Sumário - Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora
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Sumário - Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora
Sumário SUMÁRIO ......................................................................................................................... 1 EDITORIAL ...................................................................................................................... 2 O SONHO CONTINUA... ..................................................................................................... 3 1911- 2011: CEM ANOS DE NOSSA PRESENÇA NO BRASIL ............................................... 7 O EVANGELHO – NOSSA ESTRELA GUIA! ....................................................................... 12 MOTIVAÇÕES ................................................................................................................. 16 TECENDO NOVAS RELAÇÕES .......................................................................................... 19 MAU HUMOR CRÔNICO É DOENÇA E EXIGE TRATAMENTO ............................................ 22 Maneiras de identificar um distímico: ........................................................................ 23 PASTORAL EDUCATIVA .................................................................................................. 26 JUVENTUDE .................................................................................................................... 29 ECOS DA MISSÃO: VINTE E SEIS ANOS DE LUTA NO BAIRRO PROGRESSO ..................... 31 OS 10 MANDAMENTOS DO AMIGO PLANETA .................................................................. 34 NA RELAÇÃO COM OS BENS, A BUSCA PELA SIMPLICIDADE .......................................... 38 NOTÍCIAS........................................................................................................................ 41 A GRANDE ESPERANÇA .................................................................................................. 44 1 Editorial Queridas irmãs, estamos chegando com o primeiro “Arauto” de 2011. Queremos que continue sendo um espaço de partilha de vida e experiências, de informação e formação continuada. Ele foi construído pelo trabalho de várias irmãs. A Irmã Marinês Burin, superiora provincial, abre o “Arauto” expressando a gratidão e a festa de celebrarmos o centenário de nossa presença em terras brasileiras. Nos fala da mística, da doação e da entrega das nossas pioneiras, pelo Reino de Deus. Uma ação de graças que traz o passado ao presente e projeta o futuro. O espírito missionário de Santa Maria Bernarda a fez sonhar com um belo campo de missão neste imenso Brasil. Irmã Neiva Secco faz uma resenha histórica deste sonho. Na página bíblica, Irmã Nilda Reinehr nos fala sobre a Palavra de Deus que nos convoca, transforma e compromete. Na página da formação, Irmã Miria Bordin escreve sobre o tema das motivações que sustentam a fidelidade da religiosa no seguimento de Jesus. Dando continuidade, Irmã Estelitta Tonial na página Tecendo relações, nos traz uma reflexão sobre como as relações transformam nossa vida e nossas fraternidades em lugar de salvação. Falando sobre educação, Irmã Vera Coutinho trabalha questões como relacionamentos e ética do cuidado. “Falar da juventude é falar do amor de Deus”. Assim Francisca Maria inicia seu artigo que fala das juventudes. E irmã Zelinda Onghero, na página “ecos da missão”, conta a experiência missionária no bairro Progresso Erechim. Irmã Nilva Brugnera escreve sobre o tema da Campanha da fraternidade, cujo lema é “A Criação geme em dores de parto”. O tema da saúde é desenvolvido pela Irmã Lourdes Tosati e traz em pauta a o mau humor crônico. Você vai ver que este pode ser uma doença, mas que tem tratamento e cura. Trazemos ainda, um texto sobre a relação com os bens e a busca de simplicidade como estilo de vida. Para encerrar, recados e mensagens. Boa leitura... 2 O sonho continua... Com gratidão e festa, estamos celebrando o primeiro centenário de nossa missão no Brasil. Esta presença é fruto dos ideais missionários de nossa santa Fundadora, mulher aberta à realidade, animada de esperança, que abriu sua pequena Congregação além fronteiras, porque se sentia “operaria do Reino” e vislumbrava um grande porvenir. Com a vinda das primeiras irmãs: Serafina Eberle, Coleta Holenstein, Fidelis Marder, Gertrudes Gruber y Escolástica Mrosek a Óbidos, Pará, no memorável 7 de abril de 1911, chegava ao nosso imenso país a bênção da nossa presença religiosa, como um impulso novo no anuncio do Evangelho e promoção humana. Nossas pioneiras chegaram trazendo a mensagem franciscana de paz e bem, peregrinando como Abraão, rumo ao desconhecido, com a fé invencível do profeta que se apóia só na providência divina, sem mais armas que o crucifixo, sem mais normas que o Evangelho, sem mais riquezas que as contas do rosário, sem mais adornos que o perfume de suas virtudes, sem mais provisões que seu amor a Deus e o zelo de anunciá-lo a todos. Sem dominar o idioma nacional, enfrentaram com fortaleza e constância toda sorte de dificuldades e desafios, porque em seu coração o ideal missionário era claro e seu amor pelos pobres e por Deus era sem limites. Três semanas depois de haver chegado, começaram o trabalho de educar as crianças e jovens, na pequena escola colocada sob o patrocínio de S. José. Esta obra educativa foi a semente inicial de tantas outras que depois foram fundadas ao longo destes 100 anos e nas quais se formaram nos mais sólidos valores do Evangelho, 3 gerações de crianças, de jovens, de profissionais para Deus, para a família, e para a sociedade. Desveladas pelo bem de todos, as Irmãs sempre foram semeando a fé, a esperança e a misericórdia, ajudaram aos abandonados e marginalizados, defenderam a vida das crianças, dos jovens, dos anciãos e dos excluídos; promoveram ações caritativas para socorrer as pessoas nas necessidades corporais e espirituais; animaram a catequese e movimentos de espiritualidade, instruíram, aconselharam, consolaram, confortaram, perdoaram e suportaram com paciência. E Madre Bernarda, sem jamais pisar solo brasileiro, acompanhou e abençoou o caminhar de suas Irmãs com a oração constante e a palavra animadora, amou esta missão como a pupila de seus olhos. A semente lançada há cem anos em solo fértil e posta em mãos laboriosas, cresceu e se tornou história. Depois do Pará, a Congregação foi assumindo outras presenças, chegando primeiro ao Rio de Janeiro, em Quissamã e logo em Três Arroios e, de aí, a todos os demais lugares, como sabemos. Não foram fáceis os inícios, nem os anos subseqüentes. Tudo começou pequeno, entre os mais pobres e para eles. Tudo foi crescendo com a entrega, o suor e o sacrifício de cada Irmã. Não foi fácil a estruturação das fraternidades, a construção das obras e, menos ainda, o desafio de dinamizá-las e atualizá-las ao longo do caminho. E bem duro foi o discernimento quando, por circunstâncias diversas, foi preciso deixar ou fechar um significativo número delas. Hoje o passado se faz presente e se projeta ao futuro. E nossa celebração centenária é um hino de ação de graças e de memória. Ação de graças primeiramente a Deus, porque sua providencia sempre nos acompanhou em seu projeto de amor. Como disse nossa santa Madre Bernarda: “A primeira gratidão nós a devemos a Deus, 4 nosso bom Pai”. Foi Ele, seu reino e sua gloria, quem fez frutificar nossos esforços e motivou a labor perseverante de 100 anos, que hoje entregamos à sua misericórdia. Ação de graças pelas Irmãs pioneiras e todas as que integraram nossa família religiosa, até chegar aos nossos dias, incluindo-nos