Sebenta de Exerc´ıcios de Macroeconomia I
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Sebenta de Exerc´ıcios de Macroeconomia I
Sebenta de Exercı́cios de Macroeconomia I Tiago Neves Sequeira Covilhã e Universidade da Beira Interior, 2007 ii Conteúdo 0.1 Prefacı́o ao Projecto “Sebentas de Macroeconomia” . . . . . . 1 Possibilidades de Produção e Custo de Oportunidade v 1 1.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2 Actividade Económica, Produção e Crescimento 5 2.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3 Mercado de Trabalho e Desemprego 5 23 3.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4 Moeda e Inflação 29 4.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5 Macroeconomia da Economia Aberta 33 5.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 5.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 6 Flutuações de Curto Prazo 39 6.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 6.2 Resoluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 iii 7 Conteúdos Pedagógicos Complementares 53 8 Definições 55 8.1 Alfabeto Grego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 9 Publicações do Autor 9.1 59 Artigos Cientı́ficos de Macroeconomia em Revistas Internacionais com Referee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 9.2 Capitulos de Macroeconomia em Livros Internacionais com Referee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 9.3 Tese de Doutoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 9.4 Outros Artigos Cientı́ficos Internacionais com Referee . . . . . 60 À Matilde In Memoriam António Neves 0.1 Prefacı́o ao Projecto “Sebentas de Macroeconomia” Estas sebentas surgem depois de 6 anos a leccionar as disciplinas de Macroeconomia na Universidade da Beira Interior, e durante o perı́odo de implementação do processo de Bolonha, como mais um instrumento de trabalho para os estudantes. Desde sempre que estas disciplinas tiveram um pendor muito baseado na resolução de exercı́cios, na tradição da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, onde o autor iniciou a sua carreira de docente e se doutorou. No entanto, este projecto pedagógico enfrentou sérias dificuldades com a baixa preparação inicial dos estudantes em matemática e com o muito referido defice de horas de trabalho do estudante português. Assim, este trabalho poderá ser útil, não só na Universidade da Beira Interior, mas em todas as escolas de economia e gestão onde se sentem estes constrangimentos. Estas sebentas surgem como instrumento para aumentar a autonomia dos estudantes para tornar as aulas práticas mais participativas e acompanhadas, podendo assim aumentar a produtividade dos estudantes e de incrementar o aprofundamento da matéria e a variedade dos casos estudados. Ela pretende ser um complemento aos cadernos de exercı́cios que contém exercı́cios para resolução individual, em 3 nı́veis distintos. O primeiro nı́vel é identico ao das sebentas. O segundo nı́vel é de uma complexidade superior e v vi CONTEÚDO o terceiro nı́vel consiste em exercı́cios que relacionam diferentes matérias. Alguns destes exercı́cios são já de niveis dois e três. A existência destas sebentas tem por objectivo permitir que os testes sejam basicamente constituidos por exercı́cios de nı́vel 3. Pretendese que, no futuro, estas sebentas possam incluir mais exercı́cios dos cadernos de exercı́cios (3 nı́veis) e que seja editada bi-anualmente, para garantir a sua actualização. Alguns dos exercı́cios são deixados como exercı́cios propostos se forem apenas repetições de anteriores. Devem ser os primeiros a ser resolvidos pelos alunos. Por outro lado, a sebenta inclui chamadas de atenção para possı́veis casos ou alterações que surgem naturalmente da resolução dos exercı́cios. Agradeço a um conjunto de pessoas que tiveram importancia crucial na elaboração deste projecto. Em primeiro lugar, à Profa Dra Ana Balcão Reis, que, no inicio da minha actividade como docente de M acro, me facultou o material pedagógico das Disciplinas de Macroeconomia da N ova, que inspiram esta sebenta. A minha orientadora de doutoramento inspirou decisivamente a minha forma de ser Professor. Em segundo lugar, agradeço às assistentes que trabalharam comigo nas disciplinas a partir de 2004, Dra Joana Costa e Dra Florbela Machado. Em terceiro lugar, aos meus alunos de Macroeconomia, que com as suas questões foram contribuindo para o melhoramento contı́nuo deste trabalho. Todos os erros remanescentes são obviamente meus e serão corrigidos à medida que forem detectados. Dada a morosidade de um trabalho como este e a concialiação com a produção cientı́fica e com elevadas cargas lectivas e administrativas, não é possı́vel apresentar as sebentas das três disciplinas de Macroeconomia todas simultaneamente. De forma a não privar os estudantes de Macroeconomia I de mais este instrumento de tra- 0.1. PREFACÍO AO PROJECTO “SEBENTAS DE MACROECONOMIA”vii balho e ser esta a unidade curricular que pelo carácter construtivo da educação terá mais efeito na educação económica do estudante, apresenta-se primeiro a Sebenta de Macroeconomia I. Esta é uma unidade curricular de Principios de Macroeconomia, onde o estudante toma o primeiro contacto com os principios da economia, sendo desenvolvidos os temas ligados com a Macroeconomia. A complexidade técnica é reduzida e o expectro de abrangência elevado. Está construida para servir alunos de Economia (como a primeira de 3 disciplinas de Macroeconomia), bem como alunos de Gestão, Marketing e Relações Internacionais (como única disciplina obrigatória de Macroeconomia). Tem como principais competências a adquirir as de (1) desenvolver a capacidade de análise macroeconomica de um pa ı́s ou região e a (2) capacidade de localização, transferência e tratamento simples de dados macroeconómicos dos principais produtores de estatı́sticas nacionais e mundiais. Os objectivos e competências especı́ficas são expostos em ficheiro anexo, exclusivamente dedicado a esse fim. Os exercı́cios aqui presentes têm diversas inspirações. A sua grande maioria são exercı́cios de testes e cadernos de exercı́cios já ministrados. Outros foram criados especificamente para a sebenta e outros ainda são inspirados no livro Principles of Economics, de Gregory Mankiw, o manual recomendado para a unidade curricular. viii CONTEÚDO Capı́tulo 1 Possibilidades de Produção e Custo de Oportunidade 1.1 Enunciados Exercı́cio 1 Existem 2 produtores de Carne e Vegetais (A e B) que distribuem 40 horas semanais na produção dos 2 bens. Em 40 horas, o produtor A pode produzir (em média) 50 kg de carne e 10 kg de vegetais e o produtor B pode produzir (em média) 2 kg de Carne e 8 Kg de Vegetais usando as mesmas horas semanais para o efeito. a) Calcule a Produtividade (Média) - em especialização completa - de cada um dos produtores. b) Qual dos produtores tem vantagem absoluta na produção de carne e vegetais? c) Calcule o Custo de Oportunidade de cada um dos produtores na produção de carne e vegetais. d) Qual dos produtores tem vantagem comparativa em cada um dos bens? e) Proponha um negócio entre os 2 produtores cujos resultados 1 2CAPÍTULO 1. POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE (em termos de consumo) seja benéfico para ambos. f ) Qual o sentido do comércio e os produtos comerciados se estes produtores trocarem os bens entre si. g) Enuncie a relação geral entre comércio e vantagem comparativa. Aplique essa relação aos conceitos de comércio internacional, importações e exportações. 