hoje, a escrita é concebida como uma prática social, isto é, como trabalho, carregada de intenções sócio-discursivas. Desse modo, compreendemos que o trabalho com a produção de textos deve priorizar o caráter social e discursivo da escrita. Nesse sentido, à luz das reflexões do círculo bakhtiniano, sobretudo nas reflexões que Bakhtin/Volochinov ([1929]2006) e Bakhtin (1992) realizam acerca dos aspectos dialógicos da linguagem, este trabalho pretende analisar como os livros didáticos do 2º ao 5º anos do ensino fundamental, de um município do oeste paranaense, propõem as atividades de produção textual e se essas propostas visam à interação social ou à mecanização da escrita, isto é, focalizando apenas o domínio dos elementos estruturais da língua. Metodologicamente, este é um estudo de caráter qualitativo, pois priorizaremos a interpretação dos dados obtidos, muito embora alguns dados serão quantificados. Objetiva-se, portanto, com tal análise, possibilitar um olhar crítico acerca dos materiais didáticos que circulam nas salas de aula, auxiliando em sugestões para o trabalho com a produção de textos. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de LP; Produção de Textos; Livro Didático. ESTRATÉGIAS DE REFERENCIAÇÃO EM TEXTOS MULTIMODAIS Elizete Inês Paludo (Unioeste) [email protected] RESUMO: Na atualidade, momento no qual a globalização lidera, não há como sobreviver sem ter o domínio de algumas competências básicas ligadas à compreensão da estrutura e dos usos sociais da língua. Todavia, o pouco êxito dos estudantes brasileiros em avaliações de aprendizagem, ou os eventuais índices de evasão e retenção, são reveladores de que a educação precisa ser tratada com maior seriedade e compromisso. Um ensino de qualidade é de fundamental importância para a sociedade que dele necessita para melhor sobreviver. Embora vários autores tenham abordado temáticas a esse respeito, percebe-se ainda a necessidade de avanços nas práticas educacionais do cenário brasileiro. O estudo proposto busca contribuir no sentido de levar o aluno à apreensão dos sentidos veiculados pelos textos, com posicionamento crítico e maior domínio dos recursos que a língua dispõe. Parte-se da premissa de que o arcabouço teórico da Linguística Textual é válido não somente para a compreensão de textos escritos, mas também para que se possa entender a relação referencial em textos muldimodais. Para dar sustentação a esta proposta, o respaldo teórico é buscado em autores como Bakhtin (2003), Koch (2006, 2008, 2009a, 2009b 2010, 2011), Marcuschi (2006, 2007, 2012) e outros estudiosos no assunto. A referenciação é assumida como atividade discursiva realizada negociadamente na construção de objetos-de-discurso. Torna-se viável, assim, investir na compreensão da articulação dos mecanismos da língua. A título de demonstração, o corpus constitui-se de uma tira cômica construída com apoio em elementos verbais escritos e visuais. PALAVRAS-CHAVE: Referenciação; Multimodalidade; Ensino. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA POR MEIO DE GÊNEROS DISCURSIVOS E A REALIDADE ESCOLAR: CONSTATAÇÕES FINAIS Fernanda Maria Müller Gehring (UNIOESTE/Graduação) [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho tem por objetivo mostrar os resultados de uma pesquisa voluntária denominada A prática de produção de textos escritos: realidade escolar versus recomendações oficiais. Como o próprio nome sugere, esta pesquisa visa analisar as propostas de produção textual do 6º, 7º e 9º ano do Ensino Fundamental de um colégio situado no interior do município de Marechal Cândido Rondon – PR. Partindo do princípio bakhtiniano de que é impossível pensar em comunicação se não for por meio dos diversos gêneros textuais (BAKHTIN, 1992) e que o texto (oral ou escrito) é a materialização da linguagem (DOLZ; GAGNON; DECÂNDIO, 2011), a análise objetiva estabelecer relações entre as consignas (cedidas pela professora – sujeito da pesquisa) e as recomendações oficiais, no âmbito do ensino de língua materna por meio de gêneros. Estas recomendações, apresentadas pelos documentos que regem o ensino de Língua Portuguesa: as Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 2008) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), defendem a ideia de que é a partir dos gêneros discursivos que o aluno poderá posicionar-se criticamente nas diversas situações sociais (BRASIL, 1998) e que sua compreensão permitirá que os alunos tenham condições de interagir com tais discursos (PARANÁ, 2008). Para tanto, será apresentada uma síntese dos pressupostos que embasam os documentos oficiais observando a concepção de linguagem abordada no ensino de Língua Portuguesa, bem como será exposta a análise das consignas propriamente dita. PALAVRAS-CHAVE: gêneros discursivos; recomendações oficiais; realidade escolar O (NÃO) DOMÍNIO DOS ASPECTOS ORTOGRÁFICOS NA ESCRITA E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Francielee Cristina dos Santos (G – UNIOESTE/CAPES) [email protected] Terezinha da Conceição Costa-Hübes (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O objetivo dessa pesquisa é descrever e analisar os aspectos ortográficos (não) dominados na escrita de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, destacando a importância de se refletir sobre as mudanças ortográficas cometidas pelas crianças em fase de apropriação da escrita. Entende-se que o trabalho com esse tipo de análise promove discussões sobre o ensino da ortografia nos anos iniciais de escolarização, como são vistas as alterações ortográficas nos textos dos alunos e qual deve ser o papel do professor à frente do processo de ensino e aprendizagem da escrita. Dentro dessa perspectiva, recorreu-se, para as reflexões sobre o sistema ortográfico da língua, a autores como: Cagliari (1998; 2000); Zorzi (1998); Monteiro (2010); Morais (2007); Soares (2003, 2010) e Faraco (2002). Assim, realizou-se uma pesquisa qualitativa, inscrita na Linguística Aplicada, recorrendo a um corpus composto por 27 textos de alunos do 5º ano de um dos municípios do Oeste do Paraná, que integra o Projeto de Pesquisa e Extensão do Observatório da Educação, no qual atuamos como bolsista CAPES/INEP. Trata-se, portanto, de um estudo teórico e investigativo que, de certa forma, está relacionado com alguns pontos da escrita não trabalhados ou trabalhados de maneira inapropriada nos anos iniciais de alfabetização, além de apresentar as dificuldades da apropriação da escrita pela criança. PALAVRAS-CHAVE: ortografia, apropriação da escrita, ensino. A PRODUÇÃO TEXTUAL ESCOLAR E OS DOCUMENTOS INSTRUTIVOS EDUCACIONAIS: ESTUDO DE CASO Gabriela Cristina Lauermann (UNIOESTE /Graduação) [email protected] Profª Drª Mirian Schröder (Orientadora) RESUMO GERAL: O presente trabalho é o resultado da pesquisa de iniciação científica voluntária intitulada “O ensino de língua materna por meio de gêneros: estudo de caso”. Nosso objetivo é apresentar o produto das reflexões feitas a partir da confrontação do corpus com os pressupostos que orientam o ensino de Língua Portuguesa, publicados nos documentos instrutivos educacionais, PCNs (1998) e DCEs (2008), especialmente no que tange à concepção sociointeracionista e ao ensino de língua materna por meio de gêneros. Nosso corpus é constituído pelos dados relativos aos encaminhamentos que englobam tanto a consigna quanto as orientações que foram desenvolvidas antes daquela ser proposta. Desta forma, foram selecionadas 10 atividades de produção textual propostas por uma professora de Língua Portuguesa a três turmas matutinas (1°, 2° e 3°) do Ensino Médio de uma instituição de ensino do interior de Toledo – PR. Partindo da premissa bakhtiniana de que o enunciado é um elo na cadeia organizada dos enunciados, ou seja, é o encontro de várias vozes que ecoam nele e o marcam, buscamos perceber, através das palavras que constituem os enunciados do corpus, se estão e como estão se materializando as orientações oficiais. O intuito é avaliar os indícios da execução (ou não) das recomendações citadas, assim como analisá-los sob a perspectiva teórica de Rojo (2008); Marcuschi (2002) e Schneuwly; Dolz (2004). PALAVRAS-CHAVE: Gêneros discursivos, recomendações oficiais, ensino de Língua Portuguesa. UMA CRÍTICA AO PROCESSO DE SUBESTIMAÇÃO DA CRIANÇA LEITORA EM UM MATERIAL DIDÁTICO: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO TEXTUAL Isabela Aparecida da Silva (PIBIC-Junior/UNIOESTE/Bolsista F.A) Luciane Thomé Schröder (Orientadora/ UNIOESTE) RESUMO: Esse estudo é o resultado de uma atividade de pesquisa desenvolvida junto ao Programa de Iniciação Científica Junior/Unioeste, financiado pela Fundação Araucária/SETI. O estudo teve por objetivo geral analisar as práticas de encaminhamentos de leituras no livro didático de Língua Portuguesa Buriti, voltado aos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Por meio do estudo, buscou-se verificar como as propostas para o ensino da leitura compreensão/interpretação contribuem, ou não, para a formação de um leitor crítico e competente, que, segundo Koch e Elias (2009. p. 13): “espera-se que processe, critique, contradiga ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê”. No caso desse estudo, significa que cabe ao professor, na posição de quem deve mediar o ensino da leitura, saber que os alunos “São vistos como atores construtores sociais, sujeitos ativos que - dialogicamente - constroem e são construídos no texto.” (KOCH e ELIAS, 2006, p. 10). A escolha pela série a que o livro em análise se destina, justifica-se, porque, entende-se, a prática deficitária da leitura, muitas vezes, verificada ao término dos anos escolares, tem suas raízes no momento da fundamentação básica desse ensino. A partir desse entendimento, apontam-se os problemas nos manuais de ensino, que não raras vezes, se constituem no único acervo a que o aluno tem acesso e se restringem, em relação às atividades de leitura interpretação e compreensão, a questionamentos pouco pertinentes, que não requerem reflexão e podem ser mecanicamente respondidos. PALAVRAS-CHAVE: leitura; ensino; livro didático. GÊNERO TEXTUAL CARTA DE APRESENTAÇÃO: ANÁLISE DAS MARCAS DA ORALIDADE NA ESCRITA DE UM ALUNO DO 5° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Luciane Watthier Doutoranda – Unioeste/Bolsista CAPES [email protected] RESUMO: Neste texto, objetivamos trazer algumas reflexões teóricas acerca das marcas da oralidade na escrita, bem como uma análise preliminar de um texto de um aluno do 5º ano do Ensino Fundamental, por meio da qual buscamos identificar as marcas de oralidade apresentadas, nos níveis discursivo, morfossintático e fonético. Trata-se de reflexões iniciais acerca de uma pesquisa de doutorado, cujo objetivo é trabalhar com textos pertencentes ao gênero discursivo Carta de Apresentação. Esse material foi gerado em quatro cidades da Região Oeste do Paraná e, mais especificamente, pelos alunos do 5° ano do Ensino Fundamental. Nessas produções, buscaremos identificar as marcas de oralidade, e, sobretudo, tecer propostas de trabalho docente que atendam diretamente aos problemas apresentados, partindo da observação de como tais aspectos da escrita são abordadas didaticamente. Importante frisar que essa pesquisa de doutorado está ligada a um projeto maior, de pesquisa e extensão, o qual é intitulado “Formação continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná” (Observatório da Educação – ODEDUC). Trata-se de uma investigação qualitativa em pesquisa educacional, do tipo descritiva e interpretativa-crítica. Nossa perspectiva epistemológica é o interacionismo, com bases teóricas na Linguística Aplicada (LA) e na Sociolinguística. Para tal investigação, pautamo-nos em Bakhtin (2000, 2004), Marcuschi (2008), Geraldi (1984; 1991), Brito (1997), Bortoni-Ricardo (2005), Monteiro (2008), Fávero (2003), entre outros autores. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa; Gênero discursivo Carta de Apresentação; Marcas da oralidade na escrita. O GÊNERO DISCURSIVO COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: EM FOCO, A FÁBULA Marcia Cristina Hoppe (PG – UNIOESTE) [email protected] Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Profa. Orientadora – UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Este estudo se foca na temática dos gêneros discursivos, partindo do pressuposto de que, na perspectiva dialógica, os gêneros são considerados como elementos organizadores do discurso. Conforme Bakhtin(2010), a língua é vista como discurso, não pode ser dissociada de seus falantes e de seus atos, das esferas sociais e dos valores ideológicos. Ele afirma que tendo a linguagem um caráter social, todo e qualquer texto se concretiza por meio dos gêneros, e estes se correlacionam às esferas da atividade da comunicação humana, mais especificamente às situações de interação dentro de determinada esfera social. Assim, nosso objetivo é refletir, a partir de um texto dado sobre seu conteúdo temático, estilo e construção composicional. E, a partir das reflexões teóricas, pretendemos responder ao seguinte questionamento: Como explorar textos do gênero fábula considerando o método sociológico proposto por Bakhtn/Volochakhtin (2003)? Para tanto nos pautaremos nos aportes teóricos bakhtinianos (2009, 2010), como também em outros desenvolvidos por Geraldi (1997, 2006, 2010), Faraco (2008, 2009 ), entre outros autores que focalizam o gênero do discurso. Pois, o problema não nos parece tanto ser o trabalho com o gênero em si, mas como trabalha-lo , tendoo como instrumento para o ensino da Língua Portuguesa em sala de aula. Como resultado, esperamos que, a partir da analise efetuada, o gênero fábula seja realmente usado como instrumento para o ensino da língua portuguesa. A metodologia que usaremos, será de cunho bibliográfico. PALAVRAS-CHAVE: Gênero discursivo; fábula, ensino, práticas sociais. O ARTIGO DE OPINIÃO NAS SALAS DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL, DO ENSINO MÉDIO E DO EJA Mirian Schröder (UNIOESTE) RESUMO: Partindo do pressuposto de que a produção de texto argumentativo serve como estratégia para melhorar a leitura (DOLZ, 1995), orientei quatro propostas didático-pedagógicas junto ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) no período de 2012 a 2013 no Estado do Paraná. Os pontos comuns destas propostas são: a preocupação com a leitura, o desenvolvimento de produção escrita e a construção de sequências didáticas apropriadas. Os fatores que diferenciam as propostas são as turmas em que serão aplicadas e os temas que serão abordados. As turmas são: 6º e 9º anos do Ensino Fundamental, 3ª série do Ensino Médio e uma turma de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). E os temas, escolhidos conforme a realidade discente, são: “questões ambientais”, “trabalho infantil”, “culto à beleza” e “educação e trabalho”. Neste trabalho, pretendo apresentar os principais aspectos da construção do projeto e da produção didático-pedagógica, bem como expor os resultados da aplicação destas propostas. A hipótese central deste estudo é de que o professor (no caso, quatro professoras da rede pública de ensino), considerando sua realidade escolar e sua prática docente, tendo acesso e estímulo para refletir sobre as orientações didático-pedagógicas recomendadas pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e sendo incentivado a estudar a questão da didatização dos gêneros (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004), possa realizar uma proposta didática-pedagógica com gêneros que surta os efeitos desejados. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Materna; Leitura; Escrita; Gêneros Discursivos. GÊNEROS DISCURSIVOS: UM DIÁLOGO COM AS PRÁTICAS EM SALA DE AULA Mônica de Araújo Saraiva (PG-UNIOESTE/ Bolsista do Mestrado CAPES/INEP) [email protected] Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Profa. Dra./UNIOESTE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho é parte integrante de estudos e pesquisas articuladas ao Projeto Formação Continuada para Professores da Educação Básica nos anos iniciais: ações voltadas para a Alfabetização em Municípios com Baixo IDEB da Região Oeste do Paraná, do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras, que atendeu ao Edital 038/2010 – CAPES/INEP – do Observatório da Educação, no qual está vinculado nosso projeto de pesquisa em andamento intitulado Ações de mediação no trabalho com os gêneros discursivos em uma turma do 2º ano do ensino fundamental. Esse contexto direcionou nosso olhar para o processo de alfabetização, que por sua vez, configura em um espaço primordial voltado à apropriação da linguagem escrita pela criança. Esse fato nos conduz a refletir sobre os caminhos que possibilitam uma aprendizagem significativa, tendo em vista, a inserção do aluno nas práticas sociais mediadas pelo código. Frente a esse objetivo, a nossa investigação, ancorada na metodologia da pesquisaação, foi desenvolvida por meio de um plano de trabalho de produção reescrita de textos envolvendo o gênero convite buscando evidenciar um diálogo entre a teoria e a prática tendo como pano de fundo as ações de mediação do professor e o processo de apropriação dos alunos. As bases teóricas que fundamentam o estudo assentam-se nos trabalhos de Bakhtin/Volochínov (2004), Bakhtin (2003), Vygotsky (2001), Geraldi (1984, 1997), Costa-Hübes (2008), entre outras fontes. Acreditamos que a socialização dessa análise possibilita a revelação de algumas possibilidades e desafios presentes no diálogo entre a teoria e a prática. PALAVRAS-CHAVE: alfabetização; processos de ensino e aprendizagem; gêneros discursivos. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS EM TEXTOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Nadieli Mara Hullen (UNIOESTE/PIBID/CAPES) [email protected] Adriana Alexandra Ferreira (UNIOESTE/PIBID/CAPES) [email protected] Sanimar Busse (UNIOESTE/PIBID/CAPES) [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho tem o objetivo de apresentar resultados e discussões preliminares da atividade de pesquisa sobre processos e fenômenos fonológicos em produções escritas de alunos do Ensino Fundamental, coletadas no Programa “Formação continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná”/CAPES/UNIOESTE. Tomando os estudos da fonologia, da variação linguística e da aquisição da língua escrita como roteiro teórico, foram identificados e analisados os fenômenos da fala registrados nos textos dos alunos do 4º e 5º Ano. Além dos processos de aquisição da língua escrita, a heterogeneidade linguística da comunidade atua sobremaneira sobre as hipóteses que os alunos constroem na aprendizagem da escrita. A confluência e convivência de diferentes culturas, línguas e falares na comunidade não se neutralizam no espaço da sala de aula, pois o aluno utiliza a fala como parâmetro mais concreto para a escrita e a sistematização e domínio do código. Para este trabalho foram selecionados 20 textos, que, após sua digitalização, foram estudados para identificação dos fenômenos. Dentre os fenômenos destacam-se a monotongação, a ditongação e a vocalização da lateral. A partir dos dados, pretende-se desenvolver algumas reflexões sobre o papel da escola em contextos multilíngues e sobre a necessidade de uma metodologia de ensino que contemple os fenômenos de variação e mudança linguística como conteúdos que reafirmam a identidade do falante. PALAVRAS-CHAVE: ensino; variação linguística; apropriação da escrita. ALTERIDADE: PRINCÍPIO CONSTITUTIVO DA AUTORIA Rosana Becker (UNIOESTE) RESUMO: A concepção de autoria em Bakhtin está relacionada às suas reflexões sobre exotopia, excedente de visão, vivenciamento, assinatura, ato responsável. A autoria se constitui, assim, na relação com a alteridade. A consciência humana é intersubjetiva e dialogicamente constiuída. No quadro teórico bakhtiniano, não se sustenta uma percepção de autoria como ação isolada e monitorada de um sujeito já constituído, cognitivamente acabado que opera sobre a linguagem tomada como objeto estável. Assumimos em nossa reflexão que é no-do espaço-lugar do outro-professor que a escrita da criança em fase inicial de aquisição de escrita tem sua atividade com lápis e papel ressignificada, ganhando contornos de intencionalidade e atividade sócio-cognitiva. Deste modo, a constituição de uma subjetividade escrevente é dependente da alteridade, das ações e encaminhamentos pedagógicos do professor que enredam a criança a pensar sobre a escrita como atividade cultural e representativa tanto da fala como das experiências de vida. Para a análise dos encaminhamentos propostos para a produção escrita, tomamos algumas das atividades desenvolvidas durante os dois primeiros meses iniciais de alfabetização, buscando capturar eventos significativos de trabalho com a escrita e com os gêneros discursivos em turma de escola pública do município de Cascavel-PR. Para analisar o trabalho que o sujeito-aprendiz realiza com e sua produção escrita, selecionamos duas produções textuais desta turma em que se é possível flagrar a relação entre palavras alheias e indícios de autoria. PALAVRAS-CHAVE: Autoria; produçao escrita; alfabetização; alteridade. O GÊNERO CARTA DO LEITOR NO SUPORTE DIGITAL E SUA INTERFACE COM O SUPORTE IMPRESSO Rosangela Oro BROCARDO (PG-UNIOESTE) [email protected] Terezinha da Conceição COSTA-HÜBES (UNIOESTE-CAPES) [email protected] RESUMO: A questão dos gêneros discursivos vem sendo pesquisada por muitas e diferentes perspectivas teóricas nas últimas décadas. Porém, para a abordagem deste tema como instrumento de mediação no trabalho com a Língua Portuguesa, ainda tornam-se imprescindíveis estudos que analisem as dimensões que compõem os gêneros. Este artigo tem por objetivo, assim, realizar uma revisão da literatura acerca do suporte dos gêneros discursivos e sua influência na constituição global destes. Para isso, selecionamos cartas do leitor publicadas na revista Veja impressa e online, analisando suas especificidades nos diferentes suportes. Embasados na perspectiva teórico-metodológica de Bakhtin (2003), busca-se apresentar reflexões sobre o conteúdo temático, estilo e construção composicional destes enunciados e sua determinação pelo campo de comunicação em que se inserem, estabelecendo relações com o suporte. O aporte teórico construído para esta análise está pautado, ainda, em Marcuschi (2005) e Xavier (2002), considerando suas reflexões sobre hipertexto, gêneros digitais e o efeito de novas tecnologias na linguagem, além de Bonini (2011) sobre as noções distintas de hipergênero, suporte e mídia. Segundo nossa análise, observamos que a carta do leitor apresenta propriedades específicas e diversas em um e em outro suporte, causando mudanças no projeto de dizer do locutor. Este estudo está vinculado ao Projeto Observatório de Educação, realizado com apoio da CAPES e denominado Formação Continuada para professores da Educação Básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. PALAVRAS-CHAVE: Gêneros discursivos; Suporte; Carta do leitor. O LIVRO DIDÁTICO INFANTIL E SUAS CONCEPÇÕES DE LEITURA Tatiane Cristina Becher (UNIOESTE/Graduação Letras Português/Inglês) [email protected] RESUMO GERAL: A escola age como intermediadora necessária no processo de desenvolvimento da capacidade de leitura do aluno. Para que este processo seja realizado da maneira apropriada, o professor utiliza-se de diversos materiais de apoio. Tratando-se das habilidades de leitura, compreensão e interpretação de texto, o material mais utilizado para esta finalidade é o livro didático. No entanto, existem diferentes concepções de leitura que podem nortear as questões apresentadas neste material, as quais podem ser focadas no autor, no leitor, no texto, ou na interação entre esses três elementos. O presente artigo pretende identificar a concepção de leitura predominante nas questões do livro Língua Portuguesa 5º ano, de Cláudia Miranda e Vera Lúcia Rodrigues, 2008. Utilizaremos especificamente a unidade 4 para análise. Primeiramente, os possíveis focos em diferentes concepções de leitura serão definidos, para que seja possível realizar uma análise das questões presentes neste capítulo, determinando qual é a predominância do foco nas questões apresentadas. Posteriormente, pretende-se inferir sobre a eficiência do conteúdo apresentado para desenvolver as habilidades de leitura esperadas no aluno. Para atender ao objetivo deste artigo, suportamos nossa pesquisa em autores(as) como Pereira (2008), Perfeito (2005), Koch e Elias (2007), Orlandi (1999), Menagassi (2009) e CostaHübes (2013). PALAVRAS-CHAVE: Concepção; leitura; livro didático. DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: APORTES DOS GÊNEROS DISCURSIVOS Márcia Souza (Unioeste/CAPES) Clarice Nadir von Borstel (Unioeste) RESUMO: O presente estudo propõe uma reflexão acerca do trabalho com a diversidade linguística, tão presente no ensino de língua materna e, consequentemente, transpassado pelos gêneros discursivos. Possui como objetivo analisar e interpretar as implicações dessa relação, já que partimos da consideração de que entre todas as polêmicas do processo de ensino, o plurilinguismo exige um maior comprometimento do professor e os gêneros apresentam-se como instrumentos adequados na compreensão das diversas práticas de linguagem. Tal estudo está vinculado ao “Projeto de formação continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região oeste do Paraná”, desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Unioeste e resultado de uma parceria entre o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras da Instituição, a CAPES e o INEP. A observação participante foi desenvolvida em uma turma de 5º ano. PALAVRAS-CHAVE: Diversidade linguística, letramento, formação de professores. SIMPÓSIO: PERCURSOS DO ROMANCE HISTÓRICO Elizabete Arcalá Sibin (UNIOESTE) Rita Felix Fortes (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: O presente simpósio propõe-se a debater sobre a evolução do romance histórico, com o objetivo de compreender sua trajetória desde os escritos de Walter Scott, considerado seu criador, até a contemporaneidade. A literatura e a história são modos de representação coletiva que nos permitem perceber como o homem, nas mais diferentes épocas, compreendia a si próprio e tudo aquilo que o cercava no mundo. Assim, ao lermos uma obra literária ou um texto histórico, temos, nesses discursos, as imagens de uma determinada época. Portanto, os sujeitos representados, tanto na literatura quanto na história, são constructos de manifestações discursivas, as quais, inseridas num certo contexto ideológico, produzem sentidos diferenciados ao fazer uso da linguagem. Por isso, o romance histórico, para Linda Hutcheon (1991), segue o modelo das antigas obras historiográficas, as quais tinham por objetivo narrar os feitos e as experiências políticas e sociais de um povo, usando a história como ambientação de seus personagens. Com a evolução da sociedade, a releitura dos acontecimentos históricos pela ficção também sofreu alterações, surgindo novas possibilidades de tratamento do real a ser representado. Por isso, pretende-se discutir as principais semelhanças e alterações sofridas pelo romance histórico, e, também, abrir espaço para o debate sobre os gêneros híbridos surgidos dessa inter-relação – história romanceada, metaficção historiográfica, romance de “fundo” histórico, entre tantas outras narrativas que perpassam a relação entre história e literatura e problematizam o discurso histórico ao propor sua releitura. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico; Metaficção historiográfica; Gêneros híbridos; O ROMANCE HISTÓRICO DE SHERWOOD ANDERSON: HISTORICIDADE LITERÁRIA E LITERATURA HISTÓRICA Lucas André Berno Kölln (UNIOESTE) [email protected] RESUMO : Existindo à sombra das transformações históricas que abalaram a economia e sociedade dos Estados Unidos do início do século XX, os escritores não poderia permanecer ignorantes nem calados diante de seus efeitos e desdobramentos humanos. Como parte de um grupo de críticos sociais engajados com a denúncia do impacto do capitalismo monopolista sobre a realidade do período. Sherwood Anderson (1876-1941) foi uma das vozes que se ergueram, e que soube, através de sua literatura, dar relevo aos problemas postos pela evolução histórica tanto com relação ao conteúdo quanto em relação à forma de sua obra. Por meio de sua trajetória de vida emblemática, que experimentou as mudanças históricas de uma forma amarga - sofrendo, entre outros efeitos, um colapso nervoso em 1912 -, Anderson buscou congregar em sua literatura tanto problemas existenciais quanto problemas estéticos, ambos históricos e humanos em primeira e última instâncias. Como um dos pioneiros da prosa realista norte-americana, o escritor constitui-se um objeto de análise valoroso enquanto representativo de uma tradição que se estendeu por décadas na literatura estadunidense. Além disso, por sua perspicácia na observação da realidade e por sua concepção engajada e sensível acerca da literatura, a obra de Anderson constitui-se num rico documento histórico em seu retrato e em sua interpretação da conflituosa realidade, contribuindo, inclusive, para a discussão acerca do romance histórica e da historicidade da/na literatura. PALAVRAS-CHAVE: História, Literatura, Estados Unidos, Literatura Norte-Americana, Sherwood Anderson ENTRE A RESISTÊNCIA E A RENDIÇÃO: UMA LEITURA DO IMIGRANTE ALEMÃO EM A FERRO E FOGO Elisangela Redel. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Rita Felix Fortes. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: Embora pouco explorada, a temática da imigração alemã na literatura brasileira ganhou nova roupagem a partir da obra A ferro e fogo, de Josué Guimarães, composta por A ferro e fogo I: tempo de solidão (1972) e A ferro e fogo II: tempo de guerra (1975) e um terceiro romance, que não foi publicado. A proposta deste trabalho, partindo do aporte teórico de Kristeva (1994), Bhabha (2005), Hall (2003) e Bernd (2010), é discutir como Josué Guimarães se atém à saga da imigração alemã no Sul do Brasil e confere lugar mais descentralizado às personagens alemãs, cujas trajetórias oscilam entre exemplos de enfrentamento das adversidades, de resistência face à terra hostil, de conflitos e de integração à cultura brasileira. O escritor riograndense soube se valer de uma visão dialética da realidade, posto que funde com muita propriedade as adversidades de uma região de vazios demográficos e a trágica e solitária existência do imigrante na luta pela sobrevivência. É relevante na obra a inserção espacial da mesma na fronteira movediça, em entre lugar – que coloca em contato as culturas de índios, portugueses, caudilhos, castelhanos e imigrantes – onde a concepção utópica de superioridade germânica, bem como a ideia de que os alemães eram sempre avessos à interação são deslocadas pelo caráter dialético das personagens e do romance, que capta a realidade em seu conjunto e profundidade. PALAVRAS-CHAVE: A ferro e fogo; imigração alemã; resistência; solidão. ROMANCE HISTÓRICO: RUPTURAS INICIAIS AO MODELO CLÁSSICO LOPES, Rodrigo Smaha – UNIOESTE [email protected] FLECK, Gilmei Francisco - UNIOESTE RESUMO: Neste trabalho buscamos: expor como se deu a gênese do romance histórico, por Walter Scott; apresentar as características dessa narrativa em seu modelo clássico e tradicional; e tratar de duas produções românticas, uma norte-americana, The last of the mohicans (1826), de James Fenimore Cooper e outra hispano-americana, Xicoténcatl (1826), de autoria anônima, a fim de mostrar como a primeira segue, quase em sua totalidade, os padrões do gênero inaugurado por Scott, enquanto a segunda, de mesmo ano, porém, com locus enunciativo e contexto ideológico distinto, apresenta, com um olhar avant-garde, rupturas em relação ao modelo clássico. Como base teórica, utilizamos alguns dos pressupostos e conceitos do romance histórico, escrita híbrida que objetiva fazer uma releitura da histórica pela ficção, reconfigurando, poeticamente, personagens e fatos do passado. Esperamos possibilitar aos leitores da literatura, mais especificamente do romance histórico, um olhar geral sobre ambas as narrativas e sobre o romance histórico em seus primórdios, mostrando como o gênero em questão sofreu modificações em sua estrutura e linguagem em um curto espaço de tempo, doze anos mais especificamente. Essa tarefa se realiza com o apoio de autores como Lukács (1970) Márquez Rodríguez (1991), Aínsa (1991), Menton (1993), Mata Induráin (1995), Prieto (2003), entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Romance histórico romântico, clássico, tradicional, The Last of the Mohicans (1826), Xicoténcatl (1826), AS “SAGAS DO PAÍS DAS GERAIS”, DE AGRIPA VASCONCELOS Maurício Cesar Menon (UTFPR Campo Mourão/Bolsista de Pós-Doutorado PDJ/CNPQ) [email protected] RESUMO: Entre as décadas de 50 e 60, no século XX, o escritor mineiro Agripa Vasconcelos escreve uma série de seis romances, cada qual correspondente a um ciclo de importância econômica, social ou cultural não só na formação do estado de Minas Gerais, mas também na do Brasil. Por intermédio dessas obras, o escritor revisita o passado desde o período colonial até o republicano, compondo um grande painel repleto de episódios e personagens que emergem da História e se juntam a outros provenientes da tradição oral, ou oriundos da própria criação ficcional do autor. Embora cada romance possua um título diferente e não haja uma integração diegética entre eles como se vê em O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, todos foram publicados no ano de 1966 pela editora Itatiaia, a fim de se estabelecer a idéia de conjunto intitulada “Sagas do País das Gerais”. Este trabalho visa à apresentação desse conjunto, evidenciando alguns procedimentos narrativos comuns em todos esses romances, como também levantando algumas hipóteses sobre o porquê do silêncio do cânone literário oficial em torno da obra do escritor. PALAVRAS-CHAVE: romance histórico; narrativa; cânone; conjunto. O ENTRELAÇAR DA HISTÓRIA E DA FICÇÃO EM MEMORIAL DO CONVENTO E OS SINOS DA AGONIA Elizabete Arcalá Sibin. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE RESUMO: A temática da relação entre literatura e história tem sido bastante explorada desde os escritos historiográficos da Idade Média até a contemporaneidade, quando surgem novas possibilidades de tratamento do fato histórico a ser representado como: história romanceada, metaficção historiográfica, romance de “fundo” histórico, entre tantas outras narrativas que perpassam a relação entre história e literatura e problematizam o discurso histórico ao propor sua releitura. A proposta deste trabalho, tendo como base teórica Le Goff (1996), Hutcheon (1991), Kaufman (1987), Aguiar (1997), é discutir como José Saramago e Autran Dourado trabalham com a temática histórica e conferem novas características ao romance histórico, sendo, ambos, escritores contemporâneos que voltam seu olhar para o século XVIII. Em Memorial do convento (1982), José Saramago relata as questões históricas e ideológicas, ocorridas durante o reinado de D. João V, por meio da construção de um discurso literário que se caracteriza pela presença de várias vozes que vão assumindo pontos de vista diferenciados e, com isso, desvendam o pensar saramagueano acerca da sociedade portuguesa e, em Os sinos da agonia (1974), Autran Dourado discute o universo sociocultural de uma parcela da sociedade brasileira da segunda metade do século XVIII, pois sua obra é ambientada no interior de Minas Gerais, mais precisamente em Vila Rica, apresentando, via narrativa, uma sociedade cuja força de trabalho encontra-se centrada na escravidão e as famílias mais abastadas daquela localidade encontram-se preocupadas com a decadência prenunciada pela exaustão das minas e pelo endividamento dos donos de minas para com a Coroa portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: Romance Histórico; Metaficção Historiográfica; Literatura e História; A OBRA LITERÁRIA DE AFRÂNIO PEIXOTO E A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO DE BRASIL NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. Eucléia Gonçalves Santos Doutoranda pela Universiade Federal do Paraná. [email protected] RESUMO: Comunicação que objetiva tecer um debate acerca da produção literária do médico, cientista, político e escritor Júlio Afrânio Peixoto (1876-1947). Representante da intelectualidade do início do século XX, Afrânio Peixoto foi, juntamente com seus pares, um personagem polivalente. Médico de formação teve boa parte de sua trajetória dedicada a projetos que visavam elaborar uma compreensão e uma proposta de Brasil. Essas propostas foram lançadas de diversas formas e de diversos lugares. Uma delas teve como ferramenta de divulgação a literatura. Dessa forma, essa comunicação apresentará uma parte da produção literária de Afrânio Peixoto, particularmente aquelas elaboradas entre os anos de 1911 até 1925, período de intesa dedicação e militância do autor nessa área. Acredita-se que a utilização da literatura na trajetória intelectual de Afrânio Peixoto serviu como uma estratégia política de visibilidade pública e de debates entre os seus pares. PALAVRAS-CHAVE: literatura; história; intelectuais. SIMPÓSIO: LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES: DIÁLOGOS SEMIÓTICOS Adriana Ap. F. Fiuza. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] Flavio Pereira. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] Wellington R. Fioruci. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus de Pato Branco (UTFPR) [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio insere-se na vertente de estudos relacionada aos estudos intersemióticos, os quais podem ser compreendidos amplamente a partir da concepção de um “pensamento com signos, como trânsito dos sentidos, como transcriação de formas na historicidade.” (PLAZA, 1987). Considerando-se os estudos desenvolvidos pelo referido teórico espanhol, além de outros igualmente fundamentais como Marcel Martin (1990), Robert Stam (2008), José Carlos Avelar (2003), Tânia Pellegrini, Randal Johnson e Ismail Xavier (2007), serão aceitos trabalhos para este simpósio que promovam o diálogo comparativo entre obras de diferentes formas de expressão artística, as quais se inscrevam no território das aproximações discursivas, sendo assim, estudos dialógicos balizados pelas fronteiras das adaptações de linguagem ou traduções semióticas. Desta forma, contemplam-se as relações entre obras literárias de qualquer natureza no que tange ao gênero, incluindo-se nesta ampla categoria contos, romances, poemas, novelas, graphic novels, roteiros, e outras de natureza visual ou sonoro-visual. Este simpósio realiza-se, portanto, em consonância aos estudos semióticos (SANTAELLA, 1997), segundo os quais se entende que todo fenômeno de cultura só funciona culturalmente porque é também um fenômeno de comunicação, e considerando-se que os mesmos só se comunicam porque se estruturam como linguagem, pode-se concluir que todo e qualquer fato cultural, toda e qualquer atividade ou prática social constitui-se como prática significante, isto é, como prática de produção de linguagem e sentido. PALAVRAS-CHAVE: cinema; literatura; artes; adaptação; intersemiótica DAS AFINIDADES E TENSÕES ENTRE O CINEMA E A LITERATURA: CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE ESTÉTICO-POLÍTICO Maria Castanho Caú. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) [email protected] RESUMO: Desde que o cinema se afirmou, nos princípios do século XX, se não como um novo meio de expressão artística – título que permaneceria em litígio durante as primeiras décadas de sua popularização –, certamente como um espetáculo de massa altamente lucrativo, a relação entre esse campo novo e os domínios da literatura se revelou múltipla e plena de contendas e marcados (e nem sempre harmoniosos) intercâmbios. A afinidade com o universo literário, com a apropriação e transposição de seus temas, motivos e tramas, foi determinante para que o cinema pudesse começar a reivindicar seu lugar no nobre panteão das artes, e deixasse de ser considerado um meio menor ou marginal de expressão. Esse intercâmbio com a literatura, entretanto, sempre revelou em seu bojo uma coleção de ambiguidades, que se acirraram com o advento das primeiras incursões do que viriam a ser a teoria e a crítica cinematográficas, que rejeitavam amiúde essa relação estreita com a literatura, buscando um cinema do porvir, que se revelaria como uma linguagem inteiramente independente da chancela literária – aquilo que se convencionou chamar de “cinema puro” (cf. Bernardet 1994). Este trabalho pretende traçar um pequeno panorama histórico dessa relação, abordando a posição de teóricos como os Jovens Turcos da Cahiers du Cinéma e problematizando, à luz da contemporaneidade, algumas questões que surgem desse debate e desembocam no mercado de arte da atualidade. PALAVRAS-CHAVE: cinema e literatura; inter-relações artísticas; mercado de arte; Jovens Turcos. A TRANSPOSIÇÃO INTERSEMIÓTICA EM O RETRATO, DE ERICO VERISSIMO Francisco Mateus Conceição. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Doutorando) [email protected] RESUMO: Ao escrever O Retrato, segundo parte da trilogia O Tempo e o Vento, Erico Verissimo preocupou-se em romper com o forte caráter fundacional e mítico que acompanha a narrativa de O Continente. Esse rompimento está configurado paratextualmente, bem como, no desenvolvimento da narrativa, pelo diálogo com múltiplas mídias e por transposições intersemióticas. No seu conjunto, elas atribuem ao romance a conotação urbana própria do século vinte. Percebe-se que a relação com as artes visuais é intensa na obra, que dialoga com referências da arquitetura, escultura, cinema, fotografia e, principalmente, da pintura. Trata-se de uma narrativa rica em quadros literários, entendidos estes, conforme Celina Mello (2004), como descrições que visem “produzir um efeito de visibilidade axiológica, codificado por códigos pictóricos”, onde o figurativo aponte “de modo explícito para temas e técnicas da pintura acadêmica”. Em nossa análise, caracterizaremos a presença do elemento visual, bem como a estrutura de alguns quadros literários. Sob a perspectiva adotada por Jacqueline Lichtenstein (2005), enfocaremos a pintura enquanto discurso. Daremos atenção maior ao retrato do personagem principal, tratando de sua recepção e procurando demonstrar, nesta, a atuação do fenômeno definido como “pulsão escópica” (Mello, 2004). Ainda, abordaremos, fundamentados em Jan Mukarovsky (1980) e Leo Hoek (2006) as funções que desempenha no universo social descrito. PALAVRAS-CHAVE: literatura; pintura; transposição intersemiótica; quadros literários UM INVASOR EM DUAS SEMIOSES Paulo Custódio de Oliveira. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) [email protected] RESUMO: Este texto pretende explorar, a partir de uma reflexão baseada na semiótica de Charles Sanders Pierce, a relação entre o filme O invasor de Beto Brant (2001) e o romance O invasor de Marçal Aquino (2002). Apropriando-se de uma curiosidade (o filme é rodado antes da finalização da escritura do livro) a análise discute a postura do senso comum de tomar uma obra como origem e outra como tradução, estabelecendo assim uma hierarquia que dá privilégios à primeira. Depois disso, entra na questão da intersemioticidade, por meio da qual procura refinar a discussão sobre a natureza da obra de arte. A reflexão recai sobre a estrutura da construção estética, sugerindo que o artefato artístico, de forma geral, é delimitado pela busca tantálica pelo phaneron (signo apreendido na sua positividade, completude e simplicidade). A obra de arte é desvelada como estrutura lógica, por meio da qual se promove a recuperação do inominável, movimento de intensificação do sensível que recoloca o homem em contato com o mundo outrora só mediado por signos. Conclui apreendendo nas duas obras um procedimento geral da arte que permite ver toda obra como possibilidade de retorno à experiência sensível que é negada ao sujeito pela abstração simbólica. PALAVRAS-CHAVE: literatura; cinema; intersemioticidade; phaneron SMOKE SIGNALS E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PÓS-COLONIAL Luciana Lupi Alves. Universidade Estadual de Maringá (UEM/Mestranda) [email protected] RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar o filme Smoke Signals (1998), que foi baseado no conto This Is What It Means to Say Phoenix, Arizona do escritor americano Sherman Alexie e dirigido por Chris Eyre. A partir do signo criado no conto, o diretor (re)produz um novo signo provocador de interpretantes e efeitos interpretativos. Intimamente ligado às teorias pós-coloniais, o filme, misto de comédia e drama e cujo elenco é todo composto por índios, retrata a busca do personagem Victor Joseph, juntamente com seu amigo Thomas Buildsthe-Fire, por sua identidade. Partindo de conceitos como identidade de Hall (2005) e cinema de Chatman (1978), podemos analisar a obra e compreender a viagem de Victor. Em busca das cinzas do pai, o jovem descobre como ele se tornou alcóolatra, violento e abandonou a família, causando grandes problemas e traumas para o menor. O filme também retrata as reservas nativas americanas e suas tradições, especialmente a tradição oral e o costume de contar histórias, por meio de flash backs e insight dos personagens. De acordo com Alexie, o filme foi uma afronta aos estereótipos de índios alcóolatras e depressivos até então difundidos no cinema. PALAVRAS-CHAVE: Smoke Signals; Sherman Alexie; identidade; cinema O PAPEL NARRADOR DA CÂMERA NO CINEMA: UMA RELEITURA DO NARRADOR DE ROMANCE Joanir Rocha Pidorodeski. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE/Bolsista PIBIC – Ações Afirmativas/Fundação Araucária) [email protected] Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE/Orientadora) [email protected] RESUMO: O cinema atual conta com muitos recursos de imagem e áudio. Estes recursos lhe proporcionam amplas possibilidades de trabalhar com um enredo. Por esse motivo, muitos romances são adaptados para o audiovisual. Ao se adaptar um romance para o cinema, muitas características são abordadas de maneira diferente, devido à alteração de linguagem. Enquanto que no romance toda a trama é revista por um narrador por meio das palavras, fazendo com que o leitor construa todo o cenário a partir do que o escritor apontou, no filme, este mesmo narrador pode ser representado na câmera, que, ao não dizer nada em palavras, mostra o cenário com imagens, além de poder representar a visão do personagem, como nos casos em que a câmera mostra o que o personagem está vendo. A câmera narra o enredo e utiliza-se de todos os recursos do cinema, como a iluminação, a sonorização, o cenário e os personagens. Este trabalho é fruto de um projeto de pesquisa financiado pela Fundação Araucária e tem como objetivo mostrar o papel da câmera como narradora e personagem no cinema, comparando-a com o narrador de romance. Para isto, utilizaremos como aporte teórico Robert Stam (2008), que discorre sobre a transposição cinematográfica e Marcel Martin (2005), que discute sobre a linguagem cinematográfica e suas características. PALAVRAS-CHAVE: narrador; cinema; câmera; adaptação OS SINAIS DE UM SUJEITO ATORMENTADO: “O CORAÇÃO DELATOR”, DE EDGAR ALLAN POE E SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA Carla Denize Moraes. (Colégio SESI) RESUMO: Edgar Allan Poe, autor norte-americano do séc. XIX, introduz em seus contos a estranheza do real, transformando-a, com sua técnica, em estranheza ficcional. Ele busca no âmago do ser humano os pontos de convergência entre o sano e o insano, entre o real e o imaginário, produzindo um universo ficcional que nada mais é do que a tradução dos fantasmas mais escondidos nas profundezas do inconsciente. Assim ele o faz em “O coração delator”, escrito em 1843, traduzindo em palavras a sensação sufocante e angustiante da culpa. Revela-se na obra um retrato das aflições que povoam a mente do protagonista atormentado, o qual chega à beira da loucura, consumido por esse sentimento. Mais tarde, em 1953, na tentativa de transpor para as telas do cinema o universo misterioso de Poe, a obra tem sua adaptação realizada pelas mãos do diretor Ted Parmelee. Trata-se de um curta-metragem de animação, de título homônimo, narrado por James Mason. Esta versão, pelas possibilidades que o meio proporciona, enfatiza as sensações psicológicas do personagem narrador, evidenciando as possibilidades de recriação que podem se apresentar, no que diz respeito aos diferentes meios artísticos. Com isso, propõe-se traçar uma análise comparativa entre o texto literário e a adaptação fílmica, procurando identificar de que maneira a transposição semiótica reflete o texto de partida e, nesse sentido, compreender quais são os elementos sonoros e imagéticos que contribuem para a construção dos sentidos no curta-metragem. PALAVRAS-CHAVE: Edgar Allan Poe; adaptação; fantástico; literatura CRÓNICA DE UNA MUERTE ANUNCIADA: A PALAVRA ENCENADA Wellington Ricardo Fioruci. Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR/Câmpus Pato Branco) [email protected] RESUMO: O cinema buscou em sua fase inicial embeber-se do potencial narrativo da literatura e da força de sua tradição. Não é mera casualidade que muitos escritores tenham sido os primeiros grandes roteiristas de Hollywood. Mais tarde, com o amadurecimento da linguagem cinematográfica e a popularidade que esta adquire, há um movimento que alimenta o caminho inverso e traz, por conseguinte, as contribuições da sétima arte para o texto literário. Interessanos neste trabalho explorar o diálogo entre estas duas linguagens a partir do romance de Gabriel García Márquez Crónica de uma muerte anunciada (1981) e sua adaptação para o cinema em 1987 pelas mãos de Francesco Rosi. Tomando como embasamento teórico o conceito de tradução intersemiótica (PLAZA, 1987; STAM, 2008), o presente estudo tem por pretensão identificar no texto fonte e em sua tradução cinematográfica pontos de contato que os aproximem e, em contrapartida, apontar elementos no filme que transformem o construto da transposição semiótica em um novo texto. Assim, busca-se preservar as idiossincrasias de cada linguagem, com vistas a eliminar as falaciosas noções de hierarquia e fidelidade que permeiam estudos deste caráter. Com este estudo, espera-se contribuir com o campo de estudos relativo às interartes ou intermídias, ao tempo em que se abrem caminhos alternativos para a compreensão destas duas obras que se entrecruzam na produção cultural e artística dos anos 80. PALAVRAS-CHAVE: Crónica de uma muerte anunciada; literatura; cinema QUEM PODE JULGAR O POBRE? A LUTA DE CLASSES COMO MOTOR DO CRIME EM RUTH RENDELL E CLAUDE CHABROL Flavio Pereira. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: A inglesa Ruth Rendell é autora de vários best sellers e teve diversas obras transpostas para o cinema e a televisão, entre os quais se conta Um assassino entre nós (A Judgement in Stone), publicado em 1977. Neste livro, ela subverte todas as regras do gênero policial e ambienta a história no interior da Inglaterra, na cidadezinha de Greeving, onde vive a respeitável e burguesa família Coverdale: o casal George e Jacqueline, a estudante universitária Melinda e o adolescente Giles. A rotina banalmente feliz da família se interrompe quando George contrata Eunice Parchman como empregada doméstica. Esta personagem estranha e enigmática será o motor de uma tragédia. Claude Chabrol transpôs para o cinema esta história em 1995, denominando-a La Cérémonie (no Brasil foi reintitulada como Mulheres diabólicas), ambientando-a na França e contando com Sandrine Bonnaire, Isabelle Huppert e Jacqueline Bisset entre as protagonistas. Na entrevista que acompanha como material extra a edição espanhola em DVD, o diretor enfatiza o papel atribuído à luta de classes como motor do conflito. Neste trabalho, propomos uma análise do filme tentando verificar de que forma os jogos de poder são representados nas relações entre os personagens, notadamente entre patrões e empregados e como estas relações se representam também na forma como as sequências do filme são construídas, ou seja, indo além do diálogo como forma de representação fílmica e abarcando elementos que compõem a mise en scène especificamente cinematográfica. PALAVRAS-CHAVE: Ruth Rendell; Claude Chabrol; La Cérémonie; A judgement in stone; luta de classes “2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO” – A LITERATURA COMPLEMENTANDO O CINEMA Allyne Urbanski. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/Bolsista de Iniciação Científica CNPq) [email protected] RESUMO: Produzir um filme sobre o papel que o homem ocupa no Universo era a ambição de Stanley Kubrick, em 1964, quando conheceu Arthur C. Clarke, seu parceiro para construção do roteiro em sua nova empreitada. Clarke não estava interessado em trabalhar na história de outra pessoa e apresentou a Kubrick seus próprios contos, que continham as ideias básicas que inspirariam “2001: Uma Odisseia No espaço”. Apesar de utilizarem alguns desses contos, a maior parte da história surgia naquele momento, em discussões fervorosas entre eles. Stanley sugeriu, então, que antes de construírem roteiro, processo detalhado e tedioso, Clarke deixasse sua criatividade fluir escrevendo um romance. E assim, quase simultaneamente, surgiram as obras literária e cinematográfica. Lançado alguns meses após o filme, o livro foi criticado por dar explicações demais e acabar com parte do mistério do filme, que possui poucos diálogos e a imagem é o veículo transportador das sutilezas essenciais para a sua compreensão. Ismail Xavier (1983) caracteriza a palavra como um símbolo elaborado pela razão, a partir do qual o leitor tem de decifrar a ideia a ser transmitida, enquanto a imagem animada é uma experiência instintiva e emocional. O objetivo deste trabalho é, a partir dessa perspectiva, fazer uma análise comparativa entre as obras, e enxergar o texto impresso, mais detalhado e mais explícito, como complemento do filme. Através do raciocínio lógico que ocorre no processo da leitura, o livro é instrumento para compreender racionalmente aquilo que Kubrick já transmitiu nas telas do cinema por meio do instinto. PALAVRAS-CHAVE: cinema; literatura; adaptação TATO E CONTATO [PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS EM NARRATIVAS DE LISPECTOR E COLLIN] Eleonora Frenkel. Universidade Federal de Santa Catarina/ Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UFSC/UNIOESTE-PNPD/CAPES) RESUMO: A comunicação discute a ideia de que narrativas como Água viva (1973), de Clarice Lispector, e Vozes num divertimento (2008), de Luci Collin, promovem um deslocamento da representação para a afecção, ou, do uso da capacidade descritiva e figurativa da linguagem para a exploração da força que a mesma apresenta de provocar o que Walter Benjamin (“A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, 1936) chamou de “elemento tátil da percepção”, e o que Henri Bergson (Matéria e memória, 1896) pensara como o toque e o movimento motivados pela ação dos corpos uns sobre os outros (o corpo do texto e do leitor ou do objeto estético e do espectador). Uma força que se potencializa ao deslocar os signos de seus usos habituais e colocar o leitor/espectador em contato com composições singulares que desestabilizam os modos convencionados de compreender o mundo. Como disse Roland Barthes (Aula, 1977), a força da Literatura reside em sua capacidade de jogar com os signos e “decepcionar” o sentido, retirandoos de uma pretensa estabilidade e compreensão unívoca para a ampliação de suas significações. Proponho pensar que o deslocamento para a afecção se promove por saídas do texto discursivo e linear e pelo recurso a procedimentos hauridos da música, do cinema, das artes plásticas e da dança. Tais procedimentos, a saber: ressonância, montagem e espaçamento, por sua vez, podem vir a ser desenvolvidos como princípios norteadores para pensar as articulações teóricas entre o texto literário e outras artes. PALAVRAS-CHAVE: narrativas contemporâneas; artes; procedimentos artísticos; afecção O COMPLEXO DE INFERIORIDADE EM OTELO: UMA ANÁLISE DO PERSONAGEM OTELO NA OBRA DE WILLIAM SHAKESPEARE (1604) E NA REPRESENTAÇÃO FÍLMICA DE OLIVER PARKER (1995) Josiane Jabovski Smiderle. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] Valdomiro Polidorio. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Este artigo busca apresentar aspectos que indiquem a existência de um complexo de inferioridade em Otelo, personagem principal da peça Otelo (1604), de William Shakespeare. Objetiva-se recorrer à representação do personagem na adaptação fílmica dirigida por Oliver Parker, em 1995, a fim de identificar traços, como expressões faciais e atitudes de Otelo, que corroborem a interpretação de que o personagem se sente inferior a Cássio, seu tenente. Iago, alferes de Otelo, o induz a acreditar no suposto adultério de Desdêmona com Cássio, homem de características opostas às do general. A partir das palavras de Iago, Otelo passa a sentir ciúmes da esposa e reconhece não possuir os atributos que normalmente mais atraem as mulheres venezianas, como o dom com as palavras. Segundo Sanagiotto (2006), o marido ciumento compara-se com outros homens e os considera melhores que ele, devido a seu próprio complexo de inferioridade. Otelo parece apresentar tal complexo, pois, segundo Mohana (2002), o complexado vivencia uma sensação de inferioridade, que se torna real para a própria pessoa e a afeta, influindo em sua conduta e repercutindo em seu psiquismo. Neste trabalho, parte-se do pressuposto de que o complexo de inferioridade em Otelo, aliado ao ciúme, interfere em suas atitudes. A pesquisa fundamenta-se em estudos sobre o complexo de inferioridade e em teorias sobre semiótica, no intuito de relacionar a linguagem verbal da peça e a não-verbal do cinema. São consultados autores como Adler (1967), Mohana (2002), Pignatari (2004), Pellegrini (2008) e Xavier (2005). PALAVRAS-CHAVE: Otelo; complexo de inferioridade; semiótica; literatura; cinema A PROBLEMÁTICA DA “FIDELIDADE”: O GÊNERO MINISSÉRIE E SUAS RELAÇÕES LITERÁRIAS, CINEMATOGRÁFICAS E TELEVISIVAS Bianca do Rocio Vogler. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/Bolsista de Mestrado/CAPES) [email protected] RESUMO: A proposta desse artigo é a de desenvolver uma análise a respeito das questões que se apresentam nos estudos sobre adaptações cinematográficas e televisivas, enfocando, nesse sentido, a problemática da “fidelidade”, por isso nos utilizamos dos seguintes textos teóricos: “Adaptation” (1992), de Dudley Andrew; “Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade” (2006) e A literatura através do cinema: realismo, magia e a arte da adaptação (2008), de Robert Stam. Dá-se, daí, uma abordagem dos elementos presentes nesses estudos sobre adaptação e “fidelidade” na sua relação com os conceitos de intertextualidade e de dialogismo apreendidos na teoria do Mikhail Bakhtin, no que utilizamos do texto “Os gêneros do discurso”, da obra Estética da criação verbal (2000). A partir da explanação de tais tópicos, nos voltamos, então, para a observação do modo como se configura o gênero minissérie em meio a essas questões e na sua relação com os elementos literários, cinematográficos e televisivos com os quais se constitui a sua estrutura. Para tanto, trabalhamos com textos teóricos que abordam as especificidades da Televisão, bem como das obras de ficção em tal meio, principalmente do gênero minissérie, tais como: Conjunções, disjunções, transmutações: da Literatura ao Cinema e à TV (2005) e O discurso ficcional na TV: sedução e sonho em doses homeopáticas (2002), de Anna Maria Balogh; A Televisão levada a sério (2000), de Arlindo Machado; Dramaturgia de televisão (1998), de Renata Pallottini. PALAVRAS-CHAVE: adaptação; “fidelidade”; minissérie A ALDEIA PERDIDA EM DESMUNDO: OS DISCURSOS POÉTICOS NAS OBRAS DE ANA MIRANDA E ALAN FRESNOT Solange Salete Tacolini Zorzo. Universidade de Brasília (UNB) RESUMO: Este trabalho é o resultado das discussões efetuadas a partir de estudos teóricos sobre a literatura e as outras artes, principalmente o cinema. Como ponto de partida deste trabalho, levantamos o seguinte questionamento: como se configura a poética na obra de Ana Miranda e de Alain Fresnot “Desmundo”? Discutimos como a linguagem é trabalhada e torna-se poética tanto por Miranda quanto pela equipe que transcriou a obra para o cinema. O escritor trabalha com as palavras, o cineasta, além das palavras, conta com outros elementos para a realização de sua obra. Ambos mediam a imediatez da realidade pela arte, captando a essência da vida no seu movimento em uma relação sujeito-objeto. É nesse momento que ocorre a poesia na prosa. A eficácia estética na criação da obra Desmundo. Afinal, apesar de o diretor cinematográfico Alain Fresnot afirmar a impossibilidade de desfazer-se o amálgama entre a trajetória dos personagens e o contexto histórico, há na obra cinematográfica “Desmundo”, elementos artísticos que exaltam a poesia. Certamente não são os mesmos encontrados no romance, até porque são duas artes distintas. O sentido estético de Desmundo não está, pois, na possibilidade de comprovação dos acontecimentos históricos, mas sim no modo como a autora trabalhou-os. A lógica da eficácia estética, segundo Bastos (2006), depende de como os códigos literários são trabalhados, reformulados, refinados, renovados; não na finalidade dos fatos. Foi nessa eficácia estética que Alain Fresnot diretor do filme “Desmundo”, recriação do romance, motivou-se. PALAVRAS-CHAVE: poética; literatura; cinema; Desmundo BREVE DISCUSSÃO SOBRE A REESTRUTURAÇÃO NA ADAPTAÇÃO PARA A TV DO TEXTO O ALIENISTA, DE MACHADO DE ASSIS Ederson Murback Escobar. Universidade Estadual Paulista (UNESP – Assis/ Pósgraduando em Literatura e Vida Social, Bolsista Capes) [email protected] RESUMO: Não é necessário dimensionar a importância do escritor Machado de Assis e de sua obra. Talvez o maior escritor brasileiro e certamente um dos cânones da literatura mundial, este autor produziu uma obra dificilmente ajustável aos moldes literários e com uma capacidade de significação que não a deixa perder sentido, mesmo em tempos modernos. Sabendo disso, podemos entender porque os textos de Machado de Assis são os mais adaptados para a TV. Segundo o Acervo do Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras, existem mais de 25 adaptações de textos de Machado de Assis, entre filmes, documentários, telenovelas, minisséries etc., sem contar os filmes e documentários que tratam da vida do autor. Tendo em vista a importância da obra machadiana como matéria prima para as releituras feitas por programas televisivos, o trabalho o qual este texto resume visa analisar a adaptação para a TV do texto O alienista, de Machado de Assis, levando em consideração a reestruturação dessa ficção na forma televisiva e os motivos e implicações de certas técnicas que resultariam em identificação com a realidade histórica do momento. Além disso, o trabalho que segue faz uma análise do texto de Machado de Assis pensando sobre as soluções que a adaptação em questão deu para problemas formais e estéticos que podem ocorrer em uma releitura como essa. PALAVRAS-CHAVE: MULTIPLICIDADES E INTERTEXTUALIDADES NA CANÇÃO LATINOAMERICANA, DE CALLE 13 Cristian Javier Lopez. Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Anhanguera (UNIOESTE – ANHANGUERA) [email protected] RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a relação dialógica entre a Literatura, a Música e a Linguagem audiovisual presentes na canção-vídeo “Latinoamerica”, da produção artístico-musical do grupo Calle 13. Assim, por meio de pesquisas bibliográficas e musicais, busca-se refletir sobre as diferentes criações musicais que, na atualidade, apresentam-se como produções híbridas e que abrangem diversas discussões socioculturais. Partimos, em um primeiro momento, das antigas confluências das artes literária e musical para revelar que tais convergências artísticas foram desde sempre uma constante na história cultural da humanidade. Desse modo, objetiva-se demonstrar que, por meio do diálogo entre as diversas expressões artísticas, conseguem-se potencializar aos elementos próprios das artes, compactados em um produto híbrido, e sua influência na esfera social. Essa conjunção, às vezes, pode ocorrer entre algumas expressões com alto caráter elitizado – como é o caso da Literatura – com outras de amplo alcance – como a música, tornando-as populares e fazendo, assim, com que cheguem a um público mais diverso. Fato esse que ocorre, por exemplo, na produção do trio musical Calle 13, de Puerto Rico. Assim, nessa confluência artística, a Literatura e a Música, apoiadas na linguagem audiovisual, adquirem novos olhares no que diz respeito a sua função não só artística como, também, social. PALAVRAS CHAVE: literatura; música; interdisciplinaridade MEFISTO: UM CONTRASTE ENTRE O ROMANCE E O FILME José Luís Félix. Universidade Estadual Paulista (UNESP – Assis) [email protected] RESUMO: Tanto no romance de Klaus Mann, quanto no filme de István Szabó, a cena do pacto com o diabo é a mais marcante. No camarote do primeiro ministro, o protagonista Höfgen ainda em trajes de Mefisto abre os braços e a bata sobre o poderoso nazista que o cumprimenta com risos e palmada nas costas. Mann consegue descrever exatamente um tipo de pessoa em sua última ascensão a qualquer preço. Szabó acentua o diálogo e dá cores à cena. O resultado nas duas obras é uma perplexidade do público no teatro e um prenúncio do que vai acontecer: o demônio toma posse da mente do demônio. Em Mann, a confusão mental termina no colo de sua mãe. Em Svabó, ele acaba no centro do palco nazista, ofuscado pela luz do holofote e perturbado pelos gritos ecoantes do poder. PALAVRAS-CHAVE: literatura; cinema; Alemanha GRACILIANO RAMOS E NELSON PEREIRA DOS SANTOS: A REPRESENTAÇÃO DE VOZES DO CÁRCERE Salete Paulina Machado Sirino. Universidade Estadual do Paraná/ Faculdade de Artes do Paraná (UNESPAR/FAP) Acir Dias da Silva. Universidade Estadual do Paraná/ Faculdade de Artes do Paraná (UNESPAR/FAP) RESUMO: Pretende-se o estudo sobre a representação de vozes do cárcere na obra de Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, 1953, e na transposição fílmica desta, por Nelson Pereira dos Santos, em 1984. Assumindo a perspectiva teórica de Terry Eagleton, para quem a leitura literária, seja em aspectos produtivos e/ou interpretativos de uma obra, está profundamente arraigada no sujeito social que somos, busca-se a percepção da passagem do tempo histórico, da travessia do texto e do contexto literário para texto e contexto fílmico, já que o momento da produção do filme Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, não é o mesmo que serviu de base para a escrita do romance de Graciliano Ramos. Este romance foi publicado postumamente em 1953, propiciando a memória sobre o período em que o autor esteve preso de março de 1936 a janeiro de 1937, portanto, representa a voz do cárcere vivenciado por Graciliano Ramos. Na adaptação fílmica de Nelson Pereira dos Santos ocorre a representação desta voz do cárcere, atualizada por outros cárceres que o contexto político e social do momento da produção do filme, inspira o cineasta. Para este estudo, elege-se teorias de Antonio Candido, Raymond Williams e de Mikhail Bakhtin, pois, para Candido, o texto e o contexto são fundidos e tornam-se a estrutura da obra, para Williams, a obra literária é um dos principais meios de representação do homem e do seu meio social e, para Bakhtin, a forma e conteúdos compõem a materialidade do texto – a representação da realidade social. PALAVRAS-CHAVE: Memórias do Cárcere, Literatura e Cinema, Graciliano Ramos, Nelson Pereira dos Santos ELEMENTOS OPERANTES NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DE LISBELA E O PRISIONEIRO: DA LINGUAGEM TEATRAL À CINEMATOGRÁFICA Marleide Santana Paes. Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM – Bolsista Modalidade Integral/Doutoranda) [email protected] RESUMO: A proposta desse trabalho é analisar a peça teatral de Osman Lins “Lisbela e o Prisioneiro” (1961) e compará-la ao filme baseado na peça de igual título (2003). Da câmera fixa para movimentos bem mais complexos favorecidos pelos “trevilling”, a história do cinema passa por várias evoluções de técnica, desde a sua gênese 1896, com Lumière ao registrar “o que estava a frente”, até os nossos dias. Quando a obra passa da linguagem teatral para a cinematográfica ocorrem algumas operações que acabam por alterar os elementos da trama narrativa. Joao Batista Brito (2006, p. 145) assinala que o elemento “catalisador” do diálogo entre estas duas fascinantes artes será a “adaptação”. O autor acrescenta que estas duas linguagens não estabelecem uma relação totalmente pacífica, pois ambas possuem elementos que ora se intercruzam, oram se desarmonizam. Tanto no teatro quanto no cinema “Lisbela e o Prisioneiro” é uma ficção farta de humor o qual se concretiza, sobretudo, nos adágios populares cujas temáticas variam desde reflexões sobre a vida, destino e amor até mensagens maliciosas a respeito de traição - provérbios sobre “corno”. A linguagem ambígua, construídas principalmente sob as bases do dialeto nordestino, é a grande propulsora do humor de “Lisbela e o Prisioneiro”. PALAVRAS-CHAVE: literatura, cinema, diálogo, adaptação, humor REALIDAD E REALITY: O DIÁLOGO CONTEMPORÂNEO ENTRE A LITERATURA E O CINEMA REALISTA Ellen Maria Martins de Vasconcellos. Universidade de São Paulo (USP) RESUMO: Esta apresentação propõe examinar o diálogo entre a novela argentina de Sergio Bizzio, Realidad, de 2009, e o filme italiano Reality, de Matteo Garrone, de 2012. Ainda que produzidos em países e continentes diferentes, a novela e o filme estabelecem relações, e nos permitem pensar em um tema que tange também outras artes, que é a transnacionalidade proporcionada pelos meios massivos de comunicação (neste caso, a TV e seus programas de reality shows) e a consequente reflexão e incorporação de seu formato e discurso em outros discursos (nesta circunstância, o literário e o cinematográfico). As perguntas-chave para esta análise são: De que modo a literatura e o cinema se apropriam da forma discursiva dos reality shows para criar suas narrativas? De quais recursos da ficção se utilizam o autor e o diretor para sustentar um caráter realista em suas obras? Para responder a estas questões acerca da apropriação dos formatos e da temática dos reality shows e seus desdobramentos na narrativa literária e cinematográfica, conceitos como o do discurso de espetáculo, de Guy Debord, e o de não-lugar, de Marc Augé serão levantados. O papel do espectador passivo, a experiência vivida pelo olhar, a obsessão pela fama, a particularidade do outro posta em público, e o individualismo potencializado, são algumas das características trabalhadas nas obras Realidad e Reality que fazem pensar nessa transnacionalidade gerada na pós-modernidade. Realidade essa que, além de propor o mesmo olhar crítico em gêneros produzidos em países diferentes, também mostra e representa. PALAVRAS-CHAVE: literatura; cinema; realismo; ficção A TRANSPOSIÇÃO FÍLMICA DO ROMANCE LA HIJA DEL CANÍBAL DE ROSA MONTERO: UM CASO DE SUPRESSÃO DA MEMÓRIA HISTÓRICA Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Em 1997 Rosa Montero publicou o romance La hija del caníbal, única obra da autora que trata do tema da Guerra Civil, por meio da voz de Félix Roble, personagem de passado anarquista e ex combatente ao lado dos republicanos durante o conflito fratricida e, posteriormente, na clandestinidade durante o franquismo. Félix, juntamente com Adrián, um jovem vizinho, surge na vida de Lucía, a protagonista, para ajudá-la a desvendar o episódio do suposto desaparecimento de Ramón, seu marido, no aeroporto de Barajas, quando estavam de partida para umas férias em Viena. Nos moldes do romance policial, a trama de Montero reconstrói paralelamente a história de vida de Lucía, uma escritora de literatura infantil à beira do fracasso profissional e a história de lutas de Félix, estabelecendo um paralelo entre o presente e o passado, entre a memória individual e a memória coletiva. Nas intervenções de Félix, no presente da narrativa, surgem as memórias de um passado de luta antifranquista, que vai sendo revelado pouco a pouco para o leitor. Em 2003 o diretor Antonio Serrano estreia o filme homônimo baseado no romance de Montero, entretanto, na transposição cinematográfica, a memória histórica representada pela voz do anarquista não possui a mesma fré quase totalmente suprimida. O foco na narrativa fílmica está voltado para a questão do presente, portanto, localizase no plano da narrativa policial, que se preocupa com o desaparecimento de Ramón. A comunicação se propõe a verificar como a memória histórica espanhola é quase toda suprimida da narrativa fílmica, uma vez que na narrativa literária a atuação política do personagem é muito mais evidenciada. PALAVRAS-CHAVE: literatura; cinema; Guerra Civil; franquismo GAMES ELETRÔNICOS: EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO E CRIAÇÃO DE NARRATIVAS Franciely Gonçalves Cardoso. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: As narrativas são formas pelas quais o homem tem se utilizado para expressar e entender o mundo. Tradicionalmente elas são contadas por meio de diversas formas artísticas como o romance, a música, o teatro, o cinema, a poesia, entre outros. No entanto, um meio mais recente proporciona novas experiências para os que têm contato com as histórias dessas narrativas: os games eletrônicos. Sabemos o que esperar de narrativas mais tradicionais, no entanto, a experiência que o interautor, conceito de Janet Murray, tem é muitas vezes mais atraente. O trabalho presente se propõe a estudar e analisar a razão pela qual isso acontece, considerando que atualmente a indústria dos games produz pelo menos duas vezes mais que a indústria cinematográfica. Trata-se de um fenômeno cultural tecnológico que tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade. Segundo pesquisas muitas pessoas, de diversas faixas etárias, mas principalmente jovens, passam mais tempo jogando no computador ou consoles que assistindo televisão. Como o próprio termo interautor sugere, se é possível não só participar das narrativas ficcionais dos games, mas também manipulá-las (personagens, objetos e ações) alterando o rumo da história que pode não ter um fim, tornando-a uma obra aberta, conceito de Umberto Eco. Alguns pontos importante a serem refletidos se referem aos assuntos que tratam essas narrativas ficcionais e o perfil real por trás das máscaras daqueles interautores que vivenciam experiências virtuais por meio das personagens protagonistas, também chamadas de avatares. PALAVRAS-CHAVE: narrativas; games; interautor; arte; interatividade. SIMPÓSIO: ESTUDOS DA TRADUÇÃO Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) [email protected] José Carlos Aissa (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio tem por objetivo acolher trabalhos que discutam os diferentes aspectos dos estudos tradutológicos (Linguística de Corpus, procedimentos ou modalidades tradutórias, etc) em relação a textos de diversas tipologias e gêneros (tradução literária, jurídica, corporativa, jornalística, etc). PALAVRAS-CHAVE: Estudos tradutológicos; Estratégias tradutórias; Linguística de Corpus; Análise contrastiva SIMPÓSIO DE ESTUDOS DA TRADUÇÃO Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) [email protected] José Carlos Aissa UNIOESTE Coordenador [email protected] RESUMO GERAL: Este simpósio tem por objetivo acolher trabalhos que discutam os diferentes aspectos dos estudos tradutológicos (Linguística de Corpus, procedimentos ou modalidades tradutórias, etc) em relação a textos de diversas tipologias e gêneros (tradução literária, jurídica, corporativa, jornalística, etc). PALAVRAS-CHAVE: Estudos tradutológicos; Estratégias tradutórias; Linguística de Corpus; Análise contrastiva PROLEGÔMENOS PARA UMA TRADUÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA Paulo Roberto de Souza Ramos (UFRPE) [email protected] RESUMO: O presente trabalho busca apresentar, de forma sucinta, a problemática envolvida na tradução de textos literários no que tange elementos do universo fônico. Tradicionalmente, a tradução se preocupa em trabalhar a equivalência de sentido numa linha mais semântica, onde, pelo termo, se entende uma semântica da frase ou parágrafo (ou estrofe, no caso do poema). No entanto, o texto literário, sobretudo a poesia, faz usos e abusos de sons para transmitir mensagens e fazer significações. Ao analisar instâncias em textos em português e inglês, busca-se aqui uma chamada de atenção para aspectos que transcendem o significado literal ou idiomático das sentenças, mas centram-se mais em jogos sonoros que vão muito além de aliterações e assonâncias. A forma carrega em si o conteúdo, seja na repetição de sons que ecoam palavras que expressam o ‘humor’ do eu poético, ou na imitação de atos que espelham tais humores. Com isso, objetiva-se discutir o que muitas vezes é posto de lado como ‘intraduzível’ ou o ‘não observado’ por alguns tradutores a fim de se esboçar elementos que possam, por ventura, servir de base para uma pesquisa mais aprofundada a partir dos casos apresentados, contribuindo, possivelmente, para possíveis teorizações sobre a questão. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; fonética; fonologia; poesia; jogos sonoros. O ESTILO DE JOÃO UBALDO RIBEIRO EM VIVA O POVO BRASILEIRO E AN INVINCIBLE MEMORY Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE/Cascavel, UNESP/S. J. Rio Preto) [email protected] RESUMO GERAL: O estudo tem por objetivo analisar o estilo de João Ubaldo Ribeiro enquanto autor e enquanto tradutor de si mesmo no par de obras Viva o Povo Brasileiro e An Invincible Memory. No romance, destaca-se a forte presença da cultura popular, com manifestações das religiões afro-brasileiras, festas, costumes, lendas, bem como expressões variadas, fragmentos de “língua de preto” notados por Pasta Júnior (2002). Na tradução, Ubaldo Ribeiro recria a própria ficção sobre a história moral do sofrido povo brasileiro, traduzindo para a língua inglesa e para leitores com sensibilidades e vivência cultural distintas. Para a análise de elementos culturais, a pesquisa apoia-se na abordagem interdisciplinar proposta por Camargo (2005, 2007) envolvendo os estudos de tradução baseados em corpus (Baker, 1996, 2000), e os trabalhos sobre domínios culturais (Nida, 1945; Aubert, 2006). Os resultados obtidos revelaram que a maioria dos elementos culturais mostra-se inserida nos domínios das culturas material, social, e ideológica, o que espelha o contexto da obra. Também foi possível observar traços de normalização que indicam o uso de estratégias, de modo consciente ou inconsciente, por parte do auto-tradutor, para conferir fluência ao texto traduzido e facilitar a leitura e compreensão de elementos culturais para o público alvo. PALAVRAS-CHAVE: Tradução literária; Estilo do auto-tradutor; Literatura brasileira traduzida; Estudos da tradução baseados em corpus; João Ubaldo Ribeiro USO DE EMPRÉSTIMOS NA TRADUÇÃO DE TERMOS NA ÁREA DO SENSORIAMENTO REMOTO: UMA ANÁLISE BASEADA EM CORPUS Dalila dos Santos Hasmann (UNESP/Bolsista de Mestrado CAPES) [email protected] Diva Cardoso de Camargo (UNESP; UNIOESTE) RESUMO GERAL: O empréstimo de palavras é, em si mesmo, um fato absolutamente normal, verificado em praticamente todas as línguas. Com relação à língua portuguesa, especificamente, desde o início de sua formação, o acolhimento de itens lexicais provenientes de outros idiomas é uma realidade. No mundo lusófono, é inegável que o Brasil se destaca pela facilidade com que acolhe palavras e expressões estrangeiras. O objetivo desta pesquisa foi examinar um corpus paralelo na área de especialidade do sensoriamento remoto na direção inglês-português, para extrair termos simples e complexos traduzidos por meio de empréstimo linguístico. Após a sua identificação, esses termos foram comparados com termos correspondentes encontrados em um corpus comparável, composto por artigos de sensoriamento remoto originalmente escritos em português. Quanto à metodologia, esta investigação baseou-se na abordagem interdisciplinar adotada por CAMARGO (2005, 2007), a qual se apoia nos Estudos da Tradução Baseados em Corpus (BAKER, 1995; TOGNINI-BONELLI, 2001), na Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004) e, em parte, na Terminologia (BARROS; KRIEGER & FINATTO, 2004). Para a extração dos dados foi utilizado o programa WordSmith Tools, versão 6.0 (SCOTT, 2012). No tocante aos resultados, foram encontrados termos, como por exemplo: sunglint e speckle, traduzidos por meio de empréstimos com explicitação, quando de sua primeira utilização no texto. Outras opções de tradução para esses termos foram, respectivamente, “reflexão solar ou gliter” e “espécie de estrutura granular”. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da Tradução Baseados em Corpus; Linguística de Corpus; Terminologia; Sensoriamento Remoto. A FORMAÇÃO DO HABITUS TRADUTÓRIO EM SALA DE AULA: UM ESTUDO BASEADO EM CORPUS Talita SERPA (IBILCE/UNESP) [email protected] Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Com o objetivo de observar o comportamento linguístico e social (habitus) no âmbito da prática tradutória na direção português ↔ inglês, principalmente no que concerne ao uso de termos marcados (brasileirismos); e a fim de fornecer subsídios para uma exploração pedagógica da formação do habitus de tradutores aprendizes, procedemos a compilação de um corpus paralelo composto pela obra O povo brasileiro (1995), de autoria de Darcy Ribeiro; e pela respectiva tradução, realizada por Rabassa. Esse corpus serviu-nos de base para a composição de um glossário bilíngue que, por sua vez, traz à baila um conjunto de estratégias tradutórias passível de ser ordenado em um modelo de ensino. Para tanto, nos apoiamos na abordagem interdisciplinar proposta por Camargo (2005, 2007), adotando o arcabouço dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus (BAKER, 1993, 1995, 1996, 2000) e da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004, 2010). Procuramos ainda associar as propostas da Sociologia da Tradução (SIMEONI, 1998; GOUANVIC, 2005), bem como o conceito de habitus na Educação (BOURDIEU, 1980, 1982; PERRENOUD, 2000, 2001; TARDIF, 2002), às discussões sobre o ensino de competências tradutórias (DIAZ FOUCES, 1999; HURTADO ALBIR, 2000, 2001) e sobre o uso de corpora para a formação de tradutores (BERBER SARDINHA, 2004, 2010; CAMARGO, 2011a, 2011b; LAVIOSA, 1995, 2008, 2009). Desse modo, verificamos que a observação reflexiva sobre o exercício da tradução de brasileirismos por tradutores profissionais, por meio da Linguística de Corpus, permitiu-nos elaborar uma proposta de ensino do habitus tradutório com base nos preceitos de uma Pedagogia da Tradução. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da Tradução Baseados em Corpus, Habitus Tradutório, Pedagogia da Tradução MARCAS DA AUSÊNCIA EM POEMAS TRADUZIDOS DE MANUEL BANDEIRA Jose Eduardo Martins de Barros MELO [ DINTER UNIR-UNESP ] [email protected] Diva Cardoso de Camargo [ UNESP/USP ] [email protected] RESUMO: Pensar o estilo como tudo que singulariza a atividade humana ou tudo que envolve a caracterização do indivíduo enquanto produtor de uma expressão única, é pensar recorrentemente as marcas do seu fazer enquanto linguagem .No caso de Manuel Bandeira esta afirmação não é simples redundância, é antes uma confirmação de que poetas-tradutores são autores estilisticamente sincronizados, cujo repertório criativo normalmente emana das estreitas relações de uma atividade com a outra. Bandeira em sua atividade tradutória transfere as suas marcas estilísticas para os textos de chegada pela escolha inicial desses textos cujas marcas de ausência verificadas em sua atividade poética aparecem com frequência singular. Esta pesquisa tem como objetivo amenizar o quase vazio existente nos estudos desenvolvidos sobre a atividade tradutória de Manuel Bandeira e seus registros estilísticos, tomando-se como corpus para análise as marcas da ausência transportadas pelo poeta para os caminhos de seu livro Poemas traduzidos ,como um viés de cunho formal contornado pelo diálogo que estabelece a ponte entre as duas atividades : a de poeta e a de tradutor, realizadas com traços recorrentes comuns e singulares nos quais é possível se vislumbrar uma identidade única presente tanto no plano da tradução como no plano da criação literária. Palavras-chave: Manuel Bandeira, tradução, ausência. AS TRADUÇÕES DO HUMOR MIDIÁTICO DAS SITCOMS ANALISADAS PELOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO, COM O AUXÍLIO DA LINGUÍSTICA DE CORPUS. Walkiria França Vieira e Teixeira (UNESP /Bolsista de Doutorado CAPES) [email protected] Diva Cardoso de Camargo (IBILCE/UNESP - orientadora) [email protected] RESUMO GERAL: O objetivo do estudo é analisar como ocorre a manutenção do humor no texto midiático, a partir da compilação e análise de um corpus das legendas em inglês e suas traduções para o português de seis episódios das sitcoms Friends, The Simpsons e Seinfeld. Na pesquisa buscamos identificar porque este tipo de humor é assegurado em alguns tipos de sitcoms, e em outras não. Também investigamos quais aspectos interferem na compreensão do humor das sitcoms e ainda quais as características se apresentam na tradução deste tipo de humor. O arcabouço teórico-metodológico do trabalho toma como referência os estudos da tradução baseados em corpus lançados por Baker (1993, 1995, 1996, 2004), para a investigação das ocorrências de vocábulos, expressões fixas e semi-fixas, os traços de simplificação e normalização e a frequência destas ocorrências nas legendas das séries analisadas, bem como os princípios e a metodologia da Linguística de Corpus adotados por Berber Sardinha (2000, 2004), e a Pesquisa em Tradução e Linguística de Corpus adotada por Camargo (2007). Contamos com o auxílio do programa computacional WordSmith Tools, para o levantamento dos dados e observação dos recursos utilizados pelos tradutores para lidar com as diferenças culturais existentes entre as legendas em português e as legendas em inglês. Para analisar os dados utilizamos os estudos da tradução propostos por Baker (1993, 1995, 1996, 2004) e as teorias da tradução. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; legendas; Estudos da tradução; Linguística de corpus. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO NA TRADUÇÃO DOS PROVÉRBIOS NA OBRA ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA DE JOSÉ SARAMAGO Joyce S. Fernandes (UNIOESTE)2 [email protected] José Carlos Aissa (UNIOESTE)3 [email protected] RESUMO: Ao utilizar-se de estratégias de escrita que buscam a semelhança com a oralidade, como os provérbios, José Saramago foge do convencional e cria, em suas narrativas, um novo modo de tratamento da língua portuguesa em que se aproxima do leitor e desenvolve um relato capaz de gerar uma reflexão sobre os limites da significação das palavras. Tais particularidades tornam-se desafios ao tradutor que se propõe a transpor suas obras, principalmente porque precisa tomar decisões difíceis ao analisar o que deve priorizar em suas escolhas no processo de tradução da obra. Devido ao fato de Giovani Pontiero já ter traduzido várias obras de José Saramago, é muito provável que tenha desenvolvido padrões e hábitos linguísticos em sua prática de tradução. Tais padrões serão analisados a partir da comparação entre a obra original e sua tradução, a fim de iluminar aspectos importantes que, de alguma forma, divirjam ou se afastem do original. PALAVRAS-CHAVE: Tradução literária; Provérbios; José Saramago. A TRADUÇÃO DOS “OLHOS” EM CLARICE LISPECTOR: UMA INVESTIGAÇÃO BASEADA EM CORPUS Thereza Cristina de Souza Lima (UNINTER) RESUMO: A presente investigação tem como objetivo observar a tradução do vocábulo “olhos” e dos seus colocados, em fragmentos (re)aproveitados e semelhantes extraídos de três obras de Clarice Lispector A Descoberta do Mundo, traduzida por Giovanni Pontiero como Discovering the World, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, traduzida por Richard A. Mazzara e Lorri A. Parris como An Apprenticeship or The Book of Delights e Água Viva, traduzida por Elizabeth Lowe e Earl Fitz como The Stream of Life. Outro objetivo é identificar aspectos de normalização encontrados nas respectivas traduções desses fragmentos em relação ao vocábulo “olhos” e seus colocados. A metodologia situa-se no campo dos Estudos da Tradução baseados em corpus, (proposta de Baker, 1993, 1995, 1996, 1999, 2004; estudos sobre normalização de Scott, 1998); pesquisas e projeto de Camargo 2003a, 2003b, 2004, 2008), e no da Linguística de Corpus (estudos de Berber Sardinha, 2004); também se apoia na fortuna crítica da autora (trabalhos de Gotlib, 1993, 2009; Nunes, B., 1995; Sant‘Anna, 1997; Ruggero 2000; Sá, O., 2000; Franco Júnior, 2000; Ranzolin (1985), Varin, 2002; e Cherem, 2003). Os resultados encontrados nesta pesquisa possibilitaram efetuar um estudo comparativo entre os tradutores em pauta em relação a tendências para normalização. PALAVRAS CHAVE: Estudos da Tradução baseados em corpus; Linguística de Corpus; Olhos; Normalização Clarice Lispector. ASPECTOS DA TRADUÇÃO LITERÁRIA: TRADUZINDO MARCADORES CULTURAIS PRESENTES EM TIETA DO AGRESTE Valéria Cristiane Validório (FATEC Jahu) [email protected] Diva Cardoso de Camargo (UNIOESTE) [email protected] RESUMO GERAL: Investigamos, em nossa pesquisa baseada em corpora, a obra traduzida pela tradutora literária Barbara Shelby Merello, Tieta (The Americas) (1979) em relação à obra original Tieta do Agreste (1977), romance de cunho regionalista, escrito por Jorge Amado. Com o objetivo de analisar a tradução de marcadores culturais presentes nesse romance brasileiro utilizamos, como arcabouço teórico-metodológico principal, a abordagem interdisciplinar proposta por Camargo (2004, 2005) envolvendo os estudos de tradução baseados em corpus de Baker (1993, 1995, 1996, 2000), e os estudos sobre a linguística de corpus de Berber Sardinha (2000, 2003, 2004). Dessa forma, pudemos observar estratégias utilizadas de maneira consciente ou inconsciente pela tradutora ao lidar com os distanciamentos culturais entre os universos de partida e de chegada, bem como alguns aspectos acerca de marcadores culturais que retratam as peculiaridades e a riqueza contidas no romance analisado. A utilização dos recursos disponibilizados pela linguística de corpus em relação a presente pesquisa permitiu maior conscientização acerca das soluções apresentadas pela tradutora ao lidar com a tradução de um texto essencialmente regionalista, e que, por esse motivo, pertence a realidades extralinguísticas, bem como a universos culturais muito específicos, veiculando a riqueza de informações acerca de um povo, sua cultura, e a ideologia que a envolve. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da tradução baseados em corpus; Linguística de corpus; Tradução literária; Literatura brasileira traduzida; Marcadores culturais. APLICAÇÕES DA PESQUISA EM CORPORA ONLINE NA ELABORAÇÃO EM ATIVIDADES PARA O ENSINO MÉDIO Paula Tavares Pinto (UNESP) [email protected] RESUMO: Neste trabalho, apresentarei algumas aplicações diretas da pesquisa em corpora online, feita por alunos de Letras durante a sua formação, na a elaboração de atividades didáticas de língua inglesa voltadas ao Ensino Médio. A proposta surgiu a partir do conteúdo programático da disciplina de língua inglesa de nossa instituição do qual fazem parte combinatórias com os verbos be, get, put, have e take. Como fundamentação teórica, apoiamo-nos em trabalhos publicados no Brasil e no exterior (BERBER SARDINHA, 2010; VIANA e TAGNIN, 2010; SHEPHERD et al, 2012; THOMAS e BOULTON, 2012). Após uma busca em corpora online com os verbos destacados, os alunos observaram os padrões de combinatória na formação dos phrasal verbs, e, a partir das linhas de concordância geradas pelas ferramentas de busca, fizeram uma discussão sobre como esses dados poderiam ser utilizados no ensino de língua inglesa tendo com público alvo adolescentes de escolas públicas e particulares. A partir da discussão, elaboraram jogos e atividades didáticas com base na mediação dialética (ARNONI, ALMEIDA e OLIVEIRA, 2007). Além dos verbos, os alunos puderam atestar que, ao se consultar coletâneas de textos literários, informativos e especializados, aliados a uma busca com ferramentas computacionais, é possível se trabalhar, em sala de aula, com expressões fixas, semifixas e idiomáticas, sintagmas preposicionais, termos culturalmente marcados, padrões linguísticos e outros fenômenos linguísticos. O (futuro) professor de língua inglesa poderá refletir sobre atividades em que ele ou seus alunos possam realizar pesquisas do conteúdo de seu programa. PALAVRAS-CHAVE: corpora online; material didático; ensino de língua inglesa,; mediação dialética. ESTUDO DE DOIS VOCÁBULOS RECORRENTES E PREFERENCIAIS NA OBRA A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR E SUA RESPECTIVA TRADUÇÃO PARA A LÍNGUA INGLESA Emiliana Fernandes Bonalumi (UFMT/Rondonópolis) [email protected] Diva Cardoso de Camargo (UNESP/São José do Rio Preto) [email protected] RESUMO GERAL: Por meio da tradução tem-se contato com diversas obras literárias internacionais e a literatura brasileira pode ser acessível em diversas línguas ao redor do mundo, como é o caso dos livros de Clarice Lispector. Dada a relevância da autora na literatura brasileira e da qualidade do trabalho de seus tradutores, em particular, de Giovanni Pontiero, este estudo tem por objetivo apresentar a análise de dois vocábulos recorrentes e preferenciais da obra A Hora da Estrela, de Lispector e sua respectiva tradução para a língua inglesa efetuada por Pontiero, com base nos estudos da tradução baseados em corpus de Baker (1993, 1995, 1996). O romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector bem como a respectiva tradução para a língua inglesa estão inseridos no corpus do Grupo de Pesquisa PETra (Padrão Estilístico dos Tradutores), conduzido pela Professora Doutora Diva Cardoso de Camargo, na Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho desde 2004. O propósito deste trabalho é analisar as similaridades e diferenças encontradas nos dois vocábulos recorrentes e preferenciais selecionados para a análise, no tocante às variações e omissões observadas no texto traduzido. Também, esta investigação tem o intuito de despertar o interesse de novos pesquisadores aos estudos da tradução baseados em corpus, especialmente à análise da tradução de nossa literatura brasileira para o estrangeiro. PALAVRAS-CHAVE: Estudos da tradução baseados em corpus; vocábulos recorrentes e preferenciais; literatura brasileira traduzida. ANÁLISE DE TEXTOS TRADUZIDOS E VERTIDOS NO SITE EM INGLÊS DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO José Carlos Aissa (UNIOESTE/Cascavel) [email protected] Resumo Geral: Este estudo objetiva empreender uma discussão contrastiva inicial em relação à versão de alguns textos jornalísticos no site em inglês do jornal Folha de São Paulo. Com esse propósito, utilizou-se o modelo descritivo-comparativo sugerido por Aubert (1984, 1977, 1998), o qual se origina das categorias de Vinay e Darbelnet ([1958, 1977] 1995). O que se nota, em geral, é que ocorrem, além dos procedimentos tradutórios comuns de tradução literal e oblíqua, amplificações, explicitações e, principalmente, omissões, que podem revelar escolhas ideológicas do(s) tradutor(es) ou, talvez, da própria editoria do jornal. PALAVRAS-CHAVE: tradução jornalística; análise contrastiva; estudos tradutológicos; estratégias tradutórias. ENSINO E APRENDIZAGEM DE TRADUÇÃO PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO: PERCEPÇÕES DE ALUNOS PARA A PRÁTICA PROFISSIONAL Aline Cantarotti (UEM/PR) RESUMO: Atividades tradutórias, especialmente para futuros profissionais do Secretariado Executivo que exercem esporadicamente tal prática, possibilitam que o aprendiz perceba semelhanças e diferenças entre a língua de partida (L1) e a língua de chegada (L2) contribuindo para o desenvolvimento de sua interlíngua. De acordo com Bez (2008) (apud MORAES;CASELANI, 2009, p.45) “cada tradução exige do tradutor a capacidade de confrontar áreas específicas de duas línguas e duas culturas diferentes, e esse confronto é sempre único, já que suas variáveis são imprevisíveis e seus sentidos diversos.” Assim, o objetivo deste trabalho é demonstrar como atividades de tradução de caráter introdutório (não específicos) fornecem subsídios para a prática tradutória na atuação secretarial. A atividade escolhida para análise foi aplicada a 16 (dezesseis) alunos de graduação em Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no decorrer das aulas práticas da disciplina “Língua Inglesa IV: Tradução”, ministradas pela pesquisadora. A pesquisa é de caráter qualitativo, sendo feita a análise de questionários aplicados aos alunos participantes após a implementação e finalização da atividade em questão. O objetivo deste questionário é analisar a percepção do processo tradutório para cada um dos indivíduos