a nós. Cada uma contribuiu, em seu tempo, dando o melhor de si para a construção do que hoje somos e temos. As primeiras e outras muitas deixaram pátria, família, idioma, renunciaram a tudo, vindo como missionárias ao Brasil. Elas animaram a vocação das que fomos chegando depois. E porque nossa comunhão fraterna se estende mais além desde mundo, com profunda reverencia oramos pelas que já estão na casa do Pai, para que gozem da glória plena, em companhia de santa Maria Bernarda. Seus nomes estão escritos no livro da vida e guardados em nossos corações. Ação de graças porque nosso centenário é história de salvação, lugar divino e humano, de êxitos, mas também de limitações. O melhor de cada Irmã e do incontável número de pessoas com as quais atuamos e de quantos foram amigos e benfeitores, ficou plasmado nestas dez décadas, como uma torrente de vozes e graças que ressoam nas saudades e no silêncio e se unem aos ideais de virtude e aos desafios de nosso mundo atual. Este mundo, marcado por profundas e sucessivas mudanças socioculturais que atingem todas as dimensões da vida humana, traz novos e sérios desafios para nossa missão. Reclama de nossa vida religiosa consagrada uma revisão do tipo de presença e evangelização nas diversas obras e realidades onde atuamos e também uma qualidade e preparação espiritual, humana e profissional sempre mais sólida e atualizada. Então, nós que estamos protagonizando esta história, e começando um novo século, nos perguntamos: o que temos que fazer 5 hoje, para manter acesa a tocha que recebemos das que nos precederam e ser fiéis ao projeto que Deus teve ao conceder à Madre Bernarda a intuição de enviar as primeiras Irmãs ao Brasil, em 1911? Olhando com objetividade, reconhecemos que somos chamadas a retomar o essencial de nossa vida consagrada. Isto implica ser mais contemplativas e orantes, apaixonadas por Jesus e seu Reino, discípulas e missionárias ardorosas na escuta e anúncio da Palavra. Ser mulheres e fraternidades eucarísticas, vivendo a comunhão e a unidade, com relações fraternas sadias e revitalizantes e com renovado vigor espiritual, vocacional e missionário, animando novas vocações e oferecendo novas respostas aos sofrimentos e necessidades da humanidade. Em síntese, ser fiéis à nossa vocação e carisma, para evangelizar nossa sociedade transmoderna. Então nossa santa Fundadora e todas as que já nos precederam, continuarão protegendo e abençoando a nós e a missão que vamos realizando, agora não mais só em Óbidos, Quissamã, Três Arroios e arredores... mas em todos os rincões, cidades e bairros, comunidades rurais e ribeirinhas, casas, colégios, hospitais e asilos, onde estamos e onde deveríamos ir em fidelidade à sua intuição primeira, dando gloria a Deus e promovendo seu Reino, neste imenso Brasil. Ir. Marinês Burin Superiora Provincial 6 1911- 2011: Cem anos de nossa presença no Brasil Origem da Congregação: Em 1516 foi fundado, em Altstätten, o Convento que mais tarde recebeu o nome de “Maria Hilf”. Verena Bütler No dia 28 de maio de 1848, na aldeia de Auw, no Cantón de Argau, Suíça, nasceu Verena Bütler, filha de Enrique e Catalina Bütler, a quarta de sete irmãos (quatro homens e três mulheres). A vida transformou Verena em Maria Bernarda: Verena, consciente de que a vida é uma oportunidade única, concedida a cada pessoa para desenvolver o potencial que traz dentro de si, orientada pelo pároco, ingressou em 12 de novembro de 1867, no Convento de “Maria Hilf”, de Altstätten. Predestinada por Deus para ser fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, ao ingressar no Convento recebeu o nome de Maria Bernarda do Sagrado Coração de 7 Maria. Diante da pobreza extrema e viu que se cumpriam suas opções de pobreza e austeridade. Neste convento doou sua vida por mais de 20 anos. As missionárias partem para uma nova missão No dia 19 de junho de 1888 Madre Maria Bernarda partiu com seis companheiras para a América Latina, chegando a Manta, no Equador, aos 29 de julho de 1888. Seguiram a cavalo até Rocafuerte e depois passaram a viver e trabalhar em Chone. Perseguição religiosa e fuga Em 1895, após sete anos de fecunda missão no Equador, Madre Bernarda e suas companheiras, agora em número de quinze, tiveram que fugir do Equador. Se dirigiram por mar a Colômbia, sendo recebidas pelo Bispo Dom Eugênio Biffi, Diocese de Cartagena. da Florescimento da congregação Após nove anos de presença na Colômbia, a Congregação já estava se expandindo para outros países. Em 1904 Madre Rosa Holenstein foi enviada por Madre Bernarda para a Europa com o objetivo de fundar uma Casa de Formação. Aí deu início ao processo de fundação do Noviciado na Casa São José de Gaissau/Áustria. Desta casa, donde 8 saíram 90 Noviças que vieram como Missionárias para o Brasil e muitas outras foram para a Colômbia. O Espírito missionário e evangelizador de Madre Bernarda a fez sonhar com um belo campo de missão no imenso Brasil. E foi motivando as Irmãs que já traziam o espírito missionário em suas veias. Elas se entusiasmaram e no dia 07 de abril de 1911 chegaram as cinco primeiras Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora em Óbidos no Pará, Brasil. E, a partir daí, a Congregação foi se expandindo para o sul do país. Em 1912 chegamos a Quissamã/Rio de Janeiro. Em 1920 foi fundada a Escola Nossa Senhora de Lourdes em Três Arroios/Rio Grande do Sul. E ali funcionou o primeiro Noviciado no Brasil. Onde estamos no Brasil: Nos Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás; Amazonas, Paraíba, Rio Grande do Norte e no Distrito Federal. Missão em Anori -Amazonas Missão em Covendo - Bolívia 9 O que fazemos: Trabalhamos em missão sem fronteiras, na educação, na saúde, nas paróquias, na promoção social, sempre abertas às necessidades das pessoas, especialmente as mais empobrecidas, buscando meios de ajudar a terem uma vida digna. Saúde Educação Pastoral nos bairros Projetos sociais Asilos São José e Santo Antônio A exemplo de Santa Maria Bernarda, assumimos a atividade missionária da Igreja, marcando presença nos lugares mais difíceis e 10 necessitados de evangelização, favorecendo a inclusão de todos, para que aconteça o Reino de Deus. Missão em Covendo- Bolivia Concluindo, queremos dizer: Senhor Deus, dono do carisma e da missão, teus são os cem anos de doação das Irmãs em favor do povo brasileiro. Missão em Serranópolis Ao chegar no ano centenário, queremos te dizer obrigada por tudo aquilo que recebemos de Ti. Oferecemos-te, Senhor, tudo o que fizemos nestes cem anos, o trabalho que pudemos realizar na missão que nos foi confiada, as pessoas e as coisas que passaram por nossas mãos e o que com elas pudemos construir. Que em 2011, Ano Centenário de nossa presença missionária no Brasil, sejam fortificadas nossa fé, nossa missão e nossas relações conosco mesmas, com as pessoas, com Deus e com a Criação. Ir. Neiva Secco 11 O Evangelho – nossa estrela guia! Nesta primeira página Bíblica de nosso ARAUTO, quero recordar alguns motivos para aproximarmo-nos com mais gosto da Bíblia. A canonização de nossa Mãe, Santa Maria Bernarda aconteceu justamente no período em que se realizava, em Roma, no Vaticano, a XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (5 a 26/12/08), com o tema: A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja. No documento desse Sínodo: VERBUM DOMINI, ao falar das Santas e Santos e a Interpelação das escrituras, Bento XVI faz referência, entre outros, aos quatro que foram canonizados dia 12; nomeando-os diz: Com a sua vida deram testemunho ao mundo e à Igreja da perene fecundidade ao Evangelho de Cristo. (VD, 97). No mesmo documento, o Papa nos desafia dizendo: ...Que, por intercessão desses Santos e Santas, nossa vida seja “terreno bom” onde o Semeador Divino possa semear a Palavra para que produza em nós frutos de Santidade, a “trinta, sessenta e cem por um”(Mc 4,20). Estamos no ano centenário da gênesis de nossa presença e missão no Brasil e, assim como para Madre Bernarda, também para nós o Evangelho é a estrela guia. Nossos capítulos, Geral e Provincial, nos interpelaram a sermos discípulas missionárias de Jesus, assumindo um constante processo de conversão numa atitude de busca da vontade do Pai, em fidelidade ao Evangelho e ao carisma congregacional, para responder aos gritantes desafios da realidade circundante, onde somos enviadas para evangelizar através da Palavra de Deus e com testemunho de vida em comunhão, em atitude mística e profética. 