Manuseamento anestésico de criança com Síndrome de Morquio
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Manuseamento anestésico de criança com Síndrome de Morquio
38 P029 P030 Manuseamento anestésico de criança com Síndrome de Morquio submetida a descompressão do canal raquidiano e fixação da articulação atlanto-axoideia criteriosa das funções cardíaca, respiratória e neurológica, conforme está recomendado nestes doentes 1,2,3 . Administrou-se atropina como anti-sialogogo para evitar a presença de secreções abundantes, frequente nestes casos1,2. A via aérea potencialmente difícil é um problema major, devendo ser antecipado. Relaciona-se com vários factores, entre os quais: anomalias anatómicas da face e vias aéreas superiores, secreções abundantes, e instabilidade cervical com mobilidade limitada1,2,3,4. Em face disto tomou-se a precaução de ter o fibroscópio preparado. O posicionamento foi cuidadoso, de forma a evitar a subluxação atlantoaxial1,2,3,4. A ventilação intra-operatória pode ser difícil, requerendo a monitorização dos gases sanguíneos através de gasimetrias seriadas1,2,3. Neste caso foi cateterizada a artéria radial direita, muito embora o doente se tivesse mantido estável do ponto de vista ventilatório. No pósoperatório a criança foi conduzida à UCI, apoio fundamental nestes doentes1,2,3. I. Fonseca*, C. Rocha*, C. Amaral** * I.C. Anestesiologia H. S. João, Porto ** AH Graduada Anestesiologia H. S. João Porto Resumo Introdução: A Síndrome de Morquio (Mucopolissacaridose IV) é uma doença rara, hereditária, autossómica recessiva, que afecta o metabolismo dos mucopolissacarídeos, levando à acumulação de sulfato de queratano no tecido conjuntivo de múltiplos órgãos1,2,3,4. A clínica agrava-se com a idade e pode envolver atraso de crescimento, deformidades osteoarticulares graves, instabilidade atlanto-axial, doença pulmonar grave, valvulopatia, hepatosplenomegalia, alterações visuais e auditivas, entre outras1,2,3,4. A fusão occipitocervical profiláctica está frequentemente indicada para prevenir a mielopatia cervical, aumentando a sobrevida1. Caso Clínico: Sexo masculino, 9 anos, 30Kg,ASA IV, Mallampati III, submetido a descompressão do canal raquidiano e fixação da articulação atlanto-axoideia. A avaliação pré-operatória revelou atraso de crescimento, deformidades esqueléticas graves, tetraparésia, e síndrome ventilatório obstrutivorestritivo dependente de BIPAP nocturno. Como medicação pré-anestésica administrou-se midazolam e atropina. Perante a possibilidade de ser necessário recorrer à intubação por fibroscopia, preparou-se o fibroscópio. Efectuou-se a indução com propofol e remifentanil, seguida de estabilização cervical para ventilação e laringoscopia - grau II, após o que se administrou cisatracúrio. A intubação não apresentou dificuldades. A manutenção foi assegurada com O2/ar, sevoflurano, remifentanil e cisatracúrio, sob monitorização standard, tensão arterial invasiva e gasimetria. Manteve-se estável do ponto de vista ventilatório e hemodinâmico. A intervenção durou 5 horas. No pós-operatório a criança foi admitida na UCI pediátrica em ventilação mecânica. Discussão e conclusões: Foi feita a avaliação pré-operatória Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 1 ‘ Fevereiro 2007 Referências 1. Acta Anesthesiol Scand 1999; 43: 679-683. 2. Paediatric Anaesthesia 2002; 12: 641-644. 3. Journal of Clinical Anesthesia 1999; 11: 242-246. 4. Can J Anesth 2002; 49: 198-202. Quilotórax após correcção cirúrgica de atrésia do esófago D. Gomes*, A. Alves**, F. Caldas*** Hospital Maria Pia * Interna Complementar do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia ** Assistente Hospitalar do Hospital Maria Pia *** Directora do Serviço de Anestesiologia do Hospital Maria Pia Resumo A atrésia do esófago é uma malformação incompatível com a vida. Em 94% dos casos está associada a fistula traqueoesofágica1. Para além da correcção cirúrgica urgente, os cuidados peri-operatórios são igualmente importantes para o prognóstico do recém-nascido2. Descrevemos um caso de um recém-nascido de termo (3020g) submetido a correcção cirúrgica de atrésia do esófago (Tipo C de Gross) ao 2º dia de vida. Foi submetido a anastomose esofágica topo a topo e a encerramento de