1.2. RESOLUÇÕES 1.2 3 Resoluções Solução 1 a) A Produtividade Média (PMe) é a capacidade de cada um dos produtores produzir carne e vegetais numa determinada unidade de tempo (1 hora). O produtor A tem uma PMe de 1.25 Kg de Carne e 0.25 Kg de Vegetais. O Produtor B tem uma PMe de 0.05 Kg de Carne e 0.20 Kg de Vegetais. Note-se que os dados apenas permitem fazer este calculo se os produtores estiverem a produzir apenas 1 bem, i.e., em especialização completa. b) O Produtor A tem vantagem absoluta na produção de carne e vegetais porque numa hora de trabalho produz mais de qualquer um dos bens do que o produtor B, se se dedicarem exclusivamente à produção de um bem. c) O Custo de Oportunidade do bem X é a quantidade do bem Y de que tem que se abdicar para produzir uma unidade adicional do bem X. Considerando a informação disponı́vel, temos os seguintes custos de oportunidade: A B Carne 10/50=0.2 8/2=4 Vegetais 50/10=5 2/8=0.25 d) Tem vantagem comparativa o produtor que apresenta menor Custo de Oportunidade. Assim o Produtor A tem vantagem comparativa na produção de carne e o produtor B tem vantagem comparativa na produção de vegetais. e) Imagine-se o seguinte negócio: O produtor A produz 50 kg de Carne (fornece 10 kg ao produtor B) e o produtor B produz 8 kg de vegetais e em troca de 10 kg de carne o produtor B fornecelhe 4 kg de vegetais. Suponhamos que ambos os produtores, numa situação em que não existem trocas, gostam de consumir carne e vegetais e dedicam parte do seu tempo a produzir cada um dos 4CAPÍTULO 1. POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE bens. Assim, o Produtor A consome 30 Kg de Carne e 4 Kg de Vegetais e o Produtor B consome 1kg de carne e 4 kg de vegetais. Analisemos então o efeito daquele negócio no consumo dos 2 produtores: o produtor A passa a consumir 40 Kg de carne e 4 kg de vegetais. O produtor B passa a consumir 10 kg de carne e 4 kg de vegetais. Em termos de consumo de vegetais os 2 produtores estão na mesma situação, mas agora os 2 produtores podem consumir mais carne do que antes de encetarem as trocas. Logo o comércio é benefico para os 2 (ver Principio 5). f ) O Produtor A vende carne ao Produtor B em troca de vegetais que este fornece ao Produtor A. g) Os paises que detém vantagem comparativa num determinado produto vendem (ou exportam) esse(s) produtos e compram (ou importam) os bens e serviços em que não têm vantagem comparativa. Atenção! 1.1 Ver Exemplo em Mankiw, G. (2001:48-55) e detectar as diferenças com este exercı́cio. Example 1.1 Exemplo de Caso onde se aplicou o conceito de vantagem comparativa: Tratado de Metween entre Portugal e Inglaterra. Leia sobre o Tratado de Metween e aplique estes conceitos. Capı́tulo 2 Actividade Económica, Produção e Crescimento 2.1 Enunciados Exercı́cio 2 (Exercı́cio) Se a taxa de inflação for de 4% em 2002 e o crescimento nominal do PIB de 5%, qual a taxa de crescimento real do PIB? Deduza a expressão que lhe permite fazer este cálculo com o máximo de rigor possı́vel. Exercı́cio 3 Na tabela anexa, referente a 31 de Dezembro de 1995, representam-se na 1a linha as principais componentes da despesa (a preços correntes) e na 2a linha a evolução dos respectivos preços com base em 1990, para uma pequena economia fictı́cia. Milhares de Euros Índice de preços C 518 273 G 101 210 FBCF 133 285 ∆ stocks 15 277 X 109 245 M 198 296 1. Com base nestas informações, responda às seguintes questões: a) Calcule a despesa a preços correntes. b) Calcule a despesa a preços constantes. 5 6CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO c) Determine o deflator do produto. d) Diga qual a diferença entre nı́vel geral de preços e taxa de inflação. Exercı́cio 4 Em 1996, o PIB p.m. a preços constantes (em 31 de Dezembro de 1996) foi estimado em 300 mil milhões de euros, tendo esse valor sido apresentado no relatório anual do Instituto Nacional de Estatı́stica do Paı́s. No mesmo Relatório, existem valores para as taxas de crescimento (em 1996) do stock de capital (4%), do emprego (5%), para a população em 1995 (1000), para a população em 1996 (1045), para a proporção do capital no rendimento nacional (0,36) e para o PIB p.m. a preços constantes no ano anterior (280 mil milhões de euros). a) Calcule a taxa de crescimento do PIB p.m. a preços constantes em 1996. É esta a taxa de crescimento a que os economistas usualmente aplicam o termo Crescimento Económico? b) Quantifique o Crescimento Económico. Calcule a taxa de crescimento populacional. O que pode concluir? c) Se o conjunto dos paı́ses industrializados estiver a crescer a 2,5%, estará esta economia a convergir? Explique. d) Quantos anos terá esta economia que esperar para atingir o PIB p.m. a preços constantes per capita de 500 Euros se continuar a crescer a esta taxa? e) Calcule a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Factores (A). f ) Quantifique o contributo de cada factor produtivo (stock de capital e trabalho) e da Produtividade Total dos Factores para o Crescimento do PIB p.m. a preços constantes no ano de 1996. g) Enumere, com base nos resultados obtidos, diversas formas de promover o crescimento económico. 2.1. ENUNCIADOS 7 Exercı́cio 5 Os dados que se seguem (com valores em milhares) referem-se à economia de um determinado paı́s, no ano de 1996: - Rendimento Nacional 1400 - Impostos indirectos 90 - FBCF 280 - Juros pagos pelas empresas 100 - Subsı́dios à produção 30 - Lucros 200 - Rendas 300 - Consumo privado 1000 - FLCF 200 - Consumo público 220 - Stocks em 31 de Dezembro de 1996 170 - Exportações 300 - Importações 400 - Stocks em 1 de Janeiro de 1996 180 - Salários (inclui contribuições dos trabalhadores para a SS) 462 a) Qual o Saldo dos Rendimentos dos factores provenientes e enviados para o estrangeiro? b) Suponha que o PNBpm em 1997, neste paı́s, foi de 1850 u.m. e que a inflação que se fez sentir neste ano (1997) foi de 12%. Diga qual a taxa de crescimento do PNB p.m. real desta economia no referido ano. É esta a taxa a que os economistas se costumam referir como taxa de crescimento económico? Explique. c) Existem valores para as taxas de crescimento (em 1997) do stock de capital (4%), do emprego (5%), para a população em 1996 (1,000,000), para a população em 1997 (1,045,000) e para o SRRM em 1997 (100.000). Quantifique o Crescimento Económico. Calcule a taxa de crescimento populacional. O que pode concluir? 8CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO d) Se o conjunto dos paı́ses industrializados estiver a crescer a 2,5%, estará esta economia a convergir? Explique. e) Quantos anos terá esta economia que esperar para atingir o PIB p.m. a preços constantes per capita de 2000 u.m. se continuar a crescer a esta taxa? f ) Calcule a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Factores (A). g) Quantifique o contributo de cada factor produtivo (stock de capital e trabalho) e da Produtividade Total dos Factores para o Crescimento do PIB p.m. a preços constantes no ano de 1996. h) Enumere, com base nos resultados obtidos, diversas formas de promover o crescimento económico neste paı́s. Exercı́cio 6 Na República da Bela Vida (RBV), uma pequena ilha do pacı́fico, a contabilidade nacional está um pouco desorganizada. A moeda local é a Belavida. O Presidente da Republica conhece-o numa das suas luxuosas férias na ilha e pede-lhe um serviço de consultoria para por em ordem as contas nacionais do paı́s. Depois de muito pesquisar, encontra os seguintes elementos para o ano de 2003: Consumo 100 FLCF 20 Investimento Lı́quido 20 Gastos do Estado 50 Transferências do Estado para as Famı́lias 250 Saldo da Balança Comercial -100 Amortizações 5 SRRM 0 Impostos indirectos-subsı́dios -5 2.1. ENUNCIADOS 9 Impostos directos 0 População 130 a) Calcule o PIB p.m. em 2003 e o PIB p.m. per capita. b) Calcule o Rendimento Pessoal Disponı́vel para 2003. c) Calcule o Défice do Estado em percentagem do PIB p.m. d) Em 2004 prevêem-se as seguintes e únicas alterações na macroeconomia da Ilha: 1. Inflação: 