12 O horizonte congregacional, entre vários outros, nos desafia apontando alto: A Palavra de Deus nos convoca, transforma e compromete a reavivar a paixão por Jesus e o Seu Reino. E no Planejamento assumimos com prioridade a Palavra de Deus para nossa vida e missão. Então, diante de tantos desafios, caminhos, proposições, decisões,... convido a cada uma de nós entrarmos nesse processo, olhando para Jesus, como Ele instaurou o Projeto do Pai (=RD) e assumiu sua missão. Conforme o Evangelho da Comunidade de Marcos, Jesus anuncia sua Palavra num momento de tensão e conflito político causados pelo assassinato de João Batista. Quando este é preso, Jesus vem para a Galiléia, proclamando a Boa nova de Deus: cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova (Mc 1,14-15). Vejamos alguns aspectos. O início do v.14 contextualiza o tempo geográfico e a realidade política dessa época. Diz que depois que João foi preso, Jesus veio à Galiléia (v.14), cheio da força do Espírito (Lc 4,14), após passar por um conturbado discernimento (Lc 4,1-12) e foi morar em Cafarnaum (Mt 4,12-13). Já no v.15 de Mc 1 temos o primeiro anúncio de Jesus. Aí está todo um programa de vida e missão. É a inauguração do processo missionário de Jesus. Ele vai prá rua, aproxima-se das pessoas, anuncia uma Boa Nova: Cumpriu-se o tempo O Reino de Deus está próximo Convertam-se Acreditem na Boa Nova! Ao declarar a proximidade do Reino de Deus, Jesus anuncia que um novo tempo está começado (Mc 1,15). É um tempo de mudanças, de transformações e destaca duas que são fundamentais para o Reino 13 de Deus se concretizar: conversão e fé (v.15b). É necessário mudar estruturas pessoais, mentais e estruturais. Mudar também atitudes, disposições, normas, leis, etc. Isso porque o Reino que Jesus veio instaurar é para os humilhados e pequeninos (Mc 10,14), para os pobres (Lc 6,20), para os perseguidos e as perseguidas por causa da justiça (Mt 5,10), é transformação da realidade (Mc 6,30-44), é libertação (Mc 5,1-20)... E, os frutos do Reino são “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Urge acreditarmos nesta boa Nova, para que ela se concretize e seja visibilizada. Como disse nossa Madre Geral Maria Elisa Hincapié, no capítulo Provincial: Temos que exercitar a fixar-nos no positivo que há. Esse é o Kairós! Se não houvesse dificuldade, o quê faríamos? Olhar positivamente o bem farnos-á ir superando as debilidades. Interessante que, em seguida deste anúncio do Reino de Deus, Jesus começa a formar comunidade. Ele faz seu primeiro giro e chama pessoas para segui-Lo (Mc 1,16-20). Parece que Jesus, vendo tantas necessidades, busca adeptos para, como bem diz este evangelho no capítulo 3, “estar com ele, enviá-los a pregar e ajudá-lo neste processo libertador, expulsando demônios” (3,14-15). Pois, imediatamente ao ter adeptos inicia sua ação libertadora, ou seja, fazer acontecer o Reino de Deus. É na Sinagoga que Jesus encontra um ser humano possuído de um espírito impuro (no grego: imundo) que está a gritar e Jesus é reconhecido realizando um novo ensinamento com autoridade, libertando a pessoa (v.27). Da Sinagoga, Jesus vai à casa onde encontra a sogra de Pedro de cama, enferma. Jesus rompe com a lei religiosa da pureza, a qual dizia não poder tocar em “impuros”, toma-a pela mão e a faz levantar-se. Imediatamente a mulher é livre não só da doença, mas também do legalismo das estruturas religiosas, e torna-se a primeira discípula de Jesus (Mc 1,29-31). 14 Vejamos que, tanto na Sinagoga, quanto em casa e na sociedade, as pessoas estão desintegradas, enfermas, mal. Há uma multidão de pessoas enfermas e endemoniadas... e buscam a Jesus para serem curadas (Mc 1,32-34). “Jesus percorria cidades e povoados, ensinando, pregando e curando... Ao ver essa multidão sente compaixão, porque estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor/a. Jesus, reconhecendo que são poucos os operários/as, recomenda que se peça a Deus mais operárias/os” (Mt 9,35-38). Em geral, pensa-se que santidade constitui-se no isolar-se, ficar na defensiva diante do pecado e das forças do mal. Mas Jesus nos demonstra uma santidade que se caracteriza por uma postura oposta ao mal, de confronto para transformar e santificar o mundo. E assim somos chamados a uma postura de denuncia do mal que escraviza, traz dor e sofrimento, e anunciar a vitória de Cristo sobre estes poderes, como testemunhado em diversas passagens das Escrituras (Rm 16.20; Cl 2.14-15; Ap 20.10) (FRANK THIELMAN, Teologia do NT. São Paulo: Shedd Pub., 2007, p. 78) E hoje, se vamos às filas do SUS, aos SPAs, aos Pronto-socorros, hospitais, às casas das pessoas, nas calçadas das ruas... há multidões em situações semelhantes. Em Manaus, temos pronto-socorros com internações em cadeiras e/ou macas, nos corredores... Pessoas desintegradas. Olhemo-nos um pouco. Nós também fomos e somos chamadas para formar comunidades, viver e realizar o Projeto de Jesus. Aí está o sentido de nossa vocação e missão. Vivermos em comunidade, estarmos com Jesus, olhar, conhecer e agir para transformar este mundo conturbado em Reino de Deus, começando por nossas sororidades. Ir. Nilda Nair Reinehr 15 Motivações Quando se fala em motivação, fala-se sempre do porquê do agir de uma pessoa. Motivação não é nada mais do que um conjunto de motivos capazes de sustentar, ou direcionar a vida de uma pessoa. E esses motivos podem brotar de um julgamento intuitivo ligado à memória afetiva, os chamados, motivos emotivos, ou surgir de um julgamento reflexivo – motivações racionais-geralmente conscientes, ligadas a uma força racional que poderá favorecer uma opção mais livre e madura por parte da pessoa. No conjunto destes motivos pode também coexistir um desejo profundo de encontrar o sentido último da existência que é a comunhão com Deus; a integração e harmonização da própria vida na vivência concreta do amor trinitário. Quando uma pessoa manifesta o desejo de assumir o estilo da vida consagrada traz consigo mistas motivações. Aliás, as motivações nunca são puras. Sempre carregam sinais de ambigüidades. Esta dialética faz parte da interioridade da pessoa humana. Por isso, quando se fala em motivações vocacionais para a vida consagrada e de processo de discernimento inicial é importante considerar toda essa complexidade que envolve a dinâmica interna da pessoa. O processo formativo inicial possui esta fundamental tarefa: ajudar a encontrar as motivações básicas que sustentam a opção vocacional da jovem. Perceber se, o que a move são motivos teologais, humanos ou defensivos e como estes motivos estão interagindo em sua resposta ao chamado de Deus. Quais são as motivações predominantes e como purificá-las ressignificando-as em 16 vista da adesão à gratuidade do Reino de Deus. Certamente, esta tarefa não é simples. Em muitos casos, muito exigente, trabalhosa e desgastante. Isso porque