UNIDADE: Vida e obra / Brasil SITUAÇÃO DE USO Discussão de
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UNIDADE: Vida e obra / Brasil SITUAÇÃO DE USO Discussão de
UNIDADE: Vida e obra / Brasil SITUAÇÃO DE USO Discussão de textos biográficos. MARCADORES Pessoas; Comportamento; Relações sociais. EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM - Compreender o significado do termo “biografia”. - Identificar o gênero textual biografia em seus aspectos sociais e estruturais, através de exemplos e modelo. - Ler e compreender sinopses. - Produzir texto escrito no gênero textual biografia. ATIVIDADE DE PREPARAÇÃO Observe as imagens e depois responda. Michael Jackson Albert Einstein John Lennon Princesa Diana a) Você tem alguma curiosidade sobre essas personalidades? b) Que tipos de curiosidades você tem? c) Que outras personalidades lhe despertam esse tipo de curiosidade? BLOCO DE ATIVIDADES Atividade 1: Leia os textos a seguir e responda às perguntas que o sucedem. Texto 1 biografia bi.o.gra.fi.a sf (bio+grafia) Descrição da vida de uma pessoa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=biografia>. Acesso em: abr. 2014. Texto 2 Biografia (do grego antigo: βιογραφία , de βíος - bíos, vida e γράφειν – gráphein, escrever) é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas. De um modo geral as biografias contam a vida de alguém depois de sua morte, mas na atualidade isso vem mudando. Em certos casos a biografia inclui aspectos da obra dos biografados, como por exemplo Plutarco, em suas Bíoi parálleloi (Vidas paralelas), numa abordagem muitas vezes de um ponto de vista crítico e não apenas historiográfico. Em francês o termo biographie é documentado em 1721; no inglês a palavra biography foi documentada em 1791 e na forma biographia já em 1683; em espanholbiografía e em português biografia aparecem somente na segunda metade do século XIX. Mais recentemente é comum se solicitar a biodata de pessoas que produzem trabalhos artísticos, científicos etc. Este termo remete à vida e as experiências de trabalho do biodatado, bem como a itens que revelem suas opiniões, valores, crenças e atitudes. Os dados biográficos transcritos nesta categoria contêm, por vezes, o mesmo tipo da informação que um resumo de trabalho acadêmico, podendo também incluir a descrição dos atributos físicos e fotos. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Biografia>. Acesso em: abr. 2014. Texto 3 A biografia é um gênero literário no qual podemos acompanhar a vida de uma determinada pessoa ou até de várias pessoas. Grande parte das biografias contam a vida de uma pessoa que já faleceu, porém, há diversas biografias de pessoas que ainda estão vivas. O que pode acontecer também com muita frequência é a biografia incluir trechos das obras mais importantes dos biografados. Pode ser que essa biografia inclua também aspectos críticos sobre a obra da pessoa em questão. Atualmente, virou moda publicar biografias não autorizadas dos artistas, isso dá aquele toque de proibido e de nas paginas desse livro você vai encontrar detalhes sórdidos e sombrios a respeito da pessoa em questão. Nestes casos, acontece que o biografado não autorizou a publicação de sua história. Há também um outro tipo de biografia, a autobiografia, ou seja, aqueles casos em que o biografado escreve suas própria história. Claro que nestes casos passagens negativas da vida da pessoa possam ser simplesmente postas de lado. Mas, é sempre válido ver alguém tentando contar a sua própria história.. Disponível em: < http://www.o-que-e.com/o-que-e-biografia/>. Acesso em: abr. 2014. a) A partir do que você leu nos textos 1, 2 e 3, defina, com suas próprias palavras, o termo biografia. b) A biografia só existe em função de pessoas famosas? Explique. c) Que elementos podem acompanhar a biografia de uma pessoa, além do texto escrito? Na sua opinião, o que esses elementos acrescentam à obra? d) O que, de acordo com os textos, tem sido tendência na produção de biografias? Quais as implicações dessa tendência? e) Você já leu uma obra que possa ser considerada uma biografia com base nos textos acima? Qual? Que relações a obra que você leu estabelece com as definições de biografia dos textos 1, 2 e 3? Atividade 2: A seguir, você verá as sinopses de algumas biografias publicadas como livro. Leias as sinopses e resolva as questões EXTENSÃO DA UNIDADE Leia o texto a seguir e faça o que se pede. Texto 10 O limite entre intimidade e história: Biografias e a problemática da privacidade Recentemente, na mídia nacional, o tema “biografia” tem sido alvo de discussões fervorosas e ferrenhas por pessoas do meio intelectual e artístico. O ponto central de tais discussões é o seguinte: a associação Procure Saber (liderada por artistas como Paula Lavigne, Caetano Veloso e Chico Buarque) procura um debate que visa discutir algumas limitações para a produção de biografias não autorizadas, enquanto outros intelectuais e artistas desvinculados da associação (e, por vezes, relacionados a outras, como a Academia Brasileira de Letras, por exemplo), defende a máxima