5% 2. Investimento Directo Estrangeiro (mais um luxuoso Resort!) no valor de 40 Belavidas, sabendo que em 2004, a empresa procederá à repatriação de lucros no valor de 5. Com base nestes dados, faça a previsão possı́vel das seguintes variáveis para 2004: 3. Índice de Preços com base em 2003, 4. PIB p.m. a preços constantes, 5. PNB p.m. a preços constantes e 6. taxa de crescimento do PIB p.m real. e) Com base no diagrama que relaciona a poupança agregada com o investimento agregado, analise o impacto de curto prazo deste IDE (Investimento Directo Estrangeiro) na taxa de juro, no investimento e na poupança, bem como na Balança de Transacções correntes. f ) Se a taxa de crescimento do mundo desenvolvido for de 2%, estará esta economia a convergir? g) Quantos anos precisará a RBV para alcançar um PIB p.m. per capita de 2 belavidas, se mantiver esta taxa de crescimento do produto per capita? h) Que conselhos daria ao presidente da RBV de forma a aumentar a taxa de crescimento económico do paı́s? i) Como justificaria a importância de promover o crescimento 10CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO económico para os habitantes desta ilha paradisı́aca? O Presidente espera gostar do seu trabalho e promete-lhe que no próximo ano lhe encomendará mais análises macroeconómicas! Exercı́cio 7 Os dados internacionais mostram que entre 1870 e 1994 Portugal cresceu 1.88% ao ano e a Argentina cresceu 1.49% ao ano. a) Sabendo que Portugal tinha em 1994 um PIB per capita de cerca de 11083 e o da Argentina 8373 (valores apurados em Madison, 1995), calcule o PIB per capita destes paı́ses em 1870. b) Pronuncie-se sobre o efeito desta diferença na taxa de crescimento económico médio nestes dois paı́ses. c) Dê exemplos de bens e serviços que é possı́vel adquirir em Portugal com mais 2719 dolares por ano. d) Se Portugal continuasse a crescer a essa taxa, que valor teria o PIB per capita Português em 2006? e) Sabendo que os EUA cresceram a uma taxa de 1.79% ao ano entre 1870 e 1994, diga se Argentina e Portugal convergiram durante este perı́odo. Explique. Exercı́cio 8 (Um Exercı́cio de Regressões de Crescimento) Um dos trabalhos empı́ricos que mais se tem desenvolvido em crescimento económico nos últimos anos é a chamada “Regressão de Crescimento”, uma relação entre a taxa de crescimento per capita dos paı́ses e os vários determinantes daquela. a) Dos vários determinantes do Crescimento que se seguem, indique qual (quais) os factores produtivos que mais condicionam. 2.1. ENUNCIADOS 11 Determinantes Leis de Propriedade Intelectual Redução do Defice do Estado Educação Primária Educação Superior Lei que Proibe Expropriação de Propriedade Privada Aumento da Massa Monetária Aumento de Impostos % Economia Pararela Incentivos à Poupança Factor(es) Produtivo(s) ———— b) Este exercı́cio usa um ficheiro Excel [growth.xls], onde o aluno vê alterações na taxa de crescimento da economia, fazendo alterações nos diversos determinantes do crescimento [baseado nas regressões em Barro and Sala-i-Martin, 1995]. Na tabela seguinte está um conjunto de alterações que devem ser feitas. Alterações Montante Alteração 1 Nivel Inicial de Riqueza 500 Taxa de Investimento 5% Educação Primária 10% Educação Superior 10% Gastos do Estado 5% Educação Secundária 10% Inflação 1% Premio de Economia Pararela 5% 1 Convergência Condicional Resultado Atenção! 2.1 Deve perceber-se que os resultados dependem dos estudos de regressões do crescimento, havendo uma multiplicidade deles na literatura económica recente. Os resultados dependem da actualidade dos dados, da fonte dos dados, do método econométrico usado. Há resultados, como o da convergencia 12CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO condicional, bastante sedimentados na literatura. Nas Folhas 2 e 3 do ficheiro growth.xls aparecem 2 regressões alternativas [Caselli et. al., 1996 e Sequeira e Nunes, 2006, respectivamente]. Devem fazer duas tabelas identicas à anterior e ver os resultados alternativos. Verificar a consistencia do efeito convergência condicional. 2.2. RESOLUÇÕES 2.2 13 Resoluções Solução 2 O valor do PIB nominal pode ser escrito como P Y , sendo P o nı́vel geral de preços e Y o produto real. Sabendo que π é a taxa de inflação (a taxa de crescimento de P ) e gY é a taxa de crescimento do produto real. Começa-se por escrever a taxa de crescimento do produto nominal como Pt+1 Yt+1 −Pt Yt . Pt Y t Podemos então fazer a seguinte dedução. Pt+1 Yt+1 Pt+1 Yt+1 − Pt Yt = −1= P t Yt Pt Yt µ ¶µ ¶ Pt+1 − Pt Yt+1 − Yt = +1 +1 −1= Pt Yt = (π + 1) (gY + 1) − 1 = π + gY + πgY Logo, a resposta à questão faz-se aplicando esta expressão: 5% = 4% + gY (1 + 4%) ⇔ gY = 1% 1+4% = 0.01 1+0.04 = 0.0096 ≈ 1%. Daı́ muitas vezes simplificar-se aquela expressão, eliminando o termo πgY uma vez que sendo a multiplicação de 2 taxas, é um termo tendencialmente pequeno. Solução 3 a) A despesa agregada pode ser escrita como DA = C + I +G+X −M , sendo que o Investimento Agregado se sub-divide em Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Stocks. Assim, a preços correntes DA = 518 + 101 + 133 + 15 + 109 − 198 = 678.; b) Primeiro que tudo, devemos transformar em reais os montantes nominais expressos na tabela, socorrendo-nos para isso do indice de preços. Procedendo deste modo: DA real = DA nominal , P em que P é o ı́ndice de Preços. Assim DA real = 189.7+48.1+46.7+5.4+44.5− 66.9 = 267.5. c) O Deflator do Produto será a média ponderada dos indices de Preços da despesa agregada, 254.8. d) A diferença é que a taxa de inflação é a taxa de crescimento do nı́vel geral de preços. 14CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO Atenção! 2.2 Para complemento calcule a taxa de inflação média anual entre 1990 e 1995 que está implicita no IP C = 254.8 (Solução: 16.9%). Esta é uma taxa de inflação realista para a economia portuguesa? Solução 4 a) gY = 300−280 280 × 100 = 7.1%. Não é a taxa de cresci- mento económico, porque é a taxa de crescimento do PIB total a preços constantes e não do PIB per capita a preços constantes. b) Y /P1996 = 280/1 = 280 euros; Y /P1995 = 300/1.045 = 287.08 euros. Logo a taxa de crescimento económico que é a taxa de crescimento do PIB per capita a preços constantes é de crescimento populacional é 1045−1000 1000 287.08−280 280 × 100 = 2.5%. A taxa × 100 = 4.5%. Assim, a taxa de crescimento económico, gY /P ≈ gY − gP ⇔ 2.5% ≈ 7.1% − 4.5%. c) Esta economia não está a convergir nem a divergir uma vez que apresenta a mesma taxa de crescimento que o grupo de paı́ses com que se está a comparar. Esta economia não se aproxima mas também não se afasta do PIB per capita desse grupo de paı́ses. d) Para atingir o PIB per capita de 500 euros, começando com o PIB per capita de 300 euros, necessita de n anos. Vejamos (seja y = Y /P ): y0 (1 + gy )n = y1 ⇔ 300(1 + 0.025)n = 500. Temos então uma equação de 1 incógnita, que é n. Resolvendo a equação, vem: 2.2. RESOLUÇÕES 15 300(1 + 0.025)n = 500 ⇔ 500 ⇔ (1 + 0.025)n = ⇔ 300 ⇔ (1 + 0.025)n = 1.66(6) ⇔ ⇔ n ln(1.025) = ln(1.66(6)) ⇔ ⇔n= ln(1.66(6)) = 20.69. ln(1.025) A economia demorará 20 anos e 8 meses a atingir um nı́vel de PIB per capita igual a 500. e) Queremos calcular a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Factores, que nos é dada pela expressão: gA = gY − αK gK − (1 − αK )gL ⇔ ⇔ gA = 7.1% − 0.36 × 4% − 0.64 × 5% ⇔ gA = 2.46% f ) O contributo é o seguinte: taxas contributos contributos α K gK Capital Fisico 4 20.3% gY (1−αK )gL Trabalho 5 45.1% gY gA PTF 2.46 34.6% gY g) De acordo com os resultados anteriores, as formas mais eficazes de promover o crescimento económico é apostar nos factores que promovem o emprego e a PTF, nomeadamente melhorar os aspectos ligados aos direitos de propriedade. Atenção! 