a pessoa não segue uma lógica definida no processo de autoconhecimento, autoanálise e reflexão profunda sobre si mesma. Por seu dinamismo intrínseco, ela sempre surpreende, sempre extrapola para mais ou para menos. Tudo isso faz parte do mistério da própria pessoa e de como ela permite a ação de Deus em sua vida. Portanto, a tarefa de encontrar motivações consistentes ou purificar o que já está posto é sempre desafio na formação para a vida religiosa consagrada. Sabe-se também que esta tarefa não se esgota no processo inicial. Viver por razões consistentes é busca cotidiana mesmo, depois de anos de vida consagrada. Uma das grandes preocupações que os formadores e o processo formativo como tal devem ter é justamente essas. Sabe-se que Deus pode se servir de motivos bem humanos para atrair alguém. No inicio do itinerário formativo, é muito difícil alguém apresentar motivações claras a respeito do que quer ser e porquê deseja ser. É muito comum a jovem ingressar na casa de formação no intuito de doar-se, de fazer missão. É certamente aí que reside um sinal de algo autêntico, baseado na fé, porém, não só. Aí pode também residir mecanismos de compensação afetiva, ou motivações egoístas que não vão gerar fidelidade. O processo formativo inicial é sempre um tempo especial de autocultivo e discernimento. Purificar motivações, fortalecê-las ou curá-las é tarefa cotidiana. Quando isso não acontece de forma séria e consistente abre-se caminho para uma vivência vocacional frágil e oscilante. Por vezes, o medo do confronto e do discernimento impedem à pessoa de perceber sua verdade pessoal. E sem a 17 percepção real de si mesma, não chega a uma verdadeira identidade e nem à liberdade do coração. Este trabalho artesanal na formação precisa ser sustentado a partir da interioridade da própria pessoa. Ela mesma precisa colocar-se a caminho como artífice de sua própria formação. Pois, a atenção que dá às suas razões profundas ajuda a verificar a presença ou não de valores consistentes da fé para que isso garanta fidelidade ao que foi chamada a ser, diante de Deus e diante do mundo. Uma motivação vocacional, quando bem trabalhada desde a formação inicial e amadurecida ao longo da caminhada de formação permanente, gera espírito de pertença e compromisso com o Carisma assumido. Torna a pessoa humanamente integrada, emocionalmente feliz e espiritualmente forte diante dos desafios da missão. Isso ajuda a ter uma vida vocacional consistente, plena de sentido e ávida do desejo de “perder a vida para ganhá-la” (Mc 8) em resposta ao amor gratuito de Deus que não deixa inacabada a obra que iniciou (Sl 139) e nem retira seu espírito de quem a Ele se confia (Sl 51). Para refletir: Minha opção vocacional tem por base motivos de fé ou razões meramente humanas? Quem estou colocando no centro: Eu ou o Reino? Que razões sustentam minha vida fraterna e missionária? Que motivações sustentam, hoje, minha opção vocacional? São as mesmas motivações pelas quais um dia eu saí de casa? O que mudou? O que foi possível amadurecer/ressignificar? O que estou fazendo para que minha opção vocacional seja sempre mais madura e consistente? Quem está me ajudando a ser mais madura e comprometida? Ir. Miria Bordin 18 Tecendo novas relações “ TECENDO NOVAS RELAÇÕES “ é uma nova página do ARAUTO que visa ajudar-nos no aprimoramento de nossas relações fraternas, como discípulas Missionárias de JESUS. Assumimos as opções do Capítulo Provincial em nossos planejamentos fraternos, onde “as relações marcarão o itinerário nestes cinco anos, para ir transformando nossa vida, nossas fraternidades, nossos locais de trabalho, em lugares de salvação”. Para essa primeira reflexão, busco em nossos Fundadores a inspiração e as luzes necessárias para manter-nos em fidelidade ao que nos comprometemos. São Francisco e Santa Maria Bernarda foram “mestres” na vivência das relações com Deus, consigo mesmos, com as demais pessoas, com a Criação e com os bens materiais. São Francisco parte de duas interrogantes que são fundamentais: Quem és Tu, Senhor?... Quem sou eu?... Na busca de respostas a estas interrogantes, se tornou o homem especialista nas relações com todos e todas, criando a fraternidade universal.São Francisco insiste “Façam tudo de tal modo que o amor a Deus e a todos os irmãos e irmãs brilhe pelas suas obras”. Nossa Fundadora, mulher simples, porém, profunda conhecedora da psique humana, aponta o coração amoroso de Deus Trino, como fonte de amadurecimento humano e espiritual e insiste: 19 “O amor recíproco é nossa grande obrigação, porque desde o começo fomos amadas e somos objeto de ETERNO AMOR” e aponta a vivência do amor, com a prática de pequenos atos de caridade, como meio, por excelência, para melhorar nossas relações conosco mesmas, com as demais Irmãs e pessoas com quem nos encontramos no dia a dia. Madre Bernarda se antecipou a certos psicólogos de hoje que insistem “... só a vivência do amor cura nossas feridas e problemas e por isso não devemos cansar-nos de amar...” Madre Bernarda entendeu muito bem essa verdade e em suas palavras insiste na prática do amor, com gestos concretos. Vejamos o que ela nos ensina: “Fomentai a caridade, respeitai-vos umas às outras e sede cultas. Prestai vossos serviços com toda a amabilidade. Recolhei, diariamente, o néctar do AMOR. Irmãs, amemo-nos de verdade, para tornar-nos dignas do amor d’Aquele que nos amou primeiro. Uma coisa desejo que floresça em todas as nossas fraternidades: Um sincero e cordial relacionamento. “ O amor a Deus em Jesus, supõe amor às pessoas; amar e praticar a caridade é tarefa que exige não ofender ( Mt. 5,22), ser autêntica ( Mt. 5,24), fazer o bem ( Mt 5,44), não julgar ( Mt. 7,1) voltar-se aos pobres, enfermos, famintos, crianças, viúvas...( Mt.25,31-46). Jesus exige uma vida que gire toda ela em torno do amor. Essa tarefa é, acima de tudo, a prática da CARIDADE: “Amemo-nos não só de palavras, mas com obras e de verdade.” (1Jo 3,18). 20 Tornamos-nos um “lugar de salvação” para todos e todas, quando nos reencontramos no dinamismo do amor, quando conseguimos fazer da caridade o traço marcante em nossos relacionamentos e em nossa missão. Nosso testemunho de vida de caridade nos exige: Colocar a CARIDADE no centro de nossas vidas, a exemplo de Jesus que “passou pelo mundo fazendo o bem”. (Atos 10,38) Fazer do AMOR o núcleo de nossa própria pessoa e o valor dominante que impulsione todo nosso atuar. Promover uma espiritualidade da CARIDADE. Que bonito se hoje, em nossos relacionamentos, pudéssemos guiar-nos pelo princípio da caridade e ter presente: “O que manda a CARIDADE? Assim se multiplicariam testemunhos de vivencia do amor, do respeito mútuo, da compreensão e da misericórdia. Iniciar uma nova etapa na prática da CARIDADE, onde queremos colocar o amor no horizonte de tudo o que sentimos, pensamos, dizemos, falamos e atuamos. Praticar a solidariedade e a misericórdia como expressão privilegiada do amor. O testemunho da vida de caridade, do amor mútuo é o que mais converte e leva às pessoas se acercarem mais de Deus. É o melhor anúncio do Evangelho e fermento de fé. Queridas Irmãs, termino esta reflexão com a súplica que nos faz nossa amada Fundadora: “Todas juntas façamos uma verdadeira iniciação na Escola da CARIDADE”. Ir. Estelitta Tonial 21 Mau humor crônico é doença e exige tratamento Mau humor pode ser doença e grave! Um transtorno mental, que se manifesta por meio de uma rabugice que parece eterna. Distimia é o nome dessa doença. Reconhecida pela medicina nos anos 80, é uma forma crônica de depressão, com sintomas mais leves. Enquanto a pessoa com depressão grave fica paralisada, quem tem distimia