da liberdade de expressão. O assunto é delicado. Exige muito raciocínio e aprofundamento não só em questões políticas nacionais, mas também econômicas e culturais. É de suma importância esclarecer e lembrar que editoras (quase sempre vinculadas com os grandes meios de comunicação, participantes de conglomerados) lucram muito com vendas de biografias, e que toda opinião e reportagem sobre o assunto – publicado por tais meios de comunicação – devem ser analisadas partindo dessa premissa, que possivelmente observa a polêmica sob um viés econômico. É no mínimo um tanto curioso toda essa balbúrdia acerca de biografias e vida íntima. Ainda mais quando, no Brasil, revistas e sites de fofoca rendem muito dinheiros aos envolvidos e se utilizam de fatos da vida íntima de tais pessoas para que isso ocorra. É engraçado constatar que a biografia, talvez por ser publicada em um meio que terá um processo de produção e, consequentemente, um preço elevado, tenha alguns de seus detalhes considerados invasões ao privado e que serão levados mais a sério por estarem em um meio um tanto mais intelectual do que o que a grande massa dispõe a seu alcance. A associação Procure Saber foi criada por “um grupo de autores, artistas e pessoas ligadas à música, dedicado a estudar e informar os interessados e a população em geral sobre regras, leis e funcionamento da indústria da música no Brasil”, segundo a própria associação em sua descrição na página oficial do grupo na rede social Facebook. Especialmente sobre as biografias, o Procure Saber almeja a viabilização de um debate sobre a publicação de biografias não autorizadas, ou seja, relatos biográficos que são produzidos sem a autorização daquele de quem se fala. Segundo Paula Lavigne, presidente do grupo, em artigo para o jornal Folha de São Paulo, “Existe, sim, um conflito que precisa ser mitigado. Existe a necessidade de se definir o que vem a ser “pessoa notória” ou “pessoa pública”, e até onde o direito de informar pode invadir a vida pessoal, a intimidade (adjetivada pela Constituição Federal como INVIOLÁVEL) e a privacidade dessa pessoa e de sua família.” A vida privada, quase sempre em consenso geral, é preservada a sete chaves em nosso cotidiano. Goethe, citado por Nietzsche em “Segunda consideração intempestiva”, diz que “ a história tomada como um precioso supérfluo e luxo do conhecimento deveriam ser verdadeiramente odiosos para nós – na medida em que ainda nos falta o mais necessário e porque o supérfluo é o inimigo do necessário”. Talvez Paula Lavigne compartilhe dessa opinião quanto à vida privada dos biografados. O que diz respeito a nossas rotinas não é divulgado a torto e a direito por aí, mas isso toma outra perspectiva quando tratamos de pessoas vinculadas de alguma forma a história cultural, política ou social de um país (afinal, é apenas sobre tais pessoas que se é rentável produzir uma biografia – aquelas vinculadas à fama). Fragmentos de vida cotidiana de pessoas famosas e importantes no cenário nacional são lidos pela população que pode buscar em suas vidas influências e inspirações para as suas próprias. De acordo com Peter Burke e Asa Briggs, historiadores ingleses, no livro “Uma história social da mídia”, “[...]O ataque à conduta sexual da mulher de Luís XVI, Maria Antonieta, intitulado Les amours de Carlot e de Toinette [Os amores de Carlitos e Toninha], pode ter encorajado não somente a reforma, mas também a revolução (francesa). A maneira como as famílias reais eram apresentadas na mídia pode ter tido consequências políticas de longo alcance.[...]”. A intimidade revelada, nesse caso, expôs Maria Antonieta de uma forma que ainda hoje seria escandaloso, principalmente por tratar de suas condutas sexuais. Porém, não se pode negar que a exposição de retratos da família real (família esta que já não cumpria com seus deveres e obrigações para com o povo) adicionou ao espírito da sociedade francesa uma confirmação do caráter das pessoas que os reinavam – e que foi imprescindível para a revolução popular. A situação, hoje em dia, pode parecer absurda. Mas numa contemporaneidade em que os meios de comunicação abusam de personalidades públicas para a consolidação de suas ideologias, qualquer material para abrir os olhos do telespectador é uma ajuda bem-vinda. Flora Sussekind, em seu livro Literatura e Vida Literária, aponta que a biografia foi um dos meios para os escritores burlarem a censura na época da ditadura militar. “Caberia perguntar, em suma, por que a vitória das parábolas, biografias e do naturalismo em detrimento de uma literatura que jogasse mais com a elipse e com o chiste? [...] Imagina-se que essas seriam as únicas saídas possíveis tendo em vista o rigor da censura.” Ponto para a liberdade de expressão. Outro caso que pode ser citado é o da poetisa Anne Stevenson, responsável pela biografia da também poetisa norte-americana Sylvia Plath, em 1989. Anne, por conhecer alguém que se relacionava intimamente ao marido de Sylvia, Ted Hughes, conseguiu acesso a fatos e documentos da família que alguém jamais conseguiria. Escreveu sua