2.3 Deve notar-se que a Contabilidade do crescimento feita anteriormente é para o crescimento do PIB total e não para o PIB per capita, pelo que os resultados referentes ao emprego podem não indicar um efectivo contributo para o crescimento 16CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO económico (temos mais pessoas na economia, não significa que necessariamente cada pessoa tenha mais bens e serviços à sua disposição). Um exercicio que tivesse este facto em conta seria resolvido da seguinte forma gA = (gY − gP ) − αK (gK − gP ) − (1 − αK )(gL − gP ) ⇔ gA = 2.5% − 0.36(−0.5%) − 0.64(0.5) ⇔ gA = 2.36% Esta é exactamente a mesma taxa de crescimento da PTF obtida anteriormente. No entanto, em termos de contributos, a contribuição da Produtividade Total dos Factores é muito superior. Assim Capital Fisico per capita Trabalho per capita PTF taxas -0.5 0.5 2.46 contributos contributos α K gK -7.2% gY (1−αK )gL 12.8% gY gA 94.4% gY Em termos de conclusão, o que realmente interessa para o Crescimento Económico (entendido como a taxa de crescimento do PIB per capita a preços constantes - ou a quantidade de bens e serviços disponı́vel, em média, para cada habitante) é a taxa de crescimento da Produtividade Total dos Factores. Solução 5 a) Obtendo o PIB p.m. pela óptica da despesa e tendo o RN, obtemos por diferença o SRRM, da seguinte forma 2.2. RESOLUÇÕES SRRM 17 = P N Bp.m − P IBp.m ⇔ ⇔ SRRM = P N Bc.f + i.i − sub − P IBp.m. ⇔ ⇔ SRRM = RN + i.i − sub − P IBp.m ⇔ ⇔ SRRM = RN + i.i − sub − (C + I + G + X − M ) ⇔ SRRM = 1400 + 90 − 30 − (1000 + [280 − 10] + 220 + 300 − 400) ⇔ ⇔ SRRM = 1460 − (1390) = 70. b) Para obter esta taxa de crescimento, necessitamos do PNB p.m. em 1996 que será igual a P N Bp.m = P N Bc.f + i.i − sub = RN + i.i−sub = 1460. A taxa de crescimento do PNBp.m a preços correntes é de 1850−1460 1460 × 100 = 26.71%. No entanto esta taxa de crescimento é do PNB nominal, que inclui variação de quantidades e preços. Nós queremos a variação do PNB real. Aplicando a expressão deduzida na Solução 1, a taxa de crescimento do produto real = 0.2671−0.12 ×100 1+0.12 no min al −π gY 1+π = = 13.13%. Esta não é a taxa de crescimento económico. A taxa de crescimento económico é a taxa de crescimento do PIB real per capita. Para termos esta taxa, teriamos que deduzir o SRRM do PNB p.m. e dividir pela população. Só depois a taxa poderia ser calculada. c) Temos o PIB p.m. em 1996: 1390000. Temos a População: 1000000. Obtemos o PIB p.m. per capita em 1996: 1.390. Temos que obter o PIB p.m. a preços constantes e per capita em 1997. PIB p.m em 1997=P N Bp.m − SRRM : 1850-100=1750. Mas este valor está avaliado a preços do ano de 1997. Considerando o ano de 1996 como ano base, o Nivel Geral de Preços em 1997 será de 112 (inflação de 12%). Logo, a preços de 1996 o PIB p.m de 1997 é 1750/112*100=1562.5. Obter o PIB p.m real per capita é simples: divide-se pela população: 1562500/1045000= 1.495. Logo a taxa de crescimento económico é 18CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO gy = 1.495 − 1.390 × 100 = 7.57% 1.390 A taxa de crescimento da população é de 4.5%. A taxa de crescimento do PIB total (a preços de 1996) é 1562.5−1390 1.390 × 100 = 12.41%. Logo, a taxa de crescimento da economia (7.57%) é sensivelmente identica à taxa de crescimento da Produção total menos a taxa de crescimento da população: 12.41 − 4.5 = 7.84% ≈ 7.57% Atenção! 2.4 A demonstração baseia-se no facto da taxa de crescimento de um quociente ser aproximada pela taxa de crescimento do numerador menos a taxa de crescimento do denominador (na disciplina de Macroeconomia III aprofundamos estas relações). d) Esta economia está a convergir porque está a crescer mais (7.57%) do que a média dos paı́ses com que está a ser comparada (2.5%). e) [Igual à Solução 3] A economia tem agora (1997) um PIB real per capita de 1495. Para atingir 2000 demorará n anos a crescer a uma taxa de 7.57%. Vejamos: 1495(1 + 0.0757)n = 2000 Temos uma equação com uma incognita n, que se resolve da seguinte forma: 2.2. RESOLUÇÕES 19 1495 × (1 + 0.0757)n = 2000 ⇔ 2000 ⇔ (1 + 0.0757)n = ⇔ 1495 ⇔ n × ln(1.0757) = ln(1.338) ⇔ ⇔n= ln(1.338) = 3.99 ln(1.0757) A economia demorará apenas 4 anos a atingir o PIB real per capita de 2000. f ) [Igual a 3 e)] Resolva individualmente este exercı́cio. g) [Igual a 3 f )] Resolva individualmente este exercı́cio. h) [Igual a 3 g)] Resolva individualmente este exercı́cio. Solução 6 a) P IB p.m = C +I +G+X −M = 100+(20+5)+50−100 = 75. P IBp.m. (per capita) = 75/130 = 0.58 b) RP D = RN − Id + T ransf = 75 + 0 − 0 + 250 = 325 c) Def ice = Ii − Sub + Id − T ransf − G = −5 + 0 + 0 − 250 = −255. Defice/PIB=255/75=340%. d) IPC=105; PIB p.m.=75*1.05+40=118.75; PNB p.m.=113.75; PIB p.m. real=118.75/1.05=113.1; gP IB real = gPpcIB real = 0.87−0.58 0.58 113.1−75 75 × 100 = 50.8%; = 50.8%. Atenção! 2.5 Note que a taxa de crescimento do PIB real per capita é igual à taxa de crescimento do PIB real total porque a população não se alterou. e) [Esta alı́nea diz respeito ao capı́tulo 25 do Livro] A figura mostra o deslocamento da recta que representa o investimento, o que causa um desiquilibrio de curto prazo na BTC. 20CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO r S r_ I S I S, I B T C < 0 B T C < 0 Figure 1 - Investimento e Poupança em Economia Aberta. f ) A Economia está a convergir porque 50.7%>2% g) 0.87(1.508)n = 2 ⇔ n = ln(2/0.87) ln(1.508) = 2.03. A economia demorará pouco mais de 2 anos a mais que duplicar o seu rendimento actual se mantiver esta taxa de crescimento. Note-se a grandeza da taxa de crescimento do PIB real. h) Se esta economia tem recursos naturais para atrair turismo, ela deve potenciar a captação de IDE (o IDE é um importante determinante do crescimento económico) nesta área. Estudos empı́ricos recentes mostram que o turismo é uma actividade que potencia o crescimento económico mesmo no longo prazo. i) O crescimento económico deve ser promovido com o objectivo último de melhorar o bem estar das populações. 2.2. RESOLUÇÕES prt prt Solução 7 a) y1870 (1.0188)125 = 11083 ⇔ y1870 = 21 11083 (1.0188)125 = 1080. Re- solva individualmente o caso da Argentina. b) Pequenas diferenças nas taxas de crescimento económico levam a grandes diferenças no nı́vel de produção em alguns anos. Uma diferença de apenas 0.39%=0.0039 levou a que Portugal ultrapassasse a Argentina em termos de Produto per capita. c) Em Portugal, uma familia média pode adquirir a mais que uma famı́lia média Argentina: um computador portátil no valor de 1200 dolares; uma viagem a Cabo Verde (5 dias) com meia pensão para 2 pessoas no valor de 650 dolares; um ano de propinas na universidade pública (850 dolares); um jantar para 2 pessoas no Restaurante XPTO na Covilhã (19 dolares). prt d) y2006 = 11083(1.0188)11 = 13603. e) Portugal convergiu. A Argentina divergiu. Justifique esta resposta. Solução 8 a) Determinantes Factor(es) Produtivo(s) / Tecnologia Leis de Propriedade Intelectual A Redução do Defice do Estado A, K, H Educação Primária H Educação Superior A, H Lei que Proibe Expropriação de ———— Propriedade Privada K Aumento da Massa Monetária A, K, H Aumento de Impostos (A), K, (H) % Economia Pararela A, K, H Incentivos à Poupança K b) 22CAPÍTULO 2. ACTIVIDADE ECONÓMICA, PRODUÇÃO E CRESCIMENTO Alterações Nivel Inicial de Riqueza1 Taxa de Investimento Educação Secundária Educação Superior Gastos do Estado Educação Primária Inflação Premio de Economia Pararela Resultado Global Montante Alteração Valor Inicial +500 10000 +5% 19.3% +10% 78% — — +5% 10% — — — — +5% 0.2 – 2.42% Resultado 2.34% (∆− = 0.07%) 2.52% (∆+ = 0.10%) 2.45% (∆+ = 0.03%) – 2.34% (∆− = 0.07%) – – 2.41% (∆− = 0.01%) 2.35% (∆− = 0.07%) Nota: A resposta apresentada na tabela baseia-se no trabalho de Sequeira e Nunes (2006). Capı́tulo 3 Mercado de Trabalho e Desemprego 3.1 Enunciados Exercı́cio 9 Numa determinada economia, o PIB a preços de mercado é de 100000 milhões de euros e a população conta com 10000000 de pessoas, estando 4 milhões fora da população activa e 6% no desemprego. a) Calcule a população activa. b) Calcule o número de desempregados. c) Calcule o PIB per capita e o PIB por trabalhador. Diga quais as diferenças entre estas duas medidas relevantes para a análise económica. Exercı́cio 10 Numa determinada economia a média de desemprego foi de 3% nos últimos 50 anos. Em 2006 essa economia apresenta uma previsão de taxa desemprego de 6%. a) Calcule e descreva o conceito ciclico. 