continua tocando a vida, mas está sempre reclamando: "Oh dia! Oh céu! Oh vida”! O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e não sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas param diante da resolução. O distímico reclama até se ganha na loteria. Não fica feliz, porque começa a pensar em coisas negativas, como adoecer, ir mal nos negócios, ou não saber fazer as coisas. Se você conhece alguém assim, abra os olhos da pessoa, porque raramente o distímico pede ajuda. Ele não se enxerga. Para a maioria dos pacientes, o mau humor constante é um traço de sua personalidade. A desculpa pela rabugice recai sempre no ambiente e nas pessoas ao seu redor. Esse transtorno mental atinge, pelo menos, 180 milhões de pessoas no mundo, que, quando não tratadas, tendem a se isolar. A doença não deve ser subestimada, pois o portador corre um risco 30% maior de desenvolver quadros depressivos graves. Sem contar que também pode levar as pessoas ao consumo de álcool, drogas, ou compensação na comida, pois elas se iludem achando que assim acabam com a irritação. O mau humor é herdado e, em geral, manifesta-se na adolescência, desencadeado por um acontecimento 22 marcante. Porém, como essa fase da vida já é, de modo geral, conturbada, há dificuldade de identificar a doença. Aliás, quem tem distimia costuma procurar ajuda só quando ela já evoluiu para um quadro depressivo grave. O desconhecimento prevalece nos primeiros anos. Essas pessoas aprendem a funcionar irritadas. Acham que, por ser um traço de personalidade, o problema é imutável. Um erro freqüente. O mau humor patológico não precisa ser eterno. Poucos sabem que a distimia pode ser tratada com a ajuda de medicamentos antidepressivos associados à terapia, cuja base é a psicologia cognitiva. A terapia leva o paciente a vivenciar suas aflições. O objetivo é ensinar uma nova forma de pensamento. O mais importante é que a pessoa reconheça ser portadora dessa anomalia (o que requer uma grande dose de humildade, de disciplina e força de vontade, elementos escassos no distímico) e querer sair da situação em que se encontra, buscando a ajuda e os meios necessários para tanto. Maneiras de identificar um distímico: 1) Como são as pessoas distímicas? Melancólicas, depressivas desde a infância ou adolescência. O baixo astral, pessimistas, reclamonas, encucadas. Perfeccionistas, sem tolerância imperfeições dos outros. para as Com auto estima baixa e auto crítica alta. Dificuldade para confraternizarem. O desenvolvimento profissional pode ser prejudicado pela dificuldade de relacionamento com colegas. 23 2) Desenvolvimento: Geralmente as distímicas absorvem estímulos negativos no trabalho, nas atividades sociais, nos relacionamentos. Isso reforça sua visão negativa do mundo. Sucesso atrai sucesso, dinheiro atrai dinheiro, poder atrai poder, sorte atrai sorte, beleza atrai beleza, distimia atrai isolamento social, rejeição, falta de convites (os normais esquivam-se de conviver com eles), etc. Quanto mais cedo a distimia começar, mais vai prejudicar os relacionamentos. 3) Associação com outras doenças: Quase todas as pessoas distímicas irão ter fases de depressão mais fortes do que a distimia habitual (depressão dupla). Geralmente o tratamento dessas fases depressivas muda o humor dos pacientes para um nível melhor do que o humor distímico anterior. Ataques ou síndrome do pânico. Obsessividade, perfeccionismo. Cefaléias e enxaquecas. Tensão pré menstrual. Prisão de ventre. Sazonalidade, isto é, piora com tempo cinza, chuvoso, sem sol. Quando a distimia for tratada, provavelmente as outras doenças irão melhorar “por tabela”. 4) Causas: Relações familiares complicadas na infância. Separação dos pais. Orfandade cedo. Pais muito bravos, agressivos, distímicos. Famílias com maior incidência de Depressão, Pânico, ou outros distúrbios. 24 Famílias com transtornos de personalidade, alcoolismo, drogas. Doenças incapacitantes e limitações físicas como cegueira, surdez, amputações, lesões de medula, dificuldades de locomoção. Reações duradouras provocadas por stress pós traumático. 5) Tratamento: As pessoas distímicos não gostam de remédios, mas o tratamento com antidepressivos melhora vida deles, de seus amigos e familiares. A Psicoterapia (mais medicação) é mais importante do que na depressão. A combinação da psicoterapia, medicação, banhos de sol, exercícios físicos e lazer é muito positiva 7) Tem Cura? Sim. Por dois motivos? 1) A medicação funciona bem e não tem problema em toma-la muitos meses. 2) A distimia é um círculo vicioso: melancolia espírito reclamação atitudes reclamonas isolamento social resultado negativo baixo astral depressão. 3) A melhora, com a medicação e a terapia provoca um círculo virtuoso: melhor astral menos reclamações menos isolamento situações de vida melhores resultados positivos estímulo para uma vida mais pazeirosa. Com o tempo a pessoa começa a funcionar de modo mais alegre e pode ficar sem o remédio. Ir. Lourdes Tosati 25 Pastoral Educativa “Fazei da educação uma arte sagrada. Esforçai-vos para cultivar, nos educandos, sentimentos cristãos e reforçai-vos com repetidos ensinamentos. Tende, em vossas escolas, um grande zelo espiritual pelas pessoas a vós confiadas” . Santa Maria Bernarda Nós, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, temos como Missão levar adiante a proposta educativa, os princípios básicos e as linhas gerais que norteiam a práxis pedagógica. Procuramos manter viva a utopia de São Francisco de Assis e de Santa Maria Bernarda Bütler: o respeito e a valorização da vida como Dom precioso do Criador. Temos documentados os “Princípios e Linhas Gerais da Pastoral Educativa”, elaborados no ano 2000, fruto de uma busca de muitos anos de estudos e aprofundamentos das irmãs educadoras. Estes têm a finalidade de auxiliar a caminhada, sendo uma luz, um horizonte do ideal educativo, a fim de vivenciar uma educação inspirada no Evangelho. Nota-se, atualmente, uma crescente valorização da educação. Já não se percebe que o espaço escolar é o único meio para viabilizar o conhecimento. Há muitos programas socioeducativos (culturais, de assistência social, esportivos, ambientais, de inclusão digital, entre outros) que objetivam proporcionar uma ampliação do universo escolar. Tanto quem trabalha com a educação na Instituição Escolar ou fora dela, têm muitas preocupações. Uma delas é a questão dos relacionamentos. Entendemos que, se não somos capazes de renunciar a alguma coisa e aceitar o que o outro diz, se não formos capazes de 26 também dizer algumas coisas para os outros, numa atitude de diálogo, não criaremos um mundo habitável. E uma das tarefas da educação é justamente essa: criar um mundo habitável. Não podemos olhar o outro numa dimensão de dominação. Se não dermos oportunidade para todos, isso vai se voltar contra nós. A vida existe para ser uma promoção da outra vida, não para ser uma ameaça. A educação precisa ter este papel de valorizar a vida, de construir valores para despertar a consciência do ser humano. É preciso ouvir as pessoas, seus medos, necessidades e sonhos. A educação precisa ajudar o ser humano a descobrir o que está fazendo aqui, qual o seu papel no mundo. Outra questão fundamental é a ética do cuidado. Tudo aquilo que cuidamos dura mais. Se eu não cuido bem da minha vida, também não estou cuidando bem da vida do outro. E se eu não cuido bem da vida do outro, também não estou cuidando da minha vida. É importante criarmos uma reflexão nova, uma educação nova: a do cuidar-se. Se não cuidamos da natureza, da vida, como estamos sentindo, teremos sérios problemas. Urge compreender que, pela educação, há maior possibilidade de mudança