biografia e no processo de revisão, em que a família se apropriou do texto para lê-lo e acabou cortando muitas de suas partes – fatos relacionados ao suicídio de Sylvia e à traição de seu marido, que foram apresentados numa reformulação dando ênfase a versão do marido -, deixando Anne desgostosa com seu trabalho. Não há como dimensionar o que esses fatos podados podiam ter influenciado no leitor – na construção de suas ideias sobre a autora e sua obra, principalmente -, mas só a constatação dessa ruptura entre obra e público já soa um tanto perturbadora. É claro que ao partir desse raciocínio surgem inúmeras questões. Mas e se as informações sobre determinadas pessoas forem falsas? É aí que deveria entrar um novo planejamento do artigo do Código Civil que autoriza essas biografias livres. Assim como o escritor tem o direito de produzir o conteúdo que bem entender, o biografado deve ter o direito de contestar qualquer informação falsa a seu respeito. Isso é o que deveria ser discutido entre o grupo Procure Saber e o resto dos intelectuais, bem como o Supremo Tribunal Federal. E não a exposição de informações que, posteriormente, podem ser utilizadas até mesmo para fins históricos. Segundo Roberto Lessa, presidente da Biblioteca Nacional, em entrevista ao jornal O Globo, “Biografias [...] dão a ver suas “vítimas”, mas também o contexto no qual atuam. As melhores operam nessa chave. Restrições, portanto, não apenas escondem ou camuflam a ação individual. Elas criam barreiras ao entendimento de épocas e de tendências.” Mais do que uma intimidade exposta: uma biografia demanda e emana todo um conhecimento sobre o contexto histórico em que o personagem central vivia, o que dá ao leitor uma maior intimidade – já que o cotidiano é minuciosamente explorado em tal gênero – a uma época que ele possivelmente pode não ter vivido. E a importância da história e do conhecimento histórico não nos cabe aqui, mas pode ficar implícito com uma citação de Nietzsche, ainda em seu livro “Segundas considerações intempestivas”, quando ele diz que “A história é pertinente ao vivente em três aspectos: ela lhe é pertinente conforme ele age e aspira, preserva e venera, sofre e carece de libertação”. A nova lei que está para ser votada pelo Supremo Tribunal Federal diz o seguinte: “A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade.”¹. O professor da Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo, Eugênio Bucci, no livro “Ética e Imprensa“, diz: “A única forma de combater os excessos e as possíveis distorções da liberdade de expressão é com mais liberdade de expressão”. Esse texto deixa a Procure Saber e suas ideologias num limbo de reflexões que venham a tornar seus argumentos um tanto mais cabíveis na discussão. Talvez Nietzsche tenha algo que lhes sirva de consolo: “[...]a fama é algo mais do que a parte mais deliciosa de nosso amor-próprio, tal como Schopenhauer a denominou, ela é crença no companheirismo e na continuidade do que há de grandioso em todos os tempos, ela é um protesto contra a mudança das gerações e a perecibilidade.²”. Que vença a fama em favor da perpetuação da documentação dessas gerações para a história. Que vença a liberdade de expressão. Disponível em: <http://literatortura.com/2013/12/o-limite-entre-intimidade-e-historia-biografiase-problematica-da-privacidade/>. Acesso em: jun. 2014 1. Responda: a) Segundo o texto, que fato tem levado à discussão sobre estabelecer limites na produção de biografias? b) Qual a opinião expressa no texto sobre o assunto? Você concorda com essa opinião? Que elementos o autor utiliza para defender seu ponto de vista? c) Por que o texto cita o caso de Maria Antonieta e o de Sylvia Plath? Qual a função desses dois casos na posição da autor? d) "Mas numa contemporaneidade em que os meios de comunicação abusam de personalidades públicas para a consolidação de suas ideologias, qualquer material para abrir os olhos do telespectador é uma ajuda bemvinda." - Você concorda com esse trecho? Comente a respeito. d) Para você, por que Paula Lavigne afirma que “existe a necessidade de se definir o que vem a ser ‘pessoa notória’ ou ‘pessoa pública’”? Qual a importância dessa definição para a posição dela? e) No seu país, existe alguma polêmica envolvendo biografias? Como é a legislação sobre produção literária biográfica? A produção é livre, proibida ou restrita? 2. Encontre sentido para os termos a seguir, extraídos do texto: Máxima (em: “a máxima da liberdade de expressão”) Balbúrdia (em: “É no mínimo um tanto curioso toda essa balbúrdia acerca de biografias e vida íntima”) Mitigado (em: “um conflito que precisa ser mitigado”) Pessoa notória Pessoa pública (em: “existe a necessidade de se definir o que vem a ser ‘pessoa notória’ ou ‘pessoa pública’”) ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO Com base no que foi discutido, produza uma biografia resumida, selecionando uma das opções a seguir. A biografia de um ente querido (amigo ou familiar). OU A biografia de uma personalidade famosa no seu país, com base em informações que você possui dessa pessoa.