23 24 CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO b) Classifique as seguintes frases como verdadeira ou falsa e indique uma das razões para a existência de desemprego estrutural relacionada com a respectiva afirmação: b-1) Nas Economias da Europa, existe um salário mı́nimo estipulado por lei b-2) Os sindicatos lutam para que os seus associados tenham salários mais altos b-3) A qualidade de cada trabalhador não é completamente conhecida pelas empresas b-4) A existencia de greves promove o aumento da taxa de emprego c) Represente graficamente um mercado de trabalho com desemprego. Exercı́cio 11 Entre 1997 e 1998, o emprego nos EUA cresceu 2.1 milhões, mas o número de desempregados decresceu apenas 0.5 milhões. Como é que estes factos podem ser consistentes entre si? Exercı́cio 12 Considere os seguintes dados para a economia X População Total (milhões) Taxa de actividade Taxa de desemprego Calcule: 2004 2005 100 105 45% 47% 10% 15% a) Defina Taxa de Actividade e Taxa de Desemprego. b) A população activa nos anos de 2004 e 2005. c) O número de empregados nos anos de 2004 e 2005. d) A taxa de crescimento do emprego de 2004 para 2005. e) A taxa de crescimento populacional. 3.2. RESOLUÇÕES 3.2 25 Resoluções Solução 9 a) A população activa é de 10 milhões - 4 milhões = 6000000; b) O número de desempregados é 6%×6000000 = 360000; c) PIB per capita = 100000 milhões/10 milhões =10000 euros; d) PIB por trabalhador = 100000/6 = 16667 euros. A diferença imediata entre as duas medidas é o denominador. A primeira dános a quantidade média de bens e serviços que cabe a cada pessoa de um determinado paı́s num determinado ano; a segunda dá-nos a quantidade de bens e serviços que cada trabalhador consegue produzir num determinado ano; logo, esta segunda medida é uma medida da produtividade média do paı́s. Atenção! 3.1 Deve conseguir responder às diferenças entre estas duas medidas forem calculadas a preços correntes. As definições dadas na Solução 1 continuam correctas? Ou estão correctas apenas se estivermos a analisar um determinado ano em que a produção se verificou? Continuam correctas se estivermos a analisar 2 anos consecutivos? Solução 10 a) Se em 2006, a previsão se concretizar, o desemprego ciclico é de 3%. b) Classifique as seguintes frases como verdadeira ou falsa e indique uma das razões para a existência de desemprego estrutural relacionada com a respectiva afirmação: b-1) Nas Economias da Europa, existe um salário mı́nimo estipulado por lei R: Verdadeira. b-2) Os sindicatos lutam para que os seus associados tenham salários mais altos 26 CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO R: Verdadeira. A existencia de sindicatos é uma razão para existir desemprego. b-3) A qualidade de cada trabalhador não é completamente conhecida pelas empresas R: Verdadeira. Salários de Eficiência. b-4) A existencia de greves promove o aumento da taxa de emprego R:. Falsa. A existencia de greves, associada à existência de sindicatos é uma razão para existir desemprego. c) w L L L D e se m p re g o Figure 2 - Mercado de Trabalho. Solução 11 Estes factos podem ser consistentes porque entraram novas pessoas (estudantes que terminam os seus cursos, emi- 3.2. RESOLUÇÕES 27 grantes) para a população activa que ocuparam 1.6 milhões de novos empregos e apenas meio milhão foi ocupado por antigos desempregados. ou Força de Trabalho Solução 12 a) Taxa de Actividade= P opulação Activa ; Taxa P opulação Total de Desempregados de Desemprego = N úmero . b) 2004: 45%*100=45 milhões; P opulação Activa 47%*105=49 milhões, 350 mil pessoas. c) 2004: 90%*45 milhões= 40 milhões e 500 mil empregados; 2005: 85%*49.35=41 milhões e 950 mil empregados; d) gL = 41.95−40.50 40.50 = 3.57%; e) gL = 105−100 100 = 5%. Conclusão: A população cresceu mais que o emprego, pelo que cresceu a população inactiva ou o desemprego. Como a população activa também cresceu (alı́nea b), cresceu o desemprego (de 10% para 15% como indica a tabela). 28 CAPÍTULO 3. MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO Capı́tulo 4 Moeda e Inflação 4.1 Enunciados Exercı́cio 13 a) Porque é que existe inflação? b) Como podem os Governos acabar com a Inflação? c) Porque não o fazem? Exercı́cio 14 Defina Inflação Antecipada, Inflação não Antecipada e Senhoriagem. Exercı́cio 15 Enuncie os Custos da Inflação antecipada e não antecipada. Exercı́cio 16 Explique porque é que a inflação distorce o efeito dos impostos. Exercı́cio 17 Considere o seguinte quadro. 2001 2002 2003 PIBpm (p.correntes, m. euros) M1 32 894 38 699 33 616 38 925 34 497 40 770 a) Calcule a velocidade de circulação da moeda considerando o agregado monetário M1 e explique a sua evolução ao longo dos anos. 29 30 CAPÍTULO 4. MOEDA E INFLAÇÃO b) Suponha que a velocidade de circulação é estável ao longo do tempo e a capacidade produtiva instalada está a ser totalmente empregue no processo produtivo. Calcule os efeitos de um aumento da moeda (M1) em 3% do valor de 2003 no produto nominal do ano de 2004. c) O resultado obtido na alı́nea anterior significou que a economia cresceu devido ao aumento de massa monetária em circulação? 4.2 Resoluções Solução 13 a) Existe Inflação porque existe emissão monetária. b) Os governos poderiam acabar com a inflação se parassem de imprimir novas notas e cunhar novas moedas. c) Não o fazem por duas razões fundamentais: a primeira e mais importante é que sem inflação o desemprego tenderia a aumentar e a actividade económica a diminuir no curto prazo. Segundo, porque alguns governos ainda se financiam através da impressão de notas e moedas. Solução 14 Inflação Antecipada é a taxa de crescimento dos preços que os agentes económicos conseguem antever. Inflação não antecipada é a taxa de crescimento dos preços que os agentes não conseguem prever. Senhoriagem é a receita que os governos obtêm através da emissão monetária. Solução 15 O primeiro aspecto a referir quando se fala em custos da inflação é que a perda de poder de compra não é um custo da inflação antecipada. Quando todos os preços sobem, os salários também sobem e em geral as pessoas compram os produtos a preços mais elevados mas o seu rendimento nominal também sobe. este custo apenas pode ocorrer no curto prazo se os salários 4.2. RESOLUÇÕES 31 e os outros rendimentos forem mais rigidos do que os preços dos bens e serviços que as pessoas consomem. São custos da inflação antecipada: O custo de transação, relacionado com a redução da procura de moeda devido à subida da taxa de juro nominal; os custos de menu, relacionados com a necessidade de sucessivas impressões de novos menus e catálogos; os custos devido à má afectação de recursos entre agentes que alteram os preços em periodos diferentes; os custos associados a distorções provacadas pela tributação; confusão e inconveniencia. Acrescem a estes custos, um que tem a ver com a inflação inesperada: redistribuição da riqueza arbitrária entre credores e devedores; senhorios e locatários, etc. Solução 16 A Inflação distorce o efeito dos impostos porque estes incidem sobre a taxa de juro nominal. Logo a tributação incide sobre a inflação. Atenção! 