social e cultural, uma vez que ela é portadora de um processo pelo qual o ser humano passa a ser capaz de se descobrir como sujeito de direitos e deveres. Vivemos em uma sociedade com muitas ameaças. A educação deve responder proativamente a esta realidade. É necessário continuar implementando os programas e projetos existentes, buscando o envolvimento e a responsabilidade de toda a sociedade. Continuar, também, capacitando pessoas para atuar em conjunto, investindo na formação continuada dos educadores, otimizar 27 forças e reduzir fraquezas. Integrar a cultura local e ter compromissos com metas afins para atingir melhores resultados em vista do bem comum. Sabemos que, enquanto Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, este campo de missão é bastante amplo e com muitas exigências. Neste ano de 2011, o Colégio São José, continua tendo como tema referencial: “Educando Gerações” e a Escola Cristo Rei tem como tema gerador: “Aprendendo a cuidar da Vida”. Também há irmãs atuando em Escolas Estaduais e em Projetos Sociais. Acreditamos assim, que é possível ajudar com empenho, criatividade e dedicação a construir uma sociedade mais humana. Supõe, em princípio, amor, desprendimento, doçura, firmeza, paciência e decisão imprimindo em cada ação o jeito franciscano de educar. Irmã Vera Coutinho Escola Cristo Rei - Marau Colégio São José - Erechim 28 Juventude “Falar de juventude é falar de amor, de um Deus que a ama e a quer perto de Si, que caminha quotidianamente ao seu lado”. É indispensável falar e escutar a juventude. É preciso abrir caminho ao protagonismo juvenil na Igreja e porque não dizer na Vida Religiosa e na província, como “condição de seu futuro”. Se o capitalismo disputa os jovens com tanto cinismo e hipocrisia, mas também com imensos recursos, qual deve ser o investimento necessário da Igreja e de nossa província em seu trabalho com as juventudes neste momento estratégico em que buscamos acertar em nossa metodologia de trabalho? É neste sentido que a Pastoral Juvenil de nossa província vem caminhando: buscando concretamente aproximar a Vida Religiosa das juventudes. Padre Hilário Dick nos diz que o jovem é o “sacramento da novidade”, acredito que esta não é uma simples frase de efeito. É algo que vai além de faixa etária ou de um simples estado biológico. O jovem é como o profeta Isaías, dizendo coisas novas... E como diz o profeta: “As primeiras coisas já aconteceram: coisas novas é que eu agora anuncio: antes que elas comecem, eu as comunico a vocês” (Is 42,9). A juventude não só recebe as coisas da realidade, mas tem a missão de fazer, na realidade “recebida”, sua própria vida. Encara a “novidade” de modo diferente. Pode-se dizer que a novidade mora no jovem. 29 Deus, assim como o jovem, é da novidade. O que ele oferece é um novo céu e uma nova terra (Is 66,22). Assim, diz o profeta, durarão o povo e o nome de vocês. Os “adultos” que tiverem medo ou rejeitarem essa novidade, “serão um horror para o mundo inteiro” (Is 66,24). A aliança que Deus fez com o seu povo é uma nova aliança. Segundo a CRB Nacional, “a visão que temos sobre os jovens depende do olhar que lançamos sobre eles, das conversas que temos com eles e daquilo que construímos na relação com eles também”. Isto nos desafia a nos perguntar: O que eu vejo na juventude? O que eu escuto da juventude e sobre a juventude? O que eu falo sobre a juventude? O que eu sinto pela juventude? O que eu faço pela juventude? É importantíssimo ouvir os jovens, conhecer seus anseios, dúvidas, medos, confusões... Não como quem somente ensina, mas, sobretudo como quem também pode e quer aprender. O projeto do CELAM nos convoca a um caminho de conversão converter-se e comover-se em prol da causa da juventude. Esta é a luta da Pastoral Juvenil e Vocacional da província. Em cada localidade onde estamos inseridas somos convidadas a assumir esta causa, aderir a esta luta! Ir. Francisca Maria Rodrigues 30 Ecos da Missão: Vinte e seis anos de luta no bairro Progresso O Bairro Progresso situado na zona sul da cidade de Erechim – RS, na esperança de progredir, nome sugestivo do bairro, no ano de 1983, acolhia muitas famílias as famílias e crescia sem nenhum planejamento, a população era de 12.000 habitantes. Com isso, aumentavam os problemas e a exclusão social. As Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, ouvindo o apelo missionário deste contexto desafiador e atendendo ao Carisma: “Revelar a todas as pessoas o amor misericordiosos de Deus Uno e Trino pelas obras de misericórdia”, chegaram, para morar no Bairro Progresso dia 22 de fevereiro de 1985. Foram pioneiras: Ir. Evanir Teresinha Barancelli, Ir. Zelinda Onghero e Ir. Júlia Pasterchak. A princípio, o bairro não tinha linha de ônibus e nenhum carro, tudo era feito a pé até o centro da cidade e em todo o bairro. Por este motivo o fusca azul vindo da fraternidade de Severiano foi recebido com muita alegria pelas Irmãs. Como era o único veículo do bairro, levou muitos doentes, idosos, gestantes, acidentados e crianças ao hospital. As Irmãs investiram em um trabalho de evangelização, visita de famílias, formação de lideranças, catequese e liturgia. Realizavam celebrações dominicais e velórios. No início não havia igreja, as celebrações eram feitas no salão dos Vicentinos, embaixo de uma árvore, nas casas das famílias ou na casa das Irmãs, o importante era encontrar-se para celebrar. 31 Para atender novas urgências, a desnutrição e a mortalidade infantil, as irmãs introduziram a pastoral da criança, onde eram visitadas as famílias, pesadas e atendidas um grande número de crianças. Depois veio a pastoral operária, uma organização dos operários e mais tarde em parceria com os agricultores de Aratiba/RS criou-se a “comercialização direta”, de produtos agrícolas, a preço mais acessível, sem a interferência de terceiros. Um grande trabalho foi realizado na formação de grupos de famílias para estudos bíblicos, grupos de mulheres para a confecção de trabalhos manuais, pinturas, crochê, sabão, tricô, costura e culinária. Desenvolveram muitos projetos, entre eles a horta caseira, para medicação natural na área da saúde alternativa, alimentação familiar, e na área da educação infantil, parceria com as Irmãs Agostinianas e mais tarde o Colégio São José. Passaram pela fraternidade muitas Irmãs, com grande espírito missionário, com amor doação e esperança; marcaram a vida desse povo. Vale lembrar que a fraternidade sempre recebeu jovens, auxiliando assim na formação de várias vocacionadas. Hoje o Bairro Progresso conta com mais de 17.000 habitantes. Com um jeito novo de ser Igreja, a paróquia São Francisco de Assis, trabalha em rede de comunidades: Nossa Senhora Aparecida, Santa Clara, Cristo Rei, Santa Helena, Jesus Bom Pastor e Nossa Senhora da Saúde. Desde 2005 a Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência, são parceiros na missão de evangelizar o povo desse bairro que não se limita mais ao seu antigo espaço, cresceu e agregou muitos novos bairros: Bairro Pitit Village, Poletto, Santa Helena, Cristo Rei, São José, Vitória e outros. 