pesquisados e como os mesmos se beneficiam desta aprendizagem para a atuação secretarial futura. Espera-se, ainda, que tal atividade auxilie os alunos no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira juntamente com a aprendizagem da práti ca tradutória. PALAVRAS-CHAVE: Ensino/aprendizagem de LE. Tradução. Secretariado Executivo. A TRADUÇÃO POÉTICA EM TORNO DA PERSPECTIVA PRÁTICA E TEÓRICA DE AUGUSTO DE CAMPOS Fernanda Maria Alves Lourenço Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO GERAL: visto que o gênero poético tem emergido, ao longo dos tempos, diversas opiniões quanto à sua traduzibilidade ou intraduzibilidade, esta comunicação visa discutir acerca da tradução de poesia a partir da perspectiva teórica e prática de augusto de campos. renomado crítico, poeta e tradutor brasileiro, campos exerce uma forma de crítica via tradução, na medida em que sua tradução-arte, como ele assim designa sua prática tradutória, sugere uma criação ou recriação de algo inexistente no texto para o qual se traduz. portanto, neste sentido, tomaremos como embasamento principal as concepções de campos acerca da atividade tradutória de poesia, além de apresentarmos alguns aspectos relevantes de sua trajetória como tradutor. A fim de sustentarmos a discussão a respeito da tradução poética analisaremos uma de suas traduções de um dos poemas da poetisa norte-americana, Emily Dickinson, publicada na obra Emily Dickinson: não sou ninguém, em 2008. Essa análise, de caráter discursivo, se concentrará no plano semântico de original e tradução, tendo em conta que não possui pretensão de realizar nenhum tipo de julgamento prescritivo, classificando a tradução como boa ou ruim, pois nosso principal intuito é contrastar a teoria de augusto de campos com sua prática, contribuindo desta forma com a tradução do gênero poético. PALAVRAS-CHAVE: Tradução de poesia; Augusto de Campos; Emily Dickinson. ASPECTOS CULTURAIS NA TRADUÇÃO: ALGUMAS REFLEXÕES Simone de Souza Burguês (UEM) [email protected] RESUMO: a tradução faz, antes de tudo, parte da condição humana, visto que traduzir é ler, reler, interpretar, transformar e recriar. Consequentemente, todo texto é permeado por elementos de sua cultura de origem, seja ele técnico (geralmente considerado livre de marcas culturais) ou literário. Como todo ato de leitura e escrita, a tradução está sujeita à subjetividade do sujeitotradutor, à sua formação, seu background e suas ideologias. Por mais que um autor de um determinado texto tente se “neutralizar” no momento da escrita, de uma forma ou de outra, aspectos culturais permearão seu trabalho. Com isso, traduzir entre línguas é traduzir entre culturas. Dessa forma, os elementos culturais presentes em um texto a ser traduzido devem ser considerados no ato tradutório. No campo da literatura brasileira, observamos que nos últimos anos muitos autores contemporâneos (além dos clássicos) têm sido traduzidos para diversos idiomas, entre eles o inglês. Nesse sentido, este artigo apresenta algumas reflexões acerca dos aspectos culturais na tradução. Tal recorte deu-se a partir da leitura de um romance contemporâneo da literatura brasileira – Órfãos do Eldorado (2008), escrito por Milton Hatoum – bem como sua tradução para o inglês – Orphans of Eldorado (2010). Nesse enfoque, o objetivo específico do trabalho é mostrar de que forma os condicionantes culturais presentes na obra em questão foram traduzidos para a língua inglesa. PALAVRAS-CHAVE: tradução; literatura brasileira traduzida; aspectos culturais; Órfãos do Eldorado/Orphans of Eldorado; Milton Hatoum. SIMPÓSIO: ENSINO CONTEMPORÂNEO DE INGLÊS PERPASSADO PELOS GÊNEROS DISCURSIVOS Nelza Mara Pallú (UNIOESTE - Mal. C. Rondon) [email protected] Juci Mara Cordeiro (UNIOESTE - Cascavel) [email protected] RESUMO GERAL: Ensinar inglês na contemporaneidade significa entender o inglês como uma língua adicional, promotora da comunicação global e, ao mesmo tempo, procurar maneiras de melhor atender aos anseios das comunidades em participarem das redes de sociais em seus novos formatos. Esta nova configuração do inglês, principalmente por sua relevância no uso de tecnologias, tem imposto à formação de professores, grandes desafios e reflexões em relação ao papel do professor de inglês e, também, à sua concepção de língua. Romper com os padrões tradicionais de ensino que consideravam a língua como um saber artificial, codificado e, portanto, distante da realidade de vida dos sujeitos, tem sido um dos elementos fortemente debatidos nos estudos da linguística aplicada. Nesta corrente, os gêneros discursivos têm representado uma fonte de conexão entre a comunidade acadêmica e a sociedade, configurandose como uma proposta pedagógica com resultados favoráveis ao processo de ensino e aprendizagem de inglês. Sob o embasamento dos gêneros discursivos e dos estudos que informam o inglês como uma língua franca global, este simpósio coloca-se como um convite à apreciação e reflexão dos saberes linguísticos construídos nas sociedades globais, e a significação do inglês como uma língua manifestada por diferentes falantes, e na proposta didático-pedagógica aqui apresentada, por meio de nuances linguístico-discursivos característicos dos diferentes gêneros textuais. PALAVRAS-CHAVE: Inglês como língua franca global; Formação de professores; Proposta pedagógica para ensino de línguas; Gêneros discursivos. O INGLÊS COMO UMA LÍNGUA DE CONTATO SOCIAL GLOBAL E O PERFIL DO PROFESSOR Nelza Mara Pallú (UNIOESTE) [email protected] RESUMO: Devido à composição diferenciada da comunicação mundial na atualidade, quer seja no entretenimento pelas redes sociais, nas relações acadêmicas ou nas transações comerciais, o conhecimento de uma língua comum que possa inserir as pessoas nestas relações tem se transformado em uma necessidade real. Se em épocas anteriores este conhecimento era meramente exclusivo aos sujeitos das camadas sociais privilegiadas, hoje a maioria das pessoas, independentemente de suas razões, está em busca do inglês como uma língua adicional - há dados que demonstram que ¼ da população mundial utiliza o inglês de alguma maneira em seu dia-a-dia. No entanto, como esta utilização ocorre amplamente nas relações entre falantes de diversas nacionalidades de todo o mundo, e não somente com falantes nativos de inglês, a busca por padrões diferenciados dos padrões americano e britânico de outras épocas para o ensino e aprendizagem de inglês contemporâneo, tem sido fortemente debatida nos estudos linguísticos. Este simpósio propõe, assim, a discussão de pedagogias e posturas contemporâneas para o ensino de inglês que venham de fato a atender as demandas globais de sua aprendizagem e utilização, dentre as quais os estudos do Inglês como Língua Franca Global e dos Gêneros Discursivos se fazem presentes, favorecendo reflexões sobre a nova composição do perfil do professor de inglês na atualidade. PALAVRAS-CHAVE: Inglês como uma Língua Franca; Ensino e Aprendizagem de Inglês Contemporâneo; Perfil do Professor de Inglês. UMA ABORDAGEM DISCURSIVA PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Juci Mara Cordeiro (UNIOESTE - Cascavel) [email protected] RESUMO GERAL: A partir de um novo cenário nacional e internacional para o ensino de línguas, e mais especificamente em relação à aprendizagem de língua inglesa no Brasil, novas demandas sócio-comunicativas exigem do contexto educacional a escolha de abordagens que venham ao encontro dessas necessidades. Dessa ótica apresentam-se os gêneros discursivos como uma abordagem contemporânea e viável para o ensino dessa língua. Assume-se o pressuposto de que a língua é uma forma de ação social e de que o texto é uma unidade comunicativa determinado pela ação que promove. Este, percebido como uma entidade dinâmica, deve ser visto na relação com as práticas sociais, os aspectos cognitivos, as relações de poder, as tecnologias, as atividades discursivas e no interior da cultura de onde emana. Então, as atividades com diferentes gêneros orais e escritos, a partir da análise de seus nuances linguísticodiscursivos característicos, deve enfatizar o desenvolvimento das capacidades reflexivas dos atores humanos (compreender as ações sociais), e visar o desenvolvimento de sua competência discursiva (reflexiva e criativa). Ao se adotar tal perspectiva de ensino-aprendizagem de línguas almeja-se promover um contexto educacional relevante socialmente e significativo ao aprendiz, no sentido de atender às suas necessidades comunicativas reais. Desse modo, entende-se que se pode estabelecer um caminho em direção à “desestrangeirização” da língua inglesa e ao fomento da autonomia do aluno e, assim, o processo de ensino passa efetivamente a desempenhar a sua função social, tão salientada nos documentos oficiais de ensino do país. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de língua inglesa; Abordagem discursiva; Gêneros discursivos TEORIAS DE RELEVÂNCIAS DOS GÊNEROS TEXTUAIS: UM OLHAR PARA OS ASPECTOS FUNCIONAIS DO GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO Queli J. M. Franke (Vizivali) [email protected] RESUMO GERAL: Vivencia-se um momento no qual os documentos que norteiam e orientam todo trabalho educativo no país, os PCN’s e as DCE’s, sugerem o texto como unidade de ensino e os gêneros textuais como objeto de ensino. A base teórica, a partir do que propõem os documentos já citados, e que orienta o trabalho com os gêneros textuais nas escolas está centrada, principalmente, nos escritos do filósofo russo Mikhail Bakhtin (2003) sobre os gêneros discursivos. Levando-se em conta a diversidade de trabalhos e de gêneros que podem ser trabalhados em sala de aula, este trabalho se propõe a investigar e conceituar as características do gênero textual artigo de opinião. Para isso além dos inscritos de Bakhtin, também servirá de base para esta pesquisa os inscritos de teóricos nacionais, dentre eles Marcuschi (2008/2011), Travaglia (2007) e Bezerra (2011), todos desenvolvedores de estudos dos gêneros textuais e suas relações. Objetiva-se, com isso, identificar caminhos que permeiam o trabalho com gêneros textuais em sala de aula, especialmente com o gênero textual artigo de opinião, que pode garantir o desenvolvimento de bons trabalhos relacionados à produção textual por parte dos alunos. Assume como desafio, identificar caminhos para o trabalho com este gênero, apresentando sua grande importância no desenvolvimento das produções textuais. Emprega ainda uma metodologia coesa com a realidade que envolve o uso dos gêneros textuais no ensino e aprendizagem em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Gêneros textuais; artigo de opinião. THE PICTURE OF DORIAN GRAY INTERPRETADO À LUZ DO PADRÃO DE BELEZA INCUTIDO PELO CONTROLE MIDIÁTICO NO SÉCULO XXI – ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO PARA ALUNOS DE ENSINO MÉDIO Jessica Tomimitsu Rodrigues (UNIOESTE – Graduação) [email protected] Valdomiro Polidorio (UNIOESTE – Orientador) [email protected] RESUMO GERAL: O presente trabalho propõe atividades de interpretação da obra de língua inglesa The Picture of Dorian Gray de modo a correlacionar a crítica veiculada na obra com o contexto vivenciado pelos alunos do Ensino Médio no século XXI, no que tange à construção do padrão de beleza proposto e incutido na sociedade por meio do controle midiático. Desta forma, pretende-se estabelecer a relação intrínseca entre Literatura e sociedade, atentando-se para a relevância da Literatura na emancipação crítica do indivíduo que acontece, principalmente, por meio da experiência literária. Para tanto, fez-se necessário a busca de conceitos psicológicos para a compreensão da natureza humana retratada magistralmente no livro e de um resgate histórico para entender o contexto social em que o livro foi escrito. É, então, proposto uma comparação entre o conteúdo veiculado pelo enredo do livro e de propagandas veiculadas pela imprensa escrita com a intenção de se analisar criticamente o conteúdo veiculado pela propaganda, pautando-se nas teorias da Linguística Textual, principalmente de Maingueneau (2005). A análise é subsidiada, também, por teorias da crítica literária de Candido (2006), da emancipação racional do indivíduo de Adorno (1995), da psicologia do ser humano de Freud (1929) e do controle midiático de Adorno (1972). PALAVRAS-CHAVE: Literatura e sociedade; Interpretação em língua inglesa; Emancipação. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Micheli Zanella (Faculdade Vizivali) [email protected] RESUMO GERAL: Este trabalho tem como foco a ludicidade em todo seu aspecto cultural, social e ético voltado à sala de aula. Apresenta-se uma pesquisa que enfatiza como os professores precisam direcionar seu trabalho em sala, tendo como foco os anos finais do ensino fundamental, o uso do lúdico em seus conteúdos de Língua Inglesa. Através dos estágios realizados durante a caminhada acadêmica, percebeu-se a importância de desenvolver um trabalho voltado aos aspectos lúdicos que auxiliem o processo de ensino-aprendizagem. Procura-se explicitar de forma contextualizada a ludicidade a partir de três objetivos, sendo estes de importância fundamental para o educando. Esses objetivos demonstram a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem, e também, contribuições de algumas estratégias para o processo de ensino-aprendizagem de língua Inglesa, para que o trabalho seja bem direcionado em sala de aula e, assim, obtenha sucesso. É importante salientar que a aquisição de uma segunda língua por parte de muitos alunos não é fácil. É necessário levar em consideração o meio em que vivem e sua cultura, o que em alguns casos torna o ensino muito difícil, pois não recebem estímulos e, muitas vezes, o ambiente em que vivem não os auxilia e tampouco esclarece a importância do estudo da Língua Inglesa como uma segunda língua. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de línguas; Lúdico; Estratégias de aprendizagem.