4.1 Se a resposta não foi clara, escreva a equação de Fisher e verifique que mesmo que a taxa de juro real não se altere, a taxa de juro nominal altera-se devido ao aumento da inflação. Logo se os impostos incidem sobre a taxa de juro nominal, incidem sobre a inflação. Solução 17 a) As respostas apresentam-se no seguinte quadro 2001 2002 2003 b) M10 PIBpm (p.correntes, m. euros) 32 894 33 616 34 497 = M1 (1 + 3%) = 40770 × (1 + 3%) M1 V = P IBpm/M1 38 699 0.86 38 925 0.86 40 770 0.85 = 41993. Se V = 0.85 ⇒ P IBpm = V × M10 = 0.86 ∗ 41993 = 36114. Isto representou um acréscimo de 4.7% no produto. (Calcule esta taxa de crescimento para verificar os seus conhecimentos!). 32 CAPÍTULO 4. MOEDA E INFLAÇÃO c) Não, uma vez que o que aumentou foi o PIB nominal o que significa que o principal efeito se verificou nos preços e não na quantidade produzida. Atenção! 4.2 Reveja agora os conceitos de Neutralidade Monetária, Curto e Longo Prazo e Dicotomia Clássica. Capı́tulo 5 Macroeconomia da Economia Aberta 5.1 Enunciados Exercı́cio 18 Como se define sucintamente uma economia aberta? Exercı́cio 19 Defina taxa de câmbio nominal e taxa de câmbio real. Em que diferem estes dois conceitos? Exercı́cio 20 Explique o papel da taxa de câmbio no comércio internacional. Exercı́cio 21 Considere os seguintes dados referentes à economia AA: X= 20+5R Q= 10+0,2Y -2R a) Descreva e explique as funções de exportações e de importações. b) Calcule o saldo das exportações lı́quidas sabendo que a taxa de câmbio é de 3 u.m. e o rendimento é de 45 u.m. 33 34 CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA c) Represente graficamente a função da NX em função do rendi- mento. Como explica o seu declive. d) Supondo que esta economia tem um regime de câmbios flexı́veis, represente a NX equilibrada, em função da taxa de câmbio e do rendimento. Comente o declive encontrado. e) Como consequência de pressões sobre o mercado cambial a taxa de cambio aumentou para 5 u.m.. a. Como classifica esta alteração da taxa de câmbio? b. Indique intuitivamente os efeitos sobre as exportações, as importações, as NX e o rendimento da economia. f ) Como consequência de pressões sobre o mercado cambial a taxa de cambio diminui para 1 u.m.. a. Como classifica esta alteração da taxa de câmbio? b. Indique intuitivamente os efeitos sobre as exportações, as importações, as NX e o rendimento da economia. Inclusão dos movimentos de capitais nesta economia onde vigora um regime de câmbios Flexı́veis: Considere que a balança de capitais é representada por BC= 5 (i-i*) g) Explique os efeitos resultantes de i>i* h) Explique os efeitos de i<i* 5.2. RESOLUÇÕES 5.2 35 Resoluções Solução 18 Uma economia aberta é uma economia que efectua trocas com o exterior, de bens, serviços e capitais. Solução 19 A taxa de câmbio nominal é a taxa à qual se pode trocar a moeda nacional por moeda estrangeira; é a resposta à questão quantos euros são necessários para comprar 1 dollar americano, 1 yen japonês, 1 rublo russo ou 1 libra inglesa. A taxa de câmbio real é pelo contrário a comparação dos preços de 2 cabazes de bens, o nacional e o estrangeiro. Representa o valor em euros de um bem estrangeiro face a um bem nacional. ∗ Example 5.1 R = e PP . Se a taxa de cambio nominal (e) for de 0.87 euro por dollar e um litro de leite europeu custar 0.6 euro enquanto um litro de leite americano custar 0.8 dollar a taxa de câmbio real é R = 0.87×0.8 0.6 = 1.16 o que significa que se pode trocar 1 litro de leite europeu por 1.16 litro de leite americano. Atenção! 5.1 Note que a definição no livro Principles of Economics para as taxas de câmbio é contrária à adoptada aqui. Aqui adopta-se o que é usual na Europa. Nos E.U.A a taxa usual é a quantidade de moeda estrangeira necessária para comprar um dollar americano. Leia agora o capitulo 29, p.668-670 e verifique que estas definições ficam entendidas. Solução 20 A taxa de câmbio é o preço relativo dos bens nacionais relativamente aos bens dos outros paı́ses logo é o regulador natural da troca de bens e serviços. Em concreto e tendo em conta a definição de taxa de câmbio real, um paı́s exporta mais consoante os seus preços forem mais baixos e a sua moeda mais barata relativamente aos preços e moeda dos paı́ses com os 36 CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA quais fazemos tracas comerciais. Quanto maior a taxa de câmbio real, maiores as exportações lı́quidas. Solução 21 a) X= 20+5R. As Exportações estão positivamente relationadas com a taxa de câmbio real. Se as exportações são as vendas do paı́s ao exterior, elas serão tanto maiores quanto mais baratos forem os nossos produtos e a nossa moeda face aos produtos e moedas dos outros paı́ses; como R é tanto maior quanto mais baratos forem os nossos produtos e a nossa moeda face aos produtos e moedas dos outros paı́ses (ver Exemplo 1 desta secção), então as exportações crescem com R. Esquematicamente: Preços Internos baixos ⇒ R alto ⇒ Exportações altas. Q= 10+0,2Y -2R. As importações são as compras do paı́s de bens e serviços do exterior. Assim quanto mais caros forem os produtos do exterior, menos compras o nosso paı́s faz ao exterior. Esquematicamente: Preços externos altos ⇒ R alto ⇒ Exportações baixas. Complete agora os seuintes esquemas: Preços Internos altos ⇒ R ⇒ Exportações Preços Externos baixos ⇒ R ⇒ ½ Importações Exportações ⇒ Importações Moeda Nacional cara ⇒ R ; ; . Atenção! 5.2 Notar que o efeito da taxa de câmbio real é em valor absoluto maior nas exportações (5) do que nas importações (2), o que significa que a Balança Comercial ou exportações lı́quidas dependem positivamente da taxa de câmbio real. b) NX=X-Q=20+5R-(10+0,2Y -2R)=10-0.2Y+3R=10-0.2(45)+3(3)=10>0. Estamos na presença de um superavit ou excedente comercial. c) Tem um declive negativo. Quanto maior o rendimento do paı́s mais os agentes económicos desse paı́s compram bens e serviços do exterior, fazendo crescer as importações e portanto fazendo decrescer as exportações lı́quidas (ou balança comercial). 5.2. RESOLUÇÕES 37 Figure 3 - As Exportações Lquidas em função do rendimento nacional. d) N X = 10 − 0.2Y + 3R ⇔ 0 = 10 − 0.2Y + 3R ⇔ Y = 50 + 15R. Para que a balança comercial se encontre equilibrada é necessário que aumentos no rendimento nacional, que aumenta as importações seja compensado por aumentos na taxa de câmbio, que aumentam as exportações. e) a. Uma depreciação uma vez que uma de três variáveis ou uma combinação delas se alterou: taxa de cambio nominal subiu (preciso de mais euros para comprar 1 unidade de moeda estrangeira); preços internos desceram ou preços externos subiram. Cada uma destes movimentos aumenta as exportações e diminui as importações b. ∆X = 5(∆R) = 5(2) = 10; ∆M = −2(∆R) = −2(2) = −4. ∆N X = 14. Nestes calculos usou-se a hipótese que o rendimento não se altera com esta depreciação da moeda (hipótese ce- 38 CAPÍTULO 5. MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA teris paribus). No entanto essa hipótese não é correcta! Recorde-se que Y = C + I + G + N X. Logo se N X aumenta com a depreciação, Y também aumenta. Logo uma depreciação da moeda aumenta o rendimento da economia no curto prazo. f ) a. Uma apreciação, pois indica um aumento do valor da moeda nacional face à moeda estrangeira. b. ∆X = 5(∆R) = 5(−1) = −5; ∆M = −2(∆R) = −2(−1) = 2. ∆N X = −3. Nestes calculos usou-se a hipótese que o rendimento não se altera com esta depreciação da moeda (hipótese ceteris paribus). No entanto essa hipótese não é correcta! Recorde-se que Y = C + I + G + N X. Logo se N X diminui com a apreciação, Y também diminui. Logo uma apreciação da moeda diminui o rendimento da economia no curto prazo. g) Se i>i*, então haverá entrada