32 A proliferação de Seitas fez surgir 48 Igrejas não Católicas, dificultando a participação nas comunidades, diante da instabilidade de crença do povo. Faz-se necessário um trabalho pastoral que contemple a evangelização e a vida em comunidade. Diante dos inúmeros desafios, atualmente, a Prefeitura e Organizações não Governamentais – ONGs, trabalham em parceria no bairro, investindo em todas as áreas sociais. Com essas iniciativas, hoje os diminuíram os índices de violência, mortes infantis, pobreza e desigualdade social. Irmã Terezinha Facco, além de responder pela Pastoral da criança, faz parte do Conselho Social do Município, participando dos diversos projetos que envolvem a Assistência Social, Conselho Tutelar, Bolsa Família, Fome Zero, Programa da Infância Menor, Programa, de Erradicação do Trabalho Infantil e outros. Pastoralmente, a fraternidade atual: Ir. Vera Lúcia Pereira da Silva, Ir. Zelinda Onghero e Ir. Elis Cristina Mohr atuam na catequese, no trabalho com jovens, Infância Missionária, formação das gestantes, pastoral do batismo, dos enfermos, ministros, capelinhas, visitação das famílias, educação de jovens, adolescentes e crianças, cuidado de idosos, orientação e fabricação de essências fitoterápicos na pastoral da saúde. Nestes 26 anos no bairro Progresso, houve sempre um grande esforço das Irmãs na evangelização e formação de lideranças. É um eterno iniciar, diante do êxodo das famílias. Com grande alegria louvamos e agradecemos a Deus por todo bem realizado sobre o olhar protetor de Nossa Senhora Aparecida. Ir. Zelinda Onghero 33 São Francisco de Assis – Patrono da Ecologia Os 10 Mandamentos do Amigo do Planeta 1. Cuide da natureza Na criação todos os modos de vida se encontram interligados: o ar, as águas, as florestas e matas, os animais e o ser humano, conjunto que se denomina biodiversidade. Uma mata cortada implica em sofrimento para as criaturas e coopera para o desequilíbrio do clima. Uma espécie de peixe ou de um animal que se extingue, implica em danos para toda uma cadeia, ou seja, faz pesar sobre outros seres, sobretudo de milhões de seres humanos que já estão com dificuldade para obter água potável e extrair da terra o sustento. 2. Poupe Água e Energia A água que você usa não sai da parede. Ela vem de algum rio ou manancial. Os rios estão sendo agredidos pela poluição e pelo desmatamento, o que torna a água potável cada vez menos disponível, e eleva o custo de seu tratamento. Poupe água. Não suje a água que você não necessita. Feche o chuveiro enquanto se ensaboa. Feche a torneira enquanto escova os den tes. Recolha água da chuva para aquários, plantas e lavar calçadas. Quanto à energia, existe a elétrica ou então vem de fontes como gás, petróleo, lenha e 34 carvão. Elas vão escassear cada vez mais e algumas não são renováveis, como o petróleo. 3. Evite o Consumismo Evite consumir além do necessário. Adquira o indispensável em alimentos, objetos, roupas, brinquedos... As lojas e supermercados estão cheios de inutilidades que só fazem gastar mais e mais recursos naturais na fabricação. Reflita antes de comprar. Rejeite produtos descartáveis, como copos, garrafas e outros. Além de poluírem e aumentarem o volume de lixo, também apressam o esgotamento dos recursos naturais. Reutilize as sacolas de compra. Prefira alimentos naturais, evitando enlatados, empacotados, refrigerantes. Os alimentos industrializados, além de mais caros e menos nutritivos, podem prejudicar a saúde. 4. Proteja os Animais e as Plantas Os animais e as plantas são seres vivos como você e tem tanto direito à vida, à liberdade e ao bem estar quanto nós. Embora você não perceba, sua vida está interligada com a de todos os outros seres. É essa interligação que forma a “teia da vida” que garante a sobrevivência de todos. Por ter perdido esta noção, nossa espécie vem causando tanto prejuízo e poluição à natureza, com conseqüências cada vez mais graves para a nossa qualidade de vida. Os seres humanos são os únicos com a capacidade de modificar em profundidade seu meio ambiente. Nós temos usado essa capacidade para piorar as coisas. Agora precisamos fazer o contrário, para nossa própria sobrevivência. 5. Defenda as Árvores Para fabricar papel é preciso cortar árvores, logo, poupar papel é uma forma de defender as árvores. Utilize os dois lados da folha de papel. Recicle o papel, fabricando novo papel a partir do papel 35 usado. Outra forma de ajudar a natureza é defender as árvores existentes e plantar novas árvores. Adote uma árvore e cuide dela com carinho e respeito. 6. Evite Poluir Seu Meio Ambiente Use o menos possível o automóvel, ele provoca poluição do ar e colabora para o aquecimento global. Sempre que possível, programe suas saídas de forma coletiva. Acostume-se a ouvir música sem aumentar muito o volume do som. Som alto provoca poluição sonora. Reveja seu dia a dia e tome as atitudes ecológicas que julgar mais corretas e adequadas para você, respeitando as pessoas e a natureza. Não espere que alguém venha fazer isso por você. Faça você mesmo. 7. Faça Coleta Seletiva do Lixo É horrível quando a gente vê alguém jogando lixo no chão. As ruas, praças e locais públicos pertencem a todos. O lixo espalhado, além de atrair ratos, moscas, mosquitos, cria um aspecto horrível de poluição em seu ambiente. Para limpar, custa muito dinheiro de impostos, dinheiro que podia estar sendo usado para saúde, educação e outras obras. Um amigo do planeta coloca o lixo nos locais apropriados, ou guarda no bolso e depois coloca na lixeira. É muito fácil fazer a coleta seletiva do lixo seco e molhado: inorgânico: papel, plástico, metal, vidro... orgânico: restos de comida, cascas de frutas. É só se educar e colocar duas vasilhas diferentes ao lado da pia da cozinha e um lugar para depositar o lixo seco, até alcançar um volume que permita sua venda ou doação. Assim, você contribui para poupar recursos naturais, diminuir a poluição e assegurar a vida no planeta. 8- Use Biodegradáveis Existem certos produtos de limpeza que não se degradam na natureza, como sabões, detergentes etc. 36 Procure certificar-se, ao comprar estes produtos de que são biodegradáveis. Evite o uso de venenos e inseticidas. Uma casa limpa é suficiente para afastar insetos e ratos. Os inseticidas são altamente nocivos para o meio ambiente e para a saúde das pessoas. Leve sua sacola de pano para as compras no supermercado. 9. Conheça Mais a Natureza Estude e leia mais sobre a natureza, mesmo que não seja tarefa da escola. Procure conhecer a vida de São Francisco de Assis, o porquê dele ser considerado no mundo inteiro, patrono da ecologia. Tenha em casa livros, revistas, documentários... que abordem assuntos de animais, plantas, natureza. Procure no dicionário palavras como saúde do trabalhador, reciclagem, reaproveitamento, habitat, biodegradáveis, biodiversidade, aquecimento global e ecologia. Quanto mais você souber, melhor poderá agir em defesa da natureza. 10. Participe Dessa Luta Não adianta você ficar só estudando e conhecendo mais sobre a natureza. É necessário combinar estudo e reflexão com ação. Você pode agir sozinho procurando políticos, a imprensa e grupos, para denunciar ou protestar contra os abusos, poluições, depredações. Também precisa agir em grupo, formando Clubes de Amigos do Planeta, na escola, na Igreja, nas organizações sociais. Quando estamos unidos, somos mais fortes e capazes de encontrar soluções para enfrentar os problemas ambientais. (Fonte: Subsídios CF/2011) Ir. Nilva Brugnera 37 Na relação com os bens, a busca pela simplicidade A vitalidade e fecundidade de nossa vida religiosa dependem, em grande parte, do modo como vivemos nossa pobreza evangélica. Na relação com os bens, a busca pela simplicidade nos leva a uma atitude de pessoa sábia, livre e solidária. As coisas são um livre instrumento. Quando as buscamos como realidade única, entramos num caminho que desemboca numa autêntica dependência e num verdadeiro materialismo. A opção pela simplicidade traz abundantes frutos, como a austeridade, o respeito pela terra e a recuperação do sentido ecológico. Ortega e Gasset afirmam que Francisco de Assis necessitava poucas coisas e as poucas coisas que necessitava as necessitava pouco. Vivia com simplicidade e austeridade. As coisas são úteis. Servem para. E como tudo, o útil se busca porque se necessita. Está presente em nossas decisões, porém, às vezes, gera avareza. A simplicidade chama simplicidade e felicidade. A história a seguir, reflete isto: Um homem rico e empreendedor se horrorizou quando viu um pescador tranquilamente recostado junto a sua barca contemplando o mar e lendo calmamente um pequeno livro, depois de ter vendido o peixe. - Por que não foi pescar? Perguntou o homem empreendedor. - Porque pesquei bastante hoje, respondeu o pescador. - Por que não pescas mais do que necessitas? Insistiu o industrial. 38 - E o que iria fazer com isso? Perguntou o pescador, por sua vez. - Ganharias mais dinheiro – foi a resposta – e poderias por um motor novo e mais potente na tua barca; poderias ir às águas mais profundas e pescar mais peixes. Ganharias o suficiente para comprar redes novas, com as quais tirarias mais peixes. Logo ganharias para ter duas barcas e depois uma frota. Comprarias outro carro e outra casa. Então serias rico e poderoso como eu. - E o que faria então? - Perguntou o pescador. - Poderias sentar-se, comer e viver bem, desfrutar a vida, respondeu o homem empreendedor. - E o que tu crês que estou fazendo neste preciso momento? – respondeu o aprazível pescador. Buscar para si mesmo os bens é uma forma de assenhorar-se da riqueza, e com isso, perder a liberdade. Para que a relação com o dinheiro e os bens ajude no nosso crescimento espiritual é importante que o dinheiro seja meio, seja coisa, seja instrumento e, como tal, o ordenemos aos objetivos de grande valor e às grandes causas. Assim procede a pessoa sábia. Ela sabe ordenar e atuar responsavelmente. Crescer na simplicidade como estilo de vida supõe capacidade para estabelecer uma ordem do que se necessita e do que se pode adquirir. Não basta afirmar, desde uma perspectiva cristã, que as coisas não são um fim. É necessário um proceder adequado no dia a dia e usá-lo para que seja aplicado às realidades em si mesmas muito valiosas O sábio vive no mundo com responsabilidade diante das coisas, e por isso, as cuida e as administra, porém não se submete a elas, nem se deixa apossar por elas. É livre! Sabe que recebeu a gestão de um bem ou bens e deve administrá-los, fazê-los produzir diligentemente. 39 Este é um convite à simplicidade, à solidariedade e à confiança no Senhor que não vem só do Evangelho. Também os lideres de partidos materialistas e marxistas assim o reconhecem, pois a austeridade comporta um novo quadro de valores: rigor, eficácia, seriedade, justiça. Uma política de austeridade e de rigor é uma necessidade indesculpável para todos; igualmente é a alavanca com que temos de impulsionar a grande luta pela transformação geral da sociedade ou das ideias sobre as quais a mesma está edificada. (Fron E the Psycolgical. Double Day, NY, p. 112). Se a este desafio não dermos uma resposta radicalmente evangélica, a vocação religiosa perde boa parte de sua razão de ser. Porém, se a este desafio respondemos com a profundidade e a energia que Cristo e alguns jovens esperam, produzir-se-á um exuberante crescimento e florescimento da vida religiosa. Toda essa reflexão em torno da economia nos leva a fazermos algumas perguntas: O que significa, para mim, simplicidade de vida? Que coisas supérfluas eu tenho? Estou disposta a partilhá-las? Quando digo que quero privar-me de algo para ajudar os pobres, de que me desprendo? Precisamos com urgência retornar aos fundamentos da espiritualidade evangélica. Só ali nos proveremos da energia espiritual indispensável para sentirmos inspiradas, lançadas e revigoradas pela força do Espírito. E este, é o único capaz de nos ajudar a sairmos vitoriosas do choque frontal com as forças do egoísmo organizado numa rede de poder e de ter que aprisiona o mundo inteiro e a nós mesmos. Texto “Uma economia para a missão”, de José Maria Arnaiz, SM – Revista Testimonio. Tradução: Ir. Rainéria Busato. Ir. Nilva Benincá 40 Notícias Irmãs jubilares em 2011 80 ANOS 75 ANOS Ir. Catarina Momo Ir. Maria Olga Teobald Ir. Lucila Beber 60 ANOS Ir. Dileta Busato Ir. Idalina A. Bevilaqua Ir. Lucrécia Donzelli Ir. Maria Mathilde Larcher Ir. Odete Vieira 50 ANOS Ir. Célia Miotto Ir. Ester Lunardi Ir. Gertrudes Ecco Ir. Irilde Dutra Ir. Gislena Ziliotto Ir. Italina Trentin Ir. Josélia Mocelini Ir. Maria Benincá Ir. Neiva Secco r. Lourdes Covatti Ir. Lidia R. Dalmagro 41 Centenário em 2011 Centenário da nossa presença no Brasil: Irmã Maris Stela Bannach – 100 anos de vida, 77 anos na Congregação, dedicados com grande responsabilidade, amor, doação, entrega e serviço às Irmãs e às obras da Província e Congregação. Mais uma pedagoga na Província! Terminar um curso é estar mais capacitada para partilhar os dons recebidos de Deus. Você se dedicou, superou dificuldades e alcançou seus objetivos. Aplausos para você! Nós, suas irmãs, erguemos um hino de gratidão a Deus e pedimos suas graças e bênçãos para você e sua nova missão. “Agradeço a Deus pela Conclusão do Curso de Pedagogia, no IDEAU, Getulio Vargas, à Província pela oportunidade de crescimento profissional e às irmãs das fraternidades nas quais convivi durante o período de estudo, pela compreensão, apoio e incentivo. Estou agora colaborando na missão educativa do Colégio São José.” Ir. Cristiane Bisolo 42 Primeira Profissão Dia 08 de janeiro de 2011, junto com a comunidade marauense, na gruta Nossa Senhora de Lourdes, Irmã Manuela Moura da Silva, Irmã Christiane Souto Santiago dos Santos e Irmã Elis Cristina Mohr. Elas assumiram serem, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora. Deus abençoe a vida e missão destas nossas irmãs, as plenifique do espírito missionário de Santa Maria Bernarda Bütler, fundadora da Congregação. Parabéns! Gratidão Louvado sejas meu Senhor, pelo curso de especialização em Franciscanismo. Louvado sejas meu Senhor, pelas Irmãs das duas fraternidades, Cristo Rei de Marau e Santa Terezinha da Estação, que permitiram que nos ausentássemos durante o tempo do curso. Louvado sejas meu Senhor, pelos colegas e professores da ESTEF que nos ajudaram a buscar mais as raízes de nosso carisma, espiritualidade e missão franciscana. Louvado sejas meu Senhor, pelos dois governos provinciais, o que deixou o serviço em novembro e o que assumiu nesta data, por nos permitir realizar um desejo que estava sendo gestado há vários anos. Deus seja louvado também pela ajuda mais direta de algumas Irmãs da fraternidade e província. Louvado sejas meu Senhor, por São Francisco e Cara de Assis. A todas as Irmãs, nosso agradecimento. PAZ e BEM! Ir. Maria Anna Dalmagro Ir. Ivaldina Basso 43 A grande esperança A grande esperança está em não perder a esperança. O sol brilhando, As flores coloridas e sempre novas, Ar puro, Águas límpidas, Crianças nas ruas, crianças felizes, Idosos sorrindo para a vida, Animais amigos, Pais amando os filhos, filhos amando os pais, Humanidade acreditando... A grande esperança: Pessoas contentes com a vida, olhos contentes, vida alegre... saudando-se, olhando-se. Mãos unindo-se, ajudando-se, Palavras inofensivas, verdade respeitada, amada... A grande esperança: Terra para todos... casa para todos... Igualdade de direitos... Liberdade para ser gente. A grande esperança: Que a pessoa reconheça que é humana, limitada, frágil... Que reconheça que é uma simples criatura, que nada cria, só transforma, Que é terrena e eterna... A grande esperança: Que o ser humano reconheça que Deus é Deus, Que Deus tem um nome que deve ser amado, que é o criador, tudo converge para Ele. Ele é tudo, mesmo nada mais existindo... A grande esperança: Que a gente seja gente, Que Deus seja Deus! 44