de capitais no pais uma vez que a sua remuneração no pais é superior à sua remuneração fora do mesmo. Isto significa que o pais está a necessitar de capitais, possivelmente para fazer face a uma balança comercial deficitária. Assim, a um fluxo de capitais positivo corresponde um saldo da balança comercial negativo. h) Se i<i*, então haverá saı́da de capitais do pais uma vez que a sua remuneração no estrangeiro é superior à sua remuneração no pais. Isto significa que o pais não está a necessitar de capitais e estará a enviar capitais para o estrangeiro financiando outros paı́ses, possivelmente porque tem uma balança comercial excedentária. Assim, a um fluxo de capitais negativo corresponde um saldo da balança comercial positivo. Capı́tulo 6 Flutuações de Curto Prazo 6.1 Enunciados Exercı́cio 22 Desenhe um gráfico com a oferta agregada de curto prazo, a oferta agregada de longo prazo e a procura agregada. a) Explique as inclinações destas rectas. b) Explique como é que cada uma destas rectas se pode mover para a direita e para a esquerda. c) Dê 3 exemplos de alterações na economia que provocam o seguinte: 1. A recta da procura agregada move-se para a direita 2. A recta da oferta agregada de curto prazo move-se para a esquerda 3. A recta da oferta agregada de longo prazo move-se para a direita d) Em que é que se destinguem as rectas da oferta agregada de curto prazo da recta da oferta agregada de longo prazo. Exercı́cio 23 Considere que as equações apresentadas aqui representam a Procura e a Oferta Agregadas de curto prazo da econo39 40 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO mia “Santarena”: Y=2700P Y=36000 - 3300P a) Identifique cada uma das expressões e explique o significado do seu declive. b) Calcule o produto e o nı́vel de preços de equilı́brio. c) Represente graficamente a situação de equilı́brio no mercado. d) Os agentes desta economia, receando a falência do sistema de reformas nacionais, decidiram diminuir o seu consumo de forma a aumentarem as suas poupanças. Como consequência verificou-se uma diminuição do consumo privado nacional em 700 u.m.. Quantifique este efeito no equilı́brio de mercado. Esta economia está em pleno emprego quando o nı́vel de rendimento atinge o valor 16200 u.m. Tendo em consideração este facto resolva: e) Qual o nı́vel de preços no longo-prazo? f ) Podemos dizer que a curva da Oferta de Curto-Prazo apresentada no enunciado garante que esta economia se mantém no longo-prazo? g) Junto à costa marı́tima desta economia foi descoberto petróleo em grandes quantidades que imediatamente se iniciou a sua exploração. Verifique graficamente os efeitos desta descoberta no curto e no longo prazos. Exercı́cio 24 Desenhe um diagrama com a Oferta Agregada de Longo Prazo, a Oferta Agregada de Curto Prazo e a Procura Agregada. Represente agora em gráficos diferentes as alterações na economia provocadas por: a) Um aumento dos Gastos do Estado (exemplo: contratação de mais funcionários públicos); b) A descoberta de um novo produto (exemplo: WINDOWS 2000). 6.1. ENUNCIADOS 41 Exercı́cio 25 Desenhe uma Curva de Phillips. Como é que o BCE pode fazer deslocar a Economia de um ponto para outro de cima da curva? Exercı́cio 26 Imagine que o BCE decide reduzir a inflação. Use uma curva de Phillips para mostrar os efeitos de curto e de longo prazo desta medida. Como podem os custos de curto prazo ser reduzidos? 42 6.2 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO Resoluções Solução 22 a) Começemos pela oferta agregada de longo prazo que se apresenta vertical. A quantidade de bens e serviços oferecidos na economia no longo-prazo não depende dos preços, mas antes dos factores produtivos, capital fisico, capital humano, trabalho e recursos naturais e a existencia (ou stock) destes factores numa dada economia não depende dos preços; como tal a OALP é vertical. Quanto à OACP - Oferta Agregada de Curto Prazo, há várias teorias que podem explicar a sua inclinação positiva: (1) a teoria das percepções erradas; (2) a teoria dos salários rı́gidos e (3) a teoria dos preços rı́gidos. A primeira teoria argumenta que os vendedores não se apercebem imediatamente do que acontece ao nı́vel geral de preços quando o preço que vigora no mercado onde trabalham se altera; assim ao ver o preço do Algodão Doce subir, o vendedor de Algodão Doce vai produzir mais, porque não se apercebe imediatamente que o açucar e a electricidade também subiram. A segunda teoria diz-nos que a OACP é positivamente inclinada porque os salários estão rı́gidos no curto prazo. Se os preços sobem, o salário real fica mais baixo e assim o custo das empresas com o factor trabalho também fica mais baixo. A terceira teoria diz que pelo facto de alguns peços serem rı́gidos no curto prazo (devido por exemplo a custos de Menu) a OACP é positivamente inclinada; assim, se a oferta de moeda se contrai, fazendo decrescer o preço no LP, mas algumas empresas continuarem com o mesmo preço, as vendas vão cair porque o preço de CP está sobreavaliado relativamente ao de longo prazo. Resta responder à questão porque é que a Procura Agregada é negativamente inclinada. Existem 3 razões: o efeito-riqueza, o efeito-juro e o efeito-taxa de câmbio. Quando o preço sobe, cada um de nós compra menos bens e serviços (compra menos carne, 6.2. RESOLUÇÕES 43 menos 1 par de sapatos ou faz menos uma viagem); quando os preços sobem, as pessoas procuram ter mais moeda em casa (ou na conta à ordem) para fazer face a mais despesas; logo o mercado monetário sofre uma pressão do lado da procura e o preço da moeda sobe (a taxa de juro sobe), logo o investimento desce. Quando os preços sobem a taxa de cambio real sobe isto é os nossos bens ficam mais caros para os agentes estrangeiros e as exportações lı́quidas decrescem. Note agora que o rendimento pode ser escrito como uma soma do consumo (público e privado), investimento e exportações lı́quidas e portanto a procura descreve uma relação inversa entre preço e rendimento. b) A procura move-se para a direita se o consumo, o investimento, os gastos do estado ou as exportações lı́quidas aumentarem devido a factores não relacionados com o nı́vel geral de preços. Por exemplo, o consumo depende dos gostos, o investimento da confiança dos investidores e das restrições ao crédito (por exemplo), o consumo público depende basicamente das decisões do Governo e as exportações lı́quidas dependem do rendimento do estrangeiro. A OALP move-se para a direita (crescimento) devido aos factores e determinantes do crescimento económico (ver exercı́cio 8). A OACP move-se devido a movimentos nos factores e determinantes do crescimento económico e a alterações nas expectactivas dos preços. c1) gastos do estado aumentam; rendimento em Espanha aumenta; os consumidores ficam com menos confiança no futuro e diminuem a poupança. c2) As expectativas dos preços aumentam (relativamente aos preços realmente verificados); qualquer factor produtivo fica mais escasso. c3) Um novo produto é inventado e produzido no paı́s; a população portuguesa atinge nı́veis mais elevados de educação; o IDE aumenta. d) A principal diferença entre a oferta agregada de curto e de longo 44 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO prazo é a sua inclinação: a primeira é positivamente inclinada (depende positivamente do nı́vel dos preços, melhor, depende positivamente de variações inesperadas nos preços); como no longo prazo não há variações inesperadas - os agentes económicos têm tempo para se aperceber de todas as alterações - a oferta agregada não depende dos preços mas apenas dos factores produtivos. Solução 23 a) A primeira expressão é uma curva da oferta de longo prazo e a segunda expressão é uma curva da procura. Para explicar os seus declives socorra-se da resposta à questão anterior e/ou ao seu livro. b) 2700P = 36000 − 3300P ⇔ 6000P = 36000 ⇔ P =6 Y = 2700 ∗ 6 = 16200; Y = 36000 − 3300 ∗ (6) = 16200. c) Na figura P e significa preço de equilı́brio e Y e significa rendimento de equilı́brio. 6.2. RESOLUÇÕES 45 P Y Figure 4 - Diagrama de Oferta e Procura Agregadas. d) O efeito imediato é na dimuição da procura (deslocamento para a esquerda da procura agregada). No entanto, poder-se-ia imaginar que se este efeito se mantiver ao longo do tempo, um aumento de longo-prazo na poupança deslocaria a OALP para a direita porque a economia acumularia mais capital fı́sico. 2700P = 35300 − 3300P ⇔ 6000P = 35300 ⇔ P = 5.88 Y = 2700 ∗ 5.88 = 15885; Y = 35300 − 3300 ∗ (6) = 15885. 46 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO e) 16200 = 36000 − 3300P ⇔ 3300P = 19800 ⇔ P =6 f ) Sim. Porque o preço que resulta do cruzamento entre a PA e a OALP (Y = 16200) é igual ao que resultou do cruzamento entre a PA e a OACP. Por outras palavras, o rendimento de longo-prazo é igual ao rendimento de curto prazo calculado anteriormente. g) P ! Y Figure 5 - Ajustamento da Economia devido a uma expansão da oferta . 6.2. RESOLUÇÕES 47 Solução 24 a) P "! ! Y Figure 6 - Ajustamento na Economia devido a uma expansão da procura. O movimento indicado com 1 é o efeito directo do aumento dos gastos públicos (uma expansão da procura). Em consequencia os preços ficam mais elevados (Pcp). Ao verem os preços começarem a subir, os agentes económicos esperam que preços ainda mais elevados para o futuro e as empresas esperam custos mais elevados. Assim, as empresas reagem retraindo a OACP até ao ponto em que as três rectas (OACP, OALP e PA) se encontram novamente. b) Os movimentos são iguais aos descritos no exercı́cio anterior, alı́ena g. 48 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO Atenção! 6.1 Tente agora, por si só, representar graficamente a situação que falta: um movimento da curva OACP (um aumento nos custos das empresas, por exemplo). Solução 25 C u r v a d e P h illip s π U Figure 7 - Curva de Phillips. O governo pode fazer com que a economia se mova de cima da curva de Phillips alterando a oferta de moeda. Se o banco central aumentar a oferta de moeda, a inflação aumenta e o desemprego desce. Solução 26 No CP a diminuição da inflação causa um aumento do desemprego. A forma de atenuar os efeitos de curto prazo é o aumento dos factores produtivos (que desloca as curvas de Phillips de longo e de curto prazo para a esquerda) ou diminuir 6.2. RESOLUÇÕES 49 as expectativas dos preços (que desloca a curva de Phillips de curto prazo para a esquerda). Atenção! 6.2 Neste nı́vel podemos identificar as expectativas dos preços com os custos das empresas. Ao ver as expectativas dos preços aumentarem face ao preço realmente verificados, os empresários vão esperar custos dos factores produtivos relativamente elevados face ao preço do produto que vendem e querer vender menos. Daı́ que o produto diminua (OACP para a esquerda) e o desemprego aumente (curva de Phillips para a direita) com expectativas de preços maiores. 50 CAPÍTULO 6. FLUTUAÇÕES DE CURTO PRAZO Bibliografia [1] Barro, R. and Sala-i-Martin, X. (1995), Economic Growth, McGraw-Hill. [2] Caselli, F., G. Gerardo and F. Lefort (1996), “Re-opening the convergence debate: a new look at cross country growth empirics”, Journal of Economic Growth 1: 363-389. [3] Mankiw, Gregory N. (1998), Principles of Economics, 2nd Edition, Harcout Publishers. [4] Sequeira, Tiago N. and P. M. Nunes, “Does Tourism Influence Economic Growth? A Dynamic Panel Data Approach”, Applied Economics, forthcoming. 51 52 BIBLIOGRAFIA Capı́tulo 7 Conteúdos Pedagógicos Complementares • Ficheiro growth.xls para aplicação no exercicio 8. • Competências e Objectivos Detalhados da Unidade Curricular: COmacro1.doc • Caderno 1.doc - Princı́pios de Economia: a procura e oferta individual de bens e serviços e Possibilidades de Produção e Custo de Oportunidade • Caderno 2.doc - Actividade Económica, Produção e Crescimento • Caderno 3.doc - Mercado de Trabalho e Desemprego • Caderno 4.doc - Moeda e Inflação, Macroeconomia da Economia Aberta e Flutuações de Curto Prazo 53 54CAPÍTULO 7. CONTEÚDOS PEDAGÓGICOS COMPLEMENTARES Capı́tulo 8 Definições gx - taxa de crescimento da variável x. · x - variação da variável x. Y = C + I + G + N X - rendimento nacional, produto ou despesa. P - nı́vel geral de preços. C - consumo privado. G - consumo ou gastos públicos. N X = X − Q - balança comercial ou exportações lı́quidas. Q - Importações. X - Exportações. IDE - Investimento Directo Estrangeiro. M - Moeda em Circulação ou Massa Monetária. V - Velocidade de Circulação da Moeda. i - taxa de juro nominal. r - taxa de juro real. π - taxa de inflação. SRRM - Saldo dos Rendimentos com o Resto do Mundo. A - Nı́vel tecnológico ou tecnologia. gA - ver 1a definição; Resı́duo de Solow. K - Capital fı́sico. 55 56 CAPÍTULO 8. DEFINIÇÕES L - Número de trabalhadores ou horas trabalhadas. H - Capital Humano. N - Recursos Naturais. n - número de anos, tempo. OA - Oferta Agregada. P A - Procura Agregada. CP - Curto Prazo. LP - Longo Prazo. R - Taxa de câmbio real. e - Taxa de câmbio nominal. 8.1 Alfabeto Grego α − alpha β − beta γ − gama δ − delta ² − epsilon ε − varepsilon ζ − zeta η − eta θ − theta ϑ − vartheta ι − iota κ − kappa λ − lambda µ − miu ν − niu ξ − csi π − pi 8.1. ALFABETO GREGO $ − varpi ρ − rho σ − sigma ς − varsigma τ − tao υ − upsilon φ − phi ϕ − varphi χ − chi ψ − psi ω − omega κ − varkappa % − varrho 57 58 CAPÍTULO 8. DEFINIÇÕES Capı́tulo 9 Publicações do Autor 9.1 Artigos Cientı́ficos de Macroeconomia em Revistas Internacionais com Referee 1. Sequeira, Tiago N. (2003), “High-Tech Human Capital: Do the richest countries invest the most?”, The B.E. Journal of Macroeconomics (Topics), vol.3: n. 1, Article 13. http:// www.bepress.com/bejm/topics/vol3/iss1/art13. 2. Sequeira, Tiago N. and A. B. Reis (2006), “Human Capital Composition, R&D and the Increasing Role of Services”, The B.E. Journal of Macroeconomics (Topics), vol.6: n. 1, Article 12. http://www.bepress.com/bejm/topics/vol6/iss1/art12. 3. Sequeira, Tiago N. (2007), “Human Capital Composition, Growth and Development: An R&D growth model versus data”, Empirical Economics,vol.32(1), p.41-65, DOI 10.1007/ s00181006-0071-8. 4. Sequeira, Tiago N. and P. M. Nunes, “Does Tourism Influence Economic Growth? A Dynamic Panel Data Approach”, 59 60 CAPÍTULO 9. PUBLICAÇÕES DO AUTOR Applied Economics, accepted August 2006. 5. Sequeira, Tiago N. and A. B. Reis, “Human Capital and Overinvestment in R&D”, Scandinavian Journal of Economics, accepted February 2007. 9.2 Capitulos de Macroeconomia em Livros Internacionais com Referee 1. Sequeira, Tiago N. and C. Campos (2006), “Tourism and Economic Growth: A Panel Data Approach”, in Matias, A, P. Nijkamp and P. Neto (eds.), Advances in Modern Tourism Research, Physica-Verlag, Springer. 9.3 Tese de Doutoramento 1. Sequeira, Tiago N. (2004), Essays on Human Capital, Economic Growth and Development, Tese de Doutoramento, Faculdade de Economia, Universidade Nova de Lisboa (Orientadores: Ana Balcão Reis and José Albuquerque Tavares; Júri: João Ferreira Gomes, Isabel Horta Correia, Mário Páscoa, Vasco Santos). 9.4 Outros Artigos Cientı́ficos Internacionais com Referee 1. Nunes, Paulo M., T. N. Sequeira and Z. Serrasqueiro (2007), “Firms’ Leverage and Labor Productivity: a Quantile Ap- 9.4. OUTROS ARTIGOS CIENTÍFICOS INTERNACIONAIS COM REFEREE61 proach to Portuguese Firms”, Applied Economics, iFirst 2007, 1-6. 2. Serrasqueiro, Z., T. N. Sequeira and P.M Nunes, “Firms’ Growth Opportunities and Profitability: a Non-Linear Relationship”, Applied Financial